DAVI: UM ISRAELITA VIVENDO NA TERRA DOS FILISTEUS

Transcrição

DAVI: UM ISRAELITA VIVENDO NA TERRA DOS FILISTEUS
DAVI: UM ISRAELITA VIVENDO NA TERRA DOS FILISTEUS
TEXTO AUREO
“E Davi feria aquela terra, e não dava vida nem a homem nem a mulher, e tomava
ovelhas, e vacas, e jumentos, e camelos, e vestes; e voltava e vinha a Aquis”. ISm
27.11
BAIXAR SLIDE
Comentarista: Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira
VERDADE APLICADA
A visão horizontal pode nos conduzir a um raciocínio pessimista, capaz de nos fazer
ver a terra do inimigo como um lugar de refúgio.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► Explicar que, quando tomamos uma decisão fora dos planos de Deus, podemos
afetar seriamente as pessoas que confiam e dependem de nós;
► Mostrar como a personalidade de Davi foi influenciada durante o tempo que
passou na terra dos filisteus;
► Apresentar a graça de Deus como sendo o ponto de recomeço para todos
aqueles que um dia falharam.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
ISm 27.1 - Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, algum dia ainda perecerei
pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar apressadamente
para a terra dos filisteus, para que Saul perca a esperança de mim, e cesse de me
buscar por todos os termos de Israel; e assim escaparei da sua mão.
ISm 27.3 - E Davi ficou com Aquis em Gate, ele e os seus homens, cada um com a
sua casa; Davi com ambas as suas mulheres, Ainoã, a jizreelita, e Abigail, a mulher
de Nabal, o carmelita.
ISm 30.1 - Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a
Ziclague, já os amalequitas tinham invadido o sul, e Ziclague, e tinham ferido a
Ziclague e a tinham queimado a fogo.
A predominância do medo de Davi, que era o efeito da fragilidade de sua fé (v. 1):
Ele disse ao seu coração(de acordo com várias traduções), concernente à sua
condição atual: ainda algum dia perecerei pela mão de Saul. Ele imaginava para si
mesmo a ira e maldade desassossegadas de Saul (que não podia ser forçado a uma
reconciliação) e a traição dos seus compatriotas, testemunhado pelos zifeus
repetidas vezes. Ele olhava para suas próprias forças e observava o seu pequeno
número, e que não havia recebido novos recrutas por um longo período, nem
conseguia perceber que estivesse ganhando terreno. Assim, em uma disposição
melancólica, ele chega à triste conclusão: algum, dia perecerei pela mão de Saul.
Mas, homem de pequena fé, por que duvidaste?
Ele não tinha sido ungido para ser rei? Isso não implicava uma garantia de que
seria preservado para o reino? Embora não tivesse motivo algum para confiar nas
promessas de Saul, acaso não tinha todos os motivos do mundo para confiar nas
promessas de Deus? Sua experiência do cuidado particular da Providência deveria
tê-lo encorajado. Aquele que liberta, continuará libertando. Mas a falta de fé é um
pecado que facilmente assola inclusive os homens justos. Quando por fora há
conflitos, temores há, por dentro (2Co 7.5), e é muito difícil passar por cima deles.
Senhor: A acrescenta-nos a fé!
Davi toma uma decisão. A gora que Saul tinha, por ora, voltado para o seu lugar,
ele resolve aproveitar essa oportunidade para retirar-se para o país dos filisteus.
Consultando somente seu próprio coração, e não éfode ou o profeta, concluiu: Não
há coisa melhor para mim, do que escapar apressadamente para a, terra dos
filisteus. Provações longas podem fatigar a fé e a paciência, até mesmo de homens
muito justos e bons.
1. Agora Saul era um inimigo para ele próprio e para o seu reino, a ponto de levá-lo
a esse extremo. Ele enfraqueceu o seu próprio interesse quando expulsou dos seus
serviços e forçou a se colocar à disposição do serviço dos seus inimigos um general
tão notável quanto Davi, e um regimento tão corajoso quanto o dele.
2. Davi não foi sábio ao tomar esse curso. Deus o havia apontado para estabelecer
sua bandeira na terra de Judá (cap. 22.5). Deus o havia preservado de forma
maravilhosa ali, e o usado, de tempos em tempos, para o bem do seu país. Por que
então deveria pensar em desertá-lo? De que maneira poderia esperar a proteção do
Deus de Israel se saísse das fronteiras da terra de Israel? Poderia ele esperar estar
seguro entre os filisteus, de cujas mãos ele tinha escapado por pouco ao fingir-se
de louco? Acaso receberia obrigações daqueles agora daqueles a quem, ele sabia,
não deveria retribuir bondade quando se tornasse rei, mas tinha a obrigação de
enfrentá-los em uma guerra? Dessa forma ele agradaria os seus inimigos, que o
convidariam a ir e servir outros deuses; assim, poderiam censurá-lo, e enfraquecer
as mãos dos seus amigos, que não teriam como reagir a essa censura. Veja quão
grande necessidade temos de orar: Senhor, não nos induzas à tentação.
A recepção bondosa que recebeu em Gate. Aquis deu-lhe boa acolhida,
parcialmente por generosidade, orgulhoso de hospedar um homem tão valente,
parcialmente por diplomacia, esperando contar com seus serviços para sempre, e
que o seu exemplo atraísse muitos outros a desertar e vir se unir a ele. Sem
dúvida, Aquis fez uma promessa solene de proteger a Davi, em quem podia confiar,
quando não podia confiar nas promessas de Saul. Envergonham-nos ao pensar que
a palavra de um filisteu tinha mais valor do que a palavra de um israelita, que, se
fosse de fato um israelita, deveria ser sem dolo. Também é vergonhoso pensar que
a cidade de Gate pudesse ser um lugar de refúgio para um homem valoroso como
Davi, e que as cidades de Israel se recusassem a dar-lhe uma estada segura.
1. Davi trouxe seus homens com ele (v. 2), para que o protegessem, e pudessem
eles próprios estar seguros onde ele estava, e reforçar ainda mais a posição dele
diante de Aquis, que esperava contar com seus serviços.
2. Ele trouxe a sua família consigo, suas esposas e sua casa; o mesmo ocorreu com
todos os seus homens (w. 2,3). Os responsáveis pelas famílias devem cuidar
daqueles que estão debaixo dos seus cuidados, protegendo-os e provendo por eles,
e habitar com eles como varões de conhecimento.
Saul desiste de continuar perseguindo a Davi (v. 4): Ele não cuidou mais em buscálo. Isso sugere que, não obstante as declarações de arrependimento que tinha
professado ultimamente, caso tivesse Davi ao seu alcance, teria concentrado seus
esforços em outro ataque. Mas, uma vez que Davi não se atreve a ir onde ele está,
Saul decide não incomodá-lo mais. De forma semelhante, muitos parecem
abandonar os seus pecados, mas realmente são os pecados que os deixaram. Eles
persistiriam neles, caso pudessem. Saul não mais foi atrás de Davi, contentando-se
com o seu banimento; uma vez que não conseguia ter o seu sangue, esperava que
pudesse algum dia cair pela mão dos filisteus (cap. 18.25). Embora preferisse ter o
prazer de destruí-lo ele próprio, contudo, caso eles o fizerem, ele estará satisfeito.
Davi muda-se de Gate para Ziclague.
1. O pedido de Davi para mudar-se foi prudente e muito modesto (v. 5). (1) Foi
muito prudente. Davi sabia o que significava ser invejado na corte de Saul, e tinha
muito mais motivos para temer esse sentimento na corte de Aquis; portanto, ele
rejeita o convite e deseja assentar-se numa área rural, onde pode ter maior
privacidade e menos contato com o povo. Em uma cidade própria, ele teria maior
liberdade para exercer a sua religião e orientar seus homens nesse sentido, e não
teria a sua alma justa inquieta, como ocorria em Gate, com as idolatrias dos
filisteus. (2) Davi foi modesto na forma de apresentar o seu pedido a Aquis. Ele não
determina a Aquis o lugar onde gostaria de ficar; somente pede que seja em
alguma cidade da terra, onde lhe conviesse (pedintes não devem impor condições);
mas ele apresenta a seguinte razão: “Por que razão habitaria o teu servo contigo
na cidade real, para abarrotar a cidade e descontentar as pessoas ao seu redor?”.
Observe: Aqueles que não desejam ceder não devem cobiçar a fama. Almas
humildes não almejam habitar em cidades reais.
2. A concessão que Aquis fez a Davi foi muito generosa e gentil (w. 6,7): deu-lhe
Aquis, naquele dia, a cidade de Ziclague. Com isso:
(1) Israel recuperou seu antigo direito; porque Ziclague fazia parte das terras
sorteadas à tribo de Judá (Js 15.31) e, mais tarde, a partir desse sorteio, ela foi
loteada, com algumas outras cidades, para Simeão (Js 19.5). Assim, ou ela nunca
foi conquistada, ou os filisteus tinham, em algum conflito com Israel, tomado posse
dela. Talvez a tivessem tomado ilegalmente, e Aquis, sendo um homem de bom
senso, aproveitou essa ocasião para restituí-la aos israelitas. O justo Deus julga
justamente.
(2) Davi recebeu um assentamento confortável, não som ente a certa distância de
Gate, mas formando fronte ira com Israel, onde podia se corresponder com seus
com patriotas, e para onde eles poderiam recorrer a ele diante da revolução que
estava se aproximando. Embora não encontramos que as suas forças tenham
aumentado enquanto Saul esteve vivo (porque continuou com seus seiscentos
homens, cap. 30.10), imediatamente após a morte de Saul, esse se tornou um
encontro dos seus amigos. Pelo que parece, enquanto se manteve reservado por
causa de Saul, multidões afluíam a ele, pelo menos para assegurá-lo de suas
intenções sinceras (1 Cr 12.1-22). Mais uma vantagem a favor de Davi foi que
Ziclague estava incorporada à coroa, pelo menos a realeza dela pertenceu aos reis
de Judá, para sempre (v. 6). Observe: Não se perde nada com a humildade e
modéstia e a disposição de se retirar. Vantagens reais seguem aqueles que fogem
de honras imaginárias. Davi permanece aqui por alguns dias, até mesmo quatro
meses, como pode muito bem ser interpretado o versículo 7, ou alguns dias além
dos quatro meses. A LXX traz: alguns meses. Tanto tempo ele esperou para que
chegasse o momento de sua ascensão para o trono; porque aquele que crer não se
apresse (Is 28.16).
30.1
A descida dos amalequitas a Ziclague, na ausência de Davi, e a devastação que
causaram ali. Eles surpreenderam a cidade quando foi deixada desguarnecida,
saquearam-na, queimaram-na e levaram todas as mulheres e crianças cativas (w.
1,2). Eles queriam, com isso, vingar-se da devastação que Davi causou a eles e a
seu país recentemente (cap. 27.8). Ele que tinha feito tantos inimigos não poderia
ter deixado seus próprios negócios tão desprotegidos e indefesos. Os que são
atrevidos e insolentes com outros devem esperar receber o pagam entona mesma
moeda. Observe o seguinte:
1. A crueldade da compaixão de Saul (como ficou evidente) em poupar os
amalequitas. Caso os tivesse destruído completamente, como tinha sido ordenado,
eles não estariam vivos para cometer essa tragédia.
2. Como Davi foi corrigido pelo fato de ser tão petulante a ponto de se atrever a
marchar com os filisteus contra Israel. Deus mostrou que ele teria agido melhor se
tivesse ficado em casa e cuidado de sua família e negócios. Quando deixamos a
nossa cidade por causa das nossas obrigações, podemos tranquilamente esperar
que Deus cuide de nossas famílias em nossa ausência, mas não o contrário.
3. Como Deus inclinou os corações dos amalequitas para levar as mulheres e
crianças cativas, deixando de matá-las. Quando Davi os invadiu, matou todos à
espada (cap. 27.9), e não havia motivos convincentes para que não retaliassem da
mesma forma. Fica evidente que Deus os havia impedido; porque Ele tem todos os
corações em suas mãos, e diz aos homens mais violentos: Até aqui virás, e não
mais adiante (Jó 38.11). Quer as tenham poupado para levá-las em triunfo, ou para
vendê-las, ou para usá-las como escravas, a mão de Deus precisa ser reconhecida
nesse episódio, em que planejou usar os amalequitas para a correção, não para a
destruição, ela casa de Davi.
A confusão e consternação em que Davi e seus homens ficaram quando viram suas
casas em cinzas e suas esposas e filhos desaparecidos. Eles precisaram marchar
três dias do acampamento filisteu até Ziclague. Eles vinham de lá fatigados, mas
esperavam encontrar descanso em suas casas e alegria em suas famílias. Em vez
disso, uma cena sombria e tenebrosa foi apresentada a eles (v. 3), o que fez chorar
a todos (inclusive Davi), embora fossem homens de guerra, até que neles não
houve mais força, para chorar (v. 4). A menção das esposas de Davi, Ainoã e
Abigail, e de terem sido levadas cativas, sugere que esse incidente estava mais
próximo do seu coração do que qualquer outra coisa.
Observe:
1. Essa desgraça ocorreu quando estavam ausentes. Essa era a antiga política de
Amaleque de tirar vantagem de Israel.
2. Essa desgraça ocorreu no seu retorno e, por mais estranho que pareça, seus
próprios olhos foram os primeiros a tomar conhecimento disso. Observe: Quando
saímos de casa não podemos antever as notícias tristes que podem nos aguardar
quando voltarmos para casa. A saída pode ser muito alegre, mas a volta pode ser
muito dolorosa. Não presumas, portanto, do dia de amanhã, nem dessa noite,
porque não sabes o que produzirá o dia ou parte do dia (Pv 27.1). Se, quando
voltamos de uma jornada e encontrarmos nossos tabernáculos em paz, e não os
encontram os devastados como Davi os encontrou aqui, que o Senhor seja louvado
por isso.
A revolta e murmuração dos homens de Davi contra ele (v. 6): Davi muito se
angustiou, porque, no meio de todas as suas perdas, seu próprio povo falava em
apedrejá-lo:
1. Porque viam nele o motivo de sua catástrofe, pela provocação que tinha dado
aos amalequitas, e sua indiscrição em deixar Ziclague sem guarnição. Também
podemos agir de forma semelhante, quando em dificuldades, deixamos de
reconhecer a providência divina, e não damos atenção às operações da mão de
Deus em tudo isso, que silenciaria nossas paixões, e nos tornaria pacientes.
2. Porque agora eles começaram a perder a esperança em relação à promoção que
teriam pelo fato de seguir a Davi. Eles esperavam em breve todos serem príncipes;
e agora perceber que todos não passavam de pedintes era um desapontamento tão
grande que os deixou injuriosos, a ponto de ameaçar a vida daquele de quem,
debaixo de Deus, eles tinham a maior dependência. Que absurdidades as paixões
desgovernadas podem produzir! Essa era um a prova dolorida para o homem
segundo o coração de Deus e certamente o afetou profundam ente. Saul o tinha
forçado para fora do seu país, os filisteus o tinham forçado para fora do seu
acampamento, os amalequitas tinham saqueado a sua cidade, suas esposas foram
tom adas como prisioneiras e, agora, para completar sua aflição, seus amigos
achegados, em quem confiava, a quem ele tinha protegido, e que comiam do seu
pão, em vez de compadecer-se dele ou oferecer algum alívio, levantaram contra ele
o seu calcanhar (SI 41.9), ameaçando apedrejá-lo. Uma grande fé precisa esperar
esse tipo de exercícios severos. Mas é interessante observar que Davi é submetido
a esse extremo pouco antes de sua ascensão ao trono. Nesse exato momento,
talvez, foi desferido o golpe que abriu a porta para a sua promoção. As coisas, às
vezes, estão na pior situação em relação à Igreja e ao povo de Deus, antes de
começarem a melhorar.
A dependência devota de Davi na providência e graça divina nessa aflição: todavia,
Davi se esforçou no SENHOR, seu Deus. Seus homens queixavam-se da perda. A
alma das pessoas estava amarga, de acordo com o original. Seu descontentamento
e impaciência acrescentavam absinto e fel à aflição e misericórdia, e tornaram o
caso deles duplamente penoso. Mas:
1. Davi suportou melhor essa situação, em bora tivesse mais razão do que qualquer
um deles de se lamentar. Eles deram vazão aos seus sentimentos de ira, mas ele
colocou suas virtudes em ação, alentando-se em Deus. Enquanto seus homens
desencorajavam-se mutuam ente, ele manteve seu espírito calmo e sereno.
2. E possível que tenha havido um a alusão às palavras ameaçadoras que seus
homens anunciaram contra ele. O povo falava de apedrejá-lo, mas ele não mostrou
reação algum a no sentido de vingar a afronta, nem de sentir-se amedrontado com
as ameaças deles. Davi se esforçou no SENHOR, seu Deus. Ele acreditava e refletia
com diligência na sua situação atual, no poder e providência de Deus, na sua
justiça e bondade, no método que Ele geralmente usa em humilhar para, em
seguida, levantar, no seu cuidado com o seu povo que O serve e confia nele, e nas
promessas específicas que tinha feito a ele de levá-lo com segurança ao trono. Com
essas considerações ele se sustentava, não duvidando de que a dificuldade
presente acabaria bem. Observe:
Aqueles que adotaram o Senhor como o seu Deus podem tomar alento do seu
relacionamento com Ele nos piores momentos. São o dever e o interesse de todas
as pessoas, independentemente do que aconteça, encorajar-se em Deus, como seu
Senhor e seu Deus, assegurando-se de que Ele pode e, de fato, extra irá luz da
escuridão, paz das dificuldades e o bem do mal. Isso ocorrerá com todos os que O
amam e são chamados por seu decreto (Rm 8.28). Esse era o costume de Davi, e
ele se confortava nisso: No dia em que eu temer, hei de confiar em ti (SI 56.3).
Quando ele estava no fim de sua habilidade, ele não estava no fim de sua fé.
Fonte: Comentário Matthew Henry
Introdução
A unção está trabalhando na vida de Davi, e agora ele vive mais uma etapa de
onde as incertezas e o medo da morte o conduziram a tornar-se o que jamais
pensou. Ele parece estar atordoado, e vai buscar escape exatamente na terra dos
seus inimigos, os filisteus, cujo maior herói ele próprio havia derrotado.
OBJETIVO
► Explicar que, quando tomamos uma decisão fora dos planos de Deus, podemos
afetar seriamente as pessoas que confiam e dependem de nós;
1. Vivendo em tempos sombrios
Na terra dos filisteus, Davi viveu como um filisteu embora fosse um israelita. Seu
pessimismo o fez ver um futuro sombrio, onde as promessas de Deus foram
esquecidas. Neste ponto de sua provação, Davi resolveu olhar a vida sob a ótica
humana e tomou o caminho errado. Durante um ano e quatro meses, ele viveu em
desobediência (ISm 27.7). Vejamos.
1.1. Atitudes incorretas em momentos sombrios
“Disse, porém, Davi no seu coração” (ISm 27.1). Davi toma uma decisão sem
Deus, segundo seu próprio coração, achando que ir para a terra dos filisteus
resolveria seu problema. Davi não esperou o tempo de Deus, estava assustado,
havia-se esquecido da unção, e a única coisa que pensava é que um dia Saul o
poderia matar. O que Davi pensou? Deus não está comigo, se não fugir uma hora
eles me apanham. Seguramente Saul não iria procurá-lo no acampamento inimigo.
Mas o problema é que, na terra do inimigo, Davi teve que viver como um deles,
fugindo inteiramente do exemplo de homem segundo o coração de Deus. Ele ouvira
predições sobre sua futura exaltação pela boca de Samuel, Jônatas, Saul e Abigail
(ISm 24.20). Mas optou por uma decisão própria e racionalmente carnal.
Davi sofreu uma crise de abatimento, chegando a pensar que depois de tudo,
pereceria nas mãos de Saul. Assim também se sentiu Elias, à sombra do zimbro,
quando pediu a Deus que lhe tirasse a vida; o mesmo se deu com João Batista,
quando, da prisão, mandou perguntar a Jesus se Ele era o Cristo. Não nos
deixemos afundar no desespero quando a sombra do desânimo surgir em nosso
caminho. Creiamos que a Palavra de Deus prevalecerá mesmo que tudo pareça
contrário ao que Ele disse. Foi assim com José, será assim conosco também.
1.2. Nossas decisões podem pôr em risco outras pessoas
Davi era um líder, e ao decidir deixar o deserto de Israel para viver na terra dos
filisteus não foi sozinho, mas levou consigo suas mulheres e seus guerreiros (ISm
27.2 e 3). Devemos ter muito cuidado com as decisões que tomamos, porque não
vivemos independentes de outras pessoas. Quando tomamos uma decisão errada,
escolhemos o curso fora dos planos de Deus, podemos afetar seriamente as
pessoas que confiam e dependem de nós, que embora inocentes, são contagiados
pela loucura de nossas decisões. Em Gate, Davi se viu livre de Saul, mas
encontrou-se consigo e com uma vida insensata e vil. Em Gate, Davi viveu uma
vida carnal, com uma falsa segurança e uma falsa identidade.
1.3. Vivendo um estilo de vida desobediente
Em Gate, Davi deixou de servir a causa divina para servir a causa do adversário.
Davi pede a Aquis um local para habitar e se denomina “servo de Aquis” (ISm
27.5). Esse é um período muito obscuro na vida de Davi, onde o maravilhoso
cantor de Israel ficou emudecido, ele não podia cantar a canção do Senhor numa
terra onde estava dominado pela influência do inimigo. Davi passou um período
muito longo em Gate, o desespero o levou a viver no mundo perdido e literalmente
ele se esqueceu de Deus. Em Gate, Davi não fez uma oração, não compôs salmo
algum, esteve vivendo como Ló em Sodoma, sendo intoxicado pelo estilo de vida
vergonhoso daquela cidade. Evitemos tomar decisões segundo nossos corações,
não sabemos sobre o amanhã, mas se temos uma promessa, Deus a cumprirá no
tempo dEle. Esse Davi de Gate nada se parece com o Davi que disse: “esperei com
paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor (Sm 40.1).
OBJETIVO
► Mostrar como a personalidade de Davi foi influenciada durante o tempo que
passou na terra dos filisteus;
2. O Davi filisteu
Davi optou por esse caminho, Deus não o mandou fugir para a terra dos filisteus. E
para viver em paz nessa terra, ele teve que viver camuflado, era israelita por
dentro, mas filisteu em suas atitudes. Ele teve que optar por um novo estilo de
vida. Lá passou a mentir, roubar, saquear cidades e a viver como um bandido.
2.1. Coração israelita, atitudes de filisteu
“E Davi não deixava com vida nem a homem nem a mulher, para trazê-los a Gate,
dizendo: Para que porventura não nos denunciem, dizendo: Assim Davi o fazia. E
este era o seu costume por todos os dias que habitou na terra dos filisteus” (ISm
27.11). Durante dezesseis meses, esse foi o quadro da vida mentirosa de Davi. Os
gesuritas, gersitas e amalequitas eram inimigos de Israel, mas não dos filisteus.
Davi tinha que prestar contas a Aquis, deveria trazer relatório do que fazia, e
quando voltava, mentia, dizendo que havia atacado “o sul de Judá, o sul dos
jerameelitas, e o sul dos queneus”, fazendo-se passar por inimigo de seu povo e
aliado dos filisteus. Davi matava inocentes para não ser descoberto, vivia sob um
manto de segredo, levando Aquis a acreditar que havia se tomado um deles (ISm
27.8,9,12).
A duplicidade de Davi o faz errante a cada segundo de sua vida. Ele estava
totalmente fora dos planos de Deus, estava mentindo, matando pessoas inocentes
para esconder quem realmente é. Bem lá no fundo, ele é israelita, sempre será,
mas procurando fazer com que os filisteus pensem que passou para o lado deles
cometeu terríveis atrocidades e suja suas mãos santas desangue inocente. Ele
encobria seus passos para que ninguém descobrisse o que fizera ou onde estivera.
Esse foi o fruto colhido por uma atitude insana e a parte de Deus, onde prevaleceu
a carne e os sentimentos humanos. Afinal, o que faz um santo na terra dos
filisteus? Só poderia se sujar.
2.2. Um homem sem identidade
Em Gate, Davi enfrenta uma verdadeira crise de identidade, ele nem é
completamente filisteu, nem completamente israelita. Como um cristão carnal, Davi
não se sente confortável nas coisas de Deus, e passa a viver no abismo. Perder a
identidade é o primeiro efeito produzido por uma vida carnal. Davi está passando
por cima de tudo o que sempre acreditou em sua vida, quem era, qual sua missão,
por que fora ungido, e a quem deveria ser leal. O que era agora? Um homem sem
pátria, sem identidade, um mentiroso e assassino desleal. Esse foi o preço pago por
uma escolha racional, por não ter recebido de Deus uma direção. Não se assuste!
Estamos falando de Davi, um homem segundo o coração de Deus. Achamos que
nossos heróis são infalíveis, que nunca passaram pelo que passamos, e, por isso,
ao tropeçar, abrimos mão de grandes promessas por nos achar incapazes. Só
existe um que é perfeito, esse é Deus. Assim, ergamos nossas cabeças, sacudamos
a poeira e busquemos ao Senhor (SI 105.4; Is 55.8).
2.3. Um abismo chama outro abismo
Quem vive na mentira sempre tem a oportunidade de afundar-se ainda mais. De
tanto dizer que atacava o sul de Judá e se fazer parecer um filisteu, Davi fora
chamado por Aquis e estava na retaguarda dos exércitos filisteus que estavam
prontos para atacar o povo que Deus disse que iria governar. Davi estava na
encruzilhada do destino, estava prestes a fazer algo bestial em sua vida, pois sua
vida mentirosa o levou juntamente com seu povo a um abismo sem fim. Ele sabe
que terá de lutar, seu “status” filisteu agora luta contra seu coração israelita, e, se
não fosse a recusa dos príncipes filisteus de não confiarem em sua pessoa, ele teria
matado também aqueles que um dia deveria governar. Devemos ter cuidado. Um
grande vilão da vida cristã é a frustração. Davi se frustrou pela perseguição sofrida,
e, na terra do inimigo, foi absorvido, e quase destruído pelo estilo de vida que
adotou (ISm 29.1-11).
OBJETIVO
► Apresentar a graça de Deus como sendo o ponto de recomeço para todos
aqueles que um dia falharam.
3. Como fazer um israelita deixar de ser filisteu?
Embora vivendo errante, Deus teve misericórdia de Davi, e para trazê-lo de volta a
realidade usou o artificio que mais atrai o homem a Sua presença: a destruição. Ao
sair pela madrugada e voltar para Ziclague, Davi se depara com cinzas, destruição
e o desabafo de seus soldados (ISm 30. 1-6). É nesse momento que se volta para
Deus e, depois de um ano e quatro meses, faz seu primeiro clamor.
3.1. Israelita saído das cinzas
Ao chegar a Ziclague, Davi vê o fruto de sua insensatez. A cidade estava destruída,
todas as mulheres e crianças foram levadas cativas pelo inimigo, os amalequitas,
os mesmos que Davi combatia. Quando uma pessoa se afasta de Deus, à primeira
vez, sente-se feliz, livre, e até acha bom o que está vivendo. Mas, depois de algum
tempo, as contas chegam, e a tal deverá arcar com os custos. Davi lamentou, e
seus homens se puseram contra ele, e a única coisa que lhe restou foi buscar a
Deus. Dessa vez, ele fez o que deveria ter feito antes de estar ali, buscar uma
direção. É impressionante a maneira como Deus lhe responde! Mesmo agindo
falsamente durante esse tempo, Deus o responde e ainda lhe garante a vitória
(ISm 30.8).
3.2. Lidando com o vale de lágrimas
Ao contemplar toda aquela destruição, Davi chega ao ponto em que se pula para o
esquecimento ou se atira aos pés do Senhor pedindo seu perdão. Ele finalmente
aprendeu a lição de que temos escolha, porque Deus nunca desiste de seus filhos.
Como ele lida com o vale de lágrimas? Como sai de um abismo tão profundo? Ele
levanta os olhos e diz: “Deus me ajude!”. Mais tarde, ele é capaz de escrever com
toda a certeza: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na hora da
angústia”. Quando os dias sombrios chegarem, devemos ter pensamentos certos e
olhar na direção vertical. Davi aprendeu que o vale de lágrimas não foi para
destruí-lo, nem para tirar o que era dele, afinal, ele tudo recuperou (ISm
30.18,19). O vale de lágrimas vem para que nos ajoelhemos e para que
levantemos nossos olhos para contemplar um Deus misericordioso, que ama e
perdoa sem limites. Como precisamos aprender o que é graça!
3.3. Derrotas que trazem vitórias
No primeiro momento de tristeza e horror, somente a intervenção da graça divina
podia salvar a vida de Davi. Mas essa foi a hora de sua volta a Deus. E, com as
cinzas ainda quentes aos seus pés, a aflição comprimindo seu coração, a ameaça
da violência em seus ouvidos e a amarga contrição na consciência, ele “se
fortaleceu no Senhor” (ISm 30.6b). A partir daquela hora, ele voltou a ter sua
antiga personalidade, forte, alegre e nobre. Após meses de negligência, pediu a
Abiatar que trouxesse o éfode, e procurou saber qual era a vontade de Deus.
Então, com maravilhoso vigor, saiu em perseguição dos invasores e recuperou
tudo, inclusive sua dignidade. Ele poderia realmente afirmar que Deus o havia
tirado de um charco de lodo e firmado os seus pés sobre uma rocha (SI 40.2).
Muitas pessoas já conheceram a alegrias e o privilégio do andar com Cristo, mas,
em determinado momento da vida, desesperaram-se e optaram pelo caminho
errado, e agora estão no campo da carnalidade. O que aconteceu com Davi
acontece a todos indistintamente. Todavia, estamos diante de um quadro que nos
ajuda a perceber que Deus pode e deve ser procurado a todo instante, pois é
misericordioso, e de grandes oportunidades para corri os que falham. Deus está
sempre pronto a perdoar e disposto a restaurar, e tudo o que temos que fazer é
nos fortalecer nEle corno fez Davi.
Conclusão
Decisões erradas podem nos conduzir a lugares errados e uma vida errada. O que
Davi fez na hora da destruição era para ter feito no momento da perseguição.
Tomar decisões sem o consentimento de Deus não acarreta somente problemas
para nós, mas a todos que conosco convivem. Deus jamais negará o pedido de um
coração quebrantado. Por isso, pensemos muito bem antes de qualquer decisão,
pois elas podem ser fatais em nossas vidas.
QUESTIONÁRIO
1.
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5.
R.
Por que Davi foi habitar em Gate?
Ele temia que Saul o matasse.
Quanto tempo passou Davi na terra dos filisteus?
Um ano e quatro meses.
Como viveu Davi em Gate?
Com uma falsa segurança, uma falsa identidade, e uma vida falsa.
O que Deus fez para lhe chamar atenção?
Usou o método da destruição.
O que fez Davi para recuperar o que perdeu?
Fortaleceu-se no Senhor.
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2013, ano 23 nº 89 – Jovens e Adultos - “Dominical”
Professor - Davi, a lâmpada de Israel - A incrível história de um rei segundo o
coração de Deus

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