Revista O Brasil Feito à Mão- no. 11
Transcrição
Revista O Brasil Feito à Mão- no. 11
Editorial / Editorial 2 Artigo / Article 3 Mercado externo / Foreign market 6 O mapa da arte / The map of art 10 Artesanato: matéria prima / Handicraft: raw material 18 Projetos / Projects 30 Entrevista / Interview 37 Eu faço / I make 41 Feiras e eventos / Fairs and events 42 Onde encontrar / Where to find 44 CENTRO CAPE MINAS GER AIS Rua Grão Mogol, 662 - Sion Edição e projeto editorial / Ediction and editorial project Instituto Centro Cape e Central Mãos de Minas Editor / Editor Anne Paiva Colaboradores / Colaborators Carlos Júnio Guyanne Araújo Karina Motta Maristella Medeiros Natália Mara Tatiana Coutinho Fotografia / Photography Walmir Monteiro Revisão / Revision Danívia Matozzo Tradução de textos / Translation Luiz Augusto Ferreira Araújo / Supernova SCI Diagramação e arte / Diagramming and graphic arts Thiago Coelho Gráfica / Printing company Difusora Editora Gráfica Tiragem / Drawing 10.000 exemplares Distribuição gratuita / Costless Distribution Foto da capa:Walmir Monteiro CEP 30310-010 - Belo Horizonte - MG Tel. 55 31 3282 8313 Fax 55 31 3282 8301 CENTRO CAPE DISTRITO FEDER AL SCN, Quadra 5, Bloco A, sala 212 Ed. Brasília Shopping CEP 70710-500 - Brasília - DF Tel. 55 61 3328 0621 Fax 55 61 3328 5802 SHOW ROOM ESTADOS UNIDOS 7 West 34th Street Suíte 725.1001 New York City – NY – Phone 917 282 5838 [email protected] SHOW ROOM PORTUGAL Parque Industrial Meramar IV R. das Amendoeiras, / ZIP Code: 2645 097 Phone: 351 96 707 2538 [email protected] www.centrocape.org.br [email protected] 55 31 3281 6820 Editorial A exportação é um mercado dos sonhos para muitos artesãos. Mas para mostrar competitividade é de extrema importância que o produto artesanal seja bem trabalhado e tenha diferencial para que, ao alcançar outros países, consiga manter-se em destaque. A adequação de um produto para o mercado externo ainda é um fator que leva muitos artesãos a desistirem de exportar. Nós do Centro Cape buscamos ampliar os horizontes para esses artesãos por meio do Programa de Certificação da Produção Artesanal (PCPA) - Instituto de Qualidade Sustentável (IQS), que confere um selo que atesta o cenário de produção economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. Mas não basta apenas que o artesão tenha um selo em seu produto para garantir a exportação do mesmo. É primordial que ele realmente siga esses processos na atividade artesanal, além de atender à demanda mundial pelo ambientalmente correto. Hoje, a demanda por produtos artesanais no país segue uma tendência de crescimento, e o artesão que está afinado com esses tópicos pode conseguir realizar bons negócios mantendo uma produção adequada a diversos mercados. O comprador internacional preza muito por beleza, qualidade e diferencial nos produtos que negocia. Por isso, não adianta o artesão pensar que com o passar do tempo não será necessário incrementar seus produtos, uma vez que a demanda vai variando de acordo com as necessidades do momento. Obter o selo de qualidade do IQS não é tarefa fácil para o artesão. Afinal, organização e cuidados com os métodos de trabalho aplicados não podem deixar de ser levados em consideração. É por essa razão que o instituto busca sempre, em visitas de manutenção, manter os participantes atualizados, seguindo os processos à risca. O projeto busca constantemente aprimorar os processos, afinal as exigências do mercado não diminuem em momento algum, pelo contrário, até aumentam com o passar do tempo. Exportations present a dream market for many artisans. However, in order to be competitive, the handicraft product must be well executed and differentiated so it can reach other countries and remain in evidence.Adjusting products for the external market is still a significant factor which makes artisans give up on exporting. We at Centro Cape seek to expand theses artisans’ horizons through the PCPA (Programa de Certificação da Produção Artesanal, Handicraft Production Certification Program), by IQS (Instituto de Qualidade Sustentável, Sustainable Quality Institute), providing them with a quality label that certifies their economically viable, environmentally adequate and socially correct production. However, having a label isn’t, by itself, enough to guarantee that the artisans’ products will be exported.The artisans must also incorporate these processes, in practice, into their handicraft activities, besides meeting the worldwide demand for environmental correctness. The current demand for handicraft products throughout the country is following an increasing growth tendency, and artisans who manage to be in tune with these matters can face great business opportunities by suiting their production to several markets. International buyers value beauty, quality and differentiating factors when negotiating products. Therefore, artisans must not think that their products won’t need improvements over time, given that demands vary according the each moment’s needs. Attaining the IQL quality label isn’t an easy task for artisans. After all, their work-related organization and care towards their methods must be considered and evaluated. For this reason, the institute always strives to maintain all participants up to date through maintenance visits, enforcing process alignment and precision. The project continuously seeks process improvements, given that market demands never decrease, on the contrary, they even increase over time. Beatriz Santana Coordenadora do IQS / Coordinator of IQS O turismo FEITO À MÃO HANDICRAFT AND EXPORTATION Estrada Real oferece ao viajante cultura, história e respeito ao meio ambiente Estrada Real offers its travelers culture, history and respect for the environment BAQUES SANNA Diretor-geral do Instituto Estrada Real / Director of the Instituto Estrada Real O Instituto Estrada Real (IER) foi criado The Instituto Estrada Real (IER) was em 1999 pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para fomentar o turismo nos municípios por onde passa a Estrada Real. Caminhos marcados por uma história de mais de 300 anos, por viagens de colonizadores, bandeirantes, tropeiros, escravos e comerciantes foram transformados em um destino turístico completo, que conta com o envolvimento das comunidades e de empresários locais. Hoje, a Estrada Real tem 1.630 Km de extensão e mais de 80 mil Km² de área de abrangência, englobando 199 municípios. A primeira missão do IER foi conhecer todo o destino. Para estruturál o e a p re s e n t á - l o a o empresariado e aos turistas, era preciso saber de todos os seus atrativos. Claro que a escolha da Estrada Real, pela Fiemg, não se deu por acaso. Ela abrange grande parte do território de Minas Gerais, além de passar por municípios paulistas e fluminenses, ligando as minas ao mar. A Câmara de Turismo da Federação sabia que encontraria na Estrada Real um importante destino turístico que, se estimulado, demandaria produtos e serviços de mais de 50 setores industriais. Não foi surpresa que, com alguns anos de trabalho, se uniram ao IER e à Fiemg grandes parceiros privados, além do governo de Minas Gerais e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O grande potencial do destino created in 1999 by Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais, Industry Federation of the Minas Gerais State) in order to promote tourism in municipalities crossed by the Estrada Real (Royal Road). These paths, marked by more than 300 years of history, crossed by colonizers, bandeirantes (Portuguese scouts from the colonial Brazil period), muleteers, slaves, and traders, are now solid tourist destinations, supported by local communities and businessmen.Today, Estrada Real covers 1.630 Km and spreads along an 80 thousand Km² area, reaching 199 municipalities. The first mission of IER was to scout the entire destination. In order to develop and present it to the business industry and the tourists, it was necessary to assess all of its potential touristic attractiveness. Obviously, Fiemg did not select Estrada Real by chance. The road covers most of the Minas Gerais territory and also passes through many municipalities in the São Paulo and Rio de Janeiro States, which connect Minas Gerais to the sea. The Federation’s Chamber of Tourism (Câmara de Turismo da Federação) was aware of how Estrada Real could become an important tourist attraction, and how it would demand products and services from around 50 industrial sectors if encouraged. Not surprisingly, after a few years of work, large private BRAZIL MADE BY HAND artigo / article 3 Estrada Real já estava claro. Surpreendentes são os atrativos da Estrada Real. Os encantos do destino ainda não estavam todos escancarados para os empresários e viajantes. Com o passar do tempo, pesquisas do IER foram revelando verdadeiros tesouros, joias a serem lapidadas e oferecidas, de forma sustentável, à cadeia produtiva do turismo. É o caso do artesanato em dezenas de municípios da Estrada Real. Podemos falar de pequenos lugarejos, como Bichinho, em Prados. A experiência desse município com o artesanato e o turismo é exemplar. Passear pelas ruas do distrito é viajar pela cultura local de forma intensa. Em cada quarteirão é possível encontrar casinhas com as obras dos artesãos locais colocadas nas janelas e nas varandas. O que se vê é uma verdadeira exposição a céu aberto. O envolvimento da comunidade é claro e óbvio. As casas que não expõem e comercializam obras dos artesãos têm moradores aptos a falarem da história do lugar e a mostrarem onde é possível ver o resultado do trabalho, em papel, madeira, ferro ou palha. A imaginação do artista é somada ao respeito ao meio ambiente. O reaproveitamento de materiais e o uso de matéria-prima reciclada são marcas da produção de artesanato em Bichinho. Com o trabalho da comunidade, somado à divulgação do destino Estrada Real, feita pelo IER em conjunto com o governo de Minas, Bichinho passou a receber milhares de turistas que apreciam o artesanato local. Hoje, é possível encontrar lá um distrito que sabe explorar, de forma sustentável, o potencial que tem para quem vem de fora. As casinhas do local não são mais somente pontos de exposição e de venda do artesanato. Muitas delas são ateliês abertos à visitação. Outro tanto abriga cursos rápidos em que o turista aprende a manipular alguns materiais e volta para casa com uma peça fabricada por suas próprias mãos. Esse exemplo de Bichinho mostra a valorização da comunidade pelo turismo, seja de compras ou o vivencial, quando o viajante participa da criação de uma peça de artesanato. Outro belíssimo exemplo na Estrada Real é a cidade de Maria da Fé. O lugar é figurinha repetida nas previsões do tempo, justificando a fama de município mais frio de Minas Gerais. Mas o charme de se proteger de forma aconchegante das baixas temperaturas não é o único atrativo encontrado no município. Lá também foi descoberto um tesouro da Estrada Real. Hoje, lapidado, é vendido inclusive para outros estados brasileiros. Maria da Fé possui uma associação de artesãos que produzem trabalhos notáveis pelo design e pela inventividade. Eles produzem peças distintas; é quase 4 artigo / article partners joined IER and Fiemg, along with the Minas Gerais State government and BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento, Interamerican Development Bank). The strong potential of Estrada Real was clear. The attractions of Estrada Real are amazing. Some of its charms were yet to be discovered by the businessmen and travelers.With time, IER researches revealed real treasures, jewels waiting to be refined and offered, in a sustainable way, to the tourism commodity chain. One example resides on the handicraft made throughout the several municipalities along Estrada Real. One could mention the small village of Bichinho, district of another small town called Prados. This municipality’s experience with handicraft and tourism is exemplary. A walk along this district’s streets provides an intense voyage through the local culture. Small houses on each of the city’s blocks have works by local artisans exhibited on their windows and balconies. It is a real open air exposition. The community’s involvement is clear and visible. In houses that neither exhibit nor trade handicraft, the owners are available to talk about local history and show where works with paper, wood, iron or straw can be found. Here, artistic imagination combines with the respect for the environment. Reusing materials and recycling raw material are trademarks of Bichinho’s handicraft production. As a result of the community’s work, combined with Estrada Real’s marketing by IER and the Minas Gerais State government, Bichinho started receiving thousands of tourists interested in the local handicraft. Today, the district has learned how to explore its own potential, in a sustainable way, for the outside consumer.The small houses have evolved from being simple stands for exhibiting and trading handicraft. Many have turned into studios, which are open for visitation. Others offer quick courses in which tourists learn how to handle the materials, taking a piece of their own handicraft as souvenirs. Bichinho’s example shows how the community values tourism; either by trading or promoting an experience, while letting visitors take part in handicraft creation. Maria da Fé is another great example in Estrada Real. This small town always appears in weather forecast news, famous for being the coldest municipality of Minas Gerais. But the charm of cozy housing in low temperatures is not the only attraction in the municipality. There, lies another Estrada Real treasure. Currently, after refined, it is even sold to other Brazilian States. Maria da Fé has an artisan association that makes notable and inventive works.The produced pieces are so distinct that BRASIL FEITO A MÃO impossível encontrar uma marca que defina o artesanato da cidade, tamanha a criatividade de desenhos e materiais. A exemplo de Bichinho, a cidade chama turistas tanto pelo roteiro de compras como pelo vivencial. O artesanato de Maria da Fé conta ainda com o atrativo do uso de materiais vegetais, coletados de forma sustentável. É comum encontrar peças de design com fibra de bananeira ou com cipó. O trabalho do IER revela que bons exemplos de tesouros como Bichinho e Maria da Fé são uma constante na Estrada Real. A cultura latente das comunidades da Estrada Real é resultado de séculos de história, em que foram mescladas tradições indígenas, europeias e africanas, criando um estilo novo, pulsante e próprio de artesanato. É possível citar dezenas de outros municípios onde artesãos se unem à ideia da Estrada Real para fazer do turismo uma forma de desenvolvimento sustentável dessas localidades. Muitas vezes, organizações governamentais também se envolvem no trabalho, como em Santana do Riacho, com a ONG Consciência do Cerrado. Lá, produtos cosméticos são feitos com vegetais da região, com responsabilidade socioambiental. Transformar essas experiências em produtos turísticos, com o envolvimento das comunidades locais, é um dos papeis do IER. Assumimos essa responsabilidade junto com a cadeia produtiva do turismo e com nossos parceiros. O fomento ao turismo na Estrada Real, realizado pelo IER ao longo dos últimos 11 anos, permitiu o aumento do número de viajantes no destino histórico. Esse trabalho, de divulgação do roteiro e de envolvimento do empresariado e das comunidades locais é, sem dúvida, importante para a criação de novas oportunidades de negócios e para o crescimento sadio e sustentável de centenas de empresas e milhares de pessoas. O artesanato, que destaquei neste artigo, é somado à história, à cultura, à gastronomia, aos atrativos naturais, como parques nacionais e estaduais, e ao turismo de aventura e de negócios. São inúmeras as opções de viagem na Estrada Real. Em todas elas, o IER enxerga bons negócios e potencial para experiências positivas e inesquecíveis para os viajantes. Hoje, com o destino Estrada Real consolidado no Brasil e até fora do país, entendemos que, como um bom artesão, o IER esculpiu e deu forma a um destino completo. Para conhecê-lo, basta procurar um agente de viagem ou acessar o site www.estradareal.org.br. O convite está feito. Boa viagem! BRAZIL MADE BY HAND it is almost impossible to define a trademark for the city’s handicraft, due to the creativity of drawings and materials. Much like Bichinho, the city draws the tourists’ attention due to its shopping and cultural experiences. Maria da Fé’s handicraft is also noticeable for using vegetable materials, all collected in a sustainable fashion. Pieces using banana tree fibers or liana are common. IER’s work shows that treasures such as Bichinho and Maria da Fé are frequent in Estrada Real.The latent culture of Estrada Real’s communities is a result of centuries of history, which merges native, European and African traditions and results in a new, radiating and unique form of handicraft. One could mention dozens of other municipalities in which artisans have joined the Estrada Real ideal of making sustainable tourism. Non-governmental organizations frequently join the work, as in Santana do Riacho, where the Consciência do Cerrado NGO is active. There, cosmetic products are made using regional vegetables, always with socio-environmental responsibility. Transforming these experiences into touristic products, involving the local communities, is one of IER’s roles. We take this responsibility along with the tourism commodity chain and our partners. For the last 11 years, IER has been encouraging tourism in Estrada Real, leading to an increasing number of visitors. The marketing, business industry involvement and local communities’ involvement are all key in the creation of new business opportunities, healthy and sustainable growth for hundreds of companies and thousands of people. This handicraft is linked to history, culture, gastronomy, natural attractions, such as national and State parks, as well as to adventure and business tourism. There are several destination options in Estrada Real. In all of them, IER sees opportunities for good business and unforgettable experiences for travelers. Today, as Estrada Real consolidates itself in Brazil and abroad, we understand that, resembling a skilled artisan, IER has crafted and molded a solid, complete destination. In order to visit Estrada Real, please contact a travel agency or access our website; www.estradareal.org.br. You’re invited to come over. Have a nice trip! artigo / article 5 Sacos de cimento viram esculturas nas mãos da artesã Cement bags turned into sculptures by the hands of an artisan Matéria-prima utilizada por Alice Mascarenhas é encontrada nos lixos da capital mineira Alice Mascarenhas’ raw materials: gathered among the garbage of Belo Horizonte POR / BY Carlos Junio FOTOS / PHOTOS Walmir Monteiro Quando nos deparamos com as catastróficas notícias sobre emissão de CO2, degelo na Antártida, ou ainda com reportagens sobre sermos ecologicamente corretos, nos vemos longe desses contextos e indiferentes a tais discussões. Contudo, ao conhecer o trabalho de pessoas como Alice, percebemos que ações individuais, ainda que simples e isoladas, além de nos darem um bom exemplo de cidadania, transformando obrigações e deveres em atividades lúdicas, podem fazer toda a diferença e estimular outras pessoas a terem o mesmo pensamento. Alice Mascarenhas Ribeiro de Paula, 51, é mineira da pequena cidade de Entre Rios de Minas, localizada na região das Vertentes, a 115 km de Belo Horizonte, mas há alguns anos mora na capital do estado. Ela é artesã e When facing news about CO2 emissions, Antarctic ice melting, or even journalistic features about being ecologically correct, we feel out of context and indifferent to these discussions. However, after knowing about works such as those performed by Alice, we realize that individual actions, although simple and isolated, not only give us a good example of citizensh ip, transforming obligations and duties into playful activities, but can also make all the difference and stimulate others to think alike. Alice Mascarenhas Ribeiro de Paula, 51, was born in the small city of Entre Rios de Minas, located in the Vertentes region, 115 km from Belo Horizonte, but she has been living in the State’s capital for a few years now. She is an artisan and demonstrates her trade to be more than a source of income, a practical demonstration of Lavoisier’s law of conservation: “In nature, nothing is 6 mercado externo / foreign market BRASIL FEITO A MÃO faz de seu ofício muito mais que uma fonte de renda, uma demonstração prática da Lei de Lavoisier: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Alice faz esculturas com formas humanas. Ela trabalha com material reciclável, saco de cimento, isopor, espeto de churrasco, jornal e saco de pão, sendo que destes, apenas o espeto é comprado, os demais são encontrados na rua, mais precisamente em lixos. No início, para a fabricação do artesanato, Alice usava papel kraft, que era comprado, mas foi a partir de um curso que fez no Sebrae, em que foi questionada sobre qual o tipo de material que usava para fazer suas peças, que aprendeu a importância social de se utilizar material que seria desperdiçado, sendo instigada a usá-lo. Antes ela já havia usado sacos de cimento para fazer papel reciclável e por esse motivo escolheu o mesmo material para trabalhar, pois sabia da sua resistência e beleza quando bem tratado, além BRAZIL MADE BY HAND created, nothing is destroyed, everything is transformed.” Alice makes sculptures with human forms. She works with recyclable materials, cement bags, styrofoam, barbecue spits, newspapers, and paper bags. Among these materials, only the barbecue spits are bought, the others are found on the streets, more precisely in the garbage. In the beginning, Alice used to buy kraft paper for her handicraft, but during a course at Sebrae she was questioned about the type of material used in her pieces. That’s when she learned about the social importance of using waste material, and was instigated to use it. She had used cement bags before to make recyclable paper, so she started working on said material again, as she knew of its resistance and beauty when well treated, in addition to her awareness towards their being highly pollutant. Since childhood, this artisan already demonstrated to be skillful with her hands. She started making clay dolls, mercado externo / foreign market 7 de ter a consciência de que eles são considerados altamente poluentes. Desde a mais tenra idade a artesã demonstrava habilidade com as mãos. Começou fazendo bonecos com massa de modelar e argila e, a partir dos oito anos, deu novos rumos à criação manual, fazendo trabalhos com coquinhos de açaí. Com eles ela fazia rostinhos de bonecos e usava as folhas da fruta para fazer os cabelos.Também fazia trabalhos com podas de árvore, com os galhos criava casinhas em miniatura. Alice sempre gostou de usar objetos que seriam jogados fora. “Queria dar continuidade aos objetos bonitos que seriam desperdiçados, aproveitando coisas da natureza para dar uma finalidade”, disse. Casada e mãe de três filhos, Alice acredita estar no apoio familiar o segredo do sucesso.Todos os filhos ajudam, especialmente Gabriel Mascarenhas de Paula, 21. O marido, Rogério Freitas de Paula, 55, nas horas de folga se diverte enrolando canudos de folha de jornal. “O maior apoio que damos é o incentivo”, afirmou o marido. A ajuda não é apenas na fabricação, mas também no recolhimento da matéria-prima utilizada em suas esculturas. O papel de pão é mais fácil. Além dos que sua família consome, os vizinhos também guardam para ela e até uma cunhada que mora em Brasília criou o hábito de guardar papéis de pão e trazer quando vem a Belo Horizonte. Quanto aos sacos de cimento, Alice fica de olho em construções. Ela contou que certa vez passava pela região Sul da capital quando se deparou com vários sacos jogados numa caçamba. Não pensou duas vezes, desceu do carro e recolheu todos. “Há uma obra perto de casa, já estou vendo a hora de descer e pegar os sacos”, acrescentou. O processo de construção Alice usa os papéis recicláveis para esculpir formas humanas. Com muita graça ela consegue dar expressão aos rostos modelados com papel de pão, contornos gestuais aos corpos de jornal e bastante veracidade às roupas de sacos de cimento. Para a construção dos bonecos, Alice começa enrolando dois canudos de folha de jornal; deles são feitas as pernas, os braços e o tronco. Logo depois ela coloca, no meio dos canudos, a cabecinha, que é feita de papel de pão e isopor. Não há desenho de rosto nas cabeças dos bonecos. Elas são, de fato, esculpidas. Os sacos de cimento são lavados, e deles são feitas as roupas. Os detalhes são incríveis, o papel parece tomar formas e texturas de vestuário. 8 mercado externo / foreign market and, as an eight year old, took new directions towards handcrafting, using Açaí coconuts. She would make doll faces with them and use the plant’s leaves to make the hair. She would also work with trimmed wood, using their branches to make miniature houses. Alice has always liked using objects that would otherwise be thrown away. “I wanted to give continuity to beautiful objects that would be wasted, giving a purpose to natural things”, she says. Married and mother of three, Alice believes her secret recipe is family support. All of her children help, especially Gabriel Mascarenhas de Paula, 21. Her husband, Rogério Freitas de Paula, 55, enjoy their spare time curling newspapers into tube shapes. “Our biggest support is to encourage each other”, states the husband. They not only help during manufacturing, but also help gathering all raw material used in the sculptures. Paper bags are the easiest. Besides those consumed by the family, neighbors also save them for her; even a sister-in-law who lives in Brasília created the habit of storing paper bags, bringing them with her when coming to Belo Horizonte. Concerning cement bags, Alice keeps an eye on construction sites. She remembers once having found several bags in the back of a truck, while passing through the capital’s southern region. She didn’t think twice, stepped out of the car and gathered them all. “There is a construction site near my house, I’m getting ready to go down there and pick up some bags anytime now”, she adds. Production process Alice uses recyclable paper to sculpt human forms. Very delicately, she creates facial expressions with paper bags, gestural body contours with newspapers and realistic cement bag clothes. When manufacturing the dolls, Alice starts by curling two newspaper tubes; making the legs, arms and the trunk out of them. She then places their small head, made of paper bags and styrofoam, amidst the tubes. No facial drawings are made on the dolls.They’re integrally sculpted. The cement bags are washed and used in the making of clothes. The details are incredible; the paper seems to take realistic clothing shapes and textures. The artisan says that after finishing each piece, she applies a mixture on them so the objects won’t end up eaten by moths and other insects. Finally, the sculptures are painted with frosted varnish, which gives them a metallic look, much similar to bronze sculptures. BRASIL FEITO A MÃO A artesã disse que, após terminar a construção de suas obras, ela passa um preparado para evitar que os seus objetos virem alimentos de traças ou outros insetos. Para finalizar, as esculturas são pintadas com verniz fosco, o que lhes confere uma aparência de objetos metalizados, lembrando bastante esculturas feitas de bronze. Cape’s help, the artisan is able to issue receipts and get orientations concerning bureaucratic issues, besides having her product exhibited in other countries. Her pieces have already been sent to the United States and Spain, all thanks to the institute. Through direct sales to consumers, she has already sent products to Italy, Portugal, Greece and Argentina. Made in Brazil More than just money A parceria com o Instituto Centro Cape começou quando ainda residia em Entre Rios de Minas. Na época, Alice trabalhava em uma cooperativa. Hoje seus produtos são vendidos com o incentivo e apoio do Centro Cape. Por meio dele a artesã emite notas ficais e tem orientações para quaisquer questões burocráticas, além de ter sua mercadoria exposta para outros países. Estados Unidos e Espanha já foram rota para suas peças, isso por intermédio do instituto. Com venda direta ao consumidor, ela já conseguiu que seus produtos chegassem a Itália, Portugal, Grécia e Argentina. Each piece’s commercial value varies according to their size.The average size would be 40 cm, costing R$80.00 (~US$47.00). Her main customers are shopkeepers. She receives orders from several States around the country – from Alagoas, northeastern Brazil, to Rio Grande do Sul, southernmost Brazil. However,Alice Mascarenhas’ greatest encouragement doesn’t come from money, but from the pleasure of creating. To her, this is pure fun. “My greatest pleasure is being able to closely emulate the human being using useless material; it’s very satisfying to be able to make contours and shapes out of materials people see as garbage”, says Alice. She proudly talks about the fairs and exhibitions she has attended. According to her, one of the biggest proofs of recognition was seeing her name next to plastic artist’s Yara Tupinambá, at a São Paulo exhibition, last year. In Belo Horizonte, her pieces are exhibited at the Palácio das Artes, besides, of course, in all fairs she attends. Muito mais que o dinheiro O valor comercial das peças varia de acordo com o tamanho. A média, que seria de aproximadamente 40 cm, é de R$ 80. Seus principais clientes são lojistas. Ela recebe encomenda de vários estados do Brasil – de Alagoas ao Rio Grande do Sul. Contudo, o que estimula Alice Mascarenhas não é o dinheiro, mas o prazer da criação. Para ela é uma diversão. “O mais prazeroso é aproximar-se do ser humano usando material inaproveitável; os contornos que crio com o que as pessoas acham que é lixo me dão satisfação”, afirmou. Com orgulho ela relata as feiras e exposições das quais participou. Segundo ela, uma das maiores provas de reconhecimento foi ver o seu nome ao lado do nome da artista plástica Yara Tupinambá, numa mostra que ocorreu ano passado em São Paulo. Em Belo Horizonte é possível ver suas peças expostas no Palácio das Artes, além, é claro, das feiras que participa. Made in Brazil The partnership with Instituto Centro Cape started when she still lived in Entre Rios de Minas. At the time, Alice worked in a cooperative. Today, her product sales are encouraged and supported by Centro Cape. With Centro BRAZIL MADE BY HAND mercado externo / foreign market 9 ACESSÓRIOS DE PAPEL Paper accessories Revistas velhas são transformadas em colares, brincos, anéis e bolsas Old magazines transformed into collars, earrings, rings and purses POR / BY Natália Mara Servindo um suco de tamarindo em sua casa. Foi assim que a aposentada Lenice Góes, 69 anos, começou a conversa sobre o gosto por trabalhos manuais. Desde menina ela leva jeito para o artesanato. Aos nove anos, fez um sapatinho de tricô, utilizando agulha de bambu. “Tinha uma senhora vizinha da minha casa que pendurava os sapatinhos para vender, e eu queria fazer a mesma coisa”, conta, lembrando da infância vivida na cidade de Água Boa, interior de Minas Gerais. Foi assim que Lenice teve inspiração para expor seus sapatinhos na venda de seu pai. “Quando vendia, era uma alegria imensa.” Hoje Lenice é casada, mãe de quatro filhos, avó de seis netos e continua fazendo trabalhos manuais, mas agora a matéria-prima é outra: papel de revistas. Há cerca de 30 anos a artesã começou a trabalhar com o material reciclável. “Assinava as revistas Veja e Isto É e acumulava um monte de lixo, mas não sabia o que fazer, aí inventei uma cortina”, conta orgulhosa. A cortina, que foi feita para separar a cozinha da sala, foi produzida com encartes de supermercado e durou 12 anos. Lenice levou um ano para fazer a peça que agradou a todos que visitaram sua casa. “Todo mundo que chegava aqui em casa ficava encantado com a cortina. Eu me arrependo de não ter guardado de lembrança”, diz com um pouco de nostalgia. Da primeira peça, sobraram vários canutilhos, que Lenice guardou e só utilizou tempos depois para produzir alguns descansos de travessa. Esse trabalho resultou na participação de Lenice em feiras de artesanato. Durante uma FOTOS / PHOTOS Walmir Monteiro who lived by the house next to mine, and used to hang the shoes for sale. I wanted do the same”, she says, recalling her childhood in Água Boa, in the Minas Gerais countryside. That’s how Lenice was inspired to sell little shoes at her father’s store. “Whenever I sold one, I got extremely happy.” Today, Lenice is married, mother of four, grandmother of six and still makes handicraft, although she’s changed her raw material: magazine paper. The artisan has been working with recyclable materials for about 30 years. “I had subscriptions to the Veja and Isto É magazines, and accumulated a lot of garbage; not knowing what to do with it, I invented a paper curtain”, she proudly says.The curtain, used for separating the kitchen and the living room, was made out of supermarket booklets and lasted for 12 years. It took Lenice a year to finish the piece, which pleased everyone who visited her house. “Everyone who came here was fascinated by the curtain. I regret not keeping it”, says the artisan, nostalgically. Among the remains of this first piece, several beads were kept and later used by Lenice to make pan pads. This work resulted in Lenice’s participation in handicraft fairs. At She was serving tamarind juice at home. That’s how Lenice Góes, 69, retired, started talking about her taste for handcrafting. She had shown handicraft skills since she was a little girl. At the age of nine, she knitted small shoes, using a bamboo needle. “There was this old woman 10 o mapa da arte / the map of art BRASIL FEITO A MÃO dessas feiras, a artesã recebeu de uma conhecida o desafio de fazer uma bolsa utilizando os mesmos materiais. “Pensei que não era capaz, mas a moça disse que o mais difícil eu já tinha feito, que era a trama”, explicou. A partir desse incentivo, a aposentada começou a fazer bolsas, balaios e baús. “Para esconder o ímã do baú, fiz uma rodinha de papel e com isso pensei: porque não criar bijuterias?”. No início, a artesã não valorizava muito o seu trabalho no que diz respeito ao preço das peças. “O papel é de graça e o quilo da miçanga é muito barato”, explica. Lenice só foi repensar os valores quando um cliente deixou escapar que o preço das bijuterias estava muito baixo. A mão de obra da artesã não era levada em consideração para calcular o preço final. Hoje, o que mais valoriza o seu trabalho é sua habilidade e a persistência para produzir. Alguns produtos ela chega a ficar 12 horas confeccionando. O que era uma distração para Lenice virou negócio. Os trabalhos da aposentada já foram para outros países, como França, Itália e Portugal. “A filha de uma amiga foi para a Inglaterra e levou uma bolsa que fiz. Chegando lá, a bolsa fez o maior sucesso e recebi encomendas”, diz orgulhosa. Ela exporta há cinco anos, e toda a exportação é feita pelo BRAZIL MADE BY HAND one of these fairs, the artisan was challenged by a friend to make a purse using the same materials. “I thought I couldn’t do it, but she said I had done the most difficult part, the weft”, she explains. After that encouragement, she started making purses, hampers and chests. “In order to hide the chest magnets, I had to make a small paper wheel, then I thought: why not make imitation jewelry?” At first, the artisan didn’t value her work too much, in what regards the pieces’ prices. “The paper is free and a kilogram of beads is very cheap”, she explains. Lenice only reevaluated the values when a customer unintentionally mentioned that the price of her imitation jewelry was too low. The artisan’s labor wasn’t being taken into account in the final price. Today, her work is most valued for her skills and creative persistence. Some products require up to 12 hours of work. What once was a distraction became Lenice’s business. This pensioner’s works have already reached other countries, such as France, Italy and Portugal. “The daughter of a friend of mine went to England and took one of my purses. The purse became a huge success there, and I received a few requests”, she proudly says. She’s been exporting for five years now, and all her exportations are made through o mapa da arte / the map of art 11 Centro Cape/Mãos de Minas. “Não posso me queixar do trabalho, porque dá para melhorar o rendimento no final do mês.” A construção das peças É num pequeno quarto, em sua casa, na região do bairro Sagrada Família em Belo Horizonte (MG) que Lenice trabalha durante horas. “Alguns dias paro só para almoçar. Meu marido traz um suco e uma fruta. Coloco muito amor naquilo que faço”, diz. Em seu ateliê, todo o material é guardado de forma muito organizada. As revistas ficam empilhadas em uma prateleira, as rodinhas dentro de caixas, de acordo com o tamanho, e os canudinhos dentro de garrafas pets. “Sempre que tenho um tempinho, estou fazendo canudinhos”, conta. Algumas ferramentas da artesã são feitas na base do improviso. Ela conta que no início machucava as unhas fazendo o acabamento das peças. “Meu marido pegou um fio de cobre e colocou dois alfinetes de costura. Pronto. Não precisava mais usar a unha”, explica. Também utiliza um cano de antena para que as rodinhas fiquem do mesmo tamanho. “Uso materiais recicláveis em todo o processo”, acrescenta. Máquina de costura e furadeira também auxiliam no trabalho de Lenice. Centro Cape/Mãos de Minas. “I can’t complain about my work, because it gives me an extra income by the end of the month.” Manufacturing the pieces In a small room, at home, in the Sagrada Família neighborhood in Belo Horizonte (MG), Lenice works for several hours. “Some days I only take lunch breaks. My husband brings me some juice and a fruit. I put a lot of love into my work”, she says. In her studio, all materials are kept very neatly organized. The magazines are piled on a shelf, wheels are stored inside boxes, sorted by size, and straws kept inside PET bottles. “Whenever I have some spare time, I spent it making straws”, she tells. Some of the tools are improvised by the artisan herself. She tells that, in the beginning, she would hurt her nails while finishing the pieces. “Then my husband combined a copper wire with two pins. And that was it. I didn’t need to use my nails anymore”, she 12 o mapa da arte / the map of art BRASIL FEITO A MÃO Todo o processo é feito manualmente. O trabalho consiste em dobrar as folhas de revistas cuidadosamente, cortar as tiras com uma faca bem amolada, criar os canudinhos com uma agulha de tricô, fazer as rodas e, por último, passar a resina. Depois disso é só montar os colares, os anéis, os brincos, as pulseiras e as bolsas. O acabamento com a resina facilita o uso dos acessórios, pois faz com o que o papel não desmanche e dure mais tempo. Lenice conta com a ajuda de mais duas pessoas, que fazem os canudinhos e as rodinhas em casa. Mas, para chegar ao resultado esperado pela artesã, ela ensinou detalhadamente a forma de se fazer. “Gosto de ajudar os outros, é gratificante ver o que o artesanato proporciona.” O papel O papel que leva no mínimo três meses para se decompor no meio ambiente, nas mãos de Lenice se transformam em acessórios que duram muitos anos. Além do papel, a artesã usa miçangas de madeira e ossos. “Acho que esses materiais combinam com o papel”, conta. O trabalho com as revistas começou como uma forma de dar um destino melhor ao volume de lixo provocado pelo papel. Para Lenice, trabalhar utilizando o papel como matéria-prima é uma maneira de ajudar um pouco o planeta. “Quando fiz a primeira peça, naquela época não havia consciência ecológica. Hoje as pessoas estão mais envolvidas com essas questões”, conta. A preocupação de Lenice quanto ao destino do amontoado de revistas é tão grande que até mesmo as embalagens das peças são feitas de papel. “Faço sacolinhas e embrulhos usando as folhas de revistas. Passo na máquina de costura e fica muito delicado”, relata. No início, a aposentada usava muito material de plástico junto com o papel. “Agora valorizo o que vem da terra, porque o papel é da terra, são árvores que devemos preservar.” A artesã conta que uma vez uma cliente pediu que fizesse várias peças com determinas cores, mas para isso Lenice teria que comprar papel. “Se for para comprar o papel não faço. A intenção maior é tirar o papel do lixo”, explica. Comprar papel ao invés de tirá-lo do lixo é ir contra seus ideais. Lenice diz que é apaixonada pelo artesanato e gosta muito do que faz. “Sempre que termino uma peça, coloco em mim, olho no espelho e digo: como ficou bonito”, conta sorrindo. BRAZIL MADE BY HAND explains. She also uses an antenna pipe in order to make wheels with equal sizes. “I use recyclable materials during the entire process”, she adds. Lenice also uses a sewing machine and a drill. The entire process is handmade. The process consists of carefully folding the pages of a magazine, cutting strips with a very sharp knife, creating straws using a knitting needle, making wheels, and, finally, applying resin. After that, I only need to assemble the collars, rings, earrings, bracelets and purses. Finishing the pieces with resin makes the accessories more usable, since it keeps the paper from breaking apart, increasing durability. Lenice is helped by two people, who also make straws and wheels at their homes. However, she had to meticulously teach them how to make them in order to achieve the expected results. “I like helping others; it is gratifying to see what handicraft can do.” The paper Paper takes at least three months to decompose in the environment, but in Lenice’s hands they turn into accessories that last for many years. Besides paper, the artisan uses beads made of wood and bones. “I think these materials are a great match with paper”, she says. Her work with magazines started as a way of better employing paper garbage. For Lenice, by working with paper as a raw material, one can help the world. “When I made my first piece, there wasn’t so much environmental awareness going around. Nowadays, people are more involved with these issues”, she says. Lenice’s preoccupation about the destination of the magazines is so huge that even the pieces’ packages are made out of paper. “I make bags and packages out of magazine pages.Then I use the sewing machine and it gets really delicate”, she says. At first, she used a lot of plastic within the paper pieces. “Now, I value what comes from the earth, and paper does, they’re trees that we must preserve.” The artisan tells that a customer once asked her to make several pieces with specific colors, but, in order to do so, she would have to buy paper. “If I have to buy paper, I won’t do it. My biggest purpose is taking the paper out of the trash”, she explains. Buying paper instead of picking it up from the garbage goes against her ideals. Lenice says she loves handicraft and enjoys what she does. “When I finish a piece, I wear it, look at the mirror and say to myself: how beautiful it looks!”, says the artisan, smiling. o mapa da arte / the map of art 13 FLORES DE GARR AFA PET CATIVAM CONSUMIDORES E PRESERVAM O MEIO AMBIENTE Flowers made of PET bottles fascinate customers and preserve the environment POR / BY Karina Motta FOTOS / PHOTOS Walmir Monteiro A forte consciência ecológica aliada ao Thaís Tavares Macedo’s strong ecological olhar perfeccionista de Thaís Valadares Macedo fazem com que a artesã transforme garrafas PET em lindas e delicadas flores que são aplicadas em artigos de decoração e bijuterias. O trabalho começou como uma válvula de escape para o estresse.Thaís Macedo aprendeu a técnica em 1999, quando voltou da Alemanha depois de ter passado seis anos no país para estudar. Sua mãe estava doente, em estado terminal, e Thaís resolveu se dedicar ao artesanato como distração. “Foi a forma de terapia que encontrei”, conta. Thaís destaca que a consciência ecológica na Alemanha é muito forte. “Creio que seja a maior de toda a Europa. Há um zelo com produtos ecologicamente corretos, artesanato. Eles se preocupam com a saúde, em oferecer alimentos sem agrotóxico e promovem uma ordenação do lixo muito bacana, com os contêineres de coleta seletiva na porta de cada residência. A cidade é toda limpa. Estão bem à frente do Brasil, e isso me contagiou”. A artesã morou seis anos na Alemanha e um ano na Índia. Ao comparar os três países,Thaís relata que percebeu uma enorme diferença. “Um é o oposto do outro. A Índia é muito carente. Pude ver que, em termos de consciência ecológica, o Brasil está no meio do caminho. Não tão ruim, nem tão bom”, afirma. Estudante de Artes Plásticas, a artesã se forma no final de 2011. Para ela, o curso e a experiência de ter vivido no exterior refinaram seu olhar para uma série de coisas. “No trabalho artesanal que faço, a modelagem à mão é muito minuciosa e o acabamento, delicado. Sou muito elogiada por isso.Talvez seja mesmo fruto do olhar de artista plástica, da cultura do exterior em que se faz tudo muito benfeito e também do meu olhar perfeccionista”, diz. awareness and perfectionism is what makes this artisan turn PET bottles into beautiful, delicate flowers used in decor articles and imitation jewelry. The work started as an escape valve for stress. Thaís Macedo learned the technique in 1999, when returning from Germany after studying there for six years. Her mother was going though a terminal illness, soThaís decided to dedicate herself to handicraft as a distraction. “It was a form of therapy for me”, she tells. Thaís highlights that ecological awareness in Germany is very strong. “I believe it is the highest in all Europe there is a preference for ecologically correct products and handicraft. They worry about health, about having non-toxic food and promote an advanced garbage selection, with specific containers by the door of each house.The city is completely clean. They are way ahead of Brazil, and that inspired me”. The artisan lived six years in Germany and one year in India.When comparing these three countries,Thaís says she realized a big difference. “One is the opposite of the other. India is a very lacking country. I realized that, regarding ecological awareness, Brazil is in the middle. It isn’t bad or good”, she states. Being a Visual Arts student, the artisan will graduate by the end of 2011. To her, the course and the experience of living abroad refined her vision towards several things. “My handicraft requires meticulous hand modeling and delicate finishing. I receive a lot of compliments for that. Perhaps it is indeed fruit of my vision as a plastic artist, the foreign culture of doing things well, and my perfectionism”, she says. 14 o mapa da arte / the map of art BRASIL FEITO A MÃO Corte Depois de muita pesquisa em busca de uma forma mais fácil de cortar e modelar a PET, Thaís conseguiu desenvolver um equipamento de corte, que já patenteou. Agora, ela pretende disseminar o know-how desse equipamento para empresas e pessoas interessadas. Mensagem Educativa Todas as peças produzidas por Thaís possuem um elemento educativo. Elas são acompanhadas de uma tag – pequena etiqueta com texto explicativo sobre a procedência do material, que é a PET, e o tempo que a garrafa leva para ser biodegradada pela terra, ou seja, 500 anos. Exportação Com o apoio do Projeto Brazil Handicraft, do Centro Cape, os artigos de decoração e bijuterias feitos com garrafa PET já foram exportados para a Áustria, Estados Unidos, França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Suíça, Canadá e Alemanha. Hoje, mantém a exportação para a Áustria. De acordo com a artesã, as vendas para o exterior apresentam melhores condições de pagamento, e a aceitação dos produtos é boa. “O valor agregado é maior. Eles consomem com a cabeça voltada para a consciência ecológica. No Brasil, isso normalmente não é relevante”, afirma. Thaís Macedo participou, ainda, das duas edições do Salão do Artesanato, que é promovido pelo Centro Cape, com apoio da Apex-Brasil. “O Salão do ano passado foi muito bom. Conquistei um excelente cliente em Berlim, na Alemanha. E esse ano ele já entrou em contato novamente.” As bijuterias têm mais saída para o exterior pela questão do transporte, já que o volume é bem menor em relação Cutting After extensively researching for an easier way to cut and mould PETs,Thaís developed a cutting tool, which she patented. Now, she wants to disseminate this tool’s knowhow for interested companies and people. Educational Message All pieces produced by Thaís share an educational element. They come with tags about the material’s origin and the time it takes for the bottle to biodegrade, which is 500 years. Exportation Supported by the Brazil Handicrafit Project, by Centro Cape, the decor articles and imitation jewelry made with PET have been exported to Austria, the United States, France, England, Spain, Portugal, Switzerland, Canada and Germany. Currently, she is still exporting to Austria. According to the artisan, selling abroad has better payment conditions and good product acceptance. “The aggregate value is higher. They consume with ecological awareness in mind. In Brazil, it usually isn’t relevant”, she says. Thaís Macedo attended two editions of the Salão do Artesanato, promoted by Centro Cape and supported by Apex-Brasil (Brazilian Trade and Investment Promotion Agency). “Last year’s Salão do Artesanato was very good. BRAZIL MADE BY HAND o mapa da arte / the map of art 15 aos objetos de decoração. No Brasil, as peças produzidas pela artesã podem ser encontradas na loja da Mãos de Minas, em Belo Horizonte. Os produtos também já foram vendidos para Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus. “O meu negócio é voltado para o atacado”, diz. Trabalho Atualmente,Thaís dá aulas de alemão e possui um ateliê para desenvolver seu trabalho com a PET. Há 10 anos a artesã trabalha com o material reciclável. Segundo ela, a área de brindes também é interessante. Cerca de 1.000 peças são produzidas mensalmente. Os preços das bijuterias variam de R$ 4,00 a R$ 38,00. São anéis, brincos, colares, pulseiras, cintos, prendedores de cabelo e broches. Thaís confessa que também gosta muito de fazer terços. “É preciso diversificar. Agora, vou investir 16 o mapa da arte / the map of art I’ve found an excellent customer from Berlin. He has already contacted me again this year.” The imitation jewelry sells better for the foreign market because of transportation, since the volume is very small in comparison to decor objects. In Brazil, the artisan’s pieces can be found at the Mãos de Minas store, in Belo Horizonte. The products have also been sold in Rio de Janeiro, São Paulo and Manaus. “I’m focused on wholesale”, she says. Work Currently, Thaís teaches German and has a studio in which she develops her PET work. The artisan has been working with recyclable material for 10 years. According to her, the gift market is also very interesting. She produces around 1,000 pieces monthly.The prices for imitation jewelry vary from R$4.00 (~US$2.35) BRASIL FEITO A MÃO em uma linha mais fina e pretendo investir em acessórios para noivas”, revela. Thaís conta hoje com a ajuda de quatro pessoas para desenvolver o trabalho. A remuneração deles é feita de acordo com o volume produzido. Geralmente, recebem entre meio e um salário mínimo por mês. “Aonde puder aplicar flores, que é o formato predominante, eu aplico.” A artesã trabalha com diversos formatos de flor e produz rosas, margaridas e orquídeas. A primeira peça produzida foi uma florzinha de cabelo. Atualmente, com o dinheiro proveniente da venda das peças, Thaís consegue pagar apenas os materiais e gastos fixos, como o aluguel do ateliê e as pessoas que a ajudam. “Reinvisto em material como metais de bijuteria, miçangas, tecidos, tinta, solvente e também na manutenção do maquinário. O custo da produção de peças com material reciclado não é zero como muitos pensam”, afirma. Para adquirir a matéria-prima de seu trabalho, Thaís firmou parceria com catadores da região onde fica seu ateliê. Cerca de 500 garrafas são adquiridas por mês pela artesã. Por meio dessa parceria e da mensagem educativa em suas peças e, ainda, contribuindo para a preservação do meio ambiente ao reciclar as PET, a artesã Thaís Macedo agrega valor às peças que produz. “Meu trabalho possui uma penetração social muito grande e percorre todo um caminho que o faz se tornar especial”, conclui. BRAZIL MADE BY HAND to R$38.00 (~US$22.35). There are rings, earrings, necklaces, bracelets, belts, hair clamps and pins. Thaís confesses that she also loves to make rosaries. “Diversifying is mandatory. Now I’m investing in a more refined line and I intend to work with bridal accessories”, she reveals. Currently, Thaís counts on four people to help her in product development. Their remuneration is calculated according to their production. They usually earn between half and one Brazilian minimum wage a month. “Wherever I can put flowers, I do, since it is the predominant shape.” The artisan works with several shapes of flowers and produces roses, daisies and orchids. Her first piece was a little flower-shaped hairpin. Today, with the income from her work, Thaís can only pay material expenses, fixed expenditure and other expenses, such as studio rent and the assistants’ remuneration. “I reinvest in materials, such as metals for imitation jewelry, beads, tissue, ink, solvents, as well as in tool maintenance. The production costs for pieces made of recycled material isn’t zero as many would think”, she states. In order to gather raw material, Thaís established a partnership with “garbage pickers” from the studio’s region. The artisan acquires about 500 bottles per month.Through this partnership, the educational message in her pieces and her contributions for environmental preservation, the artisan adds value to her pieces. “My work has great social acceptance and its path makes it something special”, she concludes. o mapa da arte / the map of art 17 REUTILIZANDO A FIBR A DA BANANEIR A Reusing banana tree fibers Reciclagem começa usando o caule da planta que já deu fruto Starting the recycling process by using stems from post-mature plants POR / BY Guyanne Araújo FOTOS / PHOTOS Divulgação Sol, mar, plantações, pousadas e apenas um mercado compõem o cenário de uma vila tranquila onde moram 700 pessoas no litoral sul da Bahia. Foi no povoado denominado Santo André, distante 706 km de Salvador, capital da Bahia, que a mineira Leila deTassis Andrade Paixão se instalou e virou artesã. Reciclando o tronco da bananeira, Leila transforma as fibras em papéis e posteriormente em luminárias, cadernos, agendas e demais produtos há 11 anos. Hoje, a artesã, que mora em uma pousada com seu marido, trabalha no seu próprio ateliê vendendo seus produtos para várias cidades do país em lojas e feiras. Apesar da tranquilidade do povoado, Leila define que sua vida é extremamente agitada. “Vinte e quatro horas é pouco para mim. O trabalho me absorve e me completa. No ateliê eu sinto como se estivesse em um lugar para Sun, sea, vegetation, inns, and a single market make the scenery of a peaceful village with 700 inhabitants on the southern coast of Bahia. In this settlement, named Santo André, 706 km from Salvador, the Bahia State capital, the mineira (native Minas Gerais State citizen) Leila de Tassis Andrade Paixão settled in and became an artisan. By recycling banana tree trunks, Leila has been turning fibers into paper and then into light fixtures, notebooks, diaries, organizers and other products for 11 years. Today, the artisan lives in an inn with her husband, works at her own studio and sells her products across the country at stores and fairs. Despite the settlement’s tranquility, Leila defines her life as being extremely non-stop. “Twenty four hours are not enough for me. I feel consumed and completed by my 18 artesanato: matéria prima / handicraft: raw material BRASIL FEITO A MÃO relaxar; m o trabalho para mim não é pesado. Gosto muito da cidade, do meu trabalho, da minha vida”, destaca. Ela conta que, às vezes, quando sonha com uma luminária nova, acorda e desenha a criação para assim poder colocar em prática. De ideia em ideia nasceram mais de 50 produtos, todos confeccionados a partir do papel da fibra de bananeira. O processo da reciclagem começa com o corte da bananeira, mas Leila destaca que é imprescindível esperar a planta dar o fruto primeiro, por dois motivos: o primeiro é por causa do próprio fruto em si, e o segundo é porque o caule tem que estar pronto, “maduro”, para a realização do processo de feitura do papel. Caso contrário, o papel vira uma borra e não encontra o ponto correto. “É um trabalho ecologicamente correto. Esperamos dar o cacho primeiro para depois cortar o tronco, mesmo porque a planta só dá um cacho e depois não é mais aproveitada, pois é BRAZIL MADE BY HAND work. In the studio I feel like I’m relaxing, working doesn’t feel like a weight on my back. I love the city, my work, and my life”, she points out. She states that, sometimes, when dreaming of a new light fixture, she wakes up and sketches its design, so she can put it into practice. This chain of ideas resulted in more than 50 products, all made of paper from banana tree fibers. The recycling process starts by cutting down a banana tree, although Leila highlights that it is indispensable to wait for the plant to produce fruits, for two reasons: First, because of the fruit itself. Second, because the stem has to be ready, “grown”, for manufacturing paper. Otherwise, the paper turns into sludge and doesn’t end up right. “It is an eco-friendly work. First, we wait for the bunch to grow and then cut down the trunk, because the bunch only grows once and after that the plant has no use, since we need to artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 19 preciso replantar a muda para continuar o ciclo”, comenta. “Damos outra finalidade ao produto que poderia ser lixo e abrigar cobras e escorpiões. Reaproveitamos, recriamos e reciclamos”, acrescenta. Após o corte, pode-se esperar até no máximo três dias para se começar o tratamento com o caule em pé, para que ele não entre em processo de decomposição. Leila conta que é retirada a primeira casca, então o tronco é picado e triturado e deixado de molho por dois dias. Após essa primeira parte, passa por um cozimento e é lavado; passa pelo clareamento e é lavado novamente, até chegar na parte de pigmentação antes de se fazer o papel, passando por uma última lavagem. As fibras são colocadas em um tanque de água e quando a tela sobe forma-se o papel; espera-se apenas a secagem para então se poder manusear e constituir os produtos. “Todas as vezes que é retirada uma folha de papel, meço o PH da água para deixá-la neutra novamente e evitar o mofo nos produtos. Nenhuma folha minha mofou em quase 12 anos de trabalho”, garante a artesã. Leila conta que a matéria-prima é encontrada na própria região. Isso porque, como há muita plantação de cacau que cresce sob sombra, as bananeiras são plant the seedling again in order to maintain the cycle”, she comments. “We give a purpose to a product that would become garbage, sheltering snakes and scorpions. We readapt, recreate and recycle”, the artisan adds. After cutting it down, it might take up to three days to treat the stem, which must be still standing, so it won’t decompose. Leila says that the shell is removed first, and then the trunk is shredded, crushed, and soaked for two days. After this first stage, it is boiled and washed; then bleached and washed again.The process goes over and over until it is ready for pigmentation, and, before making the paper, the trunk is washed one last time. The fibers are placed in a water tank and, when the deckle rises, the paper is formed; after the drying period, it can be handled in order to make products. “Every time a sheet of paper is removed, I measure the water pH in order to keep it neutral and avoid mold. Not a single paper I’ve made has gotten mold in almost 12 years of work”, guarantees the artisan. Leila says the raw material can be found around the region. The reason is that many cocoa tree species grow under the shade, so banana trees are grown together in order to provide the necessary shade for 20 artesanato: matéria prima / handicraft: raw BRASIL FEITO A MÃO plantadas juntas, formando a sombra necessária para o desenvolvimento da outra fruta. Assim, em todo o povoado, quando as pessoas que cultivam o produto vão cortar o pé após colher o cacho da banana perguntam se Leila se interessa em comprar. “A cada x troncos, pago um valor. É como se eles cuidassem da matéria-prima para mim. Há essa cumplicidade, e, com a gratificação da contribuição que dou a eles, eles podem fazer uma feira; e o que ia ser lixo, transforma-se em comida para essas pessoas”, diz. Ao longo do ano Leila se dedica ao trabalho manual e divide seu tempo entre vindas a Belo Horizonte para divulgar o trabalho em feiras e bazares e a pousada. “Vou a Belo Horizonte todo mês a trabalho e também visito casas de clientes que pedem para fazer a decoração”, alega. “Não posso esperar acontecer, divido os meses melhores entre as duas cidades. Na pousada, o movimento maior é ao final do ano, ao contrário de BH. Como tenho minhas contas para pagar, encho meu carro de produtos e ando 1.200 km até a capital mineira”, completa. Outras cidades como Natal, Búzios e Salvador também vendem os artesanatos de Leila em algumas lojas, além de seus clientes particulares e os hóspedes da pousada. Quando sua filha vai visitá-la no recesso da faculdade, ela aproveita e traz para Belo Horizonte algumas encomendas também. “Sempre quando vou a BH passo na loja da Mãos de Minas para dar uma assistência.Vejo se está faltando algum produto”, comenta. Além das lojas, toda vez que pode participar de feiras e bazares vai em frente. “Vejo o valor do estande, quando dá para participar, sempre vou”, diz. “Só em novembro vou participar de duas”, acrescenta. A mudança The change Leila Tassis se formou em 1989 em Terapia Ocupacional na Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte e por um ano e meio trabalhou na profissão escolhida. Tudo mudou quando sua irmã que trabalhava no Banco do Brasil foi transferida para a cidade de Porto Seguro, e Leila decidiu ir junto para ajudá-la a se estabelecer. “Na época, ela tinha uma criança de dois anos e eu aproveitei minhas férias para dar uma força para ela se estabilizar até encontrar uma empregada de confiança”, conta. Elas, então, ficaram morando em Arraial d’Ajuda, que fica a 30 km de Porto Seguro. Quando Leila estava pensando em voltar, conheceu seu atual marido e acabou ficando por lá. “Fui para ajudar minha irmã e fiquei porque me casei”, destaca. Seu marido tinha a ideia de construir uma pousada em Santo BRAZIL MADE BY HAND cocoa development. Thus, all around the settlement, the cultivators harvest their fruits and, before cutting down the trees, they ask Leila if she is interested in buying them. “We settle on a price for every x trunks. It works as if they took care of the raw material for me.There’s a true involvement, and with the reward I give them for their contribution, they can buy food; and what would otherwise become garbage turns into meals for them”, she says. Over the year, Leila dedicates herself to handicraft and divides her time between traveling to Belo Horizonte, showing her work at fairs and bazaars, and managing the inn. “I go to Belo Horizonte every month to work, and clients also ask me to decorate their houses”, she states. “I can’t just wait for things to happen, I pick each city’s best months and divide my time between them. At the inn, most of the activity happens at the end of the year, which is opposite to Belo Horizonte. Since I have bills to pay, I fill the car with products and drive 1,200 km to Belo Horizonte”, adds the artisan. Other cities, such as Natal, Búzios and Salvador also sell Leila’s handicraft in stores, besides some preferential customers and guests from the inn. When her daughter visits her during college recess, she takes the opportunity to deliver some requests from Belo Horizonte. “Every time I go to BH I visit the Mãos de Minas store and give them some assistance. I check if they are in need of products”, she comments. Beside the stores, she takes every opportunity of participating in fairs and bazaars. “I check the stand price, and when I can, I always go for it”, she says. “In November I’m going to participate in two”, she adds. Leila Tassis graduated in the Occupational Therapy class of 1989, at the Medical Sciences University of Belo Horizonte (Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte), and for a year and half worked in her chosen profession. Everything changed when her sister, who worked at Banco do Brasil, was transferred to Porto Seguro and Leila went along to help her settling in. “At that time, she had a two-year-old and I used my vacation to support her while reestablishing herself, until she could find a trustworthy housekeeper”, she tells. They finally settled in Arraial d’Ajuda, 30 km from Porto Seguro. When Leila thought about coming back, she met her current husband and ended up staying. “I left to help my sister and stayed to get married”, she points out. Her husband had the idea of building an inn in Santo André, a artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 21 André, local próximo, e logo a colocou em prática. Após os apartamentos construídos, Leila e o marido passaram a cuidar da pousada. Foi assim por quase 10 anos. E então ampliaram as acomodações com a construção de chalés, que também fazem parte da pousada. Foi nessa época que a atual artesã quis deixar os novos chalés mais charmosos e disse: “Deixa que eu faço as luminárias“, conta. Leila formou sua família e teve dois filhos, que atualmente fazem faculdade em Belo Horizonte e que, como sua irmã, também não moram mais na Bahia. “Minha irmã se aposentou e voltou para perto de Belo Horizonte, Divinópolis. Ela completou o ciclo dela aqui e voltou porque sua filha já estava com a idade de fazer faculdade e minha irmã resolveu acompanhá-la”, conta. O artesanato Assim como a produção, o lucro também não é contabilizado por Leila, porque há meses do ano em que vende muito, como no período das férias, mas há outros em que vende pouco. “No final do ano, as seis pessoas que me ajudam ficam comigo direto, mas há meses em que tenho de dispensá-las e fico sozinha”, alega. close location, and soon he put it into practice. After building the apartments, Leila and her husband started managing the inn. This was their life for almost 10 years. They expanded the accommodations by building cottages, which were also part of the inn. That’s when the future artisan decided to charm up theirs brand new cottages, saying: “Let me do the light fixtures”, she tells. Leila constituted a family and had two children, who are now college students in Belo Horizonte and, like her sister, don’t live in Bahia anymore. “My sister retired and returned to Divinópolis, near Belo Horizonte. She finished her cycle here, and returned because her daughter was old enough to start college, so my sister decided to follow her”, she tells. Handicraft Leila doesn’t calculate production or profits, because she sells a lot during certain months, such as holidays, but doesn’t sell much on other months. “At the end of the year, my six helpers stay with me all the time, but during certain months I need to dismiss them and work alone”, she states. 22 artesanato: matéria prima / handicraft: raw material BRASIL FEITO A MÃO Leila afirma que em nenhum momento se arrependeu de trocar de profissão. “Tive muitos presentes. Encontrei o amor da minha vida e meu trabalho e tenho um retorno financeiro. Tive meus filhos e trabalho com o que eu gosto”, diz. Ela garante que não tem do que reclamar: “poderia fazer algo diferente para melhorar o que já fiz, mas não para não fazer”, completa. A artesã sente hoje que fez o curso de Terapia Ocupacional e ele a ajuda trazendo benefícios para ela e para as pessoas que a ajudam no ateliê. “Tenho seis pessoas que me ajudam, e elas fazem terapia com elas mesmas”, acrescenta. Ela fica radiante ao transformar o que está em sua volta. “Dou minha parte de contribuição para um planeta melhor. Para mim o artesanato é um presente de Deus. A reciclagem preenche meu dia e passo isso para as pessoas que trabalham comigo. A arte é uma chance na vida. Sobrevivo do meu trabalho e ajudo outras pessoas ensinando também”, revela. Além de toda a produção, a artesã conta que o papel de fibra de bananeira é um trabalho infinito e que, se der asas à imaginação, cada dia cria novos produtos. “Já revesti paredes com o papel colorido”, conta. O fato a que a artesã se refere foi em 2007, durante a Casa Cor do Rio de Janeiro. “Trabalhava com a empresa Tudo em Casa quando o pessoal da organização estava procurando um revestimento para quarto de menina e, como eu vendia os papéis de bananeira para lá, eles me descobriram. As cores usadas no quarto foram verde limão, lilás e branco. Então eu fui lá e orientei a colagem”, lembra. Ela ressalta que foi muito bom saber que fez parte do projeto daquele ano. BRAZIL MADE BY HAND Leila claims that she has never regretted changing her profession. “I’ve been blessed many times. I’ve met the love of my life, discovered my life’s work and managed to generate income. I’ve had my children and I work with what I like”, she says. She guarantees that there is nothing to complain about: “I could change some things in order to improve what I’ve done, but I wouldn’t avoid doing something again”, she adds. The artisan feels like her Occupational Therapy degree still helps nowadays, bringing benefits to her and the people who help at the studio. “There are six people who help me and they are their own therapists”, she adds. She glows when transforming the things that surround her. “I’m giving my share for a better world. For me, handicraft is a gift from God. Recycling fills my day and I transfer that to the people who working with me. Art is a gift of life. I live off my own work and help others by teaching them”, Leila reveals. Besides the production, the artisan says that making paper from banana tree fibers is a never-ending work, which, if lead by imagination, creates a new product every single day. “I’ve covered walls with colored paper”, she tells. The artisan refers to an episode in 2007, during the Casa Cor event, in Rio de Janeiro. “I used to work for the Tudo em Casa company and the organization crew was looking for coatings for a girl’s bedroom; since I used to sell banana tree paper for them, they found me.The colors were lemon green, lilac and white. So, I went there and inspected the collage”, she remembers. Leila highlights how good it was to take part in the project that year. artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 23 MÓVEIS ECOLÓGICOS ENCANTAM À PRIMEIR A VISTA Ecological furniture that fascinates at first sight PneusVelhos são usados com muita criatividade pelas artesãs Artisans combine old tires and great creativity POR / BY Maristella Medeiros FOTOS / PHOTOS Walmir Monteiro Talento, criatividade e consciência ecológica. Talent, creativit y and environmental Esta combinação fez com que as irmãs Lúcia e Luciana Rosalina criassem uma linha de produtos diferenciados, que conquistaram o mercado instantaneamente: móveis à base de pneus e fibra de taboa. A relação das duas com o artesanato começou cerca de três décadas atrás, quando se mudaram de Belo Horizonte para um sítio na cidade mineira de Piedade das Gerais, a pedido do pai, que buscava um lugar mais tranquilo para morar. A partir daí, o artesanato passou a fazer parte de suas vidas, inicialmente como uma alternativa de trabalho e renda na pequena cidade que não oferecia muitas opções, awareness. This combination led sisters Lúcia and Luciana Rosalina to create a line of differentiated products, which conquered the market instantaneously: furniture made from tires and bulrush fiber. Their relation with handicraft started about three decades ago, when they left Belo Horizonte and went to a ranch in the peaceful city of Piedade das Gerais, as requested by their father, who wanted a quieter place to live. From then on, handicraft entered their lives, first as an alternative of work and income, as the small city didn’t present many options; with time, it became a passion. BRAZIL MADE BY HAND artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 25 mas, com o tempo, se transformou em uma paixão. Há aproximadamente 10 anos elas se dedicam exclusivamente ao artesanato e vivem da venda dos móveis ecológicos que produzem. O talento já estava nas veias, uma vez que na família várias pessoas se dedicavam ao artesanato e às artes em geral. Até hoje, elas se mantêm fiéis aos produtos que escolheram no início da trajetória profissional, os móveis. Já as matérias-primas foram se modificando com o passar dos anos. No início, eram feitos móveis com madeira, bambu e cipó. Porém, o manuseio do cipó era difícil, o trabalho era muito desgastante e machucava as mãos, conta Lúcia, que, por essa razão, passou a procurar uma matéria-prima alternativa que pudesse substituí-lo. A fibra da bananeira foi a solução encontrada na época, mas junto com esse problema, havia ainda por parte das artesãs uma consciência ecológica e uma vontade de contribuir, de alguma forma, com o meio-ambiente. Elas queriam criar algo que fizesse diferença, que ajudasse na qualidade do meio ambiente. Movidas por essa vontade e com muita criatividade, surgiram os móveis ecológicos feitos com pneus e fibra de bananeira e, com este material, os produtos se tornaram conhecidos. Entretanto, essa ainda não era a solução definitiva, já que a bananeira não era abundante na região em que moram. A partir daí, surgiu a ideia de trabalharem com a fibra da taboa, uma planta aquática comum em brejos, várzeas e manguezais, abundante no pântano próximo ao sítio onde moram. O resultado? Poltronas, pufes e mesas supercharmosos que rapidamente conquistaram o mercado com sua proposta, seu design diferenciado e a excelência na qualidade, característica marcante do trabalho das artesãs desde que iniciaram a produção de móveis. São produzidos tendo os pneus como base e com uma cobertura feita com as fibras trançadas. O trançado tem variações que conferem aos móveis um aspecto de obra de arte; e o acabamento é impecável. Vale ressaltar que esse foi o segredo para conquistarem rapidamente um lugar no mercado, enfatiza a artesã. As duas irmãs sempre trabalharam juntas e nunca fizeram nenhum curso prático. A criatividade na elaboração das peças e a destreza para lidar com o artesanato são puramente instintivos. Lúcia cuida da criação e do acabamento, enquanto a produção fica a cargo de Luciana. Mas não é um trabalho individualizado: ambas fazem questão de participar de todo o processo e, ainda, de ouvir For about 10 years they have been exclusively dedicated to handicraft, earning their living by selling their ecological furniture. The talent has always been running in their veins, since many relatives were dedicated to handicraft and arts in general. They’ve always kept faithful to the products they chose at the beginning of their career – furniture. However, their raw material has changed throughout the years. At the beginning, the furniture was made of wood, bamboo and liana. However, liana was hard to handle, the work was too wearing and hurtful for the hands, says Lucia, who then started searching for an alternative raw material. Banana tree fiber was the solution they found at the time, but not only interested in solving the problem, the artisans also had ecological awareness, and the will to contribute, somehow, to the environment.They wanted to create something that would make a difference, contributing for environmental welfare. Driven by will and lots of creativity, they created ecological furniture made of tires and banana tree fibers, materials that would make their products known. However, this was not the final solution yet, since banana trees weren’t abundant in the region they lived. That’s when they thought of working with bulrush fiber, an aquatic plant commonly found in marshes, floodplains and mangroves, abundant in the swamps surrounding their ranch. The result? Charming armchairs, beanbags and tables, which quickly conquered the market through their proposal, singular design and excellent quality; a signature characteristic of the artisans since they started manufacturing furniture. They are produced using tires as their base and covers made with braided fibers. The braid has variations that give the furniture an aspect of a piece of art; and the finishing is impeccable. It is worth mentioning that this was the secret for conquering a space in the market, emphasizes the artisan. Both sisters have always worked together and never have undergone any technical training. Their creativity in the elaboration of pieces and dexterity to handle handicraft are purely instinctive. Lucia handles creation and finishing, and production is Luciana’s responsibility. But this is not an individual work: they insist on taking part in the entire process, also hearing their remaining brothers’ opinions. This partnership went so well that, in 2007, they received the Planeta Casa award, promoted by Casa Cláudia magazine, for their tire and bulrush fiber beanbag. 26 artesanato: matéria prima / handicraft: raw material BRASIL FEITO A MÃO as opiniões dos demais irmãos. Essa parceria deu tão certo que, em 2007, elas conquistaram o prêmio Planeta Casa, promovido pela revista Casa Cláudia, com o pufe de pneu e taboa. Entre os ingredientes dessa receita de sucesso se destacam também a escolha correta das matérias-primas, o envolvimento de toda a família e a grande dedicação ao trabalho, percebida nos móveis cuidadosamente elaborados e acabados. Mas o toque final fica mesmo por conta da proposta ecológica. Além de beleza e qualidade, o artesanato inclui responsabilidade ambiental e social O processo de produção das cerca de 30 pecas por mês começa com a colheita da taboa. Nesta etapa, elas contam com a ajuda dos dois irmãos.Toda a família teve que aprender a lidar com o beneficiamento e manuseio da fibra. Podam cerca de 10 cm e colocam por oito dias embaixo de uma lona; depois, retiram as fibras e deixam secar à sombra por mais alguns dias. As podas podem ser feitas a cada dois meses, e BRAZIL MADE BY HAND Among the ingredients of this recipe for success, the choice for the correct raw material was of particular importance, as well as the involvement of the entire family and their great dedication, which is noticeable in the carefully elaborated and finished furniture. But the finishing touch is definitely the ecological proposal. Besides beauty and quality, handicraft inclu des so c ial an d e nvirome nt responsibilty The production process, which yields around 30 pieces per month, starts with harvesting bulrush. At this stage, they are helped by their two brothers. The entire family had to learn how to deal with processing and handling the fiber. They trim about 10 cm and store for eight days under a canvas; then, they take the fibers and put them to dry under the shade for a few more days. The trims can be made every two months, and the drying process is necessary in order to obtain the desired color, a pinkish straw tone. According to Lúcia, when they started using bulrush, they didn’t know much about processing and the fibers used to artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 27 todo esse processo de secagem é necessário para se obter a coloração desejada, um tom de palha meio rosado. Segundo Lúcia, no início da utilização da taboa, quando ainda não tinham um grande conhecimento sobre o processo de beneficiamento, as fibras ficavam com tom esverdeado. Já os pneus são conseguidos através da parceria com uma borracharia da cidade de Contagem, também em Minas Gerais, que faz as doações. O trabalho das duas artesãs garante uma destinação a pneus que não são mais apropriados para o uso e auxilia na retirada desse material do meio ambiente, engrossando os esforços do governo e de entidades para diminuírem o impacto ambiental causado pelos pneus abandonados nas cidades brasileiras. Só para se ter uma noção, calcula-se que o Brasil possua cerca de 100 milhões de pneus velhos espalhados em aterros, terrenos baldios, rios e lagos, causando transtornos à população. Sua degradação leva aproximadamente 600 anos e uma das formas de se minimizar o problema é a reciclagem. Além do meio ambiente, Lúcia e Luciana se preocupam com as questões sociais e favorecem pessoas de baixa renda de sua região, empregando-as na produção das peças. Em geral, têm o auxílio de três pessoas, treinadas pelas irmãs para a função com a qual se identificarem melhor; elas integram a equipe e têm, dessa forma, a possibilidade de aumentar a renda familiar. Para dar conta da demanda atual, além de contar com o apoio dos ajudantes, as irmãs trabalham cerca de 10 horas por dia, exclusivamente na produção das poltronas, pufes e mesas de pneus e taboa. Segundo a artesã, antes elas trabalhavam também com produtos feitos à base de garrafas PET, mas hoje não há tempo disponível para se dedicar a outras peças. A satisfação das artistas não se deve apenas ao sucesso nas vendas. Para elas, é importante e gratificante saber que fazem parte dos esforços por um país sustentável e que seus móveis estão dentro das casas, enfeitando e, de certa forma, levando o conceito de sustentabilidade para mais pessoas. “Sou apaixonada pelo que faço e quero me dedicar ao artesanato por toda a minha vida”, declara Lúcia. Quanto à comercialização, elas nunca tiveram que se preocupar, pois a originalidade e a alta qualidade das peças garantiram a aceitação no mercado e facilitaram sua comercialização. No início, os móveis eram vendidos em uma banca mantida por seu pai em Belo Horizonte, com ajuda da prefeitura da cidade. O local se chamava Direto da Roça e vendia também produtos alimentícios. Logo get a green tone. The tires are donated by a partner, a tire repair shop in Contagem, Minas Gerais. The work of the artisans gives purpose to otherwise useless tires, removing them from the environment and helping the government’s and other entities’ efforts towards reducing the environmental impact caused by abandoned tires. It has been estimated that there are about 100 million tires scattered around landfills, wastelands, rivers and lakes throughout Brazil, which cause several problems for the population. Tire degradation takes approximately 600 years, so one way to minimize this problem is recycling. Besides caring about the environment, Lúcia and Luciana also worry about social issues and support local people with low incomes, hiring them for piece production. Generally, they are aided by three people who have been trained to execute the functions each likes the most.These people have become part of the team, earning a chance to improve their wage. In order to deal with current demands, besides counting on their assistants’ support, the sisters work about 10 hours a day, producing armchairs, beanbags and tables made of tires and bulrush. According to the artisan, they’ve also worked with PET bottles before, but, currently, there is no time to dedicate to other pieces. The artists’ satisfaction is not only rooted in their sales success. To them, it is important and gratifying to know that they take part on the effort of building a sustainable country, and that their furniture pieces are present in several houses, not only decorating, but also, in a way, presenting the concept of sustainability to more people each day. “I’m in love with my work and I want to dedicate my entire life to handicraft”, says Lúcia. Concerning commercialization, they’ve never had to worry about it, since their pieces’ originality and high standards ensure market acceptance and make the products easy to sell. In the beginning, the furniture was sold in a shop owned by their father, in Belo Horizonte, aided by the City Hall. The place was called Direto da Roça (Straight from the farm, in a free translation) and also sold food products. Soon after, they had the chance to participate, along with the Associação Cultural de Piedade das Gerais, in the Feira Nacional de Artesanato (National Handicraft Fair) that takes place once in a year in Belo Horizonte. During this event, the pieces caught people’s attention, and the sisters received an unusual proposal: an exclusivity contract 28 artesanato: matéria prima / handicraft: raw material BRASIL FEITO A MÃO depois, surgiu a oportunidade de participar, junto com a Associação Cultural de Piedade das Gerais, da Feira Nacional de Artesanato, que acontece anualmente em Belo Horizonte. Durante o evento, as peças chamaram a atenção, e as irmãs acabaram recebendo uma proposta inusitada: um contrato de exclusividade com uma empresa de design de móveis. O contrato durou quatro anos, mas os negócios com a empresa se mantêm até hoje. Após o término do período de exclusividade, a antiga parceria com o Mãos de Minas foi retomada. Através da instituição, que anteriormente vendia seus produtos inclusive para o mercado externo, os móveis ecológicos voltaram a ter ampla divulgação e comercialização. A divulgação também não fica a cargo das artesãs, que deixam essa função por conta das parceiras que comercializam as peças. No sítio onde moram, recebem ocasionalmente clientes interessados em conhecer o trabalho e adquirir o mobiliário diferenciado. Essa procura se deve a referências feitas na internet ou em matérias, como a que divulgou o trabalho de Lucia e Luciana no programa de TV Terra de Minas. Outra oportunidade reconquistada através da parceria com o Centro Cape foi a de voltar a participar das feiras e expor as peças dentro do estande da própria entidade. As feiras são uma ótima vitrine e geram bons negócios para os artesãos, mas são também uma excelente oportunidade para o público, que poderá ver de perto, ou até mesmo adquirir, o belo e ecologicamente correto mobiliário. Fairs are a great display window and provide good business for artisans, as well as an excellent occasion for the public, who will be able to closely experience or even acquire the fine and ecologically correct furniture. with a furniture design company. The contract lasted for four years, but their business with this company continues. When the exclusivity agreement ended, the old partnership with Mãos de Minas was restored.Through this institution, which previously had even sold products to the foreign market, their ecological furniture was once again extensively marketed and commercialized. The artisans also let partners take care of marketing. They occasionally receive customers in their ranch, interested to know their work and acquire singular, exclusive furniture.This demand occurs due to on internet references, news columns and TV appearances, such as when Lucia and Luciana showed their work on the TV program Terra de Minas. Another opportunity, restored through the Centro Cape partnership, concerned their return to fairs and the possibility to exhibit their products at the Institute’s booth. BRAZIL MADE BY HAND artesanato: matéria prima / handicraft: raw material 29 PEÇAS FEITAS COM BAGAÇO DE CANA MODIFICAM REALIDADE DE ARTESÃOS NA PEQUENA CIDADE DE LIMEIR A DO OESTE Pieces made of sugarcane bagasse change the reality of artisans in the small town of Limeira do Oeste POR / BY Tatiana Coutinho “Hoje somos então libertados pela força da nossa união.”A frase é parte do hino do pequeno município de Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, e resume bem o histórico da população. Com pouco mais de 6 mil habitantes, Limeira do Oeste alcançou a maioridade agora, quando completou 18 anos de emancipação. E é lá que nasceu um grupo de mulheres que transformou o conhecimento daquilo que aprendeu no campo em trabalho, renda e arte. Hoje, 12 mulheres deixam diariamente suas casas, a maioria na zona rural, e, com um ônibus escolar, chegam a um galpão, sede do Grupo Lineart. É lá que são feitas as gamelas, fruteiras, porta-cartões e outra infinidade de produtos. Cada peça é feita a 24 mãos. Todas as artesãs se 30 projetos / projects FOTOS / PHOTOS:Divulgação “Today we are freed by the strength of our union.” This sentence is taken from the anthem of Limeira do Oeste, a small municipality in the Triângulo Mineiro (a region within the Minas Gerais State), and efficiently summarizes the population’s history. Having approximately 6 thousand inhabitants, Limeira do Oeste has recently reached adulthood, after completing 18 years of emancipation. The town saw a group of women transform their practical knowledge into work, income and art. Currently, 12 women, most from the rural area, leave their homes on a daily basis and take a school bus to the Lineart Group headquarters, located in a hangar. There, they make troughs, fruit bowls, card holders and BRASIL FEITO A MÃO ocupam de uma das etapas para transformar o bagaço da cana, matéria-prima utilizada pelo grupo, em peças únicas e originais. “Pegamos o bagaço da cana e misturamos com o papel machê e cola. Daí se faz uma massa, que parece de pão. Depois a gente modela. Algumas de nós têm habilidade para fazer a massa, outras para pintar”, explica Meires Ramos, 39 anos, uma das integrantes do Lineart. “Antes, eram 100 peças feitas por 40 mulheres a 80 mãos”, conta ela, sobre o início do trabalho do grupo. A economia da cidade, até 2005, girava em torno do setor agropecuário. Quase metade da população vivia na zona rural, trabalhando com animais e no plantio, principalmente, da cana-de-açúcar e do abacaxi. A ocupação de muitas mulheres estava concentrada nas fazendas. Mas o manuseio das mãos não era só voltado para a terra. O bordado e o crochê eram práticas comuns, passadas de mãe para filho. Em busca de renda e de uma atividade que permitisse a socialização, foi formada a Associação de Artesãos de Limeira do Oeste. Em alguns dias da semana, as mulheres deixavam o campo e seguiam para a escola pública, local onde o grupo se reunia para bordar e tecer. “Nunca trabalhei fora, mas sempre em casa, onde fazia meus bordados. Era uma forma de ocupar o tempo. Mas queríamos uma renda. A ideia veio de algumas mulheres com o apoio da prefeitura. No início eram umas 40. Duas ou três vezes por semana nos encontrávamos à tarde na escola”, conta Silvana Campos, 35 anos, uma das artesãs mais antigas do grupo, sobre o início da atividade na região. Natureza viva Apesar da cana-de-açúcar ocupar a primeira posição na produção da cidade, foi somente com a chegada da usina de Coruripe que a matéria-prima foi incorporada ao trabalho do grupo. Com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o grupo aprendeu a manusear o bagaço. “No início era muito complicado para conseguir 1 Kg”, conta Silvana. Daí procuraram a usina, que se dispôs a oferecer o material. Aquelas que gostaram da técnica e preferiram só trabalhar com a cana formaram o Grupo Lineart, que ainda está incorporado à associação. Desde então, a sustentabilidade tomou forma e se tornou foco para as artesãs que, sozinhas, criaram diversos modos para incorporar o meio ambiente ao trabalho com as mãos. Segundo Silvana, a maior parte dos pigmentos vem da própria terra. “Cavamos um buraco de 1 m de profundidade e tiramos a terra e a deixamos secar. Depois colocamos no BRAZIL MADE BY HAND several other products. Every piece passes through their 24 hands. All artisans take part in the transformation of sugarcane bagasse, their raw material, into unique pieces. “We mix sugarcane bagasse with paper mâché and glue. Then, we make this bread-like dough and mould it. Some of us are skilled for the dough-making process and others for painting, for example”, explains Meires Ramos, 39, a member of Lineart. “Our production used to be 100 pieces, all handmade by 40 women, 80 hands”, she tells, referring to when the group was founded. Until 2005, the city’s economy revolved around agriculture. About half of the population lived in the rural zone, working with animals and plantations, mostly composed by sugarcane and pineapple. Several women had farming as their main occupation. However, they applied their manual crafting abilities beyond soil work. Embroidering and crochet were very common practices among them, passed down from mothers to daughters. Seeking income and social activities, they founded the Artisan Association of Limeira do Oeste (Associação de Artesãos de Limeira do Oeste). In certain days of the week, these women would leave the fields and head to a public school, where they assembled for embroidering and weaving. “I’ve never worked out of my home, where I used to make my embroidery. Embroidering was a form of occupying time. But we sought income. The idea came from a few of us, supported by city hall. In the beginning, we had around 40 people. We would meet at the school in the evening, twice or three times”, says Silvana Campos, 35, one of the first artisans of the group, concerning how the activities started in the region. Storring life Although sugarcane has always been the city’s major product, it was only incorporated by the group as a raw material after the arrival of the Coruripe factory. Supported by Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Brazilian Service of Support to Micro and Small Businesses) the group learned how to handle the bagasse. “At first it was very complicated to acquire 1 Kg”, tells Silvana. Then, we contacted the factory staff, which was able to offer the material. Those who liked the technique and preferred to focus their work on sugarcane founded the Lineart Group, which is still linked to the association. Since then, sustainability took shape and became the focus projetos / projects 31 pilão. Já fininha, ela é coada no tecido. Aquilo que passar já é a tinta”, explica. Com esse método, elas extraem as cores vermelho, laranja, amarelo, preto e branco. Até mesmo o pó de café é reutilizado pelas mulheres, que o usam depois de seco também para tingir as peças. A criatividade não para por aí. As folhas de árvores são usadas para dar cor e vida aos produtos. “Há folhas de árvores que soltam tinta. Aí pegamos essas folhas e colocamos no álcool”, diz a artesã, que completa: “o natural fica com cor de natureza”. Mas a destreza dessas mulheres vai além. A presidente do grupo, Carmelita Cruz, 43 anos, explica que o Lineart pretende imprimir mais técnicas aos trabalhos somando criatividade ao reaproveitamento. Segundo ela, com o apoio da usina, as artesãs deram início a um novo aprendizado, em que começam a utilizar o saco de cimento junto com bagaço da cana para confeccionar diferentes peças, de cartonagem a luminárias. A utilização do saco reforça ainda mais o objetivo de produzir artigos originais agregando valor ao material reciclado. “O saco de cimento é um dos papéis mais nobres que é descartado na natureza sem reaproveitamento”, explica Tânia de Souza, consultora que trabalha a técnica com o grupo e conclui: “Queremos agregar folhas, sementes e outras coisas da vida das artesãs às peças”. A iniciativa do Lineart em favor da sustentabilidade chama a atenção. O grupo foi premiado pela Empresa de 32 projetos / projects of the artisans, who created, on their own, several ways of linking the environment and handicraft. According to Silvana, most pigments come from the soil itself. “We dig a hole with 1 m in height, take the earth out and let it dry. Then we put it into the pestle. When it gets very thin, we strain it through a tissue. Whatever crosses can be used as ink”, she explains. Using this method, they extract the red, orange, yellow, black and white colors. Even ground coffee is recycled by these women, who use it, once dry, to dye the pieces.That’s not the end of their creativity.Tree leaves are used to color and bring life to the products. “Certain tree leaves release ink. So, we collect these leaves and put them in alcohol”, says the artisan, who adds: “the natural gets inked with nature’s color”. However, their dexterity goes beyond that.The group’s president, Carmelita Cruz, 43, explains how Lineart intends to put more technique into the work by mixing creativity and recycling. According to her, with factory support, the artisans started a new procedure, using cement bags along with sugarcane bagasse to elaborate several pieces, from carton items to light fixtures. The use of bags highlights their goal, which is to make original pieces and aggregate value to recycled materials. “The cement bag is one of the noblest kinds of waste paper”, explains Tânia de Souza, an advisor who works with the group, focused on their techniques. She concludes: “We want to use leaves, BRASIL FEITO A MÃO Assistência Técnica e Extensão Rural do estado de Minas Gerais (Emater) na Olimpíada Mineira de Artesanato, em Araxá, “pelo benefício ao meio ambiente”, como explica a presidente Carmelita Cruz. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a utilização de material reciclável vem aumentando a cada ano no Brasil e representa 19,5% da matéria-prima usada no país. Cerca de 16,5% dos artesãos também utilizam fibras vegetais. Pé na estrada “Nem sonhava que isso iria acontecer.” O depoimento é de uma das artesãs, Meires Ramos. Até 2005, ela só conhecia Maceió, cidade onde morava. Naquele ano, o marido foi contratado para trabalhar como caldereiro na usina de Coruripe, e, por isso, a família se transferiu para Limeira do Oeste, Minas Gerais. Desde jovem, Meires já fazia artesanato e vendia bonecas, sandálias e panos de prato na capital de Alagoas. Quando chegou ao município mineiro, integrou-se ao Lineart, que há pouco havia sido formado. Até então, Meires só procurava fazer amigos e BRAZIL MADE BY HAND seeds, and other things from these artisans’ daily lives and aggregate them into the pieces”. Lineart’s initiative towards sustainability has brought much attention. The group was awarded by Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado de Minas Gerais, Technical Assistance and Rural Extension Company of the Minas Gerais State) during the Minas Gerais Handicraft Olympics (Olimpíada Mineira de Artesanato), in Araxá, “for their benefits to the environment”, as explained by president Carmelita Cruz. According to IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Brazilian Institute for Geography and Statistics), the use of recyclable material in Brazil has been increasing every year, representing 19.5% of all raw materials used in the country. About 16.5% of the artisans also use vegetable fibers. On the road “I’d never even dreamed of this.” This is a testimony by one of the artisans, Meires Ramos. Until 2005, she projetos / projects 33 ganhar uma renda e não imaginava que o trabalho feito ali ultrapassaria os limites da cidade. Por causa das peças, Meires já saiu diversas vezes da região para mostrar o artesanato em feiras. “Depois que cheguei aqui, já conheci Belo Horizonte, Uberaba, Tiradentes, Palmas, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em Uberaba, Aécio Neves (na época governador de Minas Gerais e, hoje, senador da República) esteve no nosso estande e levou uma peça da gente. Ele ficou abismado sem entender como conseguíamos dar conta de fazer”, conta a artesã. As mulheres do Grupo Lineart saíram das fazendas para ganhar o país com o trabalho. Mas as peças ultrapassam fronteiras e agora também estão em um dos pontos mais nobres de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O artesanato feito em Limeira do Oeste está no “coração de Manhattan”, como diz Aurélio Faria, do Departamento de Exportação do Instituto Centro Cape. De bolsas a fruteiras, tudo feito com o bagaço da cana, pode-se encontrar no showroom da Ecoarts, empresa que é resultado da união de várias entidades, como Centro Cape, Central Mãos de Minas e Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex). Todas as peças da Ecoarts são apresentadas ao mercado norte-americano pela originalidade e pela importância da sustentabilidade ambiental. Para o grupo, deixar a cidade já é difícil. Segundo Silvana Campos, a prefeitura da cidade dá apoio às artesãs fornecendo transporte até o município vizinho de Iturama, local onde fica a rodoviária mais próxima e que funciona como porta de saída para as peças alcançarem o país em feiras. Mas a venda no mercado internacional ainda surpreende as mulheres. “Ficamos admiradas de as peças irem tão longe”, diz Meires Ramos. Além do showroom nos Estados Unidos, há produtos feitos pelo Lineart que também foram levados para a New York Gift Fair, um dos maiores eventos de decoração e presentes do mundo. As peças, selecionadas pelo Centro Cape, estavam no estande da Ecoarts, representando o Brasil junto a outros 85 países em um evento que contou com a presença de 35 mil pessoas. “A gente perde a fala”, diz a artesã Meires. Podem faltar palavras ao grupo para descrever essa trajetória, mas o que não faltam são mãos habilidosas capazes de romper fronteiras e alcançar mercados. 34 projetos / projects had never left Maceió, the city where she lived. During that year, her husband was hired to work at the Coruripe factory, so the family moved to Limeira do Oeste, Minas Gerais. Since she was young, Meires had been making handicraft and selling dolls, sandals and dishcloths in the Alagoas State capital. After arriving in said Minas Gerais municipality, she joined in Lineart, which had been recently founded. Up to then, Meires only sought to make friends and earn an extra income, and she would never imagine that her work would reach beyond the city’s outskirts. Thanks to the pieces, Meires has traveled several times outside the region, in order to exhibit the handicraft at fairs. “After I arrived here, I’ve already been to Belo Horizonte, Uberaba, Tiradentes, Palmas, São Paulo, Rio de Janeiro and Brasília. In Uberaba, Aécio Neves (Governor of Minas Gerais at the time and currently senator) came by our stand and bought a piece. He was astonished at how we could manage to create it”, tells the artisan. The Lineart Group women left the farms to conquer the country with their work. But the pieces crossed borders and now they are also present in one of the noblest points in New York, United States. This Limeira do Oeste handicraft is in the “heart of Manhattan”, as said by Aurélio Faria, from the Centro Cape Exportation Department. From purses to fruit bowls, all made of sugarcane bagasse, the products are available at the Ecoarts showroom.This company originated from the union of several entities, such as Centro Cape, Central Mãos de Minas and Apex (Brazilian Trade and Investment Promotion Agency). All Ecoarts pieces are introduced in the American market for their originality and importance concerning environmental sustainability. For the group, leaving the city is difficult. According to Silvana Campos, the city hall supports the artisans by transporting them to the neighbor municipality of Iturama, where the closest bus station is located, being the only exit route towards fairs around the country. However, the international market sales still surprise these women. “We get amazed about how far the pieces go”, says Meires Ramos. Besides the showroom in the United States, certain Lineart products were also taken to the New York Gift Fair, one of the world’s largest events concerning decoration and gifts. The pieces, selected by Centro Cape, were exhibited in the Ecoarts stand, representing Brazil along with 85 other countries in an event which received 35 thousand visitors. “We don’t know what to say”, says Meires. The group might lack words to describe their trajectory, but they certainly don’t lack craftsmanship to cross borders and reach markets. BRASIL FEITO A MÃO Existe uma ferramenta fundamental no caminho da matéria-prima ao produto final: mãos que transformam. There’s an essential tool on the way from raw material to final product: hands that transform. Pública Arte é transformação. É enxergar um universo de possibilidades. É tirar da forma bruta milhares de outras formas. Na Usiminas, é assim: a partir do minério de ferro, é moldado o aço que dá vida a carros, pontes, navios, casas, prédios, geladeiras e diversos outros produtos que fazem parte do dia a dia das cidades e das pessoas. Tudo feito de forma sustentável, com respeito às comunidades, ao meio ambiente e às pessoas envolvidas no processo de produção. Um capricho de artesão que domina a técnica e busca a perfeição em cada peça. Sensibilidade para evoluir www.usiminas.com Art is transformation. It’s to envisage a universe of possibilities. It’s to extract from the raw mold thousands of other molds. That’s what happens at Usiminas: iron ore is molded into steel, which gives life to cars, bridges, ships, houses, buildings, refrigerators and many other products that are an integral part of people’s and cities’ daily life. And everything made in a sustainable way, with respect for the communities, the environment and the people involved in the production process. The meticulousness of an artisan who masters the technique and struggles for perfection in every single piece. Para saber mais, acesse www.fiemg.com.br/sesi Cursos do SESI. Seus funcionários crescem, sua empresa também. O SESI oferece as melhores soluções para empresas que buscam crescer, investindo na capacitação de seus funcionários. • Certificação de escolaridade básica: ensinos fundamental e médio. • Cursos de curta duração, customizados de acordo com a necessidade da sua empresa. Quando voCê InvEStE na EduCação doS funCIonarIoS, Sua EmprESa CrESCE. Entrevista / Interview Tânia Machado Presidente do Instituto Centro Cape President of Instituto Centro Cape Completando três anos de vida, a revista O Brasil Feito à Mão está atingindo seus objetivos com os compradores internacionais. Nesta edição, a presidente do Instituto Centro CAPE, Tânia Machado, avalia esse período e comenta como o instituto ajudou vários lojistas internacionais a terem contato com novos produtos artesanais brasileiros. Além disso, a dirigente destaca que este produto auxilia e reforça o marketing de vendas com o público internacional. On its third anniversary, the O Brasil Feito à Mão (Handmade Brazil) magazine is reaching its objectives concerning international buyers. In this edition, Tânia Machado, president of Instituto Centro CAPE, evaluates this period and comments on how the institute has helped several international retailers in obtaining access to Brazilian handicraft products. In addition, she highlights that these products help and reinforce sales marketing towards the international public. A revista O Brasil Feito à Mão faz agora três anos. Como você avalia o projeto da revista? Tânia - Na realidade, a revista foi criada para atender uma necessidade do lojista internacional de conhecer a história de cada artesão e de seu respectivo produto. Isto faz parte do marketing de venda, pois, apesar de seu desejo de conhecimento, esse lojista não tem tempo durante os eventos de ficar escutando as nossas explicações. The O Brasil Feito à Mão (Handmade Brazil) magazine is on its third anniversary. How do you evaluate the magazine’s project? Mrs Machado - Actually, this magazine was created in order to address international retailers’ needs towards getting to know the history behind each artisan and their work. This is part of sales marketing, given that, despite their need to acquire knowledge about the artisans, these BRAZIL MADE BY HAND entrevista / interview 37 Assim, criamos a revista para que, com calma, depois, o lojista possa saber um pouco mais dos nossos artesãos exportadores. Agora, a revista tem sido esperada por todos que, quando não a recebem na data marcada (abril, agosto e novembro), já ligam preocupados para saber se foram excluídos do mailing e pedem para que não os deixemos de fora. Pelo interesse desse público em receber a revista, acreditamos que estamos atingindo nosso objetivo. O projeto de exportação de artesanato deu um salto de crescimento de mais de 3.000% nos últimos oito anos. Como você explica isso? retailers don’t have time to spare during events in order to listen to our explanations. Therefore, we created this magazine so that retailers are able to learn a little more about our exporting artisans on their own time. Nowadays, everyone waits for the new issues in anticipation, and if people don’t receive them within the regular dates (April, August and November), they worry and call us to ask if they’ve been excluded from our mailing list, also asking not to be left out. Given the target audience’s interest in receiving the magazine, we believe we’re reaching our objective. The handicraft exportation project has experienced a growth leap of over 3,000% along the past eight years. How do you explain this? Tânia - Primeiro, temos que lembrar que em 2002 a exportação de U$ 10.000 não significava nada e, naquela época, estávamos começando. Até então, não existia esforço de vendas, e o produto era simplesmente comprado quando o lojista chegava na feira ou tinha acesso a algum artesão. O importante para nós era encontrar essa demanda reprimida e aumentar o interesse do comprador pelo produto. O segmento artesanal mundial infelizmente era tido como um setor irresponsável, pois a maioria dos projetos mundiais de apoio aos artesãos eram subsidiados pelos governos e acabavam não tendo continuidade. Com isso, o comprador adquiria o produto uma vez e, quando recebia (e se recebia), não tinha como comprar mais uma vez do artesão. Outra questão era a qualidade, pois comprava um produto e acabava recebendo outro. No Brasil, com os projetos sendo apoiados pela Apex-Brasil e com a participação do artesão nos custos, a perseverança na participação nos eventos e o profissionalismo cada vez maior do artesão e de seus parceiros têm chamado a atenção do mundo para algo diferente acontecendo aqui. Os compradores internacionais estão vendo com bons olhos a internacionalização do artesão brasileiro, que cada vez mais se conscientiza da sua responsabilidade como fornecedor. Assim, esse crescimento nada mais é que o reconhecimento internacional da responsabilidade do artesão de nossas terras. Mrs Machado - First, we must recall that, in 2002, exporting US$10,000 had no significance and that we were only starting back then. Until then, there had been no prior sales efforts and the products were simply bought when retailers went to fairs or had direct contact with an artisan. Our focus was to locate this repressed demand and increase the buyers’ interest for the product. Unfortunately, the global handicraft segment was perceived as an irresponsible sector, given that most global projects focused on supporting artisans were governmentfunded and eventually discontinued. Thus, buyers would acquire products once but, after receiving them (if receiving them), weren’t able contact the same artisan again. Another issue concerned quality, because they would buy one product and receive another. In Brazil, due to projects supported by Apex-Brasil, as well as the artisans’ and their partners’ participation in costs, their increasing professionalism, perseverance and presence in events, the world has been noticing that something different is happening here. International buyers have been looking with good eyes at the internationalization of Brazilian handicraft, which is becoming more and more aware of its supplier responsibilities. Hence, this growth represents nothing more than international acknowledgement towards our artisans’ increased responsibility. Foi criada agora uma instituição nacional de exportação de artesanato. Por quê? Qual a vantagem de se ter um programa nacional? A national handicraft exportation institution has been recently created.Why?What are the benefits of having a national program? 38 pentrevista / interview BRASIL FEITO A MÃO Tânia - Criamos no início de novembro a Associação Brasileira de Exportação de Artesanato, cuja Diretoria Geral ficou a cargo do Instituto Centro Cape, representado por mim. Acreditamos que essa entidade vem para fortalecer a marca Brasil de exportação, pois com a otimização de recursos visando à realização de ações em bloco, respeitando a individualidade de cada um, vamos mostrar para o mundo que o caminho da exportação de artesanato não tem volta e seguirá sempre em frente. O fato de o comprador internacional ter um interlocutor no Brasil, apesar de seu tamanho continental, irá facilitar muito a consolidação de cargas e a localização de nichos artesanais. Hoje, caso estivéssemos sozinhos, nunca conseguiríamos atingir o mercado internacional sem formar um grupo com objetivos comuns. A divisão de tarefas com outros estados, tais como São Paulo (o Fazer Brasil ficou responsável pela área de novos projetos), Fortaleza (o ICA, responsável pela comunicação) e Paraná (a Artest, respondendo pelo setor administrativofinanceiro), demonstra que a união em prol do artesanato ganha força no país. Dentro desse contexto, Minas Gerais ficou com a direção geral, por ser o projeto mais antigo e com mais ações realizadas no exterior. Os projetos, apesar de sua localização geográfica, também poderão atender outros estados, como é feito hoje quando Minas Gerais atende São Paulo, Paraná, Paraíba, Amazonas, Bahia e Alagoas. Acredito que agora ficará muito mais fácil trabalhar. Quais serão as prioridades da nova instituição? Tânia - Serão quatro os eixos a serem trabalhados: Inteligência e estratégia – prospecção de mercados e posicionamento das empresas de exportação, concentrando os esforços relacionados à coleta, tratamento e análise de informações relevantes para a definição de orientações estratégicas. Desenvolvimento e aprendizagem – aprendizagem técnica, regulatória, ambiental e de gestão, concentrando as ações de qualificação e preparação que devem ser realizadas para que artesãos, comunidades e empresas de artesanato obtenham o melhor aproveitamento do mercado. Promoção de negócios – promoção, imagem e negociação comercial, com participação em feiras na Alemanha, França, Espanha, em Portugal e nos Estados Unidos. Além do projeto Vendedor Itinerante em toda a Europa, ações com pontos de venda diretos nos principais BRAZIL MADE BY HAND Mrs Machado - In the beginning of November, we created the Brazilian Handicraft Exportation Association (Associação Brasileira de Exportação de Artesanato) and its General Direction was bestowed to Instituto Centro Cape, which I represent. We believe that this entity is emerging in order to strengthen the Brazil exportation brand, given that, by optimizing resources aiming to execute collective actions, always respecting each person’s individuality, we can show the world that handicraft exportation is a one-way path which will keep moving forward. Establishing and interlocutor for the international buyer in Brazil, despite its continental size, will greatly facilitate cargo consolidations and the localization of artisanal niches. If we were alone today, we would never be able to reach the international market without assembling a group with common objectives. Shared tasks with other States and capitals, such as São Paulo (Fazer Brasil is responsible for new projects), Fortaleza (ICA is responsible for communications) and Paraná (Artest is responsible for the administrative-financial area), demonstrate a strengthened union in favor of handicraft throughout the country. Within this context, Minas Gerais is responsible for the general direction due to its project seniority and greater number of actions abroad. The projects, despite their geographic locations, will also be able to include other States, mirroring Minas Gerais’ current collaborations with São Paulo, Paraná, Paraíba, Amazonas, Bahia and Alagoas. I think our work will be much easier from now on. What are the new institution’s priorities? Mrs Machado - There are four focus areas: Intelligence and strategy – market prospecting and exportation company positioning, concentrated on the collection, treatment and analysis of relevant information regarding strategic guidance definitions. Development and learning – technical, regulatory, environmental and management learning courses, concentrated on qualification and preparation actions enabling artisans, communities and companies to optimize their market results. Business promotion – promotion, image management and commercial negotiations, including fairs in Germany, France, Spain, Portugal and the United States. In addition to the Itinerant Salesman Project (Projeto Vendedor Itinerante) throughout Europe, direct point-of-sales actions in key entrevista / interview 39 mercados, que são os países-alvo para os próximos dois anos. Gestão setorial de exportação – monitoramento e controle com avaliação constante dos resultados obtidos, analisando oportunidades de melhoria e estabelecimento de medidas de correção. markets, representing our target countries over the next two years. Sectorial exportation management – monitoring and control, constantly assessing results and analyzing improvement opportunities, as well as establishing corrective measures. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), está agora apoiando mais de perto o segmento artesanal. Por que essa mudança de postura? The handicraft segment has been more closely supported by Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais, Industry Federation of the Minas Gerais State).What has caused this change? Tânia - Não é que a Fiemg não apoiasse, muito pelo contrário, desde a gestão de Stefan Salej e na gestão do Robson Andrade, o artesanato sempre foi valorizado e apoiado. Mas agora, queremos fazer parte da Fiemg, afinal o artesanato é a pré-indústria. Tudo na vida começa artesanalmente. O primeiro carro, o primeiro computador, o primeiro foguete e assim por diante. Há uma pesquisa que a Vox Populi faz para nós desde 2004 que mostra onde o artesão busca a sua matéria-prima, e a resposta é que os seis primeiros lugares são indústria têxtil, de acabamento, metal, madeira, vidro, pedras. A natureza aparece apenas no sétimo lugar. Sendo assim, o artesão, além de possível ou futuro empresário, é um dos grandes consumidores da indústria e, se projetarmos para ele um faturamento anual de mais de R$ 60 bilhões, apenas da indústria ele comprará mais de R$ 15 bilhões a cada ano. Assim, como futuro filiado ou como um grande cliente, queremos fazer parte da federação, não apenas com o intuito de ter apoio, mas de obter profissionalização e aprendizado, para que amanhã, quando grandes, tenhamos uma visão muito melhor do mundo dos negócios. Mrs Machado - It’s not that Fiemg hasn’t provided support in the past, on the contrary, it has always valued and supported handicraft since the Stefan Salej and Robson Andrade administrations. However, we now want to be part of Fiemg, after all, handicraft represents the pre-industry. Everything in life starts in an artisanal manner.The first car, the first computer, the first rocket and so forth.Vox Populi has been researching for us, since 2004, where artisans seek their raw materials; this research has demonstrated that the top six sources are the textile, finishing, metal, lumber, glass and stone industries. Nature is only the seventh source. Therefore, artisans are, in addition to possible or future businessmen, among the leading industry consumers and, if we project their annual revenues over R$60 billion, they will acquire, from the industry alone, over R$15 billion every year. Thus, either as a future affiliate or as a major client, we want to be a part of the federation, not only aiming to obtain support, but also to reach professional levels and knowledge which will enable us, in the future, to have a better vision towards the business world. Tânia, o que você poderia dizer para o artesão que quer começar a exportar? Tânia, what would you say to an artisan who wants to start exporting his work? Tânia - Perseverança! Exportar não é como vender no mercado interno em que, num primeiro contato, o lojista já faz o pedido. Exportar é como os casamentos de antigamente. Primeiro há o flerte, quando o comprador olha os produtos. Depois, vem o namoro propriamente dito, quando ele pede amostras e testa a qualidade. Em seguida, o noivado, quando ele sugere adequações do produto, solicita certificados, verifica barreiras técnicas, embalagem etc. Somente alguns meses depois que ele por fim fecha o negócio e marca “o casamento”. Mas, se der certo, é casamento dos antigos, que dura uma eternidade. Mrs Machado - Perseverance! Exporting isn’t like selling within the internal market, in which retailers place orders on their first contact. Exporting is similar to old fashioned marriages. First comes flirting, when the buyer looks at the products. Then comes dating, when he asks for samples and tests the work’s quality. Next, an engagement is made, when he suggests product adjustments, requests certificates, verifies technical restrictions, packaging, etc. Only after a few months, he’ll finally close the deal and schedule “the wedding”. However, once it works, it’ll be an old fashioned, long-lasting marriage. 40 pentrevista / interview BRASIL FEITO A MÃO Eu Faço / I Make Sarahy Fernandes Coelho Diniz A arte e a ajuda ao próximo sempre foram paixões na vida da psicóloga Sarahy Fernandes Coelho Diniz, 44. Há um ano, ela conseguiu fazer do artesanato uma forma de resgatar, em pessoas com sofrimento mental, a autoestima e o convívio social, melhorando a qualidade de vida delas. A escolha pelo artesanato não poderia ter sido outra, já que Sarahy é artesã há 20 anos e nasceu em uma família tradicional de bordadeiras, na cidade de Entre Rios de Minas, a 110 km da capital mineira. “O artesanato é um caminho muito interessante de trabalhar. Através dele a gente resgata histórias, valores e pode contribuir para questões ambientais”, disse referindo-se às peças produzidas pelo grupo com materiais recicláveis. É no grupo Quintas das Artes, que as 12 pessoas que participam do projeto têm a oportunidade de um tratamento diferenciado. “Normalmente as pessoas que chegam aqui são muito solitárias e quando vêm para o grupo têm o momento de falar, de ser ouvidas, têm a oportunidade de encontrar com outras pessoas”, garante a psicóloga. Hoje o grupo gera, embora em pouca quantidade, uma renda para os novos artesãos. Os trabalhos feitos pelos alunos são vendidos no espaço cedido pelo Instituto Maria Helena Andrés, e o lucro é dividido entre os gastos com materiais e o pagamento dos alunos, já que as oficinas são ministradas gratuitamente pelos professores. Sarahy, que é casada com um biólogo atuante em questões ambientais e tem três filhos, vê no trabalho voluntário uma forma mais gratificante que no remunerado. “O trabalho voluntário me traz um retorno emocional muito diferente do remunerado. O brilho no olhar das pessoas, o sorriso e a gratidão me trazem uma alegria muito grande”, diz. “Ainda mais quando você vê que a pessoa conseguiu superar seus desafios e traumas. É muito bom”, completa. BRAZIL MADE BY HAND Making art and helping others have always been in the heart of psychologist Sarahy Fernandes Coelho Diniz, 44. It has been one year since she started to use handicraft for aiding people with mental suffering, reestablishing their self-esteem and social circle, improving their lives. She couldn’t have made a better choice, since Sarahy has been an artisan for 20 years and was born in a traditional embroiderer family, in the city of Entre Rios de Minas, 110 km from the Minas Gerais State capital. “Handicraft is a very interesting way to work. It enables us retrieve stories, values and contribute in environmental issues”, she says, referring to pieces produced by the group using recyclable materials. The group is called Quintas das Artes, and its 12 members share the opportunity of having a singular treatment. “Usually, those who come here are very solitary people who find in the group a space for speaking, being heard, and meeting others”, states the psychologist. Nowadays the group generates a low but meaningful income for the new artisans.The students’ works are sold in a space ceded by the Instituto Maria Helena Andrés, and the profit is split between material expenses and the artisans’ payments, since workshops are ministered for free. Sarahy, who is married to an environmental biologist and has three children, considers voluntary work more gratifying than remunerated work. “Voluntary work gives me an emotional feedback which is very different from remunerated work. The glow on people’s eyes, their smile and their gratitude fill me with enormous joy”, she says. “Especially when you see that someone managed to overcome their challenges and traumas. It is very good”, Sarahy adds. entrevista / interview 41 Feiras e Eventos 16ª Feira Internacional de Artesanato GIFT FAIR 21 a 30 de janeiro de 2011 Artesanato em madeira, cerâmica, bijuterias, bombons artesanais, bolsas, tapetes e outros. Com cerca de 1600 expositores será aberto(a) ao público, das 15h às 22h nos dias 21 a 27 de janeiro, e das 15h às 23h nos dias 28 a 30 de janeiro. Promoção:V & J Turismo e Eventos Ltda. Local: Pavilhão das Dunas do Centro de Convenções - Natal - RN Site do evento: www.espacialeventos.com.br E-mail do evento: [email protected] 42º Feira Internacional de Presentes e Utilidades Domésticas 14 a 17 de março de 2011 Utilidades domésticas, mesa posta, artigos de copa e cozinha. Com cerca de 700 expositores será aberto(a) a empresários das 10h às 19h nos dias 14 a 16 de março e das 10h às 16h no dia 17 de março Promoção: Laço Ltda. Local: Expo Center Norte - São Paulo - SP Site do evento: www.giftfair.com.br E-mail do evento: [email protected] ART MUNDI – Edição Santos UNILAR – Zona da Mata 8ª Feira Mundial de Artesanato 02 de fevereiro a 11 de setembro de 2011 Peças de artesanato, decoração, vestuário, utilidades domésticas, tapetes, acessórios e complementos de moda, comidas típicas, etc. Com cerca de 170 expositores será aberto(a) ao público, das 14h às 22h de segunda a sábado, e das 14h às 21h aos domingos. Promoção: Diretriz Feiras e Eventos Ltda. Local: Mendes Convention Center - Santos - SP Site do evento: www.artmundisp.com.br E-mail do evento: [email protected] 14º Salão Internacional de Decoração, Artesanato e Design Decoração de interiores, design. Com cerca de 700 expositores será aberto(a) a empresários das 10h às 19h de 14 a 16 de março, e das 10h às 16h no dia 17 de março. Promoção: Laço Ltda. Local: Expo Center Norte - São Paulo - SP Site do evento: www.feiradad.com.br E-mail do evento: [email protected] 42 feiras e eventos / fairs and events 2ª Feira de Móveis, Decoração e Artigos para o Lar 17 a 20 de março de 2011 Móveis, decoração, arquitetura, artesanato, banho, piscina e sauna, cama, mesa e banho, construção, reforma e acabamento, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, gastronomia, iluminação, paisagismo, presentes e adornos, utilidades domésticas. Com cerca de 100 expositores será aberto(a) ao público, das 15h às 23h na quinta e na sexta-feira, e das 10h às 22h no fim de semana Promoção:Tecnitur Feiras, Congressos e Eventos Ltda. Local: Expominas Juiz de Fora - Juiz de Fora - MG Site do evento: www.unilar.com.br E-mail do evento: [email protected] FEIART – Edição Rio Grande do Sul 26ª Feira Internacional de Artesanato 25 de março a 03 de abril de 2011 Peças de artesanato, roupas, objetos de decoração e comidas típicas. Com cerca de 220 expositores será aberto(a) ao público, das 13h às 21h. Promoção: Diretriz Feiras e Eventos Ltda. Local: Centro de Exposições FIERGS - Porto Alegre - RS Site do evento: www.feiarters.com.br E-mail do evento: [email protected] BRASIL FEITO A MÃO Fairs and Events 16th International Handicraft Fair GIFT FAIR Wood handicraft, ceramics, imitation jewelry, artisanal chocolate, purses, rugs and others. Displaying about 1600 exhibitors, it will be open to the general public from 3 PM to 10 PM on January 21st to 27th, and from 3 AM to 11 PM on January 28th to 30th. Sponsorship:V & J Turismo e Eventos Ltda. Location: Pavilhão das Dunas do Centro de Convenções (Dunas Convention Center Pavilion) – Natal – Rio Grande do Norte State Event website: www.espacialeventos.com.br Event e-mail address: [email protected] 42nd International Gifts and Domestic Utensils Fair March 14th-17th, 2011 House utensils, set table, kitchen and pantry articles. Displaying about 700 exhibitors, it will be open to businessmen from 10 AM to 7 PM on March 14th-16th, and from 10 AM to 4 PM on March 17th. Sponsorship: Laço Ltda. Location: Expo Center Norte - São Paulo – São Paulo State Event website: www.giftfair.com.br Event e-mail address: [email protected] UNILAR – Zona da Mata ART MUNDI – Santos Edition 8thWorld Handicraft Fair February 02nd to September 11th, 2011 Handicraft, décor, clothing, house utensils, rugs, fashion complements and accessories, typical food, etc. Displaying about 170 exhibitors, it will be open to the general public from 2 PM to 10 PM on Mondays-Saturdays, and from 2 PM to 9 PM on Sundays. Sponsorship: Diretriz Feiras e Eventos Ltda. Location: Mendes Convention Center - Santos – São Paulo State Event website: www.artmundisp.com.br Event e-mail address: [email protected] 14th International Décor, Handicraft and Design Exposition Interior decoration, design. Displaying about 700 exhibitors, it will be open to businessmen from 10 AM to 7 PM on March 14th-16th, and from 10 AM to 4 PM on March 17th. Sponsorship: Laço Ltda. Location: Expo Center Norte - São Paulo – São Paulo State Event website: www.feiradad.com.br Event e-mail address: [email protected] BRAZIL MADE BY HAND 2nd Furniture, Décor and House Articles Fair March 17th-20th, 2011 Furniture, décor, architecture, handicraft, pool and sauna, kitchen, bed and bath, construction, renovations and repair, appliances, electronics, gastronomy, illumination, landscaping, gifts and furnishings, domestic utilities. Displaying about 100 exhibitors, it will be open to the general public from 3 PM to 11 PM on Thursday and Friday, and from 10 AM to 10 PM on the weekend. Sponsorship:Tecnitur Feiras, Congressos e Eventos Ltda. Location: Expominas Juiz de Fora - Juiz de Fora – Minas Gerais State Event website: www.unilar.com.br Event e-mail address: [email protected] FEIART – Rio Grande do Sul State Edition 26th International Handicraft Fair From March 25th to April 3rd, 2011 Handicraft, clothing, décor objects, and typical food. Displaying about 220 exhibitors, it will be open to the general public from 1 PM to 9 PM. Sponsorship: Diretriz Feiras e Eventos Ltda. Location: Centro de Exposições FIERGS (FIERGS Exposition Center) - Porto Alegre – Rio Grande do Sul State Event website: www.feiarters.com.br Event e-mail address: [email protected] feiras e eventos / fairs and events 43 Onde Encontrar Where to find Alice Mascarenhas (Página 6 / Page 6) Belo Horizonte – Minas Gerais Tel. 55 31 3234-3725 / 9637-3725 Flicker: www.flickr.com/photos/alicemascarenhas E-mail: [email protected] Lenice Góes (Página 10 / Page 10) Belo Horizonte – Minas Gerais Tel. 55 31 3461-1949 / 9618-7273 E-mail:[email protected] Thais Valadares Macedo (Página 14 / Page 14) Belo Horizonte – Minas Gerais Tel. 55 31 8624-3239 Blog:bijouteriasdepet.blogspot.com E-mail:[email protected] Atelier Leila Tassis – Leila Tassis (Página 18 / Page 18) Santo André – Bahia Tel. 55 73 3671-4031 / 55 73 3671-4027 / 55 31 9974-3344 Site : www.stoandre.com.br/atelier E-mail : [email protected] Lúcia e Luciana Rosalina (Página 25 / Page 25) Piedade dos Gerais – Minas Gerais Tel. 55 31 9626-4772 E-mail: [email protected] Grupo Lineart (Página 30 / Page 30) Limeira do Oeste – Minas Gerais Tel. 55 34 9995-1614 E-mail: [email protected]