O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento

Transcrição

O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento
O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento do
Rejuvenescimento e da Oleosidade Facial
The Use of Chemical Peels and Mechanical Treatment of Facial Rejuvenation and
Oiliness
Aline Tavares COUTO1
Catharine de Almeida VALLE2
Mayara Caroline de Menezes GOMES3
Caroline Santos CONSTANTE 4
1
Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional, Acupuntura e formação em RPG,
trabalha na Clínica Spani Vendramim, [email protected]
2
Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional e formação em Pilates,
[email protected]
3
Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional e Fisioterapia Hospitalar, trabalha
no NASF Ananindeua, [email protected]
4
Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional, proprietária da Clínica Constante
Santé, caroline@centrodeposgraduacao
RESUMO
O envelhecimento é um processo natural, conhecido por senilidade.
Esse processo leva ao aparecimento de hipercromias, pele seca, diminuição da
flexibilidade, aprofundamento de rugas e baixa resistência da pele. Várias
substâncias químicas podem ser utilizadas para o tratamento dessas
alterações, podendo associar ao peeling mecânico, conhecido como
microdermoabrasão. Diante da variedade de técnicas utilizadas atualmente na
prática clínica, o objetivo do presente estudo é comparar os resultados do uso
do peeling químico através da aplicação do ácido mandélico à 30%, do
microdermoabrasão e, da associação das duas técnicas no tratamento de
rejuvenescimento e oleosidade facial em mulheres de 40 a 60 anos de idade,
através da análise do Questionário de Baumann. A pesquisa caracterizou-se
como ensaio clínico autocontrolado, randomizado, onde participaram 16
mulheres entre 40 a 60 anos de idade que optaram de forma voluntária a
participarem da pesquisa. Com este estudo tornou-se possível identificar
resultados mais satisfatórios com relação à pigmentação da pele, utilizando de
forma isolada o ácido mandélico á 30% ou o microdermoabrasão. Em relação
à hidratação, tendência às rugas e sensibilidade, o peeling químico com ácido
mandélico a 30% associado ao microdermoabrasão obteve resultados mais
satisfatórios.
Palavras chaves: Peeling. Peeling Químico. Microdemoabrasão.
ABSTRACT
Aging is a natural process known as senescence. This process leads to
the appearance of hipercromies, dry skin, decreased flexibility, low depth of
wrinkles and skin resistance. Several chemicals may be used to treat these
changes may involve the mechanical peeling, known as microdermabrasion.
Given the variety of techniques currently used in clinical practice, the goal of
this study is to compare the results of using the chemical peel by applying
mandelic acid to 30%, and the microdermabrasion, the combination of two
techniques for treating and rejuvenating oils facial in women 40 to 60 years of
age, by analyzing the Questionnaire Baumann. The research was characterized
as self-controlled clinical trial, randomized, attended by 16 women between 40
and 60 years old who chose voluntarily to participate in the research. With this
study, it became possible to identify the most satisfactory results with respect to
skin pigmentation, in isolation using mandelic acid or 30% microdermabrasion.
Regarding hydration, sensitivity and tendency to wrinkle, chemical peeling with
30% mandelic acid associated with microdermabrasion got more results that
are satisfactory.
Keywords: Peeling. Chemical Peels. Microdermabrasion.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos 3 anos, uma série de novos peelings foram desenvolvidos
por diferentes autores, estes peelings utilizam a combinação de diferentes
substâncias químicas buscando o sinergismo durante o contato com a pele,
onde pesquisadores realizam estudos com o objetivo de determinar seus
efeitos (PIMENTEL; 2008).
As discromias são responsáveis pela diferença de tonalidades da pele,
que podem ser representadas por manchas mais claras (hipocromias) ou mais
escuras (hipercromias) do que a coloração da pele normal e produzem, na sua
maioria, um resultado estético desagradável (GONCHOROSKI; CORRÊA,
2005).
As hipercromias são anomalias de pigmentação, caracterizada pelo
aumento da concentração de melanina. As manchas melânicas ocorrem, em
geral, devido a um aumento da pigmentação local (CASTRO, 1997).
Essas manchas podem ocorrer devido ao envelhecimento, gravidez,
distúrbios endócrinos, tratamento hormonal e exposição solar. As radiações da
luz solar são as principais responsáveis pela maioria dessas anomalias, pois
quando a pele é exposta a luz do Sol, podem ocorrer reações que aumentam a
transferência de melanina para os queratinócitos, aumentando a pigmentação.
Os hormônios são a segunda causa para o acometimento dessa anomalia
(CASTRO, 1997; HERNÁNDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).
Segundo Porto (2005) diversas teorias se propõem a explicar os
fenômenos biológicos responsáveis pelo envelhecimento humano, mas
nenhuma é completa o bastante para serem universalmente aceitas, mesmo
aquelas baseadas no determinismo genético, embora haja fortes evidências
que o tempo de vida das espécies é geneticamente determinado.
Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos,
também chamado de senilidade, pode ser definido como um conjunto de
modificações fisiológicas irreversíveis, inevitáveis e consequente a uma
alteração da homeostasia (CUCÉ; FESTA, 2007).
Uma pele muito desidratada leva ao engrossamento do seu aspecto
córneo, processo conhecido como hiperqueratinização; esta se produz por um
menor grau de descamação das capas externas, devido a uma maior coesão
dos corneocitos entre si. Traduz-se num aspecto externo muito característico
da pele seca: aspereza ao tato, pouca flexibilidade, aprofundamento de rugas
(ESTEVE, 1990; LEVEQUE, 1997; MÚCIO, 2008).
Enquanto a pele hidratada, resulta no aumento da síntese e do
metabolismo do DNA basal, diminuindo a espessura do estrato córneo, pois
ocorre um desprendimento dos corneócitos nas camadas inferiores e em
formação do estrato córneo, imediatamente acima do estrato granuloso
(ESTEVE, 1990; LEVEQUE, 1997; MÚCIO, 2008).
Em relação à resistência da pele, existem indivíduos que não toleram o
tratamento com ácidos. Porém, essas reações podem ser devidas ao baixo
valor de pH das formulações, ao próprio ácido, e/ou ao álcali orgânico ou
inorgânico utilizado na neutralização parcial (HERMITTE, 1992).
Várias substâncias podem ser utilizadas para o tratamento, tanto
sozinhas quanto associadas. Podemos citar a hidroquinona, o ácido glicólico,
ácido retinóico, ácido kójico, entre outros (GONCHOSKI; CORRÊA, 2005).
O peeling mecânico, conhecido como microdermoabrasão, é uma
técnica bastante utilizada na prática clínica no tratamento do rejuvenescimento
e da oleosidade facial. Segundo Borges (2006), a microdermoabrasão é uma
técnica de esfoliação não cirúrgica, passível de controle, podendo ser
executada de forma não invasiva, sendo inúmeras suas indicações que têm por
base o incremento da mitose celular fisiológica, suscitando efeitos como
atenuação de rugas superficiais, afinamento do tecido epitelial preparando-o
para tratamentos de revitalização e proporcionando uma textura fina e saudável
através do incremento de proteínas de colágeno, elastina e reticulina, sequelas
de acne, clareamento das camadas mais superficiais da epiderme, foliculite e
estrias, sendo contra-indicadas lesões tegumentares acompanhadas de
processo inflamatório.
Diante da variedade de substâncias, equipamentos e associações de
diferentes técnicas utilizadas atualmente na prática clínica no tratamento facial,
o objetivo do presente estudo, buscou investigar o uso de peeling químico de
ácido mandélico a 30%, do microdermoabrasão e da associação das duas
técnicas no tratamento do rejuvenescimento e da oleosidade facial, a fim de
nortear a prática clínica quanto à melhor indicação para cada uma das
técnicas, tendo como base a classificação da pele das voluntárias, através do
questionário de Baumann.
2 METODOLOGIA
A pesquisa trata-se de um ensaio clínico autocontrolado, randomizado,
desenvolvida em uma clínica particular de estética, localizada na Rua
Generalíssimo Deodoro, 1887, no Bairro Nazaré na Cidade de Belém e, na
Clínica-escola de Fisioterapia Dermato-funcional da Escola Superior da
Amazônia (ESAMAZ), localizada na travessa São Pedro, 443, no Bairro
Campina na Cidade de Belém.
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres
Humanos do Hospital de Clínicas Gaspar Viana, sendo aprovado com o
protoloco nº 188/2011.
A amostra foi constituída de 16 mulheres com idade entre 40 a 60 anos
que optaram de forma voluntária a participar da pesquisa, assinando o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os critérios de inclusão foram: voluntárias do gênero feminino, com
idade de 40 a 60 anos, alfabetizadas, que apresentassem manchas
hipercrômicas superficiais em região facial, rugas superficiais ou profundas,
pele oleosa, mista ou seca, fossem núliparas ou multíparas e, que não
estivessem realizando outro tipo de procedimento para o tratamento de
hipercromias.
Os critérios de exclusão foram: voluntárias com idade inferior a 40 anos
e superior a 60 anos de idade, analfabetas, que não apresentassem pigmentos
hipercrômicos em região facial, não apresentassem rugas superficiais ou
profundas, que estivesse realizando outro tipo de procedimento para o
tratamento de hipercromias, rugas, melanoma, carcinoma basocelular, rosácea,
lúpus, psoríase, doenças de pele ou infecção ativa; processos inflamatórios
ativos, doenças infectocontagiosas; herpes ativa; pacientes que fazem ou
fizeram o uso de isotretinoína; útero gravídico; cicatrizes recentes; pele
sensível; eritema solar; pós-depilação e hipersensibilidade ao ácido.
O processo de coleta de dados consistiu-se de um protocolo de
anamnese e avaliação. No protocolo de anamnese foram levantados os dados
relacionados à identificação, idade e história facial levando em consideração
qualquer tipo de intervenção para amenização da hipercromia facial, tais como:
uso de filtro solar ou cosméticos rejuvenescedores diariamente. Na avaliação
foram observados dados referentes à classificação quanto ao tipo de pele
(mista, seca, oleosa e normal), quanto ao fototipo (classificação de Fitzpatrick),
sensibilidade (normal, sensível, muito sensível, pouco sensível) e
envelhecimento, observando textura, coloração, discromias, presença de rugas
superficiais e profundas.
Ao final da avaliação, cada voluntária recebeu o questionário de
Baumann que foi preenchido em casa, com cautela, sendo orientada a trazer o
questionário respondido no dia da 1ª sessão de tratamento.
Em seguida, foi apresentada à voluntária uma caixa preta com uma
abertura superior para que, a mesma realizasse o sorteio do grupo o qual faria
parte. A caixa continha 3 papéis, onde estavam as letras A, B e C. Assim,
identificando qual grupo e procedimento a voluntária realizaria.
O grupo A foi composto por 5 voluntárias, que realizaram aplicação do
ácido mandélico a 30%, que após 5 minutos foi removido completamente. Foi
realizada 1 sessão por semana, totalizando 10 sessões de tratamento.
O grupo B foi composto com 5 voluntárias que foram submetidas a
aplicação de microdermoabrasão da marca HTM, sendo aplicado até o
surgimento de leve eritema. Foi realizada 1 sessão por semana, totalizando 10
sessões de tratamento.
O grupo C foi composto por 6 voluntárias que foram submetidas à
associação das duas técnicas utilizadas nos grupos A e B. Inicialmente foi
aplicado o microdermoabrasão da marca HTM até que fosse obtido um leve
eritema. Em seguida, aplicou-se o ácido mandélico a 30% por um tempo de 5
minutos, sendo posteriormente lavada a pele para a remoção completa do
ácido. Foi realizada 1 sessão por semana, totalizando 10 sessões de
tratamento.
Em todos os grupos, após a aplicação das técnicas foi aplicada O
procedimento uma máscara ultra suavizante da marca ADCOS® e o filtro solar
de toque seco com FPS 21 da marca ADCOS®.
Todas as voluntárias foram orientadas sobre os cuidados a serem
tomados, como: usar rotineiramente o filtro solar com fator de no mínimo 21,
renovando as aplicações de 3 em 3 horas; não se expor ao sol; não ficar em
contato com o fogo, principalmente no primeiro pós – peeling; não usar
produtos que contenham álcool; usar hidratante facial para cada tipo de pele
(normal, seca e oleosa), para minimizar a sensação de repuxamento, foram
orientadas a não friccionar a toalha na pele ao lavar o rosto.
No dia da última sessão, cada voluntária paciente recebeu um novo
questionário de Baumann, sendo orientada devolve-lo respondido após 15 dias.
A análise estatística foi aplicada através do programa Biostat 5.0, para
determinar o melhor teste estatístico. O teste escolhido foi o Kruskal-Wllis.
3 RESULTADOS
A amostra foi constituída por 16 participantes, do gênero feminino, com
média de idade de 48,1 anos de idade, sendo a mais nova com 40 anos de
idade e a mais velha com 60 anos de idade.
Com relação aos achados da anamnese nenhuma das participantes
havia se submetido à cirurgia plástica facial, apenas uma voluntária já havia
realizado procedimento de aplicação de toxina botulínica para tratamento de
rugas dinâmicas, 50% das voluntárias eram usuárias de cosmético anti-idade,
60% utilizavam filtro solar diariamente, 50% eram do fototipo III, 20% do
fototipo VI e 20% do fototipo II, de acordo com a sensibilidade 80%
apresentaram sensibilidade normal e 20% pouco sensível, quanto aos tipos de
pele, 70% apresentam pele oleosa, 10% mista, 10% lipídica e 10% eudérmica.
Todas as voluntárias apresentam discromias.
De acordo com os achados do Questionário de Baumann que foi
preenchido pelas voluntárias antes e após o tratamento em cada um dos
grupos, foi possível analisar o comportamento da pele com relação à
hidratação facial, pigmentação, tendência a rugas, comparando-se os achados
de antes de após o tratamento de cada um dos grupos.
A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de
Baumann quanto à Hidratação da Pele (Oleosa X Seca) entre os grupos A, B e
C antes e após o tratamento.
Gráfico 1 - Hidratação: Oleosa x Seca
Grupo A: Ácido mandélico (30%)
Grupo B: Microdermoabrasão
Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%)
O grupo que realizou a microdermoabrasão associado ao ácido mandélico a 30%,
apresentou melhor resultado apresentado diminuição da oleosidade superior em relação
aos grupos A e B, apesar deste resultado não ter sido considerado estatisticamente
significativo (p: =0.9151)
Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012.
A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de
Baumann quanto à Pigmentação da Pele (Pigmentada X Não pigmentada)
entre os grupos A, B e C antes e após o tratamento.
Gráfico 2 - Pigmentação: Pigmentada x Não pigmentada
40
35
30
25
20
15
10
5
0 A: Ácido mandélico (30%)
Grupo
Grupo B: Microdermoabrasão
Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%)
Com relação á pigmentação, foi observada que na amostra estudada os
grupos que melhor apresentam diminuição da pigmentação
estatisticamente foram os grupo A e B (p < 0.05), sugerindo que para
diminuição da pigmentação facial o uso das técnicas de forma isolada foi
mais eficaz do que quando utilizada em associação.
Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012.
A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de
Baumann quanto à Tendência a rugas (Enrugada X Firme) entre os grupos A,
B e C antes e após o tratamento.
Gráfico 3 - Tendência a rugas: Enrugada x Firme
Grupo A: Ácido mandélico (30%)
Grupo B: Microdermoabrasão
Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%)
O grupo que recebeu o ácido mandélico à 30% em associação a
microdermoabrasão (grupo C) apresentou melhora superior estatisticamente
significativa (p = 0.2269) da diminuição de rugas, sugerindo que esta técnica possa
ser mais adequada quando o objetivo é atenuação de rugas, comparado com as
técnicas utilizadas nos grupos A e B.
Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012.
A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de
Baumann quanto à Sensibilidade (Sensível X Resistente) entre os grupos A, B
e C antes e após o tratamento.
Gráfico 4 - Sensibilidade: Sensível x Resistente
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Antes
Depois
Grupo A
Grupo B
Grupo C
Grupo A: Ácido mandélico (30%)
Grupo B: Microdermoabrasão
Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%)
Quanto à sensibilidade da pele, foi observado que somente o grupo C apresentou
melhora significante estatisticamente (p<0,05). As voluntárias dos grupos A
e B praticamente não apresentaram alteração da sensibilidade da pele.
Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012.
4 DISCUSSÃO
O peeling é uma abrasão da pele promovida por ácidos, lixamento ou
laser. Ele visa à renovação da pele com base da descamação cutânea mais
superficial, ou seja, da epiderme e/ou derme (PIMENTEL, 2008).
A presente pesquisa buscou analisar os resultados de três técnicas,
sendo realizadas em três grupos assim divididos: peeling químico com ácido
mandélico a 30% (grupo A), microdermoabrasão (grupo B) e as duas técnicas
em associação (grupo C), na hidratação facial, na pigmentação, na
sensibilidade e na tendência a rugas facial, por meio do questionário de
Baumann que foi aplicado antes e após o tratamento.
Com relação à hidratação (gráfico 1), o grupo que realizou a
microdermoabrasão associado ao ácido mandélico a 30%, apresentou melhor
resultado apresentado diminuição da oleosidade superior em relação aos
grupos A e B, apesar deste resultado não ter sido considerado estatisticamente
significativo (p = 0.9151). Segundo Monteiro; (2009) a hidratação é importante
para manter a integridade da barreira cutânea. No entanto, o autor relata que o
peeling químico e/ou físico quando utilizado de forma isolada ou associado,
evita aumento da produção sebácea. De acordo com Pimentel (2008), o termo
hidratação está relacionado à melhora do turgor da pele, renovando as
camadas da pele obtendo aspecto mais jovem. Porém, esse termo foi utilizado
apenas em virtude de ser destacado no questionário, pois sabe-se que a
oleosidade está ligada à atividade das glândulas sebáceas, responsáveis pela
secreção do sebo, uma mistura de lipídeos, colesterol, proteínas, sais
inorgânicos e feromônios (TORTORA; GRABOWSKI, 2002).
Com relação à pigmentação (gráfico 2), foi observado que na amostra
estudada os grupos que melhor apresentaram diminuição da pigmentação
estatisticamente foram os grupo A e B (p < 0.05), sugerindo que para a
diminuição da pigmentação facial o uso das técnicas de forma isolada foi mais
eficaz do que quando utilizada em associação. Este achado corrobora com
Pimentel (2008) que relata que o ácido mandélico atua na inibição da síntese
de melanina bem como na melanina já depositada, ajudando na remoção dos
pigmentos hipercrômicos, e ainda com Borges (2006), o qual afirma que o
microdermoabrasão estimula o aumento da síntese protéica e fibroblastos
gerando neovascularização, normalizando gradativamente a pigmentação
epidérmica.
Segundo Villarejo e Sabatovich (2009), o melanócito é uma célula
localizada na camada basal da epiderme, responsável pela produção de
melanina, um pigmento acastanhado, que em parte dá cor a pele. Segundo
Andrade e Da Silva (2012), o peeling utilizado de forma isolada (ácido
mandélico ou microdermoabrasão) causam menor irritação, sendo menos
estimuladores da atividade melanótica. Esclarecendo que, talvez seja esse o
motivo pelo qual o Grupo C (ácido mandélico + microdermoabrasão), obteve
resultado menos satisfatório que os demais grupos.
Ao analisar as respostas dos indivíduos sobre os procedimentos de
cada um dos grupos com relação à tendência a rugas (gráfico 3), foi observado
que o grupo que recebeu o ácido mandélico à 30% em associação ao
microdermoabrasão (grupo C) apresentou melhora superior estatisticamente
significativa (p = 0.2269) da diminuição de rugas, sugerindo que esta técnica
possa ser mais adequada quando o objetivo é atenuação de rugas, comparado
com as técnicas utilizadas nos grupos A e B. Este achado vai ao encontro do
pensamento de diversos autores. Segundo Pimentel (2008) o ácido mandélico
possui boa ação em rugas superficiais, melhorando a textura da pele. Para
Borges (2006) o microdermoabrasão proporciona uma textura fina e saudável
da pele através do incremento de proteínas de colágeno, elastina e reticulina,
atenuando o envelhecimento dérmico. E, ainda, para Mitchel (1996) o
microdermoabrasão aumenta a permeabilidade cutânea, aumentando a
penetração do peeling químico. Dessa forma, com a permeabilidade cutânea
aumentada os efeitos do ácido mandélico podem ter sido potencializados pela
associação ao microdermoabrasão, justificando seus resultados positivos na
atenuação das rugas dos indivíduos do grupo C (ácido mandélico +
microdermoabrasão).
Quanto à sensibilidade da pele, foi observado que somente o grupo C
apresentou melhora (gráfico 4), significante estatisticamente (p<0,05). As
voluntárias dos grupos A e B praticamente não apresentaram alteração da
sensibilidade da pele. Entretanto, Monteiro (2009) descreve que o manejo
terapêutico, tanto do peeling químico quanto do peeling físico, ocasiona uma
alteração da barreira epidérmica, levando a uma alteração de sensibilidade,
deixando a pele mais irritada.
O presente estudo observou que os indivíduos submetidos ao peeling
químico com ácido mandélico a 30% em associação ao microdermoabrasão
(grupo C) obtiveram resultados mais satisfatórios com relação aos itens
avaliados – hidratação, tendência às rugas e sensibilidade quando comparados
com os achados finais dos grupos submetidos às duas técnicas isoladamente
(grupos A e B). Porém, é necessário destacar que, com relação à pigmentação
da pele, parece ser mais interessante lançar mão das técnicas de forma
isolada. O Ácido Mandélico em especial, é um ácido que tem sido muito
utilizado como despigmentante, por ser um produto seguro para todos os tipos
de pele, comparado aos outros ácidos, causa menor irritação e seus resultados
são rápidos e permanecem por longos períodos (Andrade; Da Silva, 2012).
Com relação à hiperpigmentação, o ácido mandélico inibe síntese da melanina,
e também a melanina já depositada na pele, agindo assim na remoção dos
pigmentos
hipercrômicos
(PIMENTEL,
2008).
Em
relação
ao
microdermoabrasão, Barba e Ribeiro (2009) realizaram um estudo onde, foi
observado que 50% dos indivíduos submetidos ao peeling mecânico
apresentou melhora na aparência da face de acordo com a opinião de
terceiros.
5 CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos desta pesquisa, nas comparações pré e
pós-tratamento, com ácido mandélico á 30%, microdermoabrasão e a
associação das técnicas, o presente estudo observou que os indivíduos
submetidos ao peeling químico com ácido mandélico a 30% em associação ao
microdermoabrasão obtiveram resultados positivos na melhora da olesidade,
atenuação de rugas e da sensibilidade facial, enquanto, que os grupos
submetidos às técnicas de forma isoladas obtiveram resultados superiores na
suavização das discromias faciais, sugerindo um melhor desempenho na
suavização da pigmentação quando se utiliza técnicas menos agressivas.
Entretanto, em virtude do tamanho reduzido das amostras e da análise
qualitativa dos dados, não é possível inferir esses achados para a população
em geral, sendo necessário o desenvolvimento de estudos com amostras
maiores e análises quantitativas dos resultados a fim de se obter achados mais
concretos.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, L. F e DA SILVA, T. O. Ação do ácido mandélico sobre o
melanócito. Enigmas da dor. Londrina – PR; VI Congresso Multiprofissional
em Saúde, 2012.
BORGES, F. S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções
estéticas. São Paulo: Phorte, 2006.
CASTRO A, C.; PIMENTEL, L.C.; DORANTE, I. Tratamento da
hiperpigmentação: uva-usina versus hidroquinona. Cosmetics & Toiletries,
São Paulo, v.9, 1997.
CUCÉ, L. C.; FESTA N., Cyro. Manual de dermatologia. 2.ed. São Paulo:
Atheneu, 2001.
ESTEVE, M. M. Estudo de um complexo ativo para prevenção do
envelhecimento cutâneo. Cosmet. Toiletries (ed. português), 1990.
GONCHOROSKI, D. D.; CORRÊA, G. M. Tratamento de hipercromia pósinflamatória com diferentes formulações clareadoras. Revista Infarma. Rio
grande do Sul, v.17, nº 3, 2005.
GUIMARÃES, N. A. Farmacologia Dermatológica. In SILVA, Penildo.
Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
HERMITTE, R. Aged Skin, retinoids, and alpha hydroxy acids. Cosmet.
Toiletries, v.107, 1992.
HERNANDEZ, M.; MERCIER-FRESNEL, M. M. Manual de cosmetologia. 3ed
Rio de Janeiro, Revinter, 1999.
PIMENTEL, A. S. Peeling, máscara e acne: seus tipos e passo a passo do
tratamento estético. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2008.
LEVEQUE, J. L. Caracterização biofísica do fotoenvelhecimento cutâneo.
Cosméticos On Line, n. 106, 1997.
LUNARDI, G. M. Hidratação cutânea. Porto Alegre: Faculdade de Farmácia,
UFRGS,1997. Monografia de Conclusão da Disciplina de Estágio Curricular em
Farmácia.
MITCHEL, R. N. A pele. In: ROBBINS, S. L. et al. Patologia Estrutural e
Funcional. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
MÚCIO, J. P.; RIAN, P. C. E.; PEDRO, C. B. Ceratoacantoma após peeling
profundo com fenol. Ed. Brasília méd, 2008.
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.
TEDESCO I. O; ADRIANO, J; SILVA, D. Produtos Cosméticos
Despigmentantes Nacionais, disponíveis no mercado. Universidade do Vale
do Itajaí, Balneário Comboirú, SC, UNIVALI, 2007.
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Princípios de anatomia e fisiologia,
Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2002.

Documentos relacionados