nos bastidores do projeto de pesquisa “revista
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nos bastidores do projeto de pesquisa “revista
NOS BASTIDORES DO PROJETO DE PESQUISA “REVISTA BIBLIOTECONOMI@ 2.0: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERATIVIDADE EM ARTIGOS CIENTÍFICOS” Elisa C.D.Corrêa¹;Divino Inacio Ribeiro Júnior²;Jordan Pauleski Juliani³ ¹Doutora em Sociologia Política, UDESC, Florianópolis, SC;²Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, UDESC Florianópolis, SC;³Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, UDESC, Florianópolis, SC “Por não saber que era impossível, ele foi lá e fez” Jean Cocteau Resumo Pesquisa em andamento com vistas à proposição de criação de revista eletrônica na área de Biblioteconomia de caráter inovador, com inclusão de aspectos de interatividade característicos da web 2.0. Este artigo apresenta o processo de definições acerca da estrutura e do modus operandi do protótipo de revista proposto na pesquisa, que contempla as discussões acerca de seu escopo e foco, aspectos ligados à aplicação de características interativas da web 2.0 desde o recebimento dos artigos até a sua publicação, bem como estudos de viabilidade de customização do software OJS, além de testes em diferentes opções de softwares para atender aos critérios estabelecidos a partir da pesquisa. Revela o atual estado-da-arte da pesquisa, apresentando o processo de trabalho da equipe de coordenadores do projeto a partir dos pressupostos teóricos da Sociologia da Ciência. Palavras-chave: Periódicos científicos; web 2.0; Biblioteconomia; Ciência da Informação; Sociologia da Ciência. Abstract Research in progress that proposes the creation of an innovative electronic Librarianship journal, which includes aspects of interactivity characteristic from Web 2.0. This article presents the process of defining the structure and modus operandi of the prototype proposed in the research, which includes discussions about its scope and focus, aspects of the implementation of interactive features of Web 2.0 from the receipt of articles to its publication, as well as feasibility studies of OJS software customization, and testing in different software options to meet the criteria established from the research. Reveals the current state of art research, presenting the work process of the project team based on theoretical assumptions of the Sociology of Science. 1 Keywords: Scientific journals; Web 2.0; Library; Information Science; Sociology of Science. 1 Introdução O processo tradicional de publicação de artigos científicos tem sido constantemente desafiado a acompanhar as mudanças advindas das possibilidades tecnológicas de comunicação e informação eletrônicas. Algumas críticas ao modelo desse processo têm sido levantadas como, por exemplo, em relação à morosidade e rigidez que permeiam as etapas que vão desde o recebimento do artigo para avaliação até sua posterior publicação, com prazos que podem levar de 6 meses a 2 anos. 1 Uma das grandes críticas, no entanto, recorre sobre os sistemas de avaliação adotados pelas revistas científicas como forma de garantir um padrão de qualidade aos artigos. Macias-Chapula chama este processo de “sistema de arbitragem” advindo dos “controladores de qualidade”, ou seja, os “editores de revistas, os consultores e membros de conselhos das publicações” (MACIAS-CHAPULA, 1998, citado por YAMAMOTO, 2000). Fazem parte deste “jogo acadêmico”, na metáfora utilizada por Bourdieu (2004) editores, membros do conselho editorial e avaliadores, todos atores de um cenário científico no qual estão presentes: lutas por prestígio e poder, interesses pessoais e institucionais, (inclusive financeiros) e, é claro, o progresso da ciência. As tramas e enredos deste cenário o tornam cada dia mais complexos e rígidos, distanciando-o do ideal de democratização da comunicação científica. 2 Desta forma, percebe-se uma tendência a que as publicações científicas se tornem cada vez mais distantes de um de seus papéis preponderantes: dar visibilidade a trabalhos de qualidade que tornem possível o estabelecimento de transformações sociais para além da teoria acadêmica, de forma mais democrática e acessível a todos os interessados. Na contra corrente do paradigma vigente no processo de publicação científica, surgem algumas iniciativas como as do Acesso Aberto. O movimento que apoia o acesso livre às informações segue na direção de provocar um pouco a abertura necessária a fim de divulgar de forma mais democrática os textos científicos. Trata-se de uma iniciativa para desenvolver e promover padrões de interoperabilidade com o fim de facilitar o acesso de conteúdos e propõe, dentre outras iniciativas, a chamada auto-publicação e a criação de repositórios de acesso livre à informação. As características desse tipo de publicação permitiriam uma maior visibilidade dos trabalhos, com maiores possibilidades de impacto e da capacidade de alcance de um público muito maior do que o dos leitores de revistas científicas. 1 Ver Macias Chapula (2000, apud YAMAMOTO, 2000, p.137), Demo (2008), Price, R. The future of peer review. http://techcrunch.com/2012/02/05/the-future-of-peer-review/ 2 Como um exemplo já famoso da “falência” do sistema avaliativo dos periódicos científicos, menciona-se o artigo sobre clonagem humana na própria revista Nature em 2007, no qual o pesquisador sul-coreano Hwang Woo-souk apresenta dados falsificados em sua pesquisa. O artigo foi publicado a despeito de toda rigidez de critérios seletivos da revista. 2 Código de campo alterado No Brasil, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) tem encabeçado o movimento através de articulação política e oportunização de debates, além de criação de repositórios como o PortalOasis.br. 3 É uma das instituições brasileiras que possuem melhor competência técnica para o uso e desenvolvimento de ferramentas compatíveis com o Open Archives Initiative (OAI). Apesar de significar avanços no sentido de democratizar o acesso da informação, as ferramentas de Open Archives pretender promover apenas isso: acesso livre a artigos concluídos e, na maioria das vezes, já publicados em periódicos científicos e, portanto, já sobrevivente dos crivos e filtros do processo editorial científico. A discussão até aqui construída procura argumentar que ainda se faz necessário ir mais além, instigando um debate direto entre autor e consumidor de artigos científicos. Para além desta direção, e de forma mais contundente, observa-se também os primeiros sinais de um movimento denominado de Ciência 2.0, que busca uma abertura da comunicação científica desde o início da produção dos artigos científicos. Ainda são poucos os artigos científicos que versam sobre o assunto (especialmente em português) 4, sendo ainda mais freqüente encontrar direcionamentos sobre o que é Ciência 2.0 em blogs de cientistas em diferentes áreas do conhecimento. Mesmo assim, a partir de artigo publicado por Luis Codina (2009), já se pode afirmar preliminarmente que as principais características da Ciência 2.0 são: a) A Ciência 2.0 nasce de uma “fusão” da web 2.0 e da ciência propriamente dita, acrescido de um terceiro elemento muito controvertido: mudança nas formas de avaliação de artigos científicos; b) Pressupõe componentes e funções das redes sociais (da Internet ou não). Outro artigo importante de autoria de M.M.Waldrop (2008), publicado na Scientific American, discute o cenário de possibilidades e riscos da Ciência 2.0, apostando que o caminho da colaboração proporcionado pelas ferramentas colaborativas wiki é capaz de sobrepor-se às resistências e características refratárias da ciência praticada até então. O texto menciona experiências de sucesso no trabalho científico colaborativo divulgados na Internet como a Wikipedia e o OpenWetWare 5 . O artigo reconhece a existência de um certo ceticismo por parte da comunidade acadêmica quanto à segurança na publicação de seus artigos não contexto da Ciência 2.0, especialmente motivada pela alta competitividade intrínseca do campo científico. Por outro lado, ressalta o “poder da transparência” que existe nesse processo e a rapidez com que a ciência pode avançar a partir dos conceitos 3 http://oasisbr.ibict.br/ Ver CABEZAS-CLAVIJO, A.; TORRES-SALINAS, D. ; DELGALDO-LÓPEZ-CÓZAR, E. Ciência 2.0: catálogo de herramientas y implicaciones para la atividade investigadora. El profesional de la Información, v. 18, n. 1, p. 72-80, ene./feb. 2009. 5 Plataforma de divulgação de trabalhos científicos abertos à discussão e colaboração, gerenciada pela BioBricks Foundation. openwetware.org/ 4 3 2.0, sinalizando que a mudança de cenário não se trata apenas de algo desejável, mas também de algo possível. Há de se reconhecer que, neste momento, não existem garantias quanto a aderência dos pesquisadores a estas novas modalidades de redigir e divulgar seus trabalhos, principalmente por conta da já mencionada competitividade e do temor (legítimo, aliás) de que os mesmos sejam clonados ou plagiados por seus concorrentes. Sobre isto, Kuramoto (2010) é bastante direto quando afirma em seu blog que “a única forma de garantir que um trabalho não será plagiado é não publicá-lo”. A maior parte das informações que encontramos na web sobre Ciência 2.0, no entanto (e como não poderia deixar de ser), é encontrada em blogs dedicados ao assunto. Muitos “blogueiros” são, na verdade, consagrados autores e pesquisadores, inclusive da área de Ciência da Informação como: Helio Kuramoto 6, Aldo Barreto 7 e Carlos Nepomuceno 8. No blog deste último (2012), são relacionadas algumas diferenças essenciais no fazer e comunicar a ciência 2.0: a) Pesquisa muito mais coletiva; b) Redação dos resultados on-line; c) Submissão aos pares on-line, depois de publicado (os pares opinam pós-publicação e não antes e não só os pares, outros elementos da comunidade, que são separados por perfis, graduados, mestres, doutores, etc); d) Leitura/aprovação é substituída por classificações dos leitores (curtir, estrela, etc); e) Preparação para publicar deixa de existir, pois é on-line; f) Publicação automática; g) Distribuição automática; h) Leitura pelos interessados, ao longo do processo da produção; i) Possíveis críticas sâo feitas no rodapé documento, quando nâo feita no próprio corpo em documentos wiki. A Ciência 2.0 necessita de periódicos 2.0, e este é o ponto nevrálgico desta introdução, o que leva a conclusão de que as publicações e a comunicação científica precisam adaptar-se aos novos tempos digitais. O processo convencional já consagrado de publicação de artigos em periódicos científicos tem atendido razoavelmente bem às demandas da comunicação científica durante o período pré-Internet, ou melhor dizendo, pré-Internet 2.0, contudo, precisa ser repensado a partir dos fluxos verificados no fenômeno da comunicação eletrônica. As características de interatividade da sociedade em rede ainda não foram devidamente migradas aos sistemas de divulgação científica, especificamente os periódicos científicos. É premente implementar as opções eletrônicas da web 2.0 a fim de garantir que a ciência comunicada em periódicos adquira os contornos inovadores que lhe são atribuídos por sua própria natureza inovadora. Pires (2009) 9 afirma que o artigo científico “mantém sua estrutura linear praticamente inalterada desde a sua origem e os textos hoje publicados, tanto no formato analógico quanto no digital”. Dessa forma, “deixa-se de utilizar características importantes do meio digital, como os hiperlinks e a hipermídia, que 6 http://kuramoto.blog.br/tag/acesso-livre/ http://aldobarreto.wordpress.com/ http://nepo.com.br/author/cnepomuceno/ 9 Documento não paginado 7 8 4 podem oferecer uma gama completamente nova de abordagens e possibilidades para a construção do conteúdo.” Os textos que contemplam as características inovadoras da web 2.0 e que, por via de conseqüência apresentam-se como os mais adequados às demandas da Ciência 2.0, são os chamados born digital (nascidos digitais). Pires (2009) destaca que “a idéia por trás dos artigos born digital é otimizá-los tanto para a leitura humana no computador e por máquinas ao se apoderar das disponibilidades do hipertexto virtual, além, é claro, de explorar as possibilidades de comunicação telemática propiciadas pela Internet”. O autor apresenta algumas características de um artigo dessa natureza: a) Não é criado para ser lido impresso; b) leva em conta as características hipertextuais e hipermidiáticas dos objetos eletrônicos; c) apenas ser escrito através de um software de edição de texto não o torna nascido digital; d) permite que ligações entre diferentes textos possam ser facilmente identificáveis; e) é elaborado pelo autor com descrição do conteúdo com marcadores semânticos, ligações com outros artigos e upload de informações suplementares, como dados quantitativos; Assim, pode-se afirmar que ainda há um longo caminho a percorrer para que o paradigma da publicação científica da “Ciência 1.0” seja substituído pelo da Ciência 2.0. É preciso que seja feito um extenso trabalho de conscientização (ou mesmo convencimento) junto a comunidade de pesquisadores que publicam seus originais, bem como de um conhecimento e adaptação por parte dos editores a fim de interagir com as ferramentas tecnológicas necessárias a este tipo de edição eletrônica. Além disso, configuram-se outros tantos desafios como por exemplo o reconhecimento do valor científico da produção acadêmica da Ciência 2.0 por parte das agências e instituição de fomento em investir em suas pesquisas aceitar como válidas as suas publicações. Essas mudanças passam por um necessário e inevitável caminho de releitura dos processos editoriais e de desenvolvimento ou adaptação de softwares capazes de dar o devido suporte tecnológico que permitam sua concretização. Por acreditar que isto seja possível, a pesquisa relatada a seguir surge da inquietação de seus coordenadores no sentido de provocar não apenas o debate, mas de dar início a um protótipo de revista científica capaz de introduzir as inovações acima discutidas. O processo de criação, no entanto, envolve a participação híbrida de atores humanos e não humanos, como diriam Latour e Woolgar em sua teoria ator-rede (1994) e, portanto, não se apresenta como tarefa fácil, apesar de extremamente instigante. O relato a seguir é fruto de meses de constantes reuniões, pesquisas, leituras e discussões. O ambiente dos encontros consistiu de um debate intensamente marcado por incertezas e esperanças na busca da definição de uma filosofia de periódico que não despreze o caminho trilhado pela comunicação científica até então, que seja atraente à comunidade científica e que contemple os requisitos tecnológicos necessários para dar suporte às modificações pretendidas. Ao mesmo 5 tempo, buscou-se desenvolver uma proposta de investigação e inovação diante dos desafios da Ciência 2.0 que conciliasse os pressupostos acima mencionados. Este artigo se propõe a fazer um relato de toda a trajetória dos autores do projeto na direção de uma definição do paradigma da nova revista, apresentando os resultados até aqui alcançados nesse processo intelectual de construção científica. Os conceitos sociológicos da construção do fato científico encontrados na obra Ciência em Ação, de autoria de Bruno Latour (2000) dão o embasamento teórico aplicado a partir da estratégia de “seguir os atores”, adentrando a “caixa preta” que se encontra dentro dos laboratórios onde se faz a ciência. Este processo normalmente não é conhecido, pois corresponde aos bastidores que antecedem as publicações nas quais resultados são apresentados. Contudo, estudos dessa natureza revelam o cenário essencial na elaboração do fato científico, proposta deste artigo ao desvendar os esforços empreendidos pelos coordenadores do projeto. 2 Pressupostos teóricos Os conceitos fundamentais para a realização deste trabalho são apresentados a seguir e representam algumas características essenciais tanto na concepção do modelo de comunicação científica proposto quanto da estruturação do presente artigo. Inicialmente, são valiosas as contribuições de autores que discutem a publicação científica enquanto parte integrante do fazer ciência, processo que envolve uma gama de variáveis que interferem diretamente na construção da própria ciência. Neste sentido, Pierre Bourdieu (2004), Bruno Latour (2000) e Pedro Demo (2011) oferecem uma sólida base teórica para a proposta aqui apresentada. Em termos metodológicos mais uma vez Latour é evocado, trazendo os subsídios necessários para a análise do processo de desenvolvimento da pesquisaobjeto deste artigo. Os conceitos sociológicos sobre o campo científico de Bourdieu (2004) apresentam o caráter competitivo que permeia todas as etapas da publicação de artigos científicos. A idéia de que a ciência pode ser representada como um campo de lutas e embates pela obtenção do que o autor chama de capital científico está muito bem descrita e analisada em seu trabalho e são pertinentes ao estudo em questão uma vez que a obtenção deste capital é materializado, dentre outros fatores, através do prestígio e reconhecimento que um cientista obtém a partir do acúmulo de publicações em periódicos conceituados. Corrêa (2012, p.) analisa esta questão e aponta que: Segundo Bourdieu, a acumulação do capital científico “puro” ocorre através das “contribuições reconhecidas ao progresso da ciência, as invenções e as descobertas (as publicações, especialmente nos órgãos mais seletivos e mais prestigiosos, portanto aptos a conferir prestígio à moda de bancos de crédito simbólicos, são o melhor indício)” (BORDIEU, op. cit., p. 36). Na luta concorrencial entre os pares pela obtenção desse capital, o periódico científico transforma-se em uma das mais poderosas armas disponíveis aos cientistas em sua trajetória nesse “jogo” de poder instalado dentro do campo. 6 Bruno Latour (2000) também apresenta sua análise sociológica da ciência, na qual os artigos de periódicos científicos também assumem importância significativa pois, para o autor, o artigo científico é uma das principais bases da construção da própria ciência. O “fato científico” é uma construção coletiva que se faz a partir da publicação de artigos e dos debates que seguem a ele. Suas contribuições também são importantes a esta pesquisa na medida em que analisa o artigo científico como um dos fatores preponderantes na constituição da ciência. Latour afirma que o artigo científico é uma poderosa arma para a construção coletiva do fato científico, além de ser também o mais importante e menos estudado veículo retórico para a construção desse fato (LATOUR, 2000, p. 55). O autor dedica assim boa parte de sua obra Ciência em Ação (2000) para demonstrar a importância de se conhecer e se estudar o processo de se fazer ciência através da dinâmica da produção e do uso do artigo científico, especialmente “arregimentando aliados” (op.cit., p.53), ou seja: citando e sendo citado. Paralelamente aos aspectos conceituais apresentados, torna-se fundamental discutir a contribuição de Pedro Demo (2011) ao refletir o papel da universidade no desenvolvimento das ciências, sob o ponto de vista das publicações científicas. Em sua obra “A força sem força do melhor argumento: ensaio sobre novas epistemologias virtuais” Demo faz sérias críticas ao conservadorismo da universidade, questionando seu papel de inovadora na sociedade atual, afirmando ser necessária uma desconstrução da academia como a conhecemos, “considerada hoje como uma expressão de séculos passados” (DEMO, 2011, p. 145): [...] a universidade – também é vista hoje como entidade do século passado (DUDERSTADT, 2003; DEMO, 2004), enferrujada, resistente a mudanças, sobretudo podre de empáfia, dona da verdade. Principalmente se imagina dona das mudanças porque não se deu conta ainda, como sugere ironicamente Plant (1999), que “mudaram a mudança”. Não é mais aquela controlada, vinda de cima, comandada, gerenciada, mas aquela da própria natureza: profunda, radical, rebelde, porque sem comando central. A respeito das publicações científicas, o autor discorre na mesma linha de Bourdieu, quando afirma existir um ambiente concorrencial instalado dentro da comunidade acadêmica (2011, p.37): A assim dita “comunidade acadêmica está repleta de rivalidades e mesmo deslealdades […] Observe-se a guerra atual em torno das publicações indispensáveis para galgar postos maus elevados na carreira. Embora havendo acordo razoável em torno da necessidade de publicar pesquisa própria, instalou-se uma disputa acirrada e raivosa ao redor das várias modalidades de publicação É incontestável o papel preponderante da publicação em periódicos científicos, ao mesmo tempo em que também está se tornando incontestável a constatação de que é preciso uma mudança paradigmática no processo editorial de artigos desta natureza. Destas reflexões nasce a proposta da pesquisa aqui apresentada. 3 “Seguindo os atores”: pressupostos metodológicos 7 Para estudar a “construção de fatos científicos e de artefatos técnicos”, Latour propõe como método “seguir os cientistas” (2000, p. 39). Na aplicação inaugural desse método, desenvolvido juntamente com Steve Woolgar 10, realizou uma etnografia da ciência e da produção do conhecimento científico, observando como isto acontece ao vivo, diretamente em um laboratório. Através dessa “entrada” no mundo científico, foi possível conhecer de perto as dinâmicas que constituem a ciência, a partir da atuação da própria comunidade científica. “Ir ao laboratório e ver”, como propõem os autores, significa, segundo Hochman, investigar como a ordem científica é criada a partir do caos, em um processo onde o observador é tão construtor dos fatos quanto o cientista observado” (1994, p. 214). Para o autor, o resultado desta investigação, segundo Hochman, representa “deparar com um ordenamento dinâmico e instável, com uma área de consenso mínima” (op.cit., p. 215). Conhecer um pouco da dinâmica da comunidade científica a fim de tentar entender melhor como funciona a dinâmica da própria ciência é o objetivo do artigo, adentrando a “caixa-preta” 11 que constitui o processo da pesquisa em questão no ambiente acadêmico. O método de “seguir os atores” permite acompanhar o processo de formação da ciência e leva o observador a estar presente antes que as “verdades” se estabeleçam, ou seja, antes que uma caixa preta seja fechada. Com esse método simples precisamos apenas seguir o melhor de todos os guias, os próprios cientistas. (LATOUR, 2000, p. 39). O caso aqui explanado representa, a bem da verdade, o relato dos próprios atores do processo de construção da pesquisa científica. Nada ainda acabado, nenhum fato científico ainda construído, mas o testemunho da experiência de criação, tão raramente exposto nos artigos científicos. “Incerteza, trabalho, decisões, concorrência, controvérsias, é isso o que vemos quando fazemos um flashback das caixas-pretas certinhas, frias, indubitáveis para o seu passado recente” (LATOUR, op. cit., p.16). Esta talvez seja também a história descrita neste trabalho, como segue 4 Resultados parciais: o atual estado-da-arte - adentrando a “caixa preta” O projeto da pesquisa em questão prevê o desenvolvimento do trabalho de orientando-o através de duas vertentes paralelas: a) A primeira delas busca investigar a aceitação de características de interatividade na publicação de artigos por parte da comunidade científica brasileira, representada através de uma amostra de autores de artigos publicados no ano de 2011 em 12 periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação; b) A segunda propõe a criação de uma revista interativa, desenvolvida a partir de tecnologias de software que deem suporte à introdução de características de 10 Vida de Laboratório, 1979. Termo que faz uma analogia dos processos e dos fatos científicos enquanto conteúdo secreto semelhante à “caixa preta” encontrada, por exemplo em aviões, e que contém os últimos registros que antecedem um acidente aéreo. 11 8 interatividade a partir dos pressupostos da Ciência 2.0: Revista Biblioteconomi@ 2.0, que tem como um de seus principais objetivos promover o debate científico entre autores e leitores. As interações que ali se fizerem presentes também serão objeto de investigação e análise. Trata-se de um trabalho pesquisa científica aplicada, exploratória e experimental que apresenta as seguintes questões norteadoras: a)Qual a aderência e aceitação da comunidade científica da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação à criação de uma revista com características de interatividade da web 2.0? b)Quais as repercussões e possibilidades de comunicação e interatividade de uma revista dessa natureza? O objetivo geral da pesquisa é verificar a aceitabilidade de um periódico eletrônico com características de web 2.0 na área de Biblioteconomia, bem como conhecer e analisar as possibilidades de interação que surgirão a partir da experiência de criação da revista Biblioteconomia 2.0. Os objetivos específicos são: a)Conhecer o interesse e a aceitação, por parte de autores de periódicos eletrônicos brasileiros na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação no Brasil quanto às questões de interatividade da web 2.0 e a disponibilidade destes autores em apresentar seus originais à Revista Biblioteconomia 2.0; b)Criar uma revista interativa para fins de teste e experimentação, estabelecendo novos critérios e regras de uso do novo formato; c)Analisar os tipos de interação e o diálogo que se abrem com a participação da comunidade de leitores; d)Avaliar o funcionamento da revista e da arquitetura do sistema, fazendo os ajustes necessários e analisando sua continuidade e contribuição para a área da ciência à qual se dedica. Como hipóteses de trabalho, partiu-se das seguintes suposições: a)Em relação às expectativas dos autores, talvez seja percebida uma maior adesão por parte da comunidade de pesquisadores que direcionam seus estudos às áreas relativas às Novas Tecnologias e Redes e Mídias Sociais. b)Quanto aos tipos de diálogos que poderão surgir, espera-se encontrar (dentre tantas outras impensáveis neste momento): contribuições acadêmicas e de relatos de experiências; dúvidas; sugestões para novos estudos. Com base nesses pressupostos, deu-se início a uma série de encontros e reuniões entre a equipe de coordenadores, com a finalidade de encontrar formas de implementar as propostas do projeto. A equipe de coordenadores do projeto de pesquisa Biblioteconomi@ 2.0: uma experiência de interatividade em artigos científicos, é formada pelos três professores autores deste artigo, efetivos do curso de Biblioteconomia – Habilitação 9 em Gestão da Informação, oferecido pelo Centro de Ciências Humanas e da Educação – FAED da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Desde a aprovação do projeto em todas as instâncias internas da Universidade, são realizadas reuniões semanais no Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Biblioteconomia e Ciência da Informação (LABIB) para discussão e desenvolvimento de estratégias de coleta e análise de dados e, principalmente, acerca das definições relativas à filosofia da revista a ser criada. Nesse primeiro momento, o projeto não contava com a participação de bolsistas. Os debates foram permeados de leituras sobre temas ligados aos sistemas de comunicação científica existentes, especialmente periódicos e artigos científicos, bem como de pesquisas sobre as possibilidades tecnológicas atuais aplicáveis a esses processos. Em todas as reuniões eram colocadas em pauta a lista de características desejáveis a uma revista científica 2.0 que iam sendo imediatamente colocadas em xeque, através de uma lista de prováveis situações de natureza científica, ética e tecnológica que poderiam inviabilizar ou significar complicações difíceis de resolver. Esta “tempestade de ideias” permitiu que, aos poucos fossem delineados os principais paradigmas possíveis e desejáveis na constituição do periódico. É preciso que se reconheça que o processo pode ser considerado ao mesmo tempo e desgastante: não foram poucas as reuniões (que consumiam manhãs inteiras) em que nos defrontávamos com impasses que nos faziam estagnar em pontos cruciais do projeto. As ideias inovadoras, contudo, permaneceram atraentes aos coordenadores e acabou atraindo também a atenção de alguns alunos, acabando por resultar na participação de uma acadêmica da terceira fase do curso como aluna voluntária na pesquisa. Durante os primeiros 6 meses de desenvolvimento da pesquisa, foi possível atingir alguns objetivos significativos. O roteiro de atividades desenvolvidas pela equipe, bem como os resultados de um semestre de trabalho, são descritos a seguir. Uma das primeiras etapas da pesquisa consistiu no importante trabalho de monitorar os periódicos científicos em geral e descobrir quais apresentam sinais de adaptação e aderência às características da Ciência e web 2.0. Em pesquisas preliminares realizadas com a finalidade da composição do projeto desta pesquisa, verificou-se a inexistência de revistas científicas brasileiras que utilizam efetivamente tais características, de onde pode-se concluir que a proposta aqui apresentada deve significar uma inovação na área de publicações científicas no Brasil. A plataforma mais comumente utilizada para hospedagem de revistas científicas em formato eletrônico é o OJS – Open Journal System, desenvolvido como uma iniciativa de pesquisa pelo Public Knowledge Project da Universidade de British Columbia, Canadá. Trata-se de uma “solução de código livre para gerenciar e publicar periódicos científicos na Internet” (2006, p. 6), um software livre operado pelos próprios editores que administram suas publicações. O OJS foi popularizado no Brasil através da plataforma SEER – Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas, que trata-se de uma customização do OJS e apresenta-se como a ferramenta editorial recomendada pela CAPES.O SEER foi criado em 2003 e é mantido pelo IBICT. Nessa primeira etapa da pesquisa, verificou-se que a proposta brasileira que mais se aproximou da ideia da revista Biblioteconomi@ 2.0, foi desenvolvida em um Trabalho de Conclusão de Curso de uma acadêmica do curso de Biblioteconomia da 10 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 12. A aproximação, no entanto, limitou-se a uma quase coincidência de título (Biblio 2.0). Nos demais aspectos, aparentemente a proposta segue a mesma linha tradicional de publicações, utilizando o sistema OJS e não deixando claro se o foco e escopo estão voltados efetivamente à introdução de características 2.0. Já a pesquisa em revistas internacionais revelou um periódico inglês que lança mão do recurso de adicionar comentários (add comment) disponível no OJS logo abaixo do resumo de cada artigo: o “Interdisciplinary Studies in the Long Nineteen Century”, da Birbeck London University. Estes comentários, no entanto, não ficam disponíveis de forma visível a todos que acessam a revista, indo diretamente e apenas ao autor do artigo através de email. Desta forma, o debate ainda permanece fechado, não contemplando amplamente as características desejadas para a revista Biblioteconomi@ 2.0, como será melhor explicitado mais adiante. O periódico pode ser acessado através do link: http://www.19.bbk.ac.uk/index.php/19/article/view/578/0 Paralelamente a esta etapa, deu-se início a outra estratégia de coleta de dados junto à comunidade de autores da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Foram levantados nomes e emails de 76 autores que publicaram artigos em 12 periódicos especializados em 2011/1 e 2011/2. O elenco de revistas é o seguinte: RDBCI - Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação; Ciência da Informação, Perspectivas em Ciência da Informação, Biblos, EncontrosBibli, Revista ACB, DataGramaZero, Informação e Informação, Informação e Sociedade, Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG e Transinformação. A escolha da amostra de autores se deu por duas vias: aleatória (total de artigos do número, dividido por dois – escolha do artigo que representa a metade do total de cada número) e por associação das palavras-chave dos artigos com a proposta da pesquisa (auto arquivamento, ciência 2.0 e web 2.0). No momento da redação deste artigo, estão sendo enviados por email questionários com 6 perguntas semi-abertas abordando os seguintes conteúdos: a)Identificação pessoal (sexo, faixa etária, vinculação institucional e áreas de interesse de pesquisa) b)Categoria acadêmica a qual pertence c)Opiniões sobre o sistema atual de publicação científica d)Opiniões sobre critérios de qualidade de um artigo científico e)Opiniões sobre a introdução de aspectos da web 2.0 em periódicos científicos f)Pergunta direta sobre a possibilidade da publicação de artigo de sua autoria em uma revista interativa. Os resultados advindos deste instrumento de pesquisa serão analisados e trarão importantes subsídios para conhecer se há ou não uma tendência de adesão ao modelo interativo de publicação científica. Além disso, através desses resultados, poderão ser conhecidas diferentes possibilidades de introdução de características 2.0, pela sugestão dos autores que responderam o questionário, além da identificação de possíveis autores que publicação na Revista Biblioteconomi@ 2.0. 12 Viviane Jerônimo. http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/index/index 11 A terceira etapa da pesquisa permeia toda a proposta desde o seu início, e trata-se de um esforço conjunto dos professores coordenadores da pesquisa: inúmeros debates, leituras e discussões a fim de definir o modus operandi ideal da Revista Biblioteconomi@ 2.0, bem como a busca de ferramentas tecnológicas capazes de dar suporte às inovações pretendidas. Como resultados preliminares, houve consenso nos seguintes pontos: a)Auto arquivamento dos artigos; b)Processo de avaliação de artigos através de um sistema mesclado de crowd review 13 e avaliação por pares, procurando ampliar o debate científico; c)Introdução de aspectos de interatividade tanto durante o processo de avaliação de artigos quanto após a sua publicação, através de caixas de comentários abertas à comunidade de leitores da revista. Nesse primeiro momento, decidiu-se manter a plataforma SEER/OJS, principalmente por conta de minimizar os impactos que o modelo de revista poderia causar na comunidade de autores. No entanto, alguns limites já podem ser observados na plataforma OJS/SEER: a funcionalidade que permite adicionar comentário ali implementada não atende plenamente as demandas da web 2.0 pelos seguintes motivos: a)Os comentários postados somente são visualizados depois que você adiciona um comentário: não é possível que o leitor veja os comentários postados para um artigo sem que poste um novo; b)Esta funcionalidade não faz uso dos "efeitos da rede". Além do comentário ficar "invisível", faz-se necessário que o leitor acesse o site do periódico -> acesse a edição da revista -> selecione o artigo -> poste um comentário para visualizar os demais comentários; c)falta promover a "cultura de troca" - interação nas revistas. A internet colaborativa pode oferecer mais para OJS do que apenas o auto arquivamento. Estes limites representam alguns dos grandes desafios discutidos no momento de elaboração do artigo: implementar ou adaptar funcionalidades na plataforma OJS que realmente fomentem a interação autor-leitor e autor-autor, implementando ou adaptando as características inovadoras da web 2.0 na revista Biblioteconomia 2.0 e criando assim um marco no universo da comunicação cientifica através de uma revista que essencialmente foque e possibilite a colaboração. Devido à magnitude das mudanças que serão necessárias para ajustar a filosofia da revista ao software, estão sendo feitos estudos e análises da potencialidade do OJS, investigando até que ponto as customizações serão suficientes para dar suporte às inovações desejadas. Além disso, configura-se como desafio ainda maior a definição das estratégias capazes de viabilizar os processos desejados de auto-arquivamento e avaliação por processos democráticos de crowd review. Muitas horas no “laboratório” e fora dele foram e estão sendo gastas com inúmeras leituras, 13 Utilização de métricas de plataformas sociais para medir popularidade e aceitação dos artigos. 12 discussões sobre prós e contras, possibilidades e dificuldades da implementação dessas características 2.0 na proposição da revista interativa. É preciso que se registre, contudo, que todo o esforço até aqui empreendido pela equipe de pesquisadores tem sido permeado de um ambiente de grande motivação. Professores e equipe trabalham no sentido de acreditar que seja possível e necessário continuar investindo nessa proposta de inovação. E o trabalho continua. 5 Considerações finais Os bastidores de uma pesquisa científica, isto é, o desenrolar das atividades teóricas e práticas que acontecem “no laboratório” são extremamente importantes sob o ponto de vista de uma análise sociológica da ciência. Estudar os cientistas significa voltar os olhos para si mesmo, numa espécie de auto-avaliação raramente encontrada em relatos de artigos científicos. No entanto, isso também é fazer ciência. A “caixa preta” do projeto de pesquisa Revista Biblioteconomia 2.0 ainda está totalmente aberta, e relatar a dinâmica de sua concepção poderá ser útil a outros pesquisadores que poderão identificar-se com esse processo construtivo. Ao mesmo tempo, abre-se também para sugestões e críticas que poderão ser debatidas e igualmente úteis na constituição da proposta aqui relatada. Espera-se que os resultados futuramente alcançados possam representar apenas o marco inicial de uma mudança paradigmática no atual estado-da-arte das publicações científicas na área de Ciência de Informação no Brasil, que poderá (ou não) repercutir em outras áreas futuramente. Relatar as agruras do processo criativo serve também para confirmar que mudar paradigmas demanda trabalho persistente e tempo. Constitui-se, outrossim, num trabalho extremamente necessário no ambiente da pesquisa universitária. A Universidade possui importante papel na sociedade, especialmente quando se apresenta como fonte de inovações que contribuirão para o desenvolvimento científico, econômico e social. No entanto, a livre iniciativa tem sido pródiga em criar produtos e serviços que são facilmente absorvidos pelo mercado e que nem sempre estão acompanhados de pesquisa e comprovação científicas. Na área da ciência propriamente dita, percebe-se que algumas práticas foram sendo consolidadas e acabaram por tornarem-se tão sólidas que dificultam a penetração e o diálogo que poderiam popularizar os fatos científicos, tornando-os mais fáceis de compreensão ao público em geral. Desde que o microcomputador foi criado por um grupo de adolescentes numa garagem norte-americana, as inovações da informática não param de surgir e, boa parte delas, sem nenhuma pretensão metodológica e científica. Parece haver uma via paralela (muito rápida) de criação de produtos e serviços inovadores independentes da pesquisa acadêmica. Desta forma nasce a presente proposta, com a finalidade não apenas de acompanhar tais mudanças, mas também e principalmente de um esforço em fazer surgir algo novo no mundo da ciência e da academia. O relato aqui apresentado constitui-se tão somente um prólogo de uma história que apenas começou. Outros capítulos estão por vir. 13 6 Referências BOMFÁ, C.R.Z.; CASTRO, J.E.E. Desenvolvimento de revistas científicas em mídia digital: o caso da Revista Produção Online. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, maio/;ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010019652004000200004&script=sci_arttext. Acesso em: 05 set. 2011. BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (Org). Pierre Bourdieu. São Paulo: Atica, 1983. ______. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004. CABEZAS-CLAVIJO, A. 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