Gabus Mendes - Pró-TV

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Gabus Mendes - Pró-TV
Gabus Mendes: uma
biografia pág. 11
genial
Esta é uma publicação gratuita da Pró-TV / Museu da TV Brasileira - www.museudatv.com.br
Junho 2015 | Nº 135
editorial
Vida Alves
O valor da mulher
Leio o jornal todo dia. E no domingo, 24 de maio, li
a crônica da senadora Vanessa Grazziotin, que
registra que o Brasil está atrás de 152 países, no
que diz respeito ao número de mulheres no
Parlamento. Inclusive atrás de Cuba, Equador,
Bolívia, Nicarágua... Espantei-me. Sei que a luta
da mulher, por seu lugar ao sol, é relativamente
recente. Foi só em 24 de fevereiro de 1932, que o
Brasil deu à mulher direito ao voto.
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Espanto-me, repito, pois até por ser obrigação,
sou levada a respeitar e valorizar a mulher. Sou
filha de Amélia Alves, mineira de poucos estudos,
que se casou com Heitor Alves, engenheiro,
professor e poeta, carioca, e que se mudou para
as Mantiqueiras de Minas, a procura de bons
ares. E se casou com Amélia.
Mas sua vida não durou. Eles ficaram casados só
oito anos e ele morreu. Estava com 37. E ela com
30. Mas tinham já cinco filhos, que ficaram pra ela
criar. O caçula de meses.
Vindo para São Paulo, morou nos porões da casa
de sua mãe, costurando de dia, estudando à
noite, pagando pouco. Depois arranjou emprego
público, escola de graça para as crianças,
quando iam crescendo... Não se casou mais. E
lutou, sempre lutou.
Da minha parte foi luta boa, pois se estava com 6
anos, quando meu pai morreu, aos 10, já estava
fazendo radionovela na Rádio São Paulo, que
ficava no bairro da Bela Vista, perto da casa onde
morávamos, e ganhava meu dinheirinho. E do
rádio fui indo, cheguei à televisão, entrei na
Faculdade São Francisco...
Espera lá, não é de mim que quero falar. Nem
apenas só de minha mãe. É das mulheres em
geral.
Os primeiros teatros que fiz, foram no Centro
do Professorado Paulista . E a diretora era
Sagramor de Scuvero, que tinha menos de vinte
anos e apresentava uma peça infantil semanal,
para um público de 1200 pessoas. E também
nas emissoras de rádio e de televisão, por onde
passei, lá estavam Ivani Ribeiro, Janete Clair,
Isa Leal, Sarita Campos, e mais tarde Maria
Adelaide Amaral, Glória Perez, e tantas outras
mulheres de imenso valor.
Ah, esqueci, pulei as da Faculdade São
Francisco: com Ester de Figueiredo Ferraz, com
Ligia Fagundes Telles...E quantas outras
brasileiras ilustres conheci.
É... como disse no começo deste texto, tenho
obrigação moral de respeitar e valorizar a
mulher. Não as vejo como menores, nunca. Não
há distinção de gênero.E só agora percebo que
estou fazendo uma crônica elitista .
Não deveria eu aqui citar as multidões de
mulheres que lotam já de madrugada os ônibus,
os trens, os metrôs, indo para seus trabalhos,
depois de deixarem a comida feita em casa para
os seus? E os filhos nas creches, quando as há?
Nossa! Começo a chegar ao ponto crucial: não
só no parlamento, mas em muito mais lugares
diretivos deviam estar as mulheres.
Pensando bem, não só eu, que vos escrevo,
mas não somos todos nós, que devemos muito
à elas?
acervo
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Lia de Aguiar e Jota Silvestre em teleteatro da década de 1960
acontece
Elmo Francfort
TV Cultura na Semana
de Museus
Entre os dias 18 e 22 de maio, a TV
Cultura abriu suas portas para
receber visitantes. Foi durante a 13ª
Semana Nacional de Museus.
Em especial, no Prédio das Tecas,
estavam três exposições: uma sobre
Antonio Abujamra, apresentador de
Provocações , outra sobre os 90
Trecho da exposição sobre Antonio Abujamra
anos de Inezita Barroso, com acervo
da apresentadora do Viola, Minha Viola (duas perdas recentes da TV). Destaque também para a
exposição SP: Um lugar pra se viver , produzida pelos funcionários da emissora.
Uma televisão fora do ar
Há 20 anos a Pró-TV lançou uma pedra fundamental : promover encontros de profissionais de
televisão. Felizmente isso tem dado frutos. Depois de várias celebrações pelo Dia Nacional da TV, agora
os próprios funcionários estão promovendo seus encontros.
Em 2013 aconteceu, no Rio, o primeiro Encontro de Ex-Funcionários da TV Manchete. Terá repeteco:
no próximo 15 de agosto, no Scala Rio, farão a segunda edição do encontro este que reuniu
inicialmente 300 ex-funcionários.
Agora, por ocasião dos 50 anos da Globo, se realizou no dia 17 de maio o Encontro dos Queridos
Colegas que Trabalharam na Globo SP
funcionários da fase em que trabalhavam na Praça
Marechal Deodoro. O encontro ocorreu no bar Quintal do Justo, em Santana, com cerca de 300
profissionais. O ex-todo poderoso da Globo, Boni, mandou uma mensagem aos presentes, que se
emocionaram com as belas palavras.
É isso aí, pessoal, a história das TVs é feita também pelos funcionários, parte importante no processo.
Rápidas...
... Você tem TV digital e não consegue pegar a Cultura? É porque ela mudou do canal 2.1 para o 6.
Sintonize!
... O SBT lançou um aplicativo de celular. Baixe gratuitamente no site http://www.sbt.com.br/app/
... Já a Rede TV! deu uma virada na cara de sua programação. Mariana Godoy, Celso Zucatelli, Edu
Guedes e Mariana Leão reforçam o elenco atual da emissora.
Divulgação
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O público pode conhecer todo acervo
da emissora, assim como seu Centro
de Memória Audiovisual. Puderam
visitar os estúdios, as instalações das
rádios Cultura AM e FM, como
também da TV Cultura. Outro ponto
alto foi ver o acervo de figurinos do
canal, com direito ao boneco
Garibaldo (da Vila Sésamo , anos
1970), os peixes de Glub Glub e
muitos outros.
saudade
Lemos Brito se foi
Chorei.
Quem tem a minha idade e é pioneira da
televisão, quem entrou em rádio ainda menina,
com apenas 10 anos, e pode dizer que a carreira
profissional tem quase 80 anos, muitas vezes
tem que chorar.
São amigos que se vão. E às vezes, são tão
amigos, que os consideramos parte da família.
É como se a família fosse se partindo, como se a
família fosse sumindo...
Falo agora de alguém pouco conhecido do
público, mas muito conhecido da classe
artística. Falo de Lemos Brito.
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Acordo com o telefonema de Dona Ivone,
secretária de Lemos Brito, me avisando que ele
se foi, no dia 16 de maio, à noite. Já vinha
fraquinho, doente e se foi. Deixa esposa, duas
filhas e netos. E amigos, muitos amigos.
Teve sempre uma vida criativa e singular. Seu
espaço, na Bela Vista, era verdadeiro museu.
Tinha de fotos de todos artistas à câmeras,
ônibus...tudo.
Grande Lemos Brito! Por anos, no começo da
nossa entidade, foi lá que aportamos. Ele nos cedeu espaço, móveis, atenção, carinho. E Dona Ivone, que foi
secretária de Lemos Brito por mais de 40 anos. Negra de pele, dourada de coração, de alma. Ficou como nossa
secretária. E de graça!
Ah, como se pode ainda acreditar no ser humano! Ela é um exemplo. E ele, que sempre trabalhou como empresa
independente, também é inesquecível.
Chorei! Todo meu corpo chorou! Morreu um pouco, pois um grande amigo se foi. E eu não agradeci a ele, o quanto
devia agradecer... V.A.
Homenagens...
Como a Televisão Brasileira faz 65 anos, em 18 de setembro
próximo, a Pró-TV está prestando várias homenagens a
Cassiano Gabus Mendes, que foi o primeiro e grande diretor
artístico da TV Tupi.
Clery Cunha, como pioneiro e sócio de nossa entidade e
importante diretor cinematográfico do Brasil, está realizando
um evento especial a cada mês. Numa realização da Sated e
da Pró-TV, com apoio da Rede Birosca e da Rede Brasil, na
sala Hebe Camargo foi gravada uma entrevista com Vida
Alves, Turíbio Ruiz, Faby Oliveira e Galileu Garcia.
Depois disso Clery Cunha e Lucienne Cunha
cumprimentaram os presentes e foi projetado o filme O
Sobrado , uma adaptação de um livro de Érico Veríssimo,
que teve a direção de Cassiano Gabus Mendes e de Walter
George Durst.
O elenco era todo da antiga TV Tupi, pois o filme foi realizado
na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em meados de
1950 a 1960. E no filme estavam, bastante jovens, Lia de
Aguiar, Fernando Balerone, Márcia Real, Lima Duarte, Turíbio
Ruiz, e vários outros atores pioneiros de televisão.
Um verdadeiro preito de saudade, aos artistas antigos, que
estavam ali, para assistir o filme. E, para os jovens, uma
oportunidade de conhecer um pouco da histórica fase
artística do começo da televisão brasileira. E, sem dúvida,
uma verdadeira homenagem a Cassiano Gabus Mendes, o
diretor artístico, que não satisfeito em implantar a televisão no
Brasil, partiu também para a realização cinematográfica.
Portanto, por tudo o que ele fez, a nossa eterna gratidão a ele,
por parte da Pró-TV. V.A.
Em 4 de fevereiro de 1934, nascia em São Paulo
um garoto engraçadinho, de família judia, a quem
deram o nome de Elias.
saudade
CEDOC / Rede Globo
Adeus, Elias Gleiser!
Enquanto os parentes todos se ligaram ao
comércio, o menino de cabelos cacheados e pele
clara gostava de brincar de teatro.
E brincando daqui e de lá, acabou como
profissional na TV Tupi, a primeira emissora do
Brasil, em fins da década de 50. Brincalhão e
alegre que era, fez amizade com todo mundo,
principalmente com outro colega de raça, o
Marcos Plonka.
E eles próprios, por gozação, deram-se um
apelido brincalhão: Judeu com bunda , o
Marcos Plonka e Judeu sem bunda , o Elias.
E claro que os demais colegas gostaram da coisa
e calmamente chamavam: Venha cá, ó sem
bunda , e vinha o Elias. Venha cá, ó com bunda ,
e vinha o Plonka. Brincadeira de colegas, é claro,
mas que mostra o ambiente alegre que ali reinava.
Hoje, nós, os demais, seus colegas, acabamos de
perder o Elias, depois de termos perdido o
Plonka.
Grande ator, grande amigo, querido de todo o público, mas principalmente daqueles que com ele
conviveram.
Quando fazia um avô, as crianças se derretiam. Era o próprio . Perfeito. Doce. Sereno. Seu último
trabalho foi na novela Boogie Oogie , da Globo, em 2015.
Estava com 81 anos, quando se foi. E só lhe peço, Elias: Ore por nós, aí do céu, onde tenho certeza que
você está. E obrigada, pelo grande amigo que você foi . V.A.
Sérgio Galvão, Elias Gleiser e Guy Loup em cena do filme "Quatro Brasileiros em Paris" (1965)
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especial
Cinema cá e lá
O autor Diego Nunes, Diretor Cultural da Pró-TV está lançando seu
novo livro, Cá e Lá, o Intercâmbio Cinematográfico Entre o
Brasil e Portugal .
Um livro voltado para a história do cinema das duas pátrias,
mostrando como a filmografia brasileira foi influenciada por
artistas portugueses que trabalharam no cinema brasileiro, sejam
eles imigrantes ou apenas de passagem pelo país.
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O livro mostra um contexto histórico que vai desde as primeiras
experiências cinematográficas brasileiras em 1898 até o começo
da década de setenta, e mostra como fenômenos como o
surgimento do cinema sonoro e a popularização do rádio afetaram
a produção fílmica brasileira.
Dividido em três partes, a obra conta inicialmente como os
portugueses fizeram parte não só da formação do cinema
nacional, mas do próprio teatro brasileiro, e abrange o período do
cinema mudo.
A segunda parte, conta com 40 biografias de importantes artistas
do cinema brasileiro, que são originais de Portugal, como a atriz e
diretora Carmen Santos e o cômico Mesquitinha. Entre os
biografados também estão importantes nomes radiofônicos como
Plácido Ferreira (um dos pais do rádio-teatro brasileiro), Alma Flora e os cantores Vera Lúcia (Rainha do
Rádio de 1955), Gilda Valença e Albertinho Fortuna (que cantava tangos, e não fados).
Ao final do livro, o leitor conhecerá quinze produções cinematográficas portuguesas, que contavam
com artistas brasileiros em seu elenco, a primeira delas em 1896. Embora voltado para a temática
cinematográfica, o livro também não tem como não falar sobre televisão, afinal muitos dos artistas
biografados também tiveram uma carreira televisiva.
Como esquecer a cantora Arminda Falcão, do rádio paulista, que estava presente nos primeiros dias da
PRF3 Tv Tupi? E de Luís Tito, ator e diretor da TV Paulista, que encantou as plateias lusitanas? E de Gilda
Valença, que atou em novelas de Geraldo Vietri na TV Tupi, incluindo a lendária Antônio Maria (1968)?
Ou de Elza Gomes, que após mais de cinquenta anos de carreira no teatro, consagrou-se como uma
importante atriz de novelas? E de Badaró, comediante da Rádio e TV Record que foi para Portugal em
1958 para ficar três meses e permaneceu por lá a por toda a vida?
E os irmãos Manoel e Abel Pera, que vêm a ser
o pai e o tio de Marilia Pera? Ou ainda de
Adriano Reys, que nos anos 50 era chamado
de o James Dean Brasileiro , mas tornou-se
um grande galã de novelas a partir da década
de 70, atuando na TV Tupi e também na Rede
Globo?
Estas e muitas outras histórias você poderá
ler em
Cá e Lá, o Intercâmbio
Cinematográfico Entre Brasil e Portugal , de
Diego Nunes.
O livro será lançado primeiro em Portugal, na
Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, no dia 15
de junho deste ano. E em breve deve ser
lançado também no Brasil. Aguardem!
Natara Ney, Sônia Maria Dorce e Mesquitinha, na TV Tupi
Uma vida dedicada
à arte de interpretar
O ator Milton Gonçalves nasceu em Monte Santo, Minas Gerais,
no dia 9 de dezembro de 1933, portanto tem 81 anos de idade.
Dono de uma voz inconfundível, teve sua estreia como ator no
Teatro de Arena, em 1957, na peça Ratos e Homens .
Está na TV Globo desde a fundação da emissora, em 1965.
encontro com os artistas
Nelson Gonçalves Jr.
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Junto com Célia Biar e Milton Carneiro, formou o primeiro elenco
de atores da emissora, participando das primeiras investidas
globais na teledramaturgia: a novela Rosinha do Sobrado e o
seriado Rua da Matriz .
Depois disso não parou mais. São mais de 40 participações em
novelas, seriados, minisséries e programas humorísticos da
Globo, como por exemplo:
Irmãos Coragem (1970), Bandeira 2 (1972), O Bem Amado (1973), Gabriela (1973), Pecado
Capital (1973), Saramandaia (1975), Roque Santeiro (1985), Mandala (1987), As Noivas de
Copacabana (1992), Chiquinha Gonzaga (1999) e muitos outros sucessos que marcaram a carreira e
a vida do ator.
Foi ainda o primeiro ator brasileiro a ser indicado a um Prêmio Emmy, pelo personagem Pai José na
primeira versão de Sinhá Moça , em 1986. Dirigiu trabalhos diversos como a novela Irmãos
Coragem , em 1970.
Fez também cinema. Já são mais de 30 filmes. Além disso, é constantemente chamado para trabalhos
com sua voz, sendo locutor de campanhas publicitárias e institucionais diversas.
Este é um pequeno retrato da obra de Milton Gonçalves, um ícone da TV Globo e da dramaturgia
brasileira.
Milton Gonçalves na novela "O Bem Amado", da TV Globo,
junto às atrizes Zilka Salaberry e Ruth de Souza
Inesquecível novelista
Janete Stocco Emmer era filha de Salim Emmer e
de Carolina Stocco. Nasceu na pequena cidade
de Conquista, no Triangulo Mineiro, em 25 de
abril de 1925.
No ano seguinte, estreou a primeira novela de
sua integral autoria na Globo, adaptando
Sangue e Areia do original espanhol de
Blasco Ibanez, com os protagonistas Glória
Menezes e Tarcisio Meira.
Ainda muito jovem, em 1944, veio para São Paulo
trabalhar como radioatriz na Rádio Tupi. De cara
fez sucesso em uma produção radiofônica de
Octávio Gabus Mendes, chamada Tudo Azul ,
que contava com competente elenco: Zilda de
Lemos, Lia de Aguiar, Helenita Sanchez, Ribeiro
Filho, Dionisio Azevedo, Cassiano Gabus
Mendes, Cacilda Becker, Walter Forster e Ivani
Ribeiro.
Em 1969, com direção do jovem Daniel Filho,
inovou com Véu de Noiva , protagonizada por
Claudio Marzo e Regina Duarte, com a
moderna temática das corridas de automóveis.
Esta novela quebrou o recorde de audiência da
TV Globo na cidade de São Paulo.
Com o contato com estes fulgurantes colegas,
Janete Clair, já batizada com o seu nome
artístico por Octávio Gabus Mendes,
só
ampliava
o rol de seus bonitos trabalhos
artísticos, sendo além de atriz, também locutora
e produtora na Rádio Tupi, além de estrear como
autora de novelas de rádio na Rádio América em
1948, onde já trabalhava com o dramaturgo Dias
Gomes, com quem se casaria 2 anos depois,
tendo 3 filhos desta união: Guilherme, Alfredo e
Denise. Foi a partir deste momento que passou a
assinar como Janete Emmer Dias Gomes.
No ano de 1970, Janete Clair impactou a
história da televisão escrevendo Irmãos
Coragem , uma trama de aventura, de
romance, de bang-bang, de futebol, do
garimpo, com grande elenco: Tarcisio, Glória,
Regina, Marzo, Claudio Cavalcante, Zilka
Salaberry, Dary Reis, dentre outros. Esta novela
atingiu enorme audiência no Brasil inteiro,
consolidando a TV Globo no primeiro lugar da
audiência nacional.
Nos anos 50, Janete e Dias se mudaram para o
Rio de Janeiro e a Maga das Oito passou a
escrever novelas nas Rádios Tamoyo e Nacional,
além de realizar adaptações para teleteatros na
TV Tupi e na TV Rio.
Em 1972, nova revolução televisiva com Selva
de Pedra , que tinha Francisco Cuoco, Regina
Duarte e Dina Sfat no elenco, além da histórica
direção de Walter Avancini. Nesta trama tem-se
o recorde absoluto de audiência da história da
TV, quando no dia 4 de outubro de 1972, 100%
dos televisores ligados na cidade do Rio de
Janeiro estavam sintonizados na novela.
Em 1963, Janete escreveu sua primeira
telenovela, ainda não diária, intitulada Nuvem de
Fogo , para a TV Rio. No ano seguinte, para a TV
Tupi carioca, escreveu O Acusador . Em 1967,
novamente para a Tupi, escreveu Paixão
Proibida , com grande elenco. Ainda neste ano
foi contratada pela TV Globo para assumir a
autoria da novela Anastácia, A Mulher sem
Destino , originalmente escrita pelo ator Emiliano
Reprodução
10
Queiroz. Com um terremoto, reorganizou o
roteiro da telenovela, matando grande parte
dos personagens iniciais.
Na sequência de sua magnífica trajetória, a
Usineira dos Sonhos , escreveria ainda
Pecado Capital (1975), O Astro (1977) e Pai
Herói (1979). Porém, logo depois se despediria
da TV e de seu fiel público, com Eu Prometo
(escrita com a colaboração de sua discípula
televisiva Gloria Perez).
Já fragilizada por uma doença, Janete Clair
faleceu em 16 de novembro de 1983, com
apenas 58 anos. E foram muitas homenagens,
como logradouros em São Paulo pelo prefeito
Jânio Quadros e no Rio de Janeiro, pelo
prefeito Saturnino Braga. Em 1992 virou enredo
da Leões de Nova Iguaçu , no Carnaval do Rio
de Janeiro.
Ta l e n t o , c o m p e t ê n c i a , p re c o c i d a d e ,
sensibilidade, dedicação. Todos estes
atributos sintetizam a vida e a obra de Janete
Emmer Dias Gomes, nestes 90 anos recém
comemorados de seu nascimento.
Divulgação
história
Fábio Siqueira
No mês de setembro de 2015, a Coleção Pró-TV
lançará uma biografia conjunta: a história de Cassiano
Gabus Mendes e de seu pai, Octávio Gabus Mendes.
Será de minha autoria sobre esses dois gênios das
artes.
Confesso que dos livros que já lancei é o que está
dando mais trabalho. Ao mesmo tempo, um enorme
prazer. Há histórias praticamente inéditas. Desvenda
capítulos da trajetória de uma família que muito fez
pelo rádio, cinema e televisão.
Quem vê hoje o talento dos irmãos Tato e Cassio
Gabus Mendes talvez não saibam que é de berço, pois
talento, criatividade e genialidade foram marcas
essenciais na vida de seus: pai e avô.
Junto disso a humildade, da qual os filhos também
compartilham, é um traço familiar. Acredito que por
essa razão até hoje os Gabus Mendes não foram
devidamente lembrados. Não valorizaram suas
imagens, como deviam, porque faziam tudo pelo bem
da arte. Esse livro tem como objetivo também fazer
justiça a eles.
Eu acredito que muitas histórias surpreenderão vocês,
assim como eu me surpreendi ao descobrí-las.
Grandes nomes da mídia passaram significativamente
pela trajetória deles, como Janete Clair, Ivani Ribeiro,
Silvio de Abreu, Boni, Lima Duarte, Walter George
Durst, Fernando Faro, Susana Vieira, Vida Alves, Maria
Adelaide Amaral e centenas de artistas. Eram mestres.
O livro vai desde a chegada do cinema ao Brasil até a
atualidade. Passa pela Era do Rádio e dos grandes
auditórios (que o velho Gabus Mendes lotava com
grande facilidade) e o advento da TV no Brasil, com
Cassiano Gabus Mendes sendo o
primeiro (e mais jovem) diretor artístico
da televisão brasileira, na TV Tupi. Das
radionovelas de Octávio Gabus Mendes
e seu Cinema em Casa até a criação do
TV de Vanguarda e Beto Rockfeller ,
assim como as novelas da Globo, criadas
por Cassiano.
São mais de 140 depoimentos de
grandes nomes da televisão, concedidos
à Pró-TV (que citam os dois), além de
outros realizados exclusivamente para
obra. Ana Rosa, Laura Cardoso, Eva
Wilma, Silvio de Abreu, os filhos Tato e
Cassio Gabus Mendes, e muitos outros.
Além das fotos raras que fazem parte da
obra.
Encontro de Mestres: Boni e Cassiano Gabus Mendes
Como surgiu a ideia?
Voltemos a 1993. Durante o velório de Cassiano
Gabus Mendes, Vida Alves garante que ouviu o
mesmo dizer a ela: Olhe a escalação . Perseguiu
uma explicação para o fato. Semanas depois, com
apoio de outros pioneiros, interpretaram como um
sinal para criarem uma entidade. Assim nasceu a PróTV, oficializada em 1995, exatos 20 anos atrás.
Vida ficava meio receosa ao falar dessa história, até
que, recentemente, Saulo Gomes (que divulgou
através da TV o trabalho do médium Chico Xavier)
disse que era algo que deveria compartilhar com
todos.
Mais algo novo aconteceu. De uns anos pra cá,
sonhei diversas vezes com Cassiano dizendo que eu
devia falar com a Vida. Era para escrevermos sua
história. Também fiquei receoso. Só que certo dia que
tive uma grande insônia. O sonho voltou. Resolvi
contar à Vida. Ela ficou impressionada. Pensou e
resolvemos levar adiante a obra.
Nasceu só sobre Cassiano, mas olhando a riqueza
esquecida da história de seu pai, mudamos de ideia.
Optamos por uma biografia sobre os dois.
No final, Vida fez textos especiais e achou melhor que
eu tocasse sozinho o restante da obra. O livro cresceu
e muita gente de peso foi aderindo. Foi a memória dos
Gabus Mendes ressurgindo. Um parêntese: no meio
do processo descobri que o último sonho de
Cassiano era ditar sua biografia e que fosse
transformada em livro. Por isso eu digo: Cassiano,
onde estiver, obrigado pela confiança.
coleção pró-tv
Uma biografia genial
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CEDOC / TV Globo
Elmo Francfort
nós, da pró-tv
A mais jovem da
nossa equipe
Esta nossa singela sessão é feita com carinho. E
com gratidão. Quem preside uma associação,
como a Pró-TV, sabe que o mais importante para
que ela progrida, é que sua equipe seja coesa,
colaboradora, amiga. E é isso que acontece em
nossa associação.
Hoje é a vez de conversarmos com Élida Alves,
secretária. Vamos às perguntas:
Falemos de família. Que é pra você? E descreva
a sua.
Família para mim é o clichê: a base de tudo. É com
quem construímos boa parte do que somos e
dividimos tudo que aprendemos durante a vida.
Como sou filha única, devo dizer que eu tenho os
melhores pais do mundo. Já com os parentes não
tenho tanto contato, exceto a Nalva, que também
trabalha aqui na Pró-TV.
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Você é Élida Alves. É neta de Vida Alves?
Infelizmente não sou. Mas ter o mesmo
sobrenome é uma feliz coincidência que todos
que visitam a Pró-TV percebem. Às vezes, de
brincadeira, digo que sou neta postiça e ela
confirma (risos).
Há quanto tempo trabalha aqui? E há quanto
tempo conhece Vida Alves?
Trabalho aqui há 7 anos. Mas a Vida Alves me
conhece desde que nasci, há 22 anos. Minha
mãe trabalhou com a tia dela há muito tempo, e
elas se conhecem desde então.
Dizem que ela também trabalha no
computador, redigindo biografias, mas que
ela não entende nada de internet. Ela te dá
muito trabalho?
Não tanto (risos). Além do mais o trabalho que
ela me dá é mínimo, perto do que aprendo com
ela todos os dias.
E você? No que se formou?
Eu me formei em Gestão de Tecnologia da
Informação. E embora minha função na Pró-TV
não seja especifica desta área, o curso me
ajudou muito em relação ao manuseio do banco
de dados do acervo da Pró-TV.
Pretende continuar os estudos?
Pretendo sim. Gostaria de um dia fazer Letras,
acho gratificante a arte de passar conhecimento
para as pessoas e aprender com elas. Como
recebo muitas visitas aqui na sede, tenho
sempre essa experiência de contar sobre a
história da TV e também aprender com quem já
fez parte de toda essa memória que guardamos
aqui.
E amor? O que é mais importante: amor ou
amizade?
Para mim, um preenche o outro. Principalmente
porque acho que o amor precisa de um pouco dos
pés no chão e sinceridade da amizade.
E diversão? O que você prefere: cinema,
televisão, ou barzinho com os amigos?
Eu sou mais do tipo que assiste seriados na
internet, ouço músicas e converso com os amigos
em casa. Não costumo sair muito.
O que é felicidade para você? E você é feliz?
Felicidade para mim é poder estar com quem
gosto, e fazer as coisas de que gosto, mesmo que
seja apenas ficar em casa conversando.
Sim, eu sou feliz. Tenho amigos, família, trabalho e
sempre estou com pessoas de quem gosto muito.
Obrigada, Élida. Da minha parte, saiba, sou feliz. E
mais ainda por ter você como secretária.
E saiba, Élida Alves, é pena só que você não seja
minha neta. V.A.
01 Bibi Ferreira
01 Ricardo A. Domineghetti
04 Wandi Doratiotto
05 Claudio Costa Santos
06 Mário Pamponet Jr.
07 Yole Mandetta
08 Eduardo Moscovis
08 Sônia Braga
08 Zaé Júnior
10 Miguel Langone Jr
10 João Gilberto
11 Reginaldo Faria
12 Oswaldo Campozana
13 Isadora Ribeiro
13 Nelson Natalino
13 Antônio Pitanga
15 Francisco Calvano
18 Ana Rosa Corrêa
18 Fernanda Souza
18 Esterzinha de Souza
19 Chico Buarque de Hollanda
20 Willian Marcondes Bressan
21 Fernando Faro
22 Clery Cunha
22 Joana Prado
25 Leisom Manuel Galvão
26 Gilberto Gil
27 João Restiffe
27 Wagner Moura
27 Zezé Motta
27 Zuleika Pinho
27 José Luiz Leonel Aguiar
30 Dira Paes
30 José de Almeida Castro
30 Rubens Itiúba
aniversariantes
Junho
13
Marcela Bezelga
As ondas sonoras chegam até você!
A história do rádio no Brasil e no mundo, as contradições sobre os
experimentos e invenção do rádio atribuída ao físico italiano Guglelmo
Marconi ou ao brasileiro o padre Roberto Landell de Moura, passando pela
evolução do meio radiofônico e os envolvidos nessa trajetória.
Todo esse conteúdo está compilado no livro Histórias que o Rádio não
Contou , de autoria de Reynaldo C. Tavares, disponível na biblioteca da
Pró-TV para consulta.
Nomes como Edgard Roquette-Pinto, dono da primeira emissora de rádio
brasileira e grande incentivador do rádio no Brasil; Ademar Casé,
descobridor de grandes talentos do rádio como Carmen Miranda, Noel
Rosa, Francisco Alves; a trajetória das rainhas do rádio; a primeira
transmissão internacional de uma partida de futebol, em 1938; passagens
que permitem ao leitor um mergulho empolgante pelo início da radiodifusão.
Os animadores de rádio Paulo Gracindo, Manoel Barcelos, Randal Juliano,
Blota Junior, Nelson de Oliveira, Silvio Santos e Cesar Alencar; os narradores
esportivos; e o speaker metralhadora Nicolau Tuma também estão no livro.
Fazem parte ainda os radio-teatros, radionovelas, humorísticos. Além de
uma homenagem em forma de biografia aos grandes produtores
radiofônicos Antonio Maria, Haroldo Barbosa, Guiarone, Max Nunes,
Oswaldo Molles, Otávio Gabus Mendes, Vicente Leporace, Manoel de
Nóbrega, Chacrinha e aos artistas e jornalistas representados por Hebe
Camargo e Joelmir Beting.
Movimentos musicais importantes do Brasil como a Jovem Guarda, comandada por Antônio Aguillar, também
estão retratados em Histórias que o Rádio não Contou , com histórias ousadas que vão além das usualmente
contadas.
Com um texto fluído que permite a leitura agradável a apreciadores da comunicação, estudiosos e público em
geral o livro é rico também em ilustrações, demonstrando a importância e consagração desse importante meio
de comunicação de massa e sua consagração como fonte de informação e entretenimento.
Para conhecer mais sobre o início da radiodifusão e a trajetória de grandes nomes que fizeram parte dessa
história você pode consultar Histórias que o Rádio não contou na biblioteca da Pró-TV.
Agende sua visita de segunda a sexta-feira das 10h às 18h pelo telefone 3872-7743.
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Redação: Vida Alves, Elmo Francfort, Élida Alves, Fábio Siqueira, Nelson Gonçalves Junior, Diego Nunes, Marcela
Bezelga, Marcos Zago e Êgon Bonfim.
Fotos: Francisco Rosa e Acervo Pró-TV | Secretaria: Lú Bandeira
Tel: (11) 3872.7743 | Site: www.museudatv.com.br | Twitter: @museudatv
E-mail: [email protected] | Facebook: www.facebook.com/museudatelevisao.protv
Expediente: Segunda a sexta - 10h/18h | Venha nos visitar. Agende sua visita!
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