Índia - Development Finance International
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Índia - Development Finance International
Perfil da Índia ÍNDIA Embora seja signatária da Declaração de Paris, a participação da Índia no inquérito de monitorização de Paris de 2006 foi limitada, com apenas 1 entrada (Afeganistão). Devido a esta cobertura restrita, não se pode fiar que os resultados sejam representativos, pelo que não são reportados. 1) QUANTIDADE DA AJUDA 1.1. Desempenho da Quantidade Actual/Recente: A Índia não reporta estatísticas da ajuda que correspondem à definição de ajuda da OCDE/CAD (i.e. donativos ou empréstimos com um objectivo de desenvolvimento e um elemento de donativo de pelo menos 25%). Ajuda Bruta ao Desenvolvimento (US $ milhões) % do RNB 524 – 1.000 0.0007 – 0.0013% Fonte: MF (2006), dados para o ano orçamental que termina em Março de 2006. Conforme medida pelo orçamento federal indiano, a ajuda indiana foi de US$ 524 milhões em 2005-2006. Isto monta a uma duplicação da ajuda indiana comparado com o ano orçamental de 2001-2002 (MF, 2002) e fornece a base da maior parte da análise neste perfil. Este aumento da ajuda foi motivado por uma combinação de factores – aumento do apoio humanitário e baseado em programas a vizinhos regionais, maior comércio e investimento com outros países em desenvolvimento e a procura por parte da Índia de apoio na sua tentativa de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Price, 2005, pág. 3). Contudo, estes números subestimam a ajuda indiana, visto que os empréstimos concessionais do Banco EXIM da Índia não são bem captados (ver secção 2). Por exemplo, no seu discurso do orçamento mais recente, o ministro das Finanças indiano colocou a ajuda indiana a US$ mil milhões. Contudo, não ficou claro se este montante inclui todos os empréstimos concessionais (como seria prática normal do CAD) ou só os recursos disponibilizados ao Banco EXIM para equalização de juros e subsídio (MF, 2007a). Sempre que possível este perfil inclui mais pormenores sobre empréstimos concessionais. 1 Estes montantes também não parecem incluir estatísticas para anulação da dívida, como os doadores do CAD fazem. Os montantes de US$ 524 milhões e US$ mil milhões representam respectivamente 0.0007% e 0.0013% do RNB da Índia em termos do RNB. 1.2. Futura Intenção de Quantidade Várias fontes indicam que a ajuda indiana irá continuar a aumentar em anos futuros. Contudo, não se conhecem compromissos firmes para além das preparações 1 Alguns empréstimos concessionais estão incluídos no orçamento, mas não é claro se são ou não canalizados através do Banco EXIM. Se o forem, poderá haver uma certa contagem dupla neste perfil. 1 Perfil da Índia orçamentais anuais. O orçamento para 2007-2008 indica um aumento de 1.3% comparado com o orçamento para 2006-2007 (MF, 2007b). 2) AGÊNCIAS/MECANISMOS PRINCIPAIS 2.1 Agências e Estruturas Bilaterais Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) Indiano O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) indiano tem a responsabilidade global pela ajuda e assistência técnica. É directamente responsável pela ajuda prestada ao Butão, Nepal e Afeganistão e tem uma função consultiva em relação a outros ministérios, particularmente ao Ministério das Finanças, na prestação de ajuda a outros países. Canaliza a sua ajuda principalmente na forma de donativos, à excepção de alguns empréstimos ao Butão. A Divisão de Cooperação Técnica e Económica da Índia (ITEC) encontra-se sob a sua responsabilidade. Em 2005-2006, o MNE entregou 81% da ajuda indiana total. Ministério das Finanças (MF) Indiano O Departamento dos Assuntos Económicos no Ministério das Finanças (MF) indiano é responsável pela maior parte dos empréstimos bilaterais concedidos pelo Governo da Índia e pela maior parte da ajuda multilateral indiana. Em 2005-2006, o MF foi responsável pela entrega de 15% da ajuda indiana total. Divisão de Cooperação Técnica e Económica da Índia (ITEC) – (ver MNE, sem data) A Cooperação Técnica e Económica da Índia (ITEC) é o ramo mais antigo do programa de ajuda indiano. Desde o seu lançamento em 1964 tem formado milhares de funcionários de países em desenvolvimento. Ao abrigo da ITEC e do seu corolário SCAAP (Programa Especial de Ajuda da Commonwealth a África), 156 países no mundo em desenvolvimento são elegíveis para beneficiar da assistência técnica indiana (ver também secção 3.2). A ITEC também fornece ajuda ligada a projectos, principalmente na agricultura: 80% do seu orçamento anual de Rs 500 milhões (USD11 milhões) são para esses projectos e assistência técnica, sendo o restante canalizado para a cooperação militar, viagens de estudo na Índia para delegações de países em desenvolvimento e alívio em caso de calamidade. Outros Ministérios Vários outros ministérios também estão envolvidos na entrega de ajuda externa a países em desenvolvimento, quer bilateral quer multilateralmente (contribuições para organismos/organizações internacionais). Banco de Exportações-Importações da Índia (Banco EXIM) O Banco de Exportações-Importações da Índia, que é totalmente apropriado pelo Governo indiano, financia, facilita e promove o comércio internacional da Índia. Também é o principal canal indiano para a concessão de empréstimos concessionais a países em desenvolvimento. Isto acontece principalmente através do mecanismo de ‘linhas de crédito (LC)’, que o Banco EXIM concede em nome do Governo da Índia. Estas LC “permitem aos países receptores estabelecer projectos relacionados com o desenvolvimento numa variedade de sectores” (EXIM, 2007a, pág. 3). A 31 de Março de 2007, havia 73 LC que cobrem 83 países em África, na Ásia, na CEI, na Europa e 2 Perfil da Índia na América Latina, com compromissos que totalizam US$2.3 mil milhões disponíveis para uso (EXIM, 2007b, pág. 25). Agência Indiana de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (IIDCA) No seu discurso de apresentação do orçamento da Índia para 2007-08, o ministro das Finanças indiano anunciou o estabelecimento de uma Agência Indiana de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (IIDCA), que irá cobrir todas as actividades relacionadas com a cooperação para o desenvolvimento. Todas as partes interessadas actuais no sistema de ajuda indiano, i.e. os Ministérios dos Negócios Estrangeiros, das Finanças e do Comércio, assim como o Banco EXIM seriam representadas nesta Agência (MF, 2007a). 2.2 Políticas e Legislação Chave Relatório Anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE, 2007) Este fornece um resumo descritivo, não quantificado de programas bilaterais da ajuda indiana implementados durante 2006-2007. Iniciativa Indiana de Desenvolvimento (MF, 2003) Em 2002, o ministro das Finanças indiano anunciou a Iniciativa Indiana de Desenvolvimento (IDI), que incluía a promoção e a alavancagem dos interesses estratégicos da Índia no estrangeiro através da ajuda externa que conduz a benefícios mútuos: “Contribui para o fortalecimento de capacidades em países onde os projectos são realizados, abre novas oportunidades de mercado para empresas indianas e gera boa vontade para a Índia”. Ao abrigo da iniciativa, a Índia já amortizou a maior parte da dívida de países PPME. Price (2005, apêndice 2) enumera todas as linhas de crédito através do Banco EXIM ao abrigo da IDI. 3) PAÍSES RECEPTORES E CRITÉRIOS DE AFECTAÇÃO 3.1. Países Receptores Tradicionalmente, a Índia concede a sua ajuda externa principalmente a países vizinhos, constituindo o Butão e o Nepal os principais receptores desde o início do programa de ajuda indiano. Nos últimos anos tem-se operado uma mudança no sentido do Afeganistão e – em menor grau – no sentido dos países africanos e órgãos regionais africanos (por exemplo, Banco Africano de Desenvolvimento e CEDEAO). Para 2006-2007, a tabela abaixo apresenta um resumo dos principais receptores da ajuda indiana (excluindo os empréstimos concessionais do Banco EXIM – ver abaixo). Os 5 países na tabela abaixo representam 84% da ajuda indiana. A ajuda a África tem sido sempre inferior a 10% nos últimos anos. 1. Butão 2. Afeganistão 3. Nepal 4. Sri Lanka 5. Myanmar percentagem na ajuda indiana total (%) 35.9% 24.8% 7.7% 12.6% 2.7% desembolsos brutos (em milhões de US$) 131.10 90.67 45.92 27.99 9.97 Fonte: MF (2006) e MNE (2007b), dados para o ano orçamental que termina em Março de 2007. Nota: A ajuda indiana ao Sri Lanka foi desproporcionalmente elevada em 2006 devido aos esforços de reconstrução no rescaldo do tsunami. 3 Perfil da Índia Contudo, nos últimos anos a Índia tem aumentado dramaticamente os seus fluxos concessionais a África, através do uso de créditos à exportação ou “linhas de crédito” (LC) concessionais concedidos pelo Banco EXIM para financiar vários projectos, quase sempre executados na íntegra por empresas indianas. Isto teve início com a Iniciativa da Equipa 9 (Team 9 initiative), que introduziu um modelo de cooperação especial entre a Índia e 8 países na África Ocidental (Burkina, Chade, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Gana, Guiné-Bissau, Mali e Senegal). Aquando do seu lançamento em 2004, a Índia prometeu US$500 milhões em mecanismos de crédito concessional a países da Equipa 9. Até agora, já concedeu linhas de crédito no valor de US$471 milhões ao abrigo desta iniciativa. Um esquema semelhante opera para projectos relacionados com a NEPAD. Outras linhas de crédito concessionais a países africanos não-Equipa 9 (incluindo Angola, RD Congo, Etiópia, Gâmbia, Moçambique, Níger, Ruanda e Sudão) atingiram US$392 milhões, mais um empréstimo concessional de US$250 milhões ao Banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO. Outros grandes receptores de LC concessionais têm sido a Guiana, as Honduras, o Nepal, Myanmar e o Vietname, num total de US$258 milhões. Isto quer dizer que África recebeu 77% das LC concessionais. 3.2. Critérios de Afectação 3.2.1. Critérios de pré-selecção 156 países são elegíveis para ajuda relacionada com ITEC/SCAAP. Para uma lista destes países, ver MNE (2007, apêndice XV). Todos estes são países de renda baixa ou média. De outro modo, a Índia não tem critérios de pré-selecção para o seu programa de ajuda principal. 3.2.2. Critérios de afectação: A Índia não tem uma política explícita de visar os países mais pobres com os seus programas de ajuda, visando em vez disso benefícios mútuos através de laços de exportações e de investimento. Isto deve-se em parte ao facto de a ajuda indiana em certo grau carecer historicamente de um grupo de apoio natural dada a percentagem elevada de pessoas afectadas pela pobreza dentro da Índia. Isto é em menor grau o caso de prestação de alívio em caso de calamidade, tendo por exemplo muitos indianos efectuado grandes doações a regiões afectadas pelo tsunami (Price, 2005). Consequentemente, o GOI também disponibiliza recursos substanciais nessas circunstâncias, sujeitando a ajuda indiana em forma de donativos a grandes flutuações geográficas. A principal excepção a isto tem sido o apoio a vizinhos regionais, que é considerado uma prioridade estratégica para ajudar a manter a estabilidade regional, de modo que a ajuda tem sido mais estável para os beneficiários centrais no Sul da Ásia identificados acima. Por outro lado, os critérios de afectação do Banco EXIM para fundos concessionais giram à volta do nível de rendimento e da carga da dívida do país receptor. 4) POLÍTICAS DE AJUDA 4.1. Concessionalidade No ano orçamental de 2005-2006, os donativos representaram 80% do programa indiano de ajuda externa, mas estima-se que isto tenha caído para cerca de 60% até 2006-07 com o crescimento de empréstimos concessionais EXIM. 4 Perfil da Índia Os termos de empréstimos do Banco EXIM dependem dos níveis de rendimento e das dívidas externas dos países receptores (EXIM, 2007a, pág. 3). Para países com elementos de donativo mínimos nos seus programas com o FMI, a Índia geralmente desenvolve esforços extra para aumentar o elemento de donativo para corresponder ao nível mínimo necessário. Termos dos Empréstimos Concessionais do Banco EXIM da Índia Elemento de donativo 41-42% Vencimento médio (incluindo período de carência) 20 anos Período de carência médio 5 anos Taxa de juro média 1.5-2% Denominação da moeda US$ Embora os níveis de concessionalidade sejam muito semelhantes para empréstimos concedidos ao abrigo da Iniciativa da Equipa 9 e para a maioria dos PPME (1.5%, 5+20 anos), variam substancialmente para outros países de baixa renda (tais como Angola, Lesoto, Sudão e Suriname, que receberam vencimentos de 5-6, 15, 11-13 e 15 anos respectivamente). Entre os PPME, a maioria dos países africanos de baixa renda indica portanto que a maior parte do financiamento indiano é na forma de empréstimos concessionais, ao passo que os países asiáticos recebem predominantemente donativos. 4.2. Tipos de Assistência A ajuda indiana está fundamentalmente orientada para projectos, excepto para os seus beneficiários tradicionais como o Butão e o Nepal (por exemplo, em 2005, 22% da ajuda ao Butão foi de apoio ao orçamento, ver Price, 2005). Recentemente, porém, canalizou-se mais ajuda através de Abordagens Baseadas em Programas (ABP) principalmente no Afeganistão, onde a Índia participa no fundo fiduciário de multidoadores. Esta orientação de projecto foi acentuada pelo crescimento de empréstimos concessionais do EXIM a projectos e reflecte-se em avaliações empreendidas por PPME, que indicam que virtualmente toda a ajuda indiana é a projectos ou na forma de AT. A Índia tem uma longa tradição de fornecer assistência técnica a países em desenvolvimento, que era até meados da década de 1990 a forma principal de ajuda indiana. A Índia sente que tem mais para oferecer que muitos países ocidentais em termos de transferência apropriada de tecnologias e capacidades a países em desenvolvimento ‘individuais’. No entanto, os PPME não atribuem à assistência técnica indiana maior valor que a outras fontes: apenas 1/3 dos PPME classifica a AT indiana a um nível alto em termos de fortalecimento de capacidades ou financiamento das prioridades de AT dos governos. A Índia participou na Iniciativa PPME e comprometeu-se a aliviar a dívida de 5 PPME (de um total de 7 credores, particularmente o Gana, a Guiana, Moçambique, o Uganda, a Tanzânia, a Nicarágua e a Zâmbia) num total de US$ 38 milhões (dados de fins de Junho de 2007, ver AID e FMI, 2007, pág. 94). 5 Perfil da Índia 4.3. Canais de Assistência A Índia canaliza cerca de 10% do seu programa de ajuda anual através de instituições multilaterais (excluindo as linhas de crédito do Banco EXIM a instituições multilaterais, que foram todas, excepto US$250 milhões ao BIDC CEDEAO, nãoconcessionais). O grosso disto (67%) vai para órgãos da ONU e o resto para contribuições para o FMI, o Banco Mundial e bancos regionais de desenvolvimento. Considerando a preferência da Índia por receber a sua própria ajuda através de canais multilaterais, é um pouco surpreendente que o seu programa de ajuda não faça maior uso destes: indica que os seus próprios bens e a sua própria tecnologia têm maior valor acrescentado e um custo mais baixo porque se pode concentrar com maior eficácia em sectores e países em que tem uma vantagem comparativa (ver também Price 2005). O grau em que a ajuda indiana é efectuada “através do orçamento” não é claro. Por exemplo, no Nepal, a maior parte da ajuda é canalizada através da Embaixada da Índia, apresentando as comunidades das aldeias nepalesas pedidos directos de fundos à embaixada (Price, 2005). A Índia não usa ONG indianas para entregar a sua ajuda externa, à excepção da Cruz Vermelha Indiana. No entanto, todos os PPME indicam que 75-100% da ajuda indiana (incluindo LC concessionais) são entregues através do orçamento. 4.4. Sectores e Projectos A Índia não tem preferências explícitas por sectores. Este é um corolário da apresentação da sua ajuda em ‘parceria’ com outros países, e não uma imposição dos seus próprios projectos preferidos. A maior parte dos seus donativos tem sido para o desenvolvimento rural, a educação, a saúde e a AT. Contudo, a maior parte dos seus empréstimos concessionais recentes tem sido para infraestruturas (transmissão/distribuição de electricidade, energias renováveis, irrigação, agricultura/agroprocessamento, caminhos-de-ferro e indústrias transformadoras) assim como para projectos ocasionais de “prestígio” como estádios desportivos ou centros de conferência. Todos estes sectores de empréstimos têm sido impopulares junto dos doadores do CAD. Nos seus países receptores principais, a Índia está presente numa vasta gama de sectores. No Butão, está envolvida na saúde, na educação, nas estradas e pontes, na energia, no comércio e indústria, na aviação civil, na cultura, no desenvolvimento urbano e na habitação, nos mass media, no desenvolvimento dos recursos humanos, na tecnologia da informação e telecomunicações. Nos países que recebem ajuda do EXIM, isto está tipicamente limitado a 1-3 sectores-chave de infra-estruturas e /ou produtivos. Os receptores variam na sua análise sobre se a Índia está ou não a apoiar os sectores e projectos prioritários dos seus governos, recebendo os receptores tradicionais da ajuda indiana tais como o Butão e o Nepal ajuda para apoiar as prioridades e os planos de desenvolvimento do governo e tendo alguns PPME indicado que a Índia está a financiar projectos prioritários chave que os doadores do CAD não se ofereceram para financiar, mas tendo outros indicado que alguns projectos constituem prioridade mais baixa ou são “adicionais” a prioridades DERP centrais. 6 Perfil da Índia 4.5. Flexibilidade A Índia tem sido muito flexível no fornecimento de ajuda rápida e de apoio ao orçamento aos seus principais países receptores, particularmente o Butão e o Nepal (para este último, um pacote de ajuda económica rápido de US$218 milhões após a conclusão dos Acordos de Paz em 2006, ver MNE, 2007). Contudo, como não esteve envolvida no apoio baseado em programas a outros países, não é flexível no desembolso de recursos para défices orçamentais ou da balança de pagamentos de curto prazo. Os PPME confirmam isto, não tendo sido indicada qualquer flexibilidade. No entanto, também consideram que a Índia responde rapidamente a catástrofes humanitárias, especialmente no Sul da Ásia. 4.6. Calendarização Na maior parte dos países, a ajuda indiana é principalmente implementada através de projectos autónomos, mas estes têm muitas vezes datas de eficácia e desembolso cuidadosamente planeadas (por exemplo, nas Honduras), que permitem projecções de 3-6 anos de montantes de desembolso. Além disso, os PPME indicam que entre 75% e 100% da ajuda indiana são desembolsados no ano fiscal visado (particularmente na Guiana, nas Honduras e no Mali). 4.7. Condicionalidade Como receptora de ajuda também, a Índia colocou uma ênfase clara na cooperação técnica incondicional e baseada em projectos, sendo a ajuda apresentada como uma parceria. Consequentemente, para além das salvaguardas padrão relacionadas com projectos, a Índia não impõe qualquer condicionalidade económica ou política. Como consequência, os PPME consideram que o seu financiamento tem um baixo grau de condicionalidades e indicam que não há atrasos políticos resultantes. 4.8. Diálogo de Políticas Para além de celebrar acordos de enquadramento para a sua ajuda com países receptores, a Índia não se empenha no diálogo de políticas com os governos dos países receptores ou com outros doadores. Contudo, alguns PPME consideram que desempenha um papel positivo neste diálogo através do financiamento de projectos que outros doadores não financiaram (por exemplo, Honduras). Os desembolsos da Índia não estão ligados de modo nenhum a decisões/desembolsos das Instituições de Bretton-Woods, como também transparece da análise empreendida por PPME (por exemplo, Gâmbia, Guiana e Mali). 5) PROCEDIMENTOS DE AJUDA 5.1 Condições Precedentes Para os seus principais receptores da ajuda como o Nepal, o Butão e o Afeganistão, a Índia faz uso de acordos de enquadramento para a ajuda global antes de passar a identificar e financiar programas ou projectos específicos. Para outros países, especialmente os países que recebem LC EXIM, chega a acordo numa base específica de projectos, sendo a maior parte implementada por empreiteiros indianos. 7 Perfil da Índia Conforme PPME (por exemplo, Gâmbia e Guiana), a Índia não requer condições precedentes para além de uma opinião legal e de um estudo de viabilidade ou préavaliação para o projecto. Também tem exigências muito baixas (ou nenhuma nas Honduras) de financiamento de contrapartida. A Índia também é muito respeitada pelos PPME por cumprir condições de salvaguarda relacionadas com projectos de forma flexível sempre que necessário e por manter os atrasos relacionados com todas as condições precedentes inferiores a 6 meses. 5.2 Métodos de Desembolso Para os principais receptores da ajuda, uma parte considerável da ajuda indiana (especialmente apoio ao orçamento e a programas) é desembolsada antecipadamente ou como reembolso de despesas. Contudo, especialmente para LC EXIM, uma grande percentagem do apoio a projectos é executada directamente por empresas indianas. Como consequência, PPME não-asiáticos indicam que a Índia utiliza quase exclusivamente o método de desembolso de ‘pagamento directo a fornecedores’ para a sua ajuda. 5.3 Procedimentos de Desembolso Os procedimentos para linhas de crédito concedidas através do Banco EXIM da Índia são bem explicados em EXIM (2007a) e EXIM (2007c). Os PPME indicam geralmente que os procedimentos indianos são moderadamente onerosos, requerendose uma contabilidade e uma prestação de contas separadas, mas de um modo geral implementadas em grande escala pela empresa de execução. 5.4 Procedimentos de Contratação Pública Para os principais receptores da ajuda, uma percentagem considerável da ajuda indiana é desvinculada (especialmente a que vai para o apoio baseado em programas). Contudo, uma percentagem elevada de ajuda indiana a projectos é vinculada, especialmente LC EXIM em que os contratos de empréstimos geralmente estipulam que até 100% dos bens e serviços têm de ser contratados junto de fornecedores indianos. Os PPME indicam que uma vinculação em 100% é a norma para LC EXIM, mas que os bens indianos têm frequentemente grande valor pelo custo comparados com bens da OCDE. Também indicam que a contratação pública é geralmente bastante rápida, ocorrendo por exemplo dentro de 3-6 meses na Gâmbia e na Guiana. 5.5 Coordenação Nos seus países parceiros principais, a Índia tem acelerado os seus esforços de coordenação com outros doadores nos últimos anos. Aderiu ao fórum de desenvolvimento do Nepal, que reúne todos os doadores estrangeiros, o fundo fiduciário de reconstrução do Afeganistão e o fundo de AT de multi-doadores para o Iraque. Também foi membro do grupo de 4 países (com a Austrália, o Japão e os EUA, a que a ONU aderiu posteriormente) coordenando a resposta internacional ao tsunami de 2004. Contudo, para além destes países, o programa de ajuda indiano não é muito bem coordenado com os doadores do CAD. Isto deve-se em parte ao facto de os fluxos indianos de fundos concessionais só recentemente terem começado a crescer vertiginosamente fora da região do Sul da Ásia e terem sido muito limitados a créditos 8 Perfil da Índia à exportação e a projectos individuais. PPME não-asiáticos confirmam que a Índia não coordena muito com outros doadores ao nível dos países. Por outro lado, ao nível global, a Índia assinou a Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda e está actualmente a rever a sua política da ajuda a fim de maximizar a eficácia e simplificar e coordenar as suas instituições de ajuda (ver secção 2.1). Quer o MNE quer o EXIM estão a participar activamente em discussões com grupos de coordenação da OCDE sobre ajuda e créditos à exportação e a Índia está aberta a uma coordenação mais estreita com os doadores do CAD e do Sul. Fontes Principais (Todas as fontes baseadas na internet foram acedidas a 1 de Abril de 2008) EXIM (2007a) “Directivas Gerais sobre as linhas de crédito à exportação aprovadas pelo GOI canalizadas através do Banco EXIM da Índia (ao abrigo das iniciativas da Equipa 9 e da NEPAD)”, acedido no endereço www.eximbankindia.com/glonepad.pdf EXIM (2007b) “Relatório Anual 2006-2007”, acedido no endereço www.eximbankindia.com/ANR_FULL.pdf EXIM (2007c) “Linhas de Crédito à Exportação”, acedido no endereço www.eximbankindia.com/locstat.doc AID e FMI (2007) “Iniciativa dos Países Pobres Muito Endividados (PPME) e Iniciativa de Alívio da Dívida Multilateral (IADM) — Situação da Implementação”, elaborado pelos Quadros da AID e do FMI, 21 de Agosto de 2006, acedido no endereço www.imf.org/external/np/pp/eng/2006/082106.pdf MNE (sem data) “Sobre a ITEC”, acedido no endereço http://itec.nic.in/about.htm MNE (2007) “Relatório Anual 2006-2007”, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Governo da Índia, Nova Deli, Índia, acedido no endereço http://meaindia.nic.in/ MF (2002) “Orçamento da União 2002-2003”, acedido no endereço http://indiabudget.nic.in/ub2002-03/welcome.html MF (2003) “Orçamento 2003-2004”, Discurso do Ministro das Finanças, 28 de Fevereiro de 2003, acedido no endereço www.indiabudget.nic.in/ub200304/bs/speecha.htm MF (2006) “Orçamento Revisto da União 2006-2007”, acedido no endereço http://indiabudget.nic.in/ub2006-07/ubmain.htm MF (2007a) “Orçamento 2007-2008”, Discurso de P. Chidambaram, Ministro das Finanças, 8 de Fevereiro de 2007, acedido no endereço http://indiabudget.nic.in/ub2007-08/bs/speecha.htm 9 Perfil da Índia MF (2007b) “Orçamento da União 2007-2008”, acedido no endereço http://indiabudget.nic.in/ub2007-08/ubmain.htm Price, Gareth (2005) “Diversidade entre Doadores: a paisagem variável da ajuda pública humanitária – programa indiano de ajuda pública”, Grupo de Políticas Humanitárias (HPG), documento de fundo, Setembro de 2005 acedido no endereço www.odi.org.uk/HPG/papers/India.pdf 10