ALQUIMISTA
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ALQUIMISTA
1 ALQUIMISTA 0 Publicação do Instituto de Química da Universidade de São Paulo Instituto de Química Edição Número 77 – abril de 2011 Carta do Editor Nesta edição noticiamos a possibilidade de realização de Experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio. Abordamos a atual grave crise nuclear, através do artigo “Os atuais infortúnios nucleares no Japão” com as suas terríveis e dramáticas conseqüências. Apresentamos a interessante entrevista concedida pelo Prof. Fernando Galembeck originalmente ao site 365 dias de Química. Com prazer anunciamos que pesquisadores do IQUSP participaram da XXIX missão na Antártida. Veiculamos artigo dando conta de que o Prof. Jairton Dupont figura no ranking dos cem maiores químicos em nível mundial. Noticiamos, também, que as mulheres já participam com a significativa fatia de 43% do total de cientistas do Estado de São Paulo. É com enorme e o mais profundo pesar que comunicamos o falecimento do querido colega, Prof. Alcídio Abrão ocorrido no dia 3 de março, quando contava com a idade de aos 86 anos. O Alquimista externa, igualmente, as suas sinceras condolências à família, amigos e colegas. Experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio Já se encontra disponível no portal do Ano Internacional da Química 2011 o projeto "A Química perto de você: experimentos de baixo custo para a sala de aula do ensino fundamental e médio". Para esta primeira edição, foram compilados preferencialmente os experimentos que não envolvessem solventes com alta volatilidade, a necessidade de aquecimento mais efetivo e que praticamente não envolvessem a geração de resíduos, visto que o foco era gerar material para apoio à sala de aula. Deste modo, agradecemos a colaboração de todos e informamos que os experimentos que não constam deste material serão inseridos numa segunda edição que, como a primeira, terá seu ISBN junto à biblioteca nacional. Aproveitamos para esclarecer que este material será distribuído às escolas públicas brasileiras pelo MEC, numa promessa de 100 mil exemplares, no formato de DVD e que estará disponível no portal do professor, na página do MEC. Esta compilação de experimentos está acompanhada, no DVD, de 7 e-books sobre a Química no Cotidiano e da coleção da Química Nova na Escola, com mecanismo de busca. O download da obra encontra-se no link http://www.quimica2011.org.br/arquivos/Experimentos_AIQ_jan2011.pdf Um ótimo Ano Internacional da Química a todos. Claudia M. Rezende – UFRJ Tesoureira da Sociedade Brasileira de Química Seminários do IQUSP Departamento de Química Fundamental Departamento de Bioquímica (quartas-feiras, 16h30min, B6 Sup., Anfiteatro Cinza) (quintas-feiras, 16h30min, B6 Sup., Anfiteatro Cinza) 06/04 – “Materiais multifuncionais baseados em nanoestruturas de carbono”. Prof. Dr. Aldo José Gorgatti Zarbin (UFPR) 07/04 – “20 anos de biologia molecular no Brasil”. Prof. Dr. Ricardo Renzo Brentani, FAPESP e Fundação Antonio Prudente. 13/04 – “Have Biofuel Will Travel: Um enfoque diferente para lecionar disciplinas experimentais”. Prof. Dr. Omar A. El Seoud (IQUSP) 14/04 – “Estudos genéticos e citológicos do divisomo, o complexo responsável pela divisão bacteriana.”. Prof. Dr. Frederico Gueiros Filho, Departamento de Bioquímica, USP. 27/04 – “Espectroscopia vibracional não-linear: aplicação ao estudo da água em interfaces”. Prof. Dr. Paulo Barbeitas Miranda (IFSC/USP) 28/04 – “Novos moduladores da via de sinalização Wnt/betacatenina durante a especificação de eixos embrionários”. Prof. Dr. José Garcia Abreu, Universidade Federal do Rio de Janeiro – ICB. Os atuais infortúnios nucleares no Japão Em sua forma clássica, ao ser bombardeado por nêutrons o urânio 235 gera como subprodutos de fissão o bário 142 e o criptônio 91, acrescidos da liberação de outros três nêutrons e geração de energia sob forma de calor. E isto pode ser representado pela equação: 235U + n → 142Ba + 91Kr + 3 n [1,9 x 107 kcal/g 235U]. Os três nêutrons liberados colidem com outros átomos de urânio 235, que acabam por sustentar a chamada reação em cadeia. Neste processo, há a produção de cerca de 30 produtos primários de fissão, com meias-vidas que variam de 30 segundos (ródio 106) a 30 anos (césio 137). Dentre eles, além do césio, os mais preocupantes por serem deletérios aos seres vivos são o iodo 131, o próprio bário 140 (12,8 dias) e o estrôncio 90 (28 anos). No caso do iodo radiativo, ele produz nos homens diversos tipos de cânceres dos quais o mais comum é o da tireóide. Além disso, a literatura registra baixa na contagem de plaquetas e com conseqüentes sangramentos, inflamação e fibrose nos pulmões, sangramento no estômago e intestino delgado, queda de 50% nos glóbulos brancos e alteração na estrutura do DNA (o que é gravíssimo, já que a pessoa irradiada transmitirá informações genéticas erradas à progênie). Para mitigar seu terrível impacto, o que se costuma fazer é indicar a ingestão de iodeto de potássio. Pois, saturado de iodo estável o corpo humano excreta o iodo radiativo pelo suor, urina e fezes. O caso do césio é mais complexo já que, liberado na atmosfera ele se deposita nas lavouras e contamina por longo período de tempo os vegetais com os quais nos alimentamos. O césio radiativo é potencial formador de câncer nos tecidos nervosos. De igual maneira, as emissões de estrôncio e bário radiativos são danosas de vez que, ao se alimentar nas pastagens os mamíferos os ingerem fixando-os no leite que deles consumimos. E isto é de extrema gravidade, pois por serem metais alcalinoterrosos eles se fixam nos nossos ossos, constituídos preponderantemente de cálcio. E como os raios atômicos do bário, estrôncio e cálcio são de dimensões próximas umas às outras, muito provavelmente ocorrerão trocas atômicas. E, com isto, a possibilidade da ocorrência de cânceres de ossos em virtude de o estrôncio ou bário radiativos permutarem de lugar com o cálcio. Naturalmente, é oportuno salientar que os maiores impactos incidem sobre as crianças, de vez que elas estão sujeitas às maiores multiplicações (e velocidades) de crescimento e produção das células. Vale mencionar que o método clássico da descontaminação do césio 137 se dá pelo emprego, como agente quelante, de solução do azul da Prússia (ferrocianeto de ferro, de fórmula estrutural Fe7N18C18), assim chamado por ter sido usado antigamente no tingimento da cor azul nos uniformes militares prussianos. Na verdade, ao quelar o césio forma-se um precipitado de cor castanha, o que comprova a eficiência do método. Mesmo assim, as notícias envolvendo os recentes acidentes nucleares no Japão são altamente preocupantes. Se há quase 66 anos a catástrofe atômica para eles proveio do espaço aéreo, através do lançamento de bombas atômicas por bombardeiros norte-americanos, desta vez ela teve sua origem no tsunami formado no mar. É relevante mencionar que só no dia 6 de agosto de 1945 Hiroshima foi devastada. E, naquele ato, foram destruídos 13 quilômetros quadrados. O que resultou na morte instantânea de população estimada 2 entre 70 mil e 250 mil pessoas. Contudo, por efeito da radiação residual morreram até 31 de dezembro daquele mesmo ano outras 80 mil pessoas. E até hoje, os habitantes de Hiroshima e Nagasáqui que sobreviveram têm carimbados nas suas cédulas de identidade a inscrição hibakusha (o que na língua nipônica significa “vítima das bombas”). O que desejamos é que os planos de evacuação das regiões atingidas em território japonês sejam eficazes evitando, com isto, a reedição da ocorrência de novos hibakushas. Danos ao meio-ambiente, contudo, são inevitáveis e inexoráveis. É o oneroso preço da utilização de tecnologia ainda não amadurecida da fissão nuclear, que se mostrou problemática desde os anos 60 do último século. Afinal, de lá para cá já ocorreram no mundo todo ao menos 7 acidentes nucleares de grandes proporções, envolvendo inúmeros óbitos. É impossível, no entanto, quantificar o número de mortos, já que muitos deles se deram em instalações nucleares secretas. Expediente este, aliás, amplamente usado pelas nações que se utilizam ou desenvolvem pesquisas nucleares, sempre sob o pérfido e pífio argumento de tratar-se da imperiosa necessidade de preservação do chamado “segredo de Estado”. Para agravar ainda mais o imbróglio, ao menos uma das unidades do complexo nuclear de Daiichi-Fukushima emprega o MOX como combustível. O MOX, abreviatura de Mixed Oxide (mistura de óxidos) é o combustível no qual um dos constituintes é o plutônio, numa proporção variável entre 3 e 10%. O plutônio é um elemento químico pesado, inexistente na natureza e que foi criado artificialmente em 1940 como um dos subprodutos do processamento de urânio pelas usinas nucleares. Os principais e mais perigosos isótopos são o plutônio 238 (meia-vida de 88 anos). E o 239 (meia-vida de 24.000 anos. Atenção! Você não leu ou entendeu de forma equivocada. São 240 séculos mesmo). Trata-se de uma das substâncias mais radiotóxicas e perigosas das quais se têm notícia. Para isto basta dizer que a inalação ou ingestão de um milionésimo de grama do plutônio 239 é simplesmente fatal. Por todos estes dramáticos antecedentes, somos compelidos a postular as mais profundas e sensatas revisões nos projetos de implantação de eventuais (e desnecessárias, ao menos neste momento) novas plantas nucleares no Brasil. Afinal, temos na água das chuvas o fuel (combustível) de custo zero para o País. Além de enorme abundância das fontes renováveis de energia, representadas pela geração solar, biomassas, eólica e maremotriz. Paulo Marques é o atual subeditor do Jornal Alquimista e editor do Jornal da História da Ciência. De 1973 a 1987 foi repórter especializado e correspondente no Exterior nas áres da C&T e em energia (com ênfase ao segmento nuclear) da Revista Veja, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. Em 1990 concluiu seu doutorado na USP, com a defesa da tese “Sofismas nucleares: um estudo sobre o desenvolvimento da política tecnológica nuclear brasileira”, orientada pelo Prof. Dr. Shozo Motoyama. Paulo Marques 3 Entrevista do Prof. Fernando Galembeck concedida ao site 365 dias de Química Graduado em Química pela Universidade de São Paulo (FFCL, 1964) e Doutor em Química (Físico-Química, USP, 1970), realizou pós-doutorado nas Universidades do Colorado (1972-3) e da Califórnia (Davis, 1974). É Professor Titular da Universidade Estadual de Campinas, onde leciona disciplinas de Colóides e Superfícies, Polímeros, Química Aplicada, Físico-Química, Química Geral e Microscopia. Iniciou suas atividades de pesquisa com Pawel Krumholz, trabalhando depois em Biofísico-Química, Colóides e Superfícies, publicando seu primeiro trabalho sobre nanopartículas em 1978. Os trabalhos mais recentes tratam de problemas de superfícies de polímeros, adesão e molhabilidade, interações entre partículas coloidais e nanopartículas, formação e propriedades de nanocompósitos, propriedades de sólidos não-cristalinos, especialmente os fosfatos de alumínio e mecanismos de eletrização de isolantes. Fez contribuições metodológicas em técnicas de separação baseadas em membranas e em microscopias analíticas, eletrônicas e de sondas. Vários dos excolaboradores são hoje professores destacados em universidades brasileiras ou pesquisadores em empresas industriais. Das teses orientadas, uma recebeu o prêmio Carl Marvel (UFRJ) e outra recebeu o prêmio Capes (2005). Depositou 18 patentes das quais 7 foram licenciadas. Dois produtos baseados nessas patentes foram lançados no mercado. Mantém vários projetos com empresas, tratando principalmente da criação e desenvolvimento de novos materiais avançados e processos de fabricação. Exerceu funções dirigentes na Unicamp, MCT, CNPq, ABC, SBQ, SBPC e SBMM, de assessoria e planejamento na Fapesp, MCT, CNPq e Capes e de consultoria em várias empresas. Participou da concepção, elaboração e implementação do PADCT, que revolucionou a área de Química no Brasil, como coordenador do grupo de Química e Engenharia Química e depois como membro do Grupo Especial de Acompanhamento. Obteve numerosos prêmios: Retorta de Ouro (SIQUIRJ), Fritz Feigl (CRQ-4), Simão Mathias e Inovação (SBQ), Inovação (Abiquim), Eloísa Mano (ABPol), Pelúcio Ferreira (Finep) e o Prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia (CNPq/Wessel), o maior da ciência e tecnologia brasileiras. Como e quando tudo começou? Meu interesse pela Química surgiu a partir dos onze anos, quando passei a trabalhar no escritório do laboratório farmacêutico de meu pai, fazendo arquivos, datilografando, emitindo notas fiscais, empacotando remédios para enviar às farmácias, etc.. As embalagens e bulas dos medicamentos me pareciam fascinantes e o ponto alto, para mim, eram as fórmulas, com nomes de substâncias, suas atividades, quantidades e concentrações. Aprendi que substâncias químicas fazem a diferença entre a saúde e a doença e que elas eram a base do sustento material da minha família. Por que fez essa escolha profissional? Meu interesse pela Química cresceu nas aulas de ciências e depois de Química. No colegial, um grupo da minha classe organizou um laboratório, que funcionava na casa do Nelson Reis, imagine! Dois fatores foram decisivos para que eu fizesse o curso de Química: primeiro, meu professor de Química e Física, Hermann U. Nabholz, me disse que eu deveria cultivar minha inclinação para a pesquisa. Além disso, a situação financeira da minha família não me permitiria passar um ano fazendo cursinho. Portanto, eu deveria passar no primeiro vestibular que fizesse, e o do curso de Química da Faculdade de Filosofia era menos concorrido que o de Engenharia Química. Teses e Dissertações Alunos do Programa de Pós-Graduação do IQ que defenderão seus trabalhos de Mestrado (M) e Doutorado (D) 1. Andreza Costa Scatigno – “Ensino de bioquímica no curso de nutrição em uma instituição de ensino superior da rede particular: diagnósticos e intervenções”. Dia: 10/03/2011 às 14:00 horas. Orientador: Prof. Dr. Bayardo Baptista Torres. (D) 2. Tamy Koreeda – “Caracterização termoanalítica e estudo de cura de compósito de resina epóxi e mica com propriedades elétricas isolantes aplicado em máquinas hidrogeradoras”. Dia: 11/03/2011, às 13:30 horas. Orientador: Prof. Dr. Jivaldo do Rosário Matos. (M) Fonte: Milton César Prof. Galembeck Quais são suas atividades profissionais atualmente? Gostaria de destacar alguma do passado? Sou professor, dou aulas, oriento o trabalho de estudantes, faço pesquisa acadêmica e participo de projetos de P&D. Faço consultoria e estudos, para empresas e órgãos de governo. Escrevo e faço palestras, sobre Química e sobre políticas de desenvolvimento científico e tecnológico. Do passado, destaco meu trabalho coordenando o primeiro programa de Química e Engenharia Química do PADCT. Aprendi muito sobre Química, sobre gente e política. Se pudesse escolher uma descoberta da Química para ter realizado, qual seria? Eu gostaria de ter explorado mais uma descoberta que fiz e publiquei, a da sedimentação acoplada à osmose, ou osmossedimentação. Alguma sugestão para os novos profissionais e estudantes? Leiam muito mais do que estão lendo. Se acharem que já estão lendo muito, leiam mais ainda. Reflitam, pensem e planejem bastante, para que o trabalho renda. Trabalhar muitas horas não ajuda, se o tempo não for muito bem aproveitado. Se não conseguirem fazer Química com paixão, mudem para outra atividade que possam exercer com paixão. Quais barreiras a Química precisa ultrapassar ou quais perguntas ainda precisam ser respondidas? A Ciência atual é arrogante, mas suas realizações são ainda modestas. Precisamos criticar e em grande parte liberar-nos da herança positivista e do reducionismo excessivo. Sou físico-químico e tenho trabalhado em Eletrostática, que para muitos professores de Física é um assunto bem conhecido da Física do século 19. De fato, a ignorância humana em Eletrostática é profunda. Não sabemos ainda encaixar os fenômenos eletrostáticos no quadro da teoria atômicomolecular e isso causam explosões, incêndios e mortes, todos os anos. No caso do atrito, a situação é ainda pior. Pouco compreendemos, embora muitas pessoas achem que, usando palavras pomposas (tribologia, triboeletricidade, etc.), estejam respondendo questões científicas. A primeira pergunta que precisa ser respondida, em ciência em geral e em Química, é a seguinte: por que tantos cientistas gostam de trocar o esforço de compreensão do nosso mundo por um palavreado quase vazio? 4 IQUSP participa da XXIX missão na Antártida Neste ano o grupo chefiado pelo Prof. Dr. Pio Colepicolo participou da missão XXIX do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), financiado pelo CNPq e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O grupo partiu rumo a Península Antártica e arquipélagos adjacentes com o objetivo de estudar e catalogar a biodiversidade, distribuição e histórico de vida de macroalgas e fungos algícolas associados. Em paralelo, está sendo realizado todo o monitoramento de indicadores abióticos, bioquímicos e microbiológicos, bem como estão sendo quantificados os níveis de metais pesados nestas macroalgas e na água do mar em diferentes profundidades. Estas últimas análises serão realizadas na central analítica do IQUSP. O projeto tem duração de três anos e possuí colaboração com outras instituições de ensino no país, como; Instituto de Botânica de São Paulo, (IBT-SMA), Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Universidade Federal do Paraná (UFPR-CEM), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Magallanes (Chile), Universidade Arturo Prat (Chile) e Instituto Argentino de Oceanografia (IADO). Nesta primeira etapa já foram amostrados nove pontos de coletas entre a Ilha Elefante (61°13 S // 055°21 W), Baía do Almirantado (62°05 S // 58°25 W) e Ilha Deception (62°55 S // 60°39 W). As futuras expedições que acontecerão nos próximos dois verões antárticos terão como objetivo amostrar novos pontos, assim como monitorar a ocorrência das algas previamente encontradas. Fonte: Angela P. Tonon ANIVERSARIANTES Parabéns aos aniversariantes do IQ - mês de abril 01 – Adriana Maria Pires Wendel 02 – Alícia Juliana Kowaltowski 02 – Edvaldo Fernandes Campos 03 – Maria Ferreira Lima 03 – Noemia Amaral Góis 05 – Jefferson Santos 05 – Sayuri Miyamoto 07 – Antonio Luis Góis Passos 08 – Débora Cristina Costa Lopes 09 – Airton Ferreira Gonçalves 09 – Marcelo Alcântara Costa 10 – Vicente Paulo Emerenciano 11 – Marcelo Lemos Lustosa 11 – Mauro Bertotti 12 – Camila Santos Schroeder 17 – Inocência Silva Oliveira 17 – Marcel Santana Alcaraz 18 – Simone Corrêa 22 – Maria J. Rodrigues Almeida 23 – Sérgio Verjovski-Almeida 24 – Fátima M. Jesus J. Mazzine 24 – Manuel Troyano Pueyo 25 – Jasiel Cordeiro Silva 26 – Aguinaldo Ramos Silva 27 – Georgia Delmilio Bloisi 28 – Cristiane P. Matiacci Xavier 28 – Elaine Cristina S. Araújo 30 – Izaura Nobuko Toma Frase do mês!!! “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”. Nietzsche 5 Brasileiro está entre cem maiores químicos Em uma lista de cientistas da área com maior impacto de 2000 a 2010, pesquisador é único nome da América Latina. Muito trabalho, força de vontade e gosto pelo desafio. Essas são as matériasprimas que o químico Jairton Dupont, 51, considera essenciais para o crescimento acadêmico e para sua figuração na lista dos cem químicos mais influentes da década. Elaborado pela empresa Thomson Reuters, que tradicionalmente mapeia as publicações científicas mundo afora, o ranking traz Dupont como o único brasileiro presente, na 83ª colocação. As pesquisas de Dupont, que é professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) visam ao desenvolvimento e estudo de líquidos iônicos orgânicos, principalmente para aplicação Prof. Dupont na indústria petroquímica. “Do ponto de vista pessoal, fico bastante contente, mas, pensando de forma geral, acredito que temos um reflexo de uma política”, diz o químico nascido em Farroupilha (RS), lamentando a ausência de outros brasileiros e de outros países emergentes, como China e Rússia. Na lista, são 70 químicos dos EUA, sete da Alemanha e quatro do Reino Unido. “As instituições em que se concentram 80% dos químicos selecionados têm tradição no ensino por meio da pesquisa e possuem muito mais estudantes de pós-graduação do que de graduação", afirma Dupont. “A graduação também é importante, mas instituições conhecidas por sua excelência em pós devem se especializar, focar essa área”. O critério para a elaboração da lista foi o número de citações de cada cientista em trabalhos acadêmicos. Todos os seus integrantes publicaram pelo menos 25 artigos e foram citados em pelo menos 50 diferentes publicações. Contrário à escolha de dirigentes acadêmicos por eleições e a concursos públicos para professores-pesquisadores, ele define o sistema brasileiro como “pseudodemocracia universitária”. “Lá fora, as escolhas são feitas por capacitação e mérito”. Dupont também não acredita no sucesso de instituições dedicadas unicamente à pesquisa, e não ao ensino. Segundo ele, o fracasso desse tipo de entidade está historicamente comprovado. Sobram críticas aos cursos noturnos de graduação. "São um desperdício de dinheiro", diz. Ele defende que o retorno seria maior se houvesse bolsas de estudo para alunos em período integral. "É um investimento muito melhor, porque a pessoa vai ser formar no tempo normal, em quatro anos ou até menos, e vai estar muito mais bem preparada." Mestre-Cuca - Mas a ciência não é a única vocação de Dupont. “O maior prazer que tenho é cozinhar. Tenho uma cozinha de 20 metros quadrados, outro laboratório. Certamente, quando me aposentar, vou querer abrir um restaurante”. Outro motivo de felicidade é a filha, hoje com dois anos de idade. "Sou um dos homens mais sortudos na vida por ter tido uma filha já depois de, digamos, velho”. Com sua experiência, ele recomenda aos iniciantes paciência e jogo de cintura para lidar com frustrações. “As pessoas acreditam que a notoriedade faz com que eu sempre tenha pedidos aprovados, mas sou como qualquer um, eu tenho meus projetos negados, isso faz parte do processo. Quem aprende a conviver e a melhorar com isso vai ser feliz”. Fonte: Jornal da Ciência Mulheres já são 43% do total de cientistas em São Paulo Em 2010, das 19.678 solicitações iniciais de apoio à pesquisa apresentadas à FAPESP 42% foram apresentadas por mulheres. O percentual tem crescido continuamente desde 1992, quando foi de 30%. Segundo levantamento feito pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de são Paulo (FAPESP), a taxa de sucesso global, definida como o número de propostas aprovadas dividido pelo número de propostas analisadas no ano, foi, em 2010, de 61% para as mulheres e de 60% para os homens. Para as grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Engenharias, observa-se um crescimento forte na proporção de mulheres. Em Ciências da Saúde, o percentual cresceu de 34% em 1992 para 54% em 2010; para Ciências Agrárias, foi de 23% em 1992 para 40% em 2010. No caso das Engenharias, a participação feminina quase triplicou, passando de 8% para 22% no período. Nas grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes mais da metade dos solicitantes é do sexo feminino. Em Ciências Biológicas, a tendência é de crescimento na participação das mulheres, que passou de 42% em 1992 para 48% em 2010. Entretanto, os dados indicam que, apesar de maioria, há um ligeiro decréscimo do número de solicitantes mulheres nas áreas tradicionalmente com forte presença feminina, como Ciências Humanas, que caiu de 56% em 1992 para 52% em 2010, e Lingüística, Letras e Artes, que passou de 57% para 52% no mesmo período. Em contrapartida, o percentual de crescimento é significativo em áreas com forte presença tradicionalmente de homens, como Agrárias e Engenharias. De 1992 a 1998, houve um forte aumento na quantidade de pesquisadores, homens ou mulheres, que solicitaram apoio à FAPESP, a uma taxa média de mais de 730 pesquisadores por ano. De 1998 a 2003, houve estabilidade na quantidade de pesquisadores, com um número total em torno de 7 mil. De 2003 a 2010, observa-se uma retomada do crescimento na quantidade de pesquisadores, agora com uma taxa média de crescimento de 267 pesquisadores por ano. Durante todo o período de 1992 a 2010, o número de pesquisadoras evoluiu obedecendo ao mesmo padrão de curto prazo do crescimento de pesquisadores do sexo masculino, mas, na média, a intensidade de crescimento no número de pesquisadoras foi ligeiramente maior, o que levou a um aumento na proporção de pesquisadoras. Leia o relatório completo com gráficos comparativos em: www.fapesp.br/publicacoes/indicadores/032011.pdf. Fonte: Agência Fapesp 6 Alcídio Abrão falece aos 86 anos O Dr. Alcídio Abrão possuia graduação em Química pela Universidade de São Paulo (1951), doutorado em Química (Química Analítica) pela Universidade de São Paulo (1971), com a tese "Estudo do comportamento de extração de vários elementos por aminas de cadeias longas na presença de tioureia como agente complexante", sob orientação do Prof. Paschoal Senise. Fez, também, o seu pósdoutorado pela Boston College (1961). Tinha experiência na área de Química, com ênfase em Química Inorgânica. Atuou, sobretudo, nos seguintes temas: extração com solventes, aminas, tiouréia. Alcídio Abrão nasceu em 18 de agosto de 1925 na cidade de São José da Bela Vista (SP) e faleceu em 3 de março de 2011. Líder científico da equipe que dominou a tecnologia de fabricação do hexafluoreto de urânio, foi um dos primeiros pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Orientou uma geração de pesquisadores. Foi um dos fundadores da pós-graduação do IPEN-USP e orientador da primeira defesa realizada na instituição. Participou de bancas examinadoras de mestrado e doutorado, tendo uma vasta produção científica, com mais de 180 trabalhos publicados, além de livros e capítulos de livros. Recebeu homenagens e distinções de instituições no País e no Exterior, dentre elas o Diploma de Honra ao Mérito e a Medalha Carneiro Felipe, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Foi agraciado com a Medalha Mérito Tamandaré, concedida pelo Ministério da Marinha; e o diploma "honor al merito universitario", pela Universidad Nacional de Assunción, Paraguai. Em 1996 tornouse Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico - Área Tecnológica. Recebeu o prêmio Fritz Feigl, pelo Conselho Regional de Química em 1999. Em 2000, foi homenageado como Pesquisador Emérito do IPEN. O pesquisador manteve suas atividades no Centro de Química e MeioAmbiente do CQMA - IPEN até o ano de 2010, quando se afastou momentaneamente da pesquisa por motivos de saúde. Ele também desenvolveu estudos para a área de células a combustível e hidrogênio, tecnologia para obtenção de energia de forma sustentável e com maior eficiência. Em entrevista ao jornal Órbita IPEN, em 2003, Alcídio comentou sobre o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear. "Tudo começou pequeno e depois foi crescendo. Projetamos e construímos unidades para a produção de UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO diversos compostos de urânio, - Instituto de Química necessários para o seu processo de enriquecimento isotópico. Fomos Reitor os pioneiros no Brasil a Prof. Dr. João G. Rodas desenvolver a complexa Pró-Reitor de Cultura e Extensão tecnologia do flúor, uma condição Profa. Dra. Maria A. Arruda necessária para conseguirmos a Diretor tecnologia de fabricação do Prof. Dr. Fernando R. Ornellas hexafluoreto de urânio. Vice-Diretor Repassamos todo esse Profa. Dra. Maria Júlia M. Alves conhecimento, essencial para o Chefe do DQF enriquecimento do urânio para a Prof. Dr. Luiz H. Catalani Marinha. Geramos várias patentes. Pode-se escrever um belo livro Chefe do DBQ Prof. Dr. Sérgio Verjovski-Almeida sobre a história do desenvolvimento científico e Editor Prof. Dr. Hermi F. Brito tecnológico feito no IPEN. Uma verdadeira epopéia”. Na mesma Redator e Jornalista-Responsável entrevista, o pesquisador Prof. Dr. Paulo Q. Marques (reg. prof. MTb nº 14.280/DRT-RJ) demonstrava uma extrema dedicação à carreira e ao instituto. Helliomar Barbosa (Secretário) "A gente vai avançando sem Colaboradores deixar morrer o estímulo. Agora, Jaílton Cirino Santos Jiang Kai Ana Valéria Lourenço José M. de Carvalho Jr. Lucas C. V. Rodrigues Fábio Yamamoto Ivan Guide N. Silva por exemplo, estamos procurando desenvolver hidrogênio para as pesquisas que o IPEN vem realizando para a célula a combustível. Hoje, sou coordenador de um projeto apoiado pelo CNPq para introduzir melhorias na obtenção de hidrogênio”. De 1952 a 1957 trabalhou nas Indústrias Químicas Orquima S.A., como pesquisador. Atuou na produção em escala piloto de elementos de terras raras, na pesquisa e produção de óxido de európio para uso nuclear em métodos analíticos para determinação de európio, no estudo de processos para aproveitamento de terras raras, tório, urânio, lítio, tântalo, tungstênio e nióbio em minérios e, ainda, no desenvolvimento de métodos para a determinação do lítio em ambligonita e em compostos de lítio preparados industrialmente no País. Trabalhou na Divisão de Radioquímica do IPEN de 1957 a 1965. De 1965 a 1985 foi chefe do Centro de Engenharia Química, e Diretor de Materiais e Ciclo do Combustível entre 1985 e 1991. Colaborou na elaboração da redação e acompanhamento de quinze processos de patentes relacionados aos trabalhos executados no Departamento de Engenharia Química do IPEN. O Prof. Abrão assinou três patentes, relacionadas à obtenção de compostos de urânio de pureza nuclear via troca iônica, na produção de tetrafluoreto de urânio por via aquosa, na preparação do tricarbonato de amônio e uranilo (TCAU) por precipitação direta e contínua da fase orgânica da coluna de lavagem. Membro de associações científicas nacionais, dentre elas a SBPC e a Associação Brasileira de Química, membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, fundador da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), da American Chemical Society e da American Nuclear Society (ANS). Foi um homem bondoso, generoso e dedicado, de acordo com seus orientados, amigos e colegas da área de pesquisa. Representa uma grande perda para a ciência brasileira e para a área nuclear em particular. “O Departamento de Química Fundamental da UFPE lamenta profundamente o falecimento do Dr. Alcídio Abrão. Foi, sem dúvida, a perda de um grande cientista e um extraordinário ser humano.” Prof. Dr. Oscar Loureiro Malta (UFPE – Recife). “Alcídio Abraão foi um dos maiores conhecedores da química das Terras Raras, Tório e Urânio no País. Deixou-nos, quando se discute já com atraso a retomada da produção das Terras Raras da qual foi um destacado defensor. Ficou-nos a lembrança de um homem que, sorrindo transmitia seus conhecimentos e opiniões num respeito máximo ao aluno, colega ou mestre. Um homem verdadeiramente bom.” – Prof. Dr. Osvaldo A. Serra (Departamento de Química – FFCLRPUSP – Ribeirão Preto –SP). “Prof. Alcídio Abrão foi um exemplo de dedicação e humildade. Nos últimos anos ele vinha se dedicando à obtenção de hidrogênio direcionado à pesquisa de célula a combustível. O Dr. Alcídio mostrou que, a partir da grande quantidade de amônia produzida nas granjas de frango, poderiam ser desenvolvidas tecnologias para captação de amônia e produção de energia. Segundo ele, o reaproveitamento da amônia poderia economizar a energia despendida nos Prof. Alcídio aquecedores das instalações dos viveiros das granjas. Atualmente este projeto encontra-se incubado pela empresa KHEMIA no CIETEC”. Dra. Maria Cláudia F. C. Felinto (CQMA-IPEN, São Paulo). "Tenho de Alcídio Abrão a mais grata lembrança. Já como aluno, destacava-se pelo interesse e seriedade com que se dedicava aos estudos. Na vida profissional, foi deveras notável a abrangência de suas atividades, com resultados de alto nível científico e tecnológico, fruto de trabalho inteligente, perseverante e de singular dedicação. Constituiu, para mim, motivo de satisfação, ter podido contribuir para a feitura de sua tese de doutoramento, em que prevaleceram as suas idéias originais e a sua capacidade criativa. Por suas relevantes contribuições como pesquisador, formador de discípulos e administrador, mas também por suas raras virtudes humanas, será sempre lembrado com admiração e respeito". Prof. Paschoal Senise (IQUSP). QUER COLABORAR? Para colaborar com o jornal ALQUIMISTA, entre em contato através do e-mail:[email protected]. Eventos, artigos, sugestões de matérias ou qualquer outra atividade de interesse do IQUSP podem ser enviados. Todos podem colaborar. Sejam eles, professores, funcionários, alunos ou interessados.