Fasciculo_Industria Aeronautica
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Fasciculo_Industria Aeronautica
ESTUDO SOBRE 2010 TECNOLOGIAS NUCLEARES DO SECTOR DE ENGINEERING AND TOOLING INDÚSTRIA AERONÁUTICA Projecto: DiMarkets (SIAC) Promotor: Cefamol Autor: Centimfe – António Selada ÍNDICE FASCÍCULO I – INDÚSTRIA AERONÁUTICA ............................................................................................................ 4 MAQUINAÇÃO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS, COMPÓSITOS E ELASTÓMEROS ......................................................... 5 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 5 2. MAQUINABILIDADE .......................................................................................................................................... 6 3. OS POLÍMEROS .............................................................................................................................................. 9 3.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS PROPRIEDADES ..................................................................................................... 9 3.2 PROPRIEDADES QUE INFLUENCIAM O PROCESSAMENTO................................................................................ 12 3.3 OS COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA ..................................................................................................... 17 3.3.1 COMPORTAMENTO EM MAQUINAÇÃO DOS MATERIAIS COMPÓSITOS............................................................. 18 3.4 GENERALIDADES SOBRE TÉCNICAS DE MAQUINAÇÃO .................................................................................... 19 3.4.1 PROCESSO DE CORTE ............................................................................................................................. 20 3.5 OBSERVAÇÕES GERAIS POR TIPO DE MAQUINAÇÃO DE PLÁSTICOS................................................................. 21 3.5.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 21 3.5.2 FIXAÇÃO DAS PEÇAS................................................................................................................................ 22 3.5.3 TORNEAMENTO ....................................................................................................................................... 22 3.5.4 FURAÇÃO................................................................................................................................................ 23 3.5.5 FRESAGEM ............................................................................................................................................. 24 3.6 DADOS POR FAMÍLIA DE POLÍMEROS ............................................................................................................ 25 3.6.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 25 3.6.2 POLIESTIRENO E DERIVADOS (ABS,..) ...................................................................................................... 26 3.6.3 POLIETILENO E POLIPROPILENO................................................................................................................ 27 3.6.4 PVC ....................................................................................................................................................... 28 3.6.5 ACRÍLICO PMMA .................................................................................................................................... 29 3.6.6 ACETAL .................................................................................................................................................. 29 3.6.7 POLIAMIDAS (PA 6 E 6.6) ........................................................................................................................ 30 3.6.8 POLIFLURADOS (PTFE) ........................................................................................................................... 31 3.6.9 POLIURETANO ......................................................................................................................................... 31 3.6.10 COMPÓSITOS – ESTRATIFICADOS VIDRO/RESINA ..................................................................................... 32 MAQUINABILIDADE DE LIGAS DE TITÂNIO E DE SUPER LIGAS RESISTENTES AO CALOR – HRSA ........................... 33 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 33 Página 2 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 1.1 SUPER LIGAS RESISTENTES AO CALOR (HRSA) ........................................................................................... 33 1.2 LIGAS DE TITÂNIO ....................................................................................................................................... 34 2. MAQUINABILIDADE ........................................................................................................................................ 35 2.1 MAQUINABILIDADE DO TITÂNIO .................................................................................................................... 35 2.1.1 MATERIAIS PARA FERRAMENTAS .............................................................................................................. 38 2.1.2 FLUIDOS DE CORTE ................................................................................................................................. 38 2.1.3 TORNEAMENTO DO TITÂNIO ...................................................................................................................... 39 2.1.4 FRESAGEM DO TITÂNIO ............................................................................................................................ 39 2.1.5 FURAÇÃO DO TITÂNIO .............................................................................................................................. 39 2.1.6 ROSCAGEM DO TITÂNIO ........................................................................................................................... 40 2.1.7 MANDRILAGEM DO TITÂNIO....................................................................................................................... 40 2.1.8 CORTE COM JACTO DE ÁGUA .................................................................................................................... 41 2.1.9 PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS ...................................................................................................................... 41 2.1.10 REGRAS PARA ASSEGURAR SUCESSO NO PROCESSAMENTO DAS LIGAS DE TITÂNIO ................................... 41 2.2 MAQUINAÇÃO DAS SUPER LIGAS RESISTENTES AO CALOR (HRSA) ................................................................ 45 2.2.1 FRESAGEM DE LIGAS HRSA .................................................................................................................... 47 2.2.2 FURAÇÃO DAS LIGAS HRSA..................................................................................................................... 47 2.2.3 TORNEAMENTO DAS LIGAS HRSA ............................................................................................................ 48 REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 49 Página 3 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Fascículo I – Indústria Aeronáutica A capacidade instalada no sector de Engineering & Tooling permite maquinar alguns materiais e geometrias tipicamente utilizadas nos componentes aeronáuticos. Neste sentido, este fascículoo fará uma análise sobre o potencial de aplicação da capacidade instalada no sector Engineering & Tooling na produção de componentes aeronáuticos. Página 4 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Maquinação de Materiais Poliméricos, Compósitos e Elastómeros 1. Introdução Os materiais poliméricos utilizados em aplicações mecânicas têm comportamentos mecânicos e térmicos muito diferentes dos verificados nos metais, sendo apenas possível maquiná-los com técnicas e parâmetros adaptados. Nesse sentido, pretende-se fornecer indicações práticas sobre as condições de processamento, atendendo aos diferentes indicadores e sob todas as formas, dos materiais poliméricos, compósitos e elastómeros. Um dos mais importantes avanços na ciência e engenharia dos materiais tem sido o desenvolvimento de materiais com características pensadas para aplicações específicas. Estes novos materiais desempenham um papel determinante na competitividade da indústria e constituem uma resposta às exigências colocadas no sentido de um aumento da fiabilidade e do desempenho. A ideia é utilizar o melhor material para desempenhar com maior eficiência uma determinada função. A crescente utilização de materiais plásticos em componentes estruturais produzidos em pequenas séries (o sector aeronáutica possui muitos bons exemplos) obriga, por vezes, à utilização da tecnologia de corte por arranque de apara, tecnologia dominante na indústria de moldes, como processo de alteração da forma duma matéria-prima plástica obtida através dum processo primário de fabrico (extrusão, por exemplo). Determinadas características mecânicas dos materiais plásticos como o módulo de elasticidade, a resistência ao corte, o comportamento sobre carga constante e a dureza são absolutamente diferentes dos materiais metálicos (ferrosos ou não ferrosos) usualmente maquinados, assim como algumas características físicas (dilatação térmica, condutibilidade térmica, higrometria e cargas electrostáticas superficiais geradas no processo de corte, etc.). Neste contexto, procurouse identificar os parâmetros característicos do processo de corte (velocidade de corte, velocidade de avanço, método de refrigeração, incrementos de avanço radiais e axiais, materiais e geometrias das ferramentas etc.) no processamento dos diferentes materiais termoplásticos e compósitos utilizados na indústria em geral e particularmente no sector aeronáutico. Página 5 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2. Maquinabilidade A maquinabilidade de um material deve ser vista como uma propriedade com efeito decisivo sobre a produtividade do processo de maquinação. É definida, normalmente, como a aptidão de um material para ser processado com uma ferramenta de corte. Algumas das características mais importantes do material com influência na sua maquinabilidade são: a tensão de rotura ao corte, o grau de encruamento como resultado da deformação plástica, a abrasividade, a composição química, a condutibilidade térmica, o coeficiente de atrito, a homogeneidade e a isotropia. É difícil traduzir a influência das propriedades dos diferentes materiais e da maior ou menor adequação destes ao corte por arranque de apara através de indicadores de “maquinabilidade”. O grande número de indicadores, reflecte bem que nenhum deles é totalmente satisfatório, o que é consequência da complexidade do fenómeno em si e, também, de algumas ambiguidades na condução dos ensaios ou na apreciação dos resultados. Os indicadores de maquinabilidade usualmente considerados são os seguintes: Vida da ferramenta; Formação da apara; Estado de superfície ou rugosidade superficial; Volume da apara removido por unidade de tempo; Potência específica de corte; Tendência para a formação da aresta postiça de corte. Os parâmetros de corte óptimos não dependem exclusivamente de determinadas características mecânicas do material a maquinar, como a dureza ou ductilidade, mas também da composição química, microestrutura, estado da máquina ferramenta, tipo de operação, ferramenta e fluido de corte, entre outros. Página 6 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional O conhecimento do material a maquinar é essencial para definir as condições de corte e garantir um bom desempenho numa operação de maquinação. As características mais importantes do material a maquinar que influenciam a maquinabilidade são: Tensão de rotura transversal; Dureza; Ductilidade; Grau de encruamento; Condutibilidade térmica; Abrasividade; Composição química; Coeficiente de atrito; Estrutura do material; Homogeneidade e isotropia. A tensão de rotura transversal ao corte influencia directamente as forças de corte e, consequentemente, a potência necessária e a temperatura gerada junto da aresta de corte. Valores baixos de dureza são, normalmente, favoráveis. No entanto, valores muito baixos provocam uma deficiente formação da apara, com crescimento de apara aderente resultando numa fraca qualidade das superfícies geradas e numa vida curta da ferramenta. Pequenos aumentos de dureza têm, por vezes, uma influência positiva. Valores baixos de ductilidade (grande deformação plástica antes de rotura) favorecem o processamento dos materiais, isto é, proporcionam uma boa formação da apara. A ductilidade cresce em sentido inverso da dureza. O encruamento é o fenómeno de endurecimento do material à medida que este vai sendo deformado plasticamente, influenciando a largura da zona em deformação simultânea e, desse modo, o tipo de apara. O comportamento de um mesmo material durante a maquinação, em condições de recozido ou de encruado, por efeito de um trabalho de enformação mecânica a frio, é absolutamente diferente. Página 7 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Uma boa condutibilidade térmica faz com que o calor se dissipe mais facilmente da zona de corte, permitindo um melhor desempenho na maquinação. No diagrama da Tabela 1, podemos estabelecer a relação desempenho da maquinação versus condutibilidade térmica: - A abrasividade influencia o desgaste das ferramentas de corte e, no caso de resultar da existência de partículas duras na estrutura do material, pode mesmo promover a sua rotura por fadiga mecânica, como resultado dos micro choques destas partículas contra a aresta de corte da ferramenta. - A falta de homogeneidade e a anisotropia dos materiais provocam variações no estado de tensão das ferramentas, com alguma tendência para a rotura por fadiga e para o incremento das vibrações. Valores elevados Dureza Ductilidade maquinabilidade Impurezas Aditivos térmica de: Influência na Condutibilidade – – + Macro Micro – ± + Tabela 1. Influência de algumas propriedade na maquinabilidade Página 8 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3. Os polímeros 3.1 Definições e principais propriedades Sob o termo polímero, agrupam-se uma família de materiais sintéticos de natureza orgânica chamados de materiais plásticos, compósitos ou elastómeros. Os limites de separação entre os três grupos são ténues porque certas matérias plásticas têm um comportamento de elastómero e outros, reforçados com fibras, são considerados como materiais compósitos. Um polímero é formado por uma cadeia de moléculas orgânicas idênticas chamadas de monómeros. Um monómero é uma sequência de átomos de carbono ligados entre eles e combinados com outros elementos. (hidrogénio, azoto, flúor, silício cloro, etc.). A maior parte dos termoplásticos é sintetizada pelo processo de polimerização em cadeia. Neste processo, uma grande quantidade de moléculas pequenas ligam-se covalentemente, formando cadeias moleculares muito longas. Podemos definir duas categorias: termoplásticos e termoduros. Os termoplásticos são constituídos por longas cadeias ramificadas. A moldação dos termoplásticos faz-se por mudança de estado físico (sólido → líquido/pastoso → sólido) e pode ser moldado vezes sucessivas, embora perdendo progressivamente as suas propriedades em cada reciclagem. Podem distinguir-se dois tipos de termoplásticos: Os amorfos que, não tendo uma ordem molecular aparente, possuem uma estrutura muito comparável à de um líquido. Não têm uma temperatura de fusão precisa, mas antes uma fase de amolecimento e são caracterizados por boa estabilidade dimensional, uma boa resistência ao choque, sendo difíceis de estirar; Os cristalinos que têm uma estrutura constituída por cristais ordenados e ligados numa matriz amorfa. Têm um ponto de fusão preciso e são caracterizados por um bom comportamento químico, boa resistência à fadiga, baixo coeficiente de atrito e uma menor deformação com a temperatura. A taxa de cristalinidade caracteriza a importância da estrutura cristalina no conjunto dos materiais. Página 9 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Os termoendurecíveis são os polímeros tridimensionais em que as macro moléculas possuem uma estrutura tri-dimensional. Não há fusão e a moldação é feita por reacção química. Regra geral: Os termoendurecíveis resistem melhor às cargas estáticas constantes, são aptos á moldação de peças de grandes dimensões, com fibras de todas as formas, \ Os termoplásticos têm um melhor comportamento ao choque, têm ciclos de moldação bastante curtos, podem ser facilmente reciclados, \ Poliéster Bom compromisso propriedades/preço, transparente e facilmente pigmentável, fácil de moldar. Fenólico Bom comportamento ao fogo, baixa tensão limite de fadiga, cor natural sombria, dificilmente pigmentável. Disponíveis na forma sólida ou líquida (diluída em água). A moldação é feita com a ajuda dum catalizador ácido. Epóxido Propriedades mecânicas excelentes, pouca contracção na moldação, geralmente longo tempo de serviço, \ Aminoplástico Bastante boa resistência à abrasão, assim como aos solventes. Tabela 2 Características gerais dos termoduros Página 10 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional ABS Boa resistência ao choque, fraca absorção de água, boa estabilidade dimensional, boa resistência à abrasão e metalizável Acetal Muito boas propriedades mecânicas, estabilidade dimensional, resistência á fissuração e à fadiga, à abrasão, aos agentes químicos e à água quente, fraco coeficiente de atrito Acrílico (PMMA) Transparente e excelente resistência aos agentes atmosféricos Celulósicos Resistência aos agentes atmosféricos, à água, aos agentes químicos, muito baixa estabilidade dimensional Fluorados Excelentes propriedades dieléctricas, resistência química, fraco coeficiente de atrito, estabilidade a altas temperaturas, preço elevado Poliamidas Família de plásticos técnicos com um bom comportamento mecânico, uma boa resistência ao desgaste, um baixo coeficiente de atrito, excelentes propriedades químicas e eléctricas (não conductor), muito sensível à humidade, estabilidade dimensional média Policarbonato Grande resistência ao choque, transparência, rigidez, estabilidade ao mau tempo e à fissuração sobre carga, Poliéster (PET, PBT) Excelente estabilidade dimensional, propriedades eléctricas, comportamento químico, sensível ao entalhe, resistência média ao calor e aos agentes atmosféricos PEEK Excelente resistência termo mecânica, resistência à abrasão Polietileno Fácil de moldar, barato, fraca estabilidade dimensional, pobre resistência ao calor, excelente resistência química, dificilmente colável PPO Excelente estabilidade dimensional, pobre absorção de água, boas propriedades mecânicas, resistências a vários produtos químicos, salvo alguns hidrocarbonetos PPS Boas propriedades termo mecânicas e químicas, necessidade duma temperatura de moldação elevada Polipropileno Fraca tensão de corte, excelente resistência química, dificilmente colável Poliestireno Preço baixo, fácil de moldar, pobre absorção de água, fraco comportamento térmico, existem graus modificados com comportamento ao choque melhorado Página 11 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Polisulfona Bom comportamento termo mecânico, temperatura de moldação elevada, sensível ao entalhe, excelentes propriedades eléctricas e estabilidade dimensional, metalizável, preço elevado PVC Numerosas formulações, boas propriedades eléctricas, resistência à água e aos produtos químicos, comportamento térmico médio e baixo custo Tabela 3. Características gerais dos termoplásticos A maquinação não é a técnica principal para fabricação de componentes em materiais poliméricos. Este tipo de materiais é bem adaptado às técnicas de moldação, através dum material líquido ou pastoso, para encher um volume predefinido por uma ferramenta (molde). No entanto, as operações de maquinação são muito utilizadas pelas razões seguintes: Fabricação de pequenas séries Furação para montagem ou rebitagem Obtenção de cotas extremamente precisas Corte de pré formas para termoformação, \. 3.2 Propriedades que influenciam o processamento Sem entrar no detalhe de todas as características dos polímeros, mas limitando-nos àqueles que, de certo modo, têm influência no desenrolar do processo de maquinação, podem fazer-se as observações gerais seguintes: Módulo de elasticidade A gama de valores é larga, desde os elastómeros e borrachas sintéticas que são os mais flexíveis, com um módulo de elasticidade de alguns MPa, até aos compósitos de fibras de carbono unidireccionais com módulos no sentido das fibras susceptíveis de se avizinhar do valor dos aços (210.000N/mm2), mas a grande maioria tem um módulo de elasticidade compreendido entre 12.000 e 20.000 N/mm2. Ao serem mais flexíveis do que os metais, exigem procedimentos especiais durante o processo de deformação durante o corte e no aperto. Página 12 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Resistência ao corte Não existe uma relação directa entre o comportamento em tracção/compressão e ao corte para estes materiais. Devem ser considerados valores específicos para a resistência à tracção, resistência à compressão e para a resistência ao corte. As diferenças de valores são muito elevados se considerarmos os compósitos com fibras orientadas. De facto, as fibras determinam um grande comportamento à tracção mas pouco afectam a resistência ao corte. Duma maneira geral, o comportamento ao corte é fraco (inferior a 95 N/mm2) para quase todos os materiais desta natureza, sendo mesmo inferior a 55 N/mm2 para os plásticos não reforçados. A tabela seguinte mostra a titulo indicativo algumas características mecânicas dos materiais poliméricos. Material Densidade Tensão limite Módulo Alongamento Tensão limite de resistência à elasticidade à rotura (%) de resistência á tracção (N/mm2) (N/mm2) tracção c/ 30% de fibras de vidro (N/mm2) Acetal (POM) 1.42 LCP - polímero de cristal 50-75 2600 46-70 120 165 9600 3.5 210 líquido PMMA 1.19 60-70 3000 4.1 120 Poliamida 6 1.14 45-55 1000-2000 60-3290 90-150 Policarbonato 1.20 60-65 2500 120 140 Poli acetona (PEEK, \) 1.35 110 3700 50 160 Poiester insaturado 1.21 5-65 500-3500 2-100 55-100 Poliéster PBTP 1.31 50-65 2700 5-250 130 Poliéster PETP 1.3-1.38 60-85 2000-2500 90-300 15-150 Polietileno LD 0.93 10-15 150-300 400-600 Polietileno HD 0.94 25-35 400-1200 700-1000 45-70 Página 13 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Polipropileno (PP) 0.91 20-45 1000-1500 150-600 Poliestireno 1.05 45 3100 4 PPS 1.2 70 4600 5 PTFE 2.15 10-40 410-600 250-500 PVC rígido 1.39 50 2100-2500 10-50 PVC flexível 1.3.1.7 11-222 PS choque 1.05 25-32 2000 45-55 Ureia 1.31 40-80 5900-9200 0.5-1.1 50~60 140 200-500 Tabela 4. Propriedades mecânicas de alguns plásticos Estabilidade à fluência Os materiais plásticos sofrem uma deformação crescente sobre carga constante, mais ou menos importante, segundo a sua natureza. É assim que os mais sensíveis são sobretudo os elastómeros e os plásticos não reforçados. Os termoduros resistem melhor que os termoplásticos. Em contrapartida, os compósitos de fibras longas são muito pouco sujeitos a fenómenos de fluência. Dureza Esta característica mecânica, que influencia fortemente a maquinabilidade, é muito inferior ao dos metais. A medida da dureza dos materiais é feita segundo vários métodos, adaptados à gama de durezas e ao tipo de material. Mesmo a escala Brinell que é utilizada medir a dureza da maioria dos materiais não muito duros, é pouco fiável nos plásticos (situam-se sempre abaixo dos 50 HB). De facto, para os polímeros utiliza-se, normalmente, as normas Shore A, D e Barcol e, por vezes, Rockwell M e R. A tabela seguinte apresenta as principais características dos métodos de medir a dureza. Página 14 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Deformações internas As peças de plástico sofrem deformações internas, depois da moldação, devido à contracção da matéria-prima causada pela diferença de volume resultantes dos gradientes térmicos entre o estado líquido e sólido. As precauções devem consequentemente ser tomadas em conta para evitar acumulação de deformação. A velocidade de arrefecimento e a manutenção da pressão de injecção durante esse processo é um elemento essencial para a redução da deformação. Higrometria Certos polímeros absorvem uma quantidade muito grande de humidade, (8% para certas poliamidas, por exemplo). O fenómeno da absorção não se dá instantaneamente mas pode acontecer em alguns minutos ou horas. A absorção de humidade altera as características dimensionais e mecânicas. É preciso ter em conta o comportamento do polímero em presença da humidade, da duração da maquinação, da presença de fluidos de corte, do ambiente higrométrico da oficina, \ Heterogeneidade Os materiais do tipo estratificado são constituídos por um polímero contendo fibras dispersas na matriz polimérica. È necessário maquinar em simultâneo dois materiais com naturezas diferentes. Neste tipo de maquinação o material é removido por formação de pó e não por formação de apara. Dilatação térmica É geralmente mais importante do que para os aços salvo para os materiais compósitos reforçados com fibras longas. As resinas e os materiais plásticos não carregados, têm os coeficientes de dilatação térmica normalmente compreendidos entre 55 e 210µm/m.ºK. Página 15 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Condutibilidade térmica São materiais isolantes, salvo os carregados com partículas metálicas ou os reforçados com fibras de carbono. A combinação destas duas características, grande dilatação térmica e fraca condutibilidade, fazem com que o calor gerado na operação de maquinação fique concentrado na zona de maquinação podendo provocar o risco de degradação térmica. A tabela seguinte apresenta as principais características térmicas dos materiais plásticos correntes. Desgaste das ferramentas Uma grande parte dos materiais plásticos têm características auto lubrificantes e não criam desgaste importante nas ferramentas. Contudo, os carregados com minerais têm tendência para acentuar o desgaste nas ferramentas. Este desgaste é ainda mais acentuado se os polímeros estão carregados com fibras de vidro, que é o caso dos materiais compósitos estratificados. Fusão ºC ABS Dilatação térmica Condutibilidade T máx. de µm/m.ºK térmica W/m.ºK utilização 80 0.17 85 Acetal POM 195 80-100 0.23 80 Acrílico PMMA 105 75 0.2 90 Poliamida 6-6 265 90 0.28 110 Policarbonato 220 68 0.41 115 PEEK 343 60 0.21 250 20-70 0.18 120 30-65 0.24 130 PBT 30% vidro PET 265 Página 16 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Polietileno BD 100-200 0.33 50 Polietileno HD 135 100-200 0.48 80 PTFE 327 100-160 0.25 260 75-100 0.38 260 PTFE 30% vidro PP 176 100-180 0.15 100 Poliestireno 240 30-210 0.12 95 22-35 0.35 220 75-100 0.18 75 PPS 40% vidro PVC rígido 212 Tabela 5. Propriedades físicas de alguns polímeros 3.3 Os compósitos de matriz polimérica Um material pode ser classificado como compósito se resultar da combinação de dois ou mais materiais distintos. Os mais vulgares resultam da dispersão de fibras no interior dum aglomerante, designado por matriz. A incorporação de fibras prende-se com necessidade de melhorar as propriedades mecânicas dos materiais. As fibras não podem ser utilizadas directamente em aplicações estruturais, devido à sua pequena secção resistente. Compete à matriz polimérica dar uma forma estável ao compósito. As fibras de utilização mais comum são as de vidro, carbono e aramida e as matrizes podem ser termoplásticos, como as poliamidas, o polipropileno e o PEEK, ou termoendurecíveis como as resinas epóxidas ou o poliéster, entre outros. Frequentemente, são utilizados aditivos para melhorar algumas propriedades dos compósitos, como a tenacidade e a resistência ao fogo. Estes materiais alargam substancialmente as opções de engenharia ao dispor dos projectistas. As propriedades características destes materiais determinaram a sua disseminação por indústrias de grande exigência tecnológica, caso da aeronáutica, defesa, automóvel de competição e a espacial. Página 17 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Os materiais compósitos podem apresentar um elevado desempenho mecânico, caso dos de fibra de carbono, aramida e híbridos (carbono e aramida) e até fibras de boro. A ideia nestes casos é obter um componente para aplicações estruturais, com elevada resistência mecânica, baixo peso e com elevada liberdade de forma do produto. 3.3.1 Comportamento em maquinação dos materiais compósitos A maquinação de materiais compósitos é de difícil realização devido à estrutura sua anisotrópica e não-homogénea e à alta abrasividade dos seus elementos constituintes. Isso normalmente resulta em danos introduzidos na peça e no desenvolvimento de desgaste muito rápido na ferramenta de corte. Contudo, processos convencionais de maquinação como o torneamento, a furação ou a fresagem podem ser utilizados no seu processamento, desde que as ferramentas sejam adequadas e as condições de operação sejam bem definidas. O processamento por arranque de apara de materiais compósitos resulta, fundamentalmente, da necessidade de ligar componentes estruturais. Assim, a furação é o processo tecnológico mais usado. Num avião podem existir mais de um milhão de furos e a qualidade das juntas aparafusadas dependem da qualidade dos furos previamente executados. Assim, o corte dos materiais compósitos deve merecer uma atenção especial, pelos danos que pode originar [26]. Independentemente da tecnologia utilizada, a maquinação dos materiais compósitos apresenta as seguintes características [26]: Como resultado da sua elevada heterogeneidade, a qualidade obtida é inferior à verificada nos metais; Os métodos tradicionais devem ser adaptados de forma a minimizar os danos causados por efeito térmico e mecânico; A orientação das firmas exerce, naturalmente uma grande influência no corte; A criação de descontinuidades nas fibras afecta o comportamento do componente; As fibras após o corte ficam expostas ao ataque dos agentes exteriores; As diferentes expansões térmicas das fibras e da matriz dificultam o rigor dimensional; É, normalmente, desejável a utilização dum fluido de corte; Página 18 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional A duração de vida das ferramentas é muito condicionada pela abrasividade das fibras; A maquinação dos diferentes materiais compósitos determina delaminagens junto à superfície de corte; É difícil a obtenção de superfícies com boa continuidade. A elevada tenacidade dos compósitos de aramida e carbono determina uma grande absorção de energia, com consequências ao nível da regularidade das superfícies. Como resultado do desenvolvimento materiais compósitos para áreas de aplicação muito exigentes (incluindo aeronaves modernas, como jactos e helicópteros), a procura de ferramentas de corte devidamente adaptadas a estes materiais aumenta. A qualidade dos furos, a segurança e a economia de produção são alguns dos factores mais importantes. A furação de compósitos recorre, normalmente, a ferramentas de metal furo revestidas com compostos de titânio (TiN, \) com fraca tendência para formação da apara aderente (boas propriedades tribológicas) ou diamante, como resultado da sua enorme resistência ao desgaste. O corte bidimensional de materiais compósitos, pode ser feito por serrote, jacto de água ou laser. No corte por jacto de água esta é projectada a altíssimas velocidades, na ordem dos 800m/s, através dum furo com um diâmetro de 0,25mm. A pressão da água (com as partículas abrasivas) chega a atingir 400N/mm2. O corte com laser utiliza um feixe concentrado focado na peça a cortar. O corte resulta de fusão, sublimação e degradação química. Esta tecnologia danifica, geralmente, a resina na vizinhança do corte. As resinas termoplásticas fundem e as termoendurecíveis vaporizam e degradam-se quimicamente. 3.4 Generalidades sobre técnicas de maquinação Os materiais plásticos e os compósitos podem facilmente ser moldados. A maquinação utiliza-se, normalmente, sobre chapa extrudida, varão extrudido,... No caso de compósitos de fibras longas, maquinar significa cortar as fibras e consequentemente reduzir a resistência do material. Isto significa também cortar dois materiais diferentes em simultâneo, resina ou plástico muito dúctil e fibras muito duras. Página 19 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Os polímeros e os compósitos não são, regra geral, condutores de electricidade, o que elimina a possibilidade de remover material por descarga eléctrica (electroerosão). A obtenção da forma final só pode ser realizado por outros processos subtractivos, como o corte por arranque de apara, o corte e a ablação por laser, o jacto de água e os ultra sons. Estes últimos são raramente utilizados porque são especialmente aptos a processar materiais frágeis. 3.4.1 Processo de corte A acção principal do corte tem lugar no plano de corte e é determinada em grande parte pela relação entre a apara deformada e a não deformada. O mecanismo da formação da apara é, consequentemente, um fenómeno cíclico, verificando-se, alternadamente, um a fase de encalque e uma fase de corte, sendo a força necessária ao corte, máxima na fase de encalque. Para além da primeira região com grande deformação plástica, existe uma segunda que resulta das deformações provocadas pelo atrito entre a apara e a face de ataque da ferramenta. A quantidade de deformação depende do ângulo de ataque da ferramenta. Quando o ângulo de corte é pequeno as forças necessárias ao corte são elevadas. Na prática, factores como o ângulo de ataque e os parâmetros de corte influenciam as condições para o corte. O atrito produz-se à medida que, durante o processo, o material é sujeito a grandes pressões e temperaturas. Por vezes o material deformado solda-se à face de ataque da ferramenta e paralisa o deslizamento na superfície de separação o que dificulta o processo de corte. No entanto, o deslizamento entre a apara e a ferramenta continua, gerando-se mais calor nesta zona estacionária. Página 20 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.5 Observações gerais por tipo de maquinação de plásticos 3.5.1 Introdução As diferentes experiências industriais para a maquinação dos plásticos conduzem às observações seguintes: O ponto de fusão e a condutibilidade térmica dos plásticos, em geral, são inferiores ao dos metais e é necessário, então, reduzir o calor formado, diminuindo o coeficiente de atrito. As ferramentas bem afiadas e com propriedades tribológicas adequadas (rugosidade baixa) são indispensáveis. A temperatura crítica não pode ser ultrapassada. Esta temperatura crítica situa-se por exemplo: - Para o poliestireno: 65 a 75ºC - Para as poliamidas: ~120ºC - Para as resinas termoduras: ~145ºC. Afim de poder satisfazer estas condições, é necessário remover pequenas secções de apara, procedimento pouco económico que pode ser compensado por grandes velocidades de corte. As ferramentas mal afiadas geram bastante calor. As arestas cortantes das ferramentas devem, por isso, ser bem afiadas e os ângulos devem garantir que só a face de ataque está em contacto com o material. Para peças de pequena secção transversal, um grande incremento axial ou radial facilmente provoca flexão. Para a maquinação de plásticos reforçados é aconselhável a utilização de carbonetos sinterizados (metal duro) em vez dos aços rápidos. No torneamento de peças de precisão não deve ser utilizado um elevado incremento axial. A potência consumida no corte é directamente proporcional a este incremento e o calor gerado proporcional à potência consumida o que pode introduzir problemas de dilatação térmica. O controlo dimensional das peças deve ser feito à temperatura ambiente porque o coeficiente de dilatação dos plásticos é, por vezes, 10 vezes superiores à dos aços. Para isso, devem ser utilizados fluidos de corte, no entanto, alguns plásticos são facilmente Página 21 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional processados a seco e alguns, como as poliamidas, fazem grande absorção de água, o que é um inconveniente. • Durante o processamento de certos compósitos carregados com fibras de vidro podem produzir-se pós muito finos nocivos à saúde humana. • Contrariamente aos materiais plásticos, onde a natureza do material de base tem uma importância determinante na escolha dos parâmetros de corte, no caso dos materiais compósitos, isto é, uma matriz polimérica reforçada com fibras longas, os comportamentos são condicionados pela natureza das fibras. Assim os parâmetros são diferentes se o compósito é à base de aramida, carbono ou vidro. 3.5.2 Fixação das peças A precaução essencial a tomar na hora da maquinação das peças de plástico consiste em evitar toda a deformação resultante do sistema de fixação. Contrariamente aos aços o plástico deformase muito se a carga é elevada. Esta deformação poderá ser incrementada pelo calor gerado na maquinação. 3.5.3 Torneamento Os produtores de polímeros, e certos revendedores especializados, fornecem parâmetros de corte e outros procedimentos para o processamento dos seus materiais em notas técnicas especiais. Existem, no entanto, recomendações de parâmetros de corte que são diferentes para o mesmo tipo de material, dum produtor para outro. Torna-se, assim, necessário e fundamental efectuar alguns ensaios que permitam definir os melhores parâmetros característicos. Os plásticos maquinam-se bem para uma velocidade de corte acima dos 500 m/min com geometrias de ferramenta específicas para os plásticos. Um ligeiro arredondamento da aresta de corte, por exemplo, evita o aparecimento de ranhuras na peça maquinada. A utilização de fluidos de corte é frequentemente inútil, sendo o arrefecimento com ar comprimido normalmente suficiente. Para a potência de corte necessária, a duração de vida das ferramentas de aço rápido, satisfaz a generalidade das operações. A utilização de carbonetos sinterizados justifica-se em produções de Página 22 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional série ou em materiais reforçados. A tabela seguinte apresenta parâmetros de corte típicos de torneamento para alguns plásticos. Parâmetros de Torneamento Material Velocidade de corte Vc (m/min) Avanço f (mm) PMMA < 2200 0.35 Policarbonato 400 0.5 Acetal 550 0.4 PVC rígido <1200 0.35 Polipropileno 500 0.4 ABS 400 0.5 Poliamida 450 0.25 Tabela 6. Parâmetros de corte para torneamento 3.5.4 Furação Se é exigida uma grande precisão no diâmetro da furação são necessários ensaios prévios, uma vez que, devido ao calor gerado, o furo final obtido tem certamente um diâmetro menor depois do arrefecimento. As condições óptimas de corte para as operações de furação são de uma forma geral satisfeitas com brocas helicoidais standard. A broca helicoidal utilizada para os aços satisfaz as condições para os plásticos para diâmetros superiores a 5mm. Para furos de grandes diâmetros é preferível proceder por várias etapas. Tal como nos metais, a execução de furos profundos é acompanhada da geração de grandes quantidades de calor. Nestes casos, é necessário arrefecer a ferramenta com ar comprimido ou com refrigeração a alta pressão pelo interior da ferramenta, facilitando em simultâneo a evacuação das aparas. A tabela seguinte apresenta parâmetros de corte típicos do processo de furação para alguns plásticos Página 23 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Parâmetros de Furação Material Velocidade de corte Vc (m/min) Avanço f (mm) Poliestireno (ABS) 100 0.35 PVC 100 0.25 Acrílico (PMMA) 90 0.25 Acetal 95 0.25 Polietileno 90 0.25 Poliamidas (PA 6) 90 0.25 Polifluratos (PTFE) 120 0.25 Poliuretano 120 0.4 Tabela 7 Parâmetros de corte para furação 3.5.5 Fresagem As ferramentas, as fresadoras e os centros de maquinação para o processamento dos metais são também utilizadas para os plásticos. É necessário ter em conta as geometrias das ferramentas e os afiamentos especiais. As máquinas devem poder trabalhar com velocidades de rotação relativamente elevadas, face ao exigido pela velocidade de corte. A tabela seguinte apresenta parâmetros de corte típicos de fresagem para alguns plásticos Página 24 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Parâmetros de Fresagem Material Velocidade de corte Vc (m/min) Avanço fz (mm) Poliestireno (ABS) 700 0.25 Poliamidas (PA 6) 650 0.45 Polifluratos (PTFE) 850 0.2 Poliuretano 800 0.2 Polietileno 900 0.25 PVC 800 0.25 Acrílico (PMMA) 450 0.25 Acetal 650 0.15 Tabela 8 Parâmetros de corte para fresagem 3.6 . Dados por família de polímeros 3.6.1 Introdução Os parâmetros de corte enunciados a seguir estão classificados por família de polímeros. Devem ser considerados como valores indicativos como ponto de partida para os ensaios a realizar em condições industriais. Certas referências de materiais não são mais comercializadas, contudo os dados de corte têm sido conservados e são apresentados para serem utilizados em materiais similares em termos de comportamento à maquinação. Página 25 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.6.2 Poliestireno e derivados (ABS,..) Devem ser seleccionadas condições de corte que determinem forças de corte não muito elevadas. As altas velocidades de corte são geralmente aconselhadas mas a velocidade de avanço deve ser pequena. Se estas condições são observadas não há o perigo de sobre aquecimento das peças Para brocas com mais de 8 mm de diâmetro deve ser utilizado metal duro e para diâmetros inferiores aço rápido. As brocas especiais para materiais plásticos devem ter um ângulo de helicóide de 12 a 16º permitindo, assim, obter uma melhor evacuação das aparas. É geralmente admitido que o diâmetro das brocas e dos machos podem ter mais 0.05 a 0.1mm do que o diâmetro nominal do furo. A tabela seguinte apresenta condições de corte indicativas para o poliestireno e derivados. Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.2 – 0.5 Velocidade de corte m/min >300 Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.06 Velocidade de corte m/min >250 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.1 – 0.43 Velocidade de corte m/min ~ 75 Parâmetros Parâmetros Tabela 9. Parâmetros de corte Página 26 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.6.3 Polietileno e polipropileno Em torneamento o ângulo de corte deve ser semelhante ao utilizado para as ligas leves, a velocidade de corte deve ser elevada e não há necessidade de arrefecimento. A fresagem deve ser executada com elevada velocidade de corte e a profundidade de corte, radial e axial, deve ser pequena. O avanço deve situar-se perto de 0.3mm por rotação. Na furação não deve ser utilizado líquido de arrefecimento. Para um macho de aço rápido basta utilizar ar comprimido. Na furação profunda devem ser utilizadas técnicas que permitam uma boa evacuação da apara. Para as brocas com mais de 8 mm de diâmetro deve ser utilizado metal duro e para diâmetros inferiores o aço rápido é uma solução. As brocas especiais para materiais plásticos devem ter um ângulo de hélice de 12 a 16º para facilitar o desprendimento das aparas. As brocas e os machos devem ter um dimensão 0.05 o 0.1mm superiores á dimensão nominal. A tabela seguinte apresenta condições de corte indicativas para o polietileno e polipropileno. Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.1 – 0.4 Velocidade de corte m/min >900 Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.25 Velocidade de corte m/min >1100 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.1 – 0.3 Velocidade de corte m/min 50 - 150 Parâmetros Parâmetros Tabela 10. Parâmetros de corte Página 27 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional A realização pelo Centimfe de um conjunto de ensaios envolvendo o torneamento do polietileno permitiu perceber que a apara quebra com muita dificuldade. Se a profundidade de corte e o avanço forem muito elevados consegue-se que a apara quebre em melhores condições. Com uma profundidade de corte de 5,5mm e uma velocidade de avanço de 0,8mm/rot a apara quebra não enrolando à volta da peça Parâmetros Avanço Profundidade de corte Velocidade de corte Unidade Torneamento mm/rot 0.8 mm 5.5 m/min <2500 Tabela 11. Parâmetros de corte 3.6.4 PVC A velocidade de corte e de avanço dependem da profundidade da furação. Face ao risco do material termoplástico plastificar a velocidade de corte deve ser elevada e a espessura da apara reduzida (pequenos avanços). Parâmetros Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.1 - 0.6 Velocidade de corte m/min <1000 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.1 – 0.6 Velocidade de corte m/min 100 Parâmetros Tabela 12 Parâmetros de corte Página 28 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.6.5 Acrílico PMMA Em torneamento estes materiais devem ser cortados com ferramentas com um ângulo de corte negativo. A lubrificação é possível mas geralmente não é necessária. Em fresagem, ensaios com uma velocidade de rotação de 1500min-1 para uma fresa de 12.7mm, um ângulo de ataque nulo e uma lubrificação com óleo solúvel ou água, deram bons resultados. Em furação sugerem-se brocas helicoidais com um ângulo de ponta de 60 a 90º e velocidade de corte elevada, lubrificadas a óleo ou água. 3.6.6 Acetal O Delrin (marca comercial do polímero da DuPont com base no acetal) fresa-se facilmente com as ferramentas clássicas, desde que as arestas de corte sejam bem afiadas. De modo a reduzir ao mínimo as marcas da fresagem nas peças é importante cortar contra o material, isto é, com a ferramenta a rodar impondo uma velocidade de corte no sentido contrário à velocidade de avanço. As fresas com uma ou duas arestas de corte são preferíveis em fresagem porque permitem a remoção de um grande volume de apara e consequentemente de calor. Deste modo, para uma velocidade de corte elevada, o avanço e a profundidade de corte devem ser relativamente grandes Em torneamento um raio de ponta da ferramenta entre 1 a 5mm é importante para se obter uma superfície com rugosidade baixa. A furação e a roscagem deste material são também fáceis com as brocas helicoidais e as ferramentas clássicas. A utilização de fluidos de corte é desejável, mas nem sempre é necessário. Para obter furos com boa precisão dimensional é necessário trabalhar com brocas sobre dimensionadas para compensar a dilatação térmica da matéria plástica no caso da temperatura de corte relativamente elevada. Para o Hostaform (co-polímero com base no acetal) esta regra só é válida em casos particulares. Embora o excesso de diâmetro dependa do caso em análise, é recomendado o princípio de escolha de um sobre-diâmetro de 0.1mm. A tabela seguinte apresenta condições de corte indicativas para o Delrin. Página 29 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.2– 0.6 Velocidade de corte m/min >300 Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.06 Velocidade de corte m/min >600 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.2 – 0.5 Velocidade de corte m/min 50 - 80 Parâmetros Parâmetros Tabela 13. Parâmetros de corte 3.6.7 Poliamidas (PA 6 e 6.6) Durante o processo de maquinação a temperatura da poliamida não deve ultrapassar a do seu amolecimento. No pressuposto que as condições de maquinação sejam as correctas, obtêm-se superfícies de corte lisas e, em geral, as aparas formam-se com muita facilidade. Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.1– 0.4 Velocidade de corte m/min <500 Unidade Fresagem Avanço mm/rot >0.5 Velocidade de corte m/min <1000 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.2 – 0.4 Velocidade de corte m/min 75 Parâmetros Parâmetros Tabela 14. Parâmetros de corte Página 30 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.6.8 Poliflurados (PTFE) O metal duro é preferível para a maquinação de grandes séries. O melhor acabamento superficial é obtido com raio de ponta pequeno na ferramenta. Para furos com dimensão superiores a 20 mm é aconselhável a execução dum furo prévio um diâmetro inferior. Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.05– 0.3 Velocidade de corte m/min 300 Unidade Fresagem Avanço mm/rot >0.5 Velocidade de corte m/min >800 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.1 – 0.3 Velocidade de corte m/min 150 Parâmetros Parâmetros Tabela 15. Parâmetros de corte 3.6.9 Poliuretano Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.1– 0.3 Velocidade de corte m/min >200 Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.05 Velocidade de corte m/min >250 Unidade Furação Avanço mm/rot 0.05 – 0.4 Velocidade de corte m/min 50 Parâmetros Parâmetros Tabela 16. Parâmetros de corte Página 31 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3.6.10 Compósitos – estratificados vidro/resina O vidro é muito abrasivo assim como as suas fibras, curtas ou longas. A utilização de ferramentas em aço rápido é, por conseguinte, desaconselhável como resultado do desgaste rápido. O metal duro é recomendado para estes materiais, no entanto, para grandes volumes de produção o diamante policristalino é a melhor opção. É o material para ferramenta com maior resistência ao desgaste e com melhor desempenho a processar este tipo de fibras, até porque a temperatura no corte é relativamente baixa. É recomendado utilizar fluído de corte para incrementar a resistência ao desgaste e especialmente para evacuar as finas partículas de vidro resultantes da maquinação que podem ser perigosas para o operador. Parâmetros Unidade Torneamento Avanço mm/rot 0.05– 0.25 Velocidade de corte m/min 60 aço rápido 300 metal duro Unidade Fresagem Avanço mm/rot 0.01-0.025 Velocidade de corte m/min 70 aço rápido (250 metal duro e 1500 diamante) Unidade Furação Avanço mm/rot < 0.25 Velocidade de corte m/min 75 Parâmetros Parâmetros Tabela 17. Parâmetros de corte Página 32 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Maquinabilidade de Ligas de Titânio e de Super Ligas Resistentes ao Calor – HRSA 1. Introdução Neste capítulo estudaremos a maquinabilidade de duas grandes famílias, as ligas de titânio e as ligas termo resistentes (HRSA). As últimas podem ser divididas em três grupos: ligas à base de cobalto, de ferro e de níquel. As ligas HRSA podem ser fornecidas no estado recozido ou tratadas termicamente e o processo primário de enformação mecânica pode ser a laminação, o forjamento ou a fundição. O incremento do teor de cobalto determina uma maior resistência ao calor, à corrosão e aos esforços de tracção. A maquinabilidade de cada uma destas ligas varia consideravelmente com a sua composição química e com aspectos metalúrgicos relacionados com o processo primário de fabrico. Dum modo geral, a formação da apara é difícil (apara fragmentada) e a força e potência necessária ao corte, como resultado duma grande pressão específica de corte (Kc), é também bastante elevada. 1.1 . Super ligas resistentes ao calor (HRSA) Esta família é constituída por uma gama de materiais que resultaram de desenvolvimentos metalúrgicos de metais já estabelecidos, com o objectivo de aumentar a sua resistência ao calor e à corrosão e a sua capacidade de manter a dureza a altas temperaturas. Estes materiais foram desenvolvidos para cumprirem uma função dentro dum ambiente determinado. Os reactores de avião, as turbinas movidas a gás, componentes marinhos e implantes médicos, são alguns exemplos de aplicação destes materiais. A versão à base de níquel é a mais usada em aplicações aeronáuticas. Basta referir que mais de metade do peso dum reactor dum avião é fabricado nesta liga, que pode ser fornecida no estado de endurecida por precipitação (Inconel 716, 706, Udimet 720, \) ou fortalecida por solução (sem endurecimento) no caso do Inconel 625. Página 33 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional A liga à base de ferro é uma versão que evolui dos aços inoxidáveis austeníticos, possuindo uma menor resistência ao calor que a anterior (Inconel 909 e A286) A versão à base de cobalto é usada principalmente na indústria médica (Haynes 25, Stellite 21, 32, \). Do ponto de vista da maquinabilidade, as ligas à base de ferro são as mais fáceis de processar e as à base de cobalto as mais difíceis. As aparas fragmentadas resultantes do corte, características destes materiais, provocam forças de corte dinâmicas e, ainda por cima, extremamente elevadas. Dum modo geral estas ligas têm: baixa condutibilidade térmica, produzindo uma grande quantidade de calor junto da aresta de corte; tendência para soldar à face de ataque da ferramenta, formando a aresta postiça de corte. Além disso; o endurecimento por deformação plástica provoca esforços de corte extremamente elevados e, consequentemente, pressões específicas de corte elevadas e desgaste rápido das ferramentas. Como são ligas resistentes ao calor, mantêm as características mecânicas a altas temperaturas, requerendo esforços elevados de corte mesmo nessas condições. É preciso respeitar algumas recomendações aquando da maquinação destes materiais: geometria de corte positiva mas reforçada; avanços por dente e profundidades axiais elevadas com fresas de passo grande; utilização de metal duro de grão fino com fluído de corte abundante. Os apertos da peça e da ferramenta devem ser estáveis para evitar vibrações e a velocidade de corte deve ser contrária à velocidade de avanço (fresa trabalha contra o material), isto é, a espessura da apara deve ser pequena na saída. 1.2 . Ligas de titânio A estrutura do material e os diferentes elementos de liga determinam quatro classes diferentes para as ligas de titânio: titânio puro não tratado; ligas alfa com adições de Al, O e/ou N; ligas beta com adições de Mb, Fe, V, Cr e/ou Mn e; mistura de ligas alfa e beta. Estas últimas (do tipo Ti-6Al4V) são as mais utilizadas, sobretudo em aplicações aeronáuticas e de uso geral. Contudo, todas elas são passíveis de serem utilizadas em peças de reactores de avião, nos trens de aterragem, componentes estruturais e peças da fuselagem Página 34 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional As ligas de titânio possuem uma excelente resistência ao choque e à fadiga, uma relação elevada entre resistência mecânica e peso específico (peso específico cerca de 60% inferior ao do aço), baixo módulo de elasticidade e excelente resistência à corrosão. Uma camada de óxido de titânio (TiO2) com cerca de 10µm de espessura permite que sejam usadas em ambientes muito agressivos, não suportados por materiais alternativos. A maquinabilidade é considerada má quando comparada com os materiais comuns, ferrosos ou não ferrosos. A condutibilidade térmica é muito abaixo do desejável, a resistência mecânica mantém-se elevada a altas temperaturas, o que determina forças de corte muito elevadas. As velocidades de corte muito elevadas podem determinar reacção química entre o material (apara) e a ferramenta, com a possibilidade de rotura por fractura da aresta de corte. Os materiais para ferramentas devem ter assim uma boa dureza a quente e não reagir quimicamente com o titânio. Deve ser usada uma ferramenta com geometria positiva com uma boa tenacidade da aresta de corte, de preferência com grão fino. 2. Maquinabilidade A maquinabilidade e as propriedades físicas destas ligas variam significativamente como resultado da sua natureza química e das condições metalúrgicas resultantes do seu processamento. O controlo da formação da apara é difícil, a pressão específica de corte é elevada e, consequentemente as forças e a potência necessária ao corte são também elevadas. O recozimento e o envelhecimento têm uma influência decisiva nas condições de processamento por maquinação. 2.1 Maquinabilidade do titânio O enorme, e recente, interesse pelas ligas de titânio resulta da ampla gama de aplicações nos mercados aeroespacial, automóvel, química e indústrias médicas. No entanto, estas ligas têm uma maquinabilidade pobre que precisa ser superada de modo a manter a pelo menos os mesmos níveis de produtividade. Página 35 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional A liga de titânio Ti6Al4V mais comum, pertencente ao grupo alfa + beta, é responsável por mais de 50% da produção de ligas de titânio. No entanto, na perspectiva da redução de peso, novas ligas estão sendo desenvolvidos. Por exemplo, as ligas de titânio beta como o ti555.3 são, cada vez mais, utilizadas em componentes aeronáuticos em substituição de algumas aplicações críticas do Ti6Ai4V Um dos mais recentes desenvolvimentos são as ligas Ti555.3 que podem ser tratadas termicamente para incrementar a resistência, com valores mínimos de resistência à tracção de 1200N/mm2. As ligas de titânio podem ser classificadas com base na percentagem de Al e Mo. O Al indica a capacidade da liga adquirir uma dada a dureza, enquanto o Mo indica a capacidade de obter uma boa resistência à tracção (UTS). A liga beta (Ti555.3) tem uma percentagem de Mo cerca de 8 vezes maior do que a liga Ti6Al4V. Esta observação explica as maiores propriedades mecânicas das ligas beta de titânio em comparação com as ligas tradicionais Ti6Al4V. A elevada resistência à tracção faz do Ti555.3 um material promissor para aplicações estruturais, em comparação com as ligas de titânio tradicionais, tais como a Ti6Al4V. Maiores dificuldades são esperadas na maquinação da Ti555.3 quando comparada com a liga Ti6Al4V, como resultado dos factores seguintes: (I) as propriedades mecânicas, especialmente a dureza e a tensão mecânica a altas temperaturas (400 ◦ C), (II) as diferenças da estrutura com uma quantidade variável de fase alfa, e (III), a morfologia da fase beta transformada. No entanto, não existem publicações sobre a maquinabilidade do Ti555.3. A maquinabilidade do titânio, por diferentes técnicas, é mais difícil do que as de outros metais de alta desempenho, como por exemplo os aços inoxidáveis austeníticos. Contudo, uma razoável taxa de remoção de material e excelente acabamento de superfície são facilmente atingíveis nas peças maquinadas se o processo for suficientemente controlado. Algumas características específicas das ligas de titânio devem ser tidas em consideração: 1. A formação da apara pouco comum e baixa condutividade térmica do titânio tende a formar a apara aderente e a provocar uma acumulação de calor na aresta de corte e na face de ataque da ferramenta. 2. O baixo módulo de elasticidade do titânio determina grandes deflexões das peças e, portanto, pode exigir aperto adequado e o controlo das forças de corte em peças esbeltas. Página 36 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 3. O titânio tem uma fraca condutibilidade térmica; é cerca de treze vezes menos condutor que as ligas de alumínio. Esta característica tem um enorme efeito sobre a vida da ferramenta, porque uma grande quantidade de calor é gerada na interface apara/face de ataque da ferramenta. Deste modo a temperatura da ferramenta sobe rapidamente. 4. A reactividade do titânio com as ferramentas de corte contribui para o desgaste da aresta de corte e das faces da ferramenta. O titânio tem uma alta afinidade química com quase todos os materiais de ferramenta a temperaturas elevadas, o que significa que tem uma forte tendência a reagir, nestas condições, com a generalidade dos materiais de ferramenta. Essa reacção química provoca um desgaste acelerado da ferramenta de corte e, consequentemente, um menor rendimento do processo. O incremento da velocidade de avanço e, sobretudo, da velocidade de corte, faz crescer a força de corte e, como consequência, o calor gerado, com reflexos ao nível da degradação das ferramentas. Determinadas condições de maquinação podem ser seleccionados para minimizar ou contornar os efeitos adversos das propriedades das ligas de titânio na sua maquinabilidade, de modo a permitir uma razoável duração de vida da ferramenta e o incremento da taxa de remoção de material. A observação dos seis critérios seguintes ajudará ao sucesso da maquinação das ligas de titânio: 1. Utilizar baixas velocidades de corte. A temperatura da ferramenta de corte é fortemente afectada pela velocidade de corte. Uma baixa velocidade de corte ajuda a minimizar a temperatura da aresta de corte e, consequentemente, maximizar a sua duração. São mais desejáveis baixas velocidades de corte nas ligas de titânio do que no titânio não ligado. 2. Utilizar altas velocidades de avanço. A temperatura das ferramentas de corte é menos afectada pela velocidade de avanço do que pela velocidade de corte. A utilização de velocidades de avanço elevadas é uma prática consistente. A profundidade axial deve ser maior do que a espessura da camada endurecida resultante da passagem anterior. 3. Utilizar uma generosa quantidade de fluido lubrificante. O fluido de corte dissipa o calor da zona de corte, remove as aparas e reduz as forças de corte, melhorando assim a vida das ferramentas. Página 37 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 4. Utilizar ferramentas afiadas. A formação da aresta postiça de corte causa maus acabamentos de superfície, incrementa as forças de corte, com consequentes deflexões da fermenta e/ou peça a maquinar. 5. Nunca parar a velocidade de avanço quando a ferramenta está em contacto com o material. Programar um tempo de espera (paragem) em contacto com o titânio causa endurecimento, promovendo a rotura prematura da ferramenta. 6. Utilizar apertos com grande rigidez (dinâmica e estática). A rigidez da máquina, das ferramentas e das peças e respectivos apertos asseguram um razoável incremento da profundidade de corte (axial e radial) 2.1.1 Materiais para ferramentas As ferramentas de corte para o titânio requerem uma grande resistência à abrasão e adequada dureza a quente. Sempre que possível, devem ser utilizadas ferramentas em metal duro. Contudo, alguns graus de aço rápido com elevadas percentagens de cobalto (HSS - Co) são apropriados para maquinar as ligas de titânio. 2.1.2 Fluidos de corte A utilização correcta dos fluidos de corte durante as operações de maquinação incrementa a duração de vida das ferramentas. Estes fluidos transferem eficientemente o calor gerado no processo de corte e prolongam a vida das ferramentas. Uma grande quantidade de fluido é necessária para proteger a peça e a ferramenta nas operações da maquinação a alta velocidade. Percentagens de 5 a 10% de óleo solúvel em água correspondem à melhor solução em maquinação a alta velocidade. Em baixas velocidades de corte e em operações complexas devem ser utilizados óleos sulfurados para redução das forças e atrito entre a apara e a face de ataque da ferramenta. Página 38 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2.1.3 Torneamento do titânio O torneamento é a operação mais simples e estável no processamento do titânio e suas ligas. As ferramentas de metal duro permitem altas taxas de remoção de material em operações sem corte intermitente. A geometria da ferramenta, particularmente o ângulo da face de ataque, é muito importante. Ângulos negativos são recomendados para operações de desbaste com carbonetos sinterizados e ângulos positivos para operações de acabamento e semi-acabamento. Grandes quantidades de fluido de corte são recomendadas 2.1.4 Fresagem do titânio O corte a favor do material, no sentido da menor para a maior espessura da apara, deve ser usado para reduzir a possibilidade de rotura das ferramentas e as baixas velocidades de corte minimizam a temperatura das ferramentas e o consequente desgaste. As ferramentas em aço rápido têm um comportamento satisfatório no processamento das ligas de titânio mas com os carbonetos sinterizados são possíveis maiores taxas de remoção de material. Independentemente da ferramenta utilizada, o menor diâmetro da ferramenta com o maior número de arestas de corte minimiza os desvios por flexão e, consequentemente, a vibração. Aumentando o ângulo de ataque, em comparação com ângulos de corte padrão, aumenta a vida útil da ferramenta, por redução da pressão sobre esta e da flexão. Os óleos de corte solúveis em água são as melhores soluções para a maioria das operações de fresagem do titânio e suas ligas. Na operação de facejamento a velocidade de corte deve situar-se vizinhança de 50 m/min e o avanço até um máximo de 0,25 mm por aresta de corte. Na abertura de rasgos e caixas a velocidade deve situar-se à volta de 60 m/min e a velocidade de avanço em 0,1 mm por dente. 2.1.5 Furação do titânio Uma geometria adequada da ferramenta é muito importante nas operações de furação do titânio. Para a dissipação do calor gerado no processo de corte devem ser utilizadas grandes quantidades de fluido de arrefecimento e, se possível, dissipadores de calor que promovam a vida da broca. A temporização no ciclo de furação, que muitas vezes também ocorre em furação manual, deve ser Página 39 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional evitada. Sempre que possível, brocas de metal duro proporcionam uma duração de vida melhor, especialmente para furos com uma razão de aspecto elevada. Na maquinação de furos profundos, a broca deve ser retirado frequentemente para dissipar o calor, limpar as arestas de corte e remover as limalhas. A utilização de emulsões com óleos solúveis é satisfatória. 2.1.6 Roscagem do titânio O furo prévio para roscagem deve ser uniforme e livre de endurecimento por encruamento. Geometrias adequadas do macho são essenciais e a substituição do macho ao primeiro sinal de desgaste é recomendado. Machos helicoidais em aço rápido com arestas de corte alternadas têm dado bons resultados no processamento do titânio, sobretudo com baixa velocidade de corte. Os tratamentos de superfície, tais como revestimentos finos ou nitruração, podem ajudar a reduzir a tendência para a formação da aresta postiça de corte, melhorando assim a vida da ferramenta. A utilização de fluidos de corte é essencial, sobretudo o poder lubrificante, e as velocidades de corte devem ser mantidas baixas para minimizar a acumulação de calor. 2.1.7 Mandrilagem do titânio Quando executados correctamente, podem ser obtidos furos mandrilados com uma tolerâncias entre 0,00 e 0,05 µm. Deve ser prevista uma sobre espessura suficiente de modo a possibilitar um corte contínuo e evitar endurecimento por encruamento. Os mandris em aço rápido têm um comportamento satisfatório, no entanto, o metal duro permite uma maior velocidade de corte e uma maior duração de vida da ferramenta. Os mandris em espiral determinam, também, uma maior vida para as ferramentas. Os óleos são, regra geral uma melhor solução como fluido de corte, no entanto, as emulsões á base de água e óleo também podem ser usadas com sucesso, particularmente nas ligas de titânio mais macias. Página 40 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2.1.8 Corte com jacto de água O titânio comercialmente puro é facilmente cortado com jacto de água com partículas abrasivas. Água com alta pressão impregnada com pastas abrasivas e focada numa linha fina é usada para cortar o titânio em espessuras de até 75 mm ou mais. As arestas de cortadas estão livres de contaminação e são geralmente suaves e livres de rebarba. Este método de corte é particularmente aplicável no corte com relativa precisão de formas intrincadas, ou no corte das ligas de titânio mais frágeis. 2.1.9 Prevenção de incêndios Sob determinadas condições, pequenas partículas de titânio podem incendiar-se. O uso de refrigerantes à base de água ou de grandes volumes de emulsões de óleo, eliminam, geralmente, os perigos de ignição durante as operações de maquinação. No entanto, a acumulação de pequenas partículas de titânio podem representar um risco acrescido de incêndio. Assim, as limalhas devem ser recolhidas regularmente para evitar acumulações indesejáveis e devem ser descartadas ao fim do dia de trabalho. Pós secos desenvolvidos para extinção de incêndios de metais combustíveis são recomendados para o controle de incêndios de titânio. Para máxima de segurança, os extintores devem estar disponíveis para cada operador que trabalhe com titânio. Areia seca retarda mas não extingue os incêndios com titânio. Dióxido de carbono e hidrocarbonetos clorados não são recomendados. A água nunca deve ser aplicada directamente num incêndio com titânio. 2.1.10 Regras para assegurar sucesso no processamento das ligas de titânio Como referido e como regra geral, a maquinabilidade do titânio é pobre. A janela de processamento é pequena e cuidadosas considerações devem ser tomadas em conta para além das opções ao nível das ferramentas de corte. A fim de garantir algum sucesso na maquinação de titânio, existem quatro áreas que requerem uma atenção especial: a pressão e o volume de fluido refrigerante; as técnicas de programação; a configuração das máquinas; e as ferramentas, incluindo os respectivos suportes. Página 41 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Pressão e o volume de fluido de corte O fluido de corte tem uma importância decisiva no corte do titânio. A recomendação é simples: no processamento do titânio devem ser aplicados fluidos refrigerantes em grandes quantidades, e, se possível a alta pressão. O uso de refrigerante nestas condições reduz a formação de arestas postiças de corte e pode duplicar a vida da ferramenta em relação a uma pressão de refrigerante normalmente utilizada (cerca de 3 a 5 bar). Recomendações: Utilizar fluido de corte através da árvore e da ferramenta A quantidade e a pressão do fluido devem ser convenientemente reguladas em função do número de furos de refrigeração e do seu diâmetro Usar alta pressão. A pressão recomendada deve situar-se nos 70 bars O caudal recomendado deve situar-se nos 50 litros/minuto Técnicas de programação para optimização do percurso das ferramentas Fazer um o programa totalmente optimizado leva mais tempo do que utilizar os recursos existentes nos ciclos fixos e pré-preparados dos sistemas de CAM. Se apenas se pretende fabricar um componente, o retorno do esforço em termos económicos não é muitas vezes compensador. Mas se a ideia é fornecer regularmente componentes com o suporte de contractos de fornecimento continuados, vale a pena “optimizar” os programas em termos de estratégias de maquinação. A programação nessas condições pode incrementar a produtividade em 50% e, ao mesmo tempo, fazer crescer a vida útil da ferramenta e melhorar segurança do processo. Recomendações: No desbaste utilizar rocas com um ângulo de entrada pequeno ou com pastilhas redondas e no acabamento utilizar fresas de topo raso com menos de 30% de engrenamento radial. Definir devidamente estratégias para remoção de material em cantos interiores. Realizar o corte com ferramentas de metal duro nas actuais máquinas de alta velocidade com profundidade de corte menor que quarto vezes o diâmetro da ferramenta. Radialmente Página 42 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional utilizar a estratégia definida na Figura 1, de modo a diminuir as forças de corte e, portanto, promover a estabilidade. Figura1. Estratégia para raios de canto Cortar contra ou a favor do material e raios de canto grandes. A ferramenta deve cortar no sentido da menor para a maior espessura da apara (velocidades de avanço e de corte opostas), os raios de canto a gerar devem ser os maiores possíveis e devem evitar-se mudanças bruscas de direcção. Requisitos exigíveis à máquina ferramenta As características e a configuração da máquina ferramenta têm uma influência decisiva sobre os resultados da operação de corte. Com a vasta gama de velocidades de rotação da árvore, potência e binários requeridos, a máquina deve funcionar dentro duma ampla área de aplicação. Recomendações: A potência exigida é de cerca de 30 kW e o binário de 1000 N.m às 350 rot/min para desbastes pesados a baixa rotação A velocidade de rotação da árvore deve atingir as 8000 rot/min para operações de acabamento com fresas de pequeno diâmetro Boas características dinâmicas são exigidas uma vez que as rápidas mudanças de direcção exigem grandes acelerações. Página 43 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Ferramentas e respectivos suportes Devem ser usadas ferramentas na classe de equilibragem correcta, um ângulo da face de ataque e um número de arestas de corte adequados, de forma reduzir o potencial para vibração e a optimizar a taxa de remoção de material. A fim de comparar a maquinabilidade das ligas Ti6Al4V e Ti555.3, foram realizados ensaios e os resultados foram medidos e analisados, em particular: (I) a força específica de corte, (II) o desgaste da ferramenta, (III) a morfologia da apara, e (IV) a face de ataque e aresta de corte após maquinação. Algumas conclusões foram tiradas em testes efectuados nas oficinas do Centimfe: A maquinabilidade da Ti6Al4V é melhor do que a Ti555.3. Comparando a velocidade máxima de corte das duas ligas, pode-se deduzir que a maquinabilidade do último é de aproximadamente 56% da primeira. Existe uma relação estreita entre a maquinabilidade e as propriedades mecânicas do material (dureza e resistência à tracção a quente, ditadas pela percentagem de Mo), que influenciam a morfologia da apara e a pressão específica de corte (Kc). A presença de bandas de corte adiabáticas nas aparas da liga Ti555.3 parece aumentar a flutuações nas cargas mecânicas e térmicas sobre a ferramenta levando a um desgaste acelerado da ferramenta como resultado do mecanismo de desgaste por difusão. Observações das ferramentas usadas indicam a presença de carboneto de titânio nas ferramentas utilizadas para a maquinação das ligas Ti555.3 e Ti6Al4V. A presença de carbono no material aderente indica que o fenómeno da difusão do carbono da pastilha de corte tenha ocorrido na interface ferramenta/apara. A formação de uma camada protectora por aderência foi observada na maquinação da liga Ti6Al4V. A dimensão dessa camada diminui com o aumento da velocidade. Logo que esta camada é removida, o desgaste da ferramenta aumenta bruscamente. Como perspectiva futura, a melhoria da maquinabilidade destas ligas pode ser obtida através do uso de diferentes materiais avançados para ferramenta e uma alteração significativa no processo primário de enformação mecânica e nos tratamentos térmicos, em particular. No entanto, a escolha do tratamento após forjamento, por exemplo, pode ser determinada pela alteração na estrutura das ligas para melhorar propriedades de resistência à fadiga. Página 44 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2.2 Maquinação das super ligas resistentes ao calor (HRSA) Estas ligas foram desenvolvidas para desempenhar uma função num ambiente determinado. A maquinabilidade das super ligas, por diferentes técnicas, é mais difícil do que as de outros metais de alto desempenho, como os aços inoxidáveis austeníticos. Algumas destas ligas têm uma baixa condutibilidade térmica, produzindo uma grande quantidade de calor junto da aresta de corte e, consequentemente uma fraca dissipação do calor. Esta característica tem um enorme efeito sobre a vida da ferramenta, porque uma grande quantidade de calor é gerada na interface apara/face de ataque da ferramenta. Deste modo a temperatura da ferramenta sobe rapidamente. No processamento destas ligas está presente o mecanismo de desgaste por adesão com a consequente formação da apara aderente e o incremento das forças de corte. Verifica-se também, a tendência para endurecimento por encruamento (em deformação plástica) com o consequente incremento da pressão e desgaste das ferramentas. As ligas à base de ferro são as menos utilizadas para a fabricação de peças, já que a sua resistência não se mantém a altas temperaturas. Neste tipo de ligas estão presentes grandes quantidades de crómio e níquel, bem mais que na maioria dos aços inoxidáveis, o que deteriora a sua maquinabilidade. As ligas à base de níquel são bastante utilizadas e a percentagem de níquel afecta a maquinabilidade. O crómio é um elemento químico de presença obrigatória nestas ligas, com o objectivo de incrementar a resistência à corrosão, o que também deteriora a sua maquinabilidade. As ligas à base de cobalto são semelhantes às de níquel, no que diz respeito à estrutura e maquinabilidade. Consegue-se uma alta resistência a altas temperaturas com a adição de crómio, níquel e tungsténio. A maquinabilidade é a mais pobre de todas as super ligas especialmente devido ao forte encruamento durante a deformação plástica. Página 45 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Como recomendações para maquinar estes materiais podem listar-se: Utilizar uma geometria de corte positiva mas com aresta de corte reforçada; Utilizar grandes avanços por aresta de corte e profundidades de corte axiais elevadas (função da potência disponível e da estabilidade do processo) Evitar um desgaste excessivo das ferramentas (perde-se poder de corte e as foças de corte sobem) Utilizar abundante fluido de corte Garantir uma grande estabilidade do processo de corte (evitar vibrações) conseguindo adequadas condições de aperto da ferramenta e da peça Na fresagem a ferramenta deve cortar contra o material, isto é, no sentido da maior para a menor espessura da apara As fresas devem ter um passo elevado entre arestas de corte Características das super ligas Consequências nas ferramentas Resistência a altas temperaturas Forças de corte elevadas Alta resistência a o corte dinâmico Forças de corte elevadas Fraca condutibilidade térmica Temperaturas elevadas Endurecível até 46HRC Temperaturas elevadas Encruamento em deformação plástica Tendência para rotura (resistência ao choque) Carbonetos duros dispersos na matriz metálica Grau de abrasividade Tabela 18. Características das super ligas e consequências para as ferramentas Página 46 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2.2.1 Fresagem de ligas HRSA Na maquinação de super ligas devem ser observados certos requisitos, nomeadamente: A maquinação destas ligas requer uma maior rigidez por parte da máquina ferramenta, doutro modo a vibração auto excitada facilmente ocorre; De modo a assegurar um corte estável e suave as profundidades de corte, axial e radial, devem ser constantes; Durante uma operação de fresagem, o número de arestas de corte deve ser o mais elevado possível; As velocidades de corte devem ser baixas em combinação com moderados avanços por dente, não menos do que 0,1 mm, de modo a prevenir o endurecimento do material O fluido de corte deve ser utilizado em quantidades generosas, sobretudo em baixas velocidades de corte, de modo a evitar a formação da apara aderente; A geometria da aresta de corte deve ser positiva; Para profundidades de corte inferiores a 5 mm, deve ser utilizada uma roca com pastilhas com um ângulo de posição inferior a 45º. Na prática, pastilhas redondas com geometria positiva devem ser usadas; Deve utilizar-se fresagem contra o material. A possibilidade de apara aderente sai reduzida. As velocidades de corte recomendadas para o facejamento de ligas à base de níquel são de 25 a 40 m/min e o avanço por dente de 0,15 mm. Na abertura de rasgos, caixas e corte lateral a velocidade pode ser a mesma e o avanço de 0,1 mm. 2.2.2 Furação das ligas HRSA Os parâmetros de corte recomendados dependem do tipo de broca, no entanto, para uma de metal duro revestida com refrigeração pelo interior podemos considerar como valor indicativo, uma velocidade de corte de 50 m/min e um avanço de 0,03 a 0,15 mm/rot, este último dependendo do diâmetro da broca. Página 47 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2.2.3 Torneamento das ligas HRSA No desbaste pesado das ligas com casca fundida ou forjada deve ser utilizada uma pastilha em metal duro, na classe adequada, com um ângulo de posição pequeno, nunca superior a 75º e uma profundidade de corte elevada de modo à ferramenta entrar por baixo da casca e com isso minimizar a possibilidade de desgaste prematuro. As pastinhas cerâmicas podem ser utilizadas, sobretudo as de base de óxido de alumínio reforçadas com mono filamentos de carboneto de silício (Whiskers). Neste caso, a profundidade de corte e a velocidade de avanço devem ser pequenas e a velocidade de corte maior. As pastilhas redondas são uma boa opção por conferirem ao conjunto uma maior tenacidade, que o material de base não tem. Nas operações de acabamento e semi-acabamento a profundidade de corte é mais pequena que no desbaste. As cerâmicas tipo Sialon (à base de nitreto de silício) têm uma grande resistência ao desgaste e permitem trabalhar com velocidade de corte na ordem de 150 a 300 m/min. A velocidade de avanço pode ser mantida em 0,15 a 0,35 mm/rot. É essencial uma boa refrigeração em que a quantidade de fluido é mais importante que a pressão. Página 48 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS Sites da Internet, de alguns dos principais produtores mundiais de tecnologias e dos equipamentos que lhe dão suporte, utilizadas na indústria de Engineering & Tooling. AGIE, CHARMILLES, MIKRON: www.gfac.com C. B. FERRARI : www.cbferrari.com CHIRON : www.chiron.be CINCINNATI : www.cincinnatilamb.com DANOBAT: www.danobat.com DMG: www.gildemeister.com DELCAM: www.delcam.com EROWA www.erowa.com FAGOR AUTOMATION www.fagorautomation.com FANUC www.fanuc.co.jp FIDIA www.fidia.com FRAUNHOFER INSTITUT IPK www.ipk.fraunhofer.de HAAS www.haasCNC.com HANITA www.hanita.com HEIDENHAIN www.heidenhain.de HERMLE www.hermle.de HITACHI TOOL www.hitachi-tool.co.jp INDEX www.index-werke.de INGERSOLL www.ingersoll.com ISCAR www.iscar.com Página 49 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional IXION www.ixion.com JONES & SHIPMAN www.jonesShipman.com JUNG www.kjung.com KENNAMETAL www.kennametal.com MAHR www.mahr.de MAKINO www.makino.de MARPOSS www.marposs.com MASTERCAM www.mastercam.de MATSUURA www.matsuura.co.jp MITSUBISHI ELECTRIC www.mitsubishi-mmd.de MITSUI SEIKI www.mitsuiseiki.com MITUTOYO www.mitutoyo.co.jp MORI SEIKI www.moriseiki.com NAKAMURA www.nakamura-tome.co.jp NIIGATA www.n-mtec.co-jp NIKKEN www.nikken-world.com 0KUMA www.okuma.co.jp ONA www.ona-electrerosion.com OSG www.osg.co.jp PARPAS www.gruppoparpas.com RENISHAU www.renishau.com RODERS www.roeders.de SACHMAN www.sachmangroup.com SANDVIK COROMANT www.sandvik.com Página 50 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional SARIX www.sarix.com SECO TOOLS www.secotools.com SELCA www.selca.it SGS TOOL www.sgstool.com SOIDICK www.sodick.de STAMA www.stama.de STAUBLI www.staublirobotics.com STUDER www.studer.com SUNNEN www.sunnen.com SYSTEM 3R www.system3r.com TAEGUTEC www.taegutec.com TEBIS www.tebis.de TESA www.tesabs.ch TITEX PLUS www.titex.com TRAUB www.traub.de WARTER www.warter-ag.com WATERJET www.waterjet.it WAHLHAUPTER www.wohlhaupter.de YAMAZAKI MAZAC www.mazac.com YASDA www.yasda.co.jp ZEISS www.zeiss.de ZIMMER + KREIN www.zimmer-krein.com 3DSYSTEMS www.3dsystems.com Página 51 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] M. 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