blindfolded prologo - Fórum Anti Nova Ordem Mundial

Transcrição

blindfolded prologo - Fórum Anti Nova Ordem Mundial
J. MARINS
BLINDFOLDED
(OLHOS VENDADOS)
Livro Um
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REAÇÃO
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FATO UM
Todas as citações feitas nesta obra referentes aos efeitos sobre o controle mental dos
humanos por emissão de ondas de luz ou de ondas eletromagnéticas sob a forma de
energia, especialmente em baixa freqüência, podem ser perfeitamente consultadas nos
websites oficiais da Nasa e do Comando Aéreo dos Estados Unidos, assim como no
Sistema Integrado de Defesa da Organização das Nações Unidas.
As ondas HAARP constituem parte do Projeto Militar de Defesa dos Estados Unidos,
e os seus laboratórios principais estão situados no Alasca.
Em 1993 começou a funcionar o projeto sobre a ionosfera terrestre. O HAARP, que
significa “Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência”, objetivava
compreender o funcionamento das transmissões de ondas de rádio e feixes de luz na
faixa da ionosfera.
O projeto tinha como objetivo preponderante ampliar o conhecimento sobre as
propriedades físicas e elétricas da ionosfera terrestre, facilitando o funcionamento de
vários sistemas de comunicação e navegação, tanto civis quanto militares.
A possibilidade das ondas refletirem na atmosfera, descendo sob a forma de feixes
luminosos e atingirem os cérebros humanos, alterando-lhes a freqüência e a
estabilidade, é, segundo os estudiosos, plenamente possível, com efeitos ainda não
totalmente compreendidos, sendo efetivamente crível que possam as ondas modificar os
sistemas de comandos neurais, abrindo portas para o controle mental de populações
inteiras.
Isso não é simplesmente teoria da conspiração. É fato. Resta saber quais serão as
finalidades práticas e os efeitos de projeto tão audacioso.
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FATO DOIS
As citações relacionadas ao Clube de Bilderberg feitas nesta obra são factuais.
Fundado em 1954 pelo príncipe Bernhard, da Holanda, pelo primeiro-ministro belga
Paul Van Zeeland, pelo conselheiro político Joseph Retinger e pelo presidente da
multinacional Unilever, o Clube tem como princípio promover o intercâmbio de
interesses comuns e debater assuntos relevantes a nível mundial.
Suas reuniões ocorrem, de fato, anualmente, desde sua criação.
O nome Bilderberg vem do hotel holandês que abrigou a primeira reunião.
Atualmente, os encontros do Clube reúnem cerca de 120 personalidades influentes na
política, na economia, na indústria, nos esportes, nos meios acadêmicos e na mídia.
Também são factuais as informações relativas ao clube privado Bohemian Grove,
existente em Monte Rio, na Califórnia.
“A guerra exauria o planeta, e levava os dois lados à ruína,
com as velhas nações poderosas
mantendo as suas populações alheias à realidade,
sob ilusão, assim como tudo em suas vidas.
Eu vim para lutar contra esse sistema.
E, quem souber de tudo isso, mire-se bem nos espelhos
certificando-se sobre quem realmente é,
sobre o que faz, e porque faz.
Pois, como quase todos os do meu tempo,
poderá estar com os olhos vendados.”
Brenda Slava
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PRÓLOGO
Zona 01, Antiga Cidade do Vaticano, Sede do Governo Mundial, 2072 d.c
A
aparência de Emanuello Von Tüder contrastava com o perigo de morte que sua
vida corria. Ele nem parecia incomodado com a arma apontada para a sua cabeça. Muito
pelo contrário, como avaliou aquele que o mantinha sob mira.
Apesar da idade, Emanuello gabava-se pelo poder que tinha de controlar as próprias
emoções. Conhecido como Chefe, e estando à frente da Luz — a instituição que
comandava o Governo Mundial, ele levava ao extremo todas as possibilidades, antes de
se dar por vencido. Seus gostos pela aventura e pelo risco eram conhecidos e
divulgados. Ele adorava ser tratado como um destemido, afinal, como sempre dizia a
quem o procurava, ele liderava a Luz do Mundo, que trouxe paz, prosperidade e
segurança definitivas para a raça humana.
— Ainda vai atirar em mim ou pretende ficar aí parado feito um imbecil, coronel
Duban? O que quer de mim, além das senhas?— perguntou rindo cinicamente, olhando
de lado para o homem, que tinha cara de rapaz, e empunhava a pistola de laser T-Vexe
como quem segurava uma cobra pela cabeça.
Emanuello manteve o riso, e prosseguiu no mesmo tom irônico:
— A ordem estabelecida é invencível, não há como recusar o seu domínio. Mais dia,
menos dia, os muros da sua capital ruirão de dentro pra fora, e vocês glorificarão o
poder da Luz. Não é assim que deve ser para que se cumpram os tempos?
Duban ajeitou o par de óculos refletores e o capacete, firmando a arma na têmpora do
ancião, enquanto observava, pela janela, as silhuetas das mega-naves se aproximando.
— Creio que o seu tempo é que está se esgotando, Chefe. Não é mesmo, general
Slava? — disse, procurando sua companheira de ação.
Ele gelou e estremeceu com o clique que escutou em seguida.
— Acho que o seu é que está esgotado, coronel — disse inesperadamente uma voz
feminina e firme, colando a ponta de sua arma elétrica no pescoço de Duban.
PARTE UM
Eis a luz do mundo: não se pode esconder
uma cidade edificada sobre um monte.
Dá luz a todos que a mereçam.
Assim resplandeça a luz diante dos homens,
para que vejam as boas obras e glorifiquem na terra e no céu.
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CAPÍTULO 1
Área central da América do Sul, próxima dos Andes, alguns meses antes
Aquele era o inverno mais frio dos últimos 30 anos. Nuvens densas escondiam a
Cidade da Liberdade e as aldeias do interior. Até mesmo as vilas escondidas no interior
das montanhas estavam isoladas pela neve, e os rios que as abasteciam tinham
congelado.
Com sua bicicleta de rotação quádrupla, Gorik percorria apressado e cansado a
distância que o separava da entrada da praça ao edifício do grande salão, fazendo o
possível para não embaraçar-se nas próprias vestimentas, ciente de que seu atraso era
superior às 24 horas que o Vizir tinha lhe dado para ultimar os preparativos daquilo que
sabia ser a oportunidade de êxito contra o inimigo.
Era muito difícil saber sua idade. Uns diziam que suas franjas grisalhas e seu porte
musculoso, com aquele corpo vigoroso e quadrado, lhe retiravam mais de uma dezena
de anos da conta de sua vida. Mesmo dono de um rosto expressivo e sem linhas que
mostrassem o tempo, Gorik exibia no olhar todo o peso dos anos. Talvez um pouco
mais, principalmente pelo fato de ter saído das linhas de batalha há algum tempo para
dedicar-se aos seus experimentos e invenções.
— Sub-Conselheiro Gorik – disse um dos dois guardiões que o recebeu à porta,
abaixando a arma laser e ajeitando os óculos refletores e a roupa brilhosa. – O Vizir o
aguarda ansioso.
Ele não respondeu, entregando a bicicleta para o outro guardião, que a conduziu
desleixadamente pelo pátio sob um olhar de censura do recém-chegado.
“Mais essa” – pensou Gorik.
— Alguma recomendação especial? — perguntou aquele que o recebera.
Gorik disse que não com um aceno, enquanto retirava seus óculos, girando o corpo
para contemplar os prédios em redor e a paisagem que tanto admirava, mais abaixo. O
azul das montanhas, os vales e o curso estreito dos rios. Tudo invadido pelo branco
ofuscante gerado pela neblina, que parecia disposta a encobrir a Cidade da Liberdade.
“O efeito HAARP. Querem destruir-nos pelo clima” — pensou.
A cidade não tinha o aspecto da capital de um país em guerra. Havia alguns indícios,
como ele observou mentalmente: sacos de areia diante dos prédios; entrada de abrigos
para os espaços subterrâneos, cartazes com propaganda sobre a evacuação de áreas e
precauções com ataques aereos, e várias antenas gigantes de emissão de raios defletores,
para combate aos efeitos hipnotizantes das ondas HAARP e proteção, como campo de
força, contra bombardeios e ataques aereos.
“Felizmente consegui miniaturar o sistema das antenas defletoras em microchips e
funcionalizá-lo nas mega-naves” — refletiu, cheio de medidas, recordando-se dos
recentes e numerosos vôos dos aviões do inimigo — o Governo Mundial, carregados
com bombas isonímicas e aparelhos HAARP que Gorik e seus pares tanto temiam.
Ele pediu licença e se afastou, penetrando no edifício. O grande salão que se abriu
para ele, naquele momento, estava com as luzes todas ligadas, fazendo reluzir sua
silhueta no piso, serpenteando sua enorme figura, enquanto deslizava até a mesa de
reuniões. O Vizir o aguardava. Estava quieto, sentado na última poltrona, antes do
janelão, que estava aberto, e por onde uma fria corrente de ar penetrava.
Gorik começou a transpirar à medida que se aproximava do líder da Cidade da
Liberdade. A voz que escutou, em seguida ao momento em que cessou a caminhada, fez
congelar todas as suas reações.
— Atrasado, Gorik — repreendeu-lhe o Vizir, num tom educado, através de uma
boca perdida num rosto sem emoções.
— Meu Senhor, como vê, estou aqui.
O Vizir juntou as mãos sobre a mesa. Seu rosto assemelhava-se a um livro fechado e
em seus olhos inexistia brilho.
— Esqueceu que sou cego, Gorik?
Gorik desconcertou-se. O Vizir prosseguiu:
— A decisão está tomada. Convenci o Conselho, que acatou a sua sugestão.
Usaremos o seu experimento defletor no grupamento da general Slava.
Gorik aproximou-se preocupado, colando o corpanzil na mesa.
— Slava? Não pensei nessa hipótese, meu Líder. Ela é a nossa melhor combatente.
Sem sua liderança, nós estaremos vulneráveis. Pensei em utilizar seu grupo para
conduzir as mega-naves, durante as etapas seguintes da missão. Creio que deveríamos
utilizar outro grupamento e...
O Vizir ergueu uma das mãos delicadamente.
— Por isso mesmo. Se o seu invento é realmente a porta para invadirmos o corpo do
inimigo, por que não enviar o que temos de melhor? — disse.
Gorik estava paralisado, impressionado demais para reagir.
— A general Slava e o seu destacamento são os mais capazes para a missão — disse
o líder, meneando a cabeça.
— Slava não é somente a melhor oficial que temos. Ela é uma máquina de matar. É
um símbolo da resistência. Quando ela estiver fora dos nossos domínios estará sujeita
ao poder da Luz e...
— Sei disso — observou o Vizir, interrompendo-o.
O Vizir elevou as sobrancelhas.
— Por isso o seu invento. Ele a protegerá e a todos os dela, criando um campo de
proteção em redor deles, como fazem as nossas antenas. Não foi isso que demonstrou a
mim e ao conselho há alguns meses? Não nos convenceu de que, mesmo nas cidades do
Governo Mundial, a sua invenção neutralizará os efeitos da Luz?
— Sim. Deverá ser assim. Talvez não dê certo — ponderou Gorik. — Os microchips
podem falhar e, mesmo que não falhem, os efeitos necessitam de certo tempo para
atingirem cem por cento. E se não der certo, teremos entregado ao inimigo o nosso
maior trunfo militar: Slava e o seu grupo de elite. Não seria melhor adiarmos a missão?
O Vizir levantou-se e caminhou com as mãos pra trás, fazendo Gorik imaginar como
era possível que, mesmo cego, pudesse caminhar como se não existissem obstáculos
diante dele.
— Gorik, meu caro. Compreendo suas preocupações — disse, encostando os dedos
na janela. — Entretanto, não podemos adiar. As fronteiras do Governo Mundial nunca
estiveram tão flexíveis, inseguras e nervosas; apesar de saber que, dia após dia, os
ataques do inimigo enfraquecem as nossas defesas. Sim, eu tenho notícias de que, em
razão da diminuição dos campos de ação dos nossos defletores, pessoas de muitas das
nossas cidades ficaram suscetíveis aos efeitos HAARP.
Ele pensou um instante.
— Sim. Esse é o momento da reação — disse, com uma das mãos no queixo.
— Senhor, as notícias que tenho são diferentes, se me permite...
— Gorik — disse o Vizir, num tom senhorial. — Você confia ou não no seu
experimento? Ele funcionará como espera ou deixará vulneráveis os integrantes da
missão e as mega-naves que serão usadas em seguida?
O sub-conselheiro silenciou no ato, repassando mentalmente os eventos. Ele tinha
sido o grande mentor de todas as novas estratégias de defesa e ataque da Cidade da
Liberdade. Teve opinião decisiva na planificação do projeto Troia, participando
ativamente da elaboração dos planos das mega-naves — gigantescos bombardeiros de
propulsão nuclear, com enormes canhões T-Vexe, construídos no interior das
montanhas, nos quais seriam usados os mesmos princípios de deflexão utilizados nas
antenas defletoras, que guarneciam as zonas sob a proteção do Conselho.
— Confio, senhor — disse, enfim.
— Certa vez, nós dois conversamos a respeito da defesa e do ataque. Recorda-se?
Gorik confirmou balançando a cabeça.
— Pois é. Então, está lembrado de que quem está na defesa fica mais robusto e pode
revidar no momento certo. É o que ocorre conosco. Após esses anos, avançamos
tecnologicamente. Temos armamentos mais criativos do que os nossos agressores. Por
que não partir para o revide?
— Talvez porque nossa tecnologia ainda não esteja totalmente testada.
— Você é o Einstein dos nossos tempos, Gorik. Não se menospreze.
— Se me permite...
O Vizir inspirou profundamente com a expressão impassível, antes de continuar:
— Não, Gorik — disse, com jeito de que gostaria de encerrar a reunião.
O sub-conselheiro calou-se novamente, pensativo.
— O momento é este. — continuou o Vizir. — Estou velho e esses últimos anos
tocando os interesses da nossa cidade, foram mais do que suficientes para compreender
a hora exata de dar o golpe decisivo.
— Destruir a fonte central da luz e aniquilar o grupo que dirige o Governo Mundial
— disse Gorik, num tom baixo, remoendo-se internamente.
O Vizir silenciou.
— Se Brenda Slava não conseguir fazer tudo dentro do tempo planejado, poderá ser
cooptada para o lado deles — disse Gorik, com o semblante carregado. — Ou morta...
O Vizir sorriu discretamente, permitindo a Gorik admirar a sua dentição reta e clara.
— Já a comunicou? — perguntou o inventor.
O líder virou-se no mesmo instante, apontando para a porta lateral, de onde surgia
uma mulher alta e de corpo elegante e rígido.
— Alguém disse, nos tempos antigos, que é impossível servir a dois senhores —
disse, olhando a dúvida fixa na face de Gorik. — Ela conseguirá. Estou certo disso.
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CAPÍTULO 2
Três meses depois
O tiro de alerta sibilou e bateu na ponta do enorme veículo blindado, que seguia em
disparada no sentido contrário da ponte sobre o rio Grande, na fronteira da Zona 28 com
a Zona 2, atravessando entre fogo e balas a linha que separava o antigo México do agora
inexistente Estado do Arizona, aproximando-se dos portões.
Brenda Slava retirou os fones, pelos quais escutava I Wanna Rock’n Roll All Night, e
se concentrou. Ela estava sentada ao lado do motorista, o tenente Jill Kare, e seus olhos
azuis sequer piscavam. Com eles, dentro do blindado, estavam outras vinte pessoas
entre homens e mulheres — o seu grupo de elite, os melhores técnicos, pesquisadores e
militares, os mais ousados e inteligentes, os mais firmes e dedicados, as pessoas
selecionadas a dedo, por ela mesma, entre todos os defensores da Cidade da Liberdade,
designadas para a missão Tróia.
Todos perfeitamente conscientes da importância da operação. Um grupo decidido,
que sabia que muitos não retornariam vivos. Brenda Slava sorria intimamente, cheia de
orgulho em poder chefiar pessoas como aquelas.
O objetivo da missão era claro: o grupo deveria fingir um ataque a um dos centros
HAARP e implantar células de resistência e ação dentro do comando do Governo
Mundial. Uma vez dentro do sistema, revestidos com poderes defletores, toda a cúpula
da Luz deveria ser eliminada, com a captura das senhas de controle das ondas HAARP.
A forma ambiciosa de derrotar o inimigo, engendrada pelo sub-conselheiro Gorik,
cuja linha central era extremamente sedutora: propiciar ao inimigo a captura da nata
militar e científica dos resistentes.
—Uma vez capturados, vocês serão neutralizados pela Luz e passarão a atuar como
qualquer uma das pessoas que vivem nas cidades controladas pelo Governo Mundial.
Vocês estarão confusos. Dez por cento das suas mentes estarão sob controle de vocês.
A Luz não os dominará inteiramente. E, quando estiverem sob a realidade criada por
eles, algo em torno do ano de 2012, os microchips produzirão vibrações neutralizantes,
para, pouco a pouco, suas consciências retornarem. Nesse momento, vocês estarão
aptos e relembrarão imediatamente dos objetivos da missão — disse Gorik ao
grupamento, durante o derradeiro treinamento, pouco antes da partida.
Fazia um mês e meio que Brenda Slava e o seu grupo tinham deixado a região central
daquilo que um dia foi a América do Sul, atravessando sigilosamente as fronteiras das
Zonas Territoriais — os agrupamentos humanos criados pelo Governo Mundial desde a
abolição dos países e das fronteiras na Grande Reunião Secular realizada em 2054, num
encontro de paz entre representantes do Conselho da Cidade da Liberdade e a Luz,
nome da cúpula composta de treze pessoas, que comandavam o Governo Mundial.
E, para não sucumbirem totalmente aos poderes da Luz, a general e sua equipe de
profissionais e militares, após receberem as orientações dos membros do Conselho da
Cidade da Liberdade, tiveram implantados entre seus dentes os microchips criados por
Gorik: aparelhos munidos de sistema holográfico de materialização e antenas defletoras
microscópicas, com capacidade para manter dez por cento da consciência, reduzindo
aos poucos a influência dos feixes emitidos pelas máquinas hipnóticas do Governo
Mundial instaladas nas zonas sob seu império, que flutuavam pelas cidades e pelos
campos, emitindo as ondas HAARP de controle mental.
— Lembrem-se — disse-lhes Gorik durante a despedida. — assim que o microchip de
cada um de vocês atingir a carga máxima, vocês estarão livres da força HAARP. Nesse
momento, vocês retirarão o microchip, a fim de utilizarem o sistema holográfico de
materialização.
Uma seqüência de tiros fez o tenente Jill Kare desviar para a direita.
— Sempre pensei que um dia iria ver uma delas. Talvez tenha oportunidade de dar
uns chutes naquelas tralhas quando estiverem em terra — sorriu ironicamente o coronel
Duban, principal auxiliar de Brenda Slava, enquanto carregava a arma laser de ondas TVexe UP-7821DF, fabricada num dos subterrâneos da Cidade da Liberdade.
Isvanor Abrutin, o técnico-chefe em computação holográfica e pessoa de confiança
do sub-conselheiro Gorik, desde o seu resgate em uma das batalhas nas fronteiras da
Zona 11 — o litoral do antigo Brasil, sentado ao lado da tenente Paty Gomes, o mirou
nos olhos por alguns segundos e, procurando não chamar a atenção da general,
murmurou a resposta para a frase irônica que acabara de ouvir:
— O controle neural poderá transformá-lo naquilo que eles quiserem, coronel. Você
não terá mais recordações passadas e pouco a pouco agirá como um deles — disse,
recordando-se de quando esteve sob o controle da Luz.
— Estaremos protegidos pelo chip de Gorik, não é mesmo? Será tudo uma farsa, um
teatro, que o Governo Mundial vai engolir facilmente.
Isvanor sacudiu negativamente a cabeça, mexendo o bigode.
— Teatro? Não, coronel. É a vida real o que nos aguarda, e ela poderá estar repleta de
surpresas.
O coronel levantou o dedo, escolhendo as palavras para responder, mas desistiu de
dizer o que pensava, e olhou para o lado. Brenda Slava o fitava séria.
— Sorria general. Estamos numa luta, mas que tal um riso incentivador? — disse.
— A humanidade criou três coisas terríveis, coronel — disse ela num tom baixo.
— Uma delas é o poder HAARP. Estou certo? E o que isso tem a ver com o riso?
— A palavra é a segunda coisa. No dia que o homem a descobriu, passou para a
terceira, começando a matar com um riso estampado na cara — disse Brenda.
— O riso é tão horrível assim? Mas... — ele calou imediatamente com um gesto dela.
— O quê? — sussurrou, mirando a sua superior.
Brenda Slava olhou para todos eles pensativa, fazendo o gesto combinado horas
antes, enquanto balas riscavam a lataria do pesado blindado.
— É agora — disse sem piscar, prendendo os longos cabelos negros por trás do
pescoço e ajeitando o capacete defletor e os seus óculos refletores. — Preparem-se para
abandonar o veículo. — ela olhou para o relógio. — Já!

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