Capítulo 31: As Espadas de Shinsuke – Algum problema, Namie

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Capítulo 31: As Espadas de Shinsuke – Algum problema, Namie
Capítulo 31: As Espadas de Shinsuke
– Algum problema, Namie? – Satoshi quis saber, logo que chegaram à floresta.
– Não é exatamente um problema. – a Primeira Deusa respondeu, mantendo-se tranquila. – Pelo
menos não do tipo que você poderia imaginar. O que me incomoda é toda essa confusão aí dentro.
Por que desconfia tanto de si, Satoshi?
Satoshi hesitou em dar qualquer resposta. Chegou a levar a mão à testa. A garota só observava,
desejando vê-lo relaxado o mais breve possível.
– Estou machucando a Satoko, posso machucar a Naomy... Eu não sei de mais nada. Sou um demônio, Namie. Eu não sou um guardião, por mais que vocês queiram me convencer do contrário.
– Se realmente acredita que não é um guardião, por que pediu a mão da Naomy? – Namie sabia
como lidar com Satoshi. – Melhor ainda, por que acha que ela o aceitou com tanta alegria? Acha que
a Naomy é uma mulher boba ou ingênua?
– Não, claro que não. – o rapaz se surpreendeu. – Eu só acho que ela... – não soube prosseguir.
– Eu vou lhe dizer o que a Naomy tenta lhe dizer do jeito dela, tá bom? – a divindade sorriu.
– Diga. – Satoshi estava ansioso.
– Você se diz um demônio, mas seu coração é puramente o coração de um Guardião Sagrado.
Existem tantas dúvidas aí dentro, tantas incertezas... É um bom sinal.
– Seria um mau sinal se eu tivesse mais certezas? Desculpe, eu só não compreendi o seu raciocínio como deveria.
– Suas incertezas e suas dúvidas, unidas com a sua busca por quem você realmente é, fizeram
você ir contra a sua natureza de demônio. Está aqui, diante de mim, tendo esta conversa comigo,
graças a tudo isso. Deixe-nos guiar você. A Naomy, principalmente ela, saberá como guiá-lo. Eu
estarei auxiliando. Sou boa nisso.
As palavras de Namie soaram tão verdadeiras e tão gentis que Satoshi ficou emocionado. Não
estava longe de deixar seus olhos se encherem de lágrimas por um momento. Sendo perspicaz, Namie viu isso claramente, o que a fez sorrir muito mais por dentro do que por fora. Satoshi suspirou,
meneou a cabeça e se recompôs.
– Obrigado, Namie. Deixarei que vocês me guiem enquanto eu viver.
– Nunca terá fim. – a garota sorria. – É a eternidade, e você merece conhecê-la. Agora tente esfriar essa cabeça. E ouça isto com atenção, sem jamais duvidar: você acabará surpreendendo a si mesmo. Seja como guardião da Naomy, seja como esposo dela, como meu amigo ou qualquer outra coisa, você verá o quanto é bom. Deixe que tudo vá fluindo naturalmente, só precisa fazer isso.
Satoshi conseguiu sorrir, indicando que começou a relaxar. Namie gostou de constatar esse fato.
Sentindo-se mais leve, ele disse:
– Confiarei nas suas palavras. Protegerei a Naomy quando estivermos no Mundo dos Demônios.
Farei de tudo pela segurança da sua irmã, tem a minha palavra.
– Acredito. – ela continuava sorrindo.
– Vocês duas realmente surpreendem. – disse Shoichi, sentado à mesa junto de Naomy e os outros. Esperavam por Namie e Satoshi...
– A Kaoru ficou pensando em bobagens antes de começarmos. – comentou Naoko. – Mas depois
que se concentrou como deveria, fez um bom trabalho.
– Como se você não tivesse ficado nervosa também. – Kaoru olhou para os olhos da amiga. – Ou
vai me dizer que não?
– Um pouco. – Naoko sorriu, sendo simpática.
– Ainda há o que se fazer. – Naomy se pronunciou. – Vocês lutaram usando espadas. Não são
somente espadas que vocês são capazes de usar com maestria. Após acordarem amanhã, irão entender.
– Outra arma... – Kaoru ficou pensativa. – É claro que só estamos começando o treinamento. Ainda deve ter muito mais.
– Só o necessário para vocês me acompanharem ao Mundo dos Demônios. – explicou Naomy. –
Aviso que lá as coisas são diferentes, e a princípio vocês podem até passar mal devido à energia negativa. Faremos o que for preciso para que vocês já cheguem lá prontas para lutar, mas não dá para
garantir nada por enquanto. A energia negativa tem mudado, tem aumentado sua intensidade. É um
ciclo natural dos três mundos. Tudo evolui à medida que o tempo avança.
– A Naomy tem toda a razão. – Satoko se limitou a dizer isso.
– Satoko, algo aconteceu antes de você vir para cá? – Naomy quis saber.
– Nevou no penhasco da Dark Soul. Estranho, não é?
– Nevando numa região tropical... – Naomy se pôs a pensar. – É claro, aqueles dois, mesmo selados, querem o poder da Dark Soul. Foi só uma tentativa deles de roubar a sua odachi. Se ela não saiu
de lá, podemos ficar tranquilas.
– Aqueles dois seriam...? – Satoko achou que deveria perguntar.
– Michio e Tokuyuki, demônios do gelo e criadores das armas Infri. – Naomy respondeu sem
hesitar. – As armas Infri estão perdidas no Mundo dos Demônios, pelo que sei. Felizmente, não há
motivo para nos preocuparmos com esses dois demônios. Podemos nos concentrar naqueles que já
nos atacaram.
Heydo, Fours e Lexus eram os que mais compreendiam o que Naomy revelava. Aliás, eles chegaram a enfrentar Michio e Tokuyuki, e viram seus poderes fora do comum. Só restava esperar por
outro ataque vindo desses dois inimigos...
Takashi e Yasutoko chegaram até as espadas que almejavam, após um longo caminho. O problema agora era a barreira que protegia tais armas. Possuindo a forma de uma parede, impedia que os
demônios saíssem do corredor e entrassem na sala escura onde as duas montantes estavam. Tentaram
destruir essa proteção, entretanto não tiveram êxito.
– As espadas de Shinsuke na nossa frente e não podemos pegá-las. – comentou Takashi. – Alguma ideia de como destruir a barreira, Yasutoko?
– Nós não devemos destruir, e sim anular. – disse ele. – A força bruta não nos ajudará aqui.
– Então não tenho ideia do que fazer. – suspirou Takashi, impaciente. – Se usarmos o sangue da
Naomy contra a barreira, as espadas de Shinsuke se tornarão inúteis para destruir sua alma.
Yasutoko olhou ao seu redor, dando atenção para tudo. Também tentava sentir. Aguçando ao máximo tudo o que lhe era útil, percebeu algo “estranho”.
– Dê-me o sangue da Naomy, ou nunca iremos conseguir as armas. – disse para Takashi.
– Tem certeza? O sangue dela é muito precioso, mais do que as espadas em si. – o rapaz resistiu.
– Não vou desperdiçar. – Yasutoko dizia a verdade.
– Que seja! – Takashi virou a sua mão direita e exibiu a palma para os olhos. O sangue sagrado de
Naomy começou a aparecer bem ali, envolvido por uma barreira roxa em forma de bolha.
Passou para o seu irmão, que pegou com cuidado. Yasutoko observou o líquido vermelho, olhou
para a sua esquerda e caminhou até a parede.
– Quem quer que tenha selado essas espadas, não queria mesmo que elas saíssem daqui. – explicou para Takashi. – Tanta proteção... Qual o real objetivo para defender tanto armas capazes de destruir as almas da Naomy ou da Namie?
– Está dizendo que pode ter sido obra das próprias Deusas? – perguntou Takashi.
– Ou de alguém muito ligado a elas. – respondeu Yasutoko, já diante da parede. – Atacar a barreira jamais nos ajudaria. O sangue da Naomy é a chave para liberar as espadas de Shinsuke.
Yasutoko deu um soco na parede usando a sua mão direita. As pedras se quebraram. Revelou um
espaço vazio, maior do que as duas espadas juntas, de onde vinha a energia negativa estranha que
sentiu antes. Alinhado a sua face, havia um pequeno símbolo, no formato de uma estrela. Pegando
uma quantidade minúscula do sangue de Naomy, encostou-o ao símbolo.
– Estou entendendo. – Takashi se pronunciou. – Você sempre foi melhor do que eu para tudo isso.
Tem mais paciência.
– Em compensação, você é mais forte. – disse Yasutoko, prestando atenção ao símbolo, desta vez
preenchido pelo sangue de Naomy.
As espadas de Shinsuke transformaram-se em luz, lá atrás da barreira. Segundos depois, foram
surgindo à frente de Yasutoko, de ambos os lados do símbolo. Suas empunhaduras de aço prateado
estavam acima, e suas lâminas de noventa centímetros tinham suas pontas grandes em contato com o
chão.
– Finalmente. – Takashi sorriu. – Não tenho mais que me dar ao trabalho de me conter contra a
Naomy. Ela verá o meu verdadeiro poder.
– Naomy é esperta. – respondeu Yasutoko. – Não acredito que ela tenha ficado parada. Aposto
que se fortaleceu. Espere por uma inimiga à sua altura, Takashi.
– Não se preocupe, lutarei contra ela dando o máximo de mim.
Em Ryukai, a noite era de Lua crescente. As estrelas estavam aos montes no Céu, apesar de haver
pequenas nuvens. Namie, Lexus e Satoko conversavam com Kaoru e Naoko, no Salão Principal, enquanto Shoichi estava no jardim, em cima de uma árvore alta. Heydo saiu, preferindo conferir sua
nova versão da energia positiva, e Fours estava andando pelo Castelo, como era de seu costume.
– Tomar banho sempre é bom. – disse Naomy, entrando em seu quarto. Estava envolvida numa
toalha. – Você tem gostado da água cheia de energia positiva, Satoshi? – perguntou sem deixar de
expressar um sorriso, enquanto olhava diretamente para os olhos dele.
– Sim, é muito boa. – o rapaz respondeu, sorrindo de volta para a garota.
– Agora pode me dar licença para eu me vestir? – ela não desfazia o sorriso, mostrando-se feliz e
relaxada. – Ainda não quero que me veja nua.
– Como queira. – disse ele, levantando-se da cama, onde estava sentado.
Passou pela garota, sem conseguir deixar de olhar para ela. Naomy era tão linda e atraente que era
fácil se sentir tentado a vê-la por inteiro. Optando por ser respeitoso, deixou o quarto e fechou a porta. A divindade achou engraçado.
– Se ele pedisse, eu removeria a toalha. Vamos nos casar, afinal de contas. Além disso, há muito
tempo, ele me conheceu perfeitamente. – pensou, sorrindo outra vez.
Takashi e Yasutoko saíram rapidamente do subterrâneo do castelo das espadas de Shinsuke. Passaram por vários corredores durante o caminho, enquanto o Sol se punha. Takashi carregava sua nova montante na cintura, enquanto Yasutoko mantinha a sua na mão canhota.
Chegando ao exterior, após passar pelo enorme portão de madeira, viram-se diante de todo um
exército de soldados-monstros. Todos eram grotescos, tinham de um metro e setenta a um metro e
noventa de altura e vestiam-se em armaduras douradas. Suas armas eram lanças longas e escudos.
– A última linha de defesa das espadas, hein? – Takashi sorriu. – Estão apenas em dois mil? Será
covardia da nossa parte, Yasutoko.
– Não perderemos o nosso tempo. – disse o rapaz.
Takashi puxou sua montante de seu cinto. Yasutoko segurou o punho com maior firmeza. Então,
juntos, ergueram as espadas. Relâmpagos roxos correram as lâminas. Fizeram um poderoso corte no
ar no sentido de cima para baixo. Uma imensa onda de energia negativa surgiu. Avançou contra os
soldados, e ao tocar neles, causou tamanho dano que os desintegrou quase completamente. Sangue
verde se espalhou pelo ar, espirrando para todos os lados. Pedaços de lanças e escudos também voavam pelo ar. Quando a onda de energia negativa se desfez, várias fendas podiam ser vistas no chão
de terra.
– Usamos as espadas contra seu próprio exército. – afirmou Yasutoko. – Acho que não teremos
problemas por causa disso.
– Seja como for, a Naomy é a nossa preocupação. – disse Takashi. – Já percebeu? Estas espadas
estão tentando consumir nossas almas. Terminando de usá-las, jogaremos fora. Se possível, devemos
destruí-las.
– A alma despedaçada de Shinsuke continua nestas lâminas. – concordou Yasutoko. – Quer nossas almas para se fortalecer e ressuscitar. Não iremos permitir.

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