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Abordagem histórica de Santos Dumont
como incentivo à iniciação científica
no ensino médio no Brasil1
Edson Fernando de Godoy 2
Resumo: O professor de História deve ser um agente transformador, gerando no
educando uma visão crítica da sociedade para que este também passe a ser um agente
transformador no meio em que vive. Estudar a figura de Santos Dumont e o tempo em
que viveu, pode contribuir para despertar no jovem do ensino médio, a necessidade de
uma mudança de comportamento? As personalidades históricas servem de exemplo e
incentivo para os educandos distinguirem entre o herói nacional e o homem por detrás
dele? Atualmente, existem projetos que financiam e promovem a iniciação científica no
ensino médio e, ela não é um treinamento ou adestramento para a vida profissional, mas
sim, um exercício para novas descobertas e um despertar crítico da realidade, é um ensino
participativo e criativo entre educador e educando. O fazer ciência liberta o educando,
tornando-o capacitado a entender de forma crítica e questionadora a realidade.
Palavras-chave: Iniciação Científica. Santos Dumont. Ensino Médio. Invento. Avião.
1
Orientador: Everton Luis Sanches. Doutor em História e Cultura pela Universidade Paulista (UNESPFHDSS). Professor do Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP). E-mail: <everton_sanches@hotmail.
com>.
2
Licenciado em História pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP), Polo de Rio Claro (SP).
E-mail: <[email protected]>.
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1. INTRODUÇÃO
O professor de História deve ser um agente transformador e gerar no
educando uma visão crítica da sociedade para que o mesmo também possa
ser um agente transformador no meio em que vive.
Portanto, nesse sentido, a função do professor é de repassar os
conteúdos de uma forma simplificada e que tenha alguma relação com
o cotidiano dos alunos, tornando o professor um mediador do processo
ensino-aprendizagem na aquisição de habilidades.
Em pleno limiar da sociedade do conhecimento, o Brasil precisa abandonar a concepção conservadora e ultrapassada do trabalho como obrigação pela sobrevivência para reconstituir uma nova transição do sistema
escolar para o mundo do trabalho. (POCHMANN, 2004, p. 397).
Nesse sentido, estudar a figura de Alberto Santos Dumont e a
realidade social e política na qual ele estava inserido, no final do século
XIX e início do século XX, podem contribuir para despertar nos jovens
do ensino médio, uma mudança de comportamento para a transformação
da realidade por eles vivenciada todos os dias?
A figura de Santos Dumont mostra-se extremamente interessante,
sobretudo, por todos os seus inventos, dentre eles o avião. Seria esta
figura capaz de atrair e incentivar a iniciação científica no Ensino Médio?
Dumont contribuiu para a sociedade em que vivia?
São questões a serem analisadas, pois, Dumont foi uma personalidade
controversa, alvo de ridicularização e muitas vezes, desacreditado no
exterior e em seu próprio país.
1.1 A Iniciação científica com os educandos do ensino médio
Deve-se despertar no educando a vontade de aprender e tornar-se
agente transformador de si próprio e da comunidade onde vive. Para isso,
é de suma importância a figura do educador nesse processo que, através
de ações pedagógicas transformadoras possibilita ao educando construir
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e alcançar esse objetivo. Ecco (2004, p. 38) afirma que: “O ser humano
aprende na relação com o outro, com o mundo, mediatizados pelo ato de
conhecer, produzindo saberes em relação a contextos”.
A iniciação cientifica pode ser uma ferramenta pedagógica eficaz,
fazendo com que o educando assuma uma postura crítica e contribua para
responder aos desafios sociais, através de uma abordagem interdisciplinar
e do estabelecimento de conexões, numa dimensão globalizada e histórica,
entre o conhecimento teórico acumulado e as situações identificadas em
nossa sociedade.
Em Calazans (2002, p. 129):
[...] os esforços empreendidos para formar e sedimentar um parque
de ciência e tecnologia no país, nos últimos trinta anos, têm sem
dúvida, caráter estratégico, em cujo ápice estão os programas de pósgraduação e os centros de pesquisas, responsáveis por ampla parcela
da produção científica, nas mais diferentes áreas. No extremo oposto,
na base, situa-se a educação básica, em cujo sucesso se concentra a
possibilidade de manutenção do ápice.
Sua reflexão assenta-se sobre a possibilidade de difusão de um
pensamento científico, capaz de reatualizar e de fazer crescer, com
autonomia, a força produtiva de nosso país. É a escola que nesse
sentido tem papel fundamental. Ela precisa contar com professores que
desenvolvam em seus alunos um pensamento investigativo. Dessa forma,
essa nova exigência da atividade docente está vinculada a um tipo de
formação favorecida pela inserção dos licenciados em projetos de pesquisa,
no âmbito dos quais se ponha em prática a dissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão. Assim, é possível formar um professor-pesquisador
em sentido lato; um professor que tenha assumido e assim, seja capaz de
desenvolver em seus alunos, diante do conhecimento do mundo, uma
atitude inquieta, reflexiva, crítica.
Nesse sentido, o professor, sobretudo o de História, tem a possibilidade
de através da pesquisa e do estudo de personalidades históricas e o tempo
em que elas estavam inseridas, fazer com que as mesmas sirvam de exemplo
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e incentivo para a inserção do educando na iniciação científica ainda no
ensino médio.
Atualmente, existem projetos que financiam e promovem essa
iniciativa. Um deles é a do Colégio Técnico (Coltec), no campus
Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais que tem o apoio da UNESCO
e do Ministério da Educação:
O Programa oferece, a estudantes do ensino médio e profissionalizante
de escolas da rede pública, a oportunidade de realizar pesquisas de iniciação científica e participar de um processo diferenciado de aquisição
do saber, que valoriza a busca e a produção do conhecimento e socializar
os saberes construídos por alunos de ensino médio das 14 instituições
mineiras participantes do Programa de Vocação Científica - PROVOC.
Outro é o do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) que em 2003 distribuiu três mil bolsas para alunos
do ensino médio de escolas da rede pública do país, no valor de R$ 80,00
(oitenta reais) mensais para a iniciação científica:
O objetivo do novo programa de bolsas, batizado de Iniciação Científica Júnior, é fazer com que os estudantes comecem a se interessar por
pesquisa desde antes do ingresso na universidade. A idéia é semelhante
à da iniciação científica, que já existe para os alunos universitários. O
objetivo é aproximar os jovens secundaristas dos centros de pesquisa.
Outro exemplo é o Projeto de Iniciação Científica Júnior (PIC Jr)
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde estudantes
das cidades de Campinas, Piracicaba e Limeira são selecionados e têm
a oportunidade de vivenciar o ambiente acadêmico, participando de
pesquisas orientadas por professores da instituição de ensino:
O objetivo é despertar jovens talentos provenientes de escolas públicas para as áreas de pesquisa científica, envolvendo o aluno com os
desafios atuais da ciência e com a metodologia do trabalho científico.
No total, são 84 projetos de pesquisa, nas áreas de Biomédicas (MeLinguagem Acadêmica, Batatais, v. 1, n. 2, p. 24-44, jul./dez. 2011
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dicina e Biologia), Exatas (Física e Química), Humanas (Artes, Filosofia, Ciências Sociais, História, Economia, Lingüística, Literatura e
Educação) e Tecnologia (Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica,
Engenharia Química, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos,
Engenharia Agrícola e Arquitetura). Cada projeto terá a participação de um a três alunos. O programa tem duração de 12 meses, com
possibilidade de renovação. Durante o desenvolvimento do projeto,
o estudante deve comprovar mensalmente a freqüência e rendimento
escolar satisfatórios. Os alunos também recebem bolsa no valor de
R$ 100,00 mensais, conforme quota prevista no Programa de Bolsas
de Iniciação Científica Júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de alguns benefícios
concedidos pela Unicamp, como refeição, ônibus fretado, atendimento médico e odontológico e seguro de acidentes pessoais.
Por esses e outros exemplos, a iniciação científica demonstra ser uma
enriquecedora experiência no ensino médio.
Uma iniciativa é a abordagem da trajetória de Alberto Santos
Dumont que apesar das incontáveis dificuldades, perseguições e descrédito
até mesmo de seus compatriotas, não desistiu de seus sonhos. Na análise
de sua vida, motivar o educando a ter uma visão crítica, levando-os a
questionar a própria figura histórica de Santos Dumont, as consequências
de seus atos e a importância de se ter um objetivo, entendendo que: “[...] a
prática de pensar a prática é a melhor maneira de aprender a pensar certo”
(FREIRE, 1978, p. 105).
1.2 A família Dumont
Segundo Sodré (2006), Alberto Santos Dumont nasceu em 20 de
julho de 1873, no sítio Cabangu (palavra de origem indígena e quer dizer
mata escura), então distrito de João Gomes, município de Barbacena,
interior do estado de Minas Gerais. Posteriormente, indo para o interior
do Estado de São Paulo, longe dos grandes centros e das melhores escolas.
No entanto, esta realidade não se tornou um fator limitador para a
conquista de seus sonhos.
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Pela Lei nº 3.712, de 27 de setembro de 1889, o então distrito de
João Gomes foi transformado em município, chamado de Palmyra. Em
1932, ano do falecimento de Alberto, por iniciativa de Oswaldo Castelo
Branco, a cidade passou a se chamar Santos Dumont.
O pai de Alberto foi Henrique Dumont, nascido em 20 de julho
de 1832, em Diamantina, era descendente de joalheiros franceses que,
tinham imigrado para o Brasil e se estabelecido em Ouro Preto. Sua mãe,
Francisca de Paula Santos, também nascida em Minas Gerais, na cidade de
Ouro Preto, era filha de família oriunda da alta aristocracia portuguesa.
De seu pai, Alberto herdou o interesse por mecânica e o espírito empreendedor e aventureiro. Na juventude, seu pai, entre outras aventuras, escalou o Mont Blanc, localizado ao sul da França, na divisa
com a Suiça. Uma façanha para grandes aventureiros naquele tempo.
Da mãe, Alberto herdou o temperamento introspectivo e a timidez.
Dona Francisca era católica praticante e muito devota. (GODOY,
2005, p.18).
Na época em que os pais de Alberto se casaram, D. Pedro II tinha um
programa de construção de estradas e uma delas, uma ferrovia, ligaria o
Rio de Janeiro à região aurífera, no interior do estado de Minas Gerais.
É importante lembrar que, nas últimas décadas do século XVII, os
bandeirantes paulistas descobriram os veios de ouro nos denominados
campos gerais, abrindo um caminho que ligava São Paulo à região das
minas.
Para melhor fiscalizar e cobrar impostos, a Corte decidiu abrir um
caminho direto do Rio de Janeiro às minas de ouro que, foi denominado
Caminho Novo e mais tarde passou a ser chamado de Estrada Real da
Corte. Posteriormente, a Corte decidiu construir uma ferrovia paralela à
estrada de veículos movidos à tração animal.
Foi então que, a empresa do pai de Alberto, em sociedade com o seu
sogro, foi contratada para empreitada de construir um trecho da ferrovia
que veio a se chamar Estrada de Ferro D. Pedro II.
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Segundo Sodré (2006, p. 19):
A construção desse trecho da ferrovia levou pouco mais de quatro
anos: de 1872 a 1876. Por ser uma região de topografia acidentada,
foi necessário abrir cinco túneis na curta distância de cinco quilômetros. O trecho era denominado “Ferradura”. No dia em que Henrique
completou 41 anos, 20 de julho de 1873, sua mulher Francisca deu à
luz Alberto Santos Dumont.
Henrique, como empresário e engenheiro dirigia a frente de trabalho
da construção. Essa foi a razão de Alberto ter nascido no sítio Cabangu,
na verdade o canteiro de obras da ferrovia. Os primeiros dois anos da
criança foram vividos nesse sítio, nas Alterosas: um local ermo, distante,
mas muito saudável.
Por ter desentendido com o seu sogro e por indicação de seus
amigos, Pereira Barreto e Martinico Prado, Henrique comprou terras
na região de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, pertencentes a João
Bento Junqueira. A propriedade tinha origem na Sesmaria do Lageado,
outorgada por D. Pedro à família Junqueira em 1821. A enorme área de
terras de cultura foi transformada por Henrique na Fazenda Dumont (exAriandiúva), onde começou a plantar café.
Naquela ocasião (em 1879), a compra dessas terras foi um lance visionário de Henrique, pois o café era plantado principalmente no estado
do Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, em uma região de topografia
acidentada. Pode-se se dizer que naquela época, a região de Ribeirão
Preto era uma fronteira agrícola de menor importância. A atividade
econômica no Brasil era influenciada pelo Império e se desenvolvia
em Minas Gerais, em razão do ouro e das pedras preciosas ali existentes e, no nordeste, em razão do plantio de cana-de-açúcar naquela
região. As terras compradas por Henrique , no estado de São Paulo,
eram consideradas por muitos como sertão, pois estavam distantes da
capital e da Corte, localizadas na cidade do Rio de Janeiro, sede do
poder. (CIONE, 1989, p. 40).
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Durante doze anos, dos 6 aos 18 anos, Alberto Santos Dumont viveu
na fazenda, junto com os seus sete irmãos, sendo dois homens: Henrique
e Luiz, e cinco mulheres: Maria Rosalina, Virgínia e Gabriela, mais velhas
do que Alberto, e Sofia e Francisca, mais moças.
Alberto acompanhou o trabalho do seu pai que, transformou as
terras, até então praticamente não cultivadas, em uma fazenda modelo,
introduzindo inovações tecnológicas, tanto na lavoura, como no
beneficiamento do café. Essa fase influenciou fortemente o grande
inventor.
A referida fazenda de terras férteis e planas, chegou a ter 5 milhões
e 700 mil pés de café e, transformou Henrique no primeiro rei do café no
Brasil.
Em razão das distâncias e da falta de infra-estrutura, o fazendeiro
de café era obrigado a ter em sua propriedade, não apenas os terreiros
para secagem inicial e os tanques para lavagem mas, também, os
despolpadores, os secadores, as tulhas e todo o equipamento de transporte
e beneficiamento do café. A produção era verticalizada na propriedade
rural, Pode-se estimar que o investimento feito por Henrique em sua
fazenda foi de grande vulto, envolvendo cifra próxima de 1 milhão de
dólares. O café que saía da fazenda já saia ensacado e classificado, seguindo
para o Porto de Santos para ser exportado. Esse conjunto de máquinas
que, na realidade formava uma verdadeira indústria, despertou o interesse
do menino Alberto. Ele acompanhou a montagem de todo equipamento,
feita por técnicos estrangeiros e, foi o contato com essas máquinas que,
despertou o seu interesse por Mecânica, Física e Engenharia, reforçado
pela leitura dos livros de Júlio Verne. Como ele próprio reconhece em
seu livro “O que eu vi, o que nós veremos”, a influência de Júlio Verne foi
marcante em sua vida.
1.3 O jovem Dumont
No início, ainda jovem, ele acreditava na possibilidade de o homem
voar com as aeronaves projetadas por Júlio Verne, mas, depois, com seu
espírito prático, percebeu tal impossibilidade. Transcrevemos a seguir as
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suas palavras com a ortografia original:
Algumas vezes, no verdor dos meus anos, acreditei na possibilidade
de realização do que contava o fértil e genial romancista; momentos
após, porém, despertava-se em mim o espírito prático, que via o peso
absurdo do motor a vapor, o mais poderoso e leve que eu tinha visto.
Naquele tempo, só conhecia o existente em nossa fazenda, que era de
um aspecto e peso phantásticos; assim o eram, também, os tratores
que meu pai mandava vir da Ingraterra: puchavam duas carroças de
café, mas pesavam muitas toneladas [...]. (DUMONT, 1918, p. 10).
Segundo Sodré (2006), a criatividade de Alberto Santos Dumont,
sem dúvida, teve a sua iniciação prática nesses doze anos da sua juventude,
pois aos 7 anos já dirigia os tratores (locomoveis) empregados na fazenda,
chamados na ocasião de máquinas de tração. Eram essas máquinas que
faziam o serviço pesado de destoca, derrubar as árvores, arrastar os
troncos, enfim, preparar o terreno para a plantação dos pés de café.
Dirigi-las foi uma inesquecível emoção para uma criança. Aos 12 anos,
também aprendeu a dirigir as máquinas americanas Baldwin, as pequenas
locomotivas que puxavam os vagões da ferrovia interna da fazenda com
bitola de 60 centímetros. A satisfação que lhe trazia esse momento de
liberdade foi grande e ele se realizava. Enquanto a maioria das crianças
tinham medo das máquinas, barulhentas e soltando fumaça, ele se
orgulhava em dominá-las.
Ainda segundo Sodré (2006), na última década do século XIX, o
Brasil estava em uma situação de transição. Nas quatro décadas anteriores,
o país tinha passado por um surto do progresso, mas a Abolição da
Escravadura, em 13 de maio de 1888, alterou o panorama econômico na
área rural, que se encontrava a principal atividade econômica do país, bem
como, a situação política. Henrique era monarquista. Já havia movimentos
republicanos em plena agitação, tanto que, a República foi proclamada
em 15 de novembro 1889.
A seguir, uma interpretação bastante sumária do cenário da cultura
brasileira no último quartel do Império.
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O decênio que vai de 1868 a 1878, escrevia Sílvio Romero, foi “o
mais notável quantos no século XIX constituíram a nossa vida espiritual”. Um bando de idéias novas agitou o país nesse período, dandolhe novas diretrizes. Até aí o espírito comercial e industrial do Brasil
resumia-se, observava Joaquim Nabuco, na importação e venda de escravos. Com a abolição do tráfico deu-se uma “transformação maravilhosa”, abrindo novas perspectivas materiais e intelectuais ao país.
Por volta de 1870 afirmaram-se, entre as novas elites, as novas correntes de idéias que já delineavam desde 1850: o positivismo, o evolucionismo, principais expressões do pensamento filosófico do século
passado. Aos nossos filosofantes, seguidores do eclitismo, ou aos que
se ligavam às doutrinas recomendadas pela Igreja, viriam juntar-se, a
partir de então, as novas gerações de positivistas, ortodoxos ou heterodoxos, o espencerianos e alguns poucos mentalistas. (BARATA
1996, p. 330).
O pai de Alberto, em uma das inspeções a sua fazenda, caiu de uma
charrete e sofreu uma batida na cabeça que causou um acidente vascular
cerebral (AVC), conhecido como derrame cerebral. Esse acidente o
deixou hemiplégico. As mudanças no rumo do país, tanto políticas como
econômicas e a sequela do acidente levaram Henrique a vender a fazenda
e mudar-se para a França, em busca de um tratamento feito nas Termas
de Lamalou-les-Bains, estação de águas perto de Cette, no sul da França.
Nessa viagem, levou a mulher e os filhos solteiros, inclusive Alberto.
A venda da Fazenda por 1 milhão de libras esterlinas permitiu a Henrique
ficar em situação de alta liquidez financeira e, posteriormente, permitiu
a Alberto, com parte que lhe coube, como adiantamento da herança, financiar suas invenções, enquanto viveu. (JORGE, 2002, p. 26).
Para um jovem de 18 anos, com total fluência na língua local, Paris
era o paraíso. Aqueles eram anos da belle époque e ao mesmo tempo das
invenções. O espírito que dominava a França e o mundo era o Espírito das
novidades.
A cidade de Paris era símbolo de riqueza, fascínio, poder, cultura e
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era o desejo de todos conhecê-la. A família Dumont viajou de trem da
cidade do Porto, em Portugal, até Paris e chegou na Gare d´Orleans. O
cenário da “Cidade Luz” foi se desdobrando perante Alberto, deixando-o
encantado com os prédios, o Boulevard Haussmann, a simetria das ruas, a
beleza das catedrais; um cenário diferente de tudo o que ele já conhecera,
ultrapassando as suas melhores expectativas.
1.4 O inventor
Segundo Wykeham, (1966), Alberto viveu em Paris a maior parte da
sua vida de inventor, entre o fim do século XIX e o começo do século XX.
Durante esse período, viajou ao Brasil, inúmeras vezes, bem como, aos
Estados Unidos, Inglaterra, Egito, Chile, Argentina, entre outros países.
Porém, fixou residência somente na França e no Brasil.
Nessa época, o balonismo estava em evidência na rica e romântica
cidade. O interesse de Alberto pelo balonismo e pela liberdade de voar
está registrado no seu livro Dans l´air, nos seguintes termos, referindo-se
ao romance de Júlio Verne, em que a personagem Hector Servandoc viaja
em um cometa:
Acompanhando Hector Servandoc naveguei pelo Cosmo. Também eu
quis voar de balão. Nas longas e ensolaradas tardes na fazenda, quando
me acalentava o zunido dos insetos, pontuados pelos gritos distantes
de alguma ave, eu ficava deitado à sombra da varanda, contemplava o
belo céu brasileiro, onde as aves voam tão alto e planam tão desembaraçadas com suas grandes asas abertas, onde as nuvens se elevam tão
alegremente à luz pura do dia e precisamos apenas erguer os olhos para
nos apaixonarmos pelo espaço e pela liberdade. Assim, ponderando a
exploração do oceano aéreo, também eu criei dirigíveis e máquinas voadoras em minha imaginação. (WINTERS, 2000, p. 14).
É nesse universo efervescente e empolgante da “Cidade Luz” que
Santos Dumont executa seus sonhos mais profundos. No Brasil, esses
sonhos não poderiam sequer serem pronunciados e ele guardava para
si esses sentimentos, tanto que, só muitos anos depois, ao escrever a sua
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autobiografia escreveu:
Tais devaneios eu os guardava comigo. Nessa época, e no Brasil, falar
em inventar uma máquina voadora, um balão dirigível, seria quase
passar por desequilibrado ou visionário. Os aeronautas que subiam
em balões esféricos eram considerados profissionais habilíssimos,
quase semelhantes aos acrobatas de circo.
Se o filho de um fazendeiro de café sonhasse em se transformar em
um êmulo deles, cometeria um verdadeiro pecado social. (WINTERS, 2000, p. 57).
O inventor só conseguiu dar vida aos seus projetos em outro país,
mais aberto para ciência.
1.5 A contribuição de Santos Dumont para a ciência
Alberto Santos Dumont sempre valorizou os aspectos humanos, os
valores éticos e os princípios de honestidade intelectual que nos legou esse
brasileiro dedicado a vida toda em prol da humanidade. Que colocou os
valores morais acima de interesses pessoais e materiais. Que teve sempre
uma visão humanística e social, preocupando-se com os mais humildes,
com os pobres, para os quais ofereceu atenção especial. Preocupando-se
com as questões ambientais, no início do século passado, como nos mostra
Welington Pinto ao citar umas das entrevistas de Santos Dumont:
Devemos ensinar a criança, ainda na escola, a ter respeito pela natureza pois essa criança, será o adulto de amanhã que, se embasado
de consciência, poderá ser um bom defensor do meio ambiente, um
explorador de nossos recursos naturais de forma sustentável, sem
agredir ou acabar com a densa e rica floresta que cobre o nosso abençoado país. Esse é o Brasil, sem o conflito da guerra, unindo e politicamente correto. (PINTO, 1959, p. 78).
Existia um amor ao próximo que o levou a doar o valor de um de seus
prêmios aos auxiliares e aos pobres de Paris, cidade em que viveu a maior
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parte de sua vida. Santos Dumont fazia suas doações com altruísmo. Por
exemplo, o Prêmio Deutsch (a essa altura elevado para 129 mil francos)
que recebeu pelo primeiro vôo de balão dirigível, quando contornou a
Torre Eiffel, doou integralmente.
Segundo Antonio Sodré (2006, p. 174):
Os 129 mil francos daquela ocasião equivaleriam hoje a mais de 20
milhões de francos, uma fortuna que foi doada da seguinte forma:
50 mil francos foram divididos entre os seus mecânicos e auxiliares
e 79 mil francos, entre os pobres de Paris, para que, primeiramente,
ferramentas dos operários fossem tiradas do penhor e restituídas a
seus donos.
A humanidade deve a Santos Dumont a oportunidade de voar, bem
como, a indústria aeronáutica, da qual ele foi o precursor com o Demoiselle,
pois o mesmo encurtou as distâncias, deu uma nova dimensão ao ser
humano. Os brasileiros devem a ele um grande impulso no reconhecimento
mundial. Com sua capacidade inventiva, melhorou a auto-estima do povo
que via nele um herói, vencedor de cientistas e inventores, europeus e
norte-americanos, no campo da ciência e da mecânica. Enfim, ele provara
ao mundo que o brasileiro era capaz, também nas grandes invenções, na
área da criação científica.
Mas essa idéia não é unânime. Muitas vezes, Santos Dumont foi
ridicularizado e muitos duvidaram de seus inventos. Perfeitamente
compreensível haja visto a origem de Santos Dumont – cidadão de país
subdesenvolvido, sem expressão internacional.
Porém, considerando a necessidade do rigor científico, temos:
Um testemunho sério e imparcial a favor de Santos Dumont foi o de
Samuel Pierpont Langley, norte-americano, membro da Academia
Nacional de Ciências de Washington, D.C., da Sociedade Real de
Londres e da Accademia dei Lincei de Roma, uma das maiores autoridades internacionais em pesquisas científicas na área da Física,
inventor de um novo instrumento para medir o calor do Sol sobre
a Terra, cientista, pesquisador e homem de grande visão. Em 1887,
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assumiu o cargo de diretor do Smithsonian Institute. Era o decano
dos cientistas norte-americanos no início do século XX. Em 1886,
Langley começou a se interessar pelos vôos, a princípio de balões e a
seguir de aviões. Seu conhecimento científico permitiu formular um
princípio que depois foi chamado de Lei Langley, que era o seguinte:
à medida que a velocidade de um dado objeto aumenta, menos força é
necessária para sustentá-lo no ar, e não mais força. (SOUZA, 1948, p.
90).
É interessante citar Langley por ser, justamente, de origem norteamericana e ser reconhecido no meio científico mundial. Com isso, sua
ideia e opinião se tornam ainda mais valorizadas. Nesse sentido temos:
Em 1891, Langley publicou um trabalho que concluía que vôos de objetos mais pesados que o ar não só eram teoricamente possíveis como
poderiam ser feitos com os motores já existentes. Foi a Paris conhecer
Santos Dumont, tendo visitado seu hangar e oficinas e acompanhado seus experimentos. Langley tinha o dobro da idade de Dumont,
mas entre eles se estabeleceu uma empatia, natural entre os homens
sérios que tratam de assuntos técnicos com conhecimento de causa
e com transparência. Pois bem, quando os irmãos Wright alegaram
ter voado, em 1903, esse norte-americano de grande respeitabilidade
rechaçou-os de pronto com muita firmeza e conhecimento de causa.
Não dava nenhum crédito às alegações dos irmãos Wright e o Smithsonian Institute somente aceitou receber em seu museu uma réplica
do Flyer, o avião dos irmãos Wright, 45 anos depois do alegado vôo
em Ktty Hawk, sob a pressão das forças armadas norte-americanas.
Mesmo depois da morte de Langley, os seus sucessores na direção do
Smithsonian Institute não aceitavam as alegações dos irmãos Wright
por absoluta falta de provas... O rigor científico de uma instituição
séria não permitia se render a uma argumentação falha. Porém, foram
obrigados a aceitá-la, muitos anos depois, sob pressão do governo
americano. (SOUZA, 1948, p. 98).
Não foi apenas o Smithsonian Institute que por longos anos não
reconheceu os irmãos Wright como pioneiros. Outros cientistas em
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instituições respeitadas dos EUA também o fizeram. Assim como:
Em 1914, o Aeroclube da América convidou Santos Dumont para
tomar parte no 2º Congresso Científico Pan-americano, quando se
pretendia fundar a Federação Aeronáutica do Hemisfério Ocidental...
Dumont compareceu, tomou parte nas reuniões e foi eleito o primeiro
presidente da entidade, conforme registra o Bulletin of the Panamerican Union nº 2, de fevereiro de 1916, p. 202 a 205. Os irmãos Wright
nem sequer foram convidados a participar. (LOBO, 1973, p. 32).
Em se tratando de “heróis nacionais”, deve-se ter cautela, pois, são
de certa forma instrumentos do fortalecimento da identidade do seu país
natal, ou seja, muito se acrescenta em suas supostas glórias e seus erros e
sofrimentos são esquecidos.
O espírito inventivo de Santos Dumont deve ser resgatado ou
cultivado entre os educandos do ensino médio, para que sirva de solo
fértil para iniciação científica e para a busca de estratégias em direção às
soluções dos problemas cotidianos. Nesse sentido, é salutar também, levar
ao conhecimento do educando os pontos fracos de Dumont e até mesmo
as causas de sua morte trágica. Só assim, será possível a construção do
pensamento critico e questionador dos educandos.
1.6 O incentivo à iniciação científica no Ensino Médio
O professor de História pode utilizar a figura emblemática de Alberto
Santos Dumont para despertar no educando a vontade de pesquisar, sonhar
e, sobretudo criar uma nova realidade, diferente da que está habituado.
Observando a trajetória do inventor brasileiro, é possível notar que,
apesar de ter uma vida privilegiada financeiramente, ele teve incontáveis
obstáculos, tais como, a vida reclusa no campo, longe dos grandes centros
(na época, o Brasil era considerado uma colônia atrasada de Portugal), ter
baixa estatura, ser extremamente tímido, não ter uma formação acadêmica,
dentre outros obstáculos que conspiraram para a desistência da realização
de seus sonhos.
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No entanto, ele não desistiu de atingir seus objetivos. Foi um grande
inventor, um visionário de sua época, muitas vezes incompreendido,
ridicularizado, desacreditado.
Paulo Freire afirma que “[...] ensinar exige a corporeificação das
palavras pelo exemplo” e continua:
O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que mando e não o que eu faço”. Quem pensa
certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do
exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.
Que podem pensar alunos sérios de um professor que há dois semestres, falava com quase ardor sobre a necessidade da luta pela autonomia
das classes populares e hoje, dizendo que não mudou, faz o discurso
pragmático contra os sonhos e pratica a transferência de saber do professor para o aluno?!
Que dizer da professora que, de esquerda ontem, defendia a formação
da classe trabalhadora e que, pragmática hoje, se satisfaz, curvada ao
fatalismo neoliberal, com o puro treinamento do operário, insistindo,
porém que é progressista?
Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que re-diz em
lugar de desdizê-lo. Não é possível ao professor pensar que pensa certo
mas ao mesmo tempo perguntar ao aluno se “sabe com quem está falando”.
O clima de quem pensa certo é o de quem busca seriamente a segurança na argumentação, é o de quem, discordando do seu oponente
não tem porque contra ele ou contra ela nutrir uma raiva desmedida,
bem maior, às vezes, do que a razão mesma da discordância. (FREIRE,
1996, p. 34-35).
Para que o gosto pela ciência seja despertado no educando, é
imperativa a participação do docente, motivando-o através do exemplo
de figuras históricas, com a boa prática educativa e social. É um trabalho
mútuo, de cooperativismo entre o educando e o educador, na construção
do saber.
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A iniciação cientifica não é um treinamento ou adestramento para
a vida profissional, mas sim, um exercício para novas descobertas e um
despertar critico da realidade.
2. CONCLUSÃO
É de suma importância que, o Ensino Médio estabeleça princípios
orientadores, garantindo ao educando uma formação eficaz, capaz de
atender diferentes anseios e, possibilitando a construção de uma sociedade
mais solidária, reconhecendo suas potencialidades e os desafios para
inserção no mundo competitivo acadêmico e profissional.
Para enfrentar o dualismo entre o propedêutico e o profissionalizante,
é necessário que o Ensino Médio se estruture, em consonância com o
avanço do conhecimento científico e tecnológico, fazendo da cultura um
componente da formação geral, articulada com o trabalho produtivo.
Entender a necessidade de uma formação com base democrática
significa promover a capacidade de pensar, refletir, compreender e agir
sobre as exigências da vida social e produtiva, garantindo ciência, cultura
e trabalho, na expectativa de emancipação humana na forma igualitária a
todos os cidadãos.
Neste sentido, a iniciação científica torna-se uma ferramenta eficaz
que permite ao educando, auxiliado pelo educador, ter condições de
refletir, construir conhecimento em prol de transformação da sociedade,
além de ter contato como a vida acadêmica.
No entanto, como se pode ver, existem projetos que apoiam a
iniciativa de colocar o educando em contato com a ciência e com o meio
acadêmico.
Esse contato com novas possibilidades pode ser um agente motivador
e transformador na vida do educando, o qual passa a ter uma visão
diferente de futuro, avessa muitas vezes, a que está acostumado, voltando
a ter interesse pelos estudos, em busca de novas conquistas.
Os educandos inexperientes nos processos de realização de atividades
investigativas podem apresentar dificuldades no início, sobretudo quanto
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ao registro escrito das ideias, porém, as vantagens são muito superiores
e, podem ser comprovadas, pois é sempre um processo privilegiado na
construção do conhecimento, pois, há a introdução do tema, a realização
da tarefa e a discussão dos resultados. Desenvolvendo o espírito crítico,
os educandos melhoram a auto-estima pois passam a acreditar em suas
próprias potencialidades.
Dumont contribui para a sociedade em que vivia no sentido que
abriu horizontes, possibilidades para novos avanços tecnológicos.
O fazer ciência liberta o educando, tornando-o capacitado em
entender de forma crítica e questionadora a realidade. Nesse sentido, ele
consegue distinguir entre a construção de um herói nacional e o homem
por detrás dele.
Lembrando que o envolvimento do educando requer o seu próprio
interesse, o educador por sua vez, desafia-o, avalia seu desempenho,
incentiva o raciocínio e apoia o trabalho. Ele assegura que todos
compreendam bem o desenvolvimento e a execução dos projetos, levandoos a buscar estratégias para a solução. O educador pode buscar na pessoa
de Santos Dumont e em seu contexto histórico, a estratégia motivadora do
interesse de seus educandos para a iniciação científica no Ensino Médio.
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Title: Historical approach of Santos Dumont as incentive scientific initiation in
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Author: Edson Fernando de Godoy.
ABSTRACT: A history teacher should be an influential person, leading students to
a critical view of society so that they can become influential people where they live.
Studying Santos Dumont’s character and the time he lived can influence high school
students for a change of behavior? Can historical personalities serve as example and
incentive for students to distinguish between the national hero and the man behind
it? Nowadays, there are projects supporting and sponsoring Scientific Initiation in
high school and this is not training for professional life, but rather an exercise for new
discoveries and a critical awakening to reality. It is a creative and shared teaching between
teacher and student. Doing science frees the learner, making him able to understand
reality in a critical and questioning way.
Keywords: Scientific Initiation. Santos Dumont High School. Inventions. Flight.
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