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vti 2009 leste europeu Grupo com 30 empresários da indústria, do atacado e do varejo brasileiro conhecem os desafios e as estratégias das operações de seus pares em Varsóvia, na Polônia e em Moscou, na Rússia Novas Fronteiras O grupo na frente do novo CD da operadora logística da Bertin na região de Domodedovo, na Rússia. vti 2009 evolução Reflexos positivos As viagens técnicas internacionais propiciam o conhecimento da cadeia de abastecimento ao redor do mundo e a visualização de novas estratégias para os negócios Por Daniela Guiraldelli “ O pequeno varejo deverá passar por mudanças e temos de fazer algo para ajudálos nesse processo oscar attisano superintendente-executivo da ABAD 50 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 cristiano eloi N o começo, a busca era por adaptações logísticas e melhores tecnologias. Atualmente, ela ficou mais específica e está de olho em técnicas capazes de produzir reflexos positivos no desenvolvimento do setor atacadista distribuidor, com foco na prestação de serviço para educar e fidelizar o pequeno varejo. Assim ocorreu a evolução da viagem técnica internacional, a VTI ABAD, iniciativa criada pela ABAD em 1984, durante a gestão do presidente Antônio Carlos Alves. Atualmente em sua 20a edição, muitas foram as contribuições dessas viagens para o aprimoramento da cadeia de abastecimento brasileira, em particular aquela que lhe permitiu adaptar à sua realidade práticas adotadas em países como os Estados Unidos, China, Holanda, Inglaterra, Canadá, Alemanha e México, entre outros tantos visitados nessas edições, que contribuíram para que o atacado nacional se tornasse um dos mais desenvolvidos do mundo. “Em 1994, enfocávamos a logística, pois na época tudo no Brasil era manual. Agora, todos os depósitos atacadistas estão mecanizados, o que nos equiparou, no que se refere aos custos, com os armazéns e os centros de distribuição americanos. Atualmente, é a possibilidade de perder clientes e de ver o nosso negócio diminuir que nos motiva a viajar”, afirma o presidente da ABAD, Carlos Eduardo Severini. Além de mostrar aos empresários participantes o que fazer de melhor, o objetivo da VTI também é apontar o que não deve ser feito, e por isso a viagem se constitui numa oportunidade linha do tempo 1984 Estados Unidos Os atacadistas distribuidores brasileiros foram em busca de novas tecnologias e adaptações logísticas, dando o ponta pé inicial para a evolução da cadeia de abastecimento brasileira leste europeu 2009 Com algumas poucas horas de diferença entre as visitas realizadas e o tempo de ir ao ar, o blog da VTI 2009 (www.vtiabad2009.blogspot. com.br) trouxe para aqueles que ficaram no Brasil notícias quase em tempo real do que aconteceu antes, durante e depois da viagem. No total, foram 50 posts que totalizaram 49.422 caracteres – texto suficiente para preencher de conteúdo 25 páginas da DISTRIBUIÇÃO – e que deram um panorama geral da VTI. Além disso, os vídeos com referências aos países visitados fizeram muito sucesso entre os que acessaram o blog. 1987 Europa Pela primeira vez, os empresários desembarcam nesse continente com o propósito de entender a cadeia de abastecimento 1989 Estados Unidos 1990 Estados Unidos 1991 Estados Unidos Inglaterra Alemanha fotos sxc única para a troca de informações entre os empresários do grupo, experiência que lhes possibilita despertar para reflexões e análises aprofundadas de seus negócios, e avaliar em que medida suas empresas estão evoluídas ou atrasadas. Durante a viagem, o grupo conta com a presença de um consultor – de varejo ou de atacado –, que profere palestras e dá dicas aos participantes a respeito das empresas e da cadeia de abastecimento dos países visitados. O primeiro deles, Paulo Goelzer, permaneceu durante treze anos à frente dos trabalhos, tarefa que foi realizada nas duas últimas edições pelo professor da FEA – Faculdade de Economia e Administração da USP – Universidade de São Paulo, Nelson Barrizzelli. “As viagens expõem os empresários brasileiros às melhores práticas no Estados Unidos 1985 Estados Unidos 1994 Estados Unidos 1995 Estados Unidos 1996 Inglaterra/Holanda/ Alemanha Na segunda viagem ao continente europeu, o grupo vai em busca de novos conceitos e boas práticas na Alemanha, na Inglaterra e na Holanda a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Viagem Técnica Internacional vti 2009 evolução Estados Unidos 1997 Estados Unidos/Canadá 1998 Estados Unidos 1999 Estados Unidos 2000 Estados Unidos 2001 Estados Unidos/Canadá A comitiva participa de visitas técnicas em Los Angeles e San Francisco. A viagem se estende a Vancouver, no Canadá China 2002 Canadá 2004 México fotos sxc 2006 Canadá/China Um grupo de 26 empresários conheceu os novos procedimentos empregados na distribuição em Toronto, no Canadá, e em Pequim, na China 2007 Estados Unidos Leste Europeu 2009 Leste Europeu Pela primeira vez, o grupo, composto por 40 atacadistas, desembarca no Leste Europeu, de olho na operação da cadeia de abastecimento em um dos países que compõem os Brics: a Rússia. A viagem se estendeu à Polônia, país que se revelou uma grata surpresa para o grupo cristiano eloi 52 2008 Inglaterra/Holanda/Alemanha www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 setor de distribuição em países desenvolvidos e em desenvolvimento”, diz o professor. Para a definição do roteiro da viagem, entra em cena a Interaction Times, consultoria em Relações Internacionais, responsável por montar toda a infraestrutura logística e organizar a agenda do grupo. “Vamos antes aos países prospectar oportunidades e fazer o que é possível a fim de montar uma agenda de reuniões que possamos considerar a mais completa e a melhor”, afirma o presidente da empresa, Marcus Nazareth Peçanha. Anteriormente, a tarefa era executada pela GoldenFoz Turismo, por meio das profissionais Daniela Faouakhiri Santos e Soraya Renée Faouakhiri. Tanto no que se refere à sua busca de novas práticas como à rica troca de informações, muitas são as razões pelas quais os empresários não abrem mão de participar. O diretor da Aliança de Atacados e Supermercados, Euler Fuad Nejim, acredita que a experiência estimula os empresários a fazer mudanças nas maneiras pelas quais conduzem seus negócios. “As viagens nos encorajam para que realizemos mudanças dentro da nossa realidade”, afirma. Para o diretor-presidente do Grupo Rio do Peixe, José Gonzaga Sobrinho, o Deca, as VTIs significam mais do que apenas propor mudanças ou análises dos negócios no presente, pois na verdade representam o futuro. “A VTI é necessária para que possamos descobrir onde estamos e para onde queremos ir”, afirma. Capacitação Com a evolução do atacado e da indústria brasileiros, o foco das Viagens Técnicas Internacionais tende a buscar práticas para que o atacadista ajude o pequeno va- Para que a VTI ABAD aconteça é preciso empenho e dedicação na parte organizacional. A experiente gerente de Eventos da associação, Leilah Maria Strufaldi, é a responsável por oferecer a oportunidade de os atacadistas e executivos da cadeia de abastecimento se integrarem no grupo. “Procuro fazer com que eles entendam a importância de entrar em contato com novos mercados, tendências e práticas para melhorarem seus negócios”, explica. De acordo com a gerente, atualmente os empresários entendem com mais clareza o verdadeiro custo/benefício da VTI, o que não acontecia há alguns anos. “A maior satisfação é saber que a viagem permitiu aos participantes trazer para suas empresas sistemas de trabalhos diferenciados e, muitas vezes, uma nova realidade”, afirma. rejo a se desenvolver. “O pequeno varejo no Brasil ainda deverá passar por mudanças, e temos de fazer algo para ajudar o canal nesse processo. Na ABAD, temos um curso de capacitação do pequeno e médio varejo, e vamos abrir outro no ano que vem, para capacitar o representante comercial autônomo (RCA)”, afirma o superintendente-executivo da ABAD, Oscar Attisano. Por essa razão, o destino da VTI ABAD 2010 será novamente a Europa, com paradas na Itália e na Espanha, e terá o objetivo de entender melhor essa relação entre o atacado e o varejo, uma vez que essas nações criaram protecionismo para que os pequenos e médios comerciantes possam se desenvolver. As Viagens Técnicas mudaram o cenário do atacado nacional, pois foi por meio da experiência que empresários do trade perceberam que precisavam rever práticas para se manter vivos e fazer frente à concorrência. O vendedor que passa a atuar como consultor de vendas – uma vez que a reposição de estoque e o ato de tirar pedidos são automatizados na maioria dos países visitados – já é uma realidade lá fora, enquanto no Brasil caminha devagar rumo a essa nova realidade. “Na Europa e nos Estados Unidos, acabou a função Inácio Miranda superintendente do KarneKeijo do vendedor que tira pedidos, uma vez que o varejo está tecnologicamente conectado com o atacado. Há, sim, o consultor de vendas, que presta consultoria ao pequeno varejo. Em relação a isso, estamos muito atrasados, pois aqui esse profissional ainda é o principal elo entre o atacado e o cliente”, afirma Attisano. Entre as empresas que mudaram a sua atuação no mercado está o Grupo KarneKeijo, de Pernambuco, que adaptou instalações e segmentou os negócios em food service e varejo. “O nosso centro de distribuição é uma adaptação do que vimos nos Estados Unidos. Ajustamos a nossa logística, a área de vendas, e em 1997 segmentamos o grupo em food service e varejo”, diz o superintendente do Grupo KarneKeijo, Inácio Miranda. O executivo esteve na VTI com destino à Rússia e à Polônia, e já vê possibilidades de novas adaptações. “Vimos a cobrança de sacolinhas nesses países e vamos estudar a possibilidade de implementar. Também me interessou a loja cash & carry em que o cliente pega o produto frigorificado dentro da câmara. Não sei se dá para fazer essa adaptação em razão da umidade, mas vamos estudar”, afirma. n divulgação cristiano eloi O CD da KarneKeijo, no Recife/PE, é uma adaptação do que observei na VTI aos Estados Unidos “ A viagem permite aos participantes trazer sistemas de trabalhos diferenciados para suas empresas Leilah strufaldi gerente de eventos da ABAD a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de “ Bastidores vti 2009 abertura 54 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 A VTI ABAD 2009 Leste Europeu levou 30 empresários e executivos da indústria, atacado distribuidor e varejo para os mercados da Rússia e da Polônia em nove dias de muito trabalho técnico texto e fotos Por Cristiano Eloi “ O saldo foi positivo e surgirão novas ideias para aplicações práticas no Brasil A catedral de São Basílio, construída em 1561 por ordem do czar Ivan, o Terrível: destaque da Praça Vermelha carlos eduardo severini presidente da ABAD A interconectividade entre os elos da cadeia de abastecimento, uma das diretrizes do Fórum Estratégico ABAD Cadeia de Abastecimento – Cenário 2015, aconteceu efetivamente entre os 30 empresários e executivos da indústria, do atacado distribuidor e do varejo que participaram da Viagem Técnica Internacional – VTI ABAD 2009 Leste Europeu, que teve como destino Moscou, na Rússia, e Varsóvia, na Polônia, entre os dias 9 e 18 de outubro. A troca de conhecimentos resultou em uma integração benéfica para os participantes da comitiva. “O saldo foi muito positivo e tenho certeza de que surgirão novas ideias para aplicações práticas em nossos negócios no Brasil”, disse o presidente da ABAD, Carlos Eduardo Severini. “Espe- a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Boas lições vti 2009 abertura “ “ A Polônia é um país que convida a bons negócios luís Fernando frança diretor do Megafort A mensagem foi passada em uma viagem muito produtiva mauro carsten diretor do Sinca-PR “ O varejo deles busca apoio de diversas maneiras alencar zamboni presidente da Zamboni 56 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 cificamente no autosserviço polonês, com a venda para o varejo independente, vimos no Eurocash que a loja pode ter ofertas e qualidade para atender bem o cliente. Podemos adotar o mesmo modelo no Brasil”, completou. A mesma percepção teve Ulisses Masao Shonoar, diretorcomercial da Camil Alimentos: “Tivemos conversas, discussões e reuniões muito boas entre todos.” Em uma época em que o atacado distribuidor se esforça para ajudar o varejo independente a procurar alternativas que lhe permitam se manter competitivo frente à concorrência acirrada das grandes redes, a VTI deixou exemplos a serem seguidos nas maneiras como esse modelo de loja atua e como fideliza clientes por parte do atacado, exemplos que podem, e devem, ser utilizados com sucesso no Brasil. A viagem foi muito produtiva e reuniu uma ampla gama de opiniões dos executivos e empresários da cadeia de abastecimento sobre diversos fatores que envolvem os negócios nos dois países. “Na Rússia, os empresários não se preocupam com a tecnologia, enquanto na Polônia há uma preocupação maior nesse sentido. Acredito que em cinco a dez anos a Polônia estará ainda mais evoluída nesse aspecto. Quanto à gestão do negócio, a Polônia está na frente da Rússia. Os poloneses deram um grande salto em dez anos, e em pouco tempo podem ultrapassar o Brasil”, afirmou o diretor-comercial da PC Sistemas, Leonardo Barros. A ausência de fatores que impulsionam o dia a dia da operação de compra e venda, como o financiamento, o crédito e as modalidades de pagamentos, foi o aspecto destacado pelo presidente do Sinca-PR, Eduardo Rubens de Andrade.“Achei que é um fato muito interessante a ausência de modalidades de pagamento. É tudo realizado na base do dinheiro. Ninguém comenta sobre outras formas de pagamento.” Em mercados onde as em- presas realizam todos os negócios à vista, e só consideram o dinheiro como a principal forma de pagamento, as empresas que realizam prospecção de carteira de clientes podem se apoiar em outros tipos de negócios para fazer suas operações crescerem. “O maior potencial nesses dois países é a pesquisa de mercado”, disse o executivo da Serasa Experian, Nilson da Silva Gomes. As comparações entre os trânsitos – e as frotas de caminhões – nos dois países foram o tema da observa- ção do gerente de Vendas de Operações Especiais da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Cid Manechini. “Na Rússia, o trânsito é complicado enquanto na Polônia ele é melhor, pois o país é mais bem estruturado e tem uma frota com uma idade média menor que a da Rússia, que é mais antiga.” O diretor de Marketing do Megafort, Luís Fernando França Morais, considerou bons os espaços para os negócios nos dois países visitados. “Enxergo grandes oportunidades, pois eles estão atrasados em comparação com o Brasil. A Polônia é um país que convida a bons negócios com sua localização estratégica, e há nela espaço para o empreendedorismo.” Por sua vez, o presidente da Zamboni Comercial, Alencar Zamboni, afirmou que o exemplo polonês de varejo deve ser copiado e seguido no Brasil. “O varejo deles está se ajudando e buscando apoio de várias maneiras. Todos estão apoiados em alguma coisa.” Outros exemplos, como o sistema cooperativista e o sistema de franquias, além dos varejistas fidelizados, são alternativas existentes nos dois países, que devem ser avaliadas e analisadas, e cujo estudo poderá colaborar para que o varejo independente brasileiro não perca espaço no mercado. “A mensagem foi passada em uma viagem muito produtiva. Saímos dela com, no mínimo, quatro alternativas para darmos continuidade à sobrevivência do atacado distribuidor no Brasil”, disse o diretor-executivo do Sinca-PR, Mauro Carsten. n “ Os poloneses deram um grande salto em dez anos leonardo barros diretor da PC Sistemas “ “ Interessante tudo ser realizado na base do dinheiro eduardo rubens presidente do Sinca-PR Há enorme potencial para a pesquisa de mercado nilson gomes diretor da Serasa Experian a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Palácio da Cultura, presenteado por Stalin em 1952: Símbolo do antigo domínio comunista vti 2009 Ponto de vista nelson barrizzelli Próximo da nossa realidade Para o professor Nelson Barrizzelli, a VTI deste ano à Rússia e à Polônia deixa quatro ou cinco bons exemplos a serem seguidos pelas empresas do setor atacadista distribuidor no Brasil por cristiano eloi texto e fotos 58 O professor da FEA – Faculdade de Economia e Administração da USP – Universidade de São Paulo, Nelson Barrizzelli, participou como consultor, pela segunda vez consecutiva, da Viagem Técnica Internacional da ABAD. No ano passado, os participantes da VTI, que teve como destino as cidades de Londres, na Inglaterra, Amsterdã, na Holanda, e Frankfurt, na Alemanha, já haviam tido a oportunidade de tê-lo como palestrante e parceiro de viagem para trocar impressões, debater ideias e compartilhar os conhecimentos sobre a cadeia de abastecimento dos países visitados. A experiência proporcionada pela VTI de www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 2008 permitiu ao professor fazer comparações entre os conhecimentos adquiridos nas duas oportunidades e chegar à conclusão de que a VTI deste ano para Moscou, na Rússia, e Varsóvia, na Polônia, deixou, no mínimo, quatro ou cinco bons exemplos a serem seguidos no Brasil. “No ano passado, vimos coisas muito interessantes, mas um pouco distantes da nossa realidade. Vimos lá o que veremos aqui no futuro. Neste ano, as aplicabilidades são melhores”, afirmou. Durante a espera do voo de volta para o Brasil, em Varsóvia, na Polônia, Barrizzelli concedeu a seguinte entrevista à DISTRIBUIÇÃO. Quais aspectos considera negativos na Rússia? A maneira como as pessoas com as quais entramos em contato se conduzem, manifestando pouquíssima vontade de se relacionar, e uma prestação de serviços muito ruim. Esse último aspecto é uma herança do socialismo, onde as pessoas aprenderam que elas não deveriam servir a ninguém porque eram todas iguais. Parece que elas ainda não entendem que há uma grande diferença entre servir por educação, por interesse, para prestar ajuda e servir por subserviência. O que o socialismo lhes ensinou é que eles não deveriam ser subservientes. Mas o país faz parte dos BRICs. Os BRICs foram definidos de acordo com o tamanho do país, da população e dos recursos naturais. Esses quatro países são os mais extensos do mundo e estão em desenvolvimento. A Rússia só tem gás e petróleo como recursos naturais. Se ela não conseguir vendê-los, não dispõe de outros recursos naturais. A crise a pegou de frente porque houve uma diminuição da demanda por essas duas matérias-primas. Impressiona o grande número de obras paradas que existem. É inacreditável. Há gruas e mais gruas no caminho por onde você passa, e você não vê ninguém trabalhando, com a obra parada no meio. Ainda há muito a ser feito na Rússia? Sim, e se ela é um BRIC, está em último lugar, e muito longe do terceiro. A situação da Índia é parecida. É incorreto dizer que o Brasil e a China ocupam a mesma posição que a Índia e a Rússia. Acho que é o percentual de crescimento do PIB que impressiona muito, e esse foi um dos fatores que fizeram com que se pensasse que os quatros pudessem ascender, mas isso não significa nada. O que significa é a infraestrutura e a maneira como o país está organizado. “ Vimos coisas totalmente aplicáveis aos negócios dos participantes da viagem a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Como você analisa a viagem deste ano? Vimos coisas diferentes e totalmente aplicáveis nos negócios dos participantes que estiveram nas visitas. São dois países que estão em desenvolvimento e que nos últimos anos sofreram muitas modificações, como o Brasil também sofreu. Eu achava que iríamos encontrar dois países no mesmo nível do Brasil. Mas, do ponto de vista institucional, a Rússia é muito pior e a Polônia um pouco melhor. vti 2009 Ponto de vista nelson barrizzelli “ O Eurocash é um modelo a ser pensado com muito cuidado na maneira de atuar e na fidelização E os grandes players que operam na Rússia? Suas lojas são tradicionais e não têm nada de especial. Não vi nada lá que se parecesse com gerenciamento de categoria. Só o Metro, cash & carry, me impressionou muito. Eles têm peixes vivos para vender, coisa que eu nunca vi em lugar nenhum do mundo. O segundo aspecto é a maneira como eles tratam os não alimentos, principalmente utilidades domésticas, produtos para o lar, eletroeletrônicos, cosméticos. Ela têm gôndolas especiais, iluminadas, tudo muito bonito e muito bem iluminado. Essa loja tinha o que aprender. A loja que impressionou mais, além do Metro, foi a da Spar. O modelo Spar é aplicável ao Brasil? Totalmente. Os atacadistas devem ficar atentos, não necessariamente para a Spar, mas para o modelo. Eles poderiam ajudar em muito os varejistas se começassem a pensar um pouco mais além da necessidade de vender a mercadoria. Todos eles têm a preocupação de vender a mercadoria, mas vender é mais uma consequência que um objetivo. O varejista precisa ter uma forte atuação em serviços, e aquela loja oferece um bom modelo para isso. Se eles tiveram paciência para fotografar, olhar com calma e analisar como a loja vende o sortimento, eu acho que eles têm muito o que aprender com ela. Tanto na Spar como no Metro. No Metro, os que têm cash & carry deveriam olhar com muito cuidado os não alimentos, pois eles têm margens muito melhores do que os alimentos. No Brasil, há uma cultura do alimento, mas é no não alimento que está o lucro. As lojas Spar cabem em todas as regiões do Brasil? Em todas. Menos no interior do Nordeste. Mas em Recife, Salvador e Fortaleza não tem problema nenhum. Se a loja cabe em Moscou, cabe em qualquer cidade brasileira. A loja de Moscou está em uma área nobre e de classe B, mas nós temos classe B no Brasil inteiro. E a Polônia? Foi uma surpresa positiva. O país está no caminho certo e é, realmente, um país em desenvolvimento. As pessoas trabalham muito, mas se vê o resultado. É um país civilizado, organizado, limpo. As ruas são muito bem cuidadas e arrumadas. Os prédios que permaneceram do sistema comunista foram todos reformados. Eu não esperava encontrar a Polônia com essa boa forma e fiquei muito bem impressionado. Nesses países, a cadeia de abastecimento é comparavével à do Brasil? Está no mesmo nível da do Brasil. São países bem parecidos. Na Polônia, o pessoal da viagem teve lições extraordinárias. O Eurocash é um modelo sobre o qual se deveria pensar com muito cuidado. Seria bom que os participantes da VTI refletissem sobre a maneira como eles se organizaram com relação à loja, ao sortimento, à maneira de atuar, ao número de itens oferecidos, ao conceito de fidelização, ao CRM deles. E, paralelamente, temos o seu modelo de fidelização, que é algo que eu nunca tinha visto. A loja ABC é um modelo que cabe em qualquer cantinho do Brasil, mas com 60 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 E não é um investimento caro. Absolutamente. Aquela loja tem 80 metros quadrados, 5 mil itens e é uma loja com um sortimento extraordinário. Foi um negócio muito interessante, mas não só isso. A Lewiatan é uma loja muito bem-arrumada, e com ótimo sortimento para o público de classe B, e é uma rede de franquias. Há também ali um aprendizado a se fazer. Entre ela e a Spar a única diferença está na marca, mas a Lewiatan tem as mesmas coisas que você encontra numa loja Spar. Só que a loja Spar é mais bonita, mais bem-arrumada que a Lewiatan. A Spar ganha mais em aparência, mas esse modelo para o Brasil cabe em qualquer lugar e em qualquer cidade. “ O fato é que o atacado e o varejo precisam se mexer de alguma maneira, e os exemplos vistos são muito sugestivos para nós Há outro modelo que você também achou interessante? A Sezam, uma cooperativa, e a maneira como ela se abastece. Ela é constituída de 23 lojas, que têm 130 fornecedores, os quais resolvem os problemas dessas lojas. O sistema é eletrônico. Quando elas precisam de mais mercadorias do que os fornecedores costumam entregar, pegam o telefone, ligam e avisam que naquela semana precisam de um pouco mais da mercadoria. A Sezan tem um sistema de abastecimento infinitamente mais avançado que o nosso. A conectividade é que faz todo o trabalho. Quais outros aspectos o impressionaram na Polônia? A Bronisze, uma central de abastecimento, principalmente sua infraestrutura, pois os produtos chegam embalados e prontos. É muito fácil alguém comprar e levar para uma loja. Pouquíssimos produtos chegam a granel. No Brasil não temos isso. Ficou claro na cabeça dos atacadistas e varejistas que estiveram na viagem o fato de que eles precisam começar a se mexer, e aqui [na Polônia] e até na Rússia tivemos exemplos interessantes evidenciando isso. n a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de a mente da dona da loja ABC, com aquele tipo de enfoque. O sortimento e a maneira de arrumar a loja foram lições extraordinárias porque a loja é bonita, limpa, arrumada e tem um pouco de cada coisa. Um sortimento extraordinário e muito interessante. vti 2009 leste europeu | rússia império em mutação Depois de permanecer durante 70 anos sob o monopólio do Estado, o país enfrenta, para poder crescer, o desafio de se adaptar às regras da economia de mercado por cristiano eloi texto e fotos 62 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 O Kremlin, visto da Praça Vermelha, em Moscou: cenário do poder em um país que luta para transformar o presente a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de S ituado na parte oriental da Europa e norte da Ásia, o maior país em extensão territorial do mundo, com mais de 17 milhões de quilômetros quadrados de território, a Rússia tenta, nesses 20 anos que se seguiram à queda do regime comunista, colocar a economia nos eixos depois dos 70 anos em que esse regime imperou. A situação econômica na Rússia piorou em consequência da crise financeira mundial iniciada em setembro do ano passado, mas já vinha enfrentando solavancos por causa da transição do período socialista para a economia de mercado. De acordo com os russos, as pessoas haviam se acostumado no período da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) a ter o governo como fornecedor e provedor de serviços, enquanto o capitalismo gera competitividade, diferenças e abismos sociais – especialmente se não houver disposição para o trabalho. Com o término do comunismo, o povo russo achava que os americanos iriam socorrê-los de imediato, colocando dinheiro no país, e que fariam lá o que fizeram no Japão depois da Segunda Guerra Mundial, mas isso não aconteceu. “É muito diferente você reconstruir um Japão depois de jogar duas bombas atômicas em cima e ajudar a Rússia no momento em que eles eliminaram um sistema político. No dia em que o Estado perdeu a prerrogativa de cuidar deles, os russos se sentiram absolutamente órfãos, e se sentem órfãos até hoje”, afirmou o professor da FEA-USP, Nelson Barrizzelli. vti 2009 leste europeu | rússia “ Temos um negócio em expansão e damos a oportunidade para que o varejista possa crescer maxim volgarev diretor-executivo da Spar 64 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 Neste ano, o Produto Interno Bruto, que em 2008 apresentou um crescimento de 6% e fez com que o país se posicionasse como 9a economia do mundo, terá retração de 7,5%, de acordo com uma declaração do presidente, Dmitri Medvedev, feita em outubro. O resultado se deve ao impacto da crise global, que afetou muito as exportações de petróleo e gás natural, abalando o desempenho econômico e ocasionando um aumento no índice de desemprego e uma diminuição no nível de renda da população, que soma 142,8 milhões de habitantes. Mas a pior fase da crise já ficou para trás. Pelo menos, é isso o que pensa um em cada quatro russos, de acordo com uma sondagem realizada pelo CNPOP – Centro Nacional de Pesquisas de Opinião Pública. Atualmente, todos os esforços do governo visam estimular a economia, manter a inflação sob controle – a qual deve ficar acima de 8% neste ano – e reduzir a taxa de desemprego. Só para se ter um exemplo, neste ano, o Banco Central da Federação Russa abaixou sete vezes a taxa de refinanciamento, que está em 10% – um mínimo histórico. É na maior cidade em extensão do mundo e principal cidade da Federação Russa, Moscou, com 12,5 milhões de habitantes, que se concentram os esforços do governo para mostrar ao mundo o que o país tem. Na área do Kremlin e na Praça Vermelha – da qual os comunistas cuidaram muito porque era uma vitrine do regime –, Moscou continua a ser uma bela cidade, arborizada, limpa e bem-arrumada, mas a sua população sofre com o trânsito caótico e com a má qualidade de vida nos bairros periféricos. “Ao pegarmos o metrô, e dez minutos depois de nos afastarmos da área central de Moscou, vemos a situação se tornar absolutamente dramática. Os prédios têm 50, 60, 70 anos e o estilo de vida é muito ruim. O trânsito simplesmente não anda. Eles precisam reformar os prédios, morar decentemente, ter emprego e se locomover bem”, afirmou Barrizzelli. Dificuldades operacionais As empresas internacionais têm restrição legal do governo para atuar no país em uma medida de proteção e controle do capital estrangeiro, mas o varejo não. Ainda assim, os players internacionais encontram dificuldades para manter uma operação em atividade no país. “A corrupção nacional dos órgãos públicos governamentais não é segredo para ninguém e os atores estrangeiros têm muitos inconvenientes por causa disso. É mais fácil para as empresas locais negociarem com as regras locais, pois falam a mesma língua e conhecem a linguagem corporal”, disse o CEO da Mosmart, Vitaliy Podolsky. Nesse conturbado ambiente de um país que vislumbra atingir um desenvolvimento satisfatório em uma economia de mercado, varejistas como X5, Cresto, Auchan, Across the Street, Expetrus e Carrefour – que tem duas lojas, mas anunciou que sairá em breve da Rússia – mantêm lojas divulgação Plano de voo Desta vez, o grupo de empresários e executivos da cadeia de abastecimento brasileira não precisou se deslocar muito nas visitas técnicas, pois a maioria das visitas se deu na região de Moscou, cidade extensa e com mais de mil quilômetros quadrados de área territorial. No total, foram realizadas quatro visitas técnicas na Rússia, em áreas de trânsito muitas vezes intenso, o que elevava o tempo de duração dos traslados. A primeira delas foi ao Mosmart, situado na região de Moscou, mas afastada 40 quilômetros da capital da Federação Russa. Na mesma cidade, foi a vez de conferirmos as operações do Metro, atacado de cash & carry, e da rede de lojas de varejo SPar, no bairro de Midilierska, próximo ao centro. A última visita foi ao novo centro de distribuição da operadora logística da Bertin no país, localizada na região de Domodedovo, distante 50 quilômetros de Moscou. as empresas visitadas na rússia spar Com 200 lojas e uma participação de 0,5% no varejo, a empresa pretende atingir 10% de mercado em até três anos. Para isso, aposta na diversificação de formatos, que se adequam à realidade de cada região metro Em solo russo desde 2001, a empresa tem 50 lojas de cash & carry, 12 hipermercados (Real)) e 14 lojas de eletroeletrônicos (Media Markt). Em 2008, faturou 3,9 bilhões de euros no país bertin O novo CD da companhia para as operações logísticas no país ficará pronto em dezembro. A 50 quilômetros de Moscou, o armazém terá a movimentação na estrutura de paletização das avenidas realizada eletronicamente mosmart A rede local de 23 lojas e uma dívida de 308 milhões de dólares tenta reequilibrar as finanças, reconquistar a confiança dos fornecedores e trazer os consumidores de volta a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de rússia vti 2009 leste europeu | rússia “ A Spar encanta porque oferece todos os produtos e serviços de que se precisa. É uma loja muito convidativa Jurema pesente diretora do Central Ofertão de Alimentos 66 Jurema Pesente e Paulo Pennacchi, no embarque para a VTI 2009 muito atrasadas em comparação com as do varejo brasileiro, e têm pouco a ensinar ao empresariado brasileiro. Uma exceção é a Spar, rede varejista que atua em 34 países, conta com mais de 16 mil lojas e pretende abocanhar até 10% de participação no mercado russo em três anos. Isso significa dispor de um volume de 2.500 estabelecimentos nesse período. Com 200 lojas, a empresa tem atualmente 0,5% de participação de mercado e está incluída entre os dez primeiros varejistas do país, com uma taxa de crescimento anual na ordem dos 56%. “Nossa taxa de crescimento é maior do que as de todos os nossos concorrentes, pois oferecemos melhores serviços”, disse o diretor-executivo da Spar na Rússia, Maxim Volgarev. Com uma receita de 38 bilhões de dólares por ano, a www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 Spar International surgiu há 77 anos na Holanda e seus estabelecimentos têm vários formatos: conveniência, vizinhança super e hipermercados. Na Rússia desde 2001, a Spar opera três formatos de loja: Eurospar, Spar e Spar Express. Em 2008, foi introduzido o formato de hipermercado, chamado de InterSpar. Esses diferentes formatos buscam atender às diferentes expectativas dos consumidores. Dessa maneira, de acordo com o público da região, o mix é direcionado para atender a esses desejos e vontades. O InterSpar é o hipermercado, formato que predomina no Leste Europeu e na Europa Central, tem 50% das vendas em não alimentos e procura oferecer tudo de que a família precisa em suas unidades, num total de 20 mil itens. O EuroSpar é o supermercado com foco em comidas frescas, pratos prontos e semiprontos e produtos de sortimento variado, e que proporcionam uma qualidade de vida melhor em um mix de 10 mil produtos. A Spar é a loja de vizinhança, e procura atender a todas as necessidades dos consumidores. A Spar Express é o menor formato, e funciona como uma loja de conveniência. Ela oferece oportunidades para que o consumidor encontre itens capazes de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida, produtos de conveniência prática ao longo do dia, que ele pode encontrar em meio a 2 mil itens. Assim, os formatos buscam atender às necessidades de consumo ao longo do dia e da semana. “O objetivo é oferecer comida pronta e para viagem (food to go). É um modelo que reúne as melhores práticas e entrega bons resultados para os consumidores. Nas grandes cidades, os consumidores buscam qualidade, praticidade e conveniência, e é isso o que queremos proporcionar a eles”, disse Volgarev. Reuniões e treinamentos O sistema Spar permite que haja troca de experiências entre as unidades, e um escritório central em Amsterdã, na Holanda, coordena toda a operação. A empresa tem cinco parceiros na Rússia, cada um deles responsável por uma região do país, e desempenha um papel importante para os parceiros regionais ao promover compartilhamento de conhecimentos. Quatro ou cinco vezes por ano, eles realizam reuniões globais para entender melhor e debater várias áreas do negócio, como logística, administração e merchandising. A Spar International organiza seminários e também fornece informações sobre as melhores práticas no restante do mundo, estudando casos de sucesso em cada área. Na Rússia, são realizadas três ou quatro conferências sobre recursos humanos, marketing e finanças por ano. Nessas ocasiões, os palestrantes conversam com os franqueados sobre boas práticas e sobre os problemas dos parceiros da empresa. O treinamento para os franqueados e para os pequenos varejistas que operam a loja é importante para qualificá-los e preparálos para que eles possam competir com os grandes players, AD vti 2009 leste europeu | rússia O PIB deverá apresentar uma retração de 7,5% neste ano, contra um crescimento de 6% em 2008 A loja da Spar, próxima ao centro de Moscou: variedade, comodidade e praticidade em um modelo de varejo eficiente 68 como X5, Cresto, Carrefour, Auchan, Across the Street e Expetrus. “Esses varejistas têm 4% do mercado russo e em muitos países da Europa eles não têm menos de 20%. Esse é o motivo pelo qual existe espaço para expansão no mercado russo”, afirmou o executivo. As cinco franquias são diretamente ligadas à da Spar International e 42 são subfranquias. De acordo com as informações deVolgarev, os varejistas grandes têm franquias e ocupam a primeira e a segunda posição de mercado nas regiões em que atuam. “A vantagem de ser um franqueado ou um subfranqueado é que temos marcas valiosas, conhecimento de mercado e bons modelos de lojas, modelos que são adaptáveis à Rússia. São as melhores nas cida- www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 des e regiões onde operam. Incluem produtos frescos, bom sortimento e um leque maior de produtos”, disse. Negócio moldado Para ser um franqueador master é preciso pagar uma certa quantia ao escritório central (o diretor não revelou o valor), onde há menos de dez pessoas trabalhando e administrando as marcas próprias. O escritório central oferece alguns serviços para os parceiros que são donos das lojas na região, e cuida da importação direta de produtos da Europa e da China. Eles trabalham por intermédio de contratos federais e recebem um percentual sobre o faturamento dos franqueados. Os franqueadores master fornecem logística, suporte e TI, que são importantes fatores concor- renciais para os franqueados. Os franqueadores compram e moldam o modelo de negócio de acordo com a região onde estão sediados. Uma das principais variações desse modelo se refere ao design, que varia de acordo com a região. “Na Rússia, não havia um design bonito e que pudesse nos proporcionar um diferencial. Então, os designers estrangeiros deram certo com a gente”, afirmou o executivo. Os franqueados podem comprar produtos de outras empresas, mas o executivo garante que o tempo de entrega da Spar é menor – e a entrega é mais rápida – que os da concorrência. Outro diferencial está no esforço para mudar a cultura do povo, que paga mais por produtos de marcas, preferindo-os por acreditarem que a marca própria não tem a qualidade que eles já conhecem. A Spar tem 200 itens de marcas próprias, todas no segmento de preço médio. “Visualizamos uma grande oportunidade nessa iniciativa de enviar essa mensagem aos consumidores e mostrar que os produtos têm a mesma qualidade dos que eles costumam comprar. Não ganhamos mais do que gastamos nesse segmento e planejamos lançar marcas próprias nos segmentos baixos”, disse Volgarev. Como Moscou está no centro do país, muitos caminhos e estradas levam a ele. Essa localização privilegiada faz com que muitas mercadorias cheguem em Moscou para daí serem distribuídas a outras regiões. Os franqueadores armazenam a mercadoria em CDs de suas regiões AD vti 2009 leste europeu | rússia dutos um de seus segredos. Diariamente, as mercadorias são repostas por um operador logístico de Moscou para que nunca haja falta de produtos para os consumidores. “A loja tem um modelo muito atual, com frutas, legumes e verduras logo na entrada com uma ilha linda. Uma segunda ilha tem pâttisserie e frios embutidos, além da padaria. O seco não ocupa mais espaço privilegiado na loja, pois é da FLV e das seções de frios mais trabalhados que o varejo tira mais recursos e mais lucros, pois a consumidora não tem o preço na cabeça”, disse a diretora do Central Ofertão de Alimentos, Jurema Pesente e Silva. Metro: 50 lojas no país e sem planos de expansão até 2010 “ As vendas diminuíram com a crise, mas já estão crescendo efim vasilyev Customer Consultant do Metro 70 e a distribuem. É aí que se encontra a maior dificuldade para atrair novos franqueados na Rússia: o esquema logístico, juntamente com os produtos de marcas próprias e a adesão ao contrato federal. No preço de gôndola, em cada dez rublos, uma parcela entre 10% a 16% é o valor do custo logístico. Volgarev comentou que o objetivo é chegar a 4% ou 5% no custo logístico – o que é alto para os padrões brasileiros – e atingir a eficiência na logística como um todo. “Temos caminhões de 20 toneladas, mas aqueles de que precisamos devem ter 10 toneladas. Nossos trunfos não estão bem organizados para as tarefas de processamento de pedidos e de acondicionamento nos caminhões. Vamos melhorar.” A visita a uma loja da Spar, no bairro de Midilierska – próximo ao centro, ainda em Moscou –, impressionou www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 pela diversidade, variedade e número de produtos, um total de 5 mil itens, bem como pelos serviços oferecidos em apenas 500 metros quadrados de espaço. Voltado para as classes A e B, o estabelecimento apresenta ao público consumidor desde uma rotisserie com pratos prontos e minicozinha passando pelos produtos importados, e pelos peixes vivos, que podem ser escolhidos pelos clientes, até CDs, DVDs e cadeiras para que os clientes possam fazer suas refeições na entrada da loja. “É uma conveniência fina, um modelo de loja que seria excelente para a Zona Sul do Rio de Janeiro”, afirmou o diretor da Pennacchi & Cia., Paulo Pennacchi. Com um faturamento de 15 milhões de rublos por mês – aproximadamente um milhão de reais – a unidade da Spar, com sete checkouts, tem no bom abastecimento de pro- Valor agregado Há também uma ilha de perecíveis ou frigorificados com cross merchandising, que oferece aos clientes temperos e molhos que podem ser usados nos produtos vendidos nos refrigeradores. Há também a venda de revistas, vinhos e produtos de valor agregado, além de serviços como correspondente bancário. “É um cativante modelo de loja. Ela encanta a consumidora, e apresenta todos os produtos e serviços de que se precisa. É um modelo de varejo muito convidativo”, completou Jurema. Em uma região cheia de escritórios, a margem de rentabilidade é boa, apesar da concorrência acirrada com outros formatos de loja que circundam o estabelecimento. Com boa variedade de produtos, itens de valor agregado, serviços, conveniência e comodidade, o que a loja oferece aos clientes é uma ótima AD vti 2009 leste europeu | rússia “ Há dois meses, a loja estava vazia por causa da crise financeira, mas estamos nos recuperando Irina Markovich senior manager do Mosmart “ O Mosmart mostra um exemplo de perseverança para os momentos difíceis Cid Manechini gerente de Vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus 72 oportunidade de novos negócios para os empresários brasileiros. “A loja é bem abastecida. Podemos fazer variações para regiões de menor poder aquisitivo no Brasil”, disse o sócio-proprietário do supermercado Faixa Azul, rede com nove lojas em Embu/ SP, Milton Gonçalves. “Uma loja dessas perto de uma que está quebrando mata o cara”, afirmou o sócio-proprietário do Supermercado Faixa Azul, José Saugnago. Com a crise econômica, que atingiu com muita força a economia russa, a Spar teve de adiar seus planos de aumentar sua expansão no país. Ainda assim, a empresa acredita que é uma boa alternativa para os pequenos varejistas que não têm uma boa entrega dos fornecedores, e também não têm produtos de marca própria porque não dispõem de formatos de tamanho crítico suficiente para lançar www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 esses produtos. “Há duas oportunidades para os pequenos varejistas. Eles podem ser ‘comprados’ pelos grandes varejistas ou podem se unir a uma central de compras de varejistas. A Spar representa uma oportunidade como central de compras porque tem um modelo de negócios em expansão no restante do mundo e dá oportunidade para que eles cresçam”, disse Volgarev. Metro Outra visita técnica que despertou interesse e se mostrou muito proveitosa foi a uma das lojas do grupo Metro na capital russa. O Metro tem 50 lojas de cash & carry na Rússia e não planeja abrir novas lojas no fim deste ano, nem em 2010. A empresa, um dos maiores varejistas do mundo, está presente em 32 países da Europa – entre eles a Rússia e a Polônia –, da África e da Ásia, empregando 300 mil funcionários em 150 nações. “As vendas diminuíram com a crise financeira internacional, mas estão crescendo aos poucos”, disse o customer consultant do Metro, Efim Vasilyev. Em 2008, o grupo teve uma receita de 68 bilhões de euros no mundo, contra 64,3 bilhões de euros em 2007. Somente na Rússia, o faturamento alcançou 3,9 bilhões de euros, contra 3,1 bilhões de euros em 2007. Em sua totalidade, o grupo Metro tem 76 lojas na Rússia, sendo 50 Metro Cash & Carry, 12 Real (hipermercado) e 14 Media Markt (lojas de eletroeletrônicos). As unidades atendem somente pessoas jurídicas que têm o cartão da loja com a sua foto impressa. Mais de 20 mil itens são oferecidos em 10 mil metros quadrados de espaço. As lojas são bem abastecidas, bem iluminadas e com bom sortimento. No local são comercializados itens como ferramentas, equipamentos eletrônicos, lavadoras de roupas e outros produtos de valor agregado, os quais são expostos em gôndolas especiais e bem iluminadas, que realçam os itens oferecidos. “Apesar de ser uma loja depósito, os corredores são bem dispostos, e as gôndolas bem organizadas e bonitas”, afirmou Barrizzelli. Na Rússia desde 2001, as bebidas vendidas nas lojas têm preços menores para esses tipos de estabelecimentos, pois não há incidência de impostos sobre elas para bares e restaurantes no país, locais onde são diferenciadas pela cor vermelha nas gôndolas. Os alimentos e os não alimentos respondem, cada um Mosmart A crise mundial atingiu mais algumas empresas do que outras na Rússia. Foi o que vimos ao visitarmos o Mosmart – uma rede independente de supermercados – que antes da crise se impôs e conquistou o seu espaço frente à concorrência de grandes varejistas que atuam em suas vizinhanças. Com 23 lojas na Rússia – quatro delas em Moscou –, e apesar da dívida acumulada de 308 milhões de dólares (cerca de 545 milhões de reais), os executivos da companhia se dizem otimistas em sua tarefa de enfrentar o desafio de reequilibrar as finanças. “Até o fim do ano, as lojas terão o dobro do número de produtos que têm hoje. Vamos pagar os fornecedores e queremos que os consumidores voltem a comprar conosco”, disse o CEO Vitaliy Podolsky no escritório central do grupo, situado a 40 quilômetros do centro de Moscou, no distrito de Podmoskva. A loja, situada um piso abaixo do escritório central, tem 6,5 mil metros quadrados, 70 mil itens no mix e produtos variados, 60% deles pertencentes ao setor de alimentos. A loja estava indo bem até a crise financeira mundial abalar a economia russa e atrapalhar o consumo no país. Antes disso, o faturamento chegava diariamente na casa dos 10 milhões de rublos – cerca de 625 mil reais. Depois da crise, a receita despencou para 30 mil rublos diários, o equivalente a 1.875 reais. “Tínhamos 4 mil clientes por dia, e na semana passada inteira tivemos 2.500 compradores”, disse a senior manager a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de deles, por 50% pela participação nas vendas, e na parte de perecíveis há muita carne que vem do Brasil. “Todos os restaurantes refinados vendem a carne brasileira e os russos gostam dela porque não tem ossos”, explicou Vasilyev. para Produtos Importados da empresa, Irina Markovich. A loja quase foi à falência no início de janeiro, quando decidiu não honrar os compromissos com os fornecedores e privilegiou o pagamento aos bancos porque acreditava que eles [os bancos] continuariam a emprestar, “mas, com a crise econômica mundial, eles não tinham mais dinheiro”, ressaltou Podolsky. O resultado veio rapidamente. As mercadorias pararam de chegar e as gôndolas ficaram desabastecidas, o que afastou os consumidores. “Há dois meses, a loja estava praticamente vazia por causa da crise financeira, mas estamos nos recuperando”, afirmou Irina. Até o final de outubro, as lojas terão o dobro do número de produtos no estabelecimento, que já chegou a faturar um milhão de dólares por dia no período do fim do ano, época em que as pessoas compram produtos de Gondôlas sem produtos no Mosmart: sucessão de erros internos acelerados pelo cenário econômico desfavorável vti 2009 leste europeu | rússia A rotisserie do Spar: produtos semiprontos e prontos para facilitar a vida dos consumidores do entorno da loja O varejo sofre com os problemas de consumo em razão das incertezas financeiras 74 alto valor agregado. “Fomos os mais bem-sucedidos, com uma ‘densidade de vendas’ de 16 mil dólares por metro quadrado. Com a crise financeira mundial, ocorreu uma combinação de erros em todo o varejo russo, o que foi devastador. O dinheiro era barato e gastamos sem contar com a crise. Tivemos diferenças na administração das lojas nas diferentes regiões onde elas estavam instaladas. Tivemos problemas de expansão. E problemas de administração, recursos humanos e informática”, explicou Podolsky. O executivo revelou que a recuperação teve início depois que se firmou um contrato com o maior banco do www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 país e que se conseguiu um aumento no financiamento. Na primeira etapa do trabalho, o objetivo é tentar a reestruturação fazendo com que os fabricantes forneçam mercadorias para abastecer as gôndolas – acreditando que receberão por isso algum dia. “Vamos fazer uma campanha publicitária, a partir de novembro, para trazer os consumidores de volta. Em seis meses, acredito que contaremos uma história bem-sucedida.” Apesar de rumores locais dizendo que os bancos querem se tornar importantes na distribuição, o executivo acredita que o negócio do Mosmart é bem-sucedido. “Só temos problemas de caixa. Mas também temos a esperança de melhorar, e de pagá-los novamente. Nossa prioridade é reinjetar dinheiro na cadeia em até cinco anos e abrir novas lojas.” Para ele, o varejo russo sofre com problemas de consumo por causa das incertezas financeiras pelas quais o país está passando. “Na Rússia, nada é normal nos últimos 150 anos. O Mosmart cometeu muitos pecados, mas estamos preocupados com a eficácia. O mercado é uma grande oportunidade. Queremos melhorar o estoque e os serviços ao consumidor, com bons produtos e uma boa equipe. O mercado está longe da consolidação na Rússia. Vamos continuar a crescer. Temos de ser mais prudentes”, disse Podolsky. A visita ao Mosmart foi uma grande lição, pois nos mostrou aonde os erros conduzem, acredita o professor e consultor de varejo, Nelson Barrizzelli. Por sua vez, o gerente de Vendas de Operações Especiais da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Cid Manechini, assinala que a reconquista dos fornecedores e o processo de reconstrução da empresa podem trazer grandes lições ao empresariado. “Isso parece um trabalho muito árduo, mas demonstra perseverança, e é algo que temos de levar como exemplo para os momentos difíceis que a gente poderá ter no Brasil.” n O novo centro de distribuição da Bertin para as operações na Rússia ficará pronto em dezembro deste ano e a moderna tecnologia ajudará a aproveitar melhor o espaço e a ter um menor desembolso no gasto com armazenamento de produtos. Localizado na região de Domodedovo, a 50 quilômetros de distância de Moscou, o CD terá movimentação realizada por paletização eletrônica. A tecnologia, que é francesa, permite que haja uma movimentação da estrutura da paletização na avenida para a entrada da empilhadeira elétrica. Com isso, o espaço do depósito é otimizado e os gastos com funcionários são minimizados. “Sem o sistema, seriam necessárias quinze pessoas em vez das cinco que utilizaremos quando o armazém estiver em funcionamento”, disse o diretor da operadora logística da Bertin na Rússia, Alexei Kuznietsov. A obra começou há um ano no galpão de 7 mil metros quadrados e cinco docas para caminhões de 20 toneladas, que serão descarregados em 40 minutos e carregados em até uma hora quando tudo estiver finalizado, e quando a operação de distribuição das carnes da companhia para 120 grandes clientes no país estiver funcionando. “Será um negócio muito moderno, com um armazenamento totalmente automatizado, que trará otimização na operação e minimização nos custos”, afirmou o diretor-presidente do Grupo Rio do Peixe, José Gonzaga Sobrinho. “ A moderna tecnologia trará um menor gasto com pessoal Alexei Kuznietsov diretor O novo CD da operadora logística da Bertin: avenidas movimentadas por paletização eletrônica a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Espaço otimizado vti 2009 leste europeu | polônia posição estratégica Localizado no corredor central da Europa, o país se transforma em alvo de investimentos para movimentar sua economia e interagir com os vizinhos por cristiano eloi textos e fotos 76 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de O Castelo Zanek Krolawski (Castelo Real), residência dos reis poloneses, e a Praça Rynek Starego Miasta, centro da cidade velha, em Varsóvia vti 2009 leste europeu | polônia “ O desemprego cairá e construiremos um aeroporto para facilitar o comércio Piotr Sowlowiec manager da Invest in Poland “ As empresas evoluíram para se manter competitivas waldemar novakowski presidemte da Câmara do Comércio da Polônia 78 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 M aior país da Europa Central, a Polônia tem 312 mil quilômetros quadrados e 40 milhões de habitantes e, certamente, sua localização estratégica faz com que todos abram os olhos para esse país, que tem o tamanho do Paraná – Estado no qual, coincidentemente, se concentraram os imigrantes poloneses que chegaram ao nosso País a partir do século 18 e, principalmente, no pós-guerra de 1945. Situada no centro da Europa, sua posição estratégica lhe possibilita o acesso a outros mercados no Leste Europeu por rodovia e trem de carga a custos não muito altos. Se a sua localização lhe permite ser um porto estratégico para as empresas que se propõem a alcançar mais de 500 milhões de pessoas em uma área de 2 mil quilômetros quadrados, sua economia também vai bem. Em 2008, o país apresentou um incremento de 5% no PIB (Produto Interno Bruto), e para este ano projeta um resultado 1% maior, contra a queda de 4% que ocorreu nos demais países da União Européia. “Somos uma ilha. Conseguimos quebrar a crise graças a uma boa localização geográfica, educação e mão de obra qualificada. Poucos países terão crescimento neste ano e estaremos entre eles”, disse o project manager da Invest in Poland, Piotr Sowlowiec. Até 2012, serão injetados mais de 67 bilhões de euros na sua economia. Esse investimento, feito por outros países da Europa, se destina a obras de infraestrutura e desenvolvimento. Um superPAC polonês, digamos, alavancando o espetáculo do crescimento do país, que será utilizado para que a Polônia alcance a média de desenvolvimento dos países do bloco em vários quesitos. “O desemprego cairá, teremos uma rede de estradas que atravessará todo o país e construiremos um aeroporto para facilitar o comércio”, afirmou Sowlowiec. Com seu povo simpático e acolhedor, e, acredite, falando um idioma que tem muitas palavras com a mesma pronúncia do português, a Polônia ruma para um desenvolvimento que, durante décadas, foi sufocado pela subordinação a interesses geopolíticos e econômicos por parte da extinta União Soviética. Não nos esqueçamos de que o tratado militar dos velhos regimes comunistas, o Pacto de Varsóvia (que se opunha à aliança militar ocidental capitaneada pelos Estados Unidos, a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte), foi assinado na capital polonesa. O mundo bipolar, marcado pela tensão da guerra fria entre a ex-URSS e os Estados Unidos, ruiu com a queda do Muro de Berlim, vinte anos atrás, e com as mudanças políticas no Leste Europeu. Agora, a Polônia corre para compensar o tempo perdido e conseguir um lugar no bonde da história com um comércio dinâmico, um consumidor ávido por coisas novas e uma economia que, se não está efervescendo, se encaminha para essa situação. De p o lo n ia divulgação Na Polônia, país menor do que a Rússia e com um trânsito que flui melhor que o dela, os deslocamentos foram mais rápidos e as distâncias percorridas nas visitas técnicas foram menores e essas visitas foram mais produtivas do que na Rússia. No total, foram seis visitas, e a mais longa – e mais distante – foi a que se fez ao Eurocash, atacado de autosserviço, e à ABC, loja de pequeno varejo, ambos na cidade de Lowicz, distante oitenta quilômetros de Varsóvia. Nos arredores da cidade, também nos distanciamos – cerca de uns trinta quilômetros do centro – para conhecermos as operações no CD da Kuchnie Swiata e na central de abastecimento Bronisze. Mas as lojas de varejo, Sezam, Lewiatan e Kuchnie Swiata, se localizam todas na cidade de Varsóvia. aS EMPRESAS VISITADAS na polÔnia Eurocash A rede de atacado de cash & carry tem 113 lojas e 25% de participação de mercado Mais de 67 bilhões de euros serão investidos no país até 2012 em obras de infraestrutura para que se alcance a média de desenvolvimento em todas as diretrizes da união européia Lewiatan Maior rede de franquias de loja de vizinhança do país com 2 mil lojas Kuchnie Swiata Importador, distribuidor e varejista com produtos oriundos de vários países ABC Formato de pequeno varejo fidelizado do Eurocash e 1.300 lojas no país Sezam Cooperativa varejista com 23 estabelecimentos em Varsóvia Bronisze Central de abastecimento de flores, frutas, verduras e flores nos arredores de Varsóvia a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Plano de voo vti 2009 leste europeu | polônia Nas ruas e nos shoppings de Varsóvia, o clima é de boas vendas, o que justifica a projeção de 3,5% para o crescimento do comércio neste ano 80 acordo com dados fornecidos pela Câmara de Comércio da Polônia, o varejo encerrará 2009 com um incremento de 3,5%. Nas ruas, as projeções se confirmam. Em visitas técnicas ou informais às lojas da cidade, é possível perceber que o consumidor polonês está fazendo girar a roda da economia do país. Os shoppings, como o Arkadia, maior centro comercial de Varsóvia, e outros que visitamos apresentam os corredores lotados em dias e horários que no Brasil, tradicionalmente, estariam com seus corredo- www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 res vazios e seus vendedores de braços cruzados. Os formatos varejistas de todos os tamanhos – do pequeno varejo de bairro até o hipermercado tradicional – também têm caixas registradoras apresentando o tilintar de boas vendas. Só para se ter alguns exemplos, duas lojas do Carrefour, um hipermercado e uma no formato express – formato que a empresa ainda não inaugurou no Brasil, mas que se parece muito com as unidades do concorrente Extra Fácil (só que um pouco maior) –, apresentavam movimento impressionante em uma quinta-feira à tarde. Pudemos presenciar os corredores cheios de consumidores e carrinhos lotados de produtos. No pequeno varejo, não foi diferente. Nas boas e bem organizadas lojas do país, desde as periféricas até as localizadas em regiões mais abastadas, ou no centro da cidade, o movimento de consumidores que buscam variedade, praticidade e qualidade é crescente. “Impressiona o número de pessoas nos supermercados, nos shoppings e nas cooperativas. Todos lotados em horários em que normalmente não há ninguém no Brasil. O movimento é impressionante e mostra por que a Polônia é o único país da Europa Ocidental e Oriental que está crescendo enquanto todos os outros estão caindo muito”, disse o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, Nelson Barrizzelli. Mas o crescimento, de 3,5%, do mercado varejista polonês neste ano é menor do que no ano passado. Mesmo assim ele é comemorado, pois se destaca como um bom resultado diante das intempéries apresentadas no cenário financeiro mundial. O país tem mais de 100 mil lojas, que movimentam 600 bilhões de zlotys – o equivalente a 150 bilhões de euros –, sendo que 500 dessas lojas são hipermercados, os quais dominam 30% da receita do setor. Entre as empresas que participam da atividade econômica no comércio, 50% são oriundas da União Européia e a outra metade é constituída por empresas locais. “Desde o fim do comunismo, em 1989, passamos por transformações significativas tanto no atacado como no varejo, pois as empresas se modernizaram para acompanhar a evolução e se manterem competitivas”, afirmou o presidente da Câmara do Comércio da Polônia, Waldemar Novakowski. desenvolvimento Nesse país onde residem apenas 400 brasileiros – geralmente jovens estudantes do sul do Brasil e de ascendência polonesa – os participantes da VTI encontraram muitos exemplos sugerindo como o atacado distribuidor brasileiro poderia aproveitar grandes oportunidades para continuar na trilha do desenvolvimento. Entre esses exemplos estão os procedimentos utilizados para fidelizar clientes do atacado de cash & carry e a maneira simples como os formatos varejistas atuam para atrair os clientes da vizinhança. A eficiência que AD vti 2009 leste europeu | polônia “ A ABC é uma fantástica loja de vizinhança para a comunidade paulo pennacchi, diretor da Pennacchi & Cia. “ Conseguimos manter a fidelização e aumentar a venda dos clientes tomazs Gorycki gerente operacional do Eurocash 82 eles conseguem obter pode indicar caminhos para que o atacado distribuidor brasileiro mantenha o varejo independente forte, atuante e competitivo frente aos grandes players varejistas que atuam no Brasil. “Temos de mostrar aos nossos clientes o que eles precisam fazer para melhorar cada dia mais. Uma vez que o varejo independente sobreviva, nós estaremos bem com ele. Temos de crescer juntos”, disse o diretor da Pennacchi & Cia., Paulo Pennacchi. Outro desses exemplos é o Eurocash, uma rede de atacado de autosserviço que atua desde 2003 na Polônia, com 113 lojas no país e 25% de participação no mercado. Essas lojas oferecem de 4 a 5 mil itens em seu mix, que abrangem produtos secos, bebidas, produtos de limpeza doméstica, perecíveis e frutas. A loja na cidade de Lowicz, distante 80 quilô- www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 metros de Varsóvia, tem 1.800 metros quadrados e 11 funcionários, e uma receita de aproximadamente 1.300.000 dólares por mês. O local atende somente a pessoas jurídicas, não vendendo para o consumidor final, e funciona das 6 da manhã às 7 da noite durante a semana e das 6 da manhã às 2 da tarde aos sábados, sendo que a maior parte de seu movimento ocorre no período da manhã. Pertencente a um grupo português, o Eurocash criou um sistema para facilitar a vida dos pequenos varejistas e aumentar sua competitividade frente à concorrência das grandes redes. O sistema funciona por meio de franchising das lojas ABC, que têm 1.300 unidades espalhadas pela Polônia. “Oferecendo merchandising, layoutização de loja, tabloide e diversas promoções, conseguimos manter a fidelização e ajudar a aumentar a venda desses clientes”, disse o gerente operacional da empresa, Tomazs Gorycki. Os 300 produtos oferecidos no tabloide, que sai a cada duas semanas, são vendidos para os clientes das lojas ABC com um desconto de 10% em relação aos preços para os clientes não franqueados. O preço sugerido para a venda ao cliente final é o que está impresso no tabloide. Para que os clientes não percam tempo para ir atrás deles, os itens dos tablóides são expostos num único local e têm uma sinalização especial que indica sua presença na gôndola de cada categoria. “São produtos de alto giro e que ajudam a manter o tráfego na loja”, afirmou o chefe da loja do Eurocash, Peter Kawik fidelização Cada loja do Eurocash abastece os clientes da ABC em um raio de até 30 quilômetros, fator importante para facilitar o deslocamento do cliente e manter baixos os custos de operação. A unidade que visitamos tem 23 lojas ABC sob a sua guarda. Esse tipo de negócio é responsável por 10% dos clientes do Eurocash e por 45% da receita da empresa, que faturou 2 bilhões de slotys – o equivalente a 500 milhões de euros ou 700 milhões de dólares – em 2008, com um crescimento de 12% em relação a 2007. “Os não franqueados da ABC podem comprar as ofertas, mas não têm o desconto”, informou Gorycki. Para os clientes ABC, também são oferecidas par- de experiências e diversão”, disse Gorycki. O CRM (software de fidelização de clientes) introduzido há dois anos e elaborado por programadores locais de acordo com as necessidades da empresa permite individualizar o contato com cada um desses clientes e oferecer o melhor sortimento capaz de atender às necessidades de consumo da região em que está inserido. Isso é feito com base no histórico de compras do cliente, o que permite estudar, caso a caso, as melhores ofertas e os novos produtos para cada tipo de cliente. “O cliente que usa essa máquina tem 1% de desconto especial”, afirmou Kawik. Uma grata surpresa. É assim que podemos resumir a visita a uma das lojas ABC de Lowicz, a duas horas de ônibus de Varsóvia. Em uma área na periferia da cidade, onde predomina a população rural, o estabelecimento de 80 metros quadrados ficou ainda menor com a visita do grupo de empresários e executivos brasileiros da indústria, do atacado e do varejo. O que mais impressionou a delegação foi a variedade e a diversidade de produtos expostos em tão pequeno espaço de uma maneira bonita, limpa e bem-arrumada, e atraente para o consumidor. A loja oferece revistas, sorvetes, cigarros, frutas, legumes e verduras, bebidas, cosméticos, itens de higiene pessoal e produtos alimentícios – que vão desde marcas básicas até de preços mais altos –, num total de 5 mil itens no mix. “É uma fantástica loja de vizinhança, que oferece um enorme número de produtos para a comunidade sem que ela tenha de sair do bairro para ter acesso ao que procura”, disse Pennacchi. O Eurocash, atacado de cash & carry, em Lowicz: promoções do tabloide dispostas por categoria em um mesmo local para facilitar a procura dos clientes a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de cerias com fabricantes de sorvete e com distribuidores de revista, que permitem a esses clientes contar com tais produtos em suas lojas. Os clientes não têm obrigação de comprar deles, e só devem pagar 200 slotys por mês para serem franqueados – 50 euros, mas, em média, os franqueados se abastecem em 50% dos produtos do Eurocash em compras mensais que podem chegar a 20 mil slotys ou 5 mil euros. Tudo é pensado para que as lojas não concorram entre si, e as compras são pagas à vista. Para manter os franqueados sempre motivados, realizam-se treinamentos anuais e viagens de incentivo com a presença de atores e cantores famosos no país. A última foi para o Egito e a próxima será para o Brasil, no período do Carnaval. “As viagens servem como treinamento, troca vti 2009 leste europeu | polônia O Lewiatan na periferia de Varsóvia: franquia de varejo para combater os grandes players internacionais “ É hora de mudar e esse modelo [ABC] tem de ser adotado no Brasil josé gonzaga sobrinho diretorpresidente do Grupo Rio do Peixe 84 Com o dono sempre atrás do balcão, assim como acontece no Brasil, o formato se espalha pelo país levando um atendimento próximo e direto ao consumidor em tamanhos de lojas que variam de 80 metros quadrados a 200 metros quadrados. O investimento é baixo: 10 mil slotys, o equivalente a 2 mil euros, e se paga em um ano, segundo a direção da Eurocash. O modelo do Eurocash e as técnicas de fidelização da empresa para a rede ABC impressionaram os empresários e executivos da cadeia de abastecimento, que já pensam em aplicar alguns conceitos em seus negócios no Brasil. “No Nordeste, 80% das lojas são do tipo dessas que são fidelizadas pela Eurocash. É hora de mudar, e é necessário que esse modelo seja adotado no Brasil. O sistema da Eurocash, uma pequena loja de autosserviço nas cidades menores e para atender uma comunidade www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 com área de, no máximo, 30 a 50 quilômetros de raio é uma novidade e a gente precisa aplicá-lo no Brasil”, afirmou o diretor-presidente do Grupo Rio do Peixe, José Gonzaga Sobrinho. O assessor da presidência do Martins, Kélvio Silva, também ressaltou esses dois aspectos no negócio da Eurocash como pontos principais. “As lojas são pequenas, simples e oferecem uma variedade de mercadorias muito acima até mesmo de lojas maiores no Brasil. Elas compram de 45% a 55% dos itens no Eurocash. Isso no Brasil é muito difícil de acontecer. Fidelizar um cliente para que ele chegue nesse patamar de compra. Agora, a maneira como eles fazem esse tipo de fidelização, que eu achei muito simples, é o que a gente tem de estudar e entender um pouco melhor.” Outro exemplo muito interessante no varejo polonês é o da Lewiatan, que é uma típica loja de vizinhança. Mas o estabelecimento, localizado em um bairro periférico de Varsóvia, é mais do que isso. A loja é uma das 2 mil unidades da rede de franquias existentes na Polônia, e que combate as grandes redes varejistas oferecendo sortimento, bom atendimento, variedade e comodidade aos moradores da comunidade no entorno do estabelecimento. “Em 1994, sabíamos que precisávamos integrar as lojas existentes no mercado polonês, pois seria uma questão de tempo até que as grandes redes varejistas invadissem a Polônia. Deveríamos estar preparados para isso”, disse o presidente da Câmara do Comércio da Polônia e fundador da rede de lojas, Waldemar Novakowski. Com seus 250 metros quadrados, a loja, que faz parte da maior cadeia do País, tem espaço para vários tipos de produtos e serviços capazes de facilitar a vida dos consu- AD vti 2009 leste europeu | polônia midores que entram nela diariamente. Para que todas as unidades estejam em sintonia com as melhores práticas, o escritório central constrói as metas de gestão e transfere a tecnologia de compra e de vendas para as regionais. “A divisão do mercado entre grandes e pequenos nos permite manter a competitividade. O monopólio deve ser combatido e também se deve criar leis que permitam manter o equilíbrio entre os grandes e os pequenos”, afirmou Novakowski. Acima: a fachada da ABC, na cidade Lowicz: modelo é aplicável em vários bairros pelo Brasil afora. Dentro da loja há mais de 5 mil itens no mix de produtos em pouco espaço da área de venda 86 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 cooperação No centro de Varsóvia fica uma das 23 lojas da Sezam, uma cooperativa varejista com 800 associados e que existe há 140 anos. A loja, que tem 7 mil metros quadrados de área de vendas, recebe 2 milhões de clientes por ano e tem um tíquete médio de 18 slotys – aproximadamente 12,60 reais – por cliente. No prédio funciona de tudo: bazar, drogaria, doceria, cafeteria e um supermercado com aproximadamente 400 metros quadrados de área de vendas. Os 130 fornecedores de produtos alimentícios e os 90 de não alimentícios têm dias e horas marcadas para a entrega dos produtos em um sistema informatizado. “Os nossos maiores fornecedores são atacadistas que já sabem qual a quantidade de produtos de que precisamos. Se faltar algum item ou se os produtos não forem suficientes, pegamos o telefone e pedimos mais, sem a interferência de vendedores”, disse a diretora de Marketing, Yolanta Jedrzyewska. Na Polônia, há 250 cooperativas como a Sezam, cada uma delas responsável pelas lojas de um bairro ou de uma região. Em média, cada cooperativa detém 30 estabelecimentos em áreas não conflitantes com os de outra cooperativa. As lojas estão repletas de produtos para atender um consumidor interessado em uma cesta diversificada de mercadorias. São tempos bem diferentes da época do domínio soviético. “Havia um órgão regulador que determinava o que cada supermercado poderia receber de mercadoria. Certas lojas só podiam vender sal e vinagre”, afirmou Yolanta. Com a entrada na Comunidade Européia, em 2004, e com a melhoria do nível de renda da população polonesa, as pessoas começaram a experimentar mais e a diversificar a cesta de produtos com itens oriundos do restante do mundo. Para atender a esse nicho de mercado, que se abriu com o crescimento dos índices econômicos, a Kuchnie Swiata importa peixes, frutos do mar e comidas frescas de cozinhas de várias nacionalidades e as apresenta ao mercado polonês. Atuando, desde 1999, em três frentes: atacado, varejo e lojas próprias, a Kuchnie Swiata cresceu ao diversificar o leque de produtos oferecidos a um consumidor ávido por novidades. Na operação de distribuição, cujo CD se localiza a 30 quilômetros do centro de Varsóvia, há mais de 4 mil itens de produtos vendidos para 250 clientes – o que garante uma receita Uma central de abastecimento organizada, limpa e com vários serviços diferenciados, tanto para os produtores como para os compradores de frutas, legumes, verduras e flores. Assim é o Bronisze, que conta com 700 empresas instaladas em boxes individuais e mais de 60 mil pequenos produtores que passam pelo local durante o ano todo, o que resulta em uma comercialização de 1,5 milhão de toneladas de produtos durante o ano. Sem a venda de itens a granel, e com tudo previamente embalado, as perdas no local são quase nulas (pois não há manuseio direto). “No Brasil, as perdas chegam a 30% porque não se empacota o produto. Esse modelo tem de ser copiado, pois gera menos perda”, disse o professor da FEA-USP, Nelson Barrizzelli. A oferta de produtos importados, inclusive frutas vindas da Espanha, Itália e Turquia, é grande no período de outono na central, que começou a funcionar em 1999, em Varsóvia, em uma região que produz 30% das frutas e 40% das verduras consumidas na Polônia. Aberto durante 24 horas por dia, o Bronisze aproveita a entrada da Polônia na União Européia Com os produtos vendidos embalados e em caixas, o índice de perdas é quase nulo em uma central de abastecimento limpa e organizada Mais de 700 empresas têm boxes individuais no local, uma espécie de Ceasa polonês, onde são comercializados mais de 1,5 milhão de toneladas de frutas, legumes, verduras e flores, durante o ano em 2004 para crescer. “Muitos produtos vindos dos países vizinhos são estocados em nosso país graças à sua localização estratégica, para daí se dirigir a outros mercados próximos”, afirmou o vicepresidente da companhia, Harold Dobrowolski. O local foi criado para que o produtor tivesse acesso ao valor agregado. Na Polônia, 50% dos produtos são distribuídos pelas grandes redes supermercadistas, e os outros 50% por pequenos produtores. “Não há rivalidade. Isso é produtivo para o mercado de consumo”, disse o executivo. A receita do Bronisze vem de duas formas: na cobrança de aluguel – ao preço médio de 13 dólares o metro quadrado de cada box – e na taxa de entrada para os produtores que não têm box, mas vêm comprar e vender. Válida por 24 horas e variando de acordo com a tonelagem de produtos e o tipo de veículo, a taxa pode custar de 5 zlotys (carro particular) a 120 zlotys (caminhões maiores), isto é, cerca de 3,50 reais a 84 reais, respectivamente. “O trânsito é o nosso maior desafio. A área está pequena para o volume de veículos que transita diariamente pelo local”, afirmou Dobrowolski. a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de Bronisze: ganhos sem perdas vti 2009 leste europeu | polônia O grupo em Varsóvia Em pé, da esquerda para a direita: Carlos Eduardo Severini (1), Eduardo Rubens de Andrade (2), Albino Maniero (3), Marcus Peçanha (4), Liana Peçanha (5), Milton Gonçalves (6), Oscar Attisano (7), José Saugnago (8), José Gonzaga Sobrinho (9), Nelson Barrizzelli (10), Nilson Gomes (11), Kélvio Silva (12), Cid Manechini (13), Moisés Guimarães (14). Agachados, da esquerda para a direita: Leonardo Barros (15), Mauro Carsten (16), Paulo Pennacchi (17), Jurema Pesente (18), Euler Fuad (19), Pedro Severini (20), Ulisses Masao (21), Leonardo Bento (22) e Yves Bergougnoux (23) 88 www.revistadistribuicao.com.br nov 2009 1 2 15 16 4 3 7 5 18 17 19 6 10 8 11 12 13 9 20 21 22 23 14 É preciso estudar a maneira como eles [o Eurocash] fazem a fidelização dos clientes kélvio Silva assessor da presidência do Martins de 25 milhões de dólares ao mês para a empresa. Os frutos do mar representam 39% das vendas, a comida asiática, 31%, a europeia, 23%, e a americana, 7%. “A maioria das nossas vendas advém de produtos do México, da Espanha e da Itália, pois os nossos consumidores viajam muito e gostam da comida desses países”, disse o diretor da companhia, Jacek Kalinowski. A ideia da empresa é inovar e ser a primeira a trazer novidades em produtos importados para os consumidores poloneses. “A fim de tornar os produtos conhecidos, usamos as nossas lojas para realizar o marketing e estamos dispostos a conhecer melhor os produtos brasileiros”, afirmou Kalinowski. Para aproveitar as oportunidades em uma terra que representa um oásis para as empresas brasileiras, uma vez que sua localização permite acesso fácil aos mercados do Leste Europeu, é preciso priorizar a qualidade. “Os poloneses adoram o Brasil, que é o paraíso na Terra. Mas isso não significa que tudo do Brasil pode entrar. Os produtos devem ter muita qualidade”, disse a gerente operacional da Apex Brasil – Polônia e Leste Europeu, Dagmara Kalusinska. No maior shopping de Varsóvia, o Arkadia, se localiza uma das 12 lojas da Kuchnie Swiata, que atende consumidores das classes A e B, com boa oferta e variedade de pro- dutos alimentícios de vários países do mundo. Nos próximos três anos, serão abertas até 15 novas lojas com 4 mil itens no mix. Nas gôndolas, os itens se subdividem por região do mundo para facilitar o acesso, exceto no caso de bebidas alcoolicas e chás. Entre os produtos brasileiros, encontramos a aguardente Velho Barreiro, a goiabada Predilecta e o suco de laranja Palmeiron. As margens brutas vão de 25% a 50%, o que garante um faturamento anual de 2 milhões de dólares nas 12 lojas e de 300 mil dólares na unidade do Arkadia. “Há várias oportunidades para o atacado brasileiro abastecer com seus produtos, por meio da exportação, o varejo e as empresas da Polônia. Podemos enviar uma grande variedade de mercadorias em um contêiner para as lojas da Polônia. Temos de ser um complemento da indústria, despachando uma centena de produtos no mesmo contêiner, o que às vezes a indústria não consegue fazer”, comentou Pennacchi. n a cobertura da vti 2009 | leste europeu tem o apoio de “ A Sezam, cooperativa varejista com 800 associados: sistema automatizado com hora e data marcada para entrega dos fornecedores