Empresas de correio sem interesse no serviço universal

Transcrição

Empresas de correio sem interesse no serviço universal
ID: 32785221
18-11-2010
Tiragem: 25428
Pág: 32
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 10,20 x 29,40 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
Empresas
de correio sem
interesse no
serviço universal
O grupo Rangel e Adicional consideram a
liberalização do mercado pouco atractiva.
Cátia Simões
[email protected]
A liberalização total do serviço
postal acontece já em Janeiro
mas os operadores alternativos
consideram que a abertura à
concorrência do segmento das
cartas, actualmente detido pelos CTT, é pouco atractiva enquanto negócio. Este segmento
cai entre 3% e 5% ao ano.
“A liberalização é menos
atractiva em Portugal que noutros países”, considerou ontem
João Carriço, presidente da Adicional, empresa dedicada às encomendas, durante o Congresso
da APDC. Apesar de admitir que
observa este processo “com algum interesse”, o responsável
aguarda “o enquadramento regulatório para ver se existe mercado” e como será definida a
prestação do serviço universal.
O serviço universal é, actualmente, da responsabilidade dos CTT em forma de contrato de concessão. Com a liberalização, é necessário definir em que moldes será prestado e se será aberto aos operadores alternativos.
Já Eduardo Rangel, presidente do grupo Rangel, apontou
que “pode interessar-se pelas
grandes cidades mas é preciso
ver as condições”. O responsável acredita mesmo que “será
difícil encontrar interessados”.
Questionado, João Carriço
considera que não será possível
aos operadores alternativos
prestarem serviço universal
logo a 1 de Janeiro. “Quanto
muito poderemos prestar al-
Os CTT, liderados
por Estanislau da
Mata Costa, vão
ter mais
concorrência com
a liberalização do
mercado de
correio normal,
que já está em
decadência.
guns serviços pegando nos
parceiros da nossa cadeia de
valor”. Também Paulo Pinto,
director-geral da RedCats, que
distribui os catálogos da La Redoute também defende que “a
entrada neste sector não faz
muito sentido”.
Nenhum operador tem tantos pontos de contacto ou estações como os CTT que, de resto,
gostariam de “garantir a prestação do serviço universal com
o padrão de qualidade” actual,
segundo fez saber o administrador Marcos Batista.
A Anacom tem a transposição da directiva da liberalização
em “estado muito avançado”,
mas o contrato de concessão
ainda será negociado entre o
Governo e os CTT, avançou Alberto Souto Moura, vice-presidente da Anacom. Contudo, a
directiva está agora do lado do
Governo. Neste sentido, os CTT
e os outros operadores pedem
“transparência na regulação”.
O responsável da Anacom
admite que “ainda há algum
trabalho de casa a fazer com o
Governo e terá de haver alguma
reflexão do lado da Anacom sobre a forma como vai regular o
sector”. ■
Grupo Rangel quer Expresso dos CTT
O grupo Rangel reafirmou o
interesse em concorrer à
privatização dos CTT, tal como
foi noticiado pelo Diário
Económico. “Dissemos há dois
anos que estávamos
interessados na privatização dos
CTT, mas esperamos que ela seja
feita de forma inteligente, senão
fica deserta”, disse Eduardo
Rangel. Este responsável votou a
assumir-se interessado “no CTT
Expresso”. “É preciso separar o
trigo do joio e o Estado deve
fazê-lo.” Em causa está o facto
de o EBITDA (‘cash flow’
operacional) dos CTT ser
suportado, segundo Eduardo
Rangel, na área postal que agora
será liberalizada e que está há
vários anos em decadência: entre
2005 e 2009 caiu 14,6%.