Desempenho agronômico da soja em função da desfolha em

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Desempenho agronômico da soja em função da desfolha em
Desempenho agronômico da soja em função da desfolha em diferentes
estádios vegetativos
Carlos André Bahry1*, Eduardo Venske1, Maicon Nardino2, Paulo Dejalma Zimmer1, Velci Queiróz de Souza2
2
e Braulio Otomar Caron
¹ Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitotecnia, Área de Sementes, Rio Grande
do Sul – [email protected]; [email protected]; [email protected].
² Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais, Campus Frederico Westphalen, Rio
Grande do Sul – [email protected]; [email protected]; [email protected].
Resumo - O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho agronômico da cultivar de soja CD 219 RR em função da
desfolha em diferentes estádios vegetativos. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso, com sete
tratamentos quatro repetições. Os tratamentos foram: T1) sem desfolha; T2) remoção do par de folhas unifolioladas no
estádio fenológico V4; T3) T2 + remoção do 1º trifólio em V5; T4) T3 + remoção do 2º trifólio em V6; T5) T4 + remoção do 3º
trifólio em V7; T6) T5 + remoção do 4º trifólio em V8; T7) T6 + remoção do 5º trifólio em V9, com. Analisaram-se altura de
inserção do 1º legume; altura e diâmetro da haste principal; legumes, grãos, grãos por legume e massa de mil grãos dos
terços inferior, médio, superior e total na planta, e produtividade. As medias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade. A desfolha na fase vegetativa sobre a cultivar de soja CD 219 RR não causou redução de produtividade,
até um nível de 66,7% de nós vegetativos sem folhas em V9.
Palavras-chave: produtividade, desfolhamento, componentes de rendimento.
Soybean agronomic performance due to different vegetative stages defoliation
Abstract - The objective of this study was to evaluate the agronomic performance of soybean cultivar CD 219 RR in
function of defoliation in different vegetative stages. The experiment was carried out in randomized blocks design with
seven treatments and four replicates. The treatments were: T1) without defoliation; T2) removal of the unifoliolate leaves
pair in V4 growth stage; T3) T2 + removal of the first leaflet in V5; T4) T3 + removal of the second leaflet in V6; T5) T4 +
removal of the third leaflet in V7; T6) T5 + removal of the fourth leaflet in V8 and T7) T6 + removal of the fifth leaflet in V9. It
were analyzed height of first pod, height and diameter of main branch, number of pods, grains, grains per pod, weight of
thousand grains from one third of the lower, middle, upper and total part of the plant and yield. The means were compared
by Tukey test, at 5% probability. The defoliation at vegetative stages on soybean cultivar CD 219 RR did not reduce the
yield, until a level of vegetative nodes of 66.7% without leaves in V9.
Keywords: yield, defoliation, yield components.
Introdução
O rendimento da soja está diretamente relacionado à
fotossíntese realizada pelas folhas, de modo que qualquer
fator que venha a limitar a área foliar poderá comprometer
a produtividade da cultura (Peluzio et al., 2002; Li et al.,
2006). Dentre os limitantes principais, pode-se citar o
ataque de insetos desfolhadores (Timsina et al., 2007),
incidência de doenças como a ferrugem da soja (Debona et
al., 2009) e ainda a queda de granizo (Fazolin & Estrela,
2003).
A capacidade da soja de evitar redução de produtividade
depois de submetida a um desfolhamento depende de
alguns fatores, como a própria intensidade da desfolha, o
estádio fenológico em que ocorre, a habilidade da cultivar
em tolerar ou compensar o desfolhamento (Costa et al.,
2003; Parcianello et al., 2004), dos fatores ambientais,
dentre eles, a radiação solar (Andrade et al., 2002) e
também de estresses abióticos, como a salinidade (Li et al.,
2006).
Trabalhos realizados visando avaliar a influência da
desfolha precoce na produtividade da soja, variando os
estádios fenológicos em que a soja se encontrava (desde
vegetativos iniciais até reprodutivos finais) e níveis de
desfolhamento, que variaram de 0 a 100%, demonstraram
desde a não ocorrência de resposta, até 87% de redução no
rendimento de grãos (Ribeiro & Costa, 2000; Parcianello et
al., 2004).
Alguns pesquisadores têm verificado em experimentos,
que desfolha inferior a 50%, antes do florescimento,
normalmente não reduz o rendimento de grãos, enquanto
que, durante os estádios reprodutivos, tem causado
maiores reduções na produtividade da soja (Pratissoli et al.,
2001; Fontoura et al., 2006).
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.19-24, dez. 2013
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Em trabalho realizado por Peluzio et al. (2004) verificouse que o nível máximo de desfolha na fase vegetativa
retardou o florescimento da soja, altura de planta, número
de legumes por planta, massa de mil sementes e a
produtividade final, porém a maior redução de
produtividade foi evidenciada quando da desfolha na fase
reprodutiva da cultura.
Dada a importância da manutenção da área foliar para a
produtividade da soja, em função da produção de
fotoassimilados pela fotossíntese, que serão destinados
principalmente para o enchimento dos grãos, esse trabalho
teve por objetivo avaliar o desempenho agronômico de
uma cultivar de soja em razão da desfolha em diferentes
estádios vegetativos.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido em área de lavoura comercial,
localizada no município de Arroio Grande, região Sul do Rio
Grande do Sul. Utilizou-se a cultivar CD 219 RR. As sementes
foram previamente inoculadas com bactérias fixadoras de
nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, na forma de
inoculante turfoso. A adubação de base foi realizada em
linha, no ato da semeadura, seguindo a recomendação e
histórico da área, aplicando-se 300 kg ha-1 da formulação
NPK 02-20-20.
A demarcação do local do experimento foi realizada
quando a soja encontrava-se em fase de emergência. As
parcelas foram constituídas de seis linhas de 3,0 metros de
comprimento com espaçamento entre linhas de 0,45 m,
totalizando uma área de 8.1 m2.
A metodologia adotada neste experimento consta na
Tabela 1.
S e m a n a l m e n te , re a l i zo u - s e u m a v i sto r i a n o
experimento para eliminar as brotações espontâneas de
cada gema vegetativa em que se realizou destaque de folha
de cada tratamento. A colheita das parcelas foi realizada em
abril de 2011. A área total colhida por parcela foi de 0,9 m².
Da área colhida de cada unidade experimental foram
selecionadas de forma aleatória cinco plantas e realizadas
as seguintes avaliações:
 Altura de inserção do primeiro legume: distância entre o
nível do solo e a inserção do primeiro legume na haste
principal. Resultado expresso em centímetros.
 Altura da haste principal: distância entre o nível do solo
até o ápice da haste principal. Resultado expresso em
centímetros.
 Diâmetro da haste principal: medido com o auxilio de um
paquímetro. Resultado expresso em milímetros.
Número de legumes nos terços inferior, médio, superior
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.19-24, dez. 2013
e total por planta: contagem do número de legumes por
terço e somatório do total por planta.
 Número de grãos nos terços inferior, médio, superior e
total por planta: contagem do número de grãos por terço
e somatório do total por planta.
Número de grãos por legume nos terços inferior, médio,
superior e total por planta: razão entre número total de
grãos de cada terço isolado da planta pelo número de
legumes do respectivo terço e somatório do total por
planta.
Massa de mil grãos nos terços inferior, médio, superior e
total por planta: pesagem de todos os grãos de cada
terço de forma isolada. De posse do número de grãos e
de sua respectiva massa, para cada terço da planta e o
total por planta, procedeu-se o cálculo, a partir de regra
de três simples, para se obter a massa de mil grãos em
cada terço e no total da planta. Resultado expresso em
gramas (Brasil, 2009).
Produtividade: Massa total das sementes de cada parcela,
corrigido para 12% de umidade, extrapolando o
resultado para hectare, a partir da aplicação de regra de
-1
três simples. Resultado expresso em kg ha .
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso,
com quatro repetições. Realizou-se análise de variância dos
dados. Para comparação de médias utilizou-se o Teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 1. Tratamentos de desfolha artificial em diferentes
estádios vegetativos sobre a cultivar de soja CD 219 RR e
estimativa do nível de desfolha ocasionado.
Tratamentos
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
Descrição
Nível de desfolha*
Sem desfolha artificial
Remoção do par de folhas unifolioladas
em V4**
T2 + remoção do 1º trifólio em V5
T3 + remoção do 2º trifólio em V6
T4 + remoção do 3º trifólio em V7
T5 + remoção do 4º trifólio em V8
T6 + remoção do 5º trifólio em V9
(%)
0
25
40
50
57
62,5
66,7
*referente ao percentual de nós vegetativos que foram mantidos sem
folhas em cada tratamento **escala fenológica de Fehr & Caviness (1977)
Resultados e Discussão
Na Tabela 2 estão apresentados os dados médios da
altura de inserção do primeiro legume (I P L), em
centímetros; altura da haste principal (A H), em
centímetros; diâmetro da haste (DH), em milímetros;
número de legumes no terço inferior (LI); número de grãos
no terço inferior (GI); e número de grãos por legume no
terço inferior (GLI) em função da desfolha em diferentes
momentos da fase vegetativa da soja (T). Verifica-se
referente à altura de inserção do primeiro legume (IPL) na
haste principal, que não houve diferença significativa entre
os tratamentos. Esperava-se que, à medida que mais
estádios vegetativos fossem submetidos à desfolha,
representados pelos tratamentos aplicados, a altura de
inserção do primeiro legume fosse superior na haste, em
função do aborto natural desses, ou pela sua não formação,
devido à falta de folhas no terço correspondente para
produzir fotoassimilados para a sua manutenção; porém, tal
situação não foi evidenciada.
Em relação à altura da haste principal (AH), apenas os
tratamentos 3 e 5 diferiram entre si, tendo apresentado o
primeiro, maior altura de planta. Os demais tratamentos
não apresentaram diferença, inclusive em relação aos
tratamentos supracitados. Diogo et al. (1997) e Peluzio et al.
(2004) verificaram que, à medida que se limitou a área foliar,
observou-se redução na altura de planta. No presente
trabalho, porém, o tratamento 7, onde houve maior
número de estádios submetidos à desfolha, não foi
constatado diferença em relação aos demais tratamentos.
Da mesma forma que para a altura de inserção do
primeiro legume, também não se observou diferença
significativa entre os tratamentos para o diâmetro da haste
principal e também para o número de legumes no terço
inferior (LI). Segundo Diogo et al. (1997), o número de
legumes por planta é mais afetado quando a desfolha
severa ocorre durante a sua formação e início do
enchimento de grãos, corroborado por Ribeiro & Costa
(2000).
Tabela 2. Dados médios da altura de inserção do primeiro legume
(IPL), em cm; altura da haste principal (AH), em cm; diâmetro da
haste (DH), em mm; número de legumes no terço inferior (LI);
número de grãos no terço inferior (GI); e número de grãos por
legume no terço inferior (GLI) em função da desfolha em
diferentes momentos da fase vegetativa da soja (T).
Tratamentos
1
2
3
4
5
6
7
CV (%)
IPL
AH
DH
18,95 a
19,40 a
19,55 a
19,30 a
18,05 a
19,55 a
20,80 a
53,0 ab
52,9 ab
56,9 a
54,5 ab
52,7 b
55,7 ab
56,4 ab
6,28 a
6,36 a
6,54 a
6,47 a
6,61 a
6,55 a
6,88 a
3,3
7,3
7,9
LI
GI
GLI
1,26 a 15,95 a 1,96 a
1,27 a 10,40 ab 2,06 a
1,31 a 14,75 a 2,00 a
1,29 a 9,80 ab 2,02 a
1,32 a 7,90 ab 2,00 a
1,31 a 7,15 ab 2,17 a
1,38 a 0,65 b 1,63 a
7,3
59,7
17,9
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Já para a variável número de grãos no terço inferior (GI)
foi possível verificar diferença entre os tratamentos, tendo
apresentado o tratamento 7 o menor valor, diferindo
significativamente dos tratamentos 1 e 3, porém sem
distinção em relação aos demais. Observou-se nessa
variável um coeficiente de variação bastante elevado, o que
pode explicar as distorções observadas em relação aos
valores absolutos dos tratamentos que não diferiram do
tratamento 7.
Para a variável número de grãos por legume no terço
inferior (GLI) não se evidenciou diferença significativa entre
os tratamentos. Diogo et al. (1997) verificaram que houve
redução do número de grãos por legume apenas em
intensidades altas de desfolha e durante a fase reprodutiva
da soja, corroborado por Parcianello et al. (2004),
considerando o total da planta, sem avaliar distintamente
os três terços.
Na Tabela 3 estão apresentados os valores médios de
Massa de mil grãos no terço inferior (MMGI), em gramas;
número de legumes no terço médio (LM); número de grãos
no terço médio (GM); número de grãos por legume no terço
médio (GLM); massa de mil grãos no terço médio (MMGM),
em gramas; número de legumes no terço superior (LS); e
número de grãos no terço superior (GS) em função da
desfolha em diferentes momentos da fase vegetativa da
soja (T). Verifica-se que massa de mil grãos no terço inferior
(MMGI) apresentou diferença significativa entre os
tratamentos 3 e 4 em relação ao tratamento 7, que não
diferiu significativamente dos demais. Segundo Peluzio et
al. (2004), os fatores mais afetados pela desfolha e que
contribuíram para a redução do rendimento de grãos foi o
número de sementes por legume e a massa dessas.
Em relação à variável número de legumes no terço
médio foi possível verificar diferença significativa. Os
tratamentos que tiveram mais estádios vegetativos
submetidos à desfolha apresentaram maior número de
legumes nesse terço. A soja tolera índices de desfolha
proporcionando às folhas remanescentes maior eficiência
na taxa fotossintética quando comparado às plantas sem
desfolha, em especial quando submetidas a algum estresse
abiótico (Li et al., 2006). Essa maior eficiência fotossintética
contribui para maior manutenção de legumes próximos a
essas folhas mais ativas, o que pode ter ocorrido no
presente estudo.
Em relação ao número de grãos no terço médio (GM),
também foi possível verificar situação semelhante à
verificada no número de legumes (GLM) no respectivo
terço. À medida que se restringiu a área foliar, houve
aumento no número de grãos, o que pode estar relacionado
à melhor taxa fotossintética dessas folhas remanescentes
(Li et al., 2006). No entanto, para o número de grãos por
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.19-24, dez. 2013
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Tabela 3. Análise das variáveis: massa de mil grãos no terço inferior (MMGI), em gramas; número de legumes no terço médio
(LM); número de grãos no terço médio (GM); número de grãos por legume no terço médio (GLM); massa de mil grãos no
terço médio (MMGM), em gramas; número de legumes no terço superior (LS); e número de grãos no terço superior (GS) em
função da desfolha em diferentes momentos da fase vegetativa da soja (T).
Tratamentos
1
2
3
4
5
6
7
CV (%)
MMGI
123,6 ab
117,7 ab
129,3 a
139,7 a
123,6 ab
116,3 ab
102,4 b
8,9
LM
7,35 d
6,55 d
8,6 cd
10,25 bcd
13,20 abc
15,85 a
15,05 ab
21,2
GM
14,45 c
12,75 c
16,45 bc
19,75 bc
27,3 ab
34,2 a
33,55 a
23,5
GLM
1,97 a
1,94 a
1,91 a
1,93 a
2,07 a
2,14 a
2,23 a
6,9
MMGM
125,5 a
127,4 a
130,5 a
126,1 a
115,8 a
118,3 a
126,9 a
5,3
LS
11,50 a
10,65 a
10,65 a
10,65 a
10,35 a
12,85 a
12,8 a
10,8
GS
23,35 abc
21,55 c
22,65 bc
22,85 bc
23,55 abc
29,15 a
28,15 ab
10,4
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
legume (GLM), bem como para a massa de mil grãos
(MMGM), não se visualizou diferença significativa entre os
tratamentos.
No terço superior, a variável número de legumes (LS) não
apresentou diferença significativa entre os tratamentos. Já,
em relação ao número de grãos (GS), houve diferença,
tendo os tratamentos 6 e 7 apresentado maior número de
grãos que o tratamento 2. Também, o tratamento 6 foi
superior aos tratamentos 2, 3 e 4 para essa mesma variável.
Avaliando a Tabela 4 constata-se que não houve
diferença significativa entre os tratamentos para as
variáveis grãos por legume (GLS) e massa de mil grãos no
terço superior (MMGS). Segundo Ribeiro & Costa (2000),
esses efeitos são mais pronunciados quando a desfolha
ocorre na fase reprodutiva da soja.
Em relação ao número de legumes por planta (GLS) não
foi possível verificar diferença significativa entre os
tratamentos, apesar de ter havido diferença no terço médio
para essa variável na Tabela 3, evidenciando que a desfolha
na fase vegetativa não afetou esse componente de
rendimento. Plantas submetidas à desfolha podem ter a
produtividade reduzida, em razão da diminuição no número
de legumes, de sementes por legume ou massa de
sementes (Pratissoli et al., 2001). Segundo Peluzio et al.
(2004) e Fontoura et al. (2006), os níveis de desfolha e a
época de remoção das folhas influenciaram negativamente
no número de legumes por planta. No entanto, vale
ressaltar que essa redução ocorreu principalmente na fase
reprodutiva da soja, corroborado por Parcianello et al.
(2004).
A variável grãos por planta (GP) apresentou diferença
significativa apenas entre os tratamentos 6 e 2, tendo o
primeiro apresentado um maior número de grãos. Esse fato
pode estar relacionado ao menor número de grãos no terço
médio observado no tratamento 2 na Tabela 3, vindo a
comprometer o número de grãos por planta desse
Tabela 4. Análise das variáveis: número de grãos por legume no terço superior (GLS); massa de mil grãos no terço superior
(MMGS), em gramas; número de legumes por planta (LP); número de grãos por planta (GP); número de grãos por legume na
planta (GLP); massa de mil grãos na planta (MMGP), em gramas; e produtividade (Prod.) em kg ha- ¹ em função da desfolha
em diferentes momentos da fase vegetativa da soja (T).
Tratamentos
1
2
3
4
5
6
7
CV (%)
GLS
2,06 a
2,03 a
2,12 a
2,15 a
2,27 a
2,27 a
2,20 a
7,4
MMGS
125,9 a
130,8 a
134,4 a
133,1 a
122,7 a
120,9 a
129,5 a
6,0
LP
20,11 a
18,97 a
20,56 a
22,19 a
24,87 a
30,01 a
29,23 a
16
GP
53,75 ab
44,70 b
53,85 ab
52,40 ab
58,75 ab
70,50 a
62,35 ab
17,6
GLP
2,01 a
2,00 a
2,03 a
2,03 a
2,15 a
2,19 a
2,22 a
5,8
MMGP
125,0 a
125,3 a
131,4 a
133,0 a
120,7 a
118,5 a
119,6 a
5,6
Prod.
1.842 a
1.788 a
1.938 a
1.866 a
1.878 a
1.980 a
2.022 a
16,5
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.19-24, dez. 2013
tratamento quando comparado ao tratamento 6. Não
houve diferença significativa desses dois tratamentos em
relação aos demais, mostrando pouca influência da
desfolha nos estádios vegetativos nesse componente de
rendimento da soja.
A variável grãos por legume (GLP) bem como a massa de
mil grãos (MMGP) não diferiram significativamente entre
os tratamentos. Segundo Peluzio et al. (2004) e Fontoura et
al. (2006) essa variável foi negativamente afetada quando a
desfolha ocorreu no estádio R4 apenas.
Em relação à produtividade (Prod) não foi possível
visualizar diferença significativa entre os tratamentos.
Segundo alguns pesquisadores, desfolhas na fase
vegetativa não causam tantos danos à produtividade da
soja, mas sim quando essa ocorre na fase reprodutiva da
cultura, em especial na formação dos legumes e durante o
enchimento de grãos (Pratissoli et al., 2001; Parcianello et
al. 2004; Fontoura et al., 2006). Em trabalho realizado por
Peluzio et al. (2004) verificou-se que o nível máximo de
desfolha na fase vegetativa reduziu a produtividade final,
porém, a maior redução de produtividade foi evidenciada,
mais uma vez, quando a desfolha ocorreu na fase
reprodutiva da cultura.
Conclusões
1. A desfolha na fase vegetativa da cultivar CD 219 RR
não causou redução de produtividade da soja,
considerando um nível de até 66,7% de nós vegetativos sem
folhas em V9.
2. O número de legumes e o número de grãos por
legume, no terço médio das plantas, foram afetados
positivamente à medida que mais estádios vegetativos
foram submetidos à desfolha, no entanto, sem efeito no
rendimento da cultivar em estudo.
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