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Contenção com muros terrae
Prefeitura de Jacareí analisa três soluções para conter talude em área escolar e opta por sistema de blocos de concreto
pré-fabricados. Veja comparativo técnico e orçamentário dos sistemas e saiba o que motivou a escolha
Por Romulo Osthues
Ficha-técnica
Contratante: Prefeitura Municipal de Jacareí (SP)
Construtora: BSM Empreendimentos e Construções Ltda.
Fornecedor dos muros terrae e geogrelhas Fortrec: Fixsolo Comércio e Representação Ltda.
Projeto: Brugger Engenharia
Executora: Sandiego Construtora Ltda.
Muro de contenção na escola Educa Mais – Nova Esperança (Jacareí – SP)
Aplicação das geogrelhas no trecho dois do muro de contenção, por sobre as quais é despejado o
material de aterro
Trabalhadores operam perfuratriz para inserção de grampos no talude onde o muro de contenção
em execução foi precedido por corte
Canaleta descendente para escoamento de água acompanhado de acabamento lateral do muro com
blocos terrae W. Em áreas de risco de vandalismo, a finalização é feita com vigas de coroamento
entre os blocos
Em primeiro plano, operários compõem a base para aplicação do bloco com preenchimento em areia
em muro com corte em talude. Ao fundo, muro de contenção em corte é erguido e preenchido com
brita
Para criar áreas planas onde seriam construídos os prédios da escola Educa Mais – Nova Esperança, em Jacareí (SP), a Secretaria de
Infraestrutura Municipal da Prefeitura identificou a necessidade da construção de muros de contenção na parte de trás do terreno
disponível. O objetivo era garantir a estabilidade dos taludes e das residências vizinhas. Foram então executados aproximadamente 1.100
m² de face com alturas variando entre 3 m e 7 m, sendo 400 m² em muros de contenção de aterro e 700 m² de contenção em corte.
Três projetos de diferentes empresas foram solicitados pela Secretaria e pela BSM Empreendimentos e Construções Ltda., responsáveis
pela obra. A opção pelo sistema construtivo muros terrae, apresentada pela Fixsolo, revelou-se a mais interessante para atender aos
prazos exigidos e por apresentar o resultado mais adequado visualmente à arquitetura do complexo de edifícios.
A tecnologia consiste na sobreposição de blocos de concreto pré-fabricados, cujos formatos permitem o encaixe a seco (sem argamassa)
devido à presença de saliências. Os vãos internos dos blocos são preenchidos com areia, brita ou até mesmo com terra vegetal (para fins
de paisagismo), “formando uma face ondulada com valor estético que ao mesmo tempo é drenante e garante estabilidade à obra”, explica
o projetista das contenções da unidade escolar, Paulo Bruger. Por não prescindirem de armações, fôrmas e concretagens no local da obra,
os muros terrae podem ser edificados simultaneamente ao corte e aterro dos taludes. Resultado: em aproximadamente três meses,
aproveitando o período de poucas chuvas, os muros do Educa Mais – Nova Esperança estavam prontos, ao custo total de R$
1.340.975,45 (veja detalhe dos custos do projeto, em quadro à parte).
O projeto
No projeto da Educa Mais, duas variantes da tecnologia muros terrae foram usadas em três trechos distintos do muro: em corte no talude
(trechos 1 e 3 – como se vê nos desenhos em destaque) e na contenção de aterros (trecho 2). No primeiro caso, foram executadas
perfurações no solo e inseridas barras de aço fixadas com argamassa, conhecidas como grampos. A perfuração e a instalação dos grampos
em aço CA-50 foram executadas imediatamente após o corte, evitando a exposição do talude por longos períodos. A conexão entre os
grampos e a face em blocos foi feita por meio da dobra do grampo e a concretagem dos vazios dos blocos e do espaço entre os blocos e o
terreno, de modo a deixar a barra de aço totalmente protegida por argamassa ou concreto.
Já no muro com contenção de aterros (trecho 2), onde não era possível realizar cortes no talude, outro método executivo foi necessário. O
solo foi compactado com rolo vibratório e reforçado com geogrelhas de PVA, instaladas a cada 0,60 m e fixas na face em blocos (tipo terrae
W 10 MPa) através do encaixe entre blocos e preenchimento com brita. “As geogrelhas garantiram resistência à tração necessária para a
estabilidade do aterro e do muro como um todo”, explica o projetista Bruger. Para o dimensionamento das estruturas de contenção em solo
com geogrelhas, foram realizadas análises em ambiente CAD do equilíbrio ao deslizamento e ao tombamento, bem como o cálculo das
tensões na base do muro.
A planta é baseada na topografia e no projeto geométrico. Eventuais divergências foram adaptadas
na obra, respeitando as seções de referência para as alturas totais dos muros
Os setores 1 e 2 localizam-se do lado direito do talude;
O setor 3 localiza-se no centro do talude.
Esse setor foi dividido em: 3A (lado direito), cortina tirantada existente; 3B (centro), onde ocorreu o deslizamento parcial do
talude quando da demolição de um muro de arrimo pré-existente no terreno; 3A (lado esquerdo), muro gabião existente; E o
setor 4, que se encontra do lado esquerdo do talude.
Comparativo de soluções
As três propostas para a contenção dos taludes no terreno da escola foram analisadas pelo engenheiro Douglas da Costa, diretor de obras
civis da Secretaria de Infraestrutura Municipal de Jacareí (SP). A primeira delas propôs a execução de muro de arrimo com mantas
biodegradáveis e geogrelhas. A segunda sugeriu a execução de mureta de arrimo com blocos estruturais somada, em pontos críticos, a
tubulão e tirante. Por fim, a terceira opção, escolhida, propôs muro com blocos terrae W.
Na análise de Costa, apesar de a primeira proposta oferecer orçamento de menor valor, ela não se ateve às questões de estética do
contexto arquitetônico e a divisa entre os terrenos (da obra e dos vizinhos) não seria respeitada. “A invasão dessa divisa poderia ocasionar
processos de desapropriação, além da necessidade de demolição e reconstrução parciais dos imóveis vizinhos, o que acarretaria mais
despesas para a obra”, comenta.
A segunda sugestão, embora tenha ofertado o orçamento mais oneroso, apresentou o melhor detalhamento nos quesitos execução,
resistência e segurança. Além disso, o sistema proposto se adequaria ao contexto arquitetônico, correspondendo às necessidades estéticas
da obra. Porém, após pedido de detalhamento, a empresa C (Fixsolo) venceu a licitação porque apresentava o processo de execução mais
rápido entre as três e a realização da obra mais barata que a empresa B. “O sistema construtivo muros terrae, ao utilizar fundação direta
com o próprio bloco em cima de uma base de lastro de concreto e proporcionar montagem a seco, permitiria diminuir a demanda por
materiais construtivos e maquinário, resultando também em menor tempo de obra e redução de custos”, conclui. A seguir, veja
detalhamento das propostas.
Proposta A
Setor 1 – Segundo a empresa A, perto da segunda portaria, apenas um muro de arrimo seria suficiente para conter o talude. Somente
após 20 m desse ponto é que seria iniciada a colocação do primeiro grampo na parte superior do talude, formando uma linha entre 5,1 m e
8,5 m de altura.
Setor 2 – Por volta dos 46 m, seria colocada a segunda linha de grampos na parte superior do talude, na altura entre 8,5 m e 10,7 m, com
espaçamento entre eixos de 1,5 m. Ao longo do talude, seriam implantadas mantas biodegradáveis para aderirem ao solo, grampeadas na
parte superior de ambos os setores.
Setor 3A (lado direito) – Na parte direita, ao lado da cortina tirantada existente, seria adotado um corte seguindo o perfil do terreno, em
uma altura de até 4,15 m, após um platô de 3,30 m. O restante seria uma escada de 60 m x 35 cm a uma altura de até 6,30 m. Toda essa
área seria feita com concreto projetado e grampos, com espaçamentos de 1,40 m tanto vertical quanto horizontalmente.
Setor 3A (lado esquerdo) – Seria mantido o muro de gabião, e a parte superior seria complementada por geogrelhas, com duas linhas
de grampos na crista do talude.
Setor 3B – Considerado parte crítica da situação (durante demolição de um dos muros, houve deslizamento de terra nessa região), o setor
receberia um muro com altura de 3,50 m, um platô de 1,67 m e uma escada de 60 cm x 67 cm até a crista do talude, atingindo uma altura
de 6,30 m. Também seriam utilizados concreto projetado e grampos em toda a extensão dessa área crítica.
Setor 4 – Adoção da mesma metodologia dos setores 1 e 2.
Proposta B
Setores 1, 2 e 4 – O método construtivo proposto tinha base na execução de uma mureta de arrimo de 0,40 m com blocos estruturais e
concreto grout, sendo sua fundação feita de broca. Na parte superior, seria realizado um corte no talude para posicioná-lo a
aproximadamente 45o em grama armada com grampos metálicos, cuja variação seria de 8 m a 12 m de comprimento.
Setores 3A (lado direito), 3B e 3A (lado esquerdo) – A solução adotada na parte crítica seria a execução de dois muros de contenção.
O primeiro ao nível do solo e o segundo a aproximadamente 4 m do nível do solo, tendo seu acabamento na crista do talude. Entre eles,
seria colocada grama armada com uma inclinação de 45°. Os muros teriam como fundação um tubulão de ø 80 cm em concreto armado
com uma profundidade entre 9 m e 12 m, para aumentar a resistência dos mesmos. Toda a estrutura seria ancorada com grampos
metálicos entre 6 e 10 m, e um tirante de 24 m na parte inferior do segundo muro. Na parte superior, atrás do segundo muro, seria
executada uma canaleta de concreto para captar águas superficiais.
Proposta C
Setores 1, 2 e 4 – Para os três setores, a tecnologia aplicada seria a mesma: execução do muro com blocos terrae W grampeados após
cortes no talude. Depois do muro erguido, seria feito o retaludamento e colocada grama na crista dele. Esse sistema, exclusivo da empresa,
consiste em blocos estruturais em concreto e solo grampeado passivamente, não tracionando o grampo, tampouco o solo.
Setores 3A (lado direito), 3B e 3A (lado esquerdo) – Seria erguido o muro com blocos terrae W em aterro reforçado com geogrelhas,
o qual seguiria até o perfil natural do terreno e, após o retaludamento, também haveria colocação de grama.
*Os orçamentos se referem ao período de análise e licitação de projetos. Ao final da execução, o
valor do projeto, qualidade e quantidade de materiais utilizados foram diferentes. Veja a tabela.
“Quantitativos e custos dos materiais e execução dos muros” para conferir os valores conclusivos.

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