Adenoidectomia com visualização endoscópica

Transcrição

Adenoidectomia com visualização endoscópica
Cuiabá
Adenoidectomia com visualização endoscópica
Cuiabá
I – Elaboração Final: 21/08/09
II – Autor: Valfredo da Mota Menezes
III – Previsão de Revisão: ___ / ___ / _____
IV – Tema: Avaliação de abordagens/técnicas cirúrgicas
V – Especialidade Envolvida: Otorrinolaringologia, pediatria
Questão Clínica: Em pacientes com hipertrofia da adenóide com indicação cirúrgica, a
cirurgia utilizando a abordagem endoscópica, quando comparada com a cirurgia não
endoscópica, apresenta menos efeitos adversos e complicações? Diminui o tempo
cirúrgico? Diminui o sangramento? Abrevia a recuperação do paciente?
Introdução:
A hipertrofia adenoidal pode, além de obstrução nasal, causar ou propiciar o aparecimento
de rinossinusites e otites médias.
A obstrução nasal severa é considerada uma indicação absoluta da adenoidectomia.
Outras indicações não absolutas incluem: a obstrução nasal moderada com sintomas
persistentes, a sinusite crônica refratária e a otite média recorrente.
As técnicas cirúrgicas mais comumente empregadas são:
1.curetagem. Fragmentação da adenóide por meio de uma cureta. A maioria das vezes é
feita de maneira cega apenas com palpação digital da adenóide. A hemostasia é realizada
por meio de compressas ou uso de eletrocautério;
2.eletrocautério/sucção eletrocautério. Cauterização e sucção elétrica da adenóide. A
visualização pode ser feita indiretamente por meio de espelho na orofaringe;
3. adenoidectomia com micro debridador. Técnica similar àquela do eletrocautério, porém
usando uma lâmina endoscópica para remoção da adenóide. Tem a vantagem da
flexibilidade com a abordagem, podendo ser feita trans oral ou trans nasal.
Cada uma das técnicas apresenta vantagens e desvantagens. A curetagem, tendo a
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vantagem de ser uma técnica barata, pode, porém, provocar trauma nas estruturas
adjacentes e levar a estenose da nasofaringe. Nem sempre a adenóide é totalmente
removida; o eletrocautério, por sua vez, diminui o tempo cirúrgico, é fácil de ser realizada
e é uma técnica barata, mas tem as desvantagens das complicações do eletrocautério
com possível estenose da nasofaringe e trauma de estruturas adjacentes; o micro
debridador, transoral ou transnasal, é preciso, diminui o tempo cirúrgico e diminui a perda
sanguínea, mas tem a desvantagem de ser uma técnica cara e que requer muita
experincia do cirurgião, além disso pode ser muito difícil de ser realizada se a nasofaringe
for estreita e, como todas, pode também provocar trauma nas estruturas adjacentes com
possível estenose1 Mais recentemente surgiu nova técnica denominada Coblação, que
utiliza baixas temperaturas no processo, melhorando a hemostasia2
Até a década dos 90 a cirurgia para a retirada da adenóide hipertrofiada era realizada de
uma maneira, praticamente cega e, após a cirurgia, era feita uma palpação digital ou uma
visualização por intermédio de espelho. A partir da década dos 90 a visualização do
campo cirúrgico passou a ser feita também com o uso do endoscópio, trans oral ou trans
nasal, facilitando o diagnóstico assim como a abordagem cirúrgica. A abordagem
endoscópica facilitaria também a revisão pós-cirúrgica e a hemostasia3
IX – Metodologia:
•
Fonte de dados: The Cochrane Library 2009, Issue 3 (DARE, HTA, NHS EED)
PubMed
UpToDate
Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (CADTH)
•
Palavras-chaves: adenoidectomy OR adenoid ablation
Endoscopic OR endoscopy
•
Desenhos dos estudos buscados:
1. Revisão Sistemática, com ou sem metanálise,
de ensaios clínicos comparando a abordagem cirúrgica com uso da endoscopia
com a abordagem sem a endoscopia.
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2.Ensaio clinico randomizado comparando a abordagem cirúrgica com uso da
endoscopia com a abordagem sem a endoscopia.
3.Não encontrando ensaios clínicos serão avaliadas as “Séries de casos”
Período pesquisado: 1980 a 2009
Resultado da busca: Não encontramos revisões ou ensaios clínicos comparando as
abordagens cirúrgicas com e sem auxilio da endoscopia.
Foram encontradas apenas séries de casos
Estudos incluídos:
1.Goumaz CF. The value of endoscopy in the diagnosis and treatment of adenoid
hyperplasia. Rev Med Suisse Romande.1983 Mar;103(3):205-8
2.Yanagisawa E, Yanagisawa K. Endoscopic view of adenoids. Ear Nose Throat J.1994
Feb;73(2):74-5
3.Cannon CR. et al. Endoscopic-assisted adenoidectomy. Otolaryngol Head Neck
Surg.1999 Dec;121(6):740-4.
4.Shin JJ e Hartnick CJ. Pediatric endoscopic transnasal adenoid ablation. Ann Oto Rhinol
Laryngol.2003 Jun;112(6):511-4
5.Chisholm EJ et al. Adenoid size assessment: a comparison of palpation, nasendoscopy
and mirror examination. Clin Otolaryngol.2005 Feb;30(1):39-41
6.Qiu J. et al. Comparieson among the three different approachs in the managenet of
adenoid hypertrophy. Lin Chuang Er Bi Yan Hou Ke Za Zhi.2005;19(8):355-7(Abstract)
6.Schaffer Sr e Wong Gh. Endoscopic visualization facilitates adenoidectomy. Otolaryngol
Head Neck Surg.2007 Mar;136(3):510
7.Constantine F et al. Videoendoscopic adenoidectomy with microdebrider. Acta
Otorrinolaringologica Italica,2008;28:26-9
8.Uçar C. Endoscopic adenoidectomy. Kulak Burun Bogaz Ihtis Derg.2008 MarApr;18(2):66-8.(Abstract)
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Conclusões:
Pelo fato de não ter sido encontrados estudos comparativos, as evidências dos estudos
avaliados são fracas. Porém, da análise dos diversos trabalhos conclui-se que o uso da
endoscopia, por facilitar a visualização, independente da técnica cirúrgica empregada,
permite ao cirurgião a remoção completa da adenóide, permite uma melhor hemostasia e
diminui a possibilidade de lesões nas estruturas adjacentes.
Recomendação:
A
cirurgia
para
retirada
da
adenóide
hipertrofiada,
quando
indicada,
pode,
preferencialmente, ser realizada com apoio da endoscopia.
Referências bibliográficas:
1.Ravindhra
G,
adenoidectomy
Elluru,
Liane
compared
with
johnson,
Charles
curettage
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Myer.
Electrocautery
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2.Zoukaa Sargi e Ramzi T Younis. Tonsillectomy and adenoidectomy tecniques:
past, presnt and future. ORL.2007;69:331-35
3.Bross-Soriano
D,
Schimelmitz-Idi
J,
Arrieta
Gomez
JR.
Endoscopic
adenoidectomy; use or abuse of the technology? Cir Cir. 2004;72(1):15-9
Dr. Valfredo da Mota Menezes