Desafios à estabilização da Tailândia
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Desafios à estabilização da Tailândia
SEGUNDA-FEIRA, 26.05.2014 ALEXANDRE RATSUO UEHARA* Desafios à estabilização da Tailândia A Tailândia está, desde o último dia 22 de maio, mais uma vez sob comando militar. O chefe do Exército da Tailândia, general Prayuth Chan-ocha, assumiu o controle do governo e suspendeu a Constituição escrita em 2007, sob a alegação de que a atuação dos militares é necessária para interromper a escalada da violência e a instabilidade política no país. A instabilidade política no país, mais uma vez, envolve o ex-primeiro-ministro da Tailândia de 2001 a 2006, Taksin Shinawatra, mesmo depois da sua destituição do cargo, também por um golpe militar, e as duas últimas eleições realizadas em 2007 e 2011 refletiram o seu poder de influência política. Nas eleições realizadas em dezembro de 2007, o “Partido Poder do Povo” foi o vitorioso obtendo 233 cadeiras das 480 em disputa. Uma das promessas do líder do partido, Samak Sundaravej, era permitir o regresso do Taksin Sinawatra ao país, que naquele momento estava no Reino Unido. Em 2008, o ex-primeiro-ministro regressou, mas já em agosto voltou para Europa para não enfrentar as acusações de corrupção. Nas eleições de julho de 2011, a vitória foi do partido Puea Thai, liderado por Yingluck Shinawatra, irmã mais nova de Taksin, que conquistou 263 das 500 vagas disputadas. Um dos elementos importantes para o sucesso do partido foi a mobilização da população que, por exemplo, ocupou a praça de Bangcoc em 2010, com mais de 100 mil camisas vermelhas (como são identificados seus seguidores) contra Abhisit Vejjajiva, líder da oposição contra Sinawatra, eleito primeiro-ministro pelo parlamento em 2008. O que proporciona esse poder ao Taksin Sinawatra? Uma explicação para o seu poder são as políticas econômicas populistas que implementou desde 2001, quando ascendeu ao cargo de primeiro-ministro. Uma delas é a política de subsídios aos produtores de arroz, para o qual se estima que o governo tenha destinado cerca de U$ 6 bilhões por ano. As políticas populistas dividiram o país entre os que são favoráveis a elas, população mais pobre, e os que são contra, a classe média e a elite, tornando as eleições quase um referendo. Os partidários de Taksin já se manifestam contra o golpe e a favor da democracia pedindo eleições, mais articulados que em 2006, quando ele foi deposto. E, no caso de novas eleições diretas, é provável que os seus aliados SEGUNDA-FEIRA, 26.05.2014 retornem novamente ao poder. Mas os seus opositores também estão mobilizados: conseguiram a destituição da ex-primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e demandam que sejam feitas antes reformas políticas, como o objetivo de enfraquecer a influência do ex-primeiro-ministro Taksin. Isso torna a estabilização do país um desafio. Não será simples a tarefa a estabilização da Tailândia. ALEXANDRE RATSUO UEHARA É DIRETOR ACADÊMICO DAS FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO E COORDENADOR DO GRUPO DE ESTUDOS SOBRE ÁSIA DO NÚCLEO DE PESQUISAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA USP
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