I Hate Cookies
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I Hate Cookies 1 “Por alguns segundos Oskar viu pelos olhos de Eli. E o que ele viu foi... ele mesmo. Só que muito melhor, mais bonito, mais forte do que ele jamais pensou que era. Viu com amor.” (John Ajvide Lindqvist, Let the Right One In) Um garoto conhece uma garota e de repente esse é o melhor dia de sua vida. Eles estão felizes. Têm todo tempo do mundo. Vivem o sonho. A vida é bela. Eu te amo, eu também. Eles conversam bastante, ficam juntos, fazem coisas juntos e nada mais importa. Ele diz: - Eu sei que se eu te conhecesse eu iria gostar de você. Ela diz: - Você seria meu amigo? Aqui é quando você compara a vida dele com uma engraçada comédia romântica com um final feliz. Aqui é quando ele vê que tudo está tudo bem e que tudo vale a pena. Aqui é quando ele vê que têm sua vida inteira pela frente. O tempo passa. O garoto e a garota crescem e continuam juntos. Eles se amam, vivem juntos e têm uma filha. Eles olham um para o outro e o tempo passa. Eles lembram o passado e pensam no futuro. Eles têm muitos sonhos. Ele diz: - Você é feliz? Diga que sim. Ela diz: - Tudo muda menos o que eu sinto por você. Agora você compara a vida dele com um lindo romance clichê com um final feliz. Agora ele vê que não se arrepende de nada e que não faria nada diferente. Agora ele mal pode esperar para voltar para casa do trabalho. O tempo passa. O garoto se ajoelha e a garota aceita. Esse é o primeiro dia do resto de suas vidas. Ele concorda que a vida é difícil às vezes e elas são tudo o que ele tem. Ele diz: - Eu te amo. Ela diz: - Eu não sei se o amor existe, mas o que eu sinto por você deve ser o que chega mais perto disso. Você vê ele, ela e a filha no sofá em frente à televisão num domingo qualquer. Então você compara a vida dele com uma incrível aventura com um final feliz. Então ele vê que tem tudo o que precisa e que deu tudo certo no final. Ele diz: - E você sabe que eu estarei aqui quando você voltar pra casa. Ela diz: - México. Eles vivem felizes para sempre até que a morte os separa. Aqui você vê um estupro seguido de morte. Um tiro na nuca e todas as lembranças dela espalhadas pelo chão. Agora você vê uma execução. Dois tiros no peito e todas as lembranças de sua filha espalhadas pelo chão. Num necrotério ele as reconhece. Ele concorda que a vida é difícil às vezes e elas eram tudo o que ele tinha. E daqui passa para funeral, velório e enterro. Então tudo para. Ele diz: - Me desculpe. Ele diz: - Eu nunca vou te esquecer. Ela não responde. Agora você percebe que no fim não é um final feliz. Um garoto conheceu uma garota e de repente esse é o pior dia de sua vida. 2 “Doyle: Ali diz ‘ratos’... ‘Nossas taxas são baixas, mas nossos padrões são altos. Quando as coisas estão ruins e você está no fim da sua corda, você precisa de alguém com que pode contar. E é isso o que irá encontrar aqui. Alguém que vai até o fim, alguém que te protegerá não importa o que aconteça. Então não perca as esperanças. Venha para nosso escritório e você verá que ainda há heróis nesse mundo. ’... É só isso? Eu terminei?” (Joss Whedon , Angel – Hero) Essa é a história de um herói. Ele se sacrificará por um bem maior, por algo que ele acredita. Para que algum dia todas as pessoas sejam felizes. L. Carvalho, codinome Animolity. A história se passa num futuro onde não há mais guerras, não há desigualdade, não há fome, não há pobreza. A partir do ano de XXXX um homem esperto conseguiu ter certo controle sobre a viagem no tempo e construiu a chamada máquina do tempo. A partir daí os governos de diversos países se uniram para construir uma sociedade melhor, voltando para o passado e impedindo os erros da humanidade. Até agora podemos dizer que o futuro é um lugar melhor. Tudo começa quando Animolity entra para o exército. Ali ele poderá proteger as pessoas. Proteger o mundo onde viveu os melhores dias de sua vida. Então você o vê limpando o chão do quartel. Depois o vê treinando e estudando bastante. Agora, o objetivo principal da sua vida é se tornar um soldado exemplar. Ele se lembra da pessoa que ele amava e que ela foi tirada de sua vida. Se dependesse dele, aquilo que aconteceu a ela nunca mais iria acontecer com ninguém. Assim ele sentia que a morte dela não seria em vão. Seu superior frequentemente diz: - Isso é uma ordem, soldado! Ele frequentemente diz: - Sim senhor! Seu amigo diz: - Ani, você estuda e treina demais, caralho. Você precisa descansar um pouco. Ele responde: - Mega. Eu preciso fazer isso por ela. Então Mega diz: - Ani, você precisa seguir em frente e continuar vivendo. Ela estará te esperando na outra vida. Então pare de se matar, seu bundão. E ele diz: - Você não entende porra nenhuma. Seu superior diz: - Você é o melhor soldado que já passou por aqui, cabo Animolity. Ele diz: - Obrigado senhor! Você vê Animolity, Mega e outros amigos jogando. Então alguém diz “Quando você vencer tem que falar Galoslap to win”. Mega pergunta: - O que é isso? E todos respondem “Só quem é raiz sabe”. 3 “Eu recuso aceitar a visão de que a humanidade é tão tragicamente atada à uma meia-noite sem estrelas de racismo e de guerras que a aurora brilhante da paz e da fraternidade nunca possa tornar-se uma realidade.” (Martin Luther King Jr) O tempo passa. Animolity está subindo na hierarquia militar. Aqui você o vê como primeiro-sargento Animolity. Ele está numa tarefa do exército. Uma tarefa rotineira. Ele vigia a porta de um edifício de luxo onde há uma reunião com pessoas extremamente importantes. Então você vê passando uma van preta, um fuzil de assalto M16 e 900 disparos por minuto. A entrada do prédio fica totalmente destruída. Agora você vê Animolity com uma Desert Eagle .50 e dois disparos. A existência do motorista da van preta e do atirador estão espalhadas pelas janelas da van. As pessoas que estavam dentro do prédio parabenizam Animolity pelo ótimo trabalho e falam que ele está sendo sondado para uma tarefa muito importante. Um projeto que é a chave para a construção da sociedade ideal. A sociedade em que eles vivem hoje. Eles falam que quando terminarem o projeto o mundo estará perto de ser uma utopia, mas para isso eles precisam de ótimos soldados como ele. Animolity agradece e diz que fará o que for possível por um mundo melhor. Então você vê Animolity voltando para casa. À sua volta as pessoas são felizes, os pássaros cantam, o ar é fresco e a vida é bela. Isso o faz lembrar como ele era quando estava ao lado da pessoa que ele gostava. Como ele era feliz. E que agora ele precisa continuar treinando para ser um soldado melhor para proteger o sonho de todos. Por ela. Depois de um dia de vigia ele chega em casa, liga a televisão e vê ataques terroristas a um edifício de luxo onde acontecia uma reunião do chamado G20. Janta e depois começa a estudar. 4 “Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade.” (Henry David Thoreau) Agora você vê o primeiro-tenente Animolity interrogando um terrorista prisioneiro que foi capturado pelo exército. O prisioneiro é um dos responsáveis pelo ataque ao prédio onde ele estava de guarda alguns dias atrás. Aqui você vê Animolity e o prisioneiro. Animolity diz que ele perdeu o juízo, que está tentando destruir uma sociedade ideal. O prisioneiro diz que ele não entende. Que não existe sociedade ideal. Ele diz que Animolity está errado. Agora você vê uma pistola Desert Eagle .50 apontada para a cabeça do terrorista. Você vê Animolity falando que essa é a última chance dele, que ele precisa falar onde está o restante dos terroristas. O terrorista fala que não quis machucar ninguém, mas era necessário. Ele diz que um dia Animolity irá entender e que tudo ficará bem. Então Mega entra na sala. Diz que é hora do prisioneiro voltar para a cela e que depois o exército cuidará dele. 5 “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” (Friedrich Nietzsche) Animolity recebe a oferta para fazer um treinamento que irá prepara-lo para a tarefa mais importante que um soldado pode receber, mas que poucos têm a coragem de prosseguir. Ele aceita. No treinamento ele receberá muita informação teórica sobre a história da humanidade. Sobre como a sociedade costumava ser. Informação sobre a história de diversos ladrões, assassinos e líderes tiranos e corruptos. Ele passará a conhecer as piores pessoas que já viveram no mundo. Agora você vê ele e seu superior sentados um de frente ao outro divididos por uma mesa de reunião. O superior diz para Animolity calar a boca e escutar. Diz que sabe que Animolity vai fazer o treinamento para uma tarefa importante e que ele não sabe porcaria nenhuma sobre ela. Então ele fala que vai contar tudo sobre a tarefa e sobre a verdade dessa sociedade ideal. Então você vê o superior explicando como funciona o mundo. Ele fala que a chave para a sociedade ideal é mandar agentes para o passado e assassinar as piores pessoas da história da humanidade. Ele diz que eles as matam enquanto ainda são crianças, assim não poderão influenciar ninguém à sua volta. Ele diz que a máquina do tempo pode mandar a pessoa de volta para o passado, mas não pode trazê-lo para o presente. Então uma vez que você voltar e matar um psicopata assassino em sua infância, não será visto como um herói. Será visto como um assassino. Você sacrifica sua vida pelos outros. O superior diz: - Ani, você entende o tipo de tarefa que você estará realizando? A criança que você matar ainda não será um assassino, será apenas uma criança. Ele diz: - Entendo. 6 “Não caminhe atrás de mim, eu posso não conduzir. Não caminhe na minha frente, eu posso não seguir. Apenas caminhe a meu lado e seja meu amigo.” (Albert Camus) Aqui você vê Animolity numa sala de aula com outros candidatos assistindo a palestra de um historiador do exército. Uma sala de 40 soldados que serão responsáveis pela manutenção da sociedade ideal. São 40 heróis ou 40 assassinos. O historiador circula num mapa o Condado de Jefferson localizado em Colorado, Estados Unidos. Ele cola as fotos de Eric Harris e Dylan Klebold do lado e escreve 1999. Depois do treinamento você vê Animolity e seu amigo num restaurante. Em seus pratos reside um tipo de comida irreconhecível de coloração estranha. Animolity começa a comer. Seu amigo diz: - Eu sei como você se sente. Enquanto Animolity continua a comer, seu amigo diz que entende o que ele está passando. Que ele também perdeu a pessoa que ele amava quando era criança. E que se ele continuar assim vai acabar paranoico. Seu amigo diz que, quando era mais novo, sua namorada foi assassinada enquanto eles estavam no cinema. Seu amigo pergunta se ele não se lembra disso. Se ele não se lembra daquele dia. Se ele não se lembra de que os três eram grandes amigos e que depois daquele trágico dia tudo mudou. Animolity diz que não consegue passar um dia sem pensar nisso. Diz que aquilo mudou sua vida e que fará o possível para que acontecimentos como aquele nunca mais aconteçam. Animolity diz que a vida é dura e cruel, mas ele pode fazer com que ela seja muito melhor. Protegendo as pessoas. 7 “Você sabe o que eu acho que é psicótico, Roc? São homens decentes com famílias amadas. Eles vão para casa todo dia, após o trabalho, e ligam nas notícias. Você sabe o que eles vêem? Eles vêem estupradores e assassinos e molestadores de crianças. Eles estão todos saindo das cadeias.” (Santos Justiceiros) Animolity pega uma pedaço de papel com diversos nomes escritos. Aqui você vê ele, num cemitério, em frente à uma lápide com um nome e embaixo desse nome está escrito Desktop. Animolity pega uma caneta e risca o nome Desktop do pedaço de papel. 8 “A pobreza é a pior forma de violência.” (Mahatma Gandhi) Agora você vê Animolity novamente na sala de aula. Agora você vê o historiador circulando no mapa a cidade de Alphen aan den Rijn na província da Holanda do Sul, na Holanda. Depois o historiador cola a foto de Tristan van der Vlis, em cima, e escreve 2011. Depois da aula, Animolity está deitado na grama vendo o pôr do sol. Aqui você o vê ouvindo Maps do Yeah Yeah Yeahs e pensando sobre sua tarefa. Sacrificar algumas vidas para salvar milhares. O fim justifica os meios. A sua vida por outras. Ele vê que, de um jeito ou de outro, pessoas morrerão e pessoas viverão. O que cabe a ele é decidir quem deve morrer e quem deve viver. Ele pensa “Será que vale a pena viver à custa dos outros? Será que essas pessoas não passarão o resto das suas vidas vivendo com esse enorme peso? Como elas conseguirão seguir em frente?”. 9 “De acordo com Aristophanes em “O Banquete” de Platão, no mundo antigo das ideias havia três tipos de pessoas. Nos tempos antigos não eram simplesmente masculino e feminino, mas um dos três tipos: masculino/masculino, masculino/feminino ou feminino/feminino. Em outras palavras, cada indivíduo era feito de componentes de duas pessoas. Todos eram felizes com essa combinação e ninguém pensava muito sobre isso. Mas então Deus pegou uma faca e cortou todos em dois, bem no meio. Então depois disso o mundo foi dividido em masculino e feminino, o resultado foi que as pessoas passam o tempo tentando encontrar sua parte perdida.” (Haruki Murakami, Kafka à Beira-Mar) Agora você vê Animolity indo para um encontro com uma garota. Ele lembra que Mega falou que iria marcar este encontro para ele. Mega disse que a garota era linda e inteligente; que trabalhava como aqueles doutores do riso, no mesmo estilo do Patch Adams. Você vê Animolity esperando na porta do cinema. A garota disse que se atrasaria, disse que iria direto do trabalho. Ele disse que não tinha problema nenhum. Depois de algum tempo, você vê Animolity cumprimentando uma garota vestida de palhaça antes de entrarem para ver o filme. Depois disso a garota está envergonhada e nunca mais quer ver Animolity de novo. Depois disso Animolity vai para seu treino teórico. Lá o historiador circula no mapa a cidade de Oslo na Noruega e depois a ilha de Utøya, na região de Buskerud, também na Noruega. Depois coloca o nome Anders Behring Breivik e o ano de 2011 ao lado. 10 “Embaixo dessa máscara há mais do que carne. Atrás dessa máscara há uma ideia, e Sr. Creedy. Ideias são à prova de bala.” (Alan Moore, V de Vingança) Aqui você vê Animolity sentado em cima de uma caixa d’água junto com seu amigo Mega. Mega fala que Animolity devia viver. Que as pessoas que devem voltar ao passado e morrer são as que não merecem mesmo estar num lugar como esse. Agora você vê Animolity falando que ele se sacrificará, pois a alternativa é insuportável. Ele fala que qualquer tipo de sociedade seria melhor do que uma que vive à custa de outras pessoas. Animolity fala que ele percebe isso agora, que ele tem um plano. Fala que os dois perderam pessoas importantes na vida e é por isso que eles não podem viver num mundo assim. Mega fala que Animolity ajudará mais se continuar vivendo e lutando. Agora você vê Animolity entrando na sala de aula. Em alguns instantes, você vê o historiador circulando a cidade de Blacksburg localizado na Virginia, Estados Unidos. Depois ele cola, ao lado, a foto de Seung-Hui Cho e escreve 2007. 11 “Calvin: Haroldo, você acha que a natureza humana é boa ou má? Quero dizer, você acha que as pessoas são basicamente boas com algumas tendências ruins, ou basicamente ruins com algumas tendências boas? Ou, numa terceira hipótese, você acha que as pessoas são loucas e quem vai saber porque elas fazem as coisas?” (Bill Watterson, As Aventuras De Calvin E Haroldo – Tem Alguma Coisa Babando Em Baixo Da Cama) Aqui você vê Animolity pensando sobre o assassino dela. Ele se lembra de que o assassino foi extremamente violento. Disseram que o assassino acreditava naquilo que estava fazendo. Era como se ele precisasse fazer aquilo. Animolity lembra que lhe perguntaram se ele ou ela possuíam inimigos. Se ele havia feito alguma coisa para alguém agir desta forma. Agora você vê Animolity entrando numa casa. Você o vê apontando uma arma para um homem e fala: - Elfo, onde você estava no dia da morte dela? Foi você que a matou? Agora você vê Elfo dizendo que não, que nunca faria isso. Elfo diz que havia feito uma cirurgia na época do assassinato e que pode provar. Depois que foi comprovado, Animolity pega o papel com diversos nomes riscados e risca o último nome, Elfo. 12 “Algumas pessoas nascem humanas. O resto de nós, leva uma vida inteira para chegar lá.” (Chuck Palahniuk, Rant) Aqui você vê a sala de aula. Agora ela tem apenas 20 alunos. O historiador fala que normalmente apenas um terço dos alunos terminam o curso para prosseguir com a tarefa. Então o historiador circula no mapa a cidade de Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Então ele coloca a foto de Wellington Menezes de Oliveira e o ano de 2011. Depois Animolity sai da aula e vai para o parque dar uma volta. Ele vê uma linda garota. Ela sorri para ele. Ele se aproxima dela e ela fala com ele. Eles fazem sexo. Ele paga e vai embora. 13 “Tudo o que Deus faz é nos assistir e nos matar quando ficamos chatos. Nós não devemos, nunca, ficarmos chatos.” (Chuck Palahniuk, Monstros Invisíveis) No dia do aniversário de sua filha, Animolity passa o dia no cemitério. Olhando para as lápides, ele diz que gostaria que em sua história tivesse o Marty Mcfly e o Biff Tannen, porque assim tudo acabaria bem. Ele diz que, talvez, poderia ter até algumas hippies gostosas de Woodstock. 14 “Xander: Eu tenho que falar algo, porque eu acho que eu não fui claro. Eu estou apaixonado por você. Fortemente, dolorosamente apaixonado. As coisas que você faz, o jeito que você pensa, o jeito que você se move. Eu fico excitado todas as vezes que eu vou te ver. Você me faz sentir como eu nunca me senti antes na vida... como um homem. Eu só pensei que você gostaria de saber.” (Joss Whedon, Buffy The Vampire Slayer – Into The Woods) Animolity diz para si mesmo “Eu sempre achei que alguém voltaria para salvá-la. Na verdade eu sempre achei que eu voltaria. Mas ninguém voltou. Não importa. Em alguns dias tudo acaba. Tudo o que eu queria era viver tranquilamente. Ninguém decide ser um herói, mas você acaba sendo quando as coisas estão ruins”. Animolity se despede de seus amigos e de seu superior. Agora você vê Animolity se apresentando para sua tarefa e entrando na máquina do tempo. Então ele pensa “Talvez eu a veja de novo”. Ele desaparece. 15 “É o coração humano tão egoísta? Por que eles não tentam vencer sua própria fraqueza e lutam? É como se eles encontrassem conforto na passividade... Eles preferem ver outro morrer em seu lugar! - Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para uma região solitária (Levítico 16:22)” (Yukito Kishiro, GUNNM – Angel Of Redemption) Aqui você vê Animolity preparando sua nova identidade e encobrindo os rastros da viagem no tempo, assim todos pensarão que ele sempre viveu ali por alguns anos. Fazendo as malas, ele coloca uma Tec-DC9, uma Glock 19, um revolver calibre .38 e munição à vontade. Ele precisa verificar tudo duas vezes antes de sair de casa. Não é o tipo de coisa que ele poderá fazer de novo. Ele vê que está sozinho. Ele fica pensando que tudo seria mais fácil com seus amigos, como era no Lost Vikings, mas ele é o único encarregado dessa tarefa. No passado ninguém pode suspeitar que a morte de alguém fará o mundo melhor no futuro. Então nós vemos a criação de um álibi. Muitas vezes esses álibis se tornam eventos históricos traumáticos para a sociedade, fazendo as pessoas se unirem contra um inimigo em comum e alcançando dois objetivos de uma vez. Impedir o crescimento de um perigoso ser humano e unir as pessoas. Aqui você vê a reviravolta do final, a arma escondida de Chuck Palahniuk. Algo que, talvez, você não esperava. Porque são chamamos de Massacre de Columbine, Tiros no shopping de Alphen aan den Rijn, Atentados de 22 de julho de 2011 na Noruega, Massacre de Virginia Tech, Massacre de Realengo. Seguindo em maior escala também são chamados de Massacre de My Lai, Holocausto, jihad, Massacre de Nanquim, Genocídio em Ruanda, Massacre de Haximu. Mas para eles são chamados de álibis. Eles são os heróis. A vida perfeita tem um preço. 16 “Depois que você morre e é enterrado e fica flutuando seja lá o lugar aonde nós vamos, qual vai ser a sua melhor memória da Terra? Qual momento define como é estar vivo neste planeta. Qual a sua resposta? Falsas experiências yuppies que você teve que gastar dinheiro, como fazer rafting em águas brancas ou andar de elefante na Tailândia, não contam. Eu quero ouvir algum pequeno momento da sua vida que prova que você realmente está vivo.” (Douglas Coupland, Generation X: Tales for an Accelerated Culture) Animolity a observa de longe. Eles só se conheceriam daqui a alguns anos. Ele se senta num banco do parque onde ela está brincando. Ela olha pra ele. Ela sorri. Animolity levanta e anda para o lado oposto do parque. Agora ele observa o alvo que deveria eliminar. Uma das piores pessoas no futuro é, agora, uma criança. Ele pensa “Pra mim depois da morte você recomeça o jogo com bônus ou deficiências de pontos com outros grupos de pessoas, além de ter resquícios de aptidões previamente trabalhadas. Mas é provável que seja apenas uma esperança que criei para viver mais feliz. Porque comecei pensando que tudo acabava no final. Mas aí não conseguia parar de pensar em como isso era injusto. Em como tinha pouco tempo para viver uma única vez. E assim não conseguia fazer tudo o que queria. Resolvi imaginar algo que me deixasse tranquilo, porque o questionamento incessante de que não estaria fazendo o melhor que podia me deixava estressado demais para poder realmente me sentir satisfeito com a vida. E essa insatisfação me incomodava tanto que eu acabava perdendo o pouco tempo que eu tinha para viver pensando em como estava perdendo o tempo que eu tinha, justamente para viver”. Ele deveria atirar naquele garoto. A sua tarefa deveria acabar ali, mas ele percebe que não é o que ela gostaria. Ele vai embora. 17 “Adrian Veidt: Eu me fiz sentir cada morte... ver o rosto de cada inocente que eu assassinei para salvar a humanidade.” (Alan Moore, Watchmen) Aqui você vê Animolity, com as armas em punho, dentro de um cinema. Ele atira várias vezes em um garoto esperto. A morte é instantânea. Depois ele atira em direção às pessoas correndo para fora do cinema. A maior parte dos tiros acertam as cadeiras e paredes. Nenhuma pessoa é atingida em pontos vitais. Então um segurança entra e dá um tiro na direção de Animolity, mas erra. O tiro acerta uma garota que estava entre outros dois garotos. Animolity se esconde atrás das cadeiras, coloca a ponta da pistola em baixo do rosto. Ele vê a garota caída no chão. Ele diz: - Galoslap to win. 18 “Quando o futuro deixou de ser uma promessa para ser uma ameaça?” (Chuck Palahniuk, Monstros Invisíveis) Aqui você vê Mega no passado comendo várias putas sem camisinha antes de fazer a tarefa. Então ele mata uma mulher e uma criança. Notas Essa história é uma metáfora, que diferente de “A Máquina Do Tempo”, de H. G. Wells, a máquina do tempo vai apenas para o passado. Os personagens são diferentes das pessoas em que foram baseadas, porque eles vivem num mundo diferente do seu. A história foi escrita porque nós temos que nos colocar no lugar dos outros. Sempre que alguém julga outra pessoa, mesmo que seus atos sejam extremos, temos que nos perguntar por que isso acontece. Normalmente a culpa é de todos e não apenas do indivíduo.