eliana rosa da fonseca a interação entre o bibliotecário e o usuário

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eliana rosa da fonseca a interação entre o bibliotecário e o usuário
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL
ELIANA ROSA DA FONSECA
A INTERAÇÃO ENTRE O BIBLIOTECÁRIO E O USUÁRIO NO AMBIENTE DE
UMA BIBLIOTECA HOSPITALAR UNIVERSITÁRIA: UM ESTUDO SOBRE
LITERACIA EM INFORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Niterói
2014
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ELIANA ROSA DA FONSECA
A INTERAÇÃO ENTRE O BIBLIOTECÁRIO E O USUÁRIO NO AMBIENTE DE
UMA BIBLIOTECA HOSPITALAR UNIVERSITÁRIA: UM ESTUDO SOBRE
LITERACIA EM INFORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Dissertação de Mestrado apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência da
Informação pelo Programa de Pós-graduação em Ciência
da Informação da Universidade Federal Fluminense.
Orientadora: Profª Drª Sandra Lúcia Rebel Gomes.
Linha de Pesquisa: Fluxos e Mediações Sócio-Técnicas
da Informação.
Niterói
2014
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4
ELIANA ROSA DA FONSECA
A INTERAÇÃO ENTRE O BIBLIOTECÁRIO E O USUÁRIO NO AMBIENTE DE
UMA BIBLIOTECA HOSPITALAR UNIVERSITÁRIA: UM ESTUDO SOBRE
LITERACIA EM INFORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Dissertação de Mestrado apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em Ciência da
Informação pelo Programa de Pós-graduação em Ciência
da Informação da Universidade Federal Fluminense.
Aprovado em: 11 de junho de 2014.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Profa. Dra. Sandra Lúcia Rebel Gomes – Orientadora
Universidade Federal Fluminense – UFF
________________________________________________________
Profa. Dra. Cícera Henrique da Silva – Membro titular
Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ
________________________________________________________
Profa. Dra. Rosa Inês de Novaes Cordeiro – Membro titular
Universidade Federal Fluminense – UFF
________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Henrique Marcondes de Almeida – Membro titular
Universidade Federal Fluminense – UFF
________________________________________________________
Profa. Dra. Regina de Barros Cianconi - Suplente interno
Universidade Federal Fluminense - UFF
________________________________________________________
Profa. Dra. Simone da Rocha Weitzel - Suplente externo
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO
5
DEDICATÓRIA
À memória do meu pai Jorge Boaventura
da Fonseca, um grande homem, cuja
honestidade e sinceridade sempre me
servirão de exemplo.
À minha mãe especialmente, pois deixou
o conforto do lar para trabalhar e garantir
a formação de suas filhas. É um grande
orgulho, nada abala sua força e
perseverança.
Aos meus amores José Lucílio e Ana
Clara Rosa pelo apoio e pela força que
me permitiu continuar tal empreitada.
6
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus e ao nosso senhor Jesus Cristo.
À professora Sandra Lúcia Rebel Gomes por aceitar ser minha orientadora, e tornar-se mais
do que isso, uma referência como docente, orientadora atenciosa, acolhedora e amiga atenta.
Além de ser um exemplo de força e perseverança.
Aos professores que aceitaram participar como membros da banca de qualificação e defesa
Cícera Henrique da Silva, Rosa Inês de Novaes Cordeiro, Carlos Henrique Marcondes de
Almeida e aos suplentes, Regina de Barros Cianconi e Simone da Rocha Weitzel.
Agradeço as queridas amigas da UERJ, Neusa Cardim e Simone Dib, que fazem parte da
minha formação profissional. Obrigada por me incentivar para tentar e conseguir aprovação
no mestrado.
As amigas que especial atenção e apoio me deram nesta empreitada - Patrícia Maria, Maria
Teresa Fonseca, Esther Rocha, Marilda Rocha, Vanessa Mendonça e Maria Helena
Rodrigues. E pela colaboração no trabalho as amigas Vanessa Mendonça, Maria Teresa
Fonseca e Esther Rocha.
Ao Instituto Nacional de Câncer e pelas oportunidades que me deram Maria Alice Sigaud,
Sheila Pereira, Eliana Claudia de Otero Ribeiro, Gulnar Azevedo e Silva Mendonça Claudio
Noronha, Tânia Chalhub, Silvia Daulston, Silvia Costa. Pela amizade e companheirismo dos
amigos Chester Robson, Kelly Cristina, Amanda, Fátima, Beatriz, Edvaldo, Kátia, Gilberto
(in memorian), Tadeu Cherif, Tais Facina e tantos outros...
Aos colegas da biblioteca do HUCFF, ao coordenador Eduardo Fraga, à chefe Regina Gondim
que tanto me apoiou para realizar este trabalho e aos usuários da biblioteca por me inspirarem
na composição deste trabalho.
Aos professores do PPGCI/UFF pela oportunidade de compartilhar seus conhecimentos.
À minha família – marido - José Lucílio, filha - Ana Clara Rosa Costa pela presença e por
tudo mais que vivemos. Mãe - Nilza Rosa da Fonseca e irmãs - Valéria e Cátia Rosa.
Especialmente à minha sobrinha Sofia (minha massagista), ao sobrinho João Miguel e aos
queridos afilhados Ricardo Luiz, Maria Eduarda e Millena.
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Quem me leva os meus fantasmas
Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.
De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
De Pedro Abrunhosa
(música)
8
RESUMO
FONSECA, Eliana Rosa da. A Interação entre o bibliotecário e o usuário no ambiente de
uma biblioteca hospitalar universitária: um estudo sobre literacia em informação na área da
saúde. 2014. 135f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Programa de Pósgraduação em Ciência da Informação, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2014.
Aborda-se o tema da literacia em informação na área de Saúde, estudado no ambiente da
biblioteca setorial especializada vinculada ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
da UFRJ. Estas duas unidades – biblioteca e hospital – consistiram no campo empírico da
pesquisa, cuja descrição abrangeu aspectos históricos que remontam às origens de ambas bem
como contemplou a configuração que apresentam nos dias de hoje. Destacam-se como
elementos importantes que integram o ambiente da biblioteca, os atores sociais – bibliotecário
e usuário – os serviços ali prestados, as fontes de informação mais utilizadas sublinhando-se,
por sua especificidade e importância, a revisão sistemática. Os operadores teóricos cujo
exame implicou em pesquisa bibliográfica realizada em bases de dados brasileiras e
internacionais das áreas das ciências da saúde, ciência da informação e algumas bases
multidisciplinares encontram-se assim elencados: literacia em informação, interação,
abrangendo, por sua vez necessidades de informação, mediação e serviço de referência. Os
métodos adotados foram os da pesquisa documental e a observação participante, cujo
emprego exigiu, no primeiro caso, a busca e a utilização de relatórios técnicos, formulários de
consulta e outros materiais gerenciais produzidos pela biblioteca. No segundo caso, foram
utilizadas as anotações feitas no diário de campo, criado para o registro de fatos observados
durante a pesquisa ou lembrados e registrados no referido instrumento. Para demonstrar a
complexidade inerente ao processo de obtenção de literacia por parte do usuário, conforme os
objetivos da pesquisa, elegeram-se casos ilustrativos de diferentes demandas de informação,
tomados como emblemáticos, pois implicam na compreensão e no atendimento dos requisitos
inerentes às peculiaridades dos recursos informacionais utilizados para tal. O processo
consiste em aprendizagem que é aqui concebida como obtenção de literacia em informação.
Esta, uma vez alcançada, propiciará maior autonomia e o desenvolvimento de competências
por parte do usuário para ver satisfeitas as suas necessidades de informação.
Palavras-chave: Interação Informacional; Mediação da Informação; Necessidades de
Informação; Literacia em informação; Competência em informação; Bibliotecas Hospitalares;
Ciências da Saúde.
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ABSTRACT
FONSECA, Eliana Rosa da. The interaction between the user and the librarian in a university
hospital library environment: a study of information literacy in health. 2014. 135f.
Dissertation (Master's degree in Information Science) - Information Sciences Postgraduate
Program, Fluminense Federal University. . Niterói - Brazil, 2014.
This study approaches the topic of information literacy in the Health area, specifically at the
environment of the sectoral specialized library linked to the Clementino Fraga Filho
University Hospital from UFRJ. These two units – library and hospital – consisted in the
empirical research field, whose description included historical aspects dating back to the
origins of the configuration of both of them and how they work now a days. The library
environment has important elements, such as social actors - librarian and user -, the provided
services, the most used sources of information stressing “the systematic review” on its
importance and specificity. The theoretical operators whose examination resulted in literature
search have undertaken databases of Brazilian and international areas of health sciences,
information science and some multidisciplinary databases are listed as well: information
literacy, interaction, covering information needs, mediation and referral service. The methods
adopted were the documentary research and participant observation, whose employment
required in the first case the search and use of technical reports, inquiry forms and other
materials produced by the library management. In the second case, the notes taken in the field
diary were used, created to record facts observed during the survey or remembered and
recorded on this instrument. To demonstrate the complexity inherent in the process of
achieving literacy by the user, according to the research objectives, this work elected
illustrations of different demands for information. Taken as emblematic cases, they imply in
understanding and meeting the requirements inherent to the peculiarities of information
resources used. The process consists of learning what is here meant as obtaining information
literacy. This, once achieved, will lead to greater autonomy and skills development for the
user to see fulfilled their information needs.
Keywords: Information Interaction; Mediation of Information; Information Needs; Need
Users; Information Literacy; Librarians; Libraries, Hospital; Health Sciences.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Infográfico sobre competência informacional: de 1974 a 1979 (1ª parte)........35
Figura 2 -
Infográfico sobre competência informacional: de 1980 a 2001 (2ª parte)........36
Figura 3 -
Infográfico sobre competência informacional: de 2003 a 2005 (3ª parte)........37
Figura 4 -
Ciclo da comunicação da informação....................................................................... 49
Figura 5 -
Modelo do processo de busca (ISP)............................................................................53
Figura 6 -
Antigo prédio da Faculdade Medicina na Praia Vermelha..................................56
Figura 7 -
Vista aérea do Conjunto de Ciências e Saúde na época de Implantação..........57
Figura 8 -
Seqüência de imagens da implosão....................................................................................59
Figura 9 -
Biblioteca do HUCFF – layout da inauguração..................................................................62
Figura 10 - Foto do ambiente atual da biblioteca (laboratório de informática e salão de
consulta)...........................................................................................................63
Figura 11 - Página institucional da biblioteca do HUCFF. .......................................................74
Figura 12 - Classificação de bases de dados.......................................................................77
Figura 13 - Página principal de pesquisa do MESH...........................................................79
Figura 14 - Estrutura de apresentação dos termos MESH..................................................80
Figura 15 - Página de consulta do DECS............................................................................81
Figura 16 - Estrutura de apresentação dos termos DECS...................................................81
Figura 17 - Hierarquia do termo ‘information literacy’no DECS...................................... 81
Figura 18 - Campos de busca da LILACS e Pubmed.........................................................82
Figura 19 - Página da BVS..................................................................................................83
Figura 20 - Página da BVS Aleitamento Materno...............................................................84
11
Figura 21 - Página da BVS Instituto Evandro Chagas........................................................84
Figura 22 - Página do Portal de periódicos Capes...............................................................86
Figura 23 - Formulário de busca de bases de dados por área e subárea do conheciment...87
Figura 24 - Página do Portal Saúde Baseada em Evidências..............................................89
Figura 25 - Currículo Lattes................................................................................................90
Figura 26 - Menu para acesso à produção bibliográfica, técnica e artista do currículo
lattes.................................................................................................................90
Figura 27 - Pirâmide – hierarquia das evidências...............................................................92
Figura 28 - Delimitação das cinco fases da elaboração de uma revisão sistemática...........93
Figura 29 - Esquema de elaboração da revisão sistemática................................................95
Figura 30 - Estratégias de buscas realizadas no Pubmed, registradas no histórico da base
de dados..........................................................................................................108
Figura 31-
Estratégia realizada na base de dados LILACS - 1ª estratégia...................... 108
Figura 32 - Estratégia realizada na base de dados LILACS - 2ª estratégia.......................109
Figura 33 - Estratégia realizada na base de dados SCOPUS.............................................109
Figura 34 - Estratégia realizada na base de dados SCOPUS com indicação de citação dos
artigos.............................................................................................................109
Figura 35 - Solicitação pelo bibliotecário de artigo para o autor......................................110
Figura 36 - Resposta do autor para o bibliotecário com relação ao artigo........................110
Figura 37 - Ponto de acesso de assunto da ficha catalográfica.........................................111
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LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS
Gráfico 1 -
Fluxo de usuários de 2010 a 2013....................................................................70
Gráfico 2 -
Inscritos na Biblioteca......................................................................................70
Gráfico 3 -
Consulta e Empréstimo.....................................................................................71
Gráfico 4 -
Recuperação de artigos científicos...................................................................71
Gráfico 5 -
Orientação e treinamentos no uso das bases de dados, portal etc................................72
Gráfico 6 -
Outros serviços.................................................................................................73
Quadro 1 -
Relação de produtos de informação..................................................................72
Quadro 2 -
Síntese de conceitos, termos e descritores utilizados na busca (caso)............108
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ABREVIATURAS E SIGLAS
ACRL
Association of College and Research Libraries
AACR2
Código de Catalogação Anglo Americano
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ALA
American Library Association
BBE
Biblioteconomia Baseada em Evidências
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CI
Ciência da Informação
EUA
Estados Unidos da América
HUCFF
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
IFLA
International Federation of Library Associations
INCA
Instituto Nacional de Câncer
MBE
Medicina Baseada em Evidências
OCDE
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
PBE
Prática Baseada em Evidências
TICs
Tecnologias de Informação e Comunicação
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
WEB
World Wide Web
14
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO........................................................................................................15
2
MARCO TEÓRICO: CONCEITOS FUNDAMENTAIS....................................26
2.1
Literacia em informação.........................................................................................29
2.2
Interação informacional no processo de literacia.................................................39
2.2.1
Necessidades da informação......................................................................................43
2.2.2
Mediação da informação............................................................................................46
2.2.2.1 Serviço de referência.................................................................................................49
3
MARCO EMPÍRICO: O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO
FRAGA FILHO E A BIBLIOTECA.....................................................................55
3.1
O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho...............................................55
3.2
A Biblioteca do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho........................61
3.2.1
Atores sociais: bibliotecário e pesquisador................................................................65
3.2.2
Serviços de informação..............................................................................................68
3.2.3
Fontes de informação na área de Saúde.....................................................................75
3.2.3.1 As Bases de dados mais utilizadas na Biblioteca do HUCFF...................................82
3.2.3.2 A Revisão sistemática...............................................................................................92
4
INTERAÇÃO DOS ATORES NO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE
LITERACIA EM INFORMAÇÃO........................................................................98
4.1
Procedimentos metodológicos.................................................................................98
4.2
Casos emblemáticos...............................................................................................105
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................113
REFERÊNCIAS.....................................................................................................117
APÊNDICES...........................................................................................................130
ANEXOS.................................................................................................................132
15
1 INTRODUÇÃO
A presente dissertação focaliza o tema “literacia em informação”, no ambiente de
uma biblioteca hospitalar universitária, mais precisamente a do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A
investigação enfatiza o processo de mediação no qual o bibliotecário é o protagonista, com
foco na interação ocorrida entre este e o usuário requerente de tal mediação e demandante dos
serviços oferecidos pela referida biblioteca.
Pautamos nossa análise no processo de interação dos mencionados atores sociais –
bibliotecário e usuário – no âmbito das Ciências da Saúde. Na concepção da presente
pesquisa, tal interação propicia ao usuário, mediante forte participação do bibliotecário, o
alcance ou obtenção de literacia em informação para ver contempladas as suas necessidades
de informação e, consequentemente, poder desenvolver suas pesquisas de maneira mais
eficaz. Adiante, ao apresentarmos os pressupostos deste estudo, verticalizamos o que
consideramos, nos termos desta investigação, literacia em informação na área das Ciências da
Saúde.
Como marco cronológico, consideramos o período compreendido entre os anos de
2002 a 2014, referente à nossa experiência profissional como bibliotecária em duas
instituições: Instituto Nacional de Câncer (INCA) de 2002 a janeiro de 2010 e Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ, de fevereiro de 2010 até o presente
ano de 2014
O estudo abarca questões relacionadas à biblioteca especializada e ao exercício
profissional do bibliotecário, considerando suas práticas e seu papel fundamental que é a
mediação para a recuperação e acesso à informação. Inclui, como não poderia deixar de ser, o
ambiente – hospital universitário cuja finalidade é a pesquisa, o ensino e a formação de
médicos e profissionais da área de saúde – e o usuário, alvo deste ensino e formação, com
vistas ao aprimoramento de sua atividade relacionada à saúde e ao cuidado pela via da
pesquisa e/ou da fundamentação de uma decisão clínica. Em ambas as situações, tal
aprimoramento consiste no maior domínio da capacidade requerida para que este possa
identificar e recuperar a informação bem como analisar os resultados obtidos – um conjunto
de evidências científicas1. Devemos acrescentar que tal capacitação inclui o conhecimento e a
Segundo Cruz e Pimenta (2005) “evidência” é “algo” que fornece provas, e a evidência pode ser categorizada
em 5 níveis. A força da evidência nessa classificação é definida por características das fontes em que foram
1
16
habilidade no uso da rede eletrônica que, inexoravelmente, passou a abrigar (desde os anos de
1990 e num crescendo) a informação científica, sendo a área da saúde das mais prolíficas em
termos da informação disponível na Internet.
Portanto, um aspecto de fundamental importância para o delineamento da nossa
questão, diz respeito ao surgimento da Internet, à criação da World Wide Web (Web) na
década de 1990 e, também, ao volume progressivo de informações técnico-científicas. As
tecnologias de comunicação e informação (TIC) conformam, então, um cenário no qual “a
utilização de tais tecnologias cria e recria novas formas de interação, novas identidades, novos
hábitos sociais, enfim, novas formas de sociabilidade”, conforme Morigi e Pavan (2004, p.
117).
Assim, cabe sublinhar os desafios enfrentados pelos dois segmentos que vimos
destacando – bibliotecário e usuário – no aludido processo de interação/mediação,
considerando sobretudo o advento e emprego das TIC, na medida em que estas passaram a
abrigar e disseminar, cada vez mais intensamente, a informação científica em diversos
dispositivos/serviços. Se por um lado estes oferecem visibilidade e acesso (ou podem
oferecer, atendidas as exigências e compreendida a complexidade de como organizam e
disponibilizam a informação) por outro, essas mesmas exigências implicarão em
conhecimento a ser transferido pelo bibliotecário e “adquirido” pelo usuário para, então, ver
atendidas as suas necessidades de informação. Sobre a mediação exercida pelo bibliotecário,
vale citar a definição de Almeida Junior (2009, p. 92) para quem esta abrange
Toda ação de interferência – realizada pelo profissional da
informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente;
singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a
apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente,
uma necessidade informacional.
Pretendemos demonstrar que grande expertise é exigida do primeiro para o pleno
atendimento e satisfação das necessidades do segundo. Desejamos igualmente salientar a
especificidade e a complexidade implicadas na própria natureza da informação em saúde. Tais
características dizem respeito, igualmente, à oferta, disponibilização e recuperação dessa
informação como inerentes aos desafios enfrentados por ambos.
Em artigo recente, Kleyman e Tabaei (2012) sinalizam que 2,5 milhões de artigos
são publicados a cada ano na área de Ciências Biomédicas, atribuindo a esta quantidade a
causa de desafios maiores para os alunos de medicina do que os enfrentados pelos estudantes
geradas, tais características são determinadas pelo delineamento metodológico das evidências. Estas definições
serão explicitadas adiante no presente estudo.
17
de física, ciências da computação, ou de programas de matemática, conforme menciona.
Assim, além do grande volume de informação – que, em se tratando da informação em saúde
é uma característica muito expressiva – deve-se ainda considerar, em termos das
peculiaridades dessa informação, a afirmação de Greenhalgh (2008, p. 33) relativa ao material
publicado nesta área atualmente. Segundo a autora, “somente 10% a 15% provarão ter valor
científico subseqüente duradouro”. A nosso ver corroborando com tal afirmativa, a
Association of College and Research Libraries - ACRL aponta que “a qualidade incerta e a
expansão da quantidade de informação impõem grandes desafios para a sociedade”. O
excesso de informação e tecnologia não irá criar por si cidadãos mais informados, se não
houver o entendimento e a capacidade para usar a informação (ACRL, 2000, p. 2).
Este panorama compreende distintas organizações sociais que são diretamente
influenciadas pelas possibilidades e recursos das tecnologias. Em relação ao ensino, muito
afetado por elas, e especialmente nas universidades, impactam i) os processos de produção,
comunicação e disseminação do conhecimento e da informação; ii) os processos de ensino e
aprendizagem; iii) os serviços dos sistemas de informação e consequentemente, a atuação do
profissional bibliotecário.
No tocante à informação em saúde, um outro aspecto a somar-se aos que vimos
ressaltando diz respeito à questão da medicina baseada em evidências (MBE). A medicina foi
a primeira área da saúde a ser influenciada pelo movimento da “epidemiologia clínica”,
iniciado nos anos 80, na Universidade McMaster (Canadá) originando, nos anos 90, a
denominada MBE, termo cunhado em 1996 por David Sackett.
A MBE enquanto prática sustenta-se na busca de informações publicadas e de
qualidade para a tomada de decisão clínica. As tecnologias e o excesso de informações
produzidas na área de saúde imprimem uma situação adversa, no seguinte sentido: as TIC
possibilitam acesso ágil e dinâmico a variados recursos informacionais, mas o grande volume
de informações requer dos pesquisadores um maior cuidado para a seleção criteriosa e a
adoção de informações publicadas considerando-se a sua credibilidade2.
A MBE se estabeleceu e seus princípios foram adotados por outras áreas da saúde,
fazendo surgir a “prática baseada em evidências” (PBE), questão a ser aprofundada adiante. A
expressão também vem sendo utilizada por especialidades médicas e não médicas. Citam-se,
por exemplo: “enfermagem baseada em evidências”, “odontologia baseada em evidências e
Para Tomaél et al (2008, p. 21) “a credibilidade de uma fonte de informação está relacionada à sua valorização
e à utilização por usuários que dela necessitem. Vincula-se à sua origem – criação – e disponibilização – na
Internet”. Para esta autora a credibilidade é um indicador de qualidade das fontes de informação na Internet.
2
18
medicina de emergência baseada em evidências (LETELIER; MOORE, 2003, p. 939). Estes
autores, considerando o trabalho profissional de bibliotecários na área de saúde, incluem no
contexto da PBE a expressão “biblioteconomia baseada em evidência” (BBE) ou evidencebased librarianship (EBL).
Cumpre acrescentar que a inclusão da BBE, arrolada junto às demais expressões,
deve-se à adoção da expressão “baseada em evidências” no âmbito da literatura da área da
Ciência da Informação e à sua constituição como tema de pesquisa, presente nos registros e
nas discussões de eventos científicos nacionais e internacionais3.
O Dicionário Houaiss (2009, p. 335) indica no verbete “evidência” o sinônimo de
“prova: comprovação”. Para sublinhar que a atuação de médicos e dos demais profissionais
das áreas das ciências da saúde deve estar pautada em estudos que provam a utilidade da
informação publicada na tomada de decisão em saúde, pode-se adotar, para melhor
compreender o sentido do termo “evidência”, que este consiste em "estudos clínicos
publicados em diferentes periódicos ou banco de dados eletrônicos sob forma de artigos
originais, resumos estruturados de artigos originais, revisões sistemáticas, avaliações de
tecnologia de saúde e consensos (guidelines)" (BERWANGER; GUIMARÃES; AVEZUM,
2006, p. 56).
Considerando as questões até aqui levantadas, concernentes ao volume de
informação produzida na área, à responsabilidade de sua aplicação para a tomada de decisão
na prática clínica e à convergência das áreas de ciência da informação e ciências da saúde, no
que diz respeito à especificidade de seu ambiente informacional, o foco deste estudo encontrase no âmbito da temática “information literacy”. A nossa opção pelo emprego do termo
“literacia em informação”, segue a maneira como este foi adotado/traduzido em Portugal.
Cumpre observar que existem diferentes traduções para a expressão nos países da América
Latina, Europa e Estados Unidos4, bem como definições, concepções e análises da expressão.
Para o enfoque que lhe é dado no estudo em tela, julgamos importante considerar que
A information literacy apresenta um significado que vai além da soma de
suas partes (information e literacy) admitindo que informação é um conceito
muito complexo que engloba muitas definições e interpretações, conforme
área de conhecimento na qual se insere (DUDZIAK, 2003, p. 23).
3International
Evidence
Based
Library
and
Information
Practice
Conference:http://eblip7.library.usask.ca/#about/past-eblip-conferences; International Congress on Medical
Librarianship, ICML9. Disponível em: http://www.icml9.org/. Acesso em: 19 maio 2014. XXIV Congresso
Brasileiro
de
Biblioteconomia,
Documentação
e
Ciência
da
Informação,
CBBD:
http://www.febab.org.br/congressos/index.php/cbbd/xxiv.
4
Cf estudo de Horton (2013) que aborda a questão da nomenclatura em diferentes países. Termo que, no Brasil, é
concebido e tratado como “competência em informação”.
19
Carvalho (2009, p. 179) sinaliza a utilização do termo em outros contextos, tais
como: literacia para a saúde, literacia informática, literacia cultural, literacia política e
também literacia científica (“scientific literacy”). As discussões em torno do termo fazem
parte não somente de uma realidade no Brasil, mas em diversos países do mundo. Alguns dos
principais pesquisadores do tema, Elisabeth Adriana Dudziak5, Carol Collier Kuhlthau6 e
Alejandro Uribe Tirado7 mantém sítios na Internet com informações, publicações, eventos que
revelam a importância e o panorama do tema no mundo.
Na definição de Dudziak8 (2003, p. 28) a information literacy consiste no “processo
contínuo de internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessário
à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua dinâmica, de
modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida”. Podemos acrescentar, com o objetivo
de verticalizar o conceito, conforme a nossa acepção sobre o mesmo, que a dinâmica do
universo informacional de que fala a autora é fortemente condicionada pelo advento das TIC.
Para seguirmos introduzindo a questão da literacia tendo em vista o enfoque deste
estudo, que é o da informação científica em saúde (já que aprofundaremos o conceito no
capítulo subsequente), assinalamos que aqui tratamos de “literacia” nos termos da definição
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) (2000, 2003 apud
TENREIRO-VIEIRA;VIEIRA, 2013, p. 171): “é a capacidade de usar conhecimento
científico para identificar questões e tirar conclusões baseadas em evidência com o propósito
de compreender e ajudar a tomar decisões sobre o mundo natural e as mudanças nele operadas
por meio da atividade humana”. Conforme Tenreiro-Vieira e Vieira (2013, p. 171) a literacia
científica, compreende três aspectos ou dimensões:
(1) conteúdo científico, interpretado como grandes idéias e não como fatos isolados;
(2) processos científicos, entendidos como ações mentais, e por vezes físicas, usadas
na concepção, obtenção, interpretação e uso de evidência; e (3) áreas de aplicação,
nas quais são usados os processos e a compreensão de grandes idéias e que tomam a
forma de questões baseadas na ciência.
No contexto desta pesquisa, o termo refere-se a um processo de aprendizagem do
usuário para uso qualificado do conhecimento científico, o que implica na aquisição de um
conjunto de habilidades, que chamaremos de competência, para localizar, interpretar, acessar
e recuperar informação. A habilidade adquirida pode ter uma temporalidade, ou seja, tal
competência poderia esgotar-se conforme a presença de mudanças no processo de
5
https://www.blogger.com/profile/15824040374580435857
http://www.ebsi.umontreal.ca/formanet/kuhlthau/kuh_publ.htm
7
http://alfiniberoamerica.blogspot.com.br/
8
Nota sobre a participação/ autoridade desta autora, representante do Brasil etc.
6
20
comunicação científica como um todo, sobretudo decorrentes da interveniência das TIC.
Portanto, a literacia é aqui entendida como podendo ser um estágio transitório de
conhecimento dos atores envolvidos, bibliotecário e usuário. Concebemos que o intercâmbio
dos saberes do profissional de informação e do usuário – de natureza diferenciada – implica
na complementaridade das expertises dos mencionados atores. Os papéis diferenciados desses
atores demandam requisitos especiais, envolvendo trâmites que incluem a mediação exercida
pelo profissional de informação bem como a imprescindível participação do usuário. A
complementaridade destes papéis é, pois, o que chamamos de processo de interação. Desta
interação tem-se a possibilidade de obtenção de literacia (aprendizado) resultando assim em
aquisição de competência (saber). Neste sentido, vale acrescentar, o que se almeja alcançar é
maior autonomia por parte do usuário, resultante do processo que aqui denominamos de
literacia em informação na área de Saúde.
Ao nos referirmos ao termo “competência” ponderamos que, quando este é justaposto
à palavra “informação” tem-se uma expressão – “competência em informação – que consiste
em área de estudos tradicional nas áreas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação.
Podemos acrescentar que o termo se origina do latim competentia: significando proporção,
simetria, sendo definida como soma de conhecimentos ou de habilidades (HOUAISS, 2009).
Fleury e Fleury (2001) afirmam que a “Competência é uma palavra do senso comum,
utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o
seu antônimo, não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento
pejorativo, depreciativo”.
Devemos contudo acrescentar que, no artigo de Elizete Vieira Vitorino e Daniela
Piantola (2009, p.132) a noção de competência e de informação nos discursos sociais é
abordada de forma sucinta. As autoras sinalizam que “as ciências sociais muitas vezes tratam
de realidades já nomeadas, sem atentar para os atos de constituição de tais noções, tomandoas por objeto, deixando de examinar o espaço que as palavras ocupam na construção das
coisas sociais”. Estas citações são importantes no sentido em que sinalizam e oportunizam a
reflexão sobre o tema abordado e subsidiam nossas opções conceituais. Para tanto,
assinalamos que igualmente consideramos a crítica ao “discurso competente” endereçada por
Marilena Chauí (1982) em seu livro Cultura e democracia: o discurso competente e outras
falas:
[...]. Esse discurso competente não exige uma submissão
qualquer, mas algo profundo e sinistro: exige a interiorização
de suas regras, pois aquele que não as interiorizar corre o risco
de ver-se a si mesmo como incompetente, anormal, a-social,
21
como detrito e lixo. Estamos de volta ao Discurso do
Método*, porém não mais como projeto de dominação da
natureza (pois, de há muito, a sociedade burguesa já se
encarregou dessa tarefa) e sim como exigência de interiorizar
regras que nos assegurem que somos competentes para viver
(CHAUÍ, 1982, p. 13).
Estes autores, no conjunto, levaram-nos a propor uma abordagem que sinalizasse que,
na nossa concepção, no tocante à participação dos atores nas ações envolvidas nos processos
estudados, existe uma simetria de conhecimentos, embora estes sejam muito diferenciados em
sua natureza e que é do intercâmbio entre estes, que a literacia é obtida e a competência
alcançada.
No processo de aquisição das mencionadas habilidades por parte dos usuários, o papel
do bibliotecário é fundamental, já que além de ter como missão desenvolver produtos e
serviços de informação, deve ser capaz de identificar e/ou conhecer as necessidades de
informação de seu público alvo, bem como, para acompanhá-lo e auxiliá-lo, deverá exercer o
seu papel de mediador da informação o que implica (e pretendemos demonstrar) em acionar o
conhecimento adquirido (sua expertise) no manejo de complexos dispositivos. A mediação
apresenta-se, portanto, como um conceito fundamental concernente à atuação do profissional
de informação junto ao usuário no tocante à possível satisfação das necessidades de
informação destes últimos.
Em suma, nos termos deste estudo, literacia liga-se à aprendizagem e a competência
liga-se ao saber alcançado. A proposta desta dissertação consiste, pois, em analisar o conceito,
considerando a especificidade da área de Saúde, atribuindo-lhe relevância por entendermos
que o processo de literacia (aprendizagem) possibilita desvendar a complexidade das
demandas que importam no desempenho especialmente qualificado do bibliotecário;
demonstrar o intricado conjunto constituído pelas fontes de informação em saúde e como são
desenvolvidas, por parte do usuário, as competências (saberes) imprescindíveis para a busca,
identificação, seleção e uso dos registros do conhecimento científico ou das fontes de
informação especializada, como também podemos chamar tais registros.
Os pressupostos desta investigação englobam necessariamente as novas configurações
de apresentação dos conteúdos informacionais, as complexas plataformas em que eles se
encontram, resultando em complexos modos de manuseio e de uso das fontes de informação
em saúde que modificam igualmente a forma de mediar a informação. Esse pressuposto
completa-se mediante a idéia de que tal equilíbrio revela que os resultados considerados
relevantes não podem prescindir da expertise do profissional da informação no manejo das
22
fontes, no conhecimento da utilização dos recursos eletrônicos, por um lado e, por outro, na
participação ativa do usuário com o seu conhecimento sobre a sua questão de pesquisa.
Por fim, voltamos a enfatizar que, no que concerne aos pressupostos aqui desenhados,
as TIC têm especial importância para o conceito de literacia, o que levou-nos a dar especial
atenção às especificidades dos estoques da área de informação em saúde abrigados em
plataformas operacionalizadas por meio das TIC.
Para o desenvolvimento da pesquisa, formulamos então as seguintes questões: Quais
as especificidades do papel do profissional da informação no aludido processo de
mediação para a literacia em informação, considerado o contexto da área de saúde?
Considerando tal contexto, como se apresentam as demandas de informação do usuário
especializado em saúde? O que se pode destacar como características mais expressivas
dos recursos de informação conformados pelas TIC em ambiente de rede eletrônica,
influenciando ou determinando as dificuldades do processo de literacia em informação
na área de saúde? De que maneira os recursos de informação abrigados, organizados e
disseminados por meio da rede eletrônica, influenciam e delineiam o processo de
literacia em informação na área de saúde?
Nesta pesquisa, tivemos como objetivo geral, examinar o processo de literacia em
informação – identificando e discorrendo sobre os diferentes papéis exercidos pelos dois
atores fundamentais que o integram, o bibliotecário e o usuário especializado – considerando
a interação destes atores sociais para lidar com a complexidade do aparato compreendido
pelos diferentes recursos informacionais na especificidade da área de saúde em ambiente de
rede eletrônica.
Foram elencados os seguintes objetivos específicos:
 Apresentar as diferentes fontes de informação em saúde, considerando as plataformas
tecnológicas que as sustentam, destacando os pontos que demonstram ou revelam a
complexidade do processo de Literacia em Informação na área de Saúde;
 Identificar e descrever os recursos informacionais da Biblioteca do HUCFF (UFRJ)
que demandam interação dos atores sociais envolvidos no processo de literacia;
 Ilustrar os diferentes perfis de usuários do HUCFF (UFRJ);
 Exemplificar e examinar as demandas de usuários, tomadas como emblemáticas, no
sentido de exigir maior interação pela complexidade da necessidade de informação
demandada;
Para tratar do aporte teórico da pesquisa, o trabalho focaliza um conjunto de conceitos,
noções e categorias que requereram aprofundamento para melhor entendimento do problema
23
da pesquisa, tendo em vista o contexto da área de saúde em que esta investigação se
desenvolve. Destacam-se, portanto, os seguintes: literacia em informação, necessidades de
informação, mediação da informação.
A pesquisa, como já assinalado, ambienta-se na Biblioteca do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seus usuários
encontram-se assim caracterizados: acadêmicos (últimos períodos), pós-graduandos e pósgraduados (residência, mestrado, doutorado), funcionários (profissionais da saúde que
desenvolvem pesquisa na instituição ou são alunos de cursos de pós-graduação em outras
instituições) e professores. Estes exigem informação de qualidade e com credibilidade para
fundamentar suas decisões, alicerçar sua capacitação e desenvolver suas pesquisas.
Nesse sentido, todo o esforço que contribua para iluminar a complexidade das práticas
de pesquisas/recuperação da informação, em função das novas configurações impostas pelas
TIC e da permanente alteração da natureza das informações nos novos ambientes eletrônicos,
em sua permanente modificação, principalmente considerando um enfoque nas mediações
sócio-técnicas da informação e da comunicação.
O tema interessa: i) aos bibliotecários das unidades de informação da saúde e de outras
áreas, na medida em que tal problemática é de fundamental importância para o cumprimento
de suas funções nos processos de gestão, organização e disseminação da informação; ii) aos
gestores do hospital universitário, ambiente onde a pesquisa se insere, pois os dados coletados
poderão ser utilizados como indicadores que subsidiarão novas propostas de atuação e
estruturação dos serviços; iii) à área da Ciência da Informação, considerando sobretudo as
relações entre as tecnologias da informação e da comunicação e os diferentes campos do
conhecimento científico e técnico, seus padrões, demandas e uso de informação”; iv) por
contribuir para as discussões sobre a temática da literacia em informação, tema recente na
literatura, tanto na sua configuração mais ampla quanto na sua especificidade da pesquisa no
campo da saúde; v) por fim, por apontar uma nova conformação para o papel do bibliotecário
que, especificamente no escopo da saúde, passa a participante na produção de literatura
científica, nomeadamente nas Revisões Sistemáticas (Systematic Review), tipo de publicação
das abordagens da prática e medicina baseada em evidências, aspecto este que já vem sendo
contemplado na literatura9. Podemos acrescentar que embora já existam casos registrados, tal
9
GORE, Sally A. A Librarian by Any Other Name: The Role of the Informationist on a Clinical Research Team.
Journal o eScience Librarianship, v. 2, n. 1, p. 6, 2013; DUDDEN, Rosalind F.; PROTZKO, Shandra L. The
Systematic Review Team: Contributions of the Health Sciences Librarian. Medical Reference Services
Quarterly, v. 30, n. 3, p. 301-315, 2011; dentre outros.
24
possibilidade é incipiente, não havendo ainda ocorrências significativas do estabelecimento de
co-autoria para o bibliotecário no trabalho a ser publicado.
Com relação à abordagem do problema, a opção metodológica da presente
investigação caracteriza-se como pesquisa qualitativa. De acordo com Minayo et al. (2005, p.
82) o método objetiva “compreender as relações, as visões e o julgamento dos diferentes
atores sobre a intervenção na qual participam, entendendo que suas vivências e reações fazem
parte da construção da intervenção e de seus resultados”. Dessa forma, sua adoção permite a
verificação do pressuposto que se centra na interação e complementaridade de saberes e
experiências do usuário e do bibliotecário.
Para atingir os objetivos da investigação adotaram-se tanto métodos da pesquisa direta
quanto da indireta, nomeadamente os estudos descritivos e exploratórios. Assim, utilizou-se
como recurso de pesquisa direta a observação participante, mediante o exame do atendimento
do usuário no serviço de referência, o que permitiu acompanhar e/ou observar o
acontecimento, como ele se desenrolou, possibilitando sua posterior análise. Paralelamente,
utilizaram-se fontes documentais específicas do campo empírico em estudo. Conforme a
literatura especializada da área de antropologia, é indispensável para o emprego de tal método
que o pesquisador examine seu objeto com o distanciamento requerido pela investigação
científica, analisando a ambiência, olhando os fatos e identificando as expressões mais
significativas, que permitem relacionar tais fatos às questões investigadas. Em relação ao
método da pesquisa documental adotado, foram consideradas as peculiaridades registradas
nos formulários de solicitação de serviços, e-mails enviados pelos usuários e outros meios de
interlocução com os usuários e anotações feitas na caderneta de campo, oriundas dos contatos
diretos (orientações, solicitações e treinamentos) ocorridos conforme a demanda e no decorrer
do atendimento.
Quanto à estrutura da presente dissertação, a partir desta introdução, tratamos, na
seção 2, da questão da literacia em informação, desde sua origem e historicidade até a
situação atual, em níveis internacional e nacional. Destacam-se, nesta seção, entre os autores
precursores da temática – no exterior: Paul G. Zurkowski, Carol C. Kuhlthau, Alejandro Uribe
Tirado e as associações American Library Association (ALA) e a Association of College and
Research Libraries (ACRL). Nas subseções destacam-se Yves-François Le Coadic, Juan José
Calva Gonzalez e Denis Grogan. No Brasil – Elizabeth Adriana Dudziak, Bernadete
Campello, Sônia Elisa Caregnato e Silvânia Vieira Miranda.
A seção 3 delineia o campo empírico da investigação que se ambienta no Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho e, nele, a Biblioteca setorial especializada. Pela
25
importância do hospital no cenário da saúde e educação, atenção especial será dada a sua
história. Com relação a biblioteca observada destacamos a descrição de seu ambiente,
serviços, produtos e atores sociais: bibliotecário e usuário) – a amostra observada foi
constituída pelos usuários atendidos pelo serviço de referência, destacando-se as suas
demandas, que foram tipificadas e analisadas. A seção trata, assim, do ambiente e dos atores
sociais que o integram – bibliotecário e usuários – ambos aqui caracterizados como sujeitos
da pesquisa. Destacamos os autores Francisco Strauss, Jaqueline Leta, Clementino Fraga
Filho e a página do HUCFF
A seção 4 focaliza a interação entre o bibliotecário e o usuário no processo de literacia
em informação, calcada em casos tomados como emblemáticos das interações necessárias que
decorrem da mediação, confluindo para a obtenção de literacia em informação e para a
aquisição de competência pelo usuário. Descreve o “aparato informacional”, compreendido
pelas fontes de informação especializadas no contexto da área das Ciências da Saúde, os
vocabulários controlados e as técnicas de busca. Adotamos inicialmente como referencial a
National Library of Medicine - http://www.nlm.nih.gov nos Estados Unidos, Centro LatinoAmericano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde - http://www.paho.org/bireme/ e
o Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) - http://www.periodicos.capes.gov.br. A análise destes casos encerra esta seção.
A seção 5 apresenta as considerações finais do trabalho, ou seja, ali são sintetizadas as
reflexões e considerações suscitadas pela pesquisa.
26
2 MARCO TEÓRICO: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Nesta seção, tratamos da rede de conceitos que balizam o estudo. Antes de
discorrermos sobre os mesmos, apontamos algumas questões relativas à variedade
terminológica que cerca a temática da “literacia em informação” e que se refletiu nos
procedimentos adotados na pesquisa bibliográfica que subsidiou a presente revisão de
literatura, no tocante a este tema. As fontes utilizadas serão também apresentadas.
Siqueira e Siqueira (2012, p.3) indicam, com relação à mencionada variedade de
termos empregados para denominar o nosso tema (com sentidos igualmente diversos) que nos
EUA, Reino Unido, Austrália e Canadá utilizam-se as expressões: information literacy
(predominantemente), library skills, digital literacy e media literacy. Segundo estes autores:
Na França, são frequentes as expressões formation des usagers, competences
informationnelles, éducation à l’information e maîtrise de l´information.
Esta última é o termo selecionado pela IFLA para a tradução de information
literacy nos países francófonos (CHEVILLOTTE, 200710). Ultimamente,
mesmo na França, observa-se também o uso do termo em inglês.
Na Espanha, por exemplo, usa-se “Alfabetização Informacional” – ALFIN e, em
Portugal empregam-se os termos “Literacia da Informação” e, também, “Competências da
Informação” (GASQUE, 2010, p.83; SIQUEIRA e SIQUEIRA, 2012, p.3). Na América
Latina são encontradas as expressões: Alfabetización em Información, Competencia
Informacional e Desarrollo de Habilidades Informativas – DHI (México) (SILVA e
FERNÁNDEZ MARCIAL, 2008 apud SIQUEIRA E SIQUEIRA 2012, p.3). No Brasil, o
Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) do ano de 2012
reflete no conjunto de trabalhos apresentados sobre o tema tal diversidade terminológica. Os
artigos e pôsteres apresentados utilizaram os seguintes termos: competências em informação
(quatro trabalhos), competência informacional (dois trabalhos), competências informacionais
(um trabalho), competências infocomunicacionais (um trabalho), habilidades de letramento
informacional (um trabalho) e Information literacy (um trabalho).
Gasque (2010, p. 84) que, por sua vez, utiliza o termo “letramento informacional”,
menciona que “muitos são os termos e as expressões utilizadas para traduzir o termo original
– ‘information literacy’”.
10
CHEVILLOTTE, S. French Speaking Countries: Belgium, France, Quebec, Switzerland Information Literacy
State-of-the Art Report. In: LAU, J. (Ed.) Information literacy: an international state of the art report. Info Lit
Global.
[Online]
Available:
http://www.ifla.org/files/informationliteracy/UNESCO_IL_state_of_the_art_fre_2010.pdf.
27
Gasque (2010) então compila as freqüentemente utilizadas pelos autores brasileiros.
Segundo a autora, Caregnato (2000) o traduziu como ‘alfabetização informacional’, mas
optou pelo emprego ‘habilidades informacionais’ como equivalente em língua portuguesa.
Campello (2002), Miranda (2004), Belluzzo (2005), Silva et al (2005), Lins & Leite (2008),
Vitorino (2008), Liston & Santos (2009), Vitorino & Piantola (2009), dentre outros, entendem
que o termo tem sido traduzido como ‘competência informacional’.
A autora frisa que a expressão information literacy tem sido utilizada no Brasil como
“competência informacional” e assinala que tal diversidade terminológica “reflete a natureza
emergente do tema, o que implica uma definição mais precisa dos conceitos relacionados à
questão em causa para que seja possível a utilização do mesmo referencial de representação”.
Julgamos estar evidenciado que a diversidade representada na terminologia pode significar
igual diferenciação de conceitos e contextos e que cada um deve ser analisado de acordo com
o país de origem e contexto de utilização. Segundo seu ponto de vista, diferentes sentidos
vinculam-se a diferentes expressões:
Letramento informacional: processo de aprendizagem voltado para o
desenvolvimento de competências para buscar e usar a informação na
resolução de problemas ou tomada de decisões.
Alfabetização informacional: refere-se à primeira etapa do letramento
informacional, isto é, abrange os contatos iniciais com as ferramentas,
produtos e serviços informacionais.
Habilidade informacional: realização de cada ação específica e necessária
para alcançar determinada competência.
Competência informacional: refere-se à capacidade do aprendiz de
mobilizar o próprio conhecimento que o ajuda a agir em determinada
situação (GASQUE, 2013, p. 5-6)
A variedade constatada levou-nos a estabelecer, para as buscas nas bases de dados no
tocante a este tema, os seguintes descritores (terminologia padronizada) e termos (linguagem
natural): information literacy, alfabetización en información, competencia informacional e
desarrollo de habilidades informativas, library skills, digital literacy e media literacy. Estas
expressões em inglês foram utilizadas nas bases internacionais e, no que concerne ao termo
information literacy, igualmente nas bases nacionais, em função de sua adoção por alguns
autores brasileiros. Para as buscas sobre o tema na literatura nacional, os descritores foram:
competências em informação, competência informacional, competências informacionais,
competências infocomunicacionais, habilidades de letramento informacional, literacia em
informação, habilidade em informação e literacia informacional.
Em relação aos demais operadores teóricos contemplados nesta seção – interação
informacional; necessidades de informação – utilizamos: information interaction, mediation of
28
information, information needs e needs users. Em português, os descritores e termos foram:
interação informacional, interação, mediação informacional, mediação da informação,
necessidade de informação, necessidades de informação e necessidades informacionais.
Outros termos utilizados como suporte às subseções. Em português e inglês: biblioteca
hospitalar (libraries hospital), revisão sistemática (systematic reviews).
As bases de dados utilizadas para as buscas bibliográficas foram aquelas das áreas das
Ciência da Saúde, Ciência da Informação e algumas bases multidisciplinares: LISA – Library
of Information Science Abstracts; Medline – Literature Internacional em Ciências da Saúde;
Pubmed – Literature Internacional em Ciências da Saúde; LILACS – Literatura LatinoAmerica e do Caribe em Ciências da Saúde; Scopus (Elsevier) e Web of Science (Thomson
Reuters Scientific). As bases brasileiras foram: BRAPCI - Base de Dados Referencial de
artigos de Periódicos em Ciência da Informação e Scielo – Scientific Electronic Library
Online. No Apêndice A apresentamos as estratégias de busca realizadas e o total de registros
obtidos em cada base de dados para o tema da “literacia em informação”, empregando-se as
diferentes denominações terminológicas como expressão de busca. No Apêndice B
apresentamos graficamente o total de registros por base de dados. Objetivamos expor a
freqüência do tema em algumas bases de dados da área da Saúde e ou multidisciplinares bem
como visamos a demonstrar a totalidade de documentos em cada base de dados. Tais
estratégias e totais identificados não representam o conjunto de referências utilizadas na
fundamentação teórica da presente pesquisa.
Os resultados obtidos no levantamento bibliográfico da presente pesquisa levaram-nos
a traçar uma cronologia que, em relação ao tema da literacia, mostra desde o seu aparecimento
na literatura até os dias atuais. Em relação à sua historicidade, destacamos a contribuição de
Elisabeth Adriana Dudziak11 (2001) resultante de sua dissertação de mestrado, intitulada “A
Information Literacy e o papel educacional das bibliotecas”.
A seleção dos textos aqui considerados baseou-se na premissa adotada por este estudo
da literacia como um processo de habilitação para uso da informação científica pelo
pesquisador. A subseção a seguir apresenta o percurso histórico do tema, aspecto privilegiado
na revisão.
11
A pesquisadora foi delegada no evento da UNESCO - High-Level Colloquium on Information
Literacy and Lifelong Learning11 que ocorreu na Bibliotheca Alexandrina, Alexandria, Egypt,
November 6-9, 2005. Contribui para o avanço do tema em suas publicações, participação em encontros
internacionais, regionais e nacionais (HORTON, 2013, p. 172).
29
2.1 LITERACIA EM INFORMAÇÃO
Com relação às origens dos estudos sobre literacia em informação, Horton (2013, p.15,
tradução nossa) registra que “o conceito e a prática têm evoluído gradualmente, baseando-se e
expandindo-se a partir de uma longa história de orientação e instrução bibliográfica, que
remonta pelo menos ao século XIX e, talvez, a mais tempo”. Ainda sobre as considerações
relativas às origens históricas do tema, Horton (2013, p. 16, tradução nossa) aponta que “por
muitos anos, um termo convencional usado com freqüência foi "educação do usuário" e este
“ainda é comumente usado como um termo guarda-chuva que abrange a literacia em
informação”.
Em relação à formação dos usuários, Mata (2009, p. 23) sinaliza “que o interesse pelos
usuários e com a sua formação educacional no que se refere aos recursos informacionais da
biblioteca surgiu no século XVIII”. Ainda de acordo com Mata (2009, p. 25), o primeiro
registro relativo à instrução bibliográfica data de 1840 nos Estados Unidos. A autora ressalta
que as primeiras manifestações sobre o assunto surgiram no ambiente acadêmico.
A educação de usuários pode ser considerada precursora da competência
informacional, conforme Dudziak (2001); Campello (2003); Mata (2009) e Horton (2013).
De acordo com Pasquarelli (1996) apud Mata (2009, p. 24), não apenas os Estados
Unidos tiveram sua atenção voltada para a educação de usuários, mas outros países também,
entre os quais a Inglaterra e o Canadá, a França e a Alemanha. Pasquarelli (1996) trata do
tema em diversos países, destacando que na América Latina, mais precisamente na Colômbia,
os cursos de instrução bibliográfica tiveram início na década de 1960, e foram dirigidos aos
ingressantes nas universidades. Anteriormente, no Brasil, Belluzzo (1989, apud MATA, 2009,
p. 24) indica que o primeiro registro sobre tais serviços data de 1955 e foram oferecidos na
Universidade de São Paulo (USP), sob o nome “pesquisa bibliográfica”, tendo sido
responsável por sua oferta a bibliotecária Terezine Arantes Ferraz.
A definição da educação de usuários, segundo Cunha e Cavalcanti (2008, p.142) além
de apresentar as diferentes versões do termo na língua inglesa, corrobora com o que aponta
Horton com relação às origens da literacia em informação.
Educação de usuário – bibliographic instruction, library literacy, library
training program, library user education, user education, user instruction,
user training, atividades concebidas com o objetivo de ensinar os usuários a
utilizar os recursos informativos oferecidos pela biblioteca. A expressão
engloba instrução bibliográfica, formação de usuário, orientação
bibliográfica, e para a informação = alfabetização informacional e
permanente = educação continuada (grifos nossos).
30
Dudziak (2001, p. 51) marca que “a educação de usuários é uma preocupação dos
bibliotecários e das bibliotecas brasileiras até os dias de hoje”. A autora destaca que
“seguindo a tradição de preocupação social-educativa, ação cultural bibliotecária, interação
biblioteca-escola e interação biblioteca-usuário, muitos foram os trabalhos desenvolvidos por
bibliotecários brasileiros, que podemos considerar como “sementes” da Information Literacy
no Brasil (DUDZIAK, 2001, p. 51). A mesma conceitua a educação de usuários como o
“processo pelo qual o usuário interioriza comportamentos adequados com relação ao uso da
biblioteca e desenvolve habilidades de interação permanente com os sistemas de informação e
competência informacional” (DUDZIAK, 2001, p. 58).
A principal diferença entre os conceitos de educação de usuários e literacia em
informação, conforme Dudziak (2001, p. 58) é que o primeiro – educação de usuários - “tem,
efetivamente, sua origem e ênfase na biblioteca. É produto de bibliotecários que, preocupados
com seus usuários, procuram formas de auxiliá-los em sua busca pela informação”. E o
segundo, competência em informação,
Assume contornos diferentes e dá um passo além, uma vez que se refere ao
aprendizado ao longo da vida, assumindo que os processos investigativos e
de construção de conhecimento permeiam todas as ações, são aplicáveis a
qualquer situação, seja junto a sistemas formais, seja junto a sistemas
informais.
Em um primeiro momento, as bibliotecas pretendiam com a educação de usuários a
orientação, capacitação e promoção de seu acervo, produtos e serviços. Nos dias de hoje,
entende-se que há um continuo na expansão do conceito, como consequência não só do
emprego das TIC, mas também do volume de informação produzida nas diversas áreas de
conhecimento que geraram o terreno receptivo para o surgimento da literacia em informação,
abarcando as discussões em torno do tema.
A expressão Information Literacy surgiu nos EUA, na década de 70, como um
emergente tópico de pesquisa (GASQUE, 2010, p.83). Conforme Dudziak (2003, p. 21) sua
primeira aparição na literatura encontra-se no relatório The information service environment
relationships and priorities, de autoria do bibliotecário Paul G. Zurkowski (1974). No ano
desta publicação, Zurkowski era presidente da Information Industry Association (IIA) e integrava
a equipe da National Commission on Libraries and Information Science. Ainda segundo Dudziak
(2003, p. 24) “Zurkowski antevia um cenário de mudanças e recomendava que se iniciasse um
movimento nacional em direção à information literacy”.
Mata (2009, p. 23) assinala que,
31
A partir da década de 1970, foram criados comitês e instituições, nos
Estados Unidos, interessados na discussão sobre a educação de usuários.
Trata-se, inclusive, dos mesmos que atualmente estudam e promovem
eventos e atividades diversificadas a envolver os profissionais da informação
ao tema da competência informacional, como a ALA, a ACRL e a LOEX
(MATA, 2009, p. 24).
Em 1976, o conceito de information literacy reaparece ligado a uma série de
habilidades e conhecimentos incluindo a localização e uso da informação para resolução de
problemas e tomada de decisão (DUDZIAK, 2003, p.24). Na mesma época, o termo também
ganha uma nova conotação e passa a ser usado por alguns autores - Hamelink e Owens12 como vinculado à questão da cidadania e/ou como instrumento de emancipação política
(CAMPELLO, 2003, p.30; DUDZIAK, 2003, p.24).
Em 1979, a ênfase é nas habilidades técnicas. A questão foi abordada por Robert S.
Taylor, bibliotecário norte americano que “estabeleceu o vínculo definitivo entre os
bibliotecários e a information literacy, em artigo destinado a discutir o futuro da profissão e
intitulado Reminiscing about the Future: Professional Education and the Information
Environment13” (DUDZIAK, 2010, p.6). Ainda no tocante ao percurso histórico da literacia
em informação, Siqueira (2012, p.1-2) ao adotar a expressão information literacy e as
diferentes acepções dadas ao tema em trabalho em que aborda a diversidade terminológica,
cita que, na década de 1970, havia uma ênfase no desenvolvimento das habilidades técnicas
do usuário e no uso da informação visando à sua qualificação profissional.
Em 1983, publica-se nos EUA um documento governamental intitulado A Nation at
risk: the imperative for education al reform, que ao mostrar um diagnóstico da situação de
deterioração em que se encontrava o ensino público naquele país, apresentava a questão da
aprendizagem de habilidades intelectuais superiores, mas não incluía o papel das bibliotecas.
Essa situação provocou uma reação dos bibliotecários que se manifestaram publicando uma
profusão de publicações, na tentativa de explicar o papel que a biblioteca tinha a desempenhar
no esforço de formar a comunidade de aprendizagem proposta no mencionado documento
(CAMPELLO, 2003, p.31). Esta autora afirma que “a reação mais enfática foi na forma de um
documento chamado Libraries and the Learning Society: papers in response to A Nationat
12
HAMELINK, C. An alternative to news.Journal of Communication, New York, v. 26, n. 4, p. 120-123, 1976;
OWENS, M. R. State government and libraries. Library Journal, v.101, n.1, p.19-26, jan.1976.
13
TAYLOR, R. Reminiscing about the future: professional education and the information environment. Library
Journal, New York, v.104, n.16, p.1871-1875, Sep.1979. O artigo apresenta as seis áreas de desenvolvimento
profissional e educacional que Taylor considerava como as mais promissoras; destaca, dentre estas áreas, a
information literacy.
32
Risk, publicado em 1984 pela American Library Association – ALA”. Seu conteúdo versava
sobre
a contribuição que a biblioteca escolar poderia oferecer para uma educação
que ensinasse o aluno a aprender a aprender e desenvolvesse habilidades
para buscar e usar informação, consideradas essenciais para viver em uma
sociedade complexa e mutável.
Em 1987, a monografia de Carol C. Kuhlthau–Information Skills for an Information
Society: a review of research14(1987), consistiu , conforme Dudziak (2010, p. 6) numa
importante contribuição para o tema, pois lançou as bases da Information Literacy Education.
Sua ênfase era a aprendizagem por meio da Competência em Informação, na qual importava a
valorização do ser humano e o seu processo de aprendizagem, e não, necessariamente,
conteúdos e procedimentos. O trabalho apresentava os fundamentos do conceito de
Competência em Informação, articulando-o ao processo educacional como mais uma prática
pedagógica capaz de contribuir, significativamente, para a formação de indivíduos
competentes no que tange ao manuseio de informação (Information Literacy Education).
Em 1989, segundo Dudziak (2003, p. 25-26), houve a publicação de dois documentos
fundamentais para o desenvolvimento da temática information literacy, ambos enfocando o
papel educacional das bibliotecas acadêmicas e a importância dos programas educacionais em
information literacy para a capacitação dos estudantes. O primeiro foi o livro Information
Literacy: revolution in the library, de Patricia S. Breivik e E. Gordon Gee15 e o segundo foi o
relatório da American Library Association (ALA), Presential Committe on information
literacy: final report16. Ambos elaborados por bibliotecários e educadores. A importância do
mencionado relatório é igualmente reconhecida por Pinto (2010, p. 4), pois a publicação
dirigia-se a um público amplo, incluindo cidadãos, trabalhadores, estudantes, professores e
bibliotecários, que defendiam:
A introdução de um novo e mais dinâmico modelo do processo de
aprendizagem, centrado na aprendizagem de habilidades para lidar e usar
informações de forma crítica. Este relatório foi um marco na formação do
conceito atual de literacia da informação, uma vez que foi baseada numa
concepção mais ampla da função de informações em nossas vidas, e
considerou cenários da criação e utilização de informação (PINTO, 2010, p.
4).
14
KUHLTHAU, C. C. Information skills for an information society: a review of research. Syracuse, NY:
Syracuse University, 1987.
15
5. BREIVIK, P. S.; GEE, E. G. Information literacy: revolution in the library. New York : Collier Macmillan,
1989.
16
AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. Report of the Presidential Committee on information literacy: Final
Report. [S. l.], 1989. Disponível em: < http://www.ala.org/acrl/nili/ilit1st.html >. Acesso em: ago. 2000.
33
Neste relatório consta também a definição mais citada na literatura sobre literacia da
informação, conforme reconhece Dudziak (2003) dentre outros autores. Trata-se da definição
apresentada pela ALA (1989, p. 1 apud DUDZIAK, 2003, p. 26).
Para ser competente em informação, uma pessoa deve ser capaz de
reconhecer quando uma informação é necessária e deve ter a habilidade de
localizar, avaliar e usar efetivamente a informação... Resumindo, as pessoas
competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Elas
sabem como aprender, pois sabem como o conhecimento é organizado,
como encontrar a informação e como usá-la de modo que outras pessoas
aprendam a partir dela.
As observações de Varela et al (2010, p.4-5) mostram que
Se até a década de 80, as bibliotecas se preocuparam com a necessidade de
capacitar o usuário para usar a infraestrutura de informação instalada em seu
interior, a partir da década de 90, com as soluções inovadoras da tecnologia
criadas e utilizadas para representar, organizar e difundir a informação,
ampliando potencialmente o estoque de informação disponível, as
bibliotecas tiveram de repensar os modelos de educação do usuário aplicados
até então.
Os anos de 1990 constituíram “o período marcado pela busca de uma fundamentação
teórica e metodológica sobre a information literacy” (DUDZIAK, 2003, p.26).
Para Siqueira (2012, p. 2) a década de 1990 é o “período em que ocorre a
institucionalização e maior abrangência do conceito (...). A temática se estende para além do
domínio educacional, sendo verificada a sua aplicação em diversas áreas.
Neste período, arrolam-se as contribuições de diversos autores: Kuhlthau (1991),
Behrens (1994), Bruce (1997), Doyle (1999) e Eisenberg (1998). Dudziak destaca a
contribuição de Cristine Bruce (1997 apud DUDZIAK 2003, p.27) pois esta
Introduziu um novo entendimento a respeito da IL e denominou-o modelo
relacional. Tomando como ponto de partida os estudos de Candy e seus
colaboradores, defendeu sua tese intitulada Information literacy: a
phenomenography. Bruce desenvolveu um estudo baseado nas experiências
de educadores e profissionais de informação de duas universidades
australianas sobre o que significaria ser competente em informação.
Ainda sobre a contribuição de Bruce em suas considerações sobre a “information
literacy como fenômeno”, Dudziak (2003, p. 27) acrescenta que a autora “parte do
pressuposto de que a information literacy está acima do desenvolvimento de competências; é
muito mais uma questão situacional experimentada pelos sujeitos, resultando disso uma
ênfase em determinadas concepções e experiências”.
A ligação mais estreita do tema da literacia em informação no âmbito da discussão que
vimos contemplando, ou seja, da literacia (ou letramento) do pesquisador, encontra-se na
34
criação do Institute for Information Literacy da ALA – ACRL (Association of College and
Research Libraries). Este destina-se prioritariamente a treinar bibliotecários e dar suporte à
implementação de programas educacionais no ensino superior (DUDZIAK, 2003, p. 27).
Dudziak (2003, p. 28) sintetizou o período afirmando que:
Várias organizações se estabeleceram nos anos 90, e a information literacy
ganhou dimensões universais, disseminando-se nos vários continentes,
havendo uma busca constante pela elucidação do conceito, procurando
torná-la acessível a um número cada vez maior de pessoas. Os países que
mais publicam sobre o tema são Estados Unidos, Austrália, Reino Unido,
Canadá e África do Sul.
A autora constata, a partir dos estudos existentes, que influências conceituais agem
sobre a information literacy e acabam por determinar diferentes concepções, mas que estas
convivem e dependem da ênfase dada pelos autores, seu contexto e experiência, podendo ser
definidas com níveis de complexidade (DUDZIAK, 2003, p. 28).
A ACRL (2000) publica o documento Information Literacy Competency Standars for
Higher Education17, estabelecendo diretrizes para a competência informacional no ensino
superior nos EUA (MELO; ARAÚJO, 2007, p. 193-194). Estes, ao traçarem um breve
histórico em torno do conceito, para o qual adotaram a expressão “competência em
informação”, sintetizam que “tivemos a emergência do conceito no período dos anos 50 a 70;
o desenvolvimento de programas nacionais, institucionalização nos anos 80 e 90 e, no final
dos anos 90 e início do século XXI, a avaliação dos programas implementados em diferentes
países”.
Uribe Tirado (2012, p. 136), que adota o termo “alfabetización informacional”
identifica e apresenta diferentes fases de desenvolvimento do tema no contexto latinoamericano, sendo este percurso histórico de fundamental importância para o seu entendimento
(URIBE TIRADO, 2012, p. 136). Os períodos, conforme este autor, estão assim divididos:
pré-início (1994-1995), início (1995-1999), pré-avanço (2000-2003), avanço (2004-2007),
pré-posicionamento (2008-...) e já com visualização do 6º período, por ele denominado “
posicionamento” (a partir 2012 a 2013)18.
No Brasil, a primeira tradução da expressão “information literacy” foi feita por Sônia
Elisa Caregnato (2000, p. 50), propondo a adoção do termo “alfabetização informacional”
conforme assinala Campello (2003, p. 28).
17
18
http://www.ala.org/acrl/sites/ala.org.acrl/files/content/standards/standards.pdf.
Trata-se de uma prospecção feita pelo autor, já que ele escreve o texto citado em 2012.
35
A publicação de vários resultados de pesquisa na forma de artigos e outras
modalidades de trabalhos científicos, a partir de 2000, destaca-se no trajeto histórico do tema
no cenário brasileiro, sendo uma questão evidente nos trabalhos a utilização e tradução da
expressão Information Literacy por “letramento informacional”, “habilidade informacional” e
“competência informacional”, referindo-se, em geral, à mesma idéia ou grupo de idéias
(GASQUE, 2010, p. 83). Como afirmado por Dudziak (2010, p. 8) a questão da tradução da
expressão Information Literacy ainda suscita discussão e não há consenso.
Num estudo bibliográfico cobrindo o período de 2001 a 2005 (LECARDELLI;
PRADO, 2006) apresentam sob a forma de infográficos, um mapa da evolução do tema
competência informacional/information literacy. Estes encontram-se apresentados a seguir,
nas figuras 1, 2 e 3.
Figura 1 - Infográfico sobre competência informacional: de 1974 a 1979 (primeira
parte).
Fonte: LECARDELLI; PRADO (2006, p. 37)
36
Figura 2 - Infográfico sobre competência informacional de 1980 a 2001 (segunda
parte).
Fonte: LECARDELLI; PRADO (2006, p. 38)
37
Figura 3 - Infográfico sobre competência informacional de 2003 a 2005 (terceira
parte).
Fonte: Lecardelli; Prado (2006, p. 39)
Recentemente, o pesquisador Forest Woody Horton (2013) publicou pela A
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a obra
“Overview of information literacy resources worldwide” que apresenta os recursos relevantes
sobre “information literacy” em sessenta países revelando a existência de distintas expressões
e traduções que indicam a complexidade e a falta de consenso sobre o emblemático tema.
Horton reconhece o uso, no Brasil, do termo “competência em informação”, mediante a
contribuição de Dudziak, por ele convidada para apresentar uma lista (que ela denomina de
parcial) dos principais recursos sobre o tema no Brasil (sites, publicações, documentos etc).
Nesta mencionada publicação, autores de outros países são igualmente convidados a
identificar o enquadramento do termo em seus respectivos países.
Os eventos científicos têm sido um meio utilizado pelos estudiosos, não só para
comunicação de suas pesquisas, mas também para avançar com as questões relacionadas com
tal temática pelo mundo. Dudziak (2008, p. 43) ressalta o Colóquio de Altos Especialistas em
Competência em Informação e Aprendizado ao Longo da Vida “High Level Colloquium on
Information Literacy and Lifelong Learning”, ocorrido em novembro de 2005, na Biblioteca
38
de Alexandria, Egito. Os grupos de trabalho regionais e líderes previamente escolhidos pelo
evento trabalharam duas vertentes. Na primeira aglutinam-se os países em seções com
distribuição por 6 regiões. Na segunda, dividem-se os grupos em distintos eixos temáticos,
dentre eles: competência informacional para a saúde e serviços, para a governança e
cidadania, e competência informacional para a educação (HIGH-LEVEL, 2006 apud Dudziak,
2008, p. 43).
Cada eixo temático foi desenvolvido pelos grupos de trabalho regionais e líderes
previamente escolhidos. Dentre os eixos temáticos tratados, evidencia-se, com relação ao
presente estudo, o eixo “competência informacional para a saúde e serviços”, sinalizando
dentre as ações referendadas pelo evento (HIGH-LEVEL, 2006 apud DUDZIAK, 2008, p. 46)
a importância de se valorizar
O diagnóstico baseado em evidências e, assim, reconhecer a
importância da competência informacional como fator chave de busca,
coleta, organização e uso de informações sobre saúde e a
implementação de tratamentos e atuação médica e de enfermagem.
Deve ser inserida no currículo desses profissionais.
Para trazermos a discussão conceitual para o âmbito da literacia em saúde, ressaltamos
a especial contribuição de Brún (2013), representante da área de saúde - Health Sector19 - no
Cilip Information Literacy Group20, grupo que incentiva o debate e a troca de conhecimento
em todos os aspectos da information literacy.
Segundo a autora, ao focalizar o aspecto do “encaixe da literacia em informação no
setor da Saúde” o termo literacia em informação não é amplamente usado no setor da saúde,
mas o conceito é amplamente reconhecido por ser um componente importante da medicina
baseada em evidencias. Referindo-se à Medicina Baseada em Evidências - MBE, a autora
esclarece que esta consiste em "integrar a experiência clínica individual com a melhor
evidência clínica externa, disponível a partir de pesquisas sistemáticas para alcançar a melhor
assistência possível ao paciente” (BRÚN, 2013, tradução nossa).
Ainda sobre a MBE, Brún (2013) assim resume o significado do termo: “trata-se da
experiência (ou expertise) clínica em conjunto com as melhores evidências de pesquisa e as
preferências do paciente” (BRÚN, 2013, tradução nossa).
Em relação ao papel dos profissionais de saúde, ainda conforme Brún (2013, tradução
nossa), estes:
19
20
http://www.informationliteracy.org.uk/information-literacy/il-health-libraries/
http://www.cilip.org.uk/about/special-interest-groups/information-literacy-group
39
Têm que fundamentar as suas decisões clínicas com a melhor evidência
disponível. E é aí que a literacia em informação é essencial. Os profissionais
de saúde precisam estar cientes de como buscar informações de boa
qualidade e serem capazes de apreciar o conteúdo encontrado. Isso leva um
longo tempo, e é uma habilidade difícil de aprender. Portanto, os
bibliotecários de saúde têm um papel fundamental a desempenhar.
Sobre a atuação que lhes é demandada, Brún (2013, tradução nossa) acrescenta que estes
Atendem a pedidos de busca (pesquisa) e dão treinamentos para desenvolver
habilidades de avaliação crítica ou realizam as pesquisas bibliográficas em
nome dos profissionais de saúde. Como consequencia, o papel do
bibliotecário de saúde mudou significamente ao longo dos últimos anos, com
a introdução de bibliotecários clínicos e bibliotecários de extensão.
A atuação destes atores bem como as demandas que lhes são endereçadas na área da
saúde, sem dúvida alguma, permitem realçar a importância da discussão sobre a literacia
informacional no âmbito desta área, onde se abriga a presente investigação, especialmente no
ambiente da biblioteca especializada, hospitalar e universitária do HUCFF da UFRJ.
2.2 Interação informacional no processo de literacia
Para discorrermos sobre interação no processo de literacia na área de saúde,
inicialmente, tomamos por base Yves-François Le Coadic (2004) e sua clássica obra
publicada originalmente com o título La science de l’Information. Conforme lembra o autor, a
Ciência da Informação tem por objeto “o estudo das propriedades gerais da informação
(natureza, gênese, efeitos), e a análise de seus processos de construção, comunicação e uso”.
Nosso foco versa sobre ‘interação informacional’ que ao lado da ‘necessidade de
informação’ engloba também a noção de “uso da informação”. Com relação ao uso, Le
Coadic afirma que “usar informação é trabalhar com a matéria informação para obter um
efeito que satisfaça a uma necessidade de informação” (LE COADIC, 2004, p. 38). Aqui, tal
necessidade compreende a tomada de decisão clínica, a atualização profissional e a pesquisa
científica, todas referidas ao cuidado e à assistência em saúde num ambiente hospitalar
universitário.
Considerando as concepções de Le Coadic (2004, p. 43) concernentes à interação
informacional, o autor adverte que
As consultas que o usuário formulará e a interação informacional que
ocorrerá na forma de diálogos em que se alternarão perguntas e respostas
constituem a base das dinâmicas características dos fenômenos de uso da
informação e também dos diferentes usuários.
40
Nesse sentido, elenca três elementos: a consulta, o diálogo e as interações
informacionais.
A consulta, um indicador das necessidades de informação. A consulta é uma
solicitação que se faz a alguém que pode ser uma pessoa ou um computador,
para se informar sobre algo. A consulta é um indicador das necessidades de
informação, sendo assim, variável fundamental no setor informação.
O diálogo. O componente central de todo sistema de informação é a
interação entre o usuário e o sistema, diretamente ou por intermédio de
terceiros, de intermediários. Normalmente assume a forma de uma conversa,
um diálogo entre os dois participantes: pessoa-pessoa ou pessoa-máquina.
As interações informacionais. A interação social, a negociação suscetível
de levar a um intercâmbio de informações, é função de certo número de
fatores, como as pessoas que participam, as máquinas, as técnicas
informáticas e o contexto em que se dá a interação. (LE COADIC, 2004, p.
43-45, grifo nosso)
Com relação à consulta, o autor destaca que “se dá ênfase à bibliografia e aos recursos
disponíveis no acervo, e se dá pouca atenção à analise da própria consulta”; quanto ao
dialógo, interroga: “qual o tipo de diálogo que se trava em um processo de interação
informacional?”; e, no tocante às interações informacionais, considera três possibilidades: a)
a interação pessoa-pessoa; b) a interação pessoa-computador; c) a interação pessoacomputador-pessoa. (LE COADIC, 2004, p. 45-47).
Em relação à interação, tal como é concebida neste estudo, advertimos que se trata da
interação pessoa-pessoa. Assim, de acordo com o autor, a “negociação das questões em um
processo de interação informacional constitui um dos atos mais complexos de comunicação:
uma pessoa U (usuário) tenta descrever para outra D (bibliotecário), não algo que conheça,
mas algo que desconhece e que a outra pessoa D necessariamente não conhece”. (LE
COADIC, 2004, p. 45). Ainda segundo o autor, “a negociação que então se estabelece não é
um processo simples, mas antes uma série de interações entre o usuário e o sistema de
informação, mediadas ou não por um intermediário ou uma máquina”.
Cabe ao primeiro, quando solicitado (e aqui reafirmamos um papel especial para este
profissional) trabalhar com o usuário, para ajudá-lo a desenvolver a estratégia de busca,
levando em conta as diferentes etapas que esta envolve.
Revela-se aqui o papel importante do intermediário, pois a primeira questão
nem sempre expressa as reais intenções do usuário. Ele ajudará o usuário a
compreender sua necessidade de informação, ao fazer sua demanda passar
por alguns filtros. (LE COADIC, 2004, p. 45)
Considerando o pressuposto do estudo em curso, é importante apontar que as questões
trazidas pelo usuário, no âmbito do cenário onde se encontram os mencionados atores –
bibliotecário e pesquisador ou profissional de saúde – emprestam ainda mais complexidade ao
41
processo de negociação, tendo em vista que a demanda do usuário quase sempre envolve
questões que, por serem relativas à saúde e ao cuidado, podem significar cura, vida ou morte
de um paciente. Com relação a este ponto, convém apontar o que afirmam Inazawa e Baptista
(2012, p.178) sobre interação entre usuário e biblioteca em serviços de referência.
Excetuando-se os casos em que o usuário tem a intenção de apenas obter
uma síntese do acervo sobre determinado assunto, em bibliotecas
especializadas tais como de Medicina, Direito e Agropecuária, presume-se
que o levantamento das necessidades informacionais exija maior acurácia na
comunicação entre bibliotecário e usuário, por se tratar de demanda bem
mais precisa e atualizada. Em algumas situações, se houver erro no
fornecimento do produto de informação, isso poderá ocasionar danos
consideráveis.
Ao ser desencadeado, o processo de interação implicará, segundo Witter (1986, p. 33)
Num vasto complexo de variáveis que vão influir decisivamente na
quantidade, na qualidade, na direção, no êxito do relacionamento. Entre
essas variáveis estão: motivação, necessidades imediatas, atitudes, valores,
autocontrole, auto-imagem, sociabilidade, conhecimento, afetividade, e
outras tantas características psicológicos que marcam a individualidade de
cada pessoa.
Tal processo, afinal, demonstra não só um conjunto de variáveis que definem o
resultado, mas que ele favorece além de uma aproximação, uma alteração no estágio de
conhecimento dos envolvidos que trocam dados e informações, que resultam de uma
aprendizagem que consideramos na presente pesquisa ‘literacia em informação’.
Outro ponto tratado na literatura diz respeito ao conceito de “interação homeminformação”, abordado por Marchionini (2008, p. 170) que discute as mudanças relativas a
cada um desses componentes. Este adverte que a “interação é um tipo especial de ação que
envolve duas ou mais entidades. Para caracterizar uma interação, é necessário especificar as
entidades, a natureza das ações, a gênese das ações (de iniciação), a amplitude (intensidade) e
freqüência dos ciclos de reciprocidade, e as mudanças resultantes nas entidades participantes”.
Considerando as importantes características do processo de interação, o autor explica que
“experiências de alta interatividade são tipicamente determinadas por altas taxas de
reciprocidade” (MARCHIONINI, 2008, p. 170). E acrescenta que “compreender e facilitar a
interação informacional requer considerar o processo de interação, bem como as alterações
resultantes em ambos, o requerente homem-informação e os objetos de informação
(MARCHIONINI, 2008).
Ainda com relação a esta abordagem, Marchionini (2008) aponta que: a) o papel da
referência passou de pergunta-resposta para treinamento e solução de problemas, b) a ênfase
42
mudou das ferramentas (hardware e software) para as necessidades e experiências que
respondam às necessidades dos usuários, e c) pessoas que sabem boas estratégias para
interagir com a informação têm vantagens sobre aquelas que “nadam em um mar fluido de
recursos de informação”.
Um ponto importante e que deve ser sinalizado, considerando-se os dias atuais, tem
relação com as TIC: Morigi; Pavan (2004) em estudo que objetivava verificar como são
percebidas as novas formas de sociabilidade pelos bibliotecários e analisar, nas relações entre
tais profissionais e os usuários, as mudanças decorrentes do emprego das TIC, constataram, a
partir de entrevistas com bibliotecários de universidade públicas e privadas de Porto AlegreRS que:
O emprego das tecnologias de informação e comunicação nas bibliotecas
universitárias torna os usuários mais autônomos em relação à busca de
informações em suas fontes. Entretanto, essa autonomia dos usuários não
implica, necessariamente, uma substituição das formas “tradicionais” de
sociabilidade, nas relações face a face e na comunicação oral. Esses
processos interativos entre bibliotecários e usuários podem, inclusive,
intensificar-se. Assim, por meio das narrativas, percebeu-se que há
coexistência entre as formas “tradicionais” de sociabilidade e as formas
“modernas”, denominadas sociabilidades virtuais. (MORIGI ; PAVAN,
2004, p. 125)
Tal constatação corrobora o nosso pressuposto, pois o nosso estudo centra-se no
processo de literacia em informação que tem início a partir de uma solicitação do usuário.
Este, ao requerer um serviço, provoca um processo que implica na interação - “um processo
de influência mútua. Na biblioteca ela ocorre quando o usuário busca uma informação
solicitando o auxílio do bibliotecário” (CHAGAS; ARRUDA; BLATTMANN, 2000, p. 1).
É comum que o usuário conheça o ambiente e os serviços de circulação do acervo,
empréstimo, consulta dentre outros, mas normalmente não conhece a totalidade dos serviços
de orientação ao usuário. Em relação à nossa pesquisa, esse usuário pode ser alguém em
busca, por exemplo, do domínio das técnicas de busca, um funcionário, profissional da saúde
(médico, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta etc) que queira uma informação para se
atualizar ou para tomar uma decisão clínica; um pesquisador que, no desenvolvimento de seu
trabalho, precisa recuperar um artigo e não consegue localizá-lo no portal de periódicos da
Capes ou em outros meios eletrônicos. Pode ser também aquele que, ao concluir o trabalho
final de sua pesquisa de tese ou dissertação, solicita a ficha catalográfica ou aquele que, ao
43
submeter um artigo, necessita, para atender às normas, indicar os termos MESH ou DECS 21
solicitando, então, na biblioteca, uma orientação para tal identificação. Este conjunto de
possibilidades e tipos de demandas revela não só diferentes usuários e respectivas
necessidades, como diferentes níveis de solicitação. Tais pedidos, com maior ou menor grau
de complexidade, exigem a interação dos atores. A caracterização dos usuários e de suas
demandas serão explicitadas nas seções 3 – onde exibimos e descrevemos o campo empírico
da pesquisa – e 4 – onde examinamos casos emblemáticos que representam tais demandas.
Nesse sentido, recorremos novamente a Le Coadic (2004, p.43) que, em relação à
consulta concebe que esta “é um indicador das necessidades de informação, sendo assim,
variável fundamental no setor informação”. Podemos completar tal afirmação com o que
sinaliza Diaz Bordenave (1995, apud INAZAWA; BAPTISTA, 2012, p. 178) que focalizam a
interação informacional baseada em competências conversacionais em serviço de referência:
O início da interação linguística se dará quando os usuários e bibliotecários
trocarem mensagens entre si. O que é pedido entrará em contato com o
repertório mental do bibliotecário, o que gerará uma interpretação com
“significado pessoal”. Com o intercâmbio de mensagens, o usuário e o
bibliotecário construirão um contexto compartilhado, modificando seus
significados pessoais.
Assim, a interação incide no fator fundamental para a condução do processo de
literacia em informação no campo da saúde. Ressaltamos que “a função mais importante do
produto, do sistema é, pois, a maneira como a informação modifica essas atividades. Eles
devem, por esse fato, ser “orientados aos usuários” (LE COADIC, 2004b, p. 210).
Para tratarmos do que vimos denominando de interação no processo de literacia em
informação na área da saúde e tomando como base a referida biblioteca do HUCFF,
entendemos que o conceito abarca dois outros: “necessidades de informação” e “mediação da
informação”. Para conceituar necessidades de informação, a fonte bibliográfica que sobretudo
subsidiou a nossa abordagem, foi o estudo de Juan José Calva Gonzalez (2004). No que se
refere ao conceito de “mediação da informação” ou “mediação informacional”, tomamos
como base sobretudo os estudos de Kuhlthau (1993) e de Almeida Junior (2009).
2.2.1 Necessidades da informação
Os estudos sobre necessidades de informação abarcam, segundo a síntese feita por
Dantas (2007) as contribuições de Menzel (1960) até Calva González (2004). Por sua vez,
21
Ambos são vocabulários estruturados que apresentam terminologia padronizada em saúde. MeSH - Medical
Subject Headings da U.S. National Library of Medicine (NLM) e Descritores em Ciências da Saúde da Bireme.
44
Gasque (2010) lembra e acrescenta que Menzel (1966) inaugura uma série de revisões sobre
necessidades e usos de informação nas áreas de Ciência e Tecnologia.
Como mencionamos anteriormente, o estudo realizado por Juan José Calva Gonzalez
(2004), que analisou profundamente em sua pesquisa o tema “necessidade de informação”,
revestiu-se de grande importância para a nossa abordagem do referido conceito. O autor faz
um apanhado histórico sobre o tema, examina como as necessidades de informação se
manifestam, como se dá a sua satisfação, propõe um modelo teórico para o entendimento das
necessidades informacionais e por fim, apresenta os métodos e técnicas utilizados na
investigação realizada sobre tal temática.
Com relação, aos fatores que influenciam a aparição das necessidades de informação
Calva González (2004, p. 43-44, tradução nossa) sinaliza.
O homem irá utilizar qualquer documento para satisfazer suas necessidades,
seja áudio-visual, impresso ou eletrônico; ou ainda outro ser humano pode
ser uma fonte documental para cobrir sua necessidade de informação.
Portanto, somente o homem pode ser ‘portador’ de necessidades de
informação. Nele, esse tipo de necessidade se localiza no nível mais alto da
hierarquia das necessidades humanas; este tipo de necessidade pode ser
considerado como uma das mais importantes, por ser , certamente, aquela
que o distingue dos demais organismos vivos.
O autor assinala que as necessidades de informação variam de acordo com a natureza
do usuário, que pode ser um investigador, docente, administrador etc. Outro fator além de
suas características pessoais, tem relação com o meio ambiente e com as condições em que
este realiza sua atividade. Ainda sobre os fatores que originam as necessidades, o autor
resume que estes podem ser externos e internos (CALVA GONZÁLEZ, 2004, p. 55). Dentre
os internos relaciona o conhecimento, a experiência, as habilidades, hábitos, capacidades,
interesses pessoais, motivação para suas atividades pessoais e laborais, personalidade,
ambições, educação, status social, metas e objetivos pessoais.
Os fatores externos são
atividades que o sujeito desenvolve no trabalho, lugar onde vive, ambiente em grupo ou social
de convivência do sujeito.
Calva González (2004, p. 68) define o conceito de necessidades de informação como a
carência que um indivíduo tem de conhecimentos e informação sobre um fenômeno, objeto,
acontecimento, ação ou fato, produzida por fatores internos e externos que provocam um
estado de insatisfação, mesmo que esse indivíduo se sinta motivado para satisfazê-la através
de um comportamento de busca. Em resumo (CALVA GONZÁLEZ, 2004, p. 75-76, tradução
nossa):
45
Podemos mencionar como um princípio ou fundamento, que as necessidades
de informação consistem na carência de conhecimentos e de informação que
uma pessoa apresenta sobre um fenômeno, objeto, acontecimento, ação ou
feito, razão pela qual ela se coloca em um estado de insatisfação que a
motiva a desenvolver um comportamento para buscar a sua satisfação.
O autor assinala que tais necessidades decorrem da insatisfação do individuo e que
esta se deve à carência de algum conhecimento acerca de uma informação, fenômeno, objeto
ou resolução de problema; influência do ambiente (social, político, científico etc), ou às
características particulares dos indivíduos que originam as necessidades de informação
(CALVA GONZÁLEZ, 2004, tradução nossa). Ao relacionar os tipos de necessidade de
informação, aponta a existência das seguintes divisões: por sua função, utilidade e uso; por
sua forma de manifestação; por seu conteúdo; por sua posição no tempo e por seu caráter
coletivo ou específico.
Com relação à função, utilidade e uso, o indivíduo buscará informação para satisfazer
suas necessidades ou cumprir suas atividades, incluindo-se as de estudo e pesquisa. Como
forma de manifestação, entende que esta se baseia no comportamento apresentado pelas
pessoas e pelos tipos de necessidades de informação, classificando-as em sua análise como: a)
manifestação expressa (oral ou por meio de um comportamento); b) não expressa, podendo
ocorrer devido a diferentes circunstâncias afetivas, psicológicas, cognitivas ou sociais – a
necessidade de informação existe, mas o individuo não consegue expressá-la; c) forte e
persistente – relaciona-se com a expressa; d) fraca.
Em relação à forma do conteúdo o autor remete-se a necessidades que apresentam
insuficiência de conhecimento do indivíduo, quando busca satisfazê-las para cobrir lacunas de
conhecimento. Estas, então, em relação ao conteúdo, referem-se: a) resultados ou dados de
investigações – os cientistas apresentam necessidades de informação cujo conteúdo versa
sobre os resultados de outras investigações exclusivamente relacionadas ao seu tema de
investigação; b) métodos e procedimentos – as necessidades de informação referem-se aos
métodos e procedimentos científicos requerido para levar adiante sua investigação; c)
princípios ou fundamentos teóricos – estes apresentam necessidades relacionadas com o tipo
de conhecimento requerido pelos princípios e fundamentos teóricos relativos ao tema de sua
investigação sobre o qual estão trabalhando.
Ainda sobre os tipos de necessidades de informação, o autor adverte que estas
dependem da pergunta feita pelo usuário, discriminando necessidades de informação
concretas e orientadas para um problema (MENZEL 1966, apud CALVA GONZÁLEZ,
2004). Como necessidades concretas, afirma que estas correspondem ao momento em que o
46
usuário satisfará sua necessidade de um dado ou informação totalmente específicos e que
requerem um ou talvez dois documentos para atenderem a sua necessidade. Já a necessidade
orientada para um problema indica que, para satisfazer a sua necessidade de informação, o
indivíduo irá requer vários documentos, sendo, por vezes, muito extensa a documentação
necessária para tal.
Por sua posição no tempo, relaciona: a) necessidades presentes (e imediatas) - o
indivíduo apresenta uma necessidade de informação cuja satisfação, pela urgência, deverá ser
atendida no momento em que essa se origina e b) necessidades futuras e potenciais envolvem a previsão e o aparecimento de pessoas com necessidades futuras.
Por fim, no que concerne ao caráter coletivo ou específico das necessidades, o autor
esclarece que estas se referem às necessidades de uma organização, setor, área etc. Neste caso
sua necessidade se vincula às necessidades do ambiente onde se insere ou se encontra, estando
sujeitas a alteração se houver mudança.
Em resumo, conforme Calva Gonzalez (2004, p.108):
Ao ter uma necessidade de informação, o sujeito manifesta um
comportamento informativo que o leva a buscar a satisfação de tal
necessidade. Porém ocorrem vários casos de indivíduos que não identificam
a sua necessidade de informação, o que resulta o que resulta na expressão
ineficiente da sua necessidade, levando-o a procurar um contato ou um
serviço de informação.
Esta subseção privilegiou o detalhamento do conceito, com vistas a possibilitar melhor
entendimento da relação e do peso do mesmo no âmbito da presente investigação.
Assim, percebemos que, em relação a este conceito, o aspecto que predomina no texto
analisado é que a necessidade de informação é o fator que emula o processo de busca de
informação. Este ensejará um outro processo, no qual poderá figurar o bibliotecário que na
premissa da presente pesquisa demanda a partir de uma solicitação os trâmites que incluem o
conceito de mediação, a ser tratado adiante.
2.2.2 Mediação da informação
Para discorrermos sobre o conceito de mediação, com o objetivo de examinar o
especial papel do bibliotecário no referido processo, recorremos inicialmente a Souto (2010,
p. 75) que considera que a “interação e mediação são conceitos distintos, porém, diretamente
relacionados, sendo que o nível de interação proposto, ao se planejar um serviço/sistema, tem
influência direta no nível de mediação a ser adotado”. Souto adota a abordagem de Kuhlthau
(1993, p. 128 apud SOUTO, 2010, p. 76) para quem a mediação consiste na “intervenção
47
humana para assistir a busca de informação e aprendizagem a partir do acesso à informação e
uso”. Ainda segundo Kuhlthau (1993) um mediador é “uma pessoa que ajuda, guia, orienta,
intervém no processo de busca de informação de uma pessoa”.
Com relação à intermediação, este fenômeno em grande parte é impactado nas
atividades da biblioteca pela Internet. Marcondes e Gomes (1997) ponderam, com relação aos
recursos informacionais em redes eletrônicas, que “os novos recursos disponíveis via Internet,
como os documentos de hipertexto, são acima de tudo novas ferramentas cognitivas, no
sentido emprestado a elas por Pierre Lévy (1993 apud MARCONDES; GOMES, 1997, p. 61).
Marcondes e Gomes (1997) sinalizam os estágios e impactos da Internet nos serviços
tradicionais de informação, especialmente com relação as bibliotecas e serviços de
informação acadêmicos ou de pesquisa, arrolando:
Número crescente de publicações diretamente eletrônicos disponíveis na
rede; enorme facilidade de acesso aos documentos; grande número de
usuários acessando diretamente a informação desejada, sem a intermediação
da biblioteca; em contraste, dificuldade de identificar a informação relevante
na caótica “teia global” da Internet; surgimento dos chamados “agentes
inteligentes” e das “meta-ferramentas de busca”, que automatizam muitas
das tarefas de busca de informações de forma personalizada para usuários;
com consequência da questão anterior, ausência de contato direto com os
usuários no caso de uma biblioteca sendo acessada via Internet, novas
maneiras de realizar o serviço de referência e necessidade de planejamento
cuidadoso da interface usuário biblioteca virtual; diversificação das
informações de interesse para pesquisa, extrapolando a tradicional
informação bibliográfica; necessidade de novas metodologias ou de
extensões das antigas metodologias biblioteconômicas para tratamento
destes recursos; decréscimo relativo da importância de políticas de
desenvolvimento de coleções e manutenção de acervo próprio, com a
conseqüente necessidade de revisar prioridades e realocar recursos.
Assim, o avanço da Internet proporciona o surgimento de serviços de informação com
interfaces mais amigáveis e que favorecem maior autonomia aos usuários, quando estes
decidem buscar a informação sem a intermediação de um bibliotecário. Trata-se, então, da
desintermediação, que, segundo Fourie (2001, p. 269, tradução nossa) supõe a busca de
informação pelo usuário final sem a necessidade de terceiros. Esta ausência de contato
usuário/bibliotecário denomina-se, como visto, desintermediação da informação. O autor
argumenta que,
Uma vez capacitado, o usuário final poderá ter, por ele mesmo, acesso à
informação, sem recorrer a intermediários, de acordo com suas próprias
necessidades e habilidades - em outras palavras, ele pode fazer isso sozinho.
Com isto é provável que este seja menos dependente do especialista em
informação, “o que não significa que o conceito de profissional da
informação mediador é obsoleto: nem todos os usuários finais têm tempo ou
interesse em fazer suas próprias pesquisas.
48
É importante sinalizar, com apoio de Souto (2010, p. 77) que “embora a independência
dos usuários no processo de busca de informação seja algo desejado e estimulado, acredita-se
que sempre haverá a abertura para algum nível de mediação e/ou intermediação, dependendo
do contexto e da complexidade envolvidos no processo de busca”.
Cabe assinalar um outro conceito fundamental - recuperação da informação – no
âmbito das áreas da biblioteconomia e da ciência da informação. Termo cunhado por Calvin
Mooers (1951 apud SARACEVIC, 1996, p. 44) que destacou que ele "engloba os aspectos
intelectuais da descrição de informações e suas especificidades para a busca, além de
quaisquer sistemas, técnicas ou máquinas empregados para o desempenho da operação."
Saracevic (1996, p. 45) resume que o trabalho com a recuperação da informação foi
responsável
Pelo desenvolvimento de inúmeras aplicações bem sucedidas (produtos,
sistemas, redes, serviços). Mas, também, foi o responsável por duas outras
coisas: primeiro, pelo desenvolvimento da CI como um campo onde se
interpenetram os componentes científicos e profissionais. Certamente, a
recuperação da informação não foi a única responsável pelo
desenvolvimento da CI, mas pode ser considerada como principal; ao longo
do tempo, a CI ultrapassou a recuperação da informação, mas os problemas
principais tiveram sua origem aí e ainda constituem seu núcleo. Segundo, a
recuperação da informação influenciou a emergência, a forma e a evolução
da indústria informacional. Novamente, a recuperação da informação não foi
o único fator, mas o principal. Como a CI, a indústria da informação
atualmente não é apenas recuperação da informação, mas esta é o seu
componente mais importante.
A figura a seguir destaca o ciclo da comunicação da informação conforme Lancaster
(1977 apud FIGUEIREDO, 1979, p. 135).
49
Figura 4 – Ciclo da comunicação da informação.
Fonte: Figueiredo, 1979, p. 135, adaptada por Gomes (2010)22
As atividades expostas no ciclo se mantêm, até os dias de hoje, ajustadas à intervenção
ou presença das TIC. Com relação à função “organização e controle”, assinalada por
Lancaster, nota-se que a atribuição dada a esta função não é exclusividade das bibliotecas e
centros de documentação, incluindo-se, portanto, as plataformas eletrônicas23.
Uma vez identificadas as suas necessidades de informação, o usuário poderá ou não
solicitar auxílio do bibliotecário. Nosso estudo focaliza o usuário que solicita orientação ou
ajuda do bibliotecário. Quando isto acontece, temos o bibliotecário atuando como mediador
da informação, essência de seu papel, por meio do serviço de referência.
2.2.2.1 Serviço de referência
Conforme Grogan (2001, p. 50) a expressão “serviço de referência” aplica-se à
assistência efetivamente prestada ao usuário que necessita de informação. Já a expressão
processo de referência “passou a ser empregada, ao longo dos últimos 30 anos, para
denominar, em sua totalidade, a atividade que envolve o consulente e durante a qual se
executa o serviço de referência (GROGAN 2001, p. 50). Ainda segundo este autor, “este
processo gravita em torno do ponto de contato inicial, quanto o consulente formula sua
consulta ao bibliotecário, mas remonta ao momento em que o consulente reconheceu a
22
Figura original adaptada de Figueiredo (1979, p. 135) e por Gomes (2010) para compor apresentação de aula.
No contexto das bibliotecas das universidades e dos centros de pesquisa brasileiros, grande destaque se dá ao
Portal de Periódicos da Capes, ficando a cargo das mencionadas bibliotecas o gerenciamento para divulgação,
busca e recuperação, bem como acesso a este recurso.
23
50
existência do problema”. O contato inicial indicado por Grogan (2001) se assemelha à
maneira como Le Coadic (2004) se refere à “consulta”, apontada por este como um “indicador
das necessidades de informação. Para o autor, trata-se “de variável fundamental no setor de
informação”.
Grogan (2001, p. 51) sinaliza que “é fundamental não perder de vista a transação como
um todo”. De acordo com James Retting (apud GROGAN, 2001, p. 51) trata-se de “um
processo essencialmente de comunicação interpessoal com a finalidade específica de
satisfazer a necessidades de informação de outrem”.
Na concepção de Grogan (2001) o processo de referência, que este denomina
“processo normal de referência”, é essencialmente uma tarefa ou função do bibliotecário.
Composto de oito passos – que podem implicar em sucessivos retornos à consulta ou às vezes
podem se fundir – inclui o problema, a necessidade de informação, a questão inicial, a questão
negociada, a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta e a solução. Mais
precisamente Grogan (2001) descreve:
a) Problema: o processo é iniciado com um problema que atrai a atenção de um
usuário potencial da biblioteca;
b) Necessidade de informação: nesse ponto, talvez seja vaga e imprecisa. A
motivação pode simplesmente estar no desejo de conhecer e compreender, ou até mesmo
numa ‘mera’ curiosidade;
c) Questão inicial: o usuário formula a questão. Até aqui, enquanto o processo
envolve somente a pessoa que está às voltas com o problema, ocorre uma comunicação
intrapessoal, podendo ou não resultar numa relação interpessoal;
d) Questão negociada: A questão inicial formulada pelo consulente pode às vezes
exigir maiores esclarecimentos ou ajustes, para se ter certeza de que corresponde de forma
mais precisa à necessidade de informação subjacente. A questão, em seguida, é comparada
com a maneira como as informações são geralmente organizadas na biblioteca e, mais
particularmente, nas fontes de informação específicas existentes em seu acervo ou em outros
lugares. Tal comparação revela com freqüência que a questão exige uma certa redefinição ou
reformulação de modo a permitir um cotejo mais adequado com a terminologia e a estrutura
das fontes de informação a serem consultadas;
Com relação a este passo, especificamente na área na qual encontra-se focalizado o
nosso estudo, os principais recursos disponíveis para recuperação da informação usam tanto
os campos para descrição do documento quanto os campos para indexação de assunto, neste
caso utilizando o vocabulário controlado DECS. Esta peculiaridade impõe ao pesquisador
51
desta área e aos bibliotecários que nela atuam o domínio para identificar os termos
padronizados nesta linguagem, específica da área da saúde. De uma forma geral, esse passo
exige negociação porque o usuário não considera, até por desconhecer, em grande parte, a
possibilidade de ajuste para uso deste vocabulário, ao expressar a sua necessidade de
informação. Dentre o conjunto de passos é sem dúvida o mais complexo;
e) estratégia de busca: a primeira decisão diz respeito em grande parte “a uma análise
minuciosa do tema da questão, identificando conceitos e suas relações, e, em seguida,
traduzindo-os para um enunciado de busca apropriado à linguagem de acesso do acervo de
informações. Neste ponto, o consulente pode prestar uma grande ajuda ao bibliotecário”
(GROGAN, 2001, p. 53). A segunda decisão
Implica escolher entre vários caminhos possíveis. O êxito dependerá do
conhecimento íntimo das várias fontes de informação disponíveis para
pesquisa, experiência em sua utilização e aquela intuição que todos os
bibliotecários de referência reconhecem e que tem sido tão comentada, mas
que ninguém consegue explicar.
Tal processo envolve três etapas: seleção da categoria da fonte, definição da fonte e,
por último, dos pontos de acesso específicos dentro da fonte escolhida. Segundo Grogan
(2001) tais etapas consistem nos seguintes passos: formulação do enunciado, a escolha das
fontes, a seleção do caminho de busca e o processo da própria busca. Aqui, o usuário e o
bibliotecário já têm que estar de posse do conjunto de termos para busca, englobando os
conceitos iniciais, os termos padronizados (termos do DECS, descritores), os termos
sinônimos, os termos em inglês. Mediante a relação estabelecida entre ambos, estes poderão
pensar como as estratégias serão elaboradas bem como controlar as estratégias realizadas.
Cada fonte de informação ou base de dados possui suas próprias características, implicando,
assim, na adaptação dos termos no momento da seleção dos campos. Algumas bases de dados
consideram os descritores de assunto do DECS para recuperação da informação e outras não
consideram, porque utilizam, neste caso, a indexação automática. Neste caso, diferentes
ajustes deverão ser feitos até que se esgotem as possibilidades de recuperação nas bases
f) Processo de busca: para Grogan (2001)
As buscas mais eficazes são aquelas em que a estratégia de busca é
suficientemente flexível para comportar uma mudança de curso, caso assim
o indique o andamento da busca [...] Os puristas alegariam que isso é tática e
não estratégia, mas, como muitas das principais fontes de informação são
deficientes em termos de estrutura lógica ou coerência interna, a
maleabilidade passa a ser um atributo conveniente do bibliotecário de
referência.
52
g) Resposta: “na maioria dos casos, o bibliotecário criterioso e experiente encontrará
uma ‘resposta’, porém isso não constitui absolutamente o fim do processo. O que o
bibliotecário tem em mãos nessa etapa é simplesmente o resultado da busca” (GROGAN,
2001, p. 54). A análise do resultado é uma tarefa do pesquisador/solicitante que pode contar
com o bibliotecário na análise. Este pode observar e perceber novos termos que se apresentem
nos resultados para composição de novas estratégias de buscas;
h) A Solução: se realizada pelo bibliotecário “será somente uma solução potencial [...]
Também é de boa prática o bibliotecário e o consulente avaliarem juntos o ‘produto’ da
pesquisa, e que ambos o aprovem antes de chegar de comum acordo à conclusão de que o
processo foi concluído” (GROGAN, 2001, p. 54). Esta etapa significa identificar, recuperar e
acessar uma informação para atender a uma necessidade informacional, que pode ser de
atualização, sem obrigação de aprofundamento ou esgotamento das bases de dados ou para
fundamentar uma pesquisa, que implica no planejamento, controle e esgotamento dos recursos
de informação para compor uma revisão de literatura, fundamentação teórica e/ou revisão
sistemática.
Com relação ao processo de busca de informação, cumpre acrescentar que, no tocante
às teorias e modelos a ele relativos, Euclides e Fujita (2007) mencionam os principais
pesquisadores que o examinaram: Tom Wilson (1981), Brenda Dervin (1983), David Ellis
(1989) e Carol Kuhlthau (1991). Estes autores aparecem na literatura como os precursores do
paradigma orientado ao usuário. O modelo de Tom Wilson24 (1981) aborda information
behavior – comportamento informacional; Brenda Dervin25 (1983) elabora a teoria de sensemaking – produção de sentido; David Ellis26 (1989) information seeking Behavior – busca de
informação e Carol Kuhlthau27 (1991) information search process (ISP) – processo de busca
de informação (ISP).
O modelo Information Search Process (ISP), foi desenvolvido pela mencionada
Kuhlthau (1991). A “autora é uma das precursoras na área de busca da informação e seu
modelo sobre o processo de busca de informações é referenciado na maior parte dos trabalhos
24
WILSON, Tom D. On user studies and information needs. Journal of documentation, v. 37, n. 1, p. 3-15,
1981. Disponível em: http://www.informationr.net/tdw/publ/papers/1981infoneeds.html. Acesso em: 22 mar.
2014.
25
DERVIN, Brenda. An overview of sense-making research: concepts, methods, and results to date. The Author,
1983.
26
ELLIS, David. A behavioural approach to information retrieval system design.Journal of documentation, v.
45, n. 3, p. 171-212, 1989
27 KUHLTHAU, Carol C. Inside the search process: Information seeking from the user's perspective. JASIS, v.
42, n. 5, p. 361-371, 1991. Disponível em: http://ptarpp2.uitm.edu.my/silibus/insidesearch2.pdf . Acesso em: 22
mar. 2014
53
que incluem estudo de usuários” (ARAÚJO; BRAGA; VIEIRA, 2010, p. 186). Estes
observaram em artigo sobre a contribuição de Kuhlthau que “as pesquisas dos autores
brasileiros buscam, nos trabalhos da autora, as definições de “incerteza”, “construtivismo”,
“letramento”, entre outras (ARAÚJO; BRAGA; VIEIRA, 2010, p. 195).
A tabela abaixo expõe o modelo formulado pela autora, composto de seis estágios que
representam uma necessidade de informação. São eles: iniciação, seleção, exploração,
formulação, coleta e apresentação. Para cada estágio analisa três níveis de percepção:
pensamento, sentimento e ação. Garcia (2007) apresenta, na figura 5 a seguir, a tradução da
tabela que representa os estágios do modelo de Kuhlthau (KUHLTHAU, 1991 apud
GARCIA, 2007, p.99).
Figura 5 – Modelo do processo de busca (ISP)
Fonte: GARCIA (2007, p.)
Garcia (2007, p. 96-99) assim apresenta a descrição dos estágios do modelo de
Kuhlthau (KUHLTHAU, 1991 apud GARCIA, 2007, p.99):
A ‘iniciação’: é quando uma pessoa percebe uma falta de conhecimento ou
entendimento, os sentimentos de incerteza e apreensão são comuns. Neste
momento a tarefa é somente reconhecer a necessidade de informação. Durante a ‘seleção’ a tarefa é identificar e selecionar o tópico geral para ser
investigado ou a abordagem a ser procurada. Sentimentos de incerteza
frequentemente dão lugar para uma perspectiva mais otimista, depois que a
seleção é feita, e há um estado de preparo para começar a busca; - A
‘exploração’ é caracterizada por sentimentos de confusão, incerteza, e
dúvida os quais freqüentemente aumentam no decorrer do tempo. A tarefa é
investigar informação sobre o tópico geral para estender a compreensão
pessoal. - ‘Formulação’ é o ponto decisivo do ISP quando sentimentos de
incerteza diminuem e aumenta a confiança. A tarefa é formar um foco da
54
informação encontrada. - Coleção é o estágio do processo quando as
interações entre o usuário e as funções do sistema de informação estão mais
efetivas e eficientes. Neste momento, a tarefa é juntar a informação
relacionada com o tópico focalizado - Na ‘apresentação’, sentimentos de
‘alívio’ são comuns com uma sensação de satisfação se a busca for bem
sucedida ou decepção se ela não o for. A tarefa é completar a busca e
preparar para apresentar ou, caso contrário, usar o que se encontrou.
Garcia (2007, p. 100) adverte ainda que:
Um outro aspecto que deve ser observado no modelo de Kuhlthau (1991,
1993) é que o modelo indica três pontos principais para os profissionais da
informação que trabalham com indivíduos que desenvolvem tarefas
complexas (pós-graduandos e pesquisadores, por exemplo). Primeiro, que a
busca de informação é um processo ao longo do tempo (contínuo), em lugar
de ser um único evento. Segundo, que a busca de informação é um processo
holístico de busca de significado. Terceiro, que a busca inicial de informação
frequentemente aumenta a incerteza em lugar de diminuí-la. [...] Como os
estados de conhecimento mudam para pensamentos mais claramente
focalizados, uma mudança paralela ocorre e os sentimentos de confiança
aumentam. É a incerteza que, devido a um lapso de entendimento, uma
lacuna de significado ou um constructo limitado, inicia o processo de busca
de informação.
Na abordagem que elegemos para nosso estudo, os procedimentos para recuperar e
acessar a informação consistem numa forma de aprendizado. Os atores envolvidos no
processo interagem e aprendem conforme cada passo dado, para que haja o sucesso nas
buscas e, por conseguinte, a alteração do estágio inicial de conhecimento de ambas as partes.
Na seção subsequente, referente ao marco empírico desta investigação, apresentamos a
Biblioteca do HUCFF, os serviços por esta oferecidos, as fontes de informação mais
utilizadas – ressaltando suas especificidades e recursos em plataformas eletrônicas – e
tratamos do detalhamento dos procedimentos envolvidos na recuperação da informação na
área da saúde. Para tanto, a seção também contempla a descrição dos perfis dos atores sociais
que atuam na referida biblioteca, bem como abordamos a especificidade relacionada às
revisões sistemáticas.
55
3 MARCO EMPÍRICO: O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA
FILHO E A BIBLIOTECA
O campo empírico da pesquisa inclui, como o título da presente seção indica, o
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, vinculado à UFRJ e a Biblioteca do HUCFF e
do Instituto de Doenças do Tórax28.
Em relação ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) abordamos a
sua história e atribuições, condizentes com o contexto do ensino universitário na área da
saúde.
Na sequência, descrevemos a Biblioteca Setorial do HUCFF, destacando os
bibliotecários que nela atuam, em termos das funções que os mesmos exercem,
caracterizamos a tipologia do usuários que a frequentam, os serviços de informação por ela
prestados, bem como os produtos que desenvolve e as principais fontes de informação
utilizadas.
Na área da saúde, os princípios da medicina e da prática baseada em evidências (MBE,
PBE) são, hoje, as principais influências no que diz respeito aos processos básicos da
atividade científica na área, conforme aprofundamos na subseção “Revisão Sistemática”.
3.1 O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Remontando às origens mais antigas do HUCFF, recorremos a Strauss e Leta (2009)
que descreveram a história da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e o jovem Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho29.
Com relação a tal historicidade destacamos alguns pontos assinalados pelos autores.
Remontando às origens da “bicentenária Faculdade de Medicina da UFRJ”, mostram que esta
foi criada “pelo príncipe regente dom João, em 1808, com o nome de Escola de Anatomia,
Medicina e Cirurgia e instalada no hospital real militar, no morro do Castelo”.
28
O nome que agora esta biblioteca recebe deve-se à incorporação, no ano 2000, do acervo do Instituto de
Doenças do Tórax, outra unidade da UFRJ, situada nas mesmas dependências do HUCFF (IDT, 2014; Saramago,
2007).
29
No mencionado artigo, Strauss e Leta (2009) investigam as relações entre ensino, pesquisa e assistência
médica, “buscando compreender como se posicionam sobre o tema alguns dos atuais docentes da Faculdade de
Medicina da UFRJ (...) e qual a influência da conquista de um hospital próprio não só para o ensino e assistência
como também para a pesquisa”, revelando assim, a ligação dos temas mencionados com o HUCFF.
56
Strauss e Leta (2009, p. 1029) apontam que “os médicos na colônia eram, então, os
poucos brasileiros que se tinham graduado na Europa e raros estrangeiros que aqui vinham
exercer a profissão”. Eles acrescentam
Em 1856, a Faculdade de Medicina foi transferida para o prédio do
Recolhimento das Órfãs, na rua Santa Luzia, ao lado da Santa Casa de
Misericórdia. Cabe destacar que foi ali, a partir de 1884, na gestão de
Vicente Cândido Figueira de Sabóia (1880-1889), que o ensino na faculdade
passou por ampla reforma. Seu principal aspecto consistiu na introdução do
ensino prático de todas as disciplinas médicas, rompendo com o predomínio,
até então vigente, do ensino exclusivamente teórico.
Strauss e Leta (2009, p. 1030) indicam também que “só em 12 de outubro de 1918,
(...) a centenária instituição teve inaugurado um prédio próprio, o da Praia Vermelha”. Os
mesmos autores destacam que “pouco menos de dois anos depois, em 7 de setembro de 1920,
essa Faculdade de Medicina, a Escola Politécnica e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro,
agrupadas, formaram a primeira universidade do país, a Universidade do Rio de Janeiro”. A
figura 1, a seguir, apresenta o antigo prédio da Faculdade Medicina na Praia Vermelha.
Figura 6 - Antigo prédio da Faculdade Medicina na Praia Vermelha.
Fonte: Página da Faculdade de Medicina da UFRJ30(2014).
Dando um grande salto no tempo, vimos, no texto citado que em 1973 a Faculdade de
Medicina foi transferida para o campus da Cidade Universitária, na ilha do Fundão e que em
1º de março de 1978, foi inaugurado o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
30
http://www.medicina.ufrj.br/colchoes.php?id_colchao=1
57
(HUCFF) (STRAUSS; LETA, 2009, p. 1031). Segundo estes autores o hospital “tornou-se,
progressivamente, a construção de maior visibilidade e referência social, em substituição à
Faculdade de Medicina” embora “regimental e estatutariamente a Faculdade de medicina e o
HUCFF não se confundem. Com relação à denominação do hospital universitário, esclarecem
que, conforme Boletim ... (1985, apud STRAUSS; LETA, 2009, p. 1031-1032).
A atual denominação foi sugerida ao Conselho Universitário da UFRJ em
novembro de 1985, logo após o afastamento, a pedido, do primeiro diretor e
criador da instituição. Em ata da reunião está consignado que, após
aprovação de voto de louvor ao professor Fraga, o então reitor, professor
Horácio Macedo, “propôs que fosse prestada ao ilustre mestre uma
homenagem de forma permanente, ou seja, dando-se o nome de Clementino
Fraga Filho ao Hospital Universitário, tendo sido a proposta aprovada
unanimamente, com aplausos calorosos”.
O professor Clementino Fraga Filho foi presidente da comissão de implantação do
HUCFF e também seu primeiro diretor. Segundo Fraga Filho (1990) a construção do HUCFF
teve início em 1950, após limitações de recursos, mudanças políticas e num período de 28
anos o hospital iniciou seu funcionamento em proporção menor a do seu projeto inicial. A
figura 7, apresentada a seguir, mostra a vista aérea do HUCFF na época de sua implantação.
Figura 7 - Vista aérea do Conjunto de Ciências e Saúde na época de Implantação
Fonte: Página do HUCFF31 (2014)
O HUCFF é um centro de excelência em assistência, ensino e pesquisa, definido em
seu Regimento como órgão suplementar do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Vinculado ao Ministério da Educação e ao
Sistema Único de Saúde (SUS) atende, somente, a partir do encaminhamento realizado
através da Central de Regulação32, pois são encaminhados para o hospital universitário casos
complexos para que sejam tratados e investigados pela instituição.
31
http://www.hucff.ufrj.br/institucional/historico
É responsável pelo agendamento das consultas e exames; regulação dos procedimentos ambulatoriais de média
e alta complexidade e autorização dos procedimentos de alto custo (APAC). É o local que recebe as solicitações
de atendimento, avalia, processa e agenda, garantindo a assistência integral de forma ágil e qualificada aos
32
58
Integra o complexo hospitalar da UFRJ, composto por três hospitais e seis institutos33,
ocupa 110 mil metros quadrados na Ilha do Fundão. Atende os pacientes, realiza as aulas
práticas e as pesquisas nesta estrutura. Situa-se no campus da Ilha do Fundão, na Rua
Rodolpho Paulo Rocco, 255 - Cidade Universitária no município do Rio de Janeiro.
Strauss e Leta (2009, p.1031) afirmam que o mesmo “é o maior campo de treinamento
dos alunos e local de trabalho da maior parte do corpo docente da Faculdade de Medicina”.
De acordo com HUCFF (2014) tem como visão “ser um centro de excelência em
assistência, ensino e pesquisa”. Sua missão institucional volta-se para o desenvolvimento de
Ações de ensino e pesquisa em consonância com a função social da
universidade, articuladas à assistência à saúde de alta complexidade e
integradas ao Sistema Único de Saúde, provendo ao seu público atendimento
de qualidade de acordo com princípios éticos e humanísticos (HUCFF,
2014).
Seus objetivos institucionais são
a) Operar de forma articulada, atendendo às demandas técnico-científicas
das unidades de saúde do SUS e do Sistema Suplementar; b) Propiciar a
realização de cursos de pós-graduação e de especialização das unidades
docentes, enfatizando os programas de Residência Médica e Residência
Interdisciplinar, atividades educacionais de responsabilidade do HUCFF; c)
Propiciar um ambiente de estímulo à pesquisa, dando ênfase à integração nos
diversos setores de ciências da saúde; d) Contribuir para a formação da
equipe de saúde, graças ao trabalho conjunto e à co-participação nas
responsabilidades, dentro do respeito às normas do exercício profissional
(HUCFF, 2014).
Em junho de 2010, houve um abalo estrutural na construção do hospital, conhecida
como “perna seca”, levando à interdição do prédio. A Comissão de Planejamento da Reitoria,
a Administração Geral do HUCFF e a Defesa Civil decidiram pela implosão do anexo que
aconteceu em 19 de dezembro 2010 (COORDCOM UFRJ, 2010).
usuários do Sistema de Saúde, a partir do conhecimento da capacidade de produção instalada nas unidades
prestadoras de serviços”. (DENASUS/MS).
33
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA),
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), Maternidade Escola (ME), Instituto de
Ginecologia (IG), Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), Instituto de Psiquiatria da Universidade do
Brasil (IPUB), Instituto de Doenças do Tórax (IDT), Instituto do Coração Edson Saad (ICES).
59
Figura 8 - Seqüência de imagens da implosão.
Fonte: Adriano Ferreira Rodrigues (2010)
O HUCFF caracteriza-se pela multidisciplinaridade. Nele atuam servidores,
profissionais de variadas formações e funções, como: pesquisadores, professores, médicos,
enfermeiros, assistentes sociais, entre outros. Atuam também os residentes (médicos e
multiprofissionais), estudantes de medicina e estagiários de diversos cursos. Dentre as
especialidades médicas e/ou áreas de atuação, podemos mencionar algumas (HUCFF, 2014):
Clinica médica, cirurgia geral, cardiologia, cirurgia plástica, cirurgia
torácica, coloproctologia, dermatologia, doenças infecciosas e parasitárias,
endocrinologia, epidemiologia, gastroenterologia, ginecologia, hematologia,
hemoterapia, imunologia, medicina nuclear, medicina física e reabilitação,
oftalmologia, nefrologia, neurologia, neurocirurgia, nutrologia, odontologia,
oftalmologia, oncologia, ortopedia e traumatologia, otorrinolaringologia,
pneumologia, psiquiatria, psicologia médica, quimioterapia, radioterapia,
reumatologia, terapia intensiva, controle de infecção hospitalar, urologia,
além de fisioterapia, fonoaudilogia, enfermagem, serviço social etc.
A Assistência subdivide-se em (HUCFF, 2014):
Ambulatório, divisão médica, divisão de enfermagem, divisão de apoio
assistencial, comissão de direitos dos pacientes, coordenação geral de
transplantes, Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplantes (CIHDOTT), Time de Cateter Comissão Multiprofissional de
Trabalho voltado à Terapia Intravenosa (TIV).
A pesquisa distribui-se em Unidade de Pesquisa Clínica, LaNCE (Laboratório
Nacional de Células-Tronco Embrionárias) e Comitê de Ética em Pesquisa. E o ensino é
representado pela Coordenação de Atividades Educacionais – CAE (HUCFF, 2014).
Nas instalações do HUCFF são desenvolvidos doze cursos de graduação do Centro de
Ciências da Saúde (CCS), programas de pós-graduação Stricto Sensu, sob responsabilidade
das unidades acadêmicas, e Lato Sensu, Residência Médica e Multiprofissional, sob a
60
orientação da CAE, além de cursos de aperfeiçoamento e especialização, também sob
responsabilidade das unidades acadêmicas (HUCFF, 2014).
A CAE organiza, administrativamente, as atividades didáticas fornecendo apoio em
salas de aula e cuidando das questões relacionadas ao corpo discente. Organiza-se em
coordenações adjuntas, Residência Medica e Multiprofissional, Cursos de Educação
Continuada. E ainda secretarias de graduação e pós-graduação (HUCFF, 2014).
Suas atividades de maior relevância são as relacionadas aos programas de Residência,
sobre os quais exerce influência direta, respeitando a orientação acadêmica do corpo funcional
do hospital neles envolvido. A CAE também é responsável administrativamente pela
Biblioteca do HUCFF ambiente onde nossa pesquisa se desenvolve e que será apontada na
seção seguinte (HUCFF, 2014).
No Brasil são oferecidos vários cursos de especialização, em sua maioria, por hospitais
universitários desde que estejam habilitados como hospital de ensino. Este é definido pelo
Ministério da Saúde (MS) (BRASIL. MS, 2004) como:
Hospital certificado em conjunto pelos ministérios da Saúde e da Educação
como instituição de assistência que participa da formação de estudantes de
graduação e de pós-graduação, contribui para a pesquisa, o desenvolvimento
científico e a avaliação tecnológica em saúde e que atende a compromissos
de educação permanente em saúde junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O HUCFF é um hospital de ensino “constitui-se num espaço de referência da atenção à
saúde para a alta complexidade, a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento
tecnológico” (BRASIL, 2004).
Para exercer tais atividades, o hospital de ensino precisa ser certificado e avaliado
pelos ministérios da Saúde e Educação. Ambos avaliam se a instituição está apta para exercer
atividades curriculares nas áreas de Saúde; se aprovado e certificado, as instituições
credenciadas terão seus nomes publicados e divulgados no diário oficial da união.
Conforme advertem Zicchi, Bittar e Haddad (1998, p. 311) “por sua inserção na
atividade universitária, que envolve simultaneamente docência, pesquisa e prestação de
serviços de saúde à comunidade, a complexidade inerente deste tipo de hospital é maior do
que a de outros tipos de hospital”. Neste campo são oferecidas diversas especializações nas
áreas profissionais da saúde, dentre elas destacam-se as modalidades de residência médica e
multiprofissional.
Para o credenciamento de um hospital de ensino, o mesmo deve incluir uma biblioteca
que será avaliada anualmente. O Ministério da Saúde estabelece dentre os requisitos para
certificação das unidades hospitalares que as mesmas devem
61
Dispor ou ter acesso à biblioteca atualizada e especializada na área da saúde, com
instalações adequadas para estudo individual e em grupo, e para consulta a
Bibliotecas Virtuais, de acordo com os critérios vigentes para a avaliação das
condições de ensino e da Residência Médica (BRASIL, 2007, p. 1).
Dessa forma, a biblioteca não só se insere no contexto do hospital universitário
habilitado como hospital de ensino, como consiste em requisito exigido para tal habilitação.
3.2 A Biblioteca do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
A biblioteca de hospital é conceituada de acordo com Johnson (1967 apud LIMA,
1973, p. 143):
Como aquele departamento de um hospital investido da responsabilidade e
autoridade para assegurar ao pessoal docente, clínico, pesquisador, auxiliar e
administrativo o acesso à informação, com finalidade de habilitá-lo a prover o
melhor cuidado possível aos pacientes, dentro de suas limitações de recursos.
Ainda com relação à sua definição, Castillo Martín (1998 apud ALMEIDA, 2008, p.
19) assinala:
A biblioteca hospitalar difere das demais bibliotecas de Ciências da Saúde,
porque, além de apoiar com a informação necessária à pesquisa e docência,
que se realiza em um hospital, deve ajudar a melhorar a qualidade dos
cuidados ao paciente, exercendo, assim, a sua função social.
Em glossário publicado pela International Federation of Library Associations (IFLA),
Panella (2009, p. 16, tradução nossa) “considera uma biblioteca de hospital qualquer coleção
organizada de materiais bibliográficos, programas e/ou serviços que existem em um hospital
para um grupo de usuários em particular”.
Salvato (1998, p. 48 apud SALASÁRIO, 2005) alerta quanto ao papel da biblioteca
especializada que esta “se baseia no ‘suporte científico e tecnológico’ necessitando de uma
constante atualização para atender à demanda”. O autor acrescenta ainda que a biblioteca
especializada não deve estar isolada, mas em constante comunicação com outras fontes de
informação e fazendo intercâmbio para, assim, suprir as necessidades de informação da
instituição e/ou dos seus usuários.
No âmbito da universidade, a importância da biblioteca deste ambiente é assim
destacada por Ferreira (1980, p. 17, apud DANTAS 2013, p. 20).
Se as bibliotecas são importantes para o ensino em geral, no ensino superior seu
papel é proeminente em virtude do valor da própria universidade, pois nenhuma
outra instituição ultrapassa em magnitude a contribuição universitária, a qual torna
possível o formidável avanço tecnológico e científico que se registra atualmente em
todos os campos do conhecimento. [...] em todo processo educacional, é decisiva a
62
influência da biblioteca, que se pode constituir num dos principais instrumentos de
que a universidade dispõe para atingir suas finalidades.
Nesse sentido, a biblioteca enquanto serviço de informação deve apoiar e atender as
necessidades informacionais do staff profissional, médicos, enfermeiros, dentre outros,
contribuindo para a fundamentação de uma decisão clínica. E, ainda, colaborando para as
atividades de ensino e desenvolvimento científico, principal objetivo da universidade, no
âmbito da formação e da assistência em saúde, prover e subsidiar o acesso e a recuperação da
informação científica.
A Biblioteca do HUCFF atende também ao Instituto de Doenças do Tórax (IDT),
estando subordinada ao Diretor Executivo do IDT34. Funciona como setorial do Centro de
Ciências da Saúde (CCS) e ainda faz parte do Sistema de Bibliotecas e Informação35 (SIBI) da
UFRJ, este, composto por 44 bibliotecas centrais e setoriais. A figura 9 a seguir mostra o
layout da inauguração.
Figura 9 -Biblioteca do HUCFF – layout da inauguração.
Fonte: UFRJ. HUCFF (19--)36.
O manual de funcionamento da Biblioteca Setorial (19--, p. 5) apresenta seu objetivo:
Possibilitar o acesso a informações técnicas e científicas atualizadas à equipe
de profissionais e alunos do Hospital Universitário, contribuindo para a
ampliação do campo de conhecimento das diversas áreas profissionais da
34
O Instituto de Doenças do Tórax (IDT) foi fundado em 24 de outubro de 1957, pelo professor Antônio
Ibiapina, sob a designação de Instituto de Tisiologia e Pneumologia (ITP), como um instituto especializado que
integra o Centro de Ciências da Saúde. Suas origens porém, datam de 1951, quando a Cátedra de Tisiologia foi
instalada no Hospital-Santório São Sebastião do Rio de Janeiro, tradicional hospital onde, em 1926, dera-se o
início do ensino da Tisiologia no Brasil pelo professor Clementino Fraga. É uma unidade de ensino e compõe o
complexo médico-hospitalar da UFRJ. Funcionava no Hospital São Sebastião e Clemente Ferreira, no bairro do
Caju.
35
http://www.sibi.ufrj.br/
36
Não foi possível estabelecer as datas referentes ao período que a foto focaliza, pelo fato desta estar contida em
fonte não datada (HOSPITAL ..., sd).
63
instituição e para o desenvolvimento e aprimoramento da formação
profissional de seus integrantes.
Pouca alteração física ocorreu no ambiente da biblioteca, pois seu layout não permite
muitas alterações. Ocorreram somente adaptações no espaço para ajuste de salas (multimídia,
laboratório de informática), além de espaço de convivência, onde usuários podem conversar e
se alimentar sem prejudicar o estudo dos colegas e/ou oferecer risco para o acervo.
Figura 10 – Foto do ambiente atual da biblioteca (laboratório de informática e salão de
consulta).
Fonte: Página da Biblioteca do HUCFF37 (2014)
Nos dias de hoje, a gestão da informação na área da Saúde exige muito mais esforço
pela abundância das fontes e recursos informacionais. Assim, este tipo de biblioteca
especializada exige que o bibliotecário ofereça serviços que se ajustem às necessidades
específicas do usuário. Devendo o bibliotecário compreender o fluxo de informação que lhe é
característico.
A biblioteca do HUCFF tem por finalidade atender às necessidades de estudo, consulta
e pesquisa de professores e alunos, bem como satisfazer as exigências do Ministério da Saúde
(MS) e da Educação (MEC) para credenciamento de hospitais de ensino (BRASIL, 2002).
Apóia o ensino e as pesquisas desenvolvidas na Instituição, atuando com o objetivo de
promover o acesso e o uso das informações técnico-científicas necessárias para atuação e
tomada de decisão no hospital. Funciona no 13º andar do HUCFF, de segunda a sexta-feira,
de 7h às 16h.
Seu acervo é especializado nas Áreas da Saúde e Doenças do Tórax, e é constituído de
livros, obras de referência, folhetos, monografias, dissertações, teses, materiais especiais e
multimídia. Seu acervo atual, conforme assinalamos anteriormente, resulta da unificação da
37
http://www.bibliotecadohucff.ufrj.br/
64
Biblioteca do IDT a do HUCFF (Biblioteca do HUCFF, 2014). Da unificação dos acervos
algumas peculiaridades de seus serviços se somaram. A biblioteca do IDT atuava como Centro
Cooperante da BIREME38, por este motivo tem como responsabilidade indexar a Revista Pulmão RJ39
na base de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS)40, registrar
sua coleção de periódicos na Seriados em Ciências da Saúde (SECS)41, atender e solicitar por
meio do Serviço de Comutação de Documentos (SCAD)42 pedidos de artigos dos seus
periódicos especializados. Já a biblioteca do HUCFF participava do SCAD, sendo esta uma
categoria de que só permite a solicitação de artigos para outros acervos. Além do SCAD
participa do Programa de Comutação Bibliográfica (COMUT)43 do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), podendo solicitar artigos disponíveis nos
acervos de outras bibliotecas universitárias e instituições brasileiras em Ciência e Tecnologia.
Estas atividades cooperativas caracterizam a biblioteca do HUCFF como um serviço de
informação que estabelece parcerias e trabalha em rede para atender as necessidades de
informação de seus usuários.
Cunha (2008, p.294) considera um produto informativo ou de informação.
Produto cuja função é facilitar ao usuário de um sistema a obtenção da
informação, isto é adquirir dados que possam ser usados para decidir ou
controlar. Os livros, as bases de dados, os programas de computador e os
serviços de consultoria são exemplos deste tipo de produto.
Assim, serão apresentados adiante os serviços de informação oferecidos pela
Biblioteca do HUCFF e os produtos por ela desenvolvidos, para dar conta da demanda e
especificidade de seus usuários.
De acordo com os dados de seu relatório anual (BIBLIOTECA DO HUCFF, 2014) em
termos da distribuição de setores, encontram-se as seguintes seções:
Laboratório de informática – para acesso à Internet e edição de texto. Oferece 06 (seis)
computadores para utilização dos recursos eletrônicos de informação e elaboração de
trabalhos.
Seção de periódicos – acervo especializado do Instituto de Doenças do Tórax. Não
corrente, o acervo é mantido para atender as solicitações de SCAD.
38
Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (http://new.paho.org/bireme/)
http://www.sopterj.com.br/revista/
40
http://lilacs.bvsalud.org/
41
http://portal.revistas.bvs.br/?lang=pt
42
http://scad.bvs.br/php/index.php
43
http://comut.ibict.br/comut/do/index?op=filtroForm
39
65
Seção de acervo geral – composto de livros gerais de medicina e demais áreas da
saúde.
Setor de serviços técnicos – espaço destinado aos processos técnicos e gestão das
atividades e de pessoal.
Salão de estudo em grupo e individual – espaço livre destinado ao estudo e consulta do
acervo.
Serviço de referência e circulação – espaço para orientação dos usuários, empréstimo
de publicações, suporte para realização de pesquisas bibliográficas, elaboração de
levantamentos específicos e acesso a bases de dados.
Sala multimídia – espaço para realização de atividades acadêmicas (aulas, reuniões),
treinamento de pesquisa bibliográfica utilizando recursos audiovisuais e de multimídia.
Oferece 05 (cinco) computadores, televisão de 32 polegadas, DVD e scanner. Recursos para
utilização livre pelos usuários ou uso reservado mediante agendamento. Acomoda até 15
pessoas.
Os dois últimos espaços se distinguem, pois requerem contato dos funcionários com os
usuários, principalmente nas referidas atividades do serviço de referência.
3.2.1 Atores sociais: bibliotecário e pesquisador
Com relação aos profissionais da área da saúde, Giannasi-Kaimen et al (2008, p. 11)
assinalam que estes “envolvem-se sempre diante de cada paciente em um ato intelectual e não
se restringem apenas à utilização de procedimentos conhecidos, o que implica na necessidade
de realização de pesquisa para a obtenção de um maior grau de certeza”. Se soma a esta idéia,
uma outra questão suscitada por Ceccim (2012, p. 256) sobre as competências no trabalho em
Saúde especificamente relacionadas com a educação, áreas do conhecimento e profissões.
O desenvolvimento de competências, no caso do trabalho em saúde, envolve
a transmissão de informação, a construção do conhecimento, a aquisição do
saber em cenários de prática, a aprendizagem em situações reais de trabalho
e a capacidade de ser afetado pelos signos que informam o cotidiano e as
necessidades sociais em saúde.
Considerando a pesquisa científica e os profissionais de saúde, Giannasi-Kaimen et al
(2008, p. 12) ponderam que “o exercício da profissão na área da saúde, na busca da verdade,
aproxima-se muito do que se faz na pesquisa científica quando se procuram respostas a
questões formuladas”. Estes autores assinalam também que:
66
Em razão da responsabilidade que assumem, os profissionais da saúde
buscam descobrir a verdade e, para tanto, colhem informações, observam,
criticam, testam e as corrigem quando for o caso. A verdade surge graças à
evolução clínica, aos resultados dos exames complementares e a
comprovações de biópsias no ato cirúrgico ou mesmo na necropsia. Desse
modo, a verdade acaba por ser esclarecida e os acertos e erros revistos e,
como resultado da experiência, o conhecimento é ampliado.
O enquadramento dos profissionais e pesquisadores desse campo é definido pelo
vocabulário controlado – Descritores em Ciências da Saúde (DECS44, 2014):
Ocupações em saúde - “profissões ou outras atividades comerciais dirigidas para a
cura e a prevenção de doenças”: médicos, especialistas, cirurgião dentre outros.
Ocupações relacionadas com saúde -“ocupações de pessoal de saúde que não são
médicos e são qualificados, por treinamento especial e freqüentemente por licença, para
trabalhar em funções que dão suporte no campo de cuidados de saúde. Essas ocupações
incluem, mas não está limitadas a tecnologia médica, fisioterapia, etc”.
Sistemas de informação em saúde - “Sistema para a coleta ou processamento de
dados a partir de várias fontes e que usa a informação para a execução de políticas em
serviços de saúde, bem como para o seu gerenciamento. Pode ter versões eletrônicas ou em
papel”.
Gestão da informação em saúde - “Gerenciamento da aquisição, organização,
recuperação e disseminação da informação em saúde”. Inclui o bibliotecário.
No que diz respeito aos bibliotecários e pesquisadores da referida biblioteca,
descrevem-se a seguir suas principais características.
Os bibliotecários da unidade são dois profissionais, sendo uma, a bibliotecária
responsável pela unidade. Suas atribuições consistem na gestão da unidade, o que implica na
supervisão do trabalho de seis funcionários (assistentes e auxiliares técnico-administrativos)
constando de auxílio a pesquisas, recuperação de artigos e outros documentos, apoio às
consultas e uso do acervo, atendimento no setor circulação (empréstimo, devolução,
renovação e reserva), comutação, preparo do material catalogado, manutenção da biblioteca,
arquivamento de material bibliográfico. Além disso, planejamento e coordenação das
atividades, desenvolvimento de produtos e serviços, divulgação de produtos e serviços nos
meios de comunicação do hospital, auxílio a pesquisas, orientação para uso das fontes, busca
bibliográfica, treinamento de usuários, orientação normativa dos trabalhos acadêmicos,
processamento técnico, indexação da revista Pulmão RJ para a base de dados LILACS,
44
http://decs.bvs.br/
67
desenvolvimento de manuais, identificação de obras raras, aquisição de material para o
acervo, análise e seleção de material bibliográfico, elaboração de publicações para
divulgação, manutenção da página institucional da biblioteca.
No manual de funcionamento da Biblioteca Setorial (HUCFF, 19--?) constam algumas
rotinas das atividades de atendimento. Por ser uma biblioteca setorial, suas atividades também
compreendem as estabelecidas pela Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde (CCS) à
Biblioteca Central do CCS. Como forma de ilustrar as rotinas do bibliotecário, dos auxiliares
e assistentes da unidade, apresentamos em Anexo (A, B e C) o pedido de pesquisa
bibliográfica à Biblioteca do CCS, o pedido de ficha catalográfica e o pedido de novos livros,
periódicos ou afins. Observa-se no registro da rotina que o serviço de pesquisa bibliográfica
era pago.
Na seção 4, o destacado papel exercido pelos bibliotecários na mediação entre os
recursos e os usuários, no processo de referência será examinado detidamente.
No que concerne ao pesquisador elencam-se os seguintes perfis: alunos de pós lato
sensu (residentes médicos e multiprofissionais) e stricto sensu (alunos de mestrado e
doutorado), além de professores e funcionários em atividade de pesquisa. Cabe ressaltar com
relação aos residentes médicos e multiprofissionais algumas de suas peculiaridades.
Na primeira modalidade, convém considerar que os médicos após graduarem-se
devem se especializar em uma área clínica ou de atuação. Esta é uma obrigatoriedade e tem
como função complementar a formação acadêmica e também objetiva facilitar sua inserção no
mercado de trabalho. O Ministério da Educação (BRASIL, 2012) aponta que a residência
médica foi instituída em 1977 e a responsabilidade de seu credenciamento é da Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM). A residência médica do HUCFF é uma das mais
tradicionais da cidade do Rio de Janeiro. Criada em 1978, possui atualmente 297 residentes
distribuídos em 48 Programas de Residência Médica em Especialidades e Áreas de Atuação.
Os Residentes do HUCFF são motivados a, paralelamente às atividades práticas e teóricas de
seus respectivos Programas, participar de linhas de pesquisas dentro dos Serviços e nos
laboratórios do Centro de Ciências da Saúde (HUCFF, 2014).
A segunda modalidade e mais recente é a residência multiprofissional (RM),
promulgada em 2005 e de responsabilidade da Comissão Nacional de Residência
Multiprofissional em Saúde (CNRMS). Está associada ao movimento promovido pelo
Ministério da Saúde, em conjunto com o Ministério da Educação, com vistas à formação de
profissionais para atender aos princípios do Sistema Único de Saúde, em especial ao princípio
da Integralidade da Atenção à Saúde. Abrange as seguintes áreas: Biologia, Enfermagem,
68
Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia
Ocupacional. As residências multiprofissionais são
Orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
(SUS), a partir das necessidades e realidades locais e regionais, e
abrangem as profissões da área da saúde, a saber: Biomedicina,
Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia,
Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição,
Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Os programas de residência na sua maioria estão presentes em universidades públicas,
mas podem ser oferecidos também por hospitais gerais, federais, estaduais, municipais etc.
Ambos os programas de residência são oferecidos pelo HUCFF. Tendo seu ingresso por meio
de concurso nacional, os alunos aprovados recebem bolsa de estudo e podem ficar no
alojamento do hospital no período da residência.
Abordamos a seguir os serviços de informação prestados pela referida biblioteca
3.2.2 Serviços de informação
Como referência para descrição dos serviços prestados, utilizamos o relatório anual da
Biblioteca do HUCFF (Biblioteca do HUCFF, 2013). São eles:
Consulta local - A consulta ao acervo é livre, tanto para os usuários inscritos como
para os não cadastrados. O acesso pode ser direto nas estantes. Para localização das obras o
usuário pode consultar o Catálogo Minerva - www.minerva.gov.br. Este catálogo permite
busca das obras existentes nos acervos das bibliotecas da UFRJ, possibilitando a localização
(biblioteca depositária) e a identificação da disponibilidade (para consulta ou empréstimo).
Inscrição - Pode inscrever-se os alunos da universidade, funcionários efetivos e extraquadro.
Empréstimo domiciliar - O empréstimo de livros é permitido a todos os usuários
inscritos. O limite de empréstimo é de 2 (dois) títulos pelo prazo de 3 (três) dias. O
empréstimo dos periódicos é permitido para solicitação de cópia de seus artigos.
Reserva - É feita, se for do interesse do usuário, sempre que uma obra solicitada
estiver emprestada.
Renovação – O empréstimo da obra poderá ser mantido desde que a mesma não esteja
reservada.
69
Comutação bibliográfica – Solicitação de cópias de artigos de periódicos para
bibliotecas de outras instituições. Obtenção pelos serviços cooperativos, COMUT/IBICT e
SCAD/BIREME.
Orientação normativa – Auxílio aos usuários sobre normalização e apresentação dos
trabalhos científicos, de acordo com o Manual de Elaboração e Normatização de Dissertações
e Teses do SIBI/UFRJ e Vancouver45.
Elaboração de fichas catalográficas – São elaboradas para as dissertações e teses
defendidas pela universidade, obedecendo aos padrões de catalogação e indexação. Para
padronização das palavras-chave utilizam-se os Descritores em Ciências da Saúde - DECS46.
Levantamento e pesquisa bibliográfica – Serviço pelo qual o usuário solicita pesquisas
e/ou buscas temáticas nas bases de dados científicas públicas e nas disponíveis pelo Portal de
Periódicos da Capes47.
Acesso remoto ao portal de periódicos - Orientação do usuário para solicitação de
login e senha para acesso em casa ao Portal de Periódicos da Capes.
Recuperação de documentos – Obtenção de artigos, teses e outros documentos nos
portais de texto completos gratuitos (Scielo, Portal de Periódicos Capes, bibliotecas digitais,
solicitações por e-mail aos autores) e/ou pelos serviços de comutação.
Impressão – Serviço que possibilita a impressão de trabalhos acadêmicos ou
documentos de urgência. A impressão é de no máximo 20 (vinte) páginas, em preto e
branco.O serviço deve ser pago – R$ 0,15, por folha – recolhido no setor de cópias da CAE.
Apresentamos os resultados de alguns serviços oferecidos, bem como os dados
consolidados nos relatórios de atividade a partir de 2010. Tais resultados caracterizam os
serviços e sinalizam a sua importância para as atividades desenvolvidas no hospital. Os
gráficos de 1 a 6 expressam o movimento e/ou oscilação dos serviços oferecidos na Biblioteca
do HUCFF.
O gráfico 1, Fluxo de usuários de 2010 a 2013, registra a entrada do usuário no
ambiente da biblioteca, considera horário, curso e/ou vinculo institucional (aluno de
graduação, pós-graduação, funcionário). Possibilita analisar sua frequência e dinâmica
45
O Estilo Vancouver elaborado por editores científicos da área médica no Canadá estabelece padrões para o
formato de originais submetidos a suas publicações. Consta das principais revistas nacionais da área de saúde,
regras disponíveis em: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html. Acesso em: 30 maio 2014.
46
http://decs.bvs.br/
47
www.periodicos.capes.gov.br
70
Gráfico 1 – Fluxo de usuários de 2010 a 2013.
.
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
A inscrição na biblioteca é condição para empréstimos dos livros, em tese, todos os
inscritos utilizam o acervo e levam livros para consulta em casa. Não é necessário fazer
inscrição para consulta local ou utilização dos espaços e serviços.
Gráfico 2 – Inscritos na Biblioteca.
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
Os registros de consulta local e de empréstimo de livros são oscilantes e permitem
visualizar o movimento de ambos os serviços da circulação do acervo.
71
Gráfico 3 – Consulta e Empréstimo
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
A atividade de recuperação de artigos científicos compreende o atendimento de
solicitações de busca bibliográfica (simples e avançada) e recuperação de artigos por
comutação nacional e internacional, estas atividades podem ser recebidas presencialmente ou
por e-mail. Apresentam-se os registros das solicitações recebidas por e-mail pela relevância
deste tipo de atendimento para a referida biblioteca, bem como o vultoso e crescente registro
de busca bibliográfica e de comutação.
Gráfico 4 – Recuperação de artigos científicos
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
72
Os dados apresentados a seguir referem-se à orientação para uso da biblioteca, bem
como dos recursos de informação para acesso e recuperação das informações disponíveis na
internet para a área de saúde. Observa-se um decréscimo nos registros nos anos observados.
Gráfico 5 - Orientação e treinamentos no uso das bases de dados, portal etc.
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
Outros serviços que merecem destaque são os de acesso à internet; elaboração de ficha
catalográfica – serviço que pode ser solicitado presencialmente ou por e-mail, voltado para a
padronização da descrição e dos assuntos das dissertações e teses; impressão de pequenos documentos,
trabalhos acadêmicos e/u artigos, até no máximo 30 folhas. Ao usuário, professores e funcionários é
permitido também o agendamento da sala de vídeo para estudo, discussão de casos e outras demandas
de grupo de estudos. Tais dados apresentam uma oscilação variando no crescimento e decréscimo no
período dos anos citados.
73
Gráfico 6 - Outros serviços
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
O quadro de produtos de informação demonstra os oferecidos e versão eletrônica.
Recomenda se, nesta área, que os produtos sejam ou estejam em suporte ou formato
eletrônico possibilitando alcançar os usuários que não podem ir no ambiente da biblioteca,
dessa forma, possibilita se o contato ou informe por meio destes produtos.
Quadro 1 – Relação de produtos de informação
TIPO
Boletins informativos
Catálogos
Folder
Guia de uso da biblioteca
Quadro de alerta/mural
Relatório de atividades
Sumários correntes monografias
Sumários correntes periódicos
Página institucional - www.bibliotecadohucff.ufrj.br
Lâmina de orientação para acesso ao portal capes
Lâmina de orientação - ficha catalográfica
Lâmina de orientação - uso da sala multimídia
OFERECE S/N
S
S
S
S
S
S
N
N
S
S
S
S
SUPORTE
ELETRÔNICO
E
E
E
E
E
E
E
Legenda: S – sim, N – Não, E - Eletrônico
Fonte: Relatório de atividades da Biblioteca HUCFF (2014).
Os resultados do atendimento prestado demonstram de uma forma geral o esforço da
biblioteca para bem exercer seu papel de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão. Percebe-se
na maioria das atividades o cumprimento de sua função por meio dos serviços e produtos que
74
organiza e oferece. No serviço de referência constata-se uma movimentação no atendimento
que cresce e decresce no período de 2012 a 2013. A página institucional da biblioteca, criada
no ano de 2013, representa uma ação importante para possibilitar a comunicação, divulgação
de serviços e produtos, além de promover a recuperação e o acesso de informações científicas
via biblioteca.
Figura 11 – Página institucional da biblioteca do HUCFF.
URL: www.bibliotecahucff.ufrj.br
Fonte: Página institucional da Biblioteca do HUCFF (2014)
A biblioteca é o lócus privilegiado para o aludido processo de literacia, e, para o
bibliotecário, este passa a ser um compromisso assumido perante os seus usuários.
Compromisso ratificado pelas inúmeras declarações e recomendações de órgãos nacionais e
internacionais.48.
Na seção subseqüente, descrevem se as principais fontes de informação que atendem
as demandas relacionadas tanto com os estudos em andamento dos usuários em atividade de
pesquisa quantos aos relacionados à atualização e tomada de decisão em saúde.
48
Declaração de Braga. Literacia dos media; Declaração de Moscou; Recomendaciones IFLA sobre
Alfabetización Informacional Y Mediática; Declaração de Maceió, Alagoas (Brasil)
75
3.2.3 Fontes de informação na área de Saúde
Para Mueller (2000, p. 22) uma pesquisa gera uma diversidade de publicações que
variam em formato, suporte e função. Para a autora “o conjunto dessas publicações, que
chamamos de literatura científica, permite expor o trabalho dos pesquisadores ao julgamento
constante de seus pares, em busca do consenso que confere a confiabilidade”
Ainda de acordo com Mueller (2000) é importante considerar que a área científica
envolve muitas e diferentes atividades de comunicação entre os pesquisadores que de acordo
com suas características podem ser chamadas de comunicação informal (além da formal),
sendo que o conjunto das atividades inerentes a estes aspectos se constitui no sistema de
comunicação científica de uma determinada área da ciência.
Cunha (2008, p. 172) define que as fontes de informação constituem a “origem física
da informação, ou lugar onde pode ser encontrada. Tanto pode ser uma pessoa, como uma
instituição ou um documento. Podem ser primárias, secundárias ou terciárias de acordo com a
natureza da informação”. Uma outra acepção para fonte de informação, destacada por Araújo
(2006 apud PAWLOWSKI; ALMEIDA, 2012, p. 2) considera “qualquer documento, dado ou
registro que forneça aos usuários de bibliotecas ou de serviços de informação, informações
que possam ser acessadas para responder a certas necessidades”.
Oliveira, Almeida e Quintela (2013, p. 994) comentam que “atualmente, classificar os
tipos de fontes de informação não é uma tarefa fácil. (...) Distinguir com clareza as diferenças
entre eles, o volume, o formato em que ocorrem e os tipos de publicações demanda uma
avaliação criteriosa”.
Na área de saúde existem bases de dados e fontes de informação tradicionais. Na
maioria diferem em termos de sua origem organizacional e/ou editorial; podem ser de origem
pública ou privada; ser de acesso livre ou controlado. Tal diversidade favorece as pesquisas
por um lado e desfavorece por outro, pois seu volume também requer maior capacidade de
gestão e entendimento para uso.
Considerando a contribuição de Cunha e Cavalcante (2008, grifo nosso) relacionam-se
os principais conceitos que o usuário precisa entender para uso dos serviços (tarefa levada a
efeito pelos bibliotecários da referida biblioteca, dada à importância do entendimento de tal
diferenciação”.
Tais conceitos remetem às diferentes características das fontes de informação,
incluindo-se as disponibilizadas na Internet. São elas:
76
Biblioteca - “coleção organizada de registros da informação, assim como os serviços e
respectivo pessoal, que têm a atribuição de fornecer e interpretar esses registros, a fim de
atender às necessidades de informação de seus usuários” (CUNHA e CAVALCANTE, 2008,
p. 48).
Biblioteca virtual - “acervo informacional eletrônico que pode ser acessado, de forma
remota, e que está hospedado em diversos computadores”(CUNHA e CAVALCANTE, 2008,
p. 53).
Biblioteca digital - “armazena documentos e informações em forma digital em sistema
automatizado” (CUNHA e CAVALCANTE, 2008, p. 50).
Portal - “principal porta de entrada para navegação. Em geral inclui vários tipos de
recursos, tais como: correio eletrônico, fóruns de discussão, mecanismos de busca” (CUNHA
e CAVALCANTE, 2008, p. 48).
Diretório - “lista de pessoas ou organizações, contendo informações como endereço,
afiliação, formação profissional, dentre outras” (CUNHA e CAVALCANTE, 2008, p. 127).
Bases de Dados - “contém registros automatizados, relativos a documentos e itens
bibliográficos. Pode, ou não, conter resumos e é formada por
Uma série de registros bibliográficos ligados entre si, onde cada um em geral
apresenta uma combinação dos seguintes componentes: número do
documento, título, autor, referência da fonte, resumos, texto integral, termos
ou expressões de indexação, citações ou quantidade de referências,
instituição de origem do documento, ou endereço do autor, ou ambos, língua
do documento-fonte, informação de uso interno, como números de
classificação ou localização. (CUNHA e CAVALCANTE, 2008, p. 44)
Neste caso especifico da pesquisa em curso, ambientada na área da saúde cabe a
referida diferenciação, pois os recursos utilizam estas nomenclaturas, mesmo que na sua
origem reúnam diferentes conceitos e/ou tipos de recursos.
Ressaltamos como exemplo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) de responsabilidade
da Bireme. Trata-se de uma biblioteca virtual que arranja e disponibiliza diferentes fontes de
informação e/ou recursos de acesso, tais como o SCAD (serviço de comutação bibliográfica),
o LIS (localizador de informações em saúde), LILACS e MEDLINE (bases de dados),
Bibliotecas Virtuais por temas ou países49, Diretório de eventos50, Descritores em Ciências da
Saúde (DECS) dentre outros. A BVS também pode ser caracterizada como um portal que
agrupa o elenco descrito.
49
50
http://regional.bvsalud.org/php/bvsnet.php?lang=pt&country=BR&network=bvs.
http://bvsalud.org/direve/.
77
Cunha (1989, p. 45) define que “as bases de dados são fontes de informação
computadorizadas que podem ser pesquisadas num modo interativo ou conversacional através
de um terminal de computador”. O autor destaca dois tipos bases de dados: as referenciais e as
de fonte (CUNHA, 1989). A figura 12 a seguir apresenta a classificação de Cunha acrescida
de uma tipologia considerada por Rowley, conforme adaptação de Gomes (2010):
Figura 12 – Classificação de bases de dados
Fonte: GOMES, 2010
Segundo Cunha (1989, p. 46) as bases de dados referenciais “são aquelas que contêm
referências ou informações secundárias que identificam as várias fontes primárias. Estas bases
não dão a resposta completa a uma determinada pergunta, mas informam aonde o usuário
pode ir para obtê-la”. O autor as subdivide em bases de dados de diretórios e ou
bibliográficos.
As bibliográficas “contêm referências ou citações bibliográficas, com ou
sem resumos, da literatura publicada em periódicos, livros, jornais,
relatórios, patentes ou teses” e as de diretórios “são as que contêm
referências, com ou sem resumos ou sumários, de pessoas, organizações,
projetos de pesquisa, contratos (CUNHA, 1989, p. 46).
Para Cunha (1989, p. 47) as bases de dados de fontes “são aquelas que contêm a
informação completa (ou dados primários), as quais não requerem do usuário ir a outras
fontes para obter respostas. Elas são de quatro tipos básicos: numéricas, texto completo,
dicionário e gráficas”
Bases numéricas — são as que contêm séries estatísticas ou dados
numéricos. Em certos casos, os dados numéricos podem ser estatisticamente
manipulados para produzir tabelas ou gráficos. Elas também podem incluir
dados textuais. Bases de texto completo — são as que contêm o texto
78
completo de um documento, tais como decisões judiciais, legislação, artigos
de periódicos ou de jornais. Elas também podem conter dados numéricos.
Bases de dados de dicionários — são as que contêm manuais ou dicionários,
incluindo definições, nomenclatura química, propriedades físicas etc. Base
de dados gráficos — são as que contêm, sob a forma gráfica, fórmulas de
química orgânica, imagens de logotipos, desenhos, figuras e outros. É o mais
novo tipo de base de dados e exige software de comunicação que tenha
capacidade gráfica para fazer recuperações eficientes (CUNHA, 1989).
Uma questão importante que exerce grande influência ou determina o sucesso ou
insucesso do processo de busca é o tipo de indexação utilizada pelas bases de dados. Sem o
objetivo de aprofundar este aspecto, apresentamos alguns dos principais conceitos que os
envolvem. Lima e Boccato (2009, p. 136) declaram que indexação
É o processo de análise documentária que tem por finalidade identificar o
assunto de que trata o documento e representá-lo através de descritores de
uma linguagem documentária, de maneira a permitir a sua recuperação pelos
usuários de um sistema de informação.
Ainda no tocante às bases de dados, um aspecto de crucial importância refere-se aos
tipos de indexação adotados. Cintra (1983 apud ARAÚJO JUNIOR, 2007, p. 21) define a
indexação como “tradução de um documento em termos documentários, isto é, em
descritores, cabeçalhos de assunto, termos-chave, que têm por função expressar o conteúdo do
documento”. Podem ser do tipo manual e automática.
A indexação manual ou intelectual ou códigos de indexação realizada por
um ser humano. Estes termos serão selecionados e atribuídos por
indexadores com base no julgamento subjetivo realizado acerca do conteúdo
do documento, ou escolhem termos que tenham probabilidade de virem a ser
procurados por um usuário no futuro (ROWLEY, 2002 apud ARAÚJO
JUNIOR, 2007, p. 24).
A indexação automática, na visão de Araújo Junior (2007, p. 24) “é qualquer
procedimento que permita identificar e selecionar os termos que representam conteúdo dos
documentos sem intervenção direta do documentalista”. Podem ser divididas em dois tipos.
Na indexação por extração automática, palavras ou expressões que aparecem
no texto são extraídas, por um programa de computador, e utilizadas para
representar o conteúdo do texto como um todo, adotando-se critérios de
freqüência, posição e contexto O programa vai contar as palavras num texto,
desde que ele tenha sido cotejado com uma lista de palavras proibidas, a fim
de eliminar palavras não-significativas (artigos, preposições, conjunções,
etc.), e em seguida ordenar essas palavras segundo a frequência de sua
ocorrência. As palavras com maior número de ocorrências são escolhidas
como os descritores do documento.
Na indexação por atribuição automática é necessário desenvolver, para cada
termo a ser atribuído, um "perfil" de palavras ou expressões que costumam
ocorrer frequentemente nos documentos às quais um indexador humano
79
atribuiria esse termo. Se a cada termo de um vocabulário controlado
correspondesse um perfil desses, seria possível utilizar programas de
computador para cotejar as expressões importantes num documento
(essencialmente aquelas que fossem extraídas segundo critérios de
freqüência) com essa coleção de perfis, atribuindo um termo
A respeito da utilidade da terminologia, das palavras-chave e descritores em saúde,
Castro (2001, p.51) admite que “o uso do vocabulário estruturado permite ao pesquisador
recuperar a informação com o termo exato utilizado para descrever o conteúdo daquele
documento científico”. Especificamente na área médica, existem diversos vocabulários: um
exemplo é a Classificação Internacional de Doenças (CID) de responsabilidade da
Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabelece códigos para classificação de doenças.
Para recuperação da informação na área da saúde, ressaltamos os vocabulários
controlados Medical Subject Headings (MESH )51 e Descritores em Ciências da Saúde
(DECS)52.
O MESH é um vocabulário controlado especializado em ciências da saúde e produzido
pela National Library of Medicine (NLM). É amplamente utilizado na indexação de artigos de
revistas biomédicas da base de dados MEDLINE / PubMed além de outras bases de
responsabilidade da NLM. Sua estrutura consiste em conjuntos de termos de descritores em
uma estrutura hierárquica, que permite pesquisar em vários níveis de especificidade, seus
registros apresentam o termo (descritor), qualificadores (aspectos) para os descritores e
conceitos complementares. As figuras 13 e 14 a seguir, referem-se ao formulário de consulta
do MESH e a estrutura de apresentação dos termos.
Figura 13 - Página principal de pesquisa do MESH.
URL: http://www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html
Fonte: MESH (2014)
51
52
http://www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html
http://decs.bvs.br/
80
Figura 14 - Estrutura de apresentação dos termos MESH
Fonte: MESH (214)
O DECS é um vocabulário estruturado e trilíngüe. Foi criado pela BIREME para uso
na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos, relatórios técnicos,
e outros tipos de materiais, assim como para ser usado na pesquisa e recuperação de assuntos
da literatura científica nas bases de dados LILACS, MEDLINE e outras. Foi desenvolvido a
partir do MESH, sendo sua finalidade principal servir como uma linguagem única para
indexação e recuperação da informação. A Bireme acrescentou os termos específicos das
Saúde Pública, Homeopatia, Ciência e Saúde e Vigilância Sanitária. As figuras 15 e 16
apresentam o campo de busca de termos do DECS e layout de apresentação dos termos. A
figura 17 tem relação com a figura 16 e mostra a hierarquia do termo Information Literacy.
Para ser visualizado o usuário deverá clicar na categoria do descritor.
81
Figura 15 - Página de consulta do DECS
URL: http://decs.bvs.br/
Fonte: DECS (2014)
Figura 16 - Estrutura de apresentação dos termos DECS
Fonte: DECS (2014)
Figura 17 – Hierarquia do termo ‘information literacy’no DECS
Fonte: DECS (2014)
82
Os vocabulários se diferem no layout e forma de apresentação dos termos, o MESH
permite a visualização do termo, conceito, qualificadores (aspectos) e hierarquia. Além disso,
permite associar o termo identificado imediatamente à pesquisa no Pubmed. O DECS
apresenta o termo em 3 línguas, sinônimos do termos, categoria (hierarquia) definição,
qualificadores e frequência nas bases de dados. Ele permite a busca em português, bem como
identificar termos relacionados ao tema das Saúde Pública, Homeopatia, Ciência e Saúde e
Vigilância Sanitária. Dessa forma, existe uma distinção de forma, mas principalmente de
conteúdo real exigindo dos atores sociais, de acordo com suas questões de busca, utilizar
ambas as versões do vocabulário.
A existência destes vocabulários exige do pesquisador conhecer sua forma de
estruturação, organização e sentido de uso nas bases de dados. Estes vocabulários podem
apresentar limitações de representação, como a não existência de um termo. De início, o uso
dos vocabulários exige a participação efetiva do bibliotecário.
Dentre as variadas bases de dados gerais em ciências da saúde, somente utilizam os
termos do DECS e MESH a LILACS (Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde) no
campo de busca “Descritores de assunto e a MEDLINE/Pubmed (Literatura Internacional em
Ciências da Saúde) no campo de busca - MESH Terms.
Fig. 18 – Campos de busca da LILACS e Pubmed
Fonte: Lilacs e Pubmed (2014).
Arrolamos a seguir as principais bases de dados que sustentam as buscas de
informação realizadas na biblioteca do HUCFF.
3.2.3.1 As Bases de dados mais utilizadas na Biblioteca do HUCFF
Destacamos a seguir os principais recursos de informação na área de saúde utilizados,
tendo em vista as demandas dos usuários da referida biblioteca.
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – de responsabilidade do Centro LatinoAmericano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), estabelecido no
Brasil desde 1967, em colaboração com Ministério de Saúde, Ministério da Educação,
83
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e Universidade Federal de São Paulo. É uma rede
de fontes de informações em ciências da saúde, de livre acesso, reúne bases de dados gerais e
especializadas, o vocabulário DECS e bibliotecas virtuais especializadas nas áreas da saúde.
A figura 19 refere-se a página principal da BVS, onde são disponibilizadas as bases de dados
LILACS, MEDLINE, o DECS dentre outras fontes.
Figura 19 – Página da BVS
URL: http://regional.bvsalud.org/php/index.php
Fonte: BVS (2014)
Além das BVS em Ciências da Saúde, outras bibliotecas especializadas são
desenvolvidas por instituições nacionais e internacionais, orientadas pelo mesmo modelo
LILACS (BVS, 2014).
A metodologia LILACS compreende “componentes integradores: normas, padrões,
metodologias e aplicativos comuns adotados por todas as instâncias BVS para sua integração
numa única rede. Incluem as terminologias, por exemplo, o vocabulário DeCS, manuais e
softwares para a gestão e operação das fontes e fluxos de informação na BVS” (BIREME,
2014). As bibliotecas virtuais temáticas são desenvolvidas a partir da Metodologia LILACS e
oportunizam visibilidade e acesso para as informações científicas de instituições nacionais e
internacionais. Podem ser categorizadas como temáticas ou institucionais. A seguir, na figura
20, apresentamos a BVS temática “Aleitamento Materno” da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) e na, figura 21, a BVS institucional do Instituto Evandro Chagas.
84
Figura 20 – Página da BVS Aleitamento Materno53.
URL: http://www.bvsam.icict.fiocruz.br/php/index.php
Fonte: BVS (2014)
Figura 21 – Página da BVS Instituto Evandro Chagas
URL: http://bvs.iec.pa.gov.br/php/index.php
Fonte : BVS (2014)
LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. É um
índice bibliográfico da literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da
América Latina e Caribe, a partir de 1982. Registros bibliográficos de artigos publicados em
periódicos da ciência da saúde, além de outros tipos de literatura científica e técnica como
53
http://www.bvsam.icict.fiocruz.br/php/index.php
85
teses, monografias, livros e capítulos de livros, trabalhos apresentados em congressos ou
conferências etc.
Endereço eletrônico: http://lilacs.bvsalud.org/. Acesso Público. Utiliza campo descritor
de assunto.
MEDLINE – Literatura Internacional em Ciências da Saúde. É uma base de dados da
literatura internacional da área médica e biomédica, produzida pela NLM (National Library of
Medicine, USA) e que contém referências bibliográficas e resumos de títulos de revistas
publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. As áreas são: medicina, biomedicina,
enfermagem, odontologia, veterinária e ciências afins. A atualização da base de dados é
mensal.
Endereço
eletrônico:
http://bases.bireme.br/cgi-
bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&base=MEDLINE&lang=p.
Acesso
Público. Utiliza campo descritor de assunto.
BDENF – Base de dados de enfermagem. Fonte de informação composta por
referências bibliográficas da literatura técnico-cientifica brasileira em Enfermagem. Sua
operação, manutenção e atualização é coordenada pela Escola de Enfermagem da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Centros Cooperantes Rede BVS
Enfermagem. Contém artigos das revistas mais conceituadas da área de Enfermagem, e outros
documentos tais como: teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências,
relatórios
técnico-científicos
e
publicações
governamentais.
Endereço
eletrônico:
http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&base=BDENF&lang=p. Acesso Público.
Campo Descritor de assunto.
Biblioteca Cochrane – Consiste de uma coleção de fontes de informação atualizada
sobre medicina baseada em evidências, incluindo a Base de Dados Cochrane de Revisões
Sistemáticas - que são revisões preparadas pelos Grupos da Colaboração Cochrane. O acesso
à Biblioteca Cochrane através da BVS está disponível aos países da América Latina e Caribe,
exclusivamente. Endereço eletrônico: http://evidences.bvsalud.org/php/index.php?lang=pt.
Acesso Público. Não usa termos DECS.
PUBMED – Literatura Internacional em Ciências da Saúde. É uma base de dados da
literatura internacional especializada em ciências biológicas, medicina, enfermagem,
odontologia, medicina veterinária e saúde pública. Produzida pela NCBI da NLM (National
Library of Medicine, USA) contém referências bibliográficas e resumos títulos de revistas
científicas e diversas bases de dados especializadas de acesso público. Bases especializadas:
86
GENOME – Informações sobre o Genoma; NUCLEOTIDE – Informações sobre Genoma
Humano; STRUCTURE - Base especializada em Estruturas Moleculares; PROTEIN Informações sobre Seqüenciamento protéico; TAXONOMY - Base especializada em
Taxonomia; PMC - PubMed Central - Busca em Revistas Eletrônicas (texto completo);
JOURNALS - Informações sobre Periódicos (título, título abreviado, ISSN, etc.); BOOKS Base de dados especializada em Livros; OMIM - Base específica sobre Genes Humanos e
Hereditariedade. Endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrezNLM. Acesso
Público. Campo Mesh terms.
Portal de Periódicos da Capes, um serviço brasileiro de informação científica
desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
do Ministério da Educação. Disponibiliza documentos nacionais e internacionais (periódicos
científicos, teses, livros, patentes etc.) de todas as áreas com acesso gratuito. Endereço
eletrônico: www.periodicos.capes..gov.br. Acesso controlado. Campo de pesquisa simples e
avançada. A figura 22 apresenta o Portal de periódicos Capes que disponibiliza busca por
assunto, periódicos, livros e base de dados. As buscas mais recentes são as por assunto e de
livros. Observa-se com relação a busca por assunto que esta oportuniza fazer o levantamento
em todas as bases de dados presentes no portal ou nas bases selecionadas pelo usuário.
Figura 22 – Página do Portal de periódicos Capes.
URL: www.periodicos.capes.gov.br
Fonte: Portal de Periódicos Capes (2014).
87
Convém apontar com relação às bases de dados e portais até aqui descritos que estes
são os recursos com maior reconhecimento na área de saúde para buscas e recuperação da
informação técnica científica. A BVS reúne e organiza fontes especializadas na área de saúde
e o Portal de Periódicos da Capes reúne e organiza diferentes fontes de todas as áreas do
conhecimento oportunizando a identificação por meio da busca avançada, por exemplo,
identificar as bases de dados por área do conhecimento e subárea como demonstra a figura 23.
Figura 23 – Formulário de busca de bases de dados por área e subárea do conhecimento
Fonte: Porta de Periódicos da Capes (2014)
SCOPUS. É uma base de dados de resumos e de citações da literatura científica e de
fontes de informação de nível acadêmico na Internet. Indexa mais de 15 mil periódicos, cerca
de 265 milhões páginas da Internet, 18 milhões de patentes, além de outros documentos.
Cobre as seguintes áreas Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Físicas, dentre
outras
é
uma
BD
multidisciplinar
Elsevier.
Endereço
eletrônico:
www.periodicos.capes.gov.br. Acesso restrito. Campos de busca article title, abstract,
keywords.
Web of Science. É uma base multidisciplinar que indexa somente os periódicos mais
citados em suas respectivas áreas. É também um índice de citações, informando, para cada
artigo, os documentos por ele citados e os documentos que o citaram. Possui hoje mais de
9.000 periódicos indexados. É composta por: Science Citation Index, Social Sciences Citation
Index, Arts and Humanities Citation Index. A partir de 2012 o conteúdo foi ampliado com a
inclusão do Conference Proceedings Citation Index- Science (CPCI-S); Conference
Proceedings Citation Index - Social Science & Humanities (CPCI-SSH). Thomson Scientific.
88
Endereço eletrônico: www.periodicos.capes.gov.br. Acesso restrito, campos de busca tópico
(título, resumo e palavras-chave).
CINAHL – Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature. É a base da
Ebsco que indexa periódicos científicos sobre enfermagem e áreas correlatas de saúde,
fornecendo o texto completo a mais de 630 dos periódicos indexados. Endereço eletrônico:
www.periodicos.capes.gov.br. Acesso restrito.
PsycINFO (APA). É uma base de dados em psicologia, educação, psiquiatria, ciências
sociais.
Contém
resumos
de
artigos
publicados
em
periódicos
internacionais.
(Aproximadamente 1.500.000 registros). PsycINFO indexa periódicos, livros, resenhas e
dissertações.
American
Psychological
Association
(APA).
Endereço
eletrônico:
www.periodicos.capes.gov.br. Acesso restrito.
Banco de Teses - Relaciona as teses e dissertações defendidas a partir de 1987. As
informações são fornecidas diretamente à Capes pelos programas de pós-graduação, que se
responsabilizam
pela
veracidade
dos
dados.
Endereço
eletrônico:
http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/. Acesso livre.
Portal Saúde Baseada em Evidências - Criado pelo Ministério da Saúde em parceria
com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) fornece
acesso ao conhecimento científico por meio de publicações atuais e sistematicamente
revisadas. As informações, providas de evidências científicas são utilizadas para apoiar a
prática clínica, como também a tomada de decisão para a gestão em saúde e qualificação do
cuidado, auxiliando assim os profissionais da saúde, figura 24.
Público-Alvo: Os conteúdos estão disponíveis para os profissionais de saúde
vinculados ao respectivo Conselho Profissional.
Terão acesso à pesquisa os profissionais das áreas de Biologia, Biomedicina,
Educação
Física,
Enfermagem,
Farmácia,
Fisioterapia
e
Terapia
Ocupacional,
Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço
Social.
89
Figura 24 – Página do Portal Saúde Baseada em Evidências
Fonte: Portal Saúde Baseada em Evidências (2014)
Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil - Constitui-se no inventário dos grupos de
pesquisa em atividade no País. As informações nele contidas dizem respeito aos recursos
humanos constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), às linhas de
pesquisa em andamento, às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação
envolvidos, à produção científica, tecnológica e artística e às parcerias estabelecidas entre os
grupos e as instituições, sobretudo com as empresas do setor produtivo. Os grupos de
pesquisa inventariados estão localizados, principalmente, em universidades, instituições
isoladas de ensino superior, institutos de pesquisa científica e institutos tecnológicos
(PLATAFORMA LATTES, 2014). Para a pesquisa científica e para o levantamento da
literatura cabe ressaltar que o currículo Lattes (figura 25) constitui-se num importante recurso.
Nele recomenda-se o levantamento de um tema e também por especialistas e/ou teóricos. Por
meio de pesquisa no currículo Lattes é possível visualizar a produção bibliográfica, técnica e
artística de um pesquisador, como demonstra a figura 26.
90
Figura 25 – Currículo Lattes.
URL: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar
Fonte: Plataforma Lattes (2014)
Figura 26 – Menu para acesso à produção bibliográfica, técnica e artista do currículo lattes
URL: http://lattes.cnpq.br/0101373055224300
Fonte: Plataforma Lattes (2014)
Tendo arrolado e descrito brevemente as principais bases de dados utilizadas na
Biblioteca do HUCFF, apontamos os princípios da prática e da medicina baseada em
evidências – MBE com o objetivo de introduzir a subseção tratada a seguir, referente à
revisão sistemática, por estes fundamentarem este tipo de publicação que congrega um
conjunto de evidências.
Tais princípios fundamentam-se no sistema de comunicação na ciência. Em relação a
este aspecto, Mueller (2000, p. 21-22) considera
91
Todo trabalho intelectual de estudiosos e pesquisadores depende de um
intrincado sistema de comunicação, que compreende canais formais e
informais, os quais os cientistas utilizam tanto para comunicar os resultados
que obtêm quanto para se informarem dos resultados alcançados por outros
pesquisadores. Assim, toda pesquisa envolve atividades diversas de
comunicação e produz pelo menos uma publicação formal.
Greenhalgh (2008, p. 19) consideram que a MBE
É o uso de estimativas matemáticas do risco de benefício e de dano
derivadas de pesquisas de alta qualidade sobre amostras populacionais para
informar a tomada de decisões clínicas no diagnóstico, na investigação ou no
manejo de pacientes individuais.
Ainda com relação a MBE Sackett et al (1996 apud BERAQUET; CIOL 2010, p.131)
destacam
Por dedicar especial atenção à condução do desenho da pesquisa e à análise
estatística, baseando-se nos métodos de epidemiologia e na avaliação crítica
da literatura, o uso de informação é, segundo Sackett et al. (1996) , a
essência da MBE, que, por sua vez, amplia o trabalho dos profissionais da
saúde (e da informação) como produtores e consumidores da mesma
Já a PBE segundo Atallah (1996 apud BERAQUET; CIOL, 2010, p. 131). “diminui a
ênfase da atuação clínica baseada apenas na intuição e em experiências não sistematizadas
para fundamentá-la em provas científicas rigorosas e adequadas”.
Segundo Beraquet e Ciol (2010, p. 132) a busca para atender aos princípios da PBE e
MBE pressupõe conhecimento das estruturas, linguagens e outros elementos essenciais da
organização da informação. Do mesmo modo que a pesquisa e recuperação da informação
especializada, ou seja, a busca
Pressupõe conhecimento das estruturas, linguagens e outros elementos
essenciais da organização da informação. O domínio dessas habilidades em
níveis mais altos de eficiência pressupõe treinamento especializado e
experiência substancial. Também o volume de informação constante na
literatura da área da saúde exige habilidades de busca bastante complexas e o
médico, ao não encontrar resposta para sua pergunta, normalmente, atribui o
fato à inexistência da mesma, quando a razão pode estar nos erros em sua
estratégia de busca.
Tais princípios estão relacionados a fontes e a buscas destas na complexas plataformas
e recursos informacionais. Para a PBE e MBE as fontes são categorizadas de acordo com
Greenhalgh numa pirâmide de evidências. Devemos acrescentar que os princípios envolvidos
na MBE encontram-se relacionados à revisão sistemática, na medida também em que a
92
elaboração desta publicação impõe a adoção de rigorosos procedimentos metodológicos. A
revisão sistemática, por sua importância, será examinada a seguir.
3.2.3.2 A Revisão sistemática
A figura 27 a seguir consiste numa pirâmide de evidências que mostra uma hierarquia
dos tipos de estudos de evidências.
Figura 27 - Pirâmide – hierarquia das evidências
Fonte: SAMPAIO; MANCINI (2007, p. 85)
Os níveis de evidência estão relacionados à qualidade metodológica dos estudos para
tratamento e prevenção. As fontes são hierarquizadas de acordo com o grau de confiança que
representa cada tipo de estudo.
A revisão sistemática (RS) “constitui um método moderno para a avaliação de um
conjunto de dados simultaneamente. [...] é mais freqüentemente utilizada para se obter provas
científicas de intervenções na saúde” (ATALLAH; ALDEMAR, 1997, p. 20). De acordo com
Greenhalgh (2008, p. 134) a RS:
É um resumo de estudos primários que: contém uma descrição de objetivos,
materiais e métodos; foi realizada de acordo com a metodologia explícita,
93
transparente e reprodutível, as mais duradouras e úteis, notadamente são
aquelas realizadas pela Cochrane Collaboration, são regulamente
atualizadas para incorporar novas evidências.
Segundo Soares (2013, p. 16) a RS “trata-se de um método sistemático utilizado para
encontrar e avaliar criticamente todas as evidências científicas disponíveis sobre uma questão
de pesquisa”. Em sua maioria, as RS seguem o modelo Cochrane que recomenda a criação de
um protocolo prévio para a seleção e análise dos estudos (SOARES, 2013, p. 16). A figura 28
a seguir consiste no exemplo de uma revisão sistemática.
Figura 28 - Delimitação das cinco fases da elaboração de uma revisão sistemática
(1) Escolha do tema
(4) Elaboração
do plano de
trabalho
(2)
Identificação e
localização
(3) Compilação
e leitura
(5) Análise e
interpretação
An
Fonte: Esquema baseado e adaptado. Soares (2013, p. 16).
An
A The Cochrane Collaboration54 oferece no Cochrane Handbook for Systematic
Reviews of Interventions (2011) os passos recomendados para elaboração das RS. Castro
(2013) apud (SOARES, 2013, p. 16) apresentam as principais etapas para tal:
1. Formulação da pergunta - questões mal formuladas levam a decisões
obscuras sobre o que deve ou não ser incluído na revisão. Na formulação da
pergunta deve ser definido o tipo de Paciente, Intervenção, Comparação e
Objetivo (PICO), formato também utilizado nas pesquisas baseadas em
evidências;
2. Localização e seleção dos estudos;
54
É uma organização independente, sem fins lucrativos da qual fazem parte colaboradores de mais de 120 países
que trabalham em conjunto para produzir, as informações sobre saúde de credibilidade acessíveis e estás sejam
livres de patrocínios comerciais e outros conflitos de interesse. Fonte: http://www.cochrane.org/about-us. A
Cochrane Collaboration, que ganhou notoriedade por produzir as Revisões Cochrane, consideradas por muitos
as fontes de evidência mais compreensivas, confiáveis e relevantes da literatura científica. O nome Cochrane é
uma homenagem a Archie Cochrane, autor do influente livro Effectiveness and Efficiency: Random
Reflectionson Health Services, lançado em 1972 (LADEIRA; ALONSO, 2013, p. 302).
94
3. Avaliação crítica dos estudos - todos os critérios de inclusão e exclusão
devem ser descritos e rigorosamente seguidos para determinar a validade dos
estudos selecionados e qual a probabilidade de suas conclusões estarem
baseadas em dados viciados.
4. Coleta de dados - os formulários de coleta de dados devem ser
padronizados e elaborados previamente ao levantamento dos estudos, a fim
de garantir que os dados não foram definidos de forma post hoc, pois a
exploração das informações em uma busca de resultado favorável à hipótese
dos autores pode gerar falso-positivos;
5. Análise e apresentação dos dados;
6. Interpretação dos dados;
7. Aprimoramento e atualização da revisão - uma vez publicada a revisão
poderá sofrer críticas e/ou sugestões que devem ser incorporadas às edições
subseqüentes, caracterizando uma publicação viva, e ainda ser atualizada
cada vez que surjam novos estudos sobre o tema.
Este processo tem início na busca das evidências, com a identificação e definição dos
termos ou palavras-chave, seguindo da elaboração das estratégias de busca, seleção e
definição das bases de dados e outras fontes de informação que serão utilizadas para coleta
das fontes a serem pesquisadas. Dentre outras etapas, ilustradas no esquema abaixo (figura
29) elaborado por Oxman (1994) apud (SAMPAIO; MANCINI, 2007, p. 86).
95
Figura 29: Esquema de elaboração das revisão sistemática.
Fonte: Oxman (1994) apud Sampaio e Mancini (2007, p. 86).
O anexo D mostra em gráfico o fluxograma das fases de uma revisão sistemática sobre
não adesão de usuários de drogas em intervenções por telemedicina55
As metanálises, que caracterizam-se como revisões que “lançam mão de métodos
estatísticos para sumarizar os resultados dos estudos primários sob parâmetro clínico-
55
MOREIRA, Taís de Campos et al . Não adesão em intervenções por telemedicina para usuários de
drogas: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública, v. 48, n. 3, June 2014.
96
epidemiológico” (SOARES, 2013, p. 16) aparecem, como visto na figura 26 no topo da
pirâmide de evidências.
Outra revisão, bastante utilizada, é a integrativa (RI). Segundo Soares (2003, p. 17)
trata-se de “um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da
aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática”. Diferencia-se da RS, pois o
processo de elaboração, ou seja, o protocolo, pode ser definido pelos seus autores.
Seguindo a hierarquia mostrada na figura 26 (de cima para baixo) temos o Ensaio
Clínico Controlado Aleatório. Segundo o DECS (2014) este
Envolve pelo menos um tratamento teste e um tratamento controle, de início e
seguimento simultâneos dos grupos teste e controle, e nos quais os tratamentos a
serem administrados são selecionados por processo aleatório, como o uso de uma
tabela de números aleatórios.
A seguir, o Estudo de coorte é o “Estudo epidemiológico analítico caracterizado pela
observação de grupos que diferem quanto ao nível de exposição a determinado fator, durante
um período longo, para os quais as taxas de incidência podem ser calculadas e comparadas”
(DECS, 2014).
O Estudo de caso-controle, segundo o DECS (2014) consiste em
Estudos epidemiológicos observacionais nos quais grupos de indivíduos com
determinada doença ou agravo (casos) são comparados com grupos de
indivíduos sadios (controles) em relação ao histórico de exposição a um
possível fator causal ou de risco.
Epidemiologia experimental é o nome dado pelo DECS ao nível que, na pirâmide de
evidências, recebe o nome de “estudos quase experimentais”. Trata-se do “campo da
epidemiologia no qual os estudos se caracterizam pelo controle de condições e intervenções
por parte do pesquisador” (DECS, 2014).
Epidemiologia descritiva refere-se aos “estudos descritivos”, nomenclatura adotada
pelo DECS. Refere-se ao “Campo da epidemiologia que visa organizar dados relacionados à
saúde de acordo com as variáveis tempo, lugar e pessoa” (DECS, 2014).
Na base da pirâmide, encontram-se os “Relatos de Casos”. Segundo o DECS estes são
“apresentações clínicas que podem ser seguidas pelos estudos avaliativos que conduzem
eventualmente a um diagnóstico (DECS, 2014).
As evidências descritas no conjunto desta seção, presentes na pirâmide de evidências e
que incluem as RS, são, em sua maioria, artigos de periódicos científicos. O volume destes
nas bases de dados compreende milhões de documentos. Por exemplo: no que diz respeito
apenas ao tema, “hiv infection”, a base de dados Pubmed disponibiliza, até o presente ano de
97
2014, o total de 3632 RS. De acordo com o protocolo do Cochrane Handbook, a busca e a
identificação das fontes deverão privilegiar todas as bases de dados selecionadas e/ou
existentes para a área da saúde. O domínio destes recursos é uma das funções do bibliotecário
especializado na área da saúde, sendo a biblioteca o ambiente onde tal expertise é requerida.
98
4 INTERAÇÃO DOS ATORES NO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE LITERACIA
EM INFORMAÇÃO
Nesta seção discorremos sobre o processo de interação no âmbito da Biblioteca do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, focalizando a mediação realizada pelo
bibliotecário junto ao pesquisador no processo de obtenção de literacia em informação.
Procura-se demonstrar que a literacia em informação nutre-se necessariamente das interações
entre os dois atores sociais envolvidos no processo – bibliotecário e pesquisador –
entendendo-se que há papéis distintos, porém complementares, desempenhados por tais
atores, destacando-se a mediação a cargo do primeiro.
Trata-se de um estudo de caso para o qual recorremos a procedimentos metodológicos
a seguir descritos e que consistiram em pesquisa documental e na observação participante
para a análise de exemplos considerados emblemáticos. Estes serão apresentados como
segunda parte da presente seção.
4.1 Procedimentos metodológicos
A metodologia da pesquisa é, segundo Minayo (2010, p.14) “o caminho do
pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. A autora mostra que a
metodologia “inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de
operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua
experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade) (MINAYO, 2010, p.14).
Ainda de acordo com Minayo (2010) ressaltamos a natureza qualitativa deste estudo,
pois conforme lembra a autora, este tipo de pesquisa “trabalha com o universo dos
significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”. Ela
também esclarece que “esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da
realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que
faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus
semelhantes” (MINAYO, 2010, p. 21). De fato, a experiência de trabalho em ambientes de
informação na área de saúde, especificamente no Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre
2002 e 2010 e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ desde
2010 até o presente ano de 2014, nos permite formular as questões que se apresentam na
presente pesquisa.
99
No que se refere ao delineamento deste estudo, concebemos que o mesmo consiste em
pesquisa descritiva e exploratória. Segundo Tobar e Yalour (2001, p. 69) e Gil (2002, p. 42)
as pesquisas descritivas “expõem características de determinada população ou determinado
fenômeno. Podem também estabelecer correlações entre variáveis”. Já a pesquisa exploratória
“é aquela realizada em áreas e sobre problemas dos quais há escasso ou nenhum
conhecimento acumulado e sistematizado” (TOBAR E YALOUR, 2001, p.69).
Assim, a presente pesquisa é descritiva do ponto de vista das características dos atores
sociais envolvidos – usuário e bibliotecário. É exploratória do ponto de vista da identificação
dos requisitos (conhecimentos) e dos trâmites (procedimentos): no caso deste estudo, como já
assinalado, consideramos que o processo de obtenção, pelo leitor, de literacia em informação
requer a mediação feita pelo bibliotecário e pressupõe forte interação destes atores.
Cabe esclarecer que, na nossa acepção, requisitos referem-se a conhecimentos dos
atores sociais, suas “expertises” que fundamentalmente determinam os trâmites do processo
em tela. Por parte do bibliotecário, trata-se do conhecimento das fontes, do seu uso, das
habilidades na recuperação de documentos relevantes e na experiência que lhe permite
compreender os limites e possibilidades, ou seja, as peculiaridades destas fontes para o
atendimento das necessidades de informação que a ele se apresentam. Por parte do
pesquisador, trata-se da clareza em relação à expressão de sua necessidade de informação ou
de aprender a delineá-la, com o apoio do bibliotecário, para uso ativo e adequado dos recursos
oferecidos pelas fontes de informação especializadas.
O trabalho que vimos desenvolvendo em bibliotecas da área de saúde ao longo de onze
anos nos leva a apontar que a dinâmica do trabalho de referência em bibliotecas desta área do
conhecimento implica essencialmente na interação que resulta da mediação do bibliotecário
junto ao usuário para utilização dos recursos de informação e das tecnologias a estes
associadas e disponíveis nas plataformas especializadas, na atividade de busca. Trata-se de
estágio crucial para a satisfação da necessidade de informação do usuário. Tal concepção
apóia-se em Dias56 (2002, p. 5) segundo o qual
A importância da função de busca está diretamente relacionada ao
conhecimento dos usuários e, especialmente no caso da informação
especializada, das complexas fontes de informação e de seus respectivos
instrumentos de acesso. A busca pressupõe um conhecimento das estruturas,
linguagens e outros elementos essenciais da organização da informação. O
domínio dessas habilidades em níveis mais altos de eficiência pressupõe
treinamento especializado e experiência substancial.
Dias (2002, p.5), cabe acrescentar, considera a “busca em sistemas de informação uma disciplina básica para
pós-graduação em Ciência da Informação.
56
100
Nesse sentido, sublinhamos que o uso de tais plataformas ou recursos informacionais
implica na mediação exercida pelo bibliotecário – que interpreta a demanda, localiza e aciona
os recursos – e exige uma interação destes atores, cabendo ao usuário o acompanhamento e
julgamento de cada procedimento. No conjunto os procedimentos implicam na escolha das
fontes de informação, no conhecimento da interface de recuperação (campos de busca), na
identificação dos termos/conceitos apropriados para busca (vocabulários controlado) e do
conjunto de estratégias de busca elaboradas para o esgotamento das fontes selecionadas.
Tais assertivas referem-se à dificuldade enfrentada pelos usuários para lidar com o
excesso das fontes de informação, formas de acesso (público, controlado, assinado), recursos
de recuperação (campo e terminologia) e interface de apresentação. Estes aspectos
relacionam-se também ao mercado editorial que faz surgir novas bases de dados com
diferentes recursos e interfaces, com os processos técnicos inerentes à organização destas
fontes especializadas e ao avanço das TIC, que em função da obsolescência que as
caracterizam, imprimem uma transitoriedade ao conhecimento adquirido para uso destes
recursos especializados.
O principal método para a coleta de dados foi a pesquisa documental que se apoiou em
documentos oficiais gerados na biblioteca HUCFF e que registram as demandas bem como os
atendimentos realizados. A observação participante, outro método utilizado, somado à
pesquisa documental, apoiou-se no diário de campo, instrumento de fundamental importância,
criado para o registro dos acontecimentos observados.
Segundo Falkembach (1987, p. 21) o diário de campo é um “instrumento de anotações
– um caderno com espaço suficiente para anotações, comentários e reflexão – para uso
individual do investigador no seu dia-a-dia”. Os dados recuperados, nas fontes de evidência
contempladas na investigação, os formulários de atendimento e solicitação permitem
visualizar as complexidades, especificidades, confusões, dentre outros na formulação da
necessidade de informação. Admitindo a análise e a reflexão com relação ao que foi expresso,
registrado e vivenciado, como também, permitindo a ilustração, a partir das interações dos
atores sociais, das possíveis alterações no estágio de conhecimento que na presente pesquisa
refere-se a habilitação para uma Literacia em Informação.
Para o desenvolvimento da pesquisa, que focaliza a literacia em informação na área da
saúde do ponto de vista da interação do bibliotecário e do usuário no processo de mediação
101
das fontes especializadas, a estratégia de investigação adotada pode ser caracterizada de forma
mais abrangente, como um estudo de caso.
Harley (1994, apud CALAZANS, 2007, p. 54) sugere sua aplicação nos seguintes
casos:
a) quando a compreensão dos processos sociais em seu contexto
organizacional ou ambiental é importante para a pesquisa;
b) na exploração de novos processos ou comportamentos. Nesse caso, os
Estudos de Caso têm a importante função de gerar hipóteses e construir
teorias;
c) na captura de aspectos muito recentes, emergentes de uma organização.
Uma pesquisa quantitativa seria muito estática para capturar o fluxo de
atividades em uma organização; e
d) em pesquisas comparativas em que seja essencial compreender os
comportamentos e as concepções das pessoas em diferentes localidades ou
organizações.
Para Yin (2001, p. 32-33) a definição técnica de estudo de caso inclui o escopo, a
coleta de dados e as estratégias de análise de dados. O autor o conceitua como:
Uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. (...) A investigação
enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais
variáveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se
em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um
formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do
desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a
análise de dados.
Considerando as peculiaridades do ambiente investigado, o estudo de caso se coaduna
com a estratégia de investigação aqui utilizada (pesquisa documental e observação
participante) ambas apontadas entre as seis distintas fontes de evidências sinalizadas por Yin
(2001, p. 105): “documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação
participante e artefatos físicos”. Tais procedimentos e fontes utilizados na investigação,
ensejaram perceber no referido processo de mediação, as ações dos atores envolvidos, suas
características, os resultados obtidos a partir da interação, os pontos críticos identificados e os
fluxos informacionais existentes por meio das referidas informações registradas.
Com base em Gil (2002, p. 45) a pesquisa documental “vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetos da pesquisa”. Não exige contato com os sujeitos da pesquisa e as fontes
podem ser diversificadas e encontrarem-se dispersas. Algumas delas são: correspondência
pessoal, documentos cartoriais, registros variados (GIL, 2002, p. 46). A análise documental
foi realizada a partir dos formulários de solicitação/atendimento de pesquisa. Também foram
102
analisadas as solicitações enviadas pelos usuários por e-mails para as bibliotecárias no ano de
2012 até março de 2014, totalizando 2244 formulários e 416 e-mails.
A observação participante, segundo Minayo (2010, p.70), pode ser considerada parte
essencial do trabalho de campo na pesquisa qualitativa. Sua importância é de tal ordem que
alguns estudiosos a consideram (...) um método que, em si mesmo, permite a compreensão da
realidade.
A observação participante é assim definida por Minayo
Como um processo pelo qual um pesquisador se coloca como
observador de uma situação social, com a finalidade de realizar
uma investigação científica. O observador, no caso, fica em
relação direta com seus interlocutores no espaço social da
pesquisa, na medida do possível, participando da vida social
deles [...], mas com a finalidade de colher dados e compreender
o contexto da pesquisa. Por isso, o observador faz parte do
contexto sob sua observação e, sem dúvida, modifica esse
contexto, pois interfere nele, assim como é modificado
pessoalmente.
Na concepção de Gil (2002, p. 55) a mesma “caracteriza-se pela interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas”. No caso desta pesquisa, a interação dos
atores sociais é um conceito fundamental e que permeia as definições metodológicas, pois o
processo para aquisição da literacia em informação depende do convívio e da interlocução
destes atores pesquisados. Esta permite a observação no sentido em que as próprias
manifestações dos atores expressam os conhecimentos e definem a interação necessária para a
mediação dos recursos.
Na opinião de Queiroz (2007, p. 277) “é mediante o ato intelectual de observar o
fenômeno estudado que se concebe uma noção real do ser ou ambiente natural, como fonte
direta dos dados”. E nesse sentido, “a observação ajuda muito o pesquisador e sua maior
vantagem está relacionada com a possibilidade de se obter a informação na ocorrência
espontânea do fato”.
No texto de Queiroz (2007, p. 278) duas menções corroboram com a escolha da
observação como método como apoio à presente investigação. Diz o autor:
A pesquisa participante que valoriza a interação social deve ser
compreendida como o exercício de conhecimento de uma parte com o todo e
vice-versa que produz linguagem, cultura, regras e assim o efeito é ao
mesmo tempo a causa. Outro princípio importante na observação é integrar o
observador à sua observação, e o conhecedor ao seu conhecimento (...)
Como a observação participante refere-se a sujeitos sociais, não se pode
deixar de considerar esses elementos, no processo de investigação, como
resultado dos movimentos dos corpos humanos nas diversas vertentes de sua
103
interação e, a partir daí, construir o corpus de conhecimento do objeto de
estudo que é sempre carregado de incerteza.
No que se refere à pesquisa documental, Souza et al (2005, p. 142) apontam que “na
preparação da investigação, é preciso decidir que documentos listar e de que tipo: escritos,
visuais e audiovisuais”. Com relação à natureza de tais informações, os autores salientam que
podem ser
“oficial; que informam a filosofia dos processos em análise; os relatórios das
etapas e desenvolvimento do trabalho; os que narram histórias do cotidiano
em torno do objeto de estudo; os orçamentos; os materiais de divulgação e
propaganda; as comunicações entre os diferentes atores, são alguns dos que
se devem buscar. Frente a casa objeto de estudo e mediante seus objetivos
gerais e específicos, é preciso decidir sobre a lista dos que buscar” (SOUZA
et al, 2005, p. 142).
No caso desta pesquisa, no tocante à pesquisa documental, os documentos utilizados
consistiram em: formulários de solicitações dos usuários atendidos pelo bibliotecário tanto
pessoalmente quanto por meio eletrônico, dados retrospectivos e que possibilitam análise
documental. Em relação aos mencionados formulários, estes oferecem os seguintes dados para
análise: tema de pesquisa, termos identificados, descritores em Ciências da Saúde,
qualificadores permitidos, período da pesquisa, idioma, gênero (feminino e masculino) e
espécie (humano e animal), faixa etária (idade), base de dados de pesquisa. Estes documentos,
formulários, reunidos permitem recuperar/traçar o perfil sociológico dos pesquisadores; a
vinculação institucional, a identificação dos termos originalmente apresentados por estes, a
linguagem artificial empregada por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) ou
MESH, tanto pelo bibliotecário quanto pelo usuário. Este conjunto constitui, assim, ricos
indicadores para análise das questões da investigação. A análise deste material alia-se à
observação participante para demonstrar como se desenvolve, neste caso, o processo de
literacia envolvendo o pesquisador e o bibliotecário.
A pesquisa se insere num contexto que, além da área da saúde, envolve propósitos
relacionados, de certa forma, à área de educação, pela própria natureza dos hospitais
universitários. Estes “são centros de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de
tecnologia para a área de saúde” (BRASIL. MEC, 2012). Dessa maneira, este ambiente abarca
tanto o ensino, pesquisa e extensão, missão institucional das universidades, quanto a
assistência à saúde, incumbência primordial dos hospitais.
Para atingir os objetivos propostos foram utilizados dados captados a partir de três
serviços oferecidos no setor de referência da biblioteca do HUCFF. São eles: i) Orientação de
104
pesquisa, ii) Treinamento para pesquisa bibliográfica, iii) Solicitação de artigo ao autor e iv)
Pedido de ficha catalográfica.
Estes serviços são atividades que requerem o contato direto entre o usuário e o
bibliotecário. Os dois primeiros implicam na habilitação dada pelo bibliotecário para
esclarecimento das peculiaridades inerentes ao uso dos recursos. Os dois últimos são mais
pontuais, mas igualmente requerem atenção especial para o atendimento da solicitação: em
relação ao pedido de artigo ao autor explica-se a possibilidade de obtenção de texto não
disponível nas bases utilizadas ou ainda não publicado além de o expediente estabelecer, por
meio do contato, ampliação da rede de relações (comunicação informal) levando inclusive ao
fortalecimento do intercâmbio estabelecido. Quanto à elaboração da ficha catalográfica,
serviço tradicionalmente prestado pelos bibliotecários tendo em vista a obrigatoriedade
imposta pelos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) para que esta conste da
dissertação ou tese, tal prática possibilita esclarecer e informar sobre o uso compulsório de
termos padronizados pelo DECS (considerando inclusive tal imposição também por conta das
normas editoriais das revistas científicas para a publicação de artigo – palavras-chave junto ao
resumo). É notável o desconhecimento do usuário (quase generalizado) da importância do
atendimento a esta condição para a ampla divulgação de sua pesquisa, por meio da publicação
de artigo, exigência a ser cumprida anteriormente à defesa nos casos de doutorado na área da
saúde. Assim, em maior ou menor grau, no conjunto os serviços aqui arrolados implicam num
novo conhecimento a ser transferido, exigindo a interação dos atores. Podemos lembrar que
estes trâmites indicam um processo de educação do usuário (subjacente ao conceito aqui
adotado de literacia em informação). Cumpre acrescentar que todos estes serviços podem ser
solicitados tanto na forma presencial quanto por meio eletrônico.
Os registros de solicitações e de atendimento, anteriormente mencionados, forneceram
os dados utilizados em nossa pesquisa. Anotações no diário de campo são igualmente
registros que subsidiaram a pesquisa, como já assinalamos.
O universo da pesquisa, como já apresentado, foi constituído por usuários solicitantes
dos serviços de informação oferecidos pela biblioteca, alunos de mestrado e doutorado dos
programas de pós-graduação stricto sensu da UFRJ, funcionários do hospital em atividade de
pesquisa de mestrado ou doutorado, importando para o estudo a sua condição de usuário
solicitante formal.
Alinhadas aos objetivos específicos e ao pressuposto da investigação, adotamos as
seguintes etapas:
105
a) Submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ. Para realizar a pesquisa e atender
as exigências instituídas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) foi solicitada
ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) a avaliação dos procedimentos metodológicos da
pesquisa e a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Devemos
acrescentar que as injunções ligadas a tais exigências levaram-nos a alterar os procedimentos
metodológicos que anteriormente previam a escuta dos usuários por meio de entrevistas.
Neste sentido, abdicando destes referidos trâmites, solicitamos a isenção de uso do TCLE.
Todo o processo ocorreu por meio da Plataforma Brasil57 “uma base nacional e unificada de
registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/CONEP”
(BRASIL. SISNEP, 2014);
b) Coleta e análise dos dados produzidos com base na pesquisa documental;
c) Relato dos casos emblemáticos conforme o procedimento da observação
participante apoiado nas anotações feitas no diário de campo.
Considerando o serviço de referência que inclui o problema, a necessidade de
informação, a questão inicial, a questão negociada, o estabelecimento da estratégia de busca, o
processo de busca, a resposta e a solução, etapas anteriormente abordadas na seção dedicada
ao marco teórico do estudo, apresenta-se então o que denominamos “casos emblemáticos”.
Temos, com tal exposição, o intuito de explicitar a forma de interação dos atores resultantes
da mediação, papel no qual o bibliotecário tem protagonismo, com vistas a sustentar as
premissas da pesquisa. Pretende-se demonstrar as complexas transações envolvidas em tal
processo e requeridas para a obtenção de literacia em informação e, consequentemente, maior
competência por parte do usuário. Concebendo que este processo é de “mão dupla”,
sustentamos que igualmente o bibliotecário se enriquece com o mesmo, ampliando a sua
competência nos termos desta pesquisa, pela via do enriquecimento de sua experiência
advinda dos trâmites implicados no problema apresentado e, portanto, da mediação
estabelecida.
4.2 Casos emblemáticos
Os casos aqui apresentados são considerados emblemáticos, pois resumem uma série
de requisitos de demandas que nem sempre reúnem tantas peculiaridades quanto os que aqui
57
http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf
106
são apresentados (sobretudos os dois primeiros relatos analisados). Eles, portanto ilustram o
processo de interação que vimos tratando como imprescindível para a obtenção de literacia
por parte do usuário. Retomamos os conceitos apresentados no marco teórico do estudo e os
empregamos aqui como operadores metodológicos para analisar os mencionados casos,
arrolados a seguir. São eles: interação informacional que inclui os conceitos de necessidade de
informação e de mediação.
Os casos aqui elencados são três. Referem-se, todos eles, a situações freqüentes em
termos das demandas e experiências ocorridas na biblioteca do HUCFF.
O primeiro deles refere-se a uma pesquisa para a especialização lato sensu na área de
nutrição clínica sobre “os efeitos do boldo e da alcachofra no tratamento do fígado”,
expressão assim apresentada pelo pesquisador na consulta de referência. Neste caso, houve a
solicitação presencial para orientação com relação ao uso dos termos, já que na busca feita
pelo usuário este utilizou apenas a combinação dos termos: fígado AND Boldo (primeira
tentativa) e Fígado AND alcachofra (segunda tentativa) com resultados muito insatisfatórios,
segundo o seu julgamento. A única fonte utilizada pelo usuário foi o Pubmed e este não
considerou utilizar outros recursos. A partir disto, iniciou-se a mediação da informação: o
primeiro passo foi a negociação e, paralelamente, a reflexão/julgamento relativa à demanda
enunciada, buscando-se identificar a real necessidade de informação deste usuário e a
expressão que melhor a representasse, mediante a escolha e uso dos termos adequados para
tal. Percebeu-se que se fazia necessário não só identificar documentos que incluíssem o fígado
tratado enquanto órgão que, por exemplo, sofreria por uma intoxicação alcoólica, mas
também os documentos que abordassem o tratamento do fígado com diferentes patologias
hepáticas: cirrose hepática, cirrose alcoólica, neoplasias etc. Ou seja, os documentos
recuperados deveriam versar sobre o fígado intoxicado e tratado com boldo e alcachofra e
ainda sobre diferentes patologias hepáticas tratadas com boldo e alcachofra. Assim, tal
necessidade poderia ser inicialmente representada nos sistemas de recuperação da informação
das bases de dados consultadas, com a seguinte síntese de busca: Fígado AND Terapia AND
(Boldo OR Alcachofra) ou também em inglês: Liver AND Terapy AND Boldon. Tais
enunciados e síntese de busca representariam uma intenção inicial do usuário que poderia ou
não se satisfazer com os resultados recuperados. Tal compreensão foi estabelecida mediante o
diálogo no processo de interação entre os atores sociais envolvidos.
O diálogo entre os atores revelou que o usuário naturalizou sua necessidade de
informação de tal forma, que não considerou diferentes possibilidades de busca, apesar de têlas em mente, conforme revelou ao final. O processo de interação possibilitou a redefinição e
107
ajuste da expressão inicial. Na etapa que se segue – a de tradução - ambos atores precisam
identificar e confirmar os conceitos e suas relações. A interação aqui estabelecida equivale à
identificação dos conceitos e tradução para uma linguagem padronizada – neste caso, a
terminologia em saúde do DECS - e à busca nos repertórios de pesquisa. Podemos lembrar
que este passo é um daqueles que fazem parte da estratégia de busca, equivalendo à
formulação do enunciado (GROGAN, 2001).
A seleção dos resultados é de responsabilidade do usuário, pois o assunto pesquisado é
da alçada do seu conhecimento ou expertise. Ele deve analisar os documentos recuperados
para então selecionar os que irão subsidiar o seu estudo ou decidir a sua inclusão ou exclusão
no caso deste consistir numa revisão sistemática. O passo seguinte refere-se à obtenção do
texto. Este pode requerer ou não o auxílio do bibliotecário.
A interação que implicou na expressão da necessidade de informação e na mediação
ocorrida no processo de referência pode ser ilustrada mediante os trâmites resumidos a seguir:
Usuário: Trata-se de uma pesquisa que investiga os efeitos do boldo e da alcachofra no
tratamento do fígado.
Bibliotecário: No fígado? Mas o que irá tratar?Refere-se a um fígado doente?
Usuário: Sim e não. O estudo inclui as doenças do fígado, por exemplo, a cirrose. Mas o
fígado sadio está também incluído, pois este pode estar alterado por toxinas do álcool. Não
está doente, mas precisa de tratamento por conta dos efeitos nocivos do álcool no organismo.
Uma observação importante com relação à utilização do boldo é que existem dois tipos: o
boldo comum e o boldo do Chile, mas não existe comprovação científica para o primeiro, só
existem relatos populares com relação à sua eficácia, ou seja, “funciona”. Porém existe
comprovação científica quanto à eficácia do boldo do Chile.
Bibliotecário: Sendo assim, os termos de pesquisa compreendem tanto o órgão, fígado,
quanto as doenças do fígado. Compreendem igualmente as variações de boldo (boldo e boldo
do Chile). A próxima etapa consiste em traduzir para identificar os descritores! É importante
reunir o conjunto de conceitos e respectiva tradução para agilizar o processo de busca nas
bases de dados.
108
Quadro 2– Síntese de conceitos, termos e descritores utilizados na busca, no caso relatado
Descritores em Ciências da Saúde (2014)
Conceitos
Descritores
identificados
Sinônimos
Definição
Peumus
Peumus
Não tem
Boldo (Homeopatia)
Boldon (Homeopathy)
Peumusboldus
Boldo-do-Chile
Alcachofra
Cynarascolymus
Cynarascolymus
Alcachofra
Fígado
Fígado
Liver
Hepatopatias/Terapia
LiverDiseases/Therapy
Qualificadores
Hepatopatias Alcoólicas/
Terapia
LiverDiseases, Alcoholic/
Therapy
Não tem
Gênero de plantas (famíliaMONIMIACEAE)
cujos
membros
possuem
os
ALCALOIDESboldínicos. Algumas espécies
PEUMUS foram reclassificadas como
CRYPTOCARYA.
Medicamento homeopático. Peumusboldus.
Boldo-do-Chile. Abrev.: "bold.". Origem
vegetal. Hábitat original: Chile. Parte
utilizada: folhas.
Espécie de planta (gênero CYNARA,
famíliaASTERACEAE) cujo botão de flor é a
conhecida alcachofra (ingerida como vegetal,
[embora seja uma flor]).
Não tem
Boldo
Boldo
chile
do
Doenças
Fígado
do
Doenças
Fígado
do
Processos patológicos do FÍGADO.
Doenças
hepáticas
associadas
com
ALCOOLISMO. Geralmente se refere à
coexistência de duas ou mais subentidades, i.
é, FÍGADO GORDUROSO ALCOÓLICO,
HEPATITE ALCOÓLICA e CIRROSE
HEPÁTICA ALCOÓLICA.
Apresentamos a seguir algumas estratégias de busca utilizadas em diferentes bases de
dados e os respectivos resultados obtidos para o caso que vimos demonstrando, exemplos que
não esgotam as buscas que efetivamente foram feitas conforme a mencionada demanda. As
bases utilizadas foram as seguintes: Pubmed, Lilacs, Scopus os respectivos resultados são
apresentados nas figuras 30, 31, 32, 33 e 34.
Figura 30 – Quatro estratégias de buscas realizadas no Pubmed, registradas no histórico
Pubmed:
Fonte: Pubmed (2014)
Figura 31 – Estratégia realizada na base de dados LILACS - 1ª estratégia
Base de dados :
Pesquisa :
Referências encontradas :
LILACS
"BOLDO" or "BOLDO (homeopatia)" or "BOLDO-do-chile"
[Descritor de assunto] and "FIGADO" or "celulas do FIGADO" or
"doencas do FIGADO" [Descritor de assunto]
0
Fonte: LILACS (2014)
109
Figura 32 – Estratégia realizada na base de dados LILACS - 2ª estratégia
Base de dados : LILACS
Pesquisa : "BOLDO" or "BOLDOA" or "BOLDUS" [Palavras do
título] and "FIGADO" or "FIGADOS" [Palavras do título] and hepat$
[Palavras do título]
Referências encontradas : 0
Fonte: LILACS (2014)
Figura 33 – Estratégia realizada na base de dados SCOPUS
Fonte: SCOPUS (2014)
No tocante à base Scopus, cabe observar que esta oferece para os registros recuperados
o total de citações do artigo. Este recurso agrega valor, pois sinaliza a importância do artigo e
seu reconhecimento por meio das citações em outros documentos, possibilitando ao usuário
considerar tal informação na sua análise para seleção e obtenção do artigo recuperado.
Figura 34 – Estratégia realizada na base de dados SCOPUS com indicação de citação dos
artigos
Fonte: SCOPUS (2014)
110
O caso ilustra o processo de interação, demonstrando como o conhecimento de ambos
os atores é fundamental no processo que exigiu a troca de informações e a participação ativa
tanto do usuário que inicia o processo quanto do bibliotecário que interage com ele no
conjunto de procedimentos.
O segundo caso diz respeito a uma solicitação de artigo científico identificado no
Pubmed. O artigo solicitado pelo usuário está descrito nesta base, acompanhado das seguintes
notas: PubMed – as suppliedby Publisher (o artigo foi aceito mas está em processo de revisão
pelo Publisher) – e, outra nota - “free full text” –(o texto completo do artigo estará disponível
em acesso aberto e livre, tão logo o processo de revisão seja finalizado). Diante da urgência
da obtenção do mesmo, o bibliotecário sugeriu a solicitação do acesso ao artigo diretamente
ao autor pelo e-mail constante do artigo. As figuras a seguir ilustram o pedido do artigo feito
pelo bibliotecário diretamente ao autor. O e-mail enviado como resposta pelo autor foi
encaminhado para o usuário que demonstrou satisfação com relação a uma possibilidade de
obtenção de texto até então desconhecida por ele.
Figura 35 - Solicitação pelo bibliotecário de artigo para o autor.
Fonte: E-mail institucional do autor, Autor (2014)
Figura 36 – Resposta do autor para o bibliotecário com relação ao artigo
Fonte: E-mail institucional do autor, AUTOR, 2014
111
Com relação à questão de obtenção de textos junto ao autor, conforme o exemplo
acima, podemos sublinhar que os artigos de periódicos podem ser obtidos nas fontes de texto
completo (por exemplo, no Portal de Periódicos da Capes), nos serviços de comutação (Scad
ou Comut) e, no caso de tais possibilidades terem sido esgotadas e ainda houver o insucesso
com relação à obtenção do texto completo, mediante a solicitação do artigo junto ao autor.
Esta é uma alternativa que além de resultar na recuperação do artigo, possibilita estabelecer
nova rede de relações (contato entre especialistas), uma prática comum, nem sempre
acionada, no âmbito do ciclo da comunicação científica (comunicação informal). Esta opção,
na maioria das vezes, não faz parte do rol de possibilidades do usuário que ao entendê-la
passa a adotá-la com freqüência para obtenção de seus artigos.
Por fim, podemos mencionar um outro tipo de demanda que igualmente implica na
mediação do bibliotecário para o atendimento da mesma e julgamento por parte do usuário no
que diz respeito à representação temática explicitada na ficha elaborada. Aqui, assinalamos
que a complexidade deve-se à indicação dos descritores de assunto. Como é sabido, a ficha
catalográfica (aqui referente às dissertações e teses) apresenta a descrição das informações
bibliográficas necessárias para identificar e localizar o documento. É um item obrigatório na
composição dos trabalhos acadêmicos, feita com base no Código de Catalogação Anglo
Americano (AACR2). Neste caso, o usuário tem a oportunidade de julgar os termos adotados
para a representação do seu trabalho acadêmico, podendo indicar mudanças, se necessárias,
para maior precisão. A figura a seguir ilustra os pontos de acesso de assunto, presentes numa
ficha catalográfica de tese:
Figura 37 – Ponto de acesso de assunto da ficha catalográfica
Fonte: acervo de fichas atendidas do serviço de referência do HUCFF
Os termos arrolados no exemplo acima mostram a apresentação dos assuntos
compreendidos na pesquisa (Tuberculose pulmonar, Infecções por Mycobacterium, Técnicas e
procedimentos diagnósticos); os aspectos que os caracterizam (Fisiopatologia, Diagnóstico,
Terapia); o tipo do estudo realizado (epidemiologia descritiva e estudo prospectivo) e, por
fim, os “limites” compreendidos pelo mesmo - espécie (no caso espécie humana) e gênero
(feminino e masculino, neste caso).
112
Os casos aqui apresentados representam, de uma forma geral, algumas atividades do
serviço de referência oferecido pela Biblioteca do HUCFF, com vistas a ilustrar diferentes
demandas do usuário, a mediação feita pelo bibliotecário, demonstrando a inerente interação
dos atores sociais envolvidos para o alcance da literacia por parte do usuário. É sabido que a
seção de referência é importante para todos os outros setores de uma biblioteca. Ela pode
sinalizar a necessidade de ajustes quanto aos critérios adotados na aquisição, no
processamento técnico da coleção, no desenvolvimento dos produtos e serviços e na gestão da
unidade como um todo. No caso desta encontrar-se no ambiente de um hospital universitário,
chama-se a atenção para as especificidades e complexidades que os trâmites que se
apresentam no serviço de referência revelam.
Mediante os referidos exemplos dos casos expostos, pretendeu-se ilustrar como se dá a
interação informacional entre os referidos atores sociais. Tendo em vista o primeiro caso, o
de solicitação de orientação para busca (aqui considerado como o que demonstra maior
complexidade), mostrou-se que a interação tem início a partir da apresentação da demanda,
que exige do usuário grande esforço de expressão de sua necessidade de informação; do
bibliotecário, por sua vez, grande mobilização de seus conhecimentos e experiência
profissional para alcançar a explicitação da real necessidade do usuário (mediação); de
ambos, tal interação revela-se também nas operações de tradução, definição de estratégias de
busca, julgamento dos resultados obtidos e implica nos esforços para obtenção dos artigos
recuperados. No tocante a este último aspecto, o sucesso de tal operação, poderá implicar na
identificação do contato dos autores e no pedido direcionado aos mesmos (o caso referente a
pedido de artigo demonstra também as peculiaridades e complexidades envolvidas).
Esperamos ter demonstrado que o aprendizado alcançado pelo usuário, envolvendo
todos os aspectos contemplados nos exemplos dados e ressaltados na síntese apresentada
acima, possa fundamentar o processo denominado na presente pesquisa de literacia em
informação, em toda a sua complexidade, como condição para a aquisição de competência,
nos termos deste estudo.
113
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa relatada na presente dissertação situa-se entre a tradição dos ensinamentos
e práticas da biblioteconomia como herança do passado e o presente, implicando, sobretudo
em função do advento das TIC em redes eletrônicas, na aquisição de novos conhecimentos e
na adoção de novas práticas profissionais, no mesmo campo das bibliotecas, centros de
documentação e de informação. Assim, nossa investigação contempla o tema da literacia em
informação que, conforme concebemos, fundamenta-se no aprendizado obtido pelo usuário
para o alcance da satisfação de sua necessidade de informação.
Nossa investigação focalizou os usuários atendidos no serviço de referência da
Biblioteca do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho bem como o trabalho de
mediação prestado por seus bibliotecários, visando ao atendimento das necessidades de
informação do usuário. Procuramos demonstrar que o primeiro requisito para tal consiste em
que este consiga expressar a sua demanda de informação. O papel do bibliotecário na
mediação é um segundo passo relevante para o esclarecimento e para a expressão das suas
reais necessidades de informação. Tentamos apontar que este processo, como um todo,
baseia-se na interação entre os mencionados atores sociais. Conceituamos tal processo,
nomeando-o de interação, concebendo, para a sua definição, que o usuário é o requerente de
tal mediação e demandante dos serviços oferecidos pela referida biblioteca. Esperamos ter
deixado claro que o tratamento dado pelo bibliotecário a tais demandas, mediante o serviço de
referência, não pode prescindir dos saberes dos dois atores sociais destacados na investigação,
embora estes sejam de ordem diferente. Também procuramos demonstrar a complexidade que
envolve os trâmites observados e descritos acentuando, dentre outros, a especificidade da área
de saúde, destacando desde o grande volume de informação produzida na área; as diferentes
bases de dados e respectivos comandos; a especificidade da linguagem documentária – DECS
e MESH – utilizada na indexação das fontes e o imprescindível conhecimento do uso da
mesma, o que implica na desnaturalização da expressão e representação da necessidade de
informação por meio dos termos e sintaxe utilizados.
Procuramos evidenciar que ao demandar a sua necessidade de informação junto ao
bibliotecário no serviço de referência, o usuário capacita-se para alcançar, por meio de um
passo inicial, porém definitivo para que a literacia aconteça, maior autonomia e, igualmente,
habilita-se para desenvolver competências para localizar, recuperar e usar a informação que
necessita.
114
Reconhecemos que os operadores teóricos eleitos na investigação possibilitaram a
sustentação do exame dos casos emblemáticos, mediante a descrição e análise dos tipos de
demandas mais representativas apresentadas no ambiente da Biblioteca do HUCFF, campo
empírico da pesquisa. Visamos demonstrar que os fundamentos do estudo abarcam questões
relacionadas à biblioteca especializada e ao exercício profissional do bibliotecário,
considerando suas práticas e seu papel fundamental de intermediário entre os estoques, os
serviços e as necessidades apresentadas pelo seu público. Mediação para a recuperação e
acesso à informação.
Como não poderia deixar de ser, foi necessário apresentar e descrever os dois
ambientes que configuram o campo empírico da pesquisa: o HUCFF, que, por ser um hospital
universitário tem como finalidade a pesquisa, o ensino e a formação de médicos e outros
profissionais da área de saúde, voltados para seus usuários (pacientes). No tocante à biblioteca
do HUCFF, seus usuários voltam-se para o aprimoramento de sua atividade relacionada à
saúde e ao cuidado pela via da pesquisa e/ou da fundamentação de uma decisão clínica. Em
ambas as situações, tal aprimoramento consiste no maior domínio da capacidade requerida
para que tais pesquisadores (profissionais e estudantes) possam identificar e recuperar a
informação bem como analisar os resultados obtidos – um conjunto de evidências científicas
que possam sustentar uma decisão clínica, estando esta aliada à experiência do profissional e à
imperativa necessidade de integridade e saúde do paciente. Devemos acrescentar que tal
capacitação inclui o conhecimento e a habilidade no uso da rede eletrônica que,
inexoravelmente, passou a abrigar (desde os anos de 1990 e num crescendo) a informação
científica, sendo a área da saúde das mais prolíficas em termos da informação disponível na
Internet.
Cabe, portanto, sublinhar os desafios enfrentados pelos dois segmentos que vimos
destacando – bibliotecário e usuário – no aludido processo de interação/mediação. Pretendeuse demonstrar que grande expertise é exigida do primeiro para o pleno atendimento e
satisfação das necessidades do segundo, a quem cabe explicitar a sua demanda.
Desejamos igualmente salientar a especificidade e a complexidade implicadas na
própria natureza da informação em saúde. Tais características dizem respeito à oferta,
disponibilização e recuperação dessa informação como inerentes aos desafios enfrentados por
ambos os atores sociais. A concepção da informação, principalmente quando se refere a
evidências científicas, fontes que expressam e revelam provas para tomada de decisão clínica
e gestão em saúde, implica no domínio desta especificidade e atesta a complexidade a que
vimos nos referindo. Salientamos também, a partir de tal concepção, que a evidência tomada
115
como exigência fundamental, é uma premissa já implícita na comunicação científica e que
está referida à recuperação de fontes de informação de qualidade avaliadas e certificadas pela
comunidade científica para então constituir uma outra fonte de informação categorizada como
uma força de evidência e/ou prova.
Os
pressupostos
desta
investigação
englobaram
necessariamente
as
novas
configurações de apresentação dos conteúdos informacionais, as complexas plataformas em
que eles se encontram, resultando em intricados modos de manuseio e de uso das fontes de
informação em saúde que modificam igualmente a forma de mediar a informação. Esse
pressuposto completa-se mediante a idéia de que o manuseio de tais recursos não pode
prescindir da expertise do profissional da informação no manejo das fontes, no conhecimento
da utilização dos recursos eletrônicos, por um lado e, por outro, na participação ativa do
usuário com o seu conhecimento sobre a sua questão de pesquisa.
Acreditamos ter demonstrado as especificidades do papel do profissional da
informação no aludido processo de mediação para a literacia em informação, considerado o
contexto da área de saúde, a maneira como se apresentam as demandas de informação do
usuário especializado em saúde, as características mais expressivas dos recursos de
informação conformados pelas TIC em ambiente de rede eletrônica, e a maneira como os
recursos de informação abrigados, organizados e disseminados por meio da rede eletrônica,
influenciam e delineiam o processo de literacia em informação na área de saúde.
Com relação à abordagem do problema, os métodos utilizados como recurso de
pesquisa direta e indireta – a observação participante e a pesquisa documental – descritos em
seção dedicada à metodologia empregada na pesquisa permitiram, no caso da observação
participante acompanhar e examinar, a partir dos trâmites envolvidos no atendimento do
usuário no serviço de referência, os acontecimentos como eles se desenrolaram, possibilitando
sua posterior análise. No tocante à pesquisa documental, utilizaram-se fontes produzidas no
campo empírico em estudo – relatórios gerenciais, fichas de registros de atendimento, dentre
outros – e estas foram igualmente primordiais para a análise realizada.
Pelo que foi exposto, pretendemos ter demonstrado que a biblioteca física continua
ocupando um lugar de fundamental importância para o ensino e a pesquisa, mesmo
considerando os tempos atuais em que a Internet permite e promove grandes facilidades de
acesso e uso da informação. Como visto na presente dissertação, o acolhimento por parte dos
profissionais bibliotecários do usuário que procura a biblioteca, oferece a este a oportunidade
de conhecimento das atividades requeridas para o acesso e recuperação da informação
pretendida, resultando num grande aprendizado que este passa a adquirir a partir da expressão
116
de suas necessidades. O processo de interação entre tais atores é requisito fundamental para
tal aprendizagem, processo aqui denominado de literacia em informação, propiciando a
aquisição fundamentada de um novo saber, que podemos denominar de competência do
usuário dialeticamente ligada à competência do bibliotecário.
117
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130
APÊNDICE A – Estratégias de busca sobre o tema Literacia em informação
BASE DE DADOS
Portal de Periodicos
Capes
Total
Pubmed
ESTRATÉGIAS DE BUSCA
TOTAL
competência em informação
information literacy
literacia em informação
competência informacional
alfabetizacion em informacion
17
11.721
164
62
109
12073
275
Scielo Org
information literacy
information literacy [Todos os
índices] or competencia em informação [Todos os
índices] or competencia informacional [Todos os
índices]
competencia em informação OR "information
literacy" OR "competencia information"
BRAPCI
´competencia em informação´ OR ´information
literacy´ OR ´competencia information´
LISA
LILACS
INFORMATION LITERACY
competencia em informacao" (decs)
Scielo Brasil
25
64
95
8509
LILACS
Scopus
Total
competencia" or "competencias" or
"competencies" or "competenciesin" or
"competency" [palavras do título] or "literacy"
[palavras do título] and "information" or
informação [Palavras do título]
TITLE-ABS-KEY("information literacy") AND
(LIMIT-TO(PUBYEAR, 2014) OR LIMITTO(PUBYEAR, 2013) OR LIMITTO(PUBYEAR, 2012) OR LIMITTO(PUBYEAR, 2011) OR LIMITTO(PUBYEAR, 2010)) AND (LIMITTO(SUBJAREA, "SOCI") OR LIMITTO(SUBJAREA, "HEAL") OR LIMITTO(SUBJAREA, "SOCI") OR LIMITTO(SUBJAREA, "HEAL") OR LIMITTO(SUBJAREA, "SOCI") OR LIMITTO(SUBJAREA, "HEAL")) AND (LIMITTO(LANGUAGE, "English") OR LIMITTO(LANGUAGE, "Spanish") OR LIMITTO(LANGUAGE, "Portuguese"))
3
30
1265
13830
131
APÊNDICE B – Síntese gráfica das estratégias realizadas nas bases de dados
Literacia em Informação
Total de documentos recuperados
13830
Portal de periódicos da Capes
12073
Pubmed
275
Scielo.Br
25
Scielo.Org
64
BRAPCI
95
LILACS - DECS
3
LILACS - Título
30
Scopus
1265
Lisa
8509
132
ANEXO A - ROTINA: Pedido de pesquisa bibliográfica à biblioteca do CCS.
133
ANEXO B – Pedido de ficha catalográfica
134
ANEXO C – Rotina: Pedido de novos livros, periódicos ou afins
135
ANEXO D – Fluxograma das fases da revisão sistemática.
Fonte: MOREIRA, Taís de Campos et al . Não adesão em intervenções por telemedicina para usuários
de drogas: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública, v. 48, n. 3, June 2014.

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