Capítulo 45: Templo do Céu – Eu só conseguirei descansar depois

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Capítulo 45: Templo do Céu – Eu só conseguirei descansar depois
Capítulo 45: Templo do Céu
– Eu só conseguirei descansar depois de matar você! – Konoe deixava a raiva transparecer todo o
seu rosto, cada traço dele. Nem Cley deixava de constatar certa insanidade na garota, percorrendo
cada milímetro de sua alma. Interferir poderia significar ser atacado...
– Você não entende, não é? – Naomy observava a adversária atentamente. A Soul Force, em sua
mão destra abaixada, emitia seus brilhos vermelhos por toda a lâmina. – Sei o que lhe fiz, e sei que
não posso mudar aquilo tudo, mas Satoshi e eu acreditávamos que você iria superar e descansar. Eu
me sujei de sangue e deixei que me limpassem! Você só está querendo se sujar mais.
Namie apareceu, acompanhada de Satoshi e Satoko. Naomy se limitou a olhá-los de relance,
usando o canto direito de seus olhos. Konoe, por outro lado, ergueu sua espada, querendo atacar Satoshi. Mas Naomy não permitiu, pois lançou um poderoso raio vermelho de energia positiva contra a
garota loira, obrigando-a a se defender usando uma barreira em forma de parede à frente de seu corpo.
– Quem é ela? – Satoshi perguntou para Namie.
– Uma encrenqueira, só isso. – a Primeira Deusa respondeu, sabendo que não podia contar a verdade para Satoshi. – Fiquem aqui! – deu essa ordem para Satoko também.
– Namie... – Konoe sorriu sarcasticamente. – Meus assuntos são apenas com a sua irmã. Fique
longe de mim!
– Você, que era boa, se enchendo de ódio assim. – a Primeira Deusa retrucou, caminhando na
direção da garota. – Devia se envergonhar. Saia de Ryukai e descanse em paz! – puxou agilmente a
Union Force para fora da bainha.
Sem dar chances para Konoe, iluminou a lâmina com uma luz dourada. A loira, sendo esperta,
percebeu o que Namie planejava, virou-se para Cley e arremessou a sua Dark Fang para ele. De
imediato uniu as duas mãos à frente de seu busto, mantendo os dedos fechados, exceto os indicadores, e criou assim uma barreira toda dourada ao redor de seu corpo, enquanto Namie fazia um corte
no ar com a Union Force. Konoe desapareceu da visão de todos ali, restando em seu lugar apenas um
vento preenchido com energia dourada e levemente azul.
A lâmina da Union Force se apagou, voltando para a cor prateada. Namie ficou em dúvida se
Konoe saiu de Ryukai por vontade própria ou se ela mesma a expulsou. Talvez as duas coisas ao
mesmo tempo...
– Só falta você. – Naomy encarava Cley. – Deixe este lugar, ou Namie e eu vamos tirar-lhe a vida.
– Konoe queria matar você, Naomy. – disse Cley, aparentando mansidão. A Dark Fang se encheu
de relâmpagos dourados em toda a sua lâmina, todos muito silenciosos. – Eu só quero matar o Satoshi agora. Você será a próxima.
– É aqui que eu entro. – afirmou Satoshi, indo até Naomy. Satoko o acompanhou. – Está na hora
de resolvermos tudo, não é? – encarava o irmão.
– Tem certeza? – Naomy olhava diretamente para os olhos do amigo. – Vai lutar sozinho contra
ele?
– É a melhor maneira que encontro para me sentir melhor comigo mesmo. – ele respondeu. – Sou
seu guardião, certo? Então agirei como tal. Poupe-se para as futuras lutas, há inimigos piores do que
o Cley.
Namie e Satoko não diziam nada, nem sentiam necessidade de se expressar. Entendiam Satoshi e
entendiam Naomy, portanto deixariam que eles resolvessem tudo.
– Nesse caso – disse a Segunda Deusa, pegando as duas mãos de Satoshi. –, irei contribuir com
você. Eu já previa isso.
As mãos de Naomy, na altura de seu abdômen, foram envolvidas por uma luz vermelha, e essa luz
foi se transferindo para as mãos de Satoshi. O rapaz se sentiu aquecido, não só onde Naomy lhe tocava, mas por todo o corpo, em especial em seu coração e perto dele. A garota o olhava nos olhos e
permanecia com um sorriso no rosto. Em dúvida, o rapaz perguntou:
– O que você está fazendo?
– Lhe dando o que é seu, já que você não é mais apenas um demônio, e sim um Guardião Sagrado
como o Lexus e os outros. Por enquanto, só conseguirá usar três vezes, mas será o bastante.
– Estou compreendendo. – ele mostrou um pequeno sorriso. – Obrigado.
– Não precisa agradecer. Como eu disse, isto é seu.
Cley pensava em atacar, mas Namie e Satoko o impediam, deixando-o intimidado. Com sua mão
sempre no punho da Union Force, a Primeira Deusa não hesitaria em atacá-lo se julgasse necessário,
e Satoko não era diferente. O demônio sabia muito bem que não tinha chances contra uma divindade
em sua forma suprema neste planeta, principalmente quando uma poderosa guardiã estava ao lado.
– Impaciente? – Namie o provocou.
– Hum... – foi tudo o que ele expressou, visivelmente ofendido.
– Bom garoto, fique na sua! – Satoko era provocadora também.
Cley perdeu a pouca calma que tinha, por causa de sua antiga rival, e cortou o ar com sua espada.
Lançou uma lâmina de vento, igual àquela que usou para tentar atingir Konoe logo que a viu. Namie
não quis fazer nada quanto a isso, deixou por conta da ruiva. Satoko esticou a mão esquerda e congelou completamente o ataque de Cley, para depois destroça-lo usando a sua katana.
– Você sempre foi detestável, Satoko! – Cley se segurava para não começar uma luta contra ela.
– Você chama a mim e ao Satoshi de traidores – a garota disse. –, mas nós apenas descobrimos
quem realmente somos. Na verdade, o que descobrimos de nós mesmos ainda é pouco, falta muito
para compreendermos tudo a nosso respeito. Você devia fazer o mesmo, devia jogar fora a sua raiva!
Assim como não é a natureza minha e do Satoshi dominar os três mundos, não é a sua também!
– Sobre a minha natureza, você não sabe nada, então fique calada! Não sou igual a você! – Cley
se ofendeu.
– Lamentável... – Satoko suspirou. – Se é desse jeito que você encara, eu não posso fazer nada
para ajudá-lo.
– Deixe. – disse Namie para a ruiva. – Ele não sabe do que está falando.
– Eu irei lutar no Mundo dos Demônios, onde quer que seja. – disse Satoshi para Naomy.
– Tudo bem. – ela respondeu gentilmente, soltando as mãos dele. – Desejo-lhe muita sorte.
– Obrigado. – o rapaz sorriu, agradecido. – E enquanto eu estiver enfrentando o Cley, acho que
seria uma boa ideia você pegar alguns dos seus guardiões e começar uma invasão. Sei que você está
em condições de vencer o Takashi e o Yasutoko.
– Foi no que pensei. – Naomy disse com sinceridade. – Por você ter reforçado, farei isso. Saberá
me encontrar lá.
– Tenho certeza de que sim.
– Comecemos, Satoshi? – Cley o apressou, dando um passo na direção do irmão. Mas Namie e
Satoko o ameaçaram, sendo que a Primeira Deusa puxou um pequeno pedaço da lâmina da Union
Force para fora da bainha.
– Se quiser lutar contra o Satoshi – disse Namie. –, terá que esperar quanto tempo for necessário.
– Matando o Satoshi e depois a Naomy, vocês duas serão as próximas. – afirmou o demônio.
– Não estou nem um pouco preocupada com isso, sinto muito. – Namie sorriu querendo provocálo. – Demônios da sua laia tem muito que aprender, não fazem ideia do quanto.
– Namie e Satoko, obrigado por terem me mantido a salvo. – disse Satoshi, passando entre as duas garotas. – A partir daqui, é tudo por minha conta. – encarava Cley, embora falasse com a divindade e a guardiã.
– Sei em qual lugar enfrentá-lo, caro irmão. – disse Cley. – Não terá do que reclamar.
Cley ergueu a Dark Fang de Konoe, e uma luz dourada saiu da ponta da lâmina. Namie e Naomy
não foram ofuscadas pela luz, mas Satoko sim, pois cobriu seus olhos com as mãos. Logo que recuperou a visão, menos de dois segundos depois, instintivamente pronunciou estas palavras generosas
para Satoshi, em voz muito baixa:
– Boa sorte. Sei que vencerá.
– Devemos nos apressar. – disse Naomy, caminhando até a Primeira Deusa e a Guardiã Sagrada.
– Terminaremos tudo isso o mais rápido possível.
– Vou pegar a Kaoru e a Naoko. – afirmou Namie. – Encontro vocês no castelo.
– O antigo Templo do Céu. – disse Satoshi, olhando ao seu redor. Estava no que seria um imenso
salão do lugar que mencionou. O Sol estava quase se pondo no céu limpo, e ao seu redor, as colunas
que sustentavam o teto estavam caídas, destroçadas... Assim como o chão quase todo quebrado, eram
de mármore azulado, relativamente raro neste mundo. E de um dos quatro cantos do que restou do
salão, à esquerda de Cley, água avermelhada brotava de uma fonte que surgiu com o tempo, escorrendo aos poucos do que era uma parede, até alcançar o chão, onde formava uma poça. Devia ter se
infiltrado por todo o piso que serviria para a luta que começaria.
Atrás de Satoshi, estava o topo da escadaria que levava para as demais partes da construção, todas
localizadas abaixo. O templo ocupava um espaço considerável desta montanha, circulando-a por algumas centenas de metros, descendo-a – ou subindo-a, caso fosse preciso chegar onde Satoshi e Cley
estavam.
Era um lugar montanhoso do hemisfério norte, e este templo encontrava-se numa das montanhas
mais altas, onde o ar era rarefeito. Cerca de sete quilômetros de altitude... Satoko muitas vezes treinou com Satoshi neste local, e Cley também, antes de mudar de lado. Asran ocasionalmente participava...
– Faz uns trezentos anos, hein? – comentou Cley, lembrando-se dos treinos aqui. – Como eu era
ingênuo...
– Nunca entendi essa mudança que você fez em si mesmo. – disse Satoshi. – Por que escolheu se
tornar nosso inimigo?
– Quando abrimos os olhos, tudo muda. – respondeu o demônio. – Não os fecharei novamente.
– Satoko sempre teve esperança de que você voltaria a ser nosso amigo.
– Ela é tão tola quanto você. – Cley retrucou, enquanto a bainha da Dark Fang ia surgindo em sua
mão canhota, ao mesmo tempo em que a lâmina se iluminava de dourado e azul. – Konoe me passou
todos os ataques de sua espada, sei como usá-los. Não preciso dos poderes do meu irmão, como o
seu Dragão Azul, estes de Konoe são superiores. – pensou.

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