Leia - Associação Brasileira de Angus

Transcrição

Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Setembro/Outubro de 2007
Especial
1
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
CORREIOS
2
Setembro/Outubro de 2007
Associação Brasileira de Angus
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor 1º Vice-Presidente
Luiz Anselmo Cassol
Diretor Vice-Presidente
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello
Diretor Vice-Presidente
Renato Zancanaro
Diretor Vice-Presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Fábio Luiz Gomes
Diretor Administrativo
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Marketing
Luiz Eduardo Batalha
Diretor de Núcleos
Flávio Montenegro Alves
Diretor do Programa
Carne Angus Certificada
Vivian Diesel Potter
Conselho de Administração
Conselheiro Estratégico
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Membros Eleitos
Afonso Antunes da Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Luís Felipe Ferreira da Costa
Valdomiro Poliselli Júnior
Membros Natos (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Cláudia Scalzzilli
Paulo Valdez
Roberto Soares Beck
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Luís Henrique Sesti
Mariana Tellechea
EDITORIAL
Perspectivas animadoras para a Primavera
Prezados associados e criadores
da raça Aberdeen Angus. Estamos
abrindo a temporada de remates e
feiras de primavera, que ocorrerão
nos próximos meses, com perspectiva animadora. A sinalização
aponta para a retomada da valorização da pecuária e da reposição de preços já observados nessa
edição da Expointer, realizada em
Esteio, RS, quando obtivemos valores médios para touros rústicos
da raça superiores em 113% às
médias totalizadas pela Angus na
exposição de 2006.
O resultado, que superou nossas
melhores expectativas, baliza, invariavelmente, o mercado do segmento
no segundo semestre e reforça a procura por reprodutores Angus, tanto
para a melhoria genética em animais
PO e PC quanto para uso em cruzamento industrial.
Nesta direção, está o trabalho realizado pela Associação Brasileira de
Angus junto ao Programa Carne
Angus Certificada. No respaldo de
um conjunto de forças que envolvem
a cadeia produtiva da carne desde o
produtor, a associação de raça, a indústria frigorífica e o varejo, os benefícios do programa e do uso da genética Angus começam a ser observados pelo pecuarista, que tem rati-
ficado essa preferência nos leilões já
realizados em agosto e início de setembro.
Nesse intuito, de cada vez mais difundirmos as qualidades da Angus e
também da pecuária de resultados
que buscamos, no cenário nacional,
realizamos na Expointer o IV
Workshop da Carne Angus. O debate que reuniu integrantes das mais
diversas entidades ligadas ao setor,
no País, como Mapa e Abiec, contou com a participação do Instituto
Nacional de Carnes do Uruguai
(INAC) e apresentou a necessidade
de reforçarmos a integração da cadeia produtiva para promovermos o
seu fortalecimento.
Nesta edição do Angus@newS, en-
MOVIMENTO
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502
CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS
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Associação Brasileira de Angus
Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501
CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS
www.angus.org.br
[email protected]
Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Fotos de capa: Felipe Ulbricht - ABA / Divulgação
Boa leitura e prósperos negócios!
José Paulo Dornelles Cairoli
Presidente da ABA
Angus no Canal Rural
A Associação
Brasileira de Angus agora conta
com programetes
sobre a raça
Aberdeen Angus transmitidos pelo Canal Rural. A primeira exibição foi ao ar
dia 1º de setembro, abordando a participação da raça na Expointer 2007.
Com quatro minutos de duração, a
série teve continuidade dia 8 de setembro, quando o destaque foi o Programa
Carne Angus Certificada. Neste
programete, que foi reapresentado no dia
9, foram entrevistados dirigentes da ABA,
produtores rurais, indústrias frigoríficas
como o Marfrig e Mercosul, além de representantes da rede gaúcha de supermercados Zaffari-Bourbon. O programa seguinte veiculou dia 15 de setembro. Desta
vez, o foco foi institucional, tratando de
todas as atividades realizadas pela Associação Brasileira de Angus.
Conselho Técnico
Ricardo Macedo Gregory - Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Cristopher Fillippon
[email protected]
Luis Felipe Moura
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Susana Macedo Salvador
[email protected]
Amilton Cardoso Elias – Representante ANC
[email protected]
Coordenação
Fernando Furtado Velloso
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn.
Daniela Manfron
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Daniela Manfron
51 3231.6210 // 51 8116.9784
tre orientações para melhor aquisição de touros, proporcionada pelos técnicos da associação, desfecho
de exposições da raça no Brasil e
exterior, você verá um pouco mais
da relação pecuária de corte e meio
ambiente nas nossas propriedades.
Queremos mostrar a importância da sustentabilidade ambiental
e das práticas corretas que ocorrem
no intuito de reforçarmos a imagem da pecuária brasileira no cenário internacional e, assim, aumentar mercados.
VOCÊ SABIA?
Rendimento
de carcaça
Que é fácil calcular o rendimento
no abate? A porcentagem de rendimento da carcaça é obtida dividindose o peso total da carcaça quente pelo
peso do boi vivo em jejum e multiplicando-se o resultado por 100. Assim, um animal que tenha pesado 500
quilos e cuja carcaça quente atingiu
265 quilos, terá um rendimento de
carcaça de 53%.
Conheça melhor o seu rebanho
para comprar o touro certo
Um dos aspectos fundamentais para você acertar na escolha de um
ou mais touros novilheiros agora nos remates desta Primavera, é você
conhecer bem o seu rebanho, a sua vacada. É que sabendo das carências de seu rebanho, você vai avaliar os dados dos touros e escolher
aqueles que vão agregar ao seu rebanho justamente aquelas características que estão faltando, exemplo: fertilidade, acabamento da carcaça,
precocidade, etc. Assim, não basta você examinar os dados do touro.
É importante, antes de tudo, você conhecer melhor o seu grupo de
animais.
Atendimento
ao associado
Desde meados de agosto,
a ABA conta
com os serviços de Sheila
Simioni, que
vai atuar no
atendimento
ao associado. Sheila pode ser
contactada
pelo
e-mail
[email protected].
MOVIMENTO
Setembro/Outubro de 2007
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Nesta temporada de Primavera,
Angus é sucesso garantido
Todas as apostas para a temporada de leilões desta Primavera já estão não só lançadas,
como previamente bem estimados os resultados que vão surgir debaixo dos martelos dos leiloeiros.
Foto: Felipe Ulbricht
Martelo vai bater em velocidade e tourada promete disparar
A alegria, regada a otimismo, toma conta de todo o setor e isto bem mostra a solidez econômica que
toda a agropecuária experimenta. As chamadas “maré negra” e “maré vermelha”, com uma concentração
de demanda que aumenta em velocidade sobre a raça Aberdeen Angus, já se fazia presente no mercado
durante todo o período anterior à Expointer. Mas foi no parque de Esteio, recentemente, durante a realização da Expointer, que vieram as revelações. Touros Angus rústicos foram arrematados à média de R$
7,53 mil, representando uma elevação da ordem de 113% em relação aos valores praticamos no mesmo
evento no ano passado.
A
ntes da Expointer, os produtores discutiam, lançavam
seus palpites e prospectavam
valores para um touro de campo entre R$ 5 mil ou até algo mais. Mas
mais uma vez a raça fez o mercado
surpreender a todos e positivamente,
cravando a elevada média acima de
R$ 7 mil. E neste leilão da Expointer,
foram vendidos touros a R$ 9 mil, R$
10 mil e até a R$ 15 mil.
“Isto que aconteceu na Expointer
foi melhor que a encomenda. Afinal,
todo mundo sabe que a Expointer
funciona como um termômetro para
o mercado das vendas da Primavera,
seja nos leilões das tradicionais
7cabanhas ou durante as exposições,
nos parques rurais”. Este é o comentário geral, que corre de boca em boca
entre os criadores mais atilados de
Angus. E o que vai acontecer nos remates desta Primavera, ainda ninguém sabe, mas todos já têm a certeza de que será algo muito bom para a
raça e para todos que trabalham com
a genética Angus.
“A sinalização aponta para a retomada da valorização da pecuária e da
reposição de preços já observados nessa edição da Expointer, quando obtivemos valores médios para touros rústicos superiores em mais de 100% às
médias da exposição de 2006. Este
resultado baliza o mercado e reforça
a procura por reprodutores Angus,
tanto para o melhoramento genético
em animais PO e PC quanto para uso
em cruzamento industrial”, avalia o
presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), José Paulo Dornelles
Cairoli.
“Tem gente que praticamente já
vendeu tudo na propriedade, tamanha é a pressão de demanda pela tourada Angus”, avisa o diretor de Exposições da ABA, veterinário Luiz
Walter Leal Ribeiro, que observa que
esta procura por Angus, a julgar pelas
necessidades dos rebanhos de produção, ainda vai durar entre três a quatro anos com a mesma pressão. Para
ele, nos remates do interior nesta Primavera, a tourada Angus deverá ser
valorizada de R$ 5 mil ou R$ 5,5 mil
para cima. Já as fêmeas, têm igual procura, mas enfrentam problema de preço. “Considerando que as vacadas
gerais já valem a média de R$ 1,6 mil,
as fêmeas PC Angus deverão superar
os R$ 2,e ou R$ 2,5 mil”, estima o
técnico. “As fêmeas PO vão ser valorizadas de R$ 3 mil para cima”, ava-
lia Luiz Walter.
Para ele, o comprador de touros
precisa primeiramente se preocupar
com a sanidade da tourada que já tem
em casa, para saber com mais exatidão qual é a sua necessidade de compra de novos touros. “Touros considerados problema, que interferem
negativamente na reprodução, chegam a ser 30% do total, em média”,
adverte Ribeiro. Segundo ele, os casos mais correntes são de touros acima da idade (velhos), com dificuldades nos aprumos, com falhas de dentição, entre outras questões. “Na hora
de comprar, o produtor precisa se
preocupar com a adaptação da tourada (se conhece mio-mio, carrapato) e
examinar os dados de performance do
touro, inclusive buscando assessoria
de um técnico, se for o caso”, alerta o
dirigente da ABA.
O diretor de Núcleos da ABA,
Flávio Montenegro Alves, soma-se aos
que vêem com otimismo a temporada desta Primavera para a raça
Aberdeen Angus. “Vamos ter nos
eventos do interior valores um pouco
menores do que os pagos pela tourada de campo na Expointer – os touros vão valer entre R$ 5 mil, R$ 6
mil, em média”, estima.
Flávio Alves chama a atenção dos
compradores de touros para uma falta grave que vem sendo verificada nos
últimos anos: “Antes de arrematar um
touro num remate, é preciso conferir
a sanidade e os dados de performance
deste animal, a avaliação das DEPs
(Diferença Esperada na Progênie),
Promebo, perímetro escrotal, a precocidade do animal e que tenha pelo
curto, entre outros detalhes”.
Para o dirigente, o comprador
deve pagar a mais por um reprodutor
que considera ideal ao seu rebanho,
porque já no primeiro ano, com sua
produção, este animal vai se pagar e
com vantagem, assinala. Para Flávio
Alves, já vai longe o tempo do chamado olhômetro, quando a avaliação
do touro era feita somente no vistaço.
“Existem ferramentas que permitem
estimar o desempenho de um touro e
elas foram criadas justamente para
que o produtor possa estimar cada vez
com maior precisão as suas reais demandas na hora da reposição, tanto
de touros quando de fêmeas”, alerta
Flávio Alves.
Já o presidente do Conselho Técnico da ABA, Ricardo Macedo
Gregory, faz estimativas semelhantes
as que prospectaram seus colegas para
os valores que deverão ser praticados
pela tourada de campo nesta Primavera. “Um touro sempre valeu no
mínimo 1.500 quilos de boi e isto
hoje significa cerca de R$ 4 mil. E
pelas informações e demanda do mercado, um touro Angus nesta temporada, dependendo de sua qualidade e
do que estará buscando o comprador,
deverá valer a partir dos R$ 5 mil”,
pontua o dirigente.
Mas sobre as recomendações aos
compradores de touros, Ricardo
Gregory alerta para um conhecimento ainda anterior ao do próprio touro a ser adquirido. “A primeira coisa
com a qual o produtor precisa se preocupar na hora de buscar novos touros é saber, com a maior exatidão
possível, quais são as carências de seu
rebanho, de sua vacada, ou quais são
as características genéticas que esses
novos touros vão precisar agregar ao
seu rebanho. Aí então é que ele vai
ter o correto direcionamento na escolha dos melhores touros para o seu
trabalho”, assevera o atilado dr.
Gregory, que assim como os outros
técnicos, também é criador de
Angus.
Ele inclusive cita alguns exemplos:
“se for um produtor de terneiros, ele
pode estar precisando de mais habilidade materna e vai buscar touros
Com DEPs altas na desmama. Já
os produtores que fazem o ciclo completo, vão buscar touros com DEPs
altas para o índice final e assim por
diante”, posiciona o presidente do
Conselho Técnico da ABA.
E de todos os depoimentos, fica
uma máxima: tudo está realmente
ótimo para a raça Aberdeen Angus e,
cor conseqüência, para todos os criadores que geram novas genéticas ou
para os que produzem a partir da
muito bem posicionada em resultados genética Angus.
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Setembro/Outubro de 2007
CARNE
Workshop traça futuro
da carne de qualidade
Fotos: Felipe Ulbricht
Qualidade, sanidade e rastreabilidade formam o tripé de um programa de carne certificada, a exemplo do que já se
realiza no Uruguai e no âmbito do Programa Carne Angus Certificada, promovido pela ABA. A transparência nas
relações entre a indústria e o produtor ainda é o maior obstáculo para o incremento dos volumes, mas os ganhos
percebidos pelo fornecedor da matéria-prima são a principal garantia de que os programas de carne de qualidade no
Brasil vão crescer e passar a disputar nichos mercados exigentes com produtos diferenciados.
O polêmico tema – A integração para fortalecer o futuro da cadeia da carne do Brasil - foi o centro dos debates do
IV Workshop Carne Angus, realizado dia 30 de agosto, na casa da RBS, no Parque Assis Brasil, durante a Expointer
2007, e transmitido ao vivo pelo Canal Rural.
Utilizando e adaptando modelos bem-sucedidos de outros países, além de aplicar formatos exclusivos, a cadeia da
carne levará o Brasil à liderança internacional também no seleto segmento da carne de qualidade.
Fratti, do INAC, apresentou experiência uruguaia na certificação
Presidente Cairoli fez abertura ao grande público, que acompanhou atentamente a discussão sobre a cadeia da carne
Por Horst Knak
A
diretora do Programa Carne Angus Certificada,
Vivian Pötter, mostrou a
evolução e as características do programa de carnes da ABA – atualmente integrado por 270 produtores, no
envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva (associação de raça,
produtor, indústria e varejo), que já
certificou mais de 250 mil animais
desde a sua criação em 2003. Vivian
reforçou o trabalho dos técnicos do
programa que acompanham a
certificação diretamente nas plantas
frigoríficas, garantindo a qualidade
exigida pelo mercado comprador e
pelo consumidor. A dirigente lembrou que as bonificações ao produtor
podem chegar até 11% do preço base
da indústria.
Desde 2006, a rastreabilidade
(trazabilidad, em espanhol) é obrigatória para todos os bovinos que nascem no Uruguai, sob a batuta do Ins-
tituto Nacional de Carnes, o INAC,
que se converteu no órgão
centralizador do Programa de Carne
Natural Certificada do Uruguai. Em
2009, portanto, todos os animais com
até quatro anos estarão rastreados,
tornando o país um dos primeiros do
mundo a ter um controle total de seu
rebanho.
No Uruguai, num sistema em estágio avançado, totalmente informati-
zado, nenhum detalhe escapa ao
INAC. A relação com o mercado é
clara e transparente: todos os elementos integrantes da cadeia produtiva da
carne estão cadastrados e tem sua parte da responsabilidade na certificação
e na entrega do produto aos seus mercados. Em resumo, o Ministério da
Agricultura uruguaio cuida da sanidade do rebanho e o INAC trabalha
para elevar a qualidade da carne. Em
Vivian Pötter, da ABA
Andréa Verissimo, da Abiec
sua formatação, o INAC é dirigido
por seis executivos: dois nomeados
pelo governo, dois indicados pelos
produtores e dois pela indústria
frigorífica.
O presidente do INAC, Luiz
Alfredo Fratti, destacou durante o
Workshop que todo o sistema uruguaio está lastreado na segurança alimentar. O uso de hormônios promotores do crescimento está proibido há
muitos anos, o país está livre da
síndrome da vaca louca, livre de aftosa
e não há atividade viral. “Com estes
requisitos, estamos entrando em quase todos os mercados mundiais de
qualidade”, assinalou Fratti.
O sistema de rastreabilidade uruguaio obriga o registro de todos os
passos do processo da cadeia produtiva. Os dados registros em balanças
eletrônicas são repassados online para
o INAC, eliminando as tradicionais
demoras no tráfego de planilhas, bem
como inibem o abate clandestino.
Oito plantas frigoríficas, quatro
certificadoras e cerca de 180 empresas fornecedoras de animais para abate formam um sistema que acompanha o animal desde que nasce até a
entrega do produto final no ponto de
venda. “Houve um ganho de 60% na
velocidade do processamento dos dados”, festejou Fratti.
Outro fator decisivo para a am-
pliação do mercado da carne uruguaia, resumiu, foi a presença do
INAC nas principais feiras mundiais de alimentação, realizando a promoção conjunta das indústrias envolvidas na produção da carne certificada. “Nossas carnes estão
direcionadas a restaurantes, redes de
fast food e outros nichos com alto
valor agregado”, destacou o presidente do INAC. A Carne Certificada do Uruguai também já recebeu o selo USDA Process Verified
(processo verificado pelo Departamento de Agricultura dos EUA) o
que permite sua exportação para os
Estados Unidos. Atualmente, o
Uruguai exporta 450 mil toneladas
de carne para mercados exigentes
como Estados Unidos, México e
União Européia.
Sem descuidar de seu mercado
interno, o governo uruguaio também criou um programa de subsídio ao consumo de carne bovina e
ovina no mercado interno. Atualmente, o consumo per capita de
carne chega a 52 kg/habitante/ano.
Sem dúvida, o exemplo uruguaio
chamou a atenção dos participantes do Workshop, porque integra a
cadeia produtiva, estimula a qualificação do produtor, da produção e
do produto final, além de preservar
o mercado interno.
Setembro/Outubro de 2007
CARNE
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Quem nos representa e para onde vamos?
Fotos: Felipe Ulbricht
Outro momento
forte do Workshop
Carne Angus foi o Painel “Cadeia da
carne no Brasil: Quem nos representa e para onde vamos?”. Tendo como
moderador Donário Lopes de
Almeida, do Canal Rural, o evento
teve como destaque o debate sobre a
imagem da carne brasileira no exterior e a falta de uma melhor integração
entre produtores e a indústria.
A gerente de marketing da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Andréa
Veríssimo, lembrou que está em curso uma campanha difamatória da carne brasileira na Europa, iniciada após
a visita sorrateira de jornalistas e técnicos da Irlanda a produtores e frigoríficos brasileiros. Na contramão destes lobbies e campanhas, assinalou
Andréa Veríssimo, a Abiec participa
de feiras especializadas, além de promover um total de 12 churrascos com
convidados especiais em 12 países.
O coordenador da Comissão de
Bovinos de Corte da Federação da
Agricultura do RS (Farsul), Carlos
Simm, lembrou que o setor produtivo acaba de sair de um forte stress
gerado pela aftosa, em 2001, que levou à desvalorização da cria e dos preços do boi gordo. As conseqüências
não poderiam ser mais desastrosas:
queda na tecnologia, arrendamento
de terras, sucateamento da propriedade, venda de matrizes, redução nos
estoques de gado e prejuízos fortes na
cria. Em 2005, o abate de fêmeas superou o de machos, o que explica em
parte a valorização do boi em 2007,
após um período de relativa normalidade em 2006.
Antes que se culpe o produtor pela
elevação dos preços do boi, explicou
Carlos Simm, é preciso lembrar que
entre 1998 e 2007 a correção dos preços do boi gordo foi de exatos 148%,
diante de um IGPM de 143% no
mesmo período. “O que elevou a rentabilidade da pecuária não foi a recu-
Ronei Lauxen, do Sicardergs
peração dos preços, mas sim a introdução de um sistema melhorado”,
afirmou.
Segundo Carlos Simm, três elementos primordiais dariam sustentação à pecuária diferenciada que se
busca: em primeiro lugar, a padronização do gado – com o devido
envolvimento das associações de raça,
bem como a promoção da carne nos
mercados externo e nichos de mercado interno. Em segundo lugar, endurecimento na defesa sanitária, com
maior rigor nas feiras e exposições,
informatização das inspetorias, repercutindo as boas ações para que elas se
tornem um padrão e não a exceção.
Neste mesmo item, ele enumera o
incremento da fiscalização, a aplicação do número de plantas frigoríficas
exportadoras, a realização de
contraprovas de vacinas e a ampliação da abrangência do código sanitá-
cisamos adequar o produto às exigências do mercado. Hoje existe uma tendência clara por alimentos funcionais
e a carne de bovinos criados em ambiente natural e saudável possui amplos mercados”, explicou. Presente a
importantes feiras como o Sial 2004,
Anuga 2005 e Sial 2006, o Sebrae
identificou que meio ambiente e cultura são moedas de grande valor no
mercado de alimentos.
Internamente, revelou Alessandra
Loureiro de Souza, o Sebrae realizou
diagnóstico da pecuária, investigando 400 propriedades rurais. Os resultados são preocupantes. No aspecto
da gestão, a grande maioria dos produtores não conhece custos, não sabe
empresariar sua atividade e enfrenta
sérios problemas de manejo e no aspecto zootécnico. No que se refere às
raças, 60% é gado geral com misturas diversas, sem critérios zootécnicos
Carlos Simm, da Farsul
Bernardo Todeschini, do Ministério
sam estar comprometidos com essas
metas para que surjam efetivos resultados.
Segundo Todeschini, os projetos
de sanidade animal devem ser focados
para alcançar todos os integrantes da
cadeia produtiva da carne bovina, de
Estado do Rio Grande do Sul
(Sicadergs), Ronei Alberto Lauxen, o
desenvolvimento e a organização da
cadeia produtiva da carne começa pela
vontade política de todos os envolvidos, que devem buscar o ganha-ganha e não o atual perde-ganha, a política do gato e rato. “Este encontro
na Expointer foi de grande valia, uma
vez que reuniu os vários elos da cadeia para o debate. E é a partir do
debate que vamos encontrar os caminhos para evoluir neste tema”, assinala o dirigente.
Lauxen lembrou que as exportações do RS saltaram de 40 mil toneladas em 2001 para 240 mil toneladas em 2006. Já em 2007, há escassez de bois e as plantas frigoríficas
voltaram a ficar ociosas. A melhor
integração da cadeia produtiva permitiria que todos os seus integrantes ganhassem ao mesmo tempo, permitindo o correto planejamento da produção, dos abates e da comercialização,
tanto ao mercado interno, como no
plano internacional.
Lauxen aponta que tudo começa
pela sanidade e rastreabilidade dos
rebanhos. “Atentando para estes aspectos, não só vamos organizar o setor como um todo e preparando-o
para gerar resultados positivos, mas
também vamos estar prontos para
avaliações que sistematicamente são
realizadas por compradores de carne,
seja internamente ou por importadores”, objetiva.
Segundo ele, acertadas essas questões, é seguir trabalhando paralelamente na padronização de raças e rebanhos,
visando a produção do tipo de animal
capaz de gerar a carcaça desejada pelos
mercados compradores.
O IV Workshop Carne Angus foi
uma realização conjunta do Frigorífico Mercosul e Associação brasileira
de Angus, com apoio a Semeia/Select
Sires, Acatak/Novartis, Restaurante
Barranco, Baymec/Bayer, Supermercados Zaffari e Canal Rural.
Painel que encerrou o Workshop buscou formas de integrar a cadeira produtiva da carne
rio. Fechando seu raciocínio, Simm
destacou como terceiro elemento a
rastreabilidade, que precisa envolver
todos os municípios e entidades como
a Emater, capaz de convencer e atuar
junto a pequenos produtores.
Outra entidade que atua no estímulo à qualidade e abertura de mercados é o Sebrae, conforme atestou
Alessandra Loureiro de Souza, durante sua intervenção neste painel. “Pre-
Alessandra Loureiro de Souza, do Sebrae
coerentes. Para mudar este quadro, o
Sebrae desenvolve o programa Juntos para Competir, realizando encontros de produtores nas principais regiões produtoras, reforçando itens
como gestão, qualidade e produtividade.
Responsabilidade coletiva
para a sanidade animal
A necessidade da existência de
uma responsabilidade coletiva sobre
a sanidade animal foi o ponto central
da manifestação do chefe do Serviço
de Sanidade Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura
no Rio Grande do Sul, RS, Bernardo
Todeschini. Sinteticamente, em sua
palestra sobre Sanidade e Mercados:
Onde estamos e para onde vamos,
durante o Workshop Carne Angus na
Expointer, o técnico e dirigente chamou a atenção de todos para a importância da ampliação do alcance dos
programas sanitários entre os produtores, que por sua vez também preci-
maneira que os papéis de todos os atores fiquem claramente estabelecidos,
tanto em termos de ações individuais
como em termos da importância destas ações no resultado esperado.
“Deve ser reforçada a consciência de
que a sanidade animal é um bem comum da sociedade que deriva de esforço coletivo e que traz benefícios
igualmente coletivos”, defendeu. Para
ele, somente o comprometimento de
toda cadeia produtiva poderá trazer
resultados realmente sólidos”.
Bernardo Todeschini, que falou
com objetividade e clareza a uma platéia interessada e participativa,
enfatizou que “os frutos desses esforços – as conquistas de mercado, as expansões de preços, a credibilidade nacional e internacional e entre outros
fatores, os ganhos de competitividade
- derivam exatamente da capacidade
de construirmos e demonstrarmos solidez em nossos programas de saúde
animal”.
Para o presidente do Sindicato da
Indústria de Carnes e Derivados no
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CARNE
Setembro/Outubro de 2007
Fotos: Felipe Ulbricht
ABA e Mercosul premiam Produtor Top
Eduardo Macedo Linhares, da GAP, recebeu a premiação
Azhaury Macedo Linhares, da AML Agropecuária, com a placa
A Associação Brasileira de Angus (ABA) homenageou, numa parceria com o Frigorífico Mercosul, os fornecedores destaque de novilhos
Angus ao Programa Carne Angus Certificada. Realizada na Expointer,
a atividade denominada Produtor Top - Mercosul Carne Angus agraciou três produtores com o prêmio Ouro, Prata e Bronze por enquadrarem-se em critérios avaliados como fidelidade (cumprimento de
previsões de abate), constância (número de abate no ano),
rastreabilidade, qualidade (acabamento e certificação) e volume.
R
eceberam a distinção, respectivamente, a GAP Genética (Uruguaiana/RS), de
Eduardo Macedo Linhares; a Granja 4 Irmãos S/A (Rio Grande/RS); e
a AML Agropecuária (Santana do Livramento e Manuel Viana/RS), de
José Azhaury Macedo Linhares.
Conforme o gerente corporativo de
compra de gado do Frigorífico
Mercosul, Mário Macedo, a idéia
formatada pela indústria e ABA teve
o intuito de reconhecer produtores
que tivessem comprometimento
com o Programa Carne Angus Certificada. “Todos os itens que foram
analisados formam um produtor ideal. Quisemos valorizar o trabalho do
invernador, especialmente na
Expointer que premia a genética de
argola, pois o fim é o mesmo. O touro de elite também tem de ser avaliado pensando na sua produção de
carne”, comentou. O gerente de operações da ABA, Fernando Velloso,
reforçou que a premiação “demons-
tra como a associação está inserida
no todo da cadeia produtiva da carne ao valorizar produtores que trabalham com animais de engorda e
comerciais.”
O diretor-comercial da GAP Genética, João Paulo Silva (Kaju), salientou, ao comentar sobre o prêmio
Ouro recebido, a semelhança da
identidade de propósitos existente
entre a empresa e o Frigorífico
Mercosul. “Nos identificamos com
o crescimento do setor e o incremento da produtividade através de uma
padronização de carcaças, e nessa
busca por qualificação canalizamos
sinergia para produzir novilho de
qualidade, precoce, saindo da propriedade com dois anos e com acabamento e características garantidas.” O engajamento da Associação
Brasileira de Angus em trabalhar
com todos os segmentos da cadeia
Granja 4 Irmãos, de Rio Grande, foi agraciada
produtiva da carne também foi
apontado pelo diretor-comercial da
GAP. “Houve um avanço da associação no momento em que ela se voltou ao produtor de carne. Desta forma, promovendo a carne de qualidade, acabou por promover todo o
mercado da genética.”
O gerente comercial da Granja
4 Irmãos S/A, Renato Nicoletti
Martins, destacou que o prêmio Prata é uma contribuição ao trabalho de
12 anos focado na produção de carne com a raça Aberdeen Angus. “É
fundamental, gratifica o dia-a-dia do
trabalho de toda equipe, trabalhamos
com qualidade total e receber esse
prêmio motiva”, sinalizou. Atualmente, mais de 80% do rebanho da
empresa é Angus.
A pecuarista Beth Torelly, filha
de José Azhaury Macedo Linhares,
da AML Agropecuária, usou uma
Abertas as inscrições para o
II Concurso de Carcaças Angus
A Associação Brasileira de Angus
(ABA) recebe até o dia 15 de outubro as
inscrições para o II Concurso de Carcaças
Angus, que é promovido em parceria com
o Frigorífico Mercosul. As inscrições serão realizadas diretamente na ABA e todos os produtores deverão informar, no
momento da inscrição, a previsão do número de animais que serão abatidos para
que sejam incluídos no Programa de Fidelidade do Frigorífico Mercosul.
S
erão aceitos animais exclusivamente
padrão Carne Angus, isto é, animais
Angus e Cruza Angus, rastreados,
machos e fêmeas, com idade de até quatro
dentes. Os lotes deverão ter no mínimo 20
animais, devido à logística de transporte.
Serão conferidas premiações aos grandes campeões macho e fêmea e aos melhores lotes super jovens como forma de estí-
mulo à produção desses animais. A Associação Brasileira de Angus e o Frigorífico
Mercosul acreditam que o concurso de carcaças é uma das formas mais objetivas de
verificar se a produção do pecuarista está
atendendo às exigências do mercado e também se a genética utilizada é compatível
com os objetivos de produção. A primeira
edição do concurso ocorreu em abril de
2003.
Serão fornecidas pela indústria
frigorífica premiações como bonificações de
10% para os lotes campeões de categoria e
de 5% para todos os inscritos aprovados.
O regulamento completo e a tabela de pontuação poderão ser solicitados junto à ABA
no fone 51.3328.9122. Não será cobrada
taxa para a participação no II Concurso de
Carcaças Angus.
Luciana Bueno
Assessoria de Imprensa ABA
frase dita pelo pai, ao saber do reconhecimento que receberia da ABA e
Frigorífico Mercosul, para analisar o
que a honraria significa: “O prêmio
é equivalente ao grande campeonato da raça na Expointer.” Ela explica ao frisar que a AML sempre voltou-se à produção de carne visando
o novilho precoce. “Nossa prioridade sempre foi o melhoramento genético, desde os tempos da Cabanha
Azul trabalhávamos voltados para a
produção de gado de abate e novilhos, visando carne. Quando começou o Programa Carne Angus Certificada fomos logo participar, pois
uma nossas das preocupações sempre foi proporcionar entrega de carne ao varejo com uniformidade e boa
cobertura de gordura para atingirmos outros mercados, inclusive o
externo.” (Luciana Bueno - Assessoria de Imprensa ABA)
Palestra e
degustação
na Casa do
Veterinário
Dia 26 de agosto, durante a
Expointer 2007, a Associação Brasileira de Angus realizou palestra
sobre o Programa Carne Angus
Certificada. O evento aconteceu
na Casa do Veterinário, a convite
do Conselho Regional de Medicina Veterinária, reunindo cerca de
60 pessoas, representando onze
Conselhos de Medicina Veterinária do Brasil.
A palestra foi ministrada pelo
técnico do Programa Carne
Angus, médico veterinário Fábio
Medeiros, que apresentou e esclareceu a respeito do Programa, salientando o trabalho desenvolvido pela entidade desde 2003. Após
a palestra, a ABA fez degustação
da carne Angus aos participantes,
que ficaram impressionados e elogiaram o produto por seu sabor e
maciez.
Setembro/Outubro de 2007
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Setembro/Outubro de 2007
CONSELHO TÉCNICO
Setembro/Outubro de 2007
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Escolha o touro certo para o seu rebanho
A seleção de touros é a principal ferramenta para modificar o potencial genético do rebanho.
• Defina seus objetivos de produção
(utilize da informação dos DEP´s de seus animais, indicadores de eficiência reprodutiva do
rebanho, pesos de desmame, abate, etc);
• Entenda bem seu ambiente e sistema
de produção (especialmente a disponibilidade de alimento);
• Determine suas metas (diminuir problemas de parto, incrementar a eficiência
reprodutiva do rebanho, diminuir ou aumentar o tamanho dos animais, melhorar o peso
de abate e terminação dos animais, etc).
Procura do touro adequado:
• Busque propriedades que trabalham com
programas de seleção e melhoramento
genético (PROMEBO);
• Valorize animais que possuam dados de
performance e DEP‘s;
• Utilize touros com DEP‘s zero ou negativas para Peso ao Nascer para novilhas.
• Privilegie animais com bom Perímetro
Escrotal (PE touros 1 ano > 30 cm). O PE é
um excelente indicador de fertilidade dos touros e há uma forte correlação genética entre
PE e a puberdade de novilhas.
LEMBRE-SE:
• É praticamente impossível um touro ser
superior para todas características. O mais adequado é identificar reprodutores que supram
as demandas específicas de seu rebanho.
• Características de crescimento (peso
ao desmame, ganho de peso) possuem alta cor-
relação com o tamanho adulto. Os aumentos
de tamanho e exigências nutricionais sem o
proporcional aumento de disponibilidade de
alimento, acarretam e redução da eficiência
reprodutiva do rebanho e aumento nos problemas de parto.
• Frame (estatura) e musculosidade
são características altamente herdáveis e com
importância econômica.
• Observe o temperamento e a correção estrutural do animal (conformação,
aprumos, etc). Animais com bons aprumos
exercem melhor sua função (monta) e tem
maior vida útil.
• Solicite o Exame Andrológico dos touros e repita anualmente o exame 60 dias antes
da estação de monta.
• Informe-se sobre as doenças regionais
da procedência dos touros (Tristeza Parasitária Bovina, Hemoglobinúria Bacilar, Raiva,
Plantas Tóxicas, etc) e planeje um programa
preventivo.
• Compre sempre touros registrados
e marcados (P e CA). Pois estes animais
tem o aval da Associação Brasileira de Angus
e passaram por um processo de seleção rigoroso. Touros Dupla Marca (PP, CACA) são
comprovadamente melhoradores.
• Na compra de sêmen de preferência
aos touros superiores no SUMÁRIO DE
TOURO ANGUS 2007 – PROMEBO/
ANC.
• Busque a orientação dos Técnicos da
ABA.
Seleção eficiente de reprodutores
(Adaptado
de Arroyo,
2007)
Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato
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SERVIÇO
Setembro/Outubro de 2007
Terneiro Angus Certificado
Com o objetivo de promover, diferenciar e valorizar o terneiro Angus e cruza Angus,
a Associação Brasileira de Angus está lançando o Terneiro Angus Certificado. Os objetivos
do programa incluem agregar valor ao terneiro Angus e cruza Angus, fomentar a utilização de touros registrados CA
e PO, direcionar a produção de terneiros ao Programa Carne Angus Certificada, além de induzir à pré-seleção de
ventres de origem desconhecida. Em resumo, o objetivo é valorizar o produto e o usuário da genética Angus.
E
sta ação, lembra o presidente do
Conselho Técnico da ABA,
Ricardo Macedo Gregory, vem
num momento favorável de valorização de toda a cadeia produtiva da carne, a começar pelo terneiro Angus, seguindo pelo boi gordo e atingindo a
Carne Certificada. Num primeiro momento, cresce a utilização de sêmen de
touros provados e de touros
registrados. Num segundo momento,
a maior oferta de terneiros certificados
será uma garantia de mercado para
terminadores / confinadores, que ainda têm alguma dificuldade para a obtenção de animais de genética Angus.
A ABA vai manter um banco de
dados simples dos rebanhos e dos brincos distribuídos, permitindo rastrear a
disponibilidade de terneiros certificados no mercado. O brinco, de pequeno formato, terá numeração
seqüencial, a um custo unitário de R$
1,00, acompanhando os animais até o
fim da vida. O modelo é uma adaptação de programas da Argentina e Estados Unidos, bem como outros países
que acompanham a produção desde o
nascimento.
Segundo o assessor técnico da
ABA, Dimas Rocha, o produtor de
terneiros já sabe que ganha em eficiência ao utilizar o sêmen ou a cobertura com touros Angus registrados, mas
não tinha nenhuma certeza da conti-
Os animais desmamados na primavera de 2007
formarão o primeiro lote de Terneiros Certificados
nuidade de seu trabalho. Atualmente,
terneiros com este perfil são valorizados em pelo menos 5% acima das demais raças, nas principais feiras de
terneiros dos últimos dois anos. Com
a certificação do terneiro, o produtor
de terneiros poderá encaminhar estes
animais aos produtores de Carne
Angus Certificada, agregando ainda
mais valor ao seu produto.
Os lotes de terneiros vão receber o
Certificado Coletivo de Lote de
Terneiros Angus e Cruza Angus na
inspeção técnica da desmama, por técnicos credenciados da ABA. Entre os
pré-requisitos da certificação dos
terneiros, os participantes precisam
comprovar o uso de touros registrados
ou sêmen, comprovados por cópia do
registro definitivo dos animais ou nota
fiscal do sêmen.
Com a certificação, cujos dados
vão para o banco de dados da ABA, a
entidade passará a ter um controle da
produção Angus, desde a venda do sêmen, até a venda da carne no varejo,
fechando o ciclo da cadeia produtiva.
“O produtor de terneiros será mais um
elemento do ciclo a ganhar mais com
a valorização da carne”, destaca Dimas
Rocha.
O professor Júlio Barcellos, do
Núcleo de Estudos em Sistemas de
Produção de Bovinos dce Corte e Cadeiras Produtivas, do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal do
Bloco de Anotações e Caderneta Angus 2007
Rio Grande do Sul, aprova a medida e
afirma: “A certificação da qualidade
genética dos produtores de terneiros só
vêm a agregar no sistema produtivo,
pois é uma acreditação através de empresas idôneas que atestarão a real e conhecida qualidade da raça Angus como
produtores de carne de qualidade”.
O produtor de terneiros, observa
Júlio Barcellos, “será estimulado no
sentido de que ele é a estrutura mais
importante em toda cadeia produtiva,
pois é o principal responsável pela disseminação da boa qualidade genética
nos terneiros que futuramente produzirão a carne de qualidade”. Além disso, a criação de um banco de dados
com potenciais vendedores, além de
reduzir os custos das transações comerciais, ainda possibilitam aos produtores de terneiros Angus Certificados
atingir mercados maiores, de âmbito
nacional, ao invés da comercialização
regionalizada que acontece atualmente, possibilitando preços ainda melhores.
Outro ganho importante, observa
Ricardo Gregory, promete ocorrer diretamente no Brasil Central, onde há
enorme potencial de crescimento para
o Programa Carne Angus. Entretanto, diz Gregory, naquela região há uma
premente necessidade de difundir a
raça Angus, que já possui demanda
direcionada por programas de carne e
restaurantes que buscam carne diferenciada. O Terneiro Certificado, portanto, poderá tornar-se um produto com
garantia de procedência e de qualidade, ambicionada por terminadores /
confinadores.
II Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 4 e 5 de outubro – Formigueiro – RS
Sempre buscando estar junto ao criador,
a Associação Brasileira de Angus (ABA) lançou publicações que visam auxiliar no diaa-dia do criador. O Bloco de Anotações
Angus e a Caderneta Angus 2007 são instrumentos fundamentais, de grande utilidade prática e também excelentes veículos de
divulgação para os estabelecimentos. Ambos os produtos têm patrocínio exclusivo das
empresas Cambará Remates e Saltchê – Sal
ANIMAIS ENQUADRADOS
NO PROGRAMA:
Angus – Angus e Red Angus definidos (pretos e vermelhos), com o padrão da raça Aberdeen Angus, com
tolerância no item referente às manchas brancas. Serão permitidas manchas brancas em toda a extensão da linha inferior.
Cruza Angus – Brangus e Red
Brangus definidos; cruzamentos com
zebuínos: mínimo de 5/8 de sangue
Angus (RS); cruzamentos com
zebuínos: mínimo de ½ sangue Angus
(outros Estados); cruzamentos com
raças européias: mínimo de 50% de
sangue Angus.
Neste padrão de cruzamentos, as
principais pelagens que ocorrem são:
preta, osca, tapada, fumaça, amarela,
pampa preta, mascarada preta, mascarada vermelha, brazina e vermelha. Os
animais selecionados devem ser mochos, preferencialmente rastreados e os
machos obrigatoriamente castrados.
Feiras de Terneiros Oficiais – 2007
Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e
Vaquilhonas - 28 de setembro a 7 de outubro – Cruz
Alta – RS
Mineralizado.
No bloco de anotações elaborado
pela ABA constam informações indispensáveis e de fácil consulta, dispostos de forma dinâmica, como Tabela
de Gestação, Tabela de Nascimentos e anotações em geral.
A Caderneta Angus 2007 traz informações úteis e necessárias ao criador.
Especificações sobre registros PO e PC, Programa Carne Angus, Promebo, além de
marketing exposições e leilões. O criador
também conta com dicas para escolher
reprodutores, manejo pós-compra de touros
Angus, entre outras informações.
Considerando os nascimentos de
outono, a primeira produção de
Terneiro Certificado deverá chegar ao
mercado nesta primavera. A
certificação ocorre na desmama, no
âmbito da propriedade, por um técnico da ABA. Entretanto, os lotes mais
expressivos deverão chegar às pistas de
remates no próximo outono, com a
certificação dos animais nascidos nesta primavera. Já está agendada a realização da primeira feira do Terneiro
100% Certificado no próximo outono, durante a Fenasul, em Esteio/RS.
II Feira de Terneiros e Terneiras de Primavera - 4 e 5
de outubro – Jaguari – RS
XXIV Feira de Primavera de Terneiros de Corte - 5 e
6 de novembro – Lavras do Sul – RS
V Feira de Terneiros de Primavera - 6 e 7 de
novembro – São Sepé – RS
XXXIII Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e
Vaquilhonas - 7 a 9 de novembro – Bagé – RS
V Feira de Reprodutores, Terneiros, Terneiras e
Vaquilhonas - 9 e 10 de outubro - S. Vicente do Sul - RS
IX Feira de Primavera de Terneiros, Terneiras e
Vaquilhonas - 7 e 8 de novembro – Pinheiro Machado
– RS
XL Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 10 a 14 de outubro – Santiago – RS
IV Feira de Terneiros de Primavera - 8 e 9 de
novembro – Santana da Boa Vista – RS
III Feira de Terneiras e Vaquilhonas de Primavera
17 a 22 de outubro – Canguçu – RS
III Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 9 e 10 de novembro – São Gabriel – RS
VI Feira de Terneiros de Primavera - 19 a 23 de
outubro – Encruzilhada do Sul – RS
I Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 12 e 13 de novembro – Alegrete – RS
XXII Feira de Terneiras e Terneiros de Primavera
19 a 21 de outubro - Santo Ângelo – RS
XXX Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 12 e 13 de novembro – Cachoeira do Sul
– RS
I Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 24 e
25 de outubro – Restinga Seca – RS
IV Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas de
Primavera - 28 e 29 de outubro – São Francisco de
Assis – RS
VI Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas - 7 a 9
de dezembro – Quarai – RS
(Fonte: Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Rio Grande do Sul – Serviço de Exposições e Feiras)
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Setembro/Outubro de 2007
CONSELHO TÉCNICO
Melhoramento
genético Angus
Reunião dos
Técnicos da ABA
Fotos: Felipe Ulbricht
É
com satisfação que passamos às
suas mãos o Sumário de Touros ANGUS 2007 ANC/
PROMEBO. Este sumário é o resultado final do programa de avaliação
genética da associação, que é executado pela a ANC - Herd Book Collares.
Ele nos demonstra, através das DEP’s
o desempenho dos touros pais utilizados nos rebanhos submetidos às avaliações nos últimos anos, sejam eles PO
ou PC.
Razões para você utilizar o sumário como a sua principal ferramenta de seleção
seleção:
- Mostra de forma objetiva (DEP´s)
a informação do desempenho dos touros para características herdáveis e de
importância econômica (peso ao nascer, desmame, pós-desmame, perímetro escrotal, habilidade materna,....).
Coleta de material para genotipagem por DNA foi um dos assuntos
Presidente da ABA, José Paulo Dorneles Cairoli, recebe o Sumário
das mãos do presidente da ANC, José Roberto Pires Weber, e do
coordenador técnico do Promebo, Leonardo Talavera Campos
Com isso podemos saber o que esperar da progênie de um reprodutor
quando comparada com a progênie de
outro.
- Permite escolhermos o touro com
base na característica que mais interessa ao nosso sistema de produção.
- Melhora nossa precisão de seleção
- A Dep fornece a melhor descrição de um animal, permitindo diferenciarmos o que é genético no animal,
portanto potencial que passará para
seus filhos, do que é ambiental.
Não aposte no escuro. Seja você
também um criador e selecionador de
vanguarda que trabalha em cima de
resultados: participe do Promebo e
consulte o Sumário para eleger seus
reprodutores (touros ou sêmen). Você
estará colaborando para o sucesso duradouro da raça Aberdeen Angus.
O Lançamento do Sumário foi dia
30 de agosto quinta-feira no Stand da
ANC durante a Expointer 2007.
O Sumário de Touros Angus 2007
já foi remetido a todos os associados,
participantes do PROMEBO e Produtores Carne Angus, e esta a disposição
dos demais interessados na sede da ABA.
Durante a reunião com os técnicos da ABA, realizada dias antes
da Expointer 2007, dois assuntos dominaram a pauta: a coleta de
material para genotipagem por DNA e o lançamento do Terneiro
Angus Certificado. Segundo o assessor técnico da Angus, Dimas
Rocha, a coleta de material para genotipagem por DNA (normalmente pêlo) para envio ao laboratório será de responsabilidade dos
técnicos da ABA. Eles também ficarão responsáveis em orientar
seus atendidos criadores de PO quanto aos prazos e animais a serem genotipados por DNA.
O Conselho Técnico da ABA lembra que todos os touros-pais
a serem utilizados a partir de 1º de agosto de 2007 em plantéis PO
(monta natural, monta controlada e inseminação artificial), deverão ser obrigatoriamente genotipados (teste de DNA). A primeira
coleta já foi realizada pela Comissão de Técnicos durante a Expointer
2007.
Com relação ao Terneiro Angus Certificado, a inspeção técnica
será realizada pelo Corpo Técnico da ABA. Este programa vem
para atender o usuário de genética Angus, o produtor de terneiros.
VANTAGENS DE COMPRAR UM TOURO MELHORADOR
Simulação de investimento e retorno na aquisição de um reprodutor avaliado geneticamente e
melhorador. Todos os cálculos são baseados na moeda Kg de boi gordo.
EM PESO VIV
O (Kg)
VIVO
EM ARROBAS
Valor de aquisição
1500
50
Valor de descarte
500
16,7
1000
33,3
Valor do investimento no touro
Diferença de ganho de peso entre progênies*
Número de terneiros produzidos na vida útil do touro (23 x 4anos)
Média de peso dos produtos (M e F) filhos de touros comuns (desmama)
Kg produzidos a mais pela progênie do touro superior / produto (180 x 10%)
Total de Kg produzidos a mais pela progênie do touro superior (84 x 18)
Vantagem em Kg de Boi Gordo somente pela diferença obtida com um touro melhorador
* De acordo com as médias de touros positivos avaliados pelo PROMEBO
10%
92
180
6
18
0,6
1656
55,2
656
21,9
Avaliando a figura acima podemos quantificar em kg as vantagens de
utilizar sêmen de touros superiores que promovem o melhoramento
genético de nosso rebanho. O impacto da aplicação da Inseminação
Artificial a Tempo Fixo (IATF) em um sistema de gado de cria comparado
com a monta natural, é possível verificar o maior peso à desmama dos
terneiros oriundos de IATF. Este peso é resultado da melhor genética
empregada e da maior idade dos terneiros (Adaptado de Cutaia, 2003).
Ciranda
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EXPOINTER
Angus na Expointer: espetacular
Como diria o vivente, lá na fazenda, quando perguntado sobre o desempenho da Angus nesta 30ª Expointer:
“melhor que isso, só dois isso”.
Pois para o deleite e orgulho de todos os criadores, investidores e amantes da raça Aberdeen Angus, todas as
expectativas que se desenhavam para o show Angus nesta Expointer mais do que se confirmaram, no período de 25 de
agosto a 3 de setembro. A começar pelo vigor demonstrado pelos criadores, que não mediram esforços (e todos sabem
o custo disto) para deslocar e apresentar em pista os seus animais – seja na cada vez mais importante área de rústicos
ou nas disputadas filas das argolas.
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
A disputada fila do Grande Campeonato dos machos: muita torcida de um grande e entusiasmado público
N
úmeros recordes: 268 exemplares de argola, pertencentes a 45 expositores - 93
machos e 166 fêmeas e mais 9 fêmeas
para a vibrante Copa Incentivo.
Comparando com 2006, o crescimento da representação arranhou os 10%.
E nos rústicos, 40 machos e 40 fêmeas entre PO e PC, apresentados por
14 expositores.
E, registre-se já, que a Expointer
também cumpriu muitíssimo bem
uma de suas importantes funções: ser
o termômetro comercial para a temporada de remates da Primavera.
Senão, vejamos: o leilão VI Angus
Rústico do Sul, que abriu o curcuito
comercial Angus já no início da
Expointer, totalizou R$ 322 mil, com
médias e valores individuais de efeti-
vo destaque. E depois de conhecidos
os campeões de argola, o glamuroso
leilão Golden Angus faturou R$
278,6 mil, também com médias e
valores individuais de exceção.
Com o resultado, a raça
comercializou em seus dois eventos na
Expointer R$ 600,6 mil, confirmando a previsão de superar R$ 600 mil,
feita na véspera pelo presidente da
ABA reuniu novos sócios na Expointer
Foto: Felipe Ulbricht
Uruguaiana, RS, Frederico Pons Fittipaldi, e da
Cabanha e Estância
Coronado, de Hulha Negra, RS, José Luiz Borges
Germano da Silva.
Conforme Rubem
Prates, que tem intenção
de se especializar na proNovos sócios foram recebidos pela diretoria da ABA dução de touros da raça, a
beleza racial e a fertilidaA Associação Brasileira de Angus de da Angus são as qualidades que
(ABA) recepcionou, durante a mais chamaram sua atenção. Ele reExpointer, novos sócios e investido- lata que em 2003 adquiriu o primeires da raça. O presidente da associa- ro touro, durante o leilão da ABN
ção, José Paulo Dornelles Cairoli e Agropecuária (de Santiago, RS), prooutros diretores da entidade estiveram priedade do ex-presidente da ABA
reunidos com os proprietários da Fernando Bonotto, por indicação do
Cabanha Boca Negra, de Cachoeira amigo e produtor José Carlos Fuentes,
do Sul, RS, Rubem César Prates; da também de Cachoeira do Sul.
Cabanha Santa Ângela, de
Frederico Fittipaldi revelou que no
ano passado, ao adquirir um plantel
Angus PC, começou a criar na Fronteira-Oeste animais da raça tanto de
pelagem preta como vermelha. Hoje
tem Angus PO e PC na cabanha.
Já José Silva destaca que a projeção da raça na pecuária nacional, aliada à proximidade de amigos criadores, como o proprietário da Cabanha
Catanduva (de Cachoeira do Sul/RS),
Fábio Gomes, o levaram a se aproximar da Angus. O rebanho da
Coronado é composto, principalmente, por animais de pelagem vermelha.
O diretor financeiro da ABA, Fábio Gomes, e o coordenador de exposições da associação, Luiz Walter
Leal Ribeiro, recepcionaram os novos
sócios com um almoço no estande da
Angus, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
Associação Brasileira de Angus (ABA),
José Paulo Dornelles Cairoli. “Isto
comprova o excelente momento e a
solidez da raça no mercado”, avaliou
o dirigente.
TUDO PRONTO
PARA O SHOW
Criadores e seus animais já no
cada ano melhor aparelhado Parque
de Exposições Assis Brasil, e realizados pela preparada equipe da Angus
os exames de admissão (cada vez mais
esmerados), o palco estava montado
para as estrelas de uma das maiores
festas de trabalho do campo brasileiro e por certo do Mercosul: a vibrante escolha dos melhores da Expointer.
Lembrando daquela célebre frase
que diz: “em casa, todos têm um campeão”, a partir da formação das filas
de pista – e daquela sutil e nervosa
revisada pelos criadores para verificar
ao vivo e a cores o que lhes havia preparado a concorrência – os mais atilados já faziam idéia de quem eram
seus verdadeiros adversários nas disputas.
E os animais, escolhidos a dedo
nas cabanhas, muito bem preparados,
apresentados com excelência e conduzidos em pista por tratadores de
muita estrada no corpo, com direito
a todos os macetes dos mestres para
mostrar a melhor figura do animal ao
jurado, se foram à pista.
DE OLHO NO JURADO
Pois a partir daí, pensamentos,
expectativas, torcidas apaixonadas era
praticamente tudo o que ocupava os
pensamentos dos criadores e suas fa-
mílias. Mas, olho no jurado, porque
é dele a decisão final, passo a passo,
desde as categorias, até o tão esperado tapa no quarto traseiro, que denuncia os campeões e antecede a gritaria antes reprimida da participante
platéia, que durante todo o tempo,
cercou a pista de gente.
Começava o maior espetáculo da
terra: caminhando só no miolo da
pista, olhando de vários ângulos, sentindo os contornos dos animais com
as mãos, fazendo-os caminhar para lá
e para cá, lá estava aquele que naqueles momentos, roubava os pensamentos de todos: o jurado, apetrechado,
naquele momento, de seus poderes
máximos sobre a vitória.
O argentino Nelson Ariel
Macagno, experiente em pistas pesadas e pleno conhecedor da raça, ao
final de suas escolhas, com certeza não
agradou a todos, mas teve a aprovação da maioria dos criadores. Portouse como um criador no campo, selecionando os melhores indivíduos de
um rebanho de primeiríssima linhagem. Ele foi indicado à Associação
Brasileira de Angus (ABA) pelos expositores da Expointer em votação
específica para esta finalidade. Os criadores acreditam que os objetivos de
seleção assim como as condições de
criação da Argentina são similares ou
próximas da maioria dos criadores de
Angus no Brasil. E também porque
os brasileiros utilizam bastante a genética Argentina e a consideram apropriada ao nosso ambiente, ao sistema
de produção e ao mercado.
Genética Angus é doada
para pecuarista familiar
Um touro Red Angus PC foi doado para um produtor de Mostardas
que integra o Programa Estadual de Pecuária Familiar da Emater/RS. O
animal foi doado pela GAP Genética no espaço da Emater na Expointer
2007, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). Segundo o
diretor comercial da GAP, João Paulo da Silva (Kaju), a iniciativa tem o
objetivo de melhorar a produtividade e também a padronização do rebanho da pecuária familiar. “O animal é um reprodutor testado que foi doado para ser sorteado entre aqueles produtores que não tem condições de
participar dos leilões”, comentou sobre o Red Angus de três anos estimado
em aproximadamente R$ 4,5 mil. O produtor sorteado foi Cézaro Colares
que concorreu com produtores de cinco regionais do Programa Estadual de
Pecuária Familiar da Emater, no total de 440 inscritos.
Segundo o assistente técnico estadual em Pecuária da Emater/RS, José
Carlos Paiva Severo, essas iniciativas são “uma importante ferramenta de
melhoria da qualidade dos produtos oriundos da Pecuária Familiar, assegurando a inserção deste público no mercado”. No período de 2003 e 2006, o
programa distribuiu sob diferentes formas de comercialização 750 touros
melhoradores.
(Jorn. Luciana Bueno - Assessoria de Imprensa ABA)
Setembro/Outubro de 2007
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EXPOINTER
Fotos: Felipe Ulbricht
Prêmio da ABA ao
melhor cabanheiro
Na entrega do prêmio, da esquerda para a direita: Luiz Carlos Guasso,
José Severo, Luiz Walter Ribeiro e Andrei
J
osé Adriano Vieira Severo não esperava ser o escolhido como o
Melhor Cabanheiro de Angus da
Expointer 2007. “Nós fazíamos nossa
parte no trabalho com os animais e
procurávamos sempre ajudar os outros,
como uma equipe”, resumiu o
cabanheiro, atribuindo este seu comportamento como maior responsável
por ter sido indicado para a premiação.
“Foi minha receita de sucesso”, vibrou.
Severo trabalha na Cabanha São
Bibiano, de Antonio Martins Bastos
Filho, em Uruguaiana, RS, há apenas
três anos como tratador responsável
pela equipe da cabanha. Ele obteve o
reconhecimento por sua performance
em votação realizada pelos técnicos da
Associação Brasileira de Angus (ABA).
Ao receber a distinção promovida
pela ABA, José Severo dividiu a
premiação com os demais colegas da
Cabanha São Bibiano. “É muito bom
em tão pouco tempo ser reconhecido
como o melhor cabanheiro da
Expointer. Quando recebi a indicação,
agradeci também a todos da São
Bibiano”, fez questão de destacar, sobre o trabalho que desempenhou com
mais dois funcionários na Expointer.
Entre os diferenciais valorizados
pelo Corpo Técnico da ABA para a escolha, estão a amizade com os demais
cabanheiros, a limpeza do corredor dos
boxes e o constante cuidado com os
animais, além da participação em reuniões, a preparação e a apresentação dos
animais na pista dos Julgamentos de
Classificação e, na chegada ao parque,
o acompanhamento de toda a fase de
exames de admissão dos exemplares da
cabanha, sempre uma das primeiras a
chegar com seus animas para a
Expointer.
O tratador foi homenageado no
estande da ABA, no parque de exposições Assis Brasil, durante a Expointer,
na presença de seus colegas, da equipe
técnica da Associação Brasileira de
Angus, criadores e de dirigentes da
entidade. Como recordação, além do
troféu, José Severo recebeu um kit
Angus composto por camiseta, colete
e boné da ABA.
Prato cheio e muitos elogios
Restaurante da Angus serviu mais de
800 quilos de carne certificada
A Carne Angus foi sucesso total
na Expointer 2007. Durante a exposição foram servidos mais de 800 quilos do produto em um cardápio diversificado, elaborado pelo ecônomo
do restaurante, Jorge Antônio
Kowalczyk.
Conforme o ecônomo, que há
quatro anos administra o estabelecimento, nesta edição da feira a qualidade da carne Angus superou todas
as expectativas de qualidade, sendo
altamente selecionada, saborosa e
macia. “Recebemos vários elogios e os
clientes ficaram muito satisfeitos”,
orgulha-se Kowalczyk.
Segundo ele, somente no dia 1º
de setembro o restaurante registrou
79 esperas para as mesas que permaneceram lotadas o dia inteiro.
Os pratos mais pedidos e apreciados neste ano foram a picanha acompanhada de risoto zuchinni e o assado de tiras com batatas ao molho.
Neste último, foi servido cerca de 500
gramas de carne por prato.
Setembro/Outubro de 2007
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18
EXPOINTER
Setembro/Outubro de 2007
Nos Rústicos PO, vitórias da
Rincon del Sarandy e GAP Genética
Foi da Rincon del Sarandy, propriedade da criadora Cláudia Indarte Silva, em Uruguaiana, RS, o Trio Grande Campeão Rústico de Machos PO da
raça Aberdeen Angus nesta Expointer. A premiação foi obtida com o lote 5
(tatuagens 959, 925, 0902). O reprodutor 0902 foi escolhido como o Melhor Touro Rústico PO, no julgamento realizado no início da Expointer,
pelo jurado argentino Nelson Ariel Macagno.
A
criadora atribuiu o resultado
à sintonia e dedicação da equipe que administra há 11 anos,
desde que iniciou as atividades em sua
propriedade. “É um trabalho de equipe, que reúne família e funcionários,
tudo com muita transparência, observando etapas que começam no
acasalamento, inclui melhoramento genético e condições de trabalho”, sintetizou Cláudia Silva.
Nas fêmeas, a GAP Genética, de
Uruguaiana, RS, foi a vencedora, com
o Trio Grande Campeão Rústico PO lote 13 (tat. 2870, 2820-2095, 27701669). O exemplar 2770 sagrou-se
como a Melhor Fêmea Angus a campo.
“A uniformidade exigida no julga-
mento de classificação do Angus Rústico do Sul é um ponto em comum com
o trabalho exercido pela GAP”, comparou o diretor comercial do estabelecimento, João Paulo Schneider da Silva
– o Kajú. “Como temos que apresentar
três animais para julgamento, temos que
trazer indivíduos do mesmo padrão e
isso vem ao encontro do que a GAP procura: assegurar a uniformidade do gado
que produz”, justificou o dirigente da
GAP.
Nos machos, o Trio Reservado de
Grande Campeão PO foi o lote 1 (6523,
6521, TE6519) da Cabanha São
Bibiano, Uruguaiana, RS, de propriedade de Antonio Martins Bastos Filho.
O Trio Terceiro Melhor Macho PO foi
Lote Grande Campeão Machos PC
Fotos: Felipe Ulbricht
Lote Grande Campeão Machos PO
o lote 07 (5038, 5032, 5003), da Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS,
de Roberto Soares Beck.
Nas fêmeas, o Trio Reservado de
Grande Campeão PO foi o lote 14
(TE76, TE74, TE67), da Cabanha
Cristaldo M3K, de Viamão, RS, do criador Lindo Cristaldo. E o prêmio de
Trio Terceira Melhor Fêmea PO foi
para o lote 10 (6023, 6020,6013), da
Estância do Espinilho, Cruz Alta, RS,
do selecionador Roberto Soares Beck.
Lote Grande Campeão Fêmeas PO
Maipu e Rincon del
Sarandi brilharam nos PC
Motivação, competitividade marcaram a
exposição de rústicos PC
Nos animais PC, destaque para
a Agropecuária Maipu, de Ibirubá,
RS, que faturou pelo terceiro ano
consecutivo o campeonato dos machos. O trio Grande Campeão Rústico de Machos PC, lote 17 (371,
341, 357) foi apresentado pelo criador Alberto de Abreu Medeiros.
Segundo ele, a conquista do prêmio
resulta dos investimentos em genética e da dedicação na seleção da
raça, que é realizada há 15 anos. “É
um cuidado que passa pela equipe
de funcionários e por muito traba-
lho”, disse.
Nas fêmeas PC, destaque para
o lote 19 (540, 533, 510) da
Cabanha Rincon del Sarandy, que
ficou com o título de Trio Grande
Campeão Rústico de Fêmeas PC.
A melhor fêmea a campo PC foi a
de tatuagem 510.
Como Trio Reservado de Grande Campeão Rústico de Machos
PC, venceu o lote 18 (P160, P139,
P124),
apresentado
pela
Agropecuária Corrêa Osório Cabanha Paipasso, de Quaraí, RS.
Lote Grande Campeão Fêmeas PC
Incentivo, como aperitivo
Cerrito GV 1268 Discutido Quebracho,campeã da III Copa Incentivo
Tudo começou pela III Copa Incentivo,
onde a grande vencedora deste ano foi a Estância Cerrito, de Itaqui, RS, com a terneira
Cerrito GV 1268 Discutido Quebracho, eleita a Grande Campeã. “Só participar do jul-
gamento já é gratificante, mas vencer é mesmo
maravilhoso”, disse o proprietário da fêmea de
nove meses, o criador Getúlio Dornelles Vargas,
que faturou a sua primeira escarapela na raça
Aberdeen Angus. Satisfeitíssimo, ele já avisou:
“no ano que vem a terneira deve estar prenha e
vai estar novamente em pista”. Orgulhoso pela
vitória, ele informou que vem investindo na
raça desde 2006 e que pretende trabalhar com
transferência de embriões.
A Reservada de Grande Campeã da Copa
Incentivo foi a terneira Ulbra 03 Precision
Canyon TE. Foi levada à pista pela Cabanha
Ulbra, da Universidade Luterana do Brasil
(Ulbra), de Canoas, RS. Feliz da vida com o
feito da jovem fêmea, a veterinária e diretora
de Ciências Agrárias da Ulbra, dra. Norma
Centeno Rodrigues, disse que a terneira pertence ao rebanho da universidade, que é tocado pelos próprios alunos do curso de Medicina
Veterinária.
“Como o próprio nome diz, é um grande
incentivo para nós, porque os alunos se envolvem pra valer e aprendem muito com a prática”, revelou. “Tivemos até torcida organizada
e tudo isto resulta do foco em melhoramento genético e do trabalho com tecnologia de
ponta, como a transferência de embriões”,
empolgou-se a diretora.
O prêmio de Terceira Melhor Fêmea da
Copa Incentivo ficou para Maipu 02
Brigadier Justina TE, da Cabanha Maipu,
de Ibirubá, RS. “Foi um resultado animador, que nos incentiva a participar mais e
aperfeiçoar a cada momento o trabalho de
equipe”, disse o expositor e criador Alberto
de Abreu Medeiros, já consagrado nas pistas
de animais a campo.
Criada para impulsionar a iniciação de
novos expositores, a III Copa Incentivo reuniu nove animais, apresentados por seis expositores. O jurado Nelson Ariel Macagno
elogiou a qualidade e a dedicação do trabalho dos criadores e se impressionou com a
animação dos expositores na pista.
Setembro/Outubro de 2007
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Setembro/Outubro de 2007
EXPOINTER
Nas fêmeas, o início das grandes disputas
Na pista para a escolha das melhores fêmeas de argola, depois de filas e
criteriosas avaliações, uma novilha de 23 meses chamou a atenção do jurado
Nelson Ariel Macagno. Era Notada 327 da Corticeira, fêmea que ele elegeu
como Grande Campeã Angus da Expointer.
O cobiçado título resultou e muita comemoração para o criador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Luiz Anselmo
Cassol e sua equipe, proprietários da
Cabanha da Corticeira, de São Luiz
Gonzaga, RS, e também para a GB
Agropecuária, do parceiro famoso de
Cassol, Carlos Eduardo dos Santos
Galvão Bueno (o apresentador de TV
Galvão Bueno), estabelecido em
Porecatu, PR.
“Esta fêmea tem enorme semelhança com a Grande Campeã da
Exposição de Palermo 2007, na Argentina. É uma vaca completa, muito feminina e de muito boa musculatura”, descreveu, sinteticamente, o
jurado.
Foi o primeiro grande campeonato conquistado por Anselmo Cassol
numa Expointer. “Eu sinceramente
não esperava, porque é sempre bom
manter cautela, mas Notada é muito
feminina e já havia despontando na
pista de Esteio. Na Expointer do ano
passado foi Campeã Terneira”, disse
o dirigente e criador. “Ela está prenha
do touro Discutido e deverá parir até
o final de setembro, informou Cassol.
A Cabanha Paineiras, do Condomínio Flávio Bastos Tellechea, de
Uruguaiana,RS e a Fazenda Castelo,
de Jandir Ribas, em Osório,RS, levantaram o título de Reservada de
Grande Campeã da raça, com a vaca
jovem Paineiras Greco Harmony
4775. O jurado Nelson Macagno
chamou a atenção para a excelente
conformação do animal.
Satisfeita com a conquista, a criadora e veterinária Mariana Tellechea,
uma das proprietárias da Paineiras que este ano realiza o seu 50º remate
anual – já avisou que a fêmea vai
retornar às pistas de Esteio em 2008,
para novamente disputar o Grande
Campeonato. “É o primeiro grande
prêmio dela, que é filha da bi-grande
campeã Paineiras Gran Canyon
Dorothy com El Greco, grande campeão da Exposição de Londrina”, situou a criadora.
Os criadores Fábio e Fabiana
Gomes também brilharam. A
Cabanha Catanduva, de sua propriedade, em Cachoeira do Sul, RS, faturou o prêmio de Terceira Melhor Fêmea Angus na Expointer.
Filha de Catanduva TE 213
Nostradamus K Rob TE 12, a terneira
Catanduva 1239 Querência TE 213-
TE004 foi apontada pelo jurado Nelson Macagno como uma grande aposta para os próximos campeonatados
da raça. “É uma espetacular terneira,
muito musculosa e apresentando boa
conformação”, observou o argentino.
O criador Fábio Gomes, seguindo seu estilo, não deixou por menos
e comentou que ver sua terneira competindo com animais adultos já foi
uma distinção. “Fico satisfeito, pois
das cinco finalistas, três tinham genética da Catanduva, o que mostra a
consistência de nosso criatório”, assi-
nalou.
Os títulos do julgamento de classificação das fêmeas da raça Aberdeen
Angus foram entregues, em pista, pelo
presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), José Paulo Dornelles
Cairoli, acompanhado pelo presidente da Associação de Criadores de
Angus do Uruguai, Luis Fernandez e
pelo secretário da Agricultura do Rio
Grande do Sul, João Carlos Machado.
EXPOINTER
21
Setembro/Outubro de 2007
Nos machos, a consagração
Fotos: Felipe Ulbricht
Filas de altíssima qualidade, atenção da enorme platéia que cercava a
pista em todas as nuances do julgamento de Nelson Macagno e, finalmente, a consagração: a Cabanha
Azul, de João Vieira de Macedo Neto,
de Quarai, RS, justo no ano em que
está completando seu centenário, literalmente roubou a cena, garantiu o
Grande Campeonato da raça
Aberdeen Angus nesta Expointer.
Grande campeão, Garupá Tony 3380
O
jurado trabalhou bastante,
mas no final de sua atuação
confessou que o touro da
Azul Garupa 7444 Tony G3380, de
23 meses de idade, o conquistou logo
ao entrar na pista. Macagno admitiu
que a sua primeira impressão foi
mantida até o final da disputa. “Assim
como no julgamento de fêmeas, me
surpreendi com o Angus apresentado
em Esteio. O Grande Campeão tem
muito boa musculatura, profundidade e um excelente tamanho mediano,
ideal”, classificou.
“Este touro irá para coleta de sêmen e, após, vai participar de exposições no estado de São Paulo”, disse,
na pista, visivelmente emocionado, o
selecionador João Vieira de Macedo
Neto. Segundo ele, o reprodutor foi o
Grande Campeão da Exposição de
Outono de Uruguaiana deste ano e é
filho de um melhor touro rústico PO
da Expointer de alguns anos atrás. Sobre a vitória, Macedo Neto atribuiu os
méritos ao apoio de sua família e ao
correto e dedicado trabalho de sua
equipe.
O título de Reservado de Grande
Campeão da raça ficou com a Estância
Olhos D´Água, da Parceria
Agropecuária Antonino Souza
Dorneles, de Alegrete, RS, que apresentou nesta Expointer o terneiro ASD 530
Reservado Grande campeão, ASD 530 Brigadier Pandero
Brigadier Pandero. “Com um ano de
idade, agora ele seguirá sendo trabalhado para buscar o Grande Campeonato”, avisou Átila Leães Dorneles, um
dos proprietários da Olhos D´Água. Na
Exposição de Outono de Uruguaiana
deste ano, o tourinho ASD 530 já havia
despontado como Campeão Terneiro
Menor.
Átila Dorneles registrou a dedicação de dez anos selecionando a raça
como um dos motivos para o êxito
obtido este ano em pista. “Há nove
anos trazemos Angus para Esteio e este
é o primeiro grande título. É um esforço integral e também resultado de
investimento financeiro e pessoal, mas
3o Melhor Macho, CV1512 Larks Casamu
que compensa nessa hora”, vibrou ele.
E para o jurado argentino Nelson
Macagno, “é um animal com futuro
promissor”.
A Cabanha Vacacaí, de Alfredo
Southall, de São Gabriel, RS, ficou
com o Terceiro Melhor Macho, com a
apresentação do touro sênior CV1512
Larks Casamu, de três anos. Na avaliação de Macagno, “é um excelente touro”.
O jurado Nelson Macagno destacou a enorme qualidade e a uniformidade da raça. “Fui surpreendido, positivamente, com o que vi no Brasil. É a
primeira vez que julgo em Esteio e os
criadores têm de manter esse nível ge-
nético”, elogiou.
O presidente da ABA, José Paulo
Dornelles Cairoli, fez questão de assinalar o elevado nível de qualidade do
trabalho e a competência dos criadores a Angus. “Mostra que estamos no
caminho certo e que há um
direcionamento ao melhoramento genético e fomento da raça”, sintetizou
o dirigente.
A entrega da escarapela aos Grandes Campeões machos da Expointer
contou com a honrosa presença de
várias autoridades e dirigentes, com
destaque para a governadora do Estado do Rio Grande do Sul, Ieda
Crusius.
Negócios superam as expectativas
Até parecia que todos já esperavam, mas efetivamente aconteceu: o VI
Angus Rústico do Sul, que abriu a comercialização de Angus na Expointer,
logo no início da exposição, mostrou forte valorização dos machos e fechou
com um faturamento de R$ 322 mil. Em pista, a média foi de R$ 7.533,00.
Esta performance, somada à comercialização registrada no leilão Golden Angus,
que rendeu R$ 278,6 mil, totalizou R$ 600,6 mil e ficando acima dos R$ 600
mil que haviam sido prospectados pelo presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli.
Realizado na pista coberta J do
parque de exposições Assis Brasil, em
Esteio, RS, o Angus Rústico do Sul ficou acima até das mais otimistas expectativas dos criadores e vendedores.
O resultado representou um crescimento de 35,26% na comparação com
a edição de 2006. E foram negociados
56 animais, contra os 63 do ano passado. O destaque ficou para a vigorosa
valorização dos machos.
O valor médio fixado para os 30
touros ofertados foi de R$ 7.533,00,
bem acima da expectativa, por exemplo, do presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo
Dornelles Cairoli, que na véspera acreditava em R$ 5 mil por animal. “Se
tivesse pago R$ 6 mil já seria muito
bom”, avaliou o dirigente. Este valor
médio para os touros significa uma elevação de – vejam bem - 113% frente
ao preço médio registrado no mesmo
evento em 2006. Para o presidente da
ABA, a valorização dos machos reflete
a expansão do Angus no Estado. “Ti-
a criadora Cláudia Scalzilli, da Estância do Retiro, de Santa Maria, RS.
Cláudia é a atual presidente do Núcleo Central de Angus, com sede em
Santa Maria, RS. Moura destacou o
comprimento de lombo do animal,
que resulta em valor agregado de carcaça.
Campeão da Ex0pointer 2007. A média geral foi de R$ 12,113 mil e a média das fêmeas alcançou R$ 11,159 mil.
Não foi apenas um leilão de gado
de argola altamente selecionado que
teve “casa cheia”. O evento marcou
também uma grande confraternização
entre os criadores. Com o leilão de rústicos já realizado - com sucesso - e
vemos uma ofercom todos os campeões (rústicos
ta menor de anie de argola) já conhecidos e comemais e uma promorados, o cada vez maior grupo
cura maior pela
de criadores de Angus aproveitou
raça”, examinou.
para brindar ao sucesso da raça em
Mas a demanda
mais uma Expointer.
era mesmo pelos
Na pista, com o martelo nas
touros. As 26 fêmãos do competente leiloeiro Guimeas negociadas
lherme Minssem (com a retaguartiveram valor méda do escritório Knorr Remates),
dio de R$
o terneiro ASD 530 Brigadier
3.692,00.
Pandero foi valorizado em R$ 37,5
O animal
mil, ao ter 50% de sua propriedamais caro, valori- O melhor touro rústico PO da Expointer foi negociado por R$ 15
de (R$ 18,75 mil) arrematada pelo
mil pela Cabanha Rincon del Sarandy para a parceria Ponderosa/
zado em R$ 15 Estância do Retiro
selecionador paulista Eloy Tuffi,
mil, foi apresentaproprietário da Fazenda MC, em
NO GOLDEN ANGUS,
do pela Cabanha Rincon del Sanrandy,
Espírito Santo do Pinhal, SP. Tuffi ainGLAMOUR E AGILIDADE da adquiriu mais nove fêmeas durante
Uruguaiana, RS, de propriedade da
Tradicionalmente realizado à noi- o pregão.
selecionadora Cláudia Silva. Rincon
902 del Sarandy, eleito na manhã do te, no palco do restaurante internacioPara Pedro Crespo, responsável
mesmo dia pelo jurado argentino Nel- nal do Parque de Exposições Assis Bra- técnico pela área de reprodução da
son Ariel Macagno como Grande sil, durante a Expointer, o Leilão Fazenda MC, o investimento será usaCampeão dos Rústicos PO, foi arre- Golden Angus faturou R$ 278,6 mil, do no programa de transferência de
matado pelo criador Felipe Moura, um com a venda de 23 lotes, sendo 21 de embriões da propriedade. “Estamos
dos diretores da Agropecuária Ponde- fêmeas, uma prenhez e mais cinco co- conseguindo capturar os melhores lorosa, de Manduri, SP, em parceria com tas de 10% do Reservado de Grande tes Angus para reforçar nosso rebanho
nos leilões anuais em São Paulo”, justificou.
Outro destaque do pregão foi a
comercialização de prenhez da fêmea
Notada 327 da Corticeira, Grande
Campeã Angus da Expointer. Susana
Macedo Salvador, da Cia. Azul, de
Uruguaiana, RS, valorizou a prenhez
em R$ 25,5 mil. A Susana comprou
em nome de um grupo de criadores,
que além dela, inclui Cláudia Indarte
Silva, João Vieira de Macedo Neto e
Antonino Dorneles.
A fêmea 601 Cia Azul 0601 Oriental Make May Day, da Cia Azul, foi
valorizada em R$ 19,5 mil por Clarice
Costa Caldas, da Faz. Nossa Senhora
da Gruta, de Herval. E por R$ 16 mil
a fêmea Paineiras El Greco Iemanjá,
da Cabanha Paineiras, de Uruguaiana,
RS, foi arrematada pelo criador Eloy
Tuffi, da Fazenda MC, de Espírito
Santo do Pinhal, SP.
Outro destaque do pregão foi a
comercialização de prenhez da fêmea
Notada 327 da Corticeira, Grande
Campeã Angus da Expointer. Susana
Macedo Salvador, da Cia. Azul, de
Uruguaiana, RS, valorizou a prenhez
em R$ 25,5 mil.
Fêmeas da III Copa Incentivo também foram comercializadas no seletivo
leilão. “Foi um leilão ágil e alegre, graças
à qualidade e à liquidez da raça”, sentenciou o leiloeiro Guilherme Minssen.
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EXPOINTER
Setembro/Outubro de 2007
Foto: Kéke Barcellos
Comenda da ANC para
Dona Lila Tellechea
Presidente da ANC, Pires Weber, entrega
comenda a Dona Lila, durante a Expointer
Foto: Felipe Ulbricht
A Associação Nacional de Criadores “HerdBook” Collares (ANC) realizou durante a
Expointer a outorga da Comenda Leonardo Brasil Collares à pecuarista Lila Franco Tellechea.
A distinção foi entregue em solenidade, no
Homenagem aos tratadores
Durante o Leilão Golder Angus, a ABA prestou especial homenagem aos tratadores, que durante quase duas semanas prepararam os animais
apresentados e pista e negociados nos ágeis leilões
da Expointer 2007
estande da ANC, no parque Assis Brasil, em
Esteio, pelo presidente da entidade, José Roberto
Pires Weber, que também preside a Federação
Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac).
A comenda Leonardo Brasil Collares tem
como objetivo homenagear personalidades ligadas à ANC, cuja atuação tenha sido relevante
para os destinos da entidade.
Este ano, a honraria distinguiu a senhora Lilá
Tellechea, criadora de Abeerden Angus e proprietária da Cabanha Paineiras, em Uruguaiana,
RS. Em anos anteriores, receberam a mesma distinção os ministros Paulo Brossard de Souza Pinto e Luiz Fernando Cirne Lima e a senhora
Antonia de Oliveira Sampaio, de Pelotas, RS,
criadora de Devon no município de Capão do
Leão.
Ultra-som
Nesta Expointer, todos os exemplars Angus
que entraram em pista para Julgamentos de Classificação, não só os de argola, mas este ano principalmente os animais rústicos, foram submetidos a criteriosos exames de Ultra-som. A iniciativa do corpo técnico da Associação Brasileira
de Angus (ABA) visou revelar os dados referentes à Área de Olho de Lombo (AOL), a Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e a Medida de
Espessura de Gordura na Picanha (P8). Todas
medidas relacionadas à qualiade da carcaça.
Medalha Assis Brasil
Durante a inauguração oficial da 30ª Expointer, na tarde do
dia 31 de agosto, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda
Crusius, entregou a cobiçada Medalha Assis Brasil a três personalidades do Estado.
Entre os agraciados, o colaborador do Angus@newS, produtor
rural, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dr. José Fernando Piva Lobato. Este é um
prêmio outorgado a pessoas que tenham se distinguido por serviços de excepcional mérito no setor da agricultura e da pecuária.
Nossos aplausos ao professor Lobato e também aos dois outros agraciados, João Carlos Paixão Côrtes, pela Secretaria da Agricultura e Nilo Ferreira Romeiro, pela Federacite.
Feira de novilhas destaca Angus
As fêmeas Angus CA apresentaram a melhor média da 3ª edição da Feira de Novilhas,
realizada na Expointer 2007. As 50 novilhas
da raça, que abriram as vendas, obtiveram valor médio de R$ 2,85 mil enquanto o preço
médio para os 1.136 animais rústicos ofertados,
no recinto, foi de R$ 971,00. O lote mais valorizado foi apresentado pelo criador, sócio da
Associação Brasileira de Angus (ABA), Edgardo
Marques da Rocha Velho, do Condomínio
Mathias Azambuja Velho, Cabanha Ranchinho
(Mostardas/RS). Todas as novilhas, com prenhez confirmada, foram adquiridas por José
Romeu Machry, da Fazenda Pantano (Rio Pardo/RS).
Segundo o leiloeiro Alexandre Crespo, a
valorização mostrou a avidez do mercado pela
genética da raça. “A feira é realizada para fomentar a criação, pois nos últimos anos tivemos o abate de muitas fêmeas e a retomada do
setor está sendo observada com a procura por
animais tatuados CA e com cruza Angus”, evidenciou. O gerente de operações da ABA,
Fernando Velloso, acompanhou a preferência
do comprador pela Angus. “Isso foi notado praticamente no primeiro terço da Feira de Novilhas, pois os animais Angus e cruza Angus abriram o remate e mostraram a preferência e procura do setor sobre os demais.”
Entre os associados da ABA participantes
da Feira de Novilhas estiveram Leila Settineri
Schettert, da Cabanha La Cornelia (Tapes/RS)
e Edgar Candia, da AC Agropecuária
(Arambaré/RS).
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Setembro/Outubro de 2007
MOVIMENTO
Expoguá – aprimoramento em pista
O
Fotos: ABA/Divulgação
Com 59 animais Aberdeen Angus em pista, pertencentes a onze expositores do Paraná, São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a 32ª Exposição de Guarapuava (Expoguá) foi realizada de 1º a 4 de
agosto do Parque de Exposições do município. Conforme o presidente do Núcleo Angus do Oeste do
Paraná, Cristopher Filippon, a exposição representou uma excelente amostra da qualidade dos animais
Angus. “Os campeões foram escolhas acertadas e os comentários do jurado foram bem detalhados, o que
contribuiu para o aprimoramento de todos”, elogiou Filippon.
jurado da raça na mostra foi o criador e membro do Conselho Técnico da Associação Brasileira de
Angus Luis Felipe Moura. Ele
escolheu os campeões acompanhado pelos técnicos da ABA
Antônio Francisco Chaves Neto
e Pedro Adair Fagundes dos Santos. Segundo Felipe Moura, a
qualidade dos animais apresentados era muito boa, tendo en- Grande campeã, TEC76 - JCP Ingá Rill do Iguaçu
Grande campeão, Escudo da Fumaça TE223
contrado em todas as categorias
as qualidades desejadas.
“Ao final de cada julgamento, fiz racterísticas que julga importantes: feminilidade. Estes animais mais fe- criador Élio Sacco, da Agropecuária
questão de desenvolver uma dinâmi- padrão racial, estrutura correta e sem mininos, normalmente têm maior Fumaça, Paranapanema, SP. O anica de explicação animal por animal acúmulos. “Penalizei excesso de pre- possibilidade de acasalamentos, por mal tatuagem TECB 346 - PWM
para todos os presentes, para assim paro e acúmulo de gordura. Acho que não terem características extremas que Ganesh, do expositor e criador Paulo
ficar compreendido os motivos que isso compromete as funções, princi- deverão ser corrigidas no futuro”, jus- de Castro Marques, Casa Branca
Agropastoril, Fama, Minas Gerais, foi
me levaram a classificar os animais e palmente reprodutivas dos animais. tificou.
Nas fêmeas a mesma coisa, mas leNos machos, o Grande Campeão escolhido como Reservado de Granas categorias”, explicou o jurado.
O criador observa ainda que os vando também em consideração, foi o touro tatuagemTE223 - Escudo de Campeão. A Casa Branca também
grandes campeões mostraram as ca- além das características de carcaça, a da Fumaça TE223, do expositor e ficou o título de Terceiro Melhor
Macho, com o reprodutor tatuagem TECB117 - PWM
Expansion TE.
Entre as fêmeas, a Grande
Campeã foi a de tatuagem
TEC76 - JCP Ingá Rill do
Iguaçu TEC76, do expositor e
criador Júlio Cesar Pacetti, da
Fazenda Santa Lúcia, São
Miguel do Iguaçu, PR. Como
Reservada de Grande Campeã
foi eleita Fabulosa da Fumaça
TE336 - Tatuagem TE336, do
expositor e criador Élio Sacco,
da Agropecuária Fumaça, Paranapanema, SP.
Já o título de Terceira Melhor
Fêmea ficou para GB Florice 544
Quebracho TE239A - tatuagem
TE239 do expositor Parceria
Cabanha da Corticeira e Agropecuária
GB e criador Galvão Bueno, da
Agropecuária GB, de Porecatu, PR.
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Setembro/Outubro de 2007
MOVIMENTO
Os resultados da 121º
Exposição de Palermo
Setembro/Outubro de 2007
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Catanduva brilha no Prado
Fotos: Divulgação
La Coqueta Las Rosas Arandu 44 venceu na pista do Prado
Grande campeão, no momento da entrega das escarapelas
R
ealizada de 26 de julho a 7
de agosto de 2007, a 121ª
Exposição Rural de Palermo,
na Argentina, teve como um dos destaques a raça Aberdeen Angus, que
contou como jurado o norte-americano Jack Ward. Foi a segunda participação de Ward como jurado. Ele já
havia escolhido os campeões da raça
na Expo Palermo de 2005.
No dia 2 de agosto, foram escolhidas as campeãs. O prêmio de grande campeã (Prêmio Mario Bustillo)
foi para o lote 1110 – Don Florencio
228 Fortuna TA 4-T/E, expositor
Oscar M. Busquet e Hijo S.A,
Grande campeã, da Cabanha Don Florencio
Cabanha Don Florencio.
A reservada de grande campeã foi
o lote 1149 – Black Princess 10702
Rose T/E, expositor Gregório, Numo
e Noel Wethein S.A.A.C.GI,
Cabanha La Paz. Já a terceira melhor
fêmea foi o lote 892 Três Marias 7434
Holly 7000 T/E, expositor, Horacio
F. Gutierrez – Hispania Inmobiliaria
S.A – Ruiz Perez e Cia.
A premiação dos machos Angus
saiu no dia 3 de agosto. O grande
campeão da mostra foi o lote 787 –
Best 1321 Performa, expositor
Delfinagro S.A, Cabanha Lãs Blancas.
O título de reservado de grande
campeão (Prêmio Ricardo Sauze) ficou para o lote 795 Três Marias 7071
Tango 5740 T/E, expositor Horácio
F. Gutierrez, Cabanha Três Marias.
O lote 698 Benjamin 1547 Zorzal
Líder, do expositor Don Benjamin
S.A. ficou com a premiação de terceiro melhor macho Angus.
Em parceira com Horácio F.
Gutierrez, da Cabanha Três Marias,
o presidente da Associação Brasileira
de Criadores de Angus, ABA, José
Paulo Dornelles Cairoli, conquistou
o prêmio de categoria campeonato
vaca, com a fêmea 1184 Três Marias
6972 Fenomena 5494 T/E.
A genética Angus da Cabanha
Catanduva, dos gaúchos Fábio e Fabiana
Gomes, de Cachoeira do Sul, RS, despontou nesta edição da Exposição do
Prado, em Montevidéu, no Uruguai,
mostra com mais de 150 animais em pista. O criatório de Gomes, naquele país,
a Cabanha La Coqueta, venceu o Grande Campeonato de Machos Angus, com
o touro Aberdeen Angus de três anos La
Coqueta Las Rosas Arandu 44.
Filho do bicampeão da Expo Prado
2002 e 2003, La Coqueta Paco, o touro
campeão deste ano conquistou o jurado
norte-americano Gary Dameron pelo
equilíbrio entre o volume de carne, correção de aprumos e musculatura, avaliados entre vários outros machos durante
os julgamentos de classificação. O
reprodutor ficará na propriedade uruguaia para a produção de sêmen.
Ainda no julgamento de classificação de machos, Gomes e Laetitia
d´Arenberg, proprietária da Cabanha Las
Rosas, conquistaram o campeonato terneiro maior com “La Coqueta Las
Rosas Pancho Negro Astronômico”. Nas
fêmeas, a vaca Red Angus “La Coqueta
Las Rosas ML Ana”, com dois anos e
prenha, faturou o título de Reservada de
Grande Campeã.
Outro destaque foi a fêmea “La
Coqueta Las Rosas Pancha 270”. Após
conquistar o título de Campeã Terneira
Maior na avaliação da raça, a fêmea obteve a roseta de Terceira Melhor Fêmea
Angus da exposição. “Essa premiação é
especial. A terneira é filha de Catanduva
Alano Gramático, um touro brasileiro
que teve sêmen exportado para o Uruguai”, disse Fábio Gomes, enfatizando
o material genético oriundo do Brasil.
30
É o momento ideal de prevenir as parasitoses
Setembro/Outubro de 2007
OPINIÃO
Por Octaviano Alves Pereira Neto
As baixas temperaturas características do inverno causam a morte de
milhares de larvas de endo e
ectoparasitos, com a conseqüente queda no poder de infestação dos pastos.
pós este “auxílio” climático, é
hora de preparar-nos para impedir a retomada da infestação,
pois com a chegada da primavera as temperaturas e a umidade se elevam, favorecendo a eclosão dos ovos depositados
no solo e a ovopostura das fêmeas de
carrapatos que sobreviveram ao inverno.
Neste período, no qual houve um
decréscimo na infestação, mas não sua
eliminação, o produtor não dá a devida
atenção ao problema representado pelos parasitos e considera desnecessário
adotar práticas preventivas de controle.
Se devidamente implementadas, e associadas à ação do clima, é possível obter
impactos positivos na futura infestação
de parasitos em sua propriedade, evitando os problemas das parasitoses.
A
Gráfico 1. Dinâmica do carrapato nas condições climáticas da Região da
Depressão Central do Rio Grande do Sul (adaptado de Martins et. al., 2002)
O Pesquisador e Dr. João Ricardo
Martins (IPVDF- RS), descreveu para
a região da Depressão Central do Rio
Grande do Sul (Gráfico 1), um perfil
de comportamento para a população de
carrapatos, conforme a época do ano
(Martins et al., 2002).
O frio e a estiagem, neste caso, são
aliados do produtor. Causam a redução
na carga parasitária da pastagem, eliminando boa quantidade de larvas, porém
com menor efeito sobre os ovos dos
parasitos.
A 1ª geração (G1) inicia na primavera a partir dos ovos de carrapatos de-
positados no outono e inverno, mas que
não eclodiram devido às baixas temperaturas. No mesmo período, as
teleóginas que sobreviveram ao inverno
retomam sua postura. As larvas geradas
irão parasitar os bovinos, tornando-se
adultas e caindo novamente no solo.
Há então a formação da 2a geração
(G2), bem maior que a anterior. Suas
larvas parasitam o bovino, os adultos
caem ao solo e formam a 3a geração
(G3), que tem seu pico no outono. Esta
última geração (G3) é a mais intensa e
são observados severos casos de
parasitismo e surtos de Tristeza Parasi-
tária por excesso de infestação.
O período de declínio, diz respeito
a menor infestação no corpo do animal,
mas não do pasto, onde podem estar
armazenados milhares de ovos prestes a
eclodir, tão logo as condições climáticas se tornem favoráveis. Este é um ciclo, que o produtor e os técnicos devem
compreender para poder interromper
adotando técnicas eficazes no controle
de parasitos.
O clima pode auxiliar na redução
da infestação parasitária
Um conceito equivocado, porém
comum no meio rural, é que “no inverno não há carrapato”. As mudanças no
clima têm causado alterações na dinâmica populacional dos parasitos. Favorecem a expansão e sobrevivência dos
parasitos, fazendo com que haja locais
que já convivem com carrapato durante todo o ano.
Se observarmos este ano, mesmo que
mais frio que os anteriores, foi possível
ver animais parasitados durante o inverno, os quais seguiram liberando ovos ao
meio. A tendência de aquecimento do
ambiente fará com que haja a eclosão
concentrada dos ovos remanescentes e a
alta infestação dos animais já na G1.
Se levarmos em conta o problema
com carrapato vivido no outono passado, se estima que se não forem tomadas
medidas efetivas de controle, muitos
prejuízos ocorrerão e as perdas de desempenho se refletirão no desenvolvimento dos bovinos e na sua atividade
reprodutiva.
Sendo assim, qual o momento correto de atuar no controle efetivo das
endo e ectoparasitoses? Quando há uma
infestação pequena na pastagem, porém
em franco crescimento, ou quando já
existem milhares de ovos e larvas nos
pastos, causando a infestação dos animais e todos os demais prejuízos do
parasitismo?
A resposta é óbvia. O correto é agir ao
final do inverno ou no início da primavera, de forma preventiva e eficaz, impedindo que os ovos de carrapato e dos vermes
se acumulem no ambiente e evitando que
haja o progressivo incremento da carga de
parasitos no ambiente.
Pense nisso e lembre-se que somente utilizando produtos eficazes sobre a
população de parasitos é possível obter
os resultados de programas integrados
que garantam a sanidade e a produtividade de seus animais.
Méd. Vet., MSC em Zootecnia
Gerente Técnico - Bovinos
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Animal
Setembro/Outubro de 2007
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Setembro/Outubro de 2007
REPORTAGEM
Créditos de carbono abrem
novos mercados para o campo
Créditos de Carbono? Gases de efeito estufa? Protocolo de Kyoto? Mecanismo de Desenvolvimento Limpo?
“Bah!” - deixa escapar o pecuarista, entre confuso e por certo desconfiado com este palavrório todo.
“Mas que bichos são esses?”, pergunta o criador de gado. E depois de uma pensadas, o vivente avalia: “Isso tudo
deve ser coisa tramada contra nós ... Quem sabe até ingenuamente, pelos ecologistas, mas por certo para aumentar os
lucros de outros, que não somos nós”, raciocina, falando ao infinito, no meio do campo, o tal agroempresário brasileiro, que cada vez produz mais e melhor carne, desafiando e ameaçando os mais afiados mercados mundiais.
Foto: ABA/Divulgação
Por Eduardo Fehn Teixeira
Os conceitos formais,
para entender!
Os créditos de carbono foram criados em 1997, quando se aprovou o
texto final do Protocolo de Kyoto. O
protocolo estabelece, para os países
desenvolvidos, metas de redução das
emissões de gases do efeito estufa. Os
que não conseguirem atingir esses
objetivos podem compensar o problema comprando créditos de carbono
gerados em projetos de países em desenvolvimento (que não têm metas a
cumprir).
Para gerarem créditos de carbono,
os projetos precisam ser aprovados pelo
MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), criado pelo Protocolo
de Kyoto. A partir daí, são negociados
em bolsas de mercadorias.
Créditos de carbono, então, são
certificados de redução de emissões de
poluentes lançados no meio ambiente, negociados no âmbito do MDL
(Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo) - um instrumento do Protocolo de Kyoto para auxiliar a redução
de gases poluentes na atmosfera. Um
projeto que resultar na diminuição do
impacto ambiental e for aprovado
pelo MDL, poderá lançar papéis para
serem negociados no mercado.
Os países desenvolvidos que não
cumprirem suas metas de redução de
emissões, podem compensar o problema comprando créditos de carbono
de países em desenvolvimento (que
não são obrigados a atingir metas).
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Fundamentos e esclarecimentos do meio científico
REPORTAGEM
S
egundo o pesquisador e professor Doutor Harold Ospina Patino (zootecnista, M.Sc, D.Sc),
do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, o assunto dos malefícios causados pelos gases à atmosfera e os créditos de carbono realmente veio à
tona em 1992, numa reunião sobre o
clima mundial realizada no Rio de
Janeiro, a Eco92. “Naquela época já
circulavam as primeiras informações
comprovando que o planeta mostrava alterações no clima em função do
acúmulo de gases na atmosfera”, lembra o especialista. “Era o hoje corrente efeito estufa, então, uma grande
novidade”, recorda.
Em 1997, em Kyoto, no Japão,
representantes de vários países se reuniram e criaram o famoso Protocolo
de Kyoto, justamente com o objetivo
de reduzir a emissão de gases na atmosfera. O protocolo estabelece, para
os países desenvolvidos, metas de redução das emissões de gases do efeito
estufa. Assim, os que não conseguirem atingir esses objetivos, podem
compensar o problema causado comprando créditos de carbono, que são
gerados em projetos de países em de-
Setembro/Outubro de 2007
senvolvimento, que não têm metas a países que podem fazê-lo”, simplifica vai aproveitar o esterco suíno para a
cumprir nesta área.
o técnico, informando que hoje cada produção de biogás – ou gás metano
Para gerarem créditos de carbo- tonelada de CO2 tem cotação no – para a geração de energia, se será
no, os projetos precisam ser aprova- mercado internacional entre sete e dez utilizada nas propriedades rurais. “Esdos pelo MDL (Mecanismo de De- dólares. “O crédito de carbono é o ses grandes e tecnificados projetos,
senvolvimento Limpo), criado pelo tipo de uma multa, que os países que começam a surgir no Brasil, esProtocolo de Kyoto. A partir daí, são poluidores passaram a pagar para se tão aptos a vender créditos de carbonegociados em bolsas de mercadori- adequar às regras impostas pelo Pro- no para empresas localizadas em paías.
tocolo de Kyoto”, sintetiza Patino.
ses do primeiro mundo, que não tem
Mas conforme Harold Patino, foi
O técnico da UFRGS cita alguns como baixar as emissões de gases
só a partir de 2005 que o regramento exemplos de projetos que representam poluentes na atmosfera”, justifica o
do protocolo passou a realmente exis- atitudes conscientes, que visam a re- pesquisador. Conforme Harold Patitir. E para a sua aplicação, foram cri- dução do lançamento desses gases no, a pecuária, no mundo, precisa reados os MDLs,
duzir de 2,3 a
ou seja, os Meca6,4 bilhões de
nismos de De- Em aterros sanitários, no Brasil, os gases emitidos
toneladas de
senvolvimento
para atinsão queimados e assim transformados em energia. CO2
Limpo. “Era o
gir as metas do
start
num
Protocolo de
posicionamento internacional sobre poluidores. Na Costa Rica – diz pati- Kyoto”, alerta.
algo importante e de efeito crescente, no – foi montado um projeto na área
“Mas a implantação de um projeque precisava ser combatido ou no silvo-pastoril. “Nos protreiros foi to nesta área ainda está restrita a gomínimo retardado, amenizado”, assi- plantada uma grande quantidade de vernos, prefeituras e grandes grupos
nala Patino.
árvores nativas que seguram o carbo- empresariais, simplesmente porque
“Existem países que são no e diminuem as emissões”.
um projeto desta envergadura necespoluidores, que não tem mais como
Aterros sanitários, no Brasil, lo- sita de investimentos pesados – só
baixar a carga de emissão de gases. calizados na capital do Espírito San- inicialmente, cerca de 100 mil dólaEntão, como não tem como modifi- to e na Bahia, os gases emitidos são res, com um mínimo de sete anos de
car as suas matrizes produtivas para queimados e assim transformados em monitoramento de emissão de gases”,
poluir menos ou deixar de poluir, eles energia. E no Rio Grande do Sul, no exemplifica. Conforme o técnico, os
compram essa redução de emissão em Vale do Caí, existe um projeto que pesquisadores trabalham para desen-
volver metodologias capazes de definir a linha base (quanto se produz em
gases) e a adicionalidade destes projetos.
E depois de todas essas colocações
que soam como “coisas novas e por
vezes incompreensíveis” para uma boa
maioria de pessoas, Harold Patino
chega ao ponto que nos levou a ouvilo: ele diz que os ruminantes (entre
eles os bovinos e todos os bichos do
campo) são grandes emissores de gases poluentes e de efeito estufa. “Isto
é uma coisa natural, que inclui também os humanos, mas é real, existe”,
certifica. E conforme o especialista, o
principal recado para o produtor se
adequar a esses novos tempos é que
ele passe a realizar um trabalho cada
vez mais eficiente, manejando corretamente o campo nativo com
diferimento e sobressemeadura,
arborizando suas áreas de produção,
suplementando seus animais com rações balanceadas de qualidade e
aprontando mais cedo seus novilhos
para o abate, de forma que eles fiquem
menos tempo no campo. “Todas essas medidas vão reduzir em muito as
emissões de gases geradas pelos animais”, simplifica o pesquisador.
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Setembro/Outubro de 2007
REPORTAGEM
Setembro/Outubro de 2007
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Com humor, mas falando sério!
“O boi está apanhando mais do que mulher de malandro. Os preços estão em alta, mas sua reputação em baixa. É só abrir o jornal,
ou dar uma zapeada no noticiário da TV, para ver que o nosso amigo ruminante está na dianteira da corrida pelo posto de inimigo
público número 1 da humanidade. O Osama Bin Laden ficou para trás, só o Bush ainda se preocupa com ele”, começa sua fala sobre
este intrincado assunto, o articulado zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa.
Foto: ABA/Divulgação
E
le lembra que a pecuária de
corte, de acordo com seus críticos, estimula o trabalho escravo, destrói florestas e alimenta o
chamado efeito estufa. “Sabe aquelas
cenas de ursos polares flutuando sobre blocos de gelo desgarrados do continente, que têm sido reprisadas à
exaustão na telinha? Culpa do boi”,
brinca o especialista em mercado.
Conforme Fabiano, esse movimento anti-bovino era, no início, sustentado por naturistas e ecologistas,
“supostamente preocupados” com o
sofrimento dos animais e com a destruição das matas. Mas com o fortalecimento das questões relacionadas
ao aquecimento global, o tema conquistou a adesão de políticos, comerciantes, cientistas, artistas, jornalistas,
etc.
“Virou moda pregar contra a pecuária. É bonito, chique, é “in” e ecologicamente correto. Chega até a dar
status. Afinal, “a Amazônia está sendo desmatada pelo gado de hambúrgueres”, conforme disse o ex-Beatle
Paul McCartney, em defesa do
vegetarianismo. E essa frase foi
publicada, com destaque, em tudo
que é jornal do planeta”, ironiza Tito
Rosa.
A edição de agosto da revista
Galileu – lembra - da editora Globo,
estampa uma matéria sobre efeito es-
tufa, logicamente apontando a pecuária como a principal vilã do processo, e praticamente ovaciona o garoto
Gabriel, de 5 anos, que parou de comer carne vermelha depois que teve
aulas de ecologia na escola. “Pessoal,
isso é no Brasil! Alguém da nossa ca-
seguindo a lógica de quem defende a
extinção da pecuária, podemos iniciar uma campanha para que os humanos voltem a morar em cavernas ou
em cima das árvores, passando também a andar a pé;
2. A pecuária está se expandindo
funcionar;
4. O agronegócio pecuário gera
mais de sete milhões de empregos. O
valor bruto da produção de carne bovina no Brasil supera os R$ 30 bilhões. Só em exportação de carne e
couro o País faturou quase R$ 6 bi-
as preocupações da cadeia produtiva da carne bovina, hoje focadas em
questões relacionadas a vírus e certificados, têm que se estender também
para o campo do desenvolvimento sustentável. E bem rápido.
deia produtiva já pensou em checar o
que estão ensinando para nossas crianças nas salas de aula? É melhor começarmos a nos preocupar com isso”,
aponta.
Para Fabiano, quando a coisa
descamba para o lado da emoção, deixando para trás o campo da razão, fica
mesmo difícil contra-argumentar. De
toda forma, "deixando a sua porção
consultor falar mais alto", Fabiano
acha importante fazer algumas colocações:
1. No Brasil não tem boi sem pasto. Nesse sistema, o saldo entre emissão e seqüestro de carbono é positivo
em favor do segundo. Ou seja, o que
o bovino emite, o capim recolhe. Já
nas grandes cidades, o CO2 emitido
pelos automóveis não é recolhido,
pois não existe vegetação. Portanto,
através de aplicação de tecnologia, ou
seja, está produzindo cada vez mais
em menos área e mais rápido. Entre
2001 e 2006, por exemplo, a área de
pastagem brasileira encolheu, de acordo com estimativas da Scot
Consultoria, 1,5%, ao passo que o
rebanho bovino cresceu 15% e a produção de carne 53%. O resultado é a
queda da taxa de desmatamento e
maior retenção de carbono por parte
das pastagens, pois o capim adubado
é mais eficiente em recolher CO2;
3. Qualquer cientista ou historiador minimamente sério e competente sabe que uma das razões da espécie
humana ter se desenvolvido intelectualmente, se diferenciando dos macacos, foi justamente a incorporação
de carne na dieta. Rica em ferro, esse
alimento colocou nossa cachola pra
lhões em 2006. Dá para abrir mão de
tudo isso?
5. O boi não produz só carne. O
bovino é, na verdade, uma verdadeira fábrica de matéria-prima. Os produtos e subprodutos do abate alimentam indústrias de mais de 40 diferentes setores. Para quem não conhece a
que se destina o boi “desmontado”,
vale a pena dar uma olhada nesse link:
www.sic.org.br/praqueserve.asp.
6. Por fim, uma questão que
muito me intriga: o boi é a única criatura do planeta que arrota e solta
pum? Acredito que não. Portanto,
abaixo também ao feijão, ao ovo e ao
repolho, sem falar da batata-doce. E
também às tartarugas, afinal, como
disse outro dia o Scot, elas ficam aí
soltando pum por quase 200 anos.
Seria cômico, se não fosse trági-
co, observa o muitíssimo bem informado Tito Rosa. Segundo conta, outro dia, "navegando pelos canais de
TV, me deparei com um programa
de animais de estimação, onde a apresentadora se esgoelava na defesa de
uma dieta verde, a fim de impedir o
abate de animais. Depois, chamou um
dos patrocinadores, que apresentou
sua linha de rações para cachorros. No
dia seguinte fui ao supermercado e dei
uma olhada na embalagem de uma
das rações apresentadas. Logicamente
estavam citadas lá, na composição, as
farinhas de sangue e carne e ossos.
Quanta demagogia ..."
Mas Fabieno Rosa faz um alerta,
recordando que o fato é que os ataques à pecuária, ao bovino e à carne
bovina já estão colhendo os primeiros resultados. “A mídia é poderosa,
vários estudos já comprovaram sua
influência na formação de opinião e
do comportamento do consumidor.
Não fosse assim, nenhuma empresa
investiria pesado em marketing e propaganda”, revela.
Fabiano Tito Rosa defende que as
preocupações da cadeia produtiva da
carne bovina, hoje focadas em questões relacionadas a vírus e certificados, têm que se estender também para
o campo do desenvolvimento sustentável. E bem rápido.
Conforme ele, é preciso estimular pesquisas e adoção de práticas e
tecnologias que levem à redução dos
impactos ambientais, ao mesmo tempo em que não comprometam os resultados produtivos e econômicos.
Muito disso já tem sido feito, mas é
preciso deixar isso claro para os consumidores. “Afinal, a propaganda é a
alma do negócio”, repete.
Ele argumenta igualmente que é
urgente organizar um contra-ataque
às críticas e acusações infundadas que
agridem a atividade pecuária. “Isso
tem que ser feito de forma planejada,
cobrindo todos os flancos, principalmente as mídias de massa. Vozes que
se levantam aqui e ali, mas que não se
avolumam e não se organizam, têm
pouco efeito prático sobre a formação da opinião pública”, adverte o
analista.
Tito Rosa anima-se até mesmo a
dizer que talvez seja o caso de criar o
movimento “Eu defendo a pecuária e
a produção de alimentos”, que conte
com o apoio de todos os elos da cadeia
na defesa da produção e do consumo
de carne bovina. “O que não se pode é
ficar parado, assistindo um festival de
besteirol fazer com que a carne vermelha perca espaço, na mesa, para a alfaces e rabanetes”, fustiga.
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Setembro/Outubro de 2007
REPORTAGEM
Fotos: ABA/Divulgação
Argumentos comerciais disfarçados
de graves ameaças ao meio ambiente
"A
s colocações acusando a
pecuária de vilã na geração
dos prejudiciais gases de
efeito estufa são tão bem articuladas e
arquitetadas, que à primeira vista e aos
menos avisados, podem até ser recebidas como grandes verdades”, alerta o
experiente agrônomo e gestor empresarial Donário Lopes de Almeida, gerente executivo do Canal Rural.
Em sua opinião, todos –
notadamente os ecologistas – estão
sendo usados, com extrema sutileza,
por poderosos lobbies do mercado
internacional de carne bovina (leia-se
Europa e Estados Unidos), que só têm
uma finalidade: criar uma imagem
negativa da pecuária brasileira e com
isto frear (ou reduzir preços) o enorme desenvolvimento e por conseqüência a participação do Brasil no mercado global de carne.
“Nos últimos anos estamos
desbancando países que tradicionalmente ocupavam posições de liderança na produção e comercialização de
carne bovina para o mundo”, assinala Donário, justificando suas posições.
Ele também defende que as emissões de gases pelos bovinos são naturalmente neutralizadas ou resgatadas
pelo próprio meio onde se desenvolve a pecuária, com fartura de vegetação representada por pastos, arbustos
e árvores.
“Culpar a pecuária pelos
desmatamentos, pelo trabalho escravo e por uma série de outros
malefícios – inclui-se aí a área do sofrimento animal – é uma demagogia
flagrante e mal intencionada, vinda,
com certeza, de quem está tendo enormes prejuízos com os avanços da carne brasileira, uma verdadeira raridade, porque produzida quase que totalmente a pasto”, enfatiza.
Setembro/Outubro de 2007
37
O conceito ecológico é inteligente!
Para o ecologista Beto Moesh,
considerando o volume de gado existente no mundo e com destaque no
Brasil, e a ausência e até desconhecimento pelos pecuaristas brasileiros da
importância da implantação de um
plano de manejo ecológico nas propriedades, esta situação de coisas acaba por agravar ainda mais a geração
de gases poluentes, que vão gerar o
hoje crescente e preocupante efeito
estufa.
“O volume de gado, através de
seus “puns”, arrotos e feses, gera o gás
metano, que compromete o efeito estufa 24 vezes mais que o gás
carbônico. Num efeito cumulativo e
se nada for feito para a redução dessas emissões na atmosfera, isto agrava
em muito o efeito estufa, que já está
interferindo no clima mundial”, sintetiza Moesh, que é o atual secretário
do Meio Ambiente da capital gaúcha,
Porto Alegre e reconhecido como um
combativo defensor da ecologia.
Mas o ecologista insiste em lembrar que o conceito ecológico – o ecologicamente correto – também é um
conceito inteligente. E explica: as feses
dos animais, por exemplo, podem ser
transformadas em adubo (que vai favorecer as lavouras) e em energia limpa (que poderá ser utilizada nas ações
das fazendas, desde a iluminação, até
a movimentação de motores e outros
usos).
“Isso mostra que em ecologia, o
que é ruim pode ser transformado em
algo bom. E melhor ainda porque o
gera novos postos de trabalho no campo e também agrega ganhos aos produtores, pela economia em adubações
e em gados de energia, isto sem falar
dos benefícios ao meio ambiente”,
argumenta.
Beto Moesh diz ainda que a
destinação das feses dos animais à
adubação e á geração de energia também seria uma enorme contribuição
à manutenção saudável dos aqüíferos
– lençóis freáticos, rios, etc. “As águas
seriam mais limpas, porque não afetadas por esses resíduos gerados pelos
animais”, observa.
Ele bate forte também num pon-
to que considera um dos maiores crimes ambientais, que tradicionalmente são praticados no campo: as queimadas. “Elas devem ser totalmente
evitadas, porque destroem toda a vida
biológica - a biodiversidade - dos solos e ainda agravam de forma dramática o efeito estufa”. Para ele, outros
setores da economia estão mais adiantados neste processo, caso da indústria, por exemplo.
Mas Beto Moesh acredita que a
pecuária já está prestando mais atenção à importância da ecologia, dos
benefícios - inclusive para a própria
atividade – da manutenção do equilíbrio do meio ambiente e dos tão
importantes microclimas regionais e
locais. “Por enquanto, no Brasil, só
temos alguns exemplos isolados no
setor da pecuária. Mas a
conscientização ganha velocidade e
somos otimistas quanto ao futuro.
Vamos seguir em nossa luta, denunciando e criticando. Mas o que realmente queremos é o bem de todos e
que rapidamente os pecuaristas possam se favorecer inclusive financeiramente de atitudes ecologicamente
corretas que venha a adotar, através
da venda de créditos de carbono, por
exemplo”, anima-se o ponderado ecologista.
38
Setembro/Outubro de 2007
ARTIGO
Setembro/Outubro de 2007
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Touros Angus Top 10 2007
A publicação dos Touros Top 10 tem
como objetivo facilitar aos criadores interessados na genética Angus a identificação e localização de reprodutores superiores na avaliação genética da raça.
Com isto se visa obter, adicionalmente,
uma maior conectabilidade entre os diferentes rebanhos participantes do
PromeboR .
Os critérios de qualificação para listagem dos
touros do Sumário foram definidos como:
(1). Estar presente na última edição do Sumário de Touros Angus.
(2). Ser considerado como touro em atividade
(A), ou seja, touro com progênie avaliada pelo
programa nos últimos 4 anos.
(3). Ter progênie distribuída por, no mínimo,
três (3) rebanhos. Este foi o ponto-chave no
aspecto qualificação do touro para inclusão na
listagem. Portanto não se estabeleceu nenhum
nível de acurácia mínimo, além do exigido para
constar no Sumário de Touros Angus da ANC.
(4). Ter disponibilidade de sêmen para
comercialização nas principais Centrais de IA
estabelecidas no Brasil.
Em 2007, já em sua quarta edição, tem-se
Touros Angus Top 10 para:
Índice Desmama 2007:
Os touros estão ordenados decrescentemente, a partir do de maior índice desmama.
Este índice é composto em 50% para DEP
Desmama (ganho do nascimento à desmama)
e os restantes 50%, subdivididos para as DEPs
nas características visuais com 10% para Conformação = C, 20% para Precocidade = P, e
20% para Musculosidade = M, na fase pré-desmama.
Índice Final 2007:
Os touros estão ordenados decrescentemente, a partir do de maior índice final. O Índice
Final 2006, conforme definido a seguir, tem
como características componentes e fatores de
ponderação:
DEP para Peso ao Nascer:
Os touros qualificados estão em ordem crescente, a partir do de menor DEP para peso ao
nascer.
Como critério adicional de qualificação para
a listagem dos touros de menor peso ao nascer,
adotou-se a exigência de DEPs positivas para
as duas outras características ponderais (ganho
nascimento-desmama e ganho final). Desta
forma, fica evidenciado que o que se busca, é a
identificação de touros que produzam filhos de
baixo ou razoável peso ao nascer, de parição
facilitada, mas que acelerem suas curvas de crescimento na fase pós-natal.
DEP para Ganho do Nascimento à
Desmama (GND)
DEP para Ganho do Nascimento até
Final (GNF)
Coordenador Técnico do Promebo®
Associação Nacional de Criadores - Herd
Book Collares / ANC
e-mail: [email protected]
TOP 10 - PESO AO NASCER
REGISTRO
NOME DO TOURO “APELIDO”
BIEBER “RAMBLER” 8306
HLH “EQUALIZER” 502-705
ABADI RAINMAKER DA QUIRI A16P “PIONEIRO”
LEACHMAN “SOVEREIGN” 1930E
OCC HEADLINER 661H “LIDER”
GLACIER “CHATEAU” 744
SARABANA 004TE “BROTHER”
WOODHILL “RIPTIDE” 823-606
LEACHMAN “HEAVENLY 1517C”
BUFFALO CREEK “HOBO 1961”
PN
DO TOURO
IA-748
IA-532
O089703
IA-475
IA-679
PEL
V
V
P
V
P
CIA
M
A
P,T
M,R
Q
DEP
-1,56
-1,45
-1,31
-1,15
-0,85
IA-663
O079228
IA-597
IA-395
IA-320
V
V
P
V
V
G
A
M,R
M
A
-0,77
-0,58
-0,47
-0,41
-0,40
TOP 10 - DESMAME
NOME DO TOURO “APELIDO”
OTTONO B610 “GHOST”
REGISTRO
DO TOURO
O072169
PEL
P
INDICE
DESMAMA
23,10
CIA
L
BIEBER “RAMBLER” 8306
LEACHMAN “SHARPSHOOTER” 1369
TRES MARIAS 4809 “LESTER” TE
BIEBER “HO HO 7266”
HLH “EQUALIZER” 502-705
LEACHMAN “TO RED” 1301G
IA-748
IA-619
IA-498
IA-731
IA-532
IA-589
V
V
P
V
V
V
M
A
T
M,R
A
L
21,51
12,75
12,48
12,42
12,06
11,18
4L MR RAMBO R744 “CREDITO”
OCC JOCKEY 655J
NEO-SHO “MILLENIUM” 065G
IA-617
IA-676
IA-687
V
P
V
C
Q
G
11,16
10,87
10,13
TOP 10 - DESMAME
REGISTRO
NOME DO TOURO “APELIDO”
DO TOURO
LEACHMAN “TO RED” 1301G
IA-589
BIEBER “HO HO 7266”
IA-731
NEO-SHO “MILLENIUM” 065G
IA-687
BUFFALO CREEK CHIEF 824-1658 “CHIEF 824 CANYON” IA-607
“BAR EXT” TRAVELER 205
IA-522
HOLDEN “HI HO 7151”
IA-592
ABADI RAINMAKER DA QUIRI A16P “PIONEIRO”
O089703
LEACHMAN “ROCKN ROBIN” 1073G
IA-587
LEACHMAN “SHARPSHOOTER” 1369
IA-619
S2 RITO 2RT2-9020 BAR EXT “RITO 9020”
O077917
CONVENÇÕES
Por Leonardo Talavera Campos
Código
A
BV
C
D
G
I
J
L
N
P
Q
R
M
S
T
U
V
X
Y
S
Descrição
ABS PECPLAN - www.abspecplan.com.br
CENTRAL BELA VISTA
CIALE www.ciale.com.br
CIIADO www.ciiado.com
GENETICA AVANÇADA www.geneticaavancada.com.br
LAS LILAS www.laslilas.com
JÓIA DA ÍNDIA – www.joiadaindia.com.br
LAGOA DA SERRA - www.lagoa.com.br
AXELGEN I.A. - www.axelgen.com.br www.agrojacarezinho.com.br
PROGEN – www.progen.agr.br
GERA
SEMBRA - www.sembra.com.br
SEMEIA - www.semeia.com.br
SERSIA BRASIL - www.sersiabrasil.com.br
ALTA GENETICS – www.altagenetics.com.br
ARAUCÁRIA – www.argen.com.br
VOLTA - www.volta.com.br
SEMEX BRASIL - www.semex.com.br
CORT – [email protected]
SERSIA BRASIL - [email protected]
PEL
V
V
V
V
P
V
P
V
V
P
CIA
L
M,R
G
A
M
N
P,T
L
A
M
INDICE
FINAL
15,32
14,46
13,20
12,81
10,74
10,70
10,69
10,50
9,97
9,81
Telefone
(34) 3366.5177
(51) 3337 9470
02924 - 420307
(16) 3368 3800
(54-11) 4315-1010
(67) 3384 4152
(16) 2105 2299
(16) 3632 7700
(53) 3243 1199
(53) 32431546
(17) 3322 2888
(51) 3222 9688
(11) 4481 8820
(34) 3318 7777
(43) 3315 3500
(11) 3872 0322
(11) 4589 6200
(55)34140198
55 (11) 4481.8820
40
Setembro/Outubro de 2007
ENTREVISTA
Setembro/Outubro de 2007
41
Mr. John Young - Juiz do Outono Angus Show 2007
Foto: Divulgação
Pela primeira vez na história da raça Angus na América do Sul, um
australiano foi o juiz numa exposição da raça. Isso ocorreu este ano no
3o Outono Angus Show, realizado durante a Fenasul, em Esteio/RS.
Além de julgar os produtos de argola e os trios de rústicos, John Young
apresentou uma palestra no Parque de Exposições Assis Brasil, quando
falou sobre o Angus do país que detém o segundo maior rebanho da
raça no mundo, a Austrália, falou sobre a sua história, desenvolvimento
e números.
O evento, organizado pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus –
RS e com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA), teve os
seus resultados noticiados na edição de Maio do Angus@newS, todavia
as impressões particulares do atual Presidente da Angus Australia sobre
os animais avaliados na exposição e aqueles que conheceu nas propriedades visitadas no Tour realizado posteriormente ainda não foram divulgados. Young, que é selecionador da raça no Oeste da Austrália,
visitou as cabanhas S2 (da Agropecuária HJ, em Taquara/RS), Santa
Bárbara (de Carla Staiger Schneider, em São Jerônimo/RS), La Cornélia
(de Leila Settineri Schettert, em Tapes/RS) e Manto Azul (do Espólio
José Eduardo M. Maciel, em Santo Antonio da Patrulha/RS), além das fazendas Nova (de Edgardo e Eduardo Velho) e
Forquilha (de Emílio Monteiro dos Santos), ambas em Palmares do Sul/RS, e Ranchinho (do Cond. Mathias A. Velho e
Filhos), Pangaré (de Carlos Miguel A. dos Santos) e Passo Fundo (de Emílio Monteiro dos Santos) em Mostardas/RS.
Todas essas propriedades rurais localizam-se na área geográfica abrangida pelo núcleo de criadores e nelas o australiano pôde
ver bastante gado Angus PO e PC, além de cruza Angus de várias origens em diferentes manejos e alimentações.
A diretoria do Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS acredita ter alcançado o objetivo que desejava com as visitas, ou
seja, mostrar a John Young não apenas gado Angus de pista. Carla Staiger Schneider, presidente do núcleo de criadores,
afirma que Young fez um julgamento objetivo focado em animais funcionais e produtores de carne para mercados que
exigem carcaças de altíssima qualidade. “Foi na Austrália que diversos agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas brasileiros fizeram as suas pós-graduações, cujas teses posteriormente trouxeram diversos avanços para o Brasil”, completa a Carla
Schneider, que cita os nomes de José Fernando Piva Lobato e Luiz Alberto Fries como exemplos.
1 - O que você estava esperando da
sua viagem antes de sair da Austrália ?
Eu viajei ao Brasil sem quaisquer
preconceitos. Eu sabia que o Brasil é o
maior produtor e exportador de carne
do mundo e tomou parte no boom
mundial dos minérios e da agricultura,
auxiliado por uma democracia estável e
uma aberta economia capitalista de
mercado. Depois de eu ter viajado várias vezes a um país muito diferente, a
China, sou sempre cuidadoso para refletir se consigo compreender totalmente o funcionamento de uma sociedade
estrangeira e o seu mercado numa visita rápida.
2 - Que tipo de Angus você estava
esperando ver no Brasil ?
Eu viajei com uma mente aberta,
mas previa haver uma considerável influência americana na genética dos bovinos Angus do Brasil, o que se confirmou. Isso é algo natural em países com
muitos plantéis da raça no mundo e, na
Austrália, não é diferente.
3 - Você se surpreendeu de alguma
forma com os animais do Outono Angus
Show ? Por quê ?
Não me surpreendi porque visitei o
Site da Associação Brasileira de Angus
antes de viajar e consegui fazer um “retrato” inicial de como as exposições da
raça são feitas no Brasil. Eu também traduzi partes de alguns textos do Site para
obter mais detalhes. Os animais que julguei não são extremados de forma algu-
ma e poderiam ser introduzidos nos
plantéis de vários países.
4 - O Angus australiano e o Angus
brasileiro são semelhantes ? Por quê ?
O Angus australiano, numa exposição de animais, não é apresentado tão
gordo quanto no Brasil. A ênfase principal dos criadores e juízes é dada à fertilidade e à produção, as quais podem
ser gravemente afetadas pela obesidade.
A habilidade para caminhar grandes distâncias é muito importante em países
como a Austrália e o Brasil, por isso
reprodutores demasiadamente gordos
precisam ser combatidos. Cheguei a me
assustar com a obesidade de alguns machos.
Foi agradável para mim poder ler
dados técnicos sobre os produtos que
foram à pista. Precisamos todos manter
uma firme e crítica atenção quanto à
realidade comercial da pecuária e do rebanho em nossos países.
Em comparação com o Angus brasileiro, o Angus australiano é mais musculoso, mais pesado e maior. Percebi que
alguns brasileiros têm uma certa dificuldade em saber diferenciar “tamanho” de
“profundidade” e “musculatura” de
“gordura acumulada”.
Na Austrália, acúmulos de gordura
desvalorizam a carcaça bovina e são jogados fora, o que gera prejuízos aos frigoríficos e uma má reputação para uma
raça no longo prazo, tirando-a
gradativamente do mercado. Várias ra-
ças passaram por isso e abriram espaço
para o Angus. Os pecuaristas australianos sabem disso e os criadores de Angus,
em especial, não aceitam mais “entulhos genéticos”.
5 - Os animais apresentados no
Outono Angus Show eram diferentes dos
animais vistos nas fazendas visitadas ?
Como ?
O gado que vi nas propriedades visitadas me representaram ser de semelhantes linhagens devido a certas semelhanças, porém poucas fazendas detém
um padrão que defina o seu plantel.
Comparados aos animais apresentados
no Outono Angus Show, os produtos
que vi nas visitas não são tão robustos
ou tão fortes, o que é resultado, penso,
da sua alimentação.
6 - Em termos de padrão racial, o
que você diria de todos os animais que
viu tanto no Outono Angus Show quanto nos plantéis das fazendas ?
Acredito que o padrão racial do
Angus brasileiro seja vigoroso. Não vi
muitas manchas brancas, por exemplo.
7 - Na sua opinião, existe alguma
característica que precisa ser melhorada em termos de padrão racial ou qualquer outra característica nos produtos
que foram a julgamento e naqueles vistos nas fazendas ?
Sim. Na exposição, constatei um
fato curioso: os testículos dos touros
vermelhos eram menores que os dos
touros pretos.
Percebi ainda outro fato curioso: os
machos eram mais gordos que as fêmeas e não caminhavam tão bem. Touros
precisam ser atléticos. De cada um, esperamos 40 a 50 vacas prenhes por ano.
Já os animais em condições de campo eram muito sadios e mostravam-se
eficientes, precisando apenas de um
pouco mais de alimentos para se “defender” melhor. Sei exatamente do que
estou falando porque a Austrália possui
campos, clima e propriedades rurais
com características semelhantes àquelas
de partes do Brasil.
8 - Conte-nos alguma curiosidade,
daquelas que poucas pessoas sabem,
quanto ao Angus da Austrália.
O mercado australiano evoluiu de
uma forma semelhante ao brasileiro e o
seu gado é criado a pasto. Isso impulsionou o número de confinamentos no
país, que chegam a reunir, nos maiores
deles, até 60 mil cabeças.
Os animais desses confinamentos
recebem alimentação balanceada, porém
por um período longo: de 200 e de 300
dias. Os primeiros têm a sua carne destinada aos mercados japonês, coreano,
americano, europeu e do Oriente Médio. Já a carne dos animais alimentados
durante 300 dias têm os hotéis 5 estrelas e alguns dos melhores restaurantes
do Japão e de Cingapura como destino.
A Angus Australia foi a primeira
entidade a iniciar a identificação de
animais eficientes em alimentação através de testes de Net Feed Intake (NFI).
Isso não significa a simples conversão
de alimentos, mas a quantidade de comida que os animais ingerem em relação a um grupo contemporâneo e os
respectivos ganhos de peso abaixo ou
acima da média que se espera de acordo com a idade e o sexo dos bovinos.
Essas informações são importantes no
sentido de terminar gado com menos
grãos e/ou em menos tempo.
No momento, nossa associação de
Angus está no meio de um processo de
revisão estrutural, administrativa e estratégica, que estará concluído na Exposição de Sydney de Abril de 2008.
Teremos uma Diretoria menor, mas
uma participação direta dos associados
ampliada.
Atualmente, a Angus Australia possui 2.690 associados, dos quais 1.200
criadores de animais PO com direito a
voto, 1.300 proprietários de gado cruza
Angus, 250 Juniors (com menos de 21
anos de idade, como é nos Estados Unidos) e ainda 20 associados honorários e
vitalícios.
O Certified Australian Angus Beef
(CAAB), o programa de carne Angus
certificada na Austrália, foi inspirado no
programa dos EUA. Ele é administrado por uma empresa independente, cuja
proprietária é a Associação Australiana
de Angus. Mesmo assim, o CAAB tem
um Presidente e uma Diretoria específicos, o que garante um foco comercial
e empresarial mais especializados.
9 - Por favor, faça algum comentário final sobre a sua viagem, os bovinos que viu, as fazendas visitadas e as
pessoas que conheceu.
Achei curioso que a grande parte das
fazendas que visitei façam acasalamentos
de fêmeas Angus pretas com touros
Angus pretos e fêmeas Angus vermelhas
com touros Angus vermelhos. Tive a
impressão que os criadores enfatizam
mais a cor da pelagem do que o mérito
genético dos animais.
As fazendas de gado comercial que
visitei têm consultores profissionais
competentes. Eles completam muito
bem o trabalho feito pelas cabanhas.
Percebi, porém, que alguns produtores de gado cruza Angus desconhecem
as DEPs ou não as consideram importantes. Isso é preocupante! Numa das
propriedades que visitei, existia a preocupação com o peso dos terneiros ao
nascer, o que pode ser evitado com o
uso de animais que tenham números negativos para DEP Nascimento.
A viagem com minha esposa foi bem
organizada pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS e agradecemos muito a hospitalidade. Isso nos estimula a
retornar em breve ao Brasil!
Gostaríamos de expressar o nosso
muito obrigado ao Núcleo Centro Litorâneo de Angus – RS e ainda a Carla,
Klaus e Stefan Schneider, Marcelo
Maronna, Marcos, Fernando Velloso e
Fábio Medeiros, bem como aos fazendeiros que abriram as suas porteiras.
Recebido em vários estabelecimentos, John Young conheceu o Angus brasileiro
42
Setembro/Outubro de 2007
OPINIÃO
Setembro/Outubro de 2007
43
Instrumentos complementares e de
apoio à introdução de tecnologia na cria
Por Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos
& Acad. Juliana Rosa de Araujo
A evolução tecnológica na cria foi notória e eficiente para os pecuaristas que empregaram a
tecnologia disponível em bases sustentáveis economicamente nos sistemas de produção. No entanto,
na maioria das vezes houve a necessidade de um longo aprendizado e validação da tecnologia até o seu
reconhecimento e aplicabilidade. Neste caminho
pouco foi discutido sobre custos e resultados econômicos e, mais ainda, sobre o impacto sistêmico de
cada tecnologia. Portanto, ao longo dos anos dominou-se com uma certa segurança o conjunto de técnicas à disposição da produção, ainda que seus resultados econômicos fossem desconhecidos, o que
resultou em descrenças sobre determinadas estratégias para a pecuária de cria.
Por outro lado, pela complexidade das relações
entre todas as variáveis que envolvem a cria, muitas
tecnologias produziam melhorias em processos intermediários da produção. Isto não permitia ao usuário reconhecer uma resposta na produção total e,
deste modo, duvidar ou questionar a sua
aplicabilidade. Acrescente-se a isto que a cria, por
ser uma atividade de baixa eficiência biológica e rentabilidade, limita em grande parte a utilização mais
generalizada das tecnologias, o que de certo modo
não permite uma troca de informações mais intensa
entre os produtores.
A reordenação da ocupação do território rural
brasileiro, a partir da abertura de novas fronteiras agrícolas dirigidas à produção de commodities para exportação, o surgimento de opções de cultivos mais
rentáveis, migração das lavouras de cana para zonas
pecuárias, florestamento, reflorestamento e a agricultura energética determinaram indiscutivelmente um
novo cenário para a cria bovina. Agora uma atividade
altamente profissionalizada mas, baseada em recursos
naturais – solo, vegetação e clima – reconhecidamente mais limitados e de menor potencial extrativo. Neste
ambiente somente a pecuária de cria poderá ser eficiente, no entanto, o conjunto de tecnologias, geradas
num cenário favorável, agora terá que passar por uma
reconversão para uma nova realidade de produção.
Portanto, para que isto ocorra de forma equilibrada e
rentável aos pecuaristas, será fundamental a análise
criteriosa e profissional antes da introdução de qualquer tecnologia, por mais básica que seja, pois a contribuição da natureza será cada vez menor e os custos
dos processos e insumos cada vez maiores.
Para a maioria das tecnologias existem sistemas
de apoio para auxiliar a tomada de decisão. Esses
sistemas de apoio podem ser considerados como instrumentos ou técnicas complementares, de natureza
operacional, que antecedem a introdução de técnicas de manejo mais avançadas e de custos mais elevados. Entre essas técnicas destaca-se o conhecimento
da classificação das vacas pelo Escore de Condição
Corporal (ECC) como indicador do status
nutricional e de reservas corporais, o conhecimento
da disponibilidade de matéria seca do potreiro e a
taxa de crescimento do pasto, o diagnóstico da atividade ovárica e o diagnóstico de gestação (Figura 1).
A maioria das tecnologias para aumentar a prenhez tem um custo correspondente e de um modo
geral não necessitam ser aplicadas de forma massal
(todo o rebanho ou todo o lote de vacas). Desse modo
uma das ferramentas de suporte mais importante,
pela sua praticidade e custo, é classificar as vacas conforme o ECC. Cada grau de ECC pressupõe um
estado nutricional, uma probabilidade de prenhez
ou uma demanda para alcançar um estado corporal
com maior probabilidade de prenhez. Portanto, conforme o ECC podem existir diferentes tecnologias
de manejo a ser aplicada. Por outro lado, também
essa ferramenta permite separar a vaca que deve receber um manejo diferenciado, com custo, daquela
que não precisa (custo desnecessário).
Para qualquer ajuste no manejo ou pela introdução de tecnologias corretivas é necessário conhecer o potencial que o recurso natural dispõe no momento da análise e no projetá-lo ao futuro. Portanto, conhecer como aferir a disponibilidade de matéria seca no potreiro é estratégico. Além desta, é essencial conhecer e prever o potencial de crescimento
do pasto na estação em análise para avaliar a necessidade da introdução de uma medida suplementar na
alimentação.
Figura 1. Bases tecnológicas predisponentes
para adequação de novas tecnologias na cria
O diagnóstico de gestação tem sido uma prática
pontual e de um modo geral permitido apenas o cálculo da taxa de prenhez. No entanto, essa ferramenta é muito mais abrangente no que diz respeito ao
uso das informações dela geradas. No momento do
diagnóstico de gestação tem-se a oportunidade para
classificar as vacas conforme estágio de gestação (permite ordenar a parição), classificar as vacas prenhas
por ECC (manejo diferenciado para quem mais precisa), identificar e descartar vacas com problemas
reprodutivos, identificar vacas que parirão no final
da estação (susceptível a falhar na próxima estação)
e, evidentemente, calcular a taxa de prenhez, para
comparar com o previsto, com os resultados médios
da empresa e ainda projetar vendas de vacas de descarte e a constituição do rebanho no próximo
acasalamento. Portanto, várias tecnologias poderão
ser mais efetivas se forem utilizadas todas as informações obtidas pelo diagnóstico de gestação, ainda
que seja realizado pela palpação retal. É obvio que
por meio do ultra-som as informações serão as mesmas, somente antecipadas no tempo dentro do ciclo
produtivo da vaca.
A partir do surgimento da ultra-sonografia veterinária e a viabilidade prática e econômica para o
uso em rebanhos de cria, com razoável oferta profissional, tem-se outra ferramenta complementar e que
precede a utilização de outras tecnologias de manejo. Com o ultra-som é possível realizar o diagnóstico
de atividade ovárica das vacas e classificá-las de acordo com seu status fisiológico em: anestro profundo,
superficial e ciclando. Cada status representa uma
probabilidade de prenhez dentro da estação de monta. Uma vaca em anestro profundo tem probabilidades mínimas de ciclar e conceber. Se for um anestro
superficial as probabilidades são médias e se a vaca
está ciclando e não ocorrerem alterações significativas no quadro alimentar, a probabilidade de prenhez
será alta. Portanto, se as três vacas apresentarem o
mesmo ECC = 3,0, e for aplicada uma técnica ligada à fisiologia reprodutiva, como o desmame inter-
seria maior (para 263 novilhas ao invés de 141),
cujos custos/novilha também superiores. Desse
modo, poderia concluir-se que essa tecnologia (tabuleta + melhoramento) é antieconômica. Ou seja,
a falta de gerenciamento e de técnicas de suporte
conduz a avaliações totalmente equivocadas para a
tomada de decisão.
A introdução do desmame precoce também foi
efetiva no lote de vacas de parto tardio, quando aplicado somente naquelas que estavam em anestro profundo, não sendo necessário nas 55,9% que estavam ciclando. Portanto, o custo por terneiro nascido da tecnologia desmame precoce foi reduzido pela
metade, apenas pelo direcionamento correto, a par-
rompido, por exemplo, a resposta de cada uma das
vacas será diferente. A que está em anestro profundo, necessita de uma ação nutricional mais efetiva,
um desmame precoce, por exemplo – o desmame
interrompido não funcionará. A vaca em anestro
superficial, na fronteira endócrina, a simples interrupção da lactação pode ser efetiva e a que está
ciclando não exige qualquer tecnologia. Portanto, o
impacto da inclusão de uma ferramenta de manejo
está condicionada a compreensão mais exata onde
vai ser aplicada essa ferramenta. Desse modo, custos, operações e processos serão mais eficazes.
O diagnóstico da atividade ovariana vem sendo
implementado a partir dos 30 dias do início do
acasalamento, onde com segurança, há um bom perfil
do que está ocorrendo com os lotes de vacas em reprodução.
Na Tabela 1 é demonstrada a eficiência do método para assegurar um alto índice de prenhez num
rebanho de cria acasalado a partir de 10 de novembro. No dia 29 de dezembro foi realizado o diagnóstico da atividade ovárica para introduzir tecnologias
de manejo com a finalidade de manter uma alta taxa
de prenhez geral. Observa-se que 46,3% das
primíparas que pariram no cedo mantinham condição corporal e pelo DAO, 52% já estavam prenhas e
as demais 41% ciclando. Nesse lote de animais não
havia necessidade de qualquer prática adicional de
manejo – resultado final 96,7% de prenhez. Por
outro lado, as 53% que perdia ECC, 48% estava em
anestro superficial, a chamada fronteira endócrina
para ciclar e com chances de não conceberem. Nesse
grupo foi aplicada a tabuleta nasal e um melhoramento de campo nativo, resultando em 89,4% de
prenhez.
Na hipótese de não realizar o DAO, com o
ultra-som, e fosse decidido pela mesma tecnologia
– tabuleta + melhoramento – a necessidade de área
tir da utilização da tecnologia de suporte a decisão.
Do mesmo modo que o DAO é utilizado num
rebanho acasalado, ele também é recomendado como
antecedente para o uso de protocolos de sincronização de cio ou para inseminação a tempo fixo, pois
sua precisão é muito superior à palpação retal. Além
disso, é inconcebível que seja aplicada uma tecnologia
de insumos e com seus riscos intrínsecos num rebanho, apenas pelo ECC, quando está disponível o
ultra-som.
Na cria o empirismo dá lugar ao profissionalismo
e para isto está à disposição dos pecuaristas, moderno sistema de apoio para uma decisão mais acertada,
sobre qual a tecnologia que mais convém ao sistema
em questão. Portanto, definir é fundamental definir
as tecnologias básicas que constituirão os diferentes
processos de produção.
Na introdução de novas tecnologias serão premissas básicas: conhecer o resultado biológico do
uso da nova técnica; a amplitude do resultado (dando tudo certo x dando tudo errado) também deve
ser conhecida; o custo da tecnologia e os seus riscos – hoje, facilmente quantificáveis; os pontos vulneráveis na operacionalização da nova técnica; existência de fluxo de caixa positivo; existência de recursos para investimentos; conjuntura do mercado. No entanto, com todas essas premissas, ainda é
possível que os resultados não sejam positivos, embora com baixíssimo risco. Então, é mais do que
obvio, que não atender essas premissas, é garantir
o insucesso.
Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de
Bovinos de Corte e Cadeias Produtivas
Departamento de Zootecnia e CEPAN UFRGS www.ufrgs.br/zootencia/nespro.htm
[email protected]
44
Setembro/Outubro de 2007
INFORME PUBLICITÁRIO
Semeia, 30 anos de genética superior
A SEMEIA completa 30 anos com a certeza de ter contribuído com uma genética consistente, ou seja, adaptada às mais diversas condições de criação e manejo. Neste período de
existência foi proporcionado aos produtores de carne produtos e serviços que ajudaram a
melhorar as suas atividades e seus progressos genéticos, resultando maior rentabilidade a seus
negócios.
A produção de carne, de forma econômica e sustentável, é um dos grandes desafios desta
nova era. Desafios estes que implicam em produzir carne livre de contaminantes, e que o
meio ambiente seja preservado.
A nova ordem do dia é otimizar os recursos disponíveis para diminuir custos, e alcançar
produtividade. E isto será alcançado se as pessoas envolvidas neste processo forem capacitadas e agirem como profissionais. Porque no cenário do mercado atual, as possibilidades de
ganhos pelo aumento da produtividade são maiores do que pelo aumento de preços, que está
sempre na dependência do poder de compra do consumidor.
Por isso a genética poderá contribuir ainda mais para este objetivo. A SEMEIA em parceria com a Select Sires tem promovido o uso de genética de ponta e de tecnologias mais
atualizadas para alcançarmos este objetivo. Nossa lista possui touros altamente confiáveis
com filhos distribuídos nas mais variáveis condições de clima, manejo e alimentação, representando a genética líder para as características econômicas de cria e carcaça com provas
altamente confiáveis, como disposto no quadro abaixo:
MÉDIA DE FILHOS E REBANHOS POR TOURO EM NOSSA LISTA
Filhos
Rebanhos
Fac. de parto
918
193
Peso ao nascer
2.862
367
Peso a desmama
2.960
380
Peso ao ano
1.704
242
Select Sires Fall 2007 - National Angus Sire Evaluation
Além da alta confiabilidade a Select Sires dispõe de 10 entre os 20 melhores touros da
raça Angus classificados para Valor Total de Carne ($TC). E destes 10 a SEMEIA disponibiliza
08, porque acreditamos serem os mais indicados ou preferidos pelos criadores.
O progresso genético só será obtido se utilizarmos na reprodução animais geneticamente
superiores com provas confiáveis. Este progresso genético depende diretamente de 3 fatores:
a intensidade de seleção; a herdabilidade das características; e a prolificidade do rebanho. O
intervalo de gerações está inversamente relacionado ao progresso genético.
As técnicas utilizadas na reprodução, inseminação artificial (IA), transferência de
embriões(TE) e fertilização in vitro(FIV), permitem aumentar a intensidade do melhoramento e reduzir o intervalo de gerações. Para atingirmos nossos objetivos genéticos, a escolha deve ser de touros superiores para as características que estamos selecionando. Por isso, é
fundamental utilizarmos as informações altamente confiáveis contidas nos sumários e nos
catálogos.
João Almir Bondan –Gerente Técnico Semeia
A importância do uso do AcatakP® na
prevenção da resistência aos carrapaticidas
Acatak® é um inibidor do desenvolvimento de carrapatos que age de forma diferenciada a todos os demais carrapaticidas, com
mecanismo de ação que atua inclusive nas
cepas de carrapatos resistentes às moléculas tradicionais.
A Novartis Saúde Animal recomenda o uso do AcatakP® P em programas
estratégicos de controle de parasitoses,
pois estes afetam a sobrevivência do carrapato e de sua população, tanto no animal como no pasto.
Altamente eficaz no controle de carrapatos dos bovinos, Acatak quebra o
ciclo biológico do parasito, impedindo
a formação de sua cutícula durante as
mudanças de fase. Dessa forma, mantém os
animais limpos por mais tempo, pois contribui fortemente para a limpeza do pasto, onde
encontra-se 95% do problema de carrapatos.
Outro importante aspecto é que o uso
AcatakP® em rotação com produtos que ainda mantenham certa eficácia, poderá prorrogar a vida útil dos mesmos, retardando o aparecimento de resistência. Isso ocorre, pois a
ação da maioria dos carrapaticidas se dá sobre
o sistema nervoso do parasita, ou seja, uma
ação bastante distinta à do AcatakP® , não
gerando resistência cruzada.
O conjunto de medidas visando o controle dos carrapatos, com épocas corretas de
aplicação, uso criterioso do rodízio de princí-
pios ativos e o respeito às condições
epidemiológicas, permite reduzir a infestação
de parasitos nos pastos, diminuir o impacto
destes no bovino e retardar a ocorrência da
resistência aos carrapaticidas.
Ao controlar o carrapato, eliminando os
parasitas no bovino e as larvas que sobem vindas do pasto será possível reduzir a infestação
na propriedade, obtendo um aumento progressivo no espaçamento entre os tratamentos.
A melhor defesa é Acatak®
® Marca Registrada da Novartis,
AG, Basiléia, Suíça
Setembro/Outubro de 2007
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Setembro/Outubro de 2007
MOVIMENTO
Leilão VPJ Angus vende R$ 328,8 mil
Foto: Divulgação
Leilão foi realizado no Red Eventos, em Jaguariúna, SP
O 7º Leilão VPJ
Angus colocou à
venda 30 fêmeas PO
e POI em Jaguariúna
(SP) e obteve
faturamento de R$
328,8 mil com média de R$ 12,646 mil. Entre os investidores do leilão chancelado pela
Associação Brasileira de Angus (ABA),
destaque para o uruguaio Juan
Rimedi que comprou o primeiro animal em pista, a vaca VPJ Red Lilhaga
por R$ 28,8 mil. VPJ Red Lilhaga é
filha do touro Glacier Marias 548,
grande campeão, e top 2% para
marmoreio. A qualidade dos animais
foi ressaltada por Rimedi . “Temos
que trabalhar mais a integração do
Angus entre Brasil e Uruguai. Voltarei ao país para comprar mais animais,
ABA chancela Remates Só Angus e 3Q
Os remates Só Angus e 3Q, por
desencontros meramente burocráticos, não estão relacionados no anúncio publicado nesta edição de
Angus@newS pela Associação Brasileira de Angus promovendo os “Leilões Chancelados”.
Na verdade, este dois leilões foram efetivamente “chancelados”, mas
as documentações não haviam chegado a tempo na sede da entidade, e por
isto esses eventos não constam no
anúncio. Este remate será realizado
este ano no dia 20 de outubro, às 12h,
na pista da Rural de Pelotas, com degustação de Carne Angus.
Em 2001, um grupo de produtores liderados por Raul Cavedon, proprietários das cabanhas Santa Joana,
Santa Amélia, São Basílio, Albardão,
dos Tapes e Florida, sediadas nos
municípios de Santa Vitória do
Palmar, Tapes e São Lourenço do Sul,
todos no RS, e pertencentes ao então
Núcleo Centro-Sul dos Criadores de
Angus, criaram o remate Só Angus,
de Pelotas, RS.
Rumando para sua 7ª edição, o
evento firmou-se como uma das referências na oferta de genética superior
Angus na zona Sul do Estado e, também, na criação da estratégica oportunidade de proporcionar ao público
a possibilidade de degustação de carne Angus, cuja qualidade excepcional
é o grande e definitivo diferencial característico da raça Angus. Também
participarão do 7° Só Angus, como
convidadas, as cabanhas Tradição e
Santa Amábile.
O Só Angus ofertará neste ano 70
ventres e 60 touros PO e PC, das mais
variadas linhagens. Firmando-se a
cada edição pela qualidade e pelo cuidado na apresentação, toda oferta de
animais passará por uma revisão prévia, indo à pista apenas aqueles exemplares que apresentarem condições
diferenciadas que os habilitem a participar do evento. Todos os
reprodutores vêm premunizados contra carrapato e cobertos por seguro
total.
O Só Angus será realizado na As-
sociação Rural de Pelotas, com a
comercialização a cargo da Casarão
Remates. Informações pelos fones:
53.3223.2424 e 53.3028.1555, com
Nelson.
Já no fechamento desta edição de
Angus@newS, o conhecido leiloeiro
Henrique Lamego, do escritório
Coxilha Remates, com sedes em
Quarai e Sant´Ana do Livramento, RS,
“chancelou” o destacado Remate 3Q.
O evento será realizado no local
Jarau (RS 377, distante 15 Km do
centro de Quarai, à beira do lendário
Cerro do Jarau), no próximo dia 26
de outubro, a partir das 15 horas.
Lamego informa que este ano a oferta estará formada por 50 touros e 250
fêmeas, todos animais de procedências destacadas e de qualidade resultante de rigorosa seleção.
Informações podem ser obtidas
no site da leiloeira –
www.henriquelamego.com.br ou
através do telefone 55.3423.1847 ou
em Livramento pelo fone
55.3244.5868.
com certeza”, afirmou.
O maior comprador do leilão foi
o condomínio de criadores formado
pela Green Home e Champion que
adquiriram oito lotes da raça no valor total de R$ 78,72 mil. Todas as
fêmeas apresentadas tiveram seu perfil genético analisado pelo Igenity,
programa de análise de genoma funcional dos bovinos que, a partir de
uma amostra de DNA dos animais,
fornece o maior número de informações sobre características de interesse
econômico, como ganho de peso, carcaça (rendimento e espessura de gordura), qualidade da carne (maciez e
marmoreio), sanidade e eficiência
reprodutiva.
Segundo o proprietário da VPJ
Agropecuária, Valdomiro Poliselli
Júnior, foi apresentado no 7º Leilão
VPJ Angus o que existe de mais avançado no melhoramento genético da
raça “selecionada para imprimir rusticidade, habilidade materna, fertilidade, precocidade, e especialmente
características de carcaça que produzem carne de qualidade. São animais
campeões em pistas de julgamento, de
linhagem reconhecida no plantel nacional, com famílias consagradas e
genética importada de rebanhos que
primam pela qualidade e alto padrão
da carne Angus”.
Participaram do evento
selecionadores da Angus como a 3E
Agropecuária, Agropecuária Fumaça,
Cabanha Feliz, Casa Branca
Agropastoril, Fazenda MC, FSL
Angus Itu, Green Home, Cabanha da
Corticeira, GB Agropecuária e Ponderosa Angus.
LEILÕES DE ANGUS
Temporada 2007
- Leilão Angus Trio - Santa Maria, RS
28/9 - 17h - Centro de Eventos da UFSM
- VII Remate Três Marcas
29/9 - 14 h - Sociedade Rural de São Borja, RS
- Remate Tellechea e Associados – Uruguaiana, RS
06/10 - 10h - Associação Rural de Uruguaiana
- Leilão Cabanha Campo Novo - Restinga Seca, RS
08/10 - 15h - Parque de Remates
- Remate da Estância Vista Alegre do Ponche Verde
Dom Pedrito, RS
26/10 - 13h30min - Parque de Exposições de Dom Pedrito
- Exposição de Vacaria
De 03 a 06 de outubro.
Entrada dos animais: 03/10
Admissão: 04/10
Julgamento: 05 e 06/10
- Remate da Cabanha Santo Ângelo
11/10 – 11 horas - Sede da Cabanha - Barra do Quaraí, RS
CULINÁRIA
Setembro/Outubro de 2007
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Técnicas de amaciamento
para carne de dianteiro
A carne de dianteiro costuma ser desprezada por ser
considerada dura, sem gosto ou mesmo por conter excesso de
gordura. Mas a verdade é que nem sempre o seu
aproveitamento é correto. Saiba aqui como usufruir destes
cortes considerados menos nobres, mas que acrescentam vida e
sabor à culinária e rendem até sofisticados pratos
Fotos: Cortesia SIC/Divulgação
Por Licínia de Campos
Existem várias técnicas para
amaciamento da carne “de segunda”,
a qual tecnicamente tem a denominação de carne de dianteiro. Para que
você possa entender melhor, vamos
citar primeiramente de onde provém
a carne do dianteiro. Olhando para o
animal, você logo perceberá que os
cortes dianteiros estão localizados acima das patas dianteiras bovinas.
Ou seja, é a parte que participa
mais ativamente da movimentação do
animal e portanto mais musculosa e
mais densa em tecidos conectivos.
Músculo e gordura são partes que mesmo cozidas intensamente não amaciam. Já os tecidos conectivos se dissolvem no cozimento lento e úmido, e
quando esfriam formam uma “gelati-
na”. É um produto rico em colágeno.
Muitas pessoas confundem esse gel
com gordura. A gordura se caracteriza
pela formação de uma crosta dura e
amarelada que bóia na superfície do
cozido. Já o colágeno, embora também
aflore à superfície, se caracteriza por
uma formação gelatinosa, que, quando aquecida, se dilui e encorpa o molho do cozido.
Portanto, pela explicação acima,
você pode perceber que os cortes dianteiros são apropriados para
cozimentos úmidos, lentos, que os
amaciam.
Artificialmente pode se utilizar dois
processos: o amaciamento mecânico e
o amaciamento por produtos. O mecânico é feito em muitos açougues e se
trata de passar a peça de carne num
aparelho que “amacia” a carne, quebrando suas fibras e que quando é sub-
metido a calor seco (grelhar, fritar)
perde os seus sucos, resultando em um
produto final seco e sem muito sabor.
O amaciamento por produtos é feito
geralmente com o auxílio da papaína
(mamão), bromelina (abacaxi) ou
ficina (figo), utilizando a ação
enzimática desses produtos, muitas
vezes desidratados, para quebrar também as fibras rijas da carne.
Se o tempero com tais produtos
forem feitos com muito tempo de antecedência, a carne perceptivelmente
começará a se desintegrar, em processo de deterioração, por isso deve-se
deixar o amaciante por um período de
no máximo 10 a 15 minutos.
Se você gostou deste artigo, acesso
o nosso site: www.sic.org.br lá você
encontrará além de receitas, uma vasta
quantidade de informações sobre carne bovina.
Contrafilé grelhado com purê de batatas ao alecrim
INGREDIENTES
4 bifes de contrafilé com 150g cada
- 1/4 xícara de azeite de oliva extra virgem
- sal e pimenta do reino
- 2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco
Purê de batatas
- 2 colheres (sopa) de folhas de alecrim fresco
- 1 kg de batatas descascadas e cortadas em quatro
- sal
- 1/4 xícara de manteiga sem sal
- 1/4 xícara de creme de leite
- 1 xícara de caldo de carne reduzido (segue receita).
Modo de preparo
Pincele a carne com o azeite e tempere com sal, pimenta
do reino e alecrim. Deixe descansar na geladeira por 1
hora.
Purê de batatas: coloque o alecrim num saquinho feito
com gaze e amarre. Coloque as batatas numa panela
grande com água salgada e deixe ferver. Cozinhe por 15
minutos, adicione o sachê, e cozinhe mais 10 minutos, até
as batatas ficarem macias. Elimine o sachê e escorra as
batatas. Amasse-as. Adicione a manteiga e o creme ao
purê, batendo até ficar uniforme. Tempere com sal e pimenta do reino e aqueça. Para preparar os bifes: grelheos por cerca de 4 minutos de cada lado ou até o ponto
desejado. Sirva com o purê de batatas e derrame o caldo
de carne reduzido por cima.
Serve 4 porções
Caldo de carne reduzido
- 2 xícaras de cebola picada
- 1 xícara de cenouras picadas
- 1 xícara de salsão picado
- 2 colheres (sopa) de óleo de canola ou azeite
- 1 xícara de vinho tinto
- 2 litros de caldo de carne pronto
- 4 ramos de tomilho.
Refogue a cebola, cenoura e salsão no óleo. Adicione o vinho e cozinhe por 10 minutos, ou até que quase todo o vinho tenha evaporado.
Adicione o caldo, reduza o fogo, e cozinhe em fogo lento por 1 hora.
Coe, volte à panela, acrescente o tomilho e cozinhe por 5 minutos. retire
o tomilho e cozinhe por mais 30 minutos., reduzindo a 2 xícaras. Coe e
utilize como desejado.
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Setembro/Outubro de 2007
RANKING 2007
A disputa continua até
o final da temporada
Consideradas as mostras de Avaré, Londrina, Uruguaiana, (Outono),
Expoutono, Itapetininga, Maringá, Santa Maria, Feicorte/Nacional, Expoguá
e Expointer, o Ranking de Argola - categoria criador e expositor, está sendo
liderado por José Paulo Dorneles Cairoli, Reconquista Agropecuária, Alegrete/RS. No ranking de criadores, a Agropecuária Fumaça é a segunda, seguida
da Cabanha Rincon del Sarandy. No de expositores, a vice-liderança é da
parceria Cabanha Corticeira/Agropecuária GB, seguida de Elio Sacco, da
Agropecuária Fumaça.
No Ranking de Rústicos, liderança de Eduardo Macedo Linhares, da Gap
Genética, de Uruguaiana, RS, tanto criador como expositor. A Cabanha
Rincon del Sarandy é segunda nos dois rankings. Joaquim Francisco Mello é
terceiro melhor criador de rústicos, enquanto a Cabanha Santa Bárbara é a
terceira melhor expositora de rústicos.
CALENDÁRIO DE EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2007
SETEMBRO
OUTUBRO
22/09 a 2/10 - 2ª Exposição de Primavera Núcleo
OUTUBRO
15 a 21 - 69ª Expofeira de Santana do Livramento, RS
Central de Angus - Santa Maria, RS (Rústico)
(Argola e Rústico)
28/09 a 9/10 - 80ª Expofeira de Pelotas, RS (Rústico)
18 a 21 - Exposição de Cachoeira do Sul, RS (Argola e Rústico)
02 a 07 – Exposição de Primavera - Uruguaiana, RS
24 a 29 - Expofeira de Dom Pedrito, RS (Rústico)
(Argola e Rústico)
25 a 29 - 41ª Exposição Agropecuária de São Francisco
6 a 14 - Exposição de São José do Rio Preto, SP (Argola)
de Assis, RS (Rústico)
6 a 15 - Expofeira de Bagé, RS (Rústico)
15 a 21 - 65ª Exposição Agropecuária de Alegrete, RS (Rústico)
NOVEMBRO
12 a 19 - Expofeira de Cascavel, PR (Argola)
13 a 19 - Expofeira de Rio Grande, RS (Rústico)
Informações (ABA): 51 3328.9122 // e-mail: [email protected]
MOVIMENTO
Setembro/Outubro de 2007
49
Angus também domina o Mercosul
A raça Aberdeen Angus é a de maior expressão na região que é conhecida
como o Cone Sul da América do Sul, que engloba o Rio Grande do Sul e os
países vizinhos, a Argentina e o Uruguai. Pela proximidade o intercâmbio
que tradicionalmente é mantido entre estas regiões, essas relações são realmente fortes havendo, muitas vezes, a troca de genética entre os criadores.
Por Nelson Moreira
I
gualmente a representatividade
das criações de Angus nestes países é bastante significativa para
a raça. Basta dizer que na Argentina,
52% do rebanho é absoluto Angus definido, com mais 20% de animais
com sangue Angus, num rebanho estimado em 500 mil cabeças entre
exemplares pedigree, de campo ou
cruzados. O rebanho total da Argentina é de 25 milhões de cabeças.
No Brasil, que tem um rebanho
calculado em 200 milhões de cabeças, no qual 90% é Zebu, a Angus
vem crescendo significativamente e
em velocidade. Atualmente são mais
de 300 criadores com gado puro (registrado), mas o grande universo é de
produtores que são usuários da raça e
da genética Angus em nível comercial (gado Angus definido, formação do
Brangus ou em cruzamento).
Conforme ressalta o presidente da
Associação Brasileira de Angus (ABA),
José Paulo Dornelles Cairoli, “a Angus
está no melhor momento de sua história no Brasil. É a raça Européia número um no País em todos os aspectos: em animais registrados, em venda
de sêmen, número de leilões, número
de reprodutores vendidos anualmente
e, entre outros fatores, é a genética mais
usada em programas de cruzamento”,
sintetiza o dirigente.
O Uruguai, por sua vez, tem cerca de 3,2 mil animais Angus pedigree,
dois mil PC (Puro Controlado) e
13.850 mil puros por cruza. Segundo o presidente da Associação de
eficiência na produção de uma carne
de qualidade, valor bastante considerado pelos produtores, frigoríficos e
consumidores argentinos e de outros
países importadores do produto.
Ele diz que o fato de terem um
volume grande de animais, a seleção
genética acaba sendo mais eficiente,
pois possuem mais opções de escolhas.
Segundo ele esta genética tem sido exportada para o Uruguai, Brasil, Estados Unidos e Europa. O mesmo caminho tem conquistado a sua carne.
Gutierrez diz que a 50% da conta Hil-
sente e do futuro em todos os mercados”, sentencia.
Sem discordar do argentino, o
presidente Cairoli diz que o Angus do
Brasil está evoluindo muito e se aproximando do padrão argentino.
Logicamente que o rebanho argentino é bem mais numeroso e a raça
é a principal do país. Assim sendo, os
argentinos estão à frente em seleção
de reprodutores. Em relação ao Uruguai, o cenário é um pouco diferente,
pois a raça teve um crescimento mais
recente.
Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda
Foto: Felipe Ulbricht
Luiz Fernandez, do Uruguai
José Paulo Cairoli, do Brasil
Horácio Gutierrez, da Argentina
Angus do Uruguai, Luiz Fernandez,
a raça vem crescendo significativamente e atraindo novos criadores devido às suas qualidades e excelência
na produção de carne.
O presidente de Honra da Associação Argentina de Criadores de
Angus, Horácio F. Gutierrez, diz que
a raça predomina no seu país por sua
ton de exportação Argentina é de carne Angus.
Em termos de semelhanças, ele vê
que os três países estão baseando a seleção do gado Angus na busca de um
frame médio, de boa produção carniceira, mantendo as grandes qualidades e habilidades da raça. “Sem dúvida nenhuma, a Angus é a raça do pre-
“Existem diferentes fenótipos
(biótipos) e não podemos dizer que
somente um é o ideal. Em regiões frias buscamos um tipo de animal, para
programas de cruzamento outro. Para
engorda à pasto buscamos linhagens
mais precoces (menores) e para terminação em confinamento podemos
usar linhagens de maior ganho de
peso e engorde um pouco mais tardio”, salienta o dirigente brasileiro.
Para Cairoli, o Angus oferece genética adequada para diferentes sistemas de produção e ambientes. O criador precisa estar atento e buscar orientação para usar a mais adequada para
o seu negócio (ambiente e mercado).
O colega, dirigente uruguaio afirma, de sua parte, que a raça se adapta
muito bem à alimentação no campo
natural, expressando qualidades
como habilidade materna, fertilidade,
rapidez no apronte e marmoreio na
carne. “É uma raça que se comporta
muito bem em campos melhorados
sobre resteva de arroz”, ressalta
Fernandez. Para ele é um objetivo do
criatório uruguaio a busca por um
animal de frame moderado, com
muita carne nos cortes mais valiosos,
que se desenvolvam bem e que sejam
de bons de aprumos.
O dirigente ressalta que na Argentina o Angus é a raça majoritária. Já
no Uruguai, nos últimos 15 anos houve um aumento de uns 10% a uns
35% em animais puros e suas cruzas
e seguem em crescimento havendo
cada vez mais criadores interessados
na raça. Fernandez assegura que a carne Angus “hoje tem forte demanda a
tal ponto que carne certificada Angus
com mais de 250 kg. de peso de carcaça tem uma bonificação de 10.5%
para os mercados da Europa,
sobrepreço que outras raças não alcançam”, finaliza o dirigente.
Jornalista
Projeto Imagem leva jornalistas estrangeiros à Expointer
Entre 26 de agosto e 2 de setembro, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex
Brasil) e Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec) promoveram a sexta edição
do Projeto Imagem, um encontro
entre jornalistas estrangeiros que
parte do princípio que a reputação
dos produtos é o maior patrimônio
de qualquer mercado e nesse sentido, dialogar com formadores de opinião é fundamental.
“Jornalistas estrangeiros foram
convidados pelas duas entidades para
prestigiar a Expointer 2007 e participar de um programa de uma semana
no Brasil, conhecendo a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil”,
explica a gerente de marketing da
Abiec, Andréa Veríssimo.
Fotos: Divulgação Abiec
Pratini de Moares falou aos jornalistas durante a Expointer
Ela relata que acompanhados por
representantes do setor, os jornalistas
estrangeiros conheceram as possibilidades de negócios oferecidas pelo
mercado de carne no Sul e CentroOeste do País e que o encontro possibilitou explicações sobre as regras de
rastreabilidade da carne e o controle de qualidade dos frigoríficos
exportadores. “Desde a forma
Visitação à Fazenda das Pedras, de Reneu Ries
como o gado é criado e abatido, passando
pelo
processo
de
comercialização do produto, até o sabor do tradicional churrasco brasileiro, tudo o que foi visto pelos jornalistas será levado na bagagem de volta
e ganhará projeção internacional”,
destaca Andréa.
A gerente de marketing diz que o
resultado do projeto é medido no
número e teor de matérias publicadas
após a visita. “Sempre temos ótimos
resultados com este projeto e matérias positivas já foram publicadas nos
mais variados países”, comemora.
Em meio a uma intensa programação que incluiu visita a Bonito,
MS, o dia 28 de agosto foi reservado
para os jornalistas visitarem a
Expointer, onde tiveram reuniões em
vários estandes e degustaram Carne
Angus. Eles também participaram do
lançamento do convênio da Apex Brasil no estande do Senar, com a presença do criador e vice-presidente da
Farsul, Gedeão Pereira, o presidente
da Apex, Alessandro Teixeira, e o presidente da Abiec, Marcus Vinicius
Pratini de Moraes, que concedeu entrevista coletiva no dia 29 de agosto,
antes de os jornalistas embarcarem
para Cachoeira do Sul, onde visitaram a Fazenda das Pedras, propriedade de Reneu Ries.
Nesta edição, integraram o projeto o Jornalista Dott. Manrico Murzi
e Fotógrafo Sig. Luigi Credi, do
Eurocarni (Itália); Editor in Chief
Petr Kiriyan, RBC Daily 1st Deputy
(Rússia); Jornalista Georges Quioc,
do Le Figaro (França); editor Kamarul
Aznam Kamaruzaman, Halal Journal
of Malaysia (Malásia).
50
Setembro/Outubro de 2007
ARTIGO TÉCNICO
Sumário de Touros Angus 2007
ANC – ABA / Promebo® - Gensys
O
Por Leonardo Talavera Campos
Os valores genéticos dos touros pais contidos no Sumário de Touros Angus 2007
2007,
expressos na forma de Diferenças Esperadas na
Progênie (DEPs), foram computados a partir
de registros de performance rotineiramente
coletados pelo Programa de Melhoramento de
Bovinos de Carne - PROMEBO® - nos rebanhos da raça Angus. Este sistema de avaliação
genética entre os rebanhos de uma raça,
implementado pela ANC, baseia-se na
metodologia de modelos mistos sob seleção,
empregada através de programas desenvolvidos pela empresa Gensys Consultores Associados, e fornece predições de mérito genético
(DEPs) para todos os animais – machos e fêmeas – que apresentem, ou registros válidos,
ou filhos com registros válidos.
s procedimentos empregados incorporam todas as informações disponíveis na
predição da DEP de um individuo. As
informações que podem estar disponíveis são: progênie; parentescos no pedigree, mais especificamente pai e mãe; e o registro de performance individual do próprio animal.
Além disto, se os dados de progênie estão disponíveis, a superioridade ou inferioridade dos
acasalamentos específicos são ajustados pelo processo de estimação. Assim, no caso dos touros pais,
por exemplo, o mérito genético das vacas com
que foram acasalados é levado em consideração
pela análise. Segundo Benyshek e colaboradores
da Universidade da Geórgia, EUA, isto reduz, se
é que não elimina totalmente o problema de
acasalamentos dirigidos.
A nova edição do Sumário de Touros Angus,
desenvolvido em conjunto pela ANC, Angus e GenSys,
é uma ferramenta essencial para a escolha de
reprodutores melhoradores para uso em rebanhos e plantéis
Estes pesquisadores norte-americanos executam o programa nacional de avaliação de bovinos
(National Cattle Evaluation – NEC) naquele país,
e informam que os touros pais com um grande
número de filhos são os indivíduos mais
acuradamente avaliados neste tipo de programa.
Entretanto, resultados de pesquisa indicam que
as DEPs computadas para touros jovens, sem progênie ainda, são consideravelmente mais acuradas
para se tomar decisões de seleção do que pesos
ajustados e relações (usados pelo PROMEBO até
1990). DEPs de touros jovens podem ser de 5 a 9
vezes mais acuradas para a seleção entre diferentes rebanhos do que as relações de performance.
Os efeitos ambientais dos Grupos Contemporâneos (GC) também são ajustados pelos procedimentos de análise. O resultado disto é que as
DEPs são computadas como se todos os animais
pertencessem a um único e grande grupo contemporâneo. Isto é o que possibilita comparar as
DEPs através dos diferentes rebanhos. A identificação correta e adequada do GC em que um animal foi criado é de importância básica para que a
sua avaliação e a de seus pais seja acurada. Esta
tarefa de formar adequadamente os GCs recai
sobre o próprio criador, uma vez que é o único
que pode legitimamente determinar de que GC
cada animal faz parte. Por esse motivo os criadores devem estar sempre atentos à definição de GC:
(1) animais do mesmo sexo; (2) animais de idade
similar (não mais de 90 dias de diferença entre
datas de nascimento); (3) animais manejados em
conjunto e que receberam oportunidades iguais
para produzir (mesmo regime nutricional ou pastagem, mesma data de pesagem, etc...). Grande
parte dos erros e problemas nos programas
de avaliação genética atuais tem como origem a inadequada formação dos GCs.
Ao comparar o sumário atual com o do ano
passado, os criadores observarão algumas alterações nos valores absolutos das DEPs listadas. Em
primeiro lugar é preciso considerar que a ordenação, ou ranking dos touros, é bastante semelhante nos dois sumários. O procedimento adotado
maximiza a probabilidade de uma ordenação correta dos touros baseando-se nos dados incorporados na análise. É importante que os criadores utilizem as DEPs mais atuais ao tomarem decisões de seleção, como também em
seus anúncios publicitários (por exemplo
nos catálogos de remate).
Adicionalmente, o conjunto de dados, em sua
totalidade, é continuamente escrutinado quando
a exatidão dos registros; assim, alguns registros
presentes em analises anteriores podem ser perdidos no processo de edição para a presente análise.
Da mesma forma, dados antigos (referente a produções de anos anteriores), continuam a se incorporar à análise, em função dos novos criadores
participantes do PROMEBO®. Estes dados podem ter algum efeito na computação das DEPs.
No geral a incorporação de dados adicionais, mesmo de anos anteriores, tende a
elevar a exatidão geral da predição.
Finalmente, outra causa de certas alterações
nas DEPs de ano para ano é o aumento no uso da
Inseminação Artificial (IA). Quanto mais intensamente a inseminação artificial (IA) for
usada melhor se torna a conectabilidade no
conjunto de dados da raça, isto é, mais touros são usados através dos diferentes rebanhos. Esta maior conectabili-dade também
leva a uma exatidão de predição maior. Basicamente cada novo sumário é um pouco
mais acurado do que o anterior.
Para finalizar, é importante lembrar que as
DEPs aqui apresentadas não são comparáveis entre as diferentes raças. Desta forma, uma DEP de
10 kg para peso à desmama em uma raça não tem
o mesmo significado que uma DEP de 10 kg em
outra raça. O programa de avaliação genética da ANC tem o objetivo bem especifico
de auxiliar os criadores a encontrar touros,
dentro de uma determina raça, que possam ser de utilidade em seus programas de
melhoramento.
A avaliação genética entre os rebanhos de uma
raça executada pela ANC tem o firme propósito
de estabelecer uma descrição genética acurada para
crescimento – mais especificamente ganhos de
peso ao nascer, desmama, final e ainda, pela capacidade de transmitirem habilidade materna às suas
filhas – bem como para outras características avaliadas. Os criadores competentes estão
aprendendo a usar esta descrição genética
nos programas de melhoramento bem planejados, o que poderá assegurar a sobrevivência e futura utilidade de suas raças na
industria de carne bovina.
Coordenador Técnico do Promebo®
Associação Nacional de Criadores - Herd
Book Collares / ANC
e-mail: [email protected]
OPINIÃO
Setembro/Outubro de 2007
51
Se nem toda carne vai para o mesmo
balaio, o boi também não pode ir
A coordenação e alinhamento de objetivos entre os diferentes
elos da cadeia produtiva, notadamente produtor e frigorífico,
é necessária para atender de forma eficiente todos os clientes
Por Fabiano Tito Rosa
A pecuária de corte brasileira está em
transformação, reflexo, principalmente, do
avanço das exportações. Acompanhe, na Figura 1, a evolução da produção de carne bovina no Brasil e dos volumes destinados a abastecer os mercados interno e externo. Atenção
especial às variações.
A
Figura 1 ilustra duas coisas importantes. Primeiro, o mercado interno ainda é o principal destino da carne bovina produzida no Brasil. Porém, e aí vem a segunda constatação, o mercado externo é o que
mais cresce. E essa tendência deve se intensificar ao longo dos próximos anos, em função de
alguns fatores. Dentre eles, destacam-se:
1. O consumo mundial de carne bovina está
em expansão (veja Tabela 1). Destaque para os
países em desenvolvimento, que vêm registrando aos maiores taxas de crescimento econômico;
2. O consumo per capita de carne bovina
no Brasil já é relativamente alto (as estatísticas
apontam algo entre 38 kg e 43 kg/habitante/
ano), e o ritmo de crescimento da economia
nacional tem ficado abaixo da média mundial,
notadamente abaixo da média dos países emergentes. Portanto, o consumo de carne bovina
tem mais potencial de crescimento fora do que
dentro do Brasil;
3. São as indústrias exportadoras que estão
investindo. Os frigoríficos exportadores, de
acordo com a Abiec - Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne, tinham o
equivalente a R$ 1 bilhão investido no Brasil
no final da década de 80. Dez anos depois os
investimentos chegavam a quase R$ 3 bilhões,
e atualmente se aproximam de R$ 10 bilhões.
Ainda de acordo com a mesma fonte, as indústrias exportadoras (incluindo todas, mesmo as
que atendem apenas lista geral) respondiam por
68% dos abates bovinos do Brasil em 2006,
sendo que a participação dos cinco maiores grupos era de 13,5%. Hoje, depois de novas aquisições e ampliações, a participação dos “grandões” com certeza aumentou um pouco mais.
E novos investimentos ainda estão por vir,
embalados pelos recursos recém adquiridos
através de abertura de capital.
Vale lembrar que as exportações brasileiras
de carne bovina respondem por mais de 32%
das exportações mundiais e que, no primeiro
semestre deste ano, os embarques de carne in
natura cresceram 30% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Mas lá fora, como aqui dentro, também tem
de tudo um pouco. Alguns mercados se preocupam essencialmente com preço. Muitas vezes,
para acessá-los, a principal exigência é que os
valores estejam abaixo do que é praticado pelo
comércio local. Na África, principalmente, é assim. Oriente Médio é outra região onde o que
vale mais é o preço baixo.
Ainda assim, são mercados importantes. Ajudam, por exemplo, a escoar o dianteiro, que internamente é um problema. Mas existem também os consumidores que exigem qualidade. E
não só qualidade de produto (acabamento, cor,
maciez, etc.), mas, principalmente, qualidade de
processos (sanidade, rastreabilidade, boas práticas de manejo, controles e mais controles).
Veja só. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, mas 57% do mercado
mundial está fechado para a carne in natura brasileira, por conta do status sanitário. Estados
Unidos, Japão e Coréia do Sul, por exemplo, só
aceitam comprar carne de países totalmente livres de febre aftosa, e sem vacinação.
Dentre os mercados mais exigentes em qualidade, e que por conta disso pagam melhor, o
Brasil praticamente só atende a União Européia
(UE). Nesse caso, temos que enfrentar alguns
problemas. Primeiro, a exorbitante tarifa de importação praticada pelos europeus chega a 12,8%
+ 3.041 euros/tonelada. Dessa forma, só é viável
para o Brasil exportar cortes nobres para a UE.
Dianteiro, nem pensar.
Segundo, o nível de exigência dos consumidores europeus não pára de aumentar. Enquanto o Brasil ainda bate cabeça para atender às de-
mandas relacionadas à rastreabilidade e à sanidade, certificações mais específicas (e “trabalhosas”, como Eurepgap e Aus-Meat) ganham força. Sem contar as novas barreiras não-tarifárias
que devem vir por aí, principalmente relacionadas a questões sócio-ambientais. É a tal da
sustentabilidade, que agora está na moda.
E justamente por conta da dificuldade em
atender à risca as exigências européias, a carne
bovina brasileira enfrenta um lobby pesado contra sua presença no continente, notadamente por
parte de ingleses, franceses e, principalmente,
irlandeses. Um déficit, entre o que produzem e
o que consomem, que varia entre 500 e 600 mil
toneladas de carne bovina, não encoraja o comando da UE a embargar de vez a carne brasileira. Mas conviver com essa ameaça constante
é, no mínimo, um grande incômodo.
O mercado internacional é, na verdade, uma
salada de diferentes mercados, cada um com suas
exigências e especificidades. Não é o objetivo desta análise discutir a “essência” ou a lógica de cada
uma delas. Apenas chamamos a atenção para o
fato delas existirem. É preciso, portanto,
compreendê-las e trabalhar no sentido de formar
um bom mix de clientes, que não crie muita dependência e que promova uma boa “mescla” entre mercados de preço e mercados de qualidade.
Vale ressaltar também que tanto o preço baixo, quanto a qualidade (de processo e/ou de produto), são atributos que começam a ser
construídos no campo. Portanto, um mínimo
de coordenação e de alinhamento de objetivos
entre os diferentes elos da cadeia produtiva,
notadamente produtor e frigorífico, é mais do
que necessário para atender de forma eficiente
todos os clientes.
Como os custos de produção no Brasil, por
conta das condições naturais favoráveis, são naturalmente e comparativamente baixos, os esforços internos devem se voltar, principalmente, ao aprimoramento da qualidade.
Nesse sentido, cabe ao produtor se informar
e buscar atender as demandas da indústria, que
apenas responde às exigências do varejo/consumidores. Já a indústria precisa auxiliar o produtor nesse trabalho, ciente das dificuldades envolvidas no processo. A transparência e o
compartilhamento de informações são essenciais nessa hora.
Estímulo também não pode faltar. Se a qualidade é premiada lá fora, também deve ser premiada, de alguma forma, internamente. Em
outras palavras, se nem toda carne vai para o
mesmo balaio, o boi também não pode ir.
A pecuária, em termos técnicos e comerciais, já não é a mesma de dez anos atrás. Mudou
para melhor. A forma de relacionamento entre
os elos da cadeia, portanto, terá que seguir pelo
mesmo caminho.
Zootecnista - Scot Consultoria
[email protected]
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Setembro/Outubro de 2007

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