estado de goiás secretaria de estado da segurança pública corpo

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estado de goiás secretaria de estado da segurança pública corpo
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR
RODRIGO SILVA DE CASTRO- CAD BM
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA ROUPA DE PROTEÇÃO PARA COMBATE A
INCÊNDIOS FLORESTAIS NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO
DE GOIÁS
GOIÂNIA
2013
RODRIGO SILVA DE CASTRO – CAD BM
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA ROUPA DE PROTEÇÃO PARA COMBATE A
INCÊNDIOS FLORESTAIS NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO
DE GOIÁS
Artigo Científico apresentado em cumprimento
às exigências para término do Curso de
Formação de Oficiais – CFO III sob orientação
do Professor Mestre Cel. Luiz Antônio da Silva.
GOIÂNIA
2013
RESUMO
O estudo foi desenvolvido devido a importância da segurança e da saúde do
Bombeiro Militar no seu ambiente de trabalho. Procurando ressaltar a necessidade
do uso da roupa de proteção para os bombeiros nas operações de combate a
incêndios florestais, devido aos riscos relacionados a essa atividade. Demonstrando
opções de roupas de proteção disponíveis no mercado e suas características.
Comprovando a necessidade do seu uso pelo bombeiro florestal e estabelecendo a
opção de vestuário de proteção adequado para ser adquirido pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás.
Palavras-chave: roupa de proteção, combate a incêndio florestal, riscos.
ABSTRACT
The study was conducted based on the importance of safety and health of the
Military Firefighter in their work environment. Seeking to emphasize the need to use
protective clothing for firefighters in fighting operations wildfire due to the dangers
associated with this activity. Demonstrating protective clothing options available in the
market and their features. Proving the necessity of their use by forest firefighter and
setting the option of suitable protective clothing to be purchased by the Fire Brigade
of the State of Goiás
Keywords: protective clothing, fire fighting forest, risks.
1 INTRODUÇÃO
A consolidação das Leis do Trabalho, artigo 166, estabelece que é obrigatório
o fornecimento pelo empregador de EPI(Equipamento de Proteção Individual)
adequado ao risco das atividades do trabalhador.A Portaria 3214/78 vai no mesmo
sentido e determina ser de responsabilidade do empregador o fornecimento gratuito
do equipamento de proteção individual,adequado aos riscos a que o trabalhador
está exposto, devendo substituí-lo observando seu prazo de validade.
A seleção do Equipamento de Proteção Individual deve ser realizada através
do estudo cuidadoso do trabalho executado, as partes do corpo que devem ser
protegidas, as condições de risco que o trabalhador está exposto e o indivíduo que
irá utilizar. Quanto mais confortável e ao agrado do trabalhador estiver o EPI, melhor
será a adesão à utilização do mesmo (MONTENEGRO & SANTANA, 2012).
O bombeiro constitui um recurso essencial à disposição do socorro, assim
sendo nada mais importante do que investir na sua proteção e segurança. Além
disso, essa é uma área que deve ser desenvolvida de forma constante e com
determinação, pois foi muito recente a tomada de consciência da importância do
segmento de proteção (ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS, 2003).
Os equipamentos de proteção individual são essenciais para resguardar a
segurança do bombeiro no seu serviço, principalmente considerando que atividade
do bombeiro é de risco (CBPMSP, 2006).
Em Goiás há um alto número de ocorrências envolvendo fogo em vegetação
no período crítico de estiagem. É nessa fase que as guarnições do Corpo de
Bombeiros mais atuam nessa atividade. Sendo importante que haja preocupação
com a segurança do bombeiro, evitando baixas em função
do serviço
desempenhado.
Este artigo possui como objetivo principal ressaltar a importância da utilização
de uma roupa de proteção específica para o combate a incêndio florestal e levantar
suas características. Sendo contemplado pelos objetivos específicos os quais foram
pesquisar as roupas de proteção disponíveis no mercado para combate a incêndio
florestal, demonstrar a necessidade da utilização da roupa de proteção durante o
combate, expondo como possível inovação a ser implantada no Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás.
A justificativa do tema escolhido deve-se ao fato que em várias ocorrências de
incêndio florestal atendidas pelos bombeiros durante o serviço operacional, no final
da ocorrência, observa-se que fardamento dos integrantes da guarnição está
encharcado de suor e/ou danificado.
A relevância do tema para o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás
se dá devido à possibilidade de um diagnóstico do problema abordado por meio dos
dados apresentados e a possibilidade da análise dentro do contexto dos fatores que
contribuem para a problemática desta pesquisa e as possíveis soluções.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Equipamento de Proteção Individual (EPI)
A segurança do trabalho deve estar contida dentro do planejamento de uma
organização, buscando melhores condições de trabalho e estímulos permanentes
para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos (DALCUL, 2001). A Constituição
Federal de 1988 prevê em seu artigo 7o inciso XXII que são direitos dos
trabalhadores no meio urbano ou rural a redução dos riscos inerentes ao trabalho,
por meios de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 1997).
A Norma Regulamentadora (NR) 06 define que o equipamento de proteção
individual é de uso individual a ser utilizado pelo trabalhador, destinada à proteção
de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Os equipamentos de proteção individual visam garantir a saúde do
trabalhador, de modo a prevenir os acidentes de trabalho que são responsáveis por
deixar o trabalhador impossibilitado de realizar suas funções laborais. A utilização
correta dos EPIs diminui as interrupções advindas de acidentes e doenças
ocupacionais. Sendo a melhoria na segurança, saúde e meio ambiente, fatores que
contribuem com o aumento da produtividade no serviço
do trabalhador
(MONTENEGRO & SANTANA, 2012).
Dentro do Corpo de Bombeiros o acidente de trabalho quando ocorre causa
prejuízos ao bombeiro, a corporação e a comunidade. O bombeiro ao sofrer um
acidente
de
trabalho
pode
ficar
impossibilitado
temporariamente
ou
permanentemente de realizar seu trabalho, o que pode desestruturar sua família em
termos financeiros e psicológicos. A corporação fica desguarnecida sobrecarregando
os demais combatentes no serviço pela perda temporária ou definitiva do bombeiro
acidentado, as ocorrências ficam comprometidas, além dos gastos com o
acidentado. Com isso a comunidade poderá ser prejudicada devido à ausência de
um servidor público prestador de serviço, gerando insatisfação com o serviço
prestado, além de ocasionar aumento dos impostos e custo de vida à comunidade
devido ao aumento dos gastos do Estado com as vítimas de acidentes (CBPMSP,
2006).
De acordo com os dados estatísticos do CBMGO, no ano de 2013 até o mês
de setembro o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás atendeu 3936
ocorrências de combate a incêndio em vegetação. Por se tratar de uma atividade
constantemente realizada no CBMGO é importante proporcionar melhorias nas
condições de execução da atividade com o uso de roupa de proteção específica
para a atividade que venha proporcionar um melhor conforto e proteção ao militar
durante as operações, conseqüentemente uma maior produtividade no serviço
prestado.
Existe em vários países da Europa a exigência que sejam avaliados os riscos
associados à utilização de Equipamentos de Proteção Individual. Entre os riscos
analisados está o relacionado à hipertermia em função da mesma ocasionar
problemas à saúde. A falta de conforto térmico durante a realização do trabalho
também é gerador de prejuízos econômicos por interferir na qualidade do trabalho e
na produtividade (CROCKFORD, 1999). O bombeiro está exposto a altas
temperaturas durante uma operação de combate a incêndio florestal, sendo
importante a utilização de EPI que venha inibir a hipertermia e proporcionar um
melhor conforto térmico.
Devido a condições das temperaturas altas durante o incêndio, o bombeiro
tende a diminuir de forma inconsciente seus movimentos, ocorre redução do
rendimento, da capacidade muscular e alteração da atividade mental. O grau de
vigilância diminui a partir da temperatura de 30oC. Desta forma a probabilidade de
erros e acidentes aumenta, em razão de alterações na coordenação sensitiva e
motora. Mesmo que não ocorram queimaduras ou intoxicação por fumaça o
bombeiro tende a apresentar um quadro de estresse ou fadiga intensa devido à
associação da temperatura elevada e o esforço intenso durante o combate (CBMDF,
2006).
2.2 Incêndios Florestais no Cerrado
Segundo a definição da Escola Nacional de Bombeiros (2003) o incêndio
florestal é definido pela combustão sem controle no ambiente e tempo, de materiais
combustíveis que existem nos ambientes florestais.
O bioma do Cerrado apresenta uma grande variedade de espécies nativas
com importância comercial e ecológica. Mesmo com tamanha relevância o Cerrado
encontra-se constantemente ameaçado pela ocupação desordenada, expansão da
agropecuária, exploração irracional e queimada indiscriminada (FIEDLER et al.,
2004).
As queimadas que visam à reforma de pastagens e limpezas de áreas são
realizadas sem a devida preocupação tanto com a segurança do local a ser
queimado quanto com a área entorno desse local. Nesse caso deve ser observado
os aspectos legais da queimada controlada devendo existir cautela na execução de
tal atividade como realizar a queimada contra o vento, construção de aceiros e
presença de equipe profissional treinada em combate a incêndio para casos de
perda de controle da queimada (PORTARIA 94,1998).
Os incêndios florestais geralmente ocorrem de ações previsíveis como
queima de pastagens, reflorestamento, limpeza de terrenos, além dos casos de
incêndios de autoria criminosa. A extinção do incêndio na fase inicial é fundamental
para que o mesmo não se torne muito forte, devido a não existir no mundo nenhuma
tecnologia capaz de combater incêndio florestal de grande intensidade. Sendo a
eliminação de ocorrências de incêndios florestais meta inatingível, torna-se
necessário a preparação para combater os incêndios que não foram evitados. O
treinamento dos bombeiros deve ser realizado de forma contínua para que os
mesmos estejam preparados por técnicas de combate, além de saber manusear os
equipamentos disponíveis para o combate e estarem devidamente equipados com
equipamentos de proteção individual. Fatores esses que proporcionam condições
para controlar o fogo em menor tempo e com maior eficiência (SOARES R.V, 2000).
2.3 Riscos do combate a incêndio florestal
Os incêndios possuem a propriedade de tornarem os locais em ambientes
hostis. Entre os perigos os quais os bombeiros estão expostos nos incêndios estão
os associados aos danos respiratórios devido à fumaça, efeitos sistêmicos,
queimaduras pelo calor e pelo vapor de água. Na atmosfera do local incendiado
existe a presença de gases tóxicos e asfixiantes derivados da combustão e do calor
devendo o bombeiro sempre priorizar sua segurança e saúde durante uma
ocorrência (CBMDF, 2006).
Desprendidas por materiais em combustão a fumaça é constituída por
partículas sólidas e líquidas. Os gases venenosos emitidos durante a queimada
além de poder levar a pessoa a óbito irritam os olhos e os pulmões. A principal
causa de mortes em incêndios é a fumaça sendo responsável por 50 a 75% das
mortes. (COTE, 1998).
A ação direta do calor sobre a pele provoca as queimaduras, que é uma das
causas responsável pela morte das pessoas em incêndios. Isso ocorre devido às
queimaduras tornarem o organismo vulnerável as infecções que podem ocasionar
alterações fisiológicas como febre, complicações neurológicas e oftalmológicas. As
lesões acontecem devido à ação direta das chamas, contato com fumaça e gases
quentes, líquidos ou vapores aquecidos e por meio de superfícies aquecidas
(CBMDF, 2006).
Durante o combate ao incêndio a lesão ocular é comum, podendo ter grande
gravidade. Essas lesões são em decorrência de impactos, radiações ópticas, sólidos
quentes, projeções de gotículas e salpicos, gases e fumos (ESCOLA NACIONAL DE
BOMBEIROS, 2003).
2.4 EPI para combate a incêndio florestal
Os bombeiros devem contar com equipamentos de proteção individual
adequado as suas atividades, por estarem constantemente expostos aos mais
variados riscos. Os equipamentos de proteção individual (EPI) devem possuir boa
resistência, serem práticos quanto a sua utilização e fácil manutenção. O usuário do
EPI deve respeitar os limites do equipamento utilizado, ter acesso às suas
especificações técnicas e utilizá-lo segundo a finalidade o qual é destinado
(CBPMSP, 2006).
No atendimento de ocorrências com temperaturas elevadas é necessário que
o bombeiro esteja utilizando um conjunto de equipamentos de proteção individual
que proteja toda a superfície corporal (CBPMSP, 2006). Para resguardar a
segurança do bombeiro empenhado nesse tipo de ocorrência os equipamentos de
proteção individual que devem ser utilizados são: capacete de proteção, capuz, bota
de cano longo, uniforme composto de calça e gandola de mangas compridas, cantil,
óculos de proteção; que protegem os olhos contra projeção das partículas
incandescentes, lanterna, facão com bainha, cabo da vida, máscara de proteção
contra impurezas à base de carvão ativado e luvas (CBPMSP, 2006).
A utilização correta dos equipamentos de proteção individual citados é
obrigatória, devendo o capacete estar sempre com o francalete apertado, óculos
colocados, o rosto totalmente coberto, as mangas do uniforme para baixo coberto
pelas luvas e as calças cobrindo as botas (ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS,
2003).
Figura 1 - Ilustração EPI de Incêndio Florestal
Fonte: Escola Nacional de Bombeiros
2.5 Roupa de Proteção para combate a incêndio florestal
De acordo com a NR 10 - Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho
- dezembro de 2004 determinou-se a necessidade de utilização de vestimentas de
proteção, conforme o item 10.2.9.2. As vestimentas de trabalho devem ser
adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e
influências eletromagnéticas.
Os uniformes de trabalho utilizados por bombeiros devem ser fabricados por
tecidos que não contribuam com acidentes devendo ser específico para cada
atividade. Tecidos sintéticos a exemplo do poliéster são extremamente perigosos,
pois podem fundir-se quando exposto a altas temperaturas durante as ocorrências
(ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS, 2003).
2.5.1 Roupa de Combate a Incêndio de Poliamida com Algodão
Material Principal: Poliamida com algodão resistente à chama 310 g/m2.
Características protetoras: resistente à chama, anti-estático, resistente a óleo e
repelente à água. Normas de Segurança: EN15614(ISO 15384), GB8965 (TECRON
SAFETY, 2013).
Figura 2 – Uniforme de Poliamida com Algodão
Fonte: Site da Tecron Safety
A roupa de proteção é disponibilizada pela empresa Tecron International
Trading. co.,LTD pelo valor unitário de R$ 66,2 dólares.Valor desconsiderando taxas
de importação e frete.
2.5.2 Conjunto calça e camisa em Amerlan
Uniforme para bombeiros florestais oferece proteção anti-chamas,resistente
ao calor e respingo de materiais incandescentes, compostos de camisas de manga
longas e calças (SOSSUL, 2013). A camisa e calça possuem composição 50%
viscose Ignífuga (Lenzing FR), 40% lã e 10% poliamida. Gramatura 250 g/m2 da
camisa e 290 g/m2. Resistência a tração de 160 N/cm.min, resistência salpicaduras
de metal fundido.
Figura 3 - Figura ilustrativa do Conjunto Calça e Camisa em Amerlan.
Fonte: Página da Guarany Tradição e Tecnologia.
O uniforme é disponibilizado para compra na empresa SOSSUL (A casa do
bombeiro) pelo valor unitário de R$ 1720,00 reais.
2.5.3 Conjunto de calça e camisa em algodão (Pirovatex) para Incêndio
Florestal
Camisa em Indura Ultra Soft composta de 88% de algodão com tratamento no
interior da fibra, e 12% de fibra de nylon antichamas. A gramatura desta composição
é de 237g/m2, com resistência 30% superior que as fibras de algodão 100%.A fibra é
certificada pela NFPA 2112 National Fire Protection Association que certifica a
mesma para incêndios repentinos e flash de chama; ou seja, permite a fuga do local
com chama independente da quantidade de fogo( 911 EMERGÊNCIA, 2013). A
roupa de proteção apresentada na empresa 911 emergências custa R$ 812,00 reais.
2.5.4 – Roupa de Proteção para combate a incêndio florestal em Algodão FR
Fabricado em algodão FR resistente a chamas de alta durabilidade. Possui
borracha anti-chamas nos punhos e pernas. Aplicado nas operações de combate a
incêndio florestal e outras que precisam de proteção térmica. Está de acordo com as
normas EN11612 e EN471.
Figura 4 – Uniforme Algodão FR
Fonte: Disponível em portuguese. alibaba.com
A roupa de proteção apresentada é disponibilizada pela empresa U.Protec no
valor de R$ 118,00 dólares.
2.5.5 – Roupa de Proteção para combate a incêndio florestal em Nomex III-A
Feito do tecido Nomex III-A, possui boa resistência a eletricidade, calor e
respingos químicos. Apresentando boa durabilidade, permite transpiração e
confortável de usar. Resistente com duplas costuras com bordas de tecidos para
garantir a segurança das costuras. Cumpre as exigências das normas EN11612,
NFPA 2112 e EN471.
Figura 5 – Uniforme Nomex III-A
Fonte: Disponível em uprotec.com
A roupa de proteção apresentada é disponibilizada pela empresa U.Protec no
valor de R$ 195,00 dólares.
2.5.6 – Roupa de Proteção para combate a incêndio florestal em Meta-Aramida
Roupa de proteção fabricada em meta-aramida possui boa resistência ao arco
elétrico, calor e respingos químicos. De boa durabilidade e absorção ao calor possui
costuras duplas com bordas de tecido que visam garantir a segurança da costura.
Utilizada em incêndios florestais cumpre as normas EN11612, NFPA2112 e EN471.
Figura 6 – Uniforme de Meta-Aramida
Fonte: Disponível em uprotec.com
A roupa de proteção de meta-aramida é fornecida pela empresa U.Protec no
valor de R$ 180,00 dólares.
2.6 Composição das roupas de proteção – EPI
As roupas de proteção contra o fogo repentino e os efeitos térmicos
necessitam possuir na composição tecidos compostos de materiais diferenciados
para garantir um bom desempenho quando exposto a chama. Existem hoje diversas
empresas que oferecem tecidos de materiais naturais, artificiais e sintéticos que
conferem proteção ignífuga (JUNIOR & PEIXOTO, 2013).
A NFPA determina que polímeros termoplásticos 100 % sintéticos como o
poliéster (PES), poliamida (PA) e misturas de algodão/poliéster, com composição
majoritária do primeiro, não devem ser utilizados em roupas de proteção, pois
quando expostos a altas temperaturas esses materiais entram em fusão, derretendo,
intensificando a queimadura.
De acordo com a NFPA roupas compostas por materiais naturais como
algodão, seda e lã, são consideradas inflamáveis, mas são aceitáveis desde que em
ensaios confirmem que os tecidos não continuam queimando quando expostos ao
calor e ao arco elétrico. Os avanços tecnológicos da indústria têxtil e química
permitiram por meio do tratamento da fibra e/ou tecido de algodão por meio da
polimerização com agentes ignífugos que esse tecido passasse a ser recomendado
para confecção de roupas de proteção, conquistando mercado no ramo de EPI. As
roupas de proteção disponíveis contra fogo repentino são fabricadas com fibras
sintéticas e naturais, puras ou em misturas (JUNIOR & PEIXOTO, 2013).
2.6.1 Fibra de Algodão
O algodão possui alta flamabilidade e combustibilidade. Possui temperatura
de ignição de aproximadamente 230 oC. A quantidade de calor liberada durante a
combustão é de 3,9 kcal/g (MELO et.al.,2005). É uma fibra natural possuindo
composição polimérica de celulose com origem vegetal de semente. Possui
características de baixo custo e proporcionar conforto ao usuário quando comparada
com as fibras do segmento de proteção, devido sua hidrofilidade. Os tecidos
produzidos por essa fibra necessitam de tratamento químico para adquirirem
resistência à chamas. Um exemplo das formas de tratamento se dá por meio da
polimeralização da fibra por meio de agentes ignífugos (JUNIOR & PEIXOTO, 2013).
O algodão resistente ao fogo (FR) passa por tratamento superficial com
substâncias químicas logo após a produção do tecido. Sendo o tratamento não
permanente e a durabilidade do tecido pode sofrer variação de acordo com o
número de lavagens, comprometendo as propriedades não inflamáveis do tecido
(DUPONT, 2013).
As substâncias químicas que são adicionadas aos tecidos para retardar
chamas possuem temperatura de decomposição relativamente baixa (entre 190o e
200
o
Celsius). Quando o tecido no caso o algodão FR alcança temperaturas entre
600 e 1000 graus Celsius, o agente resistente a chamas é consumido. Assim o
algodão sem a camada de tratamento irá queimar, fenômeno conhecido como “póscombustão” (DUPONT, 2013)
2.6.2 Fibra de Aramidas
As poliamidas-aromáticas são divididas em duas classes: para-aramida
(Kevlar) e meta-aramida (Nomex). Fibras retardante a chamas e auto-extinguível
quando removido das chamas. São diferenciadas pelas conformações dos
manômetros que compõem a estrutura molecular das cadeias do polímero. As fibras
apresentam características físicas e químicas distintas. As cores das duas fibras se
diferem as para-amidas são amarelas e brilhantes, já as meta-aramidas são brancas
(DUPONT, 2013).
As fibras da meta-aramida possuem elevada resistência térmica, sendo que
temperaturas de até 200 0C não são capazes de provocam danos mecânicos nos
produtos que contêm a fibra. Sendo as propriedades da fibra preservadas mesmo
quando ocorre exposição contínua em temperatura de 220 oC. Possui limite máximo
de operação de 371
o
C. Além de não derreter, não respingar e nem entrar em
combustão quando em contato com o ar atmosférico. As fibras de para-aramida
(Kevlar) possui limite máximo de operação de 427 o C. As fibras expostas quando em
temperatura de 260
o
C suas costuras permanecem na temperatura ambiente, são
leves o que permite confeccionar roupas de proteção confortáveis quando
comparado com outras fibras (DUPONT, 2013).
2.6.3 Fibra de Celulose Regenerada
A fibra de viscose é um tipo de celulose regenerada oriunda a partir de fibras
de celulose naturais.Possui temperatura de combustão de aproximadamente 420 o C
e libera 3,9 Kcal/g quando em combustão (MELO et.al.,2005). A celulose regenerada
é produzida a partir da polpa de celulose, possuindo resistência a chamas em
função da incorporação ao longo da seção transversal da fibra de substâncias
retardadoras de chamas. Conhecida como Lenzing FR@ possui excelente poder de
absorção de umidade e arejamento. Mantendo o corpo fresco e seco, sendo o
estresse pelo calor e insolação evitados. É fácil de ser tingida e devido ao conforto
que a mesma proporciona, além de suas características é utilizada para confecção
de roupas de proteção (LENZING, 2013).
A celulose regenerada FR possui a característica de isolamento térmico
associada à resistências a chamas, além de oferecer proteção contra calor e chama.
A fibra é artificial e possui a característica de ser biodegradável, pois sua matéria
prima de composição natural é a celulose. É utilizada no mercado em misturas com
aramida e possui a desvantagem de possuir um preço superior ao algodão (JUNIOR
& PEIXOTO, 2013).
2.6.4 – Nomex III-A
O Nomex III-A é inerentemente retardador das chamas e resistente a
temperaturas de até 371o C para amolecimento do tecido. Possui temperatura de
combustão de 800
o
C. Desenvolvida pela empresa Dupont, o Nome III-A consiste
em uma mistura de 93% de Nomex (meta-aramida) com 5% de Kevlar (paraaramida) e 2% de fibra antiestática.
O Nomex tem a propriedade de engrossar quando exposto ao calor intenso, o
que aumenta a barreira protetora entre o calor e a pele da pessoa. Reduzindo as
queimaduras, proporcionando tempo para trabalhar ou escapar. A fibra de Nomex
III-A possui resistência químicas a substâncias perigosas a exemplo de ácidos e
outros materiais corrosivos (DUPONT, 2013).
O Kevlar tem a propriedade de formar uma retícula semelhante ao aço que
ajuda a manter o tecido intacto quando expostos ao calor intenso das chamas e
aumenta a resistência do tecido à abrasão. Possui resistência cinco vezes mais forte
do que o aço (DUPONT, 2013).
Tecido que se expande formando estável barreira inerte entre o calor do
incêndio e a pele. Sua reação ao calor é inerente em sua composição química, não
derrete e perde força como outros polímeros. Cumpre a norma NFPA 1975 para
desgaste dos bombeiros, atende a norma ASTM F1506 para vestuários com
proteção contra exposição de arco elétrico e em conformidade com a NFPA 70E,
padrão para segurança elétrica no ambiente de trabalho. Cumpre a NFPA 2112 de
padrões de vestuários resistentes ao fogo para proteção contra fogo repentino
(DUPONT, 2013).
2.7 Características das fibras
De acordo com o comportamento perante o fogo as fibras podem ser
classificadas em combustíveis e inflamáveis. As fibras combustíveis têm a
propriedade de serem destruídas pelo fogo, mas não propagam a chama após a
fonte de calor ter cessado. As inflamáveis são destruídas e mantém a chama. Outro
fator relacionado à velocidade de combustão é peso/m 2 do tecido. Os tecidos densos
e pesados incendeiam-se mais devagar (MELO et.al.,2005).
A relação da quantidade de calor (cal/g) liberada durante a combustão de uma
fibra é decisivo para propagar fogo em outros materiais, sendo os têxteis agentes de
difusão dos incêndios, pois liberam mais energia em forma de calor do que aquela
que necessitam para se inflamarem. Devido a esse fator há a conveniência de
diminuir a inflamabilidade dos artigos têxteis a fim de reduzir a propagação do
incêndio (MELO et.al.,2005).
Tabela 1 – Características das Fibras
FIBRA
Calor de
Combustão
(Kcal/g)
Temperatura
de Combustão
(o C)
Ponto de
Fusão
(O C)
Perde a
resistência a
chamas
(lavagens)
Classificação
Resistência
Química
ALGODÃO
3,9
230
Não funde
sim
Inflamável
Não
VISCOSE
IGNÍFUGA
3,9
420
Não funde
sim
Inflamável
Não
-
800-1000
Não funde
não
Combustível
Sim
7,9
485 - 575
160 - 260
sim
Inflamável
Não
NOMEX
POLIAMIDA
Fonte: Elaborada com dados artigo Flamabilidade dos Tecidos
3 CONCLUSÃO
Conforme fora apresentado, para que o bombeiro atue com a devida
segurança é necessário que tenha acesso ao EPI específico para a atividade que
está realizando, além de ter conhecimento das especificações dos EPI’s que utiliza.
A legislação brasileira determina através de suas leis e normas obrigações dos
empregadores em relação ao fornecimento do equipamento de proteção individual
para seus funcionários visando garantir a integridade física do trabalhador.
O combate a incêndio florestal de acordo com os dados estatísticos do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado de Goiás apresenta-se como uma atividade muito
realizada dentro da corporação. Essa atividade possui certa especificidade
apresentando riscos durante o combate associados a queimaduras, intoxicações por
gases tóxicos, estresse e fadiga muscular. Riscos esses que podem acarretar o
afastamento do militar trazendo prejuízos não só para a instituição, mas também
para o trabalhador e população.
A redução e neutralização das condições inseguras e atos inseguros só são
possíveis a partir do momento que o bombeiro, na execução de sua atividade, esteja
com a roupa de proteção adequada que tenha as características de composição que
garantam a proteção do militar que realiza o combate ao incêndio florestal.
Os estudos relacionados à atividade têm demonstrado que a roupa de
proteção de combate a incêndio florestal deve ser confeccionada com tecidos de alta
resistência a temperatura e abrasão. A indústria têxtil tem desenvolvido tecidos que
possuem em sua composição materiais especiais que garantem um bom
desempenho de proteção contra as chamas e ao calor.Tecidos como algodão FR,
Celulose Regenerada, Poliamida e Aramidas são atualmente utilizados para
fabricação de vestuários específicos para incêndio florestal, permitindo o militar
trabalhar com mais segurança e conforto.
Conforme as características das roupas de proteção apresentadas observa-se
que a de Nomex III-A é adequada para aquisição pelo Corpo de Bombeiros Militar do
Estado de Goiás. Quando comparada com outras fibras apresentadas é a única
capaz de suportar a temperatura entre 800o C a 1000 o C além de possuir resistência
química a produtos perigosos a exemplo dos ácidos. Devido à combinação com o
Kevlar, o Nomex III-A possui alta resistência a abrasão e forma uma barreira inerte
ao calor. É retardante as chamas e auto-extinguível quando removido do fogo, sendo
não inflamável, não derrete ou derrama. Fornece proteção permanente não
perdendo suas características de não inflamabilidade mesmo após várias lavagens,
o que pode não acontecer com as fibras de algodão FR e Viscose Lenzing, pois
como apresentam agentes retardante de chamas podem sofrer redução ou anulação
de suas características de não inflamabilidade. A fibra de Nomex também não sofre
pós-combustão como é o caso do algodão FR, fenômeno esse que causa
queimaduras em quem utiliza a roupa.
Em função dos perigos relacionados ao incêndio expostos no trabalho, fica
evidente que a atividade é de risco, o que requer cuidados especiais na segurança
do bombeiro florestal. A literatura consultada demonstrou a importância do uso da
roupa de proteção para o combate ao incêndio florestal, para que não ocorram
danos na integridade física do combatente em decorrência do calor desprendido nas
queimadas.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
(CBPMSP). Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros. Manual de Combate a
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