Os Esportes Radicais numa Perspectiva Interdisciplinar

Transcrição

Os Esportes Radicais numa Perspectiva Interdisciplinar
Os Esportes Radicais numa Perspectiva Interdisciplinar
Robson Cavalin Rodrigues (FCSGN) 1 [email protected]
Cleize Maria de Barros Tavares; (FCSGN) [email protected]
Soraya Carvalho Duarte (FCSGN) [email protected]
Resumo: Este trabalho é o relato da participação na aplicação de um projeto interdisciplinar
chamado „Esportes Radicais‟ que fez parte das atividades currículares realizadas durante a
graduação. O projeto foi elaborado e aplicado, por quatro alunos dos cursos de Licenciatura
em Física, Ciências Biológicas, e Química, em uma escola da rede pública de ensino, com a
participação de 10 alunos. Esse projeto foi baseado na interdisciplinaridade que, é a união dos
componentes distintos de duas ou mais disciplinas, conduzindo a novos conhecimentos que
não seriam possíveis se não fosse essa integração. As principais características das atividades
realizadas foram a pesquisa e a troca de conhecimentos, ajudando a promover a interação, a
curiosidade e a tomada de decisões por parte dos alunos. O projeto procurou instigar a
curiosidade nos alunos a respeito de fenômenos físicos, biológicos e químicos que ocorrem
quando praticam algum tipo de esporte radical. Procuramos desenvolver atividades que
levantassem o maior número possível de questionamentos a respeito de fenômenos
observáveis, integrando, portanto, vivências e o meio social dos alunos com disciplinas
curriculares da escola. Integração esta que, proporciona uma aprendizagem significativa, para
a sociedade, para a convivência social e para a criticidade. Através da explicação das dúvidas
dos participantes, foi possível auxiliá-los a compreender o que é feito pelos atletas durante a
prática de algum tipo de esporte radical com segurança, a que tipo de tecnologia eles recorrem
para a prática destes esportes e sua relação com o meio ambiente.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Esportes Radicais, Educação Ambiental.
Abstract: This work is the account of participation in the implementation of a so-called
interdisciplinary project 'Extreme Sports' which was part of the curricular activities during
graduation. The project was developed and implemented by four students of the degree
courses in Physics, Life Sciences, and Chemistry, in a school teaching the public, with the
participation of 10 students. This project was based on interdisciplinarity that is the union of
the different components of two or more disciplines, leading to new knowledge that would
not be possible were it not for this integration. The main features of the activities were
research and exchange of knowledge, helping to promote interaction, curiosity and decision
making by the students. The project sought to instill curiosity in students about physical,
biological and chemical phenomena that occur when practicing some kind of extreme sport.
We seek to develop activities that raise the greatest number of questions about observable
phenomena, integrating, therefore, experiences and the social environment of students with
curriculum subjects in school. This integration provides a significant learning, for society, for
1
Robson Cavalin Rodrigues , Licenciado em Física pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL,
Pelotas-RS, 2013), Mestre em Física pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL, Pelotas-RS, 2014).
Atualmente docente do ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua
Jequitiba, nº 40, Jardim Aeroporto. Cep.: 78520-000. E-mail: [email protected].
1
social cohesion and for criticality. Through the explanation of the questions of the
participants, it was possible to help them understand what is done by the athletes during the
practice of some kind of extreme sport safely, what kind of technology they resort to the
practice of these sports and their relationship with the environment.
Keyword: Interdisciplinarity, Extreme Sports, Environmental Education.
1. INTRODUÇÃO
A prática de esportes radicais vem aumentando gradativamente no Brasil, tanto como meio de
lazer, como na educação. O termo esporte radical é usado para designar esportes com um alto
grau de risco físico, dado às condições extremas de altura, velocidade ou outras variantes em
que são praticados.2 Para que um esporte radical seja bem sucedido, é preciso levar em conta
o condicionamento físico, o estado mental, os equipamentos, a alimentação e a segurança.
Definem-se os esportes radicais como lazer ou atividade recreativa muito agradável, mas, se
mal administrados, poderão gerar acidentes e até a morte do praticante. Para o
desenvolvimento deste projeto, selecionamos três modalidades de esportes radicais que
melhor estivessem relacionadas com o cotidiano dos alunos. São elas o skate, o ciclismo e a
trilha ecológica.3
Ao desenvolver este projeto trabalhamos interdisciplinarmente, conectando o conhecimento
prévio do aluno em conhecimento. Para isso, primeiramente foi preciso analisar a realidade da
comunidade escolar, e analisar acima de tudo a bagagem de conhecimento que o aluno já
carrega consigo isto é levar em conta todo o conhecimento, conceitos, que ele adquiriu e
formulou, durante a sua vida, dentro da escola e principalmente fora dela, mesmo estes não
sejam verdadeiros, pois eles também servirão de base para a construção científica destes.
Neste sentido, nos baseamos na teoria de Ausubel apud Pelizzari et al. (2002) onde se
considera que a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é
incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir
da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva,
uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo
2
Disponível em: <http://www.cvllp.com.br/>, acessado em junho de 2010
3
Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Esporte_de_aventura>, acessado em junho 2010
2
conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na
estrutura cognitiva.
Embora na escola, aprendemos de maneira disciplinar, o mundo em que vivemos é
interdisciplinar e trabalhar interdisciplinarmente é uma maneira de entender um mesmo
fenômeno na visão de diferentes disciplinas, em um espaço curto de tempo. Assim sendo, é
necessário relacionar o que é importante para a vida do aluno e no mundo em que vive com os
objetivos educacionais da escola.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (in Brasil, 2002 p.88-89)
A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de
conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido,
ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar,
compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai
a atenção de mais de um olhar, talvez vários.
Já para Japiassu (1976, p.220): “Interdisciplinaridade é caracterizada pela presença axomática
comum a um grupo de disciplina conexas e definidas no nível hierárquico imediatamente
superior, o que introduz a noção de finalidade”.
A avaliação de um projeto interdisciplinar não pode ser pontual e com o objetivo
classificatório. Por isso a avaliação do projeto se deu de forma contínua, sem o intuito de
classificar o aluno, pois segundo Costa (2004), avaliação da aprendizagem envolve atividades,
técnicas e instrumentos de avaliação que permitem ao avaliador verificar se o aluno adquiriu
os tais conhecimentos, capacidades, atitudes, etc., buscando a observação de certas
competências do aluno, isto é, dos seus saberes postos em ação, contribuindo com o processo
de aprendizagem do aluno.
Segundo os PCNs (in Brasil, 2002 p.88-89)
A avaliação é um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e
orientar a intervenção pedagógica. Ela é feita através da interpretação qualitativa dos
conhecimentos adquiridos pelos alunos, assim o professor conhece o quanto ele se
aproxima ou não da expectativa de aprendizagem. Para isto, é necessário analisar a
adequação das situações didáticas, propostas aos conhecimentos prévios dos alunos,
e os desafios, que estão em condições de enfrentar. Assim, o professor poderá
colocar em prática um planejamento de forma adequada as características de seus
alunos.
Durante a avaliação usamos o diálogo para identificar os conhecimentos prévios dos alunos e
a observação das atitudes dos alunos frente às problemáticas propostas, além de um
3
questionário semi-aberto, para verificar a ampliação dos conhecimentos dos alunos a respeito
do tema antes e depois da aplicação do projeto.
2. METODOLOGIA
O projeto foi organizado em seis encontros. No primeiro, foi aplicado um questionário semiaberto aos alunos, para que pudéssemos levantar suas ideias prévias sobre o tema do projeto e
quais os conceitos científicos envolvidos.
No segundo encontro, os alunos participaram de uma atividade prática com ciclismo e skate.
Nesta atividade os alunos foram questionados antes da prática e após a mesma, com o
objetivo de poder comparar o que eles esperavam que acontecesse, com o que realmente
ocorreu e as devidas explicações científicas dos fatos.
No terceiro encontro, apresentamos alguns vídeos sobre trilha ecológica para estimular a
curiosidade dos alunos e poder discutir temas relacionados a biologia, educação ambiental e
preservação do meio ambiente.
No quarto encontro, foi realizada a trilha ecológica. Neste encontro os alunos puderam
colocar em prática o que haviam aprendido na teoria, além de conhecerem mais na pratica e
poder sanar várias de suas duvidas.
No quinto encontro, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre ecologia e meio ambiente.
Através desta pesquisa, os alunos fizeram uma campanha de conscientização ambiental na
comunidade escolar, aplicando todos os conhecimentos obtidos durante o projeto.
No sexto encontro, foi realizada uma avaliação dos alunos para saber o quanto eles evoluíram
no decorrer do projeto. Do mesmo modo, também foi realizada uma auto-avaliação dos
graduandos que participaram do projeto para verificar o impacto de tal experiência em sua
prática docente.
2.1 Resultados e discussões
O primeiro encontro aconteceu, na sala de áudio visual da escola, onde os alunos responderam
a um questionário e com base nas respostas dos questionários, pudemos perceber que eles já
tinham alguma idéia sobre o que era um esporte radical e eles consideraram que era uma
atividade mais arriscada. A maioria dos alunos relatou que já havia praticado o skatismo ou o
ciclismo.
Quando questionados sobre o que eles sentiram quando praticavam e a que se deve essa
sensação, alguns responderam que sentiam medo, outros uma sensação de liberdade, a maioria
4
disse não saber a que se devem estas sensações. Dois alunos responderam que era por causa
da adrenalina.
Quando questionamos se eles sabiam qual a relação entre as disciplinas de química, física e
biologia com os esportes radicais, quase a totalidade dos alunos respondeu que não. Apenas
dois alunos responderam que achavam que a biologia tinha relação com os alimentos que
ingerimos, e a física com o movimento. Mas não conseguiram relacionar a química e a
matemática com a prática dos esportes. Isso demonstra a falta de base dos alunos em química,
neste estágio de escolaridade, pois a química vista por eles até o momento não é suficiente
para que eles compreendam como usá-la em seu cotidiano. Nas demais disciplinas mesmo que
de uma forma redutora alguns alunos conseguiram estabelecer uma relação entre elas e os
esportes radicais. Levando em conta as respostas da turma, fica evidente que os alunos ainda
não conseguem estabelecer uma relação entre os conteúdos escolares e seu cotidiano.
Os alunos conseguiram expressar que compreendem que a energia necessária para a prática
dos esportes vem da alimentação, porém não sabem como ela se transforma em outras formas
de energia.
Quanto aos principais elementos que se devem levar em conta quando se pratica um esporte
radical, a maioria dos alunos destacou os equipamentos de proteção, um aluno levou em conta
o equilíbrio e outro as condições de saúde e segurança. Quando questionados sobre o que
interfere na velocidade do skate, surgiram respostas relacionas com o tipo de piso e com o
vento. Nenhum dos alunos soube explicar quando um corpo está em equilíbrio.
Logo após explicamos de forma sucinta como seria realizado o primeiro encontro e como
seria o próximo encontro que era totalmente ligado a este. Sendo assim passamos aos alunos
algumas questões para que observassem pontos nos vídeos que foram mostrados na
sequência. Assistimos seis vídeos de curta duração, um relacionado a esportes radicais em
geral, dois relacionados ao ciclismo e três relacionados ao skatismo. Ao final de cada vídeo,
discutimos as ideias apresentadas em cada um, usando como roteiro para discussão as
questões passadas anteriormente. Buscamos agregar a cada questão a explicação dos
fenômenos químicos físicos e biológicos envolvidos. Assim trabalhamos com os alunos as
ideias de Movimento, Equilíbrio, Sistema Hormonal no qual o mais citado e debatido foram a
Adrenalina e Noradrenalina, Energia e Metabolismo Energético, dando mais ênfase às
questões em que os alunos apresentaram maiores dúvidas de acordo com o questionário de
conhecimentos prévios.
5
O segundo encontro aconteceu em uma pista de skate. Começamos o encontro com uma
conversa para esclarecimento de possíveis dúvidas que tenham ficado ou surgido após o
primeiro encontro.
Em sequência, pedimos aos alunos que escrevessem o que eles achavam que ia acontecer,
e/ou o que eles achavam que iam sentir com a prática dos esportes. Para isso, os alunos foram
divididos em duplas, já estabelecidas para a posterior prática do ciclismo e skatismo. Os
skatistas que estavam na pista emprestaram seus equipamentos e auxiliaram na prática do
esporte, explicando como realizar os movimentos e ajudando no equilíbrio. Todos os alunos
realizaram esta etapa e, logo após, andaram de bicicleta na praça. Ao final da atividade,
discutimos com eles o que aconteceu e se havia acontecido o que eles estavam esperando e
porque aconteceram os fenômenos observados. Novamente explicamos a eles as idéias de
energia, leis de Newton, atrito, metabolismo, impulsos elétricos, equilíbrio, noções de
segurança, hipertrofia e hiperplasia de células musculares, movimentação muscular,
circulação sanguínea, reações do organismo à produção e ação de hormônios, reações de
produção de energia e síntese de proteínas, relação de íons com metabolismo celular,
metabolismo corpóreo geral, metabolismo a nível celular e atividade física e reações no
organismo.
Neste encontro todos os alunos foram participativos, mesmo com medo, todos realizaram as
atividades propostas, tanto as práticas como as teóricas e fizeram muitas perguntas a respeito
dos fenômenos observados. Neste sentido, o encontro foi muito produtivo.
O terceiro encontro foi realizado novamente na sala de áudio visual da escola, onde
primeiramente discutimos alguns assuntos relacionados à bioquímica, como a produção de
adrenalina e o metabolismo energético. Neste momento percebemos que os alunos tiveram
grande dificuldade de compreender alguns conceitos, por não possuírem conhecimentos
prévios necessários para tal entendimento. Para atender esta „defasagem‟, sentimos a
necessidade de explicar alguns conceitos básicos de química e biologia aos alunos. Então foi
necessário trabalhar com os conceitos de ligações químicas, ligações covalentes e uma
pequena introdução a química orgânica, além de funcionamento do corpo humano e biologia
molecular. Para facilitar a compreensão dos alunos, foi levado uma maquete de isopor da
molécula de adrenalina. Dessa forma, conseguimos trabalhar também com os alunos a
concepção de quebra de moléculas no metabolismo, para chegar a partir da ingestão de
alimentos na produção de energia e transformação desta energia, na prática dos esportes
radicais.
6
Logo após a explicação destes conceitos básicos, assistimos com os alunos três vídeos sobre a
trilha ecológica e discutimos as questões referentes a cada vídeo, sempre acrescentando a
explicação dos conceitos envolvidos. Trabalhamos neste sentido os conceitos de
biodiversidade, poluição, aquecimento global, desenvolvimento econômico-social respeitando
o meio ambiente, ações de prevenção à poluição, reciclagem, produção de lixo e a interligação
de todos estes assuntos entre si e com o cotidiano dos alunos.
No quarto encontro, os alunos foram levados ao Horto Botânico, onde tivemos como guia um
graduando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Além de guiar pela trilha, o
convidado contou a história do local e contribuiu com importantes conceitos de
biodiversidade e endemismo, tráfico biológico e relações ecológicas. Neste encontro, os
alunos fizeram a trilha, sempre acompanhados pelos organizadores do projeto, que explicaram
as relações ecológicas presentes, nomearam espécies, apresentaram características peculiares,
apontaram curiosidades, utilidade de espécies vegetais e explanaram sobre o consumo
consciente e a preservação ambiental.
Durante a trilha, os alunos fizeram muitas perguntas, participaram, apontaram curiosidades e
mostraram estar se divertindo. Foi um dos encontros mais participativos, até porque todos os
alunos envolvidos estavam presentes, realizaram a atividade e contribuíram com o grupo de
alguma maneira, desde perguntas pertinentes ou usos de plantas até relações de exercícios
com benefícios para o corpo humano e estética. Como no decorrer do projeto tivemos alguns
problemas quanto à realização da trilha, não foi possível realizar a charada didática, tarefa
pretendida. Portanto, propôs-se como atividade do encontro que, após a trilha e as discussões
realizadas, os alunos entregassem um questionário para responder em casa e entregar no
próximo encontro.
O quinto encontro ocorreu, na sala de informática da escola. Neste encontro, os alunos teriam
que nos transpor conceitualmente os conhecimentos adquiridos no encontro passado que foi a
trilha ecológica. Os alunos foram divididos em dois grupos. Cada grupo tinha que realizar
uma pesquisa sobre meio ambiente e conservação ambiental e, juntamente com os
conhecimentos adquiridos no encontro anterior, confeccionar panfletos sobre este mesmo
assunto. Além desta tarefa, os alunos ficaram incumbidos de ajudar os organizadores do
projeto a confeccionar um banner sobre todas as atividades realizadas. O principal assunto
que teve grande destaque neste encontro foi o Meio ambiente.
7
Foi possível observar, que os alunos tiveram dificuldade de transpor os conceitos adquiridos
nos encontros anteriores para a montagem do panfleto, se referindo apenas a pequenos
detalhes do que foi abordado, como, por exemplo, não jogar papéis de bala no chão e sim no
lixo. Os alunos não conseguiram finalizar a tarefa neste encontro, ficando para ser entregue no
próximo.
No encontro seguinte, os alunos não levaram a tarefa, mostrando falta de interesse. Os
panfletos foram entregues somente na semana posterior do último encontro, e tiveram que ser
formatados e reorganizados.
No sexto encontro, foi aplicado um novo questionário, semelhante ao aplicado no 1º encontro,
mas com perguntas mais elaboradas para servir como forma de avaliação dos conhecimentos
adquiridos pelos alunos durante a realização do projeto e também para servir de base de
avaliação do trabalho dos bolsistas.
Após os alunos terem respondido o questionário, fizemos um pequeno intervalo para que os
organizadores do projeto pudessem avaliar os questionários. Após a avaliação, trabalhamos
com os alunos todos os conceitos que analisamos como confusos para os alunos, tentando
esclarecer e sanar todas as duvidas apresentadas.
Os principais assuntos debatidos foram: a diferença entre o aquecimento global e o buraco na
camada de ozônio; diferenças entre reciclagem e poluição do ar; as penas e atitudes para
preservação ambiental; a interação entre a pressão atmosférica e o corpo; mudanças climáticas
e a poluição; a química do corpo; bioquímica e metabolismo; e conservação ambiental e
biodiversidade. Foi explicada novamente a questão do desenvolvimento sócio-econômico e a
preservação ambiental, onde tivemos uma grande interação da maioria dos alunos, que
perguntaram e interagiam bastante.
No sétimo e ultimo encontro, o banner foi exposto na escola, e os alunos entregaram os
panfletos confeccionados por eles. Os alunos demonstraram orgulho pelo trabalho construído
e pela participação no projeto, e distribuíram os panfletos com muita satisfação.
3.0 CONCLUSAO
Diante do descrito, das atividades realizadas, foi possível concluir que este trabalho foi bastante
positivo para acadêmicos e alunos da escola, apesar das dificuldades encontradas por ser a
primeira vez de um contato desta forma entre nós organizadores, entre a universidade e a escola.
8
Sabemos que toda a experiência é sempre válida e notamos que os alunos ficaram satisfeitos com
o que vivenciaram e aprenderam.
Quanto a nós graduandos, que fazemos ou fizemos parte de um projeto que nos prepara para a
docência, todo e qualquer evento que tenha como público alvo os alunos, que serão presença
diária no nosso cotidiano futuramente, sempre nos trará situações e aprendizados que
poderemos inovar e adaptar até a nossa chegada a uma sala de aula. Portanto a atividade foi
de grande aprendizado e crescimento tanto para os acadêmicos envolvidos no projeto, como
para os alunos que participaram de uma atividade inovadora, uma oportunidade de contato
diferenciado com o conteúdo que eles presenciam em sala de aula, possibilitando uma nova
visão e o esclarecimento de suas duvidas e curiosidades.
É importante ressaltar que os conhecimentos adquiridos durante a realização das atividades,
que os saberes que agregamos como bagagem para o futuro são saberes que, segundo Tardif
(2002) não encontraremos em nenhum outro lugar que não na realização de atividades
docentes. Portanto, a oportunidade de participar de um programa de iniciação à docência e de
um projeto desta magnitude, da aproximação com o aluno, é experiência única e inovadora.
Quanto à nossa avaliação geral sobre a participação dos alunos, a maioria foi bastante
participativa nas atividades relacionadas com as praticas dos esportes, mas, nas atividades que
envolviam os questionários e a confecção dos panfletos, os estudantes se mostraram muito
superficiais com os conteúdos abordados e expressaram suas respostas de forma muito sucinta
e bem abaixo do que eles poderiam, uma vez que, durante a discussão percebia-se que tinham
domínio do conteúdo, porém, na escrita, parecia que estavam com “preguiça” de colocar os
conhecimentos no papel. Fica como sugestão para um próximo projeto que se tenha mais
tempo para trabalhar em conjunto conteúdos que irão apresentar durante a aplicação do
projeto e a forma de expressão de respostas, para que os alunos desenvolvam não só o
conhecimento epistemológico, mas também, a forma de expressar-se, que é de extrema
importância para a vida.
REFERENCIAS
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação? São Paulo: Cortez, 1981.
BRASIL, Ministério da Educação. PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais. 2002, p. 80-93.
COSTA, Antônio P. Avaliação: como avaliar o aprender a (competências) e o aprender que (conteúdos)?
Coimbra: APF, 2004.
9
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
PELIZZARI, A. et al. (2002). Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Revista PEC, 2(1), 3742.
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação profissional. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2002.
ZUCHI, Ivanete; QUEIROZ, Carlos Antônio. Projeto interdisciplinar: possibilidades e desafios. In: Simpósio
Sul-Brasileiro de Matemática e Informática, 1º, Anais... Curitiba, PR: UNIANDRADE, 2002.
10