Sup_Automóveis e Acidentes_CM
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DAVID MELTON “OS DESASTRES CUSTAM MAIS DO QUE O SEGURO” PÁGS 2 e 3 www.cmjornal.pt ESTE SUPLEMENTO COMERCIAL É PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO Nº 11 499 DO CORREIO DA MANHÃ E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Sinistralidade automóvel em debate II Congresso da Liberty Seguros antecipa soluções para reduzir os acidentes na estrada Miguel Baltazar A prevenção e as boas práticas de condução são o melhor caminho para reduzir a sinistralidade automóvel. Mas as campanhas de informação, uma melhor fiscalização das autoridades, e as novas tecnologias também são armas desta guerra que, todos os anos, nos custa milhões de euros. 2 | Suplemento Comercial | Jornal CorreiodedaNegócios Manhã | |Domingo, Terça-Feira, 28 de 30 Novembro de Novembro de 2010 de 2010 . Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > Não previmos o imprevisível, mas podemos antever que os outros podem fazer asneiras. DAVID MELTON Liberty Mutual Research Institute DAVI D M E LTON , LI BE RT Y RE SE ARCH I N STI TU TE “Os desastres custam muito mais que o valor do seguro” As companhias de seguros também têm a obrigação de educar as pessoas, garante o especialista da Liberty DavidMeltoné o actualdirectordo DepartamentodeTransportesePrevençãoRodoviáriadogrupoLiberty. Participaactivamentenasinvestigações sobre essas áreas do Research Institute forSafety. Melton, esteve em Lisboacomo oradordo II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários,daLibertySeguros. Nasuaintervenção,referiucomênfase que não gostavade usarapalavra acidente,quandosefalaemproblemas ocorridosnotráfegorodoviárioou no que diz respeito aocorrências em locaisdetrabalho. Dissequepreferiao termo‘desastre’.Qualéadiferença? UmacidenteéquasecomosefosseumactodeDeus,algoquenãopoderiatersido prevenido. Como por exemploumaárvorequenoscaiem cima,ouaerupçãodeumvulcão.Nós acreditamos que quase todos os incidentes dos quais decorre umproblema para as pessoas poderia ter sidoevitadoporumactopositivodo próprio. Por exemplo, ocorre um despisteporqueopneudoautomóvelrebentou.Secalharnãoéumacidente,porqueopneunãoestavaem boas condições. Se calharapressão estavaerradaouopneujáeravelho. Hácoisas que as pessoas podemfazerparaevitarqueissoaconteça. Porqueéquemuitasvezesaspessoas nãofazemoqueserianecessáriopara prevenirodesastre? Muitagentenãosabeoquefazer eoutrasnãoseinteressam,ounãose incomodamsequerapensarno assunto.Outrasaindareagemporhá- bito: “Se eu jáfiz isto tantas vezes e nunca me aconteceu nada, então querdizerquepossocontinuaraagir da mesma forma”. Eu, na minha apresentação, pedi às pessoas presentes que levantassem a mão no caso de jáalgumavez teremconduzidoemexcessodevelocidade...quasetodaagentelevantouamão,mas noentantoamaiorpartenuncateve problemascomisso.Claroqueéaté ao diaemque as coisas corrammal, quando um carro se atravessa na nossafrente,oualguémaparecenão sesabedeonde,oufazumamanobra comquenãocontávamos...enósnão tivermos tempo de travar. Isto não sãocoisasaquesepossachamaracidente,poderiatersidofeitoalgopara seevitar. Comoconvenceraspessoasacomportarem-secommaiorsegurança? Umadas formas é mostrar-lhes os custos. Os desastres custam dinheiro. Enãoésóocustodoseguro, é também o custo da investigação posteriorqueestásubjacenteaodesastre.Sesomarmostodososcustos inerentesaumdesastre,ototalédez adoze vezes mais do que o custo do seguro. Digamos que um desastre custouaumaempresa1000dólares. Mastemosdelhesomarotempoque otrabalhadorvaificarimpossibilitado de cumprirasuafunção, mais o tempoqueosresponsáveisvãoperderainvestigaroassunto...Todasestascoisassãocustos,masaspessoas tendemmuitas vezes anão pensar notempoperdidocomoumaefectivaperdadedinheiro.Masé.Seeues- Se somarmos todos os custos de um acidente temos um valor 10 vezes superior ao do seguro. Não devemos esperar que o Governo, a seguradora ou a empresa tome conta de nós. Para poupar, há empresas que queimam etapas que tornam o trabalho mais seguro. tiverapagar-lhe 1000 euros porsemanaparafazerdeterminadotrabalho,massevocênãopuderrealizá-lo porquesofreuumdesastre,issoserá umcustoacrescidoparamim. Estáafalaressencialmentedeempresas.Easpessoas? É quase a mesma coisa. Muitas pessoaspensamqueseestãoseguradasoscustosdodesastresãodacompanhiadeseguros.Massesepusera pensarquevaificarmagoado,possivelmentedeformairreversível,que não vai poder posteriormente, do mesmomodo,ganhardinheirosuficienteparasustentarafamília...Bom, aí o assunto ficadiferente. Temque sepensarsempreemtodososcustos enãosónodaapólicedeseguro. O modo como as pessoas olham hoje paraasquestõesdesegurançaeprevençãoémuitodiferentedaquelaque tinhamhádezouvinteanos? Paulatinamente,aspessoasestão atomarmaisresponsabilidadeaonívelindividual.Amaiorpartedasnossas campanhas publicitárias nos EUAsãosobreresponsabilidade.São focadasemquenósnãodevemosesperar que o Governo, ou a companhiadeseguros,ouaempresa,tome contadenósatodaahora.Aspessoas estãoasentircadavezmaisquesetiveremumdesastreeficaremferidas, nãobastaagarantiadequeacompanhiade seguros lhe pagaas contas, também pensam que podem ficar privadasdemuitacoisaquelhesdavamprazeranteriormente. Achaqueumaaplicaçãomaisrigorosa ou até severa da lei pode levar as pessoasamudaremcomportamentos? Não se pode dependerdaPolícia para fazer cumprir a Lei. Ela não pode estar em todo o lado, atodaa hora. Mas numa empresa, se um membro dahierarquiaviralguéma fazerumtrabalhodeformapoucosegura,eseaempresativerumaculturainternacorrecta, é obrigação do superiorchegarperto do empregadoedizer-lheparatermaiscuidado. Eseissoforfeito,otrabalhadornão sesentirádesconfortável,foiapenas um aviso, quase um conselho. Nas empresas comumaculturainterna má,passa-seprecisamenteocontrário. Digamos que o mesmo director viaotrabalhadoraexecutaratarefa Jornal Correio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo, 30 28 de Novembro de 2010 | Suplemento Comercial | 3 . Miguel Baltazar > Os condutores considerados culpados em Tribunal mudam de comportmento. MARIA JOÃO MARTINS Investigadora Estudo sobre acidentes rodoviários “A culpa não foi minha” de formainsegura, mas que tornao trabalhomaisrápidoediz-lhe:‘Sim, senhor, continue assim, você estáa fazerumbomtrabalho”. Atéporque podeparecermaisbarato,poupa-se tempo,queimandoasetapasquetornariam o trabalho mais seguro. No momentoemqueotrabalhadorsentequeosuperiorhierárquiconãolhe chamou aatenção parao seu comportamento,eleficaasaberqueestá atrabalharbem,quenãoháproblemaevaicontinuarapraticarosmesmoserrosemtermosdesegurança. Andardepressademaisnãoéumproblemacomquecadavezmaisnosconfrontamosnanossasociedade? Sim,enaverdadeétípicodonosso tempo as empresas pedirem às pessoas que trabalhemmais e decidiremqueonúmerodefuncionários teráque serreduzido. É umaquestãoculturalecomotalbastantecomplexa.Umacoisadequeeuaindanão faleiédefadiga.Maséimportante.O cansaço provocamuitos acidentes. Dou-lheumexemplo.Vocêtrabalha atétarde.Umdia,doisdiastrês,epor aíadiante...Eumdiaestáaconduzir paravoltarao trabalho e como está cansadobaixaaatençãoesurgeodesastre.Masdepoisaspessoasquevão investigaroincidenteconcluemque, comovocêestavaaconduzirdemanhã,nãodeveráestarasentirfadiga. Masesquecem-sedeolharparatrás e perceberqual erao seu estado de saúdedevidoaofactodetertrabalhadoatéaltashoras...Chamamosaisso os‘problemasamontante’dodesastre,quepodemseracausaúltimada suaocorrência. Mastambém hácoisasimprevisíveis. Eéporissoqueexistemseguros. Não podemos geriro imprevisível,maspodemosantecipá-lo.Podemosanteverqueosoutroscondutoresvãofazerasneira.Osbonscondutoressãoaquelesqueantecipamahipótesedeerrodosoutros. Ascompanhiasdesegurodevem epodemfazercampanhas.Temosa obrigaçãodeeducaraspessoas. Seos nossos pais tinhamumautomóvel, nósnaverdadecomeçamosaaprenderaconduzirquandotemosseisou seteanos,aoobservarcomoosnossospaisestãoaguiar. A maioria dos sinistrados em acidentes de viação assume que esse género de ocorrências constitui ‘uma inevitabilidade’ e que a responsabilidade pelo acidente não foi sua, mas dos outros envolvidos. Esta é uma das conclusões de um estudo efectuado por Maria João Martins, colaboradora da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, com base entrevistas a 19 sinistrados. A enfermeira e investigadora concluiu que esta ausência de um sentimento de culpa bloqueia a mudança de comportamento. “A culpa foi do outro, da estrada, da chuva’, referiu a maioria dos inquiridos, revelando um fraco entendimento em relação à prevenção rodoviária. “Mas também é verdade que o grau de auto-culpabilização foi maior sempre que houve danos causados a terceiros”, refere Maria João Martins. Apesar de valorizarem as regras, os condutores O grau de auto entrevistados assumem a culpabilização desobediência a essas regras. “São infractores, porque não nos acidentes a noção do risco que é maior quando tinham corriam”, afirma a autora. há danos A existência de uma sentença causados condenatória – que ocorreu na maior parte dos 19 casos a terceiros estudados – parece ter contribuído para que os sinistrados assumissem as suas culpas. “Se a lei diz que eu sou culpado devo ser”, assume a maioria. E a verdade é que “a existência de culpa parece condicionar a percepção sobre o desempenho rodoviário de cada um”, adianta. O universo estudado pela autora consistiu em seis sinistrados com mota, 12 com automóvel e um atropelado. Dos acidentes em causa resultaram 29 vítimas, das quais 13 em estado graves ou muito graves, 12 feridos ligeiros em estado pouco graves, uma sem gravidade e três mortos. Para além da atribuição casual, que foi maioritária, a distracção do condutor foi a causa mais referida. Mas a verdade é que 13 participantes no inquérito imputam aos outros o comportamento que causou o acidente. Segundo Maria João Martins, ‘a maioria dos participantes (17) reconhece a sinistralidade rodoviária como um problema, mas não relaciona directamente as causas, mas antes os resultados’. E se valorizam as medidas educacionais e sociais, têm tendência a desvalorizar as medidas individuais. Até porque, como garantiram os entrevistados no estudo, todos eles são ‘bons condutores’. 4 | Suplemento Comercial | Jornal CorreiodedaNegócios Manhã | |Domingo, Terça-Feira, 28 de 30 Novembro de Novembro de 2010 de 2010 . Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > Os sistemas que previnem a condução insegura vão fazer parte do dia-a-dia. JOSÉ MIGUEL TRIGOSO Prevenção Rodoviária Portuguesa Miguel Baltazar PRE VE N ÇÃO DA SI N I STRALI DADE Há um défice na fiscalização dos maus condutores Boas infra-estruturas rodoviárias induzem comportamentos melhores, garante José Miguel Trigoso, da PRP Onúmerodecondutorescontroladosemtestesdealcoolémiaporano, em Portugal, ronda os 700 mil, quandoasboaspráticasindicariam que deveria ser elevado para dois milhões.Istoporqueasnormaseuropeiasreferemquecadacondutor deve ser testado pelo menos uma vezdetrêsemtrêsanosecalcula-se que,emterritórionacional,existam seismilhõesdepessoashabilitadas comcartade condução. Os dados foram adiantados por JoséMiguelTrigoso,daPrevenção RodoviáriaPortuguesa(PRP), duranteopainelsobre“Análiseeprevenção em sinistralidade rodoviária”, do Congresso sobre acidentes detrabalhoerodoviários,organizadoemLisboapelaLibertySeguros. Reconhecidocomoumadasmáximasautoridadesportuguesasem matéria de segurança rodoviária, José MiguelTrigoso alertouparao factodeoscercade300milautoslevantadosporexcessodevelocidade emPortugal seremomenornúmerodetodaaUniãoEuropeia.NaHolanda, com umapopulação ligeiramente superior, mas com notória menortendênciainfractora,asmultas ascendemanove milhões. Estadeficiênciainspectorajunta-se a outras que, no entender no especialista,levamaqueasinistralidade continue elevada, embora hajatendênciaparadiminuição. 700.000 Número de condutores controlados anualmente pelos testes de alcoolémia em Portugal. Deveriam ser 2 milhões. Trigoso é muito crítico em relação ao que classificou como “o lóbi dos municípios”, que escapaàs regras nacionalmente estabelecidas sobre traçados de vias, sinalização, etc.“Enoentanto,ésabidoque50% dosacidentesocorredentrodaslocalidades”, enfatiza. “Umaboainfra-estruturarodoviáriainduz comportamentos melhorados”porpartedosautomobilistas, frisa o mesmo responsável, paraoqualnemtudooqueestápor fazerdependedoscondutores.“Os sistemasqueprevinemacondução insegurairão paulatinamente sendo integrados no nosso dia-a-dia”, assegura. E dáoexemplodasnovastecnologias,queimpedemaconduçãoem caso de fadiga e adormecimento, testesdealcoolemiaefectuadospor computadores dentro do próprio veículo ou, já no capítulo não preventivo,alocalizaçãoautomáticade umveículosinistrado,peloServiço Nacionalde Emergência. José Manuel Trigoso | O número de autos levantados por excesso de velocidade em Portugal é o menor de toda a UE. Jornal Correio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo, 30 28 de Novembro de 2010 | Suplemento Comercial | 5 . > O número de pontos negros de acidentes nas estradas nacionais, , desceu de 384 para 71, em oito anos. O Q U E FA Z E R E M C A S O D E AC I D E N T E ? Mais vale prevenir do que remediar, mas o certo é que os acidentes acontecem na estrada. A prevenção começa na escola COM O PRE VE N I R N Ú M E ROS ACÇÕES CONCERTADAS DE INFORMAÇÃO, FORMAÇÃO E FISCALIZAÇÃO PODEM REDUZIR O NÚMERO DE ACIDENTES EDUCAÇÃO RODOVIÁRIA NAS ESCOLAS Definição de objectivos pedagógicos, formação de professores, distribuição de material didáctico de apoio e envolvimento dos pais. FORMAÇÃO INICIAL DOS CONDUTORES Melhorar a estrutura responsável pela avaliação, os modelo e conteúdos da formação (por etapas), exigir mais tempo e distâncias percorridas, impor a condução com restrições até à obtenção de uma licença provisória sem restrições. FORMAÇÃO CONTINUA DOS CONDUTORES Focada na redução do risco de acidente e integrando acções de aperfeiçoamento de condução, sobretudo para condutores infractores e acidentados. CAMPANHAS DE SEGURANÇA RODOVIÁRIA Destinadas alterar atitudes e comportamentos. INFRA-ESTRUTURAS MAIS SEGURAS Melhorar as normas técnicas para concepção e traçado das vias, promover auditorias de segurança e inspecções às vias existentes, identificar e eliminar os denominados “pontos negros”, e passa por maior fiscalização e formação dos condutores. Mas se tiver um azar, não desespere, siga as regras abaixo. onde é maior a intensidade de ocorrência de acidentes. MAIOR EFICÁCIA NA FISCALIZAÇÃO E PUNIÇÃO DOS INFRACTORES Maior intensidade na fiscalização dos comportamentos com maior incidência na sinistralidade, nomeadamente, o excesso de álcool, velocidade e utilização de equipamentos de segurança. Maior celeridade nas decisões e na resolução dos recursos apresentados e aplicação de sanções adequadas por parte das entidades judiciais. MAIS TRANSPORTE PÚBLICO Mais transporte público rodoviário e ferroviário. As estatísticas da União Europeia revelam que a ocorrência de acidentes e o número de mortos por acidente são substancialmente inferiores quando falamos em autocarros de serviço público ou comboios. MAIOR E MELHOR UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS Sistemas que previnam a condução insegura e acções inseguras durante a condução (fumar, falar ao telemóvel, etc) e que reduzam a gravidade dos danos corporais (sistemas de segurança passiva e activa). ACIDENTES RODOVIÁRIOS: ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES, INCLUÍNDO VALORES DOS SEGUROS PAGOS 83 Número de vítimas mortais em acidentes rodoviários, por milhão de habitantes, em Portugal, em 2006. 92% dos condutores envolvidos em acidentes de que resultam vítimas mortais são do sexo masculino. 66% dos acidentes com vítimas mortais acontecem fora das localidades. E ronda os 90% no caso de haver feridos. 37% dos condutores que morreram em acidentes tinham álcool a mais no sangue. 28% deles passavam os 1,20 g/litro. 43% dos acidentes com vítimas mortais ocorrem nas estradas, 21% acontecem nas cidades e 8% em auto-estradas. AS REG RAS DE OU RO A PRINCIPAL RECOMENDAÇÃO É MANTER A CALMA. DEPOIS É SÓ SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES DA LIBERTY SEGUROS SINALIZE O ACIDENTE Vista o colete reflector e sinalize o local do acidente, colocando o triângulo a cerca de 30 metros. Ligue os quatro piscas. VERIFIQUE OS DANOS Verifique os danos materiais e desligue o motor. Caso exista risco de incêndio ou derrame de óleo ou combustível, ligue imediatamente para os bombeiros ou polícia. FOTOGRAFE O ACIDENTE Fotografe o acidente (a utilização de fotografias é útil como prova), independentemente de já terem sido chamadas as autoridades. Tome nota dos dados de identificação de condutores, veículos e testemunhas oculares. SE FOR POSSÍVEL, PREENCHA A DECLARAÇÃO AMIGÁVEL Se não existirem feridos, todos os veículos tiverem matrícula portuguesa e os respectivos seguros válidos, deverá ser preenchida e assinada por todos os intervenientes no acidente (e independentemente da culpa), a Declaração Amigável de Acidente Automóvel (DAAA), ficando cada um com um exemplar. É indiferente ser a cópia ou o original, desde que legível. Nesse caso, não há necessidade de chamar as autoridades, desde que estejam identificadas as testemunhas e as circunstâncias do acidente sejam claras, havendo entendimento entre todos os intervenientes. FAÇA A PARTICIPAÇÃO No verso da DAAA encontra-se uma Participação de Sinistro que deverá ser preenchida e entregue à seguradora, no prazo de 8 dias. SE NECESSÁRIO SOLICITE UM SERVIÇO DE REBOQUE Se o veículo não puder circular, ligue à assistência em viagem, caso esteja incluída no seu seguro, ou a uma empresa de reboques. NÃO PREJUDIQUE O TRÂNSITO Acidentes sem vítimas: retire os veículos da estrada, para não prejudicar o trânsito ou gerar outro acidente;. Ligue o 112 ou dirija-se uma esquadra. SE HOUVER VÍTIMAS, LIGUE PARA A PSP Acidentes com vítimas: Tente socorrer a vítima, informe a PSP e mantenha a posição dos veículos até à sua chegada. EM SINISTRO COM VIATURAS ESTRANGEIRAS CONTACTE O GABINETE DE CARTA VERDE Acidentes com veículos de matrícula estrangeira: Contacte o Gabinete Português de Carta Verde. O sistema de Carta Verde é uma convenção internacional, que tem como objectivo facilitar a circulação rodoviária nos países aderentes. NO CASO DE UM ACIDENTE MO ESTRANGEIRO Acidentes ocorridos no estrangeiro: Contacte o Gabinete Nacional de Seguros desse país para formalizar a sua participação. O contacto de todos os Gabinetes Nacionais Estrangeiros encontra-se no verso da sua Carta Verde. 6 | Suplemento Comercial | Jornal CorreiodedaNegócios Manhã | |Domingo, Terça-Feira, 28 de 30 Novembro de Novembro de 2010 de 2010 . Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > As novas regras espanholas de avaliação de danos corporais trazem vantagens para todos. JAIME TERUEL Liberty Seguros Espanha Miguel Baltazar Sinistralidade Rodoviária | Prevenção e reparação dos danos em análise no II Congresso da Liberty Seguros. ACI DE N TE S M ORTAI S É possível estipular um preço para a vida? Valor depende das circunstâncias, dos graus de parentesco e da idade da vítima É possível estipularum preço para a vida? Bernardo Márquez, da LibertySeguros, explicaqueosdanos indemnizáveisemcasodemortese dividemempatrimoniaisenãopatrimoniais. No primeiro caso, incluem-seasdespesasdesalvamento e de assistência à vítima, bem como o funeral, em caso de falecimento,eaindaodanopelaperdade alimentos que avítimaprestava. Entre os não patrimoniais, é o própriodanopelaperdadavidaque está em causa, devendo acrescentar-seosofrimentodavítimaantes demorrereodanosofridopelosfamiliaresdavítimacomasuamorte. Masquantovaleodireitoàvida? Depois da queda da ponte de Entre-os-Rios, a indemnização por perda de vida foi aumentada. BERNARDO MÁRQUEZ Liberty Seguros Eoprejuízoéigualparatodasasvítimas?Até ao acidente naponte de Entre-os-Rios, do qual resultou a morte de dezenas de pessoas, “o dano daperdado direito àvidaera quantificado judicialmente entre 20 mil e 25 mil euros”. Contudo, apósessafatalidadeovalorfoisubstancialmente aumentado. Hoje, os valores são calculados com base em vários critérios. Em primeirolugaremfunçãodaidade. Quantomaisjoveméavítimamortal do acidente, maior deveráser a indemnização.Segundoatabelaactual, até 25 anos a indemnização temcomolimitemáximoos60mil euros,eapartirdaívaidiminuindo emtranchessucessivasde10mileuroscada,entreos20eos49anos,os 49eos75,edos75emdiante,quando aindemnização por morte passaaterumvalormáximo de 30 mil euros. Noentanto,aindemnizaçãodeverá igualmente ter em atenção o grau de culpabilidade do agente, a situaçãoeconómicadesteedolesado. E se contabilizarmos os danos moraisdavítimaedosseusfamiliares,averdadeéqueaindemnização pormortedeumjovemcommenos de25anospodeatingir 100mileuros. Também o grau de parentesco dosfamiliaressobrevivosétidoem contaparao cálculo, sendo que no topo da escala estão os cônjuges com25anosoumaisdecasamento, passandopelosfilhoseterminando nos netos. Aos primeiros a tabela manda entregar até 25 mil euros, enquanto os netos não receberão maisde5000.Existeaindaaindemnizaçãopordanosmoraisdeperda defeto,emqueamaiorvalorcabea pais de um primeiro filho cujagestação ultrapassasse as 10 semanas. Eseéverdadequenúmerodevítimas mortais em acidentes tem vindo a decrescer, “não podemos dizerqueaguerracivilnasestradas portuguesasestejaganha,poiselas continuam asero cenário de repetidas violações ao direito àvida”. Jornal Correio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo, 28 30 de de Novembro Novembro de de 2010 2010 || Suplemento Comercial | 7 . > Para reduzir a sinistralidade a zero, todas as medidas já tomadas não são suficientes. PEREIRA LEAL Guarda Nacional Republicana TE N DÊ N CI AS Danos corporais Ciências da complexidade para combater a sinistralidade rodoviária O exemplo da nova legislação espanhola A avaliação dos danos corporais em Espanha, fruto de acidentes rodoviários, teve uma evolução lenta mas segura. Só em 1991 começou a ser elaborada legislação nesse sentido, refere Jaime Teruel, da Liberty Seguros em Espanha. Antes da entrada em vigor da nova legislação era “notória discrepância das sentenças emitidas pelos magistrados, em casos idênticos, com pagamentos muito distintos de indemnizações por acidentes”, explica Teruel. O sistema hoje existente em Espanha não é directivo, mas apenas indicativo, monitorizando questões como os danos corporais (dias de baixa médica, sequelas e até a morte) e danos morais. No entanto, todos critérios “são objectivos e equitativos” e a lei prevê até um sistema de actualização anual do barómetro de indemnizações, segundo uma tabela indexada à inflação publicada. Um dos mais recentes aperfeiçoamentos legais consistiu em dividir a quantificação das sequelas funcionais dos acidentes de viação, de outras que têm “prejuízo estético” para as vítimas que dispõem de seguro. Em resultado da legislação actual, Espanha tem uma grande “agilidade das indemnizações”, e consegue que “mais de 90% dos acidentes sejam resolvidos por via amistosa”. As potencialidades da nova lei trazem vantagens para todos os intervenientes. Para os consumidores, passa a haver uma maior estabilidade das tarifas, porque existe uma maior segurança para as seguradoras no que respeita ao custo final dos sinistros ou acidentes. Para a administração da justiça, há uma redução da taxa de litígios. Para as companhias de seguros passa a haver um cálculo mais exacto do custo final do acidente, o que facilita as contas sobre provisões técnicas. Contudo, Jaime Teruel não deixa de efectuar algumas críticas ao sistema vigente. “O que está previsto em caso de morte ou de lesões da coluna vertebral e cerebrais é manifestamente insuficiente”, afirma. Por outro lado, a lei espanhola “está desfasada em relação à de outros países da União Europeia, já que não estão previstas indemnizações para danos morais complementares e para os lucros cessantes resultantes do acidente”. O responsável pela Liberty Espanha sugere algumas modificações. Entre outras, destaca a necessidade de se estabelecerem critérios objectivos para a delimitação de factores de indemnização, ou a possibilidade de se criar um novo grupo de “prejudicados com a situação de falecimento” do segurado. E Jaime Teruel propõe ainda a especificação do que são “dias não impeditivos” de trabalho, de outros que o são realmente, bem como a noção mais aprofundada de “perdas em capacidade futura”. Major Pereira Leal elaborou um modelo de análise da sinistralidade que cruza todas as variáveis de um acidente As ciências da complexidade vão ajudar, no futuro, a combater a sinistralidade automóvel. Quem o afirma é o major Pereira Leal, da Guarda Nacional Republicana (GNR), com base num estudo que serviráde texto de arranque paraa suatese de doutoramento. Tomandoporbaseque“cercade 90%dosacidentessãodaresponsabilidade dos condutores” – uma ideia que alguns contestam, mas que o autor do estudo garante ser umdadoestatísticonãocontroverso – Pereira Leal chegou à conclusão que, no actual “estado de arte, vai continuar a ser difícil baixar o ritmo dasinistralidade automóvel, pelo menos nos moldes em que foi conseguido nos últimos anos”. Os erros de concentração, provocadosessencialmentepormúltiplas distracções, como o rádio ou o telemóvel,mastambémpeloálcool, sãoumavariávelcomplexaquePereiraLealanalisou comdetalhe. “Paratentardesceronúmerode vítimas mortais parazero todas as medidasquetêmvindoasertomadas,ououtrasdomesmogéneroque sejamtomadas no futuro, não chegam’, alertao major. PereiraLealestabeleceuummodelo,quedaráorigemaumsistema computadorizadodeanálise,introduzindovariáveiscomooestadoda viae o tipo, as condições gerais e as característicasdoveículo,ocondutor e o chamado ambiente circulatório. Mas o autordo modelo reconhece, aindaassim que ‘será“muitodifícilfazerprevisõesparaumsistematão complexo”. “Oqueénecessárioéidentificar apossibilidade de o acidente ocorrer”,paraquedepoisasautoridades competentes possam tomar as decisões mais correctas, emrelação a umdeterminadomomentoelugar. “Até a frequência com que um polícia ou um carro patrulha deve passar em determinado lugar, de modo asereficaz naredução dasinistralidade, pode ser estudada”, dizPereiraLeal. Aanálisedinâmicaé,porissoessencial, já que, nos dias de hoje, o que se faz é “estudar o acidente quando todo o sistema complexo queoenvolvejáestámorto”,ouseja, umaavaliação aposteriori. ‘Não se conseguemestudarasvariáveisque estiveram por detrás do acidente, pelo que há que cruzar de forma complexatodainformação’,sustentaPereiraleal. Existemváriasdefiniçõesparaa teoriadacomplexidade, mas todas concordamquesetratadeobterinformaçãofidedignanumambiente de caos. O tráfego rodoviário, com todasassuasvariáveis,éconsiderado idealparaumatalaplicação. Em Agosto, Pereira Leal apresentouasprimeirasestimativassobre sinistralidade rodoviária, com base nos dados referentes aos meses de Agosto de 2005 a2009. “Fizumcálculodamédiadeacidentes,vítimasmortaiseferidosgraves dos últimos quatro anos e um cálculo davariação anual”, explica. MasPereiraLealrecordaque“estes dadossãonaturalmenteestimativas e dependem de muito factores, nomeadamentedarelaçãoentreocondutor e o veículo e daprópriarelaçãoentreosdiversoscondutores”. 90% dos acidentes rodoviários são da responsabilidade dos condutores dos veículos que originaram o desastre. Até a frequência com que um carro-patrulha passa reduz a sinistralidade. PEREIRA LEAL Guarda Nacional Republicana 8 | Suplemento Comercial | Jornal CorreiodedaNegócios Manhã | |Domingo, Terça-Feira, 28 de 30 Novembro de Novembro de 2010 de 2010 Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > Os carros-patrulha passam a estar equipados com uma câmara de infra-vermelhos, que lê os dados da matrícula. F I SCALI ZAÇÃO DO SEG U RO AU TOM ÓVE L O projecto polícia-automático Tecnologia detecta situações de irregularidade pela leitura à distância das matrículas Miguel Baltazar Umadasformasdeprevenirosdanos passa também por assegurar quetodasasviaturascirculemcom seguro. O seguro de responsabilidade civil automóvel é uma responsabilidadedetodososproprietários ou detentores de veículos motorizados que circulam na via pública e visa proteger as vítimas emcaso de acidente. OProtocolo“PolíciaAutomático” é umaexperiênciainovadora que nasceu tendo como cenário e motivação a preocupação com a criminalidadeviolentaegrave,especificamenteofenómenodocarjacking,emboratendotambémobjectivo o combate às situações de ilegalidade nacirculação rodoviária. O protocolo nasceu depois de experiências internacionais bem sucedidas, nomeadamente daPolícia de Londres, com aparelhos quedetectaminfracçõescombase naleiturade matrículas. Depois de um período de teste daGNR-BTcomosequipamentos, oMinistériodaAdministraçãoInterna (MAI) decidiu avançar em 2009 com ainstalação de equipamentos em viaturas da GNR e da PSP.Paraoconcretizar,oMAIpropôs um protocolo de colaboração entre entidades públicas e privadas, neste caso, com aAssociação Portuguesa de Seguradoras e as próprias companhias de seguros. O Portal daSegurança(www.portalseguranca.gov.pt/) refere que “essencialparaoProjectofoiadisponibilidadedasempresasseguradorasemcolaborar,reforçarmeios dasforçasdesegurança,atravésda cedência de equipamentos de reconhecimentoautomáticodematrículasparaaexecuçãodoprojecto-piloto “PolíciaAutomático”. CÁLCU LO DE SEGUROS AS INDEMNIZAÇÕES POR DANOS CORPORAIS Depois de um período de testes, o Ministério da Administração Interna decidiu instalar o sistema nas viaturas da GNR e PSP. interiordoveículo.Ocomputador tem um software que verificaasituaçãodamatrículanumabasede dados de situações irregulares, ondeconstaminfracçõesgravesde trânsito,veículosfurtadosouroubados, veículos inibidos de circulareirregularidadesdeseguroautomóvel.Sehouveralgumalertade situação irregular as forças policiais podemintervirde imediato. Até 2010, como resultado da primeira fase do protocolo, havia 17unidadesemcirculação,emváriospontosdopaís.Estasunidades foramfinanciadaspelasseguradoras,nummontanteglobaldecerca de 190 mileuros. Em que consiste o equipamento? Reacções dos condutores Aunidade consiste numacâmara móvel com infravermelhos, colocadanoexteriordocarro-patrulha, quelêasmatrículasdoscarroseas transforma em dados, enviandoosparaumcomputadorportátilno Semprequeabordadosnoâmbito deacçõesdeintercepçãooscondutores mostraram-se surpreendidos pela precisão da intervenção daPolícia,quenãopedeparamostrar“osseusdocumentos”,mases- pecificamente um determinado documento, como a Carta Verde ouo Título de Registo de Propriedade. Ou seja, o equipamento é muitoútilnadetecçãocirúrgicade irregularidades, permitindo operaçõesStopmuitoselectivasnofuturoeevitandoincomodaroscidadãos seminfracções registadas. Resultados do primeiro período de utilização Aofimdepoucosmesesdeutilização destas unidades foram detectadas cerca de 12 mil infracções (dadosde2009).Em2010,Ospromotores do projecto avançaram paraumasegundafase do Projecto,comuminvestimentoadicional naordem dos 100 mil euros e que consistiu na instalação em viaturasdaGNRedaPSPdemaiscinco câmarasmóveis,aqueseacrescentarammais12câmarasfixas,emlocalizaçõesestratégicasdaregiãodo Algarve. Há já dois anos e meio que existe um instrumento que permite calcular as indemnizações devidas aos sinistrados ou aos seus herdeiros, em caso de lesão corporal ou morte, em consequência de acidente de viação. Trata-se da Portaria n.º 377/2008, de 26 de Maio, alterada e actualizada pela Portaria n.º 679/2009, de 25 de Junho, que fixou os critérios e valores para efeitos de apresentação de uma proposta razoável de indemnização. Tendo por base os critérios legais previstos na lei civil, a jurisprudência dos nossos tribunais e a experiência do mercado segurador, esta portaria determina quais os danos indemnizáveis, os titulares do direito à indemnização e o montante indemnizatório devido para reparação e/ou compensação dos danos corporais. Este sistema, ao uniformizar e objectivar critérios e valores, visa dar cumprimento ao princípio constitucional da igualdade, acelerar o pagamento das indemnizações, aumentar o número de sinistros resolvidos por acordo e, consequentemente, reduzir a litigância judicial e os custos com a administração da justiça. A bem da justiça, espera-se que, de futuro, este sistema passe a ser obrigatório também para os nossos tribunais, o que só acontecerá a partir do momento em que o mesmo seja elevado a forma de lei. IAN NOY AS QUEDAS SÃO A PRINCIPAL CAUSA DE ABSENTISMO PÁGS 2 e 3 www.cmjornal.pt ESTE SUPLEMENTO COMERCIAL É PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO Nº 11 499 DO CORREIO DA MANHÃ E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Acidentes de trabalho II Congresso da Liberty Seguros discute as novas tendências Fábio Arruda Numa área da indústria seguradora em que as quedas são a principal causa de acidente, a prioridade deve estar no tratamento e na reabilitação das vítimas e não no pagamento das indemnizações por danos 10 2 | |Suplemento SuplementoComercial Comercial| |Correio Jornal de da Negócios Manhã | Domingo, | Terça-Feira, 28 de30Novembro de Novembro de 2010 de 2010 Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > I AN N OY, DI RECTOR DO LI BE RT Y M U TU AL RE SE ARCH I N STI TU TE “As quedas são de longe a principal causa de absentismo por doença” É muito importante que o trabalho de investigação do Liberty Mutual Research Institute tenha reflexos práticos nas empresas para prevenir riscos de acidente IanNoyé,desdeofinalde2006,odirectordo LibertyMutual Research Institute,umcentrodeinvestigação dogruposeguradoramericanoque, atravésdetestesdelaboratórioede trabalhosdecampo,temcontribuídoparaoestudodasegurançarodoviáriaenotrabalho. Hoje,oLibertyMutualResearch Institute forSafetyé internacionalmentereconhecidocomoumcentro deexcelêncianainvestigaçãodosdanos causados porquedas, ferimentos,lesõestraumáticasepeloexcesso de esforço oude movimentos repetitivosnoslocaisdetrabalho. Ian Noy, esteve em Lisboapara participarno II Congresso AcidentesdeTrabalhoeRodoviários,daLibertySeguros, onde apresentou algunsdadoseconclusõessobre“Ainvestigaçãosobresegurançanolocal detrabalhoeasuautilizaçãonaprevenção de acidentes”. Em particular, sobreoriscodequedas,aorigem deumemcadaquatroacidentesde trabalhoequecustamcercade14biliõesdedólaresporano,nosEUA: Aáreade investigação daLiberty, no querespeitaàprevençãodeacidentes detrabalho,estáaseucargo.Quepassostêmdadonosúltimostempos? Estamos concentrados na prevenção de quedas em locais de trabalho.Asquedasrepresentam25% dos acidentes de trabalho e são, de longe,amaiorcausadeabsentismo pordoença. Háum número de factoresparaquetalocorra.Emprimeirolugar,sãocoisasquenãodeveriam estar no chão, mas estão, e que as pessoasnãovêematempo.Óleoou água,porexemplo.Outrasvezessão elevaçõesdeficientesdosolo.Emuitasvezesquantomenoréodesnível pior,porqueémaisdifícildever.Temos igualmente um laboratório paraestudarainteracçãoentreocalçado e o chão onde se trabalha. Estudamos os materiais dos revestimentosdochãoedassolasdossapatos. Edãoformaçãoeconselhosàsempresassobreisso? Sim,éumaparteimportantedo que fazemos. Publicamos todas as nossas conclusões, de modo aque essas pessoas estejam informadas sobreomodocomodevemtornaro seulocaldetrabalhomaisseguro.As fábricasdecalçadoederevestimento de solos interessam-se bastante porestes temas e sabem que anossainvestigação vai ao nível microscópio, para podermos estudar os materiais mais convenientes e as suasinteracções. Estaéumaáreadainvestigação,existemoutras? Sim,onossotrabalhoémultidisciplinar. Outraquestão é o estudo psicológicoecognitivohumano,sobre o modo como devemos conduzir-nosnumadeterminadasuperfície. Diria que é quase um método científico para aprender a andar. Dou-lhe um exemplo: todaagente sabe que é possível andar em cima de gelo e não cair, mas é difícil. Então o que é que cada um, quando confrontadocomessasituação,faz? Oqueocorreéqueaspessoasentendemaprioristicamenteoqueéogelo e mudam asuaformade andarnaturalparapisardeformamaisseguraesse género de superfície. Tratasenãosódapartebio-mecânicaedo estudodassuperfíciesedocalçado, mas também entendercomo é que as pessoas interagem com o chão quepisamemcadamomento. Edequeformaéqueasvossasconclusõessereflectemnasdecisõesdosvossosclientes? Jáfizemos com que muitacoisa mudasse nestaárea, porsabermos queosresponsáveispelasempresas conhecem os resultados do nosso trabalho. No próprio edifício daLibertyonde eu trabalho. , mudámos orevestimentodassuperfícies,porquechegámosàconclusãoqueaalcatifaeraumbommaterial. Háaideiadequeaalcatifanãoémuitobomparaasaúde... ...É uma questão interessante, mas depende daalcatifa. Nos EstadosUnidosháinstituiçõesdesaúde, incluindohospitais,queestãoamudaro revestimento do solo paraalcatifa. Mas tudo tem o seu revés. É mais difícil para um trabalhador hospitalarempurrarcarrosemacas numasuperfície de alcatifa, do que se o chão forde linóleo. Isso levounos aoutro estudo, parasabermos qualéoníveldecargamuscularque é exigido e que tipo de músculos é que eram chamados paraesse efeito. E chegámos à conclusão que o chãodealcatifanãoerabomparaos Estudamos tudo. Desde as solas dos sapatos de trabalho ao revestimento do chão. IAN NOY Liberty Mutual Research Institute Jornal Correio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo,30 28de deNovembro Novembrode de2010 2010| |Suplemento SuplementoComercial Comercial| |11 3 > Fábio Arruda Tem de haver uma boa sinergia entre a investigação e o interesse do cliente. IAN NOY Liberty Mutual Research Institute BOAS REGRAS Uma solução pode funcionar na fábrica ou no escritório, e não ser apropriada para o hospital. Por causa do nosso trabalho existem hoje nos Estados Unidos novas directivas federais. Desenvolvemos um “software” que nos permite perceber se o peso de um determinado fardo está adequado a um trabalhador específico. MEDIDAS PREVENTIVAS PODEM REDUZIR A METADE O RISCO DE QUEDAS NO LOCAL DE TRABALHO. SIGA AS REGRAS DA LIBERTY SEGUROS trabalhadoresqueempurramcarros e macas. O que levou muitos hospitaisamudar.Porqueumasolução pode funcionar num escritório ou numa fábrica, mas não funcionartão bem num hospital. Secalharaalcatifaprevinemaisas quedas,masnumafunçãocomoa queenumerei,numhospital,provocadoresecansaçomuscular. Osestudoscostumamteraplicação? É muito importante que haja umatradução do que é científico paraoqueéprático.Temosmuita gente no terreno adarconselhos aos nossos clientes que são exactamenteatraduçãodotrabalhode laboratórioedasconclusõesaque chegámos. Tem que haver uma boasinergiaentre as pessoas que fazeminvestigaçãoeaforçadetrabalhoqueestáfocalizadanoclientefinal.Traduzimososnossosestudos em coisas que os vendedorespossamusarcomoaconselhamento aos clientes. Mas também aprendemos muito com eles, que estão no terreno, e conhecem o tipo de problemas que as empresasenfrentamnodia-a-dia. Pode dar exemplos concretos de comoainvestigaçãotornamaissegurososlocaisdetrabalhoouocomportamentodostrabalhadores?Falou hápoucoemsolasdesapatos... ... Mas existem outras coisas que têm sucesso prático. Por exemplo, aquelaque é provavelmente amaior causade doenças de ossos e musculares, são as torçõescorporaisnecessáriasnotrabalho manual. Levantar pesos, empurrar viaturas, trabalhar em armazéns, etc. Muitas vezes perdem-se dias de trabalho com isso eoutrasexigemmesmocirurgias. Durantedécadastemosestudado arelaçãoentreospesoseacapacidade corporal para os aguentar. Homens,mulheres,tempoquente,oufrio,tudoisso. E porcausadesse nosso trabalho existem nos Estados Unidos directivas federais sobre o máximo de exposição apesos que um determinado trabalhador pode aguentar, sobre afrequênciacom quepodemexecutardeterminado trabalhoesobrequantashoraspodempassarnisso. Comosereflectiuissonocomportamentodosvossosclientes? Desenvolvemos um software que pode serusado em armazéns e que permite perceber se o peso de um determinado fardo está adequadoaumtrabalhadorespecífico.Outroexemplo,éodealgumas companhias de aviação norte-americanas,quemudaramaalturadapassadeiraonde se põem asbagagens,porqueépossívelcalcularosdanosqueseproduzemna coluna se se tiver que elevar um pesoadeterminadaalturaouaoutrainferior. Foi um projecto que lhescustouimensodinheiro,mas elesfizeramissocombasenosnossosestudosenonosso“software”. Ascompanhiasreagembemaessas necessidadesdesegurançanotrabalho? Eu diria que quanto maiores sãoascorporaçõesmaisinteresse têm nisso. Porque as pequenas companhiasmuitasvezesnãotêm dinheiro paraimplementarestas medidas mais avançadas ou, por vezes, nem sequertêm os conhecimentos técnicos necessários. Mas se projectarmos e desenharmosumnegóciodemaneiraapropriadaentão é meio caminho andado parase prevenirem os problemasdesegurança. TENHA BOA SINALIZAÇÃO Assim como qualquer pessoa ajusta a sua maneira de andar para caminhar no gelo sem cair, uma boa sinalização pode chamar a atenção das pessoas, em face de pisos escorregadios, declives no solo, ou outros quaisquer obstáculos. USE SAPATOS APROPRIADOS Solas lisas são mais escorregadias e por isso potenciam a possibilidade de queda, sobretudo em pisos lisos. Solas de borracha são mais apropriadas para esse tipo de pisos. UTILIZE MATERIAIS ABSORVENTES NOS PISOS Pisos rugosos e de materiais absorventes reduzem a possibilidade de queda. DESOBSTRUA OS CORREDORES DE CIRCULAÇÃO Muitas das quedas nos lugares de trabalho são provocadas por tropeções em pequenos objectos deixados nos corredores de circulação das pessoas. EVITE PAVIMENTOS COM DEGRAUS OU PEQUENOS DECLIVES Quanto mais plano o pavimento, menor o risco de queda. MANTENHA O CHÃO LIMPO Sobretudo em ambientes industriais, uma poça de água ou uma mancha de óleo, podem funcionar como uma casca de banana e provocar acidentes por queda. 12| |Suplemento 4 SuplementoComercial Comercial| |Correio Jornal de da Negócios Manhã | Domingo, | Terça-Feira, 28 de 30Novembro de Novembro de 2010 de 2010 Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 25 de Novembro de 2010 | Suplemento Comercial | 4 Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > Os trabalhadores precisam de ter consciência dos riscos e implementar as medidas. CARLA FIGUEIREDO Luso-Roux Consultores ACI DE N TE S DE TRABALH O A prioridade deve estar no tratamento e na reabilitação e não nas indemnizações Devemos tentar a recuperação da vítima antes de a considerarmos inválida Fábio Arruda Quadro legal definido em 2007 A Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais e a Tabela Nacional para Avaliação de Incapacidades Permanentes em Direito Civil, actualmente em vigor, foram aprovadas pelo Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de Outubro, que fixou as incapacidade do sinistrado ou doente, no âmbito do Direito do Trabalho, e a incapacidade permanente do lesado, no domínio do Direito Civil. ONorteéazonadoPaísondeanualmente ocorrem mais acidentes de trabalho. Mais de metade das 240 milocorrênciastêmlugarnaregião onde aindústriamanufactureirae mecanizadaaindaépredominante. Quem o afirmaé Jorge CostaSantos,directordaDelegaçãodoSuldo InstitutoNacionaldeMedicinaLegal, entidade co-organizadora do congressosobreacidentesdetrabalhoerodoviárioslevadoacabopela LibertySeguros. O número de dias de trabalho perdidosporviadeacidenteascendeasetemilhõesemtermosanuais, segundo os dados mais recentes. Nesteparticular,énoAlentejoeAlgarve que, por cada ocorrência, a baixa médica é mais prolongada. Tendo pertencido à comissão de avaliação que elaborouparecersobreanovaTabelaNacionaldeIncapacidades(TNI),CostaSantosmostra-sebastantecrítico,quersobreo processo de decisão ulterior, quer sobre o resultado legal em si mesmo. Acomissão para a interpretação, revisão e actualização da TNI “nãoexiste,emboraestejaprevista nalei.Deumaformaprofiláticanão acriaramparaquenãotivessemde aextinguir”, ironiza. Costa Santos defende que no caso dos acidentes de trabalho “há que conceder prioridade ao tratamentoeàreabilitação esódepoisà indemnização”. E sustenta que se deve proceder àalteração dos coeficientes de incapacidades actualmente existentes nalei. “Aincapacidadeabsolutaparao trabalho habitual deve terem contaacapacidade funcional paraoutra profissão compatível”, sempre navisão de que háque recuperar o cidadão vítima de acidente , antes de purae simplesmente o considerarmos como uminválido. Depositivo,CostaSantosrefere que a maior parte das acções judiciais emergentes de acidentes de trabalho são resolvidas acontento. Onúmerodeacidentesdetrabalho em Portugal tem-se mantido maisoumenosestávelnaúltimadécada(sempre um pouco acimados 200milporano),masosfalecimentos daí resultantes têmdecrescido. Em2000morreram368pessoasvítimas de acidente de trabalho, enquantoem2008(dadosmaisrecentesapresentados)onúmerobaixavapara231.Tambémoperíodomédiodetrabalhoperdidonãotemsofrido alterações significativas rondando os 40 dias. Noquerespeitaàtabeladeincapacidades, a percentagem de pacientes curados sem qualquerdesvalorização posteriorerade 10,7%, em 2005, subindo exponencialmente para79,1% no caso das desvalorizações até 20%. Nas incapacidadesentre61%e100%sócabiam 0,9% dos sinistrados. Em Portugal, a percentagem de vítimas curadas sem incapacidade é de 80%. JORGE COSTA SANTOS Instituto de Medicina Legal I.P. JornalCorreio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo,3028dedeNovembro Novembrodede2010 2010| |Suplemento SuplementoComercial Comercial| |13 5 > É preciso alterar os actuais coeficientes de incapacidade por acidente de trabalho. JORGE COSTA SANTOS Instituto de Medicina Legal I.P. R E T R AT O - R O B Ô D O S AC I D E N T E S D E T R A B A L H O E M P O R T U G A L Sãomaisde140milosacidentesdetrabalhoregistadosanualmenteemPortugal,correspondendo aquase 157 mil dias de trabalho perdidos. Amaioriados acidentes ocorre por nãocumprimentodasregrasgeraisdesegurançaeprevenção.Umapartedossinistrados acabapor ficarafectado comalgumtipo de incapacidade. COM O SE CALCU L A A I N CAPACI DADE O QUE DIZ A TABELA NACIONAL DE INCAPACIDADES (TNI) FICHA FUNDAMENTADA Os resultado dos exames à pessoa que sofreu o acidente de trabalho é expresso numa ficha apropriada, devendo os peritos fundamentar todas as suas conclusões. BONIFICAÇÕES Na determinação do valor da incapacidade a atribuir, os coeficientes de incapacidade previstos são bonificados, até ao limite da unidade, com uma multiplicação pelo factor 1.5, se a vítima não for reconvertível em relação ao posto de trabalho, se tiver 50 anos ou mais, ou quando a lesão implicar uma alteração de ordem física que afecte o normal desempenho do trabalho. REINTEGRÁVEL OU NÃO? A atribuição de incapacidade absoluta para o trabalho habitual deve ter em conta a capacidade funcional residual para outra profissão compatível com esta incapacidade, atendendo à idade, qualificações profissionais e escolares e a possibilidade, avaliada por uma junta médica, da integração profissional do sinistrado. OPINIÃO DOS PERITOS Quando a extensão e gravidade do défice funcional tender para o valor mínimo do intervalo de variação dos coeficientes, os peritos podem fixar o valor de incapacidade global no sentido máximo, tendo em atenção o estado geral da vítima (as suas capacidades físicas e mentais), a natureza das funções exercidas, aptidão e capacidade profissional e Idade (envelhecimento precoce). CIRCUNSTÂNCIAS EXCEPCIONAIS Sempre que circunstâncias excepcionais o justifiquem, pode ainda o perito afastar-se dos valores dos coeficientes previstos, inclusive nos valores iguais a 0.00, expondo claramente e fundamentando as razões que a tal o conduzem e indicando o sentido e a medida do desvio em relação ao coeficiente em princípio aplicável à situação concreta em avaliação. INCAPACIDADES TEMPORÁRIAS As incapacidades temporárias parciais correspondentes ao primeiro exame médico são fixadas pelo menos no dobro do coeficiente previsível numa futura situação de incapacidade permanente, sem ultrapassar o coeficiente 1, e são reduzidas, gradualmente, salvo o caso de recaída ou agravamento imprevisto, confirmado por diagnóstico fundamentado até à data definitiva com estabilização da situação clínica. APTIDÕES E CAPACIDADES RESTANTES PÓS-ACIDENTE Na determinação da incapacidade global a atribuir devem também ser ponderadas as efectivas possibilidades de reabilitação profissional do sinistrado, face às suas aptidões e às suas capacidades restantes. O graude incapacidade depende de umasérie de factores listado naactualTabelaNacionaldeIncapacidadeporAcidentesdeTrabalhoeDoençasProfissionais.Maisde80%das vítimasdeacidentesnotrabalhoacabamporsercuradossemqualquerdesvalorizaçãopor incapacidade oucomdesvalorizações limitadas abaixo dos 20%. OS N Ú M E ROS BÊ - Á- BÁ DA SEG U RAN ÇA MAIS DE 156 MIL DIAS DE TRABALHO PERDIDOS POR ACIDENTES, DE ACORDO COM OS DADOS OFICIAIS REGRAS SIMPLES PODEM CONTRIBUIR PARA MELHORAR OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO E REDUZIR O NÚMERO DE ACIDENTES 240.018 APOSTE NO CONFORTO DO LOCAL DE TRABALHO Faça com que o seu local de trabalho seja confortável, propiciando assim mais estímulo e um maior cuidado com as actividades mais perigosas; Número total de acidentes de trabalho em Portugal, em 2008, o número mais elevado desde os 248.097 acidentes de 2002. 231 Número de acidentes de trabalho mortais, em 2008, o valor mais baixo da última década. O mais alto foram os 386 de 2000. 174.916 Número de acidentes que resultaram na perda de dias de trabalho. 7.156.003 Número total de dias de trabalho perdidos em resultado dos acidentes. 40,9 Média de dias de trabalho perdidos por acidente. O valor mais alto desde os 43,1 dias de média registados em 2002. MANTENHA O LOCAL DE TRABALHO ARRUMADO Procure organizar o local de trabalho, ou seja, deixe os objectos nos seus devidos lugares e bem guardados. Isso impede as improvisações, diminuindo os acidentes; ESTEJA INFORMADO SOBRE OS RISCOS E CUIDADOS Esteja sempre informado quanto aos riscos e cuidados que envolvem as suas actividades e as formas de protecção disponíveis para diminuir esses riscos; PARTICIPE EM ACÇÕES DE FORMAÇÃO... Participe em actividades e cursos de prevenção de acidentes sempre que a empresa os promover; .. E SUGIRA NOVAS PALESTRAS E CURSOS Sugira à empresa palestras e cursos sobre prevenção de acidentes; IMPLEMENTE AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO Procure aplicar as medidas e dispositivos de prevenção de acidentes de trabalho; SIGA AS REGRAS DE EMERGÊNCIA E DE PRONTO-SOCORRO Em caso de acidente, e se houver sangramento, tente estancar a ferida e encaminhar o ferido imediatamente para o prontosocorro. Se houver amputação, leve o órgão amputado juntamente com a vítima, tente envolvê-lo em gelo para garantir a possibilidade de reimplante; SE TRABALHA COM MÁQUINAS, USE PROTECÇÕES Se trabalha com máquinas nunca retire as protecções do seu corpo enquanto as está a utilizar. Todos os anos, em Portugal, cerca de 2500 trabalhadores são vítimas de amputação; SE TRABALHA SENTADO, MANTENHA UMA POSTURA ADEQUADA E FAÇA PAUSAS Se trabalhar muitas horas sentado, mantenha uma postura adequada. Faça pequenas paragens em cada 2 horas; USE SEMPRE A PROTECÇÃO INDIVIDUAL RECOMENDADA PARA O LOCAL DE TRABALHO No seu local de trabalho use sempre a protecção individual recomendada. Se acha que é incómoda ou desajustada, informe-se com os responsáveis da segurança da empresa. Fonte: Factor Segurança (www.factor-segur.pt) 14| |Suplemento 6 SuplementoComercial Comercial| |Correio Jornal de da Negócios Manhã | Domingo, | Terça-Feira, 28 de30Novembro de Novembro de 2010 de 2010 Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > Existem doenças naturais e profissionais, mas só as doenças directas são acidentes. BASÍLIO DE CASTRO Médico ortopedista AVALI AÇÃO PE RI CI AL Como saber se é ou não é acidente de trabalho? O médico Basílio de Castro preparou um nexo causal, que permite distinguir os sintomas que caracterizam os verdadeiros acidentes de trabalho Adiferenciaçãoqueénecessáriolevaracaboentrediversaspatologias apresentadas, para que se possa chamar a algumas delas acidentes detrabalho,éumaquestãocontroversa e sobre a qual muitas vezes nãoexistemconsensos.Paracolmatar essa lacuna, Basílio de Castro, médico habituado atrabalharcom companhias de seguros, preparou umnexocausal,quepermitedistinguirosdiversossintomasquecaracterizamumacidente de trabalho. “Existem doenças naturais e doençasprofissionaisesóasdoenças directas se podem chamar acidentes”, refere este médico assistente graduado emortopedia. As doenças profissionais são as que “representam o normal des- gaste do organismo pelo exercício de uma determinada actividade, e não devem ser consideradas acidentesdetrabalho”. Adistinçãofaz “toda a diferença” na hora de avaliar a responsabilidade da companhiaseguradora. Além disso, naprovadaorigem da lesão ou traumatismo, há que avaliar ainda a possibilidade de “predisposiçãopatológica”anterior do sinistrado. “Há a ideia de que tudo é acidente de trabalho”, sustenta Basílio de Castro, para demonstrar que a sua opinião médicaé bemdiferente. Explicitando,afirmouque“uma lombalgianumapessoade50anos que faz um determinado esforço é uma evolução natural, não é um As doenças profissionais não devem ser confundidas com os acidentes de trabalho. BASÍLIO DE CASTRO Médico ortopedista acidente de trabalho”. Há que distinguirporissooestadoclínicocom o evento e semo evento. Basílio de Castro, que tem respondidocomoperitoemacçõesjudiciais, refere que “é difícil fazer vencimento desta distinção entre doença profissional e acidente”, quandosetratadetestemunharem tribunal. O médico critica o Serviço Nacional de Saúde (SNS) pela forma como encaminha os possíveis acidentados para as companhias de seguros. “Muitas vezes, quando chegam até nós, existe uma tremenda falta de informação, já que os médicos de cuidados primários têm tendência a deixar tudo nas mãos da seguradora”, acusa. Ora um médico tem obrigação de iniciarotratamentoesódepoisencaminhá-lo paraoutras áreas, acrescenta. Basílio de Castro é igualmente crítico de “uma medicina defensiva”,queexageranosmeiosauxiliares de diagnóstico, quando o que é importante é “observaro doente e falarcomele, antes de decidirqual o traumatismo a tratar. Já vi quatromeiosauxiliaressobreomesmo casoquedavamresultadosdiferentes”, desabafa. Como perito, salienta a importânciade separaramedicinacurativa,daqueavaliaograudeincapacidade,porumaquestãoética.Esublinha que “ser médico de seguradoraaindaé umestigma”. JornalCorreio de Negócios da Manhã | Terça-Feira, | Domingo,3028dedeNovembro Novembrodede2010 2010| |Suplemento SuplementoComercial Comercial| |15 7 > Fábio Arruda Na Sogrape, quem acusar álcool é suspenso e pode até perder o direito ao salário. GEORGE SANDEMAN Sogrape Vinhos SE RVI ÇO DOM É STI CO Fazer ou não fazer um seguro de acidentes de trabalho? Há quem pense que o trabalho de serviço doméstico constitui sempre a prestação de serviço, mas há quem entenda que não é obrigatória a celebração de um seguros de acidentes de trabalho, diz António Alvaleide, da Direcção de Sinistros e Serviço ao Cliente da Liberty Seguros Na avaliação da lesão temos que averiguar qual era a predisposição patológica do acidentado. BASÍLIO DE CASTRO Médico ortopedista Constata-se alguma confusão nestetema.Háquempensequeo trabalho de serviço doméstico, mesmoquandorealizadoporpessoasingularaumagregadosfamiliar,constituisempreaprestação de serviço. E há quem entenda quenãoéobrigatóriaacelebração deumsegurosdeacidentesdetrabalho. Quando o trabalho de serviço doméstico é prestado aum agregadofamiliarouaumapessoasingular, quem o exerce é, regra geral, um trabalhador por contade outrem. O agregado familiar poderá contratarcomumaentidadecolectiva a prestação dessa actividade, sendo então quem a exerce um trabalhador por conta de outremdessaEntidade. Tratando-se de umapessoacontratada directamente pelo agregado, o responsável pela celebração do seguro e respectivo pagamento de prémio é esse agregado familiar. Regra geral, o contrato de segurocelebra-sesemidentificação precisadotrabalhador,nãoacarretando,porforçadisso,qualquer agravamento de prémio, contrariamenteaoqueacontececomos restantessegurosnessascircunstâncias. Seránecessário informar-se o seguradorquesetratadetrabalho atempo parcial ou total e aretribuição que é paga. Se se tratar de trabalho atempo parcial, importaaindacomunicar o número de horas de trabalho diário e quantas vezes porsemana. Emambasasrealidadesteráde cumprir-seaRetribuiçãoMínima MensalGarantida(RMMG),sendocertoquenocasodetrabalhoa tempo parcial o valor mínimo cumpriráaRMMGnarespectiva proporção. Importa não esquecer que se houver pagamentos em espécie, comosejamrefeiçõesoudormidas emcasadoempregador,osrespectivos valores deverão sercomunicadosaosegurador,sobpenadehaverinsuficiênciade transferência deresponsabilidade.Ovalordesta prestaçãoemespécienãopodeser superioràsseguintespercentagens dovalordaRMMG: 35% paraaalimentação completa; 15% paraaalimentação constituídaporumarefeiçãoprincipal; 12% parao alojamento do trabalhador; e 50% parao total das prestações emespécie. Ainexistênciade seguro ou a insuficiência da transferência da responsabilidade têm como consequência mais gravosa a responsabilização do empregador pela totalidade do custo do acidente que ocorra, ou a responsabilização parcial do mesmo, naproporção do que não foi devidamente garantido. Estaresponsabilizaçãoacarretarácustosextremamenteelevados, se o sinistro provocar lesões graves navítima. Tratando-se de uma pessoa contratada directamente pelo agregado familiar, o responsável pelo pagamento do seguro é esse mesmo agregado. Os pagamentos em espécie deverão ser comunicados ao segurador. 16| |Suplemento 8 SuplementoComercial Comercial| |Correio Jornal de da Negócios Manhã | Domingo, | Terça-Feira, 28 de 30Novembro de Novembro de 2010 de 2010 Liberty Seguros II Congresso Acidentes de Trabalho e Rodoviários: Prevenir e Reparar > O empolamento dos danos e das lesões corresponde a 47% dos casos de fraude detectados pelos peritos. AN ÁLI SE A fraude aos seguros em tempos de crise O QUE APUROU A UNIDADE ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO DA LIBERTY SEGUROS FRAUDES DETECTADAS EM SINISTROS (OUT.09 A SET.10) TIPO DE FRAUDES DETECTADAS EM SINISTROS (OUT.09 A SET.10) VALOR POUPADO VALOR POUPADO NÚMERO DE CASOS NÚMERO DE CASOS De 10% a 15% do prémio do seguro que pagamos é agravado devido à fraude ALDA CORREIA [email protected] Afraude aos seguros é vistapelo cidadão com algumatolerância– acçãosemvítimas,ouaexistirem,será umaempresacomlucros fabulosos que cobraprémios elevados e se recusaapagarsinistros.Masbastapensarno impacto que os seguros têm nodia-a-diadocidadão,paraseconcluirqueasvítimasexistem,sãoem largaescalaetêmrostos. Se admitirmos que o número de casosdetectadosseráapenasapontadoicebergdafraude,entãopercebemosqueoseuimpactofinanceiro émuitosuperioraoconhecido.Talvezatésuperioràsestimativasinternacionais, que apontam para que 10%a15%doprémiodeseguroque pagamos, seja agravado devido ao custo dafraude. Em Portugal, não existem dados do mercado sobre a fraude, mas como agravamento da situaçãoeconómicaatendênciaserá paraqueelaaumente. Osresultadosdocombateàfraude levado acabo pelaLibertySeguros demonstram que o número de casosdetectadosemOutubrodeste ano representa já um aumento de 227%faceaototaldecasosde2004. O ramo Automóvel é o que sofre o maiorimpacto,comumcrescimentoode245%.Eapesardenemtodos os casos seremdetectados antes da liquidação do sinistro, aindaassim verifica-se umcrescimento de 66% nosvalorescujopagamentoindevidofoievitado,sendoamédiadoramo automóvel mais uma vez superior aosrestantes. Emtermosdefrequência,oramo automóvel foi onde se detectaram maiscasos(75%),porémemtermos devalorpoupadooimpactodafraude detectadaé apenas 5% superior aovalorpoupadonoramoAcidentes detrabalho(40%).Taldiferençaresultado tipo de pagamentos reclamados, pois ramo dos Acidentes de Trabalhoenvolvenãosóindemnizações porperdas salariais, mas também tratamentos médicos, o que contribuiparaagravaroscustos. Entreosdiversostiposdefraudes, oempolamentodelesões/danosrepresenta47%dototaldecasosdetectados. Porém em termos de valor poupado são os sinistros ocorridos fora do âmbito da apólice que têm maiorimpacto,comoacontececom ossinistrosocorridosemactividade de lazere participados como tendo ocorrido no exercício daactividade profissional. E talvez sem ponderar todos os riscosquecorrem(agravamentodas lesões ou sofrer novo acidente duranteesseperíodo),maspelanecessidadefinanceira,foramdetectados sinistradosatrabalharduranteoperíodo de Incapacidade temporária absoluta,oquerepresentou4%dos casos detectados. No caso de trabalhadores independentes ousóciosgerentes encontravam-se adesenvolveraactividadedeclarada,jános trabalhadoresporcontadeoutrem, sãodetectadoscasosemqueosmesmos se encontram a desenvolver umaactividadeparalelaealgunscasossazonalquenadaestárelacionadacomaentidadepatronal. DereferirqueaevoluçãodafraudeaossegurosemPortugalreflectese tambémno aumento de casos simuladosquerepresentou14%dovalorpoupado e de sinistros provocados intencionalmente (3% dos casos). Contudo pela dificuldade da prova,apenasumapartedelesforam detectadosantesdaliquidaçãodaindemnização,daíoimpactofinanceiro deste tipo de fraude representar apenas1%dovalorpoupado. As dificuldades económicas de resto,serãotambémumadasrazões pelasquaisnãosecontrataseguroaté o sinistro acontecer. Nessa altura, como diz o ditado “casa roubada trancas à porta”, o que acontece é contratarapósaocorrênciadosinistro,falseandoadatadosinistronuma tentativadesesperadade conseguir que o Segurador repare os danos ocorridosantesdoiniciodavigência da apólice (cerca de 3%) ou reclamandocomoconsequênciadosinistro danos oulesões ocorridos antes do sinistro (3%). Exemplo disto é o clientequepossuiumseguroautode responsabilidadecivil,vaiprovocandodiversosdanosnoveículoequandosofreumacidentesemculpapretendeverreparadosnãosóosdanos produzidosnaquelesinistro,mastodos os danos verificados no veículo (algunsdelesatéresultantesdefalta demanutençãodoveículo). Seatentarmosaofactodequetodos pagamos prémios de seguro e que o aumento dasinistralidade se reflecte no valordos prémios de seguro, não serádifícilperceberque a fraude aos seguros têmas suas vítimasidentificadas.Masjáserádifícil deperceberarazãode,nasuamaioria, haverparticipação do tomador de seguro, pessoaseguraoucondutorseguro, (cercade 83% dos casos detectados).Nosegurodeacidentes detrabalho,aviolaçãodasnormasde segurançaémuitasvezesdissimuladanaparticipação do sinistro. Por exemplo,alegandoqueestavaatrabalharadoismetrosdealturaquando narealidade estavaa16 metros sem andaime nem qualquer outro meio de segurançaquando daqueda. Umadasfraudescommaiorimpactopassapelasfalsasdeclarações nacontrataçãodoseguro,omitindo onúmerorealdetrabalhadoreseincluindo os mesmos na garantia da apólice, após o trabalhadoromisso naapólicetersofridoumsinistro,alterando adatadaocorrência. Aleié clarae as decisões judiciais confirmam:detectadaaausênciadeseguro que garantao acidente de trabalhoàdatadosinistro,serádaresponsabilidade daentidade patronal asseguraro tratamento e indemnização das perdas salariais ao sinistrado. E será que a entidade patronal temcapacidadefinanceiraparatal? NoúltimocasoemqueaLibertySeguros foiabsolvidado pedido de indemnizar o trabalhador vítima de Acidente de Trabalho, aquando da sentençajáhaviasidodeclaradaainsolvênciadaentidadepatronal.Será queavítimaaquifoiosegurador?Se imaginarquantocadaumdenóspoderiapagardeprémiosemoimpactodafraudepodeconstituirumexercíciomaisdifícil,jánãooseráimaginaroimpactofinanceiroqueumtrabalhadoreasuafamíliatemquando sofre um acidente de trabalho não garantido porqualquerseguro. Entre tratamentos, perdas salariais e muitasvezesincapacidadespermanentes(ocasomaisgravedetectado édeumtrabalhadorqueficoutetraplégico), o preço apagaré demasiadoaltoquandocomparadocomovalordoprémiodeseguro.