Protocolo 491

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Protocolo 491
FITOMASSA SECA E DIÂMETRO DO CAPÍTULO DO
GIRASSOL SOB NÍVEIS DE SALINIDADE E
ADUABAÇÃO NITROGENADA
D. H. Guedes Filho1; J. B. Santos2; K. D. Travassos1; H. L. de Farias3; P. P. H. Ribeiro4; H. R. Gheyi5
RESUMO – A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) é uma das alternativas de fontes de
renda dos produtores da agricultura familiar do semiárido nordestino, que vem gerando trabalho,
resultando melhoria na qualidade de vida dos agricultores. Assim, objetivou-se com o presente
trabalho avaliar as variáveis de fitomassa seca e diâmetro do capítulo do girassol cv. Embrapa
122/V-2000 sob diferentes níveis de salinidade da água de irrigação (CEa) e da adubação
nitrogenada, em experimento conduzido em campo no sítio Macaquinhos na cidade de Remígio,
entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011. Usou-se um delineamento experimental em bloco
casualizado em parcelas subdivididas, testando 5 níveis de salinidade da água de irrigação (0,15;
1,5; 2,5, 3,5 e 4,5 dS m-1) e 4 níveis de adubação nitrogenada (40; 60; 80 e 100 kg ha-1), em
esquema fatorial 5 x 4, com 3 repetições. A fitomassa da parte aérea foi afetada linearmente e
negativamente aos 15 e 90 dias após emergência (DAE) e quadrática aos 60 DAE com aumento
da salinidade da água de irrigação, a adubação nitrogenada exerceu efeito linear crescente para a
fitomassa da parte aérea em todas as épocas avaliadas, o efeito interativo (Níveis de salinidade
da água x Níveis de nitrogênio) foi significativo para o diâmetro do capítulo e fitomassa da parte
aérea aos 30, 45 e 75 DAE e o diâmetro do capítulo foi afetado linear e negativamente com
aumento da salinidade da água de irrigação.
Palavras-chave: Helianthus annuus L.. Nitrogênio. Água salina.
DRY WEIGHT AND HEAD DIAMETER OF
SUNFLOWER UNDER DIFFERENT WATER SALINITY
LEVELS AND NITROGEN FERTILIZATION
ABSTRACT – The crop of sunflower (Helianthus annuus L.) is one of the alternative sources
of income for family farmers of the semi-arid Northeast, which has been generating jobs,
resulting in improved quality of life of farmers. Thus, the objective this study was to evaluate
the variables of dry weight and head diameter of sunflower cv. Embrapa 122/V-2000 under
different salinity (electrical conductivity) levels of irrigation water and nitrogen fertilization in
field experiment conducted at Macaquinhos in the city of Remigio, between November 2010
1
Doutorando em Engenharia Agrícola, UAEAg, UFCG, Campina Grande, PB, Email: [email protected]
Doutor em Ciências, Bolsista PNPD/CAPES, UAEAg, UFCG, Campina Grande, PB, Email:
[email protected]
3
Graduando em Agronomia, CCA, UFPB, Campus II, Areia, PB
4
Mestrando em Engenharia Agrícola, UAEAg, UFCG, Campina Grande, PB
5
Professor Visitante Nacional Sênior / CAPES, NEAS / UFRB. Cruz das Almas, BA
2
D. H. Guedes Filho et al.
and February 2011. The randomized block layout with split plots, was used testing five levels of
salinity of irrigation water (0.15, 1.5, 2.5, 3.5 and 4.5 dS m-1) and 4 of levels nitrogen (40, 60, 80 and
100 kg ha-1) in 5 x 4 factorial with three replications. The shoot biomass was linearly and negatively
affected at 15 and 90 days after emergence (DAE) and 60 DAE quadratic with increasing salinity of
irrigation water, nitrogen fertilization exerted increasing linear effect for the biomass of shoots in all
periods, the interactive effect (levels of water salinity x nitrogen levels) was significant for head
diameter and dry weight of shoots at 30, 45 and 75 DAE and the diameter of the head was affected
linearly and negatively with increasing salinity of irrigation water.
Keywords: Helianthus annuus L.. Nitrogen. Saline water.
INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual e originária da América do
Norte. No Brasil, seu cultivo ocupa área de aproximadamente 100.000 ha, concentrado,
principalmente, na região dos Cerrados. É uma planta que se adapta bem a diversas condições
edafoclimáticas, caracterizando-se pela tolerância a baixas temperaturas na fase inicial de
desenvolvimento e pela relativa resistência a déficits hídricos. Pode ser cultivada em todas as
regiões do País, pois o rendimento é pouco influenciado pelas latitudes e altitudes, assim como
pelo fotoperíodo, o que facilita a expansão do cultivo no Brasil (Zobiole et al., 2010).
Com relação às exigências nutricionais desta cultura para Biscaro et al. (2008) o nitrogênio é o
segundo nutriente mais requerido pela cultura do girassol e é o que mais limita a produção da mesma,
proporcionando redução de até 60% na produtividade em decorrência da sua deficiência. Dantas Júnior
et al. (2010) afirmam que o nitrogênio desempenha importante função no metabolismo e na nutrição da
cultura do girassol, e a sua deficiência causa uma desordem nutricional.
As plantas cultivadas em condições de salinidade apresentam alterações nos parâmetros de
crescimento das plantas em virtude da salinidade estão associadas aos efeitos osmóticos, tóxicos
e nutricionais provocados pelo excesso de sais no solo (MUNNS, 2002). Flores et al. (2001)
reforçam que a fertilização nitrogenada não só promove crescimento de planta, mas também
pode reduzir o efeito da salinidade nas plantas.
A pesquisa teve como objetivo avaliar a fitomassa seca e o diâmetro do capítulo do girassol
em função da salinidade de água de irrigação e da adubação nitrogenada.
METODOLOGIA
O experimento foi implantado em um Neossolo Quartzarênico em 10 de novembro de 2011
na propriedade Sítio Macaquinhos, localizada a 8 km ao sul do município de Remígio, Estado
da Paraíba. Este município está inserido na microrregião de Esperança e situado nas
coordenadas geográficas 6°53`00``S e 36°02`00`` W, com altitude média de 470 m.
Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados em parcelas subdivididas, com três
repetições e 30 plantas por parcela, no espaçamento de 0,40 m entre plantas e de 1,0 m entre
linhas. Cada parcela tinha as dimensões de 4,0 × 3,0 m. Foi adotado o esquema fatorial 5 × 4,
referente a cinco níveis de salinidade da água de irrigação com as seguintes condutividades
elétricas (0,15; 1,5; 2,5; 3,5 e 4,5 dS m-1) e quatro níveis de nitrogênio (40, 60, 80 e 100 kg ha-1).
A adubação nitrogenada foi feita conforme os tratamentos e os mesmos na análise do solo,
sendo um terço no plantio e dois terço em duas coberturas aos 20 e 40 dias após a emergência
D. H. Guedes Filho et al.
das plantas. A adubação com fósforo 80 kg ha-1 de P2O5 e 2 kg ha-1 de ácido bórico foi realizado
na fundação e potássica 80 kg ha-1 de K20 foi feita aplicando um terço no plantio e dois terços
em duas aplicações aos 20 e 40 dias após a emergência das plantas. A variedade de girassol
utilizada é a Embrapa 122/ V-2000.
Foram avaliados a fitomassa seca da parte aérea ao ser retirada uma planta de cada parcela
experimental da cultura do girassol aos 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após a emergência da planta
(DAE) e o diâmetro do capítulo no final do experimento.
A irrigação foi realizada a cada dois dias pelo método de aplicação localizada de água por
gotejamento, usando fita gotejadora com vazão de 6,0 L h-1. O suprimento de água de irrigação
foi feito em referência a ETo da estação metereológica da UFPB, campus II, Areia-PB,
localizada 8 km de distância em linha reta da área experimental.
Os dados obtidos foram avaliados mediante análise de variância pelo teste ‘F’ ao nível de 0,05 de
probabilidade e nos casos de significância, realizou-se análise de regressão polinomial linear e
quadrática utilizando do software estatístico SISVAR-ESAL (Lavras, MG) (FERREIRA, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se com base nos resultados dos dados, que houve efeito significativo pelo teste F na
interação entre os fatores estudados (salinidade da água de irrigação e doses de adubação
nitrogenada) para as variáveis analisadas de fitomassa seca da parte aerea (g) (FSPA) aos 30, 45
e 75 DAE (p < 0,05) e (p < 0,01) e diâmetro do capítulo (DCAP) (p < 0,05) medido ao final da
conducão do experimento e efeito não significativo para as outras epocas avaliadas (Tabela 1).
Resultados divergem em parte encontrado por Nobre et al. (2010) que avaliando estresse salino
e adubação nitrogenada em ambiente protegido não encontraram significância na interação dos
fatores de níveis de salinidade e adubação nitrogenada avaliadas aos 26 e 50 DAS.
Os niveis de salinidade da agua de irrigacao constatou efeito significativo (p < 0,05) para a
variavel fitomassa seca da parte aérea (g) aos 15 e aos 90 DAE e (p < 0,01) aos 60 DAE e efeito
significativo (p < 0,01) para diâmetro do capítulo ao final do experimento. Nobre, et al. (2010)
avaliando estresse salino e adubação nitrogenada em ambiente protegido na cultura do girassol
encontraram efeito de significância (p < 0,01) para as variaveis FSPA aos 20 e 26 DAS e para
diâmetro externo do capítulo. A adubação nitrogenada apresentou efeito significativo (p < 0,01)
para a variável fitomassa seca da parte aerea (g) aos 15, 30, 45, 75 e 90 DAE e efeito
significativo (p < 0,05) aos 60 DAE e não significativo para diâmetro do capítulo. Santos et al.
(2002), estudando o comportamento de cultivares de girassol em diferentes condições de
umidade e adubação nitrogenada, constataram que o efeito do nitrogênio sobre o rendimento ou
acumulação de fitomassa depende da disponibilidade de água no solo, visto que o principal
mecanismo de contato íon-raiz é governado pelo fluxo de massa.
Conforme as equações de regressão (Tabelas 1) referente a variavel fitomassa seca da parte
aérea (g) e diametro do capitulo, o modelo linear indica decréscimo de 6,83 e 5,60 % aos 15 e
90 DAE, respectivamente para a variável (FSPA), e quadratica 60 DAE oteve um decrescimo de
5,63 %, e decréscimo de 4,88 % para o diametro do capitulo por aumento unitário da
condutividade elétrica da água de irrigação. Segundo Rhoades et al. (1992), o excesso de sais
reduz o desenvolvimento da planta em razão do aumento de energia, que precisa ser
D. H. Guedes Filho et al.
desprendida para absorver água do solo, e ao ajustamento bioquímico necessário para
sobreviver sob estresse.
A adubação nitrogenada apresentou a regressão linear (p < 0,01) crescente para as variaveias
FSPA de 9,55, 4,07, 2,54, 0,73, 0,65 e 0,64 % por aumento dos níveis de adubação nitrogenada
aos 15, 30, 45, 60, 75 e 90 DAE, respectimavente. Flores et al. (2001) reforçam que a
fertilização nitrogenada não só promove crescimento de planta, mas também pode reduzir o
efeito negativo da salinidade nas plantas.
CONCLUSÕES
A fitomassa da parte aérea foi afetada linearmente e negativamente aos 15 e 90 DAE e
quadrática aos 60 DAE com aumento da salinidade da água de irrigação;
A adubação nitrogenada exerceu efeito linear crescente para a fitomassa da parte aérea em
todas as épocas avaliadas;
O efeito interativo (Níveis de salinidade da água x Níveis Doses de nitrogênio) foi
significativo para o diâmetro do capítulo e fitomassa da parte aérea aos 30, 45 e 75 DAE;
O diâmetro do capítulo foi afetado linear e negativamente com aumento da salinidade da
água de irrigação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cassilândia-MS. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 05, p. 1366-1373, 2008.
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cobre e zinco. Revista Caatinga, Mossoró, v. 23, n. 4, p. 97-107, 2010.
FERREIRA, D. F. SISVAR 4.6 sistema de análises estatísticas. Lavras: UFLA, 2003. 32 p.
FLORES, P, CARVAJAL, M.; CERDA, A.; MARTINEZ, V. Salinity andammonium/nitrate interactions
on tomato plant development, nutrition, and metabolites. Journal of Plant Nutrition, Monticello. v.24,
p.1561–1573. 2001.
MUNNS, R. Comparative physiology of salt and water stress. Plant Cell and Environment, v. 25, p. 239–250p, 2002.
NOBRE, R. G. et al. Crescimento e floração do girassol sob estresse salino e adubação nitrogenada.
Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 41, n. 3, p. 358-365, 2010.
SANTOS, A. C.; ANDRADE, A. P.; LIMA, J. R. S.; SILVA, I. F.; CAVALCANTE, V. R. Variabilidade
temporal da precipitação pluvial: nível de nitrogênio no solo e produtividade de cultivares de girassol.
Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n. 5, p. 757-764, 2002.
TRAVASSOS, K. D. et al. Crescimento inicial do girassol sob estresse salino. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 38., 2009, Juazeiro-BA/Petrolina- PE. Anais...
Juazeiro-BA/Petrolina-PE: SBEA, 2009. 4 p.
ZOBIOLE, L.H.S.; CASTRO, C.; OLIVEIRA, F.A.; & OLIVEIRA JÚNIOR, A. Marcha de absorção de
macronutrientes na cultura do girassol. Revista Brasileira de Ciencia do Solo, Viçosa, v. 34, p. 425-433, 2010.
D. H. Guedes Filho et al.
Tabela 1. Resumo das análises de variância e de regressão da fitomassa da parte aérea de planta de
girassol aos 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após a emergência e do diâmetro de capítulo (Dcap) ao
final da colheita, em função da salinidade da água de irrigação e da adubação nitrogenada.
FV
Salinidade (S)
Reg. Linear
Reg. Quadrática
Nitrogênio (N)
Reg. Linear
Interação S x N
Blocos
F 15 DAE
F 60 DAE
F 90 DAE
Dcap
F 15 DAE
F 30 DAE
F 45 DAE
F 60 DAE
F 75 DAE
F 90 DAE
Quadrados Médios
Fitomassa (g), DAE
15
30
45
60
75
4,571*
19,317ns
228,604ns
5118,846**
1313,332ns
11,379**
5975,867**
10263,904**
19,098**
149,377** 584,558**
1 555,880*
2474,835**
56,663**
358,263** 1671,635**
4366,954** 7015,972**
ns
*
**
0,774
14,838
125,265
924,004ns
752,658*
2,475ns
49,050*
63,851ns
28,064ns
624,495ns
Equação de regressão (S)
y = -0,2866CEa* + 4,1936
y = 6,4375CEa2 - 36,351CEa** + 114,43
y = -6,4091CEa** + 135,17
y = -0,8955CEa** + 18,333
Equação de regressão (N)
y = 0,0435N** + 0,4555
y = 0,1093N** + 2,6844
y = 0,2361N** + 9,2836
y = 0,3815N** + 52,27
y = 0,4836N** + 74,576
y = 0,5265N** + 82,755
90
2139,090*
5690,152**
2574,244*
2821,933**
8316,067**
804,331ns
1000,193ns
R2
0,6223
0,7931
0,665
0,7926
R2
0,989
0,7995
0,9532
0,9356
0,945
0,9823
Dcap
cm2
35,038**
111,150**
13,089ns
9,709*
5,828ns
**= significativo a 1% de probabilidade; *= significativo a 5% de probabilidade; ns = não significativo, F = Fitomassa da parte aérea, DCAP = Diâmetro de capítulo, R2
= Coeficiente de determinação

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