Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
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Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
UFPB UEPB UESC UFC UFRN UFS UFPI UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PARAÍBA DESENVOLVIMENTO E MEIOEM AMBIENTE PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS EM REATORES DE BIOMASSA DISPERSA E BIOMASSA ADERIDA. CLÉLIA DE ALMEIDA AGRA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS EM REATORES DE BIOMASSA DISPERSA E BIOMASSA ADERIDA. Campina Grande-PB 2009 Campina Grande-PB 2009 1 CLÉLIA DE ALMEIDA AGRA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS EM REATORES DE BIOMASSA DISPERSA E BIOMASSA ADERIDA. Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós – Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para obtenção de grau de Mestre em desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. José Tavares de Sousa Campina Grande – PB 2009 2 É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB A277t Agra, Clélia de Almeida. Tratamento de águas residuárias domésticas em reatores de biomassa dispersa e biomassa aderida [manuscrito] / Clélia de Almeida Agra. 2009. 90 f.: il. color. Digitado. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Estadual da Paraíba, Programa de Pós-Graduação e Pesquisa, 2009. “Orientação: Prof. Dr. José Tavares de Sousa, Departamento de Química”. 1. Água Residuária. 2. Nitrificação. 3. Iodo Ativado. 4. Luffa cylindrica . I. Título. 22. ed. CDD 363.728 4 3 CLÉLIA DE ALMEIDA AGRA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS EM REATORES DE BIOMASSA DISPERSA E BIOMASSA ADERIDA. Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós – Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Aprovado em: _____/______/______ BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Prof. Dr. José Tavares de Sousa – UEPB Orientador ________________________________________________ Prof. Dr. Valderi Duarte Leite Examinador interno __________________________________________________________ Profª.Drª Celeide Maria BElmont Sabino Examinadora externa Prof. Dr. Wilton Silva Lopes Suplente 4 “Felizes somos nós que colocamos alto o sonho de nossas vidas, porque Deus trabalha acima de nossos sonhos.” Paulo Coelho 5 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, por estar sempre presente ao meu lado, dando força e coragem para enfrentar todos os obstáculos encontrados pelos caminhos percorridos e proporcionar forças para batalhar por tudo que almejo. Aos meus pais Clivaldo e Amélia que estão ao meu lado em todos os momentos, acreditando na minha capacidade e torcendo para que todos os meus sonhos sejam concretizados. Aos meus familiares de uma forma geral, em especial a minha avó Antônia pelo carinho e apoio. Ao meu marido pelo amor, apoio, cumplicidade e compreensão. Ao professor José Tavares que me guiou e orientou na realização deste trabalho. Aos colegas de laboratório em especial Danielle, Eliane, Israel, Eclésio e Lincoln que colaboraram para o desenvolvimento da pesquisa. Aos professores Auri Donato, Idalina Santiago, Valderi, José Etham, José Mourão, Celeide Sabino, Sebastian Sanchez, Wilton Lopes por toda carga de conhecimento presenteada ao longo das aulas, durante a fase de créditos do curso. 6 RESUMO O lançamento de águas residuárias domésticas e industriais sem o devido tratamento é uma das principais fontes de poluição de ecossistemas aquáticos, pois promove o processo de eutrofização artificial, ocasionando mudanças drásticas nas condições ecológicas da água. O tratamento adequado desses efluentes é uma das soluções para amenizar a poluição dos recursos hídricos e os sistemas de lodos ativados são conhecidos como unidades eficientes na remoção de material orgânico, sólidos em suspensão e, eventualmente, nutrientes, todos estes presentes em águas residuárias, produzindo um efluente de boa qualidade. Objetivou-se no presente trabalho comparar a eficiência de nitrificação e de remoção de carbonácea e sólidos no tratamento de águas residuárias domésticas entre dois reatores: um de biomassa dispersa e outro de biomassa aderida ambos construídos em vidro com um volume útil de 4 litros, funcionando com fluxo contínuo e com TDH de 8 horas. Verificou-se que a utilização da bucha vegetal (Luffa cylindrica) como material suporte apresentou grandes vantagens por ser um material leve, apresentar superfície porosa e ocupar um volume de apenas 8% do reator mantendo microrganismos nitrificantes suficientes para promover uma maior eficiência no processo de nitrificação. Nas condições de operação o reator com biomassa aderida também apresentou a maior eficiência de remoção de sólidos suspensos e demanda química de oxigênio, quando comparado ao reator de biomassa dispersa. PALAVRAS-CHAVE: Nitrificação, lodo ativado, Luffa cylindrica 7 ABSTRACT Domestic and industrial wastewater propelling without the appropriate treatment is one of the major causes of pollution in aquatic ecosystems, so that it increases the process of artificial eutrophication, generating drastic changing in water ecological conditions. The proper treatment about these effluents is one of the solutions for reduce water resource pollution and every activated sludge systems which are known as effective unities about the organic material removal, solid in suspension, and, eventually, nutrients, all of them found in wastewater, generating a high-quality effluent. The purpose of this paper is to compare the effectiveness of nitrification and the removal of carbonaceous and solids in wastewater treatment of residences under two factors: one about the dispersed biomass and the other about the adhered biomass, both of them developed on a glass with a four-liters-useful volume, working with a continuous circulation and with an eight-hour HRT (hydraulic retention time). It was noticed that the usage of a loufah sponge (Luffa cylindrica) as a supplying material showed great advantages as it is a light material, has a porous surface and occupies a volume of only 8% of reactor maintaining sufficient nitrifying microorganisms in order to cause much more effectiveness on the process of nitrification. It was also noticed that while the reactor was operating with adhered biomass, there was much effectiveness of removal of suspended solids and chemical oxygen demand, if compared to the dispersed biomass reactor. KEY WORDS: Nitrification, Activated sludge, Luffa cylindrica. 8 LISTA DE ABREVIATURAS AGV: Ácidos Graxos Voláteis APHA: American Public Health Association CAGEPA: Companhia de Água e Esgotos da Paraíba CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO: Demanda Química de Oxigênio EF1: Efluente do Reator de Biomassa Dispersa EF2: Efluente do Reator de Biomassa Aderida ETE: Estação de Tratamento de Efluentes EXTRABES: Estação de Tratamento Biológico de Esgotos Sanitários IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística N-amon: Nitrogênio Amoniacal NTK: Nitrogênio Total Kjedhal OD: Oxigênio Dissolvido ONU: Organização das Nações Unidas PET: Polietileno Tereftalato pH: Potencial Hidrogeniônico PROSAB: Programa de Pesquisa em Saneamento Básico Q: Vazão SST: Sólidos Suspensos Totais SSV: Sólidos Suspensos Voláteis ST: Sólidos Totais PVC: Poli Vinil Clorado TDH: Tempo de Detenção Hidráulico TRC: Tempo de Retenção Celular UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 9 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Representação esquemática de um biofilme............................... 27 FIGURA 2: Esquema dos reatores de biomassa dispersa e biomassa aderida utilizados durante o período experimental...................... 43 FIGURA 3: Fluxograma da alimentação do sistema...................................... FIGURA 4: Foto dos reatores e do material suporte (bucha vegetal Luffa cylindrica) utilizado no reator de biomassa aderida.................... 46 FIGURA 5: Comportamento de pH do afluente e dos efluentes EF1 e EF2 durante a primeira fase................................................................ 51 FIGURA 6: Média semanal de alcalinidade afluente e efluentes................... FIGURA 7: Comportamento de pH do afluente e do efluentes EF2 durante a segunda fase............................................................................ 52 FIGURA 8: Média semanal de alcalinidade afluente e efluentes................... FIGURA 9: Concentração de NTK no afluente e efluente de biomassa dispersa ( EF1) durante a primeira fase...................................... 53 FIGURA 10: Concentração de NTK no afluente e efluente de biomassa aderida ( EF2) durante a primeira fase........................................ 54 FIGURA 11: Concentração de N - amoniacal no afluente e efluente de biomassa dispersa ( EF1) durante a segunda fase..................... 55 FIGURA 12: Concentração de N - amoniacal no afluente e efluente de biomassa aderida ( EF2) durante a segunda fase..................... 55 FIGURA 13: Comparação da concentração de Nitrito presentes nos dois efluentes...................................................................................... 56 FIGURA 14: Comparação da concentração de Nitrato presentes nos dois efluentes....................................................................................... 57 FIGURA 15: Concentração de N-NTK no afluente e no efluente EF2 durante a segunda fase............................................................... 58 FIGURA 16: Concentração de Nitrogênio Amoniacal no afluente e efluente 44 51 53 10 EF2............................................................................................... 59 FIGURA 17: Eficiência de nitrificação comparando a concentração de amônia e nitrato........................................................................... 60 FIGURA 18: Comportamento da DQO afluente e dos efluentes EF1 e EF2.... 61 FIGURA 19: Comportamento da DQO afluente e efluente EF2 durante a segunda fase................................................................................ 62 FIGURA 20: Bucha vegetal utilizada no experimento...................................... 65 FIGURA 21: (a) Paramecium; (b) Aspidisca..................................................... 70 FIGURA 22: (a)Acineta; (b) Euplotes .............................................................. 70 FIGURA 23: (a)Vorticella; (b) Opercularis........................................................ 71 FIGURA 24: Tecameba do tipo Arcella. ................................... ....................... 72 FIGURA 25: (a) Aelosoma; (b) Rotíferos......................................................... 72 FIGURA 26: Colônia de bactérias filamentosas............................................... 74 11 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Padrões de qualidade no corpo receptor segundo a resolução CONAMA nº 357, 17/03/2005......................................................... 21 TABELA 2 Funções dos principais gêneros de bactérias encontradas em Lodos Ativados................................................................................ 31 TABELA 3 Relação entre desempenho do sistema de lodos ativados e a presença de grupos de protozoários dominantes........................... 33 TABELA 4 Relação entre fração de microrganismos nitrificantes e razão DBO/NTK........................................................................................ 38 TABELA 5 Características físicas e operacionais dos reatores........................ 45 TABELA 6 Parâmetros analisados durante os experimentos........................... 47 TABELA 7 Médias de sólidos do afluente e efluentes...................................... 63 TABELA 8 Médias de sólidos do afluente e efluente EF2. .............................. 64 TABELA 9 Comportamento de sólidos e suas frações agregadas ao material suporte............................................................................................. 66 TABELA 10 Microrganismos encontrados no reator de biomassa dispersa....... 68 TABELA 11 Microrganismos encontrados no reator de biomassa aderida........ 68 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................... .................... .................... .................... .......... 15 2. OBJETIVOS........ .................... ............................... .................... .................... .. 17 2.1. Geral........................................................................................................ 17 2.2. Específicos............................................ .................................................. 17 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................... .................... .................... ............ 18 3.1. Saneamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.............................. 18 3.2. Eutrofização.................................................................................................. 19 3.3. Sistemas de Lodos Ativados......................................................................... 22 3.3.1. Biofilme....................... ................................................................................ 24 3.4. Microrganismos Envolvidos nos Processos de Lodos Ativados................... 29 3.4.1. Bactérias..................................................................... ................................ 30 3.4.2. Protozoários................................................................................................ 31 3.4.3. Metazoários................................................................................. ............... 34 3.4.4. Fungos........................................................................................................ 34 3.5. Compostos Nitrogenados.............................................................................. 34 3.6. Remoção Biológica de Nitrogênio................................................................ 36 3.6.1. Amonificação............................................................................................. 36 3.6.2. Nitrificação................................................................................................. 37 3.6.3. Desnitrificação........................................................................................... 40 4. MATERIAL E MÉTODOS.................................. .............................................. 42 4.1. Localização da pesquisa............................................................................... 42 4.2. Caracterização dos reatores biológicos e suas operações........................... 42 4.3. Material suporte utilizado durante os experimentos...................................... 45 4.4. Descrição das fases de operação................................................................. 46 4.5. Análises Físicas e Químicas..................... .................................................... 47 4.6. Exames Microbiológicos............................................................................... 48 4.7. Análises Estatísticas.............................................................. ....................... 49 5. RESULTADOS................................................................................................ 50 13 5.1. pH e Alcalinidade.......................................................................................... 50 5.2. Compostos Nitrogenados.............................................................................. 53 5.3. DQO.............................................................................................................. 61 5.4. Sólidos........................................................................................................... 63 5.5. Exames Microbiológicos............................................................................... 67 6. CONCLUSÕES........................... ..................... .................... .................... ....... 76 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................... .................... ............. 77 14 1. INTRODUÇÃO O setor de saneamento ambiental apresenta fundamental importância para elevação da qualidade de vida da população, nos indicadores de saúde, na conservação do meio ambiente e para o desenvolvimento. Na sua ausência ou ineficiência, os resíduos das atividades humanas poluem solo, ar e água, sendo responsáveis por grande parte das doenças no país e pela degradação ambiental (VAN KAICK, 2002). Mesmo considerando-se que cresceram os investimentos em esgotamento sanitário, ainda são poucas as estações de tratamento de efluentes (ETE's) que funcionam adequadamente, muitas não realizam o tratamento terciário lançando os resíduos líquidos com altas concentrações de nutrientes, dentre eles o nitrogênio, acarretando grandes impactos. Porém de acordo com Eiger (2003), os benefícios desses sistemas só são plenamente alcançados quando é incluído um tratamento completo das águas residuárias coletadas. A presença de nitrogênio nas águas residuárias lançadas em corpos receptores é indesejável por várias razões. No caso da amônia livre, é tóxica para peixes e outros organismos aquáticos, também representa um sério problema de saúde pública quando é convertido a nitrato por causar a metahemoglobinemia , doença que ocasiona asfixia, e a formação de nitrosaminas e nitrosamidas com poder carcinogênico (SHRIMALI & SINGH, 2001). Além disso, o lançamento de águas residuárias ricas em nutrientes permite o crescimento de macrófitas e de algas que cobrem boa parte da superfície dos corpos aquáticos e impedem a passagem da luz solar. Após seu ciclo de vida, as algas morrem e depositam-se no fundo do manancial sendo então degradadas, inicialmente, pelas bactérias aeróbias que consomem o oxigênio do meio, prejudicando a sobrevivência dos organismos aquáticos. Com a ausência do oxigênio, as bactérias anaeróbias continuam a degradação, produzindo desta forma gases que levam à flotação do 15 material depositado, aumentando assim a concentração de material em suspensão. A este fenômeno dá-se o nome de eutrofização dos copos aquáticos (SOARES, 2005). De forma geral, a função das estações de tratamento de efluentes é realizar a eliminação das diversas substâncias indesejáveis das águas residuárias, possibilitando assim o seu retorno ao meio ambiente com características sanitárias adequadas, sendo o processo dos lodos ativados um dos mais utilizados no mundo e também no Brasil. O processo de lodos ativados é estritamente biológico e aeróbio, no qual o afluente e a biomassa são misturados intimamente, agitados e aerados; após este procedimento, o lodo formado é enviado para o decantador secundário, onde a parte sólida é separada do efluente tratado. O lodo decantado retorna ao tanque de aeração ou é retirado para tratamento específico (VILANOVA & BLANCH, 2005). Esse sistema possui uma população de microrganismos característica que é composta por bactérias, fungos, algas e protozoários. Dentre a população biológica presente no sistema de lodo ativado, as bactérias constituem o grupo mais importante (CETESB, 2000; GAUTHIER et al, 2000). Muitos experimentos foram realizados com sistemas de lodos ativados apresentando biofilme, o que possibilitou grandes avanços no tratamento de águas residuárias domésticas e industriais. Muitos materiais suportes de diferentes tamanhos e formatos já foram testados para a formação desses biofilmes. Os ganhos em relação à adoção de tratamento de águas residuárias vão além dos benefícios gerados à saúde humana. O meio ambiente é beneficiado na medida em que se evita o aporte de matéria carbonácea, sólidos e nutrientes nos sistemas aquáticos, mitigando, dessa forma, o processo de eutrofização antrópica. A presente proposta consiste na comparação de eficiência de nitrificação e remoção de carbonácea e sólidos em dois reatores, um de biomassa dispersa e outro de biomassa aderida, utilizando a Luffa cylindrica, conhecida como bucha vegetal, como material suporte. 16 2. OBJETIVOS: 2.1. GERAL: • Estudar o processo de nitrificação e de remoção de sólidos suspensos e material carbonáceo presentes em águas residuárias domésticas em reatores de biomassa dispersa e biomassa aderida. 2.2. ESPECÍFICOS: • Avaliar a importância do material suporte (Luffa cylindrica) na formação do biofilme; • Analisar o comportamento do processo de nitrificação em reatores de biomassa dispersa e aderida; • Identificar o desenvolvimento da população microbiana presente no material suporte; • Avaliar a eficiência do tratamento em ambos os reatores em relação à remoção de matéria carbonácea e sólidos; 17 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1. SANEAMENTO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Saneamento Ambiental deve ser compreendido como um complexo de ações que visam à saúde integral do meio ambiente e conseqüentemente, do ser humano. Na ausência ou ineficiência de saneamento, os resíduos das atividades humanas poluem solo, ar e água, sendo responsáveis por grande parte das doenças de veiculação hídrica e pela degradação ambiental (VAN KAICK, 2002). O conjunto das atividades humanas, cada vez mais diversificado, associado ao crescimento demográfico, vem exigindo atenção maior às necessidades de uso de água para as mais diversas finalidades. E esse aumento do consumo compromete os recursos hídricos tanto em termos qualitativos quanto quantitativos, e se evidenciam principalmente em regiões com características de maior desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. No entanto, há que se destacar a existência de regiões onde a escassez e a má distribuição de água tornam-se fatores limitantes ao seu próprio processo de desenvolvimento. Diversos são os instrumentos, os mecanismos e as tecnologias a serem empregados no trato dessa questão, porém vários deles carecem de estudos e investigações que auxiliem o seu melhor emprego e produzam resultados sanitários, ambientais e econômico satisfatórios (MANCUSO & SANTOS, 2003). No Brasil, 41,60% dos municípios dispõem de rede coletora de esgoto, deste total somente 35% tratam os esgotos e a maioria dos municípios limita-se ao tratamento primário e secundário, os quais não têm se mostrado eficientes à remoção de nutrientes, tais como fósforo e nitrogênio (BRASIL, 2004). As intervenções de saneamento ambiental, ao propiciarem melhorias nos níveis de higiene dos indivíduos e do seu contexto, reduzem o contato das populações com 18 grande variedade de vetores, reservatórios e veículos inanimados de agentes patogênicos e, assim, diminuem as chances de ocorrência de diversas doenças (BRASIL, 2004). Investir em saneamento é a única forma de se reverter o quadro caótico das cidades, pois melhora a qualidade de vida da população, bem como protege o meio ambiente urbano e rural. Na busca do Desenvolvimento Sustentável, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; tem-se a diferença entre crescimento e desenvolvimento. A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça social, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta (CAVALCANTI, 1995). Os serviços de saneamento ambiental são essenciais para a determinação das condições de vida da população, para a conservação do meio ambiente e para o desenvolvimento econômico. Utilizar recursos ambientais sem comprometer sua produção e fazer proveito da natureza sem devastá-la é buscar a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida (CAMARGO & BETTIOL, 2000). Torna-se evidente que se deve dar atenção às ações que visem: o uso racional da água; a aplicação de tecnologias e processos que conduzam ao reúso de efluentes industriais e domésticos; garantir as reservas necessárias para os ecossistemas naturais, entre outras ações pro-ativas para o combate ao desperdício da água. Dessa forma, a gestão de recursos hídricos ambientalmente sustentáveis é uma necessidade para a preservação e a conservação dos ecossistemas, já que a água é essencial à saúde e ao bem-estar da humanidade (SOUSA & LEITE, 2003). 3. 2. EUTROFIZAÇÃO Para Tundisi (2003), aliado ao crescimento industrial tem-se o crescimento populacional desordenado, o que provoca a geração cada vez maior de resíduos 19 sólidos e líquidos que, muitas vezes, são lançados sem o tratamento adequado. Na problemática da poluição hídrica, vale salientar que a água é um recurso ambiental indispensável à vida, seja como componente bioquímico dos seres vivos, como meio de vida de várias espécies, como elemento representativo de valores sociais e culturais, além de importante fator de produção no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. Embora o planeta em que vivemos seja dotado de muita água, somente parte dela está apropriada ao consumo e esta fração tem sido exaustivamente contaminada por diversos tipos de resíduos causando graves problemas ambientais. A prática de descarregar águas residuárias, tratadas ou não, em corpos de água superficiais é a solução normalmente adotada pelas comunidades, no mundo inteiro, para afastamento de resíduos líquidos. Geralmente esses corpos de água servem como fonte de abastecimento a mais de uma comunidade, havendo casos em que a mesma cidade lança seus esgotos e faz uso do mesmo corpo hídrico. A lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, em seu Capítulo II, Artigo 20, Inciso 1, estabelece, entre os objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a necessidade de “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. Na Tabela 1 estão apresentados os padrões de qualidade de lançamento de efluentes no corpo receptor segundo a resolução CONAMA (2005). Dessa forma, todo lançamento de dejetos líquidos em um corpo receptor está obrigado a seguir padrões de qualidade contemplados nas legislações do Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Saúde e órgãos Estaduais responsáveis pela proteção dos cursos d’água. Estes padrões se baseiam no princípio de restabelecimento do equilíbrio e da autodepuração do corpo receptor. 20 Tabela 1: padrões de qualidade segundo o CONAMA 2005 Valor limite do corpo receptor Parâmetros Classe 1 -1 DBO5 (mg/O 2. L ) -1 OD (mg/O 2 L ) Classe 2 ≤3,0 ≤5,0 ≤10,0 ≥6,0 ≥5,0 ≥4,0 3,7 para pH ≤ 7,5 2,0 para 7,5 < pH ≤ 8,0 1,0 para 8,0 < pH < 8,5 0,5 para pH > 8,5 Nitrogênio Amoniacal (mg/N. L -1) Fósforo Total -1 (mg P. L ) 13,3 para pH ≤ 7,5 5,6 para 7,5 < pH ≤ 8,0 2,2 para 8,0 < pH ≤ 8,5 1,0 para pH > 8,5 ≤ 0,025 (Lêntico) ≤ 0,10 (Lótico) ≤ 0,030 (Lêntico) 0,075 (Lêntico) 0,15 (Lótico) 10,0 10,0 10,0 1,0 1,0 1,0 20.000 50.000 100.000 10 30 60 40 100 100 -1 Nitrato (mg. N. L ) -1 Nitrito (mg N. L ) Cianobactéria -1 (Cel . mL ) Clorofila a (ì g. L Classe 3 -1) Turbidez Fonte: CONAMA (2005) Li et al., (2005) afirmam que a degradação dos corpos aquáticos é um exemplo de ruptura ecológica que favorece a indisponibilidade de água de qualidade para consumo de todos os seres vivos. Dentre os problemas que afetam os recursos hídricos destaca-se a eutrofização antrópica. Na visão de Conley (2000) esse processo está relacionado com o aumento da população, da industrialização, do uso de fertilizantes químicos na agricultura e produção de produtos de limpeza contendo compostos fosfatados. Todos estes fatores resultam na liberação de compostos que contêm nutrientes, como fósforo (P) e nitrogênio (N), os quais estimulam o processo de eutrofização. Os ambientes eutróficos caracterizam-se por causar alteração no equilíbrio natural do ecossistema pela superação da sua capacidade de suporte; crescimento 21 incontrolável de algas, cianobactérias e macrófitas; anoxia, pela predomonância dos processos anaeróbios devido a camada superficial de algas e cianobacterias que dificultam a entrada de oxigênio dissolvido nas camadas inferiores do corpo aquático resultando na morte de alguns seres e também na liberação de gases tóxicos com odores desagradáveis; altas concentrações de matéria orgânica; diminuição do número de fitoplâncton, zooplâncton, plantas e animais aquáticos (TUNDISI, 1986; SMITH et al., 1999). O aumento da concentração de nutrientes implica, nos meses mais quentes do ano, em altas densidades populacionais de algas, sobretudo as cianobactérias dos gêneros Oscillatoria, Microcystis, Anabaena e Aphanizomenon, que promovem florações características do processo de eutrofização artificial. Ao atingir esse estágio, a água do ecossistema lacustre se torna imprópria para o abastecimento, em especial pela alta quantidade de substâncias tóxicas e mal-cheirosas, excretadas pelas algas (CORREIA et al., 2001). De acordo com Esteves (1998), o aumento de produção de matéria orgânica em decorrência da eutrofização têm como conseqüência direta o aumento da quantidade de detritos orgânicos cuja decomposição consome quantidades expressivas de oxigênio. Nessas condições, surgem outros gases resultantes da atividade de bactérias anaeróbias, entre os quais o gás sulfídrico e o metano. No estágio final do processo de eutrofização, o curso d'água caracteriza-se pela pouca profundidade, coluna d'água com grande deficiência de oxigênio, organismos mortos flutuando na superfície e grande concentração de algas. A presença dessas características indica que o ecossistema está comprometido e só poderá ser salvo à custa de investimentos elevados e uso de tecnologia adequada demonstrando que em geral os prejuízos causados ao meio-ambiente resultam em grandes gastos econômicos para a sua recuperação. Dessa forma, o uso racional e a conservação das águas, principalmente nos grandes centros urbanos, onde são elevadas as cargas de poluentes geradas diariamente, tornam necessários os sistemas de tratamentos, controles e monitoramento dos poluentes gerados. 3.3. SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS 22 No processo de lodos ativados as águas residuárias são estabilizadas biologicamente num reator em condições aeróbias. A estabilização é conseguida por uma cultura mista de microrganismos, uma vez providas as condições ambientais mínimas de fonte carbonácea, nutrientes e oxigênio dissolvido. Os primeiros processos de tratamento de águas residuárias domésticas visavam apenas à remoção de sólidos sedimentáveis, mas com a evolução e desenvolvimento de novos processos o objetivo passou a ser a remoção praticamente completa de todo material orgânico, além de remoções de nitrogênio e fósforo (CHERNICHARO et al., 2001). Os lodos ativados baseiam-se em processo biológico aeróbio e parte do princípio que deve ser evitada a fuga descontrolada de bactérias ativas, produzidas no sistema e que, deve-se recircular de modo a se manter a maior concentração possível de microrganismos ativos no reator aerado. Devido à recirculação do lodo, a concentração de sólidos em suspensão no tanque de aeração é bastante elevada. O tempo de detenção hidráulica é baixo, da ordem de horas, significando que o volume do reator seja bem reduzido. No entanto, devido à recirculação dos sólidos, estes permanecem no sistema por um tempo superior ao do líquido. É esta maior permanência dos sólidos no tanque de aeração que garante a elevada eficiência dos sistemas de lodos ativados, já que a biomassa tem tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a matéria orgânica das águas residuárias (VAN HAANDEL & MARAIS, 1999). É importante lembrar que no tanque aerado ocorre a nitrificação, conversão de amônio a nitrato, mas não há remoção de nitrogênio. A desnitrificação é alcançada em ausência de oxigênio, pela respiração bacteriana do nitrato para oxidação da matéria orgânica, formando nitrogênio gasoso que é liberado para atmosfera (CYBIS & PICKBRENNER, 2000). Lester & Birkett (1999) afirmam que o sucesso operacional de lodos ativados é dependente das características da biomassa, como capacidade do floco de absorver substratos, assimilação e oxidação da matéria orgânica e a manutenção de boa floculação para viabilizar uma sedimentação eficiente do lodo secundário. Então, deve 23 ser enfatizado que a unidade básica da atividade para o tratamento das águas residuárias é o floco, cuja formação depende do metabolismo, crescimento e propriedades físicas das células microbianas presentes no sistema. Segundo Metcalf & Eddy (2003), sistemas de lodo ativado são conhecidos como unidades eficientes na remoção de material orgânico, sólidos em suspensão e, eventualmente, nutrientes (nitrogênio e fósforo), todos estes presentes em águas residuárias, produzindo um efluente de alta qualidade. No entanto, a eficiência do tratamento depende similarmente, da natureza e composição dos substratos presentes no afluente, das características e concentração da biomassa presente nos reatores, das condições ambientais tais como pH, temperatura, presença de nutrientes, tempo de contato entre substrato e biomassa e dos fenômenos que governam o transporte de substrato às células. Além disso, o sistema de lodos ativados exige um padrão de mecanização superior ao de outros sistemas de tratamento, implicando em operação mais sofisticada. Outras desvantagens são o consumo de energia elétrica para aeração e a maior produção de lodo, quando comparado ao sistema anaeróbio. 3.3.1. BIOFILME O tratamento biológico pode se processar de acordo com o crescimento e a sustentação da biomassa. Os mecanismos podem ser de crescimento disperso ou aderido. No primeiro caso, a biomassa cresce sem nenhuma estrutura de sustentação e os organismos se concentram formando o floco que apresenta estrutura heterogênea contendo material orgânico adsorvido, material inerte das águas residuárias, material microbiano, células vivas e mortas. Já no crescimento aderido, a biomassa se desenvolve em um meio suporte, formando um biofilme. (VON SPERLING, 2002). A compreensão dos mecanismos e processos envolvidos na depuração em reatores com biofilme acelerou o surgimento de novos reatores a partir dos anos 70. Melhorias no tocante à mistura de fases, à transferência de oxigênio e à separação de fases foram incorporadas aos processos, melhorando o desempenho, através do 24 controle efetivo da espessura do biofilme e do incremento da transferência de massa (ANDREOTOLLA et al., 2002). Nos sistemas de lodos ativados os reatores com biomassa aderida, ou simplesmente com biofilme, passaram a incluir, diversos tipos de reatores com leito suporte fixo ou móvel. Os processos com leitos móveis possuem meio suporte em permanente movimento, tendo força motriz de origem hidráulica ou mecânica. Utilizam geralmente materiais de altíssima superfície específica, para a adesão da biomassa. Em todos os reatores com biomassa fixa os processos metabólicos de conversão ocorrem no interior do biofilme. O transporte de substratos se realiza através de processos de difusão, inicialmente através do filme líquido na interface líquido/biofilme e, em seguida, através do próprio biofilme (GONÇALVES et al.,2001). Para Fried & Lemmer (2003), a aplicação de processos com biomassa aderida (biofIlme) na área de tratamento de efluentes está se tornando cada vez mais popular, devido às suas vantagens com relação aos processos tradicionais: alta concentração de biomassa, que possibilita operar com maior carga; a redução de dimensões das instalações de tratamento; e a eliminação das etapas de separação e reciclo de sólidos. As bactérias nitrificantes são exemplos de organismos de crescimento lento e baixo rendimento celular, que necessitam altos tempos de retenção celular. A partir da observação da presença destes organismos aderidos a materiais suporte inertes buscase oferecer meios para facilitar sua imobilização e, com isto, evitar que eles sejam removidos juntamente com o efluente do sistema. Com a imobilização, além de se obter maior tempo de retenção celular, é possível conseguir, também, maior concentração de sólidos. O aumento da concentração de biomassa pode resultar em maior eficiência do sistema e possibilitar o tratamento em reatores menores (ROSTRON et al., 2001). Porém, o sucesso do tratamento está diretamente associado às características do meio suporte. Existem diversos tipos de materiais que podem ser utilizados, tais como: pedra britada, escória de alto-forno, e de maneira mais eficiente, bagaço de cana, pó-de-serra, materiais sintéticos de plástico com várias formas e tamanhos (PEKDEMIR et al., 2003). 25 Ogbonna et al. (2001) afirmam que outra alternativa de material suporte é a utilização da bucha vegetal (Luffa cylindra) também conhecida como esponja vegetal que contém em sua composição diversos componentes como: ácidos orgânicos, aminoácidos, ferro, galactanos, sacarídeos, taninos, xilano e xilose. Além de baixo custo, apresenta textura e estrutura adequadas com elevado grau de porosidade. A Luffa cylindrica é uma herbácea com espécies originárias na Ásia, na África e na América, pertence ao grupo das chamadas “plantas industriais”. É leve, cilíndrica e apresenta naturalmente uma arquitetura entrelaçada e altamente porosa. Essas características conferem a esse material vantagens como suporte de imobilização (POÇAS et al., 2004). A bucha vegetal já foi utilizada em vários experimentos como na imobilização de Zymomonas mobilis para a produção de sorbitol (VIGNOLI et al., 2006) e de Saccharomyces cerevisiae (OGBONNA et al., 2001), para produção do etanol. Pekdemir et al., (2003) mostrou que a Luffa cylindrica também é muito eficiente como material suporte para imobilização da Thiobacillus ferrooxidans no tratamento de águas residuárias industriais com elevados teor de ferro, enquanto Akhar et al., (2003) operou um sistema para a remoção de níquel a partir da imobilização de Chlorella sorokinian usando o mesmo material suporte. Quanto maior a área disponível por unidade de volume, maior será a comunidade de microrganismos e a eficiência de depuração do efluente. Os meios de pedras e madeiras possuem limitação em sua área superficial e tornam o filtro pesado; os meios plásticos representam uma solução anti-ecológica, apesar de serem reutilizáveis não são biodegradáveis. A utilização da bucha vegetal (Luffa cyllindrica) como meio suporte é a inovação proposta para se alcançar melhores eficiências por oferecer grande área para fixação do biofilme e por sua disseminação em todo o território nacional (OGBONNA et al., 2001). Em conjunto com as condições hidrodinâmicas e fornecimento de nutrientes, a estrutura do biofilme tem um papel importante no sucesso do tratamento. As suas regiões vazias, no caso das buchas, porosas influenciam a circulação dos esgotos e do ar mantendo o ambiente nas condições aeróbias favoráveis ao equilíbrio da cultura biológica (XAVIER et al., 2003). 26 De acordo com Flemming & Winglinder (2001), nas camadas mais externas, onde a oxidação é aeróbia, há geração de gás carbônico (CO2) como subproduto, o qual permanece em solução, se desprende para a atmosfera, ou em condições anóxicas, permite a redução de nitratos. Já nas camadas anaeróbias, tem-se a formação de ácidos orgânicos, tais como ácido nítrico (HNO3) e ácido sulfúrico (H2SO4). A Figura 1 apresenta de forma esquemática o consumo de substrato e a geração de subprodutos decorrentes das reações bioquímicas do processo de filtração biológica aeróbia. Figura 1: Representação esquemática de um biofilme (VON SPERLING, 2002). O oxigênio é fator determinante no estabelecimento das camadas de biofilme no metabolismo bacteriano. A síntese de novas células promove o aumento da biomassa, prejudicando a passagem de oxigênio até as camadas internas, junto à superfície do meio suporte, onde o processo de oxidação basicamente termina seguindo o processo anaerobiamente (MEYER et al., 2003). Em reatores com biomassa aderida, os processos metabólicos de conversão acontecem no interior do biofilme. O transporte de substratos ocorre por meio de processos de difusão, inicialmente através do filme líquido na interface líquido/biofilme e, em seguida, através do próprio biofilme. Os produtos das reações de oxiredução são transportados no sentido inverso, ao exterior do biofilme (LEE et al., 2004). Segundo Nicolella et al., (2000) a imobilização da biomassa em um meio suporte permite que estes sistemas operem com um tempo de detenção da fase líquida 27 independentemente da taxa específica de crescimento dos microrganismos, fazendo com que os reatores assumam uma geometria mais compacta em relação aos demais sistemas. O biofilme aderido promove uma alta velocidade de sedimentação da biomassa, reduzindo as estruturas de separação e clarificação. O meio fluidizado aumenta a área superficial para a transferência de massa de oxigênio, resultando em uma alta capacidade de conversão da matéria orgânica. A espessura do biofilme influencia na estabilização da matéria orgânica antes de alcançar as camadas mais internas. Neste caso, os microrganismos presentes passam a realizar atividade endógena para crescimento e assim perdem a sua capacidade de adesão à superfície do meio. Segundo Jordão & Pessoa (2005), “os gases acumulados produzidos na camada anaeróbia provocam a “explosão” de toda a massa biológica agregada ao meio suporte, desprendendo-a e facilitando o fluxo de arraste pelos esgotos. O fenômeno de desprendimento dos flocos biológicos é função das cargas hidráulicas e orgânicas aplicadas ao filtro. Cargas hidráulicas originam a velocidade de passagem do esgoto pelo biofilme e cargas orgânicas são responsáveis diretas pela taxa do metabolismo da camada biológica”. O aumento excessivo na expessura do biofilme pode diminuir a massa específica da biopartícula, aumentando o risco das partículas envolvidas com o biofilme serem levadas para fora do sistema prejudicando a manutenção da biomassa no interior dos reatores e a qualidade final do efluente (WIJEYEKOON et al., 2004). Um suporte deve ser resistente à abrasão devido à movimentação constante e ao contacto entre as peças dentro do reator; ser leve para facilitar a mistura estimulada pela circulação das peças por força dos difusores de oxigênio. Geralmente, usam-se peças de cerca de 2 mm a 8 mm de diâmetro. Quando o reator é projetado apenas para o processo de nitrificação, usam-se peças de menor dimensão, uma vez que o rendimento das bactérias nitrificantes é muito baixo. Quando se pretende a remoção de carbono, juntamente com os processos de nitrificação e desnitrificação, recomendam-se peças de maior dimensão e maior tamanho de poros (WILDERER et al.,2001). Como os biofilmes são normalmente constituídos por uma grande diversidade de microrganismos, apresentam considerável heterogeneidade. A competição entre microrganismos nitrificantes e heterotróficos origina uma estratificação das espécies no 28 biofilme. Okabe e os seus colaboradores (1996) estudaram a distribuição espacial microbiana em biofilmes formados em reatores de biodiscos e observou que a razão C/N é um fator importante na distribuição de bactérias nitrificantes e heterotróficas: na ausência de carbono heterotróficas e nitrificantes coexistem nas camadas externas do biofilme à medida que a concentração de carbono aumenta as bactérias heterotróficas competem pelo espaço e pelo oxigênio com as nitrificantes e por isso, as camadas externas do biofilme são constituídas essencialmente por heterotróficas, sendo as camadas mais profundas dominadas por bactérias nitrificantes. O acentuado crescimento dos heterotróficos causa limitação na difusão e decréscimo na capacidade nitrificante do biofilme (VAN BENTHUM, 2000). 3.4. MICRORGANISMOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS De acordo com Schmidt (2004), as águas residuárias apresentam condições ideais ao crescimento de uma grande diversidade de microrganismos que desempenham papel importante em todos os estágios do tratamento biológico de águas residuárias. Diante da variedade de compostos orgânicos e inorgânicos disponíveis nessas águas, um diverso ecossistema se desenvolve no reator, onde há uma complexidade de interações da microfauna, tanto em competição quanto de predação. A população microbiana de um reator de lodo ativado é altamente especializada, a qualidade do efluente e a taxa de crescimento dos diferentes microrganismos determinam os grupos que são representados na população do lodo. Além disso, as interações ecológicas na comunidade microbiana fazem com que o aumento de um grupo de microrganismos seja acompanhado pelo declínio de uma outra população, face à característica seletiva exercida pelo meio de transformação durante o tratamento biológico (LEWANDOWSKI & BEYENAL, 2003). De acordo com Ceballos (2000), análises rotineiras da micribiota como indicadoras do desempenho dos sistemas de lodos ativados têm se tornado comuns. Essas análises fornecem informações úteis sobre a atividade biológica da biomassa, 29 baseadas nos microrganismos presentes, podendo avaliar a qualidade do efluente e o desempenho do sistema. 3.4.1. BACTÉRIAS As bactérias constituem-se o grupo de maior presença e importância nos sistemas de tratamento biológico. De acordo com Tortora et al. (2002) são seres procarióticos, unicelulares, geralmente se reproduzem por divisão binária e podem ser autotróficas ou heterotróficas; removem DBO durante a depuração da matéria orgânica; possuem capacidade de se aglomerar em unidades estruturais como flocos, biofilmes ou grânulos e realizam processos de amonificação, nitrificação, desnitrificação e remoção de fósforo. Algumas bactérias autotróficas como as nitrificantes estão presentes no tanque de aeração, estas bactérias são quimiossintetizantes capazes de oxidar seu próprio substrato a partir de material inorgânico, convertendo assim a amônia a nitrito e nitrato. As bactérias do gênero Nitrossomonas sp são as principias responsáveis pela oxidação da amônia a nitrito, segundo a equação: + (Nitrossomonas ) 2 NH4 + 3 O2 - + 2 NO2 + 4 H + 2 H2O + Energia . A oxidação dos nitritos é realizada principalmente pela atuação das bactérias do gênero Nitrobacter sp, segundo a reação: - 2 NO2 + O2 (Nitrobacter ) - 2 NO3 + energia. 30 De acordo com Barnes e Bliss (1983), a taxa de crescimento dos microrganismos nitrificantes, principalmente Nitrossomonas, é menor do que a dos responsáveis pela redução da matéria carbonácea. Dessa forma, o tempo de retenção celular, ou a idade do lodo, deve ser calculado em função dos organismos nitrificantes a fim de manter seu desenvolvimento dentro do sistema. As bactérias heterotróficas formadoras de flocos, Zooglea, é frequentemente observada em sistemas de lodos ativados. Dentre as principais bactérias heterotróficas presentes nesse sistema podem ser citados os gêneros Achromobacterium, Chromobacterium e Pseudomonas (JENKINS et al., 2004). Existem também as bactérias filamentosas que são responsáveis pela floculação do lodo, mas que em grande quantidade podem prejudicar a sedimentação. Esse fenômeno é conhecido como intumescimento ou bulking do lodo. Algumas bactérias que estão relacionadas com a má sedimentação do lodo são: Sphaerotilus natans, Beggistoa, Thiotrix e outras. Para Tomei et al., (1999), Thiotrix tem a capacidade de crescer autotrófica ou heterotrófica, sugerindo que esta bactéria tem vantagem importante na competição bacteriana. De acordo com Jenkins et al. (2004), os principais motivos para o aparecimento dos filamentos em sistemas aeróbios são escassez de nutrientes, baixa concentração de OD, baixa carga orgânica, elevada concentração de compostos de baixo peso molecular, dentre outros. Na Tabela 2 estão expostos os principais gêneros de bactérias e sua influência em sistemas de lodo ativado. Tabela 2: Funções dos principais gêneros de bactérias encontradas em lodos ativados. GÊNEROS FUNÇÕES Pseudomonas Remoção de substrato, produção de muco, desnitrificação Zoogloea Produção de muco, formação do floco Bacillus Degradação de proteínas Athrobacter Degradação de carboidratos Microthrix Degradação de gorduras, crescimento filamentoso Nocardia Crescimento filamentoso, formaçã o de espuma e escuma Acinetobacter Remoção de fósforo Nitrosomonas Nitrificação 31 Nitrobacter Nitrificação Achromobacter Desnitrificação Fonte: Black (2002). 3.4.2. PROTOZOÁRIOS Os protozoários constituem o segundo maior grupo de microrganismos presentes no lodo ativado. São fundamentais no equilíbrio das populações de um tanque de aeração, contribuindo assim para a remoção de outros organismos, principalmente de bactérias não floculadas e permitindo a produção de um efluente clarificado. Segundo Bento (2000), aproximadamente 5% da biomassa do sistema é constituída por protozoários e metazoários. Pode-se entre estes destacar o grupo ciliados. Em relação à sua classificação, pertencem ao Filo Protozoa e dependendo das suas estruturas locomotoras podem pertencer às classes Rhizopoda (Sarcodíneos), Flagellata (Mastigóforos), Ciliophora ou Sporozoa (CORDI et al. 2007). A diferença entre as diversas subclasses de ciliados depende da sua localização no lodo. Alguns se movimentam livremente enquanto os sésseis se encontram fixos por meio de um pedúnculo. Os ciliados são indicadores biológicos, pois reagem rapidamente a alterações verificadas no meio, podendo constituir-se como um bioindicador da ocorrência, quer de situações de maior stress toxicológico, como por exemplo, presença de metais pesados em quantidades excessivas, quer de condições operativas adversas: oxigênio dissolvido baixo, pH fora da faixa 6,0 - 8,5 e temperaturas acima dos 37 - 40º C (VILANOVA et al., 2005). Os protozoários frequentemente encontrados no sistema de lodos ativados são dos gêneros Paramecium, Trachelophyllum, Arcella, Vorticella, Aspidisca, Bodo, Amoeba, Didinium, Chilodenella, dentre outros (FALCIONI et al., 2005; VILANOVA et al., 2005). Os grupos de protozoários desenvolvem-se no processo de lodo ativado de acordo com as características do meio, que variam conforme as características operacionais da estação de tratamento. Assim, a caracterização da comunidade de protozoários presente no sistema é uma ferramenta útil para o monitoramento do 32 tratamento biológico, uma vez que a estrutura da comunidade de protozoários reflete a qualidade do efluente. Alguns protozoários como a Vorticela e a Aspidisca são indicativos de sistemas que está ocorrendo o processo de nitrificação (NICOLAU et al., 2001). Algumas relações entre os protozoários dominantes em sistemas de lodos ativados indicativos do desempenho do processo de tratamento e as possíveis características operacionais que favorecem o crescimento destes organismos estão apresentados na Tabela 3. TABELA 3: Relação entre desempenho do sistema de lodos ativados e a presença de grupos de protozoários dominantes. GRUPO DOMINANTE DESEMPENHO Pequenos flagelados (Bodo, Cercobodo, Mona POSSÍVEIS CAUSAS Deficiência de aeração, choques devido à sp, Fraco Oicomona sp, Euglena sp, sobrecarga e presença de subproduto da fermentação. Cercomonasp, Peranema). Ciliados livres (Paramecium, Colpidium, Litonotus, Médio Deficiência de aeração, baixo tempo de Trachelophyllum, Amphileptus, detenção hidráulico, choques devido a Chilodonela). sobrecarga e deficiência de aeração Ciliados livres predadores de flocos (Aspidisca, Euplotes, Bom - Bom - Decaindo Alimentação irregular e perda de lodo Stylonychia, Oxytricha). Ciliados pedunculados e livres predadores de flocos Ciliados (Vorticella, Epistylis, pedunculados Opercularia, Charchesium,, recente Acineta e Podophrya). Pequenas amebas (Amoeba, Astramoeba, Actinophrys, Alta Muito fraco carga de compostos de difícil degradação Diffugia). Arcella (Tecaameba) Bom - Fonte: Madoni (1994), Vazoller (1996). 33 Desde o funcionamento da primeira ETE pelo processo de lodos ativados em larga escala em 1922, muitos autores têm notado que os protozoários são indicadores potenciais de sua eficiência. A partir daí associações entre eficiência de Estações de Tratamento de Esgotos e comunidades de protozoários têm sido descritas em intervalos regulares (JENKINS, 2004). Os protozoários podem ser identificados com bastante facilidade, ao contrário das bactérias, cuja identificação é lenta e bastante onerosa (CORDI et al., 2007). 3.4.3. METAZOÁRIOS Quanto aos metazoários, este grupo é constituído por organismos de dimensões relativamente elevadas. Dentre os principais cita-se os rotíferos, os nemátodes e os anelídeos. Segundo Vazoller (1996), os metazoários constituem uma parte importante como indicadores de boa eficiência do sistema sendo associados a lodos com bons sinais de depuração. Dentre eles destaca-se os rotíferos, que são organismos aeróbios, heterotróficos e multicelulares. Agem como agentes estabilizadores dos desperdícios orgânicos e redutores da turvação do efluente final, por consumo das bactérias dispersas ou aderidas a flocos e de pequenas partículas de matéria orgânica. Embora ocorram numa vasta faixa de tempos de retenção, algumas espécies estão associadas a tempos de retenção elevados (FALCIONI et al., 2005, VILANOVA et al., 2005). De acordo com OKABE (1996), a presença desses microrganismos no sistema indica que o processo aeróbio foi eficiente. 3.4.4. FUNGOS Esses seres não são muito comuns em lodos ativados, podendo predominar quando há uma acentuada queda no pH e deficiência de nitrogênio. Quando se apresentam como organismos dominantes, podem causar intumescimento do lodo prejudicando a sedimentação. Dentre os mais encontrados, destaca-se o gênero 34 Geotrichum, entre outros como Fusarium, Geotrichoides, Phoma, Pullalaria, Sporotrichum, Zoophagus. (CETESB, 2000). 3.5. COMPOSTOS NITROGENADOS O nitrogênio é essencial na constituição das moléculas de proteínas, ácidos nucléicos, vitaminas, enzimas e hormônios, elementos esses, vitais aos seres vivos. Entretanto, quando eliminado no meio ambiente em excesso causa diversos desequilíbrios. Apesar da abundância de nitrogênio na atmosfera, somente um grupo seleto de organismos consegue utilizá-lo na forma gasosa. Grande parte do nitrogênio existente nos organismos vivos não é obtida diretamente da atmosfera, uma vez que a principal forma de nutriente para os produtores são os nitratos (NO3-) que resultam da decomposição de matéria orgânica, na qual o nitrogênio é quebrado em uma série de compostos orgânicos e inorgânicos por bactérias com funções especializadas em cada parte do processo. Os nitratos podem, ainda, ser obtidos por meio de bactérias fixadoras de nitrogênio e das descargas elétricas que ocorrem na atmosfera (ROCHETE et al., 2004). De acordo com Howarth (2004), as atividades antrópicas têm alterado significadamente o ciclo do nitrogênio no planeta causando efeitos danosos tanto na saúde humana quanto sobre o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. Dentre essas atividades antrópicas, merecem destaque os lançamentos dos compostos nitrogenados oriundos de águas residuárias domésticas e industriais; escoamento de águas de irrigação que carreiam produtos ricos em amônia; escoamento do chorume. Durante muito tempo a remoção de matéria orgânica foi o único alvo dos tratamentos de efluentes realizados, por seu alto poder de consumo de oxigênio quando descartado em corpos receptores. Porém, embora o nitrogênio seja um composto essencial aos organismos, por ser um importante componente das biomoléculas, os problemas ambientais associados a este composto são variados. O descarte de efluentes contendo concentrações elevadas de nitrogênio pode 35 comprometer o equilíbrio ambiental, causando prejuízos para a flora e a fauna dos corpos d’água receptores dos mesmos (ETCHEBEHERE, 2005). Em águas residuárias, os compostos nitrogenados mais encontrados são: nitrogênio orgânico (uréia, aminoácidos e outras substâncias com radical amina), nitrogênio amoniacal, nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) (CAMPOS et al., 2002). Essa concentração de nitrogênio presente excede a quantidade exigida pelos microrganismos para oxidar a quantidade de carbono presente, então somente parte do nitrogênio é removida por atividade heterotrófica convencional, sendo incorporado na biomassa microbiana. Além disso, o nitrogênio amoniacal em condições ideais de pH pode ter implicações ecológicas, como influenciar fortemente a dinâmica do oxigênio dissolvido no meio, uma vez que para oxidar 1,0 mg de amônio são necessários cerca de 4,6 mg de oxigênio para realização do processo de nitrificação , além de ser tóxico a seres aquáticos, devido ao fato de nestas condições se encontrarem predominantemente na forma de amônia livre (FAZOLO et al., 2007). Além de causar danos ambientais como a eutrofização dos corpos receptores, a presença de nitritos e nitratos constitui um problema de saúde pública, pois pode causar metahemoglobinemia (síndrome do bebê azul), devido à redução do nitrato a 2+ nitrito por bactérias do trato intestinal, sendo que o Fe da hemoglobina saudável é 3+ convertido a Fe que é incapaz de se ligar ao O , reduzindo assim, as trocas gasosas 2 no organismo humano. O nitrito ainda pode se combinar com aminas secundárias, formando nitrosaminas com poder mutagênico e carcinogênico (BITTON, 2005). Nogueira et al., (2002) afirma que a maneira mais utilizada para a remoção de nitrogênio, em sistemas de tratamento biológico, é promover a nitrificação em ambiente aeróbio e a desnitrificação em ambiente anóxico. A alteração do ambiente pode se ocorrer no espaço, pela sucessão de reatores aeróbio e anóxico, ou no tempo, pelo uso de aeração intermitente, o que possibilita a remoção em um único reator. 3.6. REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 36 3.6.1. AMONIFICAÇÃO Para Persson et al., (2002), o processo de amonificação tem o seu início quando o nitrogênio fixado é dissolvido na água do solo, ficando disponível para as plantas na forma de nitrato. Quando o nitrogênio orgânico entra na cadeia alimentar, serve de alimento para os animais (consumidores) como moléculas orgânicas. A partir de suas excreções e da decomposição de resíduos vegetais e animais, os compostos nitrogenados são mineralizados por bactérias. Este processo produz gás amônia (NH3) e sais de amônio (NH4), caracterizando a fase de amonificação no ciclo do nitrogênio. Randall (2004) afirma que quando se trata de esgotos sanitários, a amonificação é o processo limitante do processo de nitrificação. Esse processo que transforma o Norgânico em N-amoniacal e pode ocorrer nas redes coletoras de esgoto, em sistemas com tratamento primário ou em reatores anaeróbios nos quais os compostos nitrogenados são convertidos a NH3 e NH4+. 3.6.2 NITRIFICAÇÃO De acordo com Saraiva (2000), nitrificação é a conversão da amônia a nitrato por meio da ação bacteriana na presença de oxigênio dissolvido, sendo realizada em duas etapas: (1) Nitritação – etapa em que ocorre a oxidação da amônia até nitrito, através da ação bioquímica dos microrganismos oxidadores de amônio, ou microrganismos nitritantes. Os microrganismos mais freqüentes são as bactérias do gênero Nitrosomonas. Embora Nitrosococcus, Nitrosospira, Nitrosolobus, e Nitrosovibrio, também possam participar deste primeiro estágio da nitrificação; (2) Nitratação – etapa em que ocorre a oxidação de nitrito até nitrato. Esta etapa é mediada por microrganismos oxidadores de nitrito, sendo os mais abundantes as bactérias do gênero Nitrobacter. Podendo também envolver os gêneros Nitrococcus, Nitrospira, e Nitrospina. A nitrificação, embora pareça bastante simples, precisa ocorrer sob condições controladas, caso contrário os próprios produtos do processo causarão aumento de 37 toxidez e inibição do processo (FERREIRA, 2000). Alguns fatores que influenciam na nitrificação: • Relação C/N (carbono/ nitrogênio): A fração de organismos nitrificantes decresce à medida que a relação C/N cresce, o que proporciona o crescimento de microrganismos heterotróficos, que competem com os autotróficos nitrificantes pelo oxigênio e nutrientes, além de terem uma velocidade de crescimento cinco vezes maior. Na Tabela 4, estão apresentadas as relações entre a fração de microrganismos nitrificantes e a relação DBO/NTK. Em processos combinados de remoção de carbono e nitrogênio, essa relação é maior que 5 e, em processos de nitrificação em estágios separados, essa relação é menor que 3. Tabela 4: Relações entre fração de microrganismos nitrificantes e a razão DBO/NTK DBO/NTK Fração Nitrificante DBO/NTK Fração Nitrificante 0,5 0,35 5 0,054 1 0,21 6 0,043 2 0,12 7 0,037 3 0,083 8 0,033 4 0,064 9 0,029 Fonte: Metcalf & Eddy (2003) • Temperatura: No que diz respeito à temperatura, observa-se a ocorrência de nitrificação em uma faixa de 5 a 50°C, sendo a temperatura ótima na faixa de 25 a 30°C (BITTON, 2005). A temperatura afeta o desempenho dos sistemas de lodos ativados causando impactos nas taxas das reações biológicas. De acordo com Metcalf e Eddy (2003) um decréscimo de 10º C na temperatura pode reduzir a taxa de reação pela metade, aproximadamente. No entanto, na maioria dos casos, essa mudança ocorre gradativamente, sendo possível a adaptação dos microrganismos à mudança. A adaptação às mudanças bruscas de temperatura parece ser bem mais lenta em temperaturas elevadas. Guo et al.,(2005) observou serem necessários vários meses para adaptação da biomassa à uma 38 mudança de 5º C, na faixa de temperatura 30º C, enquanto apenas duas semanas foram necessárias para uma adaptação similar na faixa de 15º C. • pH e concentração de amônia: O controle do pH é um dos fatores mais decisivos na eficácia do processo de nitrificação devido às possíveis flutuações da forma de nitrogênio introduzida ao reator. Em pH abaixo de 7,0 há a ocorrência de ácido nitroso não dissociado, enquanto que acima de 8,5 há predominância da amônia livre. Ambas as substâncias são causadoras de inibição da ação bacteriana (FERREIRA, 2000). A carga de amônio é também um fator importante na cinética de nitrificação. Vários estudos referem o amoníaco (ou o íon amônio livre) como a principal causa de acumulação de nitrito, por inibição das bactérias oxidantes do nitrito. Este efeito foi frequentemente identificado em sistemas de tratamento de águas residuárias e habitualmente associado à ineficiência do processo (VILLAVERDE, 2004). • Oxigênio Dissolvido (OD): O oxigênio é utilizado pelas bactérias nitrificantes nas reações de oxidação. De acordo com Tay et al., (2003), as Nitrobacter parecem apresentar maior sensibilidade que as Nitrosomonas, em baixas concentrações de OD (0,5 mg/L). Em sistemas de lodos ativados, o oxigênio é fornecido por aeradores que suprem a demanda de oxidação do material orgânico e, eventualmente, da amônia; e também a demanda de respiração endógena nas células bacterianas. Esse oxigênio introduzido ainda tem função de misturar o lodo ao afluente e manter a concentração de sólidos em suspensão. Baixos níveis de OD no tanque de aeração causam a proliferação de organismos filamentosos, propiciando o intumescimento do lodo (Van Haandel e Marais, 1999). • Alcalinidade: Van Haandel e Marais (1999) afirmam que dependendo do sistema utilizado, se não for fornecida alcalinidade suficiente, acontece a queda do pH o que ocasiona inibição dos microrganismos e levando à interrupção do 39 processo de nitrificação. Deve-se, portanto, manter a alcalinidade do sistema em valor que assegure pH estável, de modo favorecer esse processo. • Substâncias inibidoras: Algumas substâncias inorgânicas, incluindo alguns metais, são inibitórias para os microrganismos. Os metais pesados, em concentrações da ordem de 10 a 20 mg.L-1 podem ser bem tolerados pelas nitrificadoras devido a baixa concentração iônica destes materiais nas faixas de pH de 7,5 a 8,5. Os compostos inorgânicos potencialmente inibidores são: zinco, cianetos, percloratos, mercúrio, cromo, níquel, prata, cobalto, tiocianatos, azida de sódio, hidrazina, cromato de potássio, cádmio, arsênio trivalente, fluoretos, chumbo (BETANCUR, 2004). 5.6.3. DESNITRIFICAÇÃO Na etapa seguinte, denominada de desnitrificação, tem-se o nitrato (gerado na nitrificação e ainda possível de ser utilizado por microrganismos), como receptor de elétrons, provenientes de um material orgânico, passando a forma de gás N2. A reação tem o óxido nítrico (NO) e o óxido nitroso (N2O), como possíveis intermediários, igualmente lançados na atmosfera, porém em quantidades normalmente muito baixas. Esse processo é realizado biologicamente sob condições anóxicas. O ambiente anóxico é caracterizado tradicionalmente pela ausência de oxigênio dissolvido na forma molecular, associada com a presença de nitrato (ILIES, 2001). De acordo com Barnes e Bliss (1983), os principais fatores que controlam a desnitrificação em estações de tratamento de águas residuárias e em outros ambientes são: a concentração de nitrato que serve como aceptor de elétrons para bactérias desnitrificantes e condições anóxicas, pois o oxigênio molecular compete com o nitrato como aceptor final de elétrons na respiração dos microrganismos. SÁNCHEZ et al. (2000) afirmam que há uma variedade de bactérias heterotróficas que são hábeis no processo de desnitrificação como as Pseudomonas, Paraccocus, Alcaligenes, Aerobacter, Flavobacterium, Micrococcus, Thiobacillus, Bacillus. 40 Por ser realizado por organismos heterotróficos, o processo de desnitrificaçao necessita de matéria orgânica como fonte de carbono para sua síntese celular. Como esse processo é usualmente a última etapa do tratamento, a maior parte da matéria orgânica que poderia ser utilizada para este fim já foi removida, então há uma baixa relação carbono/nitrogênio e a adição de uma fonte de carbono interna (esgoto bruto) ou externa (metanol ou etanol) pode ser necessária (SCHMIDT et al., 2003). Dessa forma, a relação C/N torna-se um fator limitante para esse processo. Çeçen & Gonenç (1992) quando utilizaram melaço como fonte de carbono, concluíram que a melhor taxa de desnitrificação ocorre quando a relação C/N é maior ou igual a 5. Chui et al., (2000) também alcançou a desnitrificação máxima quando essa relação atingiu essa taxa, tratando efluente industrial utilizando filtro submerso. Van Haandel e Marais (1999) demonstraram que o dimensionamento de sistemas de tratamento com remoção biológica consiste em sua essência na determinação da idade de lodo mínima que permite o desenvolvimento eficiente dos processos de nitrificação e desnitrificação. Para Matsuzaka et al., (2003), um ótimo processo de desnitrificação tem velocidade de redução de nitrito maior que a velocidade de redução de nitrato, não sendo comum acúmulo de nitrito durante esse processo. Fatores que podem ocasionar o acúmulo de nitrito são baixo pH e temperatura, altas concentrações de amônia livre, baixas concentrações de OD e aumento da carga volumétrica. 41 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. LOCALIZAÇÃO DA PESQUISA O experimento foi realizado em uma área pertencente à Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (CAGEPA), onde está localizada a Estação de Tratamento Biológico de Esgotos (EXTRABES) e o laboratório do Programa de Saneamento Básico (PROSAB) situados na cidade de Campina Grande – PB com coordenadas geográficas de 07º 13’ 11’’S e 35º 52’31’’W e altitude de 550 m. O período de realização do trabalho experimental foi do mês de outubro de 2007 ao mês de março de 2008. 4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS REATORES BIOLÓGICOS E DE SUAS OPERAÇÕES Foram construídos e operados dois reatores: um de biomassa dispersa e outro de biomassa aderida alimentados de forma contínua com água residuária doméstica proveniente da rede coletora de esgotos da CAGEPA. Os reatores de fluxo contínuo foram confeccionados em vidro com as dimensões 10 cm de largura e 60 cm de altura. Foram mantidos 20 cm de borda livre, proporcionando desta forma um volume útil de 4 litros. Ambos apresentavam decantadores secundários com dimensões de 5 cm de largura e 60 cm de altura também confeccionados em vidro. 42 O reator que funcionou com biomassa aderida recebeu um recheio de material suporte de bucha vegetal (Luffa cylindrica). Na Figura 2 está exposta a representação esquemática dos reatores utilizados. Efluente EF1 D R1 Efluente Volume Útil R2 D EF2 60,0 cm Descarga de lodo 40,0 cm 20,0 cm 10,0 cm Saída do licor misto para o decantador 10,0 cm 5,0 cm 5, cm Afluente R1: Reator de biomassa dispersa R2: Reator de biomassa aderida Figura 2: Esquema dos reatores de biomassa dispersa (R1) e de biomassa aderida (R2) utilizados durante os experimentos. O afluente utilizado para alimentação do sistema foi captado através de uma bomba submersa instalada no interior do poço de visita do interceptor da CAGEPA e lançado em um tanque de armazenamento de capacidade de 1000 litros. O tanque apresentava uma bóia controladora de nível e tinha a função de reservatório distribuidor. Em seguida, o afluente era encaminhado, por gravidade, até o tanque de equalização situado ao lado do sistema de onde então era introduzido nos reatores através de bomba peristáltica (Figura 3). 43 Figura 3: Fluxograma da alimentação do sistema. O ar utilizado no sistema foi fornecido por bombas e distribuído uniformemente na base dos reatores através do uso de difusores. Os sistemas de aeração tiveram dupla finalidade: a primeira foi a de disponibilizar oxigênio suficiente para as necessidades dos microrganismos aeróbios, e a segunda de provocar uma agitação e uma homogeneidade suficiente para que ocorra uma mistura completa nos reatores. Essa agitação proporciona maior contado entre a matéria orgânica e a biomassa, aumentando sua velocidade de reação e consequentemente melhorando o desempenho do reator. O controle dos reatores foi realizado diariamente quanto á vazão afluente, funcionamento de bombas, manutenção do sistema de ar, limpeza das válvulas de alimentação e descarga. Na Tabela 5 estão apresentadas as características operacionais dos reatores. 44 TABELA 5: Características físicas e operacionais dos reatores Características físicas e operacionais Forma de operação Contínua Tempo de detenção hidráulico - TDH 8 horas Tempo de retenção celular - TRC 10 dias Vazão afluente (l/dia) 12 litros Volume total do filtro 6 litros Volume útil do filtro 4 litros Tempo de operação dos filtros 1ª fase: 4 meses , 2ª fase: 2 mês -1 Concentração de OD (mgO2. L ) 2,0 – 3,5 Substrato Água residuária doméstica 4.3. MATERIAL SUPORTE UTILIZADO DURANTE O PERÍODO EXPERIMENTAL Para a formação do biofilme foi utilizado como material suporte a bucha vegetal Luffa cylindrica sem epiderme e cortada em dois pedaços com diâmetros de 3 a 3,5 cm e 5cm de comprimento (Figura 4b). Esse material suporte é dotado de superfície altamente porosa e ocupou apenas 8% do volume do reator, apresentando uma área superficial em torno de 850 a 1000 m2.m-3 , parâmetro importante para o desenvolvimento da formação de biofilme. Sarti (2004) afirma que a nova geração de bioreatores vem preferindo a utilização de material de enchimento de baixa densidade e em que a biomassa é mais facilmente aderida. A constante passagem de efluente promove o crescimento e a aderência dessa biomassa na superfície do material suporte formando uma película de microrganismos que facilitará a degradação da matéria orgânica e o processo de nitrificação. 45 Figura 4: Foto dos reatores (a) e material suporte (Bucha vegetal) utilizado em R2 (reator de biomassa aderida) 4.4. DESCRIÇÃO DAS FASES DE OPERAÇÃO Primeira fase O experimento foi realizado em duas fases. A fase inicial durou aproximadamente quatro meses (outubro a janeiro) e nesse período foi comparada a eficiência dos reatores de biomassa dispersa (R1) e biomassa aderida (R2) em relação ao processo de nitrificação, remoção de material carbonáceo e sólidos. Durante essa fase a eficiência do reator que funcionava com a bucha vegetal foi perdendo a eficiência devido a grande quantidade de biomassa agregada nesse material, então teve que ser feita uma lavagem para desprendimento dessa biomassa. Após essa lavagem o sistema passou por um período de aclimatação e posteriormente voltou a apresentar uma boa eficiência no tratamento. Segunda fase A segunda fase durou aproximadamente dois meses (Fevereiro e março) e só o reator de biomassa aderida ficou ativado. Essa fase foi caracterizada pela troca das buchas devido à biodegradabilidade desse material suporte. Em ambas as fases o 46 sistema de biomassa aderida trabalhou com a mesma forma de operação, mesmo TDH e idade do lodo. 4.5. ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS Essas análises foram realizadas semanalmente no afluente e nos efluentes dos reatores de biomassa dispersa e de biomassa aderida, obedecendo as normas analíticas do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (1998). Na Tabela 6 estão expostos as análises físicas e químicas, seus respectivos métodos e a freqüência de realização. Tabela 6: Parâmetros analisados durante os experimentos. Análises Método Freqüência Alcalinidade Método KAPP Diária pH (unidade) Potenciométrico Diária DQO Titulometria de oxido-redução com Dicromato de refluxo fechado 1/ semana Nitrogênio total Método semi-micro Kjeldhal com digestão 2/semana N–Amoniacal Método da destilação 2/semana Nitrato Método do Salicilato de Sódio 2/semana Nitrito Método colorimétrico da diazotização 2/semana Gravimétrico 2/semana Gravimétrico 2/semana ST SST 47 ESTIMATIVA DA BIOMASSA Para estimar a biomassa aderida no material suporte foram retiradas do interior do reator amostras da bucha vegetal Luffa cylindrica e realizada a extração da biomassa através de processo de compressão manual com auxilio de água destilada. Todo o sólido desprendido foi colocado em cápsulas de porcelana e consequentemente determinados os sólidos segundo métodos preconizados pelo Standard Methods Examination of wastewater (1998). 4.6. EXAMES MICROBIOLÓGICOS Para os exames microbiológicos, as amostras foram retiradas do lodo dos reatores e foram observadas pela microscopia óptica na forma qualitativa. Nesse exame foi realizada identificação simplificada, uma vez que a determinação de todas as espécies presentes é bastante complexa. Assim foi feita a identificação da microfauna distribuída em classes: ciliados fixos e livres, rizópodes, flagelados, rotíferos, anelídeos e nematóides. A observação microscópica era efetuada imediatamente após a coleta, uma vez que o exame deve ser realizado “in vivo” para que seja evitada alterações na composição da microfauna. Não foram utilizados conservantes e corantes químicos. As amostras foram diluídas 2x sendo retirada uma alíquota desta diluição, colocadas nas lâminas e em seguida coberta com lamílula, evitando a formação de bolhas de ar. Os exames eram feitos em microscópio óptico nas magnitudes de aumento de 100 vezes (ocular 10, objetiva 10) e 400 vezes (ocular 10, objetiva 40) e as imagens eram registradas por câmera acoplada ao microscópio. Para a identificação das bactérias filamentosas uma amostra foi colocada em um recipiente contendo duas pérolas de vidro e agitada durante aproximadamente 15 minutos. Esse preparo foi feito para permitir a quebra dos flocos e melhor visualização dos filamentos. Exames microscópicos regulares servem para indicar as tendências do processo, associadas à eficiência de remoção de matéria orgânica, da sedimentação do lodo, 48 adequação de aeração, presença de compostos tóxicos, nitrificação e ocorrência de sobrecargas orgânicas (CETESB, 2000). 4.7. ANÁLISES ESTATÍSTICAS A estatística descritiva foi aplicada de forma a proporcionar medidas de tendência central e medidas de dispersão (média aritmética e desvio padrão). 49 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados serão apresentados em duas partes, correspondendo às duas fases de desenvolvimento metodológico descritas anteriormente. Na primeira fase serão apresentados os resultados da estatística básica: médias e desvios padrão das variáveis de pH, Alcalinidade, DQO, ST, STV, SST, SSV, Nitrito, Nitrato, NTK, Nitrogênio Amoniacal do afluente e dos efluentes dos reatores de biomassa dispersa (EF1) e de biomassa aderida (EF2). Na segunda fase as variáveis analisadas foram as mesmas da primeira, porém apenas do afluente e do efluente do reator de biomassa aderida após a troca do material suporte . 5.1. pH e Alcalinidade Primeira fase Nas Figuras 5 e 6 estão apresentados os valores de pH e alcalinidade total obtidos durante a primeira fase do período experimental dos efluentes dos reatores de biomassa dispersa (EF1) e biomassa aderida (EF2). Ambos os reatores produziram efluentes com pH médio de 7,8. Valores de pH situados entre 7,5 e 8,5 são descritos como faixas ótimas para a ocorrência da nitrificação (DINÇER & KARGI, 2000). Em valores de pH inferiores a 6,5 a nitrificação praticamente para, por falta da amônia livre e alta da concentração de ácido nitroso. Para valores de pH entre 7,0 e 8,0 a porcentagem de ácido nitroso é praticamente nula. Entretanto, para valores inferiores a 7,0 e, em particular, para valores abaixo de 6,0 esta concentração aumenta, o que provoca grande inibição do processo. Deve-se lembrar que a amônia é também uma substância tóxica para a nitrificação. Em pH superior a 8,5 há um aumento considerável de amônia, causando também a inibição do sistema (ARROJO et al., 2004). 50 8,5 8,0 pH 8,2 8,3 7,8 7,8 8,1 Máximo 7,5 7,5 Mínimo Média 7,1 7,0 6,6 6,9 6,5 EB EF1 EF2 Figura 5: Comportamento de pH afluente e dos efluentes EF1 e EF2 durante a primeira fase Durante essa fase obteve-se 60 determinações de alcalinidade, então para esse parâmetro foi realizada uma média semanal resultando em 12 determinações que está exposta na Figura 6. 400 -1 Alcalinidade (mg CaCO 3.L ) 500 300 200 100 0 0 3 6 9 12 Médias s em anais EF1 EF2 EB Figura 6: Média semanal de alcalinidade afluente e dos efluentes EF1 e EF2 A alcalinidade total apresentou valores médios de 282 mg CaCO3.L-1 e 190 mg CaCO3.L-1, para e EF1 (biomassa dispersa) e EF2 (biomassa aderida), respectivamente, ocorrendo um consumo médio de alcalinidade de 109 mg CaCO3.L-1 e 201 mg CaCO3.L-1. A nitrificação gera próton H+, ou seja, apresenta tendência a consumir alcalinidade de forma a ter diminuição do pH, ocasionando a inibição dos 51 microrganismos nitrificantes. Então se não for fornecida alcalinidade suficiente, há um comprometimento no processo de nitrificação (VAN HAANDEL e MARAIS ,1999). Segunda fase Nessa segunda fase apenas o reator de biomassa aderida ficou ativado. Durante esse período esse reator produziu efluente com média de pH em torno de 8,1. Esse valor foi superior ao da primeira fase, porém permaneceu dentro da faixa 7,5 e 8,5. 9,0 8,6 8,5 8,1 7,5 7,5 pH 8,0 8,1 7,6 Máximo Mínimo Média 7,1 7,0 6,5 EB EF2 Figura 7: Comportamento de pH do afluente e do efluente EF2 durante a segunda fase SILVA FILHO et al., (2007) estudou o comportamento da atividade metabólica das bactérias nitrificantes de sistema de lodos ativados sob diferentes valores de pH e verificou que tanto as nitritadoras quanto as nitratadoras não exibem atividade biológica a valores de pH abaixo de 5,0 e aumentam sua capacidade metabólica quando submetidas a pH em torno de 8,0. Os valores de pH testados foram pH 4,0; 5,0; 6,0; 7,0 e 8,0 e os experimentos foram realizados em dois sistemas de lodos ativados tratando águas residuárias domésticas na cidade de Campina Grande - PB. Durante esse período foram efetuadas 55 determinações de alcalinidade, então também foi realizada uma média semanal. Observa-se na Figura 8 que houve consumo médio de alcalinidade de 285 mg CaCO3.L-1, confirmando o processo de nitrificação. O reator produziu um efluente com valor médio de 166 mg CaCO3 L-1 de alcalinidade e em nenhum momento assumiu valores capazes de reduzir a ação de microrganismos envolvidos no tratamento. 52 600 -1 3.L ) 500 A lcalinidade(m gCaCO 400 300 200 100 0 0 5 10 15 Médias Semanais EB EF2 Figura 8: Média semanal de alcalinidade afluente e efluente EF2 5.2. Compostos nitrogenados Primeira fase Na Figura 9 estão apresentados os valores de NTK produzidos pelo reator de biomassa dispersa durante a primeira fase que resultou em um efluente final com média de 26 mg N-NTK L-1, o que corresponde a uma eficiência de remoção em torno de apenas 61%. 90 N TKl (m gN TK.L -1 ) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 Nº de determinações EB EF1 Figura 9: Concentração de NTK no afluente e no efluente do reator de biomassa dispersa (EF1) 53 Os resultados do efluente do reator que continha Luffa cylindrica, foram divididos em três etapas, pois esse sistema passou por um período de adaptação, seguido de um período de aclimatação e logo após foi observado uma boa eficiência na remoção de nitrogênio total e amoniacal. O sistema foi instalado no mês outubro e nesse período inicial foi caracterizada a aclimatação, passado esse período o reator produziu efluente com média de 4 mg NNTK L-1 cuja eficiência de remoção foi cerca de 93%. Após essa primeira etapa, o material suporte ficou com muito lodo agregado, consequentemente a eficiência foi decaindo, exigindo, portanto, uma lavagem no material suporte. Dessa forma o reator passou por um novo período de aclimatação e a média efluente passou a ser cerca de 23 mg N-NTK L-1, o que corresponde a um valor médio de eficiência de remoção de 61% (2ª etapa). Na etapa seguinte a eficiência do sistema voltou a melhorar, passando a apresentar 5 mg N-NTK L-1 eficiência de remoção passou a ser de 92% (Figura 10). 1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa NTK (mg -.L-1) 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 Nº de determinações EB EF2 Figura 10: Concentração de NTK no afluente e no efluente do reator de biomassa aderida (EF2). Em relação ao nitrogênio amoniacal, o reator de biomassa dispersa produziu efluente com valor médio de 21 mg N-NH4.L-1 , o que representa eficiência de remoção de apenas 60%. Na Figura 11 pode-se observar que esse reator produziu um efluente final com média de nitrogênio amoniacal relativamente alta. 54 70 -1 ) 60 N -A m o n ia ca l (m g .L 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 Nº de determinações EB EF1 Figura 11: Concentração de Nitrogênio Amoniacal no afluente e no efluente do reator de biomassa dispersa (EF1) O reator de biomassa aderida produziu na fase inicial um efluente com média de 2 mg N-NH4.L-1 cuja eficiência de remoção foi cerca de 96%. Durante o período em que havia muito lodo agregado ao material suporte e durante a aclimatação a média passou a ter cerca de 19 mg N-NH4.L-1 , o que corresponde a um valor médio de eficiência de remoção de 65%. Após esse período a eficiência do sistema melhorou passando a apresentar 2 mg N-NH4.L-1 e a eficiência de remoção voltou a ser de 96%. 1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa N- Amoniacal (mg.L -1) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 Nº de determinações EB EF2 Figura 12: Concentração de Nitrogênio Amoniacal no afluente e no efluente do reator de biomassa aderida (EF2) 55 Conforme se pode observar na Figura 12, o efluente produzido nas etapas 1ª e 3ª cumpriu às exigências do CONAMA (2005). Portanto o reator de biomassa aderida produziu efluente com valor de nitrogênio amoniacal bem inferior comparado ao reator de biomassa dispersa, assegurando que o tratamento utilizando material suporte é mais eficiente. A carga nitrogenada aplicada no sistema foi 0,2 kg m-3 dia-1 e 0,16 kg m-3 dia-1 para N-NTK e N-amoniacal, respectivamente, estes valores são superiores aos encontrados por Wolff et al.(2005) que monitoraram um reator similar com meio suporte de polietileno de baixa densidade. Na Figura 13 está exposta uma comparação entre as concentrações de nitrito presente nos efluentes dos dois reatores. O efluente do reator de biomassa dispersa (EF1) apresentou média de 3 mg NO2.L-1 enquanto que o de biomassa aderida (EF2) obteve média de 1 mg NO2.L-1. Nessa primeira fase apenas o reator de biomassa aderida atendeu as exigências da legislação brasileira, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005) que estabelecem o limite de nitrito de 1,0 mg NO2.L-1. O acúmulo de nitrito quase sempre resulta de alterações cinéticas de crescimento das bactérias envolvidas no processo de nitrificação. O desequilíbrio pode ocorrer pelo aumento da taxa de oxidação da amônia, interferindo na taxa de oxidação do nitrito. 12,0 Nitrito (mg NO2.L-1) 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 0 5 10 15 20 25 Nº de determinações EF1 EF2 Figura 13: Comparação da concentração de Nitrito presentes nos dois efluentes. 56 Durante essa primeira fase foram efetuadas 60 determinações do nitrato, para melhor expor na Figura 14, foi realizada uma média semanal dessas determinações. O efluente do reator com biomassa dispersa (EF1) apresentou média em torno de 16 mg L-1 e o de biomassa aderida (EF2) apresentou média de 29 mg L-1 . Em efluentes domésticos recentes, a concentração de nitrato é baixa, já em efluentes de estações de tratamento biológico com tanques de aeração, o nitrato é encontrado em níveis mais altos (BAUNGARTEN, 2001). Nitrato (mg NO 3 .L -1 ) 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 0 5 10 Média semanal 15 EF1 EF2 Figura 14: Comparação da concentração de Nitrato presentes nos dois efluentes. Pode-se notar que o reator de biomassa aderida apresentou média de concentração maior de nitrato e menor de nitrito comparando-se com o reator de biomassa dispersa, comprovando que o processo de nitrificação torna-se mais eficiente com o auxílio do material suporte. Sousa et al., (2005), também operando dois sistemas de lodos ativados, um com biomassa dispersa e outro com biomassa aderida (utilizando PET como material suporte), obtiveram eficiência de nitrificação no reator de biomassa aderida 70% maior que no reator de biomassa dispersa. 57 Segunda Fase Durante essa fase, o reator de biomassa aderida produziu um efluente com média de 3 mg N-NTK L-1, o que corresponde a eficiência de remoção em torno de 94%, variando entre 79 e 98%. 110 100 90 N TKl (m gN TK.L-1) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 Nº de determinações EB EF2 Figura 15: Concentração de N-NTK no afluente e no efluente EF2 Na Figura 17 estão os dados referentes à eficiência de remoção de N-amoniacal, que é o substrato das bactérias nitrificadoras. O valor médio encontrado para a eficiência de remoção de Nitrogênio Amoniacal foi de 94% variando entre 82 e 99%. O valor médio eflluente foi em torno de 2 mg L-1 N-NH4+ significando que o efluente final apresentou concentrações medias abaixo de 5mg N-NH4+, satisfazendo as exigências da legislação ambiental CONAMA (2005). 58 70 N-Amoniacal (m gN O 2-.L-1) 60 50 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 Nº de determinações EB EF2 Figura 16: Concentração de Nitrogênio Amoniacal no afluente e no efluente EF2. A carga nitrogenada aplicada no sistema foi de 0,16 kg.m-3.dia-1 e 0,15 kg.m-3.dia1 para NTK e N- amoniacal, respectivamente. A remoção da amônia ocorre através de síntese microbiana e oxidação a nitrito e nitrato. Dessa forma, o reator de biomassa aderida obteve um bom desempenho e produziu um efluente com carga de Nitrogênio Amoniacal bem inferior a produzida durante a primeira fase. Na Figura 18 está apresentado o comportamento comparativo de amônia e nitrato no efluente EF2 durante a segunda fase. A concentração de amônia, como já foi citado anteriormente, ficou em torno de 2 mg N-NH4.L-1 enquanto a de nitrato foi se elevando ao longo do tratamento, obtendo média de 39 mg N-NO3. L-1. Observa-se que o processo de nitrificação foi satisfatório devido à baixa concentração de amônia e aumento da concentração de nitrato. Este desempenho é atribuído quando o tempo de contato da fração da fase líquida retida com a biomassa é suficiente para propiciar a oxidação da matéria orgânica e em seguida o início da nitrificação. Além disso, a relação DQO/NTK de EF2 foi 1,3 continuando dentro da faixa sugerida por Metcalf & Eddy (2003), na qual há uma melhor conversão do nitrogênio a nitrato, pois proporcionam um aumento do percentual de bactérias nitrificantes. 59 ConsentraçãodeAmôniaeNitrato 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20 Nº de determinações Amônia Nitrato Figura 17: Eficiência de nitrificação comparando a concentração de amônia e nitrato Em relação ao nitrito, o efluente apresentou uma média de 0,8 mg NO2. L-1 Nessa fase o efluente produzido atendeu as exigências da legislação brasileira, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) resolução n° 357 de 2005, que estabelece o limite de 1,0 mg/L. O nitrito resultante da oxidação incompleta do Nitrogênio Amoniacal, ou redução do nitrato, apresenta toxidade aos organismos aquáticos e por isso é preferível que sua concentração seja baixa ou nula nas águas. A nitrificação no sistema proposto durante essa fase foi mais satisfatória e obteuse uma maior conversão do Nitrogênio Amoniacal em nitrato, que é o substrato para as bactérias desnitrificantes responsáveis pelo processo de desnitrificação, etapa final para a efetiva remoção do nitrogênio de efluentes com a conseqüente diminuição dos riscos de eutrofização nos corpos receptores. A Luffa cylindrica mostrou um desempenho muito bom como material suporte para o desenvolvimento do biofilme agregando microrganismos capazes de metabolizarem ambos os compostos orgânicos e inorgânicos adsorvida sobre ele,particularmente aqueles responsáveis por nitrificação. 60 5.3. DQO Primeira fase A DQO afluente apresentou valor médio de 570 mg. L-1 e dos efluentes 79 e 63 mg. L-1, para os reatores de biomassa dispersa e aderida, correspondendo à eficiência de remoção de 86% e 89%, respectivamente. A carga orgânica aplicada no sistema foi de 1,71 kg.m-3.d-1. Deve-se ressaltar que a Carga Orgânica Volumétrica apresentada é uma estimativa em função aos valores da DQO afluente no sistema, considerando a vazão afluente média de 12 L.dia-1 e o volume útil de reator de 4 litros. A carga orgânica volumétrica mínima e máxima aplicada no sistema foi de 1,37 e 2,72 kg.m-3.dia-1, respectivamente. Essa carga orgânica volumétrica refere-se à quantidade diária de compostos orgânicos, simbolizados e expressos genericamente pela DQO, aplicada ao volume do reator; este parâmetro situa-se usualmente entre 5 - 15 kg DQO. m³.dia-1, elevadas eficiências podem ser obtidas com baixas cargas volumétricas, tais como 2 kg DQO.dia1 .m³ (VILLAVERDE, 2004). 700 DQO(mg O2. L-1) 600 500 400 300 200 100 0 0 3 6 9 12 15 N° de determinações EB EF1 EF2 Figura 18: Comportamento da DQO afluente e nos efluentes dos reatores EF1 e EF2 Durante a primeira fase, a relação DQO/NTK de EF1 foi 1,3 e de EF2 foi 1,0 mantendo-se dentro da faixa de 1,0 a 1,5 sugerida por Metcalf & Eddy (2003), nessas faixas há uma melhor conversão do nitrogênio a nitrato, uma vez que os 61 microrganismos nitrificantes presentes, em quase todos os sistemas de tratamento aeróbio, terão melhores condições de se desenvolver. De acordo com Metcalf & Eddy (2003), a fração de microrganismos nitrificantes decresce à medida que a relação DQO/NTK cresce, o que proporciona o crescimento de microrganismos heterotróficos que competem com os autotróficos nitrificantes pelo oxigênio e nutrientes, além de terem uma velocidade de crescimento bem maior. Carvallo et al., (2002) fazendo testes comparativos com relações DQO/NTK obteve resultados para remoção de amônia que variaram entre 99% e 65% na medida em que aumentava a relação DQO/NTK. Operando em uma relação menor do que 3, o reator conseguiu remover 99,4% do N-NH4+, converter 81,2% do NTK em nitrato e estabilizar os compostos orgânicos em 91,8%. A relação média DQO/NTK de 1,3:1 foi a que apresentou o melhor desempenho durante o trabalho de nitrificação em estudo, em quase todas as cargas aplicadas. Segunda fase A DQO afluente apresentou valor médio de 386 mg. L-1 enquanto o efluente 71 mg. L-1, correspondendo à eficiência de remoção de 78%. A carga orgânica aplicada no sistema foi de 1,2 kg.m-3.dia -1 . A Carga Orgânica Volumétrica mínima e máxima aplicada ao sistema foi de 0,78 e 1,74 kg.m-3.d-1, respectivamente. 700 DQO (mg O 2.L-1) 600 500 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 25 N° de determinações EB EF2 Figura 19: Comportamento da DQO no afluente e no efluente EF2. 62 Na Figura 19 observa-se que a eficiência de remoção foi significativa, o efluente produzido pelo reator de biomassa aderida apresenta DQO na média de 71 mgO2. L-1. Esse valor, em termos de eficiência de remoção, superou os valores apresentados por Rolo e Além Sobrinho (2003), tratando esgotos sanitário em sistemas similares, no entanto, utilizavam garrafas PET como meio suporte. A relação DQO/NTK de EF2 foi 1,3 continuando dentro da faixa sugerida por Metcalf & Eddy (2003). A influencia dessa relação foi também observada por Urbain et al., (1998), concluindo que devido a elevadas razões DQO/NTK no afluente do sistema de lodos ativado, o percentual de bactérias nitrificantes foi bastante reduzido. 5.4. SÓLIDOS Primeira fase Na Tabela 7 estão expostos os valores das médias de Sólidos Totais, Sólidos Totais Voláteis, Sólidos Suspensos Totais e Sólidos Suspensos Voláteis dos efluentes dos reatores (EF1 e EF2) durante a primeira fase do período experimental. A concentração de sólidos totais afluente foi de 833 mg. L-1 enquanto que os reatores de biomassa dispersa e aderida produziram efluentes com concentrações de 619 e 599 mg. L-1, respectivamente. Quanto aos sólidos totais voláteis, a concentração afluente foi 317 mg. L-1 e a dos reatores foram 118 mg. L-1 para o de biomassa dispersa e 115 mg. L-1 para o de biomassa aderida. Observa-se na Tabela 7 que a média de eficiência de remoção de ST em ambos os reatores foi baixa, principalmente levando em consideração que o sistema trabalhou com uma carga relativamente alta de sólidos, já que não houve um tratamento preliminar. Tabela 7: Valores de sólidos do afluente dos efluentes EF1 e EF2 Parâmetros ST (mg.L¹) STV (mg.L¹) SST (mg.L-1) EB 833 317 261 EF1 619 118 17 Eficiência 25% 61% 92% EF2 599 115 8 Eficiência 28% 64% 96% 63 SSV (mg.L-1) 188 15 89% 7 96% A concentração de sólidos suspensos totais afluente foi de 261 mg. L-1 enquanto que os reatores de biomassa dispersa e aderida produziram efluentes com concentrações de 17 e 8 mg. L-1, respectivamente. Quanto aos sólidos suspensos voláteis, a concentração afluente foi 188 mg. L-1 e a dos reatores foram 15 mg. L-1 para o de biomassa dispersa e 7 para o de biomassa aderida. Comparando-se a eficiência de remoção de SST e SSV entre os dois reatores, percebe-se que o de biomassa aderida superou o anterior. Isso se deve ao fato que os biofilmes apresentam também muitos protozoários e rotíferos que se alimentam de bactérias, outros protozoários e matéria orgânica dissolvida e particulada, contribuindo para uma maior remoção dos sólidos suspensos. Pode-se observar ainda na mesma tabela que a eficiência de remoção de sólidos suspensos totais e voláteis foi superior a remoção de sólidos totais e sólidos totais voláteis tanto no reator de biomassa dispersa quanto no de biomassa aderida. Isso se deu, provavelmente porque os sólidos suspensos são mais rapidamente biodegradados por se apresentarem na forma dissolvida necessária para a assimilação bacteriana. Segunda fase Na Tabela 8 estão expostos os valores das médias de Sólidos Totais, Sólidos Totais Voláteis, Sólidos Suspensos Totais e Sólidos Suspensos Voláteis do efluente do reator de biomassa aderida durante a segunda fase do período experimental. A concentração de sólidos totais afluente foi de 855 mg. L-1 enquanto que o reator de biomassa aderida produziu efluente com concentração de 607 mg. L-1. Quanto aos sólidos totais voláteis, a concentração afluente foi 289 mg. L-1 e a do reator foi 140 mg. L-1. Pode ser observado na tabela 8 que a média de eficiência de remoção de ST também foi baixa como na primeira fase. Tabela 8: Médias de sólidos do afluente e efluente EF2 Parâmetro ST (mg.L¹) EB 855 EF2 607 Eficiência 29% 64 STV (mg.L¹) SST (mg.L-1) SSV (mg.L-1) 289 268 152 140 12 8 52% 96% 94% A concentração de sólidos suspensos totais afluente foi de 268 mg. L-1 enquanto que o reator de biomassa dispersa produziu um efluente com concentração de 12 mg. L-1. Quanto aos sólidos suspensos voláteis, a concentração afluente foi 152 mg. L-1 e o efluente apresentou 8 mg. L-1. Os valores de remoção de sólidos foram bem próximos aos apresentados na primeira fase, comprovando que o biofilme atua como uma ótima ferramenta na remoção desse tipo de resíduo. Pode-se observar que as médias de eficiência de remoção de sólidos suspensos totais e voláteis também foram superiores às médias de sólidos totais e sólidos totais voláteis, como ocorreu na primeira fase. Dessa forma, o reator apresentou boa remoção da parte orgânica dos sólidos contidos nas águas residuárias. Esses resultados significam que, apesar da variação na concentração dos sólidos afluentes, esses não influenciaram diretamente a eficiência, demonstrando boa capacidade de absorção das variações de carga. Para a estimativa da biomassa aderida no material suporte foram coletadas as amostras e realizada a extração da biomassa com auxilio de água destilada. Na Figura 20 estão expostas amostras de material suporte da bucha in natura (A), contendo lodo (B) e depois da lavagem (C). A B C 65 Figura 20: Bucha vegetal (Luffa cylindrica) Na Tabela 9 estão apresentados os valores de sólidos e suas frações agregadas ao material suporte durante a segunda fase do período experimental. Tabela 9: Comportamento de sólidos e suas frações agregadas ao material suporte Amostras 1 2 3 4 5 Média Sólidos ST(mg.L¹) STV(mg.L¹) SST(mg.L¹) SSV(mg.L¹) 5725 3680 3290 2150 3280 2035 2770 1700 3845 2750 2790 1780 3430 2210 2770 1710 7745 4730 7360 4560 4805 3081 3796 2380 O reator de biomassa aderida apresentava seis buchas cortadas ao meio e cada metade pesava em média 3 gramas. Dessa forma, foi constatado que a biomassa aderida ao material suporte foi em torno de 0,26 g SSV por grama de material suporte. Esses resultados demonstram que houve um enriquecimento de bactérias nitrificantes na biomassa aderida ao biofilme, o que pode ser comprovada pela elevada eficiência de nitrificação observada no reator. Foi observado que a bucha vegetal utilizada no experimento serviu como um excelente material suporte, pois apresenta uma estrutura entrelaçada e porosa que facilita a aderência dos microrganismos facilitando a nitrificação. Em termos de eficiência, a Luffa cylindrica apresentou maior vantagem com relação à área superficial especifica (850 a 1000m2.m-3 ), quando comparado com os meios suportes tais como: pedra britada, escoaria de alto forno, material PET (polietileno), materiais de plásticos (Metcalf & Eddy, 2003; Jordão e Pessôa, 2005; Sousa et al., 2005; Wolff et al., 2005). Porém por ser um material biodegradável apresenta um período útil relativamente curto tendo que ser trocada periodicamente. Os parâmetros físico-químicos evidenciaram nessa segunda fase a ocorrência de nitrificação durante praticamente todo o período, através da redução da concentração de N-NH+4 e aumento de N-NO-3 no efluente, além de uma redução da alcalinidade nos tanques de aeração. Durante essa fase, o reator de biomassa aderida operou 66 satisfatoriamente, produzindo um efluente de boa qualidade para o processo de nitrificação. 5.5. EXAMES MICROBIOLÓGICOS Durante o período em estudo as características estruturais dos flocos biológicos não apresentaram variações significativas, permanecendo irregulares, firmes e compactos com presença de poucos filamentos de bactérias filamentosas. Os flocos de lodos ativados são o centro de todo o processo. Muitos problemas operacionais são causados diretamente pelo fato destes flocos não possuírem uma boa qualidade (CETESB, 2000). A microbiota é indicadora do conjunto de parâmetros do processo de lodos ativados, uma vez que sua natureza varia de acordo com o nível de depuração; com a concentração de oxigênio dissolvido; com a presença de substâncias tóxicas, daí a importância de se realizar os exames microbiológicos do sistema (FERNANDO et al., 2005). Durante as análises microbiológicas foi observada a presença de representantes do Filo Protozoa (Classe Mastigophora: flagelados; Classe Ciliata: ciliados livres e fixos; Classe Sarcodina: rizópodes – Tecameba) e do Filo Metazoa (Classe Rotifera: rotíferos; Classe Nematoda: vermes; Classe Anelida: anelídeos). Segundo Vazzoler (1996), “o emprego prático da avaliação dos tipos de protozoários e micrometazoários presentes em bioreatores é de extremo valor, uma vez que análises microscópicas bastante simples podem revelar-se em bons indicadores das condições de operação do sistema”. Nas Tabela 10 e 11 estão expostos os principais microrganismos encontrados no reator de biomassa dispersa e aderida durante o processo operacional. 67 Tabela 10: Microrganismos encontrados no reator de biomassa dispersa. Protozoário/ Metazoário Outubro 2007 Novembro 2007 Dezembro 2007 2 Filo Protozoa: 2 1 Classe Mastigophora (flagelados) Filo Protozoa: 1 2 2 Classe Ciliata (ciliados livres) Filo Protozoa: 0 1 1 Classe Ciliata (ciliados fixos) Filo Protozoa: 1 1 2 Classe Sarcodina (Tecamebas) Filo Metazoa: 1 0 1 Classe Rotifera Filo Metazoa: 1 0 0 Classe Nematoda Filo Metazoa: 1 2 2 Classe Anelida (Aelosoma) Escala qualitativa de freqüência: (0) nenhuma; (1) rara; (2) comum; (3) muito comum Janeiro 2008 1 2 2 1 2 1 1 Durante a observação das lâminas com amostras do lodo do reator de biomassa aderida foi possível verificar que havia uma diversidade de microrganismos em atividade, evidenciado uma boa qualidade do lodo. Dentro do Filo Protozoa houve uma maior predominância de representantes da classe Ciliata e no Filo Metazoa a predominância foi dos rotíferos em ambos os reatores. Tabela 11: Microrganismos encontrados no reator de biomassa aderida. Protozoário/ Metazoário Outubro Novembro Dezembro Janeiro 2007 2007 2007 2008 Filo Protozoa: 3 1 2 Classe Mastigophora (flagelados) Filo Protozoa: 1 3 2 Classe Ciliata (ciliados livres) Filo Protozoa: 0 1 1 Classe Ciliata (ciliados fixos) Filo Protozoa: 1 2 2 Classe Sarcodina (Tecamebas) Filo Metazoa: 1 2 2 Classe Rotifera Filo Metazoa: 1 0 0 Classe Nematoda Filo Metazoa: 2 1 1 Classe Anelida (Aelosoma) Escala qualitativa de freqüência: (0) nenhuma; (1) rara; (2) comum; (3) muito comum 1 3 0 2 1 0 2 68 A quantidade de protozoários flagelados foi variável durante os meses em estudo. Em outubro, mês em que foram iniciadas as análises, esses protozoários foram predominantes, indicando lodo característico de inicio de operação. No mês seguinte sua freqüência foi diminuindo enquanto que a de ciliados cresceram. Devido à mudança de operação do sistema ocasionada com a troca das buchas no reator de biomassa aderida, os flagelados voltaram a crescer e a população de ciliados diminuiu. Foi observado também que quando ocorria algum choque hidráulico ao sistema, os protozoários desapareciam e quando o sistema começava a se restabelecer, os primeiros protozoários a aparecer eram os flagelados. Para Madoni (1994), a abundância dos flagelados está relacionada ao início do sistema, quando as bactérias formadoras de flocos ainda são escassas. Gieseke et al., (2002) operando reatores de lodos ativados com o intuito de remoção de nitrogênio observaram também o crescimento de flagelados e decréscimo de ciliados livres, coincidindo com mudanças nas condições de operação. Porém a mudança observada pelos autores foi relacionada ao pH. Os maiores valores de DQO no efluente foram observados nos meses de outubro e durante a aclimatação, no caso do reator de biomassa aderida. Nesse período havia predomínio de flagelados, indicando lodo jovem e menor predomínio de ciliados, como já foi explicado anteriormente. O bom desempenho do sistema em relação à remoção de DQO pode ser associada à presença de ciliados. Peréz – Uz et al., (1998), em um estudo sobre a utilização de ciliados como bioindicadores do desempenho de biodiscos rotativos obtiveram a mesma correlação, indicando que esses microrganismos podem ser associados à eficiência de purificação do processo. A comunidade ciliada foi observada em praticamente todos os meses. Apenas em outubro e logo após a troca das buchas, no caso do reator de biomassa aderida, é que foram observados em quantidades menores. Frequentemente foi observada a presença de Aspidisca (Figura 21 b), que é um microrganismo indicador da ocorrência de nitrificação (CETESB, 2000). Hoffmann & Platzer (2004), também afirmam que os ciliados livres usualmente estão presentes em sistemas em que há boa formação do floco e geralmente indicam boa operação do 69 sistema. Assim, a ocorrência de Aspidisca também pode ter ocorrido por essas razões e não só pelo processo de nitrificação em si, no caso do reator de biomassa dispersa. De acordo com Ruppert & Barnes (2005), esses microrganismos se locomovem através de cílios que são filamentos curtos que se distribui, geralmente, por todo o corpo realizando batimentos coordenados. Além da locomoção esses cílios são responsáveis pela captura de alimentos constituídos por bactérias e outras partículas em suspensão (Figuras 21 e 22). a b Figura 21: Ciliados livres (a) Paramecium aumento de 100 vezes; (b) Aspidisca costata aumento de 400 vezes a b Figura 22: (a) Acineta sp aumento de 400 vezes; (b) Euplotes aumento de 400 vezes Segundo Black (2002) existe uma correlação entre a remoção de sólidos sedimentáveis e a densidade de ciliados livres no tanque de aeração. Esta relação poderá ser explicada pelo fato de os ciliados livres liberarem polissacarídeos e 70 mucoproteínas, contribuindo para a formação do floco no tanque de aeração, favorecendo consequentemente a sedimentação do lodo. Os ciliados fixos ou pedunculados mais comuns foram os pertencentes ao gênero Vorticella e Opercularia. Segundo Fried & Lemmer (2003), esses microrganismos possuem o corpo em forma de sino e apresentam um pedúnculo que lhes proporciona fixação. Realizam movimentos contráteis, seja encurtando o pedúnculo ou encurtando o próprio corpo. A presença desses ciliados indica operação estável e a ocorrência de formas coloniais é verificada quando a idade do lodo é elevada. Para Madoni et al., (1994), algumas espécies de Vorticella e a Opercularia quando predominantes indicam que as condições do sistema estão ficando ruins com escassez de oxigênio, elevada DQO e com condições desfavoráveis para a ocorrência da nitrificação. Porém no presente trabalho esses ciliados pedunculados apareceram raramente, principalmente no reator de biomassa aderida, indicando assim que os efluentes não indicaram qualidade inadequada. a b Figura 23: (a) Vorticella aumento de 100 vezes; (b) Opercularis aumento de 400 vezes. No reator de biomassa aderida sempre apareceu um número elevado de Tecamebas do tipo Arcella. (Figura 24). Essa quantidade diminuiu durante o período de aclimatação e de trocas do material suporte (final do mês de novembro e início do mês de dezembro). Já no reator de biomassa dispersa ela foi mais freqüente no fim de outubro e início de dezembro que caracterizou bons períodos de nitrificação nesse reator. As Tecamebas são organismos unicelulares que apresentam carapaça protéica 71 (teca) envolvendo sua membrana celular (EIKELBOOM, 2000). São indicadoras de boas condições de nitrificação e depuração aparecendo, sobretudo, em efluentes de boa qualidade com pouca matéria orgânica, com elevada concentração de oxigênio. Figura 24: Tecameba (Arcella), ameba com carapaça protéica aumento de 400 vezes Além de protozoários muitos metazoários, como Rotíferos, Nematóides e Aelosomas (Figura 24) se desenvolveram. O surgimento destes ocorreu, provavelmente, devido ao declínio do nível energético do sistema. Alimentam-se de protozoários e fragmentos de flocos e precisam de mais tempo para seu desenvolvimento. Durante o período de aclimatação do reator de biomassa aderida foi possível observar a predominância de rotíferos (figura 25 b) e poucos ciliados. a b Figura 25: (a) Aelosoma aumento de 400 vezes (b); Rotíferos aumento de 100 vezes 72 Dessa forma, pode ser observado também que há uma correlação entre os rotíferos e ciliados, sendo que os últimos apresentam-se em maior número quando os primeiros reduzem sua concentração no meio. Os metazoários observados nos sistemas são indicadores de um lodo com certo período de retenção celular, e também são responsáveis pela clarificação do sistema, pois se alimentam dos protozoários mortos e da matéria orgânica ligada ao lodo (BLACK, 2002). De acordo com Branco (1986), a característica que distingue os rotíferos é a presença de uma coroa de cílios localizada na sua região anterior, às vezes constituindo dois discos ciliados. Esse aparelho quando em atividade, assume o aspecto de uma roda em movimento sendo responsável pela denominação de “rotíferos”. Seu corpo é geralmente cilíndrico, embora em alguns casos possa apresentar-se quase esférico. Em reatores biológicos, os rotíferos têm papel no topo da cadeia trófica, cuja presença indica uma boa eficiência do processo de depuração biológica, uma vez que são muito eficientes no consumo de bactérias dispersas ou aderidas ao floco, e pequenas partículas de matéria orgânica. De acordo Bento (2002), a presença de rotíferos no sistema indica a depuração de 90 a 95% do afluente. Também foi identificada a presença de Aelosomas nos dois reatores. No reator de biomassa dispersa foi mais freqüente o aparecimento nos meses de novembro e dezembro, já no reator de biomassa aderida nos meses de outubro e janeiro. A predominância desse anelídeo indica condições satisfatórias de aeração (MENDONÇA, 2002). Durante o período de monitoramento microbiológico, alguns filamentos também foram observados no reator de biomassa dispersa, porém seu número não foi elevado ao ponto de causar intumescimento do lodo no sistema. A presença desses filamentos foi detectada nos meses janeiro. Nos demais meses, a estimativa de freqüência desses filamentos variou de comum a rara. Na Figura 26 pode ser observado que os filamentos formam uma espécie de rede que prejudica a sedimentação do lodo e a microbiota presente neste, pois os microrganismos têm sua locomoção limitada. 73 Figura 26: Colônia de bactérias filamentosas De acordo com Cordi et al. (2007), a Zooglea ramigera tem especial importância devido à formação de uma cápsula amorfa de muco que envolve as sua células. O crescimento excessivo desta bactéria leva à formação de flocos volumosos e de consistência gelatinosa que sedimentam mal e a eficiência do processo de tratamento por lodos ativados depende muito da etapa de sedimentação. Essa bactéria em quantidades excessivas também indica uma má eficiência na oxigenação e alta carga orgânica no sistema (HOFFMANN & PLATZER, 2004). Durante a segunda fase o reator de biomassa aderida apresentou microbiota semelhante a primeira fase com predominância de microrganismos da classe Ciliata e Rotifera. No Brasil, a maioria dos sistemas de tratamento de esgotos é monitorada e controlada pelas análises físico-químicas. A observação microscópica ainda é um instrumento raro, geralmente realizada em curtos períodos de tempo e seus resultados são, na grande maioria, subutilizados. A diversidade e especificidade da microfauna presente nos sistemas de lodos ativados é característica da idade do lodo. A microfauna indica a capacidade de depuração, de sedimentação do lodo e a qualidade do efluente final. Desse modo, as características biológicas dos flocos, revelam tendências do processo, dentre as quais, destacam-se: a eficiência da remoção de DQO, sólidos suspensos; a ocorrência de nitrificação dentre outros (Bento, 2002). 74 Ao se avaliar a microbiota do sistema de lodos ativados fica evidente a adaptação dos organismos ao efluente estudado, assim como são parâmetros claros das condições do sistema. 75 6. CONCLUSÕES • A instabilidade relativa do reator de biomassa dispersa, embora não tenha afetado seu o desempenho para a remoção de DQO e sólidos suspensos, foi evidente para a pouca eficiência em termos de nitrificação. • O material suporte utilizado para formação do biofilme durante o período experimental (Luffa cylindrica) mostrou um ótimo desempenho, proporcionando condições adequadas para aderência de microrganismos capazes de metabolizar os compostos orgânicos e inorgânicos adsorvida sobre ele, especialmente aqueles responsáveis pela nitrificação. No entanto, sua propriedade de biodegradabilidade exigiu uma manutenção periódica; • A eficiência dos reatores de biomassa dispersa e aderida está associada à presença constante das tecamebas Arcella e Aspidisca. A ocorrência dessas espécies indicaram alto grau de estabilidade biológica do sistema e condições de oxigenação favoráveis à nitrificação; • O reator de biomassa aderida apresentou alta eficiência de remoção de sólidos suspensos voláteis e demanda química de oxigênio e foi eficiente também no processo de nitrificação, através da redução da concentração de N-NH4 e aumento de N-NO3 no efluente. 76 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AKHTAR, N.; IQBAL, J. Microalgal-luffa sponge immobilized disc: a new efficient biosorbent for the removal of Ni(II) from aqueous solution. Lett. Appl. Microbiol. 37: 149-153. 2003. ANDREOTOLLA, G.; FOLADORI, P.; RAGAZZI, M.; VILLA, R. Tratment of winery wastewater in the sequencing batch biofilm reactor. 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