1ª Série do Ensino Médio 01. Leia o testemunho de Baxter, puritano
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1ª Série do Ensino Médio 01. Leia o testemunho de Baxter, puritano
1ª Série do Ensino Médio 01. Leia o testemunho de Baxter, puritano inglês: "Uma grande parte dos cavaleiros e gentil-homens de Inglaterra (...) aderira ao rei [Carlos I, 1625-1649]. (...) Do lado do Parlamento estavam uma pequena parte da pequena nobreza de muitos dos condados e a maior parte dos comerciantes e proprietários, especialmente nas corporações e condados dependentes do fabrico de tecidos e de manufaturas desse tipo. (...) Os proprietários e comerciantes são a força da religião e do civismo no país; e os gentilhomens, os pedintes e os arrendatários servis são a força da iniquidade." (Adaptado de: Christopher Hill. A Revolução Inglesa de 1640.) O testemunho acima ilustra, em parte, as polarizações sociais e políticas que caracterizaram a Revolução Puritana, na Inglaterra, entre 1642 e 1649. Dentre as afirmativas abaixo, assinale a única que não apresenta de modo correto uma característica dessa revolução: (a) Dela resultou o enfraquecimento do poder do soberano, contribuindo para a afirmação das prerrogativas e interesses dos grupos que apoiavam o fortalecimento das atribuições do Parlamento. (b) Ela se inseriu no conjunto de conflitos civis europeus, da primeira metade do século XVII, marcadamente caracterizados pela superposição entre identidade política e identidade religiosa. (c) Ela ocasionou uma sangrenta guerra civil envolvendo exércitos reais e tropas parlamentares. (d) Ela estimulou a crescente aplicação de concepções liberais, defendidas em especial pelos comerciantes que desejavam conceder a independência da América inglesa e ampliar as relações comerciais com toda a região. (e) Ela representou um dos primeiros grandes abalos nas práticas do absolutismo monárquico na Europa, simbolizado não só pelo julgamento, mas, principalmente, pela decapitação do monarca Carlos I. 02. "O século XVII é decisivo na história da Inglaterra.... Toda a Europa enfrentava uma crise em meados do século XVII e ela se expressava por meio de uma série de conflitos, revoltas e guerras civis." (Hill, Christopher. O eleito de Deus. Oliver Cromwel e a Revolução Inglesa, p. 13) A esse respeito, é correto afirmar: (a) Durante o século XVII, a Inglaterra foi a única região que passou ao largo das turbulências político-sociais que sacudiram as monarquias européias. (b) A "Declaração de Direitos" (Bill of Rights), elaborada em 1689, estabeleceu a monarquia absolutista na Inglaterra, condição fundamental para o poderio britânico que se verificaria nos séculos XVIII e XIX. (c) A chamada Revolução Gloriosa de 1688 consolidou a emergência dos grupos radicais, denominados niveladores e cavadores, em detrimento do poder da aristocracia senhorial inglesa. (d) O resultado final da Revolução Inglesa foi a adoção de um pacto político e religioso entre a burguesia e a nobreza proprietária de terras, que garantiu o reconhecimento da supremacia papal sobre os assuntos religiosos da monarquia. (e) Após a chamada Revolução Puritana, que resultou na execução do rei Carlos I, e da Revolução Gloriosa, que levou à deposição de Jaime II, a monarquia teve seu poder limitado, tendo que cumprir as leis votadas pelo Parlamento. 03. "O espaço fechado e o calor do clima, a juntar ao número de pessoas que iam no barco, tão cheio que cada um de nós mal tinha espaço para se virar, quase nos sufocavam. Esta situação fazia-nos transpirar muito, e pouco depois o ar ficava impróprio para respirar, com uma série de cheiros repugnantes, e atingia os escravos como uma doença, da qual muitos morriam." (Relato do escravo Olaudah Equiano. Apud ILIFFE, J., Os africanos. História dum continente. Lisboa: Terramar, 1999, p. 179). A respeito do tráfico negreiro, é correto afirmar: (a) Foi praticado exclusivamente pelos portugueses que obtiveram o direito de asiento, ou seja, direito ao fornecimento de escravos às plantações tropicais e às minas da América espanhola e anglo-saxã. (b) Tornou-se uma atividade extraordinariamente lucrativa e decisiva no processo de acumulação primitiva de capitais que levou ao surgimento da sociedade industrial. (c) Foi combatido pelos holandeses à época de sua instalação em Pernambuco, o que provocou a revolta da população luso-brasileira em meados do século XVII. (d) Tornou-se alvo de divergências entre dominicanos, que defendiam o tráfico e a escravidão dos africanos, e os jesuítas, contrários tanto ao tráfico quanto à escravidão. (e) O aperfeiçoamento do transporte registrado no século XIX visava diminuir a mortandade dos escravos durante a travessia do Atlântico, atenuava as críticas ao tráfico e ainda ampliava a margem de lucros. 04. "Efetivamente, em todos os pontos do reino onde se obtém a mais fina lã, portanto a mais preciosa, os senhores, os nobres e até os santos abades não se contentam mais com os rendimentos e produtos que seus antepassados costumavam retirar de seus domínios. Não lhes é mais suficiente viver na preguiça e nos prazeres; estes homens, que nunca foram úteis à sociedade, querem-lhe ainda ser nocivos. Não deixam nenhuma parcela de terra para ser lavrada; toda ela transformou-se em pastagens. Derrubam casas, destroem aldeias, e, se poupam as igrejas, é, provavelmente, porque servem de estábulos a seus carneiros[...] Assim, para que um insaciável devorador, peste e praga de seu próprio país, possa abarcar num único campo milhares de braças, uma quantidade de pequenos agricultores se vêem escorraçados de seus bens. Uns saem enganados, outros são expulsos à força; alguns, enfim, cansados de tantos vexames, se vêem forçados a vender o que possuem. Enfim, esses infelizes partem, homens e mulheres, casais, órfãos, viúvos, pais com os filhos nos braços. Todos emigram, largam seu lugares, os lugares onde viveram, e não sabem onde se refugiar. Toda a sua bagagem, que pouco valeria se tivessem a possibilidade de esperar um comprador, é cedida a preço vil, dada a necessidade de dela se desfazerem. Logo os veremos errantes, privados de qualquer recurso. Só lhes resta roubar e serem enforcados, segundo as regras." (Thomas Morus, A Utopia. 2a ed., Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1982, p. 16. O texto se refere a um importante elemento no processo de transição do feudalismo para o capitalismo na Inglaterra.) Tal elemento é conhecido como: (a) arroteamento, ou seja, o aproveitamento de novas terras para as atividades agrícolas; (b) aforamento, ou seja, um tipo de concessão de terras a camponeses; (c) afolhamento, ou seja, a organização das parcelas a serem cultivadas; (d) cercamento, ou seja, a separação e a apropriação individual das terras comuns e dos campos abertos; (e) descimento, ou seja, a ocupação de terras baixas para a criação de animais. 05. A Revolução Industrial caracterizou-se por uma evolução tecnológica e por uma verdadeira revolução social. Considere o que se afirma sobre ela: I. Pode ser considerada essencialmente a passagem da sociedade rural para a sociedade industrial, a mudança do trabalho artesanal para o trabalho assalariado, a utilização da energia a vapor no sistema fabril em lugar da energia humana. II. Foi determinada por fatores econômicos: acumulação de capitais, conquistas de mercados consumidores e mercados fornecedores de matéria-prima. III. Na Inglaterra, o Anglicanismo estimulou o enriquecimento, considerado como um sinal de salvação. IV. As invenções que a tornaram possível eram exclusividade da Inglaterra no século XVIII, única nação capaz de realizar experiências científicas. Deve-se dizer que são corretas as afirmações: (a) I e II, apenas; (b) I, II e III, apenas; (c) II e IV, apenas; (d) II, III e IV, apenas; (e) I, II, III e IV. 06. Analise os textos seguintes: "Eu vi o ferro incandescente sair da fornalha; eu o vi como se tecer em barras e fitas, com uma velocidade e facilidade que pareciam maravilhosas." (Engenheiro James Nasmyth, 1830) "Pobreza, pobreza, pobreza, em perspectivas quase infindáveis: e carência e desgraça cambaleando de braços dados por essas ruas miseráveis ... Ali, cerca de quinze pés abaixo da calçada, agachada numa imundice indescritível, com a cabeça inclinada, estava a figura do que fora uma mulher. Seus braços azuis cingiam no colo lívido duas coisas mirradas como crianças, que se inclinavam em direção a ela, uma de cada lado. A princípio eu não sabia se estavam vivas ou mortas." (Herman Melville, 1839) "Umas tantas centenas de operários na fábrica, umas tantas centenas de cavalos-vapor de energia (...) O dia clareou e mostrou-se lá fora (...) As luzes apagaram-se e o trabalho continuou. Lá fora, nos vastos pátios, os tubos de escapamento do vapor, os montes de barris e ferro velho, os montículos de carvão ainda acesos, cinzas, por toda parte, amortalhavam o véu da chuva e do nevoeiro." (Charles Dickens, 1854) O contexto histórico dos textos apresentados refere-se à Revolução Industrial, que se caracterizou por uma evolução tecnológica e por uma verdadeira revolução social. Sobre esse movimento, assinale a única alternativa incorreta: (a) Através da expropriação da terra do camponês, grandes massas humanas, privadas de seus meios de subsistência, foram lançadas no mercado de trabalho como proletárias. (b) Provocou no plano social o surgimento do grande proletariado urbano, pela massa de trabalhadores das indústrias. (c) tinham o sonho de construir uma nova pátria, onde houvesse liberdade de culto; (d) eram indivíduos desgarrados, que por serem anglicanos tiveram que abandonar seu país de origem; (e) objetivavam unicamente ter uma nova pátria, que lhes desse muito lucro, apesar de serem protestantes perseguidos. 11. O iluminismo surgiu na França, no século XVIII, e se caracterizava por procurar uma explicação racional para todas as coisas. É correto afirmar: (a) a filosofia iluminista preocupou-se com o estudo da natureza; por isso, acreditava-se em Deus e no poder da Igreja para chegar a Ele. (b) seus pensadores eram divididos em dois grupos: os filósofos e os economistas, sendo estes últimos defensores de uma economia totalmente supervisionada pelo Estado. (c) os déspotas esclarecidos, monarcas e ministros europeus, adeptos de idéias iluministas, modernizaram seus Estados abandonando o poder absoluto. (d) para corrigir a desigualdade social, era preciso modificar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e de culto, além de proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras. (e) um de seus maiores pensadores foi Montesquieu, que escreveu o Contrato Social, no qual criticava a Igreja e defendia a liberdade dos homens. 12. As Revoluções Inglesas do século XVII e a Revolução Francesa são, muitas vezes, comparadas. Sobre tal comparação, pode-se dizer que: (a) é pertinente, pois são exemplos de processos que resultaram em derrota do absolutismo monárquico; no entanto, há muitas diferenças entre elas, como a importante presença de questões religiosas no caso inglês e o expansionismo militar francês após o fim da revolução; (b) é equivocada, pois, na Inglaterra, houve vitória do projeto republicano e, na França, da proposta monárquica; no entanto, foram ambas iniciadas pela ação militar das tropas napoleônicas que invadiram a Inglaterra, rompendo o tradicional domínio britânico dos mares; (c) é pertinente, pois são exemplos de revolução social proletária de inspiração marxista; no entanto, os projetos populares radicais foram derrotados na Inglaterra (os "niveladores", por exemplo) e vitoriosos na França (os "sans-culottes"); (d) é equivocada, pois, na Inglaterra, as revoluções tiveram caráter exclusivamente religioso e, na França, representaram a vitória definitiva da proposta republicana anticlerical; no entanto, ambas foram movimentos antiabsolutistas; (e) é pertinente, pois são exemplos de revoluções burguesas; no entanto, na Inglaterra, as lutas foram realizadas e controladas exclusivamente pela burguesia e, na França, contaram com grande participação de camponeses e de operários. 13. "Após dez anos de peripécias revolucionárias, a realidade francesa surgia transformada de maneira fundamental. A Aristocracia do Antigo Regime fora destruída em seus privilégios e em sua preponderância, a feudalidade abolida." (SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa. Edição comemorativa do Bicentenário da Revolução Francesa) Entre as principais causas para a Revolução Francesa, podemos citar: (a) a crise econômica representada pela decadência das estruturas feudais e pela crise política caracterizada pela tirania do absolutismo francês; (b) a sociedade estamental e o intenso controle exercido pela burguesia na política; (c) o declínio da monarquia parlamentar e a miséria dos camponeses franceses; (d) os privilégios aristocráticos, a sociedade estamental e o forte poder do monarca expresso no fortalecimento do parlamento; (e) a crise econômica decorrente da perda das colônias francesas, em especial, o Haiti. 14. Em 21 janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado em Paris. Chegava ao fim a monarquia francesa e iniciava-se um novo período na história da França. Em meio a um contexto de fortes turbulências, rebentaram revoltas internas e guerras externas. Sobre esse contexto, pode-se afirmar: (a) Em junho do mesmo ano, os jacobinos, comandados por Robespierre, assumiram o poder na França, inaugurando o período da Convenção jacobina, considerado o mais popular e radical de toda a Revolução. (b) Foi marcado pela guerra civil, em que partidários do rei e da república se enfrentaram, com a vitória dos primeiros, que impuseram uma ditadura ao país, sob o comando de Marat e dos girondinos. (c) A morte do rei desencadeou a revolta de toda a nobreza européia e da Igreja Católica, levando à formação de um exército multinacional _ a Primeira Coligação _ contra a França. Em menos de um ano, o exército francês, debilitado pelas baixas, rendeu-se e a monarquia foi restaurada. (d) Em meio aos combates externos, destacou-se a figura do general Napoleão Bonaparte que, amparado pelos girondinos, venceu os opositores externos e internos e tornou-se Imperador dos franceses, em 1795, colocando um ponto final no processo revolucionário francês. (e) A guerra civil e a guerra externa geraram uma crise sem precedentes: lavouras arruinadas, inflação, desabastecimento. A crise só foi superada com a restauração da monarquia em 1795 e com a subordinação definitiva da França às demais potências européias. 15. "Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do dia." (Discurso de Robespierre na Convenção) A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais intensos da Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se: (a) pela fundação da monarquia constitucional, marcada pelo funcionamento da Assembléia Nacional; (b) pela organização do Diretório, marcado pela adoção do voto censitário; (c) pela reação termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores conservadores; (d) pela convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo francês; (e) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da revolução.