Quando o Ano ainda é Menino Papa Bento XVI
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Quando o Ano ainda é Menino Papa Bento XVI
3 de Janeiro de 2008 3 Janeiro 2008 SEMANÁRIO REGIONALISTA Director: ALBERTO GERALDES BATISTA Ano LXXIX – N.º 3953 Quando o Ano ainda é Menino Aí está o ano de 2008 a dar os primeiros sinais de vida e todos nós a fazermos profecias e projectos para o futuro. Um futuro que desejamos seja de paz, de prosperidade, de alegria e de solidariedade entre toda a família humana. Feito um sério exame de consciência ao ano de 2007, há certamente coisas menos boas para esquecer, que nos aconteceram por casualidade ou por culpa própria. O que lá vai, lá vai. Agora importa olhar em frente com esperança e optimismo. Há que encarar a vida de todos os dias como se tudo dependesse do nosso trabalho. Há que purificar o coração e refrescar a memória. Vamos, neste novo ano, pensar e agir com mais empenhamento, mais generosidade, mais responsabilidade nas tarefas que nos são atribuidas no palco deste mundo, com a consciência de que todos fazemos falta e ninguém faz falta. Todos teremos que dar o nosso contributo para que haja mais riqueza criada e mais riqueza para distribuir. É importante, sobretudo, não perdermos de vista o que é essencial na vida e não nos deixarmos enredar por questões periféricas e mesquinhas que matam a alegria de viver e, porventura, martirizam os que se cruzam connosco nos caminhos deste mundo. Em tempo de balanço e de programação, lembremos também esta verdade fundamental: tudo passa, os nossos anos têm termo certo. E depois vem a Eternidade. Essa, a Eternidade, conquista-se aqui, neste mundo, com as nossas obras, em cada dia, em cada ano que Deus nos concede. Peregrinos do Céu, aproveitemos o tempo que Deus nos dá para sermos felizes e construirmos, com toda a família humana, um mundo de justiça, de verdade e de paz. Que os cristãos de Portugal estejam na primeira linha dos defensores dos Direitos Humanos e, com a sua palavra esclarecida e o seu testemunho corajoso, anunciem ao mundo hedonista e laicista que nos envolve o Evangelho da Vida. Que todos os que se dizem católicos saibam afirmar, em privado e em público, neste novo ano, as suas convicções religiosas, para que a Igreja Católica seja fonte de dinamismos morais e espirituais para quantos andam perdidos nos caminhos da vida. Quando o ano é ainda menino todos nos sentimos embalados por sonhos cor-de-rosa. É bom que assim seja, porque o sonho comanda a vida. Que eles, os sonhos de criança, que todos alimentamos em certos momentos, nos sirvam de tónico para as adversidades que inevitavelmente teremos que enfrentar em 2008. Haja saúde, fé em Deus e mãos ao trabalho. Feliz Ano de 2008 para todos os nossos leitores e assinantes. Alberto Batista Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. 00212007-M.P.C. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Preço 0,50 € c/ IVA Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro) Papa Bento XVI apela à desmilitarização do mundo e à defesa do meio ambiente O Papa Bento XVI pede que sejam retomadas, “com mais firme determinação, as conversões para o desmantelamento progressivo das armas nucleares”. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, que foi assinalado, no dia 1, pela Igreja Católica, Bento XVI referese a esta fase actual “em que o processo de não proliferação nuclear marca passo”, exortando as autoridades competentes ao reinício das conversações. No documento, Bento XVI adverte que há um número cada vez maior de Estados “envolvidos na corrida aos armamentos” e nações em vias de desenvolvimento que “destinam uma quota importante do seu magro produto interno para a compra de armas”. Bento XVI recorda, a propósito, as “muitas guerras civis no continente africano”, apesar dos “progressos na liberdade e na democracia”, e o Médio Oriente, que “continua a ser teatro de conflitos e atentados”. No texto, com o título Família Humana, Comunidade de Paz, o Papa mostra-se convencido de que há uma “família humana que vive nesta casa comum que é a Terra” e de que “não vivemos uns ao lado dos outros por acaso, estamos percorrendo todos um mesmo caminho como homens e, por isso, como irmãos e irmãs”. Esta noção de casa comum leva o Papa a evocar os problemas ambientais. “Devemos cuidar do ambiente: este foi confiado ao homem, para que o guarde e cultive com liberdade responsável, tendo sempre como critério orientador o Incêndio em Lar de Idosos de Serpa causa três mortos e trinta e oito feridos Num grave incêndio ocorrido no Lar de S. Francisco, em Serpa, no dia 31 de Dezembro, morreram 3 idosos e ficaram feridos 38. O Lar, da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia, tinha capacidade para 102 pessoas. O incêndio verificou-se no 2.º andar do pavilhão novo, onde estão instalados os quartos dos utentes. A pronta intervenção dos Bombeiros Voluntários de Serpa impediu que o incêndio tivesse consequências mais trágicas. Os feridos, prontamente socorridos, foram transferidos para os hospitais de Serpa, Beja e Lisboa. O Lar de S. Francisco de Serpa funciona num antigo convento onde o Bispo D. José do Patrocínio Dias instalou o primeiro seminário da Diocese de Beja, em 1924. Continua a ser propriedade da Diocese, embora cedido, a título precário e gratuito, à Misericórdia de Serpa. A igreja, de grande beleza arquitectónica, é monumento nacional. No dia 18 de Janeiro de 2008 Notícias de Beja completa 80 anos de vida. É tempo para todos os cristãos despertarem para a realidade da comunicação social e especialmente para o órgão oficioso da Diocese, porta-voz autorizado da Igreja no Baixo Alentejo, que todas as quintas-feiras leva a casa de milhares de assinantes de todo o país notícia dos principais acontecimentos desta Província, de Portugal e do mundo, com uma leitura criteriosa, à luz da fé. Amigo assinante, colabore connosco na campanha em curso de valorização e divulgação do nosso Notícias de Beja. bem de todos”. Sentir a Terra como “casa comum” exige optar pela vida do diálogo na sua gestão, no que respeita aos recursos energéticos. Neste campo, recorda Bento XVI, é necessário não prejudicar os países pobres. O mesmo justo equilíbrio é pedido no âmbito da economia e da repartição da riqueza. É necessário trabalhar “por uma sábia utilização dos recursos e uma equitativa distribuição da riqueza” e fazer com que “a organização económica não obedeça somente às duras leis do lucro imediato, que se podem revelar desumanas”. A força, diz Bento XVI, “há-de ser sempre disciplinada pela lei, e isto mesmo deve acontecer também nas relações entre Estados soberanos”. O Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI há 40 anos, como forma de colocar a questão da paz na agenda mundial. Uma colectânea com quase todos os textos publicados está disponível em português. Página 3 Conselho Pastoral da Diocese vai reunir em 12 de Janeiro para reflectir sobre a evangelização do Alentejo Página 2 As festas do Ano Novo e da Epifania Página 4 Um povo com dignidade e história Página 4 Família: berço da paz Página 6 IGREJA 2 – Notícias de Beja 3 de Janeiro de 2008 Um Conselho Pastoral para quê? O Senhor Bispo convocou o Conselho Pastoral da Diocese para o próximo dia 12. Vão-se reunir para quê estas 3 dezenas de pesssoas ? Lá irão uns tantos de cada Arciprestado. Juntamente com o Bispo vão analisar, reflectir, propor orien- tações pastorais. Algumas sugestões (esperamos que sejam concretas e concretizáveis), sairão da base, através dos membros do Conselho. Esta reunião do Conselho Pastoral realiza-se num momento particular. Tem por trás as recomendações do Papa feitas por ocasião da visita dos Bispos a Roma, e pela frente a proposta do nosso Bispo a solicitar um maior empenhamento do clero e do laicado na formação e num estilo de comunidade mais envolvente e participativo. Tudo isto são necessidades e, são apelos mais que repetidos. Talvez por já estarem gastos, não impressionam nem motivam. O que é certo é que nós precisamos de imitar a mãe Natureza que todos os anos se renova e renova o ambiente. E com sucesso, pois produz beleza na primavera e frutos no verão. Os membros do Conselho Pastoral, antes de chegarem a Beja deverão fazer o trabalho de casa. Terão de procurar detectar as causas das deficiências de comunhão e participação, nas comunidades a que estão ligados e com atenção e calma analisar o lugar dos leigos no campo da evangelização, da acção social, da Liturgia, da admi- nistração e nos órgãos colegiais diocesanos e paroquiais- Trata-se dos Conselhos, Equipas, Comissões de Serviço e Movimentos Apostólicos. No que toca directamente à formação, de base, doutrinal e espiritual, espara-se um contributo efectivo para responder não só à pergunta, como sobretudo ao problema : COMO FAZÊ-LA? A nível paroquial, arciprestal, diocesano... e outras. Até aqui as preocupações dum Bispo angustiado com o nível e o ritmo ministerial das comunidades. Há anos que se vem falando nesta diocese das questões da Iniciação Cristã e do catecumenado. E se há alguma diocese onde a atenção a estas realidades é um imperativo, é Beja. Com um índice de prática religiosa que não consegue ultrapassar os 5%, baixando no litoral até aos 3%; com baptizados teimosamente ignorantes no campo religioso, (muito felizes com este ‘8º sacramento’- a ignorância-), limitando-se à participação ocasional, tanto nas celebrações como na vida da comunidade; com pais ‘cristãos’ – que casaram pela Igreja – mas que nunca acompanham os seus filhos na vida religiosa; com maridos/esposos que deixam a igreja para as mulheres; com crianças que por falta de acompanhamento e de motivação abandonam a catequese com a primeira comunhão que também é a ‘última’; com poucos crismandos e nem sempre devidamente preparados, iniciados e envolvidos na vida da comunidade; com noivos que vão ‘casar à igreja’ , mas só voltam a procurar a Comunidade quando pretendem baptizar o primeiro filho; com um bom número de comunidades que, se o padre não for, não fazem qualquer tipo de celebração no Dia do Senhor; uma diocese onde o catecumenado e a catequese de adultos (a formação regular e progressiva) ainda é notícia para muita gente ... uma diocese onde os leigos não estão à vontade para tomar iniciativa inclusive nos domínios da sua competência, sem o aval do padre, que é solicitado para tudo... na verdade, uma diocese assim, com tantos vestígios de clericalismo e tanta disfunção, bem precisa de encontrar um caminho de saída. Por isso, é bem vindo e bem necessário um BOM CONSELHO PASTORAL. Ao serviço desta Diocese estão mais de 6 dezenas de presbíteros e uma meia dúzia de diáconos com a preciosa colaboração de 21 comunidades religiosas. A Diocese dispõe já dum significativo laicado, fortemente empenhado nas causas da Evangelização e do Serviço Sócio-Caritativo. Falta o quê, então? É para encontrar a resposta a esta pergunta que se justifica plenamente este Conselho Pastoral. Manuel Magalhães, Pároco de Santiago do Cacém Fátima, 18, 19, 20 de Janeiro VIII Encontro de Animadores Sócio-Pastorais das Migrações A Europa e as Migrações é uma questão por resolver! A Presidência Portuguesa da União Europeia inseriu o tema nas Cimeiras que promoveu, quis contribuir para a definição de estratégias que permitam encarar a problemática da mobilidade na Europa como uma questão a assumir positivamente. Qual foi realmente esse contributo? Que tempos e que burocracias são necessárias percorrer para que o debate entre políticos atinja a população migrante? Que progresso vive a Europa na defesa dos direitos dos migrantes? Algumas questões que o VIII Encontro de Animadores Sócio Pastorais das Migrações irá debater a partir do contributo de quem, todos os dias, vive com migrantes, na resolução de problemas e na conquista da dignidade de vida. Com eles estarão um conjunto de peritos (Adriano Moreira, Rui Marques, Manuel Augusto Fer- reira, José Coutinho da Silva) e de deputados no Parlamento Europeu (Ana Gomes, Ilda Figueiredo, João de Deus Pinheiro, José Ribeiro e Castro) para adiantar ideias e estratégias que se insiram na resolução desta problemática, todos os dias vivida de forma diferente no Continente Europeu. O Encontro está agendado para os dias 18, 19 e 20 de Janeiro de 2008. Decorrerá em Fátima e é promovido, em cada mês de Janeiro, pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, pela Caritas Portuguesa e pela Agência Ecclesia no contexto 94ª Jornada Mundial do Migrante e Refugiado, a celebrar no dia 13 de Janeiro de 2008. Epifania do Senhor Ano A 6 de Janeiro de 2008 A Epifania (palavra grega que significa “manifestação”, aparição) é o complemento do Natal. O Natal celebra Deus que se esconde e humilha, ao assumir a nossa natureza, para nos salvar. A Epifania celebra a Manifestação do Senhor como Deus e Rei universal, ao mesmo tempo que exalta a glória divina e a contempla brilhando no rosto da Igreja, Sua Esposa, a nova Jerusalém, depositária dos tesouros imensos da graça, oferecidos a todos os Povos, à semelhança do que aconteceu com o Povo Judeu. I Leitura Is 60, 1-6 O profeta anunciou outrora a glória que ia brilhar sobre Jerusalém depois dos tempos do cativeiro. Hoje, na solenidade da Epifania ou Manifestação do Senhor, a Igreja fala a si mesma, em todas as assembleias do povo de Deus, para proclamar que o Filho de Deus feito homem é a sua luz, é para ela como o clarão de um novo dia, que se destina a iluminar todos os homens e de todos fazer o Povo de Deus. Leitura do Livro de Isaías Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão od povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todo os de Sabá, trazendo ouro e incenso e provlamando as glórias do Senhor. Salmo Responsarial Salmo 71 (72) Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra II Leitura Ef 3, 2-3a.5-6 “Mistério” é a palavra com que o Apóstolo designa aqui o plano eterno de Deus. Só em Jesus Cristo Deus revelou completamente esse seu plano de salvação acerca da humanidade. Assim nos foi revelado que todos os homens, não só os do antigo povo escolhido, os Judeus, mas também os pagãos são chamados à salvação. Cristo realizou, de facto, a reconciliação da humanidade, reunindoa num mesmo Corpo, a sua Igreja. Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho. Evangelho Mt 2, 1-12 Depois da festa do Natal, que apresentou Jesus como o Filho de Deus, descendente de David, realizando as promessas feitas aos Filhos de Israel, hoje, a Epifania manifesta-O como Salvador de todos os homens. É o que significa esta leitura, em que os pagãos, ma pessoa dos Magos, são guiados aos pés de Jesus para O reconhecerem e adorarem e Lhe oferecerem os seus presentes. A Epifania é assim a festa das primícias dos pagãos e da universalidade do Reino de Deus. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. “Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’Oº. Ao ouvir esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: “Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’.” Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O” Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele e adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho. IGREJA 3 de Janeiro de 2008 Notícias de Beja – 3 Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a celebração do Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2008 Família humana, comunidade de Paz No início de um Ano Novo, desejo fazer chegar meus ardentes votos de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos homens e mulheres do mundo inteiro; faço-o, propondo à reflexão comum o tema com que abri esta mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana, comunidade de paz. Família, sociedade e paz A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher, constitui « o lugar primário da ‘‘humanização’’ da pessoa e da sociedade », o « berço da vida e do amor ». Por isso, a família é justamente designada como a primeira sociedade natural, « uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas, como protótipo de todo o ordenamento social». Com efeito, numa vida familiar «sã» experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe. A família tem necessidade da casa, do emprego ou do justo reconhecimento da actividade doméstica dos pais, da escola para os filhos, de assistência sanitária básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham a ajudar a família nestes campos, privam-se de um recurso essencial ao serviço da paz. De forma particular os meios de comunicação social, pelas potencialidades educativas de que dispõem, têm uma responsabilidade especial de promover o respeito pela família, de ilustrar as suas expectativas e os seus direitos, de pôr em evidência a sua beleza. A humanidade é uma grande família A própria comunidade social, para viver em paz, é chamada a inspirarse nos valores por que se rege a comunidade familiar. Isto vale tanto para as comunidades locais como nacionais; mais, vale para a própria comunidade dos povos, para a família humana que vive nesta casa comum que é a terra. Numa tal perspectiva, porém, não se pode esquecer que a família nasce do « sim » responsável e definitivo de um homem e de uma mulher e vive do « sim » consciente dos filhos que pouco a pouco entram a fazer parte dela. Para prosperar, a comunidade familiar tem necessidade do consenso generoso de todos os seus membros. É preciso que esta consciência se torne convicção partilhada também por quantos são chamados a formar a família humana comum. É necessário saber dizer o « sim » pessoal a esta vocação que Deus inscreveu na nossa própria natureza. Não vivemos uns ao lado dos outros por acaso; estamos percorrendo todos um mesmo caminho como homens e por isso como irmãos e irmãs. Família, comunidade humana e ambiente A família precisa duma casa, dum ambiente à sua medida onde tecer as próprias relações. No caso da família humana, esta casa é a terra, o ambiente que Deus criador nos deu para que o habitássemos com criatividade e responsabilidade. Devemos cuidar do ambiente: este foi confiado ao homem, para que o guarde e cultive com liberdade responsável, tendo sempre como critério orientador o bem de todos. Obviamente, o ser humano tem um primado de valor sobre toda a criação. Respeitar o ambiente não significa considerar a natureza material ou animal mais importante do que o homem; quer dizer antes não a considerar egoisticamente à completa disposição dos próprios interesses, porque as gerações futuras também têm o direito de beneficiar da criação, exprimindo nela a mesma liberdade responsável que reivindicamos para nós. Família, condição humana e económica Condição essencial para a paz nas famílias é que estas assentem sobre o alicerce firme de valores espirituais e éticos compartilhados. No entanto, é preciso acrescentar que a família experimenta autenticamente a paz quando a ninguém falta o necessário, e o património familiar – fruto do trabalho de alguns, da poupança de outros e da colaboração activa de todos – é bem gerido na solidariedade, sem excessos nem desperdício. Para a paz familiar, portanto, é necessária a abertura a um património transcendente de valores, mas, simultaneamente, há que não menosprezar a sapiente gestão quer dos bens materiais quer das relações entre as pessoas. O falimento desta componente tem como consequência a quebra da confiança recíproca devido às perspectivas incertas que passam a gravar sobre o futuro do núcleo familiar. O mesmo se diga daquela grande família que é a humanidade no seu todo. De facto a família humana, que hoje aparece ainda mais interligada pelo fenómeno da globalização, além de um alicerce de valores compartilhados tem necessidade também de uma economia que corresponda verdadeiramente às exigências de um bem comum com dimensões planetárias. A referência à família natural revelase, sob este ponto de vista também, singularmente sugestiva. Entre os indivíduos humanos e entre os povos, é preciso promover relações correctas e sinceras, que permitam a todos colaborarem num plano de paridade e justiça. Ao mesmo tempo, tem-se de trabalhar por uma sábia utilização dos recursos e uma equitativa distribuição da riqueza. Família, comunidade humana e lei moral Uma família vive em paz, se todos os seus componentes se sujeitam a uma norma comum: é esta que impede o individualismo egoísta e que mantém unidos os indivíduos, favorecendo a sua coexistência harmoniosa e laboriosidade para o fim comum. Tal critério, em si óbvio, vale também para as comunidades mais amplas: desde as locais passando pelas nacionais, até à própria comunidade internacional. Para se gozar de paz, há necessidade duma lei comum que ajude a liberdade a ser verdadeiramente tal, e não um arbítrio cego, e que proteja o fraco da prepotência do mais forte. Na família dos povos, verificam-se muitos comportamentos arbitrários, seja dentro dos diversos Estados seja nas relações destes entre si. Além disso, não faltam situações em que o fraco tem de inclinar a cabeça não frente às exigências da justiça mas à força nua e crua de quem possui mais meios do que ele. É preciso repeti-lo: a força há-de ser sempre disciplinada pela lei, e isto mesmo deve acontecer também nas relações entre Estados soberanos. 12. Sobre a natureza e a função da lei, já muitas vezes se pronunciou a Igreja: a norma jurídica que regula as relações das pessoas entre si, disciplinando os comportamentos externos e prevendo também sanções para os transgressores, tem como critério a norma moral assente na natureza das coisas. A razão humana, por sua vez, é capaz de discerni-la, pelo menos nas suas exigências fundamentais, subindo assim até à Razão criadora de Deus que está na origem de todas as coisas. Esta norma moral deve regular as opções das consciências e guiar todos os comportamentos dos seres humanos. sos Estados sobre o reconhecimento dos direitos humanos funda Superação dos conflitos e desarmamento A humanidade vive hoje, infelizmente, grandes divisões e fortes conflitos que lançam densas sombras sobre o seu futuro. Temos vastas áreas do planeta envolvidas em tensões crescentes, enquanto o perigo de se multiplicarem os países detentores de armas nucleares cria motivadas apreensões em toda a pessoa responsável. Há ainda muitas guerras civis no continente africano, embora também se tenham registado em vários dos seus países progressos na liberdade e na democracia. O Médio Oriente continua a ser teatro de conflitos e atentados, que não deixam de influenciar nações e regiões limítrofes com o risco de arrastá-las na espiral da violência. A nível mais geral, há que registar, com tristeza, um número maior de Estados envolvidos na corrida aos armamentos: temos até nações em vias de desenvolvimento que destinam uma quota importante do seu magro produto interno para a compra de armas. Neste funesto comércio, são muitas as responsabilidades: há os países do mundo industrialmente desenvolvido que arrecadam avultados lucros da venda de armas e temos as oligarquias reinantes em muitos países pobres que pretendem reforçar a sua posição com a aquisição de armas cada vez mais sofisticadas. Em tempos tão difíceis, é verdadeiramente necessária a mobilização de todas as pessoas de boa vontade para se encontrar acordos concretos que visem uma eficaz desmilitarização, sobretudo no campo das armas nucleares. Há sessenta anos, a Organização das Nações Unidas tornava pública, de maneira solene, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Com tal documento, a família humana reagia aos horrores da II Guerra Mundial, reconhecendo a sua própria unidade assente na igual dignidade de todos os homens e pondo, no centro da convivência humana, o respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos e dos povos: tratou-se de um passo decisivo no árduo e empenhativo caminho da concórdia e da paz. Merece também menção especial a passagem do 25º aniversário da adopção pela Santa Sé da Carta dos Direitos da Família (1983-2008), bem como o 40º aniversário da celebração do primeiro Dia Mundial da Paz (1968-2008). Fruto duma providencial intuição do Papa Paulo VI, retomada com grande convicção pelo meu amado e venerado predecessor, Papa João Paulo II, a celebração deste Dia proporcionou ao longo dos anos a possibilidade de a Igreja desenvolver, através das Mensagens publicadas para tal circunstância, uma doutrina elucidativa em defesa deste bem humano fundamental. É precisamente à luz de tais significativas comemorações que convido todo o homem e toda a mulher a tomarem consciência mais lúcida da sua pertença comum à única família humana e a empenharem-se por que a convivência sobre a terra espelhe cada vez mais esta convicção da qual depende a instauração de uma paz verdadeira e duradoura. A todos desejo um Ano Novo feliz! Vaticano, 8 de Dezembro de 2007. BENEDICTUS PP. XVI ACTUALIDADE 4 – Notícias de Beja Do Presépio aos Reis um povo em festa 1. Encontramo-nos a meio da quadra natalícia isto é a meio do tempo que decorre entre a primeira celebração do Natal (missa do galo) e a festa dos Reis Magos, designação popular da Epifania, passando pela festividade do Ano Novo. Das três supracitadas festividades, o Natal é a que tem mais relevo, quer nos cidadãos, quer nas famílias, quer nos espaços públicos. A julgar pelo que se observa, procura-se criar um clima festivo, modesta. Serve-se das iluminações públicas de Natal, quando se mantêm e nos seus festejos usa os euros restantes das duas outras festividades. Apesar de tudo há, no geral, festa a anunciar a despedida desta quadra natalícia. É costume, em certas zonas, cantar as janeiras ou os Reis pedindo ofertas em dinheiro ou em géneros para a ceia do grupo- cantor ou, então, para uma causa de bem-fazer. Ultimamente vão-se retomando tradições Adoração dos Magos, Retábulo de São Bento - Pintura Portuguesa, Século XVI, Museu Nacional de Arte Antiga pelas iluminações, pela música de ambiente transmitida, pela reunião de família com agradáveis refeições, pela oferta de prendas, pelos discursos de circunstância, pelo convívio mais fácil, pela intensificação do comércio e por bastantes outros sinais. Até há pouco havia com frequência, nos espaços públicos, além do presépio, outras manifestações do Natal cristão, que hoje, vão rareando por um adventício clima laicista que quer as festas públicas do Natal neutras e incolores, como se esta ausência de sinais cristãos, imposta, não fosse já uma opção agressiva… A festa de Ano Novo, na Sociedade civil realça, no geral, a passagem de ano como uma demonstração meramente mundana. Há nessa comemoração como que um extravasamento de sentimentos no meio de uma musicalidade desordenada a abafar qualquer sentimento ou ideia que queira moderação e interioridade. Numa palavra, é a noite do réveillon e está tudo dito. Não falta, como era de esperar, a comida, a bebida e muita fadiga. Fazem festa assim os que podem, porque a maioria tem de ser mais, muito mais modesta nos gastos. Vem, depois, a Festa dos Reis Magos designação popular da Epifania Nota-se que esta festividade, na Sociedade civil, é das três a mais antigas da chegada, em Cortejo, dos Reis Magos. O folclore e a música criam o ambiente. Quem celebra os Reis, como nas outras festividades, tem mesa posta em família ou em lugar público com refeição melhorada. 2. Em contraste ou paralelamente há uma outra maneira de fazer festa nesta mesma quadra. Refiro-me ao modo como a Igreja celebra o Natal, o Ano Novo e o Dia de Reis. No Natal celebra a festa do Nascimento do Filho de Deus – Jesus Cristo “feito um de nós, igual a nós em tudo excepto no pecado, para nos salvar”. A Igreja proclama esta Boa Nova pelas leituras da Sagrada Escritura, pelos cânticos apropriados e pela homilia do presidente de cada celebração. No tempo do Advento, que antecedeu o Natal, a Igreja convidou cada cristão à conversão a uma maior fidelidade às exigências da fé. É por isso que na festa do Natal se nota uma maior agilidade e alegria na participação nas densas celebrações litúrgicas. Os presépios expressões plásticas populares ou de arte de qualidade, como as de Machado de Castro, têm relevo e é deles que se toma a imagem do Menino Jesus que é oferecida ao ósculo crente e feliz dos cristãos. Após a celebração há, em cada casa ou em lugar comunitário, festivo convívio. Vem de seguida a festa do Ano Novo. Aqui a Igreja é toda ela convidada a tomar consciência do dom precioso da vida que supõe a intervenção de “Deus criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”. É convidada a louvá-lo e a agradecer-lhe todos os dons recebidos no ano prestes a findar; é convidada também a pedir perdão a Deus pela não correspondência ao seu desígnio de amor misericordioso e é convidada a prometer maior fidelidade aos grandes valores da fé no ano agora iniciado. Toda esta celebração decorre sob o olhar de Nossa Senhora, pois este dia, segundo indicação da Igreja, é o dia da Santa Mãe de Deus, porque Mãe de Jesus Cristo. De há anos a esta parte, o dia primeiro do Ano é dedicado, também, a reflectir e rezar pela verdadeira paz no mundo. Os papas têm, ultimamente, proposto uma mensagem sobre a paz..Têm sido textos profundos e actualizados. Neste clima não falta também nas famílias cristãs ou em lugar comunitário a refeição de festa de começo de Ano Novo.. E chegamos ao terceiro polo da quadra natalícia que a Igreja designa como a Epifania e que, popularmente, toma o nome de Dia de Reis. Esta é festa grande da liturgia, porque é a manifestação de Deus feito um de nós, aos pastores, aos “Reis Magos” símbolo dos povos fora de Israel. Epifania é com o Natal a festa da manifestação do Salvador Jesus Cristo, que nos trouxe a paz e a libertação de tudo o que a prejudica. É festa grande e muito significativa. No Oriente é mesmo a Maior. Também aqui os cristãos partilham entre si a alegria da Boa Nova e partilham uns com os outros o sentimento comum de estarem libertos pelo Senhor. A refeição em família ou em Comunidade é expressão desse júbilo. 3. Como verificámos, na quadra natalícia, há um calendário comum respeitado pela Igreja e pela Sociedade civil. As expressões num e noutro espaço não são sempre coincidentes. Enquanto na liturgia sobressaem as manifestações espirituais animadas por um santo misticismo posto ao serviço da aproximação entre Deus e os seres humanos, até à comunhão, no campo civil predomina a dimensão meramente humana, por vezes, contrastante ou contrária às realidades da fé. Numa e noutra há festa, alegria, partilha de refeição e o desejo de que o futuro seja pacífico e feliz, ainda que os conteúdos destes termos, por vezes, difiram. Diante destas coincidências a evoluírem e a dissiparem-se os cristãos hão-de procurar insuflar o sentido cristão nestas festividades. Continuemos a viver e a celebrar as festas desta quadra natalícia numa atitude feliz e fraterna, sem desvios que a recta razão reprova. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra 3 de Janeiro de 2008 Um povo com dignidade e história Foi uma autêntica revolução. Alegrou uns, preocupou outros, deixou alguns perplexos e outros a indagar as consequências e a perguntar se isso era verdade e possível. João XXIII dera a palavra de ordem, quando disse que a renovação da Igreja, necessária e urgente, exigia o regresso às fontes bíblicas e ao espírito e experiência dos inícios. Muita lama do tempo se tinha colado à Igreja. Defendia-se o que já não era defensável. Ficar na concepção jurídica de “Igreja, comunidade perfeita” era empobrecer o presente, comprometer o futuro e impedir um diálogo com o mundo, de modo a poder-lhe ser útil. O projecto de Deus fora edificar um Povo singular, diferente de qualquer outro fruto de em concepções puramente humanas e temporais. Este Povo seria seu, Povo de Deus. Um Povo de salvos, um sinal de salvação, acessível a todos os crentes. O Vaticano II afirmou este desígnio de Deus: um Povo que O conhecesse em verdade e o servisse em santidade, com servidores, a tempo inteiro, para garantir o seu desígnio.. Qualquer outro projecto de Igreja está fora do querer divino. Ou é Povo de Deus, ou Deus não se comprometerá com a obra realizada. Essa seria sempre um mero projecto humano, tocado pelas mazelas que acompanham a natureza humana e o que dela nasce, sem ter sido redimido. Na história, por razões conhecidas e nas quais o querer dos homens nem sempre respeitou o querer de Deus, foi-se construindo uma Igreja para o tempo, na qual nem sempre o Evangelho e a Pessoa de Jesus Cristo ocuparam lugar central. O céu ia denunciando este desvio com a santidade de muitos cristãos, fieis ao Evangelho. Uns foram considerados loucos ou impelidos a calarem-se, outros simplesmente esquecidos. Como os profetas, também eles sempre incómodos para os instalados em suas ideias e interesses. Os caminhos bíblicos e da verdade revelada, já nem pareciam ortodoxos, de tal modo estavam acima ou alheios à doutrina e decisões de homens da Igreja, detentores de um poder, que muitas vezes era tudo, menos serviço a um Povo crente. Assim se compreendem as lutas de cariz mais humano que evangélico, a oposição a tudo o que ia bulir com ideias e interesses adquiridos, a não aceitação de posições e apelos, nascidos fora da comunidade eclesial, mas que, perto ou longe, se haviam inspirado num Evangelho, por muitos responsáveis já esquecido. O Vaticano II, a que o papa nos pede que sejamos fieis, não foi um gesto de revivalismo, mas sim um grito de fidelidade a Deus e à Sua obra. Concretizada esta num Povo, escolhido e enviado, como testemunha de uma especial protecção a carinho, dada a vivência a que eram chamados os seus membros e a missão histórica que lhe era confiada, em favor da humanidade onde deve ser luz, sal e fermento novo. Muitos cristãos não manifestam alegria de o ser, estão alheios ao essencial da vida cristã, mantêm-se passivos na participação apostólica, vivem e actuam como se não fossem crentes, sem terem ainda descoberto a dimensão comunitária do projecto de Cristo em que dizem acreditar, nem da Igreja, a que dizem pertencer. Muito se tem feito nestes quarenta anos que já leva a realização do Concílio. Mas um muito que é ainda pouco, que tem sofrido intermitências, e vai mostrando como é difícil a conversão das pessoas e dos critérios pastorais. O individualismo e o relativismo, frutos do tempo, e a que nem a Igreja ficou isenta, dificultam ainda mais esta conversão. Na consciência de Povo de Deus a Igreja se renovará e os seus membros terão nela lugar de pleno direito. É esta consciência que é preciso readquirir, pelos meios adequados, acessíveis à experiência de todos. Assim, a Igreja de ontem, será a de hoje e a de sempre: um Povo redimido e salvo com uma missão a favor de todos sem excepção. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro SOCIEDADE 3 de Janeiro de 2008 O silêncio dos cristãos 1. O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, em 13 de Outubro, em Fátima, apelou aos cristãos para que não se calem perante aqueles que querem “comprar” ou “impor” o silêncio por causa dos imperativos de uma sociedade liberal. Para o secretário de Estado do Vaticano existem “pretensos senhores destes tempos (que se encontram no mundo da cultura e calar perante a degradação do ensino e a crescente onda de deseducação? Como podemos calar perante um sistema de colocação de professores que coloca marido e mulher a centenas de quilómetros de distância? Como podemos calar perante as escandalosas disparidades sociais, onde há ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres? Como podemos calar perante a existência de reformas de da arte, da economia e da política, da ciência e da informação) que exigem e estão prontos a comprar, se não mesmo a impor, o silêncio dos cristãos invocando imperativos de uma sociedade aberta, quando na verdade lhe fecham todas as entradas e saídas para o Transcendente”, “em nome de uma sociedade tolerante e respeitosa, impõem como único valor comum a negação de todo e qualquer valor real”. 2. É um facto o silêncio de cristãos, em determinados momentos em que parece seria de exigir que, coerentemente, se pronunciassem. Estou persuadido de que há gente - muito boa gente - que se encolhe, quando deveria vir a público tomar posições. Há circunstâncias em que é imperioso que os cristãos falem e falem mesmo. Preso em Roma, Paulo garante a Timóteo que a Palavra de Deus não estã encadeada. Como podemos calar perante a crescente onda de violência e de insegurança? Como podemos calar perante o desrespeito pela propriedade alheia? Como podemos luxo ao lado de pensões que dão para o necessário? Como podemos calar perante a realidade do desemprego? Como podemos calar perante a realidade de salários em atraso? Como podemos calar perante a falta de consciência profissional? Como podemos calar perante a realidade do pluriemprego quando há tantos desempregados? Como podemos calar perante casos de falências fraudulentas? Como podemos calar quando sabemos haver abusos de poder? Como podemos calar perante a forma ditatorial como, por vezes, é exercido o poder? Como podemos calar perante o modo como por alguns responsáveis é descredibilizada a actividade política? Como podemos calar se quem deveria servir o que procura é servir-se e servir os seus? Como podemos calar se o bem comum nem sempre é devidamente acautelado? Como podemos calar perante a partidarização da solidariedade? Como podemos calar perante o tráfico de seres humanos? Como podemos calar perante a coisificação das pessoas? Notícias de Beja – 5 REGISTADO Como podemos calar perante a desvalorização da vida humana que levou à legalização do aborto e está a gerir campanhas a favor da eutanásia? Como podemos calar perante o facto de haver pessoas a esperarem meses e meses por uma intervenção cirúrgica e se considera a gravidez uma doença cujas”pacientes” têm prioridade? Como podemos calar perante a desagregação da família e a defesa que se faz das uniões homossexuais? Como podemos calar perante os atrasos na justiça e a prescrição de certos crimes? Como podemos calar perante um sistema fiscal em que quem mais pode pagar mais possibilidades tem de fuga? 3. Porque é que muitas vezes se não fala? Nuns casos, por uma fala ideia do que sejam a tolerância e o respeito pelo pluralismo. Ser tolerante não significa concordar com tudo. Não significa deixar de dizer o que se pensa. Uma coisa é aceitar a existência de pessoas que não penasm como nós e a convivência pacífica com todas elas e outra, deixar de vir a público manifestar a discordância em relação a actos, comportamentos ou opiniões com que, em consciência, coerentemente se deve estar em desacordo. Uma coisa é impormos as nossas opiniões e outra, propô-las, respeitando todos os que pensam de maneira diferente. Os cristãos não devem impor as suas convicções, mas têm o dever de, respeitosamente, as propor. Há casos em que se não fala por vergonha. Porque se não tem a coragem de ser diferente. Por medo de reacções ou represálias. Por cobardia. Por falsa prudência. Também há pessoas que não falam porque se deixaram comprar, às vezes por subsidiozinho que receberam ou esperam poder vir a receber. 4. Há circunstâncias em que é preciso falar, mas falar com respeito. Mas falar sem ofender nem magoar. Mas falar usando uma linguagem propria de gente educada e civilizada. Mas falar sem recorrer ao insulto. Mas falar sem fazer processos de intenção. Mas falar sem qualificar as pessoas, embora se devam qualificar alguns dos seus actos. Mas falar distinguindo muito claramente entre os erros que se denunciam ou desmontam e as pessoas que erram, as quais não deixam de ser pessoas e, como tal, respeitadas. Pelo Baptismo os cristãos passam a participar da missão sacerdotal, profética e real (pastoral) de Cristo. O profetismo continua a ser uma das importantes missões da Igreja de hoje que, mesmo correndo riscos, deve ser corajosa e respeitosamente exercida. O dia mundial da televisão Há treze anos, a ONU proclamou o dia 21 de Novembro como o Dia Mundial da Televisão. Em 2003, o então Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan dizia que “vivemos cada vez mais numa mesma sociedade da informação, na era da aldeia global, na qual a televisão, o nosso meio de comunicação mais poderoso, é um elemento fundamental”. O balanço da revolução televisiva pode ser considerado globalmente positivo. De facto, a televisão tem sido uma ferramenta de desenvolvimento. Hoje entra-nos pela casa dentro e faz-nos descobrir o mundo que nos rodeia e o que temos de comum ou diferente com os outros. Permite-nos alargar horizontes e compreender as diferenças. A televisão revolucionou as comunicações, influenciando também profundamente a vida familiar: Hoje, a televisão é uma fonte primária de notícias, de informações e de distracção para inumeráveis famílias, a ponto de modelar as suas atitudes e as suas opiniões, os Em Portugal e com as seus valores e os protótipos de comportamento. guerras das audiências, é Mas a televisão pode, também, cada vez mais bédil a prejudicar a vida social e familiar; ligação entre o sucesso difundindo descontroladamente de mercado e a ética valores (ou falta deles) e modelos de comportamento falseados ou na comunicação degradantes, divulgando pornoaudiovisual. grafia e imagens de violência Com honrosas excepções, brutal; dando tempo de antena à a televisão teima em propagação e banalização do mal espremer, até aos ossos da e do terrorismo, inculcando o relativismo e o facilitismo e a alma, os sentimentos das apologia da cultura do vazio e do pessoas. Uma espécie nada; explorando até à náusea o “mercado da privacidade”; transde nacionalização mitindo publicidade exploratória emocional. ligada aos mais cretinos instintos; exaltando falsas visões da vida que impedem a autuação do respeito mútuo. Em Portugal e com as guerras das audiências, é cada vez mais débil a ligação entre o sucesso de mercado e a ética na comunicação audiovisual. Com honrosas excepções, a televisão teima em espremer, até aos ossos da alma, os sentimentos das pessoas. Uma espécie de nacionalização emocional. Para se compreender este uniformismo castrador, basta dar um ou dois exemplos: o espaço reservado às telenovelas é absolutamente injustificado e pateticamente perigoso. Há dias, resolvi fazer a “contabilidade horária” das novelas: entre as 14 horas e as 2 horas da madrugada, dois dos canais generalistas emitiram treze (!) telenovelas, correspondendo igualmente a treze (!) horas de emissão. Mais de 50% de antena! Se a isto juntarmos os pastelões dos noticiários (que chegam a ter noventa minutos de duração), com alinhamentos anacrónicos, o futebol e seus bastidores divulgados até à náusea mesmo para quem gosta deste desporto (que é o meu caso), e uns concursos que, na maioria, são um atestado de estupidificação dos portugueses, o que resta? Quase nada!... Por isso, torna-se cada vez mais imperativo que, no desempenho das suas próprias responsabilidades, a indústria da televisão desenvolva e observe um sólido e saudável código de ética. Os canais de televisão, geridos pela indústria da televisão pública ou privada, são um instrumento público ao serviço do bem comum; não são somente um terreno marcado por interesses comerciais ou um instrumento de poder económico ou político. Por outro lado, há que potenciar, respeitar e valorizar o papel e a influência das associações de espectadores, como expressão adequada da sociedade civil. Recordo uma das reflexões que li há anos sobre esta efeméride, e que, em tom caricatural, nos faz reflectir sobre a força que a sociedade ainda (pode) ter: “O dia mundial da televisão é uma excelente oportunidade para a manter desligada durante todo o dia!” Infelizmente, as novelas, as guerras, o mal, a violência, o voyeurismo têm um mercado aparentemente cada vez mais poderoso. E, se assim é, a responsabilidade é da sociedade que consome sofregamente esta overdose televisiva. Ou seja, de todos nós. E, ao mesmo tempo que a televisão se torna totalizante, o livro tornase uma expressão de resistência à massificação alienante. Um combate muito desigual…Como dizia Jean Guitton, em jeito provocativo, o bom livro traduz a supremacia do espírito sobre a matéria, ao passo que a má televisão representa a vitória da matéria sobre o espírito. António Bagão Féliz, economista, “Correio do Vouga”, 15.12.2007 Silva Araújo SOCIEDADE 6 – Notícias de Beja Desarmamento é o único caminho Adriano Moreira fala do espectro de uma nova Guerra Fria e subscreve alertas de Bento XVI na Mensagem para o Dia Mundial da Paz Apresentada a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2008, Adriano Moreira defende com o Papa um desarmamento geral e controlado, em especial no campo nuclear. AGÊNCIA ECCLESIA – Como vê a preocupação dos Papas de que a paz seja uma questão de todos e abrangente? Adriano Moreira (AM) – Em primeiro lugar, temos de lembrar a grande tradição dos projectistas da paz europeus, desde a Idade Média, é preenchida por teólogos juristas que se preocupam com esse problema, sobretudo para pacificar a própria Europa. Essa grande tradição tem origem cristã. O problema passou a ter maiores desafios depois da Guerra de 19391945, uma espécie de guerra civil da Cristandade, como tinha sido a de 1914-1918, porque ninguém atacou a Europa. O passivo dessa tremenda guerra não tinha precedentes, devemos contabilizar 50 milhões de mortos num momento em que as armas disponíveis anunciavam a capacidade de os próprios soberanos destruírem a humanidade. Tudo isso chamou à intervenção de muitos responsáveis de valores e não podemos deixar de reconhecer que a intervenção dos Pontífices neste espaço Ocidental foi fundamental. Parece-me que a presença de Paulo VI nas próprias Nações Unidas trouxe o conceito de que o desenvolvimento é o novo nome da paz. A partir daí, as intervenções têm sido constantes e valiosas, porque um grande número de países escuta a voz dos Pontífices. Essa longa contribuição não pode ser ignorada, mesmo pelos laicos, quando eles defendem a importância do respeito pelo direito internacional. AE – Essas intervenções continuam actuais? AM – Penso que a época iniciada com a II Guerra Mundial é crucial, todas as intervenções são fundamentais para responder a uma formulação que eu considero extremamente limitada do objectivo do desenvolvimento, o conceito da sociedade e do saber. É necessário acrescentar a sabedoria, os valores não podem estar ausentes e aí a pregação dos Pontífices tem sido central. AE – Na sua mensagem, Bento XVI apela à desmilitarização e ao desar- mamento, sobretudo no campo do nuclear. AM – Penso que esse é um dos temas fundamentais e chamo a atenção para o seguinte: antes das armas nucleares, é necessário proibir o comércio das armas ligeiras. Se repararmos, os documentários que chegam das várias calamidades do que se chamava o terceiro mundo, não via um soldado que não via empunhasse uma arma moderna. Elas são feitas e exportadas pelos países altamente desenvolvidos e a nossa responsabilidade, a esse respeito, é enorme. Temos motivos para pensar no perigo que representa a multiplicação e dispersão das armas nucleares, mas é bom começar pelas armas ligeiras. Quanto às armas nucleares, há uma questão que também merecem reflexão ética: elas só puderam desenvolver-se pelo comércio, legal ou ilegal, da maneira de as saber fazer. Isso tem levado, curiosamente, a falar no “eixo do mal”, com intervenções calamitosas no Iraque, e à afirmação de que há países confiáveis para ter a arma atómica e outros não. AM – Nós estávamos acostumados a ter “sociedades habituais”, que na sua forma mais perfeita eram sociedades nacionais, com um tecido cultural que tornava a vida contratual. Esse modelo de sociedades, sobretudo no Ocidente, está a ser alterado muito rapidamente, com um progresso da ciência e da técnica sem precedentes num predomínio de valores económicos, uma espécie de “teologia de mercado”. A desregulação completa das migrações levou a uma recomposição dos povos, com sociedades multiculturais onde há erros tremendos: as migrações determinadas por motivos económicos, no exercício de um direito natural, foram recebidas com critério empresarial, mas as pessoas não regressam quando não há trabalho. Acabámos por ficar semeados de colónias interiores e o tal tecido cultural em que assenta a vida habitual esteja seriamente ameaçado. Os Estados começam a ser, em larga medida, organizações que não se mostram capazes de responder às novas necessidades. Mesmo do ponto de vista internacional, acontece que os centros de decisão não estão previstos em nenhum tratado, como é o caso do G8. AE – Bento XVI fala também na necessidade de escolher a via do diálogo para protecção e gestão a terra como a nossa “casa comum”… AM – A ideia da casa comum é uma ideia nobilíssima e tem vários corolários: em primeiro lugar é responsabilidade de todas as culturas salvaguardar o planeta; por outro lado, há um direito natural – que é o mais importante depois do direito à vida – que é o direito de estar, de andar, de ir de um lado para o outro. Quando este direito natural se transforma na necessidade de multidões, nós assistimos a esta desregularão das migrações e a um noticiário angustiante, porque elas querem exercer esse seu direito natural. Isto implica a existência de uma nova ordem mundial. E a minha impressão é que estamos longe disso, o que aumentará o número de conflitos. Nós na Europa, arautos da paz e da promoção dos diálogos e dos valores, não conseguimos estabelecer a paz. Temos seriíssimos conflitos que talvez se possam agravar! Esse é certamente o desafio dos desafios no mundo. A situação neste momento é de anarquia mundial. Como sou optimista, digo anarquia madura na esperança de que para pior não vá… Mas de facto, reorganizar a governança mundial é a urgência desta geração. AE – O tema para a Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz é “Família Humana: Comunidade de Paz”. Que protagonismo atribuir à família na construção da paz? AM – A Declaração Universal da ONU declara, julgo pela primeira vez, a família como célula base da sociedade e que tem direito à protecção. Todos assinaram, mas têm concepções de família diferenciada: os que acham que a família é sacramentada, um contracto, um troço no caminho… Mas todos assinaram. Diante das alterações que estamos a sofrer - designadamente na definição do Estado soberano, na definição da sociedade civil nacional que está a ser plural e transfronteiriça - diria que a célula base avulta de importância! Acho, por isso, que esse apelo é fundamental, sobretudo para a construção da paz. Considero que a família é o fórum principal de ensino na área dos valores. AE – Numa sociedade marcada pelo conhecimento, podemos alcançar a sabedoria? AM – Espero que não seja uma tradição universitária esquecida. Depois, a valorização do diálogo é fundamental, nomeadamente nas Nações Unidas. Também não é despiciendo ter alguma fé na santidade na política. E temos exemplos, nem todos cristãos: Gandhi, Mandela, Ana Arendt, a pregar que o diálogo e a verdade são as únicas garantias da paz… Recordo também S. Tomás Moro, proclamado por João Paulo II patrono de parlamentares e governantes, que tinha experiência do poder, porque foi chanceler de Inglaterra. Imagino que, não como santo mas chanceler, deixou-nos o legado de que se Deus não nos reservar mais do que justiça ninguém se salva. 3 de Janeiro de 2008 Família: berço da paz?! «Numa vida familiar ‘sã’ experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs; a função da autoridade manifestada pelos pais; o serviço carinhoso aos membros mais débeis, porque pequenos, doentes ou idosos; a mútua ajuda nas necessidades da vida; a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe. Por isso, a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz». Diz-nos na sua mensagem o Papa Bento XVI para o próximo dia mundial da paz – intitulada «Família humana, comunidade de paz» – numa reflexão que acentua a dimensão cristã da família, entendida no sentido estrito (homem e mulher, pais e filhos) e na sua dimensão mais abrangente – ‘a humanidade é uma grande família’ e a ‘Terra é a nossa casa comum’ – e tendo em conta a celebração do 40.º dia mundial da paz, os vinte e cinco anos da ‘Carta dos direitos da família’ e os sessenta anos da Declaração universal dos direitos humanos. * Não será muito difícil de perceber se uma criança, um adolescente, um jovem, um adulto ou um velho vive num clima de paz familiar: bastará captar nas suas expressões, nas suas palavras, nos seus gestos... se ele/ela vive numa família onde a paz faz escola. Com efeito, todos reproduzimos (mais ou menos bem) o ambiente em que vivemos agora, onde fomos criados/educados e até as mais (pro)fundas raízes onde crescemos. Se pai e mãe têm gestos e olhares de paz, transmiti-los-ão naturalmente aos seus filhos. Se, mesmo nas horas mais conturbadas, pai e mãe sabem transmitir segurança aos filhos. Se, nos momentos de discussão (quantas vezes ríspida), pai e mãe não amedrontam os filhos quanto ao seu futuro. Se pai e mãe não têm medo de manifestarem, diante dos filhos de forma sincera e oportuna, gestos de ternura e de carinho... Então, a família será, de facto, escola de paz, de harmonia e de crescimento saudável. Será tudo isto, só utopia? Talvez não, de todo ou, pelo menos, em parte! * Depois de termos visto, em Portugal, nos primeiros meses de 2007, fazer festa por ter sido aprovada uma lei de morte, talvez tenhamos atingido o maior descrédito como Nação e até como cultura... em desfavor da vida. Com efeito, como pode uma família ser agente de paz se, no seu seio, há opções e critérios de morte? Ao vermos, nas decisões do actual governo, aparecerem linhas que defendem o aborto e outros que promovem a maternidade, poderemos sentir – numa razoável simbiose com a capacidade de pensar – que algo vai mal no reino de quem nos governa. De que lado estão ou querem estar: da morte ou da vida? Na mensagem papal podemos encontrar tónicas urgentes para que a família seja ‘agência de paz’: pela habitação digna e dignificada; pelo emprego capaz, correcto e seguro; pela escola educativa e integradora; pela saúde atenta e regeneradora; pelo reconhecimento da vida doméstica activa e libertadora...Quando é que será dado, em Portugal, o reconhecimento profissional da ‘dona de casa’ ou ‘doméstica’ com remuneração e tudo? Mas que não se exclua esta possibilidade para quem o desejar, sinceramente!... * Quando vemos famílias a correrem em busca da satisfação material e materialista como que ficamos ainda mais atentos a estas prevenções do Papa. Efectivamente, a família – ou o que dela resta – não pode reduzir-se a um espaço (físico, psicológico ou de conveniência), onde uns tantos vivem juntos até possa haver outra forma de morar com outros/as tantos/as... em mero regime de comida e/ou cama. Antes de tudo a família é esse espaço privilegiado de crescimento na liberdade pela comunhão espiritual dos seus membros, cada um segundo a sua responsabilidade: pais e filhos, marido e esposa, irmãos e avós... em ordem a serem todos família de sangue, de raça e de força cultural/espiritual. Agora que já se vislumbra uma nova etapa – porventura fictícia, convencional e de aspirações – de vida familiar, social, colectiva e mesmo eclesial como que ousamos propor que as dimensões enunciadas pelo Papa Bento XVI possam servir-nos de parâmetros de avaliação e, sobretudo, de sugestões para fazermos da família a grande aposta de futuro neste presente, discernindo correctamente o passado. A. Sílvio Couto REGIONAL 3 de Janeiro de 2008 Notícias de Beja – 7 Beja Lousal Mértola Incêndio deixa desalojadas sete pessoas Esposa do Presidente da República oferece 10 presépios Câmara apoia construção de lar da 3.ª idade Sete pessoas ficaram desalojadas, entre elas duas crianças, na sequência de um incêndio que atingiu duas habitações na de madrugada de 28 de Dezembro, na cidade de Beja. Uma das habitações, onde deflagrou o incêndio e moravam dois adultos, ardeu totalmente, explicou à Agência Lusa o segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Beja, Pedro Barahona. De acordo com o responsável, uma casa contígua à que ardeu, onde viviam três adultos e duas crianças, ficou parcialmente destruída. As sete pessoas foram realojadas pelo serviço municipal de protecção civil numa unidade hoteleira da cidade. Pedro Barahona avançou à Lusa a suspeita de que o fogo teve origem num curto-circuito na sala da casa que ardeu totalmente, onde vários equipamentos estavam ligados à corrente eléctrica. O alerta para o incêndio nos números 10 e 12 da Rua Frei António Beja foi dado às 00h18, tendo as operações de combate às chamas demorado cerca de quatro horas, com a mobilização de 21 bombeiros e sete viaturas. Pedro Barahona lamentou, por outro lado, que o piquete da EDP tivesse “demorado quase uma hora” para chegar ao local e desligar a corrente eléctrica, o que dificultou as operações dos bombeiros. “Quando chegámos ao local, deparámos com um cabo eléctrico a arder e em curto-circuito na parede da casa em que deflagrou o incêndio”, explicou. Segundo o responsável, os bombeiros contactaram o piquete da EDP para desligar a corrente eléctrica, de modo a criar condições de segurança, o que “demorou quase uma hora”. Na era do telemóvel O telemóvel foi introduzido em Portugal em 1991 e desde então tem provocado uma autêntica revolução nos costumes. Nestes 16 anos, tornámo-nos telemóveldependentes e já não conseguimos viver sem ele. Registei por curiosidade alguns avisos, convites ou reflexões patentes nos diversos locais de culto. 1. “Por favor, desligue o seu telemóvel!” 2. “Para falar com Deus não é necessário o telemóvel... então desligue-o!” 3. “Deus chamar-te-à, mas não por telemóvel... Por favor desliga-o!” 4. “Aprendeu a ligar o telemóvel lá fora. Aprenda a desligá-lo cá dentro!” 5. “Desligue o seu telemóvel para ouvir melhor o toque do telemóvel divino. É um toque tão personalizado que não é necessário procurar na Internet, nem copiar dos amigos, porque ele toca silencioso em si e só para si. O telemóvel divino possui uma melodia agradável, não incomodativa para ninguém e sem necessidade de pagar nada nem pelo telemóvel, nem pelo toque. Essa melodia soa sobretudo no coração. O telemóvel que traz no bolso pode ficar desligado, pois basta ter o coração aberto para estar em sintonia com as chamadas de Deus.” 6. “Poupe atenção desligando o seu telemóvel, pois a rede de comunicação na igreja é diferente: Imagine-se alguém a rezar e ouvir esta mensagem: “Central Celeste, por favor marque uma das seguintes opções: para pedidos marque 1; para queixas marque 2, para outros assuntos marque 3...” Ou então: “Neste momento os nossos anjos estão ocupados. Por favor deixe a sua mensagem no serviço de espera. Se deseja falar com o Anjo Gabriel marque 5, com outro anjo marque 6”. O pior seria: “A sua alma apresenta um saldo de tantos méritos. Deverá ser recarregada no próximo domingo na missa das 09h00”. Por fim imaginemos a resposta: “O número que marcou não está atribuído. Por favor, certifique-se da sua intenção ou então marque de novo sem distracções...” Graças a Deus que nada disto acontece. Podemos chamar a Deus quantas vezes quizermos que somos sempre atendidos. A sua linha nunca está ocupada. Basta que o nosso telemóvel não faça interferências com a comunicação de Deus”. 7. “Só se fala hoje de telegrafia sem fios (telemóveis!); há muito tempo que nós a usamos a nível espiritual: todas as nossas orações são mensagens sem fio que vão directamente ao céu...” (Padre Dehon, Notas Quotidianas, 1925) A Fundição de Sinos de Braga SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA Sede & Secção de órgãos: Praceta Padre Diamantino Martins, n.º 9 4700-438 Braga Telefone 253 605 770 Fax 253 065 779 Fábrica: Rua Cidade do Porto, Ferreiros, 4705-084 Braga David Vieira Cerca de 40 presépios, 10 deles cedidos pela mulher do Presidente da República, Maria Cavaco Silva, estão expostos na aldeia mineira do Lousal, em Grândola, onde os festejos de Natal prosseguem até 6 de Janeiro. A exposição de presépios, pertendentes a várias colecções privadas, está aberta no espaço museológico das minas do Lousal, encerrado há quase duas décadas. Nara Froes, da organização do evento, adiantou à Agência Lusa que os antigos mineiros também criaram o seu próprio presépio, com mais de uma dezena de figuras de tamanho quase humano. As figuras, feitas em metal, estão expostas numa zona rural à entrada da povoação. Além do museu e de um auditório, o projecto de muselização das minas prevê ainda a criação de um Centro de Ciência Viva, que deverá abrir portas em Fevereiro do próximo ano, avançou Nara Froes. A mina d Lousal, situada na freguesia de Azinheira de Barros, concelho de Grândola, foi explorada entre 1900 e 1988, data em que foi encerrada a extracção. As minas estão integradas na Faixa Piritosa Ibérica, com cerca de 250 quilómetros de extensão e que começa no Vale do Sado e vai até ao Vale do Guadalquivir, próximo de Sevilha, na Andaluzia espanhola. Évora Arcebispo está de saída O arcebispo de Évora, D. Manuel de Gouveia, garantiu, há dias, que vai continuar “muito ligado” ao povo alentejano, depois da sua substituição por ter atingido o limite dos 75 anos de idade. “Embora, dentro de algum tempo deva ser substituido, porque cheguei ao limite de idade, continuarei muito ligado, sinceramente, ao meu querido povo alentejano”, declarou o prelado, em declarações à Agência Lusa. A dirigir a Arquidiocese de Évora há 26 anos, D. Maurílio de Gouveia disse que viveu ao longo deste período uma “experiência muito gratificante e rica”. “Eu sinto-me muito feliz por tudo aquilo que pude viver aqui nestes 26 anos”, afirmou. Quanto à quadra do Natal, D. Maurílio de Gouveia lembrou que “continua a ser hoje um tempo de paz, de fraternidade e de uma vivência forte da fé”. Natural da Madeira, D. Maurílio de Gouveia tomou posse como Arcebispo de Évora a 8 Dezembro de 1981, três meses depois de ter sido nomeado A Câmara Municipal de Mértola aprovou, conceder um subsídio à Santa Casa da Misericórdia de Mértola destinado ao pagamento do ante-projecto de arquitectura do Lar da 3.ª Idade das Freguesias de S. Miguel do Pinheiro, S. Pedro de Sólis, S. Sebastião dos Carros e Espírito Santo. A construção do Lar que irá beneficiar os idosos das quatro fre- guesias resulta da parceria entre a Santa Casa da Misericórdia de Mértola e as respectivas Juntas de Freguesia. O valor do subsídio é de 7.500 euros. O Projecto do Lar de 3ª Idade das quatro freguesias vem dar resposta às necessidades do elevado número de idosos, sem apoio familiar, que residem nesta zona do concelho, que não tem nenhuma estrutura de apoio ao internamento. Alqueva afirma-se como projecto âncora Com a barragem construída e a construção de canais em grande ritmo, a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA) atravessa um período de grande vitalidade, tendo assegurados os 960 milhões de euros para a conclusão do projecto global de Alqueva até 2013. Para trás já estão 11 anos de obras e um investimento superior a 1,2 mil milhões de euros, distribuído pelas valências agrícola, hidroeléctrica e de abastecimento público. Considerado estruturante para o Alentejo, o projecto permite regas, abastecer populações e produzir energia eléctrica. Dos 110 mil hectares de regadio a criar até 1013, as infra-estruturas de Aqueva já “alimentam”, através da rede secundária de rega, 5.820 hectares no concelho de Ferreira do Alentejo e 591 na aldeia da Luz, no concelho de Mourão. A estes, juntam-se 2.400 hectares de dois dos quatro blocos de rega do Aprovisionamento Hidroagrícola do Monte Novo (Évora), que irá beneficiar um total de 7.714 hectares. Com as várias obras, con- cluídas, em curso ou a lançar em breve, a EDIA garante que serão criadas as condições para alcançar a meta de 53.187 hectares de regadio estabelecida para 2009. No que respeita à energia, além das centrais de Alqueva e do Pedrógão, cuja produção não foi divulgada pela EDIA, porque foram concessionadas à EDP, a empresa gestora de Alqueva prevê instalar sete pequenas centrais hidroeléctricas em Pisão, Alvito, Odivelas, Vale do gaio, Roxo, Serpa e uma central reversível na Estação Elevatória dos Álamos, com uma potência total superior a 21 megawatts. Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras e Sextas-Feiras UNIMED Campo Grande, 46-A - Telefone 217 952 997 Lisboa 3 Janeiro P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Director: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Tel. 284 322 268 Fax: 284 322 386 E-mail: [email protected] http://www.diocese-beja.pt Assinatura 23 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2008 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 3 de Janeiro de 2008 Ditos e Feitos Deste Mundo e do Outro Metade dos portugueses vive na cidade O Portugal rural desapareceu vertiginosamente nas últimas décadas. Comprou automóvel a prestações, fez-se urbano, mesmo sem entrar no perímetros das cidades tradicionais. Porque a cidade “já não é um ponto no mapa, transforma-se numa superfície”, estende-se por novas geografias, onde o terreno para construção é acessível, juntase a outros aglomerados urbanos. Perde-se a ideia de centro, mas, graças à uma mobilidade cada vez mais fácil, tudo fica próximo: a distância mede-se pelo tempo. Nas cidades portuguesas, que ocupam 2 % do território nacional, em 2001, concentravam-se 4 milhões de pessoas, cerca de 40 % da população. E metade dos citadinos estava concentrado em 14 cidades. O que corresponde a 53% do total da população portuguesa. Nova encíclica bate record de vendas A nova encíclica de Bento XVI, “Spe salvi”, vendeu um milhão de exemplares numa semana, informou a Libreria Editrice Vaticana, editora do Vaticano. A segunda encíclica do actual Papa é dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança perante as questões relacionadas com o transcendente. ”O homem tem necessidade de Deus, de contrário fica privado de esperança”, pode ler-se. O Deus em que os cristãos acreditam apresenta-se como verdadeira esperança para o mundo contemporâneo porque lhe abre uma perspectiva de salvação. Tony Blair converte-se à fé católica A Igreja Católica na Inglaterra confirmou oficialmente a conversão ao catolicismo do antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, acontecimento recebido com satisfação pelo Vaticano. “Os católicos ficam sempre satisfeitos por acolherem na sua comunidade quem quer que tenha feito um caminho sério, de reflexão, para o catolicismo”, referiu o director dos serviços de informação do Vaticano, Pe. Frederico Lombardi. A entrada de Bair, de 54 anos, na “plena comunhão da Igreja” foi anunciada pela arquidiocese de Westminster. O Cardeal Murphy O´Connor mostrou-se “muito feliz” por acolher o actual representante do Quarteto para o Médio Oriente. A nota oficial da arquidiocese britânica precisa que Blair “participou regularmente, durante muito tempo, na Missa com a sua família e nos últimos meses seguiu um programa de formação para preparar a sua entrada ma comunhão plena com a Igreja Católica”. Centro de lazer Um investimento de 14 mil milhões de euros vai transformar uma zona actualmente desértica, a 70 quilómetros de Saragoça, em Espanha, numa nova cidade que poderá ter mais de 25 milhões de visitantes em 2015. O projecto chama-se Gran Scala e prevê a construção do maior centro de entretenimento e lazer da Europa (e um dos maiores do mundo), com casinos, parques temáticos, um hipódromo, campo de golfe, palácio de congressos, sala de espectáculos e mais de 200 restaurantes. Agressões 2008 - Ano Internacional do Planeta Terra A Assembleia-Geral das Nações Unidas proclamou 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra. O principal objectivo deste ano é demonstrar que existem novas e atractivas formas, através das quais as ciências da Terra podem ajudar as futuras gerações a enfrentar os desafios, de modo a se conseguir um mundo mais seguro e próspero. Este objectivo será atingido através de 2 principais programas: - um que inclui actividades educativas a todos os níveis; e um programa científico que se concentra nos “grandes temas” das complexas interacções dentro do sistema Terra e da sua sustentabilidade a longo prazo. Com este ano pretende-se ainda: - reduzir os riscos para a sociedade causados por acidentes naturais e por causas humanas; - reduzir os problemas de saúde aumentando os conhecimentos acerca dos aspectos médicos das ciências da Terra; - descobrir novos recursos naturais e torná-los acessíveis de uma forma sustentável; - procurar factores não humanos nas alterações climáticas; - melhorar o conhecimento acerca da ocorrência de recursos naturais de forma a contribuir para reduzir as tensões políticas; - detectar recursos de água profundos; - melhorar a compreensão acerca da evolução da vida; - aumentar o interesse acerca das ciências da Terra na sociedade em geral; - encorajar os jovens a estudarem as ciências da Terra nas Universidades. Por isso, cuide da Terra... É a única que nos sustém. Poema da Paz inquieta No ano lectivo 2006/2007, mais de 300 professores e funcionários foram agredidos nas escolas por alunos. No entanto a ministra da Educação continua a dizer que se trata de violência “rara e circunscrita”. Ensino Um em cada três estudantes do ensino superior não termina o curso em que ingressa dentro do prazo previsto. A taxa de insucesso escolar nas instituições públicas ronda os 35%, se consideradas as repetições de ano e as desistências, de acordo com dados oficiais relativos ao ano lectivo de 2004/2005. A.B. Eu costunava sentir-me em paz à beira dos rochedos, sentindo o vento soprar-me no rosto... Achava que era paz! Eu costumava sentir paz na solidão de alguma praia deserta, entre o marulhar das ondas e o voo das gaivotas... Achava que era paz! Eu costumava sentir paz no verde das colinas e no topo das montanhas, enquanto namorava o horizonte... Achava que era paz! Rios, riachos, mar, noites de luar, vento chuva, cordonizes, pombas, gaivotas e borboletas, davam-me paz. E eu achava que estar sozinho era estar em paz. Mas é claro eu estava confusa. Aquilo não era paz era sossego. Um dia olhei nos olhos de uma criança, nos olhos de um casal, nos olhos de um ansião, nos olhos de milhares de jovens e descobri a dor, a tristeza, a esperança e o sonho. Nunca mais tive sossego. Em compensação nunca mais perdi a paz! É que a paz, para ser paz, precisa de passar pelo outro e não pelas coisas. Agora eu vivo em paz , sei a diferença! Pe. Zezinho Calendário Agrícola Janeiro é o mês das lavouras das terras e da preparação das culturas de Inverno, como a batata, podendo mesmo iniciar-se a plantação precoce. Podam-se as árvores mas nas laranjeiras, figueiras e macieiras os grandes cortes são prejudiciais. Enxertos no Crescente da Lua. Semear favas e ervilhas de variedade e desenvolvimento rápido. Em estufa ou caixa quente, plantar: pepino, melão, pimento e abóbora. Em lugar definitivo: cenouras curtas, alho cebola, alface, ervilhas, alho porro e salsa. Continuar a preparar os canteiros, tanto para as sementeiras da época como as da Primavera. Continuar com a instalação de viveiros de estacaria de roseiras e de outros arbustos e árvores de jardim. Plantar no lugar definitivo árvores e arbustos ornamentais, abrindo covas com a possível antecedência. Semear ciclames, ervilhas-decheiro, gipsófilas, girassóis. Plantar jacintos, begónias, lírios e amarílis. Provérbios para gente culta Expõe-me com quem deambulas e a tua idiossincrasia augurarei. (Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és) Espécime avícola na cavidade metacárpica, supera os congéneres revolteando em duplicado. (Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar) Ausência de percepção ocular, insensibiliza o órgão cardial. (Olhos que não vêem, coração que não sente) Equino objecto de dádiva, não é passível de auscultação odontológica. (A cavalo dado não se olham os dentes) O globo ocular do perfeito torna obesos os bovinos. (O olho do amo engorda o gado) Idêntico ascendente, idêntico descendente (Tal pai, tal filho) Descendente de espécime piscícola sabe movimentar-se em líquido inorgânico. (Filho de peixe sabe nadar) Pequena leguminosa seca após pequena leguminosa seca atesta a capacidade de ingestão de espécie avícola. (Grão a grão enche a galinha o papo) Tem a monarquia no baixo ventre (Tem o rei na barriga) Quem movimenta os músculos supra faciais mais longe do primeiro, movimenta-os substancialmente. (Quem ri por último ri melhor) Quem aguarda longamente, atinge a exaustão (Quem espera desespera) Mais O ferro é forte, mas o fogo funde-o; O fogo é forte; mas a água apaga-o; A água é forte, mas as nuvens fazem-na cair; As nuvens são fortes, mas o vento arrasta-as; O vento é forte, mas o homem controla-o; O homem é forte, mas o medo paralisa-o; O medo é forte, mas o sono fálo esquecer; O sono é forte, mas a morte supera-o; A morte é fortíssima, mas a bondade sobrevive-lhe. Humor Os Impostos Um francês lamenta-se com um americano por causa dos impostos. - Por causa dos impostos, estamos como a nossa bandeira: vermelhos de raiva, brancos de desmaio e azuis de medo. Colónias de férias Da colónia de férias um menino escreve à mãe uma carta desesperada: - Esqueceste-te de pôr o meu nome nas peças de roupa. A vigilante olhou para a etiqueta da minha camisola e agora todos me chamam: “Puro algodão”. Na farmácia Um ladrão entra na farmácia e pede: - Dê-me todo o dinheiro. O farmacêutico, sem se descompor: - Desculpe, mas sem receita não damos nada! Alberto Batista
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