Sumário - Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora

Transcrição

Sumário - Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora
Sumário
SUMÁRIO ......................................................................................................................... 1
EDITORIAL ...................................................................................................................... 2
O SONHO CONTINUA... ..................................................................................................... 3
1911- 2011: CEM ANOS DE NOSSA PRESENÇA NO BRASIL ............................................... 7
O EVANGELHO – NOSSA ESTRELA GUIA! ....................................................................... 12
MOTIVAÇÕES ................................................................................................................. 16
TECENDO NOVAS RELAÇÕES .......................................................................................... 19
MAU HUMOR CRÔNICO É DOENÇA E EXIGE TRATAMENTO ............................................ 22
Maneiras de identificar um distímico: ........................................................................ 23
PASTORAL EDUCATIVA .................................................................................................. 26
JUVENTUDE .................................................................................................................... 29
ECOS DA MISSÃO: VINTE E SEIS ANOS DE LUTA NO BAIRRO PROGRESSO ..................... 31
OS 10 MANDAMENTOS DO AMIGO PLANETA .................................................................. 34
NA RELAÇÃO COM OS BENS, A BUSCA PELA SIMPLICIDADE .......................................... 38
NOTÍCIAS........................................................................................................................ 41
A GRANDE ESPERANÇA .................................................................................................. 44
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Editorial
Queridas irmãs, estamos chegando com o primeiro “Arauto” de
2011. Queremos que continue sendo um espaço de partilha de vida e
experiências, de informação e formação continuada. Ele foi construído
pelo trabalho de várias irmãs.
A Irmã Marinês Burin, superiora provincial, abre o “Arauto”
expressando a gratidão e a festa de celebrarmos o centenário de nossa
presença em terras brasileiras. Nos fala da mística, da doação e da
entrega das nossas pioneiras, pelo Reino de Deus. Uma ação de graças
que traz o passado ao presente e projeta o futuro.
O espírito missionário de Santa Maria Bernarda a fez sonhar com
um belo campo de missão neste imenso Brasil. Irmã Neiva Secco faz
uma resenha histórica deste sonho.
Na página bíblica, Irmã Nilda Reinehr nos fala sobre a Palavra de
Deus que nos convoca, transforma e compromete.
Na página da formação, Irmã Miria Bordin escreve sobre o tema
das motivações que sustentam a fidelidade da religiosa no seguimento
de Jesus. Dando continuidade, Irmã Estelitta Tonial na página
Tecendo relações, nos traz uma reflexão sobre como as relações
transformam nossa vida e nossas fraternidades em lugar de salvação.
Falando sobre educação, Irmã Vera Coutinho trabalha questões
como relacionamentos e ética do cuidado. “Falar da juventude é falar
do amor de Deus”. Assim Francisca Maria inicia seu artigo que fala
das juventudes. E irmã Zelinda Onghero, na página “ecos da missão”,
conta a experiência missionária no bairro Progresso Erechim. Irmã
Nilva Brugnera escreve sobre o tema da Campanha da fraternidade,
cujo lema é “A Criação geme em dores de parto”.
O tema da saúde é desenvolvido pela Irmã Lourdes Tosati e traz
em pauta a o mau humor crônico. Você vai ver que este pode ser uma
doença, mas que tem tratamento e cura. Trazemos ainda, um texto
sobre a relação com os bens e a busca de simplicidade como estilo de
vida. Para encerrar, recados e mensagens.
Boa leitura...
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O sonho continua...
Com gratidão e festa, estamos celebrando o
primeiro centenário de nossa missão no Brasil.
Esta presença é fruto dos ideais missionários de
nossa santa Fundadora, mulher aberta à
realidade, animada de esperança, que abriu sua
pequena Congregação além fronteiras, porque se
sentia “operaria do Reino” e vislumbrava um
grande porvenir.
Com a vinda das primeiras irmãs: Serafina Eberle, Coleta
Holenstein, Fidelis Marder, Gertrudes Gruber y Escolástica Mrosek a
Óbidos, Pará, no memorável 7 de abril de 1911, chegava ao nosso
imenso país a bênção da nossa presença religiosa, como um impulso
novo no anuncio do Evangelho e promoção humana. Nossas pioneiras
chegaram trazendo a mensagem franciscana de paz e bem,
peregrinando como Abraão, rumo ao desconhecido, com a fé
invencível do profeta que se apóia só na providência divina, sem mais
armas que o crucifixo, sem mais normas que o Evangelho, sem mais
riquezas que as contas do rosário, sem mais adornos que o perfume de
suas virtudes, sem mais provisões que seu amor a Deus e o zelo de
anunciá-lo a todos. Sem dominar o idioma nacional, enfrentaram com
fortaleza e constância toda sorte de dificuldades e desafios, porque em
seu coração o ideal missionário era claro e seu amor pelos pobres e
por Deus era sem limites.
Três semanas depois de haver chegado, começaram o trabalho de
educar as crianças e jovens, na pequena escola colocada sob o
patrocínio de S. José. Esta obra educativa foi a semente inicial de
tantas outras que depois foram fundadas ao longo destes 100 anos e
nas quais se formaram nos mais sólidos valores do Evangelho,
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gerações de crianças, de jovens, de profissionais para Deus, para a
família, e para a sociedade. Desveladas pelo bem de todos, as Irmãs
sempre foram semeando a fé, a esperança e a misericórdia, ajudaram
aos abandonados e marginalizados, defenderam a vida das crianças,
dos jovens, dos anciãos e dos excluídos; promoveram ações caritativas
para socorrer as pessoas nas necessidades corporais e espirituais;
animaram a catequese e movimentos de espiritualidade, instruíram,
aconselharam, consolaram, confortaram, perdoaram e suportaram com
paciência.
E Madre Bernarda, sem jamais pisar solo brasileiro, acompanhou
e abençoou o caminhar de suas Irmãs com a oração constante e a
palavra animadora, amou esta missão como a pupila de seus olhos.
A semente lançada há cem anos em solo fértil e posta em mãos
laboriosas, cresceu e se tornou história. Depois do Pará, a
Congregação foi assumindo outras presenças, chegando primeiro ao
Rio de Janeiro, em Quissamã e logo em Três Arroios e, de aí, a todos
os demais lugares, como sabemos.
Não foram fáceis os inícios, nem os anos subseqüentes. Tudo
começou pequeno, entre os mais pobres e para eles. Tudo foi
crescendo com a entrega, o suor e o sacrifício de cada Irmã. Não foi
fácil a estruturação das fraternidades, a construção das obras e, menos
ainda, o desafio de dinamizá-las e atualizá-las ao longo do caminho. E
bem duro foi o discernimento quando, por circunstâncias diversas, foi
preciso deixar ou fechar um significativo número delas.
Hoje o passado se faz presente e se projeta ao futuro. E nossa
celebração centenária é um hino de ação de graças e de memória.
Ação de graças primeiramente a Deus, porque sua providencia
sempre nos acompanhou em seu projeto de amor. Como disse nossa
santa Madre Bernarda: “A primeira gratidão nós a devemos a Deus,
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nosso bom Pai”. Foi Ele, seu reino e sua gloria, quem fez frutificar
nossos esforços e motivou a labor perseverante de 100 anos, que hoje
entregamos à sua misericórdia.
Ação de graças pelas Irmãs pioneiras e todas as que integraram
nossa família religiosa, até chegar aos nossos dias, incluindo-nos a
nós. Cada uma contribuiu, em seu tempo, dando o melhor de si para a
construção do que hoje somos e temos. As primeiras e outras muitas
deixaram pátria, família, idioma, renunciaram a tudo, vindo como
missionárias ao Brasil. Elas animaram a vocação das que fomos
chegando depois. E porque nossa comunhão fraterna se estende mais
além desde mundo, com profunda reverencia oramos pelas que já
estão na casa do Pai, para que gozem da glória plena, em companhia
de santa Maria Bernarda. Seus nomes estão escritos no livro da vida e
guardados em nossos corações.
Ação de graças porque nosso centenário é história de salvação,
lugar divino e humano, de êxitos, mas também de limitações. O
melhor de cada Irmã e do incontável número de pessoas com as quais
atuamos e de quantos foram amigos e benfeitores, ficou plasmado
nestas dez décadas, como uma torrente de vozes e graças que ressoam
nas saudades e no silêncio e se unem aos ideais de virtude e aos
desafios de nosso mundo atual.
Este mundo, marcado por profundas e sucessivas mudanças
socioculturais que atingem todas as dimensões da vida humana, traz
novos e sérios desafios para nossa missão. Reclama de nossa vida
religiosa consagrada uma revisão do tipo de presença e evangelização
nas diversas obras e realidades onde atuamos e também uma qualidade
e preparação espiritual, humana e profissional sempre mais sólida e
atualizada.
Então, nós que estamos protagonizando esta história, e
começando um novo século, nos perguntamos: o que temos que fazer
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hoje, para manter acesa a tocha que recebemos das que nos
precederam e ser fiéis ao projeto que Deus teve ao conceder à Madre
Bernarda a intuição de enviar as primeiras Irmãs ao Brasil, em 1911?
Olhando com objetividade, reconhecemos que somos chamadas a
retomar o essencial de nossa vida consagrada. Isto implica ser mais
contemplativas e orantes, apaixonadas por Jesus e seu Reino,
discípulas e missionárias ardorosas na escuta e anúncio da Palavra.
Ser mulheres e fraternidades eucarísticas, vivendo a comunhão e a
unidade, com relações fraternas sadias e revitalizantes e com renovado
vigor espiritual, vocacional e missionário, animando novas vocações e
oferecendo novas respostas aos sofrimentos e necessidades da
humanidade. Em síntese, ser fiéis à nossa vocação e carisma, para
evangelizar nossa sociedade transmoderna.
Então nossa santa Fundadora e todas as que já nos precederam,
continuarão protegendo e abençoando a nós e a missão que vamos
realizando, agora não mais só em Óbidos, Quissamã, Três Arroios e
arredores... mas em todos os rincões, cidades e bairros, comunidades
rurais e ribeirinhas, casas, colégios, hospitais e asilos, onde estamos e
onde deveríamos ir em fidelidade à sua intuição primeira, dando gloria
a Deus e promovendo seu Reino, neste imenso Brasil.
Ir. Marinês Burin
Superiora Provincial
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1911- 2011: Cem anos de nossa
presença no Brasil
Origem da Congregação:
Em 1516 foi fundado, em Altstätten, o
Convento que mais tarde recebeu o
nome de “Maria Hilf”.
Verena Bütler
No dia 28 de maio de 1848, na
aldeia de Auw, no Cantón de Argau,
Suíça, nasceu Verena Bütler, filha de
Enrique e Catalina Bütler, a quarta de
sete irmãos (quatro homens e três
mulheres).
A vida transformou Verena em Maria Bernarda:
Verena, consciente de que a vida é uma
oportunidade única, concedida a cada pessoa para
desenvolver o potencial que traz dentro de si,
orientada pelo pároco, ingressou em 12 de
novembro de 1867, no Convento de “Maria Hilf”,
de Altstätten.
Predestinada por Deus para
ser fundadora da Congregação das
Irmãs
Franciscanas
Missionárias
de
Maria
Auxiliadora, ao ingressar no Convento recebeu o
nome de Maria Bernarda do Sagrado Coração de
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Maria. Diante da pobreza extrema e viu que se cumpriam suas opções
de pobreza e austeridade. Neste convento doou sua vida por mais de
20 anos.
As missionárias partem para uma nova
missão
No dia 19 de junho de 1888 Madre Maria
Bernarda partiu com seis companheiras para a
América Latina, chegando a Manta, no
Equador, aos 29 de julho de 1888.
Seguiram a cavalo até Rocafuerte e depois
passaram a viver e trabalhar em Chone.
Perseguição religiosa e fuga
Em 1895, após sete anos de fecunda
missão no Equador, Madre Bernarda e
suas companheiras, agora em número de
quinze, tiveram que fugir do Equador. Se
dirigiram por mar a Colômbia, sendo
recebidas pelo Bispo Dom Eugênio Biffi,
Diocese de Cartagena.
da
Florescimento da congregação
Após nove anos de presença na Colômbia,
a Congregação já estava se expandindo para
outros países. Em 1904 Madre Rosa
Holenstein foi enviada por Madre Bernarda
para a Europa com o objetivo de fundar uma
Casa de Formação. Aí deu início ao processo de fundação do
Noviciado na Casa São José de Gaissau/Áustria. Desta casa, donde
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saíram 90 Noviças que vieram como Missionárias para o Brasil e
muitas outras foram para a Colômbia.
O
Espírito
missionário
e
evangelizador de Madre Bernarda a
fez sonhar com um belo campo de
missão no imenso Brasil. E foi
motivando as Irmãs que já traziam o
espírito missionário em suas veias.
Elas se entusiasmaram e no dia 07 de abril de 1911 chegaram as cinco
primeiras Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora em
Óbidos no Pará, Brasil. E, a partir daí, a Congregação foi se
expandindo para o sul do país.
Em 1912 chegamos a Quissamã/Rio de
Janeiro.
Em
1920
foi
fundada a Escola Nossa Senhora de Lourdes
em Três Arroios/Rio Grande do Sul. E ali
funcionou o primeiro Noviciado no Brasil.
Onde estamos no Brasil:
Nos Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo,
Minas Gerais, Goiás; Amazonas, Paraíba, Rio Grande do Norte e no
Distrito Federal.
Missão em Anori -Amazonas
Missão em Covendo - Bolívia
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O que fazemos:
Trabalhamos em missão sem fronteiras, na educação, na saúde,
nas paróquias, na promoção social, sempre abertas às necessidades das
pessoas, especialmente as mais empobrecidas, buscando meios de
ajudar a terem uma vida digna.
Saúde
Educação
Pastoral nos bairros
Projetos sociais
Asilos São José e Santo Antônio
A exemplo de Santa Maria Bernarda, assumimos a atividade
missionária da Igreja, marcando presença nos lugares mais difíceis e
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necessitados de evangelização, favorecendo a inclusão de todos, para
que aconteça o Reino de Deus.
Missão em Covendo- Bolivia
Concluindo, queremos dizer:
Senhor Deus, dono do carisma e
da missão, teus são os cem anos de
doação das Irmãs em favor do povo brasileiro.
Missão em Serranópolis
Ao chegar no ano centenário, queremos te dizer obrigada por tudo
aquilo que recebemos de Ti.
Oferecemos-te, Senhor, tudo o que fizemos nestes cem anos, o
trabalho que pudemos realizar na missão que nos foi confiada, as
pessoas e as coisas que passaram por nossas mãos e o que com elas
pudemos construir.
Que em 2011, Ano Centenário de nossa presença missionária
no Brasil, sejam fortificadas nossa fé, nossa missão e nossas relações
conosco mesmas, com as pessoas, com Deus e com a Criação.
Ir. Neiva Secco
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O Evangelho – nossa
estrela guia!
Nesta primeira página Bíblica de nosso
ARAUTO, quero recordar alguns motivos
para aproximarmo-nos com mais gosto da Bíblia.
A canonização de nossa Mãe, Santa Maria Bernarda aconteceu
justamente no período em que se realizava, em Roma, no Vaticano, a
XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (5 a 26/12/08),
com o tema: A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja.
No documento desse Sínodo: VERBUM DOMINI, ao falar das
Santas e Santos e a Interpelação das escrituras, Bento XVI faz
referência, entre outros, aos quatro que foram canonizados dia 12;
nomeando-os diz: Com a sua vida deram testemunho ao mundo e à
Igreja da perene fecundidade ao Evangelho de Cristo. (VD, 97). No
mesmo documento, o Papa nos desafia dizendo: ...Que, por
intercessão desses Santos e Santas, nossa vida seja “terreno bom”
onde o Semeador Divino possa semear a Palavra para que produza
em nós frutos de Santidade, a “trinta, sessenta e cem por um”(Mc 4,20).
Estamos no ano centenário da gênesis de nossa presença e missão
no Brasil e, assim como para Madre Bernarda, também para nós o
Evangelho é a estrela guia.
Nossos capítulos, Geral e Provincial, nos interpelaram a sermos
discípulas missionárias de Jesus, assumindo um constante processo de
conversão numa atitude de busca da vontade do Pai, em fidelidade ao
Evangelho e ao carisma congregacional, para responder aos gritantes
desafios da realidade circundante, onde somos enviadas para
evangelizar através da Palavra de Deus e com testemunho de vida em
comunhão, em atitude mística e profética.
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O horizonte congregacional, entre vários outros, nos desafia
apontando alto: A Palavra de Deus nos convoca, transforma e
compromete a reavivar a paixão por Jesus e o Seu Reino. E no
Planejamento assumimos com prioridade a Palavra de Deus para
nossa vida e missão.
Então, diante de tantos desafios, caminhos, proposições,
decisões,... convido a cada uma de nós entrarmos nesse processo,
olhando para Jesus, como Ele instaurou o Projeto do Pai (=RD) e
assumiu sua missão.
Conforme o Evangelho da Comunidade de Marcos, Jesus anuncia
sua Palavra num momento de tensão e conflito político causados pelo
assassinato de João Batista. Quando este é preso, Jesus vem para a
Galiléia, proclamando a Boa nova de Deus: cumpriu-se o tempo e o
Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova (Mc
1,14-15).
Vejamos alguns aspectos. O início do v.14 contextualiza o tempo
geográfico e a realidade política dessa época. Diz que depois que João
foi preso, Jesus veio à Galiléia (v.14), cheio da força do Espírito (Lc
4,14), após passar por um conturbado discernimento (Lc 4,1-12) e foi
morar em Cafarnaum (Mt 4,12-13). Já no v.15 de Mc 1 temos o
primeiro anúncio de Jesus. Aí está todo um programa de vida e
missão. É a inauguração do processo missionário de Jesus. Ele vai prá
rua, aproxima-se das pessoas, anuncia uma Boa Nova:
Cumpriu-se o tempo
O Reino de Deus está próximo
Convertam-se
Acreditem na Boa Nova!
Ao declarar a proximidade do Reino de Deus, Jesus anuncia que
um novo tempo está começado (Mc 1,15). É um tempo de mudanças,
de transformações e destaca duas que são fundamentais para o Reino
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de Deus se concretizar: conversão e fé (v.15b). É necessário mudar
estruturas pessoais, mentais e estruturais. Mudar também atitudes,
disposições, normas, leis, etc. Isso porque o Reino que Jesus veio
instaurar é para os humilhados e pequeninos (Mc 10,14), para os
pobres (Lc 6,20), para os perseguidos e as perseguidas por causa da
justiça (Mt 5,10), é transformação da realidade (Mc 6,30-44), é
libertação (Mc 5,1-20)... E, os frutos do Reino são “justiça, paz e
alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Urge acreditarmos nesta boa
Nova, para que ela se concretize e seja visibilizada. Como disse nossa
Madre Geral Maria Elisa Hincapié, no capítulo Provincial: Temos que
exercitar a fixar-nos no positivo que há. Esse é o Kairós! Se não
houvesse dificuldade, o quê faríamos? Olhar positivamente o bem farnos-á ir superando as debilidades.
Interessante que, em seguida deste anúncio do Reino de Deus,
Jesus começa a formar comunidade. Ele faz seu primeiro giro e chama
pessoas para segui-Lo (Mc 1,16-20). Parece
que Jesus, vendo tantas necessidades, busca
adeptos para, como bem diz este evangelho
no capítulo 3, “estar com ele, enviá-los a
pregar e ajudá-lo neste processo libertador,
expulsando demônios” (3,14-15).
Pois,
imediatamente ao ter adeptos inicia sua ação libertadora, ou seja, fazer
acontecer o Reino de Deus. É na Sinagoga que Jesus encontra um ser
humano possuído de um espírito impuro (no grego: imundo) que está a
gritar e Jesus é reconhecido realizando um novo ensinamento com
autoridade, libertando a pessoa (v.27). Da Sinagoga, Jesus vai à casa
onde encontra a sogra de Pedro de cama, enferma. Jesus rompe com a
lei religiosa da pureza, a qual dizia não poder tocar em “impuros”,
toma-a pela mão e a faz levantar-se. Imediatamente a mulher é livre
não só da doença, mas também do legalismo das estruturas religiosas,
e torna-se a primeira discípula de Jesus (Mc 1,29-31).
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Vejamos que, tanto na Sinagoga, quanto em casa e na sociedade,
as pessoas estão desintegradas, enfermas, mal. Há uma multidão de
pessoas enfermas e endemoniadas... e buscam a Jesus para serem
curadas (Mc 1,32-34). “Jesus percorria cidades e povoados,
ensinando, pregando e curando... Ao ver essa multidão sente
compaixão, porque estava cansada e abatida, como ovelhas sem
pastor/a. Jesus, reconhecendo que são poucos os operários/as,
recomenda que se peça a Deus mais operárias/os” (Mt 9,35-38).
Em geral, pensa-se que santidade constitui-se no isolar-se, ficar na
defensiva diante do pecado e das forças do mal. Mas Jesus nos
demonstra uma santidade que se caracteriza por uma postura oposta ao
mal, de confronto para transformar e santificar o mundo. E assim
somos chamados a uma postura de denuncia do mal que escraviza,
traz dor e sofrimento, e anunciar a vitória de Cristo sobre estes
poderes, como testemunhado em diversas passagens das Escrituras
(Rm 16.20; Cl 2.14-15; Ap 20.10) (FRANK THIELMAN, Teologia
do NT. São Paulo: Shedd Pub., 2007, p. 78)
E hoje, se vamos às filas do SUS, aos SPAs, aos Pronto-socorros,
hospitais, às casas das pessoas, nas calçadas das ruas... há multidões
em situações semelhantes. Em Manaus, temos pronto-socorros com
internações em cadeiras e/ou macas, nos corredores... Pessoas
desintegradas.
Olhemo-nos um pouco. Nós também
fomos e somos chamadas para formar
comunidades, viver e realizar o Projeto de
Jesus. Aí está o sentido de nossa vocação e
missão. Vivermos em comunidade, estarmos
com Jesus, olhar, conhecer e agir para
transformar este mundo conturbado em Reino
de Deus, começando por nossas sororidades.
Ir. Nilda Nair Reinehr
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Motivações
Quando se fala em motivação, fala-se
sempre do porquê do agir de uma pessoa.
Motivação não é nada mais do que um
conjunto de motivos capazes de sustentar, ou
direcionar a vida de uma pessoa. E esses
motivos podem brotar de um julgamento intuitivo ligado à memória
afetiva, os chamados, motivos emotivos, ou surgir de um julgamento
reflexivo – motivações racionais-geralmente conscientes, ligadas a
uma força racional que poderá favorecer uma opção mais livre e
madura por parte da pessoa.
No conjunto destes motivos pode também coexistir um desejo
profundo de encontrar o sentido último da existência que é a
comunhão com Deus; a integração e harmonização da própria vida na
vivência concreta do amor trinitário.
Quando uma pessoa manifesta o desejo de assumir o estilo da
vida consagrada traz consigo mistas motivações. Aliás, as motivações
nunca são puras. Sempre carregam sinais de ambigüidades.
Esta dialética faz parte da interioridade da pessoa humana. Por
isso, quando se fala em motivações vocacionais para a vida
consagrada e de processo de discernimento inicial é importante
considerar toda essa complexidade que envolve a dinâmica interna da
pessoa.
O processo formativo inicial possui esta fundamental tarefa:
ajudar a encontrar as motivações básicas que sustentam a opção
vocacional da jovem. Perceber se, o que a move são motivos
teologais, humanos ou defensivos e como estes motivos estão
interagindo em sua resposta ao chamado de Deus. Quais são as
motivações predominantes e como purificá-las ressignificando-as em
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vista da adesão à gratuidade do Reino de Deus. Certamente, esta tarefa
não é simples. Em muitos casos, muito exigente, trabalhosa e
desgastante. Isso porque a pessoa não segue uma lógica definida no
processo de autoconhecimento, autoanálise e reflexão profunda sobre
si mesma. Por seu dinamismo intrínseco, ela sempre surpreende,
sempre extrapola para mais ou para menos. Tudo isso faz parte do
mistério da própria pessoa e de como ela permite a ação de Deus em
sua vida. Portanto, a tarefa de encontrar motivações consistentes ou
purificar o que já está posto é sempre desafio na formação para a vida
religiosa consagrada. Sabe-se também que esta tarefa não se esgota no
processo inicial. Viver por razões consistentes é busca cotidiana
mesmo, depois de anos de vida consagrada.
Uma das grandes preocupações que os
formadores e o processo formativo como tal
devem ter é justamente essas. Sabe-se que
Deus pode se servir de motivos bem humanos
para atrair alguém. No inicio do itinerário
formativo, é muito difícil alguém apresentar
motivações claras a respeito do que quer ser e
porquê deseja ser. É muito comum a jovem ingressar na casa de
formação no intuito de doar-se, de fazer missão. É certamente aí que
reside um sinal de algo autêntico, baseado na fé, porém, não só. Aí
pode também residir mecanismos de compensação afetiva, ou
motivações egoístas que não vão gerar fidelidade.
O processo formativo inicial é sempre um tempo especial de
autocultivo e discernimento. Purificar motivações, fortalecê-las ou
curá-las é tarefa cotidiana. Quando isso não acontece de forma séria e
consistente abre-se caminho para uma vivência vocacional frágil e
oscilante. Por vezes, o medo do confronto e do discernimento
impedem à pessoa de perceber sua verdade pessoal. E sem a
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percepção real de si mesma, não chega a uma verdadeira identidade e
nem à liberdade do coração.
Este trabalho artesanal na formação precisa ser sustentado a partir
da interioridade da própria pessoa. Ela mesma precisa colocar-se a
caminho como artífice de sua própria formação. Pois, a atenção que dá
às suas razões profundas ajuda a verificar a presença ou não de valores
consistentes da fé para que isso garanta fidelidade ao que foi
chamada a ser, diante de Deus e diante do mundo.
Uma motivação vocacional, quando bem trabalhada desde a
formação inicial e amadurecida ao longo da caminhada de
formação permanente, gera espírito de pertença e compromisso com
o Carisma assumido. Torna a pessoa humanamente integrada,
emocionalmente feliz e espiritualmente forte diante dos desafios da
missão. Isso ajuda a ter uma vida vocacional consistente, plena de
sentido e ávida do desejo de “perder a vida para ganhá-la” (Mc 8) em
resposta ao amor gratuito de Deus que não deixa inacabada a obra que
iniciou (Sl 139) e nem retira seu espírito de quem a Ele se confia (Sl 51).
Para refletir:
 Minha opção vocacional tem por base motivos de fé ou razões
meramente humanas? Quem estou colocando no centro: Eu ou o
Reino?
 Que razões sustentam minha vida fraterna e missionária?
 Que motivações sustentam, hoje, minha opção vocacional? São as
mesmas motivações pelas quais um dia eu saí de casa? O que mudou?
O que foi possível amadurecer/ressignificar?
 O que estou fazendo para que minha opção vocacional seja sempre
mais madura e consistente? Quem está me ajudando a ser mais madura
e comprometida?
Ir. Miria Bordin
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Tecendo novas relações
“ TECENDO NOVAS RELAÇÕES “
é uma nova página do ARAUTO que visa
ajudar-nos no aprimoramento de nossas
relações
fraternas,
como
discípulas
Missionárias de JESUS.
Assumimos as opções do Capítulo Provincial em nossos
planejamentos fraternos, onde “as relações marcarão o itinerário
nestes cinco anos, para ir transformando nossa vida, nossas
fraternidades, nossos locais de trabalho, em lugares de salvação”.
Para essa primeira reflexão, busco em nossos Fundadores a
inspiração e as luzes necessárias para manter-nos em fidelidade ao que
nos comprometemos.
São Francisco e Santa Maria Bernarda foram “mestres” na
vivência das relações com Deus, consigo mesmos, com as demais
pessoas, com a Criação e com os bens materiais.
São Francisco parte de duas interrogantes que são fundamentais:
Quem és Tu, Senhor?...
Quem sou eu?...
Na busca de respostas a estas interrogantes, se tornou o homem
especialista nas relações com todos e todas, criando a fraternidade
universal.São Francisco insiste “Façam tudo de tal modo que o amor a
Deus e a todos os irmãos e irmãs brilhe pelas suas obras”.
Nossa Fundadora, mulher simples, porém, profunda conhecedora da
psique humana, aponta o coração amoroso de Deus Trino, como fonte
de amadurecimento humano e espiritual e insiste:
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“O amor recíproco é nossa grande obrigação, porque desde o
começo fomos amadas e somos objeto de ETERNO AMOR” e aponta
a vivência do amor, com a prática de pequenos atos de caridade, como
meio, por excelência, para melhorar nossas relações conosco mesmas,
com as demais Irmãs e pessoas com quem nos encontramos no dia a
dia.
Madre Bernarda se antecipou a certos psicólogos de hoje que
insistem “... só a vivência do amor cura nossas feridas e problemas e
por isso não devemos cansar-nos de amar...”
Madre Bernarda entendeu muito bem essa verdade e em suas
palavras insiste na prática do amor, com gestos concretos. Vejamos o
que ela nos ensina:
“Fomentai a caridade, respeitai-vos umas às outras e sede cultas.
Prestai vossos serviços com toda a amabilidade. Recolhei,
diariamente, o néctar do AMOR.
Irmãs, amemo-nos de verdade, para
tornar-nos dignas do amor d’Aquele que nos
amou primeiro. Uma coisa desejo que
floresça em todas as nossas fraternidades:
Um sincero e cordial relacionamento. “
O amor a Deus em Jesus, supõe amor às pessoas; amar e praticar a
caridade é tarefa que exige não ofender ( Mt. 5,22), ser autêntica ( Mt.
5,24), fazer o bem ( Mt 5,44), não julgar ( Mt. 7,1) voltar-se aos
pobres, enfermos, famintos, crianças, viúvas...( Mt.25,31-46).
Jesus exige uma vida que gire toda ela em torno do amor. Essa
tarefa é, acima de tudo, a prática da CARIDADE: “Amemo-nos não
só de palavras, mas com obras e de verdade.” (1Jo 3,18).
20
Tornamos-nos um “lugar de salvação” para todos e todas, quando
nos reencontramos no dinamismo do amor, quando conseguimos fazer
da caridade o traço marcante em nossos relacionamentos e em nossa
missão.
Nosso testemunho de vida de caridade nos exige:
Colocar a CARIDADE no centro de nossas vidas, a exemplo de
Jesus que “passou pelo mundo fazendo o bem”. (Atos 10,38)
Fazer do AMOR o núcleo de nossa própria pessoa e o valor
dominante que impulsione todo nosso atuar.
Promover uma espiritualidade da CARIDADE. Que bonito se hoje,
em nossos relacionamentos, pudéssemos guiar-nos pelo princípio da
caridade e ter presente: “O que manda a CARIDADE? Assim se
multiplicariam testemunhos de vivencia do amor, do respeito
mútuo, da compreensão e da misericórdia.
Iniciar uma nova etapa na prática da CARIDADE, onde queremos
colocar o amor no horizonte de tudo o que sentimos, pensamos,
dizemos, falamos e atuamos.
Praticar a solidariedade e a misericórdia como expressão
privilegiada do amor.
O testemunho da vida de caridade, do amor mútuo é o que mais
converte e leva às pessoas se acercarem mais de Deus. É o melhor
anúncio do Evangelho e fermento de fé.
Queridas Irmãs, termino esta reflexão com a súplica que nos faz
nossa amada Fundadora:
“Todas juntas façamos uma verdadeira iniciação na Escola da
CARIDADE”.
Ir. Estelitta Tonial
21
Mau humor crônico é doença e exige
tratamento
Mau humor pode ser doença e grave! Um
transtorno mental, que se manifesta por meio de
uma rabugice que parece eterna. Distimia é o nome
dessa doença. Reconhecida pela medicina nos anos
80, é uma forma crônica de depressão, com
sintomas mais leves. Enquanto a pessoa com
depressão grave fica paralisada, quem tem distimia continua tocando a
vida, mas está sempre reclamando: "Oh dia! Oh céu! Oh vida”!
O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e não sente
prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-humorados é
que os últimos reclamam de um problema, mas param diante da
resolução. O distímico reclama até se ganha na loteria. Não fica feliz,
porque começa a pensar em coisas negativas, como adoecer, ir mal
nos negócios, ou não saber fazer as coisas.
Se você conhece alguém assim, abra os olhos da pessoa, porque
raramente o distímico pede ajuda. Ele não se enxerga. Para a maioria
dos pacientes, o mau humor constante é um traço de sua
personalidade. A desculpa pela rabugice recai sempre no ambiente e
nas pessoas ao seu redor.
Esse transtorno mental atinge, pelo menos, 180 milhões de
pessoas no mundo, que, quando não tratadas, tendem a se isolar. A
doença não deve ser subestimada, pois o portador corre um risco 30%
maior de desenvolver quadros depressivos graves. Sem contar que
também pode levar as pessoas ao consumo de álcool, drogas, ou
compensação na comida, pois elas se iludem achando que assim
acabam com a irritação. O mau humor é herdado e, em geral,
manifesta-se na adolescência, desencadeado por um acontecimento
22
marcante. Porém, como essa fase da vida já é, de modo geral,
conturbada, há dificuldade de identificar a doença. Aliás, quem tem
distimia costuma procurar ajuda só quando ela já evoluiu para um
quadro depressivo grave. O desconhecimento prevalece nos primeiros
anos. Essas pessoas aprendem a funcionar irritadas. Acham que, por
ser um traço de personalidade, o problema é imutável. Um erro
freqüente.
O mau humor patológico não precisa ser eterno. Poucos sabem
que a distimia pode ser tratada com a ajuda de medicamentos
antidepressivos associados à terapia, cuja base é a psicologia
cognitiva. A terapia leva o paciente a vivenciar suas aflições. O
objetivo é ensinar uma nova forma de pensamento. O mais importante
é que a pessoa reconheça ser portadora dessa anomalia (o que requer
uma grande dose de humildade, de disciplina e força de vontade,
elementos escassos no distímico) e querer sair da situação em que se
encontra, buscando a ajuda e os meios necessários para tanto.
Maneiras de identificar um distímico:
1) Como são as pessoas distímicas?
 Melancólicas, depressivas desde a infância ou
adolescência.
 O baixo astral, pessimistas, reclamonas,
encucadas.
 Perfeccionistas, sem tolerância
imperfeições dos outros.
para
as
 Com auto estima baixa e auto crítica alta.
 Dificuldade para confraternizarem.
 O desenvolvimento profissional pode ser prejudicado pela
dificuldade de relacionamento com colegas.
23
2) Desenvolvimento:
Geralmente as distímicas absorvem estímulos negativos no
trabalho, nas atividades sociais, nos relacionamentos. Isso reforça sua
visão negativa do mundo.
Sucesso atrai sucesso, dinheiro atrai dinheiro, poder atrai poder,
sorte atrai sorte, beleza atrai beleza, distimia atrai isolamento social,
rejeição, falta de convites (os normais esquivam-se de conviver com
eles), etc.
Quanto mais cedo a distimia começar, mais vai prejudicar os
relacionamentos.
3) Associação com outras doenças:
 Quase todas as pessoas distímicas irão ter fases de depressão mais
fortes do que a distimia habitual (depressão dupla). Geralmente o
tratamento dessas fases depressivas muda o humor dos pacientes
para um nível melhor do que o humor distímico anterior.
 Ataques ou síndrome do pânico.
 Obsessividade, perfeccionismo.
 Cefaléias e enxaquecas.
 Tensão pré menstrual.
 Prisão de ventre.
 Sazonalidade, isto é, piora com tempo cinza, chuvoso, sem sol.
Quando a distimia for tratada, provavelmente as outras doenças
irão melhorar “por tabela”.
4) Causas:
 Relações familiares complicadas na
infância.
 Separação dos pais.
 Orfandade cedo.
 Pais muito bravos, agressivos, distímicos.
 Famílias com maior incidência de
Depressão, Pânico, ou outros distúrbios.
24
 Famílias com transtornos de personalidade, alcoolismo, drogas.
 Doenças incapacitantes e limitações físicas como cegueira,
surdez, amputações, lesões de medula, dificuldades de
locomoção.
 Reações duradouras provocadas por stress pós traumático.
5) Tratamento:
As pessoas distímicos não gostam de remédios, mas o tratamento
com antidepressivos melhora vida deles, de seus amigos e familiares.
A Psicoterapia (mais medicação) é mais importante do que na
depressão.
A combinação da psicoterapia, medicação, banhos de sol,
exercícios físicos e lazer é muito positiva
7) Tem Cura?
Sim. Por dois motivos?
1) A medicação funciona bem e não tem problema em toma-la muitos
meses.
2) A distimia é um círculo vicioso: melancolia
espírito reclamação
atitudes reclamonas
isolamento social
resultado negativo
baixo astral
depressão.
3) A melhora, com a medicação e a terapia provoca um círculo
virtuoso: melhor astral
menos reclamações
menos isolamento
situações de vida melhores
resultados positivos
estímulo
para uma vida mais pazeirosa.
Com o tempo a pessoa começa a
funcionar de modo mais alegre e pode
ficar sem o remédio.
Ir. Lourdes Tosati
25
Pastoral Educativa
“Fazei da educação uma arte sagrada. Esforçai-vos para cultivar,
nos educandos, sentimentos cristãos e reforçai-vos com repetidos ensinamentos.
Tende, em vossas escolas, um grande zelo espiritual pelas pessoas a vós confiadas” .
Santa Maria Bernarda
Nós, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora,
temos como Missão levar adiante a proposta educativa, os princípios
básicos e as linhas gerais que norteiam a práxis pedagógica.
Procuramos manter viva a utopia de São Francisco de Assis e de Santa
Maria Bernarda Bütler: o respeito e a valorização da vida como Dom
precioso do Criador.
Temos documentados os “Princípios e
Linhas Gerais da Pastoral Educativa”,
elaborados no ano 2000, fruto de uma
busca de muitos anos de estudos e
aprofundamentos das irmãs educadoras.
Estes têm a finalidade de auxiliar a
caminhada, sendo uma luz, um horizonte do ideal educativo, a fim de
vivenciar uma educação inspirada no Evangelho.
Nota-se, atualmente, uma crescente valorização da educação. Já
não se percebe que o espaço escolar é o único meio para viabilizar o
conhecimento. Há muitos programas socioeducativos (culturais, de
assistência social, esportivos, ambientais, de inclusão digital, entre
outros) que objetivam proporcionar uma ampliação do universo
escolar.
Tanto quem trabalha com a educação na Instituição Escolar ou
fora dela, têm muitas preocupações. Uma delas é a questão dos
relacionamentos. Entendemos que, se não somos capazes de renunciar
a alguma coisa e aceitar o que o outro diz, se não formos capazes de
26
também dizer algumas coisas para os outros, numa atitude de diálogo,
não criaremos um mundo habitável. E uma das tarefas da educação é
justamente essa: criar um mundo habitável. Não podemos olhar o
outro numa dimensão de dominação. Se não dermos oportunidade
para todos, isso vai se voltar contra nós. A vida existe para ser uma
promoção da outra vida, não para ser uma ameaça. A educação precisa
ter este papel de valorizar a vida, de construir valores para despertar a
consciência do ser humano. É preciso ouvir as pessoas, seus medos,
necessidades e sonhos. A educação precisa ajudar o ser humano a
descobrir o que está fazendo aqui, qual o seu
papel no mundo.
Outra questão fundamental é a ética do
cuidado. Tudo aquilo que cuidamos dura
mais. Se eu não cuido bem da minha vida,
também não estou cuidando bem da vida do
outro. E se eu não cuido bem da vida do
outro, também não estou cuidando da minha
vida. É importante criarmos uma reflexão nova, uma educação nova: a
do cuidar-se. Se não cuidamos da natureza, da vida, como estamos
sentindo, teremos sérios problemas.
Urge compreender que, pela educação, há maior possibilidade de
mudança social e cultural, uma vez que ela é portadora de um
processo pelo qual o ser humano passa a ser capaz de se descobrir
como sujeito de direitos e deveres. Vivemos em uma sociedade com
muitas ameaças. A educação deve responder proativamente a esta
realidade.
É necessário continuar implementando os programas e projetos
existentes, buscando o envolvimento e a responsabilidade de toda a
sociedade. Continuar, também, capacitando pessoas para atuar em
conjunto, investindo na formação continuada dos educadores, otimizar
27
forças e reduzir fraquezas. Integrar a cultura local e ter compromissos
com metas afins para atingir melhores resultados em vista do bem
comum.
Sabemos que, enquanto Irmãs Franciscanas Missionárias de
Maria Auxiliadora, este campo de missão é bastante amplo e com
muitas exigências.
Neste ano de 2011, o Colégio São José, continua tendo como
tema referencial: “Educando Gerações” e a Escola Cristo Rei tem
como tema gerador: “Aprendendo a cuidar da Vida”. Também há
irmãs atuando em Escolas Estaduais e em Projetos Sociais.
Acreditamos assim, que é possível ajudar com empenho, criatividade
e dedicação a construir uma sociedade mais humana. Supõe, em
princípio, amor, desprendimento, doçura, firmeza, paciência e decisão
imprimindo em cada ação o jeito franciscano de educar.
Irmã Vera Coutinho
Escola Cristo Rei - Marau
Colégio São José - Erechim
28
Juventude
“Falar de juventude é falar de amor, de um Deus que a ama e a
quer perto de Si, que caminha quotidianamente ao seu lado”.
É indispensável falar e
escutar a juventude. É preciso
abrir caminho ao protagonismo
juvenil na Igreja e porque não
dizer na Vida Religiosa e na
província, como “condição de seu
futuro”. Se o capitalismo disputa
os jovens com tanto cinismo e
hipocrisia, mas também com
imensos recursos, qual deve ser o investimento necessário da Igreja e
de nossa província em seu trabalho com as juventudes neste momento
estratégico em que buscamos acertar em nossa metodologia de
trabalho? É neste sentido que a Pastoral Juvenil de nossa província
vem caminhando: buscando concretamente aproximar a Vida
Religiosa das juventudes.
Padre Hilário Dick nos diz que o jovem é o “sacramento da
novidade”, acredito que esta não é uma simples frase de efeito. É algo
que vai além de faixa etária ou de um simples estado biológico.
O jovem é como o profeta Isaías, dizendo coisas novas... E como
diz o profeta: “As primeiras coisas já aconteceram: coisas novas é que
eu agora anuncio: antes que elas comecem, eu as comunico a vocês”
(Is 42,9). A juventude não só recebe as coisas da realidade, mas tem a
missão de fazer, na realidade “recebida”, sua própria vida. Encara a
“novidade” de modo diferente. Pode-se dizer que a novidade mora no
jovem.
29
Deus, assim como o jovem, é da novidade. O que ele oferece é
um novo céu e uma nova terra (Is 66,22). Assim, diz o profeta,
durarão o povo e o nome de vocês. Os “adultos” que tiverem medo ou
rejeitarem essa novidade, “serão um horror para o mundo inteiro” (Is
66,24). A aliança que Deus fez com o seu povo é uma nova aliança.
Segundo a CRB Nacional, “a visão que temos sobre os jovens
depende do olhar que lançamos sobre eles, das conversas que temos
com eles e daquilo que construímos na relação com eles também”. Isto
nos desafia a nos perguntar: O que eu vejo na juventude? O que eu
escuto da juventude e sobre a juventude? O que eu falo sobre a
juventude? O que eu sinto pela juventude? O que eu faço pela
juventude?
É importantíssimo ouvir os
jovens, conhecer seus anseios,
dúvidas, medos, confusões... Não
como quem somente ensina, mas,
sobretudo como quem também
pode e quer aprender. O projeto
do CELAM nos convoca a um caminho de conversão converter-se e
comover-se em prol da causa da juventude. Esta é a luta da Pastoral
Juvenil e Vocacional da província. Em cada localidade onde estamos
inseridas somos convidadas a assumir esta causa, aderir a esta luta!
Ir. Francisca Maria Rodrigues
30
Ecos da Missão: Vinte e seis anos de luta
no bairro Progresso
O Bairro Progresso situado na zona sul da cidade de Erechim –
RS, na esperança de progredir, nome sugestivo do bairro, no ano de
1983, acolhia muitas famílias as famílias e crescia sem nenhum
planejamento, a população era de 12.000 habitantes. Com isso,
aumentavam os problemas e a exclusão social.
As Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora,
ouvindo o apelo missionário deste contexto desafiador e atendendo ao
Carisma: “Revelar a todas as pessoas o amor misericordiosos de
Deus Uno e Trino pelas obras de misericórdia”, chegaram, para
morar no Bairro Progresso dia 22 de fevereiro de 1985. Foram
pioneiras: Ir. Evanir Teresinha Barancelli, Ir. Zelinda Onghero e Ir.
Júlia Pasterchak.
A princípio, o bairro não tinha
linha de ônibus e nenhum carro, tudo
era feito a pé até o centro da cidade e
em todo o bairro. Por este motivo o
fusca azul vindo da fraternidade de
Severiano foi recebido com muita
alegria pelas Irmãs. Como era o único
veículo do bairro, levou muitos doentes, idosos, gestantes, acidentados
e crianças ao hospital.
As Irmãs investiram em um trabalho de evangelização, visita de
famílias, formação de lideranças, catequese e liturgia. Realizavam
celebrações dominicais e velórios. No início não havia igreja, as
celebrações eram feitas no salão dos Vicentinos, embaixo de uma
árvore, nas casas das famílias ou na casa das Irmãs, o importante era
encontrar-se para celebrar.
31
Para atender novas urgências, a desnutrição e a mortalidade
infantil, as irmãs introduziram a pastoral da criança, onde eram
visitadas as famílias, pesadas e atendidas um grande número de
crianças. Depois veio a pastoral operária, uma organização dos
operários e mais tarde em parceria com os agricultores de Aratiba/RS
criou-se a “comercialização direta”, de
produtos agrícolas, a preço mais
acessível, sem a interferência de
terceiros.
Um grande trabalho foi realizado na
formação de grupos de famílias para
estudos bíblicos, grupos de mulheres para a confecção de trabalhos
manuais, pinturas, crochê, sabão, tricô, costura e culinária.
Desenvolveram muitos projetos, entre eles a horta caseira, para
medicação natural na área da saúde alternativa, alimentação familiar, e
na área da educação infantil, parceria com as Irmãs Agostinianas e
mais tarde o Colégio São José.
Passaram pela fraternidade muitas Irmãs, com grande espírito
missionário, com amor doação e esperança; marcaram a vida desse
povo. Vale lembrar que a fraternidade sempre recebeu jovens,
auxiliando assim na formação de várias vocacionadas.
Hoje o Bairro Progresso conta com mais de 17.000 habitantes.
Com um jeito novo de ser Igreja, a paróquia São Francisco de Assis,
trabalha em rede de comunidades: Nossa Senhora Aparecida, Santa
Clara, Cristo Rei, Santa Helena, Jesus Bom Pastor e Nossa Senhora da
Saúde. Desde 2005 a Congregação dos Pobres Servos da Divina
Providência, são parceiros na missão de evangelizar o povo desse
bairro que não se limita mais ao seu antigo espaço, cresceu e agregou
muitos novos bairros: Bairro Pitit Village, Poletto, Santa Helena,
Cristo Rei, São José, Vitória e outros.
32
A proliferação de Seitas fez surgir 48 Igrejas não Católicas,
dificultando a participação nas comunidades, diante da instabilidade
de crença do povo. Faz-se necessário um trabalho pastoral que
contemple a evangelização e a vida em comunidade.
Diante dos inúmeros desafios, atualmente, a Prefeitura e
Organizações não Governamentais – ONGs, trabalham em parceria no
bairro, investindo em todas as áreas sociais. Com essas iniciativas,
hoje os diminuíram os índices de violência, mortes infantis, pobreza e
desigualdade social.
Irmã Terezinha Facco, além de responder pela Pastoral da criança,
faz parte do Conselho Social do Município, participando dos diversos
projetos que envolvem a Assistência Social, Conselho Tutelar, Bolsa
Família, Fome Zero, Programa da Infância Menor, Programa, de
Erradicação do Trabalho Infantil e outros. Pastoralmente, a
fraternidade atual: Ir. Vera Lúcia Pereira da
Silva, Ir. Zelinda Onghero e Ir. Elis Cristina
Mohr atuam na catequese, no trabalho com
jovens, Infância Missionária, formação das
gestantes, pastoral do batismo, dos enfermos,
ministros, capelinhas, visitação das famílias,
educação de jovens, adolescentes e crianças,
cuidado de idosos, orientação e fabricação de
essências fitoterápicos na pastoral da saúde.
Nestes 26 anos no bairro Progresso, houve sempre um grande
esforço das Irmãs na evangelização e formação de lideranças. É um
eterno iniciar, diante do êxodo das famílias. Com
grande
alegria
louvamos e agradecemos a Deus por todo bem realizado sobre o olhar
protetor de Nossa Senhora Aparecida.
Ir. Zelinda Onghero
33
São Francisco de Assis – Patrono da Ecologia
Os 10 Mandamentos do Amigo do Planeta
1. Cuide da natureza
Na criação todos os modos de vida se encontram
interligados: o ar, as águas, as florestas e matas, os
animais e o ser humano, conjunto que se denomina
biodiversidade.
Uma mata cortada implica em
sofrimento para as criaturas e coopera para o
desequilíbrio do clima. Uma espécie de peixe ou de um
animal que se extingue, implica em danos para toda uma
cadeia, ou seja, faz pesar sobre outros seres, sobretudo
de milhões de seres humanos que já estão com dificuldade para obter água
potável e extrair da terra o sustento.
2. Poupe Água e Energia
A água que você usa não sai da parede. Ela vem de
algum rio ou manancial. Os rios estão sendo agredidos
pela poluição e pelo desmatamento, o que torna a água
potável cada vez menos disponível, e eleva o custo de seu
tratamento. Poupe água. Não suje a água que você não necessita. Feche o
chuveiro enquanto se ensaboa. Feche a torneira enquanto escova os den tes.
Recolha água da chuva para aquários, plantas e lavar calçadas. Quanto à
energia, existe a elétrica ou então vem de fontes como gás, petróleo, lenha e
34
carvão. Elas vão escassear cada vez mais e algumas não são renováveis,
como o petróleo.
3. Evite o Consumismo
Evite consumir além do necessário. Adquira o
indispensável em alimentos, objetos, roupas, brinquedos...
As lojas e supermercados estão cheios de inutilidades que só
fazem gastar mais e mais recursos naturais na fabricação.
Reflita antes de comprar. Rejeite produtos descartáveis,
como copos, garrafas e outros. Além de poluírem e
aumentarem o volume de lixo, também apressam o esgotamento dos recursos
naturais. Reutilize as sacolas de compra. Prefira alimentos naturais, evitando
enlatados, empacotados, refrigerantes. Os alimentos industrializados, além de
mais caros e menos nutritivos, podem prejudicar a saúde.
4. Proteja os Animais e as Plantas
Os animais e as plantas são seres vivos como você e tem tanto direito à
vida, à liberdade e ao bem estar quanto nós. Embora você não perceba, sua
vida está interligada com a de todos os outros seres. É essa interligação que
forma a “teia da vida” que garante a sobrevivência de todos. Por ter perdido
esta noção, nossa espécie vem causando tanto prejuízo e poluição à natureza,
com conseqüências cada vez mais graves para a nossa qualidade de vida. Os
seres humanos são os únicos com a capacidade de modificar em profundidade
seu meio ambiente. Nós temos usado essa capacidade para
piorar as coisas.
Agora precisamos fazer o contrário, para nossa
própria sobrevivência.
5. Defenda as Árvores
Para fabricar papel é preciso cortar árvores, logo,
poupar papel é uma forma de defender as árvores. Utilize os dois lados da
folha de papel. Recicle o papel, fabricando novo papel a partir do papel
35
usado. Outra forma de ajudar a natureza é defender as árvores existentes e
plantar novas árvores. Adote uma árvore e cuide dela com carinho e respeito.
6. Evite Poluir Seu Meio Ambiente
Use o menos possível o automóvel, ele provoca
poluição do ar e colabora para o aquecimento global.
Sempre que possível, programe suas saídas de forma
coletiva. Acostume-se a ouvir música sem aumentar
muito o volume do som. Som alto provoca poluição
sonora. Reveja seu dia a dia e tome as atitudes ecológicas que julgar mais
corretas e adequadas para você, respeitando as pessoas e a natureza. Não
espere que alguém venha fazer isso por você. Faça você mesmo.
7. Faça Coleta Seletiva do Lixo
É horrível quando a gente vê
alguém jogando lixo no chão. As ruas,
praças e locais públicos pertencem a
todos. O lixo espalhado, além de
atrair ratos, moscas, mosquitos, cria
um aspecto horrível de poluição em seu ambiente. Para limpar, custa muito
dinheiro de impostos, dinheiro que podia estar sendo usado para saúde,
educação e outras obras. Um amigo do planeta coloca o lixo nos locais
apropriados, ou guarda no bolso e depois coloca na lixeira. É muito fácil
fazer a coleta seletiva do lixo seco e molhado: inorgânico: papel, plástico,
metal, vidro... orgânico: restos de comida, cascas de frutas.
É só se educar e colocar duas vasilhas diferentes ao lado da pia da
cozinha e um lugar para depositar o lixo seco, até alcançar um volume que
permita sua venda ou doação. Assim, você contribui para poupar recursos
naturais, diminuir a poluição e assegurar a vida no planeta.
8- Use Biodegradáveis
Existem certos produtos de limpeza que não se
degradam na natureza, como sabões, detergentes etc.
36
Procure certificar-se, ao comprar estes produtos de que são biodegradáveis.
Evite o uso de venenos e inseticidas. Uma casa limpa é suficiente para afastar
insetos e ratos. Os inseticidas são altamente nocivos para o meio ambiente e
para a saúde das pessoas. Leve sua sacola de pano para as compras no
supermercado.
9. Conheça Mais a Natureza
Estude e leia mais sobre a natureza,
mesmo que não seja tarefa da escola. Procure
conhecer a vida de São Francisco de Assis, o
porquê dele ser considerado no mundo inteiro,
patrono da ecologia. Tenha em casa livros,
revistas, documentários... que abordem
assuntos de animais, plantas, natureza. Procure no dicionário palavras como
saúde do trabalhador, reciclagem, reaproveitamento, habitat, biodegradáveis,
biodiversidade, aquecimento global e ecologia. Quanto mais você souber,
melhor poderá agir em defesa da natureza.
10. Participe Dessa Luta
Não adianta você ficar só estudando e
conhecendo mais sobre a natureza. É
necessário combinar estudo e reflexão com
ação. Você pode agir sozinho procurando
políticos, a imprensa e grupos, para
denunciar ou protestar contra os abusos,
poluições, depredações. Também precisa
agir em grupo, formando Clubes de
Amigos do Planeta, na escola, na Igreja,
nas organizações sociais. Quando estamos unidos, somos mais fortes e
capazes de encontrar soluções para enfrentar os problemas ambientais.
(Fonte: Subsídios CF/2011)
Ir. Nilva Brugnera
37
Na relação com os
bens, a busca pela
simplicidade
A vitalidade e fecundidade de nossa
vida religiosa dependem, em grande parte,
do modo como vivemos nossa pobreza
evangélica. Na relação com os bens, a
busca pela simplicidade nos leva a uma
atitude de pessoa sábia, livre e solidária. As coisas são um livre
instrumento. Quando as buscamos como realidade única, entramos
num caminho que desemboca numa autêntica dependência e num
verdadeiro materialismo. A opção pela simplicidade traz abundantes
frutos, como a austeridade, o respeito pela terra e a recuperação do
sentido ecológico. Ortega e Gasset afirmam que Francisco de Assis
necessitava poucas coisas e as poucas coisas que necessitava as
necessitava pouco. Vivia com simplicidade e austeridade.
As coisas são úteis. Servem para. E como tudo, o útil se busca
porque se necessita. Está presente em nossas decisões, porém, às
vezes, gera avareza. A simplicidade chama simplicidade e felicidade.
A história a seguir, reflete isto:
Um homem rico e empreendedor se horrorizou quando viu um
pescador tranquilamente recostado junto a sua barca contemplando o
mar e lendo calmamente um pequeno livro, depois de ter vendido o
peixe.
- Por que não foi pescar? Perguntou o homem empreendedor.
- Porque pesquei bastante hoje, respondeu o pescador.
- Por que não pescas mais do que necessitas? Insistiu o industrial.
38
- E o que iria fazer com isso? Perguntou o pescador, por sua vez.
- Ganharias mais dinheiro – foi a resposta – e poderias por um motor
novo e mais potente na tua barca; poderias ir às águas mais profundas
e pescar mais peixes. Ganharias o suficiente para comprar redes
novas, com as quais tirarias mais peixes. Logo ganharias para ter duas
barcas e depois uma frota. Comprarias outro carro e outra casa. Então
serias rico e poderoso como eu.
- E o que faria então? - Perguntou o pescador.
- Poderias sentar-se, comer e viver bem, desfrutar a vida, respondeu o
homem empreendedor.
- E o que tu crês que estou fazendo neste preciso momento? –
respondeu o aprazível pescador.
Buscar para si mesmo os bens é uma forma de assenhorar-se da
riqueza, e com isso, perder a liberdade. Para que a relação com o
dinheiro e os bens ajude no nosso crescimento espiritual é importante
que o dinheiro seja meio, seja coisa, seja instrumento e, como tal, o
ordenemos aos objetivos de grande valor e às grandes causas. Assim
procede a pessoa sábia. Ela sabe ordenar e atuar responsavelmente.
Crescer na simplicidade como
estilo de vida supõe capacidade para
estabelecer uma ordem do que se
necessita e do que se pode adquirir. Não
basta afirmar, desde uma perspectiva
cristã, que as coisas não são um fim. É
necessário um proceder adequado no
dia a dia e usá-lo para que seja aplicado às realidades em si mesmas
muito valiosas O sábio vive no mundo com responsabilidade diante
das coisas, e por isso, as cuida e as administra, porém não se submete
a elas, nem se deixa apossar por elas. É livre! Sabe que recebeu a
gestão de um bem ou bens e deve administrá-los, fazê-los produzir
diligentemente.
39
Este é um convite à simplicidade, à solidariedade e à confiança no
Senhor que não vem só do Evangelho. Também os lideres de partidos
materialistas e marxistas assim o reconhecem, pois a austeridade
comporta um novo quadro de valores: rigor, eficácia, seriedade,
justiça. Uma política de austeridade e de rigor é uma necessidade
indesculpável para todos; igualmente é a alavanca com que temos de
impulsionar a grande luta pela transformação geral da sociedade ou
das ideias sobre as quais a mesma está edificada. (Fron E the
Psycolgical. Double Day, NY, p. 112). Se a este desafio não dermos
uma resposta radicalmente evangélica, a vocação religiosa perde boa
parte de sua razão de ser. Porém, se a este desafio respondemos com a
profundidade e a energia que Cristo e alguns jovens esperam,
produzir-se-á um exuberante crescimento e
florescimento da vida religiosa.
Toda essa reflexão em torno da economia nos
leva a fazermos algumas perguntas:
 O que significa, para mim, simplicidade de
vida?
 Que coisas supérfluas eu tenho? Estou disposta a partilhá-las?
 Quando digo que quero privar-me de algo para ajudar os pobres, de
que me desprendo?
Precisamos com urgência retornar aos fundamentos da espiritualidade
evangélica. Só ali nos proveremos da energia espiritual indispensável
para sentirmos inspiradas, lançadas e revigoradas pela força do
Espírito. E este, é o único capaz de nos ajudar a sairmos vitoriosas do
choque frontal com as forças do egoísmo organizado numa rede de
poder e de ter que aprisiona o mundo inteiro e a nós mesmos.
Texto “Uma economia para a missão”, de José Maria Arnaiz, SM – Revista
Testimonio. Tradução: Ir. Rainéria Busato.
Ir. Nilva Benincá
40
Notícias
Irmãs jubilares em 2011
80 ANOS
75 ANOS
Ir. Catarina Momo
Ir. Maria Olga Teobald
Ir. Lucila Beber
60 ANOS
Ir. Dileta Busato
Ir. Idalina A. Bevilaqua
Ir. Lucrécia Donzelli
Ir. Maria Mathilde Larcher
Ir. Odete Vieira
50 ANOS
Ir. Célia Miotto
Ir. Ester Lunardi
Ir. Gertrudes Ecco
Ir. Irilde Dutra
Ir. Gislena Ziliotto
Ir. Italina Trentin
Ir. Josélia Mocelini
Ir. Maria Benincá
Ir. Neiva Secco
r. Lourdes Covatti
Ir. Lidia R. Dalmagro
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Centenário em 2011
Centenário da nossa presença no Brasil:
Irmã Maris Stela Bannach – 100 anos de
vida, 77 anos na Congregação, dedicados
com grande responsabilidade, amor,
doação, entrega e serviço às Irmãs e às
obras da Província e Congregação.
Mais uma pedagoga na Província!
Terminar um curso é estar mais capacitada para partilhar
os dons recebidos de Deus. Você se dedicou, superou
dificuldades e alcançou seus objetivos.
Aplausos para você!
Nós, suas irmãs, erguemos um hino de gratidão a Deus e
pedimos suas graças e bênçãos para você e sua nova
missão.
“Agradeço a Deus pela Conclusão do Curso de Pedagogia, no
IDEAU, Getulio Vargas, à Província pela oportunidade de
crescimento profissional e às irmãs das fraternidades nas
quais convivi durante o período de estudo, pela compreensão,
apoio e incentivo. Estou agora colaborando na missão educativa do Colégio
São José.”
Ir. Cristiane Bisolo
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Primeira Profissão
Dia 08 de janeiro de 2011, junto com a
comunidade marauense, na gruta
Nossa Senhora de Lourdes, Irmã
Manuela Moura da Silva, Irmã
Christiane Souto Santiago dos Santos
e Irmã Elis Cristina Mohr. Elas
assumiram serem, Irmãs
Franciscanas Missionárias de Maria
Auxiliadora.
Deus abençoe a vida e missão
destas nossas irmãs, as plenifique do
espírito missionário de Santa Maria Bernarda Bütler, fundadora da
Congregação. Parabéns!
Gratidão
Louvado sejas meu Senhor, pelo curso de especialização em Franciscanismo.
Louvado sejas meu Senhor, pelas Irmãs das duas fraternidades, Cristo Rei de
Marau e Santa Terezinha da Estação, que permitiram que nos ausentássemos
durante o tempo do curso.
Louvado sejas meu Senhor, pelos colegas e professores da ESTEF que nos
ajudaram a buscar mais as raízes de nosso carisma, espiritualidade e missão
franciscana.
Louvado sejas meu Senhor, pelos dois governos provinciais, o que deixou o serviço
em novembro e o que assumiu nesta data, por nos permitir realizar um desejo
que estava sendo gestado há vários anos. Deus seja louvado também pela ajuda
mais direta de algumas Irmãs da fraternidade e província.
Louvado sejas meu Senhor, por São Francisco e Cara de Assis.
A todas as Irmãs, nosso agradecimento. PAZ e BEM!
Ir. Maria Anna Dalmagro
Ir. Ivaldina Basso
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A grande esperança
A grande esperança está em não perder a
esperança.
O sol brilhando,
As flores coloridas e sempre novas,
Ar puro,
Águas límpidas,
Crianças nas ruas, crianças felizes,
Idosos sorrindo para a vida,
Animais amigos,
Pais amando os filhos, filhos amando os pais,
Humanidade acreditando...
A grande esperança:
Pessoas contentes com a vida, olhos contentes, vida alegre...
saudando-se, olhando-se.
Mãos unindo-se, ajudando-se,
Palavras inofensivas, verdade respeitada, amada...
A grande esperança:
Terra para todos... casa para todos...
Igualdade de direitos...
Liberdade para ser gente.
A grande esperança:
Que a pessoa reconheça que é humana, limitada, frágil...
Que reconheça que é uma simples criatura, que nada cria, só transforma,
Que é terrena e eterna...
A grande esperança:
Que o ser humano reconheça que Deus é Deus,
Que Deus tem um nome que deve ser amado, que é o criador,
tudo converge para Ele.
Ele é tudo, mesmo nada mais existindo...
A grande esperança:
Que a gente seja gente,
Que Deus seja Deus!
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