Polonia y América Latina
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Polonia y América Latina \ Artículo de M. Stalpińska traducido por ALMIR GONCALVES Estudios Latinoamericanos 7, 1980 PL ISSN 0137-3080 Relações comerciais polono-brasileiras 1919-1939. Magdalena Stalpińska O artigo abaixo ocupa-se da problemática do intercâmbio comercial entre a Polónia e o Brasil no período dos vinte anos de entreguerras. Foi elaborado com base, principalmente, nos relatórios das representações diplomáticas e consulados poloneses no Brasil. No trabalho aproveitei, igualmente, os dados elaborados pela Câmara Comercial Polono-Brasileira em Varsóvia e os trabalhos editados no período de entreguerras referentes, ao comércio polono-brasileiro, como também aos contatos comerciais da Polónia com outros países não-europeus. Os dados estatísticos utilizados no artigo provêm principalmente dos trabalhos estatísticos editados pelo Serviço Central de Estatística [da Polónia — n.t.]. Desde o momento do estabelecimento do consulado da República Polonesa em Curitiba, em 1919, e da delegação no Rio de Janeiro, em 1920, essas representações atribuíram grande importância às questões económicas e cooperavam na organização das primeiras transações comerciais polono-brasileiras. Entretanto, a inflação na Polónia e no Brasil, assim como as dificuldades de transporte não favoreciam, inicialmente, a realização dos amplos planos comerciais e económicos entre ambos os países. Os primeiros dados referentes às transações entre a Polónia e o Brasil foram registrados no Anuário da Estatística Polonesa dos anos 1920/22. Informam unicamente sobre a grandeza das transações sem dar o seu valor e estrutura, mas para os anos 1920 e 1921 os dados referem-se somente à exportação do Brasil para a Polónia, que foi muito pequena e constituiu correspondentemente, 0,16% e 0,25 do total da importação da Polónia naqueles anos 1 . Contudo a exporatção da Polónia para o Brasil não se encontra indicada e deve-se supor que simplesmente não existiu. A situação para 1919, para o qual não possuímos quaisquer dados, configurava-se, o mais provavelmente, de maneira análoga como em 1920. Nos primeiros. 1. «Anuário Estatístico da RP», 1920/22. 106 MAGDALENA STALPIŃSKA tres anos da Polônia Renanscida, é portanto difícil falar da existência de relações comerciais normais entre a Polônia e o Brasil. Existia unicamente a exportação para a Polônia e isto tinha lugar exclusivamente através de intermediários estrangeiros 2 . Existe a falta de dados mais próximos a respeito do tipo dessa mediação, pode-se somente supor que a mesma encontrava-se em mãos alemãs. Os anos 1923-1925 caracterizam-se por um enfraquecimento do interesses de ambos os países para uma mais estreita cooperação econômica. Somente a estabilização da moeda polonesa, em 1924, como igualmente a guerra aduaneira com os Alemães contribuíram para a intensificação dos esforços poloneses de expansão em outras direções diferentes das de até aqui. Cresceu igualmente o interesse pelo comércio com o Brasil. Analisando os dados referentes à exportação polonesa para o Brasil, podemos afirmar que em 1922 exportaram-se 13 786 quintais (1 q = 100 kg) com um valor conjunto de 1 439 000 zlotys 3 , sendo que os principais itens constituíram o cimento e máquinas agrícolas. Esses produtos foram produzidos por empresas polonesas funcionando com a participação de capital estrangeiro, que possuíam aparelho próprio de exportação ou também intermediário permanente. A demanda em relação a grandeza da produção dessas empresas no mercado interno era pequena. Em 1923 a exportação do Cimento não se manteve, contudo eram exportadas continuamente as máquinas, como também apareceram novos produtos como táboas, vasilina e parafina. O montante das mercadorias exportadas elevaram-se para 24 967 quintais, contudo o valor geral da exportação caiu para 871 000 zlotys. Em 1924 a conjuntura para a exportação da Polônia de madeira, vasilina e parafina mantinha-se incessantemente no mesmo nível. Simultaneamente, no mercado brasileiro apareceram canos, produtos de caldeiraria e de zinco. Isto provocou o sucessivo crescimento da tonagem da exportação polonesa para 27 223 q, mas infelizmente a sua sucessiva queda de valor para 668 000 zlotys. Em 1925, as tentativas para desenvolver a exportação de produtos madeireiros, minerais e matalúrgicos em sua maioria dos casos falharam face a concorrência internacional e disposições da política aduaneira do Brasil 4 . Contudo, abriuse frente à Polônia a excepcional possibilidade da exportação de açúcar, que foi provocada pela grande carência, em 1925, dos produtos alimentares no mercado brasileiro. A exportação para o Brasil abrangeu igualmente os tecidos de algodão e fibras de lã. Isto provocou uma queda muito significativa da grandeza da exportação polonesa em comparação com 2. J. W o j n a r : 1933, p. 12. Polsko-brazylijskie stosunki handlowe [Relações comerciais polono-brasileiras]. Warszawa 3. «Anuário do Comércio Exterior da RP», 1922/23, para os anos seguintes o «Anuário do Comércio Exterior da RP e da Cidade Livre de Gdańsk», 1924-25, 1926-27. Os dados para os anos 1922-26 süo calculados se gundo a paridade do dia 15 VI 1924, que estabelecia o valor de I dol = 5,22, contudo a partir de 1924 segundo a paridade reduzida do zloty de 13 X 1927. 4. J. W o j n a r : op.cit., p. 13. 167 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS os anos anteriores. Em 1925 atingiu unicamente 6 420 q e sucessiva queda, embora pequena, do seu valor, para 661 000 zlotys. Em 1926 foram exportados em continuação canos, soda cáustica, cimento e como artigo completamente novo — o carvão. Graças a esses dois últimos artigos cresceu a tonagem da exportação polonesa para o Brasil, alcançando 93 800 q e cresceu insignificativamente o seu valor — para 735 000 zlotys. Em resumo, o período 1922-1926 manifesta na exportação polonesa para o Brasil traços de casualidade e experimentos, testemunhando, por um lado, a confusão de pos-guerra nos mercados mundiais, por outro lado, o desconhecimento do mercado brasileiro na Polônia. Nos anos seguintes, isto é, 1927-1931, a exportação para o Brasil desenvolveu-se da maneira enquadrada na tabela 1. Analisando os dados contidos na tabela podemos afirmar que nesse período parte preponderante da nossa exportação para o Brasil foi constituída, igualmente como em 1926, pelo cimento, carvão e canos. Essas mercadorias, apesar das oscilações periódicas, mantiveram até 1931 um papel dominante na exportação polonesa para o Brasil. Entretanto, deve-se remarcar aqui que os anos de conjuntura econômicas relativamente boa não foram aproveitados para a conquista de uma posição duradoura para as mercadorias polonesas nessa região. Apesar dos movimentos de exportação montando a alguns milhões, com o Brasil, a Polônia não dispunha nesse mercado, nos anos em exame, de qualquer casa comercial, e as transações tinham lugar através de intermediários. O mercado brasileiro não foi pesquisado quanto às possiblidades de exportação, nem foram criadas redes de agentes e desenvolvida a propaganda das mercadorias polonesas. Essas eram conhecidas unicamente no Rio de Janeiro, São Paulo, e não chegavam inclusive aos estados do sul, onde encontravam-se as concentrações da emigração polonesa 5 . As limitações de importação introduzidas no Brasil após 1930 provocaram quase imediatamente a queda, e no caso de algumas mercadorias, o completo desaparecimento da exportação. Isto referiu-se sobretudo às mercadorias básicas de exportação, isto é, o carvão e o cimento. Nos anos 1926-1930 o Brasil era o maior ou o segundo cliente do cimento polonês. Após 1930 teve lugar um rápido desenvolvimento da produção nacional no Rio de Janeiro e em São Paulo, que eliminou quase completamente o cimento polonês do mercado brasileiro 6 . Em 1932 a exportação de cimento para o Brasil deixou de existir. De igual maneira se apresentava a situação com o carvão polonês. A queda da sua exportação em 1930 foi provocada pela forte concorrência do carvão inglês e alemão, como também pela falta de interesse pela exportação por parte da indústria polonesa de carvão 7 . Passando para a questão da exportação brasileira para a Polônia deve-se sublinhar que a importação polonesa do Brasil era muitas vezes maior do 5. J. W o j n a r : op.rit., p. 18. 6. Arquivo das Atas Novas — Ministério dos Assuntos Estrangeiros [adiante com abreviação: AAN/MAE] — 3627, 10 VII 1935. 7. AAN/MAE - 3627, 18 III 1931, 22 VII 1931. I Tabela 1. Exportação dos mais importantes produtos poloneses para o Brasil nos anos 1927-1931. 1927 1928 1929 1930 1931 Produto Cimento Carvão Moveis e produtos de madeira Artigos da ind. quim. não orgânica . Ferro e aço Chapas de ferro e aço Tubos e juntas Recipientes esmaltados Artigos de zinco Maqs. têxteis Tecidos de alg. Fio de lã Tecidos de lã Outras mercadorias Total q mil zl q mil zl q mil zl q mil zl q mil zl 374925 100 678 2 068 347 227 337 156 607 1435 520 157 470 662 724 1 131 1660 201 469 122 690 1 395 325 32 353 245 195 228 659 1489 148 3 904 363 478 70 158 11 — — 6186 2107 178 56 771 1583 30 42 350 1632 18 44 38 — 6 — — — — — 255 1 342 23 104 — 4 549 — 254 5 6 971 1 404 — 2 633 — 182 — — — — — 575 1 — — — 478 — 102 5 — — — 67 — 544 — 237 103 4108 1485 — 75 — 199 237 23 203 1612 501 67 19 204 25 2 858 391 64 22 22 448 88 256 372 203 — 13 163 23 2 225 75 18 — 29 292 40 216 — — — — — 2 622 — — — — — — 593 438 099 3 638 397129 3 381 834 916 4 619 329 987 2 589 280170 1,4 F o n t e : «Anuario do Comercio Exterior da RP da Cidade Livre de Gdańsk», 1926-1927, 1928, 1929,1930; J. Wojnar: Relações comerciai! polono-brasileiras, Warszawa 1933, p. 15, 109 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS que a exportação polonesa para esse país. Isto resultava de que o Brasil era um dos mais importantes exportadores mundiais dos chamados artigos coloniais. Para a Polônia eram exportados muitos e diferentes artigos abrangendo todos os mais importantes ramos da exportação brasileira, incluindo tais produtos como: café, couros crus, cacao, tabaco, gorduras técnicas, que constituiam sempre posições dominantes. Essas tendências são ilustradas pela tabela 2, que apresenta uma lista das mercadorias mais importantes importadas do Brasil para a Polônia, nos anos 1927-1931. A estrutura mercantil homogênea da importação brasileira resultava, de um lado, da estrutura geral da exportação desse país, por outro lado, de que os fornecedores dos produtos brasileiros para a Polônia eram negociantes da Europa ocidental, que ainda antes da primeira guerra mundial abasteciam o mercado polonês com essas mercadorias e conheciam bem as suas necessidades e exigências. O saldo comercial nos anos 1922-1931 aumentava sistematicamente em favor do Brasil, 8trazendo durante esses anos 156 milhões de zlotys de défice para a Polônia . Era uma soma que significativamente sobrecarregava a economia, ainda mais que, igualmente como no comércio com o Brasil, configurava-se a situação nas relações comerciais com a Argentina e com outros países sulamericanos. Os anos seguintes, isto é, 1932-39, trarão certas mudanças favoráveis referentes, sobretudo, à exportação polonesa para o Brasil. As aspirações de muitos anos da diplomacia polonesa, visando a regularização jurídica das relações comerciais entre ambos os países foram coroadas de sucesso. A 3 de fevereiro de 1932 foi assinado o acordo comercial entre a Polônia e o Brasil assente no princípio da cláusula do maior privilégio9. Foi realizada igualmente, no final de 1932, a coordenação da importação de café com a exportação de mercadorias polonesas — foi relacionada a importação do café com a exportação de trilhos poloneses para o Brasil10. No outono de 1935, graças ao entendimento entre o Banco Caixa Polonesa de Assistência e o Banco Boavista chegou-se a concentração das transações financeiras polono-brasileiras numa instituição bancária na Polônia e no Brasil11. Após 1932, intensificou a sua atividade a Câmara Comercial PolonoBrasileira, que tinha sua sede em Varsóvia e em junho de 1934 foi posto em funcionamento um idêntico estabelecimento no Rio de Janeiro. Isto contribuiu para uma organização mais eficiente das transações comerciais polono-brasileiras, na segunda metade dos anos trinta12. 8. «Anuário do Comércio Exterior da RP», 1922-1923, «Anuário do Comércio Exterior da RP e da Cidade Livre de Gdańsk», 1924-1925, 1926-1927, 1928, 1929, 1930, 1931. J. W o j n a r : op.cit., p. 27. 9. AAN/MAE-3633, 21 I 1931, AAN/MAE-3626, 24 VII 1931, Acordo comercial entre o Brasil e a Polônia. Concluído no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1933. 10. M. C z a r n o t a - B o j a r s k i : Stosunki handlowe polsko-brazylijskie i ich obecna organizacja [Relações comerciais polono-brasileiras e sua presente organização]. Warszawa 1934. 11. AAN/MAE-3627, 21 VI 1935, AAN/MAE-3628, 3 X 1935. 12. M.Czarnota-Bojarski:op.cit.,AAN/MAE-3627,28 V 1935, 21 VI1 935, 10 VII 1935, AAN/MAE-3628, 10 I 1936, 5 III 1936, AAN/MAE-3632, 24 VI 1937. I Tabela 2. Importação dos mais importantes produtos brasileiros para a Polônia nos anos 1927-1931. 1927 Mercadorias q i m.zl. 1930 1929 1928 q m.zl. q m.zl. q m.zl. 1931 q m.zl. Café Cacao Tabaco Couro cru Algodão Lã Gordura tecn. Gordura comestível Sem. olêistas Arroz e cereais Prods. de couro Borracha 22 395 515 544 14 600 230 2 510 910 8 500 166 241 4 213 64 1938 187 27 884 2 020 1588 12 734 491 100 934 11445 555 888 4 151 163 105 204 36 794 3 671 6 018 18 664 3 167 445 715 15 257 881 3 163 4 250 1 249 350 153 37 237 4 477 4 689 33 890 675 709 353 9 604 810 2 471 7 251 235 244 73 51415 5 251 6 678 28 214 — — 759 — 1 474 1 387 1 235 68 — 105 51 133 61 — 32 11 631 — 3 399 — 1 597 — 1 407 — 11 161 3 237 589 8 429 — 721 132 65 4 065 — — 1 838 787 262 — — 76 89 142 — 150 — 327 316 7 — 17 50 Total 47 568 15 902 158 528 21 413 91 991 31 361 86 750 21401 146 203 19 928 10 033 662 3 222 4 456 — — 102 — F o n t e : «Anuario do Comercio Exterior da RP», 1922-1923; «Anuario do Comercio Exterior e da Cidade Livre de Gdańsk», 1926, 1927; J. Wojnar: Relações comerciais polono-brasileiras, p. 23. Tabela 3. Participação do café e dos couros na valor global da importação brasileira para a Polônia nos anos 1931-1938 (em %). Cafe Couros Restantes 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 50,4 22,4 27,2 64,2 12,6 22,5 65,3 24,2 10,5 39,9 45,5 14,6 29,5 58,3 12,2 32,9 21,3 45,8 30,8 12,8 56,4 16,7 15,0 68,3 F o n t e : AAN/MAE 3627, 10 VII 1935, «Anuário do Comercio Exterior da RP e da Cidade Livre de Gdańsk», 1935, 1936, 1937, 1938. 112 MAGDALENA STALPIŃSKA Nos anos 1932-1939 o valor da importação polonesa do Brasil mantinha-se no nível de 13-14 milhões de zlotys anualmente. O máximo valor foi alcançado em 1931 e atingia 19 929 milhões de zlotys, o mínimo em 1933 - 11 522 milhões de zlotys 13 . Na importação do Brasil para a Polônia, assim como no período anterior, o principal papel era desempenhado pelo café e pelas peles de boi ressecadas ao sal. A importação do café brasileiro para a Polônia nos anos 1932-1937 era conduzida pela Central Polonesa de Importação de Café 14 . Apos a sua dissolução teve lugar o retorno ao comércio livre de café que existia antes de 1932. Os seguintes itens de importação eram constituídos pelas peles ressecadas, com tratamento a seco e a sal (cerca de 22,5% da demanda polonesa), cuja importação nos anos 1934-1935 tornou-se um item de primeiro plano na importação proveniente do Brasil. O terceiro lugar na importação proveniente do Brasil era ocupado pelo tabaco, que alcançava, em 1934, 3 055 q (valor de 890 000 zlotys). A importação do tabaco estava concentrada na Direção do Monopólio Polonês de Tabaco, relativamente na empresa italiana «Poltabac» que realizava as compras para o monopólio 15 . A exportação para a Polônia de tais artigos, como borracha e carnaúba, até 1935, não apresentava maior autonomia comercial (em 1934 foram importados 213 043 kg de borracha no valor de 429 273 zlotys, do que 33,5%, isto é, 62 900 kg foi trazido da Alemanha, e diretamente do Brasil 59 271 kg por 125 372 zlotys). O crescimento das compras dessas matérias-primas nos anos seguintes indicaria na sua importação direta para a Polônia 16 . A importação de algodão foi iniciada no outono de 1934, após um intervalo de alguns anos, alcançando imediatamente significativas proporções. Em 1935, a importação de algodão foi duas vezes maior que em 1934, e em 1936 e nos anos seguintes tornou-se o item mais importante de importação do Brasil. A importação de algodão tinha lugar indiretamente, atraves das casas comerciais europeias e de agentes dessas firmas em Łódź, Białystok 13. «Anuário do Comércio Exterior da RP e da Cidade Livre de Gdańsk», 1931, 1932, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, AAN/MAE 3628. O valor das transações não reflete as suas dimensões, pois que a tabela e calculada em zlotys em ouro, pois a queda do valor do milreis em relação as moedas estrangeiras, assim como a queda dos preços no Brasil expressaram-se antes na retração do valor da importação, e não na diminuição da sua tonagem. E assim por exemplo, em 1931, foram importados 146 203 q de mercadorias com o valor de 19 929 milhões de zlotys, em 1932 79 476 no valor de 13 965 milhões de zlotys, e em 1933 — 162 602 q no valor de 11 522 milhões de zlotys. 14. A Central Polonesa da Importação de Café surgiu nos finais de 1932. A sua tarefa era a compensação da importação do café brasileiro com a exportação de artigos de produção polonesa. O boletim da Câmara do Comércio Polono-Brasileira, Rio de Janeiro 1939. 15. Z. Ł o p i e ń s k i : Polski handel zamorski. Obroty z krajami pozaeuropejskimi [Comércio ultramarino polo nês. Transações com os países não europeus], Warszawa 1936, pp. 37-38. 16. AAN/MAE-3627, 10 VII 1935. 113 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS e em Varsóvia 17 . A Polônia, querendo aproveitar o interesse do Brasil pela questão do escoamento do algodão, propunha a condução de transações compensatórias, entretanto, o Brasil, por princípio contrário a esse tipo de intercâmbio, ainda dessa vez não concordou 18 . A importação da herva mate, trazida em pequenas quantidades (em 1934 por 11 231 zlotys), era importante porque constituía a única mercadoria cultivada e vendida pelos emigrantes poloneses. Entretanto, o consumo ínfimo da herva mate na Polônia não favorecia o aumento das compras que sempre se configuravam no baixo nível anual de 5-6 mil zlotys. A lista dos mais importantes artigos importados do Brasil para a Polônia é apresentada pela tabela 4, que abarca os anos de 1934-38, que podemos aceitar como representativos para o período analisado. O valor da exportação polonesa para o Brasil, atingindo, em 1931, 1 480 milhões de zlotys, caiu para 530 mil zlotys em 1932, a seguir cresceu, em 1933, para 5 045 milhões de zlotys, em 1934 para 8 274 milhões de zlotys, e em 1937 alcançou a grandeza máxima de 8 800 milhões de zlotys. Enquanto a queda da exportação no início dos anos trinta foi provocada pela interrupção da exportação do carvão e do cimento, o crescimento em 1933 e 1934 teve lugar graças à sistematização dos esforços poloneses de exportação e ao início dos fornecimentos de trilhos para as ferrovias brasileiras. Traço característico da exportação polonesa para o Brasil era que nessa predominava sempre um artigo. Isto criava o perigo de que com o momento da quebra da conjuntura nesse domínio, a exportação se contraia, considerando ainda que a mesma — para o Brasil — já não era grande. Desde 1927 até 1931 predominava na nossa exportação para o Brasil o cimento e o carvão, constituindo em relação ao valor global da exportação: em 1927 - 81,4%, 1928 - 57,8%, 1929 - 60,4%, 1930 - 66,4%, 1931 — 59,9%, 1932 — ?. O lugar desses artigos foi ocupado nos seguintes anos pela exportação de trilhos, que constituiu em relação ao valor global da exportação: em 1933 - 64,2%, 1934 - 78,8%, 1935 - 52,2%, 1936 - 46,5%, 1937 - 32,0%, 1938 - 36,4%. Entre os restantes artigos enviados ao Brasil deve citar-se, entre outros: fios de lã cardada, produtos químicos (oxido de zinco), produtos de zinco, ferro e aço, assim como máquinas têxteis (tabela 5). Além disto, nos meados dos anos trinda apareceram novos itens: papel de cigarro, levedo e malte, contudo desapareceu a exportação de cimento e tecidos, e permaneceu a exportação de carvão em pequenas quantidades. Nos anos 1933-1938 o principal item de exportação era constituído pelos produtos da indústria metalúrgica polonesa, sobretudo trilhos e canos, cuja exportação atingiu sucesivamente: em 1933 — 65%, 1934 - 84%, 1935 - 82%, 1936 - 47,5%, 1937 - 33%, 1938 36,9%; isto em relação a exportação global. 17. Z. Ł o p i e ń s k i : op.cit., p. 38. 18. AAN/MAE-3627, 10 VII 1935, AAN/MAE-3628, 1 VII 1936. I Tabela 4. Importação dos mais importantes artigos do Brasil para a Polônia nos anos 1934-1938. 1934 Mercadorias q Café Cacao Tabaco Couro cru Minério de ferro Min. de manganês Borracha Cera vegetal Algodão e restos TOTAL 1936 1935 mil zl q mil zl q 1938 1937 mil zl q mil zl q mil zl 47 088 4 139 3 055 55 972 — — 949 — 2 480 5 692 300 890 6 483 — — 132 — 448 40 031 4 007 1 347 83 722 — — 568 — 5 015 4 405 297 248 8 554 — — 111 — 886 45 908 7 766 1 150 24 115 — — 649 984 27985 4 688 552 157 3 179 — 117 410 4 905 3 4 762 2 881 162 7 353 37 814 — 699 834 66 800 3811 326 33 1 589 102 — 153 350 12 375 35 156 3 005 1 512 18 641 942 911 76 646 129 1 240 41 424 2 719 250 262 2 447 3 508 496 22 456 5 896 116 942 14 268 137 517 14 908 109 910 14 232 159 337 19 059 1 121 872 16316 F o n t e : «Anuário do Comércio Exterior da RP e da Cidade Livre de Gdańsk», 1934, 1936, 1937, 1938 — AAN/MAE 3628. Tabela 5. Exportação dos mais importantes produtos poloneses para o Brasil nos anos 1934-1938. 1934 Mercadorias Trilhos e aces Tubos e juntas Vergalhões Ferro e produtos Zinco Alvaiade de zinco Fio de lã Hulha Maqs. têxteis Levedo Malte Papel e produtos Cera de porco Aeroplano c. motor Total 1935 1936 q m.zl. q m.zl. 317 884 6 471 124 653 2 489 3 578 1 918 1 072 — — 362 31 750 — — — — — - 174 38 50 — 547 432 45 — — — — — - 36 465 2 357 1051 3 429 — 104 24 500 — — — — — 199 827 371 184 8 202 1938 1937 m.zl. q m.zl. 2 088 309 48 42 30 382 256 33 383 83 79 1 047 6 — 231 100 250 2 819 64 389 2 072 1 427 31 62 141 145 102 30 — — — — — - 82 791 9 773 1 577 1 417 1 888 9 339 5 831 600 267 075 438 316 307 09 20 — 63 2 597 764 7 755 7 273 10 235 579 177 200 192 1 557 21 072 1 615 4 8 99 22 309 460 687 912 257 39 436 815 1 169 9 160 627 6 580 — 7438 7652 196 — 90 97 45 334 792 — - 26 198 — 364 340 187 — 17 12 1 750 615 — - 4 765 441 481 5 150 352 040 8 800 137 220 5 692 q q m.zl. F o n t e : «Anuário do Comércio Exterior e da Cidade Livre de Gdańsk», 1934, 1935, 1936, 1937, 1938 - AAN/MAE 3628. 116 MAGDALENA STALPIŃSKA A queda do valor da exportação dos artigos provenientes da siderurgia, após 1935, foi provocada pela limitação da exportação de trilhos causada pelo congelamento, por parte do Brasil, dos créditos relacionados com os fornecimentos realizados 19 . Contudo, a exportação de canos de aço em 1935 não sofreu diminuição, e inclusive aumentou significativamente por causa do fornecimento impar para as canalizações na cidade de Vitória no estado do Espírito Santo. A exportação de canos foi compensada pela importação do café brasileiro para a Polônia 20 . A exportação de produtos metalúrgicos levada a efeito no território do Brasil pela «Exportação Polonesa de Ferro», firma pertencente a Comunidade de Interesses de Mineração e Metalurgia utilizava os serviços da firma holandesa «Gokkes Limitada do Brasil». Os fornecimentos de trilhos para as ferrovias e outros itens de exportação de proveniência metalúrgica eram realizados por encomenda governamental. Artigos mais leves, como vergalhões, construções, de ferro e produtos de lata eram exportados esporadicamente. Essas operações eram realizadas por diversas firmas em cooperação de caracter informativo e organizacional da Câmara Comercial Polono-Brasileira 21 . Dos restantes artigos, que ocupavam uma posição relativamente fixa na exportação polonesa para o Brasil, deve-se sobretudo mencionar: produtos químicos, sobretudo oxido de zinco, cuja exportação alcançou em 1934 a soma de 547 223 zlotys, em 1937 até 687 mil zlotys. A exportação de óxidos (95% do grupo de produtos químicos), sulfato de cobre, cloreto de amônio e nitrato de potássio, em parte era conduzida pela Companhia do Comércio Ultramarino, que possuía representação de venda dessa mercadoria para o mercado brasileiro, em parte pelo representante do cartel nesse território. Essa exportação não possuía tais facilidades de prestação de contas como a exportação de canos ou trilhos 22 . Em 1935 apareceu na exportação polonesa para o Brasil, se bem verdade como item secundário, o zinco (141 mil zlotys em 1935, 450 mil zlotys em 1937). A demanda dessa matéria-prima crescia em todos os países em relação com as tendências de armamento. Dos artigos de mineração, a parafina conhecida desde há muito no mercado brasileiro, desapareceu completamente em 1935, igualmente como em outros mercados da América do Sul e Central. O carvão de pedra (hulha), constituindo o principal produto de exportação até 1931, nos anos 1932-34 desapareceu completamente. Apareceu novamente em 1934, já como item secundário e constituindo exportação difícil de ser mantida por causa da dominação de longos anos do mercado pela concorrência inglesa 23 . A exportação de levedo e malte nos anos 1934-1935, se bem tenha come19. AAN/MAE-3627, 10 VII 1935. 20. Boletim..., p. 34. 2 1 . AAN/MAE-3627, 10 VII 1935. 22. Z. Ł o p i e ń s k i : op. cit., p. 4 1 . 23. Z. Ł o p i e ń s k i : op. cit., pp. 41-42. 117 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS cada com pequenas quantidades, era interessante porque aumentava sistematicamente, o que estava relacionado com o desenvolvimento da indústria de cerveja no Brasil (veja tabela 5). Foram empreendidas também tentativas da exportação de papel e celulose. Existiam certas possibilidades da exportação de papelão e papel para cigarros. Em 1935 a exportação para o Brasil da Polônia atingiu: papel e papelão ondulado — 2 613 kg por 1 811 zlotys, papel fino sem cor — 6 805 kg por 11 664 zlotys, papel para cigarros — 1 679 kg por 2 403 zlotys. O Brasil importou em 1935 papel para cigarros numa quantidade de 1 043 992. A demanda desse produto era bastante significativa e apesar da concorrência francesa e finlandesa, essas possibilidades foram relativamente bem aproveitadas pela indústria polonesa 24 . Em 1937 foram exportados para o Brasil 1 560 quintais no valor de 1 121 mil zlotys, e em 1938 561 q num valor de 595 mil zlotys. No período em questão muitas firmas polonesas já havia encetado contatos com importadores brasileiros e procurava conquistar uma firme posição nesse mercado. Infelizmente, aconteciam casos de menosprezo pelo mercado brasileiro da parte dos exportadores poloneses com prejuízo para os interesses poloneses no Brasil 25 . Aconteciam também casos de impensada e má organização dos fornecimentos comerciais por parte dos exportadores, poloneses. E assim, por exemplo, a firma F. Marvin SA — cliente de 5 toneladas de zinco enviado pela firma Giesche — teve de assumir custos adicionais, pois os documentos de embarque enviados através de correio normal, ao invés de via aérea, chegaram 10 dias depois do que a mercadoria 26 . Entretanto, muita mais frequentemente do que no período anterior tiveram lugar opiniões positivas sobre os exportadores poloneses. No dia 19 de agosto de 1936, a representação da República da Polônia recebeu a informação que os canos tratados a cobre para gás e água enviados a algumas firmas brasileiras pelo escritório de vendas das Laminações Polonesas de Canos chegou em muito bom estado. A qualidade dos canos foi avaliada muito altamente quanto ao aspecto técnico e da concorrência de preços. As firmas satisfeitas com a encomenda expressaram interesses por outros artigos da indústria metalúrgica polonesa 27 . A Polônia procurou introduzir à venda no Brasil artigos da indústria de armas 2 8 . Essa exportação, por parte da Polônia deveria ser realizada pela sociedade «SEPEWE», contudo os fornecimentos para o Brasil deveriam ser conduzidos pela Comissão de Compras em Bruxelas dirigida pelo gen. Leite de Castro. A aquisição nesse domínio deveria abarcar: cápsula para munições, carabinas kbk e fornecimentos para a fábrica de aviões em con24. AAN/MAE-3628, 20 VIII 1936. 25. AAN/MAE-3628, 8 IX 1936, AAN/MAE-3630, 15 I 1937. 26. AAN/MAE-3628, 19 VIII 1936. 27. AAN/MAE-3628, 19 VIII 1936. 28. AAN/MAE-3627, 25 VII 1934, 31 VIII 1934, 3 X 1034, 5 X 1934, 12 X 1934, 25 X 1934, 8 I 1935, 1 III, 1935, AAN/MAE-3625, 9 II 1939. 118 MAGDALENA STALPIŃSKA Tabela 6. A participação do Brasil no comércio exterior da Polônia nos anos 1922-1938 (em %). Ano Exportação Importação 1922 1923 1924 1925 1926 1927 1928 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 0,22 0,07 0,05 0,04 0,05 0,14 0,13 0,16 0,11 0,08 0,05 0,53 0,85 0,52 0,77 0,47 0,73 0,68 0,84 0,55 0,64 1,01 0,95 1,36 1,62 1,39 1,79 1,73 1,42 1,52 1,25 0,5 0,74 0,48 F o n t e : «Anuário Estatístico da RP», 1920/22, 1923, 1924, 1925/26, 1927, 1928, 1929, 1930, «Pequeno Anuário Estatístico», 1930, 1931, 1932, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939. strução desde março de 1935. Como resulta dos dados estatísticos, essas transações não tomaram maiores proporções. As informações transmitidas pela representação da RP, referentes aos detalhes técnicos dos artigos da indústria de armas eram imprecisos e não especializados, o que entre outras coisas dificultava as transações. Deve-se igualmente lembrar o papel da comunicação marítima e dos portos da área aduaneira polonesa no intercâmbio comercial entre a Polônia e o Brasil. Os dados estatísticos indicam que nos anos trinta aumentou a tonagem da importação que passava pelos portos poloneses e teve lugar um gradual contorno dos portos estrangeiros. Em 1929, a importação dirigida pelos portos poloneses constituiu 64% do todo, em 1934 já 93,1% (de 36% da importação pelos portos estrangeiros caiu para 7% da quantidade global da importação). Ate 1932 preponderava a importação através de Gdańsk, nos anos seguintes cada vez maior significado passou a ter Gdynia. Contudo, o valor da exportação que contornava os portos poloneses, que nos anos 1929-1931 atingia cerca de 40% do valor a exportação polonesa para o Brasil, caiu em 1933 para 22,1%, e em 1934 para 6,2%. Isto teve lugar em consequência da introdução de ligações regulares entre 119 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS os portos poloneses e os portos brasileiros (Vitória, Rio de Janeiro e Santos) graças aos contratos com a Jonson Line e Linie Finland Syd Amerika. Em 28 de fevereiro de 1936 foi aberta a primeira linha polonesa de navios Gdynia-Buenos Aires. Os navios dessa linha aportavam nos portos brasileiros do Rio de Janeiro e de Santos. Inicialmente, cursavam dois navios — «Pułaski» e «Kościuszko», que em 1939 foram retirados e introduzidas duas novas unidades oceânicas — «Chrobry» e «Sobieski» 29 . Em virtude das tentativas de longos anos alguns exportadores poloneses com o tempo adaptaram-se às exigências e costumes em vigor no mercado brasileiro, tais como o costume da locação de mercadorias através de agentes munidos de catálogos e modelos, que conduziam todas transações, recebendo por isto, antecipadamente, certa quantia 30 , a necessidade do empacotamento cuidadoso das mercadorias considerando as longas viagens, créditos a longo prazo fornecidos aos importadores (de 90 a 190 dias), assim como calcular os preços das mercadorias cif portos brasileiros e não fob Gdynia. Além disto, o sistema bancário criado constituiu certa garantia face às consequências das limitações de divisas por parte do Brasil, o que diminuía o temor dos exportadores poloneses ante o fornecimento de créditos a longo prazo. Por todo o tempo existiam dificuldades em encontrar forma de compensação e do clearing. A compensação de mercadoria era a única e rápida maneira de diminuir o saldo negativo da balança comercial com o Brasil. Pelo fato de que o Brasil no final dos anos trinta começou a recuar das transações de compensação com a Alemanha, baseadas no marco de prestação de contas, aquele país começou a por em marcha os esforços visando atrair para a órbita do intercâmbio comercial outros países que possuíam moeda regulamentada, entre outros, a Polônia 31 . Entretanto, essa questão não foi regulada até o fim do período em exame. A Polônia, que estava interessada na ampliação da importação de matérias-primas brasileiras, tenderia no futuro a apoiar o comércio com o Brasil na importação de couros crus e de lã, que podiam alcançar dimensões significativamente maiores do que o café 32 . A Polônia, possuindo um balanço eminente passivo no comércio com o Brasil e enfrentando dificuldades na conclusão de transações de compensação, não aumentou suas compras no Brasil. As autoridades brasileiras, orientando-se no significado potencial da Polônia como mercado receptivo, especialmente para o algodão brasileiro, mostraram um reforçado interesse pelos contatos com a Polônia. No início de 1939, o novo delegado do Brasil em Varsóvia era o economista Eulalio do Nascimento Silva, que, parece, deveria empreender iniciativas no sentido da normali29. AAN/MAE-3627, 10 VII 1935, AAN/MAE-3627,25 I I 1 939, 30 VI 1939, M. L e p e c k i : Brazylia [Brasil], Warszawa 1936, p. 16. 30. AAN/MAE-3628, 21 IV 1936. 31. AAN/MAE-3625, 30 VI 1939, AAN/MAE-3606, 1 II 1939. 32. AAN/MAE-3627, 10 VII 1935. 120 MAGDALENA STALPIŃSKA zação do comércio polono-brasileiro e intensificação das transações 33 . Animaram-se igualmente os contatos da diplomacia polonesa no Brasil com as autoridades desse país. No dia 23 de fevereiro e 27 de junho o delegado da República da Polônia, dr. Tadeusz Skowroński, manteve conver sações com o chefe do governo brasileiro, Getúlio Vargas, durante as quais muita atenção foi dedicada às questões relacionadas com o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre ambos os países 34 . Não se chegou à intensificação do intercâmbio comercial por causa da eclosão da guerra em setembro de 1939. Para complementar a totalidade do problema desejo chamar a atenção para certas semelhanças na economia de ambos os países e as analogias daí resultantes da estrutura do comércio exterior. As exportações da Polônia e do Brasil limitavam-se principalmente aos artigos alimentares, das matérias-primas e produtos semiacabados. A importação abrangia sobretudo os produtos prontos e as matérias-primas indispensáveis para a economia. A Polônia e o Brasil pertenciam, no período em exame, aos países fracamente desenvolvidos, dependentes economicamente dos capitais estrangeiros. Isso criava determinados problemas, que freiavam o desenvolvimento do mútuo intercâmbio comercial, sobretudo diminuía o grau da complementariedade de ambos os sistemas econômicos. O comércio com o Brasil era, sob muitos aspectos, muito difícil para o recem-surgido Estado polonês, mas era também difícil para o Brasil, que até então não se orientava para o comércio com os países da Europa oriental e central. A Polônia era, portanto, para o Brasil um parceiro desconhecido, exigindo novos e diferentes métodos de comércio. Para um e para outro, o mútuo comércio constituía um novo domínio, sem quaisquer tradições. Apesar dos esforços de ambas as partes visando a intensificação do intercâmbio comercial, todo o período de entreguerras não trouxe nesse domínio mudanças radicais. As mútuas transações comerciais continuaram a ser, portanto, uma grandeza marginal para ambos os países. A participação do Brasil na exportação polonesa constituiu-se durante todo o período examinado, sempre inferiormente a 1%. O máximo valor foi alcançado em 1934 e atingiu 0,85% do valor de toda a exportação polonesa. Na importação da Polônia a participação do Brasil constituia-se num nível um pouco mais elevado, isto é, superior a 1%, alcançando o maior valor (1,79% do valor global da importação da Polônia), também em 1934. No que toca a participação da Polônia no comércio exterior do Brasil, infelizmente não se conseguiu completar os dados para todo o período, obtive unicamente os dados para os anos 1932-1934 35 . Na importação do Brasil a Polônia tinha a seguinte participação: em 1932 — 0,06%, em 1933 - 0,41% e em 1934 - 0,74%. 33. AAN/MAE-3625, 25 II 1939. 34. AAN/MAE-3625, 25 II 1939, 30 VI 1939. 35. B. P o l k o w s k i : Światowy handel zagraniczny i udział w nim Polski {Comércio estrangeiro mundial e a par ticipação da Polonia], Gdynia 1936, p. 13. 121 RELAÇÕES COMERCIAIS POLONO-BRASILEIRAS A participação da exportação para a Polônia no valor global da exportação brasileira era contudo um pouco superior e atingia: em 1932 — 0,88%, em 1933 - 0,74% e em 1934 - 0,92%. Assim portanto, tanto a Polônia para o Brasil, como o Brasil para a Polônia, constituíam para si parceiros participando em grau mínimo nas transações de ambos os países com o exterior. Entretanto, na base do material recolhido podemos tirar a conclusão geral de que as tendências no desenvolvimento do intercâmbio comercial entre a Polônia e o Brasil eram, antes de mais, favoráveis. Ambos os países iniciaram o comércio mútuo desde as bases, enfrentando inúmeras dificuldades que resultavam do desconhecimento do mercado, com os quais se queria cooperar, da falta de um organizado aparelho comercial, da falta de capitais, da aguda concorrência da parte dos países que há muito conduziam esse comércio. Apesar das drásticas limitações da importação introduzidas pelo Brasil após 1930, o intercâmbio comercial polono-brasileiro possuía tendência para um claro crescimento.