Informativo Quarto Mundo 4

Transcrição

Informativo Quarto Mundo 4
C
Lídia Basoli
de, e o mais gratificante, enriquecedora.
Fizemos uma fala em português mesmo, com
algumas palavras em “portunhol”, mas pelos olhares íamos percebendo a importância da comunicação não pela palavra ou pela língua, mas principalmente pela arte.
Digo pela arte por todos os quadrinhos
independentes que pudemos levar para lá e
pelo encantamento e respeito que tiveram
com a gente.
Esperamos que numa próxima oportunidade
a gente aprenda ainda mais sobre a arte de fazer
quadrinhos, pois o que fizemos lá foi isso, aprender; aprendemos a olhar além e percebemos que
a arte não mede fronteiras.
Só temos a agradecer a Carol e ao nuestros
hermanos bolivianos.
om um “portunhol” arrastado passamos dois dias em Santa Cruz de La
Sierra na Bolívia na “VI Semana
Del Comic”. E esse “portunhol”
só nos trouxe coisas boas. Primeiro foi a
surpresa de participar de um evento como
esse e depois a alegria de conhecer novos
trabalhos e novas pessoas, tão queridas e
interessantes.
A organizadora do evento é uma brasileira do Rio Grande do Sul, Carolina
Petry, casada com o peruano Carlito
a quem tivemos o prazer de conhecer.
Quando a Carol nos convidou a participar
do evento, a nossa primeira reação foi de
surpresa.
O Sergio Chaves havia enviado o
material para lá para que a Carolina conhecesse o nosso trabalho com a Café
Sergio e Lídia co
m los hermanos
Espacial.
bolivianos
— E vocês me surpreenderam –
disse a Carol – porque eu conhecia o material imcheio de boas energias em uma cidade muito diferenpresso de vocês e fiquei encantada, mas perceber
te das que estamos acostumados com nova língua e
o profissionalismo e o amor que vocês têm pela
cultura, mas que nos recebeu de braços abertos.
revista e pelos quadrinhos foi mais enriquecedor
Quando saímos do nosso país é que nos damos
ainda. Quando vi a Café, pensei: ‘eu os quero aqui
conta do quanto que o mundo é grande e com pecuna Semana Del Comic”.
liaridades surpreendentes e enriquecedoras.
Nós agradecemos a gentileza e ficamos lisonA “VI Semana Del Comic” foi um excelente
jeados.
evento, com uma boa organização e bancas de quaDesde o ano passado estamos trocando emails
drinhos do pessoal da Bolívia, além de exposição de
quase que diariamente, “vacina”, “RG”, “viagem incartuns e ilustrações e uma área só com a exibição de
ternacional” e por aí vai. E foi com um prazer imenso
curtas feitos pelos “nuestros hermanos”.
que chegamos a Santa Cruz de La Sierra num vôo
Falar sobre a Café Espacial num evento como
mais do que tranquilo.
esse nos trouxe a dimensão e a importância, não ape— “Atenção senhores passageiros, dentro de alnas do nosso trabalho, mas da visão que cerca muitos
guns instantes estaremos aterrisando no aeroporto
da América Latina sobre o trabalho quadrinístico e
de Viru-Viru em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia”.
editorial brasileiro.
Descemos do avião e fomos recebidos carinhosaA admiração é grande para com a gente, com
mente pela Carol, com muito abraço e carinho.
os quadrinhos e a produção brasileira. Contudo, a
Conhecemos o Centro Simon Patiño que é o
responsabilidade de falar da Café, de representar os
local onde aconteceu o evento. Um espaço grande e
quadrinhos independentes no Brasil foi muito gran-
Por
A Bolívia e a Café Espacial
Contribuiç
ão
do Ano - 20
08
Troféu
Jayme Cort
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E
stamos chegando perto de mais
Em 2010, o coletivo, através de alum aniversário do Quarto Munguns membros, abriu um contato com
do, pois comemoramos em outuos autores e a produção na América
bro três anos de muito trabalho e
do Sul. Primeiro foi o Jozz, autor da
sucesso do nosso coletivo. Muitas coi“Zine Royale”, que fez uma grande
sas aconteceram desde o último Infortour (ver página 7) de mochila nas cosmativo: em 2009, continuamos com a
tas, conhecendo e trocando experiências
nossa participação em vários eventos,
com vários autores latinos e trazendo na
São Paulo, capital e interior (Jundiaí
bagagem muitas revistas.Logo na seque Campinas), Rio de Janeiro, Brasília
ência foi a vez do Sergio Chaves e da
e estivemos no 6º FIQ! (Festival InLídia Basoli, os responsáveis pela Café
ternacional de Quadrinhos de Belo
Espacial, serem convidados para particiHorizonte). Foi nesse mesmo evento
par da “VI Semana Del Comic na Boque o coletivo nasceu em outubro de
lívia“ (ver capa), evento tradicional onde
2007. Ganhamos mais dois prêmios
o intercâmbio também é a meta.
de reconhecimento pelo trabalho, o
Ainda tivemos uma grata surpresa ao
Bigorna e o DBArtes. Além disso,
sabermos que o Quarto Mundo foi citado
este Informativo, e a revista “Gano sétimo volume da coleção “Del Tebeo
Quarto Mu ndo
cit ado em
ragem Hermética”, foram seleal Manga” na edição de agosto deste
liv ro sob re qu
ad rin hos
cionados (ver página 6) no prestigiaano. Essa coleção é uma das melhores, se
díssimo Festival de Angoulême
não a melhor, em publicações sobre quana categoria Quadrinhos Independentes, a revista “La
drinhos do mundo. O texto onde se faz menção ao
Bouche du Monde” do Eduardo Barbier, editada na
coletivo é de autoria do Prof. Waldomiro VergueiFrança, que faz parte do Quarto Mundo já havia sido
ro, conhecido nos meios acadêmicos e quadrinísticos
indicada também nesta categoria.
como uma autoridade na nona arte.
Em setembro fizemos uma exposição paralela ao
Outra destaque é que o Troféu HQMIX deste
36º Salão Internacional de Humor de Piraciano traz três quartomundistas entre seus premiados,
caba e essa exposição gerou um catálogo (ver página
as revistas “Nanquim Descartável”, de Daniel
6) que foi distribuído, não só durante o período em
Esteves, como Publicação Independente de
que os trabalhos ficaram expostos naquela cidade mas
Autor e a “Café Espacial”, de Sergio Chaves
também em vários eventos e atividades em que o coe Lídia Basoli, como Publicação Independenletivo participou.
te de Grupo. As duas são bi-campeãs do prêmio.
E mais, o roteirista revelação foi o Alex Mir, responsável pela revista “Tempestade Cerebral” e pelo
texto de “A Mula sem Cabeça”, feita em parceria
com Laudo Ferreira e Omar Vinõle. E por falar
em Laudo (ver página 3), o conhecido e premiado
quadrinista também faz parte do grupo. Atualmente
ele deu um tempo na sua produção independente e
está totalmente dedicado à sua obra maior, Yeshuah,
história em quadrinhos que conta, de uma forma bem
particular, a vida de Jesus Cristo.
O leitor encontra nesse Informativo um super
catálogo, com todas as publicações pertencentes ao
Quarto Mundo com todos os números lançados até o
momento em que mandamos o jornal para a gráfica.
A ideia do Informativo é deixar registrado o volume de
nossa produção. Ainda faltou revista, mas com essas
páginas, esperamos que o leitor possa ter uma boa noção da contribuição do Quarto Mundo para a produção independente no Brasil nestes três anos de vida.
Fechando a edição temos uma página dedicada
ao motivo de nossa existência, os quadrinhos, porque
ninguém é de ferro. É, além da informação a diversão
também está na nossa pauta.
enho de Joz z
Então, boa leitura e bom divertimento.
blo de La Isla , des
Pue
http://4mundo.com
Informativo
2 QUARTO MUNDO
Retrato em preto e branco: na toca do Laudo
P
ompeia é um bairro da zona oeste de
São Paulo, criado por volta de 1910
quando foi feito um loteamento dividindo as chácaras em bairro. Diferente
do que se pode imaginar, o nome não é uma
homenagem a cidade italiana que em 79 d.C.
foi coberta pela lava do vulcão Vesúvio. E sim,
um ato romântico do empreendedor Rodolpho Miranda à sua esposa, Aretusa Pompéia.
O bairro em seu início atraiu diversos
imigrantes das mais diferentes etnias, como
italianos, portugueses, espanhóis e húngaros. Atualmente o local é considerado
de classe média alta e é onde se localiza o
SESC Pompeia (palco da premiação HQMIX
nos últimos anos).
O que isso tem a ver o perfil do artista em
questão?
Por
Tiago Souza
Absolutamente nada. Ou pelo menos
um ponto, foi para lá que me desloquei em
uma manhã ensolarada do mês de agosto. E
Laudo Ferreira Junior já mostrava disposição
para desenhar quando toquei a campainha. A
casa é simples, localizada em um ponto mais
tranquilos do bairro. Fui convidado a entrar e
lá ficamos por mais ou menos duas horas.
Há certa curiosidade no pequeno cômodo
particular do artista em sua residência. Três
boinas ficam penduradas na parede, acima
de uma coleção de crachás de eventos com
seu nome. Algumas caricaturas estão presas a
parede, mas observando o traço nenhum aparenta ter sido feito pelo próprio. Há uma mesa
de desenho que percebo ser bem antiga, “essa
prancheta que eu uso até hoje foi meu pai
quem mandou fazer”, me informa. Por fim, há
uma grande pilha de livros que devem ter sido
folheados recentemente e posteriormente empilhados de maneira que uma hora ou outra,
com qualquer esbarradinha que seja, irá cair.
Últimos trabalhos
Nos últimos anos, Laudo tem sido
um nome bastante comentado no
círculo dos quadrinhos. Foram vários
trabalhos publicados, em diferentes
editoras. Desde “Tianinha” até histórias do Zé do Caixão. Trabalhos
encomendados como os da editora Press até álbuns autorais como
“Yeshuah” e “Depois da Meia
Noite”, além de cuidar do próprio
estúdio, o Banda Desenhada.
Dois trabalhos têm se destacado
esse ano: “Yeshuah” (que já teve
os dois primeiros volumes lançados
pela editora Devir) e “Histórias do
Clube da Esquina” (projeto vencedor
do ProAc 2010 e continuação do que
iniciou no site do Clube da Esquina).
“Yeshuah”, produzida em parceria
com Omar Viñole, marca uma virada
na carreira do artista, e é uma visão pessoal de Laudo, sempre baseada em cima
de muita pesquisa, para a história de Jesus Cristo. “Algumas ideias do álbum, o
porquê fazer sobre o assunto, de ser Jesus, a forma como eu conto, coisas que
eu usei ali na narrativa... tudo isso daí é
o jeito que eu quero contar uma história em quadrinhos, independente de ser
Jesus. Ou seja, não é pelo assunto, é pela
forma de contar”, explica.
Interessante notar que o processo de
criação da obra começou em 2000, mesmo
ano em que começou
aquele que talvez seja
seu trabalho mais lembrado, Tianinha. O que denota a facilidade de Laudo em
trabalhar com temas bastante diferenciados.
Tianinha
A personagem surgiu em
2000, quando Laudo trabalhava
como ilustrador da revista Sexy.
O editor Licínio Rios havia decidido criar uma versão menor e
com preço mais acessível da revista,
chamando-a de Sexy Total (posteriorhttp://4mundo.com
mente apenas Total) e a ideia era fechar com uma
HQ. O próprio editor sugeriu personagens para
compor as páginas, e entre eles a Tianinha.
As histórias, que foram escritas em parceria com seu colega jornalista Dark Marcos (na
verdade, Marcos Pereira Melo, que se apelidou
fazendo uma brincadeira com a produtora estadunidense de filmes pornô Dark Brothers),
ganharam popularidade, e a personagem cada
vez mais destaque, até que em 2002 passaria
a ser a única protagonista. Três anos depois
deste fato teve seu primeiro especial. “Vendeu
muito, quase 30 mil exemplares, e a gente ficou bem assuntado, no bom sentido, porque
percebemos que a Tianinha tinha público”.
Laudo informa que chegou a brincar com o
fato dela existir de verdade. “Teve uma ocasião
que eu criei um perfil falso dela em um sexylog,
que era um site que aglutinava blogs, e a turma
ficava louca”. Também ressalta que muitas das
ideias para as histórias vinham da cabeça do
seu parceiro nos trabalhos Omar Vinõle.
O fim se deu em 2009, quando o próprio
artista sentiu que tinha esgotado as histórias da
personagem. Então, já falamos bastante desta
saudosa loira, vamos para o próximo ponto:
Zé do Caixão, Omar Viñole e
o estúdio Banda Desenhada
Laudo ainda morava em Jaboticabal quando
procurou José Mojica Marins, ou como é
mais conhecido Zé do Caixão. O objetivo era
convencer o ator e diretor a ceder os direitos
de sua imagem para adaptá-lo em HQ. E ele
aceitou na hora. O resultado foi À Meia-Noite
Levarei a sua Alma, publicado pela Nova
Sampa, em 1996, que rendeu posteriormente
o prêmio HQMix de Melhor Graphic Novel
Nacional do ano.
“Lembro que eu estava fazendo minha segunda história com o Zé do Caixão, Esta Noite
Encarnarei no Teu Cadáver, e queria trabalhar
com um arte-finalista. Frequentava direto a Gibiteca Henfil, quando ainda ficava na Rua Sena Madureira (como parte da Biblioteca Viriato Corrêa, o
que deixou de ocorrer em 1999, com a migração
da Gibiteca para o Centro Cultural São Paulo) e lá
o Dark Marcos me apresentou o Omar”.
Laudo confessa que já desde aquela época seu hoje parceiro de trabalho era um excelente arte-finalista. Em 1996, pouco tempo
depois se iniciarem o trabalho em conjunto,
os dois decidiram criar um estúdio, que viria
a se chamar Banda Desenhada, em homenagem ao nome das histórias em quadrinhos em
Portugal, país natal de Viñole e para onde sua
Informativo
3 QUARTO MUNDO
Laudo por ele mesmo
esposa faria uma viagem a trabalho para encenar o Auto da Barca do Inferno. O estúdio
segue até hoje realizando trabalhos para diversas empresas e editoras, e Laudo começou
a adaptar a obra mais famosa de Gil Vicente.
Curiosamente, apesar do sucesso da dupla, Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
ainda não foi publicado.
A mini-séria Depois da Meia-Noite
distribuída pelo Quarto Mundo
Outras obras
Óbvio que Laudo não se prendeu apenas
aos trabalhos aqui citados. Há todo um histórico nos quadrinhos eróticos no início de
sua carreira (que aliás, se deu em 1983) e no
terror. Por questões editoriais (sim, o editor é
sempre o culpado), este texto destacou apenas alguns pontos importantes. Houve também outro ponto de virada em sua carreira,
segundo ele, que foi a revista “Subversivos”,
pela Nona Arte, com roteiro de André Diniz.
Fora isso está sempre presente em publicações do Quarto Mundo (muito importante
destacar isso), inclusive com seu próprio selo,
Quadro Imaginário.
Enfim, muita história. Muita história boa
que fica para outro dia. Então, ligo meu carro e
vou embora. A toca do Laudo no Pompéia agora está ficando distante no retrovisor do meu
carro. Mas o talento desse grande artista não.
Esse está cada vez maior. Não só para mim, mas
para todos que acompanham seu trabalho...
Tiago Souza é jornalista, pesquisador, membro do
Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP e da
Comissão Organizadora do Troféu HQMIX.
[email protected]
A Serpente e a
Borboleta
Edição: Marlon Tenório
www.marlontenorio.com
El Fanzine
Edição: El Fanzine
http://el-fanzine.
blogspot.com
Almanaque Contos
da Madrugada
Edição: Felipe Meyer,
vários autores
www.gasosa.net
Café Espacial
Edição: Sergio Chaves e
Lídia Basoli, vários autores.
www.cafeespacial.com
Idéia
Edição: Wagner Passos,
Alisson Affonso e Ivonei
D´Peraça, vários autores.
www.vagaodohumor.com
Enquanto Isso...
Edição: Will
http://fotolog.terra.com.br/
gazetadenovaluz
EntreQuadros
Edição: Mário César
www.masquemario.net
JAM
Edição: Edu Mendes, vários autores.
http://anamorfoses.blogspot.com
Alexandria
Edição: Jader Corrêa, Carlos Francisco e Matias Streb
http://fotolog.terra.com.br/alexandriaquadrinhos
Camiño di Rato
Edição: Matheus Moura,
vários autores.
www.tokadirato.blogspot.com
F.D.P.
Edição: Leonardo Santana,
vários autores
www.leonardosantana.com.br
Ato 5
Edição: André Diniz e José
Aguiar
http://joseaguiar.com.br
Justiça Eterna - 28 edições
Edição: Sergio Chaves, vários
autores.
www.fotolog.com/justicaeterna
La Bouche du Monde
(França) - 11 edições
Edição: Eduardo Barbier,
vários autores.
www.labouchedumonde.
blogspot.com
Clube da Voadora
Edição: Hugo Nanni
www.hugonanni.com
Avenida
Edição: André Caliman, Rui Silveira
e Wellington Marçal
http://andrecaliman.blogspot.com
Conseqüências
Edição: Caio Majado
www.caiomajado.blogspot.com
Garagem Hermética
Edição: Roberta Bronzatto,
vários autores.
http://sociosltda.blogspot.com
Macaco Albino
Edição: Leandro Robles
www.escoladeanimais.com
BAGAÇA!
Edição: Rico, vários autores.
www.ricostudio.blogspot.com
Defensores da Pátria
Edição: Alex Mir, vários autores.
http://fotolog.terra.com.br/
defensoresdapatria
Breganejo Blues
Edição: Bruno Azevêdo
http://www.bazevedo.
blogspot.com
Caraminhola
Edição: Caio Yo
www.caioyo.com
Depois da Meia-Noite
Edição: Laudo Ferreira e Omar Viñole
www.estudiobandadesenhada.com.br
Grande Clã
Edição Guilherme Gardinni
http://grandecla.blogspot.com
Hangar Especial
Edição: Marcelo Tomazi
www.jeronimodesouza.com.br
Menino Caranguejo
Edição: Viviane Cris, Chicolam, Paulo
Kielwagen e Cristiane Drews
www.meninocaranguejo.com
Mini-zines
Edição: Carlos Soares
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Prática de Escrita
Edição: Edu Mendes e
Daniel Esteves
http://quartomundo.com
Sideralman
Edição: Will, vários autores
http://sideralman.blogspot.com
Nanquim Descartável
Edição: Daniel Esteves,
vários autores
http://www.hqemfoco.
com.br/nanquim
Prismarte - 53 edições
Edição: Milson Marins e José
Valcir, vários autores.
www.prismarte.com.br
Tempestade Cerebral
• Edição Alex Mir, vários autores.
http://alexmir.blog.terra.com.br/
Os Prazeres de Belinda
Edição: Laudo Ferreira e Omar Viñole
www.estudiobandadesenhada.com.br
Projeto Continuum - 9 edições
Edição: Rafael Tavares e Daniel
Siqueira, vários autores.
www.projetocontinuum.com
Solar
Edição: Wellington Srbek, vários autores.
www.maisquadrinhos.com.br
Patre Primordium
Edição: Ana Recalde e
Fred Hildebrand
http://patreprimordium.
blogspot.com
Peiote
Edição: Jaum Felipe
http://viajantejaum.blogspot.com
Sobrancelha - Histórias
Paralelas
Edição: Daniel Siqueira
www.osobrancelha.com
Verdugo, o inacreditável
Edição: Verônica S. de Souza Saiki
www.verdugooinacreditavel.
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Subterrâneo - 38 edições
Edição: Marcos Venceslau,
vários autores
http://subterraneo.zine.zip.net
Quadrinhópole
Edição: Leonardo Melo, vários autores.
www.quadrinhopole.com
Salomão Ventura - Caçador
de Lendas
Edição: Giorgio Galli Neto
www.salomaoventura.blogspot.com
Pieces
Edição: Mario Cau
www.mariocau.blogspot.com
Zine Royale
Edição: Jozz, vários autores.
www.zineroyale.wordpress.com
Subterrâneo Especial e
Coletânea Roteiristas
Convidados
Edição: Will, vários autores.
http://subterraneo.zine.zip.net
Piratas
Edição: Marcos Venceslau
http://subterraneo.zine.zip.net
Sápios e Mutunas
Edição: Frank Delmindo
www.fotolog.com/frank_delmindo
Zine Sindromina
Edição: Rodrigo Mello
www.zinesindromina.com
QUARTO MUNDO EM ANGOULÊME
Por
O
Lídia Basoli
ano começou bem para o coletivo Quarto Mundo.
Em janeiro, entre os dias 28 e 31 aconteceu o 37°
Festival de Angoulême (Festival International de
La Banda Dessinée), o maior festival de quadrinhos
da Europa, um dos mais prestigiados.
E duas publicações do coletivo marcaram presença no
festival: a revista Garagem Hermética #5 e o Informativo Quarto Mundo #3 indicadas para concorrer ao Prêmio dos Quadrinhos Alternativos. Além dos indicados do Quarto Mundo também concorria outra publicação
nacional a Top! Top! #25 da Editora Marca de Fantasia. E notícia foi recebida com
muita alegria.
“Confesso que só de termos sido selecionado já nos sentimos vencedores, mas
tenho consciência de que ainda podemos melhorar bastante para uma próxima competição” ressalta Edu Mendes, participante da revista Garagem Hermética e editor do
informativo Quarto Mundo.
Ganhar o Le Fauve seria uma honra “mas concorrer já foi realmente muito legal e
importante para o olhar sobre os quadrinhos brasileiros”, afirma ainda Edu.
Contudo, O Fauve D’Angoulême - Prêmio dos Quadrinhos Alternativos ficou com
Special Comics n°3, publicado em Nanjing, na China.
Sobre a premiação
Inicialmente, o prêmio do Festival de Angoulême se chamava Alfred, em homenagem ao pingüim da tira Zig et Puce, de Alain Saint-Ogan. Em 1989, o prêmio mudou
de nome e passou a se chamar Alph-art, título do álbum inacabado de Tintim, em
homenagem a Hergé. Esse nome perdurou até 2003, quando o prêmio deixou de ter
um nome.
Em 2007, Lewis Trondheim criou o mascote oficial de Angoulême, o gato conhecido como Le Fauve. E este passou a ser o nome dos prêmios desde 2008.
Sam Hart fez a ilustração de
capa da Garagem Hermética
#5 e André Caliman fez a do
Informativo Quarto Mundo #3
Página por Página
Uma exposição para ser lida
E
Por
m setembro de
2009 o artista
gráfico e cartunista de Piracicaba Fábio San Juan
propôs ao Quarto
Mundo a realização de uma exposição paralela ao
36º Salão Internacional de Humor
de Piracicaba. Edu
Mendes, membro
do coletivo, acatou
a proposta e ambos
ficaram responsáveis
pela curadoria da
exposição “Página
por Página”.
Ao todo são 41
autores, entre desenhistas e roteiristas,
apresentando
25
histórias fechadas de
uma página ou, em alguns casos, tiras que se encerram no seu próprio significado, possibilitando
ao visitante/leitor uma apreciação e uma percepção mais ampla do conteúdo da exposição.
As histórias em quadrinhos e tiras foram
impressas em painéis de tamanho A2 e mostram um panorama da recente produção de
histórias em quadrinhos, dentro do grupo de
http://4mundo.com
Informativo
6 QUARTO MUNDO
Will
norte a sul do Brasil,
mostrando estilos de
narrativa e desenhos
bastante diversos.
O projeto contou ainda com um
catálogo, algo inédito no que se refere
às exposições paralelas ao Salão de
Humor, que foi viabilizado através do
Fundo de Apoio à
Cultura de Piracicaba. Além ser um
registro
impresso
da mostra é também uma revista em
quadrinhos, o que
conferiu ainda mais
originalidade à proposta. No formato
21x28cm contém as
pranchas da exposição, as biografias dos autores e um texto de
apresentação assinado por Gualberto Costa
que junto com Jal é um dos criadores do Troféu HQMIX.
Além de ficar em cartaz durante todo o
período do salão a exposição já foi levada
para Jundiaí e Campinas, também cidades do
interior de São Paulo.
Jozz na América do Sul:
N
recortes do diário de viagem
o primeiro semestre de 2010 coloquei
o pé na estrada novamente, mas dessa vez por vários países da América do
Sul. (Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia
e Peru.) Venho fazendo uma pesquisa pessoal sobre o tema há um bom tempo e agora
vou aproveitar este espaço precioso no Informativo Quarto Mundo para falar de um dos
pontos de investigação: Quadrinhos.
Eu queria mostrar meu trabalho por estas
desses que têm sua própria editora independente, a Loco Rabia. Também colabora com
outros grupos, La Productora e Dies Mercuri, inclusive o blog Historietas Reales. Do
grupo La Productora conheci o Carlos Aón.
Reencontrei também a Cammie, quadrinista
que participou da Zine Royale #4.
Depois foi a vez de rever o casal de artistas
Javier Suppa e Keki Un Puntito, que deram
um duro danado na organização do Viñetas
Na mochila vieram publicações indepedentes de vários paíes: quatro da Argentina...
terras, e evidentemente, ter contato com a
produção dos nossos companheiros de profissão. Para se ter uma ideia melhor da proposta
desta viagem, basta ler a edição número 4 da
revista Zine Royale – Edición Latinoamérica,
lançada em 2009, onde focamos este tema,
sendo inclusive uma edição bilíngüe. Há participação do mexicano J. Alfaro e da argentina
Cammie, entrevista com o Guazzelli, e artigo
quadrinhos latinos.
Sugiro então, caro leitor, que guarde com
carinho esta edição do informativo, procure
na internet os nomes dos autores que vão
aparecer aqui, vá aos diversos festivais organizados pelo continente e descubra o que está
aqui ao nosso lado há muito tempo e você
não sabia. No te arrepentirás!
Antecedentes. Estive duas vezes em Buenos Aires, em 2007 e 2009. Na primeira, ainda não conhecia muito de quadrinho argentino atual. Comprei alguns da Editora Domus.
O editor comprou tudo o que levei do Brasil, e
eu comprei quase tudo o que ele tinha no momento, entre eles trabalhos de Max Aguirre,
Lucas Varela, e Mr. Exes.
Na segunda oportunidade, fui para participar da feira dentro do Festival Viñetas
Sueltas, organizado pelo Thomas Dessance
e muitos outros. Montei uma banca do Quarto Mundo. Neste festival busquei os autores
que citei acima, e para minha alegria, conheci
ainda muitos outros profissionais. Desses contatos, alguns já viraram amizade e parceiros
de trabalho nos meses seguintes.
Então, começamos a viagem, eu e Denny
Chang, quadrinista de Porto Alegre e participante da Zine Royale. Chegando a Montevideo, liguei para o editor do Grupo Belerofonte, Rodolfo Santullo, que conheci no
Viñetas, e Ramiro Sanchiz, roteirista. Alguns
dias antes entreguei 10 páginas de quadrinhos
para eles. “Mariposas”, com roteiro de Ramiro, para uma coletânea chamada “Monstruo”,
organizada por Rodolfo.
Depois de passar por Colônia de Sacramento e pegar um barco para cruzar o Rio
da Prata, chegamos a Buenos Aires. Ficamos
hospedados vários dias na casa do Alejandro
Farias, grande roteirista e amigo. Estamos
produzindo um álbum juntos. Ele é mais um
Reyes. Os dois talvez sejam os maiores articuladores dos quadrinhos no país, organizando
respectivamente, Comic Para Las Masas, e o
festival Viñetas Del Fin Del Mundo.
Carlos nos recebeu em sua casa numa
quinta feira à noite, e fez questão de contar
a história da historieta chilena. Arrependo-me
muito de não ter levado um gravador. Mas
para aliviar a dor, nos deu de presente o anuário “Día de La historieta” editado por ele,
e que conta boa parte de tudo o que ele se
animou em contar.
Na sexta-feira, a convite de Carlos, dormimos em sua casa para irmos todos juntos
a Valparaíso. Nessa madrugada aconteceu o terremoto. Assistimos quase toda a
imensa biblioteca de quadrinhos de Carlos
ir para o chão.
O governo fechou as estradas por questão de segurança. Dois dias depois conseguimos chegar a Valparaíso, onde além de
dormir na praça, conhecemos o Museo
Mirador de Lucca, o famoso artista gráfico
Chileno, já falecido.
Apesar de
seguir lendo
e desenhando durante os
dias seguintes
de viagem, só
fui ter contato novamente
com quadrinistas quando
cheguei a La
Paz, na Bolívia, depois de
ter feito um
...três da Bolívia...
Sueltas 2009. Nós nos encontramos na escola
de arte Sótano Blanco. Foi lá ter conosco também o Salvador Sanz. Seu álbum “Noturno”,
será lançado no Brasil pela Ed. Zarabatana.
Alejandro está organizando a seção de quadrinhos do da revista digital No Retornable. Nesta última edição participei com uma história de
12 páginas, “Com gusto a maracuyá”.
Visivelmente na Argentina a produção é
maior que os outros países, e a movimentação entre os autores e leitores, por meio de
eventos e escolas, também parece estar mais
consolidado.
Passamos por Rosário e depois Tucumán,
onde pretendíamos encontrar com o César Carrizo, mas não deu certo os horários. Vale conhecer o site Dibutopia.org, onde estão reunidos
os grupos de artistas gráficos de Tucumán.
Depois de conhecer Salta e Jujuy, voltei
a “descer” e cheguei a Córdoba. Lá procurei
pela galera da editora LLanto de Mudo. Eu
somente conhecia os desenhistas Renzo Podestá e Nicolás Brondo, mas o editor mesmo
era Diego Cortés. A LLanto é mais uma editora de um homem só, além de uma livraria
homônima no centro da cidade. Fui até lá encontrar Diego, Nicolás e o cartunista Sérgio
Más – este último, conheci no Brasil.
Deixei Córdoba e passei alguns dias em
Mendoza, cidade natal do Quino, e então,
cruzei a cordilheira de ônibus para chegar a
Santiago, no Chile. Tinha contanto com dois
autores. O primeiro foi Rafael Nangarí que
ilustrou um álbum maravilhoso chamado Tauca, sobre os povos originários do sul do Chile; o segundo foi o grande roteirista Carlos
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tudo e foi um dos momentos mais felizes da
minha vida como autor de quadrinhos.
Na Bolívia não há editoras, não há revistas
nas bancas, e quase não se encontra algo nas
livrarias, mas existem grupos fortes se auto publicando e movimentando o cenário por conta.
Conheci no lançamento o pessoal à frente do
Viñetas Com Altura, o festival que leva todo
ano ao país profissionais de todo mundo. Faço
questão de citar vários nomes de artistas que
conversei e que se revelaram bons amigos, Jorge Siles, Alexandra Ramírez, Joaquin Cuevas, Susana Villegas e Marco Tóxico. Eu já
estava no Brasil quando começou a edição desse ano do festival, e pelo que acompanhamos
pelas notícias da revista Café Espacial e do
quadrinista Gabriel Bá, que participaram do
evento podemos ver que não deixou a desejar.
Então, de La Paz seguimos para o Lago
Titicaca, Copacabana, Isla Del Sol, desenhando, escrevendo e pensando. E depois, Peru.
Cuzco e Machu Pichu. Tinha o contato de artistas que viviam em Lima. Escrevi para Jesus
Cossio, Jorge Peréz Ruibal e Benjamin Corzo, e segui para lá. Nos encontramos todos na
Livraria e Editora Contracultura, do próprio
Benjamin, onde apareceu também o quadrinista José Antonio Vilca.
Concluindo, a viagem continuou com
muitos rabiscos. Depois de contar boa parte
do trajeto resumidamente, posso dizer que
todas as pessoas que conheci foram muito
amáveis, e se mostraram extremamente felizes ao ver brasileiros da área finalmente interessados no trabalho deles. E igualmente
querem saber o que está acontecendo no
Brasil, pois nada chega lá. Devemos superar a
questão da língua, o espanhol é fácil, e mes-
...também quatro do Chile...
giro por quase todo
o país. E aqui entra
o mestre Frank Arbelo. Ele – que na
verdade é cubano
e vive em La Paz há
anos – é um dos organizadores da revista SudaMeryK!,
ao lado dos já mencionados Thomás
Dessance (argentina) e Carlos Reyes
(Chile).
...duas do Peru e uma do Uruguai
Queríamos reunir alguns artistas e Frank
nos levou ao C+C Espacio, uma maravilhosa gibiteca, e propôs um lançamento com as
nossas publicações. O responsável pelo local
se animou tanto que além do lançamento quis
fazer uma exposição com prints. Organizamos
Informativo
7 QUARTO MUNDO
mo assim é possível fazer-se entender com
o português. Promover o intercambio entre
os países latino-americanos é essencial. Mais
que isso, é imprescindível diante das mudanças do mundo. Acredito que nosso papel,
como autores, não é pequeno nessa história
se pensamos grande.
Hugo Nanni
mÁRIO cÉSAR
Coelho Nero
Omar Viñole
Leonardo Santana
Este informativo é uma publicação do QUARTO MUNDO - Coletivo de Quadrinistas Independentes •Edição: Will (design da publicação) •Co-edição: Lídia Basoli (jornalista responsável MTb 45.532/SP) e • Textos: Jozz, Lídia Basoli, Tiago Souza e Will
•Colaboraram com hqs, ilustrações e tiras para este número: Will (capa), Hugo Nanni, Laudo Ferreira, Leonardo Melo, Leonardo Santana, Marcelo Saravá, Mário César, Omar Viñole e Rico • Impressão: LTJ EDITORA (11) 2063-4836.

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