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Volume 3 SARÁO Número 02 Memória e Vida Cultural de Novembro 2004 Campinas ISSN 1677-7816 AS PRIMAVERAS DE CAMPINAS – S.P. Emílio Bruno Germek Raras são as plantas ornamentais que em beleza, intensidade de florescimento e rusticidade podem ser comparadas às “ Bougainvilleas”, comumente denominadas de “Primaveras”. Um portal, fartamente coberto de inflorescências de primavera de alegre intensa coloração, onde quase desaparece a folhagem é simplesmente deslumbrante. A planta é brasileira, encontrada nas florestas originais dos estados de São Paulo, Espírito Santo, Estado do Rio de Janeiro, minas Gerais e Bahia. Pertence ao gênero “ Bougainvillea”, referente à localidade de Bougainville, na Papua-Nova Guiné, no Oceano Pacífico. No início dos anos 50 havia em Campinas pouca variabilidade na cor das inflorescências, sendo a mais comum as de cor roxa, cor de tijolo e lilás. A existência de sementes passava despercebida, mas apalpando-se as flores secas são encontradas raramente no seu interior, semelhantes em forma e tamanho ao grão de trigo. Semeadas em caixas, passam para recipientes e posteriormente para o lugar definitivo. A semeação deve ser rasa, cerca de 1 (um) cm de profundidade, pois a semente sai da terra, da mesma maneira que a de café. Normalmente, leva um mês para germinar, sendo a porcentagem de germinação elevada. Em algumas plantas já se tem observado o início do florescimento 6 (seis) meses e meio depois da semeação. As plantas resultantes de sementes comuns, como também as de cruzamentos foram plantadas no jardim da Seção de Genética do Instituto Agronômico de Campinas – S.P. e de espaço a espaço em toda a extensão da cerca então existente na Fazenda Santa Elisa ao longo da Av. Brasil. Com as construções, agora as plantas não mais existem. Com o desenvolvimento, novos tipos de primaveras surgiram, com as mais variadas cores, até a preta, matizes e formatos de inflorescências e com hábitos de florescimento os mais diversos. A primavera é facilmente propagada por meio de estacas de galhos. Assim, qualquer pessoa interessada, passando pela avenida, podia cortar um pedaço, a fim de obter uma muda da planta escolhida para o seu jardim ou fazenda, onde é a trepadeira mais adequada para cercas, por ser altamente decorativa e raramente atacada pela formiga saúva. O Suplemento Agrícola do Jornal O Estado de São Paulo publicou o artigo “As Primaveras”, Germek E. B., 20.06.1.955. Volume 3 SARÁO Número 02 Memória e Vida Cultural de Novembro 2004 Campinas ISSN 1677-7816 Em maio de 1.958 a seção de Genética recebeu a visita de 2 (dois) Oficiais de Sua Majestade Britânica, que vieram do Quênia na África, e que informaram estarem muito interessados em Primaveras e queriam saber a origem das sementes que o IAC – Instituto Agronômico de Campinas havia fornecido. Dessas sementes resultaram novos tipos, inclusive 1 (uma) variedade com flores completamente brancas, sendo considerada a única até então conhecida pela pureza da cor. Passaram a intercalar a branca de espaço em espaço ao longo das cercas. Com o intercâmbio estabelecido recebeu sementes e mudas de 9 (nove) belas variedades em abril de 1.958 e atualmente entre outras a referida branca e a cor de ouro embelezam os jardins das residências de Campinas – S.P. Assim, Campinas tornou-se importante fonte de belíssimas variedades originais da referida trepadeira brasileira. Nenhuma planta proporciona tanta cor às cidades e aos campos como a”primavera” PRIMAVERAS BRANCAS Imitando a natureza, como ocorria nas florestas originais, seria aconselhável plantar uma muda de primavera branca, ao lado de cada árvore de porte não muito elevado, em alguns lugares, a fim de desenvolverem ao longo do tronco, ultrapassarem a copa e com algum tempo florescerem com todo o esplendor, na cor branca que é símbolo da paz. Uma boa sugestão para a nova praça no bairro Taquaral “Arautos da Paz” e outros jardins públicos. Emílio Bruno Germek PESQUISADOR CIENTÍFICO VI APOSENTADO ( Instituto Agronômico de Campinas )