Anais • V FAVE • volume 2

Transcrição

Anais • V FAVE • volume 2
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR
III Semana de Iniciação Científica
III Semana de Medicina Veterinária
II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio –
EPE.
IV Feira de Negócios, Integração Social e Cultura.
VOLUME 2
2012
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
APRESENTAÇÃO
É com grande orgulho que, entre os dias 25 a 29 de setembro de 2012, a Faculdade
Vértice – UNIVÉRTIX, através da comissão organizadora, realizou o V FAVE (Fórum
Acadêmico) da Faculdade Vértice – Univértix, que inclui a III Semana de Iniciação
Científica, III Semana de Medicina Veterinária, IV Feira de Negócios e Integração
Social e II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio (EPE).
O evento teve como objetivos: (1) promover intercâmbio entre acadêmicos e
professores da Univértix e de outras instituições; (2) valorizar a produção do
conhecimento científico; (3) divulgar as produções científicas dos diversos cursos de
graduação da Univértix e (4) integrar-se à sociedade, valorizando o comércio, a
cultura e as demais manifestações artísticas e culturais do município e região.
Ao longo dos dias de evento, mais de 40 profissionais de renome de várias
instituições de Minas Gerais e de outros estados do Brasil ministraram palestras e
cursos. Mais de 150 trabalhos científicos foram recebidos pelo comitê e
apresentados no evento em forma de comunicação oral e pôster. As empresas
apoiadoras do V FAVE se multiplicam a cada ano e a exposição de máquinas e
equipamentos foi mais um diferencial. Recebemos também, no evento, professores
e acadêmicos de outras instituições.
Além disso, o V FAVE é um evento que contou com a participação da sociedade,
principalmente através de produtores rurais. Isso se deve ao fato de a Instituição
acreditar que o cumprimento de sua especificidade apenas se concretizará se ela
caminhar ao lado da sociedade.
Engajada em seu compromisso de oferecer ensino de qualidade, a Univértix, com
seus quase cinco anos de existência, almejou, com o V FAVE, marcar sua história
de produção científica, já que entendemos que a pesquisa é interface do ensino.
Não podemos deixar de mencionar ainda a satisfação que a Univértix tem, no V
FAVE, de estar contando novamente com o apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG.
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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
Diante do exposto, reiteramos que com o V FAVE esperamos contribuir para a
sensibilização quanto à necessidade das habilidades de pesquisa como instrumento
para o desenvolvimento profissional permanente.
Considerando o número de trabalhos recebidos pelo evento optamos por dividir o
anais em dois volumes. Assim, o volume 1 integra os trabalhos do GT (Grupo de
Trabalhos) 1 aos artigos do GT 4 e o volume 2 inclui os resumos do GT 4 ao GT 8.
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento - Coordenadora do V FAVE
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A PALAVRA DO DIRETOR
É com grande honra que recebi a incumbência de redigir um texto para essa
publicação. A Iniciação Científica tem grande importância e envolvimento com o
desenvolvimento do Ensino Superior por ambos possuírem como principio e missão
a fecundação e proliferação do conhecimento, utilizando a pesquisa para atingir
esse objetivo. Atividades como o V Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX amadurecem o estudante, contribuindo para que este possa se tornar
um formando com habilidades mais refinadas.
Nesta “cápsula de conhecimento” não incluímos apenas a nossa Faculdade e
estudantes puramente, pois a Univértix é mais que uma Instituição de ensino e o
estudante é mais que um aluno dedicado. Ambos consistem em agentes
modificadores da comunidade que os circunda. A comunidade, portanto, também
está inserida na cadeia de conhecimento e participa ativamente desse processo. Na
edição deste ano, o V FAVE nos brindou com um conjunto de palestras de altíssimo
nível coroadas pela presença e apoio fundamental da FAPEMIG. Através da difusão
do conhecimento gerado nos bancos acadêmicos, sendo devidamente aplicado e
bem aproveitado por todos os envolvidos, damos nossa contribuição para a
construção de um País melhor e mais justo, com condições de competir num futuro
próximo com grandes potências mundiais, mas de sobremaneira, criando melhores
condições para nossa própria população que poderá ter acesso a tecnologias mais
baratas e tratamentos eficazes.
É na prática da Iniciação Científica que o estudante pode testar técnicas e teorias
aprendidas em sala de aula, ampliar e experimentar seu cabedal de conhecimentos.
Defrontar-se com o problema “vivo”, real, fora de um ambiente restritamente
controlado e teórico de uma sala de aula da faculdade, ao mesmo tempo em que
está seguro de que os erros cometidos também compõem o processo de
aprendizado e evolução. Este estudante estará então melhor qualificado e melhor
adequado para as situações a serem encaradas fora da faculdade.
D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes - Diretor Geral da Univértix
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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.
João Batista Gardingo
Diretor Presidente
Sebastião Gardingo
Diretor Executivo
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
Diretor geral
Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
Coordenador do curso de Agronomia
Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
Coordenadora do curso de Administração
Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves
Ciências Contábeis
Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
Coordenador do curso de Educação Física
Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Coordenadora do curso de Enfermagem
Profº Alcino Costa Neto
Coordenador do curso de Engenharia Civil
Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
Coordenadora do curso de Farmácia
Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado
Coordenador do curso de Medicina Veterinária
Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo
Coordenadora das atividades complementares de Graduação
Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenadora de Extensão
Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
Coordenador de Pesquisa
Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira
Diretor da Escola Técnica Vértix
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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.
João Batista Gardingo
Diretor Presidente
Sebastião Gardingo
Diretor Executivo
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
Diretor geral
Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
Coordenador do curso de Agronomia
Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
Coordenadora do curso de Administração
Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves
Ciências Contábeis
Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
Coordenador do curso de Educação Física
Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Coordenadora do curso de Enfermagem
Profº Esp. Alcino Costa Neto
Coordenador do curso de Engenharia Civil
Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
Coordenadora do curso de Farmácia
Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado
Coordenador do curso de Medicina Veterinária
Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo
Coordenadora das atividades complementares de Graduação
Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenadora de Extensão
Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
Coordenador de Pesquisa
Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira
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Diretor da Escola Técnica Vértix
COMITÊ ORGANIZADOR
Coordenação geral
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenação Setorial
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
Estagiários
Aline Mendes Mageste
Bruno Gonçalvez Freitas
Danilo Aguiar Batista
Darlene de Fátima Garcia
Elias Barbosa Rodrigues
Fernanda Oliveira Vieira
Gláucia Camila Pimenta
Larissa Condé Matos
Marcelo de Souza César
Marynna Kelly Pinto Campos
Rafael Fialho Assanuma da Silva
Ronnys Muller da Silva Freitas
Tassyane Ferreira Silva
COMITÊ CIENTÍFICO
Coordenação
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
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Comitê científico
D.Sc. Gilberto Valente Machado
D.sc. Júlio Cláudio Martins
D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes
D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
M.Sc. Cínthia Mara De Oliveira Lobato Schuengue
M.Sc. Daniel Vieira Ferreira
M.Sc. Érika Stoupa Martins
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
M.Sc. Gleiciely Santos Silveira
M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
M.Sc. Leililene antunes soares
M.Sc Alberto Yukio Chaya
M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva
M.Sc. Flávio Coutinho Longui
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
M.Sc. Rodrigo Ataíde Dos Santos
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Esp. Elder Machado Dutra
Esp. Janine Lopes de Carvalho
Esp. Joyce Perígolo Breder
Esp. Luciano Montes Justino
Esp. Marcelo de Carvalho Mendes
Esp. Renata de Abreu e Silva
Esp. Viviane Gorete Silveira Mouro
Esp. Renata Pessoa Bifano
Grd. Cristiano Oliveira Ferrari
Grd.Leonardo da Silva Gonçalves
Grd. Pedro Henrique Queiroz de Souza
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Grd. Suellen Magalhães Ferrari
Revisão de Língua Portuguesa
Esp. Renata de Abreu e Silva
CORPO DOCENTE DA GRADUAÇÃO
D.Sc. Alexandre Sadri Capucho
D.Sc. Gilberto Machado Valente
D.Sc. Irlane Bastos Costa
D.Sc. Júlio Cláudio Martins
D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
M.Sc Alberto Yukio Chaya
M.Sc Cinthia M. Lobato
M.Sc Daniel M. Leite
M.Sc Flávia Batista Barbosa de Sá
M.Sc Flávio Coutinho Longui
M.Sc Leililene Antunes Soares
M.Sc Rodrigo Ataíde dos Santos
M.Sc Welerson Viana
M.Sc. Andréia Almeida Mendes
M.Sc. Bruna Waddington de Freitas
M.Sc. Bruno Santos C. de Andrade
M.Sc. Daniel Vieira Ferreira
M.Sc. Érica Stoupa Martins
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
M.Sc. Flávio Coutinho Longui
M.Sc. Gabriela Chaves Mendes Justino
M.Sc. Gleiciely Santos Silveira
M.Sc. Guanayr Jabour Amorim
M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito
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M.Sc. Jefferson Souza Fraga
M.Sc. José Carlos Nolasco da Cunha
M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
M.Sc. Marcelo Silva dos Santos
M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
M.Sc. Marcus Vinícius Coutinho Cossi
M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho
M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
Esp. Alcino de Oliveira Costa Neto
Esp. Ailton Moreira Magalhães
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Esp. Carlos Eduardo Toledo
Esp. Celso Abreu de Araújo
Esp. Clésio Gomes de Jesus
Esp. Cristina Maria Lobato Pires
Esp. Débora Spatini Bernardo
Esp. Deisy Mendes Silva
Esp. Elder Machado Dutra
Esp. Érica Estanislau Muniz
Esp. Fábio Florindo Soares
Esp. Ivonaldo Aristeu Gardingo
Esp. Janine Lopes de Carvalho
Esp. José Célio Klen
Esp. Joyce Perígolo Breder
Esp. Luciano Montes Justino
Esp. Kátia Imaculada Moreira de Oliveira
Esp. Luciano Aguiar Otoni
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Esp. Marcelo de Carvalho Mendes
Esp. Maria Aparecida Schröder Dutra
Esp. Renata de Abreu e Silva
Esp. Renata Pessoa Bifano
Esp. Ricardo Ker Elias
Esp. Rosélio Marcos Santana
Esp. Tadeu Hipólito da Silva
Esp. Tatiane de Cássia Fernandes Martins
CORPO DOCENTE DOS CURSOS TÉCNICOS
Carlos Coelho
Cristiano Oliveira Ferrari
Leonardo da Silva Gonçalves
Max de Andrade Coelho
Pedro Henrique Queiroz de Souza
Suellen Magalhães Ferrari
Marcos Paulo de Oliveira
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SUMÁRIO
CIÊNCIAS DA SAÚDE
20
RESUMOS
21
IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA SANITARIA EM MUNICÍPIOS VISANDO O
BEM ESTAR DA POPULAÇÃO
22
QUALIDADE DA ÁGUA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
26
UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR GESTANTES DE UM MUNICÍPIO DO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
29
CONSUMO DE PLANTAS MEDICINAIS POR FREQUENTADORES DE UMA
FARMÁCIA COMERCIAL DA ZONA DA MATA MINEIRA
32
AVALIAÇÃO DO USO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA POPULAÇÃO FEMININA
ADULTA DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
36
PERFIL DA PRESCRIÇÃO DE ANOREXÍGENOS NO ANO DE 2011 EM
FÁRMACIA COMERCIAL NA CIDADE DE MATIPÓ-MG
ANÁLISE
DAS
CONDIÇÕES
DE
ESTOQUE
39
DOMICILIAR
DE
MEDICAMENTOS ESTABELECIDOS PELOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA
COMERCIAL DE UM MUNICIPIO MINEIRO
42
USO DE ABREVIATURAS EM PRESCRIÇÕES MÉDICAS AVIADAS NA
UNIDADE DA FARMÁCIA DE MINAS DE PEDRA BONITA/MG NO 1º
QUADRIMESTRE DE 2012
45
PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS RESIDENTES DE UMA
INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA
48
PREVALÊNCIA DE VERMINOSES INTESTINAIS EM UM LABORATÓRIO DA
ZONA DA MATA MINEIRA
51
POSTURAS INADEQUADAS ENTRE HIPERTENSOS CADASTRADOS NO
HIPERDIA DO ESF BOA VISTA DE MATIPÓ/MG
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54
ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO
DO BAIRRO BOA VISTA DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG
57
PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELO CORPO DOCENTE DE
UMA FACULDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
CARACTERIZAÇÃO
DO
DESCARTE
DE
60
MEDICAMENTOS
POR
ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO INTERIOR
DE MINAS GERAIS
63
ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES DE ANTIDEPRESSIVOS EM UMA FARMÁCIA
DA ZONA DA MATA MINEIRA
67
CONHECIMENTO SOBRE CONTRACEPTIVOS DE ACADÊMICOS DA ÁREA
DE SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA
MATA MINEIRA
ESTUDO
DA
71
UTILIZAÇÃO
DE
MEDICAMENTOS
NA
CIDADE
DE
SERICITA/MG
75
PERFIL DOS EXAMES DE GLICEMIA JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA DE
PACIENTES DE UM LABORATÓRIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
78
CIÊNCIAS AGRÁRIAS
81
ARTIGO
CORYNEBACTERIUM
82
PSEUDOTUBERCULOSIS:
IMPORTÂNCIA
NA
OVINOCAPRINOCULTURA E SAÚDE PÚBLICA
83
RESUMOS
97
PRAGAS DO CAFEEIRO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA
OTITE PARASITÁRIA: UM DESAFIO PARA A PRODUÇÃO LEITEIRA
98
102
IDENTIFICAÇÃO DE LISTERIA SPP E LISTERIA MONOCYTOGENES EM
UTENSÍLIOS UTILIZADOS EM AÇOUGUES DE VIÇOSA – MG
106
MIOTENECTOMIA PARCIAL DO EXTENSOR DIGITAL LATERAL ASSOCIADA
À AVULSÃO DO RETINÁCULO EXTENSOR PARA RESOLUÇÃO DE ARPEJO
EQUINO – RELATO DE UM CASO.
109
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PREVALÊNCIA DE OTITE PARASITÁRIA CAUSADA POR RHABDITIS spp EM
VACAS DA RAÇA GIR-LEITEIRO NA REGIÃO DE SÃO PEDRO DOS
FERROS-MG
113
CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL DA TRAÇA DO TOMATEIRO E DA
BROCA PEQUENA POR FORMIGAS PREDADORAS
116
CONTROLE BIOLÓGICO DE Neoleucinodes elegantalis EM CULTIVO DE
TOMATE
119
TOXICIDADE DE TRÊS ÓLEOS ESSENCIAIS AO CORUQUERÊ-DA-COUVE E
À FORMIGA PREDADORA Solenopsis saevissima
123
CONTROLE NATURAL DOS PULGÕES-DA-COUVE NA ÉPOCA CHUVOSA
126
INVESTIGAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE PUPAÇÃO DE TUTA ABSOLUTA EM
SOLO COM E SEM COBERTURA MORTA
130
IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA CULTURA DO
PEPINO
133
FALHA NO CONTROLE DE TRAÇA DO TOMATEIRO NO CERRADO
BRASILEIRO
137
EFEITO DA INTERAÇÃO ENTRE ENDOSSULFAN E GLYPHOSATE NA
MORTALIDADE DE CEROTOMA ARCUATUS
140
EFEITO DO CLORFENAPIR SOBRE AS POPULAÇÕES DE INIMIGOS
NATURAIS NA CULTURA DO FEIJÃO
143
A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO TOMATE NA
OVIPOSIÇÃO DA BROCA PEQUENA DO TOMATEIRO
147
EFEITOS DA CHUVA SOBRE AS POPULAÇÕES DE Brevicoryne brassicae e
Lipaphis erysimi
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ARTIGOS
150
156
157
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CLIMA ORGANIZACIONAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
158
A IMPORTANCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO PARA A
MANUTENÇÃO E FIDELIZAÇÃO DOS CLIENTES DA COOPERATIVA DE
CRÉDITO SICOOB CREDILIVRE – PAC 04 - MATIPÓ
170
FLUXO DE CAIXA: UMA ANÁLISE DA NÃO UTILIZAÇÃO E SUAS
CONSEQUÊNCIAS
NUMA
EMPRESA
VAREJISTA
DO
SETOR
DE
ELETRODOMÉSTICOS NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU, MINAS GERAIS,
BRASIL
179
PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PREFERÊNCIAS DE CONSUMO DO
PÚBLICO EM POTENCIAL SOBRE O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA
FACULDADE VÉRTICE EM MATIPÓ/MG
189
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
198
NOTAS SOBRE “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL 208
O PERFIL DOS CLIENTES JURÍDICOS DA EMPRESA “ÁGUA MINERAL
DIVINA PUREZA” E SUAS PREFERÊNCIAS EM RELAÇÃO À COMPRA DO
PRODUTO
217
RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL:
UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA 2010-2011
“AFINAL,
SOMOS
FORMADOS
PARA
PENSAR
CONCEITOS?”
OU
227
MEMORIZAR
239
UMA ANÁLISE DO ESTUDO DA DISCIPLINA HISTORIA DA EDUCAÇÃO A
PARTIR DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DE
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE VICOSA
239
A INFLUÊNCIA DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NA ECONOMIA DE
MUNICÍPIOS DA ZONA DA MATA MINEIRA
249
A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NAS
ORGANIZAÇÕES
RESUMOS
258
324
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A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO “P&D”325
A EXPECTATIVA DE INFLACÃO E O EFEITO FISHER: UMA ANÁLISE DE
2001 A 2011
328
CIÊNCIAS HUMANAS
330
ARTIGOS
331
PRECONCEITO RACIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
TRAJETÓRIAS
DE
TUTORES
PRESENCIAIS
PARA
332
ATUAREM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NA
342
AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DE
UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA
MINEIRA– MG
353
A AÇÃO DOCENTE DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
TRABALHO COM ALUNOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIAS
365
A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DA
CIDADE DE MATIPÓ SOBRE A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
376
JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG): ESPORTE EDUCACIONAL
OU ESPORTE DE RENDIMENTO? NA VISÃO DOS PROFESSORES
PATICIPANTES DA COMPETIÇÃO.
385
O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: ENTRE AS AULAS
QUE OS ALUNOS “QUEREM” E AQUELAS QUE CONTRIBUEM PARA O
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER HUMANO
398
COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA EM SUAS AULAS
411
COMO OS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DA FACULDADE UNIVERTIX COMPREENDEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?
421
PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE
ATITUDES E COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS QUE APRESENTAM
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NECESSIDADES
EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
E
DAQUELES
CONSIDERADOS “NORMAIS” NAS AULAS DESSA DISCIPLINA
433
DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA PARA ATUAR COM OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NAS
ESCOLAS URBANAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
445
CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE UM
MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA SOBRE O FENÔMENO BULLYING
457
A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O
TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA
469
A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DE OUTRAS DISCIPLINAS SOBRE A
EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA
HABILIDADES
ARTÍSTICAS,
480
CULTURAIS
E
DESPORTIVAS
DOS
ACADÊMICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACULDADE VÉRTICE –
MATIPÓ-MG
LINGUÍSTICA, CIÊNCIAS E ARTES
ARTIGOS
A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO DIGITAL
493
506
507
508
A NECESSIDADE DE SE DESENVOLVER NAS MATRIZES EDUCACIONAIS
HABILIDADES DE LETRAMENTO DIGITAL
515
MOTIVAÇÕES ONOMASIOLÓGICAS PARA O TOPÔNIMO PÃO DE AÇÚCAR
522
UM ESTUDO COM OS INTERNOS EM UMA FUNDAÇÃO DE SAÚDE DA
ZONA DA MATA MINEIRA A RESPEITO DA IMPORTÂNCIA DA
COMUNICAÇÃO PARA QUE A HUMANIZAÇÃO OCORRA NO TRABALHO DO
ENFERMEIRO
515
A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
528
RESUMO
551
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A DANÇA COMO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NA INFÂNCIA
552
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GT 04
CIÊNCIAS DA SAÚDE
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RESUMOS
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IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA SANITARIA EM MUNICÍPIOS VISANDO O BEM
ESTAR DA POPULAÇÃO
Tânia Fernandes Martins – Graduanda em Medicina Veterinária. Faculdade Vértice
- UNIVÉRTIX.
Tatiane de Cássia Fernandes Martins – Graduada em Nutrição. Especialista em
Saúde Pública. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS CHAVE: Vigilância Sanitária; Intoxicação Alimentar; Município; Saúde;
População.
INTRODUÇAO
Hodiernamente, há uma preocupação muito grande com a qualidade do
que ingerimos em nossa alimentação diária, assim a pergunta que nos vem sempre
em mente é de onde se origina a matéria-prima, em que situações e higiene são
preparadas os alimentos que compõe a nossa mesa. Várias reportagens escritas e
televisionadas, artigos publicadas noticiam que vários alimentos estão envolvidos
em surtos de intoxicação alimentar (VALSECHI, 2006 e IARIA, 1988). Estudos
baseados em diferentes métodos têm comprovado que a falta de higiene na
manipulação dos alimentos, estocagem inadequada, matéria-prima de má qualidade
e falta de um órgão competente para fiscalização tem contribuído para o aumento de
intoxicação alimentar.
Com base nesse pressuposto, Dallari (2000) em seu estudo, afirma que o
comércio tomou uma proporção muito grande de crescimento, onde nesse contexto
as práticas de controle sanitário tornaram-se importantes, pois locais onde vendiam
produtos alimentícios necessitavam ser monitorados, visando verificar se os
alimentos estariam estragados, pois os alimentos em má estado de conservação
aumentam o risco de diversas formas de doenças que poderiam disseminar entre a
população acarretando até mesmo o óbito.
METODOLOGIA
O presente estudo é elaborado através de revisão bibliográfica com a visão
de vários autores sobre o tema em questão “Vigilância Sanitária”, tema este de
grande relevância para a saúde pública.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Falar sobre vigilância sanitária é seguir os princípios e diretrizes para uma
política visando o bem estar da saúde publica, tanto que Costa e Rangel (2007)
enfatizam que a vigilância sanitária no Brasil, ao longo dos últimos anos é objeto de
reflexão, buscando romper com uma tradição predominantemente normativa e
fiscalizadora, se ver comprometido com o papel social de regulador abrangente. A
vigilância sanitária, conforme disposto em Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999 é
“um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e
circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde” (MOURA,
2009 citado por BRASIL, 1990). Com a função de proteger, promover e defender a
saúde Costa e Rangel (2007) destacam que a vigilância sanitária desenvolve várias
ações
complexas
e
intercomplementares,
preventivas,
exercidas
predominantemente sobre riscos reais e potenciais relacionados a produtos,
processos, condições sanitárias, visando prevenir minimizar ou eliminar ampla
variedade de riscos a saúde. Diante disso é de grande importância as ações
desenvolvidas pela vigilância sanitária buscando sempre o bem estar da sociedade,
nesse sentido destaca Brasil (2007) que para garantir a qualidade e a segurança de
produtos alimentícios, limpezas e outros oferecidos a população, a vigilância
sanitária desenvolve diversas atividades que abrangem segmentos do mercado
direto ou indiretamente relacionados a saúde publica. Nesse sentido também
destaca Costa e Rangel (2007) que as intervenções da vigilância sanitária são
norteadas pelas noções de riscos reais ou potenciais oriundos dos processos de
produção e consumo onde ressalta que deve ocorrer conjunto de ações visando
eliminar, diminuir e prevenir o risco a saúde, como também intervir nos problemas
sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção, circulação de bens e serviço.
Assim pode-se dizer que as ações desenvolvidas pela vigilância sanitária em todo o
Brasil, são importantes na prevenção de doenças, e conforme consta na Cartilha da
Vigilância Sanitária, Costa et.al.(2002) essa tem a missão de proteção a saúde,
onde deve buscar participação efetiva do SUS visando contribuição nas campanhas
promovidas pela vigilância sanitária. Somente através de ações e parcerias que se é
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possível realmente ter uma efetiva vigilância sobre produtos, alimentos e outros que
são consumidos pela população. É importante ressaltar conforme a Cartilha de
Vigilância Sanitária, citado por Costa et.al. (2002), que os riscos controlados ela
vigilância sanitária são muitos dentre eles: riscos ambientais, riscos ocupacionais,
riscos sociais, riscos iatrogênicos, e riscos institucionais. Assim observa-se que o
campo de atuação da vigilância sanitária é amplo e inesgotável e que dizem respeito
à saúde do cidadão. Com a implantação da Vigilância Sanitária em municípios,
haverá diminuição de intoxicação por alimentos, falta de higiene nos comércios,
estocagem inadequada dos alimentos, bebidas e alimentos com datas de validades
vencidas visto que, os mesmos serão cobrados para que não ocorram tais casos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que com a implantação da vigilância sanitária em Municípios,
os estabelecimentos comerciais fornecerão alimentos de melhor qualidade,
alimentos
mais
seguros
levando
em
consideração
a
data
de
validade,
acondicionamento adequado além de adequar as normas de higiene segundo a
ANVISA.
Com uma cobrança maior e trabalhos conjunto da Vigilância e
estabelecimentos, a população estará melhor assistida pois, os produtos que serão
consumido, estará em um nível mais conceituado, onde será minimizado a
incidência de contaminação e em conseqüência, diminuição do risco de intoxicação
alimentar na população, adquirindo assim uma melhor segurança alimentar. É
primordial que a Vigilância se torne ativa, mostre para toda a sociedade a
importância
do
seu
papel,
realize
capacitações
para
funcionários
dos
estabelecimentos e divulgue também a importância que a sociedade possui ao
ajudar a fiscalizar os estabelecimentos, pois só assim a mesma poderá usufruir de
alimentos seguros.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Guia
didático, alimentos, medicamentos, produtos e serviços de interesse a saúde.
ANVISA. Brasília. 2007.
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COSTA, Ana Maria; FRANCO, Túlio Batista; FRANCO Eucilene Maia; MARQUES,
Luiz A. Araujo. Cartilha da Vigilância Sanitária. ANVISA. 2 ª ed. Brasília. 2002.
Costa, Ediná Alves da ; Rangel-S, Maria Lígia (Org.). Comunicação em vigilância
sanitária: princípios e diretrizes para uma política. Salvador: EDUFBA, 2007.
LUCCHESE, Geraldo. Globalização e Regulamentação Sanitária.Disponível em:
http://portalteses.icict.fiocruz.br/pdf/FIOCRUZ/2001/lucchgd/capa.pdf.Acesso
em:
23.ago.2012.
MOURA, Luís Antônio. Vigilância Sanitária de Produtos Alimentícios de Origem
animal
no
Brasil.
Disponível
em:
http://www.ufg.br/this2/uploads/files/66/Luis_Antonio_1.pdf. Acesso em 24.ago.2012.
VALSECHI, Octávio Antônio. Microbiologia dos Alimentos. Disponível em:
http://www.cca.ufscar.br/~vico/Microbiologia%20dos%20Alimentos.pdf. Acesso em
23.ago. 2012.
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QUALIDADE DA ÁGUA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
Celson Mendes Cunha e Elaine Vieira Grillo – Graduandos em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Biologia, Mestre em Engenharia
dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos, Professora da Faculdade Vértice
- UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Água, Contaminação; Coliformes fecais.
INTRODUÇÃO
A água é essencial em todos os segmentos da vida, sendo considerado um
recurso insubstituível. Apesar de todos os esforços para armazenar e diminuir o seu
consumo, a água está se tornando, cada vez mais, um bem escasso, e sua
qualidade se deteriora cada vez mais rápido. Do ponto de vista sanitário, o que
realmente põe em risco a saúde pública é a presença na água de poluição fecal e a
presença de microrganismos patogênicos intestinais, como bactérias, vírus,
protozoários e ovos de helmintos, agentes frequentemente responsáveis por
doenças de veiculação hídrica (TEIXEIRA, 2002). Por estes motivos, empregam-se
métodos de investigação da presença de poluição de origem fecal nas águas. Os
melhores indicadores são as enterobactérias.
Considerando que a qualidade
microbiológica da água é requisito essencial para a manutenção da saúde, o
presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água da
cidade de Matipó/MG, e comparar os resultados obtidos aos padrões estabelecidos
pela legislação vigente.
METODOLOGIA
Foi utilizado o método de avaliação microbiológica para verificação da
qualidade da água. As coletas das amostras de água foram realizadas nos mês de
agosto de 2012 em 06 pontos espalhados pela cidade. Foram coletadas três
amostras de 100 ml em cada ponto, num total de 18 amostras. Todas as amostras
foram checadas quanto à presença e ausência de bactérias heterotróficas pela
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técnica por “pour plate”, que se baseia na contagem padrão em placas estimando a
população de bactérias heterotróficas aeróbias facultativas presentes na água,
seguindo todas as recomendações do padrão CETESB 1997.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados preliminares de análise por “pour plate” revelaram a presença
de bactérias heterotróficas em todas as amostras. Os testes também revelaram que
a água de 3 dos 6 pontos apresentam colônias incontáveis indicando alta
contaminação.
Segundo
Santos
(1999), embora
a
maioria
das
bactérias
heterotróficas da flora natural da água não sejam consideradas patogênicas, é
importante que sua densidade seja mantida sob controle, pois densidade muito
elevadas de microorganismo podem atuar como agentes oportunistas. Segundo a
Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde a aferição de potabilidade, é a ausência
total de coliformes totais e termotolerantes de preferência Escherichia coli, em
amostra de 100 ml de água tratada. De acordo com o Ministério da Saúde (2007)
para avaliação da eficiência do tratamento de água a presença dos indicadores de
contaminação pode indicar falhas ou insuficiência no tratamento.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados observados até o momento, nenhum dos pontos
avaliados atende aos parâmetros aceitos para consumo humano de acordo com a
Portaria nº. 518 do Ministério da Saúde.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria Ministério da Saúde nº 518 de 25 mar. 2004. Estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 2004.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Coliformes
totais e fecais. São Paulo, 1997. 39p.
MINISTÉRIO DA SAUDE, Inspeção sanitária em abastecimento de água,
secretária de vigilância em saúde. Brasília, DF, Brasil 2007.
SANTOS, Leonilda correia dos. Laboratório Ambiental. EDUNIOESTE, PARANA,
BRASIL, 1999, 341p.
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TEIXEIRA, C, Julio; LEAL, T, C, Fabiano. Desafios no controle de doenças de
veiculação hídrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de água para
consumo humano. VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
- Vitoria / ES, BRASIL, 2002.
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UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR GESTANTES DE UM MUNICÍPIO DO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
Daniele Chaves Dias e Rosâine Almerindo Carvalho - Graduandas em Farmácia
da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Gestação; Fármacos; Teratogenicidade.
INTRODUÇÃO
A utilização de medicamentos na gestação tem sido motivo de grande
preocupação devido aos riscos relacionados ao feto. Entre 1950 e 1960, o fármaco
talidomida provocou alterações congênitas em cerca de 10 mil recém nascidos,
devido a sua utilização durante o período gestacional. Este fato teve grande
repercussão, de modo que alertou sobre a segurança da utilização de novos
fármacos, da necessidade de estudos clínicos mais profundos, antes da liberação
destes medicamentos para consumo (FURINI et al, 2009). Considerando a utilização
de medicamentos na gravidez, alguns estudos têm revelado que cerca de 2% a 4%
de todos os recém nascidos são afetados pela má-formação congênitas e cerca de
15% de todas as gestações diagnosticadas, acabam em perda do feto. Após o
nascimento, o recém-nascido pode manifestar alguns efeitos da exposição
intrauterina ao fármaco, e outros efeitos adversos podem se manifestar em outra
fase da vida, provocando alterações no desenvolvimento funcional, intelectual e
social (BRASIL, 2011). Como a maioria dos fármacos atravessa a barreira
placentária, seu uso pode provocar diferentes alterações morfológicas ao feto. Estas
alterações podem classificar os medicamentos como teratogênicos, se utilizados no
primeiro trimestre de gestação (CARMO, NITRINI, 2004). Os riscos relacionados á
utilização de medicamentos, podem ocorrer em diferentes fases da gestação,
afetando o desenvolvimento, crescimento ou até mesmo, efeitos tóxicos sobre o feto
(CARMO, 2003). Neste sentido, o risco gestacional classificado pela Food and Drug
Administration (FDA), também adotado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
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(ANVISA), divide os fármacos em diferentes categorias de risco para assegurar o
melhor tratamento terapêutico durante a gestação (BRASIL, 2011). Desta forma este
trabalho teve como principal objetivo descrever os medicamentos utilizados por
gestantes que fizeram o pré-natal em serviços do SUS (Sistema Único de Saúde),
na cidade de Santa Margarida, Minas Gerais, Brasil. Trabalhos como estes permitem
oferecer uma oportunidade de aconselhamento as gestantes sobre os fármacos e
seus possíveis riscos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada no Centro Municipal de Saúde (CMS) de Santa
Margarida, Minas Gerais, Brasil. Este estudo foi composto por mulheres entre 15 e
45 anos de idade, que se encontravam entre 30 e 42 semanas de gravidez. As
gestantes foram abordadas durante as consultas de pré-natal no mês de julho de
2012. Estas são realizadas duas vezes por semana no CMS. Foram utilizados como
instrumento de coleta de dados um questionário estruturado. Sendo avaliados os
aspectos sócio-demográficos, aspecto sócio econômicos e os dados relacionados à
gestação e ao consumo de medicamentos. A participação das gestantes foi
mediante as orientações e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE) e os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Office Excel
2007.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
72%
das
gestantes
entrevistadas
declararam
utilizar
um
ou
mais
medicamentos, sendo que 76% referiram ter sido orientadas sobre o risco de usar
medicamentos durante a gravidez. 96% das gestantes referiram ter feito o uso de
sulfato ferroso, destas apenas 45,80% utilizaram esta substância durante todos os
trimestres gestacionais. Do total de medicamentos consumidos, apenas 4,80%
foram utilizados sem prescrição médica. Ao se avaliar a automedicação (12% do
total de gestantes) e comparar-se com os achados do estudo de Gomes et al (1999)
para gestantes da cidade de São Paulo (33,50%), pode ser dito que houve um
número menor de gestantes consumindo medicamentos sem indicação médica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É frequente o uso de medicamentos por gestantes, e a maioria das gestantes
referiram utilizar um ou mais fármacos prescritos ou não prescritos. As gestantes
devem ser conscientizadas sobre os riscos da automedicação, para evitar possíveis
danos ao feto. Os resultados parcialmente obtidos podem ser direcionados ao
planejamento de intervenções às gestantes e aos profissionais de saúde,
proporcionando assim, o uso racional de medicamentos.
REFERÊNCIAS
FURINI, Adriana Antônia da Cruz et al. Estudo de indicadores de prescrição,
Interações medicamentosas e Classificação de risco ao feto em prescrições de
gestantes da cidade de Mirassol – São Paulo. Revista de Ciências Farmacêuticas
Básicas e Aplicada, 30, 2, 83-88, 2009.
CARMO, Thais Adriana do, NITRINI, Sandra Maria O. O. . Prescrições de
medicamentos para gestantes: um estudo farmacoepidemiológico. Caderno Saúde
Pública, Rio de Janeiro, 20, 4, 1004-1013, Julho-Agosto. 2004.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos.
Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010. Brasília, 2011.
CARMO, Thais Adriana do. Medicamentos e Gravidez. Revista Saúde, Piracicaba,
5, 10, 55-61, 2003.
GOMES, Keila R O et al. Prevalência do uso de medicamentos na gravidez e
relações com as características maternas. Revista Saúde Pública, São Paulo, 33,
3, 246-254, Junho. 1999.
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CONSUMO DE PLANTAS MEDICINAIS POR FREQUENTADORES DE UMA
FARMÁCIA COMERCIAL DA ZONA DA MATA MINEIRA
Eric Tensol Vieira e Polyana Luiza Florêncio Santiago – Graduandos em
Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Biologia, Mestre em Botânica,
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais; Etnobotânica; Utilização; Cultivo.
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da existência humana, os homens buscam na natureza
recursos para melhorar suas próprias condições de vida, aumentando suas chances
de sobrevivência. A percepção sobre o poder curativo de algumas plantas,
observada em diferentes culturas, é uma das muitas formas de relação entre
populações humanas e plantas. Essa relação é objeto de estudo da Etnobotânica,
área do conhecimento científico que aborda as interações entre pessoas e plantas
em sistemas dinâmicos (GIRALDI, 2009).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como planta medicinal, todo
vegetal que contenha um ou mais de seus órgãos, substâncias que possam ser
utilizadas com finalidade terapêutica. O acúmulo de conhecimentos empíricos sobre
a ação dos vegetais vem sendo transmitido desde as antigas civilizações até os dias
atuais, e a utilização de plantas medicinais tornou-se uma prática generalizada na
medicina popular (DORIGONI et al., 2001). É notável o crescente número de
pessoas interessadas no conhecimento de plantas medicinais, desta forma estudos
relacionados com a medicina popular têm merecido cada vez mais atenção devido a
gama de informações e esclarecimento que fornecem à ciência contemporânea. O
presente estudo teve como objetivo delinear o perfil de utilização das plantas
medicinais em clientes de uma drogaria privada na cidade de Rio Casca – Minas
Gerais.
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METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa com aplicação
de questionário estruturado. O instrumento de coleta de dados foi aplicado a clientes
de uma drogaria da rede privada localizada no bairro centro da cidade de Rio
Casca/MG. O período de coleta foi de julho a agosto de 2012.
Os participantes foram informados sobre o objetivo e a metodologia utilizada
neste estudo, os mesmos estavam cientes que a participação de cada um seria
voluntária, com a plena liberdade em desistir da pesquisa e recusar a prestar
informações durante a coleta de dados. Os dados foram organizados no Microsoft
Access® 2007 e analisados utilizando a Microsoft Excel®.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados preliminares mostraram que, dos questionários aplicados,
14,70% dos entrevistados pertencem ao gênero masculino e 85,3% ao gênero
feminino, com idades que variam de 18 aos 60 anos, sendo que a maioria, 64%, tem
entre 20 a 39 anos.
As entrevistas permitiram verificar que as espécies vegetais mais utilizadas
são: erva doce - Foeniculum vulgare (73,52%), hortelã - Mentha arvensis L.
(70,58%), camomila – Chamomilla recutita (64,70%), boldo do chile – Vernonia
condensata (52,94%) e canela - Cinnamomum zeylanicum (52,94%).
As afecções mais frequentemente tratadas são as de garganta (82,35%), do
fígado (52,94%) e dos rins (50%). Os medicamentos à base de plantas medicinais
podem ser considerados como recursos auxiliares em um programa terapêutico
global, sendo que os profissionais da área da saúde devem atentar para esse
potencial, como meio de valorizar, estudar e utilizar terapeuticamente espécies
vegetais nativas (MACHADO 1999).
O conhecimento das preparações fitoterápicas (benefícios e riscos potenciais
assim como habilidade de interagir com medicamentos farmacológicos) habilita os
profissionais de saúde a fornecerem esclarecimentos aos pacientes, que buscam
informações sobre plantas medicinais (BAUER, 2000).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A população deve ser informada de forma mais eficiente quanto às formas de
uso e preparo das plantas medicinais mais comumente utilizadas. A realização desta
pesquisa permitiu observar alguns aspectos como a diversidade de plantas
medicinais consumidas pela população local. À medida que se analisou os dados,
surgiram à necessidade de orientar a população quanto aos cuidados com a
preparação, higiene e o próprio manejo destas plantas medicinais. Com a facilidade
de poder cultivar ou encontrar em quintais de vizinhos, as plantas medicinais tem
uma ótima relação custo benefício. Porém não podemos esquecer que existem
poucos estudos relacionados, muitas destas desconhecidas. Portanto o profissional
de saúde deve estar preparado para orientar bem estes pacientes evitando assim
que ocorram efeitos indesejáveis no tratamento de doenças e/ou não levar a cura.
REFERÊNCIAS
BAUER BA. Herbal Therapy: what a clinician needs to know to counsel patients
effectively. Mayo Clin Proc, 75(8):835-41, 2000.
CALIXTO, J.S. & RIBEIRO, E.M. O Cerrado como fonte de plantas medicinais
para uso dos moradores de comunidades tradicionais do Alto Jequitinhonha,
MG. 2004.
FERRARI, Fernanda Cristina; BASTOS, Kenia Pereira Lemos. Aspectos da
utilização de plantas medicinais pela população do bairro Centro do município
de Matipó, MG. 2010
GIRALDI, M. Uso e conhecimento tradicional de plantas medicinais no Sertão
do Ribeirão, Florianópolis/SC, Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de
Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis/SC, Brasil. 2009.
DORIGONI, P. A. et al. Levantamento de dados sobre plantas medicinais de uso
popular no município de São João do Polêsine, RS, Brasil. I – Relação entre
enfermidades e espécies utilizadas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. v. 4,
n.1, p. 69-79, 2001.
MACHADO PV; BOTSARIS, AS. Guia de saúde e orientação terapêutica. Monteiro
da Silva, J Flora Med, 1 (1), 1999.
MARTINS, ER et al. Plantas Medicinais. Universidade Federal de Viçosa - UFV,
Imprensa Universitária. 1-29. 1994.
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PARENTE, C. E. T.; ROSA, M. M. T. da. Plantas comercializadas como
medicinais no município da Barra do Piraí, RJ. Rodriguésia, 52 (80): 47-59, 2001.
Rampes H, Sharples F, Maragh S, Fisher P. Introducing complementary medicine
into the medical curriculum. J R Soc Med; 90(1):19-22. 1997.
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AVALIAÇÃO DO USO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA POPULAÇÃO FEMININA
ADULTA DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
Iraly Gomes Silva e Elzilaine Maira Dionízio– Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice –UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora daFaculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Janine Lopes Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde Mental
com MBA em Gestão de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Benzodiazepínicos; psicotrópicos; ansiolíticos.
INTRODUÇÃO
Segundo Nordon et al. (2010) atualmente os Benzodiazepínicos (BDZ) são a
terceira classe de medicamentos mais consumidos no Brasil, sendo utilizada por
aproximadamente 4% da população brasileira. De acordo com Foscarini, (2010) o
uso justifica-se por que essas substâncias são medicamentos de primeira escolha
para o tratamento de diversas patologias. Todas as suas indicações deve-se ao fato
de
possuírem
propriedades
sedativas,
hipnóticas,
ansiolíticas,
relaxantes
musculares e anticonvulsivantes. Essas substâncias possuem elevada eficácia
terapêutica, além de apresentarem baixo risco de intoxicação e dependência.
Possuem também menor capacidade de produzir depressão fatal no Sistema
Nervoso Central (SNC) e menor ação depressora do centro respiratório, fatores
estes que tornam seu uso mais seguro e propiciam sua rápida aceitação no mercado
(GOODMAN et. al 2005; FOSCARINI 2010).
O Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo noticiou em 2010 divulgou
que o uso abusivo de medicamentos controlados supera o de drogas ilícitas
(THENÓRIO, OLIVEIRA, 2010). Além disso, dados estatísticos revelados pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostraram que Clonazepam,
Bromazepam e Alprazolam foram às substâncias controladas de maior consumo
pela população brasileira entre os anos de 2007 a 2010 (ANVISA, 2010 citado por
TUOTO 2012).
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Conforme Nordon et. al (2010), A maioria dos usuários de BDZ’s são mulheres
(duas a três vezes mais que homens), tendo um acréscimo neste número de acordo
com a idade. No Brasil, o medicamento é mais consumido entre as divorciadas ou
viúvas com menor renda.
Portanto, o presente estudo tem como objetivo, identificar o perfil de utilização
de BDZ´s em mulheres de um município de pequeno porte da Zona da Mata Mineira
MG.
METODOLOGIA
O referente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem
quantitativa. A população do estudo constituiu-se mulheres com idade igual ou
superior a 20 anos que se encontravam nos Postos de Saúde da Família (PSF’s) I,
II, III, IV e no Centro de Saúde para consultas periódicas e rotineiras, no mês de
agosto de 2012.
Foram realizadas entrevistas utilizando um questionário com perguntas
relacionadas sobre condições de vida, características sócio-demográficas e
relacionadas ao consumo de BDZ´s. Todas as participantes concordaram em
participar do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante o período de coleta foram entrevistadas 50 mulheres, destas 26%
referiram utilizar algum tipo de BDZ. Entre os medicamentos mais utilizados
destacaram-se o Diazepam (16%) e o Clonazepam (8%). De acordo com Casali,
(2010) o Diazepam e o Clonazepam tem maior destaque na prescrição por ser um
medicamento de baixo custo e seu acesso na rede pública é mais fácil.
Dentre as especialidades médicas que mais prescrevem estas substâncias
estão os Clínicos Gerais (34%), seguidos dos Neurologistas (6%) e Psiquiatras (2%).
Um fato interessante é que 48% das entrevistadas referiram não conhecer a
especialidade do prescritor. Carvalho et al., (2006) relatam que nos países em
desenvolvimento, a prescrição de BDZ acontece para o tratamento de diversas
patologias, inclusive hipertensão e dores lombares, alémdisso é observado que
médicos especialistas em outras áreas diferentes da neurologia e psiquiatria, são
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responsáveis pela maior parte das prescrições de BDZ´s. Segundo Coelho et al.,
(2006) o uso racional dos BDZ´s tem sido de responsabilidade de toda classe
médica desde o serviço de urgência até o especialista de medicina do sono.
Portanto, recomenda-se a familiarização dos médicos com os mecanismos de ação
e efeitos colaterais e adversos dos dessas substâncias.
As principais causas referidas como motivadoras da utilização destes
medicamentos foram ansiedade, fadiga, insônia, tristeza, estresse, entre outros,
devido o fato, segundo Casali (2010) os BDZ’s possuirem propriedades sedativas,
anticonvulsivante, hipnótica, amnésia e relaxante muscular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apurados até o momento revelam semelhanças ao observado na
literatura. A análise final dos dados permitirá conhecer características de extrema
relevância da população investigada.
possibilitar
intervenções
sanitárias
Só assim trabalhos como estes podem
que
estimulem
o
Uso
Racional
de
Benzodiazepínicos.
REFERÊNCIAS
BRUNTON, L. Laurence, LAZO, S. Jonh, PARKER, L. Keith. As bases
farmacológicas da terapêutica: Goodman e Gilman Edição: 11ª Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006.
CARVALHO, Andréa da Luz; COSTA, Milene Rangel da; FAGUNDES, Hugo. O ano
da promoção do Uso Racional de Benzodiazepínicos. Uso Racional de
psicofármacos.ano 1vol1/Abril - Jun 2006.
CASALI, Fabiana Tambellini. Avaliação do uso de Benzodiazepínicos pelos
usuários da unidade básica de saúde do município de Camacho-MG pelo
dispensação realizada na farmácia básica do SUS. Camacho-Minas Gerais, 2010.
COELHO, Fernando Morgadinho Santos; ELIAS, Rosilene Mota; POYARES, Dalva;
PRADELLA-HALLIMAN, Márcia; BITTENCOURT, Lia Rita Azeredo; TUFIK, Sérgio.
Benzodiazepínicos: uso clínico e perspectiva. 2006.
FOSCARINI, Priscila Tonial. Benzodiazepínicos: Uma revisão sobre o uso abuso
e dependência. Universidade Federal do Rio do Sul, Porto Alegre, jun 2010.
TUOTO, Elvio Armando. A descoberta dos benzodiazepínicos. Disponível em:
<HTTP://www. Historyofmedicine.blogspot.com.br >.Acesso em 24/04/2012.
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PERFIL DA PRESCRIÇÃO DE ANOREXÍGENOS NO ANO DE 2011 EM
FÁRMACIA COMERCIAL NA CIDADE DE MATIPÓ-MG
André Otoni Guimarães e Jacira Paula coelho Oliveira – Graduandos em
Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Anorexígenos; Sibutramina; Obesidade.
INTRODUÇÃO
A obesidade pode ser definida como um acúmulo excessivo de gordura
corporal que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como dificuldades
respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além de
favorecer o surgimento de outras doenças debilitantes e de alto custo social como
dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer
(PINHEIRO, FREITAS e CORSO, 2004).
Os anorexígenos são fármacos que provocam a supressão do apetite, agindo
como estimulantes do sistema nervoso central. Para muitos indivíduos, tratamentos
farmacológicos agem como uma solução única para seus males e o uso de
anfetaminas para redução de peso corporal já foi uma prática disseminada
considerando que essas substâncias inibem o apetite e reduzem o sono, causando
ao organismo uma forte necessidade de movimento (CARNEIRO, JÚNIOR e
ACURCIO, 2008). O objetivo deste trabalho foi levantar quais os anorexígenos mais
utilizados e quais as especialidades médicas mais freqüentes dos preceptores
dessas substâncias, considerando uma farmácia comercial do município de Matipó MG.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada através de uma análise das receitas e notificações de
receitas de medicamentos anorexígenos sujeitos a controle especial retidas em uma
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farmácia do Município de Matipó – MG, no período de janeiro a dezembro de 2011.
Foram encontradas 23 prescrições retidas no estabelecimento no período
considerado. Trata-se de uma pesquisa quantitativa retrospectiva e os dados foram
coletados manualmente das prescrições e transcritos para um formulário específico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas análises das 23 prescrições foram observadas as seguintes substâncias
anorexígenas e os respectivos percentuais: Sibutramina (52,17%), Anfepramona
(4,35%), Femproporex (43,48%). As especialidades dos médicos prescritores se
apresentaram de acordo com os seguintes percentuais: Clínica Médica (47,8%),
Endocrinologia e Metabologia (17,4%), Psiquiatria (4,3%), Endocrinologia (21,7%) e
Neurologita (4,3%). A alta prevalência de utilização da sibutramina deve representar
um alerta considerando seus principais efeitos secundários relatados como boca
seca,
insônia,
constipação,
náusea,
taquicardia,
palpitação,
hipertensão,
vasodilatação, dor de cabeça, ansiedade e distúrbio do paladar (AVENELL et al.,
2004). Em outubro de 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
proibiu o uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol e criou
medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham
a substância sibutramina (BRAIL, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A medida adotada pela ANVISA para controlar a venda de Sibutramina e
proibir outros anorexígenos é justificável quando se observa a variedade das
especialidades médicas que prescrevem ou prescreviam tais substancias na
farmácia analisada.
Acredita-se que dados como esses são importantes para
contribuir para conscientização e orientação farmacêutica aos pacientes que utilizam
esse tipo de medicamento.
REFERENCIAS
AVENELL, A. et al. Systematic review of the longterm effects and economic
consequences of treatments for obesity and implications for health improvement.
Health Technology Assessment, v. 8, n. 21, p. 1-465, 2004.
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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 52, de 6 de outubro de
2011. Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona,
femproporex e mazindol, e seus sais e isômeros, bem como intermediários e
medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que
contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem como
intermediários e dá outras providências. Brasília, 2011.
CARNEIRO, Mônica de Fátima Gontijo; JÚNIOR, Augusto Afonso Guerra;
ACURCIO, Francisco de Assis. Prescrição, dispensação e regulação do consumo de
psicotrópicos anorexígenos em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Caderno de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24, n.8, p.1763-1772, ago, 2008.
PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira; FREITAS, Sérgio Fernando Torres de;
CORSO, Arlete Catarina Tittoni. Uma abordagem epidemiológica da obesidade.
Revista de Nutrição, Campinas, v.17, n.4, out./dez, 2004.
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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ESTOQUE DOMICILIAR DE MEDICAMENTOS
ESTABELECIDOS PELOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA COMERCIAL DE UM
MUNICIPIO MINEIRO
Laiz Aquino de Oliveira Mendes e Rubianne de Oliveira Assis – Graduandas em
Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Estoque domiciliar; Medicamentos; Farmácia Caseira.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a política nacional de
medicamentos do Ministério de Saúde estabelecem que o uso racional de
medicamentos se dá quando os pacientes recebem a medicação adequada às suas
necessidades clínicas, nas doses correspondentes aos seus requisitos individuais,
durante período de tempo adequado e ao menor custo possível para si e para a
comunidade (MASTROIANNI ET al., 2011). Tourinho et al. (2008) consideram que o
estoque domiciliar de medicamentos, também chamado de farmácia domiciliar,
frequentemente depositada em ambientes e recipientes inadequados, propicia
diversas possibilidades de desperdício e de consumo irracional por facilitar a
automedicação não responsável e, aumentando o risco de exposições tóxicas sejam
elas intencionais ou não. Os fatores que motivam a população a estocar
medicamentos em casa são: à inconstância da sua disponibilidade nas unidades
básicas de saúde (UBS), o medo de ser acometido por doenças e o
desconhecimento dos riscos que os medicamentos podem apresentar se não forem
armazenados corretamente. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações
Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os
principais agentes causadores de intoxicações em humanos desde 1996, sendo que,
em 2007, foram responsáveis por 30,3% dos casos registrados no Brasil
(MASTROIANNI et al., 2011). Segundo Ramos, Silva e Alencar (2010) além do
estoque propriamente dito, o armazenamento inadequado dos medicamentos é um
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dos problemas que envolvem estes produtos nas residências. As condições de
armazenamento influenciam na eficácia destes medicamentos, pois podem
comprometer a sua estabilidade. O objetivo desse estudo é analisar as condições de
estoque domiciliar de medicamentos estabelecidos pelos usuários de uma farmácia
comercial de um Município da Zona da Mata Mineira.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo quantitativo que foi realizado em uma
farmácia comercial situada em Matipó / MG. Os dados foram coletados no período
de 14/08/2012 à 18/08/2012 utilizado um questionário padronizado, onde foram
abordados itens a respeito dos locais e forma de armazenamento dos medicamentos
estocados no âmbito domiciliar e os medicamentos mais frequentes nas chamadas
“farmácias caseiras”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionário foi aplicado a 69 pessoas que procuraram a farmácia em
questão, no período de 14 a 18/08/12. Foram processados 100% dos questionários.
A partir da avaliação dos questionários, pôde-se verificar que a maior parte dos
entrevistados, 85,5% é do sexo feminino. No que diz respeito à faixa etária, 42,1%
possuem de 18 a 25 anos e 27,5% entre 26 a 35 anos. Em relação à presença da
farmácia domiciliar, 42% assumiram possuir a farmácia caseira. Quanto aos tipos de
medicamentos presentes (22,9%) relataram possuir em seu estoque domiciliar
antipiréticos, (17,3%) analgésico/anti-inflamatório, (13,4%) anti-histamínicos. Quanto
ao ambiente onde são armazenados os medicamentos foi relatado que os locais
mais comumente utilizados são: cozinha (47,8%), quarto (31,9%). Em relação a
guarda do medicamento na própria embalagem 82,6% disseram que sempre o
fazem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se na presente pesquisa que o estabelecimento de estoque domiciliar
de medicamentos é comum entre os consultados. E muitas vezes esses
medicamentos encontram-se armazenados em locais inadequados, o que pode
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comprometer sua segurança e eficácia, devido à possibilidade de perda de
estabilidade. Resultados deste estudo reforçam a necessidade da assistência
farmacêutica, pois durante a dispensação o farmacêutico também deve orientar
quanto ao armazenamento correto dos mesmos.
REFERÊNCIAS
MASTROIANNI, Patricia de Carvalho; LUCCHETTA, Rosa Camila; SARRA, Josiane
dos Reis; GALDURÒZ. Estoque doméstico e uso de medicamentos em uma
população cadastrada na estratégia saúde da família no Brasil. Revista
Panamericana Saúde Publica, v.29, n.5, 2011.
RAMOS, Diego Carneiro; SILVA, Tatiane de Oliveira; ALENCAR, Bruno Rodrigues.
Análise da prática do estoque domiciliar de medicamentos de um município do
Estado da Bahia. Infarma, v.22, n.10, 2010.
TOURINHO, Francis Solange Vieira; BUCARETCHI, Fábio; STEPHAN, Celso;
CORDEIRO, Ricardo. Farmácias domiciliares e sua relação com a
automedicação em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, v.84, n.5, 2008.
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USO DE ABREVIATURAS EM PRESCRIÇÕES MÉDICAS AVIADAS NA UNIDADE
DA FARMÁCIA DE MINAS DE PEDRA BONITA/MG NO 1º QUADRIMESTRE DE
2012
Nilza Lorena Vitor Queiroz e Dayse Moreira Rosa – Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Prescrições médicas, uso racional de medicamentos, erros de
medicação, abreviaturas.
INTRODUÇÃO
A prescrição médica é uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico e ao
paciente, na qual o prescritor deve determinar os medicamentos e as condições em
que devem ser utilizados (EV, GUIMARÃES & CASTRO, 2008). Seguindo a ideia do
Uso Racional de Medicamentos (URM), sabe-se da importância da prescrição e da
dispensação apropriadas para a utilização adequada do medicamento (ARAÚJO &
UCHÔA, 2011). Assim, prescrições que não contém as informações necessárias
para boa dispensação, podem induzir a erros de medicação gerando custos diretos
e indiretos que recaem sobre a sociedade e que adicionalmente podem geram nos
pacientes a perda de credibilidade no sistema de saúde (EV, GUIMARÃES &
CASTRO, 2008; CFF, 2010). O objetivo deste trabalho foi verificar a presença de
abreviaturas nas prescrições médicas aviadas na Farmácia de Minas do município
de Pedra Bonita/ MG, devido ao impacto negativo que estas podem causar na
qualidade da assistência à saúde prestada.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa exploratória com abordagem descritiva quantitativa.
O objeto de estudo foram as receitas médicas classificadas como simples, aviadas
na Farmácia de Minas do município de Pedra Bonita/MG, no primeiro quadrimestre
de 2012, totalizando 1870 prescrições. Como o desenho do estudo é retrospectivo,
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os responsáveis pela revisão das prescrições assinaram um Termo de Compromisso
de Utilização dos Dados, de acordo com o que recomenda a Resolução nº 196/96
(BRASIL, 1996). As prescrições foram avaliadas quanto ao uso de abreviaturas para
descrever o nome do medicamento, a forma farmacêutica e a via de administração.
Após a coleta dos dados, esses foram tabulados através da estatística descritiva
no Microsoft Office Excel, versão 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 1870 prescrições aviadas no período em questão, 0,8% foram
consideradas ilegíveis pelos pesquisadores e, portanto, nenhuma informação
adicional para o estudo foi retirada. As abreviaturas são muito utilizadas com
objetivo de simplificar e agilizar o processo de prescrição. Verificou-se que entre as
prescrições efetivamente analisadas (1855), a forma farmacêutica foi abreviada em
98,2% destas. Já as abreviaturas relacionadas à via de administração e ao nome do
medicamento foram usadas respectivamente em 30,8% e 1,2% das prescrições. Os
dados apresentados são preocupantes no que se refere aos agravos que podem ser
acarretados à saúde da população, visto que essas podem levar a o uso incorreto de
medicamentos, além de gerar reflexos sobre os custos que recaem sobre os
recursos governamentais destinados à saúde, bem como à própria sociedade
(GUZATTO & BUENO, 2007). Isto porque o emprego de abreviaturas pode acarretar
interpretações equivocadas tanto pelo desconhecimento destas pelos outros
profissionais envolvidos com a dispensação e administração dos medicamentos
prescritos, como por uma mesma abreviatura poder apresentar mais de um
significado ou pela possibilidade de ser confundida com outras abreviaturas quando
mal escrita (CARVALHO et al., 1999).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste
estudo
constatou-se
deficiências
nas informações das
prescrições na localidade em questão, ressaltando a necessidade da implementação
de estratégias que reforcem os benefícios de uma prescrição adequada aos
emitentes e verificação da viabilidade de compra e utilização de softwares para
elaboração de prescrição eletrônica que amenizam problemas relacionados a
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legibilidade e a emissão de prescrições com ausência de dados. Diminuindo assim o
risco de ocorrência de erros de medicação relacionados a prescrição.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Patrícia Taveira de Brito; UCHÔA, Severina Alice Costa. Avaliação da
qualidade da prescrição de medicamentos de um hospital de ensino. Ciência &
Saúde Coletiva, v.16, supl.1, p. 1107-1114, 2011.
BRASIL. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Conselho Nacional de Saúde.
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos.
Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm>. Acesso em:
12 mar. 2012
CARVALHO, Viviane Tosta; CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli; CHIERICATO,
Cristiane; MIASSO, Adriana Inocenti. Erros mais comuns e fatores de risco na
administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev Latinoam
Enferm., v.7, p. 67-75, 1999.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. A Assistência Farmacêutica no SUS.
Brasília.
2010.
Disponível
em:
<http://www.sbrafh.org.br/biblioteca/Manual%20Ass%20Farm%20no%20SUS%20CF
F%20CRF%20PR.pdf> Acesso em: 25 abr. 2012.
EV, Lisiane Silveira; GUIMARÃES, Andréa Grabe; CASTRO, Vanessa Soares.
Avaliação das prescrições dispensadas em uma Unidade Básica de Saúde do
Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Latin American Journal of
Pharmacy, v.27, n.4, p.543-547, 2008.
GUZATTO, Paula; BUENO, Denise. Análise de prescrições medicamentosas
dispensadas na farmácia de uma unidade básica de saúde de Porto Alegre – RS.
Rev HCPA, v. 27, n. 3, p.20-26, 2007.
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PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS RESIDENTES DE UMA
INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA
Ludimila Gardingo Silva e Angeline Queiroz Lopes – Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
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PALAVRAS-CHAVE: Polifarmácia, idosos institucionalizados, instituições de longa
permanência.
INTRODUÇÃO
Com o aumento da expectativa de vida da população os problemas
relacionados ao envelhecimento serão cada vez mais frequentes, dentre eles o
aumento da prevalência de doenças crônicas. Com isso espera-se elevação do uso
de medicamentos e também da polifarmácia (GALVÃO, 2006). Esta pode ser
definida como utilização de cinco ou mais medicamentos em associação, ou
associação de medicamentos onde a utilização de pelo menos um deles é
desnecessária (SECOLI, 2010; SOUZA et al., 2010). Existem poucos trabalhos
sobre prevalência da polifarmácia entre idosos institucionalizados com isso torna-se
importante a realização deste primeiro estudo na Instituição de Longa Permanência
(ILP) presente na cidade de Matipó/MG, avaliando a prevalência da polimedicação
entre os internos.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa realizada
durante o ano de 2012, na ILP Lar Bom Jesus, onde residem 15 internos com idade
maior ou igual há 60 anos. Os dados coletados através da leitura dos prontuários de
cada idoso foram número e grupos farmacológicos de medicamentos em uso que
foram registrados em formulário apropriado. Os dados obtidos foram tabulados
através da estatística descritiva no Microsoft Excel 2010.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliaram-se todos os internos da Instituição de Longa Permanência Lar Bom
Jesus que apresentavam idades iguais ou superiores a 60 anos de idade, ou seja,
75% dos internos (n=15). Destes 86,6% faziam uso de polifarmácia e possivelmente
fazem uso de medicamentos inadequadamente. Da população avaliada todos faziam
uso de medicamentos anti-hipertensivos e 33% fazem uso de antidiabéticos orais.
Um dos principais fatores de risco para reações adversas a medicamentos em
idosos é a sua administração de maneira inadequada. Neste estudo pode-se
observar que a polimedicação pode interferir na efetividade terapêutica e aumentar o
número de reações adversas entre os idosos avaliados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados encontrados nesse estudo verifica-se a extrema
relevância
da
atuação
do
profissional
farmacêutico
no
acompanhamento
farmacoterapêutico dos idosos, pois, este pode evidenciar possíveis interações,
reações adversas e o uso inadequado de medicamentos entre indivíduos
polimedicados. Uma vez detectados esses problemas e comunicado aos
prescritores
responsáveis,
estes
podem
realizar
adequações/alterações
na
farmacoterapia proposta podendo assim aumentar a eficácia e segurança do
tratamento e consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos idosos
atendidos.
REFERÊNCIAS
GALVÃO, Cristina. O idoso polimedicado – Estratégias para melhorar a prescrição.
Revista Portuguesa de Clínica Geral (Lisboa), vol. 22, p.747-752, 2006.
SECOLI, Silvia Regina. Interações e reações adversas no uso de medicamentos por
idosos. Revista Brasileira de Enfermagem (Brasília), vol.63, n.1, p.136-40, fev.
2010.
LUCCHETTI, Giancarlo; GRANERO, Alessandro Lamas; PIRES, Sueli Luciano;
GORZONI, Milton Luiz. Fatores associados à polifarmácia em idosos
institucionalizados. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (Rio de
Janeiro), vol.13, n.1, p.51-58, 2010.
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
PASSARELLI, Maria Cristina Guerra. Medicamentos Inapropriados para Idosos: Um
Grave Problema de saúde Pública. Boletim Informativo Farmacovigilância (São
Paulo), n.2, jun. 2006.
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PREVALÊNCIA DE VERMINOSES INTESTINAIS EM UM LABORATÓRIO DA
ZONA DA MATA MINEIRA
Deiva de Ornelas Silva. Rodrigues, Vanderléia Paula Aguiar - Graduandas em
Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora do curso de Farmácia da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Luciano Montes Justino – Graduado em Farmácia, Pós graduando em MBA
Gestão de Negócios e Pessoas. Professor da Faculdade Univértix.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Parasitoses; Saúde Pública; Prevalência.
INTRODUÇÃO
As parasitoses intestinais representam um grave problema de saúde pública
em todo o mundo, com agravo significativo em países em desenvolvimento.
Decorrem da presença de helmintos e/ou protozoários no intestino, causando danos
ao hospedeiro. (NEVES et al., 2002). A prevalência varia de acordo com a região
analisada. (COSTA ET al., 2003).
A gravidade das infecções parasitárias depende da patogenicidade do
parasita, da resposta imune do hospedeiro e da carga parasitária. (JERNIGAN,
GUERRANT, PEARSON, 1994). As crianças são as mais atingidas, devido ao fato
de serem mais suscetíveis em função do sistema imune ainda estar em
desenvolvimento e por terem mais contato com formas e vias de transmissão.
(NEVES et al., 2002)
Não existe um método capaz de evidenciar todos os ovos ou larvas de
helmintos, bem como cistos ou trofozoítos de protozoários intestinais. (MOTTA et al.,
2008). Contudo, a partir de dados de um laboratório particular de uma cidade da
Zona da Mata Mineira, busca levantar informações sobre a incidência de parasitoses
intestinais nesta referida cidade.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória, com abordagem
quantitativa, realizada em um laboratório particular em uma cidade da Zona da Mata
Mineira. Foi feito levantamento de dados, de resultados de exames parasitológicos
arquivados no programa de gerenciamento Labsolution do referido laboratório no
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período de exames realizados entre Dezembro de 2011 e Abril de 2012. Os dados
obtidos foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através de
estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Analisando os resultados positivos, foram observados que os parasitas
encontrados com maior frequência foram: Entamoeba hystolitica (23,4%), Enterobius
vermiculares (19,9%), Giardia lamblia (19,9%), Entamoeba coli (17,5%), com a
presença de poliparasitismo em quase todos os resultados de pacientes analisados.
A intensidade das infecções parasitárias está relacionada com as condições
de moradia, saneamento básico da população exposta, hábitos alimentares, higiene
pessoal, contato com o solo e condições socioeconômicas precárias, dentre outros
fatores. Há a necessidade de conhecimento da realidade e dos fatores de risco que
favorecem a manutenção, propagação e surgimento desses agentes, para uma
intervenção com medidas profiláticas, objetivando uma redução das infecções
parasitária (ZAIDEN, 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na profilaxia das doenças parasitárias, são importantes a educação sanitária,
o saneamento básico e a melhoria do estado nutricional, pois apenas o tratamento
das verminoses não é suficiente. É necessário conhecer o perfil epidemiológico de
ocorrência das diferentes verminoses para realização de intervenções que visam à
diminuição/eliminação da incidência/prevalência.
REFERÊNCIAS
NEVES, DAVID PEREIRA ET al. Parasitologia Humana. Edição 11ª. São Paulo.
Editora Atheneu, 2002.
COSTA, Geraldo Marques et al.Prevalência de Enteroparasitoses em uma
comunidade
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do
norte
de
Minas.
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http://www.fepeg.unimontes.br. Acesso em: 11 abril 2012.
JERNIGAN, J.; GUERRANT, R. L.; PEARSON, R.D. Parasitic infections of the
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MOTTA, Daiane de Souza, et al.: Levantamento epidemiológico de prevalência
de parasitoses intestinais em escolares do município de Parabé-RS, 2008.
ZAIDEN, Marilúcia F. et al.: Epidemiologia das parasitoses intestinais em
crianças de crèche de Rio Verde-GO, 2008.
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POSTURAS INADEQUADAS ENTRE HIPERTENSOS CADASTRADOS NO
HIPERDIA DO ESF BOA VISTA DE MATIPÓ/MG
Laureana Chaves T. Barbosa e Rafaela de Sousa Magalhães – Graduandas em
Farmácia, Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Gleiciely Santos Silveira –Farmacêutica, Bioquímica Industrial , Mestre em
Ciências Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE:
medicamentos.
Hiperdia;
Hipertensão
e
Problemas
relacionados
a
INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica bastante comum
que
apresenta
altas
taxas
de
morbimortalidade
associadas
e
leva
ao
comprometimento da qualidade de vida dos portadores. Por isso, constitui um grave
problema de saúde pública (DALLACOSTA F.M., DALLACOSTA H. & NUNES A.D,
2010). Com a missão de ampliar a longevidade e melhorar a qualidade de vida da
população por meio de intervenções capazes de diminuir a morbi-mortalidade por
HAS, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e doença renal crônica, foi criada
em 2009, a Rede Hiperdia Minas. Esta tornou-se uma rede de atenção à saúde
prioritária em Minas Gerais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). No programa
HIPERDIA, a atenção farmacêutica prevê o acompanhamento farmacoterapêutico
dos pacientes, com objetivo de detecção prevenção e resolução dos problemas
relacionados a medicamentos (PRMs) auxiliando na adesão e na boa conduta dos
indivíduos atendidos frente à farmacoterapia (Amarante et al., 2010). Assim, o
presente estudo se volta a presença de posturas inadequadas, que poderiam causar
agravos, assumidas pelos hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA do
Estratégia Saúde Família (ESF) Boa Vista de Matipó/MG.
METODOLOGIA
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Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem quantitativa.
Através da aplicação de um questionário que buscava informações sobre hábitos de
vida entre usuários hipertensos do ESF do bairro Boa Vistam da cidade de
Matipó/MG cadastrados no HIPERDIA. Estes questionários foram aplicados no mês
agosto de 2012, durante visitas acompanhadas por agentes de saúde, aos
domicílios de hipertensos cadastrados no Hiperdia atendidos por esta ESF. Os
dados foram tabulados no Microsoft Excel 2010.
RESULTADOS
Participaram do estudo 60 indivíduos, 38% do gênero masculino e 62% do
gênero feminino. Dentre os participantes, 2% estão em faixa etária que variou de 20
a 35 anos, 20% entre 35 e 50 anos, 40% entre 50 e 65 anos e 38% acima de 65
anos. Foram relatadas diversas posturas inadequadas assumidas por alguns destes
hipertensos. 7% são tabagistas, isso é preocupante, já que o ácido nicotínico
oriundo do tabaco deflagra a liberação de catecolaminas, que elevam a frequência
cardíaca e a pressão arterial contribuindo assim para o desenvolvimento das
doenças coronarianas (CASTRO M.E., ROLIM M.O. & MAURICIO T. F.). 35% dos
entrevistados não prática de exercícios físicos, o que não é interessante já que a
prática de exercícios físicos ajuda a diminuir o risco coronário, pois aumenta os
níveis de HDL, diminuem os níveis de triglicérides, da pressão arterial e do peso
corporal, melhora a tolerância à glicose e corrige a distribuição da gordura. Além de
promover também uma importante melhora da autoestima e da sensação de bemestar (GRAVINA C. F., GRESPAN S. h., JAIRO L. B.). 3% consomem bebidas
alcoólicas, o que é indesejável já que estudos apontam para a existência de uma
relação linear, direta, entre o consumo de álcool e a elevação da pressão arterial
(LIMA et. al. 1999). Segundo Criqui et al. citado por Amodeo & Lima, 1996, o uso
excessivo de álcool é responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de HAS. Além
disso, 48% destes costumam se esquecer de tomar os medicamentos para controle
da HAS, 8% não toma os medicamentos nos horários propostos pelo médico e 16%
relataram ter feito à última consulta médica há mais de 6 meses. Verifica-se desta
forma que o número de hipertensos que não assumem posturas adequadas para
controle da HAS é considerável, verificando-se assim a necessidade de intervenções
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no sentido de esclarecer essa população quanto aos agravos que podem surgir
devido a posturas inadequadas assumidas por estes e incentivando-os assim a um
maior comprometimento com o controle da HAS.
REFERÊNCIAS
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hipertensão Arterial. Medicina, Ribeirão Preto, V. 29, p. 239-243,1996.
AMARANTE, Laila Carvalho et al. A influencia do acompanhamento
farmacoterapêutico na adesão à terapia anti- hipertensiva e no grau de satisfação do
paciente . Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. V.31(3), p. 209215, 2010.
CASTRO, Maria Euridéa; ROLIM, Maysa Oliveira; MAURICIO, Tibelle Freitas.
Prevenção da hipertensão e sua relação com o estilo de vida de trabalhadores. Acta
Paulista de Enfermagem; V.18(2), p.184-189, 2005.
DALLACOSTA, Fabiana Meneghetti; DALLACOSTA, Hotone; NUNES, Alessandra
Daros. Perfil de hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA de uma unidade
básica de saúde. Unoesc & Ciência – ACB, p. 45-52, 2010.
GRAVINA, Claudia F; GRESPAN, Stela Maris; Borges, J. L. Tratamento não
medicamentoso da hipertensão no idoso. Revista Brasileira de Hipertensão
V.14(1), p. 33-36, 2007.
LIMA, Carlos Tadeu da Silva et al. Hipertensão arterial e alcoolismo em
trabalhadores de uma refinaria de petróleo. Revista Panam Salud/Pan Am J Public
Health. V.6(3), 1999.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS MORBIDADE AUTO REFERIDA SEGUNDO O VIGTEL 2009 e CADASTRO DE
PORTADORES
DO
SIS-HIPERDIA
2010,
2011.
Disponível
em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/geral/prevalencia012011.pdf>. Acesso em: 14
março. 2012.
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ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO DO
BAIRRO BOA VISTA DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG
Regiane Aparecida Brandão e Érika Cristina Alves – Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVES: Plantas Medicinais; Fitoterapia; Matipó.
INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos as plantas medicinais vêm sendo utilizadas
para tratamento de enfermidades, e é graças a essa ação milenar que vários
medicamentos puderam ser desenvolvidos a partir de princípios ativos extraídos
dessas plantas (CORRÊA et al., 2003). Os fitoterápicos sempre representaram uma
grande parcela no mercado de medicamentos. No Brasil, não existem dados oficiais
atualizados, porém, estima-se que esse mercado gire em torno de US$ 160 milhões
por ano (CARVALHO et al. 2008). De acordo com Bresolin e Cechinel, (2003) citado
por Ferrari e Bastos, (2010) as plantas medicinais têm várias razões para serem
bem aceitas incluindo o alto custo dos medicamentos sintéticos, a fácil obtenção das
plantas medicinais, a dificuldade de atendimento nos hospitais e de se obter
assistência médica. Diante disso, este trabalho pretende levantar informações a
respeito da utilização de plantas medicinais pela população do Bairro Boa Vista em
Matipó, MG e dessa forma, proporcionar um levantamento de dados necessários
para futuras orientações à população estudada, alertando-a sobre eventuais
interações medicamentosas e sobre o uso abusivo das plantas medicinais.
METODOLOGIA
Os questionários foram aplicados durante o mês de agosto de 2012 no bairro
Boa Vista, situado na cidade de Matipó, MG. Participaram da pesquisa usuários da
Estratégia de Saúde da Família do bairro, abordados em suas residências por
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agentes municipais de saúde. Os usuários participantes da pesquisa assinaram e
receberam o termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos dados está
sendo realizada no Microsoft Office Excel® para geração de gráficos posteriores que
irão orientar uma maior discussão sobre os resultados. A amostra representou 2,7%
da população do bairro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises preliminares mostram que as plantas medicinais possuem grande
aceitação pelos entrevistados o que pode ser justificado pelo fato de que 100%
deles tiveram o efeito desejado quando recorreram ao efeito delas e, portanto as
consideram remédios. Quando perguntados sobre a frequência de utilização 56,00%
dos entrevistados relataram que raramente fazem uso das plantas medicinais,
25,00% afirmaram utilizá-las uma vez por mês, 3,57% afirmaram utilizá-las uma vez
por ano, 1,78% afirmaram nunca terem feito uso de plantas.
A variedade de espécies vegetais que os usuários pesquisados têm
conhecimento é muito vasta, estando entre as mais utilizadas: capim cidreira
(Cymbopogon citratus), boldo (Plectranthus barbatus), tanchagem (Plantago major),
camomila (Matricaria recutita),erva-doce (Pimpinella anisum), funcho (Foeniculum
vulgare), folha de laranja (Citrus sp.) e a hortelã (Mentha peperita). As espécies
citadas foram referidas por mais de 50% dos pesquisados e também foram referidas
em um estudo de mesmo caráter realizado no bairro centro do mesmo município
(FERRARI e BASTOS, 2010). Silveira e colaboradores (2008) alerta para o cuidado
com a utilização de espécies vegetais e fitoterápicos que são utilizados por
automedicação ou mesmo por prescrição médica, pois muitos não têm a sua
toxicidade
bem
conhecida
principalmente
quando
associados
com
outros
medicamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As
pessoas
sempre
utilizaram
plantas
medicinais
baseando-se
em
conhecimentos que vão passando de geração em geração. Atualmente, o Sistema
Único de Saúde já oferece alguns fitoterápicos e algumas cidades brasileiras vêm
inserindo as espécies vegetais nas práticas de Saúde Pública. E essa é uma atitude
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desejável visto que profissionais especializados, como médicos e farmacêuticos, têm
maiores condições de orientar a população quanto ao uso dessas plantas e evitar
efeitos derivados de sua eventual toxicidade.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Ana C. B.; BALBINO, Evelin E.; MACIEL, Artur; PERFEITO, João P. S.
Situação do registro de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Revista Brasileira de
Farmacognosia. Abr./ Jun. 2008.
FERRARI, Fernanda Cristina; BASTOS, Kênia Pereira Lemos; Aspectos da
utilização de plantas medicinais pela população do bairro Centro do município de
Matipó,MG. Anais do III Fórum acadêmico da Faculdade Vértice, 2010.
CORRÊA, Anderson Domingues; BATISTA, Rodrigo Siqueira; QUINTAS, Luis
Eduardo; Plantas Medicinais do cultivo à terapêutica. 6ª Edição. Petrópolis:
Editora Vozes, 2003.
SILVEIRA P.F.; BANDEIRA M.A.M.; ARRAIS P.S.D.; Farmacovigilância e reações
adversas às plantas medicinais e fitoterápicos: uma realidade; Revista Brasileira de
Farmacognosia; 18(4):618-626,Out./Dez.2008.
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PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELO CORPO DOCENTE DE
UMA FACULDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
Neimar de Paula Silva e Kátia Maria Gardingo – Graduandos em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Farmacoepidemiologia; Uso de medicamentos; Docentes.
INTRODUÇÃO
Em meio a inúmeros hábitos comportamentais do homem moderno, o consumo
de medicamentos como instrumento indispensável à recuperação e manutenção da
saúde vem se sobressaindo em diversas classes populacionais. Dentre estas se
destaca a população universitária que almejando manter o nível educacional
desenvolveram a tendência de aliviar suas tensões utilizando medicamentos
(CANCIAN e LIMA, 2010). O alto consumo dessas substâncias é influenciado tanto
por fatores farmacológicos como também por aspectos socioantropológicos,
comportamentais e econômicos. O grande número de alternativas disponibilizadas
no mercado, a propaganda da indústria farmacêutica, o elevado índice de
prescrições médicas, inclusive algumas inadequadas, e as atitudes culturais
colaboram para a realização de práticas irracionais por populações (STARLING,
2004). A automedicação é definida como o ato de tomar medicamentos sem a
prescrição/orientação/supervisão médica: um comportamento que faz parte do
autocuidado. Existe, no entanto, a automedicação responsável, a qual se trata do
uso responsável de medicamentos não tarjados, isentos de prescrição médica, para
cuidar sozinho de males ou sintomas menores, prática esta, reconhecida e
estimulada por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) (SOUZA et
al., 2010). O perfil do uso de medicamentos em determinada população é tido pela
OMS como um indicador sanitário importante, considerando que ele pode auxiliar na
elucidação de problemas ou mesmo tornar conhecida a configuração da utilização
do arsenal terapêutico (CABRITA et al., 2001). Portanto, o objetivo deste estudo é
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investigar o padrão de consumo de medicamentos pela população docente de uma
faculdade da iniciativa privada sediada em uma cidade da Zona da Mata Mineira e
averiguar possíveis fatores determinantes deste consumo.
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo com abordagem quantitativa com os
professores de uma instituição da iniciativa privada sediada em uma cidade da Zona
da Mata Mineira, os quais foram submetidos a um questionário de fácil entendimento
e autoexplicativo, padronizado ao objeto de estudo no período de 10 de junho a 12
de julho de 2012. Os dados foram analisados por estatística descritiva, utilizando o
Microsoft Office Excel®. Os docentes que concordaram em participar da pesquisa
assinaram e receberam uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de docentes, 83,33% participaram da pesquisa, os demais não
concordaram ou não foram encontrados. A população investigada consta de 60% do
gênero masculino e 40% feminino, sendo em sua maioria casados (56,66%) e com
faixa etária entre 20 e 39 anos (71,67%). O grau de formação acadêmica máxima
mais frequente na população investigada é a pós-graduação strictu sensu nível
mestrado (40%). Com relação aos cuidados com a saúde, os pesquisados
compareceram numa consulta médica 2,2 vezes no último ano em média. Dentre
eles 16,67% não vão ao médico há mais de um ano e 28,33% consultaram um
médico no último mês. A prevalência da utilização de medicamentos foi de 76,67%
nos 30 dias que antecederam a aplicação do questionário. Os medicamentos mais
utilizados foram analgésicos e antipiréticos (73,91%) e antigripais (34,78%). Dos
medicamentos consumidos pela amostra 95,65% foram adquiridos em farmácia,
sendo que 56,52% com indicação médica, 26,09% por decisão própria e 15,22%
indicados por profissionais farmacêuticos.
É importante ressaltar a presença de
(18,33%) de farmacêuticos e enfermeiros incluídos na amostra avaliada, sendo
estes, profissionais capacitados para
a implementação
da automedicação
responsável. A prevalência de consumo de medicamentos averiguada pode ser
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considerada alta, assim como verificado por Starling (2004), na população docente
da Universidade Federal de Minas Gerais.
CONSIDERAÇOES FINAIS
O estudo de utilização de medicamentos baseado na aplicação de questionário
mostrou-se muito eficiente na elucidação deste perfil, o que torna este trabalho um
fomento ao desenvolvimento de mais estudos desta natureza nas mais variadas
populações. Isso contribuiria no desenvolvimento de políticas públicas de saúde
mais ajustadas à necessidade populacional, sendo o presente estudo uma
ferramenta de direcionamento para isso. Os dados apresentados neste estudo ainda
são preliminares, portanto é necessária a conclusão da compilação e análise dos
mesmos para que haja mais esclarecimentos acerca deste assunto.
REFERÊNCIAS
CABRITA, José; FERREIRA, Humberto; IGLÉSIAS, Paula; BAPTISTA, Telmo;
ROCHA, Evangelista; SILVA, Adelina Lopes; MIGUEL, José Pereira. Estudo do
padrão de consumo de medicamentos pelos estudantes da Universidade de Lisboa.
Revista Portuguesa de Saúde Pública, Lisboa-Portugal vol.19, n.2, p. 39-47,
jul/dez. 2001.
CANCIAN, Tassio Betzel; LIMA, Carla Estela. Saúde e automedicação dos
professores e funcionários da E.E.E.F.M. Frederico Boldt, Santa Maria de
Jetibá-ES. Santa Teresa-ES, 2010. 25f. Dissertação: Escola Superior São Francisco
de Assis (ESFA).
SOUZA, Livia Helena Terra; GOMES, Lidiege Terra e Souza; PEREIRA, Gabrielle
Machioni; COSTA, Natalia Rafaela de Assis; PESSÔA, Gustavo de Souza;
ZANETTI, Heloisa Helena Vieira. Automedicação versus automedicação
responsável: uma análise em três escolas de Alfenas-MG. Revista Brasileira de
Odontologia, Rio de Janeiro, v. 67, n. 1, p.8-12, jan./jun. 2010.
STARLING, Leonardo Carvalho. Consumo de medicamentos pela população de
docentes da universidade federal de Minas Gerais, 2004. 88 f. Dissertação
(Mestrado)-Universidade Federal de Minas Gerais.
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CARACTERIZAÇÃO DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS POR ACADÊMICOS
DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO INTERIOR DE MINAS
GERAIS
Fabiana Toledo Dutra e Marcela Martins e Silva – Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Medicamentos; Descarte; Farmácia domiciliar.
INTRODUÇÃO
Os medicamentos estão entre as substâncias mais utilizadas para o
tratamento dos diversos problemas de saúde. Nos países em desenvolvimento cerca
de 30% dos recursos da saúde são destinados para esses produtos. Estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 50% de todos os
medicamentos usados no mundo são prescritos, dispensados, vendidos ou usados
de maneira incorreta (TOURINHO et al., 2008).
A farmácia domiciliar, conhecida também como farmácia caseira, está
relacionada com o armazenamento de medicamentos em locais e recipientes
inadequados, favorecendo o consumo irracional e desperdício, incluindo a
automedicação, bem como o aumento do risco de exposições tóxicas não
intencionais e intencionais (TOURINHO et al., 2008).
O fato de o indivíduo saber a forma correta de manusear os medicamentos é
de suma importância, pois reduz o risco do uso de medicamento vencido,
administrar doses ou posologia incorretas, armazenar em local indevido,
recomendação terapêutica
errônea dentre
outros (SANTIN, VIRTUOSO
E
OLIVEIRA, 2007).
De acordo com Alvarenga e Nicoletti (2010) o descarte de medicamentos
vencidos no lixo comum pode trazer comprometimento à saúde pública,
considerando a nossa realidade nacional onde existem pessoas que sobrevivem de
restos adquiridos nos “lixões” da cidade sendo expostas aos riscos inerentes a esse
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tipo de produto. De maneira geral, o descarte de medicamentos é realizado no lixo
doméstico em razão de desconhecimento de informações sobre o destino correto.
Deste modo, o estudo tem como objetivo verificar as práticas da farmácia
domiciliar e o descarte de medicamentos por acadêmicos dos cursos da área de
saúde, quem estudam em uma Instituição de Ensino Superior do interior de Minas
Gerais.
Existem poucos estudos que avaliam as características das farmácias
domiciliares, sendo assim, a pesquisa torna-se relevante à medida que tentará
demonstrar as práticas inadequadas e possibilitar estratégias de intervenção que
conscientize a população.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva e abordagem quantitativa
que foi realizada com acadêmicos dos cursos da área de saúde (Enfermagem,
Farmácia e Educação Física) de uma Instituição de Ensino Superior interior de
Minas Gerais.
Os dados foram coletados em um dia letivo do mês de agosto de 2012
utilizando e questionário padronizado contendo informações socioeconômicas de
descarte de medicamentos, adaptado já testado por Bueno, Weber e Oliveira (2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população do estudo constitui-se de 107 alunos devidamente matriculados
nos curso de graduação descritos acima, foram coletadas informações de 107
alunos. Perdas ocorreram, principalmente devido à ausência dos alunos no dia de
realização da pesquisa. Até o momento foram processados 50% do total dos
questionários. Em relação ao gênero, 66% pertencem gênero feminino e 34% ao
masculino. Em relação à faixa etária 70 % referiram possuir entre 20 a 39 anos.
A maioria da população investigada (87%) referiu possuir medicamentos em
casa. Os medicamentos que mais fazem parte dos estoques domiciliares são
analgésicos/antitérmicos (21,5%) e àqueles destinados para resfriados/gripes
(18,7%) resultado semelhante ao observado no estudo de Fanhani et al., (2006),
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onde os analgésicos e antipiréticos foram os medicamentos de venda livre mais
encontrado na comunidade estudada.
Em relação ao armazenamento dos medicamentos em casa, 43,90% referiu
armazenar no quarto e 40,35% na cozinha. Em um estudo realizado por Bueno,
Weber e Oliveira (2009) o local mais frequentemente destinado ao armazenamento
de medicamentos foi a cozinha. Os autores atribuem este fato a facilidade de
acesso/visualização do medicamento.
Quanto à informação em relação ao descarte e armazenamento dos
medicamentos, 50% dos investigados referiram ter obtido informações sobre o
descarte com o farmacêutico e 26,7% referiram obter essas informações em outros
locais. Em contrapartida, em estudo realizado por Gasparini, Gasparini e Frigieri
(2011) a grande maioria dos participantes (84,55%) relataramm nunca terem
recebido nenhuma informação sobre esse assunto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apenas como o processamento inicial dos dados coletados é possível
observar a necessidades de implantação de projetos que visem orientar os
estudantes e a população em relação ao armazenamento de medicamentos e o
descarte correto.
A farmácia domiciliar e o descarte correto de medicamentos exigem cuidados,
e esses cuidados podem ser orientados pelos próprios profissionais da área de
saúde, principalmente o farmacêutico. Sendo assim é necessário, finalizar a
pesquisa para obter os resultados e em seguida propor programas de
conscientização em relação ao descarte de medicamentos da farmácia domiciliar.
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Menegatti. Farmácia Domiciliar: uma caixa de surpresas. Visão Acadêmica,
Curitiba, v.8, n.2, Jul. – Dez./2007.
TOURINHO, Francis Solange Vieira; BUCARETCHI, Fábio; STEPHAN, Celso;
CORDEIRO, Ricardo. Farmácias domiciliares e sua relação com a
automedicação em crianças e adolescentes. J. Pediatr. (Rio J.) vol.84 no.5 Porto
Alegre Set./Out. 2008.
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ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES DE ANTIDEPRESSIVOS EM UMA FARMÁCIA DA
ZONA DA MATA MINEIRA
Nívia Maria de Oliveira – graduanda em Farmácia
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas. Professora e coordenadora do curso de
Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Ana Lígia de Souza Pereira – Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e coordenadora do curso de
Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora do curso de Farmácia da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Prescrição, Antidepressivos, Qualidade.
INTRODUÇÃO
A depressão constitui de um transtorno crônico e recorrente que se
caracteriza por um ou mais episódios depressivos que acontece com duas semanas
de humor deprimido ou perda de interesse na maior parte das atividades. Entre os
sintomas da depressão incluem o pessimismo persistente, sentimentos de culpa,
dificuldade de concentração, desamparo, diminuição do desejo sexual, aumento da
irritabilidade, insônia e perda de apetite (ISTILLI et al., 2010).
Os psicofármacos, entre eles os antidepressivos, são substâncias que agem
nas doenças psiquiátricas com o objetivo de proporcionar cura, ou estabilização
destes quadros clínicos. No entanto, o uso indiscriminado desses medicamentos
podem causar sérios problemas de saúde pública (COHEN et al., 2006).
O Portal Campo Grande Notícias publicou pesquisa recente da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que demonstrou que o consumo de
antidepressivos no Brasil cresceu em torno de 45% entre os anos de 2007 e 2010
mesmo estes medicamentos estar sujeitos a controle especial. Em números isso
significa que as vendas cresceram de 29,46 milhões de caixas em 2007 para 10,59
milhões de caixas em 2010. Foi ainda detectado nesta pesquisa que ocorreu um
aumento de prescrições fornecidas por dentistas e médicos veterinários, fato este
questionável e que será investigado pela ANVISA (BARBOSA, 2012).
De acordo com Deitos et al. (2012) a prescrição segura e eficaz desses
medicamentos exige o estabelecimento de um histórico cuidadoso e detalhado do
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paciente, assim como um grande conhecimento sobre as diferentes espécies de
medicamentos disponíveis e os tipos de sintomas aos quais melhor se aplicam,
permitindo a escolha do fármaco que melhor se adapte às particularidades de cada
paciente.
Infelizmente, uma prática comum por parte dos médicos é a irracionalidade no
uso dessas substâncias. Muitas vezes estes profissionais não apresentam
conhecimento suficiente de psicofarmacologia, o que torna a prescrição um ato
incoerente e desbalanceado. Assim, a orientação médica sobre o uso desses
medicamentos aos pacientes torna-se precária e a informações importantes sobre a
utilização não são veiculadas (SILVA et al., 2012).
Dessa forma, o objetivo do presente estudo consiste em identificar o consumo
de antidepressivos e a especialidade médica de prescritores de antidepressivos em
uma farmácia escola da Zona da Mata Mineira.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo exploratório, descritivo e retrospectivo. A
pesquisa foi realizada através de uma análise direta de todas as prescrições de
medicamentos antidepressivos, retidas na Farmácia Escola Faculdade Vértice –
Univértix no mês de março de 2012. Os parâmetros observados nas prescrições
foram:
medicamento(s)
antidepressivo(s)
prescrito(s)
(nome
genérico
e/ou
comercial), quantidade de substância dispensada (em arábico e por extenso), forma
farmacêutica, dosagem e posologia (via de administração, horários das tomadas,
procedimento de administração), legibilidade dos dados contidos na prescrição,
presença de rasuras, identificação do emitente, identificação do usuário,
especialidade e assinatura do profissional prescritor.
A coleta de dados ocorreu em agosto de 2012 e foi precedida do
encaminhamento do Termo de Compromisso para uso de dados, em duas vias,
garantindo total sigilo em relação aos dados coletados.
Os dados coletados foram analisados através do programa Microsoft Office
Excel 2010®, através de estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Os resultados evidenciam que foram dispensados no período avaliado 40
prescrições de antidepressivos e os parâmetros avaliados estão em fase de
processamento e análise. Preliminarmente os resultados evidenciam uma maior
prevalência de do gênero feminino (70%). Em relação ao nome utilizado para
prescrever os medicamentos, o nome comercial teve uma maior prevalência
(62,50%). A especialidade médica que mais se destacou foi o clinico geral (72,50%).
Em um estudo feito por Cole ET al., (2009) do total de 176 prescrições, as
especialidades encontradas por ordem decrescente de quantidade de prescrições
foram: Clínica Médica (40,34%), Endocrinologia (23,29%), Cirurgia Plástica
(20,45%). Os antidepressivos mais dispensados foram fluoxetina (22,50%) sertralina
(15%) amitriptilina (12,50%). No estudo de Andrade, Andrade e Santos (2004)
avaliaram o cumprimento da legislação quanto à prescrição e dispensação de
medicamentos
psicotrópicos,
fluoxetina
(68,80%)
foi
à
substância
mais
prescrita/aviada dentre as prescrições C1, seguida da amitriptilina (12,50%).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados analisados até o momento está demonstrando problemas
relacionados a prescrição. Este fato pode estar relacionados a problemas no ato da
dispensação e utilização destas substância. A conclusão do trabalho é necessária
para detecção geral dos problemas e assim estimular o uso racional destas
substâncias.
REFERENCIAS
ANDRADE, Márcia de Freitas; ANDRADE, Regina Célia Garcia de; SANTOS, Vania
dos. Prescrição de psicotrópicos: avaliação das informações contidas em receitas e
notificações. Rev. Bras. Cienc. Farm.Braz. J. Pharm. Sci. v. 40, n. 4, out./dez.,
2004.
BARBOSA, Álvaro. Consumo de antidepressivos cresce 45% no Brasil em 3
anos, diz relatório da ANVISA. Portal Campo Grande Notícias.2012 Disponível em:
http://www.campograndenoticias.com.br/saude/7500-consumo-de-antidepressivoscresce-45-no-brasil-em-3-anos-diz-relatorio-da-anvisa.html. Acesso 26/07/2012.
COLE, Eduardo Roberto; ARPINI, Ariana Fernandes; ANDRADE, Cleane Rodrigues;
BIANCARDI, Emanoele Furlan. Terapia farmacológica da obesidade: uma análise
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critica e reflexiva das prescrições de catecolaminérgicos por uma farmácia de
manipulação do Município de Vila Velha, ES; v.5, n.4, p.42-61, 2009.
COHEN, C.; FERRAZ, F.C.; SEGRE, M. Saúde mental, crime e justiça. 2a Edição.
Edusp, 286p. 2006.
DEITOS, Fátima; COPETTE, Fábio Rogério; PASQUALOTTO, Alessandro Comaru;
SEGAT, Fabiano Mendoza; SANTOS, Rodrigo Pires dos; GUILLANDE, Steneo.
Antidepressivos e seus efeitos colaterais, quais são e como reconhecê-los.
Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria, RS;
Moreira JR Editora, p.1 12, 2012.
ISTILLI, Plínio Tadeu; MIASSO, Adriana Inocenti; PADOVAN, Cláudia Maria;
CRIPPA, José Alexandre; TIRAPELLI, Carlos Renato. Antidepressivos: uso e
conhecimento entre estudantes de enfermagem. Revista Latino-Americana
Enfermagem, v.18, n.3, mai-jun, 2010.
SILVA, Natalia Carolina Santos; TREVISAN, Livia Viana; GORGULHO, Melissa de
Oliveira; BARACHO, Nilo César do Vale. Avaliação da Orientação Médica sobre
Efeitos Colaterais de Fármacos Psicoativos em Usuários de um Programa de Saúde
da Família de uma Cidade do Sul de Minas. Revista Ciências em Saúde, v2, n 1,
jan 2012.
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CONHECIMENTO SOBRE CONTRACEPTIVOS DE ACADÊMICOS DA ÁREA DE
SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA MATA
MINEIRA
Chayene Massini de Almeida e Thamires Soares de Medeiros Graduandas em
Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
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PALAVRAS-CHAVE: Anticoncepcionais, Conhecimento, Ensino Superior
INTRODUÇÃO
A sexualidade humana é um assunto inerente a todos os seres humanos e de
suma importância, porém esta acarreta uma série de tabus no que diz respeito à sua
discussão. Mesmo com o amplo avanço científico e tecnológico ocorrido nas últimas
décadas, a sexualidade humana continua sendo considerada um tema repleto de
mitos e preconceitos (GIR et al., 2000).
Assim as relações sexuais tornaram-se menos comprometedoras e a
sexualidade feminina não inteiramente ligada à procriação, caracterizando a isenção
às responsabilidades futuras, bem como um maior enfoque a conduzida pela busca
do prazer (LOYOLA 2003).
O início da atividade sexual torna os adolescentes e adultos jovens
vulneráveis a alguns riscos, destaque para a gravidez e as doenças sexualmente
transmissíveis, muitas vezes comprometendo o projeto de vida destes jovens
(BRASIL, 2007).
É sabido que fatores sócio-culturais e sócio-econômicos influem no
comportamento sexual dos jovens universitários, fatores estes ligados diretamente à
educação e ao meio que o indivíduo se encontra. A grande maioria dos estudos
comprova que quanto mais cedo os jovens abandonam os estudos, menores são
suas chances de reinterpretação do universo que o cerca, influenciando assim a sua
sexualidade (KAWAKAMI et al., 2009).
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As doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez ocorrem devido ao
desconhecimento e/ou uso inadequados de métodos contraceptivos e/ou de
proteção nas relações sexuais, não conhecimento da fisiologia da reprodução e das
consequências das relações sexuais (CARTER et al.,1994; JASKIEWICZ &
MCANARNEY, 1994; BRASIL, 2000; SIMÕES et al.,2003; PERSON et al., 2004).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva e abordagem quantitativa
que foi realizada com acadêmicos dos cursos da área de saúde (Enfermagem,
Farmácia e Educação Física) de uma Instituição de Ensino Superior da Zona da
Mata Mineira. Os dados foram coletados em dois dias letivos do mês de agosto de
2012 utilizando questionário padronizado que contém informações de fácil
compreensão, com perguntas relacionadas à saúde e métodos contraceptivos.
Os dados coletados foram organizados e processados no Microsoft Excel
através de estatística descritiva.
RESULTADO E DISCUSSÕES
A população do estudo constitui-se de 207 alunos devidamente matriculados
nos curso de graduação descritos acima, foram coletadas informações de 107
alunos. Perdas ocorreram, principalmente devido à ausência dos alunos no dia de
realização da pesquisa. Até o momento foram processados 65% do total dos
questionários. Em relação ao gênero, 67% pertencem ao feminino e 33% ao
masculino. Os estudantes, no momento da pesquisa, apresentaram faixa etária
predominantemente de 20 a 39 anos, correspondendo 70% do total da amostra.
Com relação ao estado civil dos pesquisados, observa-se que a sua maioria é
composta por jovens solteiros (80%). Apenas 17% dos participantes referiram ter
diálogos sobre sexualidades e métodos contraceptivos sendo que a maioria (39%)
diz ter diálogos com outras pessoas, sendo os mais citados o (a) namorado (a) e
amigos. Em relação ao uso de métodos contraceptivos, 73% dos participantes
referiram utilizá-los nas relações sexuais. Os métodos anticoncepcionais referidos
como mais conhecidos foram à camisinha masculina (16%), anticoncepcionais orais
(16%) e os anticoncepcionais injetáveis (14%).
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As práticas sexuais na juventude têm sido descritas como dinâmicas e em
constantes transformações, sendo que seus perfis podem acarretar impacto
importante na vida reprodutiva e no perfil epidemiológico dos jovens brasileiros
(BRASIL, 2007).
O fato de os jovens conhecerem mais o preservativo e o anticoncepcional oral
coincide com outras pesquisas, o que pode estar relacionado à falta de
conhecimento sobre os outros métodos, bem como à forte campanha do Ministério
da Saúde enfocando o preservativo, além de apresentar menor custo em relação a
outros métodos. Entretanto, citar métodos de anticoncepção não significa
necessariamente conhecê-los, ou seja, ter adquirido informações suficientes sobre
as suas vantagens, desvantagens e modo de utilizá-los. Cabe salientar, ainda, que
as respostas em branco verificadas na presente investigação apontam para a
necessidade de orientação, já que o conhecimento é um elemento necessário para o
uso correto dos métodos contraceptivos (MENDES ET al., 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora grande parte dos jovens demonstre conhecimentos sobre algum
método contraceptivo, muitos não fazem o uso correto e contínuo dos métodos.
Portanto é necessária a conscientização não só dos adolescentes e jovens, mas de
toda a população para o uso de métodos contraceptivos. Sendo assim, são
essenciais estudos que ajudem a criar estratégias para aumentar o uso de métodos
contraceptivos diminuindo a exposição dos jovens a riscos que prejudiquem a
saúde.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. A Saúde de Adolescentes e Jovens - Uma
metodologia de auto-aprendizagem para equipes de atenção básica de saúde.
Brasília. 2ª Edição, 168p. 2007.
CARTER, D.M.; FELICE, M.E.; ROSOFF, J.; ZABIN, L.S.; BEILENSON, P.L.;
DANNENBERG, A.L. When children have children: the teen pregnancy predicament.
American Journal of Preventive Medicine, 10, 108-113, 1994.
JÚNIOR J. S. P. F.; RABELO S. T. O.; LOPES E. M.; FREITAS L. V..; PINHEIRO A.
K. B.; XIMENES L. B. Perfil e práticas sexuais de universitários da área de saúde.
Revista de Enfermagem, Escola Anna Nery ( Rio de Janeiro), vol.11, p. 58-65,
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março. 2007.
KAWAKAMI D.; FILHO E. S.; KENJI F.; PERASOLI J. E.; YU L. C.; SIQUEIRA M. R.;
KUMAGAI R.; FERREIRA T. L.; NAKATA F. T. Satisfação sexual em jovens
universitários. Revista Digital, Buenos Aires, abril, 2009.
MENDES S. S.; MOREIRA R. M. F.; MARTINS C. B.; SOUZA S. P.; MATOS K. F.
Saberes e Atitudes dos Adolescentes à contracepção. Revista Paul Pediatra,
Cuiabá, vol. 29(3), p. 91-385, janeiro. 2011.
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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA CIDADE DE SERICITA/MG
Natália Ferreira Viana, Pâmela Gomes Martins - Graduandas em Farmácia,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
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PALAVRAS-CHAVE: Prescrição de medicamentos, Serviços de saúde, Uso
Racional de Medicamentos, Indicadores de prescrições.
INTRODUÇÃO
Ter acesso
à
assistência
médica
e
a
medicamentos não
implica
necessariamente em melhores condições de saúde ou qualidade de vida, pois os
maus hábitos prescritivos, as falhas na dispensação, a automedicação inadequada
podem levar a tratamentos ineficazes e pouco seguros (ARRAIS, BARRETO &
COELHO, 2007). Os medicamentos constituem a forma mais freqüente de
tratamento na prática médica e representam um custo importante da Atenção Básica
de Saúde (EV* et al, 2008).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua os Estudos de Utilização de
Medicamentos (EUM) como aqueles “que compreendem a comercialização,
distribuição, prescrição, dispensação e uso de medicamentos em, com especial
ênfase em suas conseqüências sanitárias, sociais e econômicas” (CUNHA,
ZORZATTO & CASTRO, 2002). É necessário que o medicamento seja prescrito
adequadamente, na forma farmacêutica, doses e período de duração do tratamento;
que esteja disponível de modo oportuno, a um preço acessível, e que responda
sempre aos critérios de qualidade exigidos; que se dispense em condições
adequadas, com a necessária orientação e responsabilidade, e, finalmente, que se
cumpra o regime terapêutico já prescrito, da melhor maneira possível (AQUINO,
2007). Frente ao exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade
das prescrições na Rede Pública Municipal de uma cidade da Zona da Mata Mineira.
METODOLOGIA
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O estudo proposto foi de caráter descritivo com abordagem quantitativa. A
pesquisa foi realizada na cidade de Sericita, estado de Minas Gerais, cuja população
é de aproximadamente 77.128 habitantes (IBGE 2010). A população de estudo
foram os usuários da Unidade Básica de Saúde Onofre Paula de Oliveira. Para
avaliar a utilização de medicamentos na rede pública foram avaliadas as prescrições
recebidas por pacientes logo após a consulta médica. Neste momento verificou-se a
quantidade de medicamento prescrito, porcentagem prescrita por nome genérico. A
coleta de dados aconteceu entre os meses de maio e junho de 2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados avaliados até o momento demonstram que foram prescritos em
média 3 medicamentos por receita. Do total de 196 medicamentos prescritos,
51,02% foram prescritos por nome comercial e 48,98% foram prescritos por seus
nomes genéricos. A OMS recomenda que se utilize o nome genérico ou a
Denominação Comum Brasileira ou Internacional em todas as prescrições, pois isso
facilita os processos que envolvem o ciclo do medicamento. A não utilização da
denominação genérica nas prescrições pode criar dificuldades na aquisição de
medicamentos. Apesar da legislação sobre genéricos vigorar desde 1997, suas
recomendações ainda não são seguidas integralmente pelos prescritores (GIROTTO
E SILVA, P.V 2006). O que não tem sido observado no município investigado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A boa prescrição é o primeiro passo para uma boa utilização dos
medicamentos, assim como o uso correto dos mesmos para a cura da enfermidade
a qual o paciente procura; no entanto a conclusão do trabalho torna-se necessária
para conhecer realmente o problema no município e a partir dai promover políticas
de intervenções que estimulem o uso racional de medicamentos. Sendo assim,
levanta-se a necessidade de uma conscientização dos profissionais em relação à
importância da prescrição de genéricos e do cumprimento da legislação nacional.
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REFERÊNCIAS
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dispensação de medicamentos na percepção de paciente: estudo de base
populacional em Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23
(4):927-937, abr, 2007.
AQUINO, Daniela Silva de. “Por que o uso racional de medicamentos deve ser
uma Prioridade?” Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão. Recife. 14,
dezembro, 2007. Ciência e saúde coletiva; 13(supl): 733-736, abr. 2008.
CUNHA, Maria Candia Nunes da, ZORZATTO, José Roberto, CASTRO, Lia Lusitana
Cardozo. Avaliação do uso de medicamentos na Rede Pública Municipal de Saúde
de Campo Grande/MS. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Campo
Grande, vol. 38, n. 2, abr./jun., 2002.
EV, Lisiane Silveira, et a.l, Avaliação das prescrições dispensadas em uma unidade
básica de saúde do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Lat. Am. J.
Pharm. 27 (4): 543-7, 2008.
GIROTTO, Edmarlon; SILVA, Poliana Vieira. A prescrição de medicamentos em
um município do Norte do Paraná. Revista Brasileira de Epidemiologia,
vol.9 no.2 São Paulo June, 2006.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidade.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em: 20.
mar.2012.
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PERFIL DOS EXAMES DE GLICEMIA JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA DE
PACIENTES DE UM LABORATÓRIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
Fernanda Rocha Mendes de Sá e Leda Firalete Brandão Quintão – Graduandas
em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Luciano Montes Justino – Graduado em Farmácia, Pós graduando em MBA
Gestão de Negócios e Pessoas. Professor da Faculdade Univértix.
Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Biologia, Mestre em Engenharia
dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos, Professora da Faculdade Vértice
- UNIVÉRTIX
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PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, Glicemia; Hemoglobina Glicada.
INTRODUÇÃO
Entre as doenças crônicas não transmissíveis, o diabetes mellitus (DM) se
destaca como importante causa de morbidade e mortalidade, especialmente entre
crianças e idosos. O DM é caracterizado por uma elevada taxa de glicose no sangue
e por uma falta parcial ou total de insulina (SHERWIN, 2000).
Alguns fatores têm contribuído para os crescentes níveis de incidência e
prevalência do diabetes, como o acelerado ritmo de vida da população em geral, a
maior tendência ao sedentarismo e a inadequados hábitos alimentares, além de
outras mudanças sócias comportamentais (REY, 2003).
De acordo com Goldenberg et al, (2006), estimativas apontam que, enquanto
em 2000 havia 171 milhões de pessoas com DM no mundo, em 2030 esse valor
atingirá 366 milhões. O DM é uma doença altamente limitante, embora com menor
prevalência se comparado a outras morbidades, podendo causar cegueira,
amputações, nefropatias, complicações cardiovasculares e encefálicas, entre outras,
que acarretam prejuízos à capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida do
indivíduo. Contudo, é uma das principais causas de mortes prematuras, em virtude
do aumento do risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Diante disso o objetivo deste estudo será avaliar o perfil dos exames de
glicemia jejum e hemoglobina glicada de pacientes de um laboratório do interior de
Minas Gerais.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório descritivo. As informações
sobre os pacientes foram reunidas com o auxílio de roteiro do tipo checklist
utilizando tópicos que abordam os diferentes aspectos. Após o levantamento dessas
informações foi criado um banco de dados eletrônico contendo os mesmos campos
do checklist através do software Microsoft Office Excel versão 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados preliminares da avaliação dos dados coletados revelaram que a
maioria das pessoas que realizam exames de rotina de prevenção são as mulheres
(59). A faixa etária predominante foi 30 a 50 anos (52%).
Ao analisar a glicemia jejum revelou que 37% dos avaliados estão no limiar ou
acima dos valores de referência para o referido exame. De acordo com Andriolo &
Vieira (2008), muitos pacientes submetidos ao teste da glicemia de jejum só
recebem o diagnóstico positivo quando já apresentam um quadro relativamente
avançado da doença.
Da população avaliada somente 11% realizou o exame de Hemoglobina
Glicada. Segundo Sumita & Andriolo (2008), a hemoglobina glicada, é um exame de
extrema importância para o controle da doença, pois aponta se o controle glicêmico
foi ou não eficaz num período anterior de 90 dias.
CONSIDERAÇÕES DINAIS
De acordo com os resultados observados até o momento, a glicemia em jejum
ainda é, de longe, o exame mais solicitado para rastrear o diabete. Os outros testes
sanguíneos, principalmente a hemoglobina glicada, que segundo diversos autores
são de grande importância ainda não são de conhecimento da população e a uma
falta de padronização dos exames para diagnosticar e controlar a doença.
REFERÊNCIAS
ANDRIOLO. A., Vieira, J.G.H. Diagnóstico e acompanhamento laboratorial do
diabetes mellitus. In: Andriolo A. (org.). Guias de medicina laboratorial e hospitalar /
medicina laboratorial. 1.ed. São Paulo, Manole, 2008.
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GOLDENBERG. P, Franco LJ, Pagliaro H, Silva RS, Santos CA. Diabetes mellitus
auto-referido no município de São Paulo: prevalência e desigualdade. Cad Saúde
Pública. 1996;12(1):37-45.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA – Hipertensão
Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus – Protocolo – Brasília – 2001.
REY et al. Diabetes. Revista Brasileira Reumatologia, V. 43, N. 4, P. 218-22,
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SHERWIN. Robert . Practical Diabetes International. Volume 17, Issue 6, pages
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SUMITA N.M., Andriolo A. Importância da hemoglobina glicada no controle do
diabetes mellitus e na avaliação de risco das complicações crônicas. J Bras Patol
Med Lab 2008.
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GT 05
CIÊNCIAS AGRÁRIAS
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ARTIGO
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CORYNEBACTERIUM PSEUDOTUBERCULOSIS: IMPORTÂNCIA NA
OVINOCAPRINOCULTURA E SAÚDE PÚBLICA
Maria Aparecida Schröder Dutra- Graduada em Medicina
Veterinária,
Especialista em Defesa Sanitária Animal, Pós-Graduanda em Docência
do Ensino Superior. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Elder Machado Dutra- Graduado em Engenharia Agronômica,
Especialista em Meio Ambiente e Especialista em Cafeicultura, PósGraduando em Docência do Ensino Superior. Professor da Faculdade
Vértice UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
A ovinocaprinocultura no Brasil está criando novas possibilidades comerciais
e industriais, dessa forma contribuindo para o desenvolvimento do país. É uma
atividade que representa uma alternativa de subsistência e renda para alguns
produtores rurais. Porém, o desenvolvimento da ovinocaprinocultura é afetado por
vários fatores, dos quais ganha destaque a ocorrência de doenças. Entre as
doenças relevantes na ovinocaprinocultura, destaca-se a linfadenite caseosa que,
por se tratar de uma zoonose, precisa ser mais bem avaliada, por sua conotação de
doença ocupacional. No presente trabalho, de revisão bilográfica, objetivou-se
revisar os aspectos gerais da enfermidade em pequenos ruminantes e sua
relevância na saúde pública.
PALAVRAS-CHAVE: Zoonose; Caprinos; Ovinos; Linfadenite Caseosa; Saúde
Pública.
INTRODUÇÃO
A tendência da ovinocaprinocultura é aumentar a sua importância e
contribuição para o agronegócio brasileiro. Diferentemente do que acontecia há
alguns anos, estes segmentos têm sido desenvolvidos de uma forma mais
profissional, tomando impulso significativo, principalmente no que diz respeito à
produção leiteira.
Pérez et al. (2002) relatam que no Brasil a ovinocaprinocultura é uma atividade
não só de importância econômica, mas também social, onde a grande maioria dos
rebanhos de ovinos e caprinos está localizada em propriedades pequenas e médias,
porém o manejo extensivo dos rebanhos comerciais mostra a necessidade do aporte
de ciência e tecnologia para a sustentabilidade econômica e o desenvolvimento da
atividade.
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Vários fatores são responsáveis pela diminuição da produtividade na
ovinocaprinocultura brasileira, destacando-se os problemas sanitários, dentre eles a
doença bacteriana linfadenite caseosa. Conforme Abreu et al. (2008), a linfadenite
caseosa é uma doença amplamente distribuída no mundo, já tendo sido relatada em
vários Estados do Brasil, verificando-se prevalência relativamente elevada no
Nordeste brasileiro (COSTA et al. 1973, LANGENEGGER e LANGENEGGER 1991).
Além do fator econômico, deve-se considerar que a linfadenite caseosa
também é considerada uma zoonose de caráter ocupacional, que geralmente se
manifesta por linfadenite generalizada, sendo que a maioria dos casos humanos foi
descrita em países que se destacam na produção de caprinos e ovinos, como
Austrália, Nova Zelândia, França e Espanha (MOTTA, 2010).
Devido à grande importância econômica e ao potencial zoonótico da linfadenite
caseosa, no presente trabalho, objetivou-se revisar os aspectos clínicos e
epidemiológicos da enfermidade nos pequenos ruminantes e as implicações da
doença na saúde pública.
METODOLOGIA
O trabalho apresentado insere-se na linha de pesquisa bibliográfica, com intuito
de revisar, através das teorias, como os aspectos clínicos e epidemiológicos da
enfermidade nos pequenos ruminantes e as implicações da doença na saúde
pública.
Muitos autores contribuem com suas explicações sobre este tipo de pesquisa,
auxiliando no desenvolvimento da mesma. Através destes podemos perceber melhor
a importância da pesquisa, sabendo que ela não é uma mera cópia de livros e
artigos. Assim,
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir
de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser
realizada independentemente ou como parte da pesquisa
descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca
conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do
passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou
problema. (CERVO e BERVIAN, 2002, p.65)
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Segundo Vieira e Hossne (2001, p.135 e 137), esse tipo de pesquisa referese a um resumo da literatura especializada sobre determinado tema, dando uma
visão abrangente de achados relevantes. Nela os pesquisadores selecionam os
trabalhos mais importantes, sem a necessidade de explicar os critérios de seleção.
Diante deste tipo de pesquisa, informa-se que desde texto em diante
organizou-se os textos que compõem essa revisão bibliográfica, considerada
também resultados e discussões.
INFORMAÇÕES SOBRE A LINFADENITE CASEOSA
Etiologia
A linfadenite caseosa é uma enfermidade infecto-contagiosa de caráter crônico,
sendo o Corynebacterium pseudotuberculosis (C. pseudotuberculosis) seu agente
etiológico.
Essa doença é também conhecida por mal do caroço, pseudotuberculose ou
enfermidade de Preïsz-Nocard e Cheesygland (VESCHI, 2005).
O C. pseudotuberculosis é uma bactéria gram-positiva, não esporulada,
anaeróbica facultativa e fermentativa (COSTA, 2002). Segundo Abreu et al. (2008), a
bactéria apresenta-se sob a forma de clava, sendo o Corynebacterium diftericum o
protótipo do grupo. Entretanto, algumas corinebactérias são pleomórficas e formam
elementos
cocóides
durante
o
seu
crescimento.
Corynebacterium
pseudotuberculosis é um difteróide típico, apresentando-se sob a forma cocóide a
filamentosa e que não possui cápsula.
Esta bactéria é catalase e urease positiva, não apresentando atividade
proteolítica, sendo então incapaz de hidrolisar a gelatina ou digerir a caseína,
apresentando a multiplicação facilitada em temperaturas por volta de 37°C (MOTTA,
2010).
A bactéria é intracelular facultativa e com tamanho variável entre 0,5 a 0,8 µm
de diâmetro por 1,0 a 3,0 µm de comprimento. Segundo Euzéby & Guérin-Faublée
(2000), citados por Andrade (2007), essa bactéria pode produzir dois antígenos
importantes, uma potente exotoxina hemolítica (PLD-fosfolipase D) e um lipídeo
(particularmente o ácido corinomicólico) de superfície, que constituem 6,52% da
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parede celular. De acordo com Dercksen et al. (2000), relatado por ALVES et al.
(2004), a fosfolipase D é essencial na formação do abscesso.
A parede celular do C. pseudotuberculosis é típica das corinebactérias com
elevada concentração de lipídeos, que a torna hidrofóbica e pode contribuir para a
sua sobrevivência dentro dos fagócitos e para sua leucotoxicidade (BIRBERSTEIN &
HIRSH, 2003).
Motta et al. (2010) afirmaram que a fração lipídica da parede é o fator que
dificulta o processo de fagocitose, por impedir a hidrólise enzimática dos lisossomos
e potencializar os efeitos citotóxicos no hospedeiro. Este antígeno está relacionado
com a característica piogênica da doença, reconhecida como fator determinante na
virulência do agente. Devido à composição da parede celular, estes patógenos
apresentam a capacidade de resistência ambiental por longos períodos e
permanecem viáveis durante 55 dias em objetos inanimados contaminados por pus,
ou até oito meses em ampla variação das condições de temperatura e umidade;
sendo encontrados no solo, na pele ou mucosas dos animais. Segundo Peréz et al.
(2002), o C. pseudotuberculosis pode permanecer viável de 4 a 8 meses no meio
ambiente, principalmente quando protegido da luz solar direta.
Khamis et al. (2005) relataram que o gênero Corynebacterium possui mais de
60 espécies, sendo geralmente isoladas de animais e de seres humanos (ABREU et
al., 2008).
Smith e Sherman (1994) relataram que o microrganismo já foi isolado de
alimentos, cercas, tesouras, canivetes, além de terra ao redor das áreas de
manipulação dos animais (MOTTA, 2010).
Importância econômica da doença
A linfadenite caseosa diminui a produção de leite e de carne, provoca
desvalorização da pele, condenação de vísceras e de carcaças, além de aumentar
os gastos com profissionais e tratamentos de abscessos e a possibilidade de morte
dos animais (ALVES e PINHEIRO, 1999; ANDRADE, 2007).
Cetinkaya et al. (2002) citaram que a prevalência atual da linfadenite caseosa
em pequenos ruminantes é subestimada, porque esta doença não é de notificação
obrigatória em muitos países e a os proprietários dos animais não estão conscientes
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dos impactos econômicos, juntamente com o fato de que geralmente não aplicam as
recomendações de médicos veterinários, para o manejo correto dos abscessos
superficiais. Todavia Arruda (20006) relatou prevalências entre rebanhos variáveis
entre 8 e 90% em alguns países.
Segundo Pérez et al. (2002), a doença ocorre principalmente em ovinos e
caprinos, porém já tem sido descrita em outras espécies, como os bovinos e
equinos; sendo que, no Rio Grande do Sul, é geralmente uma doença subclínica em
ovinos, sendo encontrada constantemente em frigoríficos, provocando condenação
das carcaças, o que ocasiona grandes perdas econômicas e inclusive podendo ser
um fator limitante no caso de exportações. O mais preocupante é que o animal que
se torna infectado, permanece portador por toda sua vida.
Epidemiologia
Segundo Benham et al. (1962), citados por ANDRADE (2007), a linfadenite
caseosa é considerada uma doença cosmopolita, visto que já foram relatados casos
da doença com isolamento do C. pseudotuberculosis, em países como Argentina,
Chile, Uruguai, Canadá, França, Itália, Grã-Bretanha, União Soviética e Sudão.
Belchior (2006) afirmou que a linfadenite caseosa figura entre as principais
doenças infecciosas em países com tradição na criação de ovinos e caprinos,
incluindo Nova Zelândia, Espanha, França, Austrália, Suíça e Holanda (MOTTA,
2010).
Hawari (2008) diagnosticou, no Sul da Jordânia, após análise microbiológica, a
infecção por C. pseudotuberculosis biovar ovis em camelos adultos, que
apresentaram no exame ante mortem abscessos musculares e subcutâneos e em
outros locais do corpo. O isolamento da bactéria C. pseudotuberculosis do leite
induziu a pensar na probabilidade de transmissão da doença por meio do
leite/colostro.
Epidemiologicamente
falando,
sugeriu-se
que
a
infecção
foi
transmitida aos camelos, neste estudo, devido ao contato com ovinos e caprinos
infectados, que dividiam o mesmo pasto, apesar dos sintomas clínicos, a natureza e
a distribuição das lesões em camelos não serem típicas como em ovinos.
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Segundo Abreu et al. (2008) a linfadenite caseosa já foi relatada em vários
Estados do Brasil, verificando-se as prevalências mais elevadas no Nordeste
brasileiro.
Riet-Correa et al. (2004) citaram que, no Brasil, a linfadenite caseosa apresenta
ocorrência variável. Já Belchior (2006) relata que na região Sul do país foi descrita a
ocorrência de 8,09% de linfadenite caseosa em ovinos; e no Rio de Janeiro foi
estimada prevalência média de 12,2% em ovinos assintomáticos, e 32,5% em
animais com sinais sugestivos de linfadenite (MOTTA et al., 2010). De acordo com
Hage (2009) a Bahia possui cerca de 30% a 40% dos seus caprinos e ovinos
afetados pela doença, dependendo da região.
Sinais clínicos e Diagnóstico
Segundo Ribeiro ET al. (2001), a linfadenite caseosa caprina é caracterizada
pela formação de abscessos, principalmente em linfonodos superficiais. O C.
pseudotuberculosis também está associado a casos de mastite, pneumonia crônica,
linfadenite mesentérica e pielonefrite, bem como o desenvolvimento de abscessos
subcutâneos e/ou em órgãos internos.
Smith e Sherman (1994) relatam que os abscessos contendo pus de
consistência caseosa e de coloração amarelo-esverdeado são envolvidos por uma
cápsula fibrosa
e que
o
período
de
incubação
dos abscessos do
C.
pseudotuberculosis pode variar entre 25 e 147 dias ou mais, fazendo com que a
enfermidade apareça em animais mais velhos (VESCHI, 2005).
Corrêa et al. (1992) relataram que com o avanço da doença, este exsudato
caseoso denso torna-se seco e com infiltrações de sais de cálcio. Em abscessos
avançados, o pus organiza-se em camadas concêntricas (ALVES et al., 2007).
Segundo Ribeiro (1997), os linfonodos geralmente afetados são os préescapulares e os pré-parotídeos, mas podem ocorrer abscessos em linfonodos
internos, como os mediastínicos e mesentéricos, o que ocasiona emagrecimento
progressivo dos animais.
Brown et al. (1987) citaram que nos caprinos, os linfonodos mais atingidos são
os mandibulares, parotídeos e posteriormente os pré-escapulares e linfonodos da
zona perianal. Já nos ovinos, segundo Aleman e Spier (2001); Chirino-Zarraga et al.
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(2005), os linfonodos mais atingidos são os pré-escapulares, pré-crurais e linfonodos
superficiais. As diferentes via de transmissão podem explicar tal variação, pois no
caso de ovinos a prática da tosquia funciona como a principal via de transmissão,
enquanto que nos caprinos, são as feridas de pele, ingestão do agente ou
penetração através da mucosa oral (ANDRADE, 2007).
Aleman e Spier (2001) citaram que o diagnóstico é baseado nos achados
clínicos e epidemiológicos e nos exames laboratoriais (MOTTA et al. 2010).
Nozaki et al. (2000), León-Viscaíno (2002) citam que o diagnóstico definitivo é
feito por meio do cultivo do microrganismo, empregando-se conteúdo dos abscessos
obtido por meio de punção aspirativa ou extirpação cirúrgica (MOTTA, 2010).
O isolamento da bactéria é feito em ágar sangue, sendo identificada em 48
horas após a inoculação (ANDRADE, 2007). As provas bioquímicas são métodos
bastante simples utilizados para realizar o diagnóstico diferencial, em relação aos
possíveis agentes que são encontrados no material drenado a partir dos linfonodos
de animais acometidos (ALVES et al., 2007).
Estudos desenvolvidos recentemente demonstram a utilização da técnica de
PCR (Reação em Cadeia de Polimerase) para detecção da C. pseudotuberculosis
diretamente do material infectante, possibilitando avanços no diagnóstico da
linfadenite caseosa (ALVES et al. 2007).
Tratamento
A literatura recomenda duas formas de tratamento: o conservativo e o cirúrgico.
O tratamento para linfadenite caseosa não é prático, sendo de prognóstico ruim,
quando há comprometimento de linfonodos mais profundos. O tratamento
conservativo consiste na utilização de antimicrobianos como a penicilina,
trimetropim/sulfa, tetraciclina, eritromicina e as rifampicinas, apesar da dificuldade de
penetração dos antimicrobianos nos interior dos abscessos.
Collett et al. (1994), citados por Veschi (2005), afirmaram que testes in vitro
demonstram que o C. pseudotuberculosis é sensível a penicilina, tetraciclina e
cefalosporina, porém o uso destas drogas geralmente não é efetivo porque estes
antibióticos possuem pouca habilidade de passar pela cápsula do abscesso e
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porque a bactéria pode apresentar localização intracelular. Assim não se recomenda
o tratamento com antibióticos para os casos de linfadenite caseosa.
Smith et al.(1994) recomendaram que no caso da presença de animais
suspeitos ou com presença de nódulos no rebanho se faz necessário a
conscientização dos produtores para que os animais doentes sejam identificados e
preferencialmente retirados do rebanho (ANDRADE, 2007).
Controle
De acordo com Alves et al. (2007), o controle da linfadenite caseosa deve ser
baseado principalmente no isolamento imediato dos animais afetados e na remoção
do material contaminado antes do rompimento do abscesso e da contaminação
ambiental. Os animais tratados só devem retornar ao rebanho depois que ocorrer a
completa
cicatrização
da
lesão.
Se
os
animais
apresentarem
abscessos
reincidentes, sugere-se que sejam eliminados do plantel.
Como a bactéria é capaz de sobreviver e persistir no meio ambiente por um
longo período de tempo, torna-se uma constante fonte de infecção para os animais
(Williams, 1980), sendo fundamental a conscientização em relação às práticas de
manejo adotadas para evitar sua disseminação e para o controle eficaz desta
enfermidade. O pus derramado no recinto deve ser limpo e a área desinfetada.
Recomenda-se a adição de agente bactericida eficiente no líquido de banho
(Radostits et al., 2002).
Pérez ET al. (2002) relataram que, para os ovinos, as medidas de controle da
linfadenite caseosa são baseadas na eliminação dos animais doentes e na
prevenção de novas infecções por meio de medidas higiênicas e de desinfecção dos
instrumentos de tosquia, castração e marcação. Evitando-se em rebanhos
infectados banhar imediatamente após a tosquia, devendo os animais jovens ser
tosquiados antes dos adultos. Com relação às vacinas contendo células bacterianas
e/ou toxóides usadas em ovinos, relataram que são parcialmente eficientes e que
diminuem significativamente o número de animais com abscessos.
Segundo Burrell (1983), citado por VESCHI (2011), para demonstrar a proteção
de vacinas, os primeiros experimentos foram feitos em CSIRO (Commonwealth
Scientific and Industrial Research Organisation) em 1972, onde se verificou que a
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vacina requer uma associação de antígenos celulares com a fosfolipase da
exotoxina.
No Brasil, existe uma vacina comercial desenvolvida pelo laboratório
paranaense Vencofarma do Brasil Ltda. A vacina é composta por bactérias vivas
atenuadas, conferindo imunidade celular. Após vários testes vem apresentando
resultados satisfatórios em rebanhos em áreas endêmicas, com um nível de
proteção de 97% (NAKATANI, 2009). Hage (2009) citou que a primeira dose desta
vacina deve ser aplicada em animais a partir de três meses de idade, com reforço
após 30 dias e posteriormente anualmente. Não devendo ser aplicada em animais
doentes.
Segundo Brogden et al. (1996), pelo fato de a linfadenite caseosa ser uma
enfermidade crônica, o sucesso da utilização da vacina não pode ser avaliado em
curto prazo, requerendo um tempo maior de utilização para sua avaliação. De
acordo com Alves et al. (2007), é importante ressaltar a necessidade de avaliação
desta vacina em ambiente controlado, utilizando a mesma quantidade de bactérias
no desafio, com acompanhamento dos animais por um período mais prolongado, e
que o mesmo experimento seja realizado em meio real, sem o desafio.
Importância de Saúde Pública da Linfadenite Caseosa
Belchior et al. (2006) afirmaram que nas últimas décadas, aumentaram os
registros de infecções humanas por C. pseudotuberculosis. A maioria dos casos
humanos é descrita em países com grande atividade na exploração de pequenos
ruminantes, como Austrália, Nova Zelândia, EUA, França e Espanha (MOTTA,
2010).
Abreu et al. (2008) relataram que clinicamente a doença em humanos
manifesta-se principalmente por linfadenite generalizada (MOTTA et al., 2010).
Segundo Lopez et al. (1966), citado por PEEL et al. (1997), a linfadenite
humana por C. pseudotuberculosis foi descrita pela primeira vez em 1966 em um
homem de 37 anos na cidade do Panamá, no Panamá, cuja fonte de infecção não
foi esclarecida. O histórico do paciente apontava que ele trabalhou como cortador de
grama, e freqüentemente caçava iguanas comestíveis em torno da selva; mas ele
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negou qualquer contato com animais de fazenda durante o período de três anos
antes de sua apresentação.
Pell et al. (1997) descreveram 10 casos de linfadenite humana causada pelo
agente C. pseudotuberculosis na Austrália, sendo que a
maioria dos pacientes
expostos eram ocupacionalmente expostos aos ovinos. Neste estudo, um dos
pacientes do sexo feminino, um imigrante do Vietnã, negou tanto contato com ovinos
e consumo de cordeiro ou carne de carneiro. Ainda no mesmo estudo foi observado
que foram envolvidos os linfonodos axilar, epitroclear, inguinal e supra clavicular. Os
principais sintomas observados foram: abscessos, febre intermitente, letargia,malestar, mialgia,náuseas e perda de peso. A maioria dos pacientes com linfadenite por
C. pseudotuberculosis recebeu antibioticoterapia, mas a maioria dos casos requereu
a remoção cirúrgica dos linfonodos. Segundo os autores, estes 10 casos indicam
que a linfadenite humana causada por C.pseudotuberculosis não é de ocorrência tão
rara, conforme sugerem os relatórios publicados, pelo menos na Austrália.
Segundo Goldgerger et al. (1981), citado por PELL et al. (1997), o primeiro e
único relato do caso de linfadenite por C. pseudotuberculosis dos Estados Unidos
era de um paciente desempregado e morador de área urbana que negou ter viajado
fora da região ocidental do estado de Washington ou ter tido exposição ocupacional
significativa à pecuária. No entanto, ele bebia regularmente leite não pasteurizado
de vaca e de cabra, que pode ter sido a fonte de sua infecção.
Romero Perez et al. (2004) comentaram que na Espanha ocorreu um caso de
linfadenite caseosa por C. pseudotuberculosis em uma jovem e, mais recentemente,
no hospital pediátrico de Paris, notificou-se outra jovem de 12 anos de idade com
linfadenite necrosante pelo mesmo agente (Join-Lambert et al. 2006) e em Hong
Kong, um caso raro de infecção oftalmológica em ser humano. Keslin et al. (1979)
relataram a ocorrência de infecção em seres humanos que envolveu um estudante
de veterinária após o contato com C. pseudotuberculosis, em laboratório
(ANDRADE, 2007).
Motta (2010) alertou médicos veterinários, criadores e outros profissionais que
mantém contato, particularmente com pequenos ruminantes e eqüinos, para
tomarem as precauções necessárias ao abordar animais suspeitos de infecções por
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C. pseudotuberculosis, evitando, especialmente, o contato direto com material
purulento das lesões.
O contato com as áreas infectadas do animal deve ser mínimo e, para a
manipulação, devem-se usar luvas descartáveis e depois queimá-las junto com os
demais materiais utilizados. Mesmo que raramente, a bactéria pode penetrar no
corpo humano se houver um ferimento. Em alguns países, há casos registrados de
infecção humana em trabalhadores que esfolam as carcaças (que sofrem algum
corte com a faca contaminada) e também por ingestão do leite cru infectado (Diário
do Pará).
Segundo Radostits et al. (1994), citados por Ribeiro et al. (2001), a infecção do
homem é considerada zoonose ocupacional, na maioria dos casos acometendo
profissionais que trabalham nas atividades de caprino e ovinocultura. A transmissão
para o homem pode ser através do contato manual com material purulento e,
ocasionalmente pela ingestão de leite dos animais com mastite.
Segundo Severini et al. (2003), a prevalência da doença humana também,
assim como em ovinos, é provavelmente subestimada, considerando que apenas 22
casos de linfadenite por C. pseudotuberculosis foram notificados 1966-1995. Oito
dos 22 casos envolvidos se referem a pessoas que trabalharam na indústria da
carne (PELL et al., 1997). O número limitado de casos observados em humanos
tem sido atribuída em parte ao fato que muitos laboratórios não têm interesse em
identificar e catalogar o agente causador e simplesmente fazem um diagnóstico
genérico de "diphtheroid de pele" (PELL et al., 1997). De acordo com Goldberg et al.
(1981), feridas na pele e arranhões nas mãos são as portas mais importantes do
agente infeccioso, mas também existe a possibilidade de que a bactéria penetre
através da pele intacta. O potencial de transmissão de pseudotuberculosis pela
ingestão de leite cru provenientes de cabras e vacas infectadas também é motivo de
grande preocupação para a saúde humana. Ainda segundo estes autores, a
ingestão de carne mal cozida que tenha sido contaminada também pode causar
infecção. As carcaças podem ser contaminadas com pus de fístulas ou abscessos
rompidos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os autores aqui analisados, pode-se concluir que a linfadenite
caseosa de pequenos ruminantes é uma enfermidade de grande impacto na
ovinocaprinocultura em todo mundo, acarretando expressivos prejuízos econômicos.
Com relação à saúde pública é uma doença que precisa ser mais bem avaliada,
visto que o número de casos em humanos pode ser subestimado e que as infecções
humanas podem extrapolar o caracter ocupacional, devido à possibilidade de
transmissão pela ingestão do leite cru, além da possibilidade da contaminação por
meio da ingestão de carne crua ou mal cozida, que tenha sido contaminada por
material purulento, o que é motivo de grande preocupação para a saúde humana.
Com relação aos trabalhadores de matadouros é real o perigo ao qual estão
expostos. Há a necessidade de esclarecimentos e educação sanitária adequada
para esses trabalhadores, com a finalidade de diminuição dos riscos.
REFERÊNCIAS
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Corynebacterium pseudotuberculosis de caprinos e ovinos do sertão de
Pernambuco. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 28, n. 10, p.481-487, 2008.
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Dissertação
de
Mestrado.
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RESUMOS
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PRAGAS DO CAFEEIRO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA
Daiana Paiva - Graduanda em Agronomia. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Júlio Cláudio Martins – Graduado em Agronomia. Mestre, Doutor e PósDoutorando em Entomologia. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Coffea arabica; Pragas-do-cafeeiro; Manejo de pragas.
INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, encontrando-se no país, os
tipos arábica e conilon. Entretanto, o cafeeiro sofre com frequente ataque de pragas.
Algumas de importância econômica, outras ocasionais (REIS & CUNHA, 2010). Com
base no controle de pragas e na viabilidade financeira dos produtores, são
concentrados esforços e estudos para encontrar métodos eficazes que preservem
inimigos naturais das pragas, na introdução de ferramentas capazes de afetar a
fisiologia e ecologia das pragas e conscientização sobre o uso adequado de
produtos químicos.
METODOLOGIA
Foram revisadas quatro literaturas visando levar aos produtores melhor
conhecimento sobre as pragas do cafeeiro, suas formas de sobrevivência,
comportamento, ecologia e controle das mesmas. Portanto, o objetivo do trabalho foi
reunir informações sobre as principais pragas do cafeeiro citadas em literaturas que
não estão facilmente disponíveis, fazendo que este seja uma referência para
consulta de acesso fácil para produtores e demais interessados na atividade
cafeeira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O bicho-mineiro (Leucoptera Coffeella) ocorre preferencialmente em regiões
quentes e secas, seu ciclo de vida varia entre 19 e 87 dias de acordo com a
temperatura. Baixa umidade, inseticidas não seletivos e períodos secos favorecem o
seu ataque. Vespas predadoras são os principais agentes do seu controle biológico
(PARRA et al., 2002). O controle químico deve ser feito quando atingir 20% de
folhas infestadas. Quanto ao produto a ser aplicado, deve ser selecionado conforme
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menor custo, maior seletividade a inimigos naturais e eficiência de controle. Os
inseticidas podem ser de aplicação via solo ou foliar (GARCIA, 2002; GALLO et al.,
2002).
A broca-do-café (Hypothenemus hampei) ataca frutos em todos os estádios de
maturação, causando prejuízos diretos e indiretos. Seu ciclo de vida oscila entre 17
e 63 dias, dependente da temperatura. No período de entressafra, este inseto pode
sobreviver nos frutos remanescentes nas plantas e nos caídos ao solo. O
adensamento das plantas dificulta o controle dessa praga por afetar a dispersão dos
inseticidas e impor limitações ao operador. Uma forma eficiente de seu controle é
uma colheita bem feita e repasse da mesma. O primeiro controle químico deverá
iniciar-se quando atingir 5% infestação (GALLO et al., 2002).
As cigarras sugam seiva das plantas, são de tamanhos variados. As suas
ninfas fazem furos no solo próximos ao tronco, fixam-se nas raízes onde
permanecem por até dois anos. Os cafeeiros atacados apresentam amarelecimento,
queda foliar, secos de ramos e queda na produtividade. Para o seu controle
aconselha-se a eliminação de lavouras velhas e rotação de culturas (GALLO et al.,
2002; GARCIA, 2002).
Três ácaros têm sido considerados pragas de café: o ácaro vermelho
(Oligonychus ilicis), ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) e ácaro da mancha
anular (Brevipalpus phoenicis). O ácaro vermelho vive na face superior das folhas
que quando atacadas apresentam-se recobertas por teias. Seu ataque inicia-se em
reboleiras limitando o crescimento dos ponteiros. O ácaro branco ataca a parte
inferior de folhas. Seu prejuízo tem sido mais frequente em plantas novas,
principalmente em viveiros. Já o ácaro da mancha anular, está relacionado com a
transmissão da leprose que causa queda foliar. A primeira aplicação de acaricidas
para o seu controle deve ser realizada logo após a colheita, quando as plantas estão
pouco enfolhadas. Já a segunda aplicação deve ser realizada na fase de chumbinho
dos frutos (GALLO et al., 2002; REIS & CUNHA, 2010).
Quanto às cochonilhas, todas são sugadoras de seiva.
A Dysmicoccus
texensis colonizam raízes. O sintoma do seu ataque é o amarelecimento das folhas.
As cochonilhas da parte aérea podem depauperar as plantas por infestar ramos,
folhas, botões florais e frutos. A cochonilha da roseta (Planococcus citri) é de
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ocorrência ocasional, atacam os botões florais incapacitando-os de frutificar e frutos
atacados caem. A cochonilha verde (Coccus viridis) fixa-se em ramos novos e
nervura principal das folhas. Seu ataque resulta na redução da absorção de água e
nutrientes, levando ao amarelecimento e definhamento das plantas (GALLO et al.,
2002).
Já as lagartas casualmente são pragas dos cafezais. Os ferimentos deixados
por elas podem servir de porta de entrada para patógenos como Phoma e
Ascochyta. Geralmente alimentam-se de folhas novas. Algumas se alimentam da
casca das plantas interrompendo a circulação de água e nutrientes. Outras destroem
brotações e folhas na parte superior das plantas (GALLO et al., 2002).
Finalmente a mosca-da-podridão-das-raízes (Chiromyza vittata). Esta praga
destrói as raízes, provocando murcha, amarelecimento e depauperamento das
plantas. Em situação de alto ataque dessa praga ocorre a redução do crescimento e
produção de frutos (GALLO et al., 2002). O controle químico deve ser realizado
visando às larvas no solo. Podem ser controladas também com a erradicação de
lavouras velhas e o revolvimento do solo, expondo as larvas ao sol e aos
predadores.
CONSIDERAÇÃOES FINAIS
O combate às pragas aparece como necessária atividade para uma boa
produção agrícola. Educação e instrução, em situações temáticas, são consideradas
como uma oportunidade para produtores receberem informações e discutirem
assuntos que ainda são obscuros. Espera-se que este trabalho sirva como guia de
manejo de pragas para cafeicultores direcionando suas atividades de produção de
café.
REFERÊNCIAS
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GARCIA, Flávio Roberto Mello. Zoologia Agrícola: Manejo Ecológico de Pragas. 2ª
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PARRA, José Roberto Postali et al: Controle Biológico no Brasil: Parasitóides e
Predadores. São Paulo: Manolo, 2002.
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OTITE PARASITÁRIA: UM DESAFIO PARA A PRODUÇÃO LEITEIRA
Rafael Fialho Assanuma da Silva – Graduando em Medicina Veterinária, Bolsita
Fapemig - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Danilo Augusto Lopes da Silva – Graduado em Medicina Veterinária.
Rogério Oliva Carvalho - Graduado, Mestre e Doutor em Medicina Veterinária.
Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina Veterinária.
Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS CHAVES: Otite parasitária, Bovinos, Produção leiteira
INTRODUÇÃO
O gênero Rhabditis spp compõe-se por helmintos geralmente de vida livre,
encontrados habitualmente na matéria orgânica em decomposição, terra úmida, em
água doce ou salgada (CARDONA et al., 2010). Algumas espécies são parasitas,
sobretudo de insetos e ocasionalmente de vertebrados. Os nematódeos desse
gênero possuem tamanho relativamente pequeno (MARTINS, 1985). O objetivo do
trabalho foi pesquisar dados relacionados a associação entre Rhabditis spp e otite
parasitária bovina, assim como suas possíveis formas de controle, tratamento e
prevenção.
MÉTODOLOGIA
Revisão de literatura baseada em artigos científicos selecionados por meio das
bases de dados da área de ciências agrárias ScienceDirect; Scielo; PubMed.
RESULTADOS
Este nematoide é associado à otite parasitária bovina, uma enfermidade que
afeta diretamente o produtor, pois, eleva os gastos com medicamentos e manejo,
além de levar a uma diminuição da produção de leite, do ganho de peso e em casos
mais graves até a morte dos animais (BELTRAME et al., 2011).
Dentre as espécies acometidas, a raça Gir possui maior predisposição por
infecções desta natureza, devido ao formato anatômico de seu pavilhão auricular,
bastante longo e encartuchado, o que favorece o acúmulo de matéria orgânica, além
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de ser uma região quente e úmida, propiciando um ambiente favorável para o
desenvolvimento deste nematoide (VIEIRA et al., 2001). Além disso, animais com
chifres achatados e grossos na base também são predispostos a tal infecção por
comprimirem a orelha e favorecer a desenvolvimento do micro-organismo (DINIZ et
al., 2011).
Nos países tropicais, a infestação por nematódeos do gênero Rhabditis spp é
considerada causa primária de otite externa em bovinos, ocorrendo geralmente em
forma de surtos, podendo acometer até 100% do rebanho. No Brasil são descritas
quatro espécies, R. freitasi, R. costai, R. insectivora e R. terrestres, sendo as duas
primeiras as de maior importância. A enfermidade tem sido relatada em vários
estados brasileiros sob a forma de casos isolados ou doença de rebanhos
(VEROCAI et al., 2009; DINIZ et al., 2011). Além da otite causada diretamente pela
presença do nematoide Rhabditis, estudos associam otites crônicas originalmente
causadas pelo nematoide com a co-infecção por bactérias do gênero Actinomyces
spp., Escherichia coli, Hemophilus somnus, Streptococcus spp., Mycoplasma bovis,
Proteus spp. e Pseudomonas spp, ou ainda com leveduras do gênero Malassezia
spp (DUARTE et al., 2001).
Os animais acometidos apresentam apatia, anorexia e frequentemente
balançam a cabeça. Em quase todos os casos, ambas as orelhas são acometidas e
observam-se ulcerações e exsudato ceruminoso ou purulento, causando aumento
da sensibilidade do canal auditivo, perda ou diminuição da audição. A doença pode
evoluir para síndrome vestibular, caracterizada por inclinação da cabeça, queda do
animal para o lado da lesão e nistagmo horizontal constante(VEROCAI et al., 2009;
DINIZ et al., 2011).
Esta parasitose é considerada difícil de ser controlada no rebanho. Na África,
foram descritos alguns protocolos de tratamento com bons resultados empregando
ivermectina e banhos semanais de toxaphene com nicotina (MSOLLA et al., 1985 e
MSOLLA et al., 1987). No Brasil, Leite et al., (1994) indicou como tratamento
altamente eficaz a lavagem do conduto auditivo dos animais com uma solução de
álcool e éter na proporção 1:1, contendo sulfato de cobre a 2%. No entanto, outro
estudo comparando o tratamento anterior com uma solução de triclorfon a 3% e
dimetilsulfóxido a 1%, utilizando como veículo uma pasta de nitrofurazona, não
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obteve o efeito terapêutico desejado (VIEIRA et al., 2001). Já Scott ET al., (2006)
testaram a ivermectina a 0,5% e o sulfóxido de albendazole a 6% não obtendo
eficácia satisfatória.Tratamento com dimetilsulfóxido, coumafós+propoxur em veiculo
de nitrofurazona promoveu a cura dos animais com otite parasitaria causada por
Rhabditis em 5 dias e os manteve sem recidivas (DINIZ et al.,2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por não haver dados precisos sobre a real prevalência da otite parasitária no
rebanho nacional e por haver tantas dúvidas sobre qual a melhor opção de
tratamento e prevenção é que pesquisas nesta área devem ser incentivadas,
objetivando dados mais consistentes e resultados mais eficazes.
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IDENTIFICAÇÃO DE LISTERIA SPP E LISTERIA MONOCYTOGENES EM
UTENSÍLIOS UTILIZADOS EM AÇOUGUES DE VIÇOSA – MG
Danilo Augusto Lopes da Silva, Natália Parma Augusto de Castilho,
Petrônio Ferreira Soares – Graduados em Medicina Veterinária.
Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina
Veterinária. Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Mariane Rezende Dias - Graduanda em Medicina Veterinária
Paulo Sérgio de Arruda Pinto, Luís Augusto Nero – Professores Doutores da
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Listeria spp; Listeria monocytogenes; Açougue.
INTRODUÇÃO
A inclusão da Listeria monocytogenes na lista dos patógenos de origem
alimentar se deu a partir de 1980, com a ocorrência de surtos e casos esporádicos
de listeriose associados ao consumo de alimentos contaminados, dentre eles os
produtos cárneos (Bula et al ., 1998). Este micro-organismo é considerado um
importante patógeno de origem alimentar por estar muitas vezes associado a
manifestações clínicas graves e até mesmo à morte, uma vez que os grupos mais
susceptíveis são os imunodeprimidos, idosos, recém-nascidos e mulheres grávidas.
(Barros et al., 2007).
Esta doença pode ocorrer sob a forma invasiva, causando sintomas associados
com encefalite, septicemia, meningite e provocando altos níveis de mortalidade
(Hofer et al., 1998;1999). No Brasil, a presença de Listeria spp. foi amplamente
demonstrado em vegetais (Hofer, 1975), camarão (Hofer et al., 1990), leite, carne e
produtos lácteos (Silva et al., 1998). Boa parte dos surtos de toxinfecção alimentar
está diretamente relacionada à contaminação cruzada dos alimentos devido a falhas
higiênicas durante o processamento, equipamentos contaminados, manipulação e
armazenamento do produto. Açougues possuem importantes pontos que contribuem
para essa contaminação cruzada como é o caso das mesas, moedores e
amaciadores de carne (Carrasco et al., 2012). A legislação brasileira não estabelece
limites seguros para L. monocytogenes no setor da carne e seus derivados (Brasil,
2001). Apesar dos vários estudos sobre L. monocytogenes em alimentos no Brasil,
não há pesquisas que forneçam dados substanciais sobre este patógeno durante o
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processamento de carne para apoiar e sugerir o controle efetivo e medidas para
evitar uma eventual contaminação (Barros et al., 2007). Por estas razões, o objetivo
do presente trabalho foi avaliar a prevalência de Listeria spp e Listeria
monocytogenes em diferentes utensílios utilizados em açougues de Viçosa- MG.
METODOLOGIA
Vinte e quatro amostras de cada utensílio (Mão= H; Mesa= T; Faca= F;
Assoalho da Gôndola Refrigerada= C; Moedor de Carne= M; Amaciador de Carne=
P) foram coletadas em açougues localizados em Viçosa-MG, através de esfregaço
superficial de 100 cm2, com o auxílio de duas esponjas por utensílio, sendo cada par
de esponjas acondicionado em uma única bolsa plástica estéril. A cada bolsa
plástica foram adicionados 100 mL de solução salina peptonada, sendo a mistura
homogeneizada em Stomacher. As amostras foram submetidas à pesquisa de
Listeria spp e Listeria monocytogenes conforme o protocolo ISO 11.290-1. Uma
alíquota de 40 mL da suspensão obtida conforme a amostragem acima foi
centrifugada e o sedimento ressuspenso em Caldo Half Fraser, incubado a 30°C/24
horas. Logo após, realizou-se semeadura em placas de ágar ALOA e ágar Oxford,
incubadas a 37ºC/48 horas. Uma alíquota de 0,1 mL foi transferida para tubo
contendo 10 mL de caldo Fraser e incubada a 37ºC/24 horas. Posteriormente foi
realizada a semeadura em placas de ágar ALOA e ágar Oxford, incubadas a
37ºC/48 horas. As colônias características foram submetidas às provas bioquímicas
para a produção de catalase, motilidade, fermentação de carboidratos (dextrose,
xilose, ramnose e manitol), produção de β-hemólise, e posteriormente identificadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Listeria spp foi identificada em 44% das amostras do ponto P, 81% do ponto M,
53% do ponto H, 50% do ponto F, 88% do ponto T e 31% do ponto C. Listeria
monocytogenes foi identificada em 21 amostras, sendo 7 no ponto P, 3 nos pontos H
e M, 2 nos pontos F e C, 4 no ponto T. Os resultados obtidos neste trabalho indicam
a existência, dentro dos açougues, de possíveis fontes de contaminação do produto
final por Listeria spp. Além de ter sido identificado amostras positivas para Listeria
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monocytogenes, a simples presença de Listeria spp sugere que há risco de
contaminação do produto final (Slade,1992).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo dos riscos para a saúde pública implicados no consumo de alimentos
contaminados com este patógeno, é de extrema importância que medidas de
limpeza e sanitização destes pontos sejam permanentemente tomadas.
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HOFER, C. B., MELLES, C. E. A., & HOFER, E. Listeria monocytogenes in renal
transplant recipients. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo,
41(6), 375–377, 1999.
SILVA, M. C. D., HOFER, E., & TIBANA, A. Incidence of Listeria monocytogenes in
cheese produced in Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Food Protection, 61(3), 354–
356, 1998.
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MIOTENECTOMIA PARCIAL DO EXTENSOR DIGITAL LATERAL ASSOCIADA À
AVULSÃO DO RETINÁCULO EXTENSOR PARA RESOLUÇÃO DE ARPEJO
EQUINO – RELATO DE UM CASO.
Aline Botelho Aguillar, Celso Werner, Geraldo D'Ávila Monteiro Júnior, Rodrigo
Delesporte, Waldinéia Lopes, Winnie Lopes – Graduandos em Medicina
Veterinária -Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Bruno Santos Cândido de Andrade – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre
em Clínica e Cirurgia Veterinárias. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Miotenectomia, Avulsão do retináculo, Arpejo equino
INTRODUÇÃO
O arpejo é caracterizado pela hiperflexão involuntária das articulações do tarso
dos equinos, podendo acometer um ou ambos os membros pélvicos e nos casos
graves a flexão é forte o bastante para que haja impacto do boleto no abdômen
(RADOSTITS, 2010). Apesar da etiologia ainda não ser totalmente conhecida,
acredita-se que haja envolvimento neurológico ou traumático. Quando neurológico é
conhecido como Arpejo Australiano e descrito como afecção sazonal e de rebanho
que ocorre em surtos passageiros em função do pastejo de leguminosas como o
Taraxacum officinael, Hypochaeris radicata e Malva parviflora. Tais espécies são
relacionadas a processos degenerativos axonais de nervos periféricos longos, como
o fibular superficial e profundo, tibial e laríngeo recorrente (RODRIGUES, 2008).
Quando o envolvimento for traumático (Arpejo Convencional), como nas feridas
lacerantes ou contusas da região dorsolateral proximal do metatarso e lateral do
tarso, observa-se formação de aderências do tendão extensor digital lateral (TEDL)
nas estruturas laterais do tarso ou fibroses e adesões do mesmo em sua região de
inserção no tendão extensor digital longo (BAXTER, 2011).
Para o diagnóstico diferencial é necessário considerar afecções como a
miopatia fibrótica e fixação dorsal da patela. (BAXTER, 2011). O tratamento com a
administração de Fenotoína pode produzir uma melhora, porém quando seu uso é
interrompido os sinais reaparecem dentro de um ou dois dias (RADOSTITS, 2010).
Segundo Baxter (2011), algum benefício tem sido obtido através da técnica de
acupuntura. Devido ao pequeno número de casos que respondem a tratamentos
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clínicos ou manifestem resolução espontânea, o tratamento cirúrgico padrão é o
mais indicado e consiste na miotenectomia do extensor digital lateral (EDL). Este
relato documenta o procedimento e o resultado da associação de duas técnicas
cirúrgicas – a miotenectomia parcial do extensor digital lateral e a avulsão do
retináculo extensor lateral – para tratamento de arpejo em uma égua.
RELATO DE CASO
Uma égua SRD, 350 kg, 14 anos de idade, de uma propriedade situada na
zona rural de Matipó-MG, foi referida com queixa principal de acentuada claudicação
do membro pélvico esquerdo (MPE) de origem e início desconhecidos. À inspeção e
em dinâmica, o animal apresentou hiperflexão do tarso esquerdo que causava
violento impacto do boleto ipsilateral no abdômen ao passo e marcha, tornando-se
mais acentuado ao recuo e andar em círculos. Ao exame físico uma cicatriz antiga
de 15 cm de extensão e presença de queloide foi evidenciada na região dorsolateral
proximal do metatarso esquerdo, sugerindo trauma. À palpação foi possível
identificar a porção proximal ao tarso do TEDL, porém a sua porção distal e inserção
no tendão extensor digital longo não foi identificável, devido presença de denso
tecido fibroso. Concluiu-se que o quadro era característico de arpejo unilateral e
indicou-se a miotenectomia do TEDL.
O animal foi preparado segundo as técnicas de cirurgia asséptica e o
procedimento realizado em estação. Realizou-se tranquilização com acepromazina
1% (0,05mg/kg, IV), sedação com detomidina 1% (0,001mg/kg, IV) e bloqueio
regional dos nervos fibular superficial e profundo e tibial com lidocaína 2%.
Gentamicina 4% (6mg/kg, IV) foi administrada profilaticamente ao procedimento
cirúrgico. Duas incisões de pele aprofundadas até o subcutâneo e fáscia profunda
foram realizadas sobre o músculo e TEDL para sua exposição. A primeira incisão de
aproximadamente três centímetros localizou-se no aspecto lateral do MPE, seis
centímetros acima do maléolo lateral da tíbia. Através de dissecção romba com
pinça Crile curva, o músculo EDL foi exposto. A segunda incisão deveria ser feita
logo proximal à inserção do TEDL no tendão extensor digital longo, que
normalmente é facilmente reconhecida por palpação. Como havia grande
comprometimento dos planos anatômicos por tecido fibroso, realizou-se a segunda
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incisão de aproximadamente três centímetros na região dorsolateral proximal do
metatarso esquerdo em região determinada por tração da porção proximal do TEDL
feita pelo auxiliar. Após exploração cirúrgica não foi possível identificar o TEDL. Na
impossibilidade de realizar a tenectomia total do TEDL, optou-se por realizar a
avulsão de seu retináculo extensor (RE), com intuito de desbridar o máximo de
aderências nessa região. Para tanto, a extremidade proximal do RE foi identificada
por palpação digital pela incisão proximal. Um dos ramos de uma tesoura
Metzenbaum curva de 28 cm foi então introduzido pela abertura proximal do RE,
sendo incisado até sua porção mais distal. Procedeu-se então a miotenectomia de
aproximadamente cinco centímetros do EDL em região proximal ao tarso.
Dermorrafia por pontos simples interrompidos com fio de náilon 2-0 foi realizada nas
duas incisões.
Durante o período pós-operatório o animal foi mantido em piquete.
Imediatamente após a cirurgia observou-se apenas diminuição da intensidade e
amplitude dos movimentos de hiperflexão e breves momentos de deambulação
normal alternada aos movimentos anômalos. Após uma semana de recuperação
houve melhora da condição, pois quando solta em piquete e sem estímulos a égua
deambulava normalmente. Porém, quando conduzida por cabresto apresentava
passadas esporádicas com hiperflexão, fato atribuído ao temperamento nervoso da
paciente e à relação que existe entre estresse e aumento dos sinais clínicos. Após
duas semanas houve recuperação total e mesmo quando conduzida por cabresto
não manifestou movimentos de hiperflexão. Nenhuma complicação cirúrgica foi
observada durante esse período.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A associação da miotenectomia parcial do EDL e avulsão de seu retináculo
extensor mostrou-se efetiva como alternativa para o tratamento dos casos de arpejo
nos quais a miotenectomia padrão do EDL não seja exequível.
REFERÊNCIAS
BAXTER, Gary. Adams and Stashak’s lameness in horses. 6.ed. Chichester:
Wiley-Blackwell, 2011.
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RODRIGUES, Aline. (Org.). Harpejamento em equinos no Rio Grande do Sul. Pesq.
Vet. Bras., Santa Maria (RS), 2008, 28, 23-28, Jan. 2008.
RADOSTITS, Otto et. al. Clínica Veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos,
ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
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PREVALÊNCIA DE OTITE PARASITÁRIA CAUSADA POR RHABDITIS spp EM
VACAS DA RAÇA GIR-LEITEIRO NA REGIÃO DE SÃO PEDRO DOS FERROSMG
Rafael Fialho Assanuma da Silva – Graduando em Medicina Veterinária. Bolsista
Fapemig - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Danilo Augusto Lopes da Silva – Graduado em Medicina Veterinária. Universidade
Estadual de Londrina
Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em
Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina
Veterinária. Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Otite parasitária; Rhabditis spp; Gir leiteiro
INTRODUÇÃO
Otites parasitárias em bovinos estão associadas à interferência no bem-estar
animal, perdas econômicas de diversas magnitudes e até mesmo relacionadas ao
óbito dos animais acometidos, sendo o nematóide Rhabditis spp. o principal agente
etiológico desta enfermidade (VEROCAI et al., .2007). Estas otites são consideradas
de maior relevância para a raça Gir devido ao formato anatômico dos condutos
auriculares destes animais entre outras particularidades (VIEIRA et al., 2001;
DUARTE et al., 2001). Apesar de todos os esforços, até o momento não é conhecida
a real prevalência desta doença no rebanho nacional e muito menos, protocolos de
tratamentos eficazes, estando a maioria deles relacionados à reinfecções
(BELTRAME et al., 2011). Por estas razões o objetivo do presente trabalho foi
avaliar a prevalência de otite parasitária causada por Rhabditis spp em um rebanho
de 70 vacas da raça Gir Leiteiro de uma fazenda localizada na região de São Pedro
dos Ferros-MG.
METODOLOGIA
Utilizando-se uma haste de madeira de aproximadamente 15 cm de
comprimento, contendo uma das extremidades envolvida por algodão hidrófilo
(“swab”), foi acessado o canal auditivo de cada animal, o mesmo procedeu-se para o
canal auditivo contra-lateral. O esfregaço superficial da mucosa interna do canal
auditivo foi feito através de movimentos rotativos. O par de algodões pertencente a
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cada animal foi introduzido em um frasco de aproximadamente 100 ml de
capacidade, para análises laboratoriais (NOVAIS et al., 2011). Após a coleta, os
animais foram submetidos a limpeza do canal auditivo, com solução de álcool
boricado 3%, seguido da aplicação local de TOP LINE em spray. O material coletado
nos frascos, foi exposto ao sol para observação dos nematóides, que nas amostras
positivas para o exame macroscópico, iniciaram um processo de migração para as
paredes do frasco, sendo visível a olho nu. O exame microscópico das amostras foi
realizado através de um esfregaço do algodão sobre uma lâmina de vidro, e em
seguida, cada lâmina foi analisada em microscópio óptico, objetivas de 10 e 40x.
Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados pelo
Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice –
Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas
Gerais – FAPEMIG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O diagnóstico foi positivo para presença de Rhabditis spp em 70% das
amostras analisadas no exame macroscópico e 71,43% no exame microscópico.
Devido a questões de manejo, apenas 7 animais positivos na primeira coleta
puderam ser reavaliados após 30 dias. Constatou-se que estes animais voltaram a
se infectar durante este período, sendo 100% dessas amostras confirmadas por
exame macroscópico e microscópico. A limpeza e tratamento utilizados na
propriedade, diminuíram as complicações clínicas causadas pela otite parasitária
porém, com recidivas frequentes, havendo a necessidade de limpeza mensal do
pavilhão auricular dos animais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por estes motivos fica evidente a necessidade de novos estudos para
esclarecer melhor os focos de transmissão e que busquem medidas mais eficazes
de prevenção e tratamento, minimizando reinfecções e novas infecções.
REFERÊNCIAS
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BELTRAME, R. T.; SUAVE, Y. F.; NETTO, B. S.; JUNIOR, J. C. D.; CANTARELI, P.
C. P.; ANDRIATA, L. F. Otite parasitária bovina no município de Colatina – ES.
Veterinária e Zootecnia, v.18, n.4, supl. 3, p. 904, 2011.
DUARTE E. R.; MELO M. M.; HAMDAN J.S. Epidemiological aspects of bovine
parasitic otitis caused by Rhabditis spp. and/or Raillietia spp. in the state of Minas
Gerais, Brazil. Veterinary Parasites, v. 101, n. 1, p. 45–52, 2001.
NOVAIS, E. P. F.; MOTA, A. L. A. A.; PALERMO, J. G. C.; FILHO, P. C. V.; SALES,
J. V. F.; XIMENES, F. H. B.; BORGES, J. R. J. Otite parasitária por Rhabditis em
rebanho Gir no município Formoso-GO. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n.4, supl. 3,
p. 926, 2011.
VEROCAI, G. G.; FERNANDES, J. I.; CORREIA, T. R.; MELO, R. M. P. S.; ALVES,
P. A. M.; SCOTT, F. B. Otite parasitaria bovina por nematoides Rhabditiformes em
vacas gir no estado do rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v. 16, n. 2, p. 105-107, 2007.
VIEIRA, M. C. M.; SILVA, L. A. F.; ARAÚJO, J. L. B.; ANDRADE, M. A.;
FIORAVANTI, M. A. S.; SILVA, E V. Otites parasitárias por nematódeos
rabditiformes em bovinos: avaliação de tratamentos. Ciência Animal Brasileira, v.
2, n. 1, p. 51-55, 2001.
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CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL DA TRAÇA DO TOMATEIRO E DA BROCA
PEQUENA POR FORMIGAS PREDADORAS
Obiratanea da Silva Queiroz, Joel Marques de Oliveira, Mirian Filgueira
Pimentel- Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de Viçosa.
Elenir Aparecida Queiroz - Graduanda em Biologia pela Universidade Federal de
Viçosa.
Elizangela Gomes Fidelis de Moraes - Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora
em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa.
Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia pela UFV, Professor associado da Universidade Federal de Viçosa.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Controle biológico; Neoleucinodes elegantalis; Tuta absoluta,
formigas predadoras.
INTRODUÇÃO
Nos agroecossistemas existem espécies de formigas que são pragas e outras
que são inimigos naturais de diversas pragas. As formigas são importantes
predadores de insetos praga em culturas anuais e perenes como fruteiras,
hortaliças, plantas ornamentais, culturas produtoras de grãos, café, cana-de-açúcar
e algodão. O relato das formigas como agentes do controle biológico de pragas
agrícolas é desde 300 anos antes de Cristo. Entretanto existem muitos aspectos
sobre o papel das formigas como predadoras de pragas agrícolas que ainda
precisam ser estudados, sobretudo nas regiões tropicais, para possibilitar a
preservação destes agentes do controle biológico (WAY & HEONG, 2009;
FERNANDES et al., 2010). Dentre as principais pragas da ordem Lepidoptera estão
Neoleucinodes elegantalis (Crambidae) e Tuta absoluta (Gelechiidae). Estas duas
espécies de Lepidoptera ocorrem nas Américas (GORING et al., 2003a; PICANÇO
et al., 2007). A T. absoluta foi introduzida na Espanha em 2006 e atualmente se
encontra distribuída por praticamente todo o continente europeu. Assim, o objetivo
deste trabalho foi estudar o controle biológico natural de N. elegantalis e T. absoluta
por formigas predadoras.
METODOLOGIA
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O trabalho foi realizado em lavouras de tomate da variedade Santa clara
localizada em Viçosa-MG, Brasil. O cultivo de tomate foi conduzido nas estações
secas e chuvosas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com
cinco repetições. Cada repetição foi composta por seis fileiras com nove plantas. O
espaçamento usado foi de 1 x 0.5 m. Os insetos usados nos experimentos foram
obtidos de criações do laboratório de Manejo Integrado de Praga da Universidade
Federal de Viçosa. Cada repetição foi composta por 10 plantas. Para cada planta foi
transferido 10 ovos e 10 larvas de cada instar das duas espécies de Lepidoptera. As
plantas utilizadas no experimento possuíam cerca de 60 dias de idade (início da fase
de frutificação). Nos estádios de ovos, larvas e pupa foram monitoradas as
mortalidades causadas por formigas predadoras para broca-pequena e a traça-dotomateiro, nas estações seca e chuvosa. A partir dos dados, foi calculado a media
das mortalidades ocorridas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As formigas preparam a broca-pequena e a traça-do-tomateiro somente no
estádio de pupa, sendo que as mortalidades de pupas de T. absoluta por formigas
foram maiores do que as mortalidades de pupas de N. elegantalis, com 60 e 15%
respectivamente. Isto pode ter ocorrido devido a fatores como o local de pupação e
tamanho das pupas. Como as formigas forrageiam principalmente sobre os solos
(WAY & HEONG, 2009; FERNANDES et al., 2010) elas devem capturar mais
intensamente presas com pupação exclusiva neste local. Neste contexto, nós
verificamos que a predação por formigas foi maior nos Lepidopteras que empupam
no solo (T. absoluta) do que aqueles que empupam na planta e no solo (N.
elegantalis). Outro fato que pode ter influenciado a variação da taxa de mortalidade
das espécies de presas pelas formigas é o tamanho das pupas. Desta forma, nós
observamos maior predação em pupas de T. absoluta do que do que pupas de N.
elegantalis por serem de menor tamanho. A taxa de predação de pupas de N.
elegantalis e T. absoluta pelas formigas foi semelhante entre as estações chuvosa e
seca. Demostrando que a ocorrência de chuva não afetou a predação dos
lepidopteros pelas formigas predadoras.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, as formigas preparam somente no estádio de pupa, privando
preferencialmente as pupas de T. absoluta. Alem não teve diferença significativa na
taxa de privação por formigas entre as estações secas e chuvosas. Desta forma é
importante no planejamento de programas de manejo de pragas de hortaliças a
preservação dessas formigas predadoras para maximizar o controle biológico
dessas pragas.
AGRADECIMENTO
A CAPES, CNPq e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
CHAOTE, Beath & DRUMOND, Frank. Ants as biological control agents in
agricultural cropping systems. Terrestrial Arthropod Reviews 4, 157-180. 2011.
FERNANDES, Flavio Lemes; PICANÇO Marcelo Coutinho; FERNANDES Maria
Elisa Sina; XAVIER, Vânia Maria; MARTINS Júlio Claudio & SILVA, Valquiria.
Controle biológico natural de pragas e interações ecológicas com predadores
e parasitóides em feijoeiro. Bioscience Journal 26, 6-14. 2010.
GONRING, Alfredo Henrique Rocha; PICANÇO Marcelo Coutinho; ZANUNCIO, Jose
Cola; PUIATTI Maria. & SEMEÃO, Altair Arlindo. Natural biological control and
key mortality factors of the pickleworm, Diaphania nitidalis Stoll (Lepidoptera:
Pyralidae), in cucumber. Biological Agriculture & Horticulture 20, 365-380. 2003a.
PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro, CRESPO Andre Luiz Barreto,
MIRANDA, Moacir Miranda Motta & MARTINS, Júlio Cláudio. Effect of integrated
pest management practices on tomato production and conservation of natural
enemies. Agricultural and Forest Entomology 9, 327–335. 2007.
WAY, Michael James. & HEONG, Kong Luen. Significance of the tropical fire ant
Solenopsis geminata (Hymenoptera: Formicidae) as part of the natural enemy
complex responsible for successful biological control of many tropical
irrigated rice pests. Bulletin of Entomological Research 99, 503-512. 2009.
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CONTROLE BIOLÓGICO DE Neoleucinodes elegantalis EM CULTIVO DE
TOMATE
Tiago da Silva Moreira, Dalton de Oliveira Ferreira, Thadeu Carlos de Souza,
Reginaldo Castro de Souza Júnior- Graduandos em agronomia pela Universidade
Federal de Viçosa.
Marcelo Coutinho Picanço- Graduado em agronomia, mestre e doutor em fitotecnia
pela UFV, professor associado da UFV.
Ézio Marques Silva- Graduado em agronomia, mestre e doutor em entomologia
pela UFV, professor da UFV.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE:
Controle Biológico.
Lycopersicum
esculentum,
Neoleucinodes
elegantalis,
INTRODUÇAO
A
broca-pequena-do-tomateiro
Neoleucinodes
elegantalis
(Guenée)
(Lepidoptera: Crambidae), é considerada praga chave na cultura do tomate por
danificar as partes reprodutivas da planta. Os frutos infestados tornam-se impróprios
para o comércio e processamento industrial, pois apresentam a polpa destruída
(GALLO et al., 2002). O controle biológico de pragas vem assumindo importância
cada vez maior, principalmente em um momento que se discute muito a produção
integrada rumo a uma agricultura sustentável. Entre as causas de mortalidade dos
insetos estão os parasitóides. Estes insetos têm sido registrados na cultura do
tomateiro como inimigos naturais de N. elegantalis (MUÑOZ et al., 1989; PLAZA et
al., 1992; TRÓCHEZ et al., 1999; VIÁFARA et al., 1999; BLACKMER et al., 2001;
MIRANDA et al., 2005). Entretanto, é necessário quantificar o efeito dos parasitóides
sobre as populações de N. elegantalis. Assim, este trabalho objetivou quantificar o
ataque dos parasitóides de N. elegantalis por estádio de desenvolvimento e ao longo
das estações do ano.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em Viçosa, MG. Os dados foram coletados em lavouras
de tomate pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Os ovos e pupas
utilizados foram obtidos da criação mantida no Laboratório de Manejo Integrado de
Pragas da UFV. Foi acompanhado o ciclo de vida de N. elegantalis durante as
quatro estações do ano, ao longo de dois anos. O delineamento foi inteiramente
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casualizado com 8 parcelas, constituída de quatro plantas no estádio reprodutivo.
Para o estabelecimento inicial da coorte, 320 fêmeas acasaladas de N. elegantalis
foram levadas ao campo para a obtenção de ovos. Os ovos foram contados e
mapeados. Duas semanas após a eclosão, os cachos foram envoltos com papel
toalha em sacolas de organza e levados para o laboratório para a retirada das larvas
que broquearam os frutos. As pupas de cada parcela foram divididas igualmente
para desenvolverem-se no solo e na parte aérea da planta e utilizadas na
determinação
dos
fatores
de
mortalidades
que
ocorrem
no
solo
foram
acondicionadas em potes plásticos preenchidos com areia e furados na lateral e
base para drenagem de água. Na parte aérea, as pupas foram retiradas da criação
juntamente com o papel para facilitar a fixação nas folhas das plantas de tomate. Os
ovos não eclodidos foram retirados do campo e depositados em tubos de vidro e
analisados após 30 dias. As larvas no último ínstar foram coletadas. Os insetos
foram mantidos até o estádio adulto para a verificação da emergência de
parasitóides. As pupas da parte aérea e dos potes com areia foram coletadas e
levadas para o laboratório para análise. As pupas restantes foram colocadas em
tubos de vidro e foram mantidas nos tubos por 30 dias até a emergência dos adultos
ou parasitóides.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se maior ação dos parasitóides sobre ovos de N. elegantalis, seguido
do estádio de pupa. O parasitóide Trichogramma pretiosum foi o mais importantes
na
mortalidade
dessa
praga.
Parasitoides
Chalcididae,
Trichospilus
sp,
Copidossoma sp e Braconidae, também foram observados. A mortalidade por
parasitóides foi elevada e constante nas estações: primavera, verão e outono. No
inverno a mortalidade foi menor. Uma vez que os inimigos naturais representam o
fator mais importante, o controle biológico conservativo é a melhor tática a ser
considerada. Assim, o nível populacional dos inimigos naturais deve ser considerado
durante a tomada de decisão de controle, a fim de preservar ou aumentar a ação
benéfica destes sobre a broca pequena. A capacidade de busca de hospedeiros
pelos parasitóides também pode ser afetada pelas condições climáticas. A variação
sazonal na disponibilidade e quantidade de plantas que representam recursos
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potenciais para adultos de parasitóides também pode contribuir para a variação na
taxa de parasitismo. Os resultados do presente estudo estão em concordância com
os encontrados por (HANCE et al., 2007), visto que, a mortalidade de ovos por T.
pretiosum ocorreu em todas as épocas do ano e a menor mortalidade devido a este
fator ocorreu no inverno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os parasitóides são importantes agentes de regulação populacional de N.
elegantalis. Além disso, estes parasitóides causam alta mortalidade durante todo
ano sendo T. pretiosum o parasitóide mais abundante.
REFERÊNCIAS
AGRIANUAL: anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP - Consultoria &
Comércio, p. 476-484, 2008.
CARNEIRO, JS; HAJI, FRANCISCA NEUMARA PEDROSA; SANTOS, FAM.
Bioecologia e controle da broca-pequena do tomateiro Neoleucinodes
elegantalis. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 14 p. (Embrapa Meio-Norte - Circular
Técnica, 26). 1998,
FERNÁNDEZ, S; SALAS, J. Estudios sobre la biologia del perfurador del fruto del
tomate Neoleucinodes elegantalis (Lepidoptera: Pyraustidae). Agronomia Tropical,
Maracay, v. 35, n. 1-3, p. 77-81, 1985.
GALLO, DOMINGOS; NAKANO, O; SILVEIRA NETO, SINVAL; CARVALHO, RPL;
BAPTISTA, GC; BERTI FILHO, E; PARRA, JRP; ZUCCHI, RA; ALVES, SB;
VENDRAMIM, JD; MARCHINI, LC; LOPES, JRS; OMOTO, C. Entomologia
agrícola. Piracicaba: FEALQ, p. 757-769, 2002.
GRAVENA, SANTIN; BENVENGA, SR. Manual prático para manejo de pragas do
tomate. Jaboticabal: Gravena Ltda. 144 p. ., 2003
MIRANDA, MOACYR MASCARENHA MOTTA; PICANÇO, MARCELO COUTINHO;
ZANUNCIO, JOSE COLA; BACCI, LEANDRO; SILVA, EM. Impact of integrated pest
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tomato. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 204-208, 2005.
REIS, PR; SOUZA, JC; MALTA, AWO. Eficiência de inseticidas para o controle da
broca-pequena, Neoleucinodes elegantalis (Guenée, 1854) (Lepidoptera Pyralidae), do fruto do tomateiro, Lycopersicon esculentum Mill. Anais da
Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v. 18, n. 1, p. 131-144, 1989.
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TOLEDO, AA. Contribuição para o estudo da Neoleucinodes elegantalis (Guenée,
1854), praga do tomate. O Biológico, São Paulo, v. 14, p. 103-108, 1948.
AGRADECIMENTOS
CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.
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TOXICIDADE DE TRÊS ÓLEOS ESSENCIAIS AO CORUQUERÊ-DA-COUVE E À
FORMIGA PREDADORA Solenopsis saevissima
Elizeu de Sá Farias, Mayara Cristina Lopes - Graduandos em Agronomia,
UFV.
Jorgiane da Silva Benevenute - Graduada em Agronomia, Mestrando em
Fitotecnia, UFV.
Rogério Machado Pereira - Graduado em Agronomia, Mestrando em
Entomologia, UFV.
Marcelo Coutinho Picanço - Doutorado em Fitotecnia, Professor Associado,
UFV.
Leandro Bacci - Doutorado em Fitotecnia, Professor Adjunto, UFS.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Coruquerê-da-couve; Seletividade; Óleos essenciais.
INTRODUÇÃO
As brássicas constituem a família mais numerosa em termos de espécies
oleráceas, totalizando quatorze hortaliças, incluindo o repolho, a couve-flor, a couvecomum, o brócolis e a mostarda. O curuquerê-da-couve, Ascia monuste orseis
(GODART) (Lepidoptera: Pieridae), constitui uma das pragas-chave dessas culturas,
provocando perdas causadas pela desfolha (PICANÇO & MARQUINI, 1999;
PICANÇO et al., 2000). O controle dessa praga é realizado basicamente por
aplicações de inseticidas sintéticos (PICANÇO & MARQUINI, 1999; PICANÇO et al.,
2000). Alguns desses produtos podem reduzir as populações de inimigos naturais
dessa praga e sob uso contínuo, podem levar ao surgimento de resistência de
populações do coruquerê. Dessa forma, é necessária a busca por novos compostos
que sejam mais seletivos para o coruquerê-da-couve e que causem menor impacto
sobre os predadores e outros organismos úteis. Nos últimos anos, trabalhos vêm
sendo realizados com óleos essenciais extraídos de plantas e esses compostos tem
mostrado potencial no controle de pragas. Assim, o objetivo desse trabalho foi
avaliar a atividade inseticida de óleos essenciais de Pogostemon cablin, Lippia
sidoides e Lippia gracilles sobre o coruquerê-da-couve e seu impacto sobre a
formiga predadora Solenopsis saevissima.
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da
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Universidade Federal de Viçosa (MIP-UFV), MG. Foi testada a toxicidade dos óleos
essenciais das plantas Pogostemon cablin, Lippia sidoides e Lippia gracilles ao
coruquerê-da-couve (Ascia monustes orseis) e à formiga predadora Solenopsis
saevissima. Na montagem dos bioensaios, utilizaram-se lagartas de segundo ínstar
de coruquerê obtidas de criações mantidas no próprio laboratório e adultos de
Solenopsis saevissima coletados no campus da UFV. Os óleos foram diluídos a uma
dose de 10 mg g-1 do inseto usando acetona como solvente. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Cada unidade
experimental foi constituída de um pote plástico contendo dez insetos. Em cada pote
foi colocado um pedaço de couve para a alimentação das lagartas. Para alimentação
das formigas, foi adicionado um pequeno pedaço de algodão umedecido e um
recipiente contendo uma mistura de açúcar refinado e mel (4:1). Os bioensaios
foram conduzidos por aplicação tópica. Foi aplicado 0,5 μL do óleo sobre cada inseto
usando microsseringa Hamilton. O controle foi realizado aplicando-se 0,5 μL do
solvente acetona sobre cada inseto. Os potes foram mantidos à temperatura de 25 ±
0,5°C, umidade relativa do ar de 75 ± 5% e fotoperíodo de 12 horas. A mortalidade
dos insetos foi avaliada 48 horas após a montagem dos bioensaios. Foram
considerados mortos os insetos sem coordenação motora. Os dados coletados
foram submetidos à Análise de Variância e as médias foram comparadas pelo teste
Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O óleo de Pogostemonon cablin causou maior mortalidade (96,67%) de Ascia
monustes 48 horas após a montagem dos bioensaios. O óleo de Lippia gracilles
mostrou toxicidade intermediária, enquanto que a mortalidade causada pelo óleo de
Lippia sidoides não diferiu da causada pelo Controle. Para Solenopsis saevissima, a
mortalidade causada pelos óleos de Pogostemonon cablin, Lippia gracilles e Lippia
sidoides não diferiu do Controle 48 horas após a montagem dos bioensaios.
Portanto, os resultados desse trabalho mostram o potencial do óleo essencial de
Pogostemonon cablin no controle de Ascia monustes orseis, por sua elevada
toxicidade a este inseto e pelo seu baixo impacto sobre o predador Solenopsis
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saevissima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo podem contribuir para a redução no uso de
inseticidas sintéticos, pois demonstram boas possibilidades da utilização do óleo
essencial de Pogostemonon cablin como alternativa de controle do coruquerê-dacouve.
REFERÊNCIAS
PICANÇO, Marcelo Coutinho; GUSMÃO, Marcos Rafael; GALVAN, Tederson Luiz.
Manejo integrado de pragas de hortaliças. In: ZAMBOLIM, Laércio. Et al. Manejo
integrado de doenças, pragas e ervas daninhas. Viçosa, MG: UFV, 2000. v. 2, p.
275-324.
PICANÇO, Marcelo Coutinho; MARQUINI, Flávio. Manejo integrado de pragas de
hortaliças em ambiente protegido. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 20, n.
200/201, p. 126-133, 1999.
AGRADECIMENTOS
A CAPES, FAPEMIG e ao CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.
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CONTROLE NATURAL DOS PULGÕES-DA-COUVE NA ÉPOCA CHUVOSA
Rodrigo Soares Ramos, Izailda Barbosa do Santos, Obiratanea da Silva
Queiroz, João Rafael Silva Soares – Graduandos em Agronomia na Universidade
Federal de Viçosa
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia pela UFV, Professor associado da UFV
Elisangela Gomes Fidelis de Morais – Graduanda em Agronomia, Mestre e
Doutora em Entomologia pela UFV.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Pulgões, Syrphidae, Coccinellidae, chuva
INTRODUÇÃO
O pulgão Brevicoryne brassicae L. (Hemiptera: Aphididae) é uma praga
importante do repolho (Brassica oleracea var. capitata). Os danos causados por este
inseto são sucção de seiva, introdução de toxinas e transmissão de viroses
(BLACKMAN & EASTOP, 2000; COLLIER & FINCH, 2007). Dentre os principais
inimigos naturais do B. brassicae estão os fungos entomopatogênicos da ordem
Entomophthorales e a espécie Lecanicillium lecanii (Ascomycota: Hypocreales)
(SCORSETTI et al., 2007; VU et al., 2007). Os principais predadores são os
Coleoptera da família Coccinellidae e as larvas de Diptera da família Syrphidae e
Cecidomyiidae (DEVI et al., 1996; DEBARAJ & SINGH, 1998; NIETO et al., 2006;
OBRYCKI et al., 2009). Já os principais parasitóides pertencentem a ordem
Hymenoptera, principalmente das famílias Braconidae e Aphelinidae (GEIGER et al.,
2005; POWELL & PELL, 2007). Assim, para a elaboração de programas mais
eficientes de manejo integrado de pragas, estudos de fatores que regulam a
dinâmica populacional de herbívoros em cultivos agrícolas devem ser realizados.
Desta forma, objetivou-se neste trabalho determinar os estádios críticos de
mortalidade e os fatores chave de mortalidade deste inseto por meio de tabelas de
vida ecológicas na época chuvosa.
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado em cultivos de repolho Brassica oleracea var.
capitata na Área Experimental da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Os
pulgões utilizados nos experimentos foram obtidos da criação mantida no
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Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFV. O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado com 10 repetições. Cada parcela foi constituída de duas
plantas de repolho com cerca de 20 dias após o transplante. Ao longo de todo o dia
estas plantas foram observadas para a identificação dos fatores de mortalidade. Os
pulgões foram contados imediatamente após a ocorrência de chuvas e aqueles que
desapareceram neste período ou morriam cobertos pela lama foram considerados
como mortos por este fator. As mortalidades por parasitismo foram avaliadas por
meio da contagem de múmias com aspecto liso, brilhante e inchado. As
mortalidades causadas por infecção de fungos foi avaliada por meio da contagem de
múmias cobertas por micélio ou pulgões com coloração rósea. Os pulgões que
desapareceram nas plantas protegidas das chuvas e dos inimigos naturais foram
considerados como mortos por distúrbios fisiológicos do inseto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A mortalidade média de todo ciclo de vida de B. brassicae foi de 92,39%. As
mortalidades causadas por distúrbios fisiológicos e chuvas do inseto ocorreram em
todos os ínstares ninfais de B. brassicae. A predação por larvas de Coccinellidae foi
verificada no 1º, 2º, 3º e 5º ínstar ninfal. Enquanto que a predação por larvas de
Syrphidae foi verificada no 5º ínstar e no estádio adulto. A predação por larvas de
Aphidoletes sp. foi verificada no 5º ínstar e por aranhas no 4º e 5º ínstar e no estádio
adulto. As mortalidades parciais nos 3º, 4º e 5° ínstares tiveram correlação de
Pearson com a mortalidade total no estádio ninfal. Os predadores que causaram
mortalidade às ninfas de 5º ínstar de B. brassicae foram larvas de Syrphidae, larvas
de Coccinellidae, larvas de Aphidoletes sp. e aranhas. O fator chave de mortalidade
de ninfas de 5º ínstar de B. brassicae foi predação, seguido por parasitismo e
chuvas, distúrbios fisiológicos do inseto e fungos Entomophthorales. A população do
pulgão B. brassicae é regulada por fatores bióticos e abióticos. As chuvas causaram
mortalidades significativas nesta espécie de pulgão. O parasitismo consiste no
segundo fator de mortalidade mais importante para B. brassicae. O fato das
espécies de pulgões do repolho apresentar diferentes estádios críticos de
mortalidade implica na adoção de métodos de controle em momentos diferentes do
ciclo de vida destes insetos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Táticas e estratégias de manejo devem ser adotas, a fim de maximizar ou
complementar a ação dos agentes de mortalidade natural no campo.
REFERÊNCIAS
BLACKMAN, R. L.; EASTOP, V. F. Aphids on the World’s Crops: An
Identification and Information Guide. Chichester: Wiley. 2000. 466p.
COLLIER, R. H.; FINCH, S. IPM Case Studies: Brassicas. In: H. F. Van Emden;
Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests London: CABI Publishing, 2007,
p.549-560
DEBARAJ, Y.; SINGH, T. K. Studies on some aspects of prey-predator
interaction with reference to cabbage aphid, Brevicoryne brassicae (Linnaeus)
and its predatory insects. Journal of Advanced Zoology, v.19, n.1, p.50-54. 1998.
DEVI, P. B.; DEVI, L. C.; Varatharajan, R.; Singh, T. K. On the density and
composition of natural enemies of cabbage infesting aphids from Manipur.
Journal of Advanced Zoology, v.17, n.2, p.74-78. 1996.
GEIGER, F.; BIANCHI, F.; WACKERS, F. L. Winter ecology of the cabbage aphid
Brevicoryne brassicae (L.) (Homo., Aphididae) and its parasitoid Diaeretiella
rapae (McIntosh) (Hym., Braconidae: Aphidiidae). Journal of Applied Entomology,
v.129, n.9-10, p.563-566. 2005.
NIETO, D. J.; SHENNAN, C.; SETTLE, W. H.; O'MALLEY, R.; BROS, S.; HONDA, J.
Y. How natural enemies and cabbage aphid (Brevicoryne brassicae L.)
population dynamics affect organic broccoli harvest. Environmental Entomology,
v.35, n.1, p.94-101. 2006.
OBRYCKI, J. J.; HARWOOD, J. D.; KRING, T. J.; O'NEIL, R. J. Aphidophagy by
Coccinellidae: Application of biological control in agroecosystems. Biological
Control, v.51, n.2, p.244-254. 2009.
POWELL, G.; MANIAR, S. P.; PICKETT, J. A.; HARDIE, J. Aphid responses to
non-host epicuticular lipids. Entomologia Experimentalis et Applicata v.91, p.115123. 1999.
SCORSETTI, A. C.; HUMBER, R. A.; GARCIA, J. J.; LASTRA, C. C. L. Natural
occurrence of entomopathogenic fungi (Zygomycetes: Entomophthorales) of
aphid (Hemiptera: Aphididae) pests of horticultural crops in Argentina.
Biocontrol, v.52, n.5, p.641-655. 2007.
VU, V. H.; IL HONG, S.; KIM, K. Selection of entomopathogenic fungi for aphid
control. Journal of Bioscience and Bioengineering, v.104, n.6, p.498-505. 2007.
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AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.
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INVESTIGAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE PUPAÇÃO DE TUTA ABSOLUTA EM
SOLO COM E SEM COBERTURA MORTA
Izailda Barbosa dos Santos, Reginaldo Castro de Souza Júnior, Thadeu Carlos de
Souza, Mayara Cristina Lopes – Graduandos em Agronomia na UFV.
Tarcisio Visintim da Silva Galdino – Graduado em Agronomia, mestre em
Entomologia, doutorando em Fitotecnia na UFV.
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia, Professor associado no Departamento de Entomologia da UFV.
[email protected]
PALAVRAS – CHAVE: tomate; comportamento e manejo de pragas.
INTRODUÇÃO
O cultivo de tomate é um dos principais destaques do setor de hortaliças. Em
2011 foi plantada no Brasil cerca de 650 mil ha de tomate (IBGE 2011). Um dos
problemas mundiais enfrentados no cultivo do tomate é o ataque de insetos pragas.
Neste contexto, a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae) é a principal praga desta cultura. “Suas larvas atacam as folhas, caule,
flores e frutos do tomateiro podendo ocasionar perdas na produtividade de até
100%” (SILVA et al., 2011). Atualmente a utilização de inseticidas químicos é o
principal método de controle desta praga. Entretanto, o uso inadequado destes
produtos pode causar efeitos deletérios sobre os inimigos naturais que regulam a
densidade populacional de pragas (PICANÇO et al., 2007). Associado a isso, está o
crescimento da agricultura orgânica, onde cada vez mais aumenta a necessidade de
pesquisas voltada para práticas de controle biológico das pragas. Dessa forma,
estudos que investiguem o comportamento da T. absoluta nos seus diferentes
estágios de desenvolvimento é de fundamental importância para elaborar práticas
alternativas ao seu manejo. Sendo assim, neste trabalho foi objetivado o estudo do
comportamento de pupação de T. absoluta com o intuito de gerar informações que
permitam o uso associativo de diferentes táticas no controle desta importante praga.
METODOLOGIA
Os insetos utilizados foram coletados em lavouras comerciais de tomate em
Viçosa, MG. Com estes insetos foi estabelecida criação em laboratório conforme
Galdino et al., (2011). As plantas utilizadas foram cultivadas em casa de vegetação,
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sem o uso de pesticidas. Para verificar o efeito de cobertura morta na pupação
foram utilizadas bandejas plásticas (40 por 60 cm). Dois terços desta bandeja foram
preenchidos com areia. Em metade desta bandeja foram colocados restos vegetais,
que incluíam folhas de tomate em decomposição e de algumas plantas daninhas,
ficando a outra metade apenas com areia. Para o centro de cada bandeja foram
transferidas dez lagartas de T. absoluta no final do quarto instar, que são
diferenciadas das demais por apresentarem coloração rósea. A profundidade de
polpação foi medida utilizando potes plásticos translúcidos com capacidade de 11
cm de diâmetro e 11 cm de altura. Dentro destes foi colocado areia até a altura de
oito cm. No centro de cada pote, na superfície da areia, foram adicionadas cinco
lagartas no final de quarto instar. Para a avaliação, foi feita inicialmente uma
marcação no nível da areia do lado externo do pote. Retiraram-se então camadas
finas do solo com auxilio de uma espátula. Essa porção de solo retirada foi colocada
em bandejas brancas para observar a presença de pupas. Ao encontrar as pupas
media-se a profundidade onde esta se encontrava. Os experimentos foram
acondicionados à temperatura de 25° ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 5% e foto fase
de 12 horas. Em ambos, foram montadas 30 repetições e a avaliação ocorreu após
três dias de montagem. Ajustou-se curva de regressão do número de pupas em
função da profundidade a p<0.05. A curva escolhida foi a mais simples que se
ajustou aos dados biológicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O maior número de pupas ocorreu a 1,3 mm de profundidade e decresceu até
cerca de 6 mm. Entre seis e 12 mm o número de pupas foi baixa e constante. A
partir de 12 mm de profundidade não foram encontradas pupas de T. absoluta. A
pupação de T. absoluta ocorreu na camada superficial do solo, provavelmente,
devido a esta localização possibilitar a maior taxa de emergência dos adultos (
HULTHEN & CLARKE, 2006). Ocorreu maior pupação de T. absoluta em solo com
cobertura morta. Isso se deu possivelmente pela cobertura morta apresentar
proteção contra a dessecação (HULTHEN & CLARKE, 2006) e inimigos naturais
(HOU et al., 2006). A polpação de T. absoluta na camada superficial e
principalmente em solos com cobertura morta é importante no planejamento de
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estratégias e táticas de seu manejo. Uma prática que pode ser usada no manejo
desta praga está o revolvimento do solo e a retirada de resíduos vegetais. Para
redução das infestações de T. absoluta em novos cultivos deve-se realizar rotação
de culturas, incorporação dos restos culturais e tratamento dos tutores, pois esta
praga empupa na planta e no tutor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pupação de T. absoluta ocorre na camada superficial do solo principalmente
quando há cobertura morta.
AGRADECIMENTOS
Capes, CNPq e Fapemig pelas bolsas e recursos concedidos.
REFERÊNCIAS
GALDINO,Tarcísio Visintim da Silva; PICANÇO, Marcelo Coutinho; MORAIS,
Elisangela Gomes Fidelis ; SILVA, Nilson Rodrigues; SILVA, Geverson Aelton
Resende e LOPES, Mayara Cristina. Bioassay method for toxicity studies of
insecticide formulations to Tuta absoluta (Meyrick, 1917). Ciência e Agrotecnologia,
v.35, p.869-877. 2011.
HOU, Baidong; XIE,Li Ping ; ZHANG, Rush. Depth of pupation and survival of the
Oriental fruit fly, Bactrocera dorsalis (Diptera: Tephritidae) pupae at selected soil
moistures. Applied Entomology and Zoology, v.41, n.3, p.515-520. 2006.
HULTHEN, Andrew & CLARKE, Anthony The influence of soil type and moisture on
pupal survival of Bactrocera tryoni (Froggatt) (Diptera: Tephritidae). Australian
Journal of Entomology, v.45, n.1, p.16-19. 2006.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
http//<www.ibge.gov.br> acesso em 25. ago. 2012
Estatística
-
disponível
em
PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; CRESPO, André Luiz Barreto ;
MIRANDA Moacyr Mascarenhas Motta ; MARTINS, Júlio Claúdio . Effect of
integrated pest management practices on tomato production and conservation of
natural enemies. Agricultural
SILVA, Gerson Adriano; PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; CRESPO,
André Luiz Barreto ; ROSADO, Jander Fagundes; GUEDES, Raul Narcisio Carvalho
Control failure likelihood and spatial dependence insecticide resistance in the tomato
pinworm, Tuta absoluta. Pest Management Science, v.67, n.8, p.913-920.
2011
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IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA CULTURA DO
PEPINO
Reginaldo Castro de Souza Júnior, Elizeu de Sá Farias, Dalton de Oliveira
Ferreira, Thadeu Carlos de Souza – Graduandos em Agronomia pela Universidade
Federal de Viçosa
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia. Professor do curso de Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa
Tarcísio Visintin da Silva Galdino – Graduado em Agronomia, Mestre em
Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Cucumis sativus; controle biológico; Manejo Integrado de
Pragas.
INTRODUÇÃO
Para o planejamento de estratégias e táticas de manejo integrado de pragas é
necessário conhecer a biologia das pragas e de seus inimigos naturais. Isto
possibilita a descrição dos danos causados pelas pragas as culturas, verificação dos
estádios da cultura mais atacados pelas pragas e quais inimigos naturais são
capazes de regular a população de pragas. Os insetos sugadores estão entre as
principais pragas do mundo. Estas espécies pragas podem atacar tanto a parte
aérea das plantas como seu sistema radicular. Além dos danos diretos, este grupo
de insetos são os principais transmissores de viroses em plantas. A mosca branca,
por exemplo, pode inviabilizar o cultivo e causar 100% de perdas na produção.
Apesar da importância deste grupo de praga no cultivo do pepino são poucos
os relatos, sobretudo no Brasil, dos inimigos naturais que podem controlar insetos
sugadores no campo. Assim neste trabalho nós tivemos por objetivo estudar as
intensidades de ataque dos insetos sugadores no cultivo de pepino e determinar os
inimigos naturais associados a estes insetos.
METODOLOGIA
Este trabalho foi conduzido na Área Experimental do Laboratório de Manejo
Integrado de Pragas do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de
Viçosa, localizada no município de Viçosa, MG. O solo do local de instalação do
experimento foi arado, gradeado sendo preparados sulcos para o plantio. As mudas
utilizadas foram produzidas em bandejas plásticas contendo 200 células (2,6 x 5,5
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cm) e cultivadas em estufas conforme Sousa et al. (1997). A área experimental foi
subdivida em quatro repetições. Cada repetição foi constituída por 30 plantas em
três fileiras de seis metros de comprimento. O espaçamento utilizado foi de 1,0 x 0,6
m. “Durante a experimentação realizaram-se, diariamente, irrigação da cultura por
gotejamento. Durante o ciclo da cultura realizaram-se as operações normais de
cultivo” (BALBINO et al. 2002). “A adubação foi realizada conforme a recomendação
da Comissão de Fertilidade de Solo do estado de MG (CFSEMG)” (Ribeiro et al.
1999). Durante o cultivo semanalmente avaliaram-se por contagem direta nas
plantas da parcela as densidades dos insetos sugadores e seus predadores. Os
indivíduos presentes foram coletados, separados em morfoespécies, montados e
enviados a Sistematas especialistas para sua identificação. Foi identificado o estádio
fenológico das plantas. Foram calculadas as densidades (médias e erros padrões)
de cada espécie nos estádios vegetativo e reprodutivo do cultivo de pepino. Foram
realizadas correlações de Pearson entre as densidades das pragas e seus
predadores a p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os insetos sugadores observados atacando à cultura do pepino foram
Frankliniella sp. (Thysanoptera: Thripidae), Thrips sp. (Thysanoptera: Thripidae),
Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae), Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae),
Circulifer sp. (Hemiptera: Cicadellidae) e Empoasca sp. (Hemiptera: Cicadellidae).
As espécies mais abundantes foram os tripes Frankliniella sp. e Thrips sp. na fase
vegetativa e Frankliniella sp. na fase reprodutiva da cultura do pepino. A densidade
populacional de Bemisia tabaci não variou entre as fases. Já as demais pragas
ocorreram em maior quantidade na fase vegetativa. “O maior ataque das pragas na
fase vegetativa ocorreu, possivelmente, devido à maior quantidade de aminoácidos
livres na seiva neste estádio fenológico” (TAIZ & ZEIGER 1991). Este resultado
também nos indica que neste estádio da cultura do pepino é onde os insetos
sugadores podem causar maiores problemas à cultura. A maior diversidade de
predadores ocorreu no estádio vegetativo. Neste estádio, o predador mais
abundante foi Chrysoperla sp. (Neuroptera: Chrysopidae). Também foram
observados
os
predadores
Ocyptamus
anthiphates
(Diptera:
Syrphidae),
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Cecidomyiidae, Orius sp. (Hemiptera: Anthocoridae) e Cycloneda sanguinea
(Coleoptera: Coccinellidae). Já no estádio reprodutivo Chrysoperla sp e O.
anthiphates foram os predadores mais abundantes seguidos pelas aranhas. Nós
observamos correlações positivas e significativas (p<0,05) entre as densidades de
Frankliniella sp com as densidades de Chrysoperla sp., B. tabaci com Orius sp. e
Circulifer sp. com Cecidomyiidae e C. Sanguinea. As correlações significativas
indicam que os predadores mais abundantes respondem ao aumento da população
de praga. Segundo Greenberg et al., (2009) “a relação entre Frankliniella sp e
Chrysoperla sp confirma os resultados obtidos em laboratório”. Isto demonstra que
Chrysoperla sp. é um importante predador de Thrips sp. Segundo Leite et al,. (2006),
Mexia et al., (2004) e Down et al., (2009) “a relação entre Bemisia tabaci e o
percevejo Orius sp é mais comum”. Os percevejos da família Anthocoridae são
importantes predadores de diversas pragas, principalmente insetos pequenos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto este trabalho demonstra que o estádio vegetativo do desenvolvimento
da cultura do pepino é mais suscetível ao ataque de insetos sugadores. Além disso,
os inimigos naturais mais abundantes estão associados a estes insetos.
REFERÊNCIAS
BALBINO, José Mauro de Sousa; COSTA, Helcio; FORNAZIER, Maurício José;
PREZOTTI, Luiz.Carlos.; SOUZA, Jacimar Luis. Cultura do pepino salada. Vitória,
ES: EMCAPA. 34p. , 1990.
DOWN, Rachael, CUTHBERTSON, Andrew. G. S, MATHERS, James. J, WALTERS,
Keith F. A. Dissemination of the entomopathogenic fungi, Lecanicillium longisporum
and L. muscarium, by the predatory bug, Orius laevigatus, to provide concurrent
control of Myzus persicae, Frankliniella occidentalis and Bemisia tabaci. Biological
Control. v.50, n.2, p.172-178, 2009.
GREENBERG, Shoil M.; LIU, TONG-XIAN; ADAMCZYK, John.J. Thrips
(Thysanoptera: Thripidae) on Cotton in the Lower Rio Grande Valley of Texas:
Species Composition, Seasonal Abundance, Damage, and Contro. Southwestern
Entomologist. v.34, n.4, p.417-430, 2009.
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LEITE, Germano Leão Demolin.; PICANÇO, Marcelo Coutino.; GUEDES, Raul
Narciso; ECOLE, Carvalho Carlos. Factors affecting the attack rate of Bemisia tabaci
on cucumber. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.41, n.8, p.1241-1245, 2006.
MEXIA, Antônio.; FIGUEIREDO, Elisabete.; GODINHO, Maria Céu. Natural control
against pests on vegetables in Portugal: important species and their role. Bulletin
OILB/SROP, v.27, n.6, p.1-8, 2004.
RIBEIRO, Antônio Carlos et al. (Ed.) Recomendações para o uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359 p.
SOUSA, João Alencar; LEDO, Francisco José Silva.; SILVA, Marcos Rocha
Produção de mudas de hortaliças em recipientes. Embrapa Acre, 1997. 20p.
TAIZ, Lincoln.; ZEIGER, Eduardo. Plant physiology.
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Califórnia:
The
AGRADECIMENTOS
CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.
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FALHA NO CONTROLE DE TRAÇA DO TOMATEIRO NO CERRADO
BRASILEIRO
Thadeu Carlos de Souza, Reginaldo Castro de Souza júnior, Dalton de Oliveira
Ferreira – Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de Viçosa
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia pela UFV, Professor associado da UFV.
Gerson Adriano Silva – Graduado em Agronomia, Mestre Entomologia e
Doutorando em Entomologia pela UFV.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Tuta absoluta; Solanum lycopersicum; inseticidas neurotóxicos
INTRODUÇÃO
Em consequência do surgimento de populações resistente a inseticidas, os
produtores substituem,fazem misturas e aumentam as doses pesticidas por conta
própria, mas nem sempre são eficientes no controle da praga. Esse problema ocorre
na cultura do tomateiro Solanum lycopersicum. A traça do tomateiro Tuta absoluta
(Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) é a mais importante desta cultura. A larva
dessa praga consome o mesófilo foliar, os ponteiros, os botões florais, as flores e
frutos do tomateiro, reduzindo a produtividade. Considerando a importância desta
cultura para o país e a grande quantidade de inseticidas aplicados para controlar T.
absoluta, ainda são poucos os trabalhos que detectam e monitora as populações
resistentes desta praga no Brasil. Portanto para aumentar estas informações, o
objetivo desse trabalho foi identificar as possíveis falhas no controle de população
de T. absolutas no cerrado brasileiro.
METODOLOGIA
Foram utilizadas duas populações de Tuta absoluta, coletadas em duas
cidades do cerrado (Goianápolis-GO e Uberlândia-MG ). Essas populações foram
levadas para o Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal
de Viçosa para estabelecer a criação. Na alimentação das larvas foram utilizadas
folhas de tomateiro do cultivar santa clara cultivados em casa de vegetação sem
aplicação de inseticidas (SILVA et al., 2011). Nos testes toxicológicos foram
utilizados dez inseticidas, sendo seis neurotóxicos e quatro de ação lenta. Dentre
esses, três eram reguladores de crescimento e a base de Bacillus thuringiensis. O
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experimento foi conduzido DIC com quatro repetições. As unidades experimentais
constituíram-se de folíolos de tomate do cultivar Santa Clara. Para os inseticidas
neurotóxicos essas folhas foram emersas em concentrações de cada inseticida
(diluídos em água) e em água (testemunha). Em todos os tratamentos foram
utilizado 0,2 μL/mL espalhante adesivo N-dodecilbenzeno sulfonato de sódio 320
CE. Após a imersão, as folhas foram secadas a sombra; após a secagem, foram
acondicionadas em placas de Petri (9 cm de diâmetro x 2 cm de altura). Em cada
placa foram colocadas 10 lagartas de 3º ínstar. Já para os reguladores de
crescimento e Bacillus thuringiensis, cada parcela experimental foi constituída por
garrafa Pet de 2 litros contendo folha de tomate com 20 lagartas de 2º instar. Tanto
as garrafas Pet quando as placas de petri foram acondicionadas em estufas
incubadoras a 25 ± 0,5ºC e fotoperiodo de 12 horas. Após 48 horas da transferência
foi avaliada a mortalidade dos insetos nas placas de petri e sete dias depois da
transferência os das garrafas Pet. Em ambos os ensaios, utilizaram-se várias
concentrações de cada inseticida de forma a obterem-se mortalidades do inseto
entre 0 e 100%. Os dados de mortalidade foram corrigidos em relação à mortalidade
ocorrida na testemunha usando-se a fórmula de Abbott (1925) e submetidas à
análise de próbite com p>0,05 para determinação das curvas concentração de
mortalidade para cada inseticida e população (FINNEY, 1971). Foram estimadas as
mortalidades causadas pelas concentrações recomendadas usando-se as curvas
concentração-mortalidade de cada inseticida. Foram calculados os intervalos
fiduciais da CL80. Esse procedimento foi feito devido ao valor de 80% ser a
mortalidade mínima exigida para registro de uso de inseticida no Ministério da
Agricultura e Pecuária do Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A dose recomendada pelo fabricante dos inseticidas abamectina, espinosade,
deltametrina + triazofós e teflubenzurom apresentaram mortalidade acima de 80%
para população de Uberlândia. Os demais tiveram mortalidade abaixo de 80%
mostrando falha no controle da população de insetos. Os inseticidas bifentrina,
abamectina, espinosade e indoxocarbe apresentaram mortalidade acima de 90%
dos indivíduos da população de Goianápolis. Também nesta população, todos os
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inseticidas de ação lenta e o neurotóxico permetrina apresentaram mortalidade
abaixo de 80%. Resultado que mostra falha no controle nessa população por esses
inseticidas. Inseticidas neurotóxicos e os de ação lenta apresentaram falha no
controle das populações de T. absoluta no cerrado brasileiro. Essa falha pode ser
devido à resistência dos insetos aos inseticidas. Assim, é provável que as falhas de
controle encontradas neste trabalho sejam, realmente, devido à resitência das
populações aos inseticidas. O inseticida a base de B. thuringiensis apresentou baixa
eficiência em ambas as populações de T. absoluta. Isto ocorre, possivelmente,
devido às lagartas de T. absoluta ingerirem pequenas concentrações do inseticida
biológico. Algumas práticas do MIP como: amostragem, controle baseado nos níveis
de dano, rotação de produtos químicos com sítios de ação diferentes, pulverizações
visando às fases mais vulneráveis da praga podem melhorar a eficiência destes
produtos e reduzir a resistência à inseticidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, podemos concluir que ocorreram falhas de controle de T. absoluta no
cerrado brasileiro, usando os inseticidas neurotóxicos e tambem os de ação lenta.
Os neurotoxicos foram: bifentrina, permetrina e indoxicarbe. Os de ação lenta foram:
diflubenzurom, teblubenzurom, triflumurom e o biologico Bacillus thuringiensis.
Agradecemos ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.
REFERÊNCIAS
ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal
of Economic Entomology, College Park, v. 18, p. 265-266, 1925.
FINNEY David John. Probit analysis. 3ed. London: Cambridge University, 333p,
1971.
SILVA Gerson Adriano; PICANÇO Marcelo Coutinho; BACCI Leandro; CRESPO
André Luis; ROSADO Jander Fagundes; GUEDES Raul Narciso.. Control failure
likelihood and spatial dependence of insecticide resistance in the tomato pinworm,
Tuta absoluta. Pest Management Science. 67: n/a. doi: 10.1002/ps.2131. 2011
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EFEITO DA INTERAÇÃO ENTRE ENDOSSULFAN E GLYPHOSATE NA
MORTALIDADE DE CEROTOMA ARCUATUS
Mirian Filgueira Pimentel, Geverson Aelton Rezende Silva e Paulo Antônio
Santana Junior - Graduandos em Agronomia na UFV.
Tarcísio Visintin da Silva Galdino - Graduado em agronomia. Mestre em
Entomologia e Doutorando em Fitotecnia na UFV.
Jardel Lopes Pereira - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em Fitotecnia na
UFV, Supervisor de Pesquisa Du Pont do Brasil, Divisão Pioneer Sementes.
Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia na UFV. Professor associado do Departamento de entomologia da UFV.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Soja RR; insetos-praga; Manejo Integrado de Pragas.
INTRODUÇÃO
A soja é uma cultura de destaque no mercado mundial pela sua grande
importância econômica. “Brasil é o segundo maior produtor mundial chegando a 75,0
milhões de toneladas” (IBGE-2011). “Para o manejo dos cultivos de soja
convencional é comumente utilizado o herbicida glyphosate, que é aplicado apenas
no pré-plantio como dessecante de ervas daninhas” (PETTER et al., 2007). No
entanto, nos cultivos de variedades de soja transgênicas resistentes a este herbicida
(soja RR) são feitas até três aplicações do glyphosate. “Frequentemente as
aplicações de glyphosate no cultivo da soja RR ocorrem de maneira conjunta a um
inseticida no intuito de diminuir os custos advindos do processo de aplicação, sendo
o endosulfan um inseticida ainda muito utilizado nesta cultura” (PETTER et al., 2007;
PEREIRA et al., 2008; BAUR et al., 2010). Este inseticida é utilizado nesta cultura
principalmente para o controle de Cerotoma arcuatus. No entanto misturas de calda
em tanque de pulverização podem reduzir o efeito das moléculas envolvidas. Desta
forma, nós objetivamos neste trabalho determinar o efeito do glyphosate e
endossulfan na mortalidade de C. arcuatus, bem como o efeito da interação entre os
dois agroquimícos.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido no laboratório de Manejo Integrado de Pragas da
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. Os adultos de Cerotoma arcuatus
utilizadas nos bioensaios foram coletados em cultura de soja, sem aplicação de
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pesticidas, na Estação Experimental da UFV em Coimbra. Os tratamentos aplicados
foram: 1 - glifosato; 2 - endosulfan, 3 - mistura glifosato + endosulfan nas
concentrações recomendadas pelo ministério da agricultura. Uma testemunha foi
montada somente com água para o cálculo da mortalidade corrigida. Folíolos de soja
foram imersos em solução dos pesticidas e colocadas em placas de Petri (9 cm de
diâmetro x 2 cm de altura). Após a secagem dos folíolos, dez insetos adultos foram
transferidos para cada placa de Petri. O delineamento foi inteiramente casualizado
com seis repetições para cada tratamento, além de um tratamento controle
utilizando-se apenas água destilada. Os insetos foram mantidos sob temperatura
controlada (25 ± 1 ° C), umidade relativa (75 ± 5%), e fotoperíodo (12:12 L: D). As
avaliações de mortalidade foram realizadas em períodos de 1, 3, 5, 6, 12, 18, 24, 36
e 48 horas após a montagem do bioensaio. Durante as avaliações os insetos foram
considerados mortos quando eram incapazes de se movimentar. Ajustou-se curvas
de mortalidade corrigida pelo tempo a p<0,05, a curva escolhida foi a de equação
mais simples possível e que se ajustava aos dados biológicos.
RESULTADOS
Nos bioensaios laboratoriais de toxicidade com adultos de C. arcuatus não
houve diferença entre os tratamentos endosulfan e a mistura endosulfan +
glyphosate, sendo representados por apenas uma curva, ambos atingindo 80% de
mortalidade com seis horas de exposição e 100% de mortalidade em um período de
12 horas de exposição. No entanto, a mortalidade no tratamento apenas com
glyphosate foi de 58% após o período de 48 horas diferindo significativamente dos
tratamentos anteriores. Tais informações são fundamentais para o desenvolvimento
dos programas de Manejo Integrado de Pragas, os quais são determinantes para
reverter o quadro de aumento do uso de pesticidas e dos problemas ocasionados
por insetos-praga nos últimos anos na cultura da soja. Nossos resultados
demonstraram que o glyphosate causou toxicidade moderada a C. arcuatus e o
inseticida endosulfan mostrou alta toxicidade. Outros fatores importantes a serem
observados é que o glyphosate não apresentou sinergia, no entanto também não
demonstrou incompatibilidade com o inseticida endosulfan, podendo assim ser
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utilizado em mistura mantendo a eficiência do inseticida e diminuindo os custos de
aplicação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação da mistura entre glyphosate e endosulfan não altera o efeito do
endosulfan e pode diminuir os custos de aplicação.
REFERÊNCIAS
BAUR, Matthew; SOSA-GOMEZ, Daniel Ricardo; OTTEA, James; LEONARD,
Rogers; CORSO, Ivan; DA SILVA, Jovenil José; TEMPLE, Joshua; David BOETHEL;
Susceptibilidade a inseticidas utilizados para o controle de Piezodorus guildinii
(Heteroptera: Pentatomidae) nos Estados Unidos e no Brasil. J. Econ. Entomol.
103, 869-876. 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
http//<www.ibge.gov.br> acesso em 29.ago.2012.
Estatística
-
disponível
em
PEREIRA, Jardel Lopes; SILVA, Antônio Alberto; PICANÇO, Marcelo Coutinho;
BARROS, Emerson Cristi; JAKELAITIS, Adriano. Efeitos de herbicida e inseticida em
interação entomofauna do solo sob cultivo de milho. Jornal de Ciências
Ambientais e Saúde Parte B, pesticidas, alimentos, contaminantes e resíduos
agrícolas, v.40, n.1, p.55-58. 2005.
PETTER, Fabiano André; PROCÓPIO, Sérgio de Oliveira; CARGNELUTTI, Alberto
Filho; BARROSO, Alberto Leão de Lemos; PACHECO, Leandro; BUENO, Adeney
de freitas. Associações entre o herbicida glyphosate e inseticidas na cultura da soja
Roundup Ready ®. Planta Daninha, v.25, n.2, p.389-398. 2007.
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EFEITO DO CLORFENAPIR SOBRE AS POPULAÇÕES DE INIMIGOS NATURAIS
NA CULTURA DO FEIJÃO
Elenir Aparecida Queiroz – Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas.
Universidade Federal de Viçosa.
Reginaldo Castro de Souza Júnior – Graduando em Agronomia. Universidade
Federal de Viçosa.
Jorgiane da Silva Benevenute – Graduada em Agronomia. Mestranda em
Fitotecnia pela UFV.
Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor pela UFV,
Professor associado da UFV.
Jardel Lopes Pereira – Mestre e Doutor em Fitotecnia pela UFV.
Antonio Alberto da Silva – Graduado em Agronomia, Mestre em Fitotecnia pela
UFV, Doutor em Solos e Nutrição de plantas pela Universidade de São Paulo,
Professor associado da UFV.
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PALAVRAS-CHAVE: Feijoeiro; Inseticida; Plantio Direto; Sistema Convencional.
INTRODUÇÃO
Diversas espécies de insetos que atacam o feijoeiro Phaseollus vulgaris L.,
causam perdas na produtividade fazendo com que o agricultor se utilize de
inseticidas (EMDEN 1974; PICANÇO et al., 1999). Assim, para proteção dos
inimigos naturais faz-se necessário o uso de inseticidas eficientes contra as
espécies-praga e seletivos em favor dos inimigos naturais (GALVAN et al., 2002). O
inseticida Clorfenapir é amplamente utilizado no controle de pragas da parte aérea
do feijoeiro. Estudos têm demostrado que o sistema de manejo do solo, com
cobertura vegetal ou com aplicação de herbicida, tem efeito na composição da
artropodofauna (ANDOW, 1991). Dentre os sistemas de cultivo do feijão se
destacam o plantio direto e convencional. As condições meteorológicas podem
também influenciar o número e diversidade de capturas de artrópodes (Morris &
Campos, 1999). Portanto, objetivou-se avaliar o efeito dos sistemas de plantio direto
e convencional e da aplicação de Clorfenapir sobre inimigos naturais na cultura do
feijoeiro.
METODOLOGIA
Este trabalho foi conduzido na Estação Experimental da UFV, em Coimbra-MG.
Foi utilizada a variedade de feijão BRSMG Talismã do grupo Carioca. Foi utilizado
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espaçamento de 0,45 m entre fileiras, com 13 sementes por metro e adubação
básica de 300 kg ha-1 da formulação 08-28-16. No florescimento foi feita a adubação
nitrogenada na forma de uréia. No plantio direto foi realizada a dessecação química,
enquanto no plantio convencional utilizou-se o preparo mecânico do solo. O
tratamento utilizado foi o Clorfenapir (625 ml ha-1). Manteve-se uma testemunha sem
aplicação de inseticidas. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados, com cinco repetições. A aplicação do inseticida foi realizada aos 45
dias após a emergência (DAE) do feijoeiro em ambos os sistemas de cultivo. Na
aplicação dos inseticidas foi usado um pulverizador costal, pressurizado a CO2, com
pressão constante de 2 bar e equipado com um reservatório de 2 litros. Foram
realizadas quatro avaliações da entomofauna antes da aplicação dos tratamentos
(15, 31, 39 e 44 DAE) e três após a aplicação dos tratamentos (47, 53 e 74 DAE),
onde foram amostradas as densidades populacionais dos inimigos naturais. As
amostras da entomofauna da parte aérea do feijoeiro foram coletadas fazendo-se a
batedura de bandeja plástica branca sobre as folhas superiores da planta do feijoeiro
(Picanço, 1999). Foi realizada a confecção de uma tabela com a abundância e
freqüência das espécies coletadas. Para as espécies com freqüência acima de 25%,
foram confeccionados gráficos para a avaliação do efeito do Clorfenapir nos dois
sistemas de cultivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total trinta e três espécies de insetos foram amostrados com o auxílio de
bandeja plástica branca. Das 33 espécies amostradas, 39,39% foram classificadas
como predadores, 12,12% como parasitóides e 3,03% como detritívoros. No total
treze espécies de insetos predadores foram coletadas pela batida de bandeja,
quatro espécies apresentaram freqüência acima de 25%, sendo usados para a
avaliação do efeito do Clorfenapir nos dois sistemas de cultivo. As aplicações de
Clorfenapir reduziram as populações do ácaro predador Neoseiulus californicus nos
dois sistemas de cultivo, entretanto não foi verificado efeito dos sistemas de cultivo
sobre a população deste inseto. O Clorfenapir reduziu a população de solenopsis sp.
nos dois sistemas de cultivo evidenciando o impacto deste produto sobre esta
espécie. Entretanto, não se verificou efeito dos sistemas de cultivo e da aplicação de
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Clorfenapir sobre as populações dos predadores Pachycondyla sp. e Colopterus
Erichson. Apenas uma espécie do colêmbolo decompositor, Onychiuridae SP, foi
observada durante a batedura de bandeja. Esta espécie foi a mais frequente
(86,07%) das espécies amostradas. Verificou-se uma maior densidade de
Onychiuridae sp. no sistema de plantio direto em relação ao convencional. A
aplicação de Clorfenapir propiciou uma redução desta espécie nos dois sistemas de
cultivo. De acordo com Tonhasca Junior & Stinner (1991) e Tonhasca Junior (1993),
podem ocorrer variações no número desses organismos presentes em culturas, por
causa das diferenças na precipitação pluvial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a aplicação do inseticida Clorfenapir verificou-se redução das densidades
populacionais de inimigos naturais e insetos detritívoros. As populações de inimigos
naturais foram superiores no sistema de plantio direto em relação ao convencional.
REFERÊNCIAS
ANDOW, David. Vegetational diversity and arthropod population response. Annual
Review of Entomology, Palo Alto, v. 36, p. 561-586, 1991.
EMDEN, H. F. Van; WILLIAMS, G. F. Insect stability and diversity in agro-ecosystems.
Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 19, p. 455-474, 1974.
GALVAN, Tederson Luiz; PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; PEREIRA,
Eliseu José Guedes; CRESPO, André Luís Barreto. Seletividade de oito inseticidas a
predadores de lagartas em citros. Pesquisa agropecuária brasileira. vol.37(2), p.
117-122, Brasília, 2002
MORRIS, T. I. & CAMPOS, M., 1999. Entomofauna depredadora del suelo del olivar.
Zool. baetica, 10:149-160
PICANÇO, Marcelo Coutinho; LEITE, GERMANO Leão Demolin.L.D.; BASTOS,
C.S.; SUINIAGA, F.A.; CASALI, V.W.D. Coleopteros associados ao jiloeiro (Solanum
gilo Raddi). Revista Brasileira de Entomologia v. 43, p. 131–137, 1999.
TONHASCA JUNIOR, Athayde. Effects of agroecosystem diversification on natural
enemies of soybean herbivores. Entomologia Experimentalis et Applicata,
Dordrecht, v. 69, p. 83-90, 1993.
TONHASCA JUNIOR, Athayde.; STINNER, B. R. Effects of strip intercropping and
no-tillage on some pests and beneficial invertebrates of corn in Ohio. Environmental
Entomology, Lanham, v. 20, p. 1251-1258, 1991.
AGRADECIMENTOS
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A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO TOMATE NA
OVIPOSIÇÃO DA BROCA PEQUENA DO TOMATEIRO
Lucas de Paulo Arcanjo, Dalton de Oliveira Ferreira, Tadeu Carlos de Souza e
Miriam Filgueira Pimentel– Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de
Viçosa
Marcelo Coutinho Picanço– Graduado em Agronomia. Mestre em Fitotecnia, Doutor
em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia Agrícola da
Universidade Federal de Viçosa.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE:
comportamento.
Solanumlycopersicum,
Neoleucinodeselegantalis,
INTRODUÇÃO
A broca pequena do tomate NeoleucinodeselegantalisGuenée (Lepidóptera:
Crambidae) é uma praga de Solanáceas na Região Neotropical. Suas lagartas
broqueiam
os
frutos
causando
perdas
de
até
90%
da
produção
(LEIDERMAN&SAUER, 1953). Seus principais hospedeiros são plantas da família
Solanaceae como tomate (Lycopersiconesculentum), berinjela (Solanummelongena)
e jiló (Solanumgilo). A lagarta se desenvolve no interior do fruto se alimentando de
sua polpa (PAULA & PICANÇO 2004). O ciclo de vida de N. elegantalisdura 48 dias
a 24 ºC (MUNÕZ et al., 1991). O conhecimento do comportamento de oviposição
permite utilizar estratégias de controle direcionadas para a fase fenológica de maior
preferência da praga. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar se as
características físicas do tomate influenciam na preferência de oviposição de
Neoleucinodeselegantalis.
MATERIAL E MÉTODOS
Os bioensaios foram realizados no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas
da Universidade Federal de Viçosa. Os insetos utilizados foram obtidos de uma
criação massal de N. elegantalis deste local. Foram realizados três bioensaios para
determinação da preferência de oviposição de N. elegantalis. Os bioensaios foram
realizados a 25 ± 0,5°C, umidade relativa do ar de 75 ± 5% e fotoperíodo de 12
horas. A alimentação dos adultos foi realizada com três pedaços de algodão
umedecidos com uma solução de mel a 10%. Estes foram colocados na parte
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superior da gaiola e substituídos diariamente. Frutos artificiais foram confeccionados
com esferas de isopor recobertas por parafina para a simulação dos frutos. O efeito
do tamanho dos frutos na oviposição de N. elegantalis foi realizado em esquema de
livre escolha. Os tratamentos foram frutos artificiais de 2,0; 3,0; 3,8; 5,2 e 7,7 cm de
diâmetro recoberto por parafina verde. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados com seis repetições. Cada bloco foi constituído por uma gaiola de
madeira (45 x 45 x 45 cm) recoberta com organza e contendo 10 casais de N.
elegantalis e um fruto de cada tamanho. Os frutos foram fixados no teto da gaiola há
uma distância de 25 cm um do outro. Os frutos artificiais foram substituídos
diariamente e o número de ovos por frutos foi contado. Os dados foram submetidos
à análise de variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste
Scott-Knott a p < 0,05. A avaliação do efeito da cor dos frutos na oviposição de N.
elegantalis foi realizada de forma semelhante ao bioensaio do efeito do tamanho dos
frutos artificiais. Os tratamentos foram frutos artificiais de 3,8 cm de diâmetro
recobertos por parafina nas cores verde, amarela, vermelha e branca. O efeito da
densidade de frutos artificiais sobre a oviposição de N. elegantalistambém foi
medido de forma semelhante aos experimentos anteriores. O delineamento
experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos
foram às densidades de 3, 5, 6, 9 e 12 frutos artificiais por gaiola. Estas densidades
simulam diferentes tamanhos de cachos. Os frutos possuíam 3,8 cm de diâmetro e
foram recobertos por parafina verde. A parcela experimental foi constituída por uma
gaiola (45 x 45 x 45 cm) de madeira recoberta com organza e contendo 10 casais de
N. elegantalis. Os frutos artificiais foram substituídos diariamente e o número de
ovos nos frutos foi contado. O número de ovos por fruto e o número de ovos por
gaiola foram calculados. Os dados experimentais foram submetidos à análise de
regressão em função da densidade de frutos a p< 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos frutos com 3,8 cm de diâmetro foi observado um maior número de ovos
por fruto do que de 2,0; 3,0; 5,2 e 7,7 cm de diâmetro. Nos frutos de coloração verde
foi observada maior oviposição em relação aos vermelhos, brancos e amarelos. Isto
implica que a coloração verde dos frutos é determinante na escolha do local de
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oviposição pela fêmea adulta. A preferência por frutos verdes de 3,8 cm de diâmetro
se deve, possivelmente, por uma vantagem reprodutiva dos indivíduos que
escolhem frutos com estas características. Estes frutos ficam desenvolvendo na
planta durante muito tempo, permitindo que as lagartas completem o ciclo antes do
fruto cair ao solo. Não se detectou efeito das densidades de 3 a 12 frutos artificiais
no total de ovos de N. elegantalispor gaiola. Entretanto, verificou-se redução do
número de ovos/fruto com o aumento da densidade de frutos/gaiola. Esta
distribuição em diferentes frutos possivelmente reduz a competição intraespecífica
das lagartas ao penetrarem no fruto. As mariposas preferem ovipositar em frutos
verdes e pequenos. Nesse contexto, os inseticidas devem ser empregados nessa
fase fonológica da cultura, uma vez que os inseticidas não possuem efeito de
profundidade nos frutos. Outra característica é que o controle deverá ser realizado
em área total já que a oviposição não ocorre de forma concentrada. Estas novas
informações acima são importantes para um controle mais eficiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, como conclusão mariposas de Neoleucinodeselegantalis preferem
ovipositar em frutos pequenos e verdes, além de distribuir seus ovos em vários
frutos.
REFERÊNCIAS
LEIDERMAN, L. e SAUER, H.F.G. A broca pequena do fruto do tomateiro
Neoleucinodeselegantalis(Guenee, 1854 ). Biológico, v.19, p.182-186. 1953.
MUNÕZ, L.E., P.A. SERRANO, et al. Ciclo de vida, hábitos y enemigosnaturales de
Neoleucinodeselegantalis(Guenee, 1854)(Lepidóptera: Pyralidae), pasadordel fruto
delluloSolanumquitoenseLam. Em elvalledelCauca. Acta Agronômica, v.41, n.1,
p.99-104. 1991.
PAULA, S.V., M.C. PICANÇO, et al. Controle de broqueadores de frutos de
tomateiro com uso de faixas de culturas circundantes Bioscience Journal, v.20, n.1,
p.33-39. 2004.
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EFEITOS DA CHUVA SOBRE AS POPULAÇÕES DE Brevicoryne brassicae e
Lipaphis erysimi
Jorgiane da Silva Benevenute – Graduada em Agronomia. Mestranda em
Fitotecnia pela UFV
Mayara Cristina Lopes, Elenir Aparecida Queiroz, Suzana de Sá Moreira –
Graduandas em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa.
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em
Fitotecnia pela UFV, Professor Associado da UFV.
Elisangela Gomes Fidelis de Morais – Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora
em Entomologia pela UFV.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Pulgões, dinâmica populacional, chuva
INTRODUÇÃO
Os pulgões Brevicoryne brassicae e Lipaphis erysimi Kalt. (Hemiptera:
Aphididae) causam sucção de seiva, injeção de toxinas e transmissão de viroses
(BLACKMAN & EASTOP, 2000; COLLIER & FINCH, 2007). As formas ápteras do
pulgão-das-brássicas secretam uma secreção cerosa que deixam seu corpo
esbranquiçado, o que facilita a identificação desta epécie (ELLIS & SINGH, 1993;
BLACKMAN & EASTOP, 2000). O pulgão-do-nabo, Liphafis erysimi ataca tanto
folhas quanto partes terminais de inflorescências de várias espécies de brássicas.
Os ápteros de L. erysimi apresentam variação de cor que vai de verde amarelado,
verde acinzentado até verde oliva (BLACKMAN & EASTOP, 2000). Apesar destes
insetos se alojarem na superfície abaxial das folhas, durante as chuvas os respingos
de água e lama podem derrubar esses insetos ou até matá-los. Após as chuvas é
comum encontrar colônias de pulgões cobertas por lama, que acabam matando os
indivíduos por asfixia. Portanto, o objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da
chuva sob as populações dos pulgões B. brassicae e L. erysimi em cultivos de
repolho na região de Viçosa, MG.
METODOLOGIA
Este experimento foi conduzido em dezesseis cultivos de repolho Brassica
oleracea var. capitata na Área Experimental da Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, MG. A densidade populacional dos pulgões foi avaliada semanalmente,
desde a implantação dos cultivos até o fechamento das cabeças de repolho. Foram
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amostradas, aleatoriamente, 20 plantas de repolho, quatro por fileira, sendo
verificadas da segunda a sexta folhas expandidas. Em cada folha foi contado o
número de pulgões ápteros e alados de cada espécie e pulgões infectados por
fungos. Os dados de precipitação pluviométrica foram monitorados, diariamente,
durante todo o período experimental através da estação meteorológica da
Universidade Federal de Viçosa. A abundância de alados e ápteros de cada espécie
de pulgão foi relacionada, através da análise de redundância (RDA) com: as fases
fenológicas da cultura; as estações do ano; a temperatura média do ar, a umidade
relativa média do ar, a média dos ventos e as chuvas acumuladas da semana
anterior à amostragem dos pulgões. A visualização dos autovalores foi efetuada por
meio de gráficos do tipo bi-plots. A análise de redundância foi feita no Canoco 3.1 e
os gráficos de ordenação foram confeccionados no Canodraw 3.0 (Ter Braak &
Šmilauer, 2002). Análise de regressão linear múltipla foi utilizada para verificar a
relação entre o os dados médios dos elementos climáticos da semana anterior a
avaliação e a relação entre a densidade de B. brassicae e L. erysimi e os dados
médios dos elementos climáticos da semana anterior a avaliação no programa SAS
(PROC REG; SAS INSTITUTE, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da analise de redundância foi possível correlacionar as densidades de
alados e ápteros de B. brassicae e L. erysimi com as fases fenológicas da cultura do
repolho, as estações do ano e os elementos climáticos. Considerando os dois
primeiros eixos significativos pelo teste de permutação de Monte Carlo (F= 2,17; p =
0,004, 499 permutações), o modelo explicou 73,8% da variância total. A análise de
redundância (RDA) mostrou que as fases fenológicas da cultura do repolho tiveram
baixa influência na densidade de pulgões. As maiores densidades de alados e
ápteros do pulgão B. brassicae na fase de desenvolvimento das cabeças. De acordo
com análise de regressão múltipla a produção de alados de B. brassicae é induzida
pelas altas densidades de pulgões sadios (b = 0,43) e parasitados (b=0,58) na
planta (R2= 0,55; F= 9,6; p<0,0001). Os picos populacionais dos ápteros do pulgão
B. brassicae e L. erysimi coincidem com baixa ocorrência de chuvas. As maiores
densidades de alados e ápteros do pulgão L. erysimi ocorreram entre as fases de
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desenvolvimento e fechamento das cabeças de repolho. A espécie de pulgão mais
abundante foi a de L. erysimi com média geral de 92 pulgões/planta, seguida de B.
brassicae com média de 39 pulgões/planta. A taxa de infecção pelo fungo
Entomophthorales aumentou com a densidade de pulgões infectados na planta sete
dias antes da avaliação devido a ocorrência de chuvas aos 6º, 7º e 8º dias antes da
avaliação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que as gotas de chuva podem derrubar os pulgões das plantas, já
que eles apresentam o corpo extremamente frágil e se prendem às plantas somente
pela inserção do estilete. As epizootias causadas por Entomophthorales em B.
brassicae e L. erysimi dependem da quantidade de inóculo e da ocorrência de
chuvas. O fato das infecções de B. brassicae e L. erysimi pelos Entomophthorales
terem maior ocorrência durante os períodos chuvosos, deve estar relacionado com o
aumento da umidade próximo às folhas, favorecendo assim a esporulação e
germinação dos conídios. O manejo da irrigação também poderá ser uma alternativa
para o incremento da ação dos fungos entomopatogênicos destes pulgões.
REFERÊNCIAS
BLACKMAN, Roger.; EASTOP, Victor Frank. Aphids on the World’s Crops: An
Identification and Information Guide. Chichester: Wiley. 466p. 2000.
COLLIER, Rosemary. H.; FINCH, S. IPM Case Studies: Brassicas. In: H. F. Van
Emden; Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests London: CABI Publishing, p.549560. 2007,
ELLIS, S. A.; OAKLEY, J. N.; PARKER, W. E.; RAW, K. The development of an
action threshold for cabbage aphid (Brevicoryne brassicae) in oilseed rape in the UK.
Annals of Applied Biology, v.134, n.2, p.153-162. 1999.
TER BRAAK, C. J. F.; ŠMILAUER, P. CANOCO Reference Manual and CanoDraw
for Windows User's Guide: Software for Canonical Community Ordination
(version 4.5). Ithaca NY: Microcomputer Power. 2002
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.
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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS EM
Spodoptera frugiperda
Clébson dos Santos Tavares- Graduando em Agronomiana UFV
Eliseu Jose Guedes Pereira – Graduado em agronomia, Mestre e Doutor em
Entomologia. Professor no Departamento de Entomologia na UFV
Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, Mestre em Entomologia e
Doutorando em entomologia na UFV
Dalton Oliveira Ferreira, Silvério de Oliveira Campos, Thais Patrícia Moreira
Teixeira – Graduandos em agronomiana UFV
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Lagarta-do-cartucho; Sinergista;Milho
INTRODUÇÃO
A lagarta do cartucho, Spodopterafrugiperda, é a principal praga da cultura do
milho no Brasil. As perdas causadas pelo ataque desta praga podem reduzir a
produção de grãos em até 73%, dependendo da intensidade de ataque (HRUSKA;
GOULD, 1997; EMBRAPA, 2009). A principal forma de controle desta praga é
através do uso de produtos químicos. Entretanto, o uso indiscriminado destes
produtos tem levado a falha de controle e favorecido à seleção de populações
resistentes. Dentre os mecanismos de resistência de insetos a inseticidas, podemos
destacar
a
detoxificação
ou
metabolização
do
inseticidapor
enzimas
(OPPENOORTH 1985; HEMINGWAY 2000; BECKEL et al., 2006). A interação entre
mecanismos de detoxificação metabólica em espécies de insetos resistentes a
inseticidas pode ser constatada através do uso de sinergistas, os quais representam
uma importante ferramenta de laboratório (RAFFA & PRIESTER 1985). O uso
destes sinergistas minimiza a quantidade de inseticida químico necessária para o
controle de insetos, pois age como um substrato alternativo, evitando que o
inseticida seja excretado, ou reage com outro sítio no sistema enzimático,
prevenindo a detoxificação do inseticida (CASIDA, 1970), aumentando assim a
letalidade dos mesmos nas populações resistentes. A identificação de populações
resistentes e a caracterização bioquímica dos mecanismos responsáveis por conferir
resistência àspopulações deS. frugiperda, devem ser considerados nos programas
de manejo da resistência desta praga. Assim, este trabalho foi realizado com
objetivo de avaliar a suscetibilidade da população de S.frugiperda de Morrinhos-Go a
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três inseticidas e identificar os possíveis mecanismos fisiológicos responsáveis por
conferir resistência a estes produtos.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Resistência de Plantas a
Insetos da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. As lagartas utilizadas nos
testes foram coletadas em lavouras comerciais de milho em Morrinhos - Go e
mantidas em laboratório por duas gerações.Os bioensaios foram realizados em
delineamento inteiramente casualizado (DIC), compostos por três tratamentos e seis
repetições. Os tratamentos foram os inseticidas espinosade, clorfenapir e
etofemproxi, que foram aplicados na dose comercial. Cada parcela experimental foi
constituída de um pote plástico transparente de 250 ml contendo pedaços de 30
centímetrosde folha de milho tratadas em calda inseticida, em cada pote foram
colocadas dez lagartas de 2º instar de S. frugiperda. O mesmo procedimento foi
adotado nos experimentos realizados com sinergista. No tratamento realizado com
sinergista foi usada uma mistura de etofemproxi + butóxido de piperonil. Após a
confecção dos bioensaios os potes foram mantidos sob temperatura de 26
+
2° C,
umidade relativa de 75 +5%, e com fotofase de 12 horas. Avaliou-se a mortalidade
48 horas após a montagem do experimento. Os dados provenientes dos bioensaios
foram submetidos à análise de variância e as diferenças entre as médias testadas
pelo teste Tukey e teste t a 5% de probabilidade. E os dados de mortalidade foram
corrigidos segundo Abbott (1925).
RESULTADO E DISCUSSÃO
A mortalidade observada para os inseticidas Espinosa de, clorfenapir e
etofemproxi foi de 100, 100 e 6%, respectivamente. Dentre os produtos testados, foi
encontrada resistência apenas para o etofemproxi, que não foi eficiente no controle
S. frugiperda. Em geral, a resistência a inseticidas do grupo dos piretróides têm sido
relatada em diversos trabalhos. Nestes trabalhos, alguns autores (LIU et al. 1981,
DIEZ-RODRÍGUEZ & OMOTO, 2001) relatam que geralmente a resistência a
piretróides é recessiva e tem sido associada ao mecanismo de resistência por
insensibilidade do alvo de ação. A mortalidade observada para o sinergista butóxido
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de piperonil foi de 49%. A adição do sinergista butóxido de piperonil
aoetofemproxicausou um aumento de 33% na mortalidade de S. frugiperda. Como a
resistência não foi completamente suprimida, podemos inferir que outros
mecanismos de resistência, além do metabolismo por oxidases, podem estar
envolvidos com essa população. Logo, podemos concluir que o butóxido de piperonil
causou um efeito sinérgico sobre o inseticida etofemproxie que essas enzimas
exercem um papel na resistência de S. frugiperda a este inseticida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, a população de Morrinhos - Go apresentou resistência somente ao
inseticida etofemproxi que causou menor mortalidade a S. frugiperda, enquanto que
o sinergista butóxido de piperonil causou o maior incremento na mortalidade,
provavelmente o aumento da atividade de Monooxigenases está contribuindo para
resistência desta população.
REFERÊNCIAS
BECKEL, Helenara dos Santos; LORINI, Irineu; LAZZARI, Sonia Maria Nemberg.
Efeito
do
sinergista
butóxido
de
piperonila
na
resistência
de
Oryzaephilussurinamensis (L.) (Coleoptera, Silvanidae) a deltametrina e fenitrotiom.
Rev. Bras. entomol., São Paulo, v. 50, n. 1, Mar. 2006 .
OPPENOORTH, F. J. 1985. Biochemistry and genetics of insecticide
resistance.Comprehensive insect physiology, biochemistry and pharmacology,
p. 731–773.In: G. A. Kerkut& L. I. Gilbert (ed.). Pergamon Press, Oxford, United
Kingdom.
HEMINGWAY, J. 2000. The molecular basis of two contrasting metabolic
mechanisms of insecticide resistance. Insect Biochemistry and Molecular Biology
30: 1009–1015.
RAFFA, K. F. & T. M. PRIESTER. 1985. Synergists as research tools and control
agents in agriculture. Journal of Agricultural Entomology 2: 27–45.
CASIDA, J. E. 1970. Mixed-function oxidase involvement in the biochemistry of
insecticide synergists.Journal of Agricultural and Food Chemistry 18: 753–772.
ABBOTT, W. S. 1925.A method of computing the effectiveness of an insecticide.J.
Econ. Entomol. 18: 265-267.
LIU, M.J TZENG & C. N. SUN. 1981. Diamondback moth resistance to several
synthetic pyrethroids. J. Econ. Entomol.74: 393-396.
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GT 06
CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS
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ARTIGOS
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CLIMA ORGANIZACIONAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO
INTERIOR DE MINAS GERAIS
Rosélio Marcos Santana – Graduado em Sistemas de Informação, Licenciado em
Matemática. Pós-graduado em MBA e Gestão de Pessoas e Negócios. Professor da
Faculdade Vértice - Univértix.
Guanayr Jabour Amorim – Graduado em Turismo. Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice - Univértix.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho aborda o clima organizacional em uma instituição de ensino
superior no interior de Minas Gerais por considerar que o mesmo é ferramenta
poderosa e eficaz na descoberta e enfrentamento das dificuldades enfrentadas para
que se alcance excelência na prestação de serviços. Para tanto, foi aplicado
questionário a professores e funcionários e os dados obtidos tabulados e analisados
qualitativamente. As informações coletadas podem favorecer melhoria nas relações
interpessoais e condução das equipes de trabalho para que a excelência seja uma
realidade constante, embasada na defesa da filosofia, políticas e valores da
organização.
PALAVRAS-CHAVE: Clima Organizacional. Comportamento. Comunicação.
INTRODUÇÃO
A fundação do povoado que mais tarde veio a chamar-se cidade de Matipó MG, sede do município de igual nome, teve sua origem possivelmente em 1840. A
Provisão do Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta, datada de 23/3/1889, criou o
curato de São João do Matipó, que pouco depois, em 23/10/1889, foi elevado à
categoria de paróquia cujo primeiro vigário foi Monsenhor João Facunto Chaves. O
povoado passou a distrito pela Lei provincial número 3442 de 28/9/188, mantido pela
Lei estadual nº2 de 1891, integrando o município de Abre Campo e com o nome de
São João de Matipó. Em 1938, pelo Decreto-lei nº 148, de 17 de dezembro, o distrito
passou a município com o nome atual. Está subordinado judicialmente à comarca de
Abre Campo (IBGE, 2011).
Matipó é uma cidade essencialmente agrícola, sendo o café seu principal
produto, participando também de sua economia a pecuária e o comércio, porém com
menor sustentabilidade. Tem uma população de 17.639 habitantes numa área de
unidade territorial de 266.990 km², sua densidade demográfica é de 66,07
(hab/Km²), possui uma área de 277 km2 e altitudes máxima e mínima de 989 e 660
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metros, respectivamente. A principal via de acesso até a cidade é através da BR
262, distante apenas 4 km, pela rodovia Ozires Linhares Fraga(IBGE, 2011).
Para que possa alcançar excelência nos serviços prestados, as instituições de
ensino superior devem desenvolver estratégias que fortaleçam os fatores que
influenciam
positivamente
seu
clima
organizacional.
O
estudo
do
clima
organizacional de uma instituição é ferramenta poderosa e eficaz para a descoberta
da origem das dificuldades enfrentadas bem como da fonte do sucesso alcançado.
Neste sentido, este trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa do clima
organizacional em uma instituição de ensino no interior de Minas Gerais. Para tanto,
os seguintes objetivos específicos foram traçados: Realizar uma pesquisa do clima
organizacional em uma instituição de Ensino no interior de Minas Gerais; Identificar
os pontos positivos e negativos no ambiente de trabalho da instituição; Apresentar
as informações em relação ao clima organizacional da Instituição aos seus gestores;
Sugerir novas alternativas de gestão de pessoas para a Instituição.
JUSTIFICATIVA
Nos dias atuais em que vivemos a grande concorrência no mercado de
trabalho e escassez de mão de obra qualificada, as empresas tem de se aprimorar a
cada dia para satisfazer as necessidades dos seus colaboradores e assim obter o
resultado esperado dos mesmos, mantendo um clima favorável e boas condições de
trabalho.
O clima organizacional estuda os fatores negativos e positivos dentro de uma
organização, e está diretamente relacionado com a motivação e satisfação de seus
participantes. Segundo Chiavenato (2002) o conceito de clima organizacional
envolve fatores estruturais, como o tipo de organização, tecnologia utilizada,
políticas de companhia, metas operacionais, regulamentos internos, além de
atitudes e comportamento social que são encorajados ou sancionados através de
fatores sociais.
Milkovich e Boudreau (2009) também afirmam que as relações com os
empregados têm sido caracterizadas por alguns como um pouco mais que uma
estratégia para evitar a sindicalização. Todavia esta é uma visão simplista, embora
esse seja certamente um dos objetivos das atividades do relacionamento com os
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empregados (...) quando o problema é o comportamento de um empregado, os
sistemas de assistência a ele e de resolução de conflitos buscam soluções
construtivas. Quando o problema é o comportamento da organização, os comitês de
empregados e administradores ou outros fóruns de comunicação bilateral podem
identificar as mudanças necessárias para eliminar as dificuldades.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para realizar o trabalho foi uma pesquisa documental e
bibliográfica a diversas obras, periódicos e publicações relacionadas ao assunto.
Realizou-se pesquisa de campo/exploratória, descritiva e quantitativa, através de
entrevista com aplicação de um único questionário aos professores e funcionários,
numa amostra de 57 colaboradores.
A pesquisa caracteriza-se por ser exploratória em função de proporcionar uma
visão geral dos fatos, e de campo porque buscou a realidade atual da instituição, o
que permitiu a observação de descrições precisas da situação pesquisada. Foram
quantificados os percentuais que apresentam os resultados para a base da
conclusão.
Para a coleta de dados foi apresentado um questionário que abordou os temas
propostos, sendo aplicado aos colaboradores em uma Instituição de Ensino, no
período de 13 a 27 de outubro de 2011. Em seguida os dados obtidos foram
tabulados no Microsoft Office Excel 2007 e analisados qualitativamente, visando
descrever a interação de certas variáveis e o entendimento das particularidades do
comportamento desses indivíduos, bem como verificar seus níveis de satisfação e
insatisfação em trabalhar na Instituição.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O questionário foi aplicado a 57 funcionários da instituição, com o objetivo de
demonstrar e verificar o clima organizacional da mesma. Verifica-se que a maioria
dos funcionários percebe um futuro promissor e tem grandes expectativas em
relação ao crescimento e a significativa conquista de mercado que a Instituição vem
tendo nos últimos anos.
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Analisando se os funcionários sentem orgulho da atividade desenvolvida na
empresa, podemos observar que 79% dos entrevistados afirmam estar satisfeitos,
enquanto 21% dos mesmos relatam estar mais ou menos satisfeitos, conforme se
observa na Figura 1.
Figura 1 – Orgulho da atividade na empresa
Os processos de trabalho juntamente com os resultados alcançados
contribuem para que o colaborador construa sua identidade. Assim, os participantes
da pesquisa apontaram não somente a empresa onde trabalham, mas as atividades
que desempenham como motivo de orgulho, status e reconhecimento social,
conforme se observa, também, nos estudos desenvolvidos por Morin, Tonelli e
Pliopas (2007).
Perguntou-se aos funcionários se a empresa oferece um bom plano de carreira.
Analisando a Figura 2, observamos que 63% deles afirmam que sim, enquanto 33%,
dizem mais ou menos, já 4% dos mesmos mencionam que a empresa não oferece
um bom plano de carreira.
Figura 2 – A empresa oferece um bom plano de carreira
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Sendo o plano de carreira um processo contínuo que permite a integração
entre o empregado e a instituição sua finalidade é atender aos objetivos e interesses
de ambas as partes. Para Tachizawa (2001), o desenvolvimento de novos
conhecimentos, habilidades e atitudes capacita o profissional a atender requisitos
sempre mais complexos o que aumenta sua capacidade e versatilidade. O
profissional então torna-se apto a exercer cargos e funções que lhe proporcionem
maior reconhecimento ou compensação e eleva seu status.
Sugere-se que a instituição reavalie seu plano de carreira e procure, junto aos
funcionários e professores, contribuições que levem à melhoria dos itens
considerados
insatisfatórios. Ao se analisar o plano de carreira apresentado
percebeu-se que ele não oferece uma proposta de promoção onde o profissional
pode ser pontuado por atitudes pró-ativas e assim ser mudar de nível funcional. Por
outro lado, ações e atitudes consideradas inadequadas o levariam a “perder” pontos,
incentivando assim, uma postura ideal que faculte melhoria no desempenho
embasada na motivação (UNIVERTIX, 2011b).
Na Figura 3 86% dos funcionários afirmam que gostaria que seus filhos
trabalhassem na mesma empresa, 11% dos mesmos dizem não gostar muito da
idéia e opina mais ou menos, já 3% deles não querem que seus filhos trabalhem na
empresa.
Figura 3 – Gostaria que os filhos trabalhassem na empresa
A continuidade familiar junto à empresa, desejada pela maioria dos funcionários
traz relevância à identificação com a instituição e representa excelente integração
com os objetivos da mesma. O que lhes faz desejar continuar participando
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ativamente do desenvolvimento institucional e inserir seus filhos no quadro funcional
para que possam usufruir dos benefícios ofertados pela instituição.
Segundo Rizzatti (2002) o sentimento de pertencimento e de identidade
compreende a idéia de envolvimento, obrigação e dever para com a instituição, seus
objetivos e resultados e apresentação de uma imagem altamente positiva da
mesma.
Na opinião de Luz (2006) só é excelente a empresa que estende excelência à
qualidade de vida de seus funcionários. Neste sentido, é importante que a instituição
descubra caminhos que lhe permitam elevar a qualidade de vida de seus
funcionários, para tanto, sugere-se a elaboração de um programa que atenda aos
requisitos indispensáveis para que a excelência seja um dos pontos fortes da vida
de seus funcionários. O que leva à necessidade de realização de nova pesquisa que
aborde mais detalhadamente o quesito qualidade de vida.
Quando perguntado aos funcionários se eles confiam no chefe imediato, 70%
deles dizem que sim, 26% afirmam confiar mais ou menos, e 4% dos mesmos dizem
não confiar no seu chefe imediato, conforme se observa na Figura 4.
Figura 4 – Confiar no chefe imediato
Segundo Chiavenato (2004) o ponto mais crítico da organização situa-se na
gerência porque é de sua responsabilidade a decodificação e tradução das
estratégias que serão posteriormente apresentadas aos funcionários em forma de
metas e objetivos a serem alcançados.
De acordo com Rizzatti (2002), para que seja possível refletir acerca do
comportamento das chefias, é importante que sejam analisados componentes como
a credibilidade e a honestidade considerados importantes para o crescimento e
valorização da empresa.
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Quando a pergunta foi o reconhecimento do seu trabalho, dados encontrados
na Figura 5, 49% afirmam que sim, que a empresa reconhece e valoriza o seu
trabalho, 42% dos funcionários entrevistados dizem que a empresa reconhece mais
ou menos o seu trabalho. Já 9% deles dizem que a empresa não valoriza e nem
reconhece o trabalho exercido.
Figura 5 – O trabalho é reconhecido e valorizado pela empresa
O reconhecimento e a valorização do trabalho são fatores que influenciam a
motivação ao transformar-se em possibilidade de desenvolvimento pessoal e
profissional, configurando oportunidade de auto-realização (MOREIRA, 2002).
Segundo Chiavenato (2004), o reconhecimento do esforço das pessoas é
demonstrado através da implantação de um sistema de recompensas. Já na opinião
de Milkovich e Boudreau (2009) é necessária a implantação de um sistema de
assistência e benefícios que aborde remuneração fora do trabalho.
A Figura 6 representa a análise do salário dos funcionários onde observa-se
que 28% deles acham justo o salário que recebem atualmente, 51% julgam estar
mais ou menos e 21% afirmam que o salário não é justo.
Figura 6 – Avaliação do salário
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Segundo Milkovich e Boudreau (2009) os salários somados aos benefícios e
bonificações devem ser suficientemente altos para atrair e reter os empregados.
Pois a possibilidade de encontrar outra instituição que lhe traga maior satisfação e
remuneração considerada mais adequada pode levar o funcionário a buscar novos
caminhos profissionais.
É importante lembrar que não apenas bons salários, mas possibilidade de se
trabalhar em um ambiente inovador que facilite melhoria na qualidade de vida do
funcionário faz com que a motivação aumente e o interesse em permanecer se
solidifique.
Portanto, sugere-se que a IES ofereça proposta que insira ações que
promovam a melhoria da qualidade de vida nos aspectos social, físico e emocional
de seus servidores. Neste contexto deve proceder a estudo que analise o bem-estar
e o equilíbrio no trabalho, focalizando as necessidades individuais e coletivas
visando resolver situações que possam prejudicar a qualidade de vida do
funcionário.
Observando o quesito “cursos e treinamentos”, representado pela Figura 7,
67% dos funcionários dizem estar satisfeitos com os mesmos, já 30% deles afirmam
que os treinamentos são mais ou menos.
Figura 7 – Cursos e treinamentos
O treinamento dos colaboradores de uma instituição além de favorecer o
aumento da lucratividade contribui para que ocorra melhor sintonia da educação de
seu corpo funcional com atividades que exijam trabalho em equipe (MILKOVICH e
BOUDREAU, 2009).
Sugere-se aos recursos humanos a aplicação de programas de treinamentos
capazes de suprir as necessidades advindas da falta de capacitação dos
funcionários. A escolha dos cursos deve obedecer aos resultados observados em
pesquisa diagnóstica a ser realizada, tendo em vista que este trabalho não abrange
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as necessidades de treinamento e capacitação dos funcionários da instituição. O
que leva à necessidade de elaboração de nova pesquisa que aborde as áreas de
treinamento prioritárias à capacitação e qualificação dos funcionários.
De acordo com a Figura 8, podemos observar que 81% dos funcionários
afirmam obter um sucesso na carreira profissional, mas em contrapartida 19% dos
entrevistados dizem obter mais ou menos esse sucesso.
Figura 8 – Obter sucesso na carreira profissional
O principal motivo para um funcionário continuar na empresa onde trabalha é
representado pela oportunidade de crescimento. No entanto, essas oportunidades
são influenciadas pela chefia imediata que deve avaliar corretamente o funcionário
e, procurar motivar a todos na busca de crescimento e aquisição de aptidões que
facilitem sua ascensão (MARRAS, 2002).
Quando se perguntou aos funcionários se eles se preocupam com o futuro da
família, 100% deles afirmam que sim, impactando assim uma persistência no seu
trabalho cotidiano, ou seja, quanto mais o funcionário é preocupado com o futuro da
família ele tende a desempenhar um melhor trabalho para garantir o sucesso da
família.
Chiavenato (2006) destaca que a motivação constitui a mola mestra do
comportamento das pessoas, sendo assim, seu conhecimento é necessário para
que o administrador reconheça os fatores que motivam seus funcionários para
contar com a colaboração efetiva de todos o que leva à importância de se conhecer
o grau de preocupação do funcionário com o futuro de sua família.
Para Kotter (2001) a motivação e a inspiração energizam as pessoas ao
satisfazer suas necessidades, incluída a preocupação com o futuro próprio e do
grupo familiar. Tendo em vista que satisfazem as necessidades de realização,
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pertencimento ao grupo, reconhecimento, auto-estima, vivência dos próprios ideais e
outros sentimentos que dão origem a um nível de dedicação superior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na pesquisa realizada, sobre o clima organizacional pode-se chegar a algumas
conclusões: Todos os colaboradores, sem exceção, engajaram-se neste processo e
procurou de alguma forma colaborar, fazendo críticas e elogios ao trabalho
realizado.
Sugerem-se à Instituição que dê continuidade as pesquisas de clima
organizacional, pois esta é uma importante ferramenta que auxilia na revelação da
situação atual e real da organização, segundo as percepções e atitudes das pessoas
que nela estão inseridas, bem como o estado de ânimo desses professores e
funcionários, apontando seu grau de satisfação ou insatisfação em relação ao
trabalho realizado e a organização como um todo.
Assim, pode-se afirmar que os colaboradores estão satisfeitos em trabalhar na
instituição, pois esta possui de uma forma geral, um clima organizacional que
possibilita o crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores, bem como os
deixa livres para dar sugestões e idéias em relação ao seu trabalho, e ainda, tecer
críticas quando for necessário. Observou-se também que a empresa possui bem
definida os níveis de responsabilidade e autoridade nos diferentes cargos existentes
havendo uma comunicação,
Praticamente todos os colaboradores sentem-se motivados e realizados em
trabalhar nela, apesar de muitos não se consideram bem aproveitados dentro da
empresa, podendo ser melhores trabalhados em outras funções ou até mesmo a
atual.
Observou-se ainda que o processo de comunicação é facilmente compreendido
e podendo ser melhor trabalhado, proporcionando uma visão integrada do todo e os
colaboradores poderão ser sempre mantidos informados sobre os assuntos
relacionados ao seu trabalho na empresa, ou seja uma forma de feedback. Cabe
ressaltar também, que, tanto os colaboradores professores como funcionários,
admiram o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Instituição, através do publico
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interno e externo da mesma, e as dificuldades existentes certamente irão ser
superadas, como tantas outras foram.
Enfim, conclui-se que todos os objetivos anteriormente propostos foram
atingidos, verificou-se o grau de satisfação dos colaboradores em trabalhar na
empresa, se mostrou a importância de pesquisas de clima organizacional como uma
ferramenta a mais no apoio a tomada de decisão das organizações, buscou-se
também melhorar o desempenho, proporcionando às lideranças informações que
orientem na condução das equipes de trabalho e verificou-se que os colaboradores
estão assimilando a filosofia, as políticas e os valores da empresa.
REFERÊNCIAS
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sucesso das organizações. Rio de Janeiro, 2006.
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A IMPORTANCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO PARA A
MANUTENÇÃO E FIDELIZAÇÃO DOS CLIENTES DA COOPERATIVA DE
CRÉDITO SICOOB CREDILIVRE – PAC 04 - MATIPÓ
Leandro Moreira Pedroso - Graduado em Administração. Aluno no curso de Pós
Graduação em MBA da Faculdade Univértix,
Celso Abreu de Araujo - Graduado em Administração. Especialista em Gestão
Empresarial. Mestrando em Administração. Professor Faculdade Vértice UNIVÉRTIX e Consultor Empresarial.
[email protected]
RESUMO
Este artigo foi desenvolvido para demonstrar a importância do relacionamento
entre empresa e clientes, analisando como se processam as práticas de
relacionamento adotadas pela Cooperativa de Crédito da Zona da Mata de Minas
Gerais Sicoob Credilivre PAC 04 Matipó. A ferramenta, marketing de
relacionamento, quando utilizada de maneira correta, permite a construção de uma
relação duradoura entre a empresa e seus clientes, como foi demonstrado nesse
estudo. Para desenvolvê-lo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre Marketing
e Marketing de Relacionamento, através de pesquisas que abordam os temas
propostos. Durante a pesquisa foi possível identificar que as ações de comunicação
da cooperativa são suficientes para manter os associados, no entanto, as formas de
divulgação dos produtos e serviços precisam ser melhoradas, pois, as atuais, não
têm alcançado um resultado satisfatório.
PALAVRAS-CHAVE: Marketing de Relacionamento; Fidelização; Cooperativismo.
INTRODUÇÃO
De acordo com Maestrali (2011), as empresas perdem em média 10% de
seus clientes a cada ano, mas conquistar novos clientes pode custar até cinco vezes
mais do que satisfazer e reter os já existentes. Para diminuir essa estatística, as
empresas devem identificar estratégias para reduzir esses números e diminuir o
índice de perda de clientes, já que perder clientes gera uma diminuição dos lucros e
conseqüentemente, um aumento das despesas na tentativa de realizar a captação
de novos clientes. Dependendo do setor, uma redução de 5% no índice de perda de
clientes pode aumentar os lucros de 25 a 80%.
O Sicoob Credilivre - PAC 04 – está localizado na cidade de Matipó e
pertence a um grupo de 17 agencias que compõem a Cooperativa de Crédito
SICOOB CREDILIVRE, instituição esta, que iniciou suas atividades no ano de 1999
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e conta com mais de 10.300 associados ativos. Hoje a agencia de Matipó conta com
500 associados ativos.
Segundo IBGE ([2007]), a cidade de Matipó possui uma população de
aproximadamente 17.639 habitantes e sua economia é voltada para os setores de
Agropecuária, Indústria e Serviços. A cidade apresenta uma grande quantidade de
produtores de café, sendo esse produto, uma das principais fontes de renda.
De acordo com Freire; Lima; Leite (2009), o marketing de relacionamento
originou-se nas últimas duas décadas como um dos mais promissores campos de
investigação. Ao mesmo tempo, tornou-se alvo de grande interesse gerencial, visto
que suas práticas têm por objetivo conduzir as empresas a melhores resultados por
meio do desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo.
O objetivo deste trabalho é analisar a importância da aplicação do Marketing
de Relacionamento na Cooperativa de Crédito da Zona da Mata de Minas Gerais
Sicoob Credilivre PAC 04 Matipó, para manter e fidelizar seus associados.
Objetivos específicos:

Analisar o grau de interação entre a cooperativa e seus associados e se a
cooperativa dá a importância necessária ao desenvolvimento de estratégias para
alcançar seus objetivos;

Identificar o conhecimento dos associados sobre os produtos e serviços
oferecidos pela cooperativa;

Alertar sobre a necessidade de se conhecer a opinião dos associados em relação
aos serviços prestados pela empresa;
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Cooperativa de Crédito
Uma Cooperativa de Crédito é uma instituição de crédito organizada sob
forma de sociedade cooperativa mantida pelos próprios cooperados, que exercem
ao mesmo tempo o papel de donos e usuários. As cooperativas de crédito são
eficientes para o fortalecimento da economia, a democratização do crédito e a
desconcentração de renda (PORTAL, 2011).
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O principal objetivo das cooperativas de crédito é a captação e a
administração de poupanças, empréstimos, financiamentos, prestação de serviços e
outros aos associados. A cooperativa não deve obter vantagens apenas para si, em
detrimento do resultado do sócio, os resultados deverão ser investidos com dupla
finalidade: zelar por benefícios para o associado e pelas operações e serviços
cooperativos (PORTAL, 2011).
Marketing
De acordo com Kotler (2000, p. 3), as pessoas pensam que marketing é
baseado em vendas e propaganda. Isso acontece, pois todos os dias somos
bombardeados por comerciais de televisão, anúncios em jornais, campanhas de
mala direta e telefonemas de vendas, realizados por diversas empresas. No entanto,
vendas e propaganda são apenas a ponta do iceberg do marketing e embora sejam
importantes, não são as mais fundamentais. Hoje em dia, o marketing não deve ser
compreendido apenas no antigo sentido de fazer uma venda – “dizer e vender” –
mas também no novo sentido de satisfazer as necessidades do cliente. Se um
profissional de marketing fizer um bom trabalho de identificação dessas
necessidades, desenvolver produtos de valor superior, apreçá-los, distribuí-los e
promove-los eficientemente, esses produtos serão vendidos com muita facilidade
para os consumidores. Portanto, marketing é um conjunto de ferramentas que
trabalham juntas para causar efeito no mercado.
Kotler (2006, p. 24) afirma que marketing é um processo social e gerencial
pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação
oferta e troca de produtos de valor com outros.
Rocha; Christensen (1999, p. 15) afirmam que marketing é uma função
gerencial, que busca ajustar a oferta da organização às demandas específicas do
mercado, utilizando como ferramentas, um conjunto de princípios e técnicas, mas
que pode ser visto também, como um processo social, pelo qual são reguladas a
oferta e a demanda de bens e serviços para atender as necessidades sociais. É,
ainda, uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação
reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor,
atendendo a suas necessidades, levando em conta seu bem-estar a longo prazo,
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respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as
necessidades de sobrevivência e continuidade da organização.
Marketing de relacionamento
Segundo Kotler (2008, p. 57), no passado, as empresas achavam que os
consumidores estavam garantidos, pois não havia tantas fontes alternativas de
suprimentos como existem hoje, todos os fornecedores prestavam serviços
igualmente deficientes ou o mercado crescia tão rápido que as empresas não se
preocupavam em satisfazer plenamente seus consumidores. Porém, essa situação
mudou, as empresas estão enfrentando uma concorrência jamais vista, mas se
forem capazes de passar de uma orientação de vendas para uma orientação de
marketing elas poderão ter um desempenho melhor que o das rivais. Os
profissionais de marketing devem conectar-se com os clientes, informá-los, engajálos e talvez até fazer com que participem ativamente do processo.
A utilização do marketing de relacionamento é importante para a manutenção
e fidelização de seus associados, já que as cooperativas de crédito possuem
grandes concorrentes, os bancos comerciais, que podem oferecer vários serviços e
muitas vantagens a seus clientes. Portanto, as cooperativas devem utilizar métodos
ou estratégias cada vez mais eficazes para acompanhar as mudanças do mercado,
destacando-se e conquistando uma fatia considerável e relevante no mercado
financeiro.
De acordo com Valente (2011, pg. 02), pode-se perceber que os principais
benefícios do marketing de relacionamento são o aumento da retenção e lealdade
do cliente, pois os clientes estabelecem relacionamentos de longo prazo com a
empresa, comprando mais e com mais freqüência, além de proporcionar uma maior
lucratividade por cliente, em função da diminuição dos custos para conquistar novos
clientes.
Para Solomon (2002, p. 28), os profissionais de marketing empenham-se em
definir segmentos de clientes e ouvir as pessoas como nunca antes, por isso, muitos
perceberam que construir um relacionamento estável que dure toda a vida entre
marcas e clientes tornou-se um fator importante para o sucesso. Os profissionais
que acreditam nessa filosofia, chamada de marketing de relacionamento, interagem
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com os clientes de modo regular e lhes dão razões para manter um elo com a
empresa ao longo do tempo.
Para Kotler (2008, p. 30), o Marketing de Relacionamento é a construção de
relações satisfatórias em longo prazo com três partes essenciais: consumidores,
fornecedores e distribuidores. As empresas inteligentes tentam desenvolver
confiança e relacionamento “ganha-ganha” em longo prazo com os consumidores,
distribuidores, revendedores e fornecedores, prometendo e entregando alta
qualidade, bons serviços e preços justos as outras partes no decorrer do tempo.
Marketing de Relacionamento resulta em fortes vínculos econômicos, técnicos e
sociais entre as partes.
Para Mckena citado por Chaves; Silva; Lira; Gavião (2011), a organização é
obrigada a conhecer melhor seu cliente, antecipando sua expectativa e superando-a
com o objetivo de fidelizar o cliente e criar um relacionamento duradouro nos
negócios.
Marketing de serviços
O Sicoob Credilivre possui uma carteira de associados que se estende desde
comerciantes a produtores rurais da cidade de Matipó, portanto, a empresa precisa
oferecer produtos e serviços que atendam as necessidades de todos os associados
para mante-los.
De acordo com Cobra (2009, p. 221), a preocupação básica no setor de
produtos e serviços encontra-se na adaptação entre as possibilidades de produção e
as necessidades e desejos dos consumidores.
Para Miotto Junior; Amaro; Belei; Colletti (2011), qualidade em serviços, é
muito mais do que tratar bem ou mal o cliente, a organização sempre deve saber
quais são as expectativas de seus clientes para poder atendê-las e ficar na mente
do cliente como prestadora de um serviço de qualidade.
Qualidade no atendimento a clientes
A qualidade no atendimento tornou-se essencial e necessária para manter um
bom relacionamento com os clientes, portanto, toda empresa que deseja utilizar a
ferramenta marketing de relacionamento para obter uma relação duradoura com
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seus clientes precisa utilizar como uma de suas estratégias, a qualidade no
atendimento. Para Chiavenato citado por Queiroz (2005, pg. 38), a qualidade no
atendimento é a satisfação das exigências do cliente.
De acordo com PROCON-FGV citado por SEBRAE (2011), foram analisados
em uma pesquisa, os motivos que fazem com que as empresas percam seus
clientes, onde foi encontrado o seguinte resultado:
1% Porque morrem
3% Porque se mudam
5% Porque fazem novos amigos
9% Pelos preços mais baixos da concorrência
14% Pela Qualidade dos produtos e serviços
68% Devido à indiferença e ao mau atendimento
METODOLOGIA
Este estudo descritivo de abordagem qualitativa, aliada a uma pesquisa de
campo e estudo de caso. Foram aplicados 50 questionários estruturados in loco,
aplicados durante o período de 01 a 20 de setembro de 2011, com questões
referentes ao relacionamento entre a cooperativa e seus associados, para que o
objetivo proposto fosse alcançado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Matipó onde foram aplicados
50
questionários,
contendo
10
perguntas
cada,
a
associados escolhidos
aleatoriamente em um universo de 500 associados.
Após a tabulação dos questionários, a pesquisa atingiu os seguintes
resultados:
Detectou-se que 62% dos entrevistados solucionam suas dúvidas através do
atendimento ou telefone da agencia. O que significa que poucos associados
procuram outros canais de relacionamento como e-mail da gerencia, 0800 ouvidoria,
página na internet e etc., para solucionar suas duvidas.
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Pode-se perceber que mais de 80% dos entrevistados avaliam o
relacionamento entre a cooperativa e os associados, bom ou alto, sendo que a
minoria, ou menos de 20% deles considera esse relacionamento baixo ou regular.
De acordo com Labinas (2009), muitas pessoas deixam uma marca ou
empresa por problemas de relacionamento.
Apenas 20% dos entrevistados afirmaram sempre ler os informativos ou
materiais de divulgação da cooperativa. Detectou-se que as técnicas de divulgação
dos produtos e serviços deixam a desejar, já que a cooperativa apresenta um
extenso mix de produtos e serviços. A cooperativa pode desenvolver novos métodos
de divulgação, ou fortalecer os existentes, pois, se continuar assim, ela pode perder
associados para seus concorrentes.
Observou-se que 60% dos clientes consideram as ações de comunicação da
cooperativa suficientes para manter os associados, resultado que pode ser
melhorado, pois, 40% deles nunca consideram, ou somente às vezes, essas ações
suficientes para manter os associados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do estudo realizado conclui-se que o mercado está cada vez mais competitivo
devido à evolução dos meios de comunicação que tornaram as enormes distancias,
que separam as pessoas em todo o planeta, em pequenos espaços que podem ser
alcançados facilmente com um simples clicar de um botão. Portanto, os clientes
passaram a ser ainda mais importantes para as empresas, mas em conseqüência
disso, eles também se tornaram mais exigentes, obrigando as empresas a focar
seus esforços na manutenção e melhoramento de suas relações com seus clientes
para tornarem-se competitivas no mercado.
Este estudo mostrou que o marketing de relacionamento, quando bem
aplicado, é uma ferramenta indispensável à manutenção e perenidade das
empresas ao proporcionar um relacionamento duradouro com os seus clientes.
Neste sentido, constatamos que o objeto do nosso estudo, ou seja, a
Cooperativa de Crédito – Sicoob Credilivre – PAC 04, localizada na cidade de
Matipó – MG tem investido no relacionamento com seus associados, oferecendo
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vários canais de interação, a despeito das falhas de execução de algumas
ferramentas do mix de comunicação.
Observa-se ainda, a existência de um desperdício de investimentos quanto as
ferramentas disponíveis aos associados em razão do desconhecimento destas, que
poderiam ser mais bem gerenciadas a partir do conhecimento deste estudo por parte
da diretoria da Cooperativa.
Este estudo demonstrou que o marketing de relacionamento é uma troca de
informação entre as empresas e seus clientes com o intuito de solidificar as relações
e maximizar o “ganha-ganha” entre as partes.
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Acesso em: 24 out.
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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
FLUXO DE CAIXA: UMA ANÁLISE DA NÃO UTILIZAÇÃO E SUAS
CONSEQUÊNCIAS NUMA EMPRESA VAREJISTA DO SETOR DE
ELETRODOMÉSTICOS NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU, MINAS GERAIS,
BRASIL
Celso Abreu de Araujo. Graduado em Administração. Especialista em Gestão
Empresarial. Mestrando em Administração. Professor Faculdade Vértice UNIVÉRTIX e Consultor Empresarial.
[email protected]
PALAVRAS CHAVES: Fluxo de caixa, decisão, recursos financeiros, feeling,
experiência.
RESUMO
O presente artigo é o resultado de um estudo que teve por objetivos verificar o
nível de utilização das técnicas financeiras e as conseqüências da não utilização das
mesmas. Para tal, foi desenvolvido um questionário com 06 (seis) perguntas de
múltipla escolha que foi aplicado em 36 micro e pequenas empresas do município de
Manhuaçu/MG. Dentre as entrevistadas, a empresa Eletrominas do Brasil Ltda foi
selecionada para um estudo de caso que compreendeu na realização de um
levantamento dos dados financeiros históricos para compor a curva do saldo do
fluxo de caixa da mesma. A análise deste levantamento indicou que houve uma
negligência por parte dos diretores da Eletrominas no que se refere ao saldo e a
tendência do fluxo de caixa. Já a análise dos questionários, revelou que os
empresários têm uma preocupação constante com o fluxo de caixa por considerá-lo
como um instrumento imprescindível para uma boa administração.
INTRODUÇÃO
Comumente ouvimos questionamentos sobre os tipos de conhecimentos
financeiros necessários a um empreendedor para se obter sucesso nos negócios.
Acredita-se que a resposta seria mais fácil se soubéssemos do potencial de
crescimento e complexidade do negócio envolvido. Entretanto, grande parte dos
problemas financeiros das empresas estaria solucionada se os empreendedores
dominassem as técnicas de fluxo de caixa na sua forma mais simples, ou seja, a
conciliação entre as entradas e as saídas.
A RELEVÂNCIA DO TEMA VERSUS INTUIÇÃO DOS GESTORES
A problemática na gestão das pequenas empresas está, segundo Laudmann
apud Maluche (2000), na informalidade com que são conduzidas. A gestão dos
recursos financeiros representa uma das principais atividades da empresa e dessa
forma, se faz necessário um efetivo planejamento e acompanhamento dos
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montantes captados e desembolsados com o objetivo de melhor utilizar estes
recursos.
Segundo Frezatti (1997), muitos empresários se valem do conceito de "tino
comercial" ou "feeling" para a administração empresarial. Estes conceitos foram
acobertados, até a alguns anos, pelas grandes margens (proporcionado pelos
índices de alta inflação), que vigoravam no Brasil. Entretanto, com o início da
globalização e a estabilidade econômica, as margens de lucro foram se reduzindo e
os empresários de pequenos negócios passaram a sentir os efeitos da má
administração, principalmente no tocante à administração de caixa.
Considerando o que foi exposto e procurando responder ao questionamento
desde trabalho, a saber: É possível gerir uma empresa sem a utilização de um fluxo
de caixa, ou ainda, quais as conseqüências da não utilização do fluxo de caixa para
a micro e pequenas empresas? Realizou-se um levantamento dos relatórios de fluxo
de caixa da Eletrominas do Brasil Ltda - empresa varejista de pequeno do porte
situada no município de Manhuaçu/MG - com o intuito de estabelecer uma relação
dos fatores que influenciaram no seu fluxo de caixa, assim como as implicações
resultantes das tomadas de decisões.
No que se refere ao questionamento formulado, é sabido que o fluxo de caixa,
isoladamente, não garantirá a perpetuação da empresa, no entanto, facilitará
enormemente nos processos decisórios quando utilizado e forma correta.
Neste sentido, segundo Campos Filho (1999), o fluxo de caixa tem por
objetivo primordial, a projeção das entradas e das saídas dos recursos financeiros
da empresa em um determinado período de tempo. Já para Bangs Jr. (1999) a
projeção do fluxo de caixa é o dado individual mais importante para se controlar uma
empresa. Ao administrador, o fluxo de caixa será como um farol que ilumina o
caminho a ser percorrido ou a ser modificado. Assim sendo, normal seria que todas
as empresas adotassem o uso do fluxo de caixa como uma ferramenta essencial na
gerência dos recursos financeiros.
Pesquisa realizada em todo o Brasil pelo SEBRAE1 (Serviço Brasileiro de
Apoio a Micro e Pequena Empresa) no primeiro trimestre de 2010 revelou que
1
BOLETIM Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. Sebrae. Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br/br/mpe_numeros/mortalidade_empresas.asp>. Acesso em: 11 ago. 2011.
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59,9% das empresas morrem até os primeiros quatro anos de vida. Como fatores
que levam estas empresas a perecerem, podemos citar a falta de conhecimento do
mercado por parte de seus empreendedores, aos exorbitantes tributos, a
concorrência, a negligência quantos aos princípios de entidade 2 e a falta da
aplicabilidade de ferramentas básicas na administração dos recursos financeiros: o
exemplo, o fluxo de caixa.
Esta pesquisa visou, ainda, investigar e estabelecer uma conexão entre as
teorias acadêmicas financeiras e a realidade encontrada numa empresa de pequeno
porte. O entendimento destas doutrinas trazidas à realidade permitiu aos
administradores da Eletrominas do Brasil Ltda conhecer melhor as variáveis que
influenciaram no seu fluxo de recursos financeiros.
OBJETIVO
OBJETIVOS GERAIS
Esta pesquisa teve e ainda tem como objetivo chamar a atenção dos
administradores para uma ferramenta que é considerada a pedra fundamental de
uma boa gestão financeira.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Realizar levantamentos históricos dos relatórios de fluxo de caixa da empresa
Eletrominas do Brasil Ltda;
2. Analisar os relatórios na tentativa de melhor compreender os fatores que
influenciaram nas curvas dos saldos do caixa da Eletrominas do Brasil Ltda;
3. Comparar os resultados da análise do fluxo de caixa da Eletrominas com os
resultados encontrados na pesquisa de campo realizada;
4. Propor sugestões de melhoria no gerenciamento dos recursos financeiros da
Eletrominas do Brasil Ltda.
REVISÃO DA LITERATURA
Nem sempre percebemos que os departamentos contábeis e financeiros das
empresas estão, em sua maioria, estruturados para gerar informações com base no
2
Princípios de entidade: é preciso separar o “bolso” do sócio do “bolso” da empresa.
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regime por competência, ou seja, nos dados registrados na época em que ocorreu o
fato independentemente do seu recebimento ou pagamento. Esta situação tem
segundo o autor Campos Filho (1999), como conseqüências as dificuldades
encontradas pelos empresários em gerar e utilizar as informações de caixa.
Usando as palavras de Falcini (1992, p. 44).
Nos 500 anos que precederam os anos 30 deste século (1430 a 1930), o foco
central da contabilidade e dos demonstrativos financeiros foi sobre o fluxo de
caixa das empresas e por conseqüência, sobre a geração operacional líquida
de fundos de caixa. Nos últimos 50 anos, tem havido uma verdadeira
obsessão no enfoque sobre a demonstração contábil de resultados e
principalmente sobre o lucro líquido contábil e o consequente lucro por ação.
Possivelmente sejam esta forma arraigada de se observar os resultados
financeiros que tem levado tantas empresas à falência, mesmo obtendo lucros
contábeis. Segundo Goldratt e Cox (1990, p. 45) “É possível que uma empresa
apresente lucro líquido e um bom retorno sobre o investimento e ainda assim vá à
falência. O Péssimo fluxo de caixa é o que acaba com a maioria das empresas que
fracassam”.
Segundo estudo publicado em 2003 pelo jornal americano US Today "Global
Entrepreneurship Monitor", o Brasil é um país com o maior índice de
empreendedorismo do mundo. Em contra partida, detêm um dos mais elevados
índices de mortalidade prematura de empresas do mundo, fruto de um despreparo
intelecto-financeiro de seus empreendedores.
É essencial que os empresários aprendam a tomar decisões com base
naquilo que os números dizem. Nos dias de hoje não dá para ficar tomando
decisões com base somente na experiência e na sensibilidade, é preciso unir feeling
e conhecimentos técnicos. É de conhecimento de todos, com raras exceções, que
todo tipo de negócio tem capacidades reais de gerarem lucros, entretanto, nenhuma
atividade empresarial será bem sucedida se não houver um planejamento financeiro
adequado àquele negócio.
Segundo Shoon Ledyard, controller da Charlotte Hornets,
O planejamento de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se
saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações ou
quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que
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continuamente tenham falta de caixa e que necessitem de empréstimos de
última hora poderão perceber como é difícil encontrar bancos que as financie
(GITMAN, 1997, p. 586).
A esta altura, acredito que já tenha conseguido transmitir aos leitores,
empresários ou não, a seriedade que o assunto requer. É preciso compreender que
quem paga fornecedores, empregados e impostos é o caixa, é ele quem “aceita” a
máquina operacional e permite que a empresa tenha um dia após o outro. Portanto,
mais justo seria que esta ferramenta fosse medida e esquadrinhada de todas as
formas possíveis. Segundo Jack Welch (1993, p. 32) “Muitas vezes nós medimos
tudo e não entendemos nada. As três coisas mais importantes a medir num negócio
são: a satisfação dos clientes, a satisfação dos empregados e o fluxo de caixa”.
METODOLOGIA
No primeiro momento, a metodologia de pesquisa adotada foi á análise
exploratória de dados secundários de artigos e obras literárias que abordassem o
tema proposto como forma de subsidiar os argumentos necessários. Já no segundo
momento, na fase de desenvolvimento do projeto, realizou-se a exploração de dados
primários coletados por meio de um questionário (veja anexo) de perguntas e
recorreu-se à base de dados dos softwares de gerenciamento da Eletrominas do
Brasil Ltda.
Quanto à intervenção, o estudo foi observacional, visto que não nos é
possível influenciar resultados já ocorridos.
Quanto ao tempo, o estudo foi transversal, visto que o período investigado foi
curto e nem teríamos recursos necessários para tal estudo mais longo.
DELIMITAÇÃO DOS DADOS
Quanto ao questionário de perguntas, selecionou-se uma amostra de 36
empresários, proprietários de micro-empresa, com faixas etárias, sexo e formações
acadêmicas distintas e pertencentes ao município de Manhuaçu/MG. Os dados
coletados neste questionário foram de natureza quantitativa.
Quanto à análise dos dados extraídos do banco de informações da
Eletrominas, apurou-se as entradas e saídas de numerários compreendendo o
período de janeiro de 2010 a junho de 2011.
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HIPÓTESES
Tendo por base os conhecimentos acadêmicos e profissionais adquiridos até
o momento, formulei duas hipóteses que explicariam a não utilização do fluxo de
caixa como uma ferramenta primordial para o gerenciamento dos recursos de
capitais e conseqüentemente como parâmetro nos processos decisórios.
A primeira hipótese é a que a maioria da empresas que abrem as portas é
gerida por empreendedores que nunca administraram um negócio na vida, portanto,
estes empreendedores tendem a desconhecer totalmente a dinâmica dos ciclos de
recebimento e pagamentos de uma empresa.
A segunda hipótese se aplica as empresas geridas por empresários com
experiência e conhecimentos administrativos, mas que, no entanto, cometem erros
na utilização dos recursos capitais. Ou seja, apesar de deterem alguns
conhecimentos técnico-financeiros, recusam-se a se orientar pelos números
demonstrados nos fluxos de caixa apostando mais no seu feeling.
ANÁLISE DOS DADOS
Nesta seção apresentaremos os resultados obtidos dos questionários e coleta
de dados na forma de gráficos e explanações necessárias a partir da seleção dos
dados.
QUESTIONÁRIO
Conforme questionário (veja anexo) aplicado entre os dias 20 de agosto e 10
de outubro de 2011, 55,56% dos entrevistados disseram que nunca haviam
possuído ou gerenciado um negócio.
55,56%
60,00%
50,00%
40,00%
44,44%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Sim
Não
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Gráfico 1 – Percentual do universo de 36 entrevistados que já tiveram alguma experiência
empresarial.
Novamente, quando questionados sobre a utilização ou não do fluxo de caixa,
88,89% dos empresários disseram que utilizam o fluxo de caixa em sua empresa e
destes, 44,44% faz as devidas atualizações num período máximo de 15 dias.
33,33%
22,22%
11,11%
Semanal
Diário
11,11%
Quinzenal
22,22%
Mensal
Trimestral
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
Gráfico 2 – Empresários que atualizam o fluxo de caixa versus periodicidade de atualização.
Dando prosseguimento a apresentação dos dados, quando os empresários
foram argüidos sobre a forma do processo decisório, 77,78% dos empresários
disseram que suas decisões são tomadas em conformidade com os números do
fluxo de caixa. Já na pergunta seguinte, e em harmonia a resposta anterior, apenas
22,22% dos entrevistados disseram que suas decisões são pautadas, tão somente,
pela sua experiência de vida e profissional.
Quando os empresários foram questionados sobre o modelo decisório, ou
seja, tendo que escolher entre um modelo empírico, baseado na vivência de cada
um, ou num modelo científico, baseado em números e técnicas financeiras, 66,67%
dos entrevistados disse que optariam por uma decisão com base nos números do
fluxo de caixa.
DADOS HISTÓRICOS DO FLUXO DE CAIXA
Em consonância com a proposta inicial dos objetivos desde projeto, foram
levantados os dados do fluxo de caixa da Eletrominas do Brasil Ltda do período de
01 de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2011. Com estes dados, foi possível traçar a
curva primária de saldo dos recursos da época de maneira tal que permitisse
conhecer a disponibilidade ou necessidade de capital num determinado mês,
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semana ou dia. Entretanto, por limitações técnicas, demonstraremos tão somente
um gráfico da curva primária do saldo de caixa.
O termo curva primária, neste projeto, vem designar uma situação primitiva
resultante da combinação das entradas e saídas do caixa que posteriormente foram
ajustadas ou remanejadas.
40.000
20.000
0
-20.000
-40.000
-60.000
-80.000
-100.000
-120.000
-140.000
Seqüência1
4 por. Méd. Móv. (Seqüência1)
Gráfico 3 - Curva primária realizada do saldo de caixa versus tendência da curva – jan/2010 a
jun/2011.
Como podemos observar no gráfico 3, a linha classificada como sequencia1
representa a curva primária do saldo de caixa realizado, já a linha pontilhada
representa a tendência da curva de saldo obtida pela média móvel de 04 (quatro)
períodos. O saldo representado pela linha da média móvel nos permite saber o
comportamento da curvatura do saldo para os próximos 04 meses (período
calculado) ao espelhar o saldo realizado dos últimos 04 meses.
Ao examinar o gráfico 3 é possível verificar a tendência de saldo negativo
para os meses de maio, junho e julho de 2010 já no mês de abril de 2010, data esta
em que o saldo de caixa era positivo.
DISCUSSÃO
Contrariando pesquisa realizada pelo SEBRAE no período de 2006-08 com
mais de 5 mil empresas que revelou a existência de quase ¼ dos entrevistados
(22%) terem iniciado os negócios sem nenhuma experiência ou conhecimento no
ramo, a compilação dos dados do questionário respondido pelos 36 empresários
demonstrou que 44,44% deles tinham alguma experiência na gestão de negócios.
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Esta realidade, segundo a pesquisa, refuta a hipótese primária de que a maioria das
empresas que abrem as sua portas são concebidas por empreendedores
inexperientes e primários na gestão financeira.
A segunda hipótese alega que empresários com algum grau de experiência
administrativa cometem erros por não observar o fluxo de caixa ao tomar as
decisões necessárias. De acordo com Andrade (1998), decisão se define como “um
curso de ação escolhido pela pessoa, como o meio mais efetivo à sua disposição
para alcançar os objetivos procurados, ou seja, para resolver o problema que a
incomoda”. Logo, podemos traduzir estas ações nas políticas de compras, vendas e
créditos que interferem positivamente ou negativamente na dinâmica do ciclo de
caixa. Pois bem, segundo os resultados da pesquisa, salvo margens estatísticas de
erros desconhecidas, quatro quintos (4/5) dos empresários disseram tomar decisões
em conformidade com os números do fluxo de caixa, refutando desta forma a
segunda hipótese.
Ao fazermos uma comparação da análise dos resultados do questionário e da
evolução da curva primária do saldo de caixa da Eletrominas, podemos concluir que
a empresa é gerida pela fração de empresários que privilegiam a experiência de vida
às orientações sugeridas pelo fluxo de caixa na hora de decidir. Esta afirmativa pode
ser reforçada tecnicamente ao traçarmos uma reta sob os fundos da curva de saldo
dos meses de março de 2010 e julho de 2010, o que vem a configurar uma clara
tendência de deficiência de caixa, o que efetivamente ocorre de janeiro a junho de
2011 como demonstrado no gráfico 3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto procurou enfatizar a importância do uso e do monitoramento do
fluxo de caixa para a sobrevivência de uma empresa. Permitiu-nos, também,
conhecer, através de uma amostra, como os empresários vêem a ferramenta fluxo
de caixa e o papel gerencial que esta exerce sobre o seu negócio. Demonstrou
ainda, que quando interpretado corretamente, o fluxo de caixa é um instrumento
poderoso de orientação nas tomadas de decisões e que ao ignorar estas
orientações, por quaisquer motivos que seja, poderá estar optando entre o incerto
caminho do sucesso e o caminho mais curto para a falência.
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RECOMENDAÇÕES GERENCIAIS
Pesquisa de Mercado divulgada em abril de 2005 pela KPMG Corporate
Finance sobre Reestruturação de Empresas com faturamento acima de 66 milhões
de reais, revelou que 77% das empresas preparam o fluxo de caixa operacional e
que 84% delas revisam o fluxo num prazo máximo de 15 a 30 dias. Portanto, tanto
as empresas de grande porte como as microempresas de nosso município têm
adotado estratégias de gestão financeira similares, nas suas devidas proporções.
Assim sendo, recomendamos que a Eletrominas do Brasil Ltda passe a observar
mais atentamente o seu fluxo de caixa, pois entre os emaranhados de números,
linhas e setas estão grande parte das respostas para uma boa gerência dos
recursos financeiros.
REFERÊNCIAS
BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo:
Atlas, 1989.
CAMPOS FILHO, A. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta
indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
DEGEN, R. J. O empreendor: Fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo:
McGraw-Hill, 1989.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1987.
BOLETIM Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. SEBRAE. Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br/br/mpe_numeros/mortalidade_empresas.asp>.
Acesso
em: 11 agosto. 2011
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PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PREFERÊNCIAS DE CONSUMO DO PÚBLICO
EM POTENCIAL SOBRE O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE
VÉRTICE EM MATIPÓ/MG
Max Andrade Coelho - Graduado em Administração. Aluno no curso de Pós
Graduação em MBA da Faculdade Univértix. Professor da Escola Técnica Vértix.
Guanayr Jabour Amorim. Graduado em Tturismo. Mestre em Meio Ambiente.
Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
RESUMO
Este artigo relaciona-se sobre uma pesquisa de mercado realizada no ano de
2010, junto à população de Matipó/MG. A pesquisa teve como foco avaliar a
satisfação e a qualidade do serviço oferecido pela Faculdade Univértix em
alinhamento com os 4 P’s do Marketing (Praça, Preço, Produto e Promoção). A
metodologia utilizada no trabalho foi: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo
com aplicação de questionários estruturados. Para justificar e contextualizar o
estudo, também foi realizada uma analise do ambiente interno e do mercado da
instituição através da analise de (SWOT) Fraquezas, Oportunidades, Forças e
Ameaças. Os resultados da pesquisa mostraram que a organização tem potencial de
mercado, mas precisa reestruturar o negócio e atender às demandas do seu públicoalvo.
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa de Mercado; Marketing; Faculdade Univértix; Analise
de SWOT.
INTRODUÇÃO
O planejamento de Marketing é a técnica que permite a uma organização
decidir sobre qual é o melhor uso de seus recursos para atingir seus objetivos
(MAZZETTO,
2009).
As
(IES)
Instituições
de
Ensino
Superior
sofrem
constantemente vários tipos de influências, inclusive com a concorrência, por isso, o
uso da comunicação é essencial, pois possui a necessidade de se apresentarem no
mercado de uma forma atrativa mostrando suas qualidades e potencialidades
(NETO, 2004).
Com isso, pode-se perceber que cada vez mais, as Instituições de Ensino
Superior preocupam-se com suas ações mercadológicas e o marketing voltado
totalmente ao cliente, de alguma maneira, seja para atender as necessidades
individuais e também para atender as necessidades como um todo, englobando toda
sociedade (BOTELHO, 2008).
A Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX teve inicio das suas atividades em 2008
construindo um novo conceito de ensino superior, localizada na cidade de
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Matipó/MG, localizado na região II da Zona da Matado estado de Minas Gerais
(IBGE, 2009), suas instalações apresentam uma estrutura moderna e arrojada. Com
professores mestres e doutores, laboratórios de última geração em todas as áreas
de conhecimento, biblioteca e complexo poliesportivo, que também atende alunos
portadores de necessidade especiais conforme a portaria Ministerial 1679/1999
(MEC) Ministério da Educação. A Faculdade Univértix é mantida pela Sociedade
Educacional Gardingo Ltda, e dispõe para sociedade atualmente sete cursos de
graduação superior e também pós-graduação, entre eles vamos destacar o Curso de
Administração de Empresas (UNIVÉRTIX, 2010).
O propósito da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX desde que iniciou suas
primeiras turmas, é de se tornar uma referência de ensino, e contribuir na formação
de pessoas capacitadas para o mercado de trabalho na região, com ênfase nas
cidades circunvizinhas da cidade de Matipó/MG, onde esta instalada (UNIVÉRTIX,
2010).
A disseminação de ensino a distância, e a concorrência mesmo que distante
pode vir a ser modificada com o tempo. O preço como atração das classes com
pouco poder aquisitivo. A sua estrutura física, bem que se assemelha com projeto
futurista e diferenciado nessa região. Salas preparadas ergonomicamente para a
comodidade do aluno, bem como pessoal no atendimento aos usuários. Fácil
localização funciona como ponto de referência na cidade de Matipó/MG.
Contudo, o presente estudo tem como objetivo identificar o perfil sócio
demográfico e as preferências de consumo do público em potencial sobre o curso de
Administração da Faculdade Vértice em Matipó/MG, já que nenhuma instituição
pode sobreviver no mundo moderno sem que planeje o futuro de suas ações.
JUSTIFICATIVA
De acordo com Kotler (2008, p.27) “marketing é um processo social e gerencial
pelos quais os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da
criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Marketing é normalmente
associado às propagandas e publicidades, com isso, se faz necessário a
compreensão melhor do que significa marketing e qual é a sua utilidade, em
produtos e serviços.
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A importância de Identificar por meio de pesquisa de mercado, o perfil e
percepções (preferências) da população de Matipó/MG em relação à presença e
oferta do ensino superior da Faculdade Univértix e também a possibilidade de ofertar
novos cursos é de suma importância para o planejamento de marketing.
Não adianta investir em propaganda sem conhecer o mercado. Ou seja, quais
são as prioridades e preferências dos consumidores. Num mercado globalizado, a
alma do seu negócio é, antes de tudo, conhecer o seu mercado de atuação (clientes,
concorrência, ambiente).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A American Marketing Association definiu marketing como um processo pela
qual se planeja e efetua a concepção, a fixação do preço, a promoção e a
distribuição de ideias, bens e serviços que estimulam trocas que satisfazem aos
objetivos individuais e organizacionais (BASTA et al., 2006).
Mattar (2007) define que a pesquisa de marketing é a função que liga o
consumidor, o cliente e o público ao marketing através da informação – informação
usada para identificar e definir as oportunidades e problemas de marketing, gerar,
refinar e avaliar a ação de marketing, monitorar o desempenho de marketing, e
aperfeiçoar o entendimento de marketing como um processo. É a forma pela qual
pode gerar uma infinidade de possibilidades para atingir os objetivos.
De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 50) “um objetivo importante da
avaliação ambiental é o reconhecimento de novas oportunidades. Sob muitos
aspectos, um bom marketing é a arte de encontrar, desenvolver e buscar a partir de
oportunidades”. Uma oportunidade de marketing existe quando a empresa pode
lucrar ao atender as necessidades dos consumidores de determinada segmento.
Também serve como um processo de investigação no mercado para localizar onde
esta e qual carência necessita de investimento mercadológico.
Para Mattar (2007) os próprios pesquisadores são a maior fonte de dados em
pesquisa de marketing. O dado pode ser obtido do pesquisado através de sua
própria declaração, oralmente ou por escrito, ou de sua observação. Quando ocorre
de o pesquisado ser inacessível, possuir pouco conhecimento da informação
desejada ou ter dificuldades de expressar-se, às vezes, é mais fácil conseguir a
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informação com outras pessoas que convivem com ele. Nesse ponto o marketing
abrange uma totalidade bem maior do desejado, já que amplia sua área de
pesquisa, obtendo mais detalhes do pesquisado e em vários segmentos.
Mattar (2007) diz que a pesquisa de marketing especifica a informação
necessária destinada a estes fins, projeta o método para coleta de dados, analisa os
resultados e comunica os achados e suas implicações. Este dado é usado para
traçar todo o método de trabalho na conquista do mercado, por isso a fidelidade dos
dados no resultado é marca registrada para o êxito no projeto, que acaba virando
um ciclo, na busca de outras necessidades.
Segundo Cobra:
A pesquisa de mercado é um instrumento valioso para detectar
oportunidades de mercado, os chamados nichos de mercado. E é útil
também para os estudos exploratórios para novos produtos e serviços,
como também se presta para inúmeras finalidades como testar o impacto do
esforço de marketing, como testes do tipo antes e depois, para, por
exemplo, segmentar o mercado (COBRA, 2009, p.111).
Ainda Cobra (2009) a pesquisa de mercado é entendida por muitos autores
de marketing como sendo qualquer esforço planejado e organizado para obter fatos
e conhecimentos novos que facilitem o processo de decisão de mercado.
METODOLOGIA
Este estudo é de caráter exploratório e quantitativo foi realizado numa
Instituição de ensino superior da zona da mata mineira. O instrumento de coleta de
dados foi o questionário semi-berto que possibilitou a avaliação das seguintes
variáveis sobre o perfil do entrevistado: sexo, renda mensal, idade, meio de
comunicação que obteve a informação, entre outros.
A amostra foi de 70 questionários de um universo de 600 alunos, indicada pela
fórmula n= N.Z².p(1-p)/Z².p.(1-p)+e².(N-1) apresentada por Santos (2012). O
instrumento foi aplicado presencialmente entre as datas 05 a 12 de junho de 2010
por arguição. Os dados obtidos por amostragem pela e foram tabulados utilizado o
programa Microsoft Excel 2007.
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O plano de marketing é importante para a faculdade, pois ele é usado para
concretizar a criatividade, organização e inovação, sendo necessário para observar
e implementar os detalhes das atividades que poderá ser desenvolvidas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nessa análise do mercado aparecem os pontos fracos, fortes,
ameaças e oportunidades. Analizando a situação problemática juntamente com a
análise SWOT (fraquezas, oportunidades, forças e ameaças) foi possível determinar
os pontos fortes e os pontos fracos da instituição. O plano de marketing visa,
também, desenvolver esses pontos fracos assim como aprimorar os pontos fortes.
Pois, é importante agir sob forças, mas ter as fraquezas sob controle (COBRA,
2006).
Durante o processo de elaboração do plano de marketing, é necessário fazer
uma avaliação em relação às forças e as fraquezas que possui, corrigindo todas as
fraquezas da instituição e destacando suas forças que são:
Forças
Recursos e capacidades, (posicionamento, conceito da empresa,
participação de mercado, professores experientes no mercado).
Franqueza
Vulnerabilidade, (nº de habitantes, localização, baixo conceito
perante o mercado, custos e localização desfavorável).
Oportunidades
Crescimento,
(necessidades
não
aceitas
ao
consumidor,
aumento do poder de compra do mercado e disponibilidade de
linhas de credito, Prouni, Fies).
Ameaças
Mudanças no ambiente, (mudanças no padrão de consumo,
lançamentos de produtos substitutos do mercado e redução do
poder de compra, situação do mercado, pouca demanda, cursos
técnicos).
Quadro 1 – Análise SWOT – Tópicos
Barros e Lehfeld (2000, p. 68), por sua vez atestam que a pesquisa científica
consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente na coleta de
dados, no registro de variáveis, presumivelmente relevantes para análises
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posteriores. Esse raciocínio aponta a informação coletada atua como um forte
instrumento de soluções.
Gráfico n. 1 – Faixa etária dos acadêmicos
De acordo com o gráfico n.1, temos 44% dos entrevistados que possui de 20
a 24 anos de idade, e 29% com a idade de 25 a 34, já com 25% na faixa de 35 e
acima 40 e que mostra o interesse do jovem em responder sobre assunto de
educação.
Gráfico n. 2 – Renda familiar e curso desejado
Para Cobra (2009), o preço pode ter várias avaliações, isto depende das
diferentes realidades que as pessoas estão inseridas, como também a renda. No
gráfico n. 2, vem apresentando a renda de 1 e 2 salários mínimo temos 60% dos
entrevistados e com 28% ganhando de 3 a 4 mínimos, e 7% com rendimento de 5
salários e acima, e 5% não quiseram responder, é um dado que condiz com a
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situação economia atual, sendo a maioria jovens e com renda para freqüentar uma
instituição de ensino superior.
Podemos ver uma diversificação de escolhas dentre os cursos ofertados pela
faculdade considerando o universo questionado, vemos que não teve muita
concorrência, sendo administração com 13%, agronomia 12%, ciências contábeis
7%, educação física 11%, enfermagem 10%, farmácia 11%, veterinária 13%, já no
critério outros com 19% houve diversas sugestões.
Como diz Mattar (2007, p. 64). “Tanto o método da comunicação quanto o da
observação possuem vantagens e desvantagens e cabe ao pesquisador,
conhecendo umas e outras de cada método, fazer a escolha mais adequada para
atender às necessidades de sua pesquisa.”
Como se percebe nas organizações para dar continuidade no plano é
necessário montar uma estratégia de marketing na qual são utilizadas as
informações coletadas e os objetivos determinados.
A análise do ambiente, do mercado e o foco no cliente, são necessários para
entender a estratégia do composto. Ou seja, a estratégia dos 4 P’s. que são produto,
preço, praça e promoção com isso podemos analisar os dados da Faculdade
Univértix:
Pontos fracos
Pontos fortes
Divulgação dos cursos.
Faculdade pertence a um grupo forte.
Poucos funcionários para atendimento.
Possui boa localização regional.
Horário de atendimento limitado.
Um bom atendimento ao cliente.
Preço competitivo.
Ameaças
Oportunidades
Aumento da concorrência, e oferta do Ensino
Investir em alunos de escola pública.
a Distância.
Crescimento da economia 2010 e 2011.
Concorrência com menor preço.
Palestras com alunos concluintes do 2º grau
Grande procura de cursos técnicos.
Grande procura de cursos técnicos.
Quadro 2 – Diagnóstico da Faculdade Vértice
Kotler (2003, p. 204) afirma que “as empresas excelentes almejam superar as
expectativas dos clientes”. É com este conceito que a empresa se prepara para
atender seu publico alvo, com um esforço dirigido para suprir carências no mercado
e atender com mais agilidade e confiança na certeza de um bom serviço prestado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na era da informação, é como se as pessoas estivessem sempre prontas
para se surpreender com o que lhe oferecem, esse é o novo sistema de ensino que
a Faculdade Univértix vem a implantar no meio do ensino superior visto no estudo
acima.
Esta Pesquisa de Marketing revelou e descreveu dados seguros sobre o
universo investigado na cidade de Matipó/MG no ano de 2010, com informações que
podem servir para a racionalização da tomada de decisões futuras. Uma variável
importante é o preço, que apresenta como fator que determina a escolha da IES
pelos alunos.
Também esses resultados indicam que, ainda há o que se desenvolver em
termos de um planejamento de marketing para elaborar um plano para a divulgação
do curso de Administração, implementar a divulgação em locais freqüentados pelo
publico alvo e capacitar graduandos, para fazer palestras nas escolas, grêmios com
o intuito de disseminar os conhecimentos adquiridos na sala, e divulgando a IES.
REFERÊNCIAS
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Fundamentos de metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2.ed.
São Paulo: Makron Books, 2000.
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Disponível
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São Paulo: Pearson Prentice, 2006.
Administração de Marketing. 12. ed.
KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento,
implementação e controle. 5. ed. – 7. Reimpr. - São Paulo: Atlas, 2008.
MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: edição compacta. 4. ed.
Paulo: Atlas, 2007
São
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Disponível
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<http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_23616/artigo_sobre_estudo_de_um_p
lano_de_marketing_para_empresas>. Acesso em 20 Agot. / 2012.
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de 2 de dezembro de 1999.
Disponivel em:
<http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/c1_1679.pdf> Acessado em 20 Agot.
/2012.
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Instituição
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Ensino
Superior.
Disponível
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<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10169/000499600.pdf?sequence=
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SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line.
Disponível em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 05 Abr /2012.
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Faculdade.
Disponivel
em:
<http://faculdadevertice.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&
Itemid=18>. Acesso em 20 Set. /2010).
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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Getulio Ferreira dos Santos – Graduado em Administração.
Maria Aparecida Salles Franco - Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade
Maria Helena Sleutjes - Especialista em Instituição de Ensino Superior. Mestre em
Administração Pública. Professora dos Cursos de Pós-graduação da Faculdade
Vértice - UNIVERTIX.
[email protected]
RESUMO
Na gestão dos resíduos sólidos urbanos há de se considerar a
heterogeneidade dos materiais, potencialidades comerciais e de contaminação do
ambiente, portanto quem lida com a gestão de resíduos tem que estar bem
informado sobre riscos e a importância do maior aproveitamento possível.
Sabedores de que este processo depende não só do interesse do cidadão, mas
especialmente do poder executivo, este trabalho buscou dentro da micro-região do
Manhuaçu, formas diferentes de gestão de resíduos sólidos em três municípios, que
serão tratados como município A, B e C. Empregando questionário estruturado e
observação participante do pesquisador, foram encontradas três situações
administrativas distintas para municípios de uma mesma região.
PALAVRAS-CHAVES: Gerenciamento; Sustentabilidade; Gestão; Resíduos.
INTRODUÇÃO
O aumento da população mundial e o crescimento dos centros urbanos sem
planejamento provocam conseqüências e problemas ambientais, portanto tornou-se
necessário elaborar políticas públicas específicas para mitigar a degradação
ambiental (MAREGA, 2011). Segundo a Agenda 21 o lixo urbano é hoje um dos
mais sérios desafios na ordem sanitária e ambiental para qualquer gestor de cidade
no Brasil e no mundo (AGENDA 21, 1992, p 43) 3.
Conforme dados do IBGE (2008):
O Brasil já tem mais de 180 milhões de habitantes. Segundo as projeções, o
país apresentará um potencial de crescimento populacional até 2039,
quando se espera que a população atinja o chamado “crescimento zero”.
Vale ressaltar que se o ritmo de crescimento populacional se mantivesse no
mesmo nível observado na década de 1950 (aproximadamente 3% ao ano),
a população brasileira chegaria, em 2008, a 295 milhões de pessoas e não
nos 189,6 milhões divulgados pelo IBGE.
As atividades humanas resultam na geração de resíduos sólidos, e esses
precisam ter um destino adequado. Segundo a Lei federal 12.305 de 02/08/2010,
3
Agenda 21- Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
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independente de o gerador de resíduo ser publico ou privado, o destino adequado é
de responsabilidade de quem o gerou (BRASIL, 2010). De acordo com PAVAN
(2007), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 10.004 (2004),
classifica os “resíduos como qualquer sobra resultante de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição”.
A forma como são realizados os descartes dos resíduos do consumo humano
influência a vida da população, assim o que acontece com o lixo deve ser
preocupação de todos, e não apenas do poder público.
O objetivo geral dos assentamentos humanos é melhorar a qualidade social,
econômica e ambiental (...) em especial dos pobres de áreas urbanas e
rurais. Essas melhorias deverão basear-se em cooperação técnica, na
cooperação entre os setores público, privado e comunitário, e na
participação, no processo de tomada de decisões, de grupos da
comunidade (...) (AGENDA 21, 1992, p 84).
Deve-se destacar que o direito essencial à vida, higiene, moradia, saúde e a
um meio ecologicamente equilibrado, são condições presentes na Constituição
Brasileira e exigem atitudes dos governantes para serem postas em prática e
cumpridas.
Assim, Fraga (2003, p. 33) ressalta que:
Art. 225 – todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
Uma alternativa tem sido a coleta seletiva do lixo. E para tentar minorar o
problema ambiental causado pelo descarte impróprio do lixo, o governo federal
sancionou a Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico e para a Política Nacional de Saneamento Básico (FERREIRA,
2008).
Para compreender a complexidade da gestão de resíduos sólidos em cidades
de menor porte foi realizado um estudo de caso sobre a atual situação de três
cidades da micro-região do Manhuaçu, macro região Zona da Mata. Todo município
precisa organizar sua política de gestão dos Resíduos Sólidos. Essa diretriz deve
programar e abranger a participação total da sociedade, objetivando mudanças nas
atitudes.
OBJETIVO GERAL
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Objetiva-se com este estudo inventariar os principais problemas e soluções
encontrados na gestão de resíduos sólidos nos municípios A, B e C, localizados na
micro-região de Manhuaçu. Buscou-se na escolha dos municípios apresentar as
diferentes formas de gestão de resíduos que melhor ilustrem o quão diversificado
ainda é este processo no interior.
A QUESTÃO DOS RESÍDUOS
Durante muito tempo lixo e resíduos sólidos possuíam fundamentalmente o
mesmo significado, porém presentemente são distinguidos da seguinte maneira:
Lixo: Tudo aquilo que não tem como ser reaproveitado ou reciclado;
Resíduos: Todo material que ainda permite ser parcialmente ou integralmente
usado. Os resíduos sólidos foram classificados com a finalidade de especificar a
mais adequada tecnologia no tratamento, reaproveitamento e/ou destino final
(ABNT, 2004).
Classificação de resíduos: “A NBR 10.004/87 substituída pela NBR – ABNT
10.004/2004, publicada em 31 de maio de 2004” (ABNT, 2004). Elaborada no âmbito
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina os novos critérios
técnicos para a classificação dos resíduos sólidos.
E segundo Pinheiro (2008, p. 13) corroborando com as normas da ABNT
(2004) destaca que:
A definição encontrada em dicionários técnicos para metais pesados é a de
elementos químicos com densidade acima de 4 ou 5 g/cm3. Entre os
ecotoxologistas, no entanto, o termo metal pesado é usado para os metais
capazes de causar danos ao meio ambiente. A divergência no que se refere
aos metais pesados não reside apenas na definição.
De acordo com a nova NBR 10.004/2004 a classificação para gerenciar os
resíduos determina dois grupos: Classe I – Perigosos Nos anexos A e B constantes
da NBR 10004/04 estão detalhados os resíduos perigosos de fontes não específicas
e os resíduos perigosos de fontes específicas, respectivamente. Estes possuem
uma das seguintes características: Corrosividade, Reatividade, Inflamabilidade,
Toxicidade ou Patogenicidade.
Classe II – Não perigosos.
INVENTARIANDO OS PROBLEMAS ENCONTRADOS
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No município “A” houve dificuldade para obter resposta do questionário
formulado. O que será apresentado fez parte da observação participante do
pesquisador. No local que recebe a destinação final dos resíduos sólidos deste
município, estava sendo implantado um aterro controlado que contemplava o
tratamento do chorume produzido. O tratamento do chorume que deveria passar por
uma série de três lagoas revestidas por lona própria sugere que todo o resíduo
orgânico seria destinado a aterramento. Pelas construçoes inacabadas e próprias
para a triagem de materiais recicláveis, leva a crer que haveria uma Usina de
Triagem para a seleção e posterior comercialização destes. Onde observou-se
piscina de contenção de chorume desativada e danificada; a queima do material
depositado, a presença de catadores, presença de animais ; existência de
embalagens de remédios, agulhas e lixo proveniente de uso clínico. Inexistência de
canaletas de captação das águas pluviais.
Município B. Aqui a realidade foi bem diferente da anterior mesmo estando tão
próximos apresentaram dicotomia no modelo de gestão de seus resíduos que aqui
são triados e encaminhados para compostagem e reciclagem. Sendo então
aterrados apenas o referente aos rejeitos contaminantes numa área específica do
aterro controlado. Toda a área da usina e do aterro possui canaletas que recolhem
as águas pluviais que são tratadas em caixas apropriadas. Após o encerramento das
atividades observou-se uma higienização do local com a finalidade de eliminar
odores e a proliferação de insetos. Todos os funcionários utilizavam os EPIs
adequados às suas atividades, os banheiros e refeitório são mantidos em perfeita
higienização. Apesar do município não ter implantado a coleta seletiva, ainda assim
o volume de rejeito é insignificante e o material selecionado é bem superior em
relação ao município “A”.
O município “C” é o que melhor gerencia os seus resíduos pois além de possuir
usina de triagem e compostagem, conta com a parceria entre a prefeitura e a
Cooperativa de Catadores “Aguapé”.
Os resíduos de saúde são recolhidos e
tratados pela empresa SERQUIP. A cooperativa possui programa surgido a partir da
implantação da certificação SA 8000, referente à Responsabilidade Social.
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Sendo assim os municípios B e C se encontram em conformidade às
legislações específicas enquanto o município A depende de adequações na sua
gestão dos resíduos sólidos.
SOLUCIONANDO OS PROBLEMAS
De acordo com o apresentado no município A, segue abaixo as soluções para
sua adequação na gestão de resíduos sólidos.
Propõe-se estabelecer um Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos,
passando pelas seguintes etapas:
a) Determinação dos Componentes do Sistema de Gerenciamento: não se deve
determinar modelo ou sistema único de eliminação, mas a integração de medidas
para satisfazer as prioridades dessa gestão.
De acordo com Cândido, ET al. (2008, p.9):
O gerenciamento integrado de resíduos é um conjunto articulado de ações
normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma
administração municipal desenvolve (com base em critérios sanitários,
ambientais e econômicos), para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de
sua cidade.
O princípio de SIGR tem uma hierarquia baseada e aceita nos Quatro RS:
Redução, Reciclagem, Reutilização e Recuperação. (LIXO, [S.d. b]).
b) Redução: A redução dos resíduos é estratégia preventiva, podendo ser realizada
com política de instrumentos regulatórios socioeconômicos. (LIXO, [S.d.b]).
Conforme SANTOS (2007) a diminuição rotulada de “prevenção de resíduo” é
definida pela EPA (Environmental ProtectionAgency)4 como: qualquer modificação
no projeto , na compra, fabricação, uso de insumos ou produtos, incluindo
embalagens, antes que se tornem resíduos sólidos urbanos.
A prevenção inclui o reuso de produtos ou insumos. Dessa forma as atividades
para redução na fonte determinam o fluxo de resíduos antes do ponto de geração.
Além de alongar a vida do produto, o reuso retarda o tempo gasto para estes itens
serem finalmente dispostos como resíduos.
c) Reutilização: A reutilização é um dos métodos possíveis e fáceis de divulgação
entre a população, e na prática acontece com embalagens e produtos (LIXO,
[S.d.b]).
4
EPA – Agência de Proteção Ambiental.
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Assim, conforme Oliveira (2008):
A reutilização é um método de gerenciamento de resíduos, baseado no
emprego de um produto com a mesma finalidade para a qual foi
originalmente concebido: um exemplo típico é a reutilização das garrafas de
vidro. Reutilização é um método de controle útil na minimização da
produção de resíduos, mantendo os bens envolvidos com as suas
características e funções originais.
A reutilização contempla o menor gasto de matéria-prima original na confecção
de produtos e também um resíduo menor no futuro descarte.
d) Reciclagem: A reciclagem é uma etapa no gerenciamento de rejeitos
reaproveitando material descartado, respeitando suas propriedades fazendo com
que seu uso possa se tornar viável, e de acordo com Silva Filho (2010):
Não dá para seguir em frente com o padrão desregrado e a precariedade
com que nos deparamos atualmente. Isso não quer dizer que o trabalho dos
catadores e cooperativas não seja importante. Pelo contrário, é
indispensável, mas não pode continuar sendo feito sem uma normatização,
sem condições adequadas, e na informalidade.
e) Recuperação: É fundamental no gerenciamento, pois diversos processos podem
ser utilizados no beneficiamento gerando produtos ou energia, pois a transformação
esta diretamente ligada a sua composição.
E em Reciclagem (S. d.) encontra-se que:
os resíduos sólidos urbanos contêm frações recicláveis, tais como plástico,
papel, embalagens de cartão e cartão, assim como metais.
Sem a
reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, essas frações recicláveis perdemse. Recuperá-las significa recuperar um produto vendável. Além disso,
permite conservar o meio ambiente.
Sendo assim, a recuperação é uma maneira de reaproveitamento onde há uma
provável e significativa perda em relação ao valor anterior do produto. A recuperação
assim vista, pode ser classificada recuperação de energia ou de material (LIXO,
[S.d.a]).
f) Eliminação Final: A última etapa do método gerencial dos resíduos, a eliminação
final, deve ser restrita ao lixo impossível de reutilizar, reciclar ou recuperar.
Soares (2011) afirma que:
Minas Gerais até 2005 apresentava menos de 30% da população urbana
dos seus municípios com disposição adequada de lixo. A disposição
inadequada causa grandes danos ambientais como contaminação de águas
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subterrâneas e superficiais, e ainda prejudica a saúde pública pela
proliferação de insetos, roedores e outros vetores.
O aterro precisa ser considerado integrante indispensável nos planejamentos e
projetos de gestão e não simples depósitos de resíduos.
g) Implantação de medidas de conscientização: Palestras em escolas,
distribuição de cartilhas, capacitação de agentes de saúde.
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO
a) Educação Ambiental: Com atuação contínua, progressiva e permanente é
viável modificar relações estabelecidas pelo homem e sua atuação no meio que
ocupa.
Pode-se verificar em Projeto (2005) que:
A Educação Ambiental objetiva estimular, educar e criar o senso crítico dos
jovens sobre o meio em que vivem, visando à construção de valores e
relações sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que
contribuam para a participação de todos na melhoria das condições sócioambientais...
Quando a sociedade participa, torna-se atuante, solidarizando-se com as
decisões tomadas e sendo inserida no processo educativo.
b) Coleta seletiva: Os resíduos se transformam em lixo e a coleta seletiva é um
processo fundamental para o controle destes, desde a seleção no âmbito
domiciliar até a destinação final nos aterros.
Assim Cândido (2008) afirma que:
A implantação da coleta seletiva de lixo é uma das soluções para minimizar
o problema dos resíduos urbanos. Além de reduzir a poluição e o risco de
problemas de saúde pela contaminação do ar, do solo e da água, a coleta
seletiva reduz o volume dos materiais destinados aos aterros sanitários ou
controlados.
O Poder Público deve agir garantindo as ações implementadas e a população
deve estar inserida neste processo, construindo conjuntamente responsabilidade
com consciência ambiental. (CANDIDO, 2008, P.18).
c) Construção de indicadores: De acordo com Nora (2007) são necessários
passos para conseguir determinar os objetivos, por isso sugere:
1) Inserir uma discussão sobre a avaliação da administração dos resíduos;
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2) Elaboração de indicadores;
E ainda Nora (2007) alerta que:
A construção de indicadores objetivos pode apresentar dificuldades de
mensuração, na medida em que quantificar os resultados negativos de sua
ausência e o custo de oportunidade de não realizar uma coleta seletiva
torna-se complexo. Pelo motivo de que a diversidade espacial, cultural, de
costumes e hábitos, normas ambientais municipais e condições financeiras
de diferentes populações resultam em produções de lixo distintas, com
características e conseqüências diferentes.
Os parâmetros determinariam a gestão dos resíduos determinados como
relevantes na implantação do GRSU, e que contaria com a participação efetiva da
população nas questões municipais de maneira responsável (NORA, 2007).
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se um resultado positivo com debates sobre consumismo e destino dos
resíduos, um estudo local, sério, técnico, responsável, visando determinar os
componentes dos resíduos, respeitando a cultura populacional e a forma de inseri-la
na determinação da implantação proposta, participação de empresários, instituições,
no desenvolvimento e acompanhamento das etapas desta diretriz. A ação do poder
público municipal na aplicação das determinações governamentais ambientais na
gestão dos resíduos locais, se estabelecendo dentro das normas legais, a
readequação do processo de gestão e gerenciamento dos resíduos. Inclusão do
município nos programas de benefícios governamentais em todas as esferas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões sobres recursos naturais ocorrem em vários setores, e não se
pode
perder esta oportunidade. Observou-se no desenvolver desse trabalho a
diferença de gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios analisados,
estando estes localizados em uma mesma região e com características comuns
resta concluir que esta divergência é explicada pelo grau de consciência e interesse
do poder público de cada município. Educar pessoas no intuito de modificar seus
hábitos é tarefa árdua, principalmente no momento econômico de bonança atual,
então é imperativo implantar programas que possam minimizar as alterações
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geradas com essa conduta. Cabe aos governantes atuar cumprindo leis,
disseminando a educação ambiental e adequando o município com capacitação
técnica para a gestão dos resíduos. Neste contexto, uma grande causadora de
problemas é a miséria urbana, que é indubitavelmente um enorme vetor de risco
ambiental e da saúde.
REFERÊNCIAS.
ABNT. ABNT NBR 10004:2004 – Resíduos sólidos – Classificação. Disponível
em:
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NOTAS SOBRE “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL
Érica Stoupa Martins – Graduada em Serviço Social. Especialista em Gestão de
Recursos Humanos. Mestre em Serviço Social.
Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
O presente ensaio traz uma breve reflexão sobre as raízes das expressões da
“questão social” e seu enfrentamento sócio-histórico no cenário brasileiro, via
políticas sociais públicas. Para tanto, são discutidos os sentidos da expressão
“questão social”, suas manifestações imediatas no contexto de desenvolvimento
capitalista europeu do século XIX. É abordado o caráter contraditório das políticas
sociais, compreendidas tanto como expressões de conquistas históricas do conjunto
da sociedade, quanto como estratégia de conservação da ordem social, econômica
e política. Por fim, são destacadas algumas tendências recentes das políticas sociais
no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Questão social; política social; políticas públicas no Brasil.
INTRODUÇÃO
A Carta Magna brasileira de 1988 é reconhecida como “Constituição Cidadã”,
pois se configura um marco histórico legal que enaltece a ampliação dos direitos
civis, políticos e sociais. Como resultado de um intenso processo histórico de
movimentos populares, a Constituição Federal em vigência é fruto de lutas pela
cidadania democrática e do enfrentamento da “questão social” na Brasil, a favor do
reconhecimento ético e político da dignidade humana.
No entanto, os ideais de justiça e igualdade proclamados ainda contrastam
com a arraigada situação brasileira de desigualdade social, resultante do processo
de concentração de renda e negação de direitos arduamente conquistados. A
dialética da polarização e exclusão social, embora sendo histórica e observada em
âmbito global, se redefine em nossos dias a partir da crise das políticas públicas
engendradas pela fragilização do Estado e da submissão à crença no mercado
como único mecanismo de regulação da sociedade. Assim, vemos prosperar a
defesa da diminuição do papel do Estado como interventor e provedor de políticas
públicas (como educação, saúde, habitação, previdência, etc.) e demais garantias
sociais.
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Nossa proposta de trabalho é refletir sobre as expressões da “questão social”
e as atuais configurações das políticas sociais no Brasil. Para tanto, inicialmente,
resgataremos brevemente o sentido sócio-histórico da expressão “questão social”.
Em seguida, abordaremos a relação entre “questão social” e política social, no
intento de compreender os processos que as envolvem e desenvolvem socialmente.
Objetivamos assim, situarmo-nos perante a realidade brasileira, favorecer a
compreensão de nossa condição de cidadãos de direitos e ainda, de nosso papel
enquanto seres sociais conscientes e atuantes nos rumos de nosso país.
O QUE É “QUESTÃO SOCIAL”.
Existem diferentes compreensões, sentidos e atribuições à expressão
“questão social” e, para desvendarmos as suas origens, propomos a circunscrição
de algumas determinações teóricas e históricas imprescindíveis.
Netto (2001) nos informa que, difundido por volta de 1830 e tratado sob o
ângulo do poder por críticos da sociedade, o termo “questão social” se referia ao
fenômeno da pauperização absoluta e massiva da população trabalhadora no
estágio do capitalismo industrial-concorrencial.
O pauperismo gerado a partir da primeira onda industrializante iniciada na
Inglaterra (a partir de 1775), foi visto como um fenômeno inédito naquele contexto,
pois “era radicalmente nova a dinâmica da pobreza que então se generalizava”,
conforme elucida Netto (2001).
Diferentemente das sociedades precedentes à ordem burguesa, em que a
pobreza estava ligada à escassez, o modo de produção capitalista traz o aumento
da capacidade social de produzir riquezas (bens e serviços) e, em vez de reduzir,
acentua-se a pobreza. Pois, as massas trabalhadoras não tinham acesso efetivo a
tais bens e serviços e suas condições materiais de vida se alteraram sobremaneira a
partir das relações sociais capitalistas.
Porém, Netto (2001) destaca:
A designação desse pauperismo pela expressão “questão social” relacionase diretamente aos seus desdobramentos sócio-políticos (...) Foi a partir da
perspectiva efetiva de eversão da ordem burguesa que o pauperismo
designou-se como “questão social” (NETTO, 2001, p. 43).
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Compreende-se aqui, a estrutura histórica e determinada da “questão social”.
No entanto, as manifestações imediatas da “questão social” (forte desigualdade,
desemprego, fome, doenças, penúria, desamparo frente a conjunturas econômicas
adversas etc.), foram postas ideologicamente pelo pensamento conservador como
consequências naturais, desdobramentos da sociedade moderna que então se
erguia. Supondo, portanto, uma intervenção política limitada sobre as manifestações
da “questão social”, visando apenas amenizar e reduzí-las, a partir de um ideário
reformista sem alterar as instituições fundantes do capitalismo, bem como a
propriedade privada dos meios de produção.
Apesar da expressão “questão social” não ter sido utilizada por Karl Marx, os
processos sociais que ela traduz encontram-se no centro de suas análises sobre o
“processo de produção do capital”, descritas na publicação do primeiro volume de “O
Capital”, em 1867. Marx vislumbra que a dinâmica da “questão social” não é mera
sequela transitória do regime do capital ou manifestação imediata do pauperismo e
de problemas sociais que a ordem burguesa herdou. Sua existência e suas
manifestações são indissociáveis e constitutivas do desenvolvimento do capitalismo,
pois são determinadas pela relação de exploração do capital sobre o trabalho.
Sob esse mesmo ângulo, Iamamoto (2007) pontua que, a gênese da questão
social na sociedade burguesa,
Deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada
da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à
sua realização, assim como de seus frutos. É inseparável da emergência do
“trabalhador livre”, que depende da venda de sua força de trabalho como
meio de satisfação de suas necessidades vitais. Assim, a questão social
condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e
reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando
plenitude de suas expressões e matizes em tempo de capital fetiche
(IAMAMOTO, 2007, p. 156).
A RELAÇÃO ENTRE: “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICA SOCIAL.
A compreensão teórica de Marx acerca da gênese da desigualdade social no
capitalismo, instrumentaliza teoricamente os sujeitos políticos à frente do movimento
operário no século XIX, à superação desse modo de produção. Momento histórico
no qual os trabalhadores tomam consciência coletiva dos interesses da classe, se
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organizam e lutam pela garantia de direitos, dentre eles, as políticas sociais
públicas.
Em suas elaborações, Iamamoto (2007) examina que as políticas sociais,
segundo a perspectiva marxista, têm o objetivo de assegurar as condições
necessárias ao desenvolvimento do modo de produção capitalista, garantindo o
acúmulo do capital. Sendo assim, a funcionalidade estatal de primeira ordem, da
política social do Estado no capitalismo diz respeito à preservação e ao controle da
força de trabalho ocupada (mediante a regulamentação das relações trabalhistas) e
excedente (através da prestação de serviços sociais e assistenciais). Além da
função meramente econômica, agora, possui funções políticas e sociais.
Se por um lado, as políticas sociais são utilizadas como estratégias de
controle e dominação por parte do Estado burguês, para manutenção de sua
hegemonia, ao fazer certas “concessões” para a classe trabalhadora, por outro, são
também expressões de conquistas históricas da classe trabalhadora dominada e
que vão provocar alterações em suas condições de vida e de trabalho, expressandose, assim, o seu caráter contraditório.
Para entanto, o esforço explicativo acerca da “questão social” e da política
social no capitalismo, com base na tradição marxista é pertinente aos dias atuais sintonizam Behring e Boschetti (2006), pois:
Esse processo - a configuração da desigualdade, que tem relação com a
exploração dos trabalhadores, e as respostas engendradas pelas classes
sociais e seus segmentos, a exemplo das políticas sociais - se expressa na
realidade de forma multifacetada através da questão social (BEHRING e
BOSCHETTI, 2006, p. 52).
Assim, revela-se a íntima relação entre “questão social” e política social. As
políticas sociais e os padrões de proteção social são desdobramentos, respostas e
formas de enfrentar (geralmente setorizadas e fragmentadas) às variadas
expressões da “questão social” no processo histórico de desenvolvimento do
capitalismo, atreladas às relações de exploração estabelecidas nesse modo de
produção.
“QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL.
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Em sua obra “Política social: fundamentos e história”, Behring e Boschetti
(2006) discutem o desenvolvimento histórico da política social a partir de suas
determinações e funções desde sua gênese nos países capitalistas centrais e na
sociedade brasileira, considerando a mediação fundamental do Estado e sua
vinculação às lutas sociais.
Ao traçar a trajetória recente das políticas sociais no Brasil, interligadas ao
cenário de expansão capitalista mundial, as autoras dão destaque às suas facetas:
focalização/seletividade e “políticas pobres para pobres”; descentralização encarada
como desconcentração e desresponsabilização do Estado; além de sua privatização
para os que podem pagar.
Ao tornar seletivo o acesso às políticas sociais, ocorre a inversão do direito
constituído de universalidade, para a focalização dos serviços e benefícios sociais
somente aos que não podem pagar e são “comprovadamente pobres”, excluídos do
mercado de trabalho. Substituindo políticas sociais por ações de caráter
assistencialista, transitório, focalizado, de baixo impacto e reduzida efetividade. A
população pobre é majoritária e é a que mais demanda serviços sociais básicos e
permanentes; restringindo e focalizando o acesso a estes serviços não é possível
abarcar toda esta demanda, excluindo, portanto, os considerados “não pobres” e
também os próprios pobres.
Já com a descentralização dos serviços sociais, o nível federal de governo
transfere “o problema” para os municípios, passando a responsabilidade sobre
serviços deteriorados e sem financiamento. Sob o argumento de buscar equidade e
eficiência social, na realidade dá vazão à perda do controle fiscal e à corrupção (a
exemplo de manobras políticas e eleitoreiras).
A redução da ação do Estado na área social, intervindo precária e
focalizadamente, cria assim, uma demanda lucrativa para os serviços privados e por
outro lado, promove a ação voluntária e filantrópica do chamado “terceiro setor”,
substituindo a intervenção estatal. Cedendo suas responsabilidades à sociedade
civil (via filantropia, ações voluntárias, solidárias e filantrópicas, organizações não
lucrativas e não governamentais) e ao setor privado (via mercantilização das
políticas públicas).
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Laura Tavares Soares enfatiza que, se verifica uma substituição dos agentes
públicos estatais por organizações não-governamentais para desenvolver ações
sociais financiadas com recursos públicos. A qualidade do serviço prestado por
estas organizações é comprometida por vários fatores: incapacidade técnicoprofissional para desenvolver ações na área social; reduzido impacto e efetividade
das ações, dado número reduzido de atendimentos; ausência de transparência em
relação aos critérios de acesso aos programas e ausência de mecanismos de
controle social, descaracterizando o público para o discricionário (SOARES, 2003).
Enquanto isso, a privatização abre todas as atividades econômicas rentáveis
aos investimentos privados; com a mercantilização das políticas públicas (saúde,
educação, previdência etc.), somente os que podem pagar se beneficiam de
serviços de qualidade, restando à grande massa populacional o acesso “gratuito” e
precário no âmbito público.
Conjugado a esse perfil da política social, a política econômica monetarista e
de duro ajuste social, redundam perversamente sobre a sociedade brasileira. O
Estado restringe sua atuação sobre o conjunto da sociedade e os gastos públicos
(especialmente os sociais), deixando de proporcionar econômica, social e
politicamente respostas satisfatórias às expressões da “questão social” vivenciadas
pelas maiorias nacionais.
Behring e Boschetti (2006) utilizam subsídios de uma pesquisa governamental
do ano de 2003, realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
sobre as condições de vida no Brasil, e sublinham a dualidade e a desigualdade
deflagradas nos indicadores apresentados. Conforme tal pesquisa, apesar de alguns
pequenos avanços, como o aumento da expectativa de vida, da queda dos índices
de incidência de exploração do trabalho de crianças e de uma pequena redução da
mortalidade infantil, a pobreza e a desigualdade prevalecem como estigmas da
sociedade brasileira.
A concentração de renda salta aos olhos, ao se revelar que o Brasil está no
penúltimo lugar entre o conjunto dos países mundiais em distribuição de renda. Os
programas focalizados nos indigentes (ou seja, que possuem renda familiar inferior a
¼ do salário mínimo por pessoa da família), associados à estabilidade econômica e
a alguma recuperação do poder de compra do salário mínimo, vem tendo um efeito
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de diminuição da indigência, mas sem alterar a pobreza e a desigualdade
(BEHRING e BOSCHETTI, 2006).
Os indicadores apontam que o desemprego aumentou ao lado do crescimento
da informalidade e a renda dos trabalhadores esteve em queda. Quanto à educação,
registra-se o analfabetismo de aproximadamente 11,6% da população de 15 anos ou
mais, o que se combina às altas taxas de evasão e reprovação escolar. As crianças
têm acesso à escola, mas menos de 70% concluem o ensino fundamental.
Quanto à saúde, as dificuldades de acesso são relacionadas à condição de
pobreza e aumento dos óbitos por causas externas, que atinge principalmente
homens de 15 a 39 anos de idade. Sobre moradia, há uma concentração de mais de
80% da população em cidades, sem infra-estrutura básica, com baixa oferta de
habitações populares, resultando em ocupações informais, irregulares e na
segregação espacial (como é o caso de domicílios sem acesso mínimo aos serviços
de água, esgoto e coleta de lixo). Ou seja, hoje a pobreza é mais urbana que rural.
Behring e Boschetti (2006) fazem alusão à “violência que vem de cima” composta de três elementos combinados: desemprego, exílio em bairros decadentes
e estigmatização na vida cotidiana (em geral associada às dimensões étnico-raciais
e de gênero) - e que está presente nos subúrbios de Paris, Nova York, como nas
favelas do Rio, São Paulo e Recife.
As “necessidades básicas” da população são relegadas às conveniências de
ampliação de capital (acumulação, concentração, lucro). Como resposta às
exigências de reorganização do processo de acumulação capitalista, estabelece-se
fronteiras à atuação estatal, reforçando ainda o individualismo e a desigualdade,
como componentes ideológicos funcionais a este fim. Enquanto no plano econômico
a concentração de renda aumenta a distância entre as classes, no social são ainda
mais explícitos os malefícios do neoliberalismo: desemprego, miséria, informalidade,
fim das garantias sociais e trabalhistas, etc. Politicamente falando, a desarticulação
das forças sociais e seus movimentos e o desmonte de suas conquistas e direitos.
No entanto, Behring e Boschetti (2006) nos congregam e advertem :
(...) levar as políticas sociais ao limite de cobertura numa agenda de lutas
dos trabalhadores é tarefa de todos os que têm compromissos com a
emancipação política e a emancipação humana, tendo em vista elevar o
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padrão de vida das maiorias e suscitar necessidades mais profundas e
radicais (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 190).
Cientes de que a sociedade é produto da ação humana histórica, acreditamos
no poder que emana do povo como forma deliberativa de efetivação de direitos,
ampliação dos canais de exercício da cidadania, rumo aos almejados patamares de
liberdade, igualdade e justiça social. Para tanto, reforçamos a necessidade de
alargamento dos canais de participação popular e controle social em todos os níveis
do poder público: seja municipal, estadual ou federal – nos variados conselhos de
direitos, fóruns de discussão, assembleias públicas, etc. E enaltecemos a educação
como o caminho possível para aquisição de consciência e ação crítica sobre a
realidade, que conduzirá o conjunto da sociedade a uma vida digna e plena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A “questão social” envolve um conjunto de problemas políticos, sociais e
econômicos que atingem as maiorias sociais em nosso país. Exclusão social,
desemprego, pobreza, miséria, falta de acesso e negações de direitos sociais e
serviços públicos são algumas de suas mais perversas expressões, constituídas
historicamente nas sociedades.
Já as políticas sociais públicas, constituem parte das garantias instituídas pela
Constituição Federal de 1988, abarcando a amplitude dos direitos conquistados
legalmente – igualdade perante a lei, igualdade de participação política e igualdade
de condições econômicas. Assim, o Estado deve materializar parte do fundo público
na implementação de políticas sociais para fazer frente às variadas facetas da
“questão social” e favorecer a igualdade de condições econômicas.
No entanto, como vimos ao longo deste trabalho, alinhado à tendência do
capitalismo global, o Estado brasileiro desenvolve-se politicamente de acordo com o
receituário neoliberal, limitando sua intervenção no mercado e reduzindo os gastos
públicos, especialmente no provimento de políticas sociais. Tal responsabilidade tem
sido transferida para a iniciativa privada, a filantropia, enfim, para o conjunto da
sociedade civil. Enquanto as políticas públicas que ainda restam, são caracterizadas
pela seletividade e focalização.
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Contrariando os pressupostos neoliberais, elucidamos que, o Estado é o
grande responsável pelo desenvolvimento nacional com a garantia efetiva dos
direitos dos cidadãos. É dos poderes públicos que devem ser cobradas políticas
agrária, educacionais, de saúde, habitação, previdenciária, dentre outras. Sendo
assim, a sociedade brasileira dever se voltar ao alcance da meta da igualdade socioenconômica não só por meio de leis, mas pela correta implementação de políticas
verdadeiramente públicas e demais programas de ação do Estado. Cientes disto,
mais uma vez, enaltecemos a importância da participação popular nos variados
canais de controle social.
REFERÊNCIAS
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história. São Paulo: Cortez, 2006.
IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital
financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007.
NETTO, José Paulo. Cinco notas a propósito da “questão social”. In: Temporalis.
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2, nº 3. Brasília:
ABEPSS, Grafline, 2001.
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O PERFIL DOS CLIENTES JURÍDICOS DA EMPRESA “ÁGUA MINERAL DIVINA
PUREZA” E SUAS PREFERÊNCIAS EM RELAÇÃO À COMPRA DO PRODUTO
Aline de Paiva Costa Fabiene Dutra Mendes, Leiliane de Abreu Silva, Patrícia
Sanglard de Freitas - Graduadas em Administração – Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX.
Guanayr Jabour Amorim - graduado em turismo e mestre em Meio Ambiente e
sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Rosélio Marcos Santana - graduado em sistemas de informação, licenciado em
matemática, Pós-graduado em MBA e Gestão de Pessoas e Negócios. Professor da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Devido à competitividade no mercado e as diversas inovações tecnológicas,
uma organização para crescer e acompanhar o mercado precisa satisfazer as
necessidades dos clientes, procurando entender o comportamento das pessoas na
aquisição dos produtos, os seus desejos e necessidades para proporcionar assim a
sua contínua satisfação além de conquistar de novos clientes na compra de seus
produtos e serviços. O planejamento de marketing é essencial na empresa, onde as
estratégias e ações devem ser inseridas corretamente para que as mudanças nos
produtos e serviços possam se diferenciar no mercado e satisfazer os clientes.
PALAVRAS-CHAVES: Marketing. Clientes. Satisfação.
INTRODUÇÃO
Para uma empresa crescer e se destacar no mercado ela precisa buscar
meios de satisfazer seus clientes oferecendo-lhes produtos e serviços de maior
qualidade e com um baixo custo e como isso obter lucros e atingir seus objetivos. E
uma empresa hoje deve ser flexível e inovadora, buscando identificar os desejos,
necessidades e expectativas das pessoas. Com isso foi desenvolvido uma pesquisa
mercadológica na Hidro - Mineração Divina Pureza Ltda. Localizado na Estância
Hidromineral de Águas de Santa Maria, interior de Matipó – MG, foi idealizada em
1998, porém deu início de suas atividades em 2002. Possui uma área de
aproximadamente dois mil metros quadrados de área construída, totalmente
protegida pela natureza. A Fonte Santa Maria possui 180 metros de profundidade e
está localizada a 450 metros da sede onde é realizado a vasão da água. Possui dois
tanques com capacidade de 70 mil litros cada. Sua vazão é de 4.300 litros/hora e
está devidamente registrada no Departamento Nacional de Proteção Mineral
(DNPM) e Ministério da Saúde. É classificada como Água Mineral Natural
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Fluoretada. Todo processo de ênfase é feito por meio de máquinas modernas em
aço inoxidável, com o acompanhamento de profissionais capacitados. Realiza
análises diárias em laboratório próprio, e está sempre em busca do equilíbrio com a
natureza na extração de água mineral, com o máximo de qualidade e tecnologia.
Através disso a presente pesquisa visa identificar o perfil dos clientes jurídicos
da empresa “Água Mineral Divina Pureza” e suas preferências em relação à compra
do produto.
Confirmando
Kotler;
Keller
(2006,
p.
102)
as
empresas
realizam
levantamentos para aprender sobre o conhecimento, as convicções, as preferências
e o grau de satisfação das pessoas e mensuram essas magnitudes na população
em geral.
METODOLOGIA
Essa pesquisa exploratória foi realizada através da aplicação de questionários
via telefone com os 30 clientes jurídicos cadastrados no banco de dados da empresa
“Água Mineral Divina Pureza”. Até a data de maio de 2010, momento em que a
pesquisa foi realizada, este era o número total de clientes que constava no banco de
dados da empresa. A pessoa que respondeu o questionário foi o funcionário da
empresa que era o responsável pelas compras.
O questionário fechado identificou informações como: tempo de existência
das empresas no mercado, formas preferenciais de pagamentos, meios de
comunicações de massa utilizados para recolher informações, entre outros.
A “Água Mineral Divina Pureza” fica localizada na zona rural do município de
Matipó - MG, que se limita com os municípios de Abre Campo, Caputira, Manhuaçu,
Santa Margarida e Pedra Bonita, ambos no Estado de Minas Gerais.
Após ter coletado todas as informações necessárias foi realizado o registro
dos dados e a formalização ordenada das informações coletadas (tabulação) sendo
estes desenvolvidos com a utilização do software SPSS 17.0®. Depois da fase de
coleta e registro dos dados foi desenvolvido o presente relatório com auxílio, que
contem gráficos e suas análises, trazendo então o resultado da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Devido à competitividade no mercado, as organizações vêm buscando
conhecer e satisfazer as necessidades dos consumidores, procurando assim
entender o comportamento das pessoas na aquisição dos produtos.
De acordo com Kotler (2008), as empresas devem fazer um trabalho de
qualidade no atendimento e procurar satisfazer as necessidades dos consumidores,
onde as empresas que são centradas são adeptas em criar consumidores, não
apenas em criar produtos. Para uma empresa possuir uma administração de
marketing correta, ela deve possuir algumas capacidades como, entender o valor
para o cliente, criar valor para o cliente, entregar valor para o cliente e sustentar o
valor para o cliente, mas para que essas atividades sejam executadas corretamente
a existência de um planejamento estratégico é essencial. (KOTLER, 2006)
Confirmando Kotler, Armstrong (2000) diz que a satisfação do cliente
depende
da
qualidade
do
produto
em
relação
às
expectativas
do
comprador/consumidor, se a qualidade se equipara as expectativas o comprador fica
satisfeito, se o produto não atender as expectativas do cliente ele ficará insatisfeito.
As empresas mais inteligentes têm como meta satisfazer os clientes, prometendo
somente o que podem oferecer e depois oferecendo mais do que prometem.
Segundo Klotler (2008), o marketing direto pode ser planejado para atingir
clientes no momento adequado. Seus materiais de comunicação recebem índice de
leitura porque são enviados as pessoas mais interessadas. Permite o teste de
mídias e mensagem alternativas para melhor definição da abordagem mais eficaz
em termo de custo beneficio. Também torna a oferta e a estratégia da empresa
menos visível aos concorrentes.
Figura 1. Tempo
no mercado
de existência da empresa
Pode-se analisar de acordo com a figura 1, que 50% das empresas
entrevistadas que compram a Água Mineral Divina Pureza estão no mercado a
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11anos ou mais, assim, pode-se perceber que a metade as empresas pesquisadas
já possuem uma boa experiência para com a comercialização, logística e inserção
deste produto com maior facilidade no mercado regional, proporcionando, portanto,
um cenário de ofertas de comercialização interessante para a Empresa Divina
Pureza no desenvolvimento de ações de planejamento de marketing de vendas para
contribuir com o aumento das vendas em períodos de sazonalidade do produto.
Figura 2. Projeção de compras em valores
Tendo em vista que a Água Mineral é um produto sazonal, a projeção desse
produto pelos clientes pode ter uma variação em relação ao período do ano. Mas de
acordo com o resultado acima pode-se identificar que 43,3% dos clientes
pesquisados realizam compras de valores que variam entre R$ 500,00 a R$
1.000,00.
De acordo com Rocha; Christensen (1999) quando o produto apresenta
sazonalidade acentuada e a empresa deseja vender de forma mais uniforme durante
um período específico, podem ser ofertados descontos aos clientes, com o propósito
de estimular a compra de mercadoria até determinada data. Dessa forma, a
empresa pode investir em parcerias em eventos com intuito de divulgar e vender o
produto.
Frequência de Compra
23,30%
SEMANALMENTE
36,70%
DE 15 EM 15 DIAS
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MENSALMENTE
40,00%
Figura 3. Freqüência de Compra
Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas realizam suas
compras quinzenalmente, 36,70% mensalmente e 23,3% semanalmente. Analisando
os resultados, percebe-se que a compra da Água Mineral Divina Pureza está tendo
um giro rápido dentro das empresas já que a maioria das compras são efetuadas em
um curto período. Porém, existem fatores que influenciam na compra dos produtos
que é à sazonalidade, clima da cidade e cultura da população. “Uma boa estratégia
que a empresa pode adotar é a elaboração de um plano de vendas com análise,
projeção, objetivos das vendas e síntese, para estimar o potencial de mercado” (LAS
CASAS, 2011, p. 79).
Kotler; Keller (2006) afirma que quanto mais alta for a motivação do vendedor,
maior será seu esforço. Um esforço maior conduzirá a um desempenho melhor, um
desempenho melhor levarão a maiores recompensas, maiores recompensas leva a
uma maior satisfação, e maior satisfação reforçará a motivação.
Como nos informa Cobra (2012, p. 21) “a atividade de vendas é classificada
como
ferramenta
promocional
entre
propaganda,
promoção
de
vendas,
merchandising e relações públicas”.
Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas não trabalham com
outra marca de Água Mineral, que 20% trabalham com outra marca, e os outros 40%
ainda trabalha com uma marca de água. Isso mostra uma boa estratégia de
investimento em logística e distribuição, pois faz com que a Água Mineral Divina
Pureza busque ampliar seu mercado na região tomando espaço das outras marcas
que ainda são adquiridas pelos clientes. Segundo Las Casas (2011, p. 251) “alguns
autores afirmam proporcionar a distribuição também como utilidade de posse.
Através da rede de distribuição, os produtos chegam às mãos dos consumidores. Os
produtos mais desejados são aqueles que contribuem para esta satisfação”.
Como foi citado anteriormente, 40,0% não trabalha com outras marcas de
água, somente com a Água Divina Pureza, 10,0% das empresas pesquisadas
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trabalham com outra (s) marca (s) devido ao preço, e 10% por questão de fidelidade
com outras. Ambos os fatores estão relacionados ao tempo de existência das
empresas no mercado, porque através do tempo ela consegue obter maior número
de consumidores e clientes, o que consequentemente leva a ter um volume maior de
vendas, podendo proporcionar descontos, bonificações, premiações entre outros, de
forma a fidelizar os seus consumidores.
Conclui que a empresa que consegue atender e superar as expectativas dos
clientes após a venda do produto, leva o cliente a comprar a mesma marca várias
vezes transformando-se assim em um cliente fiel a marca, desejo de toda
organização (BASTA; MARCHESINI; OLIVEIRA; SÁ, 2008).
Figura 4. Aumento do mix de produtos
Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas estão satisfeitas com
o mix de produtos oferecidos pela Água Mineral Divina Pureza. Algumas das
empresas responderam que a água deveria aumentar o mix de produtos, mas foram
apenas 3,3% para sucos, água de 5 Litros e para mais variedades o que não
apresenta grande relevância. Mas 46,8% das empresas gostariam que a empresa
oferecesse em seu mix de produtos, água com gás e a água de copinho. Esse é um
número relevante onde a empresa deve analisar cautelosamente, porque a inserção
desses novos produtos no mercado pode levar ao aumento de novos clientes e
conseqüentemente aumentar as vendas dos demais produtos, assim como a
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demanda de colaboradores na linha produção, e aquisição de novos equipamentos
de produção.
O
percentual
correspondente
a
56,7%
responderam
que
tomaram
conhecimento da existência do produto através do boca a boca e 40% através de
representantes da Distribuidora de Alimentos do Grupo Gardingo. Percebe-se assim
que o boca a boca tem grande influência na divulgação dos produtos. Mas outra
forma que a empresa pode utilizar para divulgar seu mix é através da construção de
web site, confecção de panfletos para envio de malas – diretas propagandas em
rádio locais e a elaboração de um planejamento de visitas por um supervisor interno,
levando assim, o cliente a ter maior interesse em conhecer e adquirir os produtos.
De acordo com Watanabe (2008, p. 107) “Use a internet. Hoje, a empresa que não
está inserida na rede já está perdendo espaço para a concorrência. Fazendo parte
da internet, você pode oferecer um enorme volume de informações aos seus
clientes.”
“Obter visibilidade e reconhecimento do nome como um dos mais de 2
milhões de domínios requer agora um enorme esforço de marketing ou métodos
melhores e mais criativos.” (LODISH, 2002, p. xii)
Figura 5. Como os clientes realizam a compra da Água Mineral Divina Pureza?
A figura 5 permite visualizar como é feito a compra da Água Mineral Divina
Pureza, onde 80% das empresas pesquisadas realizam suas compras por telefone,
e os outros 20% se dividem em representantes da empresa de Água Mineral Divina
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Pureza e representante de compra das empresas pesquisadas. A empresa pode
criar como estratégia a inserção de mais representantes de vendas, pois assim eles
podem conhecer e identificar quais as necessidades dos clientes.
Os dados a seguir permitem analisar a forma de entrega dos produtos da
água, 46,7% das empresas pesquisadas gostariam que fosse entregue todas as
vezes que fosse efetuada a compra 37,6% não têm necessidade desse serviço de
entrega e 16,7% gostaria que fosse entregue somente quando necessário.
Deve ser analisado cautelosamente esse tipo de serviço, pois pode ser uma
maneira de adquirir novos clientes, porém irá gerar despesas com transportes do
produto. É necessário criar uma estratégia de logística estipulando o pedido mínimo
e prazo de entrega para os clientes regulares da empresa.
Através dos resultados obtidos percebe-se, que a realização da compra está
relacionada a diversos fatores, principalmente a facilidade de acesso ao produto e o
atendimento que foram citados pelas empresas pesquisadas como muito importante.
Esses fatores formam um conjunto, que influenciam nas vendas dos produtos e logo
na distribuição do produto comercializado no mercado.
Confirmando Kotler; Keller (2009) a satisfação do comprador após a
realização da compra depende do desempenho da oferta em relação à suas
expectativas. De modo geral, satisfação é a sensação de prazer ou desapontamento
resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um
produto e as expectativas do comprador.
Kotler; Keller (2006) afirma que a qualidade total é o segredo para criar valor
e satisfazer o cliente. E, assim como o marketing, ela é obrigação de todos.
Para a empresa alcançar qualidade total, é preciso focar tanto em seus
produtos quanto em seus serviços, identificando as necessidades e exigências dos
clientes, para que atendam as suas expectativas garantindo assim a sua satisfação
e fidelização. Portanto, a empresa pode procurar oferecer cursos de capacitação e
treinamentos para os funcionários, para que possam desempenhar melhor ainda seu
papel dentro da empresa, ajudando-a a identificar as necessidades dos clientes,
mantendo contato após as vendas para assegurar que estejam satisfeitos e que
permaneçam satisfeitos, contribuindo assim para a lucratividade do cliente e da
empresa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos resultados apresentados, conclui-se que a Água Mineral Divina
Pureza que apesar de pouco tempo no mercado tem alguns pontos fortes e fracos
que podem ser trabalhados. Diante disso recomenda-se para a empresa a
divulgação dos produtos em panfletos, outdoor, cartazes, rádio, propaganda em
eventos, oferecer visitas dos clientes à empresa, oferecer informativos com dicas de
armazenamento e conservação dos produtos e a criação de uma web site onde os
clientes possam conhecer a empresa, sendo uma forma também de efetuar seus
pedidos. Como nos mostra Solomon (2011, p. 61) “Até mesmo a tecnologia pode ser
viciante – como qualquer pessoa com um Black Berry pode atestar: algumas
pessoas chamam esse pequeno aparelho pelo apelido de CrackBerry”. Oferecer aos
clientes/consumidores uma maior variedade no mix de produtos como foi sugerido
pelas empresas pesquisadas, como água com gás e água de copo, levando assim
ao aumento das vendas e conseqüentemente o número de clientes.
Diante de um mercado tão competitivo é preciso conquistar a confiança do
público-alvo garantindo assim a sua fidelização. Para isso pode-se investir em
contratos de exclusividade concedendo aos clientes um melhor preço, desconto nas
compras bonificações entre outros. Deve procurar expandir suas vendas atendendo
novos clientes através de mais representantes em outros estados, de forma que ela
cresça no mercado e contribua cada vez mais para o desenvolvimento da mesma
gerando mais empregos e oportunidades.
REFERÊNCIAS
BASTA; Darci. MARCHESINI; Fernando Roberto de Andrade. OLIVEIRA; José
Antônio Ferreira de. SÁ; Luís Carlos Seixas de. Fundamentos de marketing. 3. ed.
reimp. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
COBRA, Marcos. Administração de vendas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012
LAS CASAS; Alexandre Luzzi. Administração de vendas. 8. ed. – 6. Reimpr. São
Paulo: Atlas, 2011.
LODISH,
Leonard;
MORGAN,
Howard
Lee;
KALLIANPUR,
Amy.
Empreendedorismo e marketing: lições do curso de MBA da Wharton School. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2002.
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KOTLER; Philip; ARMSTRONG; Gary. Introdução ao marketing. 4. ed. Rio de
Janeiro: S.A, 2000.
______; Kevin Lane. Administração de marketing: a bíblia do marketing. 12. ed.
São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall. 2006
______. Administração de marketing. Análise, Planejamento, Implementação e
controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
ROCHA; Ângela da. CHRISTENSEN; Carl. Marketing. Teoria e prática no Brasil. 2.
ed. São Paulo: Atlas, 1999.
SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo
e sendo. 9. ed. Porto Alegre: Boockman, 2011.
WATANABE, Katsue M. A; SCHETTINI, Maria A. Marketing para pequenas
empresas. Viçosa: CPT Centro de Produções, 2008.
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RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL:
UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA 2010-2011
Lindinalva Aparecida Romeiro e Pâmela Cristina Pauferro Lima Brandão –
Licenciadas em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Marcio Lopes de Oliveira – Coordenador e Professor do curso de Educação Física
da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Kátia Imaculada Moreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança – UFV.
Especialista em Metodologia da Pesquisa. Professora do curso de Educação Física
da UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O voleibol é esporte conhecido do povo brasileiro e um dos esportes mais
praticados no mundo. No Brasil o esporte ganha adeptos devido à emoção
proporcionada pelas partidas, seja ela disputada por profissionais ou simples
amadores. O voleibol se destaca como uma das modalidades esportivas mais
reconhecidas devido ao número de conquistas. O objetivo deste estudo foi verificar a
relação entre bloqueios e a obtenção de vitórias no voleibol de alto nível. Foram
analisadas as partidas da Superliga Masculina de 2010-2011 e tratados os dados de
forma descritiva através do Microsoft Office Excel 2007. Conclui-se que o bloqueio é
um elemento importante para a obtenção de vitórias no voleibol e cada bloqueio se
faz importante em uma partida. A incidência de bloqueios pode ser um fator
determinante para se prever as colocações em um torneio devido aos resultados
encontrados.
PALAVRAS-CHAVE: Voleibol; Fundamentos técnicos; Vitórias.
INTRODUÇÃO.
O voleibol é muito discutido e praticado por todos os que o torna em um
excelente campo de trabalho para os profissionais de Educação Física. (...) É com
orgulho que podemos dizer que hoje temos o melhor voleibol do mundo, poucos
países possuem, uma equipe masculina e feminina, com resultado internacional tão
bom como o Brasil. O nosso voleibol é, hoje, o mais respeitado do mundo, graças ao
desempenho dos atletas e toda sua comissão técnica. (BOJIKIAN e BOJIKIAN,
2008).
Crisóstomo, 2005; citado por Samulski, Noce e Costa, (2006) afirmam que o
vôlei é muito praticado pela população brasileira nas escolas e clubes e possui uma
estrutura organizacional e profissional que serve de exemplo para muitas
modalidades esportivas.
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Segundo Noce (1999,) citado por Samulki, Noce e Costa, ( 2006,p.87) A
modalidade,como jogo, exige do atleta um bom preparo físico, domínio técnico, ótimo
nível de concentração mental e um bom pensamento tático.
Os atletas brasileiros possuem uma capacidade que poucos jogadores
possuem: a criatividade. Esta característica aliada a um pensamento estratégico da
Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) tem proporcionado inúmeras vitórias ao
País. Segundo estatísticas da CBV (2005) as seleções brasileiras, masculina e
feminina, estão classificadas em 1º e 2º lugares respectivamente no ranking da
Federação Internacional de Voleibol (FIVB). (SAMULKI, NOCE e COSTA, (2006,
p.87)
Os jogos esportivos coletivos caracterizam-se principalmente pela alternância
entre ataque e defesa. A posse de bola geralmente é o que determina o papel
(ofensivo ou defensivo) que a equipe está desempenhando. Por isso quando uma
equipe ataca, a outra tem que defender. O momento de ataque caracteriza-se pela
“progressão” da equipe que detém a posse de bola rumo ao campo adversário. E o
momento defensivo caracteriza-se por ações que tentam defender o próprio campo.
(BAYER, 1986; GRECO e CHAGAS, 1992 citado por ROCHA e BARBANTI, 2004).
O interesse por este tema surgiu ainda muito cedo nos tempos do ensino
fundamental, quando durante as aulas de Educação Física o professor nos
incentivava a jogar vôlei e participar de pequenos campeonatos entre escolas, e o
bloqueio nos chamou atenção por ser um fundamento mais difícil de realizar. Um
assunto muito pertinente, já que o voleibol brasileiro é o melhor do mundo,
despertando interesse para sua prática. Sendo assim o objetivo desse trabalho é
verificar a relação e execução de bloqueios na obtenção de vitórias no voleibol de
alto nível. Este estudo se faz necessário devido à falta de literatura específica na
área pesquisada, pela necessidade em aperfeiçoar os fundamentos dos
treinamentos técnicos tático nessa modalidade esportiva e contribuir com a
evolução do voleibol em âmbito nacional e mundial. Sendo assim surge a seguinte
questão: Qual a relação entre a incidência de bloqueios e obtenção de vitórias em
partidas de voleibol?
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REFERENCIAL TEÓRICO
O vôlei hoje representa muito para o Brasil, pois temos uma grande seleção,
que cada dia, passa ser melhor no que faz. O voleibol desde sua criação tem
evoluído constantemente em todas as suas ações ofensivas e defensivas. Essas
mudanças não se restringem somente as regras, mas também aos termos técnicos e
táticos do jogo. RAMOS ET al., (2004). Isso contribui para que alguns pesquisadores
pesquisassem um pouco mais sobre o voleibol, buscando analisar os fundamentos
que o compõem.
Nesse sentido Rocha e Barbante (2004) realizaram um estudo com o objetivo
de analisar a primeira seqüência de ações do jogo de vôlei com a finalidade de
verificar a influência de alguns fatores selecionados recepção, posição para onde a
bola foi levantada, tipo de bola levantada e destino de ataque sobre o resultado do
ataque. A pesquisa foi realizada através da análise de 20 jogos de voleibol
masculino de alto nível, o que resultou na observação de 77 “sets”. Os resultados
encontrados para explicar o ataque a partir desta análise de regressão mostram que
basicamente dois fatores influenciaram o resultado do ataque: a recepção e o
destino do ataque.
No contexto do jogo de Voleibol é inegável o papel que o ataque sempre
assumiu no desenrolar do jogo, demonstrando-se determinante no sucesso
competitivo das equipes. Para GOUVEA (2005) Uma das conclusões foi a de que a
qualidade das ações avaliadas realmente influenciava no resultado do jogo, em
especial o ataque.
Matias e Greco (2005) também realizaram um estudo para analisar a estatística
oficial da Copa do Mundo de Voleibol 2003 e do Campeonato Mundial 2002,
verificando a participação dos melhores atacantes e dos maiores pontuadores na
classificação final de cada uma das competições.
O estudo utilizou os dados
estatísticos da FIVB, referentes às seleções nacionais participantes do MENS´S
WOLRD CHAMPIONSHIP 2002(Campeonato Mundial de Voleibol Masculino),
realizado na Argentina em 2002 e do MEN´S WORLD CUP 2003 ( Copa do Mundo),
realizado no Japão 2003. Os resultados confirmam a importância do ataque como
fundamento ligado ao sucesso no voleibol, demonstrando também o valor da
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distribuição de jogo, ou seja, evitar a concentração do jogo em um atleta, para uma
melhor classificação final.
RAMOS et al., (2004) realizou um estudo com o objetivo de analisar a estrutura
interna das ações de levantamento de equipe de voleibol masculino finalistas da
Superliga Brasileira de 2002/2003, procurando caracterizar e comparar as áreas de
incidência da distribuição, as condições de finalização e os efeitos de finalização. O
instrumento de coleta de dados foi à observação sistemática do levantamento a
partir do Sistema de Observação e Avaliação do Distribuidor (SOS-vgs). Os
resultados revelaram a existência de diferenças estaticamente siguinificativa
(p<0,05) na eficácia percentual do levantamento nas situações de contra-ataque,
destacando-se efetividade do levantador da equipe campeã em facilitar as ações
ofensivas terminais.
Todos os fundamentos são importantes para o voleibol, cada um tem a sua
importância, como o ataque, o bloqueio, a recepção, o levantamento e todos podem
decidir um jogo. Assim como o levantamento ele é uma ação defensiva e tem a
intenção de preparar uma ação ofensiva.
Bojikian (2003) realizou um estudo para discutir de que forma o voleibol, em
parceria com as demais disciplinas na grade curricular, pode contribuir na formação
do futuro professor de educação física e de que forma utilizá-lo como ferramenta de
educação. O estudo é baseado em experiência própria e na literatura. Os resultados
indicaram que o curso de licenciatura prepara professores.
O referido estudo aponta que a disciplina voleibol faz parte dos nossos cursos
de formação de professores, e que este contribui para a formação motora dos
indivíduos. Bojikian e Bojikian (2002) diz que ao professor de Educação Física fica
claro que a qualquer momento poderá surgir oportunidade de trabalho com esse
esporte, portanto ele deve estar preparado.
Sendo assim Nascimento, Freris, Dias e Souza (2010) realizaram um estudo
para analisar a importância de se trabalhar a Valência física velocidade, utilizada no
voleibol, em crianças na fase escolar precoce podendo esta ser encorajada na
infância, por meio de atividades lúdicas que incorporem um repertório motor, uma
vez que a velocidade esteja presente constantemente. A pesquisa foi realizada
através de revisão de literatura. Os resultados indicaram que é necessário que seja
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feito um trabalho bem estruturado de base, com atividades lúdicas e que esse
trabalho baseia-se principalmente no desenvolvimento do sistema neuro muscular.
O voleibol é um esporte com ações bastante complexas e, que para uma boa
execução delas é preciso uma aprendizagem bem planejada e conduzida. Exige
também muito treinamento sistematizado que leve a alcançar os padrões
observados em jogos de alto nível, de forma gradual e racional. Identificadas as
ações, o próximo passo demanda uma revisão para identificar as funções técnicas
táticas mais típicas dos jogadores na disputa de uma partida. (GOUVEIA 2005). E
assim como toda modalidade desportiva o voleibol, baseia se em gestos específicos
que devem ser dominados com perfeição para que se atinja um alto nível de
desempenho desportivo (MAGNO 2006).
A literatura especializada em voleibol mostra que essas funções estão
inicialmente vinculadas ao desenvolvimento dos sistemas táticos ofensivos. Estes,
por sua vez, seriam “[...] a forma como a equipe distribui as funções e o número de
atacantes e levantadores entre os seis jogadores em quadra” (BIZZOCCHI, 2000
citado por GOUVEIA 2005).
Para Bojikian e Bojikian (2008, p. 117):
Os sistemas de jogo no voleibol definem a quantidades de atacantes e
levantadoresda equipe. Temos o 6x0 ou 6x6 (todos atacam e to dos
levantam), 3x3(3 atacantes e 3 levantadores), 4x2 (4 atacantes e 2
levantadores) ,5x1 ( 5 atacantes e 1 levantador) e 6x2 (4 só atacam e 2
atacam e levantam). O sistema 6x0 ele e muito utilizado pelos iniciantes,
pois nesse sistema os jogadores eles aprendem todas as funções Bojikian e
Bojikian (2008, p. 117):
O sistema 4x2 diferencia-se do 6x0, pois os jogadores eles se tornam
especialistas em determinada função: dois são sempre levantadores e quatro
atacantes. A cada passagem do rodízio teremos a mesma formação tanto na rede
quanto no fundo da quadra: teremos um levantador, um atacante de meio ou central
e um atacante de ponta ou de entrada da rede. (BOJIKIAN e BOJIKIAN 2008).
O voleibol nele é muito difícil precisar o término de uma ação defensiva e o
inicio de uma ofensiva. Pois no instante em que alguém defende, há o inicio do
contra ataque. Realizado o ataque, no mesmo instante, os atletas já precisam adotar
posicionamentos defensivos para tentar neutralizar o contra ataque adversário. A
dinâmica do jogo o torna apaixonante. (BOJIKIAN e BOJIKIAN 2008).
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Em 1998, quando a FIVB (Federação Internacional de Voleibol) cria a figura
do Líbero, traz com ele a versatilidade de articulação entre as zonas de ataque e
defesa, e um novo desenho estético passa a compor o jogo. O líbero ele realiza
funções por vezes “impossíveis”, defesa de bolas difíceis e recepção de saques
fortíssimos, o que gera maior emoção aos ralis deixando o jogo mais emocionante. A
defesa/bloqueio e a recepção são ações defensivas onde se procura o conserto da
ação adversária para poder contra atacar e fazer o ponto. Deste modo, o bloqueio
possui algumas peculiaridades nesta relação, uma fase de transição da defesa para
o ataque, onde o bloqueador estará esperando a definição do levantamento
adversário para efetuar o bloqueio (defesa) que venha a marcar um ponto com um
bloqueio ofensivo (ataque). (SHIMITZ, LAPORTA, SILVA, 2010).
O bloqueio tem a ver com o líbero sim, seria a resposta mais correta, pois o
posicionamento do líbero muda em função da marcação (posicionamento) do
bloqueio. Após os bloqueadores se formarem em função do levantamento
adversário, o líbero tem de posicionar conforme a probabilidade da bola passar do
bloqueio, ou seja, ele se desloca para o lado contrário da “sombra do bloqueio”.
Conforme a sombra do bloqueio vai ficando maior (sem bloqueio, bloqueio
simples, duplo e triplo), existe uma menor área para o líbero cobrir e uma maior
facilidade de defender para conseguir contra atacar. (SHIMITIZ, LAPORTA, SILVA,
2010).
Antes o saque era usado somente para iniciar o jogo. Com a profissionalização
e a participação em campeonatos, eles observaram que o saque serviria também
como uma arma ofensiva, pois quando a bola tocava diretamente o chão (ace) era
computado um ponto no placar, e dependendo do tipo, força ou direção do saque,
poderia favorecer, quebrando toda e qualquer ação estratégica do adversário, ou
ainda, usar de adversários com recepção fraca para fazer pontos através de seus
erros. (SCHIMITZ, LAPORTA, SILVA, 2010).
METODOLOGIA
Esse estudo caracterizou-se uma investigação descritiva, a qual procurou
analisar média e percentual. Os pressupostos da investigação dizem respeito à
importância do bloqueio na obtenção de vitórias. Serão analisados todos os jogos do
play- off Superliga masculina de 2010/2011. Os dados obtidos foram coletados do
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site da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Para a realização dessa pesquisa
os dados foram somados em cada um de seus aspectos, sendo aplicado em cada
um individualmente o cálculo da Média, Máxima e Mínima, utilizando-se o programa
Microsoft Office Excel 2007.
Em
seguida
analisaram-se
alguns
aspectos,
cujos
resultados
foram
apresentados em forma de gráficos, para melhor compreensão das conclusões de
forma descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O fundamento bloqueio é algo muito importante durante uma partida. Os
treinadores tendem a pedir sempre à suas equipes atenção especial a finalização do
bloqueio, pois é um fundamento que é usado para obtenção de vitórias. Uma dúvida
sempre se faz presente no sentido de elucidar se realmente o fundamento bloqueio
define o campeão em uma partida de voleibol e assim mostrar a uma equipe a
importância de bloquear mais, logicamente aliada a outros fatores, seria o diferencial
em obter vitórias neste esporte.
Figura 1: número de bloqueios em partidas de voleibol análise entre os vencedores e perdedores em
partidas da Superliga Masculina de Voleibol em 2010-2011.
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Fonte: dados do estudo.
Na Figura 1 observamos que a média de bloqueios na fase classificatória foi de
93 bloqueios, o que foi superior a média de bloqueios no returno, já na fase final a
média de bloqueios foi muito superior às outras duas fases. Demonstra-se que na
fase decisiva do campeonato as equipes se empenharam mais na realização desse
fundamento, atingindo assim mais sucesso e deixando a decisão mais acirrada.
Figura 2: bloqueios, análise dos melhores e piores desempenhos em partidas da Superliga Masculina
em 2010-2011.
Fonte: dados do estudo.
A Figura 2 indica que a diferença média entre os melhores e piores resultados
em termos de incidência de bloqueios nos jogos de voleibol, oscilam entre 21.3 e
17.05 bloqueios bem sucedidos, o que é uma diferença considerável, comparação
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essa entre a melhor equipe e pior nesse fundamento (BMG/São Bernardo como o
melhor desempenho e BMG Montes Claros como o pior desempenho).
Figura 3: ataques, análise dos melhores e piores desempenhos em partidas da Superliga Masculina
em 2010-2011.
Fonte: dados do estudo.
A Figura 3 indica que a diferença média entre os melhores e piores resultados
em termos de incidência de ataques nos jogos de voleibol, oscilam entre 36.28 e
24.2 ataques bem sucedidos, o que é uma diferença considerável, comparação essa
entre a melhor equipe e pior nesse fundamento (Sada Cruzeiro como o melhor
desempenho e Santo André/ SPRED como o pior desempenho).
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Figura 4: bloqueios em partidas de voleibol, análise de todos os bloqueios por equipe em partidas da
Superliga Masculina 2010-2011.
Fonte: dados do estudo.
Na Figura 4 analisou-se o desempenho total das equipes. Podemos observar
que a média de bloqueios variou muito de equipe para equipe, sendo 1.613 para o
SESI- SP campeão da Superliga na temporada 2010-2011 e 1.094 para o Londrina/
Sercomtel.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após á análise dos dados obtidos, através de todos os instrumentos utilizados
para estudar a relação entre bloqueios e as vitórias na Superliga Masculina 20102011 conclui-se:

A relação entre bloqueios e as vitórias no campeonato tem uma relação direta, as
seleções que ocupam as primeiras posições da competição, sempre têm uma
média superior que as outras seleções em relação a bloqueios, mas podemos
ver que no voleibol diferenças técnicas e táticas entre as equipes pode ser um
fator muito significativo no resultado final do jogo;
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
As equipes que procuram bloquear mais durante as partidas, na maioria das
vezes é o time que ao final da partida chega à vitória. Os bloqueios das equipes
têm uma grande influência no resultado do jogo. Os resultados comprovam que
as equipes que ocupam os seis primeiros lugares na competição tiveram um
aproveitamento dos bloqueios superior aos adversários durante a competição. Ao
compararmos os bloqueios das equipes podemos observar que há uma diferença
enorme entre as equipes que ocupam a parte de baixo da tabela e as equipes
que ocupam o primeiro lugar;

Observando-se as estatísticas entre 1º primeiro e 2º segundo lugar e
comparando com 15º, observa-se que existe uma diferença consistente em
relação à bloqueios, observamos o 1º lugar que foi o SESI com a média de 19.9
e o 2º lugar Sada Cruzeiro com 19.8 já o 14º lugar que é Cimed com a média de
14.2 de bloqueios e o 15º lugar que foi BMG Montes Claros ficando com uma
porcentagem de 17 em média. Podemos observar claramente que os números
de incidência de bloqueios se relacionam diretamente e proporcionalmente com
as posições conquistadas no mundial.

Faz-se de extrema importância que o técnico treine sua equipe com base no
trabalho de bloqueios, a ser contemplado na preparação de sua equipe. O
técnico tem um fator fundamental nas partidas de voleibol, ao treinar sua equipe.
Ele deve treinar para que se tenha um maior número de bloqueios dentro do
jogo, fazendo com que sua equipe possa obter vantagens sobre a equipe
adversária, sendo assim ele deve conhecer seus adversários, e também no que
diz respeito às estatísticas de jogo para elaborar estratégias para vencer as
partidas.
REFERÊNCIA
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“AFINAL, SOMOS FORMADOS PARA PENSAR OU MEMORIZAR CONCEITOS?”
UMA ANÁLISE DO ESTUDO DA DISCIPLINA HISTORIA DA EDUCAÇÃO A
PARTIR DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DE
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE VICOSA
Débora Brandão de Paula. Pedagoga. Pós-graduada em Inspeção, Gestão,
Supervisão e Orientação Escolar. Assistente de Projetos.
Natália Rigueira Fernandes. Pedagoga. Mestre em Extensão Rural-UFV.
Professora na Faculdade de Viçosa.
[email protected]
RESUMO
O presente artigo concentrou-se em verificar, por meio de pesquisa
qualitativa, a forma que o ensino da História da Educação é abordado na Educação
Superior, analisando, através de entrevista, especificamente, como os graduandos
do curso de Pedagogia visualizam a disciplina História da Educação em sua
formação profissional, bem como suas implicações na área educacional. Diante da
presente proposta, observou-se que a disciplina História da Educação não tem
apresentado o enfoque adequado em sua ministração, deixando de oferecer o
respaldo necessário para a formação de profissionais críticos, o que
consequentemente tem contribuído para a manutenção de um ensino acadêmico
mecânico e pouco problematizador.
PALAVRAS-CHAVE: História da educação; Pedagogia; Docência.
INTRODUÇÃO
A disciplina História da Educação surgiu no final do século XIX,
desenvolvendo-se, principalmente, nas Escolas Normais e nos cursos de formação
de professores, e não como se imagina nos centros de pesquisa e ensino de História
da Educação. Dessa forma, pode-se afirmar que sua história está totalmente ligada
ao campo da Pedagogia. Em nosso país, a História da Educação está bastante
associada ao percurso das escolas normais, e aos cursos de Pedagogia das
Faculdades de Filosofia e, dessa forma, ao campo da educação e ensino.
Atualmente no contexto educativo o fluxo de informações é bastante
dinâmico, instigando instituições de ensino a oferecerem respostas imediatas, em
curto espaço de tempo. Diante dessa situação a História da Educação torna-se
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marcada pelo caráter utilitário, comprometendo a formação de professores e
professoras. Segundo Lopes e Galvão (2001), muitos educadores que pesquisam
assuntos no contexto da História da Educação se esforçam por compreender suas
práticas, muitas vezes as justificativas para apontar a importância da disciplina para
a Pedagogia, encontra-se na relação mecânica e direta que se costuma estabelecer
entre o passado, o presente e o futuro. Nessa visão, como por muito tempo a própria
área de História propalou, sobretudo, em livros didáticos. Dessa forma, estudar
História da Educação era compreendido como a possibilidade de intervir no futuro
através do estudo do passado.
Diante dessas vertentes, o presente trabalho tem como objetivo verificar a
forma que o ensino da História da Educação é abordado na Educação Superior, bem
como a aplicabilidade dos métodos e das práticas de ensino da referida disciplina.
Analisando como os graduandos do curso de Pedagogia visualizam a disciplina
História da Educação em sua formação profissional, bem como suas implicações na
área educacional; observando se as discussões realizadas em torno da História da
Educação tem sido, de fato, problematizadoras e analíticas.
Portanto, pode-se afirmar que a educação deve estar voltada para a
promoção da emancipação social, caso contrário perderá muito de sua essência,
deixando de contribuir para a constituição crítica do pensamento humano. Segundo
Gramisc (1999) o indivíduo que não possui um olhar crítico, se torna alvo da massa
manipuladora que se encontra inserida em todos os segmentos da sociedade,
agindo, dessa forma, segundo os interesses da classe dominante. Diante dessa
vertente, compete ao campo educacional a oferta de subsídios, para a formação de
uma visão holística e crítica dos indivíduos, para que os mesmos exerçam sua
autonomia no contexto em que vivem.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em todo contexto mundial, tanto em aspectos sociais quanto econômicos, a
educação se caracteriza por ser um agente totalmente interligado com a
transformação social, assumindo, desta forma, um papel relevante como prática de
liberdade. De acordo com Freire (1999) a educação se faz absolutamente
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fundamental entre nós, educação que desvestida da roupagem alienada e alienante
seja uma força de mudança e de libertação.
Seguindo essa linha de pensamento, Bourdieu (1989) afirma que, sem as
intervenções educativas necessárias para a construção de um pensamento reflexivo,
os constituintes da sociedade acabam por reproduzir em diversos meios e
instituições, ideologias das classes dominantes. É pautado nesse contexto que o
poder simbólico surge, com toda autoridade que consegue impor significações, e
impô-las como legítimas, se utilizando da violência simbólica que objetiva manipular
e reprimir causando prejuízos às relações socialmente distribuídas, hierarquizando e
causando dicotomias entre os vários sujeitos.
Nos concentrando mais no âmbito do ensino da História da Educação, Nunes
(2003) afirma que alguns dos problemas relacionados a esta disciplina, estão
associados ao reconhecimento do saber histórico-educacional, como contribuidor,
para formação. Uma das questões básicas é o tratamento do conteúdo tido, muitas
vezes como denso, fastidioso, enciclopédico, levando ao questionamento do sentido
de aprender História da Educação. Quanto a isso, os planos demonstram de início, a
necessidade de repensar a amplitude do conteúdo a ser apresentado em espaço
limitado de tempo, dedicado a disciplina.
Nesta perspectiva, Borges e Júnior (2010) compete a disciplina História da
Educação, o desafio de que se torne transformadora pela via do conhecimento
histórico. Esse movimento é também uma necessidade para que a disciplina não se
torne obsoleta, apenas a fim de cumprir a carga horária dos currículos, ou pior,
ceder lugar para outras disciplinas ou tendências que volta e meia tomam os
processos de formação docente.
Diante dessa vertente, torna-se necessária uma educação, associada a
abordagem de conteúdos e disciplinas, como a História da Educação; que apresente
permanente disposição para as ações inovadoras, observando, investigando e
traçando estratégias que rompam com a visão dicotomizada. Segundo Freire (1999)
necessita-se de uma educação que tente a passagem da transitividade ingênua à
transitividade crítica, ampliando e alargando a capacidade de captar os desafios do
tempo,
colocando o homem em
condições de
resistir aos poderes
emocionalidade da própria transição.
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da
METODOLOGIA
Partindo do pressuposto de que a disciplina História da Educação se
configura como um conteúdo de importância fundamental para a construção de uma
prática educativa reflexiva, utilizou-se como instrumento metodológico para a
reflexão em torno desta problemática, a realização de entrevistas, priorizando, desta
forma, a abordagem qualitativa, visto que esta se mostra capaz de fornecer as
respostas para as indagações que permeiam o presente trabalho. De acordo com
Chizzoti (1991), “a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma
relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito e o objeto”.
O local de estudo foi constituído por duas instituições de Ensino Superior
localizadas no município de Viçosa-MG. Para tanto, solicitou-se a permissão dos
coordenadores dos cursos de Pedagogia para a realização de entrevistas
estruturada, a um grupo de dezoito universitários, oriundos do curso de Pedagogia,
necessariamente coristas do terceiro, sexto e oitavo período do referido curso,
constituindo-se assim, o grupo de sujeitos da pesquisa.
A pesquisa científica consiste na análise e no estudo de fatos tal como se dão
no contexto dos acontecimentos e das vivências entre a singularidade humana. A
pesquisa consiste em um processo reflexivo e sistemático, que conduz a
constatação de novos acontecimentos e de novas situações.
Neste sentido, Barros e Lehfeld (2000, p.68) afirmam:
Através da pesquisa, chega-se a um conhecimento novo ou
totalmente novo, isto é, o pesquisador pode aprender algo
que ignorava anteriormente, porém, já conhecido por outro,
ou chegar a dados desconhecidos por todos. Pela pesquisa,
chega-se a uma maior precisão teórica sobre os fenômenos
ou problemas da realidade.
Dessa forma, a partir dos dados coletados, por intermédio das entrevistas,
foram analisadas as impressões diversas dos sujeitos da presente pesquisa, com
base em autores que discorrem sobre o tema proposto, transformando-se em
elementos importantes para o debate em torno da avaliação que o presente trabalho
se propôs. Vale ressaltar também que os sujeitos bem como as instituições terão
sua identificação reservada para garantir a ética almejada na proposta dessa
pesquisa. Sendo que os relatos apresentados, foram transcritos sendo colocados
em forma de recuo, para que, diferenciados do corpo do texto, possam dar ao leitor
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a oportunidade de diferenciar e refletir com mais propriedade sobre as impressões
dos estudantes investigados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pode se afirmar, que o período de formação dos futuros educadores deve
estar pautado em estudos que venham promover um olhar diferenciado e analítico
por parte dos mesmos. Porém, dentre as modalidades educacionais, o Ensino
Superior se destaca por concentrar o menor índice de discussão e reflexão sobre a
sua organização didático-pedagógica. Segundo Hoffmann (1993) o que se percebe,
atualmente, é que o corpo docente do 2° e 3° graus de ensino revela-se muito mais
impermeável à discussão das práticas educativas do que os professores de 1° grau.
Com base nessa vertente, quando questionados sobre que aspectos deveriam ser
mais abordados no período da graduação no âmbito da História da Educação foram
apresentadas as seguintes constatações:
“A História da Educação deveria ser trabalhada de maneira mais
atualizada e dinâmica.” (ALUNO A)
“Deveria ser dado mais ênfase as teorias que contribuíram para a
educação.” (ALUNO C)
“Acho que deveria se falar mais sobre a educação atual.” (ALUNO D)
“Certamente deveria se priorizar mais os aspectos analíticos da
História
Da Educação do que propriamente as teorias desprovidas de
contexto, como se costuma presenciar. (ALUNO E).
“Gostaria de ter aprendido mais sobre a História da Educação que
estivesse relacionada com a Idade Média, e o Brasil do século XVII.”
(ALUNO H)
“Acredito que deveria ser trabalhado os diversos meios de ensino, e a
evolução da educação”. (ALUNO I)
Com base nas declarações e nos autores consultados, pode-se observar, que
tem havido falhas na formação de professores nas licenciaturas, o que acaba
gerando um alto índice de reprodução de metodologias tradicionais e pouco
reflexivas em sala de aula, trazendo uma série de prejuízos para o processo de
formação dos docentes.
Diante dessa realidade os estudantes entrevistados
relataram que as principais metodologias utilizadas pelos docentes são baseadas
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em seminários, aulas expositivas, exercícios e provas. Diante dessa vertente,
quando indagados sobre a viabilidade das referidas metodologias, utilizadas no
ensino da História da Educação, 70% dos alunos relataram estarem satisfeitos com
a forma de apresentação do conteúdo, ao passo que 30% afirmaram que a forma
que o conteúdo era abordado não permitia a total compreensão dos elementos
constituintes da História da Educação. No entanto conforme nossos autores
discorrem acima, várias metodologias ainda se encontram influenciadas pelo
tradicionalismo, causando prejuízos para o processo analítico e reflexivo do ensino,
conforme se observa nos depoimentos abaixo:
“As metodologias utilizadas não propiciavam a construção de
um olhar crítico para com o cenário educacional.” (ALUNO E)
“A professora ficava muito presa aos recursos didáticos, não
tornando a aula criativa, mas sim cansativa.” (ALUNO H).
De acordo com Lombardi (2009), em alguns casos, o sistema educacional
contribui entre outros aspectos, para reproduzir a ordem social hegemônica, não
tanto pelos pontos de vista que fomenta, mas por distribuir de forma regulada o
capital cultural. Desta forma, a violência simbólica atua em todo o campo da
educação e da cultura, na qual aqueles a quem falta o gosto “correto” são
discretamente excluídos, relegados a violência simbólica, aqui referida, constitui-se
no conjunto de regras não faladas sobre o que se pode ser validamente enunciado
ou percebido dentro do processo educacional, ou cultural. Essas regram operam em
todos os níveis e modalidades de ensino, uma vez que elas são legitimadas e
costumam passar despercebidas como violência, uma vez que a violência é
considerada natural nas relações sociais de produção da sociedade capitalista.
Tomando por base essas constatações, a educação tem por objetivo, no
entanto alçar meios para que as novas gerações estejam mais preparadas para
confrontar tudo o que a elas for apresentado ou imposto, visto que sendo, assim os
mesmos apresentarão maior capacidade de análise de sua realidade e de sua
própria essência humana, composta na sociedade por direitos e deveres.
Dessa forma, dentro de uma perspectiva sociológica da educação, para a
transformação social, deve-se buscar sempre um modelo educacional emancipado,
que permita ao sujeito seguir uma direção em suas ações, no contexto em que se
situa de acordo com valores que elege e com os quais se compromete no decorrer
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de sua historicidade. Nessa perspectiva os graduandos apresentaram as seguintes
ideias no que tange a contribuição da História da Educação para o contexto
educacional vigente:
“Através da compreensão da História da Educação torna-se
possível a busca constante por novos métodos de ensino”.
(ALUNO A)
“A História da Educação é importante pois através dela
vemos as modificações que aconteceram na sociedade e
consequentemente na educação”. (ALUNO C)
“A História da Educação possui bases que fundamentam o
contexto educacional vigente hoje.” (ALUNO E)
“Procuro sempre que possível buscar na História
esclarecimentos de situações temáticas que ainda hoje são
fortemente presentes na educação, e assim construir minha
prática a partir do que considero relevante ou não”. (ALUNO
G)
“Vejo a História da Educação como algo que nos permite ver
como foi à evolução da educação, e com isso conseguimos
melhor compreender os caminhos que a educação passou
para se configurar tal qual é hoje.” (ALUNO I)
Ao passo que os estudantes consideraram a História da Educação, como
fundamental para a compreensão do contexto educacional, percebe-se o
contraponto, visto 60% dos graduandos afirmaram não considerar que a referida
disciplina, de maneira geral, não recebe o enfoque que lhe deveria ser dada,
deixando assim de promover todas as compreensões que poderia viabilizar.
Nesta vertente, Os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) apresentam
uma nova concepção de ensino, de educador e de instituições de ensino, delineando
um processo de ensino significativo, transversal, contextualizado, interdisciplinar,
que não dissocie informação de formação, permitindo a compreensão de que a
ministração de disciplinas, deve-se pautar em potencializar meios que qualifiquem
os indivíduos de maneira estruturada e abrangente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se afirmar com toda veemência que a Educação se constitui em uma
espécie de “carta de alforria” da sociedade, visto que, mediante a mesma, o cidadão
toma consciência do contexto social no qual se encontra inserido, podendo dessa
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forma usufruir de seus direitos e deveres, traçando dessa forma metas e
reivindicações para a constituição de uma sociedade mais justa e igualitária.
Sendo assim, todas as instâncias da Educação, assim como as instituições de
ensino, por exemplo, possuem uma responsabilidade muito grande no que concerne
a orientação e formação do indivíduo. Pautado nessa realidade, o presente trabalho
pode concluir mediante autores renomados e depoimentos de universitários; mais
especificamente no que tange ao ensino superior, que este ainda não tem sido alvo
de uma problematização da qual se necessita. Nesse contexto nos concentrando na
perspectiva da ministração dos conteúdos e disciplinas acadêmicas, mas
especificamente no ensino da História da Educação, pode-se concluir que esta se
faz fundamental para a compreensão do sistema educacional vigente hoje, sendo
concebida como disciplina indispensável para a formação de profissionais críticos e
conscientes de sua identidade profissional. Porém, mesmo decorrente da
importância essencial da referida disciplina, percebe-se conforme a discussão
realizada pelo presente trabalho que a mesma é ofertada em um período muito
curto, deixando de contribuir mais para o aperfeiçoamento acadêmico dos
estudantes. Percebeu-se também que muitos graduandos declararam não terem
sido instigados a desenvolver um olhar crítico diante da História da Educação e de
suas implicações, relatando que as metodologias utilizadas são em muitos casos
tradicionais e pouco adequadas ao contexto vigente, o que acaba ocasionando uma
deficiência no que se refere à concepção de educação que deve ser assimilada e
implantada. Com isso constatou-se, portanto que a disciplina História da Educação
não tem recebido o enfoque que lhe deveria ser dada no âmbito acadêmico,
deixando de oferecer as contribuições que a ela são inerentes, não apresentando os
subsídios necessários para a compreensão dos mecanismos educacionais e de sua
estrutura.
Diante dessa vertente, torna-se fundamental a promoção de metodologias
que permitam ao aluno a conexão dos dados históricos com as perspectivas atuais,
apostando na utilização de ferramentas participativas, como vídeos, blogs, revistas e
internet para a apropriação do conhecimento por parte do aluno.
Convém ressaltar também, que este trabalho não esgota a discussão em
torno das impressões dos discentes, mas que sinaliza também, a necessidade de
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novas pesquisas direcionadas para a prática docente no que tange as metodologias
e abordagens da disciplina História da Educação, ouvindo a todos os que compõem
o cenário educacional, promovendo, portanto um debate a cerca das implicações da
referida disciplina.
Com base nesta perspectiva, o presente trabalho também indica que o curso
de Pedagogia é a oportunidade de formação de futuros professores, e que dessa
forma, seria interessante que as ementas das disciplinas História da Educação
contassem com propostas que integrassem teoria e prática, conectando passado
histórico a realidade atual, promovendo a criticidade e a emancipação propiciando a
formação de educadores capazes de gerir a transformação social em sala de aula,
devido a compreensão da historicidade e de sua práxis, internalizando a história
como subsídio para compreensão da realidade educacional a qual estão inseridos.
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A INFLUÊNCIA DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NA ECONOMIA DE
MUNICÍPIOS DA ZONA DA MATA MINEIRA
Rafaela Cristina Coelho – Graduanda em Administração de Empresas. Bolsista
Fapemig. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Juliene Rocha Borges – Graduada em Administração, Especialista em Negociação
e Empreendimentos. Mestre em Economia Empresarial. Professora e Coordenadora
do curso de Administação da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho busca levar ao conhecimento das pessoas e associados o que é
uma cooperativa de crédito, qual a importância deste tipo de associação diante à
economia da região da zona da mata mineira onde a atividade predominante é a
agropecuária, portanto ele fala sobre quais as vantagens de se associar a uma
cooperativa, quais as funções de uma cooperativa diante de um associado e o que
este pode obter de benefício quando se une a um grupo de pessoas do mesmo
segmento para ganhar mercado e concorrer com os grandes produtores. Todavia
este trabalho vem demonstrar que um grupo de pessoas unidas para conseguir um
objetivo comum pode ser chamado de cooperativa.
PALAVRAS - CHAVE: cooperativa, economia, sociedade, produtores rurais.
INTRODUÇÃO
A evolução e desenvolvimento do cooperativismo no Brasil tiveram como
norteador os modelos europeus, de Raiffeinsen (modelo alemão de crédito rural) e
Luzzatti (modelo italiano de banco popular urbano), os quais se alinhavam com as
populações de imigrantes do Rio Grande do Sul e nos demais estados do Brasil. A
constituição de outros tipos de cooperativas ocorre após o Decreto nº. 22.239 de
1932, período em que ocorre forte expansão do sistema cooperativo até a reforma
bancária, em 1964, data a partir do qual passaram a ser classificadas como as
demais instituições financeiras e subordinadas à fiscalização do Banco Central do
Brasil, recém-criado. Igualmente, no início dos anos 1980 e 1990, os fatos
relevantes do movimento cooperativo culminam com a criação de bancos
cooperativos, mecanismo de grande significado, pois impulsiona fortemente o
desenvolvimento e o crescimento das cooperativas de crédito, merecendo, portanto,
destaque no cenário financeiro nacional (PINHEIRO, 2007).
Cooperativas
são
entidades
criadas
para
auxiliar
os
produtores
financeiramente, de acordo com o dicionário Aurélio é uma “sociedade ou empresa
constituída por membros de determinado grupo econômico ou social, e que objetiva
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desempenhar, em benefício comum, determinada atividade econômica”, todavia as
cooperativas dependem única e exclusivamente de pessoas pra que assim auxiliem
no desenvolvimento econômico e social de uma cidade ou região.
As cooperativas de crédito geram também emprego e renda realizando assim o
desenvolvimento econômico e social da cidade e mesmo da região tendo como
resultado um movimento constante da economia.
Em cidades do interior as cooperativas têm um papel muito importante, pois
agiliza a negociação de produtores, o que seria mais demorado em bancos
comerciais. Nos bancos a burocracia é maior do que em cooperativas de crédito, o
que aumenta o risco de negócio da cooperativa, porém facilita e agiliza as
operações do associado.
Desse modo, objetivando contribuir, acadêmica e operacionalmente, para a
prática de constituição de sociedades cooperativas de crédito e para a formação de
membros de um empreendimento coletivo, conscientes de sua atuação, essa
pesquisa se justifica, tendo em vista que ao procurar compreender os aspectos que
envolvem as cooperativas de crédito na economia da Zona da Mata Mineira, poderá
trazer
subsídios
para
viabilizar
programas
de
prestação
de
serviços
e
desenvolvimento profissional, solidificado numa estrutura administrativa eficiente,
qualificada, confiável e respeitável, em busca de resultados socioeconômicos.
Diante do exposto, o problema proposto para essa pesquisa é: Quais as
influências das cooperativas de crédito dentro da economia de municípios da Zona
da mata Mineira?
Assim, o objetivo deste trabalho é identificar a influência das cooperativas de
crédito dentro da economia de municípios da Zona da mata Mineira.
Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor compreensão da
sociedade e principalmente dos cooperados sobre a constituição e funcionamento
das cooperativas de crédito, levando em consideração a sua função perante a
economia de municípios da Zona da mata Mineira.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O cooperativismo surgiu no século XIX a partir de uma movimentação em
reação a problemas econômicos e sociais por causa do advento do capitalismo na
Europa. De acordo com Duarte (1986, p. 13):
Desde os pioneiros, os 28 tecelões de Rochdale, o cooperativismo tem sido
criado como uma alternativa econômica a situações históricas específicas,
sendo reconhecido como um dos mais eficientes instrumentos de
desenvolvimento e de possível transformação social. Essa visão do
cooperativismo surgiu do duplo caráter que lhe é peculiar e que o distingue
das demais organizações econômicas: o de sociedade de pessoas e o de
empresa.
Panzutti (2001) destaca três elementos principais que definem uma
cooperativa: a) propriedade cooperativa, significando que seus usuários são os seus
proprietários; b) gestão cooperativa, implicando a concentração do poder decisório
nas mãos dos associados; e c) repartição cooperativa, significando que a
distribuição das sobras líquidas é feita proporcionalmente à participação dos
associados nas operações com a cooperativa.
Ainda segundo Krueguer (2003), a Legislação Cooperativista, – Lei n°.
5.764/71 – consagra o princípio doutrinário da dupla natureza das cooperativas, que
confirma a especificidade da sociedade. Isso implica uma natureza social, na medida
em que pressupõe a participação solidária dos cooperados na condição simultânea
de donos e de usuários do empreendimento e também uma natureza societária,
porque visa ao desenvolvimento econômico de seus sócios. Segundo o autor
supracitado:
Essa dupla natureza corporifica-se na celebração do contrato de Sociedade
Cooperativa, no qual as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de
proveito comum, sem objetivo de lucro (KRUEGUER, 2003, p. 25).
Ainda para Krueguer (2003), a cooperativa, como sociedade, realiza-se no
plano dos indivíduos organizados com finalidades econômicas próprias e comuns.
Essa natureza societária surge como um traço que une os indivíduos à Cooperativa
e a Cooperativa à Sociedade.
O cooperativismo, enquanto organização econômica propõe uma alternativa
ao modo de produção capitalista, uma vez que elimina as relações de intermediação
no modo de produção capitalista, no qual se visa à acumulação. A idéia de
autogestão é algo intrínseco à natureza das cooperativas. Seu exercício permeia o
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fundamento de uma sociedade que prima pela coletividade, na busca de soluções
para um grupo de pessoas com objetivos comuns.
Em relação aos fundamentos utilizados por este modelo organizacional, os
princípios Rochdalianos ainda são – teoricamente – o norte do cooperativismo
contemporâneo. De acordo com a Assembléia da Aliança Cooperativista
Internacional (ACI), os princípios cooperativos são: 1) adesão voluntária e livre; 2)
gestão democrática pelos membros; 3) participação econômica dos membros; 4)
autonomia e independência das cooperativas; 5) educação, formação e informação;
6) cooperação entre cooperativas e 7) interesse pela comunidade.
METODOLOGIA
Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de
Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,
fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).
Segundo Minayo (2003), todo estudo científico pressupõe uma metodologia
para sua realização, o que inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto
de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o potencial criativo do
investigador.
A escolha pela pesquisa bibliográfica se deve ao fato de que, através desse
método, é possível, além de identificar o estágio em que se encontram os
conhecimentos acerca do tema que está sendo investigado, elaborar conhecimentos
que possam ter aplicação prática num determinado momento.
Segundo Lakatos e Marconi (2001), “pesquisa bibliográfica” é a técnica de
pesquisa executada com base em material elaborado anteriormente e com a devida
formalização. É composta principalmente por artigos científicos, teses, dissertações
e livros, porém pode ser realizada partindo de outros tipos de fontes. Possui como
propósito colocar o pesquisador em contato com o que já foi escrito sobre
determinado tema. Sua principal vantagem é a possibilidade de compilação de
dados acerca de inúmeros fatores quando comparada com a pesquisa direta dos
mesmos.
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Destaca-se que se trata de uma pesquisa em andamento e que até o momento
foi realizada apenas a pesquisa de revisão bibliográfica. No entanto, será realizada
pesquisa qualitativa através de entrevista com cooperados e funcionários das
cooperativas. Além disso, uma outra parte da coleta de dados será quantitativa, com
questionários para saber a opinião dos cooperados sobre o trabalho das
cooperativas de crédito. Esta pesquisa será realizada em municípios da Zona da
Mata Mineira, sendo estes: Abre Campo, Matipó, Rio Casca e Sericita.
COOPERATIVAS DE CRÉDITO E A SOCIEDADE DE UMA REGIÃO: FATORES
ECONÔMICOS E SOCIAIS
Desafios e vantagens de uma cooperativa de crédito em municípios da Zona da
mata Mineira
As cidades que compõem a zona da mata mineira e que têm cooperativas de
crédito são cidades que têm sua economia com base em atividades agropecuárias
levando a essas cooperativas a incentivarem este tipo de atividade na região.
Todavia os associados em sua maioria são produtores rurais, pessoas menos
esclarecidas que por sua vez têm mais resistência a mudanças e acabam por não
aceitar muito bem as cooperativas de crédito com medo de arriscar o seu capital.
De acordo com Bialoskorski Neto e Balieto (2000, apud MARTINS,
PASSADOR, 2009) “o associativismo e o cooperativismo são ferramentas
importantes capazes de viabilizar a permanência de pequenos produtores no campo
e identificar instrumentos que possam promover o desenvolvimento contemplando
as dimensões econômica, social e humana”. Com isso entende-se que cooperativa é
uma associação que permite aos produtores e associados um crescimento mais
rápido, além de ser um sistema moderno de distribuição de renda mais justo.
Com isso, de acordo com Oliveira (2011, p. 4): “as vantagens competitivas das
cooperativas devem estar baseadas em suas formas de interação para com seus
clientes – cooperados e mercado em geral -, e não, simplesmente, nas leis que
sustentam sua constituição”. Portanto as cooperativas de crédito têm como
vantagem a maior aproximação de seus cooperados diferente de outros bancos,
mas com isso toma para si a concorrência de outros tipos de empresas de crédito,
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isso a torna mais forte diante das outras, que mesmo com o publico alvo sendo mais
resistente a mudanças esta forma de interatividade e reciprocidade chama a atenção
dos produtores.
As cooperativas de crédito têm segundo Oliveira (2011) um modelo de gestão
onde tem respeito pelos aspectos básicos do modelo cooperativista: (i) educação
cooperativista, consolidada pela perfeita interação entre os cooperados e a
cooperativa; (II) cultura cooperativista, consolidada pela vontade de trabalhar em
conjunto com outras pessoas; (iii) democracia cooperativista, consolidada pela
igualdade de direitos e deveres de todos os cooperados; e (iv) empreendimento
cooperativista, consolidado pela verdade de que, se a competição é inevitável,
cooperação é essencial.
As cooperativas têm características que a transforma em um “banco” para os
associados, pois estes começam a fazer suas negociações e operações como
crédito e investimento nas cooperativas, pois estas dão maior agilidade nos
processos e diminuem a burocracia imposta pelos bancos comerciais, isso para o
seu publico alvo que, na maioria das vezes, são pessoas menos esclarecidas, tornase uma vantagem.
Como uma cooperativa de crédito pode influenciar a economia de uma região?
O
Cooperativismo
segundo o Presidente
da Frente
Parlamentar do
Cooperativismo no Congresso Nacional (Frencoop), Waldemir Moka senador do
PMDB: “responde atualmente por 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, por
meio de 6.652 cooperativas, que atuam em 13 ramos de atividades econômicas”.
Moka afirma ainda que:
A participação democrática, a solidariedade, a independência e a autonomia
são referenciais do cooperativismo, sistema, segundo ele, fundamentado na
reunião de pessoas e não no capital, visando atender necessidades do
grupo e não o lucro. O objetivo é conjunto e não individual. Essas diferenças
fazem com que o setor seja considerado a terceira onda do
desenvolvimento, uma das formas de organização da sociedade mais
eficientes no Brasil e no mundo.
Todavia o setor cooperativista na região da zona da mata mineira dá suporte
aos produtores rurais, auxiliando na identificação de novos instrumentos que
auxiliem no desenvolvimento produtivo e administrativo de seus bens.
As Cooperativas conseguiram no setor agropecuário segundo o SEBRAE:
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Mais notoriedade em nosso país face às características da produção rural
brasileira, o cooperativismo foi o elemento que aglutinou os esforços dos
pequenos produtores familiares e foi também a fórmula encontrada para
que se defendessem das pressões e dos interesses mais poderosos
situados no comércio ou na indústria. E tem sido o principal responsável
pela resistência dos pequenos produtores no enfrentamento de todos os
percalços que a nossa agricultura vem enfrentando nos últimos anos.
Portanto, trabalhar em cooperativa faz com que os produtores rurais da região,
ou mesmo grupos de pessoas de qualquer outro tipo de produção, ganhem força
diante dos gigantes produtores industriais do país, ou seja, eles têm uma fatia de
mercado expressiva quando se unem, podendo concorrer assim com grandes
empresas ou grandes produtores do mesmo setor.
As cooperativas também contribuem para sociedade em geral da região, pois
segundo Bialoskorski Neto (2004, apud STEFANO, ZAMPIER, GRZESZCZESZYN):
As cooperativas são excelentes formas organizacionais para prover a
sociedade de serviços, para gerar empregos, renda e produto, distribuir
essa renda, prover poder de barganha aos agentes econômicos, agregar
valor aos produtos e à sociedade por meio de externalidades positivas (p.
9).
As cooperativas geram empregos em uma região tanto diretos quanto indiretos,
pois, existem aqueles que trabalham para atender aos associados e assim trabalhar
para os interesses das cooperativas, assim como existem os trabalhadores dos
associados que indiretamente interferem nos resultados da associação, pois estes
colaboradores trabalham para o beneficio de um, tendo como resultado o beneficio
de toda uma cooperativa, um conjunto de pessoas com mesmo objetivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em cooperativas todos os associados têm direitos e deveres iguais em relação
aos processos administrativos adotados, bem como aos resultados alcançados. São
eles os responsáveis pela criação de toda a organização, dos seus valores
compartilhando
assim
de
todo
o
processo
de
gestão
da
cooperativa,
comprometendo assim com os resultados da mesma.
Nas cooperativas não deve existir hierarquias rígidas e verticalizadas, pois não
pode existir alienação e dominação, pois como o próprio nome já diz cooperativa é
uma cooperação de pessoas objetivando um bem comum. Portanto é necessário ter
ousadia na flexibilização do processo de gestão onde o objetivo se torna mais
importante que a geração de lucros.
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Em uma região como a zona da mata mineira, que é composta por vários
municípios pequenos e com pouca industrialização, as cooperativas de crédito têm
grande força sobre os associados, pois ela auxilia-os a ganhar mercado onde existe
muita força, principalmente vinda da migração de pessoas para o Rio de Janeiro, em
busca de mercado industrial, devido aos benefícios fiscais oferecidos pelo estado.
REFERÊNCIAS
AURÉLIO, Dicionário.
Cooperativismo.
Disponível
static.reverse.softlayer.com>. Acesso em: 18.mar.2012.
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<74.86.137.64-
DUARTE, Laura Maria Goulart. Capitalismo e cooperativismo no Rio Grande do
Sul. Porto Alegre: L&PM, 1986.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2001.
LIMA, Eliene.
A importância do Cooperativismo. Disponível
<www.cooperativismodecredito.com.br>. Acesso em: 18.mar.2012.
em:
KRUEGER, Guilherme. Cooperativismo e o novo código civil. Belo Horizonte:
Mandamentos, 2003.
MARTINS, Mônica Mendes; PASSADOR, Claudia Souza. O papel da organização
cooperativa no desenvolvimento de uma região: um estudo de caso de uma
cooperativa de pequenos produtores de São Paulo. Disponível em: <
www.sober.org.br>. Acesso em: 18.mar.2012.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
MOKA, Waldemir. Senador destaca papel do cooperativismo para a economia
brasileira. Disponível em : <www.senadormoka.com.br>. Acesso em: 18.mar.2012.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Manual de gestão de cooperativas:
uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2011.
PANZUTTI, Ralph. Empreendimento cooperativo: um novo agente econômico.
São Paulo: OCESP/SESCOOP-SP. 2001.
PINHEIRO, Marcos A. Cooperativas de crédito: história da evolução normativa no
Brasil. Brasília: Banco Central do Brasil, 2007.
SCHNEIDER, José Odelso. Democracia, participação e autonomia cooperativa.
São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1999.
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STEFANO, Silvio Roberto; ZAMPIER, Maria Aparecida; GRZESZCZESZYN,
Geverson. Cooperativas: características, gestão e relevância socioeconômica para
o Brasil. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br>. Acesso em: 18.mar.2012.
SKYSCRAPERCITY. As 30 maiores cidades da Zona da Mata Mineira. Disponível
em: <www.skyscrapercity.com>. Acesso em: 18.mar.2012.
SEBRAE. Cooperativismo. Disponível em: http://www.sebraemg.com.br>. Acesso
em 18.mar.2012.
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A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NAS
ORGANIZAÇÕES
Raquel Chaves de Oliveira - Graduada em Administração.
Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Juliene Rocha Borges – Graduada em Administração, Especialista em Negociação
e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial. Professora e Coordenadora
do curso de Administração. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Maria Helena Sleutjes - Graduada em Biblioteconomia e Documentação,
Especialista em Instituições de Ensino Superior. Especialista em Biopsicologia.
Mestre em Administração Pública. Professora de pós-graduação UNIVÉRTIX.
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RESUMO
O artigo tem como objetivo apresentar os fatores que influenciam a QVT nas
organizações. O Universo da pesquisa abarcou as obras dos principais autores que
tratam do tema estresse ocupacional e qualidade de vida no trabalho. E os dados
foram tratados em uma perspectiva qualitativa. O conceito QVT é explanado aqui
como a gestão do bem-estar através das necessidades biológicas, psicológicas e
sociais, a visão biopsicossocial. Conclui-se que a QVT é fundamental para
transformar o ambiente de trabalho em um local melhor para o desenvolvimento e
evolução do indivíduo, aumentando assim o nível de satisfação e posteriormente a
produtividade dentro de uma organização.
PALAVRAS CHAVE: Qualidade de Vida no Trabalho – QVT; stress; visão
biopsicossocial; Qualidade Total.
INTRODUÇÃO
A luta pela sobrevivência tem sido fundamental para as organizações em um
ambiente globalizado e competitivo e o desafio para se obter resultados é cada vez
maior. Isto demanda dos trabalhadores maior capacidade de suportar cobranças e
viver constantemente sob pressão no ambiente de trabalho. As organizações
necessitam adotar programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), almejando,
assim, uma melhoria no bem-estar individual e coletivo de seus funcionários, na sua
capacidade produtiva e, por conseguinte, a obtenção de resultados desejados, uma
vez que, os colaboradores representam o ativo intangível de valor inestimável.
As empresas passaram a se preocupar com o homem na linha de produção a
partir do momento que perceberam a necessidade de aumentar sua produtividade.
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Desta forma a QVT veio a melhorar as condições no ambiente de trabalho
aumentando a produtividade e o desempenho do indivíduo.
A questão que motiva esse trabalho é averiguar a importância da Qualidade de
Vida no Trabalho para o desenvolvimento das organizações.
O trabalho em questão tem como objetivo apresentar os fatores que
influenciam a QVT nas organizações. O texto foi desenvolvido com apresentação da
origem da QVT, sua evolução histórica, definições e estudos de especialistas,
conceito, QVT no Brasil e perspectivas atuais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Nasceu na década de 50 na Inglaterra o conceito de Qualidade de Vida no
Trabalho (QVT). Eric Trist e colaboradores – pesquisadores do Tavistock Institute –
iniciaram os estudos do trinômio indivíduo/trabalho/organização. Essas pesquisas
deram origem a uma abordagem sociotécnica da organização do trabalho, tendo
uma inquietação com a satisfação e o bem-estar do trabalhador (TOLFO E
PICCININI, 2001; RODRIGUES, 2009).
As preocupações com a QVT tomaram impulso somente na década de 60. A
conscientização dos trabalhadores e o avanço das responsabilidades sociais da
organização colaboraram para que os cientistas e gerenciadores organizacionais
pesquisassem formas para realizar melhor o trabalho (RODRIGUES, 2009).
A crise energética e a alta inflação fizeram com que descaísse o interesse pela
QVT no início dos anos 70, devido à preocupação das organizações pela
sobrevivência, fazendo com que os interesses dos funcionários passassem a ter
uma importância secundária. O ano de 1974 foi um marco no desenvolvimento da
QVT, esse período caracterizou-se pelas preocupações dos cientistas, líderes
sindicais, empresários e governantes, em como influenciar a qualidade das
experiências do trabalhador em um determinado emprego. Incentivada pela
probabilidade de uma sociedade progressista, e baseada na saúde, segurança e
satisfação dos trabalhadores, a QVT seguiu uma linha sociotécnica (FERNANDES E
GUTIERREZ, 1988; RODRIGUES, 2009).
Em 1979, devido à perda de competitividade das empresas norte-americanas
em face das suas concorrentes japonesas. Estar perdas levou a pesquisas de estilos
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gerenciais aplicados em outros países, relacionando programas de produtividade
com melhoria de QVT (TOLFO, PICCININI, 2001).
Rodrigues (2009) ressalta que hoje em dia a QVT tem se desenvolvido em
outros países, como: França, Alemanha Ocidental, Dinamarca, Suécia, Noruega,
Holanda e Itália, estes países adotaram a filosofia e métodos para que o indivíduo
tenha maior satisfação no trabalho.
Através da tabela abaixo é possível compreender como os estudos de QVT,
foram evoluindo - de uma perspectiva mais restrita para uma mais ampla – desde a
década de 50.
ERÍODO
FOCO PRINCIPAL
1959/1972
Variável
1969/1975
Abordagem
1972/1975
Método
1975/1980
Movimento
1979/1983
Tudo
Previsão futura
Nada
DEFINIÇÃO
A QVT foi tratada como
reação
individual
ao
trabalho
ou
às
conseqüências pessoais de
experiência do trabalho.
A QVT dava ênfase ao
indivíduo antes de dar
ênfase
aos
resultados
organizacionais, mas ao
mesmo tempo era vista
como um elo dos projetos
cooperativos do trabalho
gerencial.
A QVT foi meio para o
engrandecimento
do
ambiente de trabalho e a
execução
de
maior
produtividade e satisfação;
A QVT, como movimento,
visa à utilização dos termos
“gerenciamento
participativo” e “democracia
industrial” com bastante
freqüência, invocador como
idéias do movimento.
A QVT é vista como um
conceito global e como uma
forma de enfrentar os
problemas de qualidade e
produtividade
A globalização da definição
trará como conseqüência
inevitável a descrença de
alguns setores sobre o
termo QVT. E para estes
QVT nada representará.
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FONTE: Nadler e Lawler5 (1983, apud RODRIGUES,2009, p.81)
Para explanar os fatores que afetam a QVT foram desenvolvidos modelos de
indicadores de qualidade de vida. Vários estudiosos com o passar do tempo
utilizaram o nome QVT para descreverem situações e métodos com objetivos
diversos. Os mais conhecidos formam: Walton (1973), Hacman e Oldhan (1975),
Lippit (1978), Westley (1979), Nadler e Lawler (1983), K. Davis & Wether (1983),
Huse & Cummings (1985). Todos eles criaram uma espécie de indicadores expondo
os fatores críticos que influenciam na QVT (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,
BIAZIN, 2006; RODRIGUES, 2009).
A expressão QVT tem sido utilizada com assiduidade para expor certos valores
ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do
progresso tecnológico, da produtividade e crescimento econômico. Alguns
questionamentos importantes foram levantados como diretrizes para a determinação
dos oitos critérios para QVT, cujos são:
Como deveria a Qualidade de Vida no Trabalho ser conceituada e como ela
pode ser medida?; quais são os critérios apropriados e como eles são
interrelacionados?; como cada um é relacionado à produtividade?; são
estes critérios uniformemente destacados em todos os grupos de trabalho?
(WALTON6, 1973, apud RODRIGUES, 2009, p.82).
Walton (1973, apud Vasconcelos, 2001, p.27-28) citam oito critérios a fim de
fornecer uma estrutura analítica relacionada a características da Qualidade de Vida
no Trabalho. São elas:
CRITÉRIOS
1. COMPENSAÇÃO
ADEQUADA
JUSTA
E
2. CONDIÇÕES DE TRABALHO
3. UTILIZAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CAPACIDADES
E
DE
INDICADORES DE QVT
Equidade interna e externa
Justiça na compensação
Partilha de ganhos de produtividade
Jornada de trabalho razoável
Ambiente físico seguro e saudável
Ausência de insalubridade
Autonomia
Autocontrole relativo
Qualidades múltiplas
Informações sobre o processo total do trabalho
5
NADLER, David & Lawler, Edward. Quality of work life: perspctives and directions. Organizacional
Dynamics, 1983.
6
WALTON, Richard E. Quality of working life: what is? Slon Management Review, Cambridge, 15, n. 1, p. 1121, dec. 1973.
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4. OPORTUNIDADES
DE
CRESCIMENTO CONTÍNUO E
SEGURANÇA
5.
6.
7.
8.
Possibilidade de carreira
Crescimento pessoal
Perspectiva de avanço salarial
Segurança do emprego
INTEGRAÇÃO
SOCIAL
NA Ausência de preconceitos
ORGANIZAÇÃO
Igualdade
Mobilidade
Relacionamento
Senso comunitário
GARANTIAS CONSTITUCIONAS Direitos de proteção ao trabalhador
Privacidade pessoal
Liberdade de expressão
Tratamento imparcial
Direitos trabalhistas
TRABALHO E ESPAÇO TOTAL Papel balanceado no trabalho
DA VIDA
Estabilidade de horários
Poucas mudanças geográficas
Tempo para lazer da família
RELEVÂNCIA SOCIAL DA VIDA Imagem da empresa
DO TRABALHO
Responsabilidade social da empresa
Responsabilidade pelos produtos
Práticas de emprego
Fonte: Walton (1973 apud Vasconcelos, 2001, p. 27-28)
Walton (1973, apud Rodrigues, 2009), afirma que as mudanças nas
organizações ocorrerão de forma mais lenta do que as mudanças do aumento das
expectativas do empregado. Esta situação acarretará uma maior alienação para o
trabalhador e somente com uma reestruturação do trabalho, a QVT poderá ser
exaltada e assim as perspectiva dos trabalhadores serão entendidas e satisfeitas.
A QVT refere-se a esforços em melhorar as condições humanas no ambiente
de trabalho, tornado o mais produtivo e mais satisfatório para os gestores das
organizações. A qualidade de vida no trabalho é vista como uma maneira de pensar
a respeito das pessoas, trabalho e organização (FERNANDES e GUTIERREZ,
1988).
Limongi-França (1996, p.143) define QVT como:
Qualidade de Vida no Trabalho é considerada neste estudo o conjunto das
ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e
inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho.
Portanto, o foco proposto é qualidade de vida no trabalho como ferramenta
gerencial construída na cultura organizacional
Albuquerque, Limongi-França (1998) assinalam que atualmente a sociedade
vive novos paradigmas sobre as formas de vida dentro e fora de uma organização,
desenvolvendo novos valores quanto às demandas relacionadas à QVT. Neste
contexto, várias ciências têm contribuído especificamente, onde se destacam elas:
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saúde, ecologia, ergonomia, psicologia, sociologia, economia, administração,
engenharia.
As contribuições das ciências citadas acima permitem identificar dois
movimentos principais na filosofia e na gestão de QVT: nível individual,
caracterizado pelo aprofundamento da compreensão a respeito do stress e de
doenças relacionadas às condições do ambiente de trabalho. O segundo, o nível
organizacional, refere-se a desenvolvimento do conceito de qualidade total, que não
restringe a processos e procedimentos para incluir aspectos comportamentais e
satisfação de expectativas individuais visando os resultados finais da empresa
(ALBUQUERQUE, LIMONGI-FRANÇA, 1998).
No nível organizacional a Qualidade Total originou-se na engenharia e visava,
principalmente, o processo produtivo de um determinado produto. Com a evolução
do conceito de Qualidade Total para serviços deu abertura para discussão sobre a
necessidade de incluir nele o conceito Qualidade Pessoal e, posteriormente, o de
QVT como parte dos Programas de Qualidade Total (ALBUQUERQUE, LIMONGIFRANÇA, 1998).
O Programa de Qualidade Total visa aprimorar o desempenho da empresa em
três dimensões: o produto em si, da concepção à venda; o ambiente interno; a
mobilização de todos os trabalhadores (BARROS, 2010).
A QVT é uma evolução da Qualidade Total, o último elo da cadeia, não há
como falar de Qualidade Total sem abranger a QVT. Os esforços empresariais
devem, em última instância, conduzir à realização humana, ou seja, a qualidade só
terá sentido se gerar qualidade de vida. As mudanças ocorrem tanto no foco
estratégico como na gestão da qualidade e no envolvimento de pessoas, essas
mudanças mostram o aumento da responsabilidade estratégica dos gestores de
Recursos Humanos (ALBUQUERQUE, LIMONGI-FRANÇA, 1998).
No nível individual a QVT expressa as necessidades pessoais, em uma nova
condição de ética e expectativa de condições de trabalho, cada pessoa tem sua
identidade formada por acontecimentos subjetivos e de relacionamento e ao celebrar
o contrato de trabalho passa a acatar normas e padrões organizacionais
pertencendo assim àquele sistema social. Expectativas da empresa frequentemente
focalizam a busca da produtividade através de investimento de energia física e
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psíquica sobre operações, tarefas e responsabilidades, que é força de trabalho
(LIMONGI-FRANÇA, 1996).
A construção da QVT se da a partir do momento em que as pessoas passam a
ser olhadas como um todo, o que é chamado de visão biopsicossocial. A origem do
conceito biopsicossocial se deu através da Medicina Psicossomática, que sugeri
uma visão holística do ser humano. Cada indivíduo é um complexo biopsicossocial,
ou seja, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem ao
mesmo tempo às condições de vida. As respostas relacionadas a esses três níveis
têm diversas combinações e intensidades que podem ser mais visíveis em um deles,
embora todos sejam sempre interdependentes (LIMONGI-FRANÇA, 1996).
O nível biológico são as características físicas herdadas ou adquiridas ao
nascer e ao longo da vida. Neste nível inclui metabolismo, resistência e
vulnerabilidade dos órgãos ou sistemas. O nível psicológico são os processos
afetivos, emocionais e raciocínio, conscientes ou inconscientes, que moldam a
personalidade de cada indivíduo e a sua maneira de perceber e de se posicionar
diante das pessoas e das circunstâncias ao redor. O nível social expõe os valores,
as crenças, o papel na família, no ambiente de trabalho e em todos os grupos e
comunidades que cada indivíduo convive (LIMONGI-FRANÇA, 1996).
Associado aos distúrbios psicossomáticos está o stress, ele é a tensão do
organismo quando está exposto a pressão iminente, levando a diversos estados de
ansiedade, tensão prejudicial que gera, entre outros motivos, os distúrbios
psicossomáticos. O stress está presente no trabalho a partir da capacidade de
adaptação, que envolve a equidade entre exigência e capacidade, quando o
equilíbrio é atingido, obtém-se o bem-estar, caso ao contrário, gerará conflitos
(LIMONGI-FRANÇA, 1996).
A QVT está sempre buscando um ambiente humanizado para aproveitar as
habilidades mais refinadas dos trabalhadores, com o objetivo de ajustar tecnologia,
tarefa e empregados. A QVT não de limita apenas em prevenir acidentes de
trabalho, mas sim em abranger todas as esferas da organização, para isso é preciso
desenvolver um estudo para apurar as causas de insatisfação dos funcionários,
tanto na vida familiar quanto na vida social (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,
BIAZIN, 2006).
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Segundo Denssen (2010) existem autores que definem a QVT focando o
desenvolvimento pessoal do trabalhador e outros que enfatizam a eficiência
organizacional. Contudo, nestes últimos anos, a QVT é observada como filosofia de
trabalho que ocorre em organizações mais participativas, ou seja, que levam em
consideração as opiniões de seus membros.
A QVT é vista na literatura como a procura de tornar os cargos mais produtivos
em termos de organizações e mais satisfatórios para os executores. Portanto a
preocupação com as melhorias da QVT está na reformulação dos cargos ou na sua
correta projeção, dando importância aos elementos organizacionais, ambientais e
comportamentais (RODRIGUES, 2009).
O ponto crucial da QVT esta na mobilização de todos os colaboradores da
organização. Planos e metas são elaborados e somente o envolvimento de todos
possibilitará o cumprimento dos mesmos. É justamente nessa dimensão que
aparecem como preocupação dos gestores as questões que abordam a motivação
dos trabalhadores e o quanto estes estão satisfeitos coma a empresa (BARROS,
2010).
As preocupações com QVT surgem no Brasil na década de 90, devido à
preocupação das empresas com a competitividade, em circunstância de maior
abertura para a importação de produtos estrangeiros e na esteira dos programas de
qualidade total (TOLFO E PICCININI, 2001).
No Brasil, tanto como no cenário internacional, a discussão do tema QVT vem
sendo ampliada. A QVT pode ser vista como um indicador da qualidade da
experiência humana no ambiente de trabalho, onde está relacionada à satisfação do
indivíduo ligada a capacidade produtiva, onde de um lado está à produtividade e do
outro o desempenho produtivo (PILATTI, BEJARANO, 2005).
Ao investigar ações e programas de gestão de RH, verificou-se que muitas
empresas brasileiras buscam novos paradigmas, onde o ser humano passa a ser
fator real de competência, e os cuidados com relação à humanização acontecem no
trabalho, na qualificação e em situações extensivas à vida pessoal e familiar
(LIMONGI-FRANÇA, 1996)
No Brasil, talvez por tratar-se de um tema novo, embora certas empresas
desenvolvam trabalhos com as mesmas intenções. É importante trabalhar com a
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bibliografia específica, uma clara conceituação da QVT, como ela é, e como
implantar novas formas de organização do trabalho (MORAES, 2006).
Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, qualquer pessoa pode exercer seu
trabalho em qualquer lugar, em casa, viagens, hotéis, etc. O ambiente de trabalho
não exige um lugar específico, mesmo o homem tentando se desligar do trabalho,
de uma forma ou de outra sua vida sempre gira em torno do mesmo. A cobrança por
resultados, e a competitividade existente no mercado, obriga o homem a viver
constantemente em função do trabalho. A cada dia as organizações vêem notando a
suma importância do ser humano para o alcance dos resultados desejados, pois, as
máquinas não pensam, não solucionam problemas, são apenas máquinas, essas
qualidades competem apenas ao homem (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,
BIAZIN, 2006).
Conte (2003) afirma que com o aumento de produtividade na década de 90, as
pessoas passaram a ter um ritmo de vida acelerado, levando ao excesso de horas
de trabalho e uma pressão excessiva para serem cada vez mais produtivos.
A importância da QVT reside simplesmente no fato de que passamos em
ambiente de trabalho mais de 8 horas por dia, durante pelo menos 35 anos
de nossas vidas. Não se trata mais de levar os problemas de casa para o
trabalho, e sim de levarmos para casa os problemas, as tensões, os receios
e as angústias acumulados no ambiente de trabalho. É um assunto
importante a ser discutido, independentemente se o cenário econômico
mostra recessão ou crescimento, perda de poder aquisitivo ou aumento do
desemprego (CONTE p. 32-33).
Com a atual competitividade vivida no mundo contemporâneo, à necessidade
das empresas se manterem no mercado esta relacionada a cargos satisfatórios que
é algo cada vez mais difícil de satisfazer. Esforço para melhorar a QVT através da
reengenharia de cargos com a participação dos trabalhadores e melhoria do meio
ambiente organizacional vem demonstrando um investimento com resultados
positivos em termos de produtividade e satisfação no trabalho. Em países como
Canadá, EUA e principalmente a França e a Suécia, a preocupação com a QVT vem
se intensificando, especialmente pelo amadurecimento da sociedade (FERNANDES
e GUTIERREZ, 1988).
De
acordo
com
Vasconcelos
(2011)
após
processos
contínuos
de
reestruturação e reengenharia que foram um marco na década de 90, nota-se que
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cada vez mais as pessoas estão trabalhando excessivamente, sendo assim, não
estão tendo tempo para si mesmo.
Quando se fala na melhoria da QVT, se fala em melhorar as condições de
trabalho do indivíduo que afeta os custos, aumentando assim o passivo das
empresas. Logo surgem barreiras à implementação da QVT, com as condições de
trabalhos favoráveis os cargos podem se tornar mais satisfatórios, refletindo
indiretamente na produtividade e que independem de elevação do custo operacional
com pessoal ou instalações (FERNANDES e GUTIERREZ, 1988).
METODOLOGIA
A metodologia científica que foi adotada para a realização deste artigo foi à
pesquisa exploratória. De acordo com Vieira (2002) esse tipo de pesquisa é o
primeiro contato com o tema a ser analisado, com os sujeitos a serem pesquisados
e com as fontes secundárias disponíveis. Os estudos exploratórios são
fundamentados na hipótese de que através do uso de métodos relativamente
sistemáticos, podem-se desenvolver suposições relevantes a um determinado
fenômeno. Esta metodologia utiliza métodos amplos e versáteis. Os métodos
empregados abrangem: levantamentos em fontes secundárias (bibliográficas,
documentais, etc.), levantamentos de experiência, estudos de casos selecionados e
observação informal (a olho nu ou mecânico).
O método utilizado para a coleta de dados desse artigo constou de pesquisa
bibliográfica, pois, como ensina Chizotti (2001) é o tipo básico para qualquer
pesquisa, onde foi feita a revisão da literatura sobre o assunto investigado. Este
procedimento consultou apenas livros e artigos científicos, de autores que
abordaram o tema com propriedade.
O Universo da pesquisa abarcou as obras dos principais autores que tratam do
tema qualidade de vida no trabalho. E os dados foram tratados em uma perspectiva
qualitativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Em um mundo contemporâneo onde às organizações têm como desafio a luta
pela sobrevivência a Qualidade de Vida no Trabalho vem se destacando como um
novo desafio para obter o sucesso organizacional.
Para que a QVT não seja apenas uma prática passageira é necessário que
haja um envolvimento organizacional como um todo que compreende o setor
administrativo e operacional, desta forma a humanização no trabalho poderá
acontecer tornando o ambiente de trabalho saudável aumentando a produtividade e
satisfação no trabalho. A QVT proporciona ao indivíduo uma melhor qualidade de
vida pessoal, social e familiar onde satisfazer as necessidades humanas básicas
consiste em uma vida saudável.
Conclui-se que, os objetivos das empresas na busca de resultados, melhorias
na produtividade e Qualidade Total podem ser alcançadas através da aplicação de
Qualidade de Vida no Trabalho, onde o bem-estar individual e coletivo dos
funcionários gera satisfação de ambos, levando a obtenção de resultados
desejados. É nas empresas que o ser humano passa a maior parte de sua vida, é
normal que este ambiente seja transformado em um local prazeroso e saudável
podendo realizar assim um trabalho com satisfação e alegria com qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
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de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a
expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração, São Paulo, v.
33, n.2, pp.40-51, abr/jun, 1998.
BARROS, Sérgio Paes. A Promoção de Qualidade de Vida para os Trabalhadores:
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no trabalho: fatores que influenciam as organizações. Disponível em:
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DESSEN, Marina Campos. Indicadores de Bem-estar Pessoal nas organizações: o
Impacto da Cultura, do Perfil Pessoal e de Ações de Qualidade de Vida no Trabalho
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de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
FERNANDES, Edna Conte; GUTIERREZ, Luiz Homero. Qualidade de Vida no
Trabalho (QVT) – uma experiência brasileira. Revista de Administração, São
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Trabalho: esforço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de
manufaturas com certificação ISSO 9000. Tese (doutorado em Administração) –
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São
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MORAES, Gláucia Therezinha Bardi de. qualidade de vida no trabalho: um estudo
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Disponível em:
<http://www.pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/dissertacoes/arquivos/35/Dissertacao.pdf >
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trabalho: leituras e possibilidades no entorno. In: GONÇALVES, Aguinaldo;
GUTIERREZ, Gustavo Luiz; VILARTA, Roberto. Gestão da qualidade de vida na
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TOLFO, Suzana da Rosa; PICCININI, Valmíria Carolina. As Melhores Empresas
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VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Qualidade de Vida no Trabalho: Origem,
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O ASPECTO PSICO-SOCIAL DA SENTENÇA DE GUARDA
Rogério de Oliveira Freitas - Graduado em Direito, Advogado, Especialista em
Direito da Família e Direito Econômico.
Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em
Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e
da UEMG.
Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,
Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial
Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista
em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica.
Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
As constantes mudanças na sociedade obrigam o magistrado cada vez mais a
utilizar métodos além da letra da Lei no momento de proferir a sua decisão ao caso
concreto de Guarda de Menores. Neste ínterim, buscaram-se refletir sobre a
introdução do laudo psicológico na sentença de guarda, juntamente com a visão de
diversos autores e profissionais da área Social e Psicológica, seus benefícios,
quando associados com outras técnicas disponíveis, objetivando a sedimentação da
tutela jurisdicional, tão esperada pelas partes em conflito.
PALAVRAS CHAVE: Métodos; Economia; Família; Princípios; Tutela Jurisdicional;
Psicologia.
INTRODUÇÃO
O Direito contemporâneo sofre constantes mudanças em seus textos legais,
numa tentativa de acompanhar o dinamismo da sociedade que se altera dia após
dia. Muitas vezes, mesmo com todo este dinamismo do Direito, muitas lacunas se
formam na norma fria, deixando assim, de um lado, a sociedade à espera de uma
manifestação por parte do Estado, que possui o dever de dizer o direito, que o faça
de forma segura, e, do outro, o Estado, representado pelo magistrado, um ser
humano que fica limitado em seu poder pela força das normas
Diante da possibilidade de utilização de métodos, além da letra da lei, quando
a decisão tem que ser tomada em questão de guarda de menores, onde o ponto de
maior relevância tem de ser o bem estar do menor, a maioria dos magistrados tende
a recorrer de forma única e exclusiva a laudos elaborados por Assistentes Sociais,
não se questiona a capacidade do profissional citado, nem tão pouco sua
competência para tal função. Acontece que, como foi citado, o direito é dinâmico, e
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pode e deve o Estado-Juiz se utilizar de outros métodos para fundamentar sua
sentença. Nesta linha de raciocínio, ocorrendo à ruptura de uma união, o que deve
prevalecer são os interesses do menor, então, pensa-se que a aplicação de outros
métodos, como fundamentação da decisão por parte do magistrado, deva ter a sua
utilização com uma maior frequência.
O conceito de família que se dá pela união de homem e mulher, com a união
civil e ratificada pelo sacramento, gera em tese, uma proteção da mesma por parte
do Estado e da igreja, pois a mesma foi gerada de forma legal e amparada por estas
instituições. É certo que, mesmo em se tratando de uma forma contratual e
obrigacional – pois o casamento é um contrato com deveres e direitos - tudo se dá
de forma livre, onde a manifestação de vontade, não sofre a interferência do Estado,
que neste caso atua como garantidor desta manifestação contratual.
Atualmente este conceito de instituição familiar não se encontra mais fundado
na idéia da união civil de homem e mulher com a bênção da igreja. Hoje se encontra
famílias formadas por pessoas do mesmo sexo; famílias compostas por apenas uma
pessoa, já que o objetivo da mesma era a procriação; famílias formadas em razão
das inovadoras técnicas de reprodução assistida; enfim, diante destes poucos
exemplos e de diversos outros que com certeza irão surgir, o Estado deve ficar
sempre alerta para possíveis litígios que irão se formar com toda esta evolução
social.
Partindo do principio de que a principal preocupação, independentemente de
qualquer outro fato, é o melhor interesse da criança, e numa tentativa de acerto por
parte do magistrado em buscar sempre este objetivo, muitas das vezes um bom
trabalho psicológico, não só com o menor, mais com toda a família envolvida neste
processo de finalização da chamada entidade familiar, possa ser de grande valia
para uma fundamentação mais realista e justa, na hora de uma decisão terminativa,
pois diante de tantos elementos enriquecedores o magistrado possa optar pela
guarda compartilhada, assegurando ao menor e a todos os envolvidos, uma decisão
menos traumática.
Diante de tais fundamentos, deve o Magistrado ter a ousadia de ir além da
norma fria, e de uma forma inovadora, incrementar tal norma sempre com
fundamentos legais, nunca indo alem de sua competência e sim buscando uma
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melhor aplicabilidade do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, objetivando o
“melhor interesse da criança”.
Portanto torna-se este o objetivo deste trabalho, o de buscar informações
sobre até que ponto pode e deve o Magistrado se estender além da norma para uma
melhor aplicabilidade da mesma.
A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS COMO NORTE NA SENTENÇA DE GUARDA
Origem da família
Para este estudo, o que se torna realmente importante é se tentar identificar o
surgimento da família no âmbito do direito, ou seja, quando há uma interferência do
Estado de uma forma direta nesta entidade (SILVA, 2005).
Partindo deste ponto, o Estado entra em cena de forma a estipular regras de
organização e de condutas, criando assim a instituição do casamento, como uma
maneira de organização dos vínculos estabelecidos entre os indivíduos, que por vez
foi absorvido pela sociedade como regra de conduta, gerando assim um limite
imposto pelo Estado, como forma de coibir a busca por prazer e desrespeito entre os
mesmos, restringindo a liberdade total, pois o Estado não admite que ninguém fuja
de suas restrições. Este é o pensamento de Maria Berenice Dias: “Em uma
sociedade conservadora, os vínculos afetivos, para merecerem aceitação social e
reconhecimento jurídico, necessitavam ser chancelados pelo que se convencionou
chamar de matrimônio” (DIAS, 2006).
Evolução da família
Com o advento da revolução industrial e a necessidade de mão-de-obra, toda
a caracterização de família até então normatizada começa a sofrer transformações.
Ocorre a migração de grupos para as cidades e isto faz com que a mulher se inicie
no mercado de trabalho, descaracterizando assim o homem como cerne da entidade
familiar e como única fonte de subsistência da mesma. Pessoas passam a conviver
em espaços menores, levando assim um maior relacionamento e aproximação entre
os seus entes, gerando um maior vínculo afetivo, surgindo uma nova concepção de
família embasada no carinho, no afeto e nas relações familiares estabelecidas,
Fernanda Rocha Lourenço Levy expõe:
O século XX foi palco de grande transformação ocorrida na seara familiar. A
família deixa de ser um núcleo chefiado pelo “cônjuge-varão” auxiliado pelo
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“cônjuge-varoa”, de cunho patrimonialista, e assume um novo perfil
igualitário baseado nos laços afetivos. A mulher e a criança ascendem
socialmente e juridicamente, tornam-se focos de atenções e leis aparadoras
de seus direitos (LEVY, 2008:13).
Cria-se novamente um impasse para o legislador e para todo o direito vigente,
pois com toda a transformação sofrida na família, o acompanhamento por parte do
legislador torna-se impossível, pois como já é do conhecimento, a família é o
primeiro agente socializador do ser humano, a esse respeito diz Maria Berenice
Dias: “O legislador não consegue acompanhar a realidade social e nem contemplar
as inquietações da família contemporânea. A sociedade evolui, transforma-se, rompe
com tradições e amarras, o que gera a necessidade de constante oxigenação das
leis [...]” (DIAS, 2006).
Dissolve-se toda a estrutura hierárquica antes constituída e passa-se a
estabelecer o convívio em respeito e igualdade nas relações, não existindo mais
diferenças entre o homem e a mulher, estendendo-se esta igualdade a todos os
membros da família. Como ressaltamos, a sociedade evolui e o alargamento das
relações interpessoais faz com que o pensamento que temos de família composta
pela união de um homem e uma mulher, cercados de filhos, tenha sua realidade
transformada. Tem-se então uma pluralização do modelo de família, onde
encontramos: família matrimonial, informal, monoparental, homoafetiva, anaparental,
eudemonista, e muitas outras que possam surgir com o desenvolvimento humano
(DIAS, 2006).
Diante deste cenário, o nosso ordenamento pátrio, em sua Carta Magna,
tendo a família como base da sociedade, realça a importância e valorização de seus
membros criando dispositivos e Princípios que passam a nortear estas relações.
Princípios como o da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CR/88), Princípio da
Igualdade (art.5º caput e incisos, CR/88) e a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002,
vem reforçar a preocupação do Estado nas relações de seus jurisdicionados, em
face dos novos “pais, mães e filhos” pela evolução ocorrida nesta relação.
DISSOLUÇÃO DA FAMÍLIA E GUARDA DOS FILHOS
Para se tratar do assunto de dissolução matrimonial ou dissolução da
instituição familiar, se torna necessário o entendimento de que, com o advento do
Código Civil de 2003, onde a união estável também se tornou entidade familiar, e a
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tão festejada EC nº 66/2010 que trata o divórcio de uma forma mais dinâmica e
rápida, muitas dúvidas pairam no ar a respeito do tema, pois somente o tempo e
diversas decisões dos magistrados irão sedimentar o assunto, tornando-o mais claro
para sua aplicação no mundo jurídico (SILVA, 2005).
O Estado tem o papel de pacificador das lides e proteção de seus cidadãos,
intervindo e buscando alternativas, para que a sociedade possa viver de forma
pacífica e harmoniosa. Para que o Estado de uma resposta, o elemento culpa deve
ser atribuído a uma das partes, e se tratando de relacionamento amoroso, é possível
que a culpa não esteja presente, tornando-se assim desnecessária a intervenção
Estatal na dissolução desta união (DIAS, 2006).
Certo, porém, é que, em se tratando de separação conjugal ou dissolução da
entidade familiar, onde se tem menores envolvidos, toda a dinâmica de resolução
deve ser tratada com mais carinho por parte do Estado/Juiz e também por parte dos
próprios interessados na resolução do conflito, não se esquecendo que, sempre
deve-se levar em conta o bem estar do menor, para que o mesmo não seja
transformado em objeto de disputa sobre o qual recairá somente os interesses dos
envolvidos (DIAS, 2006).
Disputas à parte, o importante no processo é a decisão de quem irá ficar com
o menor. Quem possui melhores condições financeiras, emocional, psicológica e ate
mesmo amorosa, para transmitir ao filho, sem que haja prejuízo futuro em seu
desenvolvimento? Nesta hora em que o Estado/Juiz deve decidir, diante de
possibilidades elencadas no Código, ou até mesmo criadas por doutrinadores, que
tipo de guarda irá adotar ao caso concreto, buscando sempre fundamentar sua
decisão com laudos minuciosamente preparados por Assistentes Sociais, Psicólogos
e depoimentos de testemunhas. Diante de tal fato Fernanda Rocha Lourenço Levy
expõe:
Quão penosa se afigura a tarefa do juiz que atua em varas de família!
Decidir qual dos pais conviverá continuamente com os filhos, ordenar
buscas e apreensões de menores, atribuir ou ainda denegar o pedido de
direito de visita, viver momentos angustiantes de Rei Salomão. O Juiz não é
só Juiz, é pai, marido, ex-marido, filho, e tem referências vividas que, por
mais que tente abstraí-las em busca da pura neutralidade, inúmeras vezes
se torna impossível fazê-lo de modo integral. É um ser humano que sofre
influências do meio em que vive, da criação que recebeu (LEVY, 2008:97).
A decisão deve ser tomada, e diante de tantas possibilidades para a solução
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do conflito vislumbra-se, neste momento, o instituto da Guarda Compartilhada, onde
deveres e obrigações serão divididos pelos pais de maneira a não fazer com que o
menor se sinta abandonado por aquele que não obteve a sua guarda no decorrer do
processo judicial, assim todos os laços afetivos criados pelo casal, que mesmo não
tendo mais um relacionamento amoroso, não deixará de ter responsabilidades e
participação na criação de seus filhos. Maria Berenice Dias expõe:
Guarda conjunta ou compartilhada significa mais prerrogativas aos pais,
fazendo com que estejam presentes de forma mais intensa na vida dos
filhos. A participação no processo de desenvolvimento integral dos filhos
leva a pluralização das responsabilidades, estabelecendo verdadeira
democratização de sentimentos. A proposta é manter os laços de
afetividade, minorando os efeitos que a separação sempre acarreta nos
filhos e conferindo aos pais a função parental de forma igualitária [...] (DIAS,
2006).
Divisão de tarefas, esta é a idéia central da Guarda Compartilhada, onde os
pais não se afastam de seus filhos, privilegiando assim o princípio do bem estar do
menor. Sempre que possível, esta decisão deve ser adotada pelos magistrados,
buscando formas claras de aplicação, e embasando-se em laudos formulados por
profissionais capacitados, onde o menor será observado e avaliado, não deixando
nenhuma dúvida na aplicação de tal instituto. Munido de tantas informações, o Juiz
pode dar sua decisão com base no Princípio do livre convencimento de suas
decisões e do Princípio das motivações das decisões, previsto no artigo 93, inciso IX
da Constituição Federal de 1988 (LEVY, 2008).
IMPORTÂNCIA DO LAUDO PSICO-SOCIAL
É uma forma inovadora de sentenciar quando da utilização de laudos
técnicos, elaborados por profissionais da área de Psicologia, certo é que a atuação
de peritos no âmbito processual encontra-se elencado nos artigos 145 e seguintes
do CPC, in verbis: Artigo 145. “Quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo disposto no art. 421”
(BRASIL, 2010).
Desta forma, o próprio Código alicerça a decisão do juiz que, mesmo sendo
pai, esposo, filho e ser humano, não possui total conhecimento dos sentimentos que
se encontram no íntimo das pessoas, e que, através de profissionais capacitados,
estes sentimentos poderão ser traduzidos, com estudos aprofundados não só no
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menor em disputa, mas em toda a sociedade familiar, pois o objetivo dos mesmos e
a melhor aplicabilidade das normas de forma justa ao caso concreto (LEVY, 2008).
A maioria dos psicólogos, quando da elaboração de laudos judiciais, utiliza-se,
da Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget, epistemólogo e psicólogo
suíço, que pesquisou de forma minuciosa o desenvolvimento cognitivo de seus
filhos, concluindo que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao
longo da vida, através de um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, ao qual
resulta em adaptação. Ou seja, o ser humano assimila dados externos, adapta a
estrutura mental existente, o processo de acomodação se dá pela modificação
mental do indivíduo, desta forma, nenhum conhecimento nos chega sem que sofra
alteração por nossa parte, e tudo que aprendemos é influenciado pelo que já
tínhamos anteriormente aprendido (LEVY, 2008).
O processo de ruptura da sociedade familiar e a disputa do casal pela guarda
dos filhos, podem ocasionar consequências devastadoras na formação do ser em
disputa. O magistrado, sem o devido estudo elaborado pelo profissional técnico,
pode por descuido deixar passar questões que muitas vezes se tornam ocultas aos
olhos humanos, e que não são percebidas pelos comportamentos manifestos dos
menores, conforme elucida José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya Ragazzoni Mangini:
Crianças, em especial, possuem significativa habilidade para comparar detalhes
dos comportamentos e das falas e identificar paradoxos; para lidar com eles,
desenvolvem mecanismos de defesa; isso, entretanto, não evita danos ao
aparelho psíquico, que refletirão, mais tarde, em dificuldades na adolescência e
na vida adulta (FIORELLI e MANGINI, 2009)
Nesta visão, pode-se observar com clareza que a teoria desenvolvida por
Piaget se mostra bem evidente no processo de desenvolvimento do ser, onde os
mecanismos de defesa se encontram armazenados no psíquico da criança.
A demonstração dos traumas causados pela separação pode não ser
percebida pelo simples contato com o menor em disputa, mas, certamente suas
marcas ficarão guardadas e expostas mais tarde, causando consequências de
natureza psíquica e social ao menor.
Desta forma, o profissional psicólogo, o operador do direito e o magistrado
devem ficar atentos para que uma disputa não se torne em alienação parental,
trazendo consequências tão graves como as expostas anteriormente. Sendo assim,
deve o Estado, na pessoa do Juiz, buscar sempre a ajuda do profissional como
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forma de fundamentação de suas decisões (FIORELLI e MANGINI, 2009).
A DECISÃO DO JUIZ DIANTE DO PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO
MOTIVADO DAS DECISÕES
O julgamento deverá ser fruto de uma operação lógica, armada com base nos
elementos de convicção existentes no processo, de acordo com o exposto no artigo
131 do Código de Processo Civil, in verbis: “O juiz apreciará livremente a prova,
atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados
pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o
convencimento” (BRASIL, 2010).
A liberdade que é conferida ao magistrado para apreciar as provas levadas
aos autos é denominada sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão
racional, Misael Montenegro Filho expõe:
O sistema adotado pelo CPC, repetindo a tradição de vários outros povos
modernos, com visível influência do Código Napoleônico, apóia-se na
certeza de que o magistrado apenas pode julgar de acordo com as provas
que se encontram nos autos, para ali trazidas por iniciativa dele e/ou das
partes, não podendo se valer do que se encontra fora do processo
(aplicando-se, dessa forma, a máxima quod mon est in actis mon est in
mundo – o que não está nos autos não está no mundo do Direito)
(MONTENEGRO FILHO, 2007)
O material de valoração da prova deve encontrar-se necessariamente contido
nos autos do processo, onde o juiz tem o dever de justificá-los e motivar sua
decisão. Isso permite às partes conferirem que a convicção foi extraída dos autos e
que os motivos que o levaram a determinada sentença chegam racionalmente à
conclusão exposta pelo magistrado. Importante lembrar que as provas não possuem
valor determinado, sendo apreciadas no contexto e conjuntamente com as demais
provas, ou seja, seu peso e valor serão considerados de forma única e exclusiva
pelo juiz (FIORELLI e MANGINI, 2009).
O laudo elaborado pelo profissional psicólogo e inserido nos autos a pedido
das partes ou pelo magistrado será valorado no contexto de que se faz necessário
em conjunto com as outras provas ali existentes, porem o juiz poderá não se vincular
ao laudo conforme expõe o artigo 436 do CPC, in verbis: “O juiz não está adstrito ao
laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos
provados nos autos” (BRASIL, 2010:420)
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Diante da situação de litígio onde a disputa pela guarda de um menor, que em
determinadas situações pode ter todo o seu desenvolvimento afetado como
consequência desta disputa, pensa-se a vinculação de um laudo psicológico, além
de outros meios de provas nos litígios onde envolvam guarda seja de grande
importância para um maior convencimento do magistrado (SILVA, 2005).
Laudos, provas, depoimentos das partes, documentos, enfim, todos os meios
de provas são levados aos autos para apreciação do magistrado que tem a função
de julgar e de dar a tão desejada prestação jurisdicional buscada pelas partes,
função difícil para um ser humano que se coloca no lugar do Estado para oferecer a
prestação ora pretendida e que fica atrelado ao resultado e acaba sendo julgado por
uma das partes como coloca José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya Ragazzoni
Mangini:
Julgam juízes e jurados; julgam os que acusam e os que defendem. Julgam
os que opinam. Entretanto, todos trabalham antes com a realidade dos
relatos do que com os fatos. Julga-se perante a perspectiva sociocultural
interpretada pelos indivíduos por meio de seus filtros sensoriais e
cognitivos, impregnados de valores e conceitos, experiências, expectativas
e do zeitgeist, o espírito da época. Julga-se por meio de comparação com
referenciais inscritos no social e modulados pelos fenômenos mentais que
dominam cada individuo. O sujeito e o social estruturam a mente e a mente
domina o sujeito, prisioneiro do próprio artefato. O homem deixa-se
escravizar pelas crenças que produz. Assim, o que julga é também julgado
(FIORELLI e MANGINI 2009:).
Desta forma, fica o Magistrado com o “poder” de decisão sobre a
questão apresentada e devidamente fundamentada, cabendo ao mesmo ter
discernimento, para que, de sua decisão o objetivo fundamental que é o bem estar
do menor seja sempre preservado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade se transforma de forma acelerada, e a Justiça não consegue
acompanhar estas mudanças no mesmo ritmo; os esforços empregados pelos
Legisladores e doutrinadores, na busca de um norte pacificador dos conflitos sociais,
se tornam cada dia mais latentes desta forma, cabe ao julgador decidir quais os
melhores caminhos e métodos a serem empregados nos conflitos trazidos pelas
partes na busca da tutela jurisdicional oferecida pelo Estado.
É evidente que, cada vez mais, torna-se penosa a função de julgar, pois a
justiça tem que se mostrar cega, e a imparcialidade deve sempre vir em primeiro
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lugar, e, em disputas judiciais envolvendo menor, o interesse deste sempre será o
foco central de qualquer decisão, devendo ser colocado em primazia dos demais.
Geralmente estas disputas são complexas, causando desgastes em todos os
envolvidos, direta ou indiretamente na condução do processo.
Afinal, o que vem a ser justiça? Qual a verdade que deve ser levada em
conta? Quem realmente está correto ou apto à condição de merecedor da guarda do
menor? Qual o limite que o Estado deve ter para fundamentação de sua decisão?
Este limite deve ser estabelecido em Lei?
Duvidas sempre ficarão latentes nos processos que se formam no dia a dia
das Varas de Família espalhadas por este País. Desta forma, é de suma
importância, que se tenha uma atitude mais audaciosa na forma de apreciação das
provas levadas aos autos, onde cada parte terá preservada a garantia Constitucional
de liberdade para produção das que lhes for conveniente, e o Magistrado tenha a
ousadia de inovar, buscando sempre laudos elaborados por profissionais diversos
como Psicólogos, Assistentes Sociais, Pedagogos, Médicos Pediatras, até mesmo
do Orientador Espiritual do casal em litígio.
Que o peso desta decisão, seja qual for, diante da utilização livre e
conveniente dos métodos escolhidos pelo Magistrado, possa causar-lhe o
sentimento de dever cumprido de forma justa e perfeita, onde o homem, utilizandose de todos os meios possíveis ao seu alcance, buscou, não de olhos vendados,
como se deve ter a justiça, e sim com o olhar bem atento às possíveis
consequências de uma decisão sem fundamentos.
RERÊNCIAS
BRASIL, Código de Processo Civil (Lei n. 5.869/1973) 10 ed. Vade Mecum. São
Paulo: Saraiva, 2010 (Legislação Brasileira)
DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 3 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006.
DIAS, Maria Berenice, Guarda Compartilhada uma novidade bem vinda.
Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br> Acesso em: 23 mar. 2010.
DIAS, Maria Berenice, Separação, culpa ou desamor?
<http://www.mariaberenice.com.br> Acesso em: 23 mar. 2010.
Disponível
em:
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
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DIAS,
Maria
Berenice,
Amor
tem
preço?
<http://www.mariaberenice.com.br> Acesso em: 23 mar. 2010.
Disponível
em:
FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni, Psicologia Jurídica.
1 ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
LEVY, Fernanda Rocha Lourenço, Guarda de filhos: os conflitos no exercício do
poder familiar. São Paulo: Atlas, 2008.
MONTENEGRO FILHO, Misael, Curso de direito processual civil. Volume 1: teoria
geral do processo e processo de conhecimento, 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SILVA, Evandro Luiz; Guarda de filhos: aspectos psicológicos. In: APASE
Associação de Pais e Mães Separados Guarda Compartilhada: aspectos
psicológicos e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2005.
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A QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS COMO FATOR DE
DIFERENCIAÇÃO
Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,
Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial
Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em
Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e
da UEMG.
Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Lúcio Flávio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Ciência da
Motricidade e Doutor em Cinesiologia. Diretor Acadêmico e professor da Faculdade
Vértice –UNIVÉRTIX.
Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista
em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica.
Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A mudança no panorama econômico nas últimas décadas, somada a um
ambiente de mercado extremamente mutável, onde somente as empresas que
tiverem estratégias claras terão vantagens sustentáveis em relação a seus
concorrentes, as questões relacionadas ao atendimento de qualidade ao cliente têm
se tornado um dos temas principais de estudo tanto no âmbito da pesquisa teórica
como no das teorias empresariais. Assim, o objetivo deste estudo é verificar, através
de uma pesquisa bibliográfica, de que forma o oferecimento de um atendimento de
qualidade tem se tornado um fator de competitividade para as empresas do setor de
serviços. A hipótese é de que as empresas que almejam sucesso e que tenham
como meta manter seus clientes ativos precisam oferecer serviços de qualidade, que
por sua vez, está diretamente relacionada ao nível de atendimento oferecido.
PALAVRAS-CHAVE: Serviços; Qualidade em serviços; Atendimento.
INTRODUÇÃO
O setor de serviços apresenta enorme importância em todos os países,
independente de seu grau de desenvolvimento. Em termos socioeconômicos podese afirmar que a maioria dos países se transformou em economias de serviços. Este
espectro da importância do setor não é característica única dos países com elevado
grau de desenvolvimento, no Brasil a tendência é semelhante.
Vários fatores podem contribuir para uma melhor explicação do crescimento
da produção de serviços. Nos países mais desenvolvidos a demanda por serviços
pode ser causada pela diminuição das jornadas de trabalho, crescente aumento na
expectativa de vida das pessoas, maior preocupação com questões ecológicas e
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ambientais e propriamente a constantes evoluções tecnológicas, entre diversos
outros possíveis fatores. Já nos países menos desenvolvidos, a principal causa da
excessiva demanda de serviços credita-se ao enorme êxodo dos trabalhadores
rurais para os grandes centros urbanos, estimulando o crescimento, muitas vezes
desordenado, da produção de serviços formais e informais (FALCONI, 1988).
No entanto, com um ambiente extremamente mutável, onde somente as
empresas que tiverem estratégias claras terão vantagens sustentáveis em relação a
seus concorrentes e com uma economia extremamente competitiva, para as
empresas do setor de serviços tem sido cada vez mais necessário manter os seus
clientes ativos. Ou seja, a empresa que almeja sucesso nos dias atuais tem que ter
como uma de suas principais estratégias buscar a fidelização de seus clientes e,
para isso, é de suma importância que se possua a maior gama de informações
possíveis acerca de seus clientes para, a partir daí, conhecer seu comportamento e
tentar uma real aproximação (KOTLER, 2000).
Inúmeros estudos abordam a questão de que um cliente satisfeito é mais
propenso a tornar-se leal, porém, não é o único ponto a ser abordado. Griffin (1998)
afirma que a satisfação tratada isoladamente não é fator suficiente para criar e
manter clientes fiéis.
Hoje, o cliente cada vez mais clama por um atendimento de qualidade. São
frequentes as queixas em relação ao tratamento dado por algumas empresas, pelos
funcionários de linha de frente. Assim, a qualidade do serviço ao cliente apresentase como desafio para as empresas, exigindo urgentes transformações haja vista as
frequentes queixas dos clientes quanto ao atendimento prestado (KOTLER, 2000).
A relevância do estudo está na possibilidade de, ao abordar a questão da
qualidade em serviços, demonstrar que oferecer atendimento de qualidade nas
empresas desse setor, quando se faz da satisfação do cliente o centro das
atenções, pode ser um importante diferencial competitivo, para que essas empresas
se destaquem no mercado.
SERVIÇOS
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No processo de prestação de serviços, o que os clientes avaliam, segundo
Lovelock e Wright (2002), é o desempenho e a qualidade do serviço no decorrer de
suas ações.
Assim, devido a essas particularidades, o desafio para as empresas do setor
está relacionada com a compreensão das necessidades e das expectativas dos
clientes em relação ao serviço, no sentido de tangibilizar e superar estas
expectativas, conseguindo assim garantir o sucesso da empresa.
Segundo Grönroos (2003), a característica mais importante dos serviços é a
sua natureza de processo. São processos porque consistem em uma série de
atividades nas quais vários tipos de recursos – humanos e materiais – são utilizados,
no mais das vezes, em interação direta com os clientes, de modo a encontrar uma
solução para o seu problema. Essa característica é tão importante que a maioria das
outras dela decorre.
Ainda segundo Grönroos (2003), a segunda característica dos serviços é a
simultaneidade ou inseparabilidade. Essa característica ressalta que os serviços são
consumidos no mesmo instante em que são produzidos.
A terceira característica enfatiza o fato de o cliente participar ativamente do
processo de produção do serviço. Ele é, então, um recurso da produção. Por
conseguinte, sem a participação do cliente não se pode produzir serviços, muito
menos estocar para que sejam vendidos em momento posterior.
A
quarta
característica
é
a
intangibilidade,
tida
pela
maioria
dos
pesquisadores como a mais importante distinção entre serviços e bens físicos.
A quinta característica dos serviços é a sua heterogeneidade ou variabilidade.
Afirmar que os serviços são heterogêneos implica dizer que são diferentes; mesmo
quando um conceito de serviço é prestado por um mesmo prestador a um mesmo
cliente, a percepção do serviço varia.
A conclusão a que se chega é que a maioria das empresas opera entre dois
extremos de uma escala, ou de um continuum, e o que nelas é produzido pode ser
classificado segundo seu nível de tangibilidade. Ou seja, num extremo, têm-se as
organizações que produzem mercadorias relativamente puras e, no outro, as que
produzem serviços relativamente puros.
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QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS
Como conceito, a qualidade é conhecida, entretanto, só recentemente ela
surgiu como função gerencial. “Originalmente, tal função era relativa e voltada para a
inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são
consideradas essenciais para o sucesso estratégico”. (GARVIN, 1998).
Tecnicamente, qualidade é definida na norma NBR ISO 9000:2000 como
“grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Hoje,
qualidade é um termo que passou a fazer parte do jargão das organizações,
independentemente do ramo de atividade e abrangência de atuação. A principal
diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade
agora está relacionada às necessidades e anseios dos clientes.
Qualidade em Serviços
Qualidade é vista como um substrato essencial à criação de valor para o
cliente. Mais do que qualquer estratégia de marketing externo, a longo prazo, é a
qualidade dos serviços que determinará o sucesso ou o fracasso de uma
organização. Em grande medida, até recentemente, considerava-se qualidade uma
meta interna da organização, dando-se ênfase ao produto em si. De acordo com
Clarke (2001), acreditavam os administradores que, na avaliação da qualidade, o
cliente apenas considerava os atributos intrínsecos ao próprio produto. Segundo o
autor:
No caso de bens físicos, as características do produto e sua conformidade
com os padrões técnicos estabelecidos eram vistos como o fator de maior
relevância para essa avaliação. O mesmo princípio aplicava-se também aos
serviços; acreditava-se que o resultado de todo o processo, fruto das
técnicas adotadas, era o elemento de destaque na avaliação de qualidade
pelo cliente. Naquele contexto, então, qualidade era um conceito muito mais
diretamente relacionado ao produto do que ao cliente. (CLARKE, 2001, p.
116).
Resultados de pesquisas recentes (CLARKE, 2001), no entanto, alteram essa
visão, alertando que a avaliação de qualidade pelos consumidores contemporâneos,
não se constitui em fenômeno simples. Na perspectiva de gestão de serviços,
qualidade não é um atributo inerente ao produto. Por conseguinte, um fabricante
pode produzir artigos que atendam todas as especificações previstas pelo setor de
pesquisa e desenvolvimento, e um prestador de serviços jurídicos, por exemplo,
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pode adotar os mais apropriados procedimentos técnicos para a condução de um
caso, mas, apesar disso, o cliente pode não perceber qualidade no resultado de seu
trabalho. Isso porque, nessa perspectiva, qualidade é um conceito que deriva da
percepção do cliente. É o cliente, subjetivamente, e não a organização empresarial,
quem determina o que vem a ser qualidade.
Não obstante os atributos da intangibilidade e da heterogeneidade, o
consumidor não chega ao mercado de serviços como uma tábula rasa, ao contrário,
quando para lá se dirige, ele já tem uma idéia, uma expectativa acerca do que
precisa e do que deseja receber em troca. Tal expectativa, na visão de Grönroos
(2003, p. 85):
[...] é determinada por diversos fatores, entre os quais se encontram a
própria necessidade do cliente, suas experiências anteriores, sua filosofia
do que vem a ser um serviço de qualidade, a comunicação da empresa com
o mercado e a imagem corporativa da instituição à qual se dirige. Boa
qualidade percebida será obtida quando a qualidade experimentada atender
às expectativas do cliente, ou seja, ao padrão de qualidade que ele espera
daquele serviço.
Qualidade no Atendimento em Serviços
A perspectiva de relacionamento em negócios não é fenômeno novo.
Historicamente, negociação e comércio eram orientados mais para o relacionamento
do que para as trocas (GRÖNROOS, 2003). Ocorre, no entanto, que, com o advento
da Revolução Industrial, essa perspectiva perdeu muito sua posição, pois, a partir
daí, foram introduzidos meios de produção em massa. Daquele ponto em diante, o
aumento da riqueza da crescente classe média levou ao consumo de massa, à
distribuição em massa; e o marketing para produtos de massa tornou-se necessário
(GRÖNROOS, 2003). Dessa forma, deixou de existir a ligação tradicional entre
produtores, fabricantes, consumidores e usuários.
No caso dos serviços, dada a sua natureza relacional, esses elos não foram
partidos. Apesar disso, durante certo período, o modelo de administração adotado
pelas indústrias foi largamente utilizado também pelas prestadoras de serviços.
Certamente, por esse motivo, tais organizações desenvolveram não uma boa
reputação, mas o reconhecimento público da baixa qualidade de seus serviços.
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Sabe-se que existem pelo menos duas perspectivas pelas quais as
negociações podem ser efetivadas: a que se baseia na troca e a que se baseia no
relacionamento. Segundo Grönroos (2003, p. 314):
A perspectiva da troca parte do pressuposto de que o valor é entregue ao
cliente no momento em que se entrega o produto. O valor está encerrado no
produto, foi produzido em momento anterior, longe da interferência do
cliente. O mesmo não é verdadeiro para uma perspectiva de
relacionamento; nessa, os produtos são apenas facilitadores de valor. O
valor é produzido, parcialmente, em cada interação entre o produtor e o
comprador, até o final do processo de prestação de serviços. Dentro dessa
perspectiva, o atendimento é visto como algo inerente às funções de
negócios envolvidas no processo de criação valor.
Sob a ótica desse autor, portanto, a prestação de serviços de qualidade
requer que as expectativas do cliente sejam compreendidas e que o processo de
serviço seja bem planejado, visando ao atendimento dessas expectativas, ou
mesmo, em algum grau, à sua superação. Ocorre, porém, que, mesmo que essas
duas etapas tenham se desenrolado com sucesso, isto é, as expectativas dos
clientes tenham sido bem entendidas e os processos de serviços bem planejados,
ainda existe uma forma de a organização fracassar no seu objetivo de ofertar
serviços de qualidade: a existência de descontinuidade entre o padrão especificado
e a execução propriamente dita, que ocorrerá sempre que o serviço for executado
em desconformidade com o que foi planejado.
Entende-se, assim, que os funcionários que executam os serviços e as
questões de recursos humanos são tidos como de fundamental importância para a
qualidade dos serviços e do atendimento prestados.
Da mesma maneira, a qualidade no atendimento efetiva-se no desempenho
de uma equipe de trabalho, e todos os membros da organização fazem parte dessa
equipe. Ela se manifesta nos menores detalhes, nos momentos mais inesperados,
quando da interação com o cliente. Como não se pode prever o que ocorrerá no
contato com o próximo cliente, os funcionários devem estar preparados para, com
maestria, conduzir as novas situações e desafios que se lhe apresentarem. Para
isso, como pontua Grönroos (2003, p. 320), “as mentes e os corações da
organização inteira têm de estar engajados no objetivo de bem servir. Todos
precisam estar comprometidos com a entrega de serviços de qualidade ao cliente”.
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Dessa forma, os empregados das organizações prestadoras de serviços
devem ser devidamente contratados, treinados e recompensados pelo desempenho,
quando em consonância com os objetivos da empresa, caso contrário o atendimento
prestado ao cliente será deficitário.
Realizar bem as funções para as quais foram contratados e, ao mesmo
tempo, fazê-lo de um modo que crie impacto positivo nos clientes não é tarefa
simples. Estudos, como Bateson e Hoffman (2001), sugerem que, para que isso
ocorra, é necessária a contratação de pessoas que possuam uma inclinação natural
para a prestação de serviços. A partir da contratação, os passos seguintes são o
treinamento e a promoção do trabalho em equipe.
No entanto, segundo Bateson e Hoffman (2001, p. 117), embora os
empregados possam ter sido treinados e vivido as mesmas experiências
profissionais “eles apresentarão diferentes desempenhos em tarefas semelhantes,
porque aqueles que apresentam níveis mais elevados de orientação ao cliente, no
caso, habilidade com pessoas, irão apresentar melhor performance em atividades”.
Dessa forma, os autores sugerem que, ao contratar empregados, as
organizações devem ter em mente essa informação: a inclinação ao cliente é, pois,
importante antecedente à manifestação do sentimento de satisfação e do
comprometimento organizacional, tão essenciais ao processo de atendimento.
(BATESON e HOFFMAN, 2001).
Na seleção do pessoal, a organização deve estar atenta não somente aos
talentos naturais de cada candidato, mas também a todas as outras habilidades que
tenham adquirido ao longo de sua vida. Chiesa (2001, p. 32) sugere que certas
características e habilidades são necessárias ao empregado, para que tenha bom
desempenho
no
encontro
de
serviço.
Habilidades
técnicas,
interpessoais,
flexibilidade, adaptabilidade e empatia devem ser, segundo o autor, consideradas
durante o processo de seleção.
Berry (1996, p. 175) acrescenta ainda que as empresas que pretendem
prestar atendimento de
excelência, além
de
praticarem o
marketing de
relacionamento com os clientes, devem fazê-lo também, com os empregados.
O segundo item apontado – treinamento e capacitação do funcionário – é
outro fator determinante para um bom atendimento. Os empregados de uma
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organização de serviços, diferentemente de outros setores, não precisam produzir
uma quantidade tal de produtos cada dia. Precisam, no entanto, além de atuar em
sua função principal, estar preparados para atender ao cliente de modo dinâmico e
eficiente.
Diferentemente dos que operam máquinas nas indústrias, os empregados da
empresa de serviços precisam de uma visão mais ampla, mais abrangente, daquilo
que Grönroos (2003) chama de visão holística da estratégia de serviço da
organização. Se não tiverem essa visão, não serão capazes de participar do
processo de modo eficaz. Não irão acertar da primeira vez que executam o
atendimento.
Por fim, o último item apontado, o trabalho em equipe, também é
extremamente importante para que se possa oferecer um atendimento de qualidade,
pois, prestar serviço é muito cansativo e estressante. São muitos clientes solicitando
atenção, geralmente, ao mesmo tempo. Isso pode levar à exaustão física e mental
do pessoal que mantém contato direto com eles. Além dos desgastes já esperados,
o problema pode ser maior quando se tem clientes mal-educados e grosseiros, o
que não é difícil acontecer.
Portanto, identificar para cada serviço prestado pela organização, os mais
importantes pontos de interseção entre os diversos setores, e encontrar um meio de
remover as barreiras, é a solução apontada.
Fatores Determinantes para um Atendimento de Qualidade
Do ponto de vista da avaliação, pode-se afirmar que as expectativas sobre os
serviços e sobre o atendimento é um insumo fundamental para mensuração da
satisfação dos clientes. A qualidade do atendimento percebida pelos clientes é
definida como fruto da comparação entre o atendimento esperado e a percepção do
atendimento recebido.
Um dos pontos centrais é identificar as necessidades dos clientes para,
através de ferramentas próprias, procurar alternativas para satisfazê-los.
Com base nessa premissa, Kotler (2000, p. 53) define satisfação como:
[...] sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação
do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação as
expectativas da pessoa. A satisfação é o estado psicológico resultante da
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emoção em torno da expectativa desconfirmada, que é casada com os
sentimentos a priori do consumidor.
Assim, os clientes estarão satisfeitos quando o atendimento estiver dentro de
suas expectativas. Ao contrário, quando o atendimento ficar aquém destas – muitas
vezes imaginado pelo próprio cliente – este se sentirá insatisfeito. Criar, portanto,
instrumentos para auferir o nível de satisfação dos clientes é muito importante para o
sucesso organizacional.
Dessa forma, muitas providências devem ser tomadas para a melhoria do
atendimento, principalmente aquele realizado pela linha de frente nas empresas de
serviços, a começar por uma seleção criteriosa do profissional de atendimento para
garantir que o perfil seja adequado. Estudiosos da área como Kotler (2000), afirmam
que os funcionários de linha de frente devem ser os melhores funcionários da
organização.
Portanto, é importante que haja uma estratégia de apoio da direção das
empresas, no sentido de proporcionarem condições organizacionais favoráveis ao
atendimento, voltadas para a organização do trabalho e do ambiente físico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização e o consequente aumento da competitividade entre as
empresas, fez com que a qualidade dos serviços se tornasse uma preocupação no
meio empresarial. Geralmente, a qualidade em serviços é determinada por três
fatores: desempenho, atendimento e custo. Muito embora as empresas dêem
prioridade ao primeiro elemento, não se pode deixar de lado as outras duas
variáveis, especialmente o atendimento, o qual é o momento em que o cliente entra
em contato direto com a organização e vivencia uma relação bilateral, em que
requisita um serviço ao atendente e recebe orientação para solucionar seu
problema.
No mundo industrializado, a qualidade tem sido considerada um atributo das
empresas, associado a questões de custo, produtividade e competitividade. Com o
crescimento da demanda por maior e mais diferenciada oferta de serviços, a
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qualidade antes percebida como desejável nos produtos passou a ser exigida como
imprescindível, a ser considerada como fator diferenciador e inerente ao processo
de atendimento a toda e qualquer expectativa de clientes.
Apesar da questão do atendimento ser ainda um campo pouco desenvolvido
e investigado por estudiosos, percebe-se um aumento considerável nos últimos anos
de cursos de atendimento oferecidos por empresas de consultoria, escolas e
universidades. Esse fato confirma a necessidade de melhorar o atendimento nas
organizações em geral. Entretanto, é notório que a maior parte desses cursos
enfatiza as habilidades e atitudes necessárias para um atendimento de qualidade,
mas ignora quase que totalmente a importância de questões relacionadas à
organização do trabalho para a melhoria do atendimento.
Outros temas também são mencionados, dentre eles: psicologia no
atendimento, as faces da inteligência, unidade na diversidade, técnicas de
atendimento,
conquistando
cliente,
contornando
desafios,
transformando
reclamações, as várias funções do marketing, atendimento interno, qualidade de
vida, situações de risco, troca de mercadorias, fidelização de clientes, o cliente da
empresa prestadora de serviço e planejamento e metas.
Porém, percebe-se a ausência de temas que considerem as estratégias e as
metas organizacionais, a missão organizacional (a razão de ser), o conhecimento do
fluxo do serviço, os indicadores de desempenho e de melhoria contínua, os recursos
disponíveis, instrumentos de identificação dos funcionários, dos locais e dos serviços
oferecidos e a avaliação do serviço por meio de pesquisa com o cliente.
Todos esses aspectos precisam ser pensados quando se pretende oferecer
um serviço de qualidade, pois, a qualidade, principalmente no setor de serviços é um
importante diferencial competitivo. Com esses itens, as empresas poderão mensurar
seu poder de reação e, a partir daí, proporcionar aos seus clientes o que eles
realmente desejam e esperam de seus serviços atuais e futuros.
Portanto, procurar saber a percepção do serviço sob a ótica do cliente, quanto
à qualidade versus desempenho, pode ser um momento das empresas de serviços
contemplarem o diagnóstico para um planejamento estratégico com vistas a
permanência no mercado.
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REFERÊNCIAS
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Bookman, 2001.
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Janeiro: Campus, 1996.
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(Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: UFRJ /COPPEAD, 2001.
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GRIFFIN, Jofre. Como conquistar e manter o cliente fiel. São Paulo: Futura, 1998.
GRÖNROOS, Coser. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2003.
KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo: Prentice-Hall, 2000.
LOVELOCK, Cleon.; WRIGTH, Lariss. Serviços: marketing e gestão. São Paulo:
Saraiva, 2002.
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A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO:
EFICIENTE FERRAMENTA NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista
em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica.
Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em
Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e
da UEMG.
Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,
Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial
Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Lúcio Flávio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Ciência da
Motricidade e Doutor em Cinesiologia. Diretor Acadêmico e professor da Faculdade
Vértice –UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
O presente artigo discute uma evolução dos conhecimentos para um melhor
desempenho dos funcionários numa organização, identificando os pontos positivos a
serem mantidos, assim como os pontos negativos a serem aperfeiçoados ou
eliminados. Dessa forma, as organizações estão procurando avaliar seus
profissionais para conseguir um salto em competitividade, pois são as pessoas o
sucesso organizacional na era da informação. Outro aspecto fundamental é a
manutenção e o desenvolvimento desse indivíduo na empresa conseguido por meio
de competências interligadas ao sucesso do cargo e, principalmente, à estratégia
organizacional.
PALAVRAS CHAVE: Avaliação de desempenho; Gestão por competências; Gestão
de pessoas.
INTRODUÇÃO
Constantemente fazem-se avaliações no dia a dia, ou seja, avaliam-se
colegas, as bolsas de valores, a capacidade do professor, o carro do vizinho etc., o
que não é diferente nas organizações. Nesse sentido, elas necessitam avaliar o
desempenho de diversos setores como marketing, financeiro, vendas, operacional e,
principalmente, o humano. Portanto, hoje em dia é necessário um ótimo
desempenho humano para que a empresa tenha competitividade para atuar e se
sair bem nesse mundo globalizado.
Desse modo, a avaliação de desempenho é uma ferramenta para verificar o
desempenho do empregado. Sendo assim, o seu principal objetivo é melhorar a
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performance profissional dos colaboradores da organização. Neste caso, com a
avaliação podem-se identificar as necessidades de treinamento dos profissionais,
elaborarem planos de ação visando corrigir desempenhos insatisfatórios, definir o
grau de contribuição de cada empregado para com a organização, obter subsídios
para redefinir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos, se necessário e, também,
permitir a implantação de um plano de carreira na empresa.
Partindo dessas constatações, este artigo por ora apresentado tem por
objetivo pesquisar em referências bibliográficas especializadas e apontar como a
avaliação de desempenho é um precioso instrumento para que as empresas
alcancem seus objetivos.
COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E ORGANIZACIONAIS
Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para mencionar uma
pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo,
não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento
pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra, ou se
encontrará
brevemente,
marginalizada
dos
circuitos
de
trabalho
e
de
reconhecimento social.
Para Brandão e Guimarães (2001), o conceito de competência pode ser visto,
e é utilizado neste trabalho, como um conjunto de capacidades humanas, isto é,
conhecimentos, habilidades e atitudes. Em outras palavras, a competência pode ser
tratada como um armazenamento de recursos.
Ainda, segundo o autor, a habilidade refere-se ao saber fazer. Nesse sentido,
centraliza-se no desenvolvimento de práticas e consciência da ação tomada. Logo,
as habilidades são o que se deve saber para obter um bom desempenho.
Enquanto a atitude refere-se ao saber agir, busca um comportamento mais
condizente com a realidade desejada. Sendo assim, neste momento realiza-se a
união entre discurso e ação. Por isso, deve-se saber agir para poder empregar
adequadamente os conhecimentos e habilidades (RUAS, 1998).
Para tanto, uma competência essencial não precisa necessariamente ser
baseada em tecnologia estrita, ou seja, ela pode estar associada ao domínio de
qualquer estágio do ciclo de negócios, como por exemplo, um profundo
conhecimento das condições de operação de mercados específicos. Não obstante,
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para ser considerado uma competência essencial, esse conhecimento deve estar
associado a um sistemático processo de aprendizagem, que envolve descobrimento,
inovação e capacitação de recursos humanos. (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001)
AVALIAÇÃO
DE
DESEMPENHO
NO
MODELO
DE
GESTÃO
POR
COMPETÊNCIAS
A avaliação de desempenho foi estruturada para constituir um meio de
resolver problemas de desempenho nas empresas e melhorar a qualidade do
trabalho e a qualidade de vida dos profissionais.
Assim, é definida como o processo que busca medir os objetivos do
desempenho e fornecer aos colaboradores informações sobre a própria atuação, de
forma que possam aperfeiçoá-la sem diminuir sua independência e motivação para a
realização do trabalho. Portanto, o desempenho reflete-se no sucesso da própria
organização e talvez por isso, seja a característica mais básica a ser medida
(CHIAVENATO, 2002).
Desse modo, segundo Gil (2001), é necessário para uma organização que ela
mantenha um sistema de avaliação de desempenho tecnicamente elaborada. Sendo
esta, uma maneira de evitar que a avaliação seja feita de forma superficial e
unilateral, do chefe em relação ao supervisionado.
No entanto, para Scott (1998), a avaliação de desempenho deveria
preocupar-se também, com o nível habitual de desempenho no trabalho atual, em
determinado período, a contar desde a última avaliação.
Outro aspecto importante, segundo o autor, é que a avaliação de pessoal é a
apreciação sistemática de um subordinado segundo um trabalho feito, suas aptidões
e outras qualidades necessárias à boa execução de suas tarefas e está ligada,
frequentemente, mas não necessariamente, às vantagens financeiras a titulo de
encorajamento.
Além disso, Chiavenato (2002) cita a avaliação de desempenho como uma
apreciação ordenada do comportamento de cada pessoa no cargo e o seu potencial
de desenvolvimento futuro.
Chiavenato (1981) comenta que através da avaliação podem ser observadas
e avaliadas competências, tais como: visão estratégica, planejamento, organização,
responsabilidade, acompanhamento, liderança, delegação, tomada de decisão,
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solução de problemas, iniciativa, pro atividade, criatividade e inovação, orientação a
resultados, autodesenvolvimento, administração de conflitos, capacidade de
negociação, flexibilidade e adaptação a mudanças, competências interpessoais e
trabalho em equipe.
Vista desse modo, a avaliação de desempenho é um instrumento utilizado
pelas organizações há muito tempo. Percebe-se que, em muitas empresas, há uma
preocupação crescente em implantar algum sistema avaliativo, que vise conhecer a
extensão das competências em relação a cada um dos colaboradores, bem como
identificar problemas relacionados à integração, supervisão, motivação, dentre
outros.
No entanto, o autor recomenda a observação de alguns pontos frágeis do
processo de avaliação do desempenho quando da sua implementação:
a) quando as pessoas envolvidas na avaliação do desempenho a percebem como
uma situação de recompensa ou de punição pelo desempenho passado;
b) quando a ênfase do processo repousa mais sobre o preenchimento de formulários
do que sobre a avaliação crítica e objetiva do desempenho;
c) quando as pessoas avaliadas percebem o processo como injusto e tendencioso.
A iniquidade prejudica profundamente o processo de avaliação;
d) quando os comentários desfavoráveis do avaliador conduzem a uma reação
negativa do avaliado;
e) quando a avaliação é inócua, isto é, quando está baseada em fatores de
avaliação que não conduzem a nada e não agregam valor ao avaliado.
Portanto, um dos objetivos da avaliação de desempenho é promover o
comprometimento dos colaboradores com os objetivos organizacionais. Desta forma,
é vital que o funcionário demonstre motivação no exercício do trabalho, gerando
aumento da produtividade.
TENDÊNCIA CONTEMPORÂNEA: A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS
Para Vroom (1997), o primeiro passo nesta nova abordagem de avaliação
consiste na reformulação do papel dos funcionários no sistema avaliativo.
Segundo o autor, os talentos hoje são procurados nas próprias empresas. Em
função do exposto, investir naqueles que estão adaptados à cultura da organização
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e buscam novos horizontes, é algo a ser valorizado pelas empresas, mas, também é
evidente que, em algumas ocasiões, a contratação externa pode ser tão saudável
quanto estratégica para a efetivação de mudanças. Porém, torna-se cada vez mais
comum reconhecer os méritos dos colaboradores que se destacam no dia-a-dia de
trabalho e dar-lhes as oportunidades de carreira, para ampliar seu campo de
desafios. Nesse sentido, o retorno reflete-se na motivação das pessoas e no
aumento do nível de competitividade da empresa que valoriza o potencial de suas
equipes.
A avaliação por competências parte de uma premissa básica, qual seja, saber
se o funcionário tem o conhecimento ou pode aprender a identificar suas próprias
competências, necessidades, pontos fortes, pontos fracos, inclusive seus potenciais
(VROOM, 1997). Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o que é melhor
para si. O papel dos superiores e da área de gestão de pessoas passa a ser o de
ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às necessidades e a realidade da
organização.
Esse novo modelo desperta algumas dúvidas e uma delas é sobre a
conceituação do que são competências. No referido contexto, competências são
repertórios de comportamentos que algumas pessoas ou organizações dominam, o
que as fazem destacar-se de outras em contextos específicos. É importante
ressaltar que o conceito destaca a excelência, o que torna necessário estabelecer
um processo sistematizado, com metodologias específicas, passível de mensuração
e comparação de performances entre os vários colaboradores de uma instituição,
quando se deseja identificar pessoas dentro do perfil desejado.
Desse modo, Gramignia (2002) afirma que é possível pensar a avaliação de
desempenho por competências como um poderoso meio de identificar os potenciais
dos funcionários, de melhorar o desempenho da equipe, a qualidade das relações
entre dirigentes e empregados, assim como estimular os colaboradores a assumir a
responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais.
Portanto, a gestão por competências é um sistema gerencial que busca
impulsionar
os
funcionários
na
competência
profissional,
acrescentando
capacidades e aumentando as já existentes. Logo, competências são aqui
entendidas como as capacidades, os conhecimentos e as características pessoais
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que distinguem os profissionais de alto desempenho daqueles de desempenho
regular em determinada função.
Por outro lado, o gerenciamento baseado em competências ou Gestão por
Competências é uma ferramenta que identifica as competências essenciais, as
habilidades e conhecimentos determinantes da eficácia profissional e também as
lacunas de qualificação do funcionário para tarefas específicas, bem como fornece
recursos para aperfeiçoar suas capacidades. Desse modo, o resultado é um quadro
de funcionários mais talentosos e mais produtivos.
Vale ressaltar que, no modelo de gestão por competência a avaliação, apenas
uma ferramenta que auxilia o funcionário a clarear, para si mesmo e para a
organização, quais as competências que possui e quais deverá buscar para
desenvolver ou incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado às
competências essenciais da própria organização.
Desta forma, a avaliação inicia-se pelo mapeamento, que irá permitir colher
dados relativos às competências necessárias para o bom desempenho das
atividades e perfil do funcionário quanto a estas competências, categorizando-as em
três blocos, que são: a) competências conceituais: conhecimento e domínio de
conceitos e teorias que embasam as técnicas; b) competências técnicas: domínio de
métodos e ferramentas específicas para determinada área de trabalho e c)
competências interpessoais: são as que permitem que as pessoas se comuniquem e
interajam de forma eficaz.
Em suma, a avaliação de desempenho por competências mostra-se como
uma ferramenta gerencial efetiva para incrementar a gestão do desempenho,
alcançando um nível maior de profundidade e identificando causas do desempenho
deficiente, possibilitando estabelecer uma perspectiva de desenvolvimento com a
participação ativa do funcionário, fornecendo indicadores e critérios objetivos para
cada colaborador buscar a maximização de seu desempenho profissional (HAMEL;
PRAHALAD, 1995).
AVALIAÇÃO 360º
Como modelo de instrumento utilizado, esta modalidade da avaliação do
desempenho é feita de modo que circule por todos os elementos que mantêm
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alguma interação com o avaliado. Participam da avaliação o chefe, os colegas e
pares, os subordinados, os clientes internos e externos, os fornecedores, enfim,
todas as pessoas em torno do avaliado, em uma abrangência de 360 graus. Vista
desse modo, a avaliação feita pelo entorno é mais rica por produzir diferentes
informações, vindas de todos os lados e funciona no sentido de assegurar o
ajustamento do funcionário às variadas demandas que ele recebe de seu ambiente
de trabalho ou de seus parceiros. Todavia, ser o alvo das atenções não é nada fácil
para o avaliado, pois, este se torna muito vulnerável, se não tiver a mente aberta e
receptiva para o sistema (CHIAVENATO, 2002).
Para assegurar a qualidade e aceitação desta avaliação é necessário que
seja assegurado o anonimato do avaliador, que os avaliadores se responsabilizem
pelas respostas dadas e que estas sejam adequadas e confiáveis.
Com isso, se evitam preconceitos e tendências, pois as informações vêm de
várias pessoas e as mesmas podem contribuir para o desenvolvimento do
empregado, mas a sua aplicação é muito trabalhosa e complexa, pois é necessário
combinar todas as respostas, já que é grande o número de avaliadores.
O sucesso deste tipo de avaliação, como qualquer outro, depende de como
os gerentes usam as informações e tratam seus empregados (GIL, 2001).
Ao contrário da avaliação do subordinado pelo superior, a avaliação para cima
é o outro lado da moeda e permite que a equipe avalie o seu gerente. Portanto, a
avaliação para cima permite que o grupo promova negociações e intercâmbios com
o gerente, exigindo novas abordagens em termos de liderança, motivação e
comunicação que tornem as relações de trabalho mais livres e eficazes. Desse
modo, o comando arbitrário do superior passa a ser substituído por uma nova forma
de atuação democrática, sugestiva, consultiva e participativa. Vale ressaltar que
algumas organizações vão mais além, ao propor a avaliação da própria companhia
pelos funcionários e proporcionar-lhes retroação dos resultados alcançados e
medidas corretivas necessárias para ajustar o ambiente de trabalho às expectativas
das pessoas (CHIAVENATO, 2002).
Como se pode observar, a avaliação de desempenho das equipes passou por
várias ferramentas e a que demonstra, atualmente, ter um melhor resultado é a
avaliação 360 graus. Trata-se de uma metodologia que possibilita otimizar a
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produtividade e prevê a participação de todas as pessoas que interagem com o
funcionário avaliado.
Desse modo, tem-se como principais objetivos otimizar a produtividade e
orientar o desempenho, para as metas do negócio da empresa e do órgão;
diagnosticar pontos de melhoria e proporcionar o desenvolvimento pessoal e
profissional; permitir a adaptabilidade às mudanças e o comprometimento com os
valores organizacionais e, por último, subsidiar a implementação de sistemas de
remuneração variável e sistemas de promoções (REIS, 2000).
Esta metodologia é indicada quando se deseja estimular o desempenho para
fins de planejamento individual, através da negociação de metas de melhorias.
Portanto, essas metas são negociadas no plano de desenvolvimento individual,
instrumento que complementa a avaliação. Sendo assim, a operacionalidade da
avaliação torna-se bastante simplificada, através da utilização de um sistema
informatizado, que permite que todo o procedimento seja executado on-line,
computando os resultados e emitindo o plano de desenvolvimento individual.
A metodologia de 360 Graus prevê que todas as pessoas que interagem com
o funcionário atuem como avaliadores, inclusive clientes e fornecedores, daí a
denominação de 360 Graus. Qualquer sistema de gerenciamento de desempenho
deve prever um sistema de consequências em função dos resultados da avaliação.
Nesse sentido, é necessário que e empresa, ou instituição que irá adotar essa
metodologia, tenha um forte compromisso em gerenciar o conhecimento da sua
força de trabalho, em função das suas estratégias e ofereça recursos para o
planejamento e progressão na carreira funcional.
Vale ressaltar que o modelo de gestão de desempenho pela técnica de 360
Graus imprimiu à avaliação vantagens como orientação para resultados,
objetividade, flexibilidade, imparcialidade, continuidade e participação. E, como
desvantagem, a prática tem demonstrado grande dificuldade para eliminar a
subjetividade do contexto da avaliação. A construção, dessa forma, torna-se
bastante trabalhosa. Mesmo sendo disponibilizada on-line, as pessoas tendem a
responder "por alto", comprometendo, dessa maneira, a validade do instrumento,
prejudicando muito a negociação de metas táticas no plano de desenvolvimento
pessoal.
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A gestão por competências é a resposta que as empresas estão encontrando
para enfrentar as exigências de um mercado cada vez mais competitivo. Dentro
deste novo enfoque, é essencial renovar os métodos de seleção, avaliação de
performance, promoção e desenvolvimento profissional dos colaboradores.
Para tanto, os sistemas de avaliação de potencial e avaliação 360 Graus
alimentam todo o sistema de formação e desenvolvimento dos profissionais da
empresa, enfocando e analisando competências e identificando necessidades
individuais e grupais, de treinamento e educação, fortalecendo o desempenho
orientado para resultados, proporcionando auto conhecimento e até mesmo, auto
desenvolvimento pessoal (REIS, 2000).
No entanto, os sistemas de avaliação de potencial e avaliação 360 Graus, em
dupla, subsidiam e alimentam o sistema de remuneração por competências.
Para Reis (2000), a influência da psicologia social-cognitiva e da teoria da
aprendizagem social argumentam que o processo promove ganhos relacionados ao
autoconhecimento dos participantes, ou seja, propicia incremento na consistência
entre auto-percepção e percepção dos outros.
Conclui-se, portanto, que ela vem a ser um mecanismo inovador do
entendimento sobre o sistema gerencial que deva ser levado a sério e visto como
inovação em matéria de desenvolvimento organizacional e gerencial (REIS, 2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um mundo com mudanças constantes, as organizações precisam ter
atenção no seu ambiente interno, para que o desenvolvimento e o crescimento
organizacional ocorram de forma que também venham a contribuir para o
crescimento e satisfação de seus colaboradores.
Para isso há a necessidade das organizações optarem por um modelo de
gestão de pessoas que propicie o alinhamento dos objetivos organizacionais com os
pessoais, onde o foco principal seja o desenvolvimento do ser humano. Acredita-se
que o modelo de gestão de pessoas, baseado na gestão por competências e que
tem a pessoa como referencial principal, seja capaz de agregar valor, sustentar e
alavancar vantagem competitiva à organização.
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Para que isso ocorra é necessário que os objetivos organizacionais e as
necessidades dos colaboradores estejam alinhados, pois sem as pessoas as
organizações não conseguem suprir suas necessidades, assim como as pessoas
sem as organizações não conseguem realizar seus objetivos pessoais.
Através dessa visão da gestão as organizações são recompensadas com o
comprometimento e esforços de seus colaboradores. Porém, quando essa confiança
é violada, as relações são afetadas, comprometendo o ambiente organizacional. O
respeito, a credibilidade, a compreensão e a motivação, constituem ferramentas
essenciais no entendimento do clima organizacional, já que o ideal é que o
colaborador sinta que é especial, pelo fato de estar ligado a uma organização
eficiente.
Portanto, o ideal é que as organizações desenvolvam os processos de
manutenção de pessoas, baseando-se nas diferenças individuais e investindo em
atividades que visem a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e atitudes
que aperfeiçoem o ambiente de trabalho e o relacionamento interpessoal.
Conclui-se, então, que a busca por identificar os meios de uma efetiva
avaliação de desempenho humano nas organizações é realmente uma ferramenta
que auxilia os gestores a impulsionar a motivação dos funcionários, desde que seja
bem elaborada, melhorando continuamente o desempenho das tarefas, baseada na
gestão por competências.
Deste modo, certifica-se que a avaliação 360º é a ferramenta mais eficaz na
gestão de desempenho, por garantir um melhor resultado para as empresas.
REFERÊNCIAS
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PRIVATIZAÇÕES NO BRASIL E NA ARGENTINA: UMA PERSPECTIVA
COMPARADA
Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em
Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e
da UEMG.
Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,
Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial
Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista
em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica.
Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O presente artigo pretende abordar os processos de privatização adotados
pelo Brasil e pela Argentina e delinear um quadro geral a respeito das articulações
políticas e econômicas que proporcionaram a implementação desses programas.
Para uma completa compreensão desse fenômeno, faz-se necessário, também,
elencar os principais pretextos que os governos das duas maiores economias latinoamericanas utilizaram para justificar a venda das empresas estatais às iniciativas
privadas, considerando as semelhanças e particularidades dos programas de
privatização adotados. Ademais, perpassando pela reforma do Estado, este artigo
anseia elencar as consequências da ausência do Estado como fomentador
econômico.
PALAVRAS CHAVE: Privatização; Reforma do Estado; Brasil; Argentina.
INTRODUÇÃO
O fenômeno da privatização envolve conceitos que podem ser compreendidos
em diversos sentidos, mas a todos é comum o entendimento de que, com a
privatização, um notável quinhão da responsabilidade da administração pública é
transferido para o setor privado.
Para compreender corretamente as privatizações, podem-se tomar como
base as doutrinas econômicas de Adam Smith (1759), uma vez que as privatizações
são uma re-leitura moderna da doutrina em questão, que acreditava que a iniciativa
privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental.
De acordo com Adam Smith (1759), a privatização representa um conceito
hegemônico, enquanto Feigenbaum, Henig e Hamnett (1998) consideram a
privatização um fenômeno essencialmente político.
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Originalmente, o interesse pelas privatizações proveio das iniciativas para
minimizar o papel do setor público na economia e, assim, transferir algumas
responsabilidades ao setor privado.
Esse sistema iniciou-se no Chile em 1973 e alcançou seu auge nos países
europeus, em 1980, atingindo a América Latina em 1990, impulsionado pelo Banco
Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como estratégia para acelerar o
crescimento econômico desses países, pois permitiria, ao Estado, obter maior
eficiência, reduzir despesas e gerar recursos (FEIGENBAUM, HENIG e HAMNETT,
1998)
Por outro lado, o setor privado, ao assumir serviços públicos essenciais
(fornecimento de água, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,
telefonia fixa e coleta de esgotos, dentre outros), tem o lucro como principal objetivo,
o que se confronta com a necessidade de atender às pessoas de baixo poder
aquisitivo.
Tanto o Brasil, quanto a Argentina, ao aderirem às propostas do chamado
“Consenso de Washington” realizado em 1989, promoveram profundas alterações
em suas políticas, como: redução de gastos públicos, disciplina fiscal, reforma
tributária, liberalização financeira e comercial, alteração no modelo de regime
cambial, afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas, investimento estrangeiro
direto, privatizações e direito à propriedade intelectual. (FEIGENBAUM, HENIG e
HAMNETT, 1998)
Essas mudanças envolveram dois principais alvos: a redução do tamanho e a
abertura econômica do Estado. Em resumo, a nova política econômica adotada
passa a ser exercida em nome da soberania do mercado auto-regulável, em suas
relações econômicas internas e externas.
Assim, nos dois países em questão, as práticas dos programas de
privatização apontaram para uma construção política interna, que visava à
prosperidade econômica e redução das desigualdades sociais.
Nesse contexto, o presente artigo pretende abordar os processos de
privatização adotados pelo Brasil e pela Argentina, nos anos 90, apresentando, de
forma resumida, um comparativo entre as semelhanças e as diferenças dos modelos
implementados por esses dois países.
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O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NO BRASIL
O programa de privatização brasileiro iniciou-se ainda no final dos anos 80,
com a aprovação do Plano Nacional de Desestatização – PND, cujo principal
objetivo, de acordo com Bresser Pereira (1997), era dar credibilidade ao então
presidente da república, Fernando Collor de Melo, o qual fora eleito por um partido
desconhecido e sem expressão nacional (Partido da Renovação Nacional – PRN), e
que havia implementado, ainda no início do governo, o confisco dos ativos
financeiros.
Assim, o programa de privatização precisava evidenciar o objetivo do governo
em alterar a situação atual, principalmente diante dos investidores estrangeiros e
organizações multilaterais, que seriam aliados para a nação na implantação das
reformas.
Em setembro de 1992, com o processo de impeachment de Collor, a
presidência da república foi ocupada pelo então vice-presidente Itamar Franco, que
deu continuidade ao processo de desestatização. Porém, essas privatizações
ganharam maior amplitude durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que
teve apoio de uma forte aliança entre grande parte dos partidos.
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2006), vários foram os pretextos
empregados para justificar a necessidade de privatização das empresas estatais:
a) rendimento insatisfatório das empresas públicas, percebida pela baixa
qualidade dos serviços e/ou pela existência de déficit financeiro nas empresas
estatais;
b) baixo nível de eficiência operacional, evidenciado pelo volume de perdas e
pela falta de confiabilidade nos sistemas contábeis;
c) redução dos investimentos estatais necessários à manutenção ampliação dos
serviços de atualização tecnológica das empresas;
d) diminuição
da
mobilização
de
recursos financeiros,
explicitada pela
inadequada capacidade de recuperação dos custos incorridos na prestação
de serviços;
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e) crescente deterioração física dos ativos, decorrente da indisponibilidade de
recursos;
f) necessidade de gerar receitas para abater a elevada dívida estatal; e
g) mudança no quadro tecnológico e financeiro internacional.
Ainda de acordo Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2006), devido às
particularidades de cada governo, no que diz respeito ao programa de vendas das
empresas estatais, a privatização no Brasil pode ser dividida em quatro fases:
1ª Fase - Ocorreu ao longo dos anos 80, quando foram vendidas as empresas
estatizadas que estavam em situação de falência. Foram vendidas 39 empresas em
vários setores e arrecadou-se, em média, US$735 milhões.
2ª Fase - Se deu entre 1991 e 1992, com a criação do Programa Nacional de
Desestatização (PND). Nessa fase, durante o Governo Collor, foram vendidas 18
empresas, principalmente dos setores siderúrgicos, petroquímicos e de fertilizantes,
perfazendo um total arrecadado de US$5.371 milhões.
3ª Fase - Entre 1993 e 1994, a privatização tem alterações em parte de seus
aspectos legais: ampliação da aceitação das chamadas moedas podres – antigas
dívidas do governo, não limitação ao capital estrangeiro e venda de participações
minoritárias. Esse período contempla 15 empresas privatizadas, arrecadando
US$6.503 milhões. A partir de então, são reduzidas as privatizações de empresas
produtoras de bens.
4ª Fase - Essa fase se dá a partir de 1995, período que inclui boa parte das
privatizações de empresas ligadas à concessão de serviços públicos, além de
privatizações estaduais.
É possível verificar, por meio de análise da Tabela 1, a seguir, que a
privatização brasileira permitiu, ao governo do país, arrecadar um grande volume de
recursos em um curto espaço de tempo, mostrando-se um dos maiores processos
do gênero.
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Tabela 1 - Processo de Privatização: um resumo (US$ milhões)
Fonte: BNDES
A justificativa para a rápida abertura do mercado era a falta de recursos do
Estado para investir nos setores de infra-estrutura, entretanto, foram os recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, gerido pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiaram a compra dos
ativos públicos. Em muitos dos editais de licitação constava que 50% do preço
mínimo poderíamos ser financiados pelo BNDES, porém, na prática, acabou sendo
100%, pois os outros 50% foram emprestados pelo próprio BNDES, como capital de
giro, com fontes de recursos do próprio banco (GREMAUD, VASCONCELLOS e
JÚNIOR, 2006).
Argumenta-se, ainda, de acordo com os autores supracitados que muitos
desses empréstimos foram liberados sem garantias reais, como são habitualmente
exigidas em qualquer instituição financeira, sendo oferecidas, como garantias,
apenas as próprias ações da empresa.
Em decorrência dessa ação do banco estatal, algumas empresas estrangeiras
jamais honraram seus compromissos com o BNDES, dentre elas, pode-se citar a
norte-americana AES Corporation, que comprou a Eletropaulo e causou um prejuízo
de US$ 2 bilhões no balanço de 2003, mas o banco acabou por não executar a
empresa, já que as garantias do empréstimo foram as próprias ações da companhia
e, caso fossem executadas, resultariam na “reestatização” da maior concessionária
de serviço público do Brasil (PINHEIRO e GIAMBIAGI,2000).
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No que diz respeito à privatização do sistema Telebrás, foram os fundos de
pensão que suportaram financeiramente os compradores das Teles, principalmente
a Previ dos funcionários do Banco do Brasil, a Petros da Petrobrás e a Funcef da
Caixa Econômica Federal (PINHEIRO e GIAMBIAGI,2000).
Sendo assim, de acordo com Oliveira (2003), no processo brasileiro de
privatização, foi o fundo público que definiu a economia de mercado, diferentemente
do que se esperava do Estado de intervenção mínima.
O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NA ARGENTINA
Durante a década de 90, a transferência de propriedade das empresas
públicas do governo federal argentino para o setor privado e para as administrações
provinciais foi uma política ativa naquele país. Nessa década, o programa de
privatização argentino se divide em duas etapas, que se identificam com os dois
mandatos presidenciais de Carlos Menem: a primeira fase, entre julho de 1989 e
finais de 1994, abrangeu a venda de uma vasta gama de empresas públicas
dedicadas à prestação de serviços básicos e à exploração de recursos naturais; e a
segunda etapa, entre 1995 e 1999, envolveu uma quantidade menor de
privatizações de empresas, entretanto, as mesmas se desenvolveram em espaços
mais competitivos (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).
Na Argentina, tal como no Brasil, a política de privatização surge a partir de
recomendações do Consenso de Washington, estando enraizada na Lei 23.696/89
(Ley de Reforma del Estado), que deu o entendimento de que a privatização deveria
ser concebida como um meio de reestruturação do setor público, de forma que todas
as funções não específicas do Estado, incorporadas ao longo de décadas, fossem
transferidas para a iniciativa privada (LLANOS, 2001).
Segundo Visintini (2001), os desequilíbrios financeiros suportados pelas
empresas estatais e o impacto negativo que as mesmas ocasionavam nas contas
públicas, por seu baixo nível de produtividade, se tornaram as maiores justificativas
para o início do processo argentino de privatização. Esse programa objetivava
reduzir rapidamente os gastos públicos, pois grande parte desses gastos se dava
em função das empresas estatais, e obter uma absorção de fundos considerável,
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para sanear os déficits públicos e suavizar o endividamento externo, por meio da
troca de títulos da dívida externa por participações nas empresas a serem
privatizadas.
Uma particularidade desse método de privatização envolve o fato de que as
empresas, declaradas como sujeitas a esse sistema, suspendiam, automaticamente,
as atividades que desempenhavam, durante o período em que eram geridas por
uma administração paralela – dirigida por interventores indicados pelo poder
executivo.
Para justificar o programa de privatização, o governo sustentou-se no
argumento dos custos e benefícios que a manutenção dessas empresas, sob o
poder do Estado acarretaria ao longo do tempo, demonstrando que essas
instituições estavam debilitadas e amplamente desacreditadas. Assim sendo, o
Estado argentino afirmava que a melhor opção, naquele momento, seria vendê-las a
investidores estrangeiros, considerados economicamente aptos a atuarem na
reorganização das mesmas, melhorando consideravelmente os serviços prestados e
gerando, ao longo do tempo, outras variáveis macroeconômicas positivas
(PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).
Observa-se, no entanto, que o governo argentino buscava controlar as
porcentagens de participações acionárias individuais, no intuito de evitar que cada
investidor privado superasse os limites máximos de possessão e que a maioria
acionária não ficasse em mãos de estrangeiros (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).
Embora a venda de empresas estatais, promovida pelo governo central
argentino, tenha se desacelerado a partir de 1995, o processo de privatização
adquiriu nova ênfase quando os governos provinciais começaram a transferir
bancos, empresas de eletricidade, água e gás para a iniciativa privada (FERRER,
2006)
Com o passar dos anos, a opinião popular passou a questionar os preços
pagos pelas empresas públicas, pois se argumentava que os valores efetivamente
pagos não refletiam as verdadeiras potencialidades dos setores envolvidos, afinal,
apesar das empresas encontrarem-se economicamente falidos no momento da
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privatização, os ganhos contábeis que poderiam ser obtidos no futuro eram
enormes, por tratar-se de setores com garantida demanda elevada.
Outro julgamento, quanto ao programa de privatização argentino, está
relacionado ao desenho dos marcos regulatório, principalmente nos setores
transferidos no início do programa, nos quais os objetivos das políticas
encontravam-se orientados para uma rápida arrecadação de recursos financeiros.
Assim, se o Estado criasse um sistema regulatório consistente, com normas claras e
que promovessem a livre concorrência, representaria menores investimentos da
iniciativa privada, que teriam os seus lucros reduzidos, se comparados aos
mercados mais monopolizados, ou seja, em mercados com fraqueza ou ausência
regulatória (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).
SISTEMAS DE PRIVATIZAÇÕES: UM ESTUDO COMPARATIVO
Os processos de privatização das empresas estatais brasileiras e argentinas
abrangem um conjunto de práticas bastante semelhantes e, ao mesmo tempo,
envolvem uma série de elementos bastante específicos.
No Brasil, tal como na Argentina, no final dos anos 80, consolidaram-se os
anseios em favor da privatização dos setores estatizados, embora o ideário privatista
se encontrasse mais fortalecido na Argentina, visto que, desde a década de 70, o
governo militar adotou medidas favoráveis à abertura da economia, desencadeando
um amplo processo de desindustrialização.
No caso brasileiro, ocorreu uma redefinição dos princípios econômicos do
governo durante o período militar, mas isso não significou a incorporação dos
princípios da ortodoxia liberal, tal como ocorreu na Argentina.
Ao traçar um estudo comparativo entre os processos de reformas estruturais
conduzidos pelos governos brasileiro e argentino, no final dos anos 80 e,
principalmente, na década de 90, Palermo (1998) aponta posturas políticas bastante
semelhantes. Os governos de Carlos Menem, na Argentina e de Fernando Henrique
Cardoso, no Brasil, formularam planos econômicos intensamente tecnocráticos,
mas, ao promoverem as ações referentes às privatizações, isso não ocorreu, na
prática, em nenhum desses países: no caso da Argentina, por ter optado por uma
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reforma “a toque de caixa”; e no caso do Brasil, por ter exercido um
encaminhamento mais gradual.
Acrescenta-se que na Argentina o ideário do Consenso de Washington foi
aceito muito mais amplamente que no Brasil, pois, enquanto a Argentina incorporou
os princípios do neoliberalismo como única alternativa, o Brasil o aceitou, porém, a
contragosto (LLANOS, 2001).
Em ambos os países, os sistemas de privatização foram empregados como
mecanismos de política financeira interna e externa, e motivados pelo anseio do
Estado em acumular recursos e estabilizar as contas externas. Mas a rapidez dos
processos dispensou os marcos regulatórios apropriados e as empresas foram
privatizadas antes mesmo da instalação das agências reguladoras.
Os recursos alcançados com a privatização das principais companhias
estatais da Argentina convieram para refazer as reservas da nação e para amortizar
seu endividamento externo, mediante a venda de títulos da dívida externa. Assim
como ocorreu com a Empresa Nacional de Telecomunicaciones (ENTEL), os papéis
de diversas empresas do Estado argentino, foram comprados em leilões por valores
nominais, o que gerou uma grande concentração no controle dessas estatais
adquiridas, majoritariamente, por firmas estrangeiras. De acordo com Azpiazu
(2003), os títulos da dívida argentina eram comercializados no mercado secundário
por 11 centavos do dólar, enquanto nas privatizações eram vendidos pelo seu valor
nominal de US$ 1.00 (ARGENTINA, 2011)
No Brasil, admitiu-se que os investidores adquirissem as estatais com títulos
públicos, por seus valores nominais, enquanto, no mercado, eles eram negociados
com expressiva desvalorização, por serem, basicamente, débitos não pagos do
Estado. Segundo Pinheiro e Giambiagi (2000), essa forma de pagamento foi muito
utilizada nos cinco primeiros anos das privatizações, tornando insignificantes os
valores das alienações.
No que diz respeito aos modelos das privatizações, os dois países em
questão, também trazem semelhanças, pois ambos escolheram a Coopers&Librand
– agência de consultoria britânica – para determinar o procedimento que seria
adotado para determinar o valor das estatais (LLANOS, 2001).
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Diante das características expostas, é possível perceber intensa analogia
entre as metodologias utilizadas pelo Brasil e pela Argentina, pois, em resumo, ao
serem alienadas, as empresas estatais foram avaliadas pelo método de Fluxo de
Caixa Descontado, deixando de lado seu valor patrimonial – bens móveis, imóveis e
instalações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da análise das privatizações brasileiras e argentinas, é possível
verificar que o Brasil teve como particularidade um atributo pouco promissor: o
patrimônio público foi alienado com auxílio de um banco estatal, ou seja, foram os
financiamentos subsidiados pelo BNDES que permitiram que as concessionárias
públicas fossem resgatadas por empresas multinacionais, em leilões. É importante
ressaltar que grande parte desses empréstimos ainda não foi honrada por essas
empresas, sendo assim, em 2003, o banco foi compelido a lançar essas
inadimplências como prejuízo, que, por conseguinte, foram socializados com a
população.
Quanto à reforma do Estado argentino, pode-se dizer que, após o programa
de privatização de seu patrimônio público, que assumiu posições radicais, o país
amargou cinco anos contínuos de recessão econômica, que envolveram:
desequilíbrios nas contas públicas, periódicas renegociações da dívida externa,
ascendente estado de miséria da população e elevadas taxas de desemprego.
As políticas privatistas, adotadas pelos países em questão, resultaram na
desativação do Estado-Empresário, entretanto, essa desnacionalização não trouxe o
esperado aporte de capitais, pelo contrário, acabou por aumentar a dívida externa
desses países e ocasionar uma demanda de poupança interna a juros subsidiados.
Por fim, ressalta-se que a ausência do Estado como fomentador econômico
resultou em um crescimento econômico insuficiente, ao passo que a inflação, o
descontrole das contas nacionais e as baixas reservas decretaram o fim da
estabilidade cambial no Brasil em 1998 e na Argentina em 2001 e 2002.
REFERÊNCIAS
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BENEFÍCIOS SOCIAIS: RESPONSABILIDADE E ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES.
Ione Câmara Ferraz, Graduada em Administração, Especialista em Recursos
Humanos.
Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em
Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e
da UEMG.
Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,
Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial
Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista
em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica.
Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Suellen Magalhães Ferrari, Graduada em Administração.
Professora da Escola Técnica UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Para a maioria dos empresários o ser humano é fundamental para o
desenvolvimento das empresas e é necessário investir para garantir a satisfação dos
colaboradores e a alegria por participar da organização. Os responsáveis em definir
os valores da empresa são os gestores, em particular os que lidam com o setor de
recursos humanos, como também são responsáveis em procurar pessoas que
tenham valores semelhantes, e com certeza investir em benefícios, salários
adequados e em oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Considerando o assunto que embasa benefícios como um incentivo no ambiente de
trabalho, foram realizadas pesquisas teóricas aos diversos acervos bibliográficos.
Com a coletânea de argumentos, pretendem-se expor, de maneira clara e objetiva,
os tipos de benefícios sociais atualmente oferecidos pelas organizações e suas
viabilidades.
PALAVRAS-CHAVE: Benefícios Sociais; remuneração; responsabilidade social.
INTRODUÇÃO
A preocupação com questões sociais é constante na humanidade. O estudo
da conduta vem evoluindo, desde a antiguidade grega, com diversas teorias e
aplicações, tornando a ética fundamental em todas as áreas.
No ramo empresarial, questões de caráter ético e social, são verdadeiros
diferenciais às organizações. Nossa sociedade, com o avanço dos recursos
tecnológicos, se mostra cada vez mais exigente em relação a esses aspectos.
Com isso, a responsabilidade social empresarial consiste naquelas ações,
medidas e estratégias desenvolvidas pelas organizações que permitem a interação
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entre as partes envolvidas no todo organizacional, de modo que haja uma melhor
satisfação coletiva, em paralelo ao planejamento e às atividades da organização.
Em muitas empresas, os planos de serviços e benefícios sociais foram
inicialmente orientados para uma perspectiva paternalista e unilateral, justificada
pela preocupação de reter pessoal e reduzir a rotatividade, principalmente nas
organizações cuja atividade é desenvolvida em condições rudes e adversas.
Rapidamente, a iniciativa se espalhou a quase todo tipo de organizações.
Hoje, além do aspecto competitivo no mercado de trabalho, os benefícios
oferecidos constituem-se em atividades voltadas para a preservação das condições
físicas e mentais dos seus colaboradores. Além da saúde, as atitudes dos
colaboradores são os principais objetivos desses planos.
O
SURGIMENTO
DOS
BENEFÍCIOS
SOCIAIS
A
PARTIR
DE
SUAS
NECESSIDADES
O benefício sempre foi visto como um item incentivador. No mundo, a
preocupação em se melhorar a produtividade das organizações através de
incentivos salariais e também através de outros tipos de remuneração se deu desde
a escola científica da administração. Taylor (1903), a fim de descobrir a forma mais
justa de remuneração, desde 1896, já demonstrava uma preocupação com o
chamado problema dos salários. Várias tentativas foram feitas por Taylor (1903) a
fim de descobrir a forma mais justa de remuneração juntamente com o aumento da
produção. (BARAÇAS, 2006)
Já Abraham Maslow (1909), acreditava que a satisfação de cada nível é prérequisito para que o nível seguinte influa no comportamento, o que coloca o
comportamento em constante dinâmica, já que pode num momento, ser guiado, por
exemplo, pela necessidade de auto-realização e, no momento seguinte, pela
necessidade de afetividade/amor.
A escalada da sua pirâmide não dependia apenas de condições oferecidas,
mas também das circunstâncias de vida de cada pessoa. Maslow (1909) ampliou
sua teoria, sugerindo que a organização assumisse a construção de uma ponte
entre as necessidades básicas e de auto-realização dos indivíduos. Com isso as
organizações percebem que não são os benefícios financeiros que estimulam a
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produtividade, há outros tipos de remuneração e desenho de cargos para se motivar
e atender as necessidades de reconhecimento social dos funcionários.
Alguns trabalhos têm se referido à importância das fontes internas e ou
intrínsecas de energia motivacional, deixando sempre a crença de que nada
se pode fazer para conseguir motivar uma pessoa, a não ser que ela
mesma esteja espontaneamente disposta a agir na direção que se pretende
levá-la (BARAÇAS 2006, p.107).
No Brasil, sua origem foi na Era Getulista. Na década de 40 quando
presidente, Getúlio Vargas adotou no mercado de trabalho a CLT (Consolidação das
Leis Trabalhistas), instituindo a maioria dos benefícios sociais e trabalhistas que hoje
vigoram no Brasil.
No dia 1º de maio de 1943, Getúlio Vargas, no seu discurso em homenagem
ao dia do trabalho, falava sobre a criação de um “conjunto de leis que atravessaria
décadas, regulando as relações de trabalho e norteando a relação entre trabalho e
capital no Brasil.”.
Certamente os seres humanos necessitam de condições para expressar sua
capacidade de trabalhar. É necessária uma remuneração justa em relação ao
esforço, condições favoráveis físico-psicológicas no ambiente de trabalho e de
outras maneiras de remuneração: os benefícios sociais.
As origens e o crescimento dos planos de serviços e benefícios sociais
devem-se a diversos fatores, tais como atitudes e expectativas das pessoas,
exigências dos sindicatos, legislação trabalhista, competição entre as organizações,
disputa de talentos, como meio lícito das organizações fazerem deduções de suas
obrigações tributárias (BARAÇAS 2006).
Os serviços e benefícios oferecidos pelas organizações demonstram o grau
de responsabilidade social, isto é, a maneira pela qual elas procuram compensar o
esforço das pessoas com uma série de atividades de apoio e suporte que garantam
sua qualidade de vida (BARAÇAS 2006).
Nesse
sentido,
as
organizações
ultrapassam
o
velho
enfoque
de
responsabilidade legal para ampliar seu escopo no sentido de prestar um valioso
serviço à sociedade.
Benefícios sociais poderiam ser definidos de forma bem sucinta como:
Benefícios Sociais são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e
serviços que as empresas oferecem aos empregados, no sentido de
poupar-lhes esforços e preocupação. Constituem meios indispensáveis na
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manutenção de força de trabalho dentro de um nível satisfatório de moral e
produtividade. É uma forma de remuneração indireta. Seus itens mais
importantes são: Assistência médico-hospitalar, seguro de vida em grupo,
alimentação, etc. (SERRA, 2008, p.2).
Atualmente os planos de benefícios estão intimamente relacionados com a
gradativa conscientização da responsabilidade social da organização. A criação dos
benefícios sociais auxilia os empregados em três fases de suas vidas como
trabalhador registrado (SERRA, 2008).
Primeira fase, no exercício de seu cargo através de prêmios de produção e no
seguro; na segunda fase, dentro da empresa, mas fora do cargo, através de
refeitórios e lazer; já na terceira fase, fora da empresa, em sua comunidade ou lar
através da recreação, auxilio doença e férias remuneradas (SERRA, 2008).
TIPOLOGIA DE BENEFICIOS SOCIAIS
Segundo Chiavenato (1999), os benefícios sociais podem ser classificados
quanto à sua exigibilidade legal, quanto à sua natureza e quanto aos seus objetivos.
Quanto à sua exigibilidade legal, eles podem ser legais ou espontâneos. Os
principais benefícios legais são: férias e 13º salário, ticket-refeição e vale-transporte,
aposentadoria e auxílio-doença, salário-família e salário-maternidade e seguro de
acidentes de trabalho. Os benefícios espontâneos são concedidos por mera
liberalidade das empresas, como, por exemplo, seguro de vida em grupo,
gratificações e empréstimos, assistência médico-hospitalar diferenciada mediante
convênio, complementação de aposentadoria ou planos de seguridade social.
Já quanto à natureza, os benefícios podem ser monetários ou não
monetários. Os monetários são benefícios concedidos em dinheiro e normalmente
acrescidos à folha de pagamento. Vale lembrar que eles geram encargos sociais e
podem ser: férias e 13º salário, complementação de salários em afastamentos
prolongados por doença, gratificações, etc. Os benefícios não monetários são
oferecidos em forma de serviços, vantagens ou facilidades aos funcionários. São
eles: refeitório, clube ou grêmio, assistência médico-hospitalar e/ou odontológica,
serviço social de aconselhamento, transporte de casa para a empresa e vice-versa,
horário móvel ou flexível.
Quanto aos objetivos, os planos de benefícios podem ser:
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a)
Assistenciais - visam promover o funcionário e sua família de certas
condições de segurança e previdência, em casos de imprevistos ou emergências,
tais como: assistência médico hospitalar e odontológico, assistência financeira
através de empréstimos, complementação de aposentadoria ou planos de
previdência social, complementação de salário em afastamento prolongado por
doença, serviço social e creche para os filhos de funcionários, seguro de vida em
grupo ou de acidentes pessoais, etc.
b)
Recreativos - são aqueles que visam proporcionar aos funcionários, e às
vezes aos seus familiares, condições físicas e psicológicas de repouso, diversão,
higiene mental ou lazer e recreação. Entre eles destacam-se: grêmio ou clube e
música ambiente, áreas de lazer nos intervalos de trabalho, atividades esportivas e
comunitárias, passeios e excursões programadas, etc.
c)
Supletivos são aqueles que visam proporcionar aos funcionários certas
facilidades, conveniências e utilidades para melhorar a sua qualidade de vida.
Incluem: restaurante no local de trabalho, cooperativas de gêneros alimentícios ou
convênios com supermercados, agência bancária no local de trabalho, etc.
(CHIAVENATO, 1999).
Esta classificação é bastante ampla, mas, Marras (2000) dividem os
benefícios em apenas duas categorias: benefícios compulsórios e espontâneos. Os
compulsórios são aqueles que a empresa concede aos seus empregados em
atendimento às exigências da lei ou de normas legais, como acordos ou convenções
coletivas de trabalho. Estes benefícios são os que Chiavenato (1999) chama
benefícios legais.
Os espontâneos são aqueles que a empresa oferece aos seus empregados
por vontade própria, geralmente com o objetivo de atender às necessidades dos
empregados ou de atender ao perfil da remuneração atraente e competitiva no
mercado de trabalho, tanto para atrair novos “recursos humanos” quanto para
manter os atuais.
Contudo, continua Marras (2000), é comum também encontrar a concessão
de outros benefícios como: empréstimos subsidiados, complementação de
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aposentadoria, gratificações salariais, viagens de recreação, convênios com
farmácias e supermercados e cooperativas de crédito e consumo.
Os subsídios, remuneração paga em uma única parcela, sem gratificações,
abonos ou adicionais (admitem-se exceções apenas para o pagamento de verbas
indenizatórias e algumas espécies remuneratórias específicas), ganham destaque
nessa modalidade de benefício, quando direcionados à educação, com pagamento
de estudos em escolas e universidades, ao desenvolvimento pessoal com
pagamento de cursos de treinamento de interesse do empregado (MARRAS, 2000).
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM PLANO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS
Não somente o desenho de cargos e os salários exercem poder de atração aos
trabalhadores, mas também os pontos analisados como as oportunidades de
crescimento, o clima organizacional e os benefícios oferecidos pela organização. Sem
os benefícios, a visão de emprego na sociedade mercadológica dos anos 2000 seria
muito diferente da atual.
Os benefícios devem trazer vantagens para a empresa e para o empregado.
(tabela 1)
TABELA 1 – VANTAGENS DOS BENEFÍCIOS: EMPRESA E EMPREGADO
Vantagens dos benefícios para
EMPRESA
Eleva a moral dos empregados
Reduz a rotatividade e o absentismo
EMPREGADO
Oferece conveniências não avaliáveis em dinheiro
Oferece assistência disponível na solução de
problemas pessoais
Eleva a lealdade do empregado face à empresa
Aumenta a satisfação no trabalho
Aumenta o bem-estar do empregado
Contribui para o desenvolvimento pessoal e bemestar individual
Facilita o recrutamento e a retenção do pessoal
Oferece meios de melhor relacionamento social
entre os empregados
Aumenta a produtividade e diminui o custo Reduz sentimentos de insegurança
unitário de trabalho
Demonstra as diretrizes e os propósitos da Oferece oportunidades adicionais de assegurar
empresa para com os empregados
status social
Reduz distúrbios e queixas
Oferece compensação extra
Promove relações públicas com a comunidade
Melhora as relações com a empresa
Fonte: Baraças (2006, p. 8).
Entretanto, há também desvantagens que comprometem a utilização dos
planos de benefícios em muitas empresas. As duas principais desvantagens são que
primeiramente, os funcionários podem escolher benefícios inadequados, por não
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usarem tempo suficiente para entender as diversas possibilidades, ou não disporem
de esclarecimentos suficientes para tal decisão. E, em segundo, que os custos e a
carga administrativa aumentam porque os funcionários escolhem apenas os
benefícios que querem utilizar. Neste caso, o processo de controle deve ser maior
para permitir a monitoração do sistema como um todo (BARAÇAS, 2006).
CUSTOS DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS
Na década de 1960, as empresas americanas gastavam 23,5% da sua folha
de pagamento em benefícios, mas, no final do século passado, este valor chegou a
41%. O que representa mais ou menos US$7,00 por hora de trabalho. Segundo
Chiavenato (1999), estes investimentos estavam assim subdivididos: pagamento de
tempo não trabalhado (férias e licenças) em torno de 10%; custos médicos e de
seguros em torno de 11%; pagamentos exigidos por lei representam 9%; Planos de
aposentadoria e outros serviços ficam em 11% (BARAÇAS, 2006).
No Brasil, o custo é mais baixo, mas muitos funcionários não sabem que
mesmo assim, para nossa economia, o custo dos benefícios sociais é relativamente
alto. Muitas empresas têm cortado os benefícios e regalias e substituído por
remuneração variável (recompensa por objetivos alcançados). Com ela, outras
empresas têm feito o mesmo, mas muitas ainda acreditam na força dos benefícios
para estimular a competitividade interna e externa da empresa (BARAÇAS, 2006).
As taxas e contribuições, como as que financiam o SESI (Serviço Social da
Indústria), o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o SEBRAE
(Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas), o INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o salário-educação, constituem
tributos que representam quase 5% do total da folha de salários, dependendo do
ramo da atividade da empresa. Só o salário-educação representa 2,5% sobre a folha
de pagamento. Há um forte desejo da sociedade de reduzir os encargos sociais
como forma de garantir mais empregos formais na economia e tornar esses custos
mais compatíveis com o que existe no exterior. Além do mais, o retorno que tanto a
organização como os cidadãos obtém dos impostos pagos no país é insignificante
em muitos casos (BARAÇAS, 2006).
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OS BENEFÍCIOS LEGAIS ESTABELECIDOS PELO GOVERNO
As transformações que vinham ocorrendo na Europa em decorrência da
Primeira Guerra Mundial incentivaram a criação de leis trabalhistas em nosso país.
Existiam muitos imigrantes que deram origem a movimentos operários reivindicando
melhores condições de trabalho e salários (SANT’ANNA, 2005).
Desde 1919, a Constituição Federal sofreu grandes alterações. Só em 1988
foi aprovada a atual Constituição, que trata de direitos trabalhistas. O artigo 7° da Lei
Maior vem a ser uma verdadeira CLT, tantos os direitos trabalhistas nele albergados.
Para Sant’anna (2005), Direito do Trabalho é “o conjunto de princípios, regras
e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas,
visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de
acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas”.
A finalidade do Direito do Trabalho é assegurar melhores condições de
trabalho, porém não só essas situações, mas também condições sociais ao
trabalhador. O Direito do Trabalho pretende corrigir as deficiências encontradas no
âmbito da empresa, assegurando uma remuneração condigna, a fim de que o
operário possa suprir as necessidades de sua família na sociedade.
Alguns
dos
benefícios
legais
estabelecidos
pelo
governo
para
os
trabalhadores são os seguintes: 13° Salário, Salário-Família, Salário-Maternidade,
Férias remuneradas, Repouso Semanal Remunerado, Auxílio-Doença, FGTS,
Adicional de 50% para Horas-Extras, Abono de 1/3 sobre as férias, Adicional
Periculosidade, etc. (SANT’ANNA, 2005).
O RETORNO DE INVESTIMENTO
Embora os planos de benefícios se refiram aos benefícios concedidos a
funcionários, é preciso que a organização também se beneficie deles.
A organização necessita desses planos para recrutar e reter funcionários
competentes. Para tanto, ela necessita controlar os custos dos benefícios e projetar
custos futuros (CHIAVENATO, 2010).
Isso é feito mais facilmente com planos formais do que com planos informais,
negociados na medida em que os problemas vão surgindo.
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Todo benefício deve trazer uma contribuição para a organização, de maneira
a ser igual aos seus custos ou, pelo menos, no sentido de compensá-los ou reduzilos, trazendo algum retorno (LUCENA, 1991).
Uma relação humana mais profunda somente pode ser mantida quando
ambas as partes desejam e são capazes de fazer mais do que os requisitos mínimos
exigidos (ROBBINS, 2001).
A mútua responsabilidade é a característica de pessoas que cooperam entre
si para promover um mútuo propósito de grupo (CHIAVENATO, 2010).
Como os serviços e benefícios sociais são complementos lógicos dos
requisitos do trabalho, a empresa tem o direito de esperar padrões mais elevados de
eficiência dos funcionários, cujas energias seriam desperdiçadas no combate de
condições adversas, como a falta de transporte para a empresa, ausência de um
refeitório, precária assistência médico-hospitalar do INSS (Instituto Nacional da
Seguridade Social), dificuldade de obter empréstimos, etc. (ROBBINS, 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os benefícios sociais são variados e podem se apresentar de diferentes
formas. Apesar dos diferentes tipos e formas de atribuição, a finalidade é a mesma:
recompensar e atrair o empregado, transformando o trabalho numa tarefa menos
árdua ou penosa. A carga das exigências diárias vai sendo aliviada ou compensada
por serviços que visam o bem estar do empregado.
Os serviços e benefícios oferecidos pelas organizações demonstram o grau
de responsabilidade social, isto é, a maneira pela qual elas procuram compensar o
esforço das pessoas com uma série de atividades de apoio e suporte que garantam
sua qualidade de vida. Nesse sentido, as organizações ultrapassam o velho enfoque
de responsabilidade legal para ampliar seu objetivo, no sentido de prestar um
valioso serviço à sociedade.
A questão fundamental dos benefícios é servir a todos os funcionários da
organização. Para que os benefícios sejam percebidos como úteis e eficazes, eles
precisam adequar-se ao perfil de cada funcionário. A utilidade e a eficácia de um
plano de benefícios dependem disso. Daí a forte tendência em flexibilizar os
benefícios. Cada pessoa tem necessidades diferentes e que mudam conforme o
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tempo. Muitos benefícios podem ser úteis para uma pessoa e inúteis para outra. E
isso muda com o crescimento e a história de cada pessoa.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Carlos Paulo. Administração de recursos humanos: uma Introdução.
São Paulo: Atlas, 1979.
BARAÇAS, Francisco José Loureiro. Avaliação e qualificação de funções,
benefícios sociais e condições de trabalho. Coimbra, 2006. 15 f. Trabalho
acadêmico – Curso de Engenharia Civil, Instituto Politécnico de Coimbra.
CAMPOS, Wagner. Incentivos e Benefícios agregam reconhecimento,
diferencial. Portal da Administração, Administradores.com. br. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/incentivos_e_beneficios_agregam_recon
hecimento_diferencia/25739/> Acesso em 20 abr. 2011.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos
humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999;
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos
organizações. Campus: Elsevier, 2010;
Humanos,
o
capital
humano
das
LUCENA, Maria. Planejamento de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 1991.
MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao
estratégico. São Paulo: Futura, 2000.
MASLOW, Abrãao. H. Uma teoria da motivação humana. In: BALCÃO, Y.;
CORDEIRO, L. L. (org.). O comportamento humano na empresa (pp. 337-366).
Rio de Janeiro: FGV. 1975.
ROBBINS, Sérgio. P. Administração: Mudanças e Perspectivas. São Paulo:
Saraiva, 2001.
SANT’ANNA, Antonio Soares; MORAES, L.F.R.; KILIMNIK, Z.M. Competências
individuais, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: Um estudo de
diagnóstico comparativo. RAE-eletrônica. V.4, n.1, Art. 1, jan./jul. 2005.
SERRA de Campo Consultoria. Planos de Benefícios Sociais. S.d. Disponível em
<www.serradecampoconsultoria.com.br/planosdebeneficiossociais.ppt>Acesso
04
mar. 2011.
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RESUMOS
A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO “P&D”
Jefferson Souza Fraga – Graduado e Mestre em Economia. Professor da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa e Desenvolvimento, Empresas Transnacionais7.
INTRODUÇÃO
Com o processo de reformas financeiras liberais ocorridas nas últimas
décadas, principalmente as de 1970 e 1980, o mundo das indústrias passou a
apresentar fortes transformações (GOMES, 2006). As principais são presenciadas
nas novas formas de organização industrial, tanto de produção como das atividades
de pesquisa e desenvolvimento. Sendo que, a evolução de tais mudanças
possibilitou o surgimento do que é chamado pela literatura especializada de
internacionalização das atividades tecnológicas, assim, afetando várias indústrias e
causando impactos sobre um amplo e diversificado conjunto de países e regiões.
Para Gomes (2006), a internacionalização da atividade tecnológica decorre de
razões diversas, ao passo que, ela pode ser uma conseqüência indireta da
necessidade de conquistas de novos mercados, seja por causa da necessidade de
obter acesso ao produto, à produção ou, também, ao marketing tecnológico ou
competência organizacional fora do país de origem. Então, a descentralização das
tarefas inovatórias reflete principalmente a busca de ativos estratégicos com a ajuda
da rede multinacional. Logo, com todo esse processo de dispersão da atividade
tecnológica, as Empresas Transnacionais passaram a liderar tal processo, pois são
Empresas líderes que visam a adquirir e acumular vantagens através do
direcionamento global de novos recursos para inovação. Outro ponto de grande
relevância é o novo papel assumido pelas Subsidiárias, elas são formalmente
orientadas para o mercado local e crescentemente incorporadas à rede internacional
das Empresas Transnacionais. Com base nesse novo cenário, o objetivo deste
trabalho é avaliar o processo de internacionalização das atividades tecnológicas em
uma perspectiva mundial.
7
São empresas que possuem matriz num país e possuem atuação em diversos países. Instalando filiais em outros
países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima e mão-de-obra baratos.
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METODOLOGIA
Foi
realizado
um
levantamento
bibliográfico
do
processo
de
internacionalização da pesquisa e desenvolvimento das Empresas Transnacionais e
de suas Subsidiárias. Para a seleção e avaliação dos estudos científicos levantados
na busca, foram estabelecidos critérios, contemplando os aspectos: tipo de estudo e
a relação com o objetivo do presente estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados sugerem que o poder de coordenação das grandes Empresas
Transnacionais, ou mesmo de grandes Empresas nacionais com redes de
suprimento, decorre de seu controle sobre ativos estratégicos, tais como marcas,
patentes, canais de comercialização, e sobre as chamadas funções corporativas
superiores, que são: capacitações em pesquisa e desenvolvimento de produtos,
design, marketing (GOMES, 2006). As novas tecnologias de informação e
comunicação possuem um papel importante na descentralização das atividades
tecnológicas, que é realizada por meio da integração internacional de laboratórios de
P&D ou redes de pesquisa, já que permitem manipular imensas bases de dados e
informações, conectar agentes dispersos em tempo real, podendo com isso
mobilizar conhecimentos em várias áreas de estudo. A razão da descentralização é
devido a três forças: o desempenho de novas funções de adaptação de produtos ao
mercado local; uma estratégia de interdependência entre as unidades dispersas, e o
atrativo do patrimônio tecnológico do país. Cabe também destacar o papel das
Subsidiárias8 nesse contexto, em que a diversificação tecnológica passou a ser uma
importante característica das Empresas Transnacionais, à medida que as
Subsidiárias no estrangeiro têm assumido papéis específicos nas funções de P&D,
seja na ênfase continuada ao processo local de inovação, seja no desenvolvimento
de um capital organizacional (DUNNING, 1997).
Dessa forma, o aumento da
mobilidade internacional de ativos-chave para a criação de riqueza, por exemplo:
finanças, tecnologia, habilidades empresarias e organizacionais são derivadas pelas
reformas financeiras liberais, do final dos anos de 1970 e 1980 e também a
8
É entendida como instituição que adiciona valor no estrangeiro e executa uma única atividade
(manufatura) ou toda a cadeia de valor, (GOMES, 2003).
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ampliação da capacidade de codificar conhecimento, o que facilitou a subcontratação da produção e, sem menos importância, a dispersão de determinadas
etapas produtivas e de várias funções de cunho tecnológico (GOMES, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após avaliar o processo de internacionalização das atividades tecnológicas,
percebe-se que a estratégia de descentralização dos laboratórios de P&D vem
transformando e provocando grandes mudanças nas funções corporativas das
Empresas Transnacionais, sendo que tais mudanças são presenciadas pela grande
transferência de importantes funções de alto conteúdo tecnológico nas mais
variadas regiões. Outro ponto de grande destaque é o papel das Subsidiárias nesse
processo de internacionalização das atividades tecnológicas, à medida que as
Subsidiárias no estrangeiro têm assumido papeis específicos nas funções de P&D,
seja na ênfase continuada ao processo local de inovação, seja no desenvolvimento
de um capital organizacional que permita que as Empresas Transnacionais interajam
as atividades tecnológicas das unidades mais dispersas e, contudo, impulsionando
ainda mais o processo de internacionalização das atividades tecnológicas.
REFERÊNCIAS
DUNNING, JOHN. HARRY.; “Governments and Macro – Organization of
Economic Activity: A Historical in Spatial Perspectives”. In: DUNNING, JOHN.
HARRY. (Ed.) Governments and international globalization business. Oxford: Oxford
University Press, 1997.
GOMES, ROGÉRIO. Empresas transnacionais e internacionalização da P&D.
vol. 1, Ed. Unesp/ Araraquara, 2006.
GOMES, ROGÉRIO. O Papel das Subsidiarias e a Internacionalização das
Atividades Tecnológicas. In: Gestão & Produção, vol. 10, nº. 3, p. 267 – 281. dez.
2003.
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A EXPECTATIVA DE INFLACÃO E O EFEITO FISHER: UMA ANÁLISE DE 2001 A
2011
Jefferson Souza Fraga – Graduado e Mestre em Economia. Professor da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Taxa de Juros; Efeito Fisher; Expectativas de Mercado.
INTRODUÇÃO
A relação entre juros e inflação é um assunto que tem motivado um
considerável esforço da análise teórica e empírica nas décadas mais recentes,
particularmente no Brasil, habituado, historicamente, as taxas de inflação altas e
instáveis (FISHER, 1984). Esta relação positiva entre taxa de variação de preços e
taxa de juros nominal, definida por FISHER (1984) no início do século XX, é ainda
bastante discutida no meio acadêmico. Para o autor, a taxa nominal de juros é a
soma entre a taxa real de juros e a taxa de inflação esperada. Apoiando-se nos
pressupostos clássicos de dicotonomia de mercado e neutralidade da moeda, ele
afirmou que variações no nível geral de preços serão acompanhadas por alterações
na taxa nominal de juros, sendo a taxa real, em princípio constante, ceteris paribus.
Logo, há constatação de que uma variação unitária dos preços terá como efeito uma
variação de mesma magnitude e na mesma direção da taxa nominal de juros. Ao
efeito de um-para-um entre as duas variáveis denominou-se Efeito Fisher. Sendo
esta hipótese verdadeira, os investidores teriam mais segurança no planejamento
dos seus investimentos. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a hipótese de
Fisher, utilizando tanto os dados de expectativas de inflação obtidos através da
pesquisa Focus como também os das expectativas obtidas, disponíveis no banco de
dados do IPEADATA.
METODOLOGIA
Uma análise empírica para a economia brasileira no período de dezembro de
2001 a agosto de 2011 também foi realizada, utilizando-se, para tanto, técnicas de
econometria de séries temporais, como teste de regressão linear e análise de erros
auto-regressivos de primeira ordem. Foram utilizados dados de expectativa de
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inflação da pesquisa Focus e do IPEADATA9. A Equação de Fisher será
reapresentada por uma regressão do tipo:
i t =  1 +  2  te1 +e t
em que: i t é a taxa nominal de juros no período t;  te1 é a taxa de inflação esperada
no período t +1;  1 e  2 são os parâmetros; E e t o erro aleatório da regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados sugerem a não-existência do Efeito Fisher no período
analisado, ou seja, a taxa real de juros não foi relativamente uniforme, ceteris
paribus, pois grande parte das equações estimadas utilizando a mediana da
pesquisa Focus apresentou baixa significância estatística, ou porque quando as
estimações caminhavam para a existência do Efeito Fisher, utilizando os dados do
IPEADATA, os modelos possuíam problemas de autocorrelação e normalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um ponto foi destacado: será que os investidores, no momento de planejar
seus investimentos, não dão credibilidade à expectativa de inflação da pesquisa
Focus? Ou a premissa de que as expectativas são racionais é falha? Este trabalho
não pode responder a essas perguntas, devido à maior necessidade de estudos com
os dados da pesquisa Focus. Cabe enfatizar, porém, que há um campo amplo de
pesquisa a ser desenvolvido no Brasil, relacionando juros e inflação.
REFERÊNCIAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL, Sistema Banco Central de Expectativas de
Mercado. Brasília, disponível em: www.bcb.gov.br/expectativa. Acesso em: 10.
Dezembro.2011.
FISHER, IRVING. A Teoria do Juro: determinada pela impaciência de gastar
renda e pela oportunidade de investi-la. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEADATA, Expectativas,
disponível em: www.ipeadata.gov.br. Acesso em: 10. Dezembro.2011.
9
Os dados divulgados pelo IPEADATA também são extraídos da pesquisa Focus (BACEN).
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GT 07
CIÊNCIAS HUMANAS
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ARTIGOS
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PRECONCEITO RACIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Lia Almerinda Nogueira Alves - Graduada em Educação Física.
Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista em
Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
A discriminação racial é um problema social e cultural que atinge até mesmo
crianças em idade escolar. É um problema que, para ser solucionado na escola e
atingir proporções sociais, depende da intervenção educacional de nossos
professores. O presente estudo teve por objetivo verificar a ocorrência de
preconceito racial durante as aulas de Educação Física do 1º ao 9º ano do Ensino
Fundamental. Para tanto, optou-se, pela abordagem qualitativa, com amostra
composta por 10 professores, sendo elaborado e utilizado, como instrumento de
coleta de dados, um questionário semiestruturado. Constatou-se pouca incidência
de preconceito racial nas aulas de educação física e que há preocupação do
professor em realizar intervenções de forma adequada. Pode-se concluir que há
necessidade de reflexão, culminando em medidas mais eficazes para prevenção e
coibição desse preconceito.
PALAVRAS-CHAVE: preconceito racial, intervenção, educação física escolar.
INTRODUÇÃO
A sociedade brasileira caracteriza-se por uma pluralidade étnica, produto de
um processo histórico que inseriu num mesmo cenário três grupos distintos:
portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato favoreceu o
intercurso dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente
miscigenado, multifacetado, ou seja, uma unicidade marcada pelo antagonismo e
pela imprevisibilidade (MENEZES, 2002).
No entanto, o intercurso cultural descrito acima desencadeou alguns
desencontros. As diferenças se acentuaram levando à formação de uma hierarquia
de classes que deixava evidentes à distância e o prestígio social entre os
colonizadores e colonos. Os índios e, em especial, os negros permaneceram em
situação de desigualdade, situando-se na marginalidade e na exclusão social, sendo
esta última compreendida por uma relação assimétrica em múltiplas dimensões –
econômica cultural e política. Sem a assistência devida dos órgãos responsáveis, os
sujeitos tornam-se alheios ao exercício da cidadania (MENEZES, 2002).
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Assim, desde os primórdios da colonização brasileira, existe a prática do
preconceito racial, sobretudo a discriminação contra negros. Atualmente percebemse várias atitudes de governos, sociedade, organizações não governamentais e
instituições condenando a prática do preconceito, que é notada em diversas
instâncias (SANTOS 2005).
Para Santos (2005), a palavra preconceito tem como significado uma opinião
ou um conceito formado por antecipação, geralmente com precipitação, destituído
de análise mais profunda ou conhecimento de determinado assunto, sem levar em
consideração suficientes argumentos contrários e favoráveis, sem devido cotejo
entre múltiplos aspectos que incidem sobre os fatos, e, por conseguinte, sem a
suficiente e necessária reflexão.
O preconceito constitui-se em um grave problema da atualidade, existente em
toda a sociedade, de modo geral, e principalmente na escola, sendo observado nas
aulas de Educação Física. Ele está presente em várias situações do dia a dia, como:
o preconceito contra as mulheres, os homossexuais, outra religião, a nacionalidade,
a classe social, entre outros; e um dos que mais perturbam, principalmente no Brasil,
“seria contra a cor, denominado racismo, relacionado com as raças, inclusive o
negro” (LIMA, 2008, p.23).
No que se refere à escola, trata-se de um local cuja finalidade consiste em
fazer a criança aprender, ser educada. Entretanto, essa aprendizagem não deve se
restringir apenas aos livros: são importante que sejam formados cidadãos e seres
humanos melhores, mais conscientes, mais tolerantes, desde a infância. Assim,
pode-se esperar uma sociedade melhor no presente e no futuro, consciente de que
a correta intervenção do professor é fundamental na tentativa de humanizar essas
relações.
Considerando-se que a manifestação de práticas discriminatórias raciais no
ambiente escolar pode levar o indivíduo discriminado a sofrer consequências
marcantes para o resto de sua vida, fazendo com que ele se torne um ser humano
frustrado e à margem da sociedade, foi objetivo deste estudo verificar a ocorrência
de preconceito racial durante as aulas de Educação Física do 1º ao 9º ano do
Ensino Fundamental. Mais especificamente, pretendeu-se compreender a conduta
dos professores diante do preconceito; identificar se os professores se sentem
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preparados e de que formas de intervenção se utilizam no enfrentamento dessa
situação.
Este estudo não tem intenção de ser taxativo e fiscalizador, mas de contribuir
para a compreensão da questão de preconceito racial nas aulas de educação física
no ensino fundamental.
METODOLOGIA
Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível
da realidade que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e
técnicas estatísticas. De acordo com Thomas ET al. (2007), a pesquisa qualitativa, é
uma abordagem bastante subjetiva, natural, flexível, tendo o pesquisador como seu
principal instrumento. Seus principais objetivos são a descrição, a compreensão e o
significado, buscando desenvolver hipóteses a partir de observações.
A amostra foi composta por 10 professores de Educação Física, sendo 2 do
sexo feminino e 8 do sexo masculino, com faixa etária entre 25 e 40 anos (média de
idade: 26,5 anos), que atuam no Ensino Fundamental, de duas escolas públicas e
duas escolas privadas de Visconde do Rio Branco, localizada no interior da Zona da
Mata Mineira.
O número de escolas e professores que atuam em cada uma pode ser
visualizado no Quadro 1.
Quadro 1 – Caracterização da amostra
Escola
Nº
Nº de professores
Sexo
Escolas públicas
2
8
Masculino
Escolas privadas
2
2
Feminino
Fonte: dados da pesquisa
Com o objetivo de verificar a ocorrência de preconceito racial durante as aulas
de Educação Física do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, foi elaborado e
utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado
contendo oito questões, no qual os professores puderam marcar mais de uma
opção.
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O questionário semiestruturado é, de acordo com Gil (1999), “uma técnica de
investigação onde os indivíduos podem expressar-se através de questões abertas e
fechadas, sendo possível conhecer suas as opiniões, valores, crenças, situações
vivenciadas, sentimentos, expectativas, dentre outros”.
Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais
teóricos sobre discriminação racial, enfocando o contexto escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Categoria 1 – Preconceito racial nas aulas de Educação Física
Nesta categoria, procurou-se investigar a ocorrência de discriminação racial
durante as aulas de Educação Física das escolas públicas e privadas.
Para 60% dos professores entrevistados, as manifestações de racismo em
suas aulas raramente acontecem, enquanto os demais 40% afirmam que nunca
ocorreu qualquer manifestação durante sua aula.
Divergindo dos resultados encontrados, Bozi et al, (2008) afirmam que “é na
Educação Física escolar que o preconceito é abordado de forma mais clara,
sobretudo no que diz respeito às questões do contato físico proporcionado pelas
atividades práticas em conjunto”.
Isso pode ser constatado diante dos resultados obtidos com a indagação sobre
o tipo de agressão percebida ou presenciada em aula. A maioria (58%) afirmou ter
presenciado agressão verbal (58%); os demais se dividiram entre agressão física
(17%); atitudes indiferentes com o colega (17%); e outros (8%); estes marcaram a
opção e não justificaram.
A partir da realidade encontrada na escola, onde a agressão verbal, a agressão
física e indiferença são percebidas (estas em menor proporção), os professores
precisam estar atentos às considerações de Scopel e Gomes (2006), no sentido de
que os motivos de agressão, aparentemente banais, muitas vezes ocorrem nas
aulas, devido à falta de uma formação educacional adequada. É necessário que o
professor intervenha educando diante de comentários do tipo “neguinho” ou outros
apelidos, pois a educação modifica a existência e o comportamento individual
construindo uma sociedade mais justa
Em concordância com os resultados obtidos PACHECO (2007) afirma que os
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professores percebem que as agressões verbais são a forma de discriminação mais
comum, uma vez que os alunos entendem que agredir fisicamente um colega lhe
trará consequências mais sérias.
Para Lopes (2006), o preconceito racial no Brasil opera fundamentalmente em
três dimensões: a moral, a intelectual e a estética. Esse preconceito é reforçado
através de atribuições, piadas e brincadeiras e fundamenta-se na ideia de que o
negro é inferior na escala humana.
As justificativas apresentadas pelos professores para as agressões, que vão
desde motivos banais (46%) e falta respeito mútuo (38%), até, em menor escala, o
fato de os alunos não saberem resolver as diferenças com conversa (8%). Para os
demais educadores (8%), o incentivo ao racismo vem da própria família.
Tais resultados apontam para o fato de não existir preconceito latente nas
aulas de educação Física. Entretanto, cabe ao professor prestar atenção a
incidentes "aparentemente sem importância”. É importante que os educadores
tratem os incidentes no momento em que eles ocorrem, para que os alunos reflitam
naquele momento. Motivos aparentemente banais podem ser significativos para
aquele que recebeu a agressão, por isso não devem ser desconsiderados pelo
professor (PACHECO, 2007, p.24).
Categoria 2 - Conduta do professor diante atitudes discriminatórias
Esta categoria discute a postura do professor diante da percepção de atitudes
discriminatórias por parte de seus alunos.
Quando questionados sobre sua atitude ao se deparar com alguma situação
de discriminação racial em sua aula, 80% dos professores admitiram interferir
sempre; os demais alegaram que sua interferência ocorre “às vezes”, por
considerarem que raramente a discriminação racial ocorre em suas aulas.
As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor
visibilidade e compreensão, no Quadro 2.
Quadro 2: Justificativas apresentadas pelos professores
Justificativas
dos
que
responderam que “sempre
interferem”
Justificativa
Frequência
responderam
dos
que
vezes interferem”
que
“às
Frequência
Não
justificam
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 “Procuro mostrar aos
1
alunos seu erro.”
 “Muito raramente
1
6
1
6
acontece a discriminação
racial.”
 “Mostro que todos são
1
iguais.”
1
 “O respeito deve
prevalecer sempre.”
Total
3
Fonte: Dados da pesquisa
Embora na categoria anterior os professores tivessem afirmado que raramente
ou nunca ocorrem situações discriminatórias, por inferência pode-se considerar que
eles comentam atitudes que teriam mediante situações preconceituosas.
Assim, através das justificativas apresentadas, pode-se perceber que os
professores têm consciência de que é sua função mostrar aos alunos a igualdade
entre eles ou apontar seus erros quando não respeitam o colega. Nesse sentido, de
acordo com Scopel e Gomes (2006), a superação do preconceito na sociedade está
ligada à formação, à instrução e aos conceitos de cidadania que o professor passa
ao aluno. Entretanto, além da atitude de interferir, é necessário ter habilidade para
realizar essa interferência. Complementando, Machado (2002) diz que saber educar,
ensinar o respeito aos colegas é importante até mesmo na formação do individuo.
Quando questionados quanto ao tipo de intervenção, constatou-se que 59%
dos professores alegam ensinar o respeito às diferenças, enquanto 25% admitem
debater o tema com seus alunos. Os demais (16%) dividem-se igualmente entre os
que se preocupam em promover jogos e brincadeiras durante as aulas para
socializar alunos brancos e negros e os que recorrem a outras maneiras de tratar o
assunto. Ressalta-se que os professores marcaram a opção “outros” não justificaram
sua resposta.
Tais intervenções são importantes, já que o professor, de acordo com Pacheco
(2007), nunca deve se omitir frente às manifestações de discriminação e exclusão
que possam ocorrer em aulas, mas sim, planejar ações para eliminar o preconceito.
Em relação a atitudes dos professores para prevenirem/coibirem atitudes
discriminatórias, verificou-se que 80% dos professores trabalham a igualdade racial
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através de recreação em suas aulas, enquanto os demais utilizam outras maneiras
de coibir atitudes racistas. Destes, 10% alegaram fazê-lo através de diálogos e os
outros 10% não especificaram o tipo de interferência.
Ratificando os resultados obtidos, Castro (2010), em seus estudos, afirma que
para combater atitudes racistas é preciso dialogar e cabe aos professores
considerarem que uma forma coerente para promover esse diálogo entre as
crianças é através de brincadeiras, “uma vez que assim entramos em seu mundo e
falamos sua linguagem”.
Embora os professores não explicitem outras formas de coibir atitudes
discriminatórias, na opinião de Scopel e Gomes (2006), isso pode ser feito através
da oportunidade de o aluno conhecer, experimentar e analisar diversos valores,
tendo a liberdade de escolher valores para si.
Categoria 3 - Contribuição dos conhecimentos acadêmicos para intervir em
situações discriminatórias
Nesta categoria buscou-se identificar se os professores se sentem preparados
para a intervenção em atitudes discriminatórias durante as suas aulas.
Ao se indagar sobre as disciplinas cursadas que abordou o tema discriminação
racial durante a graduação, 50% afirmaram que em sua graduação a minoria das
disciplinas os preparou para atuarem em situações discriminatórias. Os demais se
dividiram entre os que relatam não ter sido preparados em nenhuma disciplina
(20%), os que afirmam que todas as disciplinas os prepararam (10%), e os que
admitiram que a maioria das disciplinas os preparou para trabalharem com questões
relacionadas à discriminação racial (20%).
É importante ressaltar que uma pequena porcentagem da amostra (10%) teve
a oportunidade de abordar o preconceito racial em todas as disciplinas da
graduação. Esse resultado confirma a opinião de Cavalleiro (2010) ao afirmar que
durante a graduação é insuficiente o conhecimento que os profissionais da
educação têm sobre o racismo e suas consequências. Na análise de Machado
(2002), não há progresso na erradicação do preconceito escolar, devido à falta ou
pouca formação dos educadores. Assim, a necessidade de informar esses
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educadores é notória, pois só assim os alunos também receberão formação
adequada.
Em relação a situações diversas em que os professores tiveram formação
profissional e conhecimento sobre a discriminação racial, verificou-se que 42% dos
entrevistados participaram de palestras a respeito do assunto, 33% tiveram interesse
em fazer cursos de extensão sobre o tema, 8% tiveram em sua pós-graduação o
assunto abordado e 17% tiveram contato com a questão em outras situações (estes
não especificaram quais situações foram).
Embora não se possa avaliar em que grau essas formações (palestras,
cursos de extensão, cursos de pós-graduação) tenham contribuído para o saber
docente sobre preconceito racial, Scopel e Gomes (2006) comentam ser
imprescindível o conhecimento de questões relacionadas a esse tema para tratar
com mais propriedade o assunto.
Os estudos de Sant’Ana (2005) confirmam os dados encontrados no presente
trabalho, ao afirmar que muitos professores de Educação Física não receberam,
durante sua formação, qualquer tipo de orientação pedagógica sobre racismo. O
autor acrescenta que surge, então, a importância de procurar, após a conclusão da
graduação, mais informações e conhecimento sobre o assunto. Essa busca pode ser
constatada através das respostas dos docentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discriminação racial é um problema ainda existente em nossa sociedade.
Acredita-se que, socialmente, o negro e sua cultura ainda sejam vistos como menos
importantes que os brancos, apesar das conquistas e espaços já obtidos por eles,
mas ainda há muito a se fazer; e o lugar mais adequado é a escola, com a
intervenção de seus educadores.
O presente estudo constatou pouca incidência de preconceito racial nas aulas
de educação física e a preocupação do professor em realizar intervenções de forma
adequada.
É importante ressaltar que os professores apontaram o comportamento que
teriam caso houvessem presenciado situações preconceituosas e a necessidade de
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formação inicial e continuada sobre medidas eficazes para prevenção e coibição de
práticas preconceituosas no âmbito escolar.
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preconceito.
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MENEZES, Waléria. O preconceito racial e suas repercussões na instituição
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PACHECO, Thiago. Preconceito racial nas aulas de educação física. Ubá- MG:
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Governador Ozanam Coelho, Ubá, MG, 2007.
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SANTOS, Isabel Aparecida. A responsabilidade da escola na eliminação do
preconceito racial: alguns caminhos. In: CAVALLEIRO, Eliane. (Org.). Racismo e
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SCOPEL, Delza Tonele; GOMES Mercedes Silverio. O papel da escola na
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TRAJETÓRIAS DE TUTORES PRESENCIAIS PARA ATUAREM NA EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA
Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista
em Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho objetiva analisar a trajetória e a história de vida que levam as
pessoas à função de tutor; compreender quais os condicionantes que interferem
nesta escolha e investigar como se identificam enquanto tutores. Os relatos de suas
trajetórias até se tornarem tutores envolveram um trabalho de memória, construindo
narrativas. Desta forma, foram identificados elementos que dizem muito a respeito
do tutor, são eles: inserção no trabalho com Educação a Distância, o lugar de
fronteira professor/tutor, os caminhos e anseios por ser professor universitário. As
experiências, ao serem contadas, possibilitaram entendimento sobre o ser tutor num
curso de modalidade a distância. As histórias de vida ajudaram a entender os
tutores, seus anseios, valores, ações e identidade. Então, pensar na história de cada
tutor convoca a articular processos objetivos e subjetivos de suas trajetórias de vida,
bem como de suas opções para um caminho e não para outro, em determinado
momento, mas as histórias se entrelaçam no significado que cada um atribui à
educação e sua identificação enquanto profissionais da área.
PALAVRAS-CHAVE: Tutor, memórias, narrativas, educação à distância.
INTRODUÇÃO
O surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação deu
impulso à Educação a Distância10 (EaD), fazendo aparecer, através da internet,
formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento.
Altera-se, pois, as formas de relacionamento humano em que o diálogo,
enquanto mediação interativa de construção do conhecimento proporciona o
processo educacional em uma perspectiva de compreensão da necessidade da
condição humana para interagir, intercambiar saberes, repensar valores, refletir
conceitos, reformular visões de mundo.
10
A educação é um processo pedagógico constituído por docência e discência, isto é, ensino e
aprendizagem (ou ensino-aprendizagem). A importância de trazer à tona essa compreensão de
educação está no nosso desconforto da utilização, no âmbito da educação a distância, dos termos
ensino ou aprendizagem a distância. Consideramos inadequado o emprego de ensino a distância ou
aprendizagem a distância, pois ignora a imprescindível junção do ensinar com o aprender. Somente a
terminologia educação abarcaria essa concepção (MILL, 2006).
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Com o desenvolvimento da EaD, surgem novas figuras profissionais, de
diferentes áreas do conhecimento, atuando como tutor. Entre as denominações a ele
atribuídas percebemos tutor virtual, tutor eletrônico, tutor presencial11, tutor de sala
de aula, tutor local. O que caracteriza este trabalhador é sua função de acompanhar
os alunos no processo de aprendizagem, que se dá, na verdade, pela intensa
mediação tecnológica (MILL et al., 2008).
Neste contexto, torna-se instigante a questão da inserção de diferentes
profissionais na Educação a Distância, discutindo os motivos de escolha pela tutoria.
Assim objetivou-se analisar a trajetória e a história de vida que levam as pessoas a
função de tutor; compreender quais os condicionantes que interferem nesta escolha
e investigar como se identificam enquanto tutores.
Os relatos de suas trajetórias até se tornarem tutores, envolveram um trabalho
de memória, construindo narrativas. Estas, de acordo com Bertaux (2010),
possibilita-nos compreender melhor o que se passa no interior desse processo,
trazendo dados sobre fenômenos inacessíveis por meio de outras técnicas.
OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Trata-se de um estudo baseado nos pressupostos da história oral e das
narrativas de vida. A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em
realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre
acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da
história contemporânea, exigindo respeito pelo outro:
O trabalho história oral exige do pesquisador um elevado respeito pelo
outro, por suas opiniões, atitudes e posições, por sua visão do mundo
enfim. É essa visão do mundo que norteia seu depoimento e que imprime
significados aos fatos e acontecimentos narrados. Ela é individual, particular
àquele depoente, mas constitui também elemento indispensável para a
compreensão da história de seu grupo social, sua geração, seu país e da
humanidade como um todo, se considerarmos que há universais nas
diferenças (ALBERTI, 2004, p. 24).
11
Os tutores podem ser divididos em duas categorias tutoria presencial, composta pelo grupo de
profissionais que acompanha os alunos presencialmente, com encontros frequentes ou esporádicos;
e tutoria virtual ou tutoria a distância, dedicada ao acompanhamento dos educandos virtualmente (a
distância), por meio de tecnologias de informação e comunicação (MILL, 2008).
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Em seus estudos, Bertaux (2010) complementa que esse respeito faz-se
mediante a relação dialógica entre o pesquisador e o sujeito pesquisado através das
narrativas de vida.
Segundo Jovchelovitch e Bauer (2002, p. 98), é por meio da narrativa que as
pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experiência em uma sequência,
encontram possíveis implicações para isso e jogam com a cadeia de acontecimentos
que constroem a vida individual e social.
Alarcão (2004, p.9), comenta sobre o ato de narrar como revelador do sentido
da vida, onde ela se refere que “ao ato de narrar subjaz uma atitude e uma
capacidade de observar e interpretar fenômenos e acontecimentos inseridos nos
contextos da sua ocorrência e nas relações espaciais e temporais”.
Narrar uma memória não é uma tarefa mecânica. Para Lima (1995, p.72) "o
momento presente não pode ser considerado como um momento original, mas como
reconstrução permanente de tudo aquilo que vivemos e aprendemos no decurso de
nossas vidas".
Josso (2004, p.60) comenta que “a narrativa é centrada na formação e nas
aprendizagens do seu autor, orientada por um processo de reflexão para
compreender o percurso da sua formação”.
Já a memória apóia-se sobre o “passado vivido”, o qual permite a constituição
de uma narrativa sobre o passado do sujeito de forma viva e natural, mais do que
sobre o “passado apreendido pela história escrita” (HALBWACHS, 2004, p.75).
Neste estudo, a memória é trabalhada, especialmente, como memória
individual, não obstante imbricada às relações vivenciadas – sociais e culturais – e
por elas informada-significada-resignificada, desde que o sujeito, ao rememorar
fatos e situações, lhes imprima significação singular (BOSI, 1994, p. 86).
Tendo estes conceitos como referência, a questão norteadora deste estudo é a
inserção de diferentes profissionais na Educação a Distância discutindo os motivos
que os levaram a atuar como tutores, através da história oral.
Os três entrevistados, sendo os de número 1 e 2 mulheres – ambas Bacharel
em Administração, tutoras dos cursos de Administração e Ciências Contábeis - e
número 3, homem - Bacharel em Ciência da Computação, tutor do curso Tecnólogo
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em Segurança do Trabalho - atuam numa mesma Instituição de Educação a
Distância localizada em Ubá/MG.
A entrevista aconteceu de forma livre e espontânea, seguindo as orientações
de Bertaux (2010), interagindo com os entrevistados. Em prol de organizar e
direcioná-la utilizou-se um roteiro buscando atender e ser coerente com os objetivos
propostos. As questões direcionaram para o tutor narrar sobre como se tornou tutor,
sua escolha, e os marcadores para sua atuação.
Foram seguidas as considerações de Bertaux (2010) sugerindo com uma das
técnicas de analisar narrativas, a análise temática, consistindo em descobrir em
cada narrativa de vida as passagens relativas a algum tema, com o objetivo de
comparar, em seguida, os conteúdos das passagens de uma narrativa para outra.
“É por meio da comparação entre percursos biográficos, que se percebem
recorrências das mesmas situações, das lógicas de ação semelhantes; que
se descobre, através de seus efeitos, um mesmo mecanismo social ou um
mesmo processo” (BERTAUX, 2010, p. 121).
Neste contexto, para o exercício de análise, foram identificados elementos
que dizem muito a respeito do tutor, são eles: inserção no trabalho com Educação a
Distância, o lugar de fronteira professor/tutor, os caminhos e anseios por ser
professor universitário.
Após a transcrição das entrevistas, passou-se à transcrição considerando os
ensinamentos de Bolívar (2002) apud Braúna (2007, p.5) sobre configurar os dados
em uma história que una e dê significado aos mesmos, sem manipular a voz dos
participantes.
TRAJETÓRIAS DOS TUTORES
Para Josso (2004, p.48), “falar das próprias experiências é, de certa maneira,
contar a si mesmo a própria história, as suas qualidades pessoais e socioculturais, o
valor que se atribui ao que é vivido na continuidade temporal de nosso ser”. Neste
processo de formação podemos tecer com fios de memórias de vários tempos,
lugares, falas, fragmentos de escritas, registros, e reflexões.
Ressalta-se que na Educação a Distancia, os atores sociais envolvidos com
os alunos, os tutores, desempenham importante papel na mediação do processo
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ensino-aprendizagem sendo interessante conhecermos as trajetórias que os levaram
a atuar nesta modalidade de ensino.
Os três entrevistados tiveram suas trajetórias marcadas por estudarem em
escolas públicas do ensino fundamental ao médio e participaram do processo
seletivo na Universidade Federal de Viçosa (UFV). A tutora 1 relata que seu desejo
era estudar na UFV, devido a qualidade do curso de Administração e poder
participar das festas tão faladas pelos amigos. Segundo a tutora 2 a UFV é mais
perto de casa e a situação financeira não lhe permitiria ir para mais longe. Já o tutor
3 narrou que gostaria de estudar na UFV pela qualidade do curso de Ciências da
Computação principalmente pela altíssima probabilidade de “sair empregado”.
Como não obtiveram êxito, tiveram por opção não continuar “prestando
vestibular” e estudar na própria cidade, numa Instituição particular (a única que
oferecia, na época, os cursos que desejavam). Importante destacar que os tutores
estudaram na mesma Faculdade, no mesmo período, iniciando o curso em 2003,
finalizando em 2006.
A relação com o ensino fica evidente nas narrativas do entrevistado 3, já que
ele ressaltou vários fatos ocorridos durante sua trajetória acadêmica, onde ensinar
os outros a fazer algo que não sabiam era sua prioridade, destacando ainda ter sido
monitor. Segundo ele, já era indicio de querer atuar na área educacional, embora
estivesse se formando em Ciências da Computação:
“Eu naquela época, por volta de 2004 já fui ser monitor, queria era ter
oportunidade de participar das aulas, ensinar os colegas e aprender
com os professores como dar aula. Eu gosto de ensinar, me faz bem.
Hoje, puxando pela memória tudo que eu fazia, entendo que já era
porque eu queria ser professor”
As narrativas dos entrevistados remetem a Bosi (2003, p. 39), quando afirma
que “na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer”; e a Bertaux
(2010, p. 49) acrescentando que a narrativa de vida é estruturada em torno de uma
sucessão temporal de situações, acontecimentos, ações e projetos e que esta
seqüência constitui a “coluna vertebral” como a linha de uma vida. Entretanto, essa
linha não é assimilável a uma reta ou curva harmoniosa, uma vez que as existências
são “sacudidas por forças coletivas que reorientam seus percursos de maneira
imprevista e geralmente incontrolável”.
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A oportunidade: “Fui convidada para trabalhar como tutora”
Vivemos uma época de globalização, de grande avanço tecnológico e
mudanças significativas de várias dimensões. Tal mudança leva-nos a refletir sobre
os desafios e as novas possibilidades no âmbito do trabalho.
Nas cidades consideradas do “interior” com menor número de habitantes, infraestrutura e distribuição de renda, as oportunidades de trabalho ficam reduzidas, e as
relações interpessoais tendem a se tornar fator importante no auxilio da busca por
emprego.
Percebemos nos relatos dos 3 entrevistados, a evidência de serem convidados
para atuarem como tutores devido a suas relações interpessoais com seus exprofessores e por estes fazerem parte da Instituição mantenedora dos cursos a
distância. Tal fato lhes proporcionou a oportunidade de começarem a atuar como
tutores.
“Eu não participei de nenhuma seleção, minha ex-professora já me
conhecia e me ligou convidando para trabalhar como tutor presencial
na EaD no curso de Tecnólogo em Segurança do Trabalho que seria
oferecido pela Faculdade que estudei.” (Tutor 3)
A tutora 1 narra o convite e sua felicidade pelo desafio.
“A coordenadora dos cursos de Educação a Distância me ligou e eu
fui convidada a trabalhar como tutora. Na hora fiquei com medo e feliz
pelo desafio, porque eu nunca tinha dado aula. Só tinha sido monitora
lá na Faculdade.”
O lugar de fronteira: “Às vezes me sinto professora, mas na verdade não sou”
Na Educação a Distância, os agentes envolvidos nos processos de ensinoaprendizagem percebem suas práticas mediatizadas pelo uso sistêmico de materiais
educativos, reforçados pelos meios de comunicação adequados às suas realidades,
integrados no seu contexto sócio-educativo.
O tutor, um dos atores envolvidos na educação à distância, é segundo Gomes
(2010) ora o individuo que intermedia ações educativas em ambientes virtuais e
ordena as atividades decorrentes desta ação: correção de atividades, intervenções
teóricas e metodológicas em exercícios, atribuição de pontuação a atividades, dentre
outras; ora aquele que concebe o material didático das unidades curriculares. No
presente estudo, os tutores são presenciais.
“Nós tutores não participamos da elaboração de material, utilizamos o que
vem pronto.” (Tutora 2)
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“Eu incentivo os alunos a usarem as ferramentas e as mídias que a
Instituição disponibiliza, mas não ajudo a preparar nada”. (Tutor 3)
Associada a essa aparente semelhança das atribuições e atividades do tutor
em EAD, há também um preconceito, no sentido mesmo de um conceito préestabelecido, sobre tutoria que finaliza, quase que empiricamente e sem
problematizações complexas, em afirmações que concebem o tutor como professor
pela natureza de sua atividade e papel desempenhado no processo de construção
do conhecimento (GOMES, 2010).
Para Freire (1996), ensinar é uma especificidade humana e exige um elenco de
atitudes primordiais dos atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Dentre os saberes necessários às práticas pedagógicas destaca-se que o ensino
exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação.
Neste sentido, só se consegue pensar em educação, e em qualquer
modalidade, se houver concretamente a possibilidade de reconhecimento do novo e
do velho em situação de igualdade e pertinência; disponibilizando-se, primeiramente,
a respeitar suas particularidades.
Na EaD os agentes envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem
percebem suas práticas mediatizadas pelo uso sistêmico de materiais educativos,
reforçados pelos meios de comunicação adequados às suas realidades, integrados
no seu contexto sócio-educativo. Tal fato é relatado pelo tutor 3:
“Os alunos precisam saber usar as ferramentas da EaD, isso é o básico do
dia a dia deles”
Neste estudo, utilizaremos o sentido de construção de identidade citado por
Ciampa (2001), como metamorfose; movimento; processo que se verifica durante
toda a vida da pessoa.
A construção de uma identidade profissional está relacionada, entre outros, aos
saberes dos professores (PIMENTA, 2002, apud BRAÚNA, 2007). Neste contexto,
os
tutores
se
consideram
professores
justamente
por
precisarem
deter
conhecimentos para ensinar aos alunos.
“Eu faço papel de professor, porque para o aluno da EaD o tutor é o
professor. O tutor é a pessoa que ele tem aquele contato direto, físico.
Aquele professor dando aula pra ele na tela é a mesma coisa dele pegar um
DVD e assistir uma aula. Ele não tem aquela aproximação, aquele calor
humano, ele pode postar pergunta? Ele pode postar pergunta, mas pra ele é
como uma máquina que tá respondendo pra ele, não é uma pessoa que
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respondendo pra ele fisicamente, ali, ao vivo. Então o tutor passa pelo papel
de professor, o aluno cobra dele tudo que é cobrado de um professor. Então
ele tem que ter um jogo de cintura grande porque qualquer problema que
ele tem a nível de conteúdo da disciplina, vamos dizer assim, ele tem que ta
postando aquelas perguntas pra equipe do pólo no caso da sede pra tarem
respondendo aquilo pros alunos”.(Tutor 3).
“Eu tento fazer o papel de professora e me considero assim. Os
conhecimentos específicos da área de Tecnólogo tudo é novo, mas eu
estudo. Agora também sou tutora no curso que formei, Administração, e
neste me sinto uma professora”. (Tutora 2).
Ciampa (2001, p.72) afirma que “é do contexto histórico e social em que o
homem vive que decorrem suas determinações e, consequentemente, emergem as
possibilidades ou impossibilidades, os modos e as alternativas de identidade”, o que
dá ritmo aos movimentos de construção da própria história e, também, do processo
de formação profissional, contemplando em larga escala um preparo qualificado
deste sujeito em formação, consequência da reflexividade adquirida com este
processo que remexe com as memórias, essenciais para a legitimidade e
continuidade desta trajetória nem sempre linear.
“Apesar de estudar e ajudar meus os alunos, não me considero professora,
eu poderia ate ser uma professora, mas a Instituição não me permite isso.
porque pelo regimento da Faculdade eu não posso ir lá pra frente explicar
matéria pros alunos. Somos proibidos de fazer isso... não vou falar que não
faço, porque senão não fica um aluno dentro da sala de aula, eu faço isso
por eles. Preciso estudar muito para ajudá-los e ensino tudo que eu sei. Ah!
Às vezes me considero professora, mas na verdade não sou” (Tutora 1)
E, neste lugar de fronteira, os tutores comentam sobre os alunos e consideram
que “o lugar do aluno” é aquele que permite o entendimento, o acesso e a
permanência às demandas educacionais e profissionais contemporâneas; que
afirma e legitima sua identidade cultural e social, que o reconhece como ser singular
e independente, respeitando suas particularidades.
“Embora o material seja fixo eu respeito o tempo de cada um e sempre que
posso falo que eles precisam se adaptar para cumprir os prazos das
atividades das aulas e que no ensino moderno, no caso a distância é
assim.” (Tutora 1).
“Eu to sempre falando com os meus alunos para se atualizarem (...). O
importante é acompanhar as transformações tecnológicas e ser um aluno
que use todas as ferramentas do sistema a seu favor, porque o mercado de
trabalho vai exigir isso dele também.” (Tutor 3)
O caminho para a docência: “Ser tutora é uma oportunidade de ser professora
aqui na Faculdade”
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A identidade construída junto ao contexto em que se está inserida pode ser
gerida sob a perspectiva de Ciampa (2001), já citada anteriormente, compreendendo
o processo de Identidade, como movimento e metamorfose. Para o referido autor, é
do contexto sócio-histórico, vivido pelos homens que provém as possibilidades ou
impossibilidades, bem como as alternativas e os modos de identidade, em
movimentos, construtores da própria história e do processo de formação profissional.
Estar em formação implica investimento pessoal sobre os percursos e, também
sobre os próprios projetos, quando é possível fabricar os próprios modos de viver,
em que os limites, também, suscitam possibilidades (HOSSEIN e ABRAHÃO, 2010).
Para as tutoras, sua função lhes proporcionará alcançar seu objetivo maior: o
da docência na Instituição e por consequência realização profissional.
“Ser tutora é uma oportunidade de ser professora aqui na Faculdade, que é
o meu desejo maior. Não penso em deixar de ser tutora, porque eu gosto,
mas para me sentir realizada, uma professora mesmo é só dando aula em
algum curso aqui.” (Tutora 1)
“Eu quero é ser professora aqui. Esse é meu projeto, ser professora e
superar tudo que precisar para atingir esse objetivo.” (Tutora 2)
Entretanto, o tutor alcançou seu objetivo. É professor na Instituição, mas
destaca seu investimento, dedicação e estudo:
“Eu consegui o que queria, virei professor. Desde 2008 que eu dou aula de
Introdução a Computação. Como eu já era tutor, depois que terminei minha
Pós-Graduação na UFV me chamaram para dar aula”
Moita (1995, p.139) afirma que a profissão pode ser para cada pessoa, “um
projeto que integra um projeto mais vasto”, e que assim o vivido pode ser
extremamente mobilizador, desta forma:
Identidade pessoal/identidade profissional é uma grande variedade de
relações que se estabelecem. Há nessas relações uma atividade de
autocriação e de transformação vividas entre a tensão e a harmonia, à
distância e a proximidade, a integração e a desintegração. A pessoa é o
elemento central, procurando a unificação possível e sendo atravessada por
múltiplas contradições e ambiguidades (MOITA, 1995, p.139).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As experiências, ao serem contadas, possibilitaram entendimento sobre o ser
tutor num curso de modalidade a distância. As histórias de vida ajudaram a entender
os tutores, seus anseios, valores, ações e identidade.
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Tal fato, só foi possível porque estes profissionais compartilharam suas
memórias através de narrativas e onde foram, através da correlação com o tempo,
articulando passado, presente e futuro, no exercício significativo de mencionar o
vivido.
Neste sentido, pensar na história de cada tutor convoca a articular processos
objetivos e subjetivos de suas trajetórias de vida, bem como de suas opções para
um caminho e não para outro, em determinado momento, mas as histórias se
entrelaçam no significado que cada um atribui à educação e sua identificação
enquanto profissionais da área.
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GOMES, Ednaldo Farias. Perfil e identidade do tutor em cursos na modalidade a
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AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DE
UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA
MINEIRA– MG
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Giselle Vieira Pereira e Carmelita Santana Bueno – Licenciadas em Educação
Física. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e
MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O objetivo desse estudo foi compreender a ação docente de professores de
Educação Física Escolar de escola pública estadual de uma cidade da Zona da
Mata Mineira. Essa pesquisa foi realizada numa escola pública estadual de uma
cidade localizada na Zona da Mata Mineira. Os sujeitos da pesquisa foram 2
profissionais de Educação Física que atuam tanto na docência, ministrando aulas
para o ensino fundamental, como também na área de fitness, trabalhando em
academias. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que foi realizada através de
entrevista estruturada e observação participante com esses professores. Os
resultados dessa pesquisa nos permitem afirmar que a cada ano a obra de Medina
(2001) vem nos convencendo de forma contundente que os profissionais precisam
entender que a Educação Física se encontra em crise para que revejam seus
conceitos, já que a crise traz à tona todas as anomalias que perturbam uma
instituição. Porém, as instituições não mudarão se as pessoas que as constituem
não mudarem.
PALAVRAS-CHAVE: ação docente; professores de Educação Física; perfil
profissional.
INTRODUÇÃO
A maneira que a Educação Física escolar tem sido trabalhada nas escolas
nos despertou o interesse de pesquisar essa temática. O problema em questão
enfoca a situação da ação docente dos professores de Educação Física Escolar,
principalmente, em relação ao processo de ensino e aprendizagem e, subjacente a
ele a metodologia utilizada pelos profissionais que trabalham com essa disciplina.
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Segundo Medina (2006), no caso da Educação Física brasileira, ela não tem
sido
capaz
de
justificar
a
si
mesma,
quer
como
disciplina
formal
e
predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos de
desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta
competição ou de rendimento.
Nesse sentido, Cardoso (2006) destaca que a aula de Educação Física sofre
da “síndrome de rotinas esportivas”. Para que se possam desvendar esses
problemas centrais do ensino, é necessário revisar alguns pontos críticos da
literatura e, em seguida, entrar nos passos de análise interpretativa. A esse
respeito, Medina (2006) coloca que isso se deve preponderantemente à falta de
disposição crítica que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento,
notadamente os seus profissionais.
Pouco se tem sobre o significado de uma cultura de corpo que fundamente a
Educação Física, propiciando, por parte de seus profissionais, uma atuação coletiva
mais comprometida com um real estado de bem-estar físico, mental e social de
toda a comunidade nacional, e não apenas da parcela privilegiada representante de
uma minoria.
Diante do exposto, questiona-se: como é a ação docente de professores de
Educação Física Escolar de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona
da Mata Mineira - MG?
Assim, o objetivo desse estudo foi compreender a ação docente de
professores de Educação Física Escolar de escola pública estadual de uma cidade
da Zona da Mata Mineira.
Com a realização desta investigação, pretendemos contribuir a ampliação da
produção de um conhecimento que vise à re-significação da identidade profissional
do professor de Educação Física, bem como o lugar desta disciplina no currículo
escolar. Além disso, pode apontar caminhos que subsidiem o professor na
transformação da docência.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Cardoso (2006) sempre quando nos referimos à Educação Física
cada pessoa tem certa concepção de aula dessa disciplina. Adquirimos esse
conhecimento durante o tempo escolar, os anos de formação profissional e nos
cursos
de
graduação
universitária.
No
entanto,
isso
não
quer
dizer
necessariamente que as concepções e crenças apreendidas por aquele sujeito que
está se constituindo profissionalmente seja necessariamente a sua forma de
conduzir as aulas na escola. Sobre isso, Mattos e Neira (2000) destacam que esse
profissional adquire considerável bagagem de conhecimento durante a sua
formação e que o empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o ao não
resgate do que aprendeu, ao esquecimento, à subutilização de seu potencial e a
formação profissional, isto é, a inutilização de suas capacidades e habilidades.
Uma ajuda para a mudança dessa realidade pode estar na etapa de
preparação do professor de Educação Física. Essa etapa permite o contato direto
com a comunidade e seus problemas, suas contradições e suas necessidades
emergentes de mudança. Essas atividades podem acontecer em escolas, através
do agir pedagógico de uma prática docente, a saber: (I) aplicando conhecimentos,
(II) formando atitudes críticas e (III) desenvolvendo habilidades necessárias para
essa prática (CARDOSO, 2006).
Segundo Pires (2005) um dos eixos norteadores dos currículos acadêmicos
é o programa de formação em serviço de professores de Educação Física, que
deve estabelecer como meta a capacitação para reflexões que tematizem e
anunciem possibilidades de intervenção pedagógicas em diferentes espaços
institucionais. Tamanha abrangência ressalta como pressupostos o reconhecimento
de que somos, antes de tudo, profissionais-educadores e, como destaca Marques
(1992, p.19) cabe a cada um e ao mesmo tempo ao coletivo “responsabilizar-se
pelo compromisso social solidário que o identifica na profissão da docência”.
Aqui, defendemos que a formação inicial e continuada do licenciado em
Educação Física assuma como responsabilidade social a preparação profissional
direcionada, prioritariamente, para atuação na educação básica, em seus três
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níveis de ensino, reconhecendo a escola como locus de atenção, estudo e
intervenção.
Segundo Galvão (2002) citado por Arantes e Magalhães (2009) o docente
qualificado deve conhecer a dimensão e o alcance do seu saber, conhece as suas
implicações e o rumo que o mesmo pode tomar. Conhecendo-se, pode estabelecer
contato com os demais e, com alguma certeza, ensinar e aprender de maneira
dialética.
Diante disso, torna-se pertinente apresentar o conceito de desenvolvimento
profissional. Segundo García (1997) esse conceito de rompe com a mera
justaposição dos elementos componentes da tradicional formação de professor:
formação inicial – através de conhecimentos acadêmicos – e formação em serviço
ou continuada – através de cursos de aperfeiçoamento e capacitação docente.
Nesse caso, a graduação é apenas o primeiro nível de desenvolvimento profissional,
cujas dimensões técnicas, culturais e pessoais se entrelaçam dialeticamente,
provocando
continuidades
e
rupturas
entre
os
níveis.
Dessa
forma,
o
desenvolvimento profissional refere-se à capacidade do educador em articular os
seus conhecimentos teóricos, levando em consideração as suas experiências
profissionais e pessoais.
Para Cardoso (2006) a aula é assunto para análise porque é concreta e
objetiva. Embora o homem tenha tornado esse fato “artificial”, ele serve para
oferecer a sistematização do conhecimento. Na Educação Física não é mais
possível somente analisar os aspectos físicos e o comportamento dos alunos. É
necessário analisar as situações de interação social.
O processo de entendimento e da compreensão entre os participantes da
aula tem tomado proporções do mais alto nível. No entanto, não é só o processo de
comunicação que é decisivo para entender a aula. A comunicação se dá através de
um símbolo mediador. Esse símbolo possui vários significados e torna-se
compreensível através da comunicação. Por isso, a aula de Educação Física possui
muitos símbolos, como a bola, a trave, a rede, os adversários, o árbitro, o goleiro e
a equipe. Cada um deles forma uma categoria de símbolos comunicativos
(CARDOSO, 2006).
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Ao tratar dos aspectos relacionados à aula, é fundamental finalizarmos
abordando também o conceito de docência e didática. Segundo Cimini e Machado
(2008) a docência representa a ação estruturada do que se relaciona ao ato de
ensinar, tendo a participação e contribuição, tanto do professor como do aluno. E a
didática, segundo elas, refere-se à prática de ensinar, ou seja, a metodologia
utilizada pelo professor para que o aluno alcance a compreensão do que está
sendo ensinado.
É exatamente o exercício dessa docência e a apropriação dos aspectos
didáticos adequados e o conhecimento que profissional agrega desde o seu
processo de formação acadêmico que são instrumentos fundamentais a fim de que
ele ministre aulas de qualidade e vá avançando no seu desenvolvimento
profissional.
METODOLOGIA
Essa pesquisa foi realizada numa escola pública estadual de uma cidade
localizada na Zona da Mata Mineira. Os sujeitos da pesquisa foram 2 profissionais
de Educação Física que atuam tanto na docência, ministrando aulas para o ensino
fundamental, como também na área de fitness, trabalhando em academias.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que foi realizada através de entrevista
estruturada e observação participante com esses professores no ano de 2011.
Essa abordagem de pesquisa inaugura a possibilidade de alterar a forma de
conceber e interpretar os fenômenos humanos e de se construir uma teoria para
além do conhecimento objetivo da verdade, já que a investigação qualitativa:
ao invés de procurar a formulação de leis causais que permitem o controle
do fenômeno social, procura-se compreendê-lo através de processos em
que seus participantes se envolvem e nos quais, por sua própria agência, 12
constroem seus pontos de vista (MONTEIRO,1998, p.08).
A entrevista de cada um dos professores foi transcrita e as quatro observações
participantes das aulas deles (duas de cada um) organizadas em forma de nota
Segundo Monteiro (1998), a palavra agência refere-se a agência humana, isto é, à plena
participação da pessoa na articulação das relações sociais com quais seu universo social e
cultural se estrutura.
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de campo expandida. Aos professores foram explicados os objetivos da pesquisa
como também seus riscos e desafios, e o início da investigação só se deu após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Para organização dos dados utilizamos o programa de computador Word, versão
2007, o que possibilitou a recuperação dos dados nos momentos necessários. De
posse dos dados eles foram codificados e a partir da triangulação emergiram as
categorias de análises da investigação, apresentadas no próximo tópico.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS
Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Débora e
Marcos, representados por nomes fictícios para resguardar suas identidades. O
tempo de formação e atuação de Débora é de 7 anos. Ela trabalha com Ensino
Fundamental no período matutino e vespertino e no período noturno atua em
academia, que inclusive é de sua propriedade. O tempo de formação e atuação de
Marcos é de 4 anos, atuando também com ensino fundamental. No distrito trabalha
no período matutino e na sede do município no vespertino. Nas horas em que não
está na escola também atua na academia.
Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos o que os levou a
optar pelo curso de Educação Física? Ambos responderam que foi pela prática
esportiva no período escolar e a frequência em academias. Sobre as aulas de
Educação Física deles, perguntamos como são realizadas. Débora afirmou que
ministra uma aula prática e outra teórica. A respeito do conteúdo, a professora disse
que trabalha esportes, saúde e que tenta adaptar as aulas práticas ao que estudam
dentro de sala.
Sobre esta questão Medina (2006) ressalta que a prática torna-se vazia se
não for acompanhada por uma teoria que lhe dê suporte, assim também a teoria
sem a prática não constitui a práxis, fundamental ao processo de ensino e
aprendizagem. Isso não quer dizer necessariamente que o profissional de Educação
Física para trabalhar teoria tenha que separar aulas dentro da sala, inclusive com
utilização do quadro, e aulas práticas na quadra. Para planejar suas aulas precisa
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agir com o bom senso, pois na ânsia de provar a parte teórica e a prática de sua
aula pode acabar ocasionando uma dicotomia entre as duas.
No entanto, apesar das afirmações de Débora, durante as observações das
aulas evidenciou-se que o que ela disse na entrevista não foi exatamente ao
encontro do que realizou em suas aulas práticas. Conforme destaca Gil (1991, p.57)
pode existir uma “diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas
dizem a esse respeito”. No caso de Débora, na sala de aula ela ministrava um
conteúdo e nas aulas práticas deixava os alunos fazerem o que queriam.
Nesse sentido, a professora havia falado que estava trabalhando atletismo na
teoria, mas na aula prática vimos que os alunos faziam o que queriam. Trabalhavase com atletismo na teoria, entendemos que na prática poderia ter adaptado alguns
materiais alternativos, tais como bastões, blocos, a fim de possibilitar que o conteúdo
fosse experimentado na prática. Diante disso, concordamos com Dias e Sousa
(2003) que a professora se inclui no perfil profissional chamado de laissez-faire, isto
é, aquele em que o professor deixa a aula acontecer, sem se preocupar com o que
os alunos estão fazendo.
Outra observação que fizemos é que em todas as aulas de Débora os
meninos e meninas automaticamente se separam para praticar atividades, sendo
que os meninos jogam futsal e as meninas queimadas ou vôlei. A maioria das
meninas não participa da aula, permanecendo sentadas conversando ou ouvindo
músicas.
A atitude dessa profissional constitui um entrave para a compreensão das
diferenças entre meninos e meninas, inclusive do ponto de vista biológico e
anatômico. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) ela dificulta a
reciprocidade entre os alunos, o que impede que se observem, descubram-se,
aprendam a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças de
forma a não produzir relações autoritárias.
Em relação ao conteúdo, Marcos afirmou que trabalha com parte teórica e as
práticas dos esportes, não deixando de trabalhar temas inseridos na realidade do
educando, tais como músicas e brincadeiras (queimada, corridas etc.) entre outros.
Diferentemente da aula da professora, nas aulas de Marcos os alunos participam
todos juntos em uma única atividade, seguindo os planos do professor, como foi
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possível constatar. Os alunos não vão para a aula utilizando uniforme para aula
prática, mas mesmo assim a aula acontece de acordo com o conteúdo do professor.
Essa questão de uniforme foi possível perceber que está muito mais ligada aos
aspectos socioeconômicos dos alunos do que a outros fatores.
Em relação aos processos avaliativos dos alunos, os dois professores
parecem ter a mesma forma de avaliar. Avaliam o aluno de acordo com sua
participação, tanto na aula prática como teórica, seu interesse pela disciplina, o
desenvolvimento, principalmente nas aulas práticas, e também utilizam o método de
trabalhos avaliativos e provas.
Nas aulas práticas de Educação Física nem todo aluno tem interesse de
participar, às vezes por não gostar de esportes, ou até mesmo por seguir certo tipo
de religião que não permite. Em função disso, é fundamental que o professor esteja
sempre inovando suas aulas a fim de que não fiquem repetitivas e convençam o
aluno que praticar esporte é essencial para a qualidade de vida.
Perguntamos aos professores como lidam com alunos que não gostam de
participar de aulas práticas. Marcos respondeu que procura por meio de conversa
convencer o aluno a experimentar, a vivenciar o que está sendo trabalhado, não
obtendo reposta procura alternativa de absorver algo dele relacionado ao conteúdo.
Débora diz que tenta mostrar ao aluno várias opções, tais como fazer atividades de
diversas modalidades esportivas para ver com qual delas aluno se identifica mais, ou
até mesmo deixa-los escolher a atividade que querem fazer. Ao obter esta resposta
indagamos na sequência como lida com os alunos indisciplinados nas aulas. Os
professores afirmaram:
Procuro de todas as formas legais resolver o problema entre professor e
aluno. Não obtendo resultado procuro a solução junto com a equipe
pedagógica e a direção. (Marcos).
Por ter uma aula teórica e uma prática sempre estou tendo oportunidade de
observá-los e avaliá-los. Se o aluno não faz os exercícios da aula teórica no
dia da aula prática terá que fazer. (Débora)
É preciso lembrar que quando o professor envolve equipe pedagógica e
direção em um problema ocorrido em sua disciplina isso evidencia que o profissional
não é capaz de resolver o problema sozinho e, a maioria das vezes, essa decisão
poderá acarretar a perda de autoridade.
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A outra situação é que essa postura da professora pode também ser coerente,
considerando os princípios da sanção por reciprocidade, ou seja, tendo “como efeito
motivar a criança a construir regras de conduta através da coordenação de pontos
de vista” (KAMI, 2005, p.109). Isso quer dizer que baseado em combinado prévio se
o aluno não fez a atividade no momento da aula teórica terá, portanto, de fazê-lo em
outro momento e que este seja então na aula teórica, que a maioria das vezes é
esperada ansiosamente pelos alunos.
Apesar das dificuldades encontradas para lidar com os desafios das aulas, os
professores ainda têm esperança de que os alunos avancem. Sobre isso, o
professor Marcos diz esperar que consigam absorver algo positivo que possa
contribuir no seu convívio na sociedade e consigo mesmo. Sobre isso, Medina
(2006, p.36):
Para uma Educação Física realmente preocupada com o ser humano não
basta concordar plenamente com a sociedade. É necessário que faça
uma permanente crítica social; seja sensível ás diversas formas de
repressão a que as pessoas estão sujeitas e as ajudem a entender os
seus determinismos e superar os seus condicionamentos, tornando-as
cada vez mais livres e humanas.
Além disso, para que os alunos construam essa percepção de convívio em
sociedade o lugar do profissional educador é fundamental, considerando a qualidade
de sua ação docente. Assim, segundo o mesmo autor citado anteriormente quem faz
a Educação Física são as pessoas nela envolvidas de uma forma ou de outra.
Assim, as finalidades, os objetivos, os conteúdos, os métodos e os próprios
conceitos dessa disciplina são condicionados pelo grau de consciência individual e
coletiva dos que trabalham nessa área da atividade humana. Portanto, de acordo
com as diferentes visões de homem e de mundo que porventura possamos ter,
diferentes serão as nossas concepções a seu respeito (MEDINA, 2006).
Ao encontro ainda dessa abordagem, perguntamos aos pesquisados quais os
pontos positivos e negativos das aulas para o professor de Educação Física na visão
deles. Para ambos os professores o principal ponto positivo é saber que a Educação
Física é a disciplina que os alunos mais gostam. Esse posicionamento é muito
comum aos professores de Educação Física e carrega alguns riscos. Isso pode fazer
o professor sentir-se envaidecido colocando uma “venda sobre os olhos”, que o
impede de enxergar o possível processo de desvalorização de seu trabalho. A
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respeito disso, Santos (2002) indaga que quando o professor de Educação Física
chega ao portão da escola e as crianças vão ao seu encontro, pulam e o abraçam
dizendo “hoje é futebol né tio?”, terá o professor planejado uma aula inovadora e
criativa para seus alunos?
O professor consegue perceber, que atendendo aos desejos imediatos dos
alunos está perdendo o direito de exercer suas obrigações profissionais, visando
oferecer atividades que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento dos
alunos? Essa indagação faz-se pertinente pelo fato de ser comum a maioria dos
alunos esperarem ansiosos os horários das aulas de Educação Física a fim de
utilizá-lo como “tempo livre” para ficarem passeando pelo pátio, sentados nas
arquibancadas da escola e “batendo papo”. Esse tipo de aula revela a falta de
organização e planejamento das aulas.
Como pontos negativos os professores apontam a falta de materiais, espaço
físico, legislação privilegiando os alunos, além de darem destaque para a
indisciplina. No entanto, essa última pode ser amenizada através da construção de
combinados com os alunos e um trabalho coletivo na escola. No entanto,
precisamos considerar também que o que coloca Freire (2002) ao afirmar que a
tarefa do profissional de Educação Física que lida com corpos em movimentos é
muito mais desafiadora do que os profissionais das demais disciplinas que, ao
contrário tratam estes corpos como objetos imóveis, com olhares fixos no quadro ou
no caderno.
Percebemos nas observações das aulas que nenhum dos professores no final
da aula faz reflexão ou volta à calma com os alunos. Ao término os alunos saem
correndo para ir ao banheiro e beber água e a aula são encerrados assim todos os
dias. Os objetivos, que deveriam ser retomados nesse último momento, para a
compreensão da aula pelos alunos acabam não ficando explícitos. E o momento de
reflexão é, sem dúvida, a parte mais importante da aula de Educação Física, pois é
quando o profissional possibilita ao aluno perceber o lugar de sua disciplina na
escola.
Ghiraldelli Júnior (1997, p.11) afirma que “um profissional de Educação Física,
ao planejar suas aulas, deve se perguntar: que conteúdos e habilidades podem
ajudar o aluno a ser um cidadão participativo?” Finaliza: “Como a educação do
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corpo, do movimento e os esportes podem contribuir para o exercício de uma prática
social mais consciente e menos alienada”? (p.11)
Medina (2006) discute sobre estas questões enfatizando que a falta de
volume de séria reflexão em torno do significado mais amplo e profundo dessa
disciplina tem tirado dela a oportunidade de se estabelecer definitivamente como
arte e ciência do movimento humano. Completa dizendo que o certo é que a
Educação Física não sairá de sua superficialidade enquanto não se posicionar
criticamente em relação aos seus valores, ou, em outras palavras, não se questionar
quanto ao valor de sua prática para as pessoas e para as comunidades a que serve.
Concluem-se assim, com palavras do mesmo autor, que as vítimas da educação
brasileira não são apenas os que não têm acesso à escola, mas muitas vezes
àqueles que também se encontram nessas instituições.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados dessa pesquisa nos permitem afirmar que a cada ano a obra
de Medina (2001) vem nos convencendo de forma contundente que os profissionais
precisam entender que a Educação Física se encontra em crise para que revejam
seus conceitos, já que a crise traz à tona todas as anomalias que perturbam uma
instituição. Porém, as instituições não mudarão se as pessoas que as constituem
não mudarem.
Conforme coloca o mesmo autor, a Educação Física tem sido incapaz de
justificar a si mesma. Isso se deve preponderantemente à falta de disposição crítica
que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento. A Educação Física
precisa de uma teoria que lhe dê suporte como disciplina essencialmente, mas não
exclusivamente prática (MEDINA, 2006).
Assim, cabe unicamente ao profissional de Educação Física fazer a escolha
do seu itinerário, continuar no marasmo ou integrar-se aos que lutam para que essa
disciplina tenha a mesma relevância das demais na escola.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Osney Marcos. Professor de Educação Física ou Técnico
Desportivo... Quem vale mais? Marília, 2000. 231p. Dissertação de Mestrado,
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Ensino na Educação Brasileira - Faculdade de Filosofia e Ciências - Universidade
estadual Paulista.
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alguns conceitos: prática pedagógica e prática docente – a busca por uma
concepção epistemológica. In anais do I Congresso das ciências exatas e da terra
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FUNEC. Monografia de graduação, FUNEC,2002.
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A AÇÃO DOCENTE DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRABALHO
COM ALUNOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIAS
Adriana Carla Mendes Soares e Isaac Brandão de Paula – Graduandos em
Educação Física UNIVÉRTIX.
Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista
em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice UNIVERTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Esse estudo teve por objetivo analisar a maneira que os professores de
Educação Física da rede municipal e estadual do município de Sericita - MG lidam
com alunos que apresentam deficiência. A inclusão pode ser considerada um grande
desafio para o professor, pois este lida com corpo em movimento e os aspectos
corporais ficam mais evidentes. A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa
mediante entrevista semi-estruturada. Podemos concluir que os professores apesar
de não receber apoio de seus superiores, conseguem desenvolver metodologias que
atendem os alunos com deficiências, conseguindo assim fazer com que os alunos
deficientes se sintam inclusos em sua aula de Educação Física.
PALAVRAS – CHAVE: Alunos, deficiência, inclusão.
INTRODUÇÃO
A escolha do tema surgiu a partir da preocupação com as crianças que
necessitam da inclusão, que muitas vezes são vítimas de preconceitos.
Segundo Mantoan (2004), os vocábulos “integração” e “inclusão”, mesmo
tendo significados semelhantes, são empregados para expressar situações de
inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos teórico-metodológicos
divergentes.
Mediante isso, é notável o crescimento de matrículas de alunos com
deficiências, isto se deve em parte a elaboração de políticas públicas que os
beneficiam. Dessa forma, torna-se coerente a apresentação da citação abaixo que
aponta para uma elevação do número de matrículas de discentes que apresentam
deficiência.
Segundo Silva (2003), os dados estatísticos de 1974 (BRASIL, 1998)
indicavam um total de “96.413 matrículas em educação especial”, “58,2% em
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estabelecimentos públicos e 41,8% em privados; em 1994” não há informe
estatístico a respeito da educação especial; o quadro em 1996 (BRASIL, 1997) era
de “104.268 matrículas, 58,3% na rede pública e 41,7% no setor privado; em 2000”.
Em relação à Educação Física escolar, a inclusão pode ser considerada um
grande desafio para o professor, pois este lida com corpos em movimentos e os
aspectos corporais ficam mais evidentes. Nesse caso a aprendizagem está
vinculada á experiência pratica, onde o aluno precisa ser considerado como um
todo, onde aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em
todas as situações do cotidiano de professores e alunos (PCN, 1997).
Para Stainback e Stainback (1999, p.113) no que diz respeito à inclusão nas
escolas:
É preciso incluir alunos com deficiência em todas as turmas e para a
inclusão ter sucesso, as escolas devem ser comunidades conscientes
e o objetivo da inclusão é criar uma comunidade onde as crianças
aprendam e se desenvolvam juntas havendo entre elas respeito
mútuo e apoio aos colegas para que haja assim um mundo onde
todos se respeitam mutuamente (STAINBACK e STAINBACK, 1999,
p.113).
A aula de Educação Física parece ser a aula, mas propicia para que ocorra a
socialização dos alunos com deficiências com os demais alunos, pois é nela que os
alunos se sentem mais a vontade, devido às brincadeiras e reflexões feitas pelo
professor.
E é pensando nisso que escolhemos este tema, pois somos futuros
profissionais de Educação Física e devemos nos preocupar com isso, hoje em dia é
grande o ingresso de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas.
Sassaky (2002) acredita que é importante acontecer adaptações e não haver
medo de mudar, pois as adaptações devem existir para atender a todas as
diferenças. Sabemos também que nem todas as escolas estão preparadas para
receber o aluno com deficiência e por vários motivos, entre eles, porque os
professores não se sentem preparados para lidar com crianças deficientes. Por isso,
as escolas precisam se adaptar adequadamente com recursos materiais e humanos.
Os profissionais estão preparados para trabalhar com alunos que apresentam
deficiência? Como preparar o profissional de Educação Física para que este
desenvolva um trabalho capaz de garantir um desenvolvimento de alunos com
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deficiência? Diante dessas questões o objetivo deste estudo é verificar a ação
docente do profissional de Educação Física com alunos que apresentam deficiências
na escola.
A relevância do estudo vincula-se a atuação do profissional de Educação
Física faz com que os alunos sintam-se integrados e valorizados em meio aos outros
alunos. Sendo assim este trabalho promove a reflexão sobre a importância da
atuação do profissional de Educação Física no desenvolvimento de alunos com
deficiência.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A inclusão escolar da pessoa com deficiências é um tema de grande relevância
e vem ganhando espaço cada vez maior em debates e discussões que explicitam a
necessidade de a escola atender às diferenças intrínsecas à condição humana.
Definem-se como Pessoas com Deficiência (PD), aquelas cujas necessidades
decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem, todas aquelas
com algum tipo de deficiência ou qualquer outra necessidade que requer algum tipo de
atenção especial e diferenciação dos demais, sendo elas deficiências de todos os
gêneros como físicas, intelectuais, motoras e múltiplas (UNESCO, citado por DELOU,
2008).
A Educação Inclusiva é, antes de tudo, uma posição acertada dentro dos
direitos humanos. A escola deve produzir uma resposta educativa para as
necessidades de todos os estudantes e ao principio de igualdade de oportunidades ou
dificuldade de aprendizado, gênero ou pertencer a uma minoria, principalmente nas
aulas de Educação Física, onde os professores encontram dificuldades de lidar com
essa necessidade e de unir a necessidade de cada um com a movimentação em si
(MANTOAN, 2004).
O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender
ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe
regular. Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através
dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser
continuamente revisto.
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A Educação Física adaptada surgiu através da Resolução 3/87 do Conselho
Federal de Educação onde prever a atuação do professor de Educação Física com o
portador de deficiência. Segundo Duarte e Werner (1995, p. 9) a Educação Física
Adaptada tem por objetivo de estudo a motricidade humana para as pessoas com
deficiências, onde a metodologia deve ser de acordo com suas necessidades e
também o respeito às diferenças individuas de cada um.
A inclusão escolar das pessoas com deficiência é proposta dominante na
Educação Especial e na Educação em geral nas ultimas décadas, direcionando
programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países, incluindo-se o
Brasil.
Ao compreender o desenvolvimento como um processo qualitativamente
diferente para cada indivíduo, no qual os obstáculos podem ser contornados por meio
de processos compensatórios, sendo a mediação fundamental para a obtenção de
bons resultados, as proposições de Vygotsky sobre o desenvolvimento anormal
oferecem uma visão da deficiência como uma anormalidade social e as diferenças no
desenvolvimento passam a ser vistas como variações qualitativas. Vygotsky (1993).
Segundo Mrech, a inclusão é atender aos estudantes com deficiência, propiciar
a ampliação do acesso destes alunos ás classes comuns, propiciar aos professores da
classe comum um suporte técnico, perceber que as crianças podem aprender juntas,
embora tendo objetivos e processos diferentes, levar os professores a estabelecer
formas criativas de atuação com as crianças com deficiências, propiciando um
atendimento integrado ao professor de classe comum.
Na perspectivas da inclusão, Mittler (2003) entende que a inclusão é uma visão
de uma estrada a ser viajada, sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos,
alguns dos quais se encontram em nossas mentes e outros em nossos corações.
Cabe, portanto à sociedade eliminar todas as barreiras arquitetônicas, programáticas,
metodológicas, instrumentais, e alem de tudo as barreiras de comunicação e de atitude
para que as pessoas com deficiência possam ter acesso aos serviços, lugares,
informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional
e profissional.
Portanto, garantir um espaço de informação/formação/redefinição poderia
colaborar no sentido de promover debates sobre os fatores referentes às baixas
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expectativas dos pais e professores em relação ao desenvolvimento e á aprendizagem
dos deficientes múltiplos, articulando-se para cobrarem de todo o sistema educacional
posturas e práticas de qualidade.
METODOLOGIA
Sericita é um município brasileiro do estado de minas gerais, sua população é
de aproximadamente 7 mil habitantes. Está localizada na Zona da Mata do estado
de Minas Gerais. Sua principal fonte de renda é agropecuária com maior destaque
para cafeicultura.
Com relação ao Ensino formal, a cidade concentra duas escolas, sendo uma
municipal e outra estadual. Devido ao processo de inclusão em que salienta que:
Os alunos com deficiência devem ser inscritos na
rede regular de ensino e receber apoio em salas de
recursos multifuncionais por meio de professores
capacitados e/ou especializados. A escola deve
receber alunos “Independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
lingüísticas ou outras.” (citação bloco) (UNESCO,
1994, apud, DELOU, 2008).
A presente investigação trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo.
Segundo Minayo, (2000, p. 22)., essa abordagem “aprofunda-se no mundo dos
significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável
em equações e estatísticas”.
A coleta de dados será realizada do mês de maio a junho de 2012, por meio
de uma entrevista semi-estruturada dirigida a quatro profissionais de Educação
Física que atuam nas escolas, Municipal e Estadual de Sericita-Mg, sendo dois
formados e dois graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física. Sabe-se
que nas duas escolas de Sericita-Mg, existem alunos com deficiência. Os
professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Carlos (22), Eduardo
(40), Cristiano (39), Amanda (37), representados por nomes fictícios para resguardar
suas identidades.
Juntamente a esta intervenção será disponibilizado aos
participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a fim de manter o sigilo
das entrevistas
Segundo Minayo (2006, p. 57) o método qualitativo é o que se aplica ao
estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções
e das opiniões produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de
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como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmo, sentem e pensam. Traz a tona
à discussão como os professores de Educação Física têm lidado com alunos com
deficiência.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETAS DE DADOS
Os professores investigados nesta pesquisa foram chamados de Eduardo
(22), Antônio (39), José (38), representados por nomes fictícios para resguardar
suas identidades. O tempo de formação e atuação de Antônio e José são mais de 10
anos, Eduardo ainda esta em processo de formação, Antônio e José atuam no
Ensino Médio, tanto no período matutino e vespertino, Eduardo atua no Ensino
Fundamental e no período vespertino.
Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos aos professores se
existem alunos com deficiências inseridos em alguma de suas turmas. Todos
responderam que sim, que existem alunos com deficiências em suas turmas.
Esses alunos devem ser inscritos na rede regular de ensino e receber apoio
em salas de recursos multifuncionais por meio de professores capacitados e/ou
especializados. A escola deve receber alunos “independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras (UNESCO,
1994, apud, DELOU, 2008).
Nesse
sentido,
Mantoan
(2004)
ressalta
que
incluir
é
necessário,
primordialmente para melhorar as condições da escola, de modo que nela se
possam formar mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, sem barreiras e
sem preconceitos. Outra pergunta feita no decorrer da entrevista foi sobre o que diz
respeito aos alunos que apresentam deficiência, quais adaptações na estrutura
física da escola e curricular são feitas para a inclusão dos alunos na aula de
educação física:
Tem. As que a lei exige. Qualquer reforma que for feita tem que ser de acordo
com a lei. (Antônio professor, 39).
Existe. Mas são poucas. (José professor, 38)
Na questão de estrutura física não tem muitas ou quase nenhuma adaptação,
mas as aulas são adaptadas de acordo com o numero e o tipo de deficiência
dos alunos. (Eduardo professor, 22 anos)
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Quanto à inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física
segundo Dutra et al. (2008) quando adaptamos a Educação Física às possibilidades
de cada aluno, acabamos por proporcionar a inclusão. Todo o programa deve
desafiar os alunos e permitir sua participação respeitando os limites individuais e
impulsionando a independência. (DUTRA ET al., 2006, MARQUES et al., 2008).
Perguntamos também se na escola em que o entrevistado leciona, é
oferecido respaldo pedagógico para orientar os professores de Educação Física no
que se refere a alunos que apresentam deficiência:
Pouquíssimos. (Antônio professor, 39).
Muito pouco. (José professor, 38)
Desde o primeiro dia de atuação na escola até hoje durante o tempo que
Estou lecionando eu não tenho visto isto presente na escola,
Pode até já ter tido, mas o tempo que estou lá não.
(Eduardo professor, 22 anos).
Pelas respostas de cada entrevistado, as escolas não dão apoio necessário e
preciso para o profissional de Educação Física dar sua matéria, em algumas
escolas, podemos perceber que os alunos com deficiência não são notados pelos os
pedagogos, mas, o como profissional de Educação Física, tem como objetivo incluir
e dar apoio ao aluno com deficiência e tratar todos com igualdade.
Segundo a PFDC, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, escolas
includentes são aquelas que admitem todos os alunos como seres singulares, dentro
de um modelo de aprendizagem cooperativa e primando pela formação do indivíduo,
oferecendo o mesmo apoio para todos e apresentando uma proposta curricular
aberta. Já as escolas excludentes são aquelas que admitem apenas alguns alunos,
classificando-os e rotulando-os, e dividindo visivelmente o ensino em especial e
regular. Além disso, este tipo de escola também incentiva a aprendizagem
competitiva, focada na instrução, dando apoio somente para alunos e apresentando
currículos adaptados pelo professor.
Quando perguntamos no que se refere a sua formação, como você avalia seu
preparo para trabalhar com alunos que necessitam de metodologias diferenciadas,
como no caso dos alunos com deficiência.
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Nenhuma. Teria que ter um curso extra para quando for trabalhar com aluno
Especial. Uma pós por exemplo. (Antônio professor, 39).
Só possuo o conhecimento que adquirir na graduação. (José professor, 38)
Eu me considero com uma capacidade básica para estar incluindo não com
Todo tipo de informação que precisava, mas o básico eu consigo fazer com
Eles. (Eduardo professor, 22 anos)
Pelo que podemos perceber um dos entrevistados não teve uma preparação
necessária para obter conhecimento para lhe dar com um aluno com deficiência em
suas aulas, mas podemos concluir que cada profissional tem sua capacidade de
adquirir conhecimento necessário e ir à busca de cada um deles, podendo assim,
ajudar a integrar cada aluno com deficiência em suas aulas.
Para Cardoso (2003) a inclusão de alunos com necessidades especiais na
escola regular, constitui uma perspectiva e um desafio para o século XXI, cada vez
mais firme, nos diferentes sistemas e níveis educativos.
Nesse caso perguntamos ainda se todos os alunos com deficiência participam
das aulas de EFI:
A maioria. As deficiências deles não impedem que eles participem. E de todos
Que eu tenho só uma que não participa uma cadeirante. No início eu tentei
Adaptar o xadrez, a Peteca, mas é complicado. (Antônio professor, 39).
Todos os alunos participam. (José professor, 38).
Nas minhas aulas todos participam. (Eduardo professor, 22 anos).
Podemos perceber que todos os professores entrevistados tentam incluir de
alguma maneira os alunos que tem deficiências em suas aulas, como no caso da
cadeirante citado pelo um dos entrevistados, que talvez não possa participar de
alguma atividade que exija muito movimento, assim sendo, o professor promove
atividades, como por exemplo, o xadrez, peteca e outros, por isso, na visão de
MITTLER (2003), a integração envolve preparar os alunos para ser colocado nas
escolas regulares, o que implica um conceito de “prontidão” para transferir o aluno
da escola especial para a escola regular. Nesse conceito, o aluno deve adaptar-se à
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escola e não há necessariamente uma perspectiva de que a escola mudará para
acomodar uma diferença cada vez maior entre os alunos.
Outra questão discutida nessa pesquisa foi como você vê a convivência de
alunos deficientes e não deficientes em uma aula sua
Essa convivência é complexa, não é simples não. Temos um aluno surdo e
Por causa de sua deficiência ele acaba ficando mais tenso então qualquer
Coisinha... . A maioria tem que se adaptar. Eu acho que eles têm que
conviver
Juntos sim, mas penso que poderia ter uma aula específica.
(Antônio professor, 39).
Considero uma convivência muito boa, pois alguns sem deficiências até
Auxiliam os outros durante as atividades. (José professor, 38).
A convivência deles durante o tempo que eles estão dentro de sala, é
Diferenciada, alguns ficam mais isolados, mas quando eu
Entro dentro de sala e a partir do momento que começo minha aula toda
Convivem de forma a um estar ajudando o outro e é isso que tento fazer
Durante as aulas. (Eduardo professor, 22 anos).
Diante das respostas, podemos perceber que a convivência entre os alunos é
muito complexa, sendo assim o professor precisa fazer com que suas aulas sejam
prazerosas para o aluno com deficiência, tentando assim tratar a todos de forma
semelhante, respeitando as diferenças, e fazendo com que os alunos com
deficiência se sintam como qualquer outro.
Gortázar (1995) expõe algumas possibilidades de apoio para crianças que
eventualmente apresentem dificuldades maiores de adaptação ao currículo escolar,
tais como reforço pedagógico antes, durante e/ou após a explicação de algum tema.
Abramowicz (2001) e Beyer (2003a) também destacam que seriam agentes
facilitadores do movimento de inclusão a individualização no processo de ensino e a
avaliação e o apoio de um segundo professor na sala de aula, podendo, em alguns
casos, ser um professor especialista em educação especial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizado conclui que os professores entrevistados de alguma
maneira promovem a inclusão dos alunos com deficiências em suas aulas de
Educação Física, promovendo dinâmica, adaptações necessárias para cada aluno,
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criando possibilidades de integrar seus alunos no meio da sociedade, criando assim
entusiasmo e motivação ao aluno, para que venha ter uma convivência sociocultural.
Notamos que não existe qualificação adequada para todos os professores,
precisando assim de oportunidades para que tenham uma preparação necessária de
como tratar cada aluno da maneira correta, por isso, cada professor precisa também
de ir alem e buscar nos estudos seus objetivos, para que tenham sucesso naquilo
que possui.
Os entrevistados sabem da importância da inclusão de alunos com deficiência
em suas aulas, pois é nesta aula que os alunos se sentem a vontade e com
liberdades para expressar todo seu entusiasmo e carisma. Eles sabem também que
as aulas de Educação Física são de fundamental importância no desenvolvimento
dos alunos.
Sendo assim, é preciso que os professores tenham suporte e apoio
necessário da direção da escola e família desses alunos, para que venha alcançar a
sua meta, fazendo com que cada aluno se sinta realizado.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, C. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: da exclusão a inclusão
uma longa caminhada. Educação, n. 49, p. 137-144, 2003.
DELOU, Cristina Maria Carvalho. Ano da Educação no Sistema Conselhos de
Psicologias.
Disponível
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HTTP://www.crprj.org.br/puplicacoes/cartilhas/anoeducacao.pdf.Acesso
em
24.03.2012.
DUARTE, E; WERNER, T. Conhecendo um pouco mais sobre as deficiências. In:
Curso de atividade física e desportiva para pessoas portadoras de deficiência:
educação a distancia. Rio de Janeiro: ABT: UGF, 1995, v. 3.
GORTÁZAR, A. O professor de apoio na escola regular. In: COLL, C.; PALACIOS, J;
MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas
especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MANTOAN, Maria Tereza Edglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola.
Revista CEJ. Brasília, n.26, p.36-44, jul./set. 2004.
MITTLER, Pettler. Educação Inclusiva. Contexto Sociais. Porto Alegre: Artmed
Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: educação física /
Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, MEC, SEF, 1998a.
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SASSAKI Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 4.ed.
Rio de Janeiro: editora, 2002.
STAINBACK, Susan. STAINBACK William. Inclusão:
educadores.Tradutora:Magda França Lopes. Porto Alegre:1999.
um
guia
para
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A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DA CIDADE
DE MATIPÓ SOBRE A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Angelina de Oliveira Santana – Graduanda em Educação Física da Faculdade
Vértice – UNIVÉRTIX.
Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista
em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice UNIVERTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar a percepção dos alunos da rede
municipal do ensino da cidade de Matipó em relação à dança nas aulas de
Educação Física. O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem
quantitativa, que evidencia a importância de trabalhar com a vivência, com a
experiência, com o cotidiano e também com a compreensão das estruturas e das
instituições como resultados da ação humana objetivada. Educar é criar condições
para que o educando se perceba na prática como sujeito capaz de aprender.
PALAVRAS-CHAVE: Dança; Educação; Percepção.
INTRODUÇÃO
Entendendo o ambiente escolar como um meio rico em contatos físicos, sócio
afetivo Reid (1986), distingue em seus trabalhos dois tipos de sentimentos: o
sentimento afetivo, associativo às vivências/descargas emocionais, e o sentimento
cognitivo, com o qual a dança enquanto forma de conhecimento e disciplina escolar,
estaria mais engajada. Muito mais do que auto expressar-se, desanuviar tensões,
sentir o íntimo da alma, tal como defender muitos dançarinos e professores de
dança que associam às emoções, o conhecimento direto da dança (a vivência
prática) permite um tipo diferenciado de percepção, discriminação e crítica tanto da
dança quanto de suas relações conosco mesmos.
Através da arte o homem encontra sentidos que não podem se dar de outra
maneira senão por ela própria, ou seja, o sentimento e a emoção contidos nas artes
permitem-nos dar/criar significados àquilo que vivemos sem intermediação da
linguagem falada, ou das experiências refletidas (DUARTE JÚNIOR,1988).
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A criança tem necessidade de andar e saltar: não a podemos condenar a ficar
imóvel, porque certamente falharíamos e a prejudicaríamos. Porque a criança tem
necessidade de agir, criar e trabalhar, isto é, empregar a sua atividade numa tarefa
individual ou somente útil (FREINET, 1974, p.49)
A dança é puro movimento. No momento em que a criança se movimenta, ela
está se organizando internamente e terá um objetivo a ser cumprido. No processo
de alfabetização, a sua motricidade ainda está em construção através dos
movimentos variados juntamente com o ritmo e a criatividade onde irá adquirir maior
confiança e espontaneidade (VERDERI 1998, p.13)
O interesse por este tema surgiu ainda muito cedo nos tempos do ensino
fundamental, quando durante as aulas de Educação Física o professor não incluía o
conteúdo Dança na disciplina. O único contato que tínhamos na escola com a dança
é na quadrilha da festa junina, vivenciamos quanto à interação que a dança nos
propiciou em relação aos movimentos corporais. No momento em que a criança se
movimenta, ela está se organizando internamente e terá um objetivo a ser cumprido.
No processo de alfabetização, aprendemos a conhecer nosso corpo, a socialização,
cooperação e aprendemos a perder a timidez, a prática em si nos mostra essa
realidade. Constituem formas de expressar.
A partir dessas informações sobre as influências que a dança pode exercer no
aluno, temos como objetivo identificar a percepção dos alunos da rede municipal do
ensino da cidade de Matipó em relação à dança nas aulas de Educação Física.
Esse estudo se configura relevante, pois pretendiam contribuir para a
compreensão de como a dança acontece no contexto escolar. E assim, oferecer
elementos importantes para o efetivo desenvolvimento futuro desta prática, tendo
em vista que ao compreender a percepção dos alunos com relação à Dança, o
professor de Educação Física, poderá buscar novas formas de desenvolver este
conteúdo em suas aulas.
METODOLOGIA
O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, que
evidencia a importância de trabalhar com a vivência, com a experiência, com o
cotidiano e também com a compreensão das estruturas e das instituições como
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resultados da ação humana objetivada
Mediante estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o município de Matipó está localizado no estado de Minas Gerais,
especificamente na Zona da Mata, numa área de 267 km². Com uma população de
aproximadamente 17.639 habitantes de acordo com o censo (2010). O índice de
desenvolvimento humano (IDH) segundo as últimas estatísticas do ano de 2000 era
de cerca de 0, 683, devido ao grande número de desemprego, uma vez que em sua
maioria os cidadãos de Matipó trabalham em serviços temporários e esporádicos em
especial na fonte de renda da cidade a “cafeicultura”.
A pesquisa será realizada na cidade de Matipó - MG, entre Abril e Maio de
2012, na turma 8ª ano dos anos finais do Ensino Fundamental, que atuam na Escola
Municipal. Tal escolha se justifica devido a vivência desses alunos com a dança
vista em apresentações esporádicas realizadas pela escola Jair Gualberto da Rocha
do bairro Palhada da cidade de Matipó-MG, composto por 15 alunos.
Será aplicado um questionário previamente elaborado pelos autores dessa
pesquisa. O instrumento utilizado é fechado e aborda dados como idade, nível de
escolaridade, quanto ao interesse dos alunos em relação a dança, atividade voltada
para a dança, conceito da dança, sendo 14 perguntas com até 5 (cinco) opções de
respostas.
Os alunos entrevistados irão assinar um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), autorizando a realização da pesquisa. De acordo com as
normas do TCLE a identidade pessoal será mantida em sigilo e a identificação se
dará por meio de uma numeração ordinal crescente.
Os dados colhidos no questionário que antecedem as perguntas servirão de
base para traçar a faixa etária e o perfil social dos indivíduos pesquisados. Eles
serão trabalhados em programa Microsoft Excel e organizados em forma de gráficos
para apresentação dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela1: percebemos que a faixa etária dos entrevistados está entre 13 e
15 anos, sendo que 60% são adolescentes de 13 anos. Esta faixa nos remete a uma
análise mais minuciosa com relação ao corpo uma vez que é nesse período que o ser
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humano enfrenta os maiores conflitos em relação ao próprio corpo, devido as
transformações e alterações hormonais, corporais e também os relacionamento
afetivo e social.
Tabela1: Características sócio-demográfica referidas pela população investigada, Matipó, 2012.
Característica
N=15
%
Masculino
11
73,3
Feminino
4
27
13
9
60
14
4
27
15
2
13,3
Gênero
Faixa Etária
Na tabela 1 homens e mulheres desde os primórdios das histórias assumiram
papéis sociais que os destinguiram um dos outros a determinar suas funções e
atuações na vida. Percebe-se no tabela 1, que 73,3% dos entrevistados são do sexo
masculino. Este fato não nos pode passar despercebidos uma vez que movimentar,
expressar-se e se emocionar são características do gênero feminino, conceito
culturalmente construido.
No gráfico 1 notamos a definição de dança, de acordo com o dicionário é uma
sequência de movimentos corporais executados de maneira ritmada em geral ao
som da música, 53,3% disseram que é movimentos corporais de maneira ritmadas.
Atravéz da dança o adolescente conhece seu próprio corpo, toma a consciência de
tudo que ele é capaz, aprende a escutar o seu eu, e acaba se socializando e
respeitando o corpo através dos movimentos.
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Gráfico 1: Dados referidos sobre o que é dança respondido pela população investigada.
Quando perguntamos aos alunos entrevistados se gostavam de dançar, 80%
disseram que sim. Percebemos que eles se identificam com a dança atravéz das
sensações de si mesmas, precisam estar pensando e sentindo o que realizam, é
importante que as pessoas se movimentam para se relacionar com seus
movimentos corporais, descobrindo seus próprios sentimentos.
Na Gráfico 2: atravéz da questão sobre qual estilo que os alunos têm
preferência, percebemos que a mídia influência muito sob as suas respostas. A
dança na escola não busca a execução correta dos movimentos e sim deve partir de
forma de expressão e comunicação do aluno, com objetivo de tornar um cidadão
crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se em variadas linguagens,
desenvolvendo a auto expressão e aprendendo a pensar em termos de movimentos.
%
Funk
Funk e Pop Rock
20%
33,3%
7%
Hip Hop
7%
7%
13,3%
Quadrilha
13,3%
Qualquer uma mas
tenho vergonha de
dançar funk
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Gráfico 2: Dados referidos sobre os estilos de dança respondido pela população investigada.
Quando perguntamos o motivo de não gostar de dançar. 93,3% deixaram sem
resposta pelo fato que nesta fase eles têm dificuldade de falar de si, dos gestos não
sabem definir o que quer. Eles ainda estão em fase de decobrimento de
transformações corporais.
Ao aplicarmos a pergunta se os alunos têm aula de dança na escola 86,7%
disseram que não. Na pergunta a dança acontece dentro da Educação Física,
obtivemos a resposta de que 53,3% disseram que não. Geralmente na escola
quando não se tem a disciplina dança, vivênciamos um pouco dessa espressão
corporal dentro da Educação Física. Atravéz dos esportes coletivos e outros
atividades como frma de aprendizado.
No Gráfico 3: perguntamos se os alunos gostaria de ter aula de dança na
escola, e 66,7% responderam que sim. Atravéz da dança, então o aluno poderá
descobrir a confiança no ser humano que é, pleno e capaz, desenvolver a
capacidade de se movimentar criativamente, pois é a dança uma das expressões
que estabelece o sentido de ser.
%
13,3%
20%
Sim
66,7%
Não
SR
Gráfico 3: Dados referidos sobre se eles gostariam de ter aula de dança na escola, respondido pela
população investigada.
No Gráfico 4: perguntamos aos entevistados qual a importância da aula de
dança na escola, 46,7% disseram que ajuda a se expressar.
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%
7%
13,3%
Emagrece
7%
26,7%
Não tem nenhuma
impotância
46,7%
Ajuda a de expresssar
Não se explica
Gráfico 4: Dados referidos sobre a importância da aula de dança na escola respondido pela
população investigada.
No Gráfico 5: quando perguntamos sobre as atividades na escola voltado
para a dança, podemos perceber que 99,9% dos alunos em suas respostas citaram
a predominânciada quadrilha. Atravéz dessa resposta vimos como a cultura,
influência no contexto da escola e conquista seu espaço transformanod a vida dos
alunos.
%
6,7%
7%
7%
13,3%
Quadrilha
20%
13,3%
7%
Corpo jovem,quadrilha e
apresentação
Dança,quadrilha e Jemg
7%
7%
7%
Quadrilha e alguns
festivais, e Jemg
Quadrilha e
apresentação de Jemg
Quadrilha e competição
de Jemg
Quadrilha e dança para
o trabalho
Gráfico 5: Dados referidos sobre atividades na escola voltado para a dança, respondido pela
população investigada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista da realidade da dança na escola, o aluno não tem
conhecimentos. Muitos conhecem a dança vivenciando nas festas juninas da
escola, Como por exemplo, o funk, com a questão, quando se fala em dança
entendemos que falta formação de professores na área, para atender melhor esses
discentes.
Quando observamos a percepção desses alunos quanto à dança na escola,
visualizamos a vasta importância que essa disciplina traz para esses alunos.
Quando se diz respeito à afetividade, o emocional e ao cognitivo. É através desses
contatos, que a dança transmite faz com que o aluno se desenvolve melhor sua
relação social com seus colegas. E passa a ter seus próprios conceitos, sobre o
mundo e ser crítico, pois a dança possui uma arte de conhecimento do corpo, que
se adquiri através da prática.
REFERÊNCIAS
DAOLIO, Jocimar. Educação Física Escolar: Em busca da Pluralidade. Rev, paul.
Educ. Fís., São Paulo, supl.2,p.40-42,1996.
DUARTE JR., J. F. Fundamentos estéticos da educação.Campinas:Papirus,1988.
VERDERI, Èrica Beatriz I. P.Dança na escola. Rio de Janeiro:Sprint, 1998.
MARQUES, Isabel A. Dançando na escola: Disponível em:
NANNI, Dionísia. Dança Educação: pré-escola à universidade. 5ed: Rio de Janeiro:
Sprint,2008.
VARGAS, Lisete Arnizaut Machado de. Escola em dança: movimento, expressão e
arte.2.ed. Porto Alegre: Mediação,2009.
VERDERI, Érica. Dança na escola: uma proposta pedagógica. São Paulo: Phorte,
2009.
SILVA, Wilney Fernando; ALVES, Darjane Silva; RIBEIRO, Gersiane Franciere
Freitas. Aplicabilidade do conteúdo dança nas escolas da rede estadual de
ensino
fundamental
na
cidade
de
Porteirinha,
MG.
Disponível
em:http://www.efdeportes.com/efd149/aplicabilidade-do-conteudo-danca-nasescolas.htm. Acesso em: 10.abr.2012.
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SILVEIRA, Marília Balbi. A dança como ferramenta pedagógica na escola.
Disponível em:<>.Acesso em:15.marc.2012.
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JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG): ESPORTE EDUCACIONAL
OU ESPORTE DE RENDIMENTO? NA VISÃO DOS PROFESSORES
PATICIPANTES DA COMPETIÇÃO.
Fábio Florindo Soares – Bacharel e Licenciado em Educação Física, Especialista
em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal TrainingESFM, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Bruno de Cássio Coelho – Graduando em Educação Física –
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Eliseu Júnior da Silveira Coelho – Graduando e m Educação Física –
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Márcia Paula de Miranda Florindo – Bacharel e Licenciado em Educação Física,
Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal
Training- ESFM
[email protected]
RESUMO
O programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - (JEMG), é o maior e
o mais importante Programa Esportivo-social e faz parte do projeto Minas Esporte do
Governo do Estado. Este estudo tem como objetivo de verificar a relação entre as
ações práticas do JEMG e as políticas esportivas educacionais propostas pelo
programa, na visão dos profissionais envolvidos, surgindo assim à questão: o JEMG
é esporte educacional ou de rendimento? O estudo constituiu na aplicação de
questionários para verificar a opinião de professores e profissionais em relação aos
jogos, analisando a teoria apresentada e as ações realizadas. Foram pesquisados
51 professores participantes nas etapas municipais, microrregionais e regionais do
JEMG 2012, envolvendo 35 cidades. Conclui-se que a relação entre as políticas
publica apresentada e a caracterização prática das mesmas, apresenta um grande
distanciamento do desporte como fenômeno educacional, ficando cada vez mais
evidenciado uma ênfase ao rendimento.
PALAVRAS CHAVE: políticas públicas, JEMG, esporte educacional, esporte de
rendimento.
INTRODUÇÃO
O esporte é um fenômeno social que tem por finalidade o desenvolvimento
integral do homem como ser autônomo, democrático e participante. (BRASIL, 1998).
Em consonância com o Conteúdo Básico Comum (CBC, 2006, p.12), o
esporte, é entendido como campo do conhecimento da Educação Física e criticar o
esporte não significa desvalorizar a sua aprendizagem ou mesmo desejar sua total
desportivização, mas sim, contextualizar a vivência de sua prática nas aulas, pois
esta não se restringe ao domínio de suas técnicas.
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Dentre das políticas governamentais no estado de Minas Gerais, o programa
Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - (JEMG), é o maior e o mais
importante Programa Esportivo-social do Estado e faz parte do projeto Minas
Esporte do Governo do Estado. É uma competição esportiva-educacional, podendo
participar as escolas com alunos do ensino fundamental e médio, dos 853
municípios. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
O JEMG é uma ferramenta pedagógica que valoriza a prática esportiva
escolar e a construção da cidadania dos jovens alunos-atletas do Estado de Minas,
de forma educativa e democrática, tendo como finalidade o aumento da participação
da juventude estudantil mineira em atividades desportivas e paradesportivas,
promovendo a integração social, o exercício da cidadania e a descoberta de novos
talentos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
Dessa forma, o referente interesse por este tipo de pesquisa se resume à
nossa participação no JEMG, durante vários anos de nossas vidas, onde nos
deparamos inúmeras vezes com situações que caracterizavam os jogos como
esporte de rendimento, diferentemente do que é proposto pelas políticas
governamentais.
Sendo assim, o estudo tem como objetivo de verificar a relação entre as
ações práticas do JEMG e as políticas esportivas educacionais propostas pelo
programa, na visão dos profissionais envolvidos, surgindo assim a questão: o JEMG
é esporte educacional ou de rendimento?
Pretendemos com este estudo contribuir para uma melhor análise do
fenômeno: esporte educacional ou esporte de rendimento em relação ao JEMG na
sua teoria e prática, contribuindo para que o Governo crie estratégias norteadoras
deste programa educacional.
REFERENCIAL TEÓRICO
O programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais tem por
finalidade o aumento da participação da juventude estudantil mineira em atividades
esportivas e paradesportivas, promovendo a integração social, o exercício da
cidadania e a descoberta de novos talentos, onde a integração e a sociabilidade de
crianças e jovens constroem valores e formam conceitos por meio de atividades
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desportivas a paradesportivas, promovendo benefícios à saúde física e psicológica,
atendendo o direito constitucional à prática de esportes e ajudando na construção de
valores e conceitos importantes na sua formação. (JEMG, 2012).
A Educação Física teve sua primeira referência em texto constitucional federal
na Constituição de 1937, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória.
Com a Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, ficou
determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino médio. A partir daí
o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física.
(ALMEIDA, 2006).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998), os
esportes são as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e
competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que
regulamentam a atuação amadora e profissional, e envolve condições espaciais de
equipamentos como, por exemplo, campos, piscinas, bicicletas, pistas, dentre
outros.
O Ministério do Esporte (2012) caracteriza o esporte escolar como espaço de
intervenção e de direito social e deve enriquecer e ampliar o currículo garantindo a
gestão democrática e participativa e a elevação da qualidade de ensino.
Tubino (2006) conceitua o esporte de acordo com a sua abrangência em:
esporte-educação, esporte-lazer e esporte de desempenho. Segundo ele, o primeiro
é aquele que possui um caráter formativo. O esporte-lazer, como o próprio nome
infere, é aquele que se apoia no próprio lazer em busca do bem-estar de seus
praticantes. Por fim, o esporte de desempenho é aquele disputado obedecendo
rigidamente às regras existentes - por isso diz-se que ele é institucionalizado.
Segundo o Art. 1º- Regulamento Geral dos Jogos Escolares Minas Gerais, o
programa tem como objetivo aumentar a participação da juventude estudantil
mineira em atividades esportivas, promovendo a integração social, o exercício da
cidadania e da descoberta de novos talentos. (JEMG, 2012).
Dentro de uma política pública educacional/esportiva, o JEMG é uma
competição esportiva/ educacional podendo participar as escolas com alunos do
ensino fundamental e médio, dos 852 municípios mais a cidade de Belo Horizonte.
Somente em 2010, mais de 180.000 mil alunos, de 4.740 escolas participaram do
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JEMG. O crescimento da participação de alunos- atletas e escolas no JEMG
consolidam seu papel de difusor da prática esportiva e ferramenta para uma
educação de qualidade. Prova disso, é que entre 2003 e 2010, mais 800 mil alunos
já participaram dos jogos. Os jogos acontecem em quatro etapas, em dois módulos.
Módulo I com alunos de 12 a 14 anos e módulo II de 15 a 17 anos. As modalidades
disponíveis no JEMG 2012 são: atletismo, atletismo PCD, basquetebol, futsal,
ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica de trampolim, handebol, judô, natação,
peteca, taekwondo, tênis de mesa, xadrez voleibol nos naipes masculino e feminino
(SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTES E DA JUVENTUDE/ MG, 2012).
O JEMG é composto de quatro fases. A primeira delas é a municipal e o
primeiro lugar de cada modalidade, nos dois módulos e naipes segue para a
segunda etapa, a Microrregional. O Estado é dividido em 46 microrregiões e cada
Superintendência Regional de Ensino (SRE) ligada a Secretaria de Estado de
Educação, auxilia o andamento dos jogos. Os primeiros lugares de cada modalidade
levam os alunos/atletas para a 3ª etapa, denominada etapa Regional e somente
disputarão a etapa final (etapa Estadual) os campeões da etapa regional;
A proposta dos jogos é a integração, sociabilidade e aprendizado dos alunosatletas envolvidos nos Jogos. Em consonância com o art. 3º do Regulamento Geral
do JEMG, são objetivos do Programa Minas Olímpicos, conforme consta no capítulo
1(2012, p.03)
Fomentar a prática do esporte com fins educativos;
Possibilitar a identificação de novos talentos esportivos;
Contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social
democrático e participante, estimulando o pleno exercício da cidadania;
Estimular a prática esportiva nos estabelecimentos de ensino fundamental e
médio das redes públicas (municipal, estadual e federal) e particular;
Promover o intercâmbio sócio esportivo entre os participantes e as
comunidades envolvidas;
Estabelecer um ela de identidade do educando com sua unidade de ensino;
Indicar o representante do Estado nas modalidades e categorias, quando for
o caso, em eventos promovidos pelo Ministério do Esporte, Ministério da
Educação e Comitê Olímpico Brasileiro.
É importante salientar que o JEMG tem agregado outros valores e
significados, além da prática do esporte, entre seus participantes. Os alunos/atletas
apontaram que os Jogos são excelente oportunidade para aperfeiçoamento no
esporte, além de representar um momento favorável para fortalecer laços de
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amizade e conhecer novos lugares. (SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTES E
DA JUVENTUDE/ MG, 2012).
De acordo com os Conteúdos Básicos Comuns (CBC, 2006, p.38) o esporte é
caracterizado nas seguintes manifestações:
Esporte educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas
assistemáticas
de
educação,
evitando-se
a
seletividade,
a
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da
cidadania e a prática do lazer;
Esporte de participação, praticado de modo voluntário, compreendendo as
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da
saúde e educação e na preservação do meio ambiente;
Esporte de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e das
regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade
de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País, e estas com
as de outras nações (LEI 9.615/98, art. 3º).
No segmento Esporte Educacional as politicas públicas no estado de Minas
Gerais têm como foco as crianças, adolescentes e jovens em idade escolares
atendidos por meio de parcerias com instituições integradas ou não ao sistema de
educação, que tenham como finalidade o desenvolvimento integral do indivíduo e
sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer. Aproveitando a
característica inter setorial do esporte com a educação, a Secretaria Estadual de
Esportes e da Juventude de Minas Gerais (SEEJ), tem trabalhado na disseminação
da atividade física como uma ferramenta importante para a aplicação em um sistema
educacional de qualidade. Afinal, em grande parte das vezes, é na escola que
ocorre o primeiro contato entre indivíduo e esporte. Pensando nisso, várias são as
estratégias incorporadas pela SEEJ para promoção do esporte educacional.
Exemplo disso são as ações realizadas em parceria com a Secretaria de Estado de
Educação (SEE) e a realização do programa Minas Olímpica, Jogos Escolares de
Minas Gerais. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
METODOLOGIA
Esta pesquisa descritiva foi realizada com professores que participam ou já
participaram do JEMG, usando como instrumento de coleta de dados questionários
fechados, para verificar a opinião de professores e profissionais em relação aos
jogos, analisando a teoria apresentada e as ações realizadas. Foram pesquisados
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51 professores participantes nas etapas municipais, microrregionais e regionais do
JEMG 2012, envolvendo 35 cidades, no período de abril a junho de 2012. Os
questionários foram aplicados depois de assinado o Termo Consentimento Livre
Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e discussão desse estudo apresentam uma etapa quantitativa,
organizada através de gráficos, e outra descritiva, estabelecida com respostas das
entrevistadas.
Através dos questionários aplicados a 51 professores de 35 cidades
principalmente das regiões da Zona da Mata e Vale do Aço do estado de Minas
Gerais obtivemos os seguintes resultados:
Em relação à formação profissional dos professores entrevistados, 72,5% são
Licenciados em Educação Física, 19,5% são Bacharéis e Licenciados em Educação
Física e 8% são acadêmicos do curso de Educação Física.
Segundo
o
Conselho
Federal
de
Educação
Física
(CONFEF)
A
LICENCIATURA: RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002 é a
formação de professores que atuarão nas diferentes etapas e modalidades da
educação básica, portanto, para atuação específica e especializada com a
componente curricular Educação Física. O BACHARELADO: RESOLUÇÃO N 7, DE
31 DE MARÇO DE 2004 (oficialmente designado de graduação) qualificado para
analisar criticamente a realidade social, para nela intervir por meio das diferentes
manifestações da atividade física e esportiva, tendo por finalidade aumentar as
possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando
impedido de atuar na educação básica. Em resumo, são duas formações distintas
com intervenções profissionais separadas.
Para o LICENCIADO é exclusividade atuar especificamente na componente
curricular Educação Física na educação básica e ao BACHARELADO é
impossibilitada a atuação docente na educação básica. A esse respeito refere-se,
inclusive, a resolução CNE 7/2004 em seu art. 4º, 2º que distingue a formação do
graduado do licenciado, estabelecendo: O professor da educação básica,
licenciatura plena em Educação Física, deverá estar qualificado para a docência
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deste componente curricular na educação básica, tendo como referência a
legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orientações
específicas
para
esta
formação
tratadas
nesta
resolução.
Quanto ao número de participação dos entrevistados nos Jogos Escolares de
Minas Gerais observamos que na figura 1, a maioria dos professores já participou
mais que três edições dos jogos.
Figura 1 – Número de participações em edições do JEMG
O número de participantes nos jogos vem apresentando grande aumento
desde a sua primeira edição no ano de 2002, alcançando nestes anos números
impressionamentes, como a participação de mais de 8.000 professores, 160.000
alunos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
Em relação à relevância do JEMG na formação de um indivíduo crítico e
emancipado, 96% dos professores destacaram a importância do mesmo no
desenvolvimento de seus alunos.
Em consonância com o Conteúdo Básico Comum (CBC, 2006, p.17), a
Educação Física tem o compromisso voltado para a formação cidadã dos alunos.
O JEMG/2012 atua como canal de integração, sociabilidade e aprendizado
dos alunos-atletas envolvidos nos Jogos. Por intermédio do desporto escolar, auxilia
na formação de cidadãos mais críticos e conscientes, estimulando o pleno exercício
da cidadania. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
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Dentro deste mesmo contexto 86% dos professores acredita que usar a
competição como ferramenta pedagógica para valorizar a prática esportiva escolar e
a construção da cidadania dos jovens alunos-atletas do estado de Minas Gerais de
forma educativa democrática estão sendo alcançados.
Para Miranda e Bara Filho (2008), o esporte como ferramenta educacional,
auxilia na capacitação do indivíduo em lidar com as mais diversas situações:
promove a elevação da autoestima, ensina a superar adversidades, conhecer seu
papel e obrigações dentro de um contexto social, delinear objetivos e metas, buscar
constantemente a excelência, trabalhar em equipe, desenvolver um pensamento
lógico e colaborar com o desenvolvimento da sociedade.
Foi abordado no questionário respondido pelos professores, qual o processo
utilizado para a montagem de suas equipes participantes no JEMG. Dos 51
professores participantes da pesquisa, 46 consideram que o desempenho esportivo
é o principal fator determinante no processo de montagem de suas equipes. Apenas
2 indicaram o desempenho escolar como primordial neste processo e 3 profissionais
utilizam a afinidade como ferramenta de escolha na montagem das mesmas.
Para Feijó (1998), pontualidade, comportamento em treinos e viagens,
desempenho esportivo e por último desempenho escolar são comportamento alvos a
serem utilizados para a formação de uma equipe a nível escolar.
A figura 2 é representada pela classificação por parte dos professores a qual
o tipo de manifestação esportiva que melhor representa o JEMG.
Figura 2 – Classificação do JEMG quanto à manifestação esportiva.
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Quase a totalidade dos professores classificam o JEMG como sendo esporte
de rendimento.
Em consonância com os Conteúdos Básicos Comuns (CBC, 2006, p.38),
esporte de rendimento, é aquele praticado segundo normas gerais desta Lei e das
regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter
resultados e integrar pessoas e comunidades do país e estas com as de outras
nações. (LEI 9.615/98, art. 3º). Dentro deste mesmo contexto o programa Minas
Olímpica JEMG, apresentou em seu regulamento no ano de 2012 a diminuição do
número de alunos/atletas participantes por modalidade o que foi considerado por
82% dos professores caracterização ao esporte de rendimento.
A intencionalidade do Programa Minas Olímpica é exposta na figura 3.
Figura 3 – Intencionalidade do Programa Minas Olímpica
Indicar o represente do estado nas modalidades e categoria para competições
nacionais foi apontada pela maioria dos professores como o maior objetivo dos
Jogos Escolares de Minas Gerais.
O Programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - JEMG/2012
tem por finalidade o aumento da participação da juventude estudantil mineira em
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atividades desportivas e para desportivas, promovendo a integração social, o
exercício da cidadania e a descoberta de novos talentos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).
Outra questão levantada nesta pesquisa foi quanto ao trabalho e a
participação das escolas nas modalidades paraolímpicas dos jogos. Os profissionais
foram unânimes em relatar que não trabalham e não participam de nenhuma
modalidade paraolímpica, apesar de contarem com alunos para estas modalidades.
As modalidades paraolímpicas disponíveis no JEMG/2012 são: Atletismo
PCD, Bocha, Futsal, Futebol de 5, Futebol de 7, Natação PCD, Tênis de Mesa PCD,
Tênis em Cadeira de Rodas, Vôlei Sentado e Xadrez, nos naipes masculino e
feminino.
Finalizando com a figura 4, observamos qual a etapa de maior relevância em
que os professores já participaram.
Figura 4 – Etapa de maior relevância que sua escola já participou.
Observar-se que
somente uma das escolas participaram dos Jogos
Escolares Brasileiros (JEB´s). Nota-se que a grande maioria das escolas
participantes ficam restritas a participação até a etapa regional do JEMG.
As equipes e os atletas vencedores do JEMG formam a Seleção Mineira que
disputa as Olimpíadas Escolares – competição nacional realizada pelo Ministério do
Esporte com apoio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A competição é disputada
em duas categorias com diversas modalidades olímpicas – módulo I, para crianças
de 12 a 14 anos; e módulo II, destinado a jovens de 15 a 17 anos. O evento funciona
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como um incentivo aos jovens à prática do esporte, estimulando o desenvolvimento
sadio do espírito de competição e valorizando o relacionamento interpessoal. A
SEEJ é a responsável pela promoção da participação do Estado de Minas Gerais
nas Olimpíadas Escolares. SEEJ (2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa Minas Olímpica – JEMG é o maior e o mais importante Programa
Esportivo-social do Estado de Minas Gerais, onde os jogos são utilizados como
ferramenta pedagógica que valoriza a prática esportiva escolar e a construção da
cidadania dos jovens alunos-atletas do Estado de Minas Gerais, de forma educativa
e democrática, tendo como finalidade o aumento da participação da juventude
estudantil mineira em atividades desportivas e para desportivas, promovendo a
integração social, o exercício da cidadania e a descoberta de novos talentos.
A relação entre as políticas publicas apresentadas e a caracterização prática
das mesmas, verificamos um grande distanciamento do desporte como fenômeno
educacional, ficando cada vez mais evidenciado uma ênfase ao rendimento, como
observamos ao longo desta pesquisa.
Não podemos desconsiderar a importância dos jogos na formação de todos
os envolvidos (alunos e professores), sua relevância social, apesar dos fortes
aspectos quanto ao rendimento.
Os jogos precisam ser repensados pelos seus idealizadores afim de
aproxima-lo como um fenômeno educativo, visando a formação integral de seus
participantes, diminuindo assim principalmente os fatores da exclusão.
Investir na base da pirâmide esportiva (Escola) torna-se um processo
inevitável dentro desta conjuntura, visto que só assim diminuiremos as distorções
apresentadas até então.
Recomenda-se a realização de estudos periódicos, envolvendo as diversas
regiões do Estado de Minas Gerais, quanto intencionalidade, e as práticas
realizadas quanto ao fenômeno: JEMG – Esporte Educacional ou de Rendimento?
REFERÊNCIAS
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
ALMEIDA, S. R. O papel da educação física e do programa segundo tempo no
desenvolvimento de habilidades e competências do aluno no ensino
fundamental. Brasília, 2006. 39p. Monografia (especialização). Universidade de
Brasília. Centro de Ensino à Distancia, 2006.
BARBIERI, César Augustus Santos. Esporte educacional: uma possibilidade de
restauração do humano no homem. Canoas: Ed.ULBRA, 2001
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Regional de Educação Física da 6ª Região / MG - Ano 08 – Janeiro de 2010.
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Federal de Educação Física - Ano VI nº19 março de 2006
Disponível em: http://www.confef.org.br/extra/revistaef/show.asp?id=3613
Acesso em: 10 de julho 2012.
FEIJÓ, O. G. Psicologia para o esporte: corpo & movimento. 2. ed. Rio de
janeiro: Shape., 1998.
MINAS OLÍMPICA. Regulamento geral. Disponível em: http://www.jemg.mg.gov.br.
Acesso em: 10 de março. 2012.
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DO
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educacional.
Disponível
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Educação Fundamental. – Brasília: MEC / SEF, 1998.
PIRES, G.L; NEVES, A. O trato com o conhecimento esporte na formação em
Educação Física; possibilidades para sua transformação didático
metodológica. In: KUNZ, E. Didática da Educação Física 2. Ijuí: Unijuí, 2002. p.53 95
Presidência da República. LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998. CAPÍTULO III.
Art.
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Disponível
em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9615consol.htm.Acesso em 01 de abril de
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO 2006. Diretrizes curriculares de
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SECRETARIA ESTADUAL DE ESPORTES DE MINAS GERAIS. Disponível em:
http://www.esportes.mg.gov.br/. Acesso em 03 de abril de 2012.
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SEEJ/MG. Caderno de Resultados das Atividades Esportivas em Minas Gerais
(2003-2010). Minas Gerais 2010.
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http://www.partes.com.br/educacao/esporteeducacional.asp: Acesso em 07 de
março de 2012.
MIRANDA, R; BARA FILHO, M. Construindo um atleta vencedor: uma
abordagem psicofísica do esporte. Porto Alegre. Artmed, 2008
TUBINO, Manuel José Gomes. O que é o esporte. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: ENTRE AS AULAS QUE
OS ALUNOS “QUEREM” E AQUELAS QUE CONTRIBUEM PARA O
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER HUMANO
Márcia Paula de Miranda Florindo. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e
Personal Training - ESFM
Geniel Mendes Dias e Luciano Martins. Graduandos em Educação
Física pela Univértix
Fábio Florindo Soares. Licenciado e Bacharel em Educação Física, Especialista
em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal TrainingESFM. Professor da Univértix
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada em Educação Física
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, pela UNEC. Professora da Univértix.
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi identificar a preocupação dos professores de
Educação Física nas escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata Mineira,
entre as aulas que os alunos “querem” e aquelas que contribuem para o
desenvolvimento integral do ser humano. Trata-se de uma pesquisa descritiva,
realizada na cidade de Matipó, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no mês
de abril a junho de 2012. O instrumento de coleta de dados foram dois questionários
fechados, sendo um aplicado aos professores de Educação Física e outro em quatro
turmas: duas do 9º (nono) ano do ensino fundamental e duas turmas do 3° (terceiro)
ano do ensino médio. Os resultados mostraram que as aulas de Educação Física
contribuem para desenvolvimento integral do ser humano e 73% dos professores
escolhem sempre ou quase sempre escolhem as atividades a serem desenvolvidas,
apenas 20% deixa a escolha para os alunos e em 7% dos casos a escolha é sempre
dos alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar, desenvolvimento integral.
INTRODUÇÃO
“A Educação Física, no âmbito escolar, vem mudando, ao longo do tempo, de
acordo com os princípios éticos da sociedade e os projetos político-pedagógicos
construídos em cada época. (CONTEÚDOS BÁSICOS COMUNS CBC, 2012, p.12).”
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1999) também colocam a
Educação Física como componente curricular responsável por introduzir os
indivíduos no universo da cultura corporal contemplando múltiplos conhecimentos
produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com
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inúmeras finalidades, tais como: lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções,
e com inúmeras possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde.
“O objetivo da Educação Física consiste em desenvolver a coordenação de
forma geral (BATISTA, 2001)”. Nesse sentido, observa-se que a Educação Física
pode contribuir com uma educação compreendida como um processo de formação
humana que valoriza não só o domínio de conhecimentos, competências e
habilidades, sejam intelectuais ou motoras, mas também a formação estética,
política e ética dos alunos, um processo de formação humana. Rodrigues (2001)
citado na Proposta Curricular CBC (2012).
No CBC (2012) da Educação Física, os conteúdos de ensino que estruturam
e identificam essa área de conhecimento como componente curricular é denominado
eixo temático, a saber: esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos
expressivos.
Segundo o (PCN) (1999) o trabalho do professor de Educação Física, nas
escolas brasileiras em relação a seu conhecimento, concluiu-se que esse
profissional adquire uma considerável bagagem, durante sua formação e o
empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-se ao não resgate do que
aprendeu, ou, seja a não utilização de suas capacidades e potenciais.
Como afirma Medina (1990), se na Educação começam a surgir inquietações
com as mazelas de nosso ensino institucionalizado; se aparecem os primeiros
movimentos para repensar toda a estrutura educacional gerando inúmeras
propostas de mudança, infelizmente não estão acontecendo com a Educação Física
pelo menos de uma forma significativa.
A partir dessas afirmações sobre o professor na escola e sua atuação, fica
evidente que temos uma questão a ser discutida, despertando o interesse pelo tema:
o professor de Educação Física na escola entre as aulas que os alunos “querem” e
aquelas que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.
Evidenciamos essa situação de despreocupação dos professores de Educação
Física em uma cidade do interior da Zona da Mata Mineira, quando participamos de
algumas aulas como estagiários e percebemos que os professores de Educação
Física parecem não se preocupar com o desenvolvimento integral dos alunos.
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“Assim, faz se imperioso olhar sobre a questão Educação Física com senso
crítico para anunciar seus valores e benefícios, denunciar a cumplicidade com os
esquemas que retorcem e alienam seus objetivos (MEDINA, 1990)”.
A questão eixo deste estudo é: Os professores de Educação Física se
preocupam em ministrar aulas que os alunos “querem” ou preocupam com as aulas
que proporcionem o desenvolvimento integral dos alunos.
O estudo tem como objetivo identificar a ação docente de professores de
Educação Física nas escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata Mineira.
Nesse sentido, considerando a qualidade das aulas, entre aquelas que os alunos
“querem” e as que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.
Com este estudo pretendemos contribuir para a conscientização sobre o lugar
da Educação Física como disciplina na escola, que faz a diferença na formação do
aluno para seu desenvolvimento integral como ser humano, instrumentalizando-os
para serem cidadãos críticos e emancipados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Batista (2001), a Educação Física se reveste de um papel
importante na formação do indivíduo. Por isso, seria necessário iniciar sua prática
desde a pré-escola, fazendo com que as crianças se acostumem com movimentos
dinâmicos e venham a conhecer o corpo. Se assim forem trabalhadas as atividades
de expressões corporais, quando essas chegarem aos anos seguintes já possuirão
certo conhecimento sobre Educação Física e sua importância.
A Educação Física é um processo de educação integral, visando o ser
humano, seu inteiro desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social.
(RIBEIRO, 1970).
É importante destacar que a Legislação Federal, por meio do decreto nº.
69.450 (vigente de 1971 a 1996). Concebida a Educação Física como “atividade,
que por seus, processos e técnicas, desperta, desenvolve, e aprimoram forças
físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos
fatores básicos da educação nacional’’, onde visa esse decreto dando amparo para
a Educação Física no sentido de formação e desenvolvimento do ser integral do ser
humano (PCN, 1999)”.
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Como afirma Medina (1990), a Educação Física precisa entrar em crise para
que possamos ver a realidade, ou seja, os professores precisam ser capazes de
justificar a si mesma, procurar sua identidade, para que possa se tornar uma
disciplina realmente crítica e possa cumprir seu objetivo e que deixa de ser um
conhecimento superficial.
A Educação Física tem como principal desafio contribuir com um processo de
educação compreendida para a formação e desenvolvimento do ser humano,
considerando
a
pluralidade
das
potencialidades
humanas,
valorizando
o
conhecimento, a arte, a estética, a identidade, o sentimento, a emoção e as
múltiplas linguagens, buscando sempre não só a prática de esportes, mas também o
desenvolvimento integral do educando, com uma variedade de práticas e vivência
corporal. (CBC, 2012).
Segundo Medina (1990), os professores ao serem contratados buscam dar
“aquilo que é pedido a ele’’, deixando de lado seu conhecimento que adquiriu
durante sua formação, a falta de buscar sua própria identidade no âmbito
educacional leva essa desvalorização da Educação Física. De acordo com o PCN
(1999), numa visão legal confrontada com a realidade do ensino da Educação
Física, nos apresenta um conceito contrário a nossa prática pedagógica, em pouco
tem contribuído para a compreensão dos fundamentos, para o desenvolvimento da
habilidade de aprender ou sequer para a formação ética e integral do ser do
humano, não está preocupada em buscar sua identidade para realizar de maneira
coerente com seus verdadeiros objetivos”.
De acordo com Valentino e Toigo (2006), a Educação Física deve oferecer
condições ao educando através dos movimentos o conhecimento do corpo e
desenvolvimento cognitivos, mas para isso ocorrer de forma favorável o professor
precisa transpor as barreiras, desprezando a precariedade da situação de trabalho
hoje encontrada nas maiorias das escolas brasileiras.
Darido (2005) aponta que a Educação Física deve exercer seu papel
buscando alcançar seus objetivos, que é oferecer experiências de movimentos
adequados ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a
aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada, devendo movimentar-se,
adaptando-se de acordo com as exigências do cotidiano em termos motores.
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Segundo Kunz (2005), para que a criança possa desenvolver integralmente
através da atividade física, o professor deve desenvolver atividades que sirvam de
estímulo a um autoconhecimento corporal, e que também proporciona o
desenvolvimento do raciocínio cognitivo e emocional.
Já Darido (2003), acredita que o professor deve saber separar as coisas
profissionais daquelas da escola, em relação à infraestrutura e salariais mesmo
sendo difícil, mas não é impossível adotar a metodologia reflexiva, refletindo sobre
nossas ações individuais e coletivas. Para proporcionar um melhor desenvolvimento
dos alunos, é preciso que os professores se juntem para refletir todas as disciplinas
como um todo e não que uma seja mais importante que a outra.
METODOLOGIA
Essa pesquisa descritiva foi realizada na cidade de Matipó, localizada na
Zona da Mata de Minas Gerais, no mês de abril a junho de 2012. O instrumento de
coleta de dados serão dois questionários fechados, sendo um aplicado a 15
professores de Educação Física, que correspondem a todos dessa área, atuantes
nas escolas da zona urbana de Matipó - MG e outro em quatro turmas, sendo duas
do 9º (nono) ano do ensino fundamental e duas turmas do 3° (terceiro) ano do
ensino médio.
Fundamentando-se neste instrumento, afirmamos que se trata de uma
pesquisa descritiva. O instrumento contém perguntas, a fim de entendermos a ação
docente dos professores: se estão dando aulas que os alunos “querem” ou aquelas
que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.
Os resultados foram organizados através de gráficos e outra descritiva. Os
questionários foram aplicados depois de assinado o Termo Consentimento Livre
Esclarecido (TCLE) e as informações serão agrupadas por questões e tabuladas em
arquivo Excel versão 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A coleta dos dados foi realizada entre os meses de abril a junho de 2012, em
duas escolas estaduais, para alunos de uma turma de cada escola do 90 ano do
ensino fundamental e uma turma 30 ano do ensino médio, totalizando 103 alunos,
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sendo 68 do sexo feminino correspondendo a 66% e 35 alunos do sexo masculino,
correspondendo a 34% dos pesquisados. As idades foram compreendidas entre 13
a 21 anos. Também foram pesquisados 15 professores de Educação Física de 6
escolas da zona urbana de Matipó. Os professores pesquisados são 7 do sexo
masculino (47%) e 8 do sexo feminino (53%).Iniciamos nosso estudo perguntando
se os alunos gostavam ou não das aulas de Educação Física. Observando que
89,5% gostam das aulas de Educação Física e apenas 10,5% não gostam. Segundo
os Parâmetros Curriculares de Educação Física (CBC), uma boa parte dos alunos
que frequentam a escola consideram as aulas de Educação Física marcantes,
gerando uma experiência prazerosa, de sucesso, de vitórias e para outros uma
lembrança amarga, de sensações de incompetência, falta de jeito em medo de errar.
Com relação ao nível de participação nas aulas, observou-se que 68%
participam sempre, 27% às vezes e apenas 5% não participa. De acordo com (CBC,
2012), o reconhecimento e a valorização do aluno como sujeito do processo
educativo é essencial não somente para conhecer as necessidades do aluno e os
interesses para ampliar as possibilidades de construção de novas aprendizagens,
como também para motivar o seu efetivo envolvimento e participação nas aulas, no
contexto da Educação Física, esse princípio desafia os professores a desenvolver
uma prática não discriminatória entre os alunos, buscando a participação e inclusão.
Quando falamos da participação durante as aulas, 73% considera-se
excelente, participando de todas ou boa participando da maioria delas. De acordo
com Ribeiro et al. (1970), o professor não está preocupado com o desempenho do
aluno na realização da atividade e sim com a participação e aprendizagem na aula.
Em relação ao nível de satisfação com as aulas de Educação Física entre os
alunos observou que 77,5% estão satisfeitos e 22,5% não estão satisfeitos. A
satisfação deve ser a porta principal, pois a satisfação pode estar em participar de
brincadeiras sem regras equivocadas e perfeitas como também em executar um
movimento eficiente na execução de uma técnica aperfeiçoada. (PCN 1998).
As aulas de Educação Física em 24% foram classificadas como sendo
excelentes, 74% classificaram-nas como sendo ótimas ou médias e apenas 2%
como sendo ruins ou péssimas. Lobato (2010), afirma que o professor deve
proporcionar durante suas aulas, atividades aos alunos que deem a eles liberdade
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para a execução das tarefas, onde os professores ensinam aos alunos a encontrar
diferentes possibilidades para realizá-las e atendê-los.
A relação professor-aluno é excelente ou ótima em 68%. De acordo com
Sousa et al.(2012), não existe nenhuma mágica ou receitas prontas de como
ensinar, porque o ensino, como um modo que executa a formação coletiva, é
mediada pela relação professor-aluno-conhecimento.
O eixo temático esporte é relatado como sendo o que mais acontece nas
aulas de Educação Física, alcançando-se 72%. O esporte educacional é aquele
praticado nos sistema de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitandose a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de
alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo a sua formação para o exercício da
cidadania e a pratica do lazer. (CBC, 2012).
Ao se perguntar sobre o eixo temático: jogos e brincadeiras, 52% relatou que
acontecem pouco, apesar de que 20,5% considerar que sempre acontecem, 18,5%
menos acontece e 9% nunca acontecem. A natureza dos jogos e de brincadeiras e
das brincadeiras não é discriminatória, pois aplica o reconhecimento de si e do
outro, trás a possibilidade de lidar com os limites como desafio e não como barreira,
possibilita o uso de diferentes linguagens verbais, não verbais, o uso do corpo de
forma diferente e coerente; a organização, ação e avaliação coletiva. (CBC, 2012).
O eixo temático Ginástica foi considerado em 58,5% como nunca acontendo,
e em 31,5% como menos acontecendo. É sabido que o termo ginástica envolve o
conhecimento sobre as diversas formas de exercitar e conhecer o próprio corpo. Por
isso, consideramos a ginástica uma prática cultural, patrimônio da humanidade,
legitima de ser problematizada e vivenciada durante as aulas. (CBC, 2012).
O eixo temático dança e movimentos expressivos em 45% foram
considerados como nunca acontecendo e 39% que menos acontece durante as
aulas. Segundo o (CBC, 2012), a dança é uma rica possibilidade de trabalhar os
movimentos expressivos, mas não é a única forma. Podemos criar oportunidades
para os alunos vivenciarem a pantomima, a produção de sons com o próprio corpo,
a dramatização. Nesse caso, como na dança o trabalho de improvisação dever ser
considerado, pois envolve imaginação expressividade e espontaneidade.
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A Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos
em 68%. Sabe-se que o principal envolvimento da Educação Física é com o
desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos,
afetivos e psicomotores, ou seja, buscando garantir a formação integral do
educando. Segundo Zabala (1998), citado na Proposta Curricular CBC (2012) a
Educação Física consiste em três naturezas: procedimental, atitudinal e conceitual,
sendo essas, responsáveis pela aprendizagem do educando nos seguintes
aspectos: o procedimental referindo-se a realização de ações e a reflexão sobre a
atividade. O atitudinal refere-se aos comportamentos ou regras, segundo
determinado grupo social. Por sua vez o conceitual que tem como objetivo informar
sobre os porquês, a importância dos limites e vivências corporais. (CBC, 2012).
A abordagem deste estudo também abrangeu os professores, pois nesta
análise é importante o enfoque dos dois lados envolvidos.
Os professores pesquisados são em 61% formados entre 2 a 5 anos, 33%
encontram-se não formados ou formados apenas a 1 ano.
Ao se perguntar o que mais lhe chamou a atenção ao escolher a profissão,
verificou-se que 47% dos pesquisados foram inspirados no professor de Educação
Física de sua escola e que 53% por amar a profissão. Segundo Verri, (2009), esse
profissional é muito marcante na história de muitos. Ele relata que esses
profissionais são os mais atrativos da escola, a aula é sempre um representante de
felicidade e prazer, entre os jogos e as atividades individuais além de proporcionar
um bem estar físico. Também se perguntou, se estão preparados a exercer a
profissão e 93% dos professores afirmaram estarem preparados. De acordo com o
(PCN, 1999), o professores adquirem uma bagagem de conhecimentos no decorrer
de sua formação que podem contribuir muito para a competência no momento de
preparar suas aulas, organização de um evento escolar e também na orientação ao
aluno numa apresentação de trabalho entre outras modificações.
Em 46% dos professores, nunca pensou deixar a profissão escolhida, 27%
em uma pequena parte do tempo pensou em desistir, 20% pensaram em desistir
uma boa parte tempo e 7% somente pensaram em alguma parte do tempo em
desistir. Segundo os (PCNs,1999), o profissional de Educação Física passou a ser
mais exigido quanto a qualificação e ao uso de conhecimento em relação ao
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planejamento de atividades que venham ao encontro do interesse do aluno e ao
mesmo tempo a Educação Física não tem um conteúdo próprio o que obriga o
professor a adaptar e improvisar nas mais variadas condições de trabalho, mas
como afirma Verri, (2009), essa profissão se torna prazerosa por ser um
representante de alegria.
Ao se auto avaliarem, percebeu-se que 60% consideram-se bons no que
fazem e de acordo com os (PCNs,1999), a liberdade e a necessidade do professor
de Educação Física em poder adaptar materiais para chegar o mais próximo
possível o desenvolvimento do aluno, exige um esforço muito grande para o
educador, pois todo tempo tem que ser criativo e criterioso para desenvolver um
trabalho integrativo e interessante.
A aceitação e o respeito pela Educação Física no âmbito escolar, foi relatada
como sendo regular em 60%, em 40% como sendo ótima ou boa e em nenhum
momento houve o relato da relação ser péssima. Segundo Macedo e Antunes
(2012), o professor de Educação Física tem sido colocado em muitas vezes à
margem das instituições, essas questões têm grande importância quando a
presença dessa disciplina na escola é questionada em geral, sendo colocado em
nível inferior em relação às outras disciplinas. Em muitos casos o professor de
Educação Física mostra-se como um eterno repetidor de procedimentos de duvidosa
fundamentação teórica sem conhecer sua real função no processo educacional, bem
como seu potencial de contribuição para o desenvolvimento de seus alunos, pouco
tem contribuído para melhoria da parte pedagógica do professor dentro da escola.
Em relação ao planejamento anual, 93% afirmaram fazê-lo. De acordo com o
(CBC, 2012), o trabalho por plano é uma alternativa relevante, capaz de viabilizar as
ações coletivas interdisciplinar no interior da escola. Construindo uma possibilidade
de os educadores repensarem os tempos e espaços escolares e a organização do
currículo, o trabalho planejado permite não apenas a construção do conhecimento
em forma de contexto, mas também a integração desses, às realidades do aluno,
ajudando também a facilitar a construção de um conceito sobre as aulas.
Nota-se que 67% utilizam o CBC para realizar seu planejamento anual. De
acordo com Sousa et al. (2012), a importância do CBC justifica-se por ter como base
a elaboração anual do Programa de Avaliação da Educação Básica (PROEB) e
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também para estabelecer um plano de metas e objetivos para as escolas e também
para dar apoio ao professor de Educação Física.
O eixo temático os jogos e brincadeiras em 47% são os mais desenvolvidos
em suas aulas. Os jogos e brincadeiras resultam em um processo lúdico, autônomo
e criativo, que possibilita a construção de regras, diferentes métodos de lidar com o
tempo, espaço e materiais. Todos os quatro eixos temáticos deverão ser
desenvolvidos igualmente e distribuídos durante o ano, o que vem ao encontro de
33% dos professores. (CBC, 2012).
Os professores são unânimes em relatarem que a Educação Física contribui
para o desenvolvimento integral dos alunos. A disciplina contribui não só para as
habilidades motoras, mas; norteia a formação integral e por meio dela que os alunos
se adaptam aos problemas do cotidiano, através dos contatos com diferentes
situações. (PCNs, 1999).
Dos pesquisados 74% acreditam que a Educação Física desenvolve o ser
humano no seu aspecto crítico e emancipado. Segundo o (PCN, 1998), essa
disciplina é de extrema importância para o desenvolvimento dos alunos com o ato de
aprender com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir a
formação integral do aluno, preparando para opinar e participar das decisões da
sociedade.
Quando indagados sobre quem escolhe as atividades a serem desenvolvidas
durante as aulas, 47% quase sempre escolhem 26% sempre escolhem 20% às
vezes escolhem e 7% deixam à escolha dos alunos. De acordo com CBC, a
elaboração de plano de aula é de responsabilidade do professor, que por sua vez
deve ser discutida com os educandos para proporcionar uma maior satisfação
durante as aulas, através de um planejamento não discriminatório.
Os professores afirmaram em 40% que o esporte é o que os alunos mais
gostam e 60% como sendo os jogos e brincadeiras. O CBC afirma que, ao assumir o
esporte como uma prática educativa, precisa que algumas ações metodológicas
sejam mudadas para atender e incluir a participação dos menos habilidosos, lembrar
que existem maneiras diferentes para utilizá-lo de acordo com o objetivo que se quer
alcançar. Já os jogos e brincadeiras tem objetivo de ensinar os jogos de forma de
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diferentes sem barreiras e poucas regras e possibilitam a vivência e caráter lúdico
que acompanha tais práticas corporais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Física é um processo de educação integral, visando o ser
humano, seu inteiro desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social. Os
conteúdos de ensino que estruturam e identifica a Educação Física como área de
conhecimento como componente curricular é denominado eixo temático, sendo eles:
esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos expressivos.
O presente estudo constatou que o professor de Educação Física na escola é
bem quisto pelos alunos, pois os mesmos gostam de participar das aulas, estando
satisfeitos, considerando-as excelentes ou ótimas. A relação professor-aluno é
excelente ou ótima, seguida dos demais segmentos da escola. O esporte foi
relacionado pelos alunos como sendo o eixo temático mais desenvolvido, jogos e
brincadeiras como acontecendo pouco, ginástica nunca acontecendo, a dança e
movimentos ritmos e expressivos como nunca acontecendo ou menos acontecendo.
Esta resposta entra em contradição à resposta dos professores, pois os
mesmos responderam que jogos e brincadeiras são os mais desenvolvidos. Este
fato se deu porque a maioria dos professores pesquisados trabalha nos anos iniciais
do ensino fundamental e a pesquisa foi realizada com os alunos de duas turmas de
90
ano e duas turmas de 30 ano do ensino médio. Outros conteúdos também
poderiam estar sendo desenvolvidos ao longo do ano, porém os alunos poderiam
não associar o conteúdo ao eixo temático desenvolvido.
Os professores envolvidos amam a profissão, em sua maioria nunca
pensaram em abandoná-la, consideram-se bons no que fazem, realizam um
planejamento anual baseado no CBC, acreditam que a Educação Física contribui
para o desenvolvimento integral do aluno fazendo-o tornar-se um cidadão mais
crítico e emancipado. Para a escolha das atividades a serem desenvolvidas durante
as aulas, entre as aulas que os alunos “querem” e aquelas que contribuem para o
desenvolvimento integral do ser humano, observou-se que 73% dos professores
escolhem sempre ou quase sempre escolhem as atividades a serem desenvolvidas,
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apenas 20% deixa a escolha para os alunos e em 7% dos casos a escolha é sempre
dos alunos.
Os professores e alunos envolvidos em sua maioria acreditam que a
Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento integral do aluno e esta
contribuição passa muitas vezes através da atividade física, onde o professor deve
desenvolver atividades que sirvam de estímulo a um autoconhecimento corporal e
que também proporcione o desenvolvimento do raciocínio cognitivo e emocional.
Sugerimos pesquisas feitas somente com professores e alunos dos anos
finais do ensino fundamental e médio. E também somente com professores e alunos
de anos iniciais do ensino fundamental.
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COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA EM SUAS AULAS
Francismária Mendes de Souza e Luana de Magalhães Campos Barbosa–
Graduadas em Educação Física UNIVÉRTIX.
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O estudo teve como objeto identificar a forma que o professores de
Educação Física da rede estadual do município de Matipó - MG têm lidado com
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais em suas aulas. A
inclusão não é apenas a inserção dos alunos com deficiência nas escolas regulares,
mas também a integração dos mesmos no ambiente escolar. A metodologia utilizada
foi pesquisa qualitativa através de entrevista semi-estruturada. O que se pode
comprovar com o estudo é que ainda existe falta de recursos e falta de interação
entre a direção da escola e professores de educação física no que diz respeito aos
PNEE.
PALAVRAS-CHAVE: Deficiência, Educação Física, inclusão, professores.
INTRODUÇÃO
Embora seja grande o número de alunos com deficiência, matriculados em
salas de aula do ensino regular, percebe-se que os educadores ainda sentem
dificuldades ao receberem estes educandos. O despreparo do professor em relação
ao aluno com deficiência pode ser um dos obstáculos a dificultar a inclusão escolar e
a aprendizagem do mesmo.
Em relação à Educação Física escolar, a inclusão pode ser considerada um
grande desafio para o professor, pois este lida com corpos em movimento e os
aspectos corporais ficam mais evidentes. Nesse caso a aprendizagem está
vinculada á experiência prática, onde o aluno precisa ser considerado como um
todo, onde aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em
todas as situações do cotidiano de professores e alunos (PCNs, 1997).
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Sabe-se que já existe uma parcela de alunos com deficiência ativos na
sociedade; eles trabalham, estudam, têm família. Também dispõem de tempo livre
para ser ocupado com atividades de lazer. Esse é um direito universal de todos os
seres humanos (GOULART e NEGRINE, 2008).
O fato de existirem alunos com necessidades educacionais especiais, inclusos
ou não, nas aulas de Educação Física, sempre foi para nós objeto de interesse;
saber mais sobre como os professores de Educação Física se relacionam com os
indivíduos excepcionais, quais estratégias são utilizados para promover a integração
do aluno com deficiência com os demais colegas, quais são as dificuldades
enfrentadas pelo professor devido às barreiras arquitetônicas encontradas no
ambiente escolar e quais os benefícios que este aluno tem em estudar em escolas
regulares.
Diante do exposto, a questão eixo indaga: como professor de Educação Física
do município de Matipó tem lidado com alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais em suas aulas? Apresenta-nos ainda as questões
periféricas: como surgem e como se relacionam Educação Física e pessoas com
deficiência? Têm surgido espaços para a avaliação crítica das relações da Educação
Física com essas pessoas portadoras de necessidades educacionais? Como
professores de Educação Física têm lidado com alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais em suas aulas? Todos os alunos participam
das aulas de Educação Física? Como é o comportamento dos demais alunos diante
das diferenças existentes entre eles? Os professores estão preparados para
trabalhar alunos nestas condições? Essas são questões que pretendemos
responder no decorrer de nossa pesquisa.
Diante dessas questões o objetivo desse estudo foi identificar a forma que o
professores de Educação Física da rede estadual do município de Matipó têm lidado
com alunos com deficiência em suas aulas.
Com este estudo pretendemos contribuir para que os professores repensem
suas práticas pedagógicas ao lidar com os alunos com deficiência, não
simplesmente considerando que esses alunos não têm condições de realizar esse
ou aquele movimento, mas criando estratégias para que da forma deles possam
participar das aulas.
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Portanto, diante de todos esses fatos tomamos a escolha do tema onde assim
uma pesquisa junto as escolas Estaduais de Matipó-MG, visando ver como é a atual
realidade dos alunos portadores de necessidades educacionais no que diz respeito a
Educação Física.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A deficiência pode ser definida como anormalidades nos sistemas e órgãos das
partes do corpo. Deficiência vem juntamente conceituada às limitações e/ou
impedimentos de longo prazo, de natureza física mental, intelectual ou sensorial, que
em intercâmbio com distintos obstáculos podem ter reduzida sua participação
completa e ativa na escola e na sociedade (UNESCO, citado por DELOU, 2008).
Segundo Mantoan (2004) as ações educativas inclusivas têm como eixo o
convívio com as diferenças, a aprendizagem como experiência relacional,
participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla a sua subjetividade,
embora constituída no coletivo das salas de aula. A educação inclusiva possui a
proposta de acolher em escolas regulares todas as diferenças, sendo elas de
origens raciais, sociais, étnicas, religiosas e deficiências de todos os gêneros como
físicas, intelectuais, motoras e múltiplas.
A Educação Física contempla múltiplos conhecimentos a respeito do corpo e do
movimento, onde sua finalidade é de lazer, expressão de sentimentos, saúde,
desenvolvimento recuperação dentre outros, sendo fundamental a vida de qualquer
ser humano. A educação física deve ser adaptada conforme a necessidade do
aluno, visto que cada um tem suas limitações. O trabalho na área da Educação
Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento, e trabalha
com a motricidade, ou seja, com as habilidades do corpo e é capaz de contribuir
para o desenvolvimento do aluno inclusive dos alunos com deficiência (PCNs, 1997).
A Educação Física Adaptada surgiu através da Resolução 3/87 do Conselho
Federal de Educação onde prevê a atuação do professor de Educação Física com a
pessoa com deficiência e outras necessidades especiais. Segundo Duarte e Werner
(1995) a Educação Física Adaptada tem por objeto de estudo a motricidade humana
para as pessoas com necessidades especiais, onde a metodologia deve respeitar as
suas necessidades e também as diferenças individuais de cada um.
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Menezes e Santos (2002) apontam que a educação física adaptada deve incluir
alunos com necessidades especiais nas atividades físicas, isto porque a atividade
motora adaptada é um dos meios que proporciona ao aluno com necessidades
especiais condições de aumentar o repertório de movimentos. E possibilita a ele
estabelecer um novo conceito de corpo, desenvolvendo assim todo o seu potencial.
METODOLOGIA
A presente investigação traz a tona à discussão de como os professores de
Educação Física tem lidado com alunos que apresentam necessidades educacionais
especiais em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa do caráter qualitativo. Segundo
Minayo (2006) o método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das
relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões,
produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem,
constroem seus artefatos e a si mesmo, sentem e pensam.
Atualmente existem 10 professores de Educação Física atuantes nas escolas
Estaduais de Matipó-MG mas apenas 6 declararam ter alunos PNEE. Assim, essa
pesquisa foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com 6 professores
de Educação Física atuantes nas escolas.
A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo
investigador pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de
forma totalmente aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do
instrumento apresentamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A pesquisa foi realizada do mês de junho a agosto de 2011. As entrevistas
foram gravadas e posteriormente transcritas e armazenadas no programa Word
versão 2007, mantendo-se a fidelidade das falas dos sujeitos.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS
Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Fernando
(38), Paola (38), Luís (25), Sandra (26), Renata (26) e Ruan (25), representados por
nomes fictícios para resguardar suas identidades. O tempo de formação e atuação
de Fernando e Paola são mais de 13 anos, Sandra 7 anos, Ruan e Luís é de 5 anos
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aproximadamente e Renata 2 anos. Fernando, Paola e Ruan atuam tanto no Ensino
Fundamental quanto Ensino Médio, os outros demais professores atuam no Ensino
Fundamental. Todos atuam no período matutino e vespertino.
Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos aos professores se
existem alunos com necessidades educacionais especiais inseridos em alguma de
suas turmas. Todos responderam que sim. A seguir foi perguntado qual o tipo de
deficiência:
Autista (Paola, professora, 38 anos)
Cadeirante (Fernando, professor, 38 anos)
Deficiência física e deficiência mental (Ruan, professor, 25 anos)
Atraso mental (Renata, professora, 26 anos)
Déficit de atenção (Luís, professor, 25 anos) (Sandra, professora, 25
anos)
Quanto a patologia que o aluno apresenta segundo Sassaki (2002) é
fundamental que alguns cuidados sejam tomados, como analisar o tipo de
necessidade especial que este aluno apresenta, visto existirem diferentes graus de
limitações que requerem procedimentos específicos.
Esses alunos devem ser inscritos na rede regular de ensino e receber apoio em
salas de recursos multifunicionais por meio de professores capacitados e/ou
especializados. A escola deve receber alunos “independentemente de suas
condições físicas,
intelectuais,
sociais,
emocionais,
lingüísticas
ou
outras”
(UNESCO, 1994, apud , DELOU, 2008, p. 19).
Outra pergunta feita foi: Como a direção da escola lhe entrega essas crianças,
lhe é passado algumas instruções de quais as patologias e de como lidar com elas?
Eles chegam lá como se fossem crianças normais (Fernando,
professor, 38 anos).
No primeiro dia de aula eles não falam nada, no segundo dia de aula
eles não falam nada, no primeiro mês de aula eles não falam nada...
Eles não falam nada nunca, se a gente não for atrás e perguntar
eles nunca fala. Raríssimas vezes são as horas que eles entregam
pra gente uma turma já falando antes o que esta acontecendo.
Maioria das vezes são os professores que detectam algumas
patologias vão atrás da direção ou da pedagoga e ai sim quando ela
tem algum conhecimento ela passa pra gente. Mais na maioria das
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vezes a gente chega lá sem saber nada ai a gente fica um pouco
assustado porque a gente não está sabendo de nada a principio. E
tem hora que chega a ser constrangedor já recebemos um aluno que
era surdo e a gente não sabia que ele era surdo e ai no caso ano
passado eu que detectei que ele era surdo ai que eu fui correndo
atrás da direção avisá-los e eles nem sabiam ainda (Paola,
professora, 38 anos).
Segundo Stainback e Stainback (1999) a escola só obterá sucesso no que diz
respeito à inclusão se respeitar as diferenças e trabalharem juntas, com um trabalho
criativo visando à resolução de problemas. Direção e professores precisam caminhar
juntos no que diz respeito à inclusão desses alunos, pois, respeitando a
individualidade de cada um e o tempo próprio que eles levam para assimilarem o
novo e desenvolverem suas potencialidades, a inclusão será de fato efetiva e
autêntica.
Quando perguntados sobre como incluem esses alunos em suas aulas de
Educação Física eles foram unânimes em responder que incluem os alunos de
modo que estes não sejam prejudicados nem excluídos:
Na verdade a patologias deles não impedem eles em nível de ter
que fazer atividade separada, eles conseguem acompanhar, mesmo
que tem deficiência física consegue acompanhar toda turma
naturalmente (Ruan, professor, 25 anos)
O que tem um problema físico ele já é mais... uma pessoa mais
tranqüila, mais centrada, porém, o que tem problema mental, o que
tem o psicológico dele mesmo, ele já é... já causa um pouco mais de
problemas, as vezes por uma questão de comportamento, de
participação nas atividades, comportamento dos outros alunos,
então a gente tem que “ tá” sempre muito atento a ele, se não
envolve brigas, agressões físicas tem que “tá” sempre muito ligado a
ele (Luís, professor,25 anos).
Eu tento aproximar ao máximo, dar algumas atividades que eles
gostam algumas atividades menos complexa que eles possam
participar. Vo tentando chegar perto, tentando dar um carinho a mais
e ai eles conseguem algumas atividades realizarem, mais ou menos
esse menino ele não participou da primeira semana de aula, nem da
segunda depois ele já foi participando e atividades menos
complexas, hoje em dia já participa mais e sorri e fica alegrinho
participando (Paola, professora, 38 anos).
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Duarte e Werner (1995) pontuam que a Educação Física adaptada é uma
área da Educação Física que tem como objetivo de estudo a motricidade humana
para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias
de ensino para o atendimento às características de cada um, respeitando suas
diferenças individuais.
As dificuldades imprimem um ritmo, mas não impedem o desenvolvimento...
Precisamos ter sensibilidade para incluir cada sujeito em sua particularidade,
promovermos situações de aprendizagem e trabalharmos com a diferença... (
ELIZA, 2005, apud ,PROJETO INCLUIR, 2006, p.9).
Sobre a participação dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física
escolar, Boato (2008) afirma que é preciso incluir, num meio que sempre excluiu,
classificou, separou, cobrou performances extraordinárias, deixando de lado os
“incapazes”. As pessoas que tem deficiência historicamente sempre foram excluídas
da participação social. Os conteúdos da Educação Física Escolar, precisam atender
às pessoas que não apresentam competências e habilidades para acompanhar suas
propostas, caso das pessoas com deficiência que vêm, gradativamente, sendo
incluídas nas turmas regulares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Outra questão discutida nessa pesquisa foi sobre o comportamento dos alunos
com deficiência nas suas aulas e como é o comportamento dos demais colegas em
relação a esses alunos nas aulas de Educação Física. Os professores disseram que
existem pontos positivos e negativos:
Como ele... Ele é muito nervoso, ele acabou colocando um pouco de
medo nos demais alunos, então nesse ponto chega a ter um... Os
meninos têm um respeito maior por ele, às vezes por medo, por
qualquer atitude que ele possa ter então o medo que os meninos
sentem dele vêem transformando em respeito (Luís, professor, 25
anos).
Eles ficam meio arredios, distante, não ficam querendo participar e
alguns alunos não tem muita paciência com eles, mais ai a gente
tem que ter um jogo de cintura e tentar aproximar ao máximo essas
crianças com necessidades especiais dos ditos normais (Paola,
professora, 38 anos).
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Mittler (2003) faz uma grande crítica a esse processo de integração com a
classe escolar, revelando que neste caso o aluno deve adaptar-se à escola e não há
necessariamente uma perspectiva de mudança de que a escola mudará para
acolher uma diversidade cada vez maior de alunos. Caso essa afirmação fica claro
que a integração fere um dos principais pressupostos da educação inclusiva, que é o
de transformar a escola, de provocar nela uma ampla revisão de suas práticas, de
forma a garantir a todos o acesso democrático a um espaço que deve promover o
respeito à diversidade humana.
Sobre como os professores enxergam a inclusão nas escolas regulares hoje
em dia responderam os professores: que enxergam pontos positivos e negativos.
A maioria dos pontos são positivos, acontece que o principal ponto
negativo é quando o professor passa a tratar o aluno de forma
totalmente diferente. Às vezes desnecessário, às vezes o aluno esta
em condição de acompanhar a turma e o professor passa a ter
receio do aluno ficar chateado. Passa a tratar ele de forma diferente
é o que costuma magoar mais o aluno e os pontos positivos são
vários, se a gente for enumerar aqui, os seja, essa questão da
inclusão é muito importante, tanto pro aluno que esta sendo incluído
a quem está incluindo o aluno, porque ele passa a ter uma
convivência melhor com os professores e os alunos (Renata,
professora, 26 anos).
Tanto positivos e negativos. Positivos é a socialização, a vivencia
NE, ele se sente uma pessoa como outra qualquer, todos nos temos
deficiências, mas, por outro lado existe o problema de querer ter
uma escola inclusiva não sendo inclusiva, estão esses alunos... se
gasta muito dinheiro falando da inclusão, mais eu não vejo tanto
resultado perante a isso. Igual o colégio é uma escola inclusiva, se
gastou um dinheiro para adaptar a escola aqui, e não foi
conservada, ta tudo quebrado. Então isso é um ponto negativo e por
outro lado também é aquela coisa, você se prepara uma parte da
escola e a outra não, então é, existe ponto positivo de conviver mais
também não existe o ponto positivo de você conviver dando
condições para convivência. Tipo, muitas vezes igual você falou ai,
não tem um acompanhamento pedagógico, psicológico, interpretes,
não tem nada (Fernando, professor, 38 anos).
Segundo Carneiro (1997) apostar em inovações será o caminho mais seguro
para a efetivação da escola inclusiva. Quando professores das mais variadas
diversidades (re) descobrirem o valor de ensinar através da troca, reconhecimento
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seus alunos como seres capazes de realizações, interagindo com as famílias na
busca por soluções de seus problemas familiares, os quais interferem diretamente
na sala de aula, procurando apoio em todos os setores da escola na realização de
tarefas conjuntas e garantindo a participação dos alunos nas decisões de sala de
aula, estaremos construindo não apenas a escola que irá atender ao aluno com
deficiência, mas a escola que atenderá a todos, ou seja, a escola inclusiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho concluiu após a pesquisa que é possível perceber que os
professores de Educação Física das escolas estaduais de Matipó – MG acreditam
na possibilidade de se trabalhar a educação inclusiva em suas aulas consideram
esta uma prática importante para os alunos que nela estão inseridos, e quem em
momento algum, estes prejudicam os ostros alunos.
Percebemos que não existe qualificação adequada para todos os professores e
que nem sempre a direção da escola informa o profissional de Educação Física
sobre o aluno com deficiência.
Os professores entrevistados estão conscientes da importância da inclusão nas
aulas de Educação Física, como também sendo importante para o desenvolvimento
do PNEE visto que através de atividades físicas adequadas eles se sentem mais
inseridos, interagem com outros se tornando mais participativos.
Por isso, é preciso que os professores, direção da escola e família se unam
para tornar de fato afetiva a inclusão de alunos com deficiência no cotidiano das
escolas. Com as situações adversas, criadas pela falta de preparo dos professores,
por legislações equivocadas e escolas mal adaptadas para receber esses alunos.
Eles esperam por soluções imediatas, nós também.
REFERÊNCIAS
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Educação Inclusiva. 2008.
CARNEIRO, Rogéria. Sobre a Integração de Alunos Portadores de Deficiência no
Ensino Regular. Revista Integração. Secretaria de Educação Especial do MEC,
1997.
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COMO OS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA
FACULDADE UNIVERTIX COMPREENDEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?
Marina Aparecida Gomes e Simone Leal Silva – Graduandas em Educação Física
UNIVÉRTIX.
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão
da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O tema da educação inclusiva tem despertado grandes angústias e
entusiasmos em vencer as barreiras impostas pela sociedade em geral e
principalmente no meio educacional. O objetivo desse trabalho é compreender a
forma que os alunos do curso de licenciatura em Educação Física da Faculdade
Univértix entendem sobre o assunto educação inclusiva. Trata-se de uma pesquisa
descritiva com uma abordagem quantitativa, através da aplicação de questionários
com os alunos do 3° ao 6° períodos curso de Educação Física. O presente estudo
constatou que apesar de a maioria dos acadêmicos considerarem que possuem
conhecimentos sobre à Educação inclusiva e/ou adaptada os mesmos não se
encontram preparados para atuar com esses alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Educação; inclusão, educação física.
INTRODUÇÃO
O tema da educação inclusiva tem despertado no meio educacional grande
angústia e entusiasmo em vencer as barreiras impostas pela sociedade em geral. As
necessidades educacionais especiais (NEE) exigem um processo complexo de
transformação tanto na educação como na própria vida do aluno.
O motivo que nos levou a tratar desse assunto foi à tentativa de mostrar a
realidade vivida por essas crianças e jovens - pessoas com deficiência, com
transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superlotação - e assim ter
o privilégio de compartilhar, entender, viver e conhecer essas diferenças, não só
apenas para entender o que é, mas sim para poder fazer a diferença.
De
acordo
com
Carvalho
(1998)
a
escola
inclusiva
pressupõe,
conceitualmente, uma educação apropriada e de qualidade dada conjuntamente
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para todos os alunos considerados dentro dos padrões da normalidade com também
os com necessidades educacionais especiais (NEE), nas classes do ensino regular.
Assim a educação inclusiva é a prática da inclusão de todos independente de seu
talento, deficiência (sensorial, física ou cognitiva), origem socioeconômica, étnica ou
cultural.
Somente a partir da última década, os cursos de licenciatura em Educação
Física colocaram em seus programas curriculares, conteúdos que abordam as
necessidades das pessoas com NEE. Contudo o material didático que trata das
formas
de
trabalho
com
pessoas
com
deficiência,
transtorno
global
do
desenvolvimento e altas habilidades/superlotação em nossa língua ainda são
escassos (AGUIAR e DUARTE, 2005).
Tendo como base essas argumentações elaboramos as seguintes questões
para este estudo: O que os alunos do curso de licenciatura da faculdade UNIVÉRTIX
entendem sobre educação inclusiva? Qual a diferença que eles como educadores
podem fazer na vida dessas crianças? O que os professores podem fazer para
promover a interação entre todos os alunos mesmo com deficiência?
O objetivo desse trabalho é compreender a forma que os alunos do curso de
licenciatura da faculdade Univértix entendem sobre o assunto educação inclusiva.
Com esse estudo pretendemos contribuir para que os nossos colegas futuros
educadores entendam a verdadeira ação de ensinar. Não limitando-se a ensinar
matérias inferiores para alunos com necessidades especiais educacionais e sim
fazendo a diferença incluindo-os nas aulas de Educação Física fazendo com que
eles desenvolvam-se e sintam-se alunos iguais e com todos os direitos.
REFERENCIAL TEORICO
Em 2008 um documento foi elaborado pelo grupo de trabalho (GT) da política
nacional da educação especial – equipe da Secretaria da Educação Especial/MEC –
intitulado “Política Nacional da educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva”. Esse documento revela os progressos da informação e das lutas sociais,
visando estabelecer políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade
para todos os alunos. O documento determina que os “alunos da inclusão” são
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aqueles que apresentam “deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades/superlotação” (BRASIL, 2008).
Segundo o decreto presidencial nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999
deficiências é:
Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano (p.2).
De acordo com decreto presidencial nº 5.296, de 2004 as deficiências podem
ser física, auditiva, visual e mental:
Deficiência física consiste em alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função
física. Deficiência auditiva é uma perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais. Deficiência visual trata-se de uma
cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica. Deficiência mental é funcionamento
intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos
dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas. (p.2)
Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento caracterizam-se por
uma alteração global e qualitativa das capacidades de comunicação, interações
sociais recíprocas, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo. Inclui-se nesse grupo de alunos os autistas, as síndromes do espectro do
autismo (Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger) e as psicoses infantis (BRASIL,
2008; MARCELLI & COHEN, 2009).
Crianças com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevadas
em qualquer uma das áreas que se segue: intelectual, acadêmica, liderança,
psicomotricidade e artes. Essas potencialidades podem ser isoladas ou combinadas
(BRASIL, 2008).
No Brasil a educação especial passou a ser discutida a partir de 1970, onde o
governo começou a se preocupar em criar instituições públicas e privadas, órgãos
normativos federais e estaduais e de classes especiais. Mas a educação inclusiva
ganhou força a partir da aprovação da Constituição em 1988 e da LDB em 1996
(ROGALSKI, 2010).
Em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para
Todos, na qual foi aprovada a Declaração Mundial de Educação para Todos que
enfatizou
a
importância
da
educação
dos
sujeitos
excluídos
social
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e
educacionalmente e daqueles que dela não puderam se beneficiar, na época certa
(SOUZA e OLIVEIRA, 2012).
A escola deve recriar o modelo educativo não tendo como foco principal
apenas o aspecto cognitivo do desenvolvimento, mas oferecer um ensino capaz de
modificar a vida desses alunos, formando cidadãos que possam viver em sociedade,
incluindo o aspecto social e afetivo no processo de ensino (MANTOAN, 2002).
Aguiar e Duarte (2005) consideram que a Educação Física é um dos
componentes curriculares que não pode ficar indiferente ao movimento da educação
inclusiva. Trata-se de uma disciplina muito ampla, que vivencia a prática corporal
direcionada a vivência de movimentos, e desenvolvimento físico e psíquico do aluno
que trata a cultura corporal do movimento. Possuindo assim condições aos discentes
de desenvolver competências adotando estratégias adequadas, onde os professores
irão propor ao aluno com necessidades educacionais especiais uma participação
plena durante as aulas evitando a exclusão.
Para atuar com alunos com necessidades educacionais especiais torna-se
necessário que os professores estejam capacitados, integrando em sua prática
pedagógica todos os recursos da sociedade, da comunicação e informação. Sugerese que os profissionais recebam em sua formação a preparação necessária para
exercer sua autonomia, e aplicar sua competência na adaptação desses alunos. O
professor deve ser formado para atuar de acordo com o saber ensinar e construir
estratégias para isso (OLIVEIRA, TRIGUEIRO e AQUINO, 2012).
A questão da formação profissional é motivo de varias discussões acadêmico,
profissional e políticas, que se referem à inclusão escolar de pessoas necessidades
educacional especiais. É fundamental que as universidades ofereçam disciplinas
curriculares que proporcione ao profissional, formação necessária para atuar com
alunos que apresentam algum tipo de deficiência (BIEGER, 2011).
METODOLOGIA
O presente trabalho consiste em uma pesquisa quantitativa tendo como
característica principal a interrogação direta de pessoas sobre um determinado
assunto, por meio de um questionário (GIL, 2006).
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Quanto à abordagem trata-se de uma pesquisa descritiva, que, de acordo
com Gil (2006) tem como objetivo a descrição das características e fenômenos
relativos a uma determinada população, ou fenômeno. Uma das características
dessa modalidade está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.
A pesquisa foi realizada com alunos do 3° ao 6° períodos do curso de
Licenciatura em Educação Física da Faculdade Univertix, localizada no centro da
cidade de Matipó-MG. Este município possui 17.639 mil habitantes. Sua principal
atividade econômica é a cafeicultura e agropecuária (IBGE, 2012).
A pesquisa foi realizada através da aplicação de questionários com os alunos
do 3° ao 6° períodos curso de Educação Física, a participação desses alunos foi
mediante a garantia de anonimato e sigilo e apresentação do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Os dados foram coletados nos meses de abril e junho de 2012. A partir dos
dados coletados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007. Dessa
tabulação serão geradas gráficos a fim de melhor comunicar os resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A população investigada consta 38 alunos graduandos do curso de Educação
Física da Faculdade Univértix. A idade dos entrevistados variou de 19 a 41 anos,
participantes do gênero feminino teve uma prevalência de 55%, e 45% do sexo
masculino. Em relação à graduação 42% dos alunos participantes dessa pesquisa
foram do 6° Período de Educação Física.
Na primeira questão os acadêmicos são questionados se possuem
conhecimentos sobre Educação inclusiva e/ou Educação Física Adaptada. 74%
afirmaram possuir conhecimentos e 26% ressaltaram não possuir o conhecimento.
No Brasil a educação inclusiva é ainda uma história a ser construída, e as
universidades podem contribuir para esse processo (STRAPASSON e CARNIEL,
2007). A universidade enquanto agência de formação, além de produzir
conhecimento tem ainda à responsabilidade de qualificar os recursos humanos
envolvidos, tanto em cursos de formação inicial quanto continuada, o que é um
desafio considerável para o sistema brasileiro de ensino superior. (MENDES, 2006
apud STRAPASSON e CARNIEL, 2007).
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Diante disso, os acadêmicos são questionados onde foram adquiridos tais
conhecimentos.
Figura 1 – Onde obteve informações sobre a Educação inclusiva e/ou Educação Física Adaptada.
Os dados mostram que 63% dos acadêmicos possuem conhecimentos sobra
a Educação inclusiva e/ou Educação Física adaptada através do curso de
graduação e 21% durante palestras.
Para Reis e Ross (2012) os cursos ou programas de formação e capacitação
docente precisam dar condições efetivas para que o professor trabalhe de imediato
com seus alunos. Proporcionando aprofundamento teórico metodológico (que a
maioria dos professores tanto do ensino regular quanto especial, não tem) para que
o professor possa refletir e modificar sua pratica pedagógica para atender à
diversidade de seus alunos.
Os acadêmicos e futuros professores de Educação Física são interrogados se
acreditam ter conhecimentos suficientes para incluir alunos deficientes em suas
aulas, 61% disseram não estar preparados para essa inclusão, e 39% consideram
estar preparados.
Nota-se que a maioria dos pesquisados se sentem inseguros para incluir
alunos com NEE em suas aulas. Essa questão mostra o que aponta Reis e Ross
(2012) para que a inclusão escolar seja real o professor deve estar sensibilizado e
capacitado, tanto psicológica quanto intelectualmente, para “mudar sua forma de
ensinar e adaptar o que vai ensinar”.
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A formação de professores é base viva da inclusão. Porque a partir do
momento que a escola quer mudança ela tem que dar espaço, suporte e
sustentabilidade para essa formação (CARRILHO CUSTODIO e SOUZA, 2007).
Os acadêmicos são questionados se acreditam no processo de inclusão dos
alunos com deficiência no Ensino Regular.
Figura 2 – Acreditam no processo de inclusão dos alunos portador de deficiência no Ensino Regular.
Nota-se que 45% dos participantes dessa pesquisa acreditam no processo de
inclusão dos alunos com deficiência, pois é através do contato e da interação com
outros indivíduos que o sujeito aprende e desenvolve.
De modo geral cabe aos professores realizar na pratica pedagógicas ações
no intuito de favorecer a aprendizagem de todos os alunos envolvidos no processo.
Dentre essas ações existem adaptações que fazem parte do currículo, para garantir
a inclusão e a permanência do aluno com necessidades educacionais especiais no
ensino regular:
A criação de condições físicas, materiais e ambientais na sala de aula;
Favorecer o melhor nível possível de comunicação e interação do aluno
com toda a comunidade escolar; Permitir e favorecer a participação do
aluno em toda e qualquer atividade escolar; Lutar pela aquisição de
equipamentos e materiais específicos necessários; Realizar adaptações em
materiais de uso comum em sala de aula; Permitir sistemas alternativos de
comunicação, tanto no decorrer das aulas como nas avaliações, para
alunos que não utilizam a comunicação oral; Colaborar na eliminação de
sentimentos de baixa auto-estima, inferioridade, menos valia ou fracasso
(FRIAS E MENEZES, 2012 p.14)
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Entre as dificuldades que existem na educação inclusiva questionamos aos
participantes dessa pesquisa qual seria a maior dificuldade para se trabalhar com
alunos com deficiência.
Figura 3 – Qual a maior dificuldade para trabalhar com alunos com deficiência.
A maior dificuldade encontrada pelos acadêmicos consiste em falta de
infraestrutura da escola (75%).
Para corresponder às exigências e expectativas da educação inclusiva a
escola precisa estar preparada para receber alunos com deficiência isto inclui
adequação da infraestrutura, dos procedimentos de ensino, proposta pedagógica,
preparação dos seus recursos humanos (administração, professores e funcionários),
integração entre a escola e a família (ALCIATI, 2011).
Segundo Leonardo, Bray e Rossato (2009) na implantação da inclusão
escolar não foi providenciado nem mesmo o básico, isto é, a formação/capacitação
de professores, materiais didático-pedagógicos e adaptações curriculares. É
evidente que estas não são as únicas questões importantes a serem discutas e
debatidas quando o assunto é a inclusão escolar, mas são imprescindíveis,
principalmente a infraestrutura da escola, que deve estar adequada para receber os
alunos portadores de deficiência.
Uma nova pergunta aos acadêmicos surge para identificar o que é necessário
para um professor de Educação Física incluir um aluno com Deficiência em suas
aulas?
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Figura 4 – O que é necessário para um professor de Educação Física incluir um aluno Portador de
Deficiência em suas aulas?
Para a maioria dos acadêmicos o que é necessário para incluir um aluno com
deficiência em suas aulas consiste em conhecimento profissional com relação aos
tipos de deficiência, planejamento das aulas e capacitação profissional (70%).
A inclusão escolar pressupõe mudanças físicas relacionadas a posturas frente
às concepções que co-habitam na escola. Um dos embates de maior significância é
o que se refere à formação de professores em níveis teóricos, práticos e pessoais.
Na maioria das vezes, mostra-se bastante insólita para edificar práticas que
realmente estimulem a autonomia, a criatividade e a ampliação das competências do
aluno com deficiência múltipla (SILVEIRA e NEVES, 2006).
A última questão interroga os participantes em relação à participação de
pessoas com deficiência em aulas de Educação Física auxilia a inclusão do aluno na
comunidade escolar, 95% disseram que sim e 5% que não.
Os professores de Educação Física podem contribuir para que estes alunos
com Necessidades Educativas Especiais se sintam seres importantes e não se
excluam do seu grupo de colegas, propiciando-lhes a descontração, o lazer, o
esporte, e enfim favorecendo uma vida de qualidade a estes alunos, estimulando
sempre a participação deles em suas aulas, fazendo com que se sintam capazes e
facilitando, desta forma, a socialização (CARRILHO CUSTODIO e SOUZA, 2007).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui se que apesar de a maioria dos acadêmicos considerarem que
possuem conhecimentos sobre a Educação inclusiva e/ou adaptada os mesmos não
se encontram preparados para atuar com esses alunos. Conhecem a importância do
profissional de Educação Física na educação inclusiva, mas consideram necessário
que haja uma preparação do profissional.
Verificou ainda que entre as principais dificuldades encontradas estejam às
mesmas existentes em qualquer escola pública brasileira, a saber: infra-estrutura,
formação insuficiente dos professores, falta de apoio pedagógico.
O futuro da educação inclusiva em nosso país dependerá de um esforço
coletivo, que obrigará a uma revisão na postura de pesquisadores, políticos,
prestadores de serviços, familiares e indivíduos com deficiência. É importante
trabalhar numa meta comum que seria a de garantir uma educação de melhor
qualidade para todos (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).
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PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE ATITUDES
E COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS QUE APRESENTAM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS E DAQUELES CONSIDERADOS “NORMAIS” NAS
AULAS DESSA DISCIPLINA
Ana Paula Santana e Rosilaine Cristina Librelon Pereira– graduandas em Educação
Física UNIVÉRTIX.
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão
da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo identificar a percepção dos professores sobre
as atitudes e comportamentos dos alunos ditos normais e dos que apresentam
necessidades educacionais especiais nas aulas de Educação Física de uma cidade da Zona
da Mata Mineira. A inclusão não é apenas trazer os alunos com necessidades educacionais
especiais para a classe regular, mas sim proporcionar a eles uma convivência sem
preconceitos, propiciando a aprendizagem. O método utilizado foi à pesquisa qualitativa com
uma entrevista semi-estruturada. Os resultados que obtivemos foi que a aceitação das
diferenças nas classes vem sendo trabalhada pelos professores de Educação Física, apesar
das dificuldades, garantindo assim um que o aluno com necessidades educacionais
especiais participe das aulas.
PALAVRAS-CHAVE:
Educação Física.
Inclusão,
necessidades
educacionais
especiais,
professores,
INTRODUÇÃO
Ao longo do período de aprendizagem nos primeiros semestres do Curso de Educação
Física, em que nos foi aplicada disciplinas que falavam sobre a inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais na perspectiva da educação inclusiva surgiu o
interesse pelo tema inclusão assunto tão polêmico na atualidade. Nesse intuito,
encontramos nestas disciplinas uma afinidade para desenvolvermos um estudo nessa área.
A Educação Brasileira vem sofrendo grandes modificações ao longo dos anos.
E nesse contexto de mudanças, observou-se o crescimento da concepção de
Educação Inclusiva. Mantoan (2004, p. 2) aponta que:
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A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um
movimento muito polemizado pelos mais diferente segmentos educacionais
e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem,
permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino
regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim
diz a Constituição!
A Educação Física é uma área que já foi considerada excludente, pois
antigamente foi utilizada na formação de uma juventude forte e saudável em caráter
militarista para defesa da nação (PCN, 1997). O enfoque atual da Educação Física
ressalta que os educadores devem dar oportunidade a todos os alunos para
desenvolver seu potencial de forma igualitária e não seletiva cooperando no
processo de construção de conhecimento dos alunos (SILVA, 2004).
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é identificar a atitude e
comportamento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e
daqueles considerados normais nas aulas de Educação Física de uma cidade da
Zona da Mata Mineira.
A questão norteadora do nosso estudo é como o professor analisa o
comportamento e a atitude dos alunos ditos normais e dos com necessidades
especiais em suas aulas?
A essência dessa investigação é fundamentada no fato de que a partir de uma
visão dos professores acerca das atitudes e do comportamento dos alunos ditos
normais e daqueles com necessidades educacionais especiais nas aulas de
Educação Física, possamos fornecer aos leitores e aos professores uma base de
dados de como lidar com a Educação Física Inclusiva.
REFERENCIAL TEÓRICO
Em 2008 o grupo de trabalho (GT) da política nacional de educação especial –
equipe da Secretaria da Educação Especial/ MEC - elaborou um documento
intitulado “Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva”, que foi entregue ao Ministro da Educação. Esse documento revela os
progressos da informação e das lutas sociais, visando estabelecer políticas públicas
promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos O documento
determina que os “alunos da inclusão” são aqueles que apresentam “deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superlotação” (BRASIL,
2008).
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A Organização Mundial de Saúde define deficiência como anormalidades no
sistema e órgãos das partes do corpo. Deficiência vem juntamente conceituada às
limitações e/ou impedimentos de longo prazo, de natureza física mental, intelectual
ou sensorial, que em intercâmbio com distintos obstáculos podem ter reduzida sua
participação completa e ativa na escola e na sociedade. A deficiência seja ela física
ou mental, não torna a pessoa incapaz ou inferior em determinada atividade, apenas
geram marcas individuais e coletivas (NERI ET AL, 2003; FARIAS e BUCHALLA,
2005; BRASIL, 2008).
Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles
caracterizados por uma alteração global e qualitativa das capacidades de
comunicação, interações sociais recíprocas, um repertório de interesses e atividades
restrito, estereotipado e repetitivo. Nesse grupo de alunos incluem-se os autistas, as
síndromes do espectro do autismo (Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger) e as
psicoses infantis (MARCELLI & COHEN, 2009).
Crianças com altas habilidades/superdotação evidenciam potencial elevadas
em qualquer uma das áreas que se segue, isoladas ou combinadas: intelectual,
acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes (BRASIL, 2008; MARCELLI &
COHEN, 2009).
Marcelli e Cohen (2009, p. 59) apontam que as questões do normal e do
patológico instituem dois marcos indissociáveis - não se pode conceituar um sem o
outro. “Uma criança pode ser patologicamente normal como pode ser normalmente
patológica”.
O conceito de necessidades educacionais especiais ressalta a interação das
características singulares dos educandos com a atmosfera educacional e social,
chamando a atenção do ensino regular para a provocação de atender as diferenças.
A escola deve deixar de organizar seu cotidiano pelos referenciais de normalidade,
do que é certo ou errado, de quem sabe ou não sabe e de como os alunos devem se
comportar. Se a igualdade for o parâmetro de referência, pode-se inventar o que
quiser para unificar e rotular os alunos com necessidades educacionais especiais.
Contudo, se a diferença for usada como referência, acaba-se com os padrões de
igualdade e normalidade que durante tanto tempo foi padrão na educação, a escola
deixa de ser homogênea, para tornar-se heterogênea, cai toda uma hierarquia das
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igualdades e diferenças que sustentam o ideal da normalização (MANTOAN, 2004;
BRASIL, 2008; DELOU, 2008; COHEN, 2010).
Segundo Jean Meynard citado por Gregório (2002, p.1), atitude “é uma
disposição ou ainda uma preparação para agir de uma maneira de preferência a
outra. As atitudes de um sujeito dependem da experiência que tem da situação à
qual deve fazer face”.
Segundo Braghirolli (1990), se conhecemos as atitudes de uma pessoa é
possível prever seu comportamento com alguma segurança. A atitude está sendo
considerada um processo de disposição interna, que se produz a partir das
percepções resultantes das relações reflexivas com grupos culturais, logo, em
interação com o mundo externo.
A educação para alunos com necessidades educacionais especiais nos últimos anos
está voltada para a perspectiva da educação inclusiva capaz de construir uma escola de
qualidades para todos. A inclusão objetiva construir uma escola que acolha a todos que a
procuram e não tenha preconceito com nenhum aluno, fazendo com que ele permaneça na
escola (GLAT e FERNANDES, 2005; ALVES e BARBOSA, 2006).
Segundo Rodrigues (2003, p.69) “a Educação Física (EF), como disciplina
curricular, não pode ficar indiferente ou neutra em face deste movimento de
educação inclusiva.” As dificuldades que o aluno apresenta dever ser reconhecida
de forma a conduzi-lo e não limita-lo em seu processo de ensino nas aulas de
Educação Física (AGUIAR e DUARTE, 2005).
No final da década de 1950 surge a Educação Física Adaptada, voltada para a
reabilitação. A Educação Física Adaptada surge, como que para realçar um pouco a
visão de atendimento as pessoas com necessidades educacionais especiais no
âmbito escolar. O verbo “adaptar” tem sentido de “ajustar” ou “modificar”. A
Educação Física Adaptada é uma subdisciplina da Educação Física que favorece ao
aluno uma participação um pouco mais segura e satisfatória, e sendo bem sucedida,
podendo suprir assim as necessidades especiais do mesmo (CASTRO, 2005;
CHICON, 2008).
Para Gorgatti (2005, p.27) “a inclusão nas aulas de educação física, quando bem
orientada e estimulada, pode viabilizar vários benefícios para todos.” Incluir em Educação
Física é adotar um ponto de vista educacional com objetivos, conteúdos e métodos que
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valorize a diferença humana para formar uma sociedade comprometida com a inclusão
(CHICON, 2005).
METODOLOGIA
Para efeito dessa pesquisa utilizamos como campo uma escola de rede estadual que
atende aos anos iniciais do fundamental, situada em uma pequena cidade da Zona da Mata
Mineira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cidade
pesquisada possui 15.011 habitantes e o principal ramo de atividade é a cafeicultura.
Foram sujeitos dessa pesquisa três dos professores de Educação Física que atuam
nas séries iniciais do ensino fundamental. O método utilizado foi uma pesquisa qualitativa.
Segundo Gil (2002, p.133):
A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos
dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os
pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto,
definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a
redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a
redação do relatório.
Para coleta de dados realizamos entrevistas do tipo semi-estruturada com os três
professores Educação Física atuantes nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A
entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo investigador
pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de forma totalmente
aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do instrumento apresentamos o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi assinada pelo participante,
sendo esclarecido que seria resguardada a identidade dos entrevistados.
A pesquisa foi realizada nos meses de Julho e Agosto do ano de 2012. As
observações e as entrevistas foram gravadas e armazenadas no programa Microsoft Word
versão 2010.
DISCUSSÕES E COLETAS DE DADOS
Os professores investigados na nossa pesquisa foram chamados de Lucas (26), Joana
(32), Marcos (28) e Vitoria (34), representado por nomes fictícios para que sejam
resguardadas suas identidades. Nossa intenção era fazer entrevista com todos os
professores, porém Marcos não quis que gravássemos a entrevista. Todos os professores
entrevistados trabalham no ensino fundamentam series iniciais, Lucas, Joana e Marcos
trabalham em período integral e Vitoria no período vespertino. O professor Marcos ao ser
procurado por nós pesquisadoras não quis nem que gravássemos nem responder nossos
questionamentos.
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A primeira pergunta feita aos professores foi: Durante a sua formação você teve
alguma disciplina que abordasse as deficiências? E Educação Física Adaptada? Você
conhece a legislação pertinente a educação inclusiva?
Sim, com um título diferente, mas abordando o mesmo tema de
Educação Física Adaptada. Não conheço a legislação q diz
respeito à educação inclusiva. (Lucas, professor)
Sim, não. Sim, que até já fez um curso no ano passado sobre
educação inclusiva. (Joana, professor)
O Decreto nº 3.298 de 20/12/99, que regulamenta a Lei nº 7.853 de
24/10/1999, em seu artigo 27 parágrafo 2º, determina que o Ministério da Educação
deva expedir instruções para que os programas de educação superior incluam em
seus currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionadas aos alunos com
necessidades educacionais especiais. De uma forma geral alguns professores não
receberam ou não recebem capacitação ou alguma formação especializada, o
professor precisa buscar novos recursos educativos, tentando construir novas
formas de aprendizagem para que haja a inclusão dos alunos com necessidades
educacionais especiais (BRASIL, 1999, OMOTE ET AL, 2005). Segundo Stainback
(2006, p.10):
Não se pode mais esperar de nós, professores, sermos complacentes com
um padrão educacional que seja aplicável a todos os alunos. Em vez disso,
deveremos ser mais pró-ativos em providenciar habilidades e conhecimento
que são necessários para que cada indivíduo viva de forma produtiva sua
vida, continuadamente, em um mundo de mudanças.
Outra pergunta feita foi se existem alunos com deficiência em suas aulas? Qual?
Como você ficou sabendo sobre a deficiência do aluno? Você conhece a historia desse
aluno? Já conversou com os pais? Sabe se ele faz algum tratamento especializado de
saúde? Como é esse tratamento?
Sim, existe um cadeirante, tomei conhecimento da deficiência
do aluno no visual mesmo, ou seja, ao ver os alunos, depareime com um aluno com necessidades especiais. Apesar de
conhecer o aluno, a sua história, nunca tive contato nenhum
com os pais do mesmo, nunca houve interesse por parte dos
mesmos, pois quando ocorre dos pais entrarem em contato
com a escola, conversa somente com o professor regente. O
aluno realiza um tratamento especializado de saúde, ele é feito
em Belo Horizonte, mas nada é passado a mim, somente ao
professor regente, sou isolado de qualquer informação, a
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própria escola não nos dá oportunidade de trabalharmos em
comunhão com os demais professores regentes e até mesmo
com a supervisora. (Lucas, professor)
Sim. Vários temos alunos com distúrbios mentais, cadeirante.
Os alunos frequentam a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais- APAE- que os pais não são muitos frequentes
na escola. Não sei. (Joana professor)
Existe. Deficiência física e deficiência mental. Fiquei sabendo
da deficiência do aluno em sala de aula. Não conheço a
história desse aluno. Não conversei com os pais deste aluno.
Acredito que não faz nenhum tratamento especializado de
saúde (Vitoria professor).
É importante que o professor tenha conhecimento sobre o tipo de
necessidades educacionais que o aluno possui, para que ele possa definir o tipo de
atividade esse aluno vai poder realizar. A escola torna-se responsável por garantir
que as necessidades educacionais dos alunos sejam identificadas e prestar auxilio o
que só vai acontecer se isso fizer parte da política educacional e tiver como objetivo
na prática educacional (CIDADE e FREITAS, 2002; BRASIL, 2004).
Quando questionamos aos professores como é a relação dos alunos considerados
normais em relação aos com deficiência? Obtivemos a seguinte reposta
Eles sempre procuram ajudar, são poucos casos a que venha
ocorrer à discriminação, eu sempre passo pra eles os cuidados
que devem ser tomados, e eles mesmos ajudam o aluno com
necessidade. (Lucas, professor)
Às vezes são tratados por alguns alunos com desprezo, e por
outros não, mas conversamos e explicamos que para Deus
todos somos iguais e temos valor. (Joana, professor)
A relação entre os alunos normais e os com deficiência é
normal(Vitoria, professor).
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em rede regular de
ensino nem sempre é sinônimo de que eles serão bem recebidos tanto pelos colegas de
classe, como pelos professores. Os professores são uma peça de fundamental importância
para propiciar a aceitação dos colegas (OMOTE et al, 2005). Segundo Mantoan (2004, p.4),
“o direito à diferença nas escolas desconstrói, portanto, o sistema atual de significação
escolar excludente, normativo, elitista, com suas medidas e mecanismos de produção da
identidade e da diferença”.
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Outro questionamento foi o que você, professor de Educação Física conclui dessa
convivência, acredita que contribui para a inclusão dos alunos com necessidades especiais?
Com certeza, o semblante de medo dele, quando começa a
aula, o medo de não participar, medo de sofrer algum tipo de
preconceito, é totalmente diferente do semblante dele quando
termina a aula, a felicidade dele quando faz a aula e vê que é
“praticamente” igual aos outros, que ele pode participar, claro
que com algumas adaptações. (Lucas)
A convivência é muito satisfatória pelo menos pra mim. Sempre
trato eles com muito carinho e respeito deixando-os a vontade
e mostrando para seus colegas que eles são diferentes, mas
tem valor e são especiais para todos nós. (Joana)
Não tenho experiência nessa área é o primeiro ano que
trabalho com alunos com deficiência, acho que contribuo
pouco, gostaria de contribuir mais. (Vitoria).
A inclusão tem como ponto principal a convivência com as diferenças, em que
se aprende com experiência, com participação, que faz sentido para o aluno,
contemplando o individual na construção do coletivo nas salas de aula. Valorizar no
aluno o seu papel social é perceber que ele pode contribuir no desenvolvimento do o
processo de aprendizagem, mesmo que pequena, de forma a enxergar nele que ele
pode contribuir na formação de conhecimento dentro de seus limites (FIGUEIREDO,
2010; MANTOAN, 2004).
A igualdade democrática não garante que vão ocorrer relações justas nas
escolas uma vez que e escola se encontra diante de diferenças naturais e sociais. A
autora ainda afirma que o ensino de qualidade só acontece quando existe um ser
solidário, que colabore e compartilhe no processo educacional dos alunos
(MANTOAN, 2006)
Batistti (2010, p. 45) afirma que a inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais
Auxilia a um melhor desenvolvimento físico e psíquico do aluno com
deficiência e, aos demais alunos, oportuniza a aquisição de atitudes de
respeito, ajuda e compreensão. Nas relações do aluno que não apresenta
deficiência com o aluno deficiente haverá oportunidade de ambos
aprenderem e conhecerem mundos e saberes diferentes durante as aulas e
durante todo o tempo escolar, ampliando esse entendimento para outros
espaços sociais.
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Segundo Chicon (2008), incluir em Educação Física é propiciar ao aluno um
convívio positivo com as diversidades, possibilitando assim mais oportunidade de
aprendizagem entre os alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão é um tema da atualidade, garantir que ela ocorra vem sendo um
papel que os educadores estão tentando assumir, apesar da falta de materiais,
estrutura, e até mesmo de capacitação. Pode-se observar que apesar de os
dispositivos legais assegurarem que as pessoas com necessidades educacionais
especiais tenham acesso a escola regular, não há suporte técnico preparado para
receber esse aluno.
Os professores que entrevistados acreditam que a inclusão ajuda na formação
dos alunos, instigando neles um espírito de colaboração e de respeito ao próximo. É
necessário buscar meios para que a inclusão aconteça realmente. Que ela não fique
somente em papéis. Precisamos estar ligados às necessidades especiais dos alunos
na tentativa de buscar condições favoráveis a aprendizagem do mesmo.
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DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PARA ATUAR COM OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NAS ESCOLAS
URBANAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
Fernanda Mageste Carvalho e Thamires Torres Magalhães– graduandas em
Educação Física UNIVÉRTIX.
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão
da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia
de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso
de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]
RESUMO
A inclusão tem sido um tema de grande relevância e vem ganhando cada vez
mais espaços em debates e discussões no campo educacional. O objetivo desse
estudo foi identificar os desafios encontrados pelos profissionais de Educação Física
para atuar com alunos com deficiência nas escolas públicas urbanas de um
Município da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo
realizada com professores de Educação Física que atuam nas escolas municipais
urbanas no município de Matipó – MG. Concluímos que os professores de Educação
Física que atuam na Rede Municipal de Ensino do Município de Matipó – MG
conhecem e compreendem a importância da educação inclusiva no mundo atual.
PALAVRAS-CHAVE: Desafios; Educação inclusiva; Educação física.
INTRODUÇÃO
A inclusão tem sido um tema de grande relevância e vem ganhando cada vez
mais espaços em debates e discussões no campo educacional. Toscano et al.
(2012) acreditam que a ideia da inclusão é possibilitar que o aluno que possui algum
tipo de deficiência, faça parte da escola na sua totalidade. Esse artigo abordará a
inclusão das pessoas com deficiência na rede regular de ensino.
Moraes (2007) considera importante criar oportunidades às pessoas com
deficiência para que elas se socializem exercendo assim sua cidadania. A escola é
um instrumento da inserção dos portadores de necessidades especiais na
sociedade, à educação pode ser vista como um instrumento estratégico para
desenvolver essa socialização garantindo os direitos básicos de cidadania.
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A Educação Física possui papel fundamental na vida dos alunos portadores
de necessidades educacionais especiais, desempenhando papel importante no
desenvolvimento motor, social, afetivo e intelectual. Em relação à Educação Física
adaptada ela procura estimular o aluno com igualdade, tornando possível através da
autoestima e autoconfiança a execução mais elevadas de atividades que envolvem
o portador de deficiência como um todo (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).
O interesse pelo tema surgiu da observação de alunos com necessidades
educacionais especiais nas aulas de EFI durante o estágio regulamentar e do
pensamento de que a Educação Física pode fazer a diferença na inclusão desses
alunos.
Diante do exposto, a questão norteadora da pesquisa é: Quais são os
desafios encontrados pelos profissionais de Educação Física para atuar com os
alunos com deficiência nas escolas publica urbanas de um Município da Zona da
Mata Mineira?
O objetivo desse estudo consiste em identificar os desafios encontrados pelos
profissionais de Educação Física para atuar com alunos com deficiência nas escolas
públicas urbanas de um Município da Zona da Mata Mineira.
Trabalhos como este permitem a conscientização e envolvimento cada vez
maior dos profissionais de Educação Física na atuação dentro das escolas na
prescrição de atividades adaptadas para as pessoas que apresentam necessidades
educacionais especiais – especialmente os que apresentam alguma deficiência.
Assim, estes profissionais tornar-se-ão cada dia mais, agentes fundamentais da
integração da inclusão social.
REFERENCIAL TEORICO
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 no seu artigo 208, inciso III explicita
como dever do Estado, o atendimento educacional especializado às pessoas com
deficiência, preferencialmente, na Rede Regular de Ensino (GODOY ET al., 2000).
Em 1994 aconteceu na Espanha a Conferência Mundial sobre Necessidades
Educativas Especiais: acesso a qualidade. Surge então a Política Nacional de
Educação Especial, com vistas a estabelecer objetivos que garantem a conquista e
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a manutenção dos alunos especiais nas redes regulares de ensino (ROGALSKI,
2010).
O Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela
Portaria nº 948/2007 aponta que:
O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades
específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum,
não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa
e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela (BRASILIA, 2008 p.16).
Existem quatro tipos diferentes de deficiência, que é mental, visual, auditiva e
múltipla. A deficiência mental se caracteriza por registrar um funcionamento
intelectual geral significativamente abaixo da média, com limitações associadas a
duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em
responder adequadamente às demandas da sociedade. Na deficiência visual,
acontece uma redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e
após a melhor correção ótica. Deficiência auditiva é a perda total ou parcial da
capacidade de compreender a fala através do ouvido. E deficiência múltipla, que é a
associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental/
visual/auditivo-física),
com
comprometimentos
que
acarretam
atrasos
no
desenvolvimento global e na capacidade adaptativa (BRASIL, 1998).
De acordo com Maciel (2000) cada deficiência acarreta um tipo de
comportamento de diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. A
falta de informação e conhecimento da sociedade em relação à deficiência faz com
que a considerem uma doença crônica, um peso ou um problema.
Sant´Ana (2005) considera que na inclusão educacional, a escola é envolvida
como um todo no planejamento de ações e programas voltados à atenção de alunos
com necessidades educacionais especiais. Cabe o envolvimento dos professores,
diretor, pedagogos, enfim, todos os funcionários da escola agindo coletivamente. Um
fato preocupante que o autor coloca é a ausência de formação especializada dos
educadores para trabalhar com esses alunos, isso é um sério problema no âmbito
educacional.
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O professor de Educação Física dispõe de uma maior liberdade para
organizar os conteúdos que serão vivenciados ou aprendidos pelos alunos nas suas
aulas. Aparentemente a Educação Física é uma área curricular mais facilmente
inclusiva, devido à flexibilidade inerente aos seus conteúdos, o que conduziria a uma
maior facilidade de diferenciação curricular (RODRIGUES, 2003).
Torna-se necessário ao profissional de Educação Física conhecimentos sobre
educação inclusiva, pois, independente da escolha de atuação do profissional da
área, haverá sempre a possibilidade de se trabalhar com pessoas com deficiência,
seja em escolas regulares, academias, clubes, colônias de férias, enfim, em
qualquer lugar (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).
METODOLOGIA
A presente investigação traz a tona à discussão de sobre os desafios
encontrados pelos professores de Educação Física para atuar com alunos que
apresentam deficiência em suas aulas.
Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. De acordo com Minayo
(2008, p. 57):
O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações,
das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos
das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem,
constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.
A pesquisa foi realizada com professores de Educação Física que atuam nas
escolas municipais urbanas no município de Matipó – MG. Este município possui
17.639 mil habitantes. (IBGE, 2012). A Rede Municipal de Ensino do Município de
Matipó - MG possui 5 escolas na zona urbana e 7 professores de Educação Física,
porém apenas 5 responderão ao questionário, haja visto que as acadêmicas
pesquisadoras do estudo se constituem em docentes no município. A pesquisa foi
realizada através de entrevista semi-estruturada. A participação na pesquisa será
mediante a garantia de anonimato e sigilo e apresentação do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
A entrevista semi- estruturada corresponde a um roteiro adequado que é
utilizado pelo pesquisador, onde nenhuma questão se põe de forma totalmente
aberta ou totalmente fechada. Por ter uma base clara no seguimento das questões,
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a entrevista semi-estruturada facilita a abordagem e garante, sobretudo aos
investigadores menos experientes, que suas hipóteses ou seus pressupostos serão
cobertos na conversa (MINAYO, 2008).
Os dados foram coletados nos meses de abril e junho de 2012. As entrevistas
foram gravadas com autorização do pesquisado e transcritas e armazenados em
arquivo Word versão 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para fins de análise foram aplicado questionários para cinco professores de
Educação Física que atuam na Rede Municipal de Ensino do Município de Matipó –
MG. Das respostas obtidas, apropria-se daquelas consideradas relevantes ao
objetivo da pesquisa.
Os professores investigados na nossa pesquisa foram chamados de, Mariana
possui licenciatura plena em Educação Física e leciona há 3 anos. Ana Paula possui
licenciatura plena em Educação Física e atua como professora há 4 anos. Gisele
possui licenciatura plena em Educação Física, leciona há 6 meses. Janaina é
estudante do curso de licenciatura em Educação Física e leciona há 4 meses. João
Paulo possui licenciatura plena em Educação Física e leciona há 6 meses,
representados por nomes fictícios para que seja resguardada suas identidades.
Na primeira questão os professores são questionados se possuem
conhecimento sobre Educação Especial e/ou Educação Física Adaptada, onde
foram adquiridos esses conhecimentos e se foi satisfatório para sua atuação. Sobre
essa questão eles responderam.
Sim, foi satisfatório, pois com esses conhecimentos pude dar aula para alunos
especiais. (Mariana)
Sim, não precisei usar ainda, mais o conhecimento foi satisfatório. (Ana
Paula)
Sim, mas esses conhecimentos não foram adquiridos na faculdade e como
tenho um aluno com deficiência tive que correr atrás. (Janaina)
Sim, adquiri na faculdade, mas ainda não trabalhei com crianças deficientes.
(João Paulo)
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Os
professores
possuem
conhecimento
sobre
Educação
Inclusiva,
consideram o conhecimento satisfatório. O entrevistado 4 evidencia que os
conhecimentos não foram adquiridos na Faculdade durante sua formação. Bieger
(2011) considera necessário que as universidades e/ou instituições de ensino
superior ofereçam disciplinas que abordem a educação inclusiva para que o
estudante seja preparado para atuar dentro da proposta inclusiva.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no capítulo V, art
59 destaca que os sistemas de ensino devem assegurar o atendimento dos
educandos com Necessidades Educacionais Especiais. Alves (2005) destaca a
importância da adequação dos currículos dos cursos de licenciatura, para que os
profissionais possam desenvolver métodos, técnicas e recursos educativos
diferenciados em suas aulas, objetivando atender às necessidades específicas
desse alunado.
Na segunda questão, interrogamos se os professores já atuaram ou atuam
com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais (NEE) e se sim
quais necessidades especiais, como foi trabalhar com esses alunos. Observe as
respostas:
Sim, Síndrome de Down. Foi um aprendizado para mim e para eles, pois tive
que me adaptar para ensiná-los. (Mariana)
Sim, autismo. Apresentei dificuldades ao interagir com ele e com o restante
da turma. (João Paulo)
O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e
estar atento o seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados
como a revisão médica ou psicológica. Outro fato de estrema importância na
educação especial é o fato de que o professor deve considerar o aluno como uma
pessoa inteligente, que têm vontades e afetividades e estas devem ser respeitadas,
pois o aluno não é apenas um ser que aprende (SILVA, 2002).
Na próxima questão os entrevistados são questionados se a escola que
trabalha possui condições de receber alunos com deficiência e se o professor
recebe algum auxílio pedagógico para trabalhar com esse aluno.
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Nessa questão todos os professores afirmaram que a escola não possui
condições de receber o aluno com deficiência e que os professores não recebem
nenhum auxilio pedagógico.
A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita ajustar o
fazer pedagógico às necessidades dos alunos. Para que as deficiências sejam
atendidas na escola regular, é necessário que os sistemas educacionais modifiquem
não só as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos. Mas, também,
que se organizem para construir uma escola real para todos, que dê conta dessas
especificidades (TAVARES, 2008).
Os professores de educação física não podem estar sozinhos na tarefa
pedagógica da inclusão. A prática pedagógica para crianças com necessidades
especiais requer um amplo e preciso acompanhamento da evolução do grupo. Não
basta apenas incluir a criança com necessidades especiais, é necessário prover
recursos para sua manutenção (FALKENBACH ET al., 2007).
A próxima questão os entrevistados são questionados se encontram
dificuldades para ministrar aulas para pessoas com deficiência. Nesse sentido,
observe.
Não. (Mariana)
Não. (Ana Paula)
Sim. Interagir com os alunos (Gisele).
Não. (Janaina)
Não. Mas é preciso ter conhecimento e muita atenção e carinho porque ao
mesmo tempo em que ensina você aprende muito (João Paulo).
Os professores devem estar devidamente preparados para a inclusão,
adequando suas atividades e oferecendo desde atividades lúdicas até jogos
adaptados ao seu aluno, para que estes consigam lidar com as próprias dificuldades
e êxitos. Na Educação Física essa inclusão significa desenvolver atividades que
visem limitações físicas, motoras, sensoriais, mentais, potencialidades de alunos,
além de promover o melhor das pessoas com necessidades educacionais
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integrando-o aos demais alunos da turma através de atividades físicas (LENZ,
MAYER e BURGOS, 2012).
Os professores são interrogados em quais são os requisitos necessários para
um professor de Educação Física incluir um aluno com deficiência em suas aulas.
Ter com consciência que ele é um aluno “diferente” e ter uma noção de como dar aula
para alunos especiais. (Mariana)
Sempre seguro do seu serviço, ter conhecimento e ser capaz. (Ana Paula)
Materiais necessários que muitas vezes as escolas não proporcionam.
(Gisele)
Materiais adequados e cooperação tanto dos alunos como dos professores.
(João Paulo)
Ao professor cabe a função de trabalhar passando exemplos aos seus alunos
com deficiência, para que estes possam imitá-lo ou imitar a colegas que já consigam
executar bem os movimentos e ações. Ajudar fisicamente, inclusive, se houver
necessidade, trabalhar com a forma de estimulação verbal, a fim de aumentar a
auto-estima e consequente vontade de seguir na atividade, explorar gestos, enfim,
criar programas para que todas as diferenças possam participar em uma mesma
aula. Assim, a criança tem a oportunidade de criar, diversificar e ampliar a bagagem
motora que já traz consigo, agregando ainda mais experiências a seu acervo (LENZ,
MAYER BURGOS, 2012).
Na próxima questão interroga aos professores se acreditam que a
participação do aluno com deficiência em aulas de Educação Física auxilia a
inclusão do mesmo na comunidade escolar, se sim de que forma.
Sim, tendo mais contato com os demais colegas para uma boa socialização.
(Mariana)
Sim, entendendo e conhecendo através da sua capacidade. (Ana Paula)
Sim, auxiliando na interação com os demais, assim desenvolvendo o lado
afetivo da criança. (Gisele)
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Sim, pois através das aulas de Educação Física esse alunos se abre mais
permitindo a interação com os demais alunos e consequentemente com os
outros alunos da escola. (João Paulo)
O papel do professor de educação física é de contribuir com uma formação de
cidadão, cuja ação educativa é possibilitar aprendizagens e avanços nas
capacidades de adaptação da criança com deficiência em relação ao contato social
como também com a relação corporal. O brincar capacita à experimentação concreta
da criança, possibilitando um ir e vir entre as representações mentais e as ações
concretas, firmando-se como um facilitador no exercício das aprendizagens
(FALKENBACH et al., 2007).
Na ultima questão os professores são questionados em o que pode ser feito
para que a inclusão escolar deixe o mundo das ideias e as leis e se torne realmente
uma prática.
Mostrar que as crianças tem direitos iguais e que tem também suas
prioridades e direitos. (Ana Paula)
As escolas devem apresentar mais cursos de aperfeiçoamento para que tanto
o professor quanto a escola possa receber o aluno. (Gisele)
Incluir os alunos de forma com que eles fiquem bem a vontade nas aulas, e
que os profissionais possam trabalhar com mais dedicação e carinho com
esses alunos. (João Paulo)
Essa ausência de investimento e/ou preparação aos profissionais acaba
acarretando na qualidade do ensino aos alunos com deficiência; pois as escolas irão
colocar em contato com esses alunos qualquer tipo de profissional sem uma
preparação adequada para melhor atender a demanda (SILVA e ROSA, 2010).
Silva e Reis (2011) consideram fundamental que se invista, verdadeiramente,
na formação do professor, no sentido de ajudá-lo a desmistificar conceitos e
preconceitos, tornando-o mais consciente, crítico, participativo e comprometido com
a construção de uma sociedade mais democrática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que os professores de Educação Física que atuam na Rede
Municipal de Ensino do Município de Matipó – MG conhecem e compreendem a
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importância da educação inclusiva no mundo atual. Mas trabalhar com os alunos
com necessidades educacionais especiais exige um preparo, e é devido à falta
deste que os professores encontram desafios quando vão atuar com os alunos
deficientes nas escolas.
Em relação às dificuldades encontradas os professores da presente pesquisa,
ressaltaram não possuir dificuldade. Mas observamos que a maior dificuldade que
existe na educação inclusiva atualmente é a o despreparo do profissional.
Reconhecemos que a educação vem modificando ao longo de sua história,
principalmente a educação inclusiva que é baseada em leis e princípios que
reconhecem a necessidade de uma educação para todos. Diante disso
consideramos necessários investimentos e cursos de especialização para uma
melhor preparação não somente para os professores de Educação Física, mas para
todos os conteúdos, podendo assim futuramente dizer que temos uma escola
inclusiva.
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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE UM
MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA SOBRE O FENÔMENO BULLYING
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde
mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão
da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia
de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso
de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]
RESUMO
A pesquisa trata sobre bulliyng escolar, como as escolas e profissionais lidam
com esse tipo de violência ocorrido na escola e em suas aulas. A pesquisa tem
como objetivo compreender o conhecimento dos profissionais de educação física de
escolas públicas da rede estadual de uma cidade da zona da mata mineira da
ocorrência de bullying em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa descritiva, o
instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-aberto, aplicado a 10
professores de Educação Física, correspondendo a todos os profissionais dessa
área atuantes nas escolas do município de Santa Margarida – MG. Os resultados
mostram que muitos desses professores ainda desconhecem que atos violentos que
ocorrem dentro da escola podem evidenciar as diversas formas de se manifestar o
Bullying, e consequentemente os prejuízos que vem com ele.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying, conhecimento, profissionais de Educação Física.
INTRODUÇÃO
Atualmente, em se tratando do contexto de violência na escola, seria
imprudente não mencionar um tipo de agressão cada vez mais comum, e que na
maioria das vezes se disfarça na forma de brincadeira: o bullying. (LOPES NETO,
2005).
Bullying palavra de origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil é utilizada
para qualificar atos de violência (física ou não) que ocorrem de forma intencional e
repetitiva contra uma ou mais pessoas, impossibilitadas de fazer frente às agressões
sofridas. O bullying é mais uma forma de violência que vem crescendo
assustadoramente e fazendo vítimas, fatais ou não, ao redor do mundo. Os
agressores do bullying são denominados bullies que tem o significado de valentão,
mandão, brigão e os agredidos são as vitimas (SILVA, 2010).
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Atualmente o bullying tem feito vítimas fatais, e a mídia tem contribuído muito
na divulgação desses casos, trazendo assim uma preocupação maior em conhecer
o fenômeno e construir parâmetros que possa minimizar esses acontecimentos. Um
caso amplamente divulgado pela mídia foi o de Wellington Menezes de Oliveira – o
atirador de Realengo – que chocou o Brasil após fazer 12 vítimas fatais em uma
escola de Realengo no ano de 2011, após investigação pela polícia e pela imprensa
soube-se que o atirador era uma pessoa bastante retraída que costumava ser vítima
de atos agressivos pelos colegas (PORTALODIA, 2012).
De acordo com o estudo realizado por Fischer et al. (2010) o bullying é um
fenômeno comum e recorrente nas escolas. O bullying é um fenômeno antigo e que
ocorre em todo o mundo, mas nos últimos anos o numero de casos tem aumentado
assustadoramente, principalmente no âmbito escolar fazendo diversos tipos de
vitimas e trazendo muitas conseqüências.
O interesse de escrever sobre bullying partiu de um estudo feito na disciplina,
Diretrizes e Bases do Desenvolvimento Humano III, ministrado pela professora
Janine Lopes Carvalho, no curso de Educação Física da Faculdade Vértice, sobre o
fenômeno e saber que muitas pessoas o consideram ainda como uma simples
brincadeira. Daí partiu a curiosidade de saber se os profissionais de educação física
de escolas públicas da rede estadual sabem identificar quando este tipo de
fenômeno esta ocorrendo dentro da escola e qual o conhecimento deles em relação
ao bullying.
A questão eixo que motiva a pesquisa é: Qual o conhecimento dos
profissionais da educação física em relação ao fenômeno bullying?
Como eles
identificam a ocorrência desse fenômeno em suas aulas? Qual atitude tomam diante
dessa situação? Qual atitude eles acham correto que a escola tome?
Diante disso a pesquisa tem como objetivo compreender o conhecimento dos
profissionais de educação física de escolas públicas da rede estadual de uma cidade
da zona da mata mineira da ocorrência de bullying em suas aulas.
Pretendo com este estudo, contribuir no sentido de auxiliar os profissionais da
educação da importância de se ter o conhecimento sobre o tema, para que dessa
forma eles também possam contribuir na intervenção e prevenção desses casos que
muitas vezes trazem vitimas fatais.
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REFERENCIAL TEÓRICO
Desde a década de 80 na Europa, psiquiatras e psicólogos iniciaram um
estudo para distinguir as brincadeiras naturais e saudáveis, típicas da vida
estudantil, daquelas que ganham requintes de crueldade e extrapolam todos os
limites de respeito um pelo o outro. Dando assim origem ao termo bullying (SILVA,
2010).
No Brasil as pesquisas sobre bullying são recentes. O fenômeno bullying
passou a chamar a atenção da população brasileira a partir do momento em que a
mídia noticiou casos ocorridos em escolas e que tiveram desfechos trágicos. Os
primeiros estudos referentes ao assunto surgiram no fim de 1990 e início de 2000
por iniciativa de educadores preocupados com a crescente onda de violência nas
escolas (PINGOELLO, 2009).
Para Oliveira e Votre (2005, p. 174) o bullying:
É um comportamento cruel, portanto marcado pela intencionalidade em
atingir objetivos eticamente condenados; é intrínseco nas relações
interpessoais, e que pode verificar-se sempre que duas ou mais pessoas
interagem, convivem, compartilham espaço de qualquer natureza.
O bullying pode ser expresso de várias formas sendo elas: verbal (insultar,
ofender, xingar, colocar apelidos, etc.), físico e material (bater, empurrar, ferir, roubar
ou destruir os pertences da vítima), psicológico e moral (humilhar, excluir, ameaçar,
dominar, fazer intrigas, difamar etc.) sexual (assediar, violenta, abusar, insinuar) e
virtual ou ciberbullying (através de equipamentos tecnológicos, celular e internet),
podendo causar várias consequências (SILVA, 2010).
Silva (2010) aponta que é importante identificar cada personagem envolvido
no bullying, para que as escolas e as famílias possam construir estratégias e ações
contra ao bullying.
Colovini (2007, p.14) ressalta que:
Os envolvidos com o bullying se classificam em: autores ou agressores, que
são os que praticam a violência; vitimas ou alvos são aqueles que sofrem a
violência arcando com as conseqüências do comportamento de seus
colegas e testemunhas são aqueles que não sofrem nem praticam o
bullying, mas convive onde ocorre o fenômeno e fica calado.
Os motivos que levam os alunos a praticarem esse tipo de violência são as
diferenças econômicas, sociais e culturais, os aspectos inatos de temperamento do
agressor, influências de familiares, de amigos, da escola e da comunidade. Todos
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esses fatores constituem riscos para a manifestação do bullying que causa impacto
na saúde e no desenvolvimento de crianças e adolescentes (LOPES NETO, 2005).
Para Lopes Neto (2005), a agressividade nas escolas é um problema
universal. Mesmo assim os comportamentos característicos à violência pessoal,
denominada bullying, são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo
habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores, demais
funcionários e pais. O acontecimento do bullying “é mais prevalente entre alunos
entre 11 e 13 anos, sendo menos freqüente na educação infantil e ensino médio”.
METODOLOGIA
O referente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem
quantitativa. Segundo Gil (1991, p.21) a pesquisa descritiva:
Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno
ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática.
Assume, em geral, a forma de levantamento. (GIL, 1991, p. 21).
A coleta de dados foi realizada com 10 professores de Educação Física de 4
escolas públicas da rede estadual de um município de pequeno porte da zona da
mata mineira. O município contém 15.011 habitantes segundo os dados IBGE
(2010). A atividade econômica principal é voltada para agricultura com ênfase na
produção de café. O município não conta com muitas atividades de lazer e culturais
para seus habitantes.
O instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-aberto, objetivo e
claro, elaborado pela pesquisadora do estudo com intuito de facilitar a maneira de
interpretação e entendimento dos participantes da pesquisa.
De acordo com Marconi e Lakatos (2007) o questionário é um instrumento de
coleta de dados, constituído por uma serie de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.
Caberá à pesquisadora esclarecer aos participantes da pesquisa a não
obrigatoriedade de responder o questionário e assegurar a quem participar de livre e
espontânea vontade seu anonimato e sigilo quanto suas respostas e apresentação
do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
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A coleta de dados aconteceu nos mês de julho de 2012. Os dados foram
processados no Microsoft Office Excel e analisados através de estatística descritiva.
RESULTADO E DISCUSSÕES
O questionário foi respondido por 10 professores de Educação de Física do
município de Santa Margarida, os professores investigados na nossa pesquisa foram
chamados de, Iris (33), Margarida (33), Rosa (29), Lisianto (28), Delfin (27), Lírio
(27), Narciso (26), Jacinto (26), Dendron (26), Tulipa (24), representados por nomes
fictícios para que seja resguardada suas identidades. O tempo de formação de Iris e
Margarida são de 10 anos, Rosa 8 anos, Lisianto 6 anos, Tulipa, Lirio, Narciso e
Delfin 5 anos, Dendron e Jacinto aproximadamente 3 anos. Lírio, Delfin e Tulipa
atuam tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, os outros demais
professores atuam no Ensino Fundamental. Tulipa (24) trabalha á dois anos na
instituição e os demais professores atuam a 3 anos ou mais na instituição, todos
atuam no período matutino e vespertino.
A primeira questão procura analisar os tipos de agressão que são mais
freqüentes na escola:
Figura 1. Quais os tipos de agressão são mais freqüentes na escola?
Os tipos de agressão mais freqüente na escola foram “ameaças verbais,
empurrões e gozação” que é uma das classificações de bullying direto. Lopes Neto
(2005) aponta que:
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O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas
diretamente, ou indireto, quando estão ausentes. São considerados bullying
direto os apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou
expressões e gestos que geram mal estar aos alvos.
A ocorrência do bullying acontece com maior freqüência nos meninos quando
se trata da forma direta, com o uso de violência física ou ameaças e nas meninas, o
bullying ocorre mais em sua forma indireta, com agressões verbais e difamações a
respeito da conduta (COLOVINI, 2009).
Em nova questão todos os professores pesquisados responderam identificar
em suas aulas alunos que costumam colocar apelidos nos colegas e que fazem
piadinhas e comentários maldosos. Em relação à postura que eles tomam diante
disto, os professores dizem que:
“Chamo atenção, faço com que pedem desculpas e explico por que estão
errados” (Iris, professora, 33 anos).
“Sempre converso muito com eles explicando sobre a importância do respeito
ao próximo” (Margarida, professora, 33 anos).
“Explico para eles que não estão corretos ao fazer qualquer ofensa ao colega,
e também falo sobre as conseqüências que isso pode causar” (Lisianto,
professor, 28 anos).
“Repreendo-os, e tento explicá-los que não é correto colocar apelidos
maldosos e fazer piadas de mau gosto” (Narciso, professor, 26 anos).
De acordo com Santos (2007), se o professor transmitir aos alunos a
importância do respeito e tiver conhecimentos sobre os direitos das crianças, ser o
mediador de um ambiente de amizade e companheirismo, interferir de maneira
coesa nas chamadas brincadeiras de mal gosto, transmitir o papel ético, que envolve
a importância do respeito mútuo, do diálogo, da justiça e da solidariedade, os casos
de bullying poderão não acontecer no interior da sala de aula.
Na próxima questão procura identificar se existem alunos excluídos de grupos
de amizade nas aulas de educação física, 60% dos professores disseram que não,
mas 40% disseram que sim, que existem alunos excluídos em suas aulas.
As atitudes configuram o bullying em formas direta e indiretas, e nem sempre
a vítima recebe apenas um tipo de maus-tratos, e essa versatilidade de atitudes
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maldosas contribui para exclusão social da vítima e para a evasão escolar (SILVA,
2010).
Na questão em que pergunta se existem alunos que não participam das
atividades, por vergonha ou medo do que os colegas possam falar 40% disseram
que não existe, mas 60% disseram que existem alunos que não participam das
atividades. Os professores que responderam positivamente disseram em relação a
sua postura que:
“Tento fazer com que participem ensinando as regras do jogo” (Iris,
professora, 33 anos).
“Aos poucos procuro diversificar as aulas e insistir para que ele participe”
(Rosa, professora, 29 anos).
“Refletir com os alunos e inserir o aluno excluído na atividade proposta”
(Dendron, professor, 26 anos).
“Procuro estabelecer o respeito para que todos sintam-se confortáveis para a
participação da aula” (Lirio, professor, 27 anos).
Sabino (2010) diz que a Educação Física é um componente básico da
educação formal que possibilita a formação integral do aluno. É através da
Educação Física escolar que o aluno tem a oportunidade de vivenciar suas
competências
de
movimento,
conhecer
sua
identidade,
desenvolver
suas
capacidades psicomotoras, sua criatividade, reforçar sua auto-estima e ter relações
sócio-afetivas.
Outra grande tarefa dos professores é mobilizar os alunos para o
conhecimento, estimular as interações e a participação, promovendo valores como
respeito e cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos
os envolvidos com a prática pedagógica (SILVA, 2002).
Na próxima questão procura-se identificar se os professores chegam a
perceber algum aluno que repetidas vezes sejam vitimados pela violência,
preconceito ou pela agressividade oferecidas por outros alunos, 50% disseram que
não e 50% disseram que sim. Os que responderam que sim têm a seguinte postura
diante dos alunos:
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“Sempre corrijo, e chamo atenção deles, e dou valor aquele aluno” (Delfin,
professor, 27anos).
“Protejo imediatamente o aluno vitimado e reflito com os alunos sobre a
igualdade de direitos e deveres dos mesmos” (Dendron, professor, 26 anos).
“Procuro sempre a participação de todos, através de estratégias, tento fazer
com que o aluno seja participativo” (Lirio, professor, 27 anos).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) citado por Haiduk (2010) aponta
que com o diálogo o educador trabalha com o agressor de forma que eles reflitam
sobre seus atos e consequentemente sobre as consequências que os seus atos
podem gerar nos alunos agredidos. Em relação ao respeito mútuo, ao trabalhar as
diferenças entre as pessoas, certamente estará prevenindo a ocorrência de bullying
em sala e demais ambiente da escola.
Sobre se existe na escola algum tipo de apoio às vitimas de violência, 60%
dos professores disseram que não e 40% disseram que sim. Os que disseram que
existem definiram o apoio como:
“Equipe de coordenação e orientadores” (Lisianto, professor, 28 anos).
“O apoio se dá mais por parte dos professores, supervisores e a direção da
escola”(Dendron, professor, 26 anos).
“Através de conversa, chamam a polícia” (Margarida, professor, 33 anos).
As escolas necessitam capacitar seus profissionais para identificação,
diagnóstico, intervenção e encaminhamento adequado de todos os casos. Tem o
dever de conduzir o tema a sua comunidade para que estratégias preventivas sejam
criadas e executadas para enfrentar a situação. É preciso também contar com
apoios de profissionais de diversas áreas, e parcerias com instituições públicas
ligadas a educação e ao direito como: Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do
Adolescente, Promotorias Públicas, Varas da Infância e da Juventude e promotorias
da Educação (SILVA, 2010).
Sobre o que eles acham que a escola deveria fazer para diminuir a violência
em seu ambiente eles responderam:
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“Palestras, atividades sociais, atividades com a comunidade e a família...
etc...” (Rosa, professora, 29 anos)
“Colocar câmeras em toda escola e punir as pessoas que usam a violência”.
(Delfin, professor, 27 anos)
“Mais palestras e trabalhos diferenciados com todos os alunos, incluindo pais,
professores e funcionários da escola” (Margarida, professora, 33 anos)
“Ter mais assistência de supervisoras, apoio psicológico e principalmente
auxilio da família, o que digamos de passagem é o mais difícil” (Narciso,
professor, 26 anos).
Albino e Terêncio (2012) apontam para violência escolar no Brasil as
recomendações com propostas de intervenção integral promovida pela UNESCO,
tais como: pensar em uma política pública global que abranja as várias áreas
referentes à educação, à qualidade de ensino, à convivência e às violências nas
escolas; realizar diagnósticos da situação de cada escola e de seu cotidiano; propor
novas regras de convivência escolar; romper com a lei do silêncio que se constrói
em torno da violência; discutir com alunos e corpo técnico-pedagógico sobre os
conflitos e violências; adotar medidas para a democratização do ambiente escolar,
possibilitando a participação dos alunos, na elaboração das regras e normas
escolares e, finalmente, integrar os pais e a comunidade no cotidiano escolar, além
de adotar programas de mediação de conflitos nas escolas.
Na última questão do trabalho e a principal, pergunta o que a palavra bullying
significava para eles, tivemos as seguintes respostas:
“É uma situação caracterizada por agressões intencionais verbais, feita de
forma repetitiva, por um colega contra o outro” (Margarida, professora, 33
anos).
“Bullying é a denominação que se dá a situações violentas que ocorrem com
um aluno, feito por outro aluno, pedem ser agressões físicas, verbais e
emocionais” (Lírio, professor, 27 anos).
“O preconceito entre ambos. Agressões intencionais, verbais ou físicas feitas
de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas.
(ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato) (Jacinto,
professor, 26 anos).
“Qualquer agressão física, verbal, ameaça, discriminação, que levam o outro
a se sentir oprimido, envergonhado, amedrontado, influenciado, influenciado
na sua vida escolar, pessoal e social” (Rosa, professora, 29 anos).
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“Uma ofensa verbal, feita através de apelidos a uma determinada pessoa com
o propósito de gera gozações” (Lisianto, professor, 28 anos).
Lopes Neto (2005) define:
Bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas,
que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante
contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma
relação desigual de poder
Para Pingoello (2009) o pouco ou nenhum conhecimento por parte dos
professores de como o bullying se apresenta e se propaga pode contribuir com a
omissão de caso, por falta de conhecimento em como atuar de forma ativa na
tentativa de solucionar o problema, contribuindo com a sensação de impunidade dos
agressores e de insegurança nos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados evidenciam que muitos dos profissionais pesquisados
conseguem apesar de achar difícil, lidar com casos de violência na escola, muitas
vezes através de conversas e conselhos sobre a postura que se devem ter dento e
fora da escola. Porém, muitos ainda desconhecem que esses atos violentos que
ocorrem dentro da escola podem evidenciar as diversas formas de se manifestar o
Bullying. Verificou-se também que nas escolas não existem nenhum tipo de apoio
específico às vitimas, e nem os familiares ficam sabendo da situação para que
possam ajudar a resolver de uma melhor forma.
Através da pesquisa observou-se que as escolas necessitam realizar
programas de capacitação dos profissionais não só da área de educação física, mas
todos os profissionais da instituição e membros da comunidade para colaborar na
prevenção e intervenção desses casos ocorridos em todos os segmentos da
sociedade.
REFERÊNCIAS
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CRÍTICAS SOBRE O FENÔMENO DO BULLYING: DO CONCEITO AO COMBATE
E
À
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COLOVINI, Cristian Ericksson. O fenômeno bullying na percepção dos
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HAIDUK, Ondina. O FENÔMENO BULLYNG NA VISÃO DO EDUCADOR.
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A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O
TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA
Leidiana Pereira Queiroz e Isadora Cristina Martins Ribeiro. Graduandas em
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista
em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice UNIVERTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la
Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) no Brasil existe
uma riqueza muito grande de manifestações e são criadas a todo tempo; inúmeras
influências são incorporadas e as danças transformam-se, multiplicam-se. Dessa
forma, o objetivo de nosso trabalho é compreender os desafios do trabalho docente
com a dança para professores de Educação Física das escolas da rede estadual da
cidade de Abre Campo - MG. Este trabalho encontra-se ancorado na abordagem de
pesquisa qualitativa e foi realizado na cidade de Abre Campo - MG, através de
entrevista semi-estruturada com 6 professores de Educação Física de ambos os
gêneros, que atuam na rede Estadual de Ensino da mesma cidade. Constatamos o
medo, a falta de preparação, a vergonha, enfim vários foram os motivos apontados
pelos professores da rede Estadual da cidade de Abre Campo, MG, para não
trabalhar a dança na escola.
INTRODUÇÃO
Olhar o ser humano por um só prisma é restringir a sua essência e sua
posição ante a uma perspectiva do seu modo de ver o mundo. As ciências devem
retomar a busca e a apreensão de pleno significado do homem enquanto ser total
refletindo e atuando no e com o seu contexto. O homem, enquanto fenômeno em
sua abrangência é fonte, motivo e fim de toda experiência, sentido e significado de
Ser, de ser-homem; deve buscar de forma dinâmica, constante e incessante, a
relação do sujeito frente ao mundo que possibilitará ao mesmo ser- no- mundo –
com- o- outro. É nessa relação constante, de sujeito e mundo que a essência se
desprende a partir da existência (NANNI, 2008).
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Todas as culturas têm algum tipo de manifestação rítmica e/ou expressiva, No
Brasil existe uma riqueza muito grande dessas manifestações. Danças trazidas
pelos africanos na colonização, danças relativas aos mais diversos rituais, danças
que os imigrantes trouxeram em sua bagagem, danças que foram aprendidas com
os vizinhos de fronteira, danças que se vêem pela televisão. As danças foram e são
criadas a todo tempo: inúmeras influências são incorporadas e as danças
transformam-se, multiplicam-se. (PCN’s, 1997, p.52)
Segundo PCNs(1997), o trabalho na área da Educação Física têm seus
fundamentos na concepção de corpo e movimento. Ou, dito de outro modo a
natureza de trabalho desenvolvida nessa área têm íntima relação com a
compreensão que se têm desses dois conceitos. Atualmente, a análise crítica e
busca de superação dessa concepção apontam a necessidade de que, alem
daqueles, se considere também as dimensões cultural, social, política e afetiva,
presentes no corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se
movimentam como sujeitos sociais e como cidadãos.
Entendendo o ambiente escolar como um meio rico em contados físicos,
sócio-afetivos, e ainda permeado de trocas de riquezas culturais, percebe-se que tal
ambiente necessita de um trabalho voltado para a Dança, pois tal disciplina permite
que estas trocas continuem existindo e mais ainda, que se fortaleçam no dia a dia da
escola.
A Dança Escolar deve possibilitar o regaste da cultura brasileira por meio da
tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro, como
forma de despertar a identidade social do aluno no projeto de construção da
cidadania (GIFFONI, 1973 citado por MANFIO e PAIN, 2008). É um tema que em
qualquer lugar haverá sua cultura a ser destacada e é na nossa área que irá ser
trabalhada de forma alegre, saudável.
Com esse estudo pretendemos contribuir para que a dança seja percebida
como um conteúdo tão importante quanto os outros desenvolvidos nas aulas de
educação física. Além disso, pretendemos apontar caminhos, evidenciando as
formas de trabalhar a dança de maneira simplificada, mantendo as suas
peculiaridades, porém com maiores possibilidades de ser desenvolvida plenamente
dentro da escola.
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METODOLOGIA
Este trabalho encontra-se ancorado na abordagem de pesquisa qualitativa.
Segundo Manfio e Paim (2008) com base em Barbosa (1998), essa abordagem de
pesquisa envolve a detenção de dados descritivos obtidos no contato direto do
pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo do que o
produto e se preocupa em relatar a perspectiva dos participantes.
Nossa pesquisa será realizada na cidade de Abre Campo-MG, em maio e
junho de 2011, com professores de Educação Física de ambos os gêneros, que
atuam na rede Estadual de Ensino, sendo que a maioria destes também atuam na
rede municipal de ensino da mesma cidade. Entre os entrevistados há profissionais
formados há mais de 6 anos e também recém-formados, possibilitando fazer uma
análise da qualidade dos cursos de dança em cada formação.
Em busca de nossas dúvidas decidimos que a melhor maneira para coletar os
dados necessários para analisarmos e assim chegar a uma conclusão seria através
de uma entrevista semi-estruturada.
Com seus dados registrados em ofício e gravação, para assim termos uma
maior fidelidade
na
transcrição
das respostas.
Esta
gravação
não
será
disponibilizada para outros fins e pessoas, estando o entrevistado resguardado pelo
acordo de aceitação da gravação contendo esta condição.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Conhecimento e prática da dança pelos professores de Educação Física
No Brasil, atualmente, existem cerca de 15 cursos de graduação em dança,
no entanto, muitos deles são recentes, e além disso durante muito tempo o
profissional responsável pelas aulas de dança na escola foi o professor de Educação
Física.
Sabemos que a disciplina com o conteúdo de dança é obrigatória no currículo
de graduação do curso de Educação Física, como indica os Parâmetros Curriculares
Nacionais.
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Assim sendo podemos dizer que todos os profissionais formados em
Educação Física, tiveram alguma experiência com a dança e/ou atividades rítmicas
e expressivas.(PCNs, 1997- pag.51).
Para alguns professores entrevistados, esse tempo que tiveram de
experiência com a dança na faculdade não foi suficiente para que eles a
ministrassem nas suas aulas de Educação Física, podemos observar isso na
afirmação abaixo do professor 3, onde ele diz que:
“Tive acesso a disciplina Dança, na faculdade no
período de seis meses. Somente neste período, o que
não nos dá bagagem para ministrarmos aulas de dança
na escola.”
Podemos perceber que esta situação é recorrente uma vez que normalmente
a disciplina é ministrada em apenas um período durante a vida acadêmica.
Observamos também na fala do professor 5, que apesar de não se identificar
com o conteúdo da dança, ele admite ter tido uma boa formação. Podemos observar
isso na afirmação abaixo, onde diz, que em sua vida acadêmica teve contato com
Dança, por um semestre, mas que posteriormente continuou tendo contato com esta
prática
“...tive um semestre com a disciplina. Na profissional já tive dança de salão e
balé, participando da dança de salão e com gosto. E fiz curso de dança de salão
para escola(tempo integral).”
No caso dos entrevistados, todos estudaram a dança durante um período da
graduação, mas alguns afirmam que é um tempo muito curto para se tornarem aptos
para desenvolver este conteúdo nas aulas, assim constatamos na fala do professor
03, quando indagado se considera-se apto para desenvolver a dança em suas aulas:
“Agora sim! Só depois de alguns anos de prática é que a
gente tem condições de trabalhar. Pensar que só com a disciplina da
faculdade nos da embasamento para trabalharmos na escola com
Educação Física é bobeira. Só com a prática é que a gente aprende.”
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Quando se trata em técnica de dança, um semestre onde na turma há
diferentes níveis de habilidades para a dança, seria realmente um prazo curto, mas
se tratando de um curso de licenciatura em Educação Física onde se aprende
somente o básico deste conteúdo não podemos considerar que este seja um
empecilho para trabalhar a dança na escola.
Alguns fatores contribuem para o investimento tímido por parte dos
professores, no que diz respeito à inserção desses temas em maior escala nos seus
programas de ensino, afirmando assim na fala do professor 05:
“Não. Mais por identificação com a dança, mesmo entendendo de dança a
vergonha atrapalha, pois na formação vi várias possibilidades de se trabalhar.”
E ainda existem aqueles professores que sempre procuram trabalhar este
conteúdo, por se identificarem, conseqüentemente facilitando o trabalho com tal.
Assim como afirmam os professores 01 e 02. Sendo que o professor 01 afirma:
“Sim. Por gosto e ter jeito pra dança, porque quem não sabe dançar não tem
como dar uma aula.”
Em seguida o professor 02, faz essa seguinte afirmação:
“Sim. Adoro dança, toda vida eu dancei, nos anos iniciais tive medo, por medo
dos alunos não se interessarem pelo conteúdo, mas pelo desempenho dos alunos
eu vou trabalhar pelo menos uma vez ao ano, principalmente nos anos iniciais, por
conta das estruturas psicomotoras.”
De acordo com Campos e Nunes (s/ano), eleger a dança como tema a ser
trabalhado sistematicamente, principalmente por meio de projetos, é dar a
oportunidade para que os alunos (as) vivenciem práticas ligadas à expressa, à
criatividade, ao ritmo, à cultura, ou seja, ao desenvolvimento da arte.
Através das entrevistas podemos perceber que muitas das vezes a dança só
aparece em datas comemorativas, em eventos escolares, enfim, nunca como um
conteúdo específico na escola. Podemos perceber isso nas falas dos professores
01, 02, 04,05 e 06, onde afirmam respectivamente que:
“Em auditório, quadrilha, no conteúdo, de dança, brincadeiras e atividades
rítmicas com corda entre outras. Durante as aulas e projetos da escola. No pátio da
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escola e em festas, e quem ensaia é os professores de Educação Física. Não tendo
a colaboração de outros.
“A dança apresenta quando tem algum evento da escola, como folclore,
primavera, pois nem sempre só em festa junina, e nas aulas de Educação Física.
Em determinadas épocas e deveria ter ao menos uma vez no mês. Sempre
acontece na escola, e quem ensaia sou eu.”
“Para comemorar algum evento. Os alunos que ensaiam e apresentam na
escola.”
“Apenas em festas junina. Se apresentam na quadra. E cada ano é uma
professora quem ensaia. E eu geralmente não me indico.”
“Nos
auditórios,
festas,
aulas,
trabalhos.
Os
professores
regentes,
professores de educação física, amigos da escola.”
Podemos observar nas respostas acima dos entrevistados, que a dança
aparece muito pouco na vivência de professores com alunos na escola. Segundo
Campos e Nunes (s/ano), o desenvolvimento de atividades com dança não precisa
necessariamente ser direcionado a montagem de coreografias ou à apresentação
em um festival, o que restringiu as inúmeras possibilidades do conteúdo, focando
apenas em um produto final.
Com isso podemos perceber na fala do professor 03, que ele trabalha a
dança nas suas aulas de Educação Física, constatamos isso quando disse:
“Como já disse, uma vez por mês nas aulas de Educação Físicas, 50 minutos.
Alongamento, aquecimento (músicas coreografadas) e volta à calma (música mais
lenta) e em auditórios e formaturas no final do ano. Apresentam na escola mesmo e
quem ensaia sou eu mesma, professora de Educação Física.”
Através desses argumentos do professor (a) entrevistado podemos evidenciar
que a dança não necessariamente precisa ocorrer somente em eventos ou festas
juninas nas escolas, ela pode ser inserida nas aulas de Educação Física, se
tornando assim um conteúdo importante a ser passado para os alunos. Segundo
CBC (s/ano, pag.46), como forma de expressar a vida, sonhar e brincar com o corpo,
a dança pode promover o desenvolvimento orgânico, social e cultural.
Procuramos colher informações também a respeito do gênero, ou seja, se de
alguma forma ele pode causar ou não, algum tipo de influência ao se aplicar o
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conteúdo da dança, por parte dos alunos. Ao entrevistar o professor 01, obtivemos a
seguinte resposta:
“Sim. Porque os meninos não dançam e acabam dispersando, atrapalhando a
aula, não tem como obrigar menino a fazer o que não quer. A única coisa mais ou
menos que eles gostam é forró e sertanejo e mesmo assim não dança com fulano
ou cicrano.”
Ao entrevistarmos o professor (a) 04, no deparamos com uma resposta
parecida, qual aponta a mesma questão em relação ao preconceito com a dança por
parte dos meninos, o professor indagou:
“Na maioria das vezes os meninos não gostam e acha que isso é coisa de
(boiola).
Por outro lado podemos perceber através da fala do professo (a) 05, que este
problema está cada vez mais ficando para trás e que os alunos de ambos os
gêneros estão se soltando mais e deixando de lado esse preconceito, percebe-se
que muitas vezes a segregação entre os alunos ocorre muitas vezes também pela
diferença de idade, percebemos isso quando diz:
“Sim. Dependendo da faixa etária, no início a timidez atrapalha, mas depois
eles se entregam. Já no ensino médio há uma grande resistência. Mas quando
trabalhei, a turma respondeu muito bem tanto os meninos quanto as meninas.”
Podemos afirmar isso, através da fala de Campos e Nunes (s/ano, pag.109 e
110), quando destacam que a apresentação da dança como uma prática tipicamente
feminina está passando por algumas rupturas a partir de mudanças sociais que vêm
acontecendo desde a década de noventa, principalmente com o advento do axé e do
“funk”, que fizeram com que garotos se interessassem por danças, nas quais
inclusive o “rebolado” é evidente.
Dentre os professores surgiu também essa polêmica pelo lado da religião, o
qual um deles destacou a questão que muitos alunos, dizem que não podem dançar
por causa da religião, podemos evidenciar essa questão na fala do professor (a) 02,
no qual afirma:
“Tem diferença de idade no tempo integral, mas tento reunir o
máximo de alunos, mas sempre têm aqueles que a igreja não permite
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pais não deixam ou não gostam, mas tento animá-los: vocês não
nasceram andando, tudo tem que começar. A dança pode servir de
volta a calma para as crianças, penso em montar um projeto.
Depende da dança que você vai fazer, pois o forró e o country que
tem par têm um pouco de dificuldade, porém a dança de rua não
achou problema. E o professor precisa de criatividade para achar
maneiras para o aluno que não quer aquela dança participe de outro
estilo, mas que participem.”
De acordo com CBC (s/ano pág.47), a dança é uma rica possibilidade de
trabalhar os movimentos expressivos, mas não é a única forma. Podemos criar
oportunidades para os alunos vivenciarem a pantomima, a produção de sons com o
próprio corpo, a dramatização. Neste caso, como na dança, o trabalho de
improvisação deve ser considerado, pois envolve imaginação, expressiva e
espontaneidade.
Segundo os PCNs (1997, pág.53), por meio das danças e brincadeiras os
alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como
leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração,
direção,sendo capaz de analisá-los a partir desses referenciais;conhecer algumas
técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capaz de improvisar, de
construir coreografias,e, por fim, de adorar atitudes de valorização e apreciação
dessas manifestações expressivas.Podemos perceber a importância da dança,como
vimos no trecho citado acima, tanto para os alunos quanto para os professores,nas
aulas de Educação Física através da fala do professores(a), 01,03,05 e 06,
respectivamente:
“Sim. Cooperação, socialização e também um conteúdo diferenciado para
chamar a atenção deles.”
“Sim. Claro. Até para mim quanto professora, pois eu achava que nunca iria
dar conta de montar uma coreografia e muito menos de passar (ensinar) para os
meus alunos e hoje faço isso com facilidade. E para os alunos como falei, além de
desenvolver como um todo, ainda trabalha a socialização e a descontração.”
“Com certeza. Em todas as áreas, físico, auto-estima.”
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“Sim. Uma melhora na expressão corporal, na qualidade de vida e no
cognitivo. Corpo e mente trabalhando juntos.”
Como vimos, a dança tem o poder de proporcionar muitos benefícios de
forma geral para o ser humano, independente da idade, do gênero, enfim
independente da pessoa, tudo depende somente da força de vontade do indivíduo, e
esse conteúdo, consideravelmente têm muita importância e precisa ser passado
para os alunos. De acordo com o CBC (s/ano, pág.46), toda dança comporá valores
culturais, sociais e pessoais produzidos historicamente. Ignorar essa questão faz da
dança mera repetição mecânica dos gestos, por mais agradáveis e belos que
possam parecer.
Cabe a Educação Física (re) conhecer outras possibilidades encontradas na
dança e em suas mais diversas manifestações populares, como forró, o pagode, a
lambada, o rap, o funk, o hip-hop, o underground, o tecno, dentre outras. Essas
expressões apresentam-se como alternativas de legitimação da cultura dos alunos,
reconhecimento deles como sujeitos históricos, imersos num contexto sociocultural.
Ao entrevistar professor (a) 02, podemos entender de uma forma bem simples a
fundamental importância desse conteúdo nas escolas:
“É uma coisa nova, você tendo coragem de trabalhar uma
dança na escola vai ganhar reconhecimento,
pois ninguém
trabalhava, pois é difícil e precisa de tempo para a preparação da
aula. Eu arrisco e tento, mesmo com medo de errar. Quando a gente
vê uma coisa que nós fizemos e dá certo, ficamos muito
emocionados.”
Todo movimento pode ser usado como matéria-prima em uma coreografia,
como uma metáfora que informa ao espectador o desejo criativo de um coreógrafo.
Contudo, a dança não se materializa apenas no corpo do dançarino profissional; ela
se mostra em cada indivíduo que, com ou sem acompanhamento musical,
exterioriza seus pensamentos ou sentimentos por meio de movimentos carregados
de significados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A dança possui conceitos específicos que deveriam ser trabalhados, como
podemos perceber a dança é um conteúdo muito importante, o qual precisa ser
trabalhado na escola, e constatamos que ela aparece muito pouco nesse espaço.
Em nosso estudo podemos constatar o medo, a falta de preparação, a
vergonha, enfim vários foram os motivos apontados pelos professores da rede
Estadual da cidade de Abre Campo, MG, para não trabalhar a dança na escola.
Porém, temos que defender a hipótese de que a dança não pode continuar sendo
colocada na Educação Física como uma área pouco utilizada, ou seja, aparecendo
somente em festas juninas, festivais escolares ou apresentações. Ela deve ser um
conteúdo que faça parte do plano de ensino dos profissionais de Educação Física,
pois por meio das aulas de dança, os alunos adquirem uma maior socialização, além
de ser uma forma de eles liberarem suas energias, se expressarem através do corpo
e explorarem sua criatividade.
Enfim, podemos perceber que as atividades de dança, se diferenciam
daquelas normalmente propostas pela educação física, pois não caracteriza o corpo
do aluno como um apanhado de alavancas e articulações. Ao contrário, o corpo
através da dança expressa suas emoções e estas podem ser compartilhadas com
os outros, através da imaginação, dos movimentos e da expressão corporal em
geral, o qual consegue nos transmitir.
Percebe-se, ainda, a necessidade de um trabalho de base para que os
indivíduos adquiram experiências concretas com a dança em sua formação e que
sejam estimulados a buscar uma complementação no conteúdo como uma
reciclagem e assim possibilitar uma vivencia concreta do seu corpo enquanto
instrumento expressivo, para assim serem capazes de estimular e educar seus
alunos através da dança, permitindo que a vivencia da corporeidade seja uma
constante no ambiente escolar.
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A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DE OUTRAS DISCIPLINAS SOBRE A
EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA
Larissa Condé Matos e Moisés Felício Cassiano – Graduandos em Educação
Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de
Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de
Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,
fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). O
objetivo do estudo foi compreender a percepção de professores de outras disciplinas
sobre a Educação Física na escola. A pesquisa qualitativa foi realizada através de
entrevista estruturada com 5 professores das disciplinas de Geografia, Matemática,
Artes, sendo duas professoras de Língua Portuguesa, de uma escola pública
estadual de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Os resultados dessa pesquisa
apontam para a compreensão equivocada dos profissionais da escola sobre o lugar
da Educação Física para o desenvolvimento integral do ser humano, o que tem sido
causado principalmente pela falta de identidade desta área do conhecimento. A
Educação Física não tem sido muito bem vista pelos profissionais da Educação,
porém os próprios professores de Educação Física são os responsáveis por esta
lástima enquanto não realizar o seu trabalho com consciência e responsabilidade.
INTRODUÇÃO
Sabemos que quando se quer realizar uma investigação, temos como base
uma história de interesse por parte dos investigadores. Contudo, este interesse pode
vir de diversos fatores, tais como, uma experiência de vida, ou até mesmo questões
polêmicas e/ ou atuais.
Dessa forma, apresentamos nosso interesse de pesquisa levando em
consideração nossas experiências escolares, o relato de professores de Educação
Física sobre opiniões de outros profissionais da escola em relação à disciplina em
destaque e o fato de termos essa grande curiosidade sobre o que pensam os
profissionais da educação a respeito da disciplina.
A Educação Física faz parte do currículo escolar desde 1882, quando Rui
Barbosa deu seu parecer sobre o projeto 224, reforma Leôncio de Carvalho, decreto
nº 7.247 de 19 de abril de 1879 na qual defendeu a inclusão da ginástica na escola e
equiparação dos professores, uma vez que as pessoas precisam ter um corpo
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saudável para sustentar uma atividade intelectual.
Apesar de mais de um século que ela faz parte do currículo, a Educação Física
nas escolas públicas vem recebendo críticas de alunos, pais, professores de outras
disciplinas entre outros profissionais da escola, já que ela tem sido percebida como
atividade que não contribui efetivamente para o desenvolvimento integral de crianças
e adolescentes. Nesse sentido, Medina (2006) coloca que a Educação Física precisa
entrar em crise urgentemente, questionar criticamente seus valores e se tornar
capaz de justificar-se a si mesma, buscando a sua identidade.
Mattos e Neira (2000) dizem que a Educação Física comparada a outras
disciplinas evidencia falta de objetivo, já que as outras matérias propiciam aos
alunos uma metodologia diversificada, tendo estudo com exposição de vídeos,
visitas técnicas a lugares que os alunos estão estudando naquele momento, nos
livros de diversos autores, discussão de problemas atuais e passados, enquanto a
Educação Física Escolar não sai dos conhecimentos fundamentados no esporte.
O posicionamento de Medina (2006) é o de que a Educação Física ainda sofre
em relação a outras disciplinas, entretanto o que mais assusta não e o desprezo e a
discriminação em si, mais a passividade com que ela aceita
os seus
condicionamentos.
Existem também controvérsias, pois Soares (1996) por exemplo destaca que a
Educação Física está na escola. Ela é uma disciplina de ensino e sua presença traz
uma adorável, benéfica e restauradora desordem naquela instituição. Esta sua
desordem é portadora de uma ordem interna que lhe é peculiar e que pode criar
outra ordem na escola.
Botelho e Oliveira (2005) afirmam que as disciplinas Educação Física,
Educação Artística e Educação Religiosa são, historicamente, posicionadas de
forma desigual. Para as autoras as outras disciplinas do currículo escolar se
sobrepõem, pois consideram que a exigência intelectual seja mais marcante.
Diante do exposto, a questão norteadora dessa pesquisa é: como é a
percepção de professores de outras disciplinas sobre a Educação Física numa
escola pública estadual da cidade de uma cidade da Zona da Mata Mineira? Assim,
o objetivo do estudo foi compreender a percepção de professores de outras
disciplinas sobre a Educação Física na escola.
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Com a realização desta investigação, pretendemos contribuir a ampliação da
produção de um conhecimento que vise à ressignificação da identidade profissional
do professor de Educação Física, bem como o lugar desta disciplina no currículo
escolar. Além disso, pode apontar caminhos que subsidiem o professor na
transformação da docência.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Às vezes nos deparamos com situações que deixam a desejar, como por
exemplo, a atuação de alguns profissionais em suas áreas. Isso gera certa
preocupação, pois automaticamente, nasce ali um preconceito em relação aos
demais profissionais que, por sua vez, fazem bem o seu trabalho.
Podemos destacar como exemplo o professor laissez-faire, que segundo Dias
e Sousa (2003) é definido como aquele professor que deixa a aula acontecer, sem
se preocupar com o que os alunos estão fazendo.
Segundo Cardoso (2006) sempre quando nos referimos à Educação Física
cada pessoa tem certa concepção de aula dessa disciplina. Adquirimos esse
conhecimento durante o tempo escolar, os anos de formação profissional e nos
cursos
de
graduação
universitária.
No
entanto,
isso
não
quer
dizer
necessariamente que as concepções e crenças apreendidas por aquele sujeito que
está se constituindo profissionalmente seja necessariamente a sua forma de
conduzir as aulas na escola. Sobre isso, Mattos e Neira (2000) destacam que esse
profissional adquire considerável bagagem de conhecimento durante a sua
formação e que o empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o ao não
resgate do que aprendeu, ao esquecimento, à subutilização de seu potencial e a
formação profissional, isto é, a inutilização de suas capacidades e habilidades.
Uma ajuda para a mudança dessa realidade pode estar na etapa de
preparação do professor de Educação Física. Essa etapa permite o contato direto
com a comunidade e seus problemas, suas contradições e suas necessidades
emergentes de mudança. Essas atividades podem acontecer em escolas, através
do agir pedagógico de uma prática docente, a saber: (I) aplicando conhecimentos,
(II) formando atitudes críticas e (III) desenvolvendo habilidades necessárias para
essa prática (CARDOSO, 2006).
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Para Pires (2005) um dos eixos norteadores dos currículos acadêmicos é o
programa de formação em serviço de professores de Educação Física, que deve
estabelecer como meta a capacitação para reflexões que tematizem e anunciem
possibilidades de intervenção pedagógicas em diferentes espaços institucionais.
Tamanha abrangência ressalta como pressupostos o reconhecimento de que
somos, antes de tudo, profissionais-educadores e, de acordo com Marques (1992,
p.19) cabe a cada um e ao mesmo tempo ao coletivo “responsabilizar-se pelo
compromisso social solidário que o identifica na profissão da docência”.
Pereira e Bueno (2011) defendem que a formação inicial e continuada do
licenciado em Educação Física assuma como responsabilidade social a preparação
profissional direcionada, prioritariamente, para atuação na educação básica, em
seus três níveis de ensino, reconhecendo a escola como lócus de atenção, estudo e
intervenção.
Segundo Galvão (2002) o docente qualificado deve conhecer a dimensão e o
alcance do seu saber, conhece as suas implicações e o rumo que o mesmo pode
tomar. Conhecendo-se, pode estabelecer contato com os demais e, com alguma
certeza, ensinar e aprender de maneira dialética.
Diante disso, devemos apresentar o conceito de desenvolvimento profissional.
Segundo Garcia (1997) esse conceito rompe com a mera justaposição dos
elementos componentes da tradicional formação de professor: formação inicial –
através de conhecimentos acadêmicos – e formação em serviço ou continuada –
através de cursos de aperfeiçoamento e capacitação docente. Nesse caso, a
graduação é apenas o primeiro nível de desenvolvimento profissional, cujas
dimensões técnicas, culturais e pessoais se entrelaçam dialeticamente, provocando
continuidades e rupturas entre os níveis. Dessa forma, o desenvolvimento
profissional refere-se à capacidade do educador em articular os seus conhecimentos
teóricos, levando em consideração as suas experiências profissionais e pessoais.
Segundo Cimini e Machado (2008) a docência representa a ação estruturada
do que se relaciona ao ato de ensinar, tendo a participação e contribuição, tanto do
professor como do aluno. E a didática, segundo elas, refere-se à prática de ensinar,
ou seja, a metodologia utilizada pelo professor para que o aluno alcance a
compreensão do que está sendo ensinado.
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Medina (2006) destaca em sua obra que, lamentavelmente, é comum
encontrarmos indivíduos que pregam coisas que absolutamente não entendem e é
nesse sentido que a nossa cultura está necessitando de uma revolução. Uma
revolução que comece com uma “crise”. Mas uma crise que, por meio do choque das
contradições, amplie nossas possibilidades como humanos.
Medina (2006) publicou a 1ª edição de sua obra em 1983, com um estudo que
se tornou marco na Educação Física Brasileira e defendia que essa disciplina
precisava entrar em crise para conseguir superar, naquela época, o quadro de
indefinições quanto a sua identidade. O estudo do autor versa sobre os graus de
consciência (intransitiva, intransitiva ingênua e transitiva crítica) dos estudantes de
Educação Física, denunciando a precariedade do processo de formação acadêmica
nos cursos de graduação.
Para Medina (2006) a crise é um instante decisivo, que traz à tona
praticamente todas as anomalias que perturbam um organismo, uma instituição, um
grupo ou mesmo uma pessoa.
Dessa forma, Medina (2006) também afirma que, as mudanças mais radicais
não ocorrem espontaneamente, sem revoluções. Mas é preciso, antes de tudo, se
dispor a assumir um compromisso consigo mesmo, com os outros, com o mundo e
com a vida. O resto começará a acontecer a partir daí.
METODOLOGIA
Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de
Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,
fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).
O estudo foi realizado numa escola pública estadual de uma cidade localizada
na Zona da Mata Mineira, em agosto de 2012. A cidade contexto da pesquisa
apresenta uma área de 194 quilômetros quadrados e sua principal atividade
econômica é o cultivo de café. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) (2010), sua população é de 7.128 habitantes.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que segundo Bogdan e Biklen (1994,
p.70):
o objetivo dos investigadores que compartilham o paradigma qualitativo é o
de melhor compreender o comportamento e experiência humana. Tentam
compreender o processo mediante o qual as pessoas constroem
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significados e descrever em que consistem estes mesmos significados.
Recorrem à observação empírica por considerarem que é em função de
instâncias concretas do comportamento humano que se pode refletir com
maior clareza e profundidade sobre a condição humana.
O estudo foi realizado através da entrevista estruturada, constituída de 10
perguntas. No entanto, nesse estudo parcial foram discutidos os dados apenas das
duas primeiras questões. Os sujeitos da pesquisa foram 5 professores que ministram
aulas de Matemática, Geografia, Artes, sendo duas professoras de Língua
Portuguesa. Os pesquisadores tinham a intenção de realizar a entrevista com todos
os profissionais da escola, cerca de 26 pessoas. No entanto, a maior parte deles não
quis participar do estudo por diferentes motivos que preferimos não mencionar a
pedido deles.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e armazenadas em arquivo tipo
Word versão 2000, o que possibilitará a recuperação dos dados quando necessário.
De posse dos dados, fizemos a triangulação a fim de estabelecer as categorias de
análise que emergiram da inserção no campo; portanto, não a priori.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS
Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Joice, Júlia,
João, Jarbas e Joana, representados por nomes fictícios para resguardar suas
identidades. Segue tabela com caracterização dos professores investigados:
Tabela 1: Caracterização dos professores pesquisados.
Característica
N=5
Gênero
Jarbas
Joana
João
Joice
Júlia
Faixa Etária
Jarbas
Joana
João
Joice
Júlia
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
Feminino
33 anos
53 anos
37 anos
36 anos
43 anos
Curso superior
Jarbas
Geografia
Joana
Letras/ Pedagogia
João
Matemática
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Joice
Júlia
Português/ Inglês
Pedagogia
Tempo de formação acadêmica
Jarbas
Joana
João
Joice
Júlia
9 anos
28 anos
8 anos
6 anos
3 anos
Tempo de atuação profissional
Jarbas
Joana
João
Joice
Júlia
6 anos
30 anos
5 anos
11 anos
20 anos
Iniciamos a entrevista perguntando como a Educação Física era trabalhada
no tempo em que eles foram alunos e como ela é trabalhada atualmente. Todos os
professores responderam que no seu tempo de aluno não existia professor com
formação na área e que essa pessoa responsável pela aula muitas vezes não
possuía sequer curso superior. As aulas se caracterizavam pelo praticismo,
esvaziadas de sentido e significado. Inclusive, aluno que residia na zona rural era
dispensado.
Ao contrário disso, Medina (2006) enfatiza que a Educação Física é uma
disciplina essencialmente, mas não exclusivamente prática. Sobre isso, o mesmo
autor ressalta que a prática torna-se vazia se não for acompanhada por uma teoria
que lhe dê suporte, assim também a teoria sem a prática não constitui a práxis,
fundamental ao processo de ensino e aprendizagem.
Os professores pesquisados consideram que atualmente a Educação Física
melhorou, lembrando principalmente que as aulas são ministradas por profissionais
graduados na área, o que, de fato, não se pode afirmar que é suficiente. A fala de
João aponta para essa discussão:
Hoje mudou um pouco, tem professor habilitado, mas mesmo assim algumas
aulas de Educação Física deixam a desejar, pois os alunos ficam ainda
fazendo o que querem. (João, professor de Matemática, 37 anos).
Mediante a pergunta sobre como as aulas de Educação Física são realizadas
nesta escola, os professores responderam:
Existe um professor específico e habilitado que duas vezes na semana
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trabalham com os alunos na quadra ensinando as regras e jogos que ajudam
no preparo físico e mental. (Joice, professora de Língua Portuguesa, 36
anos).
As aulas são realizadas na quadra, onde o professor ensina os esportes em
geral e algumas aulas são trabalhadas dentro de sala, onde está presente a
parte teórica da disciplina. (João, professor de Matemática, 37 anos).
Tem aula na quadra e dentro da sala, e os professores desta disciplina dão
mais futebol e vôlei do que qualquer outra coisa. Trabalham muito as regras e
também incrementam o xadrez nas aulas. (Jarbas, professor de Geografia, 33
anos).
O professor dá uma aula prática e uma teórica e acontece um aquecimento.
Há a predominância do vôlei e o futebol. (Joana, professora de Língua
Portuguesa, 53 anos).
A partir desses depoimentos percebe-se que as aulas são assinaladas pelo
praticismo e pela repetição cotidiana dos esportes.O praticismo das atividades
vincula-se às representações da concepção de Educação Física Higienista. Ela
vigorou no final do império e no período da primeira república (1889-1930). Esta
concepção enfatiza, em primeiro plano, a dimensão biologista e, segundo Ghiraldelli
Júnior (2001), atribuiu à Educação Física o papel fundamental na formação de
homens e mulheres sadios, uma vez que ela assumiu o lugar de agente de
saneamento público na busca de uma sociedade livre de doenças e vícios
deterioradores da saúde. Possibilitando compreensão a respeito disso, Ghiraldelli
Júnior (2001) afirma que:
O trabalho do professor de Educação Física, como socializador da cultura
erudita, vai além da pura e simples transmissão das técnicas da ginástica e
do desporto. É fundamental que a aula de Educação Física se transforme
num ambiente crítico, onde a riqueza cultural se estabeleça como trampolim
para a crítica.(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2001, p. 58)
Outra evidência que os depoimentos fornecem é a falta de compreensão dos
professores investigados a respeito do valor da Educação Física para o
desenvolvimento integral do ser humano, haja vista que predominam em seus
relatos afirmações frágeis e inconsistentes que apontam para a dicotomia corpo e
mente e o lugar da Educação Física quase que exclusivamente voltada para o
desenvolvimento físico.
Ocorre que a formação de uma consciência coletiva adequada a respeito do
valor da Educação Física é de responsabilidade dos professores que a ministram,
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isto é, quem faz esta disciplina são os professores nela envolvidos. Ao encontro
disso, Medina (2006) destaca que os objetivos, os conteúdos, os métodos e o
próprio conceito da Educação Física são condicionados pelo grau de consciência
individual e coletiva dos que trabalham nesta área do desenvolvimento humano.
Na sequencia da entrevista, questionamos os professores o que eles pensam
sobre as aulas de EF na escola. Obtivemos as respostas:
Penso que a Educação Física é importante para o desenvolvimento físico dos
alunos, pois com ela eles saem de uma possível vida sedentária, passando a
ter gosto pela prática de esportes. (Jarbas, professor de Geografia, 33 anos).
Acho muito importante, pois através das aulas de Educação Física pode-se
observar o comportamento físico de cada aluno, pode detectar principalmente
em crianças bem menores deficiência corporal. (Joice, professora de
Português/Inglês, 33 anos).
Essas duas respostas anteriores sobre a Educação Física reforçam
novamente a percepção dos professores vinculando-a a dimensão exclusivamente
física. De uma maneira muito mais ampla, a tendência sócio histórica considera no
caso da Educação Física, a dimensão cultural, social, afetiva e política, além da
fisiológica e técnica. O indivíduo passa a ser um sujeito que tem uma história de vida
individual que se constrói inserido no coletivo. Na concepção sócio histórica teoria e
prática constituem uma unidade indissolúvel.
Os três depoimentos que se seguem ainda apontam outro lugar que a
Educação Física ocupa na escola:
Contribuem para o desenvolvimento físico dos alunos, e também como uma
distração para os alunos, para que estes não fiquem só dentro das salas de
aula. (Júlia, graduada em Pedagogia, 43 anos).
É importante para quebrar a rotina dos alunos e também para que estes
possam ter conhecimentos de esporte e atividades físicas em geral. (João,
professor de Matemática, 37 anos).
É a aula mais atrativa para o aluno, pois adoram esporte, os professores hoje
trabalham a teoria e matérias interdisciplinares, vejo muita importância
nisto.(Joana, Pedagoga, 53 anos).
As palavras distração, quebrar a rotina e atrativa assinalam então para o lugar
de adendo que a Educação Física ocupa na escola. Significa que com ela ou sem
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ela não faz muita diferença, já que o horário da aula serve principalmente como
formas diversas de descanso de outras aulas. Adversamente a isso, Candau (1996)
afirma que o professor é um profissional com características peculiares em relação a
outros, uma vez que seu trabalho não pode ser reduzido a uma rotina, ao contrário,
supõe criatividade, envolvimento, compromisso e doação.
A veracidade da afirmação anterior pode ser constata quando é perguntado
aos professores como eles acreditam que a Educação Física é percebida pelos
diversos profissionais da escola:
Pelo desinteresse dos outros profissionais quando se fala da Educação Física
vê que eles não dão nenhuma importância a ela. (Jarbas, professor de
Geografia, 33 anos).
Serei sincera, muitos profissionais a percebem com insignificância, pois eles
acham que a educação Física deixa os alunos agitados e que não ajuda em
nada, isso foi comentários que já chegou até mim. (Joice, Professora de
Língua Portuguesa, 33 anos).
Ocorre é que muitos professores de Educação Física não separam os
momentos das aulas de Educação Física, deixando ao fim da aula que os alunos
retornem às salas agitados, já que não tiveram o momento de reflexão, possibilitaria
alunos e professores das outras disciplinas perceberem que a aula tem sequencia,
planejamento e, portanto, objetivo. Sobre isso, Nascimento, Freris e Dias e Sousa
(2002) colocam que o momento de reflexão é o mais importante da aula de
Educação Física, uma vez que nele o profissional, através de observações
conceituais, oportuniza o aluno a perceber o lugar fundamental da Educação Física
na formação deles. Aliás, a reflexão é o momento de maior aproximação entre
professor e aluno, à medida que estes têm a oportunidade de intensificar o vínculo
afetivo através do diálogo.
Ainda sobre a percepção dos professores sobre a Educação Física,
constamos:
A maioria a vê como uma hora de brincar, de distração, e chegam a dizer que
não faz nenhuma diferença.(Júlia, professora de Artes,43 anos).
Alguns dão importância para a Educação Física, mas em geral ela é vista
como somente um lazer na escola.(João, professor de Matemática, 37 anos).
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Se esta a especificidade da Educação Física for à mencionada nos dois
últimos depoimentos, Ribeiro (1996) levanta a seguinte questão: qual é então a
diferença entre um recreio dinâmico e uma aula de Educação Física? Segundo o
mesmo autor se não houver diferença será mais eficiente, inclusive mais barato,
abolir a Educação Física e aumentar os tempos de recreio na escola.
Essa análise possibilita compreender os desafios da disciplina Educação
Física. “O professor, aos olhos dos dirigentes, é uma entidade vazia de significado,
que não gera benefícios sociais visíveis. Ensino não exige trabalho, não é trabalho.
Ensino é “bico”, improvisação, é reprodução de uma realidade estática “(SILVA,
2000, p.17).
Contudo, é preciso enfatizar que “estes procedimentos não são resultados
exclusivamente da falta de competência de um ou outro profissional, mas
consequência de um contexto histórico-social porque passou a Educação Física no
Brasil e no mundo” (DARIDO. 1997 p.193). Baseado nisso, ressaltamos que a
compreensão da organização da Educação Física é muito complexa, visto que,
houve de certa forma, uma incorporação das cinco tendências da Educação Física
brasileira, e essas estão vivas nas cabeças dos profissionais atuais e, não raro,
levam a um ecletismo pouco produtivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados parciais dessa pesquisa apontam para a falta de compreensão
dos profissionais da escola sobre o lugar da Educação Física no desenvolvimento
integral do ser humanos, o que tem sido causado principalmente pela falta de
identidade desta área do conhecimento.
A Educação Física não tem sido muito bem vista pelos profissionais da
Educação, porém cabe principalmente aos Profissionais de Educação Física reverter
essa situação, fazendo o seu trabalho com consciência e responsabilidade.
REFERÊNCIAS
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à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 1994.
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HABILIDADES ARTÍSTICAS, CULTURAIS E DESPORTIVAS DOS ACADÊMICOS
DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACULDADE VÉRTICE – MATIPÓ-MG
Darlene de Fátima Garcia e Luis Fernando Gomes Coelho – Graduandos em
Educação Física. Bolsista Fapemig. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e
MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão
da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Habilidades são capacidades técnicas para realizar determinadas atividades,
desenvolvidas a partir da teoria e da prática, gerando experiência. O presente trabalho
tem como objetivo identificar as habilidades artísticas, culturais e esportivas dos
acadêmicos dos cursos de graduação da Faculdade Vértice. Para sua realização foi
aplicado questionário, onde os mesmos revelaram suas preferências, interesses e
práticas. Foram analisados resultados parciais de 529 acadêmicos, com o objetivo de
identificá-las a fim de promover a valorização de tais habilidades. Com os resultados
obtidos pode-se verificar que embora os acadêmicos, em sua maioria não se
considerem habilidosos, não deixam de ter interesse em praticar/aprendê-las.
PALAVRAS-CHAVE: identificar; habilidades; acadêmicos.
INTRODUÇÃO
A Faculdade Vértice é uma instituição de educação superior mantida pela
Sociedade Educacional Gardingo Ltda. – SOEGAR. As atividades acadêmicas desta
Instituição foram iniciadas em fevereiro de 2008, iniciando com 2 (dois) cursos de
graduação naquele momento. Atualmente, a Faculdade Vértice (4846) possui 8 (oito)
cursos de graduação em funcionamento. No final do ano de 2010 emergiu a ideia de
ampliação das instalações da Faculdade Vértice para novos campi, haja vista o
impacto social do empreendimento em Matipó e região, que passou a utilizar o nome
fantasia Faculdade Univértix (UNIVÉRTIX, 2011).
A Missão Institucional da Univértix é ser uma entidade de referência
educacional, tendo seu projeto político-pedagógico baseado na prática e no senso da
justiça e da solidariedade, utilizando técnicas modernas, flexíveis e inovadoras
integradas a comunidade (UNIVÉRTIX, 2011).
Nesse sentido, a Faculdade Vértice – Univértix nasceu com o compromisso de
exercer uma função social de fundamental relevância dentro do contexto populacional
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do município de Matipó e região. O Campus na cidade de Matipó abrange dezenas de
municípios com distâncias de até 80 Km,
totalizam mais de 400.000 habitantes,
dispondo atualmente de cerca restrição socioeconômicos para estudar em uma
Instituição de Ensino Superior (IES).
Embora seja uma Instituição particular, a Univértix vem se estabelecendo em
Matipó e região como uma Faculdade preocupada em inserir a sociedade dentro do
seu âmago, oferendo condições para que todo cidadão que tenha o anseio de cursar o
ensino superior possa se tornar um acadêmico. Para isso, ela oferece estágios
remunerados, bolsas internas, bolsa transporte, além dos projetos do governo federal
como PROUNI e FIES (Financiamento Estudantil).
Outrossim, empenhada em conhecer inteiramente os acadêmicos que atende a
Instituição procura ainda compreender as suas necessidades e valorizar às suas
experiências. E é exatamente para estimar as experiências que os seus acadêmicos
apresentam é que a questão norteadora desde estudo se delineia: quais são as
habilidades artísticas culturais e esportivas dos acadêmicos dos cursos de graduação
da Faculdade Vértice- Matipó-MG?
Ao encontro dessa questão, insere-se o Regimento Interno da Instituição, que
em seu artigo 3º que dispõe sobre os objetivos da Univértix, e em seu parágrafo 3º
coloca como um deles contribuir para a formação da cultura superior e para o
desenvolvimento das ciências, do desporto, das letras e das artes; e no paragrafo 4º
promover a divulgação e a difusão de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade (UNIVÉRTIX, 2011).
Diante disso se delineia o objetivo da investigação: identificar as habilidades
artísticas, culturais e esportivas dos acadêmicos dos cursos de graduação da
Faculdade Vértice- Matipó-MG.
Desde 2008 a Univértix vem se empenhando na realização de uma gestão
participativa, ensino de qualidade e investimento em iniciativas de extensão e pesquisa
com recursos próprios. A partir de 2011 começa a ampliar seus horizontes
principalmente com a parceria estabelecida com a Fundação de Amparo à Pesquisa de
Minas Gerais – FAPEMIG. Reflexos disso já se constatam com a criação em 2012 da
coordenação de Pesquisa e de Extensão. Assim, aproveita-se para registrar que esse
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estudo se constitui em uma iniciativa da coordenação de Extensão a fim de poder
estabelecer novas estratégias e metas que incluem os acadêmicos.
Com este estudo pretendemos contribuir para uma compreensão mais apurada
das experiências dos acadêmicos por parte da direção, coordenações e demais setores
da Univértix a fim de que eles possam aproveitar melhor as qualidades apresentadas
pelos seus discentes.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O levantamento bibliográfico sobre habilidades artísticas, culturais e desportivas,
mesmo que em um contexto generalista, apontou que não houve ainda praticamente
nenhum pesquisador que já tenha se dedicado a essa temática. Aliás, até mesmo a
identificação dos conceitos-chave do estudo, que se constituem em ferramentas
intelectuais para a sua execução também se apresentou de forma restrita. Segue assim
discussão conceitual necessária à abordagem da temática em questão.
Habilidades, talento e competências
Sobre o conceito de habilidades, Press (2005) coloca que elas são capacidades
técnicas para realizar determinadas atividades, desenvolvidas a partir da teoria e da
prática, gerando a experiência. Fleury e Fleury (2001) auxiliam a compreensão do
conceito colocando que habilidade é a demonstração de uma aptidão particular na
prática.
Outro conceito que contribui para a compreensão daquele de habilidades é o de
talento. Talentos são capacidades inatas de cada ser humano e que os leva a um
desempenho naturalmente excelente, associando prazer e facilidade tanto na
aprendizagem quanto na execução (PRESS, 2005).
Press (2005) afirma ainda que o talento leva qualquer atividade à arte, ou seja,
pode transformar habilidades em inovação, criatividade, flexibilidade, adaptabilidade,
originalidade, autenticidade, excelência e alto rendimento. Essa é a diferença entre
contratar um profissional que tem apenas habilidade e aquele que também tem o
talento para a função ou cargo que exercerá. O primeiro poderá chegar à eficiência,
mas o talentoso terá melhores condições de chegar ao desempenho qualificado.
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O mesmo autor destaca que a soma da habilidade e do talento formam o que
chamamos de competência. Sobre a competência, Fleury e Fleury (2001) destacam
que ela é conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais sustentadas pela
aprendizagem e pela formação, que se pauta na avaliação do outro como indicar. O
status de competência é adquirido quando o conhecimento e o know-how são
comunicados e utilizados, isto é, as pessoas precisam saber que eles existem. Assim,
a rede de conhecimento em que se inserem cada sujeito é indispensável para que a
comunicação seja eficiente e gere a competência.
O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (2000) trata do conceito de
competências e habilidades numa óptica um pouco mais especifica, porém ainda
relevante a essa discussão. Para o Instituto competências são as modalidades
estruturais da inteligência, isto é, ações e operações que utilizamos para estabelecer
relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que pretendemos
conhecer. As habilidades derivam das competências adquiridas e referem-se ao plano
imediato do “saber fazer”. Por meio das ações e operações, as habilidades aprimoramse e unem-se, permitindo nova reorganização das competências.
Experiência e cultura
A natureza do conceito de experiência em que me apóio perpassa o conceito
apresentado pelo cientificismo moderno, que é reduzido ao sentido de experimento,
aquilo que é planejado de modo técnico, previsível e passivo. Esta concepção
apresenta um conceito limitado e empobrecido para as discussões relacionadas ao
fenômeno educacional.
Ao contrário do conceito apresentado pelo cientificismo, Dias e Sousa (1999), afirma
que Benjamin (1994), defende experiência de tal forma que ela seja um acontecimento
cujo resultado é desconhecido, produzindo infinitas condições de possibilidade. De
acordo com essa autora, a experiência forma, transforma e produz a subjetividade, que
é ímpar para cada sujeito, já que um mesmo evento pode ou não significar experiência
para determinado grupo e, em caso positivo, ela não será a mesma para todos. Nesse
sentido, ela não é previsível, não pode ser planejada tecnicamente, o que impossibilita
a relação causa e efeito. Tais apontamentos constituem-se em situações observadas
em experiência nos moldes do cientificismo moderno.
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De acordo com o conceito defendido por Benjamin (1994), o sujeito dá sentido e
significado ao objeto e este é constantemente re-significado por ele. Segundo Dias e
Sousa (1998), o objeto é entendido aqui como um fragmento de cultura, que faz refletir
sobre a natureza das atividades realizadas pelo sujeito, que compõe a experiência. Já
numa visão cientificista, o sujeito é assumido como algo exterior ao objeto, o que não é
uma relação de experiência, no sentido benjaminiano do termo.
Dias e Sousa (1999) nos chama a atenção para o conceito de vivência, que,
embora semelhante, contrapõe-se ao conceito de experiência. Segundo ela, Benjamin
(1994) criou este conceito para contrapô-lo ao de experiência, com a intenção de
discutir a inexistência do último na modernidade. O conceito de vivência enfatiza um
mundo caracterizado por informações aceleradas e fragmentadas, que passam diante
dos olhos dos sujeitos, mas é incapaz de tocá-lo. O sujeito “sabe mais, mas não muda
em relação ao que é” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27). Ao contrário da vivência, a
experiência parece cancelar “a fronteira entre o que o sujeito sabe e o que ele é entre o
que ele passa no mundo e o que ele passa em seu interior. Ela resgata a capacidade
de memória do sujeito e sua singularidade no mundo” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27).
Portanto, para Benjamim (1994), experiência “não é o que ocorre e é registrado fora do
sujeito, mas sim o que ocorre no/com o sujeito, por isso o modifica, o transforma, altera
sua identidade” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27).
A discussão do conceito de experiência nos possibilita a reflexão, conforme
Fleury e Fleury (2001) de que as emoções e os afetos orientam o aprendizado e a
integração de memórias. As pessoas lembram-se melhor daquilo que lhes despertou
sentimentos positivos do que daquilo que lhes manifestam sentimentos negativos e se
praticamente não se lembram daquilo que as deixou indiferentes. As emoções
contribuem efetivamente na motivação para a pessoa aprender; parecem atribuir cor e
sabor ao que aprende.
Como a cultura influencia nas experiências, consideramos o primeiro outro
conceito fundamental a abordagem dessa temática. Encontramos em Freire (1983)
uma definição de cultura que vem fornecer subsídio ao nosso pensamento. Este autor
diz que a dimensão cultural, num sentido amplo, antropológico-descritivo, é tudo que o
homem cria e recria engendrado nas permanentes relações homem-realidade, homemestrutura, realidade-homem, estrutura-homem. Continua a definição, inferindo que:
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Todos os produtos que resultam da atividade do homem, todo o conjunto
de suas obras, materiais ou espirituais, por serem produtos humanos que
se desprendem do homem, voltam-se para ele e o marcam, impondo-lhe
formas de ser e de se comportar também culturais. Sob este aspecto,
evidentemente, a maneira de andar, de falar, de cumprimentar, de se
vestir, os gostos são culturais. Cultural também é a visão que tem ou estão
tendo os homens de sua própria cultura, da sua realidade. (FREIRE, 1983,
p. 56-7).
Chauí (2002) também discute o conceito de cultura. Depois de algumas
definições de cultura, como a própria autora afirmou em sentido amplo e restrito,
conclui que cultura é “a maneira pela qual os humanos se humanizam por meio de
práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e
artística” (p. 295).
As definições de Freire (1983) e Chauí (2002) são, de certa forma, coincidentes
com a de Geertz (1989), que enfatiza a cultura como uma teia de significados,
produtora/produto do homem. O próprio Geertz (1989) afirma concordar com Weber
quando este diz “que o homem é um animal amarrado às teias de significados que ele
próprio teceu”. Ele também assume cultura como “sendo essas teias e sua análise;
portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência
interpretativa, à procura do significado” (GEERTZ, 1989, p.15). As teias de significado
de que fala Geertz são tecidas no seio de cada grupo humano, a partir das
manifestações de atividades e dos diversos tipos de linguagem.
Nesse sentido, podemos considerar a cultura conforme Alves (2011), como uma
característica humana, já que somente o ser humano pode produzi-la, e social porque o
homem não pode desenvolvê-la individualmente. Quando tratamos sobre cultura
falamos em algo abrangente, pois ela envolve toda produção racional humana,
precisamente, toda produção da inteligência humana e não somente literatura, cinema
e teatro.
METODOLOGIA
Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de
Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,
fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).
O estudo, do tipo descritivo, foi realizado através de um questionário aplicado
aos acadêmicos de todos os cursos da Faculdade Vértice – Univértix. O questionário
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apresenta lacunas para serem preenchidas abordando habilidades artísticas, culturais
e esportivas a fim de que os acadêmicos possam ir assinalando ou não. A coleta de
dados foi realizada nos mês de agosto de 2012, com o questionário inserido na
plataforma web giz. Participou da pesquisa um total de 529 acadêmicos. Os dados
coletados foram tabulados em arquivo Excel versão 2010 e organizados em forma de
dados descritivos para melhor comunicação de seus resultados. Sobre a pesquisa
descritiva Gil (1999, p. 21) afirma que ela:
Visa descrever as características de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados:
questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a
forma de levantamento.
Esta Instituição localiza-se na Zona da Mata Mineira, no município de MatipóMG. Atualmente, a Faculdade Vértice possui 8 (oito) cursos de graduação em
funcionamento, a saber: Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Licenciatura
em Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Farmácia e Medicina Veterinária,
além de dois cursos técnicos. Possui ainda mais de 1000 alunos matriculados; 95
funcionários, destes um total de 75 professores.
Matipó é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. De acordo com o
censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), sua
população é de 17.639 habitantes. A principal fonte de renda da cidade de Matipó é a
agropecuária, com maior destaque para a cafeicultura, além do comércio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos dados parciais obtidos após a avaliação do questionário, pôde-se
verificar que a maior parte dos entrevistados, 56,33% é do sexo masculino. No que diz
respeito à faixa etária, a maioria dos participantes da pesquisa tinham entre 17 e 30
anos o que corresponde a 89,98% dos entrevistados (Tabela 1).
Verificou-se também, após análise dos dados, em relação à variável cor/etnia
que 51,23% dos entrevistados consideram-se brancos. E embora o número de
evangélicos esteja crescente, a população católica ainda é predominante com 73,91%
entre os entrevistados (Tabela 1).
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Tabela
1:
Características
sócio-demográficas
referidas
pela
população
investigada, 2012.
Característica
Gênero
Feminino
Masculino
Faixa Etária
17 – 30 anos
31 – 45 anos
46 – 60 anos
61 – ou mais
Cor/ Etnia
Branca
Negra
Amarela
Parda
Religião
Católica
Evangélica
Espírita
Outra
N=529
%
231
298
43,67
56,33
476
47
5
1
89,98
8,88
0,95
0,19
271
32
30
196
51,23
6,05
5,67
37,05
391
109
9
20
73,91
20,60
1,70
3,78
Nos Anais do XIII CNLF (2009, p. 1803) fala do crescimento do número de
evangélicos no país:
Os evangélicos representam o segmento religioso que mais
cresce no Brasil. O ISER (Instituto Superior de Estudos da
Religião) sugere que o número de evangélicos gira em torno de
13% da população, chegando a 20% em alguns estados, como
Rio de Janeiro. Para os pessimistas, o percentual nacional
seria de 11% e para os otimistas, 22%. De qualquer forma, o
crescimento é bem alto.
Os pesquisados responderam que durante o tempo livre a atividade a qual se
dedicam são, em ordem de preferência: uso de computador para lazer 50,66%, leitura
e estudo 48,39%, assistir TV e vídeos 47,64%, dormir 44,05% e ir à igreja 37,81%.
Em relação às habilidades musicais quando perguntados sobre se tocam e/ou
estão aprendendo a tocar algum instrumento 15,69% dos entrevistados responderam
que tocam e/ou estão aprendendo a tocar algum instrumento, 25, 14 % disseram que
tocam este instrumento por lazer. Quando questionados se gostariam de aprender a
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tocar algum instrumento, 52,74% responderam que gostariam de aprender a tocar
violão, 17, 77 % disseram que gostariam de aprender a tocar piano e bateria.
Quando perguntados se já estudaram música 27,79% responderam não mais
que gostariam de estudar e 6,62% responderam que já estudaram música. A questão
seguinte foi se já cantaram em algum momento da vida 23,06% disseram cantar por
lazer, 12,85% cantam na igreja e 0,95% cantam e/ou cantaram profissionalmente.
Perguntados se já fizeram parte de alguma banda ou grupo musical 7,94% dos
entrevistados disseram que sim. Sobre qual estilo musical cantam, 31,38% disseram
que cantam sertanejo, 14,37% música religiosa, 10,40% pop rock e 35,54% disseram
cantar outro estilo musical.
Perguntados a respeito de dança, 21,36% disseram que gostariam de fazer aula
de dança, 8,70% disseram que já fazem ou fizeram. Quarenta % responderam que
dançam por lazer, 1,13% na igreja e 0,57% o fazem profissionalmente. A respeito do
estilo de dança que gostariam de aprender o forró recebe destaque com 53,69% das
preferências, seguido da dança de salão com 24,57%, logo atrás com 10,21% vem o
balé e 22,50% optaram por outro estilo de dança.
A dança, de um modo geral, é extremamente importante como
meio de diálogo, de reflexão e de possibilidades de revisão de
conceitos, pois o respeito a si próprio e ao outro está presente
em sua prática, que traz aprendizados que podem levar a
transformações, reafirmações, concepções e princípios, na
busca de uma construção mais significativa de nossos códigos
de valores (ABRÃO e PEDRÃO, 2005, p.244).
Quanto a considerarem-se pessoas com habilidades artísticas 24,76%
responderam positivamente. A respeito das habilidades artísticas que gostariam de
aprender, dentre os onze itens apresentados a fotografia foi à escolha de 40,08%, logo
atrás ficou o desenho com 31,38% e pintura em tela com 24,39% na preferência dos
entrevistados. Foram ainda perguntados se já fizeram teatro alguma vez na vida,
17,01% responderam que sim, e 34,03% gostariam de fazer um curso de teatro.
Quando questionados sobre a prática de esportes 48,96% declararam ser
praticantes. No quesito com que frequência praticam 34,78% disseram que o faz uma
vez por semana.
Ainda quando questionados sobre qual esporte gostariam de aprender/praticar,
48,02% dos entrevistados optaram pela natação, seguida do voleibol com 24,76% e o
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automobilismo com 20,79% ocupa o terceiro lugar. Surpreendentemente o futebol,
preferência nacional, ficou na quarta colocação com 19,85% na preferência dos
entrevistados. Melo (2007, p.2) pontua que:
Podemos afirmar que o Brasil é considerado o País do futebol,
para compreender esta idolatria, basta perceber como o País
para a cada quatro anos, quando são realizadas as Copas do
Mundo, para acompanhar e torcer pela seleção. Os brasileiros
mudam suas rotinas e entram em campo com o time canarinho.
Perguntados se praticam alguma luta, responderam positivamente 5,67% dos
entrevistados. Sobre quais lutas gostariam de praticar na ordem de preferência:
31,95% jiu jitsu, 25,90% judô, 24,95% muay thai, capoeira 24,7%. Silva e Zamboni
(2010, p.5) ressaltam que:
O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta são produções
da cultura corporal que foram incorporadas pela Educação
Física e seus conteúdos (...). Em cada uma dessas
manifestações existem benefícios fisiológicos e psicológicos e
suas possibilidades de utilização como instrumentos de
comunicação, expressão, lazer e cultura.
Sobre as modalidades de atletismo que gostariam de aprender/praticar, corridas
rasas e corridas cross country foram a preferência de 15,88% dos indivíduos, logo
depois temos salto em distância com 15,12% seguido do arremesso de peso com
13,99%.
A Faculdade Vértice conta hoje com moderno complexo esportivo, com quadra
poliesportiva, piscina, campo de futebol, laboratórios de lutas e dança e pista de
atletismo semi-olímpica, que atende aos acadêmicos do curso de Educação Física em
suas aulas.
Quando perguntados sobre os jogos que gostariam de aprender/praticar, 37%
dos entrevistados escolheram o xadrez, jogo que exige raciocínio lógico de seus
praticantes.
Douglas e Zara (2008, p. 104) apontam que:
O xadrez pode ser um bom instrumento para demonstrar
métodos de raciocínio lógico para a tomada de decisões. Uma
das vantagens do xadrez é que ele exclui a sorte, a não ser a
sorte de jogar com um jogador que não é habilidoso! Ou que se
distrai, ou a sorte de não cometermos nós mesmos os erros.
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Em regra, a vitória no xadrez depende exclusivamente da
habilidade dos jogadores.
Quanto à prática da leitura, 39,32% relataram que costumam ler às vezes,
seguido dos que leem sempre com 33,08%. Os que leem quando necessário
representam 24,76% dos participantes da pesquisa. Sendo a leitura de jornais a de
maior preferência entre 56,71%, seguido da leitura de revistas com 55,39% e logo atrás
vem à comédia com 31,00%.
Farone, Hittleman e Unruh (1990) citados por Silva e Santos ( 2004,p. 459)
dizem que:
Ao realizar uma pesquisa documental sobre a leitura no âmbito
universitário, destacaram sua importância como um dos
caminhos que levam o aluno ao acesso e à produção do
conhecimento, enfatizando a leitura crítica como forma de
recuperar todas as informações acumuladas historicamente e
de utilizá-las de maneira eficaz.
A respeito do tipo de filme que preferem 60,30% dos entrevistados responderam
ação, aventura com 54,06% vem logo atrás e ficção científica tem 32,89% das
preferências.
Perguntados se falam ou escrevem outras línguas além do português, 7,94%
responderam que sim. Quanto ao interesse por aprender outras línguas, o inglês
aparece com 83,55%, o espanhol com 54,25%, seguido do francês com 29,87% no
grau de interesse dos entrevistados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os resultados obtidos pode-se verificar que embora os acadêmicos, em
sua maioria não se considerem habilidosos, não deixam de ter interesse em
praticar/aprendê-las. O que é positivo para nossa pesquisa, uma vez que com ela
pretende-se realizar atividades que valorizem as habilidades dos acadêmicos.
Dados curiosos foram revelados, como a predominância da população
masculina e o futebol perdendo destaque na preferência dos esportes.
Verificou-se
que
embora
inseridos
no
meio
acadêmico,
muitos
dos
entrevistados não cultivam o hábito da leitura frequente, o que pode comprometer o
bom
rendimento
dos
mesmos.
Ainda
sendo
a
população
acadêmica
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predominantemente jovem, encontramos pessoas na faixa etária de 45 a 60 anos ou
mais frequentando uma IES.
Diante disso, está lançado o desafio de projetos que melhorem o que apresenta
deficiência, estimulem os pontos positivos e busquem a valorização das habilidades
apresentadas pelos acadêmicos.
REFERÊNCIAS
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a educação corporal, saúde física e mental de mulheres que frequentam uma academia
de ginástica e dança. Revista Latino-americana de Enfermagem. Disponível em:
http://www.eerp.usp.br. Acesso em: 14. Set.2012.
ALVES, Arabelle Nogueira. Cultura na escola. Revista graduando. Jan/jun, n.2, 2011.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
(Obras escolhidas, v.1).
CHAUÍ, Marilena. Convite Filosofia. 2.ed. São Paulo: Ática, 2001. 440p.
DIAS e SOUSA, Celeste Aparecida. Como tornar-se Professor? um estudo sobre o
Desenvolvimento Profissional de professores a partir das suas experiências na
docência. Juiz de Fora, 1999a. 191p. Dissertação de mestrado, Formação de
professores - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora.
DOUGLAS,Willian;ZARA, Carmem;Como usar o cérebro para passar em provas e
concursos:As lições da PNL,do pensamento positivo e da lei da atração para você ser
aprovado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de
competência. RAC, Edição Especial 2001: 183-196.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14. ed. São Paulo: Paz e
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GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. 323p.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
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UNIVÉRTIX. Regimento Interno. Faculdade Vértice – Univértix. 2011.
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GT 08
LINGUÍSTICA, CIÊNCIAS E
ARTES
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ARTIGOS
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A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO DIGITAL
Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista
em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação.
Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do
Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O presente artigo pretende analisar a diferença entre letramento e letramento
digital, tentando mostrar quais saberes um indivíduo necessita ter para ser
considerado letrado digitalmente; além disso, falar-se-á também a respeito dos
locais e as formas em que se pode aprender ou adquirir esse tipo de letramento,
bem como os perigos que a exclusão digital pode trazer a um indivíduo neste mundo
globalizado.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento; Letramento digital; cidadania; exclusão social.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Todas as mudanças ocorridas no cenário mundial levam-nos à reflexão de
que o letramento digital torna-se extremamente necessário, já que as relações do
sujeito com o mundo estão cada vez mais dependentes do acesso a instrumentos
mediadores de informações e da repercussão de se transformar essas informações
em conhecimentos.
É justamente esse o ponto de partida deste trabalho: mostrar que o
letramento digital é necessário para que o processo de exclusão não se agrave
ainda mais. Para tanto, analisar-se-á, inicialmente, os procedimentos metodológicos
que nortearam a pesquisa; em seguida, o que é letramento; logo após, será
realizada uma análise sobre o que é letramento digital e, na sequência, retratar-se-á
a questão da inclusão social e da cidadania. Para terminar, serão apresentadas as
considerações finais.
METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho é analisar a diferença entre letramento e letramento
digital, tentando mostrar quais saberes um indivíduo necessita ter para ser
considerado letrado digitalmente; os locais e as formas em que se pode aprender ou
adquirir esse tipo de letramento, bem como os perigos que a exclusão digital pode
trazer a um indivíduo neste mundo globalizado serão também analisados.
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A metodologia aqui utilizada será a revisão bibliográfica, valendo-se, para
tanto, das idéias dos seguintes teóricos: Soares (2010), Xavier (2010) e Pereira
(2005). Segundo esses teóricos, as diferenças entre tecnologias tipográficas e
digitais são claras, tanto na recepção, quanto nos gêneros e funções do texto, como
também nos processos cognitivos e discursivos e no estado ou condição dos
destinatários dos textos. “No computador, o espaço de escrita é a tela, ou a “janela”;
ao contrário do que ocorre quando o espaço da escrita são as páginas do códice,
quem escreve ou quem lê a escrita eletrônica tem acesso, em cada momento,
apenas ao que é exposto no espaço da tela.” (SOARES, 2002, p. 150)
Não se pode negar que o letramento digital é fator primordial para que as
pessoas consigam exercer de fato a cidadania. Ao dominar esse mundo digital e,
consequentemente, toda essa tecnologia que advém dele, o indivíduo sai do
processo de exclusão social e passa a exercer a sua cidadania com plenitude. Só
assim a tecnologia passa a trabalhar em favor do homem, e não contra; assumindo
o papel de valorização dos seres humanos.
O QUE É LETRAMENTO?
O termo letramento é uma palavra nova na língua, que ainda não foi
dicionarizada; sendo, portanto, um neologismo baseado na tradução da palavra
inglesa literacy, cujo significado é: a condição de ser letrado. O termo literacy, por
sua vez, baseia-se na palavra latina littera (letra) somada ao sufixo cy (que indica
qualidade, condição e estado). Essa palavra apóia-se no termo também em inglês
literate, que, por sua vez, é um adjetivo que designa aquele que é educado, mais
especificamente não apenas aquele que possui a habilidade de ler e escrever, mas
aqueles que fazem uso competente e frequente da leitura e da escrita. Assim,
letramento não se reduz meramente ao processo de aquisição das práticas de
leitura e escrita; é o “estado ou condição de indivíduos ou grupos sociais de
sociedades letradas que exercem efetivamente as práticas sociais de leitura e de
escrita” (SOARES, 2002, p. 145). Percebe-se que não basta apenas dominar o uso
da leitura e da escrita, há a necessidade de se participar de forma ativa e
competente nas situações em que ocorrem essas práticas de leitura.
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Dessa maneira, fica clara a diferença entre saber ler e escrever, ou seja, a
condição de ser alfabetizado; e viver como alguém que sabe faz uso constante da
leitura e da escrita, envolvendo-se nas práticas sociais de leitura e de escrita. Assim,
podemos afirmar que muitas pessoas, apesar de serem alfabetizadas, não são
letradas, uma vez que embora saibam ler e escrever, não usa esses conhecimentos
constantemente.
Ao alcançar a condição de letramento, o indivíduo passa a ter uma condição
social e cultural diferente dos que não possuem essa habilidade. Essa pessoa passa
a ocupar um lugar social diferente, mudando o seu modo de viver na sociedade e
sua relação com a cultura e com a apropriação dos bens culturais.
O QUE É LETRAMENTO DIGITAL?
Durante o processo histórico de aquisição da escrita pelo homem, percebe-se
que o espaço da escrita sofreu inúmeras modificações, iniciando com a superfície de
uma tabuinha de argila, madeira ou pedra, passando pelos rolos de papiro ou de
pergaminho, chegando à estrutura da página, até chegar à tela do computador.
(SOARES, 2002, p. 149). Nesse momento privilegiado, em que novas práticas de
leitura e escrita surgem, torna-se necessário analisar se “as práticas de leitura e de
escrita digitais, o letramento na cibercultura, conduzem a um estado diferente
daquele que conduzem as práticas de leitura e escrita quirográficas e tipográficas
(...) (SOARES, 2002, p. 146).
As diferenças entre tecnologias tipográficas e digitais são claras, tanto na
recepção, quanto nos gêneros e funções do texto, como também nos processos
cognitivos e discursivos e no estado ou condição dos destinatários dos textos. “No
computador, o espaço de escrita é a tela, ou a “janela”; ao contrário do que ocorre
quando o espaço da escrita são as páginas do códice, quem escreve ou quem lê a
escrita eletrônica tem acesso, em cada momento, apenas ao que é exposto no
espaço da tela.” (SOARES, 2002, p. 150)
Surge com isso, um novo conceito, o de letramento digital que pode ser
entendido não somente com o saber utilizar as tecnologias digitais, mas ao fato de
estar sempre em contato com essas novas tecnologias, utilizá-las como
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instrumentos de leitura e escrita, entendendo os usos e as novas possibilidades que
elas podem trazer para a nossa vida.
O Letramento digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferentes
das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital
pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e
sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos
às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o
qual estão os textos digitais é a tela, também digital. (XAVIER, 2005, p.02)
É uma verdadeira revolução na forma de conceber a aprendizagem, sendo
muito comum o “auto-letramento” pela Internet, segundo Xavier (2005, p. 3) surge
um novo jeito de aprender: mais dinâmico, participativo, descentralizado da figura do
professor; pautado na independência, na autonomia e nas necessidades e
interesses imediatos de cada um dos usuários das tecnologias de comunicação
digital.
Segundo Tapscott (apud Xavier, 2005, p. 3),
A geração que tem crescido na rede de computadores tende a desenvolver
habilidades como: independência e autonomia na aprendizagem, abertura
emocional e intelectual, preocupação pelos acontecimentos globais,
liberdade
de
expressão
e
convicções
firmes,
curiosidade
e
faro
investigativo, imediatismo e instantaneidade na busca de soluções,
responsabilidade social, senso de contestação, tolerância ao diferente.
Cabe lembrar que para ser letrado digitalmente, há primeiro a necessidade de
se letrar alfabeticamente, o “novo” tipo de letramento é totalmente dependente do
“velho”, o que faz com que aumente a importância do letramento alfabético na vida
do indivíduo. A grande massa de dados que surgem a todo instante na Internet faz
com que o letramento alfabético torne-se essencial na conquista da cidadania. Não é
necessário conhecer computador a fundo, mas precisa-se vencer a limitações
impostas pelo analfabetismo digital. Segundo XAVIER (2000, p.5), há a necessidade
de se conhecer pelos menos as “infovias ou auto-estradas virtuais por onde
trafegam as informações relevantes que ficam à espera de serem transformadas em
conhecimento.” Há a necessidade de saber “buscar” pelo menos determinada
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informação na rede digital, utilizando com eficiência as informações armazenadas e
disponibilizadas nos sites, é isso que irá assegurar a cidadania de cada um dos
indivíduos.
INCLUSÃO DIGITAL E CIDADANIA
Um dos grandes desafios desse século é o de justamente formar cidadãos
preparados para o mundo contemporâneo; cada dia que passa, está mais claro que
“os mesmos métodos que produziram sucesso no estágio passado podem não ter
serventia alguma no estágio atual ou no futuro.” (PEREIRA, 2005, p.13). Torna-se,
portanto, necessário investir em métodos mais atuais; para que isso ocorra, a
exclusão digital ou o analfabetismo digital deve ser expurgado de nosso sistema de
ensino. Essa constatação leva-nos a algumas reflexões sobre a natureza dos
problemas que iremos enfrentar ao fazer parte da Sociedade da Informação na Era
do Conhecimento:

Problemas são normais e desejáveis, é resultado da mudança. O único
lugar no ciclo da vida em que não há nenhum problema é o lugar em
que não há nenhuma mudança, que é a morte.

O papel daqueles que conduzem o ensino não é impedir problemas ou
retardar o ritmo das mudanças. Em vez disso, deve-se focalizar e
acelerar suas habilidades e competências para reconhecer e resolver
problemas.

A maioria dos problemas que as instituições de ensino na Sociedade da
Informação irão enfrentar é comum a todas as instituições, não somente
o Brasil, mas em todo o mundo. Para aqueles que ainda não se alertou,
a
Sociedade
da
Informação
nos
conduz,
irreversivelmente,
à
globalização. Isso não serve de consolo, mas a exclusão a exclusão
digital não é um problema exclusivo dos países de terceiro mundo, é um
problema global. Em todas as partes do mundo esse problema é
discutido por educadores, sociedade civil e governos. Pode se
economizar muito tempo e esforço compreendendo quais são boas
práticas adotadas ao redor do mundo. (PEREIRA, 2005, p.14)
Vários são os organismos associados à educação na Sociedade da
Informação: educadores, instituições de ensino, professores etc.. Cabe a todos
envolvidos nesse processo entender que letramento digital é muito mais do que
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saber ler, escrever e digitar em um computador. A inclusão é um processo em que
“uma pessoa ou um grupo de pessoas passa a participar dos usos e costumes de
outro grupo, passando a ter os mesmos direitos e os mesmos deveres dos já
participantes daquele grupo onde se está incluindo”. (PEREIRA, 2005, p.15).
Entende-se por digital não apenas o uso do computador, mas também o uso
de celulares, caixas eletrônicos, máquinas fotográficas modernas, televisão etc..
Assim, a inclusão digital é um “processo em que uma pessoa ou grupo de pessoas
passa a participar dos métodos de processamento, transferência e armazenamento
de informações que já são do uso e do costume de outro grupo, passando a ter os
mesmos direitos e os mesmos deveres dos já participantes daquele grupo onde se
está incluindo.” (PEREIRA, 2005, p.17).
Dessa forma, torna-se cada vez mais necessário dominar a tecnologia para
que dela se possa extrair conhecimento. Como já foi dito, esse é um problema
mundial, o mundo inteiro tenta eliminar a exclusão digital da sociedade organizada.
É certo que os países do “terceiro mundo” sofrem muito mais com esse problema,
principalmente, nas comunidades rurais, onde existem muito mais limitações com
relação ao acesso ao mundo digital. Mas é só através da superação desse problema
que iremos conseguir superar esse processo de exclusão e garantir cidadania a
todos, sem distinção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A informação apresenta-se, atualmente, como um meio de produção de
conhecimento; a partir dessas informações o sujeito formula respostas aos seus
questionamentos. Devido a isso, o letramento digital torna-se cada vez mais
importante para o processo de compreensão do mundo e problematização de tudo
que o cerca.
Dominar esse mundo digital e, consequentemente, toda essa tecnologia que
advém dele, é essencial para que o indivíduo saia do processo de exclusão social e
exerça a sua cidadania com plenitude. Só assim teremos a tecnologia em favor do
homem, à tecnologia sendo usada em seu favor e não contra; uma vez que o
objetivo principal da tecnologia é a valorização dos seres humanos.
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REFERÊNCIAS
SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura.
Campinas: Ed. Soc. Vol. 23, n. 81, dez. 143-160, dez. 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf. Acesso em: 14 de agosto de 2010.
XAVIER, Antônio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. Disponível em:
http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf. Acesso
em: 15 de agosto de 2010.
PEREIRA, João Thomaz. Educação e Sociedade da Informação. In: COSCARELLI,
Carla Viana e RIBEIRO, Ana Elisa (orgs.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
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A NECESSIDADE DE SE DESENVOLVER NAS MATRIZES EDUCACIONAIS
HABILIDADES DE LETRAMENTO DIGITAL
Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista
em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação.
Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do
Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A pretensão, neste trabalho, é refletir sobre as habilidades de leitura,
diferenciando alfabetização, letramento e letramento digital e, também, discutir sobre
o “novo jeito” de aprender que surgiu com a chegada da Era da Informação.
Percebe-se que apesar de ser uma realidade, as matrizes do governo
desconsideram o letramento digital das habilidades que a escola necessita
desenvolver nos alunos. Para solucionar esse problema, propõem-se aqui uma
matriz para o ensino de língua materna.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento digital; Aprendizagem; Matrizes educacionais.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Este artigo tem por objetivo mostrar que o letramento digital pode beneficiar
as pessoas, será dado maior enfoque aos alunos das escolas, pois é percebido que
apesar de ser uma realidade, as matrizes do governo desconsideram o letramento
digital das habilidades que a escola necessita desenvolver nos alunos.
Assim, através de uma revisão bibliográfica, baseada principalmente nas
ideias de Dias e Novais (2009), Soares (2010), Xavier (2010) e Ribeiro e Coscarelli
(no prelo), o artigo divide-se em quatro partes: na primeira, falar-se-á a respeito dos
procedimentos metodológicos utilizados; na segunda, discutir-se-á a diferença entre
alfabetização, letramento e letramento digital; em seguida, será analisado o novo
conceito de aprendizagem que nasce com a apropriação da tecnologia digital; na
quarta parte, refletir-se-á sobre as possibilidades de trabalho oriundas com a adoção
de uma matriz de letramento digital. Ao término, será proposta uma matriz de
letramento digital para o ensino de língua materna.
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METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho é refletir sobre as habilidades de leitura,
diferenciando alfabetização, letramento e letramento digital e, também, discutir sobre
o “novo jeito” de aprender que surgiu com a chegada da Era da Informação.
Percebe-se que apesar de o letramento digital ser uma realidade, as matrizes do
governo desconsidera o domínio da tecnologia digital dentre as habilidades que a
escola necessita desenvolver nos seus alunos.
Através de uma revisão bibliográfica, baseada principalmente nas ideias de
Dias e Novais (2009), Soares (2010), Xavier (2010) e Ribeiro e Coscarelli (no prelo),
pretende-se refletir sobre a diferenciação dos conceitos de alfabetização, letramento
e letramento digital; bem como analisar o “novo jeito” de aprender que vem sendo
criado com a chegada dos computadores nas escolas. Ao se perceber todos os
problemas oriundos desse novo tipo de aprendizagem, propõem-se aqui uma matriz
para o ensino de língua materna que privilegie o letramento digital.
Cumpre
ressaltar que não se pretende definir todos os descritores que uma matriz digital
necessita ter; mas sim analisar a necessidade e a emergência de matrizes digitais
nos contextos sociais e contemporâneos.
ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO DIGITAL
Alfabetizar é adquirir a tecnologia de escrita, saber decodificar os sinais
gráficos do seu idioma, ou seja, alfabetizado é
Aquele indivíduo que, mesmo tendo passado pela escola, ainda lê com
dificuldade, de modo muito superficial e escreve com pouca freqüência e,
quando escreve, produz textos considerados simples (bilhetes, listas de
compras, preenchimento e proposta de emprego e coisas do gênero)
(XAVIER, 2006, p.01)
Mas apenas a alfabetização não é suficiente: para se viver bem em nossa
sociedade, tornou-se indispensável à aquisição do letramento alfabético, pois as
formas de vida atuais estão condicionadas por essa capacidade.
É através do letramento que conseguimos ler e compreender textos mais
aprofundados; escrever textos argumentativos, analisar as informações implícitas,
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escrever textos técnicos detalhados. É o letramento que garante ao indivíduo ocupar
o papel de cidadão.
Ler não é apenas decodificar sinais gráficos, é uma ação muito mais
abrangente, “ler é executar diversas operações que vão desde o reconhecimento da
letra até a construção de sentidos mais globais, fazendo inferências e colhendo
pistas, de uma maneira coordenada.” (RIBEIRO e COSCARELLI, [s.d., p.11]).
Cabe aqui outro questionamento: apenas ser letrado alfabeticamente garante
às pessoas plenamente a cidadania atualmente? Se levarmos em conta o
desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, perceberemos que não
mais. Surge a necessidade de também se tornar letrado digitalmente; não se podem
desconsiderar as mudanças nos modos de ler e escrever códigos e sinais verbais e
não verbais oriundos da cultura digital e, com ele, um novo meio de aprendizado.
UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM
Tappscot (1995 apud XAVIER, 2006, p.2-3), ao analisar um questionário
respondido na Internet por pré-adolescentes e adolescentes que cresceram com
acesso à informática, concluiu que a forma “velha” de aprendizagem está sendo
substituída por uma “nova”.
“Jeito velho”
Centrado no professor
Absorção passiva
Trabalho individual
“Jeito novo”
Centrado no aluno
Participação ativa do aluno
Trabalho coletivo
Implicações para o aluno
Aprendizes ativos
Muita motivação
Equipe constrói habilidades
desenvolvidas coletivamente
Professor “sabe-tudo”
Professor articulador
Aprendizagem adequada às
mudanças no mundo
Ensino estático
Ensino dinâmico
Material
didático
on-line
substitui livros etc.
Aprendizado predeterminado
Aprender a aprender
Competências voltadas para
a Era da Informática
Fonte: Tappscot 1994 apud XAVIER, 2006, p.3
O auto-letramento digital pela Internet está desafiando os sistemas
educacionais tradicionais e está trazendo um “jeito novo” de se aprender.
Ao se analisar a matriz do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
percebe-se que a prova constituída por questões abertas e de múltipla escolha com
o objetivo de avaliar as habilidades dos estudantes que concluíram o Ensino Médico
desconsidera essa realidade, pois não avalia nenhuma habilidade que seja
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específica da cultura escrita digital, como se a modalidade textual veiculada nesse
tipo de cultura não estivesse amplamente difundida socialmente e como se ela não
requeresse algumas habilidades diferenciadas das exigidas pela cultura impressa.
Se analisarmos que essas matrizes de ensino devem conter as habilidades
consideradas relevantes no processo de ensino e aprendizagem, omitir o ambiente
virtual seria até certo ponto desconsiderar a sua importância.
Navegar e ler são etapas diferenciadas da leitura, concorrendo ambas para
a composição de uma competência que, se relacionada a práticas de leitura
(e escritas) em ambiente suportado por computadores ou, mais
abrangentemente, por tecnologia digital. (RIBEIRO e COSCARELLI, [s.d.,
p.3])
Se essa matriz não é suficiente para contemplar habilidades necessárias para
se ler e escrever em ambiente digital, torna-se necessário que se construa outra,
voltada, dessa vez, ao problema da utilização do computador como ferramenta de
produção de leitura de textos escritos, para que se possa refletir sobre as
experiências tradicionais de escrita como também sobre as experiências
genuinamente digitais de comunicação.
Para tanto, torna-se necessário analisar quais são as habilidades necessárias
para lidar em ambientes digitais. Segundo Tapscott (1999 apud XAVIER, 2006, p.3),
a geração que tem crescido na rede de computadores desenvolve as seguintes
habilidades:









Independência e autonomia na aprendizagem;
Abertura emocional e intelectual;
Preocupação com os acontecimentos globais;
Liberdade de expressão e convicções firmes;
Curiosidade e faro investigativo;
Imediatismo e instantaneidade na busca de soluções;
Responsabilidade social;
Senso de contestação;
Tolerância ao diferente. (TAPSCOTT, 1999 apud XAVIER, 2006, p.3)
Cabe lembrar que essa geração amadurece mais rápido que a de seus pais;
isso ocorre pelo intercâmbio das informações na rede, que levam esses
adolescentes
a
ensinar
e
aprender
mutuamente,
produzindo
experiências
compartilhadas com todos.
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Em contrapartida, esse processo exige a mudança do perfil do professor e da
sua prática pedagógica; pois só assim ele conseguirá acompanhar a geração digital.
Ele deve se tornar:





Pesquisador, não mais reprodutor de informação;
Articulador do saber, não mais fornecedor único do conhecimento;
Gestor de aprendizagens, não mais instrutor de regras;
Consultor que sugere não mais chefe autoritário que manda;
Motivador da “aprendizagem pela descoberta”, não mais avaliador de
informações empacotadas a serem assimiladas e reproduzidas pelo
aluno. (TAPSCOTT, 1999 apud XAVIER, 2006, p.3)
Dessa forma, o letramento digital faz com que os indivíduos assumam uma
nova maneira de realizar suas atividades de leitura e de escrita. Essa nova proposta
de se analisar o hipertexto pressupõe em um conjunto de capacidades mentais que
envolvem algumas competências:



Competência para compreender os novos princípios que regulam a
organização e a armazenagem do conhecimento em um ambiente
virtual, não mais em locais físicos, como livros, por exemplo;
Competência para clicar nos “links” que são ferramentas auxiliares de
navegação na página eletrônica;
Competência para “sacar” os dados apresentados na tela de modo
diverso como em textos, imagens e sons, que precisam ser
selecionados e filtrados em meio às muitas informações dispostas na
página eletrônica visitada e em toda a Internet (TAPSCOTT, 1999 apud
XAVIER, 2006, p.3)
Como se percebe, os textos digitais exigem novas competências, exigem
gêneros próprios e geram um tipo de tratamento diferenciado; as condições sociais,
culturais e tecnológicas apresentam, por usa vez, cada vez mais favoráveis à
aquisição do letramento digital. Mas, em uma sociedade desigual como a nossa,
valorizar ainda mais esse letramento considerando suas habilidades como básicas
nas matrizes das avaliações do governo não seriam excluir ainda mais aqueles que
não fazem parte desse mundo digital? Até que ponto também nossas escolas e
professores estão preparados para tudo isso?
Cabe, portanto, ao Estado, o desenvolvimento de condições para tentar
universalizar cada vez mais o acesso ao universo digital com o intuito de amenizar
as desigualdades sócio-econômicas e históricas, garantindo o acesso à cidadania
plena.
Se a política de educação do governo atual estimular e financiar a
construção de telecentros públicos (locais de acesso à Internet e de
aprendizagem de processadores de textos), equipar as escolas do ensino
fundamental e médio com laboratórios de computação, capacitar em massa
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seus professores transformando-o em “letrados digitais”, é bem provável
que os gêneros digitais (...) serão cada vez mais trabalhados, aprendidos e
utilizados na escola e principalmente fora dela. (XAVIER, 2006, p. 5-6)
Só assim, os profissionais de educação, nesse caso, em especial, os
professores de linguagem, conseguirão desenvolver estratégias pedagógicas mais
eficazes em seus mais variados espaços educacionais com o intuito de enfrentar os
desafios colocados atualmente: alfabetizar, letrar e letrar digitalmente um maior
número de pessoas.
POSSIBILIDADES DE TRABALHO ORIUNDAS DA UTILIZAÇÃO DA MATRIZ DE
LETRAMENTO DIGITAL
Ao se propor uma matriz de letramento digital para o ensino de língua
materna, não se pretende definir todos os descritores que uma matriz digital
necessita ter; mas sim analisar a necessidade e a emergência de matrizes digitais
nos contextos sociais e contemporâneos.
Cabe lembrar que a matriz proposta não foi testada com relação à produção
de atividades e nem com relação à capacidade de se medir o nível de letramento
digital de um indivíduo; apenas se quis listar quais seriam as habilidades básicas
para que um indivíduo para aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos de língua
materna através do ambiente digital.
É primordial que ela seja analisada, aplicada e testada nas escolas para que
possa ser adaptada e melhorada; pois, só assim, poder-se-á refinar esse
instrumento que irá desenvolver as habilidades de leitura e escrita mediadas pelas
tecnologias digitais.
REFERÊNCIAS
DIAS, Marcelo Cafiero; NOVAIS, Ana Elisa Novais. Por uma matriz de letramento
digital. III Encontro Nacional Sobre Hipertexto. Belo Horizonte, CEFET- MG, 2009.
Disponível
em:
http://www.ufpe.br/nehte/hipertexto2009/anais/p-w/por-umamatriz.pdf.
RIBEIRO, Ana Elisa e COSCARELLI, Carla Viana. Matrizes de habilidades e leitura
digitais. Educação em Revista. (no prelo).
SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura.
Campinas: Ed. Soc. Vol. 23, n. 81, dez. 143-160, dez. 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf. Acesso em: 14 de agosto de 201
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XAVIER, Antônio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. Disponível em:
http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf. Acesso
em: 15 de agosto de 2010.
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MOTIVAÇÕES ONOMASIOLÓGICAS PARA O TOPÔNIMO PÃO DE AÇÚCAR
Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do
Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a origem e o significado do
topônimo Pão de Açúcar nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas e Minas Gerais,
com o intuito de verificar se a motivação toponímica das três localidades foi à
mesma. A análise verificará a relação entre o nome do lugar e as características da
nomeação, tentando resgatar os traços da cultura.
PALAVRAS-CHAVE: Pão de Açúcar; topônimo; motivação.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A pesquisa apresentada neste artigo tem como objetivo analisar a origem e o
significado do topônimo Pão de Açúcar, nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas e
Minas Gerais, com o intuito de verificar se a motivação toponímica das três
localidades foi à mesma. Para tanto, serão analisadas as vinculações existentes
entre o nome de lugar e as características que subordinaram o nomeador; uma vez
que a nomeação tem a função de registrar um momento vivido e/ou as próprias
características deste local. Desse modo, ao mesmo tempo em que se nomeia o
local, o nomeador deixa definido traços de sua cultura.
Inicialmente, será apresentada a metodologia utilizada durante a pesquisa;
logo após, o topônimo será analisado em cada uma das localidades: primeiro o Pão
de Açúcar do Estado do Rio de Janeiro, por ser ele a denominação mais antiga; em
seguida, o da cidade alagoana de Pão de Açúcar e o do Córrego de Pão de Açúcar
em Minas Gerais. Ao terminar essa análise, serão vistas as considerações finais.
METODOLOGIA
O topônimo surge da necessidade de indicação, sendo diferente dos nomes
comuns, que tem a função de significação; assim, ao se “batizar” uma localidade, o
que era arbitrário lingüisticamente, transforma-se, no ato do batismo, em um termo
essencialmente motivado. A funcionalidade do emprego toponímico adquire uma
grande dimensão, apontando dois aspectos referentes à nomeação.
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_ primeiro, na intencionalidade que anima o denominador, acionado em seu
agir por circunstâncias várias, de ordem subjetiva ou objetiva, que o levam a
eleger, num verdadeiro processo seletivo, um determinado nome para este
ou aquele acidente geográfico;
_ e, a seguir, na própria origem semântica da denominação, no significado
que revelam de modo transparente ou opaco, e que pode envolver
procedência as mais diversas. (DICK, 1990, p.18)
O mecanismo de nomeação é causado por um vínculo estreito entre o objeto
denominado e o seu denominador. Esta motivação tanto pode ocorrer por causas
claras como subjetivas; por isso, o que inicialmente é transparente, pode, com o
tempo, perder a sua relação com a etimologia primitiva. Isso ocorre, como já foi dito,
pois, no primeiro momento da nomeação é o homem quem escolhe o nome,
“permitindo a averiguação de todos os impulsos que sujeitaram o ato mediador, num
segundo momento, é a denominação que irá condicionar e determinar os rumos dos
estudos toponímicos” (DICK, 1990, p. 26).
Este estudo é de fundamental importância, pois,
É do estudo deste homem individual ou coletivo que se poderá depreender
a legitimidade do emprego de uma forma de língua, no uso toponímico, e
seus conseqüentes: origem ou filiação genética, as causas motivadoras,
suas relações com o meio físico ou antrópico. Dessa rede onomástica ou
nominal, poder-se-á inferir um modelo denominativo dominante na região
em estudo, ou mesmo, vários modelos simultâneos, como os pontos de
intersecção de um nome a outros, as línguas faladas, as tendências
lingüísticas visíveis nas denominações, manifestando, por vezes, formas
antigas de linguagem ou expressões idiomáticas em desuso, mas ainda
vivas nos nomes. O topônimo, assim, vai deixando de ser apenas um
instrumento de marcação ou de identificação de lugares para se transformar
em um fundo de memória, de natureza documental tão valiosa e
significativa como os textos escritos. (DICK, 1996, p. 337).
O PÃO DE AÇÚCAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
Como já foi citada, a pesquisa partiu da motivação do topônimo carioca por
ser ele um dos nomes de lugares mais antigos do país. Aos seus pés, Estácio de Sá,
em 1º de março de 1565, fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Estácio de Sá chegou ao Rio em 28 de fevereiro de 1565 e, no dia 1º de março,
lançou os fundamentos da cidade, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar,
uma vez que era esse o local de mais fácil defesa, pois permitia não só a
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observação de qualquer movimento de entrada e saída de embarcações da baía,
como também facultava a visão interna de todos os possíveis invasores.
Marca registrada da cidade do Rio de Janeiro, o morro do Pão de Açúcar é
uma montanha despida de vegetação em quase sua totalidade; sendo circundado
por uma vegetação característica do clima tropical, especificamente um resquício de
Mata Atlântica com espécies nativas, muitas já extintas em outros lugares. É um
bloco único de uma pedra proveniente do granito, que sofreu alteração por pressão
e temperatura, possuindo idade superior a 600 milhões de anos.
Imagem 1 – Pão de Açúcar do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro
Esse morro constitui o sítio geológico mais popular do país, sendo
reconhecido em todos os continentes como um dos símbolos do Brasil. Seu
reconhecimento como em dos principais sítios geológicos mundiais, ocorreu durante
o 31 st International Geological Congress (Julho/2000), quando foi decerrada a placa
comemorativa. Esse morro localiza-se no bairro da Urca, na zona sul do município
do Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Janeiro, na entrada da baía de
Guanabara, com altitude máxima de 396 metros. Ele está inserido geologicamente
na Província da Mantiqueira de Almeida et al (1981), que é caracterizada por
abundante
granitogênese
neopraterozóica,
resultante
da
amalgamação
supercontinente Gondwana, ao final do Ciclo Orogênico Brasileiro/Pan-Africano.
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do
Há várias versões para a nomeação deste topônimo, uma é de que os
Tamoios, os primitivos habitantes da Baía de Guanabara, se referiam à essa
montanha como “Pau-nh-açuquã”, significando morro alto, isolado e pontudo” na
língua Tupi Guarani; os franceses da primeira leva o chamavam de “Pot de beurre”;
os colonizadores portugueses de “Pão de Sucar”; os franceses da segunda leva o
chamavam “Pot de Sucre”.
A versão historicamente mais aceita, porém é outra. Segundo o historiador
Vieira Fazenda, foram os portugueses que deram este nome, pois durante o apogeu
do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII), após a cana ser
espremida, o caldo fervido e apurado era colocado em uma forma de barro cônica. A
semelhança do penhasco carioca com aquela forma de barro teria originado o nome.
Entre os anos 1583 e 1590, o padre jesuíta Fernão Cardim, em missão no
Brasil descreve os engenhos de açúcar e processo de produção, classificando-o
como o primeiro empreendimento industrial do Brasil.13
Cada engenho é uma máquina e fábrica incrível. Em cada um, de ordinário
há seis, oito ou mais brancos e, ao menos, 60 escravos, que se requerem
para o serviço. Os trapiches, engenhos que moem a cana com bois,
requerem 60 bois, os quais moem de doze em doze, revezados: começa-se
de ordinário a tarefa à meia noite e acaba-se no dia seguinte as três ou
quatro horas depois do meio dia. Em cada tarefa se deita 60 a 70 formas de
açúcar branco e mascavo. Cada forma tem mais de meia arroba. Os
serventes andam correndo, e por isso morrem muitos escravos. Tem
necessidade cada engenho de feitor, carpinteiro, ferreiro, mestre de açúcar
com outros oficiais, que servem do purificar. Os mestres de açúcares são os
senhores do engenho, porque em sua mão está o rendimento e ter o
engenho fama, pelo que são tratados com muitos mimos, e os senhores
lhes dão mesa, e cem mil réis, e outros mais a cada ano.
O engenho era, então, formado pelas instalações destinadas ao preparo do
açúcar: a moenda, onde a cana era moída para a extração do caldo; as fornalhas,
onde o caldo era fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de pur