Introdução

Transcrição

Introdução
Índice Geral
INTRODUÇÃO
7
TÁBUA CRONOLÓGICA
9
CAPÍTULO I
Geografia da terra de Israel
1. As regiões geográficas da Terra
de Israel
1.1. Planície costeira e Shefelah
1.2. A Montanha (ha‑Har)
a) GALILEIA
b) SAMARIA
c) JUDEIA
d) NEGEV
1.3. A depressão do Jordão
1.4. O Planalto transjordânico
11
14
14
15
16
16
17
18
18
22
CAPÍTULO II
O contexto histórico e geográfico de
Israel. Territórios e povos circunvizinhos 23
1. Egipto
24
1.1. História
24
a) Época Tinita
25
b) O Império Antigo (dinastias III‑VI): 25
c) Primeiro Período Intermédio (dinastias
VII‑X)
26
d) O Império Médio (dinastias XI‑XIV) 26
e) Segundo Período Intermédio
(dinastias XV‑XVII)
27
f) O Império Novo (dinastias XVIII‑XXI) 27
g) Época Baixa
28
1.2. Religião
29
1.3. Literatura
30
2. Moab e os Moabitas
30
3. Ammon e os Ammonitas
32
4. A Assíria e o seu império
34
4.1. A história da Assíria
35
a) O Antigo Império Assírio
35
b) O Império Médio Assírio (1400-1070)
35
c) O Novo Império Assírio (932‑612)
36
d) O Império Universal da Assíria
36
e) A “Paz Assíria”
37
f) Ruína da Assíria
38
4.2. Religião
38
5. Babilónia
38
5.1. A História de Babilónia
39
a) I Dinastia da Babilónia (1836‑1531) 39
b) Dominação dos Cassitas
(1530‑1150 a.C.)
40
c) O tempo da confusão (1150‑930 a.C.) 40
d) A época neobabilónica ou dos
Caldeus (612‑523)
40
e) A Babilónia dos últimos tempos
41
5.2. Religião
41
5.3. Literatura
41
5.4. Babilónia e a Bíblia
42
6. A Nabateia e os Nabateus
42
6.1. História
43
6.2. Lista dos reis nabateus a partir do ano 100 (a.C)
44
6.3. Religião
46
CAPÍTULO III
O mundo político ao tempo de Jesus
47
1. O contexto cultural do período
intertestamentário
49
1.1. Fontes históricas para o estudo do
período intertestamentário
49
1.2. Coordenadas sociais e políticas do
período intertestamentário
50
1.3. Situação social e política do período
intertestamentário
52
2. A Diáspora judaica
56
2.1. A diáspora oriental
56
2.2. A diáspora egípcia
57
2.3. A diáspora no período helenístico 58
3. As consequências da helenização da
Palestina
61
a) Criação de cidades livres
61
b) Imposição de uma cultura de tipo
humanista
61
c) Combate activo às tradições
religiosas locais
61
4. O contexto religioso do judaísmo intertestamentário
68
4.1. Consequências da revolta do ano 70
69
4.2. Os ecos da literatura da época
70
4.3. As instituições judaicas
71
CAPÍTULO IV
As vias de comunicação, regiões e
cidades da Palestina
1. As cidades da ‘Via Maris’ e sua
importância estratégica
a) GAZA
b) LAQUIS
c) GEZER
d) JAFA
e) CESAREIA MARÍTIMA
f) MEGUIDO
g) ACRE
h) Rosh Hanikrá
2. A região da Alta Galileia
a) TELL HAZOR
77
80
80
81
82
83
85
87
89
91
92
92
b) DAN:
c) HERMON
d) BANIAS
e) BETHSHEAN
f) SÉFORIS – Zippori
3. Ao redor do ‘Lago da Galileia’
a) TIBERÍADES
b) MAGDALA – TARICHEES
c) KINERET
d) TABGHA
e) CAFARNAUM
f) KOURSI g) HIPPOS h) MONTE TABOR i) CANÁ j) NAZARÉ 94
95
96
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100
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111
111
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CAPÍTULO V
A Estrada dos Patriarcas: a memória
e as tradições patriarcais 1. A Samaria a) A História b) A cidade de Sebaste c) A cidade da Samaria da época
romana 2. Os Samaritanos: povo e religião 119
120
121
123
124
126
CAPÍTULO VI
Jerusalém a cidade e a sua história 1. O nome 2. Situação geográfica 3. A cidade pré‑davídica 4. Na época da monarquia 5. Do fim do Exílio à época dos
asmoneus 6. O período asmoneu 7. De Herodes até ao domínio
bizantino 8. Da conquista árabe ao séc. XX
9. Domínio britânico e independência 137
140
142
CAPÍTULO VII
Jerusalém e seus monumentos cristãos
1. O Monte das Oliveiras e seus
Santuários a) Betânia b) Betfagé c) Memorial da Ascensão d) Pater Noster (Eleona) e) Dominus Flevit (o Senhor chorou) f) Getsémani ou Horto das Oliveiras g) O túmulo de Nossa Senhora 2. Santo Sepulcro 3. Bethesda – Santa Ana 4. A Via‑Sacra a) Flagelação 144
144
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136
143
b) O Ecce Homo 5. Cenáculo 6. Dormição 7. Ain Karen a) A igreja da Visitação b) A igreja de S. João Baptista 8. Emaús – Nicópolis CAPÍTULO VIII
As cidades de Belém e Hebron 1. Belém 1.1. A história 1.2. A cidade messiânica 1.3. Significado cristão da cidade de
Belém 2. Hebron CAPÍTULO IX
Planície costeira, Shefelah e cidades
Filisteias
1. A Shefelah 2. Os Filisteus 2.1. Origem 2.2. As cidades a) Asdod b) Áshkalon c) Gath (Kiryat Gath) d) Ácaron ou Ekron CAPÍTULO X
A Áraba e o deserto do Negev 1. Jericó e Arredores 1.1. Dos inícios até à época de Josué 1.2. De Josué até Herodes 1.3. A Jericó herodiana 1.4. Dos árabes aos nossos dias 1.5. Arredores de Jericó a) Fonte de Eliseu b) Monte da Quarentena (ou das
Tentações) 2. Qumrân (Kirbet Qumrãn) a) De 875 – 740 (a.C.) b) De 125 (a.C.) até 100 (a.C.) c) Finais do séc. I (a.C.)
d) Entre 132 e 134 (d.C.) 2.1. Os Manuscritos 2.2. A Comunidade 3. Ein Gedi (Engaddi) 4. Massada 5. Sodoma 6. O Deserto e o Monaquismo a) ‘Laura’ de Koziba b) ‘Laura’ de S. Sabas c) O Mosteiro da ‘Quarentena’
ou de Duka 7. As Cidades do Negev 157
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198
198
Beersheba Tell Arad Mampshit Avdat 200
201
202
202
CAPÍTULO XI
A Península do Sinai 1. A Península do Sinai a) A História da Península do Sinai b) O Mosteiro de Santa Catarina 2. O Sinai e a Bíblia a) O Itinerário do Êxodo b) Teofania c) Gebel Mussa d) Timna 205
206
206
210
212
212
212
215
215
CAPÍTULO XII
Liturgia e festas judaicas 217
1. O Shabbat 219
2. Pesah / Massôt 221
3. Shâbu’ôt / Qâsîr 223
4. Sukkôt / ’Asip
224
5. Rôsh Hashânah (Ano Novo) 226
6. Yôm Hakkipurim (Yôm Kippur) 227
7. Purîm (festa das sortes) 229
8. Hanukkah (renovação – festa da luz) 230
9. O Templo e o Culto 231
a) Teologia do Templo 235
b) A Sinagoga e sua importância 237
c) O culto sinagogal 238
Anexo I
LUGARES BÍBLICOS E A SUA MEMÓRIA
(Referências textuais) 240
Acre 240
Ain Karem 240
Ascensão 240
Banias (Cesareia de Filipe) 240
Beersheva (Poço do juramento) 240
Belém 240
Betânia 240
Betfagé 240
Bethesda – Santa Ana 240
Betsaida 241
Betshean 241
Bet Shemesh 241
Cafarnaum 241
Caná da Galileia 241
Cenáculo
241
Cesareia Marítima 241
Corozaim 242
Dominus Flevit 242
Ein Gedi Getsémani Haifa – Monte Carmelo Hazor (Tell Hazor) Hebron Jafa – Joppe (Iafo) Jericó Jerusalém Kadesh Barnea Magdala (Migdal) Mar da Galileia Mar Morto Meguido Monte Carmelo Monte das Bem‑aventuranças Monte das Oliveiras Montes Garizim e Ebal Montes Gilboé Monte Sião Monte Tabor Nazaré Pater Noster Poço de Jacob Rio Jordão Rosh Hanikrá (Escadas de Tiro – Ras
Hanaqura) Samaria Siquém Tabgha Anexo II
MEMÓRIA DE PEREGRINOS CÉLEBRES
PARA A HISTÓRIA DA TERRA SANTA 1. O Peregrino ‘Anónimo de Bordéus’
(333) 2. A Peregrina Egéria (383‑ 385) 3. Antonino de Placência 4. Pantaleão de Aveiro Anexo III
ITINERÁRIOS DE PEREGRINAÇÃO
I – Peregrinação com Itinerário
para 8 dias
II – Peregrinação com Itinerário
para 10 dias
III – Itinerário para 15 dias,
com subida ao Sinai
Índice
CIDADES, MONTES, SANTUÁRIOS,
VIAS 242
242
242
242
242
242
243
243
243
243
243
243
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244
244
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245
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247
249
250
250
252
253
256
259
263
Índice
Cidades, Montes, Santuários, Vias
A
Etzion Geber: 83, 206
Abilla: 61
Ácaron (= Ekron): 176
Acre (Ptolomaide): 88, 89, 90, 100, 240
Akko: 14, 90
Arnon: 12, 22, 31, 78
Asdod: 175
Áshkelon: 175
Avdat: 202, 203
F
B
Banias: 19, 50, 61, 94, 95, 96, 97, 240
Beersheba: 12, 18, 170, 171, 198, 199, 200,
240
Beirute: 88, 92
Belém: 165, 166, 167,168, 169, 240
Bem‑aventurancas (Monte das): 104, 108,
244
Betânia: 144, 146, 240
Betel: 83, 120, 126,200, 218,
Betfagé: 145, 240
Betsaida: 16, 241
Bethshean: 60, 61, 87, 92, 93, 97, 98, 99, 241
Beth Shemesh: 241
Beth‑Sur: 83
Biblos: 88
C
Cafarnaum: 16, 88, 107, 108, 109, 241
Caná: 114, 115, 241
Canaã: 11, 22, 24, 27, 28, 39, 78, 119, 170,
180, 202, 213
Carmelo: 14, 15, 27, 88, 89, 112, 242, 244
Cenáculo: 137
Cesareia: 14, 50, 54, 56, 84, 85, 86, 87, 96,
97, 138, 241
Filadélfia: 61, 78
G
Gadara: 61
Galileia: 16, 19, 29, 37, 65, 66, 88, 92, 100,
101, 102, 104, 106, 109, 112, 120, 174, 182
Galileia (Montes da): 91
Garizim (Monte de): 17, 51, 123, 127, 244
Gath: 176
Gaza: 14, 27, 44, 80, 81, 175, 176, 202
Gebel el‑Arus: 16
Gebel Adatir: 16
Gebel Catherina: 206, 210, 211
Gebel Eslamyeh (Monte Ebal): 17
Gebel Fuq’ ah: 15
Gebel Germak (Monte Merón): 16
Gebel Heider: 16
Gebel Mussa: 206, 215
Gebel es‑Seih: 95
Gebel Serbal: 206, 215
Gebel el‑Telg: 96
Gebel Turan: 16
Genin: 16
Gezer: 28, 82, 83
H
Haifa: 85, 89, 92, 115,241
Hazor: 83, 88, 92, 93, 241
Hebron: 16, 17, 18, 105, 166, 170, 171, 241
Hermón: 12, 19, 61, 95, 96
Hesbon: 78
Herodion: 55
Hippos: 61, 111
D
J
Dan: 12, 94, 200
Debir: 82
Jafa: 83, 84, 85, 174, 241
Jamat: 12
Jerasah: 61
Jericó: 18, 19, 32, 54, 64, 83, 179, 181, 182,
183, 184, 197, 243
Jerusalém: 7, 8, 17, 18, 29, 37, 38, 40, 41,
44, 54, 58, 59, 60, 61, 66, 67, 71, 72, 73,82,
83, 85, 86, 94, 120, 121, 123, 126, 127, 129,
130, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139,
140, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 148, 149,
E
Ein Gedi: 21, 190, 191, 242
Escândalo (Monte do): 144
Esdrelón (Jezrael): 15, 16, 87, 120
Efraim: 17, 120, 212
Emaús: 83, 163
152, 153, 155, 156, 159, 160, 163, 167, 170,
171,175, 179, 182, 185,193, 195, 197, 198,
200, 201,243
Judá: 11, 24, 29, 32, 37, 40, 41, 56, 80, 89,
122, 134, 165, 171, 199, 201
Judeia: 12, 16, 17, 18, 20, 29, 32, 44, 52, 55,
56, 61, 65, 66, 67, 82, 83, 84, 85, 119, 120,
121, 138, 174, 198
K
Karkemish: 40, 88
Kineret: 16, 19, 104, 107
Koursi: 111
Kumidi: 80
L
Láquis: 37, 81, 83
M
Machronte: 55
Magdala (= Tarichees): 106, 243
Mampshit: 46, 202, 203
Maris (Via): 78, 80, 87, 100, 109, 119, 175,
176, 199, 206
Meguido: 29, 40, 50, 82, 83, 87, 88, 89, 92,
95, 109, 244
Massada: 50, 55, 185, 186, 191, 192, 193,
194
Mosteiro de Santa Catarina: 210
N
Nablus: 17, 123
Naín: 113
Nazaré: 100, 115, 116, 117, 244
Neftali: 16, 109, 112
Negev: 12, 13, 17, 18, 20, 44, 45, 46, 177,
198, 199, 203, 210, 213
O
Oliveiras (Monte das): 17, 18, 132, 144, 145,
146, 147, 148, 151, 157, 2449
P
Palestina: 12, 16, 19, 27, 37, 38, 40, 42, 46,
52, 55, 56, 57, 58, 60, 61, 65, 67, 80, 82, 89,
90, 92, 93, 96, 98, 100, 101, 102, 107, 120,
122, 171, 174, 189, 194, 202, 211
Pella: 61
Peregrinação (Via): 206
Piraton: 83
Q
Quarentena (= Monte das Tentações): 179,
180, 182, 183, 184, 197, 198,
Qumrãn: 50, 63, 70, 183, 184, 185,189
R
Rosh Hanikrá - Ras‑ain‑Naqurah: 14, 91, 245
Regis (Via): 78, 80, 87, 199
S
Samaria: 10, 12, 16, 17, 24, 36, 50, 51, 54,
55, 56, 58, 65, 66, 80, 119, 120, 121, 122,
123, 124, 126, 127, 135, 174, 245
Sebaste: 122, 123
Scopus (Monte): 17, 132, 144
Séforis: 100, 101, 102, 103
Shur (Via): 206, 212
Sião (Monte): 132, 133, 149, 152, 159, 244
Sicar: 17, 64
Sídon: 88, 92, 94
Siloé: 73, 137
Sinai: 12, 18, 26, 205, 206, 207, 208, 211,
212, 214, 215,
Siquém: 17, 120, 126, 218, 245
Sodoma: 21, 194
Soreá: 94
Sumur: 80
T
Tabor: 16, 111, 112, 113, 244
Técua: 18
Tahanak: 87
Tabgha: 107, 245
Tefon: 83
Tel Aviv: 83, 85
Tell Arad: 72, 200, 201
Tell Dothan: 120
Tell es‑Sultan: 179, 183
Templo (Monte do): 132, 133
Terra Santa: 7, 11, 12, 94, 114, 125, 143,
159, 170, 247
Tiberíades: 16, 19, 50, 92, 100, 102, 104,105,
107, 114, 115, 184
U
Ugarit: 88, 175
Y
Yabné: 69, 70, 71
Yoqne’am: 83, 87
Z
Zafed: 92
Zabulon: 109, 112
9
Introdução
“Peregrinar” na terra de Israel é uma experiência que remonta às
origens do homem bíblico e que se situa já na própria experiência
de Abraão, o Pai dos crentes. O seu chamamento ‘deixa a tua casa
e a casa de teu pai e vai para terra que Eu te indicar’ (Gn 12,1)
constitui um apelo eterno a todo o crente para que, em peregrina‑
ção para a eternidade, se ponha a caminho em demanda da Terra
da promessa. Por isso, a experiência de Abraão tornou-se assim
como que o protótipo de todo o peregrinar em busca do absoluto
de Deus. A ‘Peregrinação’ na Terra Santa não é mais do que uma
actualização permanente, um convite contínuo ao homem de hoje
para que se ponha a caminho, na certeza que a meta que busca
só a encontrará em plenitude na Jerusalém celeste (Ap 21).
No entanto, a ‘Peregrinação’ não foi apenas uma realidade vivida
na História Bíblica, quer com o povo de Israel, desde a época
patriarcal até ao regresso que se seguiu à Shoáh (o Holocausto),
mas faz também parte da experiência cristã que desde as origens
fez da peregrinação à terra de Jesus um dos seus grandes momen‑
tos de experiência espiritual. Alguns desses momentos foramnos testemunhados por notáveis peregrinos. Bastaria citar Santa
Helena, mãe do imperador Constantino, o anónimo ‘Peregrino
de Bordeaux’ que visitou a Terra Santa (em 333), deixando-nos
um itinerário da sua estadia, a peregrina Egéria (entre 380 e 390),
inúmeros santos e, mais recentemente, os Papas Paulo VI e João
Paulo II. Todos eles fizerem dessa experiência um momento único
das suas vidas e dela nos deixaram um testemunho ímpar para a
vivência da nossa fé.
Por isso, fazer uma caminhada na Terra Santa é, antes de mais,
assumir em nós uma experiência que a identidade da nossa fé
nos legou e estabelecer uma aproximação ao espaço da ‘encar‑
nação’ da Palavra de Deus. Trata-se não só de seguir os passos
daqueles que nos precederam, desde os tempos imemoriais dos
Patriarcas até aos nossos dias, mas essencialmente de reafirmar
que a nossa fé tem uma componente existencial e temporal que
assume o tempo e o espaço como dimensões soteriológicas que
uma peregrinação nos ajuda a viver e a actualizar.
Ao preparar um itinerário de peregrinação, procuramos colocar
em evidência as componentes históricas e geográficas do país de
forma que cada peregrino possa assumir, em termos espirituais e
10
GUIA BÍBLICO E CULTUR AL DA TERR A SANTA
vivenciais, aquilo que sempre dizemos como sendo um dos mis‑
térios mais importantes da nossa fé: A encarnação da Palavra de
Deus. É nesta terra, com seus limites e suas riquezas, que essa
Palavra entrou na história e fez aliança entre Deus e o Seu povo.
A fé cristã assumiu isso em plenitude na pessoa de Jesus e na sua
existência no tempo, consumada pelo seu Mistério pascal em Jeru‑
salém. Ao fazê-lo, deu um novo sentido à Cidade santa, fazendo
dela a imagem da Jerusalém celeste de que nos fala o Apocalipse
(Ap 21) e para a qual caminhamos como peregrinos do Além.
Este trabalho contempla, para além das coordenadas do espaço
(geografia) e do tempo (história), muitos elementos de carácter
cultural e sociológico, destacando os elementos da liturgia judaica
e do culto, bem como os grupos sociais e religiosos que conferem
ao judaísmo do período intertestamentário (séc. II a.C. até séc. II
d.C.) uma dimensão pluralista que contrasta em muito com aquilo
que por vezes pensamos ou vemos escrito em muitas obras que
analisam essa época. Estamos, na realidade, em presença, de um
período de grande riqueza cultural e vivencial. Importa ter isso
presente para compreendermos a mensagem de Jesus. Aliás, sem
este enquadramento de fundo, muitos dos elementos que são
essenciais para compreendermos a mensagem de Jesus e o Novo
Testamento ficam desenquadrados e de difícil compreensão.
Este Guia não se ocupa com os caminhos actuais, procurando antes
pôr em destaque os itinerários históricos e culturais do Povo de
Israel na sua longa e contínua caminhada à descoberta do ‘Terra
da Promessa’, numa busca incessante de responder aos apelos e
aos desafios de Yahwé. É este mesmo desafio que hoje é feito
a todos aqueles que voltam a peregrinar pelos mesmos itinerá‑
rios, sentindo no pó dos seus passos as inúmeras peregrinações
do ‘Hommo Viator’ em demanda da ‘Nova Terra’ da promessa:
‘Vem, Senhor’!

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