A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos

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A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos
A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos projetos de arquitetura
julho de 2013
A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos projetos de
arquitetura
José Geraldo Ferreira França - [email protected]
Pós Graduação em Iluminação e Design de interiores
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Cuiabá/2012
Resumo
O estudo trata da importância que a iluminação natural tem na concepção dos projetos de
arquitetura, projetos que objetivam garantir um ambiente saudável, confortável e com qualidade de
vida para o usuário. Para realização do trabalho foi necessário realizar uma pesquisa
bibliográfica com apoio de revistas, artigos científicos bem como tese de mestrado e doutorado.
Assim, o presente trabalho traz um referencial teórico sobre os conceitos ligados a arquitetura,
iluminação e sustentabilidade. Elenca estratégias que aperfeiçoam o uso da luz natural de forma
eficiente e reduzem a carga térmica no interior dos edifícios. O uso do sistema de iluminação
natural integrado com o sistema de iluminação artificial, de forma eficiente, torna o ambiente bem
mais interessante e dinâmico. A otimização do uso da iluminação natural proporciona a economia
no consumo de energia elétrica, pois a mesma, quando bem utilizada, atinge níveis de iluminância
satisfatórios em boa parte das horas do dia. Foi obtido como resultado do presente trabalho, o
esclarecimento sobre alguns conceitos ligados a arquitetura e iluminação, bem como uma lista de
estratégias que possam ser utilizadas tanto na concepção de em projetos, como na reforma de
edificações já existentes. São estratégias que visam o aproveitamento da luz natural e que
colaboram para que a arquitetura se desenvolva de forma sustentável.
Palavras-chave: Projeto de Arquitetura; Iluminação Natural; Sustentabilidade
1. Introdução
O ser humano vive de experiências multi - sensoriais e com isso precisa ver, tocar, cheirar, sentir,
ou seja, precisa interagir com o meio. Segundo Viana e Gonçalves (2001), existe uma relação
fundamental entre HOMEM, CLIMA e ARQUITETURA, uma arquitetura do homem para o
homem, no qual cada um interfere na rotina do outro. O autor exemplifica esta interação com a
seguinte citação:
“A forma arquitetônica é o ponto de contato entre massa e espaço (...). Formas
arquitetônicas, texturas, materiais, modulação de luz e sombra, cor, tudo se combina, uma
qualidade ou espírito que articula espaço. A qualidade da arquitetura será determinada pela
habilidade do projetista em utilizar e relacionar esses elementos, tanto nos espaços internos
quanto nos espaços ao redor dos edifícios”. Edmund N. Bacon – The Design of Cities –
1974. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)
Dondis (1997) afirma que a visão tem papel fundamental no quadro sensorial, pois é com esse
sentido que o ser humano recebe mais de 80% de todas as sensações, apreende formas e volumes
através da presença da luz. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Brondani (2006) apresenta os
seguintes dados:
[...] "75% da percepção humana, no estágio atual da evolução, é visual. Isto é, a orientação
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do ser humano no espaço é grandemente responsável por seu poder de defesa e
sobrevivência no ambiente em que vive, dependendo majoritariamente da visão. Os outros
20% são relativos à percepção sonora e os 5% restantes a todos os outros sentidos, ou seja,
tato, olfato e paladar (p. 9)."(SANTAELLA apud BRONDANI, 2006:31)
2. Conceitos ligados a Arquitetura e Iluminação
A luz é requisito fundamental para a visão e é devido a sua existência que conseguimos
compreender os espaços, visualizar as formas e cores de objetos.
O olho humano consegue visualizar somente uma parcela da radiação eletromagnética, radiação que
esta compreendida de 380 a 780 nm, onde cada comprimento de onda refere-se a uma tonalidade de
cor, ver figura 1.
Figura 1 – Espectro eletromagnético
Fonte: <http://www.arq.ufsc.br/labcon/arq5656/Curso_Iluminacao/07_cores/index_conceitos.htm>
Fotometria é ramo da ciência que trata da medição da luz. Para o entendimento do referido assunto
faz se necessário compreender o que são e quais são as grandezas fotométricas. Brondani (2006)
apresenta na figura a seguir as grandezas fotométricas, seus significados e procedimentos de
medição:
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Figura 2 – Grandezas fotométricas
Fonte: Brondani, 2006, p.54
É importante saber diferenciar o conceito de iluminância de luminância. Os raios luminosos não são
visíveis, a sensação de luminosidade se da em decorrência da reflexão desses raios por uma
superfície, ou seja, iluminância é a luz incidente e luminância é a luz refletida. (VIANNA;
GONÇALVES, 2001)
A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, especificamente na NBR 5413, trata dos
níveis mínimos e médios de iluminância estipulados para realização de tarefas visuais. A NBR 5413
apresenta as iluminâncias por classes de tarefas visuais, conforme na figura 3.
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Figura 3 – Iluminância por classes de tarefas visuais
Fonte: NBR 5413 - iluminância de interiores.
A NBR 5413 também avalia a iluminância adequada pela faixa etária dos usuários, onde é
estabelecido um peso, que leva em consideração: a idade, velocidade, precisão e refletância do
fundo da tarefa.
Figura 4 – Fatores determinantes da iluminância adequada
Fonte: NBR 5413
3. A iluminação artificial
Os sistemas de iluminação artificial tem o papel de fornecer a iluminância necessária a realização
de atividades, de complementar iluminação natural ou substituí-la em períodos que a luz natural
inexiste.
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Segundo Vianna e Gonçalves (2001) os sistemas de iluminação artificial são compostos por
luminárias, lâmpadas e equipamentos complementares (reatores e transformadores). O sistema ótico
(luminária +lâmpada) pode ser classificado de acordo com a irradiação do fluxo luminoso em:
a) Direta: o sistema ótico direciona 90% a 100% do fluxo luminoso emitido para baixo. A
distribuição pode variar de muito espalhado a altamente concentrado dependendo do material do
refletor, acabamento e controle ótico empregado;
b) Semi direta: o sistema ótico é emitido predominantemente para baixo (60% a 90%) e uma
pequena parte é direcionada para cima, iluminando teto e a parte superior das paredes;
c) Uniforme: é quando as porções de fluxo luminoso ascendente e descendente se equivalem,
variando entre 40% e 60%;
d) Semi-indireta: o sistema ótico é emitido predominantemente para cima (60% a 90%) e o restante
é direcionado para baixo;
e) Indireta:O sistema ótico direciona 90% a 100% do fluxo luminoso para cima, iluminando o teto
e porções superiores das paredes.
Figura 5 – Classificação das luminárias e curvas de distribuição da intensidade luminosa
Fonte: Adaptado de:Vianna; Gonçalves, 2001 e IESNA, 2000 apud Toledo, 2008
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Segundo Ciancardi (2011), a boa iluminação permite que o usuário esteja confortável visualmente,
ou seja, a iluminação tem o papel de trazer ao usuário boas condições de visibilidade, segurança e
orientação. Cada ambiente tem a sua característica peculiar, onde a luz desempenha determinada
função:
a) Iluminação geral, de fundo ou ambiente – não ressalta nenhuma superfície ou objeto específico.
Tem a função de auxiliar na percepção do ambiente como um todo;
b) Iluminação de efeito – é a iluminação utilizada para criar pontos de interesse no ambiente. Pode
ser utilizada para focar um determinado objeto ou realçar uma superfície que se queira colocar
em evidência;
c) Iluminação de tarefa – luz constante e direta que possuí a função de auxiliar no
desenvolvimento de determinadas tarefas como cozinhar, estudar, ler, costurar;
d) Iluminação decorativa - Cria efeitos decorativos sem no entanto ser utilizada como fonte de luz
no ambiente (lâmpadas de natal, velas, etc.).
4. O papel da Luz natural na Arquitetura
Na Arquitetura, assim como no Design de interiores, existe o objetivo de conceber ou adaptar
espaços para determinada função. Os objetivos devem ser atingidos com uso de soluções que
garantam "predicados" ao espaço, como por exemplo: beleza, funcionalidade, conforto térmico e
conforto acústicos. São qualidades necessárias a permanência do homem no local projetado.
Conforme Viana e Gonçalves (2001): "O controle do ambiente não é totalidade da arquitetura, mas
deve ser parte da ordenação básica de qualquer projeto. O arquiteto deve fazer o controle da luz, do
som e do calor um problema seu."
"A arquitetura é essencialmente uma arte: uma arte plástica, uma arte espacial. Porém devese perceber que a experiência da arquitetura é recebida por todos os nossos sentidos e não
unicamente pela visão. Assim, a qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua
iluminação, seu ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som deve ser
incorporado ao conceito do espaço em si". Louis Kahn. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)
Segundo Zevi (1998), “a arquitetura bela será a arquitetura que tenha um espaço interno que nos
atraia, nos eleve, nos subjugue espiritualmente; a arquitetura feia será aquela que tenha um espaço
interno que nos enfastie e nos repila.”
A arquitetura meche com os sentimentos, nos encanta e surpreende. Botton (2007) afirma que a
arquitetura tem a capacidade de nos transmitir felicidade inconsciente, felicidade que nos traz uma
alegria repentina e por vezes sem explicação.
O profissional da arquitetura deve trazer sempre como premissa a integração do empreendimento
com o meio onde será inserido, assim toma proveito das situações que lhe são impostas. Hertz
(1998) afirma que:
“Uma das principais funções de uma construção é a de atenuar as condições negativas e
aproveitar os aspectos positivos oferecidos pela localização e pelo clima. Trata-se portanto
de neutralizar as condições climáticas desfavoráveis e potencializar as favoráveis, tendo em
vista o conforto dos usuários”. (HERTZ, 1998)
O uso da luz natural enriquece o ambiente, contribui para que o mesmo tenha um aspecto dinâmico,
ou seja, que mude a aparência nas diferentes horas do dia. Vale ressaltar que a luz natural é
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imprescindível para o funcionamento do ciclo circadiano e consequentemente para a existência
humana. Gurgel (2005) afirma que:
"A luz natural ilumina nossa alma e nos enche de energia. Vale lembrar que a luz do sol se
altera consideravelmente no decorrer do dia. Pela manha ela é mais avermelhada, de
tonalidade quente, mais aconchegante. Quando nos aproximamos do meio dia, ela se torna
mais azulada, mais fria, mais dinâmica e com reprodução de cor mais fiel. Ao entardecer
ela será novamente mais avermelhada, de tonalidade quente e mais aconchegante
novamente”. (GURGEL, 2005)
Através da figura 6, Viana e Gonçalves (2001) mostram e explicam quais são as subáreas do
conforto ambiental nas edificações: conforto higrotérmico, insolação, iluminação natural,
iluminação artificial, ventilação natural, acústica arquitetônica e urbana. Nessa ilustração as
subáreas também são relacionadas com "o clima e meio ambiente", "projetos e construções" e com
o próprio usuário.
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Figura 6 – Principais variáveis de conforto ambiental
Fonte: Vianna; Gonçalves, 2001
Os profissionais ligados a arquitetura, design e iluminação devem ter como objetivo a satisfação e o
bem estar do homem. Barnabé (2007) afirma que a luz natural é uma das condições fundamentais
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na concepção do projeto arquitetônico e que se utilizada na concepção, resultará na criação de um
ambiente altamente qualificado.
É necessário entender algumas definições sobre à luz:
Artificial: diferente daquilo que existe na natureza. Natural: aquilo que existe na natureza. É
a partir dessa dicotomia que o pensamento humano do nosso tempo fará emergir a
possibilidade de que culturas diversas exprimam diversidade também na procura poética ou
estética e perceptiva da luz. É verdade, existe técnica. A técnica tende a dar resultados
iguais a partir de dados iguais. Mas a técnica nem sempre sabe considerar tradições
culturais de povos que, na sua diversidade, têm raízes milenares e que, no passado,
souberam dar à humanidade aquelas conotações arquitetônicas extraordinárias que incluem
a invenção e a poética, juntamente com a invenção formal. (LANONE apud BRONDANI,
2006)
5. Arquitetura e Clima
Segundo Viana e Gonçalves (2001), homem, clima e arquitetura são como um trinômio
fundamental na criação de um edifício. O processo inicial esta relacionado em três momentos:
a) Conhecer as variáveis climáticas do local para onde está projetando;
b) Levantar quais são as exigências humanas e funcionais, bem como das condições de conforto
necessárias para realização das tarefas em questão;
c) A materialização dos itens anteriores através da arquitetura do edifício em si, onde são tratados
a parte técnica dos desenhos, associando a aplicabilidade dos conceitos de avaliação e conforto
ambiental.
O conforto ambiental se desdobra em três subáreas: a Iluminação, o conforto térmico e a ventilação
natural. Depois de estabelecida a relação entre clima-luz, clima-calor e clima-ventilação, é que se
tem noção de quão importante é o clima para o bem estar do homem. (VIANA; GONÇALVES,
2001)
Com o agravamento da crise energética, o aproveitamento da luz natural na concepção de projetos
se tornou uma das melhores estratégias para buscar economia no consumo de energia elétrica. Nas
edificações projetadas corretamente de acordo com o clima, existe a redução considerável no
consumo de energia elétrica, onde em certas circunstâncias é possível dispensar o uso da iluminação
artificial, bem como dos sistemas de ar-condicionado, que são equipamento com elevado custo
inicial e elevado custo de manutenção.
6. Estratégias em projeto para utilização da luz natural
A arquitetura trabalha com formas que são reveladas pela luz. O sol é a fonte da luz natural que
revela as formas e espaços na arquitetura, ou seja, é através dele que o ser humano consegue
apreender todo o espaço a sua volta. Trata-se de uma fonte de energia renovável, que existe em
abundancia e tem um excelente custo beneficio.
"A arquitetura é o jogo sábio, habilidoso e grandioso de volumes expostos à luz. Nossos
olhos são feitos para ver formas na luz; a luz e a sombra revelam essas formas..."
(CORBUSIER apud CHING, 1998)
Existem inúmeros componentes que regulam e otimizam o uso da luz natural, tais componentes
apresentam soluções simples na maioria das vezes. A figura 7 ilustra as principais estratégias e
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artifícios que podem ser utilizados para o controle da luz natural nos edifícios.
Figura 7 – Diferentes estratégias de iluminação lateral
Fonte: European Comission apud adaptado Vianna; Gonçalves, 2001
Segundo Baker apud Amorim, as estratégias aqui apresentadas podem inseridas nas etapas iniciais
de projetos de arquitetura, contudo é necessário levar em consideração o clima local, a luz natural
disponível, o tipo de atividade a ser desenvolvida no local, com a finalidade de nortear a escolha da
estratégia mais adequada.
Na tabela 1, as estratégias para utilização luz naturais em edificações foram elencadas em três
grupos: Componentes de condução, Componentes de Passagem e Elementos de Controle.
Componentes para utilização da Luz Natural
Componentes de Condução
Componentes de Passagem
Elementos de Controle
Espaços de Luz Intermediários
Laterais
Superfícies de Separação
Galeria
Janela
Divisória Convencional
Pórtico
Sacada
Divisória Ótica
Estufa
Parede Translúcida
Divisória Prismática
Cortina de Vidro
Divisória Ativa
Espaços de Luz Internos
Pátio Interno
Zenitais
Proteções Flexíveis
Átrio
Lucernário Hoorizontal
Toldo
Duto de Luz
Luc. Tipo Monitor
Cortina
Duto de Sol
Luc. Tipo "Shed"
Domo
Proteções Rígidas
Teto Tranlúcido
Beiral
Prateleira de luz
Peitoril
Globais
Membrana
Aleta vertical
Filtros Solares
Persiana (interna ou externa)
Lamela (fixa ou móvel)
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Brise (fixo)
Obstáculo ao Sol
Veneziana
Fonte: Adaptado de Baker et al apud Amorim.
Tabela 1 – Componentes para utilização da Luz Natural
6.1. Componentes de condução
São espaços que conduzem e distribuem a luz natural do exterior para o interior da edificação,
geralmente estão posicionados de forma intermediaria ou interna nos edifícios. (TOLEDO, 2008).
Temos como exemplo de componentes de condução intermediário as galerias e os pórticos; e como
componente de condução internos os pátios, átrios e dutos de luz, ver figuras 8 e 9.
Figura 8 – Componentes de condução - Esquerda: Pórticos (térreo) e Galeria Aberta (superior) - Pinacoteca de Brera,
Milão; Direita: Pátio transformado em átrio, Parque Institucional, São Paulo
Fontes: <http://www.foroxerbar.com/viewtopic.php?t=10076>;
<http://www.arcoweb.com.br/ arquitetura/aflalo-amp-gasperini-arquitetos-parque-sao-31-10-2008.html>
O uso de espaços abertos intermediários em locais de clima quente e temperado, torna possível a
climatização dos ambientes internos naturalmente, além de estabelecer a comunicação visual com o
exterior. Já em locais com clima frio a vantagem se restringe somente a comunicação visual com
exterior. (SHILLER; EVANS, apud TOLEDO 2008)
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Figura 9 – Componentes de condução -Átrio hospital SARAH-Fortaleza
Fonte: <http://www.sarah.br/>
6.2. Componentes de passagem
São aqueles que permitem a passagem de luz natural para os ambientes, podem ser aberturas laterais
ou zenitais. As aberturas laterais são comumente encontradas e variam de tamanho e localização
nos ambientes.
Os componentes de passagem tem a função de conduzir a luz do exterior para o interior, mas
também podem conduzir luz de um ambiente intermediário para o interior (TOLEDO, 2008).
Figura 10 – Componentes de passagem - Esquerda: abertura zenital; Direita: exemplo de abertura lateral
Fontes:<http://www.aluguetemporada.com.br/imovel/p526454958>;
<http://www.flickr.com/photos/47588663@N04/6794456818>
As aberturas zenitais, quando estão distribuídas uniformemente na cobertura, são mais eficientes na
distribuição luz natural, do que as aberturas laterais. Contudo recebem o dobro da iluminância, pois
contam com o dobro da área iluminante do céu e por isso merecem um cuidado a mais quando
forem utilizados. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)
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A distribuição de luz no interior de um local iluminado zenitalmente depende do tipo e altura da
abertura, sendo constatados que os ambientes mais altos ficam com a iluminação mais uniforme. A
figura 10 ilustra as aberturas do tipo shed, lanternin e teto de dupla inclinação.
Figura 11 – Ilustração das diferentes formas da distribuição de luz em função da
variação da altura comparando o Teto de dupla inclinação, Lanternin e Shed
Fonte: Vianna; Gonçalves, 2001, p.174
Têm-se como exemplo consagrado de componentes de passagem zenitais os lucernários
encontrados na Biblioteca de Alexandria, Egito, ver figuras 12 e 13.
Figura 12 – Componentes de passagem zenitais, Cobertura da biblioteca de Alexandria, Egito
Fontes: <http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/03/28/arquitetura-biblioteca-de-alexandria-da-empresa-snhetta-94386.asp>; <http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-biblioteca-de-alexandria-image14019632>
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Figura 13 – Biblioteca de Alexandria, na esquerda vista interna e na direita vista externa, Alexandria, Egito
Fonte: <http://bibliotecaes3.blogspot.com.br/2010/03/biblioteca-de-alexandria.html>
As janelas são os componentes de passagens laterais mais corriqueiros que encontramos, contudo é
necessária a escolha correta do tipo de janela e da posição ideal para sua colocação. Viana e
Gonçalves (2001) trazem uma tabela que exemplificam as vantagens e desvantagens de variadas
tipologias de janelas, ver anexo.
6.3. Elementos de controle
São elementos acrescentados aos componentes de passagem com o objetivo de controlar a
quantidade de luz ou direciona-la para o interior dos ambientes. Componentes que podem ser
internos ou externos as aberturas da edificação.
Figura 14 – Elementos de controle. Esquerda: Brise horizontal, centro cultural Oi, Rio de Janeiro; Direita: marquises e
sacadas, Casa da cascata, Pennsylvania.
Fontes: <http://www.jrrio.com.br/fotos-art/brise-1-750.jpg; http://www.archdaily.com.br/53156/classicos-daarquitetura-casa-da-cascata-frank-lloyd-wright/>
Os elementos de controle externos atuam na maioria das vezes como corpos rígidos que bloqueiam
a radiação solar antes penetrar no ambiente e por isso são mais eficientes no com relação a
passagem de luz do que os elementos de controle interno. (TOLEDO, 2008)
Como exemplo de elementos de controle temos: varandas, beirais, marquises, venezianas, cortinas
pérgulas, vegetação de entorno, dentre outros.
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Figura 15 – Elementos de controle. Exemplo de brises internos.
Fonte: <http://www.reformafacil.com.br/o-charme-e-funcionalidade-dos-brises-em-madeira>
A prateleira de luz é um dos elementos de controle mais interessantes, pois ela aproveita a luz
natural, reduz a incidência solar direta e distribui a luz natural de forma difusa. Segundo Toledo
(2008), a prateleira de luz consiste em estruturas horizontais colocadas acima da altura do
observador, em componentes de passagem vertical (janela), onde a parte superior da prateleira tem
o papel de redirecionar a luz incidente para o teto. Elas podem ser inseridas internamente,
externamente ou interna-externa, ver figura 16.
Figura 15 – Exemplo de aplicação da prateleira de luz em uma biblioteca e esquema de funcionamento.
Fonte: <http://bioclimaticarquitetura.blogspot.com.br/2009/11/repisas-reflectantes-prateleiras-de-luz.html>
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Figura 16 – Prateleiras de luz internas, Edificio Eco Berrine, São Paulo.
Fonte: <http://www.cbca-acobrasil.org.br/noticias-ler.php?cod=5445>
7. A iluminação artificial x Consumo de energia elétrica
No ano de 2001 ocorreu a crise energética no Brasil, o racionamento de energia foi colocado em
pauta, sendo constatado que havia a necessidade de diminuir do consumo de energia elétrica.
Toledo (2008) relata que nesta ocasião o conceito de eficiência energética foi assimilado pela
população como sendo a troca de equipamentos de iluminação tradicionais por equipamentos mais
eficientes (lâmpadas, luminárias e reatores) e o uso eficiente da iluminação natural recebeu menos
atenção.
Devido a falta de profissionais qualificados, houve o surgimento de especialização ligadas a
iluminação nos últimos anos.
Segundo Silva (2009) as lâmpadas incandescentes imitam a luz do sol e obtém luz através da
passagem da corrente elétrica por um filamento que aquece a altas temperaturas fica incandescente.
Tal processo é dispendioso, pois somente 10% da energia consumida é convertida em luz e os
outros 90% de energia são transformados calor. Logo o uso das lâmpadas incandescentes contribui
para o aumento da temperatura dos ambientes quando estão em funcionamento. Essas lâmpadas
vêm sendo substituídas principalmente em função do desperdício de energia elétrica.
"a utilização eficiente qualitativa e quantitativamente dos sistemas integrados de iluminação
artificial e natural proporciona ao usuário ambientes agradáveis e prazerosos, evitando
desperdício de energia elétrica e proporcionando o retorno em curto prazo do investimento
inicial em sistemas tecnologicamente eficientes." (SOUZA apud TOLEDO, 2003)
Os sistemas de iluminação artificial são os que mais consomem energia nas edificações,
principalmente em edificações não residenciais. Estudos realizados em cidades com climas
diferentes (Londres, Atenas e Copenhague), indicaram que o sistema de iluminação artificial foi
responsável por cerca de 50% do consumo total da energia elétrica e que o calor gerado pelo
sistema de iluminação aumenta a demanda do sistema mecânico de resfriamento. (EUROPEAN
COMISSION apud VIANNA; GONÇALVES, 2001).
Quando um edifício não residencial é projetado levando-se em conta o aproveitamento da luz
natural em conjunto com o sistema de iluminação artificial eficiente, pode-se ter uma economia no
consumo de energia elétrica que varia na ordem de 30 a 70%. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)
Nas edificações de uso residencial a economia é bem menor, no entanto os aproveitamentos da luz
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diurna e dos raios solares propiciam ambientes mais salubres e influenciam diretamente na
qualidade vida dos usuários. Os autores afirmam ainda que os projetos concebidos com o
aproveitamento da luz natural conseguem atingir índices de iluminação satisfatórios em 80% a 90%
das horas diurnas do ano, tais estratégias geram uma economia consubstancial no uso da energia
elétrica.
8. Conclusão
O Brasil é um país que sofrendo com a crise energética e é privilegiado por ter em abundancia a
disponibilidade de luz natural, luz que ainda é subutilizada. Alguns autores, Hertz (2003), Vianna e
Gonçalves (2001) e Helene e Bicudo (1994), tratam da importância de conceber os projetos de
arquitetura de forma sustentável, aonde a preocupação com o consumo energético vem sendo cada
vez mais colocada em prática.
Com base nos estudos desse artigo, chegou-se a conclusão que existem muitos componentes que
podem e devem ser utilizados como estratégias que aperfeiçoam o uso da luz natural. São
intervenções simples que podem ser implementadas em novos projetos ou mesmo em reformas.
Essas estratégias podem diminuir o custo de manutenção do sistema de iluminação artificial, bem
como da climatização de ambientes e consequentemente tornam o ambiente sustentável.
Assim foi elencada uma série de estratégias com práticas sustentáveis, que se utilizam da luz natural
visando à economia no uso da energia elétrica, sem perder o foco no bem estar do usuário.
No Brasil, boa parte da população sofre com a desigualdade social, onde a falta de recursos para a
própria subsistência é uma realidade.
Nessa ótica, a disseminação do conhecimento contido neste trabalho tem papel importante para
sociedade, pois difunde o uso de práticas sustentáveis, práticas que podem ser utilizadas no
cotidiano, que demonstram que é possível utilizar a luz natural e diminuir consubstancialmente o
consumo de energia elétrica.
A inclusão dessas estratégias em Políticas Públicas pode fazer com que boa parte da população se
beneficie com o uso eficiente da luz natural e consequentemente com a redução das contas de
energia elétrica em moradias.
9. Referências
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A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos projetos de arquitetura
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10. Anexo
Figura 17 - Tipos de janelas, vantagens e desvantagens
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A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos projetos de arquitetura
julho de 2013
Fonte: ABCI - Manual técnico de caixilhos/janelas. apud Vianna e Gonçalves
Figura 18 - Tipos de janelas, vantagens e desvantagens
Fonte: ABCI - Manual técnico de caixilhos/janelas. apud Vianna e Gonçalves
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013
A importância do uso da iluminação natural como diretriz nos projetos de arquitetura
julho de 2013
Figura 19 - Tipos de janelas, vantagens e desvantagens
Fonte: ABCI - Manual técnico de caixilhos/janelas. apud Vianna e Gonçalves
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013

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