Quando o Ano ainda é Menino Papa Bento XVI

Transcrição

Quando o Ano ainda é Menino Papa Bento XVI
3 de Janeiro de 2008
3
Janeiro
2008
SEMANÁRIO REGIONALISTA
Director: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXIX – N.º 3953
Quando o Ano
ainda é Menino
Aí está o ano de 2008 a dar os primeiros sinais de vida e todos nós a
fazermos profecias e projectos para o futuro. Um futuro que desejamos
seja de paz, de prosperidade, de alegria e de solidariedade entre toda
a família humana.
Feito um sério exame de consciência ao ano de 2007, há certamente
coisas menos boas para esquecer, que nos aconteceram por casualidade ou por culpa própria. O que lá vai, lá vai. Agora importa olhar em
frente com esperança e optimismo.
Há que encarar a vida de todos os dias como se tudo dependesse do
nosso trabalho. Há que purificar o coração e refrescar a memória.
Vamos, neste novo ano, pensar e agir com mais empenhamento, mais
generosidade, mais responsabilidade nas tarefas que nos são atribuidas
no palco deste mundo, com a consciência de que todos fazemos falta
e ninguém faz falta.
Todos teremos que dar o nosso contributo para que haja mais riqueza
criada e mais riqueza para distribuir. É importante, sobretudo, não
perdermos de vista o que é essencial na vida e não nos deixarmos
enredar por questões periféricas e mesquinhas que matam a alegria de
viver e, porventura, martirizam os que se cruzam connosco nos
caminhos deste mundo.
Em tempo de balanço e de programação, lembremos também esta
verdade fundamental: tudo passa, os nossos anos têm termo certo. E
depois vem a Eternidade. Essa, a Eternidade, conquista-se aqui, neste
mundo, com as nossas obras, em cada dia, em cada ano que Deus nos
concede.
Peregrinos do Céu, aproveitemos o tempo que Deus nos dá para sermos
felizes e construirmos, com toda a família humana, um mundo de justiça,
de verdade e de paz.
Que os cristãos de Portugal estejam na primeira linha dos defensores
dos Direitos Humanos e, com a sua palavra esclarecida e o seu
testemunho corajoso, anunciem ao mundo hedonista e laicista que
nos envolve o Evangelho da Vida.
Que todos os que se dizem católicos saibam afirmar, em privado e em
público, neste novo ano, as suas convicções religiosas, para que a
Igreja Católica seja fonte de dinamismos morais e espirituais para
quantos andam perdidos nos caminhos da vida.
Quando o ano é ainda menino todos nos sentimos embalados por
sonhos cor-de-rosa. É bom que assim seja, porque o sonho comanda
a vida. Que eles, os sonhos de criança, que todos alimentamos em
certos momentos, nos sirvam de tónico para as adversidades que
inevitavelmente teremos que enfrentar em 2008.
Haja saúde, fé em Deus e mãos ao trabalho.
Feliz Ano de 2008 para todos os nossos leitores e assinantes.
Alberto Batista
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º D.E. 00212007-M.P.C.
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Preço 0,50 € c/ IVA
Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro)
Papa Bento XVI apela à
desmilitarização do mundo e à
defesa do meio ambiente
O Papa Bento XVI pede que sejam
retomadas, “com mais firme determinação, as conversões para o
desmantelamento progressivo das
armas nucleares”. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz,
que foi assinalado, no dia 1, pela
Igreja Católica, Bento XVI referese a esta fase actual “em que o
processo de não proliferação
nuclear marca passo”, exortando
as autoridades competentes ao
reinício das conversações.
No documento, Bento XVI adverte
que há um número cada vez maior
de Estados “envolvidos na corrida
aos armamentos” e nações em vias
de desenvolvimento que “destinam
uma quota importante do seu magro produto interno para a compra
de armas”.
Bento XVI recorda, a propósito, as
“muitas guerras civis no continente
africano”, apesar dos “progressos
na liberdade e na democracia”, e o
Médio Oriente, que “continua a ser
teatro de conflitos e atentados”.
No texto, com o título Família
Humana, Comunidade de Paz, o
Papa mostra-se convencido de que
há uma “família humana que vive
nesta casa comum que é a Terra” e
de que “não vivemos uns ao lado
dos outros por acaso, estamos
percorrendo todos um mesmo
caminho como homens e, por isso,
como irmãos e irmãs”.
Esta noção de casa comum leva o
Papa a evocar os problemas ambientais. “Devemos cuidar do
ambiente: este foi confiado ao
homem, para que o guarde e cultive
com liberdade responsável, tendo
sempre como critério orientador o
Incêndio em Lar de Idosos de Serpa
causa três mortos e trinta e oito feridos
Num grave incêndio ocorrido no
Lar de S. Francisco, em Serpa, no
dia 31 de Dezembro, morreram 3
idosos e ficaram feridos 38.
O Lar, da responsabilidade da
Santa Casa da Misericórdia, tinha
capacidade para 102 pessoas. O incêndio verificou-se no 2.º andar do
pavilhão novo, onde estão instalados os quartos dos utentes.
A pronta intervenção dos Bombeiros Voluntários de Serpa impediu
que o incêndio tivesse consequências mais trágicas. Os feridos,
prontamente socorridos, foram
transferidos para os hospitais de
Serpa, Beja e Lisboa.
O Lar de S. Francisco de Serpa
funciona num antigo convento
onde o Bispo D. José do Patrocínio
Dias instalou o primeiro seminário
da Diocese de Beja, em 1924.
Continua a ser propriedade da
Diocese, embora cedido, a título
precário e gratuito, à Misericórdia
de Serpa. A igreja, de grande beleza arquitectónica, é monumento
nacional.
No dia 18 de Janeiro de 2008
Notícias de Beja completa 80 anos de vida. É tempo para todos
os cristãos despertarem para a realidade da comunicação
social e especialmente para o órgão oficioso da Diocese, porta-voz autorizado da Igreja no Baixo Alentejo, que todas as
quintas-feiras leva a casa de milhares de assinantes de todo
o país notícia dos principais acontecimentos desta Província,
de Portugal e do mundo, com uma leitura criteriosa, à luz da
fé.
Amigo assinante, colabore connosco na campanha em curso
de valorização e divulgação do nosso Notícias de Beja.
bem de todos”.
Sentir a Terra como “casa comum”
exige optar pela vida do diálogo na
sua gestão, no que respeita aos
recursos energéticos. Neste campo,
recorda Bento XVI, é necessário
não prejudicar os países pobres.
O mesmo justo equilíbrio é pedido
no âmbito da economia e da repartição da riqueza. É necessário
trabalhar “por uma sábia utilização
dos recursos e uma equitativa
distribuição da riqueza” e fazer com
que “a organização económica não
obedeça somente às duras leis do
lucro imediato, que se podem
revelar desumanas”. A força, diz
Bento XVI, “há-de ser sempre
disciplinada pela lei, e isto mesmo
deve acontecer também nas relações entre Estados soberanos”.
O Dia Mundial da Paz foi instituído
pelo Papa Paulo VI há 40 anos, como
forma de colocar a questão da paz
na agenda mundial. Uma colectânea com quase todos os textos
publicados está disponível em
português.
Página 3
Conselho Pastoral
da Diocese
vai reunir em
12 de Janeiro para
reflectir sobre a
evangelização do
Alentejo
Página 2
As festas do Ano
Novo e da Epifania
Página 4
Um povo com
dignidade e história
Página 4
Família: berço
da paz
Página 6
IGREJA
2 – Notícias de Beja
3 de Janeiro de 2008
Um Conselho Pastoral para quê?
O Senhor Bispo convocou o Conselho Pastoral da Diocese para o
próximo dia 12. Vão-se reunir para
quê estas 3 dezenas de pesssoas ?
Lá irão uns tantos de cada Arciprestado. Juntamente com o Bispo
vão analisar, reflectir, propor orien-
tações pastorais. Algumas sugestões (esperamos que sejam
concretas e concretizáveis), sairão
da base, através dos membros do
Conselho.
Esta reunião do Conselho Pastoral
realiza-se num momento particular.
Tem por trás as recomendações do
Papa feitas por ocasião da visita
dos Bispos a Roma, e pela frente a
proposta do nosso Bispo a solicitar
um maior empenhamento do clero
e do laicado na formação e num
estilo de comunidade mais envolvente e participativo.
Tudo isto são necessidades e, são
apelos mais que repetidos. Talvez
por já estarem gastos, não impressionam nem motivam. O que é certo
é que nós precisamos de imitar a
mãe Natureza que todos os anos
se renova e renova o ambiente. E
com sucesso, pois produz beleza
na primavera e frutos no verão.
Os membros do Conselho Pastoral,
antes de chegarem a Beja deverão
fazer o trabalho de casa. Terão de
procurar detectar as causas das
deficiências de comunhão e participação, nas comunidades a que
estão ligados e com atenção e
calma analisar o lugar dos leigos
no campo da evangelização, da
acção social, da Liturgia, da admi-
nistração e nos órgãos colegiais
diocesanos e paroquiais- Trata-se
dos Conselhos, Equipas, Comissões de Serviço e Movimentos
Apostólicos.
No que toca directamente à formação, de base, doutrinal e espiritual, espara-se um contributo
efectivo para responder não só à
pergunta, como sobretudo ao
problema : COMO FAZÊ-LA? A
nível paroquial, arciprestal, diocesano... e outras.
Até aqui as preocupações dum
Bispo angustiado com o nível e o
ritmo ministerial das comunidades.
Há anos que se vem falando nesta
diocese das questões da Iniciação
Cristã e do catecumenado. E se há
alguma diocese onde a atenção a
estas realidades é um imperativo, é
Beja. Com um índice de prática
religiosa que não consegue ultrapassar os 5%, baixando no litoral
até aos 3%; com baptizados teimosamente ignorantes no campo
religioso, (muito felizes com este ‘8º
sacramento’- a ignorância-), limitando-se à participação ocasional,
tanto nas celebrações como na
vida da comunidade; com pais
‘cristãos’ – que casaram pela Igreja
– mas que nunca acompanham os
seus filhos na vida religiosa; com
maridos/esposos que deixam a
igreja para as mulheres; com crianças que por falta de acompanhamento e de motivação abandonam
a catequese com a primeira comunhão que também é a ‘última’; com
poucos crismandos e nem sempre
devidamente preparados, iniciados
e envolvidos na vida da comunidade; com noivos que vão ‘casar
à igreja’ , mas só voltam a procurar
a Comunidade quando pretendem
baptizar o primeiro filho; com um
bom número de comunidades que,
se o padre não for, não fazem
qualquer tipo de celebração no Dia
do Senhor; uma diocese onde o
catecumenado e a catequese de
adultos (a formação regular e
progressiva) ainda é notícia para
muita gente ... uma diocese onde
os leigos não estão à vontade para
tomar iniciativa inclusive nos
domínios da sua competência, sem
o aval do padre, que é solicitado
para tudo... na verdade, uma diocese assim, com tantos vestígios
de clericalismo e tanta disfunção,
bem precisa de encontrar um
caminho de saída. Por isso, é bem
vindo e bem necessário um BOM
CONSELHO PASTORAL.
Ao serviço desta Diocese estão
mais de 6 dezenas de presbíteros e
uma meia dúzia de diáconos com a
preciosa colaboração de 21 comunidades religiosas. A Diocese
dispõe já dum significativo laicado,
fortemente empenhado nas causas
da Evangelização e do Serviço
Sócio-Caritativo. Falta o quê,
então? É para encontrar a resposta
a esta pergunta que se justifica
plenamente este Conselho Pastoral.
Manuel Magalhães,
Pároco de Santiago do Cacém
Fátima, 18, 19, 20 de Janeiro
VIII Encontro de Animadores
Sócio-Pastorais das Migrações
A Europa e as Migrações é uma
questão por resolver!
A Presidência Portuguesa da União
Europeia inseriu o tema nas Cimeiras que promoveu, quis contribuir para a definição de estratégias que permitam encarar a
problemática da mobilidade na
Europa como uma questão a assumir positivamente.
Qual foi realmente esse contributo?
Que tempos e que burocracias são
necessárias percorrer para que o
debate entre políticos atinja a
população migrante? Que progresso vive a Europa na defesa dos
direitos dos migrantes?
Algumas questões que o VIII
Encontro de Animadores Sócio
Pastorais das Migrações irá debater a partir do contributo de quem,
todos os dias, vive com migrantes,
na resolução de problemas e na
conquista da dignidade de vida.
Com eles estarão um conjunto de
peritos (Adriano Moreira, Rui
Marques, Manuel Augusto Fer-
reira, José Coutinho da Silva) e de
deputados no Parlamento Europeu
(Ana Gomes, Ilda Figueiredo, João
de Deus Pinheiro, José Ribeiro e
Castro) para adiantar ideias e
estratégias que se insiram na
resolução desta problemática,
todos os dias vivida de forma
diferente no Continente Europeu.
O Encontro está agendado para os
dias 18, 19 e 20 de Janeiro de 2008.
Decorrerá em Fátima e é promovido, em cada mês de Janeiro, pela
Obra Católica Portuguesa de Migrações, pela Caritas Portuguesa e
pela Agência Ecclesia no contexto
94ª Jornada Mundial do Migrante
e Refugiado, a celebrar no dia 13 de
Janeiro de 2008.
Epifania
do Senhor
Ano A
6 de Janeiro de 2008
A Epifania (palavra grega que significa “manifestação”, aparição) é o
complemento do Natal.
O Natal celebra Deus que se esconde e humilha, ao assumir a nossa natureza,
para nos salvar. A Epifania celebra a Manifestação do Senhor como Deus e Rei
universal, ao mesmo tempo que exalta a glória divina e a contempla brilhando
no rosto da Igreja, Sua Esposa, a nova Jerusalém, depositária dos tesouros
imensos da graça, oferecidos a todos os Povos, à semelhança do que aconteceu
com o Povo Judeu.
I Leitura
Is 60, 1-6
O profeta anunciou outrora a glória que ia brilhar sobre Jerusalém depois dos
tempos do cativeiro. Hoje, na solenidade da Epifania ou Manifestação do Senhor,
a Igreja fala a si mesma, em todas as assembleias do povo de Deus, para
proclamar que o Filho de Deus feito homem é a sua luz, é para ela como o
clarão de um novo dia, que se destina a iluminar todos os homens e de todos
fazer o Povo de Deus.
Leitura do Livro de Isaías
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a
glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão od povos. Mas,
sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua
luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e
vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são
trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o
teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das
nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá.
Virão todo os de Sabá, trazendo ouro e incenso e provlamando as glórias do
Senhor.
Salmo Responsarial
Salmo 71 (72)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra
II Leitura
Ef 3, 2-3a.5-6
“Mistério” é a palavra com que o Apóstolo designa aqui o plano eterno de
Deus. Só em Jesus Cristo Deus revelou completamente esse seu plano de salvação
acerca da humanidade. Assim nos foi revelado que todos os homens, não só os
do antigo povo escolhido, os Judeus, mas também os pagãos são chamados à
salvação. Cristo realizou, de facto, a reconciliação da humanidade, reunindoa num mesmo Corpo, a sua Igreja.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso
favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas
gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como
agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os
gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e
participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
Evangelho
Mt 2, 1-12
Depois da festa do Natal, que apresentou Jesus como o Filho de Deus,
descendente de David, realizando as promessas feitas aos Filhos de Israel,
hoje, a Epifania manifesta-O como Salvador de todos os homens. É o que
significa esta leitura, em que os pagãos, ma pessoa dos Magos, são guiados
aos pés de Jesus para O reconhecerem e adorarem e Lhe oferecerem os seus
presentes. A Epifania é assim a festa das primícias dos pagãos e da
universalidade do Reino de Deus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando
chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
“Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’Oº.
Ao ouvir esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade
de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e
perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: “Em Belém da
Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não
és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá
um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’.”
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações
precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os
a Belém e disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e,
quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O”
Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no
Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com
Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele e adoraram-n’O.
Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e
mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes,
regressaram à sua terra por outro caminho.
IGREJA
3 de Janeiro de 2008
Notícias de Beja – 3
Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para a celebração do Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2008
Família humana, comunidade de Paz
No início de um Ano Novo, desejo
fazer chegar meus ardentes votos
de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos
homens e mulheres do mundo
inteiro; faço-o, propondo à reflexão
comum o tema com que abri esta
mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana,
comunidade de paz.
Família, sociedade e paz
A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor
fundada sobre o matrimónio entre
um homem e uma mulher, constitui
« o lugar primário da ‘‘humanização’’ da pessoa e da sociedade
», o « berço da vida e do amor ».
Por isso, a família é justamente
designada como a primeira sociedade natural, « uma instituição
divina colocada como fundamento
da vida das pessoas, como protótipo de todo o ordenamento social».
Com efeito, numa vida familiar «sã»
experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a
justiça e o amor entre irmãos e
irmãs, a função da autoridade
manifestada pelos pais, o serviço
carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou
idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade
para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe.
A família tem necessidade da casa,
do emprego ou do justo reconhecimento da actividade doméstica dos pais, da escola para os
filhos, de assistência sanitária
básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham
a ajudar a família nestes campos,
privam-se de um recurso essencial
ao serviço da paz. De forma particular os meios de comunicação
social, pelas potencialidades educativas de que dispõem, têm uma
responsabilidade especial de promover o respeito pela família, de
ilustrar as suas expectativas e os
seus direitos, de pôr em evidência
a sua beleza.
A humanidade é uma
grande família
A própria comunidade social, para
viver em paz, é chamada a inspirarse nos valores por que se rege a
comunidade familiar. Isto vale tanto
para as comunidades locais como
nacionais; mais, vale para a própria
comunidade dos povos, para a
família humana que vive nesta casa
comum que é a terra. Numa tal
perspectiva, porém, não se pode
esquecer que a família nasce do «
sim » responsável e definitivo de
um homem e de uma mulher e vive
do « sim » consciente dos filhos
que pouco a pouco entram a fazer
parte dela. Para prosperar, a comunidade familiar tem necessidade do
consenso generoso de todos os
seus membros. É preciso que esta
consciência se torne convicção
partilhada também por quantos são
chamados a formar a família humana
comum. É necessário saber dizer o
« sim » pessoal a esta vocação que
Deus inscreveu na nossa própria
natureza. Não vivemos uns ao lado
dos outros por acaso; estamos
percorrendo todos um mesmo
caminho como homens e por isso
como irmãos e irmãs.
Família, comunidade
humana e ambiente
A família precisa duma casa, dum
ambiente à sua medida onde tecer
as próprias relações. No caso da
família humana, esta casa é a terra,
o ambiente que Deus criador nos
deu para que o habitássemos com
criatividade e responsabilidade.
Devemos cuidar do ambiente: este
foi confiado ao homem, para que o
guarde e cultive com liberdade
responsável, tendo sempre como
critério orientador o bem de todos.
Obviamente, o ser humano tem um
primado de valor sobre toda a
criação. Respeitar o ambiente não
significa considerar a natureza
material ou animal mais importante
do que o homem; quer dizer antes
não a considerar egoisticamente à
completa disposição dos próprios
interesses, porque as gerações
futuras também têm o direito de
beneficiar da criação, exprimindo
nela a mesma liberdade responsável
que reivindicamos para nós.
Família, condição humana
e económica
Condição essencial para a paz nas
famílias é que estas assentem sobre
o alicerce firme de valores espirituais e éticos compartilhados.
No entanto, é preciso acrescentar
que a família experimenta autenticamente a paz quando a ninguém falta
o necessário, e o património familiar
– fruto do trabalho de alguns, da
poupança de outros e da colaboração activa de todos – é bem
gerido na solidariedade, sem excessos nem desperdício. Para a paz
familiar, portanto, é necessária a
abertura a um património transcendente de valores, mas, simultaneamente, há que não menosprezar
a sapiente gestão quer dos bens
materiais quer das relações entre as
pessoas. O falimento desta componente tem como consequência a
quebra da confiança recíproca
devido às perspectivas incertas
que passam a gravar sobre o futuro
do núcleo familiar.
O mesmo se diga daquela grande
família que é a humanidade no seu
todo. De facto a família humana,
que hoje aparece ainda mais interligada pelo fenómeno da globalização, além de um alicerce de
valores compartilhados tem necessidade também de uma economia
que corresponda verdadeiramente
às exigências de um bem comum
com dimensões planetárias. A
referência à família natural revelase, sob este ponto de vista também,
singularmente sugestiva. Entre os
indivíduos humanos e entre os
povos, é preciso promover relações
correctas e sinceras, que permitam
a todos colaborarem num plano de
paridade e justiça. Ao mesmo
tempo, tem-se de trabalhar por uma
sábia utilização dos recursos e uma
equitativa distribuição da riqueza.
Família, comunidade
humana e lei moral
Uma família vive em paz, se todos
os seus componentes se sujeitam
a uma norma comum: é esta que
impede o individualismo egoísta e
que mantém unidos os indivíduos,
favorecendo a sua coexistência
harmoniosa e laboriosidade para o
fim comum. Tal critério, em si óbvio,
vale também para as comunidades
mais amplas: desde as locais passando pelas nacionais, até à própria
comunidade internacional. Para se
gozar de paz, há necessidade duma
lei comum que ajude a liberdade a
ser verdadeiramente tal, e não um
arbítrio cego, e que proteja o fraco
da prepotência do mais forte. Na
família dos povos, verificam-se
muitos comportamentos arbitrários,
seja dentro dos diversos Estados
seja nas relações destes entre si.
Além disso, não faltam situações
em que o fraco tem de inclinar a
cabeça não frente às exigências da
justiça mas à força nua e crua de
quem possui mais meios do que ele.
É preciso repeti-lo: a força há-de ser
sempre disciplinada pela lei, e isto
mesmo deve acontecer também nas
relações entre Estados soberanos.
12. Sobre a natureza e a função da
lei, já muitas vezes se pronunciou a
Igreja: a norma jurídica que regula
as relações das pessoas entre si,
disciplinando os comportamentos
externos e prevendo também sanções para os transgressores, tem
como critério a norma moral assente
na natureza das coisas. A razão
humana, por sua vez, é capaz de
discerni-la, pelo menos nas suas
exigências fundamentais, subindo
assim até à Razão criadora de Deus
que está na origem de todas as
coisas. Esta norma moral deve
regular as opções das consciências
e guiar todos os comportamentos
dos seres humanos.
sos Estados sobre o reconhecimento dos direitos humanos funda
Superação dos conflitos e
desarmamento
A humanidade vive hoje, infelizmente, grandes divisões e fortes
conflitos que lançam densas sombras sobre o seu futuro. Temos
vastas áreas do planeta envolvidas
em tensões crescentes, enquanto
o perigo de se multiplicarem os
países detentores de armas nucleares cria motivadas apreensões
em toda a pessoa responsável. Há
ainda muitas guerras civis no
continente africano, embora também se tenham registado em vários
dos seus países progressos na
liberdade e na democracia. O Médio
Oriente continua a ser teatro de
conflitos e atentados, que não
deixam de influenciar nações e
regiões limítrofes com o risco de
arrastá-las na espiral da violência.
A nível mais geral, há que registar,
com tristeza, um número maior de
Estados envolvidos na corrida aos
armamentos: temos até nações em
vias de desenvolvimento que destinam uma quota importante do seu
magro produto interno para a
compra de armas. Neste funesto
comércio, são muitas as responsabilidades: há os países do mundo
industrialmente desenvolvido que
arrecadam avultados lucros da
venda de armas e temos as oligarquias reinantes em muitos países
pobres que pretendem reforçar a
sua posição com a aquisição de
armas cada vez mais sofisticadas.
Em tempos tão difíceis, é verdadeiramente necessária a mobilização de todas as pessoas de boa
vontade para se encontrar acordos
concretos que visem uma eficaz
desmilitarização, sobretudo no
campo das armas nucleares.
Há sessenta anos, a Organização
das Nações Unidas tornava pública, de maneira solene, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Com tal documento, a família humana reagia aos
horrores da II Guerra Mundial,
reconhecendo a sua própria unidade assente na igual dignidade de
todos os homens e pondo, no
centro da convivência humana, o
respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos e dos
povos: tratou-se de um passo
decisivo no árduo e empenhativo
caminho da concórdia e da paz.
Merece também menção especial a
passagem do 25º aniversário da
adopção pela Santa Sé da Carta dos
Direitos da Família (1983-2008), bem
como o 40º aniversário da celebração do primeiro Dia Mundial da Paz
(1968-2008). Fruto duma providencial intuição do Papa Paulo VI,
retomada com grande convicção
pelo meu amado e venerado predecessor, Papa João Paulo II, a celebração deste Dia proporcionou ao
longo dos anos a possibilidade de
a Igreja desenvolver, através das
Mensagens publicadas para tal
circunstância, uma doutrina elucidativa em defesa deste bem humano fundamental. É precisamente
à luz de tais significativas comemorações que convido todo o
homem e toda a mulher a tomarem
consciência mais lúcida da sua
pertença comum à única família
humana e a empenharem-se por que
a convivência sobre a terra espelhe
cada vez mais esta convicção da
qual depende a instauração de uma
paz verdadeira e duradoura.
A todos desejo um Ano Novo feliz!
Vaticano, 8 de Dezembro de 2007.
BENEDICTUS PP. XVI
ACTUALIDADE
4 – Notícias de Beja
Do Presépio aos Reis um povo em festa
1. Encontramo-nos a meio da quadra
natalícia isto é a meio do tempo que
decorre entre a primeira celebração
do Natal (missa do galo) e a festa
dos Reis Magos, designação popular da Epifania, passando pela
festividade do Ano Novo.
Das três supracitadas festividades,
o Natal é a que tem mais relevo, quer
nos cidadãos, quer nas famílias,
quer nos espaços públicos.
A julgar pelo que se observa,
procura-se criar um clima festivo,
modesta. Serve-se das iluminações
públicas de Natal, quando se
mantêm e nos seus festejos usa os
euros restantes das duas outras
festividades. Apesar de tudo há, no
geral, festa a anunciar a despedida
desta quadra natalícia. É costume,
em certas zonas, cantar as janeiras
ou os Reis pedindo ofertas em
dinheiro ou em géneros para a ceia
do grupo- cantor ou, então, para
uma causa de bem-fazer. Ultimamente vão-se retomando tradições
Adoração dos Magos, Retábulo de São Bento - Pintura Portuguesa,
Século XVI, Museu Nacional de Arte Antiga
pelas iluminações, pela música de
ambiente transmitida, pela reunião
de família com agradáveis refeições,
pela oferta de prendas, pelos
discursos de circunstância, pelo
convívio mais fácil, pela intensificação do comércio e por bastantes
outros sinais.
Até há pouco havia com frequência, nos espaços públicos, além do
presépio, outras manifestações do
Natal cristão, que hoje, vão rareando por um adventício clima laicista
que quer as festas públicas do
Natal neutras e incolores, como se
esta ausência de sinais cristãos,
imposta, não fosse já uma opção
agressiva…
A festa de Ano Novo, na Sociedade
civil realça, no geral, a passagem
de ano como uma demonstração
meramente mundana. Há nessa
comemoração como que um extravasamento de sentimentos no meio
de uma musicalidade desordenada
a abafar qualquer sentimento ou
ideia que queira moderação e
interioridade. Numa palavra, é a
noite do réveillon e está tudo dito.
Não falta, como era de esperar, a
comida, a bebida e muita fadiga.
Fazem festa assim os que podem,
porque a maioria tem de ser mais,
muito mais modesta nos gastos.
Vem, depois, a Festa dos Reis
Magos designação popular da
Epifania
Nota-se que esta festividade, na
Sociedade civil, é das três a mais
antigas da chegada, em Cortejo, dos
Reis Magos. O folclore e a música
criam o ambiente.
Quem celebra os Reis, como nas
outras festividades, tem mesa posta
em família ou em lugar público com
refeição melhorada.
2. Em contraste ou paralelamente
há uma outra maneira de fazer festa
nesta mesma quadra. Refiro-me ao
modo como a Igreja celebra o Natal,
o Ano Novo e o Dia de Reis.
No Natal celebra a festa do Nascimento do Filho de Deus – Jesus
Cristo “feito um de nós, igual a nós
em tudo excepto no pecado, para
nos salvar”. A Igreja proclama esta
Boa Nova pelas leituras da Sagrada
Escritura, pelos cânticos apropriados e pela homilia do presidente de cada celebração. No
tempo do Advento, que antecedeu
o Natal, a Igreja convidou cada
cristão à conversão a uma maior
fidelidade às exigências da fé. É por
isso que na festa do Natal se nota
uma maior agilidade e alegria na
participação nas densas celebrações litúrgicas.
Os presépios expressões plásticas
populares ou de arte de qualidade,
como as de Machado de Castro, têm
relevo e é deles que se toma a
imagem do Menino Jesus que é
oferecida ao ósculo crente e feliz
dos cristãos.
Após a celebração há, em cada casa
ou em lugar comunitário, festivo
convívio.
Vem de seguida a festa do Ano
Novo. Aqui a Igreja é toda ela
convidada a tomar consciência do
dom precioso da vida que supõe a
intervenção de “Deus criador de
todas as coisas visíveis e invisíveis”. É convidada a louvá-lo e a
agradecer-lhe todos os dons recebidos no ano prestes a findar; é
convidada também a pedir perdão
a Deus pela não correspondência
ao seu desígnio de amor misericordioso e é convidada a prometer
maior fidelidade aos grandes valores da fé no ano agora iniciado.
Toda esta celebração decorre sob
o olhar de Nossa Senhora, pois este
dia, segundo indicação da Igreja, é
o dia da Santa Mãe de Deus, porque
Mãe de Jesus Cristo.
De há anos a esta parte, o dia
primeiro do Ano é dedicado, também, a reflectir e rezar pela verdadeira paz no mundo. Os papas têm,
ultimamente, proposto uma mensagem sobre a paz..Têm sido textos
profundos e actualizados.
Neste clima não falta também nas
famílias cristãs ou em lugar comunitário a refeição de festa de começo
de Ano Novo..
E chegamos ao terceiro polo da
quadra natalícia que a Igreja designa como a Epifania e que, popularmente, toma o nome de Dia de
Reis. Esta é festa grande da liturgia,
porque é a manifestação de Deus
feito um de nós, aos pastores, aos
“Reis Magos” símbolo dos povos
fora de Israel. Epifania é com o Natal
a festa da manifestação do Salvador
Jesus Cristo, que nos trouxe a paz
e a libertação de tudo o que a
prejudica. É festa grande e muito
significativa. No Oriente é mesmo
a Maior.
Também aqui os cristãos partilham
entre si a alegria da Boa Nova e
partilham uns com os outros o
sentimento comum de estarem
libertos pelo Senhor. A refeição em
família ou em Comunidade é expressão desse júbilo.
3. Como verificámos, na quadra
natalícia, há um calendário comum
respeitado pela Igreja e pela Sociedade civil.
As expressões num e noutro espaço não são sempre coincidentes.
Enquanto na liturgia sobressaem as
manifestações espirituais animadas
por um santo misticismo posto ao
serviço da aproximação entre Deus
e os seres humanos, até à comunhão, no campo civil predomina a
dimensão meramente humana, por
vezes, contrastante ou contrária às
realidades da fé. Numa e noutra há
festa, alegria, partilha de refeição e
o desejo de que o futuro seja
pacífico e feliz, ainda que os conteúdos destes termos, por vezes,
difiram.
Diante destas coincidências a
evoluírem e a dissiparem-se os
cristãos hão-de procurar insuflar o
sentido cristão nestas festividades.
Continuemos a viver e a celebrar
as festas desta quadra natalícia
numa atitude feliz e fraterna, sem
desvios que a recta razão reprova.
João Alves,
Bispo Emérito de Coimbra
3 de Janeiro de 2008
Um povo com
dignidade e história
Foi uma autêntica revolução. Alegrou uns, preocupou outros, deixou
alguns perplexos e outros a indagar as consequências e a perguntar
se isso era verdade e possível.
João XXIII dera a palavra de ordem, quando disse que a renovação da
Igreja, necessária e urgente, exigia o regresso às fontes bíblicas e ao
espírito e experiência dos inícios.
Muita lama do tempo se tinha colado à Igreja. Defendia-se o que já
não era defensável. Ficar na concepção jurídica de “Igreja, comunidade
perfeita” era empobrecer o presente, comprometer o futuro e impedir
um diálogo com o mundo, de modo a poder-lhe ser útil.
O projecto de Deus fora edificar um Povo singular, diferente de qualquer
outro fruto de em concepções puramente humanas e temporais. Este
Povo seria seu, Povo de Deus. Um Povo de salvos, um sinal de salvação,
acessível a todos os crentes.
O Vaticano II afirmou este desígnio de Deus: um Povo que O conhecesse
em verdade e o servisse em santidade, com servidores, a tempo inteiro,
para garantir o seu desígnio..
Qualquer outro projecto de Igreja está fora do querer divino. Ou é Povo
de Deus, ou Deus não se comprometerá com a obra realizada. Essa seria
sempre um mero projecto humano, tocado pelas mazelas que
acompanham a natureza humana e o que dela nasce, sem ter sido redimido.
Na história, por razões conhecidas e nas quais o querer dos homens nem
sempre respeitou o querer de Deus, foi-se construindo uma Igreja para o
tempo, na qual nem sempre o Evangelho e a Pessoa de Jesus Cristo
ocuparam lugar central. O céu ia denunciando este desvio com a
santidade de muitos cristãos, fieis ao Evangelho. Uns foram considerados
loucos ou impelidos a calarem-se, outros simplesmente esquecidos. Como
os profetas, também eles sempre incómodos para os instalados em suas
ideias e interesses. Os caminhos bíblicos e da verdade revelada, já nem
pareciam ortodoxos, de tal modo estavam acima ou alheios à doutrina e
decisões de homens da Igreja, detentores de um poder, que muitas vezes
era tudo, menos serviço a um Povo crente.
Assim se compreendem as lutas de cariz mais humano que evangélico,
a oposição a tudo o que ia bulir com ideias e interesses adquiridos, a
não aceitação de posições e apelos, nascidos fora da comunidade
eclesial, mas que, perto ou longe, se haviam inspirado num Evangelho,
por muitos responsáveis já esquecido.
O Vaticano II, a que o papa nos pede que sejamos fieis, não foi um
gesto de revivalismo, mas sim um grito de fidelidade a Deus e à Sua
obra. Concretizada esta num Povo, escolhido e enviado, como
testemunha de uma especial protecção a carinho, dada a vivência a
que eram chamados os seus membros e a missão histórica que lhe era
confiada, em favor da humanidade onde deve ser luz, sal e fermento
novo.
Muitos cristãos não manifestam alegria de o ser, estão alheios ao
essencial da vida cristã, mantêm-se passivos na participação apostólica,
vivem e actuam como se não fossem crentes, sem terem ainda
descoberto a dimensão comunitária do projecto de Cristo em que dizem
acreditar, nem da Igreja, a que dizem pertencer.
Muito se tem feito nestes quarenta anos que já leva a realização do
Concílio. Mas um muito que é ainda pouco, que tem sofrido
intermitências, e vai mostrando como é difícil a conversão das pessoas
e dos critérios pastorais. O individualismo e o relativismo, frutos do
tempo, e a que nem a Igreja ficou isenta, dificultam ainda mais esta
conversão.
Na consciência de Povo de Deus a Igreja se renovará e os seus membros
terão nela lugar de pleno direito. É esta consciência que é preciso
readquirir, pelos meios adequados, acessíveis à experiência de todos.
Assim, a Igreja de ontem, será a de hoje e a de sempre: um Povo
redimido e salvo com uma missão a favor de todos sem excepção.
António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro
SOCIEDADE
3 de Janeiro de 2008
O silêncio dos cristãos
1. O Secretário de Estado do
Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone,
em 13 de Outubro, em Fátima,
apelou aos cristãos para que não
se calem perante aqueles que
querem “comprar” ou “impor” o
silêncio por causa dos imperativos
de uma sociedade liberal.
Para o secretário de Estado do
Vaticano existem “pretensos senhores destes tempos (que se
encontram no mundo da cultura e
calar perante a degradação do
ensino e a crescente onda de
deseducação? Como podemos calar
perante um sistema de colocação
de professores que coloca marido
e mulher a centenas de quilómetros
de distância? Como podemos calar
perante as escandalosas disparidades sociais, onde há ricos cada
vez mais ricos e pobres cada vez
mais pobres? Como podemos calar
perante a existência de reformas de
da arte, da economia e da política,
da ciência e da informação) que
exigem e estão prontos a comprar,
se não mesmo a impor, o silêncio
dos cristãos invocando imperativos de uma sociedade aberta,
quando na verdade lhe fecham
todas as entradas e saídas para o
Transcendente”, “em nome de uma
sociedade tolerante e respeitosa,
impõem como único valor comum a
negação de todo e qualquer valor
real”.
2. É um facto o silêncio de cristãos,
em determinados momentos em que
parece seria de exigir que, coerentemente, se pronunciassem.
Estou persuadido de que há gente
- muito boa gente - que se encolhe,
quando deveria vir a público tomar
posições. Há circunstâncias em que
é imperioso que os cristãos falem e
falem mesmo. Preso em Roma, Paulo
garante a Timóteo que a Palavra de
Deus não estã encadeada.
Como podemos calar perante a
crescente onda de violência e de
insegurança? Como podemos calar
perante o desrespeito pela propriedade alheia? Como podemos
luxo ao lado de pensões que dão
para o necessário? Como podemos
calar perante a realidade do desemprego? Como podemos calar perante a realidade de salários em
atraso? Como podemos calar perante a falta de consciência profissional? Como podemos calar perante a realidade do pluriemprego
quando há tantos desempregados?
Como podemos calar perante casos
de falências fraudulentas? Como
podemos calar quando sabemos
haver abusos de poder? Como
podemos calar perante a forma
ditatorial como, por vezes, é exercido o poder? Como podemos calar
perante o modo como por alguns
responsáveis é descredibilizada a
actividade política? Como podemos
calar se quem deveria servir o que
procura é servir-se e servir os seus?
Como podemos calar se o bem
comum nem sempre é devidamente
acautelado? Como podemos calar
perante a partidarização da solidariedade? Como podemos calar
perante o tráfico de seres humanos? Como podemos calar perante a coisificação das pessoas?
Notícias de Beja – 5
REGISTADO
Como podemos calar perante a
desvalorização da vida humana que
levou à legalização do aborto e está
a gerir campanhas a favor da eutanásia? Como podemos calar perante o facto de haver pessoas a
esperarem meses e meses por uma
intervenção cirúrgica e se considera a gravidez uma doença cujas”pacientes” têm prioridade?
Como podemos calar perante a
desagregação da família e a defesa
que se faz das uniões homossexuais? Como podemos calar
perante os atrasos na justiça e a
prescrição de certos crimes? Como
podemos calar perante um sistema
fiscal em que quem mais pode
pagar mais possibilidades tem de
fuga?
3. Porque é que muitas vezes se não
fala?
Nuns casos, por uma fala ideia do
que sejam a tolerância e o respeito
pelo pluralismo.
Ser tolerante não significa concordar com tudo. Não significa
deixar de dizer o que se pensa. Uma
coisa é aceitar a existência de
pessoas que não penasm como nós
e a convivência pacífica com todas
elas e outra, deixar de vir a público
manifestar a discordância em relação a actos, comportamentos ou
opiniões com que, em consciência,
coerentemente se deve estar em
desacordo.
Uma coisa é impormos as nossas
opiniões e outra, propô-las, respeitando todos os que pensam de
maneira diferente. Os cristãos não
devem impor as suas convicções,
mas têm o dever de, respeitosamente, as propor.
Há casos em que se não fala por
vergonha. Porque se não tem a
coragem de ser diferente. Por medo
de reacções ou represálias. Por
cobardia. Por falsa prudência.
Também há pessoas que não falam
porque se deixaram comprar, às
vezes por subsidiozinho que receberam ou esperam poder vir a
receber.
4. Há circunstâncias em que é
preciso falar, mas falar com respeito.
Mas falar sem ofender nem magoar.
Mas falar usando uma linguagem
propria de gente educada e civilizada. Mas falar sem recorrer ao
insulto. Mas falar sem fazer processos de intenção. Mas falar sem
qualificar as pessoas, embora se
devam qualificar alguns dos seus
actos. Mas falar distinguindo muito
claramente entre os erros que se
denunciam ou desmontam e as
pessoas que erram, as quais não
deixam de ser pessoas e, como tal,
respeitadas.
Pelo Baptismo os cristãos passam
a participar da missão sacerdotal,
profética e real (pastoral) de Cristo.
O profetismo continua a ser uma
das importantes missões da Igreja
de hoje que, mesmo correndo
riscos, deve ser corajosa e respeitosamente exercida.
O dia mundial da televisão
Há treze anos, a ONU proclamou o dia 21 de Novembro como o Dia
Mundial da Televisão.
Em 2003, o então Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan dizia que
“vivemos cada vez mais numa mesma sociedade da informação, na era
da aldeia global, na qual a televisão, o nosso meio de comunicação
mais poderoso, é um elemento fundamental”.
O balanço da revolução televisiva pode ser considerado globalmente
positivo. De facto, a televisão tem sido uma ferramenta de
desenvolvimento. Hoje entra-nos pela casa dentro e faz-nos descobrir
o mundo que nos rodeia e o que temos de comum ou diferente com os
outros. Permite-nos alargar horizontes e compreender as diferenças.
A televisão revolucionou as comunicações, influenciando também
profundamente a vida familiar: Hoje, a televisão é uma fonte primária
de notícias, de informações e de distracção para inumeráveis famílias,
a ponto de modelar as suas
atitudes e as suas opiniões, os
Em Portugal e com as
seus valores e os protótipos de
comportamento.
guerras das audiências, é
Mas a televisão pode, também,
cada vez mais bédil a
prejudicar a vida social e familiar;
ligação entre o sucesso
difundindo descontroladamente
de mercado e a ética
valores (ou falta deles) e modelos
de comportamento falseados ou
na comunicação
degradantes, divulgando pornoaudiovisual.
grafia e imagens de violência
Com honrosas excepções,
brutal; dando tempo de antena à
a televisão teima em
propagação e banalização do mal
espremer, até aos ossos da e do terrorismo, inculcando o
relativismo e o facilitismo e a
alma, os sentimentos das
apologia da cultura do vazio e do
pessoas. Uma espécie
nada; explorando até à náusea o
“mercado da privacidade”; transde nacionalização
mitindo publicidade exploratória
emocional.
ligada aos mais cretinos instintos; exaltando falsas visões da
vida que impedem a autuação do respeito mútuo.
Em Portugal e com as guerras das audiências, é cada vez mais débil a
ligação entre o sucesso de mercado e a ética na comunicação audiovisual. Com honrosas excepções, a televisão teima em espremer, até
aos ossos da alma, os sentimentos das pessoas. Uma espécie de
nacionalização emocional.
Para se compreender este uniformismo castrador, basta dar um ou
dois exemplos: o espaço reservado às telenovelas é absolutamente
injustificado e pateticamente perigoso. Há dias, resolvi fazer a
“contabilidade horária” das novelas: entre as 14 horas e as 2 horas da
madrugada, dois dos canais generalistas emitiram treze (!) telenovelas,
correspondendo igualmente a treze (!) horas de emissão. Mais de 50%
de antena!
Se a isto juntarmos os pastelões dos noticiários (que chegam a ter
noventa minutos de duração), com alinhamentos anacrónicos, o futebol
e seus bastidores divulgados até à náusea mesmo para quem gosta
deste desporto (que é o meu caso), e uns concursos que, na maioria,
são um atestado de estupidificação dos portugueses, o que resta?
Quase nada!...
Por isso, torna-se cada vez mais imperativo que, no desempenho das
suas próprias responsabilidades, a indústria da televisão desenvolva
e observe um sólido e saudável código de ética. Os canais de televisão,
geridos pela indústria da televisão pública ou privada, são um
instrumento público ao serviço do bem comum; não são somente um
terreno marcado por interesses comerciais ou um instrumento de poder
económico ou político.
Por outro lado, há que potenciar, respeitar e valorizar o papel e a
influência das associações de espectadores, como expressão adequada
da sociedade civil.
Recordo uma das reflexões que li há anos sobre esta efeméride, e que,
em tom caricatural, nos faz reflectir sobre a força que a sociedade
ainda (pode) ter: “O dia mundial da televisão é uma excelente
oportunidade para a manter desligada durante todo o dia!”
Infelizmente, as novelas, as guerras, o mal, a violência, o voyeurismo
têm um mercado aparentemente cada vez mais poderoso. E, se assim é,
a responsabilidade é da sociedade que consome sofregamente esta
overdose televisiva. Ou seja, de todos nós.
E, ao mesmo tempo que a televisão se torna totalizante, o livro tornase uma expressão de resistência à massificação alienante. Um combate
muito desigual…Como dizia Jean Guitton, em jeito provocativo, o bom
livro traduz a supremacia do espírito sobre a matéria, ao passo que a
má televisão representa a vitória da matéria sobre o espírito.
António Bagão Féliz, economista, “Correio do Vouga”, 15.12.2007
Silva Araújo
SOCIEDADE
6 – Notícias de Beja
Desarmamento é o único caminho
Adriano Moreira fala do espectro de uma nova Guerra Fria e subscreve
alertas de Bento XVI na Mensagem para o Dia Mundial da Paz
Apresentada a mensagem de Bento
XVI para o Dia Mundial da Paz
2008, Adriano Moreira defende com
o Papa um desarmamento geral e
controlado, em especial no campo
nuclear.
AGÊNCIA ECCLESIA – Como vê a
preocupação dos Papas de que a
paz seja uma questão de todos e
abrangente?
Adriano Moreira (AM) – Em primeiro lugar, temos de lembrar a
grande tradição dos projectistas da
paz europeus, desde a Idade Média, é preenchida por teólogos
juristas que se preocupam com
esse problema, sobretudo para
pacificar a própria Europa. Essa
grande tradição tem origem cristã.
O problema passou a ter maiores
desafios depois da Guerra de 19391945, uma espécie de guerra civil da
Cristandade, como tinha sido a de
1914-1918, porque ninguém atacou
a Europa. O passivo dessa tremenda
guerra não tinha precedentes,
devemos contabilizar 50 milhões de
mortos num momento em que as
armas disponíveis anunciavam a
capacidade de os próprios soberanos destruírem a humanidade.
Tudo isso chamou à intervenção
de muitos responsáveis de valores
e não podemos deixar de reconhecer que a intervenção dos
Pontífices neste espaço Ocidental
foi fundamental. Parece-me que a
presença de Paulo VI nas próprias
Nações Unidas trouxe o conceito
de que o desenvolvimento é o novo
nome da paz.
A partir daí, as intervenções têm
sido constantes e valiosas, porque
um grande número de países escuta a voz dos Pontífices. Essa
longa contribuição não pode ser
ignorada, mesmo pelos laicos,
quando eles defendem a importância do respeito pelo direito
internacional.
AE – Essas intervenções continuam actuais?
AM – Penso que a época iniciada
com a II Guerra Mundial é crucial,
todas as intervenções são fundamentais para responder a uma
formulação que eu considero
extremamente limitada do objectivo
do desenvolvimento, o conceito da
sociedade e do saber. É necessário
acrescentar a sabedoria, os valores
não podem estar ausentes e aí a
pregação dos Pontífices tem sido
central.
AE – Na sua mensagem, Bento XVI
apela à desmilitarização e ao desar-
mamento, sobretudo no campo do
nuclear.
AM – Penso que esse é um dos
temas fundamentais e chamo a
atenção para o seguinte: antes das
armas nucleares, é necessário
proibir o comércio das armas
ligeiras. Se repararmos, os documentários que chegam das várias
calamidades do que se chamava o
terceiro mundo, não via um soldado
que não via empunhasse uma arma
moderna. Elas são feitas e exportadas pelos países altamente desenvolvidos e a nossa responsabilidade, a esse respeito, é enorme.
Temos motivos para pensar no
perigo que representa a multiplicação e dispersão das armas
nucleares, mas é bom começar pelas
armas ligeiras.
Quanto às armas nucleares, há uma
questão que também merecem
reflexão ética: elas só puderam
desenvolver-se pelo comércio,
legal ou ilegal, da maneira de as
saber fazer. Isso tem levado, curiosamente, a falar no “eixo do mal”,
com intervenções calamitosas no
Iraque, e à afirmação de que há
países confiáveis para ter a arma
atómica e outros não.
AM – Nós estávamos acostumados
a ter “sociedades habituais”, que
na sua forma mais perfeita eram
sociedades nacionais, com um
tecido cultural que tornava a vida
contratual. Esse modelo de sociedades, sobretudo no Ocidente,
está a ser alterado muito rapidamente, com um progresso da ciência e da técnica sem precedentes
num predomínio de valores económicos, uma espécie de “teologia de
mercado”.
A desregulação completa das
migrações levou a uma recomposição dos povos, com sociedades multiculturais onde há erros
tremendos: as migrações determinadas por motivos económicos,
no exercício de um direito natural,
foram recebidas com critério empresarial, mas as pessoas não regressam quando não há trabalho.
Acabámos por ficar semeados de
colónias interiores e o tal tecido
cultural em que assenta a vida
habitual esteja seriamente ameaçado.
Os Estados começam a ser, em larga
medida, organizações que não se
mostram capazes de responder às
novas necessidades. Mesmo do
ponto de vista internacional, acontece que os centros de decisão não
estão previstos em nenhum tratado,
como é o caso do G8.
AE – Bento XVI fala também na
necessidade de escolher a via do
diálogo para protecção e gestão a
terra como a nossa “casa comum”…
AM – A ideia da casa comum é uma
ideia nobilíssima e tem vários
corolários: em primeiro lugar é
responsabilidade de todas as culturas salvaguardar o planeta; por
outro lado, há um direito natural –
que é o mais importante depois do
direito à vida – que é o direito de
estar, de andar, de ir de um lado para
o outro. Quando este direito natural
se transforma na necessidade de
multidões, nós assistimos a esta
desregularão das migrações e a um
noticiário angustiante, porque elas
querem exercer esse seu direito
natural.
Isto implica a existência de uma
nova ordem mundial. E a minha
impressão é que estamos longe
disso, o que aumentará o número
de conflitos.
Nós na Europa, arautos da paz e da
promoção dos diálogos e dos
valores, não conseguimos estabelecer a paz. Temos seriíssimos
conflitos que talvez se possam
agravar! Esse é certamente o desafio dos desafios no mundo. A
situação neste momento é de
anarquia mundial. Como sou optimista, digo anarquia madura na
esperança de que para pior não
vá… Mas de facto, reorganizar a
governança mundial é a urgência
desta geração.
AE – O tema para a Mensagem do
Papa para o Dia Mundial da Paz é
“Família Humana: Comunidade de
Paz”. Que protagonismo atribuir à
família na construção da paz?
AM – A Declaração Universal da
ONU declara, julgo pela primeira
vez, a família como célula base da
sociedade e que tem direito à
protecção. Todos assinaram, mas
têm concepções de família diferenciada: os que acham que a família é
sacramentada, um contracto, um
troço no caminho… Mas todos
assinaram.
Diante das alterações que estamos
a sofrer - designadamente na
definição do Estado soberano, na
definição da sociedade civil nacional que está a ser plural e transfronteiriça - diria que a célula base
avulta de importância!
Acho, por isso, que esse apelo é
fundamental, sobretudo para a
construção da paz. Considero que
a família é o fórum principal de
ensino na área dos valores.
AE – Numa sociedade marcada pelo
conhecimento, podemos alcançar a
sabedoria?
AM – Espero que não seja uma
tradição universitária esquecida.
Depois, a valorização do diálogo é
fundamental, nomeadamente nas
Nações Unidas.
Também não é despiciendo ter
alguma fé na santidade na política.
E temos exemplos, nem todos
cristãos: Gandhi, Mandela, Ana
Arendt, a pregar que o diálogo e a
verdade são as únicas garantias da
paz… Recordo também S. Tomás
Moro, proclamado por João Paulo
II patrono de parlamentares e
governantes, que tinha experiência
do poder, porque foi chanceler de
Inglaterra. Imagino que, não como
santo mas chanceler, deixou-nos o
legado de que se Deus não nos
reservar mais do que justiça ninguém se salva.
3 de Janeiro de 2008
Família: berço da paz?!
«Numa vida familiar ‘sã’ experimentam-se algumas componentes
fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs; a função
da autoridade manifestada pelos pais; o serviço carinhoso aos membros
mais débeis, porque pequenos, doentes ou idosos; a mútua ajuda nas
necessidades da vida; a disponibilidade para acolher o outro e, se
necessário, perdoar-lhe. Por isso, a família é a primeira e insubstituível
educadora para a paz».
Diz-nos na sua mensagem o Papa Bento XVI para o próximo dia mundial
da paz – intitulada «Família humana, comunidade de paz» – numa
reflexão que acentua a dimensão cristã da família, entendida no sentido
estrito (homem e mulher, pais e filhos) e na sua dimensão mais
abrangente – ‘a humanidade é uma grande família’ e a ‘Terra é a nossa
casa comum’ – e tendo em conta a celebração do 40.º dia mundial da
paz, os vinte e cinco anos da ‘Carta dos direitos da família’ e os
sessenta anos da Declaração universal dos direitos humanos.
* Não será muito difícil de perceber se uma criança, um adolescente,
um jovem, um adulto ou um velho vive num clima de paz familiar:
bastará captar nas suas expressões, nas suas palavras, nos seus
gestos... se ele/ela vive numa família onde a paz faz escola. Com efeito,
todos reproduzimos (mais ou menos bem) o ambiente em que vivemos
agora, onde fomos criados/educados e até as mais (pro)fundas raízes
onde crescemos.
Se pai e mãe têm gestos e olhares de paz, transmiti-los-ão naturalmente
aos seus filhos. Se, mesmo nas horas mais conturbadas, pai e mãe
sabem transmitir segurança aos filhos. Se, nos momentos de discussão
(quantas vezes ríspida), pai e mãe não amedrontam os filhos quanto
ao seu futuro. Se pai e mãe não têm medo de manifestarem, diante dos
filhos de forma sincera e oportuna, gestos de ternura e de carinho...
Então, a família será, de facto, escola de paz, de harmonia e de
crescimento saudável. Será tudo isto, só utopia? Talvez não, de todo
ou, pelo menos, em parte!
* Depois de termos visto, em Portugal, nos primeiros meses de 2007,
fazer festa por ter sido aprovada uma lei de morte, talvez tenhamos
atingido o maior descrédito como Nação e até como cultura... em
desfavor da vida. Com efeito, como pode uma família ser agente de paz
se, no seu seio, há opções e critérios de morte?
Ao vermos, nas decisões do actual governo, aparecerem linhas que
defendem o aborto e outros que promovem a maternidade, poderemos
sentir – numa razoável simbiose com a capacidade de pensar – que
algo vai mal no reino de quem nos governa. De que lado estão ou
querem estar: da morte ou da vida?
Na mensagem papal podemos encontrar tónicas urgentes para que a
família seja ‘agência de paz’: pela habitação digna e dignificada; pelo
emprego capaz, correcto e seguro; pela escola educativa e integradora;
pela saúde atenta e regeneradora; pelo reconhecimento da vida
doméstica activa e libertadora...Quando é que será dado, em Portugal,
o reconhecimento profissional da ‘dona de casa’ ou ‘doméstica’ com
remuneração e tudo? Mas que não se exclua esta possibilidade para
quem o desejar, sinceramente!...
* Quando vemos famílias a correrem em busca da satisfação material e
materialista como que ficamos ainda mais atentos a estas prevenções
do Papa. Efectivamente, a família – ou o que dela resta – não pode
reduzir-se a um espaço (físico, psicológico ou de conveniência), onde
uns tantos vivem juntos até possa haver outra forma de morar com
outros/as tantos/as... em mero regime de comida e/ou cama.
Antes de tudo a família é esse espaço privilegiado de crescimento na
liberdade pela comunhão espiritual dos seus membros, cada um
segundo a sua responsabilidade: pais e filhos, marido e esposa, irmãos
e avós... em ordem a serem todos família de sangue, de raça e de força
cultural/espiritual.
Agora que já se vislumbra uma nova etapa – porventura fictícia,
convencional e de aspirações – de vida familiar, social, colectiva e
mesmo eclesial como que ousamos propor que as dimensões
enunciadas pelo Papa Bento XVI possam servir-nos de parâmetros de
avaliação e, sobretudo, de sugestões para fazermos da família a grande
aposta de futuro neste presente, discernindo correctamente o passado.
A. Sílvio Couto
REGIONAL
3 de Janeiro de 2008
Notícias de Beja – 7
Beja
Lousal
Mértola
Incêndio deixa desalojadas sete pessoas
Esposa do Presidente
da República oferece
10 presépios
Câmara apoia construção
de lar da 3.ª idade
Sete pessoas ficaram desalojadas,
entre elas duas crianças, na sequência de um incêndio que atingiu duas
habitações na de madrugada de 28
de Dezembro, na cidade de Beja.
Uma das habitações, onde deflagrou o incêndio e moravam dois
adultos, ardeu totalmente, explicou
à Agência Lusa o segundo comandante dos Bombeiros Voluntários
de Beja, Pedro Barahona.
De acordo com o responsável, uma
casa contígua à que ardeu, onde
viviam três adultos e duas crianças,
ficou parcialmente destruída.
As sete pessoas foram realojadas
pelo serviço municipal de protecção
civil numa unidade hoteleira da
cidade. Pedro Barahona avançou à
Lusa a suspeita de que o fogo teve
origem num curto-circuito na sala
da casa que ardeu totalmente, onde
vários equipamentos estavam
ligados à corrente eléctrica.
O alerta para o incêndio nos números 10 e 12 da Rua Frei António
Beja foi dado às 00h18, tendo as
operações de combate às chamas
demorado cerca de quatro horas,
com a mobilização de 21 bombeiros
e sete viaturas.
Pedro Barahona lamentou, por
outro lado, que o piquete da EDP
tivesse “demorado quase uma
hora” para chegar ao local e desligar
a corrente eléctrica, o que dificultou
as operações dos bombeiros.
“Quando chegámos ao local, deparámos com um cabo eléctrico a
arder e em curto-circuito na parede
da casa em que deflagrou o incêndio”, explicou.
Segundo o responsável, os bombeiros contactaram o piquete da
EDP para desligar a corrente eléctrica, de modo a criar condições de
segurança, o que “demorou quase
uma hora”.
Na era do telemóvel
O telemóvel foi introduzido em
Portugal em 1991 e desde então tem
provocado uma autêntica revolução nos costumes. Nestes 16
anos, tornámo-nos telemóveldependentes e já não conseguimos
viver sem ele.
Registei por curiosidade alguns
avisos, convites ou reflexões patentes nos diversos locais de culto.
1. “Por favor, desligue o seu
telemóvel!”
2. “Para falar com Deus não é
necessário o telemóvel... então
desligue-o!”
3. “Deus chamar-te-à, mas não por
telemóvel... Por favor desliga-o!”
4. “Aprendeu a ligar o telemóvel lá
fora. Aprenda a desligá-lo cá
dentro!”
5. “Desligue o seu telemóvel para
ouvir melhor o toque do telemóvel
divino. É um toque tão personalizado que não é necessário procurar na Internet, nem copiar dos
amigos, porque ele toca silencioso
em si e só para si. O telemóvel divino
possui uma melodia agradável, não
incomodativa para ninguém e sem
necessidade de pagar nada nem
pelo telemóvel, nem pelo toque.
Essa melodia soa sobretudo no
coração. O telemóvel que traz no
bolso pode ficar desligado, pois
basta ter o coração aberto para
estar em sintonia com as chamadas
de Deus.”
6. “Poupe atenção desligando o
seu telemóvel, pois a rede de
comunicação na igreja é diferente:
Imagine-se alguém a rezar e ouvir
esta mensagem: “Central Celeste,
por favor marque uma das seguintes opções: para pedidos
marque 1; para queixas marque 2,
para outros assuntos marque 3...”
Ou então: “Neste momento os
nossos anjos estão ocupados. Por
favor deixe a sua mensagem no
serviço de espera. Se deseja falar
com o Anjo Gabriel marque 5, com
outro anjo marque 6”. O pior seria:
“A sua alma apresenta um saldo de
tantos méritos. Deverá ser recarregada no próximo domingo na
missa das 09h00”. Por fim imaginemos a resposta: “O número que
marcou não está atribuído. Por
favor, certifique-se da sua intenção
ou então marque de novo sem
distracções...” Graças a Deus que
nada disto acontece.
Podemos chamar a Deus quantas
vezes quizermos que somos sempre
atendidos. A sua linha nunca está
ocupada. Basta que o nosso telemóvel não faça interferências com
a comunicação de Deus”.
7. “Só se fala hoje de telegrafia sem
fios (telemóveis!); há muito tempo
que nós a usamos a nível espiritual:
todas as nossas orações são mensagens sem fio que vão directamente ao céu...” (Padre Dehon,
Notas Quotidianas, 1925)
A Fundição de Sinos de Braga
SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA
Sede & Secção de órgãos:
Praceta Padre Diamantino Martins, n.º 9
4700-438 Braga
Telefone 253 605 770 Fax 253 065 779
Fábrica:
Rua Cidade do Porto, Ferreiros, 4705-084 Braga
David Vieira
Cerca de 40 presépios, 10 deles
cedidos pela mulher do Presidente
da República, Maria Cavaco Silva,
estão expostos na aldeia mineira do
Lousal, em Grândola, onde os
festejos de Natal prosseguem até 6
de Janeiro. A exposição de presépios, pertendentes a várias colecções privadas, está aberta no
espaço museológico das minas do
Lousal, encerrado há quase duas
décadas. Nara Froes, da organização do evento, adiantou à Agência
Lusa que os antigos mineiros
também criaram o seu próprio
presépio, com mais de uma dezena
de figuras de tamanho quase
humano. As figuras, feitas em metal,
estão expostas numa zona rural à
entrada da povoação. Além do
museu e de um auditório, o projecto
de muselização das minas prevê
ainda a criação de um Centro de
Ciência Viva, que deverá abrir portas
em Fevereiro do próximo ano,
avançou Nara Froes. A mina d
Lousal, situada na freguesia de
Azinheira de Barros, concelho de
Grândola, foi explorada entre 1900
e 1988, data em que foi encerrada a
extracção. As minas estão integradas na Faixa Piritosa Ibérica, com
cerca de 250 quilómetros de extensão e que começa no Vale do Sado
e vai até ao Vale do Guadalquivir,
próximo de Sevilha, na Andaluzia
espanhola.
Évora
Arcebispo
está de saída
O arcebispo de Évora, D. Manuel
de Gouveia, garantiu, há dias, que
vai continuar “muito ligado” ao
povo alentejano, depois da sua
substituição por ter atingido o
limite dos 75 anos de idade.
“Embora, dentro de algum tempo
deva ser substituido, porque cheguei ao limite de idade, continuarei
muito ligado, sinceramente, ao meu
querido povo alentejano”, declarou
o prelado, em declarações à Agência Lusa.
A dirigir a Arquidiocese de Évora
há 26 anos, D. Maurílio de Gouveia
disse que viveu ao longo deste
período uma “experiência muito
gratificante e rica”.
“Eu sinto-me muito feliz por tudo
aquilo que pude viver aqui nestes
26 anos”, afirmou.
Quanto à quadra do Natal, D.
Maurílio de Gouveia lembrou que
“continua a ser hoje um tempo de
paz, de fraternidade e de uma
vivência forte da fé”.
Natural da Madeira, D. Maurílio de
Gouveia tomou posse como Arcebispo de Évora a 8 Dezembro de
1981, três meses depois de ter sido
nomeado
A Câmara Municipal de Mértola
aprovou, conceder um subsídio à
Santa Casa da Misericórdia de
Mértola destinado ao pagamento
do ante-projecto de arquitectura do
Lar da 3.ª Idade das Freguesias de
S. Miguel do Pinheiro, S. Pedro de
Sólis, S. Sebastião dos Carros e
Espírito Santo.
A construção do Lar que irá beneficiar os idosos das quatro fre-
guesias resulta da parceria entre a
Santa Casa da Misericórdia de
Mértola e as respectivas Juntas de
Freguesia. O valor do subsídio é de
7.500 euros. O Projecto do Lar de 3ª
Idade das quatro freguesias vem dar
resposta às necessidades do elevado
número de idosos, sem apoio familiar,
que residem nesta zona do concelho,
que não tem nenhuma estrutura de
apoio ao internamento.
Alqueva afirma-se
como projecto âncora
Com a barragem construída e a
construção de canais em grande
ritmo, a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de
Alqueva (EDIA) atravessa um
período de grande vitalidade, tendo
assegurados os 960 milhões de
euros para a conclusão do projecto
global de Alqueva até 2013.
Para trás já estão 11 anos de obras
e um investimento superior a 1,2 mil
milhões de euros, distribuído pelas
valências agrícola, hidroeléctrica e
de abastecimento público. Considerado estruturante para o Alentejo, o projecto permite regas,
abastecer populações e produzir
energia eléctrica.
Dos 110 mil hectares de regadio a
criar até 1013, as infra-estruturas de
Aqueva já “alimentam”, através da
rede secundária de rega, 5.820
hectares no concelho de Ferreira do
Alentejo e 591 na aldeia da Luz, no
concelho de Mourão. A estes,
juntam-se 2.400 hectares de dois
dos quatro blocos de rega do
Aprovisionamento Hidroagrícola
do Monte Novo (Évora), que irá
beneficiar um total de 7.714 hectares. Com as várias obras, con-
cluídas, em curso ou a lançar em
breve, a EDIA garante que serão
criadas as condições para alcançar
a meta de 53.187 hectares de
regadio estabelecida para 2009.
No que respeita à energia, além das
centrais de Alqueva e do Pedrógão,
cuja produção não foi divulgada
pela EDIA, porque foram concessionadas à EDP, a empresa gestora
de Alqueva prevê instalar sete
pequenas centrais hidroeléctricas
em Pisão, Alvito, Odivelas, Vale do
gaio, Roxo, Serpa e uma central
reversível na Estação Elevatória
dos Álamos, com uma potência
total superior a 21 megawatts.
Dr. Rui Miguel Conduto
CARDIOLOGISTA
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Editado em
Portugal
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ÚLTIMA PÁGINA
3 de Janeiro de 2008
Ditos e Feitos
Deste
Mundo
e do
Outro
Metade dos portugueses vive na cidade
O Portugal rural desapareceu vertiginosamente nas últimas décadas.
Comprou automóvel a prestações, fez-se urbano, mesmo sem entrar
no perímetros das cidades tradicionais. Porque a cidade “já não é
um ponto no mapa, transforma-se numa superfície”, estende-se por
novas geografias, onde o terreno para construção é acessível, juntase a outros aglomerados urbanos. Perde-se a ideia de centro, mas,
graças à uma mobilidade cada vez mais fácil, tudo fica próximo: a
distância mede-se pelo tempo.
Nas cidades portuguesas, que ocupam 2 % do território nacional,
em 2001, concentravam-se 4 milhões de pessoas, cerca de 40 % da
população. E metade dos citadinos estava concentrado em 14
cidades. O que corresponde a 53% do total da população portuguesa.
Nova encíclica bate record de vendas
A nova encíclica de Bento XVI, “Spe salvi”, vendeu um milhão de
exemplares numa semana, informou a Libreria Editrice Vaticana,
editora do Vaticano.
A segunda encíclica do actual Papa é dedicada ao tema da esperança
cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança
perante as questões relacionadas com o transcendente.
”O homem tem necessidade de Deus, de contrário fica privado de
esperança”, pode ler-se. O Deus em que os cristãos acreditam
apresenta-se como verdadeira esperança para o mundo contemporâneo porque lhe abre uma perspectiva de salvação.
Tony Blair converte-se à fé católica
A Igreja Católica na Inglaterra confirmou oficialmente a conversão
ao catolicismo do antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair,
acontecimento recebido com satisfação pelo Vaticano.
“Os católicos ficam sempre satisfeitos por acolherem na sua
comunidade quem quer que tenha feito um caminho sério, de reflexão,
para o catolicismo”, referiu o director dos serviços de informação
do Vaticano, Pe. Frederico Lombardi. A entrada de Bair, de 54 anos,
na “plena comunhão da Igreja” foi anunciada pela arquidiocese de
Westminster. O Cardeal Murphy O´Connor mostrou-se “muito feliz”
por acolher o actual representante do Quarteto para o Médio Oriente.
A nota oficial da arquidiocese britânica precisa que Blair “participou
regularmente, durante muito tempo, na Missa com a sua família e
nos últimos meses seguiu um programa de formação para preparar a
sua entrada ma comunhão plena com a Igreja Católica”.
Centro de lazer
Um investimento de 14 mil milhões de euros vai transformar uma
zona actualmente desértica, a 70 quilómetros de Saragoça, em
Espanha, numa nova cidade que poderá ter mais de 25 milhões de
visitantes em 2015. O projecto chama-se Gran Scala e prevê a
construção do maior centro de entretenimento e lazer da Europa (e
um dos maiores do mundo), com casinos, parques temáticos, um
hipódromo, campo de golfe, palácio de congressos, sala de
espectáculos e mais de 200 restaurantes.
Agressões
2008 - Ano Internacional
do Planeta Terra
A Assembleia-Geral das Nações
Unidas proclamou 2008 como o
Ano Internacional do Planeta Terra.
O principal objectivo deste ano é
demonstrar que existem novas e
atractivas formas, através das quais
as ciências da Terra podem ajudar
as futuras gerações a enfrentar os
desafios, de modo a se conseguir
um mundo mais seguro e próspero.
Este objectivo será atingido através
de 2 principais programas:
- um que inclui actividades educativas a todos os níveis; e um
programa científico que se concentra nos “grandes temas” das
complexas interacções dentro do
sistema Terra e da sua sustentabilidade a longo prazo.
Com este ano pretende-se ainda:
- reduzir os riscos para a sociedade
causados por acidentes naturais e
por causas humanas;
- reduzir os problemas de saúde
aumentando os conhecimentos
acerca dos aspectos médicos das
ciências da Terra;
- descobrir novos recursos naturais
e torná-los acessíveis de uma forma
sustentável;
- procurar factores não humanos
nas alterações climáticas;
- melhorar o conhecimento acerca
da ocorrência de recursos naturais
de forma a contribuir para reduzir
as tensões políticas;
- detectar recursos de água
profundos;
- melhorar a compreensão acerca
da evolução da vida;
- aumentar o interesse acerca das
ciências da Terra na sociedade em
geral;
- encorajar os jovens a estudarem
as ciências da Terra nas
Universidades.
Por isso, cuide da Terra...
É a única que nos sustém.
Poema da Paz inquieta
No ano lectivo 2006/2007, mais de 300 professores e funcionários
foram agredidos nas escolas por alunos. No entanto a ministra da
Educação continua a dizer que se trata de violência “rara e
circunscrita”.
Ensino
Um em cada três estudantes do ensino superior não termina o curso
em que ingressa dentro do prazo previsto. A taxa de insucesso
escolar nas instituições públicas ronda os 35%, se consideradas as
repetições de ano e as desistências, de acordo com dados oficiais
relativos ao ano lectivo de 2004/2005.
A.B.
Eu costunava sentir-me em paz à
beira dos rochedos, sentindo o
vento soprar-me no rosto...
Achava que era paz!
Eu costumava sentir paz na
solidão de alguma praia deserta,
entre o marulhar das ondas e o
voo das gaivotas...
Achava que era paz!
Eu costumava sentir paz no verde
das colinas e no topo das
montanhas, enquanto namorava o
horizonte...
Achava que era paz!
Rios, riachos, mar, noites de luar,
vento chuva, cordonizes,
pombas, gaivotas e borboletas,
davam-me paz. E eu achava que
estar sozinho era estar em paz.
Mas é claro eu estava confusa.
Aquilo não era paz era sossego.
Um dia olhei nos olhos de uma
criança, nos olhos de um casal,
nos olhos de um ansião, nos
olhos de milhares de jovens e
descobri a dor, a tristeza, a
esperança e o sonho.
Nunca mais tive sossego. Em
compensação nunca mais perdi a
paz! É que a paz, para ser paz,
precisa de passar pelo outro e
não pelas coisas. Agora eu vivo
em paz , sei a diferença!
Pe. Zezinho
Calendário Agrícola
Janeiro é o mês das lavouras das
terras e da preparação das culturas
de Inverno, como a batata, podendo mesmo iniciar-se a plantação
precoce. Podam-se as árvores mas
nas laranjeiras, figueiras e macieiras
os grandes cortes são prejudiciais.
Enxertos no Crescente da Lua.
Semear favas e ervilhas de variedade e desenvolvimento rápido. Em
estufa ou caixa quente, plantar:
pepino, melão, pimento e abóbora.
Em lugar definitivo: cenouras
curtas, alho cebola, alface, ervilhas,
alho porro e salsa.
Continuar a preparar os canteiros,
tanto para as sementeiras da época
como as da Primavera. Continuar
com a instalação de viveiros de
estacaria de roseiras e de outros
arbustos e árvores de jardim.
Plantar no lugar definitivo árvores
e arbustos ornamentais, abrindo
covas com a possível antecedência. Semear ciclames, ervilhas-decheiro, gipsófilas, girassóis. Plantar
jacintos, begónias, lírios e amarílis.
Provérbios para
gente culta
Expõe-me com quem deambulas e a
tua idiossincrasia augurarei.
(Diz-me com quem andas, dir-te-ei
quem és)
Espécime avícola na cavidade metacárpica, supera os congéneres
revolteando em duplicado.
(Mais vale um pássaro na mão, que
dois a voar)
Ausência de percepção ocular,
insensibiliza o órgão cardial.
(Olhos que não vêem, coração que
não sente)
Equino objecto de dádiva, não é passível de auscultação odontológica.
(A cavalo dado não se olham os
dentes)
O globo ocular do perfeito torna
obesos os bovinos.
(O olho do amo engorda o gado)
Idêntico ascendente, idêntico
descendente
(Tal pai, tal filho)
Descendente de espécime piscícola
sabe movimentar-se em líquido
inorgânico.
(Filho de peixe sabe nadar)
Pequena leguminosa seca após
pequena leguminosa seca atesta a
capacidade de ingestão de espécie
avícola.
(Grão a grão enche a galinha o
papo)
Tem a monarquia no baixo ventre
(Tem o rei na barriga)
Quem movimenta os músculos
supra faciais mais longe do primeiro,
movimenta-os substancialmente.
(Quem ri por último ri melhor)
Quem aguarda longamente, atinge
a exaustão
(Quem espera desespera)
Mais
O ferro é forte, mas o fogo funde-o;
O fogo é forte; mas a água apaga-o;
A água é forte, mas as nuvens
fazem-na cair;
As nuvens são fortes, mas o vento
arrasta-as;
O vento é forte, mas o homem
controla-o;
O homem é forte, mas o medo
paralisa-o;
O medo é forte, mas o sono fálo
esquecer;
O sono é forte, mas a morte supera-o;
A morte é fortíssima, mas a bondade sobrevive-lhe.
Humor
Os Impostos
Um francês lamenta-se com um
americano por causa dos impostos.
- Por causa dos impostos, estamos
como a nossa bandeira: vermelhos
de raiva, brancos de desmaio e azuis
de medo.
Colónias de férias
Da colónia de férias um menino
escreve à mãe uma carta desesperada: - Esqueceste-te de pôr o
meu nome nas peças de roupa. A
vigilante olhou para a etiqueta da
minha camisola e agora todos me
chamam: “Puro algodão”.
Na farmácia
Um ladrão entra na farmácia e pede:
- Dê-me todo o dinheiro.
O farmacêutico, sem se descompor:
- Desculpe, mas sem receita não
damos nada!
Alberto Batista

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