anti-retrovirais

Transcrição

anti-retrovirais
Sigla
Posologia para adultos e adolescentes
Como tomar e armazenar
Efeitos colaterais
Notas
1 comprimido de 150mg a cada 12 horas ou
2 comprimidos de 150mg uma vez ao dia
Sem restrições alimentares
Náuseas, vômitos, fadiga e dor de cabeça
Abacavir
(comprimido de
300mg)
ABC
1 comprimido de 300mg a cada 12 horas
Sem restrições alimentares
Reações de hipersensibilidade em 5% dos
pacientes
Zidovudina
(cápsula de 100mg)
AZT
2 comprimidos de 100mg a cada 8 horas ou
3 comprimidos de 100mg a cada 12 horas
Sem restrições alimentares
Anemia, náuseas, vômitos, dor de cabeça,
fadiga, dores musculares e toxicidade da
medula óssea
Não combinar com
d4T
Biovir (combina num
comprimido 300mg
de AZT + 150mg de
3TC)
AZT
+
3TC
1 comprimido a cada 12 horas
Sem restrições alimentares
Veja AZT e 3TC
Combinação de AZT
e 3TC numa pílula
tomada duas vezes
ao dia
Estavudina
(cápsula de 30mg ou
40mg)
d4T
Pessoas com 60kg ou mais de peso: 1 cápsula de 40mg a cada
12 horas
Pessoas com menos de 60kg: 1 cápsula de 30mg a cada 12horas
Sem restrições alimentares
Neuropatia periférica, dor de cabeça,
calafrios, febre, diarréia e náuseas
Não combinar com
AZT
Zalcitabina
(comprimido de
0.75mg)
ddC
1 comprimido de 0.75mg a cada 8 horas
Sem restrições alimentares
Neuropatia periférica, erupções cutâneas,
úlceras na boca, dor de garganta e tosse
persistente
Não combinar com
ddI
ddI
Didanosina
(Videx)
Comprimido
tamponado de 25mg
ou de 100mg
(Videx-EC)
Comprimido revestido
para liberação
entérica de 250mg ou
de 400mg (não
disponibilizado pelo
SUS)
- ddI comprimidos tamponados:
Pessoas com 60kg ou mais de peso: 2 compridos tamponados de
100mg a cada 12 horas
Pessoas com menos de 60kg: ajustar a dose para 125mg a cada
12horas ou para 250mg a 300mg uma vez ao dia
Videx: mastigar ou dissolver em água
Videx-EC: tomar sem mastigar
Em ambos os casos, tomar em jejum;
com uma hora de intervalo do
indinavir ou duas horas de intervalo
do ritonavir
Diarréia, pancreatite, dor abdominal,
neuropatia periférica, náuseas e vômitos
Não combinar com
ddC
Tenofovir
(comprimido de
300mg, não
disponibilizado pelo
SUS)
1 comprimido de 300mg uma vez ao dia
Tomar com alimentos
Tomar duas horas antes ou uma hora
depois de ter tomado ddI
Náuseas, vômitos e perda do apetite (de grau
leve)
Trizivir
(combina num
comprimido 150mg
de 3TC + 300mg de
AZT + 300mg de
abacavir)
Não disponibilizado
pelo SUS
1 comprido a cada 12 horas
Sem restrições alimentares
Veja AZT, 3TC e abacavir
Combinação de AZT,
3TC e abacavir
numa pílula tomada
duas vezes ao dia
Como tomar os
- ddI (Videx-EC)
Pessoas com 60kg ou mais de peso: 1 comprimido de 400mg uma
vez ao dia
Pessoas com menos de 60kg: ajustar a dose para 250mg uma vez
ao dia ou 125mg a cada 12 horas
Pode diminuir a
resistência ao AZT
InfoRed SIDA Nuevo México
3TC
+
Lamivudina
(comprimido de
150mg)
anti-retrovirais disponíveis
Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos e Nucleotídeos (INTRs)
(nome genérico
e apresentação para
adultos e adolescentes)
Folhas Informativas
Classe Anti-retroviral
Série C
1
Inibidor
de Fusão
(IF)
Inibidores da Protease (IPs)
Inibidores da Transcriptase
Reversa Não-análogos de
Nucleosídeos (INNTRs)
1 comprimido de 200mg uma vez ao dia durante 14 dias,
e na ausência exantema começar com dose plena de 2
comprimidos de 200mg a cada 12horas
8 cápsulas de 150mg a cada 12 horas
Associado com o ritonavir, as doses são:
4 cápsulas de amprenavir de 150mg + 1 cápsula de 100mg de
ritonavir a cada 12 horas
2 cápsulas de 400mg a cada 8 horas
Associado com o ritonavir, as doses são:
2 cápsulas de indinavir de 400mg a cada 12 horas + ritonavir de
100mg 1 ou 2 cápsulas a cada 12 horas
NVP
APV
IDV
Nevirapina
(comprimido de
200mg)
Amprenavir
(cápsula de 150mg)
Indinavir
(cápsula de 400mg)
1 injeção subcutânea de 90mg duas vezes ao dia
A dose é de 400mg ao dia
Atazanavir
(cápsulas de 100mg,
150mg e 200mg, não
disponíbilizadas pelo SUS
Enfuvirtide (Fuzeo, T-20)
(injeção subcutânea,
não disponiblizada
pelo SUS)
Associado com ritonavir:
2 cápsulas (moles ou duras) de saquinavir de 200mg a cada 12
horas + 4 cápsulas de ritonavir de 100mg a cada 12 horas; ou
5 cápsulas (moles ou duras) de saquinavir de 200mg a cada 12
horas + 1 cápsula de ritonavir de 100mg a cada 12 horas
Associado com saquinavir:
4 cápsulas de ritonavir de 100mg a cada 12 horas + 2 cápsulas
de saquinavir de 200mg a cada 12 horas; ou
1 cápsula de ritonavir de 100mg a cada 12 horas + 5 cápsulas
de saquinavir de 200mg a cada 12 horas
Associado com indinavir:
1 ou 2 cápsulas de ritonavir de 100mg a cada 12 horas + 2
cápsulas de indinavir de 400mg a cada 12 horas
Associado com amprenavir:
1 cápsula de ritonavir de 100mg a cada 12 horas + 4 cápsulas
de amprenavir de 150mg a cada 12 horas
RTV
Ritonavir
(cápsula de 100mg)
Saquinavir
- Invirase
(cápsula mole de 200mg)
- Fortovase (cápsula dura
de 200mg, não
disponibilizada pelo SUS)
3 cápsulas de 250mg a cada 8 horas ou
5 cápsulas de 250mg a cada 12 horas
NFV
Nelfinavir
(comprimido de
250mg)
3 cápsulas de LPVr a cada 12 horas
Associado com efavirenz ou nevirapina, ajustar a dose para:
4 cápsulas de LPVr a cada 12 horas
3 cápsulas de 200mg uma vez ao dia ou
1 cápsula de 600mg uma vez ao dia
AFV
Efavirenz
(cápsulas de 200mg
e 600mg)
LPVr
Lopinavir (Kaletra)
(cápsula que combina
133,3mg de lopinavir +
33,3mg de ritonavir)
4 comprimidos de 100mg a cada 8 horas
Posologia para adultos e adolescentes
DLV
Sigla
Delavirdina
(comprimido de
100mg)
(nome genérico
e apresentação para
adultos e adolescentes)
Classe Anti-retroviral
Injeção subcutânea (pedir esclarecimento ao
médico sobre como e onde aplicar a injeção)
Tomar com alimentos
Tomar durante as duas horas que se seguem a
uma refeição completa ou a um lanche
reforçado
Guardar em geladeira
Tomar durante as refeições
Guardar na geladeira
Tomar com duas horas de diferença da
ingestão do ddI
Tomar com alimentos ou com lanche
Tomar com alimentos
Manter à temperatura ambiente ou na
geladeira, se fizer calor
Tomar com bastante água, em jejum, ou com
alimento com baixo teor de gordura
Guardar em lugar ventilado e seco
Tomar com ou sem alimentos
Evitar alimentos gordurosos
Tomar com uma hora de diferença dos
antiácidos
Sem restrições alimentares
Sem restrições alimentares, mas evitar
comidas muito gordurosas
Tomar antes de dormir
Sem restrições alimentares
As pílulas de 100mg podem ser dissolvidas
em água
Tomar com uma hora de diferença do ddI e
de antiácidos
Como tomar e armazenar
Reações no local da injeção (dor e
inflamação que podem durar até uma semana)
Outras reações: dor de cabeça, dor e
adormecimento das pernas, insônia, tontura
Coloração amarela da pele por aumento
da bilirrubina
Náuseas leves, diarréia e problemas
abdominais
Náuseas, vômitos, diarréia, adormecimento
e formigamento ao redor da boca
Diarréia, náuseas, gases, dor abdominal e
debilidade
Diarréia, fadiga, dor de cabeça e náuseas
Dor de cabeça, náuseas, dor abdominal e
pedras (cálculos) nos rins
Náuseas, diarréia, vômitos, erupções
cutâneas, adormecimento ao redor da
boca e dor abdominal
Erupções cutâneas, febre, dor de cabeça
e náuseas
Sonhos vívidos, ansiedade,
erupções cutâneas, náuseas, tontura,
diarréia, dor de cabeça e insônia
Erupções cutâneas, náuseas, diarréia,
vômitos, fadiga e dor de cabeça
Efeitos colaterais
Enfuvirte (T-20) é uma nova
classe de medicamento que
impede a fusão do HIV com
a célula.
Os inibidores da
protease e os INNTRs
são metabolizados
no fígado como
muitos outros remédios
As interações entre os
medicamentos podem
causar aumento ou
diminuição nos níveis
sangüíneos dos remédios
que você esteja
tomando. Isso pode
significar concentrações
baixas e não efetivas ou
superdosagem que
podem ser mortais
Comunique a seu
médico sobre todos
os medicamentos que
você esteja tomando,
além dos
anti-retrovirais
Notas
Folhas Informativas
Série C
Os números de comprimidos aqui listados referem-se às recomendações mais usuais prescritas para adultos.
No entanto, atualmente, os médicos estão combinando os anti-retrovirais de novas maneiras. Nessas novas
combinações, as doses de cada anti-retroviral podem ser diferentes do que já foi preconizado, ou seja, podem ser
maiores ou menores em relação às doses já estabelecidas na prática médica e clínica.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
1
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
Nomes e fabricantes de
medicamentos contra o HIV
2
Série C
Nenhum dos remédios abaixo mencionados pode matar o HIV, apenas a combinação das
várias classes desses medicamentos é que pode diminuir a multiplicação (replicação) do
vírus de uma forma específica.
· Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos(INTRs): foram os
primeiros medicamentos anti–HIV a surgirem. Bloqueiam a transcrição reversa (a criação do ADN viral
a partir do ARN) ao produzirem elos que interrompem esse processo. A maioria é de análogos de
nucleosídeos, exceto o tenofovir, que é análogo de nucleotídeos.
Ano de aprovação
Nome genérico
Nome comercial
Conhecido também como
Patenteado por
1987
Zidovudina
Retrovir
AZT, ZDV
GlaxoSmithKline
1991
Didanosina
Videx
ddI
Bristol-Myers Squibb
1992
Zalcitabina
Hivid
ddC, dideoxicitidina
Roche
1994
Estavudina
Zerit
d4T
Bristol-Myers Squibb
1995
Lamivudina
Epivir
3TC
GlaxoSmithKline
1997
Zidovudina/
Combivir
Combina AZT + 3TC
GlaxoSmithKline
Lamivudina
1998
Abacavir
Ziagen
1592U89, ABC
GlaxoSmithKline
2000
Zidovudina/
Trizivir
Combina AZT + 3TC
GlaxoSmithKline
Lamivudina/Abacavir
2001
Tenofovir
+ abacavir
Viread
Bis-poc PMPA
Gilead Sciences
Outros nucleosídeos que estão sendo estudados em humanos: Coviracil (FTC, emtricitabina) e DAPD (amdoxovir),
da Triangle Pharmaceuticals, e o MIV-130, de Medivir.
· Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (INNTRs): esses também
interrompem a transcrição reversa ao se unirem à enzima transcriptase, impossibilitando a sua
atividade.
Ano de aprovação
Nome genérico
Nome comercial
Conhecido também como
Patenteado por
1996
Nevirapina
Viramune
NVP, BI-RG-587
Boehringer Ingelheim
1997
Delavirdina
Rescriptor
DLV
Agouron
Pharmaceuticals
1998
Efavirenz
Sustiva
DMP-266
Bristol-Myers Squibb
Outros INNTRs que estão sendo estudados em humanos: +/-Calanolida A, da Sarawak MediChem Pharmaceuticals;
Capravirina (AG1549), da Agouron Pharmaceuticals; DPC083, da Bristol-Myers Squibb; MIV-150, da Medivir; TMC
120 e TMC 125, da Tibotec-Virco.
Folhas Informativas
2
Série C
· Inibidores da protease (IPs): bloqueiam a ação da protease, enzima que corta os elos de proteínas
do HIV em pedaços específicos de proteínas necessários para se fazer uma nova cópia do vírus.
Ano de aprovação
Nome genérico
Nome comercial
Conhecido também como
Patenteado por
1995
Saquinavir
Invirase
SQV
Roche
1996
Ritonavir
Norvir
RTV
Abbott
1996
Indinavir
Crixivan
IDV
Merck
1997
Nelfinavir
Viracept
NFV
Agouron
Pharmaceuticals
1997
Saquinavir
Fortovase
SQV
Roche
1999
Amprenavir
Agenerase
APV, 141W94
GlaxoSmithKline
2000
Lopinavir
Kaletra
ABT-378/r
Abbott
2003
Atazanavir
Reyataz
BMS-232632
Bristol-Myers Squibb
Outros IPs que estão sendo estudados em humanos: GW433908, da GlaxoSmithKline; L-756,423, da Merck;
Mozenavir (DMP-450), da Triangle Pharmaceuticals; Tipranavir, da Boehringer Ingelheim; e TMC114, da Tibotec
Virco.
·Inibidores da fusão (IFs): impedem que o HIV se junte à célula.
Ano de aprovação
Nome genérico
2003
Enfuvirtide (T-20)
Outros IFs que estão sendo estudados em humanos: FP21399, da Fuji Pharmaceuticals;
PRO 452, da Progenics Pharmaceuticals, Inc. (em fase I/II de estudo); SCH-C, da Schering;
T-1249, da Trimeris e Roche (em fase I de estudo); e TNX-355, da Tanox.
·Inibidores da integrase: bloqueiam a
ação da integrase, enzima que insere o
ADN do vírus dentro da cadeia de ADN
da célula infectada. Ainda não foi
aprovado nenhum inibidor da integrase.
O S-1360, da Shionogi e GlaxoSmithKline,
está atualmente em fase II de estudo.
· Medicamentos anti-sentido: são como
“imagens em espelho” de partes do
código genético do HIV. Esses remédios
se unem ao vírus para impedir o seu
funcionamento. Um medicamento antisentido é o HGTV43, da Enzo
Therapeutics, que está em fase II de
estudo.
· Estimuladores do sistema imune:
esses medicamentos utilizam as
mensagens químicas do corpo para
estimular a resposta imune.
Interleucina-2 (IL-2, Aldesleukin,
Proleukin, da Chiron Corporation)
encontra-se em fase III de estudo.
Multikina, da Cel-Sci Corporation,
encontra-se em fase I de estudo e
Reticulosa, da Advanced Viral Research
Corporation, está em fase III de estudo.
O HRG214, da Virionyx, encontra-se em
fase I de estudo, e o Resveratrol, que é
um químico vegetal, também está em
fase I de estudo.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
Terapia anti-retroviral
O que é terapia
anti-retroviral?
Terapia anti-retroviral quer dizer
tratar infecções virais como, por
exemplo, o HIV, com medicamentos.
Os remédios inibem a reprodução do
vírus, o que permite retardar a
progressão da doença causada pelo
HIV. Como o HIV é um retrovírus,
esses medicamentos, às vezes, são
chamados de anti-retrovirais.
A imagem de um trem tem sido
usada pelos médicos para
explicar a seus pacientes a
importância da terapia antiretroviral e dos exames de
CD4+ e de carga viral (ver Folhas
Informativas C5 e C6). Imagine
que exista um abismo no trajeto
de um trem. Esse abismo é a
AIDS. A distância para o trem
chegar até o abismo é medida
pelo CD4+. A velocidade com
que a locomotiva caminha em
direção ao abismo é a carga
viral. O esperado da terapia
anti-retroviral é que diminua a
velocidade do trem (carga viral)
e aumente a distância até o
abismo (contagem de CD4+).
Importante
O fator adesão não é o único
responsável pelo sucesso da
terapia anti-retroviral e pela
melhoria da qualidade de vida
das pessoas HIV positivas.
Outros aspectos biológicos,
psicológicos e sociais são fundamentais. O desejo de viver,
sonhar, aceitar a soropositividade, reduzir ou eliminar os
medos, a culpa, a vergonha, o
preconceito, a raiva, a depressão, o isolamento e o estresse
ajudam a viver mais e melhor.
O suporte da família, dos
amigos, dos grupos de apoio,
das organizações não-governamentais e dos profissionais de
saúde
capacitados
e
experientes também pode
ajudar você a conviver com a
soropositividade..
3
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
Qual é o ciclo de
reprodução do HIV?
Há vários passos no ciclo de
reprodução do HIV (Veja ilustração
na Folha Informativa C4):
1. O HIV entra e circula no sangue.
2. Depois, o vírus se une a uma
célula.
3. Em seguida, abre o seu conteúdo
genético dentro da célula
(infectando-a).
4. O código genético (ARN) do HIV
muda para ADN pela ação de uma
enzima chamada transcriptase
reversa.
5. O ADN do vírus se insere no ADN
da célula infectada pela ação de
uma enzima chamada integrase.
6. Quando a célula infectada se
multiplica, ativa o ADN do HIV que
produz partículas (matéria-prima)
para formar um novo vírus.
7. As partículas virais se juntam para
formar um novo vírus e saem da
célula infectada.
8. Os vírus imaturos (ainda não
formados completamente) empurram
a membrana da célula para fora. Essa
etapa é o “brotar”.
9. Os vírus imaturos saem da célula
infectada.
10. Os novos vírus maturam: uma
enzima chamada protease junta
todas as partículas e forma um vírus
completo.
Como agem os
medicamentos
anti-retrovirais?
Cada tipo ou classe de medicamento
contra o HIV ataca-o de diversas
formas. A primeira classe de medicamentos contra o HIV a surgir foram
os inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (INTRs).
Esses remédios bloqueiam a etapa 4,
quando o material genético do HIV
é convertido de ARN em ADN. Nove
medicamentos dessa classe já foram
aprovados:
• AZT (ZDV, zidovudina, Retrovir)
• ddI (didanosina, Videx)
• ddC (zalcitabina, Hivid)
• d4T (estavudina, Zerit)
• 3TC (lamivudina, Epivir)
• Abacavir (Ziagen)
• Tenofovir (Viread), que é um
nucleotídeo. Não está
disponibilizado pelo Sistema
Único de Saúde
• Combivir (combina AZT e 3TC
num mesmo comprimido).
Também é conhecido como
duplivir ou zidolam
• Trizivir (combina AZT, 3TC e
abacavir num mesmo
comprimido). Não está
disponibilizado pelo Sistema
Único de Saúde.
Outra classe de medicamentos
bloqueia a mesma etapa, mas de
forma diferente. Esses remédios são
chamados de inibidores da transcriptase reversa não-análogos de
nucleosídeos (INNTRs). Três deles já
foram aprovados:
• Nevirapina (NVP, Viramune)
• Delavirdina (DLV, Rescriptor)
• Efavirenz (EFV, Sustiva).
A terceira classe de medicamentos
contra o HIV são os inibidores da
protease (IPs),que bloqueiam a etapa
7. Já foram aprovados sete IPs:
• Saquinavir (SQV, Invirase e
Fortovase). O Fortovase não
está disponibilizado pelo
Sistema Único de Saúde
• Indinavir (IDV, Crixivan)
• Ritonavir (RTV, Norvir)
• Nelfinavir (NFV, Viracept)
• Amprenavir (APV, Agenerase)
• Lopinavir (LPV, Kaletra)
• Atazanavir (Reyataz). Não está
disponibilizado pelo Sistema
Único de Saúde.
Ainda existe uma outra classe de
medicamentos contra o HIV: os
inibidores da fusão, que bloqueiam
a etapa 1 da replicação do HIV. Já
Folhas Informativas
foi aprovado o enfuvirtide (T-20,
Fuzeon), que não está disponibilizado pelo Sistema Único de
Saúde.
Como usar esses
medicamentos?
Quando o HIV se multiplica, muitas
cópias novas são mutações, ou seja,
ligeiramente diferentes do vírus
original. Algumas mutações podem
continuar se multiplicando ainda
que você esteja tomando medicamentos contra o HIV. Nesse caso, o
remédio deixa de funcionar. Isso se
chama “resistência ao medicamento”
(veja a Folha Informativa C7).
Quando se toma só uma classe de
medicamento anti-retroviral, o vírus
pode desenvolver facilmente a sua
resistência. Por essa razão, não se
utiliza apenas um medicamento ou
uma classe de medicamento.
Tomando-se dois remédios, um vírus
mutante resistente tem que escapar
dos dois ao mesmo tempo. No caso
de tomar três medicamentos, é
muito mais difícil para uma mutação
do HIV resistir aos três ao mesmo
tempo.
Esses medicamentos são
uma cura para a AIDS?
Alguns pesquisadors acreditavam que
a terapia anti-retroviral poderia
matar por completo todos os vírus
em nosso corpo, mas essa teoria não
foi confirmada.
Como se mede a
quantidade de vírus
no sangue?
Através do exame de carga viral. As
pessoas com cargas virais mais baixas
permanecem saudáveis por muito
mais tempo. A carga viral de algumas
Série C
pessoas é tão baixa que não pode
ser medida através dos exames de
laboratório existentes. Essa carga
viral indetectável não significa que
a pessoa esteja livre do vírus ou que
esteja curada.
Para mais informações sobre carga
viral, veja a Folha Informativa C6.
Quando a terapia
anti-retroviral deve
ser iniciada?
Não há uma resposta definitiva para
essa pergunta. A maioria dos médicos
leva em consideração três pontos:
1. A carga viral.
2. A contagem de células T (CD4+).
3. Qualquer sintoma apresentado.
Geralmente, inicia-se a terapia contra
o HIV quando a carga viral é maior
que 30 mil cópias e se a contagem
de células T (CD4+) estiver inferior a
350 células, ou se a pessoa apresentar
qualquer sintoma da doença, proveniente do HIV. As recomendações
oficiais brasileiras, da Coordenação
Nacional de DST e AIDS, do Ministério
da Saúde (veja Anexo 1), preconiza
que, quanto mais próximo for o CD4+
de 200 e a carga viral de 100 mil
cópias, mais fortes tornam-se as
indicações para o início do
tratamento. Essa é uma decisão
importante que tem que ser discutida
entre o paciente, o médico e/ou
outros profissionais de saúde.
Que medicamentos usar?
Lembre-se:
todo medicamento contra o HIV
tem efeitos colaterais. Alguns são
sérios. Para saber mais sobre o
assunto, consulte as Folhas
Informativas desta série que
descrevem cada um dos medicamentos anti-retrovirais.
Uma mesma combinação
de medicamentos é
usada para sempre?
Quem vai dizer isso é o exame de
carga viral, usado para ver se os
medicamentos contra o HIV estão
funcionando. Se a carga viral não
abaixa, ou se abaixa mas volta a
aumentar, pode ser o momento de
se pensar em mudar de combinação.
Importante
Novos medicamentos de todas
as classes mencionadas estão
sendo desenvolvidos. Os
pesquisadores também estão
tentando desenvolver novos
tipos de remédios que
funcionem em outras etapas
do ciclo de vida do HIV, como
os inibidores da fusão (etapa
2 – onde já foi aprovado o
enfuv irtide, ou T-20, ou
Fuzeon) e medicamentos para
fortalecer o sistema imune.
Algumas combinações de medicamentos são mais fáceis de tolerar que
outras e alguns funcionam melhor
porque são mais fácies de serem
inseridos na vida diária. Você deve
decidir com o seu médico quais são os
remédios mais indicados no seu caso.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
3
Folhas Informativas
+
4
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
Ciclo de reprodução do HIV
1
Vírus livre ou circulante
2
União e fusão: o vírus se une à
célula pelos receptores CD4 e CCR5
Receptor CD4
3
Infecção: o vírus entra
na célula e esvazia seu
conteúdo genético
Receptor CCD5
4
Transcrição reversa: as cadeias
simples de ARN viral são convertidas
em cadeias duplas de ADN viral pela
ação da enzima transcriptase reversa
5
Integração: o ADN viral é integrado
ao ADN da célula pela ação da enzima
integrase
6
Transcrição: quanto a célula infectada
se reproduz, faz uma leitura do ADN viral
e são formadas longas cadeias de proteínas
7
Junção: grupos de cadeias
de proteínas virais se juntam
8
Brotamento:
um vírus imaturo
brota da célula
9 O vírus imaturo libera-se
10
Maturação: as cadeias são cortadas pela
enzima protease em proteínas individuais que se
combinam para formar um novo vírus completo
Ilustração: Mauro Neto de Moraes
da célula infectada
Folhas Informativas
Série C
Inibidores de fusão:
T-20 = Fuzeon®
Impede que o HIV
se junte à célula
Inibidores da transcriptase reversa
análogos de nucleosídeos:
Zidovudina = Retrovir = AZT, ZDV
Didanosina = Videx =ddI
Zalcitabina = Hivid = ddC = dideoxicitidina
Estavudina = Zerit = d4T
Lamivudina = Epivir = 3TC
Zidovudina + Lamivudina = Combivir = Biovir
Abacavir = Ziagen
Zidovudina + Lamivudina + Abacavir = Trizivir
Inibidor da transcriptase reversa análogo de
nucleotídeos:
Tenofovir = Viread
Inibidores da transcriptase reversa nãoanálogos de nucleosídeo
Nevirapina = Viramune
Delavirdina = Rescriptor = DLV
Efavirenz = Sustiva
Bloqueiam a ação da
protease, e impedem a
formação cópia do vírus
Inibidores da protease:
Saquinavir = Invirase = SQV
Ritonavir = Norvir =TRV
Indinavir = Crixivan = IDV
Nelfinavir = Viracept = NFV
Saquinavir = Fortovase = SQV
Amprenavir = Agenerase = APV
Lopinavir = Kaletra
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
4
Folhas Informativas
+
5
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
Exame das células T
O que são as células T?
São um tipo de linfócito (glóbulo
branco), constituindo-se em
partes importantes do sistema
imune. Existem dois tipos principais de células T: as T-4 (ou CD4+)
e as T-8 (ou CD8+). As células CD4+
são “ajudantes”, ou seja, as que
dirigem o ataque contra as
infecções. As células CD8+ são “supressoras”, as que finalizam uma
resposta imunológica. As células
CD8+ também podem matar células
cancerosas e células infectadas
por vírus, sendo por isso também
chamadas de “assassinas”.
Os pesquisadores podem diferenciar as diversas classes de células
T através de proteínas específicas
que se encontram na superfície de
cada célula. A T-4 é uma célula com
moléculas CD4 na sua superfície.
Esse tipo de célula T também é
chamado de “CD4 positiva” ou
CD4+.
Por que as células T
são importantes na
infecção pelo HIV?
Quando o HIV infecta humanos,
as células mais afetadas são os
CD4+, que, ao se multiplicarem
para combater infecções,
também criam mais cópias do
HIV.
Quando alguém está muito tempo
infectado pelo HIV, o número de
células CD4+ abaixa. Esse é um
sinal de que o sistema imune está
debilitado. Quanto mais baixo for
o número de células T, maiores
são as possibilidades de a pessoa
ficar doente.
Importante
Importante
Existem milhões de famílias
diferentes de células T. Cada
uma delas é destinada a
combater um determinado tipo
de germe. Quando o HIV
diminui o número de células T,
algumas dessas famílias podem
desaparecer. Com isso, você
pode perder a capacidade de
combater alguns dos germens
que essas famílias combatiam.
Se isso ocorrer, você pode
desenvolver uma doença
oportunista.
As infecções podem ter grande
impacto na contagem das
células T. Quando o corpo
combate infecções, o número
de glóbulos brancos (linfócitos)
aumenta. As contagens de CD4+
e de CD8+ também. As vacinas
podem causar o mesmo efeito.
Não faça um exame de células
T até duas semanas após ter
tido uma infecção ou de ter
sido vacinado.
Como são expressos
os resultados dos
exames de laboratório?
Especifica-se o número de células
por milímetro cúbico de sangue. Não
existe uma unanimidade acerca de
qual é o nível normal de células T. A
contagem normal de CD4+ varia entre
500 e 1.600, e a de CD8+ entre 375 e
1.100. As células CD4+ podem
diminuir drasticamente em pessoas
HIV+ e, em alguns casos, podem
chegar a zero.
Algumas vezes, analisa-se a relação
entre as células CD4+ e as CD8+
dividindo-se o valor das células CD4+
pelo valor das células CD8+. Em
pessoas soronegativas, essa relação
está entre 0.9 e 1.9, o que significa
que existe de uma a duas células
CD4+ para cada célula CD8+. Nas
pessoas soropositivas, essa relação
diminui, o que significa que há mais
células CD8+ do que CD4+.
O valor das células T (CD4+) muda
constantemente. Os resultados dos
exames podem variar de acordo com
a hora do dia, cansaço e estresse.
O melhor é fazer os exames de
células T sempre no mesmo
laboratório e no mesmo horário.
Devido à grande variação nas
contagens de células T, alguns
médicos preferem analisar a
porcentagem de células T. Essa
porcentagem se refere ao total de
linfócitos. Se o exame indica que a
pessoa tem 34% de CD4+, significa
que 34% de seus linfócitos são CD4+.
A porcentagem é mais estável que o
número absoluto de células T. A
porcentagem normal varia entre 20%
e 40%. Uma porcentagem abaixo de
14% indica um dano sério do sistema
imune. É um sinal de AIDS em pessoas
infectadas pelo HIV.
Os números indicam
o quê?
O significado da contagem das
células CD8+ não é claro e ainda
continua em estudo.
A contagem das células CD4+ é uma
medida chave para determinar a
competência do sistema imune.
Quanto mais dano tenha causado o
HIV, mais baixa será a contagem. De
acordo com o Centro para o
Controle de Doenças (CDC), dos
Estados Unidos, considera-se com
AIDS qualquer pessoa que tenha
menos de 200 células CD4+ ou uma
porcentagem menor que 14%.
Folhas Informativas
A contagem de células CD4+ é usada
junto com a contagem da carga viral
para se estimar o potencial dano,
num futuro próximo, ao sistema
imune. Para mais informações sobre
o exame da carga viral, veja a Folha
Informativa C6.
A contagem de células CD4+ é usada
também para determinar quando
devemos começar o tratamento.
Existem muitas variáveis a serem
consideradas para se decidir trocar
de medicação: o aumento da carga
viral, a velocidade de queda ou de
aumento do CD4+ após o início da
terapia anti-retroviral são duas
delas. Certamente o seu médico
levará em conta o seguinte dado:
quanto mais alto o nível de CD4+,
maior a proteção contra as doenças.
No entanto, cada caso é um caso,
sendo impossível generalizar e dizer
qual é o nível de CD4+ que uma
pessoa deve ter para não adoecer.
5
Série C
Os exames indicam
quando o tratamento
anti-retroviral deve ser
iniciado?
Quando a contagem de CD4+ chega
a menos de 350, a maioria dos
médicos recomenda iniciar o
tratamento anti-retroviral (veja Folha
Informativa C3). Alguns iniciam a
terapia quando a porcentagem
chega a 15%, ainda que a contagem
de células CD4+ seja alta. Médicos
mais conservadores esperam que a
contagem de células CD4+ chegue a
200 para iniciar o tratamento.
Quando iniciar a
medicação para prevenir
doenças oportunistas?
Importante
Por serem as células CD4+
indicadores importantes da
competência do sistema
imune, as recomendações
brasileiras oficiais, da
Coordenação Nacional de DST
e AIDS, do Ministério da Saúde
(veja Anexo1), sugerem fazer
exames dessas células a cada
3 a 6 meses. A periodicidade
para se fazer os exames de
CD4+ varia conforme o estado
clínico da pessoa e conforme
os níveis de CD4+ e de carga
viral. Para mais informações
sobre as orientações de
tratamento, veja a Folha
Informativa C3.
A maioria dos médicos prescreve
medicamentos para prevenir doenças oportunistas quando os níveis de
CD4+ são iguais ou menores que 200.
Veja que doenças oportunistas
podem ocorrer nesses casos:
• Menor que 200: pneumonia por
pneumocistis carinii
• Menor que 100: toxoplasmose e
criptococose
• Menor que 75: complexo de
micobacterium avium.
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Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
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6
Exame de carga viral
Folhas Informativas
O que é o exame
de carga viral?
Esse exame mede a quantidade de
HIV no sangue. Existem diferentes
técnicas:
• O PCR (em inglês, polymerase
chain reaction) utiliza uma enzima
para multiplicar o HIV de uma
amostra de sangue. Depois,
através de uma reação química,
se marca o vírus. Os marcadores
são medidos e se calcula a
quantidade de vírus.
• O bDNA, (em inglês, branched
DNA ) , u t i l i z a d o p e l o g o v e r n o
brasileiro, combina a amostra com
um material que emite luz. Esse
material se conecta com as
partículas do HIV. Depois, se mede
a quantidade de luz e se calcula
a quantidade de vírus.
Lembre-se:
com freqüência, os resultados do exame PCR são diferentes dos resultados do
exame bDNA para uma
mesma amostra de sangue.
Por esse motivo, você deve
sempre fazer o mesmo tipo
de exame, PCR ou bDNA,
para monitorar a sua carga
viral.
Geralmente, a carga viral
quantifica-se em número de cópias
por mililitro de sangue. O exame
chega a contar até 1 milhão e 500
mil cópias - e a ciência continua
aprimorando os processos para
que esse exame fique ainda mais
sensível. O valor mínimo que o
primeiro teste de DNA chegava a
medir era de 10 mil cópias. O
exame de segunda geração
chegava a detectar até 500
+
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
cópias. Na atualidade, existem
exames ultra-sensíveis que podem
detectar até menos de cinco cópias.
No Brasil, os exames chegam a medir
até 400 cópias.
O melhor resultado do exame da
carga viral que se pode obter é o
“indetectável”. Isso não significa que
não exista vírus no sangue, mas que
não há vírus suficiente para que o
exame possa fazer a contagem. Com
o exame da primeira geração, o
“indetectável” podia significar 9.999
cópias ou menos. O valor
“indetectável” depende da sensibilidade do exame que se utiliza. No
Brasil, indetectável significa 399
cópias ou menos.
Quando o exame de
carga viral é utilizado?
O exame é utilizado em diferentes
situações:
• Para diagnosticar o HIV, já que
pode detectar vírus em qualquer
momento após a infecção. O exame
de carga viral é mais sensível que o
exame habitual de anticorpos antiHIV (Elisa) que pode ser “negativo”
mesmo depois da infecção e antes
do desenvolvimento de anticorpos.
O exame de carga viral para
diagnóstico do HIV não é prática
comum aqui no Brasil.
• Estudos apontam que o exame
demonstrou que o HIV nunca está
“latente” e que se multiplica
constantemente. Muitas pessoas,
sem sintomas de AIDS e com
contagem de células CD4+ altas,
também podem ter carga viral alta.
Se o vírus estivesse “latente”, o
exame não acharia nenhum HIV no
sangue.
• O exame também é utilizado para
prognóstico, já que a carga viral
pode orientar sobre como está
evoluindo a infecção pelo HIV e
sobre o tempo que uma pessoa
poderá ficar bem. Quanto mais alta
for a carga viral, mais rápida será a
progressão à AIDS.
• Finalmente, o exame é usado para
orientar o tratamento e para verificar
se os medicamentos anti-retrovirais
estão controlando o vírus.
Atualmente, recomenda-se medir a
carga viral antes de iniciar o
tratamento. É dito que o medicamento está “funcionando” se a carga viral diminui ao menos em torno
de 90% dentro das primeiras oito
semanas de tratamento. Depois,
deveria continuar diminuindo. A
carga viral deve ser medida de 2 a 8
semanas após o início ou a mudança
do tratamento e, depois, a cada 3
ou 4 meses.
Como são medidas as
mudanças na carga viral?
A repetição do exame numa mesma
amostra de sangue pode variar até
três vezes para mais ou menos. Isso
significa uma mudança que implica
uma diminuição para menos de 1/3
ou um aumento maior que três vezes
em relação ao exame anterior. Por
exemplo: uma mudança de 200 mil
para 600 mil cópias (0.3 log) está
dentro da variabilidade normal do
exame. Uma diminuição de 50 mil
para 10 mil (0.5 log) é significativa. O
mais importante é chegar a níveis
indetectáveis.
Às vezes, as mudanças na carga viral
são expressas em logaritmos ou log.
Isso é uma terminologia científica que
usa o exponencial 10. Por exemplo:
uma queda de 2 log quer dizer uma
diminuição de 102 ou de 100 vezes.
Uma diminuição de 60 mil para 600
significa uma queda de 2 log.
Folhas Informativas
O que os resultados
significam?
Não existem valores “mágicos” de
carga viral. Não se pode dizer com
exatidão por quanto tempo uma
pessoa se manterá saudável com um
determinado valor de carga viral. Não
se sabe também, por exemplo, se
uma carga viral de 150 mil é duas vezes
pior que uma de 75 mil cópias. A
única coisa que se sabe é que quanto
mais baixa for a carga viral, melhor,
e que isso geralmente pode
representar uma vida mais longa e
sã, com melhor qualidade.
As
recomendações
oficiais
brasileiras, da Coordenação
Nacional de DST e AIDS, do Ministério
da Saúde (veja Anexo 1), dizem que
o tratamento deve ser iniciado para
todos os sintomáticos e para as
pessoas assintomáticas que possuem
CD4+ próximo de 200 e carga viral
direcionando-se para 100 mil cópias.
6
Série C
Importante
Alguns acreditam que se a
carga viral é indetectável,
não se pode passar o HIV para
outra pessoa. ISSO NÃO É
VERDADE. Não existe um
valor de carga viral “sem
risco”. Você pode passar o
vírus a outra pessoa ainda
que sua carga viral seja
indetectável. Não há relação
entre a carga viral no sangue
e a carga viral no esperma ou
nas secreções vaginais, o que
significa que a pessoa pode
ter uma quantidade de HIV
indetectável no sangue, mas
não nos fluidos sexuais,
podendo infectar o parceiro
ou parceira.
Que tipos de problemas
o exame da carga viral
apresenta?
• Apenas 2% do HIV que está no
corpo ficam no sangue. O exame da
carga viral não mede a quantidade
de HIV em outros tecidos do corpo,
como nos gânglios, no baço e no
cérebro. Quando os níveis de HIV
diminuem no sangue, ocorre a sua
queda também no tecido linfático e
no sêmem, mas não ao mesmo tempo
nem na mesma porcentagem.
• Os resultados podem ser alterados
se o corpo está combatendo uma
infecção ou se você foi vacinado
recentemente (como quando se
toma a vacina da gripe). Espere
quatro semanas após ter tido uma
infecção ou ter sido vacinado para
fazer o exame de carga viral.
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Folhas Informativas
+
O exame de resistência do HIV
O que é resistência?
O HIV é resistente a um medicamento quando continua se
multiplicando, mesmo você tomando
anti-retrovirais. As mudanças ou
mutações no vírus causam a
resistência. O HIV muda quase todas
as vezes que produz novas cópias
dele mesmo. Nem todas as mutações
produzem resistência. O vírus tipo
selvagem é a forma mais comum de
HIV. Qualquer outra forma diferente
do tipo selvagem é considerada uma
mutação.
Os anti-retrovirais controlam a
maioria dos distintos tipos de vírus.
Porém, não controlam os vírus
resistentes. Enquanto você toma os
medicamentos, o vírus resistente é
o que se multiplicará com mais
rapidez. Isso se conhece como
“pressão seletiva”. Se você deixar
de tomar os remédios, não haverá
pressão seletiva. No entanto, o vírus
selvagem é que vai se multiplicar com
mais rapidez. Ainda que o exame para
a resistência possa ser negativo, a
resistência pode aparecer, uma vez
reiniciada a medicação.
Lembre-se:
os exames de resistência
ajudam os médicos a tomarem
as melhores decisões sobre o
seu tratamento.
Como se desenvolve
a resistência?
O HIV torna-se resistente quando
alguém toma medicamentos que não
conseguem controlar o vírus. Muitas
pessoas se infectam com HIV que já
é resistente a um ou mais remédios.
Quanto mais o HIV se multiplicar, mais
mutações aparecem. Essas mutações
acontecem acidentalmente. O vírus
“não sabe” que mutações resistirão
aos medicamentos.
Apenas uma mutação é suficiente
para que o HIV desenvolva resistên-
7
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
cia a alguns remédios. Exemplos
disso são o 3TC (Epivir) e alguns
inibidores da transcriptase reversa
não-análogos de nucleosídeos
(INNTRs). Mas o HIV deve passar por
uma série de mutações antes de
desenvolver resistência a outros
medicamentos, incluindo os inibidores da protease.
amostra cresce mais do que o
normal, significa que é resistente ao
remédio.
Importante
Os exames fenotípicos são
caros. Antes, demoravam até
um mês para ficarem prontos,
mas, hoje, o resultado fica
pronto mais rapidamente.
Importante
A melhor forma de prevenir
o desenvolvimento de resistência é controlar o HIV com
uma boa adesão aos medicamentos. Se você deixa de
tomar doses de seus remédios, o HIV se multiplica com
mais facilidade, ocorrendo
mais mutações, sendo que
algumas delas podem causar
resistência.
Quais são os tipos de
resistência?
Existem três tipos de resistência:
• Resistência clínica: o HIV
multiplica-se com rapidez no corpo,
apesar de a pessoa tomar corretamente os anti-retrovirais.
• Resistência fenotípica: o HIV
multiplica-se em tubos de ensaio no
laboratório quando se administram
anti-retrovirais.
• Resistência genotípica: o código
genético do HIV tem mutações que
estão relacionadas com a resistência
aos medicamentos.
Como se detecta a
resistência fenotípica?
Multiplica-se uma amostra de HIV em
laboratório. Em seguida, adiciona-se
um medicamento anti-retroviral.
Compara-se o grau de crescimento
do vírus com o grau de crescimento
do HIV de tipo selvagem. Se a
Como se detecta a
resistência genotípica?
O código genético da amostra do
vírus é comparado com o código
genético do vírus selvagem (código
genético é uma longa cadeia de
moléculas chamadas nucleotídeos).
Cada grupo de três nucleotídeos,
chamado de códon, define um aminoácido em particular que é utilizado para construir um novo vírus.
As mutações são descritas usando
uma combinação de números e
letras, por exemplo, K103N. A
primeira letra (K) é o código para o
aminoácido no vírus tipo selvagem.
O número (103) identifica o códon
mutante. A segunda letra (N) é o
código para o aminoácido que
“mudou” na amostra mutante.
Lembre-se:
os exames genotípicos são
mais baratos. Os resultados
ficam prontos em aproximadamente duas semanas.
As recomendações oficiais brasileiras, da Coordenação Nacional de
DST e AIDS, do Ministério da
Saúde(veja Anexo1) , falam o seguinte
a respeito do exame de genotipagem: “Testes laboratoriais para a
identificação genotípica da resistência do HIV aos anti-retrovirais continuam sendo avaliados em diversos
ensaios clínicos, na tentativa de facilitar a indicação do melhor esquema
Folhas Informativas
para início do tratamento ou para
resgate. Entretanto, apesar da
maioria desses estudos mostrar
benefícios na redução da carga viral
com o uso do teste de genotipagem
na seleção de esquemas antiretrovirais de resgate (particularmente quando associado à avaliação
dos dados clínicos e da história de
terapia anti-retroviral por um
especialista), e alguns desses testes
estarem aprovados para uso clínico,
os dados disponíveis até o momento
não permitem a definição de seu real
papel na seleção dos esquemas
terapêuticos anti-retrovirais.”
A Coordenação Nacional implantou
uma rede para executar e interpretar testes de genotipagem,
conhecida como Rede Nacional de
Genotipagem (Renageno), com o
objetivo de detectar a ocorrência
de resistência genotípica do HIV-1
aos anti-retrovirais.
Importante
O exame de genotipagem
indica quais medicamentos não
devem ser usados. Lembre-se
de que o teste de genotipagem
deve sempre ser conjugado
com o histórico clínico do
paciente, principalmente a
história de uso de anti-retrovirais. Além disso, a utilidade do
teste nas decisões terapêuticas é maior no paciente que
tem poucas falhas virológicas
ao tratamento.
7
Série C
Como se detecta
a resistência
fenotípica virtual?
Através de um exame que combina
elementos do exame de fenótipo e
genótipo. Primeiro, é feita uma
análise do genótipo da amostra.
Depois, recorre-se à base de dados,
na qual se tomam resultados do
fenótipo de outras amostras com
genótipos similares. Essas amostras
comparadas estabelecem de que
forma o vírus vai se comportar. O
fenótipo virtual é mais rápido e mais
barato que um exame de fenótipo.
O que é resistência
cruzada?
Algumas vezes, uma mutação de HIV
é resistente a mais de um medicamento, o que é chamado de resistência cruzada. Por exemplo: a
maioria do HIV resistente ao indinavir
(Crixivan) também é resistente ao
ritonavir (Norvir). Isso significa que
o indinavir e o ritonavir possuem
resistência cruzada.
É importante estar atento à
resistência cruzada quando você
muda de medicamentos. O médico
deve indicar remédios que não
possuam resistência cruzada com os
que você estava tomando.
Importante
Ainda existem muitas coisas a
serem esclarecidas sobre a
resistência cruzada. Muitos
medicamentos têm, pelo menos
parcialmente, resistência
cruzada entre si. À medida que
o HIV desenvolve mais mutações, é mais difícil de ser
controlado. Por isso, é fundamental tomar todas as doses dos
anti-retrovirais segundo as
instruções. Isso diminui o risco
de se desenvolver resistência e
resistência cruzada, e possibilita a você ter opções para
mudar de remédios no futuro.
Que tipos de problema os
os exames de resistência
apresentam?
Os exames não são bons para
detectar mutações “minoritárias”
(que formam menos de 20% da
população viral). Os exames
funcionam melhor quando a carga
viral é alta. Se a carga viral é baixa,
é possível que esses exames não
funcionem.
Os resultados podem ser difíceis de
serem entendidos. Algumas vezes,
não explicam o que está ocorrendo
com você. Os medicamentos que
deveriam funcionar, de acordo com
os resultados, na prática não
funcionam e vice-versa. O médico
pode dar mais esclarecimentos.
Lembre-se:
os exames de resistência não
estão disponíveis em todas as
partes do mundo e são caros.
Porém, estão se tornando mais
comuns, rápidos e baratos.
Apesar das dificuldades, muitos
pesquisadores acreditam que os
exames de resistência chegarão a
ser uma prática padrão ou comum
do tratamento anti-HIV nos próximos
anos. Para eles, a maioria dos médicos usará os exames de resistência
antes de escolher a primeira combinação de medicamentos para avaliar se a pessoa já se infectou com
um vírus resistente.
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EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
Como tomar os
medicamentos corretamente
Como funcionam
os medicamentos
para a AIDS?
O HIV pode fazer milhões de cópias
dele mesmo todos os dias. Os medicamentos anti-retrovirais não podem
matar o vírus, mas podem praticamente deter a sua multiplicação.
Um exame de carga viral mede a
quantidade de vírus no sangue. Se
você toma anti-retrovirais, a
quantidade de vírus no seu sangue
deve diminuir. Se sua carga viral é
muito baixa, é provável que você não
desenvolva nenhuma doença
oportunista relacionada à AIDS. Para
mais informações sobre carga viral,
veja a Folha Informativa C6.
O que é resistência?
O HIV comete erros quando faz cópia
dele mesmo. Muitas das cópias novas
são ligeiramente diferentes do vírus
original (mutações). Muitas das
mutações podem se multiplicar
facilmente, ainda que você esteja
tomando medicamentos para deter
o HIV. Isso se chama “desenvolver
resistência” aos remédios. Se o vírus
desenvolve resistência, ele vai se
multiplicar com mais rapidez e,
possivelmente, a doença pelo HIV
surgirá ou piorará.
Se você toma apenas um medicamento, a resistência se desenvolve
mais rapidamente. Se toma três, o HIV
multiplica-se mais lentamente e é
muito mais difícil ocorrer o desenvolvimento de resistência.
O que é resistência
cruzada?
Às vezes, se o HIV desenvolve
resistência a um medicamento que
8
InfoRed SIDA Nuevo México Série C
você está tomando, também poderá
se tornar resistente a outros
remédios que você ainda não
tomou. Isso é o que se chama
“resistência cruzada”. Muitos dos
medicamentos anti-HIV possuem
resistência cruzada entre si, pelo
menos, parcialmente.
Importante
Se você possui um tipo de
vírus que desenvolve resistência a um medicamento antiHIV, é possível que não possa
usar outros remédios da
mesma classe. Para evitar ficar
sem opções no futuro, o ideal
é tomar todos os medicamentos corretamente, de
acordo com as recomendações
médicas.
Como manter o vírus
controlado?
Quando você toma medicamentos,
eles entram no sangue e são
distribuídos pelo corpo. Depois, são
eliminados através do fígado e dos
rins, diminuindo a sua quantidade no
sangue.
Alguns remédios são absorvidos
melhor pelo sangue se a pessoa
estiver em jejum. Outros são
absorvidos melhor pelo sangue se
for feita uma refeição; outros, ainda,
não necessitam dessas recomendações e podem ser tomados com
ou sem alimentos.
A melhor forma de manter o HIV
controlado é tomar os medicamentos
adequadamente, na hora certa, na
quantidade prescrita e seguir as
recomendações alimentares.
Lembre-se:
a bula de cada medicamento
indica quantas pílulas devem
ser tomadas, quando e como,
visando chegar a quantidade
suficiente de remédio no
sangue. Se você se esquece
de uma dose, não toma a dose
completa ou não segue as
recomendações (alimentares,
por exemplo), os níveis de
medicamento no seu sangue
diminuirão. Se não existir
remédio suficiente no sangue,
o HIV pode continuar se
multiplicando. Quanto mais
ele se multiplicar, maiores são
as possibilidades de desenvolvimento de resistência.
O que fazer, na prática,
para simplificar a adesão
aos medicamentos?
Pode ser difícil tomar os medicamentos corretamente. Procure
simplificar ao máximo esse processo.
Dicas:
• Fale com o médico sobre a sua
rotina, de forma que ambos possam
eleger os medicamentos que sejam
mais fáceis de tomar.
• Informe-se com o seu médico
sobre:
— O tipo de remédio que vai
tomar
— Quantas pílulas e quantas
vezes ao dia
— Se têm que ser tomados com
alimentos ou em jejum
— Como fazer para conservá-los
— Quais são os efeitos
colaterais e o que fazer caso
apareçam.
Folhas Informativas
• Planeje com antecedência a busca
mensal dos medicamentos na rede
pública de saúde, para que você não
fique sem eles.
• Uma dica é usar uma caixinha para
transportar os remédios. E não
esquecer de contá-los com precisão:
tomar a quantidade certa na hora
certa é fundamental.
• Um relógio ou despertador é
indispensável para lembrar a hora de
tomar os medicamentos.
• Outra dica que pode ajudar você
a lembrar a hora de tomar os
remédios é selecionar uma atividade
diária:
— Durante o café da manhã
— Ao acordar
— Ao assistir os programa favorito
de televisão
— Quando voltar do trabalho.
8
Série C
• Quem também pode ajudar a
lembrar dos horários são os familiares de quem decide comunicar
sobre a sua soropositividade. Para
isso, é fundamental que eles saibam
como é importante tomar os
remédios da forma correta.
Importante
As dicas acima só são válidas
se os horários em que ocorrem os eventos (café da
manhã, horário de acordar
etc.) forem constantes. Também é possível que surjam
efeitos colaterais ou que você
encontre dificuldade para
tomar os remédios da forma
indicada. De qualquer forma,
é fundamental não deixar de
tomá-los nem diminuir a dose
até falar com o seu médico. É
ele quem dirá se há possibilidade de indicar outros
medicamentos que possam
ser mais fáceis de tomar.
Resumindo
Para que os medicamentos funcionem, siga as recomendações médicas. Se isso não for
feito, o HIV pode desenvolver
resistência a eles. Se o vírus
cria resistência a um remédio,
talvez também desenvolva
resistência a outros medicamentos anti-HIV. É essencial
que você se informe sobre os
medicamentos receitados,
assim como a quantidade que
deve tomar, quando e se devem
ser ingeridos com ou sem
alimentos. Também deve trabalhar em colaboração com a
equipe de saúde que o assiste
para facilitar a adesão aos
remédios.
Dicas para manter o horário de
medicamentos: use uma caixinha para transportá-los, tenha
sempre por perto um relógio
ou despertador ou não tenha
constrangimento em contar
com o apoio de familiares,
amigos ou grupos de ajuda,
caso deseje revelar a sua
soropositividade.
Para fazer qualquer mudança
em relação aos medicamentos,
consulte o seu médico.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
Interrupções do tratamento
O que são as
interrupções do
tratamento?
Muitas pessoas HIV+ deixam de tomar
seus medicamentos anti-retrovirais
por diferentes razões. Na maioria dos
casos, a carga viral aumenta rapidamente e a contagem das células T
abaixa.
Porém, em finais de 1997, um
paciente de Berlim deixou de tomar
os medicamentos e a sua carga viral
aumentou por um curto período de
tempo, depois voltou a descer e se
manteve indetectável. Esse paciente
havia começado a tomar remédios
pouco tempo após ter se infectado
com o vírus. Nesse caso, talvez o HIV
não tenha danificado o seu sistema
imunológico, ou talvez o aumento da
sua carga viral tenha sido como uma
vacina que estimulou seu sistema
imune a controlar o vírus.
Os pesquisadores tentaram imediatamente repetir o êxito do paciente
de Berlim em outros indivíduos HIV+,
suspendendo o tratamento de alguns
deles por um período determinado
ou até que a carga viral atingisse um
determinado valor. Esse tipo de
interrupção de tratamento é
conhecido como interrupção
“estruturada” ou “estratégica” de
tratamento (STI, sua sigla em inglês,
ou IET, em português).
Em quais pacientes
são realizados os
estudos e por quê?
Os estudos de interrupção estruturada de tratamento se dividem de
acordo com três tipos de pacientes:
• Pacientes com o HIV controlado
e que começaram o tratamento nos primeiros seis
meses depois de terem se
infectado. Pacientes com
“infecção primária”, como
o de Berlim, que apresentam possibilidades de controlar o HIV sem medicamento.
• Pacientes com o HIV controlado
e que começaram tratamento há mais de seis meses
após terem se infectado.
Pacientes com “infecção
crônica” que reúnem condições de “tirar umas férias”
do tratamento ou querem
diminuir os efeitos colaterais.
• Pacientes que não conseguem
controlar o HIV com os antiretrovirais. Pacientes que,
por terem algum tipo de
resistência aos medicamentos, talvez desejem
“tirar umas férias” dos
efeitos colaterais, esperar
novas opções de tratamento ou experimentar e
ver se o vírus se transforma
em “tipo selvagem”, que é
mais sensível aos remédios.
Para mais informações sobre
resistência, veja a Folha
Informativa C7.
Importante
Os médicos e pacientes
devem planejar as interrupções de tratamento. A
carga viral e a contagem de
células T devem ser monitoradas atenciosamente. Saltar
doses acarreta mais riscos do
que parar com todos os
medicamentos de uma vez só
e não contribui para determinar como eles funcionam.
NUNCA PARE DE TOMAR SEUS
ANTI-RETROVIRAIS SEM CONSULTAR O SEU MÉDICO OU A
EQUIPE DE SAÚDE QUE O
ASSISTE.
Quais são os riscos?
O risco mais óbvio de uma interrupção estruturada do tratamento é
que a carga viral aumente e que a
contagem de células T baixe. Esse
risco é maior em pessoas que não têm
9
Série C
o vírus controlado. Se você tiver só
50 células T, perder 10 pode significar
sérias conseqüências.
Deixar de tomar e reiniciar a tomada
de medicamentos pode facilitar o
desenvolvimento de resistência aos
remédios. Surpreendentemente, existe pouca evidência de desenvolvimento de resistência em pessoas que
participaram de estudos de interrupções estruturadas de tratamento.
Talvez o maior risco seja em pessoas
que tomam medicamentos que
permanecem no corpo por mais
tempo, como, por exemplo, o
efavirenz (Sustiva).
Lembre-se:
é possível que a pessoa que
interrompa o tratamento
tenha dificuldades para
reiniciá-lo.
Quais são os possíveis
benefícios?
De forma ideal, uma interrupção
estruturada do tratamento causaria
vários benefícios:
• Estimularia o sistema imunológico: na melhor das opções,
seria o controle do HIV sem
tomar medicamentos.
• Possibilitaria aos pacientes
tomar menos medicamentos.
Isso reduziria os efeitos
colaterais e diminuiria o
custo do tratamento para
indivíduos e programas de
assistência pública.
Folhas Informativas
O que dizem as pesquisas?
Infecção primária: durante a
interrupção estruturada do tratamento, a carga viral aumenta e a contagem de células T baixa, exceto em
raros casos. Os pesquisadores não
podem predizer quem será capaz de
controlar o HIV sem medicamentos.
Infecção crônica: aqui também
aumenta a carga viral e baixa a contagem de células T. São poucos os
pacientes desse grupo que controlam o HIV sem anti-retrovirais. Os
pesquisadores acrescentam tratamentos que estimulam o sistema
imunológico quando se interrompe
o tratamento com os anti-retrovirais.
Segundo as recomendações oficiais
brasileiras, da Coordenação Nacional de DST e AIDS, do Ministério da
Saúde (veja Anexo 1), a interrupção
estruturada de tratamento em pacientes com bom controle clínicolaboratorial como prática médica e
estratégia terapêutica ainda se
encontra em investigação clínica,
com resultados conflitantes, não
havendo tal indicação para essa
prática no Brasil. Ainda segundo o
consenso, a interrupção estruturada
em pacientes com falha terapêutica
e sem opções de tratamento, com a
expectativa de reversão do HIV
resistente em vírus selvagem mais
sensível (drug holiday – “férias” dos
medicamentos), também não é
recomendada como prática médica,
pois tais pacientes com níveis de CD4+
9
Série C
já baixos podem ter o número de
células de defesa reduzido drasticamente com a interrupção estruturada.
Diante da necessidade de interrupção temporária do uso de um ou
mais medicamentos do esquema antiretroviral, segundo as recomendações oficiais brasileiras, deve-se
sempre suspender todos os antiretrovirais ao mesmo tempo e
reiniciá-los em conjunto, posteriormente, para se evitar o desenvolvimento de resistência. No caso de
toxicidade dos anti-retrovirais ou de
introdução de novos remédios com
interações com os anti-retrovirais
(rifampicina para pacientes em uso
de indinavir-Crixivan ou nelfinavirViracept), o esquema anti-retroviral
deve ser modificado e não
interrompido.
Ainda segundo as recomendações,
pacientes que atingem bom controle
clínico e laboratorial após início do
tratamento, particularmente aqueles
cujo esquema inicial envolve inibidores da protease e/ou um grande
número de comprimidos/cápsulas ao
dia, podem ter seu esquema antiretroviral modificado para associações menos complexas e/ou com
perfil de toxicidade de longo prazo
mais favorável, sem perda da efetividade virológica ou imunológica,
para favorecer a adesão aos antiretrovirais, ou seja, ao tratamento
de AIDS em geral.
Resumindo
Os pacientes HIV+ podem
suspender o tratamento por
várias razões. Em casos raros,
as interrupções de tratamento
têm permitido que o sistema
imunológico controle o HIV sem
medicamentos. Porém, não há
como afirmar quando e em
quem vai ocorrer tal controle.
Se aprendermos melhor como
funcionam as interrupções de
tratamento, talvez os pacientes
possam deixar de tomar medicamentos por um período de
tempo. Isso significaria ter
menos efeitos colaterais e também reduziria o custo do
tratamento. Porém, deveríamos
aprender de que forma minimizar o desenvolvimento da resistência, a transmissão do HIV e
escolher o melhor momento
para interromper o tratamento,
para evitar o aumento da carga
viral e a queda das células T.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
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InfoRed SIDA Nuevo México
Controle do nível
dos medicamentos
O que é o controle do
nível dos medicamentos?
O controle do nível dos medicamentos (sigla em inglês, TDM) é feito
com um exame que analisa o nível
no sangue dos remédios que o
paciente toma. Se o nível é
demasiadamente alto, pode causar
efeitos colaterais sérios; se for
demasiado baixo, pode permitir que
o HIV se multiplique e que haja o
desenvolvimento de resistência ao
medicamento.
Esse controle do nível dos medicamentos geralmente não é usado, pois
não há um consenso dos pesquisadores quanto a seus benefícios.
Como o exame de TDM
pode ajudar?
Pessoas que tomam a mesma dose de
um medicamento podem ter
diferentes níveis do mesmo no
sangue. Vários fatores podem afetar
esses níveis:
• Alimentos: a absorção dos
remédios pode depender da
quantidade e do tipo de
alimento no estômago.
• Metabolismo: quão rápido ou
não são processados os
medicamentos no seu
corpo. Isso depende, em
parte, de fatores genéticos.
• Interações entre os remédios:
alguns afetam o metabolismo
de outros e podem aumentar ou baixar seus níveis.
• Cigarro e bebidas alcoólicas.
• Suplementos de vitaminas ou
de ervas: por exemplo, as
cápsulas de alho podem
baixar os níveis sangüíneos
do saquinavir (Fortovase,
Invirase).
• Hepatite ou outra doença do
fígado ou dos rins.
• Gravidez.
• Idade: as crianças e adolescentes não processam os
medicamentos como os
adultos.
Esclarecendo melhor: se a carga viral
não baixa o suficiente, por exemplo,
pode ser devido a níveis baixos de
medicamentos no sangue. O médico
pode, então, com o TDM, aumentar
a dosagem dos remédios para
controlar o HIV. Outro exemplo: se
um paciente tem efeitos colaterais
sérios pode ser porque os níveis dos
medicamentos estão demasiadamente altos em seu sangue. Nesse
caso, uma dose menor poderia
manter o HIV controlado e melhorar
os efeitos colaterais.
O TDM serve para
todos os medicamentos
contra o HIV?
O TDM pode funcionar bem para os
inibidores da protease e para os
inibidores da transcriptase reversa
não-análogos de nucleosídeos.
Algumas pesquisas têm demonstrado
que o nível sangüíneo desses medicamentos está relacionado com a
eficácia para controlar o HIV e com
os efeitos colaterais.
O mesmo não ocorre com os
inibidores da transcriptase reversa
análogos de nucleosídeos. Esses medicamentos devem ser processados
dentro da célula antes de serem
ativados contra o HIV. Por isso, seu
nível sangüíneo é menos importante
do que a quantidade do mesmo
dentro das células, e essa quantidade
é muito difícil de ser medida. Não
sabemos ainda se o nível sangüíneo
dos análogos de nucleosídeos afeta
seu próprio funcionamento ou se tal
nível sangüíneo desses anti-retrovirais
tem relação com os efeitos colaterais
10
Série C
que eles mesmos provocam. O TDM
não é usado ainda com esses
medicamentos.
Quais são as dificuldades
com o TDM?
· O TDM não está indicado para ser
usado em relação aos inibidores da
transcriptase reversa análogos de
nucleosídeos.
Como já dito, o nível sangüíneo dos
análogos de nucleosídeos não é tão
importante como o seu nível dentro
das células infectadas. A tecnologia
para medir esses níveis ainda não é
muito boa.
· Não há um nível sangüíneo
“ótimo” para cada medicamento.
A quantidade “ótima” de um remédio
depende do nível de resistência do
vírus a ele. Quanto mais resistente
for o vírus, mais alto será o nível
necessário de medicamento para
controlá-lo.
· É difícil medir com precisão o
nível dos medicamentos.
Com as tecnologias atuais, exames
repetidos podem dar resultados
muito diferentes.
· A adesão é muito importante.
Perder doses de um medicamento
pode ter mais conseqüências do que
qualquer outro fator no êxito ou
fracasso do tratamento anti-retroviral. Também pode alterar os
resultados do TDM.
· O TDM nem sempre ajuda.
Muitos médicos usam uma dose de
ritonavir (Norvir) para aumentar os
níveis sangüíneos de outros medicamentos. Ainda com uma dose maior,
às vezes não se consegue aumentar
os níveis dos medicamentos no
sangue.
Folhas Informativas
· Baixar os níveis sangüíneos não
diminui todos os efeitos colaterais.
Alguns efeitos colaterais não estão
vinculados à quantidade de remédios no corpo. As doses mais altas
de inibidores da protease provavelmente causam mais problemas
digestivos. O indinavir (Crixivan) pode
afetar os rins, provocando cálculos
renais. Porém, a reação de hipersensibilidade ao abacavir (Ziagen) não
está relacionada com a dose. Nesses
casos, o TDM não ajuda na orientação de como reduzir esse efeito
colateral.
O TDM poderia ajudá-lo?
10
Série C
• Crianças e adolescentes
• Pacientes com efeitos colaterais
severos
• Avaliar as interações entre os
medicamentos contra o HIV
• Avaliar as interações com outros
remédios como os anticoncepcionais, a metadona — usada no tratamento de dependência química para
a prevenção de sintomas de
abstinência - ou remédios para a
tuberculose
• Quando os tratamentos não
controlam o HIV, ainda que os
pacientes tomem todas as doses.
Ainda há dúvidas
sobre o TDM?
As pesquisas em relação a diversas
questões relacionadas ao TDM
continuam:
· Como se relaciona o nível de cada
medicamento com o controle do vírus?
Que nível de sensibilidade tem o TDM?
· Qual é a relação entre o nível sangüíneo do remédio e a quantidade ou
severidade de seus efeitos colaterais?
· Como podemos medir com mais precisão o nível dos inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos?
O TDM poderia proporcionar informação útil para:
• Pacientes grávidas
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Folhas Informativas
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InfoRed SIDA Nuevo México
Interações entre medicamentos
O que são as interações
entre medicamentos?
A quantidade de um medicamento
deve ser suficientemente alta para
combater a doença e significativamente baixa no sentido de evitar
muitos efeitos colaterais. Alguns
remédios disponíveis sem receita,
drogas recreativas ilícitas, ervas ou
mesmo alimentos podem causar
grandes mudanças na quantidade de
um remédio anti-HIV no sangue. Uma
superdosagem pode provocar sérios
efeitos colaterais. Uma dose
demasiadamente baixa pode fazer com
que o medicamento não funcione.
Como o corpo processa
os medicamentos?
Muitos remédios são eliminados
pelos rins, deixando o corpo através
da urina. Outros são processados no
fígado. As substâncias químicas no
fígado (enzimas) modificam as
moléculas dos medicamentos.
Ao ser ingerido, o medicamento vai
do estômago aos intestinos. Depois,
passa ao fígado, antes de circular
pelo resto do corpo. Se for facilmente
processado pelo fígado, muito pouca
quantidade chega à corrente sangüínea.
Como os medicamentos
interagem entre si?
Por que os alimentos
são importantes nesse
processo?
Os remédios que você toma passam
pelo estômago. A maioria deles é
absorvida melhor com o estômago
vazio. Isso é bom no caso de alguns
medicamentos, mas também pode
causar mais efeitos colaterais. Alguns
remédios devem ser tomados com
alimentos para que sejam processados mais lentamente ou para
reduzir seus efeitos colaterais.
Outros devem ser tomados com
alimentos ricos em gordura, já que
se dissolvem na mesma e, dessa
forma, são melhor absorvidos.
Os ácidos estomacais processam
alguns medicamentos, incluindo o
ddI (Videx). Os comprimidos de ddI
contêm um antiácido que protege
o medicamento dos ácidos estomacais. O antiácido interfere na
absorção do indinavir (Crixivan).
Portanto, esses dois remédios não
podem ser misturados nem podem
ser tomados ao mesmo tempo. As
novas formulações desses medicamentos são mais fáceis de tomar. Por
exemplo: o ddI em cápsula não
necessita de jejum.
Quais são os
medicamentos
que causam a maioria
das interações?
Alguns remédios fazem com que os
rins funcionem mais lentamente. Isso
aumenta os níveis no sangue de
substâncias que normalmente são
eliminadas pelos rins.
Os inibidores da protease e os
inibidores da transcriptase reversa
não-análogos de nucleosídeos são
processados pelo fígado e provocam
muitas interações.
As interações mais comuns entre os
medicamentos derivam do fígado.
Vários remédios podem acelerar ou
retardar a função das enzimas hepáticas. Isso pode provocar grandes
mudanças nos níveis sangüíneos de
outros medicamentos que são processados por essas mesmas enzimas.
Que outros medicamentos
têm que ser vigiados?
No caso de alguns remédios, apenas
um pouco a mais da dose necessária
pode provocar uma superdosagem
perigosa, e se a dose for ligeiramente
11
Série C
menor, talvez não funcione. Isso é
conhecido como “índice terapêutico estreito”. Se você está tomando
algum medicamento listado no Anexo
2, qualquer interação pode ser
perigosa e, inclusive, mortal.
Lembre-se:
devemos também ter cuidado
com as drogas recreativas
ilícitas. Não se tem realizado
estudos profundos sobre as
interações com essas drogas,
mas existem informes de superdosagem e mortes causadas pela combinação de drogas e medicamentos anti-HIV.
Você pode encontrar mais informações no site <http://
www.hafci.org.drugs/>“Party
Smarty, Marty’s HIV/Recreational Drug Interactions”.
As mulheres que tomam anticoncepcionais devem consultar seus
médicos sobre as interações entre
esses medicamentos e os antiretrovirais. Alguns remédios anti-HIV
podem diminuir a potência dos
anticoncepcionais, o que poderia
acarretar uma gravidez não
desejada.
O que ocorre com
os produtos derivados
de ervas?
Há poucas pesquisas sobre as
interações entre produtos derivados
de ervas e medicamentos anti-HIV.
Estudos recentes têm demonstrado
que a erva de St. John’s Wort (erva
de São João) e o alho podem reduzir
os níveis sangüíneos de alguns antiretrovirais. Os suplementos de alho
ou grandes quantidades de alho na
alimentação podem provocar problemas a quem usa os inibidores da protease (IPs), como saquinavir (Fortovase, Invirase), nelfinavir (Viracept),
indinavir ou amprenavir (Agenerase)
como único IP no seu esquema.
Folhas Informativas
11
Série C
Resumindo
Muitos medicamentos utilizados para o tratamento
do HIV interagem com outros remédios, ervas e
drogas recreativas ilícitas. Essas interações podem
causar superdosagem grave ou mortal, ou podem
fazer com que os medicamentos não alcancem os
níveis terapêuticos suficientes. Você e seu médico
devem analisar cuidadosamente as informações
que constam das bulas. Peça a seu médico para
fazer uma revisão de TODOS os medicamentos,
drogas e ervas que você esteja tomando.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
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Folhas Informativas
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InfoRed SIDA Nuevo México
AZT (Retrovir)
O que é o AZT?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral. Também
conhecido como azidodeoxithimidina,
zidovudina, ZDV ou Retrovir, o AZT é
patenteado pela GlaxoSmitKline.
O AZT é um inibidor da transcriptase
reversa análogo de nucleosídeo. A
transcriptase reversa é a enzima
responsável pela conversão do
material genético (ARN) do HIV em
ADN. Essa conversão ocorre antes do
código genético do HIV entrar no
código genético da célula infectada.
Quem deve tomar o AZT?
O AZT foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
tratar as pessoas infectadas com o
HIV. Não existem regras absolutas
sobre quando se deve começar a
tomar os anti-retrovirais. Você e seu
médico devem levar em consideração
a sua contagem de células T, a sua
carga viral, os sintomas que você tem
e a sua disposição/compromisso de
tomar os remédios da maneira
indicada.
Se você toma AZT com outros antiretrovirais, espera-se que a sua
carga viral diminua para níveis
indetectáveis e que a sua contagem
de células T aumente. Isso significa
que você poderá se manter saudável
por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida. Para
mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
Por ser o primeiro medicamento antiHIV aprovado, o AZT tem sido mais
estudado do que outros antiretrovirais. Os remédios mais novos
têm sido pesquisados a partir da
comparação com o AZT. É o antiretroviral que se receita com mais
freqüência por existir mais
informação a respeito.
O AZT reduz a transmissão do HIV
da mãe para o filho. É receitado às
mães soropositivas a partir do quarto
mês de gravidez até que o bebê
nasça e, depois, ao recém-nascido
durante seis semanas. O AZT é
usado, ainda, como parte de uma
combinação de medicamentos em
pessoas que estiveram expostas ao
HIV no seu local de trabalho
(perfuração com agulhas ou contato
com fluidos corporais).
Como tomar o AZT?
A dose de AZT recomendada para
adultos é de 500mg a 600mg ao dia.
Está disponível em cápsulas de 100mg
e 300mg, e também em forma líquida
(xarope). A posologia do AZT é: 300mg
(três cápsulas de 100mg), duas vezes
ao dia, ou 200mg (duas cápsulas de
100mg), três vezes ao dia (veja as
recomendações brasileiras oficiais,
da Coordenação Nacional de DST e
AIDS, do Ministério da Saúde, no
Anexo 1).
O AZT também é parte do combivir
e do trizivir. O combivir contém AZT
+ 3TC (Epivir), e o trizivir AZT + 3TC +
abacavir (Ziagen). Para mais
informações sobre esses remédios,
veja as Folhas Informativas C16 e C17.
12
Série C
Quais são os efeitos
colaterais do AZT?
Ao iniciar a terapia com AZT, você
pode apresentar efeitos colaterais
por um determinado tempo, como,
por exemplo, dores de cabeça,
hipertensão ou uma sensação de malestar geral. Esses efeitos colaterais
geralmente melhoram ou desaparecem com o tempo, mas alguns
pacientes que tomam AZT continuam
tendo náuseas, vômitos, dores de
cabeça e fadiga esporadicamente.
Os efeitos colaterais mais sérios são:
anemia, granulocitopenia e miopatia.
Poucas pessoas têm esses efeitos.
Conheça um pouco mais sobre eles:
· Anemia: diminuição de glóbulos vermelhos, causada por dano à medula
óssea. Se você tiver anemia, seu médico poderá diminuir a dose de AZT ou
substituí-lo por outro anti-retroviral.
Se a anemia for grave, e você continuar tomando AZT, é possível que precise de uma transfusão de sangue ou
que precise tomar um medicamento
chamado eritropoyetina.
· Granulocitopenia: diminuição dos
glóbulos brancos, também causada
por dano à medula óssea. Se você
tiver granulocitopenia, seu médico
deverá substituir o
AZT. A
granulocitopenia pode ser tratada
com um “fator estimulante de
colônias”, chamado G-CSF e que
estimula a produção de glóbulos
brancos. Mas por o G-CSF ser muito
caro, mudar de medicamento, para
alguns, é a melhor opção.
Importante
· Miopatia: causa dor e debilidade
muscular. Não existe tratamento
específico para esse efeito colateral.
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR O SEU MÉDICO.
Como o AZT interage com
outros medicamentos?
O AZT nunca deve ser combinado
com o d4T (Zerit).
Folhas Informativas
Os efeitos colaterais do AZT podem
piorar caso ele seja tomado com
outros medicamentos. Informe ao
seu médico sobre todos os remédios
que esteja tomando.
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco
diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
12
Série C
tomando medicamento anti-retroviral. Quando isso ocorre, os remédios
deixam de funcionar. Isso é conhecido como “desenvolvimento de
resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a
um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
Importante
A resistência pode se
desenvolver rapidamente.
É fundamental tomar os
medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções, na hora certa e
não deixar de tomar
seq uer um a d o se nem
tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
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EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
O que é o ddC?
+
InfoRed SIDA Nuevo México
ddC (Hivid)
Como tomar o ddC?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral. Também
conhecido como zalcitabina, dideoxicytidine ou Hivid, o ddC é patenteado pela Roche.
Esse medicamento está disponível
em comprimidos de 0.75mg ou de
0.375mg. A dose recomendada de
ddC para adultos é um comprimido
de 0.75mg, três vezes ao dia.
O ddC é um inibidor da transcriptase
reversa análogo de nucleosídeo. A
transcriptase reversa é a enzima responsável pela conversão do material
genético (ARN) do HIV em ADN. Essa
conversão ocorre antes do código
genético do HIV entrar no código
genético da célula infectada.
O ddC deve ser tomado em jejum:
duas horas depois ou uma hora antes
de qualquer refeição ou ingestão de
alimentos.
Nas recomendações brasileiras
oficiais, da Coordenação Nacional de
DST e AIDS, do Ministério da Saúde,
o ddC não consta como opção de
terapia anti-retroviral.
Quem deve tomar o ddC?
O ddC foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
tratar as pessoas infectadas com o
HIV. Não existem regras absolutas
sobre quando se deve começar a
tomar os anti-retrovirais. Você e seu
médico devem levar em consideração a sua contagem de células T,
a sua carga viral, os sintomas que
você tem e a sua disposição/
compromisso em tomar os remédios
da maneira indicada.
Se você toma ddC com outros
medicamentos, espera-se que a sua
carga viral diminua para níveis
indetectáveis e que a sua contagem
de células T aumente. Isso significa
que você poderá se manter saudável
por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos,
psicológicos e sociais são fundamentais para o enfrentamento
da soropositividade para o HIV e
para uma melhor qualidade de
vida. Para mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
É importante o seu médico verificar
se você tem problemas no fígado ou
nos rins. Se você toma ddC, ele deve
monitorar cuidadosamente o funcionamento do seu fígado e dos seus
rins. É possível também que ele
decida que você não é um bom
candidato a tomar ddC.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR
O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do ddC?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça, hipertensão ou uma sensação de mal-estar
geral. Esses efeitos colaterais
geralmente melhoram ou desaparecem com o tempo.
Os efeitos colaterais mais comuns do
ddC são: brotoeja, dores no peito,
febre, náuseas, mudanças nos
resultados dos exames da função do
fígado e/ou úlceras na boca.
Os efeitos colaterais mais sérios são:
neuropatia periférica e, em raras
ocasiões, pancreatite. Conheça um
pouco mais sobre eles:
· Neuropatia periférica: é uma forma
de dano ao sistema nervoso. Geralmente, apresenta-se como uma
13
Série C
sensação de formigamento, adormecimento ou queimação nos pés,
pernas ou mãos. O dano nervoso é,
em geral, temporário e desaparece se
você deixa de tomar o medicamento
ou se reduz a dose de ddC. Se você
continua tomando ddC, depois da
aparição de sintomas que demonstrem
danos no sistema nervoso, tais danos
podem se tornar irreversíveis.
· Pancreatite: é uma inflamação do
pâncreas, glândula de tamanho grande
localizada atrás do estômago. A
pancreatite pode ser mortal. Se você
toma ddC e apresenta dores agudas
perto da área do estômago, na pélvis
ou nas laterais do abdômen, acompanhadas de náuseas e vômitos,
suspenda o ddC e entre imediatamente em contato com o seu médico.
Como o ddC interage com
outros medicamentos?
O ddC é mais efetivo se tomado com
outros medicamentos anti-retrovirais. Mas ele nunca deve ser combinado com o 3TC (Epivir), d4T (Zerit)
ou ddI (Videx).
Os antiácidos ou cimetidina podem
reduzir os níveis sangüíneos do ddC.
Já os aminoglicósidos, anphotericin B,
foscarnet ou probenecid podem
aumentar os níveis sangüíneos do ddC.
Alguns medicamentos podem piorar os
efeitos colaterais produzidos pelo ddC.
Informe ao seu médico sobre todos os
remédios que esteja tomando.
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco
diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento antiretroviral. Quando isso ocorre, os
remédios deixam de funcionar. Isso
é conhecido como “desenvolvimento
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Folhas Informativas
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a
um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
13
Série C
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental tomar
os medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções, na hora certa
e não deixar de tomar sequer uma dose nem tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral:Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
ddI (Videx)
O que é o ddI?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral.
Também conhecido como didanosina,
dideoxyinosina ou Videx, o ddI é
patenteado pela Bristol-Myers
Squibb.
O ddI é um inibidor da transcriptase
reversa análogo de nucleosídeo. A
transcriptase reversa é a enzima
responsável pela conversão do
material genético (ARN) do HIV em
ADN. Essa conversão ocorre antes
do código genético do HIV entrar
no código genético da célula
infectada.
Quem deve tomar o ddI?
O ddI foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
pessoas infectadas pelo HIV. Não
existem regras absolutas sobre
quando se deve começar a tomar
os anti-retrovirais. Você e seu médico devem levar em consideração a
sua contagem de células T, a sua
carga viral, os sintomas que você tem
e a sua disposição/compromisso de
tomar os remédios da maneira
indicada.
Se você toma ddI com outros
medicamentos anti-retrovirais,
espera-se que a sua carga viral diminua para níveis indetectáveis e que
a sua contagem de células T aumente. Isso significa que você poderá
se manter saudável por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida.
Para mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
Como tomar o ddI?
Esse medicamento está disponível
em comprimidos mastigáveis, que
também podem ser dissolvidos em
água, e em pó (também para ser
dissolvido em água). A dose
recomendada para adultos é baseada
no peso do corpo. As pessoas que
pesam mais de 60 kg devem tomar
um comprimido de 200mg, duas vezes
ao dia, ou 250mg da fórmula em pó,
duas vezes ao dia. As pessoas com
menos de 60 kg devem tomar
comprimidos de 125mg (um de 100mg
+ um de 25mg), duas vezes ao dia,
ou 167mg da fórmula em pó, duas
vezes ao dia.
Os comprimidos revestidos para
liberação entérica de 250mg ou de
400mg podem ser tomados da
seguinte forma: para quem tem 60 kg
ou mais, 400mg (um comprimido), uma
vez ao dia. Já para quem tem menos
de 60kg, 250mg (um comprimido), duas
vezes ao dia, ou 125mg, duas vezes
ao dia (veja as recomendações
brasileiras oficiais, da Coordenação
Nacional de DST e AIDS, do Ministério
da Saúde, no Anexo 1).
Em novembro de 1999, a Administração de Alimentos e Fármacos
dos Estados Unidos (FDA) aprovou
uma fórmula de ddI que pode ser
tomada uma vez ao dia. A dose é de
dois comprimidos de 200mg que
devem ser tomados ao mesmo
tempo. Essa nova fórmula não pode
ser utilizada para ser aplicada em
doses de duas vezes ao dia. No
entanto, em julho de 2000, a FDA
comunicou que é melhor tomar ddI
duas vezes ao dia. A dose única diária
deve ser utilizada apenas por adultos
que, por situações especiais, só
podem tomar medicamentos uma vez
ao dia. Se você toma ddI e quer
mudar a forma de tomá-lo, consulte
primeiramente o seu médico.
14
Série C
antiácido na sua fórmula. O ddI deve
ser tomado em jejum ou com o
estômago vazio, ou seja, 30 minutos
antes ou duas horas após você ter
se alimentado ou comido algo. Tomar
ddI com alimento reduz os níveis
sangüíneos do medicamento em mais
de 50%.
A Bristol-Myers Squibb desenvolveu
uma nova fórmula de ddI em cápsula
(cobertura entérica que é absorvida
no intestino) chamada de Videx EC.
Essa fórmula em cápsula pode ser
tomada uma vez ao dia, não contém
o antiácido e, em conseqüência
disso, produz menos efeitos
colaterais e menos interações com
outros medicamentos. O Videx EC
também dever ser tomado com o
estômago vazio e deve ser ingerido
sem mastigar.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do ddI?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
tempo determinado, como, por
exemplo, dores de cabeça,
hipertensão ou uma sensação de
mal-estar geral. Esses efeitos
colaterais geralmente melhoram ou
desaparecem com o tempo.
Os efeitos colaterais mais comuns
do ddI são: diarréia, dores de
cabeça, vômitos e erupções na
pele. A diarréia é causada pelo
antiácido dos comprimidos e pode
ser severa.
Se você tem problemas no fígado ou
nos rins, é possível que tenha que
reduzir a dose de ddI.
Os efeitos colaterais mais sérios são:
neuropatia periférica, pancreatite
e acidose láctica. Conheça um
pouco mais sobre eles:
O ddI não é absorvido num meio
ácido e, por isso, contém um
· Neuropatia periférica: é uma forma
Folhas Informativas
de dano ao sistema nervoso. Geralmente, apresenta-se como uma
sensação de formigamento, adormecimento ou queimação nos pés, nas
pernas ou nas mãos. O dano ao
sistema nervoso é, em geral, temporário e desaparece se você deixa de
tomar o medicamento ou se reduz a
dose de ddI. Se você continua
tomando ddI, depois da aparição de
sintomas que demonstrem danos no
sistema nervoso, tais danos podem se
tornar irreversíveis.
· Pancreatite: é uma inflamação do
pâncreas, glândula de tamanho grande
localizada atrás do estômago. A
pancreatite pode ser mortal. Se você
toma ddI e apresenta dores agudas
perto da região do estômago, na pélvis
ou nas laterais do abdômen,
acompanhadas de náuseas e vômitos,
suspenda o ddI e entre imediatamente em contato com o seu médico.
Obs.: níveis altos de triglicerídeos
podem causar pancreatite.
· Acidose láctica: é a acumulação de
ácido láctico no sangue. Ocorre
quando as células produzem uma
quantidade anormal de energia. Isso
pode ser causado por dano na
mitocôndria. A acidose láctica pode
causar dano grave no pâncreas e no
fígado. Os sintomas da acidose
láctica podem incluir perda de peso,
dor abdominal e fadiga severa.
Como o ddI interage com
outros medicamentos?
• O ddI pode ser mais efetivo se
tomado com hidroxiuréia.
Porém, essa combinação
aumenta o risco de pancreatite.
14
Série C
• A metadona - usada no
tratamento de dependência
química para a prevenção
de sintomas de abstinência
- diminui os níveis de ddI no
sangue.
• O ddI nunca deve ser combinado com o ddC (Hivid).
• As grávidas não devem tomar
ddI e d4T (Zerit) ao mesmo
tempo, já que tal combinação aumenta a possibilidade de desenvolver acidose
láctica.
• Não tome ddI ao mesmo tempo
que os inibidores da protease (IPs). O tempo que você
deve deixar passar entre a
ingestão do ddI e a tomada
do IP depende do tipo de
inibidor da protease que
você esteja tomando. Siga
corretamente as indicações
sobre as doses e horários de
cada um dos medicamentos
que você esteja tomando.
• Os níveis de ddI no sangue
aumentam quando ele é
tomado junto com o tenofovir (Viread) ou com a
ribavirina, usada no tratamento da hepatite C. Os
pacientes que tomam ddI
junto com um desses medicamentos devem prestar
muita atenção ao surgimento de sintomas, tidos
como efeitos colaterais do
ddI.
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento anti-retroviral. Quando isso ocorre, os remédios deixam de funcionar. Isso é
conhecido como “desenvolvimento
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a
um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental tomar os medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções, na hora certa
e não deixar de tomar sequer
uma dose nem tampouco
reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral:Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
d4T (Zerit)
O que é o d4T?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral. Também
conhecido como estavudina, didehydro-deoxythymidina ou Zerit, o d4T
é patenteado pela Bristol-Myers
Squibb.
O d4T é um inibidor da transcriptase
reversa análogo de nucleosídeo. A
transcriptase reversa é a enzima responsável pela conversão do material
genético (ARN) do HIV em ADN. Essa
conversão ocorre antes do código
genético do HIV entrar no do código
genético da célula infectada.
Quem deve tomar o d4T?
O d4T foi aprovado como um medicamento anti-retroviral para tratar as
pessoas infectadas com o HIV. Não
existem regras absolutas sobre
quando se deve começar a tomar os
anti-retrovirais. Você e seu médico
devem levar em consideração a sua
contagem de células T, a sua carga
viral, os sintomas que você tem e a
sua disposição/compromisso de tomar
os remédios da maneira indicada.
Se você toma d4T com outros
medicamentos anti-retrovirais,
espera-se que a sua carga viral
diminua para níveis indetectáveis e
que a sua contagem de células T
aumente. Isso significa que você
poderá se manter saudável por mais
tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida. Para
mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
Como tomar o d4T?
Esse medicamento está disponível
em cápsulas de 15mg, 20mg, 30mg e
40mg. A dose recomendada de d4T
para adultos depende do peso
corporal. Se você pesa 60kg ou mais,
a dose é de 40mg, duas vezes ao dia.
Se você pesa menos de 60kg, a dose
deve ser de 30mg, duas vezes ao dia
(veja as recomedações brasileiras
oficiais, da Coordenação Nacional de
DST e AIDS, do Ministério da Saúde,
no Anexo 1).
É importante que o seu médico saiba
se você tem problemas no fígado.
Se você toma d4T, ele deve
monitorar cuidadosamente o
funcionamento do seu fígado. É
possível também que ele decida que
você não é um bom candidato para
tomar o d4T.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR
O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do d4T?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça,
hipertensão ou uma sensação de
mal-estar geral. Esses efeitos
colaterais geralmente melhoram ou
desaparecem com o tempo.
Os efeitos colaterais mais graves do
d4T são: neuropatia periférica,
lipodistrofia e acidose láctica.
Conheça um pouco mais sobre eles:
· Neuropatia periférica: é uma forma
de dano ao sistema nervoso.
Geralmente, apresenta-se como uma
sensação de formigamento, adorme-
15
Série C
cimento ou queimação nos pés, nas
pernas ou nas mãos. O dano nervoso
é, em geral, temporário e desaparece se você deixa de tomar o
medicamento ou se reduz a dose de
d4T. Se você continua tomando d4T,
depois da aparição de sintomas que
demonstrem danos no sistema
nervoso, tais danos podem se tornar
irreversíveis.
· Lipodistrofia: é um conjunto de
mudanças na forma do corpo e na
composição química do sangue.
Vários estudos têm encontrado uma
forte associação entre o uso do d4T
e a perda de gordura nas pernas,
nos braços e na face. Parece que
muitos medicamentos contribuem
para o desenvolvimento da lipodistrofia, mas não se sabe exatamente
como isso ocorre. Algumas pessoas
preferem não usar o d4T devido à
sua associação com a lipodistrofia.
· Acidose láctica: é o acúmulo de
ácido láctico no sangue. Ocorre
quando as células produzem uma
quantidade anormal de energia. Isso
pode ser causado por dano na
mitocôndria. A acidose láctica pode
causar dano grave no pâncreas e no
fígado. Os sintomas da acidose
láctica podem incluir perda de peso,
dor abdominal e fadiga severa.
Como o d4T interage com
outros medicamentos?
O d4T é mais efetivo se tomado com
outros anti-retrovirais. Esse
medicamento nunca deve ser
combinado com o AZT (Retrovir) ou
com o ddC (Hivid).
Os efeitos colaterais do d4T podem
piorar se ele for combinado com
ganciclovir ou com pentamidina
(remédios para doenças oportunistas).
As grávidas não devem tomar d4T
em combinação com o ddI (Videx),
já que aumenta a possibilidade de
desenvolvimento da acidose
láctica.
Folhas Informativas
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento anti-retroviral. Quando isso ocorre, os remédios
deixam de funcionar. Isso é conhe-
15
Série C
cido como “desenvolvimento de
resistência” ao medicamento. A Folha
Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a um
medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais. Isso
é conhecido como “resistência
cruzada”.
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental tomar os medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções, na hora
certa e não deixar de tomar
sequer uma dose nem tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
3TC (Epivir)
O que é o 3TC?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral.
Também conhecido como lamivudina
ou Epivir, o 3TC é patenteado pela
GlaxoSmithKline.
O 3TC é um inibidor da transcriptase
reversa análogo de nucleosídeo. A
transcriptase reversa é a enzima
responsável pela conversão do
material genético (ARN) do HIV em
ADN. Essa conversão ocorre antes do
código genético do HIV entrar no
código genético da célula infectada.
Quem deve tomar o 3TC?
O 3TC foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
tratar as pessoas infectadas com o
HIV. Não existem regras absolutas
sobre quando se deve começar a
tomar os anti-retrovirais. Você e seu
médico devem levar em consideração a sua contagem de células T,
a sua carga viral, os sintomas que
você tem e a sua disposição/
compromisso de tomar os remédios
da maneira indicada.
Se você toma 3TC com outros
medicamentos anti-retrovirais,
espera-se que a sua carga viral diminua
para níveis indetectáveis e que a sua
contagem de células T aumente. Isso
significa que você poderá se manter
saudável por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida.
Para mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
Como tomar o 3TC?
Esse medicamento está disponível
em comprimidos de 150mg e
300mg. Também está disponível em
forma líquida (xarope). A dose
recomendada de 3TC é de um
comprimido de 300mg, uma vez ao
dia, ou dois de 150mg, duas vezes
ao dia. As pessoas que pesam
menos de 50kg devem reduzir a
dose (segundo as recomendações
brasileiras oficiais, da Coordenação Nacional de DST e AIDS,
do Ministério da Saúde, 150mg,
duas vezes ao dia, ou 300mg, uma
vez ao dia. O consenso também
recomenda reduzir a dose para
quem tem menos de 50kg. Veja
Anexo 1).
O 3TC pode ser tomado com ou sem
alimentos.
É importante que o seu médico saiba
se você tem problemas nos rins,
porque, nesse caso, talvez seja
necessário diminuir a dose de 3TC.
O 3TC também faz parte do combivir
e do trizivir. O combivir contém AZT
(Retrovir) e 3TC. O trizivir contém
AZT, 3TC e abacavir (Ziagen). Para
mais informações, veja as Folhas
Informativas C12, C17, C18 e C19.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR
O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do 3TC?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça, hipertensão ou uma sensação de mal-estar
16
Série C
geral. Esses efeitos colaterais
geralmente melhoram ou desaparecem com o tempo.
Os efeitos colaterais mais comuns do
3TC são: náuseas, vômitos, fadiga e
dores de cabeça. Algumas pessoas
apresentam insônia (problemas para
dormir). Em raras ocasiões, pode
ocorrer queda de cabelo.
Como o 3TC
interage com outros
medicamentos?
O 3TC nunca deve ser combinado
com o ddC (Hivid).
O bactrim e o septra podem
aumentar os níveis do 3TC no sangue.
Informe ao seu médico sobre todos
os remédios que você esteja
tomando.
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco
diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento antiretroviral. Quando isso ocorre, os
remédios deixam de funcionar. Isso
é conhecido como “desenvolvimento
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus
que você tem desenvolve resistência
a um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
O 3TC parece reduzir a resistência
ao AZT. Isso significa que se você
toma 3TC depois de desenvolver
resistência ao AZT, este funciona
melhor.
Folhas Informativas
16
Série C
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental tomar os
medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções, na hora certa e
não deixar de tomar sequer uma dose nem tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
Abacavir (Ziagen)
O que é o abacavir?
É um dos medicamentos usados para
o tratamento anti-retroviral.
Também conhecido como 1592U89
ou Ziagen, o abacavir é patenteado
pela GlaxoSmithKline.
O abacavir é um inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo. A transcriptase reversa é
a enzima responsável pela conversão
do material genético (ARN) do HIV em
ADN. Essa conversão ocorre antes do
código genético do HIV entrar no
código genético da célula infectada.
Quem deve tomar
o abacavir?
O abacavir foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
tratar as pessoas infectadas com o
HIV. Não existem regras absolutas
sobre quando se deve começar a
tomar os anti-retrovirais. Você e seu
médico devem levar em consideração a sua contagem de células T,
a sua carga viral, os sintomas que
você tem e a sua disposição/compromisso de tomar os remédios da
maneira indicada.
Se você toma abacavir com outros
medicamentos anti-retrovirais,
espera-se que a sua carga viral diminua
para níveis indetectáveis e que a sua
contagem de células T aumente. Isso
significa que você poderá se manter
saudável por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida. Para
mais informações sobre terapia anti-retroviral, veja a Folha
Informativa C3.
Acredita-se que o abacavir penetre
no sistema nervoso central e, por
isso, pode prevenir problemas
neurológicos, como a demência, por
exemplo.
Como tomar o abacavir?
Esse medicamento é tomado
oralmente e está disponível em
cápsulas. A dose recomendada para
adultos é de 300mg (uma cápsula),
duas vezes ao dia. Para as crianças,
está disponível o xarope de abacavir, cuja dose dependerá do seu
peso corporal - o médico indicará a
dosagem correta (veja as recomendações brasileiras oficiais, da Coordenação Nacional de DST e AIDS, do
Ministério da Saúde, no Anexo 1).
O abacavir pode ser tomado com ou
sem alimentos.
O abacavir é um dos medicamentos
que compõem o trizivir. O trizivir
contém AZT (Retrovir), 3TC (Epivir)
e abacavir.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR
O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do abacavir?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça, hipertensão ou uma sensação de mal-estar
geral. Esses efeitos colaterais
geralmente melhoram ou desaparecem com o tempo.
17
Série C
O uso do abacavir
causa reação de
hipersensibilidade?
Entre 3% e 5% das pessoas que tomam
abacavir apresentam uma reação
alérgica que geralmente ocorre depois
de duas semanas do início do
tratamento. Porém, a alergia pode
aparecer após seis semanas ou mais,
depois do começo do tratamento. Os
pacientes apresentam os seguintes
sintomas:
• Febre (80% dos pacientes)
• Erupções na pela (60%-70%)
• Dores de cabeça, sensação de
mal-estar, falta de energia
(60%)
• Náuseas, vômitos, diarréia ou
dor estomacal (50%)
• Tosse, dificuldade para respirar
e dor de garganta (20%).
Importante
Se você tiver uma reação de
hipersensibilidade, os sintomas
pioram a cada dose tomada e não
desaparecem até você deixar de
tomar o medicamento. Caso você
apresente alguns dos sintomas
acima descritos quando estiver
tomando o abacavir, entre em
contato com o seu médico
imediatamente. Se você teve
uma reação de hipersensibilidade
ao abacavir, nunca reinicie o
tratamento com ele. Alguns
pacientes que apresentaram
reação de hipersensibilidade e
reiniciaram o tratamento tiveram
reações mortais.
Se você deixar de tomar o abacavir
por alguma razão - porque acabou,
por exemplo-, consulte o seu
médico antes de reiniciar a ingestão desse medicamento. Em casos
raros, pessoas que pensavam não
serem alérgicas tiveram reações
severas quando reiniciaram com o
abacavir.
Folhas Informativas
Como o abacavir
interage com outros
medicamentos?
O abacavir deve ser tomado com
outros anti-retrovirais. Interações
específicas com outros medicamentos não têm sido identificadas.
Apesar de a maioria dos inibidores
da transcriptase reversa ser combinada com os inibidores da protease
(IPs), o abacavir tem sido estudado
em combinação com outros
inibidores da transcriptase reversa.
Os resultados foram quase tão bons
como quando combinado com IPs.
O abacavir funciona melhor em
combinação com o inibidor da
protease amprenavir (Agenerase).
(Veja a Folha Informativa C28)
17
Série C
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco
diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento anti-retroviral. Quando isso ocorre, os remédios deixam de funcionar. Isso é
conhecido como “desenvolvimento
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a
um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
O abacavir parece funcionar ainda
que o HIV seja resistente a outros
inibidores da transcriptase reversa.
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É
fundamental tomar os medicamentos anti-retrovirais
segundo as instruções, na hora
certa e não deixar de tomar
sequer uma dose nem tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
Combivir (AZT + 3TC )
O que é o combivir?
É um medicamento que contém a
combinação de dois anti-retrovirais:
o AZT (Retrovir) e o 3TC (Epivir). O
combivir é patenteado pela GlaxoSmithKline.Veja as Folhas Informativas C12 e C16.
Os dois medicamentos que formam
o combivir são inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos. A transcriptase reversa é a
enzima responsável pela conversão
do material genético (ARN) do HIV
em ADN. Essa conversão ocorre
antes do código genético do HIV
entrar no código genético da célula
infectada.
Quem deve tomar
o combivir?
O combivir foi aprovado como um
medicamento anti-retroviral para
tratar as pessoas infectadas com o HIV.
Não existem regras absolutas sobre
quando se deve começar a tomar os
anti-retrovirais. Você e seu médico
devem levar em consideração a sua
contagem de células T, a sua carga
viral, os sintomas que você tem e a
sua disposição/compromisso de tomar
os remédios da maneira indicada.
Se você toma combivir com outros
medicamentos anti-retrovirais, esperase que a sua carga viral diminua para
níveis indetectáveis e que a sua
contagem de células T aumente. Isso
significa que você poderá se manter
saudável por mais tempo.
Por conter dois medicamentos num
mesmo comprido, o combivir tornase mais conveniente do que outras
combinações de anti-retrovirais. Isso
ajuda as pessoas a serem mais aderentes ao tratamento e a controlarem melhor a replicação do HIV.
Importante
As crianças com menos de 12
anos de idade e as pessoas
com problemas nos rins não
devem tomar o combivir.
Como tomar o combivir?
Esse medicamento é tomado por via
oral e está disponível em comprimidos. A dose recomendada para
adultos é de um comprimido, duas
vezes ao dia. Cada comprimido
contém 300mg de AZT e 150mg de
3TC (veja as recomendações brasileiras oficiais, da Coordenação
Nacional de DST e AIDS, do Ministério
da Saúde, no Anexo 1).
O combivir pode ser tomado com ou
sem alimentos.
As pessoas que pesam menos de 50kg
não devem tomar o combivir.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR O SEU MÉDICO.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida. Para
mais informações sobre
terapia anti-retroviral, veja a
Folha Informativa C3.
18
Série C
geralmente melhoram ou desaparecem com o tempo.
Os efeitos colaterais mais comuns do
combivir são iguais aos do AZT e aos
do 3TC. Incluem: dores de cabeça,
mal-estar estomacal e fadiga. Os
efeitos colaterais mais graves são:
anemia, granulocitopenia e miopatia
que ocorrem em poucas pessoas
(veja a seguir). Se você apresentar
esses sintomas, talvez seu médico
suspenda o combivir.
· Anemia: diminuição dos glóbulos
vermelhos, causada por dano à
medula óssea.
· Granulocitopenia: diminuição dos
glóbulos brancos, também causada
por dano à medula óssea.
· Miopatia: causa dor e debilidade
muscular. Não existe um tratamento
específico.
Como o combivir
interage com outros
medicamentos?
O combivir nunca deve ser combinado com o ddC (Hivid) ou com o
d4T (Zerit).
O bactrim e o septra aumentam os
níveis do 3TC no sangue.
Os efeitos colaterais do AZT (um dos
remédios que compõem o combivir)
podem piorar caso ele seja tomado
com outros medicamentos. Informe
ao seu médico sobre todos os
remédios que esteja tomando.
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Quais são os efeitos
colaterais do combivir?
Ao iniciar a terapia, você pode apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça, hipertensão ou uma sensação de malestar geral. Esses efeitos colaterais
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento anti-retroviral. Quando isso ocorre, os remédios deixam de funcionar. Isso é
conhecido como “desenvolvimento
Folhas Informativas
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a um
medicamento, ele também será resistente a outros anti-retrovirais. Isso é
conhecido como “resistência cruzada”.
18
Série C
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental
tomar os medicamentos anti-retrovirais segundo as instruções,
na hora certa e não deixar de tomar sequer uma dose nem
tampouco reduzi-la.
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003
Folhas Informativas
+
InfoRed SIDA Nuevo México
Trizivir (AZT + 3TC + abacavir)
O que é o trizivir?
É um medicamento composto por três
anti-retrovirais usados para o tratamento do HIV: AZT (Retrovir), 3TC
(Epivir) e abacavir (Ziagen). O trizivir é
patenteado pela GlaxoSmithKline. Não
está disponibilizado pelo Sistema Único
de Saúde. Veja as Folhas Informativas
C12, C16 e C17.
Os medicamentos que formam o
trizivir são inibidores da transcriptase
reversa análogos de nucleosídeos. A
transcriptase reversa é a enzima
responsável pela conversão do
material genético (ARN) do HIV em
ADN. Essa conversão ocorre antes do
código genético do HIV entrar no
código genético da célula infectada.
Quem deve tomar
o trizivir?
O trizivir foi aprovado como um medicamento anti-retroviral para tratar
as pessoas infectadas com o HIV. Não
existem regras absolutas sobre
quando se deve começar a tomar os
anti-retrovirais. Você e seu médico
devem levar em consideração a sua
contagem de células T, a sua carga
viral, os sintomas que você tem e
sua disposição/compromisso de tomar os remédios da maneira indicada.
Se você toma trizivir com outros
medicamentos anti-retrovirais,
espera-se que a sua carga viral diminua
para níveis indetectáveis e que a sua
contagem de células T aumente. Isso
significa que você poderá se manter
saudável por mais tempo.
Lembre-se:
não é apenas a terapia antiretroviral que prolonga a sua
vida. Outros aspectos biológicos, psicológicos e sociais
são fundamentais para o
enfrentamento da soropositividade para o HIV e para uma
melhor qualidade de vida. Para
mais informações sobre terapia anti-retroviral, veja a Folha
Informativa C3.
Por conter três medicamentos num
mesmo comprido, o trizivir torna-se
mais conveniente do que outras combinações de anti-retrovirais. Isso ajuda
as pessoas a serem mais aderentes ao
tratamento e a controlarem melhor a
replicação do HIV.
O trizivir pode ser uma combinação
efetiva, mas alguns médicos acham
que não é muito potente em pessoas
com carga viral acima de 100 mil
cópias.
Importante:
AS CRIANÇAS COM MENOS
DE 12 ANOS DE IDADE E
AS PESSOAS COM PROBLEMAS
NOS RINS NÃO DEVEM TOMAR
TRIZIVIR.
Como tomar o trizivir?
Esse medicamento está disponível
em comprimidos e é tomado oralmente. A dose recomendada para
adultos é de um comprimido, duas
vezes ao dia. Cada comprimido contém 300mg de AZT, 150mg de 3TC e
300mg de abacavir.
O trizivir pode ser tomado com ou
sem alimentos.
As pessoas que pesam menos de 50kg
não devem tomar o trizivir.
Importante
NÃO DEIXE DE TOMAR SEUS
MEDICAMENTOS NEM REDUZA
A DOSE SEM ANTES CONSULTAR
O SEU MÉDICO.
Quais são os efeitos
colaterais do trizivir?
Ao iniciar a terapia, você pode
apresentar efeitos colaterais por um
determinado tempo, como, por
exemplo, dores de cabeça, hipertensão ou uma sensação de mal-estar
geral. Esses efeitos colaterais geralmente melhoram ou desaparecem
com o tempo.
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Série C
Os efeitos colaterais mais comuns do
trizivir são iguais aos efeitos provocados pelo AZT, 3TC e abacavir, como
dores de cabeça, mal-estar no
estômago e fadiga.
Os efeitos colaterais mais sérios são:
anemia, granulocitopenia e miopatia.
Esses efeitos ocorrem em poucas
pessoas, e se você apresentar algum
deles pode ser que seu médico recomende parar de tomar o trizivir.
Conheça um pouco mais sobre eles:
· Anemia: diminuição dos
glóbulos vermelhos, causada
por dano à medula óssea.
· Granulocitopenia: diminuição
dos glóbulos brancos,
também causada por dano
à medula óssea.
· Miopatia: causa dor e debilidade muscular. Não existe
um tratamento específico.
O efeito colateral mais sério do
abacavir – um dos medicamentos que
compõem o trivizir - é uma reação
de hipersensibilidade. Menos de 5%
das pessoas têm essa reação, mas
no caso de você apresentá-la, deixe
de tomar o trivizir imediatamente e
não volte a tomá-lo nunca mais, pois,
ao reiniciar a sua tomada, podem
ocorrer efeitos graves e até mortais.
A reação geralmente pode aparecer
entre uma e duas semanas após o
início do tratamento com o trizivir,
em razão da presença do abacavir.
Os pacientes apresentam, pelo
menos, dois dos seguintes sintomas:
febre, erupções na pele, dores de
cabeça, sensação de mal-estar geral,
falta de energia, náuseas, vômitos,
diarréias ou dor no estômago, tosse,
dificuldade para respirar ou dor de
garganta. Se você tiver algum desses
sintomas, entre em contato com o
seu médico e pare de tomar o trizivir
imediatamente.
Para mais informações sobre a
reação de hipersensibilidade ao
abacavir, veja a Folha Informativa C17.
Folhas Informativas
Como o trizivir
interage com outros
medicamentos?
O trizivir nunca deve ser combinado
com o ddC (Hivid) e com o d4T
(Zerit).
O bactrim e o septra aumentam os
níveis de 3TC no sangue.
Os efeitos secundários do AZT
(remédio que compõe o trizivir)
podem piorar caso ele seja tomado
com outros medicamentos. Informe
ao seu médico sobre todos os
remédios que esteja tomando.
19
Série C
Como ocorre a resistência
aos medicamentos?
Muitas das cópias novas do HIV são
mutações, ou seja, um pouco
diferentes do vírus original. Algumas
mutações podem continuar se
multiplicando ainda que você esteja
tomando medicamento antiretroviral. Quando isso ocorre, os
remédios deixam de funcionar. Isso
é conhecido como “desenvolvimento
de resistência” ao medicamento. A
Folha Informativa C7 oferece mais
informações sobre o assunto.
um medicamento, ele também será
resistente a outros anti-retrovirais.
Isso é conhecido como “resistência
cruzada”.
Importante
A resistência pode se desenvolver rapidamente. É fundamental tomar os medicamentos anti-retrovirais
segundo as instruções, na
hora certa e não deixar de
tomar sequer uma dose nem
tampouco reduzi-la.
Algumas vezes, se o tipo de vírus que
você tem desenvolve resistência a
Projeto original: InfoRed SIDA Nuevo México (www.aidsinfonet.org/infored.html). Adaptação: Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br) . ABIA – Coordenação-Geral: Cristina Pimenta Coordenação das Folhas
Informativas: Juan Carlos Raxach Assessoria Técnica: Débora Fontenelle Tradução: Marclei Guimarães. Financiado por
EED.Tiragem: 4 mil exemplares/setembro de 2003