revista - Associação de Fuzileiros
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R E V I S TA MONUMENTO AO FUZILEIRO nº 12 Outubro 2011 2 Boinas ALMOÇO DE NATAL 10 DEZEMBRO Sumário 2 ÍNDICE Editorial Título ........................................................................................3 Cartas ao Director .................................................................4 Noơcias Comandante Anaia e Eng.º Lema Santos Visitam a Associação de Fuzileiros...........................................................5 Marques Pinto Noơcias 50.º Aniversário da Escola de Fuzileiros ..................................6 Serafim Lobato com Marques Pinto Comunicados A Vossa Associação de Fuzileiros vive das vossas Quotas ........7 Monumento ao Fuzileiro Contributos ......................................7 Opinião Va cínios ou Desejos - Tanto Faz .............................................8 Mário Manso O Direito de Dizer .....................................................................9 Carla Marques Pinto Uma Década Depois! .............................................................11 Fernando Figueiredo A Minha Outra Casa Mãe .......................................................12 Associados O Início da Despedida ............................................................13 Saj. Fz Silva O Corpo de Cadetes do Mar de Portugal ...............................14 António Ribeiro Ramos Fuzo-poesia “Véspera de Combate” ..........................................................15 Alpoim Calvão Crónicas Delegações Delegação do Algarve.............................................................34 Comemorações da Batalha de LA LYS no Algarve...................34 Delegação de Elvas-Juromenha..............................................35 Delegação de Vila Nova de Gaia.............................................36 António Castro Entrega de Guiões às Delegações ................................ 36 Convívios Vai Arrancar Motards da Associação Fuzileiross ......... 37 Convívio da Companhia N.º 6 ...................................... 38 Mário Manso XIV Encontro / Convívio da Companhia N.º 2 Guiné 1972/74 ............................................................ 38 Manuel Pires da Silva Um dia muito especial ................................................. 39 José Costa Convívio do Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 ........................................................... 39 João Mota Encontro Convívio da Escola de 80 .............................. 40 Crónica de Uma Confraternização ............................... 40 Arnaldo Batalha Duarte 1.º Encontro do DFE2 (Angola, 1973-1975)................. 41 O Destacamento de Fuzileiros Especiais - Angola 1965/67 ....................................................................... 42 Noite de fados da Delegação de Fuzileiros do Algarve 42 Mário Manso Uma visita guiada à Escola de Fuzileiros ..................... 43 SPM SPM 0468 N.º 6 ........................................................... 44 Crónica de Outros Tempos Aérea Nova Lisboa (Humbambo) - Lisboa ..............................16 Marques Pinto Episódios de Uma Ponte Aérea ..............................................17 Desporto Piloto Elisabete Jacinto Colabora com Escola de Fuzileiros ................................................................21 Sala de Estar de Praças QP daBase de Fuzileiros....................22 Marinheiro FZE Manuel José Franco Belo ..............................22 Diversos Corpo de Fuzileiros Eventos Presidente da República Inaugura Monumento ao Fuzileiro........................................................23 Discurso do Presidente da Associação de Fuzileiros ...........................................................................24 Discurso do Presidente da Câmara Municipal do Barreiro .............................................................................26 Discurso do Presidente da República .....................................27 Coral “Alma de Coimbra” na Casa de Cultura do Barreiro......28 Discurso do Presidente do Coral “Alma de Coimbra”.............29 Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades e do Combate.........................................................................30 Mais uma Igreja Nova ............................................................31 Associação na Comemoração da Batalha de LA LYS ...............31 Estórias O Domingos ...........................................................................32 O 2.º Tenente que ninguém conseguia calar .........................33 Manuel Pires da Silva Associação de Fuzileiros | 2011 Campeonato Regional Sul de Tiro Prá co - IPSC ......... 45 Espada Pereira In Perpetuam Memoriam Homenagem ao Comandante Côrte-Real Negrão ..................46 Assinaturas anuais da Revista Novos Sócios Dona vos .................................................................... 47 Ficha Técnica Director e Responsável Editorial: Cmte. Lhano Preto. Director-Adjunto: Marques Pinto. Redacção: Editor, Serafim Lobato. Colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos; Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro. Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó; Telf. 21 255 98 90; E-mail: geral@ pografialobao.pt www. pografialobao.pt Propriedade e Edição: Associação de Fuzileiros, Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro; Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156; E-mail: [email protected]; Site: www.associacaofuzileiros.pt Editorial 3 DOIS TEMAS PARA BREVE REFLEXÃO Lhano Preto Presidente da Associação de Fuzileiros Para o director de qualquer revista lançar, em primeira página, o “Editorial” nem sempre é tarefa fácil exigindo certamente alguma imaginação. Porque neste caso acumulo o encargo com o de Presidente da Direcção, a tarefa aparece-me rela vamente facilitada uma vez que assuntos não me faltam mesmo que faltasse imaginação. Com os normais condicionamentos de espaço há que optar e, por isso, desta vez, gostaria de abordar dois temas que me parecem importan ssimos. O primeiro - o Cinquentenário da Recriação dos Fuzileiros – sendo embora do conhecimento alguns parece-me importante que todos fiquem a par do que já se realizou e do que estamos aptos para concre zar. Como foi divulgado, iniciámos as comemorações na nossa “Casa Mãe”, no dia 3 de Junho, onde houve “ronco”. Alterámos o Dia do Fuzileiro para 2 de Julho, por razões ponderosas já que era nossa ambição ter a presença de Sua Ex.ª o Presidente da República (o Comandante-Chefe das Forças Armadas e o mais alto Magistrado da Nação) na inauguração do “Monumento ao Fuzileiro”, o que se veio a verificar, dignificando a cerimónia. As palavras que nos foram dirigidas encheram-nos de alegria e orgulho, só podendo lamentar-se as ausências que certamente ocorreram por várias e válidas razões. O acto não teve só grande solenidade, como teve uma carga muito emocionante para os milhares que disseram “presente”. Tudo correu tão bem que me pareceu estar num outro país, onde tudo se planeia com vontade de fazer sempre melhor. Pensando um pouco mais, gostaria de fazer “jus” aos fuzileiros do passado e do presente, pois sempre que organizamos qualquer cerimónia ou nos envolvemos numa ou noutra missão, por norma, nada é esquecido: o planeamento e o treino. Tudo isto teve o apoio da Marinha e como é óbvio, a total entrega do nosso Corpo de Fuzileiros, aliviando-nos algumas dificuldades. Não queria deixar de fora, nestas palavras, que são de agradecimento, alguns elementos da Câmara Municipal do Barreiro que foram inexcedíveis e, designadamente, o seu Presidente. O monumento não está completo como era nosso desejo, mas penso que irá ser concluído a breve trecho. Falta, apenas, a colocação de cinco pedras que representarão os cinco con nentes, onde os Fuzileiros es veram ao serviço da Pátria, ligadas por uma amarra que fará eco do mar que os liga. Outro evento a emoldurar o Cinquentenário, ocorreu no dia 5 de Outubro, com um concerto do Coral “Alma de Coimbra” (um grupo de extraordinária qualidade) na casa da Cultura do Barreiro, que não só nos emocionou como levou ao rubro toda a plateia, de cerca de trezentas e cinquenta pessoas, quanto entoou o Hino da Associação de Fuzileiros, cantado de pé por toda a gente. Valeu a pena o trabalho e a dedicação de muitos e o patrocínio do Com. Moniz, só se cuidando lamentar não poderem estar presentes os milhares de fuzileiros espalhados pelo Mundo já que se viveram momentos únicos e inesquecíveis. Mas, as comemorações do nosso Cinquentenário não se ficaram por aqui. No dia 15 de Outubro foi inaugurado na Escola de Fuzileiros, o “Monumento ao Instrutor”, figura de profissional do melhor que houve neste País e que ao longo de tantos anos deram o melhor de si próprios na moldagem dos fuzileiros que somos. Quem não assisu à homenagem ao Instrutor, deve deslocar-se logo que possa à nossa Escola, já que a estátua, parecendo ter movimento, tem enorme dignidade. Homenagearemos ainda este ano, o “Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 1”, no dia 9 de Novembro, data da sua par da para Angola. Assim se concluirão as nossas comemorações e do nosso Corpo de Fuzileiros. Discorramos e reflictamos sobre este primeiro tema e perguntemo-nos se poderíamos ter feito melhor. E vamos ao segundo tema, não menos importante. Nos termos da Lei, e dos Estatuto e Regulamentos da Associação de Fuzileiros deve realizar-se e assim se fará, uma Assembleia-Geral para análise e aprovação do Relatório e Contas/2011 e para eleger os Corpos Sociais para novo mandato, até 31 de Março de 2012 - Mesa da Assembleia-Geral, Direcção, Conselho Fiscal e Conselho de Veteranos (na parte não nata) – já que os actuais Órgãos cessarão mandato. Havendo muito trabalho realizado mas outro tanto para realizar desejo (desejamos todos) que se apresentem voluntários, homens de boa vontade, com a estatura necessária, repito, com a estatura necessária, mas também com a carolice suficiente, para fazerem o que sempre faltará realizar. Para tanto e até lá solicitar-se-á a reunião do Conselho de Veteranos, Órgão que desejo ac vo e não nobiliárquico para que “os mais velhos”, os “cocoanas” se pronunciem e sugiram, sem prejuízo das determinações estatutárias. Termino, desejando que as par cipações sejam muito ac vas mas sempre leais e frontais. É nesta ausência de preditos e de preconceitos que a Associação de Fuzileiros se revê e se tornará cada vez maior. Pela colaboração que me deram (que nos deram) OBRIGADO. Associação de Fuzileiros | 2011 Cartas ao Director 4 Meu Caro Comandante Francisco Lhano Preto Venho-lhe agradecer e em si , agradecer a todos os meus amigos da ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS , a minha elevação a Sócio de Mérito. Com uma ressalva – Pretendo con nuar a pagar a minha quota! Foi um percurso longo desde o dia em que o nosso comum amigo Alberto Rebordão de Brito nos desafiou, a mim e ao Diogo, para cantarmos a Saga dos Fuzileiros. Passando pela nossa primeira ida à Escola então sob o Comando do António Mateus. Até aos dias de hoje. Campos e Sousa e Pacheco do Amorim, autores da música e letra do Hino da Associação Sinto muito orgulho e muita Honra em estar, por mérito, rodeado de tão bons Portugueses. Tentarei ir à inauguração do Monumento aos Fuzileiros no Barreiro no próximo dia 2 de Julho Um grande abraço a si e a todos os meus novos camaradas José Campos e Sousa Sócio de Mérito nº 1421 Lau na cavaqueira com o Salvador mildade à parte, mas foi o costume... na muche!... em breve terei fotos desse evento também. Mas o mais importante do que estas aventuras foi que conheci uma dezena de pessoas com deficiência (como eu... alguns muito piores, o caso do Salvador) e o meu rol de amigos melhorou e muito com estas novas amizades. Já fui convidado pelo Salvador para outra aventura radical no rio Douro e lá estarei dia 25 de Junho... por isso eu digo Abraço a todos...e vivam LAU DESEMBARQUE EM FRANÇA Associação de Fuzileiros | 2011 Hoje, aproveitando este mesmo espaço da nossa Revista, quero manifestar toda a minha gra dão aos que, revelando notórias qualidades profissionais, intervieram na Guiné-Bissau, em 1998, aquando do levantamento militar naquele país; aos que cumprem e aos que cumpriram honrosas missões de pacificação, integrados em Forças de Manutenção da Paz, nos mais diversos países; àqueles que lutaram contra a pirataria marí ma ao largo da Somália e aos que, na cooperação militar, muito têm contribuido para a formação de Unidades de Fuzileiros nos novos países de Língua Oficial Portuguesa. Sen mos natural orgulho dos seus feitos, da sua bravura, da sua abnegação. Guilhermino Ângelo Sócio 1527 ADORO VIVER Sábado dia 28 sen as mesmas sensações e emoções do que quando andava nos Fuzileiros... foram únicas. Aceitei um desafio do Salvador (Associação Salvador)... ele desafiou-me a fazer o Slide e ro ao alvo... nem hesitei um segundo sequer e foi espectacular... acho que fui dos primeiros paraplégicos a fazer o Slide, ao ir, consegui mo var mais uns quatro que estavam com muito receio e negaram-se sempre a ir... dei-lhes a volta...mas o que mais gozo me deu foi dar a volta ao Salvador... malhei-lhe tanto na cabeça que o convenci a ir. No fim todos estavam agradados com esta experiência. No ro ao arco? Hu- durante catorze anos, empunhou a G3 nos rios e matas de África contra um adversário mo vado, bem preparado e bem armado. Mas, Senhor Diretor, passado este ciclo, o Fuzileiro não ficou moribundo abraçado à história. Bem instruído, ele tem demonstrado grande capacidade para enfrentar todo o po de ac vidade onde a sua presença seja solicitada, caminhando num clarão de glória sem precisar de retroceder décadas. CONVÍVIO Eu aqui em França já tenho cá essa magnífica revista “O Desembarque”. Obrigado. Silvestre Oliveira GRATIDÃO E ORGULHO Fiz questão que as minhas primeiras palavras nesta secção da Revista O Desembarque fossem um cân co em honra do Fuzileiro que, Venho por este meio expressar o meu agradecimento pelo convívio que me foi proporcionado nessa Ilustre Associação por ocasião da minha breve visita, envolvido por tão camarada como fraterno ambiente. Não podendo individualizar o envio desta mensagem a cada elemento da Direcção ou Convidado, presente ou não, aqui deixo o meu reforçado testemunho. Foi uma honra e, plagiando os Fuzileiros, “Reserva Naval uma vez... Reserva Naval para sempre”. Forte abraço para todos, Manuel Lema Santos Notícias 5 Marques Pinto COMANDANTE ANAIA E ENG.º LEMA SANTOS VISITAM A ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS Porque vale a pena informar os nossos sócios do que se vai passando na Sede da nossa Associação, sobretudo quando o que acontece tem algum valor senƟmental ou mesmo histórico, aqui ficam as noơcias. Na passada Quinta-Feira, dia 18 de Julho/11 almoçaram na sede da AFZ, a convite da Direcção, o Sr. Comandante Amadeu Cardoso Anaia, Comandante do Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 22 – Guiné – 1972/73, acompanhado do filho do ex-2.º Tenente Costa Corvo e o ex-1.º Tenente RN (8.º CEORN) Eng.º Manuel Lema Santos, autor do “Anuário da Reserva Naval 1976/1979”. O Comt. Cardoso Anaia ofereceu à AFZ um volume inédito que relata de forma esquemá ca e cronológica a “Historia da Unidade” (1972/73) descrevendo, com precisão: os locais de estacionamento do Destacamento; as operações efectuadas (21, num total de 577 horas); os feridos e os mortos em combate (5 feridos ligeiros, 12 feridos ligeiros e 3 mortos); as baixas provocadas ao inimigo (50 mortos, 4 feridos e 2 capturados) o número de populares recuperados (65); o número de “moranças” e de acampamentos IN destruídos (394); o material de guerra e de guerrilha capturado (165, entre armas, minas, granadas e outro material); enfim, os prémios, os louvores e os cas gos (poucos) e a lista do pessoal do Destacamento, Oficiais, Sargentos e Praças. Tudo isto é tanto mais inédito quanto é certo ter sido este um dos Destacamentos cons tuídos na sua grande maioria por pessoal natural da Guiné e que aí rou o respec vo curso de fuzileiro especial. Na Obra que ofereceu à Associação de Fuzileiros e que ficará a fazer parte do seu arquivo de inéditos lavrou o Comt. Anaia a seguinte dedicatória: “À Associação de Fuzileiros Digna defensora do espírito de ‘Fuzileiros uma vez Fuzileiros sempre’, que tem sabido aglu nar em seu redor todos os que, nos mais variados teatros de operações souberam dignificar a Marinha de Guerra Portuguesa, através dos seus ‘Homens’ de boina azul ferrete, bem como elevar bem alto o nome de Portugal”. As fotos, da autoria do nosso Camarada Afonso Brandão, registam para a posteridade os momentos que se viveram. Por sua vez, o Sr. Eng.º Lema Santos obsequiou a Associação de Fuzileiros com o seu Anuário da Reserva Naval 1976/1992 que irá fazer parte do respec vo arquivo. E, para marcar e personalizar a sua oferta exarou, na primeira página do “Anuário”: “Para a Associação de Fuzileiros, digníssima representante daquela classe de marinha, incluídos os Oficiais da Reserva Naval. Pretende-se que esta edição se assuma como uma modesta ajuda na redescoberta da sua história. Com amizade do Manuel Lema Santos 1.º Ten. RN (8.º CEORN)”. Associação de Fuzileiros | 2011 6 Notícias 50º ANIVERSÁRIO DA ESCOLA DE FUZILEIROS Sob a presidência do então Ministro da Defesa Nacional, dr. Augusto Santos Silva teve lugar, no passado dia 3 de Junho, na Escola de Fuzileiros, em Vale do Zebro a comemoração do 50º aniversário da criação daquele estabelecimento de formação da Armada Portuguesa. O acto, que teve todo o garbo e dignidade, apanágio dos Fuzileiros portugueses contou com a presença do Chefe e do Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, respec vamente, Almirante Saldanha Lopes e Vice-Almirante Carvalho Abreu (que anteriormente foi comandante do Corpo de Fuzileiros, com o posto de contra-almirante), entre outros oficiais-generais da Marinha de Guerra portuguesa. Entre os convidados especiais, três são de destacar, a propósito dos quais importa fazer algumas referencias históricas: O Comandante-Geral dos Fuzileiros Navais Brasileiros, Almirante-de-Esquadra (FN) Marco António Corrêa Guimarães. (A Brigada Real da Marinha Portuguesa foi a origem do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil. Criada em Portugal em 28 de Agosto de 1797, por Alvará da rainha D. Maria I, seguiu para o Rio de Janeiro, em 7 de Março de 1808, acompanhando, como corpo de guarda pessoal, a família real portuguesa que se transferiu para o Brasil, salvaguardando-se da ameaça de ficar prisioneira dos exércitos invasores de Napoleão I. O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais brasileiros está localizado na histórica Fortaleza de São José, Ilha das Cobras, na cidade do Rio de Janeiro tendo-se, ali instalado em 21 de Março de 1809). Outro convidado de honra foi Alpoim Calvão. O Comandante Alpoim Calvão, figura de referência para os fuzileiros portugueses é sócio da Associação de Fuzileiros desde longa data, tendo sido recentemente dis nguido, em Assembleia-Geral, como Sócio Honorário e eleito pelos respec vos membros do Conselho de Veteranos seu Presidente. Tendo sido um dos primeiros Directores de Instrução da Escola de Fuzileiros (entre 1966 e 1967) comandou uma das primeiras unidades de FZE´s em missão de serviço na an ga província da Guiné Associação de Fuzileiros | 2011 Serafim Lobato com Marques Pinto e é o único oficial oriundo da classe da Marinha que recebeu, até hoje, a mais alta condecoração das an gas Ordens Militares, a medalha de Torre Espada, do Valor, Lealdade e Mérito sendo, seguramente, o Oficial mais condecorado da Marinha de Guerra Portuguesa, precisamente pelos serviços prestados como oficial fuzileiro especial. Em perfeita sintonia e cooperação com a autarquia do Barreiro, abriu-se a Escola a centenas de crianças, onde passaram uma manhã recheada de ac vidades lúdicas. Convidado muito especial foi, também, Pascoal Rodrigues, ex-Oficial Fuzileiro a residir há anos no Brasil que se deslocou, expressamente, a Portugal para estar presente na efeméride. A actual estrutura organiza va dos fuzileiros navais portugueses foi criada, oficialmente, por lei, a 24 de Fevereiro de 1961, sendo estabelecido, então, que haveria duas especializações: a de monitor (IM) e a de fuzileiro especial (IEP). Pascoal Rodrigues, então segundotenente, chefiou um grupo de três praças da Marinha que, em Agosto e Setembro de 1960, frequentaram em Inglaterra, um curso dos Royal Marines ingleses, e que vieram a ser os primeiros instrutores dos fuzileiros portugueses. Do grupo de marinheiros MAN fizeram parte Ludjero dos Santos Silva (Piçarra), Mário José Ba sta Claudino e João Cândido dos Santos San nho, sendo que apenas o primeiro está entre nós. Da cerimónia comemora va que decorreu na Escola de Fuzileiros é de assinalar que esta se efectuou, como sempre, com um aprumo exemplar. Foi celebrada ainda uma missa campal, tendo a viúva, filhos e netos do primeiro Comandante da Escola (28/7/961 a 31/7/965) o então Capitão-Tenente Melo Cris no (depois, Vice-Almirante) descerrado uma placa que passou a perpetuar o seu nome numa parada (a hoje conhecida por parada velha). Teve lugar ainda um concerto pela Banda da Armada no Barreiro, cuja actuação foi saudada e apreciada pelos presentes. Os fuzileiros comemoraram, portanto, este ano o seu 50º aniversário da sua recriação. O primeiro curso de fuzileiros teve lugar no Verão de 1961, tendo decorrido no então Corpo de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, (que foi depois o Grupo 2 de Escolas da Armada e, posteriormente, a Escola de Tecnologias Navais). O curso foi dividido em duas fases – a primeira com início a 5 de Junho de 1961, e a segunda a 14 de Agosto. Teve a frequência de 40 praças (que vieram a fazer parte do primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais) e ainda dos 1ºs Tenentes Coelho Metzener e Maxfredo da Costa Campos e pelos 2ºs Tenentes Mendes Barata, Vasconcelos Caeiro e Oliveira Rego. A Associação de Fuzileiros pretende prestar com esta no cia a sua homenagem à “Escola Mãe” – a Escola de Fuzileiros – assinalando o meio século da sua existência. Comunicados 7 A VOSSA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS VIVE DAS VOSSAS QUOTAS Prezados Camaradas: Pela es ma que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa par cipação. Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos é determinante podermos contar com a quo zação de todos nós, desta grande Família que, à volta da sua Associação se vai juntando. Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas podem ter várias leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas. Po- rém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusemos a resolver o problema. Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros no sen do de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e dos membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas. Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a isto aconselhamos e incen vamos a que optem pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses. Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês? Por razões de custos - e desta vez será em defini vo - vamos suspender o envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano. Consideramos ser este um acto de jus ça, uma vez que os que assiduamente pagam não devem suportar as despesas dos que não pagam. Cordiais e amigas saudações associa vas. MONUMENTO AO FUZILEIRO CONTRIBUTOS Como é sabido e se no ciou no nosso site e no cia, abundantemente, neste número de “O Desembarque” conseguimos levar por diante o ambicioso projecto de implantação do Monumento ao Fuzileiro, na rotunda a que a Câmara Municipal do Barreiro deu o nome de Praça dos Fuzileiros. Tratando-se de uma inicia va conjunta da Associação de Fuzileiros da Câmara Municipal do Barreiro e do Corpo/Escola de Fuzileiros o Monumento foi pago integralmente pela Associação de Fuzileiros tendo o respec vo Município suportado a quase totalidade das despesas com as infraestruturas, designadamente, ao nível do obelisco que suporta o Monumento. Porém, ainda se projecta concluir o conjunto, colocando na rotunda cinco pedras representando os cinco con nentes com as inscrições adequadas. Em fase de crise generalizada ao nível do País e da Europa é natural que as dificuldades económicas limitem inicia vas desta natureza. Contamos, no entanto, com a ajuda de todos os nossos Associados, par cularmente dos mais favorecidos, para concluirmos o que parecia ser um sonho e acabou por – com muito trabalho e dedicação – se traduzir na realidade que S. Ex.ª o Presidente da República consagrou no passado dia 11de Julho: o perpetuar da imagem do Fuzileiro, em praça nobre da cidade onde se situa a nossa sede e que viu renascer este corpo de gente tão especial. Para tanto aqui fica o NIB da conta bancária onde poderão depositar os vossos contributos de solidariedade: 003506760000811583069 Para possibilitar a listagem dos dona vos e a sua contabilização específica, a Direcção agradece que se registe, na transferência, o seu des no – Monumento ao Fuzileiro – com indicação do número de sócio, se o for, ou do respec vo nome, ou ainda nos informem por carta, telefone ou E-mail da respec va transferência e seu quan ta vo, para: Associação de Fuzileiros R. Miguel Paes, 25 - 2830-356 Barreiro Tel: 212 060 079 Telm: 927 979 461 E-mail: [email protected] Associação de Fuzileiros | 2011 Opinião 8 VATICÍNIOS OU DESEJOS ͵ TANTO FAZ Daqui a uns meses iremos de novo ter eleições na nossa Associação. Assim está previsto no seu regimento estatutário, sufragado de uma forma que não ofereceu dúvidas a ninguém, por ter sido votado por unanimidade e aclamação. Temos a sua congénere que dá pelo nome da Cons tuição da República, que apenas foi votada por uma parte dos que estavam mandatados para o fazer, mas não deixa de ser, para acatar. De facto, não é grande exemplo, dado que só é feita cumprir a alguns, o que faz com que a sua aplicação seja algumas vezes enviesada um pouco ao sabor de quem a interpreta. Sendo certo que o problema, não estará nos preceitos a que a todos obriga, mas, porque permite aos homens de má fé, adulterá-la ou seja: interpreta-la a seu belo prazer. Assim sendo, há que acabar com os homens com tal crença, e que a sua verdadeira jus ça, se mereça e vença. Para se estar numa Associação, seja ela de que índole for, é preciso primeiro que tudo, estar disponível para dar, sem ter em perspec va horizontes, que lhe tragam bene cios especiais para além do prazer, que cada um pode ter em servir a nobre causa, que pode ser o associa vismo. É com este espírito de servir, que se pode credibilizar tais ins tuições. Infelizmente, prá cas dissociadas de objec vos claros, corroem a razão de ser de uma qualquer ins tuição por mais sólida que se julgue estar, mesmo até monetariamente. É preciso antes de mais, ter capacidade de trabalho, humildade, e seriedade suficiente. Mesmo até, ter capacidade de resis r, ao oportunismo que algumas vezes se expõe descaradamente, a que infelizmente ainda há quem não resista, e casos não faltam mas que felizmente arredados da nossa causa. A nossa Associação, reflecte uma base social de apoio diversificada, quer pelos conhecimentos, que resultem da academia de cada um, pelos postos dos ex. e actuais militares, que podem influenciar alguma conduta, ou mesmo pelo amor à camisola de cada um dos seus membros, alguns deles com problemas traumá cos que a torna muito par cular, e ainda pelo Associação de Fuzileiros | 2011 cunho valora vo de muitos sócios aderentes. Es ve em simultâneo integrado nos corpos sociais de duas Associações, cada qual com objec vos diferenciados. Em ambas me esforcei para dar resposta á confiança depositada por quantos elegeram as listas mais votadas, se não sur u os efeitos desejados, não foi por falta de empenhamento, ou de sempre tentar dar o meu melhor, ainda que acredite, que possa haver quem o entenda de fraca qualidade. Os abanões que as Associações levam, são normalmente fruto de ambições e oportunismos desmedidos, infringidos por pessoas que nelas se infiltram para se servir, e não para servir. É claro que isto não deixa de acontecer com muitos outros mesmo - e demais - em muitas áreas dos serviços públicos. Quero eu dizer, que a imoralidade e a incompetência, vivem paredes meias com a incapacitada jus ça que temos, que mais rapidamente actua numa fraude, ou incumprimento de tostões, do que se forem milhões. Veja-se o morto de longa duração, que não liquidou, porque se finou, e foi a casa com o recheio do seu cadáver, que garan u, e de que a jus ça se serviu, para saldar uma pequenina divida, comparada com tantas outras enormidades, que chegam ao nosso conhecimento, mas já prescritas. Esses outros, os vivinhos da silva, ninguém lhes vai à mão, mesmo que, sempre em alta velocidade, e em contra mão, mesmo assim, ninguém os mete na prisão. Sinto-me mal neste País, em que para uns, é só desculpas e perdões, os outros são analisados e penalizados a três dimensões. Paga porque é pobre, é parvo, e não é nobre. Temos um povo, onde a maioria é honesto e trabalhador, mas pouco tem a seu favor, e se quer singrar honestamente, tem que emigrar, onde lhe é reconhecido o seu valor. É bom que não deixemos de resis r quando é necessário, para defender o que nos dita a consciência, que as outras, não conseguiram alterar. Assim tenho feito dentro do que me é possível, e que cada momento aconselha. Não sou melhor nem pior, sou o que sou, e sou capaz de rar o dedo do ga lho, se a bala só silvou. Mário Manso Todos estamos sujeitos a momentos menos bons, desculpar para ser desculpado, é importante! Mas: quanto baste. É também boa norma, que cada guarnição, não desfeite a anterior, porque se é possível navegar sem sobressaltos de maior, é porque já houve quem se sujeitasse e resolvesse contra tempos surgidos na nau, e que não se confinam mais. Para haver presente, já houve passado. E se tudo vesse sido feito, os moneiros de cada momento nunca brilhavam, e para exis r futuro tem que haver presente. Com mais ou menos limitações, todos me merecem respeito, desde que haja lisura de comportamentos, - lealdade, alguma humildade, e até consideração por quem, tenha limitações, e mais não dá. Os fuzileiros sempre souberam ultrapassar as adversidades, e mesmo ao nível associa vo são capazes de se empolgar. A esperança que tal con nue acontecer, é uma expecta va que não vou descurar. Estamos chegando, e obrigados a mais um momento, onde a disponibilidade e empenho de novos camaradas será - presumo - bem vindo, para reforçar ou mesmo subs tuir, os que começam a estar gastos pelo tempo, como é o meu caso. Apareçam e digam, em que podem ajudar a Associação, para que, com a vossa ajuda ela fique cada vez mais forte, seja de todos, e nunca de alguém! Todos os momentos, que ditam acção posi va, projectam a nossa Associação, façamos também das próximas eleições, um momento que augure um con nuado futuro promissor. Opinião 9 O DIREITO DE DIZER DOS DEVERES DEONTOLÓGICOS GERAIS AOS ESPECÍFICOS DA PROFISSÃO Após uma ausência de cerca de cinco meses mas ao ritmo de publicação de “O Desembarque” aqui estamos a tentar cumprir com os nossos leitores e com os Fuzileiros de Portugal, a metodologia a que nos obrigámos nas nossas “Primeiras Palavras” deste “Direito de Dizer” (Revistas números 10 e 11) falando de forma sucinta do «ADVOGADO» - alguns dos quais, porventura muitos, também Fuzileiros - e da sua milenar história que é de liberdade de jus ça e de irreverência que o mesmo é dizer de espírito de classe e de disciplina consen da. E de tão disciplinados somos que - devendo o Estado à volta de 30 milhões de euros, aos cerca de 10 mil Advogados oficiosos, sobretudo aos mais jovens, que são aqueles que asseguram o acesso à jus ça aos mais pobres ainda ninguém se revoltou! Onde há sociedade há direito Mas deixando de lado crises que todos temos de encarar de frente mas, sobretudo com grande espírito de corpo nacional e de solidariedade e de entreajuda, lá temos nós, para não fugir ao tema, de começar pela via e mológica, não só para ajudar a imprimir algum conteúdo ao tulo como para encontrar a lógica da metodologia da exposição. E convenhamos que começar pelo princípio é sempre reconfortante e reparador…! Ensinaram-nos há já uns tempos – e a culpa foi de um ilustre Professor – que, «Ubi societas ibi jus», isto é, onde há sociedade há direito, o que o mesmo pode significar, com alguma boa vontade, que onde existe Direito há Sociedade, onde existe Sociedade existe o Homem e onde existe o Homem, Sociedade e Direito é uma inexorável inevitabilidade a existência do Advogado. E por estes caminhos que nos leva a História dos primórdios da Humanidade e nos conduz, ainda nas sociedades primárias, a uma importante figura social com contornos similares de boa parte do que hoje sabemos do Advogado, sobretudo, do advogado de província, do tempo dos nossos avós. Carla Marques Pinto (Advogada) E-mail: [email protected] Sócia Descendente n.º 1870 É de todos sabido que o Homem desde muito cedo se agrupou por razões de sobrevivência e, pelas mesmas razões, teve de criar regras de convivência social. Do que se tratava era de normas comunitárias que brotavam aparentemente de geração espontânea mas que eram consequência de necessidades sen das e veram por razões mais profundas o empirismo consuetudinário das sabedorias do povo (dos totens, dos clãs, das tribos, dos grupos, enfim, das pequenas comunidades primárias em vias de complexibilização). Estes conjuntos de regras que sucessivamente foram adquirindo a dignidade de ordenamentos norma vos, indispensáveis embora à vida societária agravaram a conflituosidade. Daí à necessidade, naturalmente senda, de «um Homem Bom» (personalidade sensata, proba e pres giada) para dirimir os conflitos, foi um salto de inevitabilidade. A jusƟça e a ordem nascem à medida que as sociedades evoluem É assim que a jus ça e a ordem nascem à medida que as sociedades evoluem para a consciência social sendo para nós óbvio que esta “jus ça” e esta “ordem” pouco teriam a ver com os padrões do actual mundo ocidental. Parecendo claro que o Advogado é produto da necessidade social e de as comunidades terem de resolver os seus conflitos de forma ordenada e não anárquica, a figura do Advogado surge, inicialmente, como a do «HOMEM BOM», “o que é chamado”, “o protector” com a missão de defender os mais fracos e, mais tarde, como “o patrono”, aquele que já expõe a causa de uma das partes em conflito. Da advocacia, muito antes de se poder considerar profissão, encontramos ves gios nas civilizações mesopotâmicas, com início na Suméria, quando se deu forma escrita a normas consuetudinárias, no III milénio A.C. Na civilização egípcia exis a já a figura do «Conselheiro» em questões jurídicas que estava já ligada a fórmulas processuais escritas e de onde, curiosamente, se excluía a oratória como meio ao serviço do convencimento. Na an guidade clássica, porém, é sobretudo na Grécia que a eloquência é Vista geral da Assembleia o pilar da defesa forense aqui surgindo os “Corógrafos”, defensores de acusados, que já eram remunerados pelos seus serviços. A defesa forense impôs, assim, necessariamente, a criação «de regras deontológicas que impunham que o orador fosse um homem livre, independente e digno» fazendo já ressalva a questões como a violação do sigilo profissional, o uso de expressões pouco corteses e a limitação de tempo de intervenção de cada orador. (Valério Bexiga, o Advogado e a História – 2000 – cit. de Guedes da Costa, in. Direito Profissional do Advogado – Almedina – Uot.º/2003). É, contudo, na Civilização Romana que a advocacia surge na forma de uma profissão organizada tendo sido este o ponto de par da, digamos, a origem do “Advocatus” com os contornos que hoje conhecemos. É exactamente nesta era da civilização romana que temos no cia dos “Patronus” e dos “Oratores” que, inicialmente, através da arte da oratória vieram posteriormente, a assumir o verdadeiro patrocínio de cidadãos e se transformaram em advogados (“advocatus”). Mulheres que se notabilizaram como Advogadas, apenas, dois séculos D.C. Para quem é Mulher e aborda estas coisas da história da nossa profissão não consegue, naturalmente, resis r a não trazer à colação um pormenor que podendo parecer de somenos importância é, quanto a nós, suficiente Associação de Fuzileiros | 2011 10 Opinião dibilidade do Advogado como Operador da Jus ça e sua incontornável peça, ninguém procurará fazê-lo olhandonos alguns como pequenos estorvos à celeridade da Jus ça já que, eventualmente, a dois tudo seria mais breve…! para nos fazer reflec r sobre os “movimentos evolu vos das Sociedades, das Culturas e das Civilizações”. Para não desvirtuar a curiosidade pedimos vénia para citar “ipsi verbis” o ilustre colega, Dr. Orlando Guedes da Costa, na sua actualíssima obra (já cit.) que, a propósito do uso da toga evoca, também, duas Mulheres (Amásia e Hortência) que se terão notabilizado na era do Augusto: «Tendo decaído o uso da toga, que era branca, sem mangas e apertada na cintura (toga viril) e consƟtuía o trajo habitual do “advocatus”, Augustus que inicia o Principado e um grande intervencionismo sobre os juristas, limitando a atribuição do “jus publice respondendi”, em reforço da sua própria autoridade tornou obrigatório o uso da toga perante os tribunais, pelo que o termo “togadus” passou a idenƟficar os Advogados. Inicialmente, as mulheres podiam advogar e tal como Cícero, Crasso, Múcio Scévola, Gaio, Paulo, Celso, Papiniano, ModesƟno, também se notabilizaram Amásia e Hortência». Ao deambularmos por estas notas históricas sobre o Advogado não resis mos à tentação de registar que no início desta época de, apenas, dois séculos depois de Cristo, as mulheres poderem advogar e, ao menos duas, se terem notabilizado o que nos revela de forma irrefutável os revezes da História ao nível da evolução cultural da velha Europa. Mas, no fundo, este breve deambular pela história da Profissão serviu, sobretudo para, mais do que deleitar o espírito com algumas singularidades (para nós desconhecidas) verificar da dignidade “genéƟca” do Advogado como garante das liberdades, e da necessidade de reaver e tornar consistente o nosso pres gio profissional. É que temos para nós que enquanto não nos dignificarmos a nós próprios assumindo e amplificando a imprescinAssociação de Fuzileiros | 2011 Mas vamos aos deveres deontológicos. É comum considerarem-se como deveres deontológicos gerais aqueles que são especificamente aceites pelas diversas profissões que tradicionalmente se definem pelo seu carácter eminentemente intelectual caracterizando-se, ainda, pelo exercício da profissão em função do interesse público (v.g., os médicos, os farmacêu cos, os enfermeiros, os engenheiros, etc.). Os par culares deveres do Advogado envolvem, sem dúvida, especificidades que se plasmam na exigência da maioria dos respec vos Códigos Deontológicos dos Países Europeus e no próprio Código Deontológico dos Advogados da União Europeia, cuja versão portuguesa foi aprovada por deliberação do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, de 26 de Outubro de 2001. A lealdade processual O exemplo mais corrente de um dever específico que é normalmente “reivindicado” apenas pelos Advogados – sugerido, aliás, pelo ilustre colega Dr. Guedes da Costa, no seu “Direito Profissional do Advogado” (Almedina2003) – é o da lealdade processual, do como exclusivo da profissão forense. Como se compreenderá este importante dever deontológico, para além dos seus aspectos morais obsta, também na prá ca, ao inquinamento da verdade processual sendo por isso reduto indispensável á boa execução da jus ça. Outros, embora comuns a algumas profissões, designadamente aos médicos têm especial acuidade na profissão do advogado quais sejam os deveres de urbanidade e de probidade e um outro ainda, para nós especialmente importante: o dever “de consciência moral”. Estes mesmos são o suporte da imprescindível confiança que o Advogado deve inspirar no seu cliente onde, aliás, assenta a livre escolha do profissional do foro e sem o que se perderia a nobreza da profissão. “Actua segundo a ciência e a consciência” A consciência moral é, de tal ordem, o esteio dos deveres deontológicos do Advogado que Kant, na sua “Crí ca da Razão Pura” recomendou: «actua de tal modo que possas querer a regra de que a tua acção se torne numa lei universal» pretendendo naturalmente significar que a lei moral seria uma realidade em si mesma, inspirada pela intenção moral e sem influência «do mundo dos fenómenos». Também Carlo Lega, na sua “Deontologia de la Profission de Adbogado” (1976) se refere ao dever de consciência moral afirmando: «traduz-se num imperaƟvo categórico que se condensa na frase “actua segundo a ciência e a consciência”». Ainda Angel OssorioY Gallardo, na “Alma da Toga” (1956, Trad. De A.S. Madeira Pinto) ao tratar deste importante dever refere: «…no Advogado, a rec dão de consciência é mil vezes mais importante do que o tesouro dos conhecimentos. Primeiro, ser bom; depois, ser firme; por úl mo ser prudente: A ilustração vem em quarto lugar; a perícia no fim de tudo». Mas depois desta intensidade de conceitos acerca dos deveres e, designadamente, do dever rainha, “o de consciência moral” permitam-nos que, descendo à terra, arrisquemos a nossa mais u lizada qualidade/dever, para nós “autên co dever deontológico” que temos como importante motor dos sucessos, dos nossos e dos clientes: o senso comum. Tão simples como o tão complicado senso comum…! E por aqui nos ficamos neste capítulo do Advogado e dos Deveres, deveres que temos, sobretudo, por qualidades, certos de que, “arƟlhados” de todo este arsenal de virtudes só precisaríamos mesmo de acrescentar Q.I. (coeficiente de inteligência) e espírito de corpo, de sacri cio e de solidariedade, enfim, as virtudes dos bons Fuzileiros. Para o número 13 de “O Desembarque” cá estaremos se a Providência e os homens quiserem a falar da “Advocacia como Profissão de Interesse Público”.Até lá, com o grito a ecoar de, “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”. Opinião 11 Fernando Figueiredo, UMA DÉCADA DEPOIS! Corria o ano de 2000, já lá vai uma década e Viseu recebia a boa nova da cons tuição de uma Força Nacional Destacada, com des no à missão das Nações Unidas em Timor Leste, quase ao mesmo tempo que, neste massacrado território, se aplaudia a chegada dos primeiros militares portugueses, na madrugada de quarta-feira 9 de Fevereiro desse ano. 25 anos depois de terem ficado entregues às sortes do des no e às poli cas dos homens, as tropas lusitanas, nas quais se incluia um con ngente de Fuzileiros, voltavam a pisar as Terras do Sol Nascente. Vivia-se então um momento de grande esperança em Timor, de intensa tensão diplomá ca em variados fóruns internacionais e de muita preocupação polí ca em Portugal na esperança da concre zação do desejo de libertação e independência de Timor Leste. Por cá, por terras de Viriato, o Comando do Batalhão começava a desenhar o seu plano de aprontamento com a cidade, as ins tuições e as gentes beirãs a envolverem-se com o Regimento, apoiando essa missão com o propósito de que Viseu também se fizesse sen r em Timor e os dias deste primeiro trimestre de 2000 foram de grande azáfama. Havia que ajustar a Unidade para esta nova realidade, recuperando as casernas para instalação do pessoal, adaptando o an go mini-ginásio numa estrutura de open-space para funcionamento das Secções de Estado Maior do Batalhão e arrumando armazéns para aumentar a capacidade de parqueamento de viaturas e acondicionamento dos diversos materiais e equipamentos que o Batalhão iria precisar no seu aprontamento e treino operacional com vista à missão. Em paralelo, definiu-se superiormente que o 2º Batalhão de Infantaria (2º BI) seria cons tuído por uma Companhia de Comando e Serviços (CCS), cons tuída por Pelotões/Módulos provenientes da Escola Prá ca de Infantaria (EPI), Escola Práca de Transmissões (EPT), Escola Prá ca de Administração Militar (EPAM), Escola Prá ca do Serviço de Material (EPSM), Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), Regimento de Ar lharia 5 (RA 5), Regimento de Engenharia 3 (RE 3) e Batalhão do Serviço de Saúde (BSS), 2 Companhias de A radores (uma do RI 14 e outra com pelotão de militares do Regimento de Infantaria 19 (RI 19), um Pelotão da Zona Militar da Madeira (ZMM) e um Pelotão Zona Militar dos Açores (ZMA)) e uma Força de Fuzileiros, cons tuída por uma estrutura de comando com militares des nados ao Estado-Maior do Batalhão e pela Companhia de Fuzileiros Nº 21 (CF21), que se juntaria ao Batalhão a 06 de Novembro. Em função da evolução da situação em Timor, o Estado Maior do Exército acabou, ainda nesse ano, por decidir reforçar o Batalhão com uma Unidade de Escalão Companhia (Esquadrão Cor Inf./ Res ([email protected]) de Reconhecimento de Cavalaria Nº6) e a parte proporcional de apoio de Serviços, em reforço da CCS, designadamente, uma Equipa de Evacuação, uma Equipa de Alimentação e uma Equipa de Manutenção Auto que se juntariam ao Batalhão no dia 08 de Janeiro de 2001, a um mês do inicio da missão em Timor. Com esta cons tuição o 2º BI acabou, até ao momento, por ser a maior força que Portugal, depois do 25 Abril, projectou em Missões de Operações de Apoio à Paz, com um efec vo de 952 militares e que, seguindo o lema camoniano do RI 14 “Cuja fama ninguém virá que dome”, adoptou a divisa “Que nas asas da fama se sustenha” e toda a sua heráldica foi pensada em função da missão, nomeadamente o Galo do seu Estandarte que, em Timor Loro Sae é simbolo da luta leal e da amizade e alude à confiança com que o 2º BI anunciará aos morenses a alvorada da reconstrução nacional. Naturalmente que nem tudo foram rosas durante este período do aprontamento e houve necessidade de ultrapassar um sem número de dificuldades, mas não foram suficientes para esmorecer o empenho e ânimo dos militares do Batalhão que ainda foram encontrando tempo suficiente para, em saudável convívio, aceitarem como iguais os militares do Corpo de Fuzileiros, sendo certo logo notório um grande espirito de corpo no Batalhão onde todos se associavam já sem dificuldade e com grande sen mento de pertença de um todo que nha por Portugal uma missão fundamental a cumprir em breve. A cons tuição de Forças Conjuntas não era novidade nestas missões mas o capital angariado em ulteriores experiências nham deixado a sensação de que a convivência de forças com diferentes graus de formação, cultura organizacional e preparação militar nem sempre se revelam posi vas. Ciente deste es gma que se parecia ter instalado, desde logo o Comando definiu que no Batalhão não havia lugar a “filhos e enteados” pelo que a Marinha ao disponibilizar o melhor do seu potencial a favor da Força não poderia ser entendida de forma diferente. Se um barco é navio pois que assim seja uma vez que o sangue que corre nas veias do Soldado Português é em todo o lado igual e merecedor de respeito e dignidade ou não vessem todos, com fardas diferentes apesar de tudo, realizado o juramento supremo do sacrificio da própria vida por uma Nação que é de todos se a missão assim o exigisse! E foi esta a mensagem que por todos os militares do Batalhão foi assimilada e logo no aprontamento, a tropa da “boina azul ferrete” deu a entender que, desde o primeiro dia eram parte do todo e que, com eles o Batalhão via au- mentadas as suas capacidades operacionais para o bom desempenho da missão. A CF 21 vinha desde logo preparada para no Teatro de Operações de Timor conduzir as missões próprias de uma sub-unidade do Batalhão de Fuzileiros Nº 2, mas quando integrada no Batalhão Português (PORBATT) com o fim de executar sob o mandato da UNTAET, soube acrescentar com profissionalismo e dedicação outras tarefas de relevante importância para a missão. O aprontamento da CF 21 englobou a Formação de Comando, Secções Técnicas (transportes, comunicações, manutenção e quartel-mestre), 3 Pelotões de A radores e 1 Pelotão de Apoio de Combate num total de 152 homens, prolongando-se até 24 de Janeiro de 2001 com a recepção do Estandarte Nacional que a todos iria acompanhar até Terras do Sol Nascente. E às 07 da manhã do dia 06 de Fevereiro a 1ª leva de militares do 2º BI começa os prepara vos para a viagem com des no a Figo Maduro onde os espera um voo de projecção da ONU que no dia 8 de Fevereiro acaba por se imobilizar abrindo as portas para deixar entrar o calor quente e húmido que, àquela hora da manhã, já se fazia sen r em Baucau e finalmente anunciar aos morenses: - Chegámos! Agora é a nossa vez! E durante 9 longos meses Timor foi a nossa familia e Same a casa da CF 21 em cuja área de responsabilidade, para além dos trabalhos de recuperação das instalações e melhoria das condições de vida da tropa, os Fuzileiros realizaram centenas de operações em missões de manutenção de paz, como assaltos a áreas edificadas e resgate de prisioneiros; controlo de mul dões, escoltas a VIP´s e refugiados, montagem de zonas para aterragem de helicópteros; patrulhas motorizadas e apeadas, postos de controlo (Check Points); postos de observação; etc... e nem mesmo a componente an bia, como capacidade fundamental de uma unidade do Corpo de Fuzileiros foi descurada, vindo a permi r o seu emprego no Teatro de Operações na região de Betano, através da projecção de pelotões para zonas inacessíveis por viaturas. O empenhamento da CF 21 assentou em três vertentes básicas: Associação de Fuzileiros | 2011 Opinião 12 - Missão de segurança propriamente dita, que englobou inicialmente, para além do próprio aquartelamento, pontos sensíveis como o transmissor do Ramelau entre outros; - Patrulhamento apeado e motorizado, assim como o emprego de um Pelotão de intervenção a zero horas para actuar no sector de responsabilidade do Batalhão e mais tarde no sector central; - O contacto e apoio à população e a acvidade civil militar, através de formação despor va nas escolas, distribuição de materiais escolares, criação de um viveiro de café e distribuição destas plantas pela população local, entrega de material hospitalar e recuperação de infra-estruturas básicas garan do, entre outras, a capacidade de reabastecimento de água ao povo de Same. Apesar de todas as contrariedades, derivadas das condições do terreno, do clima tropical (com temperaturas entre os 25º e os 35º Celsius e uma humidade a rondar os 95%), dos previsíveis problemas logís cos com o alojamento, alimentação, condições sanitárias e meios de transporte, é justo afirmar que esta unidade do Corpo de Fuzileiros soube, desde logo, ultrapassar com brio e profissionalismo estas vicissitudes cumprindo a missão que lhe foi confiada, e levando até terras longínquas e ao coração do povo maubere o espírito dos Fuzileiros, o nome da Marinha e a Bandeira de Portugal. E podia resumir-se assim aquela que foi a par cipação desta Força de Fuzileiros na missão do Batalhão mas permitam que vos roube ainda algum tempo para, em jeito de nota pessoal e sem falsas modésas, vos deixar a expressão do orgulho e da oportunidade única de ter do o privilégio de comandar tal tropa. Em Roma sê romano, costuma afirmar-se e assim, para se entender o espirito fuzileiro, há que ser capaz de entender a especificidade própria da força e creio ter compreendido na verdadeira dimensão esse valor pois, à minha frente enquanto escrevo estas duas linhas está uma boina azul ferrete encimada com o emblema dos fuzos e que me foi colocada pela primeira vez na cabeça pelo então Comandante do Corpo de Fuzileiros, o CMG Cunha Brazão. Desde o notável comando e reconhecida liderança do Comandante Mário Tavares à leal assessoria e aconselhamento de Estado Maior do Comandante Leão Seabra passando pelo profissionalismo e empenhamento de todos os militares da CFuz 21 e porque não dizê-lo até pela amizade e es ma recíproca que me dedicaram e ainda hoje lhes dedico de todos guardo A MINHA OUTRA CASAͳMÃE Permita-me a sofrida paciência dos meus camaradas Fuzileiros falar hoje aqui um pouco de uma outra escola que, à semelhança da EFZ, completou este ano um número redondo de anos: cem. Falo do Ins tuto Militar dos Pupilos do Exército (IMPE), onde me foram formalmente inculcados os valores que as minhas incursões infan s na EFZ já nham começado a fazer-me interiorizar. Mas, sendo evidentes os laços afec vos que unem a este Ins tuto o humilde autor destas linhas, perguntar-meão os impacientes leitores qual o movo que me leva a trazer uma escola do Exército a um bole m dirigido aos nossos bravos infantes de Marinha. Passo, então, a explicar: Em primeiro lugar, quando foi criado, a 25 de Maio de 1911 por acção do então Ministro da Guerra, General António Xavier Correia Barreto, o IMPE foi originalmente bap zado como Ins tuto Profissional dos Pupilos dos Exércitos de Terra e Mar, o que já lhe dá, à par da, alguma transversalidade em relação às Forças Armadas. Tendo a missão explícita de “formar cidadãos úteis à Pátria”, des nava-se a acolher, a par r dos 10 anos, os mais desfavorecidos descendentes masculinos dos militares da Armada e do Exército. Conhecidos como “pilões”, cedo estes jovens começaram a “dar cartas” no mundo profissional e empresarial, Associação de Fuzileiros | 2011 graças à qualidade do ensino que lhes era ministrado. Quando a EFZ foi criada, em 1961, já o IMPE, na passagem do seu primeiro cinquentenário, nha os créditos bem firmados na sociedade portuguesa. E eis uma redonda coincidência de datas que nos dá uma segunda jus ficação para este ar go. Naturalmente, a formação profissionalizante não impediu que alguns “pilões” viessem a optar pela vida militar e é claro que os Fuzileiros não podiam ser excluídos de algumas destas escolhas. O exemplo mais ilustre terá sido o do Comandante Alberto Rebordão de Brito, cujo nome não é, decerto, estranho aos leitores. Não haverá, porém, muitos que saibam que este celebrado oficial era oriundo do IMPE. Chegados à terceira jus ficação, importa referir que os “pilões” não podiam deixar de estar presentes quando a classe de Fuzileiros integrou o elenco dos cursos tradicionais da Escola Naval, em 1986, tendo sido representados pelo pupilo Rogério Marns de Brito. Hoje, para além do CFR FZ Mar ns de Brito e do CTEN FZ Costa Frescata – que ficam, deste modo, devidamente “denunciados” – os fuzileiros no ac vo conhecerão bem um outro “pilão” que, embora não sendo fuzileiro, é o responsável pela formação em Liderança na EFZ: o CFR Lourenço Afonso. Ficarão, certamente, por mencionar outros nomes de grata memória. Fosse nas missões operacionais de grande desgaste fisico e risco previsivel, fosse nos momentos de lazer sempre, encontrei nesta tropa da CF 21 um grande sen do de missão, noção perfeita do dever e vontade de bem cumprir que os colocam em pé de igualdade com qualquer das forças que Portugal dispõe ao serviço das Forças Armadas e ainda hoje, dez anos depois, com a destreza fisica já reduzida pelo peso da idade acredito que, com o valor moral e animico dos Fuzileiros por companhia, seria capaz de repe r a missão em iguais ou piores condições de sacrificio e risco que aquelas que nos uniram noutros tempos e noutras paragens. Que me perdoe o Exército por tal empa a mas em abono da verdade não posso ainda hoje de deixar de também me sen r Infante de Marinha e Fuzileiro honorário e se algum mérito isto tem que o seja em homenagem aqueles que como o Comandante Albano e outros que me acompanharam nessa jornada já abandonaram por força das circunstâncias a nossa companhia térrea e são hoje disso memória de saudade e exemplo a reter para todos aqueles que, com orgulho, con nuam a fazer do lema Fuzileiro a sua forma de vida porque Fuzileiro uma vez... Fuzileiro para sempre! CFR M Moreira Silva sócio nº 1741 ex-alunos do IMPE que terão cumprido nos Fuzileiros o seu serviço militar, alguns deles durante o di cil período das guerras do Ultramar. Talvez numa outra ocasião o possamos fazer. Quanto aos outros “pilões” da de cumprir o equivalente à Recruta do Exército nos dá, logo à par da Marinha, entre os quais tenho a honra de me incluir, julgo que posso afirmar com toda a propriedade que o facto de termos ingressado nas fileiras navais logo depois, um certo carácter an bio. Concordam? E com esta quarta jusƟficação encerremos esta breve digressão pelo mundo pilónico, estendendo ao centenário IMPE as felicitações e desejos de sucesso que já Ɵvemos oportunidade de endereçar à nossa relaƟvamente jovem EFZ. Com. Rebordão de Brito no Colégio Associados O INÍCIO DA DESPEDIDA Nos ciclos, tal como na vida, tudo tem um princípio e um fim. Começámos o nosso contacto com os militares do Centro de Instrução Militar de Cabul (KMTC), sedeada no Afeganistão, não com medo, porque imbuídos do espírito de Bartolomeu Dias, mas também com o nosso Cabo das Tormentas, a que podemos hoje, sem medo, chamar de Cabo da Boa Esperança. Fomos descobrindo minuciosamente a sua forma de trabalhar, sem ter sequer a coragem de os interpelar. Mas o nosso objec vo estava traçado e apesar dos olhares, muitas vezes desconfiados e indiferentes, nunca desismos e os frutos estavam, sem dúvida, à nossa espera no final da tarefa. Com a calma do felino que sabe esperar e a paciência aprendida na lição da vida, fomos amparando, aconselhando e modificando sempre que era possível. Percebemos a forma de os conquistar e a velocidade que teria que ser impressa. Tudo tem que estar conjugado, caso contrário a engrenagem deixa de estar em sintonia e não funciona. O levantamento de algumas necessidades na sala de aula e a oferta de alguns materiais foram também importantes. Iden ficámos algumas lacunas na área da formação e aconselhámos o ”Train the trainers” para os instru- tores que se mostrassem disponíveis para aprender. Recordo as primeiras sessões de formação: vemos de enfrentar olhos inquisidores que esperavam de nós, falhas e incapacidade. Reves mo-nos de simplicidade e referimos que não éramos professores, mas tão-só militares como eles e que gostaríamos de lhe rar algumas dúvidas que vessem e sobretudo ajudar a melhorar a formação. O tempo trouxe a vitória e hoje, volvidos quase três meses, na úl ma formação de instrutores, numa matéria que passará a vigorar a par r de agora no planeamento do TLC, o “Combate em Áreas Edificadas”, temos pra camente todos os alunos presentes. Terminada a formação, ficou agendada para as 14.00 horas do dia 23 de Fevereiro, a entrega de diplomas. Chegada a hora determinada, começou a surgir um nó na garganta, pois esta singela, mas importante cerimónia, sabe-nos já a despedida. Esta foi a úl ma formação que os instrutores irão receber deste grupo de Mentores/Formadores, até á sua par da de regresso a Portugal. Foi agradável ver nos seus rostos aquela felicidade de vencedores. Estão, a par r de agora, mais bem preparados para formar melhor! 13 Saj. Fz Silva Um a um foram sendo chamados. Foilhes dito que, a par r de agora, a sua responsabilidade é maior porque detêm conhecimento que só servirá se for passado a outras gerações de alunos, que por sua vez a passarão aos seus subordinados. Ao grito da palavra “Jwand”, que significa “vida longa”, mostram aos camaradas o Diploma que receberam das nossas mãos. Mas a maior surpresa estava para vir, quando, pela boca do Tcor Abdul Yahya, Comandante do TLC, ouvimos pronunciar o nosso nome para recebermos um diploma assinado pelo BGen. Aminullah, Comandante do Centro de Instrução Militar de Cabul (KMTC). Ficámos também sensibilizados e o nó, que se nha desvanecido, voltou agora mais forte. É apenas um papel, escrito em inglês e Dari, mas é sem dúvida a confirmação que conseguimos, acima de tudo, a sua amizade, o respeito e reconhecimento. Esperamos que o trabalho desenvolvido durante estes seis meses, sirva duas causas: a primeira, para enriquecer o conhecimento e a capacidade dos militares do ANA para servirem as Forças Armadas Afegãs e o Afeganistão. A segunda, para servir de plataforma à equipa que abraçar de seguida, a tarefa de Mentorar os próximos cursos de Sargentos do ANA. Associação de Fuzileiros | 2011 14 Associados O CORPO DE CADETES DO MAR DE PORTUGAL O Mar foi, desde sempre, um elemento constante na história de Portugal. Mas ainda que o País não vesse alcançado o brilhan smo histórico que o notabilizou no passado, bastaria a nossa localização geográfica e geoestratégica, levando ainda em conta a vas dão da nossa Zona Económica Exclusiva, para nos obrigar a compreender o mar nos dias de hoje, e a lidar com ele com os conhecimentos e com os meios adequados. Mas como em todas as coisas perigosamente di ceis que se enfrentam, e o Mar é uma delas, é preciso ainda assim tomar-lhe o gosto e o jeito, ou seja, é preciso que haja vocação. A vocação marí ma, nas suas variadas vertentes, é pois uma qualidade valiosa que muito pode ajudar Portugal. E por isso devemos cuidá-la hoje para que dela possamos beneficiar amanhã. À semelhança de outros 19 países actualmente inseridos na Interna onal Sea Cadet Associa on, foi fundado em 2010 sob a tutela do GAMMA (Grupo de Amigos do Museu de Marinha) o Corpo de Cadetes do Mar de Portugal (CCM-Pt), que conta com o reconhecimento ins tucional da Armada Portuguesa, condição essencial, como acontece em todos os outros países filiados, sendo o Almirante CEMA o Comandante-Chefe do CCM-Pt, a tulo honorífico. O Corpo de Cadetes do Mar de Portugal congrega através do GAMMA o trabalho voluntário de várias associações da sociedade civil vocacionadas para os assuntos e ac vidades do Mar, contando com o apoio de quatro Ins tuições do Ensino Superior, com a cooperação, até ao presente, de duas Escolas secundárias em Cascais e em Carcavelos, e da Escola de Marinhas do Sal em Rio Maior. Jovens que frequentam as duas primeiras Escolas cons tuem uma unidade em Cascais, contando-se com mais duas unidades, que integram os ainda mais jovens, em Rio Maior. Deste modo, o Corpo de Cadetes do Mar de Portugal integra actualmente um total de cerca de 60 elementos distribuídos por 3 unidades. Na sequência de um anterior projecto ao qual o Cte. Bellem Ribeiro (Ilustre associado da AFZ) deu alma e que designou por “A minha Escola adopta um Museu”, acabou por ser criado com o seu notável empenhamento, o Associação de Fuzileiros | 2011 Corpo de Cadetes do Mar de Portugal. Os seus actuais elementos contam, designadamente, com o acompanhamento de ac vidades e de conteúdos por parte do Ins tuto de Defesa Nacional, com a colaboração do Museu de Marinha e do Museu Militar, com a disponibilidade de meios didác cos por parte do Ins tuto Hidrográfico e da Escola Superior Náu ca Infante D. Henrique, e com o apoio do Ins tuto de Socorros a Náufragos, ao qual se encontram ligados pelas estações salva – vidas de Cascais, de Peniche e da Nazaré. Levando em conta os conhecimentos adquiridos pelos Cadetes do Mar em cultura de defesa e em causas do Mar, estes podem ser agraciados com cer ficados de mérito, com o suporte de algumas das Ins tuições citadas, uma vez a ngido o nível de “jovens guias de museu” (de Marinha ou Militar), “jovem colaborador de estação salva-vidas do I.S.N.”, ou de “jovens auditores de defesa nacional”, entre outros, estando em estudo a possibilidade de visitas a navios e até mesmo de futuros embarques. Uma vez superadas as provas teóricas e prá cas, os Cadetes do Mar podem ainda prosseguir para as candidaturas às cartas da Marinha de Recreio e de Radioamador, aos cer ficados de Nadador Salvador, de Socorrista e de Arqueologia Subaquá ca. O Reino Unido foi o país fundador do Sea Cadet Corps há 150 anos e conta hoje com mais de 400 unidades e para cima de 14.000 Cadetes do Mar. Trata-se de uma organização que capta numerosas vocações para as carreiras do Mar, e cuja senioridade secular lhe conferiu caracterís cas admiráveis. À semelhança do que acontece no Reino Unido em relação aos “Royal Marines”, está a cons tuir-se entre nós a primeira unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros. Neste sen do foi assinado, na sede da Associação, um protocolo entre a Associação de Fuzileiros e o GAMMA, no passado dia António Ribeiro Ramos Sócio aderente 1053 26 de Setembro. Esta será a quarta unidade do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal e integra jovens que têm a par cularidade de pretenderem ser futuros candidatos a Fuzileiros. Uma vez que se trata em Portugal de uma organização em crescimento, muito recente, mas que se deseja dilatada a todo o País e que vive apenas dos orçamentos que já existem para as Ins tuições que os cons tuem, sendo todas as ac vidades desempenhadas por voluntários, é muito desejável e fundamental a adesão de elementos da Armada, das Marinhas Mercante, de Pesca ou de Recreio, que habitem nas mais diversas regiões onde seja viável a criação de uma unidade do CCM – Pt, e que na sua situação de reforma e/ou por disponibilidade pessoal, possam colaborar nas diferentes funções, de acordo com a sua experiência e categoria profissional. O dia do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal é o dia 29 de Abril, escolhido por se relacionar com os 200 anos da recriação pelo Príncipe Regente D. João, da Ordem da Torre e Espada, em 1808, após a transferência da Corte de Portugal para o Brasil, em face da ameaça das invasões francesas. Como Ordem de Cavalaria, esta remonta, não obstante, ao reinado de D. Afonso V “o Africano” e ostenta como divisa, Valor Lealdade e Mérito, virtudes que deverão inspirar os nossos Cadetes do Mar, para que se tornem dignos obreiros de um futuro promissor para o País, qualquer que seja a posição ou a ac vidade profissional que nele venham a desempenhar. Fuso-Poesia 15 Por: Alpoim Calvão (Cap. Ten) “VÉSPERA DE COMBATE” A noite é negra. Negros são os meus pensamentos! Minha mãe, tenho medo. Ouve os meus lamentos E vem junto de mim. Vem de além do mar, E canta-me outra vez, a canção de embalar. Nesse abrigo forte dos teus frágeis braços. Deixa que eu repouse uns instantes escassos. Diz-me outra vez, que sou eu o teu menino, O teu filho, o teu amor tão pequenino. As larvas da morte, já rondam muito perto E o teu filho está só! Está só no deserto. No deserto negro, de tão escuro medo, Só a posso, confiar o meu segredo: Amanhã… Amanhã, é outra vez a guerra, A metralha, os ros, gritos e traição. Corpos a tombar, feridos, sobre a terra, Carnes rasgadas, gemidos de aflição. Na infrene fogueira, assim ateada, Pois tal ordenam a Honra e o Dever, Há um homem, átomo, pó, cisco de nada, Que não pode, nem ao menos, estremecer! De pé, sereno, o inimigo enfrenta, O peito às balas, os lábios a sorrir. E a luta, bárbara, cruel e sangrenta, Remoinha à sua volta, sem o ferir. Os homens que comanda, vibram de emoção, Ao vê-lo assim. Crescem. Rugem. Sem parar, Avançam firmes, temerosos. De roldão, O torpe inimigo fazem debandar. Esse herói tão al vo, bravo e forte, Símbolo cheio de luz, des no de glória, Que desdenhoso, ousado, enfrente a morte E aponte aos homens, a senda a vitória, E o ideal sublime, rei dos meus sonhos, Dos meus sonhos felizes, dos dias risonhos. Dos meus sonhos felizes, dos dias risonhos. Mas… mãe os sonhos não são realidade, E a , só poderei dizer verdade. Eu tenho medo. Tenho medo de morrer, Medo de falhar, de fugir sem combater. Por isso te peço que venhas até mim E me embales devagar, devagar, assim. Como é bom estar outra vez nos teus braços, Sen r-me a unido, por tão fortes laços. Já estou melhor. Refugio não há no mundo, Tão bom, tão acolhedor, quente e profundo. Foi-se a noite. Esplendente, já lá vem o dia, Com o sol radioso, nascendo a brilhar. A luz surge em mim. O canto da cotovia Toca-me os ouvidos, num suave trinar. Olho de frente a morte. Enfrento a vida. O medo foi-se embora. Mãe muito querida. A teus pés me ajoelho. Vou beijar-te a mão E pedir-te fervoroso, a tua bênção. E se amanhã, a morte me tombar, No momento supremo, os olhos em Deus, Transpondo o além, eu hei-de murmurar: Santa mãe! Para será o meu adeus. Associação de Fuzileiros | 2011 Crónicas 16 CRÓNICAS DE OUTROS TEMPOS AÉREA NOVA LISBOA ΈHUAMBOΉ ͵ LISBOA EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA Das primeiras palavras Ao decidir-me publicar as minhas “Crónicas de Outros Tempos”, na Revista “O Desembarque” tenho de explicar porquê – sendo sócio originário e an go da Associação de Fuzileiros – não optei por escrever contando “estórias” da guerra do Ultramar ou dos fuzileiros já que, embora Oficial da Reserva Naval, também por lá andei, e para além de Luanda, pela Quissan- guerra como o da Guiné, deveria deixar os episódios de guerra para tantos que a fizeram com maior dureza e contar, antes, para os leitores do “Desembarque”, traços de uma descolonização vivida com muita intensidade. Apenas para esboçar eventuais curiosidades posso suscitar a pergunta: Mas o que é isso de uma ponte aérea e qual é o problema? Tão simples como complicado: é que os aviões, Marques Pinto* sócio nº 221 *Escreve de acordo com a an ga ortografia Porém, os “movimentos de libertação” já ocupavam várias posições na cidade - as chamadas delegações com pessoal e os respec vos depósitos de armamento como aliás era regra em quase todas as cidades e vilas de Angola. De um momento para o outro, nos princípios do mês de Julho (10/12) desencadearam-se confrontos, em plena cidade – como vinha acontecendo por toda a Angola – entre guerrilheiros da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) o movimento de Jonas Malheiro Savimbi e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), liderado por Agosnho Neto, cujo resultado foi a vitória dos primeiros, com reduzido número de mortos e feridos. ga, pela Pedra do Fei ço, pela Macala (rio Zaire) e pelo Massábi (Cabinda). Porém, tendo do o privilégio de ter coordenado uma ponte aérea – funções para que me vi a rado, em segunda escolha e por razões meramente circunstanciais, mas que voluntariamente aceitei (seguramente, por não ter, na altura, a mínima consciência da dimensão e da responsabilidade que viria a assumir) e tendo escrito ao longo dos anos muitas páginas que aguardam que o tempo cure as feridas – entendi que, não tendo sido um “guerrilheiro” fuzileiro em teatros de Associação de Fuzileiros | 2011 então u lizados, podiam transportar entre 170 a 200 pessoas e estavam cerca de 100.000 à espera de entrar no primeiro avião… Voltarei ao assunto um pouco mais para diante… Enquadramento É preciso que se diga que em Maio/Junho de 1975, a então Nova Lisboa, no Distrito do Huambo era ainda considerada, em Angola, “a cidade da paz” e, na aparência, respirava-se rela vamente esse ambiente. As forças do MPLA refugiaram-se no quartel das Forças Armadas Portuguesas – Regimento de Infantaria de Nova Lisboa – no que foram acompanhadas por outros tantos civis, aderentes e simpa zantes do Movimento (pretos, brancos e mes ços) em número à volta de cerca de 120 pessoas que, sob ameaça da UNITA foram permanecendo sob custódia das tropas portuguesas. Dominando pela força das armas a cidade, sob o aparente olhar displicente dos militares portugueses, dois “movimentos de libertação”: a UNICon nua na pág. seguinte >> Crónicas 17 EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA >> Con nuação da página anterior TA, esmagadoramente maioritária e, em teórico pacto de boa vizinhança, o chamado “ESQUADRÃO CHIPENDA”, facção dissidente do MPLA que terá integrado a auto-denominada “Revolta do Leste” grupo que, após a cimeira de Nakuru, se coligou com a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola – ex UPA) juntado aos seus guerrilheiros (que no Huambo pareciam poucos) pessoal, equipamento militar e armamento (estes sim visíveis) do então Congo Kinshasa, dominado por Mobutu Sessé Séco, dito cunhado do líder da FNLA, Holden Roberto. A UNITA, a ganhadora dos confrontos, para além das várias delegações, nos bairros da cidade, par lhou algumas estruturas sicas dos vencidos (as que não foram destruídas) com o “Esquadrão Chipenda”, quase todas ocupando instalações residenciais de quem nha negociado para fugir, ou já nha abandonado, todas elas carregadas de armamento. O “ESQUADRÃO CHIPENDA” nha um “quartel” na Chianga, a mais ou menos 16 quilómetros da cidade, ocupando parte das instalações onde funcionava o Ins tuto de Inves gação Agronómica de Angola e nha a sua “sede urbana” instalada na melhor Casa de Saúde e de clínica médica, privada, de Nova Lisboa, nesta altura já negociada/abandonada pelos proprietários, cujo principal desígnio era, sobretudo, fugir. Pese embora o domínio “militar” pela UNITA da cidade e arredores e das vias de comunicação, para Silva Porto (Bié) e Serpa Pinto (Menongue) cidades que, claramente, controlava, Nova Lisboa já nessa altura estava “cercada” (nas estradas de acesso) num raio de 60/100 quilómetros (a Norte, Sul e Oeste) por forças do MPLA deslocadas de Luanda e Malange que formavam uma cintura (apenas com abertura a Sudeste) muito di cil de romper por quem pretendia fazer chegar os seus haveres a um porto de mar. Era assim que, da cidade de Nova Lisboa só era possível sair-se, com um mínimo de segurança, de avião – em ponte aérea, uma vez que já não funcionavam os voos comerciais – ou, com grande risco, tentando romper por terra, para Sudoeste, em direcção a Benguela/Lobito, para Sul, via Sá da Bandeira (Huíla) com des no a Moçâmedes (Namibe) ou, ainda, com redobrado risco, via Silva Porto e Serpa Pinto, com des no ao Sudoeste Africano, hoje Namíbia. Para Nova Lisboa, a tal ”cidade da paz” acorriam, todos os dias, algumas centenas de refugiados (brancos, mes ços e pretos) fugindo à total “balcanização” provocada pelos cada vez mais violentos recontros armados entre a UNITA/FNLA e o MPLA, nas faixas Norte/Centro/Leste – Norte/Oeste de Angola. Era o fazer das malas para quem já não podia alcançar Luanda com um mínimo de segurança sendo que, quem fugia aspirava chegar a Nova Lisboa porque constava que iria ou estaria a funcionar uma ponte aérea ou porque Jonas Malheiro Savimbi, o líder da UNITA, ainda fazia apelos para que “os brancos não abandonassem Angola”. De facto, em Nova Lisboa, não havia no cia de qualquer perseguição racial por parte da UNITA havendo, mesmo, grande número de brancos e mes ços filiados no movimento de Savimbi. De qualquer forma, uma cidade com cerca de 60/70 mil habitantes, na zona urbana, viu-se progressivamente tomada por avalanches de refugiados de todas as zonas de Angola (Centro/ Norte/, do Leste e do Sul) deslocando-se em pequenas ou maiores colunas de viaturas ficando, algumas destas, pelo caminho por falta de combus vel ou eventual avaria… Desenhava-se o êxodo fruto da guerra aberta entre os “Movimentos de Libertação”, da total inacção que a políca portuguesa registava e do conhecimento no meio dos refugiados de que, já estaria a funcionar, em Lisboa, um Ins tuto de Apoio aos Retorno de Nacionais – IARN (de que aliás eu próprio viria a ser, após “descolonizado”, dirigente de topo). Entretanto, projectava-se a “Ponte Aérea” Nova Lisboa/Lisboa, da iniciava do Governo Português e com o apoio de vários países especialmente dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Suíça mas, também e em menor escala, da então URSS. À guisa de um parêntesis deve dizer que, os acontecimentos – mesmo já sem comunicações civis ou jornais e, obviamente, na ausência de televisão (a rádio ouvia-se em onda curta estando a onda média limitada ao Rádio Clube do Huambo e à Rádio Libertas já ocupados pela UNITA) – se sucediam em ritmo alucinante e os boatos, o pior drama de situações desta natureza, amplificavam e drama zavam as poucas no cias a que a maioria nha acesso. O medo instalava-se no seio dos refugiados, entre ao responsáveis das reduzidíssimas estruturas existentes (os serviços públicos iam paralisando todos os dias) e também nos próprios “Movimentos de Libertação” que pretendiam controlar a cidade. É nesta “Cidade Acampamento” e neste ambiente de caos absoluto… Talvez por isso, a UNITA resolveu estabelecer uma cintura de segurança de pessoal armado na periferia urbana, segundo os seus chefes, com duplo objec vo: Tentar travar possíveis infiltrações de guerrilheiros ou comissários polí cos do MPLA, disfarçados, nas colunas de desalojados – já que os que anteriormente exis am ou estavam sob custódia da tropa Portuguesa ou se diluíam pela cidade, já saturada de gente, tentando passar despercebidos – que pudessem obter informações e, posteriormente, pudessem juntar-se às forças do MPLA que procuravam aproximar-se e tomar a cidade; E evitar que estas rompessem a cintura periférica da UNITA “ajudada” pelo grupo auto-denominado de “Esquadrão Chipenda” (mais ou menos 200 homens, muitos dos quais congoleses de Mobutu e ex-militares do Exército Português) grupo que, todos os dias ia engrossando com voluntários oportunistas – brancos e pretos – que, assim, viam a única forma de subsis rem e de se enquadrarem, armados, para depois fugir. Entretanto sucediam-se os combates entre o MPLA e a UNITA, a cerca de 60/100 quilómetros da cidade do Huambo tentando, uns e outros ganhar posições. Associação de Fuzileiros | 2011 18 Crónicas EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA Mas, mesmo com o espectro dos confrontos armados nas linhas viárias Nova Lisboa/Lobito e Nova Lisboa/ Sá da Bandeira/Moçâmedes sempre havia refugiados e gentes de Nova Lisboa que, de quando em quando, tentavam romper os cercos do MPLA, em colunas de viaturas mais ou menos numerosas arriscando fazer chegar ao mar (Lobito e Moçâmedes) os caixotes que con nham os poucos haveres, os únicos que lhes restavam das casas já desfeitas, na esperança de os poderem fazer embarcar, com des no a Portugal, num qualquer navio cargueiro que demandasse os respec vos portos. Muitos deles, senão a maior parte, voltavam para trás trazendo consigo a desilusão e os caixotes, por vezes destruídos, vandalizados e/ou roubados e, quiçá, algum ferido ou mesmo morto, escorraçados que nham sido, a ro, sob a acusação de desviarem para Portugal “património” de Angola, pelos guerrilheiros dos cercos. Com o rolar dos dias, Nova Lisboa transformou-se numa “cidade acampamento” sendo di cil imaginar mais tectos para albergar toda a mole de gente, cuja única esperança era almejar um lugar num qualquer avião da Ponte Aérea, para a ngir Portugal. Associação de Fuzileiros | 2011 Colégios, escolas primárias, liceus, instutos industriais, escolas comerciais e industriais, instalações de serviços públicos já paralisados, hangares dos caminhos de ferros (estes já há muito paralisados) armazéns públicos e privados, já esvaziados de conteúdos, enfim e por fim, as instalações da Feira Internacional das Indústrias de Nova Lisboa (incluindo as instalações de gado) – tudo era pouco para recolher gente desiludida e, por vezes já amorfa, muitos apenas com um colchão por baixo e uma manta rús ca por cima (no Huambo, Planalto Central de Angola faz frio na estação do cacimbo) e, para o fim, só com uma manta por baixo e outra por cima porque os colchões já se haviam esgotado e os cobertores escasseavam, já funcionando como moeda de troca. É nesta “Cidade Acampamento” e neste ambiente de caos absoluto que se inicia a Ponte Aérea Nova Lisboa (Angola) /Lisboa (Portugal). Da Ponte Aérea Em fins de Julho, princípios de Agosto de 1975 chegam a Nova Lisboa enviados do Alto-Comissário de Angola para os primeiros contactos. Com a situação a degradar-se dia a dia tornava-se impera vo cons tuir uma “Comissão Execu va de Repatriamen- to” (vivia-se o tempo das comissões e assim lhe chamaram) para organizar uma ponte aérea. Como é óbvio teria de ser uma comissão de voluntários e de boas vontades – eu diria mesmo de altruísmos – porque os poderes já estavam na rua, nas mãos dos “Movimentos de Libertação” ou, quando muito, em quem ainda de nha algum poder de facto porque o “de jure” nha-se esvaído. Teoricamente, repito, teoricamente, a estrutura devia apoiar-se noutra comissão dita CNAD – Comissão Nacional de Apoio aos Desalojados que deveria integrar: o Encarregado do Governo do Distrito (O Governador do Huambo já nha par do); o Comandante Militar da ZIC – Zona de Intervenção Centro (já apenas ao nível de Tenente-Coronel quanto a patente normal era Brigadeiro mas que, também, já nha se nha acoitado na Metrópole); o Delegado Saúde (médico indiano que, não se sabe bem porquê, ainda exis a); a Presidente da Cruz Vermelha local (uma grande Senhora que, contra todas as expectavas ficou até ao fim); e o Coordenador da tal CER – Comissão Execu va de Repatriamento (que era imperioso encontrar). A previsão dos representantes do Alto-Comissário era de que seria necessário evacuar de avião, em ponte aérea (os transportes aéreos comerciais já não funcionavam, à excepção de um ou outro “teco-teco” que ainda se poderia alugar) cerca de dez mil pessoas. O Coordenador que os enviados de Luanda traziam na manga era um Eng.º Agrónomo, Chefe da Missão de Extensão Rural de Angola, com sede em Nova Lisboa e Coordenador do Plano Regional de Desenvolvimento do Planalto Central (de que eu era técnico assessor) personalidade que nha, de facto, o perfil adequado mas que logo foi ameaçado fisicamente pela UNITA, sob o pretexto de que nha a sua Missão de Extensão Rural infiltrada de MPLAs! Tendo este de se “ausentar” rapidamente para Luanda/Lisboa lembrou-se de dizer, aos Senhores de Luanda, que eu, também um funcionário público, jovem licenciado (35 anos recentes) Con nua na pág. seguinte >> Crónicas 19 EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA >> Con nuação da página anterior Chefe de um Serviço Distrital, “era o homem mais adequado”. Pudera! Tratava-se de um ex fuzileiro e, de qualquer forma, nestas situações de emergência, de quase catástrofe e de poucos quadros disponíveis, qualquer um serve, desde que aceite o encargo, ou porque já não anda bem da cabeça ou porque, ingénuo, não tem a noção do que pode vir aí! Fui eu o voluntário indigitado. Os militares portugueses, comandados por um Tenente-Coronel, an go, de extraordinária valia (pese embora já rodeado de vários MFAs que lhe seguiam a sombra) colocaram à disposição do Coordenador da Comissão Execu va de Repatriamento, as instalações do Distrito de Recrutamento e Mobilização do Huambo, uma vez que já não havia mobilização e muito menos recrutamento, estando o edi cio todo equipado, mas totalmente vazio de pessoal. O MFA, ou os mais que fossem que de vessem o poder militar, já haviam reduzido as tropas portuguesas do Huambo ao mínimo, uma vez que, na Mãe Pátria, já se gritava, designadamente, os SUVs - Soldados Unidos Venceremos e os MUVs - Marinheiros Unidos Venceremos: «NEM MAIS UM SOLDADO PARA AS COLÓNIAS»! Em princípio (dizia Luanda) a Comissão Execu va de Repatriamento (CER) deveria evacuar apenas refugiados, não funcionários públicos – estes eram imensamente minoritários – uma vez que teriam à disposição aviões específicos cabendo a sua coordenação ao Encarregado do Governo, um Intendente de Distrito que por lá permanecia, convencido de que ainda nha poder quando, ele próprio sem par cular pres gio, os seus serviços estavam a paralisar e era visível que se ia instalando o caos! Apenas com estes pressupostos, demasiado simplistas e imprecisos de quem não faz a mínima ideia da realidade do terreno (os conhecidos personagens do ar condicionado) se cons tuiu a Comissão Execu va de Repatriamento da CNAD (Comissão Nacional de Apoio aos Desalojados) que verdade seja dita só exis u no papel - ao redor deste voluntário, funcionário público, ex fuzileiro que apenas colocou como condição evacuar a família no primeiro avião. Coragens da juventude…! O Coordenador – a quem já não eram pagos vencimentos, por impossibilidade de processamento, face à paralisação dos serviços – rodeou-se, também, de voluntários que convidou e na altura terá escolhido de entre quem se disponibilizava para ajudar: Eng.º de máquinas, Eng.ª química, Eng.ºs Agrários, Bancários, Funcionários Públicos, Economistas, Médicos, Enfermeiros, Socorristas, Secretárias de Direcção, enfim, todos eles, porventura convencidos de que o Coordenador estaria possuído de reais poderes que lhe vinham de Luanda e do Alto-Comissário quando eu, na verdade, nem este conhecia… Mas era necessário mostrar “alguma coisa”… Estes Colaboradores que iriam constuir e “chefiar” (ninguém chefiava coisa alguma) as principais estruturas escolheram outros voluntários (pessoal mais execu vo) e a Comissão de Repatriamento chega a a ngir os 200 elementos que, obviamente, ninguém nha a veleidade de coordenar. Já com as “pedras” por mim escolhidas cria-se, “ad hoc”, uma organização com os seguintes serviços, departamentos, sectores, secções – como quiserem. Citam-se, u lizando os documentos que consegui preservar, apenas para situar os leitores, não por ordem hierárquica (as hierarquias, nestas circunstancias, eram os poderes fác cos e tantas vezes fic cios): 9 Secções Regionais de Inscrição; 1 Secretaria-Geral; 1 Secção de Atendimento; 1 Secção de Planeamento de Voos; 1 Secção de Saúde; 1 Gabinete de Análise; 1 Departamento de Relações Públicas; 1 Secção de Informação; 1 Tesouraria; 1 Secção de Controlo de Voos. Tudo “isto” “tutelado” pelo Coordenador (este escriba que se pretende fazer-se ler) e por mais 4 Coordenadores Adjuntos. Como vêm, “brilhante” para uma situação de caos público e de poder na rua…! Mas para que se compreendam a história e as “estórias” que se hão-de contar, é indispensável que voltemos à pergunta: Qual é o problema de uma ponte aérea, em que se perspec va evacuar cerca de 10.000 pessoas e acabam por “fugir” cerca de 80/100.000? Numa cidade de à volta de 60/70 mil Quem vai primeiro? Trocavam-se viaturas por combusơvel. habitantes “despejam-se” mais cerca de 100.000 seres humanos. Cada pessoa considera que o seu caso e o seu problema são mais importantes do que os do vizinho do lado, porventura o corpo que repousa no colchão ao seu lado, coberto pelo tecto de um pavilhão de feira. Por isso - “porque os meus problemas são os mais graves e importantes, tenho o direito de seguir no primeiro avião”. Cento e sessenta mil almas pensam da mesma maneira e estão convictas das suas verdades! Associação de Fuzileiros | 2011 20 Crónicas EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA Só que, cada avião, neste caso, apenas transporta entre 170 a 200 pessoas. Então coloca-se este “pequeno” problema: Quem vai primeiro? As mulheres que, eventualmente, com as crianças estão mais fragilizadas? Os velhos e os doentes? Os jovens com mais esperança de vida? Os homens válidos ficam para o fim? E as famílias separam-se? E se não há aviões para todos? E os polí ca e militarmente ameaçados de morte, pelos “Movimentos de Libertação” que controlam, pelas armas, o terreno, mesmo sendo pretos angolanos, deixam-se morrer, já que não há poder que os proteja? E as Famílias “extensas” mul rraciais e mul nacionais separam-se? Ficam os pretos e os de pele escura e vão, apenas os brancos? Quem são os nacionais portugueses que têm o direito e a legi midade de ser repatriados? Só os brancos? Ou também os pretos e os mes ços que nasceram sob a Bandeira das Quinas? E quem define tudo isto, quando o poder está na rua ou para lá caminha? Aos olhos da mul dão de desiludidos – de cansados, de quem apenas vislumbra muito pouca luz ao fundo do seu túnel – é óbvio que quem deve Associação de Fuzileiros | 2011 definir será a “Comissão” e o seu Coordenador, figura que ainda é vista com algum poder, pelo menos, porque terá alguns aviões “no bolso” e se faz transportar num carro do Estado (ainda português) com combus vel fornecido pelos militares portugueses. O abastecimento comercial de combus vel nha paralizado e já se trocavam viaturas por combus vel, isso mesmo, trocavam-se viaturas por combus vel. Esta sim uma “telenovela” da vida real, com episódios burlescos e insólitos que atravessam o drama da sobrevivência e a tragédia de vidas dissolvidas, em meia dúzia de meses, e o desmoronar do castelo de cartas de várias gerações, ruindo ao sopro de uma História que con nua por escreveras, em meia dúzia de meses e o desmoronar do castelo de cartas de várias gerações, ruindo ao sopro de uma História que con nua por escrever. Mas que Comissão era esta? Como já foi aflorado era exclusivamente cons tuída por voluntários, a maior parte dos quais apenas se oferecia para conhecer os meandros da “organização” e para mais facilmente furar as regras que se tentavam definir – para que houvesse ordem – e enquadrar “esquemas” que possibilitassem as corruptelas dos oportunistas e permi ssem fugir mais rapidamente, num qualquer avião que “caísse” na pista, mesmo que sob dissimulação, no “cockpit”. Foi esta “organização” que este escriba procurou coordenar, apoiado por dúzia e meia de verdadeiros altruístas (Homens e Mulheres). Depois “disto”, compreender-se-ão muitas “estórias” que se poderão contar – quiçá se contarão – onde o drama, a ternura, a emoção, o amor e o ódio, a paixão e o medo, o altruísmo e o desespero e, seguramente a coragem, se entrecruzam temperando autên cos casos de telenovela. Esta sim, uma “telenovela” da vida real com episódios burlescos e insólitos que atravessam o drama da sobrevivência e a tragédia de vidas dissolvidas, em meia dúzia de meses, e o desmoronar do castelo de cartas de várias gerações, ruindo ao sopro de uma História que con nua por escrever. (Con nua no próximo numero) Corpo de Fuzileiros 21 PILOTO ELISABETE JACINTO COLABORA COM ESCOLA DE FUZILEIROS No ano de 2005, a formação de condução na Marinha foi transferida totalmente para a Escola de Fuzileiros, no contexto da ex nção do Grupo nº 1 de Escolas da Armada, em Vila Franca de Xira. Na Escola de Fuzileiros já exis a um pólo de formação e um dos dois centros de exames da Marinha, reconhecidos pela então DGV. Assim, todos os recursos, humanos e materiais, foram transferidos para a Escola de Fuzileiros, sendo criado o Departamento de Formação em Transportes Terrestres (DFTT) que inclui o Gabinete de Instrução de Viaturas (GIV) e o Centro de Exames de Marinha, reconhecido pelo Ins tuto para a Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT), para a atribuição de cer ficados de condução de todas as categorias de veículos, passíveis de serem averbados directamente aos bole ns de condução civis. O DFTT ficou assim responsável pela formação de praças e sargentos das classes V (Condutores - em ex nção) e MS (Manobras e Serviços) na vertente da condução, e da realização de cursos de aperfeiçoamento (ex.: autocarros e veículos ar culados) e de especialização, como é o caso do curso de Especialização em Condutores para Fuzileiros (FZV). Este curso, com uma duração de cerca de 4 meses, confere aos formandos a qualificação legalmente exigida para a condução de todas as categorias de veículos e proporciona-lhes conhecimentos e perícias no âmbito da condução tác ca e da condução em todo-o-terreno (TT). Para tal, o DFTT realiza, em alguns casos com a colaboração da Companhia de Apoio de Transportes Tác cos (CATT) do Corpo de Fuzileiros, exercícios de campo, para o treino e aperfeiçoamento destas técnicas e perícias. Neste enquadramento e no âmbito do Curso de Especialização em Condutores de Automóveis (EMV02) 1ª Edição de 2011, realizou-se o Exercício de condução Tác ca e Todo-o-Terreno TT1101, de 12 a 14 de Julho de 2011, na zona de Tróia e Pinheiro da Cruz. Tendo-se considerado importante conhecer outras técnicas e abordagens à condução TT, bem como técnicas de desempanagem, o DFTT propôs-se, de condução com veículos do Corpo de Fuzileiros. CALM Picciochi recebe Elisabete Jacinto em PAN Tróia com a autorização do Comando da EF, endereçar um convite a um piloto de referência nesta matéria com o intuito de colaborar nesta formação. Diríamos que naturalmente o nome de imediato lembrado foi o da Piloto Elisabete Jacinto, face à sua enorme experiência nesta matéria, fruto da sua par cipação em inúmeras provas TT, de que se salientam o Rali Paris-Dakar e o Rali Africa Race, com resultados dignos de registo, quer na condução de motas, quer, sobretudo, ao volante do seu camião MAN TGS do Team Oleoban/MAN Portugal, no qual ainda recentemente repe u o triunfo alcançado no ano passado numa prova da Taça do Mundo. A este convite, a Piloto Elisabete Jacinto respondeu com enorme disponibilidade e simpa a, deslocando-se à área de exercícios no dia 13 de Julho, acompanhada pelo gestor da sua equipa e responsável pela logís ca e também seu marido, Jorge Gil. Após a recepção efectuada pelo Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Picciochi e pelo Comandante da Escola de Fuzileiros, CMG FZ Pereira Leite, seguiu-se um almoço no Ponto de Apoio Naval de Tróia, e a deslocação para a área de exercícios onde foi possível trocar experiências e conhecimentos, tendo Elisabete Jacinto par lhado a sua vasta experiência com os formadores e formandos presentes no exercício, bem como a oportunidade de observar o que é feito em ambiente militar, e, inclusivamente feito uma pequena experiência Elisabete Jacinto revelou a curiosidade e sa sfação de ter sido a primeira vez que foi convidada para par lhar a sua experiência na área de condução. Enalteceu o profissionalismo dos condutores presentes e salientou a importância de vários aspectos de segurança em TT, nomeadamente o uso do cinto de segurança, como factores que contribuem para o sucesso da “missão” de condução nas mais di ceis condições do terreno, referindo as vezes em que um adequado cinto de segurança lhe permi u permanecer com o total controlo da condução (volante e pedais), mesmo quando a viatura se eleva nas irregularidades do terreno. Almoço e oferta de livro alusivo aos 50 anos da EF (PAN Tróia) Referiu também a importância da manutenção de uma boa condição sica – a piloto dedica, diariamente, duas horas ao seu treino sico – que considera essencial para manter a plenitude das suas faculdades ao longo das provas e para o organismo responder “em tempo ú l” ao esforço requerido. Tratou-se de uma primeira abordagem, de uma par lha de conhecimentos muito proveitosa para formadores e formandos, ficando a promessa para futuras colaborações nesta área, que a Escola de Fuzileiros e o DFTT pretendem ver aprofundadas. 5Comentários e troca de ideias sobre os exercícios realizados (Pinheiro da Cruz) Associação de Fuzileiros | 2011 Corpo de Fuzileiros 22 SALA DE ESTAR DE PRAÇAS QP DA BASE DE FUZILEIROS Após um interregno de cerca de dez anos, foi reaberta em novas instalações, a Sala “Marinheiro FZE Manuel José Franco Belo” des nada às Praças dos Quadros Permanentes (QP´s) da Base de Fuzileiros, no passado dia 25 de Maio de 2011. Este novo espaço de lazer cons tuía uma an ga ambição do Comando, e des na-se aos militares QP´s da guarnição sendo extensiva aos seus familiares e convidados. Na cerimónia presidida pelo Comandante da Base de Fuzileiros, CMG FZ Ova Correia, es veram presentes Sua Excelência o Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi, o Segundo Comandante do Corpo de Fuzileiros, CMG FZ Sousa Ribeiro, outros Oficiais do Estado-Maior, o Oficial Capelão e Comandantes de Unidades FZ, Chefes de Serviço, Sargentos e a Praça QP mais an ga de cada Serviço. A reconversão desta infra-estrutura situada junto ao Bar da Guarnição, e na praça onde se encontra exposta a viatura “Chaimite”, foi feita com grande dedicação e empenho pelo pessoal do Serviço Geral, Serviço de Electricidade, Secção de Serralharia e Carpintaria da Unidade, sendo o novo recheio e decoração ob da por via de verbas da Unidade, e outras ofertas das Unidades, nomeadamente da Unidade de Meios de Desembarque. O patrono da Sala, que serviu a Armada nos Fuzileiros desde os 18 anos de idade (ver notas pessoais na caixa), combateu no território da Guiné e de Angola, tendo evidenciado sempre um enorme espírito comba vo e coragem sica invulgar, faleceu na sequência do rebentamento de uma mina an -carro no Chilombo, Angola em Novembro de 1973, ao serviço da CF 6. MARINHEIRO FZE MANUEL JOSÉ FRANCO BELO Notas pessoais Nasceu a 28 de Agosto de 1947, na freguesia da Atouguia da Baleia, Peniche, e requereu a admissão à Armada em Dezembro de 1964, com a idade de 17 anos. Após a formação no G.2.E.A (E.F.) foi promovido a 2º Grumete FZ, e par u para a sua primeira campanha na Guiné em Junho de 1966. Três meses depois de ter iniciado a sua primeira campanha é louvado pelo Comandante do DestacamenAssociação de Fuzileiros | 2011 to Nº7 de Fuzileiros Especiais (DFE 7), pelos serviços extraordinários e importantes que nha realizado em campanha, tendo o louvor sido avocado pelo Comandante da Defesa Marí ma da Guiné, Comodoro Francisco Ferrer Caeiro a 19 de Setembro de 1966. Em Dezembro de 1966, volta a ser louvado pelo DFE 7 e pelo mesmo Comodoro, por ter demonstrado elevado espírito comba vo, coragem e desprezo pelo perigo, sendo-lhe posteriormente atribuída a medalha de Mérito Militar de Cobre dos Serviços Dis ntos por despacho do General Chefe das Forças Armadas da Guiné. Aos 23 anos de idade, registava dois Louvores Individuais por actos pra cados em operações na Guiné e 5 Louvores Colec vos. Também havia sido condecorado com a cruz de Guerra de 4ª Classe, por serviços prestados em combate e com a Medalha Militar de Serviços Dis ntos (Guiné). Na mesma altura, e ao longo de uma comissão em Angola, foi agraciado com um Louvor Individual, onde se considerava os serviços por ele prestados como extraordinários, relevantes e dis ntos. No dia 15 de Novembro de 1973 pelas 16:40 horas, quando se efectuava o transporte de pessoal para patrulhamento das matas a Leste do Chilombo, Angola, foi accionada uma mina an -carro nas proximidades do Rio Matoche. Do rebentamento desta resultou ferimentos no 119/65 Mar FZE Belo, que após evacuação para o aquartelamento do destacamento de Marinha do Zambeze, faleceu ví ma dos ferimentos sofridos. Após a transladação do corpo em 18 de Janeiro de 1974, da Vila de Teixeira de Sousa para Luanda, a urna chegou a Lisboa, via marí ma, em 07 de Abril de 1974, tendo sido sepultado dois dias depois no cemitério da Nazaré. Eventos 23 DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011 PRESIDENTE DA REPÚBLICA INAUGURA MONUMENTO AO FUZILEIRO Na sequência das no cias já publicadas em “destaque”, no Site da Associação de Fuzileiros dá-se à estampa um pequeno resumo do que foi a comemoração do Dia do Fuzileiro e, especialmente, da cerimónia de inauguração do Monumento ao Fuzileiro implantado na rotunda a que a Câmara Municipal do Barreiro deliberou chamar “Rotunda dos Fuzileiros” integrando-a na toponímia da cidade. A comemoração do Dia do Fuzileiro iniciou-se cerca das 09.00 horas, com a concentração da “Grande Família dos Fuzileiros” na Escola de Fuzileiros e com a par da de cinco autocarros da Direcção de Transportes da Marinha que efectuaram o transporte de O Monumento é da autoria do escultor Tolen no de Lagos e pretende retratar um desembarque dando o relevo a um bote zebro com um fuzileiro a saltar para terra e mostrando, ao fundo, a silhueta de um navio de guerra. ida e regresso das pessoas para e do Barreiro. De notar que a específica cerimónia de inauguração do Monumento – junto do qual S. Ex.ª o Presidente da República descerrou uma lápide e prestou homenagem aos Fuzileiros já desaparecidos, nomeadamente, aos que pereceram em combate – decorreu com par cular civismo, ordem disciplina e rigor, não tendo sido possível vislumbrar a mais pequena nota discordante. S. Ex.ª o Presidente da República chegou ao local da cerimónia às 11.30 horas acompanhado pelo Senhor Tenente-General, Chefe da sua Casa Militar, sendo recebido pelos Senhores Presidentes da Câmara e da Associação de Fuzileiros e pelos Senhores, Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional e Chefe do Estado Maior da Armada. As honras militares ao Primeiro Magistrado da Nação foram prestadas por um Batalhão de Fuzileiros a três companhias, integrando o Estandarte Nacional e os Estandartes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, a Fanfarra e a Banda da Armada, bem como os Guiões das an gas Unidades de Fuzileiros que prestaram serviço em Angola, Guiné e Moçambique. À volta da Rotunda dos Fuzileiros e do Monumento marcaram presença, também, os guiões, da Associação de Fuzileiros e das nossas Delegações do Algarve, de Gaia e de Juromenha/ Elvas. Nas Tribunas veram lugar todas as en dades convidadas pela Câmara Municipal do Barreiro e pela Associação Nacional de Fuzileiros rondando as trezentas personalidades civis e militares incluindo as Altas Individualidades. Assis u à cerimónia uma mul dão de gente que se deslocou de todo o País e que se juntou à população do Barreiro podendo falar-se em muitos milhares de pessoas. Esta cerimónia teve a inicia va da Associação de Fuzileiros sendo apoiada pelo Município do Barreiro e pela Marinha, com especial destaque para o Corpo de Fuzileiros. Finda a cerimónia de inauguração, cerca das 12.30 horas e, de volta a Vale do Zebro houve o tradicional almoço convívio, na Escola de Fuzileiros, tendo a respec va organização melhorado muito em relação ao ano passado. Tratou-se de uma longa mas bonita e emocional jornada, cheia de nível e de disciplina consen da que terminou perto das 5 horas da tarde, no decurso da qual se mataram saudades e se distenderam nostalgias. Estamos, pois, todos de parabéns: Associação de Fuzileiros, Câmara Municipal do Barreiro, e a Marinha (Corpo, Escola e Base de Fuzileiros) sendo Associação de Fuzileiros | 2011 24 justo destacar o empenhamento do pessoal do Corpo de Fuzileiros e do Município do Barreiro, bem como a par cular dedicação dos tulares dos Órgãos Sociais da AFZ, designadamente, da sua Direcção e dos dirigentes das Delegações, sem o empenhamento e espírito de entrega dos quais, não seria possível este rotundo sucesso. Segundo cremos foi a primeira vez que um Presidente da República, em Portugal, inaugurou um Monumento em homenagem a uma força militar Eventos de elite, em praça pública e discursou em cerimónia desta natureza. Importa referir que o nosso Monumento vai ser melhorado. Venceu e sedimentou-se a ideia de serem colocadas, estratégica e estecamente, cinco pedras ao redor do monumento com uma das faces reves da de pedra “moleana”, nelas se recortando as imagens planificadas dos cinco con nentes com os locais, por onde os Fuzileiros es veram, devidamente assinalados. Orgulho de todos nós e profusamente referenciado por Ins tuições Militares e Civis, porventura anteriormente alheias à Associação, o Monumento ao Fuzileiro cons tui já referencial altaneiro do Município do Barreiro, da Marinha de Guerra, da Associação que é nossa e do próprio País. Por tudo isto cons tui – diríamos – a quase obrigação de todos os Fuzilei- DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS Excelen ssimo Senhor Presidente da República, Exm.º Senhor Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Exm.º Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Exm.º Senhor Almirante Chefe do Estado Maior da Armada, Exm.º Presidente da Assembleia Municipal, Exm.º Senhor Chefe da Casa Militar de S. Exª. o P. da R., Exm.º Senhor Almirante CN , Emm.º Senhor Comandante do Corpo de Fuzileiros, Exms.º Senhores Almirantes ex- CEMAs, Sr.s Almirantes e Generais , Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores. Permita-me V. Ex.ª, Senhor Presidente da República de lhe pedir vénia para o cumprimentar e para lhe dizer da subida honra que a Associação de Fuzileiros sente em que o nosso monumento seja inaugurado pela mão do Senhor Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. Permita-me, ainda, V. Ex.ª que em largas pinceladas – não de ar sta mas de homem de todos os dias que sente pulsar no coração este vírus que não mata mas que se alimenta a si a próprio, qual seja o do mís co fuzileiro – trace alguma história, porque de Associação de Fuzileiros | 2011 história já se pode e deve falar quanto o tempo transforma o tempo em 390 anos. Os Fuzileiros Portugueses têm origem na mais an ga unidade militar permanente de Portugal, o Terço da Armada da Coroa (1621) tendo sido, desde logo considerado uma unidade de elite que, a responsabilidade e a honra da guarda pessoal do Rei de Portugal confirmou. Ao longo do século XVIII, o Terço da Armada da Coroa de Portugal sofreu reorganizações mas a maior foi quando, no final do século, D. Maria I mandou concentrar todos os seus regimentos de marinha na nova Brigada Real da Marinha. Quando da ocupação napoleónica (1808) e da par da da Família Real, a Brigada Real embarcou, também, na sua maioria, para o Brasil e, neste nosso País irmão deu origem ao Corpo de Fuzileiros Navais. Em meados do século XIX, com a total militarização do pessoal da Armada Portuguesa esta decidiu ex nguir a sua componente an bia e, naturalmente, a Brigada Real. ros e de cada um, perder ganhando, pelo menos um dia para visitar o Monumento e homenagear a memória de todos nós mas, especialmente, dos que já encetaram a viagem para além de nós. Mais do que muitas palavras falará o conjunto de fotos que se publica e os discursos dos Presidentes da Associação de Fuzileiros, da Câmara Municipal do Barreiro e o de S. Ex.ª o Presidente da República para o qual se chama par cular atenção. Eventos Porém, em 1924, volta-se a uma unidade an bia permanente, a Brigada da Guarda Naval, ex nta em 1934. Contudo, a indispensabilidade dos fuzileiros transformou-se em necessidade óbvia e sen da a par r de 1961, com o início da Guerra do Ultramar sendo então estes recriados e constuídos em Destacamentos de Fuzileiros Especiais e em Companhias de Fuzileiros Navais sendo que, até 1975, mais de 14.000 fuzileiros combateram nos teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambique. Mas, voltada que foi a página da descolonização, esta força de elite, com reconhecidos pergaminhos na guerra, logo soube criá-los na Paz com igual dignidade e assinalando, outrossim, com igual elevação, o seu conhecido e pico cariz humanista. Foi então que os Fuzileiros marcaram novamente presença em três con nentes: Europa – Bósnia; África – Guiné, Cabo Verde, Moçambique, Angola e Congo; Ásia - Timor e Afeganistão; Enfim, o reinício do percurso dos cinco con nentes tantos quanto, desde o Terço da Armada da Coroa, os fuzileiros veram de percorrer com igual garbo e sen do de missão e honra da Pátria. Ilustres Convidados, Minhas senhoras e meus Senhores: Teria de me penitenciar junto de todos quantos, neste momento represento se não tornasse pública, ao menos, cur ssima resenha da sua ainda pequena história mas for ssima afirmação, no quadro do associa vismo nacional e se não retratasse, sumariamente, a sua natureza e fins. Quanto à história: - Após a Revolução de Abril, não fazendo excepção à ânsia generalizada de criação de movimentos associa vos, também os fuzileiros, com preocupação patrió ca tentaram reunirse em associação na defesa dos seus par culares princípios e valores. - Porém só em 29 de Março 1977 foi registada a 1.ª escritura pública. - Decorrida a úl ma década de árduo e pro cuo trabalho, que envolveu dezenas e dezenas de Homens que deram o melhor de si próprios à causa, aqui estamos – com um novo quadro estatutário – orgulhosos do passado e do presente, com muita Fé no futuro e com a consciência de termos a ngido um nível de parceiro dialogante, nas vertentes civil e militar. Quanto à natureza e fins: - A AFZ tem a natureza de uma associação de direito privado, com personalidade jurídica, sem fins lucra vos e procura conservar e desenvolver os valores que sempre presidiram ao espírito de serviço, de camaradagem, de lealdade, de coragem, de sacri cio e de solidariedade dos Fuzileiros e da Marinha de Guerra Portuguesa, pretendendo desenvolver intervenção nos âmbitos cultural cien fico, histórico, das ciências militares e das artes mas, par cularmente, na área social de apoio aos mais carenciados e desfavorecidos. Senhor Presidente da República, Excelência: Esta inicia va, também ela de excelência – perpetuar a figura do Fuzileiro, na guerra e na Paz – não tem só a ver com a Associação de Fuzileiros. A “culpa” de tudo isto e do incómodo que causámos a V. Ex.ª sobrecarregando a sua já pesada agenda é, também, da Câmara Municipal do Barreiro e da Marinha, dentro da qual – permitase-nos o pequeno “bairrismo” – realçamos o Corpo de Fuzileiros. A Câmara Municipal, personalizada no indispensável e claro apoio do seu Presidente deu-nos a rotunda, as infra-estruturas e, sobretudo, a sua manifesta colaboração. A Marinha, a nossa Marinha, deu-nos os meios que sempre envolvem a recepção condigna do Primeiro Magistrado da Nação, quase diríamos, “deunos tudo”, o que equivale por dizer, a capacidade de fazer e de fazer bem e, não menos importante, os apoios aní- 25 micos que nos permi ram levar por diante esta pequena aventura. V. Ex.ª Sr. Chefe do Estado Maior da Armada é, também, o “culpado”. “Penitenciese”. O Senhor Tolen no de Lagos, beneficiou-nos com seu talento e arte. Vamos terminar por agradecer a todos quantos, sem excepção, contribuíram para tornar possível esta realização que, cremos, cons tui marco histórico que permi rá à Associação de Fuzileiros, no futuro, cumprir no âmbito social, o sonho dos nossos desígnios: a “Casa Sénior dos Fuzileiros” - para que todos possamos morrer com dignidade. Obrigado à Marinha, obrigado à Câmara Municipal do Barreiro, obrigado a todos os Ilustres Convidados, porque todos o são, por terem dado lustro e visibilidade a esta cerimónia, obrigado aos sócios pela forma como colaboraram. A todos muito obrigado porque, porventura terão contribuído para que a Associação de Fuzileiros – neste mundo alucinantemente veloz e eivado de resquícios do mais puro individualismo ponha de lado inexoráveis inevitabilidades e con nue com a Esperança de, quiçá poder cons tuir mais uma ilha de ventos tranquilos soprando solidariedade. V. Ex.ª Senhor Presidente da República integrou, seguramente, boa parte do vento de solidariedade que por aqui soprou, muito obrigado. MUITO Obrigado, por PORTUGAL. Disse. Associação de Fuzileiros | 2011 26 Eventos DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011 DISCURSO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO BARREIRO Sua Excelência Senhor Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva; Senhor Secretário de Estado Adjunto da Defesa Nacional, Dr. Paulo Braga Lino; Senhor Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante Saldanha Lopes; Senhor Presidente da Associação de Fuzileiros, Comandante Francisco Preto; Senhores Autarcas; Restantes Convidados; Minhas Senhoras e Meus Senhores A todos saúdo! Bem-vindos ao Barreiro. Esta é a nossa terra. Com o seu passado, o seu presente e o seu futuro: todos feitos de resistência, de combate, de Liberdade, de trabalho e de sonho. Um molde forjado, como em tantos outros lugares e por tantos outros portugueses, na defesa dos interesses públicos do País e do Povo português: da sua autonomia e independência, da sua Liberdade e crescimento. É nesta terra e entre este povo que hoje vos encontrais. E é com eles, connosco, que podeis contar para, em defesa daqueles mesmos interesses e princípios, criar mais riqueza, mais emprego e maior produ vidade. Bem-vindos, pois! É com imenso respeito e grande consideração que par cipamos na Cerimónia de Inauguração do Monumento de Homenagem aos Fuzileiros, no mesmo momento em que se comemora o quinquagésimo aniversário da sua escola em Vale de Zebro, aqui no concelho do Barreiro. As forças armadas representam um elemento central na defesa da soberania e da independência nacional, assumindo-se como pilar da Liberdade e da Democracia. A defesa que estas lhes devem, e que a Cons tuição da República de 1976 lhes confere, exige muito. Impõe muitos sacri cios. Mas impõe-nos a todos nós. As forças armadas e a marinha, das barricadas da rotunda ou da revolta dos marinheiros à madrugada de 25 de Abril, demonstraram, sempre, estar à altura dos valores cuja defesa lhes foi confiada. Associação de Fuzileiros | 2011 Saibamos, também, cada um de nós estar a esta altura. Vivemos tempos di ceis. Muitas das opções que hoje estão a ser tomadas afectarão o futuro próximo de Portugal e da generalidade dos portugueses. No entanto, somos dos que convictamente acreditamos nas capacidades dos Barreirenses para encontrar as soluções adequadas à superação das dificuldades com que nos confrontam. Construímos ao longo dos úl mos anos um conjunto de projectos que, uma vez concre zados, permi rão transformar o Barreiro, uma vez mais, num pólo de progresso, de crescimento e de produção de riqueza. Permi que, a traços breves, vos transmita três das nossas principais ambições: Necessitamos que o território da anga Cuf/Quimigal, actualmente património do estado, se reerga. Para ele, estamos, com o apoio de muitos parceiros, a construir um plano que, associado à construção da TTT com funções rodo-ferroviárias, contribuirá para a afirmação de Lisboa enquanto grande Cidade Região, mais internacional, apta a disputar o seu lugar com outras grandes cidades europeias. Temos uma imensa zona ribeirinha abrangendo os rios Tejo e Coina. O Barreiro tentará, sem precipitações mas com convicção, firmeza e ambição, concre zar uma estratégia que aposte neste imenso território. Mas apenas um esforço integrado pode, a este tulo, produzir os resultados que precisamos de alcançar. O Barreiro cresce com quem nele vive, trabalha e intervém. É terra de desporto, de música, de cultura e de artes. Com um importan ssimo património industrial. Estes traços são os nossos. Este património é o nosso. Reforçar estas apostas, reforçar a aposta nas pessoas, mesmo quando condicionados pela conjuntura económica e financeira, é essencial e determinante. Meus senhores, Os tempos que vivemos exigem-nos a todos, e par cularmente aos que têm responsabilidades nos órgãos de soberania, o respeito e a defesa clara e intransigente da nossa história e das nossas aspirações. Só poderemos superar os problemas com que nos confrontamos com mais trabalho e com mais Democracia. Excelências, Desejo finalizar afirmando a sa sfação que tenho por estar aqui com os representantes da Marinha e das Forças Armadas, na Sua presença, a prestar esta homenagem aos mais de 22 000 Fuzileiros que, ao longo dos úl mos 50 anos, passaram pela Escola de Fuzileiros. Temos man do um excelente relacionamento. Temos trabalhado e ar culado em conjunto, e reconhecemos, em primeira mão, o papel que a Escola os Fuzileiros têm para o Barreiro. Hoje, com o monumento aqui inaugurado, perpetuamos o trabalho realizado e reforçamos os laços que construímos. Dediquemos, por fim, este monumento aos filhos da Escola de Fuzileiros. Todos eles foram, e são, pelo menos em parte, filhos do nosso Barreiro. Todos nós somos, também em parte, filhos da vossa Escola. Vivam os Fuzileiros! Viva a Associação de Fuzileiros! Viva a Escola de Fuzileiros! Viva o Barreiro! Eventos 27 DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011 DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Homenageamos, neste dia, os Fuzileiros portugueses. Fazemo-lo nesta laboriosa cidade do Barreiro, tão ligada à Marinha e aos Descobrimentos, tanto ao nível da construção naval como da produção de man mentos para o abastecimento das nossas frotas. Os Fuzileiros, com origem longínqua no “Terço da Armada da Coroa de Portugal”, estão ligados a momentos importantes da nossa História. São militares de elite que, pela sua bravura, coragem e determinação, se dis nguiram nos teatros de operações em África e que tão relevantes serviços têm prestado ao País. Saúdo de forma especial os Veteranos de Guerra aqui presentes. Na actualidade, releva-se o elevado padrão de desempenho dos nossos Fuzileiros em operações internacionais de apoio à paz e de assistência humanitária em Timor-Leste, GuinéBissau, Moçambique, República Democrá ca do Congo e Afeganistão, sendo de sublinhar, igualmente, a forma profissional e destemida como têm par cipado nas missões de combate à pirataria no Índico. São militares altamente treinados, que cruzam e protegem o mar, e deste projectam na terra o seu poder, pela surpresa, pelo ímpeto e pela valen a, abrindo caminho e cumprindo missões em quaisquer ambientes operacionais, onde quer que Portugal deles precise. Fuzileiros, É o espírito vivido nas dificuldades de quem sen u o perigo à sua volta, de quem viu os camaradas sofrerem no corpo e na alma as agruras do combate, é o orgulho de serem servidores da Pátria com uma conduta digna, e quantas vezes heróica, que hoje vos une e aqui vos traz em tão grande número, para um são convívio e par lha de emoções. Como é vosso apanágio, “Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre”. É este espírito que vos leva a congregarem-se à volta da vossa Associação, contagiando aqueles que vos são próximos com o apego a valores essenciais, bem vivos em cada um de vós: o sen do do dever, a amizade, a camaradagem e a solidariedade. A Associação de Fuzileiros tem acompanhado com dedicação os problemas dos seus associados. A união de esforços e as acções de apoio àqueles a quem a vida não corre de feição são fundamentais. Na vida, como no combate, o Fuzileiro não deixa ninguém para trás. É de toda a jus ça dirigir, nesta ocasião, uma palavra especial à cidade do Barreiro, pela forma como tem acolhido e acarinhado os seus Fuzileiros, traduzida num forte sen mento de mútua pertença, de que todos, justamente, se orgulham. Quero saudar a conjugação de esforços entre a Associação de Fuzileiros e a Câmara Municipal do Barreiro, que permi u a criação de um monumento que se perpetuará no tempo e que dá expressão ao reconhecimento do Fuzileiro como um pilar de coragem, de galhardia e de respeito pelos valores pátrios. Fuzileiros, Mantenham este vosso espírito de corpo, espalhem esta cultura de profissionalismo e de capacidade de bem-fazer. Sem bons exemplos, não há bons seguidores, e todos temos de par cipar no esforço de construir um Portugal mais forte e capaz, tanto nas grandes como nas pequenas realizações do nosso dia-a-dia. Como acabámos de ouvir no hino da Associação de Fuzileiros, “só tem Pátria quem sabe lutar”. Os Portugueses são um Povo lúcido, valente e com uma sabedoria ancestral que lhes permite, em situações de grande crise, escolher um caminho seguro rumo à estabilidade e à garana da sua independência. Somos um Povo com uma Pátria que amamos, com referências, com valores e com capacidade de combater e superar os desafios que se nos apresentam. Essa capacidade está agora posta à prova. Estou certo de que, mais uma vez, iremos vencer. Muito obrigado. Associação de Fuzileiros | 2011 28 Eventos CORAL “ALMA DE COIMBRA” NA CASA DE CULTURA DO BARREIRO Mais um evento cultural notável, da inicia va da Direcção, teve lugar no passado dia 5 de Outubro. O coral “Alma de Coimbra” deslocouse à Casa da Cultura do Barreiro para presentear a Cidade e os Sócios da Associação de Fuzileiros com um concerto de grande nível. O “Alma de Coimbra” integrando cerca de 40 figuras incluiu, para além das vozes, um piano, um trompete, um violino e um violoncelo, bem como um grupo de guitarras de Coimbra e abriu o seu espectáculo com a interpretação do Hino da Associação de Fuzileiros, especialmente ensaiado para o evento. Para conhecimento das caracterís cas e da história deste coral remetemos para o texto do Comt. Cardoso Moniz, publicado neste número de “O Desembarque” e para os elementos oportunamente inseridos no site da Associação. No grande anfiteatro da Casa da Cultura do Barreiro es veram presentes cerca de 400 pessoas a que se juntaram o Presidente da Câmara e alguns Vereadores, os Comandantes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, vários convidados de honra da CâmaAssociação de Fuzileiros | 2011 ra e da Associação de Fuzileiros e, obviamente, os seus Dirigentes, ao nível de todos os órgãos sociais. A inicia va foi apoiada pelo Município que cedeu as instalações, os equipamentos de som e luz, bem como o respec vo pessoal, que actuou com grande profissionalismo. Cabe aqui, também, uma palavra de saudação e elogio às equipas de relações públicas da Câmara e ao Secretariado Nacional da AFZ que, embora num dia de feriado, não se pouparam a esforços para que tudo decorresse com organização e normalidade revelando, muito para além da sua competência, uma verdadeira dedicação às causas. Merece referência a nossa Delegação de Gaia que não quis deixar de se fazer representar expressivamente, o que mereceu muitos comentários posi vos da várias personalidades e emprestou à festa o especial cunho dos Fuzileiros. Par cular destaque deve ser dado ao patrocínio do Comt. José Cardoso Moniz, Presidente do Conselho Fiscal e Vice-Presidente do Conselho de Veteranos da AFZ sem os conhecimentos e a colaboração do qual não teria sido possível ter-se posto de pé mais este grande evento da Associação de Fuzileiros. No inicio do espectáculo, o Vice-Presidente da AFZ deu as boas-vindas à Câmara Municipal do Barreiro, aos Comandos do Corpo de Fuzileiros, às muitas Senhoras presentes na sala, à população do Barreiro e ao “Alma de Coimbra”. Por fim, os Presidentes da Câmara e da Associação de Fuzileiros discursaram, agradecendo aos munícipes, aos fuzileiros e, par cularmente, ao “Alma de Coimbra” os grandes momentos que nos proporcionaram. O Presidente da Câmara fez largado elogio aos fuzileiros de Portugal e o Presidente da Associação fechou com um oportuno “Viva Portugal” secundado por toda a assistência. O espectáculo encerrou com a chamada ao palco dos sócios Campos e Sousa, autor da música, Pacheco de Amorim, autor da letra do Hino da Associação de Fuzileiros, e do Comandante Cardoso Moniz, a alma desta inicia va, com mais uma interpretação do Hino, cantado de pé por toda a gente, com o grito dos Fuzileiros e com um vibrante “FRA” do “Alma de Coimbra. Eventos 29 DISCURSO DO PRESIDENTE DO CORAL “ALMA DE COIMBRA” A presença do Alma de Coimbra a convite da Direcção da Associação de Fuzileiros, e por intermédio do nosso querido Amigo, Comandante José Cardoso Moniz, é, simultaneamente uma grande honra e um acto de gra dão devido a um Corpo de Combatentes que, desde sempre e ao longo do meio século de existência, que ora comemoramos, não raras vezes em momentos e teatros de operações muito di ceis, ofereceu exemplos admiráveis de bravura e de abnegação. Permitam-me que, em nota pessoal – par lhada por alguns dos presentes que com ele igualmente privaram ‒ evoque a figura do 1.º Tenente Fuzileiro José Carlos Falcão Lucas, saudoso e incomparável amigo dos tempos de Coimbra, que tão prematuramente nos deixou. Como o lembrámos na preciosíssima letra que o Diogo Pacheco de Amorim compôs para a Marcha dos Fuzileiros! E como sen mos a injus ça do silêncio a que tem sido votado o autor da música, o Zé Campos e Sousa, ar sta de superior dimensão musical e moral. O Alma de Coimbra é obra da vontade de um grupo de an gos estudantes de Coimbra, hoje dispersos pelo Connente e Ilhas (temos um representante da Madeira e outro dos Açores), que - acima da saudável diversidade de opiniões e de sensibilidades – se revêem na memória de uma juventude académica imbuída dos Valores e da Mís ca da velha Escola, no gosto pela música coral e no convívio e na troca de experiências que tudo isso propicia. O segredo da vitalidade alcançada pelo Alma de Coimbra em meia dúzia de anos e do seu percurso apesar disso já assinalável assenta no talento, na cria vidade – e por que não dizêlo? ‒ Na infinita paciência do Maestro Augusto Mesquita, em boa verdade o motor e a bússola que nos foi guiando e aclarando pelo caminho que intuíamos. Na esteira de Mestres como Fernando Pessoa, Agos nho da Silva ou Adriano Moreira, acreditamos que, encerrado em defini vo um ciclo da nossa História, com as suas luzes e as suas sombras – todas elas nosso património sagrado! – a nossa Pátria é a Língua Portuguesa. Uma Pátria que sen mos com acrescida intensidade em todos aqueles espaços e lugares onde a presença de Portugal, mesmo em tempos afastados, ainda é recordada num manto de saudade que se transmite de geração em geração… Permitam-me que, a este propósito e não sem alguma emoção, lembre aqui as visitas do Alma de Coimbra a Macau, a Timor-Leste, ou a Goa, Damão e Cochim - onde perduram centenas de vocábulos de origem portuguesa deixados pelos nossos antepassados, e se exibe com orgulho e júbilo, nos cartões pessoais, entre parêntesis, o nome de família português de que não abdicam. Este concerto é o primeiro após o falecimento de mais um querido amigo do Alma de Coimbra. Se mais não houvesse – e há – o culto dos valores que nos animam neste nosso percurso - a amizade, a gra dão, o respeito pelo outro, na afinidade como na diferença! – Jamais me dispensariam de evocar o espírito independente, generoso e humilde do José Niza, figura incontornável da nossa música e da nossa cultura. Nele - como no também muito saudoso maestro José Calvário – encontrámos desde a primeira hora palavras de apoio e incen vo deveras importantes. E, em par cular o Prof. Augusto Mesquita que com ambos manteve, ao longo dos úl mos 15/20 anos, uma relação de amizade e de trabalho muito frutuosas no plano da criação musical. São dele, José Niza, estas palavras, ditas por ocasião da nossa par cipação em 2008, na homenagem que lhe foi prestada pela Câmara Municipal de Santarém: “O Alma de Coimbra está a fazer êxito, em Portugal e pelo mundo, cantando exclusivamente música portuguesa; o que prova que não só no estrangeiro como em Portugal se faz boa música. O Alma de Coimbra cons tui um exemplo de homenagem à Língua portuguesa e aos compositores portugueses. Por isso, na qualidade de Presidente da Assembleia-Geral da Sociedade Portuguesa de Autores, quero também agradecer-vos em nome de todos eles...”. Mais palavras, para quê?... Em sua homenagem, e cingidos pela enorme beleza da melodia, Sras e Srs, “E Depois do Adeus”. Associação de Fuzileiros | 2011 30 Eventos DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES E DO COMBATENTE A ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS FEZͳSE REPRESENTAR E PARTICIPOU EM CASTELO BRANCO E EM LISBOA Como é sabido, as comemorações oficiais do “Dia de Portugal e do Combatente” ocorreram, este ano, em Castelo Branco, sob a presidência de S. Ex.ª o Presidente da República e em Lisboa (Belém), sob a presidência do Senhor Tenente-General José Armando Vizela Cardoso. Em Castelo Branco, para além dos discursos do Presidente da Comissão Organizadora Senhor Prof. Doutor António Barreto e de S. Ex.ª o Presidente da República marcou ponto alto a parada militar e o desfile das forças militares tendo desfilado, também, os an gos combatentes integrados em representações das suas associações. A Associação de Fuzileiros foi representada pelo seu Presidente da Direcção, Comt. Lhano. É de realçar a postura e o aprumo da nossa representação o que proporcionou referências de várias en dades. Em Lisboa, onde marcaram presença milhares de pessoas veram também, lugar as comemorações do “Dia do Combatente” junto ao Monumento dos Combatentes e na Igreja dos Jerónimos (com a celebração de Missa) que foram “marcadas pelo espírito de fraternidade lusófona e pela elevação e dignidade” tendo “como único propósito celebrar a Pátria e honrar Associação de Fuzileiros | 2011 os seus combatentes”. As cerimónias em Belém foram precedidas por uma Conferência, na Fundação Calouste Gulbenkian, presidida pelo Prof. Doutor Adriano Moreira, subordinada ao tema “A Presença de Portugal em África” sendo um dos painéis moderado pelo nosso Sócio Honorário, Almirante Vieira Ma as. O Presidente da Comissão Execu va, Tenente-General Vizela Cardoso discursou, tendo homenageado de uma forma geral, “todos quantos, ao longo da nossa história, chamados um dia “a Servir, tombaram no campo da honra, em qualquer época ou ponto do globo” e foram, em par cular evocados os elementos da PSP mortos ao serviço de Portugal. Seguidamente, representantes de várias en dades depositaram coroas de flores no Monumento, homenageando os mortos em combate, designadamente, a Liga e as Associações de Combatentes, cabendo aqui destacar o nosso Sócio Honorário, Comandante Alpoim Calvão que depositou coroa em nome dos galardoados com a Ordem Militar da Torre Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. A Associação de Fuzileiro fez-se representar pelo seu Vice-Presidente da Direcção, Dr. Marques Pinto (que integrou, na tribuna, os convidados de honra) e por uma delegação constuída por 16 sócios comandada pelo Sarg. José Talhadas que – impecavelmente trajados – desfilaram, com parcular postura e aprumo, precedidos do nosso já tradicional Porta Guião, o SarMor Coisinhas, seguida de mais cerca de meia centena de sócios. Ouviu-se, no final, o “Grito do Fuzileiro”. O ponto de venda de ar gos da nossa “Loja” deu também, visibilidade à Associação e aos Fuzileiros de Portugal. No final das cerimónias, O Vice-Presidente recebeu, em nome da AFZ, par culares referências e os parabéns do General Vizela Cardoso, de outros Oficiais Generais, do Almirante Vieira Ma as e do Presidente da Associação de Comandos que disse: «Vocês, este ano capricharam». Posteriormente recebeu-se uma carta pessoal do General Vizela Cardoso agradecendo a boa colaboração da Associação de Fuzileiros que, fazia a seguinte referência especial: «Destaco a forma garbosa e impecável como os Fuzileiros marcharam em redor do Monumento na parte final da cerimónia». Sem dúvida, mérito de todos nós mas, parƟcularmente, dos que integraram o grupo do nosso Encontro Nacional. Eventos 31 MAIS UMA CONQUISTA NA IGREJA NOVA Costuma dizer-se que quem não aparece esquece. Provérbio que desta vez não funcionou, porque todos os oradores, que intervieram na cerimónia, referenciaram de forma elogiosa a presença da Associação de Fuzileiros. Todos os Fuzos sen ram que valeu a pena, mais uma vez, termos estado presentes aceitando o convite do nosso camarada e amigo Domingos Janota que desde a primeira hora tem dinamizado todos os eventos que na freguesia da Igreja Nova têm sido efectuados, dando a devida relevância aos ex. combatentes, e a quantos deram a vida pela Pátria. É disso testemunho o monumento já inaugurado e do agora talhão para os combatentes, muito destacado pelo emoldurado requinte que o envolve, no cemitério da freguesia, obra com tal dignidade que só um Fuzileiro com a sensibilidade e o querer do Janota, podia conseguir. O seu empenho em mais uma conquista que dignifique a úl ma morada dos combatentes da sua freguesia foi realçado por todos os oradores, nas pessoas dos Senhores Coronel Figueiredo representando a Associação dos Com- batentes de Mafra, do Coronel Hilário, da Liga dos Combatentes e do Senhor Deputado Hélder Sousa Dias, ex Vereador da Câmara de Mafra, agora também membro da Comissão de Defesa Nacional. A exemplo dos outros anos, mais uma vez honrou todos os combatentes no discurso proferido, dando o devido relevo ao que o País deve aos seus Combatentes. Depois das cerimónias alusivas, que deram moldura a este dia 06 de Agosto seguiu-se o almoço, a que se asso- ciaram as pessoas da Freguesia, e todos os convidados. Nunca é demais agradecer ao Domingos Janota, o quanto tem feito pela Associação de Fuzileiros e pelos ex Combatentes. A alegria que dele emana, por ter presentes os seus Camaradas Fuzileiros, nos eventos que organiza é testemunho vivo do alto apreço em que tem a sua Associação. Mário Manso ASSOCIAÇÃO NA COMEMORAÇÃO DA BATALHA DE LA LYS Decorreram no passado dia 09 de Abril de 2011, as Cerimónias Comemora vas do 93º Aniversário da Batalha de La Lys, Dia do Combatente e da 75ª Romagem ao Túmulo do Soldado Desconhecido, presidida por S. Ex.ª o Ministro da Defesa Nacional Prof. Dr. Augusto Santos Silva, estando ainda presentes as mais altas en dades Militares Civis. Nas Cerimónias, alusivas a esta efeméride assinalaram a sua presença uma Companhia Mista a (03) Três Pelotões, comandada por (Oficial) Capitão da Força Aérea, com o 3º Pelotão de Fuzileiros integrado e a ser comandado pelo GMAR FZ Maia, da Companhia nº 22, do Corpo de Fuzileiros. Os Guiões da Liga/núcleos de Combatentes e da Associação de Fuzileiros, associaram-se às Comemorações deste aniversário, marcando presença na missa, parada Militar e, posteriormente, no interior do Mosteiro da Batalha. A AFUZ, associando-se a outras Associações neste acto, digno e solene, prestando assim homenagem a todos aqueles que combateram e tombaram em defesa da Pátria. Várias Ins tuições Militares, Civis e Estrangeiras, tal como a Associação de Fuzileiros colocaram uma coroa de flores, no tumulto do Soldado Desconhecido. A convite da comissão organizadora Liga dos Combatentes, a Associação de Fuzileiros fez-se representar nesta sua deslocação ao Mosteiro da Batalha, com 09 elementos, tendo sido chefiada pelo Presidente da Direcção. No final da cerimónia, e durante o almoço, ainda assim, houve tempo para confraternizar com an gos e novos camaradas de armas, prevalecendo assim o espírito de grupo, lealdade, camaradagem, solidariedade e a boa disposição de todos os presentes. Associação de Fuzileiros | 2011 32 Estórias O DOMINGOS Eram 23 horas daquela noite escura quando, no cais Pigigui , se dá início ao embarque do Destacamento na LDM (302 ou 303?). Estávamos em Junho de 1967 e era o princípio de mais uma operação. Como o Fuzileiro nunca avança para uma missão com dúvidas sobre a sua finalidade, o disposi vo tác co a empregar no local e quais os meios disponíveis para actuar, o briefing que antecedeu o embarque nha sido bem claro: o objec vo da operação era um acampamento referenciado pelo Domingos, situado a pouco mais de dois quilómetros da margem do rio Grande de Buba e que seria tomado pelo Destacamento, através de um golpe de mão, logo que rompessem os primeiros alvores. Era um acampamento com dezenas de guerrilheiros bem armados e ditribuídos por várias palhotas. A progressão seria através de uma mata muito densa, por isso di cil. Por ser classificada como uma operação de alto risco, houve um reforço em munições e granadas. O Domingos era um rapaz dos seus 18/19 anos, ligado ao PAIGC desde criança e capturado numa emboscada. Bem cons tuído fisicamente, falava, escrevia e lia correctamente o português. Pela sua simpa a o Domingos conquistou a confiança de todos e, sem ser subme do a qualquer pressão, deu importantes informações sobre este e outros acampamentos. Aproximava-se a hora do desembarque e aquela noite escura começa a ser iluminada por grandes “flashes” vindos não se sabe de onde, seguidos de enormes trovões e descargas de água vinda do céu. Passavam vinte minutos das três horas quando a porta da lancha se abateu sobre a margem esquerda daquele grande rio começando de imediato o desembarque feito, como se previa, em condições muito di ceis: água pelo peito seguido de uma penosa travessia pelo tarrafe e lodo. Os Destacamentos eram formados por homens que se destavam pela sua agilidade sica e pela sua resistência, qualidades uma vez mais aqui demonstradas. Chegados a terra firme, enquanto uns tentam rar o máximo de lama do camuflado, outros aproveitam para beber uma golada daquela aguardente Associação de Fuzileiros | 2011 Guilhermino Augusto Ângelo embalada em saquinhos de plás co e previamente distribuída pelo quartelmestre. A secção da vanguarda pegou na bússola, viu o rumo a seguir e, acompanhada pelo Domingos, entrou na mata numa marcha lenta e cuidada, pois é aqui que inimigo muitas vezes aproveita para dar as “boas-vindas”. A vegetação é densa e a noite muito es- cura, por isso os homens avançam de mãos dadas não vá algum perder-se. A escuridão, os trovões e a chuva que con nuava a cair copiosamente, foram fenómenos que jogaram a favor do Destacamento, permi ndo-lhe posicionar-se sem ser detectado a poucos metros do acampamento a aguardar a melhor hora para desencadear o ataque final. Tudo estava a correr como o previsto na Ordem de Operações até um guerrilheiro, provalmente a sen nela, sair do seu reduto para fazer uma necessidade fisiológica e no regresso tropeçar nas pernas de um elemento do Destamento alertando de imediato quem ainda dormia com gritos de “tropa no tabanca”. Calou-se quando uma saraivada de balas de uma qualquer G3 foi ao seu encontro. Seguiu-se uma luta muito violenta até o inimigo se sen r impotente optando por se refugiar na mata beneficiando, ele também, da escuridão e da chuva. Claro que alguns deles ficaram. Ficaram mesmo para sempre. Apreenderam-se muitas armas e munições e destruiram-se as casas à granada e pelo fogo. Consumado o propósito da operação o Destacamento desloca-se para o ponto de reembarque para o seu re- gresso a Bissau, deixando na sua rectaguarda o vermelhão de um sol incapaz de romper aquelas nuvens negras e um silêncio pesado, medonho, um silêncio de morte. Não muito longe vêm-se abutres voando na direcção às colunas de fumo que se erguem no céu. O Domingos esteve alguns meses no Destacamento. Era já considerado como mais um elemento da unidade. O seu comportamento desde a captura não deixava dúvidas: estávamos perante uma pessoa de confiança. Estava mesmo em estudo uma proposta para lhe ser distribuída uma arma. Puro engano. O Domingos soube conquistar a confiança de todos e soube esperar, mas logo que teve oportunidade desapareceu. Essa oportunidade teve-a numa operação quando o Destamento reagia em força a uma emboscada. O Domingos aproveitou a confusão e voltou para junto dos seus. Domingos, estejas onde es veres, quero que saibas que ainda hoje sinto uma grande simpa a por . É verdade que não veste coragem de enfrentar o bote emboscado na margem, mas veste o arrojo de te lançares à água mesmo não sabendo nadar. Cheguei a tempo e salvei-te de morreres afogado. A mesma sorte não veram os que te acompanhavam a descer o rio naquela enorme piroga. Não te recrimino pela tua “deserção”. O teu patrio smo foi mais forte e o teu PAIGC certamente te voltou a receber de braços abertos. Para , Domingos, um abraço do tamanho da tua Guiné. Estórias 33 O 2º TENENTE QUE NINGUÉM CONSEGUIA CALAR Manuel Pires da Silva Homem Ferro O Segundo Tenente que ninguém conseguia calar Durante o mês de Janeiro, Fevereiro e Março de 1970, es ve com o 2º Tenente RN Fuz na base de Canturé, na Guiné. Um Oficial altamente inteligente, com grande formação literária, mas com muito pouco espírito Militar. Refilava com os Oficiais mais an gos, como nunca nha conhecido outro igual, ao ponto de eu lhe dizer, se connuar assim, qualquer dia vai para a prisão! Tendo-me respondido, talvez isso fosse bom! Seria a maneira de eu ir para Bissau. Mas já agora, agradeçolhe o conselho e vou pensar seriamente nisso. À noite, à hora do jantar, era a altura ideal para debater os pontos de vista de cada um. Como é evidente o mais an go era o que nha mais tempo de antena, por norma era o que sabia mais de guerrilha, pelo menos estava melhor informado. Só que, o Ten. raramente estava de acordo com o chefe, como tal, eram frequentes as discussões entre eles. Mas até aqui, nada a notar de especial. Passado uns dias, nha eu acabado de comer, já estava na esplanada a conversar com uns camaradas, quando começamos a ouvir um daqueles debates mais a sério, mas que discussão! Ouvia-se o mais an go a gritar para o outro: Burro! Burro! Burro! Mas que é isto? Comento eu com o meu amigo! Ele responde-me, já não vai mais vinho para aquela mesa! Qual não é o meu espanto, quando vejo o Ten. a sair da messe a correr aos ziguezagues para a esplanada a zurrar como os burros, hi! hó! hi! hó! hi! hó! Perguntei-lhe, mas o que é isso Sr. Tenente? Respondeme altamente. Fui promovido a burro e agora ando a pra car! sou abordado pelo Comandante perguntando-me! Então o Senhor, não foi com o Ten. F. à procura dos fugi vos? Eu fiquei embasbacado! Eu não recebi ordens nenhumas Sr. Comandante! O chefe faz um comentário: queres ver que temos mais um fugi vo! Entra em contacto com ele e diz-lhe para regressar à base antes que seja tarde! O 2º Ten. responde que está seguindo o rasto e que só termina na fronteira do Senegal, porque as ordens são para se cumprir. Chegado a Canturé, sem qualquer sucesso, com agravante de ter ido sozinho, arrastou consigo, matéria para uma grande discussão! Só que o 2º Ten. mais uma vez diz que tem razão, e que ninguém o consegue calar! O mesmo Sr. Ten. foi por mim informado, no dia 18 de Fevereiro de 1970, de que três elementos da minha secção, 1225/7 Sen eiro, e 1227/7 Pinto e 790/8 Alfaiate, após o regresso de uma operação, nham esvaziado os respe vos cacifos e, supostamente, fugido em direção ao Senegal. O 2º Ten. foi logo relatar o caso ao mais ango, com é evidente. O chefe é apanhado de surpresa, reage a quente, e manda-o imediatamente à procura deles, mas nunca pensando que fosse sozinho! Entretanto eu vou à can na beber uma fresquinha e no caminho Associação de Fuzileiros | 2011 Delegações 34 DELEGAÇÃO DO ALGARVE A Delegação de Fuzileiros do Algarve realizou, no dia 14 Maio 2011, a sua solene apresentação que contou com as honrosas presenças dos Senhores Presidente da Câmara Municipal de Albufeira (Dr. Desidério Jorge Silva), do Comandante do Corpo de Fuzileiros (CAlm. Picciochi) e do Presidente da Associação de Fuzileiros (Com. Lhano Preto), de entre outras ilustres en dades, Camaradas e familiares juntando, nesta primeira inicia va, cerca de 75 pessoas. A seguir dão-se à estampa, a lista das en dades presentes, o programa do evento que teve como pontos altos a demonstração operacional levada a cabo pelo Grupo Etnográfico de Quelfes, a apresentação da Delegação de Fuzileiros do Algarve, a troca de lembranças e os discursos do Sr. Presidente da Câmara de Albufeira, do Comandante do Corpo de Fuzileiros e do Presidente da Associação de Fuzileiros Outras en dades presentes: o 2º Comandante do Corpo de Fuzileiros, o Comandante da Base de Fuzileiros, o Comandante da Escola de Fuzileiros, o Capitão do Porto de Por mão, o Representante do Comando da Zona Marí ma do Sul, o Representante da Delegação Marí ma de Albufeira, o Representante da Liga dos Combatentes (Faro) o Representação do Clube “Escolamizade, o Presidente da Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas e o Presidente da Delegação de Fuzileiros de Gaia. A todos a direcção agradece. Na Fatacil Numa inicia va inédita, a Delegação de Fuzileiros do Algarve par cipou este ano na Feira anual “FATACIL” que decorreu em Lagoa, entre os dias 19 e 28 de Agosto 2011. A presença de uma tenda alusiva aos FUZILEIROS e à MARINHA, numa das maiores e mais importantes feiras do Algarve foi tema que não passou despercebido aos milhares de visitantes que por lá passaram e que decerto marcou uma nova era na representação dos Fuzileiros no Algarve. Com o objec vo focado na divulgação, a nossa presença dividiu-se entre o convívio com Filhos da Escola de várias gerações e a curiosidade dos mais novos que procuraram ali informações sobre a Marinha e os Fuzileiros. Logo na primeira noite, com uma postura de relevo e o aprumo que nos dis ngue, a DELEGAÇÃO de FUZILEIROS do ALGARVE enalteceu-se para receber o Sr. Ministro da Economia, Doutor Álvaro Santos Pereira que não ficou indiferente ao Brio de quatro Fuzileiros ves dos a rigor, lá bem no fundo do pavilhão principal do parque de Feiras de Lagoa. O Sr. Ministro dignouse a par lhar alguns minutos do seu tempo connosco, facto que muito nos orgulhou e, entre dignos comentários e algumas curiosidades, enalteceu o excelente trabalho realizado pelos Fuzileiros Portugueses ao se viço de Portugal ao longo da sua honrosa história. Após o sucesso deste evento, a DELEGAÇÃO de FUZILEIROS do ALGARVE vai connuar a sua acção de divulgação por todo o Algarve com variadíssimas inicia vas e sobretudo dizer “Presente!” aos demais Filhos da Escola residentes no Algarve, para que saibam e relembrem que nunca mais estarão sozinhos deste o momento em que conquistaram aquele boina azul ferrete, símbolo desta grande família que são os FUZILEIROS. COMEMORAÇÕES DA BATALHA DE LA LYS NO ALGARVE Na manhã de 09 de Abril 2011 e um pouco por todo o País, algumas das mais importantes En dades Nacionais juntaram-se aos militares e ex-combatentes para homenagear os Filhos de Portugal que, com honra e bravura, combateram nas Flandres há 83 anos naquela que ficou conhecida como a Batalha de La Lys e que reclamou à Pátria Portuguesa mais de 7000 vidas do Corpo Expedicionário Português. Ao convite da Liga de Combatentes (Delegação de Faro), a Delegação da Associação de Fuzileiros do Algarve gritou “Pronto!” e marcou presença com seis camaradas numa represen- Associação de Fuzileiros | 2011 tação muito condigna da Associação de Fuzileiros na cerimónia que decorreu no Largo São Francisco em Faro. De fato azul-escuro e cordão vermelho, a nossa chegada na hora prevista e aprumo militar com o destaque da boina azul ferrete foi ampla- mente apreciada no seio das En dades, ex-combatentes e cidadãos civis presentes. A Cerimónia foi presidida pelo Sr. Presidente da Câmara de Faro, Dr. Macário Correia que, no fim da mesma se dignou cumprimentar e agradecer àqueles seis Fuzileiros que se destacavam firmes à frente do público. Foram-nos ainda apresentados cumprimentos pelo Sr. Comandante da Zona Maríma do Sul, CMG Marques Ferreira e pelo Sr. Presidente da Liga de Combatentes de Faro, Major Henrique Oliveira, agradecendo-nos pela honra e dignidade que a nossa presença acrescentou à cerimónia. Delegação 35 DELEGAÇÃO DE ELVASͳJUROMENHA ENCONTRO EM ELVAS O evento deste dia não teve qualquer conotação polí ca, mesmo tendo acontecido no dia 28 de Maio, e em que alguém aproveitou para festejar o seu 85.º Aniversário, coincidência que ditou o curso do evento e teria sempre aniquilado quaisquer tenta vas de o poli zar. Mais uma vez Elvas foi o local escolhido por Fuzileiros para emoldurar o encontro anual do Destacamento de FZEs. Nº 5 bem incluindo uns quantos do Destacamento de FZEs. Nº 6 e da Companhia de FZs. Nº 10. Um dos seus organizadores foi o Camarada Óscar Barradas um dos principais maestros de tão afinada orquestra, tendo como auxiliares o Pintor, o Mil Homens e o Garcia, apoiados, na parte burocrá ca, pelo “doutorão” António Augusto. Mesmo sendo composta por diferentes escolas, e a ter havido alguma desafinação, ninguém terá dado por ela. Depois de uma primeira “emboscada” que levou a que todos abandonassem as viaturas, envolvendo os “emboscadores”, tudo voltou à normalidade sem que houvesse a lamentar qualquer baixa. De seguida, foi colocada uma coroa de flores no monumento aos Ex Combatentes. O “assalto” seguinte, teve como objec vo uma visita ao museu Militar, onde mais uma vez o Sr. Ten. Coronel Ribeiro nos brindou com uma excelente e sabedora explanação, faculdades já antes colocadas ao nosso dispor, aquando da visita ao forte da (des) Graça. A manhã foi finalizada com uma missa na histórica Igreja de S. Domingos. Seguidamente avançou-se para a “ração de combate” atenuando assim a fome que já se manifestava. De realçar também, a apresentação da Delegação de Juromenha/Elvas, que se fez representar por vários Camaradas, na que foi a sua primeira presentação pública. Este evento foi ainda emoldurado, com a comparência de vários convidados, nomeadamente, os Srs. Presidente da Câmara, Comt. do Corpo de Fuzileiros, Comtes. da Escola e da Base de Fuzileiros, do Sr. Coronel Varandas, responsável pelo museu e do sempre disponível Ten- Coronel Ribeiro. Presidente e, ainda, do ex Presidente da AFZ, Comt. António Mateus. Também muito visíveis foram os representantes das Delegações da Associação de Fuzileiros do Algarve e Vila Nova de Gaia, numa bonita manifestação de apoio e solidariedade dos seus Camaradas de Juromenha/Elvas. Foi uma família de várias gerações que, mais uma vez, mostrou que é possível conviver sem preconceitos mas com nível, o que lhe emprestou o brilho a que todos já nos habituámos nos encontros de Fuzileiros. O regresso a Lisboa do maior grupo fez-se em autocarro cedido pela Marinha, concessão que foi saudada por todos e que agradecemos. Os organizadores e os par cipantes, que ultrapassaram em muito a centena estão de parabéns. Mário Manso Feira de São Mateus Não foi certamente um acontecimento de arromba, mas foi bem demonstra vo da capacidade da Delegação de Jorumenha /Elvas ao apresentar-se na feira de S. Mateus com uma exposição muito bem organizada e que muito dignificou os Fuzileiros. Mas não se ficou por aqui, pois fez questão de no arranque da feira de se apresentar na procissão do “Senhor Jesus da Piedade”, onde ombreou com umas centenas de associações e representações locais. De realçar é também a presença do Presidente da Delegação de Gaia que não só quis dizer “presente” à chamada amiga, como compareceu com o seu guião para dar mais alegria à cerimónia. Mais palavras para quê se as imagens são bem demonstra vas e nos transmitem a cor impossível de passar por palavras. A representação da Associação de Fuzileiros foi muito significa va, com a presença dos seus Presidente e ViceAssociação de Fuzileiros | 2011 Delegação 36 DELEGAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA De forma serena mas par cipa va, vai dando os seus passos que se querem seguros e respeitadores da máxima que nos acompanha de Fuzileiro uma vez, Fuzileiro sempre. E porque é dever de todos os que sentem orgulho na nossa Boina, ter comportamentos que a honrem, assim vamos fazendo e pugnando que outros o façam. E como também assumimos os sen mentos porque consideramos que os Fuzos são uma família, é mais que razão para não termos faltado aos convívios ou eventos para que fomos convidados. Es vemos na Delegação do Algarve nos fados e na sua apresentação oficial, bem como em Elvas, onde os Fuzileiros Juromenha/Evas também oficializaram a sua existência. Valeu a pena, estarmos presentes em momentos, que marcaram dois novos nascimentos da ramificação da Associação Nacional de Fuzileiros. Não vamos falar do cinquentenário da nossa Escola, ou do dia da inauguração do nosso monumento, porque as palavras dizem tudo. Mas também, nestes dias memoráveis lá es vemos, no evento nacional e inauguração do monumento. A Delegação mobilizou umas largas dezenas de par cipantes no grande dia, sem que houvesse, qualquer problema que ensombrasse a nossa par cipação. Mais uma vez houve uma par cipação posi va, coisa que deve preocupar sempre, quem tem o dever de honrar a Boina Azul Ferrete, e a nossa casa mãe. Valeu a pena testemunharmos o esforço feito pela Associação Nacional, e o de ter incluído as Delegações com os respec vos Guiões, na cerimónia da inauguração do monumento ao Fuzileiro, foi honra enorme, depositada no fundo na nossa alma de Fuzileiro. Jamais esqueceremos tamanha consideração, que estamos certos não terá sido em vão. Informa-se que a sede da Delegação estará aberta nos primeiros sábados de cada mês sempre com um almoço convívio e vários eventos todos os meses diferentes e que o jantar de Natal, com a cerimónia para oficializar a Delegação terá lugar no dia 03/12/11, pelo que se espera casa cheia. A Direcção da D.V.N. Gaia ENTREGA DE GUIÕES ÀS DELEGAÇÕES O Passado dia 02 de Julho, Dia do Fuzileiro, despertou, na sede da AFZ, com o acto formal da entrega dos Guiões, pelo Presidente da Direcção Nacional, aos Presidentes das Direcções das Delegações do Algarve e de Vila Nova de Gaia. O guião da Delegação de Juromenha/Elvas já havia sido entregue ao respec vo Presidente da Direcção, em sua “casa”, no passado dia 8 de Maio. As cerimónias, singelas embora, reves ram-se de grande significado. A todos os Dirigentes das nossas delegações como também aos sócios da Associação de Fuzileiros a elas afectos, a Direcção Nacional aproveita para desejar muita sorte, pessoal e ins tucional e Paz, nesta quadra emocionalmente tão significa va que se aproxima já que, pesem embora as dificuldades que o País atravessa, cremos no empenho e na qualidade de todos para con nuarmos a trabalhar em prol de uma Associação cada vez mais forte e pres giada. As imagens que publicamos são bem a expressão da dignidade das cerimónias e do orgulho que se sen u. Associação de Fuzileiros | 2011 António Castro Ex-2TEN FZ/RC Convívios VAI ARRANCAR MOTARDS DA ASSOCIAÇÃO FUZILEIROS Mesmo sendo um objec vo já an go, não tem sido fácil a sua concre zação. Mas se os objec vos são bons, as consciências não fraquejam, para os levar por diante, e isso tem sido uma constante. Fiquei entusiasmado e mais tranquilo, quando no inicio de Setembro o Cambalhota me informou, que estava agendada uma concentração na Associação para o dia 29 de Outubro. Propósito esse, que se veio concre zar nesse mesmo dia. Agruparam-se neste arranque um bom lote de Fuzileiros e alguns acompanhantes, mais de trinta. Da conversa com os Camaradas par cipantes, - que voltaram ao ponto de par da, onde almoçaram - e muito em par cular com o Cambalhota e o Sarg. Correia, uma coisa era manifesta no espírito do dialogo: de que o arranque do grupo de motards da Associação se viesse a concre zar no cinquentenário da recriação do Fuzileiros, fazendo a justa homenagem a todos quantos, através dos Fuzileiros, quiseram, querem e quererão, honrar Portugal. O entusiasmo foi grande, e o convívio destes motards nha algo de diferente. Era notório, que uma outra família de tão variadas gerações, nunca teria 37 Mário Manso aquele brilho! Mas tratando-se de Fuzos, sempre conseguem transmi r muita camaradagem e harmonia, porque a diferença geracional, não traz divergência. Espera-se que este movimento não pare mais, e que seja um forte mo vo, para que estes ideais também contribuam e for fiquem a coesão dos Fuzos, em todas s suas la tudes. A todos quanto contribuíram para dar corpo e alma a esta ideia, e aos que por qualquer razão não puderam responder a esta primeira chamada, eu agradeço, e envio um abraço. Associação de Fuzileiros | 2011 38 Convívios CONVÍVIO DA COMPANHIA Nº 6 Esta unidade teve como mentor o Comandante Patrício, e a exemplo do que vem fazendo todos os anos, mais um vez se reuniu no dia 30 de Julho para conviver alimentando assim uma amizade de algumas décadas. A Escola de Fuzileiros foi o primeiro objec vo desse dia, onde o grupo colocou uma coroa de flores homenageando os camaradas que, em combate, deram a vida sem ques onar razões. O Com. Patrício veio com o seus homens à casa que ele ajudou a estruturar, já lá vão 50 anos. Aquele dia, teve para ele um significado muito especial, porque veio colmatar uma falha que muitos filhos daquela casa verificaram, no Cinquentenário da Escola de Vale de Zebro, pela ausência de um dos mais emblemá cos oficiais que a ela muito deram para que hoje con nue a ser uma referência para todos os Fuzileiros. Seguiu-se o almoço no “Acordeão”, onde se falou de coisas muito an gas mas muito presentes nas memórias daquela terceira idade. Não fora o falecimento, uns dias antes, do Camarada Inácio, um entusiasta dos encontros desta sua unidade, e a boa disposição teria sido exuberante como sempre aconteceu e foi por mim verificada nas vezes que com eles tenho convivido, mesmo que não tenha pertencido, quando no ac vo, a esta unidade. Desta vez, nha-me comprome do mas, Mário Manso á ul ma hora, não foi possível estar presente pelo que deleguei no Camarada Afonso Brandão que, acompanhado do António Augusto, um par cipante habitual por com eles ter par lhado o seu tempo quando em Moçambique que me fizeram o relato de mais um dia em cheio, e na descrição do qual espero ter sido o mais fiel possível. XIV ENCONTRO/CONVÍVIO DA COMPANHIA Nº 2 ͵ GUINÉ 1972/74 Manuel Pires da Silva Homem Ferro Foi num fes m, que teve como epicentro Torres Novas que, no dia 29 de Maio de 2010 no restaurante Valo Ásis, surgiram os rumores de que um grupo numeroso de combatentes fortemente “armado” rondava a zona de Vila Real com intenções declaradas de trazer “perturbações” à segurança e tranquilidade com que tem sido envolvida aquela terra trasmontana. Logo se começou a delinear a melhor forma de lhe dar “confronto”. Mas, para tanto era necessário encontrar-se o mentor que reunisse a qualidade de comando capaz de levar a bom termo uma “operação” de tão “elevado risco”. Era preciso “conquistar o objec vo e aniquilar o inimigo”, de forma a contentar todos quantos fizessem parte do grupo de assalto. Depois de uma reunião de fim de tarde onde a fome e a sede se nham sido por completo saciadas, emergiu o nome do camarada Felisberto Pina. O consenso foi total para que Associação de Fuzileiros | 2011 fosse ele a tomar conta de tão delicada tarefa, porque havia já a garan a das suas qualidades em outros “golpes de mão” levados a cabo na região. Ficou então decidido que o respec vo “assalto” seria levado a cabo no dia 07/de Maio de 2011. A concentração das forças intervenientes na refrega veio a acontecer pelas 11h00 na Av. Carvalho Araújo, junto à estátua com seu nome. O perímetro de segurança foi garan do pelas forças locais. Terminada a concentração de todos os Fuzos ajustados para a operação seguiu-se o respecvo briefing, tendo depois avançado para o objec vo, sendo Vilarinho da Samardã o local onde se ajustou contas com o inimigo, que nha como código “fome de convívio”e que em pouco tempo foi desbaratado rendendo-se à capacidade demolidora da perícia “no manejo da arma, por vezes mor fera, do copo cheio copo vazio”. A “ração de combate” esteve à al- tura daquele grupo de elite da Marinha de Guerra Portuguesa, o que determinou que, no relatório final constasse que devido à colaboração prestada pelos “prisioneiros” a sua logís ca não fosse destruída. Ficando assim disponível para futuros confrontos com a malvada. Resultou de todo o envolvimento, um louvor colec vo manifestado através de um bolo, que veio premiar todos quantos mais uma vez disseram presente quando chamados a par cipar, como outrora o fizeram também, nos rios da Guiné nos decorrentes anos de 72/73/74, agrupados na Companhia de Fuzileiros nº 2, que com sacri cios bem maiores sempre responderam à chamada. E não fora a capacidade dissuasora dos Fuzileiros e alguns não fariam jamais parte destes novos “grupos de combate”. Tendo em conta os êxitos alcançados em todos os embates anteriores, espera-se que os Camaradas Almada e Marques, que assumiram o comando para o assalto do ano de 2012, e que depois do aprontamento na Escola de Fuzileiros, façam o desembarque no Barreiro, com o êxito á altura de todos os Oficiais, Sargentos e Praças, irmanados nesta unidade de elite, sempre pronta a enfrentar todos os perigos, não poupando mesmo, as suas fardas, às medalhas do nto, ditadas pelo tremelicar da pontaria, mas que, mesmo não tendo a firmeza de outrora, con nuam Fuzileiros para sempre. Convívios UM DIA MUITO ESPECIAL Camaradas foi com extremo agrado que nos voltámos a reunir para um convívio sempre salutar entre filhos da escola, neste caso a de Fevereiro 91. No passado dia 1 de Outubro, Setúbal mais uma vez viu desembarcar os Fuzileiros, desta feita para se reunirem à mesa onde também se revive parte da nossa história a história de tempos passados mas sempre presentes. Desta feita, além da companhia das esposas e filhos, vemos dois ilustres convidados, os ex combatentes e sempre Fuzileiros Mário Manso, o Esquelas e o José Parreira ou Zé da Vinha para os amigos. A forma como se predispuseram a falar sobre algo que a nós, os mais novos, nos apraz ouvir, ou seja a curiosidade dos relatos da guerra na primeira pessoa, foi de tal forma absorvida por todos que penso não ter deixado ninguém com dúvidas sobre a dureza da mesma. O convívio foi salutar, rimo-nos brincámos, trocámos histórias an gas, recordámos algo de que por certo já não nos lembrávamos e eu falo por mim, ve o prazer de formar Fuzileiros mas acima de tudo homens que hoje são chefes de família, pais de filhos e grandes Fuzileiros, pois tentam passar aos filhos a nossa cultura. A dado momento começámos a rar fotografias e foi com agrado que, a determinada altura, disse ao meu afilhado (4 anos de idade): “Filho vai buscar a tua boina e ra uma foto com este senhor”. Mário Manso, rapidamente, como quem reage à emboscada, eis que pega no meu afilhado ao colo, põe-lhe a sua boina na cabeça e diz: “Está aqui um futuro Fuzileiro!” Bem, o puto encheu-se de orgulho ficou quieto para a foto e sorriu... Levei o livro “Fuzileiros Força de Elite” no intuito do José Parreira me dedicar algumas palavras tal como o Mário já o nha feito anteriormente. Não conhecia o Parreira em pessoa. Li com toda a atenção a parte em que o livro dele fala. Confesso que, propositadamente, me sentei a seu lado ao almoço. Estava curioso sobre algo 39 José Costa Cabo Fze que ele nha relatado no livro. A determinada altura fiz as perguntas para as quais queria respostas, ve-as com toda a franqueza de quem por muito passou. Se ja o admirava sem o conhecer, agora posso dizer que eu ganhei um amigo e ele um admirador, pois tem uma fantás ca experiência de vida. Termino dizendo e relembrando a todos os Fuzos presentes no convívio que eu sou o mesmo hoje que fui para maioria de vocês no passado, íntegro profissional mas acima de tudo justo, sem nunca minimizar ninguém e isso por certo será a vossa opinião, pois caso contrário não me convidavam para os vossos convívios. Agradeço a todos o carinho com que sempre me recebem o que me faz pensar que daqui a muitos anos serei eu a relatar tal como hoje o fazem o Manso e o Parreira histórias aos vossos filhos sobre as nossas eternas recordações militares.... Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre. Que Deus vos abençoe sempre... CONVÍVIO DO DESTACAMENTO DE FUZILEIROS ESPECIAIS N.º 13 João Mata O Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 13 (Guiné 1968 – 1970) celebrou este ano, em 30.04.2011, em Vila de Alva (Concelho de Cuba, Alentejo) mais um aniversário. Prestou-se, também, sen da homenagem ao 1º dos 4 mortos em combate, Prudencio Manuel Estevens Pacheco, ex- marinheiro FZE Nº 1503/66. Presidiu às cerimónias o Ex-Comandante do DFE 13, Ex.mo Sr. Almirante Nuno Gonçalo Vieira Ma as, estando presentes 34 elementos destacamento. O sr. Presiden- te da Junta de Freguesia, é representante dos ex-combatentes da localidade e irmão do camarada Pacheco, estando também presente bem como outros familiares do homenageado. Na referida homenagem, composta por uma equipa de três elementos clarins da fanfarra da Armada, foi descerrada uma pequena lápide em nome de todos os elementos do DFE 13 Na sua alocução, o Sr. Almirante proferiu algumas palavras com profunda emoção e nobreza de sen mentos para todos os presentes, onde passados 42 anos relembrou alguns episódios vividos naquela violenta operação no Tancroal, onde perdeu a vida o nosso Camarada Pacheco. Posteriormente à homenagem, decorreu um almoço convívio, no qual todos os elementos do DFE presentes e seus familiares confraternizaram com grande amizade relembrando alguns momentos vividos durante a comissão. Por fim, foi nomeada uma nova comissão para organizar novo evento, para o próximo ano. Associação de Fuzileiros | 2011 40 Convívios ENCONTRO CONVÍVIO DA ESCOLA DE 80 Este 30 de Julho, foi mais um dia em cheio. Durante a manhã, a viagem até Albufeira, de seguida, o encontro com os camaradas que reunidos para mais um encontro esperavam também por nós. Os Filhos da Escola Fuzileiros da Escola de 80, estão de parabéns porque conseguiram reunir, mesmo no limite do sul do Pai, um razoável grupo. Logo cedo, o inves mento começou com determinação, com as provocações das “lourinhas fresquinhas” que serviram de chamariz, para o “ ntol” que estava com ciúmes de tão par cular envolvimento. O almoço estava bem recheado, havia muita fartura de peixe e carne e sobremesas. Tudo foi grelhado à vista dos consumidores e mesmo até com a sua intervenção, dando as voltas necessárias para que a sardinha ficasse suficientemente “almariada” e que assim, mais ape tosa, melhor se deixasse comer. Foi pois, em saudável convívio que tudo decorreu, com o Camarada Palma no co- CRÓNICA DE UMA CONFRATERNIZAÇÃO Decorreu no dia 24 de Setembro, mais um convívio dos ex-Marinheiros da Armada Portuguesa, incorporados em Setembro de 1962. Com início da “Concentração” previsto para cerca das 11,00 horas, pouco passava das 09,30 horas já diversos “Filhos da Escola” se encontravam no Parque do Restaurante Flor da Mata, demonstrando um grande desejo de abraçar os an gos “Companheiros de Armas”. O tempo estava agradável, numa compe ção em que o sol pretendia mostrar os seus raios e as nuvens a quererem lembrar que o Outono já chegara. Associação de Fuzileiros | 2011 Como a temperatura não era elevada proporcionou a que todos iniciássemos o recordar de “velhos tempos” no Parque exterior do Restaurante. Cerca das 12,00 horas já se encontravam presentes todos quantos se haviam inscrito para a confraternização. Apenas faltou um, por razões que desconhecemos. Num total de 165 pessoas presentes, 81 eram “Filhos da Escola”. De salientar a presença de oito “recrutas”, assim denominados por ser a primeira vez que es veram presentes desde sempre. mando das operações em todo aquele complicado assalto, efectuado ao parque de campismo de Pêra em Albufeira. É fácil prever, que com tropa tão disciplinada, tudo teria que correr bem, caso contrário, até lá estava o Araújo, barbeiro da Escola de Fuzileiros, para a respec va carecada. Aproveito para agradecer às muitas Senhoras presentes algumas da quais se deslocaram do norte e da zona raiana de Portugal. Não sei o que seriamos, sem as nossas companheiras – e, porventura vice-versa. A sua presença é sempre muito importante. Quero também dizer que foi votada por aclamação, pelas senhoras presentes, uma proposta feita ao secretário da Associação. Que fosse embelezada uma camisola com a seguinte descrição – “MULHER DE FUZILEIRO”. Por ter achado interessante a ideia, contribuí com as palavras – “É SER DIFERENTE” ficando, então, “MULHER DE FUZILEIRO É SER DIFERENTE”. Mário Manso Arnaldo Batalha Duarte Cerca das 13,15 horas foi dada a entrada no Restaurante. Após terem sido feitas as saudações e apresentações da “Ordem”, foi guardado um minuto de silêncio em homenagem a todos os Marinheiros já falecidos. Seguiu-se o almoço, o qual estava saboroso e bem confeccionado. Assim se manifestaram os presentes. Cumprido o programa estabelecido, foi feita a apresentação dos membros que farão parte da organização das Comemorações do 50º Aniversário da Incorporação (Setembro 2012). Convívios Seguiu-se uma breve informação dos contactos já havidos com a Marinha, com vista às respec vas realizações comemora vas. Prosseguiu-se com as “praxes aos recrutas” as quais constaram de “cas gos” simulados às prá cas da instrução militar da nossa recruta. Assim, foram obrigados a ir às compras na “Can na”, todos veram que comprar 5 rifas no valor de 1,00 € cada. Depois, por sorteio, cada um cumpriu o seu “cas go”: um teve de descascar 5 batatas grandes, cortá-las em palitos e entregar ao cozinheiro; outro teve de passar a ferro uma farda completa de Marinheiro; outro teve de bradar o “Sen nela Alerta” nos quatro cantos da Sala do Restaurante; outro teve de dar duas voltas à Sala em passo largo; dois veram que vender dois sacos com rifas aos presentes; outro (lendo) teve que declarar um pedido de perdão por nunca ter comparecido e teve de beijar o “Filho da Escola” mais ango ali presente; outro teve de cantar o Hino Nacional. Por ter sido o úl mo, foi muito bem acompanhado por toda a assistência. Cerca das 18,00 horas procedeu-se ao corte do bolo comemora vo. O convívio prosseguiu. Já o sol se escondia no horizonte quando os úlmos convivas abandonaram o restaurante com um “adeus, até para o ano” já pensando – e muito – no 50º Aniversário da nossa Incorporação. 41 Registou-se também, a presença da Filha de um “Filho da Escola” que nós procurávamos e de quem ela também não nha quaisquer informação sobre seu Pai.. Foi-lhe fornecido os dados disponíveis. mas infelizmente, não foram os mais agradáveis para todos, porque o seu Pai havia já falecido em Paris no ano de 1982. Apesar destes factos, mostrou querer confraternizar connosco, acompanhada pelo marido e filhas, foi um momento de alguma nostalgia, cuja emoção se espelhava no semblante de todos. Assim decorreu esta nossa confraternização, a qual ficará na “nossa história” como mais um dia memorável. 1º ENCONTRO DO DFE2 ΈANGOLA, 1973ͳ1975Ή Foi no dia 10 de Setembro que se realizou o 1º Encontro dos Fuzileiros Especiais que fizeram parte do DFE 2 que cumpriu a sua missão em Angola, no período de 1973 a 1975, e que ficou sediado no Lunguébungo. Foram momentos de grande emoção porquanto este grupo de Homens não se reunia desde o dia em que foram desmobilizados do Destacamento de Fuzileiros onde serviram juntos durante dois anos. Como sempre estes reencontros tocam bem fundo na memória de todos. Recordam-se pequenas e grandes histórias. Falou-se das muitas missões cumpridas. Dos acontecimentos que marcaram as vidas de alguns. Das mazelas que ficaram bem marcadas no corpo. Falou-se da coragem de tantos. Do sen do de cumprimento das missões de todos. Todas as conversas confirmaram o quanto ainda se encontra bem viva, em cada um daqueles fuzileiros, a guerra que viveram. Falou-se com saudade de todos os que já par ram. E como é apanágio dos fuzileiros o encontro teve início na Escola de Fuzileiros seguindo-se um importante momento de homenagem aos camaradas falecidos, co- locando-se, uma coroa de flores, no monumento aos fuzileiros mortos. Passados tantos anos o DFE2 formou de novo para com o sen do de responsabilidade dedicar em silêncio todo o respeito àqueles que par ram mas cuja memória dos seus actos se conservam presentes em cada combatente que passou por África. O segundo momento ficou assinalado pela visita ao Museu do Fuzileiro existente na Escola e onde cada detalhe foi observado com o cuidado e a memória emocional própria de quem se sente parte do que ali é exposto e conservado de forma exemplar. De seguida seguiu-se para o restaurante onde se encontrava uma exposição fotográfica assinalando factos e feitos de muitos dos que integravam o DFE2. As fotografias serviram de inspiração para muita conversas, comentários e desencadearam em muitos a vontade de fazerem chegar as fotografias que guardam no baú de memórias para que no próximo encontro possam fazer parte de uma renovada exposição. Após o almoço o Comandante do DFE2 (C/ ALM Gonçalves Cardoso) usou a palavra saudando a inicia va e a sua importância no contexto da história do Destacamento manifestando igualmente a vontade generalizada de todos o que es veram presentes para que esta inicia va tenha con nuidade. Es veram presentes quase todos os fuzileiros do DFE2 localizados até agora e isso graças à colaboração de outros camaradas também fuzileiros. Para o próximo encontro faltam localizar 27 fuzileiros o que cons tui a tarefa mais importante dos próximos meses. A alegria e a manifestação da vontade para um segundo encontro, levou a que esse tenha lugar no final de Maio na região de Tomar. Durante a reunião foi apresentada a Associação dos Fuzileiros e distribuídas propostas de adesão o esperamos que se venham a concre zar para engrandecimento desta importante organização. Ficou ali bem provado que «uma vez fuzileiro, fuzileiro para sempre». Associação de Fuzileiros | 2011 42 Convívios O DESTACAMENTO DE FUZILEIROS ESPECIAIS ͵ ANGOLA 1965/67 COMEMOROU O SEU 46.º ANIVERSÁRIO, EM ESTREMOZ Com a inicia va e a rigorosa organização do sempre operacional Carrilho Lança - o “Sousel” - foi possível comemorar, no passado dia 19 de Junho/11, em Estremoz, o 46º aniversário do Destacamento nº 2 de Fuzileiros Especiais/ Angola 1965/1967. O evento teve a presença de várias Senhoras que deram colorido a este almoço/convívio, onde se contaram histórias com emoção, nostalgia e saudade. Para o ano esperemos que nos possamos encontrar de novo, pelo menos, com tanta força e alegria quanto este ano o pudemos fazer. No decurso do encontro, também se prestou homenagem aos que já nos deixaram e todos enviaram um abraço amigo e solidário aos que, por qualquer razão, não puderam comparecer. Porque as imagens falam melhor e mais alto do que as palavras aqui ficam algumas fotos para ver e guardar na memória. NOITE DE FADOS DA DELEGAÇÃO DE FUZILEIROS DO ALGARVE Mário Manso Neste mesmo dia 30 de Julho, estavam programados os fados na Escolamizade, sob a batuta da Delegação do Algarve. A desenvoltura do seu Presidente ficou bem patente na coordenação de uma equipa, que a exemplo das que funcionaram nas matas e rios da guerra do ultramar, foi também impecável. Lá estavam o olhar observador e a opinião abalizada do veterano Mário Mar ns mostrando que, o querer aliado ao saber podem vencer todos os obstáculos. Mereceram por Associação de Fuzileiros | 2011 tudo o que fizeram, que eu e o Egas Soares, por lá ficássemos até às tantas da manhã. O caldo verde, as bifanas e o chouriço estavam uma delícia o que me obrigou a repe r, e só por vergonha não fui mais além. Não fora o vento endiabrado que ninguém conseguiu controlar, com invesdas vindas do mar – como que a provocar o pessoal de Marinha, e o êxito teria sido ainda maior. O apresentador Zé Manuel Parreira, que pela primeira vez vi actuar naquele palco, como é hábito, não deixou por mãos alheias os seus créditos e, como sempre cantou, e contou as suas anedotas. A mais-valia que sempre acrescenta aos espectáculos onde par cipa mais uma vez teve aplausos. Lá es veram também a guitarra, a viola, e os fadistas que lhe deram à festa uma par cular qualidade que toda assistência muito aplaudiu. Es veram presentes, também, o Vereador/Vice-presidente, José Lopes Rolo em representação da Câmara Municipal de Albufeira, o Secretário-Geral da Associação de Fuzileiros Lopes Leal, o Jaime Ferro, e o Licínio Morgado e o Mendes, estes, representando as Delegações da Associação de Fuzileiros de Gaia e de Juromenha/Elvas, respec vamente, acompanhados das Esposas. Deixo por úl mo, um agradecimento muito especial ao camarada Fuzileiro José Lopes que gen lmente me levou ao serviço de saúde, para que me fosse re rado, uma camioneta de areia que abusivamente me entrou na vista, e que teimosamente me queria acompanhar para Lisboa, desfalcando as maravilhosas praias do nosso Algarve. E como um Fuzileiro nunca abandona um camarada, o solidário Filho da Escola sempre me acompanhou e, de novo, me transportou ao “local do crime”. Convívios 43 UMA VISITA GUIADA À ESCOLA DE FUZILEIROS Á Hora marcada (10.30 H), sob o esplendor do Sol radiante, deu entrada na Escola de Fuzileiros, um Grupo de Escolas da Marinha acompanhados de seus familiares e amigos, vindo do Litoral Alentejano. Á entrada, foram recebidos pelo CFR. José Lopes Henriques e pelo Oficial dia, á Escola de Fuzileiros, TEN. Tasanis, que conduziu/ guiou toda a cerimónia e visita. Reunidos os visitantes, junto ao Monumento do Fuzileiro, o anfitrião, apresentou as Boas Vindas, e fez um breve resumo histórico da Escola de Fuzileiros. A Escola de Fuzileiros foi criada em 1961. Entre 1962-1974, período que corresponde ás guerras d´África, formou cerca de 4.200 Fuzileiros Especiais (Oficiais, sargentos e praças) e passaram pelos três teatros de Guerra, (Angola, Guiné e Moçambique) cerca de 12.500 Homens, integrados em destacamentos de fuzileiros Especiais e companhias de Fuzileiros Navais. Desta formação destaca-se o Primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais que recebeu instrução no an go Corpo de Marinheiros (Alfeite), do qual fez parte, e que muito par cularmente o honra. Este Destacamento, sob o comando do 1º. TEN. Metzner, par u para Angola, no dia 9 de Novembro de 1961 e regressou a Portugal a 14 de Julho de 1963 sem baixas, o que é de realçar. Entre 1962-1975, morreram em campanha, nas an gas colónias 154 Fuzileiros Especiais (Um oficial e os restantes Sargentos e Praças). Por isso, nós hoje ao visitarmos A Escola de Fuzileiros, é justo e merecido prestar esta singela homenagem, depor esta coroa de flores, que simboliza o nosso pesar por todos aqueles que tombaram nas guerras d´ África, em defesa da Pátria, e por isso mesmo, nunca e em tempo algum a Pátria os deveria esquecer, o que, infelizmente não é o caso. Prestada a Homenagem, o Grupo pousou para uma Fotografia, junto ao Edi cio do Comando, que irá perpetuar a sua visita á EF. Seguidamente, visitaram o canil onde assis ram a uma demonstração de uma equipa cinotécnica, na busca de estupefacientes e explosivos, terminando a visita no Museu do Fuzileiro. Daí, seguiram para a Associação de Fuzileiros, onde foi servido um almoço. Escola de Fuzileiros, 11 de Junho de 2011-10-11 Associação de Fuzileiros | 2011 44 SPM SPM 0468 Nº 6 Operação “Mezena”, 9 de Junho de 1966, pelas 1330h, embarcámos em Bolama na LFG Hidra sob comando do 1º Ten. Gomes Teixeira, e rumámos para o rio Cacine, Ponta Canabem. Tratava-se de uma bacia hidrográfica onde sempre encontrávamos o IN muito forte e aguerrido, e todos sabíamos que os combates eram inevitáveis e di ceis. Estávamos a meio da comissão, transbordávamos segurança, e a confiança que nhamos uns nos outros era muito grande, pois sabíamos bem o que devíamos fazer em todas as situações operacionais. Já nhamos sido testados em situações bem complicadas e sempre nos saímos a contento sob condições bem adversas. Isto, traduzido em linguagem de hoje, fazia-nos crescer o senmento de sermos “os maiores”, pois podíamos em certos momentos ser acome dos de receios mas os “turras” seriam de certeza mais que nós. Voltando à operação em questão, cerca das 2330h, desembarcámos sem problemas, e logo iniciámos a progressão em direcção ao ponto previsto para montarmos uma emboscada ao inimigo. Eu ia à frente com a secção D, chefiada pelo Sarg. Galego. A noite estava muito húmida e a mata encontrava-se cheia de um nevoeiro que tornava difusas todas as imagens que já nos eram familiares. Assim, com a transpiração do corpo e da alma a misturar-se com o “fog”, lá íamos avançando directos ao objec vo na fila indiana do costume, num silêncio que nos permi a manter no nosso espírito os pensamentos da nossa vida pessoal e a tremenda atenção ao mundo hos l que nos rodeava. Cerca das 0200h, o Sarg. Galego chamou-me a atenção para o que parecia ser o perfil de palhotas à nossa esquerda. Mandei parar o DFE, e saí da coluna com ele para ver o que se passava com aquelas silhuetas avistadas. Nesta situação, o procedimento treinado no Destacamento era passar a voz por toda a coluna informando que dois elementos nham saído da coluna para a sua esquerda. E assim lá fomos eu e o Galego tranquilamente (?) inves gar o que se passava. Após alguns minutos voltámos à coluna, por acaso não ao mesmo local de onde nhamos saído, mas uns metros mais para trás e direito à 2ª secção do DFE. Estávamos a cerca de 40 meAssociação de Fuzileiros | 2011 tros da coluna quando o silêncio da mata foi violentamente sacudido por 2 rajadas de G3 dirigidas a nós. Eu, no primeiro instante, fiquei paralisado e lembro-me do Galego me dar um grande empurrão que quase me fez cair no chão. Ao mesmo tempo gritámos que éramos nós e não os “turras”. De facto o fogo parou e nós completamente arrasados lá entrámos novamente na coluna. Obviamente que nosso equilíbrio emocional e também de todo o DFE ficou muito abalado, pois teoricamente nós deveríamos estar simplesmente mortos. Claro que a emboscada ficou estragada, pois a par r desse momento ficámos detectados na zona, e cerca das 0300h o IN tentou localizar-nos, disparando com ML MP e LGF, sobre as nossas cabeças e por cima da LFP que nos nha desembarcado. O que se passou então naqueles minutos de elevada ansiedade para todos nós? Como podia suceder uma coisa destas com pessoal tão bem treinado? Pois bem, mais uma lição recolhida e bem aprendida para o futuro. Na verdade falhou simplesmente a comunicação da nossa saída, que não chegou à 2ª secção da coluna, e portanto o homem que fez o disparo agiu bem, pois não sabia da nossa saída da coluna. Para já diga-se que quem fez os disparos foi o meu amigo Mário Mar ns, que, para além de grande experiência em combate, era um chefe de esquadra de muita serenidade debaixo de fogo. Quer se queira quer não, um episódio destes marcou-nos a todos, pois poderia ter sucedido com qualquer de nós, tanto ser a ngido como ter disparado, e acontecimentos como este podem arruinar a vida de várias pessoas e destruir o ânimo da unidade. Agora, e a par r deste fórum, presto homenagem à força anímica do meu amigo Mário, pois viveu de certeza momentos muito di ceis ao recordar o que poderia ter sido uma grave tragédia por ele protagonizada. A operação terminou sem grandes problemas e voltámos para a Base em Bissau, onde aconteceu o epílogo caricato desta história de final feliz. Sempre que sucedia uma operação de alguma envergadura, havia um “debriefing” no CDMG (Comando da Defesa Marí ma), onde eram analisados todos os pormenores operacionais, e esta operação não fugiu à regra. As- sim o Comodoro Ferrer Caeiro deu a palavra ao Cmte. do DFE4, para ele descrever a operação. O então o 1º Ten. Santos Paiva, ainda muito emocionado pelos acontecimentos começou por dizer: “Sr. Comodoro ontem aconteceu um milagre”, o Imediato e o Sarg. Galegos podiam estar mortos…. (e descreveu o episódio acontecido). O Comodoro Ferrer ouviu atentamente a exposição e depois disse ao Cmte. do DFE4: “ Milagre o ...., o que acontece é que esse homem não tem pontaria, pois se a vesse o Imediato e o Sarg. deveriam estar mortos. Portanto a par r de amanhã esse homem vai para a carreira de ro para aprender a disparar como deve ser”. Claro que a história correu pela Marinha Guineense, e os risos que provocou ajudaram a levantar o moral das tropas, nesse momento di cil da nossa comissão. Assim era o nosso saudoso Comodoro Ferrer Caeiro, marinheiro de barba rija que nunca se deixava envolver ou ultrapassar pelos acontecimentos, fossem eles quais fossem. A Marinha estava sempre à frente. Desporto 45 CAMPEONATO REGIONAL SUL DE TIRO PRÁTICO ͳ IPSC Espada Pereira No passado dia 22 e 23 de Maio, realizou-se na Unidade Especial de Policia em Belas/Lisboa o Camp. Regional Sul de Tiro Prá co - IPSC. Esta prova com uma par cipação de cerca de duzentos atletas na várias Divisões e de vários clubes e pontos do país, contou com a organização a cargo da Sociedade de Tiro de Tavira, tendo decorrido num bom ambiente despor vo tendo a ajuda de um bom dia de sol! A prova cons tuída por oito pistas bem organizadas, contou com uma boa coordenação das Esquadras por parte do STAFF, que assim conseguiu cumprir com os horários estabelecidos! Nesta compe ção a Associação de Fuzileiros, contou com a par cipação dos atletas João Pereira, Bryan Ferreira, Vasco Leitão ,Luís Araújo e Fernando Lopes! Apesar de a nossa equipa ter sofrido duas desclassificações, chegou ao fim com quatro atletas que obterão o 2º lugar da classificação por equipas na Divisão de Modified e a seguinte classificação em individual; - João Pereira ....... 5º Lugar - Bryan Ferreira ..... 19º Lugar - Francisco Marques .. 20º Lugar - Vasco Leitão ........21º Lugar OPEN Nacional de IPSC 2011 Realizou-se no passado dia 11 de Setembro em Lisboa / Belas a prova de ro prá co OPEN Nacional de 2011. A prova com a organização a cargo da Federação Portuguesa de Tiro e com o apoio do Clube de A radores do Pessoal da PSP contou com a par cipação de cerca de 200 atletas vindos de toda a parte do país, contando com um tempo bastante favorável para a modalidade e para os atletas! A Secção de Tiro da AFz, fez-se representar por dois dos seus atletas tendo sido eles Luís Araujo com a classificação geral de 15º lugar e Fernando Lopes que não concluiu a compe ção por quebra de um ângulo de segurança. Dia importante para a secção de Ɵro A Secção de Tiro Despor vo da AFz., a ngiu a 20ª representação em provas de ro oficiais no passado dia 08 de Outubro! Compe ndo nas diferentes modalidades, os nossos atletas tem vindo a marcar cada vez mais presença no ro despor vo e a fomentar a adesão de novos sócios para a prá ca da modalidade! O nosso obrigado ao empenho de todos os Atletas que orgulhosamente são a imagem despor va da Nossa Associação! Saudações despor vas para todos os Atletas! Campeonato Regional Sul de Pistola Sport 9mm Realizou-se no passado dia 03 de Agosto nas instalações da Carreira de Tiro do Centro de Educação Tísica da Armada ( CEFA) no Laranjeiro , o Campeonato Regional Sul de Tiro com PSport 9mm, tendo a Secção de Tiro Despor vo da AFz sido representada pelo Atleta Cmdt. Semedo de Matos que obteve o 4º lugar da geral! A organização a cargo da Federação Portuguesa de Tiro, contou com a pacipação de 17 par cipantes de vários clubes a nível nacional! Associação de Fuzileiros | 2011 In Perpetuam Memoriam 46 Cada vez mais somos menos, porque mais oito camaradas fuzileiros nos deixaram. Cinco dos quais, eram sócios da Associação de Fuzileiros que aqui se rememora com as suas fotos. Também esta grande Família, fica mais pobre, mas a lei da vida não perdoa, e cedo de mais nos privou do seu convívio. Resta-nos honrar a sua memória, lembrando-os enquanto a vida nos der alento para os recordar com saudade. Que tenham por caridade, a paz que a vida lhes negou. Às suas famílias, esta outra, apresenta sen das condolências. António Cartaxo Arnaldo Fernandes Álvaro Pereira Sardinha Faleceram ainda os camaradas: Inácio Serafim Teles Teixeira, José Ricardo Dionísio França, António SebasƟão Olipio Rin e Cmte. Ferreira Junior COMANDANTE CÔRTEͳREAL NEGRÃO MAIS UM PRESTIGIADO SÓCIO E OFICIAL SUPERIOR FUZILEIRO QUE NOS DEIXA No passado dia 16 de Julho faleceu, no Hospital Militar de Lisboa, o Capitão de Mar-e-Guerra Rui Francisco Côrte-Real Negrão. O Comandante Negrão frequentou a Escola Naval entre 1953/56 sendo posteriormente promovido a GuardaMarinha, tendo prestado serviço na Marinha durante 34 anos. Em 1986 passou, a seu pedido, à situação de Reserva da Armada. Além do Curso da Escola Naval possuía ao Cursos Geral e Superior Naval de Guerra, o de especialização em Fuzileiro Especial e o dos Serviços Monográficos e de Operações e Informações Militares. No Mar esteve embarcado em várias unidades navais onde desempenhou as funções de Comandante dos NRP “ S. Vicente”, “Santa Luzia” e “Almirante Magalhães Corrêa”, e o de Oficial Imediato dos NRP “Pico”, “San ago” e “ Alm. Schultz” tendo desempenhado também as funções de Chefe dos Serviços de Navegação, Ar lharia, Comunicações e Abastecimento em vários navios da nossa Marinha. Em terra exerceu funções no Corpo de Marinheiros da Armada, Gabinete de Estudos e Director de Instrução da Escola de Fuzileiros, Subchefe dos Serviços da Marinha, na Guiné, Oficial Imediato do GIEA, Chefe Interino da 2.ª Associação de Fuzileiros | 2011 Divisão do Estado Maior da Armada e Oficial Imediato e Director de Instrução da Escola Naval, Comandante da Defesa Marí ma dos Portos de Pormão e Lagos e Capitão dos mesmos Portos e de Adido da Defesa e Naval em Londres. Nos Fuzileiros, comandou o Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 6 (Angola 1963/65) tendo exercido cumula vamente o comando do Agrupamento dos Destacamentos de Fuzileiros Especiais - Angola e a Companhia de Fuzileiros N.º 10 (Angola 1966/68). Em todas as unidades em que prestou serviços e, designadamente, nas de Fuzileiros, granjeou grande amizade e consideração entre todos os seus Ca- maradas, superiores e subordinados, sendo do como Oficial de profunda competência e com excepcionais qualidades de comando. Da sua folha de serviços constam vários louvores e condecorações de que se destacam: duas Medalhas Militares dos Serviços Dis ntos sendo uma com Palma; Medalha de Mérito Militar de 2.ª Classe; Medalha Naval de Vasco da Gama; três Medalhas Comemora vas das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas e a Medalha de Prata do Ins tuto de Socorros a Náufragos. A Associação de Fuzileiros, de que o Comandante Negrão era Sócio n.º 1149, ainda teve o gosto de O ter presente, como convidado especial, com lugar na tribuna, na cerimónia de inauguração do Monumento ao Fuzileiro (que Ele, também, patrocinou) no passado dia 2 de Julho. É com profunda emoção e pesar que – após termo-nos feito representar nas cerimónias fúnebres, nas quais o Corpo de Fuzileiros Lhe prestou, também, honras militares – apresentamos publicamente à Sua Esposa, Sr.ª D. Ana Maria, aos seus filhos Maria Teresa, Maria da Conceição, Rui Miguel e Francisco Luís e a toda a restante Família, os protestos do nosso par cular e profundo sen r.Até um dia Comandante Côrte-Real Negrão Diversos ASSINATURAS ANUAIS DA REVISTA 47 NOVOS SÓCIOS A Associação de Fuzileiros saúda todos quantos aderiram à nobre causa da Familia Fuzileiro agora nesta vertente mais civilizada. Bem-Vindos Camaradas e Amigos! DONATIVOS DONATIVOS MONUMENTO ADM A Associação de Fuzileiros passou a receber as compar cipações do A.D.M. Todos os sócios que pretendam entregar o seu recibo podem fazê-lo através da associação. Associação de Fuzileiros | 2011 48 Associação de Fuzileiros | 2011
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