O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento
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O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento
O Uso de Peeling Químico e Mecânico no Tratamento do Rejuvenescimento e da Oleosidade Facial The Use of Chemical Peels and Mechanical Treatment of Facial Rejuvenation and Oiliness Aline Tavares COUTO1 Catharine de Almeida VALLE2 Mayara Caroline de Menezes GOMES3 Caroline Santos CONSTANTE 4 1 Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional, Acupuntura e formação em RPG, trabalha na Clínica Spani Vendramim, [email protected] 2 Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional e formação em Pilates, [email protected] 3 Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional e Fisioterapia Hospitalar, trabalha no NASF Ananindeua, [email protected] 4 Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermato-funcional, proprietária da Clínica Constante Santé, caroline@centrodeposgraduacao RESUMO O envelhecimento é um processo natural, conhecido por senilidade. Esse processo leva ao aparecimento de hipercromias, pele seca, diminuição da flexibilidade, aprofundamento de rugas e baixa resistência da pele. Várias substâncias químicas podem ser utilizadas para o tratamento dessas alterações, podendo associar ao peeling mecânico, conhecido como microdermoabrasão. Diante da variedade de técnicas utilizadas atualmente na prática clínica, o objetivo do presente estudo é comparar os resultados do uso do peeling químico através da aplicação do ácido mandélico à 30%, do microdermoabrasão e, da associação das duas técnicas no tratamento de rejuvenescimento e oleosidade facial em mulheres de 40 a 60 anos de idade, através da análise do Questionário de Baumann. A pesquisa caracterizou-se como ensaio clínico autocontrolado, randomizado, onde participaram 16 mulheres entre 40 a 60 anos de idade que optaram de forma voluntária a participarem da pesquisa. Com este estudo tornou-se possível identificar resultados mais satisfatórios com relação à pigmentação da pele, utilizando de forma isolada o ácido mandélico á 30% ou o microdermoabrasão. Em relação à hidratação, tendência às rugas e sensibilidade, o peeling químico com ácido mandélico a 30% associado ao microdermoabrasão obteve resultados mais satisfatórios. Palavras chaves: Peeling. Peeling Químico. Microdemoabrasão. ABSTRACT Aging is a natural process known as senescence. This process leads to the appearance of hipercromies, dry skin, decreased flexibility, low depth of wrinkles and skin resistance. Several chemicals may be used to treat these changes may involve the mechanical peeling, known as microdermabrasion. Given the variety of techniques currently used in clinical practice, the goal of this study is to compare the results of using the chemical peel by applying mandelic acid to 30%, and the microdermabrasion, the combination of two techniques for treating and rejuvenating oils facial in women 40 to 60 years of age, by analyzing the Questionnaire Baumann. The research was characterized as self-controlled clinical trial, randomized, attended by 16 women between 40 and 60 years old who chose voluntarily to participate in the research. With this study, it became possible to identify the most satisfactory results with respect to skin pigmentation, in isolation using mandelic acid or 30% microdermabrasion. Regarding hydration, sensitivity and tendency to wrinkle, chemical peeling with 30% mandelic acid associated with microdermabrasion got more results that are satisfactory. Keywords: Peeling. Chemical Peels. Microdermabrasion. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos 3 anos, uma série de novos peelings foram desenvolvidos por diferentes autores, estes peelings utilizam a combinação de diferentes substâncias químicas buscando o sinergismo durante o contato com a pele, onde pesquisadores realizam estudos com o objetivo de determinar seus efeitos (PIMENTEL; 2008). As discromias são responsáveis pela diferença de tonalidades da pele, que podem ser representadas por manchas mais claras (hipocromias) ou mais escuras (hipercromias) do que a coloração da pele normal e produzem, na sua maioria, um resultado estético desagradável (GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005). As hipercromias são anomalias de pigmentação, caracterizada pelo aumento da concentração de melanina. As manchas melânicas ocorrem, em geral, devido a um aumento da pigmentação local (CASTRO, 1997). Essas manchas podem ocorrer devido ao envelhecimento, gravidez, distúrbios endócrinos, tratamento hormonal e exposição solar. As radiações da luz solar são as principais responsáveis pela maioria dessas anomalias, pois quando a pele é exposta a luz do Sol, podem ocorrer reações que aumentam a transferência de melanina para os queratinócitos, aumentando a pigmentação. Os hormônios são a segunda causa para o acometimento dessa anomalia (CASTRO, 1997; HERNÁNDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999). Segundo Porto (2005) diversas teorias se propõem a explicar os fenômenos biológicos responsáveis pelo envelhecimento humano, mas nenhuma é completa o bastante para serem universalmente aceitas, mesmo aquelas baseadas no determinismo genético, embora haja fortes evidências que o tempo de vida das espécies é geneticamente determinado. Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos, também chamado de senilidade, pode ser definido como um conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis, inevitáveis e consequente a uma alteração da homeostasia (CUCÉ; FESTA, 2007). Uma pele muito desidratada leva ao engrossamento do seu aspecto córneo, processo conhecido como hiperqueratinização; esta se produz por um menor grau de descamação das capas externas, devido a uma maior coesão dos corneocitos entre si. Traduz-se num aspecto externo muito característico da pele seca: aspereza ao tato, pouca flexibilidade, aprofundamento de rugas (ESTEVE, 1990; LEVEQUE, 1997; MÚCIO, 2008). Enquanto a pele hidratada, resulta no aumento da síntese e do metabolismo do DNA basal, diminuindo a espessura do estrato córneo, pois ocorre um desprendimento dos corneócitos nas camadas inferiores e em formação do estrato córneo, imediatamente acima do estrato granuloso (ESTEVE, 1990; LEVEQUE, 1997; MÚCIO, 2008). Em relação à resistência da pele, existem indivíduos que não toleram o tratamento com ácidos. Porém, essas reações podem ser devidas ao baixo valor de pH das formulações, ao próprio ácido, e/ou ao álcali orgânico ou inorgânico utilizado na neutralização parcial (HERMITTE, 1992). Várias substâncias podem ser utilizadas para o tratamento, tanto sozinhas quanto associadas. Podemos citar a hidroquinona, o ácido glicólico, ácido retinóico, ácido kójico, entre outros (GONCHOSKI; CORRÊA, 2005). O peeling mecânico, conhecido como microdermoabrasão, é uma técnica bastante utilizada na prática clínica no tratamento do rejuvenescimento e da oleosidade facial. Segundo Borges (2006), a microdermoabrasão é uma técnica de esfoliação não cirúrgica, passível de controle, podendo ser executada de forma não invasiva, sendo inúmeras suas indicações que têm por base o incremento da mitose celular fisiológica, suscitando efeitos como atenuação de rugas superficiais, afinamento do tecido epitelial preparando-o para tratamentos de revitalização e proporcionando uma textura fina e saudável através do incremento de proteínas de colágeno, elastina e reticulina, sequelas de acne, clareamento das camadas mais superficiais da epiderme, foliculite e estrias, sendo contra-indicadas lesões tegumentares acompanhadas de processo inflamatório. Diante da variedade de substâncias, equipamentos e associações de diferentes técnicas utilizadas atualmente na prática clínica no tratamento facial, o objetivo do presente estudo, buscou investigar o uso de peeling químico de ácido mandélico a 30%, do microdermoabrasão e da associação das duas técnicas no tratamento do rejuvenescimento e da oleosidade facial, a fim de nortear a prática clínica quanto à melhor indicação para cada uma das técnicas, tendo como base a classificação da pele das voluntárias, através do questionário de Baumann. 2 METODOLOGIA A pesquisa trata-se de um ensaio clínico autocontrolado, randomizado, desenvolvida em uma clínica particular de estética, localizada na Rua Generalíssimo Deodoro, 1887, no Bairro Nazaré na Cidade de Belém e, na Clínica-escola de Fisioterapia Dermato-funcional da Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), localizada na travessa São Pedro, 443, no Bairro Campina na Cidade de Belém. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do Hospital de Clínicas Gaspar Viana, sendo aprovado com o protoloco nº 188/2011. A amostra foi constituída de 16 mulheres com idade entre 40 a 60 anos que optaram de forma voluntária a participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de inclusão foram: voluntárias do gênero feminino, com idade de 40 a 60 anos, alfabetizadas, que apresentassem manchas hipercrômicas superficiais em região facial, rugas superficiais ou profundas, pele oleosa, mista ou seca, fossem núliparas ou multíparas e, que não estivessem realizando outro tipo de procedimento para o tratamento de hipercromias. Os critérios de exclusão foram: voluntárias com idade inferior a 40 anos e superior a 60 anos de idade, analfabetas, que não apresentassem pigmentos hipercrômicos em região facial, não apresentassem rugas superficiais ou profundas, que estivesse realizando outro tipo de procedimento para o tratamento de hipercromias, rugas, melanoma, carcinoma basocelular, rosácea, lúpus, psoríase, doenças de pele ou infecção ativa; processos inflamatórios ativos, doenças infectocontagiosas; herpes ativa; pacientes que fazem ou fizeram o uso de isotretinoína; útero gravídico; cicatrizes recentes; pele sensível; eritema solar; pós-depilação e hipersensibilidade ao ácido. O processo de coleta de dados consistiu-se de um protocolo de anamnese e avaliação. No protocolo de anamnese foram levantados os dados relacionados à identificação, idade e história facial levando em consideração qualquer tipo de intervenção para amenização da hipercromia facial, tais como: uso de filtro solar ou cosméticos rejuvenescedores diariamente. Na avaliação foram observados dados referentes à classificação quanto ao tipo de pele (mista, seca, oleosa e normal), quanto ao fototipo (classificação de Fitzpatrick), sensibilidade (normal, sensível, muito sensível, pouco sensível) e envelhecimento, observando textura, coloração, discromias, presença de rugas superficiais e profundas. Ao final da avaliação, cada voluntária recebeu o questionário de Baumann que foi preenchido em casa, com cautela, sendo orientada a trazer o questionário respondido no dia da 1ª sessão de tratamento. Em seguida, foi apresentada à voluntária uma caixa preta com uma abertura superior para que, a mesma realizasse o sorteio do grupo o qual faria parte. A caixa continha 3 papéis, onde estavam as letras A, B e C. Assim, identificando qual grupo e procedimento a voluntária realizaria. O grupo A foi composto por 5 voluntárias, que realizaram aplicação do ácido mandélico a 30%, que após 5 minutos foi removido completamente. Foi realizada 1 sessão por semana, totalizando 10 sessões de tratamento. O grupo B foi composto com 5 voluntárias que foram submetidas a aplicação de microdermoabrasão da marca HTM, sendo aplicado até o surgimento de leve eritema. Foi realizada 1 sessão por semana, totalizando 10 sessões de tratamento. O grupo C foi composto por 6 voluntárias que foram submetidas à associação das duas técnicas utilizadas nos grupos A e B. Inicialmente foi aplicado o microdermoabrasão da marca HTM até que fosse obtido um leve eritema. Em seguida, aplicou-se o ácido mandélico a 30% por um tempo de 5 minutos, sendo posteriormente lavada a pele para a remoção completa do ácido. Foi realizada 1 sessão por semana, totalizando 10 sessões de tratamento. Em todos os grupos, após a aplicação das técnicas foi aplicada O procedimento uma máscara ultra suavizante da marca ADCOS® e o filtro solar de toque seco com FPS 21 da marca ADCOS®. Todas as voluntárias foram orientadas sobre os cuidados a serem tomados, como: usar rotineiramente o filtro solar com fator de no mínimo 21, renovando as aplicações de 3 em 3 horas; não se expor ao sol; não ficar em contato com o fogo, principalmente no primeiro pós – peeling; não usar produtos que contenham álcool; usar hidratante facial para cada tipo de pele (normal, seca e oleosa), para minimizar a sensação de repuxamento, foram orientadas a não friccionar a toalha na pele ao lavar o rosto. No dia da última sessão, cada voluntária paciente recebeu um novo questionário de Baumann, sendo orientada devolve-lo respondido após 15 dias. A análise estatística foi aplicada através do programa Biostat 5.0, para determinar o melhor teste estatístico. O teste escolhido foi o Kruskal-Wllis. 3 RESULTADOS A amostra foi constituída por 16 participantes, do gênero feminino, com média de idade de 48,1 anos de idade, sendo a mais nova com 40 anos de idade e a mais velha com 60 anos de idade. Com relação aos achados da anamnese nenhuma das participantes havia se submetido à cirurgia plástica facial, apenas uma voluntária já havia realizado procedimento de aplicação de toxina botulínica para tratamento de rugas dinâmicas, 50% das voluntárias eram usuárias de cosmético anti-idade, 60% utilizavam filtro solar diariamente, 50% eram do fototipo III, 20% do fototipo VI e 20% do fototipo II, de acordo com a sensibilidade 80% apresentaram sensibilidade normal e 20% pouco sensível, quanto aos tipos de pele, 70% apresentam pele oleosa, 10% mista, 10% lipídica e 10% eudérmica. Todas as voluntárias apresentam discromias. De acordo com os achados do Questionário de Baumann que foi preenchido pelas voluntárias antes e após o tratamento em cada um dos grupos, foi possível analisar o comportamento da pele com relação à hidratação facial, pigmentação, tendência a rugas, comparando-se os achados de antes de após o tratamento de cada um dos grupos. A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de Baumann quanto à Hidratação da Pele (Oleosa X Seca) entre os grupos A, B e C antes e após o tratamento. Gráfico 1 - Hidratação: Oleosa x Seca Grupo A: Ácido mandélico (30%) Grupo B: Microdermoabrasão Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%) O grupo que realizou a microdermoabrasão associado ao ácido mandélico a 30%, apresentou melhor resultado apresentado diminuição da oleosidade superior em relação aos grupos A e B, apesar deste resultado não ter sido considerado estatisticamente significativo (p: =0.9151) Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012. A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de Baumann quanto à Pigmentação da Pele (Pigmentada X Não pigmentada) entre os grupos A, B e C antes e após o tratamento. Gráfico 2 - Pigmentação: Pigmentada x Não pigmentada 40 35 30 25 20 15 10 5 0 A: Ácido mandélico (30%) Grupo Grupo B: Microdermoabrasão Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%) Com relação á pigmentação, foi observada que na amostra estudada os grupos que melhor apresentam diminuição da pigmentação estatisticamente foram os grupo A e B (p < 0.05), sugerindo que para diminuição da pigmentação facial o uso das técnicas de forma isolada foi mais eficaz do que quando utilizada em associação. Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012. A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de Baumann quanto à Tendência a rugas (Enrugada X Firme) entre os grupos A, B e C antes e após o tratamento. Gráfico 3 - Tendência a rugas: Enrugada x Firme Grupo A: Ácido mandélico (30%) Grupo B: Microdermoabrasão Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%) O grupo que recebeu o ácido mandélico à 30% em associação a microdermoabrasão (grupo C) apresentou melhora superior estatisticamente significativa (p = 0.2269) da diminuição de rugas, sugerindo que esta técnica possa ser mais adequada quando o objetivo é atenuação de rugas, comparado com as técnicas utilizadas nos grupos A e B. Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012. A comparação dos resultados de acordo com o Questionário de Baumann quanto à Sensibilidade (Sensível X Resistente) entre os grupos A, B e C antes e após o tratamento. Gráfico 4 - Sensibilidade: Sensível x Resistente 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Antes Depois Grupo A Grupo B Grupo C Grupo A: Ácido mandélico (30%) Grupo B: Microdermoabrasão Grupo C: Microdermoabrasão + Ácido mandélico (30%) Quanto à sensibilidade da pele, foi observado que somente o grupo C apresentou melhora significante estatisticamente (p<0,05). As voluntárias dos grupos A e B praticamente não apresentaram alteração da sensibilidade da pele. Fonte: COUTO; VALLE; GOMES; CONSTANTE, 2012. 4 DISCUSSÃO O peeling é uma abrasão da pele promovida por ácidos, lixamento ou laser. Ele visa à renovação da pele com base da descamação cutânea mais superficial, ou seja, da epiderme e/ou derme (PIMENTEL, 2008). A presente pesquisa buscou analisar os resultados de três técnicas, sendo realizadas em três grupos assim divididos: peeling químico com ácido mandélico a 30% (grupo A), microdermoabrasão (grupo B) e as duas técnicas em associação (grupo C), na hidratação facial, na pigmentação, na sensibilidade e na tendência a rugas facial, por meio do questionário de Baumann que foi aplicado antes e após o tratamento. Com relação à hidratação (gráfico 1), o grupo que realizou a microdermoabrasão associado ao ácido mandélico a 30%, apresentou melhor resultado apresentado diminuição da oleosidade superior em relação aos grupos A e B, apesar deste resultado não ter sido considerado estatisticamente significativo (p = 0.9151). Segundo Monteiro; (2009) a hidratação é importante para manter a integridade da barreira cutânea. No entanto, o autor relata que o peeling químico e/ou físico quando utilizado de forma isolada ou associado, evita aumento da produção sebácea. De acordo com Pimentel (2008), o termo hidratação está relacionado à melhora do turgor da pele, renovando as camadas da pele obtendo aspecto mais jovem. Porém, esse termo foi utilizado apenas em virtude de ser destacado no questionário, pois sabe-se que a oleosidade está ligada à atividade das glândulas sebáceas, responsáveis pela secreção do sebo, uma mistura de lipídeos, colesterol, proteínas, sais inorgânicos e feromônios (TORTORA; GRABOWSKI, 2002). Com relação à pigmentação (gráfico 2), foi observado que na amostra estudada os grupos que melhor apresentaram diminuição da pigmentação estatisticamente foram os grupo A e B (p < 0.05), sugerindo que para a diminuição da pigmentação facial o uso das técnicas de forma isolada foi mais eficaz do que quando utilizada em associação. Este achado corrobora com Pimentel (2008) que relata que o ácido mandélico atua na inibição da síntese de melanina bem como na melanina já depositada, ajudando na remoção dos pigmentos hipercrômicos, e ainda com Borges (2006), o qual afirma que o microdermoabrasão estimula o aumento da síntese protéica e fibroblastos gerando neovascularização, normalizando gradativamente a pigmentação epidérmica. Segundo Villarejo e Sabatovich (2009), o melanócito é uma célula localizada na camada basal da epiderme, responsável pela produção de melanina, um pigmento acastanhado, que em parte dá cor a pele. Segundo Andrade e Da Silva (2012), o peeling utilizado de forma isolada (ácido mandélico ou microdermoabrasão) causam menor irritação, sendo menos estimuladores da atividade melanótica. Esclarecendo que, talvez seja esse o motivo pelo qual o Grupo C (ácido mandélico + microdermoabrasão), obteve resultado menos satisfatório que os demais grupos. Ao analisar as respostas dos indivíduos sobre os procedimentos de cada um dos grupos com relação à tendência a rugas (gráfico 3), foi observado que o grupo que recebeu o ácido mandélico à 30% em associação ao microdermoabrasão (grupo C) apresentou melhora superior estatisticamente significativa (p = 0.2269) da diminuição de rugas, sugerindo que esta técnica possa ser mais adequada quando o objetivo é atenuação de rugas, comparado com as técnicas utilizadas nos grupos A e B. Este achado vai ao encontro do pensamento de diversos autores. Segundo Pimentel (2008) o ácido mandélico possui boa ação em rugas superficiais, melhorando a textura da pele. Para Borges (2006) o microdermoabrasão proporciona uma textura fina e saudável da pele através do incremento de proteínas de colágeno, elastina e reticulina, atenuando o envelhecimento dérmico. E, ainda, para Mitchel (1996) o microdermoabrasão aumenta a permeabilidade cutânea, aumentando a penetração do peeling químico. Dessa forma, com a permeabilidade cutânea aumentada os efeitos do ácido mandélico podem ter sido potencializados pela associação ao microdermoabrasão, justificando seus resultados positivos na atenuação das rugas dos indivíduos do grupo C (ácido mandélico + microdermoabrasão). Quanto à sensibilidade da pele, foi observado que somente o grupo C apresentou melhora (gráfico 4), significante estatisticamente (p<0,05). As voluntárias dos grupos A e B praticamente não apresentaram alteração da sensibilidade da pele. Entretanto, Monteiro (2009) descreve que o manejo terapêutico, tanto do peeling químico quanto do peeling físico, ocasiona uma alteração da barreira epidérmica, levando a uma alteração de sensibilidade, deixando a pele mais irritada. O presente estudo observou que os indivíduos submetidos ao peeling químico com ácido mandélico a 30% em associação ao microdermoabrasão (grupo C) obtiveram resultados mais satisfatórios com relação aos itens avaliados – hidratação, tendência às rugas e sensibilidade quando comparados com os achados finais dos grupos submetidos às duas técnicas isoladamente (grupos A e B). Porém, é necessário destacar que, com relação à pigmentação da pele, parece ser mais interessante lançar mão das técnicas de forma isolada. O Ácido Mandélico em especial, é um ácido que tem sido muito utilizado como despigmentante, por ser um produto seguro para todos os tipos de pele, comparado aos outros ácidos, causa menor irritação e seus resultados são rápidos e permanecem por longos períodos (Andrade; Da Silva, 2012). Com relação à hiperpigmentação, o ácido mandélico inibe síntese da melanina, e também a melanina já depositada na pele, agindo assim na remoção dos pigmentos hipercrômicos (PIMENTEL, 2008). Em relação ao microdermoabrasão, Barba e Ribeiro (2009) realizaram um estudo onde, foi observado que 50% dos indivíduos submetidos ao peeling mecânico apresentou melhora na aparência da face de acordo com a opinião de terceiros. 5 CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos desta pesquisa, nas comparações pré e pós-tratamento, com ácido mandélico á 30%, microdermoabrasão e a associação das técnicas, o presente estudo observou que os indivíduos submetidos ao peeling químico com ácido mandélico a 30% em associação ao microdermoabrasão obtiveram resultados positivos na melhora da olesidade, atenuação de rugas e da sensibilidade facial, enquanto, que os grupos submetidos às técnicas de forma isoladas obtiveram resultados superiores na suavização das discromias faciais, sugerindo um melhor desempenho na suavização da pigmentação quando se utiliza técnicas menos agressivas. Entretanto, em virtude do tamanho reduzido das amostras e da análise qualitativa dos dados, não é possível inferir esses achados para a população em geral, sendo necessário o desenvolvimento de estudos com amostras maiores e análises quantitativas dos resultados a fim de se obter achados mais concretos. REFERÊNCIAS ANDRADE, L. F e DA SILVA, T. O. Ação do ácido mandélico sobre o melanócito. Enigmas da dor. Londrina – PR; VI Congresso Multiprofissional em Saúde, 2012. BORGES, F. S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. CASTRO A, C.; PIMENTEL, L.C.; DORANTE, I. Tratamento da hiperpigmentação: uva-usina versus hidroquinona. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v.9, 1997. CUCÉ, L. C.; FESTA N., Cyro. Manual de dermatologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2001. ESTEVE, M. M. Estudo de um complexo ativo para prevenção do envelhecimento cutâneo. Cosmet. Toiletries (ed. português), 1990. GONCHOROSKI, D. D.; CORRÊA, G. M. 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