diretrizes do programa brasileiro de monitoramento de lixo marinho

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diretrizes do programa brasileiro de monitoramento de lixo marinho
 DIRETRIZES DO PROGRAMA BRASILEIRO
DE MONITORAMENTO DE LIXO MARINHO
Acampora H., Bezerra D.P., 2014. Diretrizes do Programa Brasileiro de Monitoramento
de Lixo Marinho. Associação Brasileira do Lixo Marinho (ABLM): Brasil.
AVISO DE CONSULTA
As Diretrizes do Programa Brasileiro de Monitoramento de Lixo Marinho foram
elaboradas por Heidi Acampora1 e Daiana Proença Bezerra2. A revisão do documento
foi realizada por Natalie Andreoli3. Esta versão do documento encontra-se em período
de consulta.
As contribuições e sugestões fundamentadas deverão ser encaminhadas ao e-mail
[email protected] até o dia 16 de novembro de 2014.
Para mais informações, entre em contato com:
Heidi Acampora: [email protected]
Daiana Proença Bezerra: [email protected]
ABLM – Associação Brasileira do Lixo Marinho
E-mail: [email protected]
Para saber sobre outros documentos que estão sendo elaborados, acesse:
http://www.globalgarbage.org.br/Resumo_Cooperacao_Global_Garbage_ABLM_GPAUNEP_18.06.2014.pdf
1
Associada fundadora da ABLM – Associação Brasileira do Lixo Marinho. Graduada em Ciências Biológicas (UNESA,
2006), com mestrado em Biodiversidade Marinha e Conservação (Ghent University, Bélgica, 2012), doutoranda em
Ciências Marinhas, com foco em poluição marinha e ingestão de plástico por aves marinhas, espécies bênticas e
tartarugas. Título da dissertação de mestrado: Assessing the Impacts of Plastic Ingestion by Short-tailed Shearwaters
(Puffinus tenuirostris) in Northern Australia.
2
Associada efetiva da ABLM – Associação Brasileira do Lixo Marinho. Graduada em Ciências Biológicas (UENP,
2007), com mestrado em Ecologia e Conservação (UFPR, 2014). Título da dissertação de mestrado: Ingestão de
resíduos sólidos por tartarugas-verdes (Chelonia mydas) em área de alimentação dentro de um mosaico de unidades
de
conservação
no
sul
do
estado
de
São
Paulo,
Brasil.
Disponível
em:
http://www.globalgarbage.org.br/biblioteca/dissertacao_Daiana_Proenca_Bezerra_2014.pdf
3
Associada fundadora da ABLM – Associação Brasileira do Lixo Marinho. Graduada em Ciências Biológicas (USP,
2002), com especialização em Biotecnologia (UMC, 2004), com mestrado em Biotecnologia (USP, 2007) e técnica em
meio ambiente (IFSC, 2012).
1 SUMÁRIO
1. O LIXO MARINHO ...................................................................................................... 3 2. O LITORAL BRASILEIRO ........................................................................................... 6 3. LEGISLAÇÃO DO LIXO MARINHO NO BRASIL ........................................................ 7 4. O MONITORAMENTO ................................................................................................ 9 4.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11 5. ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO .................................................................. 12 5.1 PRAIAS ............................................................................................................... 12 5.2 SUPERFÍCIE D’ÁGUA ........................................................................................ 17 5.3 ASSOALHO MARINHO ....................................................................................... 20 5.4 ESTUÁRIOS ........................................................................................................ 22 5.5 BIOTA MARINHA ................................................................................................ 23 5.5.1 INGESTÃO ................................................................................................... 24 5.5.1.1 AVES MARINHAS .................................................................................. 24 5.5.1.2 TARTARUGAS MARINHAS ................................................................... 27 5.5.2 EMARANHAMENTO ..................................................................................... 32 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 34 7. ANEXOS ................................................................................................................... 40 Anexo 1 – Ficha de monitoramento de lixo marinho em praias. ................................... 41 Anexo 2 – Ficha de monitoramento de lixo marinho na superfície da água. ................ 43 Anexo 3 – Ficha de monitoramento de lixo marinho no assoalho marinho. ................. 44 Anexo 4 – Categorias de lixo marinho para utilização nos monitoramentos. ............... 45 Anexo 5 – Ficha de necropsia de aves marinhas – foco em ingestão de resíduos
sólidos – lixo marinho. ................................................................................................... 46 Anexo 6 – Ficha de necropsia de tartarugas marinhas – foco em ingestão de resíduos
sólidos – lixo marinho. ................................................................................................... 49 2 1. O LIXO MARINHO
O lixo marinho é uma ameaça presente e crescente para a vida selvagem ao
redor do globo. Sacolas plásticas, embalagens, garrafas, petrechos de pesca e
todos itens comuns à nossa vida diária, uma vez que não devidamente
descartados, podem ter o mar como seu destino (Acampora et al., 2014).
Existem duas classificações básicas para o lixo marinho e estas são: o lixo que
tem sua base na terra, como por exemplo, o lixo que é jogado na rua e faz seu
caminho ao mar através do vento, chuva ou por rios. E o lixo que já tem sua
origem no mar, e este consiste de petrechos de pesca ou lixo descartado por
navios, sendo estes turísticos ou não. Estudos relatam que 80% do lixo
marinho tem sua origem na terra, enquanto 20% tem sua origem no mar
(Mofatt e Russell, 2014).
O lixo marinho é composto, em sua maioria, por plástico (Derraik, 2002),
apesar deste material apenas existir por menos de um século (Gorman, 1993).
Moore (2008) afirma que a taxa de deposição dos materiais plásticos já excede
sua taxa de produção. Plásticos são persistentes e seu tempo de
decomposição não é totalmente conhecido, mas sabe-se estar na ordem de
décadas (Gregory, 1978). Todo plástico produzido até o dia de hoje ainda não
foi decomposto. O fato dos plásticos serem flutuantes, os tornam vulneráveis à
correntes e lhes dão a habilidade de percorrer grandes distâncias, longe de
onde eles entraram nas águas, contribuindo para sua ubiquidade, já que o lixo
marinho ocorre em áreas próximas aos centros urbanos e também em
ambientes considerados prístinos. Além do lixo comum ao nosso dia a dia,
como embalagens, sacolas e cigarros, os pellets, grânulos de resina plástica,
fazem parte de aproximadamente 10% da composição do lixo encontrado no
mar e nas praias (McDermid e McMullen, 2004; Moore et al., 2005). “Pellets”
são o material bruto do qual os produtos plásticos são feitos.
Elas são esferas de aproximadamente 5mm de diâmetro e são derretidas e
moldadas à forma do produto para o consumidor. A ocorrência dessas
3 pequenas esferas no mar são resultado do pouco cuidado no seu transporte
pela indústria.
Outra forma de poluição marinha comum ao nosso dia a dia vem dos produtos
de higiene pessoal, como esfoliantes e pastas de dentes, que muitas vezes
contêm microesferas de polietileno em sua composição e as mesmas vão ralo
abaixo, sem serem captadas pelos sistemas de tratamento d’água, devido ao
seu minúsculo tamanho. Tais microesferas são poluentes de corpos d’água por
todo o mundo e ingeridas por peixes e outros animais da fauna marinha
(Eriksen et al., 2013).
O lixo marinho é um dos principais causadores de impactos dentre todas as
formas de poluição marinha (Thompsom et al., 2009). Derramamentos de
petróleo, pesticidas agrícolas e esgotos sem tratamento são algumas das
outras formas de poluição marinha também responsáveis por diversos efeitos
negativos no ambiente aquático.
Pelo menos 267 espécies de animais são afetadas pelo lixo marinho de alguma
forma (Laist, 1987). E os impactos são muitos:
I.
Emaranhamento: Animais marinhos podem ser sufocados por redes
de pesca, sacolas, anéis de embalagens “six pack”, feridos ou
simplesmente presos, perdendo sua habilidade de procurar alimento
e se tornando presas vulneráveis.
II.
Ingestão: Acredita-se que a ingestão de lixo se dê por determinados
itens se assemelharem a alimentos de determinadas espécies. Por
exemplo, tartarugas poderiam ingerir sacolas plásticas porque na
água, as mesmas lembram águas-vivas (Schuyler et al., 2012). A
ingestão de lixo marinho pode gerar no animal uma sensação de
saciedade, levando o mesmo a não se alimentar mais, causando
malnutrição, assim afetando também a capacidade do animal de se
4 defender ou reproduzir. Ao mesmo tempo, pode causar feridas
internas ou bloqueio intestinal.
Outro problema da ingestão de partículas plásticas é que as mesmas
podem conter compostos tóxicos adsorvidos da água à sua volta
(Gregory, 2009). A contaminação por resíduos químicos tóxicos pode
ter efeitos letais nos animais, afetando sua regulação hormonal e
reprodutiva, e ainda mais drasticamente, esses animais podem ser
predados, ocorrendo a biomagnificação destes compostos dentro da
cadeia alimentar (Yamashita et al., 2011).
III.
Espécies
invasoras:
Organismos
epifíticos
podem
colonizar
partículas de lixo marinho e através destas viajar para áreas longe de
sua origem. Esse é um possível caminho para espécies invasoras
(Gregory, 2009). As partículas colonizadas podem se tornar mais
pesadas e afundarem para o assoalho do oceano, de alguma forma
afetando a troca de gás, essencial no fundo dos oceanos, causando
hipoxia ou anoxia, alterando o bentos e o funcionamento de todo um
ecossistema (Goldberg, 1994).
IV.
Impactos humanos e econômicos: A limpeza das praias, a avariação
de motores e turbinas de barcos são apenas alguns exemplos dos
impactos econômicos causados pelo lixo marinho. Praias sujas e
poluídas não são atraentes a visitantes e interferem no turismo local
(Sheavly e Register, 2007).
5 2. O LITORAL BRASILEIRO
O litoral brasileiro possui mais de 7 mil km de extensão e em toda sua
amplitude há regiões com características singulares e grande biodiversidade.
No entanto, compartilha com outros a problemática da poluição marinha (Ivar
do Sul e Costa, 2007). Uma vez que, aproximadamente 26% da população
brasileira reside em regiões litorâneas, e a faixa costeira conta com os
entrepostos pesqueiros e portuários, além da atividade turística, o litoral
atualmente apresenta intensos impactos trazidos por estas e outras atividades
antrópicas (IBGE, 2012). A presença de relevante biodiversidade marinha em
ambientes como manguezais, estuários e recifes de corais é reconhecida
mundialmente (Santos et al., 2005; Ivar do Sul e Costa, 2007; Costa et al.,
2009). E dentre essa biodiversidade se encontram espécies ameaçadas de
extinção como cetáceos e sirênios, espécies de importância econômica para o
país, como recursos pesqueiros, organismos importantes para a indústria
farmacêutica e ainda uma vasto campo a ser pesquisado pelos cientistas.
Infelizmente ecossistemas costeiros têm sido fortemente impactados pelo lixo
marinho, gerando um efeito preocupante para o meio ambiente.
6 3. LEGISLAÇÃO DO LIXO MARINHO NO BRASIL
Leis em relação ao ordenamento de resíduos sólidos e saneamento básico
existem no país (Brasil, 1988a; MMA, 2014). No entanto, são recentes, e podese dizer que ações de implementação e, principalmente fiscalização, ainda
estão em fase inicial. Particularmente em relação ao ambiente marinho, faltam
leis nacionais específicas e a consolidação de resoluções e acordos
internacionais existentes.
Para o ambiente marinho, podemos dizer que o início da legislação se deu em
1990 com a Lei nº 7.661, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro, com normas e diretrizes para a gestão da Zona Costeira (Brasil,
1988b). Em 1999 o CONAMA propôs uma Resolução (259), que trouxe
diretrizes técnicas sobre a Gestão de Resíduos, mas a mesma não foi
publicada (MMA, 2014).
Finalmente, no ano 2000, uma referência específica ao ambiente aquático foi
publicada em forma da Lei nº 9.966, que proíbe o despejo de lixo, óleos, todo o
tipo de plástico e redes sintéticas em águas sob jurisdição nacional (Brasil,
2000). No entanto, somente em 2010 o país obteve uma legislação quanto à
gestão de resíduos sólidos. Assim, o Decreto nº 7.404, regulamentou a Lei nº
12.305, de 2 de agosto de 2010 e instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (MMA, 2014). Infelizmente para o ambiente aquático a lei não é tão
especifica, fazendo menção em seu capítulo VI:
7 “CAPÍTULO VI: DAS PROIBIÇÕES. Art. 47. São proibidas as
seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos
sólidos ou rejeitos: I - lançamento em praias, no mar ou em
quaisquer corpos hídricos”.
A principal legislação dirigida aos detritos marinhos é o anexo V da MARPOL
(Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios). A
MARPOL foi assinada em 1978. Porém o anexo V, que trata de resíduos
sólidos, somente entrou em vigor em 1988. O anexo V da MARPOL segue
com: “É restrita a descarga de lixo e proibido o descarte no mar de plástico e
outros materiais sintéticos, como cordas, redes de pesca e sacolas plásticas,
como exceções limitadas”. A revisão deste anexo entrou em vigor em Janeiro
de 2013, proibindo o despejo de todo tipo de lixo no mar, exceto providas
determinadas circunstâncias. (OMI, 2013). O tratado é assinado por 170
países, incluindo o Brasil.
O projeto de lei n° 6.969, de 2013 institui a Política Nacional para a
Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro (PNCMar) e
propõe no Art. 6°:
“I - Criação e monitoramento de indicadores de qualidade e saúde
ambiental marinha, com base em pesquisas científicas, no conhecimento
das populações tradicionais e na valorização da biodiversidade”.
Assim, através deste documento, temos a intenção de propor atividades
respaldadas por dados relevantes que levem ao acompanhamento da situação
do lixo marinho no Brasil, como um indicador de saúde do nossos mares e,
consequentemente, propostas que gerem a redução do despejo de lixo no
ambiente marinho.
8 4. O MONITORAMENTO
O monitoramento é uma atividade sequencial ao levantamento de dados, o
qual tem como objetivo dar um diagnóstico inicial. Através do monitoramento,
no entanto, é possível perceber mudanças nas tendências diagnosticadas no
levantamento e acompanhar a evolução de esforços implementados. A partir
dos
resultados
do
monitoramento
torna-se
possível
responder
a
questionamentos mais detalhados sobre como se dá a dinâmica de despejo e
acúmulo de itens; os impactos mais relevantes; as principais fontes de lixo
marinho; as estratégias mitigadoras utilizadas ao longo de diferentes regiões,
entre outros.
Há distintas formas e métodos para a realização de monitoramento de lixo
marinho (UNEP, 2005, UNEP, 2009; Ryan et al., 2009; OSPAR, 2010, Lippiatt
et al., 2013). No entanto, um dos grandes desafios é a padronização das
formas de coleta para que os resultados sejam comparáveis (Ryan et al., 2009;
MSFD, 2013). Para tal, trazemos neste documento um compilado de diretrizes
baseadas em protocolos internacionais, que têm por finalidade a organização e
ordenamento do monitoramento de lixo marinho no país.
É importante ressaltar que adequações e a evolução da pesquisa sobre o tema
são extremamente necessárias. E objetivos específicos devem ser buscados e
também reunidos com objetivos comuns a estudos realizados em todo o litoral
brasileiro, com a finalidade de que os resultados sejam alcançados de maneira
a compartilhar informações importantes e otimizar os esforços empregados nos
programas de monitoramento.
Deste modo, este documento reúne alguns dos principais métodos para o
monitoramento de lixo marinho. A realização do monitoramento deve ser
analisada em relação aos distintos ambientes dentro do ecossistema e as
9 diversas formas de impactos. Assim, o monitoramento do lixo marinho pode ser
feito em praias, ambiente aquático, sendo este subdividido em: superfície,
coluna d’água e assoalho, exigindo métodos específicos de coleta de dados
para cada área. A biota marinha também possibilita o monitoramento, uma vez
que possui ligação direta com os impactos causados e pode refletir a situação
em que se encontra o habitat, como por exemplo a avaliação de casos de
ingestão de lixo e os registros de emaranhamento (Ryan et al., 2009). Além
disso, os monitoramentos também podem vir a se tornarem específicos para
determinadas categorias de resíduos, como: plásticos, microplásticos, pellets,
entre outros, dependendo dos objetivos da pesquisa e programa de gestão
(MSFD, 2013).
Quando
possível
a
participação
de
voluntários
nas
atividades
de
monitoramento deve ser estimulada. Uma vez que, a presença do lixo em
ambiente aquático pode ser ligada diretamente à negligência do próprio ser
humano quanto a destinar corretamente os resíduos que produz. Neste
contexto, atividades que mostrem as consequências dessa problemática são
benvindas a fim de que as ações de Educação Ambiental tenham o objetivo
alcançado e levem à reflexão e boas práticas. Ainda podemos dizer que para
amenizar os efeitos negativos do lixo marinho sobre o ecossistema deve ser
reconhecida a necessidade de unir esforços, e estes vão desde os voluntários
até os gestores públicos, passando por universidades, líderes comunitários e
empresas privadas (Donuhue, 2003).
Sendo esta uma iniciativa pioneira em território brasileiro, além de
apresentarmos diretrizes para o monitoramento de lixo marinho em costa
nacional, esperamos que este documento seja um instrumento de integração
entre
pesquisadores
e
instituições
ligadas
ao
tema
no
país
e
internacionalmente.
10 4.1 OBJETIVOS
A implementação do programa de monitoramento de lixo marinho no Brasil tem
o objetivo de coletar dados sobre o status do ambiente marinho a nível nacional
e a partir de então, desenvolver indicadores de saúde do ecossistema marinho
que possam ser comparados com outros programas de monitoramento de
objetivos semelhantes ao redor do mundo (GES – Good Environmental Status
– “Bom status ambiental” – MSFD, 2013). Entretanto, para o diagnóstico do
estado de saúde do meio ambiente, diversos fatores e atividades realizadas em
áreas costeiras devem ser considerados. Aqui, no entanto, nos atemos à
temática do lixo marinho, que é um dos indicadores, entre outros, da qualidade
e equilíbrio do ambiente marinho, e dessa forma, temos como objetivo
contribuir para o diagnóstico e a criação de alvos e medidas que nos levem a
um bom status ambiental em águas brasileiras. O monitoramento permite que,
através dos dados coletados, entidades governamentais e não governamentais
sejam alertadas caso quantidades e propriedades do lixo marinho venham a
causar maiores danos ao meio ambiente marinho e costeiro (MSDF, 2013),
proporcionando suporte para o acompanhamento dos resultados, propostas
mitigadoras e embasamento para políticas públicas.
Estratégias de monitoramento podem variar em diferentes regiões, respeitando
diferenças locais. Porém, é importante que sejam consistentes de forma a
permitir a comparação dos dados adquiridos ao longo do país, em diferentes
regiões, e até mesmo internacionalmente, caso seja pertinente. Dessa forma,
este documento serve como base para que a uniformidade de metodologias
seja atingida e os resultados venham a ser validados através da sua
padronização.
11 5. ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO
5.1 PRAIAS
Regiões
costeiras
possuem
grande
diversidade
de
características
e
especificidades, constituindo-se ambientes dinâmicos (MSFD, 2013) com
variações sazonais que vão desde diferenças diárias, aliadas ao ritmo das
marés; mensais, seguindo as estações do ano; e até anuais (Ryan et al., 2009).
Neste contexto, o lixo marinho presente nas praias também apresenta
comportamento dinâmico. Dessa forma, o monitoramento deve tentar
compreender e englobar essa dinâmica, que irá determinar a presença ou
ausência do lixo marinho em determinado local ou região.
Para auxiliar no desenvolvimento de técnicas padronizadas e comparação dos
dados coletados, usamos como base os principais protocolos sobre
monitoramento de lixo marinho (UNEP, 2009; OSPAR, 2010; Lippiatt et al.,
2013). Desta forma, seguem reflexões detalhadas para a abordagem do
assunto relativo ao lixo marinho encontrado em praias, tendo como objetivo
observar a tendência na quantidade de lixo acumulada, o tipo de variação, a
composição do lixo, a distribuição espacial, e a origem (Anexo 1).
Seleção da praia
A praia deve permitir que seja traçado ao menos um transecto de tamanho
mínimo de 100 m, sendo indicado que apresente também uma baixa inclinação
– 15º a 45º. O acesso ao mar deve ser livre, sem a interferência de recifes,
quebra-mar ou moles. A praia também deve permitir que a equipe tenha
acesso durante todo o período de coleta e ainda é importante que o local não
receba outras formas de coleta do lixo, como limpeza realizada pela prefeitura
ou ações de limpeza feita por voluntários.
12 A localização da praia escolhida pode ser próxima à centros urbanos, centros
rurais ou comunidades ribeirinhas, e estas informações devem ser descritas e
detalhadas nas planilhas de dados logo no início do desenvolvimento do
monitoramento e servirão para auxiliar na discussão e entendimento dos
resultados. Algumas características físicas do local devem ser avaliadas como
a distância de fontes conhecidas de lixo, a direção do vento, ângulo da praia,
comprimento total da praia, distância de rios, proximidade de cidades,
correntes oceânicas, regime e amplitude de marés. As principais formas de
usos da praia também devem ser registradas, uma vez que a presença de
turistas no verão ou no ano todo, campeonatos como surf, remadas, eventos
de réveillon, carnaval são importantes informações no momento de análise dos
dados e podem ser ligados diretamente às ações de políticas públicas ligadas
ao ordenamento das atividades turísticas. Vale ressaltar que pesquisas
realizadas em Áreas Protegidas, como Unidades de Conservação devem ser
observadas com cautela e a autorizações para o desenvolvimento dos
trabalhos devem ser solicitadas, sendo que a coleta de dados deve seguir as
normas de gestão internas. Para um monitoramento apropriado, algumas
praias devem ser utilizadas como foco fixo de monitoramento algumas vezes
no ano (cobrindo todas as estações do ano).
Em resumo, os principais critérios para seleção de praias de referência a serem
observados são:
•
Praias arenosas e expostas à mar aberto;
•
Comumente poluída;
•
Acessível para a remoção de itens;
•
Com pelo menos 1Km de extensão;
•
Não localizadas perto de rios ou tratamento de esgoto ou outras
fontes conhecidas de poluição.
13 Coletas
Idealmente praias usadas como referência, devem ser o mais distante possível
umas das outras. Em alguns estudos de acumulação de lixo, o material não é
coletado, somente informações sobre o mesmo. Porém, em praias onde existe
a coleta de lixo pelo setor responsável local, não seria válido o experimento da
mesma forma. Recomendamos que sejam feitos esforços de coleta a cada 100
metros de praia e para cada item coletado e retirado, informações no formulário
correspondente sejam preenchidas sobre quantidade, tipo, tamanho, peso total
dentro do transecto e origem, quando possível. Os transectos escolhidos
devem ser marcados permanentemente para que a cada inspeção, volte-se
aos mesmos pontos de forma a gerar dados sobre acumulação. Porém, devese levar em conta que dependendo de qual for o objetivo do trabalho, períodos
de coleta específicos podem produzir dados relevantes e responder perguntas
pontuais sobre o tema; como por exemplo monitoramentos feitos como foco na
estação do verão ou eventos como réveillon e carnaval.
Com objetivo de detectar-se variações sazonais, recomenda-se realizar o
monitoramento 4 vezes ao ano de acordo com o quadro abaixo:
Janeiro – Fevereiro ⇒ Verão
Abril – Maio ⇒ Outono
Julho – Agosto ⇒ Inverno
Outubro – Novembro ⇒ Primavera
Desenho amostral
O principal método indicado para esse tipo de pesquisa é a utilização de
transectos como unidades amostrais. O transecto deve ser paralelo à linha da
água e o seu comprimento fixo, que dependerá da extensão da praia escolhida
14 e do objetivo do trabalho. Os transectos podem variar de 100 a 1000 metros
(com intervalos de no mínimo 50 metros). Os maiores transectos devem ser
utilizados quando incluídos itens maiores que 50 cm (Fig. 1; OSPAR, 2009). O
início e fim dos transectos devem ter suas posições registradas por GPS.
Fig. 1. Forma de distribuição dos transectos para a coleta de dados de lixo marinho em praias.
Transectos de 100 metros indicados para coletas de materiais menores de que 50 cm. E
transectos de 1000 metros recomendados para a coleta de informações sobre itens maiores de
que 50 cm.
A coleta dos itens pode ocorrer paralelamente à linha de costa e vegetação, ou
o recolhimento do lixo pode ser feito em forma de “zig-zag”, da margem da
água até o fim da praia. A distância entre as pessoas deve ser de 2 metros e
todo o lixo marinho com o tamanho que atenda os objetivos da pesquisa deve
ser coletado (Fig. 2).
Fig. 2. Formas de distribuir os transectos. As linhas podem ser paralelas às linhas de praias ou
de maneira perpendicular à linha da água.
15 Sub-parcelas para a coleta de itens pequenos e específicos como cigarros e
pellets podem ser realizada em parcelas de 10 metros quadrados dentro do
limite dos transectos. Itens considerados como microlixo (menores que 5mm)
somente devem ser considerados em monitoramentos específicos, como por
exemplo um monitoramento com o objetivo de quantificar pellets ou
microplásticos.
Independente do tamanho do transecto, as coletas devem ser feitas desde a
linha da água até o fim da praia, que pode ser vegetação, rua, muro, etc. E
indica-se que a realização das atividades de monitoramento sejam feitas de
preferência nos períodos de maré baixa. Assim, todo o lixo dessa “parcela”
deve ser coletado e seguir para a análise. Como já definido neste documento, o
lixo marinho é todo o material antrópico, porém a planilha (Anexo 4) contém as
principais categorias de lixo marinho utilizadas, sendo fundamental seu correto
preenchimento de forma a permitir a classificação dos dados. As coletas de lixo
marinho podem ser feitas em número de itens, peso ou volume, que deve ser
relacionado com o comprimento e por unidade de tempo (itens/km/tempo).
Todo o material coletado deve ser classificado, a contagem realizada e após a
categorização, o lixo pode ser destinado à instituições de coleta. Vale ressaltar
que itens que venham a ser considerados importantes ou curiosos, devem ser
fotografados, ou até mesmo armazenados para ações de Educação Ambiental
e deve-se indicar data e local de coleta.
Observações sobre origem:
Lixos internacionais
Durante o monitoramento, itens com rótulos de outras nacionalidades podem
ser encontrados. Para a realização do monitoramento deste tipo de lixo, devem
ser seguidas as "Diretrizes do Programa Brasileiro de Monitoramento de Lixo
Marinho".
16 Turistas
Algumas categorias de lixo marinho encontradas em monitoramentos de praias
indicam
diretamente
qual
a
principal
fonte
de
poluição.
E
assim,
consequentemente, devem ser observadas com o objetivo de indicarem
também
quais
as
melhores
medidas
de
mitigação
que
devem
ser
desenvolvidas. Um exemplo é a presença de copinhos, canudos e restos de
cocos, que são tipos de lixo que podem ser ligados ao uso da praia por
atividades turísticas desordenadas.
5.2 SUPERFÍCIE D’ÁGUA
O lixo flutuante consiste no lixo encontrado na superfície ou na coluna d’água
próxima à mesma. Este lixo corresponde à uma ameaça extensa à vida
marinha, se colocando disponível para emaranhamento e ingestão por animais
que se alimentam na coluna d’água. O objetivo deste monitoramento consiste
no levantamento do volume, distribuição e categorização do lixo flutuante, de
forma a levar em conta informações oceanográficas que permitam entender a
dinâmica que rege a presença, a origem e o destino deste lixo.
Seleção da área
A escolha da área a ser monitorada deve observar alguns fatores:
•
Acesso durante todo o ano;
•
Localizada pelo menos 1 milha náutica de distância da costa para que
seja possível a comparação de lixo flutuante com o lixo na costa;
•
Que no caminho do transecto não haja águas paradas;
•
Áreas que não sejam próximas a centros de poluição antropogênica,
como despejo de esgoto ou plataformas, portos.
17 Antes da coleta, a área deve ser ter sua batimetria e informações
oceanográficas estudadas para evitar surpresas na hora da coleta.
Coleta
A coleta de lixo flutuante deve ser feita com redes manta. A rede deve ter uma
abertura de 0,33 mm e conter um medidor de vazão (Flowmeter). A rede deve
ser presa ao guincho da embarcação, quando a mesma permitir, com uma
distância considerável das turbinas (Fig. 3). Quando em embarcações
menores, a rede manta pode ser lançada na lateral da embarcação
manualmente. A velocidade da embarcação devera ser reduzida a 1-2 nós
durante 30 minutos, sendo consistente em todas os lançamentos com o mesmo
período de tempo.
No retorno da rede à embarcação, a parte final destacável da rede (cod-end)
deverá ser retirada e lavada com água do mar filtrada (para evitar
contaminação) e seus conteúdos derramados em um recipiente para serem
analisados posteriormente em laboratório. Cada recipiente deverá ter seus
conteúdos derramados em peneiras de 5 mm e 0,33 mm de abertura para que
sejam separados em macro e micro partículas, dependendo dos objetivos do
estudo. Itens retidos na peneira deverão ser quantificados, e dados conforme:
tipo, tamanho, e peso total em cada lançamento, devidamente preenchidos na
folha de dados correspondente (Anexo 2). Informações oceanográficas sobre o
momento e região onde a rede foi lançada também devem ser preenchidas e
levadas em consideração dentro de análises estatísticas, como por exemplo
velocidade do vento e ondulação. Também é necessário o uso de GPS para a
demarcação precisa da localização inicial e final do lançamento e retirada da
rede.
Informações
como
estas
são
automaticamente
coletadas
em
embarcações de grande porte, mas necessitam de maior esforço e preparação
prévia de instrumentos específicos no caso de embarcações menores. Os
dados do medidor de vazão devem ser anotados antes do lançamento da rede
e em seu retorno para o cálculo do volume de água filtrada na rede.
18 Sobre a frequência de coleta, estudos recomendam uma média de 10
transectos. Quando o objetivo for a comparação com o lixo de praia,
recomenda-se pelo menos 3 transectos dentro de duas e uma milha náutica da
costa, paralelamente e perperdicularmente à costa (Lippiatt et al., 2013).
Fig. 3. Preparação para lançamento de uma rede manta para coleta de lixo flutuante. A rede
possui um medidor de vazão e esta presa ao guincho do navio. (Imagem: Heidi Acampora)
Censos visuais
Como a maioria dos censos visuais, sua eficiência acaba dependendo, em
grande parte, de fatores ambientais, como condições meteorológicas, tipo de
embarcação utilizada e a grande variação entre observadores, em termos de
eficiência. Deste modo, precisamos ter cuidado na acuracidade dos dados
coletados. De forma geral, os censos visuais nos dão importantes informações
sobre os tipos e a variabilidade temporal e espacial do lixo marinho.
Recomenda-se que o censo visual de lixo marinho seja feito em conjunto com o
monitoramento de lixo flutuante com redes manta, de maneira a produzir dados
conectados e mais robustos.
19 Idealmente,
dois
observadores
devem
estar
disponíveis
a
escanear
visualmente a superfície da água para verificar a presença de detritos, fazendo
uso de binóculos. Um tamanho mínimo de 2,5cm deve ser estabelecido para o
censo e o tamanho do transecto dependera da altura e velocidade da
embarcação. O início e final de cada transecto devera ter sua posição
registrada por GPS. Itens devem ser registrados por número de itens/Km2,
baseado na largura e comprimento do transecto - latitude e longitude do
transecto registradas no início e final (Lippiatt et al., 2013).
5.3 ASSOALHO MARINHO
O lixo encontrado no assoalho do mar consiste na parte mais pesada do lixo
marinho ou nos fragmentos que, após colonizados por organismos, se tornam
mais pesados e afundam. Eles podem afetar o ambiente por contato físico,
estão disponíveis para a ingestão por organismos de hábitos bentônicos e
também podem vir a afetar a troca de gases, extremamente essencial em
águas mais profundas. O objetivo deste monitoramento, como os anteriores,
também é detectar a presença, distribuição e dinâmica do lixo marinho
presente no fundo do mar.
O monitoramento de lixo de assoalho pode ser custoso financeiramente, de
forma que é importante utilizar-se de oportunidades em pesquisas bênticas, por
exemplo. Redes de arrasto funcionam bem para amostragens oportunistas,
pois utilizam-se de metodologia apropriada para a coleta do lixo no fundo.
Dessa maneira, é importante fazer parcerias com instituições de pesquisas
bênticas e/ou pescadores que utilizam redes de arrasto de fundo e instituir uma
frequência para o monitoramento do lixo marinho no fundo do mar (Até 800m –
20 Lippiatt et al., 2013). Idealmente para o monitoramento de lixo marinho de
assoalho, o tamanho mínimo de 2,5 cm é utilizado.
Em áreas rasas, de aproximadamente até 20 metros (para mergulhadores
certificados até 40m), a utilização de mergulhadores é um método menos
custoso, porém depende do esforço individual de cada mergulhador (Fig. 4). A
utilização de transectos garante a uniformidade e os dados podem ser
extrapolados, permitindo a modelagem para uma estimativa de abundância.
Como a maior parte dos monitoramentos para lixo marinho, recomenda-se uma
frequência sazonal, ou seja, a cada 3 meses (Anexo 3).
Fig. 4: Petrechos de pesca coletados por mergulhadores. (Imagem: Heidi Acampora)
O comprimento dos transectos podem variar de 20 a 200m, dependendo da
área coberta. Transectos possuem uma marcação a cada 5m e a distância
coberta deve ser de 4m de distância da linha do transecto e todo item coletado
se, possível, tendo sua distância registrada.
Dois transectos devem ser
21 suficientes por área inspecionada. Os itens devem ser quantificados em
número de itens/m2 (MSDF, 2013).
Em áreas de oceano profundo, somente ROVs (Veículos Operados
Remotamente) podem dar conta de tal trabalho. Mais uma vez, devido ao seu
extensivo custo financeiro, é necessário aproveitar-se de oportunidades de
pesquisas já existentes. ROVs são grandemente utilizados em pesquisas de
caráter bêntico, e pode-se utilizar-se de imagens para quantificar o lixo
registrado pelo veículo. Deve considerar-se:
•
Áreas de acumulação conhecidas de lixo marinho;
•
Áreas de substrato homogêneo;
•
Evitar áreas protegidas ou áreas que sejam lares de espécies protegidas
ou ameaçadas;
•
Evitar possíveis áreas de risco ou sensíveis.
5.4 ESTUÁRIOS
Estuários são áreas que podem apresentar acúmulos de lixo marinho, uma vez
que recebem os resíduos vindos de rios e também os que vêm do oceano
(Santos et al., 2005; Ivar do Sul e Costa, 2007; Costa et al., 2009). As mesmas
técnicas utilizadas para o monitoramento de lixo flutuante podem ser utilizadas
em ambientes estuarinos. Observadores de bordo e redes manta são
perfeitamente aplicáveis a rios e estuários e podem prover dados importantes
para a comparação com o lixo encontrado no mar, auxiliando no entendimento
sobre ambientes-fonte e receptores de lixo marinho (MFSD, 2013).
22 5.5 BIOTA MARINHA
O dano à vida marinha causado pela ingestão de lixo e o emaranhamento afeta
a maior parte das espécies. Porém, alguns deve-se considerar que: algumas
espécies são mais afetadas que as outras, seja por seu modo de forrageio, tipo
de alimentação ou área onde se alimentam. Outro fator importante é o acesso,
a documentação desta interação com o lixo marinho. Muitos animais marinhos
têm sua morte desapercebida. Ou por viverem longe da costa ou por serem
prontamente ingeridos por predadores, de maneira que a causa, mesmo que
por lixo marinho ou não, nunca será acessada.
Desta forma, em termos de monitoramente de biota, necessitamos encontrar
espécies-chave, as quais sejam indicadoras reais do lixo marinho naquele
ambiente. Para tal, necessitamos animais para os quais a ingestão de lixo seja
comum, que tenham acesso à áreas costeiras, que encalhes sejam ocorrências
regulares, que suas rotas migratórias sejam conhecidas e que, por serem
animais de maior porte, não sejam rapidamente consumidos por outros
animais. Outra forma para a obtenção de amostras, além dos encalhes, são as
capturas acidentais por redes de pesca. Neste documento, iremos indicar o
monitoramento por aves e tartarugas marinhas. O objetivo deste tipo de
monitoramento é observar a tendência na quantidade, tipo e frequência de lixo
ingerido, bem como outros tipos de interações. A análise de lixo marinho na
biota não somente consiste na avaliação da ingestão e da interação com o
animal, mas também reflete o ambiente freqüentado por aquele animal, sendo
informação essencial e complementar a outros tipos de monitoramento.
23 5.5.1 INGESTÃO
5.5.1.1 AVES MARINHAS
Aves marinhas são suscetíveis à ingestão de lixo marinho por diversos motivos,
mas principalmente porque todas as espécies, em algum momento, passam
parte de sua vida em áreas costeiras, onde existe grande acesso aos detritos,
devido à proximidade de áreas urbanas. Além disso, algumas aves tiram
vantagens dos giros oceânicos para obterem seu alimento e atualmente, essas
são as áreas de maior acúmulo de detritos marinhos.
Espécies da ordem Procellariformes (Albatrozes e Petréis) são boas candidatas
ao monitoramento de lixo marinho em determinadas regiões. O canal que liga a
moela ao proventrículo nesses animais é de tamanho reduzido, não permitindo
assim a regurgitação de detritos ingeridos. Dessa forma, os detritos
encontrados no conteúdo estomacal destes animais reflete fielmente a
composição de lixo do ambiente onde o mesmo se encontra.
Existem diversas vantagens na utilização de Procellariformes: a possibilidade
de comparação com monitoramentos já existentes (monitoramento de fulmares,
pela OSPAR – van Franeker et al., 2011), a abundância dessas aves em
possivelmente todas as regiões, o seu tamanho médio e a comum ocorrência
de ingestão de lixo por aves dessa ordem.
O objetivo deste tipo de monitoramento é observar tendências em relação à
quantidade e categoria de resíduos antropogênicos ingeridos, de forma que as
mesmas reflitam o ambiente frequentado por estes animais, assim ao mesmo
tempo, fornecendo-nos informações sobre os animais e a região habitada por
eles. Procellariformes se alimentam na superfície ou na coluna d’água, então
sabemos que estamos nos referindo à essa região quando investigamos seu
24 conteúdo estomacal, permitindo uma complementação de informações obtidas
por outros tipos de monitoramento já mencionados aqui.
Coleta e dissecção
Para o monitoramento proposto, indicamos como base, o manual de necropsia
utilizado para o monitoramento dos fulmares do Mar do Norte para a OSPAR
(van Franeker, 2004). A obtenção de carcaças se dá através de aves
encalhadas na praia ou acidentalmente presas em redes de pesca. As
dissecções devem ser realizadas minuciosamente, utilizando-se do manual e
preenchendo o formulário com os dados requeridos (Anexo 5). Informações
como o estado da carcaça e perfurações podem entregar a causa do óbito. É
muito importante registrar sexo e idade/maturidade do animal, bem como a
origem para que estejamos a par dos fatores que podem influenciar a ingestão
de itens antropogênicos. Até o momento, somente idade parece estar envolvida
em determinada variação na quantidade ou tipo de lixo ingerido (OSPAR, 2009;
Acampora et al., 2014; van Franeker 2004, 2011). Após a dissecção e retirada
do estômago, que é dividido em 2 compartimentos e pode ser registrado como
um todo ou separadamente, o estômago deve ser aberto e lavado em uma
peneira de 1mm de abertura (Fig. 5). Os itens sólidos devem ser lavados e
retidos em uma placa de Petri para observação sob o microscópio.
Os itens devem ser caracterizados por tipo, tamanho, cor, peso, origem, caso
seja possível e local no trato digestório, caso seja decidido o registro separado
por região do estômago.
25 Fig. 5: Ave marinha com seus conteúdos estomacais expostos: vários tipos de plástico e látex.
(Imagem: Heidi Acampora)
26 5.5.1.2 TARTARUGAS MARINHAS
As primeiras tartarugas marinhas registradas com resíduos em seu trato
digestório são da década de 1950 (Balazs, 1985). E ao longo do tempo esse
impacto aumentou e atualmente a poluição marinha é responsável por uma
grande número de mortes de tartarugas marinhas, estando classificada em
segundo lugar, após apenas as ameaças causadas pela captura incidental na
atividade pesqueira (Bourne, 1985; Lutcavage et al., 1997). Vale ressaltar
também que todas as espécies de tartarugas marinhas já foram registradas
sofrendo algum tipo de interferência negativa com os resíduos sólidos (Witzell e
Teas, 1994; Bugoni, et al., 2001; Plot e Georges, 2010). Desde filhotes que têm
dificuldades de chegarem ao oceano após o nascimento por terem que
ultrapassar pilhas de resíduos (Kaspereck, 2001), juvenis que ingerem os
resíduos (Bjorndal et al., 1994; Tourinho et al., 2010) e também ficam
emaranhadas principalmente em restos de petrechos de pesca, e ainda
(Guebert-Bartholo et al., 2011), fêmeas adultas que tem dificuldades de
desovar por conta de resíduos que ingeriram (Plot e Georges, 2010), os
impactos são muitos.
Há duas avaliações importantes a serem feitas nesse tipo de monitoramento: a
quantidade e a composição do lixo encontrado, tendências e diferenças
regionais (MSFD, 2013). E ao ter como objetivo o monitoramento do lixo
marinho por meio de sua ingestão pelas tartarugas marinhas, características e
hábitos alimentares já conhecidos das espécies devem ser levadas em
consideração (MSFD, 2013).
27 Coleta e dissecção
A verificação das ocorrências são proporcionadas quando há o monitoramento
de praias em busca de carcaças de tartarugas marinhas mortas, e
consequentemente realizada a necropsia dos indivíduos. Estes ainda devem
estar em condições para que as análises internas proporcionem informações
corretas, já que o trato digestório deve se encontrar íntegro (Wyneken, 2011).
Ryan et al. (2009) ressaltam que esta forma de monitoramento requer baixos
custos quando comparada aos gastos que se tem em monitorar extensas áreas
de praia. Assim, a realização das necropsias possibilitam o acesso aos
resíduos ingeridos. É indicado que as necropsias sejam realizadas em
laboratórios autorizados e com os equipamentos necessários, sendo que os
animais encontrados no monitoramento podem ser armazenados em freezer
para a realização de várias necropsias ao mesmo dia. Os dados biométricos
básicos do animal devem ser registrados, como comprimento curvilíneo da
carapaça, largura curvilíneo da carapaça, peso, marcas, condição corpórea
(Fig. 6). Informações como a localização do encalhe, coletor, destino, dados
ligados à necrópsia como outras medidas corpóreas também devem ser
registradas. E ainda anotações em relação a presença de resíduos sólidos,
todos contidos na ficha de necropsia (Anexo 6).
28 Fig. 6: Coleta de dados biométricos de tartaruga, antes de dissecção. (Imagem: Heidi
Acampora)
A necropsia pode ser realizada de acordo com Wyneken (2001), sendo este um
dos principais manuais de anatomia de tartarugas marinhas. Vale ressaltar que
para a análise de resíduos sólidos ingeridos ao ter acesso ao trato
gastrointestinal há a necessidade de separá-lo em três principais trechos:
esôfago, estômago e intestino. A separação pode ser feita por barbantes, e
assim os resíduos sólidos contidos em cada trecho devem também ser
armazenados em recipientes distintos e indicada a localização no trato
gastrointestinal. Especificamente para a análise de ingestão de resíduos
sólidos, os trechos do trato gastrointestinal devem ser medidos quanto ao
volume (deslocamento de água em proveta), pesados em balança eletrônica e
então cada parte separada em bandejas possibilitando o acesso ao conteúdo
com o auxílio de uma tesoura cirúrgica. Os resíduos sólidos encontrados
devem ser lavados em água corrente sobre uma peneira de 1 mm, devem ficar
imersos em álcool 70 para desinfeção por uma horas (se ficarem demasiado
tempo podem perder a coloração, alterando análises de cores). Os resíduos
podem ser secos naturalmente (Fig. 7).
29 Vale ressaltar que observações feitas durante a necropsia são extremamente
importantes, como a presença de úlceras e perfurações nas paredes do trato
gastrointestinal devem ser investigadas e registradas por meio de fotografias. E
ainda, ao realizar a lavagem e secagem dos resíduos sólidos deve haver o
cuidado para não fragmentar ainda mais os resíduos, fato que pode alterar os
resultados obtidos. Os resíduos sólidos devem ficar armazenados em
recipientes numerados e com a indicação do trecho do trato gastrointestinal
mesmo depois da triagem. Indica-se que não sejam misturados ou somente
depois da finalização do estudo, uma vez que dúvidas podem surgir e a
recontagem pode ser realizada.
Depois de secos, os itens devem ser classificados segundo o tipo de material:
plástico duro, plástico mole, isopor, cordas, redes, tecidos, entre outros, e
então contabilizados em número de itens (Anexo 6). O volume de cada tipo de
material e/ou o volume de lixo ingerido por cada animal pode também ser
mensurado através do deslocamento de água em proveta. O peso dos itens
pode ser medido através de balança digital com precisão maior de 0,01 g. Os
microplásticos (< 0,5 cm) não devem ser descartados, mas sim contabilizados
também, caso seja parte dos objetivos do estudo. Se forem muitos e inviável a
realização da contagem, indica-se que o peso seja a medida utilizada.
Conforme indicado no protocolo de aves marinhas, que também pode ser
utilizado para tartarugas (OSPAR, 2010) a análise dos dados pode ser feita
através do peso dos diferentes itens (em gramas e com 3 casas decimais)
sendo avaliado o total em gramas ingerido por cada animal ou ainda o total em
gramas de cada trecho do trato gastrointestinal.
30 Fig. 7: Resíduos sólidos encontrados no interior de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas)
encontrada encalhada morta na praia de Ilha Comprida – Região Sul do Estado de São Paulo
(Imagem: Daiana Bezerra – Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC).
31 5.5.2 EMARANHAMENTO
A principal categoria de lixo marinho responsável por causar os impactos
relacionados ao emaranhamento de organismos marinhos são restos de redes,
cordas e petrechos utilizados na atividade pesqueira (Pichel et al., 2012). Esse
material é chamado de rede fantasma, uma vez que continua capturando
organismos após descartado de forma inapropriada e, na maioria das ocasiões,
leva os indivíduos à morte. As redes são abandonadas intencionalmente ou se
perdem no mar acidentalmente enquanto ocorre o desenvolvimento da
atividade pesqueira.
A realização de monitoramentos específicos para a observação de casos de
emaranhamento é importante, mas dependem de fatores extrínsecos. Dessa
forma, casos podem ser registrados durante os monitoramentos de praia (Fig.
8) ou em ações de limpeza subaquáticas. Neste contexto, Waluda e Staniland
(2013) falam sobre a dificuldade de observar estes casos, e mesmo que o
monitoramento específico seja realizado, é possível apenas levantar uma
parcela dos casos, e assim estima-se que os impactos provindos do
emaranhamento sejam ainda maiores que os registrados pelos pesquisadores.
Diferente de outras formas de impacto, tem-se que o emaranhamento é um
impacto no qual sabe-se claramente quais são as suas fontes. Desta forma, a
criação de medidas de mitigação tem um foco principal já conhecido.
Assim, programas de recolhimento de material pesqueiro descartado
indevidamente devem ser desenvolvidos, juntamente com campanhas de
educação ambiental, principalmente com a comunidade pesqueira.
32 Fig. 8: Carcaça de ave marinha presa em anzol de pesca. (Imagem: Heidi Acampora).
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39 7. ANEXOS
40 Anexo 1 – Ficha de monitoramento de lixo marinho em praias.
Ficha de Transecto de Praia
Data:
Responsável:
Horário início/fim:
Equipe:
Características da praia
Principal uso: banho - pesca - surf - acesso de barco - remota
Local/cidade:
Estimativa de visitantes/ano:
Maré: Baixando - Subindo
Lua: Cheia - Nova - Cres - Ming
Cidade mais próxima/metros:
Rio mais próximo/metros:
Entrada de rio/córrego na praia:
Dados físicos
Declividade (dentro do transecto): 1 2 3 4 5
Curvatura: Côncava Convexa Sinusoidal Linha reta
Perfil horizontal: Lienar Côncavo
Convexo
Misto
Direção do vento (compasso): N NE L SE S SO O NO
Velocidade do vento: 0 1 2 3 4 5
Substrato: Arenoso Cascalho ( seixo ou pedras)
Recifes: ( ) sim ( ) não
Declividade: Diferença de elevação do início ao final do transecto
1 = < 1m (menor que a altura do quadril)
2 = 1-2m (altura do quadril à cabeça)
3 = 2-4m (1-2 comprimento corporal)
4 = 4-8m (2-4 comprimentos corporais)
5 = > 8m (mais que 4 comprimentos corporais)
Usos da praia
Nome da Praia:
Número de pessoas na área visível:
Distâncias
Distância da água ao fim da praia (m):
Distância da última maré (m):
Data da última limpeza de praia, se conhecida:
Comprimento transecto (m):
Transectos
100 m (itens menores que 50 cm)
1000 m (itens maiores que 50 cm)
Número de transectos:
GPS início transecto:
GPS fim transecto:
Códigos:
Velocidade estimada do vento:
0 = calmo (oceano plano)
1 = brisa leve (leves ondulações, <10 Km/h)
2 = brisa moderada (pequenas ondas, 10-25 Km/h
3 = brisa forte (ondas e muita espuma, 25-49 Km/h)
4 = vento forte (espuma branca e pulverização, 50-65 Km/h)
5 = ventania (ondas altas, espuma e pulverização, 65-85 Km/h)
Observações:
Estimativa de tamanho para o lixo encontrado através de classes de tamanho:
2
2
0 até
1 cm
1= de 0 até 1 cm 2
4=1=
de de
4 até
8 cm
2= de 1 até 2 cm 2
5= de 8 até 16 cm2
2
3= de 2 até 4 cm
6= maior que 16 cm2
Qualquer(tamanho(acima(da(categoria(5(
Anexo 2 – Ficha de monitoramento de lixo marinho na superfície da água.
Ficha de Coleta de Lixo Flutuante
Nome do responsável:
Localização:
ID:
Nome da embarcação:
Tamanho da embarcação:
Tipo de embarcação:
Condições Climáticas
Direção do vento:
Velocidade do vento:
Cobertura (nuvens : 0 - 100%)
Altura da ondulação (m):
Comentarios sobre o tempo que possam influenciar a distribuição de detritos desde a última semana (ex:
tempestades, ventanias, etc):
Observações:
Início de lançamento da rede manta
Latitude/Longitude:
Hora início:
Medidor de vazão (início):
Recolhimento de rede manta
Latitude/Longitude:
Hora final:
Medidor de vazão (final):
Velocidade da embarcação durante lançamento:
Comentários sobre o lançamento:
Lixo encontrado? Sim ( ) Não ( )
Anexo 3 – Ficha de monitoramento de lixo marinho no assoalho marinho.
Ficha de Transecto de Mergulho
Data:
Nomes:
Horário:
Profundidade:
Local:
Comprimento do Transecto:
Número de Mergulhadores:
Pontos de início e fim de transecto (relativos a pontos de referência em terra):
Largura da área de busca (m):
Declividade debaixo d'água:
Condições climáticas atuais:
Claro/limpo
Direção do vento (compasso):
N
Velocidade do vento:
Data da última limpeza de praia, se conhecida:
Número de pessoas na área visível:
1 2 3 4 5
Chuva/tempestade
Nublado Garoa
NE L SE S SO O NO
0 1 2 3 4 5
Codigos:
Observações:
Declividade: Diferença de elevação do início ao final do transecto
1 = < 1m (menor que a altura do quadril)
2 = 1-2m (altura do quadril à cabeça)
3 = 2-4m (1-2 comprimento corporal)
4 = 4-8m (2-4 comprimentos corporais)
5 = > 8m (mais que 4 comprimentos corporais)
Velocidade estimada do vento:
0 = calmo (oceano plano)
1 = brisa leve (leves ondulações, <10 Km/h)
2 = brisa moderada (pequenas ondas, 10-25 Km/h
3 = brisa forte (ondas e muita espuma, 25-49 Km/h)
4 = vento forte (espuma branca e pulverização, 50-65 Km/h)
5 = ventania (ondas altas, com espuma e pulverização, 65-85 Km/h)
Anexo 4 – Categorias de lixo marinho para utilização nos monitoramentos.
Ficha de Categorização de Lixo Marinho
Tipos de Lixo
Plástico rígido
Sacolas plásticas
Plástico mole
Isopor
Cordas
Tranparente
Claros
Branco
Bege
Azul
Amarelo
Coloridos
Verde
Vermelho Laranja
Redes/ microfilamentos
Tecido
Espuma
Látex
Madeira
Metal
Papel
Cigarro
Pellets
Total
Outros
Diversos
Petrechos
Plastico
de pesca
Coloração dos detritos
Classes de tamanhos:
Códigos:
1 = 0 - 1cm
2 = 1 - 2 cm
3 = 2 - 4 cm
4 = 4 - 8 cm
5 = 8 - 16 cm
6 = > 16 cm
Cinza
Escuros
Preto
Marrom
Média de
tamanho
Média de
peso
Anexo 5 – Ficha de necropsia de aves marinhas – foco em ingestão de resíduos sólidos – lixo marinho.
ID:
Data encalhe:
Espécie:
Local:
Data necropsia:
GPS:
Ficha de Necropsia para Aves Marinhas
Anilhas:
Condição animal:
Medidas
Prof. do bico:
Bico (narina à ponta):
Fotos: ( )
Amostra de penas peitorais c/pele: ( )
Peso (Kg):
Comp. da asa:
Comp. do bico (lateral):
Larg. do bico:
Dados coletados:
Ing. lixo: ( ) S ( ) N
Parasitas: 0 1 2 3
Localização:
Amostra de penas da asa: ( )
Glândula de óleo: ( )
Amostra de gordura: ( )
Conteúdo lipídico
0 1 2 3
Ingestão de resíduos sólidos
Porção Trato digestório: ( ) esôfago (
Plásticos
Plást
duro
Sacola
plástica
Petrechos de Pesca
Plást
mole
Isop Corda
Micro
fila
) estômago
Tecido Espuma Látex Madeira Metal
Claros
Branco
Bege
Coloridos
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Laranja
Escuros
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL
ITENS
) intestino
Diversos
Transparente
(
Pellets
Papel Cigarro Pellets
TOTAL
CORES
Média
tamanho
Soma
peso
Plásticos
Sacola
Plást
plástica mole
Ingestão de resíduos sólidos
Nº Registro:
Espécie:
Porção Trato digestório: ( ) esôfago ( ) estômago ( ) intestino
Pellets
Petrechos de Pesca
Diversos
TOTAL
Micro
Isop Corda
Tecido Espuma Látex Madeira Metal Papel Cigarro Pellets CORES
fila
Plásticos
Plást Sacola
Plást
duro plástica mole
Porção Trato digestório: ( ) esôfago ( ) estômago ( ) intestino
Pellets
Petrechos de Pesca
Diversos
TOTAL
Micro
Isop Corda
Tecido Espuma Látex Madeira Metal Papel Cigarro Pellets CORES
fila
Plást
duro
Média
tamanho
Soma
peso
Média de
tamanho
Soma
peso
Claros
Transparente
Escuros Coloridos
Branco
Bege
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Laranja
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL ITENS
Claros
Transparente
Branco
Coloridos
Bege
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Laranja
Escuros
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL ITENS
Observações:
Classes de tamanhos:
Códigos:
1 = 0 - 1cm
2 = 1 - 2 cm
3 = 2 - 4 cm
4 = 4 - 8 cm
5 = 8 - 16 cm
6 = > 16 cm
Anexo 6 – Ficha de necropsia de tartarugas marinhas – foco em ingestão de resíduos sólidos – lixo marinho.
Nº registro:
Data encalhe:
Data morte:
Data necropsia:
Espécie:
Local:
GPS:
Ficha de Necropsia para Tartarugas Marinhas
Anilhas:
Forma captura:
Condição animal:
Comp. Curv. Carap. (CCC):
Larg. Curv. Carap. (LCC):
Compri. cabeça:
Larg. cabeça:
Medidas
Comp máx. nad. ant.:
Larg máx. nad. ant.:
Larg. máx. nad. post.:
Comp. máx. plastrão:
Peso (Kg):
Diâmetro cabeça:
Comp máx. nad. post.:
Larg. máx. plastrão:
Dados coletados:
Ing. lixo: ( ) S ( ) N
Parasitas: ( ) S ( ) N
Eco. alimen: ( )S ( )N
Ossos: ( ) S ( ) N
Cauda:
Cloada/cauda:
Ingestão de resíduos sólidos
Porção Trato digestório: ( ) esôfago (
Plásticos
Plást
duro
Sacola
plástica
Petrechos de Pesca
Plást
Isop Corda
mole
Micro
fila
) estômago
(
Pellets
Diversos
Tecido Espuma Látex Madeira Metal
Claros
Transparente
Branco
Bege
Coloridos
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Laranja
Escuros
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL ITENS
) intestino
TOTAL
CORES
Papel Cigarro Pellets
Média
tamanho
Soma
peso
Ingestão de resíduos sólidos.
Porção Trato digestório: ( ) esôfago (
Plást
duro
Nº registro:
) estômago
(
Espécie:
) intestino
Plásticos
Petrechos de Pesca
Diversos
Sacola Plást
Micro
Isop Corda
Tecido Espuma Látex Madeira Metal
plástica mole
fila
Pellets
TOTAL
Papel Cigarro Pellets CORES
Média
tamanho
Soma
peso
Claros
Transparente
Branco
Coloridos
Bege
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Escuros
Laranja
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL ITENS
Porção Trato digestório: ( ) esôfago ( ) estômago ( ) intestino
Pellets TOTAL
Plásticos
Petrechos de Pesca
Diversos
Média de
CORE
Plást Sacola Plást
Micro
tamanho
Isop Corda
Tecido Espuma Látex Madeira Metal Papel Cigarro Pellets
S
duro plástica mole
fila
Escuros Coloridos Claros
Transparente
Branco
Bege
Azul
Amarelo
Verde
Vermelho
Laranja
Cinza
Preto
Marrom
TOTAL ITENS
Soma
peso
Observações:
Classes de tamanhos:
Códigos:
1 = 0 - 1cm
2 = 1 - 2 cm
3 = 2 - 4 cm
4 = 4 - 8 cm
5 = 8 - 16 cm
6 = > 16 cm

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