Leia - Associação Brasileira de Angus
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Impresso Agosto de 2008 Especial 1 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS 34 Agosto de 2008 MOVIMENTO Agosto de 2008 35 Rústicos têm Expo Nacional em Alegrete Numa aproximação ainda maior da área de produção de campo, visando mostrar, avaliar e premiar o trabalho que vem sendo desenvolvido por criadores e produtores que selecionam a genética Angus no campo, com o foco direcionado especialmente à geração de reprodutores rústicos e da produção de carne de qualidade, a Associação Brasileira de Angus (ABA), realiza em outubro deste ano, paralelamente à 66ª Exposição Agropecuária de Alegrete, em Alegrete, RS, a I Exposição Nacional de Rústicos Angus. A ssim como já vem promovendo com sucesso a mostra nacional de animais Angus de argola (ano passado foi durante a Feicorte, em São Paulo, SP, e este a nacional acontece na Expointer, em Esteio, RS) a ABA também estará, a partir deste ano, promovendo e alavancando a comercialização também de animais Angus rústicos. A nova mostra foi anunciada como excelente novidade para este ano pelo presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli, já em encontro com a mídia especializada no final de fevereiro deste ano. “Queremos fomentar o alto padrão da raça no País, assim como a produção de animais de plantel e de corte”, definiu o dirigente da ABA. Segundo ele, é a ABA próxima ao campo, ao gado comercial, rústico, e ao produtor de rústicos Angus. “O produtor e vendedor de novilhos já tem seu vínculo com a ABA através do Programa Carne Angus Certificada. O produtor de terneiros valoriza os resultados de sua atividade através do Programa Terneiro Angus Certificado. E agora a ABA se aproxima ainda mais do produtor que utiliza a genética Angus para a produção e comercialização de reprodutores rústicos, pois é através desses animais que a genética Angus chega aos rebanhos de campo”, avalia o gerente de operações da associação, veterinário Fernando Velloso. MOMENT O DE MOMENTO EX CELÊNCIA EXCELÊNCIA A mostra de Rústicos Angus será realizada justamente num momento de excelência para a raça Aberdeen Angus no Brasil. Em 2007, a Angus consolidou sua liderança com larga vantagem sobre as demais raças, tanto na venda de reprodutores, sêmen, terneiros ou animais para abate, confirmando sua posição como a raça européia mais utilizada no Brasil. São feitos que devem ser comemorados por todos os criadores e produtores que usam a eficiente genética Angus. E é também uma colocação que agrega ainda mais valor a todo o trabalho de desenvolvimento e seleção de rebanhos Angus no Brasil. Para esta Exposição Nacional de Rústicos Angus estão sendo esperadas inscrições de mais de 500 animais, incluindo produtos para julgamento de classificação e para comercialização. E juntamente com o novo evento, serão realizadas outras atividades ligadas ao incremento da raça, tais como palestras técnicas e ações práticas no funcional parque do Sindicato Rural de Alegrete. 36 MOVIMENTO Agosto de 2008 Feicorte consagra importância do Angus A A raça Aberdeen Angus foi novamente destaque especial na 14ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, realizada de 17 a 21 de junho, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP. Nesta edição, 26 expositores do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais estiveram presentes, com 176 animais inscritos. participação da raça no maior evento indoor de pecuária de corte da América Latina foi organizada pelo Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA). Como jurados, atuaram Renato Pinto Paiva, Flávio Montenegro Alves e João Carlos Chaves Andrade (Cacaio). Com a meta de funcionar como um verdadeiro “termômetro da pecuária brasileira”, a Feicorte encerrou sua edição 2008 com saldo positivo: R$ 10 milhões em negócios gerados – somente considerando os leilões e 20 mil visitas de pecuaristas, empresários/investidores, especialistas, estudantes e membros do setor que se deslocaram de várias partes do Brasil e também do Exterior. Nos 70 mil metros quadrados destinados ao evento no Centro de Exposições Imigrantes, 350 expositores de todos os elos da cadeia produtiva estiveram presentes nos cinco dias de feira, oferecendo o que há de mais avançado em genética, nutrição, saúde animal, infra-estrutura, tecnificação e serviços, transformando o local em um grande centro de oportunidades de negócios e relações empresariais. Segundo o presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo, Renato Ramires Júnior, esta Feicorte foi uma experiência inovadora e ousada em relação aos julgamentos com um trio de jurados. “O que mais nos chamou a atenção foi o movimento da feira e principalmente o interesse de curiosos e novos investidores, que se aglomeraram à beira da pista para assistir os julgamentos da raça Aberdeen Angus”, comemorou Ramires, acrescentando que mesmo após o final da programação da raça, foi surpreendido com a curiosidade, até mesmo da imprensa, em obter informações do Angus. O dirigente destacou também o momento da entrega dos troféus, que ocorreu durante um coquetel no estande do Frigorífico Marfrig, numa gentileza da empresa, parceira da ABA, que promoveu sinergia entre todos os presentes, além do maior reconhecimento da importância da raça como eficiente produtora de carne de qualidade. Veja comercialização da Feicorte – Leilão prime Angus – na página 44 desta edição. 3E fatura campeonato nas fêmeas Avaliada pelos jurados como “Uma vaca completa”, Rincon Espoleta 808 del Sarandy (tatuagem 808), faturou o grande campeonato nas fêmeas Aberdeen Angus da Feicorte 2008. Bicampeã da Expolondrina (2007/2008), o exemplar de 45 meses pertence a Renato Ramirez Júnior, da 3E Agropecuária, em Catanduva, SP. Como reservada grande campeã, foi escolhida Espinilho 4020 (tatuagem 4020), de Roberto Soares Beck, da Estância do Espinilho, Cruz Alta, RS. A feminilidade do exemplar de 43 meses, terceira melhor fêmea Angus da Expolondrina 2008, chamou a atenção dos jurados. A vaca de 25 meses GB Florice 544 Quebracho (tatuagem FIVTE239E) foi eleita terceira melhor fêmea Angus da mostra. Pertencente a parceria Cabanha da Corticeira, São Luiz Gonzaga, RS e GB Agropecuária Porecatu, PR, de Luiz Anselmo Cassol e Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, respectivamente, a fêmea também foi reservada grande campeã na Expolondrina deste ano. “O nível estava maravilhoso. Nos surpreendemos mais uma vez com o equilíbrio dos animais”, observou Renato Paiva. “As três campeãs são excepcionais, muito femininas”, ressal- tou. Para Cacaio, a qualidade da exposição esteve extraordinária: “Mantivemos um nível altíssimo em qualidade e performance”. Também atuou o jurado Flávio Montenegro Alves. FEICORTE 2008 - DADOS DOS ANIMAIS GRANDE CAMPEÃ RINCON ESPOLETA 808 DEL SARANDY HBB: 104067 Pel: P Prêmio Tatuagem: 808 Nascimento: 18/08/2004 Idade: 45M29d (1397 d) Pai: BAR EXT TRAVELER 205 HBB: IA522 Mãe: RINCON WESTWIND 435 DEL SARANDY HBB: 81481 Peso: 892 Alt: 1,36 Dent: Frame: 5.81 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: 3E AGROPECUÁRIA LTDA, 3E AGROPECUÁRIA, JOSE BONIFÁCIO/SP Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ ESPINILHO 4020 HBB: 105362 Pel: V Prêmio Tatuagem: 4020 Nascimento: 08/11/2004 Idade: 43M8d (1315 d) Pai: DOBLEACHE 33 ORIENTAL TE HBB: IA674 Mãe: ESPINILHO B03 HBB: 94386 Peso: 788 Alt: 1,38 Dent: Frame: 6.23 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: ROBERTO S. BECK, EST. DO ESPINILHO, CRUZ ALTA/RS Criador: ROBERTO SOARES BECK 3º MELHOR FÊMEA GB FLORICE 544 QUEBRACHO TE239A HBB: 115603 Pel: V Prêmio Tatuagem..: TE239A Nascimento: 05/05/2006 Idade: 25M11d (772 d) Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE HBB: IA755 Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA CANYON MAMBO HBB: 93045 Peso: 668 Alt: 1,37 Dent: Frame: 6.72 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E AGROPEC GB, CAB.DA CORTICEIRA/AGROPEC GB, SÃO BORJA/RS Criador: CARLOS EDUARDO DOS SANTOS GALVÃO BUENO GRANDE CAMPEÃO ESCUDO DA FUMACA TE 223 HBB: 103627 Pel: V Prêmio Tatuagem: TE223 Nascimento: 08/08/2004 Idade:46M8d (1407 d) Pai: RECONQUISTA 202 CAMPERO BARTOLOME L MAN HBB: 75461 Mãe: LEACHMAN DA FUMACA ALAMANDA TEI 29 HBB: 81446 Peso: 1.204 C.E.: 46.50 Alt: 1,48 Frame: 6.13 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: ELIO SACCO, AGROP. FUMAÇA, PARANAPANEMA/SP Criador: AGROPECUÁRIA FUMAÇAA LTDA RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ FONO HBB: 122718 Pel: V BOX: Prêmio Tatuagem: TE1301 Nascimento: 24/06/2007 Idade:11M23d (357 d) Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ 6556 TE HBB: 745150 Mãe: TRES MARIAS 6972 FENOMENA 5494 TE HBB: 741868 Peso: 544 C.E.: 39.00 Alt: 1,25 Frame: 5.61 AOL: 92.90 EGS: P8: 11.40 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: JOSE PAULO D. CAIROLI, RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA, ALEGRETE/RS Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI 3º MELHOR MACHO RINCON PAU FERRO 906 HBB: 110106 Pel: V Prêmio Tatuagem: 906 Nascimento: 13/08/2005 Idade: 34M 3d (1037 d) Pai: TRES MARIAS 05129 RINCON DEL SARANDY HBB: 73656 Mãe: FAT SECRETO DE PAINEIRAS 126 HBB: 65867 Peso: 1.051 C.E.: 47.00 Alt: 1,44 Frame: 5.60 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: PARC.RINCON DEL SARANDY E PAULO DE CASTRO MARQUES, RINCON DEL SARANDY/ CASA BRANCA, URUGUAIANA/RS E FAMA/MG Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY Agosto de 2008 37 38 Agosto de 2008 MOVIMENTO Fumaça foi destaque nos machos Reservado Grande Campeão: Reconquista 1301 Terceiro Melhor Macho: Rincon Pau Ferro 906 Grande Campeão: Escudo da Fumaça TE223 O exemplar de 46 meses, Escudo da Fumaça TE223 (tatuagem TE223) faturou mais um grande campeonato da raça Aberdeen Angus, mesta Feicorte. Pertencente ao criador Elio Sacco, da Agropecuária Fumaça, em Paranapanema, SP, o touro já havia sido grande campeão da 43ª Emapa, em Avaré, SP. Mais que satisfeito com a vitória, Élio Sacco anunciou que a partir de agora, o touro estará fornecendo sua genética a todo o mercado, com a disponibilização de seu sêmen na central Lagoa da Serra. Segundo um dos jurados, Renato Paiva, Escuto chamou a atenção por sua pureza racial e estrutura óssea e muscular. “É um animal excelente que merece encerrar sua car- reira com este título”, completou. O reservado grande campeão foi Reconquista 1301 Naco Cachafaz Fono (tatuagem TE1301), pertencente a José Paulo Dornelles Cairoli, da Reconquista Agropecuária, Alegrete, RS. Com 11 meses, o terneiro (bezerro) foi escolhido pela nobreza da cabeça e pelo extraordinário equilíbrio de suas qualidades. “Um animal de muito futuro”, de acordo com Paiva. Já o terceiro melhor macho Angus foi Rincon Pau Ferro 906 (tatuagem 906), da parceria Casa Branca Agropecuária, Fama, MG, de Paulo de Castro Marques e Rincon del Sarandy, Uruguaiana, RS, de Claudia Silva. Reservado grande campeão na exposição de Avaré des- te ano, o animal de 34 meses foi considerado “excepcional” pelo jurado. ”O nível da exposição está muito bom. Nós nos surpreendemos com o equilíbrio de toda a fila de machos”, ressaltou ainda Renato Paiva. Também atuaram os jurados Flávio Montenegro Alves e João Carlos Chaves Andrade (Cacaio). Agosto de 2008 39 40 Agosto de 2008 Leilões diferenciados rendem mais e ganham a memória do setor O dia de campo seguido por um bem-sucedido leião da Reconquista Agropecuária (acima), ou mesmo ao som dos violinos, como no Leilão Catanduva (à esquerda), fechando com o Leilão Prime Angus - durante a Feicorte (à direita) - foram os principais destaques da raça no fechamento do primeiro semestre de 2008 Por Eduardo Fehn Teixeira Vale tudo que vai além do óbvio e que fique aquém do exagero, do mau gosto. Via de regra, tudo o que for pensado e realizado na promoção e produção local de um leilão, se o foco for receber bem e agradar às pessoas, aos criadores, técnicos e investidores, é praticamente certo que o retorno deste investimento virá não somente na própria receita do evento, mas também em fama, em imagem pública. As opiniões sinalizam desta forma. Que cada vez mais é bom negócio pensar, se preocupar em como receber melhor e mesmo surpreender as pessoas e investir em requinte e em diferenciais de bom gosto e elevado nível. O ambiente da pecuária seguia aquecido, favorável ao gado Angus, quando aconteceram o dia de campo (26 de abril) e logo pós (15 de maio) o leilão da Reconquista Agropecuária, em Porto Alegre, RS. Na seqüência, os holofotes se voltaram ao leilão Catanduva Red Concert, no dia 30 de maio, no res- taurante internacional do parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, durante a Fenasul. E o Leilão Prime Angus, no dia 18 de junho, durante a Feicorte 2008, fechou com chave de ouro este rápido, porém poderoso, circuito de leilões diferenciados, produzidos aos detalhes e com atrações e personali- dade em termos de formação de imagem no agro e no cenário da raça Aberdeen Angus no Brasil e Cone Sul. Entre outros, esses eventos comprovaram que investir em diferenciais para receber muito bem e até premiar os presentes com atrações extras, vale à pena e retorna em receita e em imagem do leilão. >> Agosto de 2008 Sofisticação orquestrada ao som de violinos A Fábio e Fabiana Gomes: qualidade afinada dentro e fora da pista Requintado, já trazendo na imagem criada para o pregão, um violino, o remate Catanduva Red Concert literalmente abafou com sua proposta de requinte e toque erudito. Chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), o leilão iluminou a noite de 30 de maio e premiou a mostra de Angus da Fenasul com um evento verdadeiramente de ponta. lém de uma oferta selecionada a dedo, o remate da Cabanha Catanduva, de Fabiana e Fábio Gomes, sediada em Cachoeira do Sul, RS, brindou os convidados com um jantar requintado elaborado pelo chef Philippe Remondeau e surpreendeu a todos com a apresentação do Sexteto de Cordas do Theatro São Pedro, de Porto Alegre. Não bastante, o leilão ainda contou com uma exposição de grife de bolsas e botas. Por tudo isto e pela qualidade de sua oferta, o pregão organizado por Fábio Gomes e sua filha Fabiana, fechou a fatura em R$ 1.168.400,00, com a comercialização de 39 lotes de animais Angus e ainda lotes artísticos de quadros, pala e faqueiro, responsáveis por R$ 52 mil do valor final do evento. “Foi um leilão muito acima da média, onde alcançamos valores muito bons”, vibrou Fabiana Gomes, uma das proprietárias da Cabanha Catanduva. “Foi um evento diferente e a recepção parece ter agradado ás pessoas”, comemorou Fabiana. Já Fábio Gomes foi incisivo: “Só com trabalho é possível transformar o Brasil não apenas no maior exportador de carne, mas também no detentor da melhor carne”, enfatizou. Gomes disse não ter dúvidas sobre a importância da criação de um tema e da produção de um evento como o que realizou. “São esses cuidados, junto com a seleção e apresentação dos animais, que fazem o sucesso de um leilão”, afirmou, satisfeito com os resultados e os comentários favoráveis dos participantes. Na pista, o destaque da noite ficou com a venda da fêmea Catanduva TE 270 Pájara TE 213 1851 por R$ 120 mil. A fêmea Red Angus – um lote surpresa - leiloada com terneiro ao pé, foi arrematada pelo criador Washington Umberto Cinel, da Cabanha Brangus Brasil, de Barra do Quarai, RS. Cinel também investiu mais R$ 104 mil na fêmea Santa Maria 588 Handford TCB Ruth B12TE, além de ter adquirido Catanduva Orquídea Catal 455 41 Larkaba TE 248 por R$ 20 mil. Duas eleições, em que o comprador tem o direito de escolher 50% de qualquer exemplar entre os animais nascidos em 2008, saíram por R$ 100 mil e R$ 97 mil, cada. Metade de Catanduva Graça Stryker 4128 foi negociada por R$ 64 mil para o investidor Marco Antônio Costa, da Cabanha Terra Costa, de Santo Antônio da Patrulha, RS (leia-se também Centro de Biotecnologia de Reprodução Terra Costa). Responsável pelos bastidores do pregão, o escritório Trajano Silva Remates reforçou a valorização média alcançada pelos lotes: R$ 24,952 mil para fêmeas e R$ 14,8 mil para machos. “Graças à qualidade dos exemplares ofertados e à originalidade do evento, o leilão foi um enorme sucesso. Foi o conjunto desses fatores que, no meu entender, contribuíram para que esses valores fossem alcançados”, assegurou o leiloeiro Marcelo Silva, que atuou no comando do martelo. >> 42 Agosto de 2008 Reconquista: estratégia exitosa Maior preço do leilão - terneira da Espinilho valeu R$ 114 mil nos últimos três anos – não deixou por menos: “A terneira é linda, com genética reconhecida. E fazer parceria com o Paulo é no mínimo um aprendizado”, disse. 5º Leilão Seleção Reconquista ampliou em 34% o faturamento em relação a 2007 Foi exitosa, por exemplo, a estratégia criada pelo selecionador José Paulo Dornelles Cairoli para a promoção da 5ª edição de seu Leilão Seleção Reconquista, realizado na noite de 15 de maio, em Porto Alegre, RS. Proprietário da Cabanha Reconquista, em Alegrete, RS, Cairoli, que é o atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), baseou o plano promocional de seu evento em três pontos básicos, além das promoções através de publicidade em veículos de Comunicação: realizou um concorrido dia de campo na véspera, em 26 de abril, na propriedade, onde recepcionou um admirável grupo de criadores e investidores na raça e apresentou o trabalho da cabanha, os animais selecionados e a oferta do leilão. D epois escolheu uma conceituada revenda de automóveis, na Capital gaúcha, Porto Alegre, para ser o palco dos acontecimentos do pregão. E seguindo sua tradição, respaldada em eventos anteriores, apresentou uma super-oferta, formada por um grupo de animais altamente selecionados, alguns desejados, realmente de exceção. Não deu outra. O sucesso coroou a promoção, que reuniu os principais criadores e investidores na raça Aberdeen Angus. O 5º Leilão Seleção Reconquista, evento chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), faturou R$ 1,154 milhão. Nos destaques da noite, a venda de 50% da bicampeã Reconquista 592 Gleba Canyon Bartolomé por R$ 80 mil. O criador Marco Antonio Costa, da Cabanha Terra Costa (Santo Antonio da Patrulha, RS), e do Centro de Biotecnologia da Reprodução Terra Costa, foi o investidor nesta grande campeã das exposições Nacional da Raça Aberdeen Angus 2004 e de Londrina 2005. E no decorrer do leilão, Marco Antonio Costa ainda adquiriu duas eleições - sistema de vendas no qual o comprador tem o direito de escolher 50% de qualquer animal que nascer na propriedade, em 2008. Por uma das eleições Costa pagou R$ 94 mil e pela outra R$ 42 mil. QUALIDADE GERA DISPUTA O assessor técnico de Marco Antonio Costa, o veterinário Gustavo Winter conta que a compra da bicampeã Gleba já estava programada. Mas segundo ele, tanto esta compra quanto as aquisições das eleições tiveram a influência do clima, do ambiente criado na noite do leilão, que entusiasmou os presentes e gerou disputas. “Fomos para o leilão com compras pré-definidas. Mas na hora dos lances fomos envolvidos pelo clima criado pelo evento”, relata o técnico, que considera positiva a realização de leilões em ambientes mais requinta- dos e com produção diferenciada, além da qualidade da oferta. Outro ponto alto do pregão, regado a emoção e grata surpresa, envolveu uma venda de um dos convidados da noite. A terneira de sete meses apresentada pela Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS, do criador Roberto Soares Beck, atingiu o valor top: R$ 114 mil. Filha do reprodutor norte-americano Nichols Performa, a fêmea foi comprada pelos criadores Paulo de Castro Marques (Casa Branca Agropecuária, Fama, MG) e Vicente Júlio Costa (Fazenda São José, Avaré, SP). “Essa bezerra era minha primeira opção de compra. Ela tem uma genética diferenciada e acima do padrão”, classificou Castro Marques. E Vicente Costa – que vem investindo na raça TERNEIRA SUBSTITUI MÃE E SURPREENDE NA PISTA Curiosidade: esta bezerra, que foi arrematada por um dos maiores preços pagos por uma fêmea desta categoria na raça, simplesmente não iria à venda. Segundo Roberto Beck, seria vendida a mãe da terneira, Espinilho 5034. “A terneira entraria em pista com a mãe, apenas para ser apresentada, mas como não conseguimos trazer a mãe ao evento, veio só a filha, que acabou surpreendendo”, comentou o criador, ainda admirado com a valorização da fêmea. Mas Roberto Beck não hesitou em observar que “o clima, a atomosfera do evento contribuiu para formar as disputas e impulsionar não só este negócio, como a maior parte dos demais”. O leiloeiro Fábio Crespo avaliou o desfecho do remate como “superior às melhores expectativas”. E não deixou dúvidas sobre sua opinião, favorável à preocupação dos organizadores desses eventos em produzí-los e diferenciá-los. “Mantida a qualidade da oferta, tudo o que vier a mais, todos agradecem”, classificou o experiente leiloeiro. Satisfeito com mais uma vitória, José Paulo Cairoli apontou o crescimento da comercialização, que atribuiu ao trabalho e aos ganhos e resultados mostrados pela Reconquista. (na comparação, o remate de 2007 rendeu R$ 861,99 mil com 45 lotes). “O que é bom vale, e isso vimos aqui com clientes que permanecem, pois obtêm retorno”, valorizou o criador. Nesta edição do Leilão Seleção Reconquista, foram vendidos 44 lotes de fêmeas, uma prenhez, três eleições e doses de sêmen do touro Candombe. A leiloeira responsável foi a Premier Leilões, tendo ao martelo o leiloeiro Fábio Crespo. >> Oferta qualificada entusiasmou os convidados da Reconquista Agosto de 2008 43 44 Agosto de 2008 Objetividade e consagração de marca promotores do leilão Prime Angus, concorda que é positivo investir na diferenciação de um leilão, mas chama a atenção para alguns outros aspectos pontuais do pregão. “No Rio Grande do Sul já existe tradição na realização de leilões, que fluem com naturalidade. Mas aqui em São Paulo é bem mais difícil reunir os criadores numa promoção como esta e mais difícil ainda é levar novos investidores ao evento”, diz. H A R M O N I ZA R O F E R TA RT ODUÇÃO DO E VENT O PRODUÇÃO EVENT VENTO E PR Ponderosa Lakina G32, da Ponderosa Angus e HR Agropecuária, foi valorizada em R$ 124,8 mil O selecionador Paulo de Castro Marques, titular da Casa Branca Agropastoril, de Fama, MG, idealizador e um dos promotores do Leilão Prime Angus, que este ano teve a sua terceira edição, em 18 de junho, durante a Feicorte, em São Paulo, SP, apóia totalmente a criação de ações ou atrações capazes de diferenciar um evento de pecuária, no caso, um leilão. Ele acredita, entretanto, que um fator é básico e determinante do sucesso deste evento: o elevado nível da oferta, que precisa ser formada por animais realmente selecionados, provados. "N o Prime Angus, criamos uma marca, que já é reconhecida pelo mercado, promovemos o pregão na mídia especializada, produzimos a pista - palco dos acontecimentos - e cuidamos para que os participantes, criadores, técnicos e investidores, tivessem no dia do leilão, conforto e condições adequadas de efetiva participação do evento”, sintetiza o criador. Mas Paulo Marques enfatiza a preocupação com a realização de um meticuloso trabalho na seleção dos animais que compuseram a oferta. “Esta tarefa teve a nossa participação, como promotores, mas foi orientada pelos técnicos da ABA, Fernando Velloso e Dimas Rocha ”, destaca. Marques igualmente aponta que eventos como o Prime Angus também devem ter como meta o congraçamento entre os criadores e a recepção a novos investidores na raça. “Estamos vivendo um momento histórico, de muito otimismo e resultados na pecuária brasileira e a Angus desponta como uma das raças líderes do mercado. O mundo tem fome e nós temos os animais que produzem a melhor carne. Portanto, ainda temos muito a fazer”, sustenta o articulado pecuarista. “Já estamos pensando e trocando algumas idéias sobre o que fazer para diferenciar e qualificar ainda mais o nosso próximo Prime Angus. Entendemos que um pregão de gado, por mais focado que seja, precisa apresentar algo que o diferencie entre os demais”, diz Paulo de Castro Marques. Na mesma linha, porém mais sético, o criador José Sylvio Simões, da Agropecuária Ponderosa, em Manduri, SP – igualemnte promotor do Prime Angus, não se deixa impressionar por artificialismos ou produções que fujam muito ao espírito de um leilão. “Acho um bom caminho diferenciar a promoção, para chamar a atenção das pessoas. Mas o que realmente importa é a qualidade do material colocado em pista”, objetiva Simões. Para ele, o Prime Angus foi um leilão curto, com animais de real qualidade e bastante focado no negócio”, define. Ele argumenta ainda que uma promoção como esta é uma excelente oportunidade para divulgar as qualidades da raça e os excelentes resultados de seus programas de carne de qualidade. Já o criador Élio Sacco, proprietário da Agropecuária Fumaça, em Paranapanema, SP, também um dos Segundo ele, a diferenciação do evento, desde a sua produção até a seleção da oferta são de suma importância. “Mas é preciso trabalhar pessoalmente junto aos potenciais compradores, para efetivamente fazer acontecer os negócios”, justifica. Élio Sacco observa que diferenciar é preciso, mas de forma equilibrada. “Não podemos exagerar, sob risco de investirmos demais na produção, deixando a desejar na qualidade da oferta. Os compradores, ou eles mesmos identificam os bons animais, ou eles têm seus técnicos, que são profissionais experientes e não se deixam impressionar por outros artifícios”, opina o criador. Focado, objetivo e desenvolvido a partir da criação de uma marca que já o identifica, o pregão realizado conjuntamente pela Agropecuária Fumaça, Ponderosa Angus e Casa Branca Agropastoril superou as expectativas, com faturamento superior a R$ 395,28 mil. Chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), o pregão fixou média de R$ 15,81 mil por animal. Foram ofertados 25 lotes Angus selecionados. Entre os maiores lances da noite, destaque para Ponderosa Lakina G32, da Ponderosa Angus e HR Agropecuária, que foi valorizada em R$ 124,8 mil ao ser adquirida em 50% por Sérgio Colaço da Silva, da Cabanha e Haras Bons Ventos, de Cristal, RS, por R$ 62,4 mil. Sérgio Silva foi também o maior comprador do remate com um investimento total R$ 70,08 mil. “A raça demonstrou mais uma vez sua força entre criadores brasileiros”, sacramentou Paulo Marques, da Casabranca Agropastoril. Felipe Moura (filho de José Sylvio Simões), da Ponderosa Angus, avaliou que o grande destaque do leilão foi a elevada qualidade dos animais. Já o criador Elio Sacco, da Agropecuária Fumaça, chamou a atenção para a importância do leilão para quem deseja começar uma criação de Angus. “O Prime Angus ajuda a divulgar o potencial que a raça tem no País”, classificou. Também participaram do Prime Angus como convidadas as cabanhas 3E Agropecuária, Agropecuária HR, Cabanha Feliz, Eco Angus, Espinilho, Santa Mathilde, FSL Angus Itu, Reconquista, Terra Costa, Rincon del Sarandy e VPJ Pecuária. O evento foi coordenado pela Remate Leilões, de São Paulo, SP. Agosto de 2008 45 46 Agosto de 2008 MOVIMENTO MOVIMENTO Agosto de 2008 47 Outono Angus Show destaca Santa Bárbara e Catanduva Fotos: Felipe Ulbricht/ABA P elo terceiro ano consecutivo, a Cabanha Santa Bárbara, propriedade da criadora Carla Sandra Staiger Schneider, de São Jerônimo, RS, conquistou o Grande Campeonato de Fêmeas do Outono Angus Show. Em sua quarta edição, a exposição foi realizada de 28 de maio a 1° de junho, durante a 4ª Feira Nacional de Agronegócios do Sul (Fenasul), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, numa promoção do Núcleo Centro Litorâneo de Angus, com apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA). Satisfeita com as premiações obtidas em pista, a atual presidente do Núcleo Centro Litorâneo de Angus, Carla Sandra Schneider, enfatizou a correta atuação do jurado, o sul-africano Christopher Purdon. “Ele não só surpreendeu com a linha de seleção com a qual trabalhou na escolha dos melhores animais da mostra, como também conseguiu, com suas decisões, a quase unanimidade nas avaliações dos criadores”, sintetizou a dirigente. Para ela, a organização da mostra novamente representou um grande desafio. “Apesar das dificuldades, tivemos o apoio da ABA e contamos com a presença de importantes criadores, que com seus animais, deram um brilho especial à pista desta exposição, que se solidifica a cada edição”, avaliou Carla Sandra. Ela também destacou a realização, durante a feira, do requintado leilão Catanduva Red Concert, promoção da Cabanha Catanduva. “Foi um verdadeiro acontecimento, que valorizou a nossa mostra de Angus”, opinou a criadora. O jurado sul-africano Christopher Charles Purdon, presidente da Associação de Angus Sul-Africana, elegeu a vaca adulta Aberdeen Angus Lucky Girl 2662 de Santa Bárbara a melhor fêmea da exposição. Como Reservada de Grande Campeã da raça, destaque para Maya 25 Chinoca Juá Jacite 15. O exemplar foi apresentado na mostra pela criadora Zuleika Borges Torrealba, titular da Cabanha da Maya, de Bagé, RS. Como terceira melhor fêmea, Purdon escolheu Catanduva 1127 Pimenta TE189-TE54, de Fabio e Fabiana Gomes, da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul, RS. CHOS MA ACHOS Nos machos, o touro sênior Red Angus Catanduva Te225 Notívago King Rob TE12, pertencente à Cabanha Catanduva, faturou o Grande Campeonato. Como Reservado de Grande Campeão da raça, a roseta foi mais uma vez para a Cabanha da Maya, com o touro Maya 24 Charrua Gramático Rincon. O terceiro melhor macho de argola foi Temil D032 Dida Nostradamus 1507TE, de Milton Machado de Souza, da Cabanha Temil Agropecuária, de Tapes, RS. O jurado sul-africano agradeceu a oportunidade de vir ao Brasil para a realização deste trabalho de seleção de campeões Angus e evidenciou a qualidade de apresentação dos animais. “Convido vocês a nos visitar na África do Sul. Será uma honra recebê-los, para ter a oportunidade de lhes apresentar o atual estágio de melhoramento genético que já atingimos”, enfatizou Purdon, encerrando seu discurso com um “muito obrigado” em bom português. >> 4º OUTONO ANGUS SHOW - DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES GRANDE CAMPEÃ LUCKY GIRL 2662 DE SANTA BARBARA HBB: 107059 Pel: P Premio Tatuagem: 2662 Nascimento: 27/09/2004 Idade: 44M 2d (1339 d) Pai: WHITESTONE WIDESPREAD MB HBB: IA603 Mãe: LUCKY GIRL 2198 DE SANBARA HBB: 73185 Peso: 820 Alt:1.33 Dent: 8 Frame: 5.50 ER: P+ Expositor: CABANHA SANTA BARBARA, CAB. SANTA BARBARA, S. JERONIMO/RS Criador: STEFAN STAIGER SCHNEIDER RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ MAYA 25 CHINOCA JUA JACITE 15 HBB: 115911 Pel: V Premio Tatuagem: 25 Nascimento: 19/07/2006 Idade: 22M10d (679 d) Pai: CATANDUVA JUA KING ROB 06 HBB: 88666 Mãe: CATANDUVA 374 JACI TE15-618 HBB: 84116 Peso: 725 Alt: 1.33 Dent: 2 Frame: 6.25 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA, CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA 3º MELHOR FÊMEA CATANDUVA 1127 PIMENTA TE189-TE54 HBB: 109363 Pel: V Premio Tatuagem: 1127 Nascimento: 02/10/2005 Idade: 31M27d (969 d) Pai: CATANDUVA TE189 MONT ROYAL BART CAS531 HBB: 93141 Mãe: CATANDUVA INDAIA DELEGADO 21-TE54 HBB: 80661 Peso: 771 Alt: 1.36 Dent: 4 Frame: 6.25 Expositor: FABIO LUIZ GOMES E FABIANA DEFERRARI GOMES, CAB. CATANDUVA, CACHOEIRA DO SUL/RS Criador: FABIO LUIZ GOMES GRANDE CAMPEÃO CATANDUVA TE225 NOTIVAGO KING ROB T HBB: 100122 Pel: V Premio Tatuagem: TE225 Nascimento: 08/09/2003 Idade: 56M22d(1724d) Pai: LEACHMAN KING ROB 8621 HBB: IA459 Mãe: CATANDUVA GITANA STRYKER 4128 TE12 HBB: 75474 Peso: 1222 C.E.: 44.00 Alt: 1.47 Dent: 8 Frame: 6.00 Expositor: FABIO LUIZ GOMES E FABIANA DEFERRARI GOMES, CAB. CATANDUVA, CACHOEIRA DO SUL/RS Criador: FABIO LUIZ GOMES RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO MAYA 24 CHARRUA GRAMATICO RINCON HBB: 116135 Pel: V Premio Tatuagem: 24 Nascimento: 19/06/2006 Idade: 23M10d (709 d) Pai: CATANDUVA GRAMATICO STRYKER 4128TE15 HBB: 75476 Mãe: RINCON 355 DEL SARANDY HBB: 78520 Peso: 900 C.E.: 43.00 Alt: 1.37 Dent: 2 Frame: 5.25 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA, CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA 3º MELHOR MACHO TEMIL D032 DIDA NOSTRADAMUS 1507TE HBB: 121845 Pel: P Premio Tatuagem: D032 Nascimento: 27/07/2007 Idade: 10M 2d (306 d) Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K.ROB TE12 HBB: 99045 Mãe: OTTONO B1507 TE GAROTA HBB:105961 Peso: 461 C.E.: 29.00 Alt: 1.23 Dent: DL Frame: 5.75 Expositor: MILTON MACHADO DE SOUZA, CABANHA TEMIL AGROPECUARIA, TAPES/RS Criador: MILTON MACHADO DE SOUZA 48 MOVIMENTO Agosto de 2008 Fotos: Felipe Ulbricht/ABA Santa Eulália brilhou nos rústicos Trio Grande Campeão Machos PC A Estância Santa Eulália, de Pelotas, RS, propriedade de Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello foi a grande vitoriosa no julgamento de classificação de animais a campo (rústicos) do 4º Outono Angus Show. A propriedade obteve consagração com o trio grande campeão machos PO, lote 1 (tatuagens 456, 453, 450), e com trio reservado grande campeão machos PO, lote 2 (tat. 472, 465, 459). Já a Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo, RS, pertencente à Carla Sandra Staiger Schneider, ficou com o terceiro melhor trio de machos PO, lote 3 (tat. 3781, 3765, 3755). O macho 450, do lote grande grande campeão com o lote 10 (tat. 879, 880, 878) e terceiro melhor trio com o lote 9 (tat. 987, 974, 967). O melhor touro rústico PC é o de tatuagem 941, do lote 8, eleito em função do “bom comprimento”. Trio Grande Campeão Machos PO Nas fêmeas PC, campeão, foi escolhido pelo jurado mais uma vez vitória da Santa Eulália Christopher Purdon como o melhor com trio grande campeão, lote 14 (tat. 939, 936,935), e com trio retouro rústico PO da exposição. Nas fêmeas PO, a Estância Santa servado grande campeão, lote 13 Eulália obteve os títulos de trio gran- (tat.979, 964, 951). O terceiro mede campeão com o lote 5 (tat. 470, lhor trio de fêmeas PC pertence ao 457, 460) e o trio reservado grande lote 11 (tat. E035, E020 e E019) de campeão fêmeas PO com o lote 6 Marcos Begrow, da Agropecuária (tat. 458, 449, 451). A Cabanha San- Rancho Bregrow, Carazinho, RS. A ta Bárbara ficou com o terceiro me- melhor fêmea PC, tatuagem 939, lhor trio de fêmeas PO com o lote pertence ao lote grande campeão. Elogiando a qualidade dos ani07 (tat. 2812, 2810, 2804). A melhor fêmea PO pertencente ao lote 6 mais brasileiros e a acolhida que teve (tatuagem 449) foi escolhida pelo por parte dos criadores, o jurado jurado devido ao seu “melhor apelo Christopher Purdon agradeceu pelo convite para julgar no Brasil. “Tenho visual”. A Estância Santa Eulália também o maior respeito pelo País, tanto nos faturou os três prêmios nos machos campos de futebol como também nos PC: trio grande campeão com o lote campos de criação de Angus”, con8 (tat. 960, 942, 941), reservado cluiu. No leilão, metade da campeã foi arrematada por R$ 50 mil presa, pois não esperava vender, apenas iria apresentá-la na pista”, comentou. A presidente do Núcleo Centro Litorâneo de Angus afirmava na ocasião que “a vaca está prenha e exige cuidados”. Conforme Sérgio Colaço da Silva, o invesLucky Girl 2662 de Santa Bárbara timento na raça deve-se à Com chancela da Associação formação de plantel de elite em Brasileira de Angus, o 1º Leilão Camaquã, RS. Silva foi o maior Outono Angus Show, dia 31 de comprador do recinto adquirinmaio, teve como destaque a ven- do seis fêmeas PO, além de 50% da de metade da grande campeã da grande campeã. Lucky Girl 2662 de Santa BárNo leilão promovido pelo Núbara pelo valor de R$ 50 mil. A cleo Centro Litorâneo de Angus aquisição foi feita pelo investidor também foram comercializadas Sérgio Colaço da Silva, da fêmeas Angus CA com média de Cabanha e Haras Bons Ventos, R$ 1,827 mil e fêmeas PO ao preem Cristal, RS. ço médio de R$ 4,239 mil. ConSegundo a proprietária da forme a Premier Leilões, entre os Santa Bárbara, de São Jerônimo, investidores do leilão destaque RS, Carla Sandra Staiger para a aquisição de 41 fêmeas da Schneider, a comercialização da raça por José Luiz Goulart Banfêmea não foi planejada: “A pro- deira, da Fazenda do Pontal, posta surgiu na hora, fiquei sur- Viamão, RS. MOVIMENTO Agosto de 2008 49 Araçatuba valoriza a raça De 1º a 5 de julho, o Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA), organizou a mostra de Angus durante a 49º Exposição Agropecuária de Araçatuba, em Araçatuba, SP. A exposição contou com a atuação do jurado, técnico do Programa Carne Angus Certificada em São Paulo, Dr. Tito Mondadori e apoio de Roberto Vilhena, além dos técnicos da ABA Rednilson Góis e Pedro Adair do Santos. 3E Agropecuária e Fazenda MC brilharam em pista Grande Campeã: Rincon Espoleta 808 Del Sarandy Res. Grande Campeã: Umbu 977 Recluse Terc. Melhor Fêmea: Feliz 219 Kimera Zorzal TE Grande Campeão: MC Faca Pitoca Discovery 400 Res. Grande Campeão: Espinilho 6003 Terc. Melhor Macho: MC Goleiro Italiana Zorzal TE 530 B icampeã da Expolondrina (2007/2008) e campeã da Feicorte 2008, a fêmea Rincon Espoleta 808 Del Sarandy faturou o grande campeonato da raça Aberdeen Angus na 49ª Exposição Agropecuária de Araçatuba. O exemplar de 46 meses pertence ao atual presidente do Núcleo Angus São Paulo, criador Renato Ramires Júnior, da 3E Agropecuária, de Catanduva, SP. A reservada de grande campeã da raça foi a vaca de 37 meses Umbu 977 Recluse, da GRANDE CAMPEÃ RINCON ESPOLETA 808 DEL SARANDY HBB: 104067 Pel: P Fazenda MC, de Espírito Santo do Pinhal, SP, propriedade do selecionador Eloy Tuffi. Já a terceira melhor fêmea foi Feliz 219 Kimera Zorzal TE, de 14 meses, da Cabanha Feliz, Campina do Monte Alegre, SP, de Augusto Vieira de Rua Pinto Guedes. Nos machos, a Fazenda MC faturou o grande campeonato com o touro de 23 meses MC Faca Pitoca Discovery 400 e o terceiro melhor macho com o exemplar de 14 meses MC Goleiro Italiana Zorzal TE 530. O touro de 22 meses Espinilho 6003, da Agropecuária HR, São Paulo, SP, de Luis Henrique Campana Rodrigues, foi eleito reservado grande campeão. Segundo o presidente do Núcleo Paulista de Criadores de Angus, Renato Ramires Júnior, a exposição foi um grande sucesso para o núcleo, não só por toda estrutura do parque, acomodação dos animais e funcionários, como também pelo julgamento tranqüilo e transparente realizado pelo técnico do Programa Carne Angus Certificada, Tito Mondadori, com o apoio de Roberto Vilhena Leilão vvendeu endeu R$ 816 mil Conforme Ramirez, outro sucesso da exposição foi a primeira edição do Leilão Genética Angus, que arrecadou R$ 816 mil com a comercialização de animais cruza Angus e touros Angus PO realizada pela Agropecuária HR, de Luis Henrique Campana Rodrigues, e 3E Agropecuária, de Renato Ramires Júnior. A média de preços dos touros PO foi de R$ 6,16 mil. EXPOSIÇÃO ANGUS DE ARAÇATUBA - DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES Prêmio Tatuagem: 808 Nascimento: 18/08/2004 Idade: 45M29d (1397 d) Pai: BAR EXT TRAVELER 205 HBB: IA522 Mãe: RINCON WESTWIND 435 DEL SARANDY HBB: 81481 Peso: 874 Alt: 1,36 Expositor: 3E AGROPECUÁRIA LTDA, 3E AGROPECUARIA, JOSE BONIFÁCIO/SP Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY RESERVADA GRANDE CAMPEÃ UMBU 977 RECLUSE HBB: 110083 Pel: P BOX: Prêmio Tatuagem: 977 Nascimento: 05/05/2005 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL Criador: ELOY TUFFI Idade: 37M29d (1155 d) Pai: DOBLE HACHE 33 ORIENTAL TE HBB: IA674 Mãe: UMBU 461 RECLUSE HBB: 83144 AOL: 81,7 EGS: 7,4 P8: 11,3 Expositor: AUGUSTO VIEIRA DE RUA PINTO, CAB. FELIZ, CAMPINA DO MONTE ALEGRE/SP 3º MELHOR FÊMEA RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO ESPINILHO 6003 HBB: 115820 Pel: V GRANDE CAMPEÃO MC FACA PITOCA DISCOVERY 400 HBB: 112320 Premio Tatuagem: 6003 Nascimento: 25/08/2006 Idade: 22M10d (679 d) Pel: P Premio Tatuagem: 400 Nascimento: 30/07/2006 Pai: DOBLE HACHE 33 ORIENTAL TE Peso: 861 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPIRITO SANTO DO PINHAL Criador: ANGELO BASTOS TELLECHEA FELIZ 219 KIMERA ZORZAL TE HBB: 118919 Premio Tatuagem: TE219 Nascimento: 20/04/2007 Idade:14M15d (441 d) Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mãe: CATANDUVA 339 ITALIANA 1549 HBB: 82320 Peso: 479 Criador: AUGUSTO VIEIRA DE RUA PINTO Idade: 23M 5d (705 d) Pai: OCC DISCOVERY 918D HBB: IA708 Mãe: LA ENCANTADA TE10 CABOCLA L.CANYON HBB: 101479 Peso: 817 C.E.: 41,00 AOL: 100,5 EGS: 18.0 P8: 20.0 HBB: IA674 Mãe: ESPINILHO C05 HBB: 101815 Peso: 829 C.E.: 40.00 AOL: 106.3 EGS: 10.1 P8: 18.7 Expositor: LUIZ HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES, FAZENDA TABAPUA, SÃO PAULO/SP Criador: ROBERTO SOARES BECK 3º MELHOR MACHO MC GOLEIRO ITALIANA ZORZAL TE 530 HBB: 119368 Pel: P Premio Tatuagem: TE530 Nascimento: 18/04/2007 Idade: 14M17d (443 d) Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850 Mãe: CATANDUVA 339 ITALIANA 15-49 HBB: 82320 Peso: 510 C.E.: 36.00 AOL: 85.6 EGS: 6.5 P8: 7.4 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO SANTO DO PINHAL Criador: ELOY TUFFI 50 Agosto de 2008 MOVIMENTO MOVIMENTO EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2008 AGOSTO Expointer - RS 30/08/2008 a 07/09/2008 Guarapuava 13/08/2008 a 16/08/2008 SETEMBRO Exposição de Primavera de Uruguaiana 30/09/2008 a 05/10/2008 OUTUBRO Expofeira de Pelotas 03/10/2008 a 14/10/2008 Exposição de São José do Rio Preto 06/10/2008 a 12/10/2008 Expofeira de Bagé 11/10/2008 a 21/10/2008 66° Exposição Agropecuária de Alegrete 11/10/2008 a 21/10/2008 Expofeira de Santa Maria 13/10/2008 a 21/10/2008 Exposição de Cachoeira do Sul 16/10/2008 a 19/10/2008 Exposição de Santana do Livramento 17/10/2008 42° Exposição Agropecuária de São Francisco de Assis 23/10/2008 a 27/10/2008 Expofeira de Dom Pedrito Outubro/2008 NOVEMBRO Expofeira de Rio Grande 04/11/2008 a 10/11/2008 Cascavel Novembro/2008 Agosto de 2008 LEILÕES CHANCELADOS 2008 16 agosto – 6º Leilão Angus - Guarapuava 24 agosto – 8º Leilão VPJ Angus 01 setembro – VII Angus Rústico do Sul 03 setembro – Leilão Golden Angus 16 setembro – Leilão São Xavier 28 setembro – Leilão Mega GAP 29 setembro – 4º Grande Leilão Red Angus 09 outubro – 6º Leilão Marca Angus 10 outubro – Remate Santa Eulália e Pedra Só 12 outubro – Cabanha Umbu Negocia 13 outubro – Remate Paipasso 16 outubro – Remate Angus do Alegrete 17 outubro – Remate Touros da Fronteira 17 outubro – Remate Selo Racial 18 outubro – 4º Remate Núcleo Centro Angus 18 outubro – Leilão Só angus 18 outubro – Leilão Angus 23 outubro – 19º Remate Anual Agropecuária Quiri 24 outubro – 7º Leilão Santa Thereza e Convidados 26 outubro – 51º Remate Anual Cabanha Paineiras 31 outubro – Remate Cinco Raças 06 novembro – 48º Remate Cabanha São Bibiano OUTROS EVENTOS 14 a 21 setembro - Exposição do Prado - Uruguai 09 outubro - X Remate de Elite - São Borja/RS 17 outubro - VIII Remate 3 Marcas - São Borja/RS 12 Setembro III Concurso de Carcaças Angus 51 52 Agosto de 2008 ENTREVISTA Mr. Christopher Purdon – Juiz do Outono Angus Show 2008 “Fui o primeiro sul-africano a julgar Angus na América do Sul”, orgulha-se Christopher Purdon, que atuou como o juiz do Outono Angus Show deste ano, realizado durante a Fenasul 2008, em Esteio/RS. Purdon é médico veterinário e agrônomo, tem vasta experiência como juiz e expositor, já ocupou diversos cargos na Angus Society of South Africa, dentre os quais o de Presidente em duas gestões, já presidiu o World Angus Technical Committee do Secretariado Mundial da Raça Angus e é atualmente o maior selecionador de Angus na África do Sul, país que foi sede do último Fórum Mundial da raça, no ano 2005. O Outono Angus Show foi promovido pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus, teve o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA) e contou pontos para o Ranking nacional de expositores e criadores da raça nas categorias de animais de argola e de curral (rústicos). Concluída a exposição, na qual o sul-africano não poupou elogios aos animais apresentados, o médico veterinário Marcelo Maronna o conduziu num Tour por plantéis de Angus e cruza Angus pertencentes a criadores da região do Núcleo Centro Litorâneo de Angus. Nelas, viu bastante gado Angus e cruzados de várias origens e em diferentes manejos e alimentações. A intenção do Tour, de acordo com a Presidente do núcleo Carla Sandra Staiger Schneider, foi mostrar as condições nas quais bovinos costumam ser criados no Estado, ou seja, não mostrar apenas gado de pista. Conforme Carla Schneider, a intenção de convidar alguém da África do Sul foi para conhecer aquilo que esse país, que foi sede do último Fórum Mundial de Angus, procura na raça. “Quem lê publicações estrangeiras sobre a raça Angus sabe que a África do Sul, de uns tempos para cá, tem atraído atenções”, diz a Presidente. “Além disso, o país tem certas semelhanças com o Brasil pelo simples fato de, na época da Gondwana, ter sido colado ao nosso país”, completa Carla. Na opinião dela, Purdon teve uma linha de julgamento semelhante ao do juiz do Outono Angus Show 2007, o Presidente da Angus Society of Australia John Young, que também entrou para a história como o primeiro australiano a julgar Angus no nosso continente. “Ambos deram preferência a animais produtores de carne, funcionais e com precocidade sexual, e combateram excessos”, resume a dirigente. Depois de concluída a viagem pelo Rio Grande do Sul, Christopher Purdon respondeu algumas perguntas do Angus@newS. Confira as respostas: Christopher Purdon julgou em pista e conheceu algumas cabanha de Angus do RS O que vvocê ocê estav estavaa esperando da sua viagem antes de sair da África do SSul? ul? Eu não tinha certeza sobre o que deveria esperar porque nunca havia estado na América do Sul antes. Tudo o que eu sabia sobre o Brasil era que o país é grande, tem uma grande população e muito gado. Eu também sabia que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e que a sua economia está em grande expansão. Q ue tipo de Angus vvocê ocê estav estavaa esperando vver er no B rasil? Brasil? Devido à grande quantidade de gado que o Brasil tem, eu esperava ver bons plantéis de gado comercial assim como reprodutores frutos do trabalho de empresas rurais que há muito tempo fazem parte do setor primário. Nos plantéis Angus tradicionais, eu esperava ver animais de conhecidas linhagens. Sou sincero em dizer, no entanto, que eu pensava ver um gado comercial mais homogêneo no Brasil. Penso que, de certa forma, o produtor de bois e novilhos não saiba exatamente o que o mercado quer ou, talvez, o mercado nacional queira um produto diferente daquele que os importadores da carne brasileira querem, o que orienta diferentemente cada produtor de gado comercial. eendeu de alguma Você se surpr surpreendeu utono Outono forma com os animais do O Angus SShh oow? w? PPor or quê? Não fiquei surpreso pelo gado apresentado no Outono Angus Show porque eu tinha conhecimento de que os criadores brasileiros de Angus têm exposições de reprodutores e, assim, os expositores apresentariam animais com muita qualidade no Outono Angus Show. O Angus sul-africano e o Angus brasileir or quê? brasileiroo são semelhantes? PPor Sim, eles são semelhantes na medida em que usamos genéticas americanas de Angus, da mesma forma como o Brasil e a Argentina também usam. Aliás, estamos exportando sêmen sul-africano para esses dois países. O s animais apr esentados no O uapresentados Outono Angus SShh oow w eram difer entes diferentes dos animais vistos nas faz endas vifazendas sitadas? Como? Sim, muito diferentes. Os animais apresentados no Outono Angus Show, inclusive os trios, eram todos racionados e alguns machos de argola estavam muito gordos. Enquanto isso, tanto os reprodutores quanto o gado comercial que vi nas minhas visitas após o Outono Angus Show são criados a campo e de forma extensiva. Mas, foi muito bom poder constatar que as características >> ENTREVISTA raciais dos reprodutores, tanto os da exposição quanto os das fazendas visitadas eram as mesmas, ou seja, um gado de muita qualidade zootécnica e com muita caracterização racial. E m termos de padrão racial, o que vvocê ocê diria de todos os animais que viu tanto no O utono Angus Outono S h oow w quanto nos plantéis das cabanhas? Os reprodutores são animais tipicamente Angus. Em geral, eles têm tamanho intermediário, são carnudos e seguem os atuais padrões raciais internacionais da raça Angus. Por outro lado, pude verificar que certos produtos Angus de campo estavam pequenos demais para a idade e acho que isso seja efeito da sua genética associada ao manejo extensivo em que são criados, onde muitas vezes pode faltar alimentação. Na sua opinião, existe alguma característica que pr ecisa ser melhoprecisa rada em termos de padrão racial ou qualquer outra característica nos pr odutos que foram a julgamento e produtos naqueles vistos nas cabanhas? Na exposição, percebi uma quantidade considerável de animais, tanto touros quanto fêmeas, com problemas nos aprumos traseiros. Também percebi touros com testículos que poderiam estar mais desenvolvidos em relação à idade. Conte-nos alguma curiosidade que vvocê ocê julgue inter essante para os interessante criador es brasileir os quanto ao deráv ojetada pela Associação de Angus el quantidade de gado Bos pr derável criadores brasileiros projetada ustrália? Você acha que essa aliem ter um cer to padrão da A ul, sua histó- I ndicus dev Austrália? devem certo Angus da África do SSul, ria, sua associação e seus criador es. ou característica em comum? ança seria positiv positivaa para países como criadores. ul e o B rasil? PPor or quê? Sim, precisamos caminhar rumo a a África do SSul A Associação de Angus da África do Brasil? A Southern Hemisphere Angus Sul foi fundada em 1910, tem atualmen- um objetivo comum. Precisamos ter em te 150 associados ativos e um plantel de mente que o Brasil, o Paraguai, a África Alliance é um grande passo para comreprodutores PO em atividade que do Sul e a Austrália têm algumas regi- pararmos os nossos animais e os nossos totaliza 18 mil cabeças. Foi uma grande ões com campos e solos com caracterís- sistemas de produção, porém ela ainda lástima que nenhum criador do Brasil ticas semelhantes entre si, o que não é o não aconteceu. Tem havido avanços na tenha participado do Fórum Mundial caso de países localizados mais ao sul, troca de informações em relação a de Angus no meu país no ano 2005, já como a Nova Zelândia, o Chile, a Ar- ecossistemas, manejos, linhas de sangue que o nosso gado e o nosso sistema de gentina e o Uruguai. Esses países têm Angus e programas de melhoramento criação com certeza teriam interessado características diferentes por estarem genético entre a Austrália, a Nova bastante. Assim como no Brasil, tam- mais distantes da linha do equador, te- Zelândia e a África do Sul. Por outro bém temos altas lado, temos sentitemperaturas, cardo uma certa difiPurdon considerou os animais de pista Angus culdade de comurapato, algumas regiões muito secas e bem típicos e destacou algumas semelhanças no nicação com os paoutras muito úmiíses da América do clima e meio ambiente dos países que criam a Sul. das. Além disso, parte do nosso país Penso que a raça no Hemisfério Sul, o que contribui para a tem campos fracos, aliança é positiva necessidade de maior troca de informações que exigem bovipara qualquer crinos fortes. ador e investidor Por último, a África do Sul também rem outros solos e serem banhados por em Angus porque proporciona troca de tem uma distribuição de renda na po- correntes oceânicas mais frias. conhecimentos e possibilita a tomada pulação que se compara à distribuição Fiquei muito contente que a dire- de importantes e estratégicas decisões. Você acha que os animais julgaexistente na sociedade brasileira. Isso faz toria do Núcleo Centro Litorâneo de utono Angus SShh oow w se com que tenhamos, tanto no campo Angus tenha convidado um australiano dos no O Outono ul? quanto nas cidades, problemas de or- em 2007 e um sul-africano neste ano adaptariam bem na África do SSul? epr esentam o tipo de Angus dem sócio-econômica que são muito para julgar o Outono Angus Show. Na E les rrepr epresentam es sul-africanos da semelhantes aos do Brasil. minha opinião, isso demonstra que os que os criador criadores Você acha que os bo vinos Angus diretores estão muito atualizados quan- raça estão pr ocurando atualmente? bovinos procurando de países com elev adas temperatu- to a essas e outras questões. elevadas Com algumas exceções, penso que ras, pastagens insuficientes em alO que vvocê ocê pensa da Aliança o padrão racial dos animais do Outono gumas de suas rregiões egiões e uma consi- Angus do H emisfério SSul, ul, que foi Angus Show é semelhante ao padrão que Hemisfério Agosto de 2008 53 queremos. Por fav or favor or,, faça um último comentário sobr ocê viu sobree o gado que vvocê na sua viagem, as faz endas que visifazendas tou e as pessoas que conheceu. Eu tive a oportunidade de ver excelentes animais, visitar belíssimas fazendas e conhecer pessoas maravilhosas. Eu não falo português, mas todos falavam inglês, ou seja, comunicação não foi problema. Conheci pessoas que fizeram de tudo para eu ter uma estadia agradável no Brasil e que serão para mim amigas e amigos para sempre. Aproveito para transmitir o meu muito obrigado à Carla Schneider e à equipe do Núcleo Centro Litorâneo de Angus, ao Fernando Velloso e à equipe da Associação Brasileira de Angus, aos expositores do Outono Angus Show, ao Marcelo Maronna e a todos os pecuaristas que abriram as porteiras das suas fazendas para me receber, sendo que em algumas delas tive inclusive a felicidade de ver pastos africanos típicos plantados e muito adaptados ao solo: o caso da Tanzânia e da Mombaça. Isso reforça as semelhanças que os nossos continentes dividem e que deveríamos explorar melhor. Por favor, saibam que eu fiquei muito grato pelos bons momentos que todos vocês me proporcionaram e espero poder, juntamente com os criadores de Angus do meu país, ter o prazer de retribuir a hospitalidade. 54 Agosto de 2008 INFORME PUBLICITÁRIO O risco da resistência parasitária é caso sério Por Octaviano Alves Pereira Neto Diz o ditado: “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Este adágio popular sintetiza, em sua simplicidade cômica, que certas soluções, mesmo que semelhantes, não necessariamente atendem as reais necessidades do produtor e que há riscos em adaptá-las a certas situações, pois podem não ser as melhores alternativas. Não são novidades os impactos causados pelos parasitos internos e externos sobre a produtividade dos rebanhos. Seus efeitos levam os produtores a investir em produtos e técnicas de manejo que buscam reduzir tais prejuízos e a infestação do ambiente, porém dependendo de sua eficácia obterão resultados variáveis e em certos casos insatisfatórios. Dentre os parasitos que afetam os bovinos, os carrapatos são os que mais preocupam os produtores, principalmente de gado de europeu (puro ou cruzas), provocando perdas de peso e de produtividade. O fato de serem facilmente observados sobre seus animais, bem como, as larvas na pastagem, que são visíveis a olho nu, estressa muito os produtores, pois torna o problema mais perceptível e “real”. Já no caso dos vermes gastro-intes- tinais (GI), que também afetam severamente a produtividade animal, o que o produtor visualiza são seus efeitos sobre a produtividade: as perdas de desempenho e alterações no status do rebanho. Isto quando ocorre, os prejuízos já estão presentes: quando o produtor vê 10 animais afetados, pode ter certeza que a grande maioria do lote já está perdendo em potencial produtivo. A indústria farmacêutica veterinária tem como compromisso desenvolver novas formulações para solucionar velhos problemas. Diversos antiparasitários foram desenvolvidos no transcorrer dos anos. Moléculas com efeitos antihelmínticos (da fenotiazina às avermectinas) e carrapaticidas (dos arsenicais ao fluazuron), alguns destes princípios ativos já substituídos por va- riadas razões, mas a principal delas, o surgimento de parasitos resistentes á sua ação. Atualmente, a resistência aos endo e ectoparasiticidas é a principal preocupação dos parasitologistas ao redor do mundo. A resistência, na maioria dos casos, é hereditária. Depois de estabelecida, nunca mais é revertida e o princípio ativo é descartado como alternativa de controle. Produtos de amplo espectro, quando usados em demasia, podem gerar resistência cruzada entre princípios ativos semelhantes e populações diferentes de parasitos. Neste cenário, preocupa o uso indiscriminado das avermectinas e milbemicinas (ivermectina, abamectina, doramectina e moxidectina) como carrapaticidas. Esta prática representa um dos maiores riscos de perda deste compostos no combate às verminoses. A alta pressão de seleção sobre os parasitos, tanto carrapatos como vermes GI, leva à resistência e perda de funcionalidade da molécula por resitência. Martins e Furlong (2001), relataram pela primeira vez a presença de populações de carrapatos resistentes à doramectina, com resistência cruzada à ivermectina, abamectina e moxidectina no Brasil. A situação só se agravou com o passar dos anos, acompanhando a substituição dos carrapaticidas de contato pelas avermectinas. Klafke et al. (2007) descreveram preocupação semelhante quanto ao crescimento de populações de carrapatos resistentes à ivermectina e demais integrantes do grupo. Paralelamente crescem as populações de vermes resistentes aos princípios em uso, o que em pouco tempo pode comprometer severamente a capacidade produtiva dos rebanhos pecuários. O ciclo biológico dos parasitos internos e externos diferem quanto a espécie envolvida. O clima interfere na epidemiologia e exerce pressões sobre a população no pasto. Produtos de amplo espectro usados sem critério, selecionam intensamente indivíduos resistentes. Estes não morrerão e através de seus ovos se formarão as novas gerações de parasitos, igualmente resistentes. O uso de produtos específicos contra carrapatos, tais como o fluazuron, um inibidor do crescimento de ácaro, afeta exclusivamente os carrapatos, sem interferir na população de vermes GI. Quando necessário o controle destes, usa-se então um vermífugos de amplo espectro, como a ivermectina por exemplo, tendo como benefício adicional seu efeito carrapaticida. Este método, bem mais racional, prevê o salutar rodízio de princípios ativos, preservando as moléculas que ainda têm eficácia. Programas Integrados de Controle de Parasitos, que adotam as ferramentas certas e nos momentos recomendados oferecem melhores resultados, com proteção dos produtos em uso. Busque o auxílio de um médico veterinário para definir um programa correto de ação. E lembre-se: “vermífugo é vermífugo, carrapaticida é carrapaticida”. Usando-os corretamente é possível prevenir o avanço da resistência parasitária. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico - Bovinos ® Marca Registrada da Novartis, AG, Basiléia, Suíça. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal MOVIMENTO N a Estância Santa Clotilde, durante o primeiro dia da programação de visitas, cerca de 300 pessoas participaram da promoção, entre elas, em torno de 15 pecuaristas e técnicos brasileiros. Propriedade dos criadores uruguaios Luis Bove Santayana e Felipe Bove Barriola, numa área de sete mil hectares o Estabelecimento Santa Clotilde destaca o trabalho de seleção de gado Angus (de pelagem vermelha) e de Brangus. A Santa Clotilde investe na pecuária desde 1902 e na raça Aberdeen Angus mais precisamente desde o fim dos anos 80. Nesta propriedade, além de visualizar lotes de fêmeas e machos (incluindo reprodutores que irão a remate neste ano), o grupo também pôde revisar lavouras formadas com plantas forrageiras utilizadas na alimentação do gado e assistir palestra sobre o uso de Marcadores Genéticos Igenity, apresentada pelo Laboratório Merial. Ao final deste dia ainda foi realizada palestra sobre o manejo reprodutivo em animais de cria, com ênfase à produção de terneiros para 2009, apresentada pelo técnico Alejo Menchaca, do Instituto de Reprodu- Agosto de 2008 Criadores brasileiros marcaram presença na Gira Angus do Uruguai Dois criatórios da raça Aberdeen Angus, ambos localizados em Tacuarembó, no Uruguai, foram alvos de visitas de criadores e técnicos – destaque para o grupo de brasileiros - durante a Gira Angus 2008, promovida nos dias 3 e 4 de julho, pela Associação de Criadores de Angus do Uruguai. ção Animal do Uruguai. No dia 4 de julho, segundo e último dia da Gira Angus do Uruguai, o grupo se deslocou para o Estabelecimento Caraguatá, do Frigorífico Modelo S.A., propriedade do ex-presidente e atual vice-presidente da Associação de Criadores de Angus do Uruguai, Luis Fernández Echeverria. Nesta visita os participantes puderam conferir a apresentação de ventres e touros a campo também de animais de elite. Foi destaque especial desta etapa da gira o grande volume de animais apresentados no Frigorífico Modelo S. A., numa escala que superou 2,5 mil animais. “Observamos, especialmente no Frigorífico Modelo, grande número de animais padronizados. Tan- to o gado de plantel quando o comercial era Angus e principalmente o gado comercial era todo ele definido, o que deve ser ainda melhorado e implementado no Brasil”, observou o Gerente de Operações da Associação Brasileira de Angus (ABA), Fernando Furtado Velloso. Participante da gira, Velloso ainda comentou o quão o grupo ficou impressionado com o volume expressivo de animais selecionados que foram apartados para serem mostrados aos visitantes. “Normalmente em dias de campo são apresentados lotes pequenos, mas nessa propriedade foram mais de 2,5 mil animais”, reforçou o técnico. Na propriedade de Luis Echeverria, os integrantes do grupo também tiveram a oportunidade de verificar como se realiza a produção de carne no estabelecimento, que se caracteriza por trabalhar o ciclo completo, especialmente com pastagens naturais e artificiais. Exemplo desta eficiência é que na Estância Caraguatá, onde são destinados 15 mil hectares à pecuária, no último ano foram enviados ao frigorífico 859 novilhos, com peso médio de 495 quilos e 623 vacas com peso médio de 443,5 quilos. A propriedade já ultrapassou 1.000 nascimentos em TE. Quanto à raça Aberdeen Angus, desde 1986 adotam um programa de transferência de embrião (TE) e os DEPs já são superiores aos da média nacional: DEP 15% superior para peso aos 18 meses e 30% superior para 55 habilidade materna/leiteira. O Frigorífico Modelo trabalha com aproximadamente seis mil fêmeas Angus. Os brasileiros presentes na Gira Angus 2008 foram Luís Henrique Sesti, pres. do Núcleo Centro Angus, Renata Fischer (Cachoeira do Sul), Jorge Torelly, Marcelo Linhares, Luiz Walter Leal Ribeiro, Paulo Renato Castilhos Menezes e esposa (Santana do Livramento), Mário Rivero (Uruguaiana), Gustavo Winter (Santo Antonio da Patrulha) além de Fernando Velloso e o técnico da Associação Brasileira de Angus, Dimas Rocha, este acompanhado por Bianca Rocha. Na edição de 2007, a Gira Angus de Outono promoveu integração brasileira ao incluir a Estância Santa Eulália (Pelotas), de Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, entre as propriedades visitadas. Este ano, o evento foi acompanhado pelo presidente da Associação de Criadores de Angus do Uruguai, Gonzalo Valdés Requena. E mesmo com o rigor do inverno uruguaio, participaram produtores de várias regiões daquele país e representantes da imprensa especializada do Uruguai, que percorreram longas distâncias nos deslocamentos entre as propriedades. Jurado sul-africano conheceu propriedades gaúchas O sul-africano Christopher Purdon – jurado de Angus no Outono Angus Show, na Fenasul e seu compatriota Cris Sheard, realizaram por dois dias, após a feira, visitas guiadas a fazendas de criação de Angus do Litoral Norte gaúcho, conhecendo aspectos de nossa pecuária de corte em campo nativo. Numa programação criada conjuntamente pelo Núcleo Centro Litorâneo de Angus e pela equipe gaúcha da central CRI Genética Brasil, os sul-africanos estiveram nos municípios rio-grandenses de Mostardas, Palmares e Capivari do Sul. Foram acompanhados dos veterinários Felipe Scherer, Marcelo Maronna Dias e Marcos Silveira. Christopher Purdon, um grande criador e conhecedor de Angus, e Sheard, um empresário do setor pecuário e também criador de gado, ficaram impressionados com o poder de adaptação do Angus nas várzeas litorâneas com grande acúmulo de água. Eles observaram o trabalho de melhoramento genético desenvolvido na Cabanha Ranchinho, verificando os resultados de uma parceria de mais de quinze anos entre o proprietário, veterinário Edgardo Marques da Rocha Velho e a central CRI Genética Brasil. Foram visualizados mais de 4000 animais entre vacas de cria, novilhas prenhes, novilhas de ano, além de terneiros e terneiras desmamadas. Purdon e Sheard ficaram admirados com o bom estado corporal do gado em condições de campo nativo. Questionaram sobre os acasalamentos utilizados e ressaltaram a importância de alguns touros que foram utilizados nas vacas que viram, casos do Mr. Beef, Chateau, Traveler 004, Final Answer e Matrix. Na gira, também visitaram os alunos do projeto Pescar, da parceria da Sucessão Mathias Azambuja Velho e Filhos da Fazenda Ranchinho, com o SENAR-RS, que trata da inclusão de jovens de famílias da zona rural para trabalhar em pecuária. Trata-se de um trabalho social digno de elogios, onde os estrangeiros puderam falar sobre a realidade da África do Sul, abordando clima, localização, estrutura geopolítica, cultura, economia e estrutura social. Os jovens fizeram perguntas sobre os animais da África, pecuária e possíveis oportunidades de intercâmbio. Na fazenda Rodeio do Meio, de Helena Velho Soares de Mello, pu- deram ver um rebanho comercial com 600 vacas Angus, avaliando produtos de Bando 9074, Resolve e New Design 349M. Também conheceram o plantio de arroz, cultura não existente em seu país, vendo áreas de resteva, de preparo de solo e silos de armazenagem de grãos. No retorno a Porto Alegre, em Palmares foi mostrado um lote com mais de 150 touros de dois anos da Fazenda Ranchinho, que estavam entrando em pastagens de azevém. Purdon destacou a padronização dos animais e ponderou que nosso campo nativo tem características muito interessantes, até pelo que ele pode observar no estado dos animais em pleno outono. 56 MOVIMENTO Agosto de 2008 ABA apresentou dados de carcaça na Feicorte Cadeia produtiva da carne brasileira é alternativa para enfrentar crise de alimentos Por Afonso Hamm Em palestra “Dados de Carcaça na raça Aberdeen Angus”, realizada dia 18 de junho, durante a Feicorte, a Associação Brasileira de Angus (ABA) apresentou um levantamento de dados de carcaça a criadores e interessados na raça. A assessora técnica da ABA, Fernanda Kuhl, explicou que a avaliação de carcaça é um importante instrumento que auxilia na determinação do rendimento dos cortes na indústria, na escolha de reprodutores superiores e também no julgamento de animais em exposições. Fernanda apresentou um levantamento dos dados de carcaça por ultrasom, coletados entre 2006 e 2008 nas exposições “A” do ranking da Associação Brasileira de Angus. Segundo a assessora técnica da ABA, essas informações colhidas sobre Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e Gordura na Picanha (P8) podem ser utilizadas para determinar os melhores exemplares da raça, ao medir a musculosidade e a precocidade de terminação do animal, respectivamente. Satisfeita, a assessora disse que a palestra foi bem recebida e proporcionou que os objetivos de fomentar o conhecimento dos criadores no assunto para aumentar o número de indivíduos com esses parâmetros avaliados foram atingidos. A crise e a escassez de alimentos mundial se traduzem em excelentes oportunidades de valorização da cadeia produtiva da carne brasileira e o crescimento do agronegócio brasileiro. O País é uma das nações mais preparadas para suprir a atual escassez de alimentos, porque tem grandes extensões de terras aráveis com a capacidade de produzir alimentos com qualidade. Além disso, existe mão-de-obra qualificada e a dedicação dos agricultores ao segmento. O Brasil tem a condição de ser líder mundial na produção de diversos produtos agrícolas, como a soja, a carne bovina e as frutas. Essa potencialidade sinaliza que a nação brasileira poderá ser a solução do problema da inflação dos alimentos para o mundo. A demanda por alimentos representa oportunidade para a pecuária tecnificada de ganhos e incrementos genéticos e com visão empresarial associados ao fomento de mercados já conquistados. Tudo isso permite afirmar que esse é o momento da pecuária. A cadeia produtiva da carne bovina, em especial a do Rio Grande do Sul, se destaca neste cenário. O setor tem seu especial valor e no solo gaúcho ainda mais, devido aos seus campos produtivos, ao clima temperado, como também pelo estilo dos manejos dos bovinos. Com todos estes fatores, um novo cenário está sendo desenhado para a pecuária e por isso é oportuna a competitividade do mercado da pecuária brasileira, com enfoque na gaúcha, visando amenizar a crise mundial de alimentos. A abertura de novos mercados significa premiar e reconhecer o trabalho dos pecuaristas brasileiros que têm se esforçado em manter a melhor produção e genética. O desempenho da pecuária brasileira se deve ao trabalho determinado e competente dos cabanheiros que em nenhum momento deixaram de investir na elevação da produção e qualidade da carne. Os pecuaristas vêm desenvolvendo atitudes empresariais, tanto em termos de inovação, quanto nas relações com os agentes frigoríficos, o que também vislumbra a ascensão com sucesso da cadeia produtiva da carne brasileira. Este é o momento de promover a valorização do setor primário! Deputado Federal (PP-RS) Vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados INFORME PUBLICITÁRI0 Agosto de 2008 57 Novidades da prova de Julho 2008-07 da Semeia-Select Sires Por Felipe Escobar Dept. Técnico SEMEIA Nesta prova do Angus de julho 2008, alguns touros provados da Semeia-Select Sires emergiram como destaque na raça e alguns touros com a primeira prova foram muito bem classificados. Neste sumário houve algumas mudanças, sendo a maior delas a combinação dos dados de Carcaça e ultra-som em um único DEP. Você notará que alguns touros tiveram uma queda acentuada nos valores das acurácias com o novo DEP, apesar de que tivessem centenas de dados de ultrasom e alta acurácia para carcaça. Com a combinação dos dois conjuntos de dados a prova atual de carcaça obteve mais poder (influência) do que os dados de ultra-som, sendo assim, um touro com dados somente de ultra-som não leva para o novo DEP tanta acurácia como o touro que tinha dados de carcaça e ultra-som. Outra observação é o fato de ter aumentado a média da raça para Marmoreio enquanto que a média para Área de olho de lombo diminuiu. Sendo assim alguns touros, mesmo que provados, tiveram mudança nos valores dos DEP’s para marmoreio e área de olho de lombo, mas em geral a correlação da classificação dos touros provados permaneceu a mesma. Cuidado: Não tente comparar dados de carcaça ou ultra-som da primavera de 2008 com os DEP’s atuais para carcaça - eles não são a mesma coisa. Você também notará que alguns tou- ros tiveram uma pequena queda na acurácia para as características de crescimento. Isto foi devido às ampliações no modelo utilizado. Alguns DEP’s que compõem os valores dos índices econômicos($) mudaram numericamente e o valor do índice econômico também mudou. Por exemplo, a média para Índice econômico total aumentou em $+3.50. COMENTÁRIO SOBRE OS GUNS TOUR AL OUROS ALGUNS - 7AN22 Predestined- Agora o #9 para $VET( valor econômico total), Predestined é longe o melhor touro entre os top 100 para $VET no sumário principal. Ele tem acima de 3600 dados de ultra-som, mas mais importante, ele tem 90 dados de carcaça—mais do que qualquer outro touro entre os top 100 para $VET. Ele não só salienta-se em valor mas os criadores gostam de seu tipo, mais ainda, ele é o único entre os top 8 do Sumário principal que está entre os 10% melhores em todos os índices econômicos. - 7AN258 TC Total— Agora Sim!!! Com mais de 800 filhos avaliados para peso ao ano, Total está bem provado para crescimento com +73 para peso a desmama e +132 para peso ao ano. Combine isto com +.62 para marmoreio e +.46 para área de olho de lombo e colocará Total como o #4 para valor econômico total com +71.90. Ele também é destacado para docilidade com +24, aumentando ainda mais a satisfação do selecionador. - 7AN249 Big Eye “dispara”!—Ele se apresenta entre os top 1% para $VET com +64.25 e tem uma facilidade de parto que o coloca entre os top 15%. Com +99, para peso ao ano, ele transmite suficiente crescimento e as avaliações de suas filhas continuam a ser “super”. Big Eye pode abrir muitas portas oferecendo seu distinto pedigree e equilíbrio de seus DEP’s. - 7AN247 Solution—Ele continua sendo a nossa principal escolha para facilidade de parto por muitas razões. Além de produzir terneiros viáveis também em primíparas ele está entre os top 4% para $VET, transmite significante capacidade de crescimento, grande docilidade, e filhas que se transformam em vacas de grande valor no mercado. - 7AN229 Yield Grade— 2008 foi um ano de grandes vendas para ele. Seus dados fazem dele facilmente o melhor touro provado para a combinação de facilidade de parto(+14) e extraordinário crescimento(+106). - 7AN255 5050 —é provavelmente um dos touros que mais alterou a prova. Pulou para o #2 em $VET(+74). Está entre os top 5% para facilidade de parto, top 3% para peso ao ano e um dos touros mais dóceis da raça. Seus dados fazem de 5050 aquele touro que todo criador deseja reservar sua produção. Os criadores realmente apreciam o que 5050 transmite. - 7AN207 Bextor – Você pode apostar que “Mr. Equilíbrio” continuará sendo muito comentado. Tendo $+57 para VET e estando entre os top 1% para peso à desmama somado a um composto de baixo peso ao nascer, crescimento e mérito de carcaça faz de Bextor a escolha certa para muitos pedigrees populares, incluindo 036 e Precision. - 7AN287 Selective – com os dados dos primeiros 38 terneiros deram a Selective uma posição de destaque. Selective está classificado entre os top 1% ou 2% para cada índice econômico—realmente único! Selective apresenta +15 para facilidade de parto, -1.3 para peso ao nascer e 59 para peso à desmama. Ele mesmo tornou-se um animal preenchido em todas as dimensões, com muita conformação de costelas como se fosse um touro maduro. Este filho de Objective tem uma conformação muito correta e tamanho moderado . Nossos touros da lista para a temporada 2008/2009, como um todo, foram selecionados para transmitir a seus filhos ou filhas muitas características especiais—nós temos definitivamente touros que podem agregar marmoreio e musculosidade, proporcionar extrema facilidade de parto associada ao tamanho moderado mantendo alto desempenho em ganho de peso. O custo de manutenção do rebanho de cria é um dos mais altos no processo de produção, por isso o foco em manter o tamanho das vacas sob controle é intensificado—Nós temos um poderoso arsenal. Entre os touros disponíveis à pronta entrega, oferecemos: - 17 Touros que estão entre os top 10% para índice econômico ($VET) com destaque para os que estão entre os top 1% da raça; 7AN222 Predestined, 7AN237 Prime Design, 7AN249 Big Eye, 7AN255 GAR 5050, 7AN258 TC Total, 7AN278 Selective. - 10 Touros entre os top 10% para Facilidade de parto com destaque para os que estão entre os top 1% da raça; 7AN229 Yied Gade, 7AN243 Nebraska, 7AN247 Solution e 7AN278 Selective - 13 Touros entre os 10% para Peso ao ano, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça ; 7AN213 Grid Maker e 7AN258 TC Total. - 13 Touros entre os top 10% para produção de leite das filhas, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça; 7AN178 BAR EXT, 7AN238 2X15, 7AN255 GAR 5050, 7AN258 TC Total e 7AN270 Rito 4L60. - 12 Touros entre os top 10% para Peso de carcaça, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça: 7AN231 Volunteer, 7AN255 GAR 5050, 7AN286 Cloudburst - 14 Touros entre os top 10% para marmoreio, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça: 7AN222 Predestined, 7AN GAR 5050 e 7AN289 Silverado. - 16 Touros entre os top 10% para Área de olho de Lombo, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça: 7AN218 Mick, 7AN222 Predestined, 7AN249 Big Eye e 7AN255 GAR 5050. 58 INTERNACIONAL Agosto de 2008 Angus também é eficiência no Canadá A produção de terneiros Angus de qualidade é uma atividade que também rende bons frutos no Canadá. Muitas redes famosas de fast food oferecem hambúrgueres com o diferencial de serem feitos com o Angus Beef. Em supermercados há também uma boa procura pela carne Angus. Para atender a este seleto mercado, produtores da província de Ontário precisam trabalhar intensivamente, de forma a oferecer o animal que o mercado quer. Steve Eby está à frente da JSE Farms, localizada em Kincardine, província canadense de Ontário, desde de 1999, quando seu pai, Stan, ex-presidente da Associação Canadense de Criadores, se aposentou. A fazenda começou no Angus em 1971, sempre de modo intensivo. Por Nelson Moreira Steve explica que seu manejo é um misto de confinamento com criação intensiva a pasto, ou seja, rotativo com cerca elétrica. “Preciso ter um “turnover” na propriedade bastante rápido a fim de aproveitar o alimento que produzo e o curto verão que temos”, afirma. O gado entra no sistema com 6 meses e peso em torno de R$ 250 kg. Começam na pastagem onde permanecem até completarem um ano de onde saem com a média de 400 kg. O final do processo é em confinamento do qual saem com ano e meio e peso em torno de 600 kg. Durante o inverno, que é rigoroso e com temperaturas médias de menos 30 graus, o processo muda e todo o gado é confinado desde os seis meses. Para isso ele separa áreas dentre os seus 160 hectares, para plantar milho, cevada e pastos em geral. Além disto, ele procura aproveitar restos de culturas que encontra nas indústrias processadoras, a fim de diminuir os custos no confinamento. “A alimentação tem que ser bem balanceada para o gado chegar no peso final dentro do tempo previsto, uma vez que trabalhamos nossa produção como uma fábrica, com linhas de produção”, assinala. Steve complementa dizendo que enquanto um grupo está na pastagem, outro já está no confinamento e isto não pode falhar. Para o pecuarista a raça Angus é perfeita para este processo porque além da rusticidade tem precocidade para ganho de peso e mansidão incomparável. Por conta do alto custo da mão de obra, cerca de US$ 20 dólares a hora, Steve trabalha sozinho. E é incrível ver como o processo todo funciona tran- qüilamente. “Tenho muito trabalho. Às vezes nem dá pra descansar no fim de semana, mas é uma atividade que gosto de fazer”, ressalta. Ele diz que por ano trabalha com cerca de 800 cabeças dentro do seu ciclo. A renda é de 100 dólares canadenses por cabeça. Steve assinala que um produto de qualidade recebe cerca de US$ 2,20 por quilo vivo. “No final a margem é de 2%”, comenta. Rastr eabilidade – Um dos proRastreabilidade gramas agrícolas que está recebendo maior volume de recursos no Canadá, e Steve também está nesta, é a rastreabilidade. Por conta do problema que tiveram com a doença da Vaca Louca, BSE, o Governo Canadense decidiu adotar um rigoroso controle em todas as fases do processo de criação de gado. O Programa de Controle e Manejo Sanitário Animal, pressupõe o uso de Steve Eby da JSE Farms, Ontario, Canadá, toca sozinho a criação de Angus brincos com rádio freqüência para saber onde está o animal. Ao mesmo tempo, forte esquema de fiscalização em frigoríficos, nas propriedades e intenso trabalho de treinamento de todos os agentes da cadeia produtiva da carne. Segundo Steve, as perdas com o surgimento da BSA foram muito grandes, principalmente com o fechamento de exportações para importantes mercados. “De um dia para o outro vimos nosso mercado desaparecer e nosso gado sem ter comprador. Os preços despencaram. Foram momentos de terror para nós produtores”, lembra. O pecuarista acredita que após estas medidas e com a confirmação de que todo o rebanho está controlado, rastreado, os compradores externos irão retornar. “Mas vai levar entre cinco a 10 anos para isto acontecer”, diz Steve, acrescentando que felizmente, pela sua aposta na raça Angus, tem conseguido se manter num mercado um pouco mais seleto, com retorno garantido. O repórter viajou à província de Ontário, Canadá, a convite do Agricultural Adaptation Council e o Ministério de Agricultura de Ontário OPINIÃO Agosto de 2008 59 Padrões operacionais durante a parição em vacas de corte Por Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos A partir do segundo semestre do ano de 2006 o preço do bezerro começou uma escalada sinalizando o início da recuperação da pecuária de cria. Essa evolução nos preços foi contínua, devendo estabilizar-se no ano de 2008 como conseqüências de uma maior retenção de matrizes e investimentos em tecnologias destinadas a melhorar a taxa de desmama. Atualmente, o cenário demonstra uma valorização importante das fêmeas envolvidas na produção do bezerro, como bezerras, novilhas e vacas. O resultado disso é a nova postura do pecuarista, investindo em tecnologias essencialmente de insumos para melhorar o desempenho reprodutivo, pois o benefício agora é evidente. Portanto, com a situação estável e uma perspectiva favorável à pecuária – alta preços do boi e do bezerro – é fundamental priorizar ações tecnológicas para obter uma alta produtividade de bezerros – primeiro princípio para a obtenção de melhor resultado econômico na fase de cria. A produtividade na pecuária de cria é medida pela colheita do produto: a taxa de desmama de bezerros; ela depende da taxa de natalidade e da taxa de perdas do parto ao desmame. Portanto, investir em tecnologias para aumentar a taxa de prenhez e de natalidade somente são viáveis se os bezerros gestados nascem e chegam ao desmame saudáveis e com qualidade comercial. De um modo geral a preocupação com os aspectos reprodutivos da vaca de cria está concentrada basicamente no período de acasalamento, às vezes estendendo-se até o diagnóstico de gestação. A partir do momento em que a vaca é identificada como prenhe, involuntariamente, há uma despreocupação por parte do pecuarista, pois pressupõem que o bezerro está feito e desmamado. Neste sentido, este texto aborda algumas ferramentas de manejo importantes a serem utilizadas durante a estação de parição para garantir uma boa taxa de desmama. As ações operacionais durante a parição devem ser planejadas com antecedência e constituirá um procedimento operacional padrão, respeitando as características e peculiaridades de cada fazenda. Portanto, não é pretensão deste artigo regrar as atitudes técnicas de cada pecuarista ou gestor de uma fazenda durante a estação de partos. Porém, seguir princípios Como conseqüência da valorização da fêmea, o pecuarista precisa assumir uma nova postura, investindo em tecnologias para melhorar o desempenho reprodutivo, já que o benefício é evidente básicos, com os ajustes específicos para cada sistema de produção, poderá ser útil. O processo tem início pela definição do período de parição: data de início e fim; Com isto tem-se a dimensão do envolvimento com essa etapa de produção na fazenda, pois requer organização da equipe, ajustes das funções dos peões e mudanças da rotina. Se a fazenda dispõe de informações da distribuição das coberturas, caso predomine o uso da inseminação artificial, ou a distribuição dos partos (histograma de parição) dos anos anteriores, é possível prever quantas vacas vão parir em cada semana ou até mesmo a cada dia. Esta é uma informação importante, pois já define a dimensão e o envolvimento do profissional que cuidará dos partos. O segundo momento é a escolha do local onde ocorrerá a parição, pois as vacas devem parir num local próximo da sede ou de um retiro, apropriado em sombra, água e razoável disponibilidade forrageira. Para isto deve-se reservar a área com antecedência mínima de 60 dias o que se traduz num vazio sanitário e com boa alimentação. Com o conhecimento prévio do número de vacas a parir é possível determinar o tamanho do piquete, o qual pode concentrar um grande número de animais. É normal que nesse período concentre-se até 8 vacas/hectare. Assim, um piquete de 100 hectares tem capacidade para 800 vacas. Vale lembrar que esse é um centro de parição e que as vacas permanecerão pouco tempo nele – uma semana no máximo. Portanto, não é assustador uma alta carga animal nessa fase. Para facilitar essa operação é possível antecipar a se- leção das vacas no diagnóstico de gestação formando grupos de parição. Também podem-se separar as vacas pela avaliação visual do estádio avançado da gestação. Assim, do total de vacas prenhes vão sendo formados grupos daquelas que parirão em determinados períodos, transferindo-os para o piquete maternidade. Uma vez definidos o período e local será feita a escolha do funcionário responsável pelos cuidados na parição – o parteiro. Um parteiro tem capacidade de controlar, no máximo, 500 vacas. É fundamental treiná-lo e evidenciar quais são as suas atribuições. Ou seja, a função principal do parteiro é identificar as vacas que estão na fase inicial do parto, em trabalho de parto e aquelas que apresentam alguma dificuldade. Além, evidentemente, de cuidar do bezerro. Portanto, é um trabalho predominantemente de observação e de identificação. Diante de um problema de qualquer magnitude de distocia, o parteiro deve buscar ajuda da equipe da fazenda para auxiliálo a executar o procedimento necessário. Desta maneira, para uma boa eficácia operacional, são relacionados alguns pontos que o parteiro deve seguir: - Identificar as vacas que parirão num intervalo de um a dois dias. - Conhecer os sinais que identificam o início do trabalho de parto. - Auxiliar os bezerros que estão com dificuldades logo após o parto. - Conhecer os sinais que identificam que a vaca está tendo dificuldade para parir e agir se tiver autoridade sobre o fato. - Tratar com produto apropriado (solução de iodo) o umbigo do bezerro. - Identificar o bezerro que nasceu e teve o umbigo tratado, para evitar novo procedimento. - Identificar vacas que tiveram a placenta retida ou que necessitam algum procedimento terapêutico. - Identificar e anotar o número da vaca que teve natimorto ou distocia para um provável descarte do rebanho. - Comunicar ao capataz e pedir ajuda diante de uma dificuldade de parto e que a solução não esteja ao seu alcance. Em tempos de comunicadores VHF ou telefone móvel, essa atividade torna-se facilitada. - Anotar em caderneta de campo o número de bezerros que nasceram no dia, pois são os dados que vão dar origem ao histograma de parição. - Com os dados de nascimento, o capataz tem a informação necessária para dar o destino às vacas que pariram, onde constituirão lotes para o futuro acasalamento. - Anotar na caderneta qualquer anormalidade como morte de vacas, bezerros, natimortos, distocias, retenção de placenta, etc..., pois isso permite gerar indicadores para monitorar e analisar o processo da parição. Esses indicadores vão servir para comparar com outros anos, com valores de referência da fazenda e com o benchmarking. São considerados normais índices de perdas na parição em torno de 3,0 a 4,0% para bezerros e 0,5 a 1,0% para vacas. Quando envolve exclusivamente primíparas esses índices podem elevar-se para 5,0 a 6,0% e 1,0 a 1,5%, para bezerros e matrizes, respectivamente. Na figura 1 é apresentada uma síntese dos fatores de sucesso durante a estação de parição em vacas de cria. É evidente que as ações associadas ao manejo prévio, como escolha do touro, a concentração de concepções no início do acasalamento, o diagnóstico de gestação precoce para separar os grupos de vacas conforme a fase da prenhez, um controle sanitário profilático, por meio de vacinas, das principais enfermidades reprodutivas, uma boa alimentação pré-parto e a escolha adequada da época do ano são premissas básicas para uma reduzida taxa de perdas durante a parição. Por outro lado, sem dúvida alguma, a presença de recursos humanos capacitados, responsáveis e comprometidos com os resultados é fundamental. E, como caminho para este comprometimento, a remuneração por metas de desempenho talvez seja a estratégia mais eficiente. Portanto, treine sua equipe, monitore, avalie e recompense. Med. Vet., D.Sc. Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeias Produtivas da Carne - Departamento de Zootecnia - Faculdade de Agronomia UFRGS - [email protected] www.ufrgs.br/zootecnia/nespro.htm 60 Agosto de 2008 RANKING 2008 Novas parciais do ranking 2008 Com a realização de sete exposições integrantes do Ranking Angus - Emapa/Avaré, Expolondrina, Itapetininga, Exposição de Outono de Uruguaiana, Outono Angus Show (Expoutono, em Esteio, RS), Feicorte (São Paulo) e da Exposição de Araçatuba, estas são as novas posições dos criadores e expositores da raça. Nos animais de argola tanto no segmento criador, como no de expositor, a liderança é de José Paulo Dornelles Cairoli (Reconquista Agropecuária, da Alegrete/RS). No ranking criadores, a vice-liderança é da Cabanha Rincón del Sarandy, Uruguaiana/RS, seguida pela Agropecuária Fumaça, de paranapanema/SP. No aspecto expositor, o vice-líder é Luiz Henrique Campana Rodrigues, da Fazenda Tabapuã, Sao Paulo, SP, seguido pela parceria Cabanha da Corticeira/Agropecuária GB, de São Borja, RS. Nos rústicos, realizadas a Exposição de Uruguaiana e a Expoutono, a liderança de criador e de expositor agora é da Cabanha Santa Eulália - Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, de Pelotas, RS. Em segundo lugar, em ambos, é da Cabanha Rincón del Sarandy, de Uruguaiana/ RS, seguida por Eduardo Macedo Linhares (Gap Genética), de Uruguaiana, RS. ARTIGO Agosto de 2008 61 DEP para Prenhez - uma realidade nos EUA Por Stefan Staiger Schneider É isso mesmo, já existe Diferença Esperada de Progênie (DEP) para prenhez. A novidade é inédita e fruto de uma pesquisa da American Angus Association (AAA) – a Associação Americana de Angus (de Saint Joseph, Missouri) – e da Virginia Tech University (de Blacksburg, Virgina). A Angus Heifer Pregnancy EPD (Diferença Esperada de Progênie para Prenhez de Novilha Angus, em português) passará a constar em breve nos relatórios de performance com a sigla HP, de Heifer Pregnancy. Mas, o que significa e como deverá ser utilizada essa DEP? É exatamente sobre isso que trato no presente artigo. C omo todos sabemos, a taxa de prenhez de novilhas depende de três elementos principais: órgãos reprodutivos, sanidade e nutrição. Esses três elementos continuam tendo a maior importância e o pecuarista sabe como administrá-los. Mas, tempo é dinheiro e os americanos sabem muito bem disso. Assim, considerando que já foi comprovado que fêmeas de certas famílias genéticas ficam prenhes mais cedo e com mais facilidade que outras sob as mesmas condições, a AAA decidiu investir numa ferramenta científica que possa administrar melhor esse importante fator reprodutivo. De modo geral, o que se quer é que a seleção por base em HP desenvolva as taxas da primeira prenhez das novilhas dos plantéis dos criadores de Aberdeen Angus dos Estados Unidos. No entanto, quem utiliza e se orienta por Diferenças Esperadas de Progênies sabe o que as atuais DEPs controlam e como é feita a avaliação delas. Assim, surge a próxima dúvida: como será feita a avaliação da DEP HP? A resposta é de certa forma ampla. Conforme o material que recebi, a DEP HP deriva das informações que são coletadas a respeito do fato de uma novilha ficar prenhe ou falhar na primeira tentativa de prenhez. A DEP HP considera ainda os valores das DEPs Nascimento e Desmama da novilha e, assim, traça um coeficiente. Além disso, é verificado no Angus Herd Improvement Records Program (AHIR) - o programa oficial de performance da AAA - quando a mãe da novilha teve a sua primeira cria e a sua idade na época. O mesmo será realizado também com relação à mãe do touro que foi utilizado no acasalamento da novilha. E isso será repetido até a última geração com dados cadastrados no AHIR. Por outro lado, não há como se saber se a mãe, avó, bisavó, etc. de determinada novilha teve algum problema de ordem reprodutiva, sanitária ou nutricional quando, por sua vez, foram novilhas, o que poderia ter prejudicado a primeira prenhez. Por isso, a acurácia quanto às informações sobre a primeira prenhez dos antepassados não poderão ter um coeficiente elevado no cálculo da nova DEP. Em outras palavras, a probabilidade de uma novilha emprenhar a partir do seu terceiro cio é muito maior que a de uma novilha da mesma idade que, devido a uma puberdade sexual inferior, fez apenas um ou dois cios. O mesmo vale também para alguém que não quer perder o cio (no caso, o primeiro) de uma novilha mais nova durante uma temporada de cobertura ou de inseminação artificial. Somado a isso, também existe uma relação entre o número de cios e a probabilidade A DEP para Prenhez de Novilha Angus representa a terceira mais nova DEP lançada pela AAA nos últimos três anos. As duas anteriores foram a DEP de Temperamento e o conjunto de DEPs para desenvolver a Qualidade de Carcaça Igualmente, eventos biológicos que acontecem no período anterior à primeira prenhez de uma novilha, no primeiro serviço e durante o período da primeira prenhez são elementos determinantes para o sucesso tanto da prenhez quanto do nascimento de um terneiro saudável. A raça Angus já é líder em puberdade sexual tanto em fêmeas quanto em machos e isso é cientificamente provado e comprovado. Porém, ainda assim, o AHIR realizou um estudo a respeito da relação existente entre a idade da puberdade sexual das fêmeas Angus e quem são os seus respectivos touros pais. A conclusão é que existem diferenças entre as idades de puberdade das novilhas de acordo com os touros pais - Sires em inglês. Esse é mais um fator que é considerado na DEP HP, já que uma novilha com puberdade sexual inferior às demais tem chances inferiores de emprenhar na primeira tentativa. Conforme Bill Beal, Fisiologista de Bovinos de Carne na Virginia Tech, a probabilidade de prenhez de uma novilha aumenta consideravelmente entre o seu primeiro e terceiro cios. de não haver aborto. Isso significa que quanto mais cios houver maior são as chances de não haver aborto. As análises até o momento apontam que a DEP HP seja um reflexo dos efeitos genéticos e do histórico biológico das novilhas. Porém, igualmente os dados apontam que a Diferença Esperada de Progênie para Prenhez de Novilha Angus seja uma ferramenta que desenvolve a reprodução. Os relatórios da Virginia Tech University esclarecem também que não se deve acreditar que a DEP HP seja definida através das diferenças constatadas na avaliação de um ou de dois grupos contemporâneos de novilhas. Cientificamente, está comprovada a importância e a utilidade dessa nova DEP, porém a exatidão das suas informações ainda depende de mais levantamento de dados no rebanho Angus dos Estados Unidos, que é o maior do mundo e permite alta pressão de seleção. Paralelamente, testes práticos estão em andamento. Dados de HP coletados em diversos plantéis que integram o Angus Herd Improvement Records já foram enviados para análise juntamente com as demais informações de performance que integram o programa. A American Angus Association também já organizou um sumário parcial de touros com DEPs HP, que foram geradas com base nos relatórios até então realizados. O sumário pode ser conhecido através do site www.angussireseach.com. Nele, há também uma descrição de como comparar as DEPs HP entre os touros listados. Conforme o funcionamento dessa nova ferramenta, touros com DEP HP mais elevada aumentam a probabilidade de prenhez das suas filhas na primeira tentativa. A unidade de medida dessa DEP é a porcentagem (%). Quanto maior a porcentagem da DEP HP que consta com relação a um determinado touro, melhor é. De acordo com as informações do relatório da AAA e da Virginia Tech, é muito possível que o atual Ranking dos touros com DEPs HP se modifique com a coleta de mais dados de novilhas e a inclusão de outros touros pais. Em breve, os criadores também receberão informações em relação às respectivas DEPs HP das suas fêmeas, o que tornará os acasalamentos ainda mais objetivos. Mas, isso será disponibilizado apenas depois que existam percentuais suficientes em relação aos touros do sumário, que ainda é parcial. Tudo indica que novamente será provado que a raça Angus é, de fato, a The Mother Cow Breed (a raça da vaca mãe) e também a The Business Breed (a raça comercial). Esses não são apenas Slogans da raça nos Estados Unidos, mas filosofias de trabalho utilizadas para manter o Aberdeen Angus à frente de todas as demais raças de bovinos de carne. Em 2007, mais de 50% do total de reprodutores de todas as raças bovinas de carne que foram registrados nas respectivas associações de criadores dos Estados Unidos foram Angus PO pretos. Isso é conseqüência de programas progressivos e em permanente atualização em termos de melhoramento genético para os reprodutores da raça e também para a produção de carne de qualidade imbatível. A Diferença Esperada de Progênie para Prenhez de Novilha Angus representa a terceira mais nova DEP lançada pela AAA nos últimos três anos. As duas anteriores foram a DEP de Temperamento e o conjunto de DEPs para desenvolver a Qualidade de Carcaça. Os trabalhos com relação à DEP HP estão sendo conduzidos por Bill Beal, da Virginia Tech University, e pelos departamentos especializados da AAA para o tema, que são o Comitê de Melhoramento Bovino, o Departamento de Relações com o Mercado e a Diretoria de Pesquisas Genéticas. Criador de Angus 62 ARTIGO Agosto de 2008 Considerações sobre a DEP - 2 Por Leonardo Talavera Campos As DEPs não significam a imposição de uma mesma e única direção da seleção nos diferentes programas de melhoramento, seja em rebanhos registrados, seja nos rebanhos comerciais. As DEPs fornecem a melhor descrição genética de um animal, como também comparações genéticas entre os animais. É através das DEPs que os criadores poderão selecionar ou descarTABELA 1 TOURO DEP GND A B Diferença + 15 +5 10 Rebanho 1 Média 150 kg 165 155 10 tar acuradamente os reprodutores, de modo a que seus rebanhos atinjam os objetivos de produção no menor tempo possível. Exemplo do Uso da DEP: A DEP prediz diferenças, não valores absolutos. Como um exemplo, vamos comparar um touro A, com uma DEP para Ganho Final (410 dias) de +15 kg, com um touro B, de DEP –5 kg, para a mesma característica. O que estes valores estão indicando? Estes valores estão indicando que, se estes dois touros forem acasalados com um grupo de vacas comparáveis em um mesmo rebanho e, se os produtos resultantes forem manejados uniformemente após o nascimento, pode-se esperar que os animais filhos do touro A pesem, em média, 20 kg a mais aos 410 dias de idade, do que os filhos do touro B. Esta diferença de 20 kg existiria quer esRebanho 2 tes animais pesassem Média 200 kg aos 410 dias de idade 280 ou 400 kg. A tabela 1 fornece 215 um outro exemplo ao 205 mostrar o ganho de 10 peso do nascimento à desmama (GND) mé- GUIA PARA O COMPRADOR DE REPRODUTORES: Como usar as DEPs na seleção de touros: 1) Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs. 2) As DEPs são dinâmicas - exija as mais atuais possíveis. 3) Touros Jovens têm DEPs de baixa exatidão. Avalie sua produção de terneiros. 4) As DEPs não são comparáveis entre raças. 5) Antes de selecionar um pai de rebanho, com base nas DEPs, defina seus objetivos de seleção a curto e a longo prazo. dio dos filhos de dois touros, utilizados em dois rebanhos com diferentes médias para a característica. Cinco Recomendações para o Comprador de Reprodutores: - Como usar a DEP na seleção de touros: 1) Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs. Os valores absolutos, na verdade, não são de grande relevância. 2) As DEPs são dinâmicas, se alterando a cada avaliação. Exija as mais atuais possíveis. 3) Touros jovens, com poucos ou sem filhos, tem DEPs de baixa exatidão. Avalie a produção de terneiros destes touros jovens e verifique se estão produzindo o necessário em seu rebanho. 4) As DEPs não são comparáveis entre raças. 5) Antes de selecionar um pai de rebanho com base nas DEPs, defina seus objetivos de seleção a curto e a longo prazos. DEP: Guia rápido e resumido Conceito da DEP: A DEP é uma estimativa do desempenho médio esperado dos futuros filhos de um determinado reprodutor (touro pai, vaca ou produto) para uma certa característica, em relação ao desempenho médio esperado de qualquer outro reprodutor presente na análise, desde que os acasalamentos sejam entre animais comparáveis. Apresentação: Os valores de DEP são relatados como desvios positivos ou negativos de um ponto base que é zerado. Normalmente é apresentada na mesma unidade de medida da característica que está sendo considerada. Alternativamente pode ser apresentada de forma padronizada, ou seja, em unidades de desvio padrão das DEP’s para a característica. Base Genética: A DEP é uma medida comparativa, que não deve ser observada isolada ou absolutamente. É necessário estar ciente da base à qual um determinado valor de DEP se refere. A base é o ponto zero, isto é, o ponto em que as DEP’s são zeradas. A base adotada pode ser fixa ou móvel. É muito importante salientar, entretanto, que as diferenças entre reprodutores – o que está sendo estimado de fato - não se alteram ou independem da base adotada. Base Fixa: a DEP de um determinado touro, ou grupo de touros e/ou vacas, é fixada como zero, não se alterando mais em avaliações futuras; (b) Base Móvel: quando as DEP’s da totalidade dos touros ou vacas somam a zero, alterando-se a base a cada avaliação efetuada. Tipos de DEP: a) DEP: estimada a partir dos dados dos filhos; b) DEP INTERIM: estimada para animais jovens, sem filhos ainda. Além das informações dos progenitores – (metade da DEP do pai mais metade da DEP da mãe) -, agrega também metade da estimativa de Segregação Mendeliana (avaliação do desempenho do animal em relação à seus contemporâneos); e c) DEP PELO PEDIGREE: metade da DEP do pai mais metade da DEP da mãe. Utilizada no caso de não ser possível avaliar a segregação mendeliana. Acurácia ou Exatidão: A possibilidade de alteração que pode ocorrer na DEP estimada de uma avaliação para outra, é um aspecto importante a ser considerado e é representado pela exatidão ou acurácia desta DEP. Um valor de acurácia está associado a cada valor de DEP e fornece uma medida da confiabilidade da predição. Os valores de acurácia podem variar de 0.0 a 1.0, com valores mais próximos a 1.0 indicando maior confiança, ou menor risco. Quanto maior o número de filhos de um touro e melhor a sua distribuição nos diferentes rebanhos ou grupos, maior será a acurácia de sua DEP. Esta terá, portanto, reduzida variação com as informações adicionadas de uma avaliação para outra, desde que os métodos de cálculo não mudem. Para finalizar, é importante ressaltar que as DEP’s já levam em consideração o número e a distribuição das informações que entram nas estimativas. Na verdade, as DEP’s computadas para todos os animais são diretamente comparáveis, mesmo que tenham acurácias diferentes. Coordenador Técnico do Promebo® Associação Nacional de Criadores - Herd Book Collares / ANC e-mail: [email protected] OPINIÃO Agosto de 2008 63 Exportações de boi em pé... Por que não? Por Fabiano R. Tito Rosa O Brasil exportou, em 2007, algo em torno de 431,84 mil cabeças bovinas para abate. Um aumento de 19.930% em relação a 2003, quando esse tipo de comércio começou a engrenar. No primeiro quadrimestre deste ano já houve crescimento de 62% em relação ao mesmo período de 2008, com cerca de 118,79 mil bovinos enviados para fora do país. Em 2005 saía gado tanto do Sul quanto do Norte do Brasil. Porém, em função da redução de oferta e do aumento dos preços, o Pará disparou na dianteira. Veja na figura 1. O Líbano, há alguns anos, era praticamente o único comprador. Agora a Venezuela também tem importado muito. O primeiro prefere trabalhar com animais vivos em função de questões culturais/religiosas. O segundo busca matéria-prima para garantir o funcionamento das indústrias locais, em crise de abastecimento. O Brasil, assim como fez com a carne bovina, aproveitou uma oportunidade. A demanda surgiu e o país correu para atendê-la. Em 2004 nosso país respondia por 0,08% do mercado mundial de exportação de bovinos vivos. A representatividade aumentou para mais de 10% em 2007, e deve crescer ainda mais em 2008. Frigoríficos e curtumes já se posicionam contra esse tipo de negócio. Estamos mandando as matérias-primas embora, de navio. Além do boi, vai junto a carne, o couro, o sebo e os miúdos, tudo na forma bruta. Não estaríamos, portanto, “agregando valor” aos produtos nacionais, contribuindo para uma menor geração de empregos e renda. Isso sem contar a questão do abastecimento das indústrias nacionais. Está faltando gado e couro verde no mercado, não está? Vamos começar a esclarecer as coisas aqui. A pecuária brasileira atravessa um período de ajuste produtivo, bastante intenso, aliás. Mas isso não está relacionado à exportação de boi em pé. Colhemos hoje o fruto do descarte forçado de matrizes, da redução de investimentos e do uso de insumos no campo e do avanço da agricultura sobre áreas de pastagens. Veja só: Entre 2001 e 2006 o abate de bois, no Brasil, cresceu 39%. Já o de vacas registrou um avanço de 169%. Em alguns Estados, como Pará, Rondônia e Rio Grande do Sul, o crescimento do abate de vacas, nesse mesmo período, superou os 200%. No Tocantins o aumento foi de 1.029%!! (dados do IBGE). As reprodutoras, portanto, foram para o pau. A produção de bezerros caiu e o rebanho enxugou. Agora, em função da recuperação dos preços da cria, o produtor volta a reter matrizes. E num primeiro momento, esse movimento agrava ainda mais a situação da indústria, já que as fêmeas são retiradas do mercado. Entre 2004 e 2006, o PIB do setor de insumos para a pecuária recuou de R$12,99 bilhões para R$12,14 bilhões (dados do Cepea). Se o setor de insumos está gerando menos riqueza, é sinal de que o produtor está aplicando menos tecnologia, ou passou a usar produtos mais “básicos”, fugindo das linhas “premium”. Menos insumos, ou insumos de pior qualidade, levam à deterioração dos índices zootécnicos, ou seja, caem as taxas de fertilidade, natalidade, ganho de peso, etc. No final, é menos gado e menos carne no mercado. Entre 2001 e 2006 as áreas de pastagem no Brasil encolheram de 179,20 milhões de hectares para 176,46 milhões de hectares (dados da Scot Consultoria). A pecuária cedeu espaço para a agricultura. Lógico que, através de aplicação de tecnologia, foi possível compensar boa parte dessa perda de espaço. Mas o resultado poderia ter sido bem melhor, não fosse a retração tecnológica ocorrida entre 2004 e 2006, como foi descrito no parágrafo anterior. O resultado disso tudo, de acordo com estimativas da Scot: O rebanho bovino brasileiro, entre 2005 e 2008, deve diminuir de 207,16 milhões de cabeças para 195,27 milhões de cabeças. Não importa se o IBGE virá com um número novo, para o rebanho de 2006, após a realização do Censo. Preste atenção no tamanho do ajuste para 2008, algo em torno de 6%. Os abates tendem a recuar de 47,25 milhões, em 2006, para 43,21 milhões de cabeças, em 2008. A diferença supera o que o Brasil tem, hoje, de gado em confinamento. Sendo que as indústrias expandiram a capacidade de abate. Vale destacar que esses números devem ser analisados com viés de baixa. E o que deu início a isso tudo? Veja a figura 2. A linha mais grossa é a inflação. Veja que, entre 2002 e 2006, os preços pecuários (boi e bezerro) va- riaram abaixo da inflação, ao passo que os custos de produção reagiram acima do aumento geral dos preços da economia. Aliás, vale lembrar que, em junho de 2006, o preço médio do boi gordo em São Paulo, em termos reais, foi o mais baixo dos últimos 50 anos. Custo em alta e receita em baixa leva ao achatamento das margens, que por sua vez dá início a medidas emergenciais. Como um criador do Pará, por exemplo, tocava a fazenda vendendo, no início de 2006, um bezerro anelorado a R$ 240,00/cabeça? Aliás, vamos arrumar essa conta: coloquemos uma taxa anual de desmama de 75% (taxa excelente) e a produção de um/ bezerro/vaca ao ano (excelente também), com uma vaca + sua cria por ha (lotação bem acima da média nacional). O criador faturaria então R$ 187,50/ha/ ano. Acha que esse valor cobriria os custos? Lógico que não. É por isso que as matrizes foram para o gancho. É por isso que a agricultura avançou sobre áreas de pastagem. É por isso que a venda de insumos caiu. É por isso, portanto, que a pecuária atravessa, hoje, um período de estagnação. Não tem nada a ver, nem de muito longe, com a exportação de gado em pé. Aliás, vale destacar que, entre 2001 e 2006, enquanto o campo atravessava uma crise medonha, a pecuária brasileira vivia intensamente uma das melhores fases de agregação de valor, fora da porteira, já registradas. As exportações de carne bovina saltaram de US$ 1,01 bilhão para US$ 3,88 bilhões, um aumento de 284%. As exportações de couro, por sua vez, passaram de US$ 0,88 bilhão para US$ 1,88 bilhão, crescimento de 114%. Mas um dos elos da cadeia, justamente o que dá suporte ao crescimento de todos os outros, ficou à margem dessa bonança, sendo obrigado a “pisar no freio”. Colocar, nas exportações de gado em pé, a culpa pela falta de gado e couro no mercado doméstico, nada mais é que desviar o foco do problema. Em 2007, as quase 432 mil cabeças exportadas equivaliam a menos de 1% do abate nacional. A representatividade, esse ano, deve aumentar, já que os abates estão em queda e os embarques estão em alta. Mas mesmo que dobre, ou triplique, ainda será muito pouco. Se as exportações de boi em pé viessem a zero (isso mesmo, zero), continuaria faltando gado no mercado. Algum alívio seria registrado para os frigoríficos do Pará, onde os embarques já equivalem a mais de 11% do abate do Estado. Mas no restante do país, ao menos em termos de oferta, ninguém notaria a diferença. Outra coisa que muito me intriga. O frigorífico pode vender carne para supermercados, restaurantes, lanchonetes, governo (para o abastecimento de escolas e quartéis), etc. Tanto dentro quanto fora do país. O mesmo acontece com os curtumes. Por que o pecuarista é obrigado a ter apenas uma única opção de venda? Essa questão de menor agregação de valor, de queda na geração de empregos, também não convence. Alguns mercados querem carne, outros querem boi. Se pudermos atender ambos, excelente! Quanto mais canais de escoamento para os produtos brasileiros, melhor. Além do mais, se o produtor possuir mais opções de receita, o seu negócio tem mais chance de prosperar, de crescer, e aí ocorre maior geração de emprego e renda no campo e no setor de insumos. Sem contar a movimentação em portos, investimentos e contratação de pessoal para estruturas de quarentena e confinamento de adaptação, demandas específicas desse tipo de comércio (rações peletizadas, serviços veterinários, etc.)... Tudo isso significa mais emprego e renda. Ou não? Tem também quem se levanta contra esse tipo de comércio em função do suposto sofrimento infringido aos animais, típico de transportes em longas distâncias. Ora, aí é questão de se criar protocolos operacionais que garantam instalações seguras, a utilização de insumos de qualidade e a implementação de boas práticas de manejo, minimizando ao máximo o estresse do gado. Concordo com políticas de incentivo (facilidade de acesso a crédito, adequações tributárias, etc.) a atividades comprovadamente agregadoras de valor, intensivas no uso de mão-de-obra. Mas essa mania, típica da cadeia produtiva da carne bovina (incluindo também a cadeia do couro), de “malhar” atividades que agregam, diretamente, receita ao que é produzido dentro da porteira, já está ficando chata. A pecuária brasileira é grande o suficiente para dar sustentação a vários tipos de negócio. O ajuste produtivo, presenciado hoje, é natural e cíclico. No longo prazo o rebanho voltará a crescer. E quanto mais participantes (players) tiverem se estabelecido no mercado, melhor. Zootecnista Scot Consultoria [email protected] 64 Agosto de 2008 2 Agosto de 2008 Associação Brasileira de Angus Diretoria Executiva Diretor Presidente José Paulo Dornelles Cairoli Diretor 1º Vice-Presidente Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Diretor Vice-Presidente Eduardo Macedo Linhares Diretor Vice-Presidente Renato Zancanaro Diretor Vice-Presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Fábio Luiz Gomes Diretor Administrativo João Francisco Bade Wolf Diretor de Marketing Luiz Eduardo Batalha Diretor de Núcleos Flávio Montenegro Alves Diretor Programa Carne Angus Certificada Vivian Diesel Potter Conselho de Administração Conselheiro Estratégico Marcus Vinicius Pratini de Moraes Membros Eleitos Afonso Antunes da Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Luís Felipe Ferreira da Costa Valdomiro Poliselli Júnior Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Cláudia Scalzzilli Paulo Valdez Roberto Soares Beck Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Luís Henrique Sesti Mariana Tellechea Conselho Técnico Ricardo Macedo Gregory – Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Ulisses Amaral [email protected] Luis Felipe Moura [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Susana Macedo Salvador [email protected] Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] Coordenação Fernando Furtado Velloso [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn. Luciana Radicione Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Daniela Manfron e Gianna Corrêa Soccol 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Fotos de capa: ABA / Divulgação EDITORIAL Liderança conquistada com resultados Prezados criadores e amigos da Associação Brasileira de Angus, no fim do mês estaremos em plena atividade na Expointer 2008, mostra que escolhemos para sediar, este ano, a VIII Exposição Nacional da Raça Aberdeen Angus.. A Expointer, pelo seu crescimento e incremento expressivo no volume de negócios, ano a ano, representa a pujança do agronegócio brasileiro que, somente nos seis primeiros meses de 2008, movimentou 33,7 bilhões de dólares em exportações, valor 26% maior do que igual período do ano passado, segundo dados do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) HUMOR – e o item carnes é o segundo entre os cinco responsáveis pela expansão dos embarques externos. Na VIII Exposição Nacional da Raça Aberdeen Angus estaremos presentes com 340 animais (entre argola e a campo), o que representa, mais uma vez, a liderança da raça entre a bovinocultura de corte inscrita no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). A programação começa em 31 de agosto com o VII Angus Rústico do Sul. O leilão de animais a campo da raça, no dia 1º, vai proporcionar compra de reprodutores revisados e selecionados por técnicos da Associação. No dia 3 de setembro, destaque para o Leilão Golden Angus que apresentará 30 lotes de animais de elite selecionados nas principais cabanhas da raça, no país. No dia 4, o tradicional Workshop do Programa Carne Angus Certificada em sua quinta edição. Este ano, a proposta é debater o futuro da pecuária de corte frente à nova economia mundial proporcionando uma visão aprofundada sobre o setor. Já está confirmada a participação da pesquisadora do Pensa/USP, Maria Stella Melo Saad, no debate a ocorrer na Casa RBS. Ainda dentro das atividades programadas para o segundo semestre, destaque para o III Concurso de Carcaças Angus que este ano será realizado mais cedo. A pedido dos produtores, o abate irá ocorrer no dia 12 de setembro, no Frigorífico Mercosul (RS). Seguindo as edições anteriores, o concurso objetiva a valorização da produção de carcaças de alta qualidade a partir da genética Angus. Participe, e vamos adiante promovendo essa pecuária de resultados que a raça Aberdeen Angus oferece com primazia. Boa leitura e muitos bons negócios neste início de temporada de primavera!! José Paulo Dornelles Cairoli Presidente da Associação Brasileira de Angus Agosto de 2008 MOVIMENTO 3 Expointer tem Mostra Nacional de Angus atua o argentino Gustavo Ambroggio. À noite, no palco do restaurante internacional do parque, o disputado Leilão Golden Angus, que este ano apresenta 30 lotes de reprodutores de elite, selecionados nas principais cabanhas da raça, no Brasil. E para o dia 4 de setembro, um programa especial de primeira: o V Workshop Programa Carne Angus Certificada. Acompanhada de seu já habitual sucesso, a raça Aberdeen Angus tem nesta Expointer 2008 a sua VIII Exposição Nacional. Animados com a seqüência do aquecimento do mercado de pecuária e com a supremacia da raça, que não pára de crescer, os criadores apresentam no parque Assis Brasil, em Esteio, RS, durante esta 31ª Expointer, que se realiza de 30 de agosto a 7 de setembro, um total de 340 animais, entre exemplares de argola e rústicos/de campo. C ompare: este ano são 285 animais de argola, contra os 268 do ano passado. E são 65 expositores (de SP, PR e RS), contra os 45 de 2007. Um crescimento marcante! No detalhe, em argola são 180 fêmeas e 99 machos, mais seis fêmeas da Copa Incentivo. E nos rústicos, a raça comparece com 40 touros e uma oferta especial de fêmeas. Selecionados a dedo nas propriedades em todo o Brasil, qualidade não falta para os reprodutores candidatos a campeões de genética, numa das maiores e mais disputadas exposições agropecuárias da América Latina e mesmo do mundo. Sem dúvida, a Expointer, considerada o termômetro comercial para os leilões que se sucedem, também será palco das especulações soExpointer 2008: Nacional da Raça terá 285 animais de 65 expositores bre o avanço que deverá experimentar a raça Aberdeen Angus nas pistas das o presidente da Associação Brasileira de AÇÕES BÁSICAS cabanhas e das feiras desta temporaA programação Angus básica para Angus (ABA), José Paulo Dornelles da de leilões da Primavera. esta Expointer (porque ações paralelas Cairoli. Mas crescimento já é um termo não vão faltar ...) começa no dia 31 de No dia 2, pela manhã o foco é para repetitivo quando se trata de Angus. agosto, com o VII Angus Rústico do Sul. a Copa Incentivo e à tarde, as fêmeas de Novamente este ano a raça volta a in- “O leilão de animais a campo, no dia 1º argola entram em pista para os julgamenflar a sua presença na Expointer, onde de setembro, vai proporcionar a com- tos de classificação. No dia 3, começantambém mantém a liderança entre os pra de reprodutores revisados e selecio- do pela manhã, as filas para o julgamenbovinos no pavilhão do gado de corte. nados por técnicos da Angus”, anuncia to dos machos de argola. Como jurado, Angus Rústico do Sul com oferta de altíssima qualidade ros a campo e um lote esA oportunidade é pecial de fêmeas serão mesmo imperdível. A séofertados num pregão de tima edição do consagraprimeríssima qualidade, do leilão ANGUS RÚSsob o comando da leiloTICO DO SUL promeeira Casarão Remates. te mais uma vez surpreOs exemplares serão ender positivamente pela comercializados com sealtíssima qualidade da guro total por 60 dias e oferta. É que a exemplo frete livre, isentando o dos anos anteriores, tocomprador de riscos no dos os reprodutores que formam a oferta de pista Touro El Saycan - maior preço de rústicos da Expointer 2007 transporte e adaptação do animal à nova propriedaforam previamente revide. sados e selecionados nas proprie- cabanhas de Angus. Participam do Angus Rústico dades de origem pelos técnicos da É importante que os interessados ABA Dimas Rocha e Fernando acompanhem todos os momentos. O do Sul as cabanhas: ABN Velloso, numa pressão seletiva que evento começa na tarde de 31 de Agropecuária, Agropecuária aumenta a cada realização desde agosto, com os julgamentos de clas- Maipu, Cabanha da Barragem, remate. sificação dos animais, a cargo do ar- Cabanha Santo Ângelo, Cabanha Além disto, abrindo na gentino Gustavo Ambroggio. E pela São Xavier, Estância do Espinilho, Expointer a temporada de leilões primeira vez os julgamentos dos rús- Gap Genética, Haras Warszawsky, deste ano, este é o único remate de ticos na Expointer valem pontuação Mercoangus, Rincon del Sarandy. Fotos dos animais estão dispotouros rústicos promovido pela dobrada no Ranking Angus de Exníveis no site da ABA, ABA, onde os compradores têm a positores. oportunidade de avaliar animais No dia seguinte (1º de setembro), www.angus.org.br. E o catálogo já criados por um seleto grupo de às 14h, na pista J do parque, 40 tou- está disponível para download. WORKSHOP A quinta edição do Workshop Programa Carne Angus Certificada já é sinônimo de sucesso, a julgar pelo ocorrido nas edições anteriores. É casa cheia, com certeza. O evento já é considerado o mais importante fórum de discussão da cadeia produtiva da carne bovina no ambiente da Expointer, na casa da RBS. Este ano a proposta do evento é promover um amplo debate sobre o futuro da pecuária de corte frente à nova economia mundial, em busca de uma visualização aprofundada sobre o tema. Para participação no workshop já está confirmada a presença da pesquisadora do Pensa/USP, Maria Stella Melo Saad, entre vários outros nomes de destaque. PROGRAMAÇÃO ANGUS Entrada dos animais: De 25 a 29/08 – das 8h às 24h Pesagem: Argola - 30/08 – Sábado – todo o dia Rústicos - 31/08 – domingo – pela manhã VII ANGUS RÚSTICO DO SUL: 31/08 – domingo – à tarde – julgamento 01/08 – segunda – à tarde – leilão Local: Pista J Julgamentos de Classificação Argola: Copa Incentivo - 02/09 – terça-feira – manhã Fêmeas - 02/09 – terça-feira – manhã e tarde Machos - 03/09 – quarta-feira – manhã e tarde Local: Pista Central LEILÃO GOLDEN ANGUS 03/09 – quarta-feira – 20h Local: Restaurante Internacional V WORKSHOP PROGRAMA CARNE ANGUS CERTIFICADA 04/09 – quinta-feira – 13h30min Local: Casa da RBS 4 CARNE Agosto de 2008 Fotos: ABA/Divulgação Carne Angus nos estandes da ABA e Marfrig foi sucesso Os estandes da Associação Brasileira de Angus e Frigorífico Marfrig montados para Feicorte 2008 fizeram sucesso entre o grande público visitante da mostra. Um moderno expositor refrigerado, com cortes da Carne Angus Certificada, produzida pela VPJ Beef, estava instalado no estande da ABA, que também disponibilizou todo material promocional e informativo da raça a todos interessados. Já no estande do Marfrig, parceiro da ABA no Programa Carne Angus Certificada, o destaque foi a exposição de uma carcaça inteira de Angus, chamando a atenção de todos e promovendo o programa de carne de qualidade da ABA. Cortes de Carne Angus Certificada também estavam em demonstração, expostos em balcões frigoríficos. Segundo o professor titular de tecnologia de alimentos da Unicamp, Pedro de Felício, que visitou o estande da ABA, os cortes estavam muito bem apresentados. “A cor e aparência da carne estavam excelentes, foi um trabalho de apresentação muito bem feito”, avaliou o especialista, que ministra cursos e palestras sobre qualidade de carne. VPJ mostra linha de hambúrguer Angus A Feicorte 2008 também foi o palco escolhido pelo selecionador de Angus e agroempresário Valdomiro Poliselli Júnior para a divulgação de seu mais novo produto: o Steak Burguer Angus Jumbo, um hambúrguer com carne de bovinos da raça Aberdeen Angus, certificada pelo programa de carne de qualidade da Associação Brasileira de Angus (ABA). Proprietário da VPJ Pecuária e da VPJ Beef, em Jaguariúna, SP (a promoção foi realizada através da VPJ Beef), Poliselli Junior surpreendeu positivamente o mercado com o novo hambúrguer, apresentado nas versões: Steak Burguer Angus Jumbo, de 310 gramas; Steak Burguer Angus Jumbo de 230 gramas e o Hamburguinho de Picanha Angus, de 32 gramas. A linha de hambúrgueres está sendo comercializada nas mesmas lojas que já vendem os cortes de carne cer- tificada Angus da VPJ Beef: Wal Mart, Rede Natural da Terra e Varanda Frutaria. A carne da VPJ Beef é certificada pela Associação Brasileira de Angus (ABA), que acompanha todo o processo de produção, do abate à embalagem dos cortes. A degustação dos novos hambúrgueres VPJ foi realizada no estande Angus da Feicorte, através de parceria entre a ABA, o Núcleo Angus São Paulo e a VPJ. No local, que reuniu um grande número de pecuaristas e investidores presen- Carcaça chamou a atenção no stand do Marfrig no pavilhão da Feicorte Congresso destaca Carne Angus durante a Feicorte “A cadeia vista pelos seus líderes”, com abordagem em genética, cria, confinamento, integração, exportação, consumo, consultoria e certificação foi a temática do Congresso Internacional Feicorte 2008, realizado dias 18 e 19 de junho, durante a Feicorte 2008. No dia 19, o Programa Carne Angus teve destaque na programação com a palestra “O Certificador”, que foi ministrada pela diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel Pötter. Na apresentação, Vivian falou sobre a agregação de valor na cadeia produtiva na carne. Alguns tópicos como o mercado do boi, classificação e condições para tes à feira, havia um expositor refrige- abate, possibilidades de valorização rado estrategicamente posicionado, dos animais, fatores de excelência e mostrando cortes da carne Angus cer- tecnologia foram discutidos. tificada. Entre os 17 palestrantes especia- listas de diferentes nichos de mercado, destaque também para os temas que foram abordados por Jovelino Mineiro, presidente da Central Bela Vista. Mineiro abordou o impacto dos recentes avanços da biociência na padronização e no custo da produção. Ainda na programação, Valdomiro Poliselli Júnior, criador de Angus e ovinocultor do Grupo VPJ, debateu como integrador, a tecnicidade, rentabilidade e os riscos da ovinocultura como complemento da pecuária. Já o consultor internacional Francisco Vila, coordenador do evento e conselheiro da Associação Brasileira do Novilho Precoce (ABNP), tratou sobre os novos formatos de consultoria estratégica para a agropecuária competitiva. Marfrig lançou programas que valorizam Angus C om a meta de estimular a raça Aberdeen Angus no centro do País, incentivando em especial o uso em programas de cruzamento, o Grupo Marfrig apresentou, durante a Feicorte, as novas edições dos programas Marfrig Fomento (versão 2008/ 2009) e Marfrig Premiação. Os projetos buscam divulgar o Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), estimulando a produção qualificada da raça no Brasil Central. Iniciado em 2007, o Programa Marfrig Fomento financia progra- mas de inseminação artificial, aumentando e regularizando a oferta de animais Cruza Angus. O projeto garante a compra de toda a produção em três modalidades de venda: bezerros (terneiros) desmamados, novilhos (até 15 meses) e venda dos animais do Programa Carne Angus Certificada em parceria com o Marfrig. Oferecido nos estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e no interior de São Paulo, a participação no Programa Marfrig Fomento começa pela identificação das propriedades em potencial e do agendamento de visita. Assinando o contrato de venda futura, o pecuarista passa a contar com o financiamento do pacote tecnologia, em que o Marfrig fica responsável pela identificação das vacas prenhas e dos bezerros nascidos. Os custos de prenhez são transformados em @ e serão descontados na venda ao Frigorífico Marfrig. “A expectativa é que todos os contatos sejam fechados até agosto, para em outubro/novembro começarmos a trabalhar com um número de 50 a 100 mil animais”, prospectou o Gerente de Projetos Especiais do Grupo Marfrig, veterinário Roberto Barcellos. Já o Programa Marfrig Premiação, estabelecido em parceria com a ABA, incentiva o pecuarista que produz qualidade. “Oferecendo um retorno diferenciado aos criadores, o Marfrig incentiva o investimento na raça Aberdeen Angus, estimulando também empresas de genética animal ao apresentar o potencial de mercado do Angus”, argumenta Barcellos. Podem participar do Marfrig Premiação todos os produtores que possuam animais Angus ou Cruza Angus dentro do padrão de certificação (no mínimo 50% de genética Angus, jovens e bem terminados), em um raio de 500 km da unidade Promissão do Marfrig. Outras localidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás poderão participar mediante consulta. O peso mínimo exigido é 225 kg/ carcaça para machos e 195 kg/carcaça para fêmeas. O grau de acabamento de gordura mínimo exigido é de 3 a 6 milímetros. Entre os prêmios, machos acima de 270 kg recebem premiação 5% superior pela gordura uniforme e 2% para gordura mediana. Fêmeas acima de 195 kg devem receber o valor da @ do boi para gordura uniforme e 2% para mediana. CARNE Agosto de 2008 5 Em setembro, o terceiro Concurso de Carcaças Angus Foto: Felipe Ulbricht/ABA A Associação Brasileira de Angus (ABA) estará realizando agora em setembro o III Concurso de Carcaças Angus. A promoção terá novamente a parceria com o Frigorífico Mercosul e o abate dos animais integrantes do concurso está programado para ocorrer no dia 12 de setembro, na unidade de Bagé, RS do Frigorífico Mercosul. Os animais deverão ter até quatro dentes e ser Angus ou cruzas Angus, dentro do padrão animal certificado. A premiação será de 5% para todos os lotes aprovados (veja o regulamento no site www.angus.org.br) e de 10% para os lotes campeões – percentual a ser calculado sobre o preço do gado gordo. Segundo o técnico do Programa Carne Angus Certificada, veterinário Fábio Medeiros, o evento será desenvolvido nos mesmos moldes da última edição, visando a valorização da produção de carcaças de alta qualidade a partir da genética Angus. Da edição anterior, realizada em novembro de 2007 na mesma unidade do Frigorífico Mercosul, participaram 270 animais, apresentados por 11 criadores/produtores. O peso médio alcançado foi de 255 kg – resultado superior ao peso médio para gado jovem abatido regularmente no RS, que é de 220 kg. Por solicitação dos próprios produtores, o concurso deste ano será realizado mais cedo. “Esperamos que o número de animais inscritos, que já era bom, seja ainda melhor neste ano”, apontou a diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel Pötter. O regulamento do concurso pode ser localizado pelos interessados no site do Programa Carne Angus Certificada - www.carneangus.org.br. Outras informações sobre este evento podem ser obtidas através do telefone da ABA: 51.3328.9122 ou pelo e-mail [email protected]. 5° Workshop Carne Angus na Expointer A quinta edição do Workshop da Carne Angus será realizada dia 4 de setembro, a partir das 13h30, na Casa da RBS, durante a Expointer 2008, em Esteio,RS. Com o tema “O Futuro da Pecuária de Corte frente à nova economia mundial”, o evento terá como destaque a palestra da pesquisadora do Pensa-USP, Maria Stella Melo Saab, que apresentará uma visão conjuntural da pecuária de corte na nova economia. Realizado pela Associação Brasileira de Angus e Programa Carne Angus Certificada, desde sua primeira edição, o workshop lota a casa da RBS, reunindo todos interessados na cadeia produtiva da carne. Gabrielle conclui estágio no Programa Carne Angus “Minha meta é trabalhar com a certificação de carcaças bovinas e durante o estágio que realizei na Angus tive a oportunidade de acompanhar e aprender sobre todos os passos da certificação na indústria frigorífica”, declarou a agora Zootecnista profissional, recém-formada, Gabrielle Mello, de 22 anos de idade. Aluna do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em Porta Grossa, PR, de março a maio deste ano, Gabrielle atuou como estagiária do Programa Carne Angus Certificada, na unidade de Bagé do Frigorífico Mercosul, sob a supervisão da veterinária Ana Doralina Menezes, supervisora do Programa Carne Angus no RS. “Foi a primeira vez que o Programa Carne Angus Certificada recebeu e pode contar com a atuação de uma aluna de estágio de conclusão de curso de Zootecnia”, informou a Dra. Ana Menezes. “Ela confirmou na prática alguns dados teóricos que já havia acumulado no curso e com certeza enriqueceu seus conhecimentos técnicos e práticos na área de certificação de carcaças”, completou a veterinária da Angus. Livro Crescer no Campo Semeando Conhecimento SIC realizou curso de churrasqueiro profissional Todos os anos o Serviço de Informação da Carne - SIC traz novidades durante a Feicorte e este ano não poderia ser diferente. Em parceria com o Frigorífico Independência, o SIC realizou durante a exposição o I Curso de Churrasqueiro Profissional, onde a nutricionista e consultora gastronômica, Licínia de Campos, Membro do Comitê Técnico da entidade, ministrou o curso abordando fatores desde a produção da carne bovina, suas características, benefícios e qualidades, chegando ao consumo per capita de carne, métodos de churrasquear, altura do braseiro, enfim, explanou tudo o que é preciso para se fazer um ótimo churrasco. Num relato de uma experiência desenvolvida ao longo de oito anos, o livro “Crescer no Campo Semeando Conhecimento”, da escritora Bia Romariz Brochado mostra como transformar uma fazenda numa empresa rural. De forma simples e didática, a autora relata que não é preciso ser uma grande empresa para fazer Gestão de Pessoas e que é importante o produtor estar atento para qualificação e treinamento da mãode-obra, assim como para formação de líderes e equipe de trabalho. Outro ponto que o livro destaca é o trabalho das mulheres rurais, propondo várias alternativas para que elas sintam vontade de participar do trabalho do campo. Publicado pela Martins Livreiro-Editor, a obra é destinada a produtores, estudantes de medicina veterinária, agronomia, zootecnia e está à venda na Livraria Cultura, Livraria do Aeroporto (em Porto Alegre, RS) e na Associação Brasileira de Angus, pelo valor de R$ 30,00. 6 REPORTAGEM Agosto de 2008 Frigoríficos: ociosidade de 40% da a r r o ng a g a N , a i r á pecu Produtor: boi com alta de 24% os ganhos do produtor Por Luciane Radicione D e um lado estão os pecuaristas, que desde meados de 2006 contam com uma valorização média de 55% nos preços da arroba do boi. Do outro, frigoríficos com uma ociosidade média de 40% em função da falta de animais para abate. A baixa oferta que domina os campos brasileiros tem nome e endereço certo: a queda da renda ao produtor que se estendeu entre 2002 e 2006 e que obrigou os produtores a colocarem o pé no freio e a mandar para o frigorífico muitas de suas matrizes como forma de garantir a sua sobrevivência na atividade. “A retração da oferta está diretamente ligada à redução da rentabilidade naquele período e aos altos custos de produção”, afirma Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. Segundo ele, no ciclo de baixa para o produtor houve um aumento de 169% no abate de fêmeas, enquanto que entre os machos esse índice foi de 39%. Os preços praticados pelo mercado foi o que motivou o produtor a vender matrizes. No Rio Gran- entrará em uma fase intermediária a partir de 2009, é o momento em que se acende a luz amarela, mas o que vai determinar o prolongamento deste ciclo são os investimentos”, diz. Em outras palavras, ele recomenda cautela aos produtores: gestão eficiente da propriedade, investimentos na medida certa e ter sempre na ponta do lápis o cálculo dos custos. “Sempre que o preço do boi aumenta, surgem outros fatores que tiram a rentabilidade”, reforça, lembrando que a pecuária de alta tecnologia acumula uma elevação de 91% nos custos dos insumos desde 2001, enquanto sária a gestão eficiente para que os custos não comam a renda”, enfatiza. Posição mais otimista vem do presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm. O dirigente aposta que os preços não devem ser afetados com de do Sul, por exemplo, o preço do a maior oferta de bois para abate em bezerro entre 2001 e 2005 não rea2009 e 2010. Ele acredita que havegiu nem em termos nominais: enrá um reequilíbrio nas cotações, não quanto em 2001 a cotação andava na se distanciando dos atuais R$ 3,00 casa dos R$ 296,00 em termos nopagos pelo quilo vivo no Rio Grande minais, ou R$ 603,85 corrigidos hoje do Sul. “Não haverá uma escalada pelo IGP-DI, no auge da crise, no baixista como ocorreu no passado, final de 2005 o preço do bezerro corpois o consumo de carne está aquerigido era de R$ 315,58. Em termos cido, fruto do aumento do poder nominais caiu para R$ aquisitivo da popula263,00. “Este cenário ção”, afirma. Mas o foi o responsável pelo momento exige, sePara ganhar valor, mais adiante o enxugamento do mergundo ele, cautela nas pecuarista precisará aumentar a cado”, lembra Tito negociações comerciprodução, empregar mais tecnologia e Rosa. ais, além de retomada A reação dos predos investimentos em ampliando sua escala ços agora é o que vai tecnologia, sanidade, possibilitar ao padronização do gado pecuarista maiores investimentos na que na de baixa tecnologia a varia- e rastreabilidade. O último relatório produção, e a tendência, segundo o ção para cima é de 100% em função da Farsul sobre abates revela que o consultor, é de que neste ciclo de alta do uso de mão-de-obra. Longe da pecuarista gaúcho iniciou a retenção os produtores aumentem a retenção discussão de permanência ou não de de matrizes no campo: a proporção de matrizes para garantir o equilíbrio ciclos de alta ou baixa na pecuária, de animais que foram para o gancho da oferta nos próximos meses. His- Tito Rosa acredita que a tendência é é de 60% de machos e 30% de fêmetoricamente, o período de alta leva de que o produto perca valor mais as. de seis a dez anos e 2008 já emplaca para a frente, puxado pela desvaloriNem todos os segmentos da pecomo o ano terceiro ano consecuti- zação real das commodities agríco- cuária estão sendo beneficiados pelo vo de preços mais remuneradores. las. “Para ganhar valor o pecuarista ciclo atual. Na opinião do diretorTito Rosa prevê que o produtor deve precisará ter escala, ele será obrigado técnico da AgraFNP, José Vicente se beneficiar por mais um ano neste a aumentar a produção, empregar Ferraz, o momento é favorável apecenário. “Acredito que a pecuária mais tecnologia e, para isso, é neces- nas para quem trabalha com cria, em Custos de produção nas alturas, falta de matérias-primas no campo leia-se boi para abate, frigoríficos ociosos e dispensando mão-de-obra e pecuaristas afoitos por renda e novos investimentos na atividade. O cenário traduz exatamente as condições atuais da cadeia produtiva da carne bovina no Brasil, e pode ser comparada a uma gangorra: se algum elo da cadeia está em alta, outro amarga prejuízos. função da alta significa no preço do bezerro. “Para quem trabalha com recria e engorda, quem tem que comprar para repor, o cenário não melhorou em nada”, afirma. O diretortécnico da AgraFNP adverte que chegou o momento de o produtor tomar decisões importantes. Uma delas é não fazer grandes investimentos. “É melhor esperar e investir nos picos de baixa para vender na alta. Ou seja, entrar na cria agora é arriscado, já que os investimentos vão maturar em um prazo de um ano e meio”, adverte. Em relação aos preços atuais pagos no mercado interno, Ferraz diz ser forte a tendência de permanência da valorização, já que o abate de matrizes foi muito intenso nos anos anteriores. A limitação da oferta, porém, pode trazer impactos negativos quando o assunto é atender ao mercado externo. Segundo levantamento da AgraFNP, a demanda mundial de carne deve crescer entre 250 mil a 300 mil toneladas por ano, especialmente por parte dos países asiáticos e pelos Estados Unidos. O estudo mostra ainda que o Brasil não conseguirá absorver esse aumento de demanda – tanto pelos altos custos de produção, quanto pela dificuldade de repor no campo um volume considerável de bois para abate. >> Jornalista Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato Foto: JG Martini Agosto de 2008 7 8 REPORTAGEM Agosto de 2008 Tempo de vacas magras para os frigoríficos S e para o produtor a queda de rentabilidade deu uma trégua, céu de brigadeiro está longe da realidade dos frigoríficos brasileiros. Na cadeia produtiva da carne dificilmente todos os elos da cadeia saem ganhando. “O momento é crítico”, alerta o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. Segundo ele, em todas as regiões do Brasil o que se vê são frigoríficos sem escala, beirando os 40% o nível de ociosidade, quando a taxa média é de 15% a 20%. A luz no fim do túnel seria, nesse momento de preços mais remuneradores, trazer de volta para a pecuária os produtores que migraram para outras atividades em épocas de vacas magras. “O futuro a Deus pertence. Apostamos que os preços atuais estimulem o produtor e que esse retome os investimentos com maior eficiência para que no futuro a equação oferta/demanda esteja equilibrada”, afirma. No Rio Grande do Sul a escassez da oferta foi responsável no ano passado por mais de 4 mil demissões nos frigoríficos. Neste ano a tendência é de mais dispensas progressivas. O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle, explica que a falta de boi vem obri- gando as indústrias a concentrarem o abate em algumas unidades, como forma de conter os custos. O Frigorífico Mercosul dispensou todos os 250 funcionários da planta de Capão do Leão e, na mesma região, o Extremo Sul, que faz o abate e a desossa para o Mercosul, fechou mais 150 postos de trabalho, o equivalente a 60% do pessoal empregado. Outra unidade afetada no Rio Grande do Sul foi o Frigonal, de Montenegro. Pertencente à rede varejista Wal-Mart, o Frigonal encerrou as atividades de abate e desossa, devido à limitação da capacidade produtiva. Para evitar maiores prejuízos e manter em funcionamento as plantas, ainda que de forma concentrada, as indústrias gaúchas abastecem as unidades com carne oriunda de diversos estados (carne com osso e desossada), entre eles Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre. O produto chega ao Estado pela média de R$ 5,20 o quilo, enquanto no mercado doméstico o preço pago chega até R$ 5,80. Enquanto as indústrias gaúchas juntas têm uma capacidade de abate de 3,5 milhões de animais por ano, em 2007 apenas 1,2 milhão de bovinos foram para o gancho. “A previsão para este ano é ainda pior. Estimamos que o abate seja de apenas 1,1 milhão de bois”, informa Moussalle. No Brasil, o abate de bovinos registrou redução de 10% nos primeiros três meses deste ano, primeiro recuo desde 1997. No período foram para o gancho 7,1 milhões de cabeças. Os Estados do Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul representaram 38,8% do total de abates. Já o Rio Grande do Sul apresentou a maior redução relativa (-22,7%). Se o abastecimento interno foi afetado, o que dirá as exportações. Somente no Rio Grande do Sul a escassez de oferta reduziu em 50% os embarques de carne bovina em 2007 sobre o desempenho de 2006, fechando em 101 mil toneladas. Para 2008 os números são mais nebulosos. “Estimamos que as exportações caiam ainda mais 10% sobre as 90 mil toneladas de 2007”, prevê o dirigente. Em todo o País, a receita com embarques é o que vem animando produtores e indústrias, que cresceu 13% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os negócios renderam US$ 2,5 bilhões, contra US$ 2,2 bilhões nos primeiros seis meses do ano passado. O volume, porém, foi um milhão de toneladas menor, ou 19% inferior. EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA (in natura, industrializada e miúdos) PERÍODO Jan/jun 2008 Jan/dez 2007 Jan/dez 2006 Jan/dez 2005 TONELADAS 702.360 1.615.420 1.596.934 1.457.992 US$ 2.503.561 4.424.544 3.993.639 3.148.925 Fonte: Abiec Boi em pé: vilão ou mocinho? Não demorou muito para que o embarque de animais vivos causasse impacto junto à cadeia produtiva. As margens apertadas dos produtores no ano de 2005 motivaram muitos a estrear nesse tipo de negócio. Só em 2007, segundo dados da Scot Consultoria, mais de 430 mil bovinos em pé foram exportados pelo País, tendo como destino os mercados do Líbano e da Venezuela. Se para os produtores foi um bom negócios enxugar os campos com preços mais compensadores que o mercado interno, para os frigoríficos foi a gota d’água para justificar o aumento da escassez de matéria-prima. Além disso, quem se opõe a esse tipo de comércio se baseia nos prejuízos que a venda de matéria-prima, pura e simples, pode causar à economia do Brasil. “É um retrocesso para o País exportar gado em pé, pois prejudica a nossa indústria, a de rações, a coureiro-calçadista, a de tintas e vernizes e muitas outras. Toda a matéria-prima vai embora junto com o boi”, critica o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar. Segundo ele, as vendas de animais vivos não representam nem 1% do rebanho, mas podem se tornar uma dor de cabeça se a tendência for de aumento. É justamente essa a previsão da Scot Consultoria. Fabiano Tito Rosa acredita que a representatividade do Brasil no mercado mundial de bovinos vivos deve passar de 10% neste ano. “Todo o mundo precisa de gado em pé, e o Brasil passou a ser mais um fornecedor mundial. Carne e boi são produtos comerciáveis”, destaca ele, que vê com bons olhos o aumento de players no setor. “Quanto mais, melhor, assim como acontece em qualquer elo da cadeia”, frisa. Segundo ele, a questão é meramente comercial. “Se surgiu a oportunidade, e esta for boa, o produtor deve aproveitar.” José Vicente Ferraz, da AgraFNP, ressalta que o coro dos frigoríficos se dá porque, com o negócio, muitos perderam a possibilidade de impor certos preços. “Não se pode pregar limite de mercado ape- de criações extensivas, e passam a ser as missões vieram ao País e negocianas quando a situação não está boa alimentados exclusivamente com ra- ram o embarque da carne, sem a nepara um dos lados”, afirma. ção”, conta. Nesse caso, muitos não cessidade de compra do gado vivo”, Mas o debate sobre as exporta- reconhecem a ração como alimento, afirma. Segundo Charli, o Brasil é alvo ções vai além do comercial. O cres- emagrecem e acabam, inclusive, mor- porque possui oferta e preços que cimento dos embarques no ano pas- rendo. “A mudança na dieta é um compensam. “Isso é especulação a tasado chamou a atenção da WSPA fator que gera estresse, além da mis- xas baixas. Os compradores vêm aqui, Brasil, Organização Não-Governa- tura dos lotes, que quebra a hierar- negociam direto com o fazendeiro, mental (ONG) que atua fortemente quia entre eles”, esclarece Charli. fazem a compra e vendem no seu país na luta pelo bem-estar dos animais. Para a coordenadora, a justificati- com muito preço em cima”. Para a Desde fevereiro do ano passado o va religiosa utilizada pelos comprado- integrante da WSPA, esse é o pior Brasil integra uma coligação mundi- res não se aplica, já que no Brasil há negócio que o Brasil pode fazer, sob o al que visa acabar com o transporte plantas habilitadas para abates dentro ponto de vista econômico e de nãode animais em longas distâncias. A das exigências de países árabes (Halal) aplicação das regras que visam o bemcoordenadora nacional do Programa e da religião judaica (Kosher). “Vári- estar animal. de Abate Comunitário da WSPA Brasil, Charli Ludtke, afirma que o emBOVINOS EXPORTADOS EM 2007 barque de animais vivos traz, além de prejuízos IMPORTADOR AP MS PA RS Total econômicos ao País – por Venezuela 247.299 247.299 não gerar valor agregado Líbano 3.441 170.928 9.377 183.746 – também é sinônimo de Bolívia 792 792 maus tratos. “Os probleTotal 3.441 792 418.227 9.377 431.837 mas ocorrem desde a alimentação, uma vez que Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior os animais são oriundos Agosto de 2008 9 10 REPORTAGEM Agosto de 2008 Qualidade na carcaça: critérios que valem ouro Fotos: ABA/Divulgação Por Luciane Radicione Produzir carne dentro dos padrões exigidos pelo mercado consumidor, seja no Brasil ou no exterior, deixou de ser apenas uma oportunidade de receber mais na hora da vender o boi ao frigorífico. Hoje, o que os pecuaristas devem ter em mente é que a palavra qualidade se tornou sinônimo de um lugar ao sol no competitivo mercado mundial da carne bovina. De uns anos para cá é visível a preocupação dos criadores brasileiros, e da cadeia produtiva como um todo, em fazer uso de tecnologias que direcionem a produção dentro dos critérios técnicos exigidos pelas indústrias e mercados compradores. Em todos os segmentos, seja no campo, na pesquisa, na indústria ou no varejo, estão sendo colocadas em prática iniciativas que visam à modernização e o aumento da competitividade da carne produzida no Brasil. Mas como funciona o processo de produção de uma carcaça de qualidade? Quais as técnicas de manejo que precisam ser adotadas? A tradição do Brasil como grande produtor de carne na maior parte das vezes não é garantia de que a criação resulte em produtos diferenciados para o consumidor. No entanto, o acesso à informação e a divulgação de práticas recomendadas, seja por meio da imprensa, da internet e especialmente partindo das associações de criadores de raça, hoje são realidade na vida do pecuarista. Treinamento Aus-meat realizado no Rio Grande Sul: caminho para qualidade em nível internacional Produtor busca informações sobre padrões de qualidade I ndependentemente do tamanho do rebanho, está ocorrendo uma busca intensa por informações por parte de quem quer produzir dentro dos padrões de qualidade. É o que garante, por exemplo, o professor titular da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Pedro Eduardo de Felício. “Está se processando uma transformação na indústria, que agora começa a dizer o que quer comprar”, afirma. A padronização visa garantir maior objetividade nas transações entre pecuaristas e frigoríficos e cada vez mais se apresenta como uma tendência mundial, a exemplo de países como Estados Unidos e Canadá, que fazem uso de sistemas objetivos de classificação de carcaças. No campo, Angélica Pereira o olho clínico do criador já é um forte aliado na diferenciação dos animais que apresentam as características ideais para a produção da carne desejada. “Há diversos pontos no corpo do bovino que evidenciam se ele tem ou não condições de apresentar os resultados desejáveis no gancho”, diz o especialista. ACABAMENT O ADEQ U ADO ADEQU ACABAMENTO De acordo com Felício, entre os critérios que determinam a qualidade de uma carcaça, a cobertura de gordura é o que tem peso mais importante na hora da seleção, seguida do peso e da musculatura ou conformação. Isso porque os consumidores querem uma carne tenra, com uma camada de gordura mínima entre 3 a Fábio Medeiros 4 mm e máximo de 7 a 8 mm. A terminação deve ser realizada de forma a proporcionar um grau de acabamento adequado para que a carcaça apresente uma cobertura de gordura suficiente e para propiciar a deposição de gordura intramuscular, o chamado marmoreio. A espessura de gordura subcutânea pode ter um papel significativo na redução do encurtamento pelo frio durante o processo de resfriamento da carne. Outro fator fundamental que precisa estar de acordo com as exigências do frigorífico é o peso da carcaça, embora possa variar de região para região. Pedro de Felício observa que no Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, carcaças de até 300 kg são bem aceitas pelas indústrias, enquanto que no Rio Grande do Sul, o peso varia entre 240 e 280 quilos. “Antes de partir para a terminação é importante que o criador saiba para qual mercado estará produzindo”, destaca o professor. BUSCA DA CAR CAÇA CARCAÇA COMEÇA NO NASCIMENT O NASCIMENTO De acordo com Fábio Medeiros, técnico do Programa Carne Angus Certificada, a produção de um animal de qualidade superior começa bem antes do que a maioria dos pecuaristas imagina. “Na minha opinião, esse processo se inicia com a escolha dos reprodutores que apresentem características buscadas na carcaça, como área de olho de lombo superior, facilidade de acabamento e marmorização”, afirma. Em outras palavras, o processo se dá desde o nascimento do bezerro, etapa em que o animal já deve receber o manejo adequado em nutrição, de forma que não haja limitações no seu potencial de crescimento e para que atinja o peso ideal de abate até os 2430 meses. Na avaliação de Medeiros, falhas no manejo nutricional ainda contribuem para que o animal não expresse todo seu potencial na hora do abate. “Muitos fornecem nutrição adequada apenas durante a terminação, não compreendem que nesta fase grande parte do desenvolvimento muscular e esquelético do animal já está completo”, salienta o técnico. O manejo que garante o bem-estar animal é outra prática determinante na produção de carcaças de qualidade. Animais mal tratados, com contusões e que são criados de forma agressiva, têm mais chances de apresentar uma carne mais escura e menos macia do que os bovinos manejados adequadamente. De acordo com Medeiros, evitar esse tipo de prejuízo depende de boas práticas dentro da propriedade e fora dela, na hora do transporte, por exemplo, onde podem ocorrer contusões que depreciam a carcaça. MENOR IDADE DÁ A MA CIEZ MACIEZ Além do bem-estar e do acabamento de gordura, a idade influencia diretamente na qualidade do produto no quesito maciez da carne. Segundo a veterinária e professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Angélica Simone Pereira, animais velhos apresentam carcaças mais pesadas e com maior teor de gordura. Em contrapartida, os cortes tendem a ser mais duros em função da solubilidade menor do colágeno presente no músculo. “Por isso a importância da genética e da nutrição adequados, pois estes favorecem a precocidade dos animais, levando à redução da idade de abate, com deposição de gordura na carcaça e marmorização de cortes considerados especiais”, explica Angélica, citando como exemplo cortes como a picanha e o contrafilé. >> Agosto de 2008 11 12 Agosto de 2008 REPORTAGEM Parcerias impulsionam a busca por padrões definidos Fotos: ABA/Divulgação Carcaças de qualidade são obtidas unindo material genético, sistema de produção e uma matéria-prima padronizada em nível de frigorífico O emprego de sistemas de classificação de carcaças no frigorífico, na visão da veterinária Angélica Pereira, é quase uma obrigatoriedade quando se quer adequar os produtos aos padrões exigidos pelo mercado. "Para atender a nichos de mercados de alta qualidade e valor agregado, é essencial o estabelecimento de estratégias que envolvam desde a escolha do material genético, a adequação ao sistema de produção e, em seguida, disponibilizar às indústrias da carne uma matériaprima padronizada”, afirma a técnica. Neste padrão estão incluídas exigências de peso, idade, grau de acabamento e marmorização. O Programa Carne Angus Certificada, desenvolvido pela Associação Brasileira de Angus (ABA) em parceria com a indústria, é uma dessas iniciativas que visa a qualificação do produto entregue ao frigorífico por meio da valorização e do pagamento por qualidade aos produtores integrados. O animal entregue aos frigoríficos parceiros, Mercosul, no Rio Grande do Sul e Marfrig, com planta em Promissão, no interior de São Paulo, devem ser jovens, bem acabados, com um mínimo de gordura de conformação de carcaça subcôncava e possuírem mais de 50% de sangue Angus. O técnico do Programa Carne Angus, Fábio Medeiros, explica que a seleção dos animais é feita pelos próprios técnicos do programa, profissionais que são os responsáveis pelo acompanhamento do processo da produção da carne desde a chegada ao frigorífico credenciado, até a gôndola dos supermercados e restaurantes. O produto comercializado é certificado pela ABA por meio da identificação diferenciada da carcaça no frigorífico. Criado em 2003, a iniciativa do programa de carne de qualidade da ABA vem agregando cada vez mais criadores do Sul e do Sudeste do Brasil, interessados em produzir cada vez mais e melhor, de acordo com o que dita o mercado. E ganhar mais por seus animais, por certo. Além da conquista da excelência produtiva, a valorização recebida pelo produto diferenciado é altamente atrativa dentro do programa. “O interesse é evidente até mesmo pelo grande crescimento que temos observado na comercialização de sêmen e de reprodutores”, destaca Medeiros. O Frigorífico Mercosul, credenciado no programa da ABA desde 2003, embora tenha concentrado ultimamente os abates dos fornecedores apenas na planta de Bagé e Alegrete, ambas no RS. Segundo o zootecnista Mário Macedo, gerente corporativo de compra de gado do Mercosul, a retomada dos abates deve se dar assim que houver um aumento da oferta de gado nos campos gaúchos, movimento que começa a tomar força a partir de 2009. Macedo afirma que a iniciativa da ABA de promover parcerias com produtores, indústrias e varejo foi um grande salto para aumentar a qualidade da carne bovina do Brasil. “É uma forma de todos os elos pararem de competir e trabalharem em prol de um objetivo único”, salienta. Para ele, o sucesso do programa está diretamente ligado ao fato de que todo o trabalho foi montado buscando a valorização do produto. O frigorífico Mercosul quer retomar a bonificação de 2% assim que a oferta no Rio Grande do Sul for equilibrada. O gerente de Projetos Especiais do Frigorífico Marfrig, Roberto Barcellos, lembra que o País ainda carece de carne de qualidade, e que parcerias que geram bonificação às carcaças com melhor padrão são importantes para estimular a preferência dos consumidores brasileiros, muitas vezes atendidos por cortes da Argentina e do Uruguai. “O envolvimento de toda a cadeia produtiva e a melhor remuneração ao criador são práticas que dão certo para o Brasil produzir uma carne com padrão superior até mesmo em relação aos produtos importados”, destaca. Para a carcaça que atinge todos os padrões máximos o Marfrig bonifica a arroba em até 5%. Jornalista Roberto Barcellos, do Marfrig: integração da cadeia produtiva nacional pode gerar carne superior até do que produto importado Os critérios objetivos e seus benefícios * IDADE - Afeta diretamente a maciez. Recomenda-se abate de animais jovens até os 24-30 meses. MARMORIZAÇÃO * MARMORIZ AÇÃO - Também tem influência direta sobre a maciez, pois além de ser importante na manutenção da suculência durante o processo de cozimento, atua na mastigação, lubrificando as fibras musculares e estimulando a O - A gordura de cobertura protege a carcaça da ação do frio, * ACABAMENT ACABAMENTO funcionando como um isolante térmico, fazendo com que o produto resfrie em velocidade adequada, evitando o encurtamento pela ação do frio, além de proteger do escurecimento. É também uma exigência por sua relação com o marmoreio. Em função de a gordura de marmoreio ser o último depósito a ser formado, é pre- liberação de saliva. * PESO - É uma característica importante no atendimento das demandas específicas do mercado em relação ao tamanho de cortes. ciso um adequado grau de acabamento para que a carne seja marmorizada. * RAÇAS - As britânicas, especialmente Angus, produzem carne mais macia e marmorizada que as raças continentais e zebuínas. Ciranda Agosto de 2008 13 14 Agosto de 2008 PERFIL Trabalho em equipe e aplicação em qualidade: a fórmula do sucesso da Estância do Espinilho Fotos: ABA/Divulgação Com apenas uma década de criação de Angus, a Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS, pelas premiações que vem alcançando e pelos negócios já realizados, tanto de aquisições quanto em vendas de animais, sem dúvida passou a chamar a atenção das pessoas que circulam no competitivo mundo Angus no Brasil. “Nosso principal segredo é a equipe que montamos para tocar o projeto de pecuária com o foco na seleção Angus”, revela o proprietário da Espinilho, selecionador Roberto Soares Beck. ram como base fundamental a qualidade. Não compro um animal somente porque seu preço está bom. Sempre me esforço em identificar e investir em animais de comprovada correção estética e performance”, sentencia. Ele também atribui o rápido sucesso de seu estabelecimento ao entusiasmo que sempre tem ao Beck e esposa, presença constante no circuito Angus lidar com o plantel de Angus. “Não se pode faSegundo ele, a alma de todo o zer algo por fazer. Não acredito em processo de escolha de reprodutores sucesso por acaso. Em qualquer ramo está baseada, num primeiro momen- de negócio, é preciso agir com ao to, em suas avaliações pessoais. “Iden- lado da razão, mas sempre com muitifico um animal e, após analisá-lo a ta emoção e determinação”, sintetipartir de meus conhecimentos sobre za. o biótipo ideal a ser buscado em Roberto Beck observa que sua Angus, ouço as opiniões dos técni- atividade principal sempre foi a lacos que me assessoram e só então é voura. “Sou plantador de soja, como tomada a decisão”, revela Roberto praticamente todos os empresários Beck, observando que “a fórmula tem de minha região, que se caracteriza rendido bons frutos”. pelas grandes áreas de agricultura”, Os veterinários Flávio diz. Mas ele completa alegando que Montenegro Alves (área de justamente por ser uma região de zootecnia) e Rednilson Góes (área da muita agricultura, em sua cabanha, reprodução animal) assessoram desde que nascem, os animais são criRoberto Beck em todas as suas deci- adores com abundância em alimensões e conduzem os processos técni- tação de qualidade. cos da cabanha. E na hora de cuidar Mas e a opção por Angus? Beck ou de apresentar animais em pista, poderia ter escolhido qualquer oudestaca-se a figura de seu capataz, o tra raça, quando decidiu formar sua cabanheiro Áureo Fernandes, que é cabanha. Sua família sempre lidou o gerente da área de pecuária. com pecuária extensiva. Mas ele afirBeck também atribui o sucesso de ma que escolheu a genética Angus seus animais a uma política empre- principalmente pela fertilidade da sarial da qual não abre mão: “todos raça. “Quem trabalha com Angus os nossos investimentos sempre tive- sempre tem um índice de prenhes e por conseqüência de nascimentos bem acima da média”, provoca. Ele se recorda muito bem de quando trouxe o primeiro animal à Expointer. “Foi no início dos anos 2000. Era uma terneira, que saiu de pista com o campeonato da categoria. E vendi no Golden Angus por R$ 12 mil”, conta o criador. “Isto foi um enorme estímulo para mim, que estava começando. Não imaginava que tiraria esse prêmio numa pista tão disputada quando a de Esteio, ou que venderia tão bem a terneira. Um e outro foram boas surpresas para mim”, reconhece ele. No ano seguinte à sua estréia na Expointer, Beck levou animais de sua criação à pista de Londrina. “Novamente com uma fêmea jovem, conquistei o campeonato Futurity, na primeira edição deste concurso. E vendi essa fêmea por R$ 37 mil. E como em Esteio, foram mais duas enormes e boas surpresas”, diz o agroempresário. Em seu trabalho de seleção, Roberto Beck, Flávio Alves (D) e o cabanheiro Áureo Fernandes (E) Roberto Beck não economiza, nem em investimentos e muito menos em tecnologias. “Estamos trabalhando forte com transferência de embriões. Temos uma média de 100 embriões transferidos e estamos sempre coletando e transferindo”, diz o cabanheiro, revelando que a meta é chegar a um plantel de cerca de 400 animais, todos altamente selecionados. “Na última temporada produzimos em torno de 40 touros novilheiros. E queremos elevar este número à medida que incrementamos nosso plantel, sem- Terneiros rústicos já são uma marca registrada da Espinilho pre com muita pressão de seleção, tendo na mira cada vez mais qualidade”, prospecta. A evolução da Espinilho segue a passos firmes. Só neste ano, já conquistou a terceira melhor fêmea de Londrina e a reservada grande campeã da Feicorte, ambas exposições de categoria “A”. Isto sem falar da fantástica venda de uma terneira no leilão deste ano da Reconquista Agropecuária por R$ 114 mil. “Essa fêmea é filha de um touro norte-americano que vem sendo bastante utilizado por selecionadores argentinos”, detalha, comentando que a terneira foi arrematada pelo novo criador paulista Vicente Costa e pelo conhecido selecionador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, da Casa Branca Agropastoril. “A pecuária está em alta, não só no Brasil mas em todo o mundo. As pessoas querem carne de qualidade. E isto é o mesmo que dizer que as pessoas querem Angus, porque são sinônimos”, compara o selecionador Roberto Beck, olhando para o futuro de sua criação de Angus com um otimismo de fundamento. Agosto de 2008 15 16 ARTIGO TÉCNICO Agosto de 2008 Dados de carcaça da raça Aberdeen Angus Méd. Vet. Fernanda N. Kuhl C om o intuito de promover o melhoramento genético da raça, a Associação Brasileira de Angus (ABA), criou no ano de 2007, o Comitê de Melhoramento Genético, que atua junto ao Conselho Técnico da entidade. Dentre os vários feitos com este propósito, podemos citar: Fomentar o melhoramento genético entre criadores e interessados na raça, através dos Cursos de Credenciamento e Atualização de avaliadores do PROMEBO; premiar criadores que avaliam seus animais e difundem uma genética selecionada, como o prêmio lançado em 2007: Mérito Genético Angus; Além do Teste de Progênie e o Sumário de Touros, que é uma publicação confeccionada há vários anos, baseado em dados avaliados pelo PROMEBO. Desde o ano de 2006, com o intuito de auxiliar os jurados, das Exposições ranqueadas “A” da ABA, foi iniciado um trabalho de avaliação de Carcaças por Ultrasonografia dos animais participantes. A avaliação de carcaça de animais in viv vivoo é um método rápido e econômico de estimar a composição corporal dos animais. Este método auxilia no propósito da raça que é produzir carne de qualidade. Então, pode ser utilizado em programas de seleção variados: seleção de touros pais ou doadoras, sendo uma ferramenta auxiliar ao fenótipo e linhagens dos animais em questão; escolha de touros para utilização em rebanhos comerciais que realizam ciclo completo ou para produtores de terneiros; realização de descarte de animais que não apresentem as características produtivas buscada; etc. Realizando a mensuração destes dados nos animais, conseguimos observar características, que serão transmitidas à progênie, antes do animal iniciar sua vida reprodutiva. Na prática podemos ter in- formações produtivas de um touro, antes de ter filhos em idade para serem avaliados (desmame ou sobreano), assim conseguiremos evoluir mais rapidamente nas características desejadas. Lembrando sempre que as avaliações de progênie são indispensáveis nos programas de melhoramento Genético e jamais devem ser substituídas pelas avaliações de Carcaça, e sim somadas para objetivo em comum. Esta avaliação é realizada em exposições da raça, como ferramenta auxiliar no julgamento dos animais; predizendo informações produtivas de interesse econômico, relacionadas ao produto final, a carne. INTR ODUÇÃO: INTRODUÇÃO: O crescimento é uma função primordial, pois apresenta relação direta com a quantidade e a qualidade da carne, produto final da exploração. As alterações nos depósitos de tecido adiposo, muscular e estrutura esquelética afetam consideravelmente a composição química e morfológica do corpo do animal. As proporções de gordura, tecido magro e osso em qualquer fase da curva de crescimento e desenvolvimento são de interesse dos produtores, indústria, retalhista e consumidores, porque influenciam no nível de eficiência de produção e na aceitabilidade da carne no mercado (Tarouco et al.,2006).Uma das formas de se avaliar o crescimento animal é por meio de curvas de crescimento. A curva típica de crescimento durante a vida de um animal apresenta uma forma sigmóide, ou seja, o crescimento durante a primeira etapa da vida é lento, depois se acelera, atinge um máximo, para finalmente diminuir. Os tecidos animais se desenvolvem através de uma seqüência: inicia com o tecido nervoso, tecido ósseo, tecido muscular e por ultimo tecido adiposo. Este último ainda se deposita de diferentes maneiras no animal, sempre respeitando uma ordem: 10Interna(órgãos), 20Intermuscular, 30Subcutânea, 40Gordura intramuscular (marmoreio). Este depósito depende de vários fatores, entre ele o genético. Outro ponto importante é a diferença de deposição de gordura em função do sexo: as fêmeas apresentam uma deposição de gordura mais rápida do que os machos. Nestes a deposição também varia, sendo que os animais castrados depositam gordura antes do que os animais inteiros. TRASONOGRAFIA: UL ULTRASONOGRAFIA: O uso da ultrasonografia para avaliar características produtivas, nos animais in vivo, esta cada vez mais utilizada. Esta ferramenta pode nos fornecer informações quantitativas, como musculosidade e espessura de gordura; qualitativas, como espessura de gordura intramuscular; além de poder ser utilizada em programas de melhoramento, quando da avaliação de reprodutores que apresentam os melhores indicadores para produção de carne e acabamento, através do próprio animal ou a avaliação de sua progênie. O objetivo destas avaliações é auxiliar com informações de suporte aos jurados nos julgamentos; informações adicionais aos catálogos das Exposições, dando maior suporte também ao público que assiste aos julgamentos; estimular os criadores à realizar estas avaliações em seus animais; além de ser utilizada como ferramenta de melhoramento, onde se prioriza a premiação do animal que apresenta o biótipo mais adequado à raça. A rotina das exposições às quais ocorrem estas avaliações é a seguinte: uma pessoa treinada coleta estes dados por ultrasonografia, e disponibiliza estes dados para a ABA, que os publica no catálogo de julgamento dos animais em questão. As medidas que são avaliadas são as seguintes: Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS) e Espessura de Gordura na Picanha (P8). ·A OL (cm2 )- é medida entre a 12ª e AOL 13ª costela, onde se localiza o músculo longissimus dorsi. Tem correlação com rendimento da carcaça em cortes nobres (musculosidade). · EGS (mm)- relaciona-se com acabamento de carcaça,essencial para evitar enrijecimento postmortem que compromete a qualidade da carne. · P8 (mm)- relacionada com a precocidade de acabamento. Nota-se que são avaliadas 2 indicadores de acabamento de carcaça (entenda- se gordura). Isto ocorre pelas diferenças de deposição desta gordura no animal. Primeiramente, esta deposita-se no traseiro e dianteiro, avançando em direção a coluna vertebral e descendo posteriormente para parte inferior da costela. Por este motivo, podemos encontrar animais que tenham uma medida de P8 adequada, mas uma cobertura de gordura em total deficiente, causando perdas na indústria. PR OCEDIMENT OS DE COLET A: PROCEDIMENT OCEDIMENTOS COLETA: Foram coletadas 1206 amostras, sendo 441 machos e 765 fêmeas, em exposições da ABA ranqueadas como “A”, iniciando as coletas no ano de 2006 até o mês de maio do ano de 2008. Os dados coletados foram avaliados divididos por sexos, gerando médias fenotípicas dentro das idades avaliadas, que foram dos 6 até os 25 meses. Foram eleitas algumas idades em especial, dentro das categorias de julgamen- tos, para serem apresentadas, mostrando as médias e valores mínimos e máximos encontrados. Alguns valores encontrados para fêmeas, estão demonstrados nas planilhas abaixo ( Tabelas 3 e 4). Tabela 3 Valores para fêmeas com 18 meses variáveis N MÉDIA DESVIO PADRÃO AOL (cm2) 45 80.86 11.34 EGS (mm) 45 9.69 4.07 P8 (mm) 41 11.96 4.71 A Tabela 4 mostra as médias de fêmeas, com 18 meses de idade, avaliadas pelo PROMEBO, em diferentes regimes MÁXIMO 87,1 8,2 MÍNIMO 80.71 5 6.51 MÁXIMO 109.00 18 31.90 pelo PROMEBO, como exemplo ao realizado com as fêmeas. Tabela 7 Machos avaliados pelo PROMEBO, aos 20 meses variáveis N MÉDIA DESVIO PADRÃO AOL (cm2) 184 42,99 12,53 EGS (mm) 184 1,97 1,16 P8 (mm) As tabelas que demonstram as avaliações do PROMEBO, apresentam valores bem abaixo dos encontrados em exposições. Estas diferenças tão gritantes se justificam por 2 aspectos: elevado número de animais avaliados pelo PROMEBO, quando comparados com os de exposições; e regimes alimentares diferentes (animais a campo comparados com animais que recebem maior aporte nutricional). Podemos concluir que não devemos comparar estes dados e sim utiliza-los como mais uma fonte de informações sobre os animais da raça. CONSIDERAÇÕES: Podemos observar ao analisar as tabelas acima, que há uma grande variabilidade das amostras coletadas, dentro de cada idade. Assim existem machos que, aos 20meses de idade, apresentaram valores de 80.71 até 109 cm2 para AOL, mostrando uma grande disparidade. Outro ponto interessante a ser analisado são as medidas de gordura - EGS e P8. Baseando-se no princípio de que todos os animais receberam um regime alimentar com boa disponibilidade, podemos encontrar divergências entre os valores, mostrando que, mesmo pertencendo a mesma raça, nem todos os animais demonstram a mesmo tipo de terminação de carcaça, alguns deficiente e outros extre- MÍNIMO 19,02 0,4 adotados para as fêmeas (Tabelas 6 e 7). Tabela 6 Valores para machos aos 20 meses variáveis N MÉDIA DESVIO PADRÃO AOL (cm2) 16 97.78 8.30 EGS (mm) 16 9.52 4.33 P8 (mm) 15 12.65 8.28 A Tabela 7mostra as médias dos machos, com 20 meses de idade, avaliadas MÁXIMO 104.60 20.60 22 alimentares e de manejo, avaliadas para as mesmas características. Tabela 4 Fêmeas avaliadas pelo PROMEBO aos 18 meses variáveis N MÉDIA DESVIO PADRÃO AOL (cm2) 261 42,71 8,32 EGS (mm) 261 2,29 1,11 P8 (mm) Para os machos foram utilizados os mesmos parâmetros de avaliação MÍNIMO 52.00 2.20 2.70 MÍNIMO 23,77 0,7 MÁXIMO 81,56 9,2 mamente abundante. Também não podemos esquecer que a genética animal interfere muito nestes fatores. Ao se escolher touros ou vacas com características de maior peso ou rendimento de cortes comerciais, estes fatores são de média à alta herdabilidade, ou seja, são transmitidas as suas progênies. Neste sentido há uma grande oportunidade de seleção, onde com estas avaliações podemos avaliar as progênies em pista, ou os reprodutores para estas características, assim difundindo esta genética melhoradora, tanto em rebanhos mais voltados para produção de animais rústicos, como aos que participam de exposições de argola. Estes parâmetros são importantes para a raça como um todo. Em nosso Sumário,estas avaliações já são publicadas, mas realizadas por interesse dos proprietários dos animais ou de centrais de coletas de touros, ainda hoje a pouca participação dos criadores. Em contrapartida temos a disposição em nossa publicação, uma tabela dos Touros Líderes para índice Carcaça, valorizando os animais que já tem dados coletados e se mostraram superiores para estas características (Figura 8). Assessora técnica Agosto de 2008 17 18 Agosto de 2008 CONSELHO TÉCNICO Encontro valoriza teste de Progênie Angus Fotos: ABA/Divulgação Ressaltando a importância dos trabalhos de seleção genética objetiva, visando a qualificação da produção brasileira, o gerente de operações da Associação Brasileira de Angus (ABA), veterinário Fernando Velloso, abriu o I Encontro Teste de Progênie Angus, em 23 de julho, no Ritter Hotel, em Porto Alegre, RS. "S e ficarmos dependentes da genética testada por outros países, corremos o risco de não obtermos os resultados esperados”, observou Velloso, chamando a atenção dos presentes para a importância dos trabalhos de pesquisa genética para responder questões específicas do pecuarista brasileiro, como a resistência dos animais ao calor e aos carrapatos, por exemplo. Lançado oficialmente pela ABA durante a VII Exposição Nacional da Raça Aberdeen Angus, durante a Feicorte 2007, em São Paulo, SP, o Teste de Progênie Angus vem sendo realizado desde a Primavera do ano passado através de parceria da ABA com as centrais Alta Genetics e Progen. A formalização da parceria, na Feicorte do ano passado, foi assinada pelo vice-presidente da ABA, Luis Anselmo Cassol e pelo presidente da Alta Genetics, Heverardo Resende de Carvalho. O Teste de Progênie trabalha coletando sêmen de touros nacionais selecionados, distribuindo este material para uso de vários criadores de regiões distintas no País e registrando os dados de desempenho através do Promebo, para nascimento, desmame e sobreano. “Foi o início do processo de identificação dos tourospais nacionais”, resumiu o diretor do Conselho Técnico da ABA, Ricardo revelando a importância da interação Macedo Gregory. genótipo/ambiente”, detalhou Bastante experiente e com visão Adriano Rúbio. internacional sobre o assunto, o geO I Encontro sobre o programa rente de mercado da Alta Genetics, Teste de Progênie Angus, que serviu veterinário Adriano Rúbio, enfatizou para manter entre os criadores, proo trabalho que vem sendo desenvol- dutores e técnicos, a importância da vido pela empresa na seleção de tou- identificação e da qualificação da geros Angus nacionais para difusão nética nacional, foi também palco através da inseminação artificial, dan- para o estabelecimento de um amdo ênfase ao uso em cruzamentos plo debate sobre as atividades do priindustriais. “A avaliação genética é meiro ano do programa, aproximanessencial para atender ao desafio de do técnicos e criadores, apontando desenvolver a raça Aberdeen Angus aperfeiçoamentos e idéias e esclarecomo um produto nacional valori- cendo possíveis dúvidas de zado comercialmente”, sintetizou. pecuaristas interessados em particiPara ele, a par do Teste de padronização e a Progênie Angus. qualidade são Influência do meio na “Durante fundamentais este evento, entre performance do touro outras informapara o produtor, que quer gerar é uma das procupações ções que consicarne de qualiderei importandade para a intes, percebi a indústria. E a seleção genética é a base fluência do meio no comportamenpara o atingimento desta meta”, fri- to e performance de um touro ou dos sou o técnico. resultados do uso de uma genética Entre os projetos em desenvolvi- importada, não adaptada ao nosso mento pela Alta Genetics, Rúbio meio”, observou, bastante satisfeito apontou o Programa de Avaliação de por ter participado do encontro, o Touros em Cruzamento (Pacto). “A criador Ismael Solé Filho. meta é realizar a avaliação do mérito Junto com o pai, Ismael Solé, togenético e da qualificação dos touros cam a Cabanha Solé, no município da Alta nas condições reais de cria- de Cerrito, RS (próximo à cidade de ção das diversas regiões brasileiras, Pelotas). Sole Filho também mani- festou sua firme intenção de participar do Teste de Progênie Angus. “Ao mesmo tempo que vamos ter um maior controle sobre o plantel da cabanha, vamos realizar o melhoramento de nosso plantel e rebanho a partir de uma genética adaptada ao nosso meio ambiente e totalmente nacional”, argumentou. Letícia Biscaino Alves, que reativou a propriedade que era do avô, montando há cerca de três anos a Fazenda Vilema, em Manoel Viana, RS, onde trabalha do genética Angus, disse que sempre que seu tempo lhe permite, participa das atividades propostas pela ABA. Médica, cirurgiã, ela considerou valiosas as informações que anotou durante o I Encontro sobre o programa Teste de Progênie Angus. “Por minha própria formação, tenho veia científica. Por isto, já participo do Promebo e acredito que o desenvolvimento da raça Agerdeen Angus precisa ter base técnico-científica”, assinalou. “Lá na fazenda, os primeiros nascimentos recém foram marcados. Mas a meta de nosso trabalho é termos oferta de animais de qualidaede para podermos participar do Programa Carne Angus Certificada”, prospecta a Dra. Letícia. Ela acredita que, pela lógica, os touros nacionais tem todas as condições de produzir melhor que as genéticas importadas. “Esses touros nacionais foram produzidos a partir de genéticas já adaptadas ao nosso meio ambiente e por isto eles devem responder melhor em termos de função na reprodução”, sintetizou a nova criadora de Angus. O Teste de Progênie Angus, conforme a veterinária Fernanda N. Kuhl, Assessora Técnica ABA, faz parte do trabalho de valorização e melhoramento da raça, realizado pelo Comitê de Melhoramento Genético Angus, o qual atua junto ao Conselho Técnico da ABA. “Como realizações mais relevantes para o melhoramento genético da raça, podemos citar: treinamento de Avaliadores PROMEBO, Sumário de Touros e Vacas Líderes, Teste de Progênie Angus, Prêmio Mérito Genético Angus, ultra-sonografia de carcaça nos animais participantes de exposições (coleta de dados para auxiliar no julgamento dos animais). Segundo a assessora da ABA, até agora já foram distribuídas mais de 700 doses dos touros selecionados para participar do teste, entre 16 cabanhas participantes. Fazem parte do teste touros PO e PC, nas pelagens preta e vermelha. Além dos objetivos já citados, o programa visa também testar e provar touros nacionais selecionados por avaliações do Promebo quando estes ainda estão em vida útil. “Assim vamos disponibilizar aos usuários de genética selecionada um material comprovadamente melhorador em um curto espaço de tempo”, aponta Fernanda, destacando igualmente o objetivo de promover a utilização de touros jovens nacionais, testados para características de interesse da raça. Estão aptos a participar do Teste de Progênie os associados Angus usuários do Promebo, produtores integrantes do Programa Carne Angus Certificada e criadores interessados no melhoramento genético da raça. E são pré-requisitos: utilizar o sêmen dos touros jovens (TOP Recurso Genético Angus), aleatoriamente em seus ventres inseminados e ter o comprometimento de envio dos dados de progênie dos touros em teste para o Promebo. Ao final do encontro, os participantes foram recepcionados em almoço de confraternização, oferecido pela Alta/Progen. Adriano Rúbio, Reynaldo Salvador e Fernando Velloso Agosto de 2008 19 20 Agosto de 2008 CONSELHO TÉCNICO Reprodutores para o seu rebanho Foto: Felipe Ulbricht/ABA uma forte correlação genética entre PE e a puberdade de novilhas. LEMBRE-SE: - O período ideal para compra do touro é 6 meses antes do início da estação de monta. - É praticamente impossível um touro ser superior para todas características. O mais adequado é identificar reprodutores que supram as deSeguindo as recomendações básicas na seleção de touros, o produtor terá resultados mais precisos mandas específicas de seu rebanho ou com deps equilibradas. - Valorize animais que possuam - Características de crescimento seleção de touros é a princi(peso ao desmame, ganho de peso) pal ferramenta para modifi- dados de performance e DEP‘s; - Utilize touros com DEP‘s zero possuem alta correlação com o tamacar o potencial genético do rebanho. Na procura do touro adequado, es- ou negativas para Peso ao Nascer para nho adulto. Os aumentos de tamanovilhas. nho e exigências nutricionais sem o tas dicas são fundamentais: - Privilegie animais com bom Pe- proporcional aumento de disponibi- Busque propriedades que trabalham com programas de seleção e rímetro Escrotal (PE touros 1 ano > lidade de alimento, acarretam e remelhoramento genético (PROME- 30 cm). O PE é um excelente indi- dução da eficiência reprodutiva do cador de fertilidade dos touros e há rebanho e aumento nos problemas de BO); A parto. - Frame (estatura) e musculosidade são características altamente herdáveis e com importância econômica. - Observe o temperamento e a correção estrutural do animal (conformação, aprumos, etc). Animais com bons aprumos exercem melhor sua função (monta) e tem maior vida útil. - Solicite o Exame Andrológico dos touros e repita anualmente o exame 60 dias antes da estação de monta. - Informe-se sobre as doenças regionais da procedência dos touros (Tristeza Parasitária Bovina, Hemoglobinúria Bacilar, Raiva, Plantas Tóxicas, etc) e planeje um programa preventivo. - Compre sempre touros marcados (P e CA) e registrados. Pois estes animais tem o aval da Associação Brasileira de Angus e passaram por um os processo de seleção rigoroso. Tour ouros D upla M ca (PP CA) são Maa rrca (PP,, CA CACA) compr es. comproovadamente melhorador melhoradores. - Busque a orientação dos Técnicos da ABA. Credenciamento e atualização de avaliadores Promebo/Angus Já está programada a quarta edição do Curso de Credenciamento e Atualização de Avaliadores Promebo/Angus: será nos dias 28 e 29 de novembro deste ano, na sede da Associação Brasileira de Angus (ABA), em Porto Alegre, RS. Haverá aulas teóricas e também práticas, estas em local ainda a ser definido. Mas o Conselho Técnico da ABA já está anotando as reservas dos interessados em participar do evento. Os contatos podem ser feitos pelo fone 51.3328.9122 ou pelo email [email protected] Destinado a técnicos e também a criadores, o curso é preparatório para a realização de avaliações de animais dentro do Programa de Melhoramento Genético/Promebo. A meta, segundo a veterinária Fernanda Kuhl, assessora técnica da ABA, é proporcionar uma atualização aos já credenciados e credenciar novos interessados no processo de seleção Angus. Agosto de 2008 21 22 Agosto de 2008 REPORTAGEM O que queremos? Ser multiplicadores ou selecionadores de genética Angus? O uso de touros nacionais começa a ter importância, com o estímulo ao uso de ferramentas de seleção No cenário da pecuária brasileira e com o foco na raça Aberdeen Angus, que nos últimos anos cresce em importância e atrai cada vez mais investidores e novos criadores/produtores, já existe espaço para uma indagação que não quer calar: afinal, vamos ser meros repassadores de genética Angus ou vamos efetivamente selecionar e produzir a partir de uma genética Angus brasileira? Temos técnicos preparados, programas eficientes para certificar esses touros a partir de suas produções, selecionadores experientes e produtores de carne que já descobriram as enormes vantagens de trabalhar com a eficiente genética Angus. Uma eficácia que se materializa nas cabanhas que produzem e selecionam reprodutores para as pistas de exposições e que igualmente faz a diferença na produção de campo, elevando o nível dos rebanhos de produção e especialmente nos chamados cruzamentos terminais, onde as carcaças de sangue Angus se distinguem em acabamento, fazendo sucesso nos ganchos dos frigoríficos e puxando remunerações acima da média do mercado em programas de produção de carne de qualidade. Programas como o Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), que já reúne um consistente grupo de produtores em vários pontos do Brasil e tem como parceiros os frigoríficos Mercosul (RS), o Marfrig (regiões Centro Oeste e Sudeste) e mais recentemente a VPJ Pecuária (SP e GO), um projeto de integração e verticalização da produção. Por Eduardo Fehn Teixeira "A inda não existe uma genética 100% nacional”, certifica o presidente do Conselho Técnico da ABA, Ricardo Macedo Gregory. Ele abre a conversa com esta afirmação, para ser exato. E explica: “a todo o momento estamos trabalhando com touros principalmente norte-americanos ou argentinos. E é com reprodutores dessas e de outras origens que nossos selecionadores produziram os touros que hoje já estão indicados como sendo touros nacionais. E esses touros constam no Sumário de Touros Angus, elaborado conjuntamente pela Associação Nacional dos Criadores – Herd Book Collares e pela ABA”, esclarece o técnico e também criador, proprietário da Cabanha da Barragem, em Quarai, RS. Esses touros – prossegue Gregory -, cujo uso é indicado para agregar as características mais buscadas pelos criadores/produtores, até a segunda geração, pode-se verdadeiramente dizer que são touros legitimamente nacionais. Ricardo Gregory lembra que se formos pesquisar o trabalho de selecionadores reconhecidamente eficientes no mundo, vamos perceber que periodicamente eles buscam uma renovação genética, através do uso de genéticas de outros países, para a produção e seleção de seus touros. E o sêmen desses touros – como ocorre a partir de agora com os chamados tou- ros nacionais – estão disponíveis aos criadores nas centrais que atuam no mercado. “O mais importante é a identificação – e produção, como touros nacionais – do tipo de animal que queremos e que temos condições de criar em nossos campos, com potencialização máxima em nível de produção”, define o dirigente do Conselho Técnico da ABA. Ele enfatiza que a iniciativa da ABA, com o Teste de Progênie, lançado durante a Feicorte 2007, vai justamente formatar e apressar o processo que leva à identificação de touros nacionais, indicados para uso em nossos rebanhos. “Por isso os criadores precisam acompanhar de perto este trabalho e prestar mais atenção às comprovadas performances dos touros nacionais, que passam a figurar com cada vez mais intensidade e número de opções nas edições do Sumário de Touros ANC/ABA, e que têm material genético disponível nas mais qualificadas centrais de sêmen do mercado”, indica o presidente do Conselho Técnico da ABA. O Teste de Progênie, que está em pleno desenvolvimento, foi implantado pela ABA através de parceria com a Alta Genetics, de Uberaba, MG, e com a Progen, de Dom Pedrito, RS. E os touros em avaliação foram selecionados conjuntamente pelo Conselho Técnico da ABA e pelo Comitê de Melhoramento Genético da entidade. Um desses touros que estão sendo provados pelo Teste de Progênie é Centenário, de criação da Cabanha Azul, de Quaraí, RS, que foi grande campeão de argola da Expointer 2007. Outro touro em provação é El Saycan, que foi o campeão rústico da Expointer 2007, produzido pela Cabanha Rincon Del Sarandy, de Uruguaiana, RS. E o terceiro touro em provação no Teste de Progênie da ABA é Santo Antão 523 (selecionado via Promebo), de criação da Cabanha Santo Antão, de Alegrete, RS. Segundo Ricardo Gregory, o Teste de Progênie é de suma importância para a valorização dos touros nacionais, porque aprimora a comparação dos rebanhos para a avaliação genética, disponibiliza aos produtores um sêmen de alto valor por preço subsidiado e acelera o resultado dos testes de performance dos touros brasileiros. >> Agosto de 2008 23 24 Agosto de 2008 REPORTAGEM Com seleção nacional, confiabilidade será maior D Muitos criadores e produtores constatam: touros de repasse costumam dar tanto ou mais resultados do que os touros importados “Como usar, de olhos fechados, um touro selecionado para o estado de Montana, nos EUA, onde a temperatura média no inverno é de menos 40 graus Célsius?”, provoca o ex-presidente e atual presidente do Conselho de Administração da ABA, Reynaldo Titoff Salvador. Técnico e diretor comercial da Cia Azul, de Uruguaiana, RS, de pronto ele ensaia uma resposta à sua própria indagação; “cabe aos selecionadores, aos produtores de touros, o ônus de testar este tipo de genética”. idático e objetivo, Salvador começa resgatando alguns valores e conquistas. Ele lembra que a raça Aberdeen Angus está consolidada no Brasil, onde é a primeira raça não zebuína em quantidade de animais, em volume de vendas de sêmen, em registros de reprodutores, em número de criadores e, entre outros quetais, com marca reconhecida nacional e internacionalmente. Dito isso, ele ingressa no tema touros nacionais, partindo da constatação científica de que o melhor touro é aquele que melhor desempenho apresenta num determinado ambiente, cabendo aos criadores a efetiva seleção desses reprodutores. Como? “Através de programas de melhoramento e seleção genética, de testes de progênie e de performance, concentrando toda essa informação num banco de dados consolidado. Para Titoff Salvador, “o Promebo é o nosso grande programa de seleção. E é importante salientar que toda a informação ali armazenada é fornecida pelos próprios criadores, o que dá a importância da seriedade e veracidade desses dados”, proclama. Daddy, Zhaury, Pioneiro, SB Centenial, Santa Joana 714, entre outros, conforme o ex-dirigente da ABA, são touros nacionais que foram testados em diversos ambientes brasileiros e comprovaram que a genética Angus nacional produz tanto ou mais que a estrangeira. Titoff Salvador faz questão de enfatizar que a proporção de touros melhoradores é muito maior em cima do banco genético nacional do que do exterior. “Por um modismo, nos acostumamos a selecionar e escolher touros por fotografias, não dando a devida importância aos dados de performance”, resgata ele, observando que “se tivermos condições de selecionar touros a partir de dados de performance no território brasileiro, a proporção de acertos, a acurácia será muito maior com esses dados, do que com dados do exterior, gerados num meio ambiente e alimentação totalmente distintos do nosso”, argumenta. >> REPORTAGEM ao trabalho de seleção realizado pelos técnicos credenciados da Associação Brasileira de Angus (ABA). “Só recebem dupla marca touros que possuem avaliação genética e que estejam em rebanhos conectados”, exemplifica. E ele igualmente atribui os avanços da Angus ao brilhante trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Comitê de Melhoramento Genético – um setor ligado ao Conselho Técnico da ABA, que tem na coordenação a veterinária e criadora Susana Macedo Salvador, que por muitos anos dirigiu o Conselho Técnico da entidade. “Foram anos de luta da área técnica (que ainda precisa lidar muito com esta questão) para equilibrar a avaliação tradicional na escolha do touro, feita pelo olho do produtor no animal ou na fotografia, com a leitura das tabelas de dados de performance do animal”, sintetiza o técnico. 25 Nacionais sempre foram usados, nem sempre valorizados Melhoramento Angus avança Leonardo Talavera Campos observa que é importante a variabilidade, com a adição de materiais de fora. Mas afirma que a grande meta é a busca do biótipo mais adequado ao nosso sistema de produção. Superintendente da ANC – Herd Book Collares e coordenador técnico do Promebo, ele faz questão de destacar que o fundamental para a identificação de bons touros nacionais é ter dados objetivos e positivos de performance desses reprodutores, através de programas confiáveis de avaliação genética, como é o caso do Promebo, sempre aliado ao embasamento científico. Para ele, a raça Aberdeen Angus, com marchas e contramarchas em seu histórico nacional, é uma raça que tem avançado bastante nesta área. Leonardo Campos dá grande destaque às orientações do Conselho Técnico e Agosto de 2008 A técnica e criadora Susana Macedo Salvador (leia-se Cia Azul, de Uruguaiana, RS e Cabanha Azul, de Quarai, RS), resume numa frase o comportamento do criador: “O brasileiro tem a tendência de valorizar mais o que é de fora. E isto também se aplica e atinge a genética”, sintetiza ela, que por muitos anos dirigiu o Conselho Técnico da ABA e atualmente coordena o Comitê de Melhoramento Genético, criado dentro do Conselho Técnico da associação. S usana começa citando alguns touros nacionais cuja genética, segundo ela, é mais que consagrada: Garupa 3900 (o Real – produzido pela Cabanha Azul, de Quaraí, RS), que é pai de Zhaury, que foi grande campeão da Expointer e deixou consistente progênie, avaliada e confirmada pelos dados de avaliação genética e que durante muitos anos liderou o Sumário de Touros Angus/ANC. E um touro filho de Zhaury, foi reservado de grande campeão da Expointer. Segundo ela, este é um bom exemplo de comprovada genética nacional, que está disponível no mercado. “Com a utilização desta genética, se pode chagar a bons resultados, tanto para a pista como na produção de campo”, sentencia. Outro exemplo trazido por Susana é o touro Pancho 444, produzido pela ABN Agropecuária, de Santiago, RS. Pancho produziu o touro Toni (São Bibiano 6157), que foi o melhor touro rústico na Expointer 2004. E ela lembrou igualmente do touro Centenário, um filho de Toni, que foi grande campeão de Uruguaiana no ano passado e após conquistou o grande campeonato da Expointer do mesmo ano. “Touros nacionais significa adaptação ao meio”, objetiva Susana, chamando a atenção dos criadores para que busquem as genéticas nacionais que estão no Sumário de Touros. E ela explica que o Comitê de Melhoramento Genético foi criado dentro do Conselho Técnico da ABA justamente para incrementar o foco na produção de campo. Susana Macedo Salvador fecha a conversa fazendo mais uma revelação: “Na verdade, os bons touros nacionais sempre foram utilizados, mas nunca foram devidamente valorizados”. >> 28 Agosto de 2008 REPORTAGEM Produtos de touros de repasse podem ser iguais ou até superiores Touro Santa Joana: líder para índice de carcaça no Promebo "R elatos de criadores dão conta de que touros de repasse acabam gerando produtos iguais ou superiores aos produzidos através de sêmen de touros importados”, conta o veterinário e criador Cristopher Filippon. Titular da Estância Ponche Verde, em Cascavel, PR, ele acredita que a genética nacional, formada através dos princípios da seleção, é mesmo uma ge- nética mais adaptada ao nosso meio ambiente, ao nosso sistema de produção. Filippon observa que os sêmen importados na verdade foram produzidos para o uso do próprio produtor e depois foram abertos para uso de todo o mercado. “É assim que agem os selecionadores norte-americanos e argentinos, por exemplo”, situa. Ele não tem dúvidas de que os selecionadores nacionais não só sabem como trabalhar, mas também contam com todo o material necessário para a produção de touros melhoradores realmente superiores. “Nós queremos fazer genética, mas não usamos essa genética”, adverte o técnico, observando que o mais importante agora é fazer com que os criadores acreditem na qualidade dos touros que já temos e efetivamente utilizem esse material genético em seu trabalho. “No Brasil temos programas de melhoramento genético que nos fornecem todos os dados de características importantes, viabilizando um bom rendimento de nossos reprodutores disponíveis no mercado”, defende a criadora e uma das diretoras da GAP Genética, de Uruguaiana, RS, veterinária Angela Linhares da Silva. Segundo ela, aqueles que vendem terneiros procuram touros com dados bons de desmame e os que terminam novilhos vão em busca de touros com Genética nacional deve considerar adaptação ao meio “Os cabanheiros brasileiros deveriam investir mais na formação de linhagens de famílias, a partir da seleção dentro de seus próprios rebanhos”, provoca o veterinário e especialista em reprodução e genética, Luis Alberto Muller. Segundo ele, as armas para isto são as avaliações de performance e a definição de um biotipo adequado ao mercado brasileiro. “Este biotipo precisa atender aos interesses de produção de campo e da indústria local”, adverte o técnico, que é um dos integrantes do Conselho Técnico da ABA. Luis Müller cita como exemplos a serem seguidos os trabalhos que são desenvolvidos pelos norte-americanos e pelos argentinos. “Trabalhos como esses são feitos tanto nos Estados Unidos como na Argentina, onde os criadores têm bem definidos os tipos de animais para seus respectivos mercados”, argumenta Muller. Para ele, o Brasil deve criar sua própria genética aproveitando somente o que é apropriado ao nosso mercado lá fora, no exterior, ao invés de trazer de fora só os touros mais famosos, os hits do momento. “Nem sempre o que faz sucesso lá fora é a genética mais indicada para as condições brasileiras”, adverte. Do alto de sua experiência e conhecimento, o técnico e criador Antônio Martins Bastos Filho também chama a atenção para o fato do produto nacional já ser aclimatado ao nosso meio. “Através de gerações nascidas aqui, esse animal é perfeitamente adaptado e por isto não enfrenta nenhuma dificuldade funcional, de se alimentar, de reproduzir e de se manter no meio em muito bom estado”. Antoninho Bastos (ex-presidente da ABA e membro do Conselho Técnico da entidade) lembra que animais importados, vindos de outro meio, geralmente têm problemas de adaptação. Ele cita o carrapato, por exemplo. Já sobre sêmen, o criador condiciona à origem genética e de onde vem o material. “O mais adequado é que esse sêmen venha de países onde os animais produzam a campo. Porque se forem confinados, racionados, não é recomendável”, ensina o veterinário, proprietário da renomada Cabanha São Bibiano, em Uruguaiana, RS. Antônio Bastos recorda que, em números redondos, são 60 anos de importações de genéticas para o Brasil: dos anos 40 aos anos 70, da Escócia, Inglaterra e Argentina; a partir dos anos 70, genéticas norte-americanas. “E com todo esse trabalho de incorporação de genéticas e tipos e de seleção, a partir dos anos 90, com certeza já passamos a ter variabilidade genética, o que significa que a partir daí é trabalhar com critério na área de seleção e, por certo, utilizando genéticas nacionais”, define. boas DEP’s de sobreno. Angela ressalta que a maioria destes dados dos reprodutores nacionais provém de animais testados a campo, em diferentes regiões do Brasil. “Estes reprodutores devem produzir animais bem adaptados ao meio em que vivem”, aponta a criadora. Ela observa entretanto que algumas características, como comprimento do pelo e infestação por carrapato influenciam diretamente no desenvolvimento do animal. “Na minha opinião são os grandes desafios para um maior desenvolvimento da raça em todo País”, condiciona, acrescentando que “isto levou a ABA a incentivar a coleta de dados para saber quais as linhagens mais resistentes ao calor e ao carrapato, além é claro, de obter dados de performance para carcaça, fertilidade e padrão racial”. Outro que defende objetivamente a genética nacional Angus é o técnico e superintendente da ANC – Herd Book Collares, Amilton Car- doso Elias. “O produtor precisa acreditar que a genética nacional é mesmo eficiente, mais adaptada e deve, a partir da avaliação dos dados de performance, buscar no Sumário de Touros a genética que mais se adequa às condições de seu rebanho”, recomenda Elias. Segundo o dirigente da ANC, a raça Aberdeen Angus tem se caracterizado pela superação em termos de seleção e de ganhos genéticos. “A cada geração surgem novos reprodutores, cuja bagagem genética e performance em produção saltam aos olhos dos produtores”, afirma. Para ele, a genética que já existe hoje no Brasil em Angus não deve nada às importadas. E Amilton Elias revela uma exigência, que é praticamente uma curiosidade: “para a importação de sêmen, animais ou embriões, para efeito de registro genealógico, é condição essencial que esse material seja considerado pelo Ministério da Agricultura como melhorador para o rebanho nacional”. Preferência para animais com dados de performance “Já temos um banco genético admirável e crescente em qualidade e em opções no Brasil. Resta agora optarmos pelos critérios certos para trabalharmos e obtermos acertos na área de seleção com o uso dessa genética nacional”, afirma o técnico e criador, proprietário da Cabanha Santa Eulália, em Pelotas, RS, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello. O selecionador argumenta que o Brasil já tem uma história em genética Angus, um bom tempo de seleção na raça, com importações importantes de animais e de sêmen. “Com todo este trabalho, já temos algumas linhagens que despontam nas pistas de julgamentos, nos dados e avaliações do nosso Promebo. E tanto em argola, como nos rústicos, já possuímos reprodutores de exceção”, defende Mello. “Temos criadores que se dedicam à produção de carne. E temos os selecionadores de genética, os cabanheiros, cujo foco é a geração de reprodutores de alto nível e performance. Mas tanto num caso como noutro, o uso da genética nacional é sempre recomendado”, avalia o selecionador João Vieira de Macedo Neto, à frente da legendária Cabanha Azul, de Quaraí, RS. Macedo revela que, em sua propriedade, usa nas fêmeas touros de produção própria. “Tenho tido muito boas surpresas com esses touros”, garante. Em sua opinião, os produtores de carne devem dar preferência aos touros nacionais com dados de performance, que estão no Sumário de Touros Angus, por exemplo. “São animais produzidos a partir de genéticas já adaptadas ao nosso meio”, aponta. Para Macedo, cabe aos cabanheiros, aos selecionadores, experimentar touros a partir de suas avaliações, sejam eles nacionais ou importados. E é a partir desses acasalamentos que surgem os eficientes touros nacionais, onde os bons não devem nada aos importados, observa Macedo. >> Agosto de 2008 29 30 REPORTAGEM Agosto de 2008 Em algumas gerações, chegaremos lá “Temos o hábito de achar que sempre o que é de fora, o que é importado, é melhor”, identifica o selecionador Felipe Moura, um dos diretores da Ponderosa Agropecuária (também conhecida como Ponderosa Angus), em Manduri, SP. Agrônomo por formação, mestre em Ciência Rural e Pastagens pela USP e integrante do Conselho Técnico da ABA, ele confirma que realmente existem genéticas em outros países que são ótimas e que não podem ser ignoradas pelos selecionadores mais atilados. “Mas, via de regra, muitos produtores usam essas boas genéticas importadas em suas melhores fêmeas, entregando aos touros nacionais as vacas de repasse”, critica. F elipe Moura observa que os argentinos, por exemplo, buscam bons touros nos Estados Unidos, usam em suas melhores vacas e, se produzirem bem, usam os filhos desses touros importados nos seus rebanhos. Ele também fala sobre os problemas que decorrem entre os genótipos importados e o nosso meio ambiente, que é totalmente diferente. “Por este fator, os touros importados podem apanhar”, assinala. sos do trabalho da Gensys e principalmente do Promebo. “Há muitos anos, na Santa Joana, nós utilizamos, para a produção e seleção de nossos reprodutores, as informações desses programas, que são fundamentais para o sucesso deste trabalho”, ensina o criador. Segundo ele, historicamente existe todo um lobby, toda uma estrutura comercial, orquestrada pelas centrais de Centenário, filho de Toni, foi vencedor de Uruguaiana e da Expointer 2007 sêmen, para que o proMas o selecionador se mostra to- forte para, em algumas gerações, che- dutor utilize genéticas importadas, modernamente dos Estados Unidos talmente a favor da genética nacio- garmos lá”, aposta Moura. O proprietário da Cabanha San- de também da Argentina, principalnal. E não hesita em afirmar que temos touros tão bons ou até melhores ta Joana, em Santa Vitória do Palmar, mente. Mas assim como já avançaque reprodutores de outros centros Ulisses Amaral, tradicional mos muito na produção de touros internacionais. “Ainda não temos o selecionador de Angus, não deixa por nacionais, também estamos percenível de eficiência de outros países, menos. Ele afirma que a seleção de bendo a importância de promoverque se destacam internacionalmente bons reprodutores, para ter resulta- mos essa nossa eficiente genética napela esmerada seleção de seus dos efetivos, precisa estar baseada em cional junto aos nossos criadores, que reprodutores Angus. Mas já avança- eficientes e bem estruturados progra- são constantemente bombardeados mos muito e estamos trabalhando mas de melhoramento genético, ca- por apelos comerciais sobre sêmen e touros importados, argumenta o selecionador. “Não adianta só ganhar prêmios em exposições. Nossos touros nacionais precisam apresentar resultados no campo, na área de produção de carne de qualidade”, assevera Amaral. Ele considera elogiável o trabalho de fomento que a ABA vem realizando nesta área, agora com maior intensidade. “Temos que pensar e trabalhar na seleção para oferecer melhores condições ao produtor comercial, que tem como meta a geração de carcaças de alta qualidade no menor espaço de tempo e com o menor custo possível”, sintetiza. Lembrando de um ponto importantíssimo – que o touro nacional, além de eficiente, também é mais barato – Ulisses Amaral orgulha-se dos resultados que vem obtendo em sua propriedade. “Lá em casa, os touros que produzimos cumprem muito bem seu papel, não só cobrindo nossos rebanhos, como também fazendo boa figura perante os jurados, nas pistas das exposições”, afirma o criador. >> REPORTAGEM Agosto de 2008 31 Touros nacionais já produzem carne de qualidade Touro Santo Antão 523 também já é destaque "H á mais de dez anos, os touros de nossa produção que se destacam no Promebo, são utilizados em nosso rebanho”, esclarece o técnico e criador Flávio Montenegro Alves, titular da Cabanha Santo Antão, em Alegrete, RS. Técnico credenciado da ABA, ele vê esse trabalho da entidade, de fomento à utilização de genética nacional com muito bons olhos. “Nada mais produtivo do que usar nas fêmeas do rebanho touros que já estão adaptados ao nosso meio e que já são filhos de genéticas também adaptadas às nossas condições”, justifica Montenegro Alves. “As pessoas têm a mania de achar que os touros (ou os sêmen) importados são melhores”, aponta o técnico. Mas de pronto explica que um touro de fora do Brasil até pode ser muito bom em seu habitat, mas dificilmente terá mais eficiência do que um reprodutor criado aqui. “Especialmente nos animais rústicos, temos um horizonte com maior pressão de seleção, de onde saem touros de ponta, classificados como Deca 1 a Deca 4, reprodutores de dupla tatuagem, que são touros verdadeiramente melhoradores de rebanhos”, define o criador Antonio Carlos Torres Vicente e Silva (o Perico), proprietário da Estância Vista Alegre do Ponche Verde – El Saycan 902 já está em coleta de sêmen Condomíonio Yordi Vicente e Silva, em Dom Pedrito, RS. Segundo ele, hoje as cabanhas de Angus, especialmente as do Rio Grande do Sul, têm, produzem genética de primeira linha, capaz de gerar animais realmente novilheiros, voltados à produção de carne de qualidade, que deve ser o nosso foco principal como criadores da raça. “E na atualidade, a pista está bem mais próxima do campo”, aponta o pecuarista. Perico lembra que a pecuária tem avançado muito, com tecnologias que hoje estão disponíveis e acessíveis ao produtor, que pode dispor dessas ferramentas para aperfeiçoar ainda mais a seleção dos melhores reprodutores. E, com orgulho, ele destaca a central Progen, cuja sede está em Dom Pedrito, que em sua opinião é onde estão os melhores touros nacionais, uma genética eficiente e disponível para uso dos produtores. “Estamos bastante satisfeitos com esta iniciativa da ABA, de promover a genética nacional e de resgatar o Angus brasileiro”, comemora o veterinário Fábio Barreto, diretor da central Progen, em Dom Pedrito, RS. Segundo ele, o Angus brasileiro hoje é um dos melhores do mundo e nossos produtores precisam lembrar que esta genética é tão ou mais efici- ente quanto as importadas. “Especialmente os selecionadores de reprodutores não vão deixar de trazer genéticas de outras partes do mundo. Mas para a área de produção, os touros nacionais têm a vantagem de já serem adaptados ao nosso meio”, argumenta o dirigente da Progen, que juntamente com a Alta Genetics são os parceiros da ABA no Teste de Progênie, programa que está em pleno andamento. Na opinião do veterinário Adriano Rúbio, gerente de mercado da Alta Genetics, “a avaliação genética é essencial para atender ao desafio de desenvolver a raça Aberdeen Angus como um produto nacional valorizado comercialmente”. Para ele, o trabalho iniciado ano passado pela ABA deverá confirmar a qualidade da genética Angus nacional já existente e disponível no mercado brasileiro e servirá para despertar a atenção dos criadores para os benefícios do desenvolvimento e da efetiva utilização desta genética em suas propriedades. A Alta Genetics, juntamente com a Progen, integra a parceria montada com a ABA para a realização do I Teste de Progênie Angus.