Como foi o World Open V
Transcrição
coluna | felipe mojave como foi o world open V F PartyPoker reúne grandes nomes do poker mundial e faz sucesso em Londres ala, galera da Flop! Nesta edição, vou contar para vocês sobre tudo o que rolou no PartyPoker World Open V. O evento, realizado no Palm Beach Casino, em Londres, é uma produção do PartyPoker para a televisão, e para o qual vários profissionais são convidados a se juntar aos PartyPoker Pros e aos online qualifiers, totalizando 48 jogadores. O evento aconteceu em outubro e contou com a participação de grandes nomes do poker mundial, como Tom “durrrr” Dwan, Phil Laak, Roberto Romanello, Andy Black e Mike Sexton. A estrutura do torneio foi algo inusitado e o evento, um tremendo sucesso. O torneio é jogado na modalidade shootout, em que são formadas seis mesas de oito jogadores e o campeão de cada mesa avança para a final table, juntamente com o campeão da repescagem, disputada entre os melhores segundos colocados de cada mesa. O buy-in do evento foi US$10K, rendendo uma premiação para toda a mesa final – sete jogadores – e um suculento primeiro prêmio de US$250 mil. A grande novidade para essa edição foi o stack de 300 mil fichas iniciais, com blinds começando em 1K/2K e subindo a cada 21 mãos. Eu sou muito fã dessa estrutura e até acho que as grandes multitables poderiam adotar esse sistema de aumento de nível nos períodos de “bolha”, por exemplo. Eu joguei o último heat (mesa), que foi o sexto, numa mesa bem difícil, na qual se encontravam Mike Sexton, Roberto Romanello, Marty Smith e Bruno Fitoussi, além de dois outros profissionais locais e um qualifier. Vou apresentar para vocês um breve resumo de como foi o meu torneio. 22 | dezembro C omecei bastante ativo, e a primeira mão em que joguei um pote grande foi mesmo uma decepção. Eu estava no botão e aumentei para 5K, com JT, e Marty Smith me deu call, do Small Blind. O flop veio com cartas baixas e duas copas, o que me deu flush draw e overcards. Eu apostei forte no flop e tomei outro call. O turn, que apresentou mais uma lowcard, não me ajudou e ambos batemos mesa. O river foi uma dobra, e eu acreditei que seria uma excelente carta para que eu apostasse com o intuito de mostrar para ele que eu realmente estava apostando por valor, já que ele jogou a mão passivamente e poderia ter um draw ou mesmo um par baixo. Foi o que eu fiz: apostei cerca de 16K no river e, confesso, ele não pensou muito para pagar e me deu call de AT, ou seja, Ás high. Eu realmente fiquei assustado, pois nunca, na minha vida, tinha jogado contra ele e contra esse call – na maioria das vezes muito ruim –, já que, mesmo ele me colocando numa leitura de blefe, eu poderia ter um kicker maior que o seu T. A ação seguiu, e na minha próxima mão acerto um full house com A7 e extraio um ótimo valor contra o Romanello que, no river, me dá call de QQ, isto já pela minha imagem, que estava se tornando ultralucrativa. Com os blinds em 2K/4K, entro de raise, do UTG, com 47. Um dos qualifier, que estava no SB, me dá call. O flop vem mais uma vez com duas cartas de paus e eu deixo o pote bem caro, jogando agressivamente. No river, ele pede mesa e eu, com 7 high, disparo uma aposta muito forte. Mesmo com duas overcards no bordo, uma delas aparecendo no river, ele me dá call com par de 6 e eu perco a mão. N essa altura, bastava eu acertar um par no flop para ganhar muitas fichas, mas muitas mesmo, pois a imagem que eu tinha construído era de maníaco, já que a mesa era ultratight. Sendo assim, eu resolvi alimentar cada vez mais essa minha imagem, dando continuationbet em posição contra quatro adversários e mostrando que eu não tinha medo de construir potes grandes. PhilHellmuth,WayneGretzky 99 [email protected] tinha cerca de dez BBs e sabia que o UTG estava jogando bem solto naquele momento, pois tinha muitas fichas. O range de Mike, na minha opinião, era de qualquer par e AK/AQ, sendo assim, havia grande possibilidade de eu estar jogando um coinflip, com odds aproximadamente de 2,5:1, devido ao dead money do SB + BB + raise do UTG, fora a chance de encontrá-lo com um par menor. Eu tinha certeza de que o UTG iria dar fold, mas se eu estivesse enganado, não via algum problema, já que eu estava short-stacked e iria jogar por uma oportunidade de voltar firme e forte pro jogo. M ais uma vez no UTG, com Q8, eu aumentei, e o Big Blind, um jogador londrino conhecido chamado Dixie, dá call. Observem que todas as mãos eu as joguei com posição e pude perceber que eles não se importavam com isso. Por essa razão, fui explorando essa vantagem, junto com a minha imagem, para que eu pudesse, em algum momento, acertar uma mão e dobrar, mas, infelizmente, eu não conseguia fazer um par. Outra vez o flop vem A34, com duas cartas de paus, me deixando novamente no flush draw. Depois de Dixie pedir mesa, eu disparo uma aposta muito forte e ele instantaneamente volta all in (acho que foi antes mesmo das minhas fichas caírem na mesa). Fiz umas contas básicas, e com um stack de quase 88K para trás, eu não tinha outra opção a não ser pagar com flush draw (eu tinha mais do que 3 para 1 de odds). Para a minha felicidade, Dixie abriu um flush draw também, e menor, ou seja, eu estava ganhando a mão com Q high e ninguém acertou par, nem flush. Depois de dobrar e recuperar grande parte do meu stack inicial, os blinds subiram para 5K/10K, e continuei acelerando bastante o jogo, mas não era mesmo o meu dia. Infelizmente, não conseguia acertar os boards. Foi quando o qualifier abriu raise, do UTG, e Mike Sexton, com aproximadamente 12 Big Blinds, moveu all in e eu tive uma decisão um tanto complicada: tenho um par de T. Meu raciocínio, na verdade, foi bem simples. Eu C onforme eu previra, o UTG largou a mão, mas Mike tinha QQ e, apesar de meus outs aumentarem consideravelmente para o river, com 2 para 6 em um straight draw, a última carta não me ajudou. Fiquei bastante frustrado, pois acredito que grande parte das decisões que tomei foram corretas, mas foi um torneio em que eu nunca me encontrei numa situação de favorito para vencer algum pote e em que consegui errar todos os draws. Phil Laak sagrou-se campeão do evento e eu, que assisti a toda a disputa, pude conferir que era realmente o seu dia, pois ele simplesmente venceu todas as mãos chaves em que esteve de all in underdog, o que não minimiza, de maneira alguma, o seu grande feito. O evento foi maravilhoso, e, dentro em breve, vocês poderão acompanhar pela televisão toda a ação desse torneio. Agradeço ao PartyPoker, que é o meu patrocinador, a oportunidade de jogar esse belo evento. Quem sabe eu estarei por lá, no ano que vem, novamente barbarizando pelas mesas. Para a galera que quiser acompanhar os meus torneios e o meu dia a dia, basta me seguir no twitter, nos perfis @PartyBrasil e @FelipeMojave, e também no blog partypokerbrasil.com. Um grande abraço a todos, e valeu pela torcida que, eu sei, é enorme. Felipe “Mojave” Ramos Embaixador do site PartyPoker, conseguiu uma mesa final e a sexta colocação na WSOP 2009. É o primeiro brasileiro a conquistar três premiações no EPT. WWW.REVISTAFLOP.COM.BR dezembro | 23
Documentos relacionados
eU respeito você, mas
contém algumas situações inusitadas que muitas vezes acontecem nas mesas.
Leia maisextrair valor - Felipe Mojave
na mesa. Era considerado um jogador perigoso e vinha sendo evitado pelos outros. Nos blinds 300/600, um jogador bem tight subiu para 1.800 do cutoff, e eu, no button com 78o, apliquei um 3-bet para...
Leia maisCalls brilhantes em um poker de alto nível
nfrentar adversários de alto nível é sempre complicado. Blefar contra eles, então, nem se fala. Nesta coluna, apresento duas mãos em que encarei adversários duros e blefei em ambas.
Leia maisFull no flop e fold no river?
Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade. Faz parte do time de profissionais do Full Tilt.
Leia maisAnálise de jogadas
Eu realmente não queria dar call para não vê-lo mostrar alguma dessas. (risos) E, fora a questão da leitura do adversário, dentro do contexto da situação, o fold realmente seria a melhor opção, por...
Leia maisFúria de titas - Felipe Mojave
mas sabe que sua jogada foi muito pobre e que ele ficou numa situação muito complicada para dar esse call, então acaba dando fold. Se eu tivesse alguma crítica a fazer contra o “durrrr” nessa jogad...
Leia mais