Leia - Associação Brasileira de Angus

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Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Agosto de 2008
Especial
1
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
CORREIOS
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Agosto de 2008
MOVIMENTO
Agosto de 2008
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Rústicos têm Expo Nacional em Alegrete
Numa aproximação ainda maior da área de produção de campo, visando mostrar, avaliar e
premiar o trabalho que vem sendo desenvolvido por criadores e produtores que selecionam a
genética Angus no campo, com o foco direcionado especialmente à geração de reprodutores
rústicos e da produção de carne de qualidade, a Associação Brasileira de Angus (ABA), realiza
em outubro deste ano, paralelamente à 66ª Exposição Agropecuária de Alegrete, em Alegrete,
RS, a I Exposição Nacional de Rústicos Angus.
A
ssim como já vem promovendo com sucesso a mostra nacional de animais Angus de argola (ano
passado foi durante a Feicorte, em
São Paulo, SP, e este a nacional acontece na Expointer, em Esteio, RS) a
ABA também estará, a partir deste
ano, promovendo e alavancando a
comercialização também de animais
Angus rústicos.
A nova mostra foi anunciada
como excelente novidade para este
ano pelo presidente da ABA, José
Paulo Dornelles Cairoli, já em encontro com a mídia especializada no final de fevereiro deste ano.
“Queremos fomentar o alto padrão da raça no País, assim como a
produção de animais de plantel e de
corte”, definiu o dirigente da ABA.
Segundo ele, é a ABA próxima ao
campo, ao gado comercial, rústico, e ao
produtor de rústicos
Angus.
“O produtor e
vendedor de novilhos já tem seu vínculo com a ABA
através do Programa Carne Angus
Certificada. O produtor de terneiros
valoriza os resultados de sua atividade através do Programa Terneiro
Angus Certificado. E agora a ABA se
aproxima ainda mais do produtor
que utiliza a genética Angus para a
produção e comercialização de
reprodutores rústicos, pois é através
desses animais que a genética Angus
chega aos rebanhos de campo”, avalia o gerente de operações da associação, veterinário Fernando Velloso.
MOMENT
O DE
MOMENTO
EX
CELÊNCIA
EXCELÊNCIA
A mostra de Rústicos Angus será
realizada justamente num momento
de excelência para a raça Aberdeen
Angus no Brasil. Em 2007, a Angus
consolidou sua liderança com larga
vantagem sobre as demais raças, tanto na venda de reprodutores, sêmen,
terneiros ou animais para abate, confirmando sua posição como a raça
européia mais utilizada no Brasil.
São feitos que devem ser comemorados por todos os criadores e produtores que usam a eficiente genética Angus. E é também uma colocação que agrega ainda mais valor a
todo o trabalho de desenvolvimento
e seleção de rebanhos Angus no Brasil.
Para esta Exposição Nacional de
Rústicos Angus estão sendo esperadas inscrições de mais de 500 animais, incluindo produtos para julgamento de classificação e para
comercialização. E juntamente com
o novo evento, serão realizadas outras atividades ligadas ao incremento da raça, tais como palestras técnicas e ações práticas no funcional parque do Sindicato Rural de Alegrete.
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MOVIMENTO
Agosto de 2008
Feicorte consagra importância do Angus
A
A raça Aberdeen Angus foi novamente destaque especial na 14ª Feira
Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, realizada de 17 a
21 de junho, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP. Nesta edição, 26 expositores do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas
Gerais estiveram presentes, com 176 animais inscritos.
participação da raça no maior
evento indoor de pecuária de
corte da América Latina foi organizada pelo Núcleo de Criadores de
Angus de São Paulo (Angus São Paulo), com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA). Como jurados, atuaram Renato Pinto Paiva,
Flávio Montenegro Alves e João
Carlos Chaves Andrade (Cacaio).
Com a meta de funcionar como
um verdadeiro “termômetro da pecuária brasileira”, a Feicorte encerrou
sua edição 2008 com saldo positivo:
R$ 10 milhões em negócios gerados
– somente considerando os leilões e 20 mil visitas de pecuaristas, empresários/investidores, especialistas,
estudantes e membros do setor que
se deslocaram de várias partes do Brasil e também do Exterior.
Nos 70 mil metros quadrados
destinados ao evento no Centro de
Exposições Imigrantes, 350 expositores de todos os elos da cadeia produtiva estiveram presentes nos cinco
dias de feira, oferecendo o que há de
mais avançado em genética, nutrição,
saúde animal, infra-estrutura,
tecnificação e serviços, transformando o local em um grande centro de
oportunidades de negócios e relações
empresariais.
Segundo o presidente do Núcleo
de Criadores de Angus de São Paulo,
Renato Ramires Júnior, esta Feicorte
foi uma experiência inovadora e ousada em relação aos julgamentos com
um trio de jurados. “O que mais nos
chamou a atenção foi o movimento
da feira e principalmente o interesse
de curiosos e novos investidores, que
se aglomeraram à beira da pista para
assistir os julgamentos da raça
Aberdeen Angus”, comemorou
Ramires, acrescentando que mesmo
após o final da programação da raça,
foi surpreendido com a curiosidade,
até mesmo da imprensa, em obter
informações do Angus.
O dirigente destacou também o
momento da entrega dos troféus, que
ocorreu durante um coquetel no
estande do Frigorífico Marfrig, numa
gentileza da empresa, parceira da
ABA, que promoveu sinergia entre
todos os presentes, além do maior
reconhecimento da importância da
raça como eficiente produtora de carne de qualidade.
Veja comercialização da Feicorte
– Leilão prime Angus – na página 44
desta edição.
3E fatura campeonato nas fêmeas
Avaliada pelos jurados como
“Uma vaca completa”, Rincon Espoleta 808 del Sarandy (tatuagem 808),
faturou o grande campeonato nas fêmeas Aberdeen Angus da Feicorte
2008. Bicampeã da Expolondrina
(2007/2008), o exemplar de 45 meses pertence a Renato Ramirez Júnior,
da 3E Agropecuária, em Catanduva,
SP.
Como reservada grande campeã,
foi escolhida Espinilho 4020 (tatuagem 4020), de Roberto Soares Beck,
da Estância do Espinilho, Cruz Alta,
RS. A feminilidade do exemplar de
43 meses, terceira melhor fêmea
Angus da Expolondrina 2008, chamou a atenção dos jurados.
A vaca de 25 meses GB Florice
544 Quebracho (tatuagem
FIVTE239E) foi eleita terceira melhor fêmea Angus da mostra.
Pertencente a parceria Cabanha
da Corticeira, São Luiz Gonzaga, RS
e GB Agropecuária Porecatu, PR, de
Luiz Anselmo Cassol e Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, respectivamente, a fêmea também foi reservada grande campeã na
Expolondrina deste ano.
“O nível estava maravilhoso. Nos
surpreendemos mais uma vez com o
equilíbrio dos animais”, observou Renato Paiva. “As três campeãs são excepcionais, muito femininas”, ressal-
tou. Para Cacaio, a qualidade da exposição esteve extraordinária: “Mantivemos um nível altíssimo em qualidade e performance”. Também
atuou o jurado Flávio Montenegro
Alves.
FEICORTE 2008 - DADOS DOS ANIMAIS
GRANDE CAMPEÃ
RINCON ESPOLETA 808 DEL SARANDY
HBB: 104067 Pel: P
Prêmio Tatuagem: 808 Nascimento: 18/08/2004
Idade: 45M29d (1397 d)
Pai: BAR EXT TRAVELER 205 HBB: IA522
Mãe: RINCON WESTWIND 435 DEL SARANDY
HBB: 81481
Peso: 892 Alt: 1,36 Dent: Frame: 5.81
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: 3E AGROPECUÁRIA LTDA, 3E
AGROPECUÁRIA, JOSE BONIFÁCIO/SP
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
RESERVADA DE
GRANDE CAMPEÃ
ESPINILHO 4020
HBB: 105362 Pel: V
Prêmio Tatuagem: 4020
Nascimento: 08/11/2004 Idade: 43M8d (1315 d)
Pai: DOBLEACHE 33 ORIENTAL TE HBB: IA674
Mãe: ESPINILHO B03
HBB: 94386
Peso: 788 Alt: 1,38 Dent:
Frame: 6.23
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: ROBERTO S. BECK, EST. DO ESPINILHO,
CRUZ ALTA/RS
Criador: ROBERTO SOARES BECK
3º MELHOR FÊMEA
GB FLORICE 544 QUEBRACHO TE239A
HBB: 115603 Pel: V
Prêmio Tatuagem..: TE239A
Nascimento: 05/05/2006 Idade: 25M11d (772 d)
Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE
HBB: IA755
Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA CANYON
MAMBO HBB: 93045
Peso: 668 Alt: 1,37 Dent:
Frame: 6.72
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E
AGROPEC GB, CAB.DA CORTICEIRA/AGROPEC
GB, SÃO BORJA/RS
Criador: CARLOS EDUARDO DOS SANTOS
GALVÃO BUENO
GRANDE CAMPEÃO
ESCUDO DA FUMACA TE 223
HBB: 103627 Pel: V
Prêmio Tatuagem: TE223
Nascimento: 08/08/2004 Idade:46M8d (1407 d)
Pai: RECONQUISTA 202 CAMPERO BARTOLOME
L MAN
HBB: 75461
Mãe: LEACHMAN DA FUMACA ALAMANDA TEI 29
HBB: 81446
Peso: 1.204 C.E.: 46.50 Alt: 1,48
Frame: 6.13
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: ELIO SACCO, AGROP. FUMAÇA,
PARANAPANEMA/SP
Criador: AGROPECUÁRIA FUMAÇAA LTDA
RESERVADO DE
GRANDE CAMPEÃO
RECONQUISTA 1301 NACO CACHAFAZ FONO
HBB: 122718 Pel: V BOX:
Prêmio Tatuagem: TE1301
Nascimento: 24/06/2007 Idade:11M23d (357 d)
Pai: TRES MARIAS 7031 CACHAFAZ 6556 TE
HBB: 745150
Mãe: TRES MARIAS 6972 FENOMENA 5494 TE
HBB: 741868
Peso: 544 C.E.: 39.00 Alt: 1,25
Frame: 5.61
AOL: 92.90 EGS: P8: 11.40
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: JOSE PAULO D. CAIROLI,
RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA,
ALEGRETE/RS
Criador: JOSÉ PAULO DORNELLES CAIROLI
3º MELHOR MACHO
RINCON PAU FERRO 906 HBB: 110106 Pel: V
Prêmio Tatuagem: 906
Nascimento: 13/08/2005
Idade: 34M 3d (1037 d)
Pai: TRES MARIAS 05129 RINCON DEL SARANDY
HBB: 73656
Mãe: FAT SECRETO DE PAINEIRAS 126
HBB: 65867
Peso: 1.051 C.E.: 47.00 Alt: 1,44
Frame: 5.60
AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00
CDP Nasc: 0 CDP205: 0 CDP365: 0 CDP550: 0
Expositor: PARC.RINCON DEL SARANDY E PAULO
DE CASTRO MARQUES, RINCON DEL SARANDY/
CASA BRANCA, URUGUAIANA/RS E FAMA/MG
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
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MOVIMENTO
Fumaça foi destaque nos machos
Reservado Grande Campeão:
Reconquista 1301
Terceiro Melhor Macho:
Rincon Pau Ferro 906
Grande Campeão: Escudo da Fumaça TE223
O
exemplar de 46 meses, Escudo da Fumaça TE223 (tatuagem TE223) faturou mais um grande campeonato da raça Aberdeen
Angus, mesta Feicorte. Pertencente
ao criador
Elio Sacco, da
Agropecuária
Fumaça,
em
Paranapanema, SP, o touro já havia
sido grande campeão da 43ª Emapa,
em Avaré, SP. Mais que satisfeito com
a vitória, Élio Sacco anunciou que a
partir de agora, o touro estará fornecendo sua genética a todo o mercado, com a disponibilização de seu
sêmen na central Lagoa da Serra.
Segundo um dos jurados, Renato Paiva, Escuto chamou a atenção
por sua pureza racial e estrutura óssea e muscular. “É um animal excelente que merece encerrar sua car-
reira com este título”, completou.
O reservado grande campeão foi
Reconquista 1301 Naco Cachafaz
Fono (tatuagem TE1301), pertencente a José Paulo Dornelles Cairoli,
da Reconquista Agropecuária, Alegrete, RS. Com 11 meses, o terneiro
(bezerro) foi escolhido pela nobreza da cabeça e pelo extraordinário
equilíbrio de suas qualidades. “Um
animal de muito futuro”, de acordo
com Paiva.
Já o terceiro melhor macho
Angus foi Rincon Pau Ferro 906 (tatuagem 906), da parceria Casa Branca Agropecuária, Fama, MG, de
Paulo de Castro Marques e Rincon
del Sarandy, Uruguaiana, RS, de
Claudia Silva. Reservado grande
campeão na exposição de Avaré des-
te ano, o animal de 34 meses foi
considerado “excepcional” pelo jurado.
”O nível da exposição está muito bom. Nós nos surpreendemos
com o equilíbrio de toda a fila de
machos”, ressaltou ainda Renato
Paiva. Também atuaram os jurados
Flávio Montenegro Alves e João
Carlos Chaves Andrade (Cacaio).
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Leilões diferenciados rendem mais e
ganham a memória do setor
O dia de campo seguido por um bem-sucedido leião da Reconquista
Agropecuária (acima), ou mesmo ao som dos violinos, como no
Leilão Catanduva (à esquerda), fechando com o Leilão Prime Angus
- durante a Feicorte (à direita) - foram os principais destaques da
raça no fechamento do primeiro semestre de 2008
Por Eduardo Fehn Teixeira
Vale tudo que vai além do óbvio e que fique aquém do exagero, do mau
gosto. Via de regra, tudo o que for pensado e realizado na promoção e produção
local de um leilão, se o foco for receber bem e agradar às pessoas, aos criadores,
técnicos e investidores, é praticamente certo que o retorno deste investimento
virá não somente na própria receita do evento, mas também em fama, em imagem pública. As opiniões sinalizam desta forma. Que cada vez mais é bom
negócio pensar, se preocupar em como receber melhor e mesmo surpreender as
pessoas e investir em requinte e em diferenciais de bom gosto e elevado nível.
O
ambiente da pecuária seguia
aquecido, favorável ao gado
Angus, quando aconteceram o dia de
campo (26 de abril) e logo pós (15 de
maio) o leilão da Reconquista
Agropecuária, em Porto Alegre, RS.
Na seqüência, os holofotes se voltaram ao leilão Catanduva Red
Concert, no dia 30 de maio, no res-
taurante internacional do parque de
Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS,
durante a Fenasul.
E o Leilão Prime Angus, no dia
18 de junho, durante a Feicorte 2008,
fechou com chave de ouro este rápido, porém poderoso, circuito de leilões diferenciados, produzidos aos
detalhes e com atrações e personali-
dade em termos de formação de imagem no agro e no cenário da raça
Aberdeen Angus no Brasil e Cone Sul.
Entre outros, esses eventos comprovaram que investir em diferenciais
para receber muito bem e até premiar
os presentes com atrações extras, vale
à pena e retorna em receita e em imagem do leilão.
>>
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Sofisticação orquestrada ao som de violinos
A
Fábio e Fabiana Gomes: qualidade afinada dentro e fora da pista
Requintado, já trazendo na imagem criada para o pregão, um violino, o
remate Catanduva Red Concert literalmente abafou com sua proposta de
requinte e toque erudito. Chancelado pela Associação Brasileira de Angus
(ABA), o leilão iluminou a noite de 30 de maio e premiou a mostra de
Angus da Fenasul com um evento verdadeiramente de ponta.
lém de uma oferta selecionada a dedo, o remate da
Cabanha Catanduva, de Fabiana e
Fábio Gomes, sediada em Cachoeira do Sul, RS, brindou os convidados com um jantar requintado elaborado pelo chef Philippe
Remondeau e surpreendeu a todos
com a apresentação do Sexteto de
Cordas do Theatro São Pedro, de
Porto Alegre. Não bastante, o leilão
ainda contou com uma exposição de
grife de bolsas e botas.
Por tudo isto e pela qualidade de
sua oferta, o pregão organizado por
Fábio Gomes e sua filha Fabiana, fechou a fatura em R$ 1.168.400,00,
com a comercialização de 39 lotes de
animais Angus e ainda lotes artísticos de quadros, pala e faqueiro, responsáveis por R$ 52 mil do valor final do evento.
“Foi um leilão muito acima da
média, onde alcançamos valores
muito bons”, vibrou Fabiana Gomes,
uma das proprietárias da Cabanha
Catanduva. “Foi um evento diferente e a recepção parece ter agradado
ás pessoas”, comemorou Fabiana.
Já Fábio Gomes foi incisivo: “Só
com trabalho é possível transformar
o Brasil não apenas no maior exportador de carne, mas também no detentor da melhor carne”, enfatizou.
Gomes disse não ter dúvidas sobre a
importância da criação de um tema
e da produção de um evento como o
que realizou. “São esses cuidados,
junto com a seleção e apresentação
dos animais, que fazem o sucesso de
um leilão”, afirmou, satisfeito com os
resultados e os comentários favoráveis dos participantes.
Na pista, o destaque da noite ficou com a venda da fêmea Catanduva
TE 270 Pájara TE 213 1851 por R$
120 mil. A fêmea Red Angus – um
lote surpresa - leiloada com terneiro
ao pé, foi arrematada pelo criador
Washington Umberto Cinel, da
Cabanha Brangus Brasil, de Barra do
Quarai, RS. Cinel também investiu
mais R$ 104 mil na fêmea Santa
Maria 588 Handford TCB Ruth
B12TE, além de ter adquirido
Catanduva Orquídea Catal 455
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Larkaba TE 248 por R$ 20 mil.
Duas eleições, em que o comprador tem o direito de escolher 50%
de qualquer exemplar entre os animais nascidos em 2008, saíram por
R$ 100 mil e R$ 97 mil, cada.
Metade de Catanduva Graça
Stryker 4128 foi negociada por R$
64 mil para o investidor Marco Antônio Costa, da Cabanha Terra Costa, de Santo Antônio da Patrulha, RS
(leia-se também Centro de
Biotecnologia de Reprodução Terra
Costa).
Responsável pelos bastidores do
pregão, o escritório Trajano Silva Remates reforçou a valorização média
alcançada pelos lotes: R$ 24,952 mil
para fêmeas e R$ 14,8 mil para machos. “Graças à qualidade dos exemplares ofertados e à originalidade do
evento, o leilão foi um enorme sucesso. Foi o conjunto desses fatores
que, no meu entender, contribuíram
para que esses valores fossem alcançados”, assegurou o leiloeiro Marcelo Silva, que atuou no comando do
martelo.
>>
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Reconquista: estratégia exitosa
Maior preço do leilão - terneira da Espinilho valeu R$ 114 mil
nos últimos três anos – não deixou
por menos: “A terneira é linda, com
genética reconhecida. E fazer parceria com o Paulo é no mínimo um
aprendizado”, disse.
5º Leilão Seleção Reconquista ampliou em 34% o faturamento em relação a 2007
Foi exitosa, por exemplo, a estratégia criada pelo selecionador José Paulo Dornelles Cairoli para a promoção
da 5ª edição de seu Leilão Seleção Reconquista, realizado na noite de 15 de maio, em Porto Alegre, RS. Proprietário da Cabanha Reconquista, em Alegrete, RS, Cairoli, que é o atual presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), baseou o plano promocional de seu evento em três pontos básicos, além das promoções através de
publicidade em veículos de Comunicação: realizou um concorrido dia de campo na véspera, em 26 de abril, na
propriedade, onde recepcionou um admirável grupo de criadores e investidores na raça e apresentou o trabalho da
cabanha, os animais selecionados e a oferta do leilão.
D
epois escolheu uma conceituada revenda de automóveis,
na Capital gaúcha, Porto Alegre, para
ser o palco dos acontecimentos do
pregão.
E seguindo sua tradição, respaldada em eventos anteriores, apresentou uma super-oferta, formada por
um grupo de animais altamente selecionados, alguns desejados, realmente de exceção.
Não deu outra. O sucesso coroou
a promoção, que reuniu os principais
criadores e investidores na raça
Aberdeen Angus. O 5º Leilão Seleção Reconquista, evento chancelado
pela Associação Brasileira de Angus
(ABA), faturou R$ 1,154 milhão.
Nos destaques da noite, a venda
de 50% da bicampeã Reconquista
592 Gleba Canyon Bartolomé por
R$ 80 mil. O criador Marco Antonio Costa, da Cabanha Terra Costa
(Santo Antonio da Patrulha, RS), e
do Centro de Biotecnologia da Reprodução Terra Costa, foi o investidor nesta grande campeã das exposições Nacional da Raça Aberdeen
Angus 2004 e de Londrina 2005.
E no decorrer do leilão, Marco
Antonio Costa ainda adquiriu duas
eleições - sistema de vendas no qual
o comprador tem o direito de escolher 50% de qualquer animal que
nascer na propriedade, em 2008. Por
uma das eleições Costa pagou R$ 94
mil e pela outra R$ 42 mil.
QUALIDADE GERA DISPUTA
O assessor técnico de Marco Antonio Costa, o veterinário Gustavo
Winter conta que a compra da
bicampeã Gleba já estava programada. Mas segundo ele, tanto esta compra quanto as aquisições das eleições
tiveram a influência do clima, do
ambiente criado na noite do leilão,
que entusiasmou os presentes e gerou disputas.
“Fomos para o leilão com compras pré-definidas. Mas na hora dos
lances fomos envolvidos pelo clima
criado pelo evento”, relata o técnico,
que considera positiva a realização de
leilões em ambientes mais requinta-
dos e com produção diferenciada,
além da qualidade da oferta.
Outro ponto alto do pregão, regado a emoção e grata surpresa, envolveu uma venda de um dos convidados da noite. A terneira de sete
meses apresentada pela Estância do
Espinilho, de Cruz Alta, RS, do criador Roberto Soares Beck, atingiu o
valor top: R$ 114 mil.
Filha do reprodutor
norte-americano
Nichols Performa, a fêmea foi comprada pelos
criadores Paulo de Castro Marques (Casa Branca Agropecuária, Fama,
MG) e Vicente Júlio
Costa (Fazenda São José,
Avaré, SP).
“Essa bezerra era minha primeira opção de
compra. Ela tem uma
genética diferenciada e
acima do padrão”, classificou Castro Marques.
E Vicente Costa – que
vem investindo na raça
TERNEIRA SUBSTITUI MÃE
E SURPREENDE NA PISTA
Curiosidade: esta bezerra, que foi
arrematada por um dos maiores preços pagos por uma fêmea desta categoria na raça, simplesmente não iria
à venda. Segundo Roberto Beck, seria vendida a mãe da terneira,
Espinilho 5034. “A terneira entraria
em pista com a mãe, apenas para ser
apresentada, mas como não conseguimos trazer a mãe ao evento, veio
só a filha, que acabou surpreendendo”, comentou o criador, ainda admirado com a valorização da fêmea.
Mas Roberto Beck não hesitou
em observar que “o clima, a
atomosfera do evento contribuiu para
formar as disputas e impulsionar não
só este negócio, como a maior parte
dos demais”.
O leiloeiro Fábio Crespo avaliou
o desfecho do remate como “superior às melhores expectativas”. E não
deixou dúvidas sobre sua opinião,
favorável à preocupação dos
organizadores desses eventos em
produzí-los e diferenciá-los.
“Mantida a qualidade da oferta, tudo
o que vier a mais, todos agradecem”,
classificou o experiente leiloeiro.
Satisfeito com mais uma vitória,
José Paulo Cairoli apontou o crescimento da comercialização, que atribuiu ao trabalho e aos ganhos e resultados mostrados pela Reconquista. (na comparação, o remate de 2007
rendeu R$ 861,99 mil com 45 lotes). “O que é bom vale, e isso vimos
aqui com clientes que permanecem,
pois obtêm retorno”, valorizou o criador.
Nesta edição do Leilão Seleção
Reconquista, foram vendidos 44 lotes de fêmeas, uma prenhez, três eleições e doses de sêmen do touro
Candombe. A leiloeira responsável
foi a Premier Leilões, tendo ao martelo o leiloeiro Fábio Crespo. >>
Oferta qualificada entusiasmou os convidados da Reconquista
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Objetividade e consagração de marca
promotores do leilão Prime Angus,
concorda que é positivo investir na
diferenciação de um leilão, mas
chama a atenção para alguns outros aspectos pontuais do pregão.
“No Rio Grande do Sul já existe
tradição na realização de leilões,
que fluem com naturalidade. Mas
aqui em São Paulo é bem mais difícil reunir os criadores numa promoção como esta e mais difícil ainda é levar novos investidores ao
evento”, diz.
H A R M O N I ZA R O F E R
TA
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ODUÇÃO DO E
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PRODUÇÃO
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VENTO
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Ponderosa Lakina G32, da Ponderosa Angus e HR Agropecuária, foi valorizada em R$ 124,8 mil
O selecionador Paulo de Castro Marques, titular da Casa Branca Agropastoril, de Fama, MG, idealizador e
um dos promotores do Leilão Prime Angus, que este ano teve a sua terceira edição, em 18 de junho, durante a
Feicorte, em São Paulo, SP, apóia totalmente a criação de ações ou atrações capazes de diferenciar um evento de
pecuária, no caso, um leilão. Ele acredita, entretanto, que um fator é básico e determinante do sucesso deste
evento: o elevado nível da oferta, que precisa ser formada por animais realmente selecionados, provados.
"N
o Prime Angus, criamos
uma marca, que já é reconhecida pelo mercado, promovemos o pregão na mídia especializada, produzimos a pista - palco dos
acontecimentos - e cuidamos para
que os participantes, criadores, técnicos e investidores, tivessem no
dia do leilão, conforto e condições
adequadas de efetiva participação
do evento”, sintetiza o criador.
Mas Paulo Marques enfatiza a
preocupação com a realização de
um meticuloso trabalho na seleção
dos animais que compuseram a
oferta. “Esta tarefa teve a nossa participação, como promotores, mas
foi orientada pelos técnicos da
ABA, Fernando Velloso e Dimas
Rocha ”, destaca.
Marques igualmente aponta
que eventos como o Prime Angus
também devem ter como meta o
congraçamento entre os criadores
e a recepção a novos investidores
na raça. “Estamos vivendo um
momento histórico, de muito otimismo e resultados na pecuária
brasileira e a Angus desponta como
uma das raças líderes do mercado.
O mundo tem fome e nós temos
os animais que produzem a melhor
carne. Portanto, ainda temos muito a fazer”, sustenta o articulado
pecuarista.
“Já estamos pensando e trocando algumas idéias sobre o que fazer para diferenciar e qualificar ainda mais o nosso próximo Prime
Angus. Entendemos que um pregão de gado, por mais focado que
seja, precisa apresentar algo que o
diferencie entre os demais”, diz
Paulo de Castro Marques.
Na mesma linha, porém mais
sético, o criador José Sylvio Simões,
da Agropecuária Ponderosa, em
Manduri, SP – igualemnte promotor do Prime Angus, não se deixa
impressionar por artificialismos ou
produções que fujam muito ao espírito de um leilão.
“Acho um bom caminho diferenciar a promoção, para chamar a
atenção das pessoas. Mas o que realmente importa é a qualidade do
material colocado em pista”, objetiva Simões.
Para ele, o Prime Angus foi um
leilão curto, com animais de real
qualidade e bastante focado no negócio”, define. Ele argumenta ainda que uma promoção como esta é
uma excelente oportunidade para
divulgar as qualidades da raça e os
excelentes resultados de seus programas de carne de qualidade.
Já o criador Élio Sacco, proprietário da Agropecuária Fumaça, em
Paranapanema, SP, também um dos
Segundo ele, a diferenciação do
evento, desde a sua produção até a
seleção da oferta são de suma importância. “Mas é preciso trabalhar pessoalmente junto aos potenciais compradores, para efetivamente fazer
acontecer os negócios”, justifica.
Élio Sacco observa que diferenciar é preciso, mas de forma equilibrada. “Não podemos exagerar,
sob risco de investirmos demais na
produção, deixando a desejar na
qualidade da oferta. Os compradores, ou eles mesmos identificam os
bons animais, ou eles têm seus técnicos, que são profissionais experientes e não se deixam impressionar por outros artifícios”, opina o
criador.
Focado, objetivo e desenvolvido a partir da criação de uma marca que já o identifica, o pregão realizado conjuntamente pela
Agropecuária Fumaça, Ponderosa
Angus e Casa Branca Agropastoril
superou as expectativas, com
faturamento superior a R$ 395,28
mil. Chancelado pela Associação
Brasileira de Angus (ABA), o pregão fixou média de R$ 15,81 mil
por animal. Foram ofertados 25
lotes Angus selecionados. Entre os
maiores lances da noite, destaque
para Ponderosa Lakina G32, da
Ponderosa Angus e HR
Agropecuária, que foi valorizada
em R$ 124,8 mil ao ser adquirida
em 50% por Sérgio Colaço da Silva, da Cabanha e Haras Bons Ventos, de Cristal, RS, por R$ 62,4
mil. Sérgio Silva foi também o
maior comprador do remate com
um investimento total R$ 70,08
mil.
“A raça demonstrou mais uma
vez sua força entre criadores brasileiros”, sacramentou Paulo Marques, da Casabranca Agropastoril.
Felipe Moura (filho de José Sylvio
Simões), da Ponderosa Angus, avaliou que o grande destaque do leilão foi a elevada qualidade dos animais. Já o criador Elio Sacco, da
Agropecuária Fumaça, chamou a
atenção para a importância do leilão para quem deseja começar uma
criação de Angus. “O Prime Angus
ajuda a divulgar o potencial que a
raça tem no País”, classificou.
Também participaram do Prime Angus como convidadas as
cabanhas 3E Agropecuária,
Agropecuária HR, Cabanha Feliz,
Eco Angus, Espinilho, Santa
Mathilde, FSL Angus Itu, Reconquista, Terra Costa, Rincon del
Sarandy e VPJ Pecuária. O evento
foi coordenado pela Remate Leilões, de São Paulo, SP.
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MOVIMENTO
MOVIMENTO
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47
Outono Angus Show destaca Santa Bárbara e Catanduva
Fotos: Felipe Ulbricht/ABA
P
elo terceiro ano consecutivo, a
Cabanha Santa Bárbara, propriedade da criadora Carla Sandra Staiger
Schneider, de São Jerônimo, RS, conquistou o Grande Campeonato de
Fêmeas do Outono Angus Show. Em
sua quarta edição, a exposição foi realizada de 28 de maio a 1° de junho,
durante a 4ª Feira Nacional de
Agronegócios do Sul (Fenasul), no
Parque de Exposições Assis Brasil, em
Esteio, RS, numa promoção do Núcleo Centro Litorâneo de Angus, com
apoio da Associação Brasileira de
Angus (ABA).
Satisfeita com as premiações obtidas em pista, a atual presidente do
Núcleo Centro Litorâneo de Angus,
Carla Sandra Schneider, enfatizou a
correta atuação do jurado, o sul-africano Christopher Purdon. “Ele não só
surpreendeu com a linha de seleção
com a qual trabalhou na escolha dos
melhores animais da mostra, como
também conseguiu, com suas decisões,
a quase unanimidade nas avaliações
dos criadores”, sintetizou a dirigente.
Para ela, a organização da mostra
novamente representou um grande
desafio. “Apesar das dificuldades, tivemos o apoio da ABA e contamos
com a presença de importantes criadores, que com seus animais, deram
um brilho especial à pista desta exposição, que se solidifica a cada edição”,
avaliou Carla Sandra. Ela também
destacou a realização, durante a feira,
do requintado leilão Catanduva Red
Concert, promoção da Cabanha
Catanduva. “Foi um verdadeiro acontecimento, que valorizou a nossa mostra de Angus”, opinou a criadora.
O jurado sul-africano Christopher
Charles Purdon, presidente da Associação de Angus Sul-Africana, elegeu
a vaca adulta Aberdeen Angus Lucky
Girl 2662 de Santa Bárbara a melhor
fêmea da exposição.
Como Reservada de Grande Campeã da raça, destaque para Maya 25
Chinoca Juá Jacite 15. O exemplar foi
apresentado na mostra pela criadora
Zuleika Borges Torrealba, titular da
Cabanha da Maya, de Bagé, RS.
Como terceira melhor fêmea,
Purdon escolheu Catanduva 1127 Pimenta TE189-TE54, de Fabio e
Fabiana Gomes, da Cabanha
Catanduva, de Cachoeira do Sul, RS.
CHOS
MA
ACHOS
Nos machos, o touro sênior Red
Angus Catanduva Te225 Notívago
King Rob TE12, pertencente à
Cabanha Catanduva, faturou o Grande Campeonato.
Como Reservado de Grande
Campeão da raça, a roseta foi mais
uma vez para a Cabanha da Maya,
com o touro Maya 24 Charrua
Gramático Rincon.
O terceiro melhor macho de argola foi Temil D032 Dida
Nostradamus 1507TE, de Milton
Machado de Souza, da Cabanha
Temil Agropecuária, de Tapes, RS.
O jurado sul-africano agradeceu
a oportunidade de vir ao Brasil para a
realização deste trabalho de seleção de
campeões Angus e evidenciou a qualidade de apresentação dos animais.
“Convido vocês a nos visitar na África do Sul. Será uma honra recebê-los,
para ter a oportunidade de lhes apresentar o atual estágio de melhoramento genético que já atingimos”,
enfatizou Purdon, encerrando seu discurso com um “muito obrigado” em
bom português.
>>
4º OUTONO ANGUS SHOW - DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
GRANDE CAMPEÃ
LUCKY GIRL 2662 DE SANTA BARBARA
HBB: 107059 Pel: P
Premio Tatuagem: 2662
Nascimento: 27/09/2004
Idade: 44M 2d (1339 d)
Pai: WHITESTONE WIDESPREAD MB
HBB: IA603
Mãe: LUCKY GIRL 2198 DE SANBARA
HBB: 73185 Peso: 820 Alt:1.33 Dent: 8
Frame: 5.50 ER: P+
Expositor: CABANHA SANTA BARBARA,
CAB. SANTA BARBARA, S. JERONIMO/RS
Criador: STEFAN STAIGER SCHNEIDER
RESERVADA DE GRANDE CAMPEÃ
MAYA 25 CHINOCA JUA JACITE 15
HBB: 115911 Pel: V
Premio Tatuagem: 25 Nascimento: 19/07/2006
Idade: 22M10d (679 d)
Pai: CATANDUVA JUA KING ROB 06
HBB: 88666
Mãe: CATANDUVA 374 JACI TE15-618
HBB: 84116
Peso: 725 Alt: 1.33 Dent: 2 Frame: 6.25
Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA,
CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS
Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA
3º MELHOR FÊMEA
CATANDUVA 1127 PIMENTA TE189-TE54
HBB: 109363 Pel: V
Premio Tatuagem: 1127
Nascimento: 02/10/2005 Idade: 31M27d (969 d)
Pai: CATANDUVA TE189 MONT ROYAL BART
CAS531 HBB: 93141
Mãe: CATANDUVA INDAIA DELEGADO 21-TE54
HBB: 80661
Peso: 771 Alt: 1.36 Dent: 4 Frame: 6.25
Expositor: FABIO LUIZ GOMES E FABIANA
DEFERRARI GOMES, CAB. CATANDUVA,
CACHOEIRA DO SUL/RS
Criador: FABIO LUIZ GOMES
GRANDE CAMPEÃO
CATANDUVA TE225 NOTIVAGO KING ROB T
HBB: 100122 Pel: V
Premio Tatuagem: TE225
Nascimento: 08/09/2003 Idade: 56M22d(1724d)
Pai: LEACHMAN KING ROB 8621
HBB: IA459
Mãe: CATANDUVA GITANA STRYKER 4128 TE12
HBB: 75474
Peso: 1222 C.E.: 44.00 Alt: 1.47 Dent: 8
Frame: 6.00
Expositor: FABIO LUIZ GOMES E FABIANA
DEFERRARI GOMES, CAB. CATANDUVA,
CACHOEIRA DO SUL/RS
Criador: FABIO LUIZ GOMES
RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO
MAYA 24 CHARRUA GRAMATICO RINCON
HBB: 116135 Pel: V
Premio Tatuagem: 24 Nascimento: 19/06/2006
Idade: 23M10d (709 d)
Pai: CATANDUVA GRAMATICO STRYKER 4128TE15 HBB: 75476
Mãe: RINCON 355 DEL SARANDY
HBB: 78520
Peso: 900 C.E.: 43.00 Alt: 1.37 Dent: 2
Frame: 5.25
Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA,
CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS
Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA
3º MELHOR MACHO
TEMIL D032 DIDA NOSTRADAMUS 1507TE
HBB: 121845 Pel: P
Premio Tatuagem: D032
Nascimento: 27/07/2007
Idade: 10M 2d (306 d)
Pai: CATANDUVA TE213 NOSTRADAMUS K.ROB
TE12 HBB: 99045
Mãe: OTTONO B1507 TE GAROTA HBB:105961
Peso: 461 C.E.: 29.00 Alt: 1.23 Dent: DL
Frame: 5.75
Expositor: MILTON MACHADO DE SOUZA,
CABANHA TEMIL AGROPECUARIA, TAPES/RS
Criador: MILTON MACHADO DE SOUZA
48
MOVIMENTO
Agosto de 2008
Fotos: Felipe Ulbricht/ABA
Santa Eulália brilhou nos rústicos
Trio Grande Campeão Machos PC
A
Estância Santa Eulália, de
Pelotas, RS, propriedade de
Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello foi a grande vitoriosa no julgamento de classificação
de animais a campo (rústicos) do 4º
Outono Angus Show.
A propriedade obteve consagração com o trio grande campeão machos PO, lote 1 (tatuagens 456, 453,
450), e com trio reservado grande
campeão machos PO, lote 2 (tat.
472, 465, 459).
Já a Cabanha Santa Bárbara, de
São Jerônimo, RS, pertencente à
Carla Sandra Staiger Schneider, ficou com o terceiro melhor trio de
machos PO, lote 3 (tat. 3781, 3765,
3755).
O macho 450, do lote grande
grande campeão com o
lote 10 (tat. 879, 880,
878) e terceiro melhor
trio com o lote 9 (tat.
987, 974, 967). O melhor touro rústico PC é
o de tatuagem 941, do
lote 8, eleito em função
do “bom comprimento”.
Trio Grande Campeão Machos PO
Nas fêmeas PC,
campeão, foi escolhido pelo jurado mais uma vez vitória da Santa Eulália
Christopher Purdon como o melhor com trio grande campeão, lote 14
(tat. 939, 936,935), e com trio retouro rústico PO da exposição.
Nas fêmeas PO, a Estância Santa servado grande campeão, lote 13
Eulália obteve os títulos de trio gran- (tat.979, 964, 951). O terceiro mede campeão com o lote 5 (tat. 470, lhor trio de fêmeas PC pertence ao
457, 460) e o trio reservado grande lote 11 (tat. E035, E020 e E019) de
campeão fêmeas PO com o lote 6 Marcos Begrow, da Agropecuária
(tat. 458, 449, 451). A Cabanha San- Rancho Bregrow, Carazinho, RS. A
ta Bárbara ficou com o terceiro me- melhor fêmea PC, tatuagem 939,
lhor trio de fêmeas PO com o lote pertence ao lote grande campeão.
Elogiando a qualidade dos ani07 (tat. 2812, 2810, 2804). A melhor fêmea PO pertencente ao lote 6 mais brasileiros e a acolhida que teve
(tatuagem 449) foi escolhida pelo por parte dos criadores, o jurado
jurado devido ao seu “melhor apelo Christopher Purdon agradeceu pelo
convite para julgar no Brasil. “Tenho
visual”.
A Estância Santa Eulália também o maior respeito pelo País, tanto nos
faturou os três prêmios nos machos campos de futebol como também nos
PC: trio grande campeão com o lote campos de criação de Angus”, con8 (tat. 960, 942, 941), reservado cluiu.
No leilão, metade da campeã
foi arrematada por R$ 50 mil
presa, pois não esperava
vender, apenas iria
apresentá-la na pista”, comentou. A presidente do
Núcleo Centro Litorâneo
de Angus afirmava na
ocasião que “a vaca está
prenha e exige cuidados”.
Conforme Sérgio
Colaço da Silva, o invesLucky Girl 2662 de Santa Bárbara
timento na raça deve-se à
Com chancela da Associação formação de plantel de elite em
Brasileira de Angus, o 1º Leilão Camaquã, RS. Silva foi o maior
Outono Angus Show, dia 31 de comprador do recinto adquirinmaio, teve como destaque a ven- do seis fêmeas PO, além de 50%
da de metade da grande campeã da grande campeã.
Lucky Girl 2662 de Santa BárNo leilão promovido pelo Núbara pelo valor de R$ 50 mil. A cleo Centro Litorâneo de Angus
aquisição foi feita pelo investidor também foram comercializadas
Sérgio Colaço da Silva, da fêmeas Angus CA com média de
Cabanha e Haras Bons Ventos, R$ 1,827 mil e fêmeas PO ao preem Cristal, RS.
ço médio de R$ 4,239 mil. ConSegundo a proprietária da forme a Premier Leilões, entre os
Santa Bárbara, de São Jerônimo, investidores do leilão destaque
RS, Carla Sandra Staiger para a aquisição de 41 fêmeas da
Schneider, a comercialização da raça por José Luiz Goulart Banfêmea não foi planejada: “A pro- deira, da Fazenda do Pontal,
posta surgiu na hora, fiquei sur- Viamão, RS.
MOVIMENTO
Agosto de 2008
49
Araçatuba valoriza a raça
De 1º a 5 de julho, o Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (Angus São Paulo), com o apoio da Associação Brasileira de
Angus (ABA), organizou a mostra de Angus durante a 49º Exposição Agropecuária de Araçatuba, em Araçatuba, SP. A exposição
contou com a atuação do jurado, técnico do Programa Carne Angus Certificada em São Paulo, Dr. Tito Mondadori e apoio de
Roberto Vilhena, além dos técnicos da ABA Rednilson Góis e Pedro Adair do Santos.
3E Agropecuária e Fazenda MC brilharam em pista
Grande Campeã: Rincon Espoleta 808 Del Sarandy
Res. Grande Campeã: Umbu 977 Recluse
Terc. Melhor Fêmea: Feliz 219 Kimera Zorzal TE
Grande Campeão: MC Faca Pitoca Discovery 400
Res. Grande Campeão: Espinilho 6003
Terc. Melhor Macho: MC Goleiro Italiana Zorzal TE 530
B
icampeã da Expolondrina (2007/2008)
e campeã da Feicorte 2008, a fêmea
Rincon Espoleta 808 Del Sarandy faturou o
grande campeonato da raça Aberdeen Angus
na 49ª Exposição Agropecuária de Araçatuba.
O exemplar de 46 meses pertence ao atual presidente do Núcleo Angus São Paulo, criador
Renato Ramires Júnior, da 3E Agropecuária,
de Catanduva, SP.
A reservada de grande campeã da raça foi
a vaca de 37 meses Umbu 977 Recluse, da
GRANDE CAMPEÃ
RINCON ESPOLETA 808 DEL SARANDY
HBB: 104067 Pel: P
Fazenda MC, de Espírito Santo do Pinhal, SP,
propriedade do selecionador Eloy Tuffi.
Já a terceira melhor fêmea foi Feliz 219
Kimera Zorzal TE, de 14 meses, da Cabanha
Feliz, Campina do Monte Alegre, SP, de
Augusto Vieira de Rua Pinto Guedes.
Nos machos, a Fazenda MC faturou o grande campeonato com o touro de 23 meses MC
Faca Pitoca Discovery 400 e o terceiro melhor
macho com o exemplar de 14 meses MC Goleiro Italiana Zorzal TE 530. O touro de 22
meses Espinilho 6003, da Agropecuária HR,
São Paulo, SP, de Luis Henrique Campana
Rodrigues, foi eleito reservado grande campeão.
Segundo o presidente do Núcleo Paulista
de Criadores de Angus, Renato Ramires Júnior,
a exposição foi um grande sucesso para o núcleo, não só por toda estrutura do parque, acomodação dos animais e funcionários, como
também pelo julgamento tranqüilo e transparente realizado pelo técnico do Programa Carne Angus Certificada, Tito Mondadori, com
o apoio de Roberto Vilhena
Leilão vvendeu
endeu R$ 816 mil
Conforme Ramirez, outro sucesso da exposição foi a primeira edição do Leilão Genética
Angus, que arrecadou R$ 816 mil com a
comercialização de animais cruza Angus e touros
Angus PO realizada pela Agropecuária HR, de
Luis Henrique Campana Rodrigues, e 3E
Agropecuária, de Renato Ramires Júnior. A média de preços dos touros PO foi de R$ 6,16 mil.
EXPOSIÇÃO ANGUS DE ARAÇATUBA - DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES
Prêmio Tatuagem: 808 Nascimento: 18/08/2004
Idade: 45M29d (1397 d)
Pai: BAR EXT TRAVELER 205 HBB: IA522
Mãe: RINCON WESTWIND 435 DEL SARANDY
HBB: 81481
Peso: 874 Alt: 1,36
Expositor: 3E AGROPECUÁRIA LTDA, 3E
AGROPECUARIA, JOSE BONIFÁCIO/SP
Criador: CABANHA RINCON DEL SARANDY
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ
UMBU 977 RECLUSE HBB: 110083 Pel: P BOX:
Prêmio Tatuagem: 977 Nascimento: 05/05/2005
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO
SANTO DO PINHAL
Criador: ELOY TUFFI
Idade: 37M29d (1155 d)
Pai: DOBLE HACHE 33 ORIENTAL TE HBB: IA674
Mãe: UMBU 461 RECLUSE HBB: 83144
AOL: 81,7 EGS: 7,4 P8: 11,3
Expositor: AUGUSTO VIEIRA DE RUA PINTO, CAB.
FELIZ, CAMPINA DO MONTE ALEGRE/SP
3º MELHOR FÊMEA
RESERVADO DE GRANDE CAMPEÃO
ESPINILHO 6003 HBB: 115820 Pel: V
GRANDE CAMPEÃO
MC FACA PITOCA DISCOVERY 400 HBB: 112320 Premio Tatuagem: 6003 Nascimento: 25/08/2006
Idade: 22M10d (679 d)
Pel: P
Premio Tatuagem: 400 Nascimento: 30/07/2006 Pai: DOBLE HACHE 33 ORIENTAL TE
Peso: 861
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPIRITO
SANTO DO PINHAL
Criador: ANGELO BASTOS TELLECHEA
FELIZ 219 KIMERA ZORZAL TE
HBB: 118919
Premio Tatuagem: TE219
Nascimento: 20/04/2007 Idade:14M15d (441 d)
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850
Mãe: CATANDUVA 339 ITALIANA 1549
HBB: 82320
Peso: 479
Criador: AUGUSTO VIEIRA DE RUA PINTO
Idade: 23M 5d (705 d)
Pai: OCC DISCOVERY 918D HBB: IA708
Mãe: LA ENCANTADA TE10 CABOCLA L.CANYON
HBB: 101479
Peso: 817 C.E.: 41,00
AOL: 100,5 EGS: 18.0 P8: 20.0
HBB: IA674
Mãe: ESPINILHO C05 HBB: 101815
Peso: 829 C.E.: 40.00
AOL: 106.3 EGS: 10.1 P8: 18.7
Expositor: LUIZ HENRIQUE CAMPANA
RODRIGUES, FAZENDA TABAPUA, SÃO PAULO/SP
Criador: ROBERTO SOARES BECK
3º MELHOR MACHO
MC GOLEIRO ITALIANA ZORZAL TE 530
HBB: 119368 Pel: P
Premio Tatuagem: TE530
Nascimento: 18/04/2007 Idade: 14M17d (443 d)
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE HBB: IA850
Mãe: CATANDUVA 339 ITALIANA 15-49
HBB: 82320
Peso: 510 C.E.: 36.00
AOL: 85.6 EGS: 6.5 P8: 7.4
Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO
SANTO DO PINHAL
Criador: ELOY TUFFI
50
Agosto de 2008
MOVIMENTO
MOVIMENTO
EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2008
AGOSTO
Expointer - RS
30/08/2008 a 07/09/2008
Guarapuava
13/08/2008 a 16/08/2008
SETEMBRO
Exposição de Primavera de Uruguaiana
30/09/2008 a 05/10/2008
OUTUBRO
Expofeira de Pelotas
03/10/2008 a 14/10/2008
Exposição de São José do Rio Preto
06/10/2008 a 12/10/2008
Expofeira de Bagé
11/10/2008 a 21/10/2008
66° Exposição Agropecuária de Alegrete
11/10/2008 a 21/10/2008
Expofeira de Santa Maria
13/10/2008 a 21/10/2008
Exposição de Cachoeira do Sul
16/10/2008 a 19/10/2008
Exposição de Santana do Livramento
17/10/2008
42° Exposição Agropecuária
de São Francisco de Assis
23/10/2008 a 27/10/2008
Expofeira de Dom Pedrito
Outubro/2008
NOVEMBRO
Expofeira de Rio Grande
04/11/2008 a 10/11/2008
Cascavel
Novembro/2008
Agosto de 2008
LEILÕES CHANCELADOS 2008
16 agosto – 6º Leilão Angus - Guarapuava
24 agosto – 8º Leilão VPJ Angus
01 setembro – VII Angus Rústico do Sul
03 setembro – Leilão Golden Angus
16 setembro – Leilão São Xavier
28 setembro – Leilão Mega GAP
29 setembro – 4º Grande Leilão Red Angus
09 outubro – 6º Leilão Marca Angus
10 outubro – Remate Santa Eulália e Pedra Só
12 outubro – Cabanha Umbu Negocia
13 outubro – Remate Paipasso
16 outubro – Remate Angus do Alegrete
17 outubro – Remate Touros da Fronteira
17 outubro – Remate Selo Racial
18 outubro – 4º Remate Núcleo Centro Angus
18 outubro – Leilão Só angus
18 outubro – Leilão Angus
23 outubro – 19º Remate Anual Agropecuária Quiri
24 outubro – 7º Leilão Santa Thereza e Convidados
26 outubro – 51º Remate Anual Cabanha Paineiras
31 outubro – Remate Cinco Raças
06 novembro – 48º Remate Cabanha São Bibiano
OUTROS EVENTOS
14 a 21 setembro - Exposição do Prado - Uruguai
09 outubro - X Remate de Elite - São Borja/RS
17 outubro - VIII Remate 3 Marcas - São Borja/RS
12 Setembro
III Concurso de Carcaças Angus
51
52
Agosto de 2008
ENTREVISTA
Mr. Christopher Purdon – Juiz do Outono Angus Show 2008
“Fui o primeiro sul-africano a julgar Angus na América do Sul”, orgulha-se
Christopher Purdon, que atuou como o juiz do Outono Angus Show deste ano,
realizado durante a Fenasul 2008, em Esteio/RS. Purdon é médico veterinário e
agrônomo, tem vasta experiência como juiz e expositor, já ocupou diversos cargos
na Angus Society of South Africa, dentre os quais o de Presidente em duas gestões,
já presidiu o World Angus Technical Committee do Secretariado Mundial da Raça
Angus e é atualmente o maior selecionador de Angus na África do Sul, país que foi
sede do último Fórum Mundial da raça, no ano 2005.
O Outono Angus Show foi promovido pelo Núcleo Centro Litorâneo de
Angus, teve o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA) e contou pontos
para o Ranking nacional de expositores e criadores da raça nas categorias de animais de argola e de curral (rústicos).
Concluída a exposição, na qual o sul-africano não poupou elogios aos animais
apresentados, o médico veterinário Marcelo Maronna o conduziu num Tour por
plantéis de Angus e cruza Angus pertencentes a criadores da região do Núcleo
Centro Litorâneo de Angus. Nelas, viu bastante gado Angus e cruzados de várias
origens e em diferentes manejos e alimentações.
A intenção do Tour, de acordo com a Presidente do núcleo Carla Sandra Staiger
Schneider, foi mostrar as condições nas quais bovinos costumam ser criados no
Estado, ou seja, não mostrar apenas gado de pista. Conforme Carla Schneider, a
intenção de convidar alguém da África do Sul foi para conhecer aquilo que esse
país, que foi sede do último Fórum Mundial de Angus, procura na raça. “Quem lê
publicações estrangeiras sobre a raça Angus sabe que a África do Sul, de uns tempos para cá, tem atraído atenções”, diz a Presidente. “Além disso, o país tem certas
semelhanças com o Brasil pelo simples fato de, na época da Gondwana, ter sido
colado ao nosso país”, completa Carla.
Na opinião dela, Purdon teve uma linha de julgamento semelhante ao do juiz
do Outono Angus Show 2007, o Presidente da Angus Society of Australia John
Young, que também entrou para a história como o primeiro australiano a julgar
Angus no nosso continente. “Ambos deram preferência a animais produtores de
carne, funcionais e com precocidade sexual, e combateram excessos”, resume a
dirigente.
Depois de concluída a viagem pelo Rio Grande do Sul, Christopher Purdon
respondeu algumas perguntas do Angus@newS. Confira as respostas:
Christopher Purdon julgou em pista e conheceu algumas cabanha de Angus do RS
O que vvocê
ocê estav
estavaa esperando da
sua viagem antes de sair da África
do SSul?
ul?
Eu não tinha certeza sobre o que
deveria esperar porque nunca havia estado na América do Sul antes. Tudo o
que eu sabia sobre o Brasil era que o
país é grande, tem uma grande população e muito gado. Eu também sabia que
o Brasil é um dos maiores produtores
de alimentos do mundo e que a sua economia está em grande expansão.
Q ue tipo de Angus vvocê
ocê estav
estavaa
esperando vver
er no B
rasil?
Brasil?
Devido à grande quantidade de
gado que o Brasil tem, eu esperava ver
bons plantéis de gado comercial assim
como reprodutores frutos do trabalho
de empresas rurais que há muito tempo
fazem parte do setor primário. Nos
plantéis Angus tradicionais, eu esperava ver animais de conhecidas linhagens.
Sou sincero em dizer, no entanto, que
eu pensava ver um gado comercial mais
homogêneo no Brasil. Penso que, de certa forma, o produtor de bois e novilhos
não saiba exatamente o que o mercado
quer ou, talvez, o mercado nacional queira um produto diferente daquele que os
importadores da carne brasileira querem,
o que orienta diferentemente cada produtor de gado comercial.
eendeu de alguma
Você se surpr
surpreendeu
utono
Outono
forma com os animais do O
Angus SShh oow?
w? PPor
or quê?
Não fiquei surpreso pelo gado apresentado no Outono Angus Show porque eu tinha conhecimento de que os
criadores brasileiros de Angus têm exposições de reprodutores e, assim, os
expositores apresentariam animais com
muita qualidade no Outono Angus
Show.
O Angus sul-africano e o Angus
brasileir
or quê?
brasileiroo são semelhantes? PPor
Sim, eles são semelhantes na medida em que usamos genéticas americanas de Angus, da mesma forma como o
Brasil e a Argentina também usam. Aliás, estamos exportando sêmen sul-africano para esses dois países.
O s animais apr
esentados no O
uapresentados
Outono Angus SShh oow
w eram difer
entes
diferentes
dos animais vistos nas faz
endas vifazendas
sitadas? Como?
Sim, muito diferentes. Os animais
apresentados no Outono Angus Show,
inclusive os trios, eram todos racionados e alguns machos de argola estavam
muito gordos. Enquanto isso, tanto os
reprodutores quanto o gado comercial
que vi nas minhas visitas após o Outono Angus Show são criados a campo e
de forma extensiva. Mas, foi muito bom
poder constatar que as características
>>
ENTREVISTA
raciais dos reprodutores, tanto os da
exposição quanto os das fazendas visitadas eram as mesmas, ou seja, um gado
de muita qualidade zootécnica e com
muita caracterização racial.
E m termos de padrão racial, o
que vvocê
ocê diria de todos os animais
que viu tanto no O
utono Angus
Outono
S h oow
w quanto nos plantéis das
cabanhas?
Os reprodutores são animais tipicamente Angus. Em geral, eles têm tamanho intermediário, são carnudos e
seguem os atuais padrões raciais internacionais da raça Angus. Por outro
lado, pude verificar que certos produtos Angus de campo estavam pequenos demais para a idade e acho que isso
seja efeito da sua genética associada ao
manejo extensivo em que são criados,
onde muitas vezes pode faltar alimentação.
Na sua opinião, existe alguma
característica que pr
ecisa ser melhoprecisa
rada em termos de padrão racial ou
qualquer outra característica nos
pr
odutos que foram a julgamento e
produtos
naqueles vistos nas cabanhas?
Na exposição, percebi uma quantidade considerável de animais, tanto touros quanto fêmeas, com problemas nos
aprumos traseiros. Também percebi touros com testículos que poderiam estar
mais desenvolvidos em relação à idade.
Conte-nos alguma curiosidade
que vvocê
ocê julgue inter
essante para os
interessante
criador
es brasileir
os quanto ao deráv
ojetada pela Associação de Angus
el quantidade de gado Bos pr
derável
criadores
brasileiros
projetada
ustrália? Você acha que essa aliem ter um cer
to padrão da A
ul, sua histó- I ndicus dev
Austrália?
devem
certo
Angus da África do SSul,
ria, sua associação e seus criador
es. ou característica em comum?
ança seria positiv
positivaa para países como
criadores.
ul e o B
rasil? PPor
or quê?
Sim, precisamos caminhar rumo a a África do SSul
A Associação de Angus da África do
Brasil?
A Southern Hemisphere Angus
Sul foi fundada em 1910, tem atualmen- um objetivo comum. Precisamos ter em
te 150 associados ativos e um plantel de mente que o Brasil, o Paraguai, a África Alliance é um grande passo para comreprodutores PO em atividade que do Sul e a Austrália têm algumas regi- pararmos os nossos animais e os nossos
totaliza 18 mil cabeças. Foi uma grande ões com campos e solos com caracterís- sistemas de produção, porém ela ainda
lástima que nenhum criador do Brasil ticas semelhantes entre si, o que não é o não aconteceu. Tem havido avanços na
tenha participado do Fórum Mundial caso de países localizados mais ao sul, troca de informações em relação a
de Angus no meu país no ano 2005, já como a Nova Zelândia, o Chile, a Ar- ecossistemas, manejos, linhas de sangue
que o nosso gado e o nosso sistema de gentina e o Uruguai. Esses países têm Angus e programas de melhoramento
criação com certeza teriam interessado características diferentes por estarem genético entre a Austrália, a Nova
bastante. Assim como no Brasil, tam- mais distantes da linha do equador, te- Zelândia e a África do Sul. Por outro
bém temos altas
lado, temos sentitemperaturas, cardo uma certa difiPurdon considerou os animais de pista Angus culdade de comurapato, algumas regiões muito secas e
bem típicos e destacou algumas semelhanças no nicação com os paoutras muito úmiíses da América do
clima e meio ambiente dos países que criam a Sul.
das. Além disso,
parte do nosso país
Penso que a
raça no Hemisfério Sul, o que contribui para a
tem campos fracos,
aliança é positiva
necessidade de maior troca de informações
que exigem bovipara qualquer crinos fortes.
ador e investidor
Por último, a África do Sul também rem outros solos e serem banhados por em Angus porque proporciona troca de
tem uma distribuição de renda na po- correntes oceânicas mais frias.
conhecimentos e possibilita a tomada
pulação que se compara à distribuição
Fiquei muito contente que a dire- de importantes e estratégicas decisões.
Você acha que os animais julgaexistente na sociedade brasileira. Isso faz toria do Núcleo Centro Litorâneo de
utono Angus SShh oow
w se
com que tenhamos, tanto no campo Angus tenha convidado um australiano dos no O
Outono
ul?
quanto nas cidades, problemas de or- em 2007 e um sul-africano neste ano adaptariam bem na África do SSul?
epr
esentam o tipo de Angus
dem sócio-econômica que são muito para julgar o Outono Angus Show. Na E les rrepr
epresentam
es sul-africanos da
semelhantes aos do Brasil.
minha opinião, isso demonstra que os que os criador
criadores
Você acha que os bo
vinos Angus diretores estão muito atualizados quan- raça estão pr
ocurando atualmente?
bovinos
procurando
de países com elev
adas temperatu- to a essas e outras questões.
elevadas
Com algumas exceções, penso que
ras, pastagens insuficientes em alO que vvocê
ocê pensa da Aliança o padrão racial dos animais do Outono
gumas de suas rregiões
egiões e uma consi- Angus do H
emisfério SSul,
ul, que foi Angus Show é semelhante ao padrão que
Hemisfério
Agosto de 2008
53
queremos.
Por fav
or
favor
or,, faça um último comentário sobr
ocê viu
sobree o gado que vvocê
na sua viagem, as faz
endas que visifazendas
tou e as pessoas que conheceu.
Eu tive a oportunidade de ver excelentes animais, visitar belíssimas fazendas e conhecer pessoas maravilhosas. Eu
não falo português, mas todos falavam
inglês, ou seja, comunicação não foi
problema. Conheci pessoas que fizeram
de tudo para eu ter uma estadia agradável no Brasil e que serão para mim amigas e amigos para sempre.
Aproveito para transmitir o meu
muito obrigado à Carla Schneider e à
equipe do Núcleo Centro Litorâneo de
Angus, ao Fernando Velloso e à equipe
da Associação Brasileira de Angus, aos
expositores do Outono Angus Show, ao
Marcelo Maronna e a todos os
pecuaristas que abriram as porteiras das
suas fazendas para me receber, sendo que
em algumas delas tive inclusive a felicidade de ver pastos africanos típicos plantados e muito adaptados ao solo: o caso
da Tanzânia e da Mombaça. Isso reforça as semelhanças que os nossos continentes dividem e que deveríamos explorar melhor.
Por favor, saibam que eu fiquei
muito grato pelos bons momentos que
todos vocês me proporcionaram e espero poder, juntamente com os criadores
de Angus do meu país, ter o prazer de
retribuir a hospitalidade.
54
Agosto de 2008
INFORME PUBLICITÁRIO
O risco da resistência parasitária é caso sério
Por Octaviano Alves Pereira Neto
Diz o ditado: “Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Este adágio popular sintetiza, em sua simplicidade cômica, que certas soluções, mesmo que semelhantes, não necessariamente atendem as reais necessidades do
produtor e que há riscos em adaptá-las
a certas situações, pois podem não ser
as melhores alternativas.
Não são novidades os impactos causados pelos parasitos internos e externos sobre a produtividade dos rebanhos.
Seus efeitos levam os produtores a investir em produtos e técnicas de manejo que buscam reduzir tais prejuízos e a
infestação do ambiente, porém dependendo de sua eficácia obterão resultados variáveis e em certos casos
insatisfatórios.
Dentre os parasitos que afetam os
bovinos, os carrapatos são os que mais
preocupam os produtores, principalmente de gado de europeu (puro ou cruzas), provocando perdas de peso e de
produtividade. O fato de serem facilmente observados sobre seus animais,
bem como, as larvas na pastagem, que
são visíveis a olho nu, estressa muito os
produtores, pois torna o problema mais
perceptível e “real”.
Já no caso dos vermes gastro-intes-
tinais (GI), que também afetam severamente a produtividade animal, o que o
produtor visualiza são seus efeitos sobre
a produtividade: as perdas de desempenho e alterações no status do rebanho.
Isto quando ocorre, os prejuízos já estão presentes: quando o produtor vê 10
animais afetados, pode ter certeza que a
grande maioria do lote já está perdendo
em potencial produtivo.
A indústria farmacêutica veterinária tem como compromisso desenvolver novas formulações para solucionar
velhos problemas. Diversos antiparasitários foram desenvolvidos no transcorrer dos anos. Moléculas com efeitos antihelmínticos (da fenotiazina às
avermectinas) e carrapaticidas (dos
arsenicais ao fluazuron), alguns destes
princípios ativos já substituídos por va-
riadas razões, mas a principal delas, o
surgimento de parasitos resistentes á sua
ação.
Atualmente, a resistência aos endo
e ectoparasiticidas é a principal preocupação dos parasitologistas ao redor do
mundo. A resistência, na maioria dos
casos, é hereditária. Depois de estabelecida, nunca mais é revertida e o princípio ativo é descartado como alternativa de controle.
Produtos de amplo espectro, quando usados em demasia, podem gerar resistência cruzada entre princípios ativos
semelhantes e populações diferentes de
parasitos. Neste cenário, preocupa o uso
indiscriminado das avermectinas e
milbemicinas (ivermectina, abamectina,
doramectina e moxidectina) como
carrapaticidas. Esta prática representa
um dos maiores riscos de perda deste
compostos no combate às verminoses.
A alta pressão de seleção sobre os parasitos, tanto carrapatos como vermes GI,
leva à resistência e perda de funcionalidade da molécula por resitência.
Martins e Furlong (2001), relataram
pela primeira vez a presença de populações de carrapatos resistentes à
doramectina, com resistência cruzada à
ivermectina, abamectina e moxidectina
no Brasil. A situação só se agravou com
o passar dos anos, acompanhando a
substituição dos carrapaticidas de contato pelas avermectinas.
Klafke et al. (2007) descreveram
preocupação semelhante quanto ao crescimento de populações de carrapatos resistentes à ivermectina e demais integrantes do grupo. Paralelamente crescem as populações de vermes resistentes aos princípios em uso, o que em
pouco tempo pode comprometer severamente a capacidade produtiva dos rebanhos pecuários.
O ciclo biológico dos parasitos internos e externos diferem quanto a espécie envolvida. O clima interfere na
epidemiologia e exerce pressões sobre a
população no pasto. Produtos de amplo espectro usados sem critério, selecionam intensamente indivíduos resistentes. Estes não morrerão e através de seus
ovos se formarão as novas gerações de
parasitos, igualmente resistentes.
O uso de produtos específicos contra carrapatos, tais como o fluazuron,
um inibidor do crescimento de ácaro,
afeta exclusivamente os carrapatos, sem
interferir na população de vermes GI.
Quando necessário o controle destes,
usa-se então um vermífugos de amplo
espectro, como a ivermectina por exemplo, tendo como benefício adicional seu
efeito carrapaticida.
Este método, bem mais racional, prevê o salutar rodízio de princípios ativos,
preservando as moléculas que ainda têm
eficácia. Programas Integrados de Controle de Parasitos, que adotam as ferramentas certas e nos momentos recomendados oferecem melhores resultados, com
proteção dos produtos em uso. Busque o
auxílio de um médico veterinário para
definir um programa correto de ação.
E lembre-se: “vermífugo é vermífugo,
carrapaticida é carrapaticida”. Usando-os
corretamente é possível prevenir o avanço da resistência parasitária.
Méd. Vet., Mestre em Zootecnia
Gerente Técnico - Bovinos
®
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Basiléia, Suíça.
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a reprodução total ou parcial do
conteúdo desta publicação sem a
autorização da Novartis Saúde Animal
MOVIMENTO
N
a Estância Santa Clotilde, durante o primeiro dia da programação de visitas, cerca de 300 pessoas participaram da promoção, entre elas, em torno de 15 pecuaristas e
técnicos brasileiros. Propriedade dos
criadores uruguaios Luis Bove
Santayana e Felipe Bove Barriola,
numa área de sete mil hectares o Estabelecimento Santa Clotilde destaca o
trabalho de seleção de gado Angus (de
pelagem vermelha) e de Brangus. A
Santa Clotilde investe na pecuária
desde 1902 e na raça Aberdeen Angus
mais precisamente desde o fim dos
anos 80.
Nesta propriedade, além de
visualizar lotes de fêmeas e machos
(incluindo reprodutores que irão a remate neste ano), o grupo também
pôde revisar lavouras formadas com
plantas forrageiras utilizadas na alimentação do gado e assistir palestra
sobre o uso de Marcadores Genéticos
Igenity, apresentada pelo Laboratório
Merial.
Ao final deste dia ainda foi realizada palestra sobre o manejo
reprodutivo em animais de cria, com
ênfase à produção de terneiros para
2009, apresentada pelo técnico Alejo
Menchaca, do Instituto de Reprodu-
Agosto de 2008
Criadores brasileiros marcaram
presença na Gira Angus do Uruguai
Dois criatórios da raça Aberdeen Angus, ambos localizados em Tacuarembó, no
Uruguai, foram alvos de visitas de criadores e técnicos – destaque para o grupo de
brasileiros - durante a Gira Angus 2008, promovida nos dias 3 e 4 de julho, pela
Associação de Criadores de Angus do Uruguai.
ção Animal do Uruguai.
No dia 4 de julho, segundo e último dia da Gira Angus do Uruguai, o
grupo se deslocou para o Estabelecimento Caraguatá, do Frigorífico Modelo S.A., propriedade do ex-presidente e atual vice-presidente da Associação de Criadores de Angus do Uruguai, Luis Fernández Echeverria. Nesta visita os participantes puderam conferir a apresentação de ventres e touros a campo também de animais de
elite.
Foi destaque especial desta etapa
da gira o grande volume de animais
apresentados no Frigorífico Modelo S.
A., numa escala que superou 2,5 mil
animais. “Observamos, especialmente no Frigorífico Modelo, grande número de animais padronizados. Tan-
to o gado de plantel quando o comercial era Angus e principalmente o gado
comercial era todo ele definido, o que
deve ser ainda melhorado e
implementado no Brasil”, observou o
Gerente de Operações da Associação
Brasileira de Angus (ABA), Fernando
Furtado Velloso.
Participante da gira, Velloso ainda comentou o quão o grupo ficou
impressionado com o volume expressivo de animais selecionados que foram apartados para serem mostrados
aos visitantes. “Normalmente em dias
de campo são apresentados lotes pequenos, mas nessa propriedade foram
mais de 2,5 mil animais”, reforçou o
técnico.
Na propriedade de Luis
Echeverria, os integrantes do grupo
também tiveram a oportunidade de
verificar como se realiza a produção
de carne no estabelecimento, que se
caracteriza por trabalhar o ciclo completo, especialmente com pastagens
naturais e artificiais.
Exemplo desta eficiência é que na
Estância Caraguatá, onde são destinados 15 mil hectares à pecuária, no último ano foram enviados ao frigorífico
859 novilhos, com peso médio de 495
quilos e 623 vacas com peso médio de
443,5 quilos. A propriedade já ultrapassou 1.000 nascimentos em TE.
Quanto à raça Aberdeen Angus,
desde 1986 adotam um programa de
transferência de embrião (TE) e os
DEPs já são superiores aos da média
nacional: DEP 15% superior para
peso aos 18 meses e 30% superior para
55
habilidade materna/leiteira. O Frigorífico Modelo trabalha com aproximadamente seis mil fêmeas Angus.
Os brasileiros presentes na Gira
Angus 2008 foram Luís Henrique Sesti,
pres. do Núcleo Centro Angus, Renata Fischer (Cachoeira do Sul), Jorge
Torelly, Marcelo Linhares, Luiz Walter
Leal Ribeiro, Paulo Renato Castilhos
Menezes e esposa (Santana do Livramento), Mário Rivero (Uruguaiana),
Gustavo Winter (Santo Antonio da
Patrulha) além de Fernando Velloso e
o técnico da Associação Brasileira de
Angus, Dimas Rocha, este acompanhado por Bianca Rocha.
Na edição de 2007, a Gira Angus
de Outono promoveu integração brasileira ao incluir a Estância Santa
Eulália (Pelotas), de Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello,
entre as propriedades visitadas. Este
ano, o evento foi acompanhado pelo
presidente da Associação de Criadores de Angus do Uruguai, Gonzalo
Valdés Requena. E mesmo com o rigor do inverno uruguaio, participaram
produtores de várias regiões daquele
país e representantes da imprensa especializada do Uruguai, que percorreram longas distâncias nos deslocamentos entre as propriedades.
Jurado sul-africano conheceu propriedades gaúchas
O sul-africano Christopher
Purdon – jurado de Angus no
Outono Angus Show, na Fenasul e seu compatriota Cris Sheard, realizaram por dois dias, após a feira, visitas guiadas a fazendas de criação de Angus do Litoral Norte
gaúcho, conhecendo aspectos de
nossa pecuária de corte em campo
nativo. Numa programação criada
conjuntamente
pelo Núcleo Centro Litorâneo de
Angus e pela equipe gaúcha da central CRI Genética
Brasil, os sul-africanos estiveram
nos municípios
rio-grandenses de
Mostardas, Palmares e Capivari do
Sul. Foram acompanhados dos veterinários Felipe Scherer, Marcelo
Maronna Dias e Marcos Silveira.
Christopher Purdon, um grande
criador e conhecedor de Angus, e
Sheard, um empresário do setor pecuário e também criador de gado, ficaram impressionados com o poder
de adaptação do Angus nas várzeas
litorâneas com grande acúmulo de
água. Eles observaram o trabalho de
melhoramento genético desenvolvido na Cabanha Ranchinho, verificando os resultados de uma parceria
de mais de quinze anos entre o proprietário, veterinário Edgardo Marques da Rocha Velho e a central CRI
Genética Brasil. Foram visualizados
mais de 4000 animais entre vacas de
cria, novilhas prenhes, novilhas de
ano, além de terneiros e terneiras desmamadas.
Purdon e Sheard ficaram admirados com o bom estado corporal do
gado em condições de campo nativo. Questionaram sobre os
acasalamentos utilizados e ressaltaram a importância de alguns touros
que foram utilizados nas vacas que
viram, casos do Mr. Beef, Chateau,
Traveler 004, Final Answer e Matrix.
Na gira, também visitaram os alunos do projeto Pescar, da parceria da
Sucessão Mathias Azambuja Velho e
Filhos da Fazenda Ranchinho, com
o SENAR-RS, que trata da inclusão
de jovens de famílias da zona rural
para trabalhar em pecuária. Trata-se
de um trabalho social digno de elogios, onde os estrangeiros puderam
falar sobre a realidade da África do
Sul, abordando clima, localização,
estrutura geopolítica, cultura, economia e estrutura social. Os jovens fizeram perguntas sobre os animais da
África, pecuária e possíveis oportunidades de intercâmbio.
Na fazenda Rodeio do Meio, de
Helena Velho Soares de Mello, pu-
deram ver um rebanho comercial
com 600 vacas Angus, avaliando
produtos de Bando 9074, Resolve
e New Design 349M. Também conheceram o plantio de arroz, cultura não existente em seu país, vendo áreas de resteva, de preparo de
solo e silos de armazenagem de
grãos.
No retorno a Porto Alegre, em
Palmares foi mostrado um lote com
mais de 150 touros de dois anos da
Fazenda Ranchinho, que estavam
entrando em pastagens de azevém.
Purdon destacou a padronização
dos animais e ponderou que nosso
campo nativo tem características
muito interessantes, até pelo que ele
pode observar no estado dos animais em pleno outono.
56
MOVIMENTO
Agosto de 2008
ABA apresentou dados de
carcaça na Feicorte
Cadeia produtiva da carne brasileira é
alternativa para enfrentar crise de alimentos
Por Afonso Hamm
Em palestra “Dados de Carcaça na
raça Aberdeen Angus”, realizada dia 18
de junho, durante a Feicorte, a Associação Brasileira de Angus (ABA) apresentou um levantamento de dados de
carcaça a criadores e interessados na
raça.
A assessora técnica da ABA,
Fernanda Kuhl, explicou que a avaliação de carcaça é um importante instrumento que auxilia na determinação
do rendimento dos cortes na indústria,
na escolha de reprodutores superiores
e também no julgamento de animais
em exposições.
Fernanda apresentou um levantamento dos dados de carcaça por ultrasom, coletados entre 2006 e 2008 nas
exposições “A” do ranking da Associação Brasileira de Angus.
Segundo a assessora técnica da
ABA, essas informações colhidas sobre
Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS)
e Gordura na Picanha (P8) podem ser
utilizadas para determinar os melhores
exemplares da raça, ao medir a
musculosidade e a precocidade de terminação do animal, respectivamente.
Satisfeita, a assessora disse que a
palestra foi bem recebida e proporcionou que os objetivos de fomentar o
conhecimento dos criadores no assunto para aumentar o número de indivíduos com esses parâmetros avaliados
foram atingidos.
A crise e a escassez de alimentos mundial se traduzem em excelentes oportunidades de valorização
da cadeia produtiva da carne brasileira e o crescimento do
agronegócio brasileiro.
O País é uma das nações mais
preparadas para suprir a atual escassez de alimentos, porque tem
grandes extensões de terras aráveis
com a capacidade de produzir alimentos com qualidade. Além disso, existe mão-de-obra qualificada
e a dedicação dos agricultores ao
segmento. O Brasil tem a condição
de ser líder mundial na produção
de diversos produtos agrícolas,
como a soja, a carne bovina e as frutas. Essa potencialidade sinaliza que
a nação brasileira poderá ser a solução do problema da inflação dos
alimentos para o mundo.
A demanda por alimentos representa oportunidade para a pecuária tecnificada de ganhos e incrementos genéticos e com visão
empresarial associados ao fomento de
mercados já conquistados. Tudo isso
permite afirmar que esse é o momento da pecuária.
A cadeia produtiva da carne bovina, em especial a do Rio Grande
do Sul, se destaca neste cenário. O
setor tem seu especial valor e no solo
gaúcho ainda mais, devido aos seus
campos produtivos, ao clima temperado, como também pelo estilo dos
manejos dos bovinos. Com todos estes fatores, um novo cenário está sendo desenhado para a pecuária e por
isso é oportuna a competitividade do
mercado da pecuária brasileira, com
enfoque na gaúcha, visando amenizar a crise mundial de alimentos.
A abertura de novos mercados
significa premiar e reconhecer o trabalho dos pecuaristas brasileiros que
têm se esforçado em manter a melhor produção e genética. O desempenho da pecuária brasileira se deve
ao trabalho determinado e competente dos cabanheiros que em nenhum momento deixaram de investir na elevação da produção e qualidade da carne.
Os pecuaristas vêm desenvolvendo atitudes empresariais, tanto
em termos de inovação, quanto nas
relações com os agentes frigoríficos,
o que também vislumbra a ascensão com sucesso da cadeia produtiva da carne brasileira.
Este é o momento de promover a valorização do setor primário!
Deputado Federal (PP-RS)
Vice-presidente da Comissão de
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da
Câmara dos Deputados
INFORME PUBLICITÁRI0
Agosto de 2008
57
Novidades da prova de Julho 2008-07 da Semeia-Select Sires
Por Felipe Escobar
Dept. Técnico SEMEIA
Nesta prova do Angus de julho 2008,
alguns touros provados da Semeia-Select
Sires emergiram como destaque na raça e
alguns touros com a primeira prova foram
muito bem classificados.
Neste sumário houve algumas mudanças, sendo a maior delas a combinação dos
dados de Carcaça e ultra-som em um único DEP. Você notará que alguns touros tiveram uma queda acentuada nos valores
das acurácias com o novo DEP, apesar de
que tivessem centenas de dados de ultrasom e alta acurácia para carcaça. Com a
combinação dos dois conjuntos de dados
a prova atual de carcaça obteve mais poder
(influência) do que os dados de ultra-som,
sendo assim, um touro com dados somente de ultra-som não leva para o novo DEP
tanta acurácia como o touro que tinha dados de carcaça e ultra-som.
Outra observação é o fato de ter aumentado a média da raça para Marmoreio
enquanto que a média para Área de olho
de lombo diminuiu. Sendo assim alguns
touros, mesmo que provados, tiveram mudança nos valores dos DEP’s para
marmoreio e área de olho de lombo, mas
em geral a correlação da classificação dos
touros provados permaneceu a mesma.
Cuidado: Não tente comparar dados de
carcaça ou ultra-som da primavera de 2008
com os DEP’s atuais para carcaça - eles não
são a mesma coisa.
Você também notará que alguns tou-
ros tiveram uma pequena queda na
acurácia para as características de crescimento. Isto foi devido às ampliações no
modelo utilizado. Alguns DEP’s que compõem os valores dos índices econômicos($)
mudaram numericamente e o valor do índice econômico também mudou. Por
exemplo, a média para Índice econômico
total aumentou em $+3.50.
COMENTÁRIO SOBRE
OS
GUNS TOUR
AL
OUROS
ALGUNS
- 7AN22 Predestined- Agora o #9 para
$VET( valor econômico total), Predestined
é longe o melhor touro entre os top 100
para $VET no sumário principal. Ele tem
acima de 3600 dados de ultra-som, mas
mais importante, ele tem 90 dados de carcaça—mais do que qualquer outro touro
entre os top 100 para $VET. Ele não só
salienta-se em valor mas os criadores gostam de seu tipo, mais ainda, ele é o único
entre os top 8 do Sumário principal que
está entre os 10% melhores em todos os
índices econômicos.
- 7AN258 TC Total— Agora Sim!!!
Com mais de 800 filhos avaliados para peso
ao ano, Total está bem provado para crescimento com +73 para peso a desmama e
+132 para peso ao ano. Combine isto com
+.62 para marmoreio e +.46 para área de
olho de lombo e colocará Total como o #4
para valor econômico total com +71.90.
Ele também é destacado para docilidade
com +24, aumentando ainda mais a satisfação do selecionador.
- 7AN249 Big Eye “dispara”!—Ele se
apresenta entre os top 1% para $VET com
+64.25 e tem uma facilidade de parto que
o coloca entre os top 15%. Com +99, para
peso ao ano, ele transmite suficiente crescimento e as avaliações de suas filhas continuam a ser “super”. Big Eye pode abrir
muitas portas oferecendo seu distinto
pedigree e equilíbrio de seus DEP’s.
- 7AN247 Solution—Ele continua
sendo a nossa principal escolha para facilidade de parto por muitas razões. Além de
produzir terneiros viáveis também em
primíparas ele está entre os top 4% para
$VET, transmite significante capacidade de
crescimento, grande docilidade, e filhas que
se transformam em vacas de grande valor
no mercado.
- 7AN229 Yield Grade— 2008 foi um
ano de grandes vendas para ele. Seus dados fazem dele facilmente o melhor touro
provado para a combinação de facilidade
de parto(+14) e extraordinário crescimento(+106).
- 7AN255 5050 —é provavelmente
um dos touros que mais alterou a prova.
Pulou para o #2 em $VET(+74). Está entre os top 5% para facilidade de parto, top
3% para peso ao ano e um dos touros mais
dóceis da raça. Seus dados fazem de 5050
aquele touro que todo criador deseja reservar sua produção. Os criadores realmente apreciam o que 5050 transmite.
- 7AN207 Bextor – Você pode apostar que “Mr. Equilíbrio” continuará sendo
muito comentado. Tendo $+57 para VET
e estando entre os top 1% para peso à desmama somado a um composto de baixo
peso ao nascer, crescimento e mérito de
carcaça faz de Bextor a escolha certa para
muitos pedigrees populares, incluindo 036
e Precision.
- 7AN287 Selective – com os dados
dos primeiros 38 terneiros deram a Selective
uma posição de destaque. Selective está classificado entre os top 1% ou 2% para cada
índice econômico—realmente único!
Selective apresenta +15 para facilidade de
parto, -1.3 para peso ao nascer e 59 para
peso à desmama. Ele mesmo tornou-se um
animal preenchido em todas as dimensões,
com muita conformação de costelas como
se fosse um touro maduro. Este filho de
Objective tem uma conformação muito
correta e tamanho moderado .
Nossos touros da lista para a temporada 2008/2009, como um todo, foram selecionados para transmitir a seus filhos ou
filhas muitas características especiais—nós
temos definitivamente touros que podem
agregar marmoreio e musculosidade, proporcionar extrema facilidade de parto associada ao tamanho moderado mantendo
alto desempenho em ganho de peso. O
custo de manutenção do rebanho de cria é
um dos mais altos no processo de produção, por isso o foco em manter o tamanho
das vacas sob controle é intensificado—Nós
temos um poderoso arsenal.
Entre os touros disponíveis à pronta
entrega, oferecemos:
- 17 Touros que estão entre os top 10%
para índice econômico ($VET) com destaque para os que estão entre os top 1% da
raça; 7AN222 Predestined, 7AN237 Prime Design, 7AN249 Big Eye, 7AN255
GAR 5050, 7AN258 TC Total, 7AN278
Selective.
- 10 Touros entre os top 10% para
Facilidade de parto com destaque para os
que estão entre os top 1% da raça; 7AN229
Yied Gade, 7AN243 Nebraska, 7AN247
Solution e 7AN278 Selective
- 13 Touros entre os 10% para Peso ao
ano, com destaque para os que estão entre
os top 1% da raça ; 7AN213 Grid Maker
e 7AN258 TC Total.
- 13 Touros entre os top 10% para produção de leite das filhas, com destaque para
os que estão entre os top 1% da raça;
7AN178 BAR EXT, 7AN238 2X15,
7AN255 GAR 5050, 7AN258 TC Total e
7AN270 Rito 4L60.
- 12 Touros entre os top 10% para Peso
de carcaça, com destaque para os que estão
entre os top 1% da raça: 7AN231
Volunteer, 7AN255 GAR 5050, 7AN286
Cloudburst
- 14 Touros entre os top 10% para
marmoreio, com destaque para os que estão entre os top 1% da raça: 7AN222
Predestined, 7AN GAR 5050 e 7AN289
Silverado.
- 16 Touros entre os top 10% para Área
de olho de Lombo, com destaque para os
que estão entre os top 1% da raça: 7AN218
Mick, 7AN222 Predestined, 7AN249 Big
Eye e 7AN255 GAR 5050.
58
INTERNACIONAL
Agosto de 2008
Angus também é eficiência no Canadá
A produção de terneiros Angus de qualidade é uma atividade que também rende bons frutos no Canadá.
Muitas redes famosas de fast food oferecem hambúrgueres com o diferencial de serem feitos com o Angus Beef.
Em supermercados há também uma boa procura pela carne Angus. Para atender a este seleto mercado, produtores
da província de Ontário precisam trabalhar intensivamente, de forma a oferecer o animal que o mercado quer.
Steve Eby está à frente da JSE Farms, localizada em Kincardine, província canadense de Ontário, desde de 1999,
quando seu pai, Stan, ex-presidente da Associação Canadense de Criadores, se aposentou. A fazenda começou no
Angus em 1971, sempre de modo intensivo.
Por Nelson Moreira
Steve explica que seu manejo é um
misto de confinamento com criação intensiva a pasto, ou seja, rotativo com
cerca elétrica. “Preciso ter um
“turnover” na propriedade bastante rápido a fim de aproveitar o alimento que
produzo e o curto verão que temos”,
afirma. O gado entra no sistema com
6 meses e peso em torno de R$ 250 kg.
Começam na pastagem onde permanecem até completarem um ano de
onde saem com a média de 400 kg. O
final do processo é em confinamento
do qual saem com ano e meio e peso
em torno de 600 kg.
Durante o inverno, que é rigoroso
e com temperaturas médias de menos
30 graus, o processo muda e todo o
gado é confinado desde os seis meses.
Para isso ele separa áreas dentre os seus
160 hectares, para plantar milho, cevada e pastos em geral. Além disto, ele
procura aproveitar restos de culturas
que encontra nas indústrias processadoras, a fim de diminuir os custos no
confinamento. “A alimentação tem que
ser bem balanceada para o gado chegar
no peso final dentro do tempo previsto, uma vez que trabalhamos nossa produção como uma fábrica, com linhas
de produção”, assinala. Steve complementa dizendo que enquanto um grupo está na pastagem, outro já está no
confinamento e isto não pode falhar.
Para o pecuarista a raça Angus é perfeita para este processo porque além da
rusticidade tem precocidade para ganho de peso e mansidão incomparável.
Por conta do alto custo da mão de
obra, cerca de US$ 20 dólares a hora,
Steve trabalha sozinho. E é incrível ver
como o processo todo funciona tran-
qüilamente. “Tenho muito trabalho.
Às vezes nem dá pra descansar no fim
de semana, mas é uma atividade que
gosto de fazer”, ressalta. Ele diz que por
ano trabalha com cerca de 800 cabeças dentro do seu ciclo. A renda é de
100 dólares canadenses por cabeça.
Steve assinala que um produto de qualidade recebe cerca de US$ 2,20 por
quilo vivo. “No final a margem é de
2%”, comenta.
Rastr
eabilidade – Um dos proRastreabilidade
gramas agrícolas que está recebendo
maior volume de recursos no Canadá,
e Steve também está nesta, é a rastreabilidade. Por conta do problema que
tiveram com a doença da Vaca Louca,
BSE, o Governo Canadense decidiu
adotar um rigoroso controle em todas
as fases do processo de criação de gado.
O Programa de Controle e Manejo
Sanitário Animal, pressupõe o uso de
Steve Eby da JSE Farms, Ontario, Canadá, toca sozinho a criação de Angus
brincos com rádio freqüência para saber onde está o animal. Ao mesmo tempo, forte esquema de fiscalização em
frigoríficos, nas propriedades e intenso
trabalho de treinamento de todos os
agentes da cadeia produtiva da carne.
Segundo Steve, as perdas com o
surgimento da BSA foram muito grandes, principalmente com o fechamento de exportações para importantes
mercados. “De um dia para o outro
vimos nosso mercado desaparecer e
nosso gado sem ter comprador. Os preços despencaram. Foram momentos de
terror para nós produtores”, lembra. O
pecuarista acredita que após estas medidas e com a confirmação de que todo
o rebanho está controlado, rastreado,
os compradores externos irão retornar.
“Mas vai levar entre cinco a 10 anos
para isto acontecer”, diz Steve, acrescentando que felizmente, pela sua aposta na raça Angus, tem conseguido se
manter num mercado um pouco mais
seleto, com retorno garantido.
O repórter viajou à província de
Ontário, Canadá, a convite do
Agricultural Adaptation Council e o
Ministério de Agricultura de Ontário
OPINIÃO
Agosto de 2008
59
Padrões operacionais durante
a parição em vacas de corte
Por Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos
A
partir do segundo semestre do ano de
2006 o preço do bezerro começou
uma escalada sinalizando o início da
recuperação da pecuária de cria. Essa evolução nos preços foi contínua, devendo estabilizar-se no ano de 2008 como conseqüências de
uma maior retenção de matrizes e investimentos em tecnologias destinadas a melhorar a taxa
de desmama. Atualmente, o cenário demonstra uma valorização importante das fêmeas envolvidas na produção do bezerro, como bezerras, novilhas e vacas. O resultado disso é a nova
postura do pecuarista, investindo em
tecnologias essencialmente de insumos para
melhorar o desempenho reprodutivo, pois o
benefício agora é evidente. Portanto, com a
situação estável e uma perspectiva favorável à
pecuária – alta preços do boi e do bezerro – é
fundamental priorizar ações tecnológicas para
obter uma alta produtividade de bezerros –
primeiro princípio para a obtenção de melhor
resultado econômico na fase de cria.
A produtividade na pecuária de cria é medida pela colheita do produto: a taxa de desmama de bezerros; ela depende da taxa de natalidade e da taxa de perdas do parto ao desmame. Portanto, investir em tecnologias para
aumentar a taxa de prenhez e de natalidade
somente são viáveis se os bezerros gestados
nascem e chegam ao desmame saudáveis e com
qualidade comercial.
De um modo geral a preocupação com os
aspectos reprodutivos da vaca de cria está concentrada basicamente no período de
acasalamento, às vezes estendendo-se até o diagnóstico de gestação. A partir do momento
em que a vaca é identificada como prenhe,
involuntariamente, há uma despreocupação
por parte do pecuarista, pois pressupõem que
o bezerro está feito e desmamado. Neste sentido, este texto aborda algumas ferramentas de
manejo importantes a serem utilizadas durante a estação de parição para garantir uma boa
taxa de desmama.
As ações operacionais durante a parição
devem ser planejadas com antecedência e constituirá um procedimento operacional padrão,
respeitando as características e peculiaridades
de cada fazenda. Portanto, não é pretensão
deste artigo regrar as atitudes técnicas de cada
pecuarista ou gestor de uma fazenda durante
a estação de partos. Porém, seguir princípios
Como conseqüência da valorização da fêmea, o pecuarista precisa
assumir uma nova postura, investindo em tecnologias para
melhorar o desempenho reprodutivo, já que o benefício é evidente
básicos, com os ajustes específicos para cada
sistema de produção, poderá ser útil.
O processo tem início pela definição do
período de parição: data de início e fim; Com
isto tem-se a dimensão do envolvimento com
essa etapa de produção na fazenda, pois requer organização da equipe, ajustes das funções dos peões e mudanças da rotina. Se a fazenda dispõe de informações da distribuição
das coberturas, caso predomine o uso da
inseminação artificial, ou a distribuição dos
partos (histograma de parição) dos anos anteriores, é possível prever quantas vacas vão parir em cada semana ou até mesmo a cada dia.
Esta é uma informação importante, pois já
define a dimensão e o envolvimento do profissional que cuidará dos partos.
O segundo momento é a escolha do local
onde ocorrerá a parição, pois as vacas devem
parir num local próximo da sede ou de um
retiro, apropriado em sombra, água e razoável
disponibilidade forrageira. Para isto deve-se
reservar a área com antecedência mínima de
60 dias o que se traduz num vazio sanitário e
com boa alimentação. Com o conhecimento
prévio do número de vacas a parir é possível
determinar o tamanho do piquete, o qual pode
concentrar um grande número de animais. É
normal que nesse período concentre-se até 8
vacas/hectare. Assim, um piquete de 100 hectares tem capacidade para 800 vacas. Vale lembrar que esse é um centro de parição e que as
vacas permanecerão pouco tempo nele – uma
semana no máximo. Portanto, não é assustador uma alta carga animal nessa fase. Para facilitar essa operação é possível antecipar a se-
leção das vacas no diagnóstico de gestação formando grupos de parição. Também podem-se
separar as vacas pela avaliação visual do estádio avançado da gestação. Assim, do total de
vacas prenhes vão sendo formados grupos daquelas que parirão em determinados períodos,
transferindo-os para o piquete maternidade.
Uma vez definidos o período e local será
feita a escolha do funcionário responsável pelos cuidados na parição – o parteiro. Um
parteiro tem capacidade de controlar, no máximo, 500 vacas. É fundamental treiná-lo e
evidenciar quais são as suas atribuições. Ou
seja, a função principal do parteiro é identificar as vacas que estão na fase inicial do parto,
em trabalho de parto e aquelas que apresentam alguma dificuldade. Além, evidentemente, de cuidar do bezerro. Portanto, é um trabalho predominantemente de observação e de
identificação. Diante de um problema de qualquer magnitude de distocia, o parteiro deve
buscar ajuda da equipe da fazenda para auxiliálo a executar o procedimento necessário. Desta
maneira, para uma boa eficácia operacional,
são relacionados alguns pontos que o parteiro
deve seguir:
- Identificar as vacas que parirão num intervalo de um a dois dias.
- Conhecer os sinais que identificam o início do trabalho de parto.
- Auxiliar os bezerros que estão com dificuldades logo após o parto.
- Conhecer os sinais que identificam que a
vaca está tendo dificuldade para parir e agir se
tiver autoridade sobre o fato.
- Tratar com produto apropriado (solução
de iodo) o umbigo do bezerro.
- Identificar o bezerro que nasceu e teve o
umbigo tratado, para evitar novo procedimento.
- Identificar vacas que tiveram a placenta
retida ou que necessitam algum procedimento terapêutico.
- Identificar e anotar o número da vaca que
teve natimorto ou distocia para um provável
descarte do rebanho.
- Comunicar ao capataz e pedir ajuda diante de uma dificuldade de parto e que a solução não esteja ao seu alcance. Em tempos de
comunicadores VHF ou telefone móvel, essa
atividade torna-se facilitada.
- Anotar em caderneta de campo o número de bezerros que nasceram no dia, pois são
os dados que vão dar origem ao histograma de
parição.
- Com os dados de nascimento, o capataz
tem a informação necessária para dar o destino às vacas que pariram, onde constituirão
lotes para o futuro acasalamento.
- Anotar na caderneta qualquer anormalidade como morte de vacas, bezerros,
natimortos, distocias, retenção de placenta,
etc..., pois isso permite gerar indicadores para
monitorar e analisar o processo da parição.
Esses indicadores vão servir para comparar com outros anos, com valores de referência da fazenda e com o benchmarking. São
considerados normais índices de perdas na
parição em torno de 3,0 a 4,0% para bezerros
e 0,5 a 1,0% para vacas. Quando envolve exclusivamente primíparas esses índices podem
elevar-se para 5,0 a 6,0% e 1,0 a 1,5%, para
bezerros e matrizes, respectivamente.
Na figura 1 é apresentada uma síntese dos
fatores de sucesso durante a estação de parição
em vacas de cria. É evidente que as ações associadas ao manejo prévio, como escolha do touro, a concentração de concepções no início do
acasalamento, o diagnóstico de gestação precoce para separar os grupos de vacas conforme a fase da prenhez, um controle sanitário
profilático, por meio de vacinas, das principais enfermidades reprodutivas, uma boa alimentação pré-parto e a escolha adequada da
época do ano são premissas básicas para uma
reduzida taxa de perdas durante a parição.
Por outro lado, sem dúvida alguma, a presença de recursos humanos capacitados, responsáveis e comprometidos com os resultados
é fundamental. E, como caminho para este
comprometimento, a remuneração por metas
de desempenho talvez seja a estratégia mais
eficiente. Portanto, treine sua equipe,
monitore, avalie e recompense.
Med. Vet., D.Sc.
Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e
Cadeias Produtivas da Carne - Departamento
de Zootecnia - Faculdade de Agronomia UFRGS - [email protected]
www.ufrgs.br/zootecnia/nespro.htm
60
Agosto de 2008
RANKING 2008
Novas parciais do ranking 2008
Com a realização de sete exposições integrantes do Ranking Angus - Emapa/Avaré, Expolondrina, Itapetininga, Exposição de Outono de Uruguaiana,
Outono Angus Show (Expoutono, em Esteio, RS), Feicorte (São Paulo) e da Exposição de Araçatuba, estas são as novas posições dos criadores e
expositores da raça. Nos animais de argola tanto no segmento criador, como no de expositor, a liderança é de José Paulo Dornelles Cairoli (Reconquista
Agropecuária, da Alegrete/RS). No ranking criadores, a vice-liderança é da Cabanha Rincón del Sarandy, Uruguaiana/RS, seguida pela Agropecuária
Fumaça, de paranapanema/SP. No aspecto expositor, o vice-líder é Luiz Henrique Campana Rodrigues, da Fazenda Tabapuã, Sao Paulo, SP, seguido pela
parceria Cabanha da Corticeira/Agropecuária GB, de São Borja, RS. Nos rústicos, realizadas a Exposição de Uruguaiana e a Expoutono, a liderança de
criador e de expositor agora é da Cabanha Santa Eulália - Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, de Pelotas, RS. Em segundo lugar, em
ambos, é da Cabanha Rincón del Sarandy, de Uruguaiana/ RS, seguida por Eduardo Macedo Linhares (Gap Genética), de Uruguaiana, RS.
ARTIGO
Agosto de 2008
61
DEP para Prenhez - uma realidade nos EUA
Por Stefan Staiger Schneider
É isso mesmo, já existe Diferença Esperada de Progênie (DEP) para prenhez. A novidade é inédita e fruto de uma pesquisa da
American Angus Association (AAA) – a Associação Americana de Angus (de Saint Joseph,
Missouri) – e da Virginia Tech University (de
Blacksburg, Virgina). A Angus Heifer
Pregnancy EPD (Diferença Esperada de Progênie para Prenhez de Novilha Angus, em
português) passará a constar em breve nos
relatórios de performance com a sigla HP, de
Heifer Pregnancy. Mas, o que significa e como
deverá ser utilizada essa DEP? É exatamente
sobre isso que trato no presente artigo.
C
omo todos sabemos, a taxa de prenhez
de novilhas depende de três elementos principais: órgãos reprodutivos,
sanidade e nutrição. Esses três elementos continuam tendo a maior importância e o
pecuarista sabe como administrá-los. Mas, tempo é dinheiro e os americanos sabem muito bem
disso.
Assim, considerando que já foi comprovado que fêmeas de certas famílias genéticas ficam prenhes mais cedo e com mais facilidade
que outras sob as mesmas condições, a AAA
decidiu investir numa ferramenta científica que
possa administrar melhor esse importante fator reprodutivo. De modo geral, o que se quer
é que a seleção por base em HP desenvolva as
taxas da primeira prenhez das novilhas dos
plantéis dos criadores de Aberdeen Angus dos
Estados Unidos.
No entanto, quem utiliza e se orienta por
Diferenças Esperadas de Progênies sabe o que
as atuais DEPs controlam e como é feita a avaliação delas. Assim, surge a próxima dúvida:
como será feita a avaliação da DEP HP? A resposta é de certa forma ampla.
Conforme o material que recebi, a DEP
HP deriva das informações que são coletadas
a respeito do fato de uma novilha ficar prenhe
ou falhar na primeira tentativa de prenhez. A
DEP HP considera ainda os valores das DEPs
Nascimento e Desmama da novilha e, assim,
traça um coeficiente. Além disso, é verificado
no Angus Herd Improvement Records Program
(AHIR) - o programa oficial de performance
da AAA - quando a mãe da novilha teve a sua
primeira cria e a sua idade na época. O mesmo será realizado também com relação à mãe
do touro que foi utilizado no acasalamento da
novilha. E isso será repetido até a última geração com dados cadastrados no AHIR.
Por outro lado, não há como se saber se a
mãe, avó, bisavó, etc. de determinada novilha
teve algum problema de ordem reprodutiva,
sanitária ou nutricional quando, por sua vez,
foram novilhas, o que poderia ter prejudicado
a primeira prenhez. Por isso, a acurácia quanto às informações sobre a primeira prenhez dos
antepassados não poderão ter um coeficiente
elevado no cálculo da nova DEP.
Em outras palavras, a probabilidade de uma
novilha emprenhar a partir do seu terceiro cio
é muito maior que a de uma novilha da mesma idade que, devido a uma puberdade sexual
inferior, fez apenas um ou dois cios. O mesmo vale também para alguém que não quer
perder o cio (no caso, o primeiro) de uma novilha mais nova durante uma temporada de
cobertura ou de inseminação artificial.
Somado a isso, também existe uma relação entre o número de cios e a probabilidade
A DEP para Prenhez de Novilha Angus representa a terceira
mais nova DEP lançada pela AAA nos últimos três anos. As
duas anteriores foram a DEP de Temperamento e o conjunto
de DEPs para desenvolver a Qualidade de Carcaça
Igualmente, eventos biológicos que acontecem no período anterior à primeira prenhez
de uma novilha, no primeiro serviço e durante o período da primeira prenhez são elementos determinantes para o sucesso tanto da prenhez quanto do nascimento de um terneiro
saudável.
A raça Angus já é líder em puberdade sexual tanto em fêmeas quanto em machos e isso
é cientificamente provado e comprovado. Porém, ainda assim, o AHIR realizou um estudo
a respeito da relação existente entre a idade da
puberdade sexual das fêmeas Angus e quem
são os seus respectivos touros pais. A conclusão é que existem diferenças entre as idades de
puberdade das novilhas de acordo com os touros pais - Sires em inglês.
Esse é mais um fator que é considerado na
DEP HP, já que uma novilha com puberdade
sexual inferior às demais tem chances inferiores de emprenhar na primeira tentativa. Conforme Bill Beal, Fisiologista de Bovinos de
Carne na Virginia Tech, a probabilidade de
prenhez de uma novilha aumenta consideravelmente entre o seu primeiro e terceiro cios.
de não haver aborto. Isso significa que quanto
mais cios houver maior são as chances de não
haver aborto.
As análises até o momento apontam que a
DEP HP seja um reflexo dos efeitos genéticos
e do histórico biológico das novilhas. Porém,
igualmente os dados apontam que a Diferença
Esperada de Progênie para Prenhez de Novilha
Angus seja uma ferramenta que desenvolve a
reprodução.
Os relatórios da Virginia Tech University
esclarecem também que não se deve acreditar
que a DEP HP seja definida através das diferenças constatadas na avaliação de um ou de
dois grupos contemporâneos de novilhas. Cientificamente, está comprovada a importância e a utilidade dessa nova DEP, porém a exatidão das suas informações ainda depende de
mais levantamento de dados no rebanho Angus
dos Estados Unidos, que é o maior do mundo
e permite alta pressão de seleção. Paralelamente, testes práticos estão em andamento.
Dados de HP coletados em diversos
plantéis que integram o Angus Herd
Improvement Records já foram enviados para
análise juntamente com as demais informações de performance que integram o programa. A American Angus Association também já
organizou um sumário parcial de touros com
DEPs HP, que foram geradas com base nos
relatórios até então realizados. O sumário pode
ser conhecido através do site
www.angussireseach.com. Nele, há também uma
descrição de como comparar as DEPs HP entre os touros listados.
Conforme o funcionamento dessa nova
ferramenta, touros com DEP HP mais elevada aumentam a probabilidade de prenhez das
suas filhas na primeira tentativa. A unidade
de medida dessa DEP é a porcentagem (%).
Quanto maior a porcentagem da DEP HP que
consta com relação a um determinado touro,
melhor é.
De acordo com as informações do relatório da AAA e da Virginia Tech, é muito possível que o atual Ranking dos touros com DEPs
HP se modifique com a coleta de mais dados
de novilhas e a inclusão de outros touros pais.
Em breve, os criadores também receberão
informações em relação às respectivas DEPs
HP das suas fêmeas, o que tornará os
acasalamentos ainda mais objetivos. Mas, isso
será disponibilizado apenas depois que existam percentuais suficientes em relação aos touros do sumário, que ainda é parcial.
Tudo indica que novamente será provado
que a raça Angus é, de fato, a The Mother Cow
Breed (a raça da vaca mãe) e também a The
Business Breed (a raça comercial). Esses não são
apenas Slogans da raça nos Estados Unidos,
mas filosofias de trabalho utilizadas para manter o Aberdeen Angus à frente de todas as demais raças de bovinos de carne.
Em 2007, mais de 50% do total de
reprodutores de todas as raças bovinas de carne que foram registrados nas respectivas associações de criadores dos Estados Unidos
foram Angus PO pretos. Isso é conseqüência
de programas progressivos e em permanente
atualização em termos de melhoramento genético para os reprodutores da raça e também
para a produção de carne de qualidade imbatível.
A Diferença Esperada de Progênie para
Prenhez de Novilha Angus representa a terceira mais nova DEP lançada pela AAA nos
últimos três anos. As duas anteriores foram a
DEP de Temperamento e o conjunto de DEPs
para desenvolver a Qualidade de Carcaça.
Os trabalhos com relação à DEP HP estão
sendo conduzidos por Bill Beal, da Virginia
Tech University, e pelos departamentos
especializados da AAA para o tema, que são o
Comitê de Melhoramento Bovino, o Departamento de Relações com o Mercado e a Diretoria de Pesquisas Genéticas.
Criador de Angus
62
ARTIGO
Agosto de 2008
Considerações sobre a DEP - 2
Por Leonardo Talavera Campos
As DEPs não significam a imposição de uma
mesma e única direção da seleção nos diferentes programas de melhoramento, seja em rebanhos registrados, seja nos rebanhos comerciais.
As DEPs fornecem a melhor descrição genética
de um animal, como também comparações genéticas entre os animais. É através das DEPs
que os criadores poderão selecionar ou descarTABELA 1
TOURO
DEP
GND
A
B
Diferença
+ 15
+5
10
Rebanho 1
Média 150 kg
165
155
10
tar acuradamente os reprodutores, de modo a
que seus rebanhos atinjam os objetivos de produção no menor tempo possível.
Exemplo do Uso da DEP:
A DEP prediz diferenças, não valores absolutos. Como um exemplo, vamos comparar um
touro A, com uma DEP para Ganho Final (410
dias) de +15 kg, com um touro B, de DEP –5
kg, para a mesma característica. O que estes valores estão indicando?
Estes valores estão indicando que, se estes
dois touros forem acasalados com um grupo de
vacas comparáveis em um mesmo rebanho e, se
os produtos resultantes forem manejados uniformemente após o nascimento, pode-se esperar que os animais filhos do touro A pesem, em
média, 20 kg a mais aos 410 dias de idade, do
que os filhos do touro
B. Esta diferença de
20 kg existiria quer esRebanho 2
tes animais pesassem
Média 200 kg
aos 410 dias de idade
280 ou 400 kg.
A tabela 1 fornece
215
um outro exemplo ao
205
mostrar o ganho de
10
peso do nascimento à
desmama (GND) mé-
GUIA PARA O COMPRADOR DE REPRODUTORES:
Como usar as DEPs na seleção de touros:
1) Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs.
2) As DEPs são dinâmicas - exija as mais atuais possíveis.
3) Touros Jovens têm DEPs de baixa exatidão.
Avalie sua produção de terneiros.
4) As DEPs não são comparáveis entre raças.
5) Antes de selecionar um pai de rebanho, com base nas DEPs, defina
seus objetivos de seleção a curto e a longo prazo.
dio dos filhos de dois touros, utilizados em dois
rebanhos com diferentes médias para a característica.
Cinco Recomendações para o Comprador
de Reprodutores:
- Como usar a DEP na seleção de touros:
1) Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs. Os valores absolutos,
na verdade, não são de grande relevância.
2) As DEPs são dinâmicas, se alterando a
cada avaliação. Exija as mais atuais possíveis.
3) Touros jovens, com poucos ou sem filhos, tem DEPs de baixa exatidão. Avalie a produção de terneiros destes touros jovens e verifique se estão produzindo o necessário em seu
rebanho.
4) As DEPs não são comparáveis entre raças.
5) Antes de selecionar um pai de rebanho
com base nas DEPs, defina seus objetivos de
seleção a curto e a longo prazos.
DEP: Guia rápido e resumido
Conceito da DEP:
A DEP é uma estimativa do desempenho
médio esperado dos futuros filhos de um determinado reprodutor (touro pai, vaca ou produto) para uma certa característica, em relação ao
desempenho médio esperado de qualquer outro reprodutor presente na análise, desde que
os acasalamentos sejam entre animais comparáveis.
Apresentação:
Os valores de DEP são relatados como desvios positivos ou negativos de um ponto base
que é zerado. Normalmente é apresentada na
mesma unidade de medida da característica que
está sendo considerada. Alternativamente pode
ser apresentada de forma padronizada, ou seja,
em unidades de desvio padrão das DEP’s para a
característica.
Base Genética:
A DEP é uma medida comparativa, que não
deve ser observada isolada ou absolutamente. É
necessário estar ciente da base à qual um determinado valor de DEP se refere. A base é o ponto zero, isto é, o ponto em que as DEP’s são
zeradas. A base adotada pode ser fixa ou móvel.
É muito importante salientar, entretanto, que
as diferenças entre reprodutores – o que está
sendo estimado de fato - não se alteram ou
independem da base adotada.
Base Fixa: a DEP de um determinado touro, ou grupo de touros e/ou vacas, é fixada como
zero, não se alterando mais em avaliações futuras;
(b) Base Móvel: quando as DEP’s da totalidade dos touros ou vacas somam a zero, alterando-se a base a cada avaliação efetuada.
Tipos de DEP:
a) DEP: estimada a partir dos dados dos filhos;
b) DEP INTERIM: estimada para animais
jovens, sem filhos ainda. Além das informações
dos progenitores – (metade da DEP do pai mais
metade da DEP da mãe) -, agrega também metade da estimativa de Segregação Mendeliana
(avaliação do desempenho do animal em relação à seus contemporâneos); e
c) DEP PELO PEDIGREE: metade da
DEP do pai mais metade da DEP da mãe. Utilizada no caso de não ser possível avaliar a segregação mendeliana.
Acurácia ou Exatidão:
A possibilidade de alteração que pode ocorrer na DEP estimada de uma avaliação para outra, é um aspecto importante a ser considerado
e é representado pela exatidão ou acurácia desta
DEP. Um valor de acurácia está associado a cada
valor de DEP e fornece uma medida da
confiabilidade da predição. Os valores de
acurácia podem variar de 0.0 a 1.0, com valores
mais próximos a 1.0 indicando maior confiança, ou menor risco.
Quanto maior o número de filhos de um
touro e melhor a sua distribuição nos diferentes rebanhos ou grupos, maior será a acurácia
de sua DEP. Esta terá, portanto, reduzida variação com as informações adicionadas de uma
avaliação para outra, desde que os métodos de
cálculo não mudem.
Para finalizar, é importante ressaltar que as
DEP’s já levam em consideração o número e a
distribuição das informações que entram nas estimativas. Na verdade, as DEP’s computadas
para todos os animais são diretamente comparáveis, mesmo que tenham acurácias diferentes.
Coordenador Técnico do Promebo®
Associação Nacional de Criadores - Herd
Book Collares / ANC
e-mail: [email protected]
OPINIÃO
Agosto de 2008
63
Exportações de boi em pé... Por que não?
Por Fabiano R. Tito Rosa
O Brasil exportou, em 2007, algo em torno de
431,84 mil cabeças bovinas para abate. Um aumento de 19.930% em relação a 2003, quando esse tipo
de comércio começou a engrenar. No primeiro
quadrimestre deste ano já houve crescimento de 62%
em relação ao mesmo período de 2008, com cerca
de 118,79 mil bovinos enviados para fora do país.
Em 2005 saía gado tanto do Sul quanto do Norte do Brasil. Porém, em função da redução de oferta
e do aumento dos preços, o Pará disparou na dianteira. Veja na figura 1.
O Líbano, há alguns anos, era praticamente o
único comprador. Agora a Venezuela também tem
importado muito. O primeiro prefere trabalhar com
animais vivos em função de questões culturais/religiosas. O segundo busca matéria-prima para garantir
o funcionamento das indústrias locais, em crise de
abastecimento.
O Brasil, assim como fez com a carne bovina,
aproveitou uma oportunidade. A demanda surgiu e
o país correu para atendê-la. Em 2004 nosso país
respondia por 0,08% do mercado mundial de exportação de bovinos vivos. A representatividade aumentou para mais de 10% em 2007, e deve crescer
ainda mais em 2008.
Frigoríficos e curtumes já se posicionam contra
esse tipo de negócio. Estamos mandando as matérias-primas embora, de navio. Além do boi, vai junto
a carne, o couro, o sebo e os miúdos, tudo na forma
bruta. Não estaríamos, portanto, “agregando valor”
aos produtos nacionais, contribuindo para uma menor geração de empregos e renda.
Isso sem contar a questão do abastecimento das
indústrias nacionais. Está faltando gado e couro verde no mercado, não está?
Vamos começar a esclarecer as coisas aqui. A pecuária brasileira atravessa um período de ajuste produtivo, bastante intenso, aliás. Mas isso não está relacionado à exportação de boi em pé. Colhemos hoje
o fruto do descarte forçado de matrizes, da redução
de investimentos e do uso de insumos no campo e
do avanço da agricultura sobre áreas de pastagens.
Veja só:
Entre 2001 e 2006 o abate de bois, no Brasil,
cresceu 39%. Já o de vacas registrou um avanço de
169%. Em alguns Estados, como Pará, Rondônia e
Rio Grande do Sul, o crescimento do abate de vacas,
nesse mesmo período, superou os 200%. No
Tocantins o aumento foi de 1.029%!! (dados do
IBGE). As reprodutoras, portanto, foram para o pau.
A produção de bezerros caiu e o rebanho enxugou.
Agora, em função da recuperação dos preços da cria,
o produtor volta a reter matrizes. E num primeiro
momento, esse movimento agrava ainda mais a situação da indústria, já que as fêmeas são retiradas do
mercado.
Entre 2004 e 2006, o PIB do setor de insumos
para a pecuária recuou de R$12,99 bilhões para
R$12,14 bilhões (dados do Cepea). Se o setor de
insumos está gerando menos riqueza, é sinal de que
o produtor está aplicando menos tecnologia, ou passou a usar produtos mais “básicos”, fugindo das linhas “premium”. Menos insumos, ou insumos de
pior qualidade, levam à deterioração dos índices
zootécnicos, ou seja, caem as taxas de fertilidade,
natalidade, ganho de peso, etc. No final, é menos
gado e menos carne no mercado.
Entre 2001 e 2006 as áreas de pastagem no Brasil encolheram de 179,20 milhões de hectares para
176,46 milhões de hectares (dados da Scot
Consultoria). A pecuária cedeu espaço para a agricultura. Lógico que, através de aplicação de
tecnologia, foi possível compensar boa parte dessa
perda de espaço. Mas o resultado poderia ter sido
bem melhor, não fosse a retração tecnológica ocorrida entre 2004 e 2006, como foi descrito no parágrafo anterior.
O resultado disso tudo, de acordo com estimativas da Scot:
O rebanho bovino brasileiro, entre 2005 e 2008,
deve diminuir de 207,16 milhões de cabeças para
195,27 milhões de cabeças. Não importa se o IBGE
virá com um número novo, para o rebanho de 2006,
após a realização do Censo. Preste atenção no tamanho do ajuste para 2008, algo em torno de 6%.
Os abates tendem a recuar de 47,25 milhões,
em 2006, para 43,21 milhões de cabeças, em 2008.
A diferença supera o que o Brasil tem, hoje, de gado
em confinamento. Sendo que as indústrias expandiram a capacidade de abate.
Vale destacar que esses números devem ser analisados com viés de baixa.
E o que deu início a isso tudo? Veja a figura 2.
A linha mais grossa é a inflação. Veja que, entre
2002 e 2006, os preços pecuários (boi e bezerro) va-
riaram abaixo da inflação, ao passo que os custos de
produção reagiram acima do aumento geral dos preços da economia.
Aliás, vale lembrar que, em junho de 2006, o
preço médio do boi gordo em São Paulo, em termos
reais, foi o mais baixo dos últimos 50 anos. Custo
em alta e receita em baixa leva ao achatamento das
margens, que por sua vez dá início a medidas
emergenciais.
Como um criador do Pará, por exemplo, tocava
a fazenda vendendo, no início de 2006, um bezerro
anelorado a R$ 240,00/cabeça? Aliás, vamos arrumar essa conta: coloquemos uma taxa anual de desmama de 75% (taxa excelente) e a produção de um/
bezerro/vaca ao ano (excelente também), com uma
vaca + sua cria por ha (lotação bem acima da média
nacional). O criador faturaria então R$ 187,50/ha/
ano. Acha que esse valor cobriria os custos? Lógico
que não.
É por isso que as matrizes foram para o gancho.
É por isso que a agricultura avançou sobre áreas de
pastagem. É por isso que a venda de insumos caiu. É
por isso, portanto, que a pecuária atravessa, hoje, um
período de estagnação. Não tem nada a ver, nem de
muito longe, com a exportação de gado em pé.
Aliás, vale destacar que, entre 2001 e 2006, enquanto o campo atravessava uma crise medonha, a
pecuária brasileira vivia intensamente uma das melhores fases de agregação de valor, fora da porteira, já
registradas. As exportações de carne bovina saltaram
de US$ 1,01 bilhão para US$ 3,88 bilhões, um aumento de 284%. As exportações de couro, por sua
vez, passaram de US$ 0,88 bilhão para US$ 1,88
bilhão, crescimento de 114%.
Mas um dos elos da cadeia, justamente o que dá
suporte ao crescimento de todos os outros, ficou à
margem dessa bonança, sendo obrigado a “pisar no
freio”. Colocar, nas exportações de gado em pé, a
culpa pela falta de gado e couro no mercado doméstico, nada mais é que desviar o foco do problema.
Em 2007, as quase 432 mil cabeças exportadas
equivaliam a menos de 1% do abate nacional. A
representatividade, esse ano, deve aumentar, já que
os abates estão em queda e os embarques estão em
alta. Mas mesmo que dobre, ou triplique, ainda será
muito pouco.
Se as exportações de boi em pé viessem a zero
(isso mesmo, zero), continuaria faltando gado no
mercado. Algum alívio seria registrado para os frigoríficos do Pará, onde os embarques já equivalem a
mais de 11% do abate do Estado. Mas no restante
do país, ao menos em termos de oferta, ninguém
notaria a diferença.
Outra coisa que muito me intriga. O frigorífico
pode vender carne para supermercados, restaurantes, lanchonetes, governo (para o abastecimento de
escolas e quartéis), etc. Tanto dentro quanto fora do
país. O mesmo acontece com os curtumes. Por que
o pecuarista é obrigado a ter apenas uma única opção de venda?
Essa questão de menor agregação de valor, de
queda na geração de empregos, também não convence. Alguns mercados querem carne, outros querem boi. Se pudermos atender ambos, excelente!
Quanto mais canais de escoamento para os produtos brasileiros, melhor.
Além do mais, se o produtor possuir mais opções de receita, o seu negócio tem mais chance de
prosperar, de crescer, e aí ocorre maior geração de
emprego e renda no campo e no setor de insumos.
Sem contar a movimentação em portos, investimentos e contratação de pessoal para estruturas de
quarentena e confinamento de adaptação, demandas específicas desse tipo de comércio (rações
peletizadas, serviços veterinários, etc.)... Tudo isso significa mais emprego e renda. Ou não?
Tem também quem se levanta contra esse tipo
de comércio em função do suposto sofrimento infringido aos animais, típico de transportes em longas
distâncias. Ora, aí é questão de se criar protocolos
operacionais que garantam instalações seguras, a utilização de insumos de qualidade e a implementação
de boas práticas de manejo, minimizando ao máximo o estresse do gado.
Concordo com políticas de incentivo (facilidade
de acesso a crédito, adequações tributárias, etc.) a atividades comprovadamente agregadoras de valor, intensivas no uso de mão-de-obra.
Mas essa mania, típica da cadeia produtiva da
carne bovina (incluindo também a cadeia do couro),
de “malhar” atividades que agregam, diretamente,
receita ao que é produzido dentro da porteira, já está
ficando chata.
A pecuária brasileira é grande o suficiente para
dar sustentação a vários tipos de negócio. O ajuste
produtivo, presenciado hoje, é natural e cíclico. No
longo prazo o rebanho voltará a crescer. E quanto
mais participantes (players) tiverem se estabelecido
no mercado, melhor.
Zootecnista
Scot Consultoria
[email protected]
64
Agosto de 2008
2
Agosto de 2008
Associação Brasileira de Angus
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor 1º Vice-Presidente
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção
Diretor Vice-Presidente
Eduardo Macedo Linhares
Diretor Vice-Presidente
Renato Zancanaro
Diretor Vice-Presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Fábio Luiz Gomes
Diretor Administrativo
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Marketing
Luiz Eduardo Batalha
Diretor de Núcleos
Flávio Montenegro Alves
Diretor Programa Carne Angus Certificada
Vivian Diesel Potter
Conselho de Administração
Conselheiro Estratégico
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Membros Eleitos
Afonso Antunes da Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Luís Felipe Ferreira da Costa
Valdomiro Poliselli Júnior
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Cláudia Scalzzilli
Paulo Valdez
Roberto Soares Beck
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Luís Henrique Sesti
Mariana Tellechea
Conselho Técnico
Ricardo Macedo Gregory – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Ulisses Amaral
[email protected]
Luis Felipe Moura
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Susana Macedo Salvador
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
Coordenação
Fernando Furtado Velloso
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn.
Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Daniela Manfron e
Gianna Corrêa Soccol
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
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Associação Brasileira de Angus
Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501
CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS
www.angus.org.br
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Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Fotos de capa: ABA / Divulgação
EDITORIAL
Liderança conquistada com resultados
Prezados criadores e amigos da
Associação Brasileira de Angus, no
fim do mês estaremos em plena atividade na Expointer 2008, mostra
que escolhemos para sediar, este
ano, a VIII Exposição Nacional
da Raça Aberdeen Angus.. A
Expointer, pelo seu crescimento e
incremento expressivo no volume de
negócios, ano a ano, representa a
pujança do agronegócio brasileiro
que, somente nos seis primeiros
meses de 2008, movimentou 33,7
bilhões de dólares em exportações,
valor 26% maior do que igual período do ano passado, segundo dados do Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa)
HUMOR
– e o item carnes é o segundo entre os
cinco responsáveis pela expansão dos
embarques externos.
Na VIII Exposição Nacional da
Raça Aberdeen Angus estaremos presentes com 340 animais (entre argola e a campo), o que representa, mais
uma vez, a liderança da raça entre a
bovinocultura de corte inscrita no
Parque de Exposições Assis Brasil, em
Esteio (RS). A programação começa
em 31 de agosto com o VII Angus
Rústico do Sul. O leilão de animais
a campo da raça, no dia 1º, vai proporcionar compra de reprodutores revisados e selecionados por técnicos da
Associação. No dia 3 de setembro,
destaque para o Leilão Golden Angus
que apresentará 30 lotes de animais
de elite selecionados nas principais
cabanhas da raça, no país.
No dia 4, o tradicional Workshop
do Programa Carne Angus Certificada em sua quinta edição. Este ano, a
proposta é debater o futuro da pecuária de corte frente à nova economia
mundial proporcionando uma visão
aprofundada sobre o setor. Já está
confirmada a participação da pesquisadora do Pensa/USP, Maria Stella
Melo Saad, no debate a ocorrer na
Casa RBS.
Ainda dentro das atividades programadas para o segundo semestre, destaque para o III Concurso de Carcaças Angus que este ano será realizado
mais cedo. A pedido dos produtores,
o abate irá ocorrer no dia 12 de setembro, no Frigorífico Mercosul
(RS). Seguindo as edições anteriores, o concurso objetiva a valorização da produção de carcaças de alta
qualidade a partir da genética
Angus. Participe, e vamos adiante
promovendo essa pecuária de resultados que a raça Aberdeen Angus
oferece com primazia.
Boa leitura e muitos bons negócios
neste início de temporada de primavera!!
José Paulo Dornelles Cairoli
Presidente da Associação
Brasileira de Angus
Agosto de 2008
MOVIMENTO
3
Expointer tem Mostra Nacional de Angus
atua o argentino Gustavo Ambroggio.
À noite, no palco do restaurante internacional do parque, o disputado Leilão Golden Angus, que este ano apresenta 30 lotes de reprodutores de elite,
selecionados nas principais cabanhas da
raça, no Brasil. E para o dia 4 de setembro, um programa especial de primeira:
o V Workshop Programa Carne Angus
Certificada.
Acompanhada de seu já habitual sucesso, a raça Aberdeen
Angus tem nesta Expointer 2008 a sua VIII Exposição Nacional. Animados com a seqüência do aquecimento do mercado de pecuária e com a supremacia da raça, que não pára
de crescer, os criadores apresentam no parque Assis Brasil,
em Esteio, RS, durante esta 31ª Expointer, que se realiza de
30 de agosto a 7 de setembro, um total de 340 animais,
entre exemplares de argola e rústicos/de campo.
C
ompare: este ano são 285 animais de argola, contra os 268
do ano passado. E são 65 expositores
(de SP, PR e RS), contra os 45 de
2007. Um crescimento marcante!
No detalhe, em argola são 180
fêmeas e 99 machos, mais seis fêmeas da Copa Incentivo. E nos rústicos, a raça comparece com 40 touros
e uma oferta especial de fêmeas.
Selecionados a dedo nas propriedades em todo o Brasil, qualidade não
falta para os reprodutores candidatos a campeões de genética, numa das
maiores e mais disputadas exposições
agropecuárias da América Latina e
mesmo do mundo.
Sem dúvida, a
Expointer, considerada o
termômetro comercial
para os leilões que se sucedem, também será palco das especulações soExpointer 2008: Nacional da Raça terá 285 animais de 65 expositores
bre o avanço que deverá
experimentar a raça
Aberdeen Angus nas pistas das
o presidente da Associação Brasileira de
AÇÕES BÁSICAS
cabanhas e das feiras desta temporaA programação Angus básica para Angus (ABA), José Paulo Dornelles
da de leilões da Primavera.
esta Expointer (porque ações paralelas Cairoli.
Mas crescimento já é um termo não vão faltar ...) começa no dia 31 de
No dia 2, pela manhã o foco é para
repetitivo quando se trata de Angus. agosto, com o VII Angus Rústico do Sul. a Copa Incentivo e à tarde, as fêmeas de
Novamente este ano a raça volta a in- “O leilão de animais a campo, no dia 1º argola entram em pista para os julgamenflar a sua presença na Expointer, onde de setembro, vai proporcionar a com- tos de classificação. No dia 3, começantambém mantém a liderança entre os pra de reprodutores revisados e selecio- do pela manhã, as filas para o julgamenbovinos no pavilhão do gado de corte. nados por técnicos da Angus”, anuncia to dos machos de argola. Como jurado,
Angus Rústico do Sul com
oferta de altíssima qualidade
ros a campo e um lote esA oportunidade é
pecial de fêmeas serão
mesmo imperdível. A séofertados num pregão de
tima edição do consagraprimeríssima qualidade,
do leilão ANGUS RÚSsob o comando da leiloTICO DO SUL promeeira Casarão Remates.
te mais uma vez surpreOs exemplares serão
ender positivamente pela
comercializados com sealtíssima qualidade da
guro total por 60 dias e
oferta. É que a exemplo
frete livre, isentando o
dos anos anteriores, tocomprador de riscos no
dos os reprodutores que
formam a oferta de pista Touro El Saycan - maior preço de rústicos da Expointer 2007 transporte e adaptação do
animal à nova propriedaforam previamente revide.
sados e selecionados nas proprie- cabanhas de Angus.
Participam do Angus Rústico
dades de origem pelos técnicos da
É importante que os interessados
ABA Dimas Rocha e Fernando acompanhem todos os momentos. O do Sul as cabanhas: ABN
Velloso, numa pressão seletiva que evento começa na tarde de 31 de Agropecuária, Agropecuária
aumenta a cada realização desde agosto, com os julgamentos de clas- Maipu, Cabanha da Barragem,
remate.
sificação dos animais, a cargo do ar- Cabanha Santo Ângelo, Cabanha
Além disto, abrindo na gentino Gustavo Ambroggio. E pela São Xavier, Estância do Espinilho,
Expointer a temporada de leilões primeira vez os julgamentos dos rús- Gap Genética, Haras Warszawsky,
deste ano, este é o único remate de ticos na Expointer valem pontuação Mercoangus, Rincon del Sarandy.
Fotos dos animais estão dispotouros rústicos promovido pela dobrada no Ranking Angus de Exníveis no site da ABA,
ABA, onde os compradores têm a positores.
oportunidade de avaliar animais
No dia seguinte (1º de setembro), www.angus.org.br. E o catálogo já
criados por um seleto grupo de às 14h, na pista J do parque, 40 tou- está disponível para download.
WORKSHOP
A quinta edição do Workshop Programa Carne Angus Certificada já é sinônimo de sucesso, a julgar pelo ocorrido nas edições anteriores. É casa cheia,
com certeza. O evento já é considerado
o mais importante fórum de discussão
da cadeia produtiva da carne bovina no
ambiente da Expointer, na casa da RBS.
Este ano a proposta do evento é promover um amplo debate sobre o futuro
da pecuária de corte frente à nova economia mundial, em busca de uma
visualização aprofundada sobre o tema.
Para participação no workshop já está
confirmada a presença da pesquisadora
do Pensa/USP, Maria Stella Melo Saad,
entre vários outros nomes de destaque.
PROGRAMAÇÃO ANGUS
Entrada dos animais: De 25 a 29/08 – das 8h às 24h
Pesagem:
Argola - 30/08 – Sábado – todo o dia
Rústicos - 31/08 – domingo – pela manhã
VII ANGUS RÚSTICO
DO SUL:
31/08 – domingo – à tarde – julgamento
01/08 – segunda – à tarde – leilão
Local: Pista J
Julgamentos de Classificação Argola:
Copa Incentivo - 02/09 – terça-feira – manhã
Fêmeas - 02/09 – terça-feira – manhã e tarde
Machos - 03/09 – quarta-feira – manhã e tarde
Local: Pista Central
LEILÃO GOLDEN ANGUS
03/09 – quarta-feira – 20h
Local: Restaurante Internacional
V WORKSHOP PROGRAMA
CARNE ANGUS CERTIFICADA
04/09 – quinta-feira – 13h30min
Local: Casa da RBS
4
CARNE
Agosto de 2008
Fotos: ABA/Divulgação
Carne Angus nos estandes
da ABA e Marfrig foi sucesso
Os estandes da Associação Brasileira de
Angus e Frigorífico Marfrig montados para
Feicorte 2008 fizeram sucesso entre o grande
público visitante da mostra.
Um moderno expositor refrigerado, com
cortes da Carne Angus Certificada, produzida pela VPJ Beef, estava instalado no estande
da ABA, que também disponibilizou todo
material promocional e informativo da raça a
todos interessados.
Já no estande do Marfrig, parceiro da ABA
no Programa Carne Angus Certificada, o destaque foi a exposição de uma carcaça inteira
de Angus, chamando a atenção de todos e promovendo o programa de carne de qualidade
da ABA. Cortes de Carne Angus Certificada
também estavam em demonstração, expostos
em balcões frigoríficos.
Segundo o professor titular de tecnologia
de alimentos da Unicamp, Pedro de Felício,
que visitou o estande da ABA, os cortes estavam muito bem apresentados. “A cor e aparência da carne estavam excelentes, foi um trabalho de apresentação muito bem feito”, avaliou o especialista, que ministra cursos e palestras sobre qualidade de carne.
VPJ mostra linha de hambúrguer Angus
A Feicorte 2008 também foi o
palco escolhido pelo selecionador de
Angus e agroempresário Valdomiro
Poliselli Júnior para a divulgação de
seu mais novo produto: o Steak
Burguer Angus Jumbo, um hambúrguer com carne de bovinos da raça
Aberdeen Angus, certificada pelo programa de carne de qualidade da Associação Brasileira de Angus (ABA).
Proprietário da VPJ Pecuária e da
VPJ Beef, em Jaguariúna, SP (a promoção foi realizada através da VPJ
Beef), Poliselli Junior surpreendeu positivamente o mercado com o novo
hambúrguer, apresentado nas versões:
Steak Burguer Angus Jumbo, de 310
gramas; Steak Burguer Angus Jumbo
de 230 gramas e o Hamburguinho de
Picanha Angus, de 32 gramas.
A linha de hambúrgueres está sendo comercializada nas mesmas lojas
que já vendem os cortes de carne cer-
tificada Angus da
VPJ Beef: Wal
Mart, Rede Natural
da Terra e Varanda
Frutaria.
A carne da VPJ
Beef é certificada
pela Associação
Brasileira de Angus
(ABA), que acompanha todo o processo de produção,
do abate à embalagem dos cortes.
A degustação
dos novos hambúrgueres VPJ foi realizada no estande
Angus da Feicorte,
através de parceria entre a ABA, o
Núcleo Angus São Paulo e a VPJ. No
local, que reuniu um grande número
de pecuaristas e investidores presen-
Carcaça chamou a atenção no stand
do Marfrig no pavilhão da Feicorte
Congresso destaca Carne
Angus durante a Feicorte
“A cadeia vista pelos seus líderes”,
com abordagem em genética, cria,
confinamento, integração, exportação, consumo, consultoria e
certificação foi a temática do Congresso Internacional Feicorte 2008,
realizado dias 18 e 19 de junho, durante a Feicorte 2008.
No dia 19, o Programa Carne
Angus teve destaque na programação
com a palestra “O Certificador”, que
foi ministrada pela diretora do Programa Carne Angus Certificada,
Vivian Diesel Pötter. Na apresentação, Vivian falou sobre a agregação
de valor na cadeia produtiva na carne. Alguns tópicos como o mercado
do boi, classificação e condições para
tes à feira, havia um expositor refrige- abate, possibilidades de valorização
rado estrategicamente posicionado, dos animais, fatores de excelência e
mostrando cortes da carne Angus cer- tecnologia foram discutidos.
tificada.
Entre os 17 palestrantes especia-
listas de diferentes nichos de mercado, destaque também para os temas
que foram abordados por Jovelino
Mineiro, presidente da Central Bela
Vista. Mineiro abordou o impacto
dos recentes avanços da biociência na
padronização e no custo da produção.
Ainda na programação,
Valdomiro Poliselli Júnior, criador de
Angus e ovinocultor do Grupo VPJ,
debateu como integrador, a
tecnicidade, rentabilidade e os riscos
da ovinocultura como complemento da pecuária.
Já o consultor internacional Francisco Vila, coordenador do evento e
conselheiro da Associação Brasileira
do Novilho Precoce (ABNP), tratou
sobre os novos formatos de
consultoria estratégica para a
agropecuária competitiva.
Marfrig lançou programas que valorizam Angus
C
om a meta de estimular a raça
Aberdeen Angus no centro do
País, incentivando em especial o uso
em programas de cruzamento, o
Grupo Marfrig apresentou, durante
a Feicorte, as novas edições dos programas Marfrig Fomento (versão
2008/ 2009) e Marfrig Premiação.
Os projetos buscam divulgar o Programa Carne Angus Certificada, da
Associação Brasileira de Angus
(ABA), estimulando a produção
qualificada da raça no Brasil Central.
Iniciado em 2007, o Programa
Marfrig Fomento financia progra-
mas de inseminação artificial, aumentando e regularizando a oferta de animais Cruza Angus. O projeto garante
a compra de toda a produção em três
modalidades de venda: bezerros
(terneiros) desmamados, novilhos (até
15 meses) e venda dos animais do Programa Carne Angus Certificada em
parceria com o Marfrig.
Oferecido nos estados de Mato
Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e
no interior de São Paulo, a participação no Programa Marfrig Fomento
começa pela identificação das propriedades em potencial e do
agendamento de visita. Assinando o
contrato de venda futura, o pecuarista
passa a contar com o financiamento
do pacote tecnologia, em que o
Marfrig fica responsável pela identificação das vacas prenhas e dos bezerros nascidos. Os custos de prenhez são
transformados em @ e serão descontados na venda ao Frigorífico Marfrig.
“A expectativa é que todos os contatos sejam fechados até agosto, para
em outubro/novembro começarmos a
trabalhar com um número de 50 a 100
mil animais”, prospectou o Gerente
de Projetos Especiais do Grupo
Marfrig, veterinário Roberto
Barcellos.
Já o Programa Marfrig Premiação,
estabelecido em parceria com a ABA,
incentiva o pecuarista que produz
qualidade. “Oferecendo um retorno
diferenciado aos criadores, o Marfrig
incentiva o investimento na raça
Aberdeen Angus, estimulando também empresas de genética animal ao
apresentar o potencial de mercado do
Angus”, argumenta Barcellos. Podem
participar do Marfrig Premiação todos os produtores que possuam animais Angus ou Cruza Angus dentro
do padrão de certificação (no mínimo 50% de genética Angus, jovens e
bem terminados), em um raio de 500
km da unidade Promissão do
Marfrig. Outras localidades do
Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás
poderão participar mediante consulta. O peso mínimo exigido é 225 kg/
carcaça para machos e 195 kg/carcaça para fêmeas. O grau de acabamento de gordura mínimo exigido é de 3
a 6 milímetros.
Entre os prêmios, machos acima
de 270 kg recebem premiação 5%
superior pela gordura uniforme e 2%
para gordura mediana. Fêmeas acima de 195 kg devem receber o valor
da @ do boi para gordura uniforme
e 2% para mediana.
CARNE
Agosto de 2008
5
Em setembro, o terceiro
Concurso de Carcaças Angus
Foto: Felipe Ulbricht/ABA
A
Associação Brasileira de Angus
(ABA) estará realizando agora
em setembro o III Concurso de Carcaças Angus. A promoção terá novamente a parceria com o Frigorífico Mercosul
e o abate dos animais integrantes do
concurso está programado para ocorrer no dia 12 de setembro, na unidade
de Bagé, RS do Frigorífico Mercosul.
Os animais deverão ter até quatro
dentes e ser Angus ou cruzas Angus,
dentro do padrão animal certificado.
A premiação será de 5% para todos os
lotes aprovados (veja o regulamento no
site www.angus.org.br) e de 10% para
os lotes campeões – percentual a ser
calculado sobre o preço do gado gordo.
Segundo o técnico do Programa
Carne Angus Certificada, veterinário
Fábio Medeiros, o evento será desenvolvido nos mesmos moldes da última
edição, visando a valorização da produção de carcaças de alta qualidade a
partir da genética Angus.
Da edição anterior, realizada em
novembro de 2007 na mesma unidade
do Frigorífico Mercosul, participaram
270 animais, apresentados por 11 criadores/produtores. O peso médio alcançado foi de 255 kg – resultado superior
ao peso médio para gado jovem abatido regularmente no RS, que é de 220
kg.
Por solicitação dos próprios produtores, o concurso deste ano será realizado mais cedo. “Esperamos que o
número de animais inscritos, que já era
bom, seja ainda melhor neste ano”,
apontou a diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel
Pötter.
O regulamento do concurso pode
ser localizado pelos interessados no site
do Programa Carne Angus Certificada
- www.carneangus.org.br. Outras informações sobre este evento podem ser
obtidas através do telefone da ABA:
51.3328.9122 ou pelo e-mail
[email protected].
5° Workshop Carne Angus na Expointer
A quinta edição do Workshop da Carne Angus será realizada
dia 4 de setembro, a partir das 13h30, na Casa da RBS, durante a
Expointer 2008, em Esteio,RS. Com o tema “O Futuro da Pecuária de Corte frente à nova economia mundial”, o evento terá
como destaque a palestra da pesquisadora do Pensa-USP, Maria
Stella Melo Saab, que apresentará uma visão conjuntural da pecuária de corte na nova economia.
Realizado pela Associação Brasileira de Angus e Programa
Carne Angus Certificada, desde sua primeira edição, o workshop
lota a casa da RBS, reunindo todos interessados na cadeia produtiva da carne.
Gabrielle conclui estágio no
Programa Carne Angus
“Minha meta é trabalhar com a certificação
de carcaças bovinas e durante o estágio que realizei na Angus tive a oportunidade de acompanhar e aprender sobre
todos os passos da
certificação na indústria
frigorífica”, declarou a agora
Zootecnista profissional, recém-formada, Gabrielle Mello, de 22 anos de
idade.
Aluna do curso de Zootecnia da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em Porta Grossa, PR, de
março a maio deste ano, Gabrielle
atuou como estagiária do Programa
Carne Angus Certificada, na unidade
de Bagé do Frigorífico
Mercosul, sob a supervisão da veterinária Ana
Doralina Menezes,
supervisora do Programa Carne Angus no RS.
“Foi a primeira vez
que o Programa Carne
Angus Certificada recebeu e pode contar com a atuação de
uma aluna de estágio de conclusão de
curso de Zootecnia”, informou a Dra.
Ana Menezes. “Ela confirmou na prática alguns dados teóricos que já havia acumulado no curso e com certeza enriqueceu seus conhecimentos técnicos e práticos na área de certificação
de carcaças”, completou a veterinária
da Angus.
Livro Crescer no
Campo Semeando
Conhecimento
SIC realizou curso
de churrasqueiro
profissional
Todos os anos o Serviço de Informação da Carne - SIC traz novidades durante a Feicorte e este ano
não poderia ser diferente. Em parceria com o Frigorífico Independência,
o SIC realizou durante a exposição o
I Curso de Churrasqueiro Profissional, onde a nutricionista e consultora gastronômica, Licínia de Campos,
Membro do Comitê Técnico da entidade, ministrou o curso abordando fatores desde a produção da carne
bovina, suas características, benefícios e qualidades, chegando ao consumo per capita de carne, métodos de
churrasquear, altura do braseiro, enfim, explanou tudo o que é preciso
para se fazer um ótimo churrasco.
Num relato de uma experiência desenvolvida ao longo de oito
anos, o livro “Crescer no Campo
Semeando Conhecimento”, da escritora Bia Romariz Brochado mostra como transformar uma fazenda numa empresa rural.
De forma simples e didática, a
autora relata que não é preciso ser
uma grande empresa para fazer
Gestão de Pessoas e que é importante o produtor estar atento para
qualificação e treinamento da mãode-obra, assim como para formação de líderes e equipe de trabalho.
Outro ponto que o livro destaca é o trabalho das mulheres rurais,
propondo várias alternativas para
que elas sintam vontade de participar do trabalho do campo.
Publicado pela Martins Livreiro-Editor, a obra é destinada a produtores, estudantes de medicina veterinária, agronomia, zootecnia e
está à venda na Livraria Cultura,
Livraria do Aeroporto (em Porto
Alegre, RS) e na Associação Brasileira de Angus, pelo valor de R$
30,00.
6
REPORTAGEM
Agosto de 2008
Frigoríficos: ociosidade de 40%
da
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o
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N
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pecu
Produtor: boi com alta de 24%
os ganhos do produtor
Por Luciane Radicione
D
e um lado estão os pecuaristas,
que desde meados de 2006
contam com uma valorização média
de 55% nos preços da arroba do boi.
Do outro, frigoríficos com uma ociosidade média de 40% em função da
falta de animais para abate. A baixa
oferta que domina os campos brasileiros tem nome e endereço certo: a
queda da renda ao produtor que se
estendeu entre 2002 e 2006 e que
obrigou os produtores a colocarem o
pé no freio e a mandar para o frigorífico muitas de suas matrizes como
forma de garantir a sua sobrevivência na atividade.
“A retração da oferta está diretamente ligada à redução da rentabilidade naquele período e aos altos custos de produção”, afirma Fabiano
Tito Rosa, da Scot Consultoria. Segundo ele, no ciclo de baixa para o
produtor houve um aumento de
169% no abate de fêmeas, enquanto
que entre os machos esse índice foi
de 39%. Os preços praticados pelo
mercado foi o que motivou o produtor a vender matrizes. No Rio Gran-
entrará em uma fase intermediária a
partir de 2009, é o momento em que
se acende a luz amarela, mas o que
vai determinar o prolongamento deste ciclo são os investimentos”, diz.
Em outras palavras, ele recomenda
cautela aos produtores: gestão eficiente da propriedade, investimentos
na medida certa e ter sempre na ponta
do lápis o cálculo dos custos. “Sempre que o preço do boi aumenta, surgem outros fatores que tiram a rentabilidade”, reforça, lembrando que
a pecuária de alta tecnologia acumula uma elevação de 91% nos custos
dos insumos desde 2001, enquanto
sária a gestão eficiente para que os
custos não comam a renda”, enfatiza.
Posição mais otimista vem do
presidente da Comissão de
Bovinocultura de Corte da Farsul,
Carlos Simm. O dirigente aposta que
os preços não devem ser afetados com
de do Sul, por exemplo, o preço do
a maior oferta de bois para abate em
bezerro entre 2001 e 2005 não rea2009 e 2010. Ele acredita que havegiu nem em termos nominais: enrá um reequilíbrio nas cotações, não
quanto em 2001 a cotação andava na
se distanciando dos atuais R$ 3,00
casa dos R$ 296,00 em termos nopagos pelo quilo vivo no Rio Grande
minais, ou R$ 603,85 corrigidos hoje
do Sul. “Não haverá uma escalada
pelo IGP-DI, no auge da crise, no
baixista como ocorreu no passado,
final de 2005 o preço do bezerro corpois o consumo de carne está aquerigido era de R$ 315,58. Em termos
cido, fruto do aumento do poder
nominais caiu para R$
aquisitivo da popula263,00. “Este cenário
ção”, afirma. Mas o
foi o responsável pelo
momento exige, sePara ganhar valor, mais adiante o
enxugamento do mergundo ele, cautela nas
pecuarista
precisará
aumentar
a
cado”, lembra Tito
negociações comerciprodução, empregar mais tecnologia e
Rosa.
ais, além de retomada
A reação dos predos investimentos em
ampliando sua escala
ços agora é o que vai
tecnologia, sanidade,
possibilitar
ao
padronização do gado
pecuarista maiores investimentos na que na de baixa tecnologia a varia- e rastreabilidade. O último relatório
produção, e a tendência, segundo o ção para cima é de 100% em função da Farsul sobre abates revela que o
consultor, é de que neste ciclo de alta do uso de mão-de-obra. Longe da pecuarista gaúcho iniciou a retenção
os produtores aumentem a retenção discussão de permanência ou não de de matrizes no campo: a proporção
de matrizes para garantir o equilíbrio ciclos de alta ou baixa na pecuária, de animais que foram para o gancho
da oferta nos próximos meses. His- Tito Rosa acredita que a tendência é é de 60% de machos e 30% de fêmetoricamente, o período de alta leva de que o produto perca valor mais as.
de seis a dez anos e 2008 já emplaca para a frente, puxado pela desvaloriNem todos os segmentos da pecomo o ano terceiro ano consecuti- zação real das commodities agríco- cuária estão sendo beneficiados pelo
vo de preços mais remuneradores. las. “Para ganhar valor o pecuarista ciclo atual. Na opinião do diretorTito Rosa prevê que o produtor deve precisará ter escala, ele será obrigado técnico da AgraFNP, José Vicente
se beneficiar por mais um ano neste a aumentar a produção, empregar Ferraz, o momento é favorável apecenário. “Acredito que a pecuária mais tecnologia e, para isso, é neces- nas para quem trabalha com cria, em
Custos de produção nas alturas, falta de matérias-primas no campo leia-se boi para abate, frigoríficos ociosos e dispensando mão-de-obra e
pecuaristas afoitos por renda e novos investimentos na atividade. O cenário traduz exatamente as condições atuais da cadeia produtiva da carne
bovina no Brasil, e pode ser comparada a uma gangorra: se algum elo da
cadeia está em alta, outro amarga prejuízos.
função da alta significa no preço do
bezerro. “Para quem trabalha com
recria e engorda, quem tem que comprar para repor, o cenário não melhorou em nada”, afirma. O diretortécnico da AgraFNP adverte que chegou o momento de o produtor tomar decisões importantes. Uma delas é não fazer grandes investimentos. “É melhor esperar e investir nos
picos de baixa para vender na alta.
Ou seja, entrar na cria agora é arriscado, já que os investimentos vão
maturar em um prazo de um ano e
meio”, adverte.
Em relação aos preços atuais pagos no mercado interno, Ferraz diz ser
forte a tendência de permanência da
valorização, já que o abate de matrizes foi muito intenso nos anos anteriores. A limitação da oferta, porém,
pode trazer impactos negativos quando o assunto é atender ao mercado
externo. Segundo levantamento da
AgraFNP, a demanda mundial de carne deve crescer entre 250 mil a 300
mil toneladas por ano, especialmente
por parte dos países asiáticos e pelos
Estados Unidos. O estudo mostra ainda que o Brasil não conseguirá absorver esse aumento de demanda – tanto
pelos altos custos de produção, quanto pela dificuldade de repor no campo um volume considerável de bois
para abate.
>>
Jornalista
Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato
Foto: JG Martini
Agosto de 2008
7
8
REPORTAGEM
Agosto de 2008
Tempo de vacas magras para os frigoríficos
S
e para o produtor a queda de rentabilidade deu uma trégua, céu
de brigadeiro está longe da realidade
dos frigoríficos brasileiros. Na cadeia
produtiva da carne dificilmente todos os elos da cadeia saem ganhando. “O momento é crítico”, alerta o
presidente da Associação Brasileira de
Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles
Salazar. Segundo ele, em todas as regiões do Brasil o que se vê são frigoríficos sem escala, beirando os 40%
o nível de ociosidade, quando a taxa
média é de 15% a 20%. A luz no fim
do túnel seria, nesse momento de
preços mais remuneradores, trazer de
volta para a pecuária os produtores
que migraram para outras atividades
em épocas de vacas magras. “O futuro a Deus pertence. Apostamos que
os preços atuais estimulem o produtor e que esse retome os investimentos com maior eficiência para que no
futuro a equação oferta/demanda esteja equilibrada”, afirma.
No Rio Grande do Sul a escassez
da oferta foi responsável no ano passado por mais de 4 mil demissões nos
frigoríficos. Neste ano a tendência é
de mais dispensas progressivas. O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do
Estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle,
explica que a falta de boi vem obri-
gando as indústrias a concentrarem o abate em algumas unidades, como
forma de conter os custos.
O Frigorífico Mercosul
dispensou todos os 250
funcionários da planta de
Capão do Leão e, na mesma região, o Extremo Sul,
que faz o abate e a desossa para o Mercosul, fechou mais 150 postos de
trabalho, o equivalente a
60% do pessoal empregado. Outra unidade afetada no Rio Grande do Sul
foi o Frigonal, de Montenegro. Pertencente à rede varejista Wal-Mart, o
Frigonal encerrou as atividades de abate e desossa, devido à limitação da capacidade produtiva.
Para evitar maiores prejuízos e manter em funcionamento as plantas, ainda que de forma concentrada, as indústrias gaúchas abastecem as unidades com carne oriunda de diversos estados (carne com osso e desossada),
entre eles Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Rondônia e Acre. O produto
chega ao Estado pela média de R$ 5,20
o quilo, enquanto no mercado doméstico o preço pago chega até R$ 5,80.
Enquanto as indústrias gaúchas juntas
têm uma capacidade de abate de 3,5
milhões de animais por ano, em 2007
apenas 1,2 milhão de bovinos foram
para o gancho. “A previsão para este ano
é ainda pior. Estimamos que o abate
seja de apenas 1,1 milhão de bois”, informa Moussalle. No Brasil, o abate de
bovinos registrou redução de 10% nos
primeiros três meses deste ano, primeiro recuo desde 1997. No período foram para o gancho 7,1 milhões de cabeças. Os Estados do Mato Grosso, São
Paulo e Mato Grosso do Sul representaram 38,8% do total de abates. Já o
Rio Grande do Sul apresentou a maior
redução relativa (-22,7%).
Se o abastecimento interno foi
afetado, o que dirá as exportações.
Somente no Rio Grande do Sul a escassez de oferta reduziu em 50% os
embarques de carne bovina em 2007
sobre o desempenho de 2006, fechando em 101 mil toneladas. Para
2008 os números são mais nebulosos. “Estimamos que as exportações
caiam ainda mais 10% sobre as 90
mil toneladas de 2007”, prevê o dirigente. Em todo o País, a receita com
embarques é o que vem animando
produtores e indústrias, que cresceu
13% no primeiro semestre deste ano
em relação ao mesmo período de
2007, de acordo com a Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Os negócios
renderam US$ 2,5 bilhões, contra
US$ 2,2 bilhões nos primeiros seis
meses do ano passado. O volume,
porém, foi um milhão de toneladas
menor, ou 19% inferior.
EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA
(in natura, industrializada e miúdos)
PERÍODO
Jan/jun 2008
Jan/dez 2007
Jan/dez 2006
Jan/dez 2005
TONELADAS
702.360
1.615.420
1.596.934
1.457.992
US$
2.503.561
4.424.544
3.993.639
3.148.925
Fonte: Abiec
Boi em pé: vilão ou mocinho?
Não demorou muito para que o
embarque de animais vivos causasse
impacto junto à cadeia produtiva. As
margens apertadas dos produtores no
ano de 2005 motivaram muitos a
estrear nesse tipo de negócio. Só em
2007, segundo dados da Scot
Consultoria, mais de 430 mil bovinos em pé foram exportados pelo
País, tendo como destino os mercados do Líbano e da Venezuela.
Se para os produtores foi um bom
negócios enxugar os campos com
preços mais compensadores que o
mercado interno, para os frigoríficos
foi a gota d’água para justificar o aumento da escassez de matéria-prima.
Além disso, quem se opõe a esse tipo
de comércio se baseia nos prejuízos
que a venda de matéria-prima, pura
e simples, pode causar à economia do
Brasil. “É um retrocesso para o País
exportar gado em pé, pois prejudica
a nossa indústria, a de rações, a
coureiro-calçadista, a de tintas e vernizes e muitas outras. Toda a matéria-prima vai embora junto com o
boi”, critica o presidente da
Abrafrigo, Péricles Salazar. Segundo
ele, as vendas de animais vivos não
representam nem 1% do rebanho,
mas podem se tornar uma dor de cabeça se a tendência for de aumento.
É justamente essa a previsão da
Scot Consultoria. Fabiano Tito Rosa
acredita que a representatividade do
Brasil no mercado mundial de bovinos vivos deve passar de 10% neste
ano. “Todo o mundo precisa de gado
em pé, e o Brasil passou a ser mais
um fornecedor mundial. Carne e boi
são produtos comerciáveis”, destaca
ele, que vê com bons olhos o aumento de players no setor. “Quanto mais,
melhor, assim como acontece em
qualquer elo da cadeia”, frisa. Segundo ele, a questão é meramente comercial. “Se surgiu a oportunidade,
e esta for boa, o produtor deve aproveitar.” José Vicente Ferraz, da
AgraFNP, ressalta que o coro dos frigoríficos se dá porque, com o negócio, muitos perderam a possibilidade de impor certos preços. “Não se
pode pregar limite de mercado ape- de criações extensivas, e passam a ser as missões vieram ao País e negocianas quando a situação não está boa alimentados exclusivamente com ra- ram o embarque da carne, sem a nepara um dos lados”, afirma.
ção”, conta. Nesse caso, muitos não cessidade de compra do gado vivo”,
Mas o debate sobre as exporta- reconhecem a ração como alimento, afirma. Segundo Charli, o Brasil é alvo
ções vai além do comercial. O cres- emagrecem e acabam, inclusive, mor- porque possui oferta e preços que
cimento dos embarques no ano pas- rendo. “A mudança na dieta é um compensam. “Isso é especulação a tasado chamou a atenção da WSPA fator que gera estresse, além da mis- xas baixas. Os compradores vêm aqui,
Brasil, Organização Não-Governa- tura dos lotes, que quebra a hierar- negociam direto com o fazendeiro,
mental (ONG) que atua fortemente quia entre eles”, esclarece Charli.
fazem a compra e vendem no seu país
na luta pelo bem-estar dos animais.
Para a coordenadora, a justificati- com muito preço em cima”. Para a
Desde fevereiro do ano passado o va religiosa utilizada pelos comprado- integrante da WSPA, esse é o pior
Brasil integra uma coligação mundi- res não se aplica, já que no Brasil há negócio que o Brasil pode fazer, sob o
al que visa acabar com o transporte plantas habilitadas para abates dentro ponto de vista econômico e de nãode animais em longas distâncias. A das exigências de países árabes (Halal) aplicação das regras que visam o bemcoordenadora nacional do Programa e da religião judaica (Kosher). “Vári- estar animal.
de Abate Comunitário da
WSPA Brasil, Charli
Ludtke, afirma que o emBOVINOS EXPORTADOS EM 2007
barque de animais vivos
traz, além de prejuízos
IMPORTADOR
AP
MS
PA
RS
Total
econômicos ao País – por
Venezuela
247.299
247.299
não gerar valor agregado
Líbano
3.441
170.928
9.377 183.746
– também é sinônimo de
Bolívia
792
792
maus tratos. “Os probleTotal
3.441 792 418.227
9.377 431.837
mas ocorrem desde a alimentação, uma vez que
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
os animais são oriundos
Agosto de 2008
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REPORTAGEM
Agosto de 2008
Qualidade na carcaça:
critérios que valem ouro
Fotos: ABA/Divulgação
Por Luciane Radicione
Produzir carne dentro dos padrões
exigidos pelo mercado consumidor,
seja no Brasil ou no exterior, deixou
de ser apenas uma oportunidade de receber mais na hora da vender o boi ao
frigorífico. Hoje, o que os pecuaristas
devem ter em mente é que a palavra
qualidade se tornou sinônimo de um
lugar ao sol no competitivo mercado
mundial da carne bovina.
De uns anos para cá é visível a preocupação dos criadores brasileiros, e da
cadeia produtiva como um todo, em
fazer uso de tecnologias que
direcionem a produção dentro dos critérios técnicos exigidos pelas indústrias e mercados compradores. Em todos
os segmentos, seja no campo, na pesquisa, na indústria ou no varejo, estão
sendo colocadas em prática iniciativas
que visam à modernização e o aumento da competitividade da carne produzida no Brasil.
Mas como funciona o processo de
produção de uma carcaça de qualidade? Quais as técnicas de manejo que
precisam ser adotadas? A tradição do
Brasil como grande produtor de carne
na maior parte das vezes não é garantia de que a criação resulte em produtos diferenciados para o consumidor.
No entanto, o acesso à informação e a
divulgação de práticas recomendadas,
seja por meio da imprensa, da internet
e especialmente partindo das associações de criadores de raça, hoje são realidade na vida do pecuarista.
Treinamento Aus-meat realizado no Rio Grande Sul: caminho para qualidade em nível internacional
Produtor busca informações sobre padrões de qualidade
I
ndependentemente do tamanho
do rebanho, está ocorrendo uma
busca intensa por informações por
parte de quem quer produzir dentro
dos padrões de qualidade. É o que
garante, por exemplo, o professor titular da Faculdade de Engenharia de
Alimentos da Unicamp, Pedro
Eduardo de Felício. “Está se processando uma transformação na indústria, que agora começa a dizer o que
quer comprar”, afirma.
A padronização visa garantir maior objetividade nas transações entre
pecuaristas e frigoríficos e cada vez
mais se apresenta como uma tendência mundial, a exemplo de países
como Estados Unidos e Canadá, que
fazem uso de sistemas objetivos de
classificação de carcaças. No campo,
Angélica Pereira
o olho clínico do criador já é um forte aliado na diferenciação dos animais
que apresentam as características ideais para a produção da carne desejada. “Há diversos pontos no corpo do
bovino que evidenciam se ele tem ou
não condições de apresentar os resultados desejáveis no gancho”, diz o
especialista.
ACABAMENT
O ADEQ
U ADO
ADEQU
ACABAMENTO
De acordo com Felício, entre os
critérios que determinam a qualidade de uma carcaça, a cobertura de
gordura é o que tem peso mais importante na hora da seleção, seguida
do peso e da musculatura ou conformação. Isso porque os consumidores
querem uma carne tenra, com uma
camada de gordura mínima entre 3 a
Fábio Medeiros
4 mm e máximo de 7 a 8 mm. A terminação deve ser realizada de forma
a proporcionar um grau de acabamento adequado para que a carcaça
apresente uma cobertura de gordura
suficiente e para propiciar a deposição de gordura intramuscular, o chamado marmoreio.
A espessura de gordura subcutânea pode ter um papel significativo
na redução do encurtamento pelo
frio durante o processo de
resfriamento da carne. Outro fator
fundamental que precisa estar de
acordo com as exigências do frigorífico é o peso da carcaça, embora possa variar de região para região.
Pedro de Felício observa que no
Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, carcaças de até 300 kg são bem
aceitas pelas indústrias, enquanto que
no Rio Grande do Sul, o peso varia
entre 240 e 280 quilos. “Antes de
partir para a terminação é importante que o criador saiba para qual mercado estará produzindo”, destaca o
professor.
BUSCA DA CAR
CAÇA
CARCAÇA
COMEÇA NO NASCIMENT
O
NASCIMENTO
De acordo com Fábio Medeiros,
técnico do Programa Carne Angus
Certificada, a produção de um animal
de qualidade superior começa bem
antes do que a maioria dos pecuaristas
imagina. “Na minha opinião, esse processo se inicia com a escolha dos
reprodutores que apresentem características buscadas na carcaça, como área
de olho de lombo superior, facilidade
de acabamento e marmorização”, afirma. Em outras palavras, o processo se
dá desde o nascimento do bezerro,
etapa em que o animal já deve receber
o manejo adequado em nutrição, de
forma que não haja limitações no seu
potencial de crescimento e para que
atinja o peso ideal de abate até os 2430 meses.
Na avaliação de Medeiros, falhas
no manejo nutricional ainda contribuem para que o animal não expresse todo seu potencial na hora do abate. “Muitos fornecem nutrição adequada apenas durante a terminação,
não compreendem que nesta fase
grande parte do desenvolvimento
muscular e esquelético do animal já
está completo”, salienta o técnico.
O manejo que garante o bem-estar animal é outra prática
determinante na produção de carcaças de qualidade. Animais mal tratados, com contusões e que são criados de forma agressiva, têm mais
chances de apresentar uma carne
mais escura e menos macia do que
os bovinos manejados adequadamente. De acordo com Medeiros, evitar
esse tipo de prejuízo depende de boas
práticas dentro da propriedade e fora
dela, na hora do transporte, por
exemplo, onde podem ocorrer contusões que depreciam a carcaça.
MENOR IDADE DÁ A MA
CIEZ
MACIEZ
Além do bem-estar e do acabamento de gordura, a idade influencia diretamente na qualidade do produto no quesito maciez da carne.
Segundo a veterinária e professora da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da USP, Angélica Simone
Pereira, animais velhos apresentam
carcaças mais pesadas e com maior
teor de gordura.
Em contrapartida, os cortes tendem a ser mais duros em função da
solubilidade menor do colágeno presente no músculo. “Por isso a importância da genética e da nutrição adequados, pois estes favorecem a precocidade dos animais, levando à redução da idade de abate, com deposição de gordura na carcaça e
marmorização de cortes considerados
especiais”, explica Angélica, citando
como exemplo cortes como a picanha
e o contrafilé.
>>
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Agosto de 2008
REPORTAGEM
Parcerias impulsionam a
busca por padrões definidos
Fotos: ABA/Divulgação
Carcaças de
qualidade são
obtidas unindo
material genético,
sistema de produção
e uma matéria-prima
padronizada em nível
de frigorífico
O
emprego de sistemas de classificação de carcaças no frigorífico, na visão da veterinária Angélica Pereira, é quase uma obrigatoriedade quando se quer adequar os
produtos aos padrões exigidos pelo
mercado.
"Para atender a nichos de mercados de alta qualidade e valor agregado, é essencial o estabelecimento de estratégias que envolvam desde a escolha do material genético,
a adequação ao sistema de produção e, em seguida, disponibilizar às
indústrias da carne uma matériaprima padronizada”, afirma a técnica. Neste padrão estão incluídas
exigências de peso, idade, grau de
acabamento e marmorização.
O Programa Carne Angus Certificada, desenvolvido pela Associação Brasileira de Angus (ABA) em
parceria com a indústria, é uma
dessas iniciativas que visa a qualificação do produto entregue ao frigorífico por meio da valorização e
do pagamento por qualidade aos
produtores integrados. O animal
entregue aos frigoríficos parceiros,
Mercosul, no Rio Grande do Sul e
Marfrig, com planta em Promissão,
no interior de São Paulo, devem ser
jovens, bem acabados, com um mínimo de gordura de conformação
de carcaça subcôncava e possuírem
mais de 50% de sangue Angus.
O técnico do Programa Carne
Angus, Fábio Medeiros, explica que
a seleção dos animais é feita pelos
próprios técnicos do programa,
profissionais que são os responsáveis pelo acompanhamento do processo da produção da carne desde
a chegada ao frigorífico credenciado, até a gôndola dos supermercados e restaurantes. O produto
comercializado é certificado pela
ABA por meio da identificação diferenciada da carcaça no frigorífico.
Criado em 2003, a iniciativa do
programa de carne de qualidade da
ABA vem agregando cada vez mais
criadores do Sul e do Sudeste do
Brasil, interessados em produzir
cada vez mais e melhor, de acordo
com o que dita o mercado. E ganhar mais por seus animais, por
certo.
Além da conquista da excelência produtiva, a valorização recebida pelo produto diferenciado é altamente atrativa dentro do programa. “O interesse é evidente até
mesmo pelo grande crescimento
que temos observado na comercialização de sêmen e de reprodutores”, destaca Medeiros.
O Frigorífico Mercosul,
credenciado no programa da ABA
desde 2003, embora tenha concentrado ultimamente os abates dos
fornecedores apenas na planta de
Bagé e Alegrete, ambas no RS.
Segundo o zootecnista Mário
Macedo, gerente corporativo de
compra de gado do Mercosul, a retomada dos abates deve se dar assim que houver um aumento da
oferta de gado nos campos gaúchos,
movimento que começa a tomar
força a partir de 2009. Macedo afirma que a iniciativa da ABA de promover parcerias com produtores,
indústrias e varejo foi um grande
salto para aumentar a qualidade da
carne bovina do Brasil. “É uma forma de todos os elos pararem de
competir e trabalharem em prol de
um objetivo único”, salienta.
Para ele, o sucesso do programa está diretamente ligado ao fato
de que todo o trabalho foi montado buscando a valorização do produto. O frigorífico Mercosul quer
retomar a bonificação de 2% assim
que a oferta no Rio Grande do Sul
for equilibrada.
O gerente de Projetos Especiais do Frigorífico Marfrig, Roberto
Barcellos, lembra que o País ainda
carece de carne de qualidade, e que
parcerias que geram bonificação às
carcaças com melhor padrão são
importantes para estimular a preferência dos consumidores brasileiros, muitas vezes atendidos por
cortes da Argentina e do Uruguai.
“O envolvimento de toda a cadeia produtiva e a melhor remuneração ao criador são práticas que
dão certo para o Brasil produzir
uma carne com padrão superior até
mesmo em relação aos produtos
importados”, destaca.
Para a carcaça que atinge todos
os padrões máximos o Marfrig
bonifica a arroba em até 5%.
Jornalista
Roberto Barcellos, do Marfrig: integração da cadeia produtiva nacional
pode gerar carne superior até do que produto importado
Os critérios objetivos e seus benefícios
* IDADE - Afeta diretamente a maciez. Recomenda-se abate de animais jovens
até os 24-30 meses.
MARMORIZAÇÃO
* MARMORIZ
AÇÃO - Também tem influência direta sobre a maciez, pois
além de ser importante na manutenção da suculência durante o processo de
cozimento, atua na mastigação, lubrificando as fibras musculares e estimulando a
O - A gordura de cobertura protege a carcaça da ação do frio,
* ACABAMENT
ACABAMENTO
funcionando como um isolante térmico, fazendo com que o produto resfrie em
velocidade adequada, evitando o encurtamento pela ação do frio, além de proteger
do escurecimento. É também uma exigência por sua relação com o marmoreio.
Em função de a gordura de marmoreio ser o último depósito a ser formado, é pre-
liberação de saliva.
* PESO - É uma característica importante no atendimento das demandas específicas do mercado em relação ao tamanho de cortes.
ciso um adequado grau de acabamento para que a carne seja marmorizada.
* RAÇAS - As britânicas, especialmente Angus, produzem carne mais macia e
marmorizada que as raças continentais e zebuínas.
Ciranda
Agosto de 2008
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14
Agosto de 2008
PERFIL
Trabalho em equipe e aplicação em qualidade:
a fórmula do sucesso da Estância do Espinilho
Fotos: ABA/Divulgação
Com apenas uma década de criação de Angus, a Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS, pelas premiações que
vem alcançando e pelos negócios já realizados, tanto de aquisições quanto em vendas de animais, sem dúvida
passou a chamar a atenção das pessoas que circulam no competitivo mundo Angus no Brasil. “Nosso principal
segredo é a equipe que montamos para tocar o projeto de pecuária com o foco na seleção Angus”, revela o proprietário da Espinilho, selecionador Roberto Soares Beck.
ram como base fundamental a qualidade. Não
compro um animal somente porque seu preço
está bom. Sempre me esforço em identificar e investir em animais de
comprovada correção estética e performance”,
sentencia.
Ele também atribui o
rápido sucesso de seu estabelecimento ao entusiasmo que sempre tem ao
Beck e esposa, presença constante no circuito Angus lidar com o plantel de
Angus. “Não se pode faSegundo ele, a alma de todo o zer algo por fazer. Não acredito em
processo de escolha de reprodutores sucesso por acaso. Em qualquer ramo
está baseada, num primeiro momen- de negócio, é preciso agir com ao
to, em suas avaliações pessoais. “Iden- lado da razão, mas sempre com muitifico um animal e, após analisá-lo a ta emoção e determinação”, sintetipartir de meus conhecimentos sobre za.
o biótipo ideal a ser buscado em
Roberto Beck observa que sua
Angus, ouço as opiniões dos técni- atividade principal sempre foi a lacos que me assessoram e só então é voura. “Sou plantador de soja, como
tomada a decisão”, revela Roberto praticamente todos os empresários
Beck, observando que “a fórmula tem de minha região, que se caracteriza
rendido bons frutos”.
pelas grandes áreas de agricultura”,
Os
veterinários
Flávio diz. Mas ele completa alegando que
Montenegro Alves (área de justamente por ser uma região de
zootecnia) e Rednilson Góes (área da muita agricultura, em sua cabanha,
reprodução animal) assessoram desde que nascem, os animais são criRoberto Beck em todas as suas deci- adores com abundância em alimensões e conduzem os processos técni- tação de qualidade.
cos da cabanha. E na hora de cuidar
Mas e a opção por Angus? Beck
ou de apresentar animais em pista, poderia ter escolhido qualquer oudestaca-se a figura de seu capataz, o tra raça, quando decidiu formar sua
cabanheiro Áureo Fernandes, que é cabanha. Sua família sempre lidou
o gerente da área de pecuária.
com pecuária extensiva. Mas ele afirBeck também atribui o sucesso de ma que escolheu a genética Angus
seus animais a uma política empre- principalmente pela fertilidade da
sarial da qual não abre mão: “todos raça. “Quem trabalha com Angus
os nossos investimentos sempre tive- sempre tem um índice de prenhes e
por conseqüência de nascimentos
bem acima da média”, provoca.
Ele se recorda muito bem de
quando trouxe o primeiro animal à
Expointer. “Foi no início dos anos
2000. Era uma terneira, que saiu de
pista com o campeonato da categoria. E vendi no Golden Angus por
R$ 12 mil”, conta o criador. “Isto foi
um enorme estímulo para mim, que
estava começando. Não imaginava
que tiraria esse prêmio numa pista
tão disputada quando a de Esteio, ou
que venderia tão bem a terneira. Um
e outro foram boas surpresas para
mim”, reconhece ele.
No ano seguinte à sua estréia na
Expointer, Beck levou animais de sua
criação à pista de Londrina. “Novamente com uma fêmea jovem, conquistei o campeonato Futurity, na
primeira edição deste concurso. E
vendi essa fêmea por R$ 37 mil. E
como em Esteio, foram mais duas
enormes e boas surpresas”, diz o
agroempresário.
Em seu trabalho de seleção,
Roberto Beck, Flávio Alves (D) e o cabanheiro Áureo Fernandes (E)
Roberto Beck não economiza, nem
em investimentos e muito menos em
tecnologias. “Estamos trabalhando
forte com transferência de embriões.
Temos uma média de 100 embriões
transferidos e estamos sempre coletando e transferindo”, diz o
cabanheiro, revelando que a meta é
chegar a um plantel de cerca de 400
animais, todos altamente selecionados. “Na última temporada produzimos em torno de 40 touros
novilheiros. E queremos elevar este
número
à
medida
que
incrementamos nosso plantel, sem-
Terneiros rústicos já são uma marca registrada da Espinilho
pre com muita pressão de seleção,
tendo na mira cada vez mais qualidade”, prospecta.
A evolução da Espinilho segue a
passos firmes. Só neste ano, já conquistou a terceira melhor fêmea de
Londrina e a reservada grande campeã da Feicorte, ambas exposições de
categoria “A”. Isto sem falar da fantástica venda de uma terneira no leilão deste ano da Reconquista
Agropecuária por R$ 114 mil. “Essa
fêmea é filha de um touro norte-americano que vem sendo bastante utilizado por selecionadores argentinos”,
detalha, comentando que a terneira
foi arrematada pelo novo criador
paulista Vicente Costa e pelo conhecido selecionador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de
Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, da Casa Branca Agropastoril.
“A pecuária está em alta, não só
no Brasil mas em todo o mundo. As
pessoas querem carne de qualidade.
E isto é o mesmo que dizer que as
pessoas querem Angus, porque são
sinônimos”, compara o selecionador
Roberto Beck, olhando para o futuro de sua criação de Angus com um
otimismo de fundamento.
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16
ARTIGO TÉCNICO
Agosto de 2008
Dados de carcaça da raça Aberdeen Angus
Méd. Vet. Fernanda N. Kuhl
C
om o intuito de promover o melhoramento genético da raça, a Associação Brasileira de Angus (ABA), criou no
ano de 2007, o Comitê de Melhoramento
Genético, que atua junto ao Conselho Técnico da entidade.
Dentre os vários feitos com este propósito, podemos citar: Fomentar o melhoramento genético entre criadores e interessados na raça, através dos Cursos de
Credenciamento e Atualização de avaliadores do PROMEBO; premiar criadores
que avaliam seus animais e difundem uma
genética selecionada, como o prêmio lançado em 2007: Mérito Genético Angus;
Além do Teste de Progênie e o Sumário de
Touros, que é uma publicação confeccionada há vários anos, baseado em dados avaliados pelo PROMEBO.
Desde o ano de 2006, com o intuito
de auxiliar os jurados, das Exposições
ranqueadas “A” da ABA, foi iniciado um
trabalho de avaliação de Carcaças por
Ultrasonografia dos animais participantes.
A avaliação de carcaça de animais in
viv
vivoo é um método rápido e econômico de
estimar a composição corporal dos animais.
Este método auxilia no propósito da
raça que é produzir carne de qualidade.
Então, pode ser utilizado em programas de
seleção variados: seleção de touros pais ou
doadoras, sendo uma ferramenta auxiliar
ao fenótipo e linhagens dos animais em
questão; escolha de touros para utilização
em rebanhos comerciais que realizam ciclo
completo ou para produtores de terneiros;
realização de descarte de animais que não
apresentem as características produtivas
buscada; etc.
Realizando a mensuração destes dados
nos animais, conseguimos observar características, que serão transmitidas à progênie, antes do animal iniciar sua vida
reprodutiva. Na prática podemos ter in-
formações produtivas de um touro, antes
de ter filhos em idade para serem avaliados
(desmame ou sobreano), assim conseguiremos evoluir mais rapidamente nas características desejadas. Lembrando sempre
que as avaliações de progênie são indispensáveis nos programas de melhoramento
Genético e jamais devem ser substituídas
pelas avaliações de Carcaça, e sim somadas
para objetivo em comum.
Esta avaliação é realizada em exposições da raça, como ferramenta auxiliar no
julgamento dos animais; predizendo informações produtivas de interesse econômico, relacionadas ao produto final, a carne.
INTR
ODUÇÃO:
INTRODUÇÃO:
O crescimento é uma função primordial, pois apresenta relação direta com a
quantidade e a qualidade da carne, produto final da exploração.
As alterações nos depósitos de tecido
adiposo, muscular e estrutura esquelética
afetam consideravelmente a composição
química e morfológica do corpo do animal. As proporções de gordura, tecido
magro e osso em qualquer fase da curva de
crescimento e desenvolvimento são de interesse dos produtores, indústria, retalhista
e consumidores, porque influenciam no
nível de eficiência de produção e na
aceitabilidade da carne no mercado
(Tarouco et al.,2006).Uma das formas de
se avaliar o crescimento animal é por meio
de curvas de crescimento.
A curva típica de crescimento durante
a vida de um animal apresenta uma forma
sigmóide, ou seja, o crescimento durante a
primeira etapa da vida é lento, depois se
acelera, atinge um máximo, para finalmente diminuir.
Os tecidos animais se desenvolvem
através de uma seqüência: inicia com o tecido nervoso, tecido ósseo, tecido muscular e por ultimo tecido adiposo. Este último ainda se deposita de diferentes maneiras no animal, sempre respeitando uma ordem: 10Interna(órgãos), 20Intermuscular,
30Subcutânea, 40Gordura intramuscular
(marmoreio). Este depósito depende de
vários fatores, entre ele o genético.
Outro ponto importante é a diferença
de deposição de gordura em função do
sexo: as fêmeas apresentam uma deposição
de gordura mais rápida do que os machos.
Nestes a deposição também varia, sendo
que os animais castrados depositam gordura antes do que os animais inteiros.
TRASONOGRAFIA:
UL
ULTRASONOGRAFIA:
O uso da ultrasonografia para avaliar
características produtivas, nos animais in
vivo, esta cada vez mais utilizada.
Esta ferramenta pode nos fornecer informações quantitativas, como
musculosidade e espessura de gordura;
qualitativas, como espessura de gordura
intramuscular; além de poder ser utilizada
em programas de melhoramento, quando
da avaliação de reprodutores que apresentam os melhores indicadores para produção de carne e acabamento, através do próprio animal ou a avaliação de sua progênie.
O objetivo destas avaliações é auxiliar
com informações de suporte aos jurados
nos julgamentos; informações adicionais
aos catálogos das Exposições, dando maior suporte também ao público que assiste
aos julgamentos; estimular os criadores à
realizar estas avaliações em seus animais;
além de ser utilizada como ferramenta de
melhoramento, onde se prioriza a
premiação do animal que apresenta o
biótipo mais adequado à raça.
A rotina das exposições às quais ocorrem estas avaliações é a seguinte: uma pessoa treinada coleta estes dados por ultrasonografia, e disponibiliza estes dados para
a ABA, que os publica no catálogo de julgamento dos animais em questão.
As medidas que são avaliadas são as
seguintes: Área de Olho de Lombo (AOL),
Espessura de Gordura Subcutânea (EGS)
e Espessura de Gordura na Picanha (P8).
·A
OL (cm2 )- é medida entre a 12ª e
AOL
13ª costela, onde se localiza o músculo
longissimus dorsi. Tem correlação com rendimento da carcaça em cortes nobres
(musculosidade).
· EGS (mm)- relaciona-se com acabamento de carcaça,essencial para evitar
enrijecimento postmortem que compromete a qualidade da carne.
· P8 (mm)- relacionada com a precocidade de acabamento.
Nota-se que são avaliadas 2 indicadores de acabamento de carcaça (entenda- se
gordura). Isto ocorre pelas diferenças de
deposição desta gordura no animal. Primeiramente, esta deposita-se no traseiro e dianteiro, avançando em direção a coluna
vertebral e descendo posteriormente para
parte inferior da costela. Por este motivo,
podemos encontrar animais que tenham
uma medida de P8 adequada, mas uma
cobertura de gordura em total deficiente,
causando perdas na indústria.
PR
OCEDIMENT
OS DE COLET
A:
PROCEDIMENT
OCEDIMENTOS
COLETA:
Foram coletadas 1206 amostras, sendo 441 machos e 765 fêmeas, em exposições da ABA ranqueadas como “A”, iniciando as coletas no ano de 2006 até o mês
de maio do ano de 2008.
Os dados coletados foram avaliados
divididos por sexos, gerando médias
fenotípicas dentro das idades avaliadas, que
foram dos 6 até os 25 meses.
Foram eleitas algumas idades em especial, dentro das categorias de julgamen-
tos, para serem apresentadas, mostrando as
médias e valores mínimos e máximos encontrados.
Alguns valores encontrados para fêmeas, estão demonstrados nas planilhas abaixo ( Tabelas 3 e 4).
Tabela 3 Valores para fêmeas com 18 meses
variáveis
N
MÉDIA
DESVIO PADRÃO
AOL (cm2)
45
80.86
11.34
EGS (mm)
45
9.69
4.07
P8 (mm)
41
11.96
4.71
A Tabela 4 mostra as médias de fêmeas, com 18 meses de idade, avaliadas
pelo PROMEBO, em diferentes regimes
MÁXIMO
87,1
8,2
MÍNIMO
80.71
5
6.51
MÁXIMO
109.00
18
31.90
pelo PROMEBO, como exemplo ao realizado com as fêmeas.
Tabela 7 Machos avaliados pelo PROMEBO, aos 20 meses
variáveis
N
MÉDIA DESVIO PADRÃO
AOL (cm2) 184
42,99
12,53
EGS (mm)
184
1,97
1,16
P8 (mm)
As tabelas que demonstram as avaliações do PROMEBO, apresentam valores
bem abaixo dos encontrados em exposições. Estas diferenças tão gritantes se justificam por 2 aspectos: elevado número de
animais avaliados pelo PROMEBO, quando comparados com os de exposições; e
regimes alimentares diferentes (animais a
campo comparados com animais que recebem maior aporte nutricional). Podemos
concluir que não devemos comparar estes
dados e sim utiliza-los como mais uma fonte de informações sobre os animais da raça.
CONSIDERAÇÕES:
Podemos observar ao analisar as tabelas acima, que há uma grande variabilidade das amostras coletadas, dentro de cada
idade. Assim existem machos que, aos
20meses de idade, apresentaram valores de
80.71 até 109 cm2 para AOL, mostrando uma grande disparidade.
Outro ponto interessante a ser analisado são as medidas de gordura - EGS e
P8. Baseando-se no princípio de que todos os animais receberam um regime alimentar com boa disponibilidade, podemos
encontrar divergências entre os valores,
mostrando que, mesmo pertencendo a
mesma raça, nem todos os animais demonstram a mesmo tipo de terminação de
carcaça, alguns deficiente e outros extre-
MÍNIMO
19,02
0,4
adotados para as fêmeas (Tabelas 6 e 7).
Tabela 6 Valores para machos aos 20 meses
variáveis
N
MÉDIA
DESVIO PADRÃO
AOL (cm2)
16
97.78
8.30
EGS (mm)
16
9.52
4.33
P8 (mm)
15
12.65
8.28
A Tabela 7mostra as médias dos machos, com 20 meses de idade, avaliadas
MÁXIMO
104.60
20.60
22
alimentares e de manejo, avaliadas para
as mesmas características.
Tabela 4 Fêmeas avaliadas pelo PROMEBO aos 18 meses
variáveis
N
MÉDIA
DESVIO PADRÃO
AOL (cm2) 261
42,71
8,32
EGS (mm)
261
2,29
1,11
P8 (mm)
Para os machos foram utilizados os
mesmos parâmetros de avaliação
MÍNIMO
52.00
2.20
2.70
MÍNIMO
23,77
0,7
MÁXIMO
81,56
9,2
mamente abundante.
Também não podemos esquecer que a
genética animal interfere muito nestes fatores. Ao se escolher touros ou vacas com
características de maior peso ou rendimento
de cortes comerciais, estes fatores são de
média à alta herdabilidade, ou seja, são
transmitidas as suas progênies.
Neste sentido há uma grande oportunidade de seleção, onde com estas avaliações podemos avaliar as progênies em pista, ou os reprodutores para estas características, assim difundindo esta genética
melhoradora, tanto em rebanhos mais voltados para produção de animais rústicos,
como aos que participam de exposições de
argola. Estes parâmetros são importantes
para a raça como um todo.
Em nosso Sumário,estas avaliações já
são publicadas, mas realizadas por interesse dos proprietários dos animais ou de centrais de coletas de touros, ainda hoje a pouca participação dos criadores.
Em contrapartida temos a disposição
em nossa publicação, uma tabela dos Touros Líderes para índice Carcaça, valorizando os animais que já tem dados coletados e
se mostraram superiores para estas características (Figura 8).
Assessora técnica
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CONSELHO TÉCNICO
Encontro valoriza teste de Progênie Angus
Fotos: ABA/Divulgação
Ressaltando a importância dos trabalhos de seleção genética objetiva, visando a
qualificação da produção brasileira, o gerente de operações da Associação
Brasileira de Angus (ABA), veterinário Fernando Velloso, abriu o I Encontro
Teste de Progênie Angus, em 23 de julho, no Ritter Hotel, em Porto Alegre, RS.
"S
e ficarmos dependentes da
genética testada por outros
países, corremos o risco de não obtermos os resultados esperados”, observou Velloso, chamando a atenção
dos presentes para a importância dos
trabalhos de pesquisa genética para
responder questões específicas do
pecuarista brasileiro, como a resistência dos animais ao calor e aos carrapatos, por exemplo.
Lançado oficialmente pela ABA
durante a VII Exposição Nacional da
Raça Aberdeen Angus, durante a
Feicorte 2007, em São Paulo, SP, o
Teste de Progênie Angus vem sendo
realizado desde a Primavera do ano
passado através de parceria da ABA
com as centrais Alta Genetics e
Progen. A formalização da parceria,
na Feicorte do ano passado, foi assinada pelo vice-presidente da ABA,
Luis Anselmo Cassol e pelo presidente da Alta Genetics, Heverardo
Resende de Carvalho.
O Teste de Progênie trabalha coletando sêmen de touros nacionais
selecionados, distribuindo este material para uso de vários criadores de
regiões distintas no País e registrando os dados de desempenho através
do Promebo, para nascimento, desmame e sobreano. “Foi o início do
processo de identificação dos tourospais nacionais”, resumiu o diretor do
Conselho Técnico da ABA, Ricardo revelando a importância da interação
Macedo Gregory.
genótipo/ambiente”, detalhou
Bastante experiente e com visão Adriano Rúbio.
internacional sobre o assunto, o geO I Encontro sobre o programa
rente de mercado da Alta Genetics, Teste de Progênie Angus, que serviu
veterinário Adriano Rúbio, enfatizou para manter entre os criadores, proo trabalho que vem sendo desenvol- dutores e técnicos, a importância da
vido pela empresa na seleção de tou- identificação e da qualificação da geros Angus nacionais para difusão nética nacional, foi também palco
através da inseminação artificial, dan- para o estabelecimento de um amdo ênfase ao uso em cruzamentos plo debate sobre as atividades do priindustriais. “A avaliação genética é meiro ano do programa, aproximanessencial para atender ao desafio de do técnicos e criadores, apontando
desenvolver a raça Aberdeen Angus aperfeiçoamentos e idéias e esclarecomo um produto nacional valori- cendo possíveis dúvidas de
zado comercialmente”, sintetizou.
pecuaristas interessados em particiPara ele, a
par do Teste de
padronização e a
Progênie Angus.
qualidade são Influência do meio na
“Durante
fundamentais
este evento, entre
performance do touro outras informapara o produtor,
que quer gerar é uma das procupações
ções que consicarne de qualiderei importandade para a intes, percebi a indústria. E a seleção genética é a base fluência do meio no comportamenpara o atingimento desta meta”, fri- to e performance de um touro ou dos
sou o técnico.
resultados do uso de uma genética
Entre os projetos em desenvolvi- importada, não adaptada ao nosso
mento pela Alta Genetics, Rúbio meio”, observou, bastante satisfeito
apontou o Programa de Avaliação de por ter participado do encontro, o
Touros em Cruzamento (Pacto). “A criador Ismael Solé Filho.
meta é realizar a avaliação do mérito
Junto com o pai, Ismael Solé, togenético e da qualificação dos touros cam a Cabanha Solé, no município
da Alta nas condições reais de cria- de Cerrito, RS (próximo à cidade de
ção das diversas regiões brasileiras, Pelotas). Sole Filho também mani-
festou sua firme intenção de participar do Teste de Progênie Angus. “Ao
mesmo tempo que vamos ter um
maior controle sobre o plantel da
cabanha, vamos realizar o melhoramento de nosso plantel e rebanho a
partir de uma genética adaptada ao
nosso meio ambiente e totalmente
nacional”, argumentou.
Letícia Biscaino Alves, que
reativou a propriedade que era do
avô, montando há cerca de três anos
a Fazenda Vilema, em Manoel Viana,
RS, onde trabalha do genética Angus,
disse que sempre que seu tempo lhe
permite, participa das atividades propostas pela ABA. Médica, cirurgiã,
ela considerou valiosas as informações que anotou durante o I Encontro sobre o programa Teste de Progênie Angus.
“Por minha própria formação,
tenho veia científica. Por isto, já participo do Promebo e acredito que o
desenvolvimento da raça Agerdeen
Angus precisa ter base técnico-científica”, assinalou.
“Lá na fazenda, os primeiros nascimentos recém foram marcados.
Mas a meta de nosso trabalho é termos oferta de animais de qualidaede
para podermos participar do Programa Carne Angus Certificada”,
prospecta a Dra. Letícia.
Ela acredita que, pela lógica, os
touros nacionais tem todas as condições de produzir melhor que as genéticas importadas. “Esses touros
nacionais foram produzidos a partir
de genéticas já adaptadas ao nosso
meio ambiente e por isto eles devem
responder melhor em termos de função na reprodução”, sintetizou a nova
criadora de Angus.
O Teste de Progênie Angus, conforme a veterinária Fernanda N.
Kuhl, Assessora Técnica ABA, faz
parte do trabalho de valorização e
melhoramento da raça, realizado pelo
Comitê de Melhoramento Genético
Angus, o qual atua junto ao Conselho Técnico da ABA. “Como realizações mais relevantes para o melhoramento genético da raça, podemos
citar: treinamento de Avaliadores
PROMEBO, Sumário de Touros e
Vacas Líderes, Teste de Progênie
Angus, Prêmio Mérito Genético
Angus, ultra-sonografia de carcaça
nos animais participantes de exposições (coleta de dados para auxiliar no
julgamento dos animais).
Segundo a assessora da ABA, até
agora já foram distribuídas mais de
700 doses dos touros selecionados
para participar do teste, entre 16
cabanhas participantes. Fazem parte
do teste touros PO e PC, nas pelagens
preta e vermelha.
Além dos objetivos já citados, o
programa visa também testar e provar touros nacionais selecionados por
avaliações do Promebo quando estes
ainda estão em vida útil. “Assim vamos disponibilizar aos usuários de
genética selecionada um material
comprovadamente melhorador em
um curto espaço de tempo”, aponta
Fernanda, destacando igualmente o
objetivo de promover a utilização de
touros jovens nacionais, testados para
características de interesse da raça.
Estão aptos a participar do Teste
de Progênie os associados Angus usuários do Promebo, produtores integrantes do Programa Carne Angus
Certificada e criadores interessados
no melhoramento genético da raça.
E são pré-requisitos: utilizar o sêmen dos touros jovens (TOP Recurso Genético Angus), aleatoriamente
em seus ventres inseminados e ter o
comprometimento de envio dos dados de progênie dos touros em teste
para o Promebo. Ao final do encontro, os participantes foram recepcionados em almoço de confraternização,
oferecido pela Alta/Progen.
Adriano Rúbio, Reynaldo Salvador e Fernando Velloso
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CONSELHO TÉCNICO
Reprodutores para o seu rebanho
Foto: Felipe Ulbricht/ABA
uma forte correlação
genética entre PE e a
puberdade de novilhas.
LEMBRE-SE:
- O período ideal
para compra do touro é 6 meses antes do
início da estação de
monta.
- É praticamente
impossível um touro
ser superior para todas
características. O
mais adequado é
identificar reprodutores que supram as deSeguindo as recomendações básicas na seleção de touros, o produtor terá resultados mais precisos mandas específicas de
seu rebanho ou com
deps equilibradas.
- Valorize animais que possuam
- Características de crescimento
seleção de touros é a princi(peso ao desmame, ganho de peso)
pal ferramenta para modifi- dados de performance e DEP‘s;
- Utilize touros com DEP‘s zero possuem alta correlação com o tamacar o potencial genético do rebanho.
Na procura do touro adequado, es- ou negativas para Peso ao Nascer para nho adulto. Os aumentos de tamanovilhas.
nho e exigências nutricionais sem o
tas dicas são fundamentais:
- Privilegie animais com bom Pe- proporcional aumento de disponibi- Busque propriedades que trabalham com programas de seleção e rímetro Escrotal (PE touros 1 ano > lidade de alimento, acarretam e remelhoramento genético (PROME- 30 cm). O PE é um excelente indi- dução da eficiência reprodutiva do
cador de fertilidade dos touros e há rebanho e aumento nos problemas de
BO);
A
parto.
- Frame (estatura) e musculosidade são características altamente
herdáveis e com importância econômica.
- Observe o temperamento e a
correção estrutural do animal (conformação, aprumos, etc). Animais
com bons aprumos exercem melhor
sua função (monta) e tem maior vida
útil.
- Solicite o Exame Andrológico dos
touros e repita anualmente o exame 60
dias antes da estação de monta.
- Informe-se sobre as doenças regionais da procedência dos touros
(Tristeza Parasitária Bovina, Hemoglobinúria Bacilar, Raiva, Plantas
Tóxicas, etc) e planeje um programa
preventivo.
- Compre sempre touros marcados (P e CA) e registrados. Pois estes
animais tem o aval da Associação Brasileira de Angus e passaram por um
os
processo de seleção rigoroso. Tour
ouros
D upla M
ca (PP
CA) são
Maa rrca
(PP,, CA
CACA)
compr
es.
comproovadamente melhorador
melhoradores.
- Busque a orientação dos Técnicos da ABA.
Credenciamento
e atualização
de avaliadores
Promebo/Angus
Já está programada a quarta edição do Curso de Credenciamento e
Atualização de Avaliadores Promebo/Angus: será nos dias 28 e 29
de novembro deste ano, na sede da
Associação Brasileira de Angus
(ABA), em Porto Alegre, RS. Haverá aulas teóricas e também práticas, estas em local ainda a ser definido.
Mas o Conselho Técnico da
ABA já está anotando as reservas dos
interessados em participar do evento. Os contatos podem ser feitos
pelo fone 51.3328.9122 ou pelo email [email protected]
Destinado a técnicos e também
a criadores, o curso é preparatório
para a realização de avaliações de
animais dentro do Programa de Melhoramento Genético/Promebo.
A meta, segundo a veterinária
Fernanda Kuhl, assessora técnica da
ABA, é proporcionar uma atualização aos já credenciados e credenciar
novos interessados no processo de
seleção Angus.
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REPORTAGEM
O que queremos?
Ser multiplicadores ou selecionadores de genética Angus?
O uso de touros nacionais começa a ter importância, com o estímulo ao uso de ferramentas de seleção
No cenário da pecuária brasileira e com o foco na raça Aberdeen Angus, que nos últimos anos cresce em
importância e atrai cada vez mais investidores e novos criadores/produtores, já existe espaço para uma indagação
que não quer calar: afinal, vamos ser meros repassadores de genética Angus ou vamos efetivamente selecionar e
produzir a partir de uma genética Angus brasileira?
Temos técnicos preparados, programas eficientes para certificar esses touros a partir de suas produções,
selecionadores experientes e produtores de carne que já descobriram as enormes vantagens de trabalhar com a
eficiente genética Angus. Uma eficácia que se materializa nas cabanhas que produzem e selecionam reprodutores
para as pistas de exposições e que igualmente faz a diferença na produção de campo, elevando o nível dos rebanhos
de produção e especialmente nos chamados cruzamentos terminais, onde as carcaças de sangue Angus se distinguem em acabamento, fazendo sucesso nos ganchos dos frigoríficos e puxando remunerações acima da média do
mercado em programas de produção de carne de qualidade. Programas como o Carne Angus Certificada, da
Associação Brasileira de Angus (ABA), que já reúne um consistente grupo de produtores em vários pontos do
Brasil e tem como parceiros os frigoríficos Mercosul (RS), o Marfrig (regiões Centro Oeste e Sudeste) e mais
recentemente a VPJ Pecuária (SP e GO), um projeto de integração e verticalização da produção.
Por Eduardo Fehn Teixeira
"A
inda não existe uma genética 100% nacional”, certifica o presidente do Conselho Técnico da ABA, Ricardo Macedo
Gregory. Ele abre a conversa com esta
afirmação, para ser exato. E explica:
“a todo o momento estamos trabalhando com touros principalmente
norte-americanos ou argentinos. E é
com reprodutores dessas e de outras
origens que nossos selecionadores
produziram os touros que hoje já estão indicados como sendo touros
nacionais. E esses touros constam no
Sumário de Touros Angus, elaborado conjuntamente pela Associação
Nacional dos Criadores – Herd Book
Collares e pela ABA”, esclarece o técnico e também criador, proprietário
da Cabanha da Barragem, em
Quarai, RS.
Esses touros – prossegue Gregory
-, cujo uso é indicado para agregar as
características mais buscadas pelos
criadores/produtores, até a segunda
geração, pode-se verdadeiramente
dizer que são touros legitimamente
nacionais.
Ricardo Gregory lembra que se
formos pesquisar o trabalho de
selecionadores reconhecidamente eficientes no mundo, vamos perceber
que periodicamente eles buscam uma
renovação genética, através do uso de
genéticas de outros países, para a produção e seleção de seus touros. E o
sêmen desses touros – como ocorre a
partir de agora com os chamados tou-
ros nacionais – estão disponíveis aos
criadores nas centrais que atuam no
mercado.
“O mais importante é a identificação – e produção, como touros
nacionais – do tipo de animal que
queremos e que temos condições de
criar em nossos campos, com
potencialização máxima em nível de
produção”, define o dirigente do
Conselho Técnico da ABA.
Ele enfatiza que a iniciativa da
ABA, com o Teste de Progênie, lançado durante a Feicorte 2007, vai
justamente formatar e apressar o processo que leva à identificação de touros nacionais, indicados para uso em
nossos rebanhos. “Por isso os criadores precisam acompanhar de perto
este trabalho e prestar mais atenção
às comprovadas performances dos
touros nacionais, que passam a figurar com cada vez mais intensidade e
número de opções nas edições do
Sumário de Touros ANC/ABA, e que
têm material genético disponível nas
mais qualificadas centrais de sêmen
do mercado”, indica o presidente do
Conselho Técnico da ABA.
O Teste de Progênie, que está em
pleno desenvolvimento, foi implantado pela ABA através de parceria
com a Alta Genetics, de Uberaba,
MG, e com a Progen, de Dom
Pedrito, RS. E os touros em avaliação foram selecionados conjuntamente pelo Conselho Técnico da
ABA e pelo Comitê de Melhoramento Genético da entidade.
Um desses touros que estão sendo provados pelo Teste de Progênie é
Centenário, de criação da Cabanha
Azul, de Quaraí, RS, que foi grande
campeão de argola da Expointer
2007. Outro touro em provação é El
Saycan, que foi o campeão rústico da
Expointer 2007, produzido pela
Cabanha Rincon Del Sarandy, de
Uruguaiana, RS. E o terceiro touro
em provação no Teste de Progênie da
ABA é Santo Antão 523 (selecionado via Promebo), de criação da
Cabanha Santo Antão, de Alegrete,
RS.
Segundo Ricardo Gregory, o Teste de Progênie é de suma importância para a valorização dos touros nacionais, porque aprimora a comparação dos rebanhos para a avaliação
genética, disponibiliza aos produtores um sêmen de alto valor por preço
subsidiado e acelera o resultado dos
testes de performance dos touros brasileiros.
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Agosto de 2008
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Agosto de 2008
REPORTAGEM
Com seleção nacional, confiabilidade será maior
D
Muitos criadores e
produtores constatam:
touros de repasse
costumam dar tanto
ou mais resultados do
que os touros
importados
“Como usar, de olhos fechados, um touro selecionado para o estado de Montana,
nos EUA, onde a temperatura média no inverno é de menos 40 graus Célsius?”,
provoca o ex-presidente e atual presidente do Conselho de Administração da ABA,
Reynaldo Titoff Salvador. Técnico e diretor comercial da Cia Azul, de Uruguaiana,
RS, de pronto ele ensaia uma resposta à sua própria indagação; “cabe aos
selecionadores, aos produtores de touros, o ônus de testar este tipo de genética”.
idático e objetivo, Salvador
começa resgatando alguns valores e conquistas. Ele lembra que a
raça Aberdeen Angus está consolidada no Brasil, onde é a primeira raça
não zebuína em quantidade de animais, em volume de vendas de sêmen, em registros de reprodutores,
em número de criadores e, entre outros quetais, com marca reconhecida
nacional e internacionalmente.
Dito isso, ele ingressa no tema
touros nacionais, partindo da
constatação científica de que o melhor touro é aquele que melhor desempenho apresenta num determinado ambiente, cabendo aos criadores
a efetiva seleção desses reprodutores.
Como? “Através de programas de
melhoramento e seleção genética, de
testes de progênie e de performance,
concentrando toda essa informação
num banco de dados consolidado.
Para Titoff Salvador, “o Promebo
é o nosso grande programa de seleção. E é importante salientar que toda
a informação ali armazenada é
fornecida pelos próprios criadores, o
que dá a importância da seriedade e
veracidade desses dados”, proclama.
Daddy, Zhaury, Pioneiro, SB
Centenial, Santa Joana 714, entre
outros, conforme o ex-dirigente da
ABA, são touros nacionais que foram
testados em diversos ambientes brasileiros e comprovaram que a genética Angus nacional produz tanto ou
mais que a estrangeira.
Titoff Salvador faz questão de
enfatizar que a proporção de touros
melhoradores é muito maior em cima
do banco genético nacional do que
do exterior. “Por um modismo, nos
acostumamos a selecionar e escolher
touros por fotografias, não dando a
devida importância aos dados de
performance”, resgata ele, observando que “se tivermos condições de selecionar touros a partir de dados de
performance no território brasileiro,
a proporção de acertos, a acurácia será
muito maior com esses dados, do que
com dados do exterior, gerados num
meio ambiente e alimentação totalmente distintos do nosso”, argumenta.
>>
REPORTAGEM
ao trabalho de seleção realizado
pelos técnicos credenciados da Associação Brasileira de Angus
(ABA). “Só recebem dupla marca
touros que possuem avaliação genética e que estejam em rebanhos
conectados”, exemplifica.
E ele igualmente atribui os
avanços da Angus ao brilhante trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Comitê de Melhoramento Genético – um setor ligado ao
Conselho Técnico da ABA, que
tem na coordenação a veterinária
e criadora Susana Macedo Salvador, que por muitos anos dirigiu
o Conselho Técnico da entidade.
“Foram anos de luta da área
técnica (que ainda precisa lidar
muito com esta questão) para
equilibrar a avaliação tradicional
na escolha do touro, feita pelo
olho do produtor no animal ou na
fotografia, com a leitura das tabelas de dados de performance do
animal”, sintetiza o técnico.
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Nacionais sempre foram
usados, nem sempre
valorizados
Melhoramento
Angus avança
Leonardo Talavera Campos
observa que é importante a variabilidade, com a adição de materiais de fora. Mas afirma que a grande meta é a busca do biótipo mais
adequado ao nosso sistema de produção.
Superintendente da ANC –
Herd Book Collares e coordenador técnico do Promebo, ele faz
questão de destacar que o fundamental para a identificação de
bons touros nacionais é ter dados
objetivos e positivos de
performance desses reprodutores,
através de programas confiáveis de
avaliação genética, como é o caso
do Promebo, sempre aliado ao
embasamento científico.
Para ele, a raça Aberdeen
Angus, com marchas e contramarchas em seu histórico nacional, é uma raça que tem avançado
bastante nesta área. Leonardo
Campos dá grande destaque às orientações do Conselho Técnico e
Agosto de 2008
A técnica e criadora Susana Macedo Salvador (leia-se Cia Azul, de
Uruguaiana, RS e Cabanha Azul, de Quarai, RS), resume numa frase o
comportamento do criador: “O brasileiro tem a tendência de valorizar mais
o que é de fora. E isto também se aplica e atinge a genética”, sintetiza ela,
que por muitos anos dirigiu o Conselho Técnico da ABA e atualmente
coordena o Comitê de Melhoramento Genético, criado dentro do Conselho Técnico da associação.
S
usana começa citando alguns
touros nacionais cuja genética,
segundo ela, é mais que consagrada: Garupa 3900 (o Real – produzido pela Cabanha Azul, de Quaraí,
RS), que é pai de Zhaury, que foi
grande campeão da Expointer e deixou consistente progênie, avaliada
e confirmada pelos dados de avaliação genética e que durante muitos
anos liderou o Sumário de Touros
Angus/ANC. E um touro filho de
Zhaury, foi reservado de grande
campeão da Expointer.
Segundo ela, este é um bom
exemplo de comprovada genética
nacional, que está disponível no
mercado. “Com a utilização desta
genética, se pode chagar a bons resultados, tanto para a pista como na
produção de campo”, sentencia.
Outro exemplo trazido por
Susana é o touro Pancho 444, produzido pela ABN Agropecuária, de
Santiago, RS. Pancho produziu o
touro Toni (São Bibiano 6157), que
foi o melhor touro rústico na
Expointer 2004. E ela lembrou
igualmente do touro Centenário,
um filho de Toni, que foi grande
campeão de Uruguaiana no ano passado e após conquistou o grande
campeonato da Expointer do mesmo ano.
“Touros nacionais significa
adaptação ao meio”, objetiva
Susana, chamando a atenção dos
criadores para que busquem as genéticas nacionais que estão no Sumário de Touros.
E ela explica que o Comitê de
Melhoramento Genético foi criado
dentro do Conselho Técnico da
ABA justamente para incrementar
o foco na produção de campo.
Susana Macedo Salvador fecha
a conversa fazendo mais uma revelação: “Na verdade, os bons touros
nacionais sempre foram utilizados,
mas nunca foram devidamente valorizados”.
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Agosto de 2008
REPORTAGEM
Produtos de touros de repasse
podem ser iguais ou até superiores
Touro Santa Joana: líder para índice de carcaça no Promebo
"R
elatos de criadores dão
conta de que touros de repasse acabam gerando produtos
iguais ou superiores aos produzidos
através de sêmen de touros importados”, conta o veterinário e criador
Cristopher Filippon. Titular da Estância Ponche Verde, em Cascavel,
PR, ele acredita que a genética nacional, formada através dos princípios da seleção, é mesmo uma ge-
nética mais adaptada ao nosso meio
ambiente, ao nosso sistema de produção.
Filippon observa que os sêmen
importados na verdade foram produzidos para o uso do próprio produtor e depois foram abertos para
uso de todo o mercado. “É assim que
agem os selecionadores norte-americanos e argentinos, por exemplo”,
situa.
Ele não tem dúvidas de que os
selecionadores nacionais não só sabem como trabalhar, mas também
contam com todo o material necessário para a produção de touros
melhoradores realmente superiores.
“Nós queremos fazer genética, mas
não usamos essa genética”, adverte
o técnico, observando que o mais
importante agora é fazer com que
os criadores acreditem na qualidade dos touros que já temos e efetivamente utilizem esse material genético em seu trabalho.
“No Brasil temos programas de
melhoramento genético que nos fornecem todos os dados de características importantes, viabilizando um
bom rendimento de nossos
reprodutores disponíveis no mercado”, defende a criadora e uma das
diretoras da GAP Genética, de
Uruguaiana, RS, veterinária Angela
Linhares da Silva. Segundo ela,
aqueles que vendem terneiros procuram touros com dados bons de
desmame e os que terminam novilhos vão em busca de touros com
Genética nacional deve
considerar adaptação ao meio
“Os cabanheiros brasileiros deveriam investir mais na formação de
linhagens de famílias, a partir da seleção dentro de seus próprios rebanhos”, provoca o veterinário e especialista em reprodução e genética,
Luis Alberto Muller. Segundo ele, as
armas para isto são as avaliações de
performance e a definição de um
biotipo adequado ao mercado brasileiro. “Este biotipo precisa atender
aos interesses de produção de campo e da indústria local”, adverte o
técnico, que é um dos integrantes do
Conselho Técnico da ABA.
Luis Müller cita como exemplos
a serem seguidos os trabalhos que
são desenvolvidos pelos norte-americanos e pelos argentinos. “Trabalhos como esses são feitos tanto nos
Estados Unidos como na Argentina, onde os criadores têm bem definidos os tipos de animais para seus
respectivos mercados”, argumenta
Muller.
Para ele, o Brasil deve criar sua
própria genética aproveitando somente o que é apropriado ao nosso
mercado lá fora, no exterior, ao invés de trazer de fora só os touros mais
famosos, os hits do momento. “Nem
sempre o que faz sucesso lá fora é a
genética mais indicada para as condições brasileiras”, adverte.
Do alto de sua experiência e conhecimento, o técnico e criador Antônio Martins Bastos Filho também
chama a atenção para o fato do produto nacional já ser aclimatado ao
nosso meio. “Através de gerações nascidas aqui, esse animal é perfeitamente adaptado e por isto não enfrenta
nenhuma dificuldade funcional, de
se alimentar, de reproduzir e de se
manter no meio em muito bom estado”.
Antoninho Bastos (ex-presidente da ABA e membro do Conselho
Técnico da entidade) lembra que
animais importados, vindos de outro meio, geralmente têm problemas
de adaptação. Ele cita o carrapato,
por exemplo.
Já sobre sêmen, o criador
condiciona à origem genética e de
onde vem o material. “O mais adequado é que esse sêmen venha de
países onde os animais produzam a
campo. Porque se forem confinados, racionados, não é recomendável”, ensina o veterinário, proprietário da renomada Cabanha São
Bibiano, em Uruguaiana, RS.
Antônio Bastos recorda que, em
números redondos, são 60 anos de
importações de genéticas para o
Brasil: dos anos 40 aos anos 70, da
Escócia, Inglaterra e Argentina; a
partir dos anos 70, genéticas norte-americanas. “E com todo esse
trabalho de incorporação de genéticas e tipos e de seleção, a partir
dos anos 90, com certeza já passamos a ter variabilidade genética, o
que significa que a partir daí é trabalhar com critério na área de seleção e, por certo, utilizando genéticas nacionais”, define.
boas DEP’s de sobreno.
Angela ressalta que a maioria
destes dados dos reprodutores nacionais provém de animais testados a
campo, em diferentes regiões do
Brasil. “Estes reprodutores devem
produzir animais bem adaptados ao
meio em que vivem”, aponta a criadora.
Ela observa entretanto que algumas características, como comprimento do pelo e infestação por carrapato influenciam diretamente no
desenvolvimento do animal. “Na
minha opinião são os grandes desafios para um maior desenvolvimento da raça em todo País”,
condiciona, acrescentando que “isto
levou a ABA a incentivar a coleta
de dados para saber quais as linhagens mais resistentes ao calor e ao
carrapato, além é claro, de obter
dados de performance para carcaça,
fertilidade e padrão racial”.
Outro que defende objetivamente a genética nacional Angus é o técnico e superintendente da ANC –
Herd Book Collares, Amilton Car-
doso Elias. “O produtor precisa
acreditar que a genética nacional é
mesmo eficiente, mais adaptada e
deve, a partir da avaliação dos dados de performance, buscar no Sumário de Touros a genética que mais
se adequa às condições de seu rebanho”, recomenda Elias.
Segundo o dirigente da ANC, a
raça Aberdeen Angus tem se caracterizado pela superação em termos
de seleção e de ganhos genéticos. “A
cada geração surgem novos
reprodutores, cuja bagagem genética e performance em produção saltam aos olhos dos produtores”, afirma. Para ele, a genética que já existe hoje no Brasil em Angus não deve
nada às importadas.
E Amilton Elias revela uma exigência, que é praticamente uma curiosidade: “para a importação de sêmen, animais ou embriões, para
efeito de registro genealógico, é condição essencial que esse material seja
considerado pelo Ministério da
Agricultura como melhorador para
o rebanho nacional”.
Preferência para animais
com dados de performance
“Já temos um banco genético admirável e crescente em qualidade e em
opções no Brasil. Resta agora optarmos
pelos critérios certos para trabalharmos
e obtermos acertos na área de seleção
com o uso dessa genética nacional”,
afirma o técnico e criador, proprietário
da Cabanha Santa Eulália, em Pelotas,
RS, Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello.
O selecionador argumenta que o
Brasil já tem uma história em genética
Angus, um bom tempo de seleção na
raça, com importações importantes de
animais e de sêmen. “Com todo este
trabalho, já temos algumas linhagens
que despontam nas pistas de julgamentos, nos dados e avaliações do nosso
Promebo. E tanto em argola, como nos
rústicos, já possuímos reprodutores de
exceção”, defende Mello.
“Temos criadores que se dedicam
à produção de carne. E temos os
selecionadores de genética, os
cabanheiros, cujo foco é a geração de
reprodutores de alto nível e
performance. Mas tanto num caso
como noutro, o uso da genética nacional é sempre recomendado”, avalia o
selecionador João Vieira de Macedo
Neto, à frente da legendária Cabanha
Azul, de Quaraí, RS.
Macedo revela que, em sua propriedade, usa nas fêmeas touros de
produção própria. “Tenho tido muito boas surpresas com esses touros”,
garante. Em sua opinião, os produtores de carne devem dar preferência aos
touros nacionais com dados de
performance, que estão no Sumário
de Touros Angus, por exemplo. “São
animais produzidos a partir de genéticas já adaptadas ao nosso meio”,
aponta.
Para Macedo, cabe aos
cabanheiros, aos selecionadores, experimentar touros a partir de suas avaliações, sejam eles nacionais ou importados. E é a partir desses acasalamentos
que surgem os eficientes touros nacionais, onde os bons não devem nada
aos importados, observa Macedo.
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REPORTAGEM
Agosto de 2008
Em algumas gerações, chegaremos lá
“Temos o hábito de achar que sempre o
que é de fora, o que é importado, é melhor”,
identifica o selecionador Felipe Moura, um
dos diretores da Ponderosa Agropecuária
(também conhecida como Ponderosa
Angus), em Manduri, SP. Agrônomo por
formação, mestre em Ciência Rural e Pastagens pela USP e integrante do Conselho
Técnico da ABA, ele confirma que realmente existem genéticas em outros países que
são ótimas e que não podem ser ignoradas
pelos selecionadores mais atilados. “Mas, via
de regra, muitos produtores usam essas boas
genéticas importadas em suas melhores fêmeas, entregando aos touros nacionais as
vacas de repasse”, critica.
F
elipe Moura observa que os argentinos, por exemplo, buscam
bons touros nos Estados Unidos,
usam em suas melhores vacas e, se
produzirem bem, usam os filhos desses touros importados nos seus rebanhos. Ele também fala sobre os problemas que decorrem entre os
genótipos importados e o nosso meio
ambiente, que é totalmente diferente. “Por este fator, os touros importados podem apanhar”, assinala.
sos do trabalho da
Gensys e principalmente do Promebo. “Há
muitos anos, na Santa
Joana, nós utilizamos,
para a produção e seleção
de
nossos
reprodutores, as informações desses programas, que são fundamentais para o sucesso deste
trabalho”, ensina o criador.
Segundo ele, historicamente existe todo um
lobby, toda uma estrutura comercial, orquestrada pelas centrais de
Centenário, filho de Toni, foi vencedor de Uruguaiana e da Expointer 2007
sêmen, para que o proMas o selecionador se mostra to- forte para, em algumas gerações, che- dutor utilize genéticas importadas,
modernamente dos Estados Unidos
talmente a favor da genética nacio- garmos lá”, aposta Moura.
O proprietário da Cabanha San- de também da Argentina, principalnal. E não hesita em afirmar que temos touros tão bons ou até melhores ta Joana, em Santa Vitória do Palmar, mente. Mas assim como já avançaque reprodutores de outros centros Ulisses Amaral, tradicional mos muito na produção de touros
internacionais. “Ainda não temos o selecionador de Angus, não deixa por nacionais, também estamos percenível de eficiência de outros países, menos. Ele afirma que a seleção de bendo a importância de promoverque se destacam internacionalmente bons reprodutores, para ter resulta- mos essa nossa eficiente genética napela esmerada seleção de seus dos efetivos, precisa estar baseada em cional junto aos nossos criadores, que
reprodutores Angus. Mas já avança- eficientes e bem estruturados progra- são constantemente bombardeados
mos muito e estamos trabalhando mas de melhoramento genético, ca- por apelos comerciais sobre sêmen e
touros importados, argumenta o
selecionador.
“Não adianta só ganhar prêmios
em exposições. Nossos touros nacionais precisam apresentar resultados
no campo, na área de produção de
carne de qualidade”, assevera Amaral.
Ele considera elogiável o trabalho de
fomento que a ABA vem realizando
nesta área, agora com maior intensidade.
“Temos que pensar e trabalhar na
seleção para oferecer melhores condições ao produtor comercial, que
tem como meta a geração de carcaças de alta qualidade no menor espaço de tempo e com o menor custo
possível”, sintetiza.
Lembrando de um ponto importantíssimo – que o touro nacional,
além de eficiente, também é mais
barato – Ulisses Amaral orgulha-se
dos resultados que vem obtendo em
sua propriedade. “Lá em casa, os touros que produzimos cumprem muito bem seu papel, não só cobrindo
nossos rebanhos, como também fazendo boa figura perante os jurados,
nas pistas das exposições”, afirma o
criador.
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REPORTAGEM
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Touros nacionais já produzem carne de qualidade
Touro Santo Antão 523 também já é destaque
"H
á mais de dez anos, os touros de nossa produção que
se destacam no Promebo, são utilizados em nosso rebanho”, esclarece
o técnico e criador Flávio
Montenegro Alves, titular da
Cabanha Santo Antão, em Alegrete,
RS. Técnico credenciado da ABA, ele
vê esse trabalho da entidade, de fomento à utilização de genética nacional com muito bons olhos.
“Nada mais produtivo do que
usar nas fêmeas do rebanho touros
que já estão adaptados ao nosso meio
e que já são filhos de genéticas também adaptadas às nossas condições”,
justifica Montenegro Alves.
“As pessoas têm a mania de achar
que os touros (ou os sêmen) importados são melhores”, aponta o técnico. Mas de pronto explica que um
touro de fora do Brasil até pode ser
muito bom em seu habitat, mas dificilmente terá mais eficiência do que
um reprodutor criado aqui.
“Especialmente nos animais rústicos, temos um horizonte com maior pressão de seleção, de onde saem
touros de ponta, classificados como
Deca 1 a Deca 4, reprodutores de
dupla tatuagem, que são touros verdadeiramente melhoradores de rebanhos”, define o criador Antonio
Carlos Torres Vicente e Silva (o
Perico), proprietário da Estância Vista Alegre do Ponche Verde –
El Saycan 902 já está em coleta de sêmen
Condomíonio Yordi Vicente e Silva,
em Dom Pedrito, RS.
Segundo ele, hoje as cabanhas de
Angus, especialmente as do Rio
Grande do Sul, têm, produzem genética de primeira linha, capaz de
gerar animais realmente novilheiros,
voltados à produção de carne de qualidade, que deve ser o nosso foco
principal como criadores da raça. “E
na atualidade, a pista está bem mais
próxima do campo”, aponta o
pecuarista.
Perico lembra que a pecuária tem
avançado muito, com tecnologias
que hoje estão disponíveis e acessíveis ao produtor, que pode dispor
dessas ferramentas para aperfeiçoar
ainda mais a seleção dos melhores
reprodutores. E, com orgulho, ele
destaca a central Progen, cuja sede
está em Dom Pedrito, que em sua
opinião é onde estão os melhores touros nacionais, uma genética eficiente
e disponível para uso dos produtores.
“Estamos bastante satisfeitos
com esta iniciativa da ABA, de promover a genética nacional e de resgatar o Angus brasileiro”, comemora
o veterinário Fábio Barreto, diretor
da central Progen, em Dom Pedrito,
RS. Segundo ele, o Angus brasileiro
hoje é um dos melhores do mundo e
nossos produtores precisam lembrar
que esta genética é tão ou mais efici-
ente quanto as importadas.
“Especialmente os selecionadores
de reprodutores não vão deixar de
trazer genéticas de outras partes do
mundo. Mas para a área de produção, os touros nacionais têm a vantagem de já serem adaptados ao nosso meio”, argumenta o dirigente da
Progen, que juntamente com a Alta
Genetics são os parceiros da ABA no
Teste de Progênie, programa que está
em pleno andamento.
Na opinião do veterinário
Adriano Rúbio, gerente de mercado
da Alta Genetics, “a avaliação genética é essencial para atender ao desafio de desenvolver a raça Aberdeen
Angus como um produto nacional
valorizado comercialmente”.
Para ele, o trabalho iniciado ano
passado pela ABA deverá confirmar
a qualidade da genética Angus nacional já existente e disponível no mercado brasileiro e servirá para despertar a atenção dos criadores para os
benefícios do desenvolvimento e da
efetiva utilização desta genética em
suas propriedades.
A Alta Genetics, juntamente com
a Progen, integra a parceria montada com a ABA para a realização do I
Teste de Progênie Angus.

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