O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na
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O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na
1ª Edição Fevereiro de 2012 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Baruch Ben Avraham 24 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Kahal Yisrael – Comunidade de Israel Bairro Nova Brasília. CEP 78964 – 250 Ji-Paraná. Rondônia, Brasil Tel (69) 3421-6051 Cel 69 8111-3082 Página W eb: http://www.comunidadedeisrael.com.br/ Rua Mis. Gunnar Vingren 1922. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 25 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 26 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O Pseudo Targum Yonathan1 atribuído a Yonathan Ben Uziel 2, um dos 80 Tannaím,3refere-se ao local para onde o Eterno despacharia Israel por seus pecados como o mítico Rio Sambatyon. “Eis que faço aliança que eu não vou mudar este povo para se tornar um povo estrangeiro, não obstante de ti procede uma multidão dos justos, e com todo o teu povo farei maravilhas no momento em que eles entrarem em cativeiro pelos rios de Babilônia, porque eu os farei subir dali, e vou fazê-los habitar dentro do Rio Sambation...” Pseudo Targun Yonathan, Shemot/Ex 31-31. Uma vez que o Rio Sambatyon é recorrente na literatura rabínica como sendo o local para onde as dez tribos foram exiladas e confinadas identificá-lo é importante para ajudar a traçar a caminhada do povo. Flávio Josefo (37-100 DEC) o situa nalgum lugar entre Beirute no Líbano e a Província Romana de Raphanea na Síria Atual. O Rabi Moshe ben Naḥman Girondi (1194-1270), mais conhecido como Nahmanides o identifica como o Rio Khabur. 1 Também chamado de Targum Yerusalami, o Pseudo Targum Yonathan é descrito assim por não haver unanimidade sobre sua autoria. É um targum ocidental que contrasta com Targum Onkelos de Aquila, o grande prosélito romano do judaísmo. 2 Yonatan Ben Uziel é um dos 80 tannaim ou repetidores da tradição. Discípulo de Hllel o Velho (110 AEC – 10 DEC), o homem que criou a regra de ouro do período tanaítico: ―Aquilo que é odioso para você, não faça a seu companheiro, isso é toda a Torah, o resto é comentário...." (Talmud Babilônico , Tratado Shabat 31a.) Hillel não é mencionado na Brit Chadashá, mas muitos dos seus conceitos estão lá. O próprio Shaul, mais conhecido por Paulo foi educado a seus pés. Atos 22:3. Rabban Gamaliel I (1-50 DEC) O Talmud declara: ―Quando Raban Gamaliel, o velho, faleceu, cessou a glória da Toráh, e pereceram a pureza e a santidade‖ — Sotah 9:15. O livro de Atos diz que ―certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo,‖ (Atos 5:34) interrompeu a perseguição contra os discípulos de Yeshua alegando: ―Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Elohim, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Elohim.‖ Atos 5:38-39. Isso nos dá uma ideia do peso que os escritos de Yonatan bem Uziel, neto de Gamliel, um dos maiores sábios do judaísmo tem dentro da literatura rabínica. Tanaim (repetidores ou professores) é a segunda era rabínica de (70 a 200 DEC) do período Chazal, acrônimo de Hakhameinu Zikhronam Liv'rakha (nossos sábios de abençoada memória), e se seguiu a Era Zugot ou pares (515 AEC a 70 DEC) quando a liderança ficava a cargo de dois rabinos. A terceira é a dos Amoraim ou aqueles que dizem (200 a 500 DEC). A quarta é a dos Savoraim (500 a 600) quando o Talmud adquiriu sua forma final. A quinta Geonim, orgulho ou pompa (600 a 700), que discutiu pontos não mencionados no Talmud, época em que um líder ou Resh era aceito durante a dinastia muçulmana dos abássidas como representando todo o judaísmo. A sexta foi a Rishonim (1000 a 1500). A era atual, a Acharonim se iniciou no século 16. Os acharonim são estudiosos que podem formular novos conceitos, mas sem desafiar os estudiosos anteriores. Noutras palavras, são estudiosos da tradição, não reformadores. 3 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 27 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O Rio Khabur com 486 km de extensão é o mais importante afluente do Eufrates e desemboca no território sírio com uma vazão média de 45m³ por segundo, sendo uma das mais importantes fontes de água perene numa região semiárida, sendo vital para a agricultura em toda a sua bacia. O fato do Rio Khabur desembocar perto da cidade de Busayra no nordeste da Síria e próximo ao atual Iraque uma vez mais nos dá a ideia de que o caminho das tribos perdidas foi em direção ao Oriente, e que terminado o cativeiro assírio elas se dirigiram para o centro da Ásia. Menasseh Ben Israel (1604-1657) o localizou perto do Mar Cáspio em sua viagem à índia,4 apesar de que sua descrição contraria a de Josefo. 5 Independentemente das lendas que cercam o rio Sambatyon que começam no Talmud, 6 sabe-se que se localiza a noroeste de Israel, e que as tribos perdidas estavam para além dele. 4 Enquanto Josefo identifica o Rio Sambation entre o Líbano e a Síria, Nahmanides o identifica como o Rio Khabur, afluente do Eufrates no Crescente Fértil. Rio Khabur, Síria, perto Diga Sheikh Hamad, Autor: Bertramz, Wikimedia Creative Commons 3.0. The Fertile Crescent, Middle East topographic map-blank.svg, Autor: Sémhur, Wikimedia Creative Commons 2,5. Manasseh Ben Israel (1604-1657) também descreve esse rio mítico em seu livro Mikvé Israel (Esperança de Israel) dizendo: "É de 17 milhas de largura e atira pedras à altura de uma casa no sábado quando está seco. Então não há uma única pedra, e se assemelha a um lago de areia branca de neve. Os gentios que moram perto do rio não bebem de sua água, nem a dão a seu gado, considerando-o um rio sagrado. A água tem, além disso, um poder curativo contra hanseníase e outras doenças. O rio deixa de fluir na sexta-feira, duas horas antes do pôr do sol;.. e durante este intervalo antes do sábado os judeus fazem incursões nas terras vizinhas.‖ Leia mais na Enciclopédia Judaica: Read more:http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=113&letter=S#ixzz1ZofESZNI 5 Flavio Josefo (38-100) contraria a visão rabínica e a de Plínio ao descrever a marcha triunfal de Tito a partir de Beirute com os cativos judeus. ―Encontrou ele em seu caminho um rio, que bem merece dele dizermos alguma coisa. Ele passa entre as cidades de Arcé e de Rafanéia, do reino de Agripa, e tem algo de maravilhoso. Depois de ter deslizado por seis dias com grande abundância de água e curso rápido, de repente seca e recomeça no dia seguinte a correr, durante outros seis dias, como antes e a secar no sétimo dia, sem jamais alterar esta ordem, o que lhe mereceu o nome de Sabático, porque pareceu que ele comemorava o sétimo dia, como os judeus o fazem com o sábado.‖ Flavio Josefo, História dos Hebreus, CPAD, Rio de Janeiro. 6 O Talmud diz que quando Tineius Rufos perguntou ao Rabi Akiba como poderia provar a superioridade do shabat sobre os outros dias, o Rabi Akiba lhe disse:‖Deixe o Rio Sambation provar.‖ (Sanh. 65b). Segundo o Talmud esse rio carregava e arremessava pedras em sua correnteza durante toda a semana, menos no sábado. Esta história de um rio que corria por sete dias, mas descansava no sábado é mencionada também por Plínio, o Velho (23-79 DEC). Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 28 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Outra opinião é que houve uma confusão entre o Rio Sambation mencionado por Yonathan e o rio sabático mencionado por Josefo. Segundo essa opinião, o Rio Sambatyon era apenas um rio, um rio normal para além do qual as dez tribos foram exiladas e nada mais e que nada tem a ver com o rio sabático de Josefo. Com o passar do tempo os dois rios foram confundidos dando lugar as mais fantasiosas descrições não só de rabinos, mas também de escritores medievais.7 O mais ponderado é interpretar as lendas que cercam o Rio Sambation como uma metáfora criada pelos rabinos para descrever a forma como Adonay preservaria as dez tribos de tal forma que elas, confinadas por um poder sobrenatural, não se distanciassem demasiado da terra santa que já não pudessem voltar. A partir daí, o esforço desesperado do povo judeu de encontrar seus irmãos israelitas, e talvez somar forças a eles a fim de conseguirem o poder para voltar para casa alcançando a tão sonhada redenção alimentou as lendas sobre o caráter desse rio que impedia o retorno destes. Na verdade o rio que confinou os efraimitas foi o Rio da Palavra segundo a qual Efraim não voltaria dentre os gentios para se reunir com Yehudáh antes que o Maschiach se manifeste. “Naquele dia a raiz de Yshay (Jessé) será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações; gloriosas lhe serão as suas moradas. Naquele dia YHWH tornará a estender a sua mão para adquirir outra vez o resto do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas do mar. Levantará um pendão entre as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Yehudáh congregará desde os quatro confins da terra. Também se esvaecerá a inveja de Efraim, e os vexadores de Yehudáh serão desarraigados; Efraim não invejará a Yehudáh e Yehudáh não vexará a Efraim.” Yesahayahú/Is 11:10-13. 7 Talvez a mais fantástica descrição seja a de Edad há-Dani, um comerciante e viajante do século IX que alegava proceder de um reino da África Oriental dominado pela tribo de Dan. Há-Dani assume que o Rio não era de água, mas de areia, e que não impedia a dispersão dos Bene Israel, mas dos Bene Musa, ou filhos de Moisés que segundo a tradição foram para a África e lá ficaram confinados até se converterem ao islã, tema que será tratado no capítulo sobre os judeus negros. ―Os filhos de Moshe são cercadas por um rio semelhante a uma fortaleza, que não contém água, mas sim rolos de areia e pedras com muita força. Se ele encontrasse uma montanha de ferro, sem dúvida, poderia transformá-lo em pó. Na sexta-feira, ao pôr do sol, um nuvem envolve o rio, de modo que nenhum homem é capaz de atravessá-la. No fim do sábado o rio retoma o seu curso normal de pedras e areia. A largura geral do rio é de 200 varas, mas em certos lugares é de apenas 60 varas de largura, para que possamos conversar com eles, mas nenhum de nós pode atravessar para o outro do lado. "(A. Epstein 5f.).‖ Leia mais em:http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=113&letter=S#ixzz1ZorT152q Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 29 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Qualquer que seja este Rio Sambatyon, que bem pode ser o Khabur um afluente do Eufrates como pensava Nahmanides, ou o próprio Eufrates, a literatura rabínica é prodiga em falar do retorno de seus exilados a Israel como pode se ler no Midrash Rabá.8 “No futuro, o Santo, bendito seja, vai trazê-los, uma vez que afirma em Yeshayahú/Is (49:12): "Eis que estes virão de longe, e eis estes a partir do norte e do oeste, e estes da terra de Sinim (China). "O exilado virá com eles, assim como as tribos além do Sambatyon e no interior das montanhas das Trevas. Todos estes irão se reunir e chegar a Yerushalaim.” (Rabino Rafael Eisenberg, A Matter of Return p. 132, citando Midrash Rabba, Sh'lach 16) A Midrash Rabá também alude a esse retorno das tribos exiladas para além do Rio Sambatyon por ocasião do Reino do Maschiach (Messias) a fim de terem parte no mundo vindouro dizendo: “... A diáspora de Judá e Benjamin vai sair em busca das Dez Tribos, exiladas por trás do Rio Sambatyon, os trará de volta para que juntos, participem do reino do Messias, e da vida no Mundo por vir. (Rabino Rafael Eisenberg, A Matter of Return p. 133, citando Yalkut Shimoni, Cântico dos Cânticos 1:16) O fato de que as tribos perdidas estão em toda a parte e que devem retornar, agita os debates entre os judeus rabínicos ha muitos séculos. Entre os místicos cabalistas askenazim, é proverbial o conceito de que as tribos perdidas estão espalhadas por toda a terra e devem retornar ao fim dos dias, na Era Messiânica. Por essa razão, eles ainda mais que os outros, têm procurado estabelecer uma ponte através da qual os integrantes dessas tribos que se identificam como tal ou que pretendam se converter ao judaísmo, sejam integrados na comunidade judaica. Organizações como a Shavei Israel, fornecem informações sobre onde estas tribos podem estar. Eles lembram que o Talmud apresenta duas visões diferentes. O Rabi Akiba não cria no seu retorno alegando que foram lançados numa terra distante até à época. O Rabi Eliezer sustentava que retornarão como o sol se põe, mas volta pela manhã. 8 Grande Interpretação, uma compilação das interpretações rabínicas dos primeiros séculos. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 30 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica “As dez Tribos não retornarão, pois é dito, e os lançou em outra terra, até o dia de hoje, assim como o dia vai e não volta, então eles também foram e não voltarão: Isto é dito pelo R. Akiba. O R. Eliezer disse: Assim como o dia escurece e a luz torna novamente, ainda que as dez tribos estejam na escuridão elas tornarão a ter luz.” Misnah Sanedrim 110. Mas por que um Rabino como Akiba cuja memória é reverenciada como o maior de todos os sábios da era tanaítica chegou à conclusão extrema de que as dez tribos não mais retornariam? O professor Klausner adianta uma resposta: “R. Akiva criou a sua opinião, porque ele tinha proclamado BarKokhba como Messias e estava esperando a redenção de Israel por meio dele, enquanto o restante das Dez Tribos naquela época ainda não havia retornado para a Palestina e não tinha intenção de fazê-lo. Este último fato pode ter sido descoberto por R. Akiva em suas longas viagens para a Gália, África, Arábia, e particularmente a Media, onde as Dez Tribos tinham sido exiladas segundo as Escrituras (II Reis 17:6). Por isso ele foi forçado a oporse à opinião de que as Dez Tribos deviam retornar na era messiânica.” (A idéia Messiânica de Israel, p. 474 citado em Será que as Tribos Perdidas Voltarão? – United Israel World Union). O debate sobre o destino das dez tribos prossegue na Guemará com alguns rabinos dizendo que elas não terão parte nem mesmo no mundo vindouro e outros dizendo que estão excluídas do mundo presente, mas não do mundo vindouro. “Nossos rabinos ensinaram: As dez tribos não têm nenhuma parte no mundo por vir, como ele diz, e o Senhor os arrancou da sua terra com ira, e em ira, e com grande indignação: "E o Senhor os arrancou da sua terra , refere-se a este mundo, e os lançou em outra terra - para o mundo que virá: esta é a opinião de R. Akiba. R. Simeon b. Judá, da Kefar de Aco, disse na autoridade do R. Simeão: Se seus atos continuarem como no dia de hoje, não voltarão, caso contrário eles voltarão. O rabino disse: Eles entrarão no mundo vindouro, como se diz: “E será que naquele dia, que a grande trombeta será tocada, [e virão os que estavam prestes a perecer na terra da Assíria, e os desterrados na terra do Egito, e adorarão o Senhor no monte santo de Jerusalém.” ... Surpreendentemente o Rabi Bar Hana repreende Akiba: “Rabá b. Bar Hana disse em nome de R. Johanan: Aqui o R. Akiba abandonou seu amor, pois está escrito: Ide, e apregoa estas palavras para o norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor, e eu não vou fazer com que a minha ira caia em cima de você, porque eu sou compassivo, diz o Senhor, e não vou manter a minha ira para sempre.” Misnah Sanedrim 110. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 31 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Assim, fica demonstrado que o tema do retorno das tribos perdidas de Israel desde longe foi debatida entre os rabinos, a Beit Chabad defende o retorno dessas tribos explicando que elas não se levantarão mais como uma entidade independente, mas sim como uma entidade ligada a Casa de Yehudáh. Dessa maneira pretendem os chassidim harmonizar Yeshayahú com Amos. Porque Yeshayahú (Is. 27:13) diz que uma grande trombeta será tocada e todos os filhos de Israel que foram lançados em terras distantes, voltarão inclusive Ashur (Assíria) que é uma referência ao exílio de Israel. E Amos 5:1-2 diz que a virgem de Israel caiu para nunca mais se levantar. “As dez Tribos não retornarão, pois é dito, e os lançou em outra terra, até o dia de hoje, assim como o dia vai e não volta, então eles também foram e não voltarão: Isto é dito pelo R. Akiba. O R. Eliezer disse: Assim como o dia escurece e a luz torna novamente, as dez tribos - ainda que estejam na escuridão, tornarão a ter luz para elas.” Misnah Sanedrim 110 A complete set of the Babylonian Talmud (Coleção Completa do Talmud Babilônico). Wikimedia Commons – Wikipedia. Autor Reuvenk. http://en.wikipedia.org/wiki/File:Talmud_set.JPG Através do profeta Hoshea (Oseias) o Eterno lembra que apesar de sua origem separada dos gentios, Efraim misturou-se com eles perdendo sua identidade, mantendo-se parcialmente assado pelo fogo da verdade e parcialmente cru pelo distanciamento desta. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 32 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica “Efraim se mistura com os povos; Efraim é um bolo que não foi virado.” Hoshea (Oseias 7:8). A Beit Chabad insinua que a dificuldade de Rabi Akiva em entender o retorno de Efraym decorreu de interpretar a declaração contida em Amós sem considerar a declaração contida em Yeshayahú e que isso resultou na grave distorção de considerar irremissíveis as tribos perdidas de Israel. 9 A solução para o enigma é que as tribos perdidas não voltam para estabelecer um Estado próprio e independente sediado em Shiken (Siquem) ou em Shomeron (Samaria) ou para terem um reino próprio, mas para ser parte do Grande Israel sediado em Yerushalaim e sob a condução de Maschiach há Melech (Rei Messias) que há de governar sobre terra e mar. Esta perspectiva é claramente revelada nos profetas. Zecharayah (Zacarias) diz: “Assim diz YHWH dos Exércitos: “Naqueles dias, dez homens de todas as línguas das nações agarrarão firmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: „Nós vamos com você porque ouvimos dizer que Elohim está com vocês.” Zechariah 8:23. Não resulta difícil entender quem são estes dez homens dentre os gentios. São as dez tribos perdidas de Israel, vivendo entre os gentios, comportando-se como gentios, e não obstante israelitas. Possivelmente seria essa a fundamentação do Rabi Eliezer, ainda que o Talmud não chegue a tanto, ou seja, não deixa as coisas detalhadas e perdeu a áurea oportunidade de revelar que a missão do Maschiach é buscar suas ovelhas dispersas, e fazer das outras ovelhas parte de um único rebanho sob a condução de um único pastor. Como elas retornarão, ainda é um mistério. Uma parte das fontes rabínicas acredita que deverão retornar, no entanto alguns desses que retornam nem sabem que são israelitas e alguns nem mesmo querem retornar; esse retorno será um ato de força sobrenatural e irresistível da parte do Criador, mas outros pensam numa ação espiritual. 9 Para acessar o artigo da Chabad sobre as dez tribos visite a página da Beit Chabad: http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/10tribos/home.htm Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 33 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Nossa excursão pela literatura rabínica prossegue da era talmúdica para a Espanha Medieval. Uma das mais impressionantes figuras do judaísmo, o Rambam (1194-1270) que é um acróstico para Rabi Moshe Ben Nahman conhecido como Nahmanides se dedicou a cuidadoso estudo da questão das tribos perdidas, mais que nenhum outro antes dele. Não quero avançar sem mencionar sua posição que é um verdadeiro estudo bíblico que prova que as dez tribos ainda estavam perdidas na sua época, desfazendo o mito de que a promessa de retorno já tinha se cumprido. Este mito que contaminara alguns interpretes judeus hoje quase domina o cristianismo por causa de investigações tendenciosas ou superficiais e da pouca vontade de ver Israel alcançando os propósitos para os quais foi erguido. Convencido que as dez tribos estavam perdidas, mas voltariam à comunidade de Israel, ele escreveu sobre isso no Sefer há Gueulah (Livro da Redenção) de 1260. Nahmanides (1194-1270) prova que as dez tribos ainda estavam perdidas na sua época. Rambam, Auditório do Acre, Autor Yuval Y, Wikimedia Commons 3.0 “Os dois reinos, (Yehudá e Israel), se unirão em um único reino sob a Casa de David. Os israelitas foram para o exílio e desde então Efraim e todas as dez tribos do norte nunca retornaram novamente para a Terra de Israel... Isso não era condicional, o que significa dizer, sob a condição de que se arrependessem, então teriam sido resgatados. Esta não é a forma de falar das profecias fazendo tais condições limitadas.“ Nahmanides, Sefer há Gueulah ou Livro da Redenção. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 34 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica De fato, um dos argumentos usados pelos opositores ao israelismo britânico e outros buscadores das tribos perdidas de Israel entre os gentios é que para os dias de Ezra (Esdras), quando os judeus voltaram para Yerushalaim graças ao mandato de libertação expedido por Kurosh (Ciro) em 538 AEC, elas já haviam voltado. Nahmanides refutou esse argumento há 750 anos. Estudassem melhor o tema, aqueles que se apressam em refutá-lo, veriam que não existe base alguma para a suposição de que as dez tribos já voltaram e recobraram sua identidade judaica. Recorro aqui a uma fonte citada pela Brit Am,10 onde Nahmanides aponta a profecia que diz claramente que Yehudáh (Judá) e Yosef (José) ou Efraim devem se reunir de novo, deixando claro sua compreensão de que isso ainda não aconteceu, mas está reservado para o futuro, já que o resgate dos dias de Ezra (Esdras) foi parcial, e referia-se a Yehudáh, principalmente. “Além disso, ó filho do homem, toma um pau, e escreve nele: Por Yehudáh e pelos filhos de Israel, seus companheiros: Depois toma outro pau, e escreve nele: Por Yosef, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros:” Ycheskiel/Ez. 37:16 Aqui ele fala de uma redenção futura para ambos Yehudáh e Israel. Onde diz: "...Para Yehudáh, e para os filhos de Israel seus companheiros...” por filhos de Israel seus companheiros, significa que Bynyamin foi anexado a Yehudáh. Da mesma forma, diz: "...Por Yosef, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel seus companheiros." A questão é bastante simples. Os dois reinos se unirão em um único reino sob a Casa de David. Os israelitas foram para o exílio e desde então, Efraim e todas as dez tribos do norte nunca retornaram novamente para a Terra de Israel. Em relação ao futuro, diz: "E as nações saberão que eu sou o Eterno que santifico a Israel, quando puser o meu santuário no meio deles para sempre." Ez.37.28. Lembro-me de uma matéria que é expressamente mencionada muitas vezes nas Escrituras. Sabe-se que com o retorno dos exilados sob Ezra, apenas as tribos de Yehudáh e Byniamin (Judá e Benjamim) retornaram. Estes tinham sido exilados para Babilônia por Nabucodonosor. Isso é o que diz sobre o início desse resgate, Ezra (Esdras 1:5). “Então se levantaram os chefes dos pais de Yehudah e Byniamin, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Elohim despertou, para ir a edificar a casa de Adonay que está em Yerushalaim". Rabi Moshe ben Nahman, Sefer há Gueuláh ou Livro da Redenção. 10 O artigo completo pode ser consultado na página de Brit Am: “THE TEN TRIBES WILL RETURN! The Bible Says So! ( AS DEZ TRIBOS VOLTARÃO! A Bíblia diz isso!” http://britam.org/ShortRETURN.htm Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 35 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Nesse ponto, Nahmanides sabe que o estudo do regresso nos dias de Ezra, pode sugerir que a profecia do reajuntamento das duas casas esteja cumprida, que, aliás, é o que crê a esmagadora maioria dos cristãos que se negam a investigar o contexto amplo das profecias. Essa situação não era diferente entre seus irmãos judeus do século XIII e muitos de fato criam que a reunião já tinha se dado, faltando apenas o retorno sob a identidade de Yehudáh. Então ele argumenta de forma mais do que convincente que os cerca de 12.000 que vieram com os judeus, nos dias de Ezra, nem mesmo foram arrolados por tribos, mas reunidos com a Casa de Yehudáh e Byniamin (Benjamim), considerando que já estavam vivendo entre eles mesmo antes do cativeiro de Babilônia, tendo vindo a Yehuda ao negar-se a adorar o bezerro de ouro que Yaroveam (Jeroboão) erigiu no ano 920, ao dividir a nação. Eles disseram no Midrash Seder Olam: daqueles que vieram para a Terra no tempo de Ezra, toda a comunidade juntamente numerada totalizava 42.360, cujos nomes estão registrados. No entanto, apenas 30.360 foram numerados. O que aconteceu, portanto, com os 12.000 que estão faltando? Estes foram os de outras tribos que vieram acima com Ezra. Deixe-me esclarecer o assunto para você ... O Reino de Israel incluí as dez tribos do norte. Estes foram exilados pelo Senaquerib (Sancherib em Literatura Rabínica) é uma figura tomada para representar todos os monarcas assírios como se diz: "Porque ele separou Israel da casa de Davi, e eles fizeram rei a Yaroveam (Jeroboão) filho de Nebate, que desviou Israel de seguir ao Eterno, e os fez cometer um grande pecado" (2 Reis 17.11). "Até que o Eterno tirou Israel da sua vista ... assim foi Israel exilado para fora da sua terra, à Assíria, até este dia" (2 Reis 17.12). Esta é uma prova de que todas as tribos do Reino de Israel foram exiladas à Assíria, mas o Reino de David permaneceu como era até Nabucodonosor exilá-los para Babilônia. O Reino de David incluídos Yehudáh e Bynyamin. Ela diz: "Ele as removeu de sua vista e nada ficou senão a tribo de Yehudáh apenas "(2 Reis 17.18 ). Isso indica o Reino da Tribo de Yehudáh, que incluía as duas tribos de Yehudá e Bynyamin (Judá e Benjamim). Também aparece a partir do significado simples do texto, que antes do exílio do Norte do país por Senaqueribe lá estavam reunidos nas cidades de Yehudáh, pessoas das tribos vizinhas de Menashe (Manassés), Efraim, e de Shimeon (Simão) e estes então habitavam na herança de Yehudáh. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 36 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica No período do rei Asa foi escrito: "E congregou todo Yehudáh e Bynyamin, e com eles os estrangeiros de Efraim e Menashe, e de Shimeon, porque vieram para ele, de Israel em abundância quando viram que o Eterno seu Elohim era com ele "(2 Crônicas 15; 9). Estes das tribos de Efraim, Manashê e Shimeon descrito acima, que estavam presentes com Yehudáh, foram os que habitavam na Terra de Yehudáh ou talvez até certo ponto também aqueles que haviam habitado em seus próprios territórios adjacentes a Yehudáh e fugiram para Yehudáh. Eles são referidos em um sentido geral como "os que estavam presentes de Israel" (Em 2 Crônicas 35.18 ) e não por suas tribos específicas, uma vez que representavam apenas uma pequena parte de sua tribo . “Estes são os que voltaram com Ezra com os judeus de Babilônia. Eles não foram expressamente mencionados por suas tribos, uma vez que foram anexados a Yehudáh. Todos eles, nas cidades de Yehudáh. Não houve Redenção para as Dez Tribos que permaneceram no exílio...” Rabbi Moshe ben Nahman, Sefer há Gueuláh ou Livro da Redenção. Dito isso, o grande erudito judeu espanhol demonstra que estes poucos de Efraim, não eram suficientes nem mesmo para se organizarem como tribos em Israel e foram divididos em Yehudáh. “Temos explicado nesta seção, em conformidade com o parecer de nossos sábios de abençoada memória. Estes disseram que no tempo do Segundo Templo alguns refugiados de outras tribos também vieram à tona. Eles não vieram de todas as outras tribos, mas somente a partir de Efraim e Menashe. Porém, Tosefot, outra autoridade, em Arakin 32 diz que: „de cada tribo poucos voltaram‟. Estes poucos não foram suficientes para ter o direito de ser chamado de uma tribo, ou mesmo parte de uma tribo. Devido à sua posição minoritária, foram incluídos entre as duas tribos de Yehudáh e Bynyamin e habitaram nas suas cidades. Segundo este a Redenção não foi feita para as outras tribos ...” (Rabi Moshe ben Nahman, Sefer há Gueuláh ou Livro da Redenção). Nesse ponto, Nahmanides trata de explicar o cumprimento futuro de uma gloriosa profecia que aponta para a vitória da Casa de Yosef sobre os idumeus seus inimigos que reúnem os jordanianos e palestinos.11 11 A tradição rabínica afirma que Esav (Esaú) é o pai dos romanos a quem chamam de Edom em sua literatura. Uma posição em que já cri no passado, e que, contudo se revela completamente falaciosa. O Reino de Edom, vizinho a Israel tinha em Petra na Jordânia o seu centro principal. Durante a República Judaica, e mais precisamente durante o governo de Yochanan Hyrcanus Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 37 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica “E a casa de Yakov será um fogo, e a casa de Yosef uma chama, e a casa de Esav (Esaú) palha; e estes se acenderão contra eles, e irão devorá-los, e já não restará ninguém da CASA DE ESAV (Esaú), porque o Eterno o disse” Abdias/Ob. 1:18. Ele indica que isso jamais ocorreu. “Quando é que elas (as Dez Tribos) voltaram e quando esses grupos exilados foram massivamente trazidos para herdar as cidades de Efraim e Shomeron (Samaria)? Quando foram salvadores subindo o Monte Tzion (Sião) para julgarem o monte de Esav (Esaú)? No tempo de Ezra apenas alguns haviam retornado como pombos para os seus pombais. La diz: "o reino será de Adonay" Abdiah/Ob 1:21. Naquela época, todo mundo vai reconhecer abertamente o Reino de Elohim. "E Yah será Rei sobre toda a terra" (Zacarias 14.9 ). Isso também vai acontecer no futuro. O princípio geral sobre estes e todos os versos semelhantes em relação a Redenção de Israel e a queda de Edom e similares é que tudo é para o futuro. "O castigo da tua iniqüidade está terminado filha de Tizion, Ele nunca mais te levará para o cativeiro. Ele visitará a tua iniqüidade, filha de Edom, Ele vai descobrir seus pecados.” ´Eichah (Lamentações 4.22 ). Isso tudo é para o futuro. "Ele não vai mais te levar para o cativeiro", está instruindo-nos sobre a futura redenção. Se fosse de outra forma, qual seria o motivo de dizer aos exilados que eles deixariam de ser exilados, a menos que isso significasse que eles realmente estão destinados a ser resgatados a partir do exílio que se encontram? (175-104 AEC) que reinou de 135 a 104 AEC os judeus travaram uma guerra que só cessou com a submissão dos idumeus. ―Hircano tomou ainda aos idumeus as cidades de Adora e Maressa e, depois de subjugar toda essa grande província, permitiulhes lá ficar, contanto que se fizessem circuncidar e adotassem a religião e as leis dos judeus. O temor de serem expulsos de seu país levou-os a aceitar essas condições, e desde então eles foram para sempre considerados judeus.‖ (Josefo, Historia dos Hebreus, CPAD) Logo depois, ―Hircano enviou em seguida embaixadores a Roma para renovar a aliança, e o senado, depois de ler as suas cartas, mostrou-se favorável,‖ (Josefo, Historia dos Hebreus, CPAD) o que evidencia o mito de que os idumeus e romanos sejam o mesmo povo. Parece que a lenda rabínica se inicia em virtude de Herodes ter chegado ao poder acabando com a Dinastia Asmoneana com o apoio de Roma, no entanto, a conversão dos idumeus a princípio forçada, logo conveniente já que Herodes, O Grande (73 a 4 AEC) reinou sobre Samaria, Judéia e Edom (seu próprio povo) de 37 a 4 AEC sendo substituído por Herodes Antipas (4 AEC a 39 DEC) veio a ser uma questão de fé para seus descendentes 200 anos depois da conversão forçada de seus pais. Durante a revolta judaica contra Roma, Hananyah chamou os idumeus para defenderem o Templo, pois segundo Josefo este é um ―povo tão brutal e tão amigo das novidades, que nada é mais fácil do que induzi-los à guerra e ele vai com a mesma alegria para um combate como os outros, para uma festa,‖ (Josefo, História dos Hebreus, CPAD) e assim, os idumeus não se bateram menos contra os romanos e em favor do templo do que os romanos os haviam apoiado para tomar o poder nos dias de Herodes permitindo-lhe construir o Templo. É impossível determinar o número exato dos idumeus convertidos ao judaísmo, mas nas forças combinadas que lutaram contra Roma segundo Yosef (Josefo) era de 23.400 homens e incluía 10.000 do exército de Shimon (42,74%), 5.000 do exército idumeu comandados por Sosa e Catlas (21,37%), 6.000 do exército de Yochanan (25,64%) e 2.400 zelotes comandados por Yair (10,26%). Sabe-se que havia ainda um número estimado de 66.600 milicianos que se empenharam na luta contra Roma. Assim, se o número de solados idumeus refletir a representatividade destes dentro do judaísmo da época, cerca de 20% dos judeus eram descendentes de Esav, inimigos e não amigos de Roma. A verade é que apesar das mágoas judaicas contra Roma, as terríveis profecias contra Edom dizem respeito a um povo irmão que por breve período se uniu ao judaísmo. Em minha opinião grande parte dos idumeus não suportando a pressão das perseguições aos judeus ocorridas depois das guerras judaicas abandonou ao judaísmo, se reestabeleceu na Jordânia, terra de seus antepassados e foi islamizada no século VII participando da tomada do Monte do Templo ao lado dos árabes. Isso explica por que os jordanianos que são em sua grande maioria palestinos são os mais figadais inimigos de Israel. A Jordânia e os Palestinos são os que estão destinados a se tornar finalmente a palha que será queimada pela chama de Israel. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 38 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Além disso, "...ele visitará a tua iniqüidade, filha de Edom, Ele vai descobrir seus pecados", deve ser para o futuro. Não poderia estar falando do passado, pois foram eles [os judeus israelitas], que foram espancados por Herodes, o edomita no tempo do Segundo Templo. Tudo deve pertencer ao futuro. É impossível que tudo isso seja condicional, que não mereça mais crédito, e que as profecias foram ditas para nada. É pertinente que, na época de seu exílio Israel estava pecando e transgredindo. Mesmo assim, foi profetizado, "O castigo da sua iniqüidade está acabado Filha de Tzion; Ele nunca mais te levará para o cativeiro..." ´Eichah (Lamentações 4.22 ). Isso não era condicional, o que significa dizer, sob a condição de que se arrependessem, então teriam sido resgatados. Esta não é a forma de falar das profecias fazendo tais condições limitadas. Pelo contrário, todas pertencem ao futuro. Zecharyah viveu no período do Segundo Templo. Zecharyah 14.1 diz: "Eis que o dia do Senhor está vindo," e assim por diante, em grande medida, sem dúvida só pode estar se referindo a algum dia futuro. Assim também, foram essas passagens explicadas pelos comentaristas e pelos nossos santos e sábios, de abençoada memória. (Rabbi Moshe bem Nahman, Sefer há Gueuláh ou Livro da Redenção). A Brit Am, arremata então, derrubando a ideia de que a profecia possa ter sido cumprida de uma outra maneira e noutro tempo com um argumento que achei pertinente incluir aqui: “Há quem diga que esta profecia de Ovadyah (Obadias) está se referindo ao rei Ezequias no período do Segundo Templo, mas aqueles que pensam assim estão em erro. É óbvio a partir das Escrituras, que esse termo, isto é, Casa de Yosef, aplica-se ao Reino de Israel que são as Dez Tribos. Eles deveriam se envergonhar de não reconhecer este fato! O versículo acima comprova isso! Quando foi que a casa de Yosef se tornou como uma chama que devora o restolho de Esaú? Não nos tempos bíblicos! As Dez Tribos já haviam sido exilados e elas ainda estão no exílio, na área dos kenanim (cananeus), até Sarepta:” "E este primeiro exílio dos filhos de Israel que estão agora desde Canaã até Sarepta" Ovadyah (Obadias 1:20). Rashi , Iben Ezra, Radak e outros dizem que Sarepta significa França, Abarbanel diz: isso significa França e GrãBretanha. Estes lugares estão nos extremos do norte. O versículo continua, "e os cativos de Yerushalaim, que estão em Sefarad , possuirão as cidades do sul Ovadyah (Obadias 1:20). Aqueles que foram exilados para Sefarad (ou seja, Espanha), foram os judeus de Yerushalaim que foram levados por Tito e Vespasiano, quando o Segundo Templo foi destruído pelos romanos, e não antes disso. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 39 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Os outros, foram as Dez Tribos que foram exiladas no primeiro exílio. Estes não têm retornado como tem sido alegado.” (THE TEN TRIBES WILL RETURN! The Bible Says So!) AS DEZ TRIBOS VOLTARÃO! A Bíblia diz isso! http://britam.org/ShortRETURN.htm) Nahmanides não foi o único dos grandes rabinos a comentar o assunto das tribos perdidas. Outros se somaram nessa questão, procurando inclusive ir além, esforçando-se por identificar o lugar onde estão as ditas tribos. Esta é afinal a pergunta que não quer calar. Assim começamos por Rashí (Rabbi Shlomo ben Ytzchak (1040-1105) de Champagne, França que declara: "No primeiro exílio dos filhos de Israel em que foram levadas cativas as dez tribos à terra dos cananeus em direção a Sarepta. Os exegetas dizem que Sarepta significa o Reino chamado de frança na língua ordinária.” Abraham Iben Ezra, (1089-1164) nascido em Tudela, Navarra, na Espanha vai além, ele não só identifica Sarepta com a França, mas também a Alemanha com os cananeus. Será por isso que a maioria do povo alemão fechou os olhos para o extermínio dos judeus? “Dos cananeus: Temos escutado de grandes homens da terra de Allemagne (Alemanha), são os cananeus que fugiram diante dos filhos de Isarel, quando chegaram a terra. Assim, Sarepta também, significa França.” Num testemunho mais recente temos Don Isaac ben Yehudah Abravanel, (1437-1508), nascido em Lisboa, Portugal, e falecido em Veneza na Itália, de quem o Senhor Abravanel (1930 -) mais conhecido como Silvio Santos, empresário e apresentador de TV é descendente direto. O grande rabino, estadista e filósofo judeu, trabalhou para a Casa Real Portuguesa, onde foi ministro das finanças do Rei Alfonso V (1432-1481), até ser arrolado como participante de um complô liderado pelo Duque de Bragança, Dom Fernando II (1430-1483), degolado em Évora. 12 O Tal complô nunca foi definitivamente provado, mas Abarbanel avisado a tempo deixou rapidamente as terras portuguesas e a enorme fortuna que acumulara, apesar de ter gasto quantias consideráveis comprando a liberdade de seus irmãos judeus que haviam sido feitos escravos após a campanha portuguesa, contra Arzila no Marrocos. 12 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 40 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Após sua fuga em 1483, o Rabino Don Isaac ben Yehudah Abravanel, vai para Toledo na Espanha, onde durante seis meses se dedica a comentar a Bíblia, mas pouco depois já está a serviço das finanças espanholas administrando as receitas para o exército de Isabel I (1451-1504), mais conhecida como Isabel de Castela que acabaria por decretar a expulsão dos judeus da Espanha. Negandose a converter ao catolicismo, o ilustre Rabino deixou a Espanha indo para Nápoles, e finalmente para Veneza na Itália, onde morreu aos 71 anos de idade. O Rabino Don Isaac ben Yehudah Abravanel, (1437-1508), ministro das finanças do Rei Alfonso V de Portugal de quem o empresário e apresentador Silvio Santos (1930) é descendente direto declara: D. saac Abrabanel (1490-1508),autor desconhecido, Domínio Público. Brasília - O empresário Silvio Santos deixa o Palácio do Planalto, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Antonio Cruz/ABr) “Sarepta é França e também os exilados de Sefarad na Espanha e não te deixes enganar unicamente porque Sarepta (França) é mencionada e a Anglaterre (Inglaterra) não é citada, por que para ali também foram os exilados, por que essa ilha é considerada como uma parte de Sarepta. “ (França) Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 41 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Entre seus comentários escritos na Espanha, um deles nos interessa sobremaneira, o Comentário sobre Ovadyah (Obadias), onde fala que Sefarad, região mencionada na bíblia e de onde deriva o termo sefaradita que refere a um dos ramos mais importantes dos grupos étnicos do judaísmo,13 França e Inglaterra. "Sarepta é França e também os exilados de Sefarad na Espanha e não te deixes enganar unicamente porque Sarepta (França) é mencionada e a Anglaterre (Inglaterra) não é citada, por que para ali também foram os exilados, por que essa ilha é considerada como uma parte de Sarepta (França), ainda que mais tarde se separou de Sarepta (França), e se converteu num reino de domínio próprio. E assim pode ser também, a intenção destes filhos de Israel que abandonaram completamente a Religião devido aos problemas e perseguições, e seguem na França e na Espanha por milhares e por dezenas de milhares em grandes comunidades. Eles voltarão e implorarão ao Eterno seu Elohim.” (Don Isaac ben Yehudah Abarbanel sobre Abdías). Este testemunho de que Inglaterra e a França são parte de Israel juntamente com a Espanha e que Sefarad inclui grande parte de toda a Europa Ocidental, talvez seja a única resposta para um dos mais enigmáticos estudos da atualidade em comparação entre os resultados das mais avançadas pesquisas científicas, baseadas no exame de DNA das populações ibéricas, tanto portuguesas como espanholas e a historiografia até agora elaborada. Estas pesquisas apontam que 20% dos espanhóis são portadores do DNA sefardita quando era de se esperar não mais de 1%. 14 13 Os Sefaradim são os descendentes de judeus da Península Ibérica que abrange Portugal, Espanha, Gibraltar, Andorra e Pirineus na França. As estimativas mais conservadoras apontam para 370 mil judeus vivendo na Espanha por ocasião do Decreto de Alhambra emitido em 1492 quando os reis católicos, Felipe e Isabel decretaram sua expulsão do país sob a ameaça de pena de morte caso ficassem, a menos que se convertessem. Este contingente equivalia a 5,3% da população espanhola na época que era de 7 milhões. Acredita-se que Portugal recebeu 32,43% deles (120 mil), a Turquia 24,32% (90 mil), a Espanha ficou com 18,92% (70 mil) que se converteram para escapar a expulsão, a Holanda recebeu 6,76% (25 mil), o Marrocos recebeu 5,41% (20 mil), outros 5,41% (20 mil) morreram enquanto enfrentavam as intempéries buscando um porto seguro, a França acolheu 2,7% (10 mil), a Itália abrigou outros 2,7% (10 mil) e a América foi o destino de 1,35% (5 mil). De acordo com esses dados a população judaica de 370 mil e que equivalia a 5,3% dos espanhóis viu-se reduzida a apenas 70 mil ou exatamente 1% da população do país. No entanto, alguns estudiosos falam que a expulsão fez com que 800 mil judeus deixassem a Espanha. Se estas estimativas forem corretas os judeus presentes no país até a efetivação do Decreto de Alhambra saltariam para 12,43% ou 870 mil já descontados os cerca de 70 mil que se converteram. 14 Uma vez que a população espanhola em 1500 era de 7 milhões, e que presume-se que entre 50 e 70 mil judeus se converteram para poder permanecer na Espanha e que a população atual do país é de 47 milhões, era de se esperar que a ciência comprovasse a história e que até 470 mil espanhóis, reservadas as mesmas proporções de ha cinco séculos, portassem o DNA sefardita. NO entanto pesquisa conduzida pela Universidade de Leicester, uma das mais prestigiosas do Reino Unido (21,6 mil alunos), junto com a Universidad Pompeu Fabra de Barcelona na Catalunha, dão conta de que 19,8% dos espanhóis tem DNA sefardita, isso além dos 10,6% que possuem DNA proveniente da África Subsaariana onde floresceram três reinos judaicos. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 42 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O resultado dessa pesquisa surpreenderam o mundo ibéroamericano, pois revelaram que o povo israelita aportou seu DNA numa proporção muito maior do que jamais se imaginou e fornecem dados para uma longa discussão acerca de como uma civilização que parecia ter sido eliminada da Espanha pode influir tanto em sua formação genética. 15 Ao falar das tribos perdidas na Espanha, considerando que o DNA semítico está presente em 20% dos espanhóis, abre-se o leque para considerarmos a extensão desse povo noutras latitudes, já que poucas civilizações influenciaram tanto o mundo como a espanhola. Se alguém pensa que o povo espanhol se confinou à Espanha com seus 47 milhões de habitantes e 40 milhões destes sendo espanhóis, está redondamente enganado. A expansão da Espanha, mesmo considerado que era uma potência católica e inimiga do judaísmo, não deixou de ser também uma expansão da massa israelita por outras latitudes, se levarmos em conta o DNA de 1/5 de seu povo e se considerarmos a hipótese de que nas colônias espanholhas que se estenderam do México ao Chile e do Chile às Filipinas, vê se repetir o mesmo fenômeno da progressão do DNA compatível com o dos judeus sefarditas. Hoje mais de 150 milhões de pessoas descendem de espanhóis, inclusive 15 milhões aqui no Brasil, ainda que a presença do DNA sefardita no Brasil proceda principalmente de Portugal, nosso colonizador. 15 O estudo trouxe resultados que confrontam a ciência e a história tal como a conhecemos e sugere intrigantes perguntas: Como os 70 mil judeus (1%) que permaneceram no país após a conversão em 1.492 legaram a marca do seu DNA paterno a 9,31 milhões de espanhóis da população atual? Como a população com DNA judaico cresceu 133 vezes (de 70 mil para 9,3 milhões), enquanto os demais espanhóis cresceram 5,4 vezes, passando de 6,93 milhões para 37,7 milhões e o conjunto da população da Espanha cresceu 6,71 vezes passando de 7 para 47 milhões? Como uma massa judaica que nas estimativas mais otimistas chegava a pouco mais de 12% pode depois de ser reduzida a quase nada pela expulsão de Alhambra, recuperar sua presença ultrapassando todas as estimativas? Três hipóteses podem ser levantadas: A primeira é que o Eterno cumprindo sua promessa a Avraham de que sua semente seria multiplicada como o pó da terra, assistiu de tal forma as famílias portadoras da zeráh ou semente de Avraham que as fez multiplicar muito mais e dessa forma enquanto os demais espanhóis cresceram 5,4 vezes e a Espanha em conjunto cresceu 6,71 vezes, os descendentes de Israel cresceram 133 vezes. A segunda exposta por críticos da pesquisa é que o DNA considerado judaico provém de outros povos que ocuparam a Espanha além de judeus e mouros (fenícios, árabes, eslavos). A terceira é que muito antes da chegada dos judeus, as tribos perdidas já tinham ido parar na Espanha e que estas para o judaísmo perdidas, abraçaram a fé messiânica que os conduziu de volta à Bíblia e mais tarde pressionados, adotaram primeiro o cristianismo ariano (não trinitário) e finalmente o catolicismo que as assimilou, o que explicaria o pequeno percentual dos judeus religiosos em comparação com os judeus étnicos que só viriam a reaparecer no século XXI por amostragem de DNA. Esta última é minha opinião. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 43 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Sabe-se que depois da expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, muitos deles se juntaram aos seus irmãos que viviam em Portugal. Alguns historiadores chegaram a afirmar que a população judaica do país ascendeu então a ¼ dos portugueses. Considerando que então Portugal tinha 1,2 milhão de habitantes, é possível imaginar que os judeus portugueses e espanhóis em terras lusitanas somassem 300 mil, por volta do ano 1.500. Tal proporção era considerada até pouco tempo um exagero. Há 2 anos atrás quando a mesma pesquisa revelou que 20% dos espanhóis eram portadores do DNA sefardita, mostrou que no sul de Portugal esta proporção chegou a 36%. O que isso representa para o Brasil, descoberto e colonizado por Portugal, especialmente quando a maioria dos imigrantes brancos vieram ao Brasil procedendo do sul de Portugal, será abordado noutro tema. Mas duma coisa podemos estar certos, o Brasil com seus 192 milhões de habitantes, é a extensão maior do sefardismo mundial e há muito mais descendentes de sefarditas no Brasil do que todos os judeus reconhecidos no mundo inteiro,16 um contingente que pode ultrapassar os 40 milhões de indivíduos.17 Isso faria de Silvio Santos, ou melhor do Senhor Abravanel, não o representante de uma minoria - os sefarditas - dentro de outra minoria - os judeus 18-, mas o representante do maior grupo étnico do Brasil. Depois dessa ponte, na qual paramos para olhar as implicações do fato de Sefarad ser a Inglaterra, a França e a Espanha, devido à influência que os judeus exerceram em Portugal, após a expulsão dos judeuespanhóis, prosseguiremos com a literatura rabínica. Estima-se que até 15% dos judeus do mundo (cerca de 2 milhões) sejam sefarditas. A maior comunidade sefaradim está em Israel, onde são cerca de 1,5 milhões, são 27% dos judeus do país. Segue-se a França com 350 mil sefarditas (72%), Argentina com talvez 90 mil sefarditas (50%). Outras comunidades menores são Suíça 30 mil, Turquia 25 mil, Uruguai 10 mil, Venezuela 10 mil, Marrocos 5 mil e Grécia 4 mil.. 16 Se apenas o DNA dos 15 milhões de descendentes de espanhóis no Brasil espelhar o que ocorre na Espanha, então 3 milhões de hispano-brasileiros serão israelitas. Se 36% 115,5 milhões dos descendentes de portugueses portarem o DNA sefardita, como ocorre no sul de Portugal, 41,5 milhões de luso brasileiros serão israelitas. 17 A população judaica de 96.000 pessoas, representa 0,05% da população brasileira estimada em 192.376.496. Os judeus se concentram principalmente em São Paulo (44,6 mil), Rio de Janeiro (29 mil), Rio Grande do Sul 8,3 mil, Paraná (2,4 mil), Minas Gerais (1,6 mil) e Pernambuco (1,3 mil). Os sefarditas, entre os quais se inclui Silvio Santos são estimados em 1.000 pessoas em torno de 1% frente a uma esmagadora maioria de asquenazim. 18 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 44 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Esta literatura recebeu importante acréscimo durante o século XVI, especialmente por meio de Menasseh Ben Israel (1604-1657) e cujo nome de nascimento recebido na Ilha da Madeira, uma possessão portuguesa, foi Manuel Dias Soeiro. Como tantos outros judeus portugueses, seus familiares foram obrigados a se converterem ao cristianismo, batizando-se ainda que por formalidade, mediante um decreto de Dom Manuel (1469-1521) Rei de Portugal, que primeiro ordenou a expulsão dos judeus, e depois, vendo perigar a fazenda real e a influência de Portugal na Europa quando se iniciavam as grandes navegações, fechou-lhes os portos de saída. Quando as suspeitas de judaísmo recaíram sobre sua família, Manuem Soeiro chegou à Holanda em 1610, onde o governo protestante não impunha restrições ao judaísmo empenhado em fazer da Holanda uma grande potência, coisa que conseguiu principalmente com o apoio dos banqueiros judeus. Assim, Manuel frequentou a escola onde foi um aluno notável, casou-se com uma descendente do Grande Rabino Dom Isaac Abravanel, que também foi ancestral de Silvio Santos e amigo do grande pintor holandês, Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669). Menasseh Ben Israel (1604-1657) nascido na ilha portuguesa da Madeira como Manuel Dias Soeiro, tornou-se rabino dos judeus portugueses da Holanda onde escreveu sua mais famosa obra “MIkveh Israel” que em espanhol se chamou Esperanza de Israel”, no qual expôs sua crença de que as tribos perdidas vieram para a América. Menasse Ben Israel, de Rembrandt (1609-1699). Wikimedia Commons, Domínio Público. Túmulo de Menasseh ben Israel, Joaotg , Wikipedia, Wikimedia Commons 3.0 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 45 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Eloquente, foi a Inglaterra e convenceu a Oliver Cromwell (1599-1658), a abrir a Inglaterra ao retorno dos judeus que haviam sido expulsos em 1290, pelo Rei Eduardo I (1239-1307). Tornou-se famoso por sua obra Miḳṿeh Yisraʾel que foi publicada em espanhol sob o título que evocava seu próprio nome hebraico, Esperanza de Israel. Nessa obra, o grande rabino judeu português, discorre sobre sua esperança do retorno das dez tribos, sobre o fato de que elas ainda não haviam retornado, e finalmente sobre sua trajetória que se iniciou ao cruzar o Eufrates e segundo ele findou no Perú, então chamado de Nueva España em plena América. Essa trajetória teria sido possível depois de terem vencido o Estreito que separa a Groelandia do Canadá de onde foram descendo até povoar uma série de nações ao Sul. “Apresento juntamente, que assim como as dez Tribos foram expulsas de suas terras, por diversas vezes; assim estão por diversas províncias espalhadas; e que estas são a America, Tartaria, China, Média, rio Sabático e Etiópia. Provo que as dez tribos não voltaram ao segundo Templo, E que ainda violam a Lei de Moshe, e nossos ritos sagrados. E que no final e infalivelmente, serão redimidos à patria junto com os de Yehudáh e Binyamin, debaixo de uma só cabeça o Messias ben David: e como se deve crer, que este século feliz já se aproxima, por diversas consideraçoes, nas quais menciono muitas histórias dignas de memória, e brevemente várias profecias, com particular atenção e propósito. A excelência deste escrito, e quanto a este trabalho me deve a minha nação, deixo à ponderação dos justos e doutos, aos quais dirijo meus escritos.... O primeiro fundamento desta opinião procede do IV livro de Esdras, o qual ainda que seja Apochryfo, citamos como autor antigo. Diz pois ele que as dez Tribos, que Salmanasser levou cativas no tempo do Rei Hoshea (Oseas), transladados para a outra margem do rio Eufrates, decidiram entre si que passassem a outra região remota, onde nunca habitou o gênero humano, para guardar ali melhor sua Lei. E assim entrando por uns lugares estreitos do Eufrates, o Altíssimo Adonai usou com eles de maravilhas, detendo a corrente do rio até que passassem, cuja região, se chama Arsareth: De cujo texto se pode coligir, que parte deles se foi a nova Espanha e ao Perú, povoando estes dois Reinos que até então havian sido desabitados.” (Genebrardo, lib, i, Chron, pag, 150) Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 46 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica “Depois de haver referido a viagem das dez Tribos, que Esdras conta, diz que Arsareth, é a Tartária Maior, e que dali foram à Ilha de Groenlândia: por que daquela parte está a America descuberta e sem mar, e das outras banhadas pelo mar, e feita quase ilha: e da Groelândia, pelo Estreito de Davis, podiam passar à Terra do Labrador, que já é Terra das Índias, que dista somente 50 léguas, como testifica Francisco Lopes de Gomara en sua Historia.” (i.p.fol.7) . No século XVIII, em 1836, o Rabino judeu marroquino, Moses ben Isaac Edrehi (1744-1842), escreve An Historical Account of the Ten Tribes Settled Beyond the River Sambatyon in the East (Uma História das Dez Tribos Localizadas além do Rio Sambation no Oriente) e declara que as tribos perdidas estão localizadas nos confins da Europa. Moses ben Isaac Edrehi (17441842), declara que as tribos perdidas estão localizadas nos Confins da Europa. Orteleus, que é grande geógrafo, Em sua obra em dando a descrição da Tartária, que historia sobre as menciona o reino de Arsareth, dez tribos perdidas, onde as Dez Tribos, repousando depois de analisar entre outros habitantes citas, outros historiadores, tomou o nome Gauther [godos], Moses ben Isaac Edrehi porque eles eram muito zelosos da declara acerca da glória de Got (Elohim). localização das tribos do norte, depois de terem abandonado a região que ele chama de Arsareth com base no livro de Ezra, uma obra, que apesar de apócrifa sempre foi considerada com respeito pelos rabinos judeus da Era Medieval e do Período da Renascença: Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 47 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica “... Orteleus, que é grande geógrafo, dando a descrição da Tartária, menciona o reino de Arsareth19, onde as Dez Tribos, repousando entre outros habitantes citas, tomou o nome Gauther [godos], porque eles eram muito zelosos da glória de D´us. Em outro lugar, ele encontrou a Naftali, que tiveram seus acampamentos por lá. Ele também descobriu a tribo de Dan, no norte, que tem preservado o seu nome. ... Ele ainda acrescentou, que os restos do antigo Israel eram mais numerosos ali do que em Moscou e na Polônia - a partir do qual se concluiu, que a sua habitação se fixou na Tartária [Cítia] de onde eles passaram por lugares vizinhos ... não é nenhuma maravilha poder encontrar as Dez Tribos dispersas por lá, uma vez que houve grande caminho a percorrer da Assíria, para onde foram transplantadas, tendo apenas a Armênia entre eles.” Moses ben Isaac Edrehi (1744-1842) Historical Account Of The Ten Tribes, (1836), p. 92 Edrehi recorre ao apócrifo pseudoepigráfico conhecido como II Esdras, que fala da partida das tribos para além do Eufrates, que se abriu para que o ultrapassassem ao sair de Israel e se abrirá de novo ao final para que retornem. 20 “E enquanto viste que ele reuniu uma outra multidão pacífica a ele; essas são as dez tribos, que foram levados presos para fora da sua terra no tempo do Rei Hoshea, a quem Salmanasar, rei da Assíria levou cativo, e ele levou-os sobre as águas, e assim foram para outra terra. Mas eles tomaram este conselho entre si, que deixariam a multidão dos gentios, e iriam adiante para um país ainda mais distante onde nunca a humanidade havia habitado, para que eles pudessem lá manter seus estatutos, que nunca haviam mantido em sua própria terra. Em hebraico Dez é Atseret, pelo que ao recorrer a citação de Abraham Ortelius (1527-1598), grande cartógrafo e geógrafo flamengo, nascido em Antuérpia na Bélgica e autor do famoso quadro conhecido como Theatrum Orbis Terrarum (Teatro da Urbe Terrena), o rabino Edrehi procura dar à sua obra uma sustentação que vai além da crença espiritual no retorno das tribos perdida. Ele dá como fato sustentado por geógrafos do seu tempo que as dez tribos estabeleceram um reino. 19 O livro é considerado canônico pela Igreja da Etiópia, apócrifo pelos protestantes, e fonte de consulta para estudiosos judeus. A datação, nomenclatura e autoria de II Ezra é incerta. Algumas versões latinas o denominam III Esdras, Jerônimo e autores medievais o chamam de IV Esdras, mas em tempos recentes as bíblias em inglês que o incluem o denominaram II Esdras, que é o que faço aqui. Os primeiros dois capítulos são atribuídos por diversos críticos a um crente messiânico já que menciona ao filho de Elohim (2:47-48). Os capítulos XIII e XIV são consideradas judeo-apocalíptico. Não se preservou nenhuma cópia em hebraico ou grego. A maioria dos críticos aceita que o livro foi escrito originalmente em hebraico e depois traduzido para grego, latim, armênio, etíope e georgiano. O livro parece ter sido escrito em época de grande aflição, talvez a destruição do II Templo, ou final do primeiro século embora alguns dizem que data do início do terceiro século. Quanto a autoria, pela unidade do texto alguns sustentam que é de um único autor, um crente messiânico que teria recebido visões celestiais, é o mais plausível, mas outros atribuem a obra a até cinco autores diferentes. 20 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II 48 O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica E entraram no Eufrates por lugares estreitos do rio. Então o Eterno fez para eles um milagre e deteve as águas do rio até que pudessem passar. Este país está à distância de um ano e meio e seu nome é a Arsareth. Eles habitarão ali até os últimos dias e logo quando estiverem de volta o Altíssimo de novo deterá as fontes do rio para que possam passar em paz. Quando tenha destruído a multidão de nações que se uniram contra eles, então defenderá o restante de seu povo. E então lhe mostrará seus grandes sinais.” Ezra Beit/2 Ed. 13:39-50. É interessante notar que bem antes de Nahmanides afirmar que o Rio Sambatyon é o Rio Khabur, um dos afluentes do Eufrates, o autor do pseudoagiógrafo de Ezra, já sugeria que o exílio de Israel se relacionava diretamente com o próprio Eufrates, o rio que Israel cruzou ao partir de sua terra e voltará a cruzar ao retornar para ela dos confins da Europa. A declaração de Moses ben Isaac Edrehi se junta a de Maimônides que teria dito: “Creio que as dez tribos estão em várias partes da Europa.” Mas outros rabinos tratarão de definir o enigmático destino das tribos perdidas. Pode-se citar ainda o erudito judeu convertido ao cristianismo através da Igreja da Inglaterra, o Dr. Moisés Margoliouth (18181881), nascido de pais judeus em Sulwaki na Polônia, converteu-se a Yeshua aos 19 anos, mas jamais perdeu o vínculo de amor com seu povo, o que incluía não só os judeus, mas também os dispersos do norte, onde ninguém sabia onde estavam. Formado em Teologia em Dublin foi ordenado em 1844, assumindo diversos cargos na Igreja Episcopal. Dois anos depois, em 1846, o erudito judeu messiânico escreveu a sua The History of the Jews in Great Britain (História dos Judeus na Grã Bretanha), a obra em três volumes foi publicado em 1851.21 Depois de apresentar diversos dados de prova ele conclui dizendo: ... “Os israelitas devem ter visitado os países ocidentais (da Europa) nos dias de Shlomo (Salomão).” Mas ele não foi o único judeu a se apaixonar pela tese de que Israel esteve na Grã-Bretanha. A Obra de Moisés Margoliouth pode ser consultada on line em Google Books. http://books.google.com/books?id=VcUCAAAAQAAJ&printsec=frontcover&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=on epage&q&f=false 21 Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 49 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica O israelismo britânico, apaixonaria a outro judeu messiânico, Elieser Basin (1840-1898), um judeu russo, nascido em Mogilev na atual Bielo-Rússia e convertido a Yeshua aos 29 anos de idade, veio a ler o trabalho de Edward Hine e se tornou um convicto defensor do israelismo britânico. Escreveu várias obras sobre o tema, entre elas: “O hebraico moderno, e os cristãos hebreus (1882). Fraternidade Entre Britânicos e Judeus (1884). Dez Tribos Perdidas. Anglo-Israel por um Judeu (1884). Um dedo Pós-ao caminho da Salvação. Uma Exposição dos Livros Bíblicos e Rabínicos (1887). A Páscoa, Celebrada Hoje Pelos Judeus, Comparada com a Celebrada por Cristo e seus Discípulos (1889). A síntese de sua crença sobre o israelismo britânico pode ser dada nestas palavras: “As Escrituras hebraicas apontam para as ilhas britânicas como a casa dos primogênitos nascidos de Elohim (isto é, Efraim, o nome coletivo para as Dez Tribos, Jeremias 31:9) ... É minha convicção de que a Grã-Bretanha é a nação com a qual Elohim tem se identificado do princípio ao fim. Eu, um israelita da Casa de Yehudáh com israelitas da casa de Efraim (A Casa de Israel). Como crentes na fidelidade da manutenção do pacto de Elohim eu o chamo para despertar de seu sono.” Elieser Basin 1884, Fraternidade Entre Britânicos e Judeus. Depois da proclamação de Basin, muitos judeus acreditaram de fato que a o povo da Inglaterra e por extensão os angloamericanos são descendentes de judeus. A tese é comentada na Enciclopédia Judaica. “A identificação dos Sacae, ou citas, com as Dez Tribos ocorre porque eles aparecem na história, ao mesmo tempo, e quase no mesmo local em que os israelitas são transportados por Shalmanesar. Isso é um dos principais sustentáculos da teoria que identifica o povo Inglês, e de fato toda a raça germânica, com as dez tribos." ( Enciclopédia Judaica , 1901, vol. 12, p. 250). Não há dúvidas que os judeus tinham noção há vários séculos da presença de seus irmãos por onde eles passavam e a convicção de seu retorno à verdadeira adoração, apesar de haverem abandonado a fé de seus pais. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 50 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica À medida, porém, que os ingleses se voltavam cada vez mais para Elohim, abandonando a idolatria ancestral herdada da Igreja de Roma e de seu passado pré-cristão, parece ter ficado cada vez mais evidente a sua origem. Esta mesma evidência foi sendo fornecida em muitas outras terras onde o evangelho penetrou com inusitada força arrancando da idolatria ou de um culto não dirigido ao Eterno uma imensidão de almas. A questão de como Israel quanto mais atacado e perseguido, e quanto mais vagueia longe de casa mais cresce, é nosso próximo capítulo. Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br 51 Em Busca das Tribos Perdidas de Israel – Capitulo II O Exílio e o Retorno das Tribos Perdidas na Literatura Rabínica Nosso Próximo Número Multipliquem-se Como Peixes no Meio da Terra Yakov Profetisa a Multiplicação de Efraym Entre os Gentios Antes de partir desta vida Yakov adotou seus netos Efraim e Menassh como filhos, abençoou-lhes para que se multiplicassem como peixes no meio da e disse que Efraym se tornaria a plenitude dos gentios. Acompanhe-nos nesse fascinante estudo que desvenda as profecias e nos revelam que muitos dos chamados gentios são filhos e filhas descendentes de Israel. Edições Comunidade de Israel Edições Comunidade de Israel www.comunidadedeisrael.com.br
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