TI VERDE, A TECNOLOGIA SE TORNANDO SUSTENTÁVEL Green

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TI VERDE, A TECNOLOGIA SE TORNANDO SUSTENTÁVEL Green
TI VERDE, A TECNOLOGIA SE TORNANDO SUSTENTÁVEL
Green it, technology becoming sustainable
RODRIGO SLOMPO*
THIAGO EDUARDO AZEREDO **
RESUMO
Este artigo apresenta o tema TI Verde e tem como objetivo relatar os conceitos e
experiências em torno deste assunto, será demonstrado os principais pilares do
Green ICT Framework, a busca por eficiência energética e o descarte correto de
equipamentos eletrônicos.
Palavras-chave: TI Verde; Virtualização; Nuvem; Eficiência, Reciclagem,
Certificação Verde.
ABSTRACT
This paper presents the Green IT topic and aims to relate the concepts and
experiences surrounding this issue will be shown the main pillars of the Green ICT
Framework, the quest for energy efficiency and proper disposal of electronic
equipment.
Key words: Green IT; virtualization; cloud; Efficiency, Recycling, Green Certification.
1 – Introdução
A TI Verde (Tecnologia da Informação Verde), tem como objetivo implementar
práticas sustentáveis à área de TI. Trata-se de uma área preocupante, pois consome
muitos recursos como elétrico, financeiro e quando do descarte de equipamentos e
suprimentos, pode causar inúmeros danos ao meio ambiente como a contaminação
dos lençóis freáticos devido aos metais tóxicos que são liberados.
A implantação dos conceitos de TI Verde, além de buscar reduzir custos e
habituar os profissionais de TI às práticas benéficas para a empresa e o meio
ambiente, pode se explorar também o marketing positivo para as Empresas que
adotarem práticas ecologicamente corretas, estas serão mais bem vistas no
mercado de trabalho e na venda de seus produtos e serviços perante a sociedade
em geral. Apesar de um tema relativamente novo, TI Verde e Sustentabilidade tem
________________________________________
* Bacharel em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e aluno de Pós-Graduação em Gestão de TI da
Faculdade Cenecista de Campo Largo (FACECLA)
email: [email protected]
**Professor do curso de Pós-Graduação em Gestão da Tecnologia da Informação da Faculdade
Cenecista de Campo Largo (FACECLA).
email: [email protected]
ganha cada vez mais ênfase, uma série de documentações e frameworks, buscam
auxiliar na adoção de práticas verdes, esta disponível neste documento algumas
dessas práticas e também casos de sucessos.
2 – TI Verde
O conceito da TI Verde se enquadra em diversas formas de compromisso. No
campo ambiental o primeiro a vir a mente é como a TI pode gastar menos energia
para produzir ou processar uma quantidade cada vez maior de informações.
Felizmente, diversos avanços vêm sendo feitos nesse sentido, tanto pelos
fabricantes de hardware quanto pelos desenvolvedores de softwares nas mais
diversas camadas dos sistemas (HESS, 2008).
Na área social, a economia de energia também é importante, pois Data
Centers que consumam menos energia trarão menos impacto para a região onde
estão instalados, seja com relação ao sistema de refrigeração ou à necessidade de
instalação de estação de transmissão elétrica próxima ao local (HESS, 2008).
Tanto ambiental como social, fica claro o compromisso da empresa em
manter e melhorar a região na qual ela está instalada, cidade, estado ou país, pelo
bem de seus funcionários e de sua própria saúde financeira (HESS, 2008).
O volume de CO2 emitido anualmente na produção e uso de equipamentos de
TI, que era de 300 milhões de toneladas em 2002, passou para 900 milhões em
2007 e deverá chegar a 1,4 bilhão de toneladas em 2020, um crescimento de 370%
em 18 anos. Hoje, a TI é responsável, por cerca de 2% das emissões de CO2 total,
disputando com o setor aéreo o posto de indústria mais emissora do mundo. Do CO2
com origem em TI, 25% são gerados na produção de computadores e demais
periféricos e 75% resultam da energia gasta na sua utilização (JAYO, 2010).
Em relação à fabricação de computadores, já existem vários modelos que
alegam não utilizar metais pesados em sua fabricação. Alguns fabricantes estão
abandonando os plásticos e metais em troca de materiais naturais: como exemplo,
existe modelos de laptops com gabinete feito de fibras de bambu e madeira.
Além da redução de consumo, outro ponto importante é a virtualização, que
aumenta a eficiência dos processos computacionais. A virtualização já se tornou
parte obrigatória do portfólio das grandes empresas de TI. Como o valor da
virtualização em alta, os principais fabricantes de softwares de virtualização foram
adquiridos por grandes empresas (HESS, 2009).
E por último, o software, os programas têm avançado significativamente em
relação à otimização do processamento. Os softwares desenvolvidos de forma
colaborativa, chamados de softwares livres, têm crescido constantemente, e são a
última palavra em otimização (HESS, 2009).
2 - Green ICT Framework
TI Verde é um tema muito discutido, na indústria de tecnologia, porém é
necessário definições concretas sobre o tema, tornou-se difícil medir a eficácia da
implementação de TI Verde na organização.
Pensando nisso a Connection Research, um instituto de pesquisas ligadas a
sustentabilidade, atuante em vários países e com sede na Austrália, elaborou o
Green ICT Framework, que baseia-se em quatro pilares: Ciclo de vida dos
equipamentos, Usuário final, Empresa e DataCenter e Emissão de Carbono. A
Figura 2 ilustra os pilares do Green ICT Framwork (GRAEME Philipson, 2010).
Figura 1 Quadro Green ICT Framework
Fonte: GRAEME Philipson, 2010.
2.1 – Ciclo de vida dos equipamentos
Este pilar abrange a aquisição de equipamentos de TIC e eliminação ou
reciclagem no final de seu ciclo de vida, sempre preocupando-se com o descarte
correto, causando menor impacto ao meio ambiente.
Os Equipamentos de TIC, como todos os outros equipamentos, passam por
um ciclo de vida. É produzido, vendido, usados e reutilizados muitas vezes, em
seguida, por fim é descartado ou destruído (GRAEME Philipson, 2010).
2.1.1 – Aquisição
O processo de aquisição é, sem dúvida, o aspecto mais importante de uma
política verde, há dois aspectos a aquisição verde, a natureza do próprio
equipamento e da natureza dos fornecedores desse equipamento. O equipamento
pode seguir normas ambientais, inclui-se também valores ambientais do fornecedor
no projeto, sua conformidade com as leis ambientais e se o fornecedor recupera e
recicla equipamentos velhos coletados dos seus clientes (GRAEME Philipson,
2010).
2.1.2 – Reciclagem e Reutilização
Todas as organizações necessitam substituir seus equipamentos de TIC
periodicamente, algumas organizações substituem seus equipamentos com maior
frequência pois estas sempre precisam das últimas versões de hardware e software
para funcionar adequadamente.
Áreas da organização que realmente precisa de novo equipamento, pode repassar
seus equipamentos antigos para outras partes da organização com menos
atividades de missão crítica (GRAEME Philipson, 2010).
2.1.3 - Descarte
As práticas de eliminação ambientalmente sustentável, são anteriores ao
conceito de TI Verde, muitas organizações já possuíam uma consciência ambiental,
já sentiam a necessidade de reduzir os danos ambientais causados pelo lixo
eletrônico.
Nos últimos anos, o lixo eletrônico se tornou um grande negócio. A indústria
de reciclagem cresceu em torno das TIC e demais equipamentos eletrônicos são
vastas as possibilidades, como a extração de metais preciosos de circuitos
impressos ou em outros componentes. Em muitas localidades, as leis que
regulamentam o descarte de materiais foram ampliadas, tornando a eliminação
ecológica do lixo eletrônico obrigatório (GRAEME Philipson, 2010).
2.2 – Usuário final
O usuário final é parte do processo de TIC, este pilar se divide em quatro
partes: computação pessoal (desktop), computação pessoal (móvel), a computação
do departamento, e impressão e consumíveis. Para cada item temos diferentes
tecnologias e técnicas que podem reduzir o consumo de energia da organização e a
emissão de carbono (GRAEME Philipson, 2010).
2.2.1 - Computação Pessoal Desktop
Está é uma área importante em todos os tamanhos de empresa, esta área
pode fazer uma enorme diferença para consumo de energia,
várias técnicas de gestão de energia podem ser utilizadas, como por exemplo
utilização thin clients onde for possível (GRAEME Philipson, 2010).
2.2.2 – Computação Pessoal Móvel
Muitos usuários finais de sistemas de TIC não estão mais pressos em
equipamentos desktops, eles trabalham nos escritórios dos clientes, ou em suas
casas e para isso utilizam notebooks, smartphones e PDAs, estes dispositivos
também possuem uma série de considerações verdes que devem ser observadas
principalmente em sua aquisição (GRAEME Philipson, 2010).
2.2.3 – Computação de Departamento
Muitas das observações deste ítem são aplicadas também no próximo tópico,
computação empresarial. Os sistemas de computação departamentais são
tipicamente compostos por servidores, dispositivos de armazenamento e demais
periféricos que são instalados em centros de dados. Possuem na maioria das vezes
dimensão significativa, e são ineficientes no uso de energia e recursos, são o alvo
principal para a redução de energia (GRAEME Philipson, 2010).
2.2.4 – Impressão e consumo
Um dos principais consumidores de recursos é a impressão, seu consumo de
energia é ineficiente, consomem quantidades significativas de energia mesmo em
período ocioso, utilizam ainda materiais consumíveis como papel e toner ou tinta e
estes podem causar sérios problemas ambientais, tanto na sua produção quanto em
sua eliminação, as impressoras são dispositivos prejudiciais ao meio ambiente, pois
são volumosas, desenvolvidas a partir de materiais que são difíceis de reciclar ou
até mesmo tóxico, exigem ainda mais manutenção do que a maioria dos outros
dispositivos pois possuem muitas peças móveis. Estes problemas podem ser
minimizados simplesmente imprimindo menos (GRAEME Philipson, 2010).
2.3 – Computação em Empresas
Computação em Empresas possuí parte da função de TIC controladas por
um departamento específico de TIC, normalmente constituído por centro de dados,
redes, desenvolvimento de software e terceirização de serviços. Em organizações
de grande porte uma gestão eficiente dos equipamentos podem ser um dos
aspectos mais importantes da TI Verde (GRAEME Philipson, 2010).
2.3.1 – Data Center e Equipamentos
Os equipamentos mais importantes em um Datacenter são os servidores e os
dispositivos de armazenamento. Os servidores são geralmente os maiores
consumidores de energia, e esse consumo continua a aumentar à medida que os
processadores mais potentes são utilizados e o número de servidores aumenta
exponencialmente. Nos últimos dez anos, a média do consumo de energia de um
rack de servidores aumentou cinco vezes, levando em consideração também os
requisitos de arrefecimento.
Servidores e storages tornaram-se umas das principais tecnologias nos datacenters,
nos últimos anos tudo isso aliado a tecnologias de virtualização. A virtualização é
apontada por muitos como uma tecnologia para reduzir o consumo de energia, pois
reduz o número de dispositivos, mas na prática a maior parte dos dados de consumo
de energia continua subindo, porque os dispositivos são cada vez mais potentes,
consequentemente consomem mais eletricidade (GRAEME Philipson, 2010).
2.3.2 – Ambiente do datacenter
O ambiente do datacenter pode consumir mais energia do que os
equipamento de TIC dentro dele. Temos três aspectos principais:
1 - A fonte de alimentação: Os datacenters geralmente têm fontes de alimentação
dedicadas, em muitas casos de uma. Sua eficiência varia enormemente.
2 - Resfriamento e iluminação: Os equipamentos de TIC normalmente exigem uma
quantidade significativa de refrigeração, item este responsável por grande parte do
consumo de energia. A iluminação é também um fator.·
3 - O edifício que abriga o datacenter também pode influenciar no consumo de
energia como por exemplo o isolamento do ambiente, existe ainda vários outros
aspectos que devem ser observados (GRAEME Philipson, 2010).
2.3.3 – Rede e comunicação
Há um número de questões ambientais, especificamente ligados com
comunicação, incluindo:
1 - Local Área Networking - redes LANs, em muitas organizações as redes
consistem de uma coleção desordenada de cabos que consomem grandes
quantidades de energia e que contribuem para arrefecimento, um projeto de
cabeamento eficiente significa menor consumo de energia.
2 - Wide Atrea Networking – redes WANs, muitas organizações utilizanse de VPNs
(Rede privada virtual) que consiste em uma linhas de dados alugadas através da
Internet. As empresas não possuem o controle diretor sobre essas redes, seu uso
ineficiente contribui para o consumo geral de energia e aumenta a emissão de
carbono global.
3 - A comunicação sem fio – redes Wireless esta tecnologia não substituirá
totalmente a rede cabeada mas sua utilização está crescendo consideravelmente, as
comunicações sem fio podem ser ineficiente enquanto não estão sendo utilizados
(GRAEME Philipson, 2010).
2.3.4 – Terceirização e computação em nuvem
A terceirização tem sido muito discutida na área das TICs, e com o aumento
da preocupação com sustentabilidade, surgiu uma nova dimensão ao debate. Muitas
empresas estão preocupadas em construir centros de dados eficientes, em termos
energéticos, que permitam reduzir as emissões de carbono. Uma questão-chave
com a terceirização é que muitas vezes essas boas práticas da TI Verde são
negligenciadas pelas empresas contratadas. Outro fator de discussão é a questão
financeira é impossível dizer se a terceirização é um bom negócio ou não, se não é
conhecido o custo real do que está sendo terceirizado. Uma nova variável foi
adicionada ao debate sobre a terceirização, a computação em nuvem, onde o
processamento ocorre na em algum lugar, em uma "nuvem" na Internet, a
computação em nuvem não é considerada necessariamente uma terceirização, mas,
está tornando ainda mais complexo o debate (GRAEME Philipson, 2010).
2.3.5 – Arquitetura de Software
Muitas das discussões sobre TI Verde, refere-se apenas ao hardware, mas o
software também é um fator determinante, pois o hardware é dimensionado
pensando no software, dependendo do software, é determinado a arquitetura e a
capacidade do hardware necessário, consequentemente é responsável pelo
consumo de energia dos sistemas. Também a maneira como o software é
desenvolvido e utilizado, se seu código é ou não eficiente, tem consequências
diretas para o consumo de energia (GRAEME Philipson, 2010).
2.4 - TICs com baixa emissão de carbono
Cerca de 2 por cento das emissões de carbono do mundo, são provenientes
das TICs, principalmente através do uso de eletricidade, no funcionamento do
hardware. Isso significa que, mesmo com todos os esforços na diminuição da
emissão de carbono, as emissões globais cairiam apenas 1 por cento. Os reais
benefícios da TI Verde estão no uso de tecnologias que beneficiem as organizações
e a comunidade em geral, reduzindo suas emissões de carbono. Isso é abordado no
quarto pilar do quadro (GRAEME Philipson, 2010).
2.4.1 - Governança e Gestão
O tema das mudanças climáticas e questões relacionadas têm incentivado um
perfil voltado a sustentabilidade, cada vez mais, as corporações procuram agir de
forma ecológica e sustentável.
A Governança Corporativa é um termo que surgiu na última década, para
descrever o processo pelo qual as organizações, tenham uma gestão, não só em
termos de cumprimento das suas obrigações comuns, mas também envolvendo
seus acionistas, funcionários, e demais parceiros de negócios.
Existe uma maior consciência de que, quando se trata de meio ambiente,
todo mundo é interessado, e uma boa governança deve inclui também uma boa
gestão ambiental (GRAEME Philipson, 2010).
2.4.2 - Teletrabalho e colaboração
O termo "teletrabalho" abrange tecnologias e práticas para viabilizares o
trabalho à distância, ou trabalho remoto. Os benefícios de redução de carbono estão
sobretudo relacionadas com a não necessidade de viagens pessoais, se as pessoas
não tem que dirigir um carro ou pegar um avião para fazer o seu trabalho, elas estão
reduzindo a emissão de carbono, pois evitam a queima de combustível gerada por
essa viagem.
Entre as tecnologias, podemos citar, teleconferência, videoconferência e
telepresença (videoconferência em alta resolução).
As ferramentas de colaboração aliadas a técnicas para aumentar a
capacidade de um grupo de pessoas em trabalhar em conjunto, implicam em poder
compartilhar documentos, processos e informações, tornando-os mais eficientes e
reduzindo a necessidade de contato físico (GRAEME Philipson, 2010).
2.4.3 – Gerenciamento de Processo Empresarial
O
Gerenciamento
de
Processo
Empresarial
ou
Business
Process
Management (BPM) é o processo de melhorar as formas de uma organização ou de
um indivíduo desenvolver seus trabalhos, tornando-os mais eficientes.
O principal sentido refere-se a uma disciplina de gestão chamada BPM, que
normalmente é dividida em cinco fases: Desenho, Modelagem, Execução,
Monitoramento e Otimização. Refere-se ao processo global de gestão e melhoria de
processos de negócios e fornece ferramentas para modelagem de processos e
tecnologias possibilitem sua execução (GRAEME Philipson, 2010).
2.4.4 - Aplicações de Negócio
A maioria das organizações necessitam de aplicações de negócios baseadas
em TIC, entre os mais comuns temos os sistemas de gestão financeira da
Informação, gestão de planejamento e recursos, gestão de suprimentos e
fornecedores e relacionamento com clientes. Muitas organizações também possuem
aplicações específicas, mais especializadas, pensadas para proporcionar-lhes
vantagens competitivas. Os gestores buscam eficiência em todas as fases de cada
processo, pequenas melhorias podem ter um efeito significativo, por causa da escala
da operação. A TI Verde tem um papel muito importante na melhoria da eficiência de
muitos processos industriais e comerciais, como no processo de fabricação e
distribuição de energia elétrica e na engenharia e construção. Cada setor possuem
processos únicos que podem ser mais eficientes utilizando-se da tecnologia, e ser
eficiente significa ser verde (GRAEME Philipson, 2010).
2.4.5 - Gestão de Emissões de Carbono
A Gestão de Emissões de Carbono se concentra na gestão e redução de
emissões de carbono de uma organização. Inclui o uso de sistemas de tecnologia
projetados para reduzir a emissão de carbono. A aplicação dessas tecnologias
fornecem dados de emissão de gases de efeito estufa para a gerência executiva e
os reguladores.
À medida que o quadro regulamentar de emissões de carbono continua a evoluir,
essas ferramentas se tornam cada vez mais populares na gestão do ciclo de vida
das emissões de carbono. O mercado vai continuar a amadurecer e, provavelmente,
irá se consolidar, e softwares de Gestão de Emissões de Carbono se tornarão
componentes funcionais dentro do portfólio de aplicativos de muitas organizações
(GRAEME Philipson, 2010).
3 - Ações da TI Verde
No quadro em que temos os quatro pilares, temos também as "ações",
divididos em cinco componentes horizontais, sendo elas: atitude, políticas, práticas e
tecnologia e métricas. As quatro primeiras ações, (atitude, políticas, práticas e
tecnologia) podem ser aplicadas, através de cada um dos quatro pilares e métricas é
a gestão do todo (GRAEME Philipson, 2010).
3.1 – Atitude
Atitude descreve como pensamos, em vez de como agimos. Trata-se de
uma questão de atitude e cultura. É o ponto de partida necessário, um desejo e um
compromisso de mudança, seguido por ações que precisão ter sua eficácia medida.
Ter uma atitude positiva em relação a TI Verde é muito importante e essas atitudes
são mais eficazes se elas vêm da alta gestão (GRAEME Philipson, 2010).
3.2 – Política
Entre os aspectos políticos da TI Verde, estão técnicas para redução de
energia das TIC em toda a empresa. Devem incluir a comunicação dessas políticas,
sua execução, medição da eficácia e ainda estratégias de mitigação. Deve se
estabelecer políticas para garantir que a TI Verde torna-se um programa endossado
não apenas um projeto discreto (GRAEME Philipson, 2010).
3.3 – Prática
Prática se refere às técnicas e comportamento. Muitas práticas que os
indivíduos e as organizações podem adotar, contribuem diretamente para TI Verde.
A grande vantagem da maioria deles é que eles não custam nada, não envolvem a
compra de hardware ou software, mas sim a alteração de hábitos e mentalidades,
como exemplos podemos citar a ação de desligar PCs quando não está em uso,
reciclagem de papel da impressora, imprimir menos e utilizar equipamentos de TIC
por mais tempo, em vez de substituí-lo quando ele ainda é útil. Essas ações simples
são muitas vezes as mais eficazes (GRAEME Philipson, 2010).
3.4 - Tecnologia
Algumas pessoas quando se fala em TI Verde, pensam principalmente em
termos de tecnologia como thin clients, servidores virtualizados, impressoras duplex.
A melhor maneira na maioria dos casos de abordar questão da tecnologia verde é
levar todos os princípios verdes na administração do ciclo de reposição de
equipamentos. Os custos da nova tecnologia, simplesmente porque é mais verde,
são tais que muitas vezes não valem a pena, principalmente quando levamos em
conta o desperdício inerente a descartar o equipamento considerado velho,
enquanto ele ainda é útil (GRAEME Philipson, 2010).
3.5 – Métricas
As métricas são aplicadas entre os quatro pilares, porém abordada de
maneira diferente, escolher as ferramentas certas para medir, monitorar, gerenciar e
mitigar o consumo de energia e emissões de carbono, dentro e fora do
departamento de TIC, é fundamental para garantir que os projetos de TIC verdes
sejam bem sucedidos ao longo do tempo.
As métricas são divididas em quatro fases sendo elas:

Medir: Em muitos casos as métricas ou unidades de medida, não existem
tornando-se um problema é necessário identificar o que deve ser medido, e
quais são as unidades?

Monitor: É a medição contínua. A capacidade de medir qualquer processo ao
longo do tempo e determinar se está ou não melhorando.

Gerenciar: Tomando os resultados da medição e monitoramento, determinar o
que deve ser feito para melhorar o processo.

Mitigar: Gerenciar o processo de tal forma que ocorra uma melhoria
permanente no processo, normalmente representa uma mudança no
processo (GRAEME Philipson, 2010).
4 - Medindo a TI Verde
O próximo passo é a aplicação de métricas para cada aspecto do quadro,
medir o nível de capacidade de uma organização em seus diferentes aspectos. A
Research Connection faz isso através do uso de uma Capability Maturity Model
modificado (CMM) (GRAEME Philipson, 2010).
O conceito do CMM é muito utilizado na indústria de TIC para descrever o
nível de implementação de vários sistemas e define cinco níveis de maturidade.
Aplicando os cinco níveis CMM em cada um dos cinco aspectos de TI Verde, temos
uma estrutura útil para determinar a maturidade da estratégia de TI Verde de uma
organização. A Research Connection determina os níveis de maturidade através da
administração de uma pesquisa que faz perguntas sobre cada aspecto como pode
ser visualizado no quadro a baixo. As perguntas são feitas sobre as ações (atitude,
política, prática, tecnologia, métricas), para cada um dos quatro pilares, cada
pergunta é construída para avaliar esse fator em uma escala de 0 a 5, em seguida,
todas as questões relevantes são agregadas e ponderadas para fornecer uma
pontuação de até 100 para cada pilar. A Figura 2 exibe o Modelo de maturidade da
Research Connection:
Figura 2 Quadro Modelo de maturidade
Fonte: GRAEME Philipson, 2010
A Research Connection tem aplicado esse modelo de pesquisa em mais de
500 organizações em todo o mundo, um número suficiente para formar uma base de
conhecimento para diversos setores da indústria e diferentes tamanhos de
organização (GRAEME Philipson, 2010).
Através de tal metodologia é possível que uma organização determine se está acima
ou abaixo da média em sua maturidade de TI Verde em cada área.
Em uma análise mais profunda, das respostas às questões individuais, pode então,
identificar as políticas e tecnologias que poderiam ser implementadas para melhorar
a maturidade da TI Verde da organização (GRAEME Philipson, 2010).
5 – Eficiência no consumo de Energia.
Pensando em TI Verde, um dos principais pontos é a busca por eficiência
energética o consórcio global Green Grid, formado pelas empresas como Intel, Dell,
VMWare, AMD entre outras, tem como objetivo se tornar a autoridade mundial em
eficiência de recursos em tecnologia da informação e datacenters, o Green Grid
disponibiliza inúmeros documentos e experiências atuando como uma assessoria
para empresas e demais entidades que pretendam adotar medidas para se tornarem
mais eficientes na utilização de seus recursos (Green Grid 2014).
A iniciativa da APC by Schneider Electric, líder mundial em soluções e
serviços para ambientes críticos de energia e refrigeração, é uma das empresas que
está divulgando a importância da TI Verde, ela possui uma nova estratégia de
negócios, a “Empresa Eficiente”, cujo foco é obter maior rendimento e controle no
uso da energia, entre as ações está a disponibilização do APC Trade Off Tools, que
são um conjunto de aplicativos Web, projetados para utilização nos estágios iniciais
de desenvolvimento de conceito e projeto de Datacenters. Permite a realização de
testes
em
diversos
cenários
relacionados
a
virtualização,
eficiência,
dimensionamento de potência, custo de capital entre outros. Com essa ferramenta é
possível desmembrar grandes decisões em uma série de decisões menores sendo
assim mais fáceis de gerenciar. Entre as os recursos disponibilizados, algumas se
destacam, como: Calculo de emissão de carbono, Calculo de custo de energia e
Calculo de custo de energia com a virtualização (VERAS, 2011).
As figuras 3 e 4 mostram a interface das ferramentas disponibilizadas:
Figura 3 Ferramenta para calculo de emissão de carbono.
Fonte: VERAS, 2011
Figura 4 Ferramenta para calculo de eficiência do datacenter.
Fonte: VERAS, 2011
6 – Selo Verde
Em decorrência da
maior consciência ecológica dos consumidores,
proliferam, em número cada vez maior, os rótulos ambientais (selos verdes), estes
são vistos como elo de comunicação entre o fabricante e o consumidor. Esses selos,
visam dar informações ao consumidor, o selo verde identifica os produtos que
causam menos impacto ao meio ambiente em relação aos seus similares. Alguns
selos verdes, partem do próprio fabricante que procura demonstrar os aspectos
ambientais positivos do produto, outros selos são concedidos por organismos
certificadores que fiscalizam e comprovam as informações. Diversos países criaram
seus próprios selos, os quais passaram a ser um diferencial competitivo, os países
pioneiros na utilização desta rotulagem ambiental de produtos, são:

Alemanha –Blue Angel – criado em 1977, o programa mais antigo;

Estados Unidos – Green Seal – 1989;

União Européia – European Ecolabel – 1992
Devido a crescente proliferação de rótulos ambientais, com parâmetros,
pessoais, de um grupo, organização ou país, levou a ISO (International Organization
for Standardization) a criar normas e critérios gerais para a rotulagem, no Brasil, é
representada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). (D’AVIGNON,
1996).
Uma iniciativa brasileira, desenvolvida a partir do trabalho da Comissão de
Sustentabilidade do CCE (Centro de Computação e Eletrônica) da USP
(Universidade de São Paulo), elaborou-se um edital com os seguintes requisitos:
economia de energia elétrica, ausência de elementos nocivos à saúde humana e ao
meio ambiente como chumbo, cádmio, entre outros, seguindo diretrizes européias
disponíveis no documento ROHS (Restriction of Hazardous Substances) e adesão
aos padrões de qualidade ISSO 9001 e gestão ambiental ISO 14.001. No intuito de
incentivar e premiar a empresa vencedora, que forneceria equipamentos “verdes”,
atendendo os requisitos estabelecidos, foi desenvolvido um Selo Verde, este selo
passou a ser concedido a todos os equipamentos fabricados dentro dos padrões de
TI Verde, como uma forma de a USP reconhecer as empresas comprometidas com
o meio ambiente e a sustentabilidade, na ocasião a empresa ganhadora foi a Itautec.
(Carvalho, 2010, p132).
Figura 5 Selo Verde USP.
Fonte: CARVALHO, 2010
7 – Descarte materiais de informática.
Com a crescente aquisição de bens de informática e telecomunicação, por
indivíduos
e
empresas
e
a
grande
necessidade
de
substituição
destes
equipamentos, seja por obsolescência, mau funcionamento ou simplesmente por
impulso do consumidor que quer algo mais moderno, diante desta realidade, o que
fazer com o volume crescente de lixo eletrônico produzido?
No ano de 2010, foi sancionada a Lei 12.305/2010 pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que obriga o gerador do resíduo a dar a destinação final
adequada, com critérios ambientalmente corretos, no entanto não existe políticas
efetivas nem interesse por parte da maioria dos fabricantes em assumir a
necessidade do descarte correto dos artigos produzidos, identificou-se que os
equipamentos descartados acabam destinados para instituições beneficentes que
em sua maioria não tem condições de descartar corretamente esses equipamentos
ao final da vida útil. Com o problema identificado, a Comissão de Sustentabilidade
da USP em parceria com o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), elaborou
um projeto de Criação de Cadeia de transformação de Lixo Eletrônico. entre as
ações desenvolvidas estão a execução de um plano piloto para coleta de resíduos
intitulado “Operação Descarte Legal”, onde aproximadamente 5.2 toneladas de
peças e equipamentos foram coletados, todo esse material inicialmente foi
armazenado em um contêiner e foi extremamente importante para extrair
informações necessárias para a implantação de um Centro de Triagem e descarte
de resíduos de informática, os principais objetivos do centro de triagem são:

Elaborar fluxo de vida dos equipamentos eletroeletrônicos.

Implantar programa de coleta e descarte de lixo eletrônico.

Propor solução para reaproveitamento ou reciclagem deste material.

Pesquisar projetos sociais que poderiam receber esses materiais para reuso.

Pesquisar empresas especializadas em reciclagem correta desse material
eletrônico.

Elaborar método de homologação e certificação tanto dos projetos sociais e
empresas de reciclagem.

Propor possíveis parcerias.

Ser referência na destinação final dos resíduos eletrônicos.
O modo de operação segue as seguintes fases:
 Recepcionar equipamentos eletrônicos obsoletos da USP.

Efetuar a triagem da possibilidade de reutilização.

Separar e classificar os inservíveis conforme composição.

Armazenar o material até o recolhimento por empresas recicladoras
credenciadas.
A Figura 6 mostra em detalhes o Centro de Triagem e descarte de resíduos de
informática:
F
igura 6 Fluxograma reciclagem, USP.
Fonte: CARVALHO, 2010
O projeto alcançou ótimos resultados, muitas pessoas e empresas contataram
para adquirir mais informações, o interesse foi tanto que os pôsteres do projeto
foram premiados na categoria “Gestão e Inovação” no GeInfo 2008 e 2009.
CARVALHO (2010, pág 134).
Preocupada com os recursos naturais limitados, em 2007 a Furukawa lançou
o Programa Green IT, programa este ainda ativo, onde tem o objetivo de coletar
resíduos de cabos, o Programa Green IT da Furukawa é um ótimo exemplo de ação
que dá destino correto para resíduos de cabos substituídos em redes de
comunicação, estes são reciclados e utilizados por outras indústrias, gerando larga
economia de Recursos Naturais e redução da emissão dos Gases de Efeito Estufa.
Segundo Hélio Durigan, diretor de Engenharia e TI da Furukawa, o programa
envolve praticamente todas as empresas clientes da Furukawa que demandam
projetos de substituição e modernização de redes, a Furukawa subsidia os seus
integradores com incentivos comerciais e bonifica os clientes para promover o Green
IT. (FURUKAWA 2014).
Na Figura 7 temos o fluxograma do programa da Furukawa:
Figura 7 Fluxo do programa Green IT Furukawa.
Fonte: FURUKAWA, 2014
A Remaster coleta e entrega para Furukawa toda a sobra de cabos e
resíduos eletrônicos que, com o Projeto Green It, além de aumentar a economia de
recursos naturais e a oferta de matéria prima reciclada, a Remaster e a Furukawa
estimulam o desenvolvimento sustentável no mercado da construção civil.
Figura 8 Fluxo do programa Green IT Furukawa.
Fonte: REMASTER 2014
Como está demonstrado na Figura 9, a cada embalagem de 0,76 m³
(1,00x1,22x0,62) de sobras retiradas das obras, a Furukawa oferece à Remaster
bonificação de três caixas com cabos Gigalan. (REMASTER 2014).
8. Considerações Finais
Após a análise da literatura pode-se concluir que o crescimento tecnológico e
industrial como um todo é inevitável. Também é imprescindível que o meio ambiente
seja preservado, governos e empresas devem se empenhar na busca da
sustentabilidade, seja por ganhos econômicos ou ambientais.
Como vimos ao longo deste trabalho, são muitas as iniciativas possíveis para
as práticas de TI Verdes, que podem ser consideradas, por muitos, um diferencial
para as instituições que as adotam, passando para a sociedade uma boa imagem,
na qual existe preocupação com a preservação do meio ambiente.
Um dos tópicos mais relevantes é sem dúvida a apresentação do Green ICT
Framework, que se baseia em quatro pilares: Ciclo de vida dos equipamentos,
Usuário final, Empresa e DataCenter e Emissão de Carbono.
Esses quatro pilares, demonstram como aplicar a TI Verde em todas as áreas da
empresa. Este Framework é uma documentação completa que pode amparar
empresas e demais instituições a adotarem as práticas de TI Verde.
A questão Eficiência no consumo de Energia, foi amplamente abordada,
destacando-se a crescente utilização das diferentes formas de virtualização e
otimização de softwares, a iniciativa do consórcio global Green Grid e a APC by
Schneider Electric, que vem divulgando a importância da TI Verde, cujo foco é obter
maior rendimento e controle no uso da energia.
Como iniciativa governamental podemos destacar os selos verdes, que tem o
objetivo de incentivar empresas a pensarem de forma sustentável.
Por fim na questão descarte e reutilização de material, onde iniciativas da
USP e Furukawa mostram que é possível agir ecologicamente correto com ações
muitas vezes simples.
Este documento demonstra várias ações e certamente pode contribuir para
que novas instituições e empresas adotem, em algum momento de seus processos,
práticas de TI Verde.
O mundo todo está passando por problemas climáticos e energéticos, a TI é
uma área em destaque, em amplo crescimento e cada vez mais se torna parte
obrigatória das organizações, por esse motivo, as práticas de TI Verde são
extremamente relevante na busca de um mundo sustentável
REFERÊNCIAS
CARVALHO Tereza Cristina Melo de Brito, (2010). TI Tempo de Inovação: Um
Estudo de Caso de Planejamento Estratégico Colaborativo. São Paulo: M.Books
do Brasil, 2010.
GRAEME Philipson, Connection Research, A Green Paper, (2010): A Green ICT
Framework. Sydney, Australia. Connection Research Green Paper, 2010.
D’AVIGNON, Alexandre. Normas ambientais ISO 14000: como podem influenciar
sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, DAMPI, 1996.
Furukawa:2014 Programa Green IT – Apresentação disponível
<http://www.furukawa.com.br/br/rede-furukawa/noticias/green-it-conectividadesustentavel-300.html>. Acesso em 06 de janeiro de 2014.
em:
Green
Grid:2014
Green
Grid
–
Apresentação
disponível
<http://www.thegreengrid.org> Acesso em 25 de janeiro de 2014.
em:
JAYO Martin:2010 GV-executivo, vol. 9, n. 1, jan-jun 2010: Por uma TI mais Verde.
São Paulo: Rae Publicações, 2010.
Remaster:2014 Integradora Programa Green IT – Apresentação disponível em:
<http://remaster.com.br/noticias_detalhes.php?n_noticia=23> Acesso em 02 de
fevereiro de 2014.
VERAS Manoel, (2011). Virtualização: Componente Central do Datacenter. Rio
de Janeiro: Brasport, 2011.