Dulcamara

Transcrição

Dulcamara
Terezinha Priscinotti. Dr, Clinica Medica
INTRODUÇÃO
Dulcamara, em inglês Nightshade Bittersweet, é conhecida com os nomes vulgares: agridoce,
doce-amara, erva moura, trepadeira azul, uva de cão, uva do diabo, vinha da Judeia, tira-febre e com as
sinonímias Amara dulcis, Caules dulcamara, Dulcamara flexuosa, Dulcis amara, Solanum dulcamara,
Solanum lignosum, Solum scandens, Vitis sylvestris. Originária da Europa, Ásia, África do norte, e
aclimatada na América, ocorre mais freqüentemente em áreas ribeirinhas, zonas úmidas, florestas, mas
ocasionalmente ocorre em habitats abertos, como pastagens e prados [3]. Forma de vida tipo arbusto
videira, atinge um a três metros de altura, caule lenhoso na base e ramos flexuosos, trepadores e sem
gavinhas, enrolando-se em seu próprio suporte, folhas alternas com pecíolo, flores violáceas ou azuis,
cálice com cinco dentes curtos e cinco pétalas em forma de estrela, estames com anteras amarelas
poricidas, e frutos que são bagas ovoides de cor verde e quando maduro cor vermelha, contem sementes
reniformes [1 e 2]. As folhas de sabor inicialmente amargo passando depois a doce, propriedade agridoce
que dá origem ao nome dessa planta – Dulcamara. As flores são polinizadas por abelhas e as sementes
dispersas por aves que consomem os frutos e espalham as sementes intactas por regurgitação ou
defecação, mamíferos também comem as frutas e espalham as sementes [3]. A planta é capaz de
crescimento rápido após a germinação e se espalha pelo chão ou se apoia em arvores e cercas.
Moderadamente invasiva classificada 3,3 em uma escala de 0 a 10 (0 é pouco ou nenhum impacto
ecológico, e em 10 invade e substitui as comunidades de plantas nativas) [3]. O fruto da erva-moura
agridoce contem cerca de 85% de água e baixo valor nutricional (12,5% ) devido a polpa ser aguada [3]. Os
frutos contém em media nitrogênio
(1,15% ), carboidratos (29,60 %), e baixo percentual de gordura (1,00 %) [3]. Pertence a família botânica
Solanaceae a qual possui mais de 3000 espécies, distribuídas em 106 gêneros [4], muitas com importância
agrícola devido a qualidades alimentícias como a batata (Solanum tuberosum), tomate (Solanum
lycopersicum), berinjela (Solanum melongena), outras com qualidades ornamentais como Petúnia
hybrida, Brunfelsia uniflora. O gênero Solanum é a maior família Solanaceae com 1.400 espécies [5] e
dentre estas há varias com qualidades medicinais como Atropa belladona, Hyosciamus niger, Mandragora
officinalis que possuem propriedades calmantes (narcóticas) [6]. As principais drogas dessa família na
homeopatia são: Belladonna, Capsicum, Dulcamara, Hyoscyamus, Stramonium e Tabacum.
A etimologia do termo Solanum é provável se origine do verbo latino “solari” que significa
consolar ou aliviar; e Dulcamara uma contração do latim dulcis, doce, e amarus, amargo, em alusão ao
sabor das raízes primeiro doce e depois amarga. [3]
Figura 1: Dulcamara – arbusto.
Fonte: Departamento de Agricultura dos EUA.
Foto por Steve Dewey, Utah State University, Bugwood.org disponível em
http://www.fs.fed.us/database/feis/plants/shrub/soldul/all.html
acesso
em
11/01/13
Figura 2: Dulcamara – partes da planta
Fonte: wikipedia disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solanum_dulcamara, acesso em 11/01/13
Figura 3: Dulcamara – flores
Fonte: Sociedade Portuguesa de Botânica, disponível em
http://www.flora-on.pt/index.php?q=Solanum+dulcamara, acesso
em 11/01/2013
USOS POPULARES
A crença popular utilizava Dulcamara para proteger contra o mal e remover feitiçarias. Amarrada ao
pescoço era considerada um remédio para vertigens e tonturas. Era pendurada ao pescoço do gado
quando temiam algum mal. De acordo com a crença alguns agridoces colocados debaixo do travesseiro
ajudariam a esquecer de um amor do passado [15]. Os antigos tomavam as raízes de Dulcamara no vinho
para induzir o sono. A planta também era usada em remédios populares para verrugas e tumores. E ainda
como narcótico, diurético, indutor de suor, para erupções de pele, reumatismo, gota, bronquite e tosse
convulsa, ictericia [15].
TOXICIDADE
Dulcamara pertence a família das Solanáceas. As Solanáceas são uma família que contém glicoalcalóide
solanina cuja concentração é maior no fruto verde, depois nos caules e folhas, sendo menor no fruto
maduro, contem ainda glicoalcalóide dulcamarina que dá o sabor amargo, e saponideos [3]. Dulcamara é
descrita como venenosa, porém, contém glicoalcalóide solanina em pequena quantidade e só causa
sintomas em humanos se houver ingestão de dez ou mais frutos verdes, sendo que a dose fatal exige
cerca de duzentas bagas verdes [3]. Em teste de sabor não é saborosa ao ser humano [3].
Tempo quente úmido favorece a formação de alcalóides nas espécies Solanaceae como Atropa,
Hyoscyamus e Datura, em áreas com alta precipitação de chuva o teor de alcalóides nestas plantas é
reduzida. Observações na espécie Solanum dulcamara o teor de alcalóides está diretamente relacionada
com o abastecimento de água e da quantidade de precipitação, aqui a precipitação elevada aumenta o
acúmulo de alcaloides. [16]
Figura 4: formula química da Solanina, componente toxico da erva moura.
Fonte: Faculdade de Farmácia do Porto, disponível em
http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g5_solanina/toxina.html
Acesso em 11/01/2013
Intoxicação em humanos
A Solanina é um glicoalcalóide com ação no Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNAP).
O SNAP é responsável pela homeostase do organismo humano, regula as atividades fisiológicas não
voluntarias como transpiração, temperatura corporal, metabolismo, secreção de glândulas endócrinas,
digestão, respiração, frequência cardíaca, mantem constante o ambiente interno do corpo, conserva e
repõe estoque energético, antagoniza fisiologicamente o Sistema Nervoso Autônomo Simpático. Esse
glicoalcalóide atua bloqueando a ação do neurotransmissor Acetilcolina (Ach) no SNAP, levando a
manifestações do tipo anticolinérgico desenvolvendo pele quente e seca, rubor facial, boca seca, mucosas
secas, bloqueio do suor, hipertermia, midríase, visão embaçada, taquicardia, aumento frequência
respiratória, redução de secreção brônquica, obstipação intestinal, náuseas, vômitos, retenção urinaria,
tremores e câimbras musculares, vertigens, ansiedade, alteração de percepção do tempo, delírios de
perseguição, alucinações visuais e auditivas, falência dos órgãos, risco de convulsão [4].
Intoxicação em animais
Se ingerida por cavalos, a agridoce pode causar dificuldade respiratória, náuseas, fraqueza,
tremores, constipação, diarréia e, possivelmente, morte [3]. Camundongos de laboratório que ingeriram
as frutas mouras de vários graus de maturação tiveram problemas gastrointestinais ou mudanças de
comportamento [3]. Não é tóxica para aves [3].
Curiosidades
As raízes de Dulcamara constituíam a base do famoso "elixir de amor", ao qual se atribuía a
propriedade de tornar apaixonadas as pessoas que ingeriam a infusão charlatânica que foi celebrizada na
literatura e no teatro na partitura da ópera “L'Elisir d'amore" do compositor Gaetano Donizetti, estreado
no Teatro della Canobbiana de Milão, maio de 1832 cuja aria mais famosa é “Una furtiva lacrima”.
L'Elisir d'Amore - Gaetano Donizetti
Teatro della Canobbiana de Milão - maio de 1832
Aria - “Una furtiva lacrima”
Uma furtiva lagrima
nos olhos seus apareceu.
Aquelas alegres jovens
invejar pareceu.
O que mais buscando eu vou?
O que mais buscando eu vou?
Me ama, me está amando, vejo.
Eu vejo.
Um só instante os palpites
do seu belo coração sentir.
Os meus suspiros confundir
por pouco aos seus suspiros.
Os palpites,
os palpites sentir.
Confundir os meus
com os seus suspiros
Céu, se pode morrer.
Mais não peço, não peço.
Oh céu, se pode, se pode morrer.
Mais não peço, não peço.
Se pode morrer,
se pode morrer de amor.
É interessante também que Dulcamara já conste na primeira lista de medicamentos
experimentados por Hahnemann com 123 sintomas. Em uma segunda experimentação foram relatados
349 sintomas, na terceira experimentação 401 sintomas, e em doenças crônicas 409 sintomas [7].
Entendendo o remédio - Releitura da Matéria Medica Pura Hahnemann
A planta Dulcamara vive em locais úmidos e sombreados. Assim também os sintomas desse
remédio aparecem ou pioram em clima frio e úmido, especialmente na mudança brusca do clima quente
para o frio, o que se confirma nos sintomas abaixo enumerados da Matéria Medica Pura (MMP) de
Hahnemann [7]:

70. Fasciculação das pálpebras, no ar frio. [CARRERE, l. c.]

82. Um picar nos ouvidos, como se ar frio tivesse entrado nele. [Whl.]

96. Nos lábios, movimentos de fasciculação, no ar frio. [CARRERE, l. c.]

108. Paralisia da língua interferindo com a fala (tempo frio úmido). [CARRERE, l. c.]

130. Grande náusea, como se ele fosse vomitar, com leve tremor de frio. [Htb. Tr.]

173. Dores no abdome, como são de hábito surgirem no tempo frio, úmido. [Whl.]

186. Rosnar no abdome, dor virilha esq, e sensação de frio leve nas costas. [Ng.]

296. Tremor das mãos (em tempo úmido frio). [CARRERE, l. c.]

391. Estremecimento, como por náusea e frio, com frialdade e sensação fria sobre todo o corpo, de
modo que ele não conseguia se esquentar junto ao fogão aquecido; com isto, sacudidas de tempos
em tempos (imediatamente). [Mr.]

393. Frio e desconforto em todos os membros. [Whl.]

396. Leve tremor de frio sobre as costas, nuca e occipício, em direção do anoitecer (como uma
sensação o cabelo estivesse em pé), por dez dias. [Ng.]
Os sintomas de experimentação obtidos na MMP de Hahnemann (numerados no quadro abaixo)
são todos de manifestações orgânicas tipicamente anticolinérgicas [7]:
Sintoma
Pele quente e seca
397. Calor seco à noite. [Ng.]
398. Pele quente, seca, com agitação sangüínea. [CARRERE, l. c.] (Não encontrado. - id.)
399. Queimação na pele do corpo inteiro, como se ele estivesse sentado junto ao
fogão aquecido, com suor na face e calor moderado. [Whl.]
390. À noite, nenhum sono, por causa de coceira, como mordidas de pulga, na região
anterior do corpo e nas coxas; com isto há calor e transpiração malcheirosa, sem
estar molhado. [Whl.]
400. Calor e desassossego. [CARRERE, l. c.] 43
Boca seca,
104. Língua seca. [CARRERE, l. c.]
mucosas secas
105. Língua áspera, seca. [CARRERE, l. c.] (Veja nota para o S. 360. - - Hughes.)
106. Paralisia da língua. [GOUAN, Mém. d. l. Soc.d. Montpell] (Não acessível - id.)
108. Paralisia da língua interferindo com a fala (em tempo frio úmido). [CARRERE, l.
c.]
114. Fluxo de saliva muito viscosa, untuosa. [STARK, l. c.]
222. Nariz muito seco, no anoitecer. [Ng.]
Midríase,
71. Turvação da visão. [CARRERE, l. c.] (Com S. 30. id.)
visão embaçada
72. Amaurose - cegueiras causadas por doenças do fundo do olho ou do campo
visual, porque aqui a pupila permanece preta, sem mudança - Enciclopédia Der
Große Brockhaus, 16a ed., 1957.) incipiente, e como que uma visão embaçada, que
ele via todas as coisas como através de um véu. [Mr.]
Taquicardia
254. Palpitação, especialmente de noite, violenta e observável externamente.
255. Palpitação violenta do coração: parecia como se ele sentisse o coração batendo
no lado de fora da cavidade torácica. [Stf.]
230. Dor severa, opressiva no peito inteiro, sobretudo ao respirar. [Ar.]
234. Tensão no peito, quando respira profundamente. [Whl.]
237. Dor ondulante, dilacerante, pressiva, dardeja de forma intermitente através de
todo o lado esquerdo do peito. [Gr.]
Obstipação
146. Sensação de distensão e inquietude no abdome, com frequente eructação de
intestinal
ar. [Ng.]
147. Distensão do abdome depois de uma refeição moderada, como se ele fosse
explodir. [Gr.]
148. Contração súbita, cortante, no lado esquerdo do abdome. [Gr.]
159. Um escavar, beliscar, cortar e mover - se de um lado a outro no abdome, como
se diarréia estivesse vindo. [Gr.]
172. Dores no abdome, como se ele tivesse tomado uma friagem. [Whl.]
175. Dor de barriga, como por uma diarréia que vem vindo; ela desaparece ao
eliminar flatos. [Whl.]
Retenção urinária
212. Estrangúria, micturição dolorosa.[STARK, l. c.]
213. Durante a micção, queimação no orifício da uretra.
205. Urina turva e esbranquiçada. [CARRERE, l. c.] (Crítico. - - id.)
206. Descarga copiosa de urina, de início viscosa e clara, depois espessa e branca
como leite. [CARRERE, l. c.] (Crítico. Por "viscosa" o original apresenta "límpida". - ibid.)
207. Urina de início clara e viscosa, depois branca, então turva, depois clara com
sedimento branco, grudento . [CARRERE, l. c.] (Crítico. - - id.)
208. Urina turva, mal cheirosa, e suor fétido. [CARRERE, l. c.] (Crítico. - - id.)
209. Urina turva. [CARRERE, l. c.]
Alterações genitais
217. Aumento e antecipação da menstruação. [CARRERE, l. c.] (Efeito curativo. id.)
218. Fluxo menstrual aumentado. [CARRERE, l. c.]
219. Menstruação diminuída. [CARRERE, l. c.] (. Ss. 219 e 220 atribuídos às
evacuações abundantes. - - ibid.)
220. Menstruação atrasada, chegando até mesmo de vinte e cinco dias. [CARRERE, l.
c.] (1. Ss. 219 e 220 atribuídos às evacuações abundantes. - - ibid.)
Câimbras e
70. Fasciculação das pálpebras, no ar frio. [CARRERE, l. c.]
fasciculações
274. Rigidez nos músculos da nuca. [Rkt.]
281. Fasciculação na parte superior do braço, quando ela o dobra e o move para trás;
ao esticá-lo, não fasciculava, mas os dedos das mãos ficavam rígidos, de modo que
ela não conseguia fechá-los.
290. Repuxos dolorosos na diáfise da ulna esquerda, repetindo - se frequentemente.
[Gr.]
295. No pulso direito, uma pontada surda, que desaparece ao movimento. [Ar.]
296. Tremor das mãos (em tempo úmido frio). [CARRERE, l. c.]
308. Fasciculação dos membros inferiores. [CARRERE, l. c.] (Não encontrado. id.)
313. Repuxos nos músculos das coxas, aqui e ali, com sensibilidade ao toque. [Ng.]
Alucinações visuais
387. Ela desperta cedo, como se tivesse sido chamada, e vê uma figura
fantasmagórica que parece aumentar continuamente e desaparece em sentido para
cima.
Delírios
5. Fala delirante. [DE HAEN, Rat. Med., IV, p. 288] (Observação em doença. (N. T.
Bras.: esta nota não está presente em Doenças Crônicas, assim retiramo -lá da
Matéria Médica Pura.) - - Hughes.)
6. Delírio, à noite, com dores aumentadas. [CARRERE, l. c.] (Não encontrado. - - ibid.)
7. Fantasias insanas e delírio. [STARK, l. c.]
8. Sensação estúpida na cabeça, como após embriaguez; ela desaparece ao ar livre.
[Wr.]
9. Sensação estúpida e caótica na cabeça, no anoitecer. [Ng.]
Tonturas
15. Tontura. [ALTHOF, in Murray, Appar. Med., I, 621] 6
16. Tontura momentânea. [PIQUOT, Samml. br. Abhandl.] (Consideração a partir
observação. ibid.)
17. Tontura leve, rapidamente transitória. [Ng.] Lince for Windows - Página 1
18. Tontura, de manhã, ao levantar da cama, de modo que ele quase caiu, com
tremor do corpo inteiro e fraqueza geral. [Mr.]
19. Tontura enquanto caminha, ao meio - dia, antes do almoço, como se todos os
objetos permanecessem parados na frente dele, e coisas ficassem pretas diante de
seus olhos.
Cefaleias
20. Dor de cabeça, de manhã na cama, agravada por levantar. [Mr.]
21. Dor de cabeça no occipício, no anoitecer, na cama. [Whl.]
22. Dor de cabeça, com preguiça, frieza gélida do corpo inteiro e vontade de vomitar.
[Mr.]
23. Dor de cabeça obtusa na fronte e da base do nariz, como se ele tivesse uma
tábua diante de sua cabeça. [Gr.]
24. Dor de cabeça obtusa, sobretudo na protuberância frontal esquerda. [Ng.]
Afinidade do Remédio: por membranas mucosas de brônquios, bexiga e olhos. [15]
Modalidades
O paciente que necessita de Dulcamara sofre com os maus efeitos do frio úmido [8]:
 nas mudanças de temperatura em dias acalorados seguidos de noites frias
 pela umidade, em clima frio, chuvoso, úmido, no clima chuvoso variável
 Por resfriamento brusco do clima (estando suado com supressão da transpiração)
 Por dormir em cama úmida
 Por viver em aposento úmido, viver em sótãos
 Ao sentar ou deitar-se em piso frio e úmido
 Por molhar-se
 Por molhar os pés com água fria
 Ao ingerir bebidas frias
 Trabalhar em porões úmidos e frios, em laticínios
Melhora: Remédio de lateralidade principalmente esquerda, melhora pelo tempo seco, pelo
calor, pelo movimento, movimentando a parte afetada, caminhando [8].
Agrava: Esfriando o corpo que estava aquecido, na mudança brusca de temperatura; por
supressão de descargas orgânicas como: menstruação suprimida, erupção suprimida, suor
suprimido [8].
SINTOMAS HOMEOPATICOS
Com a ação no sistema nervoso e com a característica modalidade desse remédio de
aparecimento ou piora dos sintomas em clima frio e úmido, especialmente na mudança brusca do
clima quente para o frio, obtém-se os sintomas clínicos [8, 9, 11, 12, 13]:
 Indefinição de temperamento, ora doce ora amargo, impulsos coléricos, impaciência, deseja
objetos que recusa imediatamente após obtê-los;
 Crianças doces que às vezes se tornam coléricas, atiram objetos, depois se tornam doces e
nem parecem a mesma criança;
 Preocupação com o futuro e concentração difícil;
 Vertigem ao levantar-se pela manhã;
 Cefaleia que piora clima frio e úmido, principalmente occipital, perfurante, estupificante,
pressiva, melhora qdo aparece a coriza;
 Sensação de frio na nuca;
 Pele quente, seca, delicada e sensível ao frio;
 Urticaria, agrava pelo frio, melhora pelo calor;
 Erupção de pele pode ser suprimida pelo frio;
 Gânglios cervicais, axilares, virilhas, raramente dolorosos, aparecem após frio úmido;
 Língua paralisada pelo frio úmido;
 Odontalgia com sialorréia por frio;
 Conjuntivite, blefarite, ptose de pálpebra superior no frio úmido;
 Fasciculações das pálpebras devido ao ar frio;
 Tosse por mudança de clima, precisa tossir muito para expectorar; tosse como latido ou
ofegante, como coqueluche, tosse com rouquidão;
 Asma, piora em clima frio úmido;
 O menor frio obstrui o nariz;
 Supressão de secreção nasal por mínimo contato ar frio;
 Coriza do feno: obstrução, espirros, secreção aquosa, profusa do nariz e olhos no outono e
primavera;
 Angina ao tomar frio, amigdalas inchadas, vermelhas, deglutição difícil, sensação úvula
dilatada, cócega laríngea com tosse;
 Muco com pigarro constante e sensação da garganta estar em carne viva, ao tomar frio;
 Palpitações intensas e visíveis à noite;
 Piora ao ar livre, ao acordar de manha, ao anoitecer;
 Melhora: ambiente fechado, ou quente, e na beira mar;
 Cólicas pelo clima frio, como se fosse ter uma diarreia;
 Dores abdominais com produção de gases, borborigmos;
 Diarreia após ingerir alimentos frios;
 Necessidade frequente de urinar, que se faz em gota a gota, após exposição ao frio úmido;
 Retenção de urina ao tomar frio ou bebidas frias;
 Catarro de bexiga após expor-se a clima frio úmido;
 Supressão da menstruação após expor-se ao frio e a umidade;
 Dismenorreia pelo frio;
 Supressão do leite pelo frio;
 Aborto iminente pelo frio úmido;
 Calor e prurido nos genitais com desejos aumentados;
 Lumbago devido a friagem;
 Dor continua nos membros que agrava pelo frio e melhora pelo movimento;
 Dores reumáticas, musculares e articulares, bruscas após mudar clima;
 Dor na tíbia no frio que obriga a levantar e caminhar;
 Otalgia pior à noite, que o impede de dormir, desaparece de repente de manhã, piora pelo
frio úmido;
 Verrugas chatas, lisas no rosto e dorso das mãos, Herpes zoster, Erupção pode ser suprimida
pelo frio;
 Gânglios cervicais, axilares, virilhas, raramente dolorosos, aparecem após frio úmido.
NASH: a principal característica desse remédio é sua modalidade
... Após passar frio, o pescoço fica enrijecido, as costas doloridas, as pernas mancam, ou a
garganta fica dolorida e resulta em amigdalite, com endurecimento do pescoço e mandíbulas, a
língua pode até ficar paralisada (Nash) [14]
A CRIANÇA DE DULCAMARA
Segundo Brunini [9 e 10]
 Crianças inquietas por necessidade de movimento que é intensa;
 Colérica as vezes, atirando objetos;
 Impaciência;
 Mas depois se tornam doce (nem parece a mesma criança);
 Insatisfação por indefinição de temperamento: ora doce, ora amargo;
 Manifestam: erupções, bronquites, conjuntivites, resfriados, diarreias, com muco e catarro;
 Frio glacial nos pés;
 Para crianças indecisas, que se tornam agitadas qdo tem de tomar decisões.
Complementares: Baryta carbonica, Kali sulphuricum, Natrum sulphuricum [8]
Incompatível com: Act-ac, Bell, Lach. Não deve ser usado antes e depois. [11]
Segue bem: Bry., Calc., Lyc., Rhus-t, Sep [11]
Similar a:
Merc - na sialorreia, inchaços ganglionares, bronquite, diarreia, suscetibilidade a mudança de
clima, dores noturnas [11]
Kali-s – seu análogo químico [11]
Antídotos: Camphora, Cuprum metallicum, Ipecacuanha, Mercurius [8]
Temas de Dulcamara
A doce amara – o temperamento doce com impulsos coléricos por indecisão.
Frio úmido que suprime!
Frio Úmido, perfura a pele até os ossos!
Conclusão
Dulcamara pertence a família Solanaceae a qual contem glicoalcalóide solanina com
propriedade anticolinérgica. Trata sintomas desencadeados em especial a partir de bruscas
modificações de temperatura, principalmente do quente para o frio úmido, e por supressão de
descargas orgânicas naturais como de supressão da transpiração, menstruação, erupções, etc....
Os sintomas clínicos se relacionam em especial às membranas mucosas.
A súbita modificação no clima ou a súbita supressão de secreções orgânicas devido a
exposições bruscas de calor para frio são as modalidades marcantes desse remédio. Essa
propriedade “brusca” pode levar a confundir esse remédio com outros remédios da família
Solanaceae, em especial Atropa belladona. Confusão que pode ser evitada ao considerar sua
modalidade característica.
E para ajudar a lembrar, vamos nos deleitar com esse poema de Cecilia de Meireles...
Dulcamara
Cecilia Meireles
Tomaremos Dulcamara,
Dulcamara, Bela Dona;
frios rancores e afrontas
mudam-se em doçura rara.
De estrelas de cinco pontas
será toda a noite clara.
Tomaremos Dulcamara:
noites de alma, céus à tona.
E as vagas já se acham prontas
e a nave já se prepara.
Tomaremos Dulcamara:
tépida luz, Bela Dona...
(Em que horizonte despontas,
flor completa – Dulcamara...)
Ai, que amarguras contaras!
Porém, que doçuras contas!
Tomaremos Dulcamara,
noutros mundos, Bela Dona
Referencias bibliográficas
Disponível em:
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Brasileiro
de
Informações
sobre
Drogas
Psicotrópicas
http://www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/anticolinergicos.htm
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10.
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Vijnovsky,B. Tratado de Matéria Médica Homeopática. Volume 3. Organon Ed., 2003.
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