Untitled - Maison de la Musique

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Untitled - Maison de la Musique
teste áudio 3
SISTEMA CAV - AMPLIFICADOR T-3,
CD T-33 E CAIXAS ACÚSTICAS FL3
Christian Pruks
[email protected]
O crescimento nosso dentro do hobby do áudio me soa sempre
semelhante à enofilia ou à cozinha gourmet: quanto mais aprendemos, quanto mais lapidamos nossos gostos e sensibilidades, mais
queremos algo melhor - nosso ‘teto’ sobe, mas nosso ‘chão’ também! Como melômanos, podemos ouvir música e alimentar nossas
almas com um smartphone e um fone de ouvido decente, assim
como uma comida rudimentar e mal preparada pode alimentar e
nutrir o organismo de um gourmet, mas não irá satisfazer sua alma.
É aí que está todo o ponto: nutrir no sentido fisiológico ou realmente alimentar, satisfazer? Quando passamos muito tempo dentro de
equipamentos de altíssimo nível, falar de sistemas e equipamentos
mais simples é sempre complicado, é sempre difícil dizer o que é
em quando, aparecem equipamentos de bom preço e performance
milagrosa. E um desses raros é o sistema da CAV aqui analisado.
O melhor jeito de levantar informações não divulgadas sobre uma
empresa, informações de dentro do mercado, é lendo outros reviews
feitos de equipamentos da marca. Acontece que me parece que
nenhum produto da CAV foi testado ainda fora da Ásia (a não ser o
integrado T-50, que eu testei um par de meses atrás); então todos os
reviews que encontrei estão escritos em ideogramas japoneses ou
chineses - e eu costumo evitar ler a linguagem truncada que tradutores como o Google Translator fazem desses documentos. De qualquer maneira, a CAV é uma indústria muito grande na China, com
bom ou ruim - porque muitas vezes algumas coisas que a maioria
uma enorme rede de distribuição e uma extensa linha de systems,
iria achar até bom já não nos satisfaz mais, já nos é sem graça e
prés, amplificadores, home theaters, caixas de tudo quanto é ta-
suas deficiências são claras como o dia - e até incomodam. Sobre
manho e acabamento, racks e muito mais. Aparentemente, fora da
os equipamentos ‘de entrada’, já ouvi até pessoas dizerem coisas
Ásia, uma das únicas distribuições é a da Maison de La Musique,
como: ‘não sei nem o que recomendar, tudo me soa tão mal’ - o
aqui no Brasil. O sistema da CAV aqui analisado - com cara simpá-
que é, claro, um exagero desproposital! Será que nosso paladar de
tica, design sóbrio e de pequena largura - é composto de um am-
hambúrguer de picanha com queijo emental nos deixou imunes a
plificador integrado valvulado, o T-3, equipado com dois triodos 6V6
saborear um sanduíche de padaria? Essa é uma reflexão longa - e
por canal e as conhecidas 12AX7 e 12AU7 na parte do pré. Cada
não é o verdadeiro intuito desta matéria. A verdade é que, de vez
válvula 6V6 é capaz de prover 5 W, sendo que um par pode chegar
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SISTEMA CAV - AMPLIFICADOR T-3, CD T-33 E CAIXAS ACÚSTICAS FL3
que começasse com um sistema destes ou mesmo usasse-o
como um sistema secundário em um quarto ou escritório - para
tal adicionei um cabo de força (amplificador) e um de interconexão
(entre o CD e o amplificador), ambos Sunrise Lab Reference, e um
cabo de caixas Black Rhodium, simples mas bem equilibrado e musical, que costumo usar nesse tipo de sistema ou teste. Em uma
segunda fase, procurei ver até onde cada componente respondia e
quais suas deficiências. Para tal, usei o amplificador com as caixas
bookshelfs Konforti Audio Aleph e também com as torres Kharma
Elegance db7 - com resultados de arregalar os olhos. As Kharma
são caixas muito simpáticas com amplificação valvulada de baixa
a 14 W em push-pull - sabiamente a CAV manteve a distorção bai-
potência (mas, como eu disse acima, esse amplificador foi nutrido
xa, deixando o T-3 chegar apenas até 10 W por canal cada qual
pela CAV com uma mistura de Neston e Farinha Láctea diluída em
com um par de válvulas. Do jeito que esse amplificador toca bonito,
Biotônico Fontoura). A seguir, adicionei o CD / SACD Luxman D-06
energético e forte, com volume de som, fiquei com a pulga atrás da
no lugar do player original do system, e meus olhos arregalaram tan-
orelha, pus ele na bancada e medi a potência real, e logo antes da
to que eu parecia protagonista de desenho japonês. Caramba! Até
onda começar a entortar no osciloscópio, o resultado deu 10,5 W
onde será que esse sistema cresce? E, por fim, testei as pequenas
reais por canal! Uau! É preciso entender que esse amplificador toca
bookshelfs FL3 - devidamente posicionadas nos meus pedestais
alto, empurrando caixas como se fosse um transistorizado de 30 W,
turbinados, na mesma posição onde estavam as Kharma (sim!) -
daí o meu ‘uau’! O T-3 tem bons bornes de caixa que aceitam tanto
‘banana’ quanto ‘spade’, tem tomada IEC para usar um bom cabo
de força, tem três entradas RCA de linha e uma entrada para um
iPod / iPhone dock (o qual vem junto com o aparelho). Existe um
pequeno controle remoto para as funções do iPod / iPhone, mas
falta ao T-3, porém, controle remoto de volume - coisa com a qual é
possível conviver.
O componente seguinte do sistema é o T-33, bastante simples,
mas bem honesto diminuto CD player, com todos os recursos usuais
e suficientes. Apesar do mesmo não ter entradas digitais para se
ligar um computador, como se esperaria em players digitais modernos, o verdadeiro pecado incongruente do T-33 é ele ter um cabo
de força embutido. Mesmo assim é um CD decentemente acertado
com som bonito, que acompanha um controle remoto com mais
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primeiramente com amplificador Sunrise Lab V8 MkIII, depois com
o integrado darTZeel CTH-8550 - ambos alimentados pelo D-06 da
Luxman. Ufa! Vamos por partes:
O melhor componente desse sistema é o vitaminado amplificador
valvulado T-3, cuja longevidade com outras caixas é inacreditável. O
T-3 tem o tempero do valvulado, mas não tem os vícios do valvulado
antigo ou simples: ele tem energia, vitalidade, extensão de agudos,
detalhamento e refinamento. É um dos melhores amplificadores de
entrada que eu conheço. Surpreendente, implora por vários upgrades
de cabos e de caixas, respondendo e crescendo muito bem. Mesmo
com caixas que são mais amigáveis à sua potência, eu diria que o
ponto fraco dele é, principalmente, na extensão de graves. Não faz
feio frente a amplificadores transistorizados de 30 ou 40 W!
funções até que o seu painel frontal. Por último, vem o par de cai-
O segundo melhor componente é, facilmente, as caixas FL3. Mui-
xas acústicas bookshelfs FL3, com duto (bass-reflex), equipadas
ta gente não olharia duas vezes para elas, mas certamente são as
com tweeter de domo de tecido de uma polegada e midwoofer de
melhores bookshelfs de entrada que eu conheço, com palco profun-
4,5 polegadas de algum composto plástico preto. Seu gabinete é bem
do, descendo bem mais do que apenas os 60 Hz da especificação,
sólido, bem acabado e elas podem ser bicabladas, pois ostentam
aguentando volumes de som bem altos. Porque eu descobri que
bornes de alta qualidade separados para o tweeter e o midwoofer.
não é que elas são de alta eficiência, mas sim o amplificador é que
São caixas valentes e, para mim, descem muito mais do que os
é vitaminado. Ela supera várias bookshelfs que eu ouvi e analisei
60 Hz ditos nas especificações. Primeiramente deve-se esquecer os
nos últimos anos - e, se fossem vendidas separadamente, seriam as
cabos originais - que são somente protocolares - e adicionar bons
bookshelfs que recomendaria. Usei-as em uma sala de 24 m², com
cabos do mercado, cabos feitos com a finalidade de extrair boa
grande prazer de ouvir música, com um amplificador de 100 W em
qualidade de som. Fiz o teste do system da CAV em dois capítulos:
8 Ohms e 200 W em 4 Ohms, sem dó, e a única ‘inconveniência’
com cabos de força, caixa e interconexão de preços acessíveis e
foi o fato de que a caixa não desce muito - mas, até aí, qualquer
congruentes com o nível sonoro do sistema, para fechar a nota do
outra bookshelf nas mesmas condições se comportaria da mesma
teste, imaginando o que poderia chegar a ter em mãos o audiófilo
maneira.
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Em último lugar vem o CD player T33. Ele é um player honesto
Recordings - gravação suprema em uma série de quesitos - o palco
que toca bonito e limpo - que meu lado desenvolvedor diz que se
fica bem claro, correto, arejado e com separação nítida entre a bate-
tivesse uma tomada IEC de força no painel traseiro, permitindo o
ria, o baixo, a guitarra e a voz de MacLeod e seus ruídos de lábios e
uso de um bom cabo de força, a maior parte de suas deficiências
os reflexos de sua voz dentro da sala onde o disco foi gravado. Aqui
desapareceria.
nada sai das caixas, mas sim entre elas e para trás delas, formando li-
Finalmente, o guia de upgrade - sugerido por este que vos fala. O
segredo desse sistema é o upgrade! Primeiramente, após a compra,
teralmente uma excelente imagem de palco, como se você estivesse
lá assistindo eles tocarem.
é preciso comprar um bom cabo de interconexão, um de caixa e
Certamente as texturas estão além do que se esperaria de um
um de força (para o amplificador). Deve-se, também, tratar o system
sistema desse nível, e o mesmo se aplica aos transientes: há uma
CAV como se fosse um sistema de som hi-end (que ele é!), e fazer
vivacidade presente, sem nenhuma sensação de embolamento ou,
o setup correto das caixas, com pedestais decentes, afastados da
muito menos, de perda de velocidade. Tudo tem ataque de sobra.
parede do fundo, usar um rack ou prateleiras firmes e mais sólidas
Ouvindo a bateria de Terry Bozzio no disco Polytown, que ele fez
possível etc. Em uma segunda fase, eu colocaria uma tomada IEC
junto com o baixista Patrick O’Hearn e o guitarrista David Torn, cla-
no CD player e compraria um cabo de força melhor (mas isso sou
ramente se percebe cada parte da bateria e da percussão complexa
eu, desenvolvedor, falando). Na sequência, compraria um subwoofer
de Bozzio, deixando bem claro seu swing e, ao mesmo tempo, a
pequeno, ativo, e adicionaria-o ao sistema, em paralelo com as
precisão ao tocar as peças mais agudas da percussão. Não se po-
bookshelfs - com o corte e a intensidade devidamente regulados, de
dem esperar grandes arroubos de dinâmica e crescendos de um
maneira que o mesmo completasse o que falta às caixas. Daqui para
sistema desse tamanho, mas ouvi vários estilos musicais e não
frente, os únicos upgrades necessários seriam o da fonte digital e
senti compressão artificial. Ouvindo a L’Histoire du Soldat, de Igor
dos cabos - já que esse sistema suporta e é compatível com cabos
Stravinsky, tocada pelo Chicago Pro Musica e gravada praticamente
de um nível muito alto. Entendam: quando você põe um supercabo
sem compressão pelo selo Reference Recordings, pude perceber
em um equipamento de entrada, a tendência é ele mostrar, trazer à
facilmente intencionalidades da percussão e os crescendos dos me-
luz, dar ênfase às deficiências do sistema. Só componentes muito
tais. Em um pequeno sistema milagreiro, procurar e achar defeitos
equilibrados aguentam supercabos sem incorrerem nisso - e o am-
já é uma espécie de sacanagem, mas uma que faz parte do serviço.
plificador T-3 e as caixas FL3 são desse tipo de componente. É um
Acredito que o sistema, com toda sua definição de médios e agudos
sistema que tem bainha, que tem ‘garrafa para vender’, que tem
se beneficiaria de uma pequena engordada no corpo harmônico dos
para onde crescer. E muito!
graves e médios-graves. Não entendam aqui que o som é magro,
COMO TOCA
O sistema encanta logo de cara, pelo volume de som, vivacidade,
clareza, bom timbre, bons transientes e texturas - som de gente
grande, mais refinado e mais impressionante que o que se espera
dele. Logo, porém, percebe-se que há deficiências e espaços para
crescer - a pulga atrás da orelha já começa a trabalhar e o ouvido
treinado já diz: ‘setup aqui, cabo ali, setup ali, troca isso, troca aquilo
etc. - opa, esse sistema é especial!’ Quanto ao equilíbrio tonal, existe
uma tendência a faltar extensão nos graves, assim como um pouquinho de peso, mas no geral é limpo, equilibrado, com bom timbre,
sem buracos, saliências ou tendências desagradáveis. Quanto ao
palco do system CAV, é preciso trabalhar o setup das caixas tendo
muito cuidado com cada tipo de sala, levando em conta que as
caixas se beneficiam do reforço de graves e médios-graves trazidos
pela proximidade com a parede lateral e a dos fundos. Falo isso
porque se essa parte for bem tratada e equilibrada, pode-se afastar
bastante as caixas uma da outra e, assim, obter um palco arejado,
fundo, bem focado e com tudo bem separado. No disco There is a
Time, do guitarrista de blues Doug MacLeod pelo selo Reference
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SISTEMA CAV - AMPLIFICADOR T-3, CD T-33 E CAIXAS ACÚSTICAS FL3
mas sim que ele ficaria melhor com um pouquinho mais de carne
nos ossos. Orgânico e musical! Simples assim. Imagine algo que
Potência de saída
10 W (canal) em 6 Ohms
maneira muito correta!
20 Hz - 35 kHz
ESPECIFICAÇÕES - Amplificador T-3
12AX7 (1) / 12AU7 (2) / 6V6 (4)
Resposta de
Dimensões (L x A x P)
286 x 166 x 213 mm
Peso
10,5 kg
ESPECIFICAÇÕES - CD player T-33
Válvulas
Resposta de
20 Hz - 20 kHz
frequência
toca bem, limpo, correto, instigante e encantador - e tudo isso de
CONCLUSÃO
Esse sistema da CAV é o que se chama coloquialmente de uma
Distorção harmônica
≤ 1.5% (1 kHz)
Relação sinal / ruído
≥ 80 dB
Entradas
3 entradas de linha + iPod /
iPhone (inclui dock para iPod
e iPhone com fio para conector antigo)
‘barbada’, ou ‘mamão com açúcar’. A meu ver é o sistema ideal
para quem está começando na audiofilia, ou quem quer investir em
um sistema ‘de entrada’, para quem quer um som no quarto, na
casa de campo ou no escritório e, ainda assim, continuar ouvido um
som de alta qualidade e fidelidade sonora. O sistema CAV tem pouco para domar (e ainda assim de maneira fácil) e muito para dar prazer! Se você já é um audiófilo mais escolado e alguém lhe pergunta
o que comprar de caixas e amplificador de entrada, para montar já
um bom sistema, que toca muito, um investimento certo, sem gastar
dinheiro demais ou dinheiro errado, a resposta é: este sistema CAV
com amplificador T-3, CD player T-33 e caixas acústicas FL3!
frequência
Relação sinal / ruído
80 dB
Distorção harmônica
< 0,5%
Saída
2V
Consumo
15 W
Dimensões (L x A x P)
267 x 75 x 210 mm
Peso
2,9 kg
SISTEMA CAV - AMPLIFICADOR T-3, CD T-33 E
CAIXAS ACÚSTICAS FL3
Equilíbrio Tonal9,25
Soundstage 9,5
Textura9,75
Transientes9,75
Dinâmica 9,5
Corpo Harmônico9,25
Organicidade 9,5
Musicalidade 9,5
ESPECIFICAÇÕES - Caixas FL3
Total76,0
Tweeter
1” (domo de tecido)
Midwoofer
4.5” (cone)
Resposta de
60 Hz – 30 kHz
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
frequência
Sensibilidade
85 dB
Impedância
6 Ohms
Potência
5 W - 20 W
Dimensões (L x A x P)
158 x 259 x 309 mm
Peso
8,9 kg (par)
SINFÔNICA
Maison de La Musique
(11) 2117.7005
R$ 6.490
recomendado
60
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World Class
Interconnect,
Power Cord &
Speaker Cable
Ensembles
www.kscables.com
www.germanaudio.com.br

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