bacia hidrográfica urbana pilão de pedra em ponta grossa

Transcrição

bacia hidrográfica urbana pilão de pedra em ponta grossa
LEVANTAMENTO DOS ANIMAIS SINANTRÓPICOS DA SUBBACIA HIDROGRÁFICA URBANA PILÃO DE PEDRA, EM
PONTA GROSSA – PR
Leticia Polesel Weiss ([email protected])
Rosana Pinheiro
Maria Aparecida Oliveira Hinsching (Orientadora)
Resumo:
A qualidade de vida das populações urbanas está relacionada às condições de
preservação ambiental, especialmente das áreas das sub-bacias hidrográficas,
das formas de uso e exploração do solo, da qualidade dos corpos d’água, do
cuidado com o destino final dos resíduos sólidos e da manutenção das matas
ciliares, fatores estes influenciam a proliferação de animais sinantrópicos.
Palavras chave: bacia hidrográfica, degradação ambiental, qualidade de vida.
Introdução
O aumento populacional e a concentração em espaços urbanos vêm
sendo acentuados nas últimas décadas em quase todas as cidades brasileiras,
com ocupações desordenadas do solo e em áreas de risco que deveriam ser
preservadas, como áreas de bacias hidrográficas.
Bacia hidrográfica é definida como: “área da superfície terrestre drenada
por um rio principal e seus tributários, sendo limitada pelos divisores de água”
(BOTELHO, 1999, apud MENEGUZZO, 2006, p. 11). Na bacia hidrográfica é
possível avaliar de forma integrada as ações humanas sobre o ambiente e
suas consequências sobre o equilíbrio hidrológico. Ela é considerada, portanto,
como “o espaço de planejamento e gestão das águas, onde se procura
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967
compatibilizar as diversidades demográficas, sociais, culturais e econômicas
das regiões” (BOTELHO; SILVA, 2004, p. 184 apud MAZUR, 2010, p. 25).
Segundo GUERRA e GUERRA (2010, p. 184), à degradação ambiental
nas bacias hidrográficas é:
...causada pelo homem, que, na maioria das vezes, não respeita os
limites impostos pela natureza. A degradação ambiental é mais ampla
que a degradação dos solos, pois envolve não só a erosão dos solos,
mas também a extinção de espécies vegetais e animais, a poluição
de nascentes, rios, lagos e baías, o assoreamento e outros impactos
prejudiciais ao meio ambiente e ao próprio homem.
Alterações ocorridas em bacias hidrográficas têm também suas causas
associadas a fenômenos naturais, porém nos últimos anos, as intervenções
antrópicas têm participado como um agente acelerador dos processos que
modificam e desequilibram a paisagem e comprometem os recursos naturais
(CUNHA; GUERRA, 1998, p. 354 apud MENEGUZZO, 2006, p. 4).
O avanço desordenado da população brasileira sobre o meio natural tem
gerado vários problemas ambientais, ocasionados pela falta de planejamento
do uso e ocupação do solo urbano e controle adequado por parte das
autoridades (LORANDI E CALÇADO, 2002 apud MAZUR, 2010, p. 26).
Ao longo da história humana, o adensamento urbano nos arredores das
sub-bacias tem favorecido o estabelecimento de diversas espécies de animais
que procuram por alimentos e abrigo, encontrados facilmente em moradias e
estabelecimentos urbanos, principalmente os animais sinantrópicos.
De acordo com a Instrução Normativa (IN) do IBAMA nº 109 de
03/08/2006, artigo 2º, inciso V, a fauna sinantrópica nociva é aquela que
interage de forma negativa com a população humana, causando-lhe
transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou representando
riscos à saúde pública.
Segundo Santos (2003), entre os sinantrópicos mais comuns, podemos
destacar os peçonhentos, como: aranhas, escorpiões, lacraias e lagartas, além
de abelha, vespa, marimbondo e formiga; e também aqueles que são capazes
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967
de transmitir doenças ou causar algum desconforto ao ser humano, como: rato,
pombo, morcego, barata, mosca, mosquito, pulga e carrapato.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo, caracterizar o meio
físico, socioambiental e realizar o levantamento dos animais sinantrópicos que
ocorrem na área, fornecendo subsídios para ações educativas e contribuindo
com o fortalecimento de políticas públicas de saneamento básico e ambiental
para gestão dos resíduos sólidos e dos recursos hídricos na sub-bacia.
Desenvolvimento
Esta investigação é baseada na abordagem exploratória descritiva. Para
levantamento de dados utilizaram-se levantamento bibliográfico, cartográfico e
um questionário com questões abertas e fechadas aplicado aos moradores
localizados mais próximos do arroio.
Os problemas sócio-ambientais acentuam-se em cidades onde o relevo
é acidentado e entrecortado por vários rios e arroios correndo em fundos de
vale, onde a população ocupa áreas de risco, como é o caso da topografia da
cidade de Ponta Grossa. A área central da cidade tem nascentes de 12 subbacias com mais de 150 quilômetros lineares de fundos de vale, aspectos que
mereceriam cuidados no uso e ocupação do solo por meio de planejamento
ambiental, pois é um instrumento eficiente no controle da preservação e
criação das áreas verdes, as chamadas Zonas Verdes Especiais, conforme a
Lei nº 6329/99, art. 22º, (MAZUR, 2010, p. 48).
A área de estudo é a sub-bacia Pilão de Pedra, na cidade de Ponta
Grossa. Esta sub-bacia abrange uma região de 8,48 km², englobando 5 bairros
e aproximadamente 30 mil pessoas. Suas nascentes localizam-se no centro da
cidade, percorrendo no sentido nordeste, e recebendo as águas do arroio
Lageado Grande em sua margem esquerda, antes de ter sua foz no Rio Verde,
conforme a figura 1.
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967
Figura 1: mapa da região da sub-bacia Pilão de Pedra, os rios Verde e Lajeado Grande.
Considerações finais
A sub-bacia Pilão de Pedra tem sofrido com os impactos ambientais que
além de degradar o meio ambiente tem afetado também à qualidade de vida da
população ribeirinha. A pesquisa está em fase de conclusão, mas ainda será
realizado coleta de amostra de água em 8 pontos da sub-bacia para avaliar os
índices de coliformes fecais e totais.
A cidade ainda não dispõe de rede coletora de esgoto em toda a sua
área urbana, ocasionando o lançamento de esgoto in natura nos arroios e
fundos de vale, além de resíduos sólidos jogados em locais inadequados,
aspectos observados ao longo das margens da sub-bacia do Pilão de Pedra.
Nesta região vem ocorrendo ocupações irregulares, em áreas de risco, que
além de causarem diversos impactos ao meio ambiente, têm favorecido a
proliferação de várias espécies de animais que procuram por alimentos e
abrigo, onde facilmente são encontrados nas moradias e estabelecimentos
urbanos.
Alguns dados sócio-ambientais podem ser analisados: 76% das pessoas
entrevistadas possuem casa própria; 45% são de alvenaria, o restante é de
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967
madeira ou mista, tipo de construção que acaba por atrair vários animais; e
97% das casas possuem banheiros dentro de casa. Com relação ao
saneamento ambiental, 100% dos entrevistados possuem água canalizada da
SANEPAR; 67% com esgoto canalizado na rede da SANEPAR, 21% lançam no
arroio, 9% não sabem qual o destino e 3% possuem fossa.
Em relação à destinação do lixo, não deveria ser tão preocupante nesta
área, pois 90% afirmam que destinam o seu lixo para o serviço público e
apenas 9% dão outro destino (jogam no arroio ou queimam). Porém, 82%
costumam encontrar lixo jogado na rua onde moram, fato preocupante e que
pode gerar vários problemas.
Outro fator que favorece a presença de animais sinantrópicos é a
presença de animais domésticos nas residências. Se estes não forem bem
cuidados e o ambiente onde eles vivem não for sempre limpo, vários
sinantrópicos irão encontrar abrigo, alimento e água para sobreviver no local.
Os sinantrópicos mais encontrados nas residências foram: aranha (82%); rato
(79%); formiga (57%) e escorpião (57%); mosca (52%) e mosquito (52%).
As medidas básicas a serem adotadas para evitar problemas com estes
animais são: manter as áreas externas limpas, armazenamento adequado dos
alimentos e em locais protegidos, eliminar ou proteger fontes de água,
acondicionar o lixo em locais fechados, dar destino correto e fazer manutenção
adequada da rede hidráulica.
Referências
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário geológicogeomorfológico. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 652p.:il.
MAZUR, E. T. Políticas Públicas e arroios urbanos em Ponta
Grossa/Paraná: uma análise a partir dos Planos Diretores. 2010, 107f.
Dissertação (Mestrado em gestão ambiental). Universidade Estadual de Ponta
Grossa,
Ponta
Grossa,
2010.
Disponível
em:
http://www.bicen-
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967
tede.uepg.br/tde_busca/arquivo.
08/10/11.
php?codArquivo=601.
Acessado
em:
MENEGUZZO, I. S. Análise da degradação ambiental na área urbana da
bacia do arroio gertrudes, ponta grossa, pr.: uma contribuição ao
planejamento ambiental. 2006, 100f. Dissertação (Mestrado em ciência do
solo). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Disponível em:
http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/8080/disserta;
jsessionid=53A01DD942099660B38DAFB85534F403?sequence=1. Acessado
em: 08/10/11.
QUADROS, G. P. (Des) Construção do espaço verde em Ponta Grossa Paraná. 2009, 136f. Dissertação (Mestrado em gestão do território).
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2009. Disponível em:
http://www.bicen-tede.uepg.br/tde_arquivos/5/TDE - Acessado em: 08/10/11.
SANTOS, P.V.A. Presença de animais sinantrópicos e sua relação com a
infecção hospitalar e o meio – um estudo de caso nos hospitais de Ponta
Grossa – Pr. 2003. Monografia do curso de pós-graduação em Gestão
Ambiental, UEPG.
Semana de Geografia, 18., 2011. Geografias não mapeadas? Ponta Grossa: DEGEO/DAGLAS, 2011. ISSN 2176-6967

Documentos relacionados

ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA E INTERVENÇÃO

ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA E INTERVENÇÃO As oficinas e suas metodologias diversificadas e construtivistas também merecem nota. Oficinas sempre divertidas com metodologias diversificadas e construtivistas. Essas oficinas baseavam-se em mét...

Leia mais