Subscrita por Paulo Portas
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Subscrita por Paulo Portas
(Portugal quer mudar: unir para vencer) Subscrita por Paulo Portas Portugal quer mudar: unir para vencer Moção ao XVIII CONGRESSO DO CDSP/PP Propõe para Presidente do CDS/PP o Dr. Paulo Portas Portugal quer mudar: unir para vencer I. 1. Ao longo de 27 anos de história, o CDS/Partido Popular afirmou-se como partido fundador do regime, e não é possível fazer a história da democracia portuguesa sem fazer a história do nosso Partido. Na fundação do regime, ser CDS foi ser herói de uma convicção democrática, face a um projecto totalitário; foi ser pioneiro na oposição ao socialismo constitucional, e lutar para conseguir que, na democracia portuguesa, houvesse lugar para um partido doutrinário, ancorado no centrodireita. Ser CDS foi também contribuir para salvar Portugal de uma bancarrota anunciada; foi rasgar o preconceito ideológico, avançar no tempo político, e defender um programa de liberalização política, económica e social que viria a ser orientador de sucessivas políticas públicas e vários Governos, antecipando, e permitindo, a adesão de Portugal à Comunidade Europeia; foi, mais uma vez, repor o equilíbrio, calibrando o projecto europeu com os valores nacionais, e temperando o modelo de liberalização com uma forte consciência social; foi manter sempre a chama viva, pela intervenção nas instituições com notável qualidade, não permitindo um bipartidismo redutor, que apagaria a luta por valores e ideais; foi acentuar o carácter popular na base e no nome do Partido, colocar a questão europeia perante a deriva federal e afirmar posições de coragem, face a novos problemas, dos novos tempos; foi dar a cara nos dois primeiros referendos da nossa democracia, pelo primado absoluto do direito à vida e pela validade permanente do Estado-Nação. Por isso, não é de estranhar que, já há 20 anos, em tempos duros que também chamavam a Mudança, ser CDS fosse viver o impulso, a contribuição e a partilha de um extraordinário projecto para Portugal que se chamou Aliança Democrática. Ser CDS/PP tem significado ser um factor de liberdade política face ao determinismo cultural orientado pela esquerda; ser oposição com razão a um ciclo de desleixo e desgoverno que é da responsabilidade dos socialistas; ser partido de causas, que faz, assume e explica porque é que um democrata-cristão só o é quando faz uma opção preferencial pelos mais pobres; ser o partido das reformas essenciais, sem as quais Portugal não se liberta, e a sociedade portuguesa não consegue potenciar a sua iniciativa criadora; e também ser o partido que, no plano estratégico, é autónomo, não está em saldo, conhece o seu valor, e, justamente por conhecer a sua responsabilidade e necessidade para Portugal, defende a constituição de uma maioria de alternativa, com o seu parceiro natural, o Partido Social Democrata. 2. É esta história que explica o sentido que faz o CDS/PP em Portugal. É este testemunho que dá sentido à opção pelo CDS/PP de muitos portugueses. Na consciência de que lutamos, desde o início, numa democracia desigual. Se, na origem, enfrentámos o poder militar que queria ilegalizar o nosso Partido, no tempo presente, encontramos frequentemente a oposição de um poder mediático que se empenha em “vedar” o acesso do nosso Partido. Se, ontem, tínhamos, a dificultar a nossa acção, a soberba e a intolerância ideológicas de esquerda, hoje fazemos política com dignidade, apesar de não termos, nem querermos ter, meios financeiros opulentos, nem estruturas clientelares. E, nessa desigualdade, o nosso Partido, os nossos militantes, os nossos candidatos, afirmam-se, merecem respeito e são credores de um enorme obrigado, por parte da instituição que todos somos. Em síntese, ser do CDS/Partido Popular em Portugal, hoje, é decisivo. Por isso, o XVIII Congresso reafirma: (i) pertencemos a um partido doutrinário, face a um sistema que desertifica os valores; (ii) pertencemos a um partido que faz muita falta ao equilíbrio de Portugal, porque na nossa paisagem política há esquerda a mais e direita a menos; (iii) pertencemos a um Partido que é um seguro de ideias, tendo como adversário ideológico a esquerda, e comparecendo em todos os combates fundamentais contra os valores da esquerda; (iv) pertencemos a um Partido que é uma garantia de acção: livres de inércias, podemos garantir as reformas de que Portugal precisa; livres de clientelas, podemos garantir uma diferença que a sociedade pede; (v) pertencemos a um Partido que trabalha, em nome de um corpo de ideias que só o CDS/PP defende, e mais ninguém defenderia, se o CDS/PP não estivesse representado. 3. Da liberdade do CDS enquanto Partido, fazemos uso responsável a bem de Portugal. É a mesma liberdade que reconhecemos às outras forças, em cujos debates internos não interferimos. O CDS – Partido Popular antecipa de algumas semanas a realização do seu XVIII Congresso num tempo decisivo para o futuro próximo do País. As eleições autárquicas de 16 de Dezembro precipitaram a queda do Governo, a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições gerais antecipadas para 17 de Março. O CDS/PP encara as próximas eleições num espírito de confiança e responsabilidade. Nesse quadro, o XVIII Congresso Nacional começa por afirmar, com clareza, aos portugueses: (i) o CDS/PP decide com soberania o seu destino; (ii) o CDS/PP considera essencial, no relacionamento entre partidos, o princípio do respeito institucional; (iii) o CDS/PP quer contribuir para uma maioria de Mudança, de que é parte em Portugal. II. 4. Aquilo com que os portugueses quiseram romper nas eleições autárquicas foi com o prolongado impasse em que os Governos do PS afundaram o País. O Governo que vier a ser formado depois das próximas eleições legislativas recebe um País sem rumo, uma autoridade do Estado de rastos, a economia em perda de competitividade, as finanças públicas desreguladas e exauridas, uma sociedade em crise de confiança e agentes económicos pessimistas. As eleições autárquicas e os seus resultados são claros no rumo que os portugueses desejam ver seguido pelos partidos e dirigentes políticos da área da Alternativa. Mas é ilusório, senão temerário, ver já nas eleições de 16 de Dezembro a definição antecipada dos vencedores. Os eleitores apontaram o caminho, mas não fizeram ainda uma escolha definitiva. Os eleitores assinalaram aquilo a que aspiram, mas encontram-se ainda claramente numa posição de expectativa - uma expectativa benigna, mas ainda apenas uma expectativa. Se esta expectativa for correspondida positivamente, os eleitores corresponderão com entusiasmo e saberão premiá-lo, com o que Portugal ingressará num novo ciclo político, dinâmico e mobilizador, de reformas e de progresso. Se não, se todos ou alguns dos dirigentes políticos da área da Alternativa, permanecerem indiferentes aos sinais do eleitorado ou sobranceiros diante das aspirações dos portugueses, as próximas eleições poderão vir a ser lamentadas de novo como uma outra oportunidade perdida para Portugal. Há no resultado das eleições autárquicas um claro convite aos dirigentes políticos – nomeadamente dos partidos da oposição da área da Alternativa – para que definam em conjunto respostas e propostas de solução consistentes para os problemas que afligem o País e para que saibam unir-se pondo o interesse nacional claramente acima dos interesses partidários. Na mesma linha já definida nos Congressos de Braga e de Aveiro, o CDS/PP quer corresponder de modo responsável e positivo a esse apelo do eleitorado. O País aspira a sair do marasmo de descrença e está disponível para se mobilizar com renovado entusiasmo e justificada confiança. Mas, para isso, é necessário que se formem as propostas e o quadro político que encerram esse potencial. O CDS/PP reafirma o seu empenhamento político nesse sentido. 5. Não deve dizer-se que as eleições autárquicas abriram uma crise política. Pelo contrário, criaram as condições para lhe pôr termo. Ao longo dos últimos dois anos, o País viveu praticamente em crise política contínua ou recorrente, tamanha foi a incapacidade de liderança e de governo evidenciadas pelo Primeiro-Ministro e pelo Partido Socialista. Desiludidos, os portugueses quiseram interromper o torpor em que eram arrastados e apontar a possibilidade de se abrir um verdadeiro novo ciclo político em Portugal. Generalizou-se a ideia de que o impasse em que o País mergulhou resultaria principalmente do estilo e do temperamento do Primeiro-Ministro António Guterres. Nada de mais errado e superficial. Independentemente das responsabilidades directas do último Primeiro-Ministro socialista, a responsabilidade maior por não se fazerem as reformas necessárias resultou de não existir uma maioria política conforme. Nenhuma das reformas de que o País precisa é de esquerda; assim sendo, como poderia o País avançar com uma maioria de esquerda? O impasse político, social e económico em que temos vivido resulta exactamente disso: por um lado, Portugal precisa de um determinado rumo; por outro, esteve cativo de uma maioria parlamentar à esquerda, que rejeita esse rumo por preconceito ideológico, que se embaraça diante do desafio, que resvala continuamente para fantasmas passadistas e que, à falta de melhor, se entretém com a “reforma dos costumes” ou, como aconteceu com a segurança social e na área fiscal, faz o contrário do necessário. O problema não é tanto apenas de estilos deste ou daquele PrimeiroMinistro, mas sobretudo de maioria política: uma maioria política de Governo, uma maioria política claramente reformista. Sejamos claros: do que o país mais necessita, na base de tudo, é de uma maioria política que não seja de esquerda; e uma maioria que não seja de esquerda é uma clara maioria parlamentar do PSD e do CDS/PP. É esse o resultado desejável das eleições de 17 de Março próximo. 6. É um erro pensar-se que as últimas eleições autárquicas encerraram um ciclo político. Maior ainda afirmar, de modo simplista, que ele se desenvolveu e encerrou com insucesso para o CDS/Partido Popular. Por um lado, na evolução desse ciclo, que dura desde 1995, bem como na abertura de perspectivas positivas para um ciclo novo, a acção política do CDS/PP foi assinalável e decisiva, nomeadamente ao longo dos últimos três anos. O Congresso de Braga do partido, reunido em 1998, constituiu um marco importante na posição política geral do partido, diante dos governos socialistas e da maioria de esquerda saídos das eleições de 1995. Esclareceu que o CDS/PP não era “oposição à oposição”, procurou inaugurar “um novo sistema de relações entre o PP e o PSD” e definiu “como adversário natural, no plano dos valores, a esquerda e, no plano institucional, o Governo do PS”, linha que o Congresso de Aveiro reafirmou por inteiro. Por isso mesmo, a acção oposicionista do CDS/Partido Popular, nomeadamente por parte da sua bancada parlamentar, foi várias vezes destacada e marcante, tornando-se mesmo recorrente o reconhecimento da actividade do partido, em repetidos inquéritos de opinião, como o “melhor da oposição” – o que torna inteiramente ridículas as insinuações, manifestamente forçadas ou de pura má fé, de que o CDS/PP prosseguisse alguma vez nos anos recentes uma qualquer acção de “muleta do PS”. O CDS/Partido Popular, na linha dos Congressos de Braga e de Aveiro, destacou-se sempre na primeira linha quer da oposição democrática ao Governo socialista, quer, num plano mais geral, do combate político a uma contracultura de esquerda e ao renascimento do esquerdismo a que várias vezes se assistiu, bem como no apontar da via da alternativa democrática, pela decisiva concertação de esforços no centro e na direita democrática. Por isso, quando as recentes eleições autárquicas vêm consumar a derrocada antecipada do Governo do PS e abrir a possibilidade de se entrar desde já num novo ciclo político em Portugal, o CDS/Partido Popular e a sua direcção regozijam-se com o facto e reclamam legitimamente uma quota importante nesse êxito da sua acção política continuada. O CDS/PP foi parte no “empurrão” que os portugueses deram, e bem, aos socialistas. Legitimamente, o CDS/PP deve ser parte na solução de que Portugal precisa, depois do estado em que os socialistas conduziram o país. Mas esse ciclo velho só encerrará efectivamente e, prosseguido porfiadamente desde o Congresso de Braga, o novo ciclo só se abrirá nas próximas eleições legislativas de 17 de Março: ou com a formação e o triunfo de uma vigorosa coligação reformista como a AD, ou, em qualquer caso, com o triunfo na Assembleia da República de uma maioria política à direita do PS, indispensável para a efectivação das reformas que são urgentes. Por vezes, é usual comentar-se que é despiciendo em política ter-se razão antes de tempo. Mas errado mesmo é esquecer-se dela, ou abandoná-la, no tempo certo. E este é manifestamente o tempo certo e oportuno para reafirmar e procurar concretizar, em benefício de Portugal e dos portugueses, aquela Alternativa Democrática que repetidamente temos preconizado. O CDS/Partido Popular, reunido no seu XVIII Congresso, reafirma, portanto, por inteiro, sem necessidade de profundas revisões de substância, o essencial das orientações políticas já definidas anteriormente em Braga e em Aveiro, nomeadamente: A. No plano político, “o adversário do CDS/PP é a esquerda”. B. “Para criar uma alternativa ao PS, vencedora e reformadora”, impõe-se uma conjugação de esforços a nível nacional entre o CDS/PP e o PSD. 7. Para as eleições autárquicas de 16 de Dezembro passado, o PSD e o CDS/PP concluíram 50 acordos políticos em outros tantos concelhos, cobrindo cerca de 30% do eleitorado e traduzindo-se 45 deles em acordos de coligação pré-eleitoral. Ficou-se aquém do que o CDS/PP desejava, no quadro, aliás, de um acordo nacional que sempre achámos ser a via mais adequada. Mas, ainda assim, foi um passo importante naquele rumo que o País anseia trilhar e, por isso, foi justamente saudado pela direcção e pelos militantes do partido. Como o Coordenador Autárquico Nacional assinalou em conferência de imprensa de apresentação final do processo em 23 de Outubro: “O CDS empenhou-se na arquitectura e na concretização dessas coligações que podem ser, a par da descrispação das relações entre os dois partidos, um elemento relevante para a ambicionada derrota do poder socialista.” O objectivo foi cumprido. De 1997 para 2001, foi essa a diferença principal na estratégia autárquica do partido: em 1997, havia-se resistido à celebração de coligações; em 2001, prosseguiu-se abertamente esse caminho em todos os locais onde foi possível, dentro da linha definida no Congresso de Braga e reafirmada no Congresso de Aveiro. Em todos aqueles 45 concelhos a coligação alcançou resultados importantes e fez subir a representação eleitoral do respectivo espaço partidário. E em 16 casos obtiveram-se vitórias significativas. Também no caso de Lisboa – em que não houve coligação porque não houve entendimento quanto a um acordo nacional desejado – verificou-se uma mudança profundíssima: há hoje uma maioria sociológica de centro-direita, e ontem não havia; há hoje uma maioria de vereadores do PSD e do CDS/PP, e ontem não havia; os nossos valores, acções e campanha foram decisivos para desmistificar o poder da esquerda e retirar à esquerda eleitorado que julgava cativo Por outro lado, aquelas 16 vitórias de coligações entre PPD/PSD e CDS/PP, ou PPD/PSD, CDS/PP e PPM nas últimas eleições autárquicas têm aquele exacto significado: assinalar que o que se deseja é a mudança, assinalar que o que se quer é a ruptura com o impasse, assinalar que o que se anseia é a Alternativa. Quatro das vitórias mais marcantes (Porto, Sintra, Coimbra e Cascais) e duas das maiores “surpresas” de 16 de Dezembro (Porto e Sintra) tiveram essa exacta matriz: o cunho AD. Em todas elas, o eleitorado correspondeu ao potencial de mobilização e de esperança da coligação: de 1997 para 2001, os votos do conjunto AD galgaram 12 pontos percentuais em Cascais e Coimbra, 16 pontos no Porto e 18 em Sintra! Votações com esta expressão só podem ter um significado: apontar a mudança e o seu sentido! Desvalorizar a força motriz da coligação AD como a alavanca de entusiasmo e esperança a que ela corresponde para os portugueses, inquietos com o presente e angustiados com o futuro, seria um erro penoso e equivaleria a desprezar o significado mais profundo e mais flagrante das últimas eleições autárquicas. 8. Para o CDS/PP, por isso, a questão das próximas eleições é de afirmar verdadeiramente a Alternativa, não apenas promover uma alternância. O País carece de reformas urgentes em áreas cruciais: a Segurança Social e a Saúde, a Administração Pública e a Fiscalidade, a Justiça, a Educação. Sem elas, as finanças públicas não se equilibrarão, a economia não crescerá ao ritmo necessário para alcançarmos a média europeia, alguns sectores aproximar-se-ão cada vez mais da ruptura, o estigma do atraso profundo e estrutural continuará a marcar muito da nossa vida colectiva. Fazer estas reformas exige uma maioria política clara à direita do Partido Socialista. Partido democrata-cristão e conservador, partido reformador, moderado e personalista, partido firme nos princípios e valores, partido seguro, partido doutrinário, partido de causas, o CDS/PP, é, à direita, uma parte natural dessa nova maioria. Mas não chega reconhecê-lo ou afirmá-lo. O CDS/PP considera sua missão principal contribuir, primeiro, para que essa maioria efectivamente se conquiste e, segundo, trabalhar para que ela seja o suporte operativo, sólido e duradouro, da política de reformas que a situação do País requer. 9. Os portugueses reclamam rigor, coragem e ousadia, sabem que é necessário mais trabalho de todos e mais energia dirigente e anseiam por propostas políticas que, pelo seu potencial de mudança e de progresso, sejam agregadoras: possuam a capacidade de os galvanizarem, entusiasmarem e mobilizarem. Se estas se formarem a tempo e com bom espírito, os portugueses escolherão sem dúvida essa via. Se não, corremos o sério risco de tudo continuar fundamentalmente na mesma: o impasse geral prosseguirá ou regressará rapidamente depois de um curto intervalo; e poderemos ter que aguardar mais algum tempo por aquilo que, afinal, já podia estar feito há muito - as bases da Mudança, o caminho da Alternativa. Se das eleições resultasse de novo uma maioria de esquerda, Portugal continuaria a atrasar-se. Se das eleições resultasse um quadro do tipo do “Bloco Central”, Portugal continuaria a arrastar-se sob a pressão e os múltiplos condicionamentos dos interesses instalados – mudaria apenas a aparência, prosseguindo o essencial, e rapidamente o mesmo impasse dos últimos anos se imporia como travão e empecilho ao progresso e à modernização acelerados do País. Salvo o facto de nos encontrarmos já num quadro democrático normalizado, a presente situação em Portugal tem muitas semelhanças com a que se viveu no final dos anos 70. Hoje, como então, Portugal necessita de reformas profundas e urgentes em diversos sectores da vida económica, social, política e administrativa. Então, como hoje, uma maioria parlamentar de esquerda era perfeitamente incapaz de as promover, quando não as bloqueava por inteiro ou procurava mesmo realizá-las no sentido exactamente inverso ao que o progresso do País requer. Hoje, como então, a resposta patriótica e democrática de uma alternativa sólida e consistente é absolutamente urgente, sob pena de Portugal se afundar num maior e irremediável atraso face aos seus principais parceiros. Então, como hoje, o quadro existente era o de um arrastado e pastoso impasse: já não se queria o passado; mas ainda não se via o futuro. Hoje, como então, a resposta necessária só pode chegar com a Aliança Democrática que envolva, reuna e comprometa num esforço programático determinado e comum o PSD, o CDS/PP e outros sectores reformadores da sociedade portuguesa. Essa é a questão essencial das próximas eleições. Continuaremos com uma maioria de esquerda? Ou construiremos uma maioria de centro e de direita? Dito por outras palavras: Vamos continuar a atrasar-nos? Ou vamos finalmente progredir para o patamar dos nossos pares europeus? Reconstruir a AD é indiscutivelmente a melhor resposta e a melhor solução diante dos desafios que Portugal enfrenta e para vencer os entraves e as dificuldades que poderão opor-se e resistir à política reformista que se impõe. E, sendo inegavelmente a melhor resposta e a melhor solução, o CDS/PP entende que não devemos negar aos portugueses o melhor. 10. Porque se trata de uma coligação e de um entendimento entre partidos, é sabido que o CDS/PP não tem o poder de a concretizar sozinho. A sua concretização exige o concurso aberto e voluntarioso dos dois partidos da área da Alternativa: PSD e CDS/PP. E o CDS/PP naturalmente não ignora as vozes que se têm feito ouvir contra ela. Mas o CDS/PP entende reafirmar solenemente esse seu desejo e esse seu propósito: Portugal precisa de mudar; Portugal precisa da AD; estamos disponíveis para a reconstruir. Fazêmo-lo exactamente no mesmo espírito com que o apontámos já como indispensável nos Congressos de Braga e de Aveiro do nosso partido. Fazêmolo com a consciência de esse caminho traduzir a disponibilidade profunda e patriótica dos militantes do nosso partido, como o expressaram no referendo interno de Dezembro de 1998. Fazêmo-lo com a coerência de quem, reiteradas vezes, propôs e trabalhou para um acordo nacional com o PSD, em ordem a um programa reformista de mudança e de progresso acelerado para Portugal. Fazêmo-lo com a convicção reforçada pelo facto de aqueles que no CDS/PP então se opunham, se apresentarem agora neste Congresso do partido assumindo também essa mesma linha política – o que faz com que possamos dizer que, no quadro do CDS/PP, a AD merece hoje uma inequívoca e substancial unanimidade. Fazêmo-lo porque queremos responder e corresponder ao apelo esperançoso claramente feito pelo eleitorado nas autárquicas de Dezembro passado. Uma coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS/PP tem inúmeras vantagens, de que sete razões não podem ser ignoradas ou desprezadas: (i) É uma proposta política bem testada na história eleitoral portuguesa, quer a nível nacional, quer a nível local, possuidora de um carisma ímpar e capaz, como nenhuma outra, de galvanizar e de mobilizar como o País precisa e como os portugueses pedem. (ii) Comporta por si mesma importantes mais-valias de eleitores, que podem ser determinantes para derrotar a maioria de esquerda bloqueadora. (iii) É a única garantia de que as forças da Alternativa Democrática triunfarão efectivamente nas próximas eleições de 17 de Março, ou seja, de que não haverá, em Portugal, maioria de esquerda. (iv) Aponta para uma clara maioria política de Governo, como é indispensável, sem os inconvenientes de uma maioria absoluta monopartidária, que afasta muitos eleitores, desconfiados ou receosos da ocupação do aparelho de Estado. (v) Para a profundidade das reformas de que o País necessita, é a base mais sólida para o vasto apoio político e social que é indispensável ao futuro Governo, bem como, ao mesmo tempo, para que este disponha da determinação, durabilidade e consistência necessárias. (vi) Face às dificuldades do país, impostas pela temível herança dos socialistas, bem como diante da seriedade da crise internacional, corresponde à necessidade imperativa de um Governo forte e de uma maioria reforçada, com condições para, em clima de estabilidade política, fazer a mudança indispensável. (vii) É a via mais óbvia para, a um tempo, vencer a maioria de esquerda e obviar ao renascimento de um Bloco Central, igualmente entorpecedor. De todos os possíveis erros quanto à AD, o maior – e o único verdadeiramente importante – foi não a ter feito ainda; e a única forma de vencer e corrigir esse erro é fazer a AD. 11. Não fazer a AD, seria servir os interesses estratégicos da esquerda em geral e do Partido Socialista em particular. Todos nos damos conta, hoje em dia em Portugal, que, se a AD já estivesse no terreno, os resultados das últimas eleições europeias, das legislativas e das presidenciais teriam sido muito diferentes; e, nas últimas eleições autárquicas, não teriam persistido os desencontros que ainda houve e os sinais de mudança de Dezembro passado teriam sido ainda mais intensos. Todos nos damos conta de que a agonia do País, tão sensível e penosa ao longo da legislatura que termina, teria sido abreviada. No quadro actual e na perspectiva do CDS/PP, que a crê confirmada na história eleitoral recente do País, de cada vez que a AD se não faz, o risco que se corre é o de oferecer ao PS uma vitória por falta de comparência – a “falta de comparência” da Alternativa por que o País, há muito aspira. Não fazer a AD, é, por outras palavras, correr o risco de ser “muleta do PS”, aliado objectivo da esquerda, cúmplice do arrastado adiamento do País. Concentremo-nos no que é profundo: a vontade de unir, para responder ao País. Não queremos atender ao secundário, que é a inconsequente política dos humores; queremos atender ao principal, que é a política das vontades: fazer, no tempo próprio e oportuno, o necessário que ainda não foi feito. Queremos olhar ao essencial, que é o acordo necessário para o futuro de Portugal. Por tudo isso, o CDS/PP reafirma: I. Na sua análise da situação do País, é necessária uma coligação préeleitoral e de governo entre o PSD e o CDS/PP, em torno de um Programa Eleitoral e de Governo, reformista e de mudança, e projectando-se na disponibilidade para um acordo político global de longo prazo com incidência em futuros actos eleitorais e na gestão política global do País. Em síntese: é necessário renovar a AD. II. O Congresso do CDS/PP, tendo expresso esta posição, publicamente e ao mais alto nível decisório do partido, considera e reconhece que a iniciativa para o efeito deve partir do maior partido, ou seja, do PSD. III. A direcção do CDS/PP, dentro do prazo legalmente admissível, estará na disponibilidade para concluir com a direcção do PSD o referido acordo político e programático, que possa traduzir-se, em tempo útil, na apresentação de listas conjuntas às próximas eleições legislativas, numa base proporcional justa conforme aos acordos anteriores já celebrados na história dos dois partidos democráticos. Acreditamos que é possível. Sabemos que é necessário. Não podemos devolver o País ao marasmo de que quer sair. Não devemos correr o risco de que as eleições de 17 de Março possam ser uma oportunidade perdida para Portugal. 12. É este o quadro desejável de candidatura às próximas eleições legislativas de que resultará a formação do próximo Governo de Portugal. O CDS/PP trabalhará, nas semanas que faltam, para que esse quadro se concretize. Se tal não for possível, porque o PSD entenda não convergir no mesmo sentido, o CDS/Partido Popular apresentar-se-á com listas próprias ao próximo acto eleitoral, pugnando pelo seu melhor resultado e obedecendo às seguintes linhas principais: (i) O CDS/PP é peça indispensável e parte essencial de uma maioria de Mudança e de uma verdadeira política de Alternativa para Portugal. (ii) O CDS/PP bater-se-á, em listas próprias, por que, das eleições de 17 de Março, resulte uma maioria política parlamentar à direita do Partido Socialista. (iii) O CDS/PP manter-se-á disponível para celebrar um acordo político e, designadamente, uma coligação pós-eleitoral com o PSD, após as próximas eleições legislativas, no quadro parlamentar que destas resultar. (iv) O CDS/PP apoiará a formação de um Governo que resulte de uma nova maioria parlamentar à direita do Partido Socialista, integrando-o e corresponsabilizando-se directamente na acção governativa sob liderança do partido maior, o PSD. (v) O CDS/PP será oposição democrática a qualquer novo Governo de esquerda liderado pelo PS ou a qualquer solução política transitória de renovação do Bloco Central, nomeadamente num quadro indesejável em que voltasse a existir uma maioria parlamentar de esquerda. III. 13. No âmbito de uma moção de estratégia não cabe a definição exaustiva de um programa de Governo. Tanto mais que é decisão deste Congresso convocar, no imediato, uma Convenção Programática e de Governo que, na perspectiva imediata das eleições de 17 de Março, elencará as principais medidas que constituirão o contributo próprio do CDS/Partido Popular e dos seus candidatos para o debate das próximas eleições legislativas e que apresentará, quer venha a concorrer sozinho, quer desejavelmente no quadro de uma coligação com o PSD, as “políticas e os rostos do partido”. O CDS/PP não é um partido de um homem só e importa contrariar essa falsa imagem que uma errada e redutora habituação mediática de vários anos, filha e adepta da simplificação bipolar em Portugal, tem procurado criar e manter a respeito da liderança e da direcção do CDS/Partido Popular, desde o fim dos anos 80. Essa mesma Convenção Programática e de Governo o provará. Do mesmo modo, a retoma dos trabalhos regulares do Conselho Económico e Social, significará um renovado esforço de recrutamento técnico, académico e de alta administração, junto do Partido. O Congresso do partido reafirma a vontade de fazer crescer, afirmar e consolidar o CDS/PP no campo da direita democrática e do centro-direita, segundo o modelo de “um Partido credível, fiel aos princípios e moderado nas soluções”, como “o partido que, na área não socialista, recruta os melhores quadros e oferece a mais vasta qualificação”, um “centro-direita atractivo, consistente e procurado na vida pública portuguesa” e que “representa a qualidade na política, na economia e na cultura, colocando-a ao serviço do Estado e do país”. O Congresso do CDS/Partido Popular reafirma a mesma vontade de “agir politicamente com credibilidade, responsabilidade e moderação”. Credibilidade, que significa “optar, em cada problema político, pela consistência do que se diz e do que se propõe, em detrimento da espectacularidade ou da aparente facilidade”. Responsabilidade, que significa “defender a política e as instituições” e “preferir a coerência à popularidade imediata”. E moderação, que significa, “em cada momento, e sobretudo nos mais difíceis, ter a atitude de quem trabalha a realidade para a melhorar”. O Congresso do CDS/PP acredita que “um novo tempo de busca de referências e valores já começou” e que “a chamada crise das ideologias é mais verdadeira do lado da oferta do que da procura”. Acreditamos que governar e dirigir não é só gestão incolor, insípida e indiferenciada, que “a política está a voltar, para responder e fazer sentido, face a novas desordens e injustiças que o economicismo não atende e a globalização não resolve”. Reafirmando o seu carácter singular de partido doutrinário, o CDS/Partido Popular dirige-se particularmente às novas gerações, ao eleitorado moderado, aos populares anónimos que, na vida colectiva, anseiam por referências seguras de valores e que sentem cada vez mais como a crise nacional latente não encontrará saída, nem caminho sem o apoio dominante numa política de princípios e num modelo de sociedade estável e humanista, que façam o contraponto ao puro mercado dos interesses e ao clima errático da indiferença geral a pretexto da globalização. O CDS/PP e os seus candidatos voltam a apresentar-se em nome da “força de um novo personalismo, necessária porque corresponde a uma defesa da pessoa, da sua identidade e dignidade, num mundo progressivamente globalizado e massificado”; e confiam que a resposta personalista é a que encontrará “uma nova posição do cidadão nessa democracia sem sede conhecida, da família nessa globalização dos costumes e da pessoa nessa sociedade tendencialmente agressiva e anónima”. Hoje como sempre, da doutrina do CDS e do CDS/PP, partido democratacristão e conservador, bem como do combate e acção política dos seus dirigentes e representantes eleitos, “sempre constaram, e continuarão a constar, valores como a defesa do direito à vida; a protecção da privacidade; a promoção da iniciativa privada e da mobilidade social; a opção preferencial pelos mais pobres e excluídos; a consideração da família como célula nuclear da organização humana; a necessidade de uma fiscalidade reduzida; a consagração das liberdades sociais, efectiva escolha, com igualdade de oportunidades, nos sistemas de educação e de saúde; a vincada opção atlântica e lusófona de Portugal, como marco insubstituível da nossa política externa e de defesa; a valorização da riqueza e da especificidade do mundo rural, fundamental para o equilíbrio do país”. Na mesma linha do Congresso de Braga, prosseguiremos uma preocupação de inovação doutrinária contínua, na matriz do humanismo personalista, “face aos novos problemas contemporâneos e a novos dilemas na ordem internacional globalizada, tecnológica e informativa” e incorporamos na doutrina do partido uma nova atenção especial “à qualidade de vida nas cidades e nas periferias; ao problema da violência mediática; à defesa dos direitos do consumidor; à ecologia e protecção da natureza; ao patrimonialismo como componente essencial das política culturais públicas; ao controlo ético sobre o experimentalismo científico; à política integrada de combate à toxicodependência; e à concertação social” no centro de uma política mobilizadora de desenvolvimento e de crescimento económico. E, no mesmo espírito, apresentamo-nos às próximas eleições como “o partido das grandes reformas, incluindo as que implicam combates políticos desiguais ou põem em causa poderes instalados, nomeadamente nas áreas da segurança social, da justiça, da saúde e educação”, batendo-nos por elas como uma indispensável “condição para a progressiva transformação de Portugal num Estado moderno e numa sociedade equitativa”. 14. Os Governos do PS, liderados por António Guterres, deixam o País numa situação de desorientação e ansiedade profundas. Palavras como “pântano” e “impasse” voltaram a ouvir-se e a repetir-se incessantemente em Portugal, como há largos anos se não ouvia já. A desmoralização apossou-se geralmente de toda a sociedade e feriu de forma particularmente intensa e aguda instituições nacionais como as Forças Armadas. O serviço público foi reduzido às ruas da amargura e ao desprestígio social. O PS disse assumir como primeiro objectivo partidário e do seu Governo a aproximação da paridade com os nossos parceiros europeus, apenas para nos fazer fracassar colectivamente e adiar ainda mais esse que é um objectivo nacional de primeira grandeza. O sentimento de insegurança cresceu. Na economia foi lançada uma geral desorientação e ficámos a marcar passo, quando não a regredir, nos indicadores mais crónicos do nosso atraso estrutural, com destaque para os níveis de produtividade comparada com a média europeia. Por tudo isso, e ainda pelo nível de cepticismo e de descrença que se irradiou no espírito colectivo, pela falta de confiança dos mercados, pela necessidade de relançamento da economia, pela falta da margem de manobra resultante da presente crise internacional, pela maior dureza que as reformas indispensáveis poderão revestir porque feitas tardiamente – por tudo isso, dizíamos, a solução AD é a mais adequada: para despertar o País do torpor guterrista; para corresponder aos anseios de entusiasmo e mobilização colectivos; para, num quadro muito difícil, conseguir empreender e fazer vencer, com coragem, determinação e rigor, as reformas necessárias, sufragadas pela mais ampla maioria política e social. O CDS/PP abraça inteiramente esse objectivo, como o instrumento estratégico mais recomendável para responder, com convicção, dinamismo e energia redobrada às necessidades do País e corresponder às esperanças do povo português. É esse o novo impulso que Portugal mais requer. E, em qualquer caso, o CDS/Partido Popular, os seus dirigentes e os seus candidatos, bater-se-ão por uma nova maioria, reformista e de mudança, na Assembleia da República e por que os partidos de esquerda sejam limitados ao papel que lhes cabe no tempo presente: a oposição. Na verdade, quem se opõe, por próprio tique e preconceito ideológico, por embaraço e crónica indecisão, às causas, aos caminhos e aos imperativos de progresso e de modernização de Portugal não pode estar no poder, nem ser mantido em posição de o condicionar ou bloquear – democraticamente, é fundamental que, na próxima legislatura, o PS e os demais partidos de esquerda sejam relegados para a minoria e a oposição. O partido bater-se-á, nas próximas eleições, com a convicção de que o CDS/PP é parte indispensável dessa nova maioria para o progresso de Portugal e componente essencial de uma verdadeira Alternativa de governo, que não se limite a uma mera alternância, frustrante e de consequente desilusão. O CDS/Partido Popular bater-se-á também com a convicção viva e profunda dos valores de que dimana, na consciência de que as próximas eleições não se limitam apenas à escolha de um Governo, mas informarão muito do modelo de sociedade que pretendemos e desejamos preservar e valorizar em Portugal e na Europa, cabendo-nos vencer, também aí, aquele esquerdismo e a “neutra indiferença” que “o albergue PS” reincentivou em Portugal. Estaremos atentos como sempre a todos os debates políticos do futuro próximo, na defesa do direito à vida, na afirmação do valor social fundamental da Família, na defesa dos idosos e do seu presente, na formação dos jovens e do seu futuro, na perspectiva comunitária e humanização das cidades, na descentralização administrativa, no desenvolvimento regional e na modernização do mundo rural, numa fiscalidade conforme à competitividade da economia, na valorização da iniciativa privada de cunho social nas áreas da saúde e da educação, na prontidão e independência da Justiça, na exigência e qualidade do sistema de ensino e na modernização acelerada dos seus instrumentos tecnológicos, na valia essencialmente humana da Educação, na potenciação dos recursos próprios do País, na política do Mar, na dignificação das Forças Armadas e na revisão do conceito estratégico e do dispositivo militar, na construção europeia no respeito e na fidelidade aos Estados-Nação e no equilíbrio de uma Europa policêntrica, à paz em Angola e ao relançamento de uma política da Lusofonia profundamente enraizada na amizade entre os povos e no relacionamento livre e aberto das suas sociedades civis. E o CDS/PP bater-se-á, enfim, por imprimir às políticas governamentais e à vida colectiva em geral um novo ritmo, um novo ânimo, um novo vigor que seja conforme à exigência de reduzir de duas gerações para uma geração apenas o tempo de intervalo que nos separa do nível de paridade com a média da União Europeia. Isso é possível! Isso é possível, se fizermos tudo o que é necessário e se não recusarmos nenhum passo, nenhum contributo, nenhum esforço. 15. Como afirmámos, o Partido, na sua Convenção Programática e de Governo, definirá as políticas públicas que nos caracterizaram e vamos propor ao eleitorado. Aqui, numa moção de estratégia, compete-nos elencar apenas os princípios da mudança: Mudança na atitude da comunidade política perante a Nação: dizer a verdade sobre a situação de Portugal, não esconder as dificuldades e não fazer promessas insustentáveis. Mudança no comportamento do Estado perante a cidadania: garantir uma Administração de mérito, profissional e técnica, com recusa liminar de qualquer nova camada de clientelas políticas. Mudança no modo de governar: governar é decidir, em nome do interesse público, sem concessões às sondagens nem submissão aos telejornais. Mudança no modelo de Governo: uma equipa mais pequena e sóbria, arrumando os ministérios pelo critério de funcionalidade das políticas e da sua eficácia e consequência na Administração, sem transigir com a tradição de satisfazer grupos partidários. Mudança no esforço que tem de ser pedido ao país: uma clara opção pela recompensa de quem trabalha e de quem se esforça, sem complacência face à mentalidade assistida que os socialistas deixam. Mudança na exigência que pomos no serviço público: a intransigência perante a corrupção é a primeira condição para reabilitar a política. Mudança no próprio exercício de política: a reforma das instituições, prestigiando-se, e dos custos de política, diminuindo-os, é vital para travar o declínio de confiança e credibilidade no sistema representativo e partidário. Portugal precisa de mudar. Portugal quer mudar. E Portugal pede-nos que mudemos. Portugal pede-nos que comecemos nós, os políticos, por mudar. E o que mais Portugal nos pede é que sejamos capazes de nos unir: de nos unir verdadeiramente em torno do essencial. É isso que o CDS/PP quer e preconiza: Unir para Vencer! Unir o partido, todo o partido, unir as forças de alternativa, unir os portugueses para novos objectivos nacionais. Por isso, nos batemos. Porque, assim, seremos seguramente capazes. E o novo ciclo político, de progresso e desenvolvimento, com confiança, abrir-se-á certamente.