LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: um estudo
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LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: um estudo
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE ADOLFO PLÍNIO PEREIRA LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: um estudo sobre a percepção de colaboradores em organizações empresariais SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP 2012 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE ADOLFO PLÍNIO PEREIRA LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: um estudo sobre a percepção de colaboradores em organizações empresariais Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida. Área de Concentração: Qualidade de Vida Orientador: Prof. Dr. Luciel Henrique de Oliveira SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP 2012 ADOLFO PLÍNIO PEREIRA LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: um estudo sobre a percepção de colaboradores em organizações empresariais Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida. Área de Concentração: Qualidade de Vida. Dissertação defendida e aprovada em: 10/08/2012, pela Banca Examinadora constituída pelos professores: Professor Dr. Luciel Henrique de Oliveira (Orientador/UNIFAE) Professor Drª. Ana Cristina Limongi-França (FEA/USP) Professora Drª. Valdete Maria Ruiz (UNIFAE) Professora Drª. Érica Passos Baciuk (UNIFAE) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho acadêmico; fruto de muita perseverança, aprendizagem, aprimoramento e aplicação de conhecimentos técnicos; a Deus, Senhor da minha vida, que silenciosamente cuidou e cuida de mim, mesmo que eu não perceba, mesmo que eu não saiba, mesmo que eu não mereça. E aos santos e anjos de Deus, que tenho certeza, velaram por mim quando o sono e o cansaço me abateram. À minha esposa, Fabiana, que sempre esteve ao meu lado compreendendo minhas angústias e comemorando comigo minhas pequenas vitórias. Ela faz parte de mim. À minha filha Bianca, que enquanto digitava seu TCC da Faculdade de Direito, no mesmo ambiente em que eu me debruçava sobre este árduo trabalho, parecia-me como um anjo a velar pela minha vida. O seu olhar, sempre me curou. Ao meu filho, Adolfo Junior, que sempre chega da rua assoviando, cantarolando e logo empunha seu violão que põe a tocar e cantar despretensiosamente, enchendo a nossa casa de alegria, cujas atitudes por vezes renovaram minhas energias. O seu beijo em minha testa, a cada sair ou entrar, sempre foi um depósito de entusiasmo para meu corpo. À minha mãe, Olga, que a cada dia acende uma vela a Nossa Senhora Aparecida para que eu consiga vencer todos os obstáculos frente às adversidades da vida. À minha avó, Antônia, para a qual não consigo reunir palavras para agradecer tão grande amor dedicado desde meu nascimento. Ao meu padrasto Renato, pela torcida silenciosa do meu sucesso. À minha tia Maria Aparecida, a Cidinha, que sempre foi para mim mais que uma irmã. Ao meu tio, Aparecido, o Cidinho, que sempre se orgulhou deste sobrinho distante. Ao meu sogro, Antônio Batista, que já não está entre nós, mas sempre estará em meu coração e minha memória, pois sempre me tratou com um filho. Dedico também a todos os parentes, sobrinhos, afilhados, compadres, amigos e a todos que acompanharam e torceram pelo desenvolvimento deste trabalho recheado de momentos emocionantes e desafiadores. AGRADECIMENTOS Agradeço aos mais de 500 trabalhadores anônimos do município de São João da Boa Vista, SP, que responderam aos questionários desta pesquisa, pois sem esta colaboração não seria possível apresentar este trabalho, que está repleto de avaliações, mas, que ainda transborda informações a serem aprimoradas em estudos futuros. Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Luciel Oliveira, que com sua competência técnica e humana fez toda diferença na construção deste estudo. Ao Professor Dr. Christian Vieira pelas contribuições estatísticas. Ao Professor Dr. Valdemir Samoneto, dedicado Reitor do UNIFAE, que foi meu primeiro incentivador a realizar este curso de Mestrado. A todos os professores do Mestrado que abriram meus horizontes, ampliaram minhas potencialidades e me ensinaram a saborear com paciência e leveza o gosto do saber, mas, sobretudo, me apoiaram nas horas mais difíceis desta caminhada. Agradeço aos meus colegas de Mestrado, pois juntos passamos pelas pontes estreitas da pesquisa e do conhecimento. À Roberta e à Thais da Secretaria de Pós-Graduação da faculdade pelo pronto atendimento em todas as situações. Ao Professor Sérgio Dragão, Pró-Reitor do UNIFAE, pelos trabalhos nos bastidores de extrema importância para nós, discentes da pósgraduação da entidade. A todos os funcionários do UNIFAE que trabalharam incessantemente para manter a estrutura da faculdade em perfeita ordem para que pudéssemos nos dedicar com tranquilidade aos estudos. Agradeço em especial ao casal Herivelto e Elaine Urbano, pelo apoio na pesquisa e por sempre estarem ao nosso lado. Aos amigos do ECC – Encontro de Casais com Cristo, que rezaram por mim e compreenderam a ausência minha e de minha esposa neste período importante de nossas vidas. Agradeço à Amélia Queiroz e à Kelly Conte da Agência de Desenvolvimento pelo apoio na pesquisa. Agradeço também à Vanderli Ribeiro da Lamesa, à Sueli Nogueira da CBL, ao Vladimir Damálio, ao Márcio Beraldo da Têxtil São João e ao Sandro Campos da Elektro por abrirem as portas de suas empresas para esta pesquisa. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para que esta Dissertação de Mestrado atingisse seus objetivos. Aos que não citei nominalmente, mas que fizeram-me a diferença neste período, levo-os no coração. AUTOBIOGRAFIA DO AUTOR Adolfo Plínio Pereira, filho de Olga Pereira Gomes e pai que não assumiu a paternidade, nasceu na cidade de São João da Boa Vista, SP, em 17 de Janeiro de 1966. Em seu desenvolvimento enfrentou as dificuldades comuns às famílias carentes. Desde muito cedo se mostrou entusiasmado com os estudos obtendo bons rendimentos escolares. Aos 23 anos formou família com Fabiana Pereira, com a qual teve dois filhos, Bianca e Adolfo Junior. Profissionalmente, suas experiências começaram na lavoura de algodão, depois numa pequena fábrica como operário e, mais tarde, como bancário, profissão que desempenhou por 23 anos, ocupando os cargos de auxiliar administrativo, caixa, supervisor dos caixas, subgerente e gerente geral de agências. O sonho de concluir ensino superior por pouco não se tornou apenas um sonho. A formação acadêmica aconteceu quando já tinha 37 anos, no ano de 2003, formando-se em Administração pelo Centro Universitário FEOB. Durante sua formação escreveu artigos acadêmicos, além de apresentações técnicas e lúdicas em congressos internos. Ao final recebeu prêmio de melhor aluno do curso e foi orador da turma. Em 2008 concluiu MBA em Gestão Avançada de Pessoas pela PUC – Pontifícia Universidade Católica, onde também escreveu artigo acadêmico com sua orientadora, Dra. Marília Tose e o coordenador do curso, Dr. Henrique Veloso. Tomou gosto pela vida acadêmica e iniciou carreira na docência já em 2008, ano que deixou a vida bancária, sendo professor de ensino técnico e superior no SENAI, SENAC, FACAB, Instituto São Francisco e Centro Paula Souza. Em 2010 ingressou no Mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida da FAE, onde entre outras conquistas, escreveu artigos acadêmicos, fez apresentações em congresso interno e escreveu capítulo de um livro. Apesar de ter sido gerente na Associação Comercial de São João da Boa Vista nos últimos dois anos, optou pela dedicação exclusiva ao ramo do conhecimento. A busca pelo título de Mestre contribuiu para afirmação neste caminho, pois atualmente é professor de graduação em Administração, cursos de pós-graduação e consultor técnico do MBA em Gestão de Pessoas na Faculdade Pitágoras, além de atuar como instrutor em treinamentos e palestras em diversas áreas. Tem especial interesse por aulas em cursos de pós-graduação, treinamentos e consultorias que envolvam liderança, qualidade de vida no trabalho, gestão de pessoas, desenvolvimento de equipes, orientação para líderes e dirigentes empresariais, desenvolvimento organizacional e assuntos correlatos. Contatos: [email protected] "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente, você estará fazendo o impossível". São Francisco de Assis. RESUMO A liderança é um assunto bastante discutido no meio acadêmico e empresarial, tendo em vista os impactos que causa nos resultados das organizações, já a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é assunto obrigatório nas pautas dos RHs das organizações, pois está em plena sintonia com as novas práticas de Gestão de Pessoas. Acreditando que a primeira (forma de atuação dos líderes nas organizações) pudesse ter relações com a segunda (percepção de QVT por parte dos liderados), foi que esta Dissertação de Mestrado foi construída com base em pesquisa bibliográfica e de campo. Os conhecimentos adquiridos permitiram descobrir aspectos da Qualidade de Vida no Trabalho dos colaboradores das organizações do município de São João da Boa Vista, SP e compará-los com seis conjuntos de características da liderança: autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas. Para se chegar a estes resultados foram utilizados dois questionários, “CL - Características do seu líder” para as questões relacionadas à liderança e o “QWLQ-bref” para a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Dados de 451 questionários válidos foram compilados estatisticamente e, assim, foi possível apresentar relações e correlações entre estas duas variáveis (características da liderança e QVT). Para isso foi utilizado o Coeficiente de Pearson, gerado pelo programa SPSS, análise matemática e gráfica dos resultados utilizando o programa Microsoft Excel. Esta pesquisa revelou que as características democráticas, carismáticas e focadas em pessoas da parte dos líderes, têm maiores possibilidades de influenciar a percepção de QVT dos liderados do que as características autocráticas, liberais e com foco em metas e tarefas. Demais relações apresentadas no estudo foram reveladas mediante comparação dos dados sócio-profissionais dos respondentes e de seus líderes com a percepção de QVT. Sendo assim, esta pesquisa que abordou trabalhadores de áreas, cargos, idades e formações diversas, permitiu construir resultados de boa qualidade estatística sobre o assunto e pretende contribuir com a ampliação dos conhecimentos na área de Gestão de Pessoas em organizações. Palavras-chave Liderança, Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, metas e tarefas, pessoas. ABSTRACT Leadership is a subject much discussed in academia and business, considering the impacts that cause the results of organizations, Quality of Work Life (QWL) is subject to the tariffs required on the RHs of the organizations, it is fully in line with the new people management practices. Believing that the first (form of action of leaders in organizations) could have relations with the second (perception of QWL led), was that this thesis was built based on bibliographic research and field. The knowledge acquired allow discover aspects of Quality of Life at Work of the employees of the organizations in the municipality of São João da Boa Vista, SP and compare them with six sets of characteristics of leadership: autocratic, democratic, Liberal, charismatic, focused on goals and tasks, and focused on people. To arrive at these results were used two questionnaires, "CL-Characteristics of their leader" to issues related to leadership and the "QWLQ-bref" for the perception of quality of life at work. 451 data valid questionnaires were compiled statistically and thus unable to present relationships and correlations between these two variables (characteristics of leadership and QWL). For this we used the Pearson Coefficient, generated by the program SPSS, mathematical analysis and graphical results using Microsoft Excel. This research has revealed that the democratic characteristics, charismatic and focused on people on the part of the leaders, have greater possibilities to influence the perception of QWL led than autocratic liberal characteristics, and with a focus on goals and tasks. Other relationships presented in the study were revealed by a comparison of socio-professionals of the respondents and their leaders with the perception of QWL. Thus, this research that addressed workers from areas, offices, different ages and backgrounds, build good quality statistical results on the subject and want to contribute to the expansion of knowledge in the area of managing people in organizations. Keywords Leadership, Quality of Work Life (QWL), autocratic, democratic, Liberal, charismatic, goals and tasks, people. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: A importância do indivíduo para o sucesso das organizações................ 26 FIGURA 2: Modelo Continuum de Tannenbaum e Schmidt..................................... . 43 FIGURA 3: O Grid Gerencial de Blake e Mounton................................................... .. 47 FIGURA 4: Liderança Situacional.............................................................................. 50 FIGURA 5: Agrupamento das dimensões básicas da tarefa......................................73 FIGURA 6: Paradigma da gestão de equipe e desenvolvimento de liderança.................................... ................................................................................ 82 FIGURA 7: Mapa do Município de São João da Boa Vista...................................... 102 FIGURA 8: Resultados da pesquisa sobre QVT dos trabalhadores do município de São João da Boa Vista, SP ..................................................................................... 107 FIGURA 9: Comparação da percepção de QVT dos liderados por homens ou mulheres utilizando a escala do QWLQ-bref (n = 451)............................................ 118 FIGURA 10: Comparação entre as seis Características de Liderança e a percepção de QVT (n = 451)..................................................................................................... 124 FIGURA 11: Comparação entre as Características de Lideranças Autocráticas, Liberais e Focadas em Metas e Tarefas com a percepção de QVT I (n = 451) ...... 125 FIGURA 12: Comparação entre as Características de Lideranças Autocráticas, Liberais e Focadas em Metas e Tarefas com a percepção de QVT II (n = 451)......125 FIGURA 13: Comparação entre as Características de Lideranças Democráticas, Carismáticas e Focadas em Pessoas com a percepção de QVT I (n = 451).......... 126 FIGURA 14: Comparação entre as Características de Lideranças Democráticas, Carismáticas e Focadas em Pessoas com a percepção de QVT II (n = 451) ......... 127 FIGURA 15: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Autocráticas de seus líderes I (n = 451) ......................................... 130 FIGURA 16: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Autocráticas de seus líderes II (n = 451) ........................................ 131 FIGURA 17: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Democráticas de seus líderes I (n = 451) ....................................... 134 FIGURA 18: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Democráticas de seus líderes II (n = 451) ...................................... 135 FIGURA 19: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Liberais de seus líderes I (n = 451) ................................................ 138 FIGURA 20: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Liberais de seus líderes II (n = 451) ............................................... 138 FIGURA 21: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Carismáticas de seus líderes I (n = 451) ........................................ 142 FIGURA 22: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Carismáticas de seus líderes II (n = 451) ....................................... 143 FIGURA 23: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes com Foco em Metas e Tarefas I (n = 451) ................... 146 FIGURA 24: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes com Foco em Metas e Tarefas II (n = 451) .................. 147 FIGURA 25: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes Focadas em Pessoas I (n = 451) ................................. 151 FIGURA 26: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes Focadas em Pessoas II (n = 451) ................................ 152 FIGURA 27: Comparação entre os melhores e piores conjuntos de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados I (n = 451) ................................................................................................................................ 157 FIGURA 28: Comparação entre o melhor e pior conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) ................................................................................................................................ 157 FIGURA 29: Comparação entre o melhor conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) ............................ 158 FIGURA 30: Comparação entre o pior conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) ............................ 158 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Definições de líder e de liderança baseadas em Fiedler ...................... 28 QUADRO 2: Estilos de Liderança baseados em personalidade................................ 38 QUADRO 3: Sete etapas da liderança de Tannenbaum e Schmidt ......................... 44 QUADRO 4: Oito itens das escalas da consideração e estrutura de iniciação no questionário de descrição do comportamento do líder ............................................. 45 QUADRO 5: Estilos de liderança apropriados para os vários níveis de desenvolvimento ....................................................................................................... 51 QUADRO 6: Teste de Liderança ALD de Minicucci................................................ ... 62 QUADRO 7: Indicadores de QVT e as Necessidades do Trabalhador do Conhecimento ........................................................................................................... 71 QUADRO 8: A classificação proposta para o QWLQ - 78 ......................................... 78 QUADRO 9: Ampliação das escalas do questionário QWLQ-78............................... 79 QUADRO 10: Questões que compõem o QWLQ-bref .............................................. 80 QUADRO 13: Forma de atuação do líder que revela características de liderança (I) .................................................................................................................................. 92 QUADRO 17: Forma de atuação do líder que revela características de liderança (II) .................................................................................................................................. 94 QUADRO 15: Perguntas sobre as características dos líderes .................................. 95 QUADRO 16: Escala ampliada de respostas para avaliação das respostas do questionário CL – Características do seu líder .......................................................... 96 QUADRO 17: Exemplo de avaliação dos resultados do grupo de Características Autocráticas do líder .................................................................................................. 97 QUADRO 18: Escala para classificação da percepção das características da liderança .................................................................................................................... 98 QUADRO 19: Detalhamento sobre o somatório das notas aferidas para o conjunto de respostas do questionário “CL - Características do seu líder” .............................. 99 QUADRO 20: Resumo das Correlações de Pearson mediante aplicação do programa SPSS 8.0. ............................................................................................... 108 QUADRO 21: Comparações entre os conjuntos de notas médias para CL – Características da Liderança. .................................................................................. 159 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Identificação do tipo de liderança exercida de Minicucci ........................ 63 TABELA 2: Plano e erro amostral da pesquisa ......................................................... 88 TABELA 3: Estatística Descritiva – Percepção de QVT (n = 451) ........................... 105 TABELA 4: Informações sobre as organizações a que pertencem os respondentes da pesquisa comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho (n = 451) ................................................................................................................................ 109 TABELA 5: Informações sócio-profissionais dos respondentes comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho (n = 451) ......................................... 111 TABELA 6: Informações sócio-profissionais dos líderes comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos respondentes (n = 451 ................................... 116 TABELA 7: Dados da pesquisa sobre percepção média de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos liderados e Características de suas Lideranças (n = 451) . 121 TABELA 8: Comparação das médias de pontos da pesquisa sobre QVT com a pontuação média das Características das Lideranças (n = 451) ............................. 123 TABELA 9: Estatística Descritiva – Características Autocráticas da Liderança (n = 451) ......................................................................................................................... 128 TABELA 10: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Autocráticas dos líderes (n = 451) ............................................. 129 TABELA 11: Estatística Descritiva – Características Democráticas da Liderança (n = 451) ......................................................................................................................... 132 TABELA 12: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Democráticas dos líderes (n = 451) ........................................... 132 TABELA 13: Estatística Descritiva – Características Liberais da Liderança (n = 451) ................................................................................................................................ 136 TABELA 14: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Liberais dos líderes (n = 451) .................................................... 136 TABELA 15: Estatística Descritiva – Características Carismáticas da Liderança (n = 451) ......................................................................................................................... 140 TABELA 16: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Carismáticas dos líderes (n = 451) ............................................ 140 TABELA 17: Estatística Descritiva – Características da Liderança com Foco em Metas e Tarefas (n = 451 TABELA 22: Estatística Descritiva – Características Carismáticas da Liderança (n = 451)....................................................................... 144 TABELA 18: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características da Liderança com Foco em Metas (n = 451) ............................. 145 TABELA 19: Estatística Descritiva – Características da Liderança com Foco em Pessoas (n = 451) ................................................................................................... 149 TABELA 20: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características da Liderança com Foco em Pessoas (n = 451) ......................... 149 TABELA 21: Piores e Melhores conjuntos de Características de Liderança para geração de Qualidade de Vida no Trabalho aos liderados (n = 451) ...................... 155 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ALD: Autocrático, Democrático e Liberal CL: Características do seu líder CNPJ: Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CO: Comportamento Organizacional CP: Capacidade de Produzir DO: Desenvolvimento Organizacional ELRE: Escala de Liderança Revisada para o Esporte EUA: Estados Unidos da América FAE ou UNIFAE: Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH: Índice de Desenvolvimento Humano IDT: Índice de Desenvolvimento Tecnológico IPEN: Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares IPG: Índice de Progresso Genuíno IPRS: Índice Paulista de Responsabilidade Social IPU: União Interparlamentar LIFO: Life Orientation OMS: Organização Mundial da Saúde ONG: Organização Não Governamental ONU: Organização das Nações Unidas OR: Orientado para as relações interpessoais OT: Orientado para a tarefa PIB: Produto Interno Bruto PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento QV: Qualidade de Vida QVT: Qualidade de Vida no Trabalho QWLQ: Quality of Working Life Questionnaire SEADE: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SPSS: Statistical Package for the Social Sciences TMI: Taxa de Mortalidade Infantil WHOQOL - World Health Organization Quality of Life Group SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 18 1.1 Problema de Pesquisa ..................................................................................... 21 1.2 Objetivo geral ................................................................................................... 21 1.3 Objetivos específicos ....................................................................................... 21 1.4 Os beneficiários e as contribuições desta pesquisa ........................................ 22 1.5 Organização deste trabalho acadêmico........................................................... 23 2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 25 2.1 Liderança ......................................................................................................... 25 2.2 A Tipologia da Liderança ................................................................................. 33 2.3 Liderança Autocrática, Democrática e Liberal ................................................. 37 2.4 Liderança Focada em Metas e Tarefas, Pessoas ou Situações ...................... 42 2.5 Liderança Carismática ..................................................................................... 56 2.6 Instrumentos de pesquisas sobre liderança ..................................................... 60 2.7 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ............................................................ 67 2.8 Instrumentos de pesquisa sobre Qualidade de Vida no Trabalho e o Quality of Working Life Questionnaire (QWLQ) ..................................................................... 75 2.9 A liderança contemporânea e os desafios do Desenvolvimento Sustentável e da Qualidade de Vida no Trabalho ........................................................................ 81 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 86 3.1 Detalhamentos da pesquisa de campo.......................................................... .. 87 3.2 A opção pelo questionário QWLQ-bref............................................................. 90 3.3 A construção do questionário “CL - Características do seu líder”................. ... 91 3.4 Resultados dos pré-testes............................................................................. . 125 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 102 4.1 O município de São João da Boa Vista ......................................................... 102 4.2 Estatística Descritiva da pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho......... . 105 4.3 Comparações dos dados das organizações, líderes e liderados com a percepção de QVT dos trabalhadores.................................................................. 106 4.4 Correlações entre as características da liderança e a percepção de QVT dos liderados............................................................................................................... 120 4.5 Correlações entre as Características Autocráticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados........................................................................................... 128 4.6 Correlações entre as Características Democráticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados........................................................................................... 132 4.7 Correlações entre as Características Liberais da liderança e a percepção de QVT dos liderados................................................................................................ 136 4.8 Correlações entre as Características Carismáticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados........................................................................................... 140 4.9 Correlações entre as Características com Foco em Metas e Tarefas da liderança e a percepção de QVT dos liderados....................................................144 4.10 Correlações entre as Características Focadas em Pessoas da liderança e a percepção de QVT dos liderados......................................................................... 149 4.11 Correlações gerais entre as Características da Liderança pesquisadas e a percepção de QVT dos liderados......................................................................... 154 5. CONCLUSÕES.................................................................................................... 160 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 163 APÊNDICE............................................................................................................... 168 1. INTRODUÇÃO O tema liderança tem sido muito estudado devido à sua relevância para as organizações. No início desta pesquisa, a título de conhecimento, foi realizada pesquisa aleatória em um site de buscas da internet com a palavra líder e surgiram cerca de 60 milhões de opções de acesso. Com a palavra liderança, surgiram 5,65 milhões. Utilizando-se os mesmos termos em inglês, o número de opções ampliouse ainda mais - leader 286 milhões e leadership 169 milhões – evidenciando a importância do tema. Robbins (1998, p. 219) reforça que, por ser muito estudado, existem muitas definições para o tema, ao ponto de gerar confusão e contradição de conceitos, afirmando que “existem quase tantas definições de liderança quanto existem pessoas que tentaram definir o conceito”. Contudo, há questões de grande interesse para a academia. “Liderança é um processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas”, define Maximiano (2008, p. 194). Neste sentido, entende-se que a proximidade física ou temporal não é importante no processo de liderar. Pois, um cientista pode influenciar os estudos de outro mesmo sem tê-lo visto ou em épocas diferentes. Líderes religiosos têm capacidade de influenciar adeptos que estão muito distantes e com pouquíssimas chances de se encontrarem (MAXIMIANO, 2008). O processo de liderar pessoas no ambiente organizacional, fazendo com que estas pessoas produzam resultados firmes às suas contratantes, ao passo que gozem de uma boa Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) se firma como grande desafio para os líderes contemporâneos. Especialmente, pelo fato desta questão esconder certa contradição, pois, gerar QVT aos trabalhadores ainda tem conotação de custos para a maior parte das organizações e não de economia ou aumento de produtividade. Walton (1975)1 reconhecido estudioso deste assunto, é citado por LimongiFrança (2010), que define Qualidade de Vida no Trabalho como algo além da legislação trabalhista. Já Fernandes (1996) trata do tema como sendo uma gestão 1 WALTON, R. Criteria For Quality Life. In DAVIS, L. A. B. The quality of working life: problems, prospects and state of the art. New York: The Free Press, 1975. 18 dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que alteram e influenciam os climas organizacionais, com reflexo no bem-estar do trabalhador e, por consequência, na produtividade das empresas. Salles e Federighi (2006) confirmam Fernandes (1996), pois, após pesquisas sobre percepção da QVT, concluíram que: A respeito do uso e desenvolvimento de suas capacidades, a grande maioria dos entrevistados aponta como fatores primordiais para a melhora da qualidade de vida a sua adaptação ao trabalho, a existência de autonomia e autocontrole, a oportunidade de promoção de cargo, bem como a participação em cursos de aprendizagem e de atualização (SALLES, FEDERIGHI, 2006, p. 277). É fato que os líderes são responsáveis pelos resultados das organizações e é das pessoas que provém estes resultados. Robbins (1998, p. 3) afirma que “gerentes conseguem que as coisas sejam feitas através de outras pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e dirigem as atividades de outros para atingirem objetivos”, e completa: “quando os gerentes motivam seus subordinados, dirigem as atividades de outros, selecionam os canais de comunicação mais eficazes ou resolvem conflitos entre seus membros, eles estão empenhados em liderar”. Neste sentido, cabe aos dirigentes que desejam bons resultados para suas organizações ofertar bom tratamento aos que lhe são confiados. O que confirma Minicucci (1995, p. 116) ao afirmar que “o desempenho dos indivíduos e a utilização dos objetos materiais supõem um modelo geralmente reconhecido e aceito pelos participantes”. E ainda que: Sem dúvida, o sucesso da organização repousa sobre a motivação das pessoas conseguida por meio da estruturação afetiva das relações de grupo e de importância fundamental é o fato de o indivíduo sentir-se importante e valioso na organização (MINICUCCI, 1995, p. 119). Estes primeiros conceitos de liderança e Qualidade de Vida no Trabalho demonstram o quão importantes são estas teorias para diversos profissionais das mais diferentes áreas e justificam as pesquisas que são realizadas em torno destas. Se, por um lado, a liderança pode contribuir com a boa produtividade de determinados grupos, por outro, quando mal conduzida, pode gerar ineficiência, conflitos e falta de foco da parte dos integrantes das equipes. A percepção de Qualidade de Vida no Trabalho da parte do trabalhador faz parte deste contexto, faz parte da relação entre líderes e liderados. Desta forma, imputou-se neste estudo o desafio de se estudar estas duas variáveis conjuntamente: Liderança e Qualidade de Vida no Trabalho e encontrar 19 pontos em comum entre ambas. Entre várias possibilidades, optou-se por estudar seis conjuntos de características de liderança. Sendo que as características autocráticas, democráticas e liberais, cujos estudos de maior destaque são de Kurt Lewin et al (1939), foram escolhidas pela facilidade de compreensão de sua mensagem e pela grande aceitabilidade, especialmente, pelo fato do ramo da Administração lançar mão destes estudos originais e suas variações para a formação de administradores até os dias atuais. As características com foco em metas e tarefas e também com foco em pessoas, foram escolhidas por serem vistas como características distintas e aparentemente antagônicas na forma de liderar, ou seja, acredita-se que o líder que foca o cumprimento de metas não dá a devida atenção às necessidades das pessoas no ambiente de trabalho. Sendo assim, esta pesquisa foi uma oportunidade de verificar se esta máxima se confirma, buscando-se descobrir se os líderes em organizações são, ou não, focados em apenas uma destas vertentes. As características carismáticas foram escolhidas por ser o carisma uma qualidade destacada nos estudos de liderança. A proposta desta pesquisa foi a de verificar se estas características estão fazendo, ou não, alguma diferença no ambiente de trabalho, pelo menos, no que se refere à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Para se atingir os objetivos propostos de forma sistematizada, construiu-se o questionário “CL- Características do seu líder” para as características de liderança. Para a Qualidade de Vida no Trabalho, utilizou-se o instrumento “QWLQ-bref”. Ambos os instrumentos geraram resultados quantitativos para análises. Esta pesquisa revelou que este estudo, com o foco atual, é inovador no município onde foi desenvolvido. Além do que, não foi encontrado nenhum outro estudo com este formato, ou seja, que focasse estes mesmos conjuntos de características da liderança comparando-os com a percepção de QVT, porém, esta constatação não afasta a possibilidade de que estudos com esta abordagem tenham sido feitos no passado ou estejam sendo realizados atualmente. 20 1.1 Problema de Pesquisa A pergunta problema que norteou este trabalho foi: “Haveria relações ou correlações entre as características da liderança e o nível de Qualidade de Vida no Trabalho, com base na percepção dos colaboradores das organizações locais?” Foi com base neste questionamento que este estudo se desenvolveu. Para isso, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo, mediante aplicação de instrumentos de pesquisas específicos que revelaram as percepções sobre a Qualidade de Vida no Trabalho e as características da liderança. Ao final, apresentou-se discussão sobre os resultados obtidos com foco nestas duas facetas da vida dos trabalhadores das organizações. 1.2 Objetivo geral Identificar as relações existentes entre as características autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas da liderança com a Qualidade de Vida no Trabalho, ambas com base na percepção dos colaboradores das organizações do município de São João da Boa Vista. 1.3 Objetivos específicos • Identificar as características autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas presentes na atuação dos líderes das organizações do município de São João da Boa Vista, constatadas através da percepção de seus liderados. • Identificar uma ou mais características de liderança predominantes entre os gerentes e proprietários das organizações locais de acordo com o referencial teórico pesquisado. • Identificar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos colaboradores atuantes nas organizações locais. • Avaliar as relações entre a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho e as características da liderança percebidas e apontadas pelos liderados que responderam às pesquisas. 21 • Relacionar características, ou conjunto de características da liderança, que gerassem melhor ou pior percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. • Identificar demais relações presentes mediante avaliação dos dados sócioprofissionais dos respondentes e de seus líderes, comparando-os com as variáveis: características da liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. 1.4 Os beneficiários e as contribuições desta pesquisa O município de São João da Boa Vista, por sediar a pesquisa, deverá ser beneficiado em primeiro lugar. Quanto aos beneficiários específicos, destacam-se os líderes, os proprietários e os trabalhadores das organizações locais, além da comunidade acadêmica, que passa a ter a seu dispor material de interesse para novas pesquisas. Acredita-se que as contribuições atingirão as seguintes áreas e das seguintes formas: • Acadêmicas: a comunidade acadêmica recebe os resultados destas pesquisas devidamente avaliados e agrupados, para que conheça, de forma científica, as relações existentes entre as características das lideranças (autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas) e a percepção dos liderados sobre sua Qualidade de Vida no Trabalho. O interesse poderá ser despertado pelo fato de terem sido colocadas lado a lado as variáveis liderança e Qualidade de Vida no Trabalho, expondo suas correlações para análises. Tal condição permite a criação de debates entre docentes e discentes visando ampliação do conhecimento e eventual replicagem da pesquisa. É ofertada à ciência uma abordagem sistematizada, que evidencia que as características mais humanas na forma de liderar tendem a ser mais positivas para a percepção de Qualidade de Vida no ambiente de trabalho. Além de outras conclusões que poderão ser criticadas, discutidas e aperfeiçoadas. • Organizacionais: os conhecimentos práticos sobre liderança e Qualidade de Vida no Trabalho, especialmente, por este último ser um assunto contemporâneo, podem melhorar a gestão das organizações. Sendo assim, mediante a aplicação destas pesquisas em seu ambiente de trabalho, os dirigentes das organizações interessados no assunto poderão averiguar sua 22 situação em particular, tanto em termos de QVT dos seus trabalhadores como das características dos seus líderes, e, a partir das constatações, realizarem campanhas internas, modificarem procedimentos ou aplicarem treinamentos específicos. Além de outras atividades no sentido de conquistarem um bom e produtivo ambiente de trabalho. • Pessoais: As contribuições pessoais diretas não existiram nesta fase, tendo em vista que o estudo valorizou a confidencialidade. Os conhecimentos sobre as características de liderança de maior destaque nas organizações locais e a percepção geral sobre a Qualidade de Vida no Trabalho por parte de liderados deverão provocar discussões e reflexões gerais sobre comportamentos dos integrantes das organizações. Mas, as maiores contribuições pessoais devem ocorrer diante da aplicação das técnicas e ferramentas de pesquisa apresentadas neste trabalho acadêmico, pois os dirigentes empresariais, os líderes, liderados e todos os interessados no assunto, poderão aplicar os instrumentos de pesquisa utilizados e fazer avaliações dos resultados, individualmente, para assim tomarem decisões em acordo com seus objetivos. Tais focos do estudo e possibilidades dele advindas poderão contribuir para a formação de líderes mais conscientes de seus papéis. 1.5 Organização deste trabalho acadêmico Os assuntos abordados nesta Dissertação de Mestrado foram distribuídos em capítulos, tal como segue: 1. Introdução: Traz as primeiras definições sobre os assuntos principais desta pesquisa, ou seja, liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. Apresenta o problema da pesquisa, os objetivos geral e específicos com base na investigação das relações e correlações entre características da liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. 2. Referencial Teórico: Traz conceitos sobre liderança e sua tipologia. Apresenta os estudos de Kurt Lewin et al (1939) e de outros autores, sobre os estilos de liderança autocrática, democrática e liberal. Aborda a liderança focada em metas e tarefas, pessoas ou situações na visão de autores clássicos. A liderança carismática também é apresentada, tendo em vista as 23 discussões em torno do carisma dos líderes. Além de abordagem sobre os focos da liderança contemporânea. O capítulo que trata dos instrumentos de pesquisas sobre liderança demonstra, a partir de experiências dos pesquisadores citados, algumas possibilidades de estudos sobre o tema. O capítulo que aborda a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) traz conceitos que reforçam sua relevância para uma adequada Gestão de Pessoas. Já o capítulo que destaca os instrumentos de pesquisas sobre Qualidade de Vida no Trabalho e o Quality of Working Life Questionnaire (QWLQ), apresenta exemplos de aplicações de questionários de QVT e detalha os instrumentos QWLQ-78 e o QWLQ-bref. Pela vasta possibilidade de pesquisa teórica sobre os assuntos, optou por dar maior ênfase aos temas relacionados diretamente com a pesquisa de campo. 3. Procedimentos Metodológicos: Traz justificativa sobre o uso do questionário QWLQ-bref de Reis Junior (2008) e Cheremeta et al (2011) nesta pesquisa sobre Qualidade de Vida no Trabalho. Apresenta o detalhamento da construção do questionário “CL – Características do seu líder” e a opção pela mesma metodologia de cálculo e de verificação de resultados utilizadas no QWLQ-bref, visando facilitar comparações entre os resultados aquisitados. 4. Resultados e Discussão: Traz dados econômicos, das organizações e dos trabalhadores do município de São João da Boa Vista. Apresenta estatística descritiva da pesquisa sobre QVT. Faz comparações dos dados das organizações, dos líderes e dos liderados com a percepção média de QVT dos trabalhadores locais. Apresenta correlações de Pearson e relações estatísticas entre as características autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, com foco em metas e tarefas e com foco em pessoas da parte dos líderes com a percepção de QVT dos liderados, destacando as de maior importância para o estudo. 5. Conclusões: Faz breve retrospectiva do estudo e procura responder as perguntas feitas no problema de pesquisa, no objetivo geral e nos objetivos específicos. Faz-se inferências sobre as avaliações estatísticas dos resultados obtidos na pesquisa. São apontadas limitações do estudo e feitas propostas para sua continuidade. 24 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Liderança O comportamento humano é permeado por influências internas e externas às pessoas. Bergamini (1982) explica que as variáveis que afetam o comportamento são divididas em individuais e ambientais. As variáveis de ordem individual estão ligadas a “toda a bagagem inata, mais as experiências adquiridas ao longo das várias fases evolutivas, tais como a infância, a adolescência e a fase adulta de cada um” (BERGAMINI, 1982, p. 31). Já as variáveis de ordem ambiental abrangem todos os possíveis eventos extrínsecos ao indivíduo, tais como grupo social, cultura e outros fatores do meio ambiente físico. Desta forma, para se obter resultados adequados com as pessoas nas organizações é preciso envidar esforços. Para Bergamini (1982, p. 75) este sucesso “parece intimamente ligado a dois aspectos interdependentes: a característica de personalidade de cada um dos dois sujeitos e, consequentemente, o sistema de lentes de percepção social que cada um deles utiliza para conhecer o outro”. Em busca de respostas aos fenômenos interpessoais que ocorrem nas organizações surgiu a teoria denominada Comportamento Organizacional (CO), fundamentada nos estudos das Relações Humanas e da Administração de Pessoal. Segundo Minicucci (1995), discussões em torno deste assunto serviram de embasamento para o desenvolvimento da ciência do comportamento nas organizações. Robbins (1998) conceitua Comportamento Organizacional como sendo: [...] um campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações com o propósito de aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia de uma organização (ROBBINS, 1998, p. 6) Entre os estudos nesta área, pode-se destacar o de Cris Argyris (1960) e de Rensis Likert (1961). O modelo de Argyris (1960) foi construído com base na ideia de que os indivíduos se frustram pelas exigências da organização, sendo que a manifestação do descontentamento faria com que a organização ampliasse o controle sobre os empregados e isso geraria um círculo vicioso de restrições da organização e de reações dos empregados em relação às restrições. 25 Já Likert (1961) acreditava que a motivação do empregado seria a chave da eficiência total da organização e questionava sobre o que as pessoas procuravam em seu trabalho. E detectou que os trabalhadores reagiam de modo favorável às experiências que lhe davam apoio e que o ajudavam a aumentar os sentimentos de importância e valor pessoal. Minicucci (1995, p. 119) interpreta que, tanto a teoria de Argyris (1960) como a de Likert (1961) “insistem no valor e importância do ser humano na organização”. A Figura 1 resume o conceito deste autor: Sucesso da Organização Relações de Grupo Motivação das pessoas Importante Indivíduo Valorizado FIGURA 1: A importância do indivíduo para o sucesso das organizações Fonte: Adaptado de Minicucci, 1995, p, 119 Vê-se, portanto, que o sucesso da organização está intimamente ligado às questões motivacionais dos seus participantes, em especial, a satisfação com o grupo que pertencem e com o tratamento que recebem como indivíduos. Para Minicucci (1995) as necessidades são os desejos sentidos pelo indivíduo, são chamadas, também, de exigências ou imperativos. Já os incentivos seriam os objetivos ou os comportamentos que satisfazem as necessidades (MINICUCCI, 1995). No entanto “motivo, motivação, mover, movimentar e motor são todas palavras modernas que têm a mesma origem e estão associadas à mesma ideia: a palavra latina motivus, que significa aquilo que movimenta, que faz andar. A Palavra motivação indica as causas ou motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for” (MAXIMIANO, 2008, p. 177). Sobre motivação, Spector (2002) traz uma definição bastante abrangente: A motivação é geralmente descrita como um estado interior que induz uma pessoa a assumir determinados tipos de comportamento. Vista por uma perspectiva, ela tem a ver com a direção, intensidade e persistência de um comportamento ao longo do tempo. A direção refere-se à escolha de comportamentos específicos dentro de uma série de comportamentos 26 possíveis [...] A intensidade se refere ao esforço que uma pessoa empenha na realização de uma tarefa [...] A persistência diz respeito ao contínuo engajamento em um determinado tipo de comportamento ao longo do tempo [...] a motivação refere-se ao desejo de adquirir ou alcançar algum objetivo, ou seja, a motivação resulta dos desejos, necessidades ou vontades (SPECTOR, 2002, p. 198). Bergamini (2003, p. 64) entende que dois indivíduos nem sempre agem pela mesma razão, e que o comportamento motivacional revela “que não somente as pessoas têm objetivos diferentes, como as fontes de energia que determinam seu comportamento são extremamente variadas”. Por outro lado, os estudos de Robbins (1998) indicam que a produtividade, o absenteísmo, a rotatividade e a satisfação dos empregados poderiam ser controlados mediante ações nos seguintes aspectos da motivação: constatação das necessidades dos empregados, determinação de metas, uso de reforço, manutenção da equidade no ambiente e atenção às expectativas dos empregados. Neste sentido, a presença de líderes preparados para conduzir as equipes para a conquista destes objetivos seria indispensável. Líder e liderança têm sido palavras largamente usadas por executivos, trabalhadores e empregados em geral. A literatura mostra que as pesquisas iniciais sobre liderança focalizaram o próprio líder e a sua personalidade. Minicucci (1995, p. 286) explica que “tinha-se a impressão de que a eficácia da liderança poderia ser explicada, isolando-se as características psicológicas e físicas que diferenciavam o líder dos demais membros do seu grupo”. Tannenbaum (1970) afirma que a liderança funciona como uma influência interpessoal numa situação, por intermédio do processo de comunicação, para que seja atingida uma meta, ou metas especificadas. Assim, a liderança sempre envolve influência por parte do líder (influenciador) para afetar (influenciar) o comportamento de um seguidor (influenciado) ou seguidores numa situação. Robbins (1998, p. 219) definiu liderança como sendo “a capacidade de influenciar um grupo à realização de metas”. Já Bergamini (1982, p. 96), traz algumas definições sobre líder e liderança e seus respectivos criadores apresentadas no Quadro 1, baseados nos estudos de Fiedler2: 2 FIEDLER, F. E. A theory of leadership effectiveness. New York, McGraw-Hill, 1967. p. 7-8. 27 QUADRO 1: Definições de líder e de liderança baseadas em Fiedler Liderança é o exercício da autoridade e da tomada de decisões. Dublin, 1951 Liderança é dar início a atos que resultam em um padrão consistente de Hemphill, 1954 interação global voltada à solução de problemas que são mútuos. O líder é a pessoa que mais de perto atende às normas e aos valores do grupo; essa conformidade dá a ela a mais alta posição, que atrai as Homans, 1950 pessoas e implica o direito de assumir o controle do grupo. Liderança é uma habilidade de persuadir ou dirigir as pessoas sem o uso do prestígio ou da força de uma autoridade formal, ou de circunstâncias Reuter, 1941 externas. O líder é uma pessoa que tem sucesso em conseguir que as pessoas o Cowlwy, em Hemphill, sigam. 1954 O líder é a pessoa que consegue as mudanças mais efetivas no desempenho do grupo. Cattell, 1953 O líder é aquele que inicia e facilita a interação entre os membros do Bales e Strodbeck, 1951 grupo. A liderança, numa discussão em grupo, diz respeito às atividades de iniciar, organizar, clarificar, questionar, motivar, resumir e formular conclusões, dessa forma, o líder é a pessoa que passa mais tempo Bass, 1949 falando ao grupo, desde que caiba a ele cumprir a maior parte dessas tarefas verbais. A liderança é o processo de influenciar as atividades do grupo através da colocação e da chegada a objetivos. O líder é aquela pessoa identificada e aceita como tal pelos seus seguidores. Stogdill, 1950 Sanford, 1949 Fonte: Fiedler, 1967, apud Bergamini, 1982, p. 97 Esta riqueza de definições e pensamentos apresentados por Bergamini (1982) dá boa noção sobre o quanto este assunto é robusto em termos de visões, definições e teorias, o que justifica os investimentos de estudiosos do mundo todo em busca de respostas para a complexidade do assunto. Há outra definição que traz uma conotação de devoção à causa de liderar: “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum” 28 (HUNTER, 2004, p. 25). Encarar a liderança por este prisma é, sobretudo, dar ao líder o status de responsável pelo bem-estar dos que dele dependem. Spector (2002) esclarece que as definições de liderança propostas pelos estudiosos não são unanimemente aceitas. Mas que, de uma forma geral, “liderança envolve influenciar as atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas” (p. 330). Sendo assim, mesmo quem não ocupa a posição formal de líder pode influenciar outras pessoas. É preciso considerar que nem sempre o supervisor de uma empresa consegue influenciar pessoas, pois os líderes informais, que estão enfronhados no meio do grupo, podem ter mais poder de condução do grupo do que o líder formal, já que a interação com os colegas de trabalho facilita a aproximação do líder informal (SPECTOR, 2002). Robbins (1998, p. 219) explica que “nem todos os líderes são gerentes; assim como nem todo gerente é líder”, ampliando ainda mais a discussão sobre o que é ser líder eficaz numa organização, ou melhor, o que é realmente ser líder. Verifica-se com frequência que a atuação do líder não está única e exclusivamente voltada para aspectos internos do grupo, pois a ele são atribuídas também atividades de adaptação do grupo ao meio ambiente. Por isso, é bom que o líder tenha sensibilidade de perceber e diagnosticar as variáveis ambientais para que, assim, possa estar habilitado a imprimir diferentes orientações ao destino do grupo. E, sobretudo, é preciso que o líder leve em consideração que um pequeno grupo não subsiste isoladamente, independente de outros grupos e de outros constituintes (BERGAMINI, 1982). Robbins (1998) evidencia que é preciso aprofundar mais nos estudos sobre as influências das lideranças: Embora quase todo mundo pareça concordar que liderança envolve um processo de influência, as diferenças tendem a centrar-se em torno de se a liderança deve ser não-coercitiva (oposto de usar autoridade, recompensas e castigos para exercer influência sobre os seguidores) e se é distinta de gerenciamento (ROBBINS, 1998, p. 219). O desafio parece estar na busca do equilíbrio na forma de atuar em termos de liderança. Abordagens recentes sobre este assunto reforçam a necessidade de aprofundar conhecimentos, considerando a liderança como um relacionamento, uma reciprocidade entre seguidores e líderes. Sennett (1998) que apresentou trabalho 29 questionador sobre ética no mundo capitalista, pois sugeriu que se adotasse um conceito de “nova economia”, afirma que compreender o processo de liderança é crucial tendo em vista as transformações drásticas pelas quais vêm passando a administração e a vida nas organizações. Os novos contextos organizacionais tendem a cuidar da flexibilidade e da cooperação entre seus membros, enaltecendo, consequentemente, a figura do líder. No entanto, realocando as responsabilidades de chefe para algo mais próximo de coach (aconselhador). Assim, nas empresas estruturadas para o trabalho em equipe, onde as práticas internas são mais permeáveis às influencias externas, os líderes alçam sua importância, tornando-se estrategicamente indispensáveis. Desta forma, as responsabilidades que eram conferidas apenas ao cargo de supervisão são então divididas entre os componentes da equipe, o que denota uma nova forma de gerenciar pessoas (DAVEL, ROLLAND e TREMBLAY, 2000). Sendo assim, ter bom relacionamento e cuidar do caráter tende a facilitar a aceitação dos líderes pelos liderados. Bennis e Nanus (1988) realizaram pesquisa com 90 líderes de expressão e descobriram semelhanças em alguns pontos. Afirmaram que os líderes de sucesso têm sabedoria emocional, que demonstram a partir de cinco habilidades primordiais: 1) a capacidade de aceitar as pessoas como elas são, e não como gostariam que fossem; 2) a capacidade de abordar relacionamentos e problemas em termos do presente e não do passado; 3) a capacidade de tratar os que estão próximos com a mesma atenção cordial que concede a estranhos e pessoas que conhece casualmente; 4) a capacidade de confiar nos outros, mesmo quando o risco parece grande e, 5) a capacidade de agir sem a aprovação e o reconhecimento constante dos outros. Os valores pessoais e morais aparecem quando se constrói a imagem do líder ideal. Ser honesto, antecipar-se aos acontecimentos, ser inspirador e competente são as quatro características que mais se destacam nos líderes admirados, isso de acordo com pesquisa feita por Kouzes e Posner (1997). Sendo que o líder na função de executivo deveria: gostar de aprender, ser ético, estar disponível, ser determinado, cheio de energia, ser confiável, sensato, humilde, intenso e agradável (CROSBY, 1991). Os líderes têm o poder de influenciar os resultados das organizações, já que sua atuação é importante na formação de novas competências e obtenção de 30 resultados em processos competitivos, como os que estão presentes na atualidade. O desejo de obter melhores resultados, seja em organizações comerciais ou não, parece ser a verdadeira mola propulsora para a diversidade de estudos sobre liderança. Por isso, a busca por um estilo adequado de gestão é constante. Estilo de gestão pode-se ser entendido como: [...] a maneira ou caráter especial de um gerente exprimir os pensamentos, modo de proceder em qualquer situação de trabalho e que seja capaz de promover a manutenção e desenvolvimento de empresas em ambientes de negócios globalizados. Cargos do conhecimento são postos de trabalho não tradicionais nos quais as pessoas precisam demonstrar capacidade de aplicar uma informação em trabalho ou resultado específico, por meio do seu cérebro (GRZYBOVSKI; BOSCARIN E MIGOTT, 2002, p. 186). Muitos fatores revelam diferenças e semelhanças no estilo de liderar, contudo, quando se trata das formas de agir de grupos de líderes, encontram-se algumas tendências. Bergamini (1994) realizou pesquisa no ano de 1979 no Brasil, aplicando o questionário americano LIFO (Life Orientation)3, cujo estudo visou descobrir quatro principais orientações dos líderes em relação aos seus liderados: se dá e apoia, toma e controla, mantém e conserva ou adapta e negocia. Nesta pesquisa ficou comprovado que os dois estilos que mais predominavam no país eram: dá e apoia e, em segundo lugar, toma e controla. Estes resultados mostraram a presença de uma tendência nitidamente paternalista entre os líderes brasileiros da época. Tal tendência pode não ter mudado, haja vista que o estudo feito por Hersey e Campbell (2005), apresentado durante o seminário “Integração Liderança Situacional” realizado em São Paulo, revelou que, no Brasil, grande parte dos líderes acredita que precisa utilizar um estilo de liderança com elevado nível de determinações e orientações para que os liderados produzam resultados com eficácia. A boa notícia anunciada pelos estudiosos foi que os liderados se mostraram com um bom nível de prontidão – conceito que reúne a capacidade, confiança, disponibilidade, disposição, compromisso e motivação - para executar tarefas. Behrens (2010) confirma que as características dos brasileiros influenciam na forma de liderar, e cita que as características da cultura brasileira acabam por dar maior crédito ao estilo de liderança mais próximo da realidade do liderado. Assim, 3 O questionário LIFO (Life Orientation) foi criado nos EUA por Dr. Allan Katcher e Dr. Stuart Atkins de Los Angeles, Califórnia. Abrange quatro estilos básicos de liderança assim denominados: dá e apóia, toma e controla, mantém e conserva e adapta e negocia. 31 um estilo mais amigo teria tendência de ser mais aceito. Seus estudos revelam que os brasileiros são adeptos ao estilo de liderança paternalista, que relaciona a ação do gestor com compreensão, protecionismo e amizade. Considerando estas conclusões, entende-se que as chances de que as lideranças das empresas, especialmente as localizadas em cidades interioranas, ainda não tenham assimilado as novas diretrizes para gestão de pessoas, é grande, especialmente, pelo fato do país estar em pleno processo de desenvolvimento, tanto econômico como social. Situação que se amplia defronte as conhecidas resistências às mudanças, que são mais intensas em localidades apegadas às tradições, algo comum de se encontrar em cidades de menor porte. Contudo, problemas relacionados à liderança podem existir em qualquer organização, estejam elas onde estiverem tendo em vista a complexidade do papel do líder. Bergamini (1982) confirma a dificuldade de se liderar em qualquer instância: A falta de habilidade em liderar verdadeira e naturalmente o pessoal que preenchia posições inferiores tem chegado a determinar sérios problemas, tais como sabotagens quantitativa e qualitativa da produção, representativa dificuldade de comunicação entre as pessoas, boatos nocivos, resistências passivas, falta absoluta de iniciativa e assim por diante. Tudo isso tem gerado um ambiente bem difícil, onde a convivência humana se tem feito dentro de uma falta de conforto às vezes até absoluta para aqueles que passam a maior parte de suas vidas dentro do contexto de trabalho (BERGAMINI, 1982, p. 99). Por vezes, os liderados esperam que seu líder lhes apresente um futuro bom. Kouzes e Posner (1997, p. 32), ao resumir o pensamento dos liderados em relação aos líderes, afirmam que “queremos que sejam críveis e que tenham um senso de direção. Os líderes devem ser capazes de se colocar à nossa frente e exprimir de modo confiante uma imagem atraente do futuro – e nós devemos ser capazes de acreditar na capacidade deles para nos conduzir até lá”. A afirmação sobre o líder ideal tem suas limitações, já que, mesmo dentro de uma única instituição, circunstâncias diferentes requerem diferentes qualidades de liderança. Tal fato é bastante fácil de se entender e aceitar quando se estabelecem comparações entre excelentes líderes industriais em diversos períodos históricos, tendo em seu entorno situações díspares. Assim, os requisitos de liderança em uma empresa jovem, que ainda luta para se afirmar, por exemplo, são completamente diferentes daqueles exigidos por uma grande firma já tradicionalmente estabelecida (BERGAMINI, 1982). 32 Mesmo numa empresa individual, funções diversas (vendas, finanças, produção, compras, controle de estoques, relacionamento com clientes) exigem conhecimentos e técnicas diversas de liderança. Os administradores às vezes são bem sucedidos numa função, mas, podem não sê-los em outra. O mesmo se aplica à liderança de níveis organizacionais diferentes, pois os chefes de seção capazes podem não darem bons presidentes (ou vice-versa). No entanto, cada um deles poderá ser um líder eficiente na função que estiver no momento (BERGAMINI, 1982). É temerário afirmar que o líder nasça feito ou que se possa formá-lo. Bergamini (1982) explica que não há regras tão gerais dentro desse campo e que cada caso é um caso particular. São muitas as variáveis, não somente individuais, como também ambientais, que afetam a liderança e devem ser avaliadas na sua totalidade. A autora crê que a pesquisa moderna destruiu o mito do “líder nato” e asseverou a possibilidade de se fazer de uma pessoa comum, um líder. Bergamini (1982) afirma ainda que características de liderança consideradas essenciais, em última análise, não diferenciam o líder capaz dos outros incapazes. Algumas delas, tais como: integridade, ambição e decisão, podem ser encontradas não apenas no líder, mas em outro membro eficiente de uma organização. A autora afirma que, “portanto, jamais se logrará, em poucas palavras ou de maneira superficial, esgotar o assunto de maneira que se respondam todas as perguntas que se pode fazer a esse respeito” (BERGAMINI, 1982, p. 95). Desta forma, por mais que este ou outros estudos tentem abarcar tudo o que se estudou e foi escrito sobre o tema liderança; cujas tentativas de estudos Robbins (1998, p. 219) identificou como “o caminho através dessa floresta”; certamente ainda assim será incompleto. 2.2 A Tipologia da Liderança Antes da década de 40, o bom líder deveria necessariamente possuir traços tais como justiça de julgamento, integridade de conduta e energia pessoal. Isso permite concluir que tal abordagem pretendia sugerir que, para bem exercer o papel da liderança, a pessoa deveria preencher certos requisitos como sendo um padrão ideal. Na medida em que se aproximassem dessas virtudes, certamente teriam um melhor desempenho como comandantes de um grupo. No entanto, com o passar do 33 tempo tais traços foram mostrando-se insuficientes para suprir todas as possíveis dimensões do papel de chefia frente às mais variadas situações em que é necessária ação do líder (BERGAMINI, 1982). Robbins (1998) concorda que é preciso flexibilidade da parte do líder: Em geral, houve um sucesso modesto na identificação das relações consistentes entre padrões de comportamento de liderança e desempenho do grupo. O que parece estar faltando é consideração dos fatores situacionais que influenciam o sucesso ou o fracasso. Por exemplo, Robert Crandall e Herb Kelleher foram líderes eficazes de companhias de aviação, mas seus estilos são quase que diametralmente opostos. Como pode ser? A resposta é que a American e Southwest são empresas muito diferentes, operando em mercados diferentes, com forças de trabalho muito diferentes [...] Situações mudam e estilos de liderança precisam mudar com elas (ROBBINS, 1998, p. 222) Handy (1978) afirma que a questão da necessidade de adaptação do líder está suportada por uma cultura democrática: Até certo ponto, a degradação da teoria das características em favor da teoria do estilo ou da contingência pode ser uma função de uma cultura democrática, pois o pressuposto implícito por detrás dessas últimas teorias é o de que qualquer pessoa pode ser um líder eficiente, desde que se comporte de maneira correta ou pelo menos de maneira apropriada à situação, ao passo que as teorias das características pareciam implicar um corpo de elite de funcionários com talento administrativo, os quais haviam herdado ou adquirido as características necessárias (HANDY, 1978, p. 103). Bergamini (1982) afirma que o comportamento dos liderados corresponde àquilo que os líderes acreditam como o correto, ou seja, procuram se adaptar ao que os líderes esperam deles. Desta forma, o “jogo do papel da liderança parece estar muito ligado às expectativas dos subordinados e à habilidade do líder em perceber corretamente aquilo que é esperado dele” (BERGAMINI, 1982, p. 103). É por isso que não se deve falar em único tipo de papel comportamental de liderança tendo em vista a imensa variedade de grupos sociais que guardam as mais diferentes expectativas com relação a seus líderes. Além do fato do grupo passar por várias fases durante um período. A cada variação o grupo pode permanecer ou substituir seu líder, ou se lhe é tirado um e colocado outro (BERGAMINI, 1982). Apesar de parecer uma missão inalcançável, Spector (2002) explica que existem estudos que buscam descobrir o líder ideal os quais defendem que um líder bom em uma situação o será em outra. E o que confirmaria tal tese seriam as histórias de grandes líderes como: Alexandre – O Grande, Winston Churchill, Martin Luther King e George Washington. 34 Diversos estudos têm usado medidas diferentes para as características pessoais e de desempenho dos líderes. Estuda-se inclusive, a formação do líder, tentando-se prever quem poderá ser um futuro líder no grupo. Para Spector (2002) as pesquisas ainda causam dúvidas, seja pela parcialidade ou variabilidade dos resultados, seja pela não comprovação dos métodos. Bergamini (1982) não acredita existir um quadro básico de conhecimentos peculiares a todos os líderes. Tendo em vista que as características da personalidade são essenciais, mas, diferem consideravelmente conforme as circunstâncias. A autora crê que àquelas necessárias a uma liderança política bem sucedida são diferentes das que se aplicam à administração industrial, liderança militar ou educacional. Isso explica porque os líderes transferidos de um tipo de instituição social para outra frequentemente se expõem ao insucesso. Bergamini (1982) cita Kolb (1976)4, o qual sublinha a confusão causada pela quantidade de definições de estilos de liderança e os riscos que isso traz para a organização: Há muito que necessitamos de um sistema melhor para analisar os estilos de liderança. Os estilos ‘ou/ou’ são caracterizados pelas várias maneiras, tais como autocrático/democrático, ou autoritário/participativo, ou centrado na produção/centrado nas pessoas e mesmo como teoria X/teoria Y. Estes rótulos são considerados inadequados e confusos. A ênfase em termos que representam extremos tem colocado muitos gerentes em posição de optar por aceitar uma ou outra alternativa. Este fato fez com que os pesquisadores assumissem a posição de provar os benefícios de um sistema com relação a outro. Isto levou muitos professores de teoria organizacional a superenfatizarem o lado das relações humanas, e seus esforços foram classificados como de liderança ‘fraca’ por muitos gerentes (KOLB, 1976, p. XII, apud BERGAMINI, 1982, p. 104). Bergamini (1982) entende que tal dificuldade em classificar e avaliar estilos de liderança talvez esteja ligado ao fato do homem não ser tão simples de ser estudado, e de ser colocado num contínuo que vai do menos para o mais. Esta mesma dificuldade deve ser a impulsionadora dos estudos que geram a criação de tantas teorias. Isso talvez justifique o que afirmou Robbins (1998, p. 230): “o tópico da liderança não sofre de falta de teorias”. Isso explica porque quase todos os programas ou teses que foram criados sobre liderança, tiveram como principal objetivo diagnosticar o estilo comportamental 4 KOLB, H. D. Prefácio do livro do Grid gerencial de Blake e Mouton. São Paulo, Pioneira, 1976. p. XII. 35 do líder contribuindo para que ele mesmo pudesse planejar uma estratégia comportamental, que fosse mais confortável frente ao seu estilo de liderança, mais produtiva para a organização onde está inserido e com foco na melhor utilização do seu potencial. Talvez não se pretenda que sigam um perfil ideal, mas que cada pessoa interessada no assunto tenha a possibilidade de atingir sua eficácia encontrando-se dentro destas inúmeras possibilidades de estudo (BERGAMINI, 1982). Quando se trata de apoiar o desempenho da organização sobre a atuação da liderança, Bergamini (1982) é contundente ao afirmar que: Não há dúvida de que o sucesso das organizações ao enfrentarem crises e conseguirem sua perpetuação através dos tempos repousa fortemente também na competência dos que dirigem em lidar com seus dirigidos, ou melhor, na melhora permanente da competência interpessoal dos seus líderes (BERGAMINI, 1982, p. 107) Tal afirmação reforça a necessidade de manter o corpo de líderes da organização sintonizados com as melhores práticas em termos de liderança. Contudo, o estudo da tipologia da liderança leva a concluir que, quando se trata de líderes e liderança, não é possível se afirmar que se trata de estilos, características, tipos, traços, comportamentos, variáveis, gêneros, qualidades ou outros. Pois a cada estudo o autor procura dar ênfase a certa questão que envolva o assunto. É certo que a variedade de opiniões é positiva e engrandece a discussão. Neste trabalho; que está longe de contemplar todos os estudos sobre liderança e que objetiva contribuir com seu entendimento; optou-se pelo uso do termo “características da liderança”, especialmente nas pesquisas de campo. Desta forma, buscou-se encontrar nos líderes características relacionadas à forma de conduzir sua equipe e de tomar decisões, baseadas nos autores e nas teorias aqui citadas. As características da liderança pesquisadas foram: autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas; comparando-as com a percepção dos seus liderados quanto à Qualidade de Vida no Trabalho, buscando-se descobrir relações entre estas variáveis. Tal como mencionado, apesar de muitas opções, escolheu-se estudar as tradicionais características autocráticas, democráticas e liberais por serem amplamente conhecidas e ainda utilizadas na formação de administradores; as focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas, por serem apresentadas como características 36 antagônicas; e por fim, as carismáticas, pelo carisma ser uma característica valorizada para os líderes, o que despertou o interesse em descobrir sua relevância no ambiente de trabalho. 2.3 Liderança Autocrática, Democrática e Liberal Em 1939, os pesquisadores Kurt Lewin, Ronald Lippitt e Ralph White da Universidade de Iowa, publicaram os estudos que realizaram por durante oito meses com seis grupos de crianças de 10 anos. Estes grupos estiveram sob a supervisão de três líderes adultos, um com estilo autocrático, outro democrático e outro observador, que procurava não interferir nas atividades das crianças, representando então o líder com perfil laissez-faire (o que deixa livre para fazer). Estes adultos participantes do estudo alternavam-se entre os grupos de crianças a cada seis semanas. Tais estudos buscaram comprovar o impacto causado pelos estilos diferentes de liderança e os climas sociais resultantes. Desta forma, não somente pela ação dos líderes adultos, mas, principalmente pela forma com que atuaram as crianças com perfis de liderança diferentes, Lewin e seu grupo comprovaram: (a) a existência destes três tipos de líderes: Autocrático, Democrático e Liberal e (b) sua forma de agir têm influência sobre o comportamento do grupo, especialmente, quanto à agressividade, hostilidade e apatia que se fizeram presentes nos grupos supervisionados pelos líderes autocráticos. Os autores explicaram que, estas reações nem sempre ficaram em evidência durante a supervisão do líder autocrático, e por vezes ocorria depois, quando este líder já não estava à frente do grupo. Lewin et al (1939, p. 298) comprovaram este fato nas experiências e relataram que “as explosões de agressividade aconteciam nos dias de transição para uma atmosfera mais livre” e que havia “um aumento acentuado de agressão quando o autocrata saía da sala” (tradução nossa). Neste caso, ficou evidente que o medo da reação do líder autocrático inibia a manifestação de insatisfações com sua forma de liderar. Portanto, comportamentos negativos do grupo liderado por um líder autocrático podem recair sobre outro líder que comandar o grupo na sequencia, que pode não ser autocrático, mas, pode colher os maus resultados das ações de seu antecessor. 37 A impressão que se tem de que o líder democrático é mais aceito pelo grupo de liderados foi comprovada nesta pesquisa, ao citarem o “fato de que 19 de 20 meninos gostaram mais de seu líder democrático do que de seu líder autocrático”. Mas, o líder liberal também foi bem avaliado pelos jovens, sendo que “07 de 10 meninos também gostaram do seu líder liberal” (LEWIN et al, 1939, p. 298-299) (tradução nossa). Estas experiências foram pioneiras para o estudo do conhecimento da influência dos diferentes estilos de liderança no comportamento emocional e desenvolvimento dos grupos, suas repercussões perpassaram o tempo e continuam sendo citadas até os dias atuais. Mesmo porque, a detecção destas características nos líderes nas organizações é de fácil percepção. O Quadro 2 apresenta os três estilos de liderança abordados nestes estudos: QUADRO 2: Estilos de Liderança baseados em personalidade AUTORITÁRIO O líder determina as tarefas. DEMOCRÁTICO LIBERAL Os membros são livres para trabalhar, O líder não participa da atribuição podem escolher e a divisão das de tarefas. tarefas é deixada ao grupo. As execuções das atividades são A atividade é discutida. Os passos Subsídios são oferecidos pelo líder, ditadas pela autoridade, uma de gerais para as metas do grupo são que deixa claro que ele fornecerá cada vez, de modo que futuros esquematizados e, quando o informações quando solicitadas. passos ficam, em grande parte, aconselhamento técnico é necessário, Fora isso, o líder não toma parte na incertos. o líder sugere dois ou mais discussão. procedimentos alternativos, entre os quais o grupo pode escolher. O líder determina as tarefas Os membros têm liberdade de Completa ausência do líder nas específicas e quem as executará escolher com quem trabalhar e, a decisões. em cada grupo. divisão das tarefas, cabe ao grupo decidir. Pessoal nos elogios e críticas do O líder é "objetivo" ou "orientado aos Evita fazer comentários sobre as trabalho de cada um, contudo, fatos" em seus elogios e críticas. atividades dos membros, a não ser permanece distante da participação Participa ativa. do trabalho atenção geral ao grupo. mantendo quando interrogado. Não toma a iniciativa para interfere no avaliá-los. Não curso dos acontecimentos. Fonte: Adaptado de Lewin, Lippitt e White, 1939, p. 273 (tradução nossa). Percebe-se que os três estilos apresentados por Lewin et al (1939) possuem características positivas e negativas. Se de um lado o Autocrático é muito 38 controlador, de outro, tem como positivo o fato de ser um firme tomador de decisões. Se o Democrático é admirado por consultar seus pares, por outro lado, pode demorar a decidir e tornar-se impreciso em momentos cruciais. Já o Liberal crê no grupo, e isso o valoriza perante seus liderados, no entanto, sua ausência excessiva dos acontecimentos pode gerar conflitos pela falta de um correto direcionamento. Os estudos de Minicucci (1995), baseados em Lewin e seus colegas, apresentam quatro tipos de ambiente de grupo. Estrutura Autocrática: No ambiente autocrático, o líder, designado para a chefia do grupo por alguma autoridade, atua como dirigente e toma as decisões em nome do grupo. Não permite ao grupo participação alguma nas decisões. O líder autoritário determina os programas do grupo, faz os planos mais importantes, só ele conhece a sequencia de passos futuros nas atividades do grupo, só ele dita as atividades dos membros e o padrão de inter-relações entre estes. É o encarregado de prêmios e castigos (MINICUCCI, 1995). Verifica-se este tipo de organização entre os militares, o industrial que afetuosamente fala de sua “família empresarial”, o diretor do colégio que destaca o “ambiente familiar” de sua instituição. Aparece também quando qualquer pessoa tem ampla experiência, bem maior que a de seus liderados. Comum em nosso país, por subestimar os liderados, produzindo assim liderados imaturos e inseguros. Como desde crianças são impedidos de escolher em vista da constante subordinação, quando homens formados, perdem a força de liderar as suas próprias vidas (MINICUCCI, 1995). Estrutura Paternalista: É um tipo de liderança autocrática, muito comum em governos, empresas e religião. O líder é amável, paternal, cordial ante as necessidades do seu “rebanho”, mas sente que deve tomar as decisões mais importantes em nome do grupo e pelo bem do grupo. Esse tipo de liderança evita discórdias e produz uma ação de grupo feliz e efetiva. Defeitos desse tipo de liderança são o crescimento e desenvolvimento apenas dos líderes, que têm oportunidades de tomar decisões, cometer erros e aprender com a própria experiência (MINICUCCI, 1995). Esse tipo de líder teme entregar seu cargo a outra pessoa porque nunca está seguro de que outro líder conduzirá seu grupo com tanta dedicação, eficiência e proteção como ele. É muito trabalhador, exclusivista e perfeccionista. Em discussões 39 é comum ver esse tipo de líder dando conselhos paternais e expressando opiniões “de peso” e “palavras finais”, decisivas e importantes. Conta com o respeito e estima do grupo e é considerado o “pai”. A liderança paternalista implica que “as cabeças mais velhas são as mais sábias” (MINICUCCI, 1995, p. 294). Estrutura Permissiva (Laissez-Faire): Advém de uma sociedade em transição. No meio da insegurança de uma democracia em processo de evolução, acredita-se que a melhor forma de dirigir é não dirigir, deixando que os indivíduos maduros tenham uma completa liberdade, sem guia, sem controle ou ajuda. Nesta situação, a vida do grupo, dentro desta forma de trabalho incontrolada, conduz frequentemente a experiências insatisfatórias (MINICUCCI, 1995). A insatisfação deriva do fato de haver predominância da característica individualista na cultura moderna, pois os membros do grupo raramente aprendem habilidades de socialização, tolerância às diferenças individuais e interesse pelo bem comum, habilidades indispensáveis para uma ação efetiva de grupo (MINICUCCI, 1995). Liderança Participativa ou Democrática: No grupo que atua por participação, os membros trabalham em conjunto e dão importância ao crescimento e ao desenvolvimento de todos os seus membros. Não exclusividade de um líder, tendo em vista que a liderança está distribuída. Assim, o grupo trabalha seguindo o princípio do consenso e busca constante participação de todos em busca dos objetivos, o que gera um elevado grau de relações interpessoais, preferencialmente, agradáveis para uma sólida base da resolução de problemas (MINICUCCI, 1995). Minicucci (1995) explica que pode existir em algum lugar ou momento, resistência à liderança democrática. Por exemplo, um grupo de estudantes que resista a assumir uma posição mais ativa no aprendizado, preferindo ser liderados pelo professor. Por isso o comportamento democrático na liderança pode demandar um processo de aprendizagem e desenvolvimento do grupo. Minicucci (1995, p. 296) afirma ainda que “existem provas que, quando estão numa situação social ambígua e difícil, ou há uma situação de tensão instalada, as pessoas tendem a aceitar mais favoravelmente a liderança autoritária [...] uma situação de tensão pode mudar o estilo da liderança”. 40 Uris (1972) recomenda variação na forma de liderar. E afirma que é preciso conhecer o perfil do liderado e, de acordo com o perfil de cada um, exercer o estilo de liderança mais adequado. Assim propôs: • Autocrático com: pessoa hostil, que tem necessidade de defrontar-se com demonstrações de autoridade; pessoa dependente, que se mostra insegura, passa a ter confiança com ordens firmes. • Democrático: pessoa que colabora, este não precisa de controle; pessoa que se adapta aos grupos com facilidade e rende mais se chefiado por um líder democrático. • Método livre: o individualista, melhor deixá-lo agir da maneira que preferir, ao menos que cause mal-estar no grupo; o retraído da sociedade, pela aversão a contatos sociais pode nutrir hostilidade e trabalha melhor sozinho (URIS, 1972). Uris (1972) indica também que é preciso ofertar tratamento diferente diante da idade, sexo e forma de trabalhar do liderado. Suas recomendações são: • Idade: Ao se tratar de pessoa madura, o método livre funciona melhor, ao passo que para uma pessoa jovem seria melhor o método autocrático. • Sexo: As exibicionistas do sexo feminino preferem geralmente o método autocrático, ao passo que o democrático estaria bem para as outras. • Prática: Quanto mais o subordinado estiver familiarizado com o trabalho, mais o líder se sentirá inclinado a substituir o método autocrático pelo democrático (URIS, 1972). Assim, de acordo com Uris (1972), os três estilos de liderança de Lewin et al (1939) permitem boa variabilidade e maneiras diferentes de aplicação. O fato é que os três estilos de liderança – autocrático, democrático e liberal citados por Lewin et al (1939) foram bem assimilados, tanto que, apesar dos estudos terem sido feitos com grupos de crianças de 10 anos e há mais de 70 anos, as descobertas transformaram-se em conceitos amplamente aplicados nas organizações e continuam sendo objetos de estudos de muitos pesquisadores. Pela facilidade de entendimento, grande aceitabilidade, e uso contínuo de seus conceitos, estas características da liderança foram escolhidas como objetos deste estudo e fazem parte do questionário que investiga as características dos líderes das organizações locais. 41 2.4 Liderança Focada em Metas e Tarefas, Pessoas ou Situações Fiedler (1967, p. 261)5 citado por Leitão (1999) incluiu em suas reflexões as questões situacionais às quais os líderes estão submetidos. E afirmou que o desempenho da liderança depende tanto da organização quanto ela depende dos atributos do próprio líder. Tendo como base a capacidade de realizar do líder, entendeu que fosse pouco valioso falar-se de um líder eficaz ou de líder ineficaz; podendo encarar um líder que tende à eficiência numa situação particular e à ineficiência em outra. E assim, para aumentar a eficácia organizacional e grupal, seria preciso aprender não apenas a desenvolver líderes eficazes, mas aprender a construir um ambiente organizacional no qual o líder pudesse desempenhar-se na totalidade. Desta forma, cada vez mais a orientação futura da teoria organizacional será a de desenfatizar a importância do indivíduo isolado como o único fator determinante do sucesso pela liderança dos grupos. “Pouco a pouco alguns fatores, tais como tipo de estrutura da empresa, sistemas de planejamento e controle, clima organizacional, canais de comunicação e muitos outros, também compõem o quadro facilitador ou impeditivo da eficácia dos líderes” (BERGAMINI, 1982, p. 107). Nos primórdios dos estudos sobre a liderança focada em situações encontrase o Modelo Continuum idealizado pelos professores Tannembaum e Schmidt (1958), cujos estudos já davam base para as interpretações dos estilos de liderança que se apresentavam. Assim, as formas de liderar estariam também conectadas ao comportamento do grupo liderado, sendo que o processo de comando estaria centralizado tanto nos subordinados quanto na chefia. Se o foco estivesse na chefia, haveria ali uma liderança mais autocrática, já quando se voltava para os subordinados, esta seria essencialmente democrática. Foram os estudos feitos por Lewin, Lippitt e White (1939) que inspiraram Tannembaum e Schmidt (1958) a desenvolverem o Modelo Continuum. Ao aplicar o modelo aos estágios em que se encontram as lideranças perante a relação com seus liderados, seria possível detectar se estas estavam sendo mais autocráticas ou mais democráticas. A Figura 2 apresenta estes estudos. 5 FIEDLER, F. E. A theory of leadership effectiveness. New York, McGraw-Hill, 1967. p. 7-8. 42 FIGURA 2: Modelo Continuum de Tannenbaum e Schmidt Fonte: Adaptado de Tannenbaum e Schmidt, 1958, p. 164 Vê-se que o modelo de Tannenbaum e Schmidt (1958) destaca uma evolução da relação com seus subordinados, partindo de uma posição de liderança mais solitária e absoluta evoluindo para uma liderança que confia mais em seu grupo. Kollorz (1987) explica o Modelo Continuum de Tannenbaum e Schmidt e suas sete etapas, onde inclui o modelo de alternativa para o comportamento da liderança de acordo com os critérios de capacitação dos funcionários ou a participação em situações de tomada de decisão. Assim os dois extremos na forma de liderar, autocrática ou democrática, passariam pelas setes fases de acordo com Kollorz (1987), cujos conceitos estão apresentados no Quadro 3: 43 QUADRO 3: Sete etapas da liderança de Tannenbaum e Schmidt Neste caso, o gerente considera um problema, escolhe uma solução e aplica-a junto aos empregados. Assim, para o empregado, não há oportunidade para participação. O gerente lida com o problema e se preocupa com a solução, mas além Patriarcal disso, ele tenta convencer o funcionário de que sua escolha é a melhor solução. Aqui, o gerente também chega a uma decisão, mas antes de adotá-la, ele Assessoria explica-a ao empregado em detalhes e o convida a fazer perguntas. Nesta etapa, o gestor pensa um pouco mais para tomar a decisão final. Antes, ele apresenta sua proposta de solução provisória para o empregado Consultivo e pede-lhe opinão sobre o que pensa sobre a ideia. Neste caso, logo na primeira vez, o gerente não prepararia nenhuma solução. Antes porém, ele apresenta a situação ao seu empregado e pedeParticipativo lhe ideias. Depois de selecionar algumas propostas, aí sim o gerente toma a decisão. Neste ponto da liderança, o empregado teria permissão para tomar uma decisão sobre seu próprio trabalho, mas, apenas dentro de um determinado Delegar quadro, de uma determinada situação. Assim, antes de implantar o processo de trabalho delegando decisões, o gerente definiria quais seriam as limitações do empregado. Nesta etapa, o gerente envolveria mais de uma pessoa no processo de Democrática decisão e na coordenação do trabalho. Fazendo com que o empregado tornasse mais autonomo em suas tarefas. Fonte: Adaptado de Tannenbaum, Schmidt, 1958, apud Kollorz, 1987, p. 4-5. Autoritária Certamente, para passar da fase autoritária até a democrática, seria preciso ouvir e conhecer as pessoas, bem como, desenvolve-las. Hampton (1990) explica que a consideração com as pessoas faz parte das relações humanas no trabalho e que existem líderes especializados nesta questão: Os tipos de funções que líderes altamente orientados para pessoas desempenhavam eram ouvir membros do grupo, ser amigáveis e acessíveis, ajudar os subordinados com problemas pessoais e ser responsáveis pelo grupo. A essência do estilo deste líder é a sensibilidade para subordinar pessoas. O estilo orientado para as pessoas tem sido diversamente descrito como um estilo que enfatiza a consideração, mostra preocupação pelas pessoas, é orientado para a relação, para o empregado ou para a pessoa (HAMPTON, 1990, p, 214). Mas que, por outro lado, há líderes que optam por focar tempo e energia nas tarefas a serem feitas por parte do grupo, e que isso é importante, mas demanda equilíbrio da parte do líder: Os tipos de atividades que líderes altamente orientados para a tarefa deviam desempenhar eram caracterizar a designação de tarefas para o grupo. Explicar os procedimentos a seguir no trabalho, enfatizar a necessidade de se cumprir os prazos finais, acentuar a vitória da competição ou desempenho passado e deixar todos saberem exatamente o que se quer saber. A essência do estilo deste líder é uma preocupação excessiva com a tarefa em si mesma (HAMPTON, 1990, p. 212). 44 Spector (2002) cita importante estudo sobre o comportamento do líder feito pela Ohio State Leadership Studies, iniciado em 1945, divulgado por Stogdill (1963)6. Nesta pesquisa foram coletados cerca de 1800 incidentes críticos que representaram exemplos muito bons ou ruins do comportamento da supervisão. Com base nestes incidentes críticos desenvolveram um questionário com 150 itens que focavam o comportamento do líder. Após análises dos resultados, decidiu-se que estes 150 itens poderiam ser reduzidos a um número menor de dimensões principais de liderança. Estas dimensões da liderança foram tratadas como consideração e estrutura de iniciação. Consideração é a preocupação que os supervisores mostram com a felicidade e o bem-estar de seus subordinados. Ela inclui um comportamento amigável e gentil, que torna o ambiente de trabalho agradável aos subordinados. A estrutura de iniciação é a medida com que o supervisor define seu próprio papel e deixa claro o que se espera dos subordinados. Isso inclui atribuir tarefas e programar o trabalho (SPECTOR, 2002, p. 337). Uma das principais contribuições deste estudo, segundo Spector (2002), foi o questionário de descrição do comportamento do líder. Este autor reproduziu oito escalas deste questionário com base na consideração e na estrutura de iniciação apresentadas no Quadro 4: QUADRO 4: Oito itens das escalas da consideração e estrutura de iniciação no questionário de descrição do comportamento do líder Itens de consideração Ele é amigável e acessível Ele faz pequenas coisas para que a participação no grupo seja agradável Ele coloca em prática sugestões feitas pelo grupo Ele trata todos os membros do grupo como iguais Itens da estrutura de iniciação Ele deixa que o grupo saiba o que é esperado dele Ele encoraja a utilização de procedimentos uniformes Ele experimenta suas ideias no grupo Ele deixa suas atitudes claras para o grupo Fonte: Stogdill, 1963 apud Spector, 2002, p. 337 6 STOGDILL, R. M. (1963). Manual for the Leader Behavior Description Questionnaire – Form XII. Columbus: Universidade do Estado de Ohio. 45 Ao avaliar este estudo conclui-se que, ser atencioso aos liderados e ao mesmo tempo ser claro na transmissão das orientações ao grupo, são questões que merecem atenção do líder. Ainda na linha da liderança que está em acordo com a situação que se apresenta, na década de 60 surge o estudo de Robert R. Blake e Jane Srygley Mouton (1964)7, citados por muitos autores, entre eles, Wagner III e Hollenbeck (1999) e Robbins (2002). Os autores apresentaram esta teoria numa forma de grade, onde as situações de gerenciamento aplicada junto ao corpo de liderados se encaixariam em alguns tipos característicos. Chamaram esta figura de Grid Gerencial ou Grade Gerencial, podendo ser encontrada também como Grid da Liderança ou Grade da Liderança. Segundo Robbins (2002), para desenvolver o Grid Gerencial, Blake e Mouton (1964) basearam-se nos estilos de liderança “preocupados com as pessoas” ou os “preocupados com a produção”, colocando estes dois estilos em situações opostas. De acordo com a forma de gerenciar de cada líder, foram categorizados e destacados cinco estilos mais comuns de liderar os grupos que se apresentam em nove posições diferentes dentro da grade. Estas nove posições possíveis ao longo de cada eixo criaram 81 posições diferentes, nas quais os estilos de liderança poderiam se encaixar. As cinco situações, ou estilos de gerenciar o grupo, destacadas na Figura 3, seriam o marco, o ápice de cada situação, resultantes da excessiva preocupação do líder, seja com as pessoas, seja com as tarefas. Em cada eixo do Grid, Blake e Mouton (1964) graduaram de 1 (um) a 9 (nove) pontos, onde o ponto 1 (um) revelava pouca preocupação e o ponto 9 (nove) revelava elevada preocupação com cada uma das variáveis – pessoas ou tarefas. A Figura 3 de autoria de Blake e Mouton (1964), citados por Robbins (2002), apresenta, alocados nos cantos e no centro da grade, os cinco estilos diferentes de liderança, ou, as cinco situações em que se encontram o estágio da liderança na organização. 7 Blake, R. R.; Mouton, J. S. The Managerial Grid,. Houston: Gulf, 1964. 46 Alto 9 Preocupação com as pessoas Gerência em equipe 7 6 5 4 5.5 3 Gerência moderada 2 Baixo 9.9 1.9 Gerência de Clube de Campo 8 1 1 Baixo 1.1 9.1 Gerência empobrecida Obediência-Autoridade 2 3 4 5 6 Preocupação com a produção 7 8 9 Alto FIGURA 3: O Grid Gerencial de Blake e Mounton Fonte: Blake; Mouton, 1964, adaptado por Robbins, 2002, p. 307. Esta figura criada pelos autores sintetiza a mensagem que buscaram passar, pois clarifica a ideia da existência de cinco tipos de gerência que trazem resultados diferentes ao grupo devido à sua forma de atuar. Wagner III e Hollenbeck (1999) e Robbins (2002) apresentam as conclusões sobre a teoria de Blake e Mounton presentes no Grid Gerencial, a começar pelo estilo de administração do tipo "gerência de clube de campo", alocado no canto superior esquerdo (1,9), o que representaria uma situação de liderança onde há uma cuidadosa atenção às necessidades de relacionamento das pessoas. O que, segundo os autores, produziria uma atmosfera amigável e um ritmo de trabalho confortável. O líder que se encaixasse neste estilo seria movido pelo desejo de aceitação e reconhecimento. Por isso, tenta criar uma atmosfera de cordialidade e amizade no ambiente. 47 Já no canto superior direito (9,9), estaria apresentada a administração democrática ou do tipo "gerência em equipes". Neste modelo o trabalho seria realizado por pessoas comprometidas. Seria algo como “todos no mesmo barco", produzindo assim um ambiente de relacionamento de confiança e respeito. O expressar o reconhecimento às outras pessoas e a divulgação das melhores contribuições individuais fariam parte deste estilo. O líder que se encaixa neste perfil, leva em consideração as necessidades organizacionais de produção e as necessidades das pessoas em vivenciar experiências de trabalho compensadoras e enriquecedoras (WAGNER III e HOLLENBECK, 1999; ROBBINS, 2002). Ao centro (5,5), estaria concentrada a administração moderada ou em “cima do muro”. Neste caso, o desempenho adequado da organização seria possível em vista do equilíbrio entre as necessidades de trabalho e a manutenção do moral das pessoas em nível satisfatório. O líder que se encaixa neste estilo, procura popularidade e convivência social satisfatória. Procura manter o bom relacionamento com as pessoas, sempre à procura de conquistar amigos (WAGNER III e HOLLENBECK, 1999; ROBBINS, 2002). Já no canto inferior esquerdo (1,1), estaria apresentada uma administração empobrecida, com predominância do menor esforço na realização do trabalho. Fazendo somente o necessário. A atuação deste líder se caracteriza, sobretudo, pelo esforço no nível necessário para se manter na empresa (WAGNER III e HOLLENBECK, 1999; ROBBINS, 2002). E por último, no canto direito (9,1), estaria representada a administração autoritária em que a eficiência das atividades repousa sobre o pilar da obediência, ou seja, os elementos humanos deveriam interferir o menos possível. Pelo medo do fracasso, a supervisão seria severa, visando cumprir o que foi estabelecido (WAGNER III e HOLLENBECK, 1999; ROBBINS, 2002). Wagner III e Hollenbeck (1999) e Robbins (2002) apresentam a conclusão de Blake e Mouton (1964) cujos autores confirmam que o estilo 9,9 de gerenciamento de equipe seria a melhor maneira de liderar e obter bons resultados. E foi por isso, que os criadores desta teoria desenvolveram programas de treinamento para levar os líderes nesta direção, o que agradou há muitos gerentes, uma vez que esta teoria apontava para dois conjuntos específicos de comportamentos – consideração e 48 estrutura iniciadora – fazendo com que os gerentes se empenhassem na melhoria do desempenho e das atitudes dos seus grupos de liderados. Há de se considerar, contudo, a situação e o momento pelo qual o grupo está passando. Existem teorias que estimulam a liderança focada na situação. Dentre elas destaca-se a teoria da Liderança Situacional, que estudou a relação entre a maturidade para a realização das tarefas e os estilos mais adequados, que devem ser adotados enquanto os liderados passam do estágio da imaturidade para o estágio de maturidade. Algo possível na visão de Hersey e Blanchard (1986), pois esta teoria suportou suas conclusões no comportamento e no perfil dos liderados. Apesar da maturidade do grupo ser um objetivo a ser atingido, deve-se considerar que isto não é algo que dependa apenas do empenho do líder, mas, em grande parte, dos seus próprios liderados. A linha de raciocínio da Liderança Situacional lembra os estudos de Tannembaum e Schmidt (1958). Nesta teoria Hersey e Blanchard (1986) citam quatro características principais na forma de liderar durante este processo de transformação, que são eles: “determinar”, “persuadir”, “compartilhar” e “delegar”. Tal mutação estaria ligada ao comportamento do grupo, sendo o primeiro nível (determinar), mais focado em tarefa, já o último (delegar), permeado pelo relacionamento amadurecido entre líder e seus liderados. Sendo assim, no comportamento de tarefa o líder deveria dirigir as pessoas dizendo-lhes o que fazer, quando, onde e como. Já no comportamento de relacionamento, o líder deveria empenhar-se em comunicar com seus subordinados, dando-lhes apoio e encorajamento. A Figura 4 representa a teoria defendia por Hersey e Blanchard (1986). 49 FIGURA 4: Liderança Situacional Fonte: Adaptado de Hersey, Blanchard, 1986, p. 189. Como constata-se na Figura 4, para Hersey e Blanchard (1986) existem quatro estágios de maturidade ou presteza do seguidor, cujos estágios influenciam a forma do líder dirigir o grupo, que são: (1º) M1 – as pessoas são incapazes e estão sem vontade ou inseguras demais para assumir a responsabilidade de fazerem alguma coisa; (2º) M2 – as pessoas são incapazes, mas, querem fazer as tarefas de trabalho que são necessárias; (3º) M3 – as pessoas são capazes, mas, não querem fazer o que o líder quer; (4º) M4 – as pessoas são capazes e estão com vontade de fazer o que é pedido a elas. São estes estágios de maturidade dos subordinados que demandam uma ou outra forma de agir por parte do líder (Determinar, Persuadir, Compartilhar ou Delegar) de acordo com os autores. Desta forma o comportamento para tarefa por parte do líder teria sentido inverso ao do preparo e comportamento do subordinado. Portanto, estando o grupo na situação apresentada na Figura 4 como E1 e M1 (tarefa alta, relacionamento baixo e maturidade dos subordinados baixa), seria exigida forte supervisão por parte 50 do líder. Já ao contrário, uma situação enquadrada nos moldes previstos em E4 e M4 (relacionamento baixo, tarefa baixa e maturidade dos subordinados em alta) demonstraria o bom preparo dos subordinados, o que permitiria ao líder maior confiança e, por consequência, poderia delegar atividades e decisões em acordo com o momento e a situação que se apresentasse (HERSEY e BLANCHARD; 1986). Galvão et al (1998) ao avaliarem os estudos de Hersey e Blanchard (1986) afirmam que não existe um único modo, ou um melhor modo, de influenciar as pessoas. E sim, que é preciso ser flexível na forma de comandar, mantendo-se sempre atento às situações pelas quais passam a equipe e a própria organização. Em outro estudo, Blanchard, Zigarmi e Zigarmi (1996) fazem uma analogia entre estilos de liderança (E) e níveis de desenvolvimento (D) dos subordinados, cujos estudos contribuíram para melhor compreensão da teoria da Liderança Situacional. As conclusões desta publicação são apresentadas no Quadro 5: QUADRO 5: Estilos de liderança apropriados para os vários níveis de desenvolvimento Nível de Desenvolvimento Estilo Apropriado de Liderança D1 E1 Baixa competência Comprometimento Alto Dirigir, estruturar, controlar e supervisionar D2 E1 Alguma competência Comprometimento Baixo D3 Treinar, dirigir e apoiar. E2 Alta competência Comprometimento Variável D4 Alta competência Comprometimento Alto Apoiar, elogiar, ouvir e facilitar E3 Delegar. Transferir responsabilidade pela tomada de decisões rotineiras Fonte: Blanchard, Zigarmi e Zigarmi, 1996, p. 59. Como é apresentado no Quadro 5 a competência e o grau de comprometimento do liderado demanda um estilo mais apropriado de liderar. Entende-se que uma liderança mais aderente às exigências atuais das organizações; cuja dinâmica não permite perda de tempo com processos 51 excessivamente burocráticos; apresenta-se na situação D4 (alta competência, comprometimento alto por parte de subordinados) e na E3 (delegar e transferir responsabilidade pela tomada de decisões rotineiras por parte do líder). Enquanto a situação apresentada em D1 e E1 se distancia da moderna gestão. Daí a necessidade de constantes investimentos por parte das organizações em melhoria da qualidade de seus líderes, para que estejam preparados para alterar suas abordagens sempre que for preciso. A gestão situacional, diz Minicucci (1995, p. 305), “tem haver com a capacidade de mudar a situação quando necessário, o que exige repertório variado de comportamento. Tal variedade de comportamentos é chamada de residência de estilo”. Assim, caso o líder use sempre o mesmo estilo, este teria um pequeno repertório de estilos, já os que usam outras técnicas, poderiam ser entendidos como possuidores de um grande repertório de estilos. A teoria do Caminho/Objetivo defendida por House e Mitchel (1974)8, citados por Spector (2002), leva em consideração a complexidade da relações no ambiente de trabalho. Esta teoria explica que o desempenho no trabalho por parte dos subordinados resulta da interação entre as características da situação e do subordinado, além do estilo do supervisor. A ideia básica, que fundamenta a teoria, é de que o supervisor pode aumentar a motivação e a satisfação dos subordinados, recompensando o bom desempenho e facilitando para que os subordinados concluam suas tarefas. Desta forma, os líderes poderiam adotar um dos quatro estilos de supervisão abaixo, cuja eficácia é determinada pelas características dos subordinados e da situação: • Estilo de apoio: Este estilo é parecido com o estilo de consideração dos estudos de Ohio State Leadership Studies. Ele envolve a preocupação com as necessidades e o bem-estar dos subordinados. • Estilo diretivo: Este estilo também é parecido com o estilo da estrutura de iniciação divulgado pelos estudos da Ohio State Leadership Studies. Ele envolve estruturar as tarefas de trabalho dos subordinados e mostrar a eles o que é esperado. 8 HOUSE, R. J.; MITCHELL, T. R. Patth-goal theory of leadership. Contemporany business, 3, 81-98, 1974. 52 • Estilo participativo: Envolve a participação dos subordinados e a permissão para que atuem na tomada de decisões. • Estilo de realização: Envolve a ênfase na realização e no bom desempenho. Inclui a definição de objetivos desafiadores e a ênfase em altos padrões de desempenho (HOUSE; MITCHEL, 1974 apud SPECTOR, 2002, p. 343). Spector (2002) afirma ainda que, para House e Mitchel (1974), estes estilos poderiam ser aplicados de forma variada, de acordo com a situação que se apresentasse: • Perante as tarefas aborrecidas, perigosas, estressantes ou entediantes, o estilo de apoio será o mais apropriado. Assim, os liderados teriam sua ansiedade diminuída e a auto-estima melhorada. • Quando as tarefas não fossem estruturadas e, além disso, os liderados forem inexperientes, um estilo diretivo será o mais apropriado porque os liderados não terão certeza sobre o que fazer. Um líder com este estilo aumentaria o esforço e a satisfação dos liderados ao dizer-lhes o que é esperado e o que eles devem fazer. Keller (1989)9 citado por Spector (2002) criticou em parte a teoria Caminho/Objetivo de House e Mitchell (1974), pois, para ele seria um erro assumir que todos os funcionários achariam falta de estrutura desagradável. Para o autor, o esclarecimento ao subordinado sobre o porquê da pouca estrutura seria um grande passo para amenizar conflitos e motivar subordinados. Sobre adequação dos líderes às situações e também sobre a forma com que agem diante das demandas das organizações e das pessoas, Day e Schoemaker (2008) afirmam que os líderes precisam estar atentos às oportunidades e possibilidades de ação. O que os obrigaria a estar por dentro dos acontecimentos, sendo mais aguçados e curiosos, mantendo-se em estado de alerta dentro das organizações, podendo agir, se preciso for, com base em informações incompletas. Desta forma, os líderes poderiam influenciar enormemente a capacidade de suas equipes e organizações. 9 KELLER, R. T. (1989). A test of path-goal theory of leadership with need for clarity as a moderator in research and development organizations. Journal of Applied Psychology, 74, 208-212. 53 Para Day e Schoemaker (2008), três qualidades distinguem líderes vigilantes daqueles que priorizam a excelência operacional. O líder vigilante: • Foca de maneira externa e mantém-se aberto para perspectivas diversas; • Aplica previsões estratégicas e investiga profundamente efeitos secundários; • Encoraja os demais a amplamente explorar seu ambiente, criando uma cultura de descobertas. Os líderes focados em atividades operacionais: • Concentram-se nas tarefas imediatas, • Envolvem-se em planejamentos estratégicos e orçamentos tradicionais; • Encorajam a cultura da execução. Para Day e Schoemaker (2008), muitas vezes os líderes operacionais agem como animais domesticados e vestem a camisa da excelência quando se trata de execução de tarefas, isso por que se fixam nos objetivos e nos prazos. Já os líderes vigilantes olham para os lados em busca de novos caminhos e oportunidades, bem como por ameaças que possam impedi-los de progredir. Já Darling e Leffel (2010) detiveram seus estudos em quatro dimensões do líder diante das situações, cujos líderes tendem a se mostrar mais analíticos, diretivos, criativos ou conectados. Estes autores destacaram os pontos fortes do líder mais analítico que seriam: lógica, completude, seriedade, sistemática de trabalho, capacidade crítica, precisão e prudência. Já o mais diretivo teria como forças: independência, clareza, decisão, pragmatixmo, determinação, objetividade e eficência. Os destaques para o criativo seriam: imaginação, amizade, entusiasmo, cessão, empolgação, persuasão e espontaniedade. E por fim, o conectado demonstraria destaque em: cooperação, lealdade, suporte, diplomacia, paciência, calma e respeito. Ainda de acordo com Darling e Leffel (2010), a sequencia escalonada mais provável para as ações destes líderes em situações de tensões seria: • Analítico: 1. Evitando, 2. Sendo autocrático, 3. Concordando e 4. Atacando. • Diretivo: 1. Sendo autocrático, 2. Evitando, 3. Atacando e 4. Concordando. • Criativo: 1. Atacando, 2. Concordando, 3. Sendo autocrático e 4. Evitando 54 • Conectado: 1. Concordando, 2. Atacando, 3. Evitando e 4. Sendo autocrático (tradução nossa). Para estes autores haveria certo condicionamento para o comportamento dos líderes em cada situação, de acordo com seus estilos. Já Minicucci (1995) deu outro enfoque à forma do líder atuar perante sua equipe, destacando os focos em tarefas e pessoas. Para o autor, é comum aos gerentes atuarem de uma ou de outra forma, tendo em vista existir duas estruturas gerais de comportamento do líder conforme segue: • Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa estrutura de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus esforços e o de seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, organizar e dirigir um trabalho. • Líder orientado para as relações interpessoais (OR). O líder (gerente) que é voltado para essa orientação tem relações pessoais mais amplas no trabalho, caracterizado por ouvir, confiar e encorajar (MINICUCCI, 1995, p. 306). Diante destas conclusões de Minicucci (1995) é oportuno registrar que esta pesquisa de campo, optou por focar as características de liderança focadas em metas e tarefas, e também em pessoas, por serem características de liderança aparentemente antagônicas, ao passo que poderiam influenciar de forma diferente a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Inclusive, buscou-se descobrir se estas duas formas de liderar poderiam ou não ser praticadas pelo mesmo líder, especialmente, pelos que gerassem boa percepção de QVT aos seus liderados. As características da liderança focadas nas pessoas, foco deste estudo, não equivalem à Gestão de Pessoas, que é uma filosofia moderna de gestão aplicada nas organizações contemporâneas. Investigam-se neste estudo características voltadas para a preocupação com as pessoas de uma forma geral, ou seja, que comprovem que o líder permite que os liderados expressem suas dificuldades pessoais, e que revele de sua parte preocupação, ou não, com o bem-estar dos seus liderados. Ainda sobre liderança situacional, Minicucci (1995) a vê como sendo a sabedoria da liderança, haja vista a necessidade de variar a técnica em acordo com as condições e pessoas com as quais o líder se defronta no ambiente do trabalho. Para explicar seu entendimento, Minicucci (1995) cita o exemplo do Mr. X, que seria 55 um gerente vitorioso em uma fábrica, e que, na relação com seu pessoal, em dado momento dá ordens firmes (método autocrático), em outro consulta (método democrático) e em outro sugere ações (método livre). E conclui sua avaliação sobre Mr. X em forma de aconselhamento: “a sua sabedoria em aplicar as três armas básicas da liderança – autocrática, democrática, permissiva – determinará seu sucesso pessoal como líder” (MINICUCCI, 1995, p. 298). O que predomina nos estudos da liderança focada em pessoas, em tarefas ou situações é o pensamento de que o líder deve estar atento ao ambiente em que está inserido, às condições de trabalho do seu pessoal e às características do seu grupo. Para, assim, aplicar as melhores técnicas que propiciem resultados mais eficazes à organização e, ao mesmo tempo, não se ausente da missão de conduzir o grupo a um bom desenvolvimento, que lhe permita produzir de forma independente e madura. 2.5 Liderança Carismática Bergamini (1982) cita que, quando se examina os diferentes líderes que deixaram marca na história da humanidade, destacam-se aqueles que conseguiram impor-se pelo seu magnetismo pessoal e, por essa característica, foram denominados líderes carismáticos, como é o caso de muitos dos líderes políticos e religiosos. E cita ainda que, havia poucas explicações sobre quais as características ou traços psicológicos explicariam o poder incontestável exercido pelos grandes nomes da história. Carisma é uma característica que causa admiração e motiva ao seguimento. Está relacionada com devoção e lealdade ao líder que tem evidente habilidade de fazer com que seus seguidores aceitem e executem sua vontade sem hesitação, questionamento ou interesse próprio (GOMES, CRUZ; 2007). Bergamini e Coda (1997, p. 259) explicam que a palavra carisma, em grego, significa dom de inspiração divina o que significaria “a habilidade de realizar milagres ou predizer acontecimentos futuros”. O carisma influencia o relacionamento entre o líder e seu seguidor. Gardner e Avolio (1998) explicam que certos líderes são capazes de convencer os seguidores da sua competência e lhes imputa uma visão futura positiva. Estes líderes adotam comportamentos que os fazem parecer criativos, inovadores, poderosos e 56 confiáveis. Assim, grande parte da influência do líder resulta das crenças dos seguidores de que apenas seguindo o líder eles serão capazes de alcançar um objetivo, como tornar a empresa lucrativa, por exemplo. Weber já descrevia como carismáticos “todos os líderes que revelam uma missão transcendente ou curso de ação que atrai seguidores potenciais, mas representa que os seguidores acreditam que o líder seja extraordinariamente dotado” (WEBER, 1947, p. 358). E acrescenta ainda que “transcendência tanto é atribuída às qualidades do líder quanto ao conteúdo de sua missão, descrito como sobrenatural, sobre-humano ou excepcional” (WEBER, 1947, p. 358) – (tradução nossa). No que tange os estudos da teoria da Liderança Carismática, os estudiosos portugueses Gomes e Cruz (2007) explicam que: [...] um aspecto fundamental a ponderar é o facto de o conceito não deve ser apenas focalizado no dom possuído pelo líder, mas também na forma como ele é percepcionado pelos outros, levando-os a comprometerem-se com as suas ideias e acções. Quer isto dizer que não adianta analisarmos a figura carismática se não soubermos aquilo que, do ponto de vista dos liderados, despertou o interesse e a vontade em seguir essa pessoa (GOMES, CRUZ; 2007, p. 146). Gomes e Cruz (2007) explicam ainda que as estratégias adotadas pelo líder carismático para transformar a realidade são quatro: encoraja os elementos do grupo a desenvolverem suas potencialidades procurando aumentar os sentimentos de realização profissional por parte deles; mostra aos participantes um futuro melhor para todos mediante os esforços do agora; valoriza o espírito de grupo mediante enfoco nas questões benéficas que atingem a todos; e reforça a auto-eficácia individual e grupal mediante a implantação de planos de metas realistas e exequíveis. Para Faccioli (2008) existem diferenças entre as lideranças baseadas no carisma para com o grupo. Para a autora, a liderança transformacional procura em seus liderados motivos potenciais para satisfazer suas necessidades, seria, portanto, uma liderança baseada no carisma, porém, mais investigativa. Já a liderança carismática promove revoluções, renova conceitos e evoca imaginações. O possuidor destas características é visto como agente de mudanças, pois conduz seus liderados a buscar interesses pessoais na realização de determinada ação em prol do sucesso do grupo 57 Já Spector (2002), entende que liderança carismática e liderança transformacional são sinônimas, tendo em vista que um líder carismático que tem bons resultados junto aos seus seguidores é um líder transformacional. O líder carismático pode modificar as aspirações, as necessidades, as preferências e os valores de seus seguidores, fornecendo uma visão de algo que valha a pena ser alcançado. Assim, os seguidores sentem-se motivados a fazer sacrifícios pessoais para alcançar os objetivos definidos pelo líder. Spector (2002, p. 347) exemplifica afirmando que “estes objetivos podem ser positivos, como a exigência de John F. Kennedy de uma missão com tripulantes para a lua antes do final da década de 1960, mas, podem também ser negativos, como a convocação para ir à guerra”. Spector (2002) também alerta para o fato de que, apesar de haver o perigo de os líderes transformacionais convencerem seus seguidores a adotarem um comportamento inaceitável, não há como desconsiderar que o poder de um líder é sempre uma ferramenta para alcançar objetivos positivos. Sobretudo nas organizações, onde os líderes transformacionais podem convencer os seguidores a fazer esforços extraordinários para alcançarem bons objetivos, como fabricar um produto melhor, fornecer um serviço importante, resolver um problema social ou descobrir a cura para uma doença. Spector (2002, p. 347) reconhece o poder de persuasão dos líderes carismáticos ou transformacionais, ao afirmar que “estes líderes podem direcionar e motivar os funcionários para que as metas organizacionais sejam realizadas”. Gomes e Cruz (2007) acreditam que os líderes carismáticos possuem uma capacidade visionária ou inspiradora, e tendência para apelar para valores importantes. Tem aproximação emocional e afetiva com seus liderados. E ainda, que os carismáticos acreditam que as instituições devam ser dirigidas por pessoas carismáticas, transformacionais ou visionárias, o que geraria níveis superiores de rendimentos quando comparados com líderes não carismáticos. Spector (2002) traz conclusões sobre Liderança Transformacional de vários autores, entre eles Koh et al (1995)10 e Bycio et al (1995)11, e explica que as 10 KOH, W. L. STEERS, R. M.; TERBORG, J. R. (1995). The effects of transformational leadership on teacher attitudes and students performance in Singapore. Journal of Organizational Behavior, 16, 319333. 58 pesquisas sobre liderança transformacional mostram que ela está relacionada a diversas variáveis dos subordinados que são importantes para o funcionamento da organização. Por exemplo, indivíduos que consideram seus supervisores transformacionais tendem a ter um alto comportamento como cidadãos na organização e satisfação com a supervisão. Eles também relataram uma menor intenção de abandonar o emprego e maior comprometimento organizacional. Apesar de parecer que a liderança transformacional é inata, os pesquisadores obtiveram sucesso ao treinar pessoas para apresentar este comportamento. Kirkpatrick e Locke (1996)12 treinaram dois atores para assumirem o papel de líderes transformacionais; e Barling, Weber e Kelloway (1996)13 treinaram com sucesso gerentes de banco para serem mais transformacionais, e mostraram que o treinamento teve impacto no desempenho de suas agências. Estes estudiosos foram citados por Spector (2002). Choi (2006) cita estudo de House (1977)14 cujo autor construiu novas versões sobre a teoria concluindo que o carisma é um termo comumente usado na sociologia e ciência da literatura política. E procura descrever líderes que, pela força de suas habilidades potenciais, são capazes de ter um efeito profundo e extraordinário nos seguidores, que inclui comando real e devoção pelo líder, que inspiram os seguidores a aceitar e executar ordens sem hesitação ou questionamento sobre seus próprios interesses. Pinto (2005) também cita House (1977) e traz três proposições para os líderes carismáticos defendidas pelo autor: • Características que diferenciam os líderes de efeitos carismáticos daqueles que não os têm são: domínio, autoconfiança, necessidade de influenciar pessoas, e forte convicção na integridade moral de suas crenças (HOUSE, 1977, p.194, apud PINTO, 2005, p. 112). 11 BYCIO, P.; HACKETT, R. D; ALLEN, J. S. (1995). Further assessments of Bass’s (1995) conceptualization of transactional and transformational leadership. Journal of applied Psychology, 80, 468-478. 12 KIRKPATRICK, S. A.; LOCKE, E. A. (1996). Direct and indirect effects of three core charismatic leadership components on performance and attitudes. Journal of Applied Psychology, 81, 36-51. 13 BARLING, J.; WEBER, T.; KELLOWAY, E. K. (1996). Effects of transformational leadership training on attitudinal an financial outcomes: a field experiment. Journal of Applied Psychology, 81, 827-832. 14 HOUSE, R.J. A Theory of Charismatic Leadership. In: Hunt, J.G., Larson, L.L. (eds), Leadership: the cutting edge, 1977. CARBONALLE, I. L., Souther Illinois University Press, 1977. 59 • Quanto mais as percepções dos seguidores com respeito ao líder forem favoráveis, mais eles o seguirão como modelo, e consideram: os valores do líder, as expectativas quanto ao desempenho efetivo do líder, resposta emocional do líder para o estímulo relatado e as atitudes do líder para com o trabalho e a organização (HOUSE, 1977, p.196, apud PINTO, 2005, p. 113). • Os líderes que têm efeitos carismáticos são mais frequentemente engajados em comportamentos que dão impressão de competência e sucesso do que os líderes que não possuem tais efeitos (HOUSE, 1977, p.197, apud PINTO, 2005, p. 113). Os líderes carismáticos, portanto, conquistam os seus liderados pela fé no que fazem, pela forma de agir e pelos valores que possuem e transmitem com segurança em seu falar e agir. Isso justifica os estudos e a certeza de que este estilo representa bem a categoria dos líderes. Tal como é apresentado neste trabalho, a liderança carismática mostra-se como importante e relevante no contexto da liderança, sendo assim, foi incluída neste estudo. Buscou-se descobrir se a presença (ou não) das características carismáticas na forma dos líderes atuarem perante suas equipes teria relação com a percepção da Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos liderados, respondentes da pesquisa. Os estudos destas características aliados aos outros cinco grupos de características da liderança – autocráticas, democráticas, liberais, focadas em metas e tarefas, e focadas em pessoas – enriqueceram esta pesquisa e permitiram evidenciar situações que vão ao encontro dos propósitos deste estudo. 2.6 Instrumentos de pesquisas sobre liderança Na busca de resultados e explicações sobre o intrigante tema liderança, muitos testes e questionários foram criados e aplicados ao longo do tempo por estudantes, professores, psicólogos, administradores, sociólogos, antropólogos e demais estudiosos do assunto. A grande maioria é feita em forma de autoteste, ou seja, os líderes ou interessados no assunto respondem perguntas em instrumentos de pesquisa sobre seu próprio perfil, estilo, forma de atuar, características, expectativas, entre outros. Através de algumas fórmulas, conclusões estatísticas ou pela avaliação do discurso dos respondentes, os estudiosos acabam por construir 60 pareceres que contribuem na geração de novos conhecimentos. Em outros casos, o instrumento permite que o próprio respondente feche os resultados da pesquisa e tire suas conclusões. Minicucci (1995), por exemplo, cita Reddin (1977)15, cujo autor propôs a existência de quatro combinações de estilos de liderança: • Líder separado: Sendo que esse estilo de liderança dá ao gerente baixa orientação para o trabalho e pouca orientação para as relações humanas. • Líder relacionado: Que tem apenas alta orientação para as relações humanas. • Líder integrado: Que possui uma elevada orientação para o trabalho e também interesses altos nos resultados do que faz e também é voltado para as relações humanas. • Líder dedicado: Que tem apenas alta orientação para o trabalho. Assim, para descobrir em qual tipo de comportamento o líder mais se enquadra, deveria aplicar o teste criado por Reddin, que permite avaliar 10 aspectos da liderança. Este teste busca revelar se o comportamento dos líderes esta mais voltado à organização (líder separado), aos subordinados (líder relacionado), aos superiores e tecnologia (líder dedicado) ou mais ao espírito de colaboração (líder integrado). Outro teste de fácil aplicação e interpretação foi proposto pelo próprio Minicucci (1995), construído com base nos estudos de Lewin et al (1939), onde as respostas no questionário revelam se o entrevistado teria um perfil de liderança mais autocrático (A), liberal (L) ou democrático (D). O teste de liderança de Minicucci (1995) é reproduzido no Quadro 6: 15 REDDIN, W. J. Eficácia gerencial. São Paulo: Atlas, 1977 61 QUADRO 6: Teste de Liderança ALD de Minicucci Instruções: Assinale o comportamento que você adotaria se estivesse exercendo a função de líder de um grupo. 1.0 a ( ) Determino as tarefas, no trabalho de grupo, a cada membro, pois acredito que assim trabalhem mais produtivamente. b ( ) Deixo a divisão de trabalho a critério de cada membro do grupo, assim eles desenvolvem responsabilidade. c ( ) Os membros do grupo devem reunir-se e deliberar o que o grupo deverá realizar. 2.0 a ( ) Participo aos membros do grupo, no início, a orientação geral dos trabalhos. b ( ) Deixo liberdade completa ao grupo, com um mínimo de participação minha acerca da orientação geral dos trabalhos. c ( ) Acredito que a orientação geral dos trabalhos deve ser decisão do grupo, orientados por mim. 3.0 a ( ) Escolho os companheiros de trabalho de cada membro na realização das tarefas, pois conheço-os bem. b ( ) Não deve haver participação minha na escolha de companheiros de trabalho, no grupo. c ( ) Os membros do grupo têm liberdade para trabalhar com os companheiros que escolherem. 4.0 a ( ) Sou pessoal no elogio aos membros do grupo e acredito que isso possa motivá-los para o trabalho. b ( ) Faço comentários espontâneos e pouco freqüentes sobre a atividade dos membros. c ( ) Sou objetivo e dirijo-me aos fatos, e não à pessoa, nos meus elogios e críticas. 5.0 a ( ) Permaneço distante da participação ativa do grupo, pois muita intimidade com os elementos poderá influir no rendimento. b ( ) Não tento avaliar ou regular a participação dos elementos do grupo, a atividade é deles. c ( ) Sou um membro normal do grupo, sem fazer grande parte do trabalho. 6.0 a ( ) Como líder, preciso dar ordens aos membros para que o grupo possa funcionar regularmente. b ( ) No meu grupo cada um faz o que quer. c ( ) Acredito que, como líder, não deva dar ordens aos meus liderados. Qual destas frases você usaria? 7.0 a ( ) Ótimo! Você é uma pessoa com cem por cento de eficiência. b ( ) Faça como achar melhor. c ( ) O José fez realmente um bom trabalho. 8.0 a ( ) Não, você não pode fazer isso assim; isso não está bom. b ( ) Não sei; faça da forma que lhe parecer mais acertada. c ( ) Você já tentou fazer isso de outra maneira? 9.0 a ( ) O que importa em nosso grupo é a produtividade e a quantidade de trabalho realizado. b ( ) O importante não é a produtividade, porém a cordialidade entre os membros do grupo. c ( ) O que vale no grupo é a motivação para o trabalho. 10.0 a ( ) Os membros devem depender mais do líder que do próprio grupo, pois o líder tem mais conhecimento. b ( ) Os membros não dependem de mim e só me consultam quando necessário. c ( ) As decisões são tomadas pelos próprios membros do grupo. Fonte: Minicucci, 1995, p. 312 62 Para avaliar os resultados Minicucci (1995) criou uma tabela que indica cálculos simples para se chegar ao resultado, bastando verificar a pontuação em acordo com as marcações em cada letra. Para se obter os resultados o total de marcações em cada letra deve ser multiplicado por 10, e o resultado representará o percentual de escolha. Desta forma, as opções de respostas assinaladas na letra “a” representam a tendência do entrevistado ser um líder autocrático, já as respostas na letra “b” representam o perfil laissez-faire (permissivo ou liberal), e “c”, democrático. A Tabela 1 exemplifica como deve ser feita a totalização deste teste. TABELA 1: Identificação do tipo de liderança exercida de Minicucci LIDERANÇA A (a) LF (b) D (c) PONTOS % Fonte: Minicucci, 1995, p. 313 As perguntas deste questionário foram bases para a construção do questionário “CL - Características do seu líder” aplicado neste estudo. Contudo, as perguntas foram adequadas ao propósito desta pesquisa. Assim, foram redigidas para o entendimento e respostas dos liderados e não de seus líderes. A ideia do questionário construído para este trabalho acadêmico foi a de ter a percepção dos liderados em relação ao seu líder, e não uma autoavaliação como propõe este e outros autores. Tal como feito por Minicucci (1995), diversos outros instrumentos de liderança foram preparados, aplicados e estudados em universidades do Brasil e do mundo, com os mais diversos propósitos. A estudiosa portuguesa Matos (1997), por exemplo, aplicou um questionário com 24 perguntas aos docentes de uma escola de ensino pré-escolar, com o qual procurou descobrir os processos de liderança organizacional, presença de motivação no trabalho, padrões de interação e influência entre os pesquisados, comunicação intra-organizacional e envolvimento dos docentes na tomada de decisões da direção da escola. Sobre os resultados a autora concluiu que “a análise geral dos resultados do questionário não deixa dúvidas de que as pessoas sentem-se bem na escola e satisfeitas com o trabalho que desenvolvem, já que partilham com a direcção a responsabilidade dos 63 resultados obtidos, assim como também se sentem envolvidos na tomada de decisões” (MATOS, 1997, p. 9). Já Beccaria e Fávero (2000) prepararam questionário com base no Grid Gerencial de Blake e Mounton (1964) e no Grid & Liderança em enfermagem de Trevizan (1993)16 e aplicaram-no a um grupo de gerentes e assessores de enfermagem de um hospital, com intuito de descobrir qual estilo era mais aceito pelo pessoal. Assim, constataram que a “gerência em equipe”, ou estilo 9.9 como consta no Grid, foi o mais aceito, vindo em segundo, o estilo de “gerência do homem organizacional”, ou estilo 5.5. Grzybovski, Boscarin e Migott (2002) focaram o estilo de gestão feminino em empresas gaúchas através de instrumento de pesquisa próprio e descobriram que a grande maioria das executivas está mais focada nas pessoas do que nas tarefas. Outro foco foi dado por Da Silva (2003), que é atuante da área de tecnologia nuclear, e que construiu questionário com 30 perguntas visando descobrir quais qualidades teriam maior aceitabilidade pelos gerentes de projetos do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares) e quais teriam rejeição, visando assim, aprimorar treinamentos para os líderes. Destaca-se nas conclusões deste autor o reconhecimento por parte dos gerentes do IPEN de que as relações interpessoais devem ser tratadas como prioridade e os treinamentos precisam ser uma constante. Já Costa e Samulski (2006) prepararam questionário com base na Escala de Liderança Revisada para o Esporte (ELRE)17 para confirmarem a existência de um estilo mais acentuado entre os 20 treinadores entrevistados que atuavam na Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2005. Este estudo mostrou que o estilo de decisão autocrática sobrepôs à democrática e que o treinar e instruir foram considerados bem mais importantes que o suporte social. Stephen Covey (2004) escreveu o best seller “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes” cujo livro foi base para pesquisas de Machado (2006). De forma 16 TREVIZAN, M.A. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo: Sarvier, 1993. 94p. 17 Costa e Samulski (2006, p. 177) explicam que a ELRE, originalmente chamada de Revised Leadership Scale for Sport (RLSS), foi desenvolvida e validada por Zhang, Jensen e Manin (1997) após um processo de revisão da Leadership Scale for Sports (LSS), desenvolvida por Chelladurai e Saleh (1980). Na língua portuguesa, o processo de validação da ELRE foi realizado por Lopes (2006). 64 resumida, os sete hábitos que fazem da pessoa altamente competente na visão de Covey (2004) são: 1. Seja pró-ativo – tomar iniciativas e ser responsável; 2. Tenha uma finalidade para tudo – quando iniciar um empreendimento qualquer tenha uma imagem mental do seu objetivo materializado; 3. As coisas importantes antes das urgentes – estabelecer prioridades e organizar-se em função delas; 4. Pense sempre na vitória – depois pensar na vitória novamente; 5. Procure compreender para ser compreendido – a empatia que gerar ao ouvir, ser-lhe-á favorável na exposição das ideias; 6. Utilize sinergia na sua vida – tudo o que criar tem de ser superior à junção dos componentes; 7. Afine a sua visão – aproveitar o tempo para cultivar as cinco dimensões essenciais do seu caráter: físico, mental, social, emocional e espiritual. Para Covey (2004), é a partir da percepção das pessoas que elas se comportam, o que justificou-lhe citar as teorias da expectativa e das profecias autorealizáveis, ligadas à forma de pensar das pessoas com base no passado. Sendo assim seria preciso olhar através das lentes dos olhos para ver o mundo, pois estas lentes mostram como se interpreta o que se vê. Usando estes princípios de Covey (2004) como base, Machado (2006) construiu e aplicou questionários para verificar a presença dos sete hábitos entre os líderes de uma mesma rede de postos de combustíveis, na região de Ponta Grossa, PR, as quais foram classificadas da “mais” competitiva para a “menos” competitiva conforme classificação do proprietário. Machado (2006) concluiu que, nos postos de combustíveis pesquisados considerados mais competitivos, havia uma maior média da existência dos sete hábitos de Covey (2004). Detectar a liderança visionária entre executivos brasileiros através de aplicação de questionário próprio, construído com base em Burt Nanus (1992)18, foi a proposta de Behmer (2005). Sua pesquisa revelou que grande parte dos 18 NANUS, Burt. Visonary Leadership:Creating a compeling senseof direction for your organization. United States of America: Jossey-Bass, 1992. 65 executivos brasileiros acredita que está aderente às propostas de Nanus, sendo assim, estabelecem visão de futuro em suas ações, são agentes de mudanças e treinam a equipe em função de seus planos visionários. Um estudo estrangeiro bastante interessante sobre líderes, que também utilizou questionário próprio, foi feito por Toor e Ofori (2008). Estes pesquisadores entrevistaram 58 alunos de pós-graduação da Universidade Nacional de Cingapura, todos sendo alunos de gestão de projetos e que atenderam a exigência de terem pelo menos dois anos de experiência em liderança. As perguntas que foram feitas tinham sete possibilidades de respostas sobre a formação do estilo de liderança de cada entrevistado: “influência muito negativa”, “de alguma forma teve influência negativa”, “influência negativa”, “neutro (sem influência)”, “de alguma forma teve influência positiva”, “influência positiva”, “influência extremamente positiva” (tradução nossa). Sobre significância individual na formação dos conceitos de liderança, os entrevistados apontaram como tendo grande influência (em ordem de maior importância) os professores, pai, mãe, mentores, cônjuges, patrões, pares, irmãos, colegas, alguma personalidade pública ideal e, por último, algum outro que tenha significado individual. Tal estudo comprova a importância dos professores na formação da jovem liderança de um país. Outra pesquisa relevante, e que foi base para a construção do instrumento de pesquisa utilizado nesta dissertação (CL - Características do seu líder), foi feita por Stefano (2008), que construiu questionário tanto com foco quantitativo como qualitativo, e aplicou-o junto aos líderes de duas instituições financeiras. O instrumento continha 47 perguntas que buscaram responder questões sobre liderança, gestão de pessoas e sobre aspectos organizacionais, biológicos, psicológicos e sociais. O estudo teve como objetivo analisar o grau de importância da liderança orientada para resultados na percepção dos gestores e suas relações com a gestão estratégica de pessoas. Esta pesquisa comprovou que nas instituições financeiras estudadas havia relações entre QVT, gestão estratégica de pessoas e liderança. Tal forma de abordar e de construir o instrumento, bem como a base teórica utilizada, deram suporte para a pesquisa constante nesta dissertação. Monteiro (2008), apoiado em diversos autores, construiu questionário próprio com o objetivo de detectar cinco dimensões da liderança: três relativas à liderança transformacional e duas à liderança transacional. A autora considerou que a 66 liderança transformacional está descrita em três dimensões: carisma, consideração individualizada e estimulação intelectual. Já a liderança transacional ocorre através de duas dimensões: o reconhecimento de contingência e a gestão da exceção. Tal investigação procurou detectar o nível de inovação na liderança do ramo de hotelaria. A conclusão foi de que a liderança inovadora se constrói em torno de duas dimensões – competências na tomada de decisões e competências relacionais comprovando que os líderes que fazem avaliação mais apurada do ambiente, e suas relações com as mudanças, obtêm melhores resultados. Gallo e Longo (2010), aplicaram questionários junto aos liderados (ativos e desligados) de uma indústria que chamaram de “indústria X”, buscando descobrir a relação entre os estilos de liderança presentes no ambiente - Autocrático, Democrático, Paternalista, Permissista e Situacional - e o índice de desligamento do pessoal (turnover). O destaque negativo na pesquisa foi o estilo paternalista, que influenciava mais do que os outros nos desligamentos, sendo que a característica estudada: “dá oportunidade de crescimento para somente alguns de seus trabalhadores ou para alguém de sua confiança” se mostrava como a mais rejeitada pelos trabalhadores (GALLO e LONGO, 2010, p. 11). Enfim, percebe-se que a construção de instrumentos de pesquisas embasados em teorias e conceitos sobre liderança, ou outros temas, é usual no mundo acadêmico. Boas pesquisas estão pautadas pela ética, pela pertinência, prática adequada na sua execução e relevância dos objetivos. Sendo assim, este estudo, que ora é apresentado, também optou por construir questionário com base em reconhecidos autores. 2.7 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) A preocupação com a Qualidade de Vida é algo que se faz presente na sociedade há bastante tempo. Contudo, seus estudos sistematizados e organizados só foram realizados nas últimas décadas. Tais estudos mostram que, quando se trata de Qualidade de Vida, as preocupações com as questões sociais e econômicas se confundem com a promoção da saúde do cidadão. Minayo et al (2000) destacam que a expressão Qualidade de Vida (QV) é polissêmica, implicando múltiplos sentidos para este termo. Assim, ao dizer Qualidade de Vida, pode-se estar querendo indicar bem-estar pessoal, posse de 67 bens materiais, participação em decisões coletivas e muito mais. Gonçalves e Vilarta (2004, p. 4) explicam que Qualidade de Vida tem numerosos sentidos possíveis e que “é daquelas palavras que, querendo dizer muito, acabam pouco significar”. Já Roeder (2003, p. 40-41) complementa afirmando que a Qualidade de Vida é influenciada pelo ambiente e que “é compreendido como um conjunto de relações sociais, biológicas, culturais, econômicas, religiosas, políticas e ecológicas, que formam um contexto que interage com o ser humano onde, a partir desta interação (ser humano e ambiente), ambos podem ser modificados ou transformados”. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Grupo de Qualidade de Vida THE WHOQOL GROUP (1995)19, procurou nortear o assunto Qualidade de Vida. Um dos frutos importantes dos estudos do grupo foi uma definição para o termo Qualidade de Vida entendido como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores em que vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (THE WHOQOL GROUP, 1995, apud GONÇALVES e VILARTA, 2004, p. 32-33). Esta definição da OMS contempla a integração de duas concepções importantes para compreender Qualidade de Vida: a) subjetividade: interessa o conhecimento sobre as condições físicas, emocionais e sociais relacionadas aos aspectos temporais, culturais e sociais como são percebidas pelo indivíduo; b) objetividade das condições materiais: interessa a posição do indivíduo na vida e as relações estabelecidas nessa sociedade (GONÇALVES e VILARTA, 2004). Os estudos sobre Qualidade de Vida, que abordam os diversos aspectos da vida humana, não poderiam deixar de fora o mundo do trabalho. Haja vista que as necessidades de se dar ao homem condições mais adequadas de trabalho vêm de muito tempo. Rodrigues (2009, p. 26) explica que as condições de trabalho no século XVIII eram desumanas, “chegando a 18 horas de labuta sem que houvesse proteção aos direitos dos trabalhadores”. Mesmo o trabalhador livre seria então, tratado como escravo. Rodrigues (2009) conclui que a manipulação do trabalhador fazia parte das estratégias de resultados cada vez maiores, usando até a fome do trabalhador como uma forma de pressioná-lo a trabalhar cada vez mais. 19 THE WHOQOL GROUP. The World Health Organization Quality of Life assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization. Soc. Sci. Med., 41, 1403, 1995. 68 Contudo, Rodrigues (2009, p. 27) cita um empresário que, desde os primórdios das organizações industriais pensou diferente, Robert Owen, que “foi provavelmente o primeiro dono de fábrica a proporcionar condições decentes de trabalho, salários suportáveis e educação para os filhos e operários”. Owen, no final do século XIX, nos EUA, assumiu, em seus empreendimentos ferroviários gigantescos três fatores que proporcionariam maior eficiência nos processos: a organização, a comunicação e a informação. Rodrigues (2009) explica que para Robert Owen: A fácil comunicação entre os trabalhadores dos diversos níveis, a explicitação constante dos grandes objetivos das estradas construídas, os salários proporcionais ao desempenho de cada trabalhador e um ambiente de trabalho, que induzia liberdade e desbravamento, fizeram com que os trabalhadores sentissem que estavam realizando algo significativo e que estavam sendo valorizados. Isto sem dúvida motivou e deu alguma satisfação ao trabalhador (RODRIGUES, 2009, p.27). A necessidade de transformar o ambiente de trabalho em agradável, atrativo, foi defendida por outros estudiosos. Rodrigues (2009, p. 44) reproduz uma afirmação de Douglas McGregor (1967, p. 36)20 que profeticamente já anunciava o que algumas organizações modernas viriam adotar anos mais tarde em seus ambientes: [...] a menos que o próprio emprego seja satisfatório, a menos que se criem oportunidades na situação de trabalho, que permitam fazer dele próprio uma diversão, jamais lograremos conseguir que o pessoal dirija voluntariamente seus esforços em prol dos objetivos organizacionais (MCGREGOR, 1967, p. 36, apud RODRIGUES, 2009, p. 44). Desta forma, buscar compreender o quanto o modo de gerir pessoas nas organizações locais estão influenciando a Qualidade de Vida (QV) dos trabalhadores é algo que vem ao encontro do que pensam os estudiosos sobre os modelos mais aderentes de Gestão de Pessoas. Tendo em vista que a melhoria das condições de vida e da saúde tem sido um tema de crescente importância, por impactar indireta ou diretamente a produtividade das pessoas, e, por consequência, os resultados obtidos pelas organizações. Esse tema tem sido discutido dentro da denominação de Qualidade de Vida no Trabalho (FERNANDES, GUTIERREZ, 1998; apud OLIVEIRA, LIMONGI-FRANÇA; 2005, p. 9). Oliveira e Limongi-França (2005, p. 9) reforçam que “embora haja um limite sutil entre as questões de trabalho e de vida na família e na comunidade, ambos 20 McGREGOR, Douglas. O lado humano da empresa. In: BALCÃO, Yolanda F., CORDEIRO, Laerte L.O comportamento humano na empresa. R. Janeiro: FGV, 1967 69 tratam de questões relacionadas a promover e assegurar a qualidade do bem-estar geral do ser humano”. Daí a necessidade de se cuidar bem do trabalhador, pois é dele que provém o trabalho e os resultados para as organizações. Gonçalves e Vilarta (2004) entendem que ainda falta maturidade para se compreender as responsabilidades sobre o bem-estar do trabalhador: A sociedade, a empresa e o próprio trabalhador pouco se questionam acerca das responsabilidades sobre a saúde dos envolvidos no processo de produção. De acordo com o senso comum, tais responsabilidades são atribuídas ao governo e ao aparelho de assistência, como hospitais e mais recentemente, aos convênios médicos para os poucos que a eles têm acesso. Espera-se do trabalhador, em primeiro lugar, que ele não adoeça e, em segundo, que concentre sua energia na realização de tarefas ou aplique seu conhecimento à produção eficiente de bens e serviços, geração de lucro e manutenção da “saúde corporativa” (GONÇALVES e VILARTA, 2004, p. 103-104). Mas, as pressões sociais e culturais agem sobre as relações que ocorrem entre os atores organizacionais, já que “no mundo empresarial, com crescente frequência ocorrem alinhamentos das questões organizacionais e da dimensão humana. Nesses casos, amplia-se a compreensão do lado humano das organizações” (LIMONGI-FRANÇA, 2010, p. 33). Limongi-França (2010, p. 33), acredita que este processo é uma “nova forma de administrar o bem-estar”, pois leva à construção de habilidades complexas que conduzem a uma nova gestão nas empresas, que precisam então lidar com fatores críticos, os quais seriam: conceito de QVT, produtividade, legitimidade, perfil do gestor, práticas e valores e competência GQVT (Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho). Sobre a conceituação de Qualidade de Vida no Trabalho, Limongi-França (2010), afirma se tratar de: Um conjunto de ações, programas e atitudes que interferem em toda a organização, independente das funções de seus colaboradores (LIMONGIFRANÇA, 2010, p. 149). Rodrigues (2009) define QVT de forma semelhante: Entendemos aqui por Qualidade de Vida no Trabalho – QVT – a resultante direta da combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e de outras dimensões não dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir motivação e satisfação em diferentes níveis, além de resultar em diversos tipos de atividades e condutas dos indivíduos pertencentes a uma organização (RODRIGUES, 2009, p. 21). 70 Walton (1975)21, citado por Rodrigues (2009) e Limongi-França (2010), afirma que a Qualidade de Vida no Trabalho vem recebendo destaque como forma de resgatar valores humanísticos e ambientais que vêm sendo negligenciados em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico. Rabia e Christopoulos (2008) organizaram os estudos realizados por Walton (1973)22 que focaram as necessidades do trabalhador do conhecimento em termos de QVT, cujas conclusões estão apresentadas no Quadro 7: QUADRO 7: Indicadores de QVT e as Necessidades do Trabalhador do Conhecimento Critérios Indicadores de QVT Compensação Justa e Adequada Equidade interna e externa Justiça na compensação Partilha de ganhos de produtividade Condições Trabalho Jornada de Trabalho Ambiente físico seguro e saudável Ausência de Insalubridade Autonomia Autocontrole relativo Qualidades múltiplas Informação sobre o processo total do trabalho de Uso e desenvolvimento de capacidades Oportunidade de Crescimento e Segurança Integração Social na Organização Constitucionalism o O trabalho e o espaço total de vida Relevância social do trabalho na vida Possibilidade de Carreira Crescimento Pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança no emprego Ausência de preconceitos Igualdade Mobilidade Relacionamento Senso Comunitário Direitos trabalhistas Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo de lazer e família Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Práticas de emprego Outras necessidades do Trabalhador do Conhecimento Ser ouvido e reconhecido Ser surpreendido positivamente Ter acesso a fontes de conhecimento quando necessário Trabalhar em qualquer lugar Lidar com ambiguidades Ser capaz de exercer várias atividades simultaneamente Economizar tempo e evitar atividades de baixo valor Gerenciar excesso de informação Publicar informações e compartilhar conhecimentos com públicos selecionados Aprender continuamente Autonomia e Gerenciamento de sua própria carreira Equilibrar trabalho individual e em grupo Colaborar com outros de seu próprio departamento, de outros departamentos e de outras organizações Saber o que e em quem confiar Equilibrar vida pessoal e profissional Manter-se conectado em redes relevantes virtuais e físicas Desenvolver uma identidade própria Fonte: Adaptado de Walton, 1973, apud Rabia e Christopoulos, 2008, p. 39 21 WALTON, R. Criteria For Quality Life. In DAVIS, L. A. B. The quality of working life: problems, prospects and state of the art. New York: The Free Press, 1975. 22 WALTON. R. E. Quality of Working Life. What is it? Sloan Management, v. 15, n. 1, p.11-21, 1973. 71 Ao avaliar os estudos de Walton (1973), citados por Rabia e Christopoulos (2008), constata-se que o autor trouxe clara visão sobre as necessidades do trabalhador e suas expectativas e o que deve ser mensurado para descobrir se há ou não a presença de QVT no ambiente organizacional. Limongi-França (2010, p. 34) reforça que o tema “tem despertado o interesse de empresários e administradores pela contribuição que pode oferecer para a satisfação do empregado e a produtividade empresarial”. A autora alerta para o perigo da confusão de conceitos conduzir ao modismo e que é preciso aprofundamento nos estudos daqueles que enfrentam o desafio de levar QVT aos ambientes empresariais. Limongi-França (2010, p. 34) também cita Walton (1975)23 para o qual a QVT se conquista mediante oito pontos cruciais: [...] compensação justa e adequada, condições de trabalho seguras e saudáveis, oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas, oportunidades futuras para o crescimento contínuo e a garantia de emprego, integração social na organização, constitucionalismo na organização, trabalho e espaço total na vida do indivíduo, e relevância social do trabalho (WALTON, 1975, apud LIMONGI-FRANÇA, 2010, p. 34). Confirma-se assim, que as condições de trabalho humanas e justas são favoráveis à construção de um ambiente com Qualidade de Vida. Entre estes cuidados inclui-se a ergonomia. Limongi-França (2010) aborda ergonomia com foco em meios físicos, cognitivos, ambientais e psicossociais, entendendo que o impacto da ergonomia não se limita aos estudos tradicionais do tipo de móveis e adequação física ao trabalho, dando a esta questão uma abordagem mais ampla, ou seja, que as más condições ergonômicas no trabalho afetam também as condições sociais dos trabalhadores. A autora cita o caso das pessoas que sofrem com as consequências das DORT (distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho), haja vista que sua limitação no trabalho nem sempre é compreendida. Que o sofrimento amplia quando há forte pressão para produzir, não há pausas necessárias para recuperação da boa condição física, existe a obrigação de seguir um script para atender clientes, há restrição à livre movimentação, necessidade de manter a memória em alta atividade, 23 WALTON, R. Criteria For Quality Life. In DAVIS, L. A. B. The quality of working life: problems, prospects and state of the art. New York: The Free Press, 1975. 72 estímulo excessivo à competitividade com os colegas, constantes conflitos com superiores e fragmentação das tarefas de trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2010). A mesma autora relata que a Qualidade de Vida no trabalho é algo que está em plena construção. Está havendo uma melhora no estilo de vida das pessoas e a necessidade de se propiciar a QVT é praticamente uma obrigação organizacional. É uma forma de valorizar o potencial humano que inevitavelmente retorna à organização resultados concretos e contínuos, usando os conhecimentos da engenharia de produção, economia, administração estratégica e psicologia do trabalho, pode-se buscar a conquista da QVT, mantendo-se a produtividade em altos níveis (LIMONGI-FRANÇA, 2010). É evidente que há conflito entre a eficiência organizacional expressa em seus números e a necessidade de se propiciar aos colaboradores uma condição favorável em termos de segurança e saúde no trabalho. Ao relatar os resultados de sua pesquisa Limongi-França (2010, p. 153) afirma que os “dados revelam conflito potencial entre os empregados e administradores, de um lado, e a classe de empregadores, de outro [...] Desse conflito é que deverão ser direcionadas as formas de implementação das ações e programas de QVT”. Tais investimentos tendem gerar melhores resultados, pois, colaboradores em bom estado de saúde (físico e emocional) tendem a produzir mais e melhor. Relativamente à realização das tarefas, de forma a trazer ao trabalhador satisfação e, portanto, melhor percepção de QVT, Rodrigues (2009) apresenta uma figura que ilustra as dimensões básicas da tarefa, tal como reproduzido na Figura 5: Sentido significativo do trabalho Sentido pessoal da responsabilidade Sentido do conhecimento dos resultados Variedade de habilidade Identidade da tarefa Significação da tarefa Autonomia “Feedback” FIGURA 5: Agrupamento das dimensões básicas da tarefa Fonte: Hackman et al, 1975, p. 59, apud Rodrigues, 2009, p. 121 73 Constata-se na Figura 5, que o sentido do trabalho faz parte do contexto da Qualidade de Vida no Trabalho e demanda atenção dos gestores das organizações. Adequar as tarefas certas para cada tipo de trabalhador e dar sentido às suas atividades são sinais de competência gerencial. . Rodrigues (2009), em seus estudos, concluiu ainda alguns pontos importantes nas dimensões relativas à tarefa, já que estas se relacionam positivamente com a satisfação geral do trabalhador, com a motivação interna no trabalho, com a variedade de habilidades e identidade com a tarefa, sendo que a significação da tarefa se relaciona positivamente com o valor do trabalho. A autonomia se relaciona positivamente com a responsabilidade percebida pelos resultados do trabalho. Já o feedback se relaciona positivamente com o conhecimento dos resultados do trabalho, e os estados psicológicos se relacionam positivamente com a satisfação geral e com a motivação Interna ao trabalho. Rodrigues (2009) também fez interessante pesquisa com gerentes das indústrias de confecções do Estado do Ceará, cujo estudo permitiu chegar a algumas conclusões relativas inclusive a motivação no trabalho. Tais como: • A motivação é tanto maior quanto maior for o nível de instrução formal; • A satisfação é tanto menor quanto maior for o nível de instrução formal; • A motivação é influenciada pelo estado civil (aqui havia uma relação confirmada também com nível salarial – solteiros com salários menores, apresentaram menor motivação, casados uma motivação mediana e divorciados ou separados, mas com salários mais altos, mostraram-se mais motivados com o trabalho que realizam); • A satisfação é tanto maior quanto maior for o nível salarial (RODRIGUES, 2009, p. 154). Entende-se, portanto, que a busca pela Qualidade de Vida no Trabalho é movimentada basicamente por duas forças: a provinda do próprio trabalhador, pois isto afeta sua própria vida; e outra provinda das organizações, cujas atitudes oscilam entre interesses próprios, ou seja, fundamentados na crença de que trabalhadores mais bem cuidados produzem mais, ou, por ações deliberadas de dirigentes empresariais que naturalmente desejam que seus parceiros, no caso os trabalhadores, tenham uma boa condição de vida também no ambiente laboral. Além 74 é claro, das ações governamentais, especialmente, através do conjunto de leis que visam a proteção do trabalhador. Este aspecto do mundo do trabalho também está ligado à imagem da organização, pois se uma organização não foca na QVT dos seus colaboradores, pode ser vista negativamente ou sem destaque pelo mercado consumidor. Por outro lado, boas práticas em termos de gestão de pessoas e criação de condições para a conquista da QVT podem ser vistas além dos muros da empresa e consideradas atividades de responsabilidade social da organização, sendo que tais ações tendem a ser muito valorizadas pelos consumidores. A relevância para o mundo do trabalho e, porque não dizer, para o funcionamento adequado das relações sociais dada importância do trabalho para o homem; influenciou na escolha da Qualidade de Vida no Trabalho como foco deste estudo. Buscou-se compreender a percepção dos trabalhadores das organizações do município de São João da Boa Vista, SP, sobre QVT comparando-as com as características da liderança e com os dados sócio-profissionais dos entrevistados e de seus líderes. Sempre no sentido de encontrar relações e correlações entre estas variáveis que contribuíssem positivamente com sua compreensão. 2.8 Instrumentos de pesquisas sobre Qualidade de Vida no Trabalho e o Quality of Working Life Questionnaire (QWLQ) Fischer (2002, p. 11) explica que toda organização “depende, em maior ou menor grau do desempenho humano para seu sucesso”. Por isso a ação sobre o comportamento humano dentro das organizações é influenciada por fatores internos e externos. Assim, diferentes contextos, levam a diferentes formas de se conduzir o processo de gerir pessoas. Sendo que, a forma de gerir pessoas nas organizações com eficiência e sucesso é chamada de Gestão de Pessoas. Fischer (2002) explica que a Gestão de Pessoas deve focar em questões que apoiem os resultados da organização fazendo com que ela, Gestão de Pessoas, se torne imprescindível em seus resultados. Para isso deve focar as seguintes áreas de atuação: • Planejamento da alocação das pessoas no trabalho: uso de técnicas que estabeleçam um elo entre a estratégia de negócios das empresas e as pessoas. 75 • Comunicação com os empregados: adotar como focos de atuação a comunicação direta e a negociação permanente com os empregados. • Sentimentos dos funcionários: a gestão deveria concentrar-se na satisfação das pessoas e em tudo que possa interferir na cultura organizacional da empresa. • Gestão dos empregados: ocorreria por meio dos mecanismos tradicionais de recursos humanos, na seleção, no treinamento e na compensação dos funcionários. • Gestão de custos e benefícios: contemplaria os esforços orientados para a redução dos custos com mão de obra, tais como redução da rotatividade, do absenteísmo e outros fatores que interferem na efetividade organizacional. • Gestão de desenvolvimento: corresponde à preocupação com a criação de competências necessárias para o futuro da empresa (FISCHER, 2002, p. 2223). A Qualidade de Vida no Trabalho faz, portanto, parte deste universo de investimentos em prol de bons resultados para organizações e pessoas, e é por conta disso que muitos pesquisadores; seja no mundo acadêmico, seja no mundo empresarial; buscam mensurar a percepção da QVT por parte dos colaboradores. Limongi-França (1996), que é uma das maiores estudiosas do assunto no Brasil, apresentou pesquisa sobre QVT que teve como principal objetivo o de investigar as prováveis relações entre esforço da empresa e satisfação dos empregados através de indicadores empresariais selecionados com critérios da abordagem biopsicossocial. A autora utilizou questionário próprio e aplicou-o a 446 entrevistados pertencentes a 26 empresas da Região de São Paulo. O instrumento abrangeu áreas da vida dos trabalhadores ligadas a fatores organizacionais, sociais, psicológicos e biológicos, mais especificamente: a sensação de bem-estar no trabalho, estado geral de tensão (stress) pessoal, grau de satisfação com a Qualidade de Vida, adequação das ações de QVT da empresa e importância da QVT para o resultado do trabalho. A autora comparou os resultados da pesquisa e constatou que para as situações investigadas, a satisfação dos empregados localizava-se mais na imagem da empresa e em programas de atendimento a saúde 76 e benefícios, do que, especificamente, no tipo de gestão desenvolvida pelas organizações (LIMONGI-FRANÇA, 1996). Salles e Federighi (2006) também pesquisaram sobre QVT e aplicaram questionário junto a 412 profissionais. O instrumento de pesquisa preparado pelos autores focou aspectos relacionados à compensação, integração social, condições de trabalho, horário de trabalho e deslocamentos, programação dos serviços, uso e desenvolvimento de capacidades, o indivíduo e o seu papel na empresa e a própria empresa. Os autores concluíram que QVT é percebida individualmente pelos empregados e os aspectos a ela vinculados envolvem condições de segurança no trabalho, remuneração, benefícios, oportunidades de crescimento e aprendizado, promoção, clima e justiça social positivos, dentre outras conclusões. Rabia e Christopoulos (2008) realizaram pesquisa com vistas a descobrir a percepção dos gestores sobre fatores como: satisfação, identificação com os objetivos da organização, relacionamento com os pares, com superiores e subordinados, relacionamento com a empresa, segurança e prazer. Tal pesquisa foi feita com 30 gestores – 14 diretores e 16 gerentes de empresas - escolhidos aleatoriamente, para os quais aplicou questionário com 82 perguntas que abrangeram as áreas citadas. A conclusão foi de que há, de fato, forte incoerência no discurso dos gestores, relativa à satisfação com o trabalho e à simultânea insatisfação com os sacrifícios que ele impõe às suas vidas pessoais. Um instrumento criado por Reis Junior (2008), e que é base para as pesquisas desta dissertação, é o Quality of Working Life Questionnaire (QWLQ-78), cuja metodologia aplicada na construção deste instrumento de avaliação da QVT é análoga à adotada no desenvolvimento do questionário WHOQOL-100 da Organização Mundial da Saúde. O autor explica que a “escolha do WHOQOL-100 como modelo estrutural para essa pesquisa justifica-se pelo mesmo ser o instrumento de avaliação da qualidade de vida mais completo e mais utilizado em pesquisas científicas” (REIS JUNIOR, 2008, p. 57). Os quatro grandes domínios focados nos estudos de Reis Junior (2008) e que resultaram na construção do questionário com 78 perguntas foram: Físico/Saúde – 17 perguntas; Psicológico – 10 perguntas; Pessoal – 16 perguntas e Profissional – 35 perguntas. 77 O autor explica sobre o objetivo de cada domínio conforme segue: • Físico/Saúde: Aborda todos os aspectos relacionados com a saúde, doenças relacionadas ao trabalho e hábitos saudáveis dos colaboradores; • Psicológico: Aborda todos os aspectos relacionados à satisfação pessoal, motivação no trabalho e autoestima dos colaboradores; • Pessoal: Aborda os aspectos familiares, crenças pessoais e religiosas, e aspectos culturais que influenciam o trabalho dos colaboradores; • Profissional: Aborda os aspectos organizacionais que podem influenciar a qualidade de vida dos colaboradores. Domínios Físico/Saúde Psicológico Pessoal Profissional, este último criado pelo fato do WHOQOL-100 não apresentar no seu conteúdo (REIS JUNIOR, 2008, p. 60). Reis Junior (2008) explica também que optou por validar o questionário QWLQ-78 junto a um juiz, no caso, um especialista que atendeu aos critérios: doutor com profundo conhecimento da temática em estudo e conhecedor do instrumento a ser validado. A aplicação do instrumento visando sua validação ocorreu em quatro cidades paranaenses: Curitiba, Ponta Grosa, Toledo e Pato Branco. Para os resultados finais dos questionários, ou seja, para se obter o grau de satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho, Reis Junior (2008) utilizou uma escala de respostas construída com base no coeficiente de Cronbach, orientado por Siviero (2003)24 e Hora (2006)25, cuja classificação está apresentada no Quadro 8: QUADRO 8: A classificação proposta para o QWLQ - 78 QWLQ - 78 Muito Insatisfatório 0 a 22,5 Insatisfatório Neutro Satisfatório 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 Muito Satisfatório 77,5 a 100 Fonte: Reis Junior, 2008, p. 80 De acordo com as orientações de Reis Junior (2008), para se chegar aos resultados e compará-los com a classificação proposta no Quadro 8, é preciso transformar os valores das respostas no questionário por uma escala ampliada, com 24 SIVIERO, I. M. P. S. Saúde mental e qualidade de vida de enfartados. 2003. 111f. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, USP, São Paulo. 25 HORA, H. R. Análise da confiabilidade do questionário da metodologia softmat usando o coeficiente alpha de Cronbach. Monografia de Pós-Graduação, UTFPR – Campos dos Goytacazes – RJ, 2006. 78 valores que vão de 0 a 100, tal como consta no Quadro 9. Além de se considerar os resultados separados por grupos de domínios: Físico/Saúde; Psicológico; Pessoal e Profissional; cuja totalização final leva em consideração a média simples resultante da soma destes totais. No Quadro 9 o autor representa a escala de conversão que deve ser feita com cada valor de resposta do questionário QWLQ-78: QUADRO 9: Ampliação das escalas do questionário QWLQ-78 Escala normal (1 a 5) 1 2 3 4 5 Escala invertida (5 a 1) 5 4 3 2 1 Escala ampliada (0 a 100) 0 25 50 75 100 Fonte: Reis Junior, 2008, p. 83 Como se constata no Quadro 9, a melhor resposta vale 100 e a pior, 0. Portanto, responder 1 numa escala normal vale 0 e 5 vale 100. Numa pergunta com escala de resposta invertida, 1 vale 100 e 5 vale 0. O mesmo acontecendo com os outros valores que podem valer: 25, 50 ou 75. Ao avaliar os resultados de sua pesquisa, Reis Junior (2008, p. 99) dá crédito ao instrumento e afirma que “assim, o QWLQ-78 pode ser utilizado, de forma confiável, em diversos tipos de população, em diferentes tipos de empresas e diversas culturas socioeconômicas, sempre com o objetivo de avaliar a QVT dos colaboradores”. Mais recentemente, os pesquisadores Cheremeta, Pedroso, Pilati e Kovaleski (2011) propuseram uma versão abreviada do instrumento criado por Reis Junior (2008), seguindo o que aconteceu com o WHOQOL-bref, provindo do WHOQOL100. Cheremeta et al (2011) explicam que: Em virtude da crescente valorização da mensuração da QV e suas variantes, diversos instrumentos de avaliação de tais variáveis foram criados e disponibilizados na comunidade científica. Todavia, o elevado número de itens no instrumento de avaliação pode constituir um fator negativo incipiente deste, ao passo que o consumo extenso de tempo para respondê-lo tende a perfazer com que o instrumento não seja preenchido até o final ou, após um determinado item, as respostas sejam relapsas. Em ambos os casos, ocorre a desfiguração dos resultados da avaliação da variável que está sendo examinada. Nessa perspectiva, o objetivo do presente trabalho é construir uma versão abreviada do QWLQ-78 – para avaliação da QVT –, seguindo a metodologia utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a criação da versão abreviada do instrumento WHOQOL-100, o WHOQOL-bref (CHEREMETA et al, 2011, p. 2). 79 Esta versão abreviada do QWLQ-78 contém apenas 20 questões selecionadas pelos autores, sendo quatro para questões de domínio físico/saúde, três de domínio psicológico, quatro de domínio pessoal e nove de domínio profissional. Os autores organizaram as perguntas tal como são apresentadas no Quadro 10: QUADRO 10: Questões que compõem o QWLQ-bref DOMÍNIO QWLQ-78 QWLQ-bref QUESTÃO 31 4 Em que medida você avalia o seu sono? 36 8 69 17 77 19 22 2 Domínio 32 5 psicológico 37 9 33 6 Em que medida algum problema com o sono prejudica seu trabalho? Suas necessidades fisiológicas básicas são satisfeitas adequadamente? Em que medida você se sente confortável no ambiente de trabalho? Em que medida você avalia sua motivação para trabalhar? Como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho? Em que medida você avalia o orgulho pela sua profissão? Você se sente realizado com o trabalho que faz? 38 10 45 11 66 15 20 1 24 3 35 7 46 12 59 13 63 14 67 16 72 18 78 20 Domínio físico Domínio pessoal Domínio profissional Como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados? Em que medida sua família avalia o seu trabalho? Em que medida você é respeitado pelos seus colegas e superiores? Como você avalia a sua liberdade para criar coisas novas no trabalho? Como você avalia a igualdade de tratamento entre os funcionários? Em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha? Em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa? Você está satisfeito com o seu nível de responsabilidade no trabalho? Você se sente satisfeito com os treinamentos dados pela organização? Você se sente satisfeito com a variedade das tarefas que realiza? Como você avalia o espírito de camaradagem no seu trabalho? O quanto você está satisfeito com a sua qualidade de vida no trabalho? Fonte: Cheremeta et al, 2011, p. 12-13. 80 O fato de haver uma distribuição equilibrada de perguntas neste instrumento permitiu que sua qualidade fosse mantida e sua aplicação continuou sendo pertinente, mesmo com redução no número de perguntas. Quanto à forma de avaliar os resultados da aplicação do questionário QWLQbref, seguiu-se a mesma linha do questionário original, com algumas facilidades tendo em vista o número menor de perguntas. Sendo assim, o primeiro passo para se avaliar resultados é transformar as respostas na escala de 0 a 100, tal como consta no Quadro 14, depois, é preciso identificar as respostas pertencentes a cada grupo de domínio, tal como consta no Quadro 10. Somam-se os totais dos domínios e faz-se uma média simples dos resultados. Desta forma, é possível verificar os resultados por domínio e também pelo total de QVT de acordo com o instrumento. Para facilitar o processo de aplicação e avaliação dos resultados do instrumento QWLQ-bref, Pedroso (2012) disponibiliza gratuitamente em ambiente virtual o questionário e também um formulário de avaliação de resultados, bastando ao interessando alimentar a planilha de Excel Microsoft disponível para obter os resultados e compará-los com os constantes no Quadro 8. Da mesma forma que Reis Junior (2008), Cheremeta et al (2011) afirmam que o uso do QWLQ-bref, que é uma versão abreviada do QWLQ-78 para a avaliação da QVT, contribui na obtenção de resultados fidedignos ao instrumento original, demandando menor tempo para aplicação e tabulação dos dados do que o primeiro. Nesta dissertação optou-se pelo uso do questionário QWLQ-bref para avaliar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos pesquisados, por ser este um instrumento eficaz, validado pelos seus autores e adequado para o propósito desta pesquisa. 2.9 A liderança contemporânea e os desafios do Desenvolvimento Sustentável e da Qualidade de Vida no Trabalho As mudanças que ocorrem no mundo influenciam as decisões organizacionais. Gabrielsson, Seristö e Darling (2008) ressaltam que os líderes que desenvolvem equipes globais estão envoltos com desafios que demandam uma gestão aprimorada e com visão holística das situações que se apresentam. Para os autores existem sete perspectivas na natureza humana que devem ser consideradas pelos líderes das organizações globais: 81 1. Pensamento paradoxal: Entende-se que os líderes devem utilizar intensamente os dois lados do cérebro. 2. Reflexos controlados: Agir com base nos sentimentos e percepções e não somente pelos acontecimentos externos. 3. Intencionalmente focado: O que faciltiaria a capacidade de conquista de resultados esperados. 4. Respostas instintivas: Cultiva a capacidade instintiva para solucionar problemas. 5. Comportamento inclusivo: Alimenta a preocupação com o todo. 6. Propositalmente confiante: Essa confiança daria segurança para dar um bom encaminhamento nas mudanças necessárias em cada ambiente. 7. Valoriza o relacionamento: Tal atitude fomenta a força das interações positivas com todos (GABRIELSSON, SERISTÖ, DARLING; 2008, p. 311) (tradução nossa). Os autores representaram as sete perspectivas da liderança com base na natureza humana utilizando uma figura, reproduzida na Figura 6: Pensamento Paradoxal Respostas Instintivas Comportamento Inclusivo Valoriza Relacionamento Reflexos Controlados Intencionalmente Focado Propositalmente Confiante FIGURA 6: Paradigma da gestão de equipe e desenvolvimento de liderança (tradução nossa) Fonte: Gabrielsson, Seristö, Darling; 2008, p. 311 82 Os autores defendem a ideia de que a humanidade existe e funciona dentro de um sistema inteligente e que tudo no universo está inter-relacionado. Neste contexto, seriam das mudanças e do caos que tudo tenderia a se organizar e reorganizar. Sendo assim, os líderes que estão à frente de organizações de atuação global deveriam agir de acordo com as sete perspectivas da natureza para obter sucesso em seus projetos (GABRIELSSON, SERISTÖ, DARLING; 2008). Dentro desta perspectiva vê-se que as lideranças das organizações devem agir em sintonia com os acontecimentos que afetam a humanidade. Entre as preocupações contemporâneas está o Desenvolvimento Sustentável, cujo conceito assume a cada dia mais uma posição de destaque nas discussões intergovernamentais. Rigotto (2002) afirma que ao longo do tempo acabou por se instalar uma utopia desenvolvimentista/industrialista, pois, focou-se o desenvolvimento das forças produtivas com esperança de que a ampliação da esfera econômica libertaria os povos da escassez, da injustiça e do mal-estar. No entanto, o que acabou por acontecer foi um dividir de mundos, onde as nações experimentam realidades diferentes. E que as frustrações das esperanças da humanidade fazem com que se coloque em dúvida a eficiência do atual sistema capitalista de gerar bem-estar a todos, cujas bases estariam apoiadas na expansão permanente, no domínio da natureza, na exploração dos seres humanos e na desigualdade entre os países. Tal cenário levou a raça humana a questionar seus próprios procedimentos, exigindo então um desenvolvimento que fosse sustentável e não destrutivo (RIGOTTO, 2002). Foi então que, motivado por estudos e encontros comandados pela ONU, surgiu um novo conceito, o de Desenvolvimento Sustentável: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”, assim definiu a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1992)26 conforme apresenta Barbieri (2009, p. 23). 26 Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo 83 Para que o Desenvolvimento Sustentável não se tornasse apenas mais um conceito, vários documentos, normas e leis foram criadas, tanto no âmbito governamental como privado. Entre tantas ações, pode-se citar a criação da ISO26000:2010 preparada pelo Instituto ISO. Esta Norma Internacional de Qualidade tem como foco os seguintes temas centrais: governança organizacional, direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente, práticas leais de operação, questões relativas ao consumidor, envolvimento com a comunidade e seu próprio desenvolvimento. Mesmo sendo uma norma moderna e aderente aos anseios da população mundial, ainda não dá direito à certificação, diferente de outras normas da família ISO, como a conhecida norma de processos de qualidade ISO9000 (ISO, 2011). Outro acontecimento de destaque na construção de uma sociedade sustentável foi a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída no Brasil através da Lei nº 12.305 de 02 de Agosto de 2010. Esta Lei é abrangente, haja vista que contempla um grande número de cuidados que toda sociedade, e não apenas as empresas, precisam ter com o meio ambiente. Já no 1º parágrafo do Artigo 1º cita que estão sujeitas ao seguimento desta lei as pessoas físicas ou jurídicas, tanto de direito público como privado “responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos”. Exige consideração com as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública (BRASIL, 2010). Tais situações levam a entender que se vislumbra a construção de um “novo mundo”, onde certamente, será preciso um “novo tipo de líder”. Foi a partir do entendimento desta tendência que o consultor Ricardo Voltolini passou a divulgar os conceitos de Líder Sustentável. Para ele, os Líderes Sustentáveis são aqueles que têm três características marcantes: 1) Eles acreditam, de verdade, nos valores estruturantes do conceito de sustentabilidade; 2) Eles compreendem a noção de interdependência entre os sistemas produtivo, ambiental e social e, 3) Eles têm preparatório a Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” – onde foi desenvolvido o relatório intitulado de “Nosso Futuro Comum”. 84 coragem para enfrentar dilemas e persistência para conduzir as mudanças necessárias (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2011). Guilherme Leal, copresidente do Conselho da Natura, tido como um Líder Sustentável, afirma que é obrigação do líder: Cuidar do outro e do planeta é cuidar de si próprio. Cuidar da comunidade onde se vive é cuidar de si próprio. Não adianta, portanto, querer cuidar apenas de si, de sua família ou de sua empresa. Não há o fora e o dentro. Estamos tudo e todos interligados. Dependemos uns dos outros e do sistema natural que garante nossa vida. O líder desses tempos deve ter a sensibilidade de perceber o essencial. Isso significa liderar com valores (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2011). Constata-se, portanto que, neste inegável momento de mudanças e de conscientização social, ambiental e econômica, os líderes das organizações devem estar preparados para novas exigências. Espera-se que o líder contemporâneo continue gerando bons resultados às organizações a que pertençam ao mesmo tempo em que dêem atenção às questões sociais e ambientais. Neste sentido, gerar Qualidade de Vida no Trabalho aos colaboradores de suas equipes é algo que os líderes devem ter como prioridade, pois vem ao encontro do tripé da sustentabilidade criado por Elkington (2001), TBL - Triple Bottom Line. Cujo conceito prega o desenvolvimento baseado no crescimento econômico, equidade social e proteção ao meio ambiente. Desta forma, o gestor de equipe pode contribuir com a afirmação deste novo conceito cuidando dos trabalhadores que estão sob seu comando fazendo com que o sentimento de bem-estar seja algo natural e, ao mesmo tempo, estratégico para a manutenção de um ambiente produtivo na organização que está sintonizada com as mudanças dos tempos. 85 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho acadêmico se identificou com o método hipotético-dedutivo, pois foi a partir de deduções de que poderiam existir relações entre as características das lideranças e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos colaboradores das organizações do município de São João da Boa Vista, que o estudo se desenvolveu. A pesquisa realizada se caracteriza como corte transversal, pois foi aplicada nos meses de janeiro e fevereiro de 2012, numa única vez. Portanto, considerou-se que o passado foi base para a história das pessoas e suas organizações, mas, não do estudo, bem como, não houve acompanhamento do desenvolvimento da situação ou nova aplicação de pesquisa dentro de certo período, que o caracterizaria como um corte longitudinal (VERGARA, 2005). Já a pesquisa do referencial bibliográfico iniciou-se em 2010, foi constantemente revista e atualizada, findando o processo apenas em 2012. Para a pesquisa de campo foram aplicados dois questionários, um que visou descobrir as características dos líderes das organizações (CL - Características do seu líder) e outro a Qualidade de Vida de Trabalho (QWLQ-bref), ambos com base na percepção dos colaboradores respondentes dos questionários, portanto, não houve pesquisa diretamente com líderes. Nesta pesquisa evitou-se a autoavaliação das características realizadas pelos próprios líderes, pois o objetivo era o de se descobrir a percepção de ambas variáveis a partir da visão dos que obedecem as ordens (liderados), e não de quem as aplica (líderes). Tal abordagem se justifica pelo fato dos estudos da Qualidade de Vida no Trabalho dar maior ênfase ao bemestar dos trabalhadores, e não exatamente de seus dirigentes, tendo em vista que estes, de uma maneira geral, possuem poder de gerar bem-estar (ou não) no trabalho, diferentemente dos trabalhadores que, na sua maioria, seguem regras e ordens. Ainda com base em Vergara (2005), a finalidade desta pesquisa se enquadrou como aplicada, tendo em vista que teve intuito prático de entender os problemas que envolvem a forma de liderar e o impacto na Qualidade de Vida no ambiente de trabalho, e assim, despertar o interesse dos envolvidos para soluções de problemas que foram apontados na pesquisa. Já o conjunto de objetivos, 86 enquadrou-se na pesquisa exploratória, apoiando-se na crença de que este tipo de pesquisa ainda não foi feito na localidade, e iniciou sem se ter previsibilidade completa dos resultados que seriam produzidos. 3.1 Detalhamentos da pesquisa de campo Quanto aos meios de investigação, ou procedimentos, esta pesquisa foi centrada no referencial teórico que evidenciou o conhecimento acumulado sobre liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. Utilizou-se a técnica survey (uso de questionários para detectar opinião de determinado grupo de pessoas, considerado amostra dentro de determinada população) seguida da comparação e análise dos resultados. A natureza desta pesquisa é quantitativa, pois foram os números apresentados que permitiram inferências a respeito das relações e correlações entre as variáveis sócio-profissionais dos respondentes e dos seus líderes com as características da liderança e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. A pesquisa de campo, segundo Vergara (2005, p. 47) “é investigação empírica realizada no local onde ocorre um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo” e inclui entrevistas e aplicação de questionários. Sendo assim, é nesta modalidade que este estudo se enquadrou, pois foi preciso ir em busca daqueles que se constituíam como público alvo desta pesquisa (trabalhadores das organizações locais) e que estivessem dispostos a responder esta pesquisa anônima que continha 61 perguntas no seu total (03 sobre a organização, 06 para dados sócio-profissionais dos respondentes, 06 para dados sócio-profissionais dos líderes dos respondentes, 26 do questionário “CL - Características do seu líder” e 20 do questionário “QWLQ-bref”). Como os questionários são autoexplicativos a pesquisa pôde ser realizada utilizando-se mais de uma técnica. Nos pré-testes detectou-se que o tempo médio de resposta era de apenas 11 minutos. Foi utilizada a amostragem sistemática considerando que havia probabilidade similar de se colher questionários respondidos (amostras) de todos os integrantes da população alvo, ou seja, qualquer um dos 21.645 trabalhadores formais do município de São João da Boa Vista, SP, poderiam ser abordados, já que a pesquisa foi feita de forma aleatória, tal como consta no plano amostral apresentado na Tabela 2. 87 TABELA 2: Plano e erro amostral da pesquisa Plano Amostral Período de aplicação desta pesquisa com corte Janeiro e fevereiro de 2012 transversal Forma de abordagem aos entrevistados Em suas residências ou locais públicos quando responderam de imediato à pesquisa Questionários distribuídos (-) Questionários que não retornaram Total Questionários válidos Questionários invalidados 91 0 91 83 8 Questionários deixados nas residências dos entrevistados para responderem e devolverem em até dois dias após entrega Questionários distribuídos (-) Questionários que não retornaram Total Questionários válidos Questionários invalidados 244 68 176 159 17 Responderam de imediato no ambiente da organização a que pertenciam Questionários distribuídos (-) Questionários que não retornaram Total Questionários válidos Questionários invalidados 149 0 149 132 17 Responderam de imediato no ambiente de estudos (faculdades do município) Questionários distribuídos (-) Questionários que não retornaram Total Questionários válidos Questionários invalidados 82 0 82 77 5 Totalização Questionários distribuídos (-) Questionários que não retornaram Total Questionários válidos Questionários invalidados 566 68 498 451 47 Erro Amostral População do município de S. J. da Boa Vista, SP 83.639 (IBGE, 2011) Trabalhadores formais do município 21.645 (FIESP, 2012) Nível de confiança estatístico 95% Erro amostral Mín. 2% Max. 5% Amostra necessária para o erro amostral proposto 447 Amostra real da pesquisa 451 Fonte: Elaborado pelo autor 88 O cálculo do erro amostral seguiu o modelo proposto por Santos (2012) utilizando a fórmula: Onde: n - amostra calculada: 451 N – população: 21.645 Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança p - verdadeira probabilidade do evento e - erro amostral Quanto aos motivos que levaram à desclassificação de 47 questionários foram: respostas incoerentes às perguntas confirmadoras (perguntas 23 e 31) e também o tempo de serviço do entrevistado ou de seu líder sendo menor de seis meses. Ambas as situações se enquadraram nos critérios de exclusão. Os trabalhadores das organizações do município de São João da Boa Vista, SP, que responderam os 451 questionários válidos, situam-se em variadas situações em termos de idade, tempo de trabalho, grau de instrução e estado civil. As organizações a que pertencem enquadram-se em 12 ramos. Esta variabilidade foi positiva para o propósito da pesquisa que não focou apenas um tipo de trabalhador ou um determinado ramo ou organização, mas sim, buscou conhecer a realidade em que se encontravam os trabalhadores locais, tanto no quesito liderança como a opinião a respeito de sua Qualidade de Vida no Trabalho. Os dados da pesquisa estão detalhados nas tabelas 3, 4 e 5. A origem da ideia de se pesquisar sobre as características da liderança local se deu quando o autor desta Dissertação de Mestrado ministrava cursos e palestras na Associação Comercial e Empresarial de São João da Boa Vista em várias áreas, entre elas, a formação de novas lideranças. O fato de ministrar cursos para líderes, mas, não ter o conhecimento sobre o perfil da liderança local, foi o primeiro fato motivador para que o autor realizasse esta pesquisa. Por outro lado, os estudos sobre Qualidade de Vida no Trabalho durante o Mestrado comprovaram a existência de diversas situações no ambiente de trabalho que provocam boa ou má percepção de Qualidade de Vida. A partir da possibilidade de que a atuação dos líderes poderia afetar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho da parte dos trabalhadores é que 89 decidiu-se pesquisar estas dimensões do mundo do trabalho, buscando-se verificar a existência, ou não, de relações entre estas duas variáveis. Após buscar informações sobre os assuntos, especialmente, teorias e conceitos sobre liderança e Qualidade de Vida no Trabalho, o autor submeteu a ideia ao seu orientador que aprovou a continuidade das pesquisas, pois também considerou os assuntos relevantes. A escolha da amostra para pesquisa deu-se por comodidade e facilidade de aplicação, tendo em vista que o pesquisador reside no município de São João da Boa Vista. 3.2 A opção pelo questionário QWLQ-bref Para se comprovar a viabilidade desta pesquisa foram realizados três prétestes. O primeiro pré-teste foi realizado em Novembro de 2010 com 25 alunos do quarto ano do Curso de Administração do Centro Universitário FAE. O segundo, em Maio de 2011 em duas empresas do ramo do comércio varejista com 11 colaboradores. No início de Janeiro de 2012 foi feito um último teste com 12 colaboradores do comércio varejista, escolhidos aleatoriamente, quando a pesquisa já estava formatada dentro do modelo final. O objetivo destes pré-testes foi o de comprovar a eficácia das modificações feitas no questionário sobre liderança, visando autonomia e fácil entendimento da parte dos respondentes. Isto foi comprovado, pois o tempo de resposta dos dois questionários em conjunto (de liderança e QVT) foi em média de 11 minutos, sendo que os respondentes, em sua maioria, não manifestaram dúvidas durante a leitura e respostas das perguntas. Nos dois primeiros testes foi utilizado o questionário “CL Características do seu líder” em conjunto com o questionário “WHOQOL-bref”, pois, até então, o projeto da dissertação previa uma avaliação ampla sobre a percepção de Qualidade de Vida dos trabalhadores. A mudança para um instrumento que pesquisasse Qualidade de Vida no Trabalho especificamente ocorreu após apresentação das ideias aos colegas de classe, professores e discussões em grupos sobre os possíveis vieses desta pesquisa, especialmente, pela constatação de que a QV é impactada por diversos fatores que não apenas o trabalho. Sendo assim, após muitas pesquisas, foi 90 encontrado e submetido para aprovação do orientador o questionário QWLQ-bref, tendo em vista que este instrumento atendeu aos objetivos desta pesquisa. Esta mudança obrigou alteração da escala nas respostas do questionário “CL - Características do seu líder” que no início variava entre 01 – “discordo totalmente” e 06 – “concordo totalmente” para, 01 – “discordo totalmente” e 05 – “concordo totalmente”. Tal mudança foi necessária para facilitar as avaliações estatísticas dos resultados dos dois questionários conjuntamente, já que o “QWLQ-bref” possui escala de respostas entre 01 e 05. Portanto, nesta pesquisa foram aplicados dois instrumentos conjuntamente, o questionário “CL - Características do seu líder” com 26 perguntas (24 para identificar as características da liderança e 02 confirmadoras) e o questionário de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho “QWLQ-bref”, com 20 perguntas no total. O questionário QWLQ-bref, de autoria de Reis Junior (2008) e Cheremeta et al (2011), tal como apresentado no item 2.8, visa detectar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho e sua construção baseou-se no questionário mundial de Qualidade de Vida WHOQOL, como já comentado. Os pré-testes demonstraram que a pesquisa tinha potencial, especialmente, se o número de questionários formasse uma boa amostra de dados, o que ocorreu mediante a compilação dos resultados de 451 questionários válidos. 3.3 A construção do questionário “CL - Características do seu líder” O questionário “CL - Características do seu líder” foi construído pelo autor desta dissertação com base em diversos estudiosos do tema: Argyris (1960); Bennis e Nanus (1988); Bergamini (1982, 1994, 2003); Bergamini e Coda (1997); Blake e Mouton (1964); Choi (2006); Crosby (1991); Fiedler (1967); Gardner e Avolio (1998); Gomes e Cruz (2007); Hampton (1990); Hersey e Blanchard (1986); House (1977); Lewin et al (1939); Likert (1961); McGregor (1967); Minicucci (1995); Robbins (1998, 2002); Spector (2002); Stefano (2008); Tannenbaum e Schmidt (1958); Tannenbaum (1970); Uris (1972) e Weber (1947). A estrutura deste instrumento é semelhante à de outros questionários que também foram criados para objetivos parecidos, especialmente, os que constam em Minicucci (1995), Stefano (2008) e Reis Junior (2008). Este instrumento de pesquisa visou detectar, mediante a percepção dos liderados, características presentes na 91 forma de liderar: autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas, e focadas em pessoas. Os Quadros 13 e 14 apresentam os entendimentos sobre as características da liderança, baseados em extensa pesquisa bibliográfica, abordadas no questionário “CL - Características do seu líder”. QUADRO 13: Forma de atuação do líder que revela características de liderança (I) Características dos líderes Autocráticas Principais Forma de atuação do líder perante sua equipe autores pesquisados Centraliza as decisões; exige execução do trabalho de acordo com Bergamini suas ordens; determinado e pessoal nas suas decisões. O medo da 1994, 2003); Lewin et parte dos liderados pode estar presente nas relações com o líder al (1939); Minicucci em vista do seu modo coercivo de agir. Tem como vantagem a (1995); Tannenbaum rapidez e firmeza nas decisões. Como desvantagem, a baixa e participação dos membros da equipe nas decisões. Os autores Tannenbaum (1970); pesquisados indicam que os líderes conscientes de seu papel, Uris (1972) Schmidt (1982, (1958); lançam mão de decisões autocráticas em situações pontuais, especialmente, quando não há maturidade do grupo. Democráticas Expõe ao grupo os acontecimentos positivos e negativos em torno Bergamini do trabalho; incentiva os membros do grupo a proporem soluções 1994, 2003); Lewin et aos problemas que surgem; consulta mais de uma fonte de al (1939); Minicucci informação antes de decidir; cria um ambiente amistoso de trabalho (1995); Tannenbaum e tem uma relação próxima aos seus liderados. Tem como e vantagem a participação dos liderados nas decisões. Como Tannenbaum (1970); desvantagem, eventual demora nas decisões, em vista de ouvir Uris (1972) Schmidt (1982, (1958); diferentes opiniões a respeito de determinado assunto. Os autores explicam que, líderes conscientes de seu papel agem democraticamente na maior parte do tempo. Liberais Deixa os membros da equipe organizarem seu trabalho; informa Bergamini sobre o rendimento do trabalhador somente quando lhe é 1994, 2003); Lewin et perguntado; demonstra confiança na capacidade da equipe em al (1939); Minicucci trabalhar de forma autônoma. Tem como vantagem a valorização (1995); Tannenbaum do talento da equipe. Como desvantagem, a possibilidade de e ocorrer conflitos entre os membros da equipe por conta da Tannenbaum (1970); dificuldade de responsabilização por erros. Neste caso, a força da Uris (1972) Schmidt (1982, (1958); liderança informal dentro do grupo acaba por prevalecer, o que nem sempre é positivo. Os autores indicam que, líderes conscientes de seu papel, agem de forma equilibrada, criam situações de liberdade para ação dos liderados, contudo, acompanham as atividades e ofertam constante apoio. Fonte: Elaborado pelo autor 92 QUADRO 14: Forma de atuação do líder que revela características de liderança (II) Características dos líderes Principais autores pesquisados Forma de atuação do líder perante sua equipe Líder torna-se admirado por valorizar a criatividade, a inovação e a Bennis confiança; leva as pessoas sob seu comando a terem uma visão de (1988); futuro vitorioso; possui grande poder de convencimento e cuida de (1982, 1994, 2003); sua imagem para continuar sendo admirado e seguido. Tem como Bergamini vantagem a disseminação da motivação no ambiente de trabalho. (1997); Choi (2006); Como desvantagem, o perigo de ver-se como mais importante do Crosby que a própria equipe. As pesquisas revelam que o líder consciente Gardner de seu papel reconhece sua importância no contexto no qual está (1998); inserido, e toma a frente das ações quando necessário, sem se Cruz (2007); House esquecer que são os liderados que sustentam sua posição. Usa seu (1977); Spector carisma para elevar a moral do grupo, especialmente, frente a (2002); Weber grandes desafios. (1947). Seu principal foco é o atingimento das metas sendo que suas ações Bergamini giram em torno do atingimento de objetivos específicos; exigente na 1994, 2003); execução das tarefas, cobra resultados sobre desempenho com e frequência. Tem como vantagem o constante cumprimento dos Fiedler (1967); objetivos propostos para sua equipe. Como desvantagem, a Hampton (1990); Focadas em possibilidade de estar aplicando constante e excessiva pressão Hersey e Blanchard Metas e sobre liderados para cumprirem resultados. Os autores explicam (1986); McGregor Tarefas que os líderes conscientes de seu papel não somente cobram (1967); Robbins resultados, mas, criam condições favoráveis para que os liderados (1998, cumpram os objetivos de forma eficiente e eficaz, pois estes, em Stefano sua grande maioria, têm consciência de que gerar resultados às Tannenbaum organizações a que pertencem faz parte das relações de trabalho e, Schmidt por isso, valorizam o reconhecimento. Tannenbaum (1970). Dá atenção aos problemas particulares de seus liderados; cultua Argyris valores como bondade, solidariedade e amizade; valoriza o ser Bergamini humano em primeiro lugar. Tem como vantagem fazer com o que 1994, 2003); liderado sinta-se valorizado como pessoa no ambiente de trabalho. e Como desvantagem, uma possível presença de paternalismo nas Hersey e Blanchard relações que pode dificultar ao liderado a superação, por si só, de (1986); Likert (1961); dificuldades. As pesquisas concluem que o líder consciente de seu McGregor (1967); papel valoriza seus liderados como pessoas. Sabe que eles têm Robbins suas limitações e, por isso, sempre está pronto a ouvi-los e apoiá- 2002); Spector los na superação de suas dificuldades pessoais dentro da (2002); Stefano possibilidade de ação sua e da organização. Contudo, não faz (2008). Carismáticas Focadas em Pessoas e Nanus Bergamini e Coda (1991); e Avólio Gomes (1982, Mouton Mouton e Blake (1964); 2002); (2008); e (1958); (1960); (1982, Blake (1964); (1998, acepções de pessoas, tratando todos com alto nível de respeito, evitando a iniquidade no tratamento dos liderados, ou seja, não dá a um o que não poderá conceder a outro. Fonte: Elaborado pelo autor 93 Constata-se que as características da liderança focadas em pessoas pesquisadas trazem dois lados de interpretação, o lado da consideração humana e o da tendência ao paternalismo. Sendo assim, nesta pesquisa, buscou-se verificar se o líder se coloca a frente de seu grupo com foco na Gerência de Clube de Campo ou na Gerência de Equipe tal como defendido por Blake e Mounton (1964). Ou então, se o líder possui um relacionamento alto e foco baixo em tarefas, ou alto foco em tarefas e também em relacionamento, conforme conceitos defendidos por Hersey e Blanchard (1986). Percebe-se, também, que as características abordadas nesta pesquisa possuem pontos positivos e também negativos, exceto as características autocráticas, que apresentam mais pontos negativos do que positivos. É importante citar que, além das perguntas inerentes às características da liderança e da percepção de Qualidade de Vida no Trabalho, pesquisaram-se também informações sócio-profissionais dos respondentes e de seus líderes, sendo que todos os dados foram informados pelos próprios liderados. Buscou-se também conhecer um pouco sobre a organização da qual o liderado participa: ano de fundação, ramo e número total de colaboradores (de toda organização quando se tratava de grandes redes). Os dados sócio-profissionais pesquisados dos liderados e de seus líderes foram: cargo, sexo, estado civil, idade, tempo de empresa e formação educacional. Desta forma, através do coeficiente de Pearson, foi possível descobrir algumas correlações entre estes dados sócio-profissionais e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho e também com as características da liderança, o que enriqueceu as conclusões desta pesquisa. As 26 perguntas do questionário “CL - Características do seu líder” que buscaram descobrir as seis características da liderança estudadas – autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas – foram registradas de forma aleatória no formulário. As opções de respostas seguiram a escala de Likert (1961), sendo que, para cada pergunta havia 05 opções de respostas variando entre a discordância total – “Discordo Totalmente” – opção 01, e concordância total – “Concordo Totalmente” – opção 05, cuja opção estava relacionada ao conteúdo da afirmação. Os números das questões do questionário de liderança iniciaram em 16, por conta dos itens numerados anteriormente relativos às informações da organização (03 perguntas), dos dados sócio-profissionais dos liderados respondentes (06 94 perguntas) e de seus líderes (06 perguntas). Para descobrir as características da liderança, foi criado um conjunto de 04 (quatro) perguntas para cada grupo de características e 02 (duas) perguntas foram preparadas para serem confirmadoras, ou seja, com função de validar o questionário. As perguntas referentes a cada conjunto de características constam no Quadro 15. QUADRO 15: Perguntas sobre as características dos líderes Perguntas para detecção das características dos líderes Características Autocráticas 16 20 32 40 Meu líder centraliza todas as decisões e não permite que ninguém tome decisão em seu lugar. Se não for do jeito que meu líder quer, meu serviço parece que nunca está bom. Quando é preciso decidir algo, meu líder toma decisão rápida e firmemente. Constantemente tenho medo do meu líder. 21 Meu líder explica a situação que está acontecendo, pede minha opinião e de meus colegas, e coloca em prática o que decidimos juntos. Meu líder, quando faz reuniões, pede que falemos nossa opinião. Às vezes meu líder demora para decidir porque pergunta a opinião a respeito de algum assunto para muita gente. Sinto-me à vontade para dar sugestões ao meu líder. Características Democráticas 28 36 38 Características Liberais 22 26 34 41 Por várias vezes tive que tomar decisão sem a presença do meu líder. Só fico sabendo de meu desempenho quando pergunto ao meu líder. Já houve discussão entre meus colegas de trabalho por não saberem de quem era a responsabilidade sobre um erro cometido. Constantemente eu e meus colegas de trabalho organizamos nossos serviços, nosso ambiente e, muitas das coisas que fazemos, somos nós mesmos que resolvemos. Características Carismáticas 19 25 35 39 Meu líder é muito querido pela maioria das pessoas. Sinto-me motivado a cumprir os objetivos após ouvir meu líder numa reunião de grupo. Sou um admirador do meu líder pela sua personalidade e pela sua grande capacidade de comandar nossa equipe. Percebo que meu líder cuida bem de sua imagem. Características Focadas em Metas e Tarefas 18 24 29 33 O atingimento das metas é a questão mais importante para o meu líder. Os assuntos principais de nossas reuniões são metas e objetivos da empresa. Enquanto a tarefa não ficar exatamente como meu líder solicitou, não posso parar de fazê-la. Meu líder exige que a organização no setor esteja impecável, não importando o quanto tenhamos que nos esforçar para isso. 17 37 Sempre que tenho um problema particular posso compartilhar com meu líder, pois ele me ouve e apoia. Bondade é um valor importante para meu líder. Sinto-me importante nesta empresa em que trabalho, pois sou constantemente reconhecido pelo meu líder. Percebo que, para meu líder, as pessoas são muito mais importantes do que os resultados. 23 31 Meu líder não centraliza as decisões e permite que tomemos decisão em seu lugar. Meu líder, quando faz reuniões, não pede nossa opinião. Características Focadas em Pessoas 27 30 Perguntas Confirmadoras Fonte: Elaborado pelo autor com base em diversos autores 27 27 Argyris (1960); Bennis e Nanus (1988); Bergamini (1982, 1994,2003); Bergamini e Coda (1997); Blake e Mouton (1964); Choi (2006); Crosby (1991); Fiedler (1967); Gardner e Avolio (1998); Gomes e Cruz (2007); Hampton (1990); Hersey e Blanchard (1986); House (1977); Lewin et al (1939); Likert 95 Neste questionário, as perguntas 23 e 31, foram consideradas perguntas confirmadoras, ou seja, foram preparadas para confirmarem a validade do questionário. Os seus textos foram estruturados para serem contrários ao de outras duas perguntas - 16 e 28. Assim, mediante uma avaliação das respostas dadas nestas perguntas, pôde-se confirmar se o respondente demonstrou atenção, sinceridade e interesse no ato de responder o questionário, ou não, e assim, considerar sua validade. Desta forma, a questão 16 “Meu líder centraliza todas as decisões e não permite que ninguém tome decisão em seu lugar” apresenta uma afirmação contrária à questão de número 23 “Meu líder não centraliza as decisões e permite que tomemos decisão em seu lugar”. Seguindo o mesmo raciocínio, a afirmação 28 “Meu líder, quando faz reuniões, pede que falemos nossa opinião” também é contrária à de número 31 “Meu líder, quando faz reuniões, não pede nossa opinião”. Os questionários que apresentaram incoerência nestas respostas, ou seja, constarem “Concordo Totalmente” ou “Discordo Totalmente” para ambas as respostas, foram desclassificados. Tendo em vista que esta pesquisa buscou relações e correlações entre as variáveis QVT e características da liderança, para maior confiabilidade dos resultados optou-se por aplicar, na avaliação dos resultados do questionário de liderança “CL – Características do seu líder”, a mesma metodologia proposta por Reis Junior (2008) e Cheremeta et al (2011) para o questionário QWLQ-bref. Assim, para cada número de resposta no questionário “CL – Características do seu líder” foi aplicada uma escala ampliada de pontos que vai de 0 a 100, tal como consta no Quadro 16 e no exemplo reproduzido no Quadro 17. Para o questionário CL não houve uso de escala invertida de respostas. QUADRO 16: Escala ampliada de respostas para avaliação das respostas do questionário CL- Características do seu líder Escala normal (1 a 5) 1 2 3 4 5 Escala ampliada (0 a 100) 0 25 50 75 100 Fonte: Elaborado pelo autor (1961); McGregor (1960); Minicucci (1995); Robbins (1998, 2000, 2002); Spector (2002); Stefano (2008); Tannenbaum e Schmidt (1958); Tannenbaum (1970);Uris (1972) e Weber (1947). 96 QUADRO 17: Exemplo de avaliação dos resultados do grupo de Características Autocráticas do líder Nº questão 16 20 32 40 Questões com foco nas Características Autocráticas Meu líder centraliza todas as decisões e não permite que ninguém tome decisão em seu lugar. Se não for do jeito que meu líder quer, meu serviço parece que nunca está bom Quando é preciso decidir algo, meu líder toma decisão rápida e firmemente Constantemente tenho medo do meu líder Cálculo Total Exemplo de notas dadas pelo entrevistado Aplicação da escala ampliada de respostas 4 75 4 75 5 100 4 75 325/4 81,25 Fonte: Elaborado pelo autor Tal como consta no exemplo reproduzido no Quadro 17, para a detecção da percepção das características do líder apontadas pelo liderado em cada grupo de respostas do questionário “CL - Características do seu líder” é preciso converter o resultado de cada resposta em acordo com a escala ampliada constante no Quadro 16. Deve-se considerar a média simples da soma dos resultados dividindo-a por 4 (número de perguntas para cada grupo de características), obtendo-se assim o resultado total de cada grupo de características da liderança. Assim, é preciso repetir com cada um dos grupos de respostas para as características da liderança investigadas na pesquisa – autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, com foco em metas e tarefas e com foco em pessoas. Tal método, utilizado na pesquisa das características da liderança, facilitou a comparação com os resultados da pesquisa de QVT com uso do QWLQ-bref. O Quadro 18 apresenta a comparação dos resultados de cada conjunto de características da liderança com a significância em termos de avaliação dos resultados. Seguiu-se, da mesma forma, o método do QWLQ que apresenta uma tabela de comparação de resultados entre 0 e 100, tal como apresentado no Quadro 8. Desta forma, a avaliação dos resultados do questionário CL deve ser comparada com o proposto no Quadro 18. 97 QUADRO 18: Escala para classificação da percepção das características da liderança CL - Características do seu líder Autocráticas ou Democráticas ou Liberais ou Carismáticas ou Focadas em Metas e Tarefas ou Focadas em Pessoas Não possui Possui estas poucas destas características características 0 a 22,5 22,5 a 45 Moderada presença destas características 45 a 55 Características As muito características presentes são estas 55 a 77,5 77,5 a 100 Fonte: Elaborado pelo autor O Quadro 18 mostra que a menor nota possível que se pode aquisitar na soma das respostas é 0. Isso se dará quando o respondente aferir a nota 1 em todas as quatro respostas do conjunto avaliado das características da liderança. Já a maior será 100, quando o respondente aferir 5 em todas as quatro respostas. Isso porque, cada pergunta do questionário CL permite ao entrevistado assinalar entre 01 (Discordo Totalmente) e 05 (Concordo Totalmente) e, considerando que há quatro perguntas focadas em cada característica da liderança (vide Quadro 15), então, considerando as orientações constantes nos Quadros 16 e 17, quando o entrevistado assinalar a menor nota em cada uma das perguntas, ou seja, nota 01, ocorrerá a seguinte situação: 01 (menor nota possível para cada resposta) x 04 (nº de perguntas para o conjunto de características pesquisado) 0 x 4 0/4 = 0 (menor nota possível para cada grupo de perguntas). Da mesma forma ocorrerá com a maior nota para cada pergunta, que é 05, então, 05 (maior nota possível para cada resposta) x 04 (nº de perguntas para o conjunto de característica pesquisado) 100 x 4 400/4 = 100 (maior nota possível para cada grupo de perguntas). No exemplo apresentado no Quadro 17, onde as respostas do liderado somaram nota 81,25, poder-se-ia afirmar que seu líder possui, na totalidade, as características autocráticas na forma de liderar a equipe. Certamente, a visão de um único liderado não é adequada, sendo que, quanto maior for o número de liderados, mais consistente será a avaliação. Deve-se ter o cuidado para o fato de que, quando houver mais de um liderado entrevistado, será preciso aplicar a média aritmética 98 simples para o conjunto de respostas, comparando a média final com a escala proposta no Quadro 18. Da mesma forma que Reis Junior (2008) apresentou explicações para cada frase constante na escala do instrumento de pesquisa QWLQ-78, assim também foi feito para o questionário “CL - Características do seu líder”. Seguindo-se assim um raciocínio evolutivo, partindo do entendimento de que não há aderência às características de liderança pesquisadas; quando da ocorrência de notas mínimas; chegando-se à afirmação de que as características realmente estão presentes na forma de liderar de determinado líder, isso diante de notas altas aplicadas pelos liderados em determinado conjunto de características. A soma total das notas de cada grupo de respostas, que avalia as características da liderança, deve ser comparada à escala e notas explicativas constantes no Quadro 19. QUADRO 19: Detalhamento sobre o somatório das notas aferidas para o conjunto de respostas do questionário “CL - Características do seu líder” Pontuação 0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100 Enquadramento Não possui estas características: Entende-se que, com tão pouca pontuação dada pelo liderado, o líder certamente não possui as características de liderança investigadas no grupo de perguntas. Possui poucas destas características: Entende-se que, pela baixa pontuação apontada pelo liderado, o líder tem poucas das características de liderança investigadas no grupo de perguntas. Moderada presença destas características: Entende-se que, pela pontuação apontada pelo liderado, o líder tem tendências para as características de liderança investigadas no grupo de perguntas. Características muito presentes: Entende-se que, pela pontuação apontada pelo liderado, as características de liderança investigadas no grupo de perguntas estão muito presentes no seu líder. Portanto, esta pontuação deve ser considerada como importante nas avaliações dos resultados. As características são estas: Entende-se que, pela expressiva pontuação apontada pelo liderado, as características de liderança investigadas no grupo de perguntas estão, efetivamente, presentes na forma de liderar do líder e, por isso, podem ser consideradas na sua totalidade. Fonte: Elaborado pelo autor Nesta pesquisa, a tabulação dos resultados conseguida através da aplicação do questionário QWLQ-bref foi feita de acordo com as instruções dos autores deste instrumento, constantes neste estudo, e seus resultados foram comparados às características presentes nas lideranças locais, além de outras inferências que constam neste estudo. As médias aquisitadas nesta pesquisa foram importantes para avaliação global dos resultados e os dados estatísticos permitiram a compreensão da situação que apresentada. 99 Ressalta-se que esta pesquisa visou descobrir características gerais na forma de liderar e não a detecção do perfil psicológico dos líderes. Buscou-se conhecer a percepção sobre Qualidade de Vida no Trabalho, mas não a detecção do perfil psicológico dos trabalhadores entrevistados, pois estes não se constituíram como objetos de pesquisa nestes estudos. As variáveis que impactaram este estudo e que buscaram ser compreendidas foram: • Características de liderança presentes na forma dos líderes atuarem diante de suas equipes nas organizações do município de São João da Boa Vista. • Percepções sobre Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos entrevistados. Agregou-se a estas variáveis o perfil dos entrevistados e de seus líderes, e também as informações sobre as organizações a que pertenciam os respondentes. Excluiu-se desta pesquisa as organizações governamentais pertencentes aos três níveis de governo – municipal, estadual e federal – exceto as sociedades de economia mista onde Estado e acionistas são seus controladores, como é o caso da SABESP, Banco do Brasil e outras. Tal cuidado deveu-se às especificidades do ramo público. Os critérios de inclusão e exclusão dos entrevistados desta pesquisa foram: Inclusão: • Ser funcionário efetivo de uma organização local, exceto funcionário em departamento público de qualquer dos três níveis de governo. • Possuir algum superior hierárquico: gerente, supervisor, proprietário do estabelecimento ou outro cargo que denote liderança direta. Exclusão: • Não manter vínculo formal com a organização para a qual trabalha. • Estar empregado há menos de seis meses. • Ser menor de 18 anos. • Ser proprietário, ou sócio-proprietário do estabelecimento comercial (por não possuir líder formal). • Pertencer à organização localizada fora do município de São João da Boa Vista, mesmo que o respondente resida no município. 100 • Não haver coerência nas respostas das perguntas confirmadoras – 16 com 23 e 28 com 31. Ou seja, constarem “Concordo Totalmente” ou “Discordo Totalmente” para ambas as respostas que possuem afirmações antagônicas. Quanto aos líderes, os critérios de exclusão foram: ser menor de 18 anos e estar na função de líder há menos de 06 meses, isso considerando que tais informações foram dadas pelo liderado respondente. A compilação dos dados e a avaliação dos resultados utilizaram os programas informatizados Microsoft EXCEL e SPSS 8.0 (Statistical Package for the Social Sciences), este último trata-se de programa especializado para avaliação de pesquisas do tipo surveys e revela o Coeficiente de Correlação de Pearson. Ou seja, revelou as relações e correlações existentes entre as variáveis constantes nos questionários, cujas variaveis foram originadas das 61 perguntas sobre organização, respondentes, seus líderes, características da liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. O programa SPSS 8.0 avaliou o número aferido como resposta a cada pergunta e comparou-o com o número de outras respostas, verificando correlações positivas (quanto mais aumentava uma mais aumentava outra) ou correlações inversas (quanto mais aumentava uma mais diminuía outra), destacando as que tiveram 95% ou 99% de correlação, cujos apontamentos foram focos deste estudo. 101 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 O município de São João da Boa Vista Esta pesquisa foi desenvolvida no município de São João da Boa Vista, Estado de São Paulo, que está localizado próximo ao sul de Minas Gerais e é conhecido como a “Cidade dos Crepúsculos Maravilhosos”. FIGURA 7: Mapa do Município de São João da Boa Vista, SP Fonte: Google Maps, 2012 Este município foi fundado em 24 de junho de 1821 por Antônio Machado de Oliveira e os cunhados Inácio Cândido e Francisco Cândido, vindos de Itajubá, cidade de Minas Gerais, que, por conta da data da fundação, adotaram São João Batista como padroeiro, homenageando-o no próprio nome da cidade. Por ter seu início na Fazenda Boa Vista, propriedade do padre João Ramalho, o nome da 102 cidade recebeu o complemento “da Boa Vista” (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA, 2010). Antônio Machado de Oliveira contribuiu doando um terreno para a futura povoação do local, enquanto o padre português João Ramalho teve grande importância na história e na economia da cidade, pois incentivou seu progresso explorando atividades agro-pecuárias, industriais e rurais como monjolos, moinhos, engenhos de serra e de cana-de-açúcar, destacando-a na região. Em 24 de abril de 1880, São João recebeu a emancipação política e foi elevada a Município. Nessa época, o município compreendia as vilas de Aguaí, Águas da Prata e Vargem Grande do Sul que, com o passar do tempo, também foram se emancipando (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA, 2010). A Prefeitura Municipal de São João da Boa Vista (2010) divulgou em seu site as boas condições do município com intuito de convidar empresários a investirem na localidade, reforçando seus atrativos: • Ser referência de desenvolvimento da 5ª Região Administrativa de Campinas, composta por 16 municípios; • Situar em localização privilegiada; • Estar a apenas 220 quilômetros do maior pólo de desenvolvimento da América Latina, a região metropolitana de São Paulo, Capital; • Possuir malha viária de primeiro mundo; • Apresentar infra-estrutura adequada para atender às principais exigências do empresário de hoje e do futuro; • Ter dois Distritos Industriais e um terceiro sendo preparado; • Possuir aeroporto regional com pista asfaltada; • Possuir uma das mais modernas estações de tratamento de esgoto do Estado de São Paulo; • Ter à disposição mão de obra de alto nível, preparada por dois centros universitários, além de SENAI, SENAC, SEBRAE e escolas técnicas de formação profissional; • Estar inserida em ambiente natural com uma vida cultural e de lazer de alto nível, o que garante aos moradores ótimo padrão na qualidade de vida; • Ser um dos municípios mais dinâmicos do Brasil, de acordo com a Gazeta Mercantil de Fevereiro/2005 que divulgou o Atlas do Mercado Brasileiro 103 preparado pela empresa Florenzano Marketing. Neste levantamento, São João da Boa Vista ficou no 54ª lugar, com um percentual de 133% acima da média nacional de desenvolvimento (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA, 2010). De acordo com o IBGE (2011) São João da Boa Vista possui 83.639 habitantes com um número de veículos da ordem de 42.625 unidades. Em 2006 ocupava, dentre os municípios do Estado de São Paulo, as seguintes posições: Índice Paulista de Responsabilidade Social – Dimensão Riqueza: 43ª; Dimensão Longevidade: 68ª e Dimensão Escolaridade: 72ª (SEADE, 2011). Ainda de acordo com a Prefeitura Municipal (2011), o município possui 3.188 organizações inscritas com CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), cujas organizações empregam 21.645 trabalhadores formais (FIESP, 2012). O comércio do município é bastante diversificado. De acordo com Associação Comercial e Empresarial local (2010), 70% das empresas pertencentes ao seu quadro de associados estão ligadas ao comércio e que existem cerca de 2,0mil empresas atuantes no ramo comercial nesta localidade. Destas, cerca de 1,5mil pertencem ao ramo do comércio varejista, sendo na sua maioria pequenas lojas de confecções infantis, femininas e masculinas, calçados, bolsas, móveis, eletrodomésticos, celulares, utensílios do lar, materiais para construção, materiais elétricos e hidráulicos, comércio de veículos, de autopeças, ferramentas, objetos de decoração, vidros, doces, carnes, farmácias e drogarias, comércio de bebidas em geral, padarias, comércio de hortifrutigranjeiros, supermercados, comércio de combustíveis, entre outros. O Produto Interno Bruto (PIB) - Valor Adicionado do município de São João da Boa Vista - somava R$1,386bilhão. Sendo que, contribuíam para a formação deste PIB as atividades agropecuárias, R$28,363milhões; a indústria, R$508.585milhões e os ramos de comércio e serviços, R$849.729 (IBGE, 2011). Foi nesta localidade e neste contexto que a pesquisa sobre Qualidade de Vida no Trabalho e características da liderança, foi desenvolvida. 104 4.2 Estatística Descritiva da pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho A Estatística Descritiva da pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho contempla as respostas dadas nos 451 questionários válidos nesta pesquisa, e está representada na Tabela 3. A Figura 8 contempla os resultados sobre a percepção dos trabalhadores e foi construído aplicando-se a ferramenta de cálculo para o QWLQ-bref disponível em Pedroso (2012). A média geral para a Qualidade de Vida no Trabalho, considerada nas interpretações estatísticas desta pesquisa, foi de 66,31 pontos. Considerando a escala proposta por Reis Junior (2008) e Cheremeta et al (2011), pode-se afirmar que, a média de 66,31 pontos obtida nesta pesquisa, demonstra que os trabalhadores do município de São João da Boa Vista estão satisfeitos com sua Qualidade de Vida no Trabalho. TABELA 3: Estatística Descritiva – Percepção de QVT (n = 451) Percepção de Qualidade de Vida no Trabalho – Questionário QWLQ-bref Escala de pontos Quantidade Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 05 15,63 6,67 4,69 21,53 16,84 22,5 a 45 44 38,01 6,71 22,57 44,97 22,40 45 a 55 62 50,32 2,92 45,31 54,69 9,38 55 a 77,5 214 66,98 6,56 55,03 77,43 22,40 77,5 a 100 126 84,95 5,74 77,78 100 22,22 Total 451 Média Geral de QVT: 66,31 Fonte: Elaborado pelo autor 105 FIGURA 8: Resultados da pesquisa sobre QVT dos trabalhadores do município de São João da Boa Vista, SP (n = 451). Fonte: Elaborado pelo autor 4.3 Comparações dos dados das organizações, líderes e liderados com a percepção de QVT dos trabalhadores As diversas correlações entre as variáveis, presentes nesta pesquisa, que teve 451 questionários válidos, foram comprovadas mediante processamento dos dados no programa SPSS 8.0 (Statistical Package for the Social Sciences), tal como está apresentado no Quadro 20. Os totais de notas médias dos conjuntos das características da liderança estão dispostos no Quadro 20 da seguinte forma: variável nº 16 - Autocráticas, nº 17 - Democráticas, nº 18 - Liberais, nº 19 - Carismáticas, nº 20 - Focadas em Metas e Tarefas e, nº 21 - Foco em Pessoas. A variável 22 se refere à totalização da percepção de Qualidade de Vida no Trabalho de cada trabalhador entrevistado. As demais variáveis se referem aos dados das organizações, dos respondentes e de seus líderes. 106 Todas as variáveis foram comparadas umas com as outras pelo programa SPSS 8.0, que apontou as Correlações de Pearson entre as mesmas, ou seja, comparou se a intensidade de variação de valores de uma variável ocorria em outra variável. Exemplos são quando os números de uma e de outra variável, que estão sendo comparadas entre si, crescem ou decrescem com mesma intensidade, ou ainda, enquanto aumentam em uma diminuem com igual intensidade na outra. Nestes casos, o programa SPSS aponta estas correlações com dois asteriscos (**), ou seja, confirma que existe 99% de Correlação de Pearson entre elas. Se existe alguma relação considerável aponta com um asterisco (*), ou seja, neste caso possui 95% de correlação. E nos resultados sem asteriscos a Correlação de Pearson é irrelevante. Para apontar as relevâncias, o programa SPSS não considera apenas a amplitude entre um e outro resultado, mas também, o número de vezes em que as correlações ocorrem. Sendo assim, quanto maior a base de dados, mais confiável serão as avaliações. Neste caso específico, a base de dados com informações de 451 questionários válidos dá grande credibilidade aos resultados da pesquisa. 107 QUADRO 20: Resumo das Correlações de Pearson mediante aplicação do programa SPSS 8.0 01 Ano Fund AnoF und Nr Func Ramo Carg Entr. Sexo Entr. Est.C Entr. Idade Entr. Temp Serv. Entr. Educ. Entr. Carg. Lìder Sexo Líder Est.C Líder Idade Líder Temp Serv. Líder Educ. Líder Auto crat. Demo cratic Liber al Caris mat. Meta se Taref. Peso as QVT 1 ,180( **) ,211( **) ,119( *) ,119( *) 02 03 04 05 06 Carg Entr. Sexo Entr. Est.C . Entr. Nr Func Ramo ,180( **) ,211( **) ,119( *) ,119( *) 1 ,143( **) -0,01 0,03 ,143( **) 1 ,132( **) -0,01 ,132( **) ,179( **) ,117( *) 1 ,117( *) -0,08 0,05 8 ,179( **) ,092( *) 0,04 2 0,04 5 0,02 1 0,02 7 ,221( **) 0,03 7 0,05 3 0,05 8 0,04 2 0,01 7 ,153( **) ,108( *) ,135( **) 0,03 7 0,05 2 ,114( *) ,118( *) ,299( **) 0,03 4 ,179( **) 0,02 6 0,04 3 0,06 8 ,123( **) 0,00 8 0,00 5 0,03 3 0,08 3 0,04 6 0,05 6 0,05 5 0,05 2 ,168( **) 0,01 2 0,04 9 0,08 5 0,00 1 0,10 4 0,00 8 0,01 4 0,06 7 0,05 1 0,09 5 0,09 1 0,03 8 0,01 7 0,01 0,10 6 0,03 0,05 9 0,01 7 0,05 7 ,109( *) 0,01 8 0,02 9 0,00 6 0,02 1 0,02 1 0,03 2 0,03 5 0,05 7 0,09 0,07 1 0,02 4 0,04 2 0,08 3 1 ,111( *) ,150( **) ,138( **) ,107( *) ,167( **) ,463( **) 0,07 8 ,103( *) 0,03 2 0 0,02 8 0,04 9 -0,05 ,119( *) 0,09 1 ,097( *) ,263( **) 07 08 Idade Entr. Temp Serv. Ent. 0,04 9 09 Educ. Entr. Carg Líder 0,00 1 0,10 4 0,02 7 0,03 7 0,07 1 ,167( **) 0,01 2 0,05 9 ,092( *) -0,08 0,04 2 0,08 5 0,05 8 0,04 5 0,03 2 ,111( *) 0,03 5 ,150( **) 0,05 7 ,138( **) 1 ,439( **) ,260( **) ,439( **) 1 ,574( **) ,260( **) ,182( **) ,574( **) ,344( **) 1 ,233( **) ,122( **) ,103( *) ,234( **) ,184( **) 0,03 2 0,01 4 ,256( **) ,209( **) 0,00 4 ,094( *) ,155( **) ,139( **) ,117( *) 0,04 6 ,123( **) 0,02 7 0,00 5 0,05 6 ,163( **) ,213( **) ,169( **) 0,01 4 0,06 3 0,07 9 0,02 1 ,221( **) 0,09 ,107( *) ,182( **) ,344( **) ,233( **) 1 ,287( **) ,162( **) 0,02 3 ,474( **) ,141( **) 0,03 8 0,06 2 0,03 3 0,05 9 0,04 9 0,02 6 ,160( **) 0,05 7 0,04 ,159( **) ,132( **) 0,00 8 ,129( **) 0,06 7 0,02 3 ,132( **) ,141( **) 0,04 5 ,102( *) ,167( **) 0,07 7 0,02 7 0,04 2 10 ,122( **) ,234( **) ,256( **) ,287( **) 1 0,09 1 0,05 1 ,129( **) 0,03 1 ,426( **) 0,03 2 -0,04 0,03 9 0,01 2 ,125( **) 0,02 8 0,01 4 11 12 13 14 15 Sexo Líder Est.C .Líder Idade Líder Temp Serv. Líder 0,05 3 0,04 2 0,05 8 0,01 7 0,03 7 0,00 8 ,153( **) 0,05 2 0,01 4 ,108( *) ,114( *) 0,04 2 0,07 8 0,08 3 ,103( *) ,118( *) 0,03 2 0,03 2 ,094( *) 0,04 6 0,01 4 0,00 4 ,155( **) 0,05 6 ,139( **) ,213( **) 0 ,123( **) ,163( **) ,169( **) 0,02 3 0,05 1 0,01 1 ,117( *) ,129( **) 0,06 4 0,06 3 0,03 1 ,474( **) ,426( **) 1 ,133( **) -0,01 0,05 7 1 ,395( **) ,135( **) 0,02 4 ,463( **) ,103( *) ,184( **) ,209( **) ,162( **) 0,09 1 1 0,01 1 0,06 4 -0,01 ,133( **) 0,05 7 ,395( **) 0,02 5 0,05 0,04 3 1 ,109( *) 0,07 5 ,105( *) ,153( **) ,095( *) 0,05 7 0,01 4 0,04 8 0,00 4 0,05 8 0,01 3 0,05 8 0,07 8 0,02 1 0,00 1 0,01 8 0,06 3 0,05 1 ,111( *) 0,02 7 0,07 6 ,204( **) 0,01 8 0,01 108(* ) 0,06 3 0,08 7 0,06 0,01 2 16 17 18 19 20 21 22 Meta se Taref. Pess oas QVT Educ. Líder Auto crat. Demo crat. Liber al Caris mat. 0,06 7 0,05 1 0,05 7 0,03 4 0,02 6 0,09 5 ,109( *) 0,09 1 0,03 8 0,02 9 0,01 7 ,299( **) ,179( **) 0,02 8 0,02 7 0,07 9 0,01 4 ,141( **) 0,03 2 0,02 5 0,01 8 0,05 0,01 8 0,04 3 ,109( *) 1 0,03 5 0,00 5 0,03 4 0,00 5 0,07 1 0,03 3 ,136( **) 0,07 5 ,153( **) 0,03 5 1 ,228( **) ,093( *) 0,05 6 ,395( **) ,099( *) ,127( **) 0,04 3 ,123( **) 0,04 9 0,00 5 0,05 9 0,06 2 0,03 8 -0,04 0,06 3 0,01 ,105( *) ,095( *) 0,01 8 0,06 8 0,00 8 -0,05 0,03 3 0,04 9 0,04 2 0,02 3 0,03 9 0,05 1 ,108( *) 0,00 4 0,05 7 0,00 5 ,228( **) ,093( *) 1 0,02 2 0,02 2 ,584( **) ,116( *) ,643( **) ,489( **) 0,03 4 1 ,141( **) 0,08 7 0,07 8 0,01 3 0,01 7 0,01 0,02 1 0,10 6 0,02 1 0,05 6 0,05 2 0,08 3 ,119( *) 0,00 6 0,03 3 0,04 6 0,09 1 0,05 5 ,097( *) ,168( **) ,263( **) 0,02 6 0,04 0,00 8 ,102( *) ,160( **) ,159( **) ,129( **) ,167( **) 0,05 7 ,132( **) ,132( **) ,141( **) 0,06 7 0,04 5 0,07 7 0,01 2 ,111( *) ,125( **) 0,02 7 0,08 7 0,01 3 0,02 8 0,07 6 0,01 4 ,204( **) 0,04 8 0,05 8 0,01 2 0,07 8 0,03 3 ,099( *) ,136( **) ,127( **) 0,08 7 ,643( **) 0,07 8 ,489( **) 0,01 3 1 ,199( **) ,674( **) ,564( **) ,199( **) 1 ,101( *) 0,07 1 ,674( **) ,101( *) 1 ,581( **) ,564( **) 0,07 1 ,581( **) 1 0,00 5 0,06 3 0,05 8 0,01 4 0,00 5 0,05 6 ,584( **) ,141( **) 0,06 0,07 1 ,395( **) ,116( *) Fonte: Elaborado pelo autor 108 0,02 7 0,02 1 0,00 1 Alguns dos principais resultados e conclusões estão apresentados nas tabelas a seguir. A Tabela 4 apresenta os dados das organizações do município de São João da Boa Vista, às quais os respondentes pertencem. TABELA 4: Informações sobre as organizações a que pertencem os respondentes da pesquisa comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho (n = 451) Informações das organizações onde os respondentes trabalham Ano de fundação Número de colaboradores Ramo de atuação Frequê ncia Percentual Entre 1861 e 1880 Entre 1881 e 1900 Entre 1901 e 1920 Entre 1921 e 1940 Entre 1941 e 1960 Entre 1961 e 1980 Entre 1981 e 2000 Entre 2001 e 2011 Não informado Total Entre 01 e 10 Entre 11 e 50 Entre 51 e 100 Entre 101 e 250 Entre 251 e 500 Entre 501 e 1000 Entre 1001 e 5000 Entre 5001 e 10000 Entre 10001 e 110000 Não informado Total 02 01 06 03 14 112 149 48 116 451 50 70 110 109 24 09 17 01 03 58 451 00,44% 00,22% 01,33% 00,67% 03,10% 24,83% 33,04% 10,64% 25,72% 100% 11,08% 15,52% 24,39% 24,17% 05,32% 02,00% 03,77% 00,22% 00,67% 12,86% 100% Agropecuário Comércio Indústria Serviços Educação Saúde Cooperativa Bancário Financeiro Seguros Entidade de Classe ONG (Org. Não Gov.) Total 06 81 265 50 14 14 02 06 03 01 06 03 451 01,33% 17,97% 58,75% 11,09% 03,10% 03,10% 00,44% 01,33% 00,67% 00,22% 01,33% 00,67% 100% Percepção Média de QVT 70,57 67,88 66,84 68,69 71,45 61,17 70,87 68,92 63,50 C. Pearson 0,106 70,26 63,74 72,11 59,26 62,51 69,25 80,84 24,48 66,20 65,76 C. Pearson -0,021 62,47 65,49 64,94 72,23 73,93 74,80 75,69 54,25 42,36 77,95 76,30 59,61 C. Pearson 0,052 Percepção Ponderada de QVT 0,31 0,15 0,89 0,46 2,21 15,20 23,42 7,33 16,34 66,31 7,78 9,89 17,59 14,32 3,33 1,39 3,06 0,05 0,44 8,46 66,31 0,83 11,78 38,16 8,01 2,30 2,32 0,33 0,72 0,28 0,17 1,01 0,40 66,31 Fonte: Elaborado pelo autor Quando comparados os dados das organizações com a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho, constata-se pouca relevância, tendo em vista que o Coeficiente de Correlação de Pearson não as detectou. Tanto que em empresas com mais de 120 anos a percepção de QVT foi de 70,57 e das empresas constituídas após 1981, 70,86, tendo seus colaboradores satisfeitos com a QVT. O número de colaboradores da organização também pouco influenciou, contudo, 109 observa-se que organizações de médio porte, que possuem entre 101 e 250 colaboradores, tiveram uma percepção de QVT de 59,26 (satisfatório), enquanto as que tinham entre 1mil e 5mil colaboradores, a percepção foi bem maior, 80,84 (muito satisfatório). Apesar da diferença ser alta, ainda assim não é possível afirmar que empresas de maior porte geram uma percepção maior de Qualidade de Vida no Trabalho aos seus colaboradores, pelo fato da amostra de respondentes pertencentes às grandes organizações (17), ser insuficiente para embasar tal afirmação. Já os ramos que os respondentes atuam mostraram alguma relevância, apresentando um pior desempenho o ramo financeiro com 42,36 pontos, seguido do ramo bancário, 54,25, ambos ainda enquadrados como neutros com relação à sua Qualidade de Vida no Trabalho de acordo com a escala do QWLQ-bref. Os melhores resultados foram apontados nos ramos de Seguros (77,95), Entidade de Classe (76,30), Cooperativa (75,69), Saúde (74,80) e Educação (73,93), cujos resultados se enquadram como satisfeitos ou muito satisfeitos com a QVT na escala do QWLQbref. Tais apontamentos instigam novas pesquisas, pois pode-se segmentar os ramos com amostras relevantes e equitativas, visando averiguar alguma relação entre as variáveis: ramo de atuação do trabalhador e percepção de QVT. Se as relações entre as informações das organizações e a percepção de QVT não mostraram conexões, os dados sócio-profissionais dos respondentes revelaram correlações com a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho, tal como estão apresentadas na Tabela 5. 110 TABELA 5: Informações sócio-profissionais dos respondentes comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho (n = 451) Informações sócio-profissionais dos respondentes Cargos/Setores Sexo Estado Civil Idade em anos Tempo de serviço Educação Formal Administrativo Produção Vendas Cargo Técnico Ajudante Geral Estagiário Líder de Equipe Outro Total Masculino Feminino Total Solteiro Casado Separado Viúvo Mora junto Total Entre 18 e 25 Entre 26 e 35 Entre 36 e 45 Entre 46 e 55 Acima de 55 Total Menos de 06 meses Entre 06 m. e 01 ano Entre 01 e 02 anos Entre 02 e 05 anos Entre 05 e 10 anos Acima de 10 anos Total Ensino Fund. Incomp. Ensino Fund. Comp. Ensino Médio Incomp. Ensino Médio Comp. Ensino Superior Incom. Ensino Superior Comp. Pós-Graduação Incomp Pós-Graduação Comp. Total Total Percentual 74 194 40 42 08 14 35 44 451 279 172 451 197 217 14 0 23 451 147 153 97 46 08 451 00 89 74 111 76 101 451 28 46 23 207 99 38 03 07 451 16,41% 43,02% 08,87% 09,31% 01,77% 03,10% 07,76% 09,76% 100% 61,86% 38,14% 100% 43,68% 48,12% 03,10% 0 05,10% 100% 32,59% 33,92% 21,51% 10,21% 01,77% 100% 00,00% 19,73% 16,41% 24,61% 16,85% 22,40% 100% 06,20% 10,20% 05,10% 45,90% 21,95% 08,43% 00,67% 01,55% 100% Percepção Média de QVT 64,22 64,15 65,27 71,95 56,90 65,31 73,40 71,19 C. Pearson ,168(**) 69,71 60,77 C. Pearson -,263(**) 63,24 68,76 69,95 0 67,07 C. Pearson ,102(*) 63,75 64,57 70,59 69,86 73,83 C. Pearson ,167(**) 0 67,38 66,66 61,85 62,45 72,87 C. Pearson 0,077 64,89 68,42 64,67 66,23 63,45 73,12 60,76 71,01 C. Pearson 0,027 Percepção Ponderada de QVT 10,55 27,59 5,79 6,70 1,01 2,02 5,70 6,95 66,31 43,13 23,18 66,31 27,63 33,09 2,17 0 3,42 66,31 20,78 21,91 15,18 7,13 1,31 66,31 0 13,29 10,94 15,24 10,52 16,32 66,31 4,02 6,98 3,31 30,40 13,93 6,16 0,41 1,10 66,31 Fonte: Elaborado pelo autor A comparação entre as informações sócio-profissionais dos liderados e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho revelaram estreita relação entre as mesmas, detectadas, sobretudo, pela Correlação de Pearson. Os cargos ou setores a que pertencem os colaboradores mostraram uma correlação de 99% com a percepção de QVT, apresentada no Quadro 20. Este resultado permite afirmar que 111 os pertencentes aos cargos ou setores: Administrativo (64,22), Produção (64,15), Vendas (65,27), Cargo Técnico (71,95), Ajudante Geral (56,90), Estagiário (65,31), Líder de Equipe (73,40) e outros cargos ou setores diferentes destes (71,19), mostraram-se satisfeitos com sua Qualidade de Vida no Trabalho, isso de acordo com a escala do QWLQ-bref. Percebe-se que, mesmo estando na faixa de satisfação com a QVT, de acordo com a escala de Reis Junior (2008), a percepção dos ajudantes gerais destaca-se negativamente, tendo uma pontuação de 56,90. Ambientes inadequados para o trabalho, especialmente em indústrias, podem ter sido determinantes para que alguns trabalhadores neste cargo dessem notas mais baixas para a percepção de QVT. Tanto que, das 05 menores percepções detectadas na pesquisa: 4,69; 15,63; 15,80; 20,49 e 21,53 (muito insatisfeitos com a QVT), três delas pertencem ao setor de produção em empresas. A nota 15,63 foi aferida por trabalhador do setor administrativo e a 20,49 ao de setor de vendas. . Os destaques positivos neste quesito foram para os pertencentes aos cargos de líderes de equipe, com 73,40, cargos técnicos com 71,95 e ocupantes de outros cargos com 71,19, cuja média se aproximou de “muito satisfeito com a QVT” (77,50 de mínima) de acordo com a escala de Reis Junior (2008). Provavelmente, a variação de tarefas, o contato com profissionais dos mais diferentes escalões e setores, e os desafios de comandar equipes, foram determinantes para estas percepções positivas de QVT. As respostas às perguntas com alta Correlação de Pearson (99% entre respostas e cargos) demonstram que os ocupantes de cargos técnicos, por exemplo, veem sentido em seu trabalho. Isso pelo menos é o que confirma a pergunta: “como você avalia a sua liberdade para criar coisas novas no trabalho?” do QWLQ-bref que foi respondida como “boa” ou “muito boa” por 27 (64,29%) dos 42 respondentes ocupantes de cargos técnicos. Outro conjunto de respostas que assevera a satisfação com o trabalho dos ocupantes deste cargo foi para a pergunta “você se sente realizado com o trabalho que faz?”, quando 34 (80,95%) responderam “muito” ou “completamente”. Outro resultado de destaque foi que os homens possuem uma percepção de QVT (69,71) melhor do que as mulheres (60,77). Tal resultado pode demonstrar que as mulheres sentem-se um pouco mais afetadas com os problemas existentes no 112 ambiente de trabalho. Situação que explicada em parte pela alta Correlação de Pearson (99%) entre sexo dos respondentes e determinadas respostas dadas no QWLQ-bref, tal como consta no Quadro 20. Como por exemplo, as respostas à pergunta “em que medida você se sente confortável no ambiente de trabalho?” quando 90 (52,33%) das 172 mulheres responderam 1 (nada), 2 (muito pouco) ou 3 (mais ou menos), enquanto apenas 91 (32,62%) dos 279 homens responderam desta forma. Outras respostas reveladoras foram dadas à pergunta “como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados?”, pois 92 (53,49%) das mulheres responderam 1 (muito baixa), 2 (baixa) ou 3 (média), enquanto 114 (40,86%) homens responderam com estas mesmas percepções. Apesar destas respostas destacarem que nenhum dos lados está plenamente satisfeito com esta questão, ainda assim, a maior parte das mulheres aparenta estar mais descontente. E por fim, as respostas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” tendo afirmações “muita baixa” (1), “baixa” (2) ou “média” (3) dadas por 106 (61,63%) mulheres, enquanto apenas 111 (39,78%) dos homens também avaliam sua motivação no trabalho com estas perspectivas. Tais resultados corroboram a ideia de que as mulheres possuem uma percepção de Qualidade de Vida no Trabalho menor do que a dos homens, ambos colaboradores nas organizações de São João da Boa Vista, SP. O estado civil dos respondentes também revelou diferenças entre esta variável e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Vê-se que os resultados foram: solteiros (63,24), os que moram juntos com suas(seus) companheiras(os) (67,07), os casados (68,76) e os separados (69,95). Considerando a relevância da amostra de solteiros (43,68%) e casados (48,12%) e, levando em consideração o levantamento estatístico, vê-se que, em média, os trabalhadores das organizações do município que são casados apresentaram uma percepção de Qualidade de Vida (68,76) um pouco melhor que a dos solteiros (63,24), apesar de que, ambas percepções, se enquadram em “satisfeitos com a Qualidade de Vida no Trabalho” de acordo com a escala de Reis Junior (2008). As respostas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” com afirmações “muita baixa” (1), “baixa” (2) ou “média” (3), foram dadas por 109 (55,33%) dos 197 solteiros, enquanto um número menor: 91 (41,94%) dos 113 217 casados, respondeu com esta mesma percepção. Outra pergunta que revelou que os casados devem estar um pouco mais satisfeitos com sua QVT foi: “você se sente realizado com o trabalho que faz?”. Para esta pergunta 108 (54,82%) dos solteiros responderam “muito” ou “completamente” enquanto um número maior de casados, 142 (65,44%), tem esta mesma opinião sobre seu trabalho. A idade dos respondentes também mostrou alto grau de Correlação de Pearson (99%), apresentada no Quadro 20. A pesquisa revelou que, quanto maior é a idade do trabalhador, maior tende ser sua percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Os respondentes com idade entre 18 e 25 anos demonstraram uma percepção de QVT média de 63,75, os com idade entre 26 e 35 anos: 64,57; entre 36 e 45: 70,59; entre 46 e 55: 69,86, já os com idade superior a 55 anos, 73,83. Exceção aos com idade entre 46 e 55 anos, as demais idades apresentaram médias de QVT em ascensão na medida em que a idade média dos entrevistados também avançava. A pergunta sobre motivação para o trabalho, constante no questionário QWLQ-bref, apresentou diferenças de percepção entre os respondentes, de acordo com a idade de cada grupo. Responderam “alta” ou “muito alta” motivação para trabalhar: 68 (46,26%) dos 147 que possuem entre 18 e 25 anos; 74 (48,37%) dos 153 que estão na faixa entre 26 e 35; 61 (62,89%) dos 97 que estão na faixa entre 36 e 45; 25 (54,35%) dos 46 que estão na faixa entre 46 e 55 anos e 05 (71,43%) dos 07 que possuem mais de 55 anos de idade. A alta motivação para o trabalho dos que possuem mais de 36 anos, e também dos que possuem mais de 55 anos; cujos resultados impactaram na percepção melhor de QVT; chamou a atenção neste estudo. Sendo este é um tema relevante para estudos futuros. Desta forma, considerando o levantamento estatístico desta pesquisa, verifica-se que a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos trabalhadores das organizações de São João da Boa Vista apresenta-se maior para trabalhadores com faixa de idade acima de 36 anos, e menor para os que possuem 114 idade inferior a esta. Ou seja, a maturidade do trabalhador tende a relacionar-se com a sua percepção de QVT. O tempo de serviço demonstrou alguma relevância em termos de percepção de QVT, contudo, não foi detectada pela Correlação de Pearson. Os números apresentados na pesquisa mostraram uma percepção média de QVT na seguinte foram: para os que possuem entre 06 meses e 01 ano de trabalho: 67,38; entre 01 e 02 anos: 66,66; entre 02 e 05 anos: 61,85; entre 05 e 10 anos: 62,45 e acima de 10 anos: 72,82. A maior percepção de QVT demonstrada pelos que possuem mais de 10 anos de trabalho, também revela um dado interessante que pode ser tema de pesquisas futuras, específicas com este público. A pesquisa mostrou que existe pouca correlação entre a formação educacional e a percepção de QVT dos pesquisados, variando entre uma percepção média de QVT de 60,76 pontos (respondentes com pós-graduação incompleta) e 73,12, nota dada pelos que já concluíram o ensino superior. Número não muito distante do informado pelos que possuem ensino fundamental completo (68,42), por exemplo. Os dados sócio-profissionais dos líderes dos entrevistados, comparados com a percepção de QVT dos respondentes, revelaram poucas correlações importantes, tal como exposto na Tabela 6. 115 TABELA 6: Informações sócio-profissionais dos líderes comparadas à percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos respondentes (n = 451) Informações sócio-profissionais dos líderes dos respondentes Cargos/Setores Sexo Estado Civil Idade em anos Tempo de serviço Educação Formal Proprietário Gerente Sub-Gerente Supervisor Coordenador Líder de Área Chefe de Setor Outro Total Masculino Feminino Total Solteiro Casado Separado Viúvo Mora junto Outro Total Entre 18 e 25 Entre 26 e 35 Entre 36 e 45 Entre 46 e 55 Acima de 55 Total Menos de 06 meses Entre 06 m. e 01 ano Entre 01 e 02 anos Entre 02 e 05 anos Entre 05 e 10 anos Acima de 10 anos Total Ensino Fund. Incomp. Ensino Fund. Comp. Ensino Médio Incomp. Ensino Médio Comp. Ensino Superior Incom. Ensino Superior Comp. Pós-Graduação Incomp Pós-Graduação Comp. Total Total Percentual 98 105 11 57 08 106 59 07 451 342 109 451 41 374 29 02 03 02 451 06 102 169 128 46 451 00 42 39 54 155 161 451 21 21 11 167 40 140 07 44 451 21,73% 23,28% 02,44% 12,64% 01,77% 23,50% 13,09% 01,55% 100% 75,83% 24,17% 100% 09,09% 82,93% 06,43% 00,44% 00,67% 00,44% 100% 01,33% 22,62% 37,47% 28,38% 10,20% 100% 00,00% 09,31% 08,65% 11,97% 34,37% 35,70% 100% 04,66% 04,66% 02,43% 37,03% 08,87% 31,04% 01,55% 09,76% 100% Percepção Média de QVT 66,40 66,78 60,94 65,90 59,14 65,48 68,35 72,62 C. Pearson 0,014 68,22 60,30 C. Pearson -,204(**) 66,38 65,71 72,50 54,08 81,60 73,10 C. Pearson 0,078 66,55 66,53 65,66 66,39 67,84 C. Pearson 0,021 0 71,40 62,87 65,24 64,07 68,31 C. Pearson 0,001 50,97 59,62 63,39 67,18 73,17 66,85 61,04 67,03 C. Pearson ,136(**) Percepção Ponderada de QVT 14,43 15,54 1,49 8,33 1,05 15,39 8,95 1,13 66,31 51,74 14,57 66,31 6,03 54,50 4,66 0,24 0,55 0,33 66,31 0,89 15,05 24,60 18,85 6,92 66,31 0 6,65 5,44 7,81 22,03 24,38 66,31 2,38 2,78 1,55 24,88 6,49 20,74 0,95 6,54 66,31 Fonte: Elaborado pelo autor A comparação entre as informações sócio-profissionais dos líderes com os resultados médios aferidos na percepção de Qualidade de Vida no Trabalho pelos liderados revelou duas relações relevantes e quatro pouco significativas, de acordo com a Correlação de Pearson. 116 O cargo do líder, por exemplo, parece não relacionar-se com a percepção de QVT do trabalhador do município, demonstrando menor nota média os liderados que estão subordinados aos coordenadores (59,14) e maior, os subordinados a outros cargos (72,62). Em que pese a diferença entre as percepções ser relevante, a média ponderada de QVT de ambos os casos é muito baixa (1,05 e 1,13 respectivamente) o que dificulta avaliações. Apesar da pesquisa ter revelado que a liderança local é essencialmente masculina (75,83% homens e 24,17% mulheres), ainda assim, o levantamento estatístico mostrou tendência do sexo do líder influenciar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos liderados. Os respondentes subordinados aos homens apresentaram uma percepção média de QVT de 68,22 enquanto os subordinados às mulheres, 60,30 pontos. Respostas dadas pelos liderados para algumas perguntas chaves do questionário QWLQ-bref evidenciaram que a relação entre sexo do líder e percepção de QVT por parte dos mesmos, é relevante. Por exemplo, na pergunta “como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho?”, dos 342 liderados subordinados aos líderes homens, 165 (48,25%) declararam “alta” ou “muito alta” nesta questão, enquanto 46 (42,20%) dos 109 liderados pelas mulheres responderam da mesma forma. Situação que se repetiu quando das respostas dadas à pergunta “como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados?”, pois, enquanto 193 (56,43%) dos liderados subordinados aos líderes homens declararam “alta” ou “muito alta”, apenas 50 (45,87%) dos liderados pelas mulheres responderam da mesma forma. A pergunta “em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa” também revelou a mesma tendência, pois 129 (37,72%) dos liderados pelos homens responderam “muito” ou “completamente” enquanto apenas 29 (26,60%) dos liderados pelas mulheres deram os mesmos tipos de respostas. Contudo, a avaliação gráfica, que utilizou a escala de Reis Junior (2008) para a percepção de QVT, mostrou uma situação equilibrada. Para a construção desta avaliação gráfica considerou-se a escala de pontos do questionário QWLQ-bref constante no Quadro 8. Assim, após separar os grupos médios de respostas para QVT dos liderados por homens e liderados por mulheres, verificou-se que, apesar de existir uma pequena vantagem nas médias dos liderados por homens, ainda assim, as diferenças não são relevantes. 117 A média de resultados na pesquisa de QVT para liderados por homens e por mulheres dentro da escala do QWLQ-bref foram as seguintes, respectivamente: 13,11 e 17,30; 45,31 e 37,94; 50,37 e 50,47; 67,68 e 64,18; 85,17 e 84,01. A Figura 9 ilustra esta avaliação: FIGURA 9: Comparação da percepção de QVT dos liderados por homens ou mulheres utilizando a escala do QWLQ-bref (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor Analisando as informações desta forma, ou seja, utilizando o grupo de escalas proposto por Reis Junior (2008), percebe-se que as notas médias dadas pelos liderados subordinados a líderes de ambos os sexos demonstram pequenas diferenças entre um e outro grupo de notas. Tal situação dista da avaliação dos resultados quando se considerou apenas a média geral (liderados por homens: 68,22 e liderados por mulheres: 60,30 pontos). Sendo assim, não é possível afirmar que líderes homens ou líderes mulheres geram percepção de Qualidade de Vida no Trabalho diferente (maior ou menor) a seus liderados nas organizações do município de São João da Boa Vista. Esta é mais uma questão que pode ser aprofundada em estudos futuros. 118 O estado civil do líder, de acordo com a Correlação de Pearson, tende a influenciar pouco na percepção de QVT dos trabalhadores locais. Enquanto a menor percepção média de QVT foi dos trabalhadores que se subordinam a líderes viúvos (54,08), os líderes que moram junto com seus(suas) companheiros(companheiras) geraram percepção de QVT melhor aos seus liderados (81,60). A pesquisa revelou também que a grande maioria dos líderes das organizações locais é casada, ou seja, 374 (82,93%) dos respondentes são comandados por líderes casados, e estes geram uma percepção média de QVT aos seus liderados de 65,71 pontos. A idade dos líderes também mostrou que ter pouca relação com a percepção de QVT dos trabalhadores locais. A menor percepção média dos trabalhadores foi a dos que se subordinam aos líderes com idade entre 36 e 45 anos de idade (65,66), já os líderes com mais de 55 anos geram uma percepção de QVT um pouco maior aos seus liderados (67,84). Os resultados neste quesito demonstram muito equilíbrio tendo uma amplitude de resultados entre a menor e a maior média de apenas 2,18 pontos. O tempo na função de líder também foi outro aspecto que mostrou-se pouco relevante para a percepção de QVT dos liderados. Enquanto os líderes que estavam na função no período de um a dois anos geraram uma percepção de QVT de 62,87, aqueles com menos de um ano na liderança geraram ao seu grupo de liderados uma percepção média de Qualidade de Vida no Trabalho de 71,40. Resultado não muito distante dos que estão subordinados a líderes com mais de 10 de experiência: 68,31. A formação educacional do líder, tal como consta no Quadro 20, apresenta alta correlação, sendo que, quando é avaliada pelas médias separadas por categoria de educação formal do líder, apresenta diferenças na percepção de Qualidade de Vida no Trabalho de seus liderados. O menor resultado foi o apresentado pelos liderados que possuem líderes com ensino fundamental incompleto (50,97), seguido dos que possuem o ensino fundamental completo (59,62). Já os que estão submetidos aos líderes com ensino superior incompleto apresentaram uma percepção de QVT bem maior (73,17), seguida de 67,18 (líderes com ensino médio completo), 67,03 (líderes pós-graduados) e 66,85 (líderes com ensino superior completo). 119 A exceção se deu aos subordinados aos líderes com pós-graduação incompleta, cuja nota média para QVT foi de 61,04 pontos, contudo, há de se considerar dois fatos: a) havia apenas sete líderes nesta condição, o menor número entre os apresentados; b) os resultados da QVT dos seus liderados variaram entre 31,77 e 78,47 pontos, ou seja, uma variação muito alta para uma pequena amostra. Respostas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” do questionário QWLQ-bref revelou diferenças. Enquanto 09 (43%) dos 21 liderados pelos líderes com ensino fundamental incompleto responderam “muito baixa” ou “baixa” para esta pergunta; apenas 17 (12%) dos 140 liderados pelos líderes com ensino superior incompleto, responderam desta forma. Situação que se repetiu nas respostas à pergunta “como você avalia a igualdade de tratamento entre os funcionários?”, pois enquanto 12 (57%) dos 21 liderados por líderes com ensino fundamental incompleto responderam “muito baixa” ou “baixa”; apenas 10 (25%) dos liderados por líderes com ensino superior incompleto responderam desta forma. Situação que se repetiu nas respostas dos liderados pelos que possuem ensino superior completo: 30 (21%) dos 140 liderados. Tais opiniões dos liderados respondentes, aliadas aos levantamentos estatísticos, colaboram com o entendimento de que o nível educacional dos líderes das organizações do município de São João da Boa Vista, SP, tem relação com a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho de seus liderados. Sendo que a tendência apresentada foi de que, quanto maior a educação formal do líder, maior deverá ser a percepção de QVT dos liderados. 4.4 Correlações entre as características da liderança e a percepção de QVT dos liderados A comparação entre as características das lideranças locais – autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas – com a percepção de Qualidade de Vida dos liderados, revelou consideráveis correlações. Tais correlações foram evidenciadas mediante a aplicação da técnica de Coeficiente de Pearson, mas também pelas comparações gráficas e investigações de algumas respostas dadas pelos liderados às perguntas dos dois questionários – QWLQ-bref e CL: Características do seu líder. 120 As percepções de QVT comparadas às características das lideranças locais de acordo com o que se apurou nesta pesquisa estão apresentadas na Tabela 7: TABELA 7: Dados da pesquisa sobre percepção média de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos liderados e Características de suas Lideranças (n = 451) Percepção de Qualidade de Vida dos respondentes – QWLQ-bref Características da Liderança Pontuação Média – Min. 0 e Max. 100 pontos Pontuação QVT Liderados Perc.% Percepçã o Média de QVT Percepção Ponderada de QVT A D L C MT P 0 a 22,5 05 01,11% 15,63 0,17 60,00 35,00 45,00 23,75 68,75 10,00 22,5 a 45 44 09,75% 38,01 3,71 50,57 36,22 52,27 39,49 64,20 38,21 45 a 55 62 13,75% 50,32 6,92 54,84 44,96 54,44 46,47 65,93 42,44 55 a 77,5 214 47,45% 66,98 31,77 46,50 60,48 51,82 64,05 66,62 60,11 77,5 a 100 126 27,94% 84,95 23,74 44,54 72,77 53,29 78,67 67,26 76,88 Média 51,29 49,89 51,36 50,49 66,55 Percepção média global de QVT por parte dos entrevistados: 66,31 (satisfeitos com a QVT) 45,53 451 100% 66,31 Nível de Confiança Estatística da pesquisa: 95% com intervalo de 05 pontos / 99% com 06 pontos Legenda: A Autocráticas, D Democráticas, L Liberais, C Carismáticas, MT Metas e Tarefas e P Pessoas Fonte: Elaborado pelo autor Uma primeira avaliação dos dados médios apresentados na Tabela 7, frutos desta pesquisa, já apresentam algumas informações reveladoras e também importantes relações entre a percepção média de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos respondentes e as características de seus líderes. Como por exemplo, a maior parte dos entrevistados (47,45%) se mostra satisfeita e, 126 respondentes (27,94%), estão muito satisfeitos com sua Qualidade de Vida no Trabalho. Enquanto apenas 05 respondentes (1,11%) declararam-se como muito insatisfeitos e 44 (9,75%) insatisfeitos com sua QVT. Constata-se também que a média geral para a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos trabalhadores do município de São João da Boa Vista foi de 66,31 pontos dos 100 possíveis. Considerando a escala proposta por Reis Junior (2008), esta média geral enquadra-se como “satisfeitos” com a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Quanto às notas médias das características dos líderes locais, averiguadas mediante aplicação do questionário “CL – Características do seu líder” que segue a mesma metodologia do questionário QWLQ-bref, inclusive, para o fechamento dos 121 resultados; constata-se a seguinte situação: Autocráticas: 51,29 (moderada presença destas características); Democráticas: 49,89 (moderada presença destas características); Liberais: 51,36 (moderada presença destas características); Carismáticas: 50,49 (moderada presença destas características); Focadas em Metas e Tarefas: 66,55 (características muito presentes) e Focadas em Pessoas: 45,53 (moderada presença destas características). A avaliação por grupos de notas médias para QVT comparadas com as notas médias das características da liderança facilitou avaliações. Contudo, os resultados médios das características de liderança apresentados na Tabela 7 são pouco diferentes quando as médias das características são avaliadas descritivamente e individualmente, separadas das médias de QVT. Os resultados da estatística descritiva por conjunto de característica são tratados em capítulo próprio. Ficou evidenciado nesta pesquisa que a intensidade de algumas características da liderança (mais ou menos presentes nos líderes) tende a influenciar a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Das seis características avaliadas, três mostraram este comportamento – democráticas, carismáticas e focadas em pessoas - ou seja, quanto maior ou menor foi a percepção das características da liderança, alguma variação importante foi apresentada na percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. As características autocráticas mostraram estar medianamente relacionadas, apresentando tendência de melhora na percepção de QVT na medida em que sua intensidade também era menor. Já as características de liderança liberais e focadas em metas e tarefas, demonstraram menor impacto na percepção de QVT dos trabalhadores locais. Para facilitar as avaliações de resultados ao passo que se mantivesse dados que representassem a real situação da pesquisa, optou-se por separar os resultados aferidos na pesquisa sobre as percepções de QVT em classes de 05 pontos, com base na escala de comparação de resultados do QWLQ-bref que vai de 0 a 100 pontos. Tal situação é apresentada na Tabela 8, onde observa-se que, nas classes entre 5,00 e 10,00 e 10,00 e 15,00 pontos para percepção de QVT, não houve enquadramento de respostas de nenhum entrevistado. Foram calculadas médias para todas as classes, cujos resultados foram bases para a construção dos gráficos comparativos entre as percepções de QVT e as percepções das características da liderança por parte dos liderados respondentes 122 da pesquisa. Para eficaz comparação de resultados, mantiveram-se os totais aferidos pelas características da liderança ligadas a cada classe de pontos. TABELA 8: Comparação das médias de pontos da pesquisa sobre QVT com a pontuação média das Características das Lideranças (n = 451) Qtde. Entrev. 01 00 00 02 06 02 06 10 22 30 32 41 45 51 45 64 38 33 14 09 451 Classes de pontos: Média QVT 0,00 a 5,00 5,00 a 10,00 10,00 a 15,00 15,00 a 20,00 20,00 a 25,00 25,00 a 30,00 30,00 a 35,00 35,00 a 40,00 40,00 a 45,00 45,00 a 50,00 50,00 a 55,00 55,00 a 60,00 60,00 a 65,00 65,00 a 70,00 70,00 a 75,00 75,00 a 80,00 80,00 a 85,00 85,00 a 90,00 90,00 a 95,00 95,00 a 100 QVT Autocr. Democr. Liberal Carism. Metas Pessoas 4,69 0 0 15,71 22,63 27,17 32,52 37,92 43,17 47,66 52,82 57,55 62,45 67,53 72,65 77,55 82,14 87,60 92,24 97,59 81,25 0 0 81,25 57,29 62,50 72,92 60,00 64,49 61,67 69,92 61,41 62,92 65,50 73,47 67,19 68,26 68,75 73,21 60,42 75,00 0 0 50,00 50,00 59,38 41,67 55,00 51,42 54,58 55,08 49,69 44,17 47,00 49,58 42,19 41,28 46,02 45,98 53,47 31,25 0 0 43,75 23,96 18,75 23,96 42,50 40,91 37,50 51,95 52,03 56,25 57,93 67,22 72,07 75,16 70,64 70,09 75,69 37,50 0 0 50,00 38,54 81,25 60,42 44,38 53,98 54,79 54,10 53,44 52,08 63,03 51,53 52,37 52,63 56,82 51,34 33,33 6,25 0 0 18,75 39,58 12,50 32,29 29,38 48,30 39,79 52,73 55,31 56,11 60,70 75,42 76,17 75,82 77,84 84,38 91,67 18,75 0 0 12,50 17,71 18,75 23,96 41,88 44,60 35,21 49,22 49,53 53,75 58,65 67,92 72,75 81,58 73,67 80,80 80,56 Fonte: Elaborado pelo autor A Figura 10 demonstra as comparações entre as seis características das lideranças investigadas nesta pesquisa e a percepção de QVT dos trabalhadores. 123 FIGURA 10: Comparação entre as seis Características de Liderança e a percepção de QVT (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor Na Figura 10 é possível visualizar que, o conjunto das características autocráticas, liberais e focadas em metas e tarefas das lideranças, apresenta um comportamento semelhante em relação à percepção de QVT. Apesar de demonstrar outro comportamento, a similaridade se repetiu com as características democráticas, carismáticas e focadas em pessoas das lideranças, também em relação à QVT. Estes resultados tornam-se mais evidentes nas figuras 11, 12, 13 e 14, onde separou-se os dois grupos de características que demonstraram correlações semelhantes com a percepção de QVT: autocráticas, liberais e focadas em metas e tarefas nas figuras 11 e 12 e, democráticas, carismáticas e focadas em pessoas nas figuras 13 e 14. 124 FIGURA 11: Comparação entre as Características de Lideranças Autocráticas, Liberais e Focadas em Metas e Tarefas com a percepção de QVT I (n = 451 Fonte: Elaborado pelo autor FIGURA 12: Comparação entre as Características de Lideranças Autocráticas, Liberais e Focadas em Metas e Tarefas com a percepção de QVT II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 125 Ao avaliar graficamente as correlações entre as características da liderança autocráticas, liberais e com foco em metas e tarefas com a percepção de QVT por parte dos trabalhadores, constata-se que há pouca aderência entre os resultados das pesquisas sobre estas variáveis. Considerando que o fator de correlação das retas, quanto mais próximo de 1,00 maior será a aderência entre uma e outra variável, então, vê-se que este fator, nos três casos é pequeno: 0,319 (Aut.); 0,003 (Lib.) e 0,044 (Met.Tar.). As três situações mostram ângulos de retas negativos, também com números baixos, sendo um pouco mais acentuado no caso das autocráticas (-0,162), o que significa que há leve tendência de que, quanto menor for a percepção sobre a presença destas características melhor deverá ser a percepção de QVT. Contudo, os gráficos apresentam retas em ângulos quase que horizontais em relação à percepção de QVT. Demonstrando assim que deve haver pouca ou nenhuma influência de uma para com a outra. FIGURA 13: Comparação entre as Características de Lideranças Democráticas, Carismáticas e Focadas em Pessoas com a percepção de QVT I (n = 451 Fonte: Elaborado pelo autor 126 FIGURA 14: Comparação entre as Características de Lideranças Democráticas, Carismáticas e Focadas em Pessoas com a percepção de QVT II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor Ao avaliar graficamente as correlações entre as características da liderança democráticas, carismáticas e com foco em pessoas com a percepção de QVT, constata-se uma situação bem diferente da apresentada no grupo anterior de características. Vê-se que as correlações entre estas variáveis e a percepção de QVT mostraram-se como relevantes, necessitando de atenção por parte dos gestores. O fator de correlação das retas confirma aderência entre as retas. Os resultados: 0,814 (Dem.); 0,933 (Carism.) e 0,941 (Foc.Pes.) são altos ao se considerar o 1,00 como parâmetro de aderência entre elas. Os ângulos das retas são positivos e com valores significativos: (0,616; 0,894 e 0,842), também comprovando que relação entre ambas deve ser alta. Portanto, esta primeira avaliação gráfica deste conjunto de características revela que as características democráticas, carismáticas e com foco em pessoas, tendem a gerar uma percepção de Qualidade de Vida no Trabalho melhor aos 127 trabalhadores do que o conjunto de características da liderança formado pelas características autocráticas, liberais e com foco em metas e tarefas. 4.5 Correlações entre as Características Autocráticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados Para confirmação das constatações apontadas no capítulo 4.2, foi feita avaliação individual de cada característica da liderança comparando-a com a média de QVT, tal como apresentado na Tabela 8. A Tabela 9 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características Autocráticas da Liderança. TABELA 9: Estatística Descritiva – Características Autocráticas da Liderança (n = 451) Características Autocráticas da Liderança - Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 37 10,47 7,52 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 179 33,90 7,25 25,00 43,75 18,75 45 a 55 77 50,00 0 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 124 65,57 7,45 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 34 89,71 7,36 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características Autocráticas: 47,64 Fonte: Elaborado pelo autor Tal como consta no Quadro 20, vê-se que o coeficiente de Pearson apresentou alta correlação (99%) entre as Características Autocráticas da Liderança e a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos liderados. Tal apontamento está baseado no fato de que, os resultados das médias de QVT demonstram tendência de alta quando há menor presença das características autocráticas da liderança, contudo, pode-se considerar que esta relação é moderada, tendo em vista a pouca variação numérica entre estas variáveis. Os dados destas comparações constam na Tabela 10. 128 TABELA 10: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Autocráticas dos líderes (n = 451) Liderados Respondentes Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 05 22,5 a 45 44 62 45 a 55 214 126 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Percepção Ponderada de QVT Características Autocráticas da Liderança Pontuação Média 01,11% 0,17 60,00 38,01 09,75% 3,71 50,57 50,32 13,75% 6,92 54,84 66,98 47,45% 31,77 46,50 84,95 27,94% 23,74 44,54 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Perc.% 15,63 Correlação de Pearson entre as variáveis: -,127(**) Fonte: Elaborado pelo autor Tal como apresentado na Tabela 10, a comparação das características autocráticas dos líderes com a percepção de QVT dos liderados apresenta alta correlação de acordo com o Coeficiente Pearson. Tal situação é percebida quando avaliadas as repostas à pergunta 16 do questionário “CL - Características do seu líder” que é: “meu líder centraliza todas as decisões e não permite que ninguém tome decisão em seu lugar”, que apresentou correlação de 99% inversamente proporcional às respostas dadas a 14 perguntas do questionário QWLQ-bref. Ou seja, enquanto as respostas dos liderados apontavam um número alto para esta pergunta do questionário de liderança, a maior parte das perguntas do questionário de QVT continha números baixos, mostrando fraca percepção de QVT. Exemplo desta situação é o caso dos 187 respondentes que deram nota 4 ou 5 para a pergunta 16, ou seja, concordaram que seus líderes não permitem que tomem decisão em seu lugar. E que, para a pergunta do questionário QWLQ-bref: “como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho?”, estes respondentes deram as seguintes respostas: 10 responderam: “muito baixa”; 34 “baixa”; 78 “média”; 42 “alta” e 23 responderam “muito alta”. Portanto, a maior parte (65,24%) entendeu que sua liberdade para se expressar no trabalho é mediana ou baixa. Os 60 respondentes da pergunta: “constantemente tenho medo do meu líder” do questionário CL de liderança que deram nota alta para esta questão (04 ou 05); 129 comparadas com as respostas dadas à mesma pergunta sobre liberdade de expressão no trabalho do QWLQ-bref, mostraram a seguinte situação: 09 “muito baixa”; 10 “baixa”; 26 “média”; 11 “alta” e 04 “muito alta”. Estas respostas demonstraram que 75% dos respondentes que constantemente têm medo de seu líder também consideram que têm pouca liberdade de expressão no trabalho. Da mesma forma, ao avaliar os resultados médios das variáveis: Características da Liderança e percepção de QVT percebe-se que, enquanto a percepção média de QVT apresentada na Tabela 8, varia do menor para maior 4,69 até 97,59 - a percepção das características autocráticas dos líderes também varia, mas em sentido inverso – 75,00 para 53,47. Tal situação justifica a alta correlação apontada pelo coeficiente de Pearson. As Figuras 15 e 16 apresentam as correlações entre as Características Autocráticas das lideranças e a percepção de QVT dos trabalhadores respondentes desta pesquisa. FIGURA 15: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Autocráticas de seus líderes I (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 130 FIGURA 16: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Autocráticas de seus líderes II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor As Figuras 15 e 16 demonstram um fator de correlação entre as retas de 0,319, gerado a partir das médias das características autocráticas da liderança e percepção de QVT. Sendo assim, a avaliação gráfica mostra uma situação diferente da Correlação de Pearson, pois apresenta pequena correlação entre estas variáveis, confirmando o apresentado nas Figuras 11 e 12. O ângulo da reta negativo (-0,162) indica que, quanto menor for a presença das características autocráticas da liderança, maior deverá ser a percepção de QVT, contudo, este número é pouco significativo quando considera-se o valor 1,0 como parâmetro. Constata-se que, as respostas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, apresentam uma pequena relação entre as variáveis QVT e características autocráticas da liderança. Há de se destacar também que os números apresentam leve tendência de melhora da QVT quanto menor foi a presença das características autocráticas dos líderes no ambiente de trabalho. 131 4.6 Correlações entre as Características Democráticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados A Tabela 11 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características Democráticas da liderança. TABELA 11: Estatística Descritiva – Características Democráticas da Liderança (n = 451) Características Democráticas da Liderança - Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 41 8,69 7,38 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 95 35,59 7,63 25,00 43,75 18,75 45 a 55 41 50,00 0 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 172 68,42 7,29 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 102 89,34 7,65 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características Democráticas: 59,13 Fonte: Elaborado pelo autor A Tabela 12 apresenta a média de QVT e as Características Democráticas dos líderes dos respondentes, de acordo com suas percepções. TABELA 12: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Democráticas dos líderes (n = 451) Liderados Respondentes 05 44 62 214 126 Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Percepção Ponderada de QVT Características Democráticas da Liderança Pontuação Média 01,11% 0,17 35,00 38,01 09,75% 3,71 36,22 50,32 13,75% 6,92 44,96 66,98 47,45% 31,77 60,48 84,95 27,94% 23,74 72,77 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Perc.% 15,63 Correlação de Pearson entre as variáveis: ,489(**) Fonte: Elaborado pelo autor 132 A comparação das Características Democráticas dos líderes com a percepção de QVT dos liderados apresenta alta correlação de acordo com o Coeficiente Pearson (99%), cuja situação é apresentada no Quadro 20. Tal situação é percebida quando avaliadas as repostas da pergunta 24 do questionário “CL - Características do seu líder”: “meu líder explica a situação que está acontecendo, pede minha opinião e de meus colegas, e coloca em prática o que decidimos juntos”, que apresentou correlação de 99% às respostas dadas em 18 perguntas do questionário QWLQ-bref, além de 95% de correlação com uma das perguntas do questionário. Ou seja, enquanto as respostas dos liderados tinham peso alto (3, 4 ou 5) para esta pergunta do questionário de liderança que trata da participação do colaborador nas decisões da equipe, também eram dadas respostas com pesos altos para a maior parte das perguntas do questionário de QVT. A presença desta situação se confirma quando vê-se que 325 respondentes deram nota 3, 4 ou 5 para a pergunta do questionário em evidência, ou seja, concordaram que seus líderes colocam em prática a decisão conjunta com o grupo, enquanto as respostas destes mesmos liderados à pergunta “em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa?” do questionário QWLQ-bref apresentou a seguinte situação: 19 responderam “muito pouco”; 45 “pouco”; 118 “médio”; 103 “muito” e 40 responderam “completamente”. Portanto, a menor parte, (19,70%) crê que participa pouco ou muito pouco nas decisões da empresa já a maior parte (80,30%), demonstra um grau de satisfação médio, alto ou muito alto com a participação nas decisões da empresa. Outra comparação são as respostas dadas à pergunta: “meu líder, quando faz reuniões, pede que falemos nossa opinião” do questionário CL de liderança, que apresentou grande correlação com as respostas dadas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” do questionário QWLQ-bref. Cuja situação foi: 349 dos respondentes que deram nota 3, 4 ou 5 para a pergunta sobre participação nas reuniões, responderam da seguinte forma sobre sua motivação para trabalhar: 13 “muito baixa”; 20 “baixa”; 111 “média”; 144 “alta” e 61 “muito alta”. Constata-se então que, 58,74% dos respondentes enquadrados nesta situação estão altamente motivados para o trabalho. 133 A avaliação dos resultados da Tabela 8 que considera as médias da variável QVT e da variável Características Democráticas da liderança evidencia a tendência de que, quanto mais estiverem presentes as Características Democráticas na forma de liderar maior deverá ser a percepção de QVT dos trabalhadores. Tal relação é clarificada na avaliação visual e matemática, apresentada nas Figuras 17 e 18. FIGURA 17: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Democráticas de seus líderes I (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 134 FIGURA 18: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Democráticas de seus líderes II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor As Figuras 17 e 18 evidenciam o que a estatística e as respostas das perguntas dos questionários QWLQ-bref e CL apresentaram. Vê-se que o ângulo da reta de 0,616 tem valor considerável. Por outro lado, o fator de correlação entre as retas de 0,814 demonstra aderência entra as variáveis QVT e características democráticas da liderança. A Figura 17 mostra que, apesar de alguma variação, especialmente na região das médias menores para percepção de QVT, ainda assim, percebe-se uma tendência de subida da percepção de QVT quanto maior for a percepção da presença de características democráticas da parte da liderança. Constata-se que as respostas dadas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, apresentam relevante relação entre as variáveis QVT e Características Democráticas da liderança. A lógica apresentada nas análises é a de que, quanto maior for a presença de características democráticas na forma de liderar da parte do líder, maior deverá ser a percepção de QVT dos seus liderados. 135 4.7 Correlações entre as Características Liberais da liderança e a percepção de QVT dos liderados A Tabela 13 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características Liberais da liderança. TABELA 13: Estatística Descritiva – Características Liberais da Liderança (n = 451) Características Liberais da Liderança - Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 34 10,34 7,73 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 132 34,77 7,25 25,00 43,75 18,75 45 a 55 65 50,00 0 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 176 66,26 7,56 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 44 87,50 6,46 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características Liberais: 52,56 Fonte: Elaborado pelo autor A Tabela 14 apresenta a média de QVT e as Características Liberais dos líderes dos respondentes, de acordo com suas percepções. TABELA 14: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Liberais dos líderes (n = 451) Liderados Respondentes 05 44 62 214 126 Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Percepção Ponderada de QVT Características Liberais da Liderança Pontuação Média 01,11% 0,17 45,00 38,01 09,75% 3,71 52,27 50,32 13,75% 6,92 54,44 66,98 47,45% 31,77 51,82 84,95 27,94% 23,74 53,29 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Perc.% 15,63 Correlação de Pearson entre as variáveis: - 0,013 Fonte: Elaborado pelo autor 136 A comparação das Características Liberais dos líderes com a percepção de QVT dos liderados apresenta baixa correlação de acordo com o Coeficiente Pearson, conforme consta no Quadro 20. Tal situação é percebida quando avaliadas as repostas dadas pelos 330 respondentes à pergunta 41 do questionário CL de liderança: “constantemente eu e meus colegas de trabalho organizamos nossos serviços, nosso ambiente e, muitas das coisas que fazemos, somos nós mesmos que resolvemos”, que responderam com 03, 04 ou 05 pontos nesta pergunta, significando que esta situação, em certa intensidade, está sendo vivida pelo grupo. Ao passo que as respostas da pergunta: “você se sente satisfeito com os treinamentos dados pela organização?” do questionário de QVT, demonstrou pouca relevância na avaliação. Dos 330, responderam “nada”: 47; “pouco”: 50; “médio”: 90; “bastante”: 97 e “completamente”: 46. Revelando que, entre os respondentes que precisam organizar de forma autônoma seu trabalho, 187 (56,66%), estão medianamente ou pouco satisfeitos com os treinamentos ofertados pelas suas organizações, enquanto 143 (43,34%) mostram-se muito satisfeitos com este aspecto. A pouca relevância entre estas respostas, foi uma situação que se repetiu em outras respostas do questionário de QVT quando comparadas com as do questionário “CL - Características do seu líder”. Ao avaliar os resultados médios tanto da variável QVT, como da variável Características Liberais da liderança, percebe-se pouca variação de resultados entre as mesmas. Assim, os resultados médios apontados na pesquisa para as Características Liberais na liderança parecem interferir pouco na percepção média de QVT. Esta pequena relação é clarificada quando avaliada de forma gráfica, tal como apresentado nas Figuras 19 e 20. 137 FIGURA 19: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Liberais de seus líderes I (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor FIGURA 20: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Liberais dos seus líderes II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 138 As Figuras 19 e 20 demonstram que a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos trabalhadores parece não ser impactada diretamente pela presença das características, mais ou menos, liberais na forma de atuar dos seus líderes. O fator de correlação entre as retas dos gráficos de 0,003, gerado a partir das médias das características liberais da liderança e percepção de QVT, representa baixa correlação entre as variáveis QVT e características liberais da liderança. O ângulo da reta negativo (-0,023) representa uma leve tendência de que, quanto menor for a presença das características liberais da liderança, um pouco maior deverá ser a percepção de QVT, contudo, este número não é significativo se considerando o parâmetro 1,00, tanto que a reta se apresenta em posição horizontalizada. Constata-se, portanto que, as respostas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, não evidenciaram relação entre as variáveis QVT e características liberais da liderança. Contudo, há de se ter atenção às orientações dos estudiosos, pois, se por um lado a liberdade de trabalhar em grupo proporciona o exercício da criatividade e livre expressão no trabalho, por outro, cria um ambiente propício para o surgimento da organização informal, que tem igual ou maior força que a organização formal. Nesta situação um participante do grupo se coloca na posição de líder, de forma natural ou coerciva, e comanda o grupo de acordo com seus valores. Tal situação pode ser prejudicial à equipe, sobretudo, se as outras características da liderança formal, mais influenciadoras na percepção de QVT, não estiverem sendo aplicadas na forma e na intensidade que devem ocorrer para que a eficácia na gerência da equipe ocorra. Se houver um sufocamento da equipe, o líder se mostrará autocrático em demasia, e se abandoná-la, pode se tornar um “líder negligente, que não se preocupa com tarefas nem pessoas” (MAXIMIANO, 2008, p. 203). Daí a necessidade de equilíbrio na aplicação da liderança liberal, que ocorre quando se dá liberdade aos liderados na mesma intensidade que lhes é ofertado apoio em tudo que precisarem para poderem realizar seu trabalho com excelência. 139 4.8 Correlações entre as Características Carismáticas da liderança e a percepção de QVT dos liderados A Tabela 15 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características Carismáticas da liderança. TABELA 15: Estatística Descritiva – Características Carismáticas da Liderança (n = 451) Características Carismáticas da Liderança - Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 28 7,59 8,04 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 92 35,19 7,57 25,00 43,75 18,75 45 a 55 43 50,00 0 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 149 66,65 7,21 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 139 92,27 6,80 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características Carismáticas: 62,87 Fonte: Elaborado pelo autor A Tabela 16 apresenta a média de QVT e as Características Carismáticas dos líderes dos respondentes, de acordo com suas percepções. TABELA 16: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características Carismáticas dos líderes (n = 451) Liderados Respondentes 05 44 62 214 126 Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Percepção Ponderada de QVT Características Carismáticas da Liderança Pontuação Média 01,11% 0,17 23,75 38,01 09,75% 3,71 39,49 50,32 13,75% 6,92 46,47 66,98 47,45% 31,77 64,05 84,95 27,94% 23,74 78,67 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Perc.% 15,63 Correlação de Pearson entre as variáveis: ,564 (**) Fonte: Elaborado pelo autor 140 A comparação das Características Carismáticas dos líderes com a percepção de QVT dos liderados, constante no Quadro 20, apresenta alta correlação de acordo com o Coeficiente Pearson. Tal situação é comprovada quando avaliadas as repostas da pergunta 38 do questionário “CL - Características do seu líder”: “sou um admirador do meu líder pela sua personalidade e pela sua grande capacidade de comandar nossa equipe”, que apresentou correlação de 99% às respostas dadas a todas as 20 perguntas do questionário QWLQ-bref. Portanto, enquanto as respostas dos liderados tinham um alto peso de concordância para esta pergunta do questionário de liderança, para todas as perguntas do questionário de QVT as respostas também tinham notas altas. Exemplo desta situação ocorreu com os 324 respondentes que deram nota 3, 4 ou 5 para a pergunta 38 do questionário CL de liderança, ou seja, mostraram-se admiradores do seu líder pelo que ele é, enquanto deram respostas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” do questionário QWLQ-bref da seguinte forma: 08 “muito baixa”; 19 “baixa”; 96 “média”; 139 “alta” e 62 “muito alta”. Constata-se então que 62,03% dos respondentes que admiram seu líder consideram-se altamente motivados para o trabalho. Outra constatação que destaca a importância das Características Carismáticas da Liderança é a do grupo de respostas altas (3, 4 ou 5) dadas à mesma pergunta de nº 38 do questionário “CL - Características do seu líder”; comparadas com as respostas da pergunta: “em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha?” do questionário QWLQ-bref, que apresentou a seguinte situação: 05 responderam “muito pouco”; 16 “pouco”; 71 “médio”; 138 “muito” e 94 responderam “completamente”. Portanto, a maior parte dos que admiram seus líderes pelo carisma que possuem, 232 (71,60%), também estão orgulhosos de trabalharem nas organizações a que pertencem. A comparação que também traz informação de interesse para a pesquisa refere-se às respostas com notas altas (3, 4 ou 5) dadas por 335 liderados à pergunta: “Sinto-me motivado a cumprir os objetivos após ouvir meu líder numa reunião de grupo”, do questionário de liderança, que apresentou grande correlação com as respostas dadas à pergunta “você se sente realizado com o trabalho que faz?” do questionário QWLQ-bref. Cujas respostas apresentam a seguinte situação: 05 “nada”; 17 “muito pouco”; 72 “médio”; 142 “muito” e 99 “completamente”. 141 Constata-se então que 241 (71,94%) dos respondentes enquadrados nesta situação sentem-se muito realizados com o trabalho que fazem. Ao avaliar os resultados médios, tanto da variável QVT como da variável Características Carismáticas da Liderança, percebe-se que, quanto mais se mostraram presentes as Características Carismáticas na liderança maior foi a percepção de QVT dos liderados. Tal relação é clarificada quando avaliada de forma gráfica, apresentada nas Figuras 21e 22. FIGURA 21: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Carismáticas de seus líderes I (n = 451 Fonte: Elaborado pelo autor 142 FIGURA 22: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características Carismáticas dos seus líderes II (n = 451 Fonte: Elaborado pelo autor As Figuras 21 e 22 demonstram as evidências apontadas na estatística e nas respostas às perguntas dos questionários QWLQ-bref e CL. O ângulo da reta de 0,894 tem alto valor mostrando que os valores das variáveis apresentaram elevação em conjunto. O fator de correlação entre as retas de 0,933 demonstra alta aderência entra as variáveis QVT e características carismáticas da liderança. Vê-se na Figura 21 que, apesar de alguma variação, ainda assim, percebe-se que houve tendência de subida da percepção de QVT quanto maior foi a percepção da presença de características carismáticas da parte da liderança. Constata-se, portanto que, as respostas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, apresentam relevante relação entre as variáveis QVT e Características Carismáticas da liderança. A lógica apresentada nestas avaliações foi a de que, quanto maior foi a percepção da presença de características carismáticas na forma de liderar da parte do líder, maior foi a percepção de QVT dos seus liderados. 143 Ter um líder carismático a frente do grupo pode ser motivador, pois se apresenta como alguém que tem a habilidade de, através de suas ações, dar sentido ao trabalho dos seus liderados, nos mais variados momentos, seja na busca de resultados, ou quando é preciso superar determinado desafio, ou mesmo na comemoração de objetivos alcançados. No entanto, o líder que possui as características carismáticas na sua forma de agir perante a equipe precisa ter ciência e domínio sobre estas suas potencialidades. Deve focar suas energias no desenvolvimento do grupo, tomando o cuidado para não abandonar seu papel de líder inspirador e transformador, e passar a adotar um papel de líder manipulador e centrado em suas próprias forças e interesses (MAXIMIANO, 2008). 4.9 Correlações entre as Características com Foco em Metas e Tarefas da liderança e a percepção de QVT dos liderados A Tabela 17 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características da liderança com Foco em Metas e Tarefas. TABELA 17: Estatística Descritiva – Características da Liderança com Foco em Metas e Tarefas (n = 451) Características da Liderança com Foco em Metas e Tarefas- Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 09 12,50 6,99 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 73 35,19 7,03 25,00 43,75 18,75 45 a 55 52 50,00 0,00 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 179 67,04 6,75 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 138 92,07 7,19 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características com Foco em Metas e Tarefas: 66,49 Fonte: Elaborado pelo autor A Tabela 18 apresenta a média de QVT e as Características dos líderes com Foco em Metas e Tarefas, de acordo com as percepções dos seus liderados. 144 TABELA 18: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características da Liderança com Foco em Metas e Tarefas (n = 451) Liderados Respondentes Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 05 22,5 a 45 44 62 45 a 55 214 126 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Perc.% Percepção Ponderada de QVT Características da Liderança com Foco em Metas e Tarefas Pontuação Média 15,63 01,11% 0,17 68,75 38,01 09,75% 3,71 64,20 50,32 13,75% 6,92 65,93 66,98 47,45% 31,77 66,62 84,95 27,94% 23,74 67,26 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Correlação de Pearson entre as variáveis: 0,071 Fonte: Elaborado pelo autor A comparação das Características Focadas em Metas e Tarefas dos líderes com a percepção de QVT dos liderados, tal como consta no Quadro 20, apresenta baixa correlação de acordo com o Coeficiente Pearson. Tal situação é percebida quando avaliadas as repostas dadas por 382 respondentes à pergunta 18 do questionário de liderança: “o atingimento das metas é a questão mais importante para o meu líder”, que responderam com 03, 04 ou 05 esta pergunta, o que significa que, para os líderes destes liderados, as metas do setor ou da organização são de extrema importância para o bom andamento dos trabalhos. Ao passo que as respostas dadas por estes respondentes à pergunta: “você se sente realizado com o trabalho que faz?” do questionário de QVT, demonstrou pouca relevância. As respostas foram: “nada”: 11; “muito pouco”: 41; “médio”: 93; “muito”: 140 e “completamente”: 97. Revelando que, entre os respondentes que estão sendo cobrados para realização das metas da organização, 237 (62,04%), estão muito realizados com o trabalho que fazem, comprovando a pouca relevância entre as respostas. Situação que se repetiu em outras perguntas do questionário de QVT quando comparadas com as do questionário “CL - Características do seu líder”, sobretudo, quando comparadas as médias das respostas dos dois questionários. Tal como na comparação das respostas dadas à pergunta 18; sobre a importância do atingimento 145 das metas para o líder; com as respostas dadas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” do questionário de QVT. Quando 382 dos que responderam 3, 4 ou 5 na pergunta 18 do questionário CL de liderança, deram as seguintes respostas à pergunta sobre motivação para o trabalho: 17 “muito baixa”; 36 “baixa”; 132 “média”; 143 “alta” e 54 “muito alta”. A maioria (197 ou 51,57%), portanto, declara estar bastante motivada para o trabalho, mesmo estando subordinada a uma liderança cobradora de resultados. Ao avaliar os resultados médios tanto da variável QVT, como da variável Características Focadas em Metas e Tarefas por parte da liderança percebe-se que há pouca variação de resultados entre as mesmas. Assim, os resultados médios apontados na pesquisa para as Características da Liderança Focadas em Metas e Tarefas parecem interferir pouco na percepção média de QVT. Esta pequena relação é clarificada quando avaliada de forma gráfica, apresentada nas Figuras 23 e 24. FIGURA 23: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes com Foco em Metas e Tarefas I (n = 451 Fonte: Elaborado pelo autor 146 FIGURA 24: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes com Foco em Metas e Tarefas II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor As Figuras 23 e 24, demonstram que a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho dos trabalhadores é pouco impactada pela presença das características, mais ou menos, focadas em metas e tarefas na forma de atuar dos seus líderes. O fator de correlação entre as retas dos gráficos de 0,044, gerado a partir das médias das características da liderança com foco em metas e tarefas e percepção de QVT, representa baixa correlação entre estas variáveis. O ângulo da reta negativo (-0,053) representa uma leve tendência de que, quanto menor for a presença das características com foco em metas e tarefas da parte da liderança, um pouco maior deverá ser a percepção de QVT, contudo, este número não é significativo se considerado como parâmetro o valor 1,00, tanto que a reta apresenta-se em posição horizontalizada. Constata-se, portanto que, as respostas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, apresentam pouca relação entre as variáveis QVT e características da liderança com foco em metas e tarefas. Há de se considerar que os resultados desta pesquisa, sobretudo os apontados nas comparações destas variáveis, somados às conclusões citadas no 147 referencial teórico, remetem o gestor a ter atenção aos seguintes pontos: a) a cobrança exaustiva de metas sem a prática de outras dimensões da liderança mais favoráveis à motivação ao trabalho ou a construção do espírito de equipe, pode contaminar o desempenho do grupo; b) os liderados, de uma forma geral, têm ciência que são contratados para realizar resultados mensuráveis pelos seus líderes e pela organização a que pertencem, sendo assim, a maior ou menor cobrança para o atingimento de resultados que já foram acordados entre as partes tende a impactar pouco a percepção de QVT, exceto, quando a cobrança inclui “a utilização desmesurada da autoridade, que se designa como tirania ou ditadura” (MAXIMIANO, 2008, p. 201); c) as conclusões desta pesquisa questionam o senso comum de que, trabalhar intensamente em busca de objetivos organizacionais pode gerar mal estar ao trabalhador. A pesquisa evidencia que, se a relação entre líder e liderado se dá de forma equilibrada, equilibrada também deverá ser a percepção de QVT pelo trabalhador; d) ter uma liderança focada em metas, tarefas e objetivos não é sinal negativo, desde que as demais características da liderança, em especial, as autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas e focadas em pessoas, estejam sendo exercidas com a necessária eficiência. O entendimento de que líderes focados em metas e tarefas também podem se mostrar como bons ouvintes e atenciosos às pessoas que estão sob seu comando, contraria alguns estudos e teorias, como a teoria dos líderes OT (Orientados para Tarefas), que apresenta estes líderes como sendo compulsivos por resultados a qualquer custo. E que “outros comportamentos do líder orientado para a tarefa podem ser classificados como: autocrático, diretivo e socialmente distante. Os comportamentos orientados para a tarefa incluem igualmente a utilização desmesurada da autoridade, que se designa como tirania ou ditadura” (MAXIMIANO, 2008, p. 201). Desta forma, os desafios ao líder para com seu grupo parecem ser o de agir com firmeza, mas, com equilíbrio; leveza, mas, objetividade; como um bom ouvinte, mas, acima de tudo, como um desenvolvedor de pessoas. Desta forma os ganhos para organização e seus participantes tendem a sublinhar a competência de ambos. 148 4.10 Correlações entre as Características Focadas em Pessoas da liderança e a percepção de QVT dos liderados A Tabela 19 apresenta a Estatística Descritiva dos resultados da pesquisa sobre Características da liderança com Foco em Pessoas. TABELA 19: Estatística Descritiva – Características da Liderança com Foco em Pessoas (n = 451) Características da Liderança com Foco em Pessoas - Questionário CL: Características do seu líder Escala de pontos das CL Liderados Respondentes Média Desvio Padrão Valor Mínimo Valor Máximo Amplitude 0 a 22,5 39 8,97 7,42 0,00 18,75 18,75 22,5 a 45 94 35,57 6,86 25,00 43,75 18,75 45 a 55 55 50,00 0 50,00 50,00 0,00 55 a 77,5 142 66,64 7,17 56,25 75,00 18,75 77,5 a 100 121 90,96 6,84 81,25 100 18,75 Total 451 Média Geral das Características da Liderança com Foco em Pessoas: 59,67 Fonte: Elaborada pelo autor A Tabela 20 apresenta a média de QVT e as Características da liderança com Foco em Pessoas, de acordo com as percepções dos respondentes. TABELA 20: Percepção média da Qualidade de Vida no Trabalho comparada com as Características da Liderança com Foco em Pessoas (n = 451) Liderados Respondentes 05 44 62 214 126 Escala de pontos do QWLQ-bref 0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100 451 Percepção Ponderada de QVT Características da Liderança com Foco em Pessoas Pontuação Média 01,11% 0,17 10,00 38,01 09,75% 3,71 38,21 50,32 13,75% 6,92 42,44 66,98 47,45% 31,77 60,11 84,95 27,94% 23,74 76,88 100% 66,31 Percepção média de QVT dos liderados Perc.% 15,63 Correlação de Pearson entre as variáveis: ,581 (**) Fonte: Elaborada pelo autor 149 A comparação das características dos líderes com Foco em Pessoas com a percepção de QVT dos liderados, apresentada no Quadro 20, apresenta alta correlação de acordo com o Coeficiente Pearson. Tal situação é comprovada quando avaliadas as repostas da pergunta 17 do questionário “CL - Características do seu líder”: “sempre que tenho um problema particular posso compartilhar com meu líder, pois ele me ouve e apoia”, que apresentou correlação de 99% às respostas dadas a todas as 20 perguntas do questionário QWLQ-bref. Portanto, enquanto as respostas dos liderados tinham um alto valor numérico para esta pergunta do questionário CL de liderança, para todas as perguntas do questionário de QVT as respostas também tinham notas altas. Exemplo desta situação foi quando os 328 respondentes que deram nota 3, 4 ou 5 para a pergunta 17 do questionário CL, ou seja, afirmaram que têm liberdade para compartilhar com seus líderes suas dificuldades, pois, eles os ouvem e apoiam; deram respostas à pergunta “em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?” do questionário QWLQ-bref da seguinte forma: 13 “muito baixa”; 28 “baixa”; 101 “média”; 127 “alta” e 59 “muito alta”. Constata-se então que 56,70% dos respondentes enquadrados nesta situação sentem-se altamente motivados para o trabalho. Outra situação que destaca a importância das características da liderança focadas em pessoas para a percepção de QVT é quando se verifica as altas respostas (3, 4 ou 5) dadas à pergunta 17 do questionário “CL - Características do seu líder”, comparadas às respostas dadas à pergunta: “o quanto você está satisfeito com a sua qualidade de vida no trabalho?” do questionário QWLQ-bref, que apresentou a seguinte situação: 06 responderam “nada”; 24 “pouco”; 102 “médio”; 153 “bastante” e 43 responderam “extremamente”. Portanto, a maior parte dos que declaram poder compartilhar com seus líderes seus problemas particulares, 196 (51,30%) também se declaram satisfeitos com sua QVT. A comparação das respostas dadas com notas altas (3, 4 ou 5) por 338 liderados na pergunta “sinto-me importante nesta empresa em que trabalho, pois sou constantemente reconhecido pelo meu líder” do questionário CL de liderança, apresentou grande correlação com as respostas dadas à pergunta “em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha?” do questionário QWLQ-bref. Cujas respostas foram dadas da seguinte forma: 02 “muito pouco”; 19 “pouco”; 77 150 “médio”; 146 “muito” e 94 “completamente”. Constata-se então que 240, ou seja, 71,00% dos respondentes enquadrados nesta situação possuem grande orgulho pela organização em que trabalham. Ao avaliar os resultados médios tanto da variável QVT, como da variável Características da Liderança Focadas em Pessoas percebe-se que, quanto maior foi a percepção da presença das Características Focadas em Pessoas na forma do líder conduzir sua equipe maior foi a percepção média de QVT dos seus liderados. Tal relação é clarificada quando avaliada de forma gráfica, apresentada nas Figuras 25 e 26. FIGURA 25: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes Focadas em Pessoas I (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 151 FIGURA 26: Comparação da percepção de QVT dos liderados com as Características dos líderes Focadas em Pessoas II (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor As Figuras 25 e 26 evidenciaram o que a estatística e as respostas às perguntas dos questionários QWLQ-bref e CL revelaram. Vê-se, por exemplo, que o ângulo da reta de 0,842 tem alto valor mostrando que os valores das variáveis apresentaram elevação em conjunto. O fator de correlação entre as retas de 0,941, o maior entre todas as comparações, demonstra aderência entra as variáveis QVT e características da liderança com foco em pessoas. Vê-se no Gráfico 17 que, apesar de alguma variação, percebe-se tendência de subida da percepção de QVT quanto maior for a percepção da presença de características da liderança com foco nas necessidades das pessoas. Constata-se, portanto que, as respostas aos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para características da liderança, apresentaram relevante relação entre as variáveis QVT e Características da Liderança com Foco nas Pessoas. A lógica apresentada foi a de que, quanto maior foi a percepção da presença das características da liderança com foco nas pessoas, ou seja, condução da gestão da equipe com a prática do diálogo, do respeito e da atenção aos liderados, maior foi a percepção de QVT dos trabalhadores. 152 O líder que dá atenção aos seus liderados, tenda se revelar como um igual e humano em sua forma de comandar a equipe. Tende a preocupar-se com o comportamento dos seus liderados e tem ciência de tal atitude faz a diferença nos resultados de seu setor. Maximiano (2008, p. 149) explica que “desde o início da moderna sociedade industrial, ficou claro que a produtividade e o desempenho das organizações dependem também do comportamento das pessoas, e não apenas da eficiência dos sistemas técnicos”. Dutra (2002, p. 26) ao explicar o movimento de mudanças pela qual ainda passa a sociedade contemporânea cita que “esse movimento torna as pessoas mais atraídas por situações profissionais ou de trabalho que lhes permitam maior autonomia e liberdade”. Enquanto as empresas com postura autoritária teriam mais dificuldade de conquistar o envolvimento das pessoas do que àquelas que oferecem suporte para a participação das mesmas. O autor crê ainda que seja possível conquistar o comprometimento dos trabalhadores mediante a correta gestão da equipe “por meio de respeito à individualidade, do estímulo e suporte à cidadania organizacional, do contínuo desenvolvimento e satisfação das necessidades das pessoas e de uma proposta transparente de intenções” (DUTRA, 2002, p. 49). Portanto, oferecer atenção às pessoas revela-se como opção segura para se obter resultados perenes da equipe. Os cuidados que o líder deve ter é o de separar a atenção, o respeito, o apoio; que deve ofertar em todo tempo ao seu grupo; de uma maneira paternalista de se relacionar com seus liderados, que normalmente leva à acepção de pessoas por afinidades e outros aspectos que acabam por gerar protecionismo e injustiça no tratamento dos liderados. Maximiano (2008, p. 201) alerta para o perigo do líder focado em pessoas tornar-se um “líder permissivo ou omisso”, que difere do bom líder que reconhece as pessoas como pessoas, dotadas de defeitos, mas, com muito mais potencial e vontade de vencer do que apego às suas imperfeições. Contata-se que as organizações e seus líderes necessitam organizar e legitimar os benefícios sociais, a segurança no ambiente de trabalho, a política salarial, o ambiente ameno e produtivo de trabalho e o bom relacionamento entre todos. O ideal seria ser firme com os problemas e brando com as pessoas. As punições justificadas, e até mesmo as demissões, fazem parte das relações de trabalho, mesmo se estando num ambiente favorável à manifestação 153 das dificuldades de cada um. O relacionamento mais próximo entre líder e liderado, não os isenta de seguirem as regras da organização e de perseguirem os objetivos com afinco. Num ambiente onde as características da liderança focadas em pessoas estão presentes e aliadas às práticas das outras características da liderança de forma equânime, a busca de resultados se dá de forma consciente e com alto nível de respeito entre todos os participantes da organização. 4.11 Correlações gerais entre as Características da Liderança pesquisadas e a percepção de QVT dos liderados O Quadro 20, que é um relatório com os resultados resumidos da aplicação do programa SPSS 8.0, apresenta 127 correlações de 99% entre as respostas dadas nas 61 perguntas dos 451 questionários válidos. Nesta pesquisa, as avaliações dos resultados se limitaram a investigar as correlações que envolviam diretamente a percepção de QVT comparadas às características da liderança, objetos principais deste estudo. Os resultados apresentados na Tabela 8 demonstram a situação geral desta pesquisa sobre QVT e Características da Liderança. Para a construção da Tabela 8, tal como informado, os resultados obtidos na pesquisa sobre QVT com os 451 respondentes foram divididos em classes de 05 pontos. Para esta divisão considerou-se a escala de comparação para avaliação de resultados proposta no QWLQ-bref, ou seja, de 0 a 100 pontos, apresentada no Quadro 13. Após esta divisão por classes, considerando os resultados obtidos na percepção de QVT, foi calculada média aritmética com cada grupo de dados que compôs as classes, mantendo-se os resultados médios obtidos nas características de lideranças atrelados a cada grupo de resultados. Portanto, as médias aquisitadas para as características de liderança representaram a real situação para cada classe de pontos da QVT. Tal análise demonstrou que poderia haver conjunto de notas de características de liderança mais eficaz para a geração de QVT aos liderados, bem como, conjunto de notas menos eficaz para este fim. Para checar estas evidências foi construído um conjunto de dados. Assim, para a avaliação negativa considerou-se uma percepção média de QVT entre 0 e 45,00 pontos, que, para Reis Junior (2008), esta totalização de pontos reflete que os 154 trabalhadores estão muito insatisfeitos ou insatisfeitos com a Qualidade de Vida no Trabalho. Já a avaliação positiva para o conjunto de características da liderança em comparação com a percepção de QVT, considerou os resultados acima de 77,5 pontos para o questionário QWLQ-bref, pois, neste caso, as pessoas que assim responderam consideram-se muito satisfeitas com a QVT. Estes resultados consideraram médias aritméticas simples e constam na Tabela 21. TABELA 21: Piores e Melhores conjuntos de Características de Liderança para geração de Qualidade de Vida no Trabalho aos liderados (n = 451) Pontuação média das Características da Liderança Percepção média de Qualidade de Vida dos respondentes – QWLQ-bref Piores conjuntos de Características da Liderança para gerar QVT Classe Percepção de QVT Liderados Perc.% Percepção Média de QVT Percepção Ponderada de QVT A D L C MT P 0 a 22,5 05 01,11% 15,63 0,17 60,00 35,00 45,00 23,75 68,75 10,00 22,5 a 45 44 09,75% 38,01 3,71 50,57 36,22 52,27 39,49 64,20 38,21 55,29 35,61 48,64 31,62 66,47 24,10 Média 26,82 Melhores conjuntos de Características da Liderança para gerar QVT Classe Percepção de QVT Liderados Perc.% Percepção Média de QVT Percepção Ponderada de QVT A D L C MT P 55 a 77,5 214 47,45% 66,98 31,77 46,50 60,48 51,82 64,05 66,62 60,11 77,5 a 100 126 27,94% 84,95 23,74 44,54 72,77 53,29 78,67 67,26 76,88 45,52 66,63 52,55 71,36 66,94 68,50 Média 75,96 Percepção de QVT neutra (45 a 55 pontos) 62 13,75% 451 100% 50,32 Percepção média global de QVT por parte dos entrevistados: 66,31 (satisfeitos com a QVT) Legenda: A Autocráticas, D Democráticas, L Liberais, C Carismáticas, MT Metas e Tarefas e P Pessoas Fonte: Elaborado pelo autor Vê-se que 49 respondentes (10,86%) desta pesquisa se mostraram muito insatisfeitos ou insatisfeitos com a QVT. Sendo assim, as médias das respostas às características da liderança aferidas por estes 49 liderados formou o pior conjunto de notas para a geração de QVT. Estas notas, para cada característica da liderança, assim se apresentam: Características Autocráticas: 55,29. Características 155 Democráticas: 35,61. Características Liberais: 48,64. Características Carismáticas: 31,62. Características Focadas em Metas e Tarefas: 66,47. Características Focadas em Pessoas: 24,10. Já quando se verificam as repostas dadas por 126 (27,94%) respondentes que se consideraram muito satisfeitos com a Qualidade de Vida no Trabalho, se depara com o melhor conjunto de notas das características de liderança para a geração de QVT aos trabalhadores. Estas notas, assim se apresentam: Características Autocráticas: 44,54. Características Democráticas: 72,77. Características Liberais: 53,29. Características Carismáticas: 78,67. Características Focadas em Metas e Tarefas: 67,26. Características Focadas em Pessoas: 76,88. As Figuras 27, 28, 29 e 30 apresentam a visualização dos resultados com este enfoque. 156 FIGURA 27: Comparação entre os melhores e piores conjuntos de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados I (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor FIGURA 28: Comparação entre o melhor e pior conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 157 FIGURA 29: Comparação entre o melhor conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor FIGURA 30: Comparação entre o pior conjunto de notas das Características de Liderança diante da percepção de QVT dos liderados (n = 451) Fonte: Elaborado pelo autor 158 Quando os resultados médios são comparados com o melhor conjunto de notas das características da liderança para geração de QVT, vê-se certo distanciamento dos três grupos de características da liderança mais importantes. As amplitudes estatísticas que comprovam tal situação estão apresentadas no Quadro 21, onde estão demonstradas as comparações entre o pior e o melhor conjunto de notas para as características de lideranças e também a comparação com a média geral de notas para os líderes locais. QUADRO 21: Comparações entre os conjuntos de notas médias para CL – Características da Liderança Pior Melhor Amplitude CL Médias conjunto conjunto Características das CL Pior (-) Média (-) de notas de notas da Liderança locais Melhor Melhor das CL das CL Autocráticas Democráticas Liberais Carismáticas Focadas em Metas e Tarefas Focadas em Pessoas 55,29 35,61 48,64 31,62 44,54 72,77 53,29 78,67 47,64 59,13 52,56 62,87 10,75 -37,16 -4,65 -47,05 3,10 -13,64 -0,73 -15,80 66,47 67,26 66,49 -0,79 -0,77 24,10 76,88 59,67 -52,78 -17,21 Fonte: Elaborador pelo autor Considerando-se estes resultados, constata-se que a maior parte da liderança local, em termos de geração de Qualidade de Vida no Trabalho, ainda necessita evoluir. Há de se considerar que as avaliações dos resultados trataram de médias, tendo em vista o grande número de questionários avaliados, não se focando resultados individuais de líderes que possam ter se mostrado aderentes aos melhores ou piores resultados em termos de geração de QVT aos seus liderados. As avaliações se basearam nos resultados da pesquisa que teve como respondentes 451 trabalhadores maiores de 18 anos, engajados nas mais diversas organizações do município de São João da Boa Vista, SP. Estes trabalhadores formais foram público alvo da pesquisa e, através de suas respostas, se checou as características de suas lideranças formais na forma de conduzirem suas equipes. Para se construir os resultados foram feitas avaliações estatísticas e gráficas dos resultados apontados nos questionários QWLQ-bref para QVT e CL para as características da liderança. Sendo que as inferências sobre os resultados de cada item pesquisado basearam-se em vários autores citados no referencial teórico. 159 5. CONCLUSÕES Como é apresentada neste estudo, a pergunta problema que buscou descobrir se “haveria relações ou correlações entre as características da liderança e o nível de Qualidade de Vida no Trabalho, sobretudo, com base na percepção dos colaboradores das organizações locais”, foi respondida em grande parte. Os resultados da pesquisa aquisitados diante de avaliações estatísticas e gráficas demonstraram possibilidades de existirem relações e correlações entre estas variáveis, especialmente, pelo fato de que, trabalhadores de diferentes áreas e, portanto, submetidos a líderes diferentes, apresentaram semelhanças em suas respostas. O objetivo geral de descobrir as relações existentes entre as características autocráticas, democráticas, liberais, carismáticas, focadas em metas e tarefas e focadas em pessoas na forma de atuar dos líderes com a Qualidade de Vida no Trabalho; ambas com base na percepção dos colaboradores das organizações do município de São João da Boa Vista; cujo objetivo considera-se atingido. Isso levando-se em conta as limitações da pesquisa, pois, devido à amplitude do assunto qualquer escolha seria imperfeita e incompleta. Contudo, o formato utilizado nesta pesquisa evidenciou que os líderes talvez não possuam um único estilo, traço ou característica de liderança, mas, demonstraram possuir conjuntos de características de liderança, sendo algumas mais acentuadas do que outras. Constatou-se nesta pesquisa feita com 451 entrevistados que a percepção geral média de QVT no município, de acordo com a escala proposta por Reis Junior (2008), foi de 66,31 pontos, ou seja, os trabalhadores de São João da Boa Vista, SP, de uma forma geral, declararam-se satisfeitos com sua Qualidade de Vida no Trabalho. Esta pesquisa mostrou que uma maior presença das características democráticas, carismáticas e focadas em pessoas na forma de atuar das lideranças perante suas equipes, tende a gerar melhor percepção de Qualidade de Vida no Trabalho aos seus liderados. Pois, quando os entrevistados deram notas baixas ou altas para as perguntas que investigaram estas características, assim também ocorreu, na maior parte das vezes, com a nota final da percepção de QVT. A pesquisa mostrou também que as características liberais e focadas em metas e 160 tarefas dos líderes, mostraram menor relação com a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho, tendo em vista as oscilações de respostas tanto para QVT como para estas características de liderança. Viu-se que as características autocráticas da liderança mostraram menor intensidade sobre a percepção de QVT, pois, quanto menor foi a percepção de sua presença no ambiente de trabalho um pouco maior foi a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos trabalhadores Quanto aos referenciais teóricos produzidos por diversos autores que aqui foram citados, estes contribuíram deveras com suas definições e conceitos sobre liderança e Qualidade de Vida no Trabalho, o que facilitou o embasamento da linha de pesquisa. Foi possível constatar que, enquanto estudos organizados sobre liderança têm origem no século XIX (ou antes), os estudos sobre Qualidade de Vida e, mais ainda, Qualidade de Vida no Trabalho, são recentes e carecem de maior aprofundamento. Este fato está ligado à própria evolução da sociedade, que compreende melhor os efeitos positivos e negativos de suas ações a cada década que passa. Desta forma, a Qualidade de Vida vem conquistando seu espaço tanto quanto os direitos humanos também se fazem presentes. Os resultados confirmaram que os conceitos e teorias discutidos no meio acadêmico e empresarial em favor da valorização das pessoas no ambiente de trabalho, estão corretos. Pelo menos, no que se refere à geração de Qualidade de Vida no Trabalho, que mostrou-se aderente à uma liderança que se mostra mais próxima dos trabalhadores. Esta pesquisa mostrou que o líder que tenha interesse em gerar Qualidade de Vida aos seus liderados deve aplicar de forma equilibrada as características da liderança. Deve envidar esforços para valorizar as pessoas através do exercício de uma liderança que permita a participação dos colaboradores no processo (liderança democrática); procure motivar sua equipe com palavras, atitudes e, principalmente, com o próprio exemplo (liderança carismática); valorize os colaboradores como pessoas e não como meros recursos (liderança focada em pessoas), ao passo que implante desafios possíveis de serem atingidos pela sua equipe (liderança focada em metas), dando liberdade para que os colaboradores criem, sem nunca deixar de apoiá-los na execução de suas atividades (liderança liberal); e jamais ser um líder opressor, do tipo que comanda seu grupo de liderados como se fossem meros 161 cumpridores de ordens, limitados na capacidade de contribuir, cujo líder acredite que toda competência repouse apenas sobre sua pessoa (liderança autocrática). Os resultados desta pesquisa estão longe de abarcar as melhores práticas em pesquisas e mais longe ainda de responder a todas as perguntas que ainda pairam sobre os temas liderança e Qualidade de Vida no Trabalho. Alguns pontos específicos podem ser considerados como oportunidades para ampliação e melhoria na pesquisa. Entre eles: a confirmação do número adequado de perguntas investigativas para cada característica da liderança e eventual revisão da formulação das perguntas para que atenda com mesmo nível de entendimento todos os públicos. Além da comparação dos resultados com outras variáveis que não seja somente a percepção de Qualidade de Vida no Trabalho. Outro aspecto crítico é o fato das escolhas das características da liderança, pois, outras características estudadas poderiam gerar interpretações diferentes das apresentadas. E também a aplicação da pesquisa em outro contexto (cultura, costumes, situação econômica dos envolvidos etc.), pois, talvez resulte em outras interpretações. Portanto, existem muitas oportunidades de melhorias que poderão ser implementadas mediante a replicagem desta pesquisa. Apesar das limitações e possibilidades de ampliação desta pesquisa, o número de questionários válidos (451), as variações em termos de idade, cargo, estado civil, educação formal, tempo de emprego e ramo de atuação dos entrevistados e seus líderes; além das minuciosas avaliações estatísticas utilizando os programas SPSS 8.0 para as Correlações de Pearson e Microsoft Excel para as avaliações gráficas, permitem dar crédito à pesquisa. E por fim, viu-se que estas pesquisas evidenciaram que, para se conquistar um bom ambiente de trabalho, é preciso que dirigentes, líderes e liderados das organizações, quebrem as barreiras que os separam e se unam em torno de objetivos comuns e acreditem que, trabalhar num ambiente onde as relações entre líderes e liderados são saudáveis, será muito bom para os trabalhadores, para quem os comanda e para quem se beneficia diretamente com os resultados das atividades da equipe. Portanto, melhorar a Qualidade de Vida no Trabalho diante de novas abordagens da liderança é uma forma concreta de se gerar o ganha-ganha para todos no ambiente de trabalho. 162 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACE - ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA. Indicadores. Disponível em <http://www.acesaojoao.com.br/indicadores.php> Acesso em 29 jul. 2010. ARGYRIS, Chris. Understanding organizational behavior. Oxford, England: Dorsey. xii, pp. 179 pp. 1960. BARBIERI, J. C. 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Atualmente estamos trabalhando numa pesquisa de caráter quantitativo, que tem por objetivo geral identificar as percepções sobre Qualidade de Vida no Trabalho por parte dos colaboradores e as características dos líderes que atuam nas organizações do município de São João da Boa Vista. Ressaltamos que, todas as informações coletadas durante a pesquisa ficarão em absoluto sigilo. Estamos à disposição para esclarecer qualquer dúvida referente às pesquisas. Pesquisador: Adolfo Plínio Pereira. Endereço: Largo Eng.º. Paulo A. Sandeville, nº 15, Bairro Santo André, Coordenação do Mestrado Multidisciplinar, São João da Boa Vista - SP. [email protected] Para alcançar nosso objetivo de pesquisa solicitamos que leia as instruções e responda as questões conforme sua opção. Questionário “CL - Características do seu líder” A forma com que o(a) líder conduz sua equipe pode fazer diferença para os resultados da organização e percepção de qualidade no ambiente de trabalho por parte dos colaboradores, especialmente, quanto à Qualidade de Vida no Trabalho. No intuito de estudarmos este fenômeno, com base em autores reconhecidos nesta área, criamos este questionário. Então, para podermos detectar as características da liderança mais presentes em seu ambiente de trabalho, solicitamos a gentileza de responder as questões que seguem. Instruções para preenchimento: a) Não é necessário identificar-se no questionário. No entanto, solicitamos que responda algumas perguntas sobre você e seu líder. Se desejar receber os resultados finais desta pesquisa, informe seu e-mail no rodapé deste questionário. b) Ao responder o questionário, coloque um X numa única opção que você acredita ser a mais adequada. c) As perguntas são feitas no gênero masculino para facilitar sua aplicação, tendo a mesma validade para pessoas do sexo feminino. d) Se você tiver mais de um líder, ao responder este questionário, pense naquele com o qual tem maior contato. e) Por favor, responda também o questionário QWLQ-bref, sobre Qualidade de Vida no Trabalho, que consta nesta pesquisa. 168 (*) Por favor, assinale com “X” apenas 01 (uma) alternativa. Informe sobre a Organização em que você trabalha: 1) Qual o ano da fundação? 2) Qual o número de funcionários? 3) Qual o ramo da Organização? Agropecuário (1) Cooperativa (7) Comércio (2) Bancário (8) Indústria (3) Financeiro (9) Serviços (4) Seguros (10) Educação (5) Entidade de Classe (11) Saúde (6) ONG (Org.Não-Gov.) (12) Informações sobre você 4 – O cargo que ocupa na organização é: Administrativo (1) Produção (2) Cargo Técnico (4) Ajudante Geral (5) Estagiário (6) Líder de equipe (7) Outro (8) Vendas (3) Especifique: _____________________ 5 - Sexo: Masculino (1) Feminino (2) 6 – Estado Civil: Solteiro (1) Casado (2) 7 - Idade em anos: Entre 18 e 25 (1) Separado (3) Viúvo (4) 26 e 35 (2) 36 e 45 (3) Mora junto (5) Outro (6) 46 e 55 (4 ) Acima de 55 (5) 8 - Tempo de serviço na empresa atual: Menos de 06 meses (1) Entre 06 meses e 01 ano (2) Entre 01 ano e 02 anos (3) Entre 02 anos e 05 anos (4) Entre 05 anos e 10 anos (5) Acima de 10 anos (6) 9 – Formação Educacional (assinale apenas o último grau que você estudou ou estuda): Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Completo (2) Ensino Médio Incompleto (3) Ensino Médio Completo (4) Ensino Superior Incompleto (5) Ensino Superior Completo (6) Pós-Graduação Incompleta (7) Pós-Graduação Completa (8) 169 Agora são informações sobre seu líder (seu chefe direto): 10 - Cargo atual: Proprietário (1) Gerente (2) Líder de Área (6) Chefe de Setor (7 ) 11 - Sexo: Masculino (1) Sub-Gerente (3) Supervisor (4) Coordenador (5) Outro (8) Especifique: ______________________ Feminino (2 ) 12 – Estado Civil: Solteiro (1) Casado (2) Separado (3) Viúvo (4) Mora junto (5) Outro (6) 13 - Idade em anos: Entre 18 e 25 (1) 26 e 35 (2) 36 e 45 (3) 46 e 55 (4 ) Acima de 55 ( 5 ) 14 - Tempo que ele ocupa a função de líder na organização: Menos de 06 meses (1) Entre 02 anos e 05 anos (4) Entre 06 meses e 01 ano (2) Entre 01 ano e 02 anos (3) Entre 05 anos e 10 anos (5) Acima de 10 anos (6) 15 – Formação Educacional (assinale apenas o último grau dos estudos do seu líder): Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Completo (2) Ensino Médio Incompleto (3) Ensino Médio Completo (4) Ensino Superior Incompleto (5) Ensino Superior Completo (6) Pós-Graduação Incompleta (7) Pós-Graduação Completa (8) 1 - Questionário “CL - Características do seu líder” Este questionário visa descobrir algumas características da liderança presentes nas organizações. Então, levando em consideração a forma com que seu líder atual toma decisões e se relaciona com você e seus colegas, leia cada frase e responda colocando “X” numa única alternativa, de acordo com a escala a seguir. Muito Obrigado! DISCORDO CONCORDO TOTALMENTE 1 TOTALMENTE 2 3 4 5 Exemplo Meu líder centraliza todas as decisões e não permite que 1 2 3 4 ninguém tome decisão em seu lugar. 1 Neste caso o respondente concorda totalmente que a frase representa a atuação do seu líder, ou seja, que seu líder realmente centraliza as decisões. Este é apenas um exemplo. x 170 Afirmações sobre as características do seu líder 16) Meu líder centraliza todas as decisões e não permite que ninguém tome decisão em seu lugar. 17) Sempre que tenho um problema particular posso compartilhar com meu líder, pois ele me ouve e apoia 18) O atingimento das metas é a questão mais importante para o meu líder 19) Meu líder é muito querido pela maioria das pessoas 1 1 2 2 3 4 5 3 4 5 3 4 5 1 1 2 1 1 2 3 4 5 1 1 2 3 4 5 1 20) Se não for do jeito que meu líder quer, meu serviço parece que nunca está bom 21) Meu líder explica a situação que está acontecendo, pede minha opinião e de meus colegas, e coloca em prática o que decidimos juntos 22) Por várias vezes tive que tomar decisão sem a presença do meu líder 23) Meu líder não centraliza as decisões e permite que tomemos decisão em seu lugar 24) Os assuntos principais de nossas reuniões são metas e objetivos da empresa 25) Sinto-me motivado a cumprir os objetivos após ouvir meu líder numa reunião de grupo 26) Só fico sabendo de meu desempenho quando pergunto ao meu líder 27) Bondade é um valor importante para meu líder 1 2 3 4 5 3 4 1 1 2 5 1 1 2 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 28) Meu líder, quando faz reuniões, pede que falemos nossa opinião 29) Enquanto a tarefa não ficar exatamente como meu líder solicitou, não posso parar de fazê-la 30) Sinto-me importante nesta empresa em que trabalho, pois sou constantemente reconhecido pelo meu líder 31) Meu líder, quando faz reuniões, não pede nossa opinião 32) Quando é preciso decidir algo, meu líder toma decisão rápida e firmemente 33) Meu líder exige que a organização no setor esteja impecável, não importando o quanto tenhamos que nos esforçar para isso. 34) Já houve discussão entre meus colegas de trabalho por não saberem de quem era a responsabilidade sobre um erro cometido 35) Sou um admirador do meu líder pela sua personalidade e pela sua grande capacidade de comandar nossa equipe 36) Às vezes meu líder demora a decidir porque pergunta a opinião a respeito de algum assunto para muita gente 1 2 3 4 5 1 1 2 3 4 5 1 1 2 3 4 5 1 1 2 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 171 DISCORDO TOTALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 1 2 3 4 37) Percebo que, para meu líder, as pessoas são muito mais importantes do que os resultados 38) Sinto-me à vontade para dar sugestões ao meu líder 5 1 2 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 3 4 5 1 1 2 1 39) Percebo que meu líder cuida bem de sua imagem 1 2 1 40) Constantemente tenho medo do meu líder 1 2 1 41) Constantemente eu e meus colegas de trabalho organizamos nossos serviços, nosso ambiente e, muitas das coisas que fazemos, somos nós mesmos que resolvemos. 1 2 1 2 - Questionário para avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho – QWLQ-bref Instruções Este questionário tem como objetivo avaliar a qualidade de vida no trabalho sob o ponto de vista pessoal, de saúde, psicológico e profissional. Por favor, responda todas as questões. Caso não tenha certeza sobre qual resposta dar, sugiro escolher entre as alternativas a que lhe parece ser a mais adequada, sendo normalmente esta a primeira escolha. Por favor, tenha em mente as duas últimas semanas para responder as questões. Exemplo: Quanto você se preocupa com dores ou desconfortos no trabalho? nada muito pouco 1 2 mais ou menos bastante 3 4 extremamente 5 Você deve circular o número que melhor corresponde a sua realidade, relembrando, pensando apenas nas últimas duas semanas. Por favor, leia com atenção as questões e escolha o número que lhe parecer a melhor resposta. Muito Obrigado! 01 - Como você avalia a sua liberdade para criar coisas novas no trabalho? muito baixa baixa 1 2 média 3 boa 4 muito boa 5 1 02 - Em que medida você avalia sua motivação para trabalhar? muito baixa baixa média alta muito alta 172 1 2 3 4 5 1 03 - Como você avalia a igualdade de tratamento entre os funcionários? muito baixa baixa 1 2 média 3 boa 4 muito boa 5 1 04 - Em que medida você avalia o seu sono? muito ruim ruim 1 2 média 3 bom 4 muito bom 5 1 05 - Como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho? muito baixa baixa 1 2 média 3 alta 4 muito alta 5 1 06 - Você se sente realizado com o trabalho que faz? nada muito pouco 1 2 médio 3 muito 4 completamente 5 1 07 - Em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha? muito pouco pouco 1 2 médio 3 muito 4 completamente 5 1 08 - Em que medida algum problema com o sono prejudica seu trabalho? nada muito pouco 1 2 1 1 mais ou menos 3 bastante 4 extremamente 5 09 - Em que medida você avalia o orgulho pela sua profissão? muito baixa baixa 1 2 média 3 alta 4 muito alta 5 1 10 - Como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados? 173 muito baixa baixa 1 2 média 3 alta 4 muito alta 5 1 11 - Em que medida sua família avalia o seu trabalho? muito ruim ruim 1 2 médio 3 bom 4 muito bom 5 1 12 - Em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa? muito pouco pouco 1 2 médio 3 muito 4 Completamente 5 1 13 - Você está satisfeito com o seu nível de responsabilidade no trabalho? nada pouco 1 2 médio 3 bastante 4 Completamente 5 1 14 - Você se sente satisfeito com os treinamentos dados pela organização? nada pouco 1 2 médio 3 bastante 4 completamente 5 1 15 - Em que medida você é respeitado pelos seus colegas e superiores? nada muito pouco 1 2 médio 3 muito 4 completamente 5 1 16 - Você se sente satisfeito com a variedade das tarefas que realiza? nada pouco 1 2 médio 3 bastante 4 completamente 5 1 17 - Suas necessidades fisiológicas básicas são satisfeitas adequadamente? nada muito pouco 1 2 mais ou menos 3 bastante 4 extremamente 5 1 174 18 - Como você avalia o espírito de camaradagem no seu trabalho? muito ruim ruim 1 2 médio 3 bom muito bom 4 5 1 19 - Em que medida você se sente confortável no ambiente de trabalho? nada muito pouco 1 2 mais ou menos 3 bastante extremamente 4 5 1 20 - O quanto você está satisfeito com a sua qualidade de vida no trabalho? nada pouco 1 2 médio 3 bastante extremamente 4 5 1 MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO Opcional: Se você quiser receber a conclusão deste estudo, por favor, anote aqui o seu e-mail: _______________________________________________________ 175
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