Malcolm X: militância e morte

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Malcolm X: militância e morte
Disciplina - História -
Malcolm X: militância e morte
História
Enviado por: Visitante
Postado em:20/11/2008
Com uma trajetória marcada por uma oratória espetacular, posições sempre polêmicas e uma
inegável disposição militante, Malcolm X é um símbolo da luta contra o racismo e da necessidade de
compreendê-la integrada à luta anticapitalista. Uma compreensão, lamentavelmente, cada vez mais
rara no movimento negro que, majoritariamente, acredita na possibilidade de “reformas” no
capitalismo para beneficiar a população negra.
No dia 21 de fevereiro de 1965, o líder negro norte-americano Malcolm X foi assassinado. Wilson H.
Silva da redação do Opinião Socialista e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras do
PSTU Com uma trajetória marcada por uma oratória espetacular, posições sempre polêmicas e
uma inegável disposição militante, Malcolm X é um símbolo da luta contra o racismo e da
necessidade de compreendê-la integrada à luta anticapitalista. Uma compreensão,
lamentavelmente, cada vez mais rara no movimento negro que, majoritariamente, acredita na
possibilidade de “reformas” no capitalismo para beneficiar a população negra. Nascido em 19 de
maio de 1925, com o nome de Malcolm Little, o futuro líder teve uma infância e juventude comum
entre os jovens negros da época. Em 1929, o garoto viu sua casa ser incendiada por racistas; dois
anos depois, seu pai, Earl Little, pastor e ativista negro, foi encontrado morto, atropelado por um
bonde, em um episódio provocado pelos grupos supremacistas brancos. Poucos anos depois, em
1939, o jovem Little assistiu sua mãe ser levada para um sanatório depois de um colapso nervoso.
Nos anos seguintes, ele passou por várias instituições e famílias adotivas, trabalhando nos mais
diversos empregos. Foi engraxate, lavador de pratos, garçom e trabalhador braçal na rede
ferroviária. Daí para a marginalidade não foi um longo passo. Vivendo em Nova York, onde assumiu
o apelido de Big Red, Malcolm envolveu-se com tráfico de drogas, prostituição, contrabando de
bebidas e todo o tipo de trambiques. Um currículo que acabou levando-o para a prisão, em 1946,
onde permaneceu por mais de seis anos, até meados de 1952. Foi dentro da prisão que ele se
converteu para o grupo Nação do Islã, adotando, em 1953, o nome Malcolm X (o “x” significando a
perda de seu nome africano e a imposição de um sobrenome dado pelos escravocratas do passado)
e tornando-se rapidamente um dos principais oradores da organização. Sua importância para a
Nação do Islã pode ser medida pelo crescimento da entidade. De sua entrada até 1963, o grupo
saltou de 500 para 30 mil membros. Em 1959, um ano depois de ter ser casado com Betty
Shabazz, Malcolm visitou o Oriente Médio e a África, em uma viagem que marcou profundamente
seu futuro e suas posições políticas. Em 1964, a descoberta das falcatruas e problemas morais do
principal dirigente da Nação do Islã, Elijah Muhammad (que usava de seu prestígio para assediar
sexualmente várias mulheres do grupo) fez com que Malcolm rompesse com a Nação e fundasse
uma nova organização, a Muslim Mosque (Mesquita Muçulmana). Pouco depois, Malcolm X fundou
a Organização da Unidade Afro-Americana (OAAU, na sigla inglesa), um grupo político laico, que
refletia sua crescente aproximação com setores não-religiosos da luta anti-racista, entre eles, muitos
estudantes, sindicalistas, militantes comunistas e socialistas. Uma tendência que havia ficado
particularmente evidente em abril de 1964, em uma carta sobre sua viagem à Europa, à África e à
cidade de Meca. Depois de entrar em contato, pela primeira vez, com ativistas e militantes de
diversas culturas e etnias, Malcolm escreveu que, durante sua peregrinação, havia encontrado
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brancos que lhe deram uma nova e positiva perspectiva sobre as relações raciais. O impacto dessas
viagens foi tamanho que Malcolm até mesmo passou a assinar sob um novo nome, El-Hajj Malik
El-Shabazz. Nos meses seguintes, a perseguição por parte dos conservadores e da direita e as
divergências com a Nação do Islã aumentam na mesma proporção de suas atividades e palestras.
Sua posição pública sobre o direito dos negros praticarem a autodefesa armada servia de
argumento para violentos ataques da imprensa, da burguesia branca e, inclusive, de outros grupos
anti-racistas. O clima de tensão ficou evidente em 14 de fevereiro de 1965, quando sua casa foi
bombardeada. Uma semana depois, no dia 21, Malcolm foi morto, aos 39 anos, com vários tiros,
quando iniciava um discurso na sede nova-iorquina da OAAU. Logo após, três membros da Nação
do Islã foram presos, acusados pelo assassinato. Nos anos que se seguiram, as evidências sobre a
participação de órgãos federais, como a CIA e o FBI, não pararam de surgir. Próximo de sua morte,
em uma de suas palestras, Malcolm fez uma afirmação que em muito sintetiza sua luta e serve de
legado: “Eu acredito que haverá um confronto final entre os oprimidos e aqueles que os oprimem.
Eu acredito que haverá um confronto entre os que querem liberdade, justiça e igualdade para todos
e aqueles que querem dar continuidade ao sistema de exploração”. Do racialismo ao
anticapitalismo Em boa parte da vida, Malcolm, apesar de ver o “sistema” como principal inimigo,
não compreendeu a necessidade da unidade classista também na luta anti-racista, vendo
praticamente todos os brancos como inimigos em potencial. Apesar disso, diferentemente de muitos
líderes da época, jamais acreditou na possibilidade de reformar o sistema e muito menos de
derrotá-lo por vias pacíficas, como acreditava Marther Luther King, por exemplo. Defendendo que a
luta contra o racismo deveria se dar “de qualquer forma que fosse necessária”, Malcolm foi, aos
poucos, adquirindo uma consciência mais internacionalista e classista. Não só saudou a luta pela
independência na África, como apontou a Revolução Cubana como parte da “rebelião dos oprimidos
contra os opressores”. Esta compreensão fez com que, ao final, Malcolm identificasse o principal
responsável pelo racismo: “O capitalismo costumava ser como uma águia, mas agora se parece
mais com um urubu, sugando o sangue dos povos. Não é possível haver capitalismo sem racismo”.
A Nação do Islã, mantendo sua visão “racialista”, bandeou-se para uma espécie de
conservadorismo negro e hoje é dirigida por Louis Farrakan, defensor do “empoderamento” dos
negros nos marcos do capitalismo. Uma trajetória que pode se repetir com qualquer entidade do
movimento negro que não adote um perspectiva radicalmente anticapitalista ou que seja conivente
com o sistema. O que, infelizmente, é majoritário nas entidades negras, principalmente, com a
cooptação do governo do PT. Fonte: www.pstu.org.br
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