desidratação oxidativa do glicerol sobre - Sicbolsas
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desidratação oxidativa do glicerol sobre - Sicbolsas
Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química Programa de Pós Graduação em Química DESIDRATAÇÃO OXIDATIVA DO GLICEROL SOBRE CATALISADORES METÁLICOS SUPORTADOS EM FOSFATO E ÓXIDO DE NIÓBIO: FORMAÇÃO DE ACROLEÍNA E ÁCIDO ACRÍLICO Carolina Fernandes de Miranda Pestana Professor orientador: Claudio José de Araujo Mota Doutor em Ciências Rio de Janeiro, RJ – Brasil Setembro de 2014 Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química Programa de Pós Graduação em Química DESIDRATAÇÃO OXIDATIVA DO GLICEROL SOBRE CATALISADORES METÁLICOS SUPORTADOS EM FOSFATO E ÓXIDO DE NIÓBIO: FORMAÇÃO DE ACROLEÍNA E ÁCIDO ACRÍLICO Carolina Fernandes de Miranda Pestana Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte integrante dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências, Química Essa tese de Doutorado foi realizada com o apoio financeiro da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. P476 Pestana, Carolina Fernandes de Miranda. Desidratação oxidativa do glicerol sobre catalisadores metálicos suportados em fosfato e óxido de nióbio: formação de acroleína e ácido acrílico / Carolina Fernandes de Miranda Pestana – Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2014. 128f., il. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Química, Rio de Janeiro, 2014. Orientador: Claudio José de Araujo Mota. 1. Glicerol. 2. Desidratação Oxidativa. 3. Síntese de Acroleína. 4. Nióbio. 5. Síntese de Ácido Acrílico. I. Mota, Claudio José de Araujo. (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Química. III. Título. CDD: 547 Carolina Fernandes de Miranda Pestana DESIDARTAÇÃO OXIDATIVA DO GLICEROL SOBRE CATALISADORES METÁLICOS SUPORTADOS EM FOSFATO E ÓXIDO DE NIÓBIO: FORMAÇÃO DE ACROLEÍNA E ÁCIDO ACRÍLICO Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisitos parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências, Química Aprovada em _______________ ________________________________________________________ - Orientador DSc. Claudio José de Araujo Mota (IQ – UFRJ) ________________________________________________________ DSc. Marco André Fraga (INT) _________________________________________________________ DSc. Ana Maria Rocco (EQ - UFRJ) ___________________________________________________________ DSc. Elizabeth Roditi Lachter (IQ – UFRJ) ____________________________________________________________ DSc. Jussara Lopes Miranda (IQ – UFRJ) À minha família, Rafael e Bernardo; Aos meus pais, Pedro Paulo e Nilcinéa AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu marido Rafael que, além de companheiro para todas as horas, é o meu maior incentivador. Ao meu filho Bernardo por ter me dado a honra de possuir o título mais importante da vida, o de mãe. A vocês agradeço pela compreensão nas horas que estive ausente, pelo apoio e amor irrestrito em todos os momentos. Amo vocês acima de tudo. Aos meus pais, Pedro Paulo e Nilcinéa, que sempre incentivaram e proporcionaram a minha formação. Vocês são um exemplo a se seguir, sem vocês nada eu seria. Ao meu irmão, Camilo. A todos os meus familiares e amigos que sempre estiveram perto de mim, torcendo e acreditando no meu potencial. Ao meu orientador Claudio José de Araujo Mota pelos ensinamentos, confiança no meu trabalho e pela oportunidade. A amiga Íria Bassan, que além das questões acadêmicas, se tornou uma grande amiga para todas as horas. Obrigada por me confortar e ajudar no momento mais difícil de toda esta jornada. A todos os meus colegas de laboratório: Obrigada pelos momentos de descontração em nosso ambiente de trabalho. Em especial, a Renata Jorge da Silva e a Carolina Xavier pela companhia na sala de estudos e também nos congressos nos quais estivemos juntas. A Luciana Machado pelas análises de ASAP, além das risadas garantidas. Aos funcionários do Pólo de Xistoquímica Professor Claudio Costa Neto, em especial a Brunhilde Henker e Cláudia Caruzo. A todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho. A vocês meus agradecimentos! RESUMO PESTANA, Carolina Fernandes de Miranda. Desidratação Oxidativa do Glicerol Sobre Catalisadores Metálicos Suportados em Fosfato e Óxido de Nióbio: Formação de Acroleína e Ácido Acrílico. Orientador: Claudio José de Araujo Mota. Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2014. Tese (Doutorado em Química). Foi estudada a desidratação do glicerol à acroleína sob catalisadores ácidos, bem como a desidratação oxidativa do glicerol ao ácido acrílico na presença de catalisadores preparados por impregnação de sais de vanádio, molibdênio e/ou cobalto em fosfato e óxido de nióbio. O desempenho desses catalisadores foi avaliado nestas duas reações num reator de fluxo contínuo com leito fixo de catalisador, sob atmosfera de nitrogênio e ar sintético, à pressão atmosférica e temperatura de 300°C. Todos os catalisadores testados na desidratação do glicerol (Nb2O5 e NbOPO4) produziram acroleína como produto principal e a seletividade variou entre 70 e 90%. Outros produtos identificados foram acetaldeído, formaldeído e hidroxiacetona. O acetaldeído e formaldeído são formados pela decomposição térmica do 3-hidroxipropanal, a seletividade a este produto aumenta com o aumento da temperatura. A hidroxiacetona é formada pela desidratação com a hidroxila terminal do glicerol. Para a desidratação oxidativa do glicerol foram avaliados catalisadores preparados com impregnação de sais metálicos em suportes de nióbio. Os catalisadores que apresentaram maior seletividade a ácido acrílico foram Co/V/NbOPO4, com 10,5%, e V/Mo/Nb2O5, com 10,1%. Além dos produtos de desidratação (acroleína, acetaldeído e formaldeído) foi observado ácido acético, possivelmente proveniente da oxidação do acetaldeído. Palavras chave: glicerol, acroleína, ácido acrílico, desidratação, nióbia ABSTRACT PESTANA, Carolina Fernandes de Miranda. Desidratação Oxidativa do Glicerol Sobre Catalisadores Metálicos Suportados em Fosfato e Óxido de Nióbio: Formação de Acroleína e Ácido Acrílico. Orientador: Claudio José de Araujo Mota. Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2014. Tese (Doutorado em Química). Dehydration of glycerol to acrolein under acid catalysts and oxidative dehydration of glycerol to acrylic acid in the presence of catalysts prepared by impregnation of salts of vanadium, molybdenum and / or cobalt species of niobium, niobium oxide and phosphate, were investigated. The performance of these catalysts was evaluated in these two reactions in a continuous flow reactor with a fixed catalyst bed, under nitrogen or synthetic air at atmospheric pressure and 300 °C. All catalysts tested in the dehydration of glycerol (Nb2O5 and NbOPO4) produced acrolein as the main product and the selectivity varied between 70 and 90%. Other products were identified as acetaldehyde, hydroxyacetone and formaldehyde. The formaldehyde and acetaldehyde are formed by thermal decomposition of 3hydroxypropanal, these products selectivity is higher with increasing temperature. The hydroxyacetone is formed by dehydration of the terminal hydroxyl of glycerol. Catalysts prepared with impregnating metal salts in niobium supports were evaluated for oxidative dehydration of glycerol . The catalysts that showed higher selectivity to acrylic acid were Co/V/NbOPO4, with 10.5%, and V/Mo/Nb2O5, with 10.1%. Aside from dehydration products (acrolein, acetaldehyde and formaldehyde), acetic acid was observed, possibly from the oxidation of acetaldehyde. Keywords: glycerol, acrolein, acrylic acid, dehydration, niobium Sumário CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................ 14 1.1 Objetivos .................................................................................................... 17 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 18 2.1 Glicerol........................................................................................................... 18 2.2 Desidratação do Glicerol................................................................................ 28 2.3 Oxidação da Acroleína................................................................................... 35 2.4 Desidratação Oxidativa do Glicerol ................................................................ 41 2.5 Nióbio............................................................................................................. 48 CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 54 3.1 Materiais ........................................................................................................ 54 3.2 Preparo dos Catalisadores ............................................................................ 55 3.3 Caracterizações ............................................................................................. 57 3.3.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X ............................................. 57 3.3.2 Difração de Raios-X .................................................................................... 59 3.3.3 Análise Textural .......................................................................................... 59 3.3.4 Dessorção com Temperatura Programada de n-butilamina ....................... 60 3.4 Condições de Análise .................................................................................... 61 3.5 Testes Catalíticos .......................................................................................... 62 CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 65 4.1 Caracterização dos Catalisadores ................................................................. 65 4.1.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X ............................................. 65 4.1.2 Difração de Raios-X .................................................................................... 67 4.1.3 Dessorção com Temperatura Programada de n-butilamina ....................... 73 4.1.4 Análise Textural .......................................................................................... 77 4.2 Testes Catalíticos. ......................................................................................... 80 4.2.1 Avaliação dos Suportes .............................................................................. 80 4.2.2 Avaliação dos Catalisadores Bifuncionais .................................................. 85 4.2.2.1 Catalisadores Suportados em Óxido de Nióbio ....................................... 85 4.2.2.2 Catalisadores Suportados em Fosfato de Nióbio ..................................... 90 4.2.2.3 Estimativa da quantidade de CO e CO2 formados ................................... 98 4.2.2.4 Uso do Suporte ...................................................................................... 100 4.2.2.5 Proposta de mecanismo de desidratação/oxidação do glicerol ............. 102 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ............................................................................ 110 5.1 Perspectivas Futuras ................................................................................... 111 CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 112 CAPÍTULO 7 - APÊNDICES.................................................................................. 123 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Propriedades Físico-químicas do Glicerol (Adaptada de Perry, 1997) ..... 19 Tabela 2: Massa de sal metálico utilizado em cada catalisador preparado............. 56 Tabela 3 Condições reacionais utilizadas ............................................................... 62 Tabela 4: Condições cromatográficas utilizadas ..................................................... 64 Tabela 5: Teores dos elementos, em percentual de massa em base seca, presentes nos catalisadores, obtidos por espectroscopia de fluorescência de RaiosX .............................................................................................................................. 66 Tabela 6: Teores dos elementos, em mmol, presente em 1 grama de catalisador, em base seca, onde “T” representa o valor teórico, e “E”, o valor experimental. .... 67 Tabela 7: Acidez dos catalisadores por dessorção com temperatura programada de n-butilamina ............................................................................................................. 75 Tabela 8: Área Superficial e Volume de poro dos Catalisadores ............................ 78 Tabela 10 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos formados nas reações de desidratação com os suportes sem impregnação metálica .................. 84 Tabela 11 Caracterizações dos Catalisadores suportados em óxido de nióbio ...... 88 Tabela 12 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos de desidratação oxidativa do glicerol com catalisadores suportados em Nb2O5 .......... 90 Tabela 13 Comparação das caracterizações dos catalisadores suportados em NbOPO4 .................................................................................................................. 96 Tabela 14 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos da desidratação oxidativa do glicerol com catalisadores suportados em NbOPO4 ...... 97 Tabela 15 Rendimento a CO e CO2 (Adaptado de DELAPLANQUE, 2010) ......... 100 Tabela 16 Acidez de Brønsted e Lewis de Nb2O5 e NbOPO4 calcinados a 300ºC (Adaptado de LACHTER, 2013) ............................................................................ 105 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Distribuição da Matriz Energética Mundial (Adaptado de IEA, 2013) ........ 15 Figura 2: Reação de transesterificação do triglicerídeo com metanol ..................... 20 Figura 3 Distribuição dos usos da glicerina purificada (MOTA, 2009) ..................... 22 Figura 4. Reação de produção do propilenoglicol (1,2 propanodiol) ....................... 23 Figura 5: Reação de hidrogenólise de glicerina com produção de propeno............ 23 Figura 6: Reação de eterificação da glicerina com etanol ....................................... 24 Figura 7: Esterificação da glicerina com ácido acético ............................................ 24 Figura 8: Reação de glicerina com aldeídos para produção de acetais cíclicos ..... 25 Figura 9: Reação de glicerina com acetona. Produção de solketal ......................... 25 Figura 10: Produtos de oxidação da glicerina ......................................................... 26 Figura 11 Reação de produção do carbonato de glicerina ...................................... 27 Figura 12: Possíveis produtos da reação de desidratação do glicerol .................... 29 Figura 13: Rota industrial de produção do ácido acrílico a partir do propeno ......... 35 Figura 14: Mecanismo da oxidação da acroleína a ácido acrílico (ANDRUSHKEVICH, 1992) ..................................................................................... 40 Figura 15: Reação de desidratação oxidativa do glicerol com produção de ácido acrílico ..................................................................................................................... 43 Figura 16: Possíveis produtos da reação de glicerina com catalisador ácido e oxidante (HUNSOM, 2013)...................................................................................... 48 Figura 17 Estrutura do H8Nb6O19 (TANABE, 1987) ................................................. 51 Figura 18: Unidade de Fluxo Contínuo utilizada para a realização das reações. .... 63 Figura 19 Difratograma de Raios-X do Nb2O5 antes e após a calcinação a 550ºC68 Figura 20 Difratograma de raios-X do fosfato de nióbio antes e após a calcinação, a 550ºC ...................................................................................................................... 69 Figura 21: Difratograma do óxido de nióbio com e sem a impregnação de metal ... 70 Figura 22 Difratograma de Raio-X do fosfato de nióbio com e sem impregnação de metais. ..................................................................................................................... 71 Figura 23 Difratograma de Raio-X de Fosfato de Nióbio com e sem impregnação de vanádio (SUN, 2007). (▲) fase cristalina de V2O5. ................................................. 72 Figura 24 Difratograma do catalisador mássico de V e Mo, e dos respectivos óxidos ................................................................................................................................ 73 Figura 25: Curva termogravimétrica e DrTGA de perda de massa em função da temperatura do catalisador Nb2O5 ........................................................................... 74 Figura 26 Isoterma de adsorção do catalisador V/Mo/Nb2O5 ................................. 80 Figura 27: Conversão do glicerol e seletividade aos produtos para a reação de desidratação com NbOPO4 ..................................................................................... 82 Figura 28: Conversão do glicerol e seletividade aos produtos para a reação de desidratação com Nb2O5 ......................................................................................... 82 Figura 29 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Mo/V/Nb2O5 .............................................................. 85 Figura 30 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Mo/Co/Nb2O5 ............................................................ 86 Figura 31 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com V/Co/Nb2O5 ........................................................... 87 Figura 32 Seletividade média dos produtos dos catalisadores suportados em Nb2O5 ................................................................................................................................ 89 Figura 33 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com 5%V/NbOPO4 ............................................................ 91 Figura 34 Conversão do glicerol e seletividade dos produtos da reação de desidratação oxidativa com 20V/NbOPO4 .............................................................. 92 Figura 35 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com V/Mo/NbOPO4 ....................................................... 93 Figura 36 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com Co/Mo/NbOPO4..................................................... 94 Figura 37 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Co/V/NbOPO4 ........................................................... 95 Figura 38 Seletividades média dos produtos com catalisador suportados em NbOPO4 .................................................................................................................. 97 Figura 39 Curva de calibração do CO2 ................................................................... 99 Figura 40 Cromatograma do CO e CO2 utilizando DCT .......................................... 99 Figura 41 Seletividades Médias dos catalisadores a base de V/Mo com e sem suporte .................................................................................................................. 102 Figura 42 Possíveis produtos formados na reação de desidratação oxidativa do glicerol (Adaptado de DELAPLANQUE, 2010) ...................................................... 103 Figura 43 Possíveis produtos da primeira desidratação do glicerol (Adaptado de COLL, 2011 ) ......................................................................................................... 104 Figura 44 Mecanismo de desidratação do glicerol a hidroxiacetona (Adaptado de POSSATO, 2013) .................................................................................................. 106 Figura 45 Regeneração do sítio de Lewis ............................................................. 106 Figura 46 Mecanismo de desidratação do glicerol a acroleína (adaptado de POSSATO, 2013) .................................................................................................. 107 Figura 47 Regeneração do sítio de Bronsted do catalisador ................................. 108 Figura 48 Produção de acetaldeído (Adaptado de SHEN, 2014) .......................... 108 Figura 49 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/Nb2O5 ....................................................................................................... 123 Figura 51 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador V/Mo/Nb2O5 .............................................................................................................................. 124 Figura 52 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/NbOPO4 .................................................................................................... 125 Figura 53 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Nb2O5 ... 125 Figura 54 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador V/Mo/NbOPO4 ...................................................................................................... 126 Figura 55 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/V/NbOPO4 ....................................................................................................... 126 Figura 56 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/NbOPO4 .................................................................................................... 127 Figura 57 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador NbOPO4 127 Figura 58 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador 20V/NbOPO4 ........................................................................................................ 128 Figura 59 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador 5V/NbOPO4 .............................................................................................................................. 128 14 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO A crescente preocupação com o meio ambiente e o aquecimento global motivam diversas pesquisas que visam minimizar o impacto causado pelas ações do homem. Neste contexto as novas fontes de energia, principalmente as renováveis, ganham cada vez mais destaque por emitirem menores quantidades de gases do efeito estufa e, também, pela possibilidade de os gases produzidos serem absorvidos pelas próprias plantas cultivadas para a produção dos biocombustíveis. O mundo contemporâneo ainda é muito dependente dos derivados fósseis. Cerca de 80% da matriz energética mundial é proveniente do petróleo, gás natural e carvão mineral (Figura 2), que são fontes esgotáveis e não renováveis (IEA, 2013). Segundo dados do Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da ANP, o consumo mundial de petróleo em 2013 foi superior a 89 milhões de barris por dia, o que representa um aumento de 1% ao ano anterior. No Brasil, o consumo foi pouco mais de 2,8 milhões de barris por dia, sendo esse valor 2,35% maior que em 2012. Na mesma direção do petróleo, a produção de biocombustíveis também tem aumentado. No Brasil, em 2013, foram produzidos cerca de 2,7 milhões de metros cúbicos de biodiesel, representando um aumento de 1,67% do período anterior. (ANP,2013) 15 O biodiesel é um biocombustível promissor substituto do diesel de petróleo. Ele é produzido, geralmente, pela transesterificação dos óleos vegetais com álcoois de cadeia curta, mais comumente o metanol, sob condições básicas. Por apresentar características semelhantes ao diesel, podem ser utilizadas misturas biodiesel/diesel sem quaisquer modificações nos motores do ciclo diesel. O biodiesel apresenta menores quantidades de enxofre e, por ser renovável, não contribui para o efeito estufa, uma vez que o CO2 produzido pela sua queima é consumido no ciclo do carbono. Carvão 29% Óleo 32% Outros 1% Biocombustíveis 10% Gás natural 21% Hídrica 2% Nuclear 5% Figura 1 Distribuição da Matriz Energética Mundial (Adaptado de IEA, 2013) A produção de biodiesel gera como subproduto o glicerol, e com o aumento na produção de biodiesel temos um aumento significativo na produção de glicerol. Cada 90m3 de biodiesel produzidos pela transesterificação de óleos vegetais formam, aproximadamente, 10m3 de glicerol. Em 2012, a produção de glicerol a 16 partir do biodiesel foi de 274mil m3 e esse grande volume de glicerol ofertado acarreta queda no preço de mercado. (ANP, 2013) A transformação do glicerol em produtos de maior valor agregado pode ser um fator fundamental para o sucesso do Programa Nacional de Produção do Biodiesel (PNPB), pois pode diminuir o custo final do biodiesel ao consumidor, tornando-o mais atrativo economicamente. Ademais, a utilização econômica do glicerol evita prejuízos ambientais, com a sua queima direta, ou dejetos em rios e lagos. 17 1.1 Objetivos Objetivo Geral O trabalho tem como objetivo principal a transformação química do glicerol em produtos de maior valor agregado, que possam ser utilizados na cadeia de produção de plásticos e outros produtos. Mais especificamente, a proposta é converter o glicerol (1,2,3 propanotriol) em acroleína (propenal) e ácido acrílico (ácido propenóico) através da desidratação e desidratação oxidativa, respectivamente, sobre catalisadores bifuncionais de metais suportados em compostos de nióbio. Objetivos Específicos • Formular catalisadores metálicos bifuncionais suportados em compostos a base de nióbio; • Caracterizar os catalisadores metálicos bifuncionais suportados em compostos a base de nióbio; • Avaliar os catalisadores preparados na reação de desidratação oxidativa do glicerol sob condição de fluxo contínuo para a produção de acroleína e ácido acrílico 18 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo é feita a revisão bibliográfica da literatura sobre os temas e reações abordados neste trabalho. 2.1 Glicerol Glicerol ou 1,2,3 propanotriol é um álcool, líquido a temperatura ambiente, viscoso, inodoro e incolor. Também pode ser denominado comercialmente como glicerina, quando se apresenta com pureza acima de 95%. O glicerol é encontrado naturalmente em óleos e gorduras de origem vegetal ou animal na forma combinada, ligado a ácidos graxos. O glicerol foi descoberto em 1783 pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele, quando tratava óleos naturais com uma substância alcalina. O glicerol recebeu esse nome por Michel Eugene Chevreul em 1811, originado da palavra grega “glycos”, que significa doce. Em 1866 teve seu primeiro uso técnico na produção de dinamite, nitroglicerina (BEHR, 2008). Em sua forma pura e anidra a glicerina tem densidade específica de 1,261 g/mL, ponto de fusão de 18,2 ºC e ponto de ebulição de 290 ºC sob pressão atmosférica normal. Possui uma combinação própria de propriedades físicoquímicas como pode ser observado na Tabela 1 (Perry, 1997). 19 Tabela 1 Propriedades Físico-químicas do Glicerol (Adaptada de Perry, 1997) Propriedades Valores Peso Molecular 92,09 Densidade (100% pureza a 25ºC) 1,261 g/mL Viscosidade (20ºC) 939 cps Ponto de Ebulição 290ºC Ponto de Fusão 18ºC Tensão superficial (20ºC) 63,4 mN/m Calor específico (99,96% de pureza, 26ºC) 2,435 J/g Calor de evaporação (55ºC) 88,12 J/mol Calor de Dissolução 5,8 J/mol Calor de evaporação 667,8 J/mol A produção do glicerol foi feita a partir da epicloridrina desde a década de 40. Essa rota caiu em desuso pelo fato da epicloridrina ser proveniente do propeno, que por sua vez é proveniente de combustíveis fósseis. Antes disso, todo o glicerol produzido no mundo era proveniente da indústria de sabão. A partir do aumento do uso do biodiesel, um grande excedente de glicerol tem sido gerado, fazendo com que diminua cada vez mais as plantas de produção de glicerol com consequente aumento das plantas que utilizam glicerol como matéria prima para diversos produtos químicos, inclusive a própria epicloridrina (BEATRIZ, 2011). Atualmente, a maior parte da glicerina produzida é proveniente do processo de produção do biodiesel. Esse biocombustível é um éster de ácido graxo obtido pela transesterificação de óleos ou gorduras, de origem vegetal ou animal, com 20 álcoois de cadeia curta, como o metanol ou etanol, sob condições básicas ou ácidas, sendo formada glicerina como subproduto (PINTO, 2005). A reação de transesterificação é mostrada na Figura 2. O R1 O R1 OCH3 + O HO O R2 + O CH3OH R2 O OCH3 + HO + O HO O O R3 R3 OCH3 Figura 2: Reação de transesterificação do triglicerídeo com metanol A reação de transesterificação pode ser catalisada por meio básico ou ácido, utilizando processo catalítico homogêneo ou heterogêneo. Hidróxidos de sódio e de potássio são os catalisadores mais comumente utilizados nas indústrias. Têm como vantagens serem baratos e bastante reativos mas, como desvantagens, podem produzir sabões pela hidrólise e neutralização dos ácidos graxos livres, assim como pela saponificação do triglicerídeo (BORGES, 2012). A formação de sabão é uma reação secundária indesejável porque ela consome o catalisador, diminui o rendimento de biodiesel e dificulta as etapas de purificação e separação. A remoção destes catalisadores é tecnicamente difícil e traz custos adicionais ao produto final. Além disso, a dificuldade para a reciclagem e a grande quantidade de resíduos gerados faz o tradicional catalisador ser menos favorável (MOTA, 2006). 21 O crescimento da demanda e, consequentemente, da produção de biodiesel são acompanhados pelo aumento da quantidade de glicerina produzida, seu principal subproduto; para cada 90m3 de biodiesel produzidos são gerados cerca de 10m3 de glicerina. A glicerina proveniente da produção do biodiesel é chamada de bruta ou loira e apresenta em torno de 20% de impurezas, entre elas, o álcool, água, mono, di e triglicerídeos não reagidos, sais, além de apresentar alta basicidade por conta do catalisador utilizado. As características da glicerina bruta dependem do óleo vegetal, do álcool e do catalisador utilizados. Os processos de purificação da glicerina bruta são complexos e bastante onerosos, o que incentiva ainda mais a utilização dela com o mínimo de tratamento em reações de transformação química (BEATRIZ, 2011). Segundo dados do Anuário Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, em 2012, foram produzidos pouco mais de 274 mil m3 de glicerina provenientes da transesterificação de ácidos graxos (ANP, 2012). O grande aumento na oferta de glicerina pressionou a queda dos preços. Em 2005, quando a produção nacional era muito pequena, cerca de 69 m3, a glicerina custava em média R$3,00/quilo. Em 2007, com a produção elevada para 36mil m3, o preço não passava de R$1,70/quilo. Os setores farmacêutico, de cosméticos, higiene, alimentos e fumo são os maiores responsáveis pela aplicação da glicerina purificada. Uma pequena quantidade é utilizada para transformação química, principalmente na produção de explosivos, como a nitroglicerina, e resinas alquílicas (MOTA, 2009). A Figura 3 mostra os usos mais comuns para a glicerina purificada. 22 Papéis 1% Outros 10% Revenda 14% Ésteres 13% Poliglicerina 12% Tabaco 3% Cosméticos Saboaria Farmacos 28% Filmes e celulose 5% Resinas Alquílicas 6% Alimentos e bebidas 8% Figura 3 Distribuição dos usos da glicerina purificada (MOTA, 2009) A transformação química da glicerina comercialmente ainda é pouco utilizada apesar de muitas serem as possibilidades. Diversos estudos mostram a conversão deste reagente em diversos outros insumos químicos de grande importância industrial, dentre eles estão a hidrogenólise, eterificação, esterificação, oxidação, desidratação, acetalisação (MOTA, 2011). A reação de hidrogenólise do glicerol produz, principalmente, 1,2 propanodiol (Figura 4), que pode ser usado como aditivo anti-congelante para combustíveis, e 1,3 propanodiol, utilizado na produção de fibras sintéticas. Esta reação é normalmente realizada na presença de catalisadores metálicos, a base de Cu, Ni ou Pd, tanto em solução como em fase gasosa (DASARI, 2005). 23 Figura 4. Reação de produção do propilenoglicol (1,2 propanodiol) A hidrogenólise mais profunda da glicerina pode produzir n-propanol e isopropanol, além de propeno e propano (Figura 5). Um processo para produção de propeno a partir de glicerina foi recentemente desenvolvido e se mostra interessante como meio de produzir plásticos verdes, produzidos a partir de matéria-prima renovável, a partir da cadeia do biodiesel (MOTA, 2008). Figura 5: Reação de hidrogenólise de glicerina com produção de propeno A eterificação do glicerol produz compostos de menor polaridade e viscosidade. A produção de éteres de glicerina pode ocorrer pela reação com álcoois, como metanol, etanol e álcool benzílico, podendo formar mono, di ou tri éteres (Figura 6). Os éteres etílicos de glicerina são capazes de diminuir o ponto de congelamento do biodiesel, portanto se apresentam como promissores aditivos para esta função. (Da Silva, 2009). 24 Figura 6: Reação de eterificação da glicerina com etanol A produção de mono, di e triacetatos de glicerol, também conhecidos como mono, di ou triacetina, é obtida pela esterificação, onde ocorre a reação de glicerina com ácido acético, em presença de catalisadores ácidos, como mostrado na Figura 7 (GONÇALVES, 2008). Os monoésteres de glicerol podem ser usados como emulsificantes na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica. Figura 7: Esterificação da glicerina com ácido acético 25 Reações de acetalisação do glicerol com aldeído formam, em geral, acetais cíclicos com anéis de 5 ou 6 membros (Figura 8). Tais produtos melhoram as propriedades de fluxo a frio do biodiesel, como o ponto de névoa e o ponto de fluidez (MOTA, 2010A). Quando esta mesma reação é realizada com acetona forma-se como único produto o solketal (Figura 9), que adicionado à gasolina, é capaz de diminuir a formação de goma e aumentar a octanagem (MOTA, 2010B). Figura 8: Reação de glicerina com aldeídos para produção de acetais cíclicos Figura 9: Reação de glicerina com acetona. Produção de solketal É possível, também, a produção de hidrogênio e gás de síntese (mistura de CO e H2) a partir da reforma a vapor do glicerol (LIN, 2013). O gás de síntese apresenta diversas aplicações industriais, como a produção de metanol que pode ser reintegrado na cadeia do biodiesel, sendo utilizado na reação de transesterificação de óleos vegetais. Muitos são os possíveis produtos da reação de oxidação do glicerol (Figura 10). A oxidação catalítica da hidroxila terminal do glicerol forma ácido glicérico e 26 ácido tartrônico. A oxidação da hidroxila central produz di-idroxiacetona, enquanto a oxidação de ambas as hidroxilas produz ácido hidroxi-pirúvico e ácido mesoxálico. Além desses produtos, podem ser formados, com quebra de ligação carbono-carbono, ácido oxálico, hidroxietanóico e fórmico. Figura 10: Produtos de oxidação da glicerina A formação de carbonato de glicerina a partir da reação da glicerina com dióxido de carbono, utilizando catalisadores a base de metais de transição, é uma rota bastante interessante por utilizar dois rejeitos para a produção de um composto com valor comercial (DIBENEDETTO, 2006). O carbonato de glicerina tem aplicações em diversas áreas, por exemplo, como solvente industrial e também como precursor na preparação de policarbonatos, poliésteres, poliuretanas e poliamidas (MOTA, 2009). 27 O O OH HO + CO2 cat O + H2O OH OH Figura 11 Reação de produção do carbonato de glicerina Os processos de transformação química da glicerina em produtos de maior valor agregado representam uma forma de utilização deste insumo e, também, rotas sustentáveis para a produção da maioria dos produtos citados, que possuem processos de obtenção caros e dependentes de matéria-prima de origem fóssil. Além das transformações química já citadas, há a reação de desidratação do glicerol, que será explanada em um tópico posterior. Muitos são os estudos da transformação química do glicerol puro, mas poucos mostram o uso de glicerol bruto, oriundo do processo de produção do biodiesel. Geralmente, a purificação do glicerol bruto passa pelas seguintes etapas: neutralização do catalisador remanescente; remoção dos sais; evaporação do álcool e da água. Etapas de destilação, desodoridação e branqueamento ainda podem ser feitas para obter uma maior pureza (SKRZYNSKA, 2014). Na reação de oxidação seletiva do glicerol, por exemplo, a conversão do glicerol puro é de 45% enquanto a do glicerol bruto não ultrapassa os 5%, em catalisadores de ouro suportado em titânia (SULLIVAN, 2014). 28 2.2 Desidratação do Glicerol Desidratação é a reação de eliminação de uma ou mais moléculas de água de um determinado composto orgânico. A desidratação catalítica do glicerol é uma rota alternativa para a produção de acroleína. Normalmente, esta reação é realizada sobre catalisadores com características ácidas e temperaturas até 400ºC. Esta reação pode ser feita em fase líquida ou em fase gasosa, com utilização de catalisador homogêneo ou heterogêneo (ZHOU, 2013). Em regra geral, as reações de hidratação são favorecidas em baixas temperaturas enquanto as de desidratação em temperaturas elevadas. Foi mostrado que em temperaturas relativamente baixas (250°C) há uma diminuição da conversão do glicerol enquanto se tem uma elevada seletividade a acroleína (ARKEMA, 2005). O glicerol é um álcool com três hidroxilas e, portanto, a desidratação pode acontecer em duas hidroxilas diferentes. A Figura 12 mostra as possíveis rotas de desidratação do glicerol. A rota 1 é referente à desidratação pela hidroxila central, formando 3-hidroxipropanal, seguida de uma segunda desidratação (rota 3) com formação de acroleína. O intermediário 3-hidroxipropanal ainda pode sofrer uma clivagem térmica (rota 4) em formaldeído e acetaldeído. A desidratação do glicerol pode ser, também, através de uma das hidroxilas terminais, rota 2, onde há formação de hidroxiacetona, também chamado de acetol. A reação de desidratação do glicerol em acroleína é geralmente acompanhada de reações secundárias com formação de subprodutos como hidroxiacetona, propanal, acetaldeído, formaldeído, acetona, e produtos da policondensação do glicerol e ésteres cíclicos do glicerol (ARKEMA, 2006). 29 Figura 12: Possíveis produtos da reação de desidratação do glicerol No estudo de Mark R. Nimlos foi investigado, através de cálculos computacionais, os mecanismos de desidratação do glicerol em fase gasosa. Este trabalho mostra que, apesar das reações serem endotérmicas, ocorrem com significativa conversão, uma vez que os estados de transição são muito bem estabilizados pelas fortes ligações de hidrogênio formadas. Ainda segundo Nimlos e colaboradores a afinidade das hidroxilas central e terminal ao próton, na reação de desidratação ácida, são praticamente idênticas, em torno de 195 kcal mol-1 (NIMLOS, 2006). Sob condições reacionais específicas, a seletividade a acroleína aumenta com o aumento da acidez total do catalisador, assim como a seletividade a acetaldeído, propionaldeído e acetona. Já a seletividade a hidroxiacetona e álcool alílico diminuem. A desativação do catalisador está relacionada com a formação de depósitos de carbono na sua superfície, consequência das reações consecutivas 30 do glicerol e das reações paralelas entre os produtos formados na desidratação (SUPRUN, 2009). A desidratação a acroleína é citada em uma patente (DEGUSSA, 1995), onde é descrito que a reação ocorre mesmo com o glicerol cru, oriundo da clivagem de óleos, sem prévia purificação ou concentração. É utilizada uma solução aquosa de glicerol, e quando a concentração, em peso, é menor que 40%, a desidratação ainda ocorre. Contudo, o decréscimo dessa concentração diminui tanto a seletividade quanto a recuperação do catalisador. Vários catalisadores sólidos, como sulfatos, fosfatos, zeólitas e ácido fosfórico sólido, têm sido testados para a desidratação do glicerol em fase gasosa ou líquida. Diversos estudos mostram que o produto principal da desidratação ácida do glicerol é a acroleína, que é um aldeído insaturado, quimicamente chamado de propenal, de cor amarelo pálido, odor forte e irritante, inflamável, tóxico e com grande facilidade de polimerização. Este insumo é usado na medicina, no tratamento de águas e como biocida na indústria do petróleo. Mas também é necessário como material de partida para a síntese de produtos químicos finos e intermediários, como a metionina, fragrâncias e corantes. Além dos usos já citados, a síntese de ácido acrílico é a principal aplicação da acroleína (HOELDERICH, 2011). A rota mais usada de produção de acroleína é pela oxidação parcial do propeno utilizando catalisadores a base de óxidos mistos de metais (HOLBROOK, 1971). Desde o início do século XX (SEBATIER, 1918, apude HOELDERICH, 2011) diversos catalisadores heterogêneos têm sido estudados na reação de 31 desidratação do glicerol, como os a base de sílica, zeólitas, heteropoliácidos e óxidos mistos. As zeólitas são materiais constantemente estudados como catalisadores para a reação de desidratação do glicerol e apresentam altas conversões e seletividade a acroleína. Segundo a definição clássica, o termo zeólita se refere a alumino-silicatos cristalinos hidratados de estrutura aberta, constituídos por tetraedros de SiO4 e AlO4 ligados entre si pelos átomos de oxigênio. Algumas características das zeólitas são responsáveis pela sua grande eficiência, entre elas: alta área superficial, alta capacidade de adsorção de moléculas que variam de altamente hidrofóbicas à altamente hidrofílicas, estruturas que permitem a criação de sítios ativos, tamanho das cavidades e possibilidade de diferentes tipos de seletividade de forma. Estudos com H-Beta (QUERINI, 2014), H-ZSM -5 (CORMA 2008; SCHÜTH, 2010; LI, 2012), H-ZSM-11 (LI, 2012), assim como estruturas análogas às zeólitas como MCM-22 (MASCARENHAS, 2013) mostram altas taxas de conversão do glicerol (perto de 100%), com acroleína como produto principal (entre 50 e 80% de seletividade). Estudo utilizando catalisador de cobre impregnado em zeólita ZSM-5 mostra que o aumento da temperatura favorece a conversão do glicerol e a seletividade a acroleína, em detrimento à quantidade de acetol formada. Quando é utilizado temperatura fixa de 200ºC, o aumento do tempo de reação implica em menores seletividades a acroleína, com consequente, maiores seletividades a acetol (YUE, 2014). Os heteropoliácidos são eficientes catalisadores para a reação de desidratação do glicerol, pois possuem acidez elevada e ajustável para uma melhor 32 atividade. Apesar de apresentar resultados iniciais bastante promissores catalisadores a base de heteropoliácidos se desativam após algumas horas de reação (SATO, 2007; MARTIN, 2008; KOZHEVNIKOV, 2010). Estudos da reação de desidratação do glicerol sobre catalisadores de tungstênio suportado em zircônia mostra que a conversão do glicerol e a seletividade a acroleína dependem, majoritariamente, da fração de sítios ácidos moderados que são formados basicamente pelos sítios ácidos de Brønsted. Enquanto a seletividade a hidroxiacetona é dependente dos sítios ácidos de Lewis (GINJUPALLI, 2014). Zhou e colaboradores estudaram a reação de desidratação do glicerol com a argila montmorilonita ativada com soluções de H2SO4, em diferentes concentrações. A reação foi conduzida em fase gasosa, com a utilização de leito fixo de catalisador. O melhor resultado obtido foi para o catalisador com 10% de H2SO4, a 320º C, onde houve 54% de conversão do glicerol com 83% de seletividade a acroleína. Neste estudo foi verificado que o aumento da temperatura favorece a rota de formação da hidroxiacetona (ZHOU, 2013). A reação de desidratação do glicerol foi conduzida em catalisadores de óxido de titânio impregnados com diferentes teores de óxido de tungstênio. Foi verificado que o aumento da quantidade, em massa, de WO3 no catalisador aumenta a seletividade a acroleína enquanto diminui a formação de CO e CO2. Na temperatura de 280ºC o catalisador contendo 17,8% em massa de WO3 em TiO2 apresentou 90% de conversão de glicerol com 72% de seletividade a acroleína (HOELDERICH, 2011). 33 O efeito do suporte foi investigado em catalisadores preparados pela impregnação de óxido de tungstênio em diferentes óxidos. Os catalisadores suportados em alumina ou zircônia apresentam pouca desativação ao longo do tempo de reação, enquanto os suportados em alumina desativam a partir da segunda hora de reação. Nos três tipos de catalisadores a seletividade a acroleína não varia com o tempo, mas é maior nos catalisadores suportados em zircônia (CHAI, 2014). A desidratação do glicerol foi realizada em fase líquida utilizando diversos catalisadores iônicos líquidos com acidez de Brønsted. Nestas reações o rendimento a acroleína não passou de 58% (SHEN, 2014). Além dos catalisadores já citados, materiais a base de nióbio também têm se mostrado bons catalisadores para reações como desidratação, hidratação, hidrólise por possuir uma boa capacidade de tolerar a água, entre outras características (TANABE, 1995). O pentóxido de nióbio (Nb2O5) é um sólido branco, estável, insolúvel em água. Quando hidratado (Nb2O5.nH2O) apresenta forte acidez, com sítios de Bronsted e de Lewis. O fosfato de nióbio (NbOPO4) possui acidez mais elevada que o óxido hidratado, pois os grupos P-OH de comportam como sítios de Brønsted (SUN, 2006). Xu e colaboradores mostraram a relação entre a temperatura de calcinação do óxido de nióbio, com suas propriedades e atividade catalítica na reação de desidratação do glicerol. O óxido de nióbio calcinado a 400ºC apresentou o melhor resultado catalítico, sendo capaz de converter 100% do glicerol com 50% de seletividade à acroleína. Além disso, pode-se concluir por esse trabalho que o aumento da temperatura de calcinação acarreta uma diminuição da área BET, 34 diminuição da acidez total, aumento da cristalinidade e aumento da seletividade a hidroxiacetona (XU, 2007). Catalisadores de nióbio suportado em diferentes materiais, em conjunto ou não com outros metais, foram testados na reação de desidratação do glicerol. Quando suportado em alumina (Al2O3) ou titânia (TiO2) a conversão do glicerol não é alterada, mas há um aumento significativo na seletividade a acroleína, de 38% sem nióbio para 60% com nióbio no caso da alumina, e de 14% para 55% no caso da titânia. Em ambos os suportes, os catalisadores impregnados com nióbio e tungstênio, concomitantemente, apresentaram seletividade em torno de 70% a acroleína. Utilizando sílica (SiO2) como suporte, a impregnação do metal altera tanto a conversão (de 1,3 % para 82%) quanto a seletividade a acroleína (de 0% para 57%), sem e com nióbio, respectivamente. Nos catalisadores suportados em Al2O3 e TiO2 são identificadas fases de niobato e tungstato, enquanto nos catalisadores de SiO2 são encontrados os óxidos de Nb e W na forma mássica (ANDERSSON, 2013). Nióbia impregnado em zircônia (ZrO2) também se mostra um catalisador eficiente para desidratar o glicerol, com conversões perto de 100% e altas seletividades a acroleína, além de não sofrer desativação ao longo do tempo de reação (MILLET, 2011). O óxido de nióbio pode funcionar como suporte para outros metais como, por exemplo, no estudo de Wang e colaboradores, onde Cs, P e W são impregnados em Nb2O5. A impregnação dos metais melhora a atividade catalítica, aumentando a conversão de glicerol e a seletividade a acroleína, além de diminuir a deposição de coque, em comparação com o Nb2O5 puro. A deposição de coque e 35 reações laterais são relacionadas com a formação de multicamadas do óxido metálico (WANG, 2013). Catalisadores preparados pela impregnação de diferentes proporções de PO4 em Nb2O5 foram testados na reação de desidratação do glicerol. O melhor resultado apresentado foi com o 50%WPO4/Nb2O5 com 68% de conversão do glicerol e 72% de seletividade a acroleína. Os autores relacionam à incorporação do PO4 o aumento da atividade catalítica, apesar da perda de quantidade desta espécie durante a reação, o que impede a completa regeneração do catalisador (LEE, 2014). 2.3 Oxidação da Acroleína A reação de oxidação da acroleína é a principal rota de produção de ácido acrílico. Na indústria, essa reação é subsequente à reação de oxidação do propeno, onde a acroleína é formada, como mostrado na Figura 13. O2 O [cat] Propeno O2 CO2H [cat] Acroleína Ácido Acrílico Figura 13: Rota industrial de produção do ácido acrílico a partir do propeno O ácido acrílico é importante na indústria química pela sua extraordinária facilidade para polimerização. Por isso, requer cuidados em seu manuseio, transporte e estocagem. É considerado um produto prejudicial à saúde e, por ser 36 miscível em água, é contaminante de esgotos, rios e córregos. É inflamável e pode formar uma mistura explosiva com o ar. Apresenta-se na forma de um líquido corrosivo incolor e de cheiro penetrante. É usado, principalmente, na indústria para a produção de ésteres acrílicos, mas também pode ser utilizado na fabricação de polímeros superabsorventes usados em fraldas descartáveis, detergentes, agentes para tratamento de água, tintas, adesivos, entre outros. Recentemente, ocorreu um aumento pronunciado em seu consumo devido, sobretudo, ao aumento da demanda de polímeros superabsorventes. Pode ser utilizado também para a produção de acrilonitrila, que é empregada como fibra sintética e em painéis e interiores de automóveis. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio (MDIC), o Brasil importou no ano de 2008 aproximadamente 50 mil toneladas de ácido acrílico, o que representa algo em torno de 60 milhões de dólares (apud SILVA, 2011). É sabido que o processo de oxidação da acroleína é favorável com excesso estequiométrico de oxigênio. A reação é acelerada na presença de vapor d’água e que a temperatura de reação não deve ultrapassar 300ºC (TICHÝ, 1997). Além disso, é uma reação bastante exotérmica e suscetível a reações paralelas ou subsequentes (BASF, 1998). Do ponto de vista ácido-básico, a reação de oxidação da acroleína pode ser definida como um sistema de reagente básico se convertendo em um produto ácido. Por isso um catalisador com características ácidas e sem basicidade seria o ideal para este tipo de reação pois, o reagente básico é ativado pelo sítio ácido, enquanto o produto ácido não. Catalisadores com diversas combinações de metais 37 são os mais usados para a oxidação da acroleína. Na maioria deles, o principal componente é o molibdênio (THE DOW CHEMICAL COMPANY, 1977). Catalisadores preparados a partir da mistura de óxidos de molibdênio, vanádio, cromo, cobre, tântalo e nióbio, suportados ou não em sílica, se mostraram eficientes na oxidação da acroleína, com conversões acima de 90%, e bastante seletivos a ácido acrílico, com taxas perto de 90%. Os experimentos foram feitos em temperatura de aproximadamente 300ºC, em fase gasosa. Interessante ressaltar que, quando o óxido de vanádio é retirado da composição do catalisador, a conversão de acroleína passa a ser bastante baixa, menos de 5%, e ocorre um aumento significativo da seletividade a CO e CO2 (THE DOW CHEMICAL COMPANY, 1977). Diversos outros documentos de patente descrevem processos com catalisadores a base de mistura de óxidos metálicos. Molibdênio, vanádio, tungstênio e cobre são os metais predominantes nestes catalisadores, que ainda podem conter cobalto, nióbio, zircônia, bismuto, alcalinos, alcalinos terrosos, entre outros. Conversões acima de 90% de acroleína e ácido acrílico como produto principal são mostrados em todos estes documentos (BASF, 1981; BASF, 1998; EUTECO, 1981). Andrushkevich e colaboradores relacionaram a razão vanádio e molibdênio com a seletividade e atividade catalítica da oxidação da acroleína, em catalisadores de óxidos mistos dos dois metais acima. Com o aumento da quantidade de vanádio na composição, há uma diminuição da seletividade a ácido acrílico com consequente aumento na seletividade de CO/CO2. Catalisadores com teores de 38 vanádio entre 7 e 14 %mol mostraram-se mais ativos e seletivos a ácido acrílico (ANDRUSHKEVICH, 1992). O tungstênio é um dos metais mais utilizados como promotor nos catalisadores de vanádio e molibdênio para a reação de oxidação da acroleína. O uso de metais promotores tem como finalidade o aumento da conversão, da seletividade ao produto desejado ou da estabilidade do catalisador. A oxidação da acroleína é uma reação a qual é acompanhada por uma rápida desativação do catalisador mássico tradicionalmente utilizado, misto de vanádio e molibdênio. Isso ocorre porque os óxidos destes dois metais, após algum tempo nas condições reacionais, se rearranjam em suas formas mais termodinamicamente estáveis, que não são ativas para a reação pretendida (ADAMS, 2004). Experimentos mostram que o tungstênio não somente serve como promotor estrutural do catalisador, mas influencia na atividade e seletividade. Uma pequena quantidade de tungstênio em óxidos mistos de V/Mo aumenta a atividade, mas com o aumento da quantidade do metal promotor a atividade diminui (VOGEL, 2007). Catalisadores mistos de vanádio e molibdênio preparados por spray drying contendo tungstênio em sua composição se mostraram mais seletivos a ácido acrílico do que os que não continham o metal promotor. Os autores do trabalho justificam essa melhora nos resultados reacionais pela mudança na cristalinidade do sólido (GIEBELER, 2006). Outro estudo mostra a catálise heterogênea com óxidos mistos de V-Mo-W para a reação de oxidação seletiva de acroleína a ácido acrílico, onde os óxidos mistos de V-Mo são mais seletivos e ativos na oxidação de acroleína a ácido acrílico que os óxidos puros dos mesmos metais mas somente quando é acrescentado W resulta em um catalisador estável (KAMPE, 2007). 39 Para compostos orgânicos, o termo oxidação é aplicado quando ocorre a diminuição da densidade eletrônica do carbono, normalmente, com a adição de um átomo mais eletronegativo a uma ligação do carbono com outro átomo menos eletronegativo como, por exemplo, a introdução de oxigênio em uma ligação carbono-hidrogênio. Como o hidrogênio é menos eletronegativo que o carbono, este cria uma carga parcial negativa, atraindo para si os elétrons da ligação. Com a introdução do oxigênio, os papeis se invertem e o carbono "perde" parcialmente os elétrons para o átomo mais eletronegativo, criando uma carga parcial positiva. A acroleína possui a função aldeído, que é caracterizado pela presença de uma carboxila ligada a um átomo de hidrogênio. Esse grupo é suscetível ao ataque nucleofílico de íons oxigênio presentes no meio oxidante, colocando-se exatamente entre a ligação carbono-hidrogênio e formando um composto do grupo dos ácidos carboxílicos. Em 1954, Mars e van Krevelen publicaram o primeiro trabalho onde mencionavam o mecanismo de oxidação, que hoje recebe o nome dos autores. A taxa de oxidação era diretamente proporcional à quantidade de íons oxigênios situados em um plano paralelo ao do íon metálico (MARS, 1954). Estudos de um grupo de pesquisadores russos mostram um possível esquema mecanístico para a reação de oxidação da acroleína a ácido acrílico, mostrado na Figura 14. A primeira etapa, formação da espécie (SI-I), ocorre em íons de elevado estado de oxidação, como o Mo6+, capazes de fazer a interação σ com a acroleína. Para a conversão do acrilato (SI-III) em ácido acrílico é necessário que a superfície contenha elementos anfóteros ou com propriedades básicas fracas 40 como o V4+ (ANDRUSHKEVICH, 1992). O mecanismo envolve a participação do oxigênio presente na superfície do catalisador (POPOVA, 1979). Figura 14: Mecanismo da oxidação da acroleína a ácido acrílico (ANDRUSHKEVICH, 1992) A adição de água pode ser um fator importante no andamento da reação. A adsorção da água sobre a superfície do catalisador ocorre com posterior dissociação como na equação 2.1. Nas condições catalíticas da oxidação da acroleína, a água também pode ser responsável pela dissociação do complexo entre a espécie acrilato e a superfície do catalisador, equação 2.2 (TICHÝ, 1997). Vacância + O-2 + H2O(g) = 2OH- Equação 2.1 CH2CHCOO- + H2O(g) = CH2CHCOOH(g) + OH- Equação 2.2 41 Segundo Tichý e colaboradores a oxidação da acroleína em ácido acrílico segue como uma reação acontecendo em quatro etapas: 1ª etapa: Adsorção da acroleína na superfície do catalisador através de um dos átomos de O: C3H4O + Cat(O) = Cat(OC3H4O) Equação 2.3 2ª etapa: Transferência do hidrogênio do grupo aldeído da acroleína para um átomo de O diferente ao que a molécula está adsorvida e, consequente formação da ligação entre o C-O com posterior formação da espécie acrilato: Cat(OC3H4O) = Cat(C3H4O2) Equação 2.4 3ª etapa: Adsorção da água na vacância deixada pela saída do oxigênio. Dessorção do ácido acrílico: Cat(C3H4O2) + H2O = Cat(H2O) + C3H4O2 Equação 2.5 4ª etapa: Reconstituição da estrutura do catalisador, utilizando oxigênio do meio, com dessorção de uma molécula de água: Cat(H2O) + 0,5 O2 = Cat(O) + H2O Equação 2.6 2.4 Desidratação Oxidativa do Glicerol O glicerol pode ser facilmente desidratado tendo como produto principal a acroleína. Esta, por sua vez, pode gerar ácido acrílico por uma reação de oxidação. Estas duas reações foram explanadas nos tópicos 2.2 e 2.3, respectivamente. 42 Alguns trabalhos mostram estas duas reações ocorrendo subsequentemente, em dois leitos catalíticos fixos. Num primeiro leito, recheado com catalisador com propriedades ácidas e usando carga de glicerol puro ou em solução aquosa, ocorre a desidratação do glicerol a acroleína. No segundo leito, recheado com catalisador com propriedades oxidantes e tendo como carga os produtos produzidos no primeiro leito, ocorre a oxidação da acroleína a ácido acrílico, sob a atmosfera oxidante. No documento de patente FR2884818A1 é mostrada a produção de ácido acrílico a partir do glicerol utilizando um leito duplo, com temperatura entre 250 e 350ºC e pressão de 1 a 5 bar. A carga utilizada foi uma solução aquosa de glicerol entre 15 e 30%. Altas conversões de glicerol são alcançadas, mas a seletividade a ácido acrílico não ultrapassa 8%. A acroleína é o produto principal encontrado, mostrando que o catalisador utilizado para a sua oxidação não apresenta alta eficiência (ARKEMA, 2006). Em um documento mais recente da mesma empresa é descrita a unidade catalítica utilizada (ARQUEMA, 2012). Em um dos exemplos mostrados no documento de patente EP1710227A1 é obtido 65% de seletividade a ácido acrílico, a partir do glicerol, com catalisador de ácido fosfórico impregnado em sílica e alumina, como função desidratante, e óxido misto de V/Mo/W/Cu com função oxidante. A carga utilizada foi uma solução aquosa de 92% em massa de glicerol e temperatura de 292ºC na primeira etapa e 270ºC na segunda (NIPPON SHOKUBAI, 2005). Sooknoi e colaboradores também estudaram a produção de ácido acrílico a partir do glicerol, em dois leitos catalíticos subsequentes. A zeólita HZSM-5 foi utilizada como catalisador ácido para a desidratação e óxido misto de vanádio e 43 molibdênio (contendo 45% em mol de vanádio) como catalisador oxidante. Além disso, esses mesmos catalisadores foram misturados e o sólido obtido foi utilizado como leito único. As reações foram feitas a 300ºC com carga de solução aquosa de glicerol a 10% em massa. Quando utilizados leitos separados obteve-se as seguintes seletividades: 45% de acroleína, 40% de ácido acrílico, 10% de ácido acético e 5% de acetaldeído. Com o leito misto obteve-se: 30% de acroleína, 30% de ácido acrílico, 20% de ácido acético e 20% de acetaldeído (SOOKNOI, 2012). Segundo os autores, quando os catalisadores são misturados em um único leito pode ocorrer a oxidação direta do glicerol, se este entrar em contato primeiro com o catalisador oxidante. A partir de 2010 começaram a ser publicados os primeiros trabalhos que mostram a reação direta de glicerol a ácido acrílico, reação de oxi-desidratação ou desidratação oxidativa (Figura 15) com a utilização de catalisadores bifuncionais. Figura 15: Reação de desidratação oxidativa do glicerol com produção de ácido acrílico 44 A maioria dos artigos que descrevem a reação de desidratação oxidativa do glicerol utilizam catalisadores mássico, constituídos por óxidos mistos de diversos metais. Os metais mais estudados são o vanádio, o molibdênio e o tungstênio. Os catalisadores MoVTeNbO, Mo3VO e W 3VO foram testados para a reação direta de glicerol a ácido acrílico em fase gasosa. Os resultados mostram que os produtos de oxidação (ácido acético, ácido acrílico, CO, CO2, ácido fórmico e ácido propanóico) somam mais de 90% da seletividade, mostrando que estes catalisadores são bastante ativos para a oxidação, mas pouco seletivos ao ácido acrílico, com seletividade variando entre 23 e 28% (DELEPLANQUE, 2010). A variação do estado de oxidação dos metais presentes no catalisador influencia na distribuição dos produtos. Soriano e colaboradores mostram que o catalisador onde está presente o tungstênio no estado de oxidação +6, e o vanádio nos estados de oxidação +5 e +4, em proporção de 1:1,2, é o que apresenta maior seletividade a ácido acrílico (26%), a 320ºC. O aumento da temperatura diminui a seletividade a ácido acrílico, aumentando a formação de CO e CO2 (SORIANO, 2011). A soma da seletividade a acroleína e ácido acrílico é menor no catalisador de W/V, do que a seletividade a acroleína na reação com o catalisador de óxido de tungstênio, sem a presença de vanádio, no qual somente ocorre a reação de desidratação. Isto sugere que a presença do vanádio no catalisador transforma a acroleína tanto em ácido acrílico quanto em CO e CO2. A melhor razão molar V/W é entre 0,1 e 0,2. Maiores quantidades de vanádio aumenta a formação das espécies COx, enquanto menores teores deste metal leva a uma produção menos eficiente de ácido acrílico e maiores quantidade de compostos pesados (SORIANO, 2011). 45 Em um trabalho posterior do mesmo grupo (SORIANO, 2011) o nióbio é utilizado como dopante do catalisador de W/V/O, na tentativa de aumentar a seletividade a ácido acrílico. A adição de Nb+5 diminui a densidade superficial de sítios ácidos comparativamente com os catalisadores em nióbio (WO3 e W/V/O), mas apresenta uma maior fração de sítios mais fortes. Em temperatura de 290ºC, os catalisadores V/(V+W+Nb)=0,13 com proporções apresentaram 34% atômicas de de Nb/(V+W+Nb)=0,13 seletividade a ácido e acrílico (CHIEREGATO, 2012). Experimentos com o mesmo catalisador composto por V/W/Nb utilizado por (CHIEREGATO, 2012) demonstrou que é necessário um excesso estequiométrico de oxigênio na mistura reacional. Em quantidade estequiométrica de glicerol:O2 (1:2) somente 50% do glicerol é convertido; em razões acima desta ocorre a conversão de 100% do glicerol. Isto indica que o parâmetro mais importante que afeta o comportamento catalítico é a pressão parcial de oxigênio; teores de oxigênio maiores aumentam a oxidação de acroleína formando ácido acrílico. Isso limita a formação de condensação indesejada de acroleína em subprodutos. Ao mesmo tempo, o aumento da pressão parcial de O2 aumenta a quantidade de CO2 formada (NIETO, 2014). A conversão do glicerol e seletividade a ácido acrílico sobre catalisadores de óxido misto de vanádio/molibdênio e vanádio/tungstênio foi estudada em função da proporção de vanádio nestes materiais. Tanto no Mo/V quanto no W/V a tendência foi a mesma: diminuindo a quantidade de vanádio obtém-se um aumento da seletividade a ácido acrílico e ácido acético, com menor produção de CO e CO2, 46 em temperatura de 300ºC. Para o catalisador Mo1V0,25 são produzidos 20% de ácido acrílico e para o W1V0,25, 26% de ácido acrílico (YIN, 2014). Fosfato ácido de vanádio hemi-idratato (VOHPO4.0,5H2O) e di-idratado (VOHPO4.2H2O), assim como o pirofosfato (VO)2P2O7 não se mostraram catalisadores seletivos para a desidratação oxidativa do glicerol. O melhor resultado foi com o VOHPO4.0,5H2O, que produziu 8% de ácido acrílico em temperatura de 350ºC (WANG, 2009). Nb2O5 tratada com H2O2 foi utilizado na reação em batelada de desidratação oxidativa do glicerol a 200ºC por 3 horas a pH 6. A conversão do glicerol é analisada por espectroscopia de massa com ionização por eletrospray. A distribuição dos produtos da reação não é mencionada (OLIVEIRA, 2012). Os catalisadores mais relatados na literatura para a reação de desidratação oxidativa do glicerol são na forma mássica, como os apresentados acima. Mas também existem alguns poucos estudos que mostram catalisadores na forma suportada, os quais serão apresentados a seguir. Catalisadores preparados a partir de polioxometalatos suportados em alumina foram testados para a reação de desidratação oxidativa do glicerol, em temperatura de 90ºC e na presença de H2O2. Os catalisadores sintetizados são de ácido fosfomolibdênico (PMo), ácido fosfotunstênico (PW) e ácido silicotungstênico (SiW), em proporção de 2, 4 e 8% em massa, e suportados em alumina. Os melhores resultados foram obtidos com os catalisadores com 4% de polioxometalatos para o PMo/Al2O3 obteve-se 6,3% de seletividade a ácido acrílico; para o PW/ Al2O3, 16,2%; e para o SiW/Al2O3, 25,1%. A maior conversão de 47 glicerol (83%) foi encontrada no catalisador de menor acidez, SiW/Al2O3, pois este apresenta melhor estabilidade sob altas temperaturas e em meio aquoso que os catalisadores com fósforo (HUNSOM, 2013). Estudo de Mota e colaboradores mostra que a impregnação úmida de vanádio (na forma de metavanadato de amônio) em zeólita Beta resulta em um catalisador capaz de produzir até 25% de ácido acrílico a partir do glicerol. Catalisadores preparados pela mistura física de V2O5 com zeólita Beta, não produzem ácido acrílico. Isso se deve ao fato de que na impregnação úmida os átomos de vanádio se encontram, mais dispostos, dentro dos poros da zeólita, enquanto na mistura física se apresentam em sua quase totalidade na superfície externa do suporte, conforme observado por XPS (MOTA, 2013). 48 Figura 16: Possíveis produtos da reação de glicerina com catalisador ácido e oxidante (HUNSOM, 2013) 2.5 Nióbio O elemento 41 foi descoberto na Inglaterra em 1801, por Charles Hatchett, e na época foi denominado de Colúmbio. Posteriormente, o químico alemão Heinrich Rose, pensando haver encontrado um novo elemento ao separá-lo do metal tântalo, deu-lhe o nome de nióbio em homenagem a Níobe, filha do mitológico rei Tântalo com Dione. O nióbio é um elemento de transição pertencente ao grupo 5 ou VB da classificação periódica dos elementos. Em condições normais, é sólido. Sua 49 principal utilização é em ligas de aço para a produção de tubos condutores de fluidos. A mais antiga utilização do nióbio é de 1925, quando este metal foi usado na substituição do tungstênio na produção de ferramentas de aço. No início da década de 1930, o nióbio passou a ser utilizado na prevenção de corrosão em aços inoxidáveis. Outras aplicações do nióbio são em ligas metálicas com titânio, zircônia, entre outras, desenvolvidas para utilização nas indústrias espacial e nuclear, além do uso para fins relacionados à supercondutividade. Ele também está presente em tomógrafos de ressonância magnética para diagnóstico por imagem, na forma de magnetos supercondutores feitos com a liga Nb/Ti. O Brasil se encontra em uma posição favorável, pois detêm aproximadamente 98% das reservas mundiais exploráveis, seguido do Canadá com 1,5%. As reservas brasileiras se concentram nas cidades de Araxá (MG), Catalão (GO) e São Gabriel da Cachoeira (AM). O óxido de nióbio hidratado, também conhecido como ácido nióbico ou pentóxido de nióbio, representa 13% do mercado mundial de nióbio e é matériaprima para fabricação de produtos especiais como: ferronióbio de alta pureza, níquel-nióbio, óxidos especiais de nióbio (grau ótico e grau cristal) e nióbio metálico e suas ligas. O nióbio apresenta significativa importância para a balança comercial brasileira do setor mínero-metalúrgico, representando um saldo acima de US$ 240 milhões (1998) ou o equivalente a 43% do faturamento externo de toda indústria nacional de ferroligas. Porém, este mercado estabilizou-se. Somente na aplicação em supercondutores (demanda menor que 2% do mercado mundial) o nióbio não sofre concorrências técnicas de outros metais. Para todos os outros tipos de 50 produtos há a concorrência com o vanádio, titânio, molibdênio, tungstênio e tântalo que, isoladamente ou combinados em certas proporções, podem conferir características próximas e altamente substitutivas do nióbio em diversos produtos (LA CRUZ, 2004). A produção mundial de nióbio teve um significativo aumento desde 2004, quando foram produzidas pouco mais de 30 mil toneladas. Em 2007, a produção foi de mais de 60 mil toneladas. O mercado de nióbio teve um acelerado crescimento durante a década de 2000, chegando a um pico em 2008. É esperado que a demanda por nióbio retorne a uma tendência de crescimento de longo prazo (810% ao ano), pois os segmentos de mercado onde o nióbio é bem estabelecido muitas vezes não têm substituto (GLOBE, METALS AND MINING). A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), situada em Araxá, estado de Minas Gerais, é a maior produtora de nióbio, atendendo a demanda do mercado nacional, além de exportar para diversos países. A composição do Nb2O5.nH2O é incerta e a quantidade de água não é constante. Podem formar diferentes hidratos, estequiométricos ou não- estequiométricos. A estrutura do hidrato H8Nb6O19 (Figura 17) é ilustrada pela presença de oito prótons acima de oito fases triangulares do octaedro formado por seis átomos de nióbio. Cada hidrogênio é envolvido por uma nuvem eletrônica produzida por três oxigênios em ponte, três oxigênios terminais e um oxigênio central (TANABE, 1987). Os prótons do ácido nióbico não estão presente na forma de moléculas de água e sim, na forma de grupos hidroxila ligados ao átomo de nióbio (SEN, 1981). 51 Figura 17 Estrutura do H8Nb6O19 (TANABE, 1987) Além das utilizações já mencionadas para o nióbio, outra importante forma de aproveitamento deste metal é em catalisadores. A presença de compostos de nióbio em catalisadores pode estar relacionada à função de promover a fase ativa, servir de suporte a outros metais ou ser o próprio sólido ácido (ZIOLEK, 1999). Óxidos de nióbio melhoram a atividade catalítica e prolongam a vida útil do catalisador quando pequenas quantidades são adicionadas a este catalisador (TANABE, 2003). Uma das maiores aplicações de catalisadores a base de nióbio é em catalisadores para reações de oxidação. Eles podem ser de diversas maneiras, como: nióbia suportada em óxidos, óxidos metálicos suportados em nióbia, óxidos metálicos mistos contendo nióbio, entre outras configurações. A elevada atividade de catalisadores de vanádio suportado em nióbia em reações de oxidação está associada à fácil redução da ponte V-O-Nb e reflete o 52 potencial redox favorável da niobia como suporte em detrimento de outros tipos de suporte, como sílica e alumina (ZIOLEK, 1999). Quando calcinado em baixa temperatura (100 a 300ºC) o Nb2O5 apresenta acidez comparável a cerca de 70% da acidez do H2SO4. Já o fosfato de nióbio, nas mesmas condições de pré-tratamento, apresenta aproximadamente 90% da acidez do H2SO4. O aumento da temperatura de calcinação diminui a acidez desses dois materiais. Acima de 500ºC pouquíssima acidez é observada na superfície (TANABE, 1987). Diversos estudos mostram a utilização tanto do óxido de nióbio quanto do fosfato de nióbio em reações de desidratação. Em um trabalho de Okasaki e Wada é mostrado que o fosfato e o óxido de nióbio tratados com H3PO4 são os catalisadores mais seletivos na síntese de MTBE (metil-terc-butil éter). Eles ainda apresentaram maior conversão na desidratação do terc-butil álcool, dentre os catalisadores testados (OKAZAKI, 1993). A desidratação de sacarídeos como a frutose e a sacarose para a formação de 5-hidroximetil-2-furaldeído (HMF) tem apresentado bons resultados quando o fosfato de nióbio é utilizado como catalisador. A performance do fosfato de nióbio nesta reação é superior à do fosfato de zircônia, resinas catiônicas, zeólitas ou heteropoliácidos, por exemplo (CARLINI, 1999). A síntese de ácido metacrílico a partir do ácido propiônico e formaldeído (equação 2.7) apresenta maior atividade e estabilidade quando é utilizado 20% de óxido de nióbio suportado em sílica (Nb2O5/SiO2), do que em outros catalisadores como o Ta2O5/SiO2 ou óxido misto de V/Si/P (SPIVEY, 1997). 53 CH3CH2COOH + HCHO CH2=C(CH3)COOH + H2O Equação 2.7 Na seção 2.2 foram mostrados estudos onde o óxido de nióbio é utilizado na reação de desidratação do glicerol a acroleína. 54 CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS __________________________________________________________________ 3.1 Materiais • Metavanadato de amônio (NH4VO3) - Vetec - 99% de pureza • Metamolibdato de amônio ((NH4)6Mo7O24.4H2O) – Vetec –81-83% de MoO3 • Nitrato de Cobalto (Co(NO3)2.6H2O) – Vetec – 98-102% de pureza • Óxido de Nióbio hidratado (Nb2O5. xH2O) – CBMM – Lote AD4488 • Fosfato de Nióbio (NbOPO4) – CBMM – Lote AD4761 • Glicerol PA - Vetec – 99,5% de pureza • Gases - AGA: • Nitrogênio (99,9%) • Ar Sintético (99,9%) • Hélio (99,9%) • Hidrogênio (99,9%) 55 3.2 Preparo dos Catalisadores Antes de iniciar o processo de impregnação, o óxido de nióbio foi calcinado a 550ºC em mufla, em atmosfera ambiente, por 2 horas, para obter a estrutura cristalina. Enquanto o fosfato de nióbio não sofreu qualquer pré-tratamento antes da impregnação. Os catalisadores foram preparados pela técnica de impregnação úmida. Nesta técnica, uma massa calculada do sal a ser impregnado foi dissolvida em água deionizada. A esta solução foi adicionada uma massa conhecida do suporte a ser utilizado. Em seguida, o sistema ficou em agitação magnética por 24 horas a temperatura ambiente. Após este período, a água foi evaporada em rotaevaporador sob pressão reduzida até completa secagem. Em seguida, o catalisador preparado foi calcinado em mufla, sob pressão atmosférica. Os catalisadores suportados em Nb2O5 foram calcinados a 400ºC por 2 horas, e os suportados em NbOPO4, a 550ºC também por 2 horas. Quando o catalisador é bimetálico, adicionou-se ao suporte soluções aquosas dos dois sais metálicos, simultaneamente. Além dos catalisadores suportados foi preparado um catalisador mássico misto de óxido de vanádio e molibdênio. Para este catalisador foram preparadas duas soluções aquosas dos sais metálicos. A primeira solução foi preparada adicionando 1,17g de metavanadato de amônio em 60 mL de água destilada. A segunda, adicionando 4,41g de molibdato de amônio em 60 mL de água destilada. As duas soluções foram mantidas em agitação magnética, à temperatura ambiente por 10 minutos. Em seguida, as duas soluções foram misturadas e deixadas em agitação magnética por mais 10 minutos. A água foi evaporada em rotaevaporador 56 a pressão reduzida e calcinado em mufla a 400ºC por 2 horas, resultando em um sólido de cor preta. Neste catalisador a razão Mo/V teórica é 2,5. Na Tabela 2: Massa de sal metálico utilizado em cada catalisador preparadoTabela 2 são apresentadas as quantidades em massa de sal metálico utilizadas nos catalisadores preparados. Todos os catalisadores suportados foram preparados utilizando 5g de suporte. Tabela 2: Massa de sal metálico utilizado em cada catalisador preparado Catalisador (1) Massa de NH4VO3 Massa de Massa de (NH4)6Mo7O24.4H2O Co(NO3)2.6H2O V/Co/Nb2O5 0,574g - 1,230g Mo/Co/Nb2O5 - 0,552g 0,493g Mo/V/Nb2O5 0,574g 0,459g - 20V/NbOPO4 2,296g - - 5V/NbOPO4 0,574g - - Mo/NbOPO4 - 0,460g - Co/V/NbOPO4 0,574g - 1,248g V/Mo/NbOPO4 0,574g 0,460g - Co/Mo/NbOPO4 - 0,552g 0,493g V/Mo/O(1) 1,170g 4,410g - catalisador mássico, não foi utilizado suporte na preparação deste catalisador 57 Os suportes catalíticos são materiais que sustentam a fase ativa em um catalisador suportado. As características mais desejadas em um suporte são a alta área específica, porosidade e a resistência mecânica. O suporte pode afetar o tempo de vida, a seletividade, sensibilidade ao envenenamento, entre outras propriedades do catalisador. A utilização de suportes nos catalisadores conduz à diversas vantagens, entre elas proporcionar maior dispersão da fase ativa, dependendo do tipo de sistema, o que é particularmente importante no caso de metais de alto custo, como ouro ou ródio, além de garantir uma distribuição mais uniforme das espécies ativas. Os suportes também melhoram a estabilidade do catalisador evitando a sinterização da fase ativa por efeito da alta temperatura. Eles facilitam a transferência de calor em reações fortemente exotérmicas, como nas oxidações, evitando a acumulação de calor e o aumento de temperatura. Os suportes podem ainda melhorar a atividade ou seletividade do catalisador, assim como a resistência ao envenenamento. Em alguns casos, a interação entre o suporte e o material ativo pode resultar na formação de compostos superficiais ou complexos que podem ter efeitos catalíticos mais eficientes que o próprio componente ativo. 3.3 Caracterizações 3.3.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X A análise por fluorescência de raios X é um método baseado na medida das intensidades (número de fótons detectados por unidade de tempo) dos raios X característicos emitidos pelos elementos que consistem a amostra. Os raios X excitam os elementos constituintes, os quais, por sua vez, emitem linhas espectrais 58 com energias características. Esse método é, geralmente, aplicado para a determinação de elementos com número atômico maior ou igual a 11. Os limites de detecção em materiais sólidos são, tipicamente, de algumas partes por milhão, mas a obtenção destes resultados depende de fatores como o elemento em análise e a composição da matriz de átomos. A análise de fluorescência de raios X consiste em: excitação dos elementos que constituem a amostra, dispersão dos raios X característicos emitidos pela amostra e detecção desses raios X. O objetivo desta técnica é determinar a composição elementar quantitativa da amostra. O equipamento utilizado foi um espectrômetro PW2400 da Philips, do Departamento de Geologia da UFRJ, que é munido de tubo de Rh de 3 KW de potência, seis cristais analisadores e dois detectores (selado e fluxo). A perda de fogo (LOI) foi determinada através da obtenção do peso da amostra antes e depois da mesma ser levada a 950°C por 30 minutos. Os elementos foram detectados a partir de 1,0 g de pó do material misturados com 7,0 g de tetraborato de lítio. As condições analíticas para a dosagem dos elementos presentes foram: detectores selado e de fluxo, cristais analisadores PET, Ge, PX1, PX3 e LIF200 e potência de 24 KV e 90 mA ou 50 KV e 50 mA, dependendo do elemento químico a ser detectado. Com base nas análises de padrões, o erro analítico relativo estimando é: Si, Al (<1%), Fe, Mg, Ca (1-2%), Ti, Na,K (3-5%), P e outros elementos traços (≤ 6%). As curvas de calibração foram obtidas a partir de análises de padrões de óxidos puros dos elementos. 59 3.3.2 Difração de Raios-X A difração de raios-X é um método bastante aplicado, principalmente, para determinar a estrutura cristalina. Ou seja, a maneira na qual os átomos, íons ou moléculas estão arranjados espacialmente. Os raios-X são ondas eletromagnéticas com comprimento de onda da ordem de grandeza de 1 Angstrom. Essa é a mesma ordem de grandeza das ligações entre os átomos em materiais líquidos ou sólidos. A aplicação da difração de raios-X para caracterizar catalisadores pode ir desde a simples identificação de fases, por comparação a um banco de dados de padrões de referência, até a simulação e o refinamento de nanoestruturas (SCHMAL, 2011). As análises por difração de raios X foram utilizadas para a identificação das fases presentes nos catalisadores, e executadas em um difratômetro modelo XRD 6000 da marca Shimadzu, utilizando-se radiação CuKα, com 40 kV de voltagem e corrente de 30 mA. Os espectros foram registrados em ângulos de Bragg (2θ) crescentes, partindo-se de 5 a 80º, e velocidade de varredura de 4º/min. 3.3.3 Análise Textural A avaliação textural é feita através das informações obtidas a partir das isotermas de adsorção-dessorção (fisissorção) do N2 sob a sua temperatura de ebulição. Fisissorção é um processo em que as moléculas gasosas interagem com superfícies sólidas apenas por interações físicas. O processo baseia-se fundamentalmente em interações de Van der Waals. É um processo reversível, exotérmico e com baixo calor de adsorção. Os gases entram em contato com um sólido adsorvente e, em função da superfície, apresentam um desbalanceamento 60 de forças moleculares. As moléculas de gás adsorvidas atraem novas moléculas, formando multicamadas de gás adsorvido na superfície adsorvente. As análises foram realizadas em um equipamento ASAP 2020 (Surface Area and Porosity Analyser) da Micromeritics. Cerca de 200 mg de amostra foi prétratada a 300 °C por 10 horas sob pressão reduzida. Após o pré-tratamento, as isotermas de adsorção de N2 foram obtidas a temperatura de N2 líquido (-196 °C), com diferentes pressões parciais de N2. O modelo para o estudo de fisissorção utilizado foi o BET, criado por Brunauer, Emmett e Teller (BRUNAUER, 1940). 3.3.4 Dessorção com Temperatura Programada de n-butilamina A técnica de dessorção com temperatura programada, utilizando a n-butilamina como molécula sonda, é utilizada para medir tanto a quantidade de sítios ácidos quanto a força ácida de um sólido. Nesta técnica, a molécula sonda é adsorvida na superfície do catalisador e depois é dessorvida em equipamento de análise termogravimétrica, pelo aumento gradativo da temperatura. A adsorção de n-butilamina consiste nas seguintes etapas: pré-tratamento do catalisador a 550ºC por 30 minutos sob fluxo de hélio de 40mL/min; resfriamento até 150ºC; 20 minutos de fluxo de n-butilamina introduzida na corrente de hélio através de um saturador mantido à temperatura ambiente; 10 minutos de fluxo de hélio para retirada da n-butilamina fisicamente adsorvida. A dessorção a temperatura programada foi realizada em analisador termogravimétrico TGA-50 da Shimadzu. A amostra foi pesada no prato 61 termogravimétrico do equipamento e submetida à análise, operando numa faixa de temperatura de 20°C a 900°C com taxa de aquecimento de 10°/min, sob fluxo de nitrogênio (N2). Para a melhor identificação das faixas de temperatura nas quais ocorrem as perdas de massa, foi utilizada a derivada da curva de ATG (curva de DTG). Com esta análise é possível observar a perda de massa no catalisador com o aumento da temperatura, permitindo assim, a quantificação dos sítios ácidos totais presentes no material analisado através da dessorção da n-butilamina, de acordo com determinadas faixas de temperatura. Esta técnica não consegue distinguir sítios ácidos de Bronsted e Lewis, mas permite se ter uma ideia da força ácida. 3.4 Condições de Análise A conversão foi calculada subtraindo a quantidade de glicerol na saída do reator de 100. Quando não há pico referente ao glicerol a conversão foi considerada 100%. A seletividade foi calculada dividindo a área do pico de interesse pela soma das áreas de todos os picos presentes no cromatograma e multiplicando por 100. Utilizou-se um reator de vidro em forma de tubo em U com haste lateral para introdução de reagente líquido. Cerca de 100mg do catalisador já calcinado foram pré-tratados sob fluxo de N2 a 350°C por 30 minutos. Em seguida, o reator foi colocado na temperatura de reação e deu-se início a introdução da solução aquosa 62 de glicerol pela haste lateral, com o auxílio de uma bomba seringa, as condições reacionais estão listadas na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Tabela 3 Condições reacionais utilizadas Temperatura do Reator Pré-tratamento 350ºC Reação 300ºC 230ºC - Vazão do Gás de Arraste 40mL/min - Gás de Arraste Pré-tratamento N2 Reação Ar Sintético Solução aquosa 0,50 mL/min Temperatura do Corpo da Unidade Carga de Glicerina 50% massa WHSV 313h-1 Razão O2/Glicerina 3:1 3.5 Testes Catalíticos As reações foram realizadas em uma unidade de fluxo contínuo (Figura 18) acoplada a um cromatógrafo a gás da marca Thermo, modelo Trace GC Ultra com detector DIC, para análise em linha dos produtos da reação. Foi utilizada uma coluna capilar DB-225, com fase estacionária de 50% Cianopropilmetil, 50% 63 Fenilmetilpolisiloxano, com 30 metros de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 µm de filme. As análises do efluente do reator foram realizadas por cromatografia em fase gasosa, utilizando uma válvula pneumática de amostragem de seis vias. Durante as reações foi mantido fluxo de ar sintético como gás de arraste na unidade. O corpo da unidade foi mantido a 230ºC, para evitar a condensação dos produtos. A unidade catalítica utilizada é mostrada na Figura 18. Figura 18: Unidade de Fluxo Contínuo utilizada para a realização das reações. Para a identificação dos produtos foram feitas corridas cromatográficas, seguindo as condições descritas na Tabela 4, com padrões dos possíveis produtos da desidratação da glicerina. Entre eles estão o acetaldeído, formaldeído, hidroxiacetona, 1,2 propanodiol, ácido acético, ácido acrílico e glicerina. 64 Tabela 4: Condições cromatográficas utilizadas Temperatura do Forno 65ºC 2 minutos 65 - 200ºC 10ºC/minuto 200ºC 2 minutos Temperatura do Detector 200ºC - Temperatura do Injetor 200ºC - Gás de arraste Hélio 1,2 mL/min Razão de Split 1 / 50 - Foi efetuado para o catalisador V/Mo/Nb2O5 uma estimativa da quantidade de CO e CO2 formados. Para isso foi coletado na ajusante da unidade catalítica o gás contendo os produtos de reação com o catalisador citado. Esse gás foi analisado em um cromatógrafo a gás equipado com detector de condutividade térmica capaz de quantificar os compostos de interesse. 65 CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO __________________________________________________________________ Neste capítulo, são mostrados os resultados dos testes catalíticos e de caracterização dos catalisadores. Os resultados são apresentados na forma de conversão do reagente (glicerol) e seletividade aos produtos (acroleína, acetaldeído, hidroxiacetona, ácido acético e ácido acrílico). 4.1 Caracterização dos Catalisadores 4.1.1 Espectrometria de Fluorescência de Raios-X Os teores dos elementos contidos nos catalisadores preparados e dos suportes foram determinados pela análise química, feita por fluorescência de raiosX. Os valores encontrados são mostrados na Tabela 5. Os valores encontrados na análise química coincidem, de maneira satisfatória, com os valores teóricos calculados para a impregnação. 66 Tabela 5: Teores dos elementos, em percentual de massa em base seca, presentes nos catalisadores, obtidos por espectroscopia de fluorescência de Raios-X Elementos (%) Catalisador Nb2O5 P2O5 V2O5 MoO3 Co3O4 Nb2O5 100 - - - - V/Co/Nb2O5 87,1 - 5,0 - 5,1 Mo/Co/Nb2O5 89,5 - - 5,7 5,3 Mo/V/Nb2O5 89,3 - 5,8 4,9 - NbOPO4 54,8 45,1 - - - 20V/NbOPO4 58,8 15,5 25,7 - - 5V/NbOPO4 71,6 18,1 9,5 - - Co/V/NbOPO4 66,9 18,2 8,4 - 6,4 V/Mo/NbOPO4 67,9 18,4 8,1 5,6 - Co/Mo/NbOPO4 66,0 26,3 - 5,1 3,3 Para uma melhor comparação da quantidade de metal contida em cada catalisador é apresentado na Tabela 6 os teores dos elementos, em mmol, contido em um grama de catalisador. Nos catalisadores impregnados com vanádio e molibdênio, a quantidade de vanádio no suporte é bem maior que a quantidade de molibdênio. Essa diferença não é tão significativa nos catalisadores impregnados com vanádio e cobalto. 67 Tabela 6: Teores dos elementos, em mmol, presente em 1 grama de catalisador, em base seca, onde “T” representa o valor teórico, e “E”, o valor experimental. Elementos (mmol por grama de catalisador) Catalisador Nb P V Mo Co T E T E T E T E T E Nb2O5 - 7,5 - - - - - - - - V/Co/Nb2O5 - 6,5 - - 1,0 0,5 - - 0,8 0,6 Mo/Co/Nb2O5 - 6,7 - - - - 0,5 0,4 0,8 0,7 Mo/V/Nb2O5 - 6,7 - - 1,0 0,6 0,5 0,3 - - NbOPO4 - 4,1 - 6,3 - - - - - - 20V/NbOPO4 - 4,4 - 2,2 4,0 2,8 - - - - 5V/NbOPO4 - 5,4 - 2,5 1,0 1,0 - - - - Co/V/NbOPO4 - 5,0 - 2,6 1,0 0,9 - - 0,8 0,8 V/Mo/NbOPO4 - 5,1 - 2,6 1,0 0,9 0,5 0,4 - - Co/Mo/NbOPO4 - 5,0 - 3,7 - - 0,6 0,4 0,4 0,4 Nos catalisadores suportados em fosfato de nióbio, após a impregnação dos metais, houve uma grande diminuição na quantidade de P contida no catalisador, em relação ao fosfato de nióbio sem impregnação. No entanto, a quantidade de Nb tem um discreto aumento após a impregnação dos metais. 4.1.2 Difração de Raios-X Pela análise de difração de raios-X dos catalisadores pode-se verificar que não há mudança estrutural do suporte antes e após a impregnação dos metais. 68 Na figura 19, são mostrados os difratogramas de raios-X do óxido de nióbio antes e após a calcinação, a 550ºC. O óxido de nióbio apresenta estrutura amorfa antes e estrutura cristalina após o processo de calcinação. Por isso a etapa de calcinação antes de se iniciar a impregnação dos sais metálicos se torna indispensável. 350000 300000 Intensidade (u.a.) 250000 Nb2O5 (não calc.) 200000 Nb2O5 (calc.) 150000 100000 50000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2θ Figura 19 Difratograma de Raios-X do Nb2O5 antes e após a calcinação a 550ºC Na Figura 20, são mostradas os difratogramas de raios-X do fosfato de nióbio antes e após a calcinação, a 550ºC. O fosfato de nióbio apresenta estrutura amorfa mesmo após o processo de calcinação. Portanto, esta etapa é desnecessária antes de iniciar o preparo do catalisador impregnado com metais. 69 100000 90000 NbOPO4 (não calc.) 80000 NbOPO4 (calc.) Intensidade (u.a.) 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2θ Figura 20 Difratograma de raios-X do fosfato de nióbio antes e após a calcinação, a 550ºC Pela Figura 21, onde há a comparação entre os difratogramas do óxido de nióbio e dos catalisadores preparados pela impregnação metálica neste suporte, percebe-se que as fases cristalinas são idênticas. Ou seja, mesmo no catalisador impregnado com o metal, não há picos referentes às fases cristalinas dos óxidos metálicos impregnados. Este resultado era esperado, pois a quantidade de metal é pequena (cerca de 5% em massa), possivelmente por estarem abaixo do limite de detecção da técnica utilizada. O difratograma do óxido de nióbio é corroborado pela literatura (AVELLANEDA, 1998) e pelo banco de dados de cristalografia. 70 VMoNb2O5 CoVNb2O5 CoMoNb2O5 Nb2O5 1000000 Intensidade (u.a.) 800000 600000 400000 200000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2θ Figura 21: Difratograma do óxido de nióbio com e sem a impregnação de metal A ausência de picos referentes à fase cristalina dos óxidos metálicos sugere que estes óxidos estejam incorporados no suporte de nióbia formando soluções sólidas. Em catalisadores de V2O5/Nb2O5 com diferentes teores de V2O5, a fase cristalina do óxido de vanádio somente é detectada quando o óxido metálico se encontra em concentração maior que 15%. Nos catalisadores de MoO3/Nb2O5, somente é detectada fase cristalina referente ao óxido de molibdênio quando este está presente acima de 5% (JEHNG, 1992). É sabido na literatura que o fosfato de nióbio é um material amorfo. Ou seja, não apresenta fase cristalina. Na Figura 22 são mostrados os difratogramas dos 71 catalisadores suportados em fosfato de nióbio, assim como do suporte sem a impregnação. A característica amorfa do suporte é mantida após a impregnação do metal. 500000 450000 400000 Intensidade (u.a.) 350000 300000 MoCoNbOPO4 VCoNbOPO4 MoVNbOPO4 VNbOPO4 NbOPO4 250000 200000 150000 100000 50000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2θ Figura 22 Difratograma de Raio-X do fosfato de nióbio com e sem impregnação de metais. É sabido que o fosfato de nióbio só apresenta estrutura cristalina quando pré-tratado em temperaturas acima de 800ºC, apesar disso, apresenta alta atividade catalítica em temperatura de pré-tratamento superiores a 500ºC (TANG, 2010). Segundo estudo de Sun e colaboradores, nos catalisadores de vanádio suportados em fosfato de nióbio, a fase referente ao V2O5 somente é detectada no difratograma quando o teor de vanádio é de 25% em massa, como mostrado na 72 Figura 23. Com vanádio impregnado entre 5 e 15% em massa não são observados os picos relativos ao V2O5 devido a alta dispersão do metal no suporte (SUN, 2007). Vale ressaltar que no trabalho de Sun os catalisadores impregnados foram calcinados a 350ºC. Figura 23 Difratograma de Raio-X de Fosfato de Nióbio com e sem impregnação de vanádio (SUN, 2007). (▲) fase cristalina de V2O5. Quando calcinado a 1100ºC o fosfato de nióbio apresenta estrutura cristalina e o padrão de difração de raios-X encontrado é referente à forma β do oxifosfato de nióbio, NbOPO4 (MARTINS, 1989). Na Figura 24 são mostrados os difratogramas do catalisador mássico de óxido de vanádio e molibdênio, assim como os difratogramas dos óxidos separadamente. 73 700000 600000 Intensidade (u.a.) 500000 400000 300000 VMoO V2O5 MoO3 200000 100000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2θ Figura 24 Difratograma do catalisador mássico de V e Mo, e dos respectivos óxidos 4.1.3 Dessorção com Temperatura Programada de n-butilamina A Figura 25 mostra o gráfico com o perfil de perda de massa contra a temperatura (curva em azul) e da primeira derivada em mg/min (curva em rosa). A primeira perda de massa, antes de 100ºC, refere-se à perda de água. Portanto, não é considerada no cálculo da quantidade de sítios ácidos. Os gráficos de perda de massa em função da temperatura dos demais catalisadores são mostrados no Apêndice A. 74 TGA % NbOPO4 DrTGA mg/min 0.00 100.00 Weight Loss 95.00 -0.487 mg -3.344 % Weight Loss -0.159 mg -1.092 % 400.00 Temp [C] 600.00 -0.05 90.00 -0.00 -0.10 200.00 800.00 Figura 25: Curva termogravimétrica e DrTGA de perda de massa em função da temperatura do catalisador Nb2O5 A quantidade de sítios ácidos é calculada relacionando a quantidade em massa perdida pelo catalisador com o número de mols da molécula sonda. A quantidade de sítios ácidos em cada catalisador, assim como a faixa de temperatura na qual a perda de massa foi identificada, estão descritas na Tabela 7. A quantidade de sítios ácidos totais é a soma dos sítios fracos e fortes. 75 Tabela 7: Acidez dos catalisadores por dessorção com temperatura programada de n-butilamina Catalisador Sítios Fracos Sítios Fortes Sítios (120–350ºC) (350- 550ºC) Totais (µmol/g) Acidez Força Acidez Força (µmol g-1) ácida (µmol g-1) ácida Nb2O5 98 57% 74 43% 172 V/Co/Nb2O5 114 67% 56 33% 170 Mo/Co/Nb2O5 51 68% 24 32% 75 Mo/V/Nb2O5 60 87% 9 13% 69 NbOPO4 456 75% 149 25% 605 20V/NbOPO4 35 73% 13 27% 48 5V/NbOPO4 247 68% 114 32% 361 Co/V/NbOPO4 169 76% 53 24% 222 V/Mo/NbOPO4 91 65% 48 35% 139 Co/Mo/NbOPO4 280 76% 88 24% 368 O aumento da quantidade de metal no catalisador de vanádio suportado em fosfato de nióbio acarretou uma acentuada diminuição na acidez total. Sun e colaboradores mostram esta mesma tendência, onde a acidez decresce com o aumento da quantidade de vanádio impregnada no fosfato de nióbio (NbP > 5VNbP > 20VNbP > 25VNbP) (SUN, 2007). O aumento da quantidade total de vanádio acarreta, também, em uma diminuição na área específica. Pode-se, então, afirmar que maior quantidade de 76 espécies V2O5 se encontram na superfície externa do catalisador. Estas espécies possuem características menos ácidas que o suporte. Os catalisadores metálicos suportados em fosfato de nióbio apresentam uma acidez muito inferior ao do suporte sem a impregnação. Isso pode ser devido ao fato da perda de átomos de P, comprovada pela análise de FRX. O fosfato de nióbio possui 6,3 mmol de P por grama de catalisador, enquanto após a impregnação metálica esse valor fica em torno de 3 mmol (valores mostrados na Tabela 6). Em estudo de Sun e colaboradores, a acidez total do fosfato de nióbio é calculada em 0,644 mmol.g-1 e de 5%V/NbOPO4 em 0,641 mmol.g-1, ambas medidas pela adsorção de NH3 a 150ºC e 67 Pa de pressão, sendo analisada por espectroscopia na região do infravermelho (SUN, 2007). Apesar de terem sido utilizadas técnicas diferentes, o valor encontrado para o fosfato de nióbio é condizente com o da literatura. Em estudo de Florentino e colaboradores, é verificado que a acidez do óxido de nióbio é praticamente nula, quando este é calcinado em temperaturas superiores a 400ºC. A acidez tanto do fosfato de nióbio quanto do óxido de nióbio é inversamente proporcional à temperatura de calcinação (FLORENTINO, 1992). Análise da adsorção de piridina em óxido de nióbio mostra que a quantidade de sítios ácidos de Bronsted diminui com o aumento da temperatura de prétratamento, tendo seu máximo valor quando o material é pré-tratado a 100ºC. Os sítios ácidos de Lewis apresentam maior quantidade em temperatura intermediária (300ºC). Quando o óxido de nióbio é pré-tratado a 500ºC apresenta uma 77 quantidade muito pequena de sítios ácidos (TANABE, 1987). Os dados citados anteriormente corroboram os resultados da análise de acidez feita nos catalisadores suportados em Nb2O5, calcinados a 550ºC, que apresentam menos de 0,2 mmol de sítios ácidos por grama de catalisador. A acidez do óxido de nióbio foi investigada em função da temperatura de calcinação. Quanto maior a temperatura de pré-tratamento utilizada menor é a quantidade de sítios ácidos totais encontrados. Para o material calcinado a 500ºC são encontrados cerca de 0,16 mmol de sítios ácidos por grama de catalisador (XU, 2007). Este valor é bem semelhante ao mostrado em nossos resultados. A diminuição da acidez decorrente do aumento da temperatura de prétratamento pode ser atribuída à transformação dos sítios ácidos de Brønsted em sítios ácidos de Lewis, pela eliminação de água e perda da área específica (ZIOLEK, 1999). O fosfato de nióbio possui propriedades texturais, ácidas e catalíticas similares à do óxido de nióbio, mas com a vantagem de conservar estas propriedades mesmo em altas temperaturas de pré-tratamento. 4.1.4 Análise Textural As propriedades texturais dos catalisadores (área específica e volume de poros) foram determinadas por fisissorção de N2. Os valores encontrados para a área BET dos sólidos são mostrados na Tabela 8. Como era de se esperar, observa-se uma diminuição da área do sólido após a impregnação dos metais. 78 Tabela 8: Área Superficial e Volume de poro dos Catalisadores Área BET Volume de Catalisador (m2/g) Poro (m3/g) Nb2O5(1) 40 0,117 V/Co/Nb2O5(1) 18 0,076 Mo/Co/Nb2O5(1) 24 0,087 Mo/V/Nb2O5(1) 25 0,083 NbOPO4(2) 162 0,182 20V/NbOPO4(2) 2 0,006 5V/NbOPO4(2) 82 0,239 Co/V/NbOPO4(2) 63 0,221 V/Mo/NbOPO4(2) 14 0,063 Co/Mo/NbOPO4(2) 29 0,183 (1) Calcinados a 400ºC (2) Calcinados a 550ºC Para o fosfato de nióbio impregnado somente com vanádio, quanto maior a quantidade de metal menor é a área superficial. O fosfato de nióbio puro tem área específica de 162 m2/g; com 5% de vanádio em massa a área é 82 m2/g enquanto com 20% de vanádio impregnado a área diminui para apenas 2 m2/g. Isto pode indicar que o metal está obstruindo os poros do suporte. Tanto para os catalisadores suportados em óxido quanto para os suportados em fosfato de nióbio ocorre uma diminuição da área superficial após a impregnação dos metais. Esse comportamento é devido, provavelmente, à deposição de metais 79 no interior dos poros do suporte, que pode ser corroborado nos valores de volume de poro mostrados anteriormente. Nos catalisadores suportados em óxido de nióbio ocorre uma diminuição do volume de poros em todos os catalisadores impregnados, mas a queda é mais acentuada no catalisador V/Co/Nb2O5, que tem o volume de poro quatro vezes menor do que o do material de partida. Os catalisadores 20V/NbOPO4 e V/Mo/NbOPO4 apresentam volume de poro bastante inferior ao do suporte sem impregnação. Enquanto os outros catalisadores impregnados em fosfato de nióbio não apresentam queda, ou até mesmo um ligeiro aumento do valor de volume de poro. Em trabalho de Xu e colaboradores, é mostrado que a área superficial do Nb2O5 calcinado a 500ºC é de 42 m2.g-1 (XU, 2007); valor pouco maior que o encontrado nos nossos resultados, levando-se em consideração que os catalisadores utilizados foram calcinados a 550ºC. No mesmo trabalho, é descrito que quanto maior a temperatura de calcinação menor é a área superficial do óxido de nióbio. Quando calcinado a 350ºC o óxido de nióbio apresenta 115m2/g; a 400ºC, 99m2/g; a 500ºC, 42m2/g; a 600ºC, 12m2/g e a 700ºC, 7m2/g (XU, 2007). 80 Florentino et al mostra em seu trabalho que a área específica do fosfato de nióbio também diminui com o aumento da temperatura de calcinação. Para 426ºC foi obtido um material com cerca de 125 m2/g (FLORENTINO, 1992). Os catalisadores preparados no presente trabalho apresentam isoterma de adsorção do tipo IV (Figura 26). Essa isoterma é a mais frequente em alguns tipos de catalisadores heterogêneos, representando a adsorção em multicamadas e mesoporosidade. Figura 26 Isoterma de adsorção do catalisador V/Mo/Nb2O5 4.2 Testes Catalíticos. 4.2.1 Avaliação dos Suportes Como mostrado nos itens 2.2 e 2.5 do capítulo de revisão bibliográfica, o óxido e o fosfato de nióbio têm se apresentado como um bom catalisador para reações de desidratação, incluindo a desidratação do glicerol. Para garantir que estes materiais seriam efetivos como suporte para os catalisadores bifuncionais a 81 serem inicialmente preparados para a produção de ácido acrílico, eles foram testados na reação de desidratação do glicerol. Ambos os materiais foram calcinados a 550ºC em mufla, à pressão atmosférica, por 2 horas. Antes das reações, 100 mg de catalisador foi pré-tratado a 350ºC por 30 minutos sob fluxo de N2 a 40 ml/min. Em seguida, o reator foi resfriado para 300ºC, passando a ter ar sintético (80% N2 e 20% O2) a 40 mL/min como gás de arraste. Neste momento, é iniciada a introdução de glicerina, pela bomba seringa, com vazão de 0,5 mL/h. Vinte minutos após o início da introdução da glicerina é feita uma injeção, via válvula pneumática, do efluente da reação no cromatógrafo a gás. Esse procedimento é repetido a cada 20 minutos, até o fim da reação, de forma a se acompanhar a atividade do catalisador. Nas Figuras 27 e 28, são mostradas a conversão do glicerol e seletividade aos produtos quando utilizado NbOPO4 e Nb2O5, respectivamente. Em ambos os catalisadores, a acroleína é observada como produto principal, com seletividade média de 76% para o fosfato de nióbio e 72% para o óxido de nióbio. Este era o resultado esperado, pois a acroleína é o produto precursor do ácido acrílico, que será formado pela oxidação desta. Ambos os catalisadores apresentam 100% de conversão para o glicerol, não apresentando desativação apreciável durante todo o período o qual a reação foi monitorada. 82 NbOPO4 110 100 90 80 70 % 60 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína Hidroxiacetona 50 40 30 20 10 0 -10 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (minutos) Figura 27: Conversão do glicerol e seletividade aos produtos para a reação de desidratação com NbOPO4 Nb2O5 110 100 90 80 70 % 60 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína 50 40 30 20 10 0 0 100 200 300 400 500 Tempo (minutos) Figura 28: Conversão do glicerol e seletividade aos produtos para a reação de desidratação com Nb2O5 83 Somente quando o fosfato de nióbio é utilizado como catalisador é formada hidroxiacetona entre os produtos da reação. Este é um produto da desidratação em uma das hidroxilas terminais do glicerol. Na Tabela 9 são mostrados os valores de seletividade média e desvio padrão para os produtos da reação de desidratação realizadas com o fosfato e óxidos de nióbio. Em estudo anterior constatamos que sobre zeólitas ácidas (HBeta, HY e HZSM-5) ocorre a formação de hidroxiacetona. Na zeólita Beta é observado o aumento da seletividade à hidroxiacetona com o aumento da temperatura de reação. Quando a reação é mantida a 250ºC, cerca de 5% de hidroxiacetona são formados. Já em temperatura de 300ºC, há formação de aproximadamente 20% do mesmo produto (PESTANA, 2010). Estas zeólitas na forma ácida apresentam quantidade muito maior de sítios ácidos totais do que as espécies de nióbio estudadas. Além da acidez a temperatura de reação também influencia na seletividade a hidroxiacetona. Catalisadores com forte acidez tendem a formar mais coque que catalisadores com uma acidez fraca. Isso poderia insinuar que as moléculas de acroleína formadas sobre os catalisadores com forte acidez são facilmente sujeitas a reações secundárias conduzidas na superfície, levando a formação de depósitos de carbono (CHAI, 2007). Por isso, a utilização de suportes com acidez mais baixa, porém suficiente para realizar a desidratação do glicerol, parece ser mais interessante, como é o caso do óxido e fosfato de nióbio. 84 Tabela 9 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos formados nas reações de desidratação com os suportes sem impregnação metálica Formaldeído Acetaldeído Acroleína Hidroxiacetona Nb2O5 NbOPO4 Xm (%) 5,0 2,4 σ 5,1 1,3 Xm (%) 22,0 7,4 σ 1,9 2,3 Xm (%) 72,7 77,9 σ 5,3 7,9 Xm (%) 0 12,3 σ 0 6,0 Em trabalho anterior foi mostrado que a zeólita Beta ácida sofre desativação na reação de desidratação do glicerol. A 250ºC a conversão inicial é de 75% e, após 120 minutos, a conversão é em torno de 10%. Com o aumento da temperatura para 300ºC, a conversão inicial é mantida e, após 180 minutos de reação a conversão diminui menos que com a temperatura mais baixa, mas ainda sim cai pra 50% (PESTANA, 2010). Esse dado pode indicar que a não desativação do catalisador não esteja somente ligada ao fato de o gás de arraste conter oxigênio, que auxilia na eventual queima do coque formado, mas também com a natureza do catalisador. 85 4.2.2 Avaliação dos Catalisadores Bifuncionais Os resultados obtidos nas reações com os catalisadores suportados em fosfato e óxido de nióbio são apresentados relacionando a distribuição dos produtos e a conversão da glicerina com o tempo de reação. As reações foram realizadas em temperatura de 300ºC, velocidade espacial horária mássica (WHSV) de 313h-1 e razão molar de O2/glicerina de 3:1. 4.2.2.1 Catalisadores Suportados em Óxido de Nióbio Todos os catalisadores suportados em óxido de nióbio apresentaram conversões de glicerol igual a 100%, mantendo esse valor durante todo o período em que a reação foi monitorada. A não desativação dos catalisadores pode estar associada com o excesso de oxigênio utilizado no meio reacional, que auxilia na eventual queima do coque na superfície do catalisador. V/Mo/Nb2O5 100 95 50 % 40 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína Ác. Acético Ác. Acrílico 30 20 10 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Tempo (minutos) Figura 29 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Mo/V/Nb2O5 86 É mostrada na Figura 29 a convFigura 29 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Mo/V/Nb2O5ersão do glicerol e seletividade dos produtos com o catalisador V/Mo/Nb2O5. Os valores de seletividade não variam de forma significativa em função do tempo reacional. Ele também apresentou as maiores seletividade a ácido acrílico, dentre os catalisadores suportados em óxido de nióbio, com média de 10%. Em contrapartida, o catalisador apresentou alta seletividade ao ácido acético, mais de 35%. Mesmo com a grande formação de ácido acético a acroleína foi o produto principal, com cerca de 45% de seletividade. Pouca quantidade de acetaldeído e formaldeído são formados. Mo/Co/Nb2O5 120 100 80 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína AcAcético AcAcrílico 60 % 20 15 10 5 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (minutos) Figura 30 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Mo/Co/Nb2O5 87 É mostrada na Figura 30 a conversão do glicerol e seletividade dos produtos com o catalisador Mo/Co/Nb2O5, sendo este o que apresentou maior variação entre os valores de seletividade dos produtos em função do tempo. A acroleína é o produto principal com mais de 75% de seletividade. Os produtos de oxidação, ácido acético e ácido acrílico, são formados em pequenas quantidades, 7 e 3% de seletividade, respectivamente. O acetaldeído é formado com quase 11% de seletividade média. 120 V/Co/Nb2O5 100 80 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína AcAcético % 60 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo (minutos) Figura 31 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com V/Co/Nb2O5 É mostrada na Figura 31 a conversão do glicerol e a seletividade dos produtos com o catalisador V/Co/Nb2O5 que foi o único dentre os suportados em óxido de nióbio que não foi capaz de produzir ácido acrílico. Mesmo assim, tem-se uma pequena seletividade a ácido acético, cerca de 8% de média com picos de até quase 35% de seletividade a este produto de oxidação. 88 Na Tabela 10 são comparados os resultados das caracterizações feitas nos catalisadores suportados em óxido de nióbio. A razão metal/suporte foi calculada dividindo a soma da quantidade de metal encontrada no catalisador pela quantidade de nióbio, em mmol. Pelos resultados de caracterização destes catalisadores podemos relacionar a baixa seletividade aos produtos de oxidação com a elevada acidez do catalisador Co/V/Nb2O5, além da ausência de molibdênio. Na caracterização textural, este catalisador apresentou os menores valores de área superficial e volume de poro, apesar de a diferença entre os três catalisadores suportados em óxido de nióbio ser pequena, o que pode indicar que no processo de preparação deste catalisador os poros tenham sido bloqueados. Tabela 10 Caracterizações dos Catalisadores suportados em óxido de nióbio Catalisador Razão Área Volume de Acidez Total Metal/Suporte Superficial Poro (m3/g) (µmol/g) (m2/g) V/Mo/Nb2O5 0,15 25 0,083 69 Co/Mo/Nb2O5 0,16 24 0,087 75 Co/V/Nb2O5 0,17 18 0,076 170 Na Figura 32, são comparadas a distribuição das seletividades aos produtos dos catalisadores suportados em óxido de nióbio. O catalisador V/Mo/Nb2O5 foi o que apresentou menor quantidade de acroleína e maior soma das seletividades 89 dos produtos de oxidação, ácido acético e ácido acrílico. Nos outros dois catalisadores, a distribuição entre os produtos de oxidação, produto de desidratação e produtos de clivagem térmica se mantêm estável. Na Tabela 11, são mostrados os valores de seletividade média e desvio padrão dos produtos formados pelas reações de desidratação oxidativa com os catalisadores suportados em óxido de nióbio. Quanto menor o valor do desvio padrão, mais os valores de seletividade estão próximos do valor da média. 100 90 80 70 Ác. Acrílico 60 Ác. Acético 50 Acroleína 40 Acetaldeído 30 Formaldeído 20 10 0 V/Mo/Nb2O5 Co/Mo/Nb2O5 V/Co/Nb2O5 Figura 32 Seletividade média dos produtos dos catalisadores suportados em Nb2O5 90 Tabela 11 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos de desidratação oxidativa do glicerol com catalisadores suportados em Nb2O5 Formaldeído Acetaldeído Acroleína Ác. Acético Ác. Acrílico V/Mo/Nb2O5 Co/Mo/Nb2O5 V/Co/Nb2O5 Xm (%) 4,7 2,9 5,1 σ 0,5 1,2 2,6 Xm (%) 4,3 10,9 14,0 σ 0,3 1,7 3,7 Xm (%) 45,1 75,2 73,1 σ 3,5 4,9 7,9 Xm (%) 35,7 7,8 7,8 σ 2,5 4,1 5,8 Xm (%) 10,1 3,1 0 σ 2,4 1,5 0 4.2.2.2 Catalisadores Suportados em Fosfato de Nióbio Os catalisadores suportados em fosfato de nióbio apresentam conversão de glicerol igual a 100%, assim como os suportados em óxido de nióbio. 91 5V/NbOPO4 100 90 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína Ac.Acético Ac.Acrílico 80 % 70 60 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (minutos) Figura 33 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com 5%V/NbOPO4 É mostrada na Figura 33 a conversão do glicerol e a seletividade dos produtos com o catalisador monometálico de 5% de V impregnado em fosfato de nióbio. Este catalisador apresenta boa seletividade a ácido acrílico, cerca de 10%, Com a vantagem de produzir pouco ácido acético. O produto principal formado é a acroleína, com seletividade superior a 75%. Formaldeído e acetaldeído são formados em pouca quantidade. 92 120 20V/NbOPO4 100 80 Conversão Formaldeído Acetaldeído Acroleína Ác. Acético % 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 Tempo (minutos) Figura 34 Conversão do glicerol e seletividade dos produtos da reação de desidratação oxidativa com 20V/NbOPO4 É mostrada na Figura 34 a conversão do glicerol e a seletividade dos produtos com o catalisador monometálico de 20% de V impregnado em fosfato de nióbio. O aumento da quantidade mássica de vanádio suportado em fosfato de nióbio não melhora os resultados, pois este catalisador não é capaz de formar ácido acrílico, além de formar cerca de 20% de ácido acético. 93 V/Mo/NbOPO3 120 100 80 Conversão Acetaldeído Acroleína Ac.Acético Ac.Acrílico % 60 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 Tempo (minutos) Figura 35 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com V/Mo/NbOPO4 É mostrada na Figura 35 a conversão do glicerol e seletividade dos produtos com o catalisador V/Mo/NbOPO4. Este catalisador se mostrou capaz de produzir ácido acrílico somente durante a primeira metade do tempo reacional monitorado. Pelos resultados fica bem claro que a seletividade a acroleína diminui quando a seletividade a ácido acético aumenta, enquanto a seletividade a acetaldeído permanece inalterada. Isso pode ser um indicativo de que nem todo o ácido acético produzido seja proveniente da oxidação do acetaldeído formado pela clivagem térmica do 3-hidroxipropanal, que é uma rota que compete com a rota de formação da acroleína. 94 Co/Mo/NbOPO4 110 100 90 80 70 Conversão Acetaldeído Acroleína Ac.Acético Ac.Acrílico % 60 15 10 5 0 -5 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (minutos) Figura 36 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação d Oxidativa com Co/Mo/NbOPO4 É mostrada na Figura 36 a conversão do glicerol e seletividade dos produtos com o catalisador Co/Mo/NbOPO4, que apresenta valores de seletividade dos produtos bastante estáveis em função do tempo de reação. É o catalisador que produz maior quantidade de acetaldeído, dentre os suportados em fosfato de nióbio. A seletividade a ácido acético e ácido acrílico tem praticamente o mesmo valor, cerca de 7%. 95 Co/V/NbOPO4 120 100 80 60 % Conversão Acetaldeído Acroleína Ac.Acético Ac.Acrílico 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 Tempo (minutos) Figura 37 Conversão do Glicerol e Seletividade dos Produtos da Reação de Desidratação Oxidativa com Co/V/NbOPO4 É mostrada na Figura 37 a conversão do glicerol e seletividade dos produtos com o catalisador Co/V/NbOPO4. Este catalisador foi capaz de produzir cerca de 11% de seletividade a ácido acrílico, sendo o que mais produziu este produto dentre os catalisadores suportados em fosfato de nióbio, com a vantagem de produzir pouca quantidade de ácido acético e acetaldeído. Comparando os resultados mostrados nos gráficos de conversão e seletividades das reações realizadas com catalisadores suportados em fosfato de nióbio com as caracterizações destes catalisadores, pode-se relacionar a seletividade a ácido acrílico com as caracterizações texturais. Nos catalisadores que possuem menores valores de área superficial e volume de poros (20V/NbOPO4 e V/Mo/NbOPO4), não é observada a produção de ácido acrílico. Nos catalisadores que apresentam as maiores áreas superficiais e volume de poros (5V/NbOPO4 e 96 Co/V/NbOPO4) são obtidas as maiores seletividades a ácido acrílico. Os resultados das caracterizações dos catalisadores suportados em fosfato de nióbio estão descritos na Tabela 12. Tabela 12 Comparação das caracterizações dos catalisadores suportados em NbOPO4 Catalisador Razão Área Volume de metal/suporte superficial Poro (m2/g) (m3/g) Acidez (µmol/g) V/Mo/NbOPO4 0,17 14 0,063 139 Co/Mo/NbOPO4 0,09 29 0,183 368 Co/V/NbOPO4 0,23 63 0,221 222 5V/NbOPO4 0,13 82 0,239 361 20V/NbOPO4 0,43 2 0,006 48 Na Figura 38 são comparadas a distribuição das seletividades aos produtos dos catalisadores suportados em fosfato de nióbio. Eles apresentam pouca variação na seletividade a acroleína, produto principal da reação. Os produtos de oxidação, ácido acético e ácido acrílico, somam menos de 20% da seletividade total. Na Tabela 13 são mostrados os valores de seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) para os catalisadores suportados em fosfato de nióbio. 97 100 90 80 70 60 Ác. Acrílico 50 Ác. Acético 40 Acroleína 30 Acetaldeído 20 Formaldeído 10 0 Figura 38 Seletividades média dos produtos com catalisador suportados em NbOPO4 Tabela 13 Seletividade média (Xm) e desvio padrão (σ) dos produtos da desidratação oxidativa do glicerol com catalisadores suportados em NbOPO4 Formaldeído Acetaldeído Acroleína Ác. Acético Ác. Acrílico V/Mo/ NbOPO4 Co/Mo/ NbOPO4 Co/V/ NbOPO4 5V/ NbOPO4 20V/ NbOPO4 Xm (%) 0 0 0 3,1 2,5 σ 0 0 0 1,2 1,1 Xm (%) 8,5 12,6 5,8 5,2 7,0 σ 2,9 0,7 2,2 1,1 1,4 Xm (%) 67,9 70,5 71,7 75,1 74,3 σ 15,1 2,1 8,7 3,4 1,2 Xm (%) 21,7 7,7 8,4 7,1 16,1 σ 12,4 0,8 3,8 2,7 1,2 Xm (%) 1,8 7,2 10,5 9,5 0 σ 3,6 0,9 3,2 2,3 0 98 4.2.2.3 Estimativa da quantidade de CO e CO2 formados As reações de oxidação de compostos orgânicos têm como subprodutos uma mistura de CO, CO2 e H2O. Como os catalisadores utilizados têm a função oxidante é importante que seja investigado a quantidade de CO2 e CO que, possivelmente, estejam sendo formados durante a reação de desidratação oxidativa do glicerol. O analisador presente no equipamento de cromatografia utilizado é um detector por ionização em chama (DIC). O princípio deste tipo de detector é que o efluente da coluna ao ser misturado com hidrogênio é queimado ao ar produzindo uma chama que tem energia o suficiente para ionizar as moléculas do soluto desde que tenham potencial de ionização baixos. As espécies iônicas produzidas são coletadas, amplificadas e enviadas para o sistema de registro. Possui grande aplicabilidade, mas somente detecta espécies que possuem a ligações C-H. Portanto, CO e CO2 não podem ser detectadas por este tipo de analisador, sendo necessário o uso de um detector por condutividade térmica (DCT). Para se obter uma estimativa da quantidade de CO e CO2 formados, o efluente da reação foi coletado em uma bolsa de coleta de gás, utilizando o catalisador V/Mo/Nb2O5. Durante 10 minutos a bolsa de coleta de gás ficou acoplada à jusante da unidade catalítica. Com o auxílio de uma seringa de gás 0,5mL do gás contido na bolsa foi injetado em um equipamento de cromatografia gasosa com detector por condutividade térmica. A partir da curva de calibração feita para o CO2 (Figura 39) e da média dos valores das áreas do pico referente ao CO2 do cromatograma, foi calculado uma concentração de CO2 de 3,75% em mol. 99 200,00 180,00 y = 26,153x + 0,9405 R² = 0,9945 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 0 1 2 3 4 5 6 7 Figura 39 Curva de calibração do CO2 Com isso tem-se um rendimento de 18% a CO2. Indicando que 18% da glicerina injetada como reagente da reação é convertida a CO2. Infelizmente, não foi possível fazer a mesma análise para o CO, pois a coluna utilizada no cromatógrafo não era específica para este gas e havia coeluição entre o CO e a mistura N2/O2 do gás de arraste da reação, como mostrado na Figura 40, onde o primeiro pico é referente ao CO, juntamente com o N2/O2, e o segundo pico ao CO2. O terceiro pico corresponde a água. Figura 40 Cromatograma do CO e CO2 utilizando DCT 100 A reação de desidratação oxidativa do glicerol foi avaliada em três diferentes óxidos mistos (DELAPLANQUE, 2010). O rendimento a CO e CO2 em cada um dos catalisadores é mostrado na Tabela 14. Tabela 14 Rendimento a CO e CO2 (Adaptado de DELAPLANQUE, 2010) Catalisador Rendimento CO (%) Rendimento CO2 (%) Mo3VO 18,1 17,0 MoVTeNbO 29,7 15,1 W3VO 28,3 26,4 Nieto e colaboradores mostram em seu trabalho que a seletividade a espécies COx aumentam com o aumento da quantidade de oxigênio disponível no meio reacional, nas reações de desidratação oxidativa do glicerol. Para o catalisador de óxido misto de W-V-Nb, a 265ºC, são formadas as espécies COx com seletividade em torno de 50% para a proporção molar de O2/glicerina igual a 3:1(NIETO, 2014). O aumento da quantidade de vanádio em óxido misto de W-V-Nb provoca um aumento na seletividade a espécies COx como produto da reação de desidratação oxidativa do glicerol. Em temperatura de 300ºC, a seletividade a COx varia entre 38 e 76% (CHIREGATO, 2012). 4.2.2.4 Uso do Suporte Além dos catalisadores de vanádio e molibdênio suportados nas espécies de nióbio, foi preparado um catalisador mássico de óxido misto destes dois metais, a 101 fim de comparar o uso de suportes para a reação de desidratação oxidativa do glicerol. O catalisador mássico foi preparado com a razão Mo/V igual a 2,5, ou seja, cerca de 71% de Mo e 29 % de V. Esta proporção foi escolhida devido a estudos da literatura mostrarem que catalisadores com 7 a 30% de vanádio representam os que possuem maior atividade e seletividade a ácido acrílico na reação de oxidação da acroleína (ANSDRUSHKEVICH, 1979) (KUSNETSOVA, 1979) (ANSDRUSHKEVICH, 1992). Na Figura 41 são mostradas as seletividades médias aos produtos da reação de desidratação oxidativa com os catalisadores preparados com vanádio e molibdênio, com e sem suporte. O catalisador mássico apresentou a maior seletividade a ácido acrílico, aproximadamente 23%. A quantidade de ácido acético produzida no catalisador mássico e no suportado em Nb2O5 são equivalentes, enquanto a seletividade a acroleína diminui quando utilizado o catalisador nãosuportado. Possivelmente, a maior disponibilidade dos sítios metálicos é responsável pelo aumento da seletividade ao ácido acrílico no catalisador mássico pois ele possui uma maior densidade metálica que os catalisadores suportados. O catalisador V/Mo/Nb2O5 possui 10,1 mmol de metais (soma da quantidade de vanádio e molibdênio), V/Mo/NbOPO4, 13,7 mmol de metais e o V/Mo mássico possui 35 mmol de metais por grama de catalisador. Além da quantidade total de metais, existe a diferença entre a razão Mo/V. O catalisador mássico apresenta razão Mo/V 5 vezes maior que nos catalisadores suportados. 102 100% 90% 80% 70% Ác.Acrílico 60% Ác. Acético 50% Acroleína 40% Acetaldeído 30% Formaldeído 20% 10% 0% V/Mo/NbOPO4 V/Mo/Nb2O5 V/Mo Figura 41 Seletividades Médias dos catalisadores a base de V/Mo com e sem suporte Os óxidos metálicos são depositados no suporte através da reação com os grupos hidroxila da superfície das espécies de nióbio para formar uma nova fase de óxido metálico na superfície (JEHNG, 1992). 4.2.2.5 Proposta de mecanismo de desidratação/oxidação do glicerol A conversão do glicerol a ácido acrílico ocorre em duas etapas: primeiro a desidratação do glicerol a acroleína, e posteriormente oxidação da acroleína a ácido acrílico. Mesmo o processo ocorrendo em um catalisador bifuncional, em um único leito catalítico, as duas etapas ocorrem sucessivamente para que seja formado o ácido acrílico. 103 Muitos são os possíveis produtos quando glicerol é reagido com um catalisador com função ácido e oxidante. Na Figura 42 são mostrados os possíveis produtos de desidratação e também os produtos de oxidação. O HO CH3 Hidroxiacetona - H2 O HO OH OH Glicerol - H2 O HO H2C O O + - H2 O Acetaldeído Álcool Vinílico + 1/2 O2 O H2C H3C H2C Formaldeído 3 hidroxi-propanal O OH O + 1/2 O2 OH Ácido Fórmico Acroleína H3C O OH + 1/2 O2 Ácido Acético OH H2C COx O Ácido Acrílico Figura 42 Possíveis produtos formados na reação de desidratação oxidativa do glicerol (Adaptado de DELAPLANQUE, 2010) 104 Dependendo do grupo hidroxila que for protonado, até seis produtos intermediários podem ser formados na primeira etapa de desidratação (Figura 43). Destes 6, somente 2 são estáveis: o 3-hidroxipropanal e a hidroxiacetona. Figura 43 Possíveis produtos da primeira desidratação do glicerol (Adaptado de COLL, 2011 ) A hidroxiacetona (também chamada de acetol) é formada pela desidratação a partir de uma das hidroxilas laterais do glicerol. Não há a possibilidade de uma segunda desidratação da hidroxiacetona devido à presença de carbonila adjacente à hidroxila. A hidroxiacetona é formada com seletividade média igual a 12%, quando utilizado o fosfato de nióbio como catalisador da reação de desidratação do glicerol. Esse produto não é observado nas reações realizadas com o óxido de nióbio. Possivelmente isso ocorre devido a diferença na quantidade de sítios ácidos totais, 605 µmol.g-1 no fosfato e 172 µmol.g-1 no óxido de nióbio e também pela presença de maior quantidade de sítios ácidos fortes no fosfato de nióbio. 105 O fosfato de nióbio apresenta maior acidez de Brønsted, enquanto o óxido de nióbio, maior acidez de Lewis quando calcinados a 300ºC, conforme mostrado na Tabela 15 (LATCHER, 2013). Mas o perfil muda com o aumento da temperatura de pré-tratamento devido à transformação dos sítios ácidos protônicos em sítios ácidos de Lewis pela eliminação de água e perda da área superficial (ZIOLEK, 1999). Como os suportes utilizados nos catalisadores deste trabalho foram calcinados a 550ºC, possivelmente eles apresentam maior quantidade de sítios de Lewis. Tabela 15 Acidez de Brønsted e Lewis de Nb2O5 e NbOPO4 calcinados a 300ºC (Adaptado de LACHTER, 2013) Catalisador Sítio Ácido de Brønsted Sítio Ácido de Lewis µmol g-1 µmol g-1 Nb2O5.nH2O 41 86 NbOPO4 70 63 Segundo Possato e colaboradores, o mecanismo da desidratação do glicerol a hidroxiacetona se dá nos sítios ácidos de Lewis (Figura 44). A reação ocorre através da interação de uma hidroxila terminal com o sítio metálico e, com a transferência de um próton para um átomo de oxigênio da superfície catalítica. Há a formação do 2,3 di-hidroxipropeno que, por rearranjo ceto-enólico, permite a produção de hidroxiacetona (POSSATO, 2013). Após a reação de desidratação ocorre a regeneração do sítio ativo com a liberação de uma molécula de água (Figura 45). Segundo o mecanismo proposto por Martinuzzi e colaboradores, uma outra rota reacional para a hidroxiacetona é formar acetaldeído pela perda de uma 106 espécie COx (MARTINUZZI, 2014). Essa poderia ser uma das possibilidades da alta seletividade a ácido acético, produto da oxidação do acetaldeído, em alguns dos catalisadores testados. Glicerol HO OH HO OH H OH O M M OH M H3C H2C O OH OH M O OH Hidroxiacetona Figura 44 Mecanismo de desidratação do glicerol a hidroxiacetona (Adaptado de POSSATO, 2013) H2O OH OH M M + O M M Figura 45 Regeneração do sítio de Lewis A hidroxiacetona é o produto principal da desidratação do glicerol quando a reação é realizada em baixa temperatura (260ºC), e utilizando um catalisador com características básicas, como La2CuO4 (VELASQUEZ, 2014) e hidroxiapatita trocada com cobre (OLIVEIRA, 2014). Diferente da hidroxiacetona, o 3-hidroxipropanal pode sofrer uma segunda desidratação formando acroleína; ou ainda ser clivado termicamente a formaldeído e acetaldeído. 107 Segundo Possato e colaboradores, a desidratação na hidroxila central do glicerol ocorre através dos sítios ácidos de Brønsted (Figura 46). O mecanismo se inicia com a protonação da hidroxila central pelo sítio protônico, ocorrendo a formação do intermediário 1,3-di-hidroxipropeno que, por rearranjo ceto-enólico, forma o 3-hidroxiapropanal. A segunda desidratação ocorre através da protonação do grupo hidroxila do 3-hidroxipropanal, produzindo a acroleína (POSSATO, 2013). Outro possível caminho reacional do 3-hidroxipropanal é a degradação térmica formando acetaldeído e formaldeído. Glicerol HO OH HO OH + OH OH2 O- OH OH O OH HO OH O OH Hidroxipropanal CH2 + OH2 O O- O Acroleína Figura 46 Mecanismo de desidratação do glicerol a acroleína (adaptado de POSSATO, 2013) Após as reações subsequentes de desidratação do glicerol e do 3-hidroxipropanal, ocorre a regeneração do sítio ativo com liberação de água (Figura 47). 108 H3O H2O + + - O OH Figura 47 Regeneração do sítio de Bronsted do catalisador A produção do acetaldeído se dá, em sua maioria, pela decomposição térmica do 3-hidroxipropanal. Mas este produto também pode ser produzido, quando a reação é realizada em fase líquida, pela protonação de uma das hidroxilas laterais do glicerol pelo sítio ácido de Brønsted, seguida de craquemaneto da espécie formada (Figura 48) (SHEN, 2014). OH HO HO HO OH + H+ HO + + OH2 - H2O H3C OH - H+ craqueamento H3C O Figura 48 Produção de acetaldeído (Adaptado de SHEN, 2014) A oxidação da acroleína a ácido acrílico segue o mecanismo de Mars van Krevelen, no qual o oxigênio adicionado ao reagente é proveniente da estrutura do catalisador, e a vacância deixada pela saída desse átomo de oxigênio é preenchida pelo oxigênio molecular do meio reacional. As etapas do mecanismo de oxidação compreendem em: 1. Adsorção da acroleína na superfície do catalisador através de um dos átomos de O do suporte; 109 2. Transferência do hidrogênio do grupo aldeído da acroleína para um átomo de O diferente ao que a molécula está adsorvida e, consequente, formação da ligação C-O com posterior formação da espécie acrilato; 3. Adsorção da água na vacância deixada pela saída do oxigênio e dessorção do ácido acrílico 4. Reconstituição da estrutura do catalisador, utilizando oxigênio do meio reacional, com dessorção de uma molécula de água. A confirmação que a formação de ácido acrílico a partir da acroleína acontece através do complexo de acrilato na superfície do catalisador é feita por estudo de infravermelho. As bandas de absorção em 1445 e 1570 cm-1 podem ser relacionadas, respectivamente, com as vibrações simétrica e assimétrica do grupo COO-, enquanto a banda em 1620 cm-1 indica a existência de dupla ligação na estrutura (TICHY, 1976 apud TICHY, 1997). A oxidação do acetaldeído a ácido acético possivelmente ocorre pelo mesmo mecanismo da oxidação da acroleína. Portanto, essas duas reações competem pelos mesmos sítios metálicos. Por ter menor tamanho, o acetaldeído pode ter melhor permeabilidade pelos poros do suporte tendo mais acesso aos sítios ativos para a oxidação. Isso explicaria a maior seletividade a ácido acético que a ácido acrílico na maioria dos catalisadores testados. 110 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES __________________________________________________________________ No presente trabalho foi estudada a reação de desidratação oxidativa do glicerol, visando a formação de ácido acrílico e acroleína, com a utilização de catalisadores preparados a partir da impregnação úmida de sais metálicos de vanádio, molibdênio e cobalto em espécies de nióbio, fosfato e óxidos de nióbio. O objetivo proposto foi alcançado com êxito, pois seis dos oito catalisadores preparados foram capazes de produzir ácido acrílico dentre os produtos da reação. O catalisador Co/V/NbOPO4 produziu uma média de 10,5% de seletividade a ácido acrílico, e o catalisador V/Mo/Nb2O5, 10,1% de seletividade ao mesmo produto. O produto principal de todas as reações foi a acroleína. Todas as reações com os catalisadores utilizados manteve 100% de conversão do glicerol em todo o tempo na qual a reação foi monitorada, mostrando que não houve desativação dos catalisadores. Após a impregnação dos metais os catalisadores não apresentaram modificações na estrutura em relação à do suporte. Os catalisadores suportados em óxido de nióbio mantiveram a estrutura cristalina do suporte e não apresentaram picos referentes aos sítios metálicos, pela baixa concentração desses elementos. Os catalisadores suportados em fosfato de nióbio apresentam estrutura amorfa, assim como o suporte. Os catalisadores impregnados apresentam quantidade total de sítios ácidos menores do que os respectivos suportes, mas a distribuição de força ácida é pouco 111 alterada. A análise textural mostra que há uma diminuição na área superficial dos catalisadores após a impregnação metálica. 5.1 Perspectivas Futuras A titulo de sugestão para continuação da presente pesquisa, recomenda-se: 1. Realizar testes catalíticos com soluções de diferentes concentrações de glicerol, a fim de verificar se a quantidade de água interfere na conversão e seletividade, e também a sua influencia na desativação do catalisador; 2. Preparar catalisadores impregnando, além dos metais aqui mencionados, sais de tungstênio, uma vez que este metal é descrito com bastante frequência na literatura em catalisadores de oxidação de acroleína a ácido acrílico; 3. Variar a quantidade e a razão entre os metais nos catalisadores suportados, a fim de se obter um catalisador com quantidade de molibdênio superior a do segundo metal; 4. Mensurar com mais preciosismo a quantidade de CO e CO2 possivelmente formados na reação, com a utilização de equipamentos específico para esta finalidade. 112 CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________________________________ ADAMS, A. 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F.; In Situ Synthesized Nanocooper over ZSM-5 for the Catalytic Dehydration of Glycerol under Mild Conditions, Journal of the Taiwan Institute of Chemicals Engineers, v. 45, p. 1443-1443, 2014 123 CAPÍTULO 7 - APÊNDICES Apêndice A TGA % Co/Mo/Nb2O5 (calc) DrTGA mg/min 0.01 100.00 Weight Loss -0.036 mg -0.374 % Weight Loss 0.00 -0.017 mg -0.177 % -0.01 99.00 -0.02 98.00 -0.03 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 49 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/Nb2O5 124 TGA % Co/V/Nb2O5 (calc) DrTGA mg/min 101.00 0.01 100.00 0.00 Weight Loss 99.00 -0.101 mg -0.836 % Weight Loss -0.01 -0.050 mg -0.414 % 98.00 -0.02 97.00 -0.03 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 50 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/V/Nb2O5 V/Mo/Nb2O5 (calc) TGA % DrTGA mg/min 0.01 100.00 Weight Loss 0.00 -0.066 mg -0.444 % -0.01 99.50 Weight Loss -0.010 mg -0.067 % -0.02 99.00 -0.03 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 51 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador V/Mo/Nb2O5 125 TGA % Co/Mo/NbOPO4 DrTGA mg/min 100.00 0.00 Weight Loss -0.072 mg -0.774 % Weight Loss -0.067 mg -0.720 % 98.00 -0.02 96.00 -0.04 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 52 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/NbOPO4 Nb2O5 TGA % DrTGA mg/min 101.00 0.01 0.00 100.00 Weight Loss -0.113 mg -0.718 % -0.01 99.00 Weight Loss -0.086 mg -0.546 % -0.02 98.00 -0.03 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 53 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Nb2O5 126 TGA % V/Mo/NbOPO4 DrTGA mg/min 101.00 0.01 100.00 Weight Loss -0.066 mg -0.668 % Weight Loss 99.00 0.00 -0.035 mg -0.354 % -0.01 98.00 97.00 -0.02 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 54 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador V/Mo/NbOPO4 TGA % Co/V/NbOPO4 DrTGA mg/min 0.01 101.00 0.00 100.00 Weight Loss 99.00 -0.191 mg -1.240 % Weight Loss 98.00 -0.01 -0.02 -0.060 mg -0.390 % -0.03 97.00 96.00 -0.00 -0.04 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 55 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/V/NbOPO4 127 TGA % Co/Mo/NbOPO4 DrTGA mg/min 0.01 101.00 0.00 100.00 Weight Loss 99.00 -0.191 mg -1.240 % Weight Loss 98.00 -0.01 -0.02 -0.060 mg -0.390 % -0.03 97.00 -0.04 96.00 -0.00 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 56 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador Co/Mo/NbOPO4 TGA % NbOPO4 DrTGA mg/min 0.00 100.00 Weight Loss -0.487 mg -3.344 % Weight Loss 95.00 -0.05 -0.159 mg -1.092 % 90.00 -0.00 -0.10 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 57 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador NbOPO4 128 20%V/NbOPO4 TGA % DrTGA mg/min 101.00 0.02 0.01 100.00 Weight Loss -0.027 mg -0.262 % Weight Loss -0.010 mg -0.097 % 0.00 99.00 -0.01 98.00 -0.00 -0.02 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 58 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador 20V/NbOPO4 TGA % 5%V/NbOPO4 DrTGA mg/min 0.02 100.00 Weight Loss 98.00 -0.151 mg -1.809 % Weight Loss 0.00 -0.070 mg -0.839 % -0.02 96.00 -0.00 -0.04 200.00 400.00 Temp [C] 600.00 800.00 Figura 59 Curva Termogravimétrica de perda de massa do catalisador 5V/NbOPO4