revista - Associação de Fuzileiros

Transcrição

revista - Associação de Fuzileiros
R E V I S TA
MONUMENTO AO
FUZILEIRO
nº 12
Outubro 2011
2 Boinas
ALMOÇO DE NATAL
10 DEZEMBRO
Sumário
2
ÍNDICE
Editorial
Título ........................................................................................3
Cartas ao Director .................................................................4
Noơcias
Comandante Anaia e Eng.º Lema Santos Visitam a
Associação de Fuzileiros...........................................................5
Marques Pinto
Noơcias
50.º Aniversário da Escola de Fuzileiros ..................................6
Serafim Lobato com Marques Pinto
Comunicados
A Vossa Associação de Fuzileiros vive das vossas Quotas ........7
Monumento ao Fuzileiro Contributos ......................................7
Opinião
Va cínios ou Desejos - Tanto Faz .............................................8
Mário Manso
O Direito de Dizer .....................................................................9
Carla Marques Pinto
Uma Década Depois! .............................................................11
Fernando Figueiredo
A Minha Outra Casa Mãe .......................................................12
Associados
O Início da Despedida ............................................................13
Saj. Fz Silva
O Corpo de Cadetes do Mar de Portugal ...............................14
António Ribeiro Ramos
Fuzo-poesia
“Véspera de Combate” ..........................................................15
Alpoim Calvão
Crónicas
Delegações
Delegação do Algarve.............................................................34
Comemorações da Batalha de LA LYS no Algarve...................34
Delegação de Elvas-Juromenha..............................................35
Delegação de Vila Nova de Gaia.............................................36
António Castro
Entrega de Guiões às Delegações ................................ 36
Convívios
Vai Arrancar Motards da Associação Fuzileiross ......... 37
Convívio da Companhia N.º 6 ...................................... 38
Mário Manso
XIV Encontro / Convívio da Companhia N.º 2
Guiné 1972/74 ............................................................ 38
Manuel Pires da Silva
Um dia muito especial ................................................. 39
José Costa
Convívio do Destacamento de Fuzileiros
Especiais N.º 13 ........................................................... 39
João Mota
Encontro Convívio da Escola de 80 .............................. 40
Crónica de Uma Confraternização ............................... 40
Arnaldo Batalha Duarte
1.º Encontro do DFE2 (Angola, 1973-1975)................. 41
O Destacamento de Fuzileiros Especiais - Angola
1965/67 ....................................................................... 42
Noite de fados da Delegação de Fuzileiros do Algarve 42
Mário Manso
Uma visita guiada à Escola de Fuzileiros ..................... 43
SPM
SPM 0468 N.º 6 ........................................................... 44
Crónica de Outros Tempos
Aérea Nova Lisboa (Humbambo) - Lisboa ..............................16
Marques Pinto
Episódios de Uma Ponte Aérea ..............................................17
Desporto
Piloto Elisabete Jacinto Colabora com
Escola de Fuzileiros ................................................................21
Sala de Estar de Praças QP daBase de Fuzileiros....................22
Marinheiro FZE Manuel José Franco Belo ..............................22
Diversos
Corpo de Fuzileiros
Eventos
Presidente da República Inaugura
Monumento ao Fuzileiro........................................................23
Discurso do Presidente da Associação
de Fuzileiros ...........................................................................24
Discurso do Presidente da Câmara Municipal
do Barreiro .............................................................................26
Discurso do Presidente da República .....................................27
Coral “Alma de Coimbra” na Casa de Cultura do Barreiro......28
Discurso do Presidente do Coral “Alma de Coimbra”.............29
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
e do Combate.........................................................................30
Mais uma Igreja Nova ............................................................31
Associação na Comemoração da Batalha de LA LYS ...............31
Estórias
O Domingos ...........................................................................32
O 2.º Tenente que ninguém conseguia calar .........................33
Manuel Pires da Silva
Associação de Fuzileiros | 2011
Campeonato Regional Sul de Tiro Prá co - IPSC ......... 45
Espada Pereira
In Perpetuam Memoriam
Homenagem ao Comandante Côrte-Real Negrão ..................46
Assinaturas anuais da Revista
Novos Sócios
Dona vos .................................................................... 47
Ficha Técnica
Director e Responsável Editorial: Cmte. Lhano Preto.
Director-Adjunto: Marques Pinto. Redacção: Editor, Serafim
Lobato.
Colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos;
Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro.
Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó;
Telf. 21 255 98 90; E-mail: geral@ pografialobao.pt
www. pografialobao.pt
Propriedade e Edição: Associação de Fuzileiros,
Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro;
Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156;
E-mail: [email protected];
Site: www.associacaofuzileiros.pt
Editorial
3
DOIS TEMAS PARA BREVE REFLEXÃO
Lhano Preto
Presidente da Associação de Fuzileiros
Para o director de qualquer revista
lançar, em primeira página, o “Editorial” nem sempre é tarefa fácil exigindo certamente alguma imaginação.
Porque neste caso acumulo o encargo com o de Presidente da Direcção,
a tarefa aparece-me rela vamente facilitada uma vez que assuntos
não me faltam mesmo que faltasse
imaginação.
Com os normais condicionamentos de
espaço há que optar e, por isso, desta
vez, gostaria de abordar dois temas
que me parecem importan ssimos.
O primeiro - o Cinquentenário da Recriação dos Fuzileiros – sendo embora do conhecimento alguns parece-me
importante que todos fiquem a par do
que já se realizou e do que estamos
aptos para concre zar.
Como foi divulgado, iniciámos as comemorações na nossa “Casa Mãe”, no
dia 3 de Junho, onde houve “ronco”.
Alterámos o Dia do Fuzileiro para 2 de
Julho, por razões ponderosas já que
era nossa ambição ter a presença de
Sua Ex.ª o Presidente da República
(o Comandante-Chefe das Forças Armadas e o mais alto Magistrado da
Nação) na inauguração do “Monumento ao Fuzileiro”, o que se veio a
verificar, dignificando a cerimónia.
As palavras que nos foram dirigidas
encheram-nos de alegria e orgulho,
só podendo lamentar-se as ausências
que certamente ocorreram por várias
e válidas razões. O acto não teve só
grande solenidade, como teve uma
carga muito emocionante para os milhares que disseram “presente”. Tudo
correu tão bem que me pareceu estar
num outro país, onde tudo se planeia
com vontade de fazer sempre melhor. Pensando um pouco mais, gostaria de fazer “jus” aos fuzileiros do
passado e do presente, pois sempre
que organizamos qualquer cerimónia
ou nos envolvemos numa ou noutra
missão, por norma, nada é esquecido:
o planeamento e o treino. Tudo isto
teve o apoio da Marinha e como é
óbvio, a total entrega do nosso Corpo
de Fuzileiros, aliviando-nos algumas
dificuldades.
Não queria deixar de fora, nestas palavras, que são de agradecimento, alguns elementos da Câmara Municipal
do Barreiro que foram inexcedíveis e,
designadamente, o seu Presidente.
O monumento não está completo
como era nosso desejo, mas penso
que irá ser concluído a breve trecho.
Falta, apenas, a colocação de cinco
pedras que representarão os cinco
con nentes, onde os Fuzileiros es veram ao serviço da Pátria, ligadas por
uma amarra que fará eco do mar que
os liga.
Outro evento a emoldurar o Cinquentenário, ocorreu no dia 5 de Outubro,
com um concerto do Coral “Alma de
Coimbra” (um grupo de extraordinária qualidade) na casa da Cultura do
Barreiro, que não só nos emocionou
como levou ao rubro toda a plateia, de
cerca de trezentas e cinquenta pessoas, quanto entoou o Hino da Associação de Fuzileiros, cantado de pé por
toda a gente. Valeu a pena o trabalho
e a dedicação de muitos e o patrocínio do Com. Moniz, só se cuidando lamentar não poderem estar presentes
os milhares de fuzileiros espalhados
pelo Mundo já que se viveram momentos únicos e inesquecíveis.
Mas, as comemorações do nosso Cinquentenário não se ficaram por aqui.
No dia 15 de Outubro foi inaugurado
na Escola de Fuzileiros, o “Monumento ao Instrutor”, figura de profissional
do melhor que houve neste País e que
ao longo de tantos anos deram o melhor de si próprios na moldagem dos
fuzileiros que somos. Quem não assisu à homenagem ao Instrutor, deve
deslocar-se logo que possa à nossa Escola, já que a estátua, parecendo ter
movimento, tem enorme dignidade.
Homenagearemos ainda este ano, o
“Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 1”, no dia 9 de Novembro, data
da sua par da para Angola. Assim se
concluirão as nossas comemorações e
do nosso Corpo de Fuzileiros.
Discorramos e reflictamos sobre este
primeiro tema e perguntemo-nos se
poderíamos ter feito melhor.
E vamos ao segundo tema, não menos
importante.
Nos termos da Lei, e dos Estatuto e
Regulamentos da Associação de Fuzileiros deve realizar-se e assim se fará,
uma Assembleia-Geral para análise e
aprovação do Relatório e Contas/2011
e para eleger os Corpos Sociais para
novo mandato, até 31 de Março de
2012 - Mesa da Assembleia-Geral, Direcção, Conselho Fiscal e Conselho de
Veteranos (na parte não nata) – já que
os actuais Órgãos cessarão mandato.
Havendo muito trabalho realizado
mas outro tanto para realizar desejo
(desejamos todos) que se apresentem
voluntários, homens de boa vontade,
com a estatura necessária, repito,
com a estatura necessária, mas também com a carolice suficiente, para
fazerem o que sempre faltará realizar.
Para tanto e até lá solicitar-se-á a
reunião do Conselho de Veteranos,
Órgão que desejo ac vo e não nobiliárquico para que “os mais velhos”,
os “cocoanas” se pronunciem e sugiram, sem prejuízo das determinações
estatutárias.
Termino, desejando que as par cipações sejam muito ac vas mas sempre
leais e frontais.
É nesta ausência de preditos e de
preconceitos que a Associação de Fuzileiros se revê e se tornará cada vez
maior.
Pela colaboração que me deram
(que nos deram) OBRIGADO.
Associação de Fuzileiros | 2011
Cartas ao Director
4
Meu Caro Comandante Francisco Lhano Preto
Venho-lhe agradecer e em si , agradecer a todos os meus amigos da ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS , a minha elevação a Sócio de Mérito.
Com uma ressalva
– Pretendo con nuar a pagar a minha
quota!
Foi um percurso longo desde o dia em
que o nosso comum amigo Alberto Rebordão de Brito nos desafiou, a mim
e ao Diogo, para cantarmos a Saga
dos Fuzileiros. Passando pela nossa
primeira ida à Escola então sob o Comando do António Mateus. Até aos
dias de hoje.
Campos e Sousa e Pacheco do
Amorim, autores da música e
letra do Hino da Associação
Sinto muito orgulho e muita Honra em
estar, por mérito, rodeado de tão bons
Portugueses.
Tentarei ir à inauguração do Monumento aos Fuzileiros no Barreiro no
próximo dia 2 de Julho
Um grande abraço a si e a todos os
meus novos camaradas
José Campos e Sousa
Sócio de Mérito nº 1421
Lau na cavaqueira com o Salvador
mildade à parte, mas foi o costume...
na muche!... em breve terei fotos desse evento também. Mas o mais importante do que estas aventuras foi que
conheci uma dezena de pessoas com
deficiência (como eu... alguns muito
piores, o caso do Salvador) e o meu
rol de amigos melhorou e muito com
estas novas amizades.
Já fui convidado pelo Salvador para
outra aventura radical no rio Douro e
lá estarei dia 25 de Junho... por isso
eu digo
Abraço a todos...e vivam
LAU
DESEMBARQUE EM FRANÇA
Associação de Fuzileiros | 2011
Hoje, aproveitando este mesmo
espaço da nossa Revista, quero
manifestar toda a minha gra dão
aos que, revelando notórias qualidades profissionais, intervieram na
Guiné-Bissau, em 1998, aquando
do levantamento militar naquele
país; aos que cumprem e aos que
cumpriram honrosas missões de
pacificação, integrados em Forças
de Manutenção da Paz, nos mais
diversos países; àqueles que lutaram contra a pirataria marí ma ao
largo da Somália e aos que, na cooperação militar, muito têm contribuido para a formação de Unidades de Fuzileiros nos novos países
de Língua Oficial Portuguesa.
Sen mos natural orgulho dos seus
feitos, da sua bravura, da sua
abnegação.
Guilhermino Ângelo
Sócio 1527
ADORO VIVER
Sábado dia 28 sen as mesmas sensações e emoções do que quando andava nos Fuzileiros... foram únicas.
Aceitei um desafio do Salvador (Associação Salvador)... ele desafiou-me a
fazer o Slide e ro ao alvo... nem hesitei um segundo sequer e foi espectacular... acho que fui dos primeiros paraplégicos a fazer o Slide, ao ir, consegui
mo var mais uns quatro que estavam
com muito receio e negaram-se sempre a ir... dei-lhes a volta...mas o que
mais gozo me deu foi dar a volta ao
Salvador... malhei-lhe tanto na cabeça
que o convenci a ir.
No fim todos estavam agradados com
esta experiência. No ro ao arco? Hu-
durante catorze anos, empunhou a
G3 nos rios e matas de África contra um adversário mo vado, bem
preparado e bem armado. Mas,
Senhor Diretor, passado este ciclo,
o Fuzileiro não ficou moribundo
abraçado à história. Bem instruído, ele tem demonstrado grande
capacidade para enfrentar todo o
po de ac vidade onde a sua presença seja solicitada, caminhando
num clarão de glória sem precisar
de retroceder décadas.
CONVÍVIO
Eu aqui em França já tenho cá essa
magnífica revista “O Desembarque”.
Obrigado.
Silvestre Oliveira
GRATIDÃO E ORGULHO
Fiz questão que as minhas primeiras palavras nesta secção da Revista O Desembarque fossem um
cân co em honra do Fuzileiro que,
Venho por este meio expressar o meu
agradecimento pelo convívio que me
foi proporcionado nessa Ilustre Associação por ocasião da minha breve
visita, envolvido por tão camarada
como fraterno ambiente. Não podendo individualizar o envio desta mensagem a cada elemento da Direcção
ou Convidado, presente ou não, aqui
deixo o meu reforçado testemunho.
Foi uma honra e, plagiando os Fuzileiros, “Reserva Naval uma vez... Reserva Naval para sempre”.
Forte abraço para todos,
Manuel Lema Santos
Notícias
5
Marques Pinto
COMANDANTE ANAIA E ENG.º LEMA SANTOS VISITAM
A ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS
Porque vale a pena informar os nossos
sócios do que se vai passando na Sede
da nossa Associação, sobretudo quando o que acontece tem algum valor
senƟmental ou mesmo histórico, aqui
ficam as noơcias.
Na passada Quinta-Feira, dia 18 de
Julho/11 almoçaram na sede da AFZ, a
convite da Direcção, o Sr. Comandante
Amadeu Cardoso Anaia, Comandante
do Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 22 – Guiné – 1972/73, acompanhado do filho do ex-2.º Tenente
Costa Corvo e o ex-1.º Tenente RN (8.º
CEORN) Eng.º Manuel Lema Santos,
autor do “Anuário da Reserva Naval
1976/1979”.
O Comt. Cardoso Anaia ofereceu à
AFZ um volume inédito que relata de
forma esquemá ca e cronológica a
“Historia da Unidade” (1972/73) descrevendo, com precisão: os locais de
estacionamento do Destacamento; as
operações efectuadas (21, num total
de 577 horas); os feridos e os mortos
em combate (5 feridos ligeiros, 12 feridos ligeiros e 3 mortos); as baixas
provocadas ao inimigo (50 mortos, 4
feridos e 2 capturados) o número de
populares recuperados (65); o número
de “moranças” e de acampamentos IN
destruídos (394); o material de guerra
e de guerrilha capturado (165, entre
armas, minas, granadas e outro material); enfim, os prémios, os louvores e
os cas gos (poucos) e a lista do pessoal
do Destacamento, Oficiais, Sargentos e
Praças.
Tudo isto é tanto mais inédito quanto
é certo ter sido este um dos Destacamentos cons tuídos na sua grande
maioria por pessoal natural da Guiné e
que aí rou o respec vo curso de fuzileiro especial.
Na Obra que ofereceu à Associação de
Fuzileiros e que ficará a fazer parte do
seu arquivo de inéditos lavrou o Comt.
Anaia a seguinte dedicatória:
“À Associação de Fuzileiros
Digna defensora do espírito de ‘Fuzileiros uma vez Fuzileiros sempre’, que
tem sabido aglu nar em seu redor
todos os que, nos mais variados teatros de operações souberam dignificar a Marinha de Guerra Portuguesa,
através dos seus ‘Homens’ de boina
azul ferrete, bem como elevar bem
alto o nome de Portugal”.
As fotos, da autoria do nosso Camarada
Afonso Brandão, registam para a posteridade os momentos que se viveram.
Por sua vez, o Sr. Eng.º Lema Santos
obsequiou a Associação de Fuzileiros
com o seu Anuário da Reserva Naval
1976/1992 que irá fazer parte do respec vo arquivo. E, para marcar e personalizar a sua oferta exarou, na primeira página do “Anuário”:
“Para a Associação de Fuzileiros, digníssima representante daquela classe de marinha, incluídos os Oficiais
da Reserva Naval.
Pretende-se que esta edição se assuma como uma modesta ajuda na redescoberta da sua história.
Com amizade do
Manuel Lema Santos
1.º Ten. RN (8.º CEORN)”.
Associação de Fuzileiros | 2011
6
Notícias
50º ANIVERSÁRIO DA ESCOLA DE FUZILEIROS
Sob a presidência do então Ministro
da Defesa Nacional, dr. Augusto Santos Silva teve lugar, no passado dia 3
de Junho, na Escola de Fuzileiros, em
Vale do Zebro a comemoração do 50º
aniversário da criação daquele estabelecimento de formação da Armada
Portuguesa.
O acto, que teve todo o garbo e dignidade, apanágio dos Fuzileiros portugueses contou com a presença do Chefe e do Vice-Chefe do Estado-Maior da
Armada, respec vamente, Almirante
Saldanha Lopes e Vice-Almirante Carvalho Abreu (que anteriormente foi
comandante do Corpo de Fuzileiros,
com o posto de contra-almirante),
entre outros oficiais-generais da Marinha de Guerra portuguesa.
Entre os convidados especiais, três
são de destacar, a propósito dos quais
importa fazer algumas referencias
históricas:
O Comandante-Geral dos Fuzileiros
Navais Brasileiros, Almirante-de-Esquadra (FN) Marco António Corrêa
Guimarães.
(A Brigada Real da Marinha Portuguesa foi a origem do Corpo de Fuzileiros
Navais do Brasil. Criada em Portugal
em 28 de Agosto de 1797, por Alvará da rainha D. Maria I, seguiu para
o Rio de Janeiro, em 7 de Março de
1808, acompanhando, como corpo de
guarda pessoal, a família real portuguesa que se transferiu para o Brasil,
salvaguardando-se da ameaça de ficar
prisioneira dos exércitos invasores de
Napoleão I.
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais brasileiros está localizado na histórica Fortaleza de São José,
Ilha das Cobras, na cidade do Rio de
Janeiro tendo-se, ali instalado em 21
de Março de 1809).
Outro convidado de honra foi Alpoim
Calvão. O Comandante Alpoim Calvão, figura de referência para os fuzileiros portugueses é sócio da Associação de Fuzileiros desde longa data,
tendo sido recentemente dis nguido,
em Assembleia-Geral, como Sócio
Honorário e eleito pelos respec vos
membros do Conselho de Veteranos
seu Presidente. Tendo sido um dos
primeiros Directores de Instrução
da Escola de Fuzileiros (entre 1966
e 1967) comandou uma das primeiras unidades de FZE´s em missão de
serviço na an ga província da Guiné
Associação de Fuzileiros | 2011
Serafim Lobato com
Marques Pinto
e é o único oficial oriundo da classe
da Marinha que recebeu, até hoje, a
mais alta condecoração das an gas
Ordens Militares, a medalha de Torre
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
sendo, seguramente, o Oficial mais
condecorado da Marinha de Guerra
Portuguesa, precisamente pelos serviços prestados como oficial fuzileiro
especial.
Em perfeita sintonia e cooperação
com a autarquia do Barreiro, abriu-se
a Escola a centenas de crianças, onde
passaram uma manhã recheada de
ac vidades lúdicas.
Convidado muito especial foi, também, Pascoal Rodrigues, ex-Oficial Fuzileiro a residir há anos no Brasil que
se deslocou, expressamente, a Portugal para estar presente na efeméride.
A actual estrutura organiza va dos fuzileiros navais portugueses foi criada,
oficialmente, por lei, a 24 de Fevereiro de 1961, sendo estabelecido, então, que haveria duas especializações:
a de monitor (IM) e a de fuzileiro especial (IEP).
Pascoal Rodrigues, então segundotenente, chefiou um grupo de três
praças da Marinha que, em Agosto e
Setembro de 1960, frequentaram em
Inglaterra, um curso dos Royal Marines ingleses, e que vieram a ser os
primeiros instrutores dos fuzileiros
portugueses.
Do grupo de marinheiros MAN fizeram parte Ludjero dos Santos Silva
(Piçarra), Mário José Ba sta Claudino
e João Cândido dos Santos San nho,
sendo que apenas o primeiro está entre nós.
Da cerimónia comemora va que decorreu na Escola de Fuzileiros é de
assinalar que esta se efectuou, como
sempre, com um aprumo exemplar.
Foi celebrada ainda uma missa campal, tendo a viúva, filhos e netos
do primeiro Comandante da Escola
(28/7/961 a 31/7/965) o então Capitão-Tenente Melo Cris no (depois, Vice-Almirante) descerrado uma placa
que passou a perpetuar o seu nome
numa parada (a hoje conhecida por
parada velha).
Teve lugar ainda um concerto pela
Banda da Armada no Barreiro, cuja
actuação foi saudada e apreciada pelos presentes.
Os fuzileiros comemoraram, portanto,
este ano o seu 50º aniversário da sua
recriação.
O primeiro curso de fuzileiros teve
lugar no Verão de 1961, tendo decorrido no então Corpo de Marinheiros,
em Vila Franca de Xira, (que foi depois
o Grupo 2 de Escolas da Armada e,
posteriormente, a Escola de Tecnologias Navais).
O curso foi dividido em duas fases – a
primeira com início a 5 de Junho de
1961, e a segunda a 14 de Agosto.
Teve a frequência de 40 praças (que
vieram a fazer parte do primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais) e
ainda dos 1ºs Tenentes Coelho Metzener e Maxfredo da Costa Campos
e pelos 2ºs Tenentes Mendes Barata,
Vasconcelos Caeiro e Oliveira Rego.
A Associação de Fuzileiros pretende
prestar com esta no cia a sua homenagem à “Escola Mãe” – a Escola de
Fuzileiros – assinalando o meio século
da sua existência.
Comunicados
7
A VOSSA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS
VIVE DAS VOSSAS QUOTAS
Prezados Camaradas:
Pela es ma que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de
novo, a dizer-vos quanto é importante, a
Vossa par cipação.
Todos somos herdeiros de um património
de que nos orgulhamos. Mas, para que
tenhamos condições de levar em frente a
tarefa a que nos propusemos é determinante podermos contar com a quo zação
de todos nós, desta grande Família que, à
volta da sua Associação se vai juntando.
Temos a consciência de que o atraso no
pagamento de quotas podem ter várias
leituras, quiçá “razões” diversas, algumas
das quais evidentemente ponderosas. Po-
rém, para todas elas haverá uma solução
desde que, em conjunto, nos dispusemos
a resolver o problema.
Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros no sen do
de ultrapassarmos esta dificuldade já que
as portas da Associação e dos membros
da sua Direcção estão permanentemente
franqueadas.
Pensamos que uma das razões, de menor
importância, porque alguns sócios têm
as suas quotas em atraso será por puro
esquecimento. Para obstar a isto aconselhamos e incen vamos a que optem pelo
débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou
de 12 em 12 meses.
Já pensaram que o valor de um ano de
quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês?
Por razões de custos - e desta vez será
em defini vo - vamos suspender o envio
da revista “O Desembarque”, que custa
muito dinheiro à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por
período superior a um ano.
Consideramos ser este um acto de jus ça,
uma vez que os que assiduamente pagam
não devem suportar as despesas dos que
não pagam.
Cordiais e amigas saudações associa vas.
MONUMENTO AO FUZILEIRO
CONTRIBUTOS
Como é sabido e se no ciou no nosso
site e no cia, abundantemente,
neste número de “O Desembarque”
conseguimos levar por diante o
ambicioso projecto de implantação do
Monumento ao Fuzileiro, na rotunda
a que a Câmara Municipal do Barreiro
deu o nome de Praça dos Fuzileiros.
Tratando-se de uma inicia va
conjunta da Associação de Fuzileiros
da Câmara Municipal do Barreiro
e do Corpo/Escola de Fuzileiros o
Monumento foi pago integralmente
pela Associação de Fuzileiros tendo
o respec vo Município suportado a
quase totalidade das despesas com
as infraestruturas, designadamente,
ao nível do obelisco que suporta o
Monumento.
Porém, ainda se projecta concluir
o conjunto, colocando na rotunda
cinco pedras representando os
cinco con nentes com as inscrições
adequadas.
Em fase de crise generalizada ao nível
do País e da Europa é natural que
as dificuldades económicas limitem
inicia vas desta natureza.
Contamos, no entanto, com a ajuda
de todos os nossos Associados,
par cularmente dos mais favorecidos,
para concluirmos o que parecia ser
um sonho e acabou por – com muito
trabalho e dedicação – se traduzir na
realidade que S. Ex.ª o Presidente da
República consagrou no passado dia
11de Julho: o perpetuar da imagem
do Fuzileiro, em praça nobre da
cidade onde se situa a nossa sede e
que viu renascer este corpo de gente
tão especial.
Para tanto aqui fica o NIB da conta
bancária onde poderão depositar os
vossos contributos de solidariedade:
003506760000811583069
Para possibilitar a listagem dos
dona vos e a sua contabilização
específica, a Direcção agradece que
se registe, na transferência, o seu
des no – Monumento ao Fuzileiro –
com indicação do número de sócio, se
o for, ou do respec vo nome, ou ainda
nos informem por carta, telefone ou
E-mail da respec va transferência e
seu quan ta vo, para:
Associação de Fuzileiros
R. Miguel Paes, 25 - 2830-356 Barreiro
Tel:
212 060 079
Telm: 927 979 461
E-mail: [email protected]
Associação de Fuzileiros | 2011
Opinião
8
VATICÍNIOS OU DESEJOS ͵ TANTO FAZ
Daqui a uns meses iremos de novo
ter eleições na nossa Associação.
Assim está previsto no seu regimento
estatutário, sufragado de uma forma
que não ofereceu dúvidas a ninguém,
por ter sido votado por unanimidade
e aclamação.
Temos a sua congénere que dá pelo
nome da Cons tuição da República,
que apenas foi votada por uma parte
dos que estavam mandatados para o
fazer, mas não deixa de ser, para acatar.
De facto, não é grande exemplo, dado
que só é feita cumprir a alguns, o
que faz com que a sua aplicação seja
algumas vezes enviesada um pouco
ao sabor de quem a interpreta. Sendo
certo que o problema, não estará nos
preceitos a que a todos obriga, mas,
porque permite aos homens de má
fé, adulterá-la ou seja: interpreta-la
a seu belo prazer. Assim sendo, há
que acabar com os homens com tal
crença, e que a sua verdadeira jus ça,
se mereça e vença.
Para se estar numa Associação,
seja ela de que índole for, é preciso
primeiro que tudo, estar disponível
para dar, sem ter em perspec va
horizontes, que lhe tragam bene cios
especiais para além do prazer, que
cada um pode ter em servir a nobre
causa, que pode ser o associa vismo.
É com este espírito de servir, que se
pode credibilizar tais ins tuições.
Infelizmente, prá cas dissociadas de
objec vos claros, corroem a razão
de ser de uma qualquer ins tuição
por mais sólida que se julgue estar,
mesmo até monetariamente.
É preciso antes de mais, ter capacidade
de trabalho, humildade, e seriedade
suficiente. Mesmo até, ter capacidade
de resis r, ao oportunismo que algumas
vezes se expõe descaradamente, a
que infelizmente ainda há quem não
resista, e casos não faltam mas que
felizmente arredados da nossa causa.
A nossa Associação, reflecte uma base
social de apoio diversificada, quer
pelos conhecimentos, que resultem
da academia de cada um, pelos
postos dos ex. e actuais militares, que
podem influenciar alguma conduta,
ou mesmo pelo amor à camisola de
cada um dos seus membros, alguns
deles com problemas traumá cos que
a torna muito par cular, e ainda pelo
Associação de Fuzileiros | 2011
cunho valora vo de muitos sócios
aderentes.
Es ve em simultâneo integrado nos
corpos sociais de duas Associações,
cada qual com objec vos diferenciados. Em ambas me esforcei para
dar resposta á confiança depositada
por quantos elegeram as listas mais
votadas, se não sur u os efeitos
desejados, não foi por falta de
empenhamento, ou de sempre tentar
dar o meu melhor, ainda que acredite,
que possa haver quem o entenda de
fraca qualidade.
Os abanões que as Associações levam,
são normalmente fruto de ambições e
oportunismos desmedidos, infringidos
por pessoas que nelas se infiltram
para se servir, e não para servir. É claro
que isto não deixa de acontecer com
muitos outros mesmo - e demais - em
muitas áreas dos serviços públicos.
Quero eu dizer, que a imoralidade
e a incompetência, vivem paredes
meias com a incapacitada jus ça que
temos, que mais rapidamente actua
numa fraude, ou incumprimento de
tostões, do que se forem milhões.
Veja-se o morto de longa duração, que
não liquidou, porque se finou, e foi a
casa com o recheio do seu cadáver,
que garan u, e de que a jus ça se
serviu, para saldar uma pequenina
divida, comparada com tantas outras
enormidades, que chegam ao nosso
conhecimento, mas já prescritas.
Esses outros, os vivinhos da silva,
ninguém lhes vai à mão, mesmo que,
sempre em alta velocidade, e em
contra mão, mesmo assim, ninguém
os mete na prisão. Sinto-me mal neste
País, em que para uns, é só desculpas
e perdões, os outros são analisados
e penalizados a três dimensões.
Paga porque é pobre, é parvo, e não
é nobre. Temos um povo, onde a
maioria é honesto e trabalhador, mas
pouco tem a seu favor, e se quer singrar
honestamente, tem que emigrar, onde
lhe é reconhecido o seu valor.
É bom que não deixemos de resis r
quando é necessário, para defender
o que nos dita a consciência, que
as outras, não conseguiram alterar.
Assim tenho feito dentro do que me
é possível, e que cada momento
aconselha. Não sou melhor nem pior,
sou o que sou, e sou capaz de rar o
dedo do ga lho, se a bala só silvou.
Mário Manso
Todos estamos sujeitos a momentos
menos bons, desculpar para ser
desculpado, é importante! Mas:
quanto baste. É também boa norma,
que cada guarnição, não desfeite a
anterior, porque se é possível navegar
sem sobressaltos de maior, é porque já
houve quem se sujeitasse e resolvesse
contra tempos surgidos na nau, e que
não se confinam mais.
Para haver presente, já houve
passado. E se tudo vesse sido feito,
os moneiros de cada momento
nunca brilhavam, e para exis r futuro
tem que haver presente.
Com mais ou menos limitações, todos
me merecem respeito, desde que haja
lisura de comportamentos, - lealdade,
alguma humildade, e até consideração
por quem, tenha limitações, e mais
não dá.
Os fuzileiros sempre souberam
ultrapassar as adversidades, e mesmo
ao nível associa vo são capazes de
se empolgar. A esperança que tal
con nue acontecer, é uma expecta va
que não vou descurar.
Estamos chegando, e obrigados a mais
um momento, onde a disponibilidade
e empenho de novos camaradas será
- presumo - bem vindo, para reforçar
ou mesmo subs tuir, os que começam
a estar gastos pelo tempo, como é o
meu caso. Apareçam e digam, em que
podem ajudar a Associação, para que,
com a vossa ajuda ela fique cada vez
mais forte, seja de todos, e nunca de
alguém!
Todos os momentos, que ditam acção
posi va, projectam a nossa Associação,
façamos também das próximas
eleições, um momento que augure
um con nuado futuro promissor.
Opinião
9
O DIREITO DE DIZER
DOS DEVERES DEONTOLÓGICOS GERAIS AOS ESPECÍFICOS
DA PROFISSÃO
Após uma ausência de cerca de cinco
meses mas ao ritmo de publicação de
“O Desembarque” aqui estamos a tentar cumprir com os nossos leitores e
com os Fuzileiros de Portugal, a metodologia a que nos obrigámos nas nossas “Primeiras Palavras” deste “Direito
de Dizer” (Revistas números 10 e 11)
falando de forma sucinta do «ADVOGADO» - alguns dos quais, porventura
muitos, também Fuzileiros - e da sua
milenar história que é de liberdade de
jus ça e de irreverência que o mesmo
é dizer de espírito de classe e de disciplina consen da.
E de tão disciplinados somos que - devendo o Estado à volta de 30 milhões
de euros, aos cerca de 10 mil Advogados oficiosos, sobretudo aos mais jovens, que são aqueles que asseguram
o acesso à jus ça aos mais pobres ainda ninguém se revoltou!
Onde há sociedade há direito
Mas deixando de lado crises que todos
temos de encarar de frente mas, sobretudo com grande espírito de corpo
nacional e de solidariedade e de entreajuda, lá temos nós, para não fugir
ao tema, de começar pela via e mológica, não só para ajudar a imprimir
algum conteúdo ao tulo como para
encontrar a lógica da metodologia da
exposição. E convenhamos que começar pelo princípio é sempre reconfortante e reparador…!
Ensinaram-nos há já uns tempos –
e a culpa foi de um ilustre Professor
– que, «Ubi societas ibi jus», isto é,
onde há sociedade há direito, o que
o mesmo pode significar, com alguma
boa vontade, que onde existe Direito
há Sociedade, onde existe Sociedade
existe o Homem e onde existe o Homem, Sociedade e Direito é uma inexorável inevitabilidade a existência do
Advogado.
E por estes caminhos que nos leva a
História dos primórdios da Humanidade e nos conduz, ainda nas sociedades
primárias, a uma importante figura
social com contornos similares de boa
parte do que hoje sabemos do Advogado, sobretudo, do advogado de província, do tempo dos nossos avós.
Carla Marques Pinto
(Advogada)
E-mail:
[email protected]
Sócia Descendente n.º 1870
É de todos sabido que o Homem desde muito cedo se agrupou por razões
de sobrevivência e, pelas mesmas razões, teve de criar regras de convivência social.
Do que se tratava era de normas comunitárias que brotavam aparentemente
de geração espontânea mas que eram
consequência de necessidades sen das e veram por razões mais profundas o empirismo consuetudinário das
sabedorias do povo (dos totens, dos
clãs, das tribos, dos grupos, enfim, das
pequenas comunidades primárias em
vias de complexibilização).
Estes conjuntos de regras que sucessivamente foram adquirindo a dignidade de ordenamentos norma vos, indispensáveis embora à vida societária
agravaram a conflituosidade.
Daí à necessidade, naturalmente senda, de «um Homem Bom» (personalidade sensata, proba e pres giada)
para dirimir os conflitos, foi um salto
de inevitabilidade.
A jusƟça e a ordem nascem
à medida que as sociedades
evoluem
É assim que a jus ça e a ordem nascem
à medida que as sociedades evoluem
para a consciência social sendo para
nós óbvio que esta “jus ça” e esta
“ordem” pouco teriam a ver com os
padrões do actual mundo ocidental.
Parecendo claro que o Advogado é
produto da necessidade social e de
as comunidades terem de resolver os
seus conflitos de forma ordenada e
não anárquica, a figura do Advogado
surge, inicialmente, como a do «HOMEM BOM», “o que é chamado”, “o
protector” com a missão de defender
os mais fracos e, mais tarde, como “o
patrono”, aquele que já expõe a causa
de uma das partes em conflito.
Da advocacia, muito antes de se poder
considerar profissão, encontramos
ves gios nas civilizações mesopotâmicas, com início na Suméria, quando se
deu forma escrita a normas consuetudinárias, no III milénio A.C.
Na civilização egípcia exis a já a figura
do «Conselheiro» em questões jurídicas que estava já ligada a fórmulas
processuais escritas e de onde, curiosamente, se excluía a oratória como
meio ao serviço do convencimento.
Na an guidade clássica, porém, é sobretudo na Grécia que a eloquência é
Vista geral da Assembleia
o pilar da defesa forense aqui surgindo
os “Corógrafos”, defensores de acusados, que já eram remunerados pelos
seus serviços.
A defesa forense impôs, assim, necessariamente, a criação «de regras deontológicas que impunham que o orador
fosse um homem livre, independente e
digno» fazendo já ressalva a questões
como a violação do sigilo profissional,
o uso de expressões pouco corteses
e a limitação de tempo de intervenção de cada orador. (Valério Bexiga,
o Advogado e a História – 2000 – cit.
de Guedes da Costa, in. Direito Profissional do Advogado – Almedina
– Uot.º/2003).
É, contudo, na Civilização Romana que
a advocacia surge na forma de uma
profissão organizada tendo sido este
o ponto de par da, digamos, a origem
do “Advocatus” com os contornos
que hoje conhecemos. É exactamente
nesta era da civilização romana que
temos no cia dos “Patronus” e dos
“Oratores” que, inicialmente, através
da arte da oratória vieram posteriormente, a assumir o verdadeiro patrocínio de cidadãos e se transformaram
em advogados (“advocatus”).
Mulheres que se notabilizaram
como Advogadas,
apenas, dois séculos D.C.
Para quem é Mulher e aborda estas
coisas da história da nossa profissão
não consegue, naturalmente, resis r
a não trazer à colação um pormenor
que podendo parecer de somenos importância é, quanto a nós, suficiente
Associação de Fuzileiros | 2011
10
Opinião
dibilidade do Advogado como Operador da Jus ça e sua incontornável peça,
ninguém procurará fazê-lo olhandonos alguns como pequenos estorvos à
celeridade da Jus ça já que, eventualmente, a dois tudo seria mais breve…!
para nos fazer reflec r sobre os “movimentos evolu vos das Sociedades,
das Culturas e das Civilizações”.
Para não desvirtuar a curiosidade pedimos vénia para citar “ipsi verbis” o
ilustre colega, Dr. Orlando Guedes da
Costa, na sua actualíssima obra (já cit.)
que, a propósito do uso da toga evoca, também, duas Mulheres (Amásia
e Hortência) que se terão notabilizado
na era do Augusto:
«Tendo decaído o uso da toga, que
era branca, sem mangas e apertada
na cintura (toga viril) e consƟtuía o
trajo habitual do “advocatus”, Augustus que inicia o Principado e um
grande intervencionismo sobre os juristas, limitando a atribuição do “jus
publice respondendi”, em reforço da
sua própria autoridade tornou obrigatório o uso da toga perante os tribunais, pelo que o termo “togadus”
passou a idenƟficar os Advogados.
Inicialmente, as mulheres podiam
advogar e tal como Cícero, Crasso,
Múcio Scévola, Gaio, Paulo, Celso,
Papiniano, ModesƟno, também se
notabilizaram Amásia e Hortência».
Ao deambularmos por estas notas
históricas sobre o Advogado não resis mos à tentação de registar que
no início desta época de, apenas, dois
séculos depois de Cristo, as mulheres
poderem advogar e, ao menos duas,
se terem notabilizado o que nos revela
de forma irrefutável os revezes da História ao nível da evolução cultural da
velha Europa.
Mas, no fundo, este breve deambular
pela história da Profissão serviu, sobretudo para, mais do que deleitar o
espírito com algumas singularidades
(para nós desconhecidas) verificar da
dignidade “genéƟca” do Advogado
como garante das liberdades, e da
necessidade de reaver e tornar consistente o nosso pres gio profissional.
É que temos para nós que enquanto
não nos dignificarmos a nós próprios
assumindo e amplificando a imprescinAssociação de Fuzileiros | 2011
Mas vamos aos deveres deontológicos. É comum considerarem-se como
deveres deontológicos gerais aqueles
que são especificamente aceites pelas
diversas profissões que tradicionalmente se definem pelo seu carácter
eminentemente intelectual caracterizando-se, ainda, pelo exercício da profissão em função do interesse público
(v.g., os médicos, os farmacêu cos,
os enfermeiros, os engenheiros, etc.).
Os par culares deveres do Advogado
envolvem, sem dúvida, especificidades que se plasmam na exigência da
maioria dos respec vos Códigos Deontológicos dos Países Europeus e no
próprio Código Deontológico dos Advogados da União Europeia, cuja versão portuguesa foi aprovada por deliberação do Conselho Geral da Ordem
dos Advogados, de 26 de Outubro de
2001.
A lealdade processual
O exemplo mais corrente de um dever
específico que é normalmente “reivindicado” apenas pelos Advogados
– sugerido, aliás, pelo ilustre colega
Dr. Guedes da Costa, no seu “Direito
Profissional do Advogado” (Almedina2003) – é o da lealdade processual,
do como exclusivo da profissão forense. Como se compreenderá este
importante dever deontológico, para
além dos seus aspectos morais obsta,
também na prá ca, ao inquinamento
da verdade processual sendo por isso
reduto indispensável á boa execução
da jus ça.
Outros, embora comuns a algumas
profissões, designadamente aos médicos têm especial acuidade na profissão
do advogado quais sejam os deveres
de urbanidade e de probidade e um
outro ainda, para nós especialmente
importante: o dever “de consciência
moral”.
Estes mesmos são o suporte da imprescindível confiança que o Advogado deve inspirar no seu cliente onde,
aliás, assenta a livre escolha do profissional do foro e sem o que se perderia
a nobreza da profissão.
“Actua segundo a ciência
e a consciência”
A consciência moral é, de tal ordem,
o esteio dos deveres deontológicos do
Advogado que Kant, na sua “Crí ca da
Razão Pura” recomendou: «actua de
tal modo que possas querer a regra
de que a tua acção se torne numa lei
universal» pretendendo naturalmente significar que a lei moral seria uma
realidade em si mesma, inspirada pela
intenção moral e sem influência «do
mundo dos fenómenos».
Também Carlo Lega, na sua “Deontologia de la Profission de Adbogado”
(1976) se refere ao dever de consciência moral afirmando: «traduz-se num
imperaƟvo categórico que se condensa na frase “actua segundo a ciência
e a consciência”».
Ainda Angel OssorioY Gallardo, na
“Alma da Toga” (1956, Trad. De A.S.
Madeira Pinto) ao tratar deste importante dever refere: «…no Advogado,
a rec dão de consciência é mil vezes
mais importante do que o tesouro dos
conhecimentos. Primeiro, ser bom; depois, ser firme; por úl mo ser prudente: A ilustração vem em quarto lugar;
a perícia no fim de tudo».
Mas depois desta intensidade de conceitos acerca dos deveres e, designadamente, do dever rainha, “o de consciência moral” permitam-nos que,
descendo à terra, arrisquemos a nossa
mais u lizada qualidade/dever, para
nós “autên co dever deontológico”
que temos como importante motor
dos sucessos, dos nossos e dos clientes: o senso comum. Tão simples como
o tão complicado senso comum…!
E por aqui nos ficamos neste capítulo
do Advogado e dos Deveres, deveres
que temos, sobretudo, por qualidades,
certos de que, “arƟlhados” de todo
este arsenal de virtudes só precisaríamos mesmo de acrescentar Q.I. (coeficiente de inteligência) e espírito de
corpo, de sacri cio e de solidariedade,
enfim, as virtudes dos bons Fuzileiros.
Para o número 13 de “O Desembarque” cá estaremos se a Providência e
os homens quiserem a falar da “Advocacia como Profissão de Interesse Público”.Até lá, com o grito a ecoar de,
“Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para
sempre”.
Opinião
11
Fernando Figueiredo,
UMA DÉCADA DEPOIS!
Corria o ano de 2000, já lá vai uma década e Viseu recebia a boa nova da cons tuição de uma Força Nacional Destacada,
com des no à missão das Nações Unidas
em Timor Leste, quase ao mesmo tempo que, neste massacrado território, se
aplaudia a chegada dos primeiros militares portugueses, na madrugada de quarta-feira 9 de Fevereiro desse ano. 25 anos
depois de terem ficado entregues às sortes do des no e às poli cas dos homens,
as tropas lusitanas, nas quais se incluia
um con ngente de Fuzileiros, voltavam a
pisar as Terras do Sol Nascente. Vivia-se
então um momento de grande esperança
em Timor, de intensa tensão diplomá ca
em variados fóruns internacionais e de
muita preocupação polí ca em Portugal
na esperança da concre zação do desejo
de libertação e independência de Timor
Leste. Por cá, por terras de Viriato, o Comando do Batalhão começava a desenhar
o seu plano de aprontamento com a cidade, as ins tuições e as gentes beirãs a envolverem-se com o Regimento, apoiando
essa missão com o propósito de que Viseu
também se fizesse sen r em Timor e os
dias deste primeiro trimestre de 2000 foram de grande azáfama. Havia que ajustar
a Unidade para esta nova realidade, recuperando as casernas para instalação do
pessoal, adaptando o an go mini-ginásio
numa estrutura de open-space para funcionamento das Secções de Estado Maior
do Batalhão e arrumando armazéns para
aumentar a capacidade de parqueamento
de viaturas e acondicionamento dos diversos materiais e equipamentos que o Batalhão iria precisar no seu aprontamento e
treino operacional com vista à missão. Em
paralelo, definiu-se superiormente que
o 2º Batalhão de Infantaria (2º BI) seria
cons tuído por uma Companhia de Comando e Serviços (CCS), cons tuída por
Pelotões/Módulos provenientes da Escola Prá ca de Infantaria (EPI), Escola Práca de Transmissões (EPT), Escola Prá ca
de Administração Militar (EPAM), Escola
Prá ca do Serviço de Material (EPSM),
Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), Regimento de Ar lharia 5
(RA 5), Regimento de Engenharia 3 (RE 3)
e Batalhão do Serviço de Saúde (BSS), 2
Companhias de A radores (uma do RI 14
e outra com pelotão de militares do Regimento de Infantaria 19 (RI 19), um Pelotão da Zona Militar da Madeira (ZMM)
e um Pelotão Zona Militar dos Açores
(ZMA)) e uma Força de Fuzileiros, cons tuída por uma estrutura de comando com
militares des nados ao Estado-Maior do
Batalhão e pela Companhia de Fuzileiros
Nº 21 (CF21), que se juntaria ao Batalhão
a 06 de Novembro. Em função da evolução da situação em Timor, o Estado Maior
do Exército acabou, ainda nesse ano, por
decidir reforçar o Batalhão com uma Unidade de Escalão Companhia (Esquadrão
Cor Inf./ Res
([email protected])
de Reconhecimento de Cavalaria Nº6) e a
parte proporcional de apoio de Serviços,
em reforço da CCS, designadamente, uma
Equipa de Evacuação, uma Equipa de Alimentação e uma Equipa de Manutenção
Auto que se juntariam ao Batalhão no dia
08 de Janeiro de 2001, a um mês do inicio
da missão em Timor. Com esta cons tuição o 2º BI acabou, até ao momento, por
ser a maior força que Portugal, depois do
25 Abril, projectou em Missões de Operações de Apoio à Paz, com um efec vo
de 952 militares e que, seguindo o lema
camoniano do RI 14 “Cuja fama ninguém
virá que dome”, adoptou a divisa “Que
nas asas da fama se sustenha” e toda a
sua heráldica foi pensada em função da
missão, nomeadamente o Galo do seu
Estandarte que, em Timor Loro Sae é simbolo da luta leal e da amizade e alude à
confiança com que o 2º BI anunciará aos
morenses a alvorada da reconstrução
nacional.
Naturalmente que nem tudo foram rosas
durante este período do aprontamento
e houve necessidade de ultrapassar um
sem número de dificuldades, mas não
foram suficientes para esmorecer o empenho e ânimo dos militares do Batalhão
que ainda foram encontrando tempo suficiente para, em saudável convívio, aceitarem como iguais os militares do Corpo
de Fuzileiros, sendo certo logo notório
um grande espirito de corpo no Batalhão
onde todos se associavam já sem dificuldade e com grande sen mento de pertença de um todo que nha por Portugal
uma missão fundamental a cumprir em
breve.
A cons tuição de Forças Conjuntas não
era novidade nestas missões mas o capital angariado em ulteriores experiências nham deixado a sensação de que
a convivência de forças com diferentes
graus de formação, cultura organizacional e preparação militar nem sempre se
revelam posi vas. Ciente deste es gma
que se parecia ter instalado, desde logo
o Comando definiu que no Batalhão não
havia lugar a “filhos e enteados” pelo que
a Marinha ao disponibilizar o melhor do
seu potencial a favor da Força não poderia ser entendida de forma diferente. Se
um barco é navio pois que assim seja uma
vez que o sangue que corre nas veias do
Soldado Português é em todo o lado igual
e merecedor de respeito e dignidade ou
não vessem todos, com fardas diferentes apesar de tudo, realizado o juramento
supremo do sacrificio da própria vida por
uma Nação que é de todos se a missão
assim o exigisse! E foi esta a mensagem
que por todos os militares do Batalhão foi
assimilada e logo no aprontamento, a tropa da “boina azul ferrete” deu a entender
que, desde o primeiro dia eram parte do
todo e que, com eles o Batalhão via au-
mentadas as suas capacidades operacionais para o bom desempenho da missão.
A CF 21 vinha desde logo preparada para
no Teatro de Operações de Timor conduzir as missões próprias de uma sub-unidade do Batalhão de Fuzileiros Nº 2, mas
quando integrada no Batalhão Português
(PORBATT) com o fim de executar sob o
mandato da UNTAET, soube acrescentar
com profissionalismo e dedicação outras
tarefas de relevante importância para a
missão. O aprontamento da CF 21 englobou a Formação de Comando, Secções
Técnicas (transportes, comunicações,
manutenção e quartel-mestre), 3 Pelotões de A radores e 1 Pelotão de Apoio
de Combate num total de 152 homens,
prolongando-se até 24 de Janeiro de 2001
com a recepção do Estandarte Nacional
que a todos iria acompanhar até Terras do
Sol Nascente.
E às 07 da manhã do dia 06 de Fevereiro
a 1ª leva de militares do 2º BI começa os
prepara vos para a viagem com des no a
Figo Maduro onde os espera um voo de
projecção da ONU que no dia 8 de Fevereiro acaba por se imobilizar abrindo as
portas para deixar entrar o calor quente e
húmido que, àquela hora da manhã, já se
fazia sen r em Baucau e finalmente anunciar aos morenses:
- Chegámos! Agora é a nossa vez!
E durante 9 longos meses Timor foi a
nossa familia e Same a casa da CF 21 em
cuja área de responsabilidade, para além
dos trabalhos de recuperação das instalações e melhoria das condições de vida da
tropa, os Fuzileiros realizaram centenas
de operações em missões de manutenção de paz, como assaltos a áreas edificadas e resgate de prisioneiros; controlo
de mul dões, escoltas a VIP´s e refugiados, montagem de zonas para aterragem
de helicópteros; patrulhas motorizadas
e apeadas, postos de controlo (Check
Points); postos de observação; etc... e
nem mesmo a componente an bia, como
capacidade fundamental de uma unidade
do Corpo de Fuzileiros foi descurada, vindo a permi r o seu emprego no Teatro de
Operações na região de Betano, através
da projecção de pelotões para zonas inacessíveis por viaturas. O empenhamento da CF 21 assentou em três vertentes
básicas:
Associação de Fuzileiros | 2011
Opinião
12
- Missão de segurança propriamente dita,
que englobou inicialmente, para além do
próprio aquartelamento, pontos sensíveis
como o transmissor do Ramelau entre
outros;
- Patrulhamento apeado e motorizado,
assim como o emprego de um Pelotão de
intervenção a zero horas para actuar no
sector de responsabilidade do Batalhão e
mais tarde no sector central;
- O contacto e apoio à população e a acvidade civil militar, através de formação
despor va nas escolas, distribuição de
materiais escolares, criação de um viveiro
de café e distribuição destas plantas pela
população local, entrega de material hospitalar e recuperação de infra-estruturas
básicas garan do, entre outras, a capacidade de reabastecimento de água ao
povo de Same.
Apesar de todas as contrariedades, derivadas das condições do terreno, do clima
tropical (com temperaturas entre os 25º e
os 35º Celsius e uma humidade a rondar
os 95%), dos previsíveis problemas logís cos com o alojamento, alimentação, condições sanitárias e meios de transporte, é
justo afirmar que esta unidade do Corpo
de Fuzileiros soube, desde logo, ultrapassar com brio e profissionalismo estas vicissitudes cumprindo a missão que lhe foi
confiada, e levando até terras longínquas
e ao coração do povo maubere o espírito dos Fuzileiros, o nome da Marinha e a
Bandeira de Portugal.
E podia resumir-se assim aquela que foi a
par cipação desta Força de Fuzileiros na
missão do Batalhão mas permitam que
vos roube ainda algum tempo para, em
jeito de nota pessoal e sem falsas modésas, vos deixar a expressão do orgulho e
da oportunidade única de ter do o privilégio de comandar tal tropa. Em Roma sê
romano, costuma afirmar-se e assim, para
se entender o espirito fuzileiro, há que
ser capaz de entender a especificidade
própria da força e creio ter compreendido
na verdadeira dimensão esse valor pois,
à minha frente enquanto escrevo estas
duas linhas está uma boina azul ferrete
encimada com o emblema dos fuzos e
que me foi colocada pela primeira vez na
cabeça pelo então Comandante do Corpo de Fuzileiros, o CMG Cunha Brazão.
Desde o notável comando e reconhecida
liderança do Comandante Mário Tavares
à leal assessoria e aconselhamento de Estado Maior do Comandante Leão Seabra
passando pelo profissionalismo e empenhamento de todos os militares da CFuz
21 e porque não dizê-lo até pela amizade
e es ma recíproca que me dedicaram e
ainda hoje lhes dedico de todos guardo
A MINHA OUTRA CASAͳMÃE
Permita-me a sofrida paciência dos
meus camaradas Fuzileiros falar hoje
aqui um pouco de uma outra escola
que, à semelhança da EFZ, completou este ano um número redondo de
anos: cem. Falo do Ins tuto Militar
dos Pupilos do Exército (IMPE), onde
me foram formalmente inculcados
os valores que as minhas incursões
infan s na EFZ já nham começado a
fazer-me interiorizar.
Mas, sendo evidentes os laços afec vos que unem a este Ins tuto o humilde autor destas linhas, perguntar-meão os impacientes leitores qual o movo que me leva a trazer uma escola
do Exército a um bole m dirigido aos
nossos bravos infantes de Marinha.
Passo, então, a explicar:
Em primeiro lugar, quando foi criado,
a 25 de Maio de 1911 por acção do
então Ministro da Guerra, General António Xavier Correia Barreto, o IMPE
foi originalmente bap zado como
Ins tuto Profissional dos Pupilos dos
Exércitos de Terra e Mar, o que já lhe
dá, à par da, alguma transversalidade
em relação às Forças Armadas. Tendo
a missão explícita de “formar cidadãos
úteis à Pátria”, des nava-se a acolher,
a par r dos 10 anos, os mais desfavorecidos descendentes masculinos dos
militares da Armada e do Exército.
Conhecidos como “pilões”, cedo estes jovens começaram a “dar cartas”
no mundo profissional e empresarial,
Associação de Fuzileiros | 2011
graças à qualidade do ensino que lhes
era ministrado. Quando a EFZ foi criada, em 1961, já o IMPE, na passagem
do seu primeiro cinquentenário, nha
os créditos bem firmados na sociedade portuguesa. E eis uma redonda
coincidência de datas que nos dá uma
segunda jus ficação para este ar go.
Naturalmente, a formação profissionalizante não impediu que alguns “pilões” viessem a optar pela vida militar
e é claro que os Fuzileiros não podiam
ser excluídos de algumas destas escolhas. O exemplo mais ilustre terá sido
o do Comandante Alberto Rebordão
de Brito, cujo nome não é, decerto,
estranho aos leitores. Não haverá, porém, muitos que saibam que este celebrado oficial era oriundo do IMPE.
Chegados à terceira jus ficação, importa referir que os “pilões” não podiam deixar de estar presentes quando a classe de Fuzileiros integrou o
elenco dos cursos tradicionais da Escola Naval, em 1986, tendo sido representados pelo pupilo Rogério Marns de Brito. Hoje, para além do CFR
FZ Mar ns de Brito e do CTEN FZ Costa Frescata – que ficam, deste modo,
devidamente “denunciados” – os
fuzileiros no ac vo conhecerão bem
um outro “pilão” que, embora não
sendo fuzileiro, é o responsável pela
formação em Liderança na EFZ: o CFR
Lourenço Afonso. Ficarão, certamente, por mencionar outros nomes de
grata memória. Fosse nas missões operacionais de grande desgaste fisico e risco
previsivel, fosse nos momentos de lazer
sempre, encontrei nesta tropa da CF 21
um grande sen do de missão, noção perfeita do dever e vontade de bem cumprir
que os colocam em pé de igualdade com
qualquer das forças que Portugal dispõe
ao serviço das Forças Armadas e ainda
hoje, dez anos depois, com a destreza fisica já reduzida pelo peso da idade acredito que, com o valor moral e animico dos
Fuzileiros por companhia, seria capaz de
repe r a missão em iguais ou piores condições de sacrificio e risco que aquelas
que nos uniram noutros tempos e noutras paragens. Que me perdoe o Exército
por tal empa a mas em abono da verdade não posso ainda hoje de deixar de
também me sen r Infante de Marinha e
Fuzileiro honorário e se algum mérito isto
tem que o seja em homenagem aqueles
que como o Comandante Albano e outros
que me acompanharam nessa jornada já
abandonaram por força das circunstâncias a nossa companhia térrea e são hoje
disso memória de saudade e exemplo a
reter para todos aqueles que, com orgulho, con nuam a fazer do lema Fuzileiro
a sua forma de vida porque Fuzileiro uma
vez... Fuzileiro para sempre!
CFR M Moreira
Silva
sócio nº 1741
ex-alunos do IMPE que terão cumprido nos Fuzileiros o seu serviço militar,
alguns deles durante o di cil período
das guerras do Ultramar. Talvez numa
outra ocasião o possamos fazer.
Quanto aos outros “pilões” da de
cumprir o equivalente à Recruta do
Exército nos dá, logo à par da Marinha, entre os quais tenho a honra de
me incluir, julgo que posso afirmar
com toda a propriedade que o facto
de termos ingressado nas fileiras navais logo depois, um certo carácter
an bio. Concordam?
E com esta quarta jusƟficação encerremos esta breve digressão pelo
mundo pilónico, estendendo ao centenário IMPE as felicitações e desejos
de sucesso que já Ɵvemos oportunidade de endereçar à nossa relaƟvamente jovem EFZ.
Com. Rebordão de Brito no Colégio
Associados
O INÍCIO DA DESPEDIDA
Nos ciclos, tal como na vida, tudo tem
um princípio e um fim.
Começámos o nosso contacto com
os militares do Centro de Instrução
Militar de Cabul (KMTC), sedeada no
Afeganistão, não com medo, porque
imbuídos do espírito de Bartolomeu
Dias, mas também com o nosso Cabo
das Tormentas, a que podemos hoje,
sem medo, chamar de Cabo da Boa
Esperança.
Fomos descobrindo minuciosamente
a sua forma de trabalhar, sem ter sequer a coragem de os interpelar. Mas
o nosso objec vo estava traçado e
apesar dos olhares, muitas vezes desconfiados e indiferentes, nunca desismos e os frutos estavam, sem dúvida, à nossa espera no final da tarefa.
Com a calma do felino que sabe esperar e a paciência aprendida na lição
da vida, fomos amparando, aconselhando e modificando sempre que era
possível.
Percebemos a forma de os conquistar
e a velocidade que teria que ser impressa. Tudo tem que estar conjugado,
caso contrário a engrenagem deixa de
estar em sintonia e não funciona. O
levantamento de algumas necessidades na sala de aula e a oferta de alguns materiais foram também importantes. Iden ficámos algumas lacunas
na área da formação e aconselhámos
o ”Train the trainers” para os instru-
tores que se mostrassem disponíveis
para aprender.
Recordo as primeiras sessões de formação: vemos de enfrentar olhos
inquisidores que esperavam de nós,
falhas e incapacidade. Reves mo-nos
de simplicidade e referimos que não
éramos professores, mas tão-só militares como eles e que gostaríamos de
lhe rar algumas dúvidas que vessem e sobretudo ajudar a melhorar a
formação.
O tempo trouxe a vitória e hoje, volvidos quase três meses, na úl ma formação de instrutores, numa matéria
que passará a vigorar a par r de agora
no planeamento do TLC, o “Combate
em Áreas Edificadas”, temos pra camente todos os alunos presentes.
Terminada a formação, ficou agendada para as 14.00 horas do dia 23
de Fevereiro, a entrega de diplomas.
Chegada a hora determinada, começou a surgir um nó na garganta, pois
esta singela, mas importante cerimónia, sabe-nos já a despedida. Esta foi
a úl ma formação que os instrutores
irão receber deste grupo de Mentores/Formadores, até á sua par da de
regresso a Portugal. Foi agradável ver
nos seus rostos aquela felicidade de
vencedores. Estão, a par r de agora,
mais bem preparados para formar
melhor!
13
Saj. Fz Silva
Um a um foram sendo chamados. Foilhes dito que, a par r de agora, a sua
responsabilidade é maior porque detêm conhecimento que só servirá se
for passado a outras gerações de alunos, que por sua vez a passarão aos
seus subordinados.
Ao grito da palavra “Jwand”, que significa “vida longa”, mostram aos camaradas o Diploma que receberam das
nossas mãos.
Mas a maior surpresa estava para
vir, quando, pela boca do Tcor Abdul
Yahya, Comandante do TLC, ouvimos
pronunciar o nosso nome para recebermos um diploma assinado pelo
BGen. Aminullah, Comandante do
Centro de Instrução Militar de Cabul
(KMTC). Ficámos também sensibilizados e o nó, que se nha desvanecido,
voltou agora mais forte. É apenas um
papel, escrito em inglês e Dari, mas é
sem dúvida a confirmação que conseguimos, acima de tudo, a sua amizade, o respeito e reconhecimento.
Esperamos que o trabalho desenvolvido durante estes seis meses, sirva
duas causas: a primeira, para enriquecer o conhecimento e a capacidade
dos militares do ANA para servirem as
Forças Armadas Afegãs e o Afeganistão. A segunda, para servir de plataforma à equipa que abraçar de seguida, a tarefa de Mentorar os próximos
cursos de Sargentos do ANA.
Associação de Fuzileiros | 2011
14
Associados
O CORPO DE CADETES DO MAR DE PORTUGAL
O Mar foi, desde sempre, um elemento constante na história de Portugal.
Mas ainda que o País não vesse alcançado o brilhan smo histórico que
o notabilizou no passado, bastaria a
nossa localização geográfica e geoestratégica, levando ainda em conta
a vas dão da nossa Zona Económica
Exclusiva, para nos obrigar a compreender o mar nos dias de hoje, e a lidar
com ele com os conhecimentos e com
os meios adequados.
Mas como em todas as coisas perigosamente di ceis que se enfrentam, e
o Mar é uma delas, é preciso ainda
assim tomar-lhe o gosto e o jeito, ou
seja, é preciso que haja vocação.
A vocação marí ma, nas suas variadas vertentes, é pois uma qualidade
valiosa que muito pode ajudar Portugal. E por isso devemos cuidá-la hoje
para que dela possamos beneficiar
amanhã.
À semelhança de outros 19 países actualmente inseridos na Interna onal
Sea Cadet Associa on, foi fundado em
2010 sob a tutela do GAMMA (Grupo
de Amigos do Museu de Marinha) o
Corpo de Cadetes do Mar de Portugal (CCM-Pt), que conta com o reconhecimento ins tucional da Armada
Portuguesa, condição essencial, como
acontece em todos os outros países
filiados, sendo o Almirante CEMA o
Comandante-Chefe do CCM-Pt, a tulo honorífico. O Corpo de Cadetes
do Mar de Portugal congrega através
do GAMMA o trabalho voluntário de
várias associações da sociedade civil vocacionadas para os assuntos e
ac vidades do Mar, contando com o
apoio de quatro Ins tuições do Ensino Superior, com a cooperação, até ao
presente, de duas Escolas secundárias
em Cascais e em Carcavelos, e da Escola de Marinhas do Sal em Rio Maior.
Jovens que frequentam as duas primeiras Escolas cons tuem uma unidade em Cascais, contando-se com
mais duas unidades, que integram os
ainda mais jovens, em Rio Maior. Deste modo, o Corpo de Cadetes do Mar
de Portugal integra actualmente um
total de cerca de 60 elementos distribuídos por 3 unidades.
Na sequência de um anterior projecto
ao qual o Cte. Bellem Ribeiro (Ilustre
associado da AFZ) deu alma e que
designou por “A minha Escola adopta um Museu”, acabou por ser criado
com o seu notável empenhamento, o
Associação de Fuzileiros | 2011
Corpo de Cadetes do Mar de Portugal.
Os seus actuais elementos contam,
designadamente, com o acompanhamento de ac vidades e de conteúdos
por parte do Ins tuto de Defesa Nacional, com a colaboração do Museu
de Marinha e do Museu Militar, com
a disponibilidade de meios didác cos
por parte do Ins tuto Hidrográfico e
da Escola Superior Náu ca Infante D.
Henrique, e com o apoio do Ins tuto
de Socorros a Náufragos, ao qual se
encontram ligados pelas estações salva – vidas de Cascais, de Peniche e da
Nazaré. Levando em conta os conhecimentos adquiridos pelos Cadetes do
Mar em cultura de defesa e em causas do Mar, estes podem ser agraciados com cer ficados de mérito, com
o suporte de algumas das Ins tuições
citadas, uma vez a ngido o nível de
“jovens guias de museu” (de Marinha ou Militar), “jovem colaborador
de estação salva-vidas do I.S.N.”, ou
de “jovens auditores de defesa nacional”, entre outros, estando em estudo a possibilidade de visitas a navios
e até mesmo de futuros embarques.
Uma vez superadas as provas teóricas
e prá cas, os Cadetes do Mar podem
ainda prosseguir para as candidaturas
às cartas da Marinha de Recreio e de
Radioamador, aos cer ficados de Nadador Salvador, de Socorrista e de Arqueologia Subaquá ca.
O Reino Unido foi o país fundador do
Sea Cadet Corps há 150 anos e conta
hoje com mais de 400 unidades e para
cima de 14.000 Cadetes do Mar. Trata-se de uma organização que capta
numerosas vocações para as carreiras
do Mar, e cuja senioridade secular lhe
conferiu caracterís cas admiráveis.
À semelhança do que acontece no
Reino Unido em relação aos “Royal
Marines”, está a cons tuir-se entre
nós a primeira unidade de Cadetes
do Mar Fuzileiros. Neste sen do foi
assinado, na sede da Associação, um
protocolo entre a Associação de Fuzileiros e o GAMMA, no passado dia
António Ribeiro Ramos
Sócio aderente 1053
26 de Setembro. Esta será a quarta
unidade do Corpo de Cadetes do Mar
de Portugal e integra jovens que têm
a par cularidade de pretenderem ser
futuros candidatos a Fuzileiros.
Uma vez que se trata em Portugal de
uma organização em crescimento,
muito recente, mas que se deseja dilatada a todo o País e que vive apenas
dos orçamentos que já existem para as
Ins tuições que os cons tuem, sendo
todas as ac vidades desempenhadas
por voluntários, é muito desejável e
fundamental a adesão de elementos
da Armada, das Marinhas Mercante,
de Pesca ou de Recreio, que habitem
nas mais diversas regiões onde seja
viável a criação de uma unidade do
CCM – Pt, e que na sua situação de
reforma e/ou por disponibilidade pessoal, possam colaborar nas diferentes
funções, de acordo com a sua experiência e categoria profissional.
O dia do Corpo de Cadetes do Mar de
Portugal é o dia 29 de Abril, escolhido por se relacionar com os 200 anos
da recriação pelo Príncipe Regente D.
João, da Ordem da Torre e Espada, em
1808, após a transferência da Corte
de Portugal para o Brasil, em face da
ameaça das invasões francesas. Como
Ordem de Cavalaria, esta remonta,
não obstante, ao reinado de D. Afonso
V “o Africano” e ostenta como divisa,
Valor Lealdade e Mérito, virtudes que
deverão inspirar os nossos Cadetes
do Mar, para que se tornem dignos
obreiros de um futuro promissor para
o País, qualquer que seja a posição ou
a ac vidade profissional que nele venham a desempenhar.
Fuso-Poesia
15
Por: Alpoim Calvão
(Cap. Ten)
“VÉSPERA DE COMBATE”
A noite é negra. Negros são os meus pensamentos!
Minha mãe, tenho medo. Ouve os meus lamentos
E vem junto de mim. Vem de além do mar,
E canta-me outra vez, a canção de embalar.
Nesse abrigo forte dos teus frágeis braços.
Deixa que eu repouse uns instantes escassos.
Diz-me outra vez, que sou eu o teu menino,
O teu filho, o teu amor tão pequenino.
As larvas da morte, já rondam muito perto
E o teu filho está só! Está só no deserto.
No deserto negro, de tão escuro medo,
Só a posso, confiar o meu segredo:
Amanhã… Amanhã, é outra vez a guerra,
A metralha, os ros, gritos e traição.
Corpos a tombar, feridos, sobre a terra,
Carnes rasgadas, gemidos de aflição.
Na infrene fogueira, assim ateada,
Pois tal ordenam a Honra e o Dever,
Há um homem, átomo, pó, cisco de nada,
Que não pode, nem ao menos, estremecer!
De pé, sereno, o inimigo enfrenta,
O peito às balas, os lábios a sorrir.
E a luta, bárbara, cruel e sangrenta,
Remoinha à sua volta, sem o ferir.
Os homens que comanda, vibram de emoção,
Ao vê-lo assim. Crescem. Rugem. Sem parar,
Avançam firmes, temerosos. De roldão,
O torpe inimigo fazem debandar.
Esse herói tão al vo, bravo e forte,
Símbolo cheio de luz, des no de glória,
Que desdenhoso, ousado, enfrente a morte
E aponte aos homens, a senda a vitória,
E o ideal sublime, rei dos meus sonhos,
Dos meus sonhos felizes, dos dias risonhos.
Dos meus sonhos felizes, dos dias risonhos.
Mas… mãe os sonhos não são realidade,
E a , só poderei dizer verdade.
Eu tenho medo. Tenho medo de morrer,
Medo de falhar, de fugir sem combater.
Por isso te peço que venhas até mim
E me embales devagar, devagar, assim.
Como é bom estar outra vez nos teus braços,
Sen r-me a unido, por tão fortes laços.
Já estou melhor. Refugio não há no mundo,
Tão bom, tão acolhedor, quente e profundo.
Foi-se a noite. Esplendente, já lá vem o dia,
Com o sol radioso, nascendo a brilhar.
A luz surge em mim. O canto da cotovia
Toca-me os ouvidos, num suave trinar.
Olho de frente a morte. Enfrento a vida.
O medo foi-se embora. Mãe muito querida.
A teus pés me ajoelho. Vou beijar-te a mão
E pedir-te fervoroso, a tua bênção.
E se amanhã, a morte me tombar,
No momento supremo, os olhos em Deus,
Transpondo o além, eu hei-de murmurar:
Santa mãe! Para será o meu adeus.
Associação de Fuzileiros | 2011
Crónicas
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CRÓNICAS DE OUTROS TEMPOS
AÉREA NOVA LISBOA ΈHUAMBOΉ ͵ LISBOA
EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA
Das primeiras palavras
Ao decidir-me publicar as minhas
“Crónicas de Outros Tempos”, na Revista “O Desembarque” tenho de explicar porquê – sendo sócio originário
e an go da Associação de Fuzileiros –
não optei por escrever contando “estórias” da guerra do Ultramar ou dos
fuzileiros já que, embora Oficial da
Reserva Naval, também por lá andei,
e para além de Luanda, pela Quissan-
guerra como o da Guiné, deveria deixar os episódios de guerra para tantos
que a fizeram com maior dureza e
contar, antes, para os leitores do “Desembarque”, traços de uma descolonização vivida com muita intensidade.
Apenas para esboçar eventuais curiosidades posso suscitar a pergunta:
Mas o que é isso de uma ponte aérea e qual é o problema? Tão simples
como complicado: é que os aviões,
Marques Pinto*
sócio nº 221
*Escreve de acordo com
a an ga ortografia
Porém, os “movimentos de libertação” já ocupavam várias posições na
cidade - as chamadas delegações com pessoal e os respec vos depósitos de armamento como aliás era regra em quase todas as cidades e vilas
de Angola.
De um momento para o outro, nos
princípios do mês de Julho (10/12) desencadearam-se confrontos, em plena
cidade – como vinha acontecendo por
toda a Angola – entre guerrilheiros
da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) o movimento de Jonas Malheiro Savimbi e o
MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), liderado por Agosnho Neto, cujo resultado foi a vitória
dos primeiros, com reduzido número
de mortos e feridos.
ga, pela Pedra do Fei ço, pela Macala
(rio Zaire) e pelo Massábi (Cabinda).
Porém, tendo do o privilégio de ter
coordenado uma ponte aérea – funções para que me vi a rado, em segunda escolha e por razões meramente circunstanciais, mas que voluntariamente aceitei (seguramente, por não
ter, na altura, a mínima consciência
da dimensão e da responsabilidade
que viria a assumir) e tendo escrito
ao longo dos anos muitas páginas que
aguardam que o tempo cure as feridas – entendi que, não tendo sido um
“guerrilheiro” fuzileiro em teatros de
Associação de Fuzileiros | 2011
então u lizados, podiam transportar
entre 170 a 200 pessoas e estavam
cerca de 100.000 à espera de entrar
no primeiro avião…
Voltarei ao assunto um pouco mais
para diante…
Enquadramento
É preciso que se diga que em Maio/Junho de 1975, a então Nova Lisboa, no
Distrito do Huambo era ainda considerada, em Angola, “a cidade da paz”
e, na aparência, respirava-se rela vamente esse ambiente.
As forças do MPLA refugiaram-se no
quartel das Forças Armadas Portuguesas – Regimento de Infantaria de Nova
Lisboa – no que foram acompanhadas
por outros tantos civis, aderentes e
simpa zantes do Movimento (pretos, brancos e mes ços) em número
à volta de cerca de 120 pessoas que,
sob ameaça da UNITA foram permanecendo sob custódia das tropas
portuguesas.
Dominando pela força das armas a
cidade, sob o aparente olhar displicente dos militares portugueses, dois
“movimentos de libertação”: a UNICon nua na pág. seguinte >>
Crónicas
17
EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA
>> Con nuação da página anterior
TA, esmagadoramente maioritária e,
em teórico pacto de boa vizinhança,
o chamado “ESQUADRÃO CHIPENDA”,
facção dissidente do MPLA que terá
integrado a auto-denominada “Revolta do Leste” grupo que, após a cimeira de Nakuru, se coligou com a FNLA
(Frente Nacional de Libertação de Angola – ex UPA) juntado aos seus guerrilheiros (que no Huambo pareciam
poucos) pessoal, equipamento militar
e armamento (estes sim visíveis) do
então Congo Kinshasa, dominado por
Mobutu Sessé Séco, dito cunhado do
líder da FNLA, Holden Roberto.
A UNITA, a ganhadora dos confrontos,
para além das várias delegações, nos
bairros da cidade, par lhou algumas
estruturas sicas dos vencidos (as que
não foram destruídas) com o “Esquadrão Chipenda”, quase todas ocupando instalações residenciais de quem
nha negociado para fugir, ou já nha
abandonado, todas elas carregadas
de armamento.
O “ESQUADRÃO CHIPENDA” nha um
“quartel” na Chianga, a mais ou menos 16 quilómetros da cidade, ocupando parte das instalações onde
funcionava o Ins tuto de Inves gação
Agronómica de Angola e nha a sua
“sede urbana” instalada na melhor
Casa de Saúde e de clínica médica,
privada, de Nova Lisboa, nesta altura
já negociada/abandonada pelos proprietários, cujo principal desígnio era,
sobretudo, fugir.
Pese embora o domínio “militar” pela
UNITA da cidade e arredores e das
vias de comunicação, para Silva Porto
(Bié) e Serpa Pinto (Menongue) cidades que, claramente, controlava, Nova
Lisboa já nessa altura estava “cercada” (nas estradas de acesso) num raio
de 60/100 quilómetros (a Norte, Sul e
Oeste) por forças do MPLA deslocadas
de Luanda e Malange que formavam
uma cintura (apenas com abertura a
Sudeste) muito di cil de romper por
quem pretendia fazer chegar os seus
haveres a um porto de mar.
Era assim que, da cidade de Nova Lisboa só era possível sair-se, com um
mínimo de segurança, de avião – em
ponte aérea, uma vez que já não funcionavam os voos comerciais – ou,
com grande risco, tentando romper
por terra, para Sudoeste, em direcção
a Benguela/Lobito, para Sul, via Sá da
Bandeira (Huíla) com des no a Moçâmedes (Namibe) ou, ainda, com redobrado risco, via Silva Porto e Serpa
Pinto, com des no ao Sudoeste Africano, hoje Namíbia.
Para Nova Lisboa, a tal ”cidade da paz”
acorriam, todos os dias, algumas centenas de refugiados (brancos, mes ços e pretos) fugindo à total “balcanização” provocada pelos cada vez mais
violentos recontros armados entre
a UNITA/FNLA e o MPLA, nas faixas
Norte/Centro/Leste – Norte/Oeste de
Angola.
Era o fazer das malas para quem já
não podia alcançar Luanda com um
mínimo de segurança sendo que,
quem fugia aspirava chegar a Nova
Lisboa porque constava que iria ou
estaria a funcionar uma ponte aérea
ou porque Jonas Malheiro Savimbi, o
líder da UNITA, ainda fazia apelos para
que “os brancos não abandonassem
Angola”.
De facto, em Nova Lisboa, não havia
no cia de qualquer perseguição racial
por parte da UNITA havendo, mesmo,
grande número de brancos e mes ços
filiados no movimento de Savimbi.
De qualquer forma, uma cidade com
cerca de 60/70 mil habitantes, na
zona urbana, viu-se progressivamente
tomada por avalanches de refugiados
de todas as zonas de Angola (Centro/
Norte/, do Leste e do Sul) deslocando-se em pequenas ou maiores colunas de viaturas ficando, algumas destas, pelo caminho por falta de combus vel ou eventual avaria…
Desenhava-se o êxodo fruto da guerra
aberta entre os “Movimentos de Libertação”, da total inacção que a políca portuguesa registava e do conhecimento no meio dos refugiados de
que, já estaria a funcionar, em Lisboa,
um Ins tuto de Apoio aos Retorno de
Nacionais – IARN (de que aliás eu próprio viria a ser, após “descolonizado”,
dirigente de topo).
Entretanto, projectava-se a “Ponte
Aérea” Nova Lisboa/Lisboa, da iniciava do Governo Português e com o
apoio de vários países especialmente
dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Suíça mas, também e
em menor escala, da então URSS.
À guisa de um parêntesis deve dizer
que, os acontecimentos – mesmo já
sem comunicações civis ou jornais e,
obviamente, na ausência de televisão
(a rádio ouvia-se em onda curta estando a onda média limitada ao Rádio
Clube do Huambo e à Rádio Libertas já
ocupados pela UNITA) – se sucediam
em ritmo alucinante e os boatos, o
pior drama de situações desta natureza, amplificavam e drama zavam as
poucas no cias a que a maioria nha
acesso.
O medo instalava-se no seio dos refugiados, entre ao responsáveis das
reduzidíssimas estruturas existentes
(os serviços públicos iam paralisando
todos os dias) e também nos próprios
“Movimentos de Libertação” que pretendiam controlar a cidade.
É nesta “Cidade
Acampamento” e neste
ambiente
de caos absoluto…
Talvez por isso, a UNITA resolveu estabelecer uma cintura de segurança de
pessoal armado na periferia urbana,
segundo os seus chefes, com duplo
objec vo:
Tentar travar possíveis infiltrações de
guerrilheiros ou comissários polí cos
do MPLA, disfarçados, nas colunas de
desalojados – já que os que anteriormente exis am ou estavam sob custódia da tropa Portuguesa ou se diluíam pela cidade, já saturada de gente,
tentando passar despercebidos – que
pudessem obter informações e, posteriormente, pudessem juntar-se
às forças do MPLA que procuravam
aproximar-se e tomar a cidade;
E evitar que estas rompessem a cintura periférica da UNITA “ajudada” pelo
grupo auto-denominado de “Esquadrão Chipenda” (mais ou menos 200
homens, muitos dos quais congoleses
de Mobutu e ex-militares do Exército
Português) grupo que, todos os dias ia
engrossando com voluntários oportunistas – brancos e pretos – que, assim,
viam a única forma de subsis rem e
de se enquadrarem, armados, para
depois fugir.
Entretanto sucediam-se os combates
entre o MPLA e a UNITA, a cerca de
60/100 quilómetros da cidade do Huambo tentando, uns e outros ganhar
posições.
Associação de Fuzileiros | 2011
18
Crónicas
EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA
Mas, mesmo com o espectro dos confrontos armados nas linhas viárias
Nova Lisboa/Lobito e Nova Lisboa/
Sá da Bandeira/Moçâmedes sempre
havia refugiados e gentes de Nova Lisboa que, de quando em quando, tentavam romper os cercos do MPLA, em
colunas de viaturas mais ou menos
numerosas arriscando fazer chegar ao
mar (Lobito e Moçâmedes) os caixotes que con nham os poucos haveres, os únicos que lhes restavam das
casas já desfeitas, na esperança de os
poderem fazer embarcar, com des no
a Portugal, num qualquer navio cargueiro que demandasse os respec vos portos.
Muitos deles, senão a maior parte,
voltavam para trás trazendo consigo
a desilusão e os caixotes, por vezes
destruídos, vandalizados e/ou roubados e, quiçá, algum ferido ou mesmo
morto, escorraçados que nham sido,
a ro, sob a acusação de desviarem
para Portugal “património” de Angola, pelos guerrilheiros dos cercos.
Com o rolar dos dias, Nova Lisboa
transformou-se numa “cidade acampamento” sendo di cil imaginar mais
tectos para albergar toda a mole de
gente, cuja única esperança era almejar um lugar num qualquer avião da
Ponte Aérea, para a ngir Portugal.
Associação de Fuzileiros | 2011
Colégios, escolas primárias, liceus, instutos industriais, escolas comerciais
e industriais, instalações de serviços
públicos já paralisados, hangares dos
caminhos de ferros (estes já há muito paralisados) armazéns públicos e
privados, já esvaziados de conteúdos, enfim e por fim, as instalações
da Feira Internacional das Indústrias
de Nova Lisboa (incluindo as instalações de gado) – tudo era pouco para
recolher gente desiludida e, por vezes
já amorfa, muitos apenas com um colchão por baixo e uma manta rús ca
por cima (no Huambo, Planalto Central de Angola faz frio na estação do
cacimbo) e, para o fim, só com uma
manta por baixo e outra por cima porque os colchões já se haviam esgotado e os cobertores escasseavam, já
funcionando como moeda de troca.
É nesta “Cidade Acampamento” e
neste ambiente de caos absoluto que
se inicia a Ponte Aérea Nova Lisboa
(Angola) /Lisboa (Portugal).
Da Ponte Aérea
Em fins de Julho, princípios de Agosto de 1975 chegam a Nova Lisboa enviados do Alto-Comissário de Angola
para os primeiros contactos.
Com a situação a degradar-se dia a dia
tornava-se impera vo cons tuir uma
“Comissão Execu va de Repatriamen-
to” (vivia-se o tempo das comissões e
assim lhe chamaram) para organizar
uma ponte aérea.
Como é óbvio teria de ser uma comissão de voluntários e de boas vontades
– eu diria mesmo de altruísmos – porque os poderes já estavam na rua,
nas mãos dos “Movimentos de Libertação” ou, quando muito, em quem
ainda de nha algum poder de facto
porque o “de jure” nha-se esvaído.
Teoricamente, repito, teoricamente,
a estrutura devia apoiar-se noutra
comissão dita CNAD – Comissão Nacional de Apoio aos Desalojados que
deveria integrar: o Encarregado do
Governo do Distrito (O Governador
do Huambo já nha par do); o Comandante Militar da ZIC – Zona de
Intervenção Centro (já apenas ao nível de Tenente-Coronel quanto a patente normal era Brigadeiro mas que,
também, já nha se nha acoitado na
Metrópole); o Delegado Saúde (médico indiano que, não se sabe bem
porquê, ainda exis a); a Presidente
da Cruz Vermelha local (uma grande
Senhora que, contra todas as expectavas ficou até ao fim); e o Coordenador da tal CER – Comissão Execu va
de Repatriamento (que era imperioso
encontrar).
A previsão dos representantes do
Alto-Comissário era de que seria necessário evacuar de avião, em ponte
aérea (os transportes aéreos comerciais já não funcionavam, à excepção
de um ou outro “teco-teco” que ainda se poderia alugar) cerca de dez mil
pessoas.
O Coordenador que os enviados de
Luanda traziam na manga era um
Eng.º Agrónomo, Chefe da Missão de
Extensão Rural de Angola, com sede
em Nova Lisboa e Coordenador do
Plano Regional de Desenvolvimento
do Planalto Central (de que eu era
técnico assessor) personalidade que
nha, de facto, o perfil adequado mas
que logo foi ameaçado fisicamente
pela UNITA, sob o pretexto de que nha a sua Missão de Extensão Rural
infiltrada de MPLAs!
Tendo este de se “ausentar” rapidamente para Luanda/Lisboa lembrou-se
de dizer, aos Senhores de Luanda, que
eu, também um funcionário público,
jovem licenciado (35 anos recentes)
Con nua na pág. seguinte >>
Crónicas
19
EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA
>> Con nuação da página anterior
Chefe de um Serviço Distrital, “era o
homem mais adequado”.
Pudera! Tratava-se de um ex fuzileiro
e, de qualquer forma, nestas situações
de emergência, de quase catástrofe e
de poucos quadros disponíveis, qualquer um serve, desde que aceite o encargo, ou porque já não anda bem da
cabeça ou porque, ingénuo, não tem a
noção do que pode vir aí!
Fui eu o voluntário indigitado.
Os militares portugueses, comandados por um Tenente-Coronel, an go,
de extraordinária valia (pese embora
já rodeado de vários MFAs que lhe
seguiam a sombra) colocaram à disposição do Coordenador da Comissão
Execu va de Repatriamento, as instalações do Distrito de Recrutamento e
Mobilização do Huambo, uma vez que
já não havia mobilização e muito menos recrutamento, estando o edi cio
todo equipado, mas totalmente vazio
de pessoal.
O MFA, ou os mais que fossem que
de vessem o poder militar, já haviam
reduzido as tropas portuguesas do
Huambo ao mínimo, uma vez que,
na Mãe Pátria, já se gritava, designadamente, os SUVs - Soldados Unidos
Venceremos e os MUVs - Marinheiros
Unidos Venceremos: «NEM MAIS UM
SOLDADO PARA AS COLÓNIAS»!
Em princípio (dizia Luanda) a Comissão
Execu va de Repatriamento (CER) deveria evacuar apenas refugiados, não
funcionários públicos – estes eram
imensamente minoritários – uma vez
que teriam à disposição aviões específicos cabendo a sua coordenação ao
Encarregado do Governo, um Intendente de Distrito que por lá permanecia, convencido de que ainda nha
poder quando, ele próprio sem par cular pres gio, os seus serviços estavam a paralisar e era visível que se ia
instalando o caos!
Apenas com estes pressupostos, demasiado simplistas e imprecisos de
quem não faz a mínima ideia da realidade do terreno (os conhecidos
personagens do ar condicionado) se
cons tuiu a Comissão Execu va de
Repatriamento da CNAD (Comissão
Nacional de Apoio aos Desalojados)
que verdade seja dita só exis u no
papel - ao redor deste voluntário, funcionário público, ex fuzileiro que apenas colocou como condição evacuar
a família no primeiro avião. Coragens
da juventude…!
O Coordenador – a quem já não eram
pagos vencimentos, por impossibilidade de processamento, face à paralisação dos serviços – rodeou-se,
também, de voluntários que convidou
e na altura terá escolhido de entre
quem se disponibilizava para ajudar:
Eng.º de máquinas, Eng.ª química,
Eng.ºs Agrários, Bancários, Funcionários Públicos, Economistas, Médicos,
Enfermeiros, Socorristas, Secretárias
de Direcção, enfim, todos eles, porventura convencidos de que o Coordenador estaria possuído de reais poderes que lhe vinham de Luanda e do
Alto-Comissário quando eu, na verdade, nem este conhecia… Mas era necessário mostrar “alguma coisa”…
Estes Colaboradores que iriam constuir e “chefiar” (ninguém chefiava
coisa alguma) as principais estruturas
escolheram outros voluntários (pessoal mais execu vo) e a Comissão de
Repatriamento chega a a ngir os 200
elementos que, obviamente, ninguém
nha a veleidade de coordenar.
Já com as “pedras” por mim escolhidas cria-se, “ad hoc”, uma organização com os seguintes serviços, departamentos, sectores, secções – como
quiserem.
Citam-se, u lizando os documentos
que consegui preservar, apenas para
situar os leitores, não por ordem hierárquica (as hierarquias, nestas circunstancias, eram os poderes fác cos
e tantas vezes fic cios):
9 Secções Regionais de Inscrição; 1
Secretaria-Geral; 1 Secção de Atendimento; 1 Secção de Planeamento de
Voos; 1 Secção de Saúde; 1 Gabinete
de Análise; 1 Departamento de Relações Públicas; 1 Secção de Informação; 1 Tesouraria; 1 Secção de Controlo de Voos.
Tudo “isto” “tutelado” pelo Coordenador (este escriba que se pretende
fazer-se ler) e por mais 4 Coordenadores Adjuntos. Como vêm, “brilhante”
para uma situação de caos público e
de poder na rua…!
Mas para que se compreendam a história e as “estórias” que se hão-de
contar, é indispensável que voltemos
à pergunta:
Qual é o problema de uma ponte aérea, em que se perspec va evacuar
cerca de 10.000 pessoas e acabam
por “fugir” cerca de 80/100.000?
Numa cidade de à volta de 60/70 mil
Quem vai primeiro?
Trocavam-se viaturas por
combusơvel.
habitantes “despejam-se” mais cerca de 100.000 seres humanos. Cada
pessoa considera que o seu caso e o
seu problema são mais importantes
do que os do vizinho do lado, porventura o corpo que repousa no colchão
ao seu lado, coberto pelo tecto de um
pavilhão de feira. Por isso - “porque os
meus problemas são os mais graves e
importantes, tenho o direito de seguir
no primeiro avião”.
Cento e sessenta mil almas pensam
da mesma maneira e estão convictas
das suas verdades!
Associação de Fuzileiros | 2011
20
Crónicas
EPISÓDIOS DE UMA PONTE AÉREA
Só que, cada avião, neste caso, apenas
transporta entre 170 a 200 pessoas.
Então coloca-se este “pequeno” problema: Quem vai primeiro?
As mulheres que, eventualmente, com
as crianças estão mais fragilizadas? Os
velhos e os doentes? Os jovens com
mais esperança de vida? Os homens
válidos ficam para o fim? E as famílias
separam-se? E se não há aviões para
todos? E os polí ca e militarmente
ameaçados de morte, pelos “Movimentos de Libertação” que controlam,
pelas armas, o terreno, mesmo sendo
pretos angolanos, deixam-se morrer,
já que não há poder que os proteja? E
as Famílias “extensas” mul rraciais e
mul nacionais separam-se? Ficam os
pretos e os de pele escura e vão, apenas os brancos? Quem são os nacionais portugueses que têm o direito e
a legi midade de ser repatriados? Só
os brancos? Ou também os pretos e
os mes ços que nasceram sob a Bandeira das Quinas?
E quem define tudo isto, quando o poder está na rua ou para lá caminha?
Aos olhos da mul dão de desiludidos
– de cansados, de quem apenas vislumbra muito pouca luz ao fundo do
seu túnel – é óbvio que quem deve
Associação de Fuzileiros | 2011
definir será a “Comissão” e o seu Coordenador, figura que ainda é vista
com algum poder, pelo menos, porque terá alguns aviões “no bolso” e se
faz transportar num carro do Estado
(ainda português) com combus vel
fornecido pelos militares portugueses. O abastecimento comercial de
combus vel nha paralizado e já se
trocavam viaturas por combus vel,
isso mesmo, trocavam-se viaturas por
combus vel.
Esta sim uma “telenovela” da vida
real, com episódios burlescos e insólitos que atravessam o drama da
sobrevivência e a tragédia de vidas
dissolvidas, em meia dúzia de meses,
e o desmoronar do castelo de cartas
de várias gerações, ruindo ao sopro
de uma História que con nua por
escreveras, em meia dúzia de meses
e o desmoronar do castelo de cartas
de várias gerações, ruindo ao sopro
de uma História que con nua por
escrever.
Mas que Comissão era esta?
Como já foi aflorado era exclusivamente cons tuída por voluntários, a
maior parte dos quais apenas se oferecia para conhecer os meandros da
“organização” e para mais facilmente
furar as regras que se tentavam definir – para que houvesse ordem – e enquadrar “esquemas” que possibilitassem as corruptelas dos oportunistas e
permi ssem fugir mais rapidamente,
num qualquer avião que “caísse” na
pista, mesmo que sob dissimulação,
no “cockpit”.
Foi esta “organização” que este escriba procurou coordenar, apoiado por
dúzia e meia de verdadeiros altruístas
(Homens e Mulheres).
Depois “disto”, compreender-se-ão
muitas “estórias” que se poderão
contar – quiçá se contarão – onde o
drama, a ternura, a emoção, o amor e
o ódio, a paixão e o medo, o altruísmo
e o desespero e, seguramente a coragem, se entrecruzam temperando autên cos casos de telenovela.
Esta sim, uma “telenovela” da vida
real com episódios burlescos e insólitos que atravessam o drama da sobrevivência e a tragédia de vidas dissolvidas, em meia dúzia de meses, e o desmoronar do castelo de cartas de várias gerações, ruindo ao sopro de uma
História que con nua por escrever.
(Con nua no próximo numero)
Corpo de Fuzileiros
21
PILOTO ELISABETE JACINTO COLABORA
COM ESCOLA DE FUZILEIROS
No ano de 2005, a formação de condução na Marinha foi transferida totalmente para a Escola de Fuzileiros,
no contexto da ex nção do Grupo nº
1 de Escolas da Armada, em Vila Franca de Xira. Na Escola de Fuzileiros já
exis a um pólo de formação e um dos
dois centros de exames da Marinha,
reconhecidos pela então DGV. Assim,
todos os recursos, humanos e materiais, foram transferidos para a Escola
de Fuzileiros, sendo criado o Departamento de Formação em Transportes
Terrestres (DFTT) que inclui o Gabinete de Instrução de Viaturas (GIV) e o
Centro de Exames de Marinha, reconhecido pelo Ins tuto para a Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT),
para a atribuição de cer ficados de
condução de todas as categorias de
veículos, passíveis de serem averbados directamente aos bole ns de condução civis.
O DFTT ficou assim responsável pela
formação de praças e sargentos das
classes V (Condutores - em ex nção)
e MS (Manobras e Serviços) na vertente da condução, e da realização
de cursos de aperfeiçoamento (ex.:
autocarros e veículos ar culados) e
de especialização, como é o caso do
curso de Especialização em Condutores para Fuzileiros (FZV).
Este curso, com uma duração de cerca
de 4 meses, confere aos formandos a
qualificação legalmente exigida para
a condução de todas as categorias
de veículos e proporciona-lhes conhecimentos e perícias no âmbito da
condução tác ca e da condução em
todo-o-terreno (TT). Para tal, o DFTT
realiza, em alguns casos com a colaboração da Companhia de Apoio de
Transportes Tác cos (CATT) do Corpo
de Fuzileiros, exercícios de campo,
para o treino e aperfeiçoamento destas técnicas e perícias.
Neste enquadramento e no âmbito do
Curso de Especialização em Condutores de Automóveis (EMV02) 1ª Edição
de 2011, realizou-se o Exercício de
condução Tác ca e Todo-o-Terreno
TT1101, de 12 a 14 de Julho de 2011,
na zona de Tróia e Pinheiro da Cruz.
Tendo-se considerado importante conhecer outras técnicas e abordagens
à condução TT, bem como técnicas de
desempanagem, o DFTT propôs-se,
de condução com veículos do Corpo
de Fuzileiros.
CALM Picciochi recebe Elisabete
Jacinto em PAN Tróia
com a autorização do Comando da EF,
endereçar um convite a um piloto de
referência nesta matéria com o intuito de colaborar nesta formação. Diríamos que naturalmente o nome de
imediato lembrado foi o da Piloto Elisabete Jacinto, face à sua enorme experiência nesta matéria, fruto da sua
par cipação em inúmeras provas TT,
de que se salientam o Rali Paris-Dakar
e o Rali Africa Race, com resultados
dignos de registo, quer na condução
de motas, quer, sobretudo, ao volante do seu camião MAN TGS do Team
Oleoban/MAN Portugal, no qual ainda recentemente repe u o triunfo alcançado no ano passado numa prova
da Taça do Mundo.
A este convite, a Piloto Elisabete Jacinto respondeu com enorme disponibilidade e simpa a, deslocando-se
à área de exercícios no dia 13 de Julho, acompanhada pelo gestor da sua
equipa e responsável pela logís ca e
também seu marido, Jorge Gil.
Após a recepção efectuada pelo Comandante do Corpo de Fuzileiros,
CALM Picciochi e pelo Comandante
da Escola de Fuzileiros, CMG FZ Pereira Leite, seguiu-se um almoço no
Ponto de Apoio Naval de Tróia, e a
deslocação para a área de exercícios
onde foi possível trocar experiências
e conhecimentos, tendo Elisabete Jacinto par lhado a sua vasta experiência com os formadores e formandos
presentes no exercício, bem como
a oportunidade de observar o que é
feito em ambiente militar, e, inclusivamente feito uma pequena experiência
Elisabete Jacinto revelou a curiosidade e sa sfação de ter sido a primeira
vez que foi convidada para par lhar
a sua experiência na área de condução. Enalteceu o profissionalismo dos
condutores presentes e salientou a
importância de vários aspectos de segurança em TT, nomeadamente o uso
do cinto de segurança, como factores
que contribuem para o sucesso da
“missão” de condução nas mais di ceis condições do terreno, referindo
as vezes em que um adequado cinto
de segurança lhe permi u permanecer com o total controlo da condução
(volante e pedais), mesmo quando a
viatura se eleva nas irregularidades
do terreno.
Almoço e oferta de livro alusivo
aos 50 anos da EF (PAN Tróia)
Referiu também a importância da
manutenção de uma boa condição
sica – a piloto dedica, diariamente,
duas horas ao seu treino sico – que
considera essencial para manter a
plenitude das suas faculdades ao
longo das provas e para o organismo
responder “em tempo ú l” ao esforço
requerido.
Tratou-se de uma primeira abordagem, de uma par lha de conhecimentos muito proveitosa para formadores
e formandos, ficando a promessa para
futuras colaborações nesta área, que
a Escola de Fuzileiros e o DFTT pretendem ver aprofundadas.
5Comentários e troca de ideias sobre
os exercícios realizados (Pinheiro da
Cruz)
Associação de Fuzileiros | 2011
Corpo de Fuzileiros
22
SALA DE ESTAR DE PRAÇAS QP DA BASE DE FUZILEIROS
Após um interregno de cerca de dez
anos, foi reaberta em novas instalações, a Sala “Marinheiro FZE Manuel
José Franco Belo” des nada às Praças
dos Quadros Permanentes (QP´s) da
Base de Fuzileiros, no passado dia 25
de Maio de 2011. Este novo espaço de
lazer cons tuía uma an ga ambição
do Comando, e des na-se aos militares QP´s da guarnição sendo extensiva
aos seus familiares e convidados.
Na cerimónia presidida pelo Comandante da Base de Fuzileiros, CMG FZ
Ova Correia, es veram presentes Sua
Excelência o Comandante do Corpo
de Fuzileiros, CALM Cortes Picciochi,
o Segundo Comandante do Corpo de
Fuzileiros, CMG FZ Sousa Ribeiro, outros Oficiais do Estado-Maior, o Oficial
Capelão e Comandantes de Unidades
FZ, Chefes de Serviço, Sargentos e a
Praça QP mais an ga de cada Serviço.
A reconversão desta infra-estrutura situada junto ao Bar da Guarnição, e na
praça onde se encontra exposta a viatura “Chaimite”, foi feita com grande
dedicação e empenho pelo pessoal do
Serviço Geral, Serviço de Electricidade, Secção de Serralharia e Carpintaria da Unidade, sendo o novo recheio
e decoração ob da por via de verbas
da Unidade, e outras ofertas das Unidades, nomeadamente da Unidade
de Meios de Desembarque.
O patrono da Sala, que serviu a Armada nos Fuzileiros desde os 18 anos de
idade (ver notas pessoais na caixa),
combateu no território da Guiné e
de Angola, tendo evidenciado sempre um enorme espírito comba vo
e coragem sica invulgar, faleceu na
sequência do rebentamento de uma
mina an -carro no Chilombo, Angola
em Novembro de 1973, ao serviço da
CF 6.
MARINHEIRO FZE MANUEL JOSÉ FRANCO BELO
Notas pessoais
Nasceu a 28 de Agosto de 1947, na
freguesia da Atouguia da Baleia, Peniche, e requereu a admissão à Armada em Dezembro de 1964, com a
idade de 17 anos. Após a formação
no G.2.E.A (E.F.) foi promovido a 2º
Grumete FZ, e par u para a sua primeira campanha na Guiné em Junho
de 1966.
Três meses depois de ter iniciado a
sua primeira campanha é louvado
pelo Comandante do DestacamenAssociação de Fuzileiros | 2011
to Nº7 de Fuzileiros Especiais (DFE
7), pelos serviços extraordinários e
importantes que nha realizado em
campanha, tendo o louvor sido avocado pelo Comandante da Defesa
Marí ma da Guiné, Comodoro Francisco Ferrer Caeiro a 19 de Setembro
de 1966.
Em Dezembro de 1966, volta a ser
louvado pelo DFE 7 e pelo mesmo
Comodoro, por ter demonstrado elevado espírito comba vo, coragem e
desprezo pelo perigo, sendo-lhe posteriormente atribuída a medalha de
Mérito Militar de Cobre dos Serviços
Dis ntos por despacho do General
Chefe das Forças Armadas da Guiné.
Aos 23 anos de idade, registava
dois Louvores Individuais por actos
pra cados em operações na Guiné
e 5 Louvores Colec vos. Também
havia sido condecorado com a cruz
de Guerra de 4ª Classe, por serviços
prestados em combate e com a Medalha Militar de Serviços Dis ntos
(Guiné). Na mesma altura, e ao longo de uma comissão em Angola, foi
agraciado com um Louvor Individual,
onde se considerava os serviços por
ele prestados como extraordinários,
relevantes e dis ntos.
No dia 15 de Novembro de 1973 pelas 16:40 horas, quando se efectuava
o transporte de pessoal para patrulhamento das matas a Leste do Chilombo, Angola, foi accionada uma
mina an -carro nas proximidades
do Rio Matoche. Do rebentamento
desta resultou ferimentos no 119/65
Mar FZE Belo, que após evacuação
para o aquartelamento do destacamento de Marinha do Zambeze, faleceu ví ma dos ferimentos sofridos.
Após a transladação do corpo em 18
de Janeiro de 1974, da Vila de Teixeira de Sousa para Luanda, a urna
chegou a Lisboa, via marí ma, em 07
de Abril de 1974, tendo sido sepultado dois dias depois no cemitério da
Nazaré.
Eventos
23
DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011
PRESIDENTE DA REPÚBLICA INAUGURA
MONUMENTO AO FUZILEIRO
Na sequência das no cias já publicadas em “destaque”, no Site da Associação de Fuzileiros dá-se à estampa
um pequeno resumo do que foi a
comemoração do Dia do Fuzileiro e,
especialmente, da cerimónia de inauguração do Monumento ao Fuzileiro
implantado na rotunda a que a Câmara Municipal do Barreiro deliberou
chamar “Rotunda dos Fuzileiros” integrando-a na toponímia da cidade.
A comemoração do Dia do Fuzileiro
iniciou-se cerca das 09.00 horas, com
a concentração da “Grande Família
dos Fuzileiros” na Escola de Fuzileiros
e com a par da de cinco autocarros
da Direcção de Transportes da Marinha que efectuaram o transporte de
O Monumento é da autoria do escultor Tolen no de Lagos e pretende
retratar um desembarque dando o
relevo a um bote zebro com um fuzileiro a saltar para terra e mostrando,
ao fundo, a silhueta de um navio de
guerra.
ida e regresso das pessoas para e do
Barreiro.
De notar que a específica cerimónia de inauguração do Monumento
– junto do qual S. Ex.ª o Presidente
da República descerrou uma lápide
e prestou homenagem aos Fuzileiros
já desaparecidos, nomeadamente,
aos que pereceram em combate – decorreu com par cular civismo, ordem
disciplina e rigor, não tendo sido possível vislumbrar a mais pequena nota
discordante.
S. Ex.ª o Presidente da República chegou ao local da cerimónia às 11.30 horas acompanhado pelo Senhor Tenente-General, Chefe da sua Casa Militar,
sendo recebido pelos Senhores Presidentes da Câmara e da Associação
de Fuzileiros e pelos Senhores, Secretário de Estado Adjunto e da Defesa
Nacional e Chefe do Estado Maior da
Armada.
As honras militares ao Primeiro Magistrado da Nação foram prestadas
por um Batalhão de Fuzileiros a três
companhias, integrando o Estandarte
Nacional e os Estandartes do Corpo,
da Escola e da Base de Fuzileiros, a
Fanfarra e a Banda da Armada, bem
como os Guiões das an gas Unidades
de Fuzileiros que prestaram serviço
em Angola, Guiné e Moçambique.
À volta da Rotunda dos Fuzileiros e
do Monumento marcaram presença,
também, os guiões, da Associação de
Fuzileiros e das nossas Delegações
do Algarve, de Gaia e de Juromenha/
Elvas.
Nas Tribunas veram lugar todas as
en dades convidadas pela Câmara
Municipal do Barreiro e pela Associação Nacional de Fuzileiros rondando as trezentas personalidades
civis e militares incluindo as Altas
Individualidades.
Assis u à cerimónia uma mul dão
de gente que se deslocou de todo o
País e que se juntou à população do
Barreiro podendo falar-se em muitos
milhares de pessoas.
Esta cerimónia teve a inicia va da Associação de Fuzileiros sendo apoiada
pelo Município do Barreiro e pela Marinha, com especial destaque para o
Corpo de Fuzileiros.
Finda a cerimónia de inauguração,
cerca das 12.30 horas e, de volta a
Vale do Zebro houve o tradicional almoço convívio, na Escola de Fuzileiros, tendo a respec va organização
melhorado muito em relação ao ano
passado.
Tratou-se de uma longa mas bonita e
emocional jornada, cheia de nível e
de disciplina consen da que terminou
perto das 5 horas da tarde, no decurso da qual se mataram saudades e se
distenderam nostalgias.
Estamos, pois, todos de parabéns:
Associação de Fuzileiros, Câmara Municipal do Barreiro, e a Marinha (Corpo, Escola e Base de Fuzileiros) sendo
Associação de Fuzileiros | 2011
24
justo destacar o empenhamento do
pessoal do Corpo de Fuzileiros e do
Município do Barreiro, bem como a
par cular dedicação dos tulares dos
Órgãos Sociais da AFZ, designadamente, da sua Direcção e dos dirigentes
das Delegações, sem o empenhamento e espírito de entrega dos quais, não
seria possível este rotundo sucesso.
Segundo cremos foi a primeira vez
que um Presidente da República, em
Portugal, inaugurou um Monumento
em homenagem a uma força militar
Eventos
de elite, em praça pública e discursou
em cerimónia desta natureza.
Importa referir que o nosso Monumento vai ser melhorado.
Venceu e sedimentou-se a ideia de
serem colocadas, estratégica e estecamente, cinco pedras ao redor do
monumento com uma das faces reves da de pedra “moleana”, nelas se
recortando as imagens planificadas
dos cinco con nentes com os locais,
por onde os Fuzileiros es veram, devidamente assinalados.
Orgulho de todos nós e profusamente
referenciado por Ins tuições Militares e Civis, porventura anteriormente
alheias à Associação, o Monumento
ao Fuzileiro cons tui já referencial
altaneiro do Município do Barreiro,
da Marinha de Guerra, da Associação
que é nossa e do próprio País.
Por tudo isto cons tui – diríamos – a
quase obrigação de todos os Fuzilei-
DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO
DE FUZILEIROS
Excelen ssimo Senhor Presidente da
República, Exm.º Senhor Presidente da Câmara Municipal do Barreiro,
Exm.º Senhor Secretário de Estado
Adjunto e da Defesa Nacional, Exm.º
Senhor Almirante Chefe do Estado
Maior da Armada, Exm.º Presidente
da Assembleia Municipal, Exm.º Senhor Chefe da Casa Militar de S. Exª.
o P. da R., Exm.º Senhor Almirante
CN , Emm.º Senhor Comandante do
Corpo de Fuzileiros, Exms.º Senhores
Almirantes ex- CEMAs, Sr.s Almirantes
e Generais , Ilustres Convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores.
Permita-me V. Ex.ª, Senhor Presidente
da República de lhe pedir vénia para
o cumprimentar e para lhe dizer da
subida honra que a Associação de Fuzileiros sente em que o nosso monumento seja inaugurado pela mão do
Senhor Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva.
Permita-me, ainda, V. Ex.ª que em largas pinceladas – não de ar sta mas
de homem de todos os dias que sente pulsar no coração este vírus que
não mata mas que se alimenta a si a
próprio, qual seja o do mís co fuzileiro – trace alguma história, porque de
Associação de Fuzileiros | 2011
história já se pode e deve falar quanto
o tempo transforma o tempo em 390
anos.
Os Fuzileiros Portugueses têm origem
na mais an ga unidade militar permanente de Portugal, o Terço da Armada da Coroa (1621) tendo sido, desde
logo considerado uma unidade de elite que, a responsabilidade e a honra
da guarda pessoal do Rei de Portugal
confirmou.
Ao longo do século XVIII, o Terço da
Armada da Coroa de Portugal sofreu reorganizações mas a maior foi
quando, no final do século, D. Maria I
mandou concentrar todos os seus regimentos de marinha na nova Brigada
Real da Marinha.
Quando da ocupação napoleónica
(1808) e da par da da Família Real, a
Brigada Real embarcou, também, na
sua maioria, para o Brasil e, neste nosso País irmão deu origem ao Corpo de
Fuzileiros Navais.
Em meados do século XIX, com a total
militarização do pessoal da Armada
Portuguesa esta decidiu ex nguir a
sua componente an bia e, naturalmente, a Brigada Real.
ros e de cada um, perder ganhando,
pelo menos um dia para visitar o Monumento e homenagear a memória
de todos nós mas, especialmente, dos
que já encetaram a viagem para além
de nós.
Mais do que muitas palavras falará o
conjunto de fotos que se publica e os
discursos dos Presidentes da Associação de Fuzileiros, da Câmara Municipal do Barreiro e o de S. Ex.ª o Presidente da República para o qual se
chama par cular atenção.
Eventos
Porém, em 1924, volta-se a uma unidade an bia permanente, a Brigada
da Guarda Naval, ex nta em 1934.
Contudo, a indispensabilidade dos
fuzileiros transformou-se em necessidade óbvia e sen da a par r de 1961,
com o início da Guerra do Ultramar
sendo então estes recriados e constuídos em Destacamentos de Fuzileiros Especiais e em Companhias de
Fuzileiros Navais sendo que, até 1975,
mais de 14.000 fuzileiros combateram
nos teatros de operações de Angola,
Guiné e Moçambique.
Mas, voltada que foi a página da descolonização, esta força de elite, com
reconhecidos pergaminhos na guerra,
logo soube criá-los na Paz com igual
dignidade e assinalando, outrossim,
com igual elevação, o seu conhecido
e pico cariz humanista.
Foi então que os Fuzileiros marcaram
novamente presença em três con nentes: Europa – Bósnia; África – Guiné, Cabo Verde, Moçambique, Angola
e Congo; Ásia - Timor e Afeganistão;
Enfim, o reinício do percurso dos cinco con nentes tantos quanto, desde
o Terço da Armada da Coroa, os fuzileiros veram de percorrer com igual
garbo e sen do de missão e honra da
Pátria.
Ilustres Convidados,
Minhas senhoras e meus Senhores:
Teria de me penitenciar junto de todos quantos, neste momento represento se não tornasse pública, ao menos, cur ssima resenha da sua ainda
pequena história mas for ssima afirmação, no quadro do associa vismo
nacional e se não retratasse, sumariamente, a sua natureza e fins.
Quanto à história:
- Após a Revolução de Abril, não fazendo excepção à ânsia generalizada
de criação de movimentos associa vos, também os fuzileiros, com preocupação patrió ca tentaram reunirse em associação na defesa dos seus
par culares princípios e valores.
- Porém só em 29 de Março 1977 foi
registada a 1.ª escritura pública.
- Decorrida a úl ma década de árduo
e pro cuo trabalho, que envolveu dezenas e dezenas de Homens que deram o melhor de si próprios à causa,
aqui estamos – com um novo quadro
estatutário – orgulhosos do passado e
do presente, com muita Fé no futuro
e com a consciência de termos a ngido um nível de parceiro dialogante,
nas vertentes civil e militar.
Quanto à natureza e fins:
- A AFZ tem a natureza de uma associação de direito privado, com personalidade jurídica, sem fins lucra vos
e procura conservar e desenvolver
os valores que sempre presidiram ao
espírito de serviço, de camaradagem,
de lealdade, de coragem, de sacri cio e de solidariedade dos Fuzileiros
e da Marinha de Guerra Portuguesa,
pretendendo desenvolver intervenção nos âmbitos cultural cien fico,
histórico, das ciências militares e das
artes mas, par cularmente, na área
social de apoio aos mais carenciados
e desfavorecidos.
Senhor Presidente da República,
Excelência:
Esta inicia va, também ela de excelência – perpetuar a figura do Fuzileiro, na guerra e na Paz – não tem só a
ver com a Associação de Fuzileiros.
A “culpa” de tudo isto e do incómodo
que causámos a V. Ex.ª sobrecarregando a sua já pesada agenda é, também,
da Câmara Municipal do Barreiro e da
Marinha, dentro da qual – permitase-nos o pequeno “bairrismo” – realçamos o Corpo de Fuzileiros.
A Câmara Municipal, personalizada
no indispensável e claro apoio do seu
Presidente deu-nos a rotunda, as infra-estruturas e, sobretudo, a sua manifesta colaboração.
A Marinha, a nossa Marinha, deu-nos
os meios que sempre envolvem a recepção condigna do Primeiro Magistrado da Nação, quase diríamos, “deunos tudo”, o que equivale por dizer, a
capacidade de fazer e de fazer bem e,
não menos importante, os apoios aní-
25
micos que nos permi ram levar por
diante esta pequena aventura. V. Ex.ª
Sr. Chefe do Estado Maior da Armada
é, também, o “culpado”. “Penitenciese”.
O Senhor Tolen no de Lagos, beneficiou-nos com seu talento e arte.
Vamos terminar por agradecer a todos
quantos, sem excepção, contribuíram
para tornar possível esta realização
que, cremos, cons tui marco histórico que permi rá à Associação de Fuzileiros, no futuro, cumprir no âmbito
social, o sonho dos nossos desígnios:
a “Casa Sénior dos Fuzileiros” - para
que todos possamos morrer com
dignidade.
Obrigado à Marinha, obrigado à Câmara Municipal do Barreiro, obrigado a todos os Ilustres Convidados,
porque todos o são, por terem dado
lustro e visibilidade a esta cerimónia,
obrigado aos sócios pela forma como
colaboraram.
A todos muito obrigado porque, porventura terão contribuído para que a
Associação de Fuzileiros – neste mundo alucinantemente veloz e eivado de
resquícios do mais puro individualismo ponha de lado inexoráveis inevitabilidades e con nue com a Esperança
de, quiçá poder cons tuir mais uma
ilha de ventos tranquilos soprando
solidariedade.
V. Ex.ª Senhor Presidente da República integrou, seguramente, boa parte
do vento de solidariedade que por
aqui soprou, muito obrigado. MUITO
Obrigado, por PORTUGAL.
Disse.
Associação de Fuzileiros | 2011
26
Eventos
DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011
DISCURSO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO BARREIRO
Sua Excelência Senhor Presidente da
República, Professor Doutor Aníbal
Cavaco Silva; Senhor Secretário de
Estado Adjunto da Defesa Nacional,
Dr. Paulo Braga Lino; Senhor Chefe do
Estado Maior da Armada, Almirante
Saldanha Lopes; Senhor Presidente da
Associação de Fuzileiros, Comandante
Francisco Preto; Senhores Autarcas;
Restantes Convidados; Minhas Senhoras e Meus Senhores
A todos saúdo!
Bem-vindos ao Barreiro.
Esta é a nossa terra. Com o seu passado, o seu presente e o seu futuro:
todos feitos de resistência, de combate, de Liberdade, de trabalho e de
sonho.
Um molde forjado, como em tantos
outros lugares e por tantos outros
portugueses, na defesa dos interesses
públicos do País e do Povo português:
da sua autonomia e independência,
da sua Liberdade e crescimento.
É nesta terra e entre este povo que
hoje vos encontrais.
E é com eles, connosco, que podeis
contar para, em defesa daqueles
mesmos interesses e princípios, criar
mais riqueza, mais emprego e maior
produ vidade.
Bem-vindos, pois!
É com imenso respeito e grande consideração que par cipamos na Cerimónia de Inauguração do Monumento de Homenagem aos Fuzileiros, no
mesmo momento em que se comemora o quinquagésimo aniversário da
sua escola em Vale de Zebro, aqui no
concelho do Barreiro.
As forças armadas representam um
elemento central na defesa da soberania e da independência nacional,
assumindo-se como pilar da Liberdade e da Democracia.
A defesa que estas lhes devem, e que
a Cons tuição da República de 1976
lhes confere, exige muito. Impõe muitos sacri cios. Mas impõe-nos a todos
nós.
As forças armadas e a marinha, das
barricadas da rotunda ou da revolta
dos marinheiros à madrugada de 25
de Abril, demonstraram, sempre, estar à altura dos valores cuja defesa
lhes foi confiada.
Associação de Fuzileiros | 2011
Saibamos, também, cada um de nós
estar a esta altura.
Vivemos tempos di ceis. Muitas das
opções que hoje estão a ser tomadas
afectarão o futuro próximo de Portugal
e da generalidade dos portugueses.
No entanto, somos dos que convictamente acreditamos nas capacidades
dos Barreirenses para encontrar as soluções adequadas à superação das dificuldades com que nos confrontam.
Construímos ao longo dos úl mos
anos um conjunto de projectos que,
uma vez concre zados, permi rão
transformar o Barreiro, uma vez mais,
num pólo de progresso, de crescimento e de produção de riqueza. Permi
que, a traços breves, vos transmita
três das nossas principais ambições:
Necessitamos que o território da anga Cuf/Quimigal, actualmente património do estado, se reerga.
Para ele, estamos, com o apoio de
muitos parceiros, a construir um plano que, associado à construção da
TTT com funções rodo-ferroviárias,
contribuirá para a afirmação de Lisboa enquanto grande Cidade Região,
mais internacional, apta a disputar o
seu lugar com outras grandes cidades
europeias.
Temos uma imensa zona ribeirinha
abrangendo os rios Tejo e Coina.
O Barreiro tentará, sem precipitações
mas com convicção, firmeza e ambição, concre zar uma estratégia que
aposte neste imenso território.
Mas apenas um esforço integrado
pode, a este tulo, produzir os resultados que precisamos de alcançar.
O Barreiro cresce com quem nele vive,
trabalha e intervém.
É terra de desporto, de música, de cultura e de artes. Com um importan ssimo património industrial.
Estes traços são os nossos. Este património é o nosso.
Reforçar estas apostas, reforçar a
aposta nas pessoas, mesmo quando
condicionados pela conjuntura económica e financeira, é essencial e
determinante.
Meus senhores,
Os tempos que vivemos exigem-nos
a todos, e par cularmente aos que
têm responsabilidades nos órgãos de
soberania, o respeito e a defesa clara
e intransigente da nossa história e das
nossas aspirações.
Só poderemos superar os problemas
com que nos confrontamos com mais
trabalho e com mais Democracia.
Excelências, Desejo finalizar afirmando a sa sfação que tenho por estar
aqui com os representantes da Marinha e das Forças Armadas, na Sua
presença, a prestar esta homenagem
aos mais de 22 000 Fuzileiros que, ao
longo dos úl mos 50 anos, passaram
pela Escola de Fuzileiros.
Temos man do um excelente relacionamento. Temos trabalhado e ar culado em conjunto, e reconhecemos,
em primeira mão, o papel que a Escola os Fuzileiros têm para o Barreiro.
Hoje, com o monumento aqui inaugurado, perpetuamos o trabalho realizado e reforçamos os laços que
construímos.
Dediquemos, por fim, este monumento aos filhos da Escola de Fuzileiros.
Todos eles foram, e são, pelo menos
em parte, filhos do nosso Barreiro.
Todos nós somos, também em parte,
filhos da vossa Escola.
Vivam os Fuzileiros!
Viva a Associação de Fuzileiros!
Viva a Escola de Fuzileiros!
Viva o Barreiro!
Eventos
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DIA DO FUZILEIRO ͵ 2 DE JULHO DE 2011
DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Homenageamos, neste dia, os Fuzileiros portugueses. Fazemo-lo nesta laboriosa cidade do Barreiro, tão ligada
à Marinha e aos Descobrimentos, tanto ao nível da construção naval como
da produção de man mentos para o
abastecimento das nossas frotas.
Os Fuzileiros, com origem longínqua
no “Terço da Armada da Coroa de
Portugal”, estão ligados a momentos
importantes da nossa História. São
militares de elite que, pela sua bravura, coragem e determinação, se dis nguiram nos teatros de operações em
África e que tão relevantes serviços
têm prestado ao País. Saúdo de forma
especial os Veteranos de Guerra aqui
presentes.
Na actualidade, releva-se o elevado
padrão de desempenho dos nossos
Fuzileiros em operações internacionais de apoio à paz e de assistência
humanitária em Timor-Leste, GuinéBissau, Moçambique, República Democrá ca do Congo e Afeganistão,
sendo de sublinhar, igualmente, a
forma profissional e destemida como
têm par cipado nas missões de combate à pirataria no Índico.
São militares altamente treinados,
que cruzam e protegem o mar, e deste
projectam na terra o seu poder, pela
surpresa, pelo ímpeto e pela valen a,
abrindo caminho e cumprindo missões em quaisquer ambientes operacionais, onde quer que Portugal deles
precise.
Fuzileiros,
É o espírito vivido nas dificuldades de
quem sen u o perigo à sua volta, de
quem viu os camaradas sofrerem no
corpo e na alma as agruras do combate, é o orgulho de serem servidores
da Pátria com uma conduta digna, e
quantas vezes heróica, que hoje vos
une e aqui vos traz em tão grande número, para um são convívio e par lha
de emoções. Como é vosso apanágio, “Fuzileiro uma vez Fuzileiro para
sempre”.
É este espírito que vos leva a congregarem-se à volta da vossa Associação,
contagiando aqueles que vos são próximos com o apego a valores essenciais, bem vivos em cada um de vós: o
sen do do dever, a amizade, a camaradagem e a solidariedade.
A Associação de Fuzileiros tem acompanhado com dedicação os problemas dos seus associados. A união de
esforços e as acções de apoio àqueles
a quem a vida não corre de feição são
fundamentais. Na vida, como no combate, o Fuzileiro não deixa ninguém
para trás.
É de toda a jus ça dirigir, nesta ocasião, uma palavra especial à cidade do
Barreiro, pela forma como tem acolhido e acarinhado os seus Fuzileiros,
traduzida num forte sen mento de
mútua pertença, de que todos, justamente, se orgulham.
Quero saudar a conjugação de esforços entre a Associação de Fuzileiros e
a Câmara Municipal do Barreiro, que
permi u a criação de um monumento
que se perpetuará no tempo e que dá
expressão ao reconhecimento do Fuzileiro como um pilar de coragem, de
galhardia e de respeito pelos valores
pátrios.
Fuzileiros,
Mantenham este vosso espírito de
corpo, espalhem esta cultura de profissionalismo e de capacidade de
bem-fazer. Sem bons exemplos, não
há bons seguidores, e todos temos de
par cipar no esforço de construir um
Portugal mais forte e capaz, tanto nas
grandes como nas pequenas realizações do nosso dia-a-dia.
Como acabámos de ouvir no hino da
Associação de Fuzileiros, “só tem Pátria quem sabe lutar”.
Os Portugueses são um Povo lúcido,
valente e com uma sabedoria ancestral que lhes permite, em situações
de grande crise, escolher um caminho
seguro rumo à estabilidade e à garana da sua independência.
Somos um Povo com uma Pátria que
amamos, com referências, com valores e com capacidade de combater e superar os desafios que se nos
apresentam.
Essa capacidade está agora posta à
prova. Estou certo de que, mais uma
vez, iremos vencer.
Muito obrigado.
Associação de Fuzileiros | 2011
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Eventos
CORAL “ALMA DE COIMBRA”
NA CASA DE CULTURA DO BARREIRO
Mais um evento cultural notável, da
inicia va da Direcção, teve lugar no
passado dia 5 de Outubro.
O coral “Alma de Coimbra” deslocouse à Casa da Cultura do Barreiro para
presentear a Cidade e os Sócios da
Associação de Fuzileiros com um concerto de grande nível.
O “Alma de Coimbra” integrando cerca de 40 figuras incluiu, para além das
vozes, um piano, um trompete, um
violino e um violoncelo, bem como
um grupo de guitarras de Coimbra e
abriu o seu espectáculo com a interpretação do Hino da Associação de
Fuzileiros, especialmente ensaiado
para o evento.
Para conhecimento das caracterís cas e da história deste coral remetemos para o texto do Comt. Cardoso
Moniz, publicado neste número de “O
Desembarque” e para os elementos
oportunamente inseridos no site da
Associação.
No grande anfiteatro da Casa da Cultura do Barreiro es veram presentes
cerca de 400 pessoas a que se juntaram o Presidente da Câmara e alguns
Vereadores, os Comandantes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros,
vários convidados de honra da CâmaAssociação de Fuzileiros | 2011
ra e da Associação de Fuzileiros e, obviamente, os seus Dirigentes, ao nível
de todos os órgãos sociais.
A inicia va foi apoiada pelo Município
que cedeu as instalações, os equipamentos de som e luz, bem como o
respec vo pessoal, que actuou com
grande profissionalismo. Cabe aqui,
também, uma palavra de saudação e
elogio às equipas de relações públicas
da Câmara e ao Secretariado Nacional
da AFZ que, embora num dia de feriado, não se pouparam a esforços para
que tudo decorresse com organização
e normalidade revelando, muito para
além da sua competência, uma verdadeira dedicação às causas.
Merece referência a nossa Delegação
de Gaia que não quis deixar de se fazer representar expressivamente, o
que mereceu muitos comentários posi vos da várias personalidades e emprestou à festa o especial cunho dos
Fuzileiros.
Par cular destaque deve ser dado
ao patrocínio do Comt. José Cardoso
Moniz, Presidente do Conselho Fiscal
e Vice-Presidente do Conselho de Veteranos da AFZ sem os conhecimentos e a colaboração do qual não teria
sido possível ter-se posto de pé mais
este grande evento da Associação de
Fuzileiros.
No inicio do espectáculo, o Vice-Presidente da AFZ deu as boas-vindas à
Câmara Municipal do Barreiro, aos
Comandos do Corpo de Fuzileiros, às
muitas Senhoras presentes na sala, à
população do Barreiro e ao “Alma de
Coimbra”.
Por fim, os Presidentes da Câmara e da
Associação de Fuzileiros discursaram,
agradecendo aos munícipes, aos fuzileiros e, par cularmente, ao “Alma de
Coimbra” os grandes momentos que
nos proporcionaram.
O Presidente da Câmara fez largado
elogio aos fuzileiros de Portugal e o
Presidente da Associação fechou com
um oportuno “Viva Portugal” secundado por toda a assistência.
O espectáculo encerrou com a chamada ao palco dos sócios Campos e
Sousa, autor da música, Pacheco de
Amorim, autor da letra do Hino da
Associação de Fuzileiros, e do Comandante Cardoso Moniz, a alma desta
inicia va, com mais uma interpretação do Hino, cantado de pé por toda
a gente, com o grito dos Fuzileiros e
com um vibrante “FRA” do “Alma de
Coimbra.
Eventos
29
DISCURSO DO PRESIDENTE DO CORAL “ALMA DE COIMBRA”
A presença do Alma de Coimbra a
convite da Direcção da Associação
de Fuzileiros, e por intermédio do
nosso querido Amigo, Comandante
José Cardoso Moniz, é, simultaneamente uma grande honra e um acto
de gra dão devido a um Corpo de
Combatentes que, desde sempre e
ao longo do meio século de existência, que ora comemoramos, não raras vezes em momentos e teatros de
operações muito di ceis, ofereceu
exemplos admiráveis de bravura e de
abnegação. Permitam-me que, em
nota pessoal – par lhada por alguns
dos presentes que com ele igualmente privaram ‒ evoque a figura do 1.º
Tenente Fuzileiro José Carlos Falcão
Lucas, saudoso e incomparável amigo dos tempos de Coimbra, que tão
prematuramente nos deixou. Como o
lembrámos na preciosíssima letra que
o Diogo Pacheco de Amorim compôs
para a Marcha dos Fuzileiros! E como
sen mos a injus ça do silêncio a que
tem sido votado o autor da música, o
Zé Campos e Sousa, ar sta de superior dimensão musical e moral.
O Alma de Coimbra é obra da vontade
de um grupo de an gos estudantes
de Coimbra, hoje dispersos pelo Connente e Ilhas (temos um representante da Madeira e outro dos Açores),
que - acima da saudável diversidade
de opiniões e de sensibilidades – se
revêem na memória de uma juventude académica imbuída dos Valores e
da Mís ca da velha Escola, no gosto
pela música coral e no convívio e na
troca de experiências que tudo isso
propicia.
O segredo da vitalidade alcançada
pelo Alma de Coimbra em meia dúzia
de anos e do seu percurso apesar disso já assinalável assenta no talento,
na cria vidade – e por que não dizêlo? ‒ Na infinita paciência do Maestro
Augusto Mesquita, em boa verdade o
motor e a bússola que nos foi guiando e aclarando pelo caminho que
intuíamos.
Na esteira de Mestres como Fernando
Pessoa, Agos nho da Silva ou Adriano
Moreira, acreditamos que, encerrado
em defini vo um ciclo da nossa História, com as suas luzes e as suas sombras – todas elas nosso património
sagrado! – a nossa Pátria é a Língua
Portuguesa. Uma Pátria que sen mos
com acrescida intensidade em todos
aqueles espaços e lugares onde a presença de Portugal, mesmo em tempos afastados, ainda é recordada num
manto de saudade que se transmite
de geração em geração…
Permitam-me que, a este propósito e
não sem alguma emoção, lembre aqui
as visitas do Alma de Coimbra a Macau, a Timor-Leste, ou a Goa, Damão
e Cochim - onde perduram centenas
de vocábulos de origem portuguesa
deixados pelos nossos antepassados,
e se exibe com orgulho e júbilo, nos
cartões pessoais, entre parêntesis,
o nome de família português de que
não abdicam.
Este concerto é o primeiro após o falecimento de mais um querido amigo do Alma de Coimbra. Se mais não
houvesse – e há – o culto dos valores
que nos animam neste nosso percurso - a amizade, a gra dão, o respeito
pelo outro, na afinidade como na diferença! – Jamais me dispensariam
de evocar o espírito independente,
generoso e humilde do José Niza, figura incontornável da nossa música e
da nossa cultura. Nele - como no também muito saudoso maestro José Calvário – encontrámos desde a primeira
hora palavras de apoio e incen vo
deveras importantes. E, em par cular o Prof. Augusto Mesquita que com
ambos manteve, ao longo dos úl mos
15/20 anos, uma relação de amizade
e de trabalho muito frutuosas no plano da criação musical.
São dele, José Niza, estas palavras, ditas por ocasião da nossa par cipação
em 2008, na homenagem que lhe foi
prestada pela Câmara Municipal de
Santarém: “O Alma de Coimbra está a
fazer êxito, em Portugal e pelo mundo, cantando exclusivamente música
portuguesa; o que prova que não só
no estrangeiro como em Portugal se
faz boa música. O Alma de Coimbra
cons tui um exemplo de homenagem
à Língua portuguesa e aos compositores portugueses. Por isso, na qualidade de Presidente da Assembleia-Geral
da Sociedade Portuguesa de Autores,
quero também agradecer-vos em
nome de todos eles...”. Mais palavras,
para quê?...
Em sua homenagem, e cingidos pela
enorme beleza da melodia, Sras e Srs,
“E Depois do Adeus”.
Associação de Fuzileiros | 2011
30
Eventos
DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES E DO COMBATENTE
A ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS FEZͳSE REPRESENTAR E PARTICIPOU EM CASTELO BRANCO E EM LISBOA
Como é sabido, as comemorações oficiais do “Dia de Portugal e do Combatente” ocorreram, este ano, em Castelo Branco, sob a presidência de S. Ex.ª
o Presidente da República e em Lisboa
(Belém), sob a presidência do Senhor
Tenente-General José Armando Vizela
Cardoso.
Em Castelo Branco, para além dos
discursos do Presidente da Comissão
Organizadora Senhor Prof. Doutor António Barreto e de S. Ex.ª o Presidente da República marcou ponto alto a
parada militar e o desfile das forças
militares tendo desfilado, também, os
an gos combatentes integrados em
representações das suas associações.
A Associação de Fuzileiros foi representada pelo seu Presidente da Direcção, Comt. Lhano.
É de realçar a postura e o aprumo da
nossa representação o que proporcionou referências de várias en dades.
Em Lisboa, onde marcaram presença
milhares de pessoas veram também,
lugar as comemorações do “Dia do
Combatente” junto ao Monumento
dos Combatentes e na Igreja dos Jerónimos (com a celebração de Missa)
que foram “marcadas pelo espírito de
fraternidade lusófona e pela elevação e dignidade” tendo “como único
propósito celebrar a Pátria e honrar
Associação de Fuzileiros | 2011
os seus combatentes”. As cerimónias
em Belém foram precedidas por uma
Conferência, na Fundação Calouste
Gulbenkian, presidida pelo Prof. Doutor Adriano Moreira, subordinada ao
tema “A Presença de Portugal em África” sendo um dos painéis moderado
pelo nosso Sócio Honorário, Almirante Vieira Ma as.
O Presidente da Comissão Execu va,
Tenente-General Vizela Cardoso discursou, tendo homenageado de uma
forma geral, “todos quantos, ao longo
da nossa história, chamados um dia “a
Servir, tombaram no campo da honra,
em qualquer época ou ponto do globo” e foram, em par cular evocados
os elementos da PSP mortos ao serviço de Portugal.
Seguidamente, representantes de várias en dades depositaram coroas de
flores no Monumento, homenageando os mortos em combate, designadamente, a Liga e as Associações de
Combatentes, cabendo aqui destacar
o nosso Sócio Honorário, Comandante Alpoim Calvão que depositou coroa
em nome dos galardoados com a Ordem Militar da Torre Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito.
A Associação de Fuzileiro fez-se representar pelo seu Vice-Presidente
da Direcção, Dr. Marques Pinto (que
integrou, na tribuna, os convidados
de honra) e por uma delegação constuída por 16 sócios comandada pelo
Sarg. José Talhadas que – impecavelmente trajados – desfilaram, com parcular postura e aprumo, precedidos
do nosso já tradicional Porta Guião,
o SarMor Coisinhas, seguida de mais
cerca de meia centena de sócios. Ouviu-se, no final, o “Grito do Fuzileiro”.
O ponto de venda de ar gos da nossa
“Loja” deu também, visibilidade à Associação e aos Fuzileiros de Portugal.
No final das cerimónias, O Vice-Presidente recebeu, em nome da AFZ,
par culares referências e os parabéns
do General Vizela Cardoso, de outros
Oficiais Generais, do Almirante Vieira
Ma as e do Presidente da Associação
de Comandos que disse: «Vocês, este
ano capricharam».
Posteriormente recebeu-se uma carta pessoal do General Vizela Cardoso
agradecendo a boa colaboração da
Associação de Fuzileiros que, fazia a
seguinte referência especial:
«Destaco a forma garbosa e impecável como os Fuzileiros marcharam em
redor do Monumento na parte final
da cerimónia».
Sem dúvida, mérito de todos nós mas,
parƟcularmente, dos que integraram
o grupo do nosso Encontro Nacional.
Eventos
31
MAIS UMA CONQUISTA NA IGREJA NOVA
Costuma dizer-se que quem não aparece esquece. Provérbio que desta
vez não funcionou, porque todos os
oradores, que intervieram na cerimónia, referenciaram de forma elogiosa
a presença da Associação de Fuzileiros. Todos os Fuzos sen ram que
valeu a pena, mais uma vez, termos
estado presentes aceitando o convite
do nosso camarada e amigo Domingos Janota que desde a primeira hora
tem dinamizado todos os eventos que
na freguesia da Igreja Nova têm sido
efectuados, dando a devida relevância aos ex. combatentes, e a quantos
deram a vida pela Pátria. É disso testemunho o monumento já inaugurado e
do agora talhão para os combatentes,
muito destacado pelo emoldurado requinte que o envolve, no cemitério da
freguesia, obra com tal dignidade que
só um Fuzileiro com a sensibilidade e
o querer do Janota, podia conseguir. O
seu empenho em mais uma conquista
que dignifique a úl ma morada dos
combatentes da sua freguesia foi realçado por todos os oradores, nas pessoas dos Senhores Coronel Figueiredo
representando a Associação dos Com-
batentes de Mafra, do Coronel Hilário,
da Liga dos Combatentes e do Senhor
Deputado Hélder Sousa Dias, ex Vereador da Câmara de Mafra, agora também membro da Comissão de Defesa
Nacional. A exemplo dos outros anos,
mais uma vez honrou todos os combatentes no discurso proferido, dando
o devido relevo ao que o País deve aos
seus Combatentes.
Depois das cerimónias alusivas, que
deram moldura a este dia 06 de Agosto seguiu-se o almoço, a que se asso-
ciaram as pessoas da Freguesia, e todos os convidados.
Nunca é demais agradecer ao Domingos Janota, o quanto tem feito pela
Associação de Fuzileiros e pelos ex
Combatentes.
A alegria que dele emana, por ter presentes os seus Camaradas Fuzileiros,
nos eventos que organiza é testemunho vivo do alto apreço em que tem a
sua Associação.
Mário Manso
ASSOCIAÇÃO NA COMEMORAÇÃO DA BATALHA DE LA LYS
Decorreram no passado dia 09 de
Abril de 2011, as Cerimónias Comemora vas do 93º Aniversário da Batalha de La Lys, Dia do Combatente e da
75ª Romagem ao Túmulo do Soldado
Desconhecido, presidida por S. Ex.ª o
Ministro da Defesa Nacional Prof. Dr.
Augusto Santos Silva, estando ainda
presentes as mais altas en dades Militares Civis.
Nas Cerimónias, alusivas a esta efeméride assinalaram a sua presença uma
Companhia Mista a (03) Três Pelotões,
comandada por (Oficial) Capitão da
Força Aérea, com o 3º Pelotão de Fuzileiros integrado e a ser comandado
pelo GMAR FZ Maia, da Companhia nº
22, do Corpo de Fuzileiros.
Os Guiões da Liga/núcleos de Combatentes e da Associação de Fuzileiros, associaram-se às Comemorações
deste aniversário, marcando presença
na missa, parada Militar e, posteriormente, no interior do Mosteiro da
Batalha.
A AFUZ, associando-se a outras Associações neste acto, digno e solene,
prestando assim homenagem a todos
aqueles que combateram e tombaram
em defesa da Pátria.
Várias Ins tuições Militares, Civis e
Estrangeiras, tal como a Associação
de Fuzileiros colocaram uma coroa
de flores, no tumulto do Soldado
Desconhecido.
A convite da comissão organizadora
Liga dos Combatentes, a Associação
de Fuzileiros fez-se representar nesta
sua deslocação ao Mosteiro da Batalha, com 09 elementos, tendo sido
chefiada pelo Presidente da Direcção.
No final da cerimónia, e durante o almoço, ainda assim, houve tempo para
confraternizar com an gos e novos
camaradas de armas, prevalecendo
assim o espírito de grupo, lealdade,
camaradagem, solidariedade e a boa
disposição de todos os presentes.
Associação de Fuzileiros | 2011
32
Estórias
O DOMINGOS
Eram 23 horas daquela noite escura quando, no cais Pigigui , se dá
início ao embarque do Destacamento na LDM (302 ou 303?). Estávamos em Junho de 1967 e era
o princípio de mais uma operação.
Como o Fuzileiro nunca avança para
uma missão com dúvidas sobre a sua
finalidade, o disposi vo tác co a empregar no local e quais os meios disponíveis para actuar, o briefing que
antecedeu o embarque nha sido
bem claro: o objec vo da operação
era um acampamento referenciado
pelo Domingos, situado a pouco mais
de dois quilómetros da margem do rio
Grande de Buba e que seria tomado
pelo Destacamento, através de um
golpe de mão, logo que rompessem
os primeiros alvores. Era um acampamento com dezenas de guerrilheiros
bem armados e ditribuídos por várias
palhotas. A progressão seria através
de uma mata muito densa, por isso
di cil. Por ser classificada como uma
operação de alto risco, houve um reforço em munições e granadas.
O Domingos era um rapaz dos seus
18/19 anos, ligado ao PAIGC desde
criança e capturado numa emboscada. Bem cons tuído fisicamente, falava, escrevia e lia correctamente o português. Pela sua simpa a o Domingos
conquistou a confiança de todos e,
sem ser subme do a qualquer pressão, deu importantes informações sobre este e outros acampamentos.
Aproximava-se a hora do desembarque e aquela noite escura começa a
ser iluminada por grandes “flashes”
vindos não se sabe de onde, seguidos
de enormes trovões e descargas de
água vinda do céu.
Passavam vinte minutos das três horas quando a porta da lancha se abateu sobre a margem esquerda daquele grande rio começando de imediato
o desembarque feito, como se previa,
em condições muito di ceis: água
pelo peito seguido de uma penosa travessia pelo tarrafe e lodo. Os Destacamentos eram formados por homens
que se destavam pela sua agilidade sica e pela sua resistência, qualidades
uma vez mais aqui demonstradas.
Chegados a terra firme, enquanto uns
tentam rar o máximo de lama do camuflado, outros aproveitam para beber uma golada daquela aguardente
Associação de Fuzileiros | 2011
Guilhermino Augusto Ângelo
embalada em saquinhos de plás co e
previamente distribuída pelo quartelmestre. A secção da vanguarda pegou na bússola, viu o rumo a seguir e,
acompanhada pelo Domingos, entrou
na mata numa marcha lenta e cuidada,
pois é aqui que inimigo muitas vezes
aproveita para dar as “boas-vindas”. A
vegetação é densa e a noite muito es-
cura, por isso os homens avançam de
mãos dadas não vá algum perder-se.
A escuridão, os trovões e a chuva que
con nuava a cair copiosamente, foram fenómenos que jogaram a favor
do Destacamento, permi ndo-lhe posicionar-se sem ser detectado a poucos metros do acampamento a aguardar a melhor hora para desencadear o
ataque final.
Tudo estava a correr como o previsto
na Ordem de Operações até um guerrilheiro, provalmente a sen nela, sair
do seu reduto para fazer uma necessidade fisiológica e no regresso tropeçar
nas pernas de um elemento do Destamento alertando de imediato quem
ainda dormia com gritos de “tropa no
tabanca”. Calou-se quando uma saraivada de balas de uma qualquer G3 foi
ao seu encontro. Seguiu-se uma luta
muito violenta até o inimigo se sen r
impotente optando por se refugiar na
mata beneficiando, ele também, da
escuridão e da chuva. Claro que alguns deles ficaram. Ficaram mesmo
para sempre. Apreenderam-se muitas
armas e munições e destruiram-se as
casas à granada e pelo fogo.
Consumado o propósito da operação
o Destacamento desloca-se para o
ponto de reembarque para o seu re-
gresso a Bissau, deixando na sua rectaguarda o vermelhão de um sol incapaz de romper aquelas nuvens negras
e um silêncio pesado, medonho, um
silêncio de morte.
Não muito longe vêm-se abutres
voando na direcção às colunas de
fumo que se erguem no céu.
O Domingos esteve alguns meses no
Destacamento. Era já considerado
como mais um elemento da unidade.
O seu comportamento desde a captura não deixava dúvidas: estávamos perante uma pessoa de confiança. Estava
mesmo em estudo uma proposta para
lhe ser distribuída uma arma. Puro engano. O Domingos soube conquistar a
confiança de todos e soube esperar,
mas logo que teve oportunidade desapareceu. Essa oportunidade teve-a
numa operação quando o Destamento reagia em força a uma emboscada.
O Domingos aproveitou a confusão e
voltou para junto dos seus.
Domingos, estejas onde es veres,
quero que saibas que ainda hoje sinto
uma grande simpa a por . É verdade
que não veste coragem de enfrentar
o bote emboscado na margem, mas
veste o arrojo de te lançares à água
mesmo não sabendo nadar. Cheguei
a tempo e salvei-te de morreres afogado. A mesma sorte não veram os
que te acompanhavam a descer o rio
naquela enorme piroga. Não te recrimino pela tua “deserção”. O teu patrio smo foi mais forte e o teu PAIGC
certamente te voltou a receber de
braços abertos. Para , Domingos, um
abraço do tamanho da tua Guiné.
Estórias
33
O 2º TENENTE QUE NINGUÉM CONSEGUIA CALAR
Manuel Pires da Silva
Homem Ferro
O Segundo Tenente que ninguém conseguia calar
Durante o mês de Janeiro, Fevereiro e Março de 1970, es ve com o 2º
Tenente RN Fuz na base de Canturé,
na Guiné. Um Oficial altamente inteligente, com grande formação literária,
mas com muito pouco espírito Militar.
Refilava com os Oficiais mais an gos,
como nunca nha conhecido outro
igual, ao ponto de eu lhe dizer, se connuar assim, qualquer dia vai para a
prisão! Tendo-me respondido, talvez
isso fosse bom! Seria a maneira de eu
ir para Bissau. Mas já agora, agradeçolhe o conselho e vou pensar seriamente nisso. À noite, à hora do jantar, era a
altura ideal para debater os pontos de
vista de cada um. Como é evidente o
mais an go era o que nha mais tempo de antena, por norma era o que
sabia mais de guerrilha, pelo menos
estava melhor informado. Só que, o
Ten. raramente estava de acordo com
o chefe, como tal, eram frequentes as
discussões entre eles. Mas até aqui,
nada a notar de especial. Passado uns
dias, nha eu acabado de comer, já
estava na esplanada a conversar com
uns camaradas, quando começamos
a ouvir um daqueles debates mais a
sério, mas que discussão! Ouvia-se
o mais an go a gritar para o outro:
Burro! Burro! Burro! Mas que é isto?
Comento eu com o meu amigo! Ele
responde-me, já não vai mais vinho
para aquela mesa! Qual não é o meu
espanto, quando vejo o Ten. a sair da
messe a correr aos ziguezagues para a
esplanada a zurrar como os burros, hi!
hó! hi! hó! hi! hó! Perguntei-lhe, mas
o que é isso Sr. Tenente? Respondeme altamente. Fui promovido a burro
e agora ando a pra car!
sou abordado pelo Comandante perguntando-me! Então o Senhor, não foi
com o Ten. F. à procura dos fugi vos?
Eu fiquei embasbacado! Eu não recebi
ordens nenhumas Sr. Comandante! O
chefe faz um comentário: queres ver
que temos mais um fugi vo! Entra
em contacto com ele e diz-lhe para
regressar à base antes que seja tarde!
O 2º Ten. responde que está seguindo
o rasto e que só termina na fronteira do Senegal, porque as ordens são
para se cumprir. Chegado a Canturé,
sem qualquer sucesso, com agravante
de ter ido sozinho, arrastou consigo,
matéria para uma grande discussão!
Só que o 2º Ten. mais uma vez diz que
tem razão, e que ninguém o consegue
calar!
O mesmo Sr. Ten. foi por mim informado, no dia 18 de Fevereiro de 1970,
de que três elementos da minha secção, 1225/7 Sen eiro, e 1227/7 Pinto
e 790/8 Alfaiate, após o regresso de
uma operação, nham esvaziado os
respe vos cacifos e, supostamente,
fugido em direção ao Senegal. O 2º
Ten. foi logo relatar o caso ao mais ango, com é evidente. O chefe é apanhado de surpresa, reage a quente,
e manda-o imediatamente à procura
deles, mas nunca pensando que fosse
sozinho! Entretanto eu vou à can na
beber uma fresquinha e no caminho
Associação de Fuzileiros | 2011
Delegações
34
DELEGAÇÃO DO ALGARVE
A Delegação de Fuzileiros do Algarve realizou, no dia 14 Maio 2011, a sua solene
apresentação que contou com as honrosas presenças dos Senhores Presidente
da Câmara Municipal de Albufeira (Dr.
Desidério Jorge Silva), do Comandante
do Corpo de Fuzileiros (CAlm. Picciochi) e
do Presidente da Associação de Fuzileiros
(Com. Lhano Preto), de entre outras ilustres en dades, Camaradas e familiares
juntando, nesta primeira inicia va, cerca
de 75 pessoas.
A seguir dão-se à estampa, a lista das en dades presentes, o programa do evento que teve como pontos altos a demonstração operacional levada a cabo pelo Grupo
Etnográfico de Quelfes, a apresentação
da Delegação de Fuzileiros do Algarve,
a troca de lembranças e os discursos do
Sr. Presidente da Câmara de Albufeira, do
Comandante do Corpo de Fuzileiros e do
Presidente da Associação de Fuzileiros
Outras en dades presentes: o 2º Comandante do Corpo de Fuzileiros, o Comandante da Base de Fuzileiros, o Comandante da Escola de Fuzileiros, o Capitão
do Porto de Por mão, o Representante
do Comando da Zona Marí ma do Sul,
o Representante da Delegação Marí ma
de Albufeira, o Representante da Liga dos
Combatentes (Faro) o Representação do
Clube “Escolamizade, o Presidente da Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas
e o Presidente da Delegação de Fuzileiros
de Gaia.
A todos a direcção agradece.
Na Fatacil
Numa inicia va inédita, a Delegação de
Fuzileiros do Algarve par cipou este ano
na Feira anual “FATACIL” que decorreu em
Lagoa, entre os dias 19 e 28 de Agosto
2011.
A presença de uma tenda alusiva aos FUZILEIROS e à MARINHA, numa das maiores e mais importantes feiras do Algarve
foi tema que não passou despercebido
aos milhares de visitantes que por lá passaram e que decerto marcou uma nova
era na representação dos Fuzileiros no
Algarve. Com o objec vo focado na divulgação, a nossa presença dividiu-se entre
o convívio com Filhos da Escola de várias
gerações e a curiosidade dos mais novos
que procuraram ali informações sobre a
Marinha e os Fuzileiros.
Logo na primeira noite, com uma postura
de relevo e o aprumo que nos dis ngue, a
DELEGAÇÃO de FUZILEIROS do ALGARVE
enalteceu-se para receber o Sr. Ministro
da Economia, Doutor Álvaro Santos Pereira que não ficou indiferente ao Brio de
quatro Fuzileiros ves dos a rigor, lá bem
no fundo do pavilhão principal do parque
de Feiras de Lagoa. O Sr. Ministro dignouse a par lhar alguns minutos do seu tempo connosco, facto que muito nos orgulhou e, entre dignos comentários e algumas curiosidades, enalteceu o excelente
trabalho realizado pelos Fuzileiros Portugueses ao se viço de Portugal ao longo da
sua honrosa história.
Após o sucesso deste evento, a DELEGAÇÃO de FUZILEIROS do ALGARVE vai connuar a sua acção de divulgação por todo
o Algarve com variadíssimas inicia vas e
sobretudo dizer “Presente!” aos demais
Filhos da Escola residentes no Algarve,
para que saibam e relembrem que nunca
mais estarão sozinhos deste o momento
em que conquistaram aquele boina azul
ferrete, símbolo desta grande família que
são os FUZILEIROS.
COMEMORAÇÕES DA BATALHA DE LA LYS NO ALGARVE
Na manhã de 09 de Abril
2011 e um pouco por todo
o País, algumas das mais
importantes
En dades
Nacionais
juntaram-se
aos militares e ex-combatentes para homenagear
os Filhos de Portugal que,
com honra e bravura, combateram nas Flandres há
83 anos naquela que ficou
conhecida como a Batalha
de La Lys e que reclamou à
Pátria Portuguesa mais de
7000 vidas do Corpo Expedicionário Português.
Ao convite da Liga de Combatentes
(Delegação de Faro), a Delegação da
Associação de Fuzileiros do Algarve
gritou “Pronto!” e marcou presença
com seis camaradas numa represen-
Associação de Fuzileiros | 2011
tação muito condigna da Associação
de Fuzileiros na cerimónia que decorreu no Largo São Francisco em
Faro. De fato azul-escuro e cordão
vermelho, a nossa chegada na hora
prevista e aprumo militar com o destaque da boina azul ferrete foi ampla-
mente apreciada no seio das
En dades, ex-combatentes e
cidadãos civis presentes.
A Cerimónia foi presidida
pelo Sr. Presidente da Câmara de Faro, Dr. Macário Correia que, no fim da mesma
se dignou cumprimentar e
agradecer àqueles seis Fuzileiros que se destacavam
firmes à frente do público.
Foram-nos ainda apresentados cumprimentos pelo Sr.
Comandante da Zona Maríma do Sul, CMG Marques
Ferreira e pelo Sr. Presidente da
Liga de Combatentes de Faro, Major
Henrique Oliveira, agradecendo-nos
pela honra e dignidade que a nossa
presença acrescentou à cerimónia.
Delegação
35
DELEGAÇÃO DE ELVASͳJUROMENHA
ENCONTRO EM ELVAS
O evento deste dia não teve qualquer
conotação polí ca, mesmo tendo
acontecido no dia 28 de Maio, e em
que alguém aproveitou para festejar o
seu 85.º Aniversário, coincidência que
ditou o curso do evento e teria sempre aniquilado quaisquer tenta vas
de o poli zar.
Mais uma vez Elvas foi o local escolhido por Fuzileiros para emoldurar o
encontro anual do Destacamento de
FZEs. Nº 5 bem incluindo uns quantos
do Destacamento de FZEs. Nº 6 e da
Companhia de FZs. Nº 10. Um dos seus
organizadores foi o Camarada Óscar
Barradas um dos principais maestros
de tão afinada orquestra, tendo como
auxiliares o Pintor, o Mil Homens e o
Garcia, apoiados, na parte burocrá ca, pelo “doutorão” António Augusto.
Mesmo sendo composta por diferentes escolas, e a ter havido alguma desafinação, ninguém terá dado por ela.
Depois de uma primeira “emboscada”
que levou a que todos abandonassem
as viaturas, envolvendo os “emboscadores”, tudo voltou à normalidade
sem que houvesse a lamentar qualquer baixa. De seguida, foi colocada
uma coroa de flores no monumento
aos Ex Combatentes. O “assalto” seguinte, teve como objec vo uma visita
ao museu Militar, onde mais uma vez
o Sr. Ten. Coronel Ribeiro nos brindou
com uma excelente e sabedora explanação, faculdades já antes colocadas
ao nosso dispor, aquando da visita ao
forte da (des) Graça.
A manhã foi finalizada com uma missa na histórica Igreja de S. Domingos.
Seguidamente avançou-se para a “ração de combate” atenuando assim a
fome que já se manifestava. De realçar também, a apresentação da Delegação de Juromenha/Elvas, que se
fez representar por vários Camaradas,
na que foi a sua primeira presentação
pública. Este evento foi ainda emoldurado, com a comparência de vários
convidados, nomeadamente, os Srs.
Presidente da Câmara, Comt. do Corpo de Fuzileiros, Comtes. da Escola e
da Base de Fuzileiros, do Sr. Coronel
Varandas, responsável pelo museu e
do sempre disponível Ten- Coronel
Ribeiro.
Presidente e, ainda, do ex Presidente
da AFZ, Comt. António Mateus. Também muito visíveis foram os representantes das Delegações da Associação
de Fuzileiros do Algarve e Vila Nova
de Gaia, numa bonita manifestação
de apoio e solidariedade dos seus Camaradas de Juromenha/Elvas.
Foi uma família de várias gerações
que, mais uma vez, mostrou que é
possível conviver sem preconceitos
mas com nível, o que lhe emprestou o
brilho a que todos já nos habituámos
nos encontros de Fuzileiros.
O regresso a Lisboa do maior grupo
fez-se em autocarro cedido pela Marinha, concessão que foi saudada por
todos e que agradecemos.
Os organizadores e os par cipantes,
que ultrapassaram em muito a centena estão de parabéns.
Mário Manso
Feira de São Mateus
Não foi certamente um acontecimento de arromba, mas foi bem demonstra vo da capacidade da Delegação de
Jorumenha /Elvas ao apresentar-se na
feira de S. Mateus com uma exposição
muito bem organizada e que muito
dignificou os Fuzileiros. Mas não se
ficou por aqui, pois fez questão de no
arranque da feira de se apresentar na
procissão do “Senhor Jesus da Piedade”, onde ombreou com umas centenas de associações e representações
locais. De realçar é também a presença do Presidente da Delegação de
Gaia que não só quis dizer “presente”
à chamada amiga, como compareceu
com o seu guião para dar mais alegria
à cerimónia. Mais palavras para quê
se as imagens são bem demonstra vas e nos transmitem a cor impossível
de passar por palavras.
A representação da Associação de Fuzileiros foi muito significa va, com a
presença dos seus Presidente e ViceAssociação de Fuzileiros | 2011
Delegação
36
DELEGAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA
De forma serena mas par cipa va, vai
dando os seus passos que se querem
seguros e respeitadores da máxima
que nos acompanha de Fuzileiro uma
vez, Fuzileiro sempre.
E porque é dever de todos os que sentem orgulho na nossa Boina, ter comportamentos que a honrem, assim vamos fazendo e pugnando que outros
o façam. E como também assumimos
os sen mentos porque consideramos
que os Fuzos são uma família, é mais
que razão para não termos faltado aos
convívios ou eventos para que fomos
convidados. Es vemos na Delegação
do Algarve nos fados e na sua apresentação oficial, bem como em Elvas,
onde os Fuzileiros Juromenha/Evas
também oficializaram a sua existência. Valeu a pena, estarmos presentes
em momentos, que marcaram dois
novos nascimentos da ramificação da
Associação Nacional de Fuzileiros.
Não vamos falar do cinquentenário
da nossa Escola, ou do dia da inauguração do nosso monumento, porque
as palavras dizem tudo. Mas também,
nestes dias memoráveis lá es vemos,
no evento nacional e inauguração do
monumento. A Delegação mobilizou
umas largas dezenas de par cipantes no grande dia, sem que houvesse,
qualquer problema que ensombrasse
a nossa par cipação. Mais uma vez
houve uma par cipação posi va, coisa que deve preocupar sempre, quem
tem o dever de honrar a Boina Azul
Ferrete, e a nossa casa mãe.
Valeu a pena testemunharmos o esforço feito pela Associação Nacional,
e o de ter incluído as Delegações com
os respec vos Guiões, na cerimónia
da inauguração do monumento ao Fuzileiro, foi honra enorme, depositada
no fundo na nossa alma de Fuzileiro.
Jamais esqueceremos tamanha consideração, que estamos certos não terá
sido em vão.
Informa-se que a sede da Delegação
estará aberta nos primeiros sábados
de cada mês sempre com um almoço convívio e vários eventos todos os
meses diferentes e que o jantar de Natal, com a cerimónia para oficializar a
Delegação terá lugar no dia 03/12/11,
pelo que se espera casa cheia.
A Direcção da D.V.N. Gaia
ENTREGA DE GUIÕES ÀS DELEGAÇÕES
O Passado dia 02 de Julho, Dia do Fuzileiro,
despertou, na sede da AFZ, com o acto formal
da entrega dos Guiões, pelo Presidente da Direcção Nacional, aos Presidentes das Direcções
das Delegações do Algarve e de Vila Nova de
Gaia.
O guião da Delegação de Juromenha/Elvas já
havia sido entregue ao respec vo Presidente
da Direcção, em sua “casa”, no passado dia 8
de Maio.
As cerimónias, singelas embora, reves ram-se
de grande significado.
A todos os Dirigentes das nossas delegações
como também aos sócios da Associação de
Fuzileiros a elas afectos, a Direcção Nacional
aproveita para desejar muita sorte, pessoal
e ins tucional e Paz, nesta quadra emocionalmente tão significa va que se aproxima já
que, pesem embora as dificuldades que o País
atravessa, cremos no empenho e na qualidade de todos para con nuarmos a trabalhar em
prol de uma Associação cada vez mais forte e
pres giada.
As imagens que publicamos são bem a expressão da dignidade das cerimónias e do orgulho
que se sen u.
Associação de Fuzileiros | 2011
António Castro
Ex-2TEN FZ/RC
Convívios
VAI ARRANCAR
MOTARDS DA ASSOCIAÇÃO FUZILEIROS
Mesmo sendo um objec vo já an go,
não tem sido fácil a sua concre zação. Mas se os objec vos são bons, as
consciências não fraquejam, para os
levar por diante, e isso tem sido uma
constante.
Fiquei entusiasmado e mais tranquilo, quando no inicio de Setembro o
Cambalhota me informou, que estava
agendada uma concentração na Associação para o dia 29 de Outubro. Propósito esse, que se veio concre zar
nesse mesmo dia. Agruparam-se neste arranque um bom lote de Fuzileiros e alguns acompanhantes, mais de
trinta.
Da conversa com os Camaradas par cipantes, - que voltaram ao ponto de
par da, onde almoçaram - e muito em
par cular com o Cambalhota e o Sarg.
Correia, uma coisa era manifesta no
espírito do dialogo: de que o arranque
do grupo de motards da Associação se
viesse a concre zar no cinquentenário da recriação do Fuzileiros, fazendo
a justa homenagem a todos quantos,
através dos Fuzileiros, quiseram, querem e quererão, honrar Portugal.
O entusiasmo foi grande, e o convívio
destes motards nha algo de diferente. Era notório, que uma outra família
de tão variadas gerações, nunca teria
37
Mário Manso
aquele brilho! Mas tratando-se de
Fuzos, sempre conseguem transmi r
muita camaradagem e harmonia, porque a diferença geracional, não traz
divergência.
Espera-se que este movimento não
pare mais, e que seja um forte mo vo, para que estes ideais também contribuam e for fiquem a coesão dos
Fuzos, em todas s suas la tudes.
A todos quanto contribuíram para dar
corpo e alma a esta ideia, e aos que
por qualquer razão não puderam responder a esta primeira chamada, eu
agradeço, e envio um abraço.
Associação de Fuzileiros | 2011
38
Convívios
CONVÍVIO DA COMPANHIA Nº 6
Esta unidade teve como mentor o Comandante Patrício, e a exemplo do que vem
fazendo todos os anos, mais um vez se
reuniu no dia 30 de Julho para conviver
alimentando assim uma amizade de algumas décadas. A Escola de Fuzileiros foi o
primeiro objec vo desse dia, onde o grupo colocou uma coroa de flores homenageando os camaradas que, em combate,
deram a vida sem ques onar razões.
O Com. Patrício veio com o seus homens
à casa que ele ajudou a estruturar, já lá
vão 50 anos. Aquele dia, teve para ele um
significado muito especial, porque veio
colmatar uma falha que muitos filhos
daquela casa verificaram, no Cinquentenário da Escola de Vale de Zebro, pela
ausência de um dos mais emblemá cos
oficiais que a ela muito deram para que
hoje con nue a ser uma referência para
todos os Fuzileiros.
Seguiu-se o almoço no “Acordeão”, onde
se falou de coisas muito an gas mas muito presentes nas memórias daquela terceira idade.
Não fora o falecimento, uns dias antes, do
Camarada Inácio, um entusiasta dos encontros desta sua unidade, e a boa disposição teria sido exuberante como sempre
aconteceu e foi por mim verificada nas
vezes que com eles tenho convivido, mesmo que não tenha pertencido, quando no
ac vo, a esta unidade.
Desta vez, nha-me comprome do mas,
Mário Manso
á ul ma hora, não foi possível estar presente pelo que deleguei no Camarada
Afonso Brandão que, acompanhado do
António Augusto, um par cipante habitual por com eles ter par lhado o seu
tempo quando em Moçambique que me
fizeram o relato de mais um dia em cheio,
e na descrição do qual espero ter sido o
mais fiel possível.
XIV ENCONTRO/CONVÍVIO DA COMPANHIA Nº 2 ͵ GUINÉ 1972/74
Manuel Pires da Silva
Homem Ferro
Foi num fes m, que teve como epicentro
Torres Novas que, no dia 29 de Maio de
2010 no restaurante Valo Ásis, surgiram
os rumores de que um grupo numeroso
de combatentes fortemente “armado”
rondava a zona de Vila Real com intenções
declaradas de trazer “perturbações” à segurança e tranquilidade com que tem sido
envolvida aquela terra trasmontana. Logo
se começou a delinear a melhor forma de
lhe dar “confronto”. Mas, para tanto era
necessário encontrar-se o mentor que
reunisse a qualidade de comando capaz
de levar a bom termo uma “operação” de
tão “elevado risco”. Era preciso “conquistar o objec vo e aniquilar o inimigo”, de
forma a contentar todos quantos fizessem
parte do grupo de assalto. Depois de uma
reunião de fim de tarde onde a fome e a
sede se nham sido por completo saciadas, emergiu o nome do camarada Felisberto Pina. O consenso foi total para que
Associação de Fuzileiros | 2011
fosse ele a tomar conta de tão delicada
tarefa, porque havia já a garan a das suas
qualidades em outros “golpes de mão”
levados a cabo na região. Ficou então
decidido que o respec vo “assalto” seria
levado a cabo no dia 07/de Maio de 2011.
A concentração das forças intervenientes
na refrega veio a acontecer pelas 11h00
na Av. Carvalho Araújo, junto à estátua
com seu nome. O perímetro de segurança
foi garan do pelas forças locais. Terminada a concentração de todos os Fuzos ajustados para a operação seguiu-se o respecvo briefing, tendo depois avançado para
o objec vo, sendo Vilarinho da Samardã
o local onde se ajustou contas com o inimigo, que nha como código “fome de
convívio”e que em pouco tempo foi desbaratado rendendo-se à capacidade demolidora da perícia “no manejo da arma,
por vezes mor fera, do copo cheio copo
vazio”. A “ração de combate” esteve à al-
tura daquele grupo de elite da Marinha
de Guerra Portuguesa, o que determinou
que, no relatório final constasse que devido à colaboração prestada pelos “prisioneiros” a sua logís ca não fosse destruída. Ficando assim disponível para futuros
confrontos com a malvada.
Resultou de todo o envolvimento, um
louvor colec vo manifestado através de
um bolo, que veio premiar todos quantos
mais uma vez disseram presente quando
chamados a par cipar, como outrora o fizeram também, nos rios da Guiné nos decorrentes anos de 72/73/74, agrupados
na Companhia de Fuzileiros nº 2, que com
sacri cios bem maiores sempre responderam à chamada. E não fora a capacidade dissuasora dos Fuzileiros e alguns não
fariam jamais parte destes novos “grupos
de combate”.
Tendo em conta os êxitos alcançados em
todos os embates anteriores, espera-se
que os Camaradas Almada e Marques,
que assumiram o comando para o assalto
do ano de 2012, e que depois do aprontamento na Escola de Fuzileiros, façam
o desembarque no Barreiro, com o êxito
á altura de todos os Oficiais, Sargentos e
Praças, irmanados nesta unidade de elite, sempre pronta a enfrentar todos os
perigos, não poupando mesmo, as suas
fardas, às medalhas do nto, ditadas pelo
tremelicar da pontaria, mas que, mesmo
não tendo a firmeza de outrora, con nuam Fuzileiros para sempre.
Convívios
UM DIA MUITO ESPECIAL
Camaradas foi com extremo agrado que
nos voltámos a reunir para um convívio
sempre salutar entre filhos da escola,
neste caso a de Fevereiro 91. No passado
dia 1 de Outubro, Setúbal mais uma vez
viu desembarcar os Fuzileiros, desta feita
para se reunirem à mesa onde também
se revive parte da nossa história a história de tempos passados mas sempre presentes. Desta feita, além da companhia
das esposas e filhos, vemos dois ilustres
convidados, os ex combatentes e sempre Fuzileiros Mário Manso, o Esquelas
e o José Parreira ou Zé da Vinha para os
amigos. A forma como se predispuseram
a falar sobre algo que a nós, os mais novos, nos apraz ouvir, ou seja a curiosidade
dos relatos da guerra na primeira pessoa,
foi de tal forma absorvida por todos que
penso não ter deixado ninguém com dúvidas sobre a dureza da mesma. O convívio
foi salutar, rimo-nos brincámos, trocámos
histórias an gas, recordámos algo de que
por certo já não nos lembrávamos e eu
falo por mim, ve o prazer de formar Fuzileiros mas acima de tudo homens que
hoje são chefes de família, pais de filhos e
grandes Fuzileiros, pois tentam passar aos
filhos a nossa cultura.
A dado momento começámos a rar fotografias e foi com agrado que, a determinada altura, disse ao meu afilhado (4 anos
de idade): “Filho vai buscar a tua boina e
ra uma foto com este senhor”.
Mário Manso, rapidamente, como quem
reage à emboscada, eis que pega no meu
afilhado ao colo, põe-lhe a sua boina na
cabeça e diz: “Está aqui um futuro Fuzileiro!” Bem, o puto encheu-se de orgulho
ficou quieto para a foto e sorriu...
Levei o livro “Fuzileiros Força de Elite” no
intuito do José Parreira me dedicar algumas palavras tal como o Mário já o nha
feito anteriormente. Não conhecia o Parreira em pessoa. Li com toda a atenção a
parte em que o livro dele fala. Confesso
que, propositadamente, me sentei a seu
lado ao almoço. Estava curioso sobre algo
39
José Costa
Cabo Fze
que ele nha relatado no livro. A determinada altura fiz as perguntas para as quais
queria respostas, ve-as com toda a franqueza de quem por muito passou. Se ja
o admirava sem o conhecer, agora posso
dizer que eu ganhei um amigo e ele um
admirador, pois tem uma fantás ca experiência de vida.
Termino dizendo e relembrando a todos
os Fuzos presentes no convívio que eu
sou o mesmo hoje que fui para maioria
de vocês no passado, íntegro profissional
mas acima de tudo justo, sem nunca minimizar ninguém e isso por certo será a
vossa opinião, pois caso contrário não me
convidavam para os vossos convívios.
Agradeço a todos o carinho com que sempre me recebem o que me faz pensar que
daqui a muitos anos serei eu a relatar tal
como hoje o fazem o Manso e o Parreira
histórias aos vossos filhos sobre as nossas
eternas recordações militares.... Fuzileiro
uma vez Fuzileiro para sempre. Que Deus
vos abençoe sempre...
CONVÍVIO DO DESTACAMENTO DE FUZILEIROS ESPECIAIS N.º 13
João Mata
O Destacamento de Fuzileiros Especiais
Nº 13 (Guiné 1968 – 1970) celebrou este
ano, em 30.04.2011, em Vila de Alva
(Concelho de Cuba, Alentejo) mais um
aniversário.
Prestou-se, também, sen da homenagem
ao 1º dos 4 mortos em combate, Prudencio Manuel Estevens Pacheco, ex- marinheiro FZE Nº 1503/66.
Presidiu às cerimónias o Ex-Comandante
do DFE 13, Ex.mo Sr. Almirante Nuno Gonçalo Vieira Ma as, estando presentes 34
elementos destacamento. O sr. Presiden-
te da Junta de Freguesia, é representante
dos ex-combatentes da localidade e irmão
do camarada Pacheco, estando também
presente bem como outros familiares do
homenageado.
Na referida homenagem, composta por
uma equipa de três elementos clarins da
fanfarra da Armada, foi descerrada uma
pequena lápide em nome de todos os
elementos do DFE 13
Na sua alocução, o Sr. Almirante proferiu
algumas palavras com profunda emoção
e nobreza de sen mentos para todos os
presentes, onde passados 42 anos relembrou alguns episódios vividos naquela violenta operação no Tancroal, onde perdeu
a vida o nosso Camarada Pacheco.
Posteriormente à homenagem, decorreu um almoço convívio, no qual todos
os elementos do DFE presentes e seus
familiares confraternizaram com grande
amizade relembrando alguns momentos
vividos durante a comissão.
Por fim, foi nomeada uma nova comissão
para organizar novo evento, para o próximo ano.
Associação de Fuzileiros | 2011
40
Convívios
ENCONTRO CONVÍVIO DA ESCOLA DE 80
Este 30 de Julho, foi mais um dia em cheio.
Durante a manhã, a viagem até Albufeira,
de seguida, o encontro com os camaradas
que reunidos para mais um encontro esperavam também por nós. Os Filhos da
Escola Fuzileiros da Escola de 80, estão
de parabéns porque conseguiram reunir,
mesmo no limite do sul do Pai, um razoável grupo.
Logo cedo, o inves mento começou com
determinação, com as provocações das
“lourinhas fresquinhas” que serviram de
chamariz, para o “ ntol” que estava com
ciúmes de tão par cular envolvimento. O
almoço estava bem recheado, havia muita fartura de peixe e carne e sobremesas.
Tudo foi grelhado à vista dos consumidores e mesmo até com a sua intervenção,
dando as voltas necessárias para que a
sardinha ficasse suficientemente “almariada” e que assim, mais ape tosa, melhor se deixasse comer.
Foi pois, em saudável convívio que tudo
decorreu, com o Camarada Palma no co-
CRÓNICA DE UMA CONFRATERNIZAÇÃO
Decorreu no dia 24 de Setembro,
mais um convívio dos ex-Marinheiros
da Armada Portuguesa, incorporados
em Setembro de 1962. Com início da
“Concentração” previsto para cerca
das 11,00 horas, pouco passava das
09,30 horas já diversos “Filhos da Escola” se encontravam no Parque do
Restaurante Flor da Mata, demonstrando um grande desejo de abraçar
os an gos “Companheiros de Armas”.
O tempo estava agradável, numa
compe ção em que o sol pretendia
mostrar os seus raios e as nuvens a
quererem lembrar que o Outono já
chegara.
Associação de Fuzileiros | 2011
Como a temperatura não era elevada
proporcionou a que todos iniciássemos o recordar de “velhos tempos”
no Parque exterior do Restaurante.
Cerca das 12,00 horas já se encontravam presentes todos quantos se
haviam inscrito para a confraternização. Apenas faltou um, por razões que
desconhecemos. Num total de 165
pessoas presentes, 81 eram “Filhos
da Escola”.
De salientar a presença de oito “recrutas”, assim denominados por ser a
primeira vez que es veram presentes
desde sempre.
mando das operações em todo aquele
complicado assalto, efectuado ao parque
de campismo de Pêra em Albufeira. É fácil prever, que com tropa tão disciplinada,
tudo teria que correr bem, caso contrário,
até lá estava o Araújo, barbeiro da Escola
de Fuzileiros, para a respec va carecada. Aproveito para agradecer às muitas
Senhoras presentes algumas da quais se
deslocaram do norte e da zona raiana de
Portugal. Não sei o que seriamos, sem as
nossas companheiras – e, porventura vice-versa. A sua presença é sempre muito
importante.
Quero também dizer que foi votada por
aclamação, pelas senhoras presentes,
uma proposta feita ao secretário da Associação. Que fosse embelezada uma camisola com a seguinte descrição – “MULHER
DE FUZILEIRO”.
Por ter achado interessante a ideia, contribuí com as palavras – “É SER DIFERENTE”
ficando, então, “MULHER DE FUZILEIRO É
SER DIFERENTE”.
Mário Manso
Arnaldo Batalha Duarte
Cerca das 13,15 horas foi dada a entrada no Restaurante.
Após terem sido feitas as saudações e
apresentações da “Ordem”, foi guardado um minuto de silêncio em homenagem a todos os Marinheiros já
falecidos.
Seguiu-se o almoço, o qual estava saboroso e bem confeccionado. Assim
se manifestaram os presentes.
Cumprido o programa estabelecido,
foi feita a apresentação dos membros
que farão parte da organização das
Comemorações do 50º Aniversário da
Incorporação (Setembro 2012).
Convívios
Seguiu-se uma breve informação dos
contactos já havidos com a Marinha,
com vista às respec vas realizações
comemora vas.
Prosseguiu-se com as “praxes aos recrutas” as quais constaram de “cas gos” simulados às prá cas da instrução militar da nossa recruta.
Assim, foram obrigados a ir às compras
na “Can na”, todos veram que comprar 5 rifas no valor de 1,00 € cada.
Depois, por sorteio, cada um cumpriu
o seu “cas go”: um teve de descascar
5 batatas grandes, cortá-las em palitos
e entregar ao cozinheiro; outro teve
de passar a ferro uma farda completa
de Marinheiro; outro teve de bradar o
“Sen nela Alerta” nos quatro cantos
da Sala do Restaurante; outro teve de
dar duas voltas à Sala em passo largo;
dois veram que vender dois sacos
com rifas aos presentes; outro (lendo)
teve que declarar um pedido de perdão por nunca ter comparecido e teve
de beijar o “Filho da Escola” mais ango ali presente; outro teve de cantar
o Hino Nacional. Por ter sido o úl mo,
foi muito bem acompanhado por toda
a assistência.
Cerca das 18,00 horas procedeu-se ao
corte do bolo comemora vo.
O convívio prosseguiu. Já o sol se
escondia no horizonte quando os úlmos convivas abandonaram o restaurante com um “adeus, até para o
ano” já pensando – e muito – no 50º
Aniversário da nossa Incorporação.
41
Registou-se também, a presença da
Filha de um “Filho da Escola” que nós
procurávamos e de quem ela também
não nha quaisquer informação sobre
seu Pai.. Foi-lhe fornecido os dados
disponíveis. mas infelizmente, não
foram os mais agradáveis para todos,
porque o seu Pai havia já falecido em
Paris no ano de 1982. Apesar destes
factos, mostrou querer confraternizar
connosco, acompanhada pelo marido
e filhas, foi um momento de alguma
nostalgia, cuja emoção se espelhava
no semblante de todos.
Assim decorreu esta nossa confraternização, a qual ficará na “nossa história” como mais um dia memorável.
1º ENCONTRO DO DFE2 ΈANGOLA, 1973ͳ1975Ή
Foi no dia 10 de Setembro que se realizou
o 1º Encontro dos Fuzileiros Especiais que
fizeram parte do DFE 2 que cumpriu a sua
missão em Angola, no período de 1973 a
1975, e que ficou sediado no Lunguébungo. Foram momentos de grande emoção
porquanto este grupo de Homens não se
reunia desde o dia em que foram desmobilizados do Destacamento de Fuzileiros
onde serviram juntos durante dois anos.
Como sempre estes reencontros tocam
bem fundo na memória de todos. Recordam-se pequenas e grandes histórias. Falou-se das muitas missões cumpridas. Dos
acontecimentos que marcaram as vidas
de alguns. Das mazelas que ficaram bem
marcadas no corpo. Falou-se da coragem
de tantos. Do sen do de cumprimento
das missões de todos. Todas as conversas
confirmaram o quanto ainda se encontra
bem viva, em cada um daqueles fuzileiros, a guerra que viveram. Falou-se com
saudade de todos os que já par ram.
E como é apanágio dos fuzileiros o encontro teve início na Escola de Fuzileiros
seguindo-se um importante momento de
homenagem aos camaradas falecidos, co-
locando-se, uma coroa de flores, no monumento aos fuzileiros mortos. Passados
tantos anos o DFE2 formou de novo para
com o sen do de responsabilidade dedicar em silêncio todo o respeito àqueles
que par ram mas cuja memória dos seus
actos se conservam presentes em cada
combatente que passou por África. O
segundo momento ficou assinalado pela
visita ao Museu do Fuzileiro existente na
Escola e onde cada detalhe foi observado com o cuidado e a memória emocional própria de quem se sente parte do
que ali é exposto e conservado de forma
exemplar.
De seguida seguiu-se para o restaurante
onde se encontrava uma exposição fotográfica assinalando factos e feitos de
muitos dos que integravam o DFE2. As
fotografias serviram de inspiração para
muita conversas, comentários e desencadearam em muitos a vontade de fazerem
chegar as fotografias que guardam no baú
de memórias para que no próximo encontro possam fazer parte de uma renovada
exposição.
Após o almoço o Comandante do DFE2 (C/
ALM Gonçalves Cardoso) usou a palavra
saudando a inicia va e a sua importância
no contexto da história do Destacamento manifestando igualmente a vontade
generalizada de todos o que es veram
presentes para que esta inicia va tenha
con nuidade.
Es veram presentes quase todos os fuzileiros do DFE2 localizados até agora e
isso graças à colaboração de outros camaradas também fuzileiros. Para o próximo
encontro faltam localizar 27 fuzileiros o
que cons tui a tarefa mais importante
dos próximos meses. A alegria e a manifestação da vontade para um segundo
encontro, levou a que esse tenha lugar no
final de Maio na região de Tomar.
Durante a reunião foi apresentada a Associação dos Fuzileiros e distribuídas propostas de adesão o esperamos que se venham a concre zar para engrandecimento desta importante organização.
Ficou ali bem provado que «uma vez fuzileiro, fuzileiro para sempre».
Associação de Fuzileiros | 2011
42
Convívios
O DESTACAMENTO DE FUZILEIROS ESPECIAIS ͵ ANGOLA 1965/67
COMEMOROU O SEU 46.º ANIVERSÁRIO, EM ESTREMOZ
Com a inicia va e a rigorosa organização do sempre operacional Carrilho
Lança - o “Sousel” - foi possível comemorar, no passado dia 19 de Junho/11,
em Estremoz, o 46º aniversário do
Destacamento nº 2 de Fuzileiros Especiais/ Angola 1965/1967.
O evento teve a presença de várias
Senhoras que deram colorido a este
almoço/convívio, onde se contaram
histórias com emoção, nostalgia e
saudade.
Para o ano esperemos que nos possamos encontrar de novo, pelo menos,
com tanta força e alegria quanto este
ano o pudemos fazer.
No decurso do encontro, também
se prestou homenagem aos que já
nos deixaram e todos enviaram um
abraço amigo e solidário aos que,
por qualquer razão, não puderam
comparecer.
Porque as imagens falam melhor e
mais alto do que as palavras aqui ficam algumas fotos para ver e guardar
na memória.
NOITE DE FADOS DA DELEGAÇÃO DE FUZILEIROS DO ALGARVE
Mário Manso
Neste mesmo dia 30 de Julho, estavam programados os fados na Escolamizade, sob a batuta da Delegação do
Algarve. A desenvoltura do seu Presidente ficou bem patente na coordenação de uma equipa, que a exemplo
das que funcionaram nas matas e rios
da guerra do ultramar, foi também
impecável. Lá estavam o olhar observador e a opinião abalizada do veterano Mário Mar ns mostrando que, o
querer aliado ao saber podem vencer
todos os obstáculos. Mereceram por
Associação de Fuzileiros | 2011
tudo o que fizeram, que eu e o Egas
Soares, por lá ficássemos até às tantas
da manhã. O caldo verde, as bifanas e
o chouriço estavam uma delícia o que
me obrigou a repe r, e só por vergonha não fui mais além.
Não fora o vento endiabrado que ninguém conseguiu controlar, com invesdas vindas do mar – como que a provocar o pessoal de Marinha, e o êxito
teria sido ainda maior.
O apresentador Zé Manuel Parreira,
que pela primeira vez vi actuar naquele palco, como é hábito, não deixou por mãos alheias os seus créditos
e, como sempre cantou, e contou as
suas anedotas. A mais-valia que sempre acrescenta aos espectáculos onde
par cipa mais uma vez teve aplausos.
Lá es veram também a guitarra, a viola, e os fadistas que lhe deram à festa
uma par cular qualidade que toda assistência muito aplaudiu.
Es veram presentes, também, o Vereador/Vice-presidente, José Lopes Rolo
em representação da Câmara Municipal de Albufeira, o Secretário-Geral da
Associação de Fuzileiros Lopes Leal,
o Jaime Ferro, e o Licínio Morgado e
o Mendes, estes, representando as
Delegações da Associação de Fuzileiros de Gaia e de Juromenha/Elvas,
respec vamente, acompanhados das
Esposas.
Deixo por úl mo, um agradecimento
muito especial ao camarada Fuzileiro José Lopes que gen lmente me
levou ao serviço de saúde, para que
me fosse re rado, uma camioneta de
areia que abusivamente me entrou na
vista, e que teimosamente me queria
acompanhar para Lisboa, desfalcando as maravilhosas praias do nosso
Algarve. E como um Fuzileiro nunca
abandona um camarada, o solidário
Filho da Escola sempre me acompanhou e, de novo, me transportou ao
“local do crime”.
Convívios
43
UMA VISITA GUIADA À ESCOLA DE FUZILEIROS
Á Hora marcada (10.30 H), sob o esplendor do Sol radiante, deu entrada
na Escola de Fuzileiros, um Grupo de
Escolas da Marinha acompanhados
de seus familiares e amigos, vindo do
Litoral Alentejano. Á entrada, foram
recebidos pelo CFR. José Lopes Henriques e pelo Oficial dia, á Escola de Fuzileiros, TEN. Tasanis, que conduziu/
guiou toda a cerimónia e visita.
Reunidos os visitantes, junto ao Monumento do Fuzileiro, o anfitrião,
apresentou as Boas Vindas, e fez um
breve resumo histórico da Escola de
Fuzileiros.
A Escola de Fuzileiros foi criada em
1961. Entre 1962-1974, período que
corresponde ás guerras d´África, formou cerca de 4.200 Fuzileiros Especiais (Oficiais, sargentos e praças) e
passaram pelos três teatros de Guerra,
(Angola, Guiné e Moçambique) cerca
de 12.500 Homens, integrados em
destacamentos de fuzileiros Especiais
e companhias de Fuzileiros Navais.
Desta formação destaca-se o Primeiro
Destacamento de Fuzileiros Especiais
que recebeu instrução no an go Corpo de Marinheiros (Alfeite), do qual
fez parte, e que muito par cularmente o honra. Este Destacamento, sob o
comando do 1º. TEN. Metzner, par u
para Angola, no dia 9 de Novembro de
1961 e regressou a Portugal a 14 de
Julho de 1963 sem baixas, o que é de
realçar.
Entre 1962-1975, morreram em campanha, nas an gas colónias 154 Fuzileiros Especiais (Um oficial e os restantes Sargentos e Praças).
Por isso, nós hoje ao visitarmos A Escola de Fuzileiros, é justo e merecido
prestar esta singela homenagem, depor esta coroa de flores, que simboliza
o nosso pesar por todos aqueles que
tombaram nas guerras d´ África, em
defesa da Pátria, e por isso mesmo,
nunca e em tempo algum a Pátria os
deveria esquecer, o que, infelizmente
não é o caso.
Prestada a Homenagem, o Grupo
pousou para uma Fotografia, junto ao
Edi cio do Comando, que irá perpetuar a sua visita á EF. Seguidamente,
visitaram o canil onde assis ram a
uma demonstração de uma equipa cinotécnica, na busca de estupefacientes e explosivos, terminando a visita
no Museu do Fuzileiro. Daí, seguiram
para a Associação de Fuzileiros, onde
foi servido um almoço.
Escola de Fuzileiros, 11 de Junho de
2011-10-11
Associação de Fuzileiros | 2011
44
SPM
SPM 0468 Nº 6
Operação “Mezena”, 9 de Junho de
1966, pelas 1330h, embarcámos em
Bolama na LFG Hidra sob comando do
1º Ten. Gomes Teixeira, e rumámos
para o rio Cacine, Ponta Canabem.
Tratava-se de uma bacia hidrográfica onde sempre encontrávamos o IN
muito forte e aguerrido, e todos sabíamos que os combates eram inevitáveis e di ceis. Estávamos a meio
da comissão, transbordávamos segurança, e a confiança que nhamos
uns nos outros era muito grande, pois
sabíamos bem o que devíamos fazer
em todas as situações operacionais.
Já nhamos sido testados em situações bem complicadas e sempre nos
saímos a contento sob condições bem
adversas. Isto, traduzido em linguagem de hoje, fazia-nos crescer o senmento de sermos “os maiores”, pois
podíamos em certos momentos ser
acome dos de receios mas os “turras” seriam de certeza mais que nós.
Voltando à operação em questão, cerca das 2330h, desembarcámos sem
problemas, e logo iniciámos a progressão em direcção ao ponto previsto para montarmos uma emboscada
ao inimigo. Eu ia à frente com a secção D, chefiada pelo Sarg. Galego. A
noite estava muito húmida e a mata
encontrava-se cheia de um nevoeiro
que tornava difusas todas as imagens
que já nos eram familiares. Assim,
com a transpiração do corpo e da
alma a misturar-se com o “fog”, lá íamos avançando directos ao objec vo
na fila indiana do costume, num silêncio que nos permi a manter no nosso espírito os pensamentos da nossa
vida pessoal e a tremenda atenção ao
mundo hos l que nos rodeava.
Cerca das 0200h, o Sarg. Galego chamou-me a atenção para o que parecia ser o perfil de palhotas à nossa
esquerda. Mandei parar o DFE, e saí
da coluna com ele para ver o que se
passava com aquelas silhuetas avistadas. Nesta situação, o procedimento
treinado no Destacamento era passar
a voz por toda a coluna informando
que dois elementos nham saído da
coluna para a sua esquerda. E assim lá
fomos eu e o Galego tranquilamente
(?) inves gar o que se passava. Após
alguns minutos voltámos à coluna,
por acaso não ao mesmo local de
onde nhamos saído, mas uns metros
mais para trás e direito à 2ª secção
do DFE. Estávamos a cerca de 40 meAssociação de Fuzileiros | 2011
tros da coluna quando o silêncio da
mata foi violentamente sacudido por
2 rajadas de G3 dirigidas a nós. Eu, no
primeiro instante, fiquei paralisado
e lembro-me do Galego me dar um
grande empurrão que quase me fez
cair no chão. Ao mesmo tempo gritámos que éramos nós e não os “turras”.
De facto o fogo parou e nós completamente arrasados lá entrámos novamente na coluna. Obviamente que
nosso equilíbrio emocional e também
de todo o DFE ficou muito abalado,
pois teoricamente nós deveríamos estar simplesmente mortos. Claro que
a emboscada ficou estragada, pois a
par r desse momento ficámos detectados na zona, e cerca das 0300h o IN
tentou localizar-nos, disparando com
ML MP e LGF, sobre as nossas cabeças e por cima da LFP que nos nha
desembarcado.
O que se passou então naqueles minutos de elevada ansiedade para todos
nós? Como podia suceder uma coisa
destas com pessoal tão bem treinado? Pois bem, mais uma lição recolhida e bem aprendida para o futuro.
Na verdade falhou simplesmente a
comunicação da nossa saída, que não
chegou à 2ª secção da coluna, e portanto o homem que fez o disparo agiu
bem, pois não sabia da nossa saída
da coluna. Para já diga-se que quem
fez os disparos foi o meu amigo Mário Mar ns, que, para além de grande
experiência em combate, era um chefe de esquadra de muita serenidade
debaixo de fogo. Quer se queira quer
não, um episódio destes marcou-nos a
todos, pois poderia ter sucedido com
qualquer de nós, tanto ser a ngido
como ter disparado, e acontecimentos como este podem arruinar a vida
de várias pessoas e destruir o ânimo
da unidade. Agora, e a par r deste fórum, presto homenagem à força anímica do meu amigo Mário, pois viveu
de certeza momentos muito di ceis
ao recordar o que poderia ter sido
uma grave tragédia por ele protagonizada. A operação terminou sem grandes problemas e voltámos para a Base
em Bissau, onde aconteceu o epílogo
caricato desta história de final feliz.
Sempre que sucedia uma operação de
alguma envergadura, havia um “debriefing” no CDMG (Comando da Defesa Marí ma), onde eram analisados
todos os pormenores operacionais, e
esta operação não fugiu à regra. As-
sim o Comodoro Ferrer Caeiro deu a
palavra ao Cmte. do DFE4, para ele
descrever a operação. O então o 1º
Ten. Santos Paiva, ainda muito emocionado pelos acontecimentos começou por dizer: “Sr. Comodoro ontem
aconteceu um milagre”, o Imediato
e o Sarg. Galegos podiam estar mortos…. (e descreveu o episódio acontecido). O Comodoro Ferrer ouviu atentamente a exposição e depois disse ao
Cmte. do DFE4: “ Milagre o ...., o que
acontece é que esse homem não tem
pontaria, pois se a vesse o Imediato
e o Sarg. deveriam estar mortos. Portanto a par r de amanhã esse homem
vai para a carreira de ro para aprender a disparar como deve ser”.
Claro que a história correu pela Marinha Guineense, e os risos que provocou ajudaram a levantar o moral das
tropas, nesse momento di cil da nossa comissão.
Assim era o nosso saudoso Comodoro Ferrer Caeiro, marinheiro de barba
rija que nunca se deixava envolver ou
ultrapassar pelos acontecimentos,
fossem eles quais fossem.
A Marinha estava sempre à frente.
Desporto
45
CAMPEONATO REGIONAL SUL DE TIRO PRÁTICO ͳ IPSC
Espada Pereira
No passado dia 22 e 23 de Maio, realizou-se na Unidade Especial de Policia
em Belas/Lisboa o Camp. Regional Sul
de Tiro Prá co - IPSC.
Esta prova com uma par cipação de
cerca de duzentos atletas na várias
Divisões e de vários clubes e pontos
do país, contou com a organização a
cargo da Sociedade de Tiro de Tavira,
tendo decorrido num bom ambiente
despor vo tendo a ajuda de um bom
dia de sol!
A prova cons tuída por oito pistas bem
organizadas, contou com uma boa coordenação das Esquadras por parte
do STAFF, que assim conseguiu cumprir com os horários estabelecidos!
Nesta compe ção a Associação de
Fuzileiros, contou com a par cipação
dos atletas João Pereira, Bryan Ferreira, Vasco Leitão ,Luís Araújo e Fernando Lopes!
Apesar de a nossa equipa ter sofrido
duas desclassificações, chegou ao fim
com quatro atletas que obterão o 2º
lugar da classificação por equipas na
Divisão de Modified e a seguinte classificação em individual;
- João Pereira ....... 5º Lugar
- Bryan Ferreira ..... 19º Lugar
- Francisco Marques .. 20º Lugar
- Vasco Leitão ........21º Lugar
OPEN Nacional de IPSC 2011
Realizou-se no passado dia 11 de Setembro em Lisboa / Belas a prova de
ro prá co OPEN Nacional de 2011. A
prova com a organização a cargo da
Federação Portuguesa de Tiro e com o
apoio do Clube de A radores do Pessoal da PSP contou com a par cipação
de cerca de 200 atletas vindos de toda
a parte do país, contando com um
tempo bastante favorável para a modalidade e para os atletas!
A Secção de Tiro da AFz, fez-se representar por dois dos seus atletas
tendo sido eles Luís Araujo com a
classificação geral de 15º lugar e Fernando Lopes que não concluiu a compe ção por quebra de um ângulo de
segurança.
Dia importante
para a secção de Ɵro
A Secção de Tiro Despor vo da AFz.,
a ngiu a 20ª representação em provas de ro oficiais no passado dia 08
de Outubro!
Compe ndo nas diferentes modalidades, os nossos atletas tem vindo
a marcar cada vez mais presença no
ro despor vo e a fomentar a adesão de novos sócios para a prá ca da
modalidade!
O nosso obrigado ao empenho de todos os Atletas que orgulhosamente
são a imagem despor va da Nossa
Associação!
Saudações despor vas para todos os
Atletas!
Campeonato Regional Sul
de Pistola Sport 9mm
Realizou-se no passado dia 03 de
Agosto nas instalações da Carreira
de Tiro do Centro de Educação Tísica
da Armada ( CEFA) no Laranjeiro , o
Campeonato Regional Sul de Tiro com
PSport 9mm, tendo a Secção de Tiro
Despor vo da AFz sido representada
pelo Atleta Cmdt. Semedo de Matos
que obteve o 4º lugar da geral!
A organização a cargo da Federação
Portuguesa de Tiro, contou com a pacipação de 17 par cipantes de vários
clubes a nível nacional!
Associação de Fuzileiros | 2011
In Perpetuam Memoriam
46
Cada vez mais somos menos, porque mais oito camaradas fuzileiros nos deixaram. Cinco dos quais, eram sócios
da Associação de Fuzileiros que aqui se rememora com as suas fotos.
Também esta grande Família, fica mais pobre, mas a lei da vida não perdoa, e cedo de mais nos privou do seu
convívio. Resta-nos honrar a sua memória, lembrando-os enquanto a vida nos der alento para os recordar com
saudade. Que tenham por caridade, a paz que a vida lhes negou.
Às suas famílias, esta outra, apresenta sen das condolências.
António Cartaxo
Arnaldo Fernandes
Álvaro Pereira Sardinha
Faleceram ainda os camaradas:
Inácio Serafim Teles Teixeira, José Ricardo Dionísio França, António SebasƟão Olipio Rin e Cmte. Ferreira Junior
COMANDANTE CÔRTEͳREAL NEGRÃO
MAIS UM PRESTIGIADO SÓCIO E OFICIAL SUPERIOR FUZILEIRO QUE NOS DEIXA
No passado dia 16 de Julho faleceu,
no Hospital Militar de Lisboa, o Capitão de Mar-e-Guerra Rui Francisco
Côrte-Real Negrão.
O Comandante Negrão frequentou
a Escola Naval entre 1953/56 sendo
posteriormente promovido a GuardaMarinha, tendo prestado serviço na
Marinha durante 34 anos. Em 1986
passou, a seu pedido, à situação de
Reserva da Armada.
Além do Curso da Escola Naval possuía ao Cursos Geral e Superior Naval
de Guerra, o de especialização em Fuzileiro Especial e o dos Serviços Monográficos e de Operações e Informações Militares.
No Mar esteve embarcado em várias
unidades navais onde desempenhou
as funções de Comandante dos NRP “
S. Vicente”, “Santa Luzia” e “Almirante
Magalhães Corrêa”, e o de Oficial Imediato dos NRP “Pico”, “San ago” e “
Alm. Schultz” tendo desempenhado
também as funções de Chefe dos Serviços de Navegação, Ar lharia, Comunicações e Abastecimento em vários
navios da nossa Marinha.
Em terra exerceu funções no Corpo de
Marinheiros da Armada, Gabinete de
Estudos e Director de Instrução da Escola de Fuzileiros, Subchefe dos Serviços da Marinha, na Guiné, Oficial Imediato do GIEA, Chefe Interino da 2.ª
Associação de Fuzileiros | 2011
Divisão do Estado Maior da Armada e
Oficial Imediato e Director de Instrução da Escola Naval, Comandante da
Defesa Marí ma dos Portos de Pormão e Lagos e Capitão dos mesmos
Portos e de Adido da Defesa e Naval
em Londres.
Nos Fuzileiros, comandou o Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º
6 (Angola 1963/65) tendo exercido cumula vamente o comando do
Agrupamento dos Destacamentos de
Fuzileiros Especiais - Angola e a Companhia de Fuzileiros N.º 10 (Angola
1966/68).
Em todas as unidades em que prestou
serviços e, designadamente, nas de
Fuzileiros, granjeou grande amizade e
consideração entre todos os seus Ca-
maradas, superiores e subordinados,
sendo do como Oficial de profunda
competência e com excepcionais qualidades de comando.
Da sua folha de serviços constam vários louvores e condecorações de que
se destacam: duas Medalhas Militares
dos Serviços Dis ntos sendo uma com
Palma; Medalha de Mérito Militar de
2.ª Classe; Medalha Naval de Vasco da
Gama; três Medalhas Comemora vas
das Campanhas das Forças Armadas
Portuguesas e a Medalha de Prata do
Ins tuto de Socorros a Náufragos.
A Associação de Fuzileiros, de que o
Comandante Negrão era Sócio n.º
1149, ainda teve o gosto de O ter
presente, como convidado especial,
com lugar na tribuna, na cerimónia de
inauguração do Monumento ao Fuzileiro (que Ele, também, patrocinou)
no passado dia 2 de Julho.
É com profunda emoção e pesar que –
após termo-nos feito representar nas
cerimónias fúnebres, nas quais o Corpo de Fuzileiros Lhe prestou, também,
honras militares – apresentamos publicamente à Sua Esposa, Sr.ª D. Ana
Maria, aos seus filhos Maria Teresa,
Maria da Conceição, Rui Miguel e
Francisco Luís e a toda a restante Família, os protestos do nosso par cular
e profundo sen r.Até um dia Comandante Côrte-Real Negrão
Diversos
ASSINATURAS ANUAIS DA REVISTA
47
NOVOS SÓCIOS
A Associação de Fuzileiros saúda todos
quantos aderiram à nobre causa da Familia Fuzileiro agora nesta vertente mais
civilizada.
Bem-Vindos Camaradas e Amigos!
DONATIVOS
DONATIVOS MONUMENTO
ADM
A Associação de Fuzileiros passou a receber as compar cipações do
A.D.M.
Todos os sócios que pretendam entregar o seu recibo podem fazê-lo através da associação.
Associação de Fuzileiros | 2011
48
Associação de Fuzileiros | 2011

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