Rococó - faculdade inap

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Rococó - faculdade inap
Rococó
Introdução
O nome Rococó derivou do termo francês rocaille (que designava os motivos
ornamentais, como a concha, francamente empregues por este estilo), um termo
depreciativo inventado por críticos numa época que desvalorizou este período
artístico.
Só muito recentemente se reavalia este movimento, diferenciando-o do Barroco que,
em muitos países, se desenvolveu em simultâneo com o Rococó.
Procurando afastar-se da austeridade e monumentalidade que a cultura iluminada de
Louis XIV exportou para toda a Europa, o rococó tentou recuperar uma cultura mais
íntima e sensível, ligada à frívola vida da corte e elegeu como fundamento estético a
supremacia da sensação, da forma caprichosa e do ornamento.
Arquitectura
Em França, as grandes transformações estilísticas e formais da arquitectura
manifestaram-se essencialmente ao nível dos edifícios civis. Abandonando a
solenidade e monumentalidade barroca, criaram-se novas tipologias residênciais
aristocráticas, urbanas e rurais, que respondiam a necessidades de intimidade e de
conforto que os grandes palácios não admitiam. A progressiva especialização
funcional dos diferentes espaços determinaram a tendência para se pensar cada sala
autonomamente, eliminando-se frequentemente as regras compositivas de sentido
geral e dissociando-se o carácter dos espaços interiores da imagem exterior dos
edifícios. As salas, ornamentadas por delicadas e densas molduras, painéis e
medalhões que encerravam pinturas e espelhos, eram francamente iluminadas por
vãos cada vez mais elegantes.
Se a Inglaterra e a Itália contribuiram muito pouco para o desenvolvimento deste
estilo, as regiões alemãs e austríacas envolventes dos alpes destacaram-se na criação
de uma arquitectura rococó de carácter religioso. As igrejas, apresentando
geralmente um exterior simples, reservavam para o interior toda a complexidade
espacial e exuberância decorativas próprias deste estilo. Fundindo o requintado
carácter rocaille com a monumentalidade barroca, este estilo procurava integrar na
arquitectura elementos escultóricos e pictóricos, numa síntese que se designou por
Gesamtkunstwerk (obra de arte total). De entre os inúmeros templos construídos
nesta altura destacam-se a abadia de Ottobeuren de Johann Fisher, as igrejas do
arquitecto Dientenhofer, em Praga, a pequena igreja de peregrinação In der Wies, na
Alta Baviera, obra dos irmãos Zimmermann e a monumental igreja da abadia de
Wierzehnheiligen na Baviera, de Balthasar Neumann.
Em Portugal a arquitectura rococó não atingui um nível artístico comparável ao dos
restantes países europeus. De entre os edifícios erguidos neste período destacam-se a
ala poente do Palácio de Queluz, desenhada pelo francês Robillon, um conjunto de
igrejas construídas para Lisboa após o terramoto de meados da centúria e uma série
de pequenos edificios civis e religiosos projectados por André Soares para a região
de Braga.
Artes plásticas e decorativas
A escultura rococó, contrariamente à barroca que assumia geralmente uma escala
pública e monumental, é de pequena escala (à excepção de poucas esculturas
monumentais em bronze), surgindo geralmente no interior de igrejas e de palácios.
Apresentava formas sofisticadas e galantes e as temáticas abordadas ligavam-se
geralmente à vida cortesã, embora na Alemanha fosse frequente a estatuaria sacra.
Um dos géneros mais difundidos neste período foi o retrato, normalmente realizado
em mármore.
Outros materiais, como a madeira e a porcelana eram muitas vezes utilizados para a
execução de peças mais pequenas. Um dos exemplos notáveis deste tipo de escultura
foi realizado pelo português Machado de Castro, sob a forma de presépios.
A produção da porcelana, cuja técnica foi importada da China nesta altura, conheceu
um grande desenvolvimento, expandindo-se por toda a Europa. Em França foi criada
a Real Manufactura de Sévres e em Espanha a Fábrica do Buen Retiro. Sem as
limitações técnicas da escultura em pedra, as peças de porcelana assumiam formas
ainda mais carpichosas e sinuosas, respondendo cada vez mais a objectivos
decorativos e ornamentais.
A pintura rococó apresentava tendência para a valorização da mancha colorida em
detrimento da linha, para as composições baseadas em traçados ondulantes e para o
predomínio dos elementos ornamentais. Os temas preferênciais deste período, foram
as cenas cortesâs (género no qual se destacaram os pintores Watteau e Fragonard), a
paisagem e o retrato. Este último, bastante difundido, teve como protagonistas os
franceses Largillière, Nattier ou Chardin e os ingleses Hogarth, Joshua Reynolds e
Thomas Gainsborough. Foram então realizados muitos retratos a pastel, técnica
pictórica que admitia uma grande rapidez e liberdade de execução.
A pintura veneziana, que alcançou nesta época um grande reconhecimento,
destacou-se pela produção original de paisagens urbanas, um campo temático em
que se afirmaram Piero Longhi, Canaletto (famoso pela minucia e rigor das
representações) e Francesco Guardi (este mais veloz e impressionista). O mais
conhecido e internacional dos pintores da escola veneziana foi, no entanto,
Giambattista Tiepolo que se especializou na pintura de grandes frescos.
Rococó. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-09-15].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$rococo>.
Rocaille
Designação relacionada com a decoração de gosto rococó surgida em França nos
últimos anos do reinado de Luís XIV (1643-1715) e principalmente na regência
(1715-1723) do duque de Orleães, Filipe, na menoridade de Luís XV (1715-1774),
com o qual adquire maior expressão artística e voga por toda a Europa, embora
decaia um pouco na sua parte final e desapareça mesmo com Luís XVI. Também se
lhe chama Luís XV ou Regência, de acordo com a época - ou sua estilização
subsequente -, ou até mesmo Pompadour, a partir do nome de uma célebre dama
francesa que terá congregado à sua volta artistas e sábios, para além de influir no
governo do país, muito contribuindo para difundir o gosto rocaille, aristocratizandoo até.
O Rocaille foi divulgado por Cochin des Fils, artista francês, que atribui a sua
origem a italianos, como Borromini. Rafael, com os seus grotescos, por exemplo,
anuncia já de certa maneira a estilização das linhas e das formas. Outros relacionam
este estilo com a arte chinesa.
De decoração caprichosa e nem sempre equilibrada, apresenta irregularidades e
assimetrias de forma a poder imitar as rochas (daí o nome), grutas, conchas e cristas
das ondas, entre outras formas rústicas da natureza. Este estilo decorativo e
ornamental abandona, com as suas fantasias e linhas sinuosas, toda a solenidade
clássica vigente até grande parte do reinado de Luís XIV. Nas obras de decoração arquitectura, mobiliário, cerâmica - e mesmo nos objectos de uso e adorno, o ritmo
desordenado de elementos decorativos caprichosos sobrepõe-se à pureza de linhas,
imperando então os concheados, laços de fitas, concreções minerais, sinuosidades
vegetais, pássaros ou crustáceos em linhas contornadas, ornatos mais apropriados à
fantasia dos decoradores, com um público cada vez maior e o interesse da corte a
crescer. Existe, portanto, uma imitação da natureza, mas sem servilismos ou
reproduções exactas, antes uma inspiração, uma fantasia da imaginação, que
estilizava, e deformava até, os motivos naturais.
Esta forma de arte, cujos maiores criadores são Oppenordt, Meissonnier e Pineau,
conhece a sua melhor expressão na ourivesaria, nas porcelanas, no pequeno
mobiliário, nos bronzes e nos lambris, para além de candeeiros, castiçais e ferragens
várias, atingindo a pintura e a escultura. Influi em todos os países europeus, mesmo
na rígida Inglaterra, onde o mobiliário rocaille francês terá grande aceitação e
inspirará variantes regionais de elevada qualidade e estilização muito própria, como
o Chippendale e o Queen Anne, que irradiarão depois para o Continente,
nomeadamente para a Alemanha. As formas do mobiliário rocaille chegarão
também a Portugal, muito à custa da recolha de gravuras e estampas, tendo sido
preferido, porém, o "estilo" inglês de Chippendale, principalmente no reinado de D.
José (1750-1777).
Assim, o Rocaille, como expressão artística dotada de poesia e fantasia, procurando
a graça e o charme, a surpresa e o encanto, implanta-se em toda a Europa,
caracterizando a fase mais sedutora do Século das Luzes.
Rocaille. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-09-15].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$rocaille>.

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